The Project Gutenberg EBook of A Biblia Sagrada, by Various

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Title: A Biblia Sagrada
       Contendo o Velho e o Novo Testamento

Author: Various

Translator: João Ferreira d'Almeida

Release Date: June 12, 2020 [EBook #62383]

Language: Portuguese

Character set encoding: UTF-8

*** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A BIBLIA SAGRADA ***




Produced by Júlio Reis, abi278, Sergio Queiroz and the
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A
BIBLIA SAGRADA

CONTENDO
O VELHO E O NOVO TESTAMENTO

TRADUZIDA EM PORTUGUEZ
POR
JOÃO FERREIRA D’ALMEIDA

COM REFERENCIAS E ALGUMAS ALTERNATIVAS
EDIÇÃO REVISTA E CORRIGIDA

DEPOSITO DAS ESCRIPTURAS SAGRADAS
32—JANELLAS VERDES—32

LISBOA
1911

First Edition, 1900.

6,000 reprinted 1911.


INDICE DOS LIVROS QUE CONTÉM
A

BIBLIA SAGRADA

VELHO TESTAMENTO

Abreviaturas Pag. Cap.
Genesis Gen. 1 50
Exodo Exo. 51 40
Levitico Lev. 95 27
Numeros Num. 128 36
Deuteronomio Deu. 172 34
Josué Jos. 211 24
Juizes Jui. 236 21
Ruth Ruth 261 4
I Samuel I Sam. 265 31
II Samuel II Sam. 299 24
I Reis I Reis 326 22
II Reis II Reis 358 25
I Chronicas I Chr. 388 29
II Chronicas II Chr. 416 36
Esdras Esd. 451 10
Nehemias ou II Esdras Neh. 461 13
Esther Est. 475 10
Job Job 483 42
Psalmos Psa. 510 150
Proverbios Pro. 576 31
Ecclesiastes Ecc. 600 12
Cantico dos Canticos Can. 608 8
Isaias Isa. 612 66
Jeremias Jer. 663 52
Lamentações de Jeremias Lam. 719 5
Ezequiel Eze. 725 48
Daniel Dan. 776 12
Oseas Ose. 792 14
Joel Joel 800 3
Amós Amós 803 9
Obadias Oba. 809 1
Jonas Jon. 810 4
Miqueas Miq. 812 7
Nahum Nah. 816 3
Habacuc Hab. 818 3
Sofonias Sof. 820 3
Aggeo Agg. 823 2
Zacharias Zac. 825 14
Malachias Mal. 834 4

NOVO TESTAMENTO

Abreviaturas Pag. Cap.
Evangelho de S. Mattheus Mat. 839 28
de S. Marcos Mar. 875 16
de S. Lucas Luc. 898 24
de S. João João 936 21
Actos dos Apostolos Act. 964 28
Epistola de S. Paulo
aos Romanos Rom. 1000 16
I aos Corinthios I Cor. 1015 16
II aos Corinthios II Cor. 1030 13
aos Galatas Gal. 1039 6
aos Ephesios Eph. 1044 6
aos Philippenses Phi. 1050 4
aos Colossenses Col. 1054 4
I aos Thessalonicenses I The. 1057 5
II aos Thessalonicenses II The. 1061 3
I a Timotheo I Tim. 1063 6
II a Timotheo II Tim. 1067 4
a Tito Tito 1070 3
a Philemon Phi. 1072 1
aos Hebreos Heb. 1073 13
de S. Thiago Thi. 1084 5
I de S. Pedro I Ped. 1088 5
II de S. Pedro II Ped. 1092 3
I de S. João I João 1095 5
II de S. João II João 1099 1
III de S. João III João 1099 1
de S. Judas Jud. 1100 1
Apocalypse Apo. 1101 22

Nota do transcritor:

Algumas das referências estão erradas. Não foi possível para corrigi-los.


[1]

O PRIMEIRO LIVRO DE MOYSÉS
CHAMADO

GENESIS.

A creação do ceu e da terra e de tudo o que n’elles se contém.

Antes de Christo 4004

1 No [1] principio creou [2] Deus os céus e a terra.

2 E a terra [3] era sem fórma e vasia; e havia trevas sobre a face do abysmo: e o [4] Espirito de Deus se movia sobre a face das aguas.

3 E disse Deus: [5] Haja luz: e [6] houve luz.

4 E viu Deus que era boa a luz: e fez Deus separação entre a luz e as trevas.

5 E Deus chamou á luz Dia; e ás [7] trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.

6 E disse Deus: Haja uma expansão no meio das aguas, e haja separação entre aguas e aguas.

7 E fez Deus a expansão, [8] e fez separação entre as aguas que estavam debaixo da expansão e as aguas que [9] estavam sobre a expansão: e assim foi.

8 E chamou Deus á expansão Céus, e foi a tarde e a manhã o dia segundo.

9 E disse Deus: Ajuntem-se [10] as aguas debaixo dos céus n’um logar; e appareça a porção secca: e assim foi.

10 E chamou Deus á porção secca Terra; e ao ajuntamento das aguas chamou Mares: e viu Deus que era bom.

11 Disse Deus: Produza a terra herva verde, herva que dê semente, arvore fructifera que dê fructo segundo a sua especie, cuja semente está n’ella sobre a terra: e assim foi.

12 E a terra produziu herva, herva dando semente conforme a sua especie, e a arvore fructifera, cuja semente está n’ella conforme a sua especie: e viu Deus que era bom.

13 E foi a tarde, e a manhã, o dia terceiro.

14 E disse Deus: [11] Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; [12] e sejam elles para signaes e para [A] tempos determinados e para dias e annos.

15 E sejam para luminares na expansão dos céus, para allumiar a terra: e assim foi.

16 E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e [13] as estrellas.

17 E Deus os poz na expansão dos céus para allumiar a terra,

18 E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas: e viu Deus que era bom.

19 E foi a tarde, e a manhã, o dia quarto.

20 E disse Deus: Produzam as aguas abundantemente [B] reptis de alma vivente; e vôem as aves sobre a face da expansão dos céus.

21 E Deus creou as [C] grandes balêas, e todo o reptil de alma vivente que as aguas abundantemente produziram conforme as suas especies; e toda a ave de azas conforme a sua especie: e viu Deus que era bom.

22 E Deus as abençoou, dizendo: Fructificae e multiplicae-vos, e enchei as aguas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.

23 E foi a tarde, e a manhã, o dia quinto.

A creação dos seres viventes.

24 E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua especie; gado e reptis, e bestas feras da terra conforme a sua especie: e assim foi.

[2]

25 E fez Deus as bestas feras da terra conforme a sua especie, e o gado conforme a sua especie, e todo o reptil da terra conforme a sua especie: e viu Deus que era bom.

26 E disse Deus: [14] Façamos o homem á nossa imagem, conforme á nossa similhança: e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o reptil que se [D] move sobre a terra.

27 E creou Deus o homem á sua imagem: á imagem de Deus o creou: macho e femea os creou.

28 E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Fructificae e multiplicae-vos, e enchei a terra, e sujeitae-a: e dominae sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a herva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a arvore, em que ha fructo de arvore que dá semente, [15] ser-vos-ha para mantimento.

30 E todo o animal da terra, e toda a ave dos céus, e todo o reptil da terra, em que ha alma vivente; toda a herva verde será para mantimento: e assim foi.

31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom: e foi a tarde, e a manhã, o dia sexto.

[1] Pro. 8.23. Heb. 1.10 e 11.3.

[2] Psa. 8.3 e 33.6. Isa. 40.26. Jer. 51.15. Zac. 12.1. Act. 14.15. Rom. 1.20. Col. 1.16.

[3] Jer. 4.23.

[4] Job 26.13. Psa. 104.30.

[5] Psa. 33.9.

[6] II Cor. 4.6.

[7] Isa. 45.7.

[8] Job 37.18. Jer. 10.12.

[9] Pro. 8.28. Psa. 148.3.

[10] Job 38.8. Psa. 104.9. Jer. 5.22. II Ped. 3.5.

[11] Psa. 136.7.

[12] Psa. 104.19.

[13] Psa. 138.6. Jer. 31.35.

[14] Ecc. 7.29. Eph. 4.24. Col. 3.10. I Cor. 11.7.

[15] cap. 9.3.

2 Assim os céus, e a terra e todo o seu exercito foram acabados.

2 E havendo Deus acabado no dia setimo a sua obra, que tinha feito, [1] descançou no setimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.

3 E abençoou Deus o dia setimo, e o sanctificou; porque n’elle descançou de toda a sua obra, que Deus creára e fizera.

A formação do jardim do Eden.

4 Estas são as [E] origens dos céus e da terra, quando foram creados: no dia em que o [F] Senhor Deus fez a terra e os céus:

5 E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a herva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.

6 Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra.

7 E formou o Senhor Deus o homem do [2] pó da terra, e soprou em seus [3] narizes o [4] folego da vida: e [5] o homem foi feito alma vivente.

8 E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da banda do oriente: e poz ali o homem que tinha formado.

9 [6] E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a arvore agradavel á vista, e boa para comida: e a arvore da vida [7] no meio do jardim, e a arvore da [G] sciencia do bem e do mal.

10 E sahia um rio do Eden para regar o jardim; e d’ali se dividia e se tornava em quatro cabeças.

11 O nome do primeiro é Pison: este é o que rodeia toda a terra de [8] Havila, onde ha oiro.

12 E o oiro d’essa terra é bom: ali ha o bdellio, e a pedra [H] sardonica.

13 E o nome do segundo rio é Gihon: este é o que rodeia toda a terra de [I] Cush.

14 E o nome do terceiro rio é [9] [J] Hiddekel: este é o que vae para a banda do oriente da Assyria: e o quarto rio é o Euphrates.

15 E tomou o Senhor Deus o homem, e o poz no jardim do Eden para o lavrar e o guardar.

16 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a arvore do jardim comerás livremente,

17 Mas da arvore da sciencia do bem e do mal, d’ella [10] não comerás; porque no dia em que d’ella comeres, certamente morrerás.

Como Deus creou a mulher.

18 E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: [11] far-lhe-hei uma ajudadora que [K] esteja como diante d’elle.

19 Havendo pois o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus os trouxe [12] a Adão, para este vêr como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.

20 E Adão poz os nomes a todo o gado, e ás aves dos céus, e a toda a besta do campo; mas para o homem não se achava ajudadora que estivesse como diante d’elle.

21 Então o Senhor Deus fez cair um [13] somno pesado sobre Adão, e este adormeceu: e tomou uma das suas costellas, e cerrou a carne em seu logar;

[3]

22 E da costella que o Senhor Deus tomou do homem, [L] formou uma mulher: e trouxe-a a Adão.

23 E disse Adão: Esta é agora [14] osso dos meus ossos, e carne da minha carne: esta será chamada varôa, porquanto do varão foi tomada.

24 Portanto deixará [15] o varão o seu pae e a sua mãe, e apegar-se-ha á sua mulher, e serão ambos uma [16] carne.

25 E ambos estavam nús, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.

[1] Exo. 20.1. Isa. 58.13. Mat. 12.8. Col. 2.16, 17. Heb. 4.4, 9.

[2] cap. 3.19. Psa. 103.14. Isa. 64.8.

[3] I Cor. 15.47. Job 33.4.

[4] Isa. 2.22.

[5] I Cor. 15.45.

[6] Eze. 31.8, 9.

[7] cap. 3.22. Pro. 3.18. Apo. 2.7.

[8] cap. 25.18.

[9] Dan. 10.4.

[10] cap. 3.3, 11.

[11] I Cor. 11.9. I Tim. 2.13.

[12] Psa. 8.6.

[13] cap. 15.2.

[14] Eph. 5.30.

[15] Mar. 10.7.

[16] I Cor. 6.16.

Tentação de Eva e queda do homem.

3 Ora a [1] serpente era [2] mais astuta que todas as alimarias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse á mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a arvore do jardim?

2 E disse a mulher á serpente: Do fructo das arvores do jardim comeremos,

3 Mas do fructo da arvore que está no meio do jardim, disse Deus: [3] Não comereis d’elle, nem n’elle tocareis para que não morraes.

4 Então a [4] serpente disse á mulher: [5] Certamente não morrereis.

5 Porque Deus sabe que no dia em que d’elle comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

6 E viu a mulher que aquella arvore era boa para se comer, e agradavel aos olhos, e arvore desejavel para dar intendimento; tomou do seu fructo, e comeu, e deu tambem a seu marido comsigo, e elle comeu.

7 Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que [6] estavam nús; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si [M] aventaes.

8 E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as arvores do jardim.

9 E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?

10 E elle disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e [7] temi, porque estava nú, e escondi-me.

11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nú? Comeste tu da arvore de que te ordenei que não comesses?

12 Então disse Adão; [8] A mulher que me déste por companheira, ella me deu da arvore, e comi.

13 E disse o Senhor Deus á mulher: Porque fizeste isto? E disse a mulher A serpente me enganou, e eu comi.

14 Então o Senhor Deus disse á serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animaes do campo: sobre o teu ventre andarás, e [9] pó comerás todos os dias da tua vida.

15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a [10] tua semente e a [11] sua semente: esta [N] te [12] ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

16 E á mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dôr, e a tua conceição; [13] com dôr parirás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e elle te dominará.

17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos á voz de tua mulher, e comeste da arvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás d’ella: maldita é a terra por causa de ti; com [14] dôr comerás d’ella todos os dias da tua vida.

18 [15] Espinhos, e cardos tambem, te produzirá; e comerás a herva do campo.

19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes á terra; porque d’ella foste tomado: porquanto és pó, e em pó te tornarás.

20 E chamou Adão o nome de sua mulher, [O] Eva; porquanto ella era a mãe de todos os viventes.

21 E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher tunicas de pelles, e [16] os vestiu.

22 Então disse o Senhor Deus: Eis [17] que o homem é como um de Nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome tambem da arvore da vida, [18] e coma e viva eternamente:

23 O Senhor Deus, pois, o enviou fóra do jardim do Eden, para lavrar a terra de que fôra tomado.

24 E havendo lançado fóra o homem, poz [19] cherubins ao oriente do jardim do Eden, e uma [20] espada inflammada que andava ao redor, para guardar o caminho da arvore da vida.

[1] Apo. 12.9.

[2] II Cor. 11.3.

[3] cap. 2.17.

[4] João 8.44.

[5] I Tim. 2.14.

[6] cap. 2.25.

[7] I João 3.20.

[8] Pro. 28.13.

[9] Isa. 65.25. Miq. 7.17.

[10] Mat. 13.38. João 8.44. I João 3.8.

[11] Isa. 7.14. Miq. 5.3. Mat. 1.23. Luc. 1.35.

[12] Rom. 16.20.

[13] I Tim. 2.14.

[14] Rom. 8.20.

[15] Isa. 55.13.

[16] Isa. 61.10. Phi. 3.9.

[17] ver. 5.

[18] Apo. 2.7.

[19] Exo. 25.18, 20. Psa. 80.1 e 99.1.

[20] I Chr. 21.16.

O nascimento de Caim, Abel, e Seth.

4 E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ella concebeu e pariu a [P] Caim, e disse: Alcancei do Senhor um varão.

2 E pariu mais a seu irmão [Q] Abel: e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.

3 E aconteceu ao cabo de dias que[4] Caim trouxe do fructo da terra uma offerta ao Senhor.

4 E Abel tambem trouxe dos primogenitos das suas ovelhas, e da sua gordura: e attentou o Senhor para [1] Abel e para a sua offerta,

5 Mas para Caim e para a sua offerta não attentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.

6 E o Senhor disse a Caim: Porque te iraste? E porque descaiu o teu semblante?

7 Se bem fizeres, não haverá [R] acceitação para ti? se não fizeres bem, o peccado jaz á porta, e para ti será o seu desejo, e sobre elle dominarás.

O primeiro homicidio.

8 E fallou Caim com o seu irmão Abel: e succedeu que, estando elles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e [2] o matou.

9 E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E elle disse: Não sei: sou eu guardador do meu irmão?

10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.

11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua bocca para receber o sangue do teu irmão da tua mão.

12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força: fugitivo e vagabundo serás na terra.

13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa [S] ser perdoada.

14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquelle que me achar, me matará.

15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será [T] castigado. E poz o Senhor um signal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.

16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Nod, da banda do oriente do Eden.

17 E conheceu Caim a sua mulher, e ella concebeu, e pariu a Enoch: e elle edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoch:

18 E a Enoch nasceu Irad, e Irad gerou a Mehujael, e Mehujael gerou a Methusael e Methusael gerou a Lamech.

19 E tomou Lamech para si duas mulheres: o nome d’uma era Ada, e o nome da outra, Zilla.

20 E Ada pariu a Jabal: este foi o pae dos que habitam em tendas, e teem gado.

21 E o nome do seu irmão era Jubal: este foi o pae de todos os que tocam harpa e orgão.

22 E Zilla tambem pariu a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e de ferro: e a irmã de Tubalcaim foi Naama.

23 E disse Lamech a suas mulheres: Ada e Zilla, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lamech, escutae o meu dito; porque eu matei um varão por minha ferida, e um mancebo por minha pisadura.

24 Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lamech setenta vezes sete.

25 E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ella pariu um filho, e chamou o seu nome [U] Seth; porque, disse ella, Deus me deu outra semente em logar de Abel; porquanto Caim o matou.

26 E a Seth mesmo tambem nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos: então se começou a invocar o nome do Senhor.

[1] Heb. 11.4.

[2] I João 3.12.

A genealogia de Seth.

5 Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus creou o homem, [1] á similhança de Deus o fez.

2 Macho [2] e femea os creou; e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram creados.

3 E Adão viveu cento e trinta annos, e gerou um filho á [3] sua similhança, conforme á sua imagem e chamou o seu nome Seth.

4 E foram os dias de Adão, depois que gerou a Seth, oitocentos annos: e gerou filhos e filhas.

5 E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta annos; [4] e morreu.

6 E viveu Seth cento e cinco annos, e gerou a Enos.

7 E viveu Seth, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete annos, e gerou filhos e filhas.

8 E foram todos os dias de Seth novecentos e doze annos; e morreu.

9 E viveu Enos noventa annos; e gerou a Cainan.

10 E viveu Enos, depois que gerou a Cainan, oitocentos e quinze annos; e gerou filhos e filhas.

11 E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco annos; e morreu.

12 E viveu Cainan, setenta annos; e gerou a Mahalalel.

[5]

13 E viveu Cainan, depois que gerou a Mahalalel, oitocentos e quarenta annos; e gerou filhos e filhas.

14 E foram todos os dias de Cainan novecentos e dez annos; e morreu.

15 E viveu Mahalalel sessenta e cinco annos; e gerou a Jared.

16 E viveu Mahalalel, depois que gerou a Jared, oitocentos e trinta annos; e gerou filhos e filhas.

17 E foram todos os dias de Mahalalel oitocentos e noventa e cinco annos; e morreu.

18 E viveu Jared cento e sessenta e dois annos; e gerou a Enoch.

19 E viveu Jared, depois que gerou a Enoch, oitocentos annos; e gerou filhos e filhas.

20 E foram todos os dias de Jared novecentos e sessenta e dois annos; e morreu.

21 E viveu Enoch sessenta e cinco annos; e gerou a Methusala.

22 E andou [5] Enoch com Deus, depois que gerou a Methusala, trezentos annos; e gerou filhos e filhas.

23 E foram todos os dias de Enoch trezentos e sessenta e cinco annos.

24 E andou Enoch com Deus; e não estava mais; [6] porquanto Deus para si o tomou.

25 E viveu Methusala cento e oitenta e sete annos; e gerou a Lamech.

26 E viveu Methusala, depois que gerou a Lamech, setecentos e oitenta e dois annos; e gerou filhos e filhas.

27 E foram todos os dias de Methusala novecentos e sessenta e nove annos; e morreu.

28 E viveu Lamech cento e oitenta e dois annos; e gerou um filho,

29 E chamou o seu nome [V] Noé, dizendo: Este nos consolará ácerca de nossas obras, e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o [7] Senhor amaldiçoou.

30 E viveu Lamech, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco annos; e gerou filhos e filhas.

31 E foram todos os dias de Lamech setecentos e setenta e sete annos; e morreu.

32 E era Noé da edade de quinhentos annos; e gerou Noé a [8] Sem, Cão, e Japhet.

[1] cap. 1.27. I Cor. 11.7. Col. 3.10.

[2] Mal. 2.15.

[3] Job 25.4. João 3.6. I Cor. 15.48.

[4] Heb. 9.27.

[5] cap. 6.9 e 17.1. Deu. 13.4. II Reis 20.3. Psa. 16.8. Amós 3.3. Mal. 2.6.

[6] Heb. 11.5.

[7] cap. 3.17 e 4.11.

[8] cap. 6.10 e 10.21.

A corrupção geral do genero humano.

Antes de Christo 2469

6 E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas;

2 Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram [1] formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

3 Então disse o Senhor: Não [W] contenderá o [2] meu Espirito para sempre com o homem; porque elle tambem é carne: [3] porém os seus dias serão cento e vinte annos.

4 Havia n’aquelles dias gigantes na terra; e tambem depois, quando os filhos de Deus entraram ás filhas dos homens, e d’ellas geraram filhos: estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama.

5 E viu o [4] Senhor que a maldade do homem se multiplicára sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.

6 Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pezou-lhe em seu coração.

7 E disse o Senhor: Destruirei o homem que creei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao reptil, e até á ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

8 Noé [5] porém achou graça aos olhos do Senhor.

9 Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e recto em suas gerações: Noé andava com Deus.

10 E gerou Noé tres filhos: Sem, Cão, e Japhet.

11 A terra porém estava corrompida diante da face de Deus: e encheu-se a terra de violencia.

12 E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

Deus annuncia o diluvio a Noé.

13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violencia; e eis que os desfarei com a terra.

14 Faze para ti uma arca da madeira de Gopher: farás [X] compartimentos na arca, e a betumarás por dentro e por fóra com betume.

15 E d’esta maneira a farás: De trezentos covados o comprimento da arca, e de cincoenta covados a sua largura, e de trinta covados a sua altura.

16 Farás na arca uma janella, e de um covado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-has andares baixos, segundos e terceiros.

[6]

17 Porque eis que Eu trago um [6] diluvio de aguas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que ha espirito de vida debaixo dos céus: tudo o que ha na terra expirará.

18 Mas comtigo estabelecerei o meu pacto; e entrarás na arca tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos comtigo.

19 E de tudo o que vive, de toda a carne, [7] dois de cada especie, metterás na arca, para os conservar vivos comtigo; macho e femea serão.

20 Das aves conforme a sua especie, e das bestas conforme a sua especie, de todo o reptil da terra conforme a sua especie, dois de cada especie virão a ti, para os conservar em vida.

21 E tu toma para ti de toda a comida que se come, e ajunta-a para ti; e te será para mantimento para ti e para elles.

22 Assim fez Noé: [8] conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

[1] Job 31.1.

[2] Neh. 9.30. Isa. 5.4 e 63.10. Jer. 11.7, 11. I Ped. 3.20.

[3] Psa. 78.39.

[4] Psa. 14.2 e 53.2. Rom. 3.9.

[5] Eze. 14.14.

[6] Psa. 20.10.

[7] cap. 7.8, 9.

[8] Heb. 11.7.

Noé e sua familia entram na arca.

Antes de Christo 2448

7 Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca: porque te hei visto [1] justo diante de mim n’esta geração.

2 De todo o animal [2] limpo tomarás para ti sete e sete, macho e sua femea; mas dos animaes que não são limpos, dois, o macho e sua femea.

3 Tambem das aves dos céus sete e sete, macho e femea, para conservar em vida a semente sobre a face de toda a terra.

4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substancia que fiz.

5 E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenára.

6 E era Noé da edade de seiscentos annos, quando o diluvio das aguas veiu sobre a terra.

7 E entrou Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com elle na arca, por causa das aguas do diluvio.

8 Dos animaes limpos, e dos animaes que não são limpos, e das aves, e de todo o reptil sobre a terra,

9 Entraram de dois em dois a Noé na arca, macho e femea, como Deus ordenára a Noé.

10 E aconteceu que, passados sete dias, vieram sobre a terra as aguas do diluvio.

11 No anno seiscentos da vida de Noé, no mez segundo, aos dezesete dias do mez, n’aquelle mesmo dia [3] se romperam todas as fontes do grande abysmo, e as janellas dos céus se abriram,

12 E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.

13 E no mesmo dia entrou Noé, e Sem, e Cão, e Japhet, os filhos de Noé, como tambem a mulher de Noé, e as tres mulheres de seus filhos com elle na arca.

14 Elles, e todo o animal conforme a sua especie, e todo o gado conforme a sua especie, e todo o reptil que se roja sobre a terra conforme a sua especie, e toda a ave conforme a sua especie, todo o passaro de [Y] toda a qualidade.

15 E de toda a carne, em que havia espirito de vida, entraram de dois em dois a Noé na arca.

16 E os que entraram, macho e femea de toda a carne entraram, como Deus lhe tinha ordenado: e o Senhor [4] o fechou por fóra.

O diluvio.

17 E esteve o diluvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as aguas, e levantaram a arca, e ella se elevou sobre a terra.

18 E prevaleceram as aguas, e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as aguas.

19 E as aguas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e [5] todos os altos montes, que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.

20 Quinze covados acima prevaleceram as aguas; e os montes foram cobertos.

21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o reptil que se roja sobre a terra, e [6] todo o homem.

22 Tudo o que tinha folego de espirito de vida em seus narizes, tudo o que havia no secco, morreu.

23 Assim foi desfeita toda a substancia que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao reptil, e até á ave dos céus; e foram extinctos da terra: e ficou somente Noé, e os que com elle estavam na arca.

24 E prevaleceram as aguas sobre a terra [7] cento e cincoenta dias.

[1] I Ped. 3.20. II Ped. 2.5.

[2] Lev. 11.

[3] cap. 8.2. Pro. 8.28. Mat. 24.38. I The. 5.3.

[4] Deu. 33.27. Psa. 46.2.

[5] II Ped. 3.6.

[6] Job 22.15, 17.

[7] cap. 8.3.

As aguas do diluvio diminuem.

Antes de Christo 2349

8 E [1] lembrou-se Deus de Noé, e [2] de toda a besta, e de todo o animal, e de toda a rez que com elle estava[7] na arca: e Deus fez passar [3] um vento sobre a terra, e aquietaram-se as aguas.

2 Cerraram-se tambem as [4] fontes do abysmo, e as janellas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se.

3 E as aguas tornaram de sobre a terra [Z] continuamente, e ao cabo de cento e cincoenta dias as aguas minguaram.

4 E a arca repousou, no setimo mez, no dia dezesete do mez, sobre os montes de Ararat.

5 E foram as aguas indo e minguando até ao decimo mez: no decimo mez, no primeiro dia do mez, appareceram os cumes dos montes.

6 E aconteceu que, ao cabo de quarenta dias, [5] abriu Noé a janella da arca que tinha feito.

Noé solta um corvo e depois uma pomba.

7 E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as aguas se seccaram de sobre a terra.

8 Depois soltou uma pomba, a vêrse as aguas tinham minguado de sobre a face da terra.

9 A pomba porém não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a elle para a arca; porque as aguas estavam sobre a face de toda a terra: e elle estendeu a sua mão, e tomou-a, e metteu-a comsigo na arca.

10 E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fóra da arca.

11 E a pomba voltou a elle sobre a tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico: e conheceu Noé que as aguas tinham minguado sobre a terra.

12 Então esperou ainda outros sete dias; e enviou fóra a pomba, mas não tornou mais a elle.

13 E aconteceu que no anno seiscentos e um, no mez primeiro, no primeiro dia do mez, as aguas se seccaram de sobre a terra: então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta.

14 E no segundo mez, aos vinte e sete dias do mez, a terra estava secca.

Noé e sua familia saem da arca.

15 Então fallou Deus a Noé, dizendo:

16 Sae da arca, tu, e tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos comtigo.

17 Todo o animal que está comtigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo o reptil que se roja sobre a terra traze fóra comtigo; e povôem abundantemente a terra, e [6] fructifiquem, e se multipliquem sobre a terra.

18 Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com elle,

19 Todo o animal, todo o reptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a terra, conforme as suas familias, saiu para fóra da arca.

20 E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo o [7] animal limpo, e de toda a ave limpa, e offereceu holocaustos sobre o altar.

21 E o Senhor cheirou o [8] suave cheiro, e disse o Senhor em seu coração: [9] Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a [10] imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, [11] nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.

22 Emquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, [12] não cessarão.

[1] cap. 19.29. Exo. 2.24.

[2] Psa. 36.6.

[3] Exo. 14.21.

[4] Pro. 8.28.

[5] cap. 6.16.

[6] cap. 1.22.

[7] Lev. 1.11.

[8] Lev. 1.9. Eph. 5.2.

[9] cap. 3.17 e 6.17.

[10] cap. 6.5. Job 15.14. Jer. 17.9. Rom. 1.21.

[11] cap. 9.11, 15.

[12] Isa. 54.9. Jer. 33.20.

O pacto que Deus fez com Noé.

9 E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: [1] Fructificae e multiplicae-vos, e enchei a terra.

2 E será o vosso temor [2] e o vosso pavor sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus: tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, na vossa mão são entregues.

3 Tudo quanto se [3] move, que é vivente, será para vosso mantimento: tudo vos tenho dado [4] como herva verde.

4 A carne, porém, com [5] sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

5 E certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas [AA] vidas; da mão de todo o animal o requererei: como tambem da mão [6] do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

6 Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado: porque Deus fez [7] o homem conforme á sua imagem.

7 Mas vós fructificae e multiplicae-vos: povoae abundantemente a terra, e multiplicae-vos n’ella.

8 E fallou Deus a Noé, e a seus filhos com elle, dizendo:

9 E eu, eis que estabeleço o meu [8] concerto comvosco e com a vossa semente depois de vós,

[8]

10 E com toda [AB] a alma vivente, [9] que comvosco está, de aves, de rezes, e de todo o animal da terra comvosco: desde todos que sairam da arca, até todo o animal da terra.

11 E eu comvosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruida toda a carne pelas aguas [10] do diluvio: e que não haverá mais diluvio, para destruir a terra.

12 E disse Deus: Este é o signal [11] do concerto que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está comvosco, por gerações eternas.

13 O meu [12] arco tenho posto na nuvem: este será por signal do concerto entre mim e a terra.

14 E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, apparecerá o arco nas nuvens:

15 Então me lembrarei do meu concerto, que está entre mim [13] e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne: e as aguas não se tornarão mais em diluvio, para destruir toda a carne.

16 E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar do concerto eterno entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.

17 E disse Deus a Noé: Este é o signal do concerto que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.

18 E os filhos de Noé, que da arca sairam, foram Sem, e Cão, e Japhet; e [14] Cão, é o pae de Canaan.

19 Estes tres foram [15] os filhos de Noé; e d’estes se povoou toda a terra.

Noé planta uma vinha.

Antes de Christo 2348

20 E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha:

21 E bebeu do [16] vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.

22 E viu Cão, o pae de Canaan, a nudez do seu pae, e fel-o saber a ambos seus irmãos fóra.

23 Então tomaram Sem e Japhet uma capa, e puzeram-n’a sobre ambos os seus hombros, e indo [17] virados para traz, cubriram a nudez do seu pae, e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pae.

24 E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.

25 E disse: Maldito seja [18] Canaan: servo dos servos seja aos seus irmãos.

26 E disse: Bemdito seja o Senhor Deus de Sem: e seja-lhe Canaan por servo.

27 Alargue Deus a Japhet, e habite nas tendas de Sem: e seja-lhe Canaan por servo.

28 E viveu Noé, depois do diluvio, trezentos e cincoenta annos.

29 E foram todos os dias de Noé novecentos e cincoenta annos, e morreu.

[1] ver. 7, 19. cap. 10.32.

[2] Psa. 8.6. Thi. 3.7.

[3] Deu. 12.15 e 14.4. Act. 10.12, 14. I Tim. 4.3, 4.

[4] cap. 1.20.

[5] Lev. 17.10, 14 e 19.25. Deu. 12.23. I Sam. 14.34.

[6] Eze. 21.12, 28.

[7] Lev. 24.17. Rom. 13.4. cap. 1.27.

[8] ver. 11, 17. cap. 6.18.

[9] Psa. 145.9. cap. 8.1.

[10] II Ped. 3.7.

[11] cap. 17.11.

[12] Eze. 1.28. Apo. 4.3.

[13] Deu. 7.9. Neh. 9.32.

[14] cap. 10.1, 6.

[15] cap. 10.32. I Chr. 1.4.

[16] Pro. 20.1. Luc. 21.34. I Cor. 10.12.

[17] Gal. 6.1. I Ped. 4.8.

[18] Deu. 27.16. II Chr. 8.7, 8.

Os descendentes de Noé.

Antes de Christo 2347

10 Estas pois são as gerações dos filhos de Noé. Sem, Cão, [1] e Japhet; e nasceram-lhe filhos depois do diluvio.

2 Os filhos de Japhet, são: Gomer e Magog, e Madai, e Javan, e Tubal, e Mesech, e Tiras.

3 E os filhos de Gomer, são: Asquenaz, e Riphath, e Togarmah.

4 E os filhos de Javan, são: Elishah e Tarshish, Kittim, e Dodanim.

5 Por estes foram repartidas [2] as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua lingua, segundo as suas familias, entre as suas nações.

6 E os filhos de Cão, são: [3] Cush, e Mizraim, e Put, e Canaan.

7 E os filhos de Cush, são: [4] Seba, e Havilah, e Sabtah, e Raamah, e Sabteca: e os filhos de Raamah são, Scheba e Dedan.

8 E Cush gerou a [5] Nimrod: este começou a ser poderoso na terra.

9 E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor: pelo que se diz: Como Nimrod, poderoso caçador diante do Senhor.

10 E o principio do seu reino foi Babel, e Erech, e Accad, e [6] Calneh, na terra de Shinar.

11 D’esta mesma terra saiu á Assyria e edificou a Ninive, e Rehoboth-Ir e Calah,

12 E Resen, entre Niniveh e Calah (esta é a grande cidade).

13 E Mizraim gerou a Ludim, e a Anamim, e a Leabim, e a Naphtuhim,

14 E a [7] Pathrusim, e a Caslushim, (d’onde sairam os philisteus) e a Caphtorim.

15 E Canaan gerou a Sidon, seu primogenito, e a Heth;

16 E ao Jebuseu, e Amorrheu, e Girgaseu,

17 E ao Heveu, e ao Arkeu, e ao Sineu,

18 E ao Arvadeu, e ao Zemareu, e ao Hamatheu, e depois se espalharam as familias dos [8] cananeus.

19 E foi o termo dos cananeus desde Sidon, indo para Gerar, até Gaza; indo[9] para Sodoma, e Gomorrah, e Adamah e Zeboiim, até Lasha.

20 Estes são os filhos de Cão segundo as suas familias, segundo as suas linguas, em suas terras, em suas nações.

21 E a Sem nasceram filhos, e elle é o pae de todos os filhos de Eber, o irmão mais velho de Japhet.

22 Os filhos [9] de Sem, são: Elam, e Assur, e Arpachshad, e Lud.

23 E os filhos de Aram são: Uz, e Hul, e Gether, e Mash.

24 E Arpachshad gerou a Shelah: e Shelah gerou a Eber.

25 E a Eber nasceram dois filhos: o nome d’um foi Peleg, [AC] porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joktan.

26 E Joktan gerou a Almodad, e a Sheleph, e a Hazarmaveth, e a Jerah;

27 E a Hadoran, e a Uzal, e a Diclah;

28 E a Obal, e a Abimael, e a Sheba;

29 E a Ophir, e a Havila e a Jobab: todos estes foram filhos de Joktan.

30 E foi a sua habitação desde Mesha, indo para Sephar, montanha do Oriente.

31 Estes são os filhos de Sem segundo as suas familias, segundo as suas linguas, nas suas terras, segundo as suas nações.

32 Estas são as familias dos filhos de Noé segundo as suas gerações, nas suas nações: e d’estes foram divididas as nações na terra depois do diluvio.

[1] I Chr. 1.5.

[2] Sof. 2.11.

[3] I Chr. 1.8.

[4] Psa. 72.10.

[5] Miq. 5.6.

[6] Amós 6.2.

[7] I Chr. 1.12.

[8] cap. 15.18, 21. Jos. 12.7, 8.

[9] I Chr. 1.17.

Toda a terra com uma mesma lingua.

Antes de Christo 2218

11 E era toda a terra d’uma mesma lingua, e d’uma mesma falla.

2 E aconteceu que, partindo elles do Oriente, acharam um valle na terra de Shinar; e habitaram ali.

3 E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos, e queimemol-os bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal.

4 E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo [1] cume toque nos céus, e façamo-nos [2] um nome, para que não [3] sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

5 Então desceu o Senhor para [4] ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

6 E disse: Eis que o povo é um, e todos teem uma mesma lingua; e isto é o que começam a fazer: e agora, não haverá restricção para tudo o que elles intentarem fazer?

A confusão das linguas.

7 Eia, desçamos, e [5] confundamos ali a sua lingua, para que não intenda um a lingua do outro.

8 Assim o Senhor os espalhou d’ali sobre a face de toda a terra: e cessaram de edificar a cidade.

9 Por isso se chamou o seu nome Babel, [AD] porquanto ali confundiu o Senhor a lingua de toda a terra, e d’ali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra.

10 Estas são as gerações [6] de Sem: Sem era da edade de cem annos, e gerou a Arpachshad, dois annos depois do diluvio.

11 E viveu Sem, depois que gerou a Arpachshad, quinhentos annos; e gerou filhos e filhas.

12 E viveu Arpachshad trinta e cinco annos, e gerou a Selah.

13 E viveu Arpachshad depois que gerou a Selah, quatrocentos e tres annos; e gerou filhos e filhas.

14 E viveu Selah, trinta annos, e gerou a Eber:

15 E viveu Selah, depois que gerou a Eber, quatrocentos e tres annos, e gerou filhos e filhas.

16 E viveu Eber trinta e quatro annos e gerou a Peleg:

17 E viveu Eber, depois que gerou a Peleg, quatrocentos e trinta annos, e gerou filhos e filhas.

18 E viveu Peleg trinta annos, e gerou a Rehu:

19 E viveu Peleg, depois que gerou a Rehu, duzentos e nove annos, e gerou filhos e filhas.

20 E viveu Rehu, trinta e dois annos, e gerou a Serug:

21 E viveu Rehu, depois que gerou a Serug, duzentos e sete annos e gerou filhos e filhas.

22 E viveu Serug trinta annos, e gerou a Nahor:

23 E viveu Serug, depois que gerou a Nahor, duzentos annos, e gerou filhos e filhas.

24 E viveu Nahor vinte e nove annos, e gerou a Terah:

25 E viveu Nahor, depois que gerou a Terah, cento e dezenove annos, e gerou filhos e filhas.

26 E viveu Terah, setenta annos, e gerou a Abrão, a Nahor, [7] e a Haran.

27 E estas são as gerações de Terah: Terah gerou a Abrão, a Nahor, e a Haran: e Haran gerou a Lot.

[10]

28 E morreu Haran estando seu pae Terah, ainda vivo, na terra do seu nascimento, em Ur dos Chaldeus.

29 E tomaram Abrão e Nahor mulheres para si: o nome da mulher de Abrão [8] era Sarai, e o nome da mulher de Nahor era [9] Milcah, filha de Haran, pae de Milcah, e pae de Iscah.

30 E Sarai foi [10] esteril, e não tinha filhos.

31 E tomou Terah a Abrão seu filho, e a Lot filho de Haran, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com elles de Ur dos Chaldeus, [11] para ir á terra de Canaan; e vieram até Haran, e habitaram ali.

32 E foram os dias de Terah duzentos e cinco annos: e morreu Terah em Haran.

[1] Deu. 1.28.

[2] Psa. 49.2. Dan. 4.30. Pro. 10.7.

[3] ver. 9. Luc. 1.51.

[4] cap. 18.21.

[5] Psa. 55.9. Act. 2.6.

[6] cap. 10.24. I Chr. 1.17.

[7] Jos. 24.2. I Chr. 26.

[8] cap. 17.15.

[9] cap. 22.20 e 24.15.

[10] cap. 16.1 e 18.11 e 21.1, 2.

[11] cap. 12.1. Neh. 9.7. Act. 7.4.

Deus chama Abrão e lhe faz promessas.

Antes de Christo 1921

12 Ora o [1] Senhor disse a Abrão: Sae-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pae, para a terra que eu te mostrarei.

2 E far-te-hei [2] uma grande nação, e abençoar-te-hei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma benção.

3 E abençoarei [3] os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão bemditas [4] todas as familias da terra.

4 Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Lot com elle: e era Abrão de edade de setenta e cinco annos, quando saiu de Haran.

5 E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Lot, filho de seu irmão, e toda a sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas que lhe accresceram em Haran: e sairam para irem á terra de Canaan; e vieram á terra de Canaan.

6 E passou Abrão por aquella terra até ao logar de Sichem, até ao carvalho [5] de Moreh; e estavam então os Cananeos na terra.

7 E appareceu o Senhor [6] a Abrão, e disse: Á tua semente darei esta terra. E edificou ali um [7] altar ao Senhor, que lhe apparecêra.

8 E moveu-se d’ali para a montanha á banda do Oriente [8] de Bethel, e armou a sua tenda, tendo [9] Bethel ao Occidente, e Ai ao Oriente; e edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.

9 Depois caminhou Abrão d’ali, seguindo ainda para a banda do Sul.

Abrão desce ao Egypto.

10 E havia fome n’aquella terra: e desceu Abrão ao Egypto, para peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra.

11 E aconteceu que, chegando elle para entrar no Egypto, disse a Sarai, sua mulher: Ora bem sei que és mulher formosa á vista;

12 E será que, quando os Egypcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-hão a mim, e a ti te guardarão em vida.

13 Dize, peço-te, que és [10] minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti.

14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egypto, viram os Egypcios a mulher, que era mui formosa.

15 E viram-n’a os principes do Pharaó, e gabaram-n’a diante do Pharaó: e foi a mulher tomada para casa do Pharaó.

16 E fez bem a Abrão por amor d’ella; e elle teve ovelhas, e vaccas, e jumentos, e servos e servas, e jumentas, e camelos.

17 Feriu, porém, o Senhor o Pharaó com grandes pragas, e a sua casa, por causa de Sarai, mulher de Abrão.

18 Então chamou o Pharaó a Abrão, e disse: Que é isto que [11] me fizeste? porque não me disseste que ella era tua mulher?

19 Porque disseste: É minha irmã? de maneira que a houvera tomado por minha mulher: agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vae-te.

20 E o Pharaó, [12] deu ordens aos seus varões a seu respeito, e acompanharam-n’o a elle, e a sua mulher, e a tudo o que tinha.

[1] cap. 11.31. Isa. 51.2. Act. 7.3. Heb. 11.8.

[2] cap. 17.6.

[3] cap. 18.18 e 28.4.

[4] cap. 27.29. Exo. 23.22. Num. 24.9.

[5] Deu. 11.30.

[6] cap. 17.1 e 18.1.

[7] cap. 13.15. Rom. 9.8. Gal. 3.16 e 4.28.

[8] cap. 13.4, 18 e 26.25 e 33.20. cap. 28.19.

[9] cap. 20.2 e 26.7.

[10] I Chr. 16.21. Psa. 105.14.

[11] cap. 20.10 e 26.10.

[12] Pro. 21.1.

Abrão volta do Egypto.

Antes de Christo 1918

13 Subiu, pois, Abrão do Egypto para a banda do Sul, elle e sua mulher, e tudo o que tinha, e com elle Lot.

2 E ia Abrão muito rico em gado, em prata, e em oiro.

3 E fez as suas jornadas do Sul até Beth-el, até ao logar onde ao principio estivera a sua tenda, entre Beth-el e Ai;

4 Até ao logar do altar [1] que d’antes[11] ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do Senhor.

5 E tambem Lot, que ia com Abrão, tinha rebanhos, e vaccas, e tendas.

6 E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos; porque a sua fazenda era muita; de maneira que não podiam habitar juntos.

Abrão e Lot separam-se.

7 E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Lot: e os Cananeus e os Perizeus habitavam então na terra.

8 E disse Abrão a Lot: [2] Ora não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos varões somos.

9 Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.

10 E levantou Lot os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do Senhor ter [3] destruido Sodoma e Gomorrha, e era como [4] o jardim do Senhor, como a terra do Egypto, quando se entra em [5] Zoar.

11 Então Lot escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Lot para o Oriente, e apartaram-se um do outro.

12 Habitou Abrão na terra de Canaan, e Lot habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma.

13 Ora eram maus os varões de Sodoma, e grandes peccadores [6] contra o Senhor.

14 E disse o Senhor a Abrão, depois que Lot se apartou d’elle: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o logar onde estás, para a banda do Norte, e do Sul, e do Oriente, e do Occidente;

15 Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e á tua semente, [7] para sempre.

16 E farei a tua semente como [8] o pó da terra; de maneira que se alguem podér contar o pó da terra, tambem a tua semente será contada.

17 Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.

18 E Abrão armou as suas tendas, e veiu, e habitou nos carvalhaes de Mamre, [9] que estão junto a Hebron; e edificou ali um altar ao Senhor.

[1] cap. 12.7, 8.

[2] Phi. 2.14. Heb. 12.14.

[3] cap. 19.25. Eze. 16.49.

[4] Isa. 51.3.

[5] cap. 14.2.

[6] cap. 18.20. II Ped. 2.7, 8.

[7] cap. 12.7.

[8] cap. 15.5 e 2.17 e 28.14. Num. 23.10. Deu. 1.10. I Reis 4.20. Jer. 33.22.

[9] cap. 18.1 e 35.27 e 37.14.

Guerra de quatro reis contra cinco.

14 E aconteceu nos dias de Amraphel, rei de Shinar, Arioch, rei de Ellasar, Chedorlaomer, rei de Elam, e Tidal, rei de [AE] Goiim,

2 Que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsha, rei de Gomorrah, a Shinab, rei de Admah, e a Shemeber, rei de Zeboiim, e ao rei de Bela (esta é Zoar).

3 Todos estes se ajuntaram no valle de Siddim (que é o mar de sal).

4 Doze annos haviam servido a Chedorlaomer, mas ao decimo terceiro anno rebelaram-se.

5 E ao decimo quarto anno veiu Chedorlaomer, e os reis que estavam com elle, e feriram aos Rephains em Ashteroth-karnaim, e aos Zuzins em Ham, e aos Emins em Shave-kiriathaim,

6 E aos Horeos no seu monte Seir, até á campina de Paran, que está junto ao deserto.

7 Depois tornaram e vieram a Enmispat (que é Cades), e feriram toda a terra dos Amalekitas, e tambem os Amoreos, que habitavam em Hazazon-tamar.

8 Então saiu o rei de Sodoma, e o rei de Gomorrah, e o rei de Admah, e o rei de Zeboiim, e o rei de Bela (esta é Zoar), e ordenaram batalha contra elles no valle de Siddim,

9 Contra Chedorlaomer, rei de Elam, e Tidal, rei de Goiim, e Amraphel, rei de Shinar, e Arioch, rei de Ellasar; quatro reis contra cinco.

10 E o valle de Siddim estava cheio de poços de betume: e fugiram os reis de Sodoma, e de Gomorrah, e cairam ali; e os restantes fugiram para um monte.

11 E tomaram toda a fazenda de Sodoma, e de Gomorrah, e todo o seu mantimento, e foram-se.

Lot é levado captivo.

12 Tambem tomaram a [1] Lot, que habitava em Sodoma, filho do irmão de Abrão, e a sua fazenda, e foram-se.

13 Então veiu um que escapára, e o contou a Abrão, o Hebreu: elle [2] habitava junto dos carvalhaes de Mamre, o Amoreo, irmão de Eshcol, e irmão de Aner; elles eram confederados de Abrão.

14 Ouvindo pois Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus creados, nascidos em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dan.

15 E dividiu-se contra elles de noite, elle e os seus creados, e os feriu, e os perseguiu até Hobah, que fica á esquerda de Damasco.

16 E tornou a trazer toda a fazenda, e[12] tornou a trazer tambem a Lot, seu irmão, e a sua fazenda, e tambem as mulheres, e o povo.

17 E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Chedorlaomer e aos reis que estavam com elle) até ao valle de Schave, que é o valle [3] do rei.

Melchizedec abençoa Abrão.

18 E Melchizedec, [4] rei de Salem, trouxe pão e vinho: e era este sacerdote [5] do Deus altissimo.

19 E abençoou-o, e disse: Bemdito seja Abrão de Deus altissimo, o [6] Possuidor dos céus e da terra;

20 E bemdito seja o Deus altissimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dizimo [7] de tudo.

21 E o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as almas, e a fazenda toma para ti.

22 Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: [8] Levantei minha mão ao Senhor, o Deus altissimo, [9] o Possuidor dos céus e da terra,

23 Que desde um fio até á correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu: para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;

24 Salvo tão sómente o que os mancebos comeram, e a parte que toca aos varões que commigo foram, Aner, Escol, e Mamre; estes que tomem a sua parte.

[1] cap. 13.12. Isa. 6.9.

[2] cap. 13.18.

[3] II Sam. 18.18.

[4] Heb. 7.1.

[5] Psa. 110.4. Heb. 5.6.

[6] ver. 22.

[7] Heb. 7.1, 10.

[8] Exo. 6.8.

[9] ver. 19.

Deus anima Abrão e promette-lhe um filho.

Antes de Christo 1913

15 Depois d’estas coisas veiu a palavra do Senhor a Abrão em visão, [1] dizendo: Não temas, Abrão, [2] eu sou o teu escudo, o teu grandissimo galardão.

2 Então disse Abrão: Senhor Jehovah, que me has de dar, pois ando sem [3] filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Elieser?

3 Disse mais Abrão: Eis que me não tens dado semente, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.

4 E eis que veiu a palavra do Senhor a elle, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquelle que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro.

5 Então o levou fóra, e disse: Olha agora para os céus, e conta as [4] estrellas, se as podes contar. E disse-lhe: [5] Assim será a tua semente.

6 E creu elle no Senhor, e [AF] imputou-lhe [6] isto por justiça.

7 Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei [7] de Ur dos Chaldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdal-a.

8 E disse elle: [8] Senhor Jehovah, como saberei que hei-de herdal-a?

9 E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de tres annos, e uma cabra de tres annos, e um carneiro de tres annos, uma rola, e um pombinho.

10 E trouxe-lhe todos estes, e [9] partiu-os pelo meio, e poz cada parte d’elles em frente da outra; mas as aves não partiu.

11 E as aves desciam sobre os cadaveres; Abrão, porém, as enxotava.

12 E [10] pondo-se o sol, um profundo somno caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre elle.

13 Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua, e servil-os-hão; [11] e affligil-os-hão quatrocentos annos;

14 Mas tambem eu julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com [12] grande fazenda.

15 E tu irás a teus paes em paz: em boa velhice [13] serás sepultado.

16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos Amoreos [14] não está ainda cheia.

Deus faz um pacto com Abrão.

17 E succedeu que, posto o sol, houve escuridão: e eis um forno de fumo, e uma tocha de fogo, que passou por aquellas metades.

18 N’aquelle mesmo dia fez o Senhor um concerto com Abrão, dizendo: Á tua semente tenho dado esta terra, desde o rio Egypto até ao grande rio Euphrates;

19 E o Keneo, e o Kenezeo, e o Kadmoneo,

20 E o Hetheo, e o Pereseo, e os Rephains,

21 E o Amoreo, e o Cananeo, e o Girgaseo, e o Jebuseo.

[1] cap. 46.2. Num. 12.6. Dan. 10.1.

[2] Deu. 33.29. Psa. 84.11 e 91.4 e 119.114. Pro. 30.5.

[3] Act. 7.5.

[4] Deu. 1.10.

[5] Rom. 4.18.

[6] Rom. 4.3-6. Gal. 3.6. Can. 2.23.

[7] cap. 12.1.

[8] Jui. 6.17. II Reis 20.8. Luc. 1.18.

[9] Jer. 34.18, 19.

[10] cap. 2.21. I Sam. 26.12.

[11] Exo. 12.40. Act. 7.6.

[12] Exo. 12.36. Psa. 105.37.

[13] cap. 25.8.

[14] Mat. 23.32.

Hagar é dada por mulher a Abrão.

Antes de Christo 1911

16 Ora Sarai, mulher d’Abrão, não lhe paria, e elle tinha uma serva Egypcia, cujo nome era [1] Hagar.

[13]

2 E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de parir; entra [2] pois á minha serva; porventura [AG] terei filhos d’ella. E ouviu Abrão a voz de Sarai.

3 Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Hagar Egypcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez annos que Abrão habitara na terra de Canaan.

4 E elle entrou a Hagar, e ella concebeu; e vendo ella que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.

5 Então disse Sarai a Abrão: Meu aggravo seja sobre ti: minha serva puz eu em teu regaço; vendo ella agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos: o Senhor julgue entre mim e ti.

6 E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão, faze-lhe o que bom é aos teus olhos. E affligiu-a Sarai, e ella fugiu de sua face.

7 E o anjo do Senhor a achou junto a uma fonte d’agua no deserto, junto á fonte no caminho de Sur.

8 E disse: Hagar, serva de Sarai, d’onde vens, e para onde vaes? E ella disse: Venho fugida da face de Sarai minha senhora.

9 Então lhe disse o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e humilha-te [3] debaixo de suas mãos.

10 Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua semente, que não será contada, por numerosa que será.

11 Disse-lhe tambem o anjo do Senhor: Eis que concebeste, e parirás um filho, e chamarás o seu nome [AH] Ishmael; porquanto o Senhor ouviu a tua afflicção.

12 E elle será homem [AI] feroz, e a sua mão será contra todos, [4] e a mão de todos contra elle: e [5] habitará diante da face de todos os seus irmãos.

13 E ella chamou o nome do Senhor, que com ella fallava: Tu és Deus da vista, [AJ] porque disse: Não olhei eu tambem para [6] aquelle que me vê?

14 Por isso se chama aquelle poço de [AK] Lachai-roi; eis que está entre Kades e Bered.

15 E Hagar pariu um filho a Abrão; e Abrão chamou o nome do seu filho que Hagar parira, Ishmael.

16 E era Abrão da edade de oitenta e seis annos, quando Hagar pariu Ishmael a Abrão.

[1] Gal. 4.24.

[2] cap. 30.3, 9.

[3] I Ped. 2.18.

[4] cap. 21.20.

[5] cap. 25.18.

[6] cap. 32.20. Jui. 6.22, 23.

Deus muda o nome de Abrão.

17 Sendo pois Abrão da edade de noventa e nove annos, appareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus [1] Todo-poderoso, anda [2] em minha presença e sê perfeito:

2 E porei o meu concerto entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.

3 Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e fallou Deus com elle, dizendo:

4 Quanto a mim, eis o meu concerto, comtigo é e serás o pae [3] de uma multidão de nações;

5 E não se chamará mais o teu nome [4] Abrão, [AL] mas Abrahão [AM] será o teu nome; [5] porque por pae da multidão de nações te tenho posto:

6 E te farei fructificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis [6] sairão de ti:

7 E estabelecerei o meu concerto entre mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto [7] perpetuo, para te ser a ti por Deus, e á tua semente depois de ti.

8 E te darei a ti, e á tua semente depois de ti, a terra de tuas peregrinações, [8] toda a terra de Canaan em perpetua possessão, e ser-lhes-hei Deus.

9 Disse mais Deus a Abrahão: Tu, porém, guardarás o meu concerto, tu, e a tua semente depois de ti, nas suas gerações.

10 Este é o meu concerto, que guardareis entre mim e vós, e a tua semente depois de ti: Que todo o macho vos será circumcidado.

11 E circumcidareis a carne do vosso prepucio; e isto será por signal do concerto [9] entre mim e vós.

12 O filho de oito dias, pois, vos será circumcidado, todo o macho nas vossas gerações: o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não fôr da tua semente.

13 Com effeito será circumcidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro: e estará o meu concerto na vossa carne por concerto perpetuo.

14 E o macho com prepucio, cuja carne do prepucio não estiver circumcidada, aquella alma será extirpada dos seus povos; quebrantou o meu concerto.

Deus muda o nome de Sarai.

15 Disse Deus mais a Abrahão: A Sarai tua mulher não chamarás mais[14] pelo nome de Sarai, mas Sarah [AN] será o seu nome,

16 Porque eu a hei de abençoar, e te hei de dar a ti d’ella um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão d’ella.

17 Então caiu Abrahão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem annos ha de nascer um filho? e parirá Sarah da edade de noventa annos?

18 E disse Abrahão a Deus: Oxalá que viva Ishmael diante de teu rosto!

19 E disse Deus: Na verdade, Sarah tua mulher te parirá um filho, e chamarás o seu nome [AO] Isaac, e com elle estabelecerei o meu concerto, por concerto perpetuo para a sua semente depois d’elle.

20 E emquanto a Ishmael, tambem te tenho ouvido: eis aqui o tenho abençoado, e fal-o-hei fructificar, e fal-o-hei multiplicar grandissimamente: doze principes gerará, e d’elle farei uma grande nação.

21 O meu concerto, porém, estabelecerei com Isaac, o qual Sarah te parirá n’este tempo determinado, no anno [10] seguinte.

22 E acabou de fallar com elle, e saiu Deus de Abrahão.

A instituição da circumcisão.

23 Então tomou Abrahão a seu filho Ishmael, e a todos os nascidos na sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro, todo o macho entre os homens da casa de Abrahão; e circumcidou a carne do seu prepucio, n’aquelle mesmo dia, como Deus fallára com elle.

24 E era Abrahão da edade de noventa e nove annos, quando lhe foi circumcidada a carne do seu prepucio.

25 E Ishmael, seu filho, era da edade de treze annos, quando lhe foi circumcidada a carne do seu prepucio.

26 N’este mesmo dia foi circumcidado Abrahão e Ishmael seu filho,

27 E todos os homens da sua casa, o nascido em casa, e o comprado por dinheiro do estrangeiro, foram circumcidados com elle.

[1] Exo. 6.3. Dan. 4.35.

[2] cap. 48.15. II Reis 20.3.

[3] cap. 13.16 e 22.17.

[4] Neh. 9.7.

[5] Rom. 4.17.

[6] ver. 16, 20. cap. 35.11.

[7] Lev. 26.12. Heb. 11.16.

[8] cap. 48.4.

[9] Act. 7.8. Rom. 4.11. Col. 2.11, 13.

[10] cap. 21.2.

Apparecem tres anjos a Abrahão.

Antes de Christo 1898

18 Depois appareceu-lhe o Senhor nos carvalhaes de [1] Mamre, estando elle assentado á porta da tenda, quando tinha aquecido [AP] o dia.

2 E levantou os seus olhos, e olhou, [2] e eis tres varões estavam em pé junto a elle. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, e inclinou-se á terra,

3 E disse; Meu Senhor, se agora tenho achado graça nos teus olhos, rogo-te que não [3] passes de teu servo,

4 Que se traga já uma [4] pouca d’agua, e lavae os vossos pés, e recostae-vos debaixo d’esta arvore;

5 E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo. E disseram: Assim faze como tens dito.

6 E Abrahão apressou-se em ir ter com Sarah á tenda, e disse-lhe: Amassa depressa tres medidas de flor de farinha, e faze bolos.

7 E correu Abrahão ás vaccas, e tomou uma vitella tenra e boa, e deu-a ao moço, que se apressou era preparal-a.

8 E tomou [5] manteiga e leite, e a vitella que tinha preparado, e poz tudo diante d’elles, e elle estava em pé junto a elles debaixo da arvore; e comeram.

9 E disseram-lhe: Onde está Sarah, tua mulher? E elle disse: Eil-a ahi está na tenda.

10 E disse: Certamente [6] tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sarah tua mulher terá um filho. E ouviu-o Sarah á porta da tenda, que estava atraz d’elle.

11 E eram Abrahão e Sarah já [7] velhos, e adiantados em edade; já a Sarah havia cessado o costume das [8] mulheres.

12 Assim pois riu-se Sarah comsigo, [9] dizendo: Terei [10] ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo tambem o meu senhor já [11] velho?

13 E disse o Senhor a Abrahão: Porque se riu Sarah, dizendo: Na verdade parirei eu ainda, havendo já envelhecido?

14 Haveria coisa alguma difficil [12] ao Senhor? Ao tempo determinado tornarei a ti por este tempo da vida, e Sarah terá um filho.

15 E Sarah negou, dizendo: Não me ri: porquanto temeu. E elle disse: Não digas isso, porque [13] te riste.

16 E levantaram-se aquelles varões d’ali, e olharam para a banda de Sodoma; e Abrahão ia com elles, acompanhando-os.

Deus annuncia a destruição de Sodoma e Gomorrah.

17 E disse o Senhor: [14] Occultarei eu a Abrahão o que faço?

[15]

18 Visto que Abrahão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, [15] e n’elle serão bemditas todas as nações da terra.

19 Porque eu o tenho conhecido, que elle ha de ordenar a seus filhos [16] e a sua casa depois d’elle, para que guardem o caminho do Senhor, para obrar com justiça e juizo: para que o Senhor faça vir sobre Abrahão o que ácerca d’elle tem fallado.

20 Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorrah se tem multiplicado, e porquanto o seu peccado se tem aggravado muito,

21 Descerei [17] agora, e verei se com effeito tem praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabel-o-hei.

22 Então viraram aquelles varões o rosto d’ali, e foram-se para Sodoma; mas Abrahão ficou ainda em pé diante da face do Senhor.

Abrahão intercede com Deus pelos homens.

23 E chegou-se Abrahão, dizendo: Destruirás tambem o justo com o impio?

24 Se porventura houver cincoenta justos na cidade, destruil-os-has tambem, e não pouparás o logar por causa dos cincoenta justos que estão dentro d’ella?

25 Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o impio: que o justo seja como o impio, [18] longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?

26 Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cincoenta justos [19] dentro da cidade, pouparei a todo o logar por amor d’elles.

27 E respondeu Abrahão, dizendo: Eis que agora me atrevi a fallar ao Senhor, ainda que sou pó e [20] cinza:

28 Porventura faltarão de cincoenta justos cinco; destruirás por aquelles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.

29 E continuou ainda a fallar-lhe, e disse: Porventura se acharão ali quarenta. E disse: Não o farei por amor dos quarenta.

30 Disse mais: Ora não se ire o Senhor, se eu ainda fallar: Porventura se acharão ali trinta. E disse: Não o farei se achar ali trinta.

31 E disse: Eis que agora me atrevi a fallar ao Senhor: Porventura se acharão ali vinte. E disse: Não a destruirei por amor dos vinte.

32 Disse mais: Ora não se ire o Senhor, que ainda só mais esta [21] vez fallo: Porventura se acharão ali dez. E disse: Não a destruirei por amor dos dez.

33 E foi-se o Senhor, quando acabou de fallar a Abrahão: e Abrahão tornou-se ao seu logar.

[1] cap. 13.18 e 14.13.

[2] cap. 19.1.

[3] Heb. 13.2.

[4] cap. 43.24.

[5] Jui. 5.25.

[6] ver. 14. cap. 17.19 e 21.2. II Reis 4.16. Rom. 9.9. Gal. 4.23.

[7] Rom. 4.19. Heb. 11.11, 12.

[8] cap. 31.35.

[9] cap. 21.6.

[10] Luc. 1.18.

[11] I Ped. 3.6.

[12] Jer. 32.17.

[13] Psa. 44.21.

[14] Psa. 25.14. Amós 3.7. João 15.15.

[15] cap. 12.13.

[16] Deu. 4.9, 10. Psa. 78.5-8. Eph. 6.4.

[17] cap. 11.5. Exo. 3.8.

[18] Job 8.3 e 34.17. Rom. 3.6.

[19] Jer. 5.1.

[20] Job 4.19.

[21] Jui. 6.39.

Lot recebe os dois anjos em sua casa.

19 E vieram os dois [1] anjos a Sodoma á tarde, e estava Lot assentado á porta de Sodoma; e vendo-os Lot, levantou-se ao seu encontro, e inclinou-se com o rosto á terra;

2 E disse: Eis agora, meus senhores, entrae, peço-vos, em casa de vosso servo, e passae n’ella a noite, e lavae os vossos pés; e de madrugada vos levantareis, e ireis vosso caminho. E elles disseram: Não, antes na rua passaremos a noite.

3 E porfiou com elles muito, e vieram com elle, e entraram em sua casa: e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levadura, e comeram.

4 E antes que se deitassem, cercaram a casa, os varões d’aquella cidade, os varões de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros.

5 E chamaram a Lot, e disseram-lhe: Onde estão os varões que a ti vieram n’esta [2] noite? Tral-os fóra a nós, para que os conheçamos.

6 Então saiu Lot a elles á porta, e fechou a porta atraz de si,

7 E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não [3] façaes mal:

8 Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não [4] conheceram varão; fora vol-as trarei, e fareis d’ellas como bom fôr nos vossos olhos; sómente nada façaes a estes varões, porque por isso vieram á sombra do meu telhado.

9 Elles porém disseram: Sae d’ali. Disseram mais: Como estrangeiro este individuo veiu aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo? Agora te faremos mais mal a ti do que a elles. E arremessaram-se sobre o varão, sobre Lot, e approximaram-se para arrombar a porta.

10 Aquelles varões porém estenderam a sua mão, e fizeram entrar a Lot comsigo na casa, e fecharam a porta;

11 E [5] feriram de cegueira os varões que estavam á porta da casa, desde o menor até ao maior, de maneira que se cançaram para achar a porta.

12 Então disseram aquelles varões a Lot: Tens alguem mais aqui? teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos[16] tens n’esta cidade, tira-os fóra d’este logar;

13 Porque nós vamos destruir este logar, porque o seu clamor tem engrossado [6] diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruil-o.

14 Então saiu Lot, e fallou a seus genros, aos que haviam de tomar as suas filhas, e disse: Levantae-vos, sahi d’este logar; porque o Senhor ha de destruir a cidade. Foi tido porém por zombador aos olhos de seus genros.

15 E ao amanhecer os anjos apertaram com Lot, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher, e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça d’esta cidade.

16 Elle porém demorava-se, e aquelles varões lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher, e pela mão de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-o, e puzeram-o fóra da cidade.

17 E aconteceu que, tirando-os fóra, disse: Escapa-te por tua vida; não olhes [7] para traz de ti, e não pares em toda esta campina; escapa lá para o monte, para que não pereças.

18 E Lot disse-lhe: Ora não, Senhor!

19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua misericordia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida: e eu não posso escapar no monte, para que porventura não me apanhe este mal, e eu morra.

20 Eis que agora esta cidade está perto, para fugir para lá, e é pequena: ora para ali me escaparei (não é pequena?), para que minha alma viva.

21 E disse-lhe: Eis aqui, tenho-te acceitado tambem n’este negocio, para não derribar esta cidade, de que fallaste:

22 Apressa-te, escapa-te para ali; porque nada poderei fazer, emquanto não tiveres ali chegado. Por isso se chamou o nome da cidade [AQ] Zoar.

23 Saiu o sol sobre a terra, quando Lot entrou em Zoar.

A destruição de Sodoma e Gomorrah.

24 Então o Senhor fez [8] chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorrah;

25 E derribou aquellas cidades, e toda aquella campina, e todos os moradores d’aquellas cidades, e o que nascia da terra.

26 E a mulher de Lot olhou para traz d’elle, e ficou convertida n’uma estatua de [9] sal.

27 E Abrahão levantou-se aquella mesma manhã, de madrugada, e foi para aquelle logar onde estivera [10] diante da face do Senhor;

28 E olhou para Sodoma e Gomorrah, e para toda a terra da campina; e viu, e eis que o fumo da terra subia, como o fumo d’uma fornalha.

29 E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da campina, Deus se lembrou de Abrahão, e tirou a Lot do meio da destruição, derribando aquellas cidades em que Lot habitara.

30 E subiu Lot de Zoar, e habitou [11] no monte, e as suas duas filhas com elle; porque temia de habitar em Zoar; e habitou n’uma caverna, elle e as suas duas filhas.

31 Então a primogenita disse á menor: Nosso pae é já velho, e não ha varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a terra;

32 Vem, demos de beber vinho a nosso pae, e deitemo-nos com elle, para que em vida conservemos semente de nosso pae.

33 E deram de beber vinho a seu pae [12] n’aquella noite; e veiu a primogenita, e deitou-se com seu pae, e não sentiu elle quando ella se deitou, nem quando se levantou.

34 E succedeu, no outro dia, que a primogenita disse á menor: Vês aqui, eu já hontem á noite me deitei com meu pae: demos-lhe de beber vinho tambem esta noite, e então entra tu, deita-te com elle, para que em vida conservemos semente de nosso pae.

35 E deram de beber vinho a seu pae, tambem n’aquella noite; e levantou-se a menor, e deitou-se com elle; e não sentiu elle quando ella se deitou, nem quando se levantou.

36 E conceberam [13] as duas filhas de Lot de seu pae.

37 E pariu a primogenita um filho, e chamou o seu nome Moab; este é o pae dos [14] moabitas, até ao dia d’hoje.

38 E a menor tambem pariu um filho, e chamou o seu nome Benammi; este é o pae dos filhos de Ammon, até o dia [15] d’hoje.

[1] cap. 18.22.

[2] Jui. 19.22.

[3] Lev. 18.22. Deu. 23.17. Rom. 1.24. I Cor. 6.9, 11. Jud. 7.

[4] Jui. 19.24.

[5] II Reis 6.18. Act. 13.11.

[6] cap. 18.20.

[7] ver. 26.

[8] Deu. 29.23. Isa. 13.19. Jer. 49.18 e 50.40. Lam. 4.6. Eze. 16.49. Mat. 11.23. Luc. 17.28, 29. II Ped. 2.6. Jud. 7. Apo. 20.9.

[9] Luc. 17.32.

[10] cap. 18.22.

[11] ver. 17, 19.

[12] Pro. 23.31, 33.

[13] Lev. 18.6, 7.

[14] Deu. 2.9, 19.

[15] Sof. 2.9.

Abrahão nega que Sarah é sua mulher.

20 E partiu-se Abrahão d’ali para a terra do sul, e habitou entre Kades e Sur; e peregrinou em Gerar.

[17]

2 E havendo Abrahão dito de Sarah sua mulher; [1] É minha irmã, enviou Abimelech, rei de Gerar, e tomou a Sarah.

3 Deus porém veiu a Abimelech em [2] sonhos de noite, e disse-lhe: Eis que morto és por causa da mulher que tomaste; porque ella está casada com marido.

4 Mas Abimelech ainda não se tinha chegado a ella; por isso disse: Senhor, matarás tambem uma nação justa?

5 Não me disse elle mesmo: É minha irmã? e ella tambem disse: É meu irmão. Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos tenho feito isto.

6 E disse-lhe Deus em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e tambem eu te tenho impedido de peccar contra mim; [3] por isso te não permitti tocal-a;

7 Agora pois restitue a mulher ao seu marido, porque propheta é, e rogará por ti, [4] para que vivas; porém senão lh’a restituires, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.

8 E levantou-se Abimelech pela manhã de madrugada, chamou a todos os seus servos, e fallou todas estas palavras em seus ouvidos; e temeram muito aquelles varões.

9 Então chamou Abimelech a Abrahão e disse-lhe: Que nos fizeste? e em que pequei contra ti, para trazeres sobre o meu reino tamanho peccado? Tu me fizeste aquillo que não deverias ter feito.

10 Disse mais Abimelech a Abrahão: Que tens visto, para fazer tal coisa?

11 E disse Abrahão: Porque eu dizia commigo: [5] Certamente não ha temor de Deus n’este logar, e elles me matarão por amor da minha mulher.

12 E, na verdade, é ella tambem minha irmã, filha de meu pae, mas não filha da minha mãe; e veiu a ser minha mulher:

13 E aconteceu que, fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pae, eu lhe disse: Seja esta a graça que me farás em todo o logar aonde viermos: diz de mim: É meu irmão.

14 Então tomou Abimelech ovelhas e vaccas, [6] e servos e servas, e os deu a Abrahão; e restituiu-lhe Sarah, sua mulher.

15 E disse Abimelech: Eis que a minha terra está diante da tua face: habita onde bom fôr aos teus olhos.

16 E a Sarah disse: Vês que tenho dado ao teu irmão mil moedas de prata: eis que elle te seja por véu dos olhos para com todos os que comtigo estão, e até para com todos os outros; e estás advertida.

17 E orou Abrahão a Deus, e sarou Deus a Abimelech, e á sua mulher, e ás suas servas, de maneira que pariram;

18 Porque o Senhor havia fechado totalmente todas as madres da casa de Abimelech, por causa de Sarah, mulher de Abrahão.

[1] cap. 12.13 e 26.7.

[2] Job 33.15. Psa. 105.14.

[3] Psa. 51.4.

[4] I Sam. 7.5. Job 42.8. Thi. 5.16.

[5] Pro. 3.5.

[6] cap. 12.16.

O nascimento de Isaac.

Antes de Christo 1892

21 E o Senhor [1] visitou a Sarah, como tinha dito; e fez o Senhor a Sarah como tinha fallado.

2 E [2] concebeu Sarah, e pariu a Abrahão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha dito.

3 E chamou Abrahão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sarah lhe [3] parira, [AR] Isaac.

4 E Abrahão circumcidou o seu filho Isaac, quando era da edade de oito dias, como Deus lhe tinha [4] ordenado.

5 E era Abrahão da edade de cem annos, quando lhe nasceu Isaac seu filho.

6 E disse Sarah: Deus me tem feito riso: todo aquelle que o ouvir, se rirá commigo.

7 Disse mais: Quem diria a Abrahão, que Sarah daria de mamar a filhos? porque pari-lhe um filho na sua velhice.

8 E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abrahão fez um grande banquete no dia em que Isaac foi desmamado.

9 E viu Sarah [5] que zombava o filho de Hagar a Egypcia, o qual tinha parido a Abrahão.

10 E disse a Abrahão: Deita fóra esta [6] serva e o seu filho; porque o filho d’esta serva não herdará com meu filho, com Isaac.

11 E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abrahão, por causa de seu filho.

12 Porém Deus disse a Abrahão: Não te pareça mal aos teus olhos ácerca do moço, e ácerca da tua serva; em tudo o que Sarah te diz, ouve a sua voz; porque [7] em Isaac será chamada a tua semente.

13 Mas tambem do [8] filho d’esta serva farei uma nação, porquanto é tua semente.

O despedimento de Hagar e Ishmael.

14 Então se levantou Abrahão pela manhã de madrugada, e tomou pão, e um odre d’agua, e os deu a Hagar, pondo-os sobre o seu hombro; tambem lhe[18] deu o menino, e despediu-a; e ella foi-se, andando errante no deserto de [AS] Berseba.

15 E consumida a agua do odre, lançou o menino debaixo de uma das arvores.

16 E foi-se, e assentou-se em frente, afastando-se a distancia d’um tiro d’arco; porque dizia: Que não veja morrer o menino. E assentou-se em frente, e levantou a sua voz, e chorou.

17 E ouviu Deus a voz do menino, e bradou o anjo de Deus a Hagar desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Hagar? não temas, porque Deus ouviu a voz do moço desde o logar onde está.

18 Ergue-te, levanta o moço, e pega-lhe pela mão, porque d’elle farei uma [9] grande nação.

19 E [10] abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço d’agua: e foi-se, e encheu o odre d’agua, e deu de beber ao moço.

20 E era Deus com o moço, que cresceu; e habitou no deserto, e foi frecheiro.

21 E habitou no deserto [11] de Paran; e sua mãe tomou-lhe mulher da terra do Egypto.

Abimelech faz um pacto com Abrahão.

22 E aconteceu n’aquelle mesmo tempo que Abimelech, com Phichol, [AT] principe do seu exercito, fallou com Abrahão, dizendo: Deus é [12] comtigo em tudo o que fazes;

23 Agora pois, jura-me aqui por Deus que me não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto: segundo a beneficencia que te fiz, me farás a mim, e á terra onde peregrinaste.

24 E disse Abrahão: Eu jurarei.

25 Abrahão, porém, reprehendeu a Abimelech por causa de um poço d’agua, que os servos de Abimelech haviam tomado por [13] força.

26 Então disse Abimelech: Eu não sei quem fez isto; e tambem tu m’o não fizeste saber, nem eu o ouvi senão hoje.

27 E tomou Abrahão ovelhas e vaccas, e deu-as a Abimelech; e fizeram ambos concerto.

28 Poz Abrahão, porém, á parte sete cordeiras do rebanho.

29 E Abimelech disse a Abrahão: Para que estão aqui estas sete cordeiras, que pozeste á parte?

30 E disse: Tomarás estas sete cordeiras de minha mão, para que sejam [14] em testemunho que eu cavei este poço.

31 Por isso se chamou aquelle logar [AU] Berseba, porquanto ambos juraram ali.

32 Assim fizeram concerto em Berseba. Depois se levantou Abimelech e Phichol, principe do seu exercito, e tornaram-se para a terra dos philisteus.

33 E plantou um bosque em Berseba, e invocou lá o nome do Senhor, Deus [15] eterno.

34 E peregrinou Abrahão na terra dos philisteus muitos dias.

[1] I Sam. 2.21. Luc. 1.68.

[2] Heb. 11.11.

[3] cap. 17.19.

[4] Lev. 12.3. Act. 7.8.

[5] Gal. 4.29.

[6] Gal. 4.30.

[7] Rom. 9.7, 8. Heb. 11.18.

[8] cap. 16.10.

[9] ver. 13.

[10] Num. 22.31. II Reis 6.17, 20. Luc. 24.16, 31.

[11] Num. 10.12.

[12] cap. 26.28 e 39.2.

[13] cap. 26.15, 22.

[14] cap. 31.48. Jos. 22.27.

[15] Psa. 90.2.

Deus manda Abrahão matar seu filho Isaac.

Antes de Christo 1891

22 E aconteceu [1] depois d’estas coisas, que tentou Deus a Abrahão, e disse-lhe: Abrahão! E elle disse: Eis-me aqui.

2 E disse: Toma agora o teu filho, o teu unico filho, Isaac, a quem amas, e vae-te á terra de Moriah, e offerece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.

3 Então se levantou Abrahão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou comsigo dois de seus moços e Isaac seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao logar que Deus lhe dissera.

4 Ao terceiro dia levantou Abrahão os seus olhos, e viu o logar de longe.

5 E disse Abrahão a seus moços: Ficae-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.

6 E tomou Abrahão a lenha do holocausto, [2] e pôl-a sobre Isaac seu filho; e elle tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.

7 Então fallou Isaac a Abrahão seu pae, e disse: Meu pae! E elle disse: Eis-me aqui, meu filho! E elle disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?

8 E disse Abrahão: Deus proverá para si [3] o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos.

9 E vieram ao logar que Deus lhe dissera, e edificou Abrahão ali um altar, e poz em ordem a lenha, e amarrou a Isaac seu filho, [4] e deitou-o sobre o altar em cima da lenha.

10 E estendeu Abrahão a sua mão, e tomou o cutelo para immolar o seu filho;

11 Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abrahão, Abrahão! E elle disse: Eis-me aqui.

12 Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada: porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu unico.

[19]

13 Então levantou Abrahão os seus olhos, e olhou; e eis um carneiro detraz d’elle, travado pelas suas pontas n’um [5] matto; e foi Abrahão, e tomou o carneiro, e offereceu-o em holocausto, em logar de seu filho.

14 E chamou Abrahão o nome d’aquelle logar, [AV] o Senhor proverá; d’onde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor [6] se proverá.

15 Então o anjo do Senhor bradou a Abrahão pela segunda vez desde os céus,

16 E disse: Por mim mesmo, [7] jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta acção, e não negaste o teu filho, o teu unico,

17 Que devéras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as [8] estrellas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos;

18 E em tua semente serão bemditas todas as nações da terra; [9] porquanto obedeceste á minha voz.

19 Então Abrahão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abrahão habitou em Berseba.

20 E succedeu depois d’estas coisas, que annunciaram a Abrahão, dizendo: Eis que tambem [10] Milcah pariu filhos a Nahor teu irmão:

21 Uz o seu primogenito, e Buz seu irmão, e Kemuel, pae d’Aram,

22 E Chesed, e Hazo, e Pildas, e Jidlaph, e Bethuel.

23 E Bethuel [11] gerou Rebecca: estes oito pariu Milcah a Nahor, irmão de Abrahão.

24 E a sua concubina, cujo nome era Reuma, ella pariu tambem a Tebah, e Gaham, e Tahash e Maacah.

[1] Deu. 8.2.

[2] João 19.17.

[3] João 1.29. Apo. 5.6.

[4] Heb. 11.17. Thi. 2.21.

[5] I Cor. 10.13. II Cor. 1.9, 10.

[6] ver. 8.

[7] Luc. 1.73. Heb. 6.13, 14.

[8] Deu. 1.10. Jer. 33.22.

[9] I Sam. 2.30.

[10] cap. 11.29.

[11] cap. 24.15.

A morte de Sarah.

Antes de Christo 1860

23 E foi a vida de Sarah cento e vinte e sete annos: estes foram os annos da vida de Sarah.

2 E morreu Sarah em [1] Kiriath-arba, que é Hebron, na terra de Canaan; e veiu Abrahão lamentar a Sarah e chorar por ella.

3 Depois se levantou Abrahão de diante do seu morto, e fallou aos filhos de Heth, dizendo:

4 Estrangeiro e peregrino sou entre vós: dae-me [2] possessão de sepultura comvosco, para que eu sepulte o meu morto de diante da minha face.

5 E responderam os filhos de Heth a Abrahão, dizendo-lhe:

6 Ouve-nos, meu senhor; principe de Deus és no meio de nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrar o teu morto.

7 Então se levantou Abrahão, e inclinou-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Heth.

8 E fallou com elles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e fallae por mim a Ephron, filho de Zohar,

9 Que elle me dê a cova de Machpelah, que elle tem no fim do seu campo; que m’a dê pelo devido preço em herança de sepulchro no meio de vós.

10 Ora Ephron habitava no meio dos filhos de Heth: e respondeu Ephron hetheo a Abrahão, aos ouvidos dos filhos de Heth, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:

11 Não, meu senhor: ouve-me, o campo te dou, tambem te dou a cova que n’elle está, diante dos olhos dos filhos do meu povo t’a dou; sepulta o teu morto.

12 Então Abrahão se inclinou diante da face do povo da terra,

13 E fallou a Ephron, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Mas se tu estás por isto, ouve-me, peço-te: o preço do campo o darei; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto.

14 E respondeu Ephron a Abrahão, dizendo-lhe:

15 Meu senhor, ouve-me, a terra é de quatrocentos siclos de prata; que é isto entre mim e ti? sepulta o teu morto.

16 E Abrahão deu ouvidos a Ephron e Abrahão pesou a Ephron a prata de que tinha fallado aos ouvidos dos filhos de Heth, quatrocentos siclos de prata, correntes entre mercadores.

17 Assim o campo de Ephron, que estava em Machpelah, em frente de Mamre, o campo e a cova que n’elle estava, e todo o arvoredo que no campo havia, que estava em todo o seu contorno ao redor,

18 Se confirmou a Abrahão em possessão diante dos olhos dos filhos de Heth, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.

19 E depois sepultou Abrahão a Sarah sua mulher na cova do campo de Machpelah, em frente de Mamre, que é Hebron, na terra de Canaan.

20 Assim o campo e a cova que n’elle[20] estava se confirmou a Abrahão em possessão de sepultura pelos filhos de Heth.

[1] Jos. 14.15. cap. 13.18.

[2] Act. 7.5.

Abrahão manda seu servo buscar uma mulher para Isaac.

Antes de Christo 1857

24 E era Abrahão já velho e adiantado em edade, e o Senhor havia [1] abençoado a Abrahão em tudo.

2 E disse Abrahão ao [2] seu servo, o mais velho da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuia: [3] Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa,

3 Para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho [4] mulher das filhas dos cananeos no meio dos quaes eu habito,

4 Mas [5] que irás á minha terra e á minha parentela, e d’ahi tomarás mulher para meu filho Isaac.

5 E disse-lhe o servo: Porventura não quererá seguir-me a mulher a esta terra. Farei pois tornar o teu filho á terra d’onde saiste?

6 E Abrahão lhe disse: Guarda-te, que não faças lá tornar o meu filho.

7 O Senhor, Deus dos [6] céus, que me [7] tomou da casa de meu pae e da terra da minha parentela, e que me fallou, e que me jurou, dizendo: Á tua semente darei esta terra: Elle enviará o seu [8] anjo adiante da tua face, para que tomes mulher de lá para meu filho.

8 Se a mulher, porém, não quizer seguir-te, serás livre d’este meu juramento; sómente não faças lá tornar a meu filho.

9 Então poz o servo a sua mão debaixo da coxa de Abrahão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negocio.

10 E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois que toda a fazenda de seu senhor estava em sua mão, e levantou-se e partiu para [AW] Mesopotamia, para a cidade de [9] Nahor,

11 E fez ajoelhar os camelos fóra da cidade, junto a um poço d’agua, pela tarde, ao tempo que as moças sahiam a tirar [10] agua.

12 E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abrahão! [11] dá-me hoje bom encontro, [12] e faze beneficencia ao meu senhor Abrahão!

13 Eis que eu estou em pé junto á fonte d’agua, e as filhas dous varões d’esta cidade saem para tirar agua;

14 Seja pois que a donzella, a quem eu disser: Abaixa agora o teu cantaro para que eu beba; e ella disser: Bebe, e tambem darei de beber aos teus camelos; esta seja a quem designaste ao teu servo Isaac, e que eu [13] conheça n’isso que fizeste beneficencia a meu senhor.

O encontro de Rebecca.

15 E succedeu [14] que, antes que elle acabasse de fallar, eis que Rebecca, que havia nascido a Bethuel, filho de Milcah, mulher de Nahor, irmão de Abrahão, sahia com o seu cantaro sobre o seu hombro.

16 E a donzella era mui formosa á vista, virgem, a quem varão não havia conhecido: e desceu á fonte, e encheu o seu cantaro, e subiu.

17 Então o servo correu-lhe ao encontro, e disse: Ora deixa-me beber uma pouca d’agua do teu cantaro.

18 E ella disse: Bebe, meu senhor. E apressou-se, e abaixou o seu cantaro sobre a sua mão, e deu-lhe de beber.

19 E, acabando ella de lhe dar de beber, disse: Tirarei tambem agua para os teus camelos, até que acabem de beber.

20 E apressou-se, e vasou o seu cantaro na pia, e correu outra vez ao poço para tirar agua, e tirou para todos os seus camelos.

21 E o varão estava admirado de vel-a, calando-se, para saber se o Senhor havia prosperado a sua jornada, ou não.

22 E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o varão um pendente de oiro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas mãos, do peso de dez siclos de oiro.

23 E disse: De quem és filha? faze-m’o saber, peço-te; ha tambem em casa de teu pae logar para nós pousarmos?

24 E ella lhe disse: Eu sou a filha de [15] Bethuel, filho de Milcah, o qual ella pariu a Nahor.

25 Disse-lhe mais: Tambem temos palha e muito pasto, e logar para passar a noite.

26 Então inclinou-se [16] aquelle varão, e adorou ao Senhor,

27 E disse: Bemdito seja o Senhor Deus de meu senhor Abrahão, que não retirou a sua beneficencia e a sua verdade de meu senhor: quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho á casa dos irmãos de meu senhor.

28 E a donzella correu, e fez saber estas coisas na casa de sua mãe.

29 E Rebecca tinha um irmão, cujo[21] nome era [17] Labão; e Labão correu ao encontro d’aquelle varão á fonte.

30 E aconteceu que, quando elle viu o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e quando ouviu as palavras de sua irmã Rebecca, que dizia: Assim me fallou aquelle varão; veiu o varão, e eis que estava em pé junto aos camelos á fonte.

31 E disse: Entra, bemdito do Senhor, porque estarás fóra? pois eu já preparei a casa, e o logar para os camelos.

32 Então veiu aquelle varão á casa, e desataram os camelos, e deram palha e pasto aos camelos, e agua para lavar os pés d’elle e os pés dos varões que estavam com elle.

33 Depois pozeram de comer diante d’elle; elle porém disse: Não [18] comerei, até que tenha dito as minhas palavras. E elle disse: Falla.

34 Então disse: Eu sou o servo d’Abrahão.

35 E o Senhor [19] abençoou muito o meu senhor, de maneira que foi engrandecido, [20] e deu-lhe ovelhas e vaccas, e prata e oiro, e servos e servas, e camelos e jumentos.

36 E Sarah, a mulher do meu senhor, pariu um filho a meu senhor depois da sua velhice, e elle deu-lhe tudo quanto tem.

37 E meu senhor me fez [21] jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeos, em cuja terra habito:

38 Irás porém á casa de meu pae, e á minha familia, e tomarás mulher para meu filho.

39 Então disse eu ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher.

40 E elle me disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo comtigo, e prosperará o teu caminho, para que tomes mulher para meu filho da minha familia e da casa de meu pae:

41 Então serás livre do meu juramento, quando fores á minha familia; e se não t’a derem, livre serás do meu juramento.

42 E hoje cheguei á fonte, e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abrahão! se tu agora prosperas o meu caminho, no qual eu ando,

43 Eis que estou junto á fonte d’agua: seja pois que a donzella que sair para tirar agua e á qual eu disser: Ora dá-me uma pouca d’agua do teu cantaro;

44 E ella me disser: Bebe tu tambem, e tambem tirarei agua para os [22] teus camelos; esta seja a mulher que o Senhor designou ao filho de meu senhor.

45 E antes que eu acabasse de fallar no [23] meu coração, eis que Rebecca sahia com o seu cantaro sobre o seu hombro, e desceu á fonte, e tirou agua; e eu lhe disse: Ora dá-me de beber.

46 E ella se apressou, e abaixou o seu cantaro de sobre si, e disse: Bebe, e tambem darei de beber aos teus camelos; e bebi, e ella deu tambem de beber aos camelos.

47 Então lhe perguntei, e disse: De quem és filha? E ella disse: Filha de Bethuel, filho de Nahor, que lhe pariu Milcah. Então eu puz o pendente no seu rosto, e as pulseiras sobre as suas mãos;

48 E inclinando-me adorei ao Senhor, e bemdisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abrahão, [24] que me havia encaminhado pelo caminho da verdade, para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho.

49 Agora pois, se vós haveis de fazer beneficencia e verdade a meu senhor, fazei-m’o saber; e se não tambem m’o fazei saber, para que eu olhe á mão direita, ou á esquerda.

50 Então responderam Labão e Bethuel, e disseram: Do Senhor procedeu este negocio; não podemos fallar-te mal ou [25] bem.

51 Eis que, Rebecca está diante da tua face; toma-a, e vae-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor.

52 E aconteceu que, o servo de Abrahão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se á terra diante do Senhor,

53 E tirou o servo [AX] vasos de prata e vasos de oiro, e vestidos, e deu-os a Rebecca; tambem deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.

54 Então comeram e beberam, elle e os varões que com elle estavam, e passaram a noite. E levantaram-se pela manhã, e disse: Deixae-me ir a meu senhor.

55 Então disseram seu irmão e sua mãe: Fique a donzella comnosco alguns dias, ou pelo menos dez dias, depois irá.

56 Elle porém lhes disse: Não me detenhaes, pois o Senhor tem prosperado o meu caminho; deixae-me partir, que eu volte a meu senhor.

57 E disseram: Chamemos a donzella, e perguntemos-lh’o.

[22]

Rebecca consente em casar com Isaac.

58 E chamaram a [26] Rebecca, e disseram-lhe: Irás tu com este varão? Ella respondeu: Irei.

59 Então despediram a Rebecca sua [27] irmã, e sua ama, e o servo de Abrahão, e seus varões.

60 E [28] abençoaram a Rebecca, e disseram-lhe: O nossa irmã, sejas tu em milhares de milhares, e que a tua semente possua a [29] porta de seus aborrecedores!

61 E Rebecca se levantou com as suas moças, e subiram sobre os camelos, e seguiram o varão: e tomou aquelle servo a Rebecca, e partiu.

62 Ora Isaac vinha d’onde se vem do poço de Lahai-roi; porque habitava na terra do sul.

63 E Isaac saira a orar [AY] no campo, sobre a tarde: e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.

64 Rebecca tambem levantou seus olhos, e viu a Isaac, e lançou-se do [30] camelo.

65 E disse ao servo: Quem é aquelle varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ella o véu, e cobriu-se.

66 E o servo contou a Isaac todas as coisas que fizera.

67 E Isaac trouxe-a para a tenda de sua mãe Sarah, e tomou a Rebecca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaac foi consolado depois da morte de sua mãe.

[1] cap. 13.2.

[2] cap. 15.2.

[3] cap. 47.29.

[4] Deu. 7.3.

[5] cap. 11.28 e 28.2.

[6] Esd. 1.2.

[7] cap. 12.1, 7.

[8] Heb. 1.14.

[9] cap. 11.31.

[10] Exo. 2.16. I Sam. 9.11.

[11] ver. 27. cap. 26.24. Exo. 3.6.

[12] Neh. 1.11. Pro. 3.6.

[13] Jui. 6.17, 37.

[14] Isa. 65.24. Dan. 9.21.

[15] cap. 22.23.

[16] ver. 52. Exo. 4.31.

[17] cap. 29.5.

[18] João 4.34. Eph. 6.5, 7.

[19] Pro. 10.22 e 22.4.

[20] Psa. 18.35.

[21] ver. 3.

[22] Pro. 19.14.

[23] I Sam. 1.13. Neh. 2.4.

[24] Psa. 32.8 e 48.14 e 107.7.

[25] cap. 31.34. II Sam. 13.22.

[26] Psa. 45.10.

[27] cap. 35.8.

[28] Ruth 4.11, 12.

[29] cap. 22.17.

[30] Jos. 15.18. Jui. 1.14.

Abrahão casa com Ketura e tem filhos d’ella.

25 E Abrahão tomou outra mulher; e o seu nome era [1] Ketura;

2 E pariu-lhe Zimran, e Joksan, e [2] Medan, e Midian, e Jisbac, e Shuah.

3 E Joksan gerou [3] Seba e Dedan: e os filhos de [4] Dedan foram Assurim, e Letusim e Leummim.

4 E os filhos de Midian foram [5] Epha, e Epher, e Henoch, e Abidah, e Eldah: estes todos foram filhos de Ketura.

5 Porém Abrahão deu tudo o que tinha a Isaac;

6 Mas aos filhos das concubinas que Abrahão tinha, deu Abrahão presentes, e, vivendo elle ainda, despediu-os do seu filho Isaac, ao oriente, para a terra [6] oriental.

7 Estes pois são os dias dos annos da vida de Abrahão, que viveu cento e setenta e cinco annos.

Abrahão morre.

Antes de Christo 1822

8 E Abrahão expirou e [7] morreu em boa velhice, velho e farto de dias: [8] e foi congregado ao seu povo;

9 E sepultaram-o Isaac e Ishmael, seus filhos, na cova de Machpelah, no campo d’Ephron, filho de Zohar hetheo, que estava em frente de Mamre,

10 O campo que Abrahão comprara aos filhos de Heth. Ali está sepultado Abrahão, e Sarah sua mulher.

11 E aconteceu depois da morte de Abrahão, que Deus abençoou a Isaac seu filho; e habitava Isaac junto ao poço Lahai-roi.

Os descendentes de Ishmael.

12 Estas porém são as gerações de Ishmael filho de Abrahão, que a serva de Sarah, Hagar Egypcia, pariu a Abrahão.

13 E estes são os nomes dos filhos de Ishmael pelos seus nomes, segundo as suas gerações: o [9] primogenito de Ishmael era Nebajoth, depois Kedar, e Abdeel, e Mibsam,

14 E Misma, e Duma, e Massa,

15 Hadar, e Tema, Jetur, Nafis, e Kedma.

16 Estes são os filhos de Ishmael, e estes são os seus nomes pelas suas villas e pelos seus [AZ] castellos: doze principes [10] segundo as suas [BA] familias.

17 E estes são os annos da vida de Ishmael, cento e trinta e sete annos; e elle expirou, e morreu, [11] e foi congregado ao seu povo.

18 E habitaram desde Havila até Sur, que está em frente do Egypto, indo para [BB] Assur; e fez o seu assento diante da face de todos os seus [12] irmãos.

Os descendentes de Isaac.

19 E estas são as gerações de Isaac, filho de Abrahão: Abrahão gerou a Isaac:

20 E era Isaac da edade de quarenta annos, quando tomou a Rebecca, filha de Bethuel [BC] arameo de Paddan-aram, irmã de Labão arameo, por sua mulher.

21 E Isaac orou instantemente ao Senhor por sua [13] mulher, porquanto era esteril; [14] e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebecca sua mulher concebeu.

22 E os filhos luctavam dentro d’ella; então disse: Se assim é, porque sou eu assim? E foi-se a perguntar ao Senhor.

[23]

23 E o Senhor lhe disse: Duas nações ha no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao [15] menor.

O nascimento de Esaú e Jacob.

Antes de Christo 1838

24 E cumprindo-se os seus dias para parir, eis gemeos no seu ventre.

25 E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido cabelludo; por isso chamaram o seu nome [BD] Esaú.

26 E depois saiu o seu irmão, [16] agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome [BE] Jacob. E era Isaac da edade de sessenta annos quando os gerou.

27 E cresceram os meninos, e Esaú foi varão perito na caça, varão do campo; mas Jacob era varão simples, [17] habitando em tendas.

28 E amava Isaac a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebecca amava a Jacob.

29 E Jacob cozera um guisado; e veiu Esaú do campo, e estava elle [BF] cançado:

30 E disse Esaú a Jacob: Deixa-me, peço-te, sorver d’esse guisado vermelho, porque estou cançado. Por isso se chamou o seu nome [BG] Edom.

31 Então disse Jacob: Vende-me hoje a tua primogenitura.

32 E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura?

33 Então disse Jacob: Jura-me hoje. E jurou-lhe [18] e vendeu a sua primogenitura a Jacob.

34 E Jacob deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura.

[1] I Chr. 1.32.

[2] Num. 22.4.

[3] I Sam. 10.1. Psa. 72.10.

[4] Jer. 25.23.

[5] Isa. 60.6.

[6] Jui. 6.3.

[7] cap. 15.15. Job 5.26.

[8] cap. 35.29 e 49.32.

[9] I Chr. 1.29.

[10] cap. 17.20.

[11] I Sam. 15.7.

[12] cap. 16.12.

[13] I Sam. 1.11. Luc. 1.13.

[14] I Chr. 5.20. I Chr. 23.13. Esd. 8.20. Pro. 10.24.

[15] Mal. 1.2, 4. Rom. 9.10, 12.

[16] Ose. 12.3.

[17] Heb. 11.9.

[18] cap. 27.36. Heb. 12.16.

Isaac vae a Gerar por causa da fome.

Antes de Christo 1804

26 E havia fome na [1] terra, além da primeira fome, que foi nos dias de Abrahão: por isso foi-se Isaac a Abimelech, [2] rei dos philisteus, em Gerar.

2 E appareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egypto; habita na terra que eu te disser:

3 Peregrina n’esta terra, e serei comtigo, e te abençoarei; porque a ti e á tua semente darei todas estas [3] terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abrahão teu pae;

4 E multiplicarei a tua semente como as estrellas dos céus, [4] e darei á tua semente todas estas terras; e em tua semente serão bemditas todas as nações da terra;

5 Porquanto Abrahão obedeceu á minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.

6 Assim habitou Isaac em Gerar.

7 E perguntando-lhe os varões d’aquelle logar ácerca de sua mulher, disse: É minha irmã; [5] porque temia de dizer: [6] É minha mulher; para que porventura (dizia elle) me não matem os varões d’aquelle logar por amor de Rebecca; porque era formosa á vista.

8 E aconteceu que, como elle esteve ali muito tempo, Abimelech rei dos philisteus olhou por uma janella, e viu, e eis que Isaac estava brincando com Rebecca sua mulher.

9 Então chamou Abimelech a Isaac, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: É minha irmã? E disse-lhe Isaac: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por causa d’ella.

10 E disse Abimelech: [7] Que é isto que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguem d’este povo com a tua mulher, e tu terias trazido sobre nós um delicto.

11 E mandou Abimelech a todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar a este varão ou a sua mulher, certamente morrerá.

12 E semeou Isaac n’aquella mesma terra, e achou n’aquelle mesmo anno [BH] cem medidas, porque o Senhor o abençoava.

13 E engrandeceu-se o varão, e ia-se engrandecendo, até que se tornou mui grande;

14 E tinha possessão d’ovelhas, e possessão de vaccas, e muita gente de serviço, de maneira que os philisteus o [8] invejavam.

15 E todos os poços, que os servos de seu pae tinham cavado nos dias de seu pae Abrahão, os philisteus entulharam e encheram de terra.

16 Disse tambem Abimelech a Isaac: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.

17 Então Isaac foi-se d’ali e fez o seu assento no valle de Gerar, e habitou lá.

18 E tornou Isaac, e cavou os poços d’agua que cavaram nos dias de Abrahão seu pae, e que os philisteus taparam depois da morte de Abrahão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pae.

19 Cavaram pois os servos de Isaac[24] n’aquelle valle, e acharam ali um poço d’aguas vivas.

20 E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaac, dizendo. Esta agua é nossa. Por isso chamou o nome d’aquelle poço [BI] Esek, porque contenderam com elle.

21 Então cavaram outro poço, e tambem porfiaram sobre elle: por isso chamou o seu nome [BJ] Sitnah.

22 E partiu d’ali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre elle: por isso chamou o seu nome [BK] Rehoboth, e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos n’esta terra.

23 Depois subiu d’ali a Berseba,

24 E appareceu-lhe o Senhor n’aquella mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abrahão teu pae: [9] não temas, porque eu sou comtigo, e abençoar-te-hei, e multiplicarei a tua semente por amor de Abrahão meu servo.

25 Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaac cavaram ali um poço.

Abimelech faz um pacto com Isaac.

26 E Abimelech veiu a elle de Gerar, com Ahuzzath seu amigo, e Phichol, [BL] principe do seu exercito.

27 E disse-lhes Isaac: Porque viestes a mim, pois que vós me aborreceis, e [10] me enviastes de vós?

28 E elles disseram: Havemos visto, na verdade, que o Senhor é comtigo, pelo que dissemos: [11] Haja agora juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos concerto comtigo,

29 Que nos não faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos sómente bem, e te deixámos ir em paz. Agora tu és o bemdito do Senhor.

30 Então lhes fez um [12] banquete, e comeram e beberam;

31 E levantaram-se de madrugada, e juraram um ao outro; depois os despediu Isaac, e despediram-se d’elle em paz.

32 E aconteceu n’aquelle mesmo dia que vieram os servos de Isaac, e annunciaram-lhe ácerca do negocio do peço, que tinham cavado; e disseram-lhe: Temos achado agua.

33 E chamou-o [BM] Seba: por isso é o nome d’aquella cidade [BN] Berseba até o dia de hoje.

34 Ora sendo Esaú da edade de quarenta annos, tomou por mulher a Judith, filha de Beeri, hetheo, [13] e a Basmath filha de Elon, hetheo.

35 E estas foram a Isaac e a Rebecca uma amargura [14] de espirito.

[1] cap. 12.10.

[2] cap. 20.2.

[3] cap. 13.15 e 15.18 e 22.16.

[4] cap. 22.16. Psa. 72.17.

[5] cap. 12.13 e 20.2, 13.

[6] Pro. 29.25.

[7] cap. 20.9.

[8] Ecc. 4.4.

[9] Psa. 27.1, 5. Isa. 51.12.

[10] ver. 16.

[11] cap. 21.23. Zac. 8.23.

[12] cap. 31.54.

[13] cap. 36.2.

[14] cap. 27.45.

Isaac manda Esaú fazer-lhe um guisado.

Antes de Christo 1726

27 E aconteceu que, como Isaac envelheceu, e os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho. E elle lhe disse: Eis-me aqui.

2 E elle disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;

3 Agora pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sae ao campo, e apanha para mim alguma caça,

4 E faze-me um guisado saboroso, como eu o amo, e traze-m’o, para que eu coma; para que minha alma [1] te abençoe, antes que morra.

5 E Rebecca escutou quando Isaac fallava ao seu filho Esaú: e foi-se Esaú ao campo, para apanhar caça que havia de trazer.

Rebecca e Jacob enganam Isaac.

Antes de Christo 1760

6 Então fallou Rebecca a Jacob seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido o teu pae que fallava com Esaú teu irmão, dizendo:

7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte.

8 Agora pois, filho meu, ouve a minha voz n’aquillo que eu te mando:

9 Vae agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos das cabras, e eu farei d’elles um guisado saboroso para teu pae, como elle ama,

10 E leval-o-has a teu pae, para que o coma; para que te abençoe antes da sua morte.

11 Então disse Jacob a Rebecca, sua mãe: Eis que Esaú meu irmão é varão [2] cabelludo, e eu varão liso;

12 Porventura me apalpará o meu pae, e serei em seus olhos enganador: assim trarei eu sobre mim maldição, e não benção.

13 E disse-lhe sua mãe: [3] Meu filho, sobre mim seja a tua maldição; sómente obedece á minha voz, e vae, traze-m’os.

14 E foi, e tomou-os, e trouxe-os a sua mãe; e sua mãe fez um guisado saboroso, como seu pae amava.

15 Depois tomou Rebecca os vestidos [BO] de gala de Esaú, seu filho mais velho,[25] que tinha comsigo em casa, e vestiu a Jacob, seu filho menor;

16 E com as pelles dos cabritos das cabras cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço;

17 E deu o guisado saboroso, e o pão que tinha preparado, na mão de Jacob seu filho.

18 E veiu elle a seu pae, e disse: Meu pae! E elle disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?

19 E Jacob disse a seu pae: Eu sou Esaú, teu primogenito; tenho feito como me disseste: levanta-te agora, assenta-te, e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.

20 Então disse Isaac a seu filho: Como é isto, que tão cedo a achaste, filho meu? E elle disse: [4] Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro.

21 E disse Isaac a Jacob: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não.

22 Então se chegou Jacob a Isaac seu pae, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacob, porém as mãos são as mãos de Esaú.

23 E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam [5] cabelludas, como as mãos de Esaú seu irmão: e abençoou-o.

24 E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E elle disse: Eu [6] sou.

25 Então disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lh’o, e comeu; trouxe-lhe tambem vinho, e bebeu.

26 E disse-lhe Isaac seu pae: Ora chega-te, e beija-me, filho meu.

27 E chegou-se, e beijou-o; então cheirou o cheiro dos seus vestidos, e [7] abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou:

28 Assim pois te dê Deus do [8] orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundancia de trigo e de mosto:

29 Sirvam-te povos, e nações se incurvem a ti: sê senhor de teus irmãos, [9] e os filhos da tua mãe se incurvem a ti: malditos sejam os que te amaldiçoarem, e bemditos sejam os que te abençoarem.

Esaú traz ao seu pae o guisado e descobre que Jacob já tomou a benção.

30 E aconteceu que, acabando Isaac de abençoar a Jacob, apenas Jacob acabava de sair da face de Isaac seu pae, veiu Esaú, seu irmão, da sua caça;

31 E fez tambem elle um guisado saboroso, e trouxe-o a seu pae; e disse a seu pae: Levanta-te, meu pae, e come da caça de teu filho, para que me abençoe a tua alma.

32 E disse-lhe Isaac seu pae: Quem és tu? E elle disse: Eu sou teu filho, o teu primogenito, Esaú.

33 Então estremeceu Isaac de um estremecimento muito grande; e disse: Quem, pois, é aquelle que apanhou a caça, e m’a trouxe? e comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o: tambem será bemdito.

34 Esaú, ouvindo as palavras de seu pae, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pae: [10] Abençoa-me tambem a mim, meu pae.

35 E elle disse: Veiu o teu irmão com subtileza, e tomou a tua benção.

36 Então disse elle: Não foi o seu nome justamente chamado [11] Jacob, por isso que já duas vezes me enganou? a minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha benção. Mais disse: Não reservaste pois para mim benção alguma?

37 Então respondeu Isaac, e disse a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor [12] sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos: e de trigo e de mosto o tenho fortalecido;—que te farei pois agora a ti, meu filho?

38 E disse Esaú a seu pae: Tens uma só benção, meu pae? abençoa-me tambem a mim, meu pae. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.

39 Então respondeu Isaac seu pae, e disse-lhe: Eis que nas gorduras da terra será a tua habitação, e do orvalho dos céus do alto serás abençoado,

40 E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te senhoreares, então sacudirás o seu jugo [13] do teu pescoço.

41 E aborreceu Esaú a Jacob por causa d’aquella benção, com que seu pae o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-hão os dias de luto de meu pae: e matarei a Jacob meu irmão.

42 E foram denunciadas a Rebecca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; e ella enviou, e chamou a Jacob seu filho menor, e disse-lhe: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, propondo-se matar-te.

43 Agora pois, meu filho, ouve a minha voz, e levanta-te; acolhe-te a Labão meu irmão, em [14] Haran,

44 E mora com elle alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;

45 Até que se desvie de ti a ira de teu[26] irmão, e se esqueça do que lhe fizeste: então enviarei, e te farei vir de lá; porque seria eu desfilhada tambem de vós ambos n’um mesmo dia?

46 E disse Rebecca a Isaac: [15] Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Heth; se Jacob tomar mulher das filhas de Heth, como estas são das filhas d’esta terra, para que me será a vida?

[1] ver. 25.

[2] cap. 25.25.

[3] I Sam. 25.24. II Sam. 14.9.

[4] Exo. 20.7.

[5] ver. 16.

[6] Eph. 4.25.

[7] Heb. 11.20.

[8] Deu. 33.13, 28.

[9] cap. 25.23.

[10] Heb. 12.17.

[11] cap. 25.26, 34.

[12] ver. 29. II Sam. 8.14.

[13] II Reis 8.20. II Chr. 21.8.

[14] cap. 11.31.

[15] cap. 26.35.

Isaac manda Jacob a Paddan-aram.

28 E Isaac chamou a Jacob, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher de entre as filhas de [1] Canaan:

2 Levanta-te, vae a [2] Paddan-aram, á casa de [3] Bethuel, pae de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de [4] Labão, irmão de tua mãe;

3 E Deus Todo-poderoso te abençoe, e te faça fructificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos;

4 E te dê [5] abenção de Abrahão, a ti e á tua semente comtigo, para que em herança possuas a terra de tuas peregrinações, [6] que Deus deu a Abrahão.

5 Assim enviou Isaac a Jacob, o qual se foi a Paddan-aram, a Labão, filho de Bethuel [BP] arameo, irmão de Rebecca, mãe de Jacob e de Esaú.

6 Vendo pois Esaú [7] que Isaac abençoára a Jacob, e o enviára a Paddan-aram, para tomar mulher para si d’ali, e que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher das filhas de Canaan;

7 E que Jacob obedecera a seu pae e a sua mãe, e se fôra a Paddan-aram;

8 Vendo tambem Esaú que as filhas de Canaan eram más aos olhos de Isaac seu pae,

9 Foi-se Esaú a Ishmael, e tomou para si por mulher, além das suas mulheres, a Mahalath filha de Ishmael, filho de Abrahão, irmã de Nebajoth.

A visão da escada de Jacob.

10 Partiu pois Jacob de Berseba, e foi-se a Haran;

11 E chegou a um logar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras d’aquelle logar, e a poz por sua cabeceira, e deitou-se n’aquelle logar,

12 E sonhou: e eis uma escada era posta na terra, cujo topo tocava nos céus: e eis que os [8] anjos de Deus subiam e desciam por ella;

13 E eis que o Senhor estava em cima d’ella, e disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abrahão [9] teu pae, e o Deus de Isaac: esta terra, em que estás deitado, t’a darei a ti e á tua semente:

14 E a tua semente será como o pó da [10] terra, e estender-se-ha ao occidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua semente serão bemditas todas as [11] familias da terra:

15 E eis que estou comtigo, e te guardarei por onde quer que [12] fores, e te farei tornar a esta [13] terra: porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito.

16 Acordado pois Jacob do seu somno, disse: Na verdade o Senhor está n’este logar; e eu não o sabia.

17 E temeu, e disse: Quão terrivel é este logar! Este não é outro logar senão a casa de Deus; e este é a porta dos céus.

A columna de Bethel.

18 Então levantou-se Jacob pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a poz por columna, e derramou azeite em cima d’ella.

19 E chamou o nome d’aquelle logar [BQ] Bethel: o nome porém d’aquella cidade d’antes era Luz.

20 E Jacob votou um voto, dizendo: Se Deus fôr commigo, [14] e me guardar n’esta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestidos para vestir;

21 E eu em paz tornar á casa de meu pae, o Senhor me será por Deus;

22 E esta pedra que tenho posto por [15] columna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dizimo.

[1] cap. 24.3.

[2] Ose. 12.12.

[3] cap. 25.20.

[4] cap. 24.29.

[5] cap. 12.2.

[6] cap. 17.8.

[7] cap. 27.33.

[8] João 1.51. Heb. 1.14.

[9] cap. 26.24.

[10] cap. 13.16.

[11] cap. 22.18.

[12] Psa. 121.5, 8.

[13] cap. 35.6.

[14] II Sam. 15.8.

[15] cap. 35.7.

Jacob chega ao poço de Haran.

29 Então poz-se Jacob a pé, e foi-se á terra dos filhos de oriente;

2 E olhou, e eis um poço no campo, e eis tres rebanhos d’ovelhas que estavam deitados junto a elle; porque d’aquelle poço davam de beber aos rebanhos: e havia uma grande pedra sobre a bocca do poço.

3 E ajuntavam ali todos os rebanhos, e removiam a pedra de sobre a bocca do poço, e davam de beber ás ovelhas: e tornavam a pôr a pedra sobre a bocca do poço, no seu logar.

4 E disse-lhes Jacob: Meus irmãos, d’onde sois? E disseram: Somos de Haran.

[27]

5 E elle lhes disse: Conheceis a Labão, filho de Nachor? E disseram: Conhecemos.

6 Disse-lhes mais: Está elle bem? E disseram: Está bem, e eis aqui Rachel sua filha, que vem com as ovelhas.

7 E elle disse: Eis que ainda é muito dia, não é tempo de ajuntar o gado; dae de beber ás ovelhas, e ide, apascentae-as.

8 E disseram: Não podemos, até que todos os rebanhos se ajuntem, e removam a pedra de sobre a bocca do poço, para que demos de beber ás ovelhas.

Jacob encontra Rachel.

9 Estando elle ainda fallando com elles, veiu Rachel com as ovelhas de seu pae: porque ella era pastora.

10 E aconteceu que, vendo Jacob a Rachel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou Jacob, e revolveu a pedra de sobre a bocca [1] do poço, e deu de beber ás ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.

11 E Jacob beijou a Rachel, e levantou a sua voz, e chorou.

12 E Jacob annunciou a Rachel que era [2] irmão de seu pae, e que era filho de Rebecca: então ella correu, e o annunciou a seu pae.

13 E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacob, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e levou-o á sua casa: e contou elle a Labão todas estas coisas.

14 Então Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu o meu [3] osso e a minha carne. E ficou com elle um mez inteiro.

15 Depois disse Labão a Jacob: Porque tu és meu irmão, has de servir-me de graça? declara-me qual será o teu salario.

16 E Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Leah, e o nome da menor Rachel.

17 Leah porém tinha olhos [BR] tenros, mas Rachel era de formoso semblante e formosa á vista.

18 E Jacob amava a Rachel, e disse: Sete annos te servirei por Rachel, tua filha menor.

19 Então disse Labão: Melhor é que eu t’a dê, do que eu a dê a outro varão: fica commigo.

20 Assim [4] serviu Jacob sete annos por Rachel; e foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava.

Labão engana Jacob.

Antes de Christo 1753

21 E disse Jacob a Labão: Dá-me minha mulher, porque meus dias são cumpridos, para que eu entre a ella.

22 Então ajuntou Labão a todos os varões d’aquelle logar, e fez um banquete.

23 E aconteceu, á tarde, que tomou Leah sua filha, e trouxe-lh’a: e entrou a ella.

24 E Labão deu sua serva Zilpah a Leah sua filha por serva.

25 E aconteceu pela manhã, eis que era Leah; pelo que disse a Labão: Porque me fizeste isso? não te tenho servido por Rachel? porque pois me enganaste?

26 E disse Labão: Não se faz assim no nosso logar, que a menor se dê antes da primogenita.

27 Cumpre a semana d’esta; então te daremos tambem a outra, pelo serviço que ainda outros sete annos servires commigo.

Jacob casa com Rachel.

28 E Jacob fez assim: e cumpriu a semana d’esta: então lhe deu por mulher Rachel sua filha.

29 E Labão deu [5] sua serva Bilha por serva a Rachel, sua filha.

30 E entrou tambem a Rachel, [6] e amou tambem a Rachel mais do que a Leah; e serviu com elle ainda outros sete annos.

31 Vendo pois o Senhor que Leah era aborrecida, abriu a sua [7] madre; porém Rachel era esteril.

O nascimento a Jacob de doze filhos e uma filha.

32 E concebeu Leah, e pariu um filho, e chamou o seu nome [BS] Ruben, porque disse: Porque o Senhor attendeu á minha afflicção, por isso agora me amará o meu marido.

33 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Porquanto o Senhor ouviu que eu era aborrecida, me deu tambem este; e chamou o seu nome [BT] Simeão.

34 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Agora esta vez se ajuntará meu marido commigo, porque tres filhos lhe tenho parido: por isso chamou o seu nome [BU] Levi.

35 E concebeu outra vez, e pariu um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso chamou o seu nome [BV] Judah: e cessou de parir.

[1] Exo. 2.17.

[2] cap. 13.8 e 14.14, 16. cap. 35.6.

[3] Jui. 9.2. II Sam. 5.1 e 19.12.

[4] Ose. 12.13.

[5] cap. 35.22 e 37.2.

[6] Deu. 21.15.

[7] Psa. 127.3. cap. 30.1.

[28]

30 Vendo pois Rachel que não paria filhos a Jacob, [1] teve Rachel inveja de sua irmã, e disse a Jacob: Dá-me filhos, ou se não morro.

Antes de Christo 1749

2 Então se accendeu a ira de Jacob contra Rachel, e disse: Estou eu no logar de Deus, que te impediu o [2] fructo de teu ventre?

3 E ella disse: Eis aqui minha serva Bilha; entra a ella, para que pára sobre os meus joelhos, e eu tambem [BW] seja edificada d’ella.

4 Assim lhe deu a Bilha sua serva por [3] mulher: e Jacob entrou a ella.

5 E concebeu Bilha, e pariu a Jacob um filho.

6 Então disse Rachel: Julgou-me Deus, e tambem ouviu a minha voz, e me deu um filho; por isso chamou o seu nome [BX] Dan.

7 E Bilha, serva de Rachel, concebeu outra vez, e pariu a Jacob o segundo filho.

8 Então disse Rachel: Com luctas de Deus tenho luctado com minha irmã, tambem venci; e chamou o seu nome [BY] Naphtali.

9 Vendo pois Leah que cessava de parir, tomou tambem a Zilpah sua serva, e deu-a a Jacob por mulher.

10 E pariu Zilpah, serva de Leah, um filho a Jacob.

11 Então disse Leah: [BZ] Vem uma turba: e chamou o seu nome [CA] Gad.

12 Depois pariu Zilpah, serva de Leah, um segundo filho a Jacob.

13 Então disse Leah: [CB] Para minha ventura; porque as filhas me terão por bemaventurada: e chamou o seu nome [CC] Asher.

14 E foi Ruben nos dias da sega do trigo, e [4] achou mandrágoras no campo. E trouxe-as a Leah, sua mãe. Então disse Rachel a Leah: Ora dá-me das mandrágoras do teu filho.

15 E ella lhe disse: É já pouco que hajas tomado o meu marido, tomarás tambem as mandrágoras do meu filho? Então disse Rachel: Por isso se deitará comtigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.

16 Vindo pois Jacob á tarde do campo, saiu-lhe Leah ao encontro, e disse: A mim entrarás, porque certamente te aluguei com as mandrágoras do meu filho. E deitou-se com ella aquella noite.

17 E ouviu [5] Deus a Leah, e concebeu, e pariu um quinto filho.

18 Então disse Leah: Deus me tem dado o meu galardão, pois tenho dado minha serva ao meu marido: e chamou o seu nome [CD] Issacar.

19 E Leah concebeu outra vez, e pariu a Jacob um sexto filho.

20 E disse Leah: Deus me deu a mim uma boa dadiva; d’esta vez morará o meu marido commigo, porque lhe tenho parido seis filhos: e chamou o seu nome [CE] Zebulon.

21 E depois pariu uma filha, e chamou o seu nome [CF] Dinah.

22 E lembrou-se Deus [6] de Rachel, e Deus a ouviu, e abriu a sua madre,

23 E ella concebeu, e pariu um filho, e disse: [7] Tirou-me Deus a minha vergonha.

24 E chamou o seu nome [CG] José, dizendo: O Senhor me accrescente outro filho.

25 E aconteceu que, como Rachel pariu a José, disse Jacob a Labão: Deixa-me ir, que me vá ao meu logar, e á minha terra.

26 Dá-me as minhas mulheres, e os meus filhos, pelas quaes te tenho servido, e ir-me-hei; pois tu sabes o meu serviço, que te tenho feito.

Labão faz um novo pacto com Jacob.

Antes de Christo 1748

27 Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça em teus olhos, fica commigo. Tenho [CH] experimentado que o Senhor me abençoou [8] por amor de ti.

28 E disse mais: Determina-me o teu salario, que t’o darei.

29 Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado commigo.

30 Porque o pouco que tinhas antes de mim, é augmentado até uma multidão: e o Senhor te tem abençoado por meu trabalho. Agora pois, quando hei-de trabalhar tambem por minha casa?

31 E disse elle: Que te darei? Então disse Jacob: Nada me darás; se me fizeres isto, tornarei a apascentar e a guardar o teu rebanho.

32 Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando d’elle todos os salpicados e malhados, e todos os morenos entre os cordeiros, e os malhados e salpicados entre as cabras: [9] e isto será o meu salario.

33 Assim testificará por mim a minha justiça no dia d’ámanhã, quando vieres e o meu salario estiver diante de tua face: tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e moreno entre os cordeiros, ser-me-ha por furto.

[29]

34 Então disse Labão: Eis que oxalá seja conforme á tua palavra.

35 E separou n’aquelle mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, tudo em que havia brancura, e todo o moreno entre os cordeiros; e deu-os nas mãos dos seus filhos.

36 E poz tres dias de caminho entre si e Jacob: e Jacob apascentava o resto dos rebanhos de Labão.

A maneira como Jacob enganou Labão.

Antes de Christo 1745

37 Então tomou Jacob varas verdes d’alamo, e d’aveleira e de castanheiro, e descascou n’ellas riscas brancas, descobrindo a brancura que nas varas havia,

38 E poz estas varas, que tinha descascado, em frente do rebanho, nos canos e nas pias d’agua, aonde o rebanho vinha a beber, e conceberam vindo a beber,

39 E concebia o rebanho diante das varas, e as ovelhas pariam listrados, salpicados [10] e malhados.

40 Então separou Jacob os cordeiros, e poz as faces do rebanho para os listrados, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e poz o seu rebanho á parte, e não o poz com o rebanho de Labão.

41 E succedia que cada vez que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacob as varas diante dos olhos do rebanho nos canos, para que concebessem diante das varas.

42 Mas quando enfraqueceu o rebanho, não as poz. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacob.

43 E cresceu o varão em grande maneira, e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos e jumentos.

[1] I Thi. 4.5.

[2] I Sam. 1.5.

[3] cap. 16.3.

[4] Can. 7.13.

[5] Luc. 1.13.

[6] I Sam. 1.19.

[7] I Sam. 1.6. Isa. 4.1.

[8] cap. 39.3, 5.

[9] cap. 31.8.

[10] cap. 31.9, 12.

Deus manda Jacob tornar á terra dos seus paes.

Antes de Christo 1739

31 Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacob tem tomado tudo o que era de nosso pae, e do que era de nosso pae fez elle [1] toda esta [CI] gloria.

2 Viu tambem Jacob o rosto de Labão, e eis que não era para com elle como d’hontem e d’ante-hontem.

3 E disse o Senhor a Jacob: Torna-te á terra dos teus paes, e á tua parentela, [2] e eu serei comtigo.

4 Então enviou Jacob, e chamou a Rachel e a Leah ao campo, ao seu rebanho,

5 E disse-lhes: Vejo que o rosto de vosso pae para commigo não é como d’hontem e d’ante-hontem; porém o Deus de meu pae esteve commigo;

6 E vós mesmas sabeis que com todo o meu poder tenho servido a vosso pae;

7 Mas vosso pae me enganou e mudou o salario dez vezes; [3] porém Deus não lhe permittiu [4] que me fizesse mal.

8 Quando elle dizia assim: Os salpicados serão o teu salario; então todos os rebanhos pariam salpicados. E quando elle dizia assim: Os listrados serão o teu salario, então todos os teus rebanhos pariam listrados.

9 Assim Deus tirou o gado de vosso pae, e m’o deu a mim.

10 E succedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, eu levantei os meus olhos, e vi em sonhos, e eis que os bodes, que cobriam as ovelhas, eram listrados, [5] salpicados e malhados.

11 E disse-me [6] o anjo de Deus em sonhos: Jacob. E eu disse: Eis-me aqui.

12 E disse elle: Levanta agora os teus olhos, e vê todos os bodes que cobrem o rebanho, que são listrados, salpicados e malhados: [7] porque tenho visto tudo o que Labão te fez.

13 Eu sou o Deus de Beth-el, [8] onde teus ungido uma columna, onde me tens votado o voto; levanta-te agora, sae-te d’esta terra, [9] e torna-te á terra da tua parentela.

14 Então responderam Rachel e Leah, e disseram-lhe: Ha ainda para nós parte ou herança na casa de nosso pae?

15 Não nos considera elle como estranhas? [10] pois vendeu-nos, e comeu de todo o nosso dinheiro.

16 Porque toda a riqueza, que Deus tirou de nosso pae, é nossa e de nossos filhos: agora pois, faze tudo o que Deus te tem dito.

17 Então se levantou Jacob, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre os camelos;

18 E levou todo o seu gado, e toda a sua fazenda, que havia adquirido, o gado que possuia, que alcançara em Paddan-aram, [11] para ir a Isaac, seu pae, á terra de Canaan.

19 E havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Rachel os idolos [CJ] que seu pae tinha.

20 E esquivou-se Jacob de Labão o [CK] arameo, porque não lhe fez saber que fugia.

21 E fugiu elle com tudo o que tinha,[30] e levantou-se, [12] e passou o rio: e poz o seu rosto para a montanha de Gilead.

Labão prosegue atraz de Jacob.

22 E no terceiro dia foi annunciado a Labão que Jacob tinha fugido.

23 Então tomou comsigo os seus irmãos, e atraz d’elle proseguiu o caminho por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gilead.

24 Veiu porém Deus a Labão o arameo em sonhos de noite, [13] e disse-lhe: Guarda-te, que não falles com Jacob nem bem nem mal.

25 Alcançou pois Labão a Jacob, e armara Jacob a sua tenda n’aquella montanha: armou tambem Labão com os seus irmãos a sua na montanha de Gilead.

26 Então disse Labão a Jacob: Que fizeste, que te esquivaste de mim, e levaste as minhas filhas como captivas pela espada?

27 Porque fugiste occultamente, e te esquivaste de mim, e não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, e com canticos, e com tamboril e com harpa?

28 Tambem não me permittiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente pois agora fizeste, fazendo assim.

29 Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pae me fallou hontem á noite, dizendo: Guarda-te, que não falles com Jacob nem bem nem mal.

30 E agora te querias ir embora, porquanto tinhas saudades de voltar a casa de teu pae; [14] porque furtaste os meus deuses?

31 Então respondeu Jacob, e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia commigo, se porventura me não arrebatarias as tuas filhas.

32 Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de nossos irmãos o que é teu do que está commigo, e toma-o para ti. Pois Jacob não sabia que Rachel os tinha furtado.

33 Então entrou Labão na tenda de Jacob, e na tenda de Leah, e na tenda d’ambas as servas, e não os achou; e saindo da tenda de Leah, entrou na tenda de Rachel.

34 Mas tinha tomado Rachel os idolos, [15] e os tinha posto na albarda de um camelo, e assentara-se sobre elles; e apalpou Labão toda a tenda, e não os achou.

35 E ella disse a seu pae: Não se accenda a ira aos olhos de meu senhor, [16] que não posso levantar-me diante da tua face; porquanto tenho o costume das mulheres. E elle procurou, mas não achou os idolos.

36 Então irou-se Jacob, [17] e contendeu com Labão; e respondeu Jacob, e disse a Labão: Qual é a minha transgressão? qual é o meu peccado, que tão furiosamente me tens perseguido?

37 Havendo apalpado todos os meus moveis, que achaste de todos os moveis da tua casa? põe-o aqui diante dos meus irmãos, e teus irmãos; e que julguem entre nós ambos.

38 Estes vinte annos eu estive comtigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca moveram, e não comi os carneiros do teu rebanho.

39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu o pagava; o furtado de dia e o furtado de noite [18] da minha mão o requerias.

40 Estive eu de sorte que de dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o meu somno foi-se dos meus olhos.

41 Tenho estado agora vinte annos na tua casa; [19] quatorze annos te servi por tuas duas filhas, e seis annos por teu rebanho; [20] mas o meu salario tens mudado dez vezes.

42 Se o Deus de meu pae, o Deus de Abrahão, e o Temor de Isaac [21] não fôra commigo, por certo me enviarias agora vazio. Deus attendeu á minha afflicção, e ao trabalho das minhas mãos, e reprehendeu-te hontem á noite.

O pacto entre Labão e Jacob em Galeed.

43 Então respondeu Labão, e disse a Jacob: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é o meu rebanho, e tudo o que vês, meu é: e que farei hoje a estas minhas filhas, ou a seus filhos, que pariram?

44 Agora pois vem, [22] e façamos concerto eu e tu, que seja por testemunho entre mim e ti.

45 Então tomou Jacob [23] uma pedra, e erigiu-a por columna.

46 E disse Jacob a seus irmãos: Ajuntae pedras. E tomaram pedras, e fizeram um montão, e comeram ali sobre aquelle montão.

47 E chamou-o Labão [CL] Jegar-sahadutha: porém Jacob chamou-o [CM] Galeed.

48 Então disse Labão: Este montão seja hoje [24] por testemunha entre mim[31] e entre ti: por isso se chamou o seu nome Galeed,

49 E [CN] Mizpah, porquanto disse: Attente o Senhor entre mim e ti, quando nós estivermos apartados um do outro:

50 Se affligires as minhas filhas, e se tomares mulheres além das minhas filhas, ninguem está comnosco: attenta [25] que Deus é testemunha entre mim e ti.

51 Disse mais Labão a Jacob: Eis aqui este mesmo montão, e eis aqui essa columna que levantei entre mim e entre ti.

52 Este montão seja testemunha, e esta columna seja testemunha, que eu não passarei este montão a ti, e que tu não passarás este montão e esta columna a mim, para mal.

53 O Deus de Abrahão, e o Deus de Nahor, o Deus de seu pae julgue entre nós. [26] E jurou Jacob pelo Temor de seu pae Isaac.

54 E sacrificou Jacob um sacrificou na montanha, e convidou seus irmãos, para comer pão; e comeram pão, e passaram a noite na montanha.

55 E levantou-se Labão pela manhã de madrugada, e beijou seus filhos, e suas filhas, e abençoou-os, e partiu; e voltou Labão ao seu logar.

[1] Ecc. 4.4.

[2] cap. 28.15.

[3] Num. 14.22. Neh. 4.12. Job 19.3. Zac. 8.23.

[4] Job 1.10. Psa. 37.28 e 105.14.

[5] cap. 30.39.

[6] cap. 48.16.

[7] Ecc. 5.8.

[8] cap. 28.18.

[9] cap. 32.9.

[10] cap. 29.15, 27.

[11] cap. 28.21.

[12] cap. 15.18.

[13] cap. 20.3. Job 33.15.

[14] Jui. 18.24.

[15] ver. 19.

[16] Jos. 24.2.

[17] Eph. 4.26.

[18] Exo. 22.10, 13.

[19] cap. 29.18, 30.

[20] ver. 7.

[21] ver. 53.

[22] cap. 26.28.

[23] cap. 28.18.

[24] Jui. 22.27 e 24.27.

[25] I Sam. 12.5. Jer. 42.5.

[26] Ose. 10.14.

32 E foi tambem Jacob o seu caminho, e encontraram-o [1] os anjos de Deus.

2 E Jacob disse, quando os viu: Este é o exercito de Deus. E chamou o nome d’aquelle logar [CO] Mahanaim.

Jacob envia mensageiros a Esaú.

3 E enviou Jacob mensageiros diante da sua face a Esaú seu irmão, á terra de Seir, territorio de Edom.

4 E ordenou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor Esaú: [2] Assim diz Jacob, teu servo: Como peregrino morei com Labão, e me detive até agora;

5 E tenho bois e jumentos, ovelhas, e servos e servas; e enviei para o annunciar a meu senhor, para que ache graça em teus olhos.

6 E os mensageiros tornaram a Jacob, dizendo: Viemos a teu irmão Esaú; e tambem elle vem a encontrar-te, e quatrocentos varões com elle.

7 Então Jacob temeu muito, e angustiou-se; e repartiu o povo que com elle estava, e as ovelhas, e as vaccas, e os camelos, em dois bandos.

8 Porque dizia: Se Esaú vier a um bando, e o ferir, o outro bando escapará.

9 Disse mais Jacob: Deus de meu pae Abrahão, e Deus de meu pae Isaac, o Senhor, [3] que me disseste: Torna-te á tua terra, e á tua parentela, e far-te-hei bem;

10 Menor sou eu que todas as beneficencias, e que toda a fidelidade que fizeste ao teu servo; porque com meu cajado passei este Jordão, e [4] agora me tornei em dois bandos;

11 Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú: porque o temo, que porventura não venha, [5] e me fira, e a mãe com os filhos.

12 E tu o disseste: Certamente te farei bem, [6] e farei a tua semente como a areia do mar, que pela multidão não se pode contar.

13 E passou ali aquella noite; e tomou do que lhe veiu á sua mão, [7] um presente para seu irmão Esaú:

14 Duzentas cabras, e vinte bodes; duzentas ovelhas, e vinte carneiros;

15 Trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vaccas, e dez novilhos; vinte jumentas, e dez jumentinhos;

16 E deu-o na mão dos seus servos, cada rebanho á parte, e disse a seus servos: Passae adiante da minha face, e ponde espaço entre rebanho e rebanho.

17 E ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar, e te perguntar, dizendo: De quem és, e para onde vaes, e cujos são estes diante da tua face,

18 Então dirás: São de teu servo Jacob, presente que envia a meu senhor, a Esaú; e eis que elle mesmo vem tambem atraz de nós.

19 E ordenou tambem ao segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atraz dos rebanhos, dizendo: Conforme a esta mesma palavra, fallareis a Esaú, quando o achardes.

20 E direis tambem: Eis que o teu servo Jacob vem atraz de nós. Porque dizia: [8] Eu o aplacarei com o presente, que vae diante de mim, e depois verei a sua face; porventura acceitará a minha face.

21 Assim passou o presente diante da sua face; elle porém passou aquella noite no arraial.

Jacob passa o váo de Jabbok e lucta com um Anjo.

22 E levantou-se aquella mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, [9] e passou o váo de Jabbok.

23 E tomou-os, e fel-os passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.

[32]

24 Jacob porém ficou só; e luctou com elle um varão, até que a alva subia.

25 E vendo que não prevalecia contra elle, tocou a juntura de sua côxa, e se deslocou a juntura da côxa de Jacob, luctando com elle.

26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém elle disse: [10] Não te deixarei ir, se me não abençoares.

27 E disse-lhe: Qual é o teu nome? E elle disse: Jacob.

28 Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas [CP] Israel: pois como principe luctaste com Deus, [11] e com os homens, e prevaleceste.

29 E Jacob lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Porque perguntas pelo meu nome? [12] E abençoou-o ali.

30 E chamou Jacob o nome d’aquelle logar [CQ] Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, [13] e a minha alma foi salva.

31 E saiu-lhe o sol, quando passou a Penuel; e manquejava da sua côxa.

32 Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da côxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da côxa de Jacob no nervo encolhido.

[1] Psa. 91.11. Heb. 1.14.

[2] Pro. 15.1.

[3] Psa. 50.15. cap. 31.3, 13.

[4] Psa. 18.35.

[5] Ose. 10.14.

[6] cap. 28.13, 15.

[7] Pro. 18.16.

[8] Pro. 21.14.

[9] Deu. 3.16.

[10] Luc. 18.1.

[11] cap. 33.4.

[12] Jui. 13.18.

[13] Jui. 6.22 e 13.22, 23. Isa. 6.5.

O encontro de Esaú e Jacob.

33 E levantou Jacob os seus olhos, e olhou, [1] e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com elle. Então repartiu os filhos entre Leah e Rachel, e as duas servas.

2 E poz as servas e seus filhos na frente, e a Leah e seus filhos atraz: porém a Rachel e José os derradeiros.

3 E elle mesmo passou adiante d’elles, e inclinou-se á terra sete vezes, até que chegou a seu irmão.

4 Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, [2] e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram.

5 Depois levantou os seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e disse: Quem são estes comtigo? E elle disse: Os filhos que Deus graciosamente tem dado a teu servo.

6 Então chegaram as servas; ellas, e os seus filhos, e inclinaram-se.

7 E chegou tambem Leah com seus filhos, e inclinaram-se: e depois chegou José e Rachel, e inclinaram-se.

8 E disse Esaú: De que te serve todo este bando que tenho encontrado? E elle disse: [3] Para achar graça aos olhos de meu senhor.

9 Mas Esaú disse: Eu tenho bastante, meu irmão; [4] seja para ti o que tens.

10 Então disse Jacob: Não, se agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão: porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim.

11 Toma, peço-te, a minha benção, que te foi trazida; porque Deus graciosamente m’a tem dado; e porque tenho de tudo. E instou com elle, até que a tomou.

12 E disse: Caminhemos, e andemos, e eu partirei adiante de ti.

13 Porém elle lhe disse: Meu senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho commigo ovelhas e vaccas de leite; se as afadigarem sómente um dia, todo o rebanho morrerá.

14 Ora passe o meu senhor diante da face de seu servo; e eu irei como guia pouco a pouco, conforme ao passo do gado que é adiante da minha face, e conforme ao passo dos meninos, [5] até que chegue a meu senhor em Seir.

15 E Esaú disse: Deixarei logo comtigo d’esta gente, que está commigo. E elle disse: Para que é isso? Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.

16 Assim se tornou Esaú aquelle dia pelo seu caminho a Seir.

17 Jacob, porém, partiu para [6] Succoth e edificou para si [CR] uma casa; e fez cabanas para o seu gado: por isso chamou o nome d’aquelle logar [CS] Succoth.

Jacob chega a Sichem e levanta um altar.

18 E chegou Jacob salvo á cidade de Sichem, [7] que está na terra de Canaan, quando vinha de Paddan-aram; e fez o seu assento diante da cidade.

19 E [8] comprou uma parte do campo em que estendera a sua tenda, da mão dos filhos de Hemor, pae de Sichem, por cem peças de dinheiro.

20 E levantou ali um altar, [9] e chamou-o Deus, o Deus d’Israel.

[1] cap. 32.6.

[2] cap. 32.28.

[3] cap. 32.5.

[4] Pro. 16.7.

[5] cap. 32.3.

[6] Jos. 13.27. Jui. 8.5.

[7] João 4.5.

[8] Jos. 24.32. Act. 7.16.

[9] cap. 35.7.

Dinah é desflorada.

Antes de Christo 1732

34 E saiu Dinah filha de Leah, [1] que parira a Jacob, para ver as filhas da terra.

2 E Sichem filho de Hemor heveo, principe d’aquella terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ella, e humilhou-a.

3 E apegou-se a sua alma com Dinah[33] filha de Jacob, e amou a moça e fallou [CT] affectuosamente á moça.

4 Fallou tambem Sichem a Hemor seu pae, dizendo: [2] Toma-me esta por mulher.

5 Quando Jacob ouviu que contaminara a Dinah sua filha, estavam os seus filhos no campo com o gado; e calou-se Jacob até que viessem.

6 E saiu Hemor pae de Sichem a Jacob, para fallar com elle.

7 E vieram os filhos de Jacob do campo, ouvindo isso, e entristeceram-se os varões, e iraram-se muito, porquanto fizera doidice em Israel, deitando-se com a filha de Jacob; o que não se devia fazer assim.

8 Então fallou Hemor com elles, dizendo: A alma de Sichem meu filho está namorada da vossa filha; dae-lh’a, peço-te, por mulher;

9 E aparentae-vos comnosco, dae-nos as vossas filhas, e tomae as nossas filhas para vós;

10 E habitareis comnosco; e a terra estará diante da vossa face: habitae e negociae n’ella, e tomae possessão n’ella.

11 E disse Sichem ao pae d’ella, e aos irmãos d’ella: Ache eu graça em vossos olhos, e darei o que me disserdes:

12 Augmentae muito sobre mim o dote e a dadiva, e darei o que me disserdes; dae-me sómente a moça por mulher.

13 Então responderam os filhos de Jacob a Sichem e a Hemor seu pae enganosamente, e fallaram, porquanto havia contaminado a Dinah sua irmã.

14 E disseram-lhes: Não podemos fazer isso, que déssemos a nossa irmã a um varão não circumcidado; [3] porque isso seria uma vergonha para nós;

15 N’isso, porém, consentiremos a vós: se fôrdes como nós, que se circumcide todo o macho entre vós:

16 Então dar-vos-hemos as nossas filhas, e tomaremos nós as vossas filhas, e habitaremos comvosco, e seremos um povo;

17 Mas se não nos ouvirdes, e não vos circumcidardes, tomaremos a nossa filha e ir-nos-hemos.

18 E suas palavras foram boas aos olhos de Hemor, e aos olhos de Sichem filho de Hemor.

19 E não tardou o mancebo em fazer isto; porque a filha de Jacob lhe contentava: e elle era o mais honrado de toda a casa de seu pae.

20 Veiu pois Hemor e Sichem seu filho á porta da sua cidade, e fallaram aos varões da sua cidade, dizendo:

21 Estes varões são pacificos comnosco; portanto habitarão n’esta terra, e negociarão n’ella; eis que a terra é larga de espaço diante da sua face: tomaremos nós as suas filhas por mulheres, e lhes daremos as nossas filhas:

22 N’isto, porém, consentirão aquelles varões, de habitar comnosco, para que sejamos um povo, se todo o macho entre nós se circumcidar, como elles são circumcidados.

23 O seu gado, as suas possessões, e todos os seus animaes não serão nossos? consintamos sómente com elles, e habitarão comnosco.

24 E deram ouvidos a Hemor, e a Sichem seu filho [4] todos os que sahiam da porta da cidade; e foi circumcidado todo o macho, de todos os que sahiam pela porta da sua cidade.

A traição de Simeão e Levi.

25 E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dôr, os dois filhos de Jacob, Simeão e Levi, irmãos de Dinah, tomaram cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, [5] e mataram todo o macho.

26 Mataram tambem ao fio da espada a Hemor, e a seu filho Sichem; e tomaram a Dinah da casa de Sichem, e sairam.

27 Vieram os filhos de Jacob aos mortos e saquearam a cidade; porquanto contaminaram a sua irmã.

28 As suas ovelhas, e as suas vaccas, e os seus jumentos, e o que na cidade, e o que no campo havia, tomaram,

29 E toda a sua fazenda, e todos os seus meninos, e as suas mulheres levaram presas, e despojaram-as, e tudo o que havia em casa.

30 Então disse Jacob a Simeão e a Levi: Tendes-me turbado, [6] fazendo-me cheirar mal entre os moradores d’esta terra, entre os Cananeus e Phereseus, [7] sendo eu pouco povo em numero; ajuntar-se-hão, e ficarei destruido, eu e minha casa.

31 E elles disseram: Faria pois elle a nossa irmã como a uma prostituta?

[1] cap. 30.21. Tito 2.5.

[2] Jui. 14.2.

[3] Jos. 5.9.

[4] cap. 23.18.

[5] cap. 49.5, 7.

[6] Exo. 5.21.

[7] I Sam. 27.12.

Deus manda Jacob a Bethel a levantar um altar.

35 Depois disse Deus a Jacob: [1] Levanta-te, sobe a Bethel, e habita ali; e faz ali um altar ao Deus que te appareceu, quando fugiste diante da face de Esaú teu irmão.

2 Então [2] disse Jacob á sua familia, e a todos os que com elle estavam: Tiras[34] os deuses estranhos, que ha no meio de vós, [3] e purificae-vos, e mudae os vossos vestidos.

3 E levantemo-nos, e subamos a Bethel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angustia, [4] e que foi commigo no caminho que tenho andado.

4 Então deram a Jacob todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, [5] e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e Jacob os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Sichem.

5 E partiram; [6] e o terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor d’elles, e não seguiram após os filhos de Jacob.

6 Assim chegou Jacob a Luz, que está na terra de Canaan, (esta é Bethel), elle e todo o povo que com elle havia.

7 E edificou ali um altar, e chamou aquelle logar [CU] El-beth-el: porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado quando fugia diante da face de seu irmão.

A morte de Debora.

8 E morreu Debora, a ama de Rebecca, e foi sepultada ao pé de Bethel, debaixo do carvalho cujo nome chamou [CV] Allonbachuth.

9 E appareceu Deus outra vez a Jacob, vindo de Paddan-aram, e abençoou-o.

10 E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacob; não se chamará mais o teu nome Jacob, mas Israel será o teu nome. [7] E chamou o seu nome Israel.

11 Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-poderoso; [8] fructifica e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti, e reis procederão dos teus lombos;

12 E te darei a ti [9] a terra que tenho dado a Abrahão e a Isaac, e á tua semente depois de ti darei a terra.

13 E Deus subiu d’elle, [10] do logar onde fallara com elle.

14 E Jacob poz uma columna no logar [11] onde fallara com elle, uma columna de pedra; e derramou sobre ella uma libação, e deitou sobre ella azeite.

15 E chamou Jacob o nome d’aquelle logar, onde Deus fallara com elle, Bethel.

O nascimento de Benjamin e a morte de Rachel.

16 E partiram de Bethel: e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Ephrata, e pariu Rachel, e ella teve trabalho em seu parto.

17 E aconteceu que, tendo ella trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: [12] Não temas, porque tambem este filho terás.

18 E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome [CW] Benoni; mas seu pae o chamou [CX] Benjamin.

19 Assim morreu Rachel; [13] e foi sepultada no caminho d’Ephrata, este é Beth-lehem.

20 E Jacob poz uma columna sobre a sua sepultura; [14] esta é a columna da sepultura de Rachel até ao dia de hoje.

21 Então partiu Israel, e estendeu a sua tenda d’além de [CY] Migdal Eder.

22 E aconteceu que, [15] habitando Israel n’aquella terra, foi Ruben, e deitou-se com Bilhah, concubina de seu pae; e Israel ouviu-o. E eram doze os filhos de Jacob:

23 Os filhos de Leah: Ruben, o primogenito de Jacob, depois Simeão e Levi, e Judah, e Issacar e Zebulon;

24 Os filhos de Rachel: José e Benjamin;

25 E os filhos de Bilhah, serva de Rachel: Dan e Naphtali;

26 E os filhos de Zilpah, serva de Leah: Gad e Aser. Estes são os filhos de Jacob, que lhe nasceram em Paddan-aram.

27 E Jacob veiu a seu pae Isaac, [16] a Mamre, a Kiriath-arba (que é Hebron), onde peregrinaram Abrahão e Isaac.

28 E foram os dias de Isaac cento e oitenta annos.

29 E Isaac expirou, e morreu, [17] e foi recolhido aos seus povos, velho e farto de dias; e Esaú e Jacob, seus filhos, o sepultaram.

[1] cap. 28.19.

[2] cap. 18.19.

[3] cap. 31.19. Psa. 101.2, 7. I Sam. 7.3.

[4] cap. 32.7, 24. cap. 28.20 e 31.3, 42.

[5] Ose. 2.13. Jos. 24.26. Jui. 9.6.

[6] Exo. 23.27. Deu. 11.25. Jos. 2.9. II Chr. 14.14.

[7] cap. 32.28.

[8] cap. 17.1. Exo. 6.3.

[9] cap. 12.7 e 26.3.

[10] cap. 17.22.

[11] cap. 28.18.

[12] I Sam. 4.20.

[13] cap. 48.7. Ruth 1.2. Miq. 5.2. Mat. 2.6.

[14] I Sam. 10.2.

[15] cap. 49.4. I Chr. 5.1. I Cor. 5.1.

[16] cap. 13.18. Jos. 14.15 e 15.13.

[17] cap. 25.8. cap. 25.9.

Os descendentes de Esaú.

Antes de Christo 1796

36 E estas são as gerações de Esaú ([1] que é Edom).

2 Esaú tomou suas mulheres das filhas de Canaan: [2] a Adah, filha de Elon hetheo, e a Aholibamah, filha de Anah, filha de Zibeon heveo.

3 E a Basemath, filha de Ishmael, irmã de Nebajoth.

4 E Adah pariu a Esaú Eliphaz; [3] e Basemath pariu a Rehuel;

[35]

5 E Aholibamah pariu a Jeush, e Jaelam e Corah: estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaan.

6 E Esaú tomou suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as almas de sua casa, e seu gado, e todos os seus animaes, e toda a sua fazenda, que havia adquirido na terra de Canaan; e foi-se a outra terra de diante da face de Jacob seu irmão;

7 Porque a fazenda d’elles era muita para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.

8 Portanto Esaú habitou [4] na montanha de Seir; Esaú é Edom.

9 Estas pois são as gerações de Esaú, pae dos Idumeos, na montanha de Seir.

10 Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Eliphaz, filho de Adah, mulher de Esaú; Rehuel, filho de Basemath, mulher de Esaú.

11 E os filhos de Eliphsz foram: Teman, Omar, Zepho, e Gaetam, e Kenaz.

12 E Timnah era concubina de Eliphaz, filho de Esaú, e pariu a Eliphaz Amelek: estes são os filhos de Adah, mulher de Esaú.

13 E estes foram os filhos de Rehuel: Nahath, e Zerah, Shammah, e Mizzah: estes foram os filhos de Basemath, mulher de Esaú.

14 E estes foram os filhos de Aholibamah, filha de Anah, filha de Zibeon, mulher de Esaú: e pariu a Esaú: Jeush, e Jalam, e Corah.

15 Estes são os principes dos filhos de Esaú; o filhos de Eliphaz, o primogenito de Esaú, foram: o principe Teman, o principe Omar, o principe Zepho, o principe Kenaz,

16 O principe Corah, o principe Gatam, o principe Amalek; estes são os principes de Eliphaz na terra de Edom, estes são os filhos de Adah.

17 E estes são os filhos de Rehuel, filho de Esaú: o principe Nahath, o principe Zerah, o principe Shammah, o principe Mizzah; estes são os principes de Rehuel, na terra de Edom, estes são os filhos de Besemath, mulher de Esaú.

18 E estes são os filhos de Aholibamah, mulher de Esaú: o principe Jeush, o principe Jalam, o principe Corah; estes são os principes do Aholibamah, filha de Anah, mulher de Esaú.

19 Estes são os filhos de Esaú, e estes são seus principes: elle é Edom.

20 Estes são os filhos de Seir horeo, [5] moradores d’aquella terra: Lotan, e Sobal e Zibeon, e Anah.

21 E Dishon, e Eser, e Dishan; estes são os principes dos horeos, filhos de Seir, na terra de Edom.

22 E os filhos de Lotan foram: Hori e Hemam; e a irmã de Lotan era Timnah.

23 Estes são os filhos de Sobal: Alvan, e Manahath, e Ebal, e Shepho, e Onam.

24 E estes são os filhos de Zibeon: Ajah, e Anah; este é o Anah que achou os [CZ] mulos no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeon seu pae.

25 E estes são os filhos de Anah: Dishon, e Aholibamah, a filha de Anah.

26 E estes são os filhos de Dishon: Hemdam, e Eshban, e Ithran, e Cheran.

27 Estes são os filhos de Eser: Bilhan, e Zaavan, e Akan.

28 Estes são os filhos de Dishan: Uz, e Aran.

29 Estes são os principes dos horeos: O principe Lotan, o principe Shobal, o principe Zibeon, o principe Anah,

30 O principe Dishon, o principe Eser, o principe Dishan; estes são os principes dos horeos segundo seus principes na terra de Seir.

31 E estes são os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos d’Israel.

32 Reinou pois em Edom Bela, filho de Beor, e o nome da sua cidade foi Dinhaba.

33 E morreu Bela; e Jobab, filho de Zerah de Bosrah, reinou em seu logar.

34 E morreu Jobab; e Husam, da terra dos Temanitas, reinou em seu logar.

35 E morreu Husam, e em seu logar reinou Hadad, filho de Bedad, o que feriu a Midian no campo de Moab; e o nome da sua cidade foi Avith.

36 E morreu Hadad: e Samlah de Masreca reinou em seu logar.

37 E morreu Samlah; e Shaul de Rehoboth, pelo rio, reinou em seu logar.

38 E morreu Shaul; e Baal-hanan, filho de Achbor, reinou em seu logar.

39 E morreu Baal-hanan, filho de Achbor; e Hadar reinou em seu logar, e o nome da sua cidade foi Pau; e o nome de sua mulher foi Mehetabel, filha de Matred, filha de Mezahab.

40 E estes são os nomes dos principes de Esaú; segundo as suas gerações, segundo os seus logares, com os seus nomes: o principe Timnah, o principe Alvah, o principe Jetheth,

41 O principe Aholibamah, o principe Elah o principe Pinon,

[36]

42 O principe Kenez, o principe Teman, o principe Mibzar,

43 O principe Magdiel, o principe Iram: estes são os principes de Edom, segundo as suas habitações, na terra da sua possessão; este é Esaú, pae de Edom.

[1] cap. 25.30.

[2] cap. 26.34.

[3] I Chr. 1.35.

[4] Deu. 2.5. Jos. 24.4.

[5] cap. 14.6. Deu. 2.12, 22.

José é vendido por seus irmãos.

Antes de Christo 1729

37 E Jacob habitou na terra das peregrinações de seu pae, [1] na terra de Canaan.

2 Estas são as gerações de Jacob. Sendo José de dezesete annos, apascentava as ovelhas com seus irmãos, e estava este mancebo com os filhos de Bilhah, e com os filhos de Zilpah, mulheres de seu pae; e José trazia uma má fama d’elles a seu pae.

3 E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma tunica de varias côres.

4 Vendo pois seus irmãos que seu pae o amava mais do que a todos os seus irmãos, [2] aborreceram-o, e não podiam fallar com elle pacificamente.

5 Sonhou tambem José um sonho, que contou a seus irmãos: por isso o aborreciam ainda mais.

6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:

7 Eis que estavamos atando mólhos no meio do campo, e eis que o meu mólho se levantava, e tambem ficava em pé, e eis que os vossos mólhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu mólho.

8 Então lhe disseram seus irmãos: Tu pois devéras reinarás sobre nós? Por isso tanto mais [3] o aborreciam por seus sonhos e por suas palavras.

9 E sonhou ainda outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que ainda sonhei um sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrellas se inclinavam a mim.

10 E contando-o a seu pae e a seus irmãos, reprehendeu-o seu pae, e disse-lhe: Que sonho é este que sonhaste? porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, para inclinar-nos a ti em terra?

11 Seus irmãos pois o invejavam; seu pae porém guardava este negocio no seu coração.

12 E seus irmãos foram apascentar o rebanho de seu pae, junto de Sichem.

13 Disse pois Israel a José: Não apascentam os teus irmãos junto de Sichem? vem, e enviar-te-hei a elles. E elle lhe disse: Eis-me aqui.

14 E elle lhe disse: Ora vae-te, vê como estão teus irmãos, e como está o rebanho, e traze-me resposta. [4] Assim o enviou do valle de Hebron, e veiu a Sichem.

15 E achou-o um varão, porque eis que andava errado pelo campo, e perguntou-lhe o varão, dizendo: Que procuras?

16 E elle disse: Procuro meus irmãos; dize-me, peço-te, onde elles apascentam.

17 E disse aquelle varão: Foram-se d’aqui; porque ouvi-lhes dizer: Vamos a Dothan. José pois seguiu atraz de seus irmãos, [5] e achou-os em Dothan.

18 E viram-o de longe, e, antes que chegasse a elles, [6] conspiraram contra elle, para o matarem.

19 E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mór!

20 Vinde pois agora, [7] e matemel-o, e lancemol-o n’uma d’estas covas, e diremos: Uma besta fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos.

21 E ouvindo-o Ruben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a vida.

22 Tambem lhes disse Ruben: Não derrameis sangue; lançae-o n’esta cova, que está no deserto, e não lanceis mãos n’elle; para livral-o das suas mãos, e para tornal-o a seu pae.

23 E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram a José a sua tunica, [8] a tunica de varias côres, que trazia.

24 E tomaram-o, e lançaram-o na cova; porém a cova estava vasia, não havia agua n’ella.

25 Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam, [9] e eis que uma companhia de ishmaelitas vinha de Gilead; e seus camelos traziam especiarias, e balsamo, e myrrha, e iam leval-os ao Egypto.

26 Então Judah disse aos seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão, e escondamos a [DA] sua morte?

27 Vinde, e vendamol-o a estes ishmaelitas, e não seja nossa mão sobre elle; porque elle é nosso irmão, nossa carne. E seus irmãos obedeceram.

28 Passando pois os mercadores midianitas, tiraram, e alçaram a José da cova, [10] e venderam José por vinte moedas de prata aos ishmaelitas, os quaes levaram José ao Egypto.

29 Tornando pois Ruben á cova, eis[37] que José não estava na cova; [11] então rasgou os seus vestidos,

30 E tornou a seus irmãos, e disse: O moço não apparece; e eu aonde irei?

31 Então tomaram a tunica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a tunica no sangue,

32 E enviaram a tunica de varias côres, e fizeram leval-a a seu pae, e disseram: Temos achado esta tunica; conhece agora se esta será ou não a tunica de teu filho.

33 E conheceu-a, e disse: É a tunica de meu filho; uma besta fera o comeu; [12] certamente é despedaçado José.

34 Então Jacob rasgou os seus vestidos, e poz sacco [13] sobre os seus lombos, e lamentou a seu filho muitos dias.

35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou porém ser consolado, e disse: Porquanto com chôro hei de descer ao meu filho até á sepultura. Assim o chorou seu pae.

36 E os midianitas venderam-o no Egypto a Potifar, [DB] eunucho de Pharaó, capitão da guarda.

[1] cap. 17.8 e 23.4 e 28.4. Heb. 11.9, 16.

[2] cap. 49.23. Psa. 38.19 e 69.4. Tito 3.3.

[3] cap. 42.6, 9 e 43.26 e 44.14. Psa. 119.22.

[4] cap. 35.27.

[5] II Reis 6.13.

[6] Psa. 31.13 e 37.12, 32. Mat. 21.38 e 27.1. João 11.53.

[7] Pro. 27.4.

[8] Mat. 27.28.

[9] ver. 28, 36. cap. 31.47. Jer. 8.22.

[10] Psa. 105.17. Zac. 11.12. Mat. 27.9. Act. 7.9.

[11] Num. 14.16. Jui. 11.35. Job 1.20.

[12] cap. 44.28.

[13] II Reis 19.1. Isa. 32.11. Jon. 3.5.

Judah e Tamar.

Antes de Christo 1727

38 E aconteceu no mesmo tempo que Judah desceu de entre seus irmãos, e entrou na casa d’um varão de Adullam, cujo nome era Hirah,

2 E viu Judah ali a filha d’um varão cananeu, cujo nome era Shuah; e tomou-a, e entrou a ella.

3 E ella concebeu, e pariu um filho, e chamou o seu nome [1] Er;

4 E tornou a conceber, e pariu um filho, e chamou o seu nome Onan;

5 E continuou ainda, e pariu um filho, e chamou o seu nome Selah; e elle estava em Chezib, quando ella o pariu.

6 Judah pois tomou uma mulher para Er, o seu primogenito, e o seu nome era Tamar.

7 Er, porém, o primogenito de Judah, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.

8 Então disse Judah a Onan: Entra á mulher do teu irmão, [2] e casa-te com ella, e suscita semente a teu irmão.

9 Onan, porém, soube que esta semente não havia de ser para elle; e aconteceu que, quando entrava á mulher de seu irmão, derramava-a na terra, para não dar semente a seu irmão.

10 E o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que tambem o matou.

11 Então disse Judah a Tamar sua nóra: Fica-te viuva na casa de teu pae, até que Selah, meu filho, seja grande. Porquanto disse: Para que porventura não morra tambem este, como seus irmãos. Assim foi-se Tamar, e ficou-se na casa de seu pae.

12 Passando-se pois muitos dias, morreu a filha de Shuah, mulher de Judah; e depois se consolou Judah, e subiu aos tosquiadores das suas ovelhas em Timnah, elle e Hirah seu amigo, o adullamita.

13 E deram aviso a Tamar, dizendo: [3] Eis que o teu sogro sobe a Timnah, a tosquiar as suas ovelhas.

14 Então ella tirou de sobre si os vestidos da sua viuvez, e cobriu-se com o véu, e envolveu-se, e assentou-se [DC] á entrada das duas fontes que estão no caminho de Timnah, porque via que Selah já era grande, e ella lhe não fôra dada por mulher.

15 E vendo-a Judah, teve-a por uma prostituta; [4] porque ella tinha coberto o seu rosto.

16 E apartou-se a ella ao caminho, e disse: Vem, peço-te, deixa-me entrar a ti. Porquanto não sabia que era sua nóra: e ella disse: Que darás, para que entres a mim?

17 E elle disse: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. E ella disse: Dás-me penhor até que o envies?

18 Então elle disse: Que penhor é que te darei? E ella disse: O teu sello, e o teu lenço, [DD] e o cajado que está em tua mão. O que elle lhe deu, e entrou a ella, e ella concebeu d’elle.

19 E ella levantou-se, e foi-se, e tirou de sobre si o seu véu, [5] e vestiu os vestidos da sua viuvez.

20 E Judah enviou o cabrito por mão do seu amigo o adullamita, para tomar o penhor da mão da mulher, porém não a achou.

21 E perguntou aos homens d’aquelle logar, dizendo: Onde está a prostituta que estava no caminho junto ás duas fontes? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.

22 E tornou-se a Judah, e disse: Não a achei; e tambem disseram os homens d’aquelle logar: Aqui não esteve prostituta.

23 Então disse Judah: Tome-o para si, para que porventura não venhamos[38] em desprezo; eis que tenho enviado este cabrito; mas tu não a achaste.

24 E aconteceu que, quasi tres mezes depois, deram aviso a Judah, dizendo: Tamar, tua nóra, tem fornicado, e eis que está pejada da fornicação. Então disse Judah: [6] Tirae-a fóra para que seja queimada.

25 E tirando-a fóra, ella mandou dizer a seu sogro: Do varão de quem são estas coisas eu concebi. E ella disse mais: Conhece, peço-te, de quem é este sello, [7] e estes [DE] lenços e este cajado.

26 E conheceu-os Judah, e disse: Mais justa é ella do que eu, [8] porquanto não a tenho dado a Selah meu filho. E nunca mais a conheceu.

27 E aconteceu ao tempo de parir, eis que havia gemeos em seu ventre;

28 E aconteceu que, parindo ella, que um poz fóra a mão, e a parteira tomou-a, e atou em sua mão um fio de grã, dizendo: Este saiu primeiro.

29 Mas aconteceu que, tornando elle a recolher a sua mão, eis que saiu o seu irmão, e ella disse: Como tu tens rompido? sobre ti é a rotura. E chamaram o seu nome Perez;

30 E depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio de grã; e chamaram o seu nome Zerah.

[1] Num. 26.19. I Chr. 2.3.

[2] Deu. 25.5. Mat. 22.24.

[3] Jos. 15.57.

[4] Can. 1.7.

[5] II Sam. 14.2, 5.

[6] Lev. 21.9. Deu. 22.21.

[7] ver. 18.

[8] ver. 14.

José em casa de Potifar.

Antes de Christo 1720

39 E José foi levado ao Egypto, [1] e Potifar, eunucho [DF] de Pharaó, capitão da guarda, varão egypcio, comprou-o da mão dos ishmaelitas que o tinham levado lá.

2 E o Senhor estava com José, [2] e foi varão prospero; e estava na casa de seu senhor egypcio.

3 Vendo pois o seu senhor que o Senhor estava com elle, [3] e tudo o que fazia o Senhor prosperava em sua mão,

4 José achou graça em seus olhos, [4] e servia-o; e elle o poz sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.

5 E aconteceu que, desde que o puzera sobre a sua casa, e sobre tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egypcio por amor de José; e a benção do Senhor foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo.

6 E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que de nada sabia do que estava com elle, mais do que do pão que comia. [5] E José era formoso de parecer, e formoso á vista.

7 E aconteceu depois d’estas coisas [6] que a mulher de seu senhor poz os seus olhos em José, e disse: Deita-te commigo.

8 Porém elle recusou, e disse á mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que ha em casa commigo, e entregou em minha mão tudo o que tem;

9 Ninguem ha maior do que eu n’esta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; [7] como pois faria eu este tamanho mal, e peccaria contra [8] Deus?

10 E aconteceu que fallando ella cada dia a José, e não lhe dando elle ouvidos, para deitar-se com ella, e estar com ella,

11 Succedeu n’um certo dia que veiu á casa para fazer seu serviço; e nenhum dos da casa estava ali em casa;

12 E ella lhe pegou pelo seu vestido, dizendo: [9] Deita-te commigo. E elle deixou o seu vestido na mão d’ella, e fugiu, e saiu para fóra.

13 E aconteceu que, vendo ella que deixara o seu vestido em sua mão, e fugira para fóra,

14 Chamou aos homens de sua casa, e fallou-lhes, dizendo: Vêde, trouxe-nos o varão hebreu, para escarnecer de nós; entrou a mim para deitar-se commigo, e eu gritei com grande voz,

15 E aconteceu que, ouvindo elle que eu levantava a minha voz e gritava, deixou o seu vestido commigo, e fugiu, e saiu para fóra.

16 E ella poz o seu vestido perto de si, até que o seu senhor veiu á sua casa.

17 Então [10] fallou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veiu a mim o servo hebreo, que nos trouxeste para escarnecer de nim;

18 E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, elle deixou o seu vestido commigo, e fugiu para fóra.

19 E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe fallava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo; [11] a sua ira se accendeu.

20 E o senhor de José o tomou, [12] e o entregou na casa do carcere, no logar onde os presos do rei estavam presos; assim esteve ali na casa do carcere.

21 O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre elle a sua benignidade,[39] [13] e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mór.

22 E o carcereiro-mór entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do carcere, e elle fazia tudo o que se fazia ali.

23 E o carcereiro-mór não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão d’elle; porquanto o Senhor estava com elle, e tudo o que fazia [14] o Senhor prosperava.

[1] cap. 37.36. Psa. 105.17.

[2] I Sam. 16.18 e 18.14, 28. Act. 7.9.

[3] Jos. 1.7, 8. I Chr. 22.13. Psa. 1.3.

[4] ver. 21. I Sam. 16.22.

[5] I Sam. 16.12.

[6] Job 31.1. Psa. 119.37.

[7] Lev. 20.10. Pro. 6.29, 32.

[8] II Sam. 12.13. Psa. 51.4.

[9] Pro. 7.13. Ecc. 7.26.

[10] Exo. 23.1. Psa. 120.3. Pro. 12.19.

[11] Pro. 6.34, 35. Can. 8.6.

[12] Psa. 105.18.

[13] Exo. 12.36. Psa. 106.46. Pro. 16.7. Dan. 1.9. Act. 7.10.

[14] ver. 2, 3.

José na prisão interpreta dois sonhos.

40 E aconteceu depois d’estas coisas que peccaram o copeiro do rei do Egypto, e o padeiro, contra o seu senhor, o rei do Egypto.

2 E [1] indignou-se Pharaó muito contra os seus dois eunuchos, contra o copeiro-mór e contra o padeiro-mór,

3 E entregou-os em guarda, [2] na casa do capitão da guarda, na casa do carcere, no logar onde José estava preso.

4 E o capitão da guarda deu cargo d’elles a José, para que os servisse; e estiveram muitos dias na prisão.

5 E ambos sonharam um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, [3] cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egypto, que estavam presos na casa do carcere.

6 E veiu José a elles pela manhã, e olhou para elles, [4] e eis que estavam turbados.

7 Então perguntou aos eunuchos de Pharaó, que com elle estavam no carcere da casa de seu senhor, dizendo: Porque estão hoje tristes os vossos semblantes?

8 E elles lhe disseram: Temos sonhado um sonho, e ninguem ha que o interprete. E José disse-lhes: [5] Não são de Deus as interpretações? contae-m’o, peço-vos.

9 Então contou o copeiro-mór o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face,

10 E na vide tres sarmentos, e estava como brotando; a sua flôr sahia, os seus cachos amadureciam em uvas:

11 E o copo de Pharaó estava na minha mão, e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Pharaó, e dava o copo na mão de Pharaó.

12 Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: os tres sarmentos são tres dias;

13 Dentro ainda de tres dias Pharaó levantará a tua cabeça, [6] e te restaurará ao teu estado, e darás o copo de Pharaó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.

14 Porem lembra-te de mim, quando te fôr bem; e rogo-te que uses commigo de compaixão, e que faças menção de mim a Pharaó, e faze-me sair d’esta casa;

15 Porque, de facto, fui roubado da terra dos hebreus; [7] e tão pouco aqui nada tenho feito para que me puzessem n’esta cova.

16 Vendo então o padeiro-mór que tinha interpretado bem, disse a José: Eu tambem sonhava, e eis que tres cestos [DG] brancos estavam sobre a minha cabeça;

17 E no cesto mais alto havia de todos os manjares de Pharaó, da obra de padeiro: e as aves o comiam do cesto de sobre a minha cabeça.

18 Então respondeu José, e disse: Esta é a sua interpretação: os tres cestos são tres dias;

19 Dentro ainda de tres dias Pharaó levantará a tua cabeça sobre ti, e te pendurará n’um pau, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.

20 E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Pharaó, que fez um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mór, e a cabeça do padeiro-mór, no meio dos seus servos.

21 E fez tornar o copeiro-mór ao seu officio de copeiro, [8] e deu o copo na mão de Pharaó,

22 Mas ao padeiro-mór enforcou, como José havia interpretado.

23 O copeiro-mór, porém, não se lembrou de José, antes esqueceu-se [9] d’elle.

[1] Pro. 16.14.

[2] cap. 39.20, 23.

[3] Job 33.15, 17.

[4] Dan. 4.5.

[5] cap. 41.15. Dan. 2.11, 28.

[6] II Reis 25.27. Jer. 52.31.

[7] Psa. 59.3, 4. Dan. 6.21.

[8] ver. 13. II Sam. 21.10.

[9] Job 19.14.

José interpreta os sonhos de Pharaó.

Antes de Christo 1718

41 E aconteceu que, ao fim de dois annos inteiros, [1] Pharaó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio,

2 E eis que subiam do rio sete vaccas, formosas á vista e gordas de carne, e pastavam no prado.

3 E eis que subiam do rio após ellas outras sete vaccas, feias á vista e magras de carne; e paravam junto ás outras vaccas na praia do rio.

4 E as vaccas feias á vista, e magras de carne, comiam as sete vaccas formosas á vista e gordas. Então acordou Pharaó.

[40]

5 Depois dormiu, e sonhou outra vez, e eis que brotavam d’uma cana sete espigas cheias e boas,

6 E eis que sete espigas miudas, e queimadas do vento oriental, brotavam após ellas.

7 E as espigas miudas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então acordou Pharaó, e eis que era um sonho.

8 E aconteceu que pela manhã o seu espirito perturbou-se, [2] e enviou e chamou todos os adivinhadores do Egypto, e todos os seus sabios; e Pharaó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguem havia que os interpretasse a Pharaó.

9 Então fallou o copeiro-mór a Pharaó, dizendo: Dos meus peccados me lembro hoje:

10 Estando [3] Pharaó mui indignado contra os seus servos, e pondo-me em guarda na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro-mór,

11 Então [4] sonhámos um sonho na mesma noite, eu e elle, cada um conforme a interpretação do seu sonho sonhámos.

12 E estava ali comnosco um mancebo hebreu, servo do capitão da guarda, e contámos-lh’os, e interpretou-nos os nossos sonhos, a cada um os interpretou conforme o seu sonho.

13 E como elle nos interpretou, assim mesmo foi feito: a mim me fez tornar ao meu estado, e a elle fez enforcar.

14 Então enviou Pharaó, e chamou a José, e o fizeram sair logo da cova; [5] e barbeou-se e mudou os seus vestidos, e veiu a Pharaó.

15 E Pharaó disse a José: Eu sonhei um sonho, e ninguem ha que o interprete; mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas.

16 E respondeu José a Pharaó, dizendo: Sem mim é isso: Deus responderá paz a Pharaó.

17 Então disse Pharaó a José: Eis que em meu sonho [6] estava eu em pé na praia do rio,

18 E eis que subiam do rio sete vaccas gordas de carne e formosas á vista, e pastavam no prado.

19 E eis que outras sete vaccas subiam após estas, muito feias á vista, e magras de carne; não tenho visto outras taes, emquanto á fealdade, em toda a terra do Egypto.

20 E as vaccas magras e feias comiam os primeiras sete vaccas gordas;

21 E entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado em suas entranhas: porque o seu parecer era feio como no principio. Então acordei.

22 Depois vi em meu sonho, e eis que d’uma cana subiam sete espigas cheias e boas;

23 E eis que sete espigas seccas, miudas e queimadas do vento oriental, brotavam após ellas.

24 E as sete espigas miudas devoravam as sete espigas boas. E eu disse-o aos [7] magos, mas ninguem houve que m’o interpretasse.

25 Então disse José a Pharaó: O sonho de Pharaó é um só; o que Deus ha de fazer, [8] notificou a Pharaó.

26 As sete vaccas formosas são sete annos; as sete espigas formosas tambem são sete annos: o sonho é um só.

27 E as sete vaccas feias á vista e magras, que subiam depois d’ellas, são sete annos; e as sete espigas miudas e queimadas do vento oriental, [9] serão sete annos de fome.

28 Esta é a palavra que tenho dito a Pharaó; o que Deus ha de fazer, mostrou-o a Pharaó.

29 E eis que veem sete annos, e [10] haverá grande fartura em toda a terra do Egypto.

30 E depois d’elles levantar-se-hão [11] sete annos de fome, e toda aquella fartura será esquecida na terra do Egypto, e a fome consumirá a terra;

31 E não será conhecida a abundancia na terra, por causa d’aquella fome que haverá depois; porquanto será gravissima.

32 E que o sonho foi duplicado duas vezes a Pharaó, é [12] porquanto esta coisa é determinada de Deus, e Deus se apressa a fazel-a.

33 Portanto Pharaó se proveja agora d’um varão entendido e sabio, e o ponha sobre a terra do Egypto:

34 Faça isso Pharaó, e ponha governadores sobre a terra, [13] e tome a quinta parte da terra do Egypto nos sete annos de fartura,

35 E ajuntem toda a comida d’estes bons annos, que veem, e amontoem o trigo debaixo da mão de Pharaó, para mantimento nas cidades, e o guardem;

36 Assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete annos de fome, que haverá na terra do Egypto; para que a terra não pereça de fome.

37 E esta palavra foi boa aos olhos de[41] Pharaó, [14] e aos olhos de todos os seus servos.

Pharaó põe José como governador do Egypto.

Antes de Christo 1715

38 E disse Pharaó a seus servos: Achariamos um varão como este, em quem haja o espirito de Deus?

39 Depois disse Pharaó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguem ha tão entendido e sabio como tu:

40 Tu estarás sobre a minha casa, [15] e por tua bocca se governará todo o meu povo, sómente no throno eu serei maior que tu.

41 Disse mais Pharaó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egypto.

42 E tirou Pharaó o seu annel da sua mão, e o poz na mão de José, e o fez vestir de vestidos de linho fino, [16] e poz um collar d’oiro no seu pescoço,

43 E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante d’elle: Ajoelhae; [17] assim o poz sobre toda a terra do Egypto.

44 E disse Pharaó a José: Eu sou Pharaó; porém sem ti ninguem levantará a sua mão ou o seu pé em toda a terra do Egypto.

45 E chamou Pharaó o nome de José [DH] Zaphnath-paneah, e deu-lhe por mulher a Asenath, [18] filha de Potiphera, sacerdote de On; e saiu José por toda a terra do Egypto.

46 E José era da edade de trinta annos quando esteve diante da face de Pharaó, rei do Egypto. E saiu José da face de Pharaó, e passou por toda a terra do Egypto.

47 E a terra produziu nos sete annos de fartura a mãos cheias.

48 E ajuntou todo o mantimento dos sete annos, que houve na terra do Egypto, e guardou o mantimento nas cidades, pondo nas cidades o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade.

49 Assim ajuntou José muitissimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porquanto não havia numeração.

50 E nasceram a José dois [19] filhos (antes que viesse um anno de fome), que lhe pariu Asenath, filha de Potiphera, sacerdote de On.

51 E chamou José o nome do primogenito Manasseh [DI]; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pae.

52 E o nome do segundo chamou Ephraim [DJ]; porque disse: Deus me fez [20] crescer na terra da minha afflicção.

53 Então acabaram-se os sete annos de fartura que havia na terra do Egypto,

54 E começaram a vir os sete annos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egypto havia pão.

55 E tendo toda a terra do Egypto fome, clamou o povo a Pharaó por pão; e Pharaó disse a todos os egypcios: Ide a José; o que elle vos disser, fazei.

56 Havendo pois fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia mantimento, [21] e vendeu aos egypcios; porque a fome prevaleceu na terra de Egypto.

57 E todas as terras vinham ao Egypto, para comprar de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.

[1] Dan. 2.1.

[2] Dan. 4.5, 19 e 7.28 e 8.27. Exo. 7.11. Isa. 29.14. Dan. 2.2.

[3] cap. 40.2.

[4] cap. 40.5.

[5] I Sam. 2.8. Psa. 105.20. Psa. 25.14. Dan. 5.16.

[6] ver. 1.

[7] ver. 8. Dan. 4.7.

[8] Dan. 2.29, 45.

[9] II Reis 8.1.

[10] ver. 47.

[11] ver. 54. cap. 47.13.

[12] cap. 37.7, 9. Num. 23.19. Isa. 46.10.

[13] Pro. 6.6, 8 e 22.3.

[14] Act. 7.10.

[15] Psa. 105.21.

[16] Dan. 5.7, 29.

[17] cap. 45.8, 26. Act. 7.10.

[18] Exo. 2.16.

[19] cap. 46.20 e 48.5.

[20] cap. 49.22.

[21] cap. 42.6.

Os irmãos de José descem ao Egypto.

Antes de Christo 1707

42 Vendo então Jacob que havia mantimento no Egypto, [1] disse Jacob a seus filhos: Porque estaes olhando uns para os outros?

2 Disse mais: Eis que tenho ouvido que ha mantimentos no Egypto; descei para lá, e comprae-nos d’ali, para que vivamos e não morramos.

3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo do Egypto.

4 A Benjamin, porém, irmão de José não enviou Jacob com os seus irmãos, porque dizia: [2] Para que lhe não succeda porventura algum desastre.

5 Assim vieram os filhos de Israel para comprar, entre os que vinham ; porque havia fome na terra de Canaan.

6 José, pois, era o governador d’aquella terra; [3] elle vendia a todo o povo da terra; e os irmãos de José vieram, e inclinaram-se a elle com a face na terra.

7 E José, vendo os seus irmãos, conheceu-os; porém mostrou-se estranho para com elles, e fallou com elles asperamente, e disse-lhes: D’onde vindes? E elles disseram: Da terra de Canaan, para comprarmos mantimento.

8 José, pois, conheceu os seus irmãos; mas elles não o conheceram.

9 Então José lembrou-se dos sonhos, [4] que havia sonhado d’elles, e disse-lhes: Vós sois espias, e sois vindos para ver a nudez da terra.

10 E elles lhe disseram: Não, senhor meu; mas teus servos são vindos a comprar mantimento.

[42]

11 Todos nós somos filhos de um varão; somos homens de rectidão; os teus servos não são espias.

12 E elle lhes disse: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.

13 E elles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um varão na terra de Canaan; e eis que aqui o mais novo está com nosso pae hoje; [5] mas um não está mais.

14 Então lhes disse José: Isso é o que vos tenho dito, dizendo que sois espias:

15 N’isto sereis provados; [6] pela vida de Pharaó, não saireis d’aqui senão quando vosso irmão mais novo vier aqui.

16 Enviae um d’entre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, e vossas palavras sejam provadas, se ha verdade comvosco; e se não, pela vida de Pharaó, vós sois espias.

17 E pôl-os juntos em guarda tres dias.

18 E ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; [7] porque eu temo a Deus.

19 Se sois homens de rectidão, que fique um de vossos irmãos preso na casa de vossa prisão; e vós ide, levae mantimento para a fome de vossa casa,

20 E trazei-me o vosso irmão mais novo, [8] e serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E elles assim fizeram.

21 Então disseram uns aos outros: [9] Na verdade, somos culpados ácerca de nosso irmão, pois vimos a angustia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos: por isso vem sobre nós esta angustia.

22 E Ruben respondeu-lhes, dizendo: [10] Não vol-o dizia eu, dizendo: Não pequeis contra o moço; mas não ouvistes: e vêdes aqui, o seu sangue tambem á requerido.

23 E elles não sabiam que José os entendia, porque havia interprete entre elles.

24 E retirou-se d’elles, e chorou. Depois tornou a elles, e fallou-lhes, e tomou a Simeão d’elles, e amarrou-o perante os seus olhos.

Os irmãos de José voltam do Egypto.

25 E ordenou José, que enchessem os seus saccos de trigo, e que lhes restituissem o seu dinheiro a cada um no seu sacco, e lhes dessem comida para o caminho; [11] e fizeram-lhes assim.

26 E carregaram o seu trigo sobre os seus jumentos, e partiram d’ali.

27 E, abrindo [12] um d’elles o seu sacco, para dar pasto ao seu jumento na venda, viu o seu dinheiro; porque eis que estava na bocca do seu sacco.

28 E disse a seus irmãos: Tornou-se o meu dinheiro, e eil-o tambem aqui no meu sacco. Então lhes desfalleceu o coração, e pasmavam, dizendo um ao outro: Que é isto que Deus nos tem feito?

29 E vieram para Jacob, seu pae, na terra de Canaan; e contaram-lhe tudo o que lhes aconteceu, dizendo:

30 O varão, o senhor da terra, fallou comnosco asperamente, [13] e tratou-nos como espias da terra;

31 Mas dissemos-lhe: Somos homens de rectidão: não somos espias:

32 Somos doze irmãos, filhos de nosso pae; um não é mais, e o mais novo está hoje com nosso pae na terra de Canaan.

33 E aquelle varão, o senhor da terra, nos disse: N’isto conhecerei que vós sois homens de rectidão; deixae commigo um de vossos irmãos, e tomae para a fome de vossas casas, e parti,

34 E trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de rectidão; então vos darei o vosso irmão e negociareis na terra.

35 E aconteceu que, [14] despejando elles os seus saccos, eis que cada um tinha a trouxinha com seu dinheiro no seu sacco; e viram as trouxinhas com seu dinheiro, elles e seu pae, e temeram.

36 Então Jacob, seu pae, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; [15] José não está mais, e Simeão não está mais: agora levareis a Benjamin. Todas estas coisas vieram sobre mim.

37 Mas Ruben fallou a seu pae, dizendo: Mata os meus dois filhos, se t’o não tornar a trazer; dá-m’o em minha mão, e t’o tornarei a trazer.

38 Elle porém disse: Não descerá meu filho comvosco; [16] porquanto o seu irmão é morto, e elle só ficou. Se lhe succedesse algum desastre no caminho que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza á sepultura.

[1] Act. 7.12.

[2] ver. 38.

[3] cap. 41.41.

[4] cap. 37.5, 9.

[5] cap. 37.30.

[6] I Sam. 1.26 e 17.55. Thi. 5.12.

[7] Lev. 25.43. Neh. 5.15. Luc. 18.2, 4.

[8] cap. 43.5.

[9] Num. 32.23. I Reis 17.18. Job 36.8, 9. Ose. 5.15.

[10] cap. 37.21. cap. 9.5. I Reis 2.32. II Chr. 24.22. Psa. 9.12.

[11] Mat. 5.44. Rom. 12.17, 20. Eph. 4.2.

[12] cap. 43.21.

[13] ver. 7, 12.

[14] cap. 43.21.

[15] cap. 43.14.

[16] cap. 44.29.

Os irmãos de José descem outra vez ao Egypto.

43 E a fome [1] era gravissima na terra.

2 E aconteceu que, como acabaram de comer o mantimento que trouxeram do[43] Egypto, disse-lhes seu pae: Tornae, comprae-nos um pouco de alimento.

3 Mas Judah respondeu-lhe, dizendo: Fortemente nos protestou aquelle varão, dizendo: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier comvosco.

4 Se enviares comnosco o nosso irmão, desceremos, e te compraremos alimento;

5 Mas se não o enviares, não desceremos; porquanto aquelle varão nos disse: Não vereis a minha face, se o vosso irmão não vier comvosco.

6 E disse Israel: Porque me fizestes tal mal, fazendo saber áquelle varão que tinheis ainda outro irmão?

7 E elles disseram: Aquelle varão particularmente nos perguntou por nós, e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pae? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe conforme as mesmas palavras. Podiamos nós saber que diria: Trazei vosso irmão?

8 Então disse Judah a Israel, seu pae: Envia o mancebo commigo, e levantar-nos-hemos, e iremos, para que vivamos, e não morramos, nem nós, nem tu, nem os nossos filhos.

9 Eu serei fiador por elle, da minha mão o requererás; [2] se eu não t’o trouxer, e não o pozer perante a tua face, serei réu de crime para comtigo para sempre:

10 E se nós não nos tivessemos detido, certamente já estariamos segunda vez de volta.

11 Então disse-lhes Israel, seu pae: Pois que assim é, fazei isso; tomae do mais precioso d’esta terra em vossos vasos, [3] e levae ao varão um presente: um pouco de balsamo, e um pouco de mel, especiarias, e myrrha, terebintho e [DK] amendoas;

12 E tomae em vossas mãos dinheiro dobrado, [4] e o dinheiro que tornou na bocca dos vossos saccos tornae a levar em vossas mãos; bem pode ser que fosse erro;

13 Tomae tambem a vosso irmão, e levantae-vos, e voltae áquelle varão;

14 E Deus Todo-poderoso vos dê misericordia diante do varão, para que deixe vir comvosco vosso outro irmão, [5] e Benjamin; e eu, se fôr desfilhado, desfilhado ficarei.

Os irmãos de José jantam com elle.

15 E os varões tomaram aquelle presente, e tomaram dinheiro dobrado em suas mãos, e a Benjamin: e levantaram-se, e desceram ao Egypto, e apresentaram-se diante da face de José.

16 Vendo pois José a Benjamin com elles, disse ao que estava sobre a sua casa: [6] Leva estes varões á casa, e mata rezes, e apresta; porque estes varões comerão commigo ao meio dia.

17 E o varão fez como José dissera, e o varão levou aquelles varões á casa de José.

18 Então temeram aquelles varões, porquanto foram levados á casa de José, e diziam: Por causa do dinheiro que d’antes foi [DL] tornado nos nossos saccos, fomos levados aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, e a nossos jumentos.

19 Por isso chegaram-se ao varão que estava sobre a casa de José, e fallaram com elle á porta da casa,

20 E disseram: Ai! senhor meu, certamente descemos d’antes a comprar mantimento;

21 E aconteceu que, [7] chegando nós á venda, e abrindo os nossos saccos, eis que o dinheiro de cada varão estava na bocca do seu sacco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazel-o em nossas mãos;

22 Tambem trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro nos nossos saccos.

23 E elle disse: Paz seja comvosco, não temaes; o vosso Deus, e o Deus de vosso pae, vos tem dado um thesoiro nos vossos saccos; o vosso dinheiro me chegou a mim. E trouxe-lhes fóra a Simeão.

24 Depois levou o varão aquelles varões á casa de José, [8] e deu-lhes agua, e lavaram os seus pés; tambem deu pasto aos seus jumentos.

25 E prepararam o presente, para quando José viesse ao meio dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer pão.

26 Vindo pois José a casa, trouxeram-lhe a casa o presente, [9] que estava na sua mão; e inclinaram-se a elle á terra.

27 E [10] elle lhes perguntou como estavam, e disse: Vosso pae, o velho de quem fallastes, está bem? ainda vive?

28 E elles disseram: Bem está o teu servo, nosso pae [11] vive ainda. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.

29 E elle levantou os seus olhos, e viu a Benjamin, seu irmão, [12] filho de sua mãe, e disse: Este é vosso irmão mais novo de quem me fallastes? Depois elle[44] disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.

30 E José apressou-se, [13] porque as suas entranhas moveram-se para o seu irmão, e procurou onde chorar; e entrou na camara, e chorou ali.

31 Depois lavou o seu rosto, e saiu; e conteve-se, e disse: Ponde pão.

32 E pozeram-lhe a elle á parte, e a elles á parte, e aos egypcios, que comiam com elle, á parte; porque os egypcios não podem comer pão com os hebreus, porquanto é abominação para os egypcios.

33 E assentaram-se diante d’elle, o primogenito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade: do que os varões se maravilhavam entre si.

34 E apresentou-lhes as porções que estavam diante d’elle; porém a porção de Benjamin era cinco vezes maior do que as porções d’elles todos. E elles beberam, e se regalaram com elle.

[1] cap. 41.54.

[2] cap. 44.32.

[3] Pro. 18.16. cap. 37.25.

[4] cap. 42.35.

[5] Neh. 1.11. Psa. 37.5.

[6] cap. 44.1.

[7] cap. 42.27.

[8] cap. 18.4 e 24.32.

[9] cap. 37.7, 10.

[10] cap. 42.11, 13.

[11] cap. 37.7, 10.

[12] cap. 35.17, 18.

[13] I Reis 3.20. Jer. 31.20. Phi. 1.8 e 2.1. Col. 3.12.

A astucia de José para deter seus irmãos.

44 E deu ordem ao que estava sobre a sua casa, dizendo: Enche os saccos d’estes varões de mantimento, quanto poderem levar, e põe o dinheiro de cada varão na bocca do seu sacco.

2 E o meu copo, o copo de prata, porás na bocca do sacco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. E fez conforme a palavra de José, que tinha dito.

3 Vinda a luz da manhã, despediram-se estes varões, elles com os seus jumentos.

4 Saindo elles da cidade, e não se havendo ainda distanciado, disse José ao que estava sobre a sua casa: Levanta-te, e persegue aquelles varões: e, alcançando-os, lhes dirás: Porque pagastes mal por bem?

5 Não é este o copo por que bebe meu senhor? e em que elle bem [DM] attenta? fizestes mal no que fizestes.

6 E alcançou-os, e fallou-lhes as mesmas palavras.

7 E elles disseram-lhe: Porque diz meu senhor taes palavras? longe estejam teus servos de fazerem similhante coisa.

8 Eis que o dinheiro, [1] que temos achado nas boccas dos nossos saccos, te tornámos a trazer desde a terra de Canaan: como pois furtariamos da casa do teu senhor prata ou oiro?

9 Aquelle, [2] com quem de teus servos fôr achado, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.

10 E elle disse: Ora seja tambem assim conforme as vossas palavras; aquelle com quem se achar será meu escravo, porém vós sereis desculpados.

11 E elles apressaram-se, e cada um poz em terra o seu sacco, e cada um abriu o seu sacco.

12 E buscou, começando do maior, e acabando no mais novo: e achou-se o copo no sacco de Benjamin.

13 Então rasgaram os seus vestidos, [3] e carregou cada um o seu jumento, e tornaram á cidade.

14 E veiu Judah com os seus irmãos á casa de José, porque elle ainda estava ali; [4] e prostraram-se diante d’elle na terra.

15 E disse-lhes José: Que é isto que obrastes? não sabeis vós que tal homem como eu bem [DN] attentara?

A humilde supplica de Judah.

16 Então disse Judah: Que diremos a meu senhor? que fallaremos? e como nos justificaremos? Achou Deus a iniquidade de teus servos; [5] eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquelle em cuja mão foi achado o copo.

17 Mas elle disse: [6] Longe de mim que eu tal faça; o varão em cuja mão o copo foi achado, aquelle será meu servo; porém vós subi em paz para vosso pae.

18 Então Judah se chegou a elle, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se accenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Pharaó.

19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pae, ou irmão?

20 E dissemos a meu senhor: Temos um pae velho, e um moço da sua velhice, o mais novo, cujo irmão é morto; e elle ficou só de sua mãe, [7] e seu pae o ama.

21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-m’o a mim, e porei os meus olhos sobre elle.

22 E nós dissemos a meu senhor: Aquelle moço não poderá deixar a seu pae: se deixar a seu pae, morrerá.

23 Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer comvosco, [8] nunca mais vereis a minha face.

24 E aconteceu que, subindo nós a teu servo meu pae, e contando-lhe as palavras de meu senhor,

[45]

25 Disse nosso pae: [9] Tornae, comprae-nos um pouco de mantimento.

26 E nós dissemos: Não poderemos descer; se nosso irmão menor fôr comnosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do varão, se este nosso irmão menor não estiver comnosco.

27 Então disse-nos teu servo meu pae: [10] Vós sabeis que minha mulher me pariu dois;

28 E um saiu de mim, e eu disse: [11] Certamente foi despedaçado, e não o tenho visto até agora;

29 Se agora tambem tirardes a este da minha face, e lhe acontecesse algum desastre, farieis descer as minhas cãs com dôr á sepultura.

30 Agora pois, vindo eu a teu servo meu pae, e o moço não indo comnosco, pois que a sua alma está atada com a alma d’elle,

31 Acontecerá que, vendo elle que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pae, com tristeza á sepultura.

32 Porque teu servo [12] se deu por fiador por este moço para com meu pae, dizendo: Se não t’o tornar, eu serei culpado a meu pae todos os dias.

33 Agora, pois, fique teu servo em logar d’este moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.

34 Porque como subirei eu a meu pae, se o moço não fôr commigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pae.

[1] cap. 43.22.

[2] cap. 31.32.

[3] cap. 37.29, 34. Num. 14.6. II Sam. 1.11.

[4] cap. 37.7.

[5] Esd. 9.10. Job 40.4. Num. 32.23. Jos. 7.18. Luc. 12.2.

[6] Pro. 17.15.

[7] cap. 37.3.

[8] cap. 43.3, 5.

[9] cap. 43.2.

[10] cap. 30.23 e 35.18 e 46.19.

[11] cap. 37.33.

[12] cap. 43.9.

José dá-se a conhecer a seus irmãos.

Antes de Christo 1706

45 Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com elle; e clamou: Fazei sair de mim a todo o varão; e ninguem ficou com elle, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.

2 E levantou a sua voz com chôro, de maneira que os egypcios o ouviam, e a casa de Pharaó o ouviu.

3 E disse José a seus irmãos: Eu sou José: vive ainda meu pae? E seus irmãos não lhe poderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face.

4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegae-vos a mim. E chegaram-se; então disse elle: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egypto.

5 Agora, pois, não vos entristeçaes, [1] nem vos peze aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face.

6 Porque já houve dois annos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco annos em que não haverá lavoura nem sega.

7 Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para que ficasseis um resto na terra, e para guardar-vos em vida por uma grande livração.

8 Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pae de Pharaó, [2] e por senhor de toda a sua casa, e como [DO] regente em toda a terra do Egypto.

9 Apressae-vos, e subi a meu pae, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egypto; desce a mim, e não te demores;

10 E habitarás na terra de Gosen, [3] e estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vaccas, e tudo o que tens.

11 E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco annos de fome, para que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.

12 E eis que vossos olhos o vêem, e os olhos de meu irmão Benjamin, que é minha bocca que vos falla.

13 E fazei saber a meu pae toda a minha gloria no Egypto, e tudo o que tendes visto, [4] e apressae-vos a fazer descer meu pae para cá.

14 E lançou-se ao pescoço de Benjamin seu irmão, e chorou; e Benjamin chorou tambem ao seu pescoço.

Pharaó ouve fallar dos irmãos de José.

15 E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre elles; e depois seus irmãos fallaram com elle.

16 E a fama ouviu-se na casa de Pharaó, dizendo: Os irmãos de José são vindos; e pareceu bem aos olhos de Pharaó, e aos olhos de seus servos.

17 E disse Pharaó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto, carregae as vossas bestas e parti, tornae á terra de Canaan,

18 E tornae a vosso pae, e a vossas familias, e vinde a mim; e eu vos farei o melhor da terra do Egypto, [5] e comereis a gordura da terra.

19 A ti pois é ordenado; fazei isto, tomae vós da terra do Egypto carros para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pae, e vinde.

20 E não vos peze coisa alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egypto será vosso.

21 E os filhos de Israel fizeram assim.[46] E José deu-lhes carros, conforme o mandado de Pharaó; tambem lhes deu comida para o caminho.

22 A todos lhes deu, a cada um, mudas de vestidos; mas a Benjamin deu trezentas peças de prata, [6] e cinco mudas de vestidos.

23 E a seu pae enviou similhantemente dez jumentos carregados do melhor do Egypto, e dez jumentos carregados de trigo, e pão, e comida para seu pae, para o caminho.

24 E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendaes pelo caminho.

25 E subiram do Egypto, e vieram á terra de Canaan, a Jacob seu pae.

26 Então lhe annunciaram, dizendo: José ainda vive, e elle tambem é regente em toda a terra do Egypto. [7] E o seu coração desmaiou-se, porque não os acreditava.

27 Porém, havendo-lhe elles contado todas as palavras de José, que elle lhes fallára, e vendo elle os carros que José enviara para leval-o, reviveu o espirito de Jacob seu pae.

28 E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei, e o verei antes que morra.

[1] cap. 37.28. II Cor. 2.7.

[2] João 19.11. cap. 41.43.

[3] cap. 46.29 e 47.1, 6. Exo. 8.22 e 9.26.

[4] Act. 7.14.

[5] cap. 47.6.

[6] cap. 43.34.

[7] Job 9.16 e 29.24. Psa. 126.1. Luc. 24.11, 41.

Jacob e toda a sua familia descem ao Egypto.

46 E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veiu a [1] Berseba, e sacrificou sacrificios ao Deus de seu pae Isaac.

2 E fallou Deus a Israel em visões da noite, [2] e disse: Jacob, Jacob! E elle disse: Eis-me aqui.

3 E disse: Eu sou o Deus, o Deus de teu pae; [3] não temas de descer ao Egypto, porque eu te farei ali uma grande nação.

4 E descerei comtigo ao Egypto, e certamente te farei tornar a subir, [4] e José porá a sua mão sobro os teus olhos.

5 Então levantou-se Jacob de Berseba, e os filhos de Israel levaram a seu pae Jacob, e seus meninos, e as suas mulheres, [5] nos carros que Pharaó enviara para o levar.

6 E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaan, [6] e vieram ao Egypto, Jacob e toda a sua semente com elle,

7 Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com elle, as suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou comsigo ao Egypto.

8 E estes são os nomes dos filhos de Israel, [7] que vieram ao Egypto, Jacob e seus filhos: Ruben, o primogenito de Jacob,

9 E os filhos de Ruben: Hanoch, e Pallu, e Hezron, e Carmi.

10 E os filhos de Simeão: Jemuel, e Jamin, e Ohad, e Jachin, e Zohar, e Shaul, filho de uma mulher cananea.

11 E os filhos de Levi: Gerson, Kohath, e Merari.

12 E os filhos de Judah: Er, e Onan, e Sela, e Perez, e Serah; [8] Er e Onan, porém, morreram na terra de Canaan; e os filhos de Perez foram Hezron e Hamul.

13 E os filhos de Issacar: Tola, e Puah, e Iob, e Simron.

14 E os filhos de Zebulon: Sered, e Elon, e Jahleel.

15 Estes são os filhos de Leah, que pariu a Jacob em Paddan-aram, com Dinah, sua filha: todas as almas de seus filhos e de suas filhas foram trinta e tres.

16 E os filhos de Gad: Ziphion, e Haggi, Shuni, e Ezbon, Eri, e Arodi, e Areli.

17 E os filhos de Asher: Imnah, e Ischva, e Ischvi, e Beria, e Serah, a irmã d’elles: e os filhos de Beria: Heber e Malchiel.

18 Estes são os filhos de Zilpah, [9] que Labão deu á sua filha Leah; e pariu a Jacob estas dezeseis almas.

19 Os filhos de Rachel, mulher de Jacob: José e Benjamin.

20 E nasceram a José na terra do Egypto Manasseh e Ephraim, que lhe pariu Asenath, [10] filha de Potiphera, sacerdote de On.

21 E os filhos de Benjamin: Belah, Becher, e Asbel, Gera, e Naaman, Echi e Rosh, Muppim, e Huppim, e Ard.

22 Estes são os filhos de Rachel, que nasceram a Jacob, ao todo quatorze almas.

23 E os filhos de Dan: Husim.

24 E os filhos de Naphtali: Jahzeel, e Guni, e Jezer, e Shilem.

25 Estes são os filhos de Bilha, [11] que Labão deu á sua filha Rachel; e pariu estes a Jacob; todas as almas foram sete.

26 Todas as almas que vieram com Jacob ao Egypto, que sairam da sua côxa, sem as mulheres dos filhos de Jacob, todas foram sessenta e seis almas.

[47]

27 E os filhos de José, que lhe nasceram no Egypto, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacob, que vieram ao Egypto, [12] foram setenta.

O encontro de José com seu pae.

28 E enviou a Judah diante da sua face a José, para o encaminhar a Gosen; e chegaram á [13] terra de Gosen.

29 Então José apromptou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pae, a Gosen. E, mostrando-se-lhe, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.

30 E Israel disse a José: Morra eu agora, [14] pois já tenho visto o teu rosto, que ainda vives.

31 Depois disse José a seus irmãos, e á casa de seu pae: Eu subirei, e annunciarei a Pharaó, e lhe direi: Meus irmãos, e a casa de meu pae, que estavam na terra de Canaan, vieram a mim!

32 E os varões são pastores de ovelhas, porque são homens de gado, e trouxeram comsigo as suas ovelhas, e as suas vaccas, e tudo o que teem.

33 Quando pois acontecer que Pharaó vos chamar, e disser: [15] Qual é vosso [DP] negocio?

34 Então direis: [16] Teus servos foram homens de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como os nossos paes; para que habitemos na terra de Gosen; porque todo o pastor de ovelhas é abominação aos egypcios.

[1] cap. 21.31 e 31.42, 53.

[2] cap. 15.1. Job 33.15.

[3] cap. 12.2. Deu. 26.5.

[4] cap. 15.16 e 50.13, 25. Exo. 3.8. cap. 50.1. Act. 7.15.

[5] cap. 45.19, 27.

[6] Num. 20.15. Deu. 26.5. Jos. 24.4. Psa. 105.23. Isa. 52.4.

[7] Exo. 1.1 e 6.14. Num. 26.5.

[8] I Chr. 2.3.

[9] cap. 29.24 e 30.10.

[10] cap. 41.50.

[11] cap. 29.29.

[12] Deu. 10.22. Act. 7.14.

[13] cap. 47.1.

[14] Luc. 2.29, 30.

[15] cap. 47.3.

[16] cap. 30.35 e 37.12. Exo. 8.26.

José annuncia a Pharaó a chegada de seu pae.

47 Então veiu José, e annunciou a Pharaó, e disse: Meu pae, e os meus irmãos, e as suas ovelhas, e as suas vaccas, com tudo o que teem, são vindos da terra de Canaan, [1] e eis que estão na terra de Gosen.

2 E [2] tomou uma parte de seus irmãos, a saber cinco varões, e os poz diante de Pharaó.

3 Então disse Pharaó a seus irmãos: Qual é vosso negocio? E elles disseram a Pharaó: Teus servos são pastores de ovelhas, tanto nós como nossos paes.

4 Disseram mais a Pharaó: [3] Viemos para peregrinar n’esta terra; porque não ha pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaan; agora pois rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gosen.

5 Então fallou Pharaó a José, dizendo: Teu pae e teus irmãos vieram a ti:

6 A terra do Egypto está diante da tua face, no melhor da terra faze habitar teu pae e teus irmãos; habitem na terra de Gosen: e se sabes que entre elles ha homens [DQ] valentes, os porás por maioraes do [4] gado, sobre o que eu tenho.

7 E trouxe José a Jacob, seu pae, e o poz diante de Pharaó; e Jacob abençoou a Pharaó.

8 E Pharaó disse a Jacob: Quantos são os dias dos annos da tua vida?

9 E Jacob disse a Pharaó: Os dias dos annos das minhas peregrinações são cento e trinta annos; [5] poucos e maus foram os dias dos annos da minha vida, e não chegaram aos dias dos annos da vida de meus paes nos dias das suas peregrinações.

10 E Jacob abençoou a Pharaó, e saiu de diante da face de Pharaó.

11 E José fez habitar a seu pae e seus irmãos, e deu-lhes possessão na terra do Egypto, no melhor da terra, na terra de Rameses, [6] como Pharaó ordenara.

12 E José sustentou de pão a seu pae, e seus irmãos, e toda a casa de seu pae, segundo os seus meninos.

Como José comprou toda a terra do Egypto para Pharaó.

13 E não havia pão em toda a terra, [7] porque a fome era mui grave; de maneira que a terra do Egypto e a terra de Canaan desfalleciam por causa da fome.

14 Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egypto, e na terra de Canaan, pelo trigo que compravam: e José trouxe o dinheiro á casa de Pharaó.

15 Acabando-se pois o dinheiro da terra do Egypto, e da terra de Canaan, vieram todos os egypcios a José, dizendo: Dá-nos pão; porque morreremos em tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.

16 E José disse: Dae o vosso gado, e eu vol-o darei por vosso gado, se falta o dinheiro.

17 Então trouxeram o seu gado a José: e José deu-lhes pão em troca de cavallos, e do gado das ovelhas, e do gado das vaccas e dos jumentos; e os sustentou de pão aquelle anno por todo o seu gado.

18 E acabado aquelle anno, vieram a elle no segundo anno, e disseram-lhe: Não occultaremos ao meu senhor que o dinheiro é acabado, e meu senhor possue os animaes, e nenhuma outra coisa nos ficou diante da face de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;

19 Porque morreremos diante dos teus[48] olhos, tanto nós como a nossa terra? [8] compra-nos a nós e á nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Pharaó, e dá semente para que vivamos, e não morramos, e a terra não se desole.

Antes de Christo 1702

20 Assim José comprou toda a terra do Egypto para Pharaó, porque os egypcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre elles: e a terra ficou sendo de Pharaó.

21 E, quanto ao povo, fel-o passar ás cidades, desde uma extremidade da terra do Egypto até á outra extremidade.

22 Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham porção de Pharaó, e elles comiam a sua porção que Pharaó lhes tinha dado; por isso não venderam a sua terra.

23 Então disse José ao povo: Eis que hoje tenho comprado a vós e a vossa terra para Pharaó; eis ahi tendes semente para vós, para que semeeis a terra.

24 Ha de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Pharaó, e as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento, e dos que estão nas vossas casas, e para que comam vossos meninos.

25 E disseram: A vida nos tens dado; achemos graça nos olhos de meu senhor, e seremos servos de Pharaó.

26 José pois poz isto por estatuto até ao dia de hoje, sobre a terra do Egypto, que Pharaó tirasse o quinto: só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Pharaó.

27 Assim habitou Israel na terra do Egypto, na terra de Gosen, e n’ella tomaram possessão, [9] e fructificaram, e multiplicaram-se muito.

28 E Jacob viveu na terra do Egypto dezesete annos: de sorte que os dias de Jacob, os annos da sua vida, foram cento e quarenta e sete annos.

29 Chegando-se pois o tempo da morte d’Israel, chamou a José seu filho, e disse-lhe: Se agora tenho achado graça em teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha côxa, [10] e usa commigo de beneficencia e verdade; rogo-te que me não enterres no Egypto.

30 Mas que eu jaza com os meus paes; [11] por isso me levarás do Egypto, e me sepultarás na sepultura d’elles. E elle disse: Farei conforme a tua palavra.

31 E disse elle: Jura-me. E elle jurou-lhe; e Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.

[1] cap. 46.28.

[2] Act. 7.13.

[3] cap. 15.13. Deu. 26.5. Psa. 105.23. Isa. 52.4.

[4] I Chr. 27.29. Exo. 1.11.

[5] cap. 25.7, 8 e 35.28.

[6] ver. 6.

[7] cap. 41.30, 31.

[8] Job 2.4. Lam. 1.1.

[9] Exo. 1.7, 12. Deu. 10.22. Neh. 9.23.

[10] cap. 24.2.

[11] cap. 50.5, 13.

Jacob adoece.

Antes de Christo 1689

48 E aconteceu pois depois d’estas coisas, que um disse a José: Eis que teu pae está enfermo. Então tomou comsigo os seus dois filhos Manasseh e Ephraim.

2 E um deu parte a Jacob, e disse: Eis que José teu filho vem a ti. E esforçou-se Israel, e assentou-se sobre a cama.

3 E Jacob disse a José: [1] O Deus Todo-poderoso me appareceu em Luz, na terra de Canaan, e me abençoou,

4 E me disse: Eis que te farei fructificar e multiplicar, e te porei por multidão de povos, e darei esta terra á tua semente depois de ti, [2] em possessão perpetua.

5 Agora, pois, os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egypto, [3] antes que eu viesse a ti no Egypto, são meus: Ephraim e Manasseh serão meus, como Ruben e Simeão;

6 Mas a tua geração, que gerarás depois d’elles, será tua: segundo o nome de seus irmãos serão chamados na sua herança.

7 Vindo pois eu de Paddan, me [4] morreu Rachel na terra de Canaan, no caminho, quando ainda ficava um pequeno espaço de terra para vir a Ephrata; e eu a sepultei ali, no caminho d’Ephrata, que é Beth-lehem.

8 E Israel viu os filhos de José, e disse: Quem são estes?

9 E José disse a seu pae: Elles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. E elle disse: [5] Peço-te, traze-m’os aqui, para que os abençoe.

10 Os olhos porem d’Israel eram carregados de velhice, já não podia vêr; e fel-os chegar a elle, e beijou-os, e abraçou-os.

Jacob abençoa José e os filhos d’este.

11 E Israel disse a José: Eu não cuidara vêr o teu rosto; [6] e eis que Deus me fez vêr a tua semente tambem.

12 Então José os tirou de seus joelhos, [7] e inclinou-se á terra diante da sua face.

13 E tomou José a ambos elles, a Ephraim na sua mão direita á esquerda d’Israel, e Manasseh na sua mão esquerda á direita d’Israel, e fel-os chegar a elle.

14 Mas Israel estendeu a sua mão direita, e a poz sobre a cabeça d’Ephraim, ainda que era o menor, e a sua esquerda sobre a cabeça de Manasseh, dirigindo[49] as suas mãos avisadamente, ainda que Manasseh era o primogenito.

15 E abençoou a José, e disse: O Deus, [8] em cuja presença andaram os meus paes Abrahão e Isaac, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia:

16 O anjo que me [DR] livrou de todo o mal, [9] abençôe estes rapazes, e seja chamado n’elle o meu nome, e o nome de meus paes Abrahão e Isaac, e multipliquem-se, como peixes, em multidão no meio da terra.

17 Vendo pois José que seu pae punha a sua mão direita sobre a cabeça d’Ephraim, foi máu aos seus olhos; e tomou a mão de seu pae, para a transpor de sobre a cabeça de Ephraim á cabeça de Manasseh.

18 E José disse a seu pae: Não assim, meu pae, porque este é o primogenito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça.

19 Mas seu pae o recusou, e disse: Eu o sei, filho meu, eu o sei: tambem elle será um povo, e tambem elle [10] será grande: comtudo o seu irmão menor será maior que elle, e a sua semente será uma [DS] multidão de nações.

20 Assim os abençoou n’aquelle dia, dizendo: Em ti abençoará Israel, dizendo: [11] Deus te ponha como a Ephraim e como a Manasseh. E poz a Ephraim diante de Manasseh.

21 Depois disse Israel a José: Eis que eu morro, [12] mas Deus será comvosco, e vos fará tornar á terra de vossos paes.

22 E eu te tenho dado a ti um pedaço da terra sobre teus irmãos, que [13] tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorrheos.

[1] cap. 28.13, 19 e 35.6.

[2] cap. 17.8. Amós 9.14, 15.

[3] cap. 41.50, 52. I Chr. 5.1.

[4] cap. 35.16, 19.

[5] cap. 27.4. Heb. 11.21.

[6] cap. 37.33, 35 e 45.26.

[7] Exo. 20.12.

[8] cap. 17.1 e 24.40. Psa. 103.4, 5.

[9] cap. 31.11. Isa. 63.9. Psa. 34.22. Num. 26.34, 37.

[10] Deu. 33.17.

[11] Ruth 4.11, 12.

[12] cap. 50.24. Jos. 23.14.

[13] Jos. 24.32. João 4.5.

Jacob abençoa seus filhos e morre.

49 Depois chamou Jacob a seus filhos, e disse: [1] Ajuntae-vos, e annunciar-vos-hei o que vos ha de acontecer nos derradeiros dias:

2 Ajuntae-vos, [2] e ouvi, filhos de Jacob; e ouvi a Israel vosso pae:

3 Ruben, tu és meu primogenito, minha força, [3] e o principio de meu vigor, o mais excellente em alteza, e o mais excellente em potencia.

4 Fervente como a agua, não serás o mais excellente; porquanto subiste ao leito de teu pae. Então o contaminaste; subiu á minha cama.

5 Simeão e Levi são irmãos: [4] as suas espadas são instrumentos de violencia.

6 No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação minha gloria não se ajunte; porque no seu furor mataram varões, e na sua teima arrebataram bois.

7 Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura: [5] eu os dividirei em Jacob, e os espalharei em Israel.

8 Judah, te louvarão os teus irmãos; [6] a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: os filhos de teu pae a ti se inclinarão.

9 Judah é um leãosinho, [7] da preza subiste, filho meu: encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho: quem o despertará?

10 O sceptro [8] não se arredará de Judah, nem o legislador d’entre seus pés, até que não venha Shiloh; e a elle [DT] congregarão os povos.

11 Elle amarrará o seu jumentinho á vide, e o filho da sua jumenta á cepa mais excellente: elle lavará o seu vestido no vinho, e a sua capa em sangue de uvas.

12 Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.

13 Zabulon [9] habitará no porto dos mares, e será porto dos navios, e o seu termo será para Sidon.

14 Issacar é jumento de fortes ossos, [DU] deitado entre dois fardos.

15 E viu elle que o descanço era bom, e seu hombro para acarretar, e serviu debaixo de tributo.

16 Dan julgará o seu povo, como uma das tribus d’Israel.

17 Dan será serpente junto ao caminho, uma vibora junto á vereda, que morde os calcanhares do cavallo, e faz cair o seu cavalleiro por detrás.

18 A tua salvação espero, [10] ó Senhor!

19 Quanto a Gad, [11] uma tropa o accommetterá; mas elle a accommetterá por fim.

20 De Aser, o seu pão será gordo, e elle dará delicias reaes.

21 Naphtali é uma cerva solta: elle dá palavras formosas.

22 José é um ramo fructifero, ramo fructifero junto á fonte; seus ramos correm sobre o muro.

23 Os frecheiros lhe deram amargura, [12] e o frecharam e [DV] aborreceram.

[50]

24 O seu arco, porém, susteve-se no forte, [13] e os braços de suas mãos foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacob (d’onde é o pastor e a pedra d’Israel).

25 Pelo Deus de teu pae, o qual te ajudará, e pelo Todo-poderoso, o qual te abençoará com bençãos dos céus de cima, com bençãos do abysmo que está debaixo, com bençãos dos peitos e da madre.

26 As bençãos de teu pae excederão as bençãos de meus paes, até á extremidade dos outeiros eternos: ellas estarão sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do separado de seus irmãos.

27 Benjamin é lobo que despedaça; [14] pela manhã comerá a preza, e á tarde repartirá o despojo.

28 Todas estas são as doze tribus de Israel: e isto é o que lhes fallou seu pae quando os abençoou; a cada um d’elles abençoou segundo a sua benção.

29 Depois ordenou-lhes, e disse-lhes: [15] Eu me congrego ao meu povo; sepultae-me com meus paes, na cova que está no campo de Ephron, o hetheo,

30 Na cova que está no campo de Machpela, que está em frente de Mamre, na terra de Canaan, a qual Abrahão comprou com aquelle campo de Ephron, o hetheo, por [16] herança de sepultura:

31 Ali sepultaram a Abrahão, e a Sarah sua mulher: ali sepultaram a Isaac, e a Rebecca sua mulher: e ali eu sepultei a Leah.

32 O campo, e a cova que está n’elle, foi comprado aos filhos de Heth.

33 Acabando pois Jacob de dar mandamentos a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, [17] e espirou, e foi congregado ao seu povo.

[1] Deu. 33.1. Num. 24.14. Isa. 2.2.

[2] Deu. 21.17.

[3] cap. 35.22. I Chr. 5.1.

[4] cap. 29.33, 34 e 34.25, 29.

[5] Jos. 21.5, 7.

[6] I Chr. 5.2.

[7] Num. 23.24. Apo. 5.5.

[8] Num. 24.17. Psa. 60.7 e 108.8. Isa. 33.22. Isa. 9.5, 6. Luc. 1.32, 33.

[9] Deu. 33.18. Jos. 19.10.

[10] Isa. 25.9.

[11] I Chr. 5.18.

[12] cap. 37.4 &c. e 39.20.

[13] Job 29.20. Psa. 18.32, 34. cap. 45.10, 11 e 50.21. Isa. 28.16.

[14] Jui. 20.21, 25.

[15] cap. 47.30.

[16] cap. 23.3, &c.

[17] ver. 29.

A lamentação por Jacob e o seu enterro.

50 Então José se lançou sobre o rosto de seu pae; e chorou sobre elle, e o beijou.

2 E José ordenou aos seus servos, os medicos, que embalsamassem a seu pae: e os medicos embalsamaram a Israel.

3 E cumpriram-se-lhe quarenta dias; porque assim se cumprem os dias d’aquelles que se embalsamam: e os egypcios o choraram setenta dias.

4 Passados pois os dias de seu choro, fallou José á casa de Pharaó, dizendo: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que falleis aos ouvidos de Pharaó, dizendo:

5 Meu pae me fez jurar, [1] dizendo: Eis que eu morro: em meu sepulchro, que cavei para mim na terra de Canaan, ali me sepultarás. Agora pois, te peço, que eu suba, para que sepulte a meu pae; então voltarei.

6 E Pharaó disse: Sobe, e sepulta a teu pae como elle te fez jurar.

7 E José subiu para sepultar a seu pae: e subiram com elle todos os servos de Pharaó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egypto,

8 Como tambem toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pae: sómente deixaram na terra de Gosen os seus meninos e as suas ovelhas, e as suas vaccas.

9 E subiram tambem com elle, tanto carros como gente a cavallo; e o concurso foi grandissimo.

10 Chegando elles pois á [DW] planicie do espinhal, que está além do Jordão, fizeram um grande e gravissimo pranto; e fez a seu pae um grande pranto por sete dias.

11 E vendo os moradores da terra, os cananeos, o luto na planicie do espinhal, disseram: É este o pranto grande dos egypcios. Por isso chamou-se o seu nome Abelmizraim, que está além do Jordão.

12 E fizeram-lhe os seus filhos assim [2] como elle lhes ordenara,

13 Pois os seus filhos o levaram á terra de Canaan, e o sepultaram na cova do campo de Machpela, que Abrahão tinha comprado com o campo, por herança de sepultura, d’Ephron, o hetheo, [3] em frente de Mamre.

José anima a seus irmãos.

14 Depois tornou-se José para o Egypto, elle e seus irmãos, e todos os que com elle subiram a sepultar seu pae, depois de haver sepultado seu pae.

15 Vendo então os irmãos de José que seu pae já estava morto, disseram: Porventura nos aborrecerá José, e nos pagará certamente todo o mal que lhe fizemos.

16 Portanto enviaram a José, dizendo: Teu pae mandou, antes da sua morte, dizendo:

17 Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos, e o seu peccado, [4] porque te fizeram mal: agora pois rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pae. E José chorou quando elles lhe fallavam.

[51]

18 Depois vieram tambem seus irmãos, e prostraram-se diante d’elle, e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.

19 E José lhes disse: Não temaes, porque porventura [5] estou eu em logar de Deus?

20 Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o intentou para bem, para fazer como está n’este dia, [6] para conservar em vida a um povo grande:

21 Agora pois não temaes: [7] eu vos sustentarei a vós e a vossos meninos. Assim os consolou, e fallou segundo o coração d’elles.

A morte de José.

22 José pois habitou no Egypto, elle e a casa de seu pae: e viveu José cento e dez annos,

23 E viu José os filhos de Ephraim, da terceira geração: tambem [8] os filhos de Machir, filho de Manasseh, nasceram sobre os joelhos de José.

24 E disse José a seus irmãos: Eu morro; [9] mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir d’esta terra á terra que jurou a Abrahão, a Isaac e a Jacob.

25 E [10] José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos d’aqui.

26 E morreu José da edade de cento e dez annos; e o embalsamaram, e o pozeram n’um caixão no Egypto.

[1] cap. 47.29.

[2] cap. 49.29.

[3] cap. 23.16. Act. 7.16.

[4] Mat. 6.12, 14 e 18.35. Luc. 17.3, 4. Eph. 4.32. Col. 3.13. Thi. 5.16.

[5] cap. 45.8. Job 34.29.

[6] Act. 2.23 e 3.18.

[7] Mat. 5.44.

[8] Job 42.16. Num. 32.39.

[9] Exo. 3.16. cap. 15.18 e 26.3 e 35.2.

[10] Exo. 13.19. Jos. 24.32. Heb. 11.22.


O SEGUNDO LIVRO DE MOYSÉS
CHAMADO

EXODO.

Os descendentes de Jacob no Egypto.

Antes de Christo 1635

1 Estes pois são [1] os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egypto com Jacob: cada um entrou com sua casa:

2 Ruben, Simeão, Levi, e Judah;

3 Issacar, Zabulon, e Benjamin;

4 Dan e Naphtali, Gad e Aser.

5 Todas as almas, pois, que procederam da côxa de Jacob, foram [2] setenta almas: José, porém, estava no Egypto.

6 Sendo pois José fallecido, e todos os seus irmãos, e toda aquella geração,

7 Os filhos de Israel fructificaram, [3] e augmentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu d’elles.

8 Depois levantou-se um novo rei sobre o Egypto, que não conhecera a José;

9 O qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós.

10 Eia, [4] usemos sabiamente para com elle, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, elle tambem se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra.

11 E pozeram sobre elles maioraes de [DX] tributos, [5] para os affligirem com suas cargas. Porque edificaram a Pharaó cidades de thesouros, Pitom e Ramesses.

12 Mas quanto mais o affligiam, tanto mais se multiplicava, e tanto mais crescia: de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel.

13 E os egypcios faziam servir os filhos de Israel com dureza;

14 Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão em barro, e em tijolos, [6] e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os serviam com dureza.

As parteiras poupam as vidas aos recemnascidos.

15 E o rei do Egypto fallou ás parteiras[52] das hebreas (das quaes o nome de uma era Siphra, e o nome da outra Pua),

16 E disse: Quando ajudardes a parir as hebreas, e as virdes sobre os assentos, se fôr filho, matae-o; mas se fôr filha, então viva.

17 As parteiras, [7] porém, temeram a Deus, e não fizeram como o rei do Egypto lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.

18 Então o rei do Egypto chamou as parteiras, e disse-lhes: Porque fizestes isto, que guardastes os meninos com vida?

19 E as parteiras disseram a Pharaó: Porquanto as mulheres hebreas não são como as egypcias: porque são [DY] vivas, e já teem parido antes que a parteira venha a ellas.

20 Portanto Deus fez bem ás parteiras. [8] E o povo se augmentou, e se fortaleceu muito.

21 E aconteceu que, porquanto as parteiras temeram a Deus, [9] estabeleceu-lhes casas.

22 Então ordenou Pharaó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida.

[1] Gen. 46.8.

[2] Gen. 46.27. Deu. 10.22.

[3] Gen. 46.3. Deu. 26.5. Psa. 105.24. Act. 7.17.

[4] Pro. 21.30. Act. 7.19.

[5] Gen. 15.13. cap. 3.7. Deu. 26.6. Psa. 81.6. Gen. 47.11.

[6] cap. 2.23 e 6.9.

[7] Dan. 3.18 e 6.13. Act. 5.29.

[8] Pro. 11.18. Ecc. 8.12. Isa. 3.10. Heb. 6.10.

[9] I Sam. 2.35. II Sam. 7.11. I Reis 2.24. Psa. 127.1.

O nascimento de Moysés.

2 E foi-se [1] um varão da casa de Levi, e casou com uma filha de Levi.

2 E a mulher concebeu, [2] e pariu um filho, e, vendo que elle era formoso, escondeu-o tres mezes.

3 Não podendo, porém, mais escondel-o tomou uma arca de juncos, e a betumou com betume e pêz; e, pondo n’ella o menino, a poz nos juncos á borda do rio.

4 E sua irmã parou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer.

5 E a filha de Pharaó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzellas passeavam, pela borda do rio: e ella viu a arca no meio dos juncos, e enviou a sua creada, e a tomou.

6 E abrindo-a, viu ao menino, e eis que o menino chorava; e moveu-se [3] de compaixão d’elle, e disse: Dos meninos dos hebreos é este.

7 Então disse sua irmã á filha de Pharaó: Irei eu a chamar uma ama das hebreas, que crie este menino por ti?

8 E a filha de Pharaó disse-lhe: Vae. E foi-se a moça, e chamou a mãe do menino.

9 Então lhe disse a filha de Pharaó: Leva este menino, [4] e cria-m’o: eu te darei teu salario. E a mulher tomou o menino, e creou-o.

10 E, sendo o menino já grande, ella o trouxe á filha de Pharaó, a qual o adoptou; e chamou o seu nome [DZ] Moysés, e disse: Porque das aguas o tenho tirado.

Moysés mata um egypcio e foge para Midian.

Antes de Christo 1571

11 E aconteceu n’aquelles dias que, sendo Moysés já grande, saiu a seus irmãos, [5] e attentou nas suas cargas: e viu que um varão egypcio feria a um hebreu, varão de seus irmãos.

12 E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguem ali havia, feriu ao egypcio, e escondeu-o na areia.

13 E tornou a sair no dia seguinte, [6] e eis que dois varões hebreos contendiam; e disse ao injusto: Porque feres a teu proximo?

14 O qual disse: Quem te tem posto a ti por [EA] maioral e juiz sobre nós? pensas matar-me, como mataste o egypcio? Então temeu Moysés, e disse: Certamente este negocio foi descoberto.

15 Ouvindo pois Pharaó este negocio, procurou matar a Moysés: [7] mas Moysés fugiu de diante da face de Pharaó, e habitou na terra de Midian, e assentou-se junto a um poço.

16 E o sacerdote de Midian tinha sete filhas, as quaes vieram a tirar agua, e encheram as pias, para dar de beber ao rebanho de seu pae.

17 Então vieram os pastores, e lançaram-as d’ali; Moysés porém levantou-se, e defendeu-as, e abeberou-lhes o rebanho.

18 E vindo ellas a Reuel seu pae, elle disse: Porque hoje tomastes tão depressa?

19 E ellas disseram: Um homem egypcio nos livrou da mão dos pastores; e tambem nos tirou agua em abundancia, e abeberou o rebanho.

20 E disse a suas filhas: E onde está elle? porque deixastes o homem? chamae-o para que coma pão.

21 E Moysés consentiu em morar com aquelle homem: [8] e elle deu a Moysés sua filha Zippora,

22 A qual pariu um filho, e elle chamou o seu nome [EB] Gerson, porque disse: Peregrino fui em terra estranha.

[53]

A morte do rei do Egypto.

Antes de Christo 1531

23 E aconteceu depois de muitos d’estes dias, [9] morrendo o rei do Egypto, que os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram: e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão.

24 E ouviu Deus o seu gemido, [10] e lembrou-se Deus do seu concerto com Abrahão, com Isaac, e com Jacob;

25 E attentou Deus para os filhos d’Israel, e conheceu-os Deus.

[1] cap. 6.20.

[2] Act. 7.20. Heb. 11.23.

[3] Psa. 106.46.

[4] Psa. 27.10.

[5] Act. 7.23, 24. Heb. 11.24, 26.

[6] Act. 7.26.

[7] Act. 7.29.

[8] cap. 18.2.

[9] Num. 20.16. Deu. 26.7. Psa. 12.5. cap. 3.9.

[10] Gen. 15.14 e 26.3 e 46.4. Luc. 1.72, 76.

Deus falla com Moysés do meio da sarça ardente.

Antes de Christo 1491

3 E apascentava Moysés o rebanho de Jethro, seu sogro, sacerdote em Midian: e levou o rebanho atrás do deserto, [1] e veiu ao monte de Deus, a Horeb.

2 E appareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chamma de fogo do meio d’uma sarça: [2] e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.

3 E Moysés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima.

4 E vendo o Senhor que se virava para lá a vêr, bradou Deus a elle do meio da sarça, e disse: Moysés, Moysés. E elle disse: Eis-me aqui.

5 E disse: Não te chegues para cá: [3] tira os teus sapatos de teus pés; porque o logar em que tu estás é terra sancta.

6 Disse mais: [4] Eu sou o Deus de teu pae, o Deus de Abrahão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. E Moysés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.

7 E disse o Senhor: [5] Tenho visto attentamente a afflicção do meu povo, que está no Egypto, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exactores, porque conheci as suas dôres.

8 Portanto desci para livral-o da mão dos egypcios, [6] e para fazel-o subir d’aquella terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel: ao logar do Cananeo, e do Hetheo, e do Amorrheo, e do Pherezeo, e do Heveo, e do Jebuseo.

9 E agora, eis que o clamor dos filhos d’Israel é vindo a mim, e tambem tenho visto a oppressão com que os egypcios os opprimem.

10 Vem agora, pois, e eu te enviarei a Pharaó, [7] para que tires o meu povo (os filhos d’Israel), do Egypto.

11 Então Moysés disse a Deus: Quem sou eu, [8] que vá a Pharaó e tire do Egypto os filhos d’Israel?

12 E Deus disse: Certamente eu serei comtigo; e isto te será por signal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egypto, servireis a Deus n’este monte.

13 Então disse Moysés a Deus: Eis que quando vier aos filhos d’Israel, e lhes disser: O Deus de vossos paes me enviou a vós; e elles me disserem: Qual é o seu nome? que lhes direi?

14 E disse Deus a Moysés: [EC] SEREI O QUE SEREI. Disse mais: Assim dirás aos filhos d’Israel: [9] Serei [ED] me enviou a vós.

15 E Deus disse mais a Moysés: Assim dirás aos filhos d’Israel: O Senhor Deus de vossos paes, o Deus de Abrahão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob, me enviou a vós: este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.

16 Vae, e ajunta os anciãos d’Israel, e dize-lhes: O Senhor, o Deus de vossos paes, o Deus de Abrahão, de Isaac e de Jacob, me appareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado, [10] e visto o que vos é feito no Egypto.

17 Portanto eu disse: [11] Far-vos-hei subir da afflicção do Egypto á terra do cananeo, do hetheo, e do amorrheo, e do pherezeo, e do heveo, e do jebuseo, a uma terra que mana leite e mel.

18 E ouvirão a tua voz; e virás, tu e os anciãos d’Israel, ao rei do Egypto, e dir-lhe-heis: O Senhor, o Deus dos hebreos, nos encontrou: [12] agora pois deixa-nos ir caminho de tres dias para o deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus.

19 Eu sei, porém, que o rei do Egypto não vos deixará ir, [13] nem ainda por uma mão forte.

20 Porque eu estenderei a minha mão, [14] e ferirei ao Egypto com todas as minhas maravilhas que farei no meio d’elle: depois vos deixará ir.

21 E eu darei graça a este povo aos olhos dos egypcios; [15] e acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios,

22 Porque cada mulher pedirá á sua visinha e á sua hospeda [EE] vasos de prata, e vasos de oiro, [16] e vestidos, os quaes poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis ao Egypto.

[1] cap. 18.5. I Reis 19.8.

[2] Deu. 33.16. Isa. 63.9. Act. 7.30.

[3] Jos. 5.15.

[4] Gen. 28.13. Mat. 22.32.

[5] Neh. 9.9. Psa. 142.3.

[6] Deu. 1.25.

[7] Miq. 6.4.

[8] Jer. 1.6.

[9] cap. 6.3. João 8.58.

[10] Gen. 50.24.

[11] Gen. 15.13, 20.

[12] cap. 5.3.

[13] cap. 5.2.

[14] cap. 7.3 e 11.9. Psa. 105.27. Jer. 32.20. Act. 7.36. cap. 12.31.

[15] cap. 11.3.

[16] cap. 12.36. Job 27.17. Pro. 13.22.

[54]

A vara de Moysés torna-se em cobra.

4 Então respondeu Moysés, e disse: Mas eis que me não crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te appareceu.

2 E o Senhor disse-lhe: Que é isso na tua mão? E elle disse: Uma vara.

3 E elle disse: Lança-a na terra. Elle a lançou na terra, e tornou-se em cobra: e Moysés fugia d’ella.

4 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão, e pega-lhe pela cauda, E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão,

5 Para que creiam que te appareceu o Senhor, Deus de seus paes, o Deus de Abrahão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.

6 E disse-lhe mais o Senhor: Mette agora a tua mão no teu seio. E, tirando-a, eis que a sua mão estava leprosa, [1] branca como a neve.

7 E disse: Torna a metter a tua mão no teu seio. E tornou a metter sua mão no seu seio: depois tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a sua outra carne.

8 E acontecerá que, se elles te não crerem, nem ouvirem a voz do primeiro signal, crerão a voz do derradeiro signal;

9 E se acontecer que ainda não creiam a estes dois signaes, nem ouvirem a tua voz, tomarás das aguas do rio, e as derramarás na terra secca: e as aguas, que tomarás do rio, [2] tornar-se-hão em sangue sobre a terra secca.

10 Então disse Moysés ao Senhor: Ah Senhor! eu não sou homem que bem falla, nem de hontem nem de antehontem, nem ainda desde que tens fallado ao teu servo; porque sou pesado de bocca, e pesado de lingua.

11 E disse-lhe o Senhor: Quem fez a bocca do homem? [3] ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? não sou eu, o Senhor?

12 Vae pois agora, e eu serei com a tua bocca, [4] e te ensinarei o que has de fallar.

13 Elle porém disse: Ah Senhor! envia pela mão d’aquelle a quem tu has de enviar.

14 Então se accendeu a ira do Senhor contra Moysés, e disse: Não é Aarão, o levita, teu irmão? eu sei que elle fallará muito bem: e [5] eis que elle tambem sae ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração.

15 E tu lhe fallarás, e porás as palavras na sua bocca: e eu serei com a tua bocca, e com a sua bocca, ensinando-vos o que haveis de fazer.

16 E elle fallará por ti ao povo: e acontecerá que elle te será por bocca, [6] e tu lhe serás por Deus.

17 Toma pois esta vara na tua mão, [7] com que farás os signaes.

Moysés volta para o Egypto.

18 Então foi-se Moysés, e voltou para Jethro seu sogro, e disse-lhe; Eu irei agora, e tornarei a meus irmãos, que estão no Egypto, para ver se ainda vivem. Disse pois Jethro a Moysés: Vae em paz.

19 Disse tambem o Senhor a Moysés em Midian: Vae, volta para o Egypto; [8] porque todos os que buscavam a tua alma morreram.

20 Tomou pois Moysés sua mulher e seus filhos, e os levou sobre um jumento, e tornou-se á terra do Egypto; [9] e Moysés tomou a vara de Deus na sua mão.

21 E disse o Senhor a Moysés: Quando fores tornado ao Egypto, attenta que faças diante de Pharaó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão: [10] mas eu endurecerei o seu coração, para que não deixe ir o povo.

22 Então dirás a Pharaó: Assim diz o Senhor: [11] Israel é meu filho, meu primogenito.

23 E eu te tenho dito: Deixa ir o meu filho, para que me sirva; mas tu recusaste deixal-o ir: eis que eu matarei a teu filho, [12] o teu primogenito.

24 E aconteceu no caminho, n’uma estalagem, que o Senhor o encontrou, [13] e o quiz matar.

25 Então Zippora tomou uma pedra aguda, e circumcidou o prepucio de seu filho, [14] e o lançou a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinario.

26 E desviou-se d’elle. Então ella disse: Esposo sanguinario, por causa da circumcisão.

27 Disse tambem o Senhor a Aarão: Vae ao encontro de Moysés ao deserto. [15] E elle foi, encontrou-o no monte de Deus, e beijou-o.

28 E denunciou Moysés a Aarão todas as palavras do Senhor, que o enviara, e todos os signaes que lhe mandara.

29 Então foram Moysés e Aarão, e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de Israel.

[55]

30 E Aarão fallou todas as palavras que o Senhor fallara a Moysés, [16] e fez os signaes perante os olhos do povo,

31 E o povo creu, [17] e ouviram que o Senhor visitava aos filhos d’Israel, e que via a sua afflicção: e inclinaram-se, e adoraram.

[1] Num. 12.10. II Reis 5.27.

[2] cap. 7.20. Psa. 78.44.

[3] Psa. 94.9. Jer. 1.6, 9.

[4] Mat. 10.19.

[5] ver. 27.

[6] cap. 7.1 e 18.19.

[7] ver. 2.

[8] cap. 2.15, 23. Mat. 2.20.

[9] cap. 7.3. Num. 20.8, 9.

[10] cap. 17.9. Deu. 2.30. Jos. 11.20. Isa. 6.10 e 63.17. João 12.40. Rom. 9.18.

[11] Deu. 14.1. Jer. 31.9. Ose. 11.1. Rom. 9.4.

[12] cap. 11.5 e 12.29.

[13] Gen. 17.14.

[14] Jos. 5.2, 3.

[15] cap. 3.1.

[16] ver. 8.

[17] cap. 3.16. ver. 3, 9. cap. 12.27.

Moysés e Aarão fallam a Pharaó.

5 E depois foram Moysés e Aarão, e disseram a Pharaó: Assim diz o Senhor Deus d’Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto.

2 Mas Pharaó disse: [1] Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel.

3 E elles disseram: O Deus dos hebreos nos encontrou; portanto deixa-nos agora ir caminho de tres dias ao deserto, para que não venha sobre nós com pestilencia ou com espada.

4 Então disse-lhes o rei do Egypto: Moysés e Aarão, porque fazeis cessar o povo das suas obras? ide a vossas cargas.

5 E disse tambem Pharaó: Eis que o povo da terra já é muito, e vós fazeis cessal-os das suas cargas.

Pharaó afflige os israelitas.

6 Portanto deu ordem Pharaó n’aquelle mesmo dia aos exactores do povo, e aos seus officiaes, dizendo:

7 D’aqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como fizestes hontem e antehontem: vão elles mesmos, e colham palhas para si.

8 E lhes imporeis a conta dos tijolos que fizeram hontem, e antehontem: nada diminuireis d’ella: porque elles estão ociosos; por isso clamam, dizendo: Vamos, sacrifiquemos ao nosso Deus.

9 Aggrave-se o serviço sobre estes homens, para que se occupem n’elle, e não confiem em palavras de mentira.

10 Então sairam os exactores do povo, e seus officiaes, e fallaram ao povo, dizendo: Assim diz Pharaó: Eu não vos darei palha;

11 Ide vós mesmos, e tomae vós palha d’onde a achardes: porque nada se diminuirá de vosso serviço.

12 Então o povo se espalhou por toda a terra do Egypto, a colher rastolho em logar de palha.

13 E os exactores os apertavam, dizendo: Acabae vossa obra, a tarefa de cada dia, como quando havia palha.

14 E foram açoitados os officiaes dos filhos d’Israel, que os exactores de Pharaó tinham posto sobre elles, dizendo estes: Porque não acabastes vossa tarefa, fazendo tijolos como antes, assim tambem hontem e hoje?

15 Pelo que foram-se os officiaes dos filhos d’Israel, e clamaram a Pharaó, dizendo: Porque fazes assim a teus servos?

16 Palha não se dá a teus servos, e nos dizem: Fazei tijolos: e eis que teus servos são açoitados; porém o teu povo tem a culpa.

17 Mas elle disse: Vós sois ociosos: vós sois ociosos: por isso dizeis: Vamos, sacrifiquemos ao Senhor.

18 Ide pois agora, trabalhae: palha porém não se vos dará: comtudo, dareis a conta dos tijolos.

19 Então os officiaes dos filhos d’Israel viram-se em afflicção, porquanto [2] se dizia: Nada diminuireis de vossos tijolos, da tarefa do dia no seu dia.

Os israelitas queixam-se de Moysés e Aarão.

20 E encontraram a Moysés e a Aarão, que estavam defronte d’elles, quando sairam de Pharaó,

21 E disseram-lhes: O Senhor attente sobre vós, e julgue isso, [3] porquanto fizeste feder o nosso cheiro diante de Pharaó, e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar.

22 Então se tornou Moysés ao Senhor, e disse: Senhor! [4] porque fizeste mal a este povo? porque me enviaste?

23 Porque desde que entrei a Pharaó, para fallar em teu nome, elle maltratou a este povo; e de nenhuma sorte livraste o teu povo.

[1] Job 21.15. cap. 3.18.

[2] Ecc. 4.1 e 5.8.

[3] Gen. 34.30. I Sam. 27.12. II Sam. 10.6. I Chr. 19.6.

[4] Jer. 20.7. Hab. 2.3.

6 Então disse o Senhor a Moysés: Agora verás o que hei de fazer a Pharaó: porque por uma mão poderosa os deixará ir, sim, por uma mão poderosa [1] os lançará de sua terra.

Deus promette livrar os israelitas.

2 Fallou mais Deus a Moysés, e disse: Eu sou o [EF] Senhor,

3 E eu appareci a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, como Deus o Todo-poderoso: [2] mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido.

4 E tambem estabeleci o meu concerto com elles, [3] para dar-lhes a terra de Canaan, a terra de suas peregrinações, na qual foram peregrinos.

5 E tambem tenho ouvido o gemido dos filhos d’Israel, [4] aos quaes os[56] egypcios fazem servir, e me lembrei do meu concerto.

6 Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egypcios, [5] e vos resgatarei com braço estendido e com juizos grandes.

7 E eu vos tomarei [6] por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas dos egypcios;

8 E eu vos levarei á terra, ácerca da qual levantei minha mão, que a daria a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, [7] e vol-a darei por herança, eu o Senhor.

9 D’este modo fallou Moysés aos filhos d’Israel, mas elles não ouviram a Moysés, por causa da ancia do espirito e da dura servidão.

10 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

11 Entra, e falla a Pharaó rei do Egypto, que deixe sair os filhos d’Israel da sua terra.

12 Moysés, porém, fallou perante o Senhor, dizendo: Eis que os filhos d’Israel me não teem ouvido; como pois Pharaó me ouvirá? [8] tambem eu sou incircumciso dos labios.

13 Todavia o Senhor fallou a Moysés e a Aarão, e deu-lhes mandamento para os filhos de Israel, e para Pharaó rei do Egypto, para que tirassem os filhos de Israel da terra do Egypto.

Genealogias de Ruben, Simeão e Levi.

14 Estas são as cabeças das casas de seus paes: Os filhos de Ruben, o primogenito de Israel: Hanoch e Pallu, [9] Hezron e Carmi; estas são as familias de Ruben.

15 E os filhos de Simeão: [10] Jemuel, e Jamin, e Ohad, e Jachin, e Zohar, e Shaul, filho de uma cananea; estas são as familias de Simeão.

16 E estes são os nomes dos filhos de Levi, [11] segundo as suas gerações: Gerson, e Koath, e Merari: e os annos da vida de Levi foram cento e trinta e sete annos.

17 Os filhos de Gerson: Libni e Simei, segundo as suas familias;

18 E os filhos de Kohath: Amram, e Izhar, e Hebron, e Uzziel: e os annos da vida de Kohath foram cento e trinta e tres annos.

19 E os filhos de Merari: Mahali e Musi: estas são as familias de Levi, segundo as suas gerações.

20 E Amram [12] tomou por mulher a Jochebed, sua tia, e ella pariu-lhe a Aarão e a Moysés: e os annos da vida de Amram foram cento e trinta e sete annos.

21 E os filhos de Izhar: [13] Korah, e Nepheg, e Zichri.

22 E os filhos de Uzziel: [14] Misael, e Elzaphan e Sithri.

23 E Aarão tomou por mulher a Eliseba, filha de Amminadab, irmã de Nahasson; e ella pariu-lhe a Nadab, e Abihu, Eleazar e [15] Ithamar.

24 E os filhos de Korah: Assir, e Elkana, e Abiasaph: estas são as familias dos Korithas.

25 E Eleazar, filho de Aarão, tomou para si por mulher uma das filhas de Putiel, e ella pariu-lhe a Phineas: estas são as cabeças dos paes dos levitas, segundo as suas familias.

26 Estes são Aarão e Moysés, aos quaes o Senhor disse: Tirae os filhos de Israel da terra do Egypto, segundo os seus exercitos.

27 Estes são os que fallaram a Pharaó, rei do Egypto, para que tirasse do Egypto os filhos de Israel: [16] estes são Moysés e Aarão.

Deus anima Moysés, a fallar outra vez a Pharaó.

28 E aconteceu que n’aquelle dia, quando o Senhor fallou a Moysés na terra do Egypto,

29 Fallou o Senhor a Moysés, dizendo: Eu sou o Senhor; falla a Pharaó, rei do Egypto, tudo quanto eu [17] te digo a ti.

30 Então disse Moysés perante o Senhor: Eis que eu [18] sou incircumciso dos labios; como pois Pharaó me ouvirá?

[1] cap. 11.1.

[2] Gen. 17.1 e 35.11 e 48.3.

[3] Gen. 17.7, 8.

[4] cap. 2.24. Psa. 105.8.

[5] Deu. 26.8. Psa. 81.6. cap. 15.13. Deu. 7.8. I Chr. 17.21. Neh. 1.10.

[6] Deu. 4.20 e 7.6.

[7] Gen. 15.14 e 26.3 e 35.12.

[8] cap. 4.10. ver. 30.

[9] Gen. 46.9, &c.

[10] I Chr. 4.24.

[11] Num. 3.17. I Chr. 6.1.

[12] cap. 2.1. Num. 26.59.

[13] Num. 16.1.

[14] Lev. 10.4.

[15] Lev. 10.1, 6.

[16] Miq. 6.4.

[17] Jer. 1.7, 8, 17 e 26.2. Eze. 2.6, 7.

[18] ver. 12.

7 Então disse o Senhor a Moysés: Eis que te tenho posto por Deus sobre Pharaó, [1] e Aarão, teu irmão, será o teu propheta.

2 Tu fallarás tudo o que eu te mandar: e Aarão teu irmão fallará a Pharaó, [2] que deixe ir os filhos de Israel da sua terra.

3 Eu, porém, endurecerei o coração de Pharaó, [3] e multiplicarei na terra do Egypto os meus signaes e as minhas maravilhas.

4 Pharaó pois não vos ouvirá; e eu porei minha mão sobre o Egypto, e tirarei meus exercitos, meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egypto, com grandes juizos.

[57]

5 Então os egypcios saberão que eu sou o Senhor, [4] quando estender a minha mão sobre o Egypto, e tirar os filhos de Israel do meio d’elles.

6 Então fez Moysés e Aarão; como o Senhor lhes ordenara, assim fizeram.

7 E Moysés era da edade de oitenta annos, e Aarão da edade de oitenta e tres annos, quando fallaram a Pharaó.

8 E o Senhor fallou a Moysés e a Aarão, dizendo:

9 Quando Pharaó vos fallar, dizendo: Fazei por vós algum milagre; [5] dirás a Aarão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Pharaó; e se tornará em serpente.

10 Então Moysés e Aarão entraram a Pharaó, e fizeram assim como o Senhor ordenara: e lançou Aarão a sua vara diante de Pharaó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente.

11 E Pharaó tambem chamou os sabios e encantadores: e os magos do Egypto fizeram tambem o mesmo com os seus encantamentos,

12 Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes: mas a vara de Aarão tragou as varas d’elles.

13 Porém o coração de Pharaó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha [6] dito.

O coração de Pharaó mostra-se endurecido.

14 Então disse o Senhor a Moysés: O coração de Pharaó está [EG] aggravado: [7] recusa deixar ir o povo.

15 Vae pela manhã a Pharaó: eis que elle sairá ás aguas: põe-te em frente d’elle na praia do rio, e tomarás em tua mão a vara [8] que se tornou em cobra.

16 E lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreos, me tem enviado a ti, dizendo: [9] Deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto; porém eis que até agora não tens ouvido.

17 Assim diz o Senhor: N’isto saberás que eu sou o Senhor: [10] Eis que eu com esta vara, que tenho em minha mão, ferirei as aguas que estão no rio, e tornar-se-hão [11] em sangue.

18 E os peixes, que estão no rio, morrerão, e o rio federá; e os egypcios nausear-se-hão, bebendo a agua do rio.

19 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Toma tu a vara, e estende a tua mão sobre as aguas do Egypto, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, e sobre os seus tanques, e sobre todo o ajuntamento das suas aguas, para que se tornem em sangue: e haja sangue em toda a terra do Egypto, assim nos vasos de madeira como nos de pedra.

A primeira praga: as aguas tornam-se em sangue.

20 E Moysés e Aarão fizeram assim como o Senhor tinha mandado: e levantou a vara, e feriu as aguas que estavam no rio, diante dos olhos de Pharaó, e diante dos olhos de seus servos; e todas as aguas do rio se tornaram em sangue.

21 E os peixes, que estavam no rio, morreram, e o rio fedeu, que os egypcios não podiam beber a agua do rio: e houve sangue por toda a terra do Egypto.

22 Porém os magos do Egypto tambem fizeram o mesmo com os seus encantamentos; [12] de maneira que o coração de Pharaó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

23 E virou-se Pharaó, e foi para sua casa: [13] nem ainda n’isto poz seu coração.

24 E todos os egypcios cavaram poços junto ao rio, para beberem agua; porquanto não podiam beber das aguas do rio.

25 Assim se cumpriram sete dias, depois que o Senhor ferira o rio.

[1] cap. 4.16.

[2] cap. 6.29.

[3] cap. 4.21 e 11.9.

[4] cap. 14.4, 18.

[5] João 2.18. cap. 4.2, 17.

[6] ver. 4. cap. 4.21.

[7] cap. 8.15 e 10.1, 27.

[8] ver. 10.

[9] cap. 3.18 e 5.1, 3.

[10] ver. 5. I Reis 20.28. II Reis 19.19. Eze. 29.9 e 38.23.

[11] Psa. 78.44 e 105.29. Apo. 8.8 e 16.4, 6.

[12] II Tim. 3.8. ver. 14.

[13] Isa. 26.11. Jer. 5.3 e 36.24. Agg. 1.5.

A praga das rans.

8 Depois disse o Senhor a Moysés: Entra a Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 E se recusares deixal-o ir, eis que ferirei com rãs todos os teus termos.

3 E o rio creará rãs, que subirão e virão á tua casa, e ao teu dormitorio, e sobre a tua cama, e ás casas dos teus servos, e sobre o teu povo, e aos teus fornos, e ás tuas amassadeiras.

4 E as rãs subirão sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre todos os teus servos.

5 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Estende a tua mão com tua vara sobre as correntes, e sobre os rios, e sobre os tanques, e faze subir rãs sobre a terra do Egypto.

6 E Aarão estendeu a sua mão sobre as aguas do Egypto, [1] e subiram rãs, e cobriram a terra do Egypto.

7 Então os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos: e fizeram subir rãs sobre a terra do Egypto.

8 E Pharaó chamou a Moysés e a Aarão, e disse: [2] Rogae ao Senhor que tire as rãs de mim e do meu povo;[58] depois deixarei ir o povo, para que sacrifiquem ao Senhor.

9 E Moysés disse a Pharaó: [EH] Tu tenhas a honra sobre mim: Quando orarei por ti, e pelos teus servos, e por teu povo, para tirar as rãs de ti, e das suas casas, que sómente fiquem no rio?

10 E elle disse: Ámanhã. E Moysés disse: Seja conforme á tua palavra, para que saibas que ninguem ha como o Senhor nosso [3] Deus.

11 E as rãs apartar-se-hão de ti, e das tuas casas, e dos teus servos, e do teu povo: sómente ficarão no rio.

12 Então saiu Moysés e Aarão de Pharaó: [4] e Moysés clamou ao Senhor por causa das rãs que tinha posto sobre Pharaó,

13 E o Senhor fez conforme á palavra de Moysés: e as rãs morreram nas casas, nos pateos, e nos campos,

14 E ajuntaram-as em montões, e a terra fedeu.

15 Vendo pois Pharaó que havia descanço, aggravou o seu coração, [5] e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.

A praga dos piolhos.

16 Disse mais o Senhor a Moysés: Dize a Aarão: Estende a tua vara, e fere o pó da terra, para que se torne em piolhos por toda a terra do Egypto.

17 E fizeram assim; porque Aarão estendeu a sua mão com a sua vara, e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado: todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egypto.

18 E os magos fizeram tambem assim com os seus encantamentos para produzir piolhos, mas não poderam: e havia piolhos nos homens e no gado.

19 Então disseram os magos a Pharaó: Isto é [6] o dedo de Deus. Porém o coração de Pharaó se endureceu, e não os ouvia, como o Senhor tinha dito.

A praga das moscas.

20 Disse mais o Senhor a Moysés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Pharaó; eis que elle sairá ás aguas, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

21 Porque se não deixares ir o meu povo, eis que enviarei enxames de moscas sobre ti, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, e á tuas casas; e as casas dos egypcios se encherão d’estes enxames, e tambem a terra em que elles estiverem.

22 E n’aquelle dia eu separarei a terra de Goshen, [7] em que meu povo habita, que n’ella não haja enxames de moscas, para que saibas que eu sou o Senhor no meio d’esta terra.

23 E porei [EI] separação entre o meu povo e o teu povo: ámanhã será este signal.

24 E o Senhor fez assim; e vieram grandes enxames de moscas á casa de Pharaó, e ás casas dos seus servos, e sobre toda a terra do Egypto: a terra foi corrompida d’estes enxames.

25 Então chamou Pharaó a Moysés e a Aarão, e disse: Ide, e sacrificae ao vosso Deus n’esta terra.

26 E Moysés disse: Não convem que façamos assim, porque sacrificariamos ao Senhor nosso Deus a abominação dos egypcios: [8] eis que se sacrificassemos a abominação dos egypcios perante os seus olhos, não nos apedrejariam elles?

27 Deixa-nos ir caminho de tres dias ao deserto, [9] para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus, como elle nos dirá.

28 Então disse Pharaó: Deixar-vos-hei ir, para que sacrifiqueis ao Senhor vosso Deus no deserto; sómente que, indo, não vades longe; orae tambem por [10] mim.

29 E Moysés disse: Eis que saio de ti, e orarei ao Senhor, que estes enxames de moscas se retirem ámanhã de Pharaó, dos seus servos, e do seu povo: sómente que Pharaó não mais me engane, [11] não deixando ir a este povo para sacrificar ao Senhor.

30 Então saiu Moysés de Pharaó, e orou ao Senhor,

31 E fez o Senhor conforme á palavra de Moysés, e os enxames de moscas se retiraram de Pharaó, dos seus servos, e do seu povo: não ficou uma só.

32 Mas aggravou Pharaó ainda esta vez seu coração, [12] e não deixou ir o povo.

[1] Psa. 78.45 e 105.30.

[2] cap. 9.28 e 10.17. Num. 21.7. I Reis 13.6. Act. 8.24.

[3] Psa. 86.8. Jer. 10.6, 7.

[4] Deu. 34.10, 12.

[5] cap. 7.14. Ecc. 8.11. cap. 7.4.

[6] I Sam. 6.3, 9.

[7] cap. 9.4, &c. e 10.23 e 11.6, 7 e 12.13.

[8] Gen. 43.32 e 46.34.

[9] cap. 3.18.

[10] ver. 8.

[11] Psa. 78.34, 37. Jer. 42.20, 21.

[12] ver. 15. cap. 4.21. Rom. 2.5.

A praga da peste nos animaes.

9 Depois o Senhor disse a Moysés: Entra a Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreos: Deixa ir o meu povo, para que me sirva.

2 Porque se recusares de os deixar ir, e ainda por força os detiveres,

3 Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavallos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre as ovelhas, com pestilencia gravissima.

4 E o Senhor fará separação entre o gado dos israelitas, e o gado dos egypcios,[59] que nada morra de tudo o que fôr dos filhos d’Israel.

5 E o Senhor assignalou certo tempo, dizendo: Ámanhã fará o Senhor esta coisa na terra.

6 E o Senhor fez esta coisa no dia seguinte, [1] e todo o gado dos egypcios morreu: porém do gado dos filhos d’Israel não morreu nenhum.

7 E Pharaó enviou a ver, e eis que do gado d’Israel não morrera nenhum: porém o coração de Pharaó se aggravou, e não deixou ir o povo.

8 Então disse o Senhor a Moysés e a Aarão: Tomae vossos punhos cheios da cinza do forno, e Moysés a espalhe para o céu diante dos olhos de Pharaó;

9 E tornar-se-ha em pó miudo sobre toda a terra do [2] Egypto, e se tornará em sarna, que arrebente em ulceras nos homens e no gado, por toda a terra do Egypto.

10 E elles tomaram a cinza do forno, e pozeram-se diante de Pharaó, e Moysés a espalhou para o céu: e tornou-se em sarna, que arrebentava em ulceras nos homens e no gado;

11 De maneira que os magos não podiam parar diante de Moysés, por causa da sarna; porque havia sarna em os magos, e em todos os egypcios.

12 Porém o Senhor endureceu o coração de Pharaó, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito a [3] Moysés.

As ameaças de Deus.

13 Então disse o Senhor a Moysés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Pharaó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreos: Deixa ir o meu povo, para que me sirva;

14 Porque esta vez [4] enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que não ha outro como Eu em toda a terra.

15 Porque agora tenho estendido minha mão, para te ferir a ti e ao teu povo com pestilencia, e para que sejas destruido da terra;

16 Mas devéras para isto te levantei, para mostrar minha potencia em ti, [5] e para que o meu nome seja annunciado em toda a terra.

17 Tu ainda te levantas contra o meu povo, para não os deixar ir?

18 Eis que ámanhã por este tempo farei chover saraiva mui grave, qual nunca houve no Egypto, desde o dia em que foi fundado até agora.

19 Agora pois envia, recolhe o teu gado, e tudo o que tens no campo; todo o homem e animal, que fôr achado no campo, e não fôr recolhido á casa, a saraiva cairá sobre elles, e morrerão.

20 Quem dos servos de Pharaó temia a palavra do Senhor, fez fugir os seus servos e o seu gado para as casas;

21 Mas aquelle que não tinha applicado a palavra do Senhor ao seu coração, deixou os seus servos e o seu gado no campo.

A praga da saraiva.

22 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão para o céu, e haverá saraiva em toda a terra do Egypto, sobre os homens e sobre o gado, e sobre toda a herva do campo na terra de Egypto.

23 E Moysés estendeu a sua vara para o céu, e o Senhor deu trovões e saraiva, [6] e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egypto.

24 E havia saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, mui grave, qual nunca houve em toda a terra do Egypto, desde que veiu a ser uma nação.

25 E a saraiva feriu, em toda a terra do Egypto, tudo quanto havia no campo, desde os homens até aos animaes: tambem a saraiva feriu toda a herva do campo, e quebrou todas as arvores do campo.

26 Sómente na terra de Goshen, [7] onde estavam, os filhos de Israel, não havia saraiva.

27 Então Pharaó enviou para chamar a Moysés e a Aarão, e disse-lhes: Esta vez pequei; o Senhor é justo, mas eu e o meu povo [8] impios.

28 Orae ao Senhor (pois que basta) para que não haja mais trovões de Deus nem saraiva; e eu vos deixarei ir, e não ficareis mais aqui.

29 Então lhe disse Moysés: Em saindo da cidade estenderei minhas mãos ao Senhor: os trovões cessarão, e não haverá mais saraiva; [9] para que saibas que a terra é do Senhor.

30 Todavia, quanto a ti e aos teus servos, eu sei [10] que ainda não temereis diante do Senhor Deus.

31 E o linho e a cevada foram feridos, porque a cevada já estava na espiga, e o linho na cana,

32 Mas o trigo e o centeio não foram feridos, porque estavam cobertos.

33 Saiu pois Moysés de Pharaó, da[60] cidade, e estendeu as suas mãos ao Senhor: e cessaram os trovões e a saraiva, e a chuva não caiu mais sobre a terra.

34 Vendo Pharaó que cessou a chuva, e a saraiva, e os trovões, continuou em peccar: [11] e aggravou o seu coração, elle e os seus servos.

35 Assim o coração de Pharaó se endureceu, e não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito por Moysés.

[1] Psa. 78.50.

[2] Deu. 28.27. Job 2.7. Apo. 16.2.

[3] cap. 4.21.

[4] I Sam. 4.8.

[5] Pro. 16.4. Rom. 9.17. I Ped. 2.8.

[6] Jos. 10.11. Job 38.22, 23. Psa. 18.13 e 78.47 e 105.32. Isa. 30.30. Eze. 38.22. Apo. 8.7.

[7] cap. 8.22.

[8] II Chr. 12.6.

[9] Psa. 24.1. I Chr. 10.26.

[10] Isa. 26.10.

[11] II Chr. 36.13. Rom. 2.4, 5.

Deus ameaça Pharaó com a praga dos gafanhotos.

10 Depois disse o Senhor a Moysés: Entra a Pharaó, porque tenho aggravado o seu coração, [1] e o coração de seus servos, para fazer estes meus signaes no meio d’elle,

2 E para que contes aos ouvidos de teus filhos, [2] e dos filhos de teus filhos, as coisas que obrei no Egypto, e os meus signaes, que tenho feito entre elles: para que saibaes que eu sou o Senhor.

3 Assim foram Moysés e Aarão a Pharaó, e disseram-lhe: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreos: [3] Até quando recusas humilhar-te diante de mim? deixa ir o meu povo, para que me sirva;

4 Porque se ainda recusares deixar ir o meu povo, [4] eis que trarei ámanhã gafanhotos aos teus termos,

5 E cobrirão a face da terra, que a terra não se poderá ver; e elles comerão o resto do que escapou, o que vos ficou da saraiva: [5] tambem comerão toda a arvore que vos cresce no campo;

6 E encherão as tuas casas, e as casas de todos os teus servos, e as casas de todos os egypcios, quaes nunca viram teus paes, nem os paes de teus paes, desde o dia, era que elles foram sobre a terra até ao dia de hoje. E virou-se, e saiu da presença de Pharaó.

7 E os servos de Pharaó disseram-lhe: Até quando este nos ha de ser por laço? [6] deixa ir os homens, para que sirvam ao Senhor seu Deus: ainda não sabes que o Egypto está destruido?

8 Então Moysés e Aarão foram levados outra vez a Pharaó, e elle disse-lhes: Ide, servi ao Senhor vosso Deus. Quaes são os que hão de ir?

9 E Moysés disse: Havemos de ir com os nossos meninos, e com os nossos velhos; com os nossos filhos, e com as nossas filhas, com as nossas ovelhas, e com os nossos bois havemos de ir; porque festa do Senhor temos.

10 Então elle lhes disse: Seja o Senhor assim comvosco, como eu vos deixarei ir a vós e a vossos filhos: olhae que ha mal diante da vossa face.

11 Não será assim: andae agora vós, varões, e servi ao Senhor; pois isso é o que pedistes. E os empuxaram da face de Pharaó.

A praga dos gafanhotos.

12 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão sobre a terra do Egypto pelos gafanhotos, para que venham sobre a terra do Egypto, e comam toda a herva da terra, tudo o que deixou a saraiva.

13 Então estendeu Moysés sua vara sobre a terra do Egypto, e o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquelle dia e toda aquella noite: e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos.

14 E vieram [7] os gafanhotos sobre toda a terra do Egypto, e assentaram-se sobre todos os termos do Egypto; mui graves foram; antes d’estes nunca houve taes gafanhotos, nem depois d’elles virão outros taes.

15 Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu; e comeram toda a herva da terra, e todo o fructo das arvores, que deixara a saraiva; e não ficou alguma verdura nas arvores, nem na herva do campo, em toda a terra do Egypto.

16 Então Pharaó se apressou a chamar a Moysés e a Aarão, e disse: Pequei contra o Senhor vosso Deus, [8] e contra vós.

17 Agora, pois, peço-vos que perdoeis o meu peccado sómente d’esta vez, e que oreis ao Senhor vosso Deus que tire de mim sómente esta [9] morte.

18 E saiu da presença de Pharaó, e orou ao Senhor.

19 Então o Senhor trouxe um vento occidental fortissimo, o qual levantou os gafanhotos e os lançou no Mar Vermelho; nem ainda um gafanhoto ficou em todos os termos do Egypto.

20 O Senhor, porém, endureceu o coração de Pharaó, [10] e não deixou ir os filhos de Israel.

A praga das trevas.

21 Então disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão para o céu, e virão[61] trevas sobre a terra do Egypto, trevas que se apalpem.

22 E Moysés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em toda a terra do Egypto por tres dias.

23 Não viu um ao outro, e ninguem se levantou do seu logar por tres dias; mas todos os filhos de Israel tinham luz em suas [11] habitações.

24 Então Pharaó chamou a Moysés, e disse: Ide, servi ao Senhor: sómente fiquem vossas ovelhas e vossas vaccas: vão tambem comvosco as vossas creanças.

25 Moysés, porém, disse: Tu tambem darás em nossas mãos sacrificios e holocaustos, que offereçamos ao Senhor nosso Deus.

26 E tambem o nosso gado ha de ir comnosco, nem uma unha ficará; porque d’aquelle havemos de tomar, para servir ao Senhor nosso Deus: porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhor, até que cheguemos lá.

27 O Senhor, porém, endureceu [12] o coração de Pharaó, e não os quiz deixar ir.

28 E disse-lhe Pharaó: Vae-te de mim, guarda-te que não mais vejas o meu rosto: porque no dia em que vires o meu rosto, morrerás.

29 E disse Moysés: Bem disseste; [13] eu nunca mais verei o teu rosto.

[1] cap. 7.13, 14.

[2] Deu. 4.9. Psa. 44.1 e 78.5.

[3] I Reis 21.29. II Chr. 7.14 e 33.12, 19. Job 42.6. Thi. 4.10.

[4] Pro. 30.27.

[5] cap. 9.32.

[6] Jos. 23.13.

[7] Psa. 78.46 e 105.34.

[8] cap. 9.27.

[9] I Reis 13.6.

[10] cap. 4.21.

[11] cap. 8.22 e 9.4, 26 e 12.13.

[12] ver. 1, 20. cap. 14.4, 8.

[13] Heb. 11.27.

Deus annuncia a Moysés a morte de todos os primogenitos.

11 E o senhor dissera a Moysés: Ainda uma praga trarei sobre Pharaó e sobre o Egypto: depois vos deixarei ir d’aqui: e, quando vos deixar ir totalmente, a toda a pressa [1] vos lançará d’aqui.

2 Falla agora aos ouvidos do povo, que cada varão peça ao seu visinho, e cada mulher á sua visinha, [EJ] vasos de prata e vasos de oiro.

3 E o Senhor deu graça ao povo aos olhos dos egypcios; [2] tambem o varão Moysés era mui grande na terra do Egypto, aos olhos dos servos de Pharaó, e aos olhos do povo.

4 Disse mais Moysés: Assim o Senhor tem dito: [3] Á meia noite eu sairei pelo meio do Egypto;

5 E todo o primogenito na terra do Egypto morrerá, [4] desde o primogenito de Pharaó, que houvera de assentar-se sobre o seu throno, até ao primogenito da serva que está detraz da mó, e todo o primogenito dos animaes.

6 E haverá grande clamor [5] em toda a terra do Egypto, qual nunca houve similhante e nunca haverá;

7 Mas entre todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua lingua, desde os homens até aos animaes, [6] para que saibaes que o Senhor fez differença entre os egypcios e os israelitas.

8 Então todos estes teus servos [7] descerão a mim, e se inclinarão diante de mim, dizendo: Sae tu, e todo o povo que te segue as pisadas; e depois eu sairei. E saiu de Pharaó em ardor de ira.

9 O Senhor dissera a Moysés: Pharaó vos não ouvirá, para que as minhas maravilhas se multipliquem na terra do [8] Egypto.

10 E Moysés e Aarão fizeram todas estas maravilhas diante de Pharaó; mas o Senhor endureceu o coração de Pharaó, [9] que não deixou ir os filhos de Israel da sua terra.

[1] cap. 12.31, 39.

[2] cap. 12.36.

[3] cap. 12.29. Job 34.20.

[4] cap. 4.23.

[5] cap. 12.30.

[6] Jos. 10.21. cap. 8.22.

[7] cap. 12.31, 33.

[8] cap. 7.3.

[9] cap. 10.20, 27.

A instituição da primeira paschoa.

12 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão na terra do Egypto, dizendo:

2 Este mesmo mez [1] vos será o principio dos mezes: este vos será o primeiro dos mezes do anno.

3 Fallae a toda a congregação d’Israel, dizendo: Aos dez d’este mez tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos paes, um cordeiro para cada casa.

4 Mas se a casa fôr pequena para um cordeiro, então elle tome a seu visinho perto de sua casa, conforme ao numero das almas: cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro.

5 O cordeiro, ou cabrito, será sem macula, um macho [2] de um anno, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras,

6 E o guardareis até ao decimo quarto dia d’este mez [3], e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará á [EK] tarde.

7 E tomarão do sangue, e pol-o-hão em ambas as umbreiras, e na lumieira da porta, nas casas em que o comerão.

8 E n’aquella noite comerão a carne assada no fogo, [4] com pães asmos; com hervas amargosas a comerão.

9 Não comereis d’elle crú, nem cozido em agua, senão assado ao fogo, a sua cabeça[62] com os seus pés e com a sua fressura.

10 E nada d’elle deixareis até ámanhã: [5] mas o que d’elle ficar até ámanhã, queimareis no fogo.

11 Assim pois o comereis: os vossos lombos cingidos, [6] os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão: e o comereis apressadamente: esta é a paschoa do Senhor.

12 E eu passarei pela terra do Egypto esta noite, e ferirei todo o primogenito na terra do Egypto, desde os homens até aos animaes; [7] e em todos os deuses do Egypto farei juizos, Eu sou o Senhor.

13 E aquelle sangue vos será por signal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egypto.

14 E este dia vos será por memoria, [8] e celebral-o-heis por festa ao Senhor: nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpetuo.

15 Sete dias comereis [9] pães asmos; ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao setimo dia, aquella alma será cortada d’Israel.

16 E ao primeiro dia haverá sancta convocação; tambem ao setimo dia tereis sancta convocação: [10] nenhuma obra se fará n’elles, senão o que cada alma houver de comer; isso sómente apromptareis para vós.

17 Guardae pois a festa dos pães asmos, porque n’aquelle mesmo dia tirei vossos exercitos da terra do Egypto: pelo que guardareis a este dia nas vossas gerações por estatuto perpetuo.

18 No primeiro mez, aos quatorze dias do mez, á tarde, comereis pães asmos até vinte e um do mez á tarde.

19 Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas: [11] porque qualquer que comer pão levedado, aquella alma será cortada da congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra.

20 Nenhuma coisa levedada comereis; em todas as vossas habitações comereis pães asmos.

21 Chamou pois Moysés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomae vós cordeiros para vossas familias, e sacrificae a [12] paschoa.

22 Então tomae um mólho de hyssopo, e molhae-o no sangue que estiver na bacia, e mettei na lumieira da porta, e em ambas as umbreiras, do sangue que estiver na bacia, [13] porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até á manhã.

23 Porque o Senhor passará para ferir aos egypcios, porém quando vir o sangue na lumieira da porta, e em ambas as umbreiras, o Senhor passará aquella [14] porta, e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.

24 Portanto guardae isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre.

25 E acontecerá que, quando entrardes na terra que o Senhor vos dará, como tem dito, guardareis este culto.

26 E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este [15] vosso?

27 Então direis: Este é o sacrificio da paschoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos d’Israel no Egypto, quando feriu aos egypcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e [16] adorou.

28 E foram os filhos d’Israel, e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moysés e a Aarão, assim fizeram.

A morte dos primogenitos.

29 E aconteceu, á meia noite, que o Senhor feriu a todos os primogenitos na terra do Egypto, [17] desde o primogenito de Pharaó, que se sentava em seu throno, até ao primogenito do captivo que estava no carcere, e todos os primogenitos dos animaes.

30 E Pharaó levantou-se de noite, elle e todos os seus servos, e todos os egypcios; e havia grande clamor no Egypto, [18] porque não havia casa em que não houvesse um morto.

31 Então chamou a Moysés e a Aarão de noite, e disse: Levantae-vos, sahi do meio do meu povo, tanto vós como os filhos d’Israel: e ide, servi ao Senhor, como tendes dito.

32 Levae tambem comvosco vossas ovelhas e vossas vaccas, como tendes dito; e ide, e abençoae-me tambem a mim.

33 E os egypcios apertavam [19] ao povo, apressando-se para lançal-os da terra; porque diziam: Todos somos mortos.

34 E o povo tomou a sua massa, antes que levedasse, as suas amassadeiras atadas em seus vestidos, sobre seus hombros.

35 Fizeram pois os filhos de Israel conforme á palavra de Moysés, e pediram[63] aos egypcios [EL] vasos de prata, e vasos de oiro, e [20] vestidos.

36 E o Senhor deu graça ao povo em os olhos dos egypcios, e [EM] emprestavam-lhes; e elles despojavam [21] aos egypcios.

A saida dos israelitas do Egypto.

37 Assim partiram os filhos de Israel de Rameses [22] para Succoth, coisa de seiscentos mil de pé, sómente de varões, sem contar os meninos.

38 E subiu tambem com elles muita mistura [23] de gente, e ovelhas, e vaccas, uma grande multidão de gado.

39 E cozeram bolos asmos da massa que levaram do Egypto, porque não se tinha levedado, porquanto foram lançados do Egypto; e não se poderam deter, nem ainda se prepararam comida.

40 O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egypto [24] foi de quatrocentos e trinta annos.

41 E aconteceu, passados os quatrocentos e trinta annos, n’aquelle mesmo dia succedeu que todos os exercitos do Senhor sairam da terra do Egypto.

42 Esta noite se guardará ao Senhor, porque n’ella os tirou da terra do Egypto: esta é a noite do Senhor, que devem guardar todos os filhos de Israel [25] nas suas gerações.

43 Disse mais o Senhor a Moysés e a Aarão: Esta é a ordenança da paschoa; nenhum filho do estrangeiro comerá [26] d’ella.

44 Porém todo o servo de qualquer, comprado por dinheiro, depois que o houveres circumcidado, [27] então comerá d’ella.

45 O estrangeiro e o assalariado não comerão [28] d’ella.

46 N’uma casa se comerá; não levarás d’aquella carne fóra da casa, nem d’ella quebrareis [29] osso.

47 Toda a congregação de Israel o fará.

48 Porém se algum estrangeiro se hospedar comtigo, e quizer celebrar a paschoa ao Senhor, seja-lhe circumcidado todo o macho, e então chegará a celebral-a, e será como o natural da terra; mas nenhum incircumciso comerá d’ella.

49 Uma mesma lei haja para o natural, e para o estrangeiro que peregrinar entre [30] vós.

50 E todos os filhos de Israel o fizeram: como o Senhor ordenara a Moysés e a Aarão, assim fizeram.

51 E aconteceu n’aquelle mesmo dia [31] que o Senhor tirou os filhos de Israel da terra do Egypto, segundo os seus exercitos.

[1] cap. 13.4 e 34.18.

[2] Lev. 22.19, 21. Deu. 17.1. Mal. 1.8, 14. I Ped. 1.19.

[3] Lev. 23.5. Num. 9.3 e 28.16. Deu. 16.1, 6.

[4] cap. 34.25. Deu. 16.3. I Cor. 5.8.

[5] cap. 23.18.

[6] Luc. 12.35. Eph. 6.14. Eph. 6.15.

[7] Num. 33.4.

[8] Lev. 23.4, 5.

[9] cap. 13.6.

[10] Num. 29.12.

[11] cap. 23.15 e 34.18.

[12] Jos. 5.10. II Reis 23.21. Esd. 6.20. Mat. 26.18.

[13] Heb. 11.28.

[14] II Sam. 24.16. Eze. 9.4, 6. Apo. 7.3 e 9.4.

[15] cap. 13.8, 14. Jos. 4.6. Psa. 78.6.

[16] cap. 4.31.

[17] Num. 3.13 e 33.4. Psa. 78.51 e 105.36 e 135.8 e 136.10. Heb. 11.28.

[18] cap. 11.6.

[19] Psa. 105.38.

[20] cap. 11.2.

[21] cap. 3.21.

[22] Num. 33.3, 5. Num. 1.46 e 11.21.

[23] Num. 11.4.

[24] Gen. 15.13. Act. 7.6. Gal. 3.17.

[25] Deu. 16.1, 6.

[26] Eph. 2.19.

[27] Phi. 3.3.

[28] Lev. 22.10. Eph. 2.12.

[29] Num. 9.12. João 19.36.

[30] Num. 9.14. Gal. 3.28. Col. 3.11.

[31] ver. 41. cap. 6.26.

Os primogenitos são sanctificados a Deus.

13 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Sanctifica-me todo o primogenito, [1] o que abrir toda a madre entre os filhos de Israel, de homens e de animaes: porque meu é.

3 E Moysés disse ao povo: Lembrae-vos d’este mesmo dia, [2] em que saistes do Egypto, da casa da servidão; pois com mão forte o Senhor vos tirou d’aqui: portanto não comereis pão levedado.

4 Hoje, no mez de Abib, vós [3] sahis.

5 E acontecerá que, quando o Senhor te houver mettido na terra dos cananeos, e dos hetheos, e dos amorrheos, e dos heveos, e dos jebuzeos, a qual jurou a teus paes que t’a daria, [4] terra que mana leite e mel, guardarás este culto n’este mez.

6 Sete dias comerãs pães asmos; [5] e ao setimo dia haverá festa ao Senhor.

7 Sete dias se comerão pães asmos, e o levedado não se verá comtigo, nem ainda fermento será visto em todos os teus termos.

8 E n’aquelle mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: [6] Isto é pelo que o Senhor me tem feito, quando eu sahi do Egypto.

9 E te será por signal sobre tua mão, [7] e por lembrança entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja em tua bocca: porquanto com mão forte o Senhor te tirou do Egypto.

10 Portanto tu guardarás este estatuto a seu tempo, de anno em anno.

11 Tambem acontecerá que, quando o Senhor te houver mettido na terra dos cananeos, como jurou a ti e a teus paes, quando t’a houver dado,

12 Farás passar ao Senhor tudo o que abrir a madre, e tudo o que abrir a madre do fructo dos animaes que terás: os machos serão do Senhor.

13 Porém tudo o que abrir a madre da jumenta, resgatarás com [EN] cordeiro; e se o não resgatares cortar-lhe-has a cabeça: mas todo o primogenito do homem entre teus filhos resgatarás.

14 Se acontecer que teu filho no tempo futuro te pergunte, [8] dizendo: Que é[64] isto? dir-lhe-has: O Senhor nos tirou com mão forte do Egypto, da casa da servidão.

15 Porque succedeu que, endurecendo-se Pharaó, para não nos deixar ir, o Senhor matou todos os primogenitos na terra do Egypto, do primogenito do homem até ao primogenito dos animaes: por isso eu sacrifico ao Senhor os machos de tudo que abre a madre; porém a todo o primogenito de meus filhos eu resgato.

16 E será por signal sobre tua mão, e por frontaes entre os teus olhos; porque o Senhor nos tirou do Egypto com mão [9] forte.

Deus guia o povo pelo caminho.

17 E aconteceu, que quando Pharaó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos philisteos, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e se tornem ao [10] Egypto.

18 Mas Deus [11] fez rodear o povo pelo caminho no deserto do Mar Vermelho: e subiram os filhos de Israel da terra do Egypto armados.

19 E tomou Moysés os ossos de José comsigo, porquanto havia este estreitamente ajuramentado aos filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará; fazei pois subir d’aqui [12] os meus ossos comvosco.

20 Assim se partiram de Succoth, e acamparam-se em Etham, á entrada [13] do deserto.

21 E o Senhor ia adiante d’elles, [14] de dia n’uma columna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite n’uma columna de fogo, para os allumiar, para que caminhassem de dia e de noite.

22 Nunca tirou de diante da face do povo a columna de nuvem, de dia, nem a columna de fogo, de noite.

[1] cap. 22.29 e 34.19. Num. 3.13. Deu. 15.19. Luc. 2.23.

[2] cap. 12.42.

[3] cap. 23.15.

[4] Gen. 17.8 e 22.16.

[5] cap. 12.15.

[6] cap. 12.26. ver. 4.

[7] ver. 16. Deu. 6.8 e 11.18. Pro. 6.21. Can. 8.6.

[8] Deu. 6.20. Jos. 4.6, 21.

[9] Deu. 26.8.

[10] cap. 14.11, 12. Num. 14.1, 4.

[11] Deu. 32.10.

[12] Gen. 50.25. Jos. 24.32. Act. 7.16.

[13] Num. 33.6.

[14] Num. 9.15, 23 e 10.34 e 14.14. Deu. 1.33. Neh. 9.12, 19. Psa. 78.14 e 99.7 e 105.39. Isa. 4.5. I Cor. 10.2.

Deus annuncia a ruina dos egypcios.

14 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel que tornem, e que se acampem diante de Pi-hahiroth, [1] entre Migdol e o mar, diante de Baal-zephon: em frente d’elle assentareis o campo junto ao mar.

3 Então Pharaó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou.

4 E eu endurecerei [2] o coração de Pharaó, para que os persiga, e serei glorificado em Pharaó em todo o seu exercito, e saberão os egypcios que eu sou o Senhor. E elles fizeram assim.

5 Sendo pois annunciado ao rei do Egypto que o povo fugia, mudou-se o coração de Pharaó e dos seus servos contra o povo, e disseram: Porque fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, que nos não sirva?

6 E apromptou o seu carro, e tomou comsigo o seu povo;

7 E tomou seiscentos carros escolhidos, [3] e todos os carros do Egypto, e os capitães sobre elles todos.

8 Porque o Senhor endureceu o coração de Pharaó, rei do Egypto, que perseguisse aos filhos de Israel: [4] porém os filhos de Israel sairam com alta mão.

9 E os egypcios perseguiram-n’os, todos os cavallos e carros de Pharaó, e os seus cavalleiros, e o seu exercito, e alcançaram-n’os acampados junto ao mar, perto de Pi-hahiroth, diante de Baal-zephon.

10 E, chegando Pharaó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egypcios vinham atraz d’elles, e temeram muito; então os filhos de Israel clamaram [5] ao Senhor.

11 E disseram a Moysés: Não havia sepulchros no Egypto, que nos tiraste de lá, para que morramos n’este deserto? porque nos fizeste isto, que nos tens tirado do Egypto?

12 Não é esta a palavra que te temos fallado no Egypto, [6] dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egypcios? pois que melhor nos fôra servir aos egypcios, do que morrermos no deserto.

13 Moysés, porém, disse ao povo: Não temaes; [7] estae quietos, e vêde o livramento do Senhor, que hoje vos fará: porque aos egypcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre:

14 O Senhor pelejará [8] por vós, e vos calareis.

A passagem pelo meio do mar.

15 Então disse o Senhor a Moysés: Porque clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem.

16 E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em secco.

17 E eu, eis que endurecerei o coração dos egypcios, para que entrem n’elle atraz d’elles; e eu serei glorificado em Pharaó, e em todo o seu exercito, nos seus carros e nos seus cavalleiros,

[65]

18 E os egypcios saberão que eu sou o Senhor, quando fôr glorificado em Pharaó, nos seus carros e nos seus cavalleiros.

19 E o anjo de Deus, [9] que ia diante do exercito d’Israel, se retirou, e ia detraz d’elles: tambem a columna de nuvem se retirou de diante d’elles, e se poz atraz d’elles,

20 E ia entre o campo dos egypcios e o campo d’Israel: e a nuvem era escuridade para aquelles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro.

21 Então Moysés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquella noite; e o mar tornou-se em secco, e as aguas [10] foram partidas.

22 E os filhos d’Israel entraram pelo meio do mar em secco: [11] e as aguas foram-lhes como muro á sua direita e á sua esquerda.

23 E os egypcios seguiram-n’os, e entraram atraz d’elles todos os cavallos de Pharaó, os seus carros e os seus cavalleiros, até ao meio do mar.

24 E aconteceu que, na vigilia d’aquella manhã, o Senhor, na columna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egypcios: e alvorotou o campo dos egypcios,

25 E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e fel-os andar difficultosamente. Então disseram os egypcios: Fujamos da face d’Israel, porque o Senhor por elles peleja contra os egypcios.

26 E disse o Senhor a Moysés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as aguas tornem sobre os egypcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavalleiros.

Os egypcios perecem no mar.

27 Então Moysés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar tornou-se em sua força ao amanhecer, e os egypcios fugiram ao seu encontro: e o Senhor derribou os egypcios no meio do mar,

28 Porque as aguas, tornando, cobriram os carros e os cavalleiros de todo o exercito de Pharaó, que os haviam seguido no mar: nem ainda um d’elles ficou.

29 Mas os filhos d’Israel foram pelo meio do mar secco: e as aguas foram-lhes como muro á sua mão direita e á sua esquerda.

30 Assim o Senhor salvou Israel n’aquelle dia da mão dos egypcios: e Israel viu os egypcios mortos na praia do mar.

31 E viu Israel a grande mão que o Senhor mostrara aos egypcios; e temeu o povo ao Senhor, e [12] creram no Senhor e em Moysés, seu servo.

[1] Num. 33.7.

[2] cap. 4.21.

[3] cap. 15.4.

[4] Num. 33.3. Deu. 26.8.

[5] Jos. 24.7. Neh. 9.9.

[6] cap. 5.21 e 6.9.

[7] Deu. 20.3. II Reis 6.16. II Chr. 20.15, 17. Psa. 27.1, 2 e 46.1, 3. Isa. 41.10, 14.

[8] Deu. 1.30 e 20.4. Jos. 23.3, 10. Isa. 30.15.

[9] Num. 20.16. Isa. 63.9.

[10] Jos. 4.23. Psa. 66.6.

[11] I Cor. 10.1. Heb. 11.29.

[12] cap. 19.9. João 2.11.

O cantico de Moysés.

15 Então cantou Moysés e os filhos d’Israel este cantico ao Senhor, e fallaram, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque summamente se exaltou: lançou no mar o cavallo e o seu cavalleiro.

2 O Senhor é a minha força, e o meu cantico; [1] elle me foi por salvação; este é o meu Deus, [EO] portanto lhe farei uma habitação; elle é o Deus de meu pae, por isso o exaltarei.

3 O Senhor é varão de guerra: [2] o Senhor é o seu nome.

4 Lançou no mar os carros de Pharaó e o seu exercito; e os seus escolhidos principes afogaram-se no Mar Vermelho.

5 Os abysmos os cobriram: desceram ás profundezas [3] como pedra.

6 A tua dextra, ó Senhor, se tem glorificado em potencia: a tua dextra, ó Senhor, tem despedaçado o inimigo;

7 E com a grandeza da tua excellencia derribaste aos que se levantaram contra ti: enviaste o teu furor, que os consumiu [4] como o rastolho.

8 E com o sopro [5] dos teus narizes amontoaram-se as aguas, as correntes pararam-se como montão: os abysmos coalharam-se no coração do mar.

9 O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos: fartar-se-ha [EP] a minha alma d’elles, arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá,

10 Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu: afundaram-se como chumbo em vehementes aguas.

11 Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? quem é como tu [EQ] glorificado em sanctidade, terrivel em louvores, obrando maravilhas?

12 Estendeste a tua mão direita: a terra os tragou.

13 Tu, com a tua beneficencia, [6] guiaste a este povo, que salvaste: com a tua força o levaste á habitação da tua sanctidade.

14 Os povos o ouvirão, [7] elles estremecerão: apoderar-se-ha uma dôr dos habitantes da Palestina.

[66]

15 Então os principes de Edom se pasmarão, dos poderosos dos moabitas apoderar-se-ha um tremor, derreter-se-hão [8] todos os habitantes de Canaan.

16 Espanto e pavor [9] cairá sobre elles: pela grandeza do teu braço emmudecerão como pedra; até que o teu povo haja passado, ó Senhor, até que passe este povo [10] que adquiriste.

17 Tu os introduzirás, [11] e os plantarás no monte da tua herança, no logar que tu, ó Senhor, apparelhaste para a tua habitação, o sanctuario, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.

18 O Senhor reinará [12] eterna e perpetuamente;

19 Porque os cavallos de Pharaó, com os seus carros e com os seus cavalleiros, entraram no mar, e o Senhor fez tornar as aguas do mar sobre elles; mas os filhos d’Israel passaram em secco pelo meio do mar.

A dança de Miriam e das mulheres.

20 Então Miriam, a prophetiza, a irmã d’Aarão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres sairam atraz d’ella com tamboris e com danças.

21 E Miriam lhes respondia: Cantae ao Senhor, porque summamente se exaltou, e lançou no mar o cavallo com o seu cavalleiro.

22 Depois fez Moysés partir os israelitas do Mar Vermelho, [13] e sairam ao deserto de Sur: e andaram tres dias no deserto, e não acharam aguas.

As aguas amargas tornam-se doces.

23 Então chegaram a [ER] Marah; [14] mas não poderam beber as aguas de Marah, porque eram amargas: por isso chamou-se o seu nome Marah.

24 E o povo murmurou contra Moysés, dizendo: Que havemos de beber?

25 E elle clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe um lenho que lançou nas aguas, e as aguas se tornaram doces: [15] ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou.

26 E disse: Se ouvires attento a voz do Senhor teu Deus, e obrares o que é recto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, [16] e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que puz sobre o Egypto; porque eu sou o Senhor [17] que te sara.

27 Então vieram [18] a Elim, e havia ali doze fontes d’agua e setenta palmeiras: e ali se acamparam junto das aguas.

[1] Psa. 118.14. Isa. 12.2.

[2] Psa. 24.8 e 45.3. Apo. 19.11.

[3] Neh. 9.11. Psa. 118.15, 16.

[4] Isa. 5.24 e 47.14.

[5] II Sam. 22.16. Job 4.9.

[6] Isa. 63.13.

[7] Num. 14.14. Jos. 2.10.

[8] Jos. 5.1.

[9] Deu. 2.25 e 11.25.

[10] Psa. 74.2.

[11] Psa. 44.2, 3. Psa. 78.54.

[12] Psa. 146.10. Dan. 4.3 e 7.27.

[13] Gen. 16.7.

[14] Num. 33.8.

[15] II Reis 2.21 e 4.41.

[16] cap. 23.25.

[17] Psa. 103.3.

[18] Num. 33.9.

Deus manda o manná.

16 E partidos de Elim, [1] toda a congregação dos filhos d’Israel veiu ao deserto de Sin, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mez segundo, depois que sairam da terra do Egypto.

2 E toda a congregação dos filhos d’Israel [2] murmurou contra Moysés e contra Aarão no deserto.

3 E os filhos d’Israel disseram-lhes: Quem déra que nós morressemos por mão do Senhor na terra do Egypto, quando estavamos sentados ás panellas da carne, quando comiamos pão até fartar! [3] porque nos tendes tirado a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.

4 Então disse o Senhor a Moysés: Eis que vos choverei pão dos céus, [4] e o povo sairá, e colherá cada dia a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.

5 E acontecerá, ao sexto dia, que apparelhem o que colheram: e será dobrado [5] do que colhem cada dia.

6 Então disse Moysés, e Aarão a todos os filhos d’Israel: A tarde sabereis que o Senhor vos tirou da terra do Egypto,

7 E ámanhã vereis a gloria do Senhor, porquanto ouviu as vossas murmurações contra o Senhor: porque quem somos nós, que murmureis contra nós?

8 Disse mais Moysés: Isso será quando o Senhor á tarde vos der carne para comer, e pela manhã pão a fartar, porquanto o Senhor ouviu as vossas murmurações, com que murmuraes contra elle: porque, quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, mas sim [6] contra o Senhor.

9 Depois disse Moysés a Aarão: Dize a toda a congregação dos filhos d’Israel: Chegae-vos para diante do Senhor, porque ouviu as vossas murmurações.

10 E aconteceu que, quando fallou Aarão a toda a congregação dos filhos d’Israel, e elles se viraram para o deserto, eis que a gloria do Senhor [7] appareceu na nuvem.

Deus manda carne.

11 E o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

12 Tenho [8] ouvido as murmurações[67] dos filhos de Israel; falla-lhes, dizendo: Entre as duas tardes comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão: e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus.

13 E aconteceu que á tarde subiram codornizes, [9] e cobriram o arraial: e pela manhã jazia o orvalho ao redor do arraial,

14 E, alçando-se o orvalho caido, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miuda, redonda, miuda como a geada sobre a terra.

15 E, vendo-a os filhos d’Israel, disseram uns aos outros: [ES] Que é isto; porque não sabiam o que era. Disse-lhes pois Moysés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer.

16 Esta é a palavra que o Senhor tem mandado: Colhei d’elle cada um conforme ao que pode comer, um gomer por cada cabeça, segundo o numero das vossas almas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda.

17 E os filhos d’Israel fizeram assim; e colheram, uns mais e outros menos.

18 Porém, medindo-o com o gomer, não sobejava ao que colhera muito, nem faltava [10] ao que colhera pouco; cada um colheu tanto quanto podia comer.

19 E disse-lhes Moysés: Ninguem d’elle deixe para [11] ámanhã.

20 Elles, porém, não deram ouvidos a Moysés, antes alguns d’elles deixaram d’elle para a manhã; e aquelle criou bichos, e fedeu; por isso indignou-se Moysés contra elles.

21 Elles pois o colhiam cada manhã, cada um conforme ao que podia comer; porque, aquentando o sol, derretia-se.

22 E aconteceu que ao sexto dia colheram pão em dobro, dois gomeres para cada um: e todos os principes da congregação vieram, e contaram-n’o a Moysés.

23 E elle disse-lhes: Isto é o que o Senhor tem [12] dito: Amanhã é repouso, do sancto sabbado do Senhor: o que quizerdes cozer no forno, cozei-o, e o que quizerdes cozer em agua, cozei-o em agua; e tudo o que sobejar, para vós ponde em guarda até ámanhã.

24 E guardaram-n’o até ámanhã, como Moysés tinha ordenado: e não fedeu, nem n’elle houve algum [13] bicho.

25 Então disse Moysés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sabbado do Senhor: hoje não o achareis no campo.

26 Seis dias o colhereis, mas o setimo dia é o sabbado; n’aquelle não haverá.

27 E aconteceu ao setimo dia, que alguns do povo sairam para colher, mas não o acharam.

28 Então disse o Senhor a Moysés: Até quando recusareis de guardar os meus mandamentos [14] e as minhas leis?

29 Vêde, porquanto o Senhor vos deu o sabbado, portanto elle no sexto dia vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu logar, que ninguem saia do seu logar no setimo dia.

30 Assim repousou o povo no setimo dia.

31 E chamou a casa de Israel o seu nome manná; [15] e era como semente de coentro branco, e o seu sabor como bolos de mel.

32 E disse Moysés: Esta é a palavra que o Senhor tem mandado: Encherás um gomer d’elle em guarda para as vossas gerações, para que vejam o pão que vos tenho dado a comer n’este deserto, quando eu vos tirei da terra do Egypto.

33 Disse tambem Moysés a Aarão: Toma um vaso, [16] e mette n’elle um gomer cheio de manná, e pôe-o diante do Senhor, em guarda para as vossas gerações.

34 Como o Senhor tinha ordenado a Moysés, assim Aarão o poz diante do testemunho em [17] guarda.

35 E comeram os filhos d’Israel manná quarenta annos, [18] até que entraram em terra habitada: comeram manná até que chegaram aos termos da terra de [19] Canaan.

36 E um [20] gomer é a decima parte do epha.

[1] Num. 33.10.

[2] cap. 15.24.

[3] Num. 11.4, 5.

[4] Psa. 78.24. João 6.31, 32. I Cor. 10.3. Deu. 8.16.

[5] ver. 22.

[6] I Sam. 8.7.

[7] Num. 14.10.

[8] ver. 7.

[9] Num. 11.31. Psa. 105.40.

[10] II Cor. 8.15.

[11] Mat. 6.34.

[12] Gen. 2.3. cap. 20.8 e 31.15. Lev. 23.3.

[13] ver. 20.

[14] Num. 14.11.

[15] ver. 15. Num. 11.7, 8.

[16] Heb. 9.4. Apo. 2.17.

[17] cap. 25.16. Num. 17.10. I Reis 8.9.

[18] Deu. 8.2, 3. Neh. 9.21. João 6.31, 49.

[19] Jos. 5.12.

[20] ver. 16, 32, 33.

A jornada pelo deserto de Sin e a falta de agua.

17 Depois toda a congregação dos filhos d’Israel partiu do deserto de Sin [1] pelas suas jornadas, segundo o mandamento do Senhor, e acamparam em Rephidim; e não havia ali agua para o povo beber.

2 Então contendeu o povo com Moysés, [2] e disseram: Dae-nos agua para beber. E Moysés lhes disse: Porque contendeis commigo? porque tentaes ao [3] Senhor?

3 Tendo pois ali o povo sêde d’agua, o povo murmurou contra Moysés, e[68] disse: Porque nos fizeste subir do Egypto, para nos matares de sêde, a nós e aos nossos filhos, e ao nosso gado?

4 E clamou Moysés ao Senhor, dizendo: Que farei a este povo? d’aqui a pouco me [4] apedrejarão.

5 Então disse o Senhor a Moysés: Passa diante do povo, e toma comtigo alguns dos anciãos de Israel: e toma na tua mão a tua vara, [5] com que feriste o rio: vae.

6 Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horeb, e tu ferirás a rocha, e d’ella sairão aguas [6] e o povo beberá. E Moysés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.

7 E chamou o nome d’aquelle logar [ET] Massah e [EU] Meribah, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porquanto tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?

Amalek peleja contra os israelitas.

8 Então veiu Amalek, [7] e pelejou contra Israel em Rephidim.

9 Pelo que disse Moysés a Josué: Escolhe-nos homens, e sae, peleja contra Amalek: ámanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, [8] e a vara de Deus estará na minha mão.

10 E fez Josué como Moysés lhe dissera, pelejando contra Amalek: mas Moysés, Aarão, e Hur subiram ao cume do outeiro.

11 E acontecia que, quando Moysés levantava a sua mão, Israel prevalecia: mas quando elle abaixava a sua mão, Amalek prevalecia.

12 Porém as mãos de Moysés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a pozeram debaixo d’elle, para assentar-se sobre ella: [9] e Aarão e Hur sustentaram as suas mãos, um d’uma banda, e o outra da outra: assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se poz.

13 E assim Josué desfez a Amalek, e a seu povo, ao fio da espada.

14 Então disse o Senhor a Moysés; Escreve isto para memoria n’um livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memoria d’Amalek de debaixo [10] dos céus.

15 E Moysés edificou um altar, e chamou o seu nome, o Senhor é minha [EV] bandeira.

16 E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amalek de geração em geração.

[1] cap. 16.1. Num. 33.12, 14.

[2] Num. 20.3, 4.

[3] Deu. 6.16. Psa. 78.18, 41 e 95.8, 9. Isa. 7.12. Mat. 4.7. I Cor. 10.9.

[4] I Sam. 30.6. João 8.59.

[5] cap. 7.20. Num. 20.8, 11.

[6] Psa. 78.15 e 105.41. I Cor. 10.4.

[7] Num. 24.20.

[8] cap. 4.20.

[9] cap. 24.14.

[10] Deu. 25.19. I Sam. 15.3.

O sogro de Moysés traz-lhe sua mulher e seus filhos.

18 Ora Jethro, sacerdote de Midian, [1] sogro de Moysés, ouviu todas as coisas que Deus tinha feito a Moysés e a Israel seu povo: como o Senhor tinha tirado a Israel do Egypto.

2 E Jethro, sogro de Moysés, tomou a Zippora, a mulher de Moysés, depois que elle lh’a [2] enviara,

3 Com seus dois filhos, dos quaes [3] um se chamava Gerson; porque disse: Eu fui peregrino em terra estranha;

4 E o outro se chamava Eliezer; porque disse: O Deus de meu pae foi por minha ajuda, e me livrou da espada de Pharaó.

5 Vindo pois Jethro, o sogro de Moysés, com seus filhos e com sua mulher, a Moysés no deserto, [4] ao monte de Deus, onde se tinha acampado,

6 Disse a Moysés: Eu, teu sogro Jethro, venho a ti, com tua mulher, e seus dois filhos com ella.

7 Então saiu Moysés ao [5] encontro de seu sogro, e inclinou-se, e beijou-o, e perguntaram um ao outro como estavam, e entraram na tenda.

8 E Moysés contou a seu sogro todas as coisas que o Senhor tinha feito a Pharaó e aos egypcios por amor de Israel, e todo o trabalho que passaram no caminho, e como o [6] Senhor os livrara.

9 E alegrou-se Jethro de todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel, livrando-o da mão dos egypcios.

10 E Jethro disse: Bemdito [7] seja o Senhor, que vos livrou das mãos dos egypcios e da mão de Pharaó; que livrou a este povo de debaixo da mão dos egypcios.

11 Agora sei que o Senhor [8] é maior que todos os deuses: porque na coisa, em que se ensoberbeceram, os sobrepujou.

12 Então tomou Jethro, o sogro de Moysés, holocausto e sacrificios para Deus: e veiu Aarão, e todos os anciãos de Israel, para comerem pão com o sogro de Moysés [9] diante de Deus.

13 E aconteceu que, ao outro dia, Moysés assentou-se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moysés desde a manhã até á tarde.

14 Vendo pois o sogro de Moysés tudo o que elle fazia ao povo, disse: Que é isto, que tu fazes as povo? porque te assentas só, e todo o povo está em pé[69] diante de ti, desde a manhã até á tarde?

15 Então disse Moysés a seu sogro: É porque este [10] povo vem a mim, para consultar a Deus:

16 Quando tem algum negocio [11] vem a mim, para que eu julgue entre um e outro, e lhes declare os estatutos de Deus, e as suas leis.

17 O sogro de Moysés porém lhe disse: Não é bom o que fazes.

18 Totalmente desfallecerás, assim tu, como este povo que está comtigo: porque este negocio é mui difficil para ti; [12] tu só não o podes fazer.

19 Ouve agora minha voz, eu te aconselharei, [13] e Deus será comtigo: Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as coisas a Deus;

20 E declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho [14] em que devem andar, e a obra que devem fazer.

21 E tu d’entre todo o povo procura homens capazes, tementes [15] a Deus, homens de verdade, que aborrecem a avareza; e põe-n’os sobre elles por maioraes de mil, maioraes de cento, maioraes de cincoenta, e maioraes de dez;

22 Para que julguem este povo em tempo; [16] e seja que todo o negocio pequeno elles o julguem: assim a ti mesmo te alliviarás da carga, [17] e elles a levarão comtigo.

23 Se isto fizeres, e Deus t’o mandar, [18] poderás então subsistir: assim tambem todo este povo em paz virá ao seu logar.

24 E Moysés deu ouvidos á voz de seu sogro, e fez tudo quanto tinha dito;

25 E escolheu Moysés homens capazes, de todo o Israel, [19] e os poz por cabeças sobre o povo: maioraes de mil, maioraes de cento, maioraes de cincoenta, e maioraes de dez.

26 E elles julgaram [20] o povo em todo o tempo; o negocio arduo trouxeram a Moysés, e todo o negocio pequeno julgaram elles.

27 Então despediu Moysés o seu sogro, o qual se foi á sua terra.

[1] cap. 2.16 e 3.1.

[2] cap. 4.26.

[3] Act. 7.29. cap. 2.22.

[4] cap. 3.1, 12.

[5] I Reis 2.19. Gen. 29.13 e 33.4.

[6] Psa. 78.42.

[7] Gen. 14.20. II Sam. 18.28. Luc. 1.68.

[8] II Chr. 2.5. Psa. 95.3. cap. 5.2, 7. I Sam. 2.3. Neh. 9.10. Psa. 31.23. Luc. 1.51.

[9] Deu. 12.7. I Chr. 29.22. I Cor. 10.18, 21, 31.

[10] Lev. 24.12. Num. 15.34.

[11] cap. 23.7. Deu. 17.8. Act. 18.15. I Cor. 6.1. Lev. 24.15. Num. 15.35.

[12] Num. 11.14, 17. Deu. 1.9, 12.

[13] cap. 3.12 e 4.16. Deu. 5.5. Num. 27.5.

[14] Deu. 4.1. Psa. 143.8. Deu. 1.18.

[15] Deu. 1.15. II Chr. 19.5, 10. Act. 6.3. II Chr. 19.9. Eze. 18.8. Deu. 16.19.

[16] ver. 26. Lev. 24.11. Num. 15.33. Deu. 1.17.

[17] Num. 11.17.

[18] ver. 18.

[19] Deu. 1.15. Act. 6.5.

[20] ver. 22. Job 29.16.

Deus falla com Moysés no monte de Sinai.

19 Ao terceiro mez da saida dos filhos de Israel da terra do Egypto, no mesmo dia vieram [1] ao deserto de Sinai,

2 Porque partiram de Rephidim [2] e vieram ao deserto de Sinai, e acamparam-se no deserto: Israel pois ali acampou-se defronte [3] do monte.

3 E subiu Moysés a Deus, [4] e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim fallarás á casa de Jacob, e annunciarás aos filhos de Israel:

4 Vós tendes visto o que fiz aos egypcios, [5] como vos levei sobre azas d’aguias, e vos trouxe a mim;

5 Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, [6] e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar d’entre todos os povos: porque toda a terra é minha.

6 E vós me sereis um [7] reino sacerdotal e o povo sancto. Estas são as palavras que fallarás aos filhos de Israel.

7 E veiu Moysés, e chamou os anciãos do povo, e expoz diante d’elles todas estas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado.

8 Então todo o povo respondeu [8] a uma voz, e disseram: Tudo o que o Senhor tem fallado, faremos. E relatou Moysés ao Senhor as palavras do povo.

9 E disse o Senhor a Moysés; Eis que eu virei a ti n’uma nuvem espessa, para [9] que o povo ouça, fallando eu comtigo, e para que tambem te creiam eternamente. Porque Moysés tinha annunciado as palavras do seu povo ao Senhor.

10 Disse tambem o Senhor a Moysés: Vae ao povo, e sanctifica-os [10] hoje e ámanhã, e lavem elles os seus vestidos,

11 E estejam promptos para o terceiro dia: porquanto no terceiro dia o Senhor descerá [11] ante dos olhos de todo o povo sobre o monte de Sinai.

12 E marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardae-vos que não subaes ao monte, [12] nem toqueis o seu termo; todo aquelle, que tocar o monte, certamente morrerá.

13 Nenhuma mão tocará n’elle: porque certamente será apedrejado ou asseteado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; soando [13] [EW] a buzina longamente, então subirão ao monte.

[70]

14 Então Moysés desceu do monte ao povo, e sanctificou o povo; [14] e lavaram os seus vestidos.

15 E disse ao povo: Estae [15] promptos ao terceiro dia; e não chegueis a mulher.

16 E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões [16] e relampagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, [17] de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial.

17 E Moysés levou [18] o povo fóra do arraial ao encontro de Deus; e puzeram-se ao pé do monte.

18 E todo o monte de Sinai [19] fumegava, porque o Senhor descera sobre elle em fogo: e o seu fumo subiu como fumo d’um forno, e todo o monte tremia grandemente.

19 E o sonido da buzina ia esforçando-se em grande maneira: [20] Moysés fallava, e Deus lhe respondia em voz alta.

20 E, descendo o Senhor sobre o monte de Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moysés ao cume do monte; e Moysés subiu.

21 E disse o Senhor a Moysés: Desce, protesta ao povo que não trespassem o termo, para ver o Senhor, [21] e muitos d’elles perecerem.

22 E tambem os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de sanctificar, [22] para que o Senhor não se lance sobre elles.

23 Então disse Moysés ao Senhor: O povo não poderá subir ao monte de Sinai, porque tu nos tens protestado, dizendo: Marca termos [23] ao monte, e sanctifica-o.

24 E disse-lhe o Senhor: Vae, desce: depois subirás tu, e Aarão comtigo: os sacerdotes, porém, e o povo não trespassem o termo para subir ao Senhor, para que não se lance sobre elles.

25 Então Moysés desceu ao povo, e disse-lhes isto.

[1] Num. 33.15.

[2] cap. 17.1.

[3] cap. 3.1, 12.

[4] cap. 20.21. Act. 7.38. cap. 3.4.

[5] Deu. 29.2. Isa. 63.9.

[6] Deu. 5.2. I Reis 8.53. Psa. 135.4. Isa. 41.8. Mal. 3.17. Tito 2.14. Deu. 10.14. I Cor. 10.26.

[7] I Ped. 2.5, 9. Apo. 1.6. Lev. 20.26. Isa. 62.12. I Cor. 3.17. I The. 5.27.

[8] cap. 24.3, 7. Deu. 5.27.

[9] ver. 16. cap. 20.21. Mat. 17.5. Deu. 4.12, 36. João 12.29, 30. cap. 14.31.

[10] Lev. 11.44, 45. Heb. 10.22. ver. 14. Gen. 35.2.

[11] ver. 16, 18. cap. 34.5. Deu. 33.2.

[12] Heb. 12.20.

[13] ver. 16, 19.

[14] ver. 10.

[15] ver. 11. I Sam. 21.4, 5. I Cor. 7.5.

[16] Heb. 12.18, 19. Apo. 4.5. cap. 40.34. II Chr. 5.14.

[17] Apo. 1.10 e 4.1. Heb. 12.21.

[18] Deu. 4.10.

[19] Deu. 4.11. Jui. 5.5. Psa. 68.8, 9. Hab. 3.3. II Chr. 7.1, 2, 3. Apo. 15.8. Heb. 12.26.

[20] ver. 13. Neh. 9.13.

[21] cap. 3.5. I Sam. 6.19.

[22] Lev. 10.3. II Sam. 6.7, 8.

[23] ver. 12. Jos. 3.4.

Os dez mandamentos.

20 Então fallou Deus todas [1] estas palavras, dizendo:

2 Eu sou o Senhor teu Deus, [2] que te tirei da terra do Egypto, da casa da servidão.

3 Não terás [3] outros deuses diante de mim.

4 Não farás para ti imagem [4] d’esculptura, nem alguma similhança do que ha em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas aguas debaixo da terra.

5 Não te encurvarás a ellas [5] nem as servirás: porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus [6] zeloso, que visito a maldade dos paes nos filhos, até á terceira e quarta geração d’aquelles que me aborrecem,

6 E faço misericordia [7] em milhares, aos que me amam, e aos que guardam os meus mandamentos.

7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não terá por innocente o [8] que tomar o seu nome em vão.

8 Lembra-te do dia do sabbado, para o [9] sanctificar.

9 Seis dias trabalharás, [10] e farás toda a tua obra,

10 Mas o setimo [11] dia é o sabbado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem a tua besta, nem o teu estrangeiro, [12] que está dentro das tuas portas.

11 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que n’elles ha, e ao setimo dia descançou: portanto abençoou o Senhor o dia do sabbado, e o sanctificou,

12 Honra a teu pae [13] e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

13 Não [14] matarás.

14 Não [15] adulterarás.

15 Não [16] furtarás.

16 Não dirás falso testemunho [17] contra o teu proximo.

17 Não cubiçarás a casa do teu proximo, [18] não cubiçarás a mulher do teu proximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu proximo.

18 E todo o povo viu os [19] trovões e os relampagos, e o sonido da buzina, e o[71] monte fumegando: e o povo, vendo isso retirou-se e poz-se de longe.

19 E disseram a Moysés: Falla [20] tu comnosco, e ouviremos: e não falle Deus comnosco, para que não morramos.

20 E disse Moysés ao povo: Não temaes, [21] que Deus veiu para provar-vos, e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.

21 E o povo estava em pé de longe: Moysés, porém, se chegou [22] á escuridade, onde Deus estava.

22 Então disse o Senhor a Moysés: Assim dirás aos filhos d’Israel: Vós tendes visto que eu fallei [23] comvosco desde os céus.

23 Não fareis outros deuses commigo; deuses de prata [24] ou deuses de oiro não fareis para vós.

24 Um altar de terra me farás, e sobre elle sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas offertas pacificas, as tuas ovelhas, [25] e as tuas vaccas: em todo o logar, onde eu fizer celebrar a memoria do meu nome, virei a ti, e te abençoarei.

25 E se me fizeres um altar de pedras, [26] não o farás de pedras lavradas: se sobre elle levantares o teu buril, profanal-o-has.

26 Não subirás tambem por degraus ao meu altar, para que a tua nudez não seja descoberta diante d’elles.

[1] Deu. 5.22.

[2] Lev. 26.1, 13. Ose. 13.4. cap. 13.3.

[3] Deu. 5.7. Jer. 25.6.

[4] Lev. 26.1. Psa. 97.7.

[5] cap. 23.24. Jos. 23.7. II Reis 17.35. Isa. 44.15, 19. cap. 34.14.

[6] Jos. 24.19. Nah. 1.2. cap. 34.7. Num. 14.18, 33. Isa. 14.20, 21.

[7] cap. 34.7. Deu. 7.9. Rom. 11.28.

[8] Lev. 19.12. Deu. 5.11. Mat. 5.33.

[9] cap. 31.13, 14. Lev. 19.3, 30. Deu. 5.12.

[10] cap. 23.12. Lev. 23.3. Eze. 20.12. Luc. 13.14.

[11] Gen. 2.2, 3. cap. 16.26.

[12] Neh. 13.16, 19.

[13] Deu. 5.16. Mat. 15.4. Mar. 7.10. Luc. 18.20. Eph. 6.2.

[14] Deu. 5.17. Mat. 5.21. Rom. 13.9.

[15] Deu. 5.18. Mat. 5.27.

[16] Lev. 19.11. Mat. 19.18.

[17] cap. 23.1. Deu. 5.20.

[18] Deu. 5.21. Miq. 2.2. Hab. 2.9. Luc. 12.15. Rom. 7.7. Eph. 5.3, 5. Heb. 13.5. Jer. 5.8. Mat. 5.28.

[19] Heb. 12.18. cap. 19.18.

[20] Heb. 12.19. Deu. 5.25.

[21] Isa. 41.10, 13. Gen. 22.1. Deu. 4.10.

[22] cap. 19.16. Deu. 5.5.

[23] Deu. 4.36. Neh. 9.13.

[24] cap. 32.4. II Reis 17.33. Dan. 5.4, 23. Sof. 1.5. II Cor. 6.14, 15, 16.

[25] Lev. 1.2. Deu. 12.5, 11, 21. Neh. 1.9. Jer. 7.10, 12. Deu. 7.13.

[26] Deu. 27.5. Jos. 8.31.

As leis ácerca dos servos e dos homicidios.

21 Estes são os estatutos [1] que lhes proporás.

2 Se comprares um servo [2] hebreo, seis annos servirá; mas ao setimo sairá forro, de graça.

3 Se entrou com o seu corpo, com o seu corpo sairá: se elle era homem casado, sairá sua mulher com elle.

4 Se seu senhor lhe houver dado uma mulher, e ella lhe houver parido filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e elle sairá com seu corpo.

5 Mas se aquelle servo expressamente disser: [3] Eu amo a meu senhor, e a minha mulher, e a meus filhos; não quero sair forro:

6 Então seu senhor o levará [4] aos juizes, e o fará chegar á porta, ou ao postigo, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e o servirá para sempre.

7 E se algum vender [5] sua filha por serva, não sairá como saem os servos.

8 Se desagradar aos olhos de seu senhor, e não se desposar com ella, fará que se resgate: não poderá vendel-a a um povo estranho, usando deslealmente com ella.

9 Mas se a desposar com seu filho, fará com ella conforme ao direito das filhas.

10 Se lhe tomar outra, não deminuirá o mantimento d’esta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação [6] marital.

11 E se lhe não fizer estas tres coisas, sairá de graça, sem dar dinheiro.

12 Quem ferir alguem, [7] que morra, elle tambem certamente morrerá;

13 Porém o que lhe não [8] armou ciladas, mas Deus o fez encontrar nas suas mãos, ordenar-te-hei um logar, para onde elle fugirá.

14 Mas se alguem se ensoberbecer contra o seu proximo, [9] matando-o com engano, tiral-o-has do meu altar, para que morra.

15 O que ferir a seu pae, ou a sua mãe, certamente morrerá.

16 E quem furtar algum [10] homem, e o vender, ou fôr achado na sua mão, certamente morrerá.

As leis ácerca dos que amaldiçoam os paes ou ferem qualquer pessoa.

17 E quem amaldiçoar [11] a seu pae ou a sua mãe, certamente morrerá.

18 E se alguns homens pelejarem, ferindo-se um ao outro com pedra ou com o punho, e este não morrer, mas cair na cama;

19 Se elle tornar a levantar-se e andar fóra sobre o seu bordão, então aquelle que o feriu será absolvido: [12] sómente lhe pagará o tempo que perdera e o fará curar totalmente.

20 Se alguem ferir a seu servo, ou a sua serva com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será [EX] castigado;

21 Porém se ficar vivo por um ou dois dias, não será castigado, [13] porque é seu dinheiro.

22 Se alguns homens pelejarem, e ferirem uma mulher gravida, e forem causa que aborte, porém não houver morte, certamente será multado, [14] conforme ao que lhe impuzer o marido da mulher, e pagará diante dos juizes.

[72]

23 Mas se houver morte, então darás vida por vida,

24 Olho por olho, [15] dente por dente, mão por mão, pé por pé,

25 Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.

26 E quando alguem ferir o olho do seu servo, ou o olho da sua serva, e o damnificar, o deixará ir forro pelo seu olho.

27 E se tirar o dente do seu servo, ou o dente da sua serva, o deixará ir forro pelo seu dente.

28 E se algum boi escornear homem ou mulher, e morrer, o boi será apedrejado [16] certamente, e a sua carne se não comerá; mas o dono do boi será absolvido.

29 Mas se o boi d’antes era escorneador, e o seu dono foi conhecedor d’isso, e não o guardou, matando homem ou mulher, o boi será apedrejado, e tambem o seu dono morrerá.

30 Se lhe fôr imposto resgate, então dará [17] por resgate da sua vida tudo quanto lhe fôr imposto,

31 Quer tenha escorneado um filho, quer tenha escorneado uma filha; conforme a este estatuto lhe será feito.

32 Se o boi escornear um servo, ou uma serva, dará [18] trinta siclos de prata ao seu senhor, e o boi será apedrejado.

33 Se alguem abrir uma cova, ou se alguem cavar uma cova, e não a cobrir, e n’ella cair um boi ou jumento,

34 O dono da cova o pagará, ao seu dono o dinheiro restituirá; mas o morto será seu.

35 Se o boi de alguem ferir o boi do seu proximo, e morrer, então se venderá o boi vivo, e o dinheiro d’elle se repartirá egualmente, e tambem o morto se repartirá egualmente.

36 Mas se foi notorio que aquelle boi d’antes era escorneador, e seu dono não o guardou, certamente pagará boi por boi; porém o morto será seu.

[1] cap. 24.3, 4. Deu. 4.14 e 6.1.

[2] Lev. 25.39, 40, 41. Deu. 15.12. Jer. 34.14.

[3] Deu. 15.16, 17.

[4] cap. 12.12 e 22.8, 28.

[5] Neh. 5.5. ver. 2, 3.

[6] I Cor. 7.5.

[7] Gen. 9.6. Lev. 24.17. Num. 35.30. Mat. 26.52.

[8] Deu. 19.4, 5. I Sam. 24.4, 10, 18. Num. 35.11. Jos. 20.2.

[9] Num. 15.30. Deu. 19.11, 12. Heb. 10.26. I Reis 2.28, 34.

[10] Deu. 24.7. Gen. 37.28.

[11] Lev. 20.9. Pro. 20.20. Mat. 15.4. Mar. 7.10.

[12] II Sam. 3.29.

[13] Lev. 25.45, 46.

[14] ver. 30. Deu. 22.18, 19.

[15] Lev. 24.20. Mat. 5.38.

[16] Gen. 9.5.

[17] ver. 22. Num. 35.31.

[18] Zac. 11.12, 13. Mat. 26.15. ver. 28.

As leis ácerca da propriedade.

22 Se alguem furtar boi ou ovelha, e o degolar ou vender, por um boi pagará cinco bois, e [1] pela ovelha quatro ovelhas.

2 Se o ladrão fôr achado na mina, [2] e fôr ferido, e morrer, o que o feriu não será culpado do sangue.

3 Se o sol houver saido sobre elle, será culpado do sangue: totalmente o restituirá: e se não tiver com que pagar, será vendido por seu furto.

4 Se o furto fôr achado vivo [3] na sua mão, seja boi, ou jumento, ou ovelha, pagará o dobro.

5 Se alguem fizer pastar n’um campo ou n’uma vinha, e largar a sua besta, para comer no campo de outro, o melhor do seu proprio campo e o melhor da sua propria vinha restituirá.

6 Se arrebentar um fogo, e prender os espinhos, e abrazar a meda de trigo, ou a seara, ou o campo, aquelle que accendeu o fogo totalmente pagará o queimado.

7 Se alguem der prata, os vasos ao seu proximo a guardar, e fôr furtado da casa d’aquelle homem, se o ladrão se achar, [4] pagará o dobro.

8 Se o ladrão não se achar, então o dono da casa será levado diante dos juizes, [5] a ver se não metteu a sua mão na fazenda do seu proximo.

9 Sobre todo o negocio de injustiça, sobre boi, sobre jumento, sobre gado miudo, sobre vestido, sobre toda a coisa perdida, de que alguem disser que é sua a causa de ambos virá perante os juizes, [6] aquelle a quem condemnarem os juizes o pagará em dobro ao seu proximo.

10 Se alguem der a seu proximo a guardar um jumento, ou boi, ou ovelha, ou alguma besta, e morrer, ou fôr dilacerado, ou afugentado, ninguem o vendo,

11 Então haverá juramento [7] do Senhor entre ambos, que não metteu a sua mão na fazenda do seu proximo: e seu dono o acceitará, e o outro não o restituirá.

12 Mas se lhe fôr furtado, o [8] pagará ao seu dono.

13 Porém se lhe fôr dilacerado, tral-o-ha em testemunho d’isso, e não pagará o dilacerado.

14 E se alguem a seu proximo pedir alguma coisa, e fôr damnificada ou morta, não estando presente o seu dono, certamente a restituirá.

15 Se o seu dono esteve presente, não a restituirá: se foi alugada, será pelo seu aluguer.

As leis ácerca da immoralidade e idolatria.

16 Se alguem enganar [9] alguma virgem, que não fôr desposada, e se deitar com ella, certamente a dotará por sua mulher.

17 Se seu pae inteiramente recusar dar-lh’a, dará dinheiro conforme ao dote das [10] virgens.

[73]

18 A feiticeira não [11] deixarás viver.

19 Todo aquelle que se deitar [12] com animal, certamente morrerá.

20 O que sacrificar [13] aos deuses, e não só ao Senhor, será morto.

21 O estrangeiro não [14] affligirás, nem o opprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egypto.

22 A nenhuma viuva nem orphão [15] affligireis.

23 Se de alguma maneira [16] os affligires, e elles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor,

24 E a minha ira [17] se accenderá, e vos matarei á espada; e vossas mulheres ficarão viuvas, e vossos filhos orphãos.

25 Se emprestares [18] dinheiro ao meu povo, ao pobre que está comtigo, não te haverás com elle como um usurario; não lhe imporeis usura.

26 Se tomares em penhor o vestido do teu proximo, [19] lh’o restituirás antes do pôr do sol,

27 Porque aquella é a sua cobertura, e o vestido da sua pelle; em que se deitaria? será pois que, quando clamar a [20] mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.

28 Os juizes não [21] amaldiçoarás, e o principe d’entre o teu povo não maldirás.

29 As tuas primicias, [22] e os teus licores não dilatarás: o primogenito de teus filhos me darás.

30 Assim farás dos teus bois [23] e das tuas ovelhas: sete dias estarão com sua mãe, e ao oitavo dia m’os darás.

31 E ser-me-heis homens [24] sanctos; portanto não comereis carne despedaçada no campo: aos cães a lançareis.

[1] II Sam. 12.6. Luc. 19.8. Pro. 6.31.

[2] Num. 35.27.

[3] cap. 21.16. ver. 1, 7. Pro. 6.31.

[4] ver. 4.

[5] cap. 21.6. ver. 28.

[6] Deu. 25.1. II Chr. 19.10.

[7] Heb. 6.16.

[8] Gen. 31.39.

[9] Deu. 22.28, 29.

[10] Gen. 14.12.

[11] Deu. 18.10, 11. I Sam. 28.3, 9.

[12] Lev. 18.23.

[13] Deu. 13.1, 2.

[14] cap. 23.9. Deu. 10.19. Jer. 7.6. Zac. 7.10.

[15] Deu. 10.18. Psa. 94.6. Isa. 1.17, 23. Thi. 1.27.

[16] Job 35.9. Psa. 18.6. Thi. 5.4.

[17] Psa. 69.24. Lam. 5.3.

[18] Deu. 23.19, 20. Psa. 15.5. Eze. 8.8, 17.

[19] Deu. 24.6, 10, 13, 17. Eze. 18.7, 16.

[20] cap. 34.6. II Chr. 30.9. Psa. 86.15.

[21] Ecc. 10.20. Act. 23.5. Jud. 8.

[22] cap. 23.16, 19. Pro. 3.9. cap. 13.2, 12.

[23] Lev. 22.27.

[24] cap. 19.6. Lev. 19.2. Deu. 14.21.

O testemunho falso e a injustiça.

23 Não admittirás falso [1] rumor, e não porás a tua mão com o impio, para seres testemunha falsa.

2 Não seguirás a multidão [2] para fazeres o mal: nem n’uma demanda fallarás, tomando parte com o maior numero para torcer o direito.

3 Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.

4 Se encontrares o [3] boi do teu inimigo, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lh’o reconduzirás.

5 Se vires [4] o jumento d’aquelle que te aborrece deitado debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudal-o? certamente o ajudarás juntamente com elle.

6 Não perverterás [5] o direito do teu pobre na sua demanda.

7 De palavras de falsidade te affastarás, [6] e não matarás o innocente e o justo; porque não justificarei o impio.

8 Tambem presente não [7] tomarás: porque o presente cega os que teem vista, e perverte as palavras dos justos.

9 Tambem não opprimirás [8] o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egypto.

O anno de descanço e o sabbado.

10 Tambem seis annos semearás tua [9] terra, e recolherás os seus fructos;

11 Mas ao setimo a soltarás e deixarás descançar, para que possam comer os pobres do teu povo, e do sobejo comam os animaes do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival.

12 Seis dias farás os teus [10] negocios, mas ao setimo dia descançarás: para que descance o teu boi, e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua escrava, e o estrangeiro.

13 E em tudo o que vos tenho dito, guardae-vos: e [11] do nome de outros deuses nem vos lembreis, nem se ouça da vossa bocca.

As tres festas.

14 Tres vezes no anno me celebrareis [12] festa.

15 A festa [13] dos pães asmos guardarás: sete dias comerás pães asmos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado no mez de Abib; porque n’elle saiste do Egypto: [14] e ninguem appareça vasio perante mim.

16 E a festa da sega dos primeiros fructos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, [15] e a festa da colheita á saida do anno, quando tiveres colhido do campo o teu trabalho.

[74]

17 Tres vezes [16] no anno todos os teus machos apparecerão diante do Senhor.

18 Não offerecerás [17] o sangue do meu sacrificio com pão levedado: nem ficará a gordura da minha festa de noite até á manhã.

19 As primicias [18] dos primeiros fructos da tua terra trarás á casa do Senhor teu Deus: não [19] cozerás o cabrito no leite de sua mãe.

Deus promette enviar um anjo.

20 Eis-que eu envio [20] um anjo diante de ti, para que te guarde n’este caminho, e te leve ao logar que te tenho apparelhado.

21 Guarda-te diante d’elle, e ouve a sua voz, [21] e não o provoques á ira: porque não perdoará a vossa rebellião; porque o meu nome está n’elle.

22 Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, [22] então serei inimigo dos teus inimigos, e adversario dos teus adversarios.

23 Porque o meu anjo [23] irá diante de ti, e te levará aos amorrheos, e aos hetheos, e aos phereseos, e aos cananeos, heveos e jebuseos: e eu os destruirei.

24 Não te inclinarás diante dos [24] seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme ás suas obras: antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo [EY] as suas estatuas.

25 E servireis ao Senhor [25] vosso Deus, e elle abençoará o vosso pão e a vossa agua: e eu tirarei do meio de ti as enfermidades.

26 Não haverá alguma [26] que [EZ] mova, nem esteril na tua terra: o numero dos teus dias cumprirei.

27 Enviarei [27] o meu terror diante de ti, destruindo a todo o povo aonde entrares, e farei que todos os teus inimigos te virem as costas.

28 Tambem enviarei [28] vespões diante de ti, que lancem fóra os heveos, os cananeos, e os hetheos diante de ti.

29 N’um só anno os não lançarei fóra [29] diante de ti, para que a terra se não torne em deserto, e as feras do campo se não multipliquem contra ti.

30 Pouco a pouco os lançarei diante de ti, até que sejas multiplicado, e possuas a terra por herança.

31 E porei os [30] teus termos desde o Mar Vermelho até ao mar dos philisteos, e desde o deserto até ao [FA] rio: porque darei nas tuas mãos os moradores [31] da terra, para que os lances fóra diante de ti.

32 Não farás concerto [32] algum com elles, ou com os seus deuses.

33 Na tua terra não habitarão, para que não te façam peccar contra mim: se servires aos seus deuses, [33] certamente te será um laço.

[1] Lev. 19.16. II Sam. 19.27. cap. 20.16. I Reis 21.10, 13. Pro. 19.5. Mat. 26.59. Act. 6.11, 13.

[2] Gen. 7.1. Jos. 24.15. Pro. 1.10. Mat. 27.24. Mar. 15.15. Luc. 23.23. Act. 24.27. Lev. 19.15. Deu. 1.17.

[3] Deu. 22.1. Mat. 5.44. Rom. 12.20. I The. 5.15.

[4] Deu. 22.4.

[5] Deu. 27.19. Job 31.13, 21. Isa. 10.1, 2. Jer. 5.28. Amós 5.12.

[6] Lev. 19.11. Eph. 4.25. Pro. 17.15. Mat. 27.4. Rom. 1.18.

[7] Deu. 16.19. I Sam. 8.3. Pro. 15.27. Isa. 1.23. Eze. 22.12. Amós 5.12. Act. 24.26.

[8] cap. 22.21. Deu. 10.19. Psa. 94.6. Eze. 22.7. Mal. 3.5.

[9] Lev. 25.3, 4.

[10] cap. 20.8, 9. Deu. 5.13. Luc. 13.14.

[11] Deu. 4.9. Jos. 22.5. Jos. 23.7.

[12] cap. 34.23. Lev. 23.4.

[13] cap. 12.15. Lev. 23.6.

[14] Deu. 16.16.

[15] Lev. 23.10. Deu. 16.13.

[16] Deu. 16.16.

[17] cap. 12.8. Lev. 2.11. Deu. 16.4.

[18] cap. 22.29. Lev. 23.10. Num. 18.12. Deu. 26.10. Neh. 10.35.

[19] cap. 34.26. Deu. 14.21.

[20] cap. 14.19. Num. 20.16. Jos. 5.13. Isa. 63.9.

[21] Num. 14.11. Heb. 3.10. Deu. 18.19. Jos. 24.19. I João 5.16.

[22] Gen. 12.3. Deu. 30.7. Jer. 30.20.

[23] cap. 33.2. Jos. 24.8.

[24] cap. 20.5. Lev. 18.3. Deu. 12.30. Num. 33.52. Deu. 7.5.

[25] Deu. 6.13. Jos. 22.5. I Sam. 7.3. Mat. 4.10. Deu. 7.13. cap. 15.26.

[26] Deu. 28.4. Job 21.10. Mal. 3.10. I Chr. 23.1. Job 5.26. Psa. 55.24.

[27] Gen. 35.5. cap. 15.14. Deu. 2.25. Jos. 2.9, 11. I Sam. 14.15. II Chr. 14.14.

[28] Deu. 7.20. Jos. 24.12.

[29] Deu. 7.22.

[30] Gen. 15.18. Num. 34.3. Deu. 11.24. Jos. 1.4.

[31] Jos. 21.44. Jui. 1.4.

[32] cap. 34.12, 15. Deu. 7.2.

[33] cap. 34.12. Deu. 7.16. Jos. 23.13. Jui. 2.3.

Deus manda Moysés e os anciãos subir ao monte.

24 Depois disse a Moysés: Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadab [1] e Abihu, e setenta dos anciãos d’Israel; e inclinae-vos de longe.

2 E Moysés só [2] se chegará ao Senhor; mas elles não se cheguem, nem o povo suba com elle.

3 Vindo pois Moysés, e contando ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos, então o povo respondeu a uma voz, e disseram: Todas as palavras, que o Senhor tem fallado, [3] faremos.

4 E Moysés escreveu todas as palavras do Senhor, [4] e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze [FB] monumentos, segundo as doze tribus d’Israel;

5 E enviou os mancebos dos filhos d’Israel, os quaes offereceram holocaustos, e sacrificaram ao Senhor sacrificios pacificos de bezerros.

6 E Moysés tomou a metade [5] do sangue, e a poz em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar.

7 E tomou o livro [6] do concerto e o leu aos ouvidos do povo, e elles disseram: Tudo o que o Senhor tem fallado faremos, e obedeceremos.

8 Então tomou Moysés aquelle sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis-aqui o sangue [7] do concerto que o Senhor tem feito comvosco sobre todas estas palavras.

9 E subiram Moysés e Aarão, Nadab e Abihu, e setenta dos anciãos [8] d’Isrel,

[75]

10 E viram o Deus d’Israel, [9] e debaixo de seus pés havia como uma obra de pedra de saphira, e como o parecer do céu na sua claridade.

11 Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos d’Israel, mas [10] viram a Deus, e comeram e beberam.

12 Então disse o Senhor a Moysés: [11] Sobe a mim ao monte, e fica lá: e dar-te-hei taboas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escripto, para os ensinar.

13 E levantou-se Moysés com Josué seu servidor; [12] e subiu Moysés ao monte de Deus,

14 E disse aos anciãos: Esperae-nos aqui, até que tornemos a vós: e eis que Aarão e Hur ficam comvosco; quem tiver algum negocio, se chegará a elles.

15 E, subindo Moysés [13] ao monte, a nuvem cobriu o monte.

16 E habitava a gloria [14] do Senhor sobre o monte de Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias: e ao setimo dia chamou a Moysés do meio da nuvem.

17 E o parecer da gloria do Senhor era como um [15] fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos d’Israel.

18 E Moysés [16] entrou no meio da nuvem, depois que subiu ao monte: e Moysés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.

[1] cap. 28.1. Lev. 10.1.

[2] ver. 13, 15, 18.

[3] ver. 7. cap. 19.8. Deu. 5.27. Gal. 3.19.

[4] Deu. 31.9. Gen. 28.18 e 31.45.

[5] Heb. 9.18.

[6] Heb. 9.19. ver. 3.

[7] Heb. 9.20 e 13.20. I Ped. 1.2.

[8] ver. 1.

[9] Gen. 32.30. Jui. 13.22. Isa. 6.1, 5. João 1.18. I João 4.12. Eze. 1.26. Apo. 4.3.

[10] Deu. 4.33. I Cor. 10.18.

[11] ver. 2, 15, 18. cap. 31.18. Deu. 5.22.

[12] cap. 17.9 e 33.11.

[13] cap. 19.9, 16. Mat. 17.5.

[14] cap. 16.10. Num. 14.10.

[15] cap. 3.2 e 19.18. Deu. 4.36. Heb. 12.18, 29.

[16] cap. 34.28. Deu. 9.9.

Deus manda o povo trazer offertas para o tabernaculo.

25 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, que me tragam uma offerta alçada: de todo [1] o homem cujo coração se mover voluntariamente, d’elle tomareis a minha offerta alçada.

3 E esta é a offerta alçada que tomareis d’elles: oiro, e prata, e cobre,

4 E azul, e purpura, e carmezim, e linho fino, e pellos de cabras,

5 E pelles de carneiros tintas de vermelho, e pelles de teixugos, e madeira de [FC] sittim,

6 Azeite [2] para a luz, especiarias para o oleo da uncção, e especiarias para o incenso,

7 Pedras sardonicas, e pedras d’engaste para o [3] ephod e para o peitoral.

8 E me farão [4] um sanctuario, e habitarei no meio d’elles.

9 Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernaculo, [5] e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis.

A arca de madeira de sittim.

10 Tambem farão uma arca [6] de madeira de sittim: o seu comprimento será de dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio, e d’um covado e meio a sua altura.

11 E cobril-a-has d’oiro puro, por dentro e por fóra a cobrirás: e farás sobre ella uma corôa de oiro ao redor;

12 E fundirás para ella quatro argolas d’oiro, e as porás nos quatro cantos d’ella, duas argolas n’um lado d’ella, e duas argolas n’outro lado d’ella.

13 E farás varas de madeira de sittim, e as cobrirás com oiro,

14 E metterás as varas nas argolas, aos lados da arca, para levar-se com ellas a arca.

15 As varas estarão nas argolas da arca, [7] não se tirarão d’ella.

16 Depois porás na arca o testemunho, [8] que eu te darei.

O propiciatorio de oiro puro.

17 Tambem farás um [9] propiciatorio, d’oiro puro: o seu comprimento será de dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio.

18 Farás tambem dois cherubins d’oiro: d’oiro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatorio.

19 Farás um cherubim na extremidade d’uma parte, e o outro cherubim na extremidade da outra parte: de uma só peça com o propiciatorio, fareis os cherubins nas duas extremidades d’elle.

20 Os cherubins estenderão as suas azas por de cima, [10] cobrindo com as suas azas o propiciatorio; as faces d’elles uma defronte da outra: as faces dos cherubins attentarão para o propiciatorio,

21 E porás o propiciatorio em cima da arca, [11] depois que houveres posto na arca o testemunho que eu te darei.

[76]

22 E ali virei a ti, [12] e fallarei comtigo de cima do propiciatorio, do meio dos dois cherubins (que estão sobre a arca do testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos d’Israel.

A mesa de madeira de sittim.

23 Tambem farás uma mesa de madeira de [13] sittim; o seu comprimento será de dois covados, e a sua largura d’um covado, e a sua altura de um covado e meio,

24 E cobril-a-has com oiro puro: tambem lhe farás uma corôa d’oiro ao redor.

25 Tambem lhe farás uma moldura ao redor, da largura d’uma mão, e lhe farás uma corôa d’oiro ao redor da moldura.

26 Tambem lhe farás quatro argolas d’oiro; e porás as argolas aos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés.

27 Defronte da moldura estarão as argolas, como logares para os varaes, para levar-se a mesa.

28 Farás pois estes varaes de madeira de sittim, e cobril-os-has com oiro; e levar-se-ha com elles a mesa.

29 Tambem farás os seus pratos, [14] e as suas colheres, e as suas cobertas, e as suas tigellas [FD] com que se hão de cobrir; d’oiro puro os farás.

30 E sobre a mesa porás o pão [15] da proposição perante a minha face continuamente.

31 Tambem farás um castiçal d’oiro puro; [16] d’oiro batido se fará este castiçal: o seu pé, as suas canas, as suas copas, as suas maçãs, e as suas flores serão do mesmo.

32 E dos seus lados sairão seis canas: tres canas do castiçal d’um lado d’elle, e tres canas do castiçal do outro lado d’elle.

33 N’uma cana haverá tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma flor; e tres copos a modo d’amendoas na outra cana, uma maçã e uma flor: assim serão as seis canas que saem do castiçal.

34 Mas no castiçal mesmo haverá quatro copos a modo d’amendoas, com suas maçãs e com suas flores;

35 E uma maçã debaixo de duas canas que saem d’elle; e ainda uma maçã debaixo de duas outras canas que saem d’elle; e ainda mais uma maçã debaixo de duas outras canas que saem d’elle; assim se fará com as seis canas que saem do castiçal.

36 As suas macãs as suas canas serão do mesmo: tudo será d’uma só peça, obra batida d’oiro puro.

37 Tambem lhe farás sete lampadas, as quaes [17] se accenderão para alumiar defronte d’elle.

38 Os seus espevitadores e os seus apagadores serão d’oiro puro.

39 D’um talento d’oiro puro os farás, [18] com todos estes vasos.

40 Attenta pois que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte.

[1] cap. 35.5, 21. I Chr. 29.3, 5, 9, 14. Esd. 2.68 e 3.5 e 7.16. Neh. 11.2. II Cor. 8.12 e 9.7.

[2] cap. 27.20 e 30.23, 34.

[3] cap. 28.4, 6, 15.

[4] cap. 36.1, 3. Lev. 4.6. Heb. 9.1, 2. cap. 29.45. I Reis 6.13. Heb. 3.6. Apo. 21.3.

[5] ver. 40.

[6] cap. 37.1. Deu. 10.3. Heb. 9.4.

[7] I Reis 8.8.

[8] cap. 16.34. Deu. 10.2. II Reis 11.12. Heb. 9.4.

[9] cap. 37.6. Rom. 3.25. Heb. 9.5.

[10] I Reis 8.7. I Chr. 28.18.

[11] cap. 26.34. ver. 16.

[12] cap. 29.42, 43 e 30.6. Lev. 16.2. Num. 7.89. I Sam. 4.4. II Sam. 6.2. Psa. 80.1.

[13] cap. 37.10. I Reis 7.48. II Chr. 4.8. Heb. 9.2.

[14] cap. 37.16. Num. 4.7.

[15] Lev. 24.5, 6.

[16] cap. 37.17. I Reis 7.49. Zac. 4.2. Heb. 9.2.

[17] cap. 27.21. Lev. 24.3. II Chr. 13.11. Num. 8.2.

[18] cap. 26.30. Num. 8.4. I Chr. 28.11, 19. Act. 7.44. Heb. 8.5.

As cortinas do tabernaculo.

26 E o tabernaculo farás de [1] dez cortinas de linho fino torcido, e azul, purpura, e carmezim: com cherubins as farás d’obra [FE] esmerada.

2 O comprimento d’uma cortina será de vinte e oito covados, e a largura de uma cortina de quatro covados: todas estas cortinas serão d’uma medida.

3 Cinco cortinas se enlaçarão uma á outra: e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra.

4 E farás laçadas d’azul na ponta d’uma cortina, na extremidade, na juntura: assim tambem farás na ponta da extremidade da outra cortina, na segunda juntura.

5 Cincoenta laçadas farás n’uma cortina, e outras cincoenta laçadas farás na extremidade da cortina que está na segunda juntura: as laçadas estarão travadas uma com a outra.

6 Farás tambem cincoenta colchetes d’oiro, e ajuntarás com estes colchetes as cortinas, uma com a outra, e será um tabernaculo.

7 Farás [2] tambem cortinas de pellos de cabras por tenda sobre o tabernaculo: d’onze cortinas as farás.

8 O comprimento d’uma cortina será de trinta covados, e a largura da mesma cortina de quatro covados: estas onze cortinas serão d’uma medida.

9 E ajuntarás cinco d’estas cortinas por si, e as outras seis cortinas tambem por si: e dobrarás a sesta cortina diante da tenda.

10 E farás cincoenta laçadas na borda d’uma cortina, na extremidade, na juntura, e outras cincoenta laçadas na borda da outra cortina, na segunda juntura.

11 Farás tambem cincoenta colchetes de cobre, e metterás os colchetes nas[77] laçadas, e assim ajuntarás a tenda, para que seja uma.

12 E o resto que sobejar das cortinas da tenda, a metade da cortina que sobejar, penderá de sobejo ás costas do tabernaculo.

13 E um covado d’uma banda, e outro covado da outra, que sobejará no comprimento das cortinas da tenda, penderá de sobejo aos lados do tabernaculo d’uma e d’outra banda, para cobril-o.

14 Farás [3] tambem á tenda uma coberta de pelles de carneiro, tintas de vermelho, e outra coberta de pelles de teixugo em cima.

As taboas do tabernaculo.

15 Farás tambem as taboas para o tabernaculo de madeira de sittim, que estarão levantadas.

16 O comprimento d’uma taboa será de dez covados, e a largura de cada taboa será d’um covado e meio.

17 Duas couceiras terá cada taboa, travadas uma com a outra: assim farás com todas as taboas do tabernaculo.

18 E farás as taboas para o tabernaculo assim: vinte taboas para a banda do meio dia ao sul.

19 Farás tambem quarenta bases de prata debaixo das vinte taboas: duas bases debaixo d’uma taboa para as suas duas couceiras, e duas bases debaixo d’outra taboa para as suas duas couceiras.

20 Tambem haverá vinte taboas ao outro lado do tabernaculo, para a banda do norte,

21 Com as suas quarenta bases de prata: duas bases debaixo d’uma taboa, e duas bases debaixo d’outra taboa,

22 E ao lado do tabernaculo para o occidente farás seis taboas.

23 Farás tambem duas taboas para os cantos do tabernaculo, d’ambos os lados;

24 E por baixo se ajuntarão, e tambem em cima d’elle se ajuntarão n’uma argola. Assim se fará com as duas taboas: ambas serão por taboas para os dois cantos.

25 Assim serão as oito taboas com as suas bases de prata, dezeseis bases: duas bases debaixo d’uma taboa, e duas bases debaixo d’outra taboa.

26 Farás tambem cinco barras de madeira de sittim, para as taboas d’um lado do tabernaculo,

27 E cinco barras para as taboas do outro lado do tabernaculo; como tambem cinco barras para as taboas do outro lado do tabernaculo, d’ambas as bandas para o occidente.

28 E a barra do meio estará no meio das taboas, passando d’uma extremidade até á outra.

29 E cobrirás d’oiro as taboas, e farás d’oiro as suas argolas, para metter por ellas as barras: tambem as barras as cobrirás d’oiro.

30 Então levantarás o tabernaculo conforme [4] ao modelo que te foi mostrado no monte.

O véu do tabernaculo.

31 Depois farás um [5] véu de azul, e purpura, e carmezim, e de linho fino torcido; com cherubins de obra prima se fará,

32 E o porás sobre quatro columnas de madeira de sittim, cobertas de oiro: seus colchetes serão de oiro, sobre quatro bases de prata.

33 Pendurarás o véu debaixo dos colchetes, e metterás a arca [6] do testemunho ali dentro do véu: e este véu vos fará separação [FF] entre o sanctuario e o logar sanctissimo.

34 E porás a coberta do propiciatorio [7] sobre a arca do testemunho no sanctissimo,

35 E a mesa porás [8] fóra do véu, e o castiçal defronte da mesa, ao lado do tabernaculo, para o sul; mas a mesa porás á banda do norte.

36 Farás tambem para a porta da tenda [9] uma coberta de azul, e purpura, e carmezim, e de linho fino torcido, de obra de bordador,

37 E farás para esta coberta [10] cinco columnas de madeira de sittim, e as cobrirás de oiro; seus colchetes serão de oiro, e far-lhe-has de fundição cinco bases de cobre.

[1] cap. 36.8.

[2] cap. 36.14.

[3] cap. 36.19.

[4] cap. 25.9. Act. 7.44. Heb. 8.5.

[5] cap. 36.35. Lev. 16.2. II Chr. 3.14. Mat. 27.51. Heb. 9.3.

[6] cap. 25.16. Lev. 16.2. Heb. 9.2, 3.

[7] cap. 25.21. Heb. 9.5.

[8] cap. 40.22. Heb. 9.2. cap. 40.24.

[9] cap. 36.37.

[10] cap. 36.38.

O altar dos holocaustos.

27 Farás tambem o altar [1] de madeira de sittim: cinco covados será o comprimento, e cinco covados a largura (será quadrado o altar), e tres covados a sua altura.

2 E farás os seus cornos aos seus quatro cantos: os seus cornos serão do mesmo, e o cobrirás [2] de cobre.

3 Far-lhe-has tambem as suas caldeirinhas, para recolher a sua cinza, e as suas pás, e as suas bacias, e os seus garfos, e os seus brazeiros: todos os seus vasos farás de cobre.

[78]

4 Far-lhe-has tambem um crivo de cobre era fórma de rede, e farás a esta rede quatro argolas de metal aos seus quatro cantos,

5 E as porás dentro do cerco do altar para baixo, de maneira que a rede chegue até ao meio do altar.

6 Farás tambem varaes para o altar, varaes de madeira de sittim, e os cobrirás de cobre.

7 E os varaes se metterão nas argolas, de maneira que os varaes estejam de ambos os lados do altar, quando fôr levado.

8 Oco de taboas o farás; como se te mostrou [3] no monte, assim o farão.

O pateo do tabernaculo.

9 Farás tambem o [4] pateo do tabernaculo, ao lado do meio-dia para o sul: o pateo terá cortinas de linho fino torcido; o comprimento de cada lado será de cem covados.

10 Tambem as suas vinte columnas e as suas vinte bases serão de cobre: os colchetes das columnas e as suas faixas serão de prata.

11 Assim tambem ao lado do norte as cortinas na longura serão de cem covados de comprimento: e as suas vinte columnas e as suas vinte bases serão de cobre; os colchetes das columnas e as suas faixas serão de prata.

12 E na largura do pateo ao lado do occidente haverá cortinas de cincoenta covados: as suas columnas dez, e as suas bases dez.

13 Similhantemente a largura do pateo ao lado oriental para o levante será de cincoenta covados.

14 De maneira que haja quinze covados das cortinas de um lado: suas columnas tres, e as suas bases tres.

15 E quinze covados das cortinas ao outro lado: as suas columnas tres, e as suas bases tres.

16 E á porta do pateo haverá uma coberta de vinte covados, de azul, e purpura, e carmezim, e de linho fino torcido, de obra de bordador: as suas columnas quatro, e as suas bases quatro.

17 Todas as columnas do pateo ao redor serão cingidas de faixas de prata, mas as suas bases de cobre.

18 O comprimento do pateo será de cem covados, e a largura de cada banda de cincoenta, e a altura de cinco covados, de linho fino torcido: mas as suas bases serão de cobre.

19 No tocante a todos os vasos do tabernaculo em todo o seu serviço, até todos os seus pregos, e todos os pregos do pateo, serão de cobre.

O azeite puro.

20 Tu pois ordenarás [5] aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido para o candieiro; para fazer arder as lampadas continuamente.

21 Na tenda da congregação [6] fóra do véu, que está diante do testemunho, Aarão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até á manhã, perante o Senhor: um estatuto perpetuo [7] será este pelas suas gerações, aos filhos de Israel.

[1] cap. 38.1. Exo. 43.13.

[2] Num. 16.38.

[3] cap. 25.40 e 26.30.

[4] cap. 38.9.

[5] Lev. 24.2.

[6] cap. 26.31, 33 e 30.8. I Sam. 3.3. II Chr. 13.11.

[7] cap. 28.43 e 29.9, 28. Lev. 3.17. Num. 18.23. I Sam. 30.25.

Deus escolhe Aarão e seus filhos para sacerdotes.

28 Depois tu farás chegar a ti teu irmão Aarão, e seus filhos com elle, do meio dos filhos de Israel, para me administrarem o officio sacerdotal: a saber, [1] Aarão, Nadab e Abihu, Eleazar e Ithamar, os filhos de Aarão.

2 E [2] farás vestidos sanctos a Aarão teu irmão, para gloria e ornamento.

3 Fallarás [3] tambem a todos os que são sabios de coração, a quem eu tenho enchido do espirito da sabedoria, que façam vestidos a Aarão para sanctifical-o; para que me administre o officio sacerdotal.

As vestes sacerdotaes.

4 Estes pois são os vestidos que farão: [4] um peitoral, e um ephod, e um manto, e uma tunica bordada, uma mitra, e um cinto: farão pois sanctos vestidos a Aarão teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o officio sacerdotal.

5 E tomarão o oiro, e o azul, e a purpura, e o carmezim, e o linho fino,

6 E farão [5] o ephod de oiro, e de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido, de obra esmerada.

7 Terá duas hombreiras, que se unam ás suas duas pontas, e assim se unirá.

8 E o cinto de obra esmerada do seu ephod, que estará sobre elle, será da sua mesma obra, do mesmo, de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido.

9 E tomarás duas pedras sardonicas, e lavrarás n’ellas os nomes dos filhos de Israel,

10 Seis dos seus nomes n’uma pedra, e os outros seis nomes na outra pedra, segundo as suas gerações;

[79]

11 Conforme á obra do lapidario, como [FG] o lavor de sêllos lavrarás estas duas pedras, com os nomes dos filhos de Israel: engastadas ao redor em oiro as farás.

12 E porás as duas pedras nas hombreiras do ephod, por pedras de memoria para os filhos de Israel: [6] e Aarão levará os seus nomes sobre ambos os seus hombros, para memoria diante do Senhor.

13 Farás tambem engastes de oiro,

14 E duas cadeiasinhas de oiro puro: de egual medida, de obra de fieira as farás: e as cadeiasinhas de fieira porás nos engastes.

15 Farás tambem o peitoral [7] do juizo de obra esmerada, conforme á obra do ephod o farás: de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido o farás.

16 Quadrado e dobrado, será de um palmo o seu comprimento, e de um palmo a sua largura;

17 E o encherás de pedras de engaste, [8] com quatro ordens de pedras: a ordem de uma sardia, de um topazio, e de um carbunculo: esta será a primeira ordem:

18 E a segunda ordem será de uma esmeralda, de uma saphira, e de um diamante:

19 E a terceira ordem será de um jacinto, de uma agatha, e de uma amethista:

20 E a quarta ordem será de uma turqueza, e de uma sardonica, e de um jaspe; engastadas em oiro serão nos seus engastes.

21 E serão aquellas pedras segundo os nomes dos filhos de Israel, doze segundo os seus nomes: serão esculpidas como sêllos, cada uma com o seu nome, para as doze tribus.

22 Tambem farás ao peitoral cadeiasinhas de egual medida da obra de trança de oiro puro.

23 Tambem farás ao peitoral dois anneis de oiro, e porás os dois anneis nas extremidades do peitoral.

24 Então metterás as duas cadeiasinhas de fieira d’oiro nos dois anneis, nas extremidades do peitoral:

25 E as duas pontas das duas cadeiasinhas de fieira metterás nos dois engastes, e as porás nas hombreiras do ephod, defronte d’elle.

26 Farás tambem dois anneis d’oiro, e os porás nas duas extremidades do peitoral, na sua borda que estiver junto ao ephod por dentro.

27 Farás tambem dois anneis d’oiro, que porás nas duas hombreiras do ephod, abaixo, defronte d’elle, defronte da sua juntura, sobre o cinto d’obra esmerada do ephod.

28 E ligarão o peitoral com os seus anneis aos anneis do ephod por cima com um cordão d’azul, para que esteja sobre o cinto d’obra esmerada do ephod; e nunca se separará o peitoral do ephod.

29 Assim Aarão levará os nomes dos filhos d’Israel no peitoral do juizo sobre o seu coração, quando entrar no sanctuario, para memoria [9] diante do Senhor continuamente.

Urim e Thummim.

30 Tambem porás no peitoral [10] do juizo [FH] Urim e Thummim, para que estejam sobre o coração de Aarão, quando entrar diante do Senhor: assim Aarão levará o juizo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente.

31 Tambem farás [11] o manto do ephod, todo azul.

32 E o collar da cabeça estará no meio d’elle: este collar terá uma borda d’obra tecida ao redor: como collar de saia de malha será n’elle, para que se não rompa.

33 E nas suas bordas farás romãs d’azul, e de purpura, e de carmezim, ao redor das suas bordas; e campainhas d’oiro no meio d’ellas ao redor.

34 Uma campainha d’oiro, e uma romã, outra campainha d’oiro, e outra romã, haverá nas bordas do manto ao redor,

35 E estará sobre Aarão quando ministrar, para que se ouça o seu sonido, quando entrar no sanctuario diante do Senhor, e quando sair, para que não morra.

A lamina de oiro puro.

36 Tambem farás [12] uma lamina d’oiro puro, e n’ella gravarás á maneira de gravuras de sellos: [FI] Sanctidade ao Senhor.

37 E atal-a-has com um cordão d’azul, de maneira que esteja na mitra; sobre a frente da mitra estará.

38 E estará sobre a testa de Aarão, para que Aarão [13] leve a iniquidade das coisas sanctas, que os filhos d’Israel sanctificarem em todas as offertas de[80] suas coisas sanctas; e estará continuamente na sua testa, [14] para que tenham acceitação perante o Senhor.

39 Tambem farás tunica de linho fino: tambem farás uma mitra de linho fino: mas o cinto farás d’obra de bordador.

40 Tambem farás tunicas aos filhos [15] de Aarão, e far-lhes-has cintos: tambem lhes farás tiaras, para gloria e ornamento.

41 E vestirás com elles a Aarão teu irmão, e tambem seus filhos: e os ungirás e consagrarás, [16] e os sanctificarás, para que me administrem o sacerdocio.

42 Faze-lhes [17] tambem calções de linho, para cobrirem a carne nua: serão dos lombos até ás pernas.

43 E estarão sobre Aarão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no sanctuario, para que não levem iniquidade, e morram; [18] isto será estatuto perpetuo para elle e para a sua semente depois d’elle.

[1] Num. 18.7. Heb. 5.1, 4.

[2] cap. 29.5, 29 e 31.10. Lev. 8.7, 30. Num. 20.26.

[3] cap. 31.6 e 36.1 e 31.3 e 35.30, 31.

[4] ver. 6, 15, 31, 39.

[5] cap. 39.2.

[6] ver. 29. cap. 39.7. Jos. 4.7.

[7] cap. 39.8.

[8] cap. 39.10, etc.

[9] ver. 12.

[10] Lev. 8.8. Num. 27.21. Deu. 33.8. I Sam. 28.6. Esd. 2.63. Neh. 7.65.

[11] cap. 39.22.

[12] cap. 39.30. Zac. 14.20.

[13] ver. 43. Lev. 10.17. Num. 18.1. Isa. 53.11. Eze. 4.4, 5. João 1.29. Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[14] Lev. 1.4 e 22.27 e 23.11. Isa. 56.7.

[15] ver. 4. cap. 39.27, 28, 29, 41. Eze. 44.17, 18.

[16] cap. 29.7 e 30.30. cap. 29.9, etc. Lev. 8.

[17] cap. 39.28. Lev. 6.10 e 16.4. Eze. 44.18.

[18] Lev. 5.1, 17 e 20.19, 20 e 22.9. Num. 9.13 e 18.22. cap. 27.21.

O sacrificio e as ceremonias da consagração.

29 Isto é o que lhes has de fazer, para os sanctificar, para que me administrem o sacerdocio: Toma um [1] novilho, e dois carneiros sem macula,

2 E pão asmo, [2] e bolos asmos, amassados com azeite, e coscorões asmos, untados com azeite: com flor de farinha de trigo os farás,

3 E os porás n’um cesto, e os trarás no cesto, com o novilho e os dois carneiros.

4 Então farás chegar a Aarão e a seus filhos á porta da tenda da congregação, e os lavarás [3] com agua;

5 Depois tomarás [4] os vestidos, e vestirás a Aarão da tunica e do manto do ephod, e do ephod mesmo, e do peitoral: e o cingirás com o cinto de obra de artifice do ephod.

6 E a [5] mitra porás sobre a sua cabeça: a corôa da sanctidade porás sobre a mitra;

7 E tomarás o azeite da [6] uncção, e o derramarás sobre a sua cabeça: assim o ungirás.

8 Depois farás [7] chegar seus filhos, e lhes farás vestir tunicas,

9 E os cingirás com o cinto, a Aarão e a seus filhos, e lhes atarás as tiaras, para que tenham [8] o sacerdocio por estatuto perpetuo, e sagrarás a Aarão e a seus filhos;

10 E farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, [9] e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho;

11 E degolarás o novilho perante o Senhor, á porta da tenda da congregação.

12 Depois tomarás do sangue [10] do novilho, e o porás com o teu dedo sobre os cornos do altar, e todo o de mais sangue derramarás á base do altar.

13 Tambem tomarás toda [11] a gordura que cobre as entranhas, e o redenho de sobre o figado, e ambos os rins, e a gordura que houver n’elles, e queimal-os-has sobre o altar;

14 Mas a carne [12] do novilho, e a sua pelle, e o seu esterco queimarás com fogo fóra do arraial: sacrificio por peccado é.

15 Depois tomarás [13] um carneiro, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro,

16 E degolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás sobre o altar ao redor;

17 E partirás o carneiro por suas partes, e lavarás as suas entranhas e as suas pernas, e as porás sobre as suas partes e sobre a sua cabeça,

18 Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar: é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; [14] uma offerta queimada ao Senhor.

19 Depois tomarás o outro [15] carneiro, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro;

20 E degolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Aarão, e sobre a ponta das orelhas direitas de seus filhos, como tambem sobre o dedo pollegar das suas mãos direitas, e sobre o dedo pollegar dos seus pés direitos: e o resto do sangue espalharás sobre o altar ao redor:

21 Então tomarás do sangue, que estará sobre o altar, e do azeite [16] da uncção, e o espargirás sobre Aarão e sobre os seus vestidos, e sobre seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com elle; para que elle seja sanctificado, e os seus vestidos, tambem[81] seus filhos, e os vestidos de seus filhos com elle.

22 Depois tomarás do carneiro a gordura, e a cauda, e a gordura que cobre as entranhas, e o redenho do figado, e ambos os rins com a gordura que houver n’elles, e o hombro direito, porque é carneiro das consagrações;

23 E uma fogaça [17] de pão, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão do cesto dos pães asmos que estiverem diante do Senhor,

24 E tudo porás nas mãos de Aarão, e nas mãos de seus filhos: e com movimento o moverás [18] perante o Senhor.

25 Depois o [19] tomarás das suas mãos, e o queimarás no altar sobre o holocausto por cheiro suave perante o Senhor; offerta queimada ao Senhor é.

26 E tomarás [20] o peito do carneiro das consagrações, que é de Aarão, e com movimento o moverás perante o Senhor: e isto será [21] a tua porção.

27 E sanctificarás o peito do movimento e o hombro da offerta alçada, que foi [22] movido e alçado do carneiro das consagrações, que fôr d’Aarão e de seus filhos,

28 E será para Aarão e para seus filhos por estatuto [23] perpetuo dos filhos d’Israel, porque é offerta alçada: e a offerta alçada será dos filhos d’Israel dos seus sacrificios pacificos; a sua offerta alçada será para o Senhor.

29 E os vestidos sanctos, que são d’Aarão, serão de [24] seus filhos depois d’elle, para serem ungidos n’elles e para sagral-os n’elles.

30 Sete dias os vestirá aquelle que de seus filhos [25] fôr sacerdote em seu logar, quando entrar na tenda da congregação para ministrar no sanctuario.

31 E tomarás o carneiro das consagrações, e cozerás [26] a sua carne no logar sancto;

32 E Aarão e seus filhos comerão a carne d’este carneiro, e o pão [27] que está no cesto á porta da tenda da congregação,

33 E comerão as coisas com que fôr feita [FJ] expiação, para [28] consagral-os, e para sanctifical-os: mas um estranho as não [29] comerá, porque sanctas são.

34 E se sobejar alguma coisa da carne das consagrações ou do pão até á manhã, o que sobejar queimarás [30] com fogo: não se comerá, porque sancto é.

35 Assim pois farás a Aarão e a seus filhos, conforme a tudo o que eu te tenho ordenado: [31] por sete dias os sagrarás.

36 Tambem cada [32] dia prepararás um novilho por sacrificio pelo peccado para as expiações, e expiarás o altar, fazendo expiação sobre elle; e o ungirás para sanctifical-o.

37 Sete dias farás expiação pelo altar, e o sanctificarás: [33] e o altar será sanctissimo; tudo o que tocar o altar será sancto.

38 Isto pois é o que offerecereis sobre o altar: dois [34] cordeiros d’um anno cada dia continuamente.

39 Um cordeiro [35] offerecerás pela manhã, e o outro cordeiro offerecerás de tarde.

40 Com um cordeiro a decima parte de flor de farinha, misturada com a quarta parte d’um hin d’azeite moido, e para libação a quarta parte d’um hin de vinho,

41 E o outro cordeiro offerecerás á tarde, e [36] com elle farás como com a offerta da manhã, e conforme á sua libação, por cheiro suave; offerta queimada é ao Senhor.

42 Este será o holocausto [37] continuo por vossas gerações, á porta da tenda da congregação, perante o Senhor, onde vos encontrarei, [38] para fallar comtigo ali.

43 E ali virei aos filhos d’Israel, [FK] para que por minha gloria [39] sejam sanctificados,

44 E sanctificarei a tenda da congregação e o altar; tambem sanctificarei a [40] Aarão e seus filhos, para que me administrem o sacerdocio.

45 E habitarei [41] no meio dos filhos d’Israel, e lhes serei por Deus,

46 E saberão que eu sou [42] o Senhor seu Deus, que os tenho tirado da terra do Egypto, para habitar no meio d’elles: Eu sou o Senhor seu Deus.

[1] Lev. 8.2.

[2] Lev. 2.4 e 6.20, 21, 22.

[3] cap. 40.12. Lev. 8.6. Heb. 10.22.

[4] cap. 28.2. Lev. 8.7. cap. 28.8.

[5] Lev. 8.9.

[6] cap. 28.41. Num. 35.25.

[7] Lev. 8.13.

[8] Num. 18.7. cap. 28.41. Lev. 8.22, etc. Heb. 7.28.

[9] Lev. 1.4 e 8.14.

[10] Lev. 8.15. cap. 27.2 e 30.2.

[11] Lev. 3.3.

[12] Lev. 4.11, 12, 21. Heb. 13.11.

[13] Lev. 8.18 e 1.4-9.

[14] Gen. 8.21.

[15] ver. 3. Lev. 8.22.

[16] cap. 30.25, 31. Lev. 8.30. ver. 1. Heb. 9.22.

[17] Lev. 8.26.

[18] Lev. 7.30.

[19] Lev. 8.28.

[20] Lev. 8.29.

[21] Psa. 99.6.

[22] Lev. 7.31, 34. Num. 18.11, 18. Deu. 18.3.

[23] Lev. 10.15 e 7.34.

[24] Num. 20.26 e 18.8.

[25] Num. 20.28. Lev. 8.35 e 9.1, 8.

[26] Lev. 8.31.

[27] Mat. 12.4.

[28] Lev. 10.14, 15, 17.

[29] Lev. 22.10.

[30] Lev. 8.32.

[31] Exo. 40.12. Lev. 8.33, 34, 35.

[32] Heb. 10.11. cap. 30.26.

[33] cap. 44.10 e 30.29. Mat. 23.19.

[34] Num. 28.3. I Chr. 16.40. II Chr. 2.4. Esd. 3.3. Dan. 9.27 e 12.11.

[35] II Reis 16.15. Eze. 46.13.

[36] I Reis 18.26, 36. II Reis 16.15. Esd. 9.4, 5. Dan. 9.21.

[37] ver. 38. Num. 28.6. Dan. 8.11, 12, 13.

[38] cap. 25.22 e 30.6, 36. Num. 17.4.

[39] cap. 40.34. I Reis 8.11. II Chr. 5.14. Eze. 43.5. Mal. 3.1.

[40] Lev. 21.15.

[41] Exo. 25.8. Lev. 26.12. Zac. 2.10. João 14.17, 23. II Cor. 6.16. Apo. 21.3.

[42] cap. 20.2.

O altar do incenso.

30 E farás [1] um altar para queimar o incenso: de madeira de sittim o farás.

[82]

2 O seu comprimento será d’um covado, e a sua largura d’um covado; será quadrado, e dois covados a sua altura: d’elle mesmo serão os seus cornos.

3 E com oiro puro o forrarás, o seu tecto, e as suas paredes ao redor, e os seus cornos; e lhe farás uma corôa d’oiro ao redor.

4 Tambem lhe farás duas argolas d’oiro debaixo da sua corôa; aos dois lados as farás, d’ambas as bandas: e serão para logares dos varaes, com que será levado.

5 E os varaes farás de madeira de sittim, e os forrarás com oiro.

6 E o porás diante do véu que está diante da arca do testemunho, diante [2] do propiciatorio, que está sobre o testemunho, onde me ajuntarei comtigo.

7 E Aarão sobre elle queimará o incenso das especiarias; [3] cada manhã, quando põe em ordem as lampadas, o queimara.

8 E, accendendo Aarão as lampadas á tarde, o queimará: este será incenso continuo perante o Senhor pelas vossas gerações.

9 Não offerecereis sobre elle incenso estranho, [4] nem holocausto, nem offerta: nem tão pouco derramareis sobre elle libações.

10 E uma vez no anno Aarão [5] fará expiação sobre os seus cornos com o sangue do sacrificio das expiações: uma vez no anno fará expiação sobre elle pelas vossas gerações: sanctissimo é ao Senhor.

11 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

O resgate da alma.

12 Quando tomares a somma [6] dos filhos d’Israel, conforme á sua conta, cada um d’elles dará ao Senhor o resgate da sua alma, quando os contares; para que não haja entre elles praga [7] alguma, quando os contares.

13 Isto dará todo aquelle que passar ao arrolamento: [8] a metade d’um siclo, segundo o siclo do sanctuario (este siclo é de vinte obolos): a metade d’um siclo é a offerta ao Senhor.

14 Qualquer que passar o arrolamento de vinte annos e acima, dará a offerta alçada ao Senhor.

15 O rico [9] não augmentará, e o pobre não deminuirá da metade do siclo, quando derem a offerta alçada ao Senhor, para fazer expiação por vossas almas.

16 E tomarás o dinheiro das expiações dos filhos d’Israel, e o darás ao [10] serviço da tenda da congregação; e será para memoria aos filhos d’Israel diante do Senhor, para fazer expiação por vossas almas.

A pia de cobre.

17 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Farás tambem uma pia [11] de cobre com a sua base de cobre, para lavar: e as porás entre a tenda da congregação e o altar; e deitarás agua n’ella.

19 E Aarão e seus filhos n’ella lavarão [12] as suas mãos e os seus pés.

20 Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-hão com agua, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para accender a offerta queimada ao Senhor.

21 Lavarão pois as suas mãos e os seus pés, para que não morram: e isto lhes será por estatuto perpetuo [13] a elle e á sua semente nas suas gerações.

O azeite da sancta uncção.

22 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

23 Tu pois toma para ti das principaes especiarias, [14] da mais pura myrrha quinhentos siclos, e de canella aromatica a metade, a saber, duzentos e cincoenta siclos, e de calamo aromatico duzentos e cincoenta siclos,

24 E de cassia [15] quinhentos siclos, segundo o siclo do sanctuario, e d’azeite de oliveiras um hin.

25 E d’isto farás o azeite [16] da sancta uncção, o perfume composto segundo a obra do perfumista: este será o azeite da sancta uncção.

26 E com elle ungirás [17] a tenda da congregação, e a arca do testemunho,

27 E a mesa com todos os seus vasos, e o castiçal com os seus vasos, e o altar do incenso,

28 E o altar do holocausto com todos os seus vasos, e a pia com a sua base.

29 Assim sanctificarás estas coisas, para que sejam sanctissimas: [18] tudo o que tocar n’ellas será sancto.

30 Tambem ungirás [19] a Aarão e seus[83] filhos, e os sanctificarás para me administrarem o sacerdocio.

31 E fallarás aos filhos d’Israel, dizendo: Este me será o azeite da sancta uncção nas vossas gerações.

32 Não se ungirá com elle a carne do homem, nem fareis outro similhante conforme á sua composição: sancto é, e será [20] sancto para vós.

33 O [21] homem que compozer tal perfume como este, ou que d’elle pozer sobre um estranho, será extirpado dos seus povos.

O incenso sancto.

34 Disse mais o Senhor a Moysés: Toma-te especiarias [22] aromaticas, estoraque, e onicha, e galbano; estas especiarias aromaticas e o incenso puro de egual peso;

35 E d’isto farás incenso, um perfume segundo a arte [23] do perfumista, temperado, puro e sancto;

36 E d’elle moendo o pizarás, e d’elle porás diante do testemunho, na [24] tenda da congregação, onde eu virei a ti: coisa sanctissima vos será.

37 Porém o incenso que farás conforme á composição d’este, [25] não o fareis para vós mesmos: sancto será para o Senhor.

38 O homem que fizer tal [26] como este para cheirar, será extirpado do seu povo.

[1] cap. 37.25. ver. 7, 8, 10. Lev. 4.7. Apo. 8.3.

[2] cap. 25.21, 22.

[3] ver. 34. I Sam. 2.28. I Chr. 23.13. Luc. 1.9. cap. 27.21.

[4] Lev. 10.1.

[5] Lev. 16.18 e 23.27.

[6] cap. 38.25. Num. 1.2. II Sam. 24.2. Num. 31.50. Job 33.24. Psa. 49.7. Mat. 20.28. Mar. 10.45. I Tim. 2.6. I Ped. 1.18.

[7] II Sam. 24.15.

[8] Mat. 17.24. Lev. 27.25. Num. 3.47. Eze. 45.12.

[9] Job 34.19. Pro. 22.2. Eph. 6.9. Col. 3.25.

[10] cap. 38.25. Num. 16.40.

[11] cap. 38.8. I Reis 7.38. cap. 40.7, 30.

[12] cap. 40.31. Psa. 26.6. Isa. 52.11. João 13.10. Heb. 10.22.

[13] cap. 28.43.

[14] Can. 4.14. Eze. 27.22. Pro. 7.17. Jer. 6.20.

[15] Psa. 45.8. cap. 29.40.

[16] cap. 37.29. Num. 35.25. Psa. 89.20 e 133.2.

[17] cap. 40.9. Lev. 8.10. Num. 7.1.

[18] cap. 29.37.

[19] cap. 29.7, etc. Lev. 8.12, 30.

[20] ver. 25, 37.

[21] Gen. 17.14. cap. 12.15. Lev. 7.20.

[22] cap. 25.6 e 37.29.

[23] ver. 25.

[24] cap. 29.42. Lev. 16.2. cap. 29.37. Lev. 2.3.

[25] ver. 32.

[26] ver. 33.

Os artifices da obra do tabernaculo.

31 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Eis que eu tenho chamado [1] por nome a Bezaleel, o filho de Uri, filho d’Ur, da tribu de Judah,

3 E o enchi do espirito [2] de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de sciencia, em todo o artificio,

4 Para inventar invenções, e obrar em oiro, em prata, e em cobre,

5 E em lavramento de pedras para engastar, e em artificio de madeira, para obrar em todo o lavor.

6 E eis que eu tenho posto com elle a [3] Aholiab, o filho de Ahisamach, da tribu de Dan, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquelle que é sabio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado;

7 A saber, a tenda da [4] congregação, e a arca do testemunho, e o [5] propiciatorio que estará sobre ella, e todos os vasos da tenda;

8 E a mesa [6] com os seus vasos, e o castiçal puro com todos os seus vasos, e o altar do incenso;

9 E o altar do holocausto [7] com todos os seus vasos, e a pia com a sua base;

10 E os vestidos [8] do ministerio, e os vestidos sanctos de Aarão o sacerdote, e os vestidos de seus filhos, para administrarem o sacerdocio;

11 E o azeite da uncção, [9] e o incenso aromatico para o sanctuario: farão conforme a tudo que te tenho mandado.

O sabbado sancto e as duas taboas do testemunho.

12 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

13 Tu pois falla aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis [10] meus sabbados: porquanto isso é um signal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibaes que eu sou o Senhor, que vos sanctifica.

14 Portanto guardareis [11] o sabbado, porque sancto é para vós: aquelle que o profanar certamente morrerá; porque [12] qualquer que n’elle fizer alguma obra, aquella alma será extirpada do meio do seu povo.

15 Seis dias se fará [13] obra, porém o setimo dia é o sabbado do descanço, sancto ao Senhor; qualquer que no dia do sabbado fizer obra, certamente morrerá.

16 Guardarão pois o sabbado os filhos de Israel, celebrando o sabbado nas suas gerações por concerto perpetuo.

17 Entre mim e os filhos de Israel será um signal [14] para sempre: porque em seis dias fez o Senhor [15] os céus e a terra, e ao setimo dia descançou, e restaurou-se.

18 E deu a Moysés (quando acabou de fallar com elle no monte de Sinai) as duas taboas [16] do testemunho, taboas de pedra, escriptas pelo dedo de Deus.

[1] cap. 35.30 e 36.1. I Chr. 2.20.

[2] cap. 35.31. I Reis 7.14.

[3] cap. 35.34 e 28.3 e 35.10, 25 e 36.1.

[4] cap. 36.8 e 37.1.

[5] cap. 37.6.

[6] cap. 37.10, 17.

[7] cap. 38.1, 8.

[8] cap. 39.1, 41. Num. 4.5, 6, etc.

[9] cap. 30.25, 31 e 37.29. cap. 30.34.

[10] Lev. 19.3, 30 e 26.2. Eze. 20.12, 20 e 44.24.

[11] cap. 20.8. Deu. 5.12. Eze. 20.12.

[12] cap. 35.2. Num. 15.35.

[13] cap. 20.9. Gen. 2.2. cap. 16.23 e 20.10.

[14] Eze. 20.12, 20.

[15] Gen. 1.31 e 2.2.

[16] cap. 24.12 e 32.15, 16. Deu. 4.13 e 5.22. II Cor. 3.3.

O bezerro de oiro.

32 Mas vendo o povo que Moysés [1] tardava em descer do monte, ajuntou-se o povo a Aarão, e disseram-lhe; Levanta-te, [2] faze-nos [FL] deuses, que vão adiante de nós: porque emquanto[84] a este Moysés, a este homem que nos tirou da terra do Egypto, não sabemos o que lhe succedeu.

2 E Aarão lhes disse: Arrancae os pendentes de oiro, [3] que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazeim’os.

3 Então todo o povo arrancou [4] os pendentes de oiro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Aarão,

4 E elle os tomou das suas mãos, e formou o oiro com um buril, e fez d’elle um bezerro de fundição. Então disseram: [FM] Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egypto.

5 E Aarão, vendo isto, edificou um altar diante d’elle: e Aarão apregoou, e disse: [5] Ámanhã será festa ao Senhor.

6 E no dia seguinte madrugaram, e offereceram holocaustos, e trouxeram offertas pacificas; e o povo [6] assentou-se a comer e a beber; depois levantaram-se a folgar.

7 Então disse [7] o Senhor a Moysés: Vae, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egypto, se tem [8] corrompido,

8 E depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha [9] ordenado: fizeram para si um bezerro de fundição, e perante elle se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, [10] ó Israel, que te tiraram da terra do Egypto.

9 Disse mais o Senhor a Moysés: Tenho visto [11] a este povo, e eis que é povo [FN] obstinado.

10 Agora pois deixa-me [12] que o meu furor se accenda contra elles, e os consuma: e eu te farei uma grande nação.

11 Porém Moysés supplicou ao Senhor seu Deus, e disse: O Senhor, porque se accende o teu [13] furor contra o teu povo, que tu tiraste da terra do Egypto com grande força e com forte mão?

12 Porque hão de fallar [14] os egypcios, dizendo: Para mal os tirou, para matal-os nos montes, e para destruil-os da face da terra? Torna-te da ira do teu furor, e arrepende-te [15] d’este mal contra o teu povo.

13 Lembra-te de Abrahão, de Isaac, e de Israel, os teus servos, aos quaes por ti mesmo tens jurado, [16] e lhes disseste: Multiplicarei a vossa semente como as estrellas dos céus, e darei á vossa semente toda esta terra, de que tenho dito, para que a possuam por herança eternamente.

14 Então o Senhor [17] arrependeu-se do mal que dissera, que havia de fazer ao seu povo.

15 E tornou-se Moysés, [18] e desceu do monte com as duas taboas do testemunho na sua mão, taboas escriptas de ambas as bandas; de uma e de outra banda escriptas estavam,

16 E aquellas taboas [19] eram obra de Deus; tambem a escriptura era a mesma escriptura de Deus, esculpida nas taboas.

17 E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a Moysés: Alarido de guerra ha no arraial.

18 Porém elle disse: Não é alarido dos victoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam eu ouço.

Moysés quebra as taboas do testemunho.

19 E aconteceu que, chegando elle ao arraial, e vendo [20] o bezerro e as danças, accendeu-se o furor de Moysés, e arremessou as taboas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte;

20 E tomou [21] o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as aguas, e deu-o a beber aos filhos de Israel.

21 E Moysés disse a Aarão: Que te tem feito este povo, [22] que sobre elle trouxeste tamanho peccado?

22 Então disse Aarão: Não se accenda a ira do meu senhor: tu sabes [23] que este povo é inclinado ao mal;

23 E elles me disseram: [24] Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque não sabemos que succedeu a este Moysés, a este homem que nos tirou da terra do Egypto.

24 Então eu lhes disse: Quem tem oiro, arranque-o: e deram-m’o, e lancei-o no fogo, [25] e saiu este bezerro.

Moysés manda matar os idolatras.

25 E vendo Moysés que o povo estava despido, porque Aarão o havia despido para vergonha [26] entre os seus inimigos,

[85]

26 Poz-se em pé Moysés na porta do arraial, e disse: Quem é do Senhor, venha a mim. Então se ajuntaram a elle todos os filhos de Levi.

27 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa: e passae e tornae pelo arraial de porta em porta, e mate [27] cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu proximo.

28 E os filhos de Levi fizeram conforme á palavra de Moysés: e cairam do povo aquelle dia uns tres mil homens.

29 Porquanto Moysés tinha [28] dito: Consagrae hoje as vossas mãos ao Senhor; porquanto cada um será contra o seu filho, e contra o seu irmão: e isto para elle vos dar hoje benção.

Moysés intercede pelo povo.

30 E aconteceu que no dia seguinte Moysés disse ao povo: Vós peccastes [29] grande peccado: agora porém subirei ao Senhor; porventura farei propiciação por vosso peccado.

31 Assim tornou-se Moysés [30] ao Senhor, e disse: Ora, este povo peccou peccado grande, [31] fazendo para si deuses d’oiro.

32 Agora pois perdoa o seu peccado, senão risca-me, peço-te, [32] do teu Livro, que tens escripto.

33 Então disse o Senhor a Moysés: Aquelle que peccar contra mim, a este riscarei eu do meu [33] livro.

34 Vae pois agora, conduze este povo para onde te tenho dito: eis que o meu [34] anjo irá adiante de ti; porém no dia da minha visitação visitarei n’elles o seu peccado.

35 Assim feriu o Senhor o povo, porquanto fizeram [35] o bezerro que Aarão tinha feito.

[1] cap. 24.18. Deu. 9.9.

[2] Act. 7.40. cap. 13.21.

[3] Jui. 8.24, 25, 26, 27.

[4] Deu. 9.16. Jui. 17.3. I Reis 12.23. Neh. 9.18. Isa. 46.6. Act. 7.41. Rom. 1.23.

[5] Lev. 23.2, 4, 21, 37. II Reis 10.20. II Chr. 30.5.

[6] I Cor. 16.7.

[7] cap. 33.1. Deu. 9.12. Dan. 9.24.

[8] Gen. 6.11. Deu. 4.16. Jui. 2.19. Ose. 9.9.

[9] cap. 20.3. Deu. 9.16.

[10] I Reis 12.28.

[11] cap. 33.3. Deu. 9.6. II Chr. 30.8. Isa. 48.4. Act. 7.51.

[12] Deu. 9.14. cap. 22.24. Num. 14.12.

[13] Deu. 9.18. Psa. 74.1, 2.

[14] Num. 14.13. Deu. 9.28 e 32.27.

[15] ver. 14.

[16] Gen. 22.16. Heb. 6.13.

[17] Deu. 32.26. II Sam. 24.16. I Chr. 21.15. Psa. 106.45. Jer. 18.8. Joel 2.13. Jon. 4.2.

[18] Deu. 9.15.

[19] cap. 31.18.

[20] Deu. 9.16, 17.

[21] Deu. 9.21.

[22] Gen. 20.9 e 26.10.

[23] cap. 14.11 e 15.24 e 16.2, 20, 28 e 17.2, 4.

[24] ver. 1.

[25] ver. 4.

[26] cap. 33.4, 5. II Chr. 28.19.

[27] Num. 25.5. Deu. 33.9.

[28] Num. 25.11, 12, 13. Deu. 13.6, 11. I Sam. 15.18, 22. Zac. 13.3. Mat. 10.37.

[29] I Sam. 12.20. Luc. 15.18. Amós 5.15. Num. 25.13.

[30] Deu. 9.18.

[31] cap. 20.23.

[32] Rom. 9.3. Dan. 12.1. Phi. 4.3. Apo. 3.5.

[33] Lev. 23.30. Eze. 18.4.

[34] cap. 33.2, 14, etc. Num. 20.16. Deu. 32.35. Rom. 2.5, 6.

[35] II Sam. 12.9. Act. 7.41.

Deus não irá no meio do povo mas enviará um anjo.

33 Disse mais o Senhor a Moysés: Vae, sobe d’aqui, tu [1] e o povo que fizeste subir da terra do Egypto, á terra que jurei a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, dizendo: Á tua semente [2] a darei.

2 E enviarei um anjo [3] diante de ti, e lançarei fóra os cananeos, e os amorrheos, e os hetheos, e os phereseos, e os heveos, e os jebuseos,

3 A uma terra [4] que mana leite e mel: porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para [5] que te não consuma eu no caminho.

4 E, ouvindo o povo esta má palavra, entristeceram-se, [6] e nenhum d’elles poz sobre si os seus atavios.

5 Porquanto o Senhor tinha dito a Moysés: Dize aos filhos de Israel: [7] Povo obstinado és; se um momento subir no meio de ti, te consumirei: porém agora tira de ti os teus atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer.

6 Então os filhos d’Israel se despojaram dos seus atavios, ao pé do monte de Horeb.

7 E tomou Moysés a tenda, e a estendeu para si fóra do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-a [8] a tenda da congregação: e aconteceu que todo aquelle que buscava o Senhor saiu á tenda da congregação, que estava fóra do arraial.

8 E aconteceu que, saindo Moysés á tenda, todo o povo se levantava, e cada um ficou em pé á porta da sua tenda: [9] e olhavam para Moysés pelas costas, até elle entrar na tenda.

9 E aconteceu que, entrando Moysés na tenda, descia a columna de nuvem, e punha-se á porta da tenda: e o Senhor fallava [10] com Moysés.

10 E, vendo todo o povo a columna de nuvem que estava á porta da tenda, todo o povo se levantou e inclinaram-se [11] cada um á porta da sua tenda.

11 E fallava o Senhor a Moysés cara a cara, como qualquer falla com o seu amigo: depois tornou-se ao arraial; mas o seu servidor [12] Josué, filho de Nun, mancebo, nunca se apartava do meio da tenda.

Moysés roga a Deus a Sua presença.

12 E Moysés disse ao Senhor: Eis que tu me dizes: [13] Faze subir a este povo, porém não me fazes saber a quem has de enviar commigo: e tu disseste: Conheço-te [14] por teu nome, tambem achaste graça aos meus olhos.

13 Agora pois, se tenho achado graça[86] [15] aos teus olhos, rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-hei, para que ache graça aos teus olhos: [16] e attenta que esta nação é o teu povo.

14 Disse pois: Irá [17] a minha face comtigo para te fazer descançar.

15 Então disse-lhe: Se a tua [18] face não fôr comnosco, não nos faças subir d’aqui.

16 Como pois se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? acaso não é n’isso que andas [19] tu comnosco? assim separados seremos, eu e o teu povo, de todo o povo que ha sobre a face da terra.

17 Então disse o Senhor a Moysés: Farei tambem isto, que tens [20] dito; porquanto achaste graça aos meus olhos; e te conheço por nome.

Moysés roga a Deus lhe mostre a sua gloria.

18 Então elle disse: Rogo-te que me mostres [21] a tua gloria.

19 Porém elle disse: Eu [22] farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e apregoarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericordia de quem tiver misericordia, e me compadecerei de [23] quem me compadecer.

20 E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá [24] a minha face, e viverá.

21 Disse mais o Senhor: Eis aqui um logar junto a mim; ali te porás sobre a [FO] penha.

22 E acontecerá que, quando a minha gloria passar, te porei n’uma fenda [25] da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado.

23 E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas: [26] mas a minha face não se verá.

[1] cap. 32.7.

[2] Gen. 12.7. cap. 32.13.

[3] cap. 32.34. Deu. 7.22. Jos. 24.11.

[4] cap. 3.8.

[5] Deu. 9.6, 13. cap. 23.21 e 32.10. Num. 16.21, 45.

[6] Num. 14.1, 39. Lev. 10.6. II Sam. 19.24. I Reis 21.27. Esd. 9.3. Job 1.20. Isa. 32.11. Eze. 24.17.

[7] ver. 3. Num. 16.45, 46.

[8] cap. 29.42. Deu. 4.29. II Sam. 21.1.

[9] Num. 16.27.

[10] cap. 25.22 e 31.18. Psa. 99.7.

[11] cap. 4.31.

[12] Gen. 32.30. Num. 12.8. Deu. 34.10. cap. 24.13.

[13] cap. 32.24.

[14] Gen. 18.19. Jer. 1.5. João 10.14. II Tim. 2.19.

[15] cap. 34.9. Psa. 25.4.

[16] Deu. 9.26. Joel 2.17.

[17] cap. 13.21. Isa. 63.9. Deu. 3.20. Jos. 21.44.

[18] ver. 3. cap. 34.9.

[19] Num. 14.14. Deu. 4.7. II Sam. 7.23.

[20] Gen. 19.21. Thi. 5.16.

[21] ver. 20. I Tim. 6.16.

[22] cap. 34.5. Jer. 31.14.

[23] Rom. 9.15 e 4.4.

[24] Gen. 32.30. Deu. 5.24. Jui. 6.22. Isa. 6.5. Apo. 1.16, 17.

[25] Isa. 2.21. Psa. 91.1, 4.

[26] ver. 20. João 1.18.

As novas taboas dos dez mandamentos.

34 Então disse o Senhor a Moysés: [1] Lavra-te duas taboas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas taboas as mesmas palavras que estavam nas primeiras taboas, que tu quebraste.

2 E apparelha-te para ámanhã, para que subas pela manhã ao monte de Sinai, e ali põe-te diante de mim no cume [2] do monte.

3 E ninguem suba [3] comtigo, e tambem ninguem appareça em todo o monte; nem ovelhas nem bois se apascentem defronte do monte.

4 Então elle lavrou duas taboas de pedra, como as primeiras; e levantou-se Moysés pela manhã de madrugada, e subiu ao monte de Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado: e tomou as duas taboas de pedra na sua mão.

5 E o Senhor desceu n’uma nuvem, e se poz ali junto a elle: e elle apregoou [4] o nome do Senhor.

6 Passando pois o Senhor perante a sua face, clamou: Jehovah o Senhor, [5] Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficencia e verdade;

7 Que guarda a beneficencia [6] em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o peccado; que o culpado não tem por innocente; [7] que visita a iniquidade dos paes sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até á terceira e quarta geração.

8 E Moysés apressou-se, e inclinou a cabeça á terra, encurvou-se,

9 E disse: Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, vá [8] agora o Senhor no meio de nós: porque este é povo obstinado; porém perdoa a nossa iniquidade e o nosso peccado, e toma-nos [9] pela tua herança.

Deus faz um pacto.

10 Então disse: Eis que eu faço um concerto; farei diante de todo o [10] teu povo maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem entre gente alguma: de maneira que todo este povo, em cujo meio tu estás, [11] veja a obra do Senhor; porque coisa terrivel é o que faço comtigo.

11 Guarda o [12] que eu te ordeno hoje: eis que eu lançarei fóra diante de ti os amorrheos, e os cananeos, e os hetheos, e os pereseos, e os heveos e os jebuseos.

12 Guarda-te [13] que não faças concerto com os moradores da terra aonde has[87] de entrar; para que não seja por laço no meio de ti.

13 Mas os seus altares [14] transtornareis, e as suas estatuas quebrareis, e os seus bosques cortareis.

14 Porque te não inclinarás [15] diante d’outro deus: pois o nome do Senhor é Zeloso: Deus zeloso é elle:

15 Para que não faças concerto com os moradores da terra, [16] e não forniquem após os seus deuses, nem sacrifiquem aos seus deuses, e tu, convidado d’elles, comas dos seus sacrificios,

16 E tomes mulheres das suas [17] filhas para os teus filhos, e suas filhas, fornicando após os seus deuses, façam que tambem teus filhos [18] forniquem após os seus deuses.

17 Não te farás deuses de fundição.

18 A festa dos pães [19] asmos guardarás; sete dias comerás pães asmos, como te tenho ordenado, ao tempo apontado do mez de Abib: porque no mez d’Abib sais-te do Egypto.

19 Tudo [20] o que abre a madre meu é, até todo o teu gado, que seja macho, abrindo a madre de vaccas e d’ovelhas;

20 O burro porém, [21] que abrir a madre, resgatarás com [FP] cordeiro: mas, se o não resgatares, cortar-lhe-has a cabeça: todo o primogenito de teus filhos resgatarás. E ninguem [22] apparecerá vazio diante de mim.

21 Seis dias obrarás, [23] mas ao setimo dia descançarás: na aradura e na sega descançarás.

22 Tambem guardarás [24] a festa das semanas, que é a festa das primicias da sega do trigo, e a festa da colheita á volta do anno.

23 Tres vezes no anno todo o macho entre ti apparecerá [25] perante o Senhor, Jehovah, Deus d’Israel;

24 Porque eu lançarei fóra as nações de diante de [26] ti, e alargarei o teu termo: ninguem cubiçará a tua terra, quando subires para apparecer tres vezes no anno diante do Senhor teu Deus.

25 Não sacrificarás [27] o sangue do meu sacrificio com pão levedado, nem o sacrificio da festa da paschoa ficará da noite para a manhã.

26 As primicias [28] dos primeiros fructos da tua terra trarás á casa do Senhor teu Deus: não cozerás [29] o cabrito no leite de sua mãe.

27 Disse mais o Senhor a Moysés: Escreve-te [30] estas palavras: porque conforme ao teor d’estas palavras tenho feito concerto comtigo e com Israel.

28 E esteve ali [31] com o Senhor quarenta dias e quarenta noites: não comeu pão, nem bebeu agua, [32] e escreveu nas taboas as palavras do concerto, [FQ] os dez mandamentos.

O rosto de Moysés resplandece.

29 E aconteceu que, descendo Moysés do monte Sinai (e Moysés trazia as duas taboas [33] do testemunho em sua mão, quando desceu do monte), Moysés não sabia que a pelle do [34] seu rosto resplandecia, depois que fallara com elle.

30 Olhando pois Aarão e todos os filhos d’Israel para Moysés, eis que a pelle do seu rosto resplandecia; pelo que temeram de chegar-se a elle.

31 Então Moysés os chamou, e Aarão e todos os principes da congregação tornaram-se a elle: e Moysés lhes fallou.

32 Depois chegaram tambem todos os filhos d’Israel: e elle lhes ordenou tudo [35] o que o Senhor fallára com elle no monte Sinai.

33 Assim acabou Moysés de fallar com elles, e tinha [36] posto um véu sobre o seu rosto.

34 Porém, entrando [37] Moysés perante o Senhor, para fallar com elle, tirava o véu até que sahia: e, saido, fallava com os filhos de Israel o que lhe era ordenado.

35 Assim pois viam os filhos d’Israel o rosto de Moysés, que resplandecia a pelle do rosto de Moysés: e tornou Moysés a pôr o véu sobre o seu rosto, até que entrava para fallar com elle.

[1] cap. 32.16, 19. Deu. 10.1.

[2] cap. 19.20 e 24.12.

[3] cap. 19.12.

[4] cap. 33.19. Num. 14.17.

[5] Num. 14.18. II Chr. 30.9. Neh. 9.17. Psa. 86.15. Joel 2.13. Rom. 2.4.

[6] cap. 20.6. Deu. 5.10. Jer. 32.18. Dan. 9.4. Psa. 103.3. Eph. 4.32. I João 1.9.

[7] Jos. 24.19. Job 10.14. Miq. 6.11. Nah. 1.3.

[8] cap. 33.3, 15, 16.

[9] Psa. 28.9. Jer. 10.16. Zac. 2.12.

[10] Deu. 5.2 e 29.12, 14. II Sam. 7.23. Psa. 77.14.

[11] Deu. 10.21. Psa. 145.6. Isa. 64.3.

[12] Deu. 5.32. cap. 33.2.

[13] cap. 23.32. Deu. 7.2. Jui. 2.2.

[14] cap. 23.24. Deu. 12.3. Jui. 2.2. II Reis 18.4 e 23.14. II Chr. 31.1.

[15] cap. 20.3, 5. Isa. 9.6.

[16] Deu. 31.16. Jui. 2.17. Jer. 3.9. Eze. 6.9. Num. 25.2. Psa. 106.28. I Cor. 8.4, 7, 10.

[17] Deu. 7.3. I Reis 11.2. Esd. 9.2. Neh. 13.25. Num. 25.1. I Reis 11.4.

[18] Lev. 19.4.

[19] cap. 12.15 e 13.4 e 23.15.

[20] cap. 22.29. Eze. 44.30. Luc. 2.23.

[21] cap. 13.13. Num. 18.15.

[22] cap. 23.15. Deu. 16.16. I Sam. 9.7.

[23] cap. 20.9. Deu. 5.12. Luc. 13.14.

[24] cap. 23.16. Deu. 16.10.

[25] Deu. 16.16.

[26] cap. 33.2. Lev. 18.24. Deu. 7.1. Psa. 78.55. II Chr. 17.10. Pro. 16.7. Act. 18.10.

[27] cap. 23.18 e 12.10.

[28] cap. 23.19. Deu. 26.2, 10.

[29] Deu. 14.21.

[30] ver. 10. Deu. 4.13 e 31.9.

[31] cap. 24.18. Deu. 9.9, 18.

[32] ver. 1. cap. 31.18 e 32.16.

[33] cap. 32.15.

[34] Mat. 17.2. II Cor. 3.7, 13.

[35] cap. 24.3.

[36] II Cor. 3.13.

[37] II Cor. 3.16.

O sabbado e as offertas para o tabernaculo.

35 Então fez Moysés ajuntar toda a congregação dos filhos d’Israel, e disse-lhes: Estas [1] são as palavras que o Senhor ordenou que se fizessem.

2 Seis dias [2] se trabalhará, mas o setimo dia vos será sancto, o sabbado do repouso ao Senhor: todo aquelle que fizer obra n’elle morrerá.

[88]

3 Não accendereis [3] fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sabbado.

4 Fallou mais Moysés a toda a congregação dos filhos d’Israel, dizendo: [4] Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

5 Tomae, do que vós tendes, uma offerta para o Senhor: [5] cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por offerta alçada ao Senhor; oiro, e prata, e cobre,

6 Como tambem azul, e purpura, e carmezim, e linho fino, e pellos de cabras.

7 E pelles de carneiros, tintas de vermelho, e pelles de teixugos, madeira de sittim,

8 E azeite para a luminaria, e especiarias para o [6] azeite da uncção, e para o incenso aromatico,

9 E pedras sardonicas, e pedras d’engaste, para o ephod e para o peitoral.

10 E todos os sabios de coração entre vós [7] virão, e farão tudo o que o Senhor tem mandado:

11 O tabernaculo, [8] a sua tenda, e a sua coberta, os seus colchetes, e as suas taboas, as suas barras, as suas columnas, e as suas bases,

12 A arca [9] e os seus varaes, o propiciatorio e o véu da coberta,

13 A mesa, [10] e os seus varaes, e todos os seus vasos; e os pães da proposição,

14 E o castiçal [11] da luminaria, e os seus vasos, e as suas lampadas, e o azeite para a luminaria,

15 E o altar do incenso [12] e os seus varaes, e o azeite da uncção, e o incenso aromatico, e a coberta da porta á entrada do tabernaculo,

16 O altar do [13] holocausto, e o crivo de cobre que terá seus varaes, e todos os seus vasos, a pia e a sua base,

17 As cortinas do pateo, [14] as suas columnas e as suas bases, e a coberta da porta do pateo,

18 As estacas do tabernaculo, e as estacas do pateo, e as suas cordas,

19 Os vestidos [15] do ministerio para ministrar no sanctuario, os vestidos sanctos d’Aarão o sacerdote, e os vestidos de seus filhos, para administrarem o sacerdocio.

A promptidão do povo em trazer offertas.

20 Então toda a congregação dos filhos d’Israel saiu de diante de Moysés,

21 E veiu todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquelle cujo espirito voluntariamente o excitou, e trouxeram a [16] offerta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para os vestidos sanctos.

22 Assim que vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, e pendentes, e anneis, e braceletes, todo o vaso d’oiro; e todo o homem offerecia offerta d’oiro ao Senhor;

23 E todo o homem que se achou com [17] azul, e purpura, e carmezim, e linho fino, e pellos de cabras, e pelles de carneiro tintas de vermelho, e pelles de teixugos, os trazia;

24 Todo aquelle que offerecia offerta alçada de prata ou de metal, a trazia por offerta alçada ao Senhor; e todo aquelle que se achava com madeira de sittim, a trazia para toda a obra do serviço.

25 E todas as mulheres [18] sabias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o fiado, o azul e a purpura, o carmezim e o linho fino.

26 E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os pellos das cabras.

27 E os principes [19] traziam pedras sardonicas, e pedras d’engastes para o ephod e para o peitoral,

28 E especiarias, [20] e azeite para a luminaria, e para o azeite da uncção, e para o incenso aromatico.

29 Todo o homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma [21] coisa para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moysés, aquillo trouxeram os filhos de Israel por offerta voluntaria ao Senhor.

Deus chama Bezaleel e Aholiab.

30 Depois disse Moysés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor [22] tem chamado por nome a Bezaleel, o filho de Uri, filho de Ur, da tribu de Judah.

31 E o espirito de Deus o encheu de sabedoria, entendimento e sciencia em todo o artificio,

32 E para inventar invenções, para trabalhar em oiro, e em prata, e em cobre,

33 E em artificio de pedras para engastar, e em artificio de madeira para obrar em toda a obra esmerada.

34 Tambem lhe tem dado no seu coração para ensinar a outros: a elle e a [23] Aholiab, o filho de Ahisamach, da tribu de Dan.

[89]

35 Encheu-os de [24] sabedoria do coração, para fazer toda a obra de mestre, e a mais engenhosa, e do bordador, em azul, e em purpura, em carmezim, e em linho fino, e do tecelão: fazendo toda a obra, e inventando invenções.

[1] cap. 34.32.

[2] cap. 20.9. Lev. 23.3. Num. 15.32. Deu. 5.12. Luc. 13.14.

[3] cap. 16.23.

[4] cap. 25.1, 2.

[5] cap. 25.2.

[6] cap. 25.6.

[7] cap. 31.6.

[8] cap. 26.1, 2, etc.

[9] cap. 25.10, etc.

[10] cap. 25.23, 30. Lev. 24.5, 6.

[11] cap. 25.31, etc.

[12] cap. 30.1, 23, 34.

[13] cap. 27.1.

[14] cap. 27.9.

[15] cap. 31.10 e 39.1, 41. Num. 4.5, 6, etc.

[16] ver. 5. cap. 25.2 e 36.2. I Chr. 28.2, 9. Esd. 7.27. II Cor. 8.12 e 9.7.

[17] I Chr. 29.8.

[18] cap. 28.3 e 31.6 e 36.1. II Reis 23.7. Pro. 31.19.

[19] I Chr. 29.6. Esd. 2.68.

[20] cap. 30.23.

[21] ver. 21. I Chr. 29.9.

[22] cap. 31.2, etc.

[23] cap. 31.6.

[24] ver. 31. cap. 31.3. I Reis 7.14. Isa. 28.26.

36 Assim obraram Bezaleel e Aholiab, e todo o homem [1] sabio de coração, a quem o Senhor déra sabedoria e intelligencia, para saber como haviam de fazer toda a obra para o serviço do [2] sanctuario, conforme a tudo o que o Senhor tinha ordenado.

Moysés entrega aos obreiros as offertas do povo.

2 Porque Moysés chamara a Bezaleel e a Aholiab, e a todo o homem sabio de coração, em cujo coração Deus tinha dado sabedoria: a todo aquelle [3] a quem o seu coração movera que se chegasse á obra para fazel-a.

3 Tomaram pois de diante de Moysés toda a offerta alçada, que trouxeram os filhos de Israel para a obra [4] do serviço do sanctuario, para fazel-a, e ainda elles lhe traziam cada manhã offerta voluntaria.

4 E vieram todos os sabios, que faziam toda a obra do sanctuario, cada um da obra que elles faziam,

5 E fallaram a Moysés, dizendo: O povo [5] traz muito mais do que basta para o serviço da obra que o Senhor ordenou se fizesse.

6 Então mandou Moysés que fizessem passar uma voz pelo arraial, dizendo: Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a offerta alçada do sanctuario. Assim o povo foi prohibido de trazer mais,

7 Porque tinham materia bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava.

8 Assim todo o sabio [6] de coração, entre os que faziam a obra, fez o tabernaculo de dez cortinas, de linho fino torcido, e de azul, e de purpura, e de carmezim, com cherubins; da obra mais esmerada as fez.

9 O comprimento de uma cortina era de vinte e oito covados, e a largura de outra cortina de quatro covados: todas as cortinas tinham uma mesma medida.

10 E elle ligou cinco cortinas uma com a outra; e outras cinco cortinas ligou uma com outra.

11 Depois fez laçadas de azul na borda de uma cortina, á extremidade, na juntura: assim tambem fez na borda, á extremidade da juntura da segunda cortina.

12 Cincoenta laçadas fez [7] n’uma cortina, e cincoenta laçadas fez n’uma extremidade da cortina, que se ligava com a segunda: estas laçadas travavam uma com a outra.

13 Tambem fez cincoenta colchetes de oiro, e com estes colchetes uniu as cortinas uma com a outra; e foi feito assim um tabernaculo.

14 Fez tambem cortinas [8] de pellos de cabras para a tenda sobre o tabernaculo: de onze cortinas as fez.

15 O comprimento de uma cortina era de trinta covados, e a largura de uma cortina de quatro covados: estas onze cortinas tinham uma mesma medida.

16 E elle uniu cinco cortinas á parte, e seis cortinas á parte,

17 E fez cincoenta laçadas na borda da ultima cortina, na juntura: tambem fez cincoenta laçadas na borda da cortina, na outra juntura.

18 Fez tambem cincoenta colchetes de metal, para ajuntar a tenda, para que fosse uma.

A coberta de pelles e as taboas.

19 Fez tambem [9] para a tenda uma coberta de pelles de carneiros, tintas de vermelho; e por cima uma coberta de pelles de teixugos.

20 Tambem fez [10] taboas levantadas para o tabernaculo, de madeira de sittim.

21 O comprimento de uma taboa era de dez covados, e a largura de cada taboa era de um covado e meio.

22 Cada taboa tinha duas coiceiras, pregadas uma com a outra: assim fez com todas as taboas do tabernaculo.

23 Assim pois fez as taboas para o tabernaculo: vinte taboas para a banda do sul ao meio dia:

24 E fez quarenta bases de prata debaixo das vinte taboas: duas bases debaixo de uma taboa ás suas duas coiceiras, e duas bases de baixo d’outra taboa ás suas duas coiceiras.

25 Tambem fez vinte taboas ao outro lado do tabernaculo da banda do norte,

26 Com as suas quarenta bases de prata; duas bases debaixo de uma taboa, e duas bases debaixo de outra taboa.

27 E ao lado do tabernaculo para o occidente fez seis taboas.

28 Fez tambem duas taboas para os cantos do tabernaculo aos dois lados,

29 As quaes estavam juntas debaixo,[90] e tambem se ajuntavam por cima com uma argola: assim fez com ellas ambas nos dois cantos.

30 Assim eram oito taboas com as suas bases de prata, a saber, dezeseis bases: duas bases debaixo de cada taboa.

31 Fez tambem barras [11] de madeira de sittim: cinco para as taboas d’um lado do tabernaculo,

32 E cinco barras para as taboas do outro lado do tabernaculo; e outras cinco barras para as taboas do tabernaculo d’ambas as bandas do occidente.

33 E fez que a barra do meio passasse pelo meio das taboas d’uma extremidade até á outra.

34 E cobriu as taboas d’oiro, e as suas argolas (os logares das barras) fez d’oiro: as barras tambem cobriu d’oiro.

Os véus e as columnas.

35 Depois fez o véu [12] d’azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido; d’obra esmerada o fez com cherubins.

36 E fez-lhe quatro columnas de madeira de sittim, e as cobriu d’oiro: e seus colchetes fez d’oiro, e fundiu-lhe quatro bases de prata.

37 Fez tambem [13] para a porta da tenda o véu d’azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido, da obra do bordador,

38 Com as suas cinco columnas e os seus colchetes; e as suas cabeças e as suas molduras cobriu d’oiro: e as suas cinco bases eram de cobre.

[1] cap. 28.3, 35.10, 35.

[2] cap. 25.8.

[3] cap. 35.21, 26. I Chr. 29.5.

[4] cap. 35.27.

[5] II Cor. 8.2.

[6] cap. 26.1.

[7] cap. 26.5.

[8] cap. 26.7.

[9] cap. 26.14.

[10] cap. 26.15.

[11] cap. 26.26.

[12] cap. 26.31.

[13] cap. 26.36.

A arca.

37 Fez tambem Bezaleel [1] a arca de madeira de sittim: o seu comprimento era de dois covados e meio; e a sua largura d’um covado e meio; e a sua altura d’um covado e meio.

2 E cobriu-a d’oiro puro por dentro e por fóra; e fez-lhe uma corôa d’oiro ao redor;

3 E fundiu-lhe quatro argolas d’oiro aos seus quatro cantos, n’um lado duas, e no outro lado duas argolas;

4 E fez varaes de madeira de sittim, e os cobriu d’oiro;

5 E metteu os varaes pelas argolas aos lados da arca, para levar a arca.

O propiciatorio.

6 Fez tambem [2] d’oiro puro o propiciatorio: o seu comprimento era de dois covados e meio, e a sua largura d’um covado e meio.

7 Fez tambem dois cherubins d’oiro; d’obra batida os fez, ás duas extremidades do propiciatorio;

8 Um cherubim a uma extremidade d’esta banda, e o outro cherubim á outra extremidade da outra banda: do mesmo propiciatorio fez sair os cherubins ás duas extremidades d’elles.

9 E os cherubins estendiam as azas por cima, cobrindo com as suas azas o propiciatorio: e os seus rostos estavam defronte um do outro: os rostos dos cherubins estavam virados para o propiciatorio.

A mesa.

10 Fez tambem [3] a mesa de madeira de sittim: o seu comprimento era de dois covados, e a sua largura d’um covado, e a sua altura d’um covado e meio.

11 E cobriu-a d’oiro puro, e fez-lhe uma corôa d’oiro ao redor.

12 Fez-lhe tambem uma moldura da largura d’uma mão ao redor: e fez uma corôa d’oiro ao redor da sua moldura.

13 Fundiu-lhe tambem quatro argolas d’oiro; e poz as argolas aos quatro cantos que estavam aos seus quatro pés.

14 Defronte da moldura estavam as argolas para os logares dos varaes, para levar a mesa.

15 Fez tambem os varaes de madeira de sittim, e os cobriu d’oiro, para levar a mesa.

16 E fez os vasos que haviam de estar sobre a mesa, os seus pratos, e [4] as suas colheres, e as suas escudelas, e as suas [FR] cobertas, com que se haviam de cobrir, d’oiro puro.

O castiçal.

17 Fez tambem [5] o castiçal de oiro puro: d’obra batida fez este castiçal: o seu pé, e as suas canas, os seus copos, as suas maçãs, e as suas flôres do mesmo.

18 Seis canas sahiam dos seus lados: tres canas do castiçal, de um lado d’elle, e tres canas do castiçal, d’outro lado.

19 N’uma cana estavam tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma flôr: e n’outra cana tres copos a modo d’amendoas, uma maçã e uma flôr: assim para as seis canas que sahiam do castiçal.

20 Mas no mesmo castiçal havia quatro copos a modo d’amendoas com as suas maçãs e com as suas flôres.

21 E era uma maçã debaixo de duas canas do mesmo; e outra maçã debaixo de duas canas do mesmo; e mais uma[91] maçã debaixo de duas canas do mesmo: assim se fez para as seis canas, que sahiam d’elle.

22 As suas maçãs e as suas canas eram do mesmo: tudo era uma obra batida de oiro puro.

23 E fez-lhe sete lampadas: os seus [FS] espivitadores e os seus [FT] apagadores eram d’oiro puro.

24 D’um talento d’oiro puro o fez, e todos os seus vasos.

25 E fez o altar [6] do incenso de madeira de sittim: d’um covado era o seu comprimento, e de um covado a sua largura, quadrado; e de dois covados a sua altura: d’elle mesmo eram feitos os seus cornos.

26 E cobriu-o de oiro puro, a sua coberta, e as suas paredes ao redor, e os seus cornos: e fez-lhe uma corôa de oiro ao redor.

27 Fez-lhe tambem duas argolas de oiro debaixo da sua corôa, e os seus dois cantos, d’ambos os seus lados, para os logares dos varaes, para leval-o com elles.

28 E os varaes fez de madeira de sittim, e os cobriu de oiro.

29 Tambem fez [7] o azeite sancto da uncção, e o incenso aromatico, puro, de obra do perfumista.

[1] cap. 25.10.

[2] cap. 25.17.

[3] cap. 25.23.

[4] cap. 25.29.

[5] cap. 25.31.

[6] cap. 30.1.

[7] cap. 30.23, 34.

O altar do holocausto.

38 Fez tambem [1] o altar do holocausto de madeira de sittim: de cinco covados era o seu comprimento, e de cinco covados a sua largura, quadrado; e de tres covados a sua altura.

2 E fez-lhe os seus cornos aos seus quatro cantos; do mesmo eram os seus cornos; e cobriu-o de cobre.

3 Fez tambem todos os vasos do altar: os caldeirões, e as pás, e as bacias, e os garfos, e os brazeiros: todos os seus vasos fez de cobre.

4 Fez tambem ao altar um crivo de cobre, de obra de rede, no seu cerco debaixo, até ao meio d’elle.

5 E fundiu quatro argolas ás quatro extremidades do crivo de cobre, para os logares dos varaes.

6 E fez os varaes de madeira de sittim, e os cobriu de cobre.

7 E metteu os varaes pelas argolas aos lados do altar, para leval-o com elles: fel-o oco de taboas.

8 Fez tambem a [2] pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das mulheres que se ajuntavam, ajuntando-se á porta da tenda da congregação.

O pateo.

9 Fez tambem o [3] pateo da banda do meio dia ao sul: as cortinas do pateo eram de linho fino torcido, de cem covados.

10 As suas vinte columnas e as suas vinte bases eram de cobre: os colchetes d’estas columnas e as suas molduras eram de prata;

11 E da banda do norte cortinas de cem covados; as suas vinte columnas e as suas vinte bases eram de cobre, os colchetes das columnas e as suas molduras eram de prata.

12 E da banda do occidente cortinas de cincoenta covados, as suas columnas dez, e as suas bases dez: os colchetes das columnas e as suas molduras eram de prata.

13 E da banda oriental, ao oriente, cortinas de cincoenta covados.

14 As cortinas d’esta banda da porta eram de quinze covados: as suas columnas tres e as suas bases tres.

15 E da outra banda da porta do pateo de ambos os lados eram cortinas de quinze covados: as suas columnas tres e as suas bases tres.

16 Todas as cortinas do pateo ao redor eram de linho fino torcido.

17 E as bases das columnas eram de cobre: os colchetes das columnas e as suas molduras eram de prata; e a coberta das suas cabeças de prata; e todas as columnas do pateo eram cingidas de prata.

18 E a coberta da porta do pateo era de obra de bordador, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido; e o comprimento era de vinte covados, e a altura, na largura, de cinco covados, defronte das cortinas do pateo.

19 E as suas quatro columnas e as suas quatro bases eram de cobre, os seus colchetes de prata, e a coberta das suas cabeças, e as suas molduras, de prata.

20 E todas as [4] estacas do tabernaculo e do pateo ao redor eram de cobre.

A numeração das coisas do tabernaculo.

21 Esta é a numeração das coisas contadas [5] do tabernaculo do testemunho, que por ordem de Moysés foram contadas para o ministerio dos levitas por mão [6] de Ithamar, filho de Aarão o sacerdote.

22 Fez pois Bezaleel, [7] o filho de Uri,[92] filho de Hur, da tribu de Judah, tudo quanto o Senhor tinha ordenado a Moysés.

23 E com elle Aholiab, o filho de Ahisamach, da tribu de Dan, um mestre de obra, e engenhoso artifice, e bordador em azul, e em purpura e em carmezim e em linho fino.

24 Todo o oiro gasto na obra, em toda a obra do sanctuario, a saber, o oiro da offerta, foi vinte e nove talentos e setecentos e trinta siclos, [8] conforme ao siclo do Sanctuario;

25 E a prata dos arrolados da congregação foi cem talentos e mil e setecentos e setenta e cinco siclos, conforme ao siclo do sanctuario;

26 Um beca por cada cabeça, isto é, meio siclo, [9] conforme ao siclo do sanctuario: de qualquer que passava aos arrolados, da edade de vinte annos e acima, que foram seiscentos e tres mil e quinhentos e cincoenta.

27 E houve cem talentos de prata para fundir as bases do sanctuario e as bases do véu: para cem bases eram cem talentos; um talento para cada base.

28 Mas dos mil e setecentos e setenta siclos fez os colchetes das columnas, e cobriu as suas cabeças, e as cingiu de molduras.

29 E o cobre da offerta foi setenta talentos e dois mil e quatrocentos siclos.

30 E d’elle fez as bases da porta da tenda da congregação e o altar de cobre, e o crivo de cobre e todos os vasos do altar,

31 E as bases do pateo ao redor, e as bases da porta do pateo, e todas as estacas do tabernaculo e todas as estacas do pateo ao redor.

[1] cap. 27.1.

[2] cap. 30.18.

[3] cap. 27.9.

[4] cap. 27.19.

[5] Num. 1.50, 53 e 9.15 e 10.11 e 17.7, 8 e 18.2. II Chr. 24.6. Act. 7.44.

[6] Num. 4.28, 33.

[7] cap. 31.2, 6.

[8] cap. 30.13, 24. Lev. 5.15 e 27.3, 25. Num. 3.47 e 18.16.

[9] cap. 26.19, 21, 25, 32.

As vestes dos Sacerdotes.

39 Fizeram tambem [1] os vestidos do ministerio, para ministrar no sanctuario de azul, e de purpura e de carmezim: tambem fizeram [2] os vestidos sanctos, para Aarão, [3] como o Senhor ordenara a Moysés.

2 Assim fez o ephod [4] de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim e de linho fino torcido.

3 E estenderam as laminas de oiro, e as cortaram em fios, para entretecer entre o azul, e entre a purpura, e entre o carmezim, e entre o linho fino da obra mais esmerada.

4 Fizeram n’elle hombreiras que se ajuntassem: ás suas duas pontas se ajuntava.

5 E o cinto [FU] de artificio do ephod, que estava sobre elle, era conforme á sua obra, do mesmo, de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido, como o Senhor ordenara a Moysés.

6 Tambem prepararam as [5] pedras sardonicas, engastadas em oiro, lavradas com gravuras de sêllo, com os nomes dos filhos de Israel,

7 E as poz sobre as hombreiras do ephod por pedras [6] de memoria para os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moysés.

8 Fez tambem [7] o peitoral de obra de artifice, como a obra do ephod, de oiro, de azul, e de purpura, e de carmezim, e de linho fino torcido.

9 Quadrado era; dobrado fizeram o peitoral: o seu comprimento era de um palmo, e a sua largura de um palmo dobrado.

10 E engastaram n’elle [8] quatro ordens de pedras: uma ordem de uma sardia, de um topazio, e de um carbunculo; esta é a primeira ordem:

11 E a segunda ordem de uma esmeralda, de uma saphira e de um diamante:

12 E a terceira ordem de um jacinto, de uma agatha, e de uma amethista:

13 E a quarta ordem de uma turqueza, e de uma sardonica, e de um jaspe, engastadas nos seus engastes de oiro.

14 Estas pedras pois eram segundo os nomes dos filhos de Israel, doze segundo os seus nomes; de gravura de sêllo, cada um com o seu nome, segundo as doze tribus.

15 Tambem fizeram para o peitoral cadeiasinhas de egual medida, obra de trança, de oiro puro.

16 E fizeram dois engastes de oiro e duas argolas de oiro; e pozeram as duas argolas nas duas extremidades do peitoral.

17 E pozeram as duas cadeiasinhas de trança de oiro nas duas argolas, nas duas extremidades do peitoral.

18 E as outras duas pontas das duas cadeiasinhas de trança pozeram nos dois engastes: e as pozeram sobre as hombreiras do ephod, defronte d’elle.

19 Fizeram tambem duas argolas de oiro, que pozeram nas outras duas extremidades do peitoral, na sua borda que estava junto ao ephod por dentro.

20 Fizeram mais [9] duas argolas de oiro, que pozeram nas duas hombreiras do ephod, debaixo, defronte d’elle, defronte da sua juntura, sobre o cinto d’artificio do ephod.

[93]

21 E ligaram o peitoral com as suas argolas ás argolas do ephod com um cordão de azul, para que estivesse sobre o cinto de artificio do ephod, e o peitoral não se apartasse do ephod, como o Senhor ordenara a Moysés.

22 E fez o manto do ephod de obra torcida, todo de azul.

23 E [FV] o collar do [10] manto estava no meio d’elle, como collar de saia de malha: este collar tinha uma borda em volta, para que se não rompesse.

24 E nas bordas do manto fizeram romãs de azul, e de purpura, e de carmezim, a fio torcido.

25 Fizeram tambem as campainhas de oiro puro, [11] pondo as campainhas no meio das romãs nas bordas da capa, em roda, entre as romãs:

26 Uma campainha e uma romã, outra campainha e outra romã, nas bordas do manto á roda: para ministrar, como o Senhor ordenara a Moysés.

27 Fizeram tambem [12] as tunicas de linho fino, de obra tecida, para Aarão e para seus filhos,

28 E a mitra [13] de linho fino, e o ornato das tiaras de linho fino, e os calções de linho fino torcido,

29 E o cinto de linho fino torcido, e de azul, e de purpura, e de carmezim, de obra de bordador, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Fizeram tambem [14] a folha da [FW] corôa de sanctidade de oiro puro, e n’ella escreveram o escripto como de gravura de sêllo: [FX] Sanctidade ao Senhor.

31 E ataram-n’o com um cordão de azul, para a atar á mitra em cima, como o Senhor ordenara a Moysés.

32 Assim se acabou toda a obra do tabernaculo da tenda da congregação; e os filhos de Israel fizeram [15] conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés; assim o fizeram.

O tabernaculo é entregue a Moysés.

33 Depois trouxeram a Moysés o tabernaculo, a tenda e todos os seus vasos; os seus colchetes, as suas taboas, os seus varaes, e as suas columnas, e as suas bases;

34 E a coberta de pelles de carneiro tintas de vermelho, e a coberta de pelles de teixugos, e o véu da coberta;

35 A arca do testemunho, e os seus varaes, e o propiciatorio:

36 A mesa com todos os seus vasos, e os pães da proposição;

37 O castiçal puro com suas lampadas, as lampadas da ordenança, e todos os seus vasos, e o azeite para a luminaria;

38 Tambem o altar de oiro, e o azeite da uncção, e o incenso aromatico, e a coberta da porta da tenda;

39 O altar de cobre, e o seu crivo de cobre, os seus varaes, e todos os seus vasos, a pia, e a sua base;

40 As cortinas do pateo, as suas columnas, e as suas bases, e a coberta da porta do pateo, as suas cordas, e os seus pregos, e todos os vasos do serviço do tabernaculo, para a tenda da congregação;

41 Os vestidos do ministerio para ministrar no sanctuario; os sanctos vestidos de Aarão o sacerdote, e os vestidos dos seus filhos, para administrarem o sacerdocio.

42 Conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés, assim fizeram [16] os filhos de Israel toda a obra.

43 Viu pois Moysés toda a obra, e eis que a tinham feito; como o Senhor ordenara, assim a fizeram: então Moysés [17] os abençoou.

[1] cap. 35.23.

[2] cap. 31.10 e 35.19.

[3] cap. 28.4.

[4] cap. 28.6.

[5] cap. 28.9.

[6] cap. 28.12.

[7] cap. 28.15.

[8] cap. 28.17, etc.

[9] cap. 28.31.

[10] cap. 28.33.

[11] cap. 28.33.

[12] cap. 28.4, 39, 40, 42. Eze. 44.18.

[13] cap. 28.39.

[14] cap. 28.36, 37.

[15] ver. 42, 43. cap. 25.40.

[16] cap. 35.10.

[17] Lev. 9.22, 23. Num. 6.23. Jos. 22.6. II Sam. 6.18. I Reis 8.14. II Chr. 30.27.

Deus manda Moysés levantar o tabernaculo.

40 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 No primeiro mez, [1] no primeiro dia do mez, levantarás [2] o tabernaculo da tenda da congregação,

3 E porás [3] n’elle a arca do testemunho, e cobrirás a arca com o véu.

4 Depois metterás [4] n’elle a mesa, e porás em ordem o que se deve pôr em ordem n’ella; tambem metterás [5] n’elle o castiçal, e accenderás as suas lampadas.

5 E porás [6] o altar de oiro para o incenso diante da arca do testemunho: então pendurarás a coberta da porta do tabernaculo.

6 Porás tambem o altar do holocausto diante da porta do tabernaculo da tenda da congregação.

7 E porás a [7] pia entre a tenda da congregação e o altar, e n’ella porás agua.

8 Depois porás o pateo ao redor, e pendurarás a coberta á porta do pateo.

9 Então tomarás o azeite da [8] uncção, e ungirás o tabernaculo, e tudo o que[94] ha n’elle: e o sanctificarás com todos os seus vasos, e será sancto.

10 Ungirás tambem o altar do holocausto, e todos os seus vasos; e sanctificarás o altar; e o altar será uma coisa sanctissima.

11 Então ungirás a pia e a sua base, [9] e a sanctificarás.

12 Farás tambem chegar a [10] Aarão e a seus filhos á porta da tenda da congregação; e os lavarás com agua.

13 E vestirás a Aarão os vestidos sanctos, [11] e o ungirás, e o sanctificarás, para que me administre o sacerdocio.

14 Tambem farás chegar a seus filhos, e lhes vestirás as tunicas,

15 E os ungirás como ungiste a seu pae, para que me administrem o sacerdocio, e a sua uncção lhes será por sacerdocio perpetuo nas suas gerações.

16 E fel-o Moysés: conforme a tudo o que o Senhor lhe ordenou, assim o fez.

O tabernaculo é levantado.

17 E aconteceu no mez primeiro, no anno segundo, ao primeiro do mez, que o tabernaculo foi [12] levantado;

18 Porque Moysés levantou o tabernaculo, e poz as suas bases, e armou as suas taboas, e metteu n’elle os seus varaes, e levantou as suas columnas;

19 E estendeu a tenda sobre o tabernaculo, e poz a coberta da tenda sobre ella, em cima, como o Senhor ordenara a Moysés.

20 Tomou o testemunho, [13] e pôl-o na arca, e metteu os varaes á arca; e poz o propiciatorio sobre a arca, em cima.

21 E levou a arca no tabernaculo, [14] e pendurou o véu da cobertura, e cobriu a arca do testemunho, como o Senhor ordenara a Moysés.

22 Poz tambem [15] a mesa na tenda da congregação, ao lado do tabernaculo para o norte, fóra do véu,

23 E sobre ella poz em ordem [16] o pão perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.

24 Poz tambem na tenda da congregação [17] o castiçal defronte da mesa, ao lado do tabernaculo para o sul,

25 [18] E accendeu as lampadas perante o Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.

26 E poz o altar d’oiro [19] na tenda da congregação, diante do véu,

27 E accendeu sobre [20] elle o incenso d’especiarias aromaticas, como o Senhor ordenara a Moysés.

28 Pendurou tambem [21] a coberta da porta do tabernaculo,

29 E poz o altar do [22] holocausto á porta do tabernaculo da tenda da congregação, e [23] offereceu sobre elle holocausto e offerta de manjares, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Poz tambem [24] a pia entre a tenda da congregação e o altar, e derramou agua n’ella, para lavar.

31 E Moysés, e Aarão e seus filhos lavaram n’ella as suas mãos e os seus pés.

32 Quando entravam na tenda da congregação, e quando chegavam ao altar, [25] lavavam-se, como o Senhor ordenara a Moysés.

33 Levantou tambem o [26] pateo ao redor do tabernaculo e do altar, e pendurou a coberta da porta do pateo. Assim Moysés acabou a obra.

A nuvem cobre o tabernaculo.

34 Então a nuvem [27] cobriu a tenda da congregação, e a gloria do Senhor encheu o tabernaculo;

35 De maneira que Moysés não [28] podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre elle, e a gloria do Senhor enchia o tabernaculo.

36 Quando pois a nuvem [29] se levantava de sobre o tabernaculo, então os filhos de Israel caminhavam em todas as suas jornadas.

37 Se a nuvem porém não se levantava, não [30] caminhavam, até ao dia em que ella se levantava;

38 Porquanto a [31] nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernaculo, e o fogo estava de noite sobre elle, perante os olhos de toda a casa d’Israel, em todas as suas jornadas.

[1] cap. 12.2 e 13.4.

[2] ver. 17. cap. 26.1, 30.

[3] ver. 21. cap. 26.33. Num. 4.5.

[4] ver. 22. cap. 26.35. ver. 23. cap. 25.30. Lev. 24.5, 6.

[5] ver. 24, 25.

[6] ver. 26.

[7] ver. 30. cap. 30.18.

[8] cap. 30.26.

[9] cap. 29.36, 37.

[10] Lev. 8.1, 13.

[11] cap. 28.41. Num. 25.13.

[12] ver. 1. Num. 7.1.

[13] cap. 25.16.

[14] cap. 26.33 e 35.12.

[15] cap. 26.35.

[16] ver. 4.

[17] cap. 26.35.

[18] ver. 4. cap. 25.37.

[19] ver. 5. cap. 30.6.

[20] cap. 30.7.

[21] ver. 5. cap. 26.36.

[22] ver. 6.

[23] cap. 29.38, etc.

[24] ver. 7. cap. 30.18.

[25] cap. 30.19, 20.

[26] ver. 8. cap. 27.9, 16.

[27] cap. 29.43. Lev. 16.2. Num. 9.15. II Reis 8.10, 11. II Chr. 5.13 e 7.2. Isa. 6.4. Agg. 2.7, 9. Apo. 15.8.

[28] II Chr. 5.14.

[29] Num. 9.17 e 10.11. Neh. 9.19.

[30] Num. 9.19, 22.

[31] cap. 13.21. Num. 9.15.

[95]


O TERCEIRO LIVRO DE MOYSÉS
CHAMADO

LEVITICO.

Os holocaustos.

Antes de Christo 1490

1 E chamou [1] o Senhor a Moysés, e fallou com elle da [2] tenda da congregação, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: [3] Quando algum de vós offerecer offerta ao Senhor, offerecereis as vossas offertas de gado, de vaccas e d’ovelhas.

3 Se a sua offerta fôr [FY] holocausto de gado, offerecerá macho [4] sem mancha: á porta da tenda da congregação a offerecerá, [FZ] de sua propria vontade, perante o Senhor.

4 E porá a [5] sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja acceito por elle, [6] para a sua expiação.

5 Depois degolará [7] o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, offerecerão o sangue, [8] e espargirão o sangue á roda sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação.

6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços.

7 E os filhos d’Aarão, os sacerdotes, porão fogo [9] sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.

8 Tambem os filhos d’Aarão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar;

9 Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-hão com agua; e o sacerdote tudo isto queimará sobre o altar: holocausto é, offerta queimada, [10] de cheiro suave ao Senhor.

10 E se a sua offerta fôr de gado miudo, d’ovelhas ou de cabras, para holocausto, offerecerá macho [11] sem mancha,

11 E o degolará ao lado do altar para a banda do norte [12] perante o Senhor; e os filhos de Aarão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue á roda sobre o altar.

12 Depois o partirá nos seus pedaços, como tambem a sua cabeça e o seu redenho: e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar.

13 Porém a fressura e as pernas lavar-se-hão com agua; e o sacerdote tudo offerecerá, e o queimará sobre o altar; holocausto é, offerta queimada, de cheiro suave ao Senhor.

14 E se a sua offerta ao Senhor fôr holocausto d’aves, offerecerá a sua offerta de rolas [13] ou de pombinhos;

15 E o sacerdote a offerecerá sobre o altar, e lhe torcerá o pescoço com a sua unha, e a queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido na parede do altar;

16 E o seu papo com as suas pennas tirará e o lançará junto [14] ao altar, para a banda do oriente, no logar da cinza;

17 E fendel-a-ha com as suas azas, porém não a partirá; [15] e o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que está no fogo: holocausto é, offerta [16] queimada de cheiro suave ao Senhor.

[1] Exo. 19.3.

[2] Exo. 40.34, 35. Num. 12.4, 5.

[3] cap. 22.18, 19.

[4] Exo. 12.5. cap. 3.1 e 22.20, 21. Deu. 15.21. Mal. 1.14. Eph. 5.27. Heb. 9.14. I Ped. 1.19.

[5] Exo. 29.10, 15, 19. cap. 3.2, 8, 13 e 4.15 e 8.14, 22 e 16.21.

[6] cap. 22.21, 27. Isa. 56.7. Rom. 12.1. Phi. 4.18. cap. 4.20, 26, 31, 35 e 9.7 e 16.24. Num. 15.25. II Chr. 29.23, 24.

[7] Miq. 6.6. II Chr. 35.11. Heb. 10.11.

[8] cap. 3.8. Heb. 12.24. I Ped. 1.2.

[9] Gen. 22.2.

[10] Gen. 8.21. Eze. 20.28, 41. II Cor. 2.15. Eph. 5.2. Phi. 4.18.

[11] ver. 3.

[12] ver. 5.

[13] cap. 5.7 e 12.8. Luc. 2.24.

[14] cap. 6.10.

[15] Gen. 15.10.

[16] ver. 9, 13.

As offertas de manjares.

2 E quando alguma pessoa offerecer [1] offerta de manjares ao Senhor, a sua offerta será de flor de farinha, e n’ella deitará azeite, e porá o incenso sobre ella;

2 E a trará aos filhos de Aarão, os[96] sacerdotes, um dos quaes tomará d’ella um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu incenso: e o sacerdote queimará o seu memorial sobre o altar: [2] offerta queimada é de cheiro suave ao Senhor.

3 E o que sobejar [3] da offerta de manjares, será de Aarão e de seus filhos: [4] coisa sanctissima é, de offertas queimadas ao Senhor.

4 E, quando offereceres offerta de manjares, cozida no forno, será de bolos asmos de flor de farinha, amassados com azeite, e coscorões asmos [5] untados com azeite.

5 E, se a tua offerta fôr offerta de manjares, cozida na caçoila, será da flor de farinha sem fermento, amassada com azeite.

6 Em pedaços a partirás, e sobre ella deitarás azeite; offerta é de manjares.

7 E, se a tua offerta fôr offerta de manjares da sertã, far-se-ha da flor de farinha com azeite.

8 Então trarás a offerta de manjares, que se fará d’aquillo, ao Senhor; e se apresentará ao sacerdote, o qual a levará ao altar.

9 E o sacerdote tomará d’aquella offerta de manjares o seu [6] memorial, e a queimará [7] sobre o altar: offerta queimada é de cheiro suave ao Senhor.

10 E, o que sobejar da offerta de manjares, [8] será de Aarão e de seus filhos: coisa sanctissima é de offertas queimadas ao Senhor.

11 Nenhuma offerta de manjares, que offerecerdes ao Senhor, se fará com [9] fermento: porque de nenhum fermento, nem de mel algum, offerecereis offerta queimada ao Senhor.

12 D’elles [10] offerecereis ao Senhor por offerta das primicias; porém sobre o altar não subirão por cheiro suave.

13 E toda a offerta dos teus manjares salgarás [11] com sal; e não deixarás faltar á tua offerta de manjares o sal do concerto do teu Deus: em toda [12] a tua offerta offerecerás sal.

14 E, se offereceres ao Senhor offerta de manjares das primicias, offerecerás a offerta de manjares das tuas primicias de espigas verdes, [13] tostadas ao fogo; isto é, do grão trilhado de espigas verdes cheias.

15 E sobre ella deitarás azeite, [14] e porás sobre ella incenso; offerta é de manjares.

16 Assim o sacerdote queimará [15] o seu memorial do seu grão trilhado, e do seu azeite, com todo o seu incenso: offerta queimada é ao Senhor.

[1] cap. 6.14 e 9.17. Num. 15.4.

[2] ver. 9. cap. 5.12 e 6.15 e 24.7. Act. 10.4.

[3] cap. 7.9 e 10, 12, 13.

[4] Exo. 29.37. Num. 18.9.

[5] Exo. 29.2.

[6] ver. 2.

[7] Exo. 29.18.

[8] ver. 3.

[9] cap. 6.17. Mat. 16.12. Mar. 8.15. Luc. 12.1. I Cor. 5.8. Gal. 5.9.

[10] Exo. 23.29. cap. 23.10, 11.

[11] Mar. 9.49. Col. 4.6. Num. 18.19.

[12] Eze. 43.24.

[13] cap. 22.10, 14. II Reis 4.42.

[14] ver. 1.

[15] ver. 2.

Os sacrificios de paz ou das graças.

3 E se a sua offerta fôr [1] sacrificio [GA] pacifico: se a offerecer de gado macho ou femea, a offerecerá sem mancha [2] diante do Senhor.

2 E porá a sua mão sobre [3] a cabeça da sua offerta, e a degolará diante da porta da tenda da congregação: e os filhos de Aarão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em roda.

3 Depois offerecerá do sacrificio pacifico a offerta queimada ao Senhor; a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que [4] está sobre a fressura.

4 Então ambos os rins, e a gordura que está sobre elles, e sobre as tripas, e o redenho que está sobre o figado com os rins, tirará.

5 E os filhos de Aarão o [5] queimarão sobre o altar, em cima do holocausto, que estará sobre a lenha que está no fogo: offerta queimada é de cheiro suave ao Senhor.

6 E, se a sua [6] offerta fôr de gado miudo por sacrificio pacifico ao Senhor, seja macho ou femea, sem mancha o offerecerá.

7 Se offerecer um cordeiro por sua offerta, offerecel-o-ha perante o Senhor;

8 E porá a sua mão sobre a cabeça da sua offerta, e a degolará diante da tenda da congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre o altar em redor.

9 Então do sacrificio pacifico offerecerá ao Senhor por offerta queimada a sua gordura, a cauda toda, a qual tirará do espinhaço, e a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que está sobre a fressura;

10 Como tambem tirará ambos os rins, e a gordura que está sobre elles, e sobre as tripas, e o redenho que está sobre o figado com os rins.

11 E o sacerdote o queimará sobre o altar: manjar [7] é da offerta queimada ao Senhor.

[97]

12 Mas, se a sua offerta fôr uma cabra, perante o Senhor [8] a offerecerá,

13 E porá a sua mão sobre a sua cabeça, e a degolará diante da tenda da congregação; e os filhos de Aarão espargirão o seu sangue sobre o altar em redor.

14 Depois offerecerá d’ella a sua offerta, por offerta queimada ao Senhor, a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que está sobre a fressura;

15 Como tambem tirará ambos os rins, e a gordura que está sobre elles, e sobre as tripas, e o redenho que está sobre o figado com os rins.

16 E o sacerdote o queimará sobre o altar; manjar é da offerta queimada de cheiro suave. Toda [9] a gordura será do Senhor.

17 Estatuto perpetuo [10] é nas vossas gerações, em todas as vossas habitações: [11] nenhuma gordura nem sangue algum comereis.

[1] cap. 7.11, 29 e 22.21.

[2] cap. 1.3.

[3] Exo. 29.10. cap. 1.4, 5.

[4] Exo. 29.13, 22. cap. 4.8, 9.

[5] Exo. 29.13. cap. 6.12.

[6] ver. 1, etc.

[7] cap. 21.6, 8, 17, 21 e 22.25. Eze. 44.7. Mal. 1.7, etc.

[8] ver. 1, 7, etc.

[9] cap. 7.23, 25. I Sam. 2.15. II Chr. 7.7.

[10] cap. 23.14.

[11] ver. 16. Gen. 9.4. cap. 7.23, 26 e 17.10, 14. Deu. 12.16. I Sam. 14.33. Eze. 44.7, 15.

O sacrificio pelos erros dos sacerdotes.

4 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma [1] alma peccar por erro contra alguns dos mandamentos do Senhor, ácerca do que se não deve fazer, e obrar contra algum d’elles:

3 Se o sacerdote ungido [2] peccar para escandalo do povo, offerecerá pelo seu peccado, que peccou, um novilho sem mancha, ao Senhor, por expiação do peccado.

4 E trará o novilho á porta [3] da tenda da congregação, perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o Senhor.

5 Então o sacerdote ungido tomará do [4] sangue do novilho, e o trará á tenda da congregação:

6 E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e d’aquelle sangue espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do sanctuario.

7 Tambem porá [5] o sacerdote d’aquelle sangue sobre os cornos do altar do incenso aromatico, perante o Senhor, que está na tenda da congregação: e todo o resto do sangue do novilho derramará á base do altar do holocausto, que está á porta da tenda da congregação.

8 E toda a gordura do novilho da expiação tirará d’elle: a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que está sobre a fressura,

9 E os dois rins, e a gordura que está sobre elles, que está sobre as tripas, e o redenho de sobre o figado, com os rins, o tirará,

10 Como se tira [6] do boi do sacrificio pacifico: e o sacerdote o queimará sobre o altar do holocausto.

11 Mas o coiro [7] do novilho, e toda a sua carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas, e o seu esterco,

12 Todo aquelle novilho levará fóra do arraial a um logar limpo, onde se lança [8] a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha: onde se lança a cinza se queimará.

O sacrificio pelos erros do povo.

13 Mas, se toda a congregação d’Israel errar, [9] e o negocio fôr occulto aos olhos da congregação, e se fizerem, contra um de todos os mandamentos do Senhor, aquillo que se não deve fazer, e forem culpados;

14 E o peccado em que peccarem fôr notorio, então a congregação offerecerá um novilho, por expiação do peccado, e o trará diante da tenda da congregação,

15 E os anciãos da congregação porão [10] as suas mãos sobre a cabeça do novilho perante o Senhor: e degolar-se-ha o novilho perante o Senhor.

16 Então o sacerdote [11] ungido trará do sangue do novilho á tenda da congregação,

17 E o sacerdote molhará o seu dedo n’aquelle sangue, e o espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu.

18 E d’aquelle sangue porá sobre os cornos do altar, que está perante a face do Senhor, na tenda da congregação: e todo o resto do sangue derramará á base do altar do holocausto, que está diante da porta da tenda da congregação.

19 E tirará d’elle toda a sua gordura, e queimal-a-ha sobre o altar;

20 E fará a este novilho, [12] como fez ao novilho da expiação; assim lhe fará, e o sacerdote por elles fará propiciação, e lhes será perdoado o peccado.

21 Depois levará o novilho fóra do arraial, e o queimará como queimou[98] o primeiro novilho: é expiação do peccado da congregação.

O sacrificio pelos erros d’um principe.

22 Quando um principe peccar, e por erro [13] obrar contra algum de todos os mandamentos do Senhor seu Deus, n’aquillo que se não deve fazer, e assim fôr culpado;

23 Ou se o seu [14] peccado, no qual peccou, lhe fôr notificado, então trará pela sua offerta um bode tirado das cabras, macho sem mancha,

24 E porá a sua mão [15] sobre a cabeça do bode, e o degolará no logar onde se degola o holocausto, perante a face do Senhor: expiação do peccado é.

25 Depois o sacerdote [16] com o seu dedo tomará do sangue da expiação, e o porá sobre os cornos do altar do holocausto: então o resto do seu sangue derramará á base do altar do holocausto.

26 Tambem queimará [17] sobre o altar toda a sua gordura como gordura do sacrificio pacifico: assim o sacerdote por elle fará expiação do seu peccado, e lhe será perdoado.

O sacrificio pelos erros de qualquer pessoa.

27 E, se qualquer outra pessoa do [18] povo da terra peccar por erro, fazendo contra algum dos mandamentos do Senhor, aquillo que se não deve fazer, e assim fôr culpada;

28 Ou se o seu [19] peccado, no qual peccou, lhe fôr notificado, então trará pela sua offerta uma cabra sem mancha, pelo seu peccado que peccou,

29 E porá a sua mão sobre [20] a cabeça da expiação do peccado, e degolará a expiação do peccado no logar do holocausto.

30 Depois o sacerdote com o seu dedo tomará do seu sangue, e o porá sobre os cornos do altar do holocausto: e todo o resto do seu sangue derramará á base do altar;

31 E tirará toda a gordura, [21] como se tira a gordura do sacrificio pacifico; e o sacerdote a queimará sobre o altar por [22] cheiro suave ao Senhor: e o sacerdote fará propiciação por ella, e lhe será perdoado o peccado.

32 Mas, se pela sua offerta trouxer uma cordeira para expiação do peccado, [23] sem mancha trará,

33 E porá a sua mão sobre a cabeça da expiação do peccado, e a degolará por expiação do peccado, no logar onde se degola o holocausto.

34 Depois o sacerdote com o seu dedo tomará do sangue da expiação do peccado, e o porá sobre os cornos do altar do holocausto: então todo o resto do seu sangue derramará na base do altar,

35 E tirará toda a sua gordura, como se tira a gordura do cordeiro do sacrificio pacifico; e o sacerdote a queimará [24] sobre o altar, em cima das offertas queimadas do Senhor: assim o sacerdote por ella fará expiação dos seus peccados que peccou, e lhe será perdoado o peccado.

[1] cap. 5.15, 17. Num. 15.22, etc.

[2] cap. 9.2.

[3] cap. 1.3, 4.

[4] cap. 16.14. Num. 19.4.

[5] cap. 8.15 e 9.9 e 16.18 e 5.9.

[6] cap. 3.3, 4, 5.

[7] Exo. 29.14. Num. 19.5.

[8] cap. 6.11. Heb. 13.11.

[9] Num. 15.24. Jos. 7.11. cap. 5.2, 3, 4, 17.

[10] cap. 1.4.

[11] ver. 5. Heb. 9.12, 13, 14.

[12] ver. 3. Num. 15.25. Rom. 5.11. Heb. 2.17 e 10.10, 11, 12. I João 1.7 e 2.2.

[13] ver. 2, 13.

[14] ver. 14.

[15] ver. 4, etc.

[16] ver. 30.

[17] ver. 20. cap. 3, 5. Num. 15.28.

[18] ver. 2. Num. 15.27.

[19] ver. 23.

[20] ver. 4, 24.

[21] cap. 3.3, 14.

[22] Exo. 29.18. cap. 1.9. ver. 26.

[23] ver. 28.

[24] cap. 3.5. ver. 26, 31.

O sacrificio pelos peccados occultos.

5 E quando alguma pessoa [1] peccar, ouvindo uma voz de blasphemia, de que fôr testemunha, seja que o viu, ou que o soube, se o não denunciar, [2] então levará a sua iniquidade.

2 Ou, quando alguma pessoa [3] tocar em alguma coisa immunda, seja corpo morto de besta fera immunda, seja corpo morto d’animal immundo, seja corpo morto de reptil immundo, ainda que lhe fosse occulto, contudo será elle immundo e culpado.

3 Ou, quando tocar [4] a immundicia d’um homem, seja qualquer que fôr a sua immundicia, com que se faça immundo, e lhe fôr occulto, e o souber depois, será culpado.

4 Ou, quando alguma pessoa jurar, pronunciando temerariamente com os seus beiços, [5] para fazer mal, ou para fazer bem, em tudo o que o homem pronuncia temerariamente com juramento, e lhe fôr occulto, e o souber depois, culpado será n’uma d’estas coisas.

5 Será pois que, culpado sendo n’uma d’estas coisas, confessará [6] aquillo em que peccou,

6 E a sua expiação trará ao Senhor, pelo seu peccado que peccou: uma femea de gado miudo, uma cordeira, ou uma cabrinha pelo peccado: assim o sacerdote por ella fará expiação do seu peccado.

7 Mas, se a sua mão não alcançar o que bastar para gado miudo, então trará, em sua expiação da culpa que commetteu, [7] ao Senhor duas rolas ou dois pombinhos; um para expiação do peccado, e o outro para holocausto;

[99]

8 E os trará ao sacerdote, o qual primeiro offerecerá aquelle que é para expiação do peccado; e com a sua unha lhe torcerá [8] a cabeça junto ao pescoço, mas não o partirá:

9 E do sangue da expiação do peccado espargirá sobre a parede do altar, porém [9] o que sobejar d’aquelle sangue espremer-se-ha á base do altar: expiação do peccado é.

10 E do outro fará holocausto [10] conforme ao costume: assim o sacerdote por ella fará expiação do seu peccado que peccou, e lhe será perdoado.

11 Porém, se a sua mão não alcançar duas rolas, ou dois pombinhos, então aquelle que peccou trará pela sua offerta a decima parte d’um epha de flor de farinha, para expiação do peccado: não deitará sobre ella [11] azeite, nem lhe porá em cima o incenso, porquanto é expiação do peccado:

12 E a trará ao sacerdote, e o sacerdote d’ella tomará o seu punho cheio pelo seu memorial, e a queimará sobre o altar, [12] em cima das offertas queimadas do Senhor: expiação de peccado é.

13 Assim o sacerdote por [13] ella fará expiação do seu peccado, que peccou em alguma d’estas coisas, e lhe será perdoado; e o resto será do sacerdote, como a offerta de manjares.

O sacrificio pelo sacrilegio.

14 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

15 Quando alguma pessoa commetter um trespasso, e peccar [14] por ignorancia nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor pela expiação [15] um carneiro sem mancha do rebanho, conforme á tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do sanctuario, para expiação da culpa.

16 Assim restituirá o que peccar nas coisas sagradas, e ainda de mais accrescentará [16] o seu quinto, e o dará ao sacerdote: [17] assim o sacerdote com o carneiro da expiação fará expiação por ella, e ser-lhe-ha perdoado o peccado.

O sacrificio pelos peccados de ignorancia.

17 E, se alguma pessoa [18] peccar, e obrar contra algum de todos os mandamentos do Senhor o que se não deve fazer, ainda que o não soubesse, comtudo será ella culpada, [19] e levará a sua iniquidade:

18 E trará ao sacerdote um carneiro sem [20] mancha do rebanho, conforme á tua estimação, para expiação da culpa, e o sacerdote [21] por ella fará expiação do seu erro em que errou sem saber; e lhe será perdoado.

19 Expiação de culpa é: [22] certamente se fez culpado ao Senhor.

[1] I Reis 8.31.

[2] ver. 17. cap. 7.18 e 17.16 e 19.8 e 20.17. Num. 9.13.

[3] cap. 11.24, 28, 31, 39. Num. 19.11, 13, 16. ver. 17.

[4] cap. 12 e 13 e 15.

[5] Act. 23.12. Mar. 6.23.

[6] cap. 26.40. Num. 5.7. Esd. 10.11, 12.

[7] cap. 1.14 e 12.8 e 14.21.

[8] cap. 1.15.

[9] cap. 4.7, 18, 30, 34.

[10] cap. 1.14 e 4.26.

[11] Num. 5.15.

[12] cap. 2.2 e 4.35.

[13] cap. 4.26 e 2.3.

[14] cap. 22.14.

[15] Esd. 10.19.

[16] cap. 6.5 e 22.14 e 27.13, 15, 27, 31. Num. 5.7.

[17] cap. 4.26.

[18] cap. 4.2.

[19] ver. 15. cap. 4.2, 13, 22, 27. Psa. 19.12. Luc. 12.48. ver. 1, 2.

[20] ver. 15.

[21] ver. 16.

[22] Esd. 10.2.

O sacrificio pelos peccados voluntarios.

6 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Quando alguma pessoa peccar, [1] e trespassar contra o Senhor, e negar ao seu proximo o que se lhe deu em guarda, ou o que depoz na sua mão, ou o roubo, ou [2] o que retem violentamente ao seu proximo,

3 Ou que achou [3] o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma peccar;

4 Será pois que, porquanto peccou e ficou culpado, restituirá o roubo que roubou, ou o retido que retem violentamente, ou o deposito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou,

5 Ou tudo aquillo [4] sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu cabedal, e ainda sobre isso accrescentará o quinto; áquelle de quem é o dará no dia de sua expiação.

6 E a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro [5] sem mancha do rebanho, conforme á tua estimação, para expiação da culpa, trará ao sacerdote:

7 E o sacerdote fará expiação por ella diante do Senhor, [6] e será perdoada de qualquer de todas as coisas que fez, sendo culpada n’ellas.

A lei do holocausto.

8 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

9 Dá ordem a Aarão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até á manhã, e o fogo do altar arderá n’elle.

10 E o sacerdote [7] vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo [8] houver consumido o[100] holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar.

11 Depois despirá [9] as suas vestes, e vestirá outras vestes: e levará a cinza fóra do arraial para um logar [10] limpo.

12 O fogo pois sobre o altar arderá n’elle, não se apagará; mas o sacerdote accenderá lenha n’elle cada manhã, e sobre elle porá em ordem o holocausto, e sobre elle [11] queimará a gordura das offertas pacificas.

13 O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.

A lei da offerta de manjares.

14 E esta é a lei [12] da offerta de manjares: um dos filhos de Aarão a offerecerá perante o Senhor diante do altar,

15 E d’ella tomará o seu punho cheio da flor de farinha da offerta e do seu azeite, e todo o incenso que estiver sobre a offerta de manjares: então o accenderá sobre o altar, cheiro suave [13] é isso, por ser memorial ao Senhor.

16 E o restante [14] d’ella comerão Aarão e seus filhos: asmo [15] se comerá no logar sancto, no pateo da tenda da congregação o comerão.

17 Levedado não se cozerá: [16] sua porção é que lhes dei das minhas offertas queimadas: coisa sanctissima [17] é, como a expiação do peccado e como a expiação da culpa.

18 Todo o macho [18] entre os filhos d’Aarão comerá d’ella: estatuto perpetuo será para as vossas gerações das offertas queimadas do Senhor; tudo o que tocar n’ellas será [19] sancto.

A offerta na consagração dos sacerdotes.

19 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

20 Esta é a offerta [20] d’Aarão e de seus filhos, que offerecerão ao Senhor no dia em que fôr ungido: a decima parte d’um [21] epha de flor de farinha pela offerta de manjares continua; a metade d’ella pela manhã, e a outra metade d’ella á tarde.

21 N’uma caçoila se fará com azeite; cosida a trarás; e os pedaços cosidos da offerta offerecerás em cheiro suave ao Senhor.

22 Tambem o sacerdote, que de entre seus filhos [22] fôr ungido em seu logar, fará o mesmo; por estatuto perpetuo seja, toda será queimada ao Senhor.

23 Assim toda a offerta do sacerdote totalmente será queimada; não se comerá.

A lei da expiação do peccado.

24 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

25 Falla a Aarão e a seus filhos, dizendo: [23] Esta é a lei da expiação do peccado: no logar onde se degola o holocausto se degolará a expiação do peccado perante o Senhor; [24] coisa sanctissima é.

26 O sacerdote que a offerecer [25] pelo peccado a comerá: no logar sancto se comerá, no pateo da tenda da congregação.

27 Tudo o que tocar [26] a sua carne será sancto: se espargir alguem do seu sangue sobre o seu vestido, lavarás aquillo sobre o que caiu n’um logar sancto.

28 E o vaso de barro em que fôr cosida [27] será quebrado; porém, se fôr cosida n’um vaso de cobre, esfregar-se-ha e lavar-se-ha na agua.

29 Todo o macho entre os sacerdotes a [28] comerá: coisa sanctissima é.

30 Porém nenhuma expiação de peccado, [29] cujo sangue se traz á tenda da congregação, para expiar no sanctuario, se comerá: no fogo será queimada.

[1] Num. 5.6. cap. 19.11. Act. 5.4. Col. 3.9. Exo. 22.7, 10.

[2] Pro. 24.28 e 26.19.

[3] Deu. 22.1, 2, 3. Exo. 22.11. cap. 19.12. Jer. 7.9. Zac. 5.4.

[4] cap. 5.16. Num. 5.7. II Sam. 12.6. Luc. 19.8.

[5] cap. 5.15.

[6] cap. 4.26.

[7] Exo. 28.39, 40, 41, 43. cap. 16.4. Eze. 44.17, 18.

[8] cap. 1.16.

[9] Eze. 44.19.

[10] cap. 4.12.

[11] cap. 3.3, 9, 14.

[12] cap. 2.1. Num. 15.4.

[13] cap. 2.2, 9.

[14] cap. 2.3. Eze. 44.29.

[15] ver. 26. cap. 10.12, 13. Num. 18.10.

[16] cap. 2.11. Num. 18.10.

[17] ver. 25. Exo. 29.37. cap. 2.3 e 7.1.

[18] ver. 29. Num. 18.10. cap. 3.17.

[19] Exo. 29.37. cap. 22.3, 4, 5, 6, 7.

[20] Exo. 29.2.

[21] Exo. 16.36.

[22] cap. 4.3. Exo. 29.25.

[23] cap. 4.2 e 1.3, 5, 11 e 4.24, 29, 33.

[24] ver. 17. cap. 21.22.

[25] cap. 10.17, 18. Num. 18.10. Eze. 44.28, 29. ver. 16.

[26] Exo. 29.37 e 30.29.

[27] cap. 11.33 e 15.12.

[28] ver. 18, 25. Num. 18.10.

[29] cap. 4.7, 11, 12, 18, 21 e 10.18 e 16.27. Heb. 13.11.

A lei da expiação da culpa.

7 E esta é a [1] lei da expiação da culpa: coisa sanctissima é.

2 No logar onde degolam [2] o holocausto, degolarão a expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor.

3 E d’ella se offerecerá toda a sua gordura; a cauda, [3] e a gordura que cobre a fressura.

4 Tambem ambos os rins, e a gordura que n’elles ha, que está sobro as tripas, e o redenho sobre o figado, com os rins se tirará,

5 E o sacerdote o queimará sobre o altar em offerta queimada ao Senhor: expiação da culpa é.

6 Todo o macho [4] entre os sacerdotes[101] a comerá: no logar sancto se comerá: coisa sanctissima é.

7 Como a expiação do [5] peccado, assim será a expiação da culpa: uma mesma lei haverá para ellas; será do sacerdote que houver feito propiciação com ella.

8 Tambem o sacerdote, que offerecer o holocausto d’alguem, o mesmo sacerdote terá o coiro do holocausto que offerecer.

9 Como tambem toda a offerta que se cozer no forno, [6] com tudo que se preparar na sertã e na caçoila, será do sacerdote que o offerece.

10 Tambem toda a offerta amassada com azeite, ou secca, será de todos os filhos d’Aarão, assim de um como de outro.

A lei do sacrificio da paz.

11 E esta é a lei [7] do sacrificio pacifico que se offerecerá ao Senhor:

12 Se o offerecer por offerta de louvores, com o sacrificio de louvores, offerecerá bolos asmos amassados com azeite; [8] e coscorões asmos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos, de flor de farinha.

13 Com os bolos offerecerá [9] pão levedado pela sua offerta, com o sacrificio de louvores da sua offerta pacifica.

14 E de toda a offerta offerecerá um d’elles por offerta alçada ao Senhor, que será do sacerdote [10] que espargir o sangue da offerta pacifica.

15 Mas a carne do sacrificio de louvores da sua offerta pacifica [11] se comerá no dia do seu offerecimento: nada se deixará d’ella até á manhã.

16 E, se [12] o sacrificio da sua offerta fôr voto, ou offerta voluntaria, no dia em que offerecer o seu sacrificio se comerá; e o que d’elle ficar tambem se comerá no dia seguinte;

17 E o que ainda ficar da carne do sacrificio ao terceiro dia será queimado no fogo.

18 Porque, se da carne do seu sacrificio pacifico se comer ao terceiro dia, aquelle que a offereceu não será [13] acceito, nem lhe será imputado; coisa abominavel será, e a pessoa que comer d’ella levará a sua iniquidade.

19 E a carne que tocar alguma coisa immunda não se comerá; com fogo será queimada: mas da outra carne qualquer que estiver limpo comerá d’ella.

20 Porém, se alguma pessoa comer a carne do sacrificio pacifico, que é do Senhor, tendo ella sobre si a sua immundicia, aquella pessoa será [14] extirpada dos seus povos.

21 E, se uma pessoa tocar alguma coisa immunda, [15] como immundicia de homem, ou gado immundo, ou qualquer abominação immunda, e comer da carne do sacrificio pacifico, que é do Senhor, aquella pessoa será extirpada dos seus povos.

Deus prohibe o comer a gordura e o sangue.

22 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

23 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra [16] comereis,

24 Porém pode usar-se da gordura do corpo morto, e da gordura do dilacerado, para toda a obra, mas de nenhuma maneira a comereis;

25 Porque qualquer que comer a gordura do animal, do qual se offerecer ao Senhor offerta queimada, a pessoa que a comer será extirpada dos seus povos.

26 E nenhum sangue comereis em qualquer das vossas habitações, [17] quer de aves quer de gado.

27 Toda a pessoa que comer algum sangue, aquella pessoa será extirpada dos seus povos.

A porção dos sacerdotes.

28 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

29 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quem offerecer ao Senhor o seu sacrificio pacifico, [18] trará a sua offerta ao Senhor do seu sacrificio pacifico.

30 As suas proprias mãos trarão as offertas queimadas do Senhor; a gordura do [19] peito com o peito trará para movel-o por offerta movida perante o Senhor.

31 E o sacerdote queimará [20] a gordura sobre o altar, porém o peito [21] será de Aarão e de seus filhos.

32 Tambem a espadua [22] direita dareis ao sacerdote por offerta alçada dos vossos sacrificios pacificos.

33 Aquelle dos filhos de Aarão que offerecer o sangue do sacrificio pacifico, e a gordura, aquelle terá a espadua direita para a sua porção;

[102]

34 Porque o peito movido [23] e a espadua alçada tomei dos filhos de Israel dos seus sacrificios pacificos, e os dei a Aarão, o sacerdote, e a seus filhos, por estatuto perpetuo dos filhos de Israel.

35 Esta é a porção de Aarão e a porção de seus filhos das offertas queimadas do Senhor, no dia em que os apresentou para administrar o sacerdocio ao Senhor.

36 O que o Senhor ordenou que se lhes désse d’entre os filhos de Israel [24] no dia em que os ungiu, [GB] estatuto perpetuo é pelas suas gerações.

37 Esta é a lei do holocausto, [25] da offerta de manjares, e da expiação do peccado, [26] e da expiação da culpa, [27] e da offerta das consagrações, [28] e do sacrificio pacifico.

38 Que o Senhor ordenou a Moysés no monte Sinai, no dia em que ordenou aos filhos de Israel que offerecessem [29] as suas offertas ao Senhor no deserto de Sinai.

[1] cap. 5 e 6.1-7 e 6.17, 25 e 21.22.

[2] cap. 1.3, 5, 11 e 4.24, 29, 33.

[3] cap. 3, 4, 9, 10, 14, 15, 16 e 4.8, 9. Exo. 29.13.

[4] cap. 6.16, 17, 18. Num. 18.9, 10. cap. 2.3.

[5] cap. 6.25, 26 e 14.13.

[6] cap. 2.3, 10. Num. 18.9. Eze. 44.29.

[7] cap. 3.1 e 22.18, 21.

[8] cap. 2.4. Num. 6.15.

[9] Amós 4, 5.

[10] Num. 18.8, 11, 19.

[11] cap. 22.30.

[12] cap. 19.6, 7, 8.

[13] cap. 11.10, 11, 41 e 19.7.

[14] cap. 15.3. Gen. 17.14.

[15] cap. 21 e 13 e 15 e 11.24, 28. Eze. 4.14. ver. 20.

[16] cap. 3.17.

[17] Gen. 9.4. cap. 3.17 e 17.10-14.

[18] cap. 3.1.

[19] cap. 3.3, 4, 9, 14. Exo. 29.24, 27. cap. 8.27 e 9.21. Num. 6.20.

[20] cap. 3.5, 11, 16.

[21] ver. 34.

[22] ver. 34. cap. 9.21. Num. 6.20.

[23] Exo. 29.28. cap. 10.14, 15. Num. 18.18, 19. Deu. 18.3.

[24] Exo. 40.13, 15. cap. 8.12, 30.

[25] cap. 6.9.

[26] cap. 6.14.

[27] cap. 6.25. ver. 1.

[28] Exo. 29.1. cap. 6.20. ver. 11.

[29] cap. 1.2.

A consagração de Aarão e seus filhos.

8 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Toma [1] a Aarão e a seus filhos com elle, e os vestidos, e o azeite da uncção, como tambem o novilho da expiação do peccado, e os dois carneiros, e o cesto dos pães asmos,

3 E ajunta toda a congregação á porta da tenda da congregação.

4 Fez pois Moysés como o Senhor lhe ordenara, e a congregação ajuntou-se á porta da tenda da congregação.

5 Então disse Moysés á congregação: isto é [2] o que o Senhor ordenou que se fizesse.

6 E Moysés fez chegar a Aarão e a seus filhos, [3] e os lavou com agua,

7 E lhe vestiu a tunica, [4] e cingiu-o com o cinto, e pôz sobre elle o manto; tambem pôz sobre elle o ephod, e cingiu-o com o cinto de [GC] artificio do ephod, e o apertou com elle.

8 Depois poz-lhe o [5] peitoral, pondo no peitoral o Urim e o Thummim;

9 E pôz a mitra sobre a sua [6] cabeça, e na mitra diante do seu rosto pôz a lamina de oiro, a corôa da [GD] sanctidade, como o Senhor ordenara a Moysés.

10 Então Moysés tomou o [7] azeite da uncção, e ungiu o tabernaculo, e tudo o que havia n’elle, e o sanctificou;

11 E d’elle espargiu sete vezes sobre o altar, e ungiu o altar e todos os seus vasos, como tambem a pia e a sua base, para sanctifical-as.

12 Depois derramou [8] do azeite da uncção sobre a cabeça de Aarão, e ungiu-o, para sanctifical-o.

13 Tambem Moysés fez chegar os filhos [9] de Aarão, e vestiu-lhes as tunicas, e cingiu-os com o cinto, e apertou-lhes as tiaras, como o Senhor ordenara a Moysés.

14 Então fez chegar o novilho da expiação do peccado; [10] e Aarão e seus filhos pozeram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do peccado;

15 E o degolou; e Moysés [11] tomou o sangue, e pôz d’elle com o seu dedo sobre os cornos do altar em redor, e expiou o altar: depois derramou o resto do sangue á base do altar, e o sanctificou, para fazer expiação sobre elle.

16 Depois tomou toda a gordura que está na fressura, [12] e o redenho do figado, e os dois rins e a sua gordura: e Moysés o queimou sobre o altar.

17 Mas o novilho com o seu coiro, e a sua carne, e o seu esterco queimou com fogo fóra do arraial, como o Senhor [13] ordenara a Moysés.

18 Depois fez [14] chegar o carneiro do holocausto; e Aarão e seus filhos pozeram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro:

19 E o degolou; e Moysés espargiu o sangue sobre o altar em redor.

20 Partiu tambem o carneiro nos seus pedaços; e Moysés queimou a cabeça, e os pedaços e a gordura.

21 Porém a fressura e as pernas lavou com agua; e Moysés queimou todo o carneiro sobre o altar: holocausto de cheiro suave, uma offerta queimada era ao Senhor, [15] como o Senhor ordenou a Moysés.

22 Depois fez [16] chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração: e Aarão com seus filhos pozeram as suas mãos sobre a cabeça do carneiro,

23 E o degolou; e Moysés tomou do seu sangue, e o poz sobre a ponta da orelha direita de Aarão, e sobre o pollegar[103] da sua mão direita, e sobre o pollegar do seu pé direito.

24 Tambem fez chegar os filhos de Aarão; e Moysés poz d’aquelle sangue sobre a ponta da orelha direita d’elles, e sobre o pollegar da sua mão direita, e sobre o pollegar do seu pé direito: e Moysés espargiu o resto do sangue sobre o altar em redor.

25 E tomou a gordura, e a cauda, [17] e toda a gordura que está na fressura, e o redenho do figado, e ambos os rins, e a sua gordura e a espadua direita.

26 Tambem do cesto dos pães asmos, que estava diante do Senhor, tomou um bolo asmo, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão, e os poz sobre a gordura e sobre a espadua direita.

27 E tudo isto deu nas mãos [18] de Aarão e nas mãos de seus filhos: e os moveu por offerta de movimento perante o Senhor.

28 Depois Moysés [19] tomou-os das suas mãos, e os queimou no altar sobre o holocausto; estas foram uma consagração, por cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

29 E tomou Moysés o peito, e moveu-o por offerta [20] de movimento perante o Senhor: aquella foi a porção de Moysés do carneiro da consagração, como o Senhor ordenara a Moysés.

30 Tomou [21] Moysés tambem do azeite da uncção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Aarão e sobre os seus vestidos, e sobre os seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com elle; e sanctificou a Aarão e os seus vestidos, e seus filhos, e os vestidos de seus filhos com elle.

31 E Moysés disse a Aarão, e a seus filhos: [22] Cozei a carne diante da porta da tenda da congregação, e ali a comei com o pão que está no cesto da consagração, como tenho ordenado, dizendo: Aarão e seus filhos a comerão.

32 Mas o [23] que sobejar da carne e do pão, queimareis com fogo.

33 Tambem da porta da tenda da congregação não saireis em sete dias, até ao dia em que se cumprirem os dias da vossa consagração: porquanto por sete [24] dias elle vos consagrará.

34 Como se fez n’este dia, assim o Senhor ordenou se fizesse, para fazer expiação por vós.

35 Ficareis pois á porta da tenda da congregação dia e noite [25] por sete dias, e fareis a guarda do Senhor, para que não morraes: porque assim me foi ordenado.

36 E Aarão e seus filhos fizeram todas as coisas que o Senhor ordenou pela mão de Moysés.

[1] Exo. 29.1, 2, 3 e 28.2, 4 e 30.24, 25.

[2] Exo. 29.4.

[3] Exo. 29.4.

[4] Exo. 29.5 e 28.4.

[5] Exo. 28.30.

[6] Exo. 29.6 e 28.37.

[7] Exo. 30.26, 27, 28, 29.

[8] Exo. 29.7 e 30.30. cap. 21.10, 12. Psa. 133.2.

[9] Exo. 29.8, 9.

[10] Exo. 29.10. Eze. 43.19. cap. 4.4.

[11] Exo. 29.12, 36. cap. 4.7. Eze. 43.20, 26. Heb. 9.22.

[12] Exo. 29.13. cap. 4.8.

[13] Exo. 29.14. cap. 4.11, 12.

[14] Exo. 29.15.

[15] Exo. 29.28.

[16] Exo. 29.19, 31.

[17] Exo. 29.18.

[18] Exo. 29.24, etc.

[19] Exo. 29.25.

[20] Exo. 29.26.

[21] Exo. 29.21 e 30.30. Num. 3.3.

[22] Exo. 29.31, 32.

[23] Exo. 29.34.

[24] Exo. 29.30, 35. Eze. 43.25, 26.

[25] Num. 3.7 e 9.19. Deu. 11.1. I Reis 2.3.

Aarão offerece sacrificios por si e pelo povo.

9 E aconteceu, ao dia [1] oitavo, que Moysés chamou a Aarão e seus filhos, e os anciãos de Israel,

2 E disse a Aarão: Toma-te [2] um bezerro, para expiação do peccado, e um carneiro para holocausto, sem mancha: e traze-os perante o Senhor.

3 Depois fallarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomae um [3] bode para expiação do peccado, e um bezerro, e um cordeiro d’um anno, sem mancha, para holocausto:

4 Tambem um boi e um carneiro por sacrificio pacifico, para sacrificar perante o Senhor, e offerta de manjares, [4] amassada com azeite: porquanto hoje o Senhor vos apparecerá.

5 Então trouxeram o que ordenou Moysés, diante da tenda da congregação, e chegou-se toda a congregação, e se poz perante o Senhor.

6 E disse Moysés: Esta coisa que o Senhor ordenou fareis: [5] e a gloria do Senhor vos apparecerá.

7 E disse Moysés a Aarão: Chega-te ao altar, [6] e faze a tua expiação de peccado e o teu holocausto; e faze expiação por ti e pelo povo: depois faze a offerta [7] do povo, e faze expiação por elles, como ordenou o Senhor.

8 Então Aarão se chegou ao altar, e degolou o bezerro da expiação que era por elle.

9 E os filhos d’Aarão trouxeram-lhe o sangue, [8] e molhou o seu dedo no sangue, e o poz sobre os cornos do altar; e o resto do sangue derramou á base do altar.

10 Mas a gordura, e [9] os rins, e o redenho do figado de expiação do peccado queimou sobre o altar, [10] como o Senhor ordenara a Moysés.

11 Porém a carne [11] e o coiro queimou com fogo fóra do arraial.

12 Depois degolou o holocausto, e os filhos d’Aarão lhe entregaram o sangue, [12] e espargiu-o sobre o altar em redor.

13 Tambem lhe entregaram [13] o holocausto[104] nos seus pedaços, com a cabeça; e queimou-o sobre o altar.

14 E lavou [14] a fressura e as pernas, e as queimou sobre o holocausto no altar.

15 Depois fez chegar a offerta do povo, e tomou o bode [15] da expiação do peccado, que era do povo, e o degolou, e o preparou por expiação do peccado, como o primeiro.

16 Fez tambem chegar [16] o holocausto, e o preparou segundo o rito.

17 E fez chegar a offerta de manjares, e [17] a sua mão encheu d’ella, e a queimou sobre o altar, além do holocausto da manhã.

18 Depois degolou o boi e o [18] carneiro em sacrificio pacifico, que era do povo; e os filhos de Aarão entregaram-lhe o sangue, que espargiu sobre o altar em redor,

19 Como tambem a gordura do boi e do carneiro, a cauda, e o que cobre a fressura, e os rins, e o redenho do figado.

20 E pozeram a gordura sobre os peitos, e queimou [19] a gordura sobre o altar;

21 Mas os peitos e a espadua [20] direita Aarão moveu por offerta de movimento perante o Senhor, como Moysés tinha ordenado.

22 Depois Aarão levantou as suas mãos ao povo [21] e os abençoou; e desceu, havendo feito a expiação do peccado, e o holocausto, e a offerta pacifica.

23 Então entraram Moysés e Aarão na tenda da congregação: depois sairam, e abençoaram ao povo; e a gloria [22] do Senhor appareceu a todo o povo,

24 Porque o fogo saiu [23] de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar: o que vendo todo o povo [24], jubilaram e cairam sobre as suas faces.

[1] Eze. 43.27.

[2] Exo. 29.1. cap. 4.3 e 8.14, 18.

[3] cap. 4.23. Esd. 6.17 e 10.19.

[4] cap. 2.4. ver. 23. Exo. 29.43.

[5] ver. 23. Exo. 24.16.

[6] cap. 4.3. Heb. 5.3 e 7.27 e 9.

[7] cap. 4.16, 20. Heb. 5.1.

[8] cap. 8.15 e 4.7.

[9] cap. 8.16.

[10] cap. 4.8.

[11] cap. 4.11 e 8.17.

[12] cap. 1.5 e 8.19.

[13] cap. 8.20.

[14] cap. 8.21.

[15] ver. 3. Heb. 2.17 e 5.3.

[16] cap. 1.3, 10.

[17] ver. 4. cap. 2.1, 2. Exo. 29.38.

[18] cap. 3.1, etc.

[19] cap. 3.5, 16.

[20] Exo. 29.24, 26. cap. 7.30, 31, 32, 33, 34.

[21] Num. 6.23. Deu. 21.5. Luc. 24.50.

[22] ver. 6. Num. 14.10 e 16.19, 42.

[23] Jui. 6.21. I Reis 18.38. II Chr. 7.1. Psa. 20.3.

[24] I Reis 18.39. II Chr. 7.3. Esd. 3.11.

Nadab e Abihu morrem diante do Senhor.

10 E os filhos d’Aarão, Nadab [1] e Abihu, tomaram cada um o seu incensario, e puzeram n’elles fogo, e puzeram incenso sobre elle, [2] e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara.

2 Então [3] saiu fogo de diante do Senhor, e os consumiu; e morreram perante o Senhor.

3 E disse Moysés a Aarão: Isto é o que o Senhor fallou, dizendo: Serei sanctificado n’aquelles que se [4] cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Aarão [5] calou-se.

4 E Moysés chamou a Misael e a Elzaphan, filhos d’Ussiel, [6] tio de Aarão, e disse-lhes: Chegae, tirae a vossos irmãos de diante do sanctuario, [7] para fóra do arraial.

5 Então chegaram, e levaram-n’os nas suas tunicas para fóra do arraial, como Moysés tinha dito.

6 E Moysés disse a Aarão, e a seus filhos Eleazar e Ithamar: Não descobrireis [8] as vossas cabeças, nem rasgareis vossos vestidos, para que não morraes, nem venha grande indignação sobre toda a congregação: mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incendio que o Senhor accendeu.

7 Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não [9] morraes; porque está sobre vós o azeite da uncção do Senhor. E fizeram conforme á palavra de Moysés.

8 E fallou o Senhor a Aarão, dizendo:

9 Vinho nem bebida forte tu e teus filhos [10] comtigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morraes: estatuto perpetuo será isso entre as vossas gerações;

10 E para fazer differença [11] entre o sancto e o profano e entre o immundo e o limpo,

11 E para ensinar [12] aos filhos d’Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem fallado pela mão de Moysés.

A lei ácerca das coisas sanctas.

12 E disse Moysés a Aarão, e a Eleazar e a Ithamar, seus filhos, que lhe ficaram: [13] Tomae a offerta de manjares, restante das offertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levadura junto ao altar, porquanto uma [14] coisa sanctissima é.

13 Portanto o comereis no logar sancto;[105] porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos das offertas queimadas do Senhor: [15] porque assim me foi ordenado.

14 Tambem o peito da offerta do movimento e a espadua da offerta alçada comereis em logar limpo, tu, e teus filhos [16] e tuas filhas comtigo; porque foram dados por tua porção, e por porção de teus filhos, dos sacrificios pacificos dos filhos de Israel.

15 A espadua da offerta alçada [17] e o peito da offerta do movimento trarão com as offertas queimadas de gordura, para mover por offerta de movimento perante o Senhor; o que será por estatuto perpetuo, para ti e para teus filhos comtigo, como o Senhor tem ordenado.

16 E Moysés diligentemente buscou o bode [18] da expiação, e eis que já era queimado: portanto indignou-se grandemente contra Eleazar e contra Ithamar, os filhos que de Aarão ficaram, dizendo:

17 Porque não comestes [19] a expiação do peccado no logar sancto? pois uma coisa sanctissima é: e o Senhor a deu a vós, para que levasseis a iniquidade da congregação, para fazer expiação por elles diante do Senhor.

18 Eis-que não se trouxe o [20] seu sangue para dentro do sanctuario; certamente haveis de comel-a no sanctuario, como [21] tenho ordenado.

19 Então disse Aarão a Moysés: Eis-que hoje [22] offereceram a sua expiação de peccado e o seu holocausto perante o Senhor, e taes coisas me succederam: se eu hoje comera a expiação do peccado, [23] seria pois acceito aos olhos do Senhor?

20 E Moysés ouvindo isto, foi acceito aos seus olhos.

[1] cap. 16.1 e 22.9. Num. 3.3, 4 e 26.61. I Chr. 24.2. cap. 16.12. Num. 16.18.

[2] Exo. 30.9.

[3] cap. 9.24. Num. 16.35. II Sam. 6.7.

[4] Exo. 19.22 e 29.43. cap. 21.6, 17, 21. Eze. 20.41. Isa. 49.3. Eze. 28.22. João 13.31, 32 e 14.13. II The. 1.10.

[5] Psa. 39.9.

[6] Exo. 6.18, 22. Num. 3.19, 30.

[7] Luc. 7.12. Act. 5.6, 9, 10 e 8.2.

[8] Exo. 33.5. cap. 13.45 e 21.1, 10. Eze. 24.16, 17. Num. 16.22, 46. Jos. 7.1 e 22.18, 20. II Sam. 24.1.

[9] cap. 21.12. Exo. 28.41. cap. 8.30.

[10] Eze. 44.21. Luc. 1.15. I Tim. 3.3. Tito 1.7.

[11] cap. 11.47 e 20.25. Jer. 15.19. Eze. 22.26 e 44.23.

[12] Deu. 24.8. Neh. 8.2, 8, 9, 13. Mal. 3.7.

[13] Exo. 29.2. cap. 6.16.

[14] cap. 21.22.

[15] cap. 2.3 e 6.16.

[16] Exo. 29.24, 26, 27. cap. 7.31, 34. Num. 18.11.

[17] cap. 7.29, 30, 34.

[18] cap. 9.3, 15.

[19] cap. 6.26.

[20] cap. 6.30.

[21] cap. 6.26.

[22] cap. 9.8, 12.

[23] Jer. 6.20 e 14.12. Ose. 9.4. Mal. 1.10, 13.

Os animaes que se devem comer e os que se não devem comer.

11 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo-lhes:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: [1] Estes são os animaes, que comereis de todas as bestas que ha sobre a terra:

3 Tudo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, e remoe, entre os animaes, aquillo comereis.

4 D’estes porém não comereis, dos que remoem ou dos que teem unhas fendidas: o camelo, que remoe mas não tem unhas fendidas; este vos será immundo;

5 E o coelho, porque remoe, mas não tem as unhas fendidas; este vos será immundo;

6 E a lebre, porque remoe, mas não tem as unhas fendidas esta vos será immunda.

7 Tambem o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não remoe; este vos será immundo.

8 Da sua carne não comereis, nem tocareis no seu cadaver; [2] estes vos serão immundos.

9 Isto comereis [3] de tudo o que ha nas aguas, tudo o que tem barbatanas e escamas nas aguas, nos mares e nos rios; aquillo comereis.

10 Mas tudo o que não tem barbatanas nem escamas, nos mares e nos rios, de todo o reptil das aguas, e de toda a [GE] alma vivente que ha nas aguas, estes serão para vós [4] abominação.

11 Ser-vos-hão pois por abominação: da sua carne não comereis, e abominareis o seu cadaver.

12 Tudo o que não tem barbatanas ou escamas, nas aguas, será para vós abominação.

13 E estas abominareis [5] das aves: não se comerão, serão abominação: a aguia, e o quebrantosso, e o xofrango,

14 E o milhano, e o abutre segundo a sua especie,

15 Todo o corvo segundo a sua especie,

16 E o abestruz, e o mocho, e o cuco, e o gavião segundo a sua especie,

17 E o bufo, e o corvo marinho, e a curuja,

18 E a gralha, e o cisne, e o pelicão,

19 E a cegonha, a garça segundo a sua especie, e a poupa, e o morcego.

20 Todo o reptil que vôa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação.

21 Mas isto comereis de todo o reptil que vôa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com ellas sobre a terra.

22 D’elles comereis estes: o gafanhoto [6] segundo a sua especie, e o solham segundo a sua especie, e o hargol segundo a sua especie, e o hagab segundo a sua especie.

23 E todo o reptil que vôa, que tem[106] quatro pés, será para vós uma abominação,

24 E por estes sereis immundos: qualquer que tocar os seus cadaveres, immundo será até á tarde.

25 Qualquer que levar os seus cadaveres [7] lavará os seus vestidos, e será immundo até á tarde.

26 Todo o animal que tem unhas fendidas, mas a fenda não se divide em duas, e todo o que não remoe, vos será por immundo: qualquer que tocar n’elles será immundo.

27 E tudo o que anda sobre as suas patas, de todo o animal que anda a quatro pés, vos será por immundo: qualquer que tocar nos seus cadaveres será immundo até á tarde.

28 E o que levar os seus cadaveres lavará os seus vestidos, e será immundo até á tarde: elles vos serão por immundos.

29 Estes tambem vos serão por immundos entre os reptis que se arrastam sobre a terra: a doninha, e o rato, [8] e o cágado segundo a sua especie,

30 E o ouriço cacheiro, e o lagarto, e a lagartixa, e a lesma e a toupeira.

31 Estes vos serão por immundos entre todo o reptil; qualquer que os tocar, estando elles mortos, será immundo até á tarde.

32 E tudo aquillo sobre o que d’elles cair alguma coisa, estando elles mortos, será immundo; seja vaso de madeira, ou vestido, ou pelle, ou sacco, qualquer instrumento, com que se faz alguma obra, será mettido [9] na agua, e será immundo até á tarde; depois será limpo.

33 E todo o vaso de barro, em que cair alguma coisa d’elles, tudo o que houver n’elle será immundo, e o [10] vaso quebrareis.

34 Todo o manjar que se come, sobre o que vier tal agua, será immundo; e toda a bebida que se bebe, em todo o vaso, será immunda.

35 E aquillo sobre o que cair alguma coisa de seu corpo morto, será immundo: o forno e o vaso de barro serão quebrados; immundos são: portanto vos serão por immundos.

36 Porém a fonte ou cisterna, em que se recolhem aguas, será limpa, mas quem tocar no seu cadaver será immundo.

37 E, se dos seus cadaveres cair alguma coisa sobre alguma semente de semear, que se semeia, será limpa;

38 Mas se fôr deitada agua sobre a semente, e se do seu cadaver cair alguma coisa sobre ella, vos será por immunda.

39 E se morrer algum dos animaes, que vos servem de mantimento, quem tocar no seu cadaver será immundo até á tarde;

40 E quem comer [11] do seu cadaver lavará os seus vestidos, e será immundo até á tarde; e quem levar o seu corpo morto lavará os seus vestidos, e será immundo até á tarde.

41 Tambem todo o reptil, que se arrasta sobre a terra, será abominação; não se comerá.

42 Tudo o que anda sobre o ventre, e tudo o que anda sobre quatro pés, ou que tem mais pés, entre todo o reptil que se arrasta sobre a terra, não comereis, porquanto são uma abominação.

43 Não façaes [12] as vossas almas abominaveis por nenhum reptil que se arrasta, nem n’elles vos contamineis, para ser immundos por elles;

44 Porque eu sou o Senhor vosso Deus: portanto [13] vós os sanctificareis, e sereis sanctos, porque eu sou sancto; e não contaminareis as vossas almas por nenhum reptil que se arrasta sobre a terra;

45 Porque eu sou [14] o Senhor, que vos faço subir da terra do Egypto, para que eu seja vosso Deus, e para que sejaes sanctos; porque eu sou sancto.

46 Esta é a lei dos animaes, e das aves, e de toda a alma vivente que se move nas aguas, e de toda a alma que se arrasta sobre a terra;

47 Para fazer [15] differença entre o immundo e o limpo; e entre os animaes que se podem comer e os animaes que não se podem comer.

[1] Deu. 14.4. Act. 10.12, 14.

[2] Isa. 65.4 e 66.3, 17 e 52.11. Mat. 15.11, 20. Mar. 7.2, 15, 18. Act. 10.14, 15 e 15.29. Rom. 14.14, 17. I Cor. 8.8. Col. 2.16, 21. Heb. 9.10.

[3] Deu. 14.9.

[4] cap. 7.18. Deu. 14.3.

[5] Deu. 14.12.

[6] Mat. 3.4. Mar. 1.6.

[7] cap. 14.8 e 15.5. Num. 19.10, 22 e 31.24.

[8] Isa. 66.17.

[9] cap. 15.12.

[10] cap. 6.28 e 15.12.

[11] cap. 17.15. Deu. 14.21. Eze. 4.14 e 44.31.

[12] cap. 20.25.

[13] Exo. 19.6. cap. 19.2 e 20.7, 26. I The. 4.7. I Ped. 1.16.

[14] Exo. 6.7. ver. 44.

[15] cap. 10.10.

A purificação da mulher depois do parto.

12 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: Se uma mulher conceber [1] e parir um macho, será immunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade será immunda.

3 E no dia oitavo [2] se circumcidará ao menino a carne do seu prepucio.

4 Depois ficará ella trinta e tres dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa sancta tocará, e não virá ao sanctuario até que se cumpram os dias da sua purificação.

[107]

5 Mas, se parir uma femea, será immunda duas semanas, como na sua separação: depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação.

6 E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação [3] por filho ou por filha, trará um cordeiro d’um anno por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do peccado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote,

7 O qual o offerecerá perante o Senhor, e por ella fará propiciação; e será limpa do fluxo do seu sangue: esta é a lei da que parir macho ou femea.

8 Mas, se a sua mão [4] não alcançar assaz para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do peccado: [5] assim o sacerdote por ella fará expiação, e será limpa.

[1] cap. 15.19. Luc. 2.22.

[2] Gen. 17.12. Luc. 1.59 e 2.21. João 7.22, 23.

[3] Luc. 2.22.

[4] cap. 5.7. Luc. 2.24.

[5] cap. 4.26.

As leis ácerca da praga da lepra.

13 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 O homem, quando na pelle da sua carne houver inchação, [1] ou pustula, ou empola branca, que estiver na pelle de sua carne como praga da lepra, então será levado [2] a Aarão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes,

3 E o sacerdote examinará a praga na pelle da carne; se o pello na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pelle da sua carne, praga da lepra é; o sacerdote, vendo-o, então o declarará por immundo.

4 Mas, se a empola na pelle de sua carne fôr branca, e não parecer mais profunda do que a pelle, e o pello não se tornou branco, então o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias;

5 E ao setimo dia o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga ao seu parecer parou, e a praga na pelle se não estendeu, então o sacerdote o encerrará por outros sete dias;

6 E o sacerdote ao setimo dia o examinará outra vez; e eis-que, se a praga se recolheu, e a praga na pelle se não estendeu, então o sacerdote o declarará por limpo: apostema é; e lavará [3] os seus vestidos, e será limpo.

7 Mas, se a apostema na pelle se estende grandemente, depois que foi mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao sacerdote,

8 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a apostema na pelle se tem estendido, o sacerdote o declarará por immundo: lepra é.

9 Quando no homem houver praga de lepra, será levado ao sacerdote,

10 E o sacerdote o [4] examinará, e eis que, se ha inchação branca na pelle, a qual tornou o pello em branco, e houver alguma vivificação da carne viva na inchação,

11 Lepra envelhecida é na pelle da sua carne: portanto o sacerdote o declarará por immundo: não o encerrará, porque immundo é.

12 E, se a lepra florescer de todo na pelle, e a lepra cobrir toda a pelle do que tem a praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote.

13 Então o sacerdote examinará, e eis-que, se a lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará o que tem a praga por limpo: todo se tornou branco; limpo está.

14 Mas no dia em que apparecer n’ella carne viva será immundo.

15 Vendo pois o sacerdote a carne viva, declaral-o-ha por immundo: a carne é immunda: lepra é.

16 Ou, tornando a carne viva, e mudando-se em branca, então virá ao sacerdote,

17 E o sacerdote o examinará, e eis que, se a praga se tornou branca, então o sacerdote por limpo declarará o que tem a praga; limpo está.

18 Se tambem a carne, em cuja pelle houver alguma [5] ulcera, se sarar,

19 E, em logar da apostema, vier inchação branca ou empola branca, tirando a vermelho, mostrar-se-ha então ao sacerdote.

20 E o sacerdote examinará, e eis que, se ella parece mais funda do que a pelle, e o seu pello se tornou branco, o sacerdote o declarará por immundo: praga da lepra é; pela apostema brotou.

21 E o sacerdote, vendo-a, e eis que n’ella não apparece pello branco, nem estiver mais funda do que a pelle, mas encolhida, então o sacerdote o encerrará por sete dias.

22 Se depois grandemente se estender na pelle, o sacerdote o declarará por immundo; praga é.

23 Mas, se a empola parar no seu logar, não se estendendo, inflammação da apostema é; o sacerdote pois o declarará por limpo.

24 Ou, quando na pelle da carne houver queimadura de fogo, e no que é sarado da queimadura houver empola branca, tirando a vermelho ou branco,

[108]

25 E o sacerdote vendo-a, e eis que o pello na empola se tornou branco, e ella parece mais funda do que a pelle, lepra é, que floresceu pela queimadura: portanto o sacerdote o declarará por immundo; praga de lepra é.

26 Mas, se o sacerdote, vendo-a, e eis que, na empola não apparecer pello branco, nem estiver mais funda do que a pelle, mas recolhida, o sacerdote o encerrará por sete dias.

27 Depois o sacerdote o examinará ao setimo dia; se grandemente se houver estendido na pelle, o sacerdote o declarará por immundo; praga de lepra é.

28 Mas se a empola parar no seu logar, e na pelle não se estender, mas se recolher, inchação da queimadura é: portanto o sacerdote o declarará por limpo, porque signal é da queimadura.

29 E, quando homem ou mulher tiverem chaga na cabeça ou na barba,

30 E o sacerdote, examinando a chaga, e eis que, se ella parece mais funda do que a pelle, e pello amarello fino n’ella ha, o sacerdote o declarará por immundo; tinha é, lepra da cabeça ou da barba é.

31 Mas, se o sacerdote, havendo examinado a praga da tinha, e eis que, se ella não parece mais funda do que a pelle, e se n’ella não houver pello preto, então o sacerdote encerrará o que tem a praga da tinha por sete dias,

32 E o sacerdote examinará a praga ao setimo dia, e eis que se a tinha não fôr estendida, e n’ella não houver pello amarello, nem a tinha parecer mais funda do que a pelle,

33 Então se rapará; mas não rapará a tinha; e o sacerdote segunda vez encerrará o que a tinha por sete dias.

34 Depois o sacerdote examinará a tinha ao setimo dia; e eis que, se a tinha não se houver estendido na pelle, e ella não parecer mais funda do que a pelle, o sacerdote o declarará por limpo, e lavará os seus vestidos, e será limpo.

35 Mas, se a tinha, depois da sua purificação, se houver estendido grandemente na pelle,

36 Então o sacerdote o examinará, e eis que, se a tinha se tem estendido na pelle, o sacerdote não buscará pello amarello: immundo está.

37 Mas, se a tinha ao seu ver parou, e pello preto n’ella cresceu, a tinha está sã, limpo está: portanto o sacerdote o declarará por limpo.

38 E, quando homem ou mulher tiverem empolas brancas na pelle da sua carne,

39 Então o sacerdote olhará, e eis que, se na pelle da sua carne apparecem empolas recolhidas, brancas, bustela branca é, que floresceu na pelle; limpo está.

40 E, quando se pellar a cabeça do homem, calvo é, limpo está.

41 E, se se lhe pellar a frente da cabeça, meio calvo é; limpo está.

42 Porém, se na calva, ou na meia calva houver praga branca avermelhada, lepra é, florescendo na sua calva ou na sua meia calva.

43 Havendo pois o sacerdote examinado, e eis que, se a inchação da praga na sua calva ou meia calva está branca, tirando a vermelho, como parece a lepra na pelle da carne,

44 Leproso é aquelle homem, immundo está: o sacerdote o declarará totalmente por immundo, na sua cabeça tem a sua praga.

45 Tambem os vestidos do leproso, em quem está a praga, serão rasgados, e a sua cabeça será descoberta, e [6] cobrirá o beiço superior, e clamará: Immundo, immundo.

46 Todos os dias em que a praga houver n’elle, será immundo; immundo está, habitará só: a sua habitação [7] será fóra do arraial.

47 Quando tambem em algum vestido houver praga de lepra, em vestido de lã, ou em vestido de linho,

48 Ou no fio urdido, ou no fio tecido, seja de linho, ou seja de lã, ou em pelle, ou em qualquer obra de pelles,

49 E a praga no vestido, ou na pelle, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou em qualquer coisa de pelles apparecer verde ou vermelha, praga de lepra é, pelo que se mostrará ao sacerdote,

50 E o sacerdote examinará a praga, e encerrará a coisa que tem a praga por sete dias.

51 Então examinará a praga ao setimo dia; se a praga se houver estendido no vestido, ou no fio urdido, ou no fio tecido, ou na pelle, para qualquer obra que fôr feita da pelle, lepra [8] roedora é, immunda está;

52 Pelo que se queimará aquelle vestido, ou fio urdido, ou fio tecido de lã, ou de linho, ou de qualquer obra de pelles, em que houver a praga, porque lepra roedora é; com fogo se queimará.

53 Mas, o sacerdote, vendo, e eis que, se a praga se não estendeu no vestido, ou no fio urdido, ou no tecido, ou em qualquer obra de pelles,

54 Então o sacerdote ordenará que[109] se lave aquillo no qual havia a praga, e o encerrará segunda vez por sete dias;

55 E o sacerdote, examinando a praga, depois que fôr lavada, e eis que se a praga não mudou o seu parecer, nem a praga se estendeu, immundo está, com fogo o queimarás; praga penetrante é, seja raso [GF] em todo ou em parte.

56 Mas se o sacerdote vir que a praga se tem recolhido, depois que fôr lavada, então a rasgará do vestido, ou da pelle, ou do fio urdido ou tecido;

57 E, se ainda apparecer no vestido, ou no fio urdido ou tecido ou em qualquer coisa de pelles, lepra brotante é: com fogo queimarás aquillo em que ha a praga;

58 Mas o vestido, ou fio urdido ou tecido, ou qualquer coisa de pelles, que lavares, e de que a praga se retirar, se lavará segunda vez, e será limpo.

59 Esta é a lei da praga da lepra do vestido de lã, ou de linho, ou do fio urdido ou tecido, ou de qualquer coisa de pelles, para declaral-o por limpo, ou para declaral-o por immundo.

[1] Deu. 28.27. Isa. 3.17.

[2] Deu. 17.8, 9 e 24.8. Luc. 17.14.

[3] cap. 11.25 e 14.8.

[4] Num. 12.10, 12. II Reis 5.27. II Chr. 26.20.

[5] Exo. 9.9.

[6] Eze. 24.17, 22. Miq. 3.7. Lam. 4.15.

[7] Num. 5.2 e 12.14. II Reis 7.3 e 15.5. II Chr. 26.21. Luc. 17.12.

[8] cap. 14.44.

A lei ácerca do leproso depois de sarado.

14 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado [1] ao sacerdote,

3 E o sacerdote sairá fóra do arraial, e o sacerdote, examinando, e eis que, se a praga da lepra do leproso fôr sarada,

4 Então o sacerdote ordenará que por aquelle que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, [2] e carmezim e hyssopo.

5 Mandará tambem o sacerdote que se degole uma ave n’um vaso de barro sobre aguas vivas,

6 E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmezim, e o hyssopo, e os molhará com a ave viva no sangue da ave que foi degolada sobre as aguas vivas.

7 E sobre aquelle que ha de purificar-se da lepra espargirá [3] sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo.

8 E aquelle que tem a [4] purificar-se lavará os seus vestidos, e rapará todo o seu pello, e se lavará com agua; assim será limpo: e depois entrará no arraial, porém ficará [5] fóra da sua tenda por sete dias;

9 E será que ao setimo dia rapará todo o seu pello, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas dos seus olhos; e rapará todo o seu outro pello, e lavará os seus vestidos, e lavará a sua carne com agua, e será limpo.

10 E ao dia oitavo tomará dois cordeiros sem mancha, e uma cordeira sem mancha, de um anno, e tres dizimas de flor de farinha para offerta de manjares, amassada [6] com azeite, e um log de azeite;

11 E o sacerdote que faz a purificação apresentará ao homem que houver de purificar-se com aquellas coisas perante o Senhor, á porta da tenda da congregação.

12 E o sacerdote tomará um dos cordeiros, [7] e o offerecerá por expiação da culpa, e o log de azeite; e os moverá por offerta movida perante o Senhor.

13 Então degolará o cordeiro [8] no logar em que se degola a expiação do peccado e o holocausto, no logar sancto; porque assim a [9] expiação da culpa como a expiação do peccado é para o sacerdote; coisa sanctissima é.

14 E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o sacerdote o porá sobre a ponta [10] da orelha direita d’aquelle que tem a purificar-se, e sobre o dedo pollegar da sua mão direita, e no dedo pollegar do seu pé direito.

15 Tambem o sacerdote tomará do log de azeite, e o derramará na palma da sua propria mão esquerda.

16 Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na sua mão esquerda, e d’aquelle azeite com o seu dedo espargirá sete vezes perante o Senhor;

17 E o restante do azeite, que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita d’aquelle que tem a purificar-se, e sobre o dedo pollegar da sua mão direita, e sobre o dedo pollegar do seu pé direito, em cima do sangue da expiação da culpa;

18 E o restante do azeite que está na mão do sacerdote, o porá sobre a cabeça d’aquelle que tem a purificar-se: assim o sacerdote fará expiação por elle perante o Senhor.

19 Tambem o sacerdote fará a expiação do peccado, e fará [11] expiação por aquelle que tem a purificar-se da sua[110] immundicia; e depois degolará [12] o holocausto;

20 E o sacerdote offerecerá o holocausto e a offerta de manjares sobre o altar: assim o sacerdote fará expiação por elle, e será limpo.

21 Porém se fôr pobre, [13] e a sua mão não alcançar tanto, tomará um cordeiro para expiação da culpa em offerta de movimento, para fazer expiação por elle, e a dizima de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares, e um log de azeite,

22 E duas rolas, ou dois [14] pombinhos, conforme alcançar a sua mão, dos quaes um será para expiação do peccado, e o outro para holocausto.

23 E ao oitavo [15] dia da sua purificação os trará ao sacerdote, á porta da tenda da congregação, perante o Senhor,

24 E o sacerdote tomará [16] o cordeiro da expiação da culpa, e o log de azeite, e o sacerdote os moverá por offerta movida perante o Senhor.

25 Então degolará o cordeiro [17] da expiação da culpa, e o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita d’aquelle que tem a purificar-se, e sobre o dedo pollegar da sua mão direita, e sobre o dedo pollegar do seu pé direito.

26 Tambem o sacerdote derramará do azeite na palma da sua propria mão esquerda;

27 Depois o sacerdote com o seu dedo direito espargirá do azeite que está na sua mão esquerda, sete vezes perante o Senhor,

28 E o sacerdote porá do azeite que está na sua mão na ponta da orelha direita d’aquelle que tem a purificar-se, e no dedo pollegar da sua mão direita, e no dedo pollegar do seu pé direito; no logar do sangue da expiação da culpa.

29 E o que sobejar do azeite que está na mão do sacerdote porá sobre a cabeça do que tem a purificar-se, para fazer expiação por elle perante o Senhor.

30 Depois offerecerá uma das [18] rolas ou dos pombinhos, conforme alcançar a sua mão.

31 Do que alcançar a sua mão, será um para expiação do peccado e o outro para holocausto com a offerta de manjares; e assim o sacerdote fará expiação por aquelle que tem a purificar-se perante o Senhor.

32 Esta é a lei d’aquelle em quem estiver a praga da lepra, cuja mão não alcançar aquillo para a sua purificação.

A lei ácerca da lepra n’uma casa.

33 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

34 Quando tiverdes entrado na terra [19] de Canaan que vos hei de dar por possessão, e eu enviar a praga da lepra em alguma casa da terra da vossa possessão,

35 Então virá aquelle, cuja fôr a casa, e o fará saber ao sacerdote, dizendo: Parece-me que ha como que [20] praga em minha casa.

36 E o sacerdote ordenará que despejem a casa, antes que venha o sacerdote para examinar a praga, para que tudo o que está na casa não seja contaminado: e depois virá o sacerdote, para examinar a casa:

37 E, vendo a praga, e eis que se a praga nas paredes da casa tem covinhas verdes ou vermelhas, e parecem mais fundas do que a parede,

38 Então o sacerdote sairá d’aquella casa para fóra da porta da casa, e cerrará a casa por sete dias.

39 Depois tornará o sacerdote ao setimo dia, e examinará; e se vir que a praga nas paredes da casa se tem estendido,

40 Então o sacerdote ordenará que arranquem as pedras, em que estiver a praga, e que as lancem fóra da cidade n’um logar immundo:

41 E fará raspar a casa por dentro ao redor, e o pó que houverem raspado lançarão fóra da cidade n’um logar immundo.

42 Depois tomarão outras pedras, e as porão no logar das primeiras pedras; o outro barro se tomará, e a casa se rebocará.

43 Porém, se a praga tornar, e brotar na casa, depois de se arrancarem as pedras, e depois da casa ser raspada, e depois de ser rebocada,

44 Então o sacerdote entrará, e, examinando, eis que, se a praga na casa se tem estendido, lepra roedora ha na casa: immunda está.

45 Portanto se derribará a casa, as suas pedras, e a sua madeira, como tambem todo o barro da casa; e se levará para fóra [21] da cidade a um logar immundo.

46 E o que entrar n’aquella casa, em qualquer dia em que estiver fechada, será immundo até á tarde.

47 Tambem o que se deitar a dormir em tal casa, lavará os seus vestidos: e o que comer em tal casa lavará os seus vestidos.

[111]

48 Porém, tornando o sacerdote a entrar, e, examinando, eis que, se a praga na casa se não tem estendido, depois que a casa foi rebocada, o sacerdote declarará a casa por limpa, porque a praga está curada.

49 Depois tomará para [22] expiar a casa duas aves, e pau de cedro, e carmezim e hyssopo:

50 E degolará uma ave n’um vaso de barro sobre aguas vivas:

51 Então tomará pau de cedro, e o hyssopo, e o carmezim, e a ave viva, e o molhará na ave degolada e nas aguas vivas, e espargirá a casa sete vezes:

52 Assim expiará aquella casa com o sangue da avezinha, e com as aguas vivas, e com a avezinha viva, e com o pau de cedro, e com o hyssopo, e com o carmezim.

53 Então soltará a ave viva para fóra da cidade sobre a face do campo: assim fará expiação pela casa, [23] e será limpa.

54 Esta é a lei de toda a praga da lepra, [24] e da tinha,

55 E da lepra dos vestidos, [25] e das casas,

56 E da inchação, [26] e da apostema, e das empolas;

57 Para ensinar [27] em que dia alguma coisa será immunda, e em que dia será limpa. Esta é a lei da lepra.

[1] Mat. 8.2, 4. Mar. 1.40, 44. Luc. 5.12, 14 e 17.14.

[2] Num. 19.6. Heb. 9.19. Psa. 51.7.

[3] Heb. 9.13. II Reis 5.10, 14.

[4] cap. 13.6. cap. 11.25.

[5] Num. 12.15.

[6] cap. 2.1. Num. 15.4, 15.

[7] cap. 5.18 e 6.6, 7. Exo. 29.24.

[8] Exo. 29.11. cap. 1.5, 11 e 4.4, 24.

[9] cap. 7.7 e 2.3 e 7.6 e 21.22.

[10] Exo. 29.20. cap. 8.23.

[11] cap. 4.26.

[12] cap. 5.1, 6 e 12.7.

[13] cap. 5.7 e 12.8.

[14] cap. 15.14, 15.

[15] ver. 10, 11.

[16] ver. 12.

[17] ver. 14.

[18] ver. 22. cap. 15.15.

[19] Gen. 17.8. Num. 32.22. Deu. 7.1 e 32.49.

[20] Psa. 91.10. Pro. 3.33. Zac. 5.4.

[21] cap. 13.51. Zac. 5.4.

[22] ver. 4.

[23] ver. 20.

[24] cap. 13.30.

[25] cap. 13.47. ver. 34.

[26] cap. 13.2.

[27] Deu. 24.8. Eze. 44.23.

Immundicias do homem e da mulher.

15 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Fallae aos filhos de Israel, e dizei-lhes; Qualquer homem que tiver fluxo da sua carne, [1] será immundo por causa do seu fluxo.

3 Esta pois será a sua immundicia por causa do seu fluxo: se a sua carne vasa do seu fluxo, ou se a sua carne estanca do seu fluxo, esta é a sua immundicia.

4 Toda a cama, em que se deitar o que tiver fluxo, será immunda; e toda a coisa, sobre o que se assentar, será immunda.

5 E, qualquer que tocar a sua cama, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua, e será immundo até á tarde.

6 E aquelle que se assentar sobre aquillo em que se assentou o que tem o fluxo, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua e será immundo até á tarde.

7 E aquelle que tocar a carne do que tem o fluxo, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua, [2] e será immundo até á tarde.

8 Quando tambem o que tem o fluxo cuspir sobre um limpo, então lavará este os seus vestidos, e se banhará em agua, e será immundo até á tarde.

9 Tambem toda a sella, em que cavalgar o que tem o fluxo, será immunda.

10 E qualquer que tocar em alguma coisa que estiver debaixo d’elle, será immundo até á tarde; e aquelle que a levar, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua, e será immundo até á tarde.

11 Tambem todo aquelle, a quem tocar o que tem o fluxo, sem haver lavado as suas mãos com agua, lavará os seus vestidos, e se banhará em agua e será immundo até á tarde.

12 E [3] o vaso de barro, que tocar o que tem o fluxo, será quebrado; porém todo o vaso de madeira será lavado com agua.

13 Quando, pois, o que tem o fluxo, estiver limpo do seu fluxo, [4] contar-se-ha sete dias para a sua purificação, e lavará os seus vestidos, e banhará a sua carne em aguas vivas; e será limpo.

14 E ao dia oitavo tomará [5] duas rolas ou dois pombinhos, e virá perante o Senhor, á porta da tenda da congregação, e os dará ao sacerdote:

15 E o sacerdote offerecerá [6] um para expiação do peccado, e o outro para holocausto; e assim [7] o sacerdote fará por elle expiação do seu fluxo perante o Senhor.

16 Tambem o [8] homem, quando sair d’elle a semente da copula, toda a sua carne banhará com agua, e será immundo até á tarde.

17 Tambem todo o vestido, e toda a pelle em que houver semente da copula, se lavará com agua, e será immundo até á tarde.

18 E tambem a mulher, com que homem se deitar com semente da copula, ambos se banharão com agua, e serão [9] immundos até á tarde;

19 Mas [10] a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar será immundo até á tarde.

20 E tudo aquillo, sobre o que ella se deitar durante a sua separação, será immundo; e tudo, sobre o que se assentar, será immundo.

21 E qualquer que tocar a sua cama,[112] lavará os seus vestidos, e se banhará com agua, e será immundo até á tarde.

22 E qualquer que tocar alguma coisa, sobre o que ella se tiver assentado, lavará os seus vestidos, e se banhará com agua, e será immundo até á tarde.

23 Se tambem alguma coisa estiver sobre a cama, ou sobre o vaso em que ella se assentou, se a tocar, será immundo até á tarde.

24 E se, com effeito, qualquer homem se [11] deitar com ella, e a sua immundicia estiver sobre elle, immundo será por sete dias; tambem toda a cama, sobre que se deitar, será immunda.

25 Tambem a mulher, [12] quando manar o fluxo do seu sangue, por muitos dias fóra do tempo da sua separação, ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua separação, todos os dias do fluxo da sua immundicia será immunda, como nos dias da sua separação.

26 Toda a cama, sobre que se deitar todos os dias do seu fluxo, ser-lhe-ha como a cama da sua separação; e toda a coisa, sobre que se assentar, será immunda, conforme á immundicia da sua separação.

27 E qualquer que a tocar será immundo; portanto lavará os seus vestidos, e se banhará com agua, e será immundo até á tarde.

28 Porém quando fôr [13] limpa do seu fluxo, então se contarão sete dias, e depois será limpa.

29 E ao oitavo dia tomará duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao sacerdote, á porta da tenda da congregação.

30 Então o sacerdote offerecerá um para expiação do peccado, e o outro para holocausto: e o sacerdote fará por ella expiação do fluxo da sua immundicia perante o Senhor.

31 Assim separareis os [14] filhos de Israel das suas immundicias, para que não morram nas suas immundicias, contaminando [15] o meu tabernaculo, que está no meio d’elles.

32 Esta é a [16] lei d’aquelle que tem o fluxo, e d’aquelle de quem sae a semente da copula, e que fica por ella immundo;

33 Como tambem da mulher enferma na sua [17] separação, e d’aquelle que padece do seu fluxo, seja macho ou femea, e do homem que se deita com mulher immunda.

[1] cap. 22.4. Num. 5.2. II Sam. 3.29. Mat. 9.20. Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[2] cap. 11.25 e 17.15.

[3] cap. 6.28 e 11.32, 33.

[4] ver. 28. cap. 14.8.

[5] cap. 14.22, 23.

[6] cap. 14.30, 31.

[7] cap. 14.19, 31.

[8] cap. 22.4. Deu. 23.10.

[9] I Sam. 21.4.

[10] cap. 12.2.

[11] cap. 20.18.

[12] Mat. 9.20. Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[13] ver. 13.

[14] cap. 11.47. Deu. 24.8. Eze. 44.23.

[15] Num. 5.3 e 19.13, 20. Eze. 5.11 e 23.38.

[16] ver. 2 e 16.

[17] ver. 19, 24 e 25.

Como Aarão deve entrar no sanctuario.

16 E fallou o Senhor a Moysés, depois que [1] morreram os dois filhos de Aarão, quando se chegaram diante do Senhor e morreram.

2 Disse pois o Senhor a Moysés: Dize a Aarão, teu irmão que não [2] entre no sanctuario em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatorio que está sobre a arca, para que não morra; [3] porque eu appareço na nuvem sobre o propiciatorio.

3 Com isto Aarão entrará no sanctuario: [4] com um novilho, para expiação do peccado, e um carneiro para holocausto.

4 Vestirá elle [5] a tunica sancta de linho, e terá ceroulas de linho sobre a sua carne, e cingir-se-ha com um cinto de linho, e se cobrirá com uma mitra de linho: estes são vestidos sanctos: por isso banhará a sua carne na agua, e [6] os vestirá.

5 E da [7] congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do peccado e um carneiro para holocausto.

6 Depois Aarão offerecerá o novilho da [8] expiação, que será para elle; e fará expiação por si e pela sua casa.

7 Tambem tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor, á porta da tenda da congregação.

8 E Aarão lançará sortes sobre os dois bodes: uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissario.

9 Então Aarão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo Senhor, e o offerecerá para expiação do peccado.

10 Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissario, apresentar-se-ha vivo perante o Senhor, para fazer expiação [9] com elle, para envial-o ao deserto como bode emissario.

O sacrificio pelo proprio summo sacerdote.

11 E Aarão fará chegar o novilho da expiação, que será para elle, e fará expiação por si e pela sua casa; e degolará o novilho da expiação, que é para elle.

12 Tomará tambem [10] o incensario cheio de brazas de fogo do altar, de diante do Senhor, e os seus punhos[113] [11] cheios de incenso aromatico moido, e o metterá dentro do véu.

13 E porá [12] o incenso sobre o fogo perante o Senhor, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatorio, que está sobre o [13] testemunho, para que não morra.

14 E tomará do sangue [14] do novilho, e com o seu dedo espargirá sobre a face do propiciatorio, para a banda do oriente; e perante o propiciatorio espargirá sete vezes do sangue com o seu dedo.

O sacrificio pelo povo.

15 Depois degolará o [15] bode da expiação, que será para o povo, e trará o seu sangue para dentro do [16] véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatorio, e perante a face do propiciatorio.

16 Assim fará expiação [17] pelo sanctuario por causa das immundicias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus peccados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com elles no meio das suas immundicias.

17 E nenhum homem [18] estará na tenda da congregação quando elle entrar a fazer expiação no sanctuario, até que elle saia: assim fará expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.

18 Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e [19] fará expiação por elle; e tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá sobre os cornos do altar ao redor.

19 E d’aquelle sangue espargirá sobre elle com o seu dedo sete vezes, e o [20] purificará das immundicias dos filhos de Israel, e o sanctificará.

20 Havendo pois acabado de expiar o sanctuario, [21] e a tenda da congregação, e o altar, então fará chegar o bode vivo.

21 E Aarão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vive, e sobre elle confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, [22] segundo todos os seus peccados: e os porá sobre a cabeça do bode, e envial-o-ha ao deserto, pela mão d’um homem designado para isso.

22 Assim aquelle bode [23] levará sobre si todas as iniquidades d’elles á terra solitaria; e enviará o bode ao deserto.

23 Depois Aarão virá á tenda da congregação, e despirá [24] os vestidos de linho, que havia vestido quando entrara no sanctuario, e ali os deixará.

24 E banhará a sua carne em agua no logar sancto, e vestirá os seus vestidos; então sairá e preparará [25] o seu holocausto, e o holocausto do povo, e fará expiação por si e pelo povo.

25 Tambem queimará a gordura da expiação do peccado sobre [26] o altar.

26 E aquelle que tiver levado o bode (que era bode emissario) lavará os seus vestidos, e banhará a sua [27] carne em agua; e depois entrará no arraial.

27 Mas [28] o novilho da expiação, e o bode da expiação do peccado, cujo sangue foi trazido para fazer expiação no sanctuario, será levado fóra do arraial: porém as suas pelles, a sua carne, e o seu esterco queimarão com fogo.

28 E aquelle que os queimar lavará os seus vestidos, e banhará a sua carne em agua; e depois entrará no arraial.

A festa annual das expiações.

29 E isto vos será por estatuto perpetuo: no setimo mez, aos dez [29] do mez, affligireis as vossas almas, e nenhuma obra fareis, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós.

30 Porque n’aquelle dia fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados [30] de todos os vossos peccados perante o Senhor.

31 É um [31] sabbado de descanço para vós, e affligireis as vossas almas: isto é estatuto perpetuo.

32 E o sacerdote, que fôr [32] ungido, e que fôr sagrado, para administrar o sacerdocio no logar de seu pae, fará a expiação, havendo vestido os vestidos de linho, os vestidos sanctos:

33 Assim expiará [33] o sancto sanctuario; tambem expiará a tenda da congregação e o altar; similhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.

34 E isto vos [34] será por estatuto perpetuo, para fazer expiação pelos filhos d’Israel de todos os seus peccados, uma vez no anno. [35] E fez Aarão como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] cap. 10.1, 2.

[2] Heb. 10.19.

[3] Exo. 25.22 e 40.34. I Reis 8.10, 11, 12.

[4] Heb. 9.7, 12, 24, 25. cap. 4.3.

[5] Exo. 28.39, 42, 43. cap. 6.10. Eze. 44.17, 18.

[6] Exo. 30.20. cap. 8.6, 7.

[7] cap. 4.14. Num. 29.11. II Chr. 29.21. Esd. 6.17. Eze. 45.22, 23.

[8] cap. 9.7. Heb. 7.27, 28 e 9.7.

[9] I João 2.2.

[10] cap. 10.1. Num. 16.18, 46. Apo. 8.5.

[11] Exo. 30.34.

[12] Exo. 30.1, 7, 8. Num. 16.7, 18, 46. Apo. 8.3, 4.

[13] Exo. 25.21.

[14] cap. 4.5. Heb. 9.13, 25 e 10.4. cap. 4.6.

[15] Heb. 2.17 e 5.2 e 9.7, 28.

[16] ver. 2. Heb. 6.19 e 9.3, 7, 12.

[17] Exo. 29.36. Eze. 45.18. Heb. 9.22, 23.

[18] Exo. 34.3. Luc. 1.10.

[19] Exo. 30.10. cap. 4.7, 18. Heb. 9.22, 28.

[20] Eze. 43.20.

[21] ver. 16. Eze. 45.20.

[22] Isa. 53.6.

[23] Isa. 53.11, 12. João 1.29. Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[24] Eze. 42.14 e 44.19.

[25] ver. 3, 5.

[26] cap. 4.10.

[27] cap. 15.5.

[28] cap. 4.12, 21 e 6.30. Heb. 13.11.

[29] cap. 23.27. Num. 29.7. Isa. 58.3, 5.

[30] Psa. 51.2. Jer. 33.8. Eph. 5.26. Heb. 9.13, 14 e 10.1, 2. I João 1.7, 9.

[31] cap. 23.32.

[32] cap. 4.3, 5, 16. Exo. 29.29, 30. Num. 20.26, 28. ver. 4.

[33] ver. 6, 16, 17, 18, 24.

[34] cap. 23.31.

[35] Exo. 30.10. Heb. 9.7, 25.

[114]

O sangue de todos os animaes deve trazer-se á porta do tabernaculo.

17 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a Aarão e aos seus filhos, e a todos os filhos d’Israel, e dize-lhes: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:

3 Qualquer homem da casa de Israel que degolar [1] boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial, ou quem os degolar fóra do arraial,

4 E os não trouxer [2] á porta da tenda da congregação, para offerecer offerta ao Senhor diante do tabernaculo do Senhor, a tal homem será imputado o sangue; derramou sangue: [3] pelo que tal homem será extirpado do seu povo,

5 Para que os filhos de Israel, trazendo os seus sacrificios, que sacrificam sobre a face [4] do campo, os tragam ao Senhor, á porta da tenda da congregação, ao sacerdote, e os sacrifiquem por sacrificios pacificos ao Senhor.

6 E o sacerdote espargirá [5] o sangue sobre o altar do Senhor, á porta da tenda da congregação, [6] e queimará a gordura por cheiro suave ao Senhor.

7 E nunca mais sacrificarão os seus sacrificios [7] aos demonios, após os quaes elles fornicam: isto ser-lhes-ha por estatuto perpetuo nas suas gerações.

8 Dize-lhes pois: Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós, que offerecer holocausto [8] ou sacrificio,

9 E não trouxer á porta [9] da tenda da congregação, para offerecel-o ao Senhor, o tal homem será extirpado dos seus povos.

A prohibição de comer sangue.

10 E, qualquer homem [10] da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre elles, que comer algum sangue, [11] contra aquella alma que comer sangue, eu porei a minha face, e a extirparei do seu povo.

11 Porque [12] a [GG] alma da carne está no sangue; pelo que vol o tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que [13] fará expiação pela alma.

12 Portanto tenho dito aos filhos de Israel: Nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro, que peregrine entre vós, comerá sangue.

13 Tambem, qualquer homem dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre elles, que caçar [14] caça d’animal ou d’ave que se come, [15] derramará o seu sangue, e o cobrirá com pó;

14 Porquanto [16] é a alma de toda a carne; o seu sangue é pela sua alma: por isso tenho dito aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a alma de toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será extirpado.

15 E toda a alma entre os naturaes, ou entre os estrangeiros, [17] que comer corpo morto ou dilacerado, [18] lavará os seus vestidos, e se banhará com agua, e será immunda até á tarde; depois será limpa.

16 Mas, se os não lavar, nem banhar a sua carne, levará [19] sobre si a sua iniquidade.

[1] Deu. 12.15, 21.

[2] Deu. 12.6, 13, 14.

[3] Gen. 17.14.

[4] Gen. 21.33 e 22.2 e 31.54. II Reis 16.4 e 17.10. II Chr. 28.4. Eze. 20.28.

[5] cap. 3.2.

[6] Exo. 29.18. cap. 3.5, 11, 16 e 4.31. Num. 18.17.

[7] Deu. 32.17. II Chr. 11.15. Psa. 106.37. I Cor. 10.20. Apo. 9.20. Exo. 34.15. cap. 20. Deu. 31.16.

[8] cap. 1.2, 3.

[9] ver. 4.

[10] Gen. 9.4. cap. 3.17 e 7.26, 27 e 19.26. Deu. 12.16, 23 e 15.23. I Sam. 14.33. Eze. 44.7.

[11] cap. 20.3, 5, 6 e 26.17. Jer. 44.11. Eze. 14.8 e 15.7.

[12] ver. 14. Mat. 26.28. Mar. 14.24. Rom. 3.25 e 5.9. Eph. 1.7. Col. 1.14, 20. Heb. 13.12. I Ped. 1.2. I João 1.7. Apo. 1.5.

[13] Heb. 9.22.

[14] cap. 7.26.

[15] Deu. 12.16, 24 e 15.23. Eze. 24.7.

[16] ver. 11, 12. Gen. 9.4. Deu. 12.23.

[17] Exo. 22.31. cap. 22.8. Deu. 14.21. Eze. 4.14 e 44.31.

[18] cap. 11.25 e 15.5.

[19] cap. 5.1 e 19.8. Num. 19.20.

Casamentos illicitos.

18 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou [1] o Senhor vosso Deus.

3 Não fareis segundo [2] as obras da terra do Egypto, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaan, na qual eu vos metto, nem andareis nos seus estatutos.

4 Fareis conforme aos [3] meus juizos, e os meus estatutos guardareis, para andardes n’elles: Eu sou o Senhor vosso Deus.

5 Portanto os meus estatutos e os meus juizos guardareis; os quaes, fazendo [4] o homem, viverá por elles: Eu sou o Senhor.

6 Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir a sua nudez: Eu sou o Senhor.

[115]

7 Não descobrirás [5] a nudez de tua mãe: ella é tua mãe; não descobrirás a sua nudez.

8 Não descobrirás a nudez [6] da mulher de teu pae.

9 A nudez [7] de tua irmã, filha de teu pae, ou filha de tua mãe, nascida em casa, ou fóra da casa, a sua nudez não descobrirás.

10 A nudez da filha do teu filho, ou da filha de tua filha, a sua nudez não descobrirás: porque ella é tua nudez.

11 A nudez da filha da mulher de teu pae, gerada de teu pae (ella é tua irmã), a sua nudez não descobrirás.

12 A nudez da irmã de teu pae não descobrirás; [8] ella é parenta de teu pae.

13 A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás; pois ella é parenta de tua mãe.

14 A nudez do irmão de teu pae não descobrirás; [9] não chegarás á sua mulher; ella é tua tia.

15 A nudez de tua nora não descobrirás: [10] ella é mulher de teu filho: não descobrirás a sua nudez.

16 A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; [11] é a nudez de teu irmão.

17 A nudez d’uma mulher e de sua filha não descobrirás: [12] não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua nudez; parentas são: maldade é.

18 E não tomarás [13] uma mulher com sua irmã, para affligil-a, descobrindo a sua nudez com ella na sua vida.

Uniões abominaveis.

19 E não chegarás [14] á mulher durante a separação da sua immundicia, para descobrir a sua nudez,

20 Nem te deitarás [15] com a mulher de teu proximo para copula de semente, para te contaminar com ella.

21 E da tua semente não darás para fazer passar pelo fogo [16] perante Molech; e não profanarás [17] o nome de teu Deus: Eu sou o Senhor.

22 Com macho te não [18] deitarás, como se fosse mulher: abominação é;

23 Nem te deitarás [19] com um animal, para te não contaminar com elle: nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com elle; confusão é.

24 Com nenhuma d’estas coisas vos contamineis: [20] porque em todas estas coisas se contaminaram as gentes que eu lanço fóra de diante da vossa face.

25 Pelo que a terra está contaminada; [21] e eu visitarei sobre ella a sua iniquidade, e a terra vomitará os seus moradores.

26 Porém vós guardareis [22] os meus estatutos e os meus juizos, e nenhuma d’estas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós;

27 Porque todas estas abominações fizeram os homens d’esta terra, que n’ella estavam antes de vós; e a terra foi contaminada.

28 Para que a terra vos não vomite, [23] havendo-a contaminado, como vomitou a gente que n’ella estava antes de vós.

29 Porém, qualquer que fizer alguma d’estas abominações, as almas que as fizeram serão extirpadas do seu povo.

30 Portanto guardareis o meu mandado, não fazendo [24] nenhum dos estatutos abominaveis que se fizeram antes de vós, e não vos contamineis com elles: Eu sou o Senhor vosso Deus.

[1] ver. 4. Exo. 6.7. cap. 11.14 e 19.4, 10, 34 e 20.7. Eze. 20.5, 7, 19, 20.

[2] Eze. 20.7, 8 e 23.8. Exo. 23.24. cap. 20.23. Deu. 12.4, 30, 31.

[3] Deu. 4.1, 2 e 6.1. Eze. 20.19.

[4] Eze. 20.11, 13, 21. Luc. 10.28. Rom. 10.5. Gal. 3.12. Exo. 6.2, 6, 29. Mal. 3.6.

[5] cap. 20.11.

[6] Gen. 49.4. cap. 20.11. Deu. 22.30 e 27.20. Eze. 22.10. Amós 2.7. I Cor. 5.1.

[7] cap. 20.17. II Sam. 13.12. Eze. 22.11.

[8] cap. 20.19.

[9] cap. 20.20.

[10] Gen. 38.18, 26. cap. 20.12. Eze. 22.11.

[11] cap. 20.21. Mat. 14.4. Deu. 25.5. Mat. 22.24. Mar. 12.19.

[12] cap. 20.14.

[13] I Sam. 1.6, 8.

[14] cap. 20.18. Eze. 18.6 e 22.10.

[15] cap. 20.10. Exo. 20.14. Deu. 5.18 e 22.22. Pro. 6.29, 32. Mal. 3.5. Mat. 5.37. Rom. 2.22. I Cor. 6.9. Heb. 13.4.

[16] cap. 20.2. II Reis 16.3 e 21.6 e 23.10. Jer. 19.5. Eze. 20.31 e 23.37, 39. I Reis 11.7, 33. Act. 7.43.

[17] cap. 19.12 e 20.3 e 21.6 e 22.2, 32. Eze. 36.20, etc. Mal. 1.12.

[18] cap. 20.13. Rom. 1.27. I Cor. 6.9. I Tim. 1.10.

[19] cap. 20.15, 16. Exo. 22.19. cap. 20.12.

[20] ver. 30. Mar. 7.21, 22, 23. I Cor. 3.17. cap. 20.23. Deu. 18.12.

[21] Num. 35.34. Jer. 2.7 e 16.18. Eze. 36.17. Isa. 26.21. Jer. 5.9, 29 e 23.2. Ose. 2.13 e 8.13 e 9.9.

[22] ver. 5, 30. cap. 20.22, 23.

[23] cap. 20.22. Jer. 9.19. Eze. 36.13, 17.

[24] ver. 8, 26. cap. 20.23. Deu. 18.9. ver. 2, 4, 24.

A repetição de diversas leis.

19 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: [1] Sanctos sereis, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou sancto.

3 Cada um temerá a sua mãe [2] e a seu pae, e guardará os meus sabbados: Eu sou o Senhor vosso Deus.

4 Não vos virareis para os idolos, [3] nem vos fareis deuses de fundição: Eu sou o Senhor vosso Deus.

5 E, quando sacrificardes sacrificio pacifico [4] ao Senhor, [GH] da vossa propria vontade o sacrificareis.

6 No dia em que o sacrificardes, e no dia seguinte, se comerá; mas o[116] que sobejar ao terceiro dia será queimado com fogo.

7 E, se alguma coisa d’elle fôr comida ao terceiro dia, coisa abominavel é: não será acceita.

8 E qualquer que o comer levará a sua iniquidade, porquanto profanou a sanctidade do Senhor; por isso tal alma será extirpada do seu povo.

9 Quando tambem segardes [5] a sega da vossa terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caidas colherás da tua sega.

10 Similhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caidos da tua vinha: deixal-os-has ao pobre e ao estrangeiro: Eu sou o Senhor vosso Deus.

11 Não furtareis [6] nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu proximo;

12 Nem jurareis [7] falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Deus: Eu sou o Senhor.

13 Não opprimirás [8] o teu proximo, nem o roubarás: a paga do jornaleiro não ficará comtigo até á manhã.

14 Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço [9] diante do cego: mas terás temor do teu Deus: Eu sou o Senhor.

15 Não fareis injustiça [10] no juizo: não acceitarás o pobre, nem respeitarás o grande; com justiça julgarás o teu proximo.

16 Não andarás como [11] mexeriqueiro entre os teus povos: não te porás contra [12] o sangue do teu proximo: Eu sou o Senhor.

17 Não aborrecerás a [13] teu irmão no teu coração: não deixarás de [14] reprehender o teu proximo, e n’elle não soffrerás peccado.

18 Não te vingarás [15] nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu proximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.

19 Guardareis os meus estatutos: não permittirás que se ajuntem misturadamente os teus animaes de differente especie: no teu campo [16] não semearás semente de mistura, e vestido de diversos estofos misturados não vestireis.

20 E, quando um homem se deitar com uma mulher que fôr serva desposada do homem, e não fôr resgatada, nem se lhe houver dado liberdade, então serão açoitados; não morrerão, pois não foi libertada.

21 E, por expiação da sua [17] culpa, trará ao Senhor, á porta da tenda da congregação, um carneiro da expiação,

22 E, com o carneiro da expiação da culpa, o sacerdote fará propiciação por elle perante o Senhor, pelo seu peccado que peccou; e o seu peccado, que peccou, lhe será perdoado.

23 E, quando tiverdes entrado na terra, e plantardes toda a arvore de comer, ser-vos-ha incircumciso o seu fructo; tres annos vos será incircumciso; d’elle não se comerá.

24 Porém no quarto anno todo o seu fructo será sancto para dar [18] louvores ao Senhor.

25 E no quinto anno comereis o seu fructo, para que [GI] vos faça crescer a sua novidade: Eu sou o Senhor vosso Deus.

26 Não comereis [19] coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis.

27 Não cortareis o cabello, [20] arredondando os cantos da vossa cabeça, nem damnificarás a ponta da tua barba.

28 Pelos mortos não dareis golpes [21] na vossa carne: nem fareis marca alguma sobre vós: Eu sou o Senhor.

29 Não contaminarás [22] a tua filha, fazendo-a fornicar: para que a terra não fornique, nem se encha de maldade.

30 Guardareis [23] os meus sabbados, e o meu sanctuario reverenciareis: Eu sou o Senhor.

31 Não vos virareis para [24] os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com elles: Eu sou o Senhor vosso Deus.

32 Diante das cãs te levantarás, [25] e honrarás a face do velho; e terás temor do teu Deus: Eu sou o Senhor.

[117]

33 E quando o estrangeiro [26] peregrinar comtigo na vossa terra, não o opprimireis.

34 Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina comvosco: amal-o-has [27] como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egypto: Eu sou o Senhor vosso Deus.

35 Não commettereis [28] injustiça no juizo, nem na vara, nem no peso, nem na medida.

36 Balanças justas, [29] pedras justas, epha justa, e justo hin tereis: Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto.

37 Pelo que guardareis todos os meus estatutos, [30] e todos os meus juizos, e os fareis: Eu sou o Senhor.

[1] cap. 11.44 e 20.7, 26. I Ped. 1.16.

[2] Exo. 20.8, 12 e 31.13.

[3] Exo. 20.4. cap. 26.1. I Cor. 10.14. I João 5.21. Exo. 34.17. Deu. 27.15.

[4] cap. 7.16.

[5] cap. 23.22. Deu. 24.19, 20, 21. Ruth 2.15, 16.

[6] Exo. 20.15 e 22.1, 7, 10-12. Deu. 5.19. cap. 6.2. Eph. 4.25. Col. 3.9.

[7] Exo. 20.7. cap. 6.3. Deu. 5.11. Mat. 5.33. Thi. 5.12. cap. 18.21.

[8] Mar. 10.19. I The. 4.6. Deu. 24.14, 15. Mal. 3.5. Thi. 5.4.

[9] Deu. 27.18. Rom. 14.13. ver. 32. Gen. 42.18. cap. 25.17. Ecc. 5.7. I Ped. 2.17.

[10] Exo. 23.2, 3. Deu. 1.17 e 16.19 e 27.19. Pro. 24.23. Thi. 2.9.

[11] Exo. 23.1. Psa. 15.3 e 50.20. Pro. 11.13 e 20.19. Eze. 22.9.

[12] Exo. 23.1, 7. I Reis 21.13. Mat. 26.60.

[13] I João 2.9, 11 e 3.15.

[14] Mat. 18.15. Luc. 17.3. Gal. 6.1. Eph. 5.11. I Tim. 5.20. II Tim. 4.2. Tito 1.13 e 2.15.

[15] II Sam. 13.22. Pro. 20.22. Rom. 12.17, 19. Gal. 5.20. Eph. 4.31. Thi. 5.9. I Ped. 2.1. Mat. 5.43.

[16] Deu. 22.9, 10, 11.

[17] cap. 5.15 e 6.6.

[18] Deu. 12.17, 18. Pro. 3.9.

[19] cap. 17.10, etc. Deu. 12.23 e 18.10, 11, 14. I Sam. 15.23. II Reis 17.17 e 21.6. II Chr. 33.6. Mal. 3.5.

[20] cap. 21.5. Isa. 15.2. Jer. 48.37.

[21] cap. 21.5. Deu. 14.1. Jer. 16.6 e 48.37.

[22] Deu. 23.17.

[23] ver. 3. cap. 26.2. Ecc. 5.1.

[24] Exo. 22.18. cap. 20.6, 27. Deu. 18.10. I Sam. 28.7. I Chr. 10.13. Isa. 8.19. Act. 16.16.

[25] Pro. 20.29. I Tim. 5.1. ver. 14.

[26] Exo. 22.21 e 23.9.

[27] Exo. 12.48, 49. Deu. 10.19.

[28] ver. 15.

[29] Deu. 25.13, 15. Pro. 11.1 e 16.11 e 20.10.

[30] cap. 13.4, 5. Deu. 4.5, 6 e 5.1 e 6.25.

As penas de diversos crimes.

20 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Tambem dirás [1] aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, dér da sua semente a Molech, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com pedras.

3 E eu porei [2] a minha face contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo, porquanto deu da sua semente a Molech, para contaminar o meu sanctuario e profanar o meu sancto nome.

4 E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os seus olhos d’aquelle homem que houver dado da sua semente a Molech, assim que o [3] não matem,

5 Então eu porei a minha [4] face contra aquelle homem, e contra a sua familia, e o extirparei do meio do seu povo, com todos os que fornicam após d’elle, fornicando após de Molech.

6 Quando uma alma se virar para [5] os adivinhadores e encantadores, para fornicar após d’elles, eu porei a minha face contra aquella alma, e a extirparei do meio do seu povo.

7 Portanto sanctificae-vos, [6] e sêde sanctos, pois Eu sou o Senhor vosso Deus.

8 E guardae os meus estatutos, [7] e fazei-os: Eu sou o Senhor que vos sanctifica.

9 Quando um homem amaldiçoar a seu [8] pae ou a sua mãe certamente morrerá: amaldiçoou a seu pae ou a sua mãe; o seu sangue [9] é sobre elle.

10 Tambem o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado [10] com a mulher do seu proximo, certamente morrerá o adultero e a adultera.

11 E o homem que se deitar com a mulher de seu pae [11] descobriu a nudez de seu pae; ambos certamente morrerão: o seu sangue é sobre elles.

12 Similhantemente, quando um homem se deitar com a sua nora, [12] ambos certamente morrerão: fizeram confusão; o seu sangue é sobre elles.

13 Quando tambem um homem se deitar com outro homem, [13] como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre elles.

14 E, quando um homem tomar uma mulher e a sua mãe, [14] maldade é: a elle e a ellas queimarão com fogo, para que não haja maldade no meio de vós.

15 Quando tambem um homem se deitar [15] com um animal, certamente morrerá; e matareis o animal.

16 Tambem a mulher que se chegar a algum animal, para ter ajuntamento com elle, aquella mulher matarás com o animal; certamente morrerão; o seu sangue é sobre elles.

17 E, quando um homem tomar [16] a sua irmã, filha de seu pae, ou filha de sua mãe, e elle vir a nudez d’ella, e ella vir a sua, torpeza é: portanto serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo: descobriu a nudez de sua irmã, levará sobre si a sua iniquidade.

18 E, quando um homem [17] se deitar com uma mulher que tem a sua enfermidade, e descobriu a sua nudez, descobrindo a sua fonte, e ella descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão extirpados do meio do seu povo.

19 Tambem a nudez [18] da irmã de tua mãe, ou da irmã de teu pae não descobrirás: porquanto descobriu a sua parenta, sobre si levarão a sua iniquidade.

20 Quando tambem um homem se deitar com a sua tia [19] descobriu a nudez de seu tio: seu peccado sobre si levarão; sem filhos morrerão.

[118]

21 E quando um homem tomar a mulher de seu irmão, [20] immundicia é: a nudez de seu irmão descobriu: sem filhos ficarão.

22 Guardae pois todos os meus estatutos, e todos os meus juizos, e fazei-os, [21] para que vos não vomite a terra, na qual eu vos metto para habitar n’ella.

23 E não andeis [22] nos estatutos da gente que eu lanço fóra diante da vossa face, porque fizeram todas estas coisas: portanto fui enfadado d’elles.

24 E a vós [23] vos tenho dito: Em herança possuireis a sua terra, e eu a darei a vós, para possuil-a em herança, terra que mana leite e mel: Eu sou o Senhor vosso Deus, [24] que vos separei dos povos.

25 Fareis pois differença [25] entre os animaes limpos e immundos, e entre as aves immundas e as limpas; [26] e as vossas almas não fareis abominaveis por causa dos animaes, ou das aves, ou de tudo o que se arrasta sobre a terra; as quaes coisas apartae de vós, para tel-as por immundas.

26 E ser-me-heis sanctos, [27] porque Eu, o Senhor, sou sancto, e separei-vos dos povos, para serdes meus.

27 Quando pois algum homem ou mulher em si tiver um espirito adivinho, [28] ou fôr encantador, certamente morrerão: com pedras se apedrejarão; o seu sangue é sobre elles.

[1] cap. 18.2, 21. Jer. 7.31 e 32.35. Eze. 20.31.

[2] cap. 17.10. Eze. 5.11 e 23.38, 39. cap. 18.21.

[3] Deu. 17.2, 3, 5.

[4] cap. 17.10. Exo. 20.5. cap. 17.7.

[5] cap. 19.31.

[6] cap. 11.44 e 19.2. I Ped. 1.16.

[7] cap. 19.37. Exo. 31.13. cap. 21.8. Eze. 37.28.

[8] Exo. 21.17. Deu. 27.16. Pro. 20.20. Mat. 15.4.

[9] ver. 11, 12, 13, 16, 27. II Sam. 1.16.

[10] cap. 18.20. Deu. 22.22.

[11] cap. 18.8. Deu. 27.23.

[12] cap. 18.22. Deu. 23.17. Gen. 19.5.

[13] cap. 18.22. Deu. 23.17. Gen. 19.5.

[14] cap. 18.17. Deu. 27.33.

[15] cap. 18.23. Deu. 27.21.

[16] cap. 18.9. Deu. 27.22. Gen. 20.12.

[17] cap. 18.19 e 15.24.

[18] cap. 18.6, 12, 13.

[19] cap. 18.14.

[20] cap. 18.16.

[21] cap. 18.26 e 18.25, 28.

[22] cap. 18.3, 24, 20. cap. 18.27. Deu. 9.5.

[23] Exo. 3.17 e 6.8.

[24] ver. 26. Exo. 19.5 e 33.16. Deu. 7.6 e 14.2. I Reis 8.53.

[25] cap. 11.47. Deu. 14.4.

[26] cap. 11.47.

[27] ver. 7. cap. 19.2. I Ped. 1.16. ver. 24. Tito 2.14.

[28] Exo. 22.18. cap. 19.31. Deu. 18.10, 11. I Sam. 28.7, 8. ver. 9.

Leis ácerca dos sacerdotes.

21 Depois disse o Senhor a Moysés: Falla aos sacerdotes, filhos d’Aarão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará [1] por causa d’um morto entre os seus povos,

2 Salvo por seu parente mais chegado a elle: por sua mãe, e por seu pae, e por seu filho, e sua filha, e por seu irmão,

3 E por sua irmã virgem, chegada a elle, que ainda não teve marido: por ella se contaminará.

4 Não se contaminará por principe entre os seus povos, para se profanar.

5 Não farão calva na sua cabeça, [2] e não raparão a ponta da sua barba, nem darão golpes na sua carne.

6 Sanctos serão a seu Deus, e não profanarão [3] o nome do seu Deus, porque offerecem as offertas queimadas do Senhor, o pão do seu Deus: portanto serão sanctos.

7 Não tomarão mulher [4] prostituta ou infame, nem tomarão mulher repudiada de seu marido; pois sancto é a seu Deus.

8 Portanto o sanctificarás, porquanto offerece o pão do teu Deus: sancto será para ti, pois Eu, o Senhor [5] que vos sanctifica, sou sancto.

9 E quando a filha [6] d’um sacerdote começar a fornicar, profana a seu pae; com fogo será queimada.

10 E o summo sacerdote entre seus irmãos, [7] sobre cuja cabeça foi derramado o azeite da uncção, e que fôr sagrado para vestir os vestidos, não descobrirá a sua cabeça nem rasgará os seus vestidos;

11 E não se chegará [8] a cadaver algum, nem por causa de seu pae, nem por sua mãe, se contaminará;

12 Nem sairá [9] do sanctuario, para que não profane o sanctuario do seu Deus, pois a corôa do azeite da uncção do seu Deus está sobre elle; Eu sou o Senhor.

13 E elle tomará uma mulher na [10] sua virgindade.

14 Viuva, ou repudiada, ou deshonrada, ou prostituta, estas não tomará, mas virgem dos seus povos tomará por mulher.

15 E não profanará a sua semente entre os seus povos; porque Eu sou [11] o Senhor que o sanctifico.

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Falla a Aarão, dizendo: Ninguem da tua semente, nas suas gerações, em que houver alguma falta, se chegará a offerecer o pão do seu Deus.

18 Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: como homem cego, ou côxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos,

19 Ou homem que tiver quebrado o pé, ou quebrada a mão,

20 Ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, [12] ou que tiver testiculo quebrado.

21 Nenhum homem da semente de Aarão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará [13] para offerecer as offertas queimadas do Senhor:[119] falta n’elle ha; não se chegará para offerecer o pão do seu Deus.

22 O pão [14] do seu Deus [GJ] das sanctidades de sanctidades e das coisas sanctas poderá comer.

23 Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto falta ha n’elle, [15] para que não profane os meus sanctuarios; porque Eu sou o Senhor que os sanctifico.

24 E Moysés fallou isto a Aarão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel.

[1] Eze. 44.25.

[2] cap. 19.27, 28. Deu. 14.1. Eze. 44.20.

[3] cap. 18.21 e 19.12.

[4] Eze. 44.22. Deu. 24.1, 2.

[5] cap. 20.7, 8.

[6] Gen. 38.24.

[7] Exo. 29.29, 30. cap. 8.12 e 16.32. Num. 35.25. Exo. 28.2. cap. 16.32 e 10.6.

[8] Num. 19.14. ver. 1, 2.

[9] cap. 10.7. cap. 8.12, 30.

[10] ver. 7. Eze. 44.22.

[11] ver. 8.

[12] Deu. 23.1.

[13] ver. 6.

[14] cap. 2.3, 10 e 6.17, 29 e 7.1 e 24.9. Num. 18.9.

[15] ver. 12.

A lei ácerca de comer coisas sanctas.

22 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dize a Aarão e a seus filhos que se apartem [1] das coisas sanctas dos filhos de Israel, que a mim me sanctificam, para que não profanem [2] o [GK] nome da minha sanctidade: Eu sou o Senhor.

3 Dize-lhes: Todo o homem, que entre as vossas gerações, de toda a vossa semente, se chegar ás coisas sanctas que os filhos de Israel sanctificam ao Senhor, tendo sobre si a sua [3] immundicia, aquella alma será extirpada de diante da minha face: Eu sou o Senhor.

4 Ninguem da semente d’Aarão, que fôr leproso, ou tiver [4] fluxo, comerá das coisas sanctas, até que seja limpo: como tambem o que tocar alguma coisa immunda de cadaver, ou aquelle de que sair a semente da copula,

5 Ou qualquer que tocar a algum reptil, [5] pelo que se fez immundo, ou a algum homem, pelo que se fez immundo, segundo toda a sua immundicia.

6 O homem que o tocar será immundo até á tarde, e não comerá das coisas sanctas, [6] mas banhará a sua carne em agua.

7 E havendo-se o sol já posto, então será limpo, e depois comerá das coisas sanctas; porque este é o seu [7] pão.

8 O corpo morto e o dilacerado não comerá, [8] para n’elle se não contaminar: Eu sou o Senhor.

9 Guardarão pois o meu [9] mandamento, para que por isso não levem peccado, e morram n’elle, havendo-as profanado: Eu sou o Senhor que os sanctifico.

10 Tambem nenhum estranho comerá das coisas sanctas: nem o hospede do sacerdote nem o jornaleiro comerão das coisas sanctas.

11 Mas quando o sacerdote comprar alguma alma com o seu dinheiro, aquella comerá d’ellas, e o nascido na sua casa: estes comerão [10] do seu pão.

12 E, quando a filha do sacerdote se casar com homem estranho, ella não comerá da offerta movida das coisas sanctas.

13 Mas quando a filha do sacerdote fôr viuva ou repudiada, e não tiver semente, [11] e se houver tornado á casa de seu pae, como na sua mocidade, do pão de seu pae comerá; mas nenhum estranho comerá d’elle.

14 E quando alguem por erro [12] comer a coisa sancta, sobre ella accrescentará seu quinto, e o dará ao sacerdote com a coisa sancta.

15 Assim não profanarão [13] as coisas sanctas dos filhos de Israel, que offerecem ao Senhor,

16 Nem os farão levar a iniquidade da culpa, [14] comendo as suas coisas sanctas: pois Eu sou o Senhor que as sanctifico.

Os animaes sacrificados devem ser sem defeito.

17 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Falla a Aarão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: [15] Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, offerecer a sua offerta, quer dos seus votos, quer das suas offertas voluntarias, que offerecerem ao Senhor em holocausto,

19 [GL] Segundo a sua [16] vontade, offerecerá macho sem mancha, das vaccas, dos cordeiros, ou das cabras.

20 Nenhuma coisa em que haja defeito [17] offerecereis, porque não seria acceita por vós.

21 E, quando alguem offerecer sacrificio pacifico [18] ao Senhor, separando das vaccas ou das ovelhas um voto, ou offerta voluntaria, sem mancha será, para que seja acceito; nenhum defeito haverá n’elle.

22 O cego, [19] ou quebrado, ou aleijado, o verrugoso, ou sarnoso, ou cheio[120] de impigens, este não offerecereis ao Senhor, e d’elles não poreis offerta queimada ao Senhor sobre o altar.

23 Porém boi, [20] ou gado miudo, comprido ou curto de membros, poderás offerecer por offerta voluntaria, mas por voto não será acceito.

24 O machucado, ou moido, ou despedaçado, ou cortado, não offerecereis ao Senhor: não fareis isto na vossa terra.

25 Tambem da mão do [21] estrangeiro nenhum manjar offerecereis ao vosso Deus, de todas estas coisas, pois a sua corrupção está n’ellas; falta n’ellas ha; não serão acceitas por vós.

26 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

27 Quando nascer o boi, [22] ou cordeiro, ou cabra, sete dias estará debaixo de sua mãe; depois, desde o dia oitavo em diante, será acceito por offerta queimada ao Senhor.

28 Tambem boi ou gado miudo, [23] a elle e a seu filho não degolareis n’um dia.

29 E, quando sacrificardes sacrificio de [24] louvores ao Senhor, o sacrificareis da vossa vontade.

30 No mesmo dia se comerá; nada deixareis ficar [25] até á manhã: Eu sou o Senhor.

31 Pelo que guardareis [26] os meus mandamentos, e os fareis: Eu sou o Senhor.

32 E não profanareis [27] o meu sancto nome, para que eu seja sanctificado no meio dos filhos de Israel: Eu sou o Senhor que vos sanctifico;

33 Que vos tirei [28] da terra do Egypto, para vos ser por Deus: Eu sou o Senhor.

[1] Num. 6.3.

[2] cap. 18.21. Exo. 28.33. Num. 18.32. Deu. 15.19.

[3] cap. 7.20.

[4] cap. 15.2 e 14.2 e 15.13. Num. 19.11, 22. cap. 15.16.

[5] cap. 11.24, 43, 44 e 15.7, 19.

[6] cap. 15.5. Heb. 10.22.

[7] cap. 21.22. Num. 18.11, 13.

[8] Exo. 22.31. cap. 17.15. Eze. 44.31.

[9] Exo. 28.43. Num. 18.22, 32.

[10] Num. 18.22, 32.

[11] Gen. 38.11. cap. 10.14. Num. 18.11.

[12] cap. 5.15, 16.

[13] Num. 18.32.

[14] ver. 9.

[15] cap. 1.2, 3, 10. Num. 15.14.

[16] cap. 1.3.

[17] Deu. 15.21 e 17.1. Mal. 1.8, 14. Eph. 5.27. Heb. 9.14. I Ped. 1.19.

[18] cap. 3.1, 6. cap. 7.16. Num. 15.3, 8. Deu. 23.21, 23. Psa. 61.8 e 65.1. Ecc. 5.4, 5.

[19] ver. 20. Mal. 1.8. cap. 1.9, 13 e 3.3, 5.

[20] cap. 21.18.

[21] Num. 15.15, 16.

[22] Exo. 22.30.

[23] Deu. 22.6.

[24] cap. 7.12. Psa. 107.23 e 116.17. Amós 4.5.

[25] cap. 7.15.

[26] cap. 19.37. Num. 15.40. Deu. 4.40.

[27] cap. 18.21 e 10.3. Mat. 6.9. Luc. 11.2. cap. 20.8.

[28] Exo. 6.7. cap. 11.45 e 19.36 e 25.38.

As festas solemnes do Senhor.

23 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla [1] aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solemnidades do Senhor, que convocareis, serão sanctas convocações: estas são as minhas solemnidades:

O sabbado.

3 Seis dias obra se fará, [2] mas ao setimo dia será o sabbado do descanço, sancta convocação; nenhuma obra fareis; sabbado do Senhor é em todas as vossas habitações.

A paschoa.

4 Estas são as solemnidades [3] do Senhor, as sanctas convocações, que convocareis ao seu tempo determinado;

5 No mez primeiro, aos [4] quatorze do mez, pela tarde, é a paschoa do Senhor.

6 E aos quinze dias d’este mez é a festa dos asmos do Senhor: sete dias comereis asmos.

7 No primeiro dia [5] tereis sancta convocação: nenhuma obra servil fareis;

8 Mas sete dias offerecereis offerta queimada ao Senhor: ao setimo dia haverá sancta convocação: nenhuma obra servil fareis.

As primicias.

9 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

10 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes [6] entrado na terra, que vos hei de dar, e segardes a sua sega, então trareis um mólho das primicias da vossa sega ao sacerdote:

11 E elle moverá o mólho perante o Senhor, para que sejaes acceitos: ao seguinte dia do sabbado o moverá o sacerdote.

12 E no dia em que moverdes o mólho, preparareis um cordeiro sem mancha, de um anno, em holocausto ao Senhor,

13 E a sua offerta [7] de manjares, duas dizimas de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta queimada em cheiro suave ao Senhor, e a sua libação de vinho, o quarto de um hin.

14 E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até áquelle mesmo dia em que trouxerdes a offerta do vosso Deus: estatuto perpetuo é por vossas gerações, em todas as vossas habitações.

15 Depois para vós [8] contareis desde o dia seguinte ao sabbado, desde o dia em que trouxerdes o mólho da offerta movida: sete semanas inteiras serão.

16 Até ao dia seguinte, ao setimo sabbado, contareis [9] cincoenta dias: então offerecereis nova offerta de manjares ao Senhor.

17 Das vossas habitações trareis dois pães de movimento: de duas dizimas de farinha serão, levedados se cozerão: [10] primicias são ao Senhor.

[121]

18 Tambem com o pão offerecereis sete cordeiros sem mancha, de um anno, e um novilho, e dois carneiros; holocausto serão ao Senhor, com a sua offerta de manjares, e as suas libações, por offerta queimada de cheiro suave ao Senhor.

19 Tambem offerecereis um [11] bode para expiação do peccado, e dois cordeiros de um anno por sacrificio pacifico.

20 Então o sacerdote os moverá com o pão das primicias por offerta movida perante o Senhor, com os dois cordeiros: sanctidade [12] serão ao Senhor para o sacerdote.

21 E n’aquelle mesmo dia apregoareis que tereis sancta convocação: nenhuma obra servil fareis: estatuto perpetuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.

22 E, quando segardes a [13] sega da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colhereis as [14] espigas caidas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás: Eu sou o Senhor vosso Deus.

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Falla aos filhos de Israel, dizendo: No mez setimo, [15] ao primeiro do mez, tereis descanço, [16] memoria da jubilação, sancta convocação.

25 Nenhuma obra servil fareis, mas offerecereis offerta queimada ao Senhor.

O dia da expiação.

26 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

27 Mas aos dez d’este [17] mez setimo será o dia da expiação: tereis sancta convocação, e affligireis as vossas almas; e offerecereis offerta queimada ao Senhor.

28 E n’aquelle mesmo dia nenhuma obra fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus.

29 Porque toda a alma, que n’aquelle mesmo dia se não affligir, será extirpada [18] do seu povo.

30 Tambem toda a alma, que n’aquelle mesmo dia fizer alguma obra, aquella alma eu destruirei do meio do seu povo.

31 Nenhuma obra fareis: [19] estatuto perpetuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.

32 Sabbado de descanço vos será; então affligireis as vossas almas: aos nove do mez á tarde, d’uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sabbado.

33 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

34 Falla aos filhos de Israel, [20] dizendo: Aos quinze dias d’este mez setimo será a festa dos tabernaculos ao Senhor por sete dias.

35 Ao primeiro dia haverá sancta convocação: nenhuma obra servil fareis.

36 Sete dias offerecereis offertas queimadas ao Senhor: [21] ao dia oitavo tereis sancta convocação, e offerecereis offertas queimadas ao Senhor: dia de prohibição é, nenhuma obra servil fareis.

37 Estas são as solemnidades do Senhor, [22] que apregoareis para sanctas convocações, para offerecer ao Senhor offerta queimada, holocausto e offerta de manjares, sacrificio e libações, cada qual em seu dia proprio:

38 Além [23] dos sabbados do Senhor, e além dos vossos dons, e além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas offertas voluntarias que dareis ao Senhor.

39 Porém aos quinze dias do mez setimo, quando tiverdes recolhido [24] a novidade da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao dia primeiro haverá descanço, e ao dia oitavo haverá descanço.

40 E [25] ao primeiro dia [GM] tomareis para vós ramos de formosas arvores, ramos de palmas, ramos de arvores espessas, e salgueiros de ribeiras; [26] e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.

41 E [27] celebrareis esta festa ao Senhor por sete dias cada anno: estatuto perpetuo é pelas vossas gerações; no mez setimo a celebrareis.

42 Sete [28] dias habitareis debaixo de tendas: todos os naturaes em Israel habitarão em tendas:

43 Para que saibam as vossas gerações [29] que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egypto; Eu sou o Senhor vosso Deus.

44 Assim pronunciou [30] Moysés as solemnidades do Senhor aos filhos de Israel.

[1] ver. 4, 37. Exo. 32.5. II Reis 10.20. Psa. 81.3.

[2] Exo. 20.9 e 23.12 e 31.15 e 34.21. cap. 19.3. Deu. 5.13. Luc. 13.14.

[3] ver. 2, 37. Exo. 23.14.

[4] Exo. 12.6, 14, 18 e 13.3 e 23.15 e 34.18. Num. 9.2, 3 e 28.16, 17. Deu. 16.1, 8. Jos. 5.10.

[5] Exo. 12.16. Num. 28.18, 25.

[6] Exo. 23.16, 19 e 34.22, 26. Num. 15.2, 18 e 28.26. Deu. 16.9. Jos. 3.15. Thi. 1.18. Apo. 14.4.

[7] cap. 2.14, 15, 16.

[8] cap. 25.8. Deu. 16.9.

[9] Act. 2.1. Num. 28.26.

[10] Exo. 23.19 e 34.22, 26. Num. 15.17, 21 e 28.26.

[11] cap. 4.23, 28. Num. 28.30. cap. 3.1.

[12] Deu. 18.4.

[13] cap. 19.9.

[14] Deu. 24.19.

[15] Num. 29.1.

[16] cap. 25.9.

[17] cap. 16.30. Num. 29.7.

[18] Gen. 17.14.

[19] cap. 20.3, 5, 6.

[20] Num. 29.12. Deu. 16.13. Esd. 3.4 e 8.14. Zac. 14.16. João 7.37.

[21] Num. 29.35. Neh. 8.18. João 7.37. Deu. 16.8. II Chr. 7.9. Joel 1.14 e 2.15.

[22] ver. 2, 4.

[23] Num. 29.39.

[24] Exo. 23.16. Deu. 16.13.

[25] Neh. 8.15.

[26] Deu. 16.14, 15.

[27] Num. 29.12. Neh. 8.18.

[28] Neh. 8.14, 15, 16.

[29] Deu. 31.13. Psa. 78.5, 6.

[30] ver. 2.

[122]

A lei ácerca das lampadas.

24 E Fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Ordena [1] aos filhos d’Israel que te tragam azeite de oliveiras, puro, batido, para a luminaria, para accender as lampadas continuamente.

3 Aarão as porá em ordem perante o Senhor continuamente, desde a tarde até á manhã, fóra do véu do testemunho, na tenda da congregação: estatuto perpetuo é pelas vossas gerações.

4 Sobre o castiçal puro porá em ordem as lampadas [2] perante o Senhor continuamente.

O pão para a mesa do Senhor.

5 Tambem tomarás da flor de farinha, e d’ella cozerás [3] doze bolos: cada bolo será de duas dizimas.

6 E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a [4] mesa pura, perante o Senhor.

7 E sobre cada fileira porás incenso puro, para que seja para o pão por offerta memorial; offerta queimada é ao Senhor.

8 Em cada dia de [5] sabbado, isto se porá em ordem perante o Senhor continuamente, pelos filhos de Israel, por concerto perpetuo.

9 E será [6] de Aarão e de seus filhos, os quaes o comerão no logar sancto, porque uma coisa sanctissima é para elle, das offertas queimadas ao Senhor, por estatuto perpetuo.

A pena do peccado de blasphemia.

10 E saiu um filho d’uma mulher israelita, o qual era filho d’um homem egypcio, no meio dos filhos de Israel; e o filho da israelita e um homem israelita porfiaram no arraial.

11 Então o filho da mulher israelita blasphemou o [7] nome do Senhor, e o amaldiçoou, pelo que o trouxeram a Moysés: e o nome de sua mãe era Shelomith, filha de Dibri, da tribu de Dan.

12 E o levaram á prisão, [8] até que se lhes fizesse declaração pela bocca do Senhor.

13 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

14 Tira o que tem blasphemado para fóra do arraial; e todos os que o ouviram porão [9] as suas mãos sobre a sua cabeça: então toda a congregação o apedrejará.

15 E aos filhos de Israel fallarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus, [10] levará sobre si o seu peccado.

16 E aquelle que blasphemar o [11] nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasphemando o nome do Senhor, será morto.

17 E quem matar [12] a alguem certamente morrerá.

18 Mas quem matar [13] um animal, o restituirá, vida por vida.

19 Quando tambem alguem desfigurar o seu proximo, como elle fez [14] assim lhe será feito:

20 Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente: como elle tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará.

21 Quem pois matar [15] um animal, restituil-o-ha, mas quem matar um homem [16] será morto.

22 Uma mesma lei tereis; [17] assim será o estrangeiro como o natural; pois eu sou o Senhor vosso Deus.

23 E disse Moysés aos filhos de Israel que levassem [18] o que tinha blasphemado para fóra do arraial, e o apedrejassem com pedras: e fizeram os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] Exo. 27.20.

[2] Exo. 31.8 e 39.37.

[3] Exo. 25.30.

[4] I Reis 7.48. II Chr. 4.19 e 13.11. Heb. 9.2.

[5] Num. 4.7. II Chr. 2.4.

[6] Exo. 29.33. cap. 8.31 e 21.22.

[7] ver. 16. Job 1.5, 11 e 2.5, 9, 10. Isa. 8.21.

[8] Num. 15.34. Num. 27.5.

[9] Deu. 13.9 e 17.7.

[10] cap. 5.1 e 20.17. Num. 9.13.

[11] I Reis 21.10, 13. Psa. 74.10, 18. Mat. 12.31. Mar. 3.28. Thi. 2.7.

[12] Num. 35.31. Deu. 19.11, 12.

[13] ver. 21.

[14] Exo. 21.24. Deu. 19.21. Mat. 5.38 e 7.2.

[15] ver. 18. Exo. 21.23.

[16] ver. 17.

[17] Exo. 12.49. cap. 19.34. Num. 15.16.

[18] ver. 14.

25 Fallou mais o Senhor a Moysés no monte de Sinai, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra, que eu vos dou, então a terra descançará um [1] sabbado ao Senhor.

3 Seis annos semearás a tua terra, e seis annos podarás a tua vinha, e colherás a sua novidade:

4 Porém ao setimo anno haverá sabbado de descanço para a terra, um sabbado ao Senhor: não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha.

5 O que nascer de si mesmo da tua sega não segarás, [2] e as uvas da tua separação não vindimarás: anno de descanço será para a terra.

6 E o sabbado da terra vos será por alimento, a ti, e ao teu servo, e á tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina comtigo;

[123]

7 E ao teu gado, e aos teus animaes, que estão na tua terra, toda a sua novidade será por mantimento.

O anno do jubileu.

8 Tambem contarás sete semanas d’annos, sete vezes sete annos: de maneira que os dias das sete semanas d’annos te serão quarenta e nove annos.

9 Então no mez setimo, aos dez do mez, farás passar a trombeta do jubileu: no dia da expiação [3] fareis passar a trombeta por toda a vossa terra.

10 E sanctificareis o anno quinquagesimo, e apregoareis [4] liberdade na terra a todos os seus moradores: anno de jubileu vos será, e tornareis, cada um á sua possessão, e [5] tornareis, cada um á sua familia.

11 O anno quinquagesimo vos será jubileu: não semearás [6] nem segarás o que n’elle nascer de si mesmo, nem n’elle vindimareis as uvas das separações,

12 Porque jubileu é, sancto será para vós: a novidade do campo [7] comereis.

13 N’este [8] anno do jubileu tornareis cada um á sua possessão.

14 E quando venderdes alguma coisa ao vosso proximo, ou a comprardes da mão do vosso proximo, ninguem opprima [9] a seu irmão:

15 Conforme ao numero dos annos desde o jubileu, [10] comprarás ao teu proximo; e conforme ao numero dos annos das novidades, elle a venderá a ti.

16 Conforme á multidão dos annos, augmentarás o seu preço, e conforme á diminuição dos annos abaixarás o seu preço; porque conforme ao numero das novidades é que elle te vende.

17 Ninguem pois opprima [11] ao seu proximo; mas terás temor do teu Deus: porque Eu sou o Senhor vosso Deus.

18 E fazei os meus [12] estatutos, e guardae os meus juizos, e fazei-os: assim habitareis [13] seguros na terra.

19 E a terra dará o seu fructo, e comereis a [14] fartar, e n’ella habitareis seguros.

20 E se disserdes: Que comeremos no [15] anno setimo? eis que não havemos de semear [16] nem colher a nossa novidade;

21 Então eu mandarei [17] a minha benção sobre vós no sexto anno, para que dê fructo por tres annos.

22 E no oitavo anno semeareis, [18] e comereis da novidade velha até ao anno nono: até que venha a sua novidade, comereis a velha.

23 Tambem a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha: pois [19] vós sois estrangeiros e peregrinos comigo.

24 Portanto em toda a terra da vossa possessão dareis resgate á terra.

25 Quando teu irmão [20] empobrecer e vender alguma porção da sua possessão, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que vendeu seu irmão.

26 E se alguem não tiver resgatador, porém a sua mão alcançar e achar o que basta para o seu resgate,

27 Então contará [21] os annos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem o vendeu, e tornará á sua possessão.

28 Mas, se a sua mão não alcançar o que basta para restituir-lh’a, então a que fôr vendida ficará na mão do comprador até ao anno do jubileu: [22] porém no anno do jubileu sairá, e elle tornará á sua possessão.

29 E, quando algum vender uma casa de moradia em cidade murada, então a pode resgatar até que se cumpra o anno da sua venda; durante um anno inteiro será licito o seu resgate.

30 Mas, se, cumprindo-se-lhe um anno inteiro, ainda não fôr resgatada, então a casa, que estiver na cidade que tem muro, em perpetuidade ficará ao que a comprou, pelas suas gerações: não sairá no jubileu.

31 Mas as casas das aldeias que não teem muro em roda serão estimadas como o campo da terra: para ellas haverá resgate, e sairão no jubileu.

32 Mas, tocante ás cidades dos levitas, ás casas das cidades [23] da sua possessão, direito perpetuo de resgate terão os levitas.

33 E, havendo feito resgate um dos levitas, então a compra da casa e da cidade da sua possessão sairá no jubileu: [24] porque as casas das cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel.

34 Mas o campo do arrabalde das suas cidades [25] não se venderá, porque lhes é possessão perpetua.

[124]

35 E, quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decairem, então sustental-o-has, [26] como estrangeiro e peregrino, para que viva comtigo.

36 Não tomarás d’elle usura [27] nem ganho; mas do teu Deus terás temor, [28] para que teu irmão viva comtigo.

37 Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar por interesse.

38 Eu [29] sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto, para vos dar a terra de Canaan, para ser vosso Deus.

39 Quando tambem teu irmão empobrecer, estando elle comtigo, e se vender a ti, [30] não o farás servir serviço de escravo.

40 Como jornaleiro, como peregrino estará comtigo; até ao anno do jubileu te servirá:

41 Então sairá do teu serviço, elle e seus filhos com elle, e tornará á sua familia, [31] e á possessão de seus paes tornará.

42 Porque são meus [32] servos, que tirei da terra do Egypto: não serão vendidos como se vendem os escravos.

43 Não te assenhorearás d’elle com rigor, mas do teu Deus [33] terás temor.

44 E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; d’elles comprareis escravos e escravas.

45 Tambem os comprareis dos filhos dos forasteiros [34] que peregrinam entre vós, d’elles e das suas gerações que estiverem comvosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.

46 E possuil-os-heis por [35] herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir: [36] mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, cada um sobre seu irmão, não vos assenhoreareis d’elle com rigor.

47 E quando a mão do estrangeiro e peregrino que está comtigo alcançar riqueza, e teu irmão, que está com elle, [37] empobrecer, e se vender ao estrangeiro ou peregrino que está comtigo, ou á raça da linhagem do estrangeiro.

48 Depois que se houver vendido, haverá resgate para elle: um de seus irmãos [38] o resgatará;

49 Ou seu tio, ou o filho de seu tio o resgatará; ou um dos seus parentes, da sua familia, o resgatará; ou, se a sua mão alcançar riqueza, [39] se resgatará a si mesmo.

50 E contará com aquelle que o comprou, desde o anno que se vendeu a elle até ao anno do jubileu, e o dinheiro da sua venda será conforme ao numero dos annos: conforme [40] aos dias de um jornaleiro estará com elle.

51 Se ainda muitos annos faltarem, conforme a elles restituirá o seu resgate do dinheiro pelo qual foi vendido,

52 E se ainda restarem poucos annos até ao anno do jubileu, então fará contas com elle: segundo os seus annos restituirá o seu resgate.

53 Como jornaleiro, de anno em anno, estará com elle: não se assenhoreará sobre elle com rigor diante dos teus olhos.

54 E, se d’esta sorte se não [41] resgatar, sairá no anno do jubileu, elle e seus filhos com elle.

55 Porque [42] os filhos de Israel me são servos; meus servos são elles, que tirei da terra do Egypto: Eu sou o Senhor vosso Deus.

[1] Exo. 23.10. cap. 26.34, 35. II Chr. 36.21.

[2] II Reis 19.29.

[3] cap. 23.24, 27.

[4] Isa. 61.2 e 63.4. Jer. 34.8, 15, 17. Luc. 4.19.

[5] ver. 13. Num. 36.4.

[6] ver. 5.

[7] ver. 6, 7.

[8] ver. 10. cap. 27.24. Num. 36.4.

[9] ver. 17. cap. 19.13. I Sam. 12.3, 4. Miq. 2.2. I Cor. 6.8.

[10] cap. 27.18, 23.

[11] ver. 14, 43. cap. 19.14, 32.

[12] cap. 19.37.

[13] cap. 26.5. Deu. 12.10. Psa. 3.8. Pro. 1.33. Jer. 23.6.

[14] cap. 26.5. Eze. 34.25, 27, 28.

[15] Mat. 6.25, 31.

[16] ver. 4, 5.

[17] Deu. 28.8.

[18] II Reis 19.29. Jos. 5.11, 12.

[19] I Chr. 29.15. Psa. 39.12 e 119.19. I Ped. 2.11.

[20] Ruth 2.20 e 4.4, 6 e 3.2, 9, 12. Jer. 32.7, 8.

[21] ver. 50, 51, 52.

[22] ver. 13.

[23] Num. 35.2. Jos. 21.2, etc.

[24] ver. 28.

[25] Act. 4.36, 37.

[26] Deu. 15.7, 8. Psa. 37.26 e 41.2 e 112.5, 9. Pro. 14.31. Luc. 6.35. Act. 11.29. Rom. 12.10. I João 3.17.

[27] Exo. 22.25. Deu. 23.19. Neh. 5.7. Psa. 15.5. Pro. 28.8. Eze. 18.8, 13, 17 e 22.12.

[28] ver. 17. Neh. 5.9.

[29] cap. 22.32, 33.

[30] Exo. 21.2. Deu. 15.12. I Reis 9.22. II Reis 4.1. Neh. 5.5. Jer. 34.14.

[31] Exo. 21.3. ver. 28.

[32] ver. 55. Rom. 6.22. I Cor. 7.23.

[33] Eph. 6.9. Col. 4.1. ver. 46. Exo. 1.13. ver. 17. Exo. 1.17, 21. Deu. 25.18. Mal. 3.5.

[34] Isa. 56.3, 6.

[35] Isa. 14.2.

[36] ver. 43.

[37] ver. 25, 35.

[38] Neh. 5.5.

[39] ver. 26.

[40] Job 7.1. Isa. 16.14 e 21.26.

[41] ver. 41. Exo. 21.2, 3.

[42] ver. 42.

Mandamentos, promessas e ameaças.

26 Não fareis para vós idolos, [1] nem vos levantareis imagem de esculptura nem [GN] estatua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ella: porque Eu sou o Senhor vosso Deus.

2 Guardareis [2] os meus sabbados, e reverenciareis o meu sanctuario: Eu sou o Senhor.

3 Se [3] andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os fizerdes,

4 Então eu vos darei as vossas chuvas [4] a seu tempo; e a terra dará a sua novidade, e a arvore do campo dará o seu fructo:

5 E a debulha se vos chegará á [5] vindima, e a vindima se chegará á sementeira: [6] e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra.

[125]

6 Tambem darei paz [7] na terra, e dormireis seguros, e não haverá quem vos espante: [8] e farei cessar as más bestas da terra, e pela vossa terra não passará espada.

7 E perseguireis os vossos inimigos, e cairão á espada diante de vós.

8 Cinco [9] de vós perseguirão um cento, e cem de vós perseguirão dez mil; e os vossos inimigos cairão á espada diante de vós.

9 E para vós olharei, [10] e vos farei fructificar, e vos multiplicarei, e confirmarei o meu concerto comvosco.

10 E comereis o deposito velho, depois [11] de envelhecido; e tirareis fóra o velho por causa do novo.

11 E porei [12] o meu tabernaculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se [13] enfadará.

12 E andarei [14] no meio de vós, e eu vos serei por Deus, e vós me sereis por povo.

13 Eu sou [15] o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra dos egypcios, para que não fosseis seus escravos: e quebrantei [16] os timões do vosso jugo, e vos fiz andar direitos.

14 Mas, se [17] me não ouvirdes, e não fizerdes todos estes mandamentos,

15 E se rejeitardes [18] os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus juizos, não fazendo todos os meus mandamentos, para invalidar o meu concerto.

16 Então eu tambem vos farei isto: porei sobre vós terror, a tisica e a febre ardente, [19] que consumam os olhos e atormentem a alma: e semeareis debalde [20] a vossa semente, e os vossos inimigos a comerão.

17 E porei [21] a minha face contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos [22] aborrecerem de vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguem vos perseguir.

18 E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu proseguirei a castigar-vos [23] sete vezes mais por causa dos vossos peccados.

19 Porque quebrantarei [24] a soberba da vossa força; e farei que os vossos céus sejam como ferro e a vossa terra como cobre.

20 E debalde se gastará a sua força: [25] a vossa terra não dará a sua novidade, e as arvores da terra não darão o seu fructo.

21 E se andardes contrariamente para comigo, e não me quizerdes ouvir, trazer-vos-hei pragas sete vezes mais, conforme aos vossos peccados.

22 Porque enviarei [26] entre vós as feras do campo, as quaes vos destilharão, e desfarão o vosso gado, e vos apoucarão; e os vossos caminhos [27] serão desertos.

23 Se ainda com estas coisas não fôrdes [28] restaurados por mim, mas ainda andardes contrariamente comigo,

24 Eu tambem comvosco andarei contrariamente, [29] e eu, mesmo eu, vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos peccados.

25 Porque trarei sobre vós a espada, que executará [30] a vingança do concerto; e ajuntados estareis nas vossas cidades: então enviarei [31] a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.

26 Quando eu vos quebrantar [32] o sustento do pão, então dez mulheres cozerão o vosso pão n’um forno, e tornar-vos-hão o vosso pão por peso; e comereis, mas não vos [33] fartareis.

27 E se [34] com isto me não ouvirdes, mas ainda andardes contrariamente comigo,

28 Tambem eu comvosco andarei contrariamente [35] em furor; e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos peccados.

29 Porque comereis [36] a carne de vossos filhos, e a carne de vossas filhas comereis.

30 E destruirei [37] os vossos altos, e desfarei as vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadaveres sobre os cadaveres mortos [38] dos vossos deuses; a minha alma se enfadará de vós.

31 E porei as vossas cidades por deserto, [39] e assolarei os vossos sanctuarios, e não cheirarei o vosso cheiro suave.

[126]

32 E assolarei a [40] terra e se espantarão d’isso os vossos inimigos que n’ella morarem.

33 E vos espalharei entre [41] as nações, e desembainharei a espada após de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas.

34 Então [42] a terra folgará nos seus sabbados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descançará, e folgará nos seus sabbados.

35 Todos os dias da assolação descançará, porque não descançou nos vossos sabbados, [43] quando habitaveis n’ella.

36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu metterei tal pavor [44] nos seus corações, nas terras dos seus inimigos, que o sonido d’uma folha movida os perseguirá; e fugirão como de fugida da espada; e cairão sem ninguem os perseguir.

37 E cairão [45] uns sobre os outros como de diante da espada, sem ninguem os perseguir; e não podereis parar diante [46] dos vossos inimigos.

38 E perecereis entre as gentes, e a terra dos vossos inimigos vos consumirá.

39 E aquelles que entre vós ficarem se derreterão [47] pela sua iniquidade nas terras dos vossos inimigos, e pela iniquidade de seus paes com elles se derreterão.

40 Então confessarão [48] a sua iniquidade, e a iniquidade de seus paes, com os seus trespassos, com que trespassaram contra mim; como tambem elles andaram contrariamente para comigo,

41 Eu tambem andei com elles contrariamente, e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se então o seu coração [49] incircumciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,

42 Tambem eu me lembrarei [50] do meu concerto com Jacob, e tambem do meu concerto com Isaac, e tambem do meu concerto com Abrahão me lembrarei, e da terra me lembrarei.

43 E a terra será desamparada d’elles, e [51] folgará nos seus sabbados, sendo assolada por causa d’elles; e tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus juizos e a sua alma se enfastiou dos meus estatutos.

44 E, demais d’isto tambem, estando elles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei [52] nem me enfadarei d’elles, para consumil-os e invalidar o meu concerto com elles, porque Eu sou o Senhor seu Deus.

45 Antes por amor d’elles me lembrarei [53] do concerto com os seus antepassados, que tirei da terra do Egypto perante os olhos das nações, para lhes ser por Deus: Eu sou o Senhor.

46 Estes são os estatutos, [54] e os juizos, e as leis que deu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moysés.

[1] Exo. 20.4, 5. Deu. 5.8 e 16.22.

[2] cap. 19.30.

[3] Deu. 11.13 e 28.1-14.

[4] Isa. 30.26. Eze. 30.26. Joel 2.23. Eze. 34.26 e 36.30. Zac. 8.12.

[5] Amós 9.13.

[6] cap. 25.19. Deu. 11.15. Joel 2.19, 26. cap. 25.18. Job 11.18. Eze. 34.25.

[7] I Sam. 29.9. Psa. 29.11 e 146.14. Isa. 45.7. Agg. 2.9. Job 11.19. Isa. 35.9. Jer. 30.10. Ose. 2.18. Sof. 3.13.

[8] II Reis 17.25.

[9] Deu. 32.30. Jos. 23.10.

[10] Exo. 2.25. I Reis 13.23. Gen. 17.6. Neh. 9.23.

[11] cap. 25.22.

[12] Exo. 25.8. Jos. 22.19. Psa. 76.2. Eze. 37.26. Apo. 21.3.

[13] cap. 20.23. Deu. 32.19.

[14] II Cor. 6.16. Exo. 6.7. Jer. 7.23 e 11.4. Eze. 11.20 e 36.28.

[15] cap. 25.38.

[16] Jer. 2.20. Eze. 34.27.

[17] Deu. 28.15. Lam. 2.17. Mal. 2.2.

[18] ver. 43. II Reis 17.15.

[19] Deu. 28.65 e 32.25. Jer. 15.8. Deu. 28.22. I Sam. 2.33.

[20] Deu. 28.33. Job 31.8. Jer. 5.17 e 12.13. Miq. 6.15.

[21] cap. 17.10. Deu. 28.25. Jui. 2.14. Jer. 19.7.

[22] Psa. 106.41. Pro. 28.1.

[23] I Sam. 2.5. Pro. 24.16.

[24] Isa. 25.11 e 25.5. Eze. 7.24 e 30.6. Deu. 28.23.

[25] Psa. 127.1. Isa. 49.4. Deu. 11.17. Agg. 1.10.

[26] Deu. 32.24. II Reis 17.25. Eze. 5.17 e 14.15.

[27] Jui. 5.6. II Chr. 15.5. Isa. 33.8. Zac. 7.14.

[28] Jer. 2.30. Amós 4.6-12.

[29] II Sam. 22.27.

[30] Eze. 5.17 e 6.3 e 14.17 e 29.8 e 32.2.

[31] Num. 14.12. Deu. 28.21. Jer. 14.12 e 24.10. Amós 4.10.

[32] Psa. 105.16. Isa. 3.1. Eze. 4.16 e 5.16.

[33] Isa. 9.20. Miq. 6.14. Agg. 1.6.

[34] ver. 21, 24.

[35] Isa. 59.18 e 63.3. Jer. 21.5. Eze. 5.13, 15.

[36] Deu. 28.53. II Reis 6.29. Lam. 4.10. Eze. 5.10.

[37] II Chr. 34.3, 4, 7. Isa. 27.9. Eze. 6.3-13.

[38] II Reis 23.20. II Chr. 34.5. cap. 20.23. Psa. 78.58. Jer. 14.19.

[39] Neh. 2.3. Jer. 4.7. Lam. 1.10. Eze. 9.6.

[40] Jer. 9.11 e 25.11, 18. Deu. 28.37. I Reis 9.8. Eze. 5.15.

[41] Deu. 4.27 e 28.64. Psa. 44.12. Jer. 9.16. Eze. 12.15. Zac. 7.14.

[42] II Chr. 36.21.

[43] cap. 25.2.

[44] Eze. 21.7. Job 15.21. Pro. 28.1.

[45] Isa. 10.4. Jui. 7.22. I Sam. 14.15.

[46] Jos. 7.12. Jui. 2.14.

[47] Deu. 4.27. Neh. 1.8. Jer. 3.25. Eze. 4.71 e 6.9 e 20.43. Ose. 5.15. Zac. 10.9.

[48] Num. 5.7. I Reis 8.33, 35, 47. Neh. 9.2. Pro. 28.13. Dan. 9.3, 4. Luc. 15.18. I João 1.9.

[49] Jer. 9.25, 26. Eze. 44.7. Act. 7.31. Rom. 2.29. Col. 2.11. I Reis 21.29. II Chr. 12 e 32.26.

[50] Exo. 2.24 e 6.5. Psa. 106.45. Eze. 16.60.

[51] ver. 15, 34, 35.

[52] Deu. 4.31. II Reis 13.23. Rom. 11.2.

[53] Rom. 11.28. cap. 22.33 e 25.38. Eze. 20.9.

[54] cap. 27.34. Deu. 6.1 e 12.1 e 33.4. João 1.17. cap. 25.1.

Votos particulares e a avaliação d’elles.

27 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguem fizer particular voto, [1] segundo a tua avaliação serão as pessoas ao Senhor.

3 Se fôr a tua avaliação d’um macho, da edade de vinte annos até á edade de sessenta, será a tua avaliação de cincoenta siclos de prata, segundo o siclo [2] do sanctuario.

4 Porém, se fôr femea, a tua avaliação será de trinta siclos.

5 E, se fôr de cinco annos até vinte, a tua avaliação d’um macho será vinte siclos, e da femea dez siclos.

6 E, se fôr d’um mez até cinco annos, a tua avaliação d’um macho será de cinco siclos de prata, e a tua avaliação pela femea será de tres siclos de prata.

7 E, se fôr de sessenta annos e acima, pelo macho a tua avaliação será de quinze siclos, e pela femea dez siclos.

8 Mas, se fôr mais pobre do que a tua avaliação, então apresentar-se-ha diante do sacerdote, para que o sacerdote o avalie: conforme ao que alcançar a mão do que fez o voto, o avaliará o sacerdote.

9 E, se fôr animal de que se offerece offerta ao Senhor, tudo quanto der d’elle ao Senhor será sancto.

10 Não o mudará, nem o trocará bom por mau, ou mau por bom: se porém em alguma maneira trocar animal por animal, o tal e o trocado serão ambos sanctos.

[127]

11 E, se fôr algum animal immundo, dos que se não offerecem em offerta ao Senhor, então apresentará o animal diante do sacerdote,

12 E o sacerdote o avaliará, seja bom ou seja mau: segundo a avaliação do sacerdote, assim será.

13 Porém, se em alguma maneira o resgatar, então [3] accrescentará o seu quinto além da tua avaliação.

14 E quando algum sanctificar a sua casa para ser sancta ao Senhor, o sacerdote a avaliará, seja boa ou seja má: como o sacerdote a avaliar, assim será.

15 Mas, se o que sanctificou resgatar a sua casa, então accrescentará o quinto a mais do dinheiro da tua avaliação, e será sua.

Voto d’um campo e o resgate d’elle.

16 Se tambem algum sanctificar ao Senhor [4] uma parte do campo da sua possessão, então a tua avaliação será segundo a sua semente: um homer de semente de cevada será avaliado por cincoenta siclos de prata.

17 Se sanctificar o seu campo desde o anno do jubileu, conforme á tua avaliação ficará.

18 Mas, se sanctificar o seu campo depois do anno do jubileu, então o sacerdote lhe contará o [5] dinheiro conforme aos annos restantes até ao anno do jubileu, e isto se abaterá da tua avaliação.

19 E se [6] aquelle que sanctificou o campo d’alguma maneira o resgatar, então accrescentará o quinto, a mais do dinheiro da tua avaliação, e lhe ficará.

20 E se não resgatar o campo, ou se vender o campo a outro homem, nunca mais se resgatará.

21 Porém, havendo o campo [7] saido no anno do jubileu, será sancto ao Senhor, como campo consagrado: [8] a possessão d’elle será do sacerdote.

22 E se sanctificar ao Senhor o campo que comprou, e não fôr do campo da sua [9] possessão,

23 Então o sacerdote [10] lhe contará a somma da tua avaliação até ao anno do jubileu; e no mesmo dia dará a tua avaliação por [GO] sanctidade ao Senhor.

24 No anno do jubileu [11] o campo tornará áquelle de quem o comprou, áquelle cuja era a possessão do campo.

25 E toda a tua avaliação se fará conforme ao siclo do sanctuario: o siclo será de [12] vinte geras.

26 Mas o que primeiro nascer d’um animal, [13] ninguem ao Senhor sanctificará; seja boi ou gado miudo, do Senhor é.

27 Mas, se fôr d’um animal immundo, o resgatará, segundo a tua estimação, e sobre elle [14] accrescentará o seu quinto: e, se não se resgatar, vender-se-ha segundo a tua estimação.

Não ha resgate para as coisas consagradas.

28 Todavia, nenhuma coisa consagrada, [15] que algum consagrar ao Senhor de tudo o que tem, d’homem, ou d’animal, ou do campo da sua possessão, se venderá nem resgatará: toda a coisa consagrada será uma coisa sanctissima ao Senhor.

29 Toda a coisa consagrada [16] que fôr consagrada do homem, não será resgatada: certamente morrerá.

30 Tambem todas as dizimas [17] do campo, da semente do campo, do fructo das arvores, são do Senhor: sanctas são ao Senhor.

31 Porém, se algum [18] das suas dizimas resgatar alguma coisa, accrescentará o seu quinto sobre ella.

32 Tocante a todas as dizimas de vaccas e ovelhas, tudo o que passar debaixo da vara, [19] o dizimo será sancto ao Senhor.

33 Não esquadrinhará entre o bom e o mau, [20] nem o trocará: mas, se em alguma maneira o trocar, o tal e o trocado será sancto; não será resgatado.

34 Estes são os mandamentos [21] que o Senhor ordenou a Moysés, para os filhos de Israel, no monte de Sinai.

[1] Num. 6.2. Jui. 11.30, 31, 39. I Sam. 1.11, 28.

[2] Exo. 30.13.

[3] ver. 15, 19.

[4] ver. 13.

[5] cap. 25.15, 16.

[6] ver. 13.

[7] cap. 25.10. ver. 28.

[8] Num. 14.14. Eze. 44.29.

[9] cap. 25.25.

[10] ver. 18.

[11] cap. 25.28.

[12] Exo. 30.13.

[13] Exo. 13.2, 12 e 22.30. Deu. 15.19.

[14] ver. 11-13.

[15] ver. 21.

[16] Num. 21.2.

[17] Gen. 28.22. Num. 13.21. II Chr. 31.5, 6, 12. Neh. 13.12. Mal. 3.8.

[18] ver. 13.

[19] Jer. 33.13. Eze. 20.37. Miq. 7.14.

[20] ver. 10.

[21] cap. 26.46.

[128]


O QUARTO LIVRO DE MOYSÉS
CHAMADO

NUMEROS.

Deus manda Moysés numerar as tribus.

1 Fallou mais o Senhor a Moysés no deserto [1] de Sinai, na tenda da congregação, no primeiro dia do mez segundo no segundo anno da sua saida da terra do Egypto, dizendo:

2 Tomae [2] a somma de toda a congregação dos filhos d’Israel, segundo as suas gerações, segundo a casa de seus paes, no numero dos nomes de todo o macho, cabeça por cabeça;

3 Da edade de vinte annos e para cima, todos os que saem á guerra em Israel: a estes contareis segundo os seus exercitos, tu e Aarão.

4 Estará comvosco de cada tribu um homem que seja cabeça da casa de seus paes,

5 Estes pois são os nomes dos homens que estarão comvosco: De Ruben, Elizur, filho de Sedeur;

6 De Simeão, Selumiel, filho de Surisaddai;

7 De Judah, Naasson, filho de Amminadab;

8 D’Issacar, Nathanael, filho de Suhar;

9 De Zebulon, Eliab, filho de Helon;

10 Dos filhos de José: d’Ephraim; Elisama, filho d’Ammihud; de Manasseh, Gamaliel, filho de Pedazur;

11 De Benjamin, Abidan, filho de Gideoni;

12 De Dan, Ahieser, filho de Ammisaddai;

13 De Aser, Pagiel, filho d’Ochran;

14 De Gad, Eliasaph, filho de [3] Dehuel;

15 De Naphtali, Ahira, filho d’Enan.

16 Estes foram os chamados da congregação, os principes [4] das tribus de seus paes, os Cabeças dos milhares d’Israel.

17 Então tomaram Moysés e Aarão a estes homens, que foram declarados pelos seus nomes.

18 E ajuntaram toda a congregação no primeiro dia do mez segundo, e declararam a sua descendencia segundo as suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, cabeça por cabeça;

19 Como o Senhor ordenara a Moysés, assim os contou no deserto de Sinai.

20 Foram pois os filhos de Ruben, o primogenito d’Israel; as suas gerações pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes, cabeça por cabeça, todo o macho de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra;

21 Foram contados d’elles, da tribu de Ruben, quarenta e seis mil e quinhentos.

22 Dos filhos de Simeão, as suas gerações pelas suas familias, segundo a casa dos seus paes; os seus contados, pelo numero dos nomes, cabeça por cabeça, todo o macho de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

23 Foram contados d’elles, da tribu de Simeão, cincoenta e nove mil e trezentos.

24 Dos filhos de Gad, as suas gerações pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

25 Foram contados d’elles, da tribu de Gad, quarenta e cinco mil e seiscentos e cincoenta.

26 Dos filhos de Judah, as suas gerações pelas suas familias, segundo a casa de seus paes; pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

27 Foram contados d’elles, da tribu de Judah, setenta e quatro mil e seiscentos.

28 Dos filhos d’Issacar, as suas gerações pelas suas familias, segundo a casa[129] de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

29 Foram contados d’elles, da tribu d’Issacar, cincoenta e quatro mil e quatrocentos.

30 Dos filhos de Zebulon, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

31 Foram contados d’elles, da tribu de Zebulon, cincoenta e sete mil e quatrocentos.

32 Dos filhos de José, dos filhos d’Ephraim, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

33 Foram contados d’elles, da tribu d’Ephraim, quarenta mil e quinhentos.

34 Dos filhos de Manasseh, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

35 Foram contados d’elles, da tribu de Manasseh, trinta e dois mil e duzentos.

36 Dos filhos de Benjamin, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

37 Foram contados d’elles, da tribu de Benjamin, trinta e cinco mil e quatrocentos.

38 Dos filhos de Dan, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

39 Foram contados d’elles, da tribu de Dan, sessenta e dois mil e setecentos.

40 Dos filhos d’Aser, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

41 Foram contados d’elles, da tribu d’Aser, quarenta e um mil e quinhentos.

42 Dos filhos de Naphtali, as suas gerações, pelas suas familias, segundo a casa de seus paes, pelo numero dos nomes dos de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra,

43 Foram contados d’elles, da tribu de Naphtali, cincoenta e tres mil e quatrocentos.

44 Estes [5] foram os contados, que contou Moysés e Aarão, e os principes d’Israel, doze homens, cada um era pela casa de seus paes.

45 Assim foram todos os contados dos filhos d’Israel, segundo a casa de seus paes, de vinte annos e para cima, todos os que podiam sair á guerra em Israel;

46 Todos os contados pois foram seiscentos [6] e tres mil e quinhentos e cincoenta.

Os levitas não são contados.

47 Mas os levitas, [7] segundo a tribu de seus paes, não foram contados entre elles,

48 Porquanto o Senhor tinha fallado a Moysés, dizendo:

49 Porém não contarás [8] a tribu de Levi, nem tomarás a somma d’elles entre os filhos d’Israel:

50 Mas tu [9] põe os levitas sobre o tabernaculo do testemunho, e sobre todos os seus vasos, e sobre tudo o que pertence a elle: elles levarão o tabernaculo e todos os seus vasos; e elles o administrarão, e assentarão o seu arraial ao [10] redor do tabernaculo.

51 E, quando o tabernaculo [11] partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernaculo assentar no arraial, os levitas o armarão; e o estranho [12] que se chegar morrerá.

52 E os filhos d’Israel assentarão as suas tendas, [13] cada um no seu esquadrão, e cada um junto á sua bandeira, segundo os seus exercitos.

53 Mas os levitas assentarão as suas tendas ao redor do tabernaculo do [14] testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação dos filhos d’Israel, [15] pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernaculo do testemunho.

54 Assim fizeram os filhos d’Israel: conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés, assim o fizeram.

[1] Exo. 19.1. cap. 10.12. Exo. 25.22.

[2] Exo. 30.12. cap. 26.2, 63, 64. II Sam. 24.2. I Chr. 21.2.

[3] cap. 2.14.

[4] cap. 7.2. I Chr. 27.16. Exo. 18.21.

[5] cap. 26.64.

[6] Exo. 38.26 e 12.37. cap. 2.32 e 26.51.

[7] cap. 2.33. I Chr. 21.6.

[8] cap. 26.62.

[9] Exo. 38.21. cap. 3.7, 8 e 4.15, 25.

[10] cap. 3.23, 29, 35, 38.

[11] cap. 10.17, 21.

[12] cap. 3.10, 38 e 18.22.

[13] cap. 2.2, 34.

[14] Lev. 10.6. cap. 8.19 e 16.46 e 18.5. I Sam. 6.19.

[15] cap. 8.24, 25, 26 e 31.30, 47. I Chr. 23.32. II Chr. 13.11.

A ordem das tribus no acampamento.

2 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Os filhos [1] d’Israel assentarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insignias da casa de seus paes; ao redor, defronte da tenda da congregação, assentarão as suas tendas.

3 Os que assentarem as suas tendas da banda do oriente para o nascente serão os da bandeira do exercito de Judah,[130] segundo os seus esquadrões, [2] e Naasson, filho d’Amminadab, será principe dos filhos de Judah.

4 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram setenta e quatro mil e seiscentos.

5 E junto a elle assentará as suas tendas a tribu d’Issacar, e Nathanael, filho de Suhar, será principe dos filhos d’Issacar.

6 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram cincoenta e quatro mil e quatrocentos.

7 Depois a tribu de Zebulon; e Eliab, filho de Helon, será principe dos filhos de Zebulon.

8 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram cincoenta e sete mil e quatrocentos.

9 Todos os que foram contados do exercito de Judah, cento e oitenta e seis mil e quatrocentos, segundo os seus esquadrões, [3] estes marcharão os primeiros.

10 A bandeira do exercito de Ruben, segundo os seus esquadrões, estará para a banda do sul: e Eliasur, filho de Sedeur, será principe dos filhos de Ruben.

11 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles foram quarenta e seis mil e quinhentos.

12 E junto a elle assentará as suas tendas a tribu de Simeão; e Selumiel, filho de Surisaddai, será principe dos filhos de Simeão.

13 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram cincoenta e nove mil e trezentos.

14 Depois a tribu de Gad; e Eliasaph, filho de Rehuel, [4] será principe dos filhos de Gad.

15 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram quarenta e cinco mil e seiscentos e cincoenta.

16 Todos os que foram contados no exercito de Ruben foram cento e cincoenta e um mil e quatrocentos e cincoenta, segundo os seus esquadrões: e estes [5] marcharão, os segundos.

17 Então partirá a tenda da congregação [6] com o exercito dos levitas no meio dos exercitos: como assentaram as suas tendas, assim marcharão, cada um no seu logar, segundo as suas bandeiras.

18 A bandeira do exercito d’Ephraim, segundo os seus esquadrões, estará para a banda do occidente; e Elisama, filho d’Ammihud, será principe dos filhos d’Ephraim.

19 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram quarenta mil e quinhentos.

20 E junto a elle a tribu de Manasseh: e Gamaliel, filho de Pedazur, será principe dos filhos de Manasseh.

21 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram trinta e dois mil e duzentos.

22 Depois a tribu de Benjamin: e Abidan, filho de Gideoni, será principe dos filhos de Benjamin,

23 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram trinta e cinco mil e quatrocentos.

24 Todos os que foram contados no exercito de Ephraim foram cento e oito mil e cem, segundo os seus esquadrões: e estes [7] marcharão os terceiros.

25 A bandeira do exercito de Dan estará para o norte, segundo os seus esquadrões: e Ahiezer, filho de Ammisaddai, será principe dos filhos de Dan.

26 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram sessenta e dois mil e setecentos.

27 E junto a elle assentará as suas tendas a tribu de Aser: e Pagiel, filho de Ochran, será principe dos filhos de Aser.

28 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram quarenta e um mil e quinhentos.

29 Depois a tribu de Naphtali: e Ahira, filho de Enan, será principe dos filhos de Naphtali.

30 E o seu exercito, e os que foram contados d’elles, foram cincoenta e tres mil e quatrocentos.

31 Todos os que foram contados no exercito de Dan foram cento e cincoenta e sete mil e seiscentos: estes marcharão [8] no ultimo logar, segundo as suas bandeiras.

32 Estes são os que foram contados dos filhos de Israel, segundo a casa de seus paes: todos os que foram contados dos exercitos pelos seus esquadrões foram [9] seiscentos e tres mil e quinhentos e cincoenta.

33 Mas os levitas [10] não foram contados entre os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moysés.

34 E os filhos de Israel fizeram conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés; assim [11] assentaram o arraial segundo as suas bandeiras, e assim marcharam, cada qual segundo as suas gerações, segundo a casa de seus paes.

[1] cap. 1.52. Jos. 3.4.

[2] cap. 10.14. Ruth 4.20. I Chr. 2.10. Mat. 1.4. Luc. 3.32.

[3] cap. 10.14.

[4] cap. 1.14 e 7.42.

[5] cap. 10.18.

[6] cap. 10.17, 21.

[7] cap. 10.22.

[8] cap. 10.25.

[9] Exo. 38.26. cap. 1.46 e 11.21.

[10] cap. 1.47.

[11] cap. 24.2, 5, 6.

Os filhos de Aarão e os levitas são escolhidos para o serviço do tabernaculo.

3 E estas são as gerações de Aarão e de Moysés, no dia em que o Senhor[131] fallou com Moysés no monte de Sinai.

2 E estes são os nomes dos filhos de Aarão: o primogenito [1] Nadab; depois Abihu, Eleasar e Ithamar.

3 Estes são os nomes dos filhos de Aarão, [2] dos sacerdotes ungidos, cujas mãos foram sagradas para administrar o sacerdocio.

4 Mas [3] Nadab e Abihu morreram perante o Senhor, quando offereceram fogo estranho perante o Senhor no deserto de Sinai, e não tiveram filhos: porém Eleasar e Ithamar administraram o sacerdocio diante de Aarão, seu pae.

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Faze chegar [4] a tribu de Levi, e põe-n’a diante de Aarão, o sacerdote, para que o sirvam,

7 E tenham cuidado da sua guarda, e da guarda de toda [5] a congregação, diante da tenda da congregação, para administrar o ministerio do tabernaculo.

8 E tenham cuidado de todos os vasos da tenda da congregação, e da guarda dos filhos de Israel, para administrar o ministerio do tabernaculo.

9 Darás [6] pois os levitas a Aarão e a seus filhos: d’entre os filhos de Israel lhes são dados em dadiva.

10 Mas a Aarão e a seus filhos ordenarás que guardem o seu sacerdocio, [7] e estranho que chegar morrerá.

11 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

12 E eu, [8] eis que, tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em logar de todo o primogenito, que abre a madre, entre os filhos de Israel: e os levitas serão meus.

13 Porque todo o [9] primogenito meu é: desde o dia em que tenho ferido a todo o primogenito na terra do Egypto, sanctifiquei-me todo o primogenito em Israel, desde o homem até ao animal: meus serão; Eu sou o Senhor.

14 E fallou o Senhor a Moysés no deserto de Sinai, dizendo:

15 Conta os filhos de Levi, segundo a casa de seus paes, pelas suas gerações; contarás a todo [10] o macho da edade de um anno e para cima.

16 E Moysés os contou conforme ao mandado do Senhor, como lhe foi ordenado.

17 Estes pois foram os filhos [11] de Levi pelos seus nomes: Gerson, e Kohath e Merari.

18 E estes são os nomes dos filhos de Gerson pelas suas gerações; [12] Libni e Simei.

19 E os filhos de Kohath pelas suas gerações: Amram, [13] e Jizhar, Hebron e Uziel.

20 E os filhos de [14] Merari pelas suas gerações: Maheli e Musi: estas são as gerações dos levitas, segundo a casa de seus paes.

21 De Gerson é a geração dos libnitas e a geração dos simeitas: estas são as gerações dos gersonitas.

22 Os que d’elles foram contados pelo numero de todo o macho da edade de um mez e para cima, os que d’elles foram contados foram sete mil e quinhentos.

23 As gerações [15] dos gersonitas assentarão as suas tendas atraz do tabernaculo, ao occidente.

24 E o principe da casa paterna dos gersonitas será Eliasaph, filho de Lael.

25 E a guarda [16] dos filhos de Gerson na tenda da congregação será o tabernaculo, e a tenda, a [17] sua coberta, e o véu da porta da tenda da congregação,

26 E as cortinas do pateo, e o pavilhão da porta do pateo, que estão junto ao tabernaculo e junto ao altar, em redor: como tambem as suas cordas para todo o seu serviço.

27 E de Kohath [18] é a geração dos amramitas, e a geração dos jiznaritas, e a geração dos hebronitas, e a geração dos hussielitas: estas são as gerações dos kohathitas.

28 Pelo numero contado de todo o macho da edade de um mez e para cima, foram cito mil e seiscentos, que tinham cuidado da guarda do sanctuario.

29 As gerações dos filhos de Kohath assentarão [19] as suas tendas ao lado do tabernaculo, da banda do sul.

30 E o principe de casa paterna das gerações dos kohathitas será Elisaphan, filho de Ussiel.

31 E a sua guarda será a [20] arca, e a mesa, e o castiçal, e os altares, e os vasos do sanctuario com que ministram, e o véu com todo o seu serviço.

32 E o principe dos principes de Levi será Eleasar, filho de Aarão, o sacerdote: terá a superintendencia sobre os que teem cuidado da guarda do sanctuario.

33 De Merari é a geração dos mahelitas[132] e a geração dos musitas; estas são as gerações de Merari.

34 E os que d’elles foram contados pelo numero de todo o macho de um mez e para cima foram seis mil e duzentos.

35 E o principe da casa paterna das gerações de Merari será Suriel, filho de Abihail: assentarão [21] as suas tendas ao lado do tabernaculo, da banda do norte.

36 E o cargo [22] da guarda dos filhos de Merari serão as taboas do tabernaculo, e os seus varaes, e as suas columnas, e as suas bases, e todos os seus vasos, com todo o seu serviço,

37 E as columnas do pateo em redor, e as suas bases, e as suas estacas e as suas cordas.

38 E os que assentarão [23] as suas tendas diante do tabernaculo, ao oriente, diante da tenda da congregação, para a banda do nascente, serão Moysés e Aarão, com seus filhos, tendo o cuidado da guarda do sanctuario, pela guarda dos filhos de Israel: [24] e o estranho que se chegar morrerá.

39 Todos os que foram contados dos levitas, que contou [25] Moysés e Aarão, por mandado do Senhor, segundo as suas gerações, todo o macho de um mez e para cima, foram vinte e dois mil.

40 E disse o Senhor a Moysés: Conta [26] todo e primogenito macho dos filhos d’Israel, da edade d’um mez e para cima, e toma o numero dos seus nomes.

41 E para mim tomarás [27] os levitas (Eu sou o Senhor), em logar de todo o primogenito dos filhos d’Israel, e os animaes dos levitas, em logar de todo o primogenito entre os animaes dos filhos d’Israel.

42 E contou Moysés, como o Senhor lhe ordenara, todo o primogenito entre os filhos d’Israel.

43 E todos os primogenitos dos machos, pelo numero dos nomes dos da edade d’um mez e para cima, segundo os que foram contados d’elles, foram vinte e dois mil e duzentos e sessenta e tres.

44 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

45 Toma [28] os levitas em logar de todo o primogenito entre os filhos d’Israel, e os animaes dos levitas em logar dos seus animaes: porquanto os levitas serão meus: Eu sou o Senhor.

46 Quanto [29] aos duzentos e setenta e tres, que se houverem de resgatar, que sobrepujam [30] aos levitas dos primogenitos dos filhos d’Israel,

47 Tomarás por cada cabeça [31] cinco siclos: conforme ao siclo do sanctuario os tomarás, a vinte geras o [32] siclo.

48 E a Aarão e a seus filhos darás o dinheiro dos resgatados, dos que sobejam entre elles.

49 Então Moysés tomou o dinheiro do resgate dos que sobejaram sobre os resgatados pelos levitas.

50 Dos primogenitos dos filhos d’Israel tomou o dinheiro, [33] mil e trezentos e sessenta e cinco siclos, segundo o siclo do sanctuario.

51 E Moysés deu [34] o dinheiro dos resgatados a Aarão e a seus filhos, segundo o mandado do Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.

[1] Exo. 6.23.

[2] Exo. 28.41. Lev. 8.

[3] Lev. 10.1. cap. 26.61. I Chr. 24.2.

[4] cap. 8.6 e 18.2.

[5] cap. 1.50 e 8.11, 15, 24, 26.

[6] cap. 8.19.

[7] cap. 18.7. ver. 38. cap. 1.51 e 16.40.

[8] ver. 41. cap. 8.16 e 18.6.

[9] Exo. 13.2. Lev. 27.26. Luc. 2.23. Exo. 13.12, 15. cap. 8.17.

[10] ver. 39. cap. 26.62.

[11] Gen. 46.11. Exo. 6.16. cap. 26.57. I Chr. 6.1 e 23.6.

[12] Exo. 6.17.

[13] Exo. 6.18.

[14] Exo. 6.19.

[15] cap. 1.53.

[16] cap. 4.24-26.

[17] Exo. 25.9 e 26.1, 7.

[18] I Chr. 26.23.

[19] cap. 1.53.

[20] cap. 4.15. Exo. 25.10, 23, 31 e 27.1 e 30.1 e 26.32.

[21] cap. 1.53.

[22] cap. 4.31, 32.

[23] cap. 1.53 e 18.5. ver. 7, 8.

[24] ver. 10.

[25] cap. 26.62.

[26] ver. 15.

[27] ver. 12, 45.

[28] ver. 12, 41.

[29] Exo. 13.13. cap. 18.15.

[30] ver. 39, 43.

[31] Lev. 27.6. cap. 18.16.

[32] Exo. 30.13. Lev. 27.25. cap. 18.16. Eze. 45.12.

[33] ver. 46, 47.

[34] ver. 48.

Os deveres dos levitas.

4 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Toma a somma dos filhos de Kohath, do meio dos filhos de Levi, pelas suas gerações, segundo a casa de seus paes;

3 Da edade de [1] trinta annos e para cima até aos cincoenta annos será todo aquelle que entrar n’este exercito, para fazer obra na tenda da congregação.

4 Este será o ministerio [2] dos filhos de Kohath na tenda da congregação, nas coisas sanctissimas.

5 Quando partir o arraial, Aarão e seus filhos virão, e tirarão o véu da [3] coberta, e com elle cobrirão a arca do testemunho;

6 E pôr-lhe-hão por cima uma coberta de pelles de teixugos, e sobre ella estenderão um panno, todo d’azul, e lhe metterão [4] os varaes.

7 Tambem sobre a mesa da proposição estenderão um panno d’azul: e sobre ella porão os pratos [GP] os seus incensarios, e as taças e escudellas; tambem o pão continuo estará sobre ella.

8 Depois estenderão em cima d’elles um panno de carmezim, e com a coberta de pelles de teixugos o cobrirão, e lhe porão os seus varaes.

9 Então tomarão um panno d’azul, e cobrirão [5] o castiçal da luminaria, e as suas lampadas, [6] e [GQ] os seus espivitadores, e os seus apagadores, e todos os seus vasos d’azeite, com que o servem.

[133]

10 E metterão, a elle e a todos os seus vasos, na coberta de pelles de teixugos: e o porão sobre os varaes.

11 E sobre o [7] altar d’oiro estenderão um panno d’azul, e com a coberta de pelles de teixugos o cobrirão, e lhe porão os seus varaes.

12 Tambem tomarão todos os vasos do ministerio, com que servem no sanctuario; e os porão n’um panno d’azul, e os cobrirão com uma coberta de pelles de teixugos, e os porão sobre os varaes.

13 E tirarão as cinzas do altar, e por cima d’elle estenderão um panno de purpura.

14 E sobre elle porão todos os seus instrumentos com que o servem: os seus brazeiros, os garfos, e as pás, e as bacias; todos os vasos do altar: e por cima d’elle estenderão uma coberta de pelles de teixugos, e lhe porão os seus varaes.

15 Havendo pois Aarão e seus filhos, ao partir do arraial, acabado de cobrir o sanctuario, e todos os instrumentos do sanctuario, então [8] os filhos de Kohath virão para leval-o; mas no sanctuario não tocarão, para que não morram: este é o cargo dos filhos de Kohath na tenda da congregação.

16 Porém o cargo d’Eleasar, filho d’Aarão, o sacerdote, será [9] o azeite da luminaria, e o incenso aromatico, e a continua offerta dos manjares, e azeite da uncção, o cargo de todo o tabernaculo, e de tudo que n’elle ha, no sanctuario e nos seus vasos.

17 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

18 Não deixareis extirpar a tribu das gerações dos kohatitas do meio dos levitas.

19 Mas isto lhes fareis, para que vivam e não morram, [10] quando chegarem [GR] á Sanctidade das Sanctidades: Aarão e seus filhos virão, e a cada um porão no seu ministerio e no seu cargo.

20 Porem [11] não entrarão a ver, quando cobrirem o sanctuario, para que não morram.

21 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

22 Toma tambem a somma dos filhos de Gerson, segundo a casa de seus paes, segundo as suas gerações;

23 Da edade de trinta [12] annos e para cima, até aos cincoenta, contarás a todo aquelle que entrar a servir no seu serviço, para administrar o ministerio na tenda da congregação.

24 Este será o ministerio das gerações dos gersonitas, no serviço e no cargo.

25 Levarão pois as cortinas [13] do tabernaculo, e a tenda da congregação, e a sua coberta, e a coberta de pelles de teixugos, que está em cima sobre elle, e o véu da porta da tenda da congregação,

26 E as cortinas do pateo, e o véu da porta do pateo, que está junto ao tabernaculo, e junto ao altar em redor, e as suas cordas, e todos os instrumentos do seu ministerio, com tudo o que se adereçar para elles, para que ministrem.

27 Todo o ministerio dos filhos dos gersonitas, em todo o seu cargo, e em todo o seu ministerio, será segundo o mandado d’Aarão e de seus filhos: e lhes encommendareis em guarda todo o seu cargo.

28 Este é o ministerio das gerações dos filhos dos gersonitas na tenda da congregação: e a sua guarda será debaixo da mão d’Ithamar, filho d’Aarão, o sacerdote.

29 Quanto aos filhos de Merari, segundo as suas gerações e segundo a casa de seus paes os contarás;

30 Da edade de trinta [14] annos e para cima, até aos cincoenta, contarás a todo aquelle que entrar n’este serviço, para administrar o ministerio da tenda da congregação.

31 Esta pois será a guarda do seu cargo, [15] segundo todo o seu ministerio, na tenda da congregação: as taboas do tabernaculo, e os seus varaes, e as suas columnas, e as suas bases;

32 Como tambem as columnas do pateo em redor, e as suas bases, e as suas estacas, e as suas cordas, com todos [16] os seus instrumentos, e com todo o seu ministerio; e contareis os vasos da guarda do seu cargo, nome por nome.

33 Este é o ministerio das gerações dos filhos de Merari, segundo todo o seu ministerio, na tenda da congregação, debaixo da mão d’Ithamar, filho d’Aarão, o sacerdote.

34 Moysés, pois, [17] e Aarão e os principes da congregação contaram os filhos dos kohathitas, segundo as suas gerações e segundo a casa de seus paes;

35 Da edade de trinta annos e para cima, até ao cincoenta, todo aquelle que entrou n’este serviço, para o ministerio da tenda da congregação.

36 Os que d’elles foram contados, pois, segundo as sua gerações, foram dois mil e setecentos e cincoenta.

[134]

37 Estes são os que foram contados das gerações dos kohathitas, de todo aquelle que ministrava na tenda da congregação, os quaes contaram Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor pela mão de Moysés.

38 Similhantemente os que foram contados dos filhos de Gerson, segundo as suas gerações, e segundo a casa de seus paes,

39 Da edade de trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo aquelle que entrou n’este serviço, para o ministerio na tenda da congregação.

40 Os que d’elles foram contados, segundo as suas gerações, segundo a casa de seus paes, foram dois mil e seiscentos e trinta.

41 Estes são os contados das gerações dos filhos de Gerson, de todo aquelle que ministrava na tenda da congregação: [18] os quaes contaram Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor.

42 E os que foram contados das gerações dos filhos de Merari, segundo as suas gerações, segundo a casa de seus paes;

43 Da edade de trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo aquelle que entrou n’este serviço, para o ministerio na tenda da congregação.

44 Foram pois os que foram d’elles contados, segundo as suas gerações, tres mil e duzentos.

45 Estes são os contados das gerações dos filhos de Merari: os quaes contaram Moysés e Aarão, conforme ao mandado do Senhor, [19] pela mão de Moysés.

46 Todos os que d’elles foram contados, que contaram Moysés e Aarão, e os principes de Israel, dos levitas, segundo as suas gerações, segundo a casa de seus paes;

47 Da edade de [20] trinta annos e para cima, até aos cincoenta, todo aquelle que entrava a executar o ministerio da administração, e o ministerio do cargo na tenda da congregação.

48 Os que d’elles foram contados foram oito mil quinhentos e oitenta.

49 Conforme ao mandado do Senhor, pela mão de Moysés, foram contados, [21] cada qual segundo o seu ministerio, e segundo o seu cargo: e foram, os que d’elles foram contados, aquelles que [22] o Senhor ordenara a Moysés.

[1] cap. 8.24. I Chr. 23.3, 24, 27.

[2] ver. 15, 19.

[3] Exo. 26.31 e 25.10, 16.

[4] Exo. 25.13, 23, 29, 30. Lev. 24.6.

[5] Exo. 25.31.

[6] Exo. 25.37.

[7] Exo. 30.1, 3.

[8] cap. 7 e 9.10, 21. Deu. 31.9. II Sam. 6.13. I Chr. 15.2, 15. II Sam. 6.6. I Chr. 13.9. cap. 3.31.

[9] Exo. 25.6. Lev. 24.2. Exo. 30.34 e 29.40.

[10] ver. 4.

[11] Exo. 19.21. I Sam. 6.19.

[12] ver. 3.

[13] cap. 3.25, 26.

[14] ver. 3.

[15] cap. 3.36, 37. Exo. 26.15.

[16] Exo. 38.21.

[17] ver. 2.

[18] ver. 22.

[19] ver. 29.

[20] ver. 3, 23, 30.

[21] ver. 15, 24, 31.

[22] ver. 1, 21.

O leproso e o immundo são lançados fóra do arraial.

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Ordena aos filhos de Israel que lancem fóra do arraial a todo [1] o leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todos os immundos por causa de contacto com algum morto.

3 Desde o[o?] homem até á mulher os lançareis: fóra do arraial os lançareis, para que não contaminem os seus arraiaes, no meio dos quaes eu [2] habito.

4 E os filhos de Israel fizeram assim, e os lançaram fóra do arraial: como o Senhor fallara a Moysés, assim fizeram os filhos de Israel.

5 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Dize aos filhos de Israel: [3] Quando homem ou mulher fizer algum de todos os peccados humanos, trespassando contra o Senhor, tal alma culpada é.

7 E confessarão o seu peccado [4] que fizeram; então restituirá a sua culpa, segundo a somma total, e lhe accrescentará o seu quinto, e o dará áquelle contra quem se fez culpado.

8 Mas, se aquelle homem não tiver resgatador, a quem se restitua a culpa, então a culpa que se restituir ao Senhor será do sacerdote, além do carneiro [5] da expiação com que por elle fará expiação.

9 Similhantemente toda a [6] offerta de todas as coisas sanctificadas dos filhos de Israel, que trouxerem ao sacerdote, será sua.

10 E as coisas sanctificadas de cada um serão suas: o que alguem der ao sacerdote [7] será seu.

A prova da mulher suspeita de adulterio.

11 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

12 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes; Quando a mulher de algum se desviar, e trespassar contra elle,

13 De maneira que algum homem se houver [8] deitado com ella, e fôr occulto aos olhos de seu marido, e ella o tiver occultado, havendo-se ella contaminado, e contra ella não houver testemunha, e no feito não fôr apanhada,

14 E o espirito de ciumes vier sobre elle, e de sua mulher tiver ciumes, por ella se haver contaminado, ou sobre elle vier o espirito de ciumes, e de sua mulher tiver ciumes, não se havendo ella contaminado,

15 Então aquelle varão trará a sua mulher perante o sacerdote, e juntamente trará a sua offerta por ella: uma decima de epha de farinha de cevada, sobre a qual não deitará azeite, nem sobre ella porá incenso, porquanto é[135] offerta de manjares de ciumes, offerta memorativa, [9] que traz a iniquidade em memoria.

16 E o sacerdote a fará chegar, e a porá perante a face do Senhor.

17 E o sacerdote tomará agua sancta n’um vaso de barro; tambem tomará o sacerdote do pó que houver no chão do tabernaculo, e o deitará na agua.

18 Então o sacerdote apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher; e a offerta memorativa de manjares, que é a offerta de manjares dos ciumes, porá sobre as suas mãos, e a agua amarga, que traz comsigo a maldição, estará na mão do sacerdote.

19 E o sacerdote a conjurará, e dirá áquella mulher: Se ninguem comtigo se deitou, e se não te apartaste de teu marido pela immundicia, d’estas aguas amargas, amaldiçoantes, serás livre.

20 Mas, se te apartaste de teu marido, e te contaminaste, e algum homem, fóra de teu marido, se deitou comtigo;

21 Então o sacerdote conjurará á mulher com a conjuração da maldição; e o sacerdote dirá [10] á mulher: O Senhor te ponha por maldição e por conjuração no meio do [11] teu povo, fazendo-te o Senhor descair a côxa e inchar o ventre.

22 E esta agua [12] amaldiçoante entre nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer descair a côxa. Então a mulher dirá: [13] Amen, Amen.

23 Depois o sacerdote escreverá estas mesmas maldições n’um livro, e com a agua amarga as apagará.

24 E a agua amarga, amaldiçoante, dará a beber á mulher, e a agua amaldiçoante entrará n’ella para amargurar.

25 E o sacerdote tomará a offerta de manjares dos ciumes da mão da mulher, e moverá a offerta de manjares [14] perante o Senhor; e a offerecerá sobre o altar.

26 Tambem o sacerdote tomará um punhado [15] da offerta de manjares, da offerta memorativa, e sobre o altar o queimará: e depois dará a beber a agua á mulher.

27 E, havendo-lhe dado a beber aquella agua, será que, se ella se tiver contaminado, e contra seu marido tiver trespassado, a agua amaldiçoante entrará n’ella para amargura, e o seu ventre se inchará, e a sua côxa descairá; e aquella mulher será [16] por maldição no meio do seu povo.

28 E, se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então será livre, e conceberá semente.

29 Esta é a lei dos ciumes, quando a mulher, em poder de seu marido, se desviar [17] e fôr contaminada;

30 Ou quando sobre o homem vier o espirito de ciumes, e tiver ciumes de sua mulher, apresente a mulher perante o Senhor, e o sacerdote n’ella execute toda esta lei.

31 E o homem será livre da iniquidade, porém a mulher levará [18] a sua iniquidade.

[1] Lev. 13.3, 46. cap. 12.14. Lev. 15.2. cap. 9.6, 10 e 19.11.

[2] Lev. 26.11. II Cor. 6.16.

[3] Lev. 6.2, 3.

[4] Lev. 5.5 e 26.40. Jos. 7.19.

[5] Lev. 6.6 e 7.7.

[6] Exo. 29.28. Lev. 6.17, 18, 26. cap. 18.8, 9, 19. Deu. 18.3. Eze. 44.29.

[7] Lev. 10.13.

[8] Lev. 18.20.

[9] I Reis 17.18. Eze. 29.16.

[10] Jos. 6.28. I Sam. 14.24. Neh. 10.29.

[11] Jer. 29.22.

[12] Psa. 109.18.

[13] Deu. 27.15.

[14] Lev. 8.27.

[15] Lev. 2.2, 9.

[16] Deu. 28.27. Jer. 24.9 e 29.18, 22. Zac. 8.13.

[17] ver. 19.

[18] Lev. 20.17, 19, 20.

A lei do nazireado.

6 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto [1] de nazireo, para se separar ao Senhor,

3 De vinho e de bebida forte se apartará: [2] vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem d’uvas; nem uvas frescas nem seccas comerá.

4 Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma, que se faz da vinha, desde os caroços até ás cascas.

5 Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha: [3] até que se cumpram os dias, que se separou ao Senhor, sancto será, deixando crescer as guedelhas do cabello da sua cabeça.

6 Todos os dias que se separar ao Senhor não [4] se chegará a corpo d’um morto.

7 Por seu pae, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por elles se não contaminará, [5] quando forem mortos; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.

8 Todos os dias do seu nazireado sancto será ao Senhor.

9 E se o morto vier a morrer junto a elle por acaso, subitamente, que contaminasse a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação [6] rapará a sua cabeça, e ao setimo dia a rapará.

10 E ao oitavo [7] dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, á porta da tenda da congregação:

11 E o sacerdote offerecerá um para expiação do peccado, e o outro para holocausto; e fará propiciação por elle, do que peccou no corpo morto: assim[136] n’aquelle mesmo dia sanctificará a sua cabeça.

12 Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e para expiação do trespasso trará um cordeiro d’um anno: [8] e os dias antecedentes serão perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.

13 E esta é a lei do nazireo: no dia em que se [9] cumprirem os dias do seu nazireado, tral-o-hão á porta da tenda da congregação:

14 E elle offerecerá a sua offerta ao Senhor, um cordeiro sem mancha d’um anno em holocausto, e uma cordeira sem mancha de um anno para expiação do [10] peccado, e um carneiro sem mancha por offerta pacifica;

15 E um [11] cesto de bolos asmos, bolos de flor de farinha com azeite, amassados, e coscorões asmos untados com azeite, [12] como tambem a sua offerta de manjares, e as suas libações.

16 E o sacerdote os trará perante o Senhor, e sacrificará a sua expiação do peccado, e o seu holocausto:

17 Tambem sacrificará o carneiro em sacrificio pacifico ao Senhor, com o cesto dos bolos asmos: e o sacerdote offerecerá a sua offerta de manjares, e a sua libação.

18 Então o nazireo á porta da tenda da congregação rapará a cabeça do seu nazireado, e tomará o [13] cabello da cabeça do seu nazireado, e o porá sobre o fogo que está debaixo do sacrificio pacifico.

19 Depois o sacerdote tomará a espadua [14] cozida do carneiro, e um bolo asmo do cesto, e um coscorão asmo, e os porá nas mãos do nazireo, depois de haver rapado o seu nazireado.

20 E o sacerdote os moverá em offerta de movimento perante o Senhor; isto é sancto [15] para o sacerdote, juntamente com o peito da offerta de movimento, e com a espadua da offerta alçada; e depois o nazireo beba vinho.

21 Esta é a lei do nazireo, que fizer voto da sua offerta ao Senhor pelo seu nazireado, além do que alcançar a sua mão: segundo o seu voto, que fizer, assim fará conforme á lei do seu nazireado.

22 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

O modo de abençoar os filhos de Israel.

23 Falla a Aarão, e a seus filhos, dizendo: [16] Assim abençoareis os filhos d’Israel, dizendo-lhes:

24 O Senhor te abençoe e te guarde:

25 O Senhor faça resplandecer o seu rosto [17] sobre ti, e tenha misericordia de ti:

26 O Senhor sobre ti levante o seu rosto, [18] e te dê a paz.

27 Assim porão o meu [19] nome sobre os filhos d’Israel, e eu os abençoarei.

[1] Lev. 27.2. Jui. 13.5. Act. 21.23.

[2] Amós 2.12. Luc. 1.15.

[3] Jui. 16.17. I Sam. 1.11.

[4] cap. 19.11, 16.

[5] Lev. 21.1, 2, 11. cap. 9.6.

[6] Act. 18.18 e 21.24.

[7] Lev. 5.7 e 14.22 e 15.14, 29.

[8] Lev. 5.6.

[9] Act. 21.26.

[10] Lev. 4.2, 27, 32 e 3.6.

[11] Lev. 2.4.

[12] Exo. 29.2. cap. 15.5, 7, 10.

[13] Act. 21.24.

[14] I Sam. 2.15. Exo. 29.23, 24.

[15] Exo. 29.27, 28.

[16] Lev. 9.22. I Chr. 23.13.

[17] Psa. 31.16 e 119.135. Dan. 9.17. Gen. 43.29.

[18] João 14.27. II The. 3.16.

[19] Deu. 28.10. II Chr. 7.14. Isa. 43.7. Dan. 9.18.

As offertas dos principes na dedicação do tabernaculo e do altar.

7 E aconteceu, no dia em que Moysés acabou [1] de levantar o tabernaculo, e o ungiu, e o sanctificou, e todos os seus vasos; tambem o altar, e todos os seus vasos, e os ungiu, e os sanctificou,

2 Que os principes [2] d’Israel, os Cabeças da casa de seus paes, os que foram principes das tribus, que estavam sobre os que foram contados, offereceram,

3 E trouxeram a sua offerta perante o Senhor, seis carros cobertos, e doze bois; por dois principes um carro, e por cada um um boi: e os trouxeram diante do tabernaculo.

4 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

5 Toma os d’elles, e serão para servir no ministerio da tenda da congregação: e os darás aos levitas, a cada qual segundo o seu ministerio.

6 Assim Moysés tomou os carros e os bois, e os deu aos levitas.

7 Dois carros e quatro bois deu [3] aos filhos de Gerson, segundo o seu ministerio:

8 E [4] quatro carros e oito bois deu aos filhos de Merari, segundo o seu ministerio, debaixo da mão [5] d’Ithamar, filho d’Aarão, o sacerdote.

9 Mas aos filhos de Kohath nada deu, [6] porquanto a seu cargo estava o ministerio e o levavam aos hombros.

10 E offereceram os principes para a consagração [7] do altar, no dia em que foi ungido; offereceram pois os principes a sua offerta perante o altar.

11 E disse o Senhor a Moysés: Cada principe offerecerá a sua offerta (cada qual em seu dia) para a consagração do altar.

12 O que pois no primeiro dia offereceu a sua offerta foi Naasson, [8] filho d’Amminadab, pela tribu de Judah.

13 E a sua offerta foi um prato de[137] prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo [9] o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, [10] amassada com azeite, para offerta de manjares;

14 Uma [GS] taça de dez siclos de oiro, [11] cheia de incenso;

15 Um novilho, [12] um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

16 Um bode [13] para expiação do peccado;

17 E para sacrificio [14] pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Naasson, filho d’Amminadab.

18 No segundo dia fez a sua offerta Nathanael, filho de Suhar, principe d’Issacar.

19 E pela sua offerta offereceu um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario: ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para a offerta de manjares;

20 Uma taça de dez siclos de oiro, cheia de incenso;

21 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

22 Um bode para expiação do peccado;

23 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Nathanael, filho de Suhar.

24 No terceiro dia offereceu o principe dos filhos de Zebulon, Eliab, filho de Helon.

25 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para offerta de manjares;

26 Uma taça de dez siclos de oiro, cheia de incenso;

27 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

28 Um bode para expiação do peccado;

29 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta d’Eliab, filho de Helon.

30 No quarto dia offereceu o principe dos filhos de Ruben, Elizur, filho de Sedeur:

31 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

32 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

33 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

34 Um bode para expiação do peccado;

35 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Elizur, filho de Sedeur.

36 No quinto dia offereceu o principe dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de Surisaddai.

37 A sua offerta foi um prato de prata, de peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para offerta de manjares;

38 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

39 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

40 Um bode para expiação do peccado.

41 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Selumiel, filho de Surisaddai.

42 No sexto dia offereceu o principe dos filhos de Gad, Eliasaph, filho de Dehuel.

43 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

44 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

45 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

46 Um bode para expiação do peccado;

47 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta d’Eliasaph, filho de Dehuel.

48 No setimo dia offereceu o principe dos filhos d’Ephraim, Elisama, filho d’Ammihud.

49 A sua offerta foi um prato de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

50 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

[138]

51 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

52 Um bode para expiação do peccado;

53 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta d’Elisama, filho d’Ammihud.

54 No oitavo dia offereceu o principe dos filhos de Manasseh, Gamaliel, filho de Pedazur:

55 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha amassada, com azeite para offerta de manjares;

56 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

57 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

58 Um bode para expiação do peccado;

59 E para sacrificio pacifico dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Gamaliel, filho de Pedazur.

60 No dia nono offereceu o principe dos filhos de Benjamin, Abidan, filho de Gideoni:

61 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

62 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

63 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

64 Um bode para expiação do peccado;

65 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno; esta foi a offerta d’Abidan, filho de Gideoni.

66 No decimo dia offereceu o principe dos filhos de Dan, Ahieser, filho d’Amisaddai,

67 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

68 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

69 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno, para holocausto;

70 Um bode para expiação do peccado;

71 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta d’Ahieser, filho d’Amisaddai.

72 No dia undecimo offereceu o principe dos filhos d’Aser, Pagiel, filho d’Ochran.

73 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

74 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

75 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno para holocausto;

76 Um bode para expiação do peccado;

77 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta de Pagiel, filho d’Ochran.

78 No duodecimo dia offereceu o principe dos filhos de Naphtali, Ahira, filho d’Enan.

79 A sua offerta foi um prato de prata, do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do sanctuario; ambos cheios de flor de farinha, amassada com azeite, para offerta de manjares;

80 Uma taça de dez siclos d’oiro, cheia de incenso;

81 Um novilho, um carneiro, um cordeiro d’um anno para holocausto;

82 Um bode para expiação do peccado;

83 E para sacrificio pacifico, dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros d’um anno: esta foi a offerta d’Ahira, filho d’Enan.

84 Esta é a consagração do altar, feita pelos principes d’Israel, no dia em que foi ungido, doze pratos de prata, doze bacias de prata, doze [GT] taças d’oiro.

85 Cada prato de prata de cento e trinta siclos, e cada bacia de setenta: toda a prata dos vasos foi dois mil e quatrocentos siclos, segundo o siclo do sanctuario:

86 Doze taças d’oiro cheias de incenso, cada taça de dez siclos, segundo o siclo do sanctuario: todo o oiro das taças foi de cento e vinte siclos;

87 Todos os bois para holocausto foram doze novilhos, doze carneiros, doze cordeiros d’um anno, com a sua offerta de manjares, e doze bodes para expiação do peccado.

88 E todos os bois para sacrificio pacifico foram vinte e quatro novilhos: os carneiros sessenta, os bodes sessenta, os cordeiros d’um anno sessenta: esta[139] é a consagração do altar, depois que [15] foi ungido.

89 E, quando Moysés entrava na tenda da congregação [16] para fallar com Elle, então ouvia a voz que lhe fallava de cima do propiciatorio, que está sobre a arca do testemunho entre os dois cherubins: assim com elle fallava.

[1] Exo. 40.18. Lev. 8.10.

[2] cap. 1.4, etc.

[3] cap. 4.25.

[4] cap. 4.31.

[5] cap. 4.28, 33.

[6] cap. 4.6, 8, 10, 12, 14, 15. II Sam. 6.13.

[7] Deu. 20.5. I Reis 8.63. II Chr. 7.5, 9. Esd. 6.16. Neh. 12.27.

[8] cap. 2.3.

[9] Exo. 30.13.

[10] Lev. 2.1.

[11] Exo. 30.34.

[12] Lev. 1.2.

[13] Lev. 4.23.

[14] Lev. 3.1.

[15] ver. 1.

[16] cap. 12.8. Exo. 33.9, 11 e 25.22.

Como devem ser accesas as lampadas.

8 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla a Aarão, e dize-lhe: Quando accenderes [1] as lampadas, defronte do candieiro allumiarão as sete lampadas.

3 E Aarão fez assim: defronte da face do candieiro accendeu as suas lampadas, como o Senhor ordenara a Moysés.

4 E era esta obra [2] do candieiro de oiro batido; desde o seu pé até ás suas flores era batido: [3] conforme ao modelo que o Senhor mostrara a Moysés, assim elle fez o candieiro.

A consagração dos levitas.

5 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

6 Toma os levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os;

7 E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre elles [4] a agua da expiação; e sobre [5] toda a sua carne farão passar a navalha, e lavarão os seus vestidos, e se purificarão.

8 Então tomarão um novilho, com a sua offerta de manjares de flor de farinha [6] amassada com azeite; e tomarás outro novilho, para expiação do peccado.

9 E farás chegar os levitas [7] perante a tenda da congregação; e farás ajuntar toda a congregação dos filhos de Israel.

10 Farás pois chegar os levitas perante o Senhor; e os filhos de Israel porão [8] as suas mãos sobre os levitas.

11 E Aarão moverá os levitas por offerta de movimento perante o Senhor pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministerio do Senhor.

12 E os levitas porão [9] as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos: então sacrifica tu um para expiação do peccado, e o outro para holocausto ao Senhor, para fazer expiação sobre os levitas.

13 E porás os levitas perante Aarão, e perante os seus filhos, e os moverás por offerta de movimento ao Senhor.

14 E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas meus [10] sejam.

15 E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação: e tu os purificarás, e por offerta de movimento os moverás.

16 Porquanto elles [11] do meio dos filhos de Israel, me são dados: em [12] logar de todo aquelle que abre a madre, do primogenito de cada qual dos filhos de Israel, para mim os tenho tomado.

17 Porque meu é todo [13] o primogenito entre os filhos de Israel, entre os homens e entre os animaes; no dia em que, na terra do Egypto, feri a todo o primogenito, os sanctifiquei para mim.

18 E tomei os levitas em logar de todo o primogenito entre os filhos de Israel.

19 E os levitas, dados [14] a Aarão e a seus filhos, do meio dos filhos de Israel, tenho dado para ministrarem o ministerio dos filhos de Israel na tenda da congregação, e para fazer expiação pelos filhos de Israel, para que não haja praga [15] entre os filhos de Israel, chegando-se os filhos de Israel ao sanctuario.

20 E fez Moysés e Aarão, e toda a congregação dos filhos de Israel, com os levitas assim: conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés ácerca dos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram.

21 E os levitas se [16] purificaram, e lavaram os seus vestidos, e Aarão os moveu por offerta movida [17] perante o Senhor, e Aarão fez expiação por elles, para purifical-os.

22 E depois [18] vieram os levitas, para ministrarem o seu ministerio na tenda da congregação, perante Aarão e perante os seus filhos: como [19] o Senhor ordenara a Moysés ácerca dos levitas, assim lhes fizeram.

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Isto é o officio dos levitas: Da edade de vinte e cinco [20] annos e para cima entrarão, para fazerem o serviço no ministerio da tenda da congregação;

25 Mas desde a edade de cincoenta annos sairá [GU] da milicia d’este ministerio, e nunca mais servirá:

[140]

26 Porém com os seus irmãos servirá na tenda da congregação, para terem cuidado da guarda; [21] porém o ministerio não ministrará: assim farás com os levitas nas suas guardas.

[1] Exo. 25.37 e 40.25.

[2] Exo. 25.31.

[3] Exo. 25.18, 40.

[4] cap. 19.9, 17, 18.

[5] Lev. 14.8.

[6] Lev. 2.1.

[7] Exo. 29.4 e 40.12. Lev. 8.3.

[8] Lev. 1.4.

[9] Exo. 29.10.

[10] cap. 3.45 e 16.9.

[11] ver. 11, 13.

[12] cap. 3.12, 45.

[13] Exo. 13.2, 12, 13, 15. cap. 3.13. Luc. 2.23.

[14] cap. 3.9.

[15] cap. 1.53 e 16.46 e 18.5. II Chr. 26.16.

[16] ver. 7.

[17] ver. 11, 12.

[18] ver. 5, etc.

[19] cap. 4.3.

[20] I Chr. 23.3, 24, 27.

[21] cap. 1.53.

A celebração da paschoa no deserto de Sinai.

9 E fallou o Senhor a Moysés no deserto de Sinai, no anno segundo da sua saida da terra do Egypto, no mez primeiro, dizendo:

2 Que os filhos de Israel celebrem a paschoa a [1] seu tempo determinado.

3 No dia quatorze d’este mez, pela tarde, a seu tempo determinado a celebrareis: segundo todos os seus estatutos, e segundo todos os seus ritos, a celebrareis.

4 Disse pois Moysés aos filhos de Israel que celebrassem a paschoa.

5 Então celebraram [2] a paschoa no dia quatorze do mez primeiro, pela tarde, no deserto de Sinai; conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés, assim fizeram os filhos de Israel.

Segunda celebração para os ausentes e os immundos.

6 E houve alguns que estavam [3] immundos pelo corpo de um homem morto; e no mesmo dia não podiam celebrar a paschoa: pelo que se chegaram perante [4] Moysés e perante Aarão aquelle mesmo dia.

7 E aquelles homens disseram-lhe: Immundos estamos nós pelo corpo de um homem morto; porque seriamos privados de offerecer a offerta do Senhor a seu tempo determinado no meio dos filhos de Israel?

8 E disse-lhes Moysés: Esperae, e ouvirei o que o Senhor [5] vos ordenará.

9 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

10 Falla aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguem entre vós, ou entre as vossas gerações, fôr immundo por corpo morto, ou se achar em jornada longe de vós, comtudo ainda celebrará a paschoa ao Senhor.

11 No mez segundo, no dia [6] quatorze, de tarde, a celebrarão: [7] com pães asmos e hervas amargas a comerão.

12 D’ella nada [8] deixarão até á manhã, e d’ella não quebrarão osso algum: segundo todo o estatuto da paschoa a celebrarão.

13 Porém, quando um homem fôr limpo, e não estiver de caminho, e deixar de celebrar a paschoa, tal alma dos [9] seus povos será extirpada: porquanto não offereceu a offerta do Senhor a seu tempo determinado; tal homem levará o seu peccado.

14 E, quando um estrangeiro peregrinar entre vós, e tambem celebrar a paschoa ao Senhor, segundo o estatuto da paschoa e segundo o seu rito assim a celebrará: um mesmo [10] estatuto haverá para vós, assim para o estrangeiro como para o natural da terra.

A nuvem guiando a marcha dos israelitas.

15 E no dia [11] de levantar o tabernaculo, a nuvem cobriu o tabernaculo sobre a tenda do testemunho: e á tarde [12] estava sobre o tabernaculo como uma apparencia de fogo até á manhã.

16 Assim era de continuo: a nuvem o cobria, e de noite havia apparencia de fogo.

17 Mas sempre [13] que a nuvem se alçava sobre a tenda, os filhos de Israel após d’ella partiam: e no logar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o seu arraial.

18 Segundo o dito do Senhor, os filhos de Israel partiam, e segundo o dito do Senhor assentavam o arraial: todos os dias [14] em que a nuvem parava sobre o tabernaculo assentavam o arraial.

19 E, quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernaculo, então os filhos de Israel tinham cuidado da guarda [15] do Senhor, e não partiam.

20 E era que, quando a nuvem poucos dias estava sobre o tabernaculo, segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor partiam.

21 Porém era que, quando a nuvem desde a tarde até a manhã ficava ali, e a nuvem se alçava pela manhã, então partiam: quer de dia quer de noite, alçando-se a nuvem, partiam.

22 Ou, quando a nuvem sobre o tabernaculo se detinha dois dias, ou um mez, ou um anno, ficando sobre elle, [16] então os filhos d’Israel se alojavam, e não partiam; e alçando-se ella partiam.

23 Segundo o dito do Senhor se alojavam, e segundo o dito do Senhor partiam: da guarda [17] do Senhor tinham cuidado segundo o dito do Senhor pela mão de Moysés.

[1] Exo. 12.1, etc. Lev. 23.5. cap. 28.16. Deu. 16.1.

[2] Jos. 5.10.

[3] cap. 5.2 e 19.11, 16. João 18.28.

[4] Exo. 18.15, 19, 26. cap. 27.2.

[5] cap. 27.5.

[6] II Chr. 30.2, 15.

[7] Exo. 12.8.

[8] Exo. 12.10 e 12.43, 46. João 19.36.

[9] Gen. 17.14. Exo. 12.15. ver. 7. cap. 5.31.

[10] Exo. 12.49.

[11] Exo. 40.34. Neh. 9.12, 19. Psa. 78.14.

[12] Exo. 13.21 e 40.36, 37.

[13] cap. 10.11, 33, 34. Psa. 80.2.

[14] I Cor. 10.1.

[15] cap. 1.53 e 3.8.

[16] Exo. 40.36, 37.

[17] ver. 19.

[141]

As duas trombetas de prata.

10 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Faze-te duas trombetas de prata: d’obra batida as farás: e te serão para a [1] convocação da congregação, e para a partida dos arraiaes.

3 E, quando [2] as tocarem ambas, então toda a congregação se congregará a ti á porta da tenda da congregação.

4 Mas, quando tocar uma , então a ti se congregarão os principes, os [3] Cabeças dos milhares de Israel.

5 Quando, retinindo, as tocardes, então partirão [4] os arraiaes que alojados estão da banda do oriente.

6 Mas, quando a segunda vez, retinindo, as tocardes, então partirão os arraiaes que se alojam da banda [5] do sul: retinindo, as tocarão para as suas partidas.

7 Porém, ajuntando a congregação, as tocareis; mas sem [6] retinir.

8 E os filhos [7] d’Aarão, sacerdotes, tocarão as trombetas: e a vós serão por estatuto perpetuo nas vossas gerações.

9 E, quando na [8] vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que vos aperta, tambem tocareis as trombetas retinindo, e perante o Senhor vosso Deus haverá lembrança [9] de vós, e sereis salvos de vossos inimigos.

10 Similhantemente, no dia [10] da vossa alegria, e nas vossas solemnidades, e nos principios dos vossos mezes, tambem tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrificios pacificos, e vos serão por memorial perante vosso Deus: Eu sou o Senhor vosso Deus.

Os israelitas partem de Sinai.

11 E aconteceu, no anno segundo, no segundo mez, aos vinte do mez, que a nuvem se alçou [11] de sobre o tabernaculo da congregação.

12 E os filhos d’Israel se [12] partiram segundo as suas partidas do deserto de Sinai: e a nuvem parou [13] no deserto de Paran.

13 Assim partiram pela primeira vez segundo [14] o dito do Senhor, pela mão de Moysés.

14 Porque primeiramente partiu a bandeira do arraial dos filhos de Judah segundo os seus exercitos: [15] e sobre o seu exercito estava Naasson, filho d’Amminadab.

15 E sobre o exercito da tribu dos filhos d’Issacar, Nathanael, filho de Suhar.

16 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Zebulon, Eliab, filho de Helon.

17 Então desarmaram o [16] tabernaculo, e os filhos de Gerson e os filhos de Merari partiram, levando o tabernaculo.

18 Depois partiu [17] a bandeira do arraial de Ruben segundo os seus exercitos: e sobre o seu exercito estava Elizur, filho de Sedeur.

19 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de Surisaddai.

20 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Gad, Eliasaph, filho de Dehuel.

21 Então partiram os kohathitas, levando o sanctuario; e os outros levantaram [18] o tabernaculo, entretanto que estes vinham.

22 Depois partiu a bandeira do arraial [19] dos filhos d’Ephraim segundo os seus exercitos: e sobre o seu exercito estava Elisama, filho d’Ammihud.

23 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Manasseh, Gamaliel, filho de Pedazur.

24 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Benjamin, Abidan, filho de Gideoni.

25 Então partiu [20] a bandeira do arraial dos filhos de Dan, fechando todos os arraiaes segundo os seus exercitos: e sobre o seu exercito estava Ahiezer, filho de Ammisaddai.

26 E sobre o exercito da tribu dos filhos d’Aser, Pagiel, filho de Ochran.

27 E sobre o exercito da tribu dos filhos de Naphtali, Ahira, filho d’Enan.

28 Estas eram as partidas [21] dos filhos d’Israel segundo os seus exercitos, quando partiam.

Moysés roga a Hobab que vá com elles.

29 Disse então Moysés a Hobab, filho de Reguel [22] o midianita, sogro de Moysés: Nós caminhamos para aquelle logar, de que o Senhor disse: Vol-o darei: [23] vae comnosco, e te faremos[142] bem; porque o Senhor fallou bem [24] sobre Israel.

30 Porém elle lhe disse: Não irei; antes irei á minha terra e á minha parentela.

31 E elle disse: Ora não nos deixes: porque tu sabes que nós nos alojamos no deserto; nos servirás [25] d’olhos.

32 E será que, vindo tu comnosco, e succedendo o bem, com que o Senhor [26] nos fará bem, tambem nós te faremos bem.

33 Assim partiram [27] do monte do Senhor caminho de tres dias: e a arca do concerto do Senhor [28] caminhou diante d’elles caminho de tres dias, para lhes buscar logar de descanço.

34 E a nuvem [29] do Senhor ia sobre elles de dia, quando partiam do arraial.

35 Era pois que, partindo a arca, Moysés dizia: Levanta-te, [30] Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os aborrecedores.

36 E, pousando ella, dizia: Torna-te, ó Senhor, para os muitos milhares d’Israel.

[1] Isa. 1.13.

[2] Jer. 4.5. Joel 2.15.

[3] Exo. 18.21. cap. 1.16 e 7.2.

[4] cap. 2.3.

[5] cap. 2.10.

[6] ver. 3. Joel 2.1.

[7] cap. 31.6. Jos. 6.4. I Chr. 15.24.

[8] cap. 31.6. Jos. 6.5. II Chr. 13.14. Jui. 2.18 e 4.3 e 6.9 e 10.8. I Sam. 10.18. Psa. 106.42.

[9] Gen. 8.1. Psa. 106.42.

[10] cap. 29.1. Lev. 23.24. II Chr. 5.12 e 7.6. Esd. 3.10. Neh. 12.35.

[11] cap. 9.17.

[12] Exo. 40.36. cap. 2.9, 16, 24, 31. Exo. 19.1. cap. 1.1 e 9.5.

[13] Gen. 21.21. cap. 12.26 e 13.3, 26. Deu. 1.1.

[14] ver. 5, 6. cap. 2.34.

[15] cap. 2.3, 9. cap. 1.7.

[16] cap. 1.51. cap. 4.24, 31 e 7.6, 8.

[17] cap. 2.10, 16.

[18] cap. 4.4, 15.

[19] cap. 2.18, 24.

[20] cap. 2.25, 31. Jos. 6.9.

[21] cap. 2.34.

[22] Exo. 2.18.

[23] Gen. 12.7.

[24] Gen. 32.12. Exo. 3.8 e 6.7, 8.

[25] Job 29.15.

[26] Jui. 1.16.

[27] Exo. 3.1.

[28] Deu. 1.33. Jos. 3.3, 4, 6. Psa. 132.8.

[29] Exo. 13.21. Neh. 9.12, 19.

[30] Psa. 68.1, 2, 3.

As murmurações dos israelitas.

11 E aconteceu [1] que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor; porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se accendeu, [2] e o fogo do Senhor ardeu entre elles, e consumiu os que estavam na ultima parte do arraial.

2 Então o povo clamou a Moysés, e Moysés orou [3] ao Senhor, e o fogo se apagou.

3 Pelo que chamou aquelle logar Tabera, porquanto o fogo do Senhor se accendera entre elles.

4 E o vulgo, [4] que estava no meio d’elles, veiu a ter grande desejo: pelo que os filhos d’Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?

5 Lembramo-nos dos peixes [5] que no Egypto comiamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos pórros, e das cebolas, e dos alhos.

6 Mas agora a [6] nossa alma se secca; coisa nenhuma ha senão este manná diante dos nossos olhos.

7 E era [7] o manná como semente de coentro, e a sua côr como a côr de bedelio.

8 Espalhava-se o povo, e o colhia, e em moinhos o moia, ou n’um gral o pizava, e em panellas o cozia, e d’elle fazia bolos: e o seu sabor [8] era como o sabor d’azeite fresco.

9 E, quando o orvalho [9] descia de noite sobre o arraial, o manná descia sobre elle.

10 Então Moysés ouviu chorar o povo pelas suas familias, cada qual á porta da sua tenda: [10] e a ira do Senhor grandemente se accendeu, e pareceu mal aos olhos de Moysés.

Moysés acha pesado o seu cargo.

11 E disse [11] Moysés ao Senhor: Porque fizeste mal a teu servo, e porque não achei graça aos teus olhos; que pozesses sobre mim o cargo de todo este povo?

12 Concebi eu porventura todo este povo? pari-o [12] eu? que me dissesses: leva-o ao teu collo, como o aio leva o que cria, á terra que juraste a seus paes?

13 D’onde [13] teria eu carne para dar a todo este povo? porquanto contra mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer:

14 Eu só não posso [14] levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim.

15 E se assim fazes comigo, mata-me eu t’o peço, [15] se tenho achado graça aos teus olhos, e não me deixes ver [16] o meu mal.

Deus designa setenta anciãos para ajudarem Moysés.

16 E disse o Senhor a Moysés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos d’Israel [17], de quem sabes que são anciãos do povo, e seus officiaes: e os trarás perante a tenda da congregação, e ali se porão comtigo.

17 Então eu descerei [18] e ali fallarei comtigo, e tirarei [19] do espirito que está sobre ti, e o porei sobre elles: e comtigo levarão o cargo do povo, para que tu só o não leves.

18 E dirás ao povo: [20] Sanctificae-vos para ámanhã, e comereis carne: porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: [21] Quem nos dará carne a comer? pois bem nos ia no Egypto:[143] pelo que o Senhor vos dará carne, e comereis:

19 Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias;

20 Até um mez inteiro, [22] até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis d’ella: porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante d’elle, dizendo: Porque [23] saimos do Egypto?

21 E disse Moysés: Seiscentos mil homens de pé é este [24] povo, no meio do qual estou: e tu tens dito: Dar-lhes-hei carne, e comerão um mez inteiro.

22 Degolar-se-hão [25] para elles ovelhas e vaccas, que lhes bastem? ou ajuntar-se-hão para elles todos os peixes do mar, que lhes bastem?

23 Porém o Senhor disse a Moysés: Seria pois [26] encurtada a mão do Senhor? agora verás [27] se a minha palavra te acontecerá ou não.

24 E saiu Moysés, e fallou as palavras do Senhor ao povo, [28] e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo e os poz de roda da tenda.

25 Então o Senhor desceu [29] na nuvem, e lhe fallou; e, tirando do espirito, que estava sobre elle, o poz sobre aquelles setenta anciãos: e aconteceu que, assim como o espirito repousou sobre elles, [30] prophetizaram; mas depois nunca mais.

26 Porém no arraial ficaram dois homens; o nome d’um era Eldad, e o nome do outro Medad; e repousou sobre elles o espirito (porquanto estavam entre os escriptos, aiuda que não sairam [31] á tenda), e prophetizavam no arraial.

27 Então correu um moço, e o annunciou a Moysés, e disse: Eldad e Medad prophetizam no arraial.

28 E Josué, filho de Nun, servidor de Moysés, um dos seus mancebos escolhidos, respondeu, e disse: [32] Senhor meu, Moysés, prohibe-lh’o.

29 Porém Moysés lhe disse: Tens tu ciumes por mim? Oxalá que todo o povo do Senhor fosse propheta, que o Senhor désse o seu espirito sobre elle!

30 Depois Moysés se recolheu ao arraial, elle e os anciãos de Israel.

31 Então soprou um vento [33] do Senhor, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quasi caminho d’um dia d’uma banda, e quasi caminho d’um dia da outra banda, á roda do arraial; e estavam quasi dois covados sobre a terra.

32 Então o povo se levantou todo aquelle dia e toda aquella noite, e todo o dia seguinte, e colheram as codornizes; o que menos tinha, colhera [34] dez homers; e as estenderam para si ao redor do arraial.

33 Quando a [35] carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se accendeu a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor o povo com uma praga mui grande.

34 Pelo que o nome d’aquelle logar se chamou [GV] Kibroth-hattaava porquanto ali enterraram [36] o povo que teve o desejo.

35 De Kibroth-hattaava caminhou o povo para Hazaaroth, e pararam em Hazaaroth.

[1] Deu. 9.22.

[2] Psa. 78.21. Lev. 10.2. cap. 16.35. II Reis 1.12. Psa. 106.18.

[3] Thi. 5.16.

[4] Exo. 12.38. Psa. 78.18 e 106.14. I Cor. 10.6.

[5] Exo. 16.3.

[6] cap. 21.5.

[7] Exo. 16.14, 31. Gen. 2.12.

[8] Exo. 16.31.

[9] Exo. 16.13, 14.

[10] Psa. 78.21.

[11] Deu. 1.12.

[12] Isa. 40.11 e 49.23. I The. 2.7. Gen. 26.3 e 50.24. Exo. 13.5.

[13] Mat. 15.33. Mar. 8.4.

[14] Exo. 18.18.

[15] I Reis 19.4. Jon. 4.3.

[16] Sof. 3.15.

[17] Exo. 24.1, 9. Deu. 16.18.

[18] ver. 25. Gen. 11.5 e 18.21. Exo. 19.20.

[19] I Sam. 10.6. II Reis 2.15. Neh. 9.20. Isa. 44.3. Joel 2.28.

[20] Exo. 19.10.

[21] Exo. 16.7. ver. 5. Act. 7.39.

[22] Psa. 78.29 e 106.15.

[23] cap. 21.5.

[24] Gen. 12.2. Exo. 12.37 e 38.26. cap. 1.46.

[25] II Reis 7.2. Mat. 15.33. Mar. 8.4. João 6.7, 9.

[26] Isa. 50.2 e 59.1.

[27] cap. 23.19. Eze. 12.25 e 24.14.

[28] ver. 16.

[29] ver. 17. cap. 12.5.

[30] II Reis 2.15. I Sam. 10.5, 6, 10 e 19.20, 21, 23. Joel 2.28. Act. 2.17. I Cor. 14.1, etc.

[31] I Sam. 20.26. Jer. 36.5.

[32] Mar. 9.38. Luc. 9.49. João 3.26.

[33] Exo. 16.13. Psa. 78.26 e 105.40.

[34] Exo. 16.36. Eze. 45.11.

[35] Psa. 78.30, 31.

[36] cap. 33.17.

A sedição de Miriam e Aarão.

12 E fallaram Miriam e Aarão contra Moysés, [1] por causa da mulher cushita, que tomara: porquanto tinha tomado a mulher cushita.

2 E disseram: Porventura fallou o Senhor sómente por Moysés? não fallou [2] tambem por nós? [3] E o Senhor o ouviu.

3 E era o homem Moysés mui manso, mais de que todos os homens que havia sobre a terra.

4 E logo o Senhor disse [4] a Moysés, e a Aarão, e a Miriam: Vós tres sahi á tenda da congregação. E sairam elles tres.

5 Então o Senhor desceu [5] na columna da nuvem, e se poz á porta da tenda: depois chamou a Aarão e a Miriam, e elles sairam ambos.

6 E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver propheta, Eu, o Senhor, em visão a elle me farei conhecer, ou em sonhos [6] fallarei com elle.

7 Não é assim com o meu servo Moysés [7] que é fiel em toda a minha casa.

8 Bocca a bocca fallo [8] com elle, e de vista, e não por figuras; pois elle[144] a similhança do Senhor: porque pois não [9] tivestes temor de fallar contra o meu servo, contra Moysés?

9 Assim a ira do Senhor contra elles se accendeu; e foi-se.

10 E a nuvem se desviou de sobre a tenda; e eis que [10] Miriam era leprosa como a neve: e olhou Aarão para Miriam, e eis que era leprosa.

11 Pelo que Aarão disse a Moysés: Ah senhor meu, ora não ponhas [11] sobre nós este peccado, que fizemos loucamente, e com que havemos peccado.

12 Ora não seja ella como [12] um morto, que saindo do ventre de sua mãe, a metade da sua carne já está consumida.

13 Clamou pois Moysés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures.

14 E disse o Senhor a Moysés: [13] Se seu pae cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? esteja fechada [14] sete dias fóra do arraial, e depois a recolham.

15 Assim Miriam esteve [15] fechada fóra do arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram a Miriam.

16 Porém depois o povo [16] partiu de Hazeroth; e assentaram o arraial no deserto de Paran.

[1] Exo. 2.21.

[2] Exo. 15.20. Miq. 6.4.

[3] Gen. 29.33. cap. 11.1. II Reis 19.4. Isa. 37.4. Eze. 35.12.

[4] Psa. 76.10.

[5] cap. 11.25 e 16.19.

[6] Gen. 15.1. Job 33.15. Eze. 1.1. Dan. 8.2 e 10.8, 16. Luc. 1.11, 22. Act. 10.11, 17 e 22.17. Gen. 31.10. I Reis 3.5. Mat. 1.20.

[7] Psa. 105.26. Heb. 3.2, 5. I Tim. 3.15.

[8] Exo. 33.11. Deu. 34.10. I Cor. 13.12. Exo. 33.19.

[9] II Ped. 2.10. Jud. 8.

[10] Deu. 24.9. II Reis 5.27 e 15.5. II Chr. 26.19, 20.

[11] II Sam. 19.19 e 24.10. Pro. 30.32.

[12] Psa. 88.4.

[13] Heb. 12.9.

[14] Lev. 13.46. cap. 5.2, 3.

[15] Deu. 24.9. II Chr. 26.20, 21.

[16] cap. 11.35 e 33.18.

Doze homens são enviados para espiar a terra de Canaan.

13 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Envia [1] homens que espiem a terra de Canaan, que eu hei de dar aos filhos d’Israel; de cada tribu de seus paes enviareis um homem, sendo cada qual maioral entre elles.

3 E enviou-os Moysés do [2] deserto de Paran, segundo o dito do Senhor; todos aquelles homens eram Cabeças dos filhos d’Israel.

4 E estes são os seus nomes: Da tribu de Ruben, Sammua, filho de Saccur,

5 Da tribu de Simeão [3] Saphath, filho de Hori;

6 Da tribu de Judah, Caleb, filho de Jefoné;

7 Da tribu d’Issacar, Jigeal, filho de José;

8 Da tribu d’Ephraim, Hosea, [4] filho de Nun;

9 Da tribu de Benjamin, Palti, filho de Raphu;

10 Da tribu de Zebulon, Gaddiel, filho de Sodi;

11 Da tribu de José, pela tribu de Manasseh, Gaddi filho de Susi;

12 Da tribu de Dan, Ammiel, filho de Gemalli;

13 Da tribu d’Aser, Sethur, filho de Michael;

14 Da tribu de Naphtali, Nabbi, filho de Vophsi;

15 Da tribu de Gad, Guel, filho de Machi.

16 Estes são os nomes dos homens que Moysés enviou a espiar aquella terra: e a Hosea, [5] filho de Nun, Moysés chamou Josué.

17 Enviou-os pois Moysés a espiar a terra de Canaan: e disse-lhes: Subi por aqui para a banda do sul, [6] e subi á montanha:

18 E vêde que terra é, e o povo que n’ella habita; se é forte ou fraco; se pouco ou muito.

19 E qual é a terra em que habita, se boa [7] ou má: e quaes são as cidades em que habita; ou em arraiaes, ou em fortalezas.

20 Tambem qual é a terra, se grossa ou magra: se n’ella ha arvores, ou não: e esforçae-vos, e [8] tomae do fructo da terra. E eram aquelles dias os dias das primicias das uvas.

21 Assim subiram, e espiaram a terra desde o [9] deserto de Zin, até Rehob, á entrada de Hamath.

22 E subiram para a banda do sul, e vieram até Hebron; e estavam [10] ali Aiman, Sesai, e Talmai, filhos d’Enac: e Hebron foi [11] edificada sete annos antes de Zoan no Egypto.

23 Depois vieram até ao valle [12] d’Escol, e d’ali cortaram um ramo de vide com um cacho d’uvas, o qual trouxeram dois homens sobre uma verga: como tambem das romãs e dos figos.

24 Chamaram áquelle logar o valle [GW] d’Escol, por causa do cacho que d’ali cortaram os filhos de Israel.

25 Depois tornaram-se d’espiar a terra, ao fim de quarenta dias.

26 E caminharam, e vieram a Moysés e a Aarão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no [13] deserto de Paran, a Cades, e, tornando, deram-lhes conta a elles, e a toda a congregação, e mostraram-lhes o fructo da terra.

27 E contaram-lhe e disseram: Fomos[145] á terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana [14] leite e mel, e este é o fructo.

28 O povo porém que habita n’essa terra é poderoso, [15] e as cidades fortes e mui grandes; e tambem ali vimos os filhos d’Enac.

29 Os amalequitas [16] habitam na terra do sul; e os heteos, e os jebuseos, e os amorrheos habitam na montanha: e os cananeos habitam ao pé do mar, e pela ribeira do Jordão.

30 Então Caleb [17] fez calar o povo perante Moysés, e disse: Subamos animosamente, e possuamol-a em herança: porque certamente prevaleceremos contra ella.

31 Porém os homens que com elle subiram [18] disseram: Não poderemos subir contra aquelle povo, porque é mais forte do que nós.

32 E infamaram a terra que tinham espiado [19] para com os filhos d’Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos [20] no meio d’ella são homens de grande estatura.

33 Tambem vimos ali gigantes, filhos d’Enac, descendentes [21] dos gigantes: e eramos aos nossos olhos como gafanhotos, [22] e assim tambem eramos aos seus olhos.

[1] cap. 32.8. Deu. 1.22.

[2] cap. 12.16 e 52.8. Deu. 1.19 e 9.23.

[3] cap. 34.19. I Chr. 4.15. ver. 30. cap. 14.6, 7, 13, 14. Jui. 1.12.

[4] ver. 16.

[5] ver. 8. Exo. 17.9. cap. 14.6, 30.

[6] ver. 21. Gen. 14.10. Jui. 1.9, 19.

[7] Neh. 9.25, 35. Eze. 34.14.

[8] Deu. 31.6, 7, 23.

[9] cap. 34.4. Jos. 15.1 e 19.28.

[10] Jos. 11.21, 22 e 15.13. Jui. 1.10. ver. 33.

[11] Jos. 21.11. Psa. 78.12. Isa. 19.11.

[12] Deu. 1.24, 25.

[13] ver. 3. cap. 20.1, 16 e 32.8 e 33.36. Deu. 1.19. Jos. 14.6.

[14] Exo. 3.8 e 33.3. Deu. 1.25.

[15] Deu. 1.28 e 9.1, 2. ver. 33.

[16] Exo. 17.8. cap. 14.43. Jui. 6.3. I Sam. 14.48 e 15.3, etc.

[17] cap. 14.6, 24. Jos. 14.7.

[18] cap. 32.9. Deu. 1.28. Jos. 14.8.

[19] cap. 14.36, 37.

[20] Amós 2.9.

[21] Deu. 2.10, 20 e 9.2.

[22] Isa. 40.22. I Sam. 17.42.

Os israelitas querem voltar para o Egypto.

14 Então levantou-se toda a congregação, e alçaram a sua voz: e o povo chorou [1] n’aquella mesma noite.

2 E todos os filhos d’Israel murmuraram [2] contra Moysés e contra Aarão; e toda a congregação lhe disse: Ah se morrêramos na terra do Egypto! ou, ah se morrêramos n’este deserto!

3 E porque o Senhor nos traz a esta terra, [3] para cairmos á espada, e para que nossas mulheres e nossas creanças sejam por presa? não nos seria melhor voltar-mos ao Egypto?

4 E diziam um ao outro: Levantemo-nos [4] um capitão, e voltemos ao Egypto.

5 Então [5] Moysés e Aarão cairam sobre os seus rostos perante todo o ajuntamento dos filhos de Israel.

6 E Josué, [6] filho de Nun, e Caleb filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram os seus vestidos.

7 E fallaram a toda a congregação dos filhos d’Israel, dizendo: [7] A terra pelo meio da qual passámos a espiar é terra muito boa.

8 Se o Senhor [8] se agradar de nós, então nos porá n’esta terra, e nol-a dará: terra que [9] mana leite e mel.

9 Tão sómente não sejaes [10] rebeldes contra o Senhor, e não temaes o povo d’esta terra, porquanto são elles nosso pão: [11] retirou-se d’elles o seu amparo, e o Senhor [12] é comnosco; não os temaes.

10 Então disse toda [13] a congregação que os apedrejassem com pedras: porém a gloria [14] do Senhor appareceu na tenda da congregação a todos os filhos d’Israel.

11 E disse o Senhor a Moysés: Até quando me provocará [15] este povo? e até quando me não crerão [16] por todos os signaes que fiz no meio d’elles?

12 Com pestilencia o ferirei, e o rejeitarei: e te farei a ti povo maior e mais forte do que este.

13 E disse Moysés [17] ao Senhor: Assim os egypcios o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio d’elles.

14 E dirão aos [18] moradores d’esta terra, os que ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio d’este povo, que [GX] de cara a cara, ó Senhor, lhes appareces, que tua nuvem [19] está sobre elles, e que vaes adiante d’elles n’uma columna de nuvem de dia, e n’uma columna de fogo de noite.

15 E matarias este povo como a um só homem? as gentes pois, que ouviram a tua fama, fallarão, dizendo:

16 Porquanto o Senhor não podia [20] pôr este povo na terra que lhes tinha jurado; por isso os matou no deserto.

17 Agora, pois, rogo-te que a força do meu Senhor se engrandeça; como tens fallado, dizendo:

[146]

18 O Senhor é longanimo, [21] e grande em beneficencia, que perdôa a iniquidade e a transgressão, que o culpado não tem por innocente, e [22] visita a iniquidade dos paes sobre os filhos até á terceira e quarta geração.

19 Perdôa [23] pois a iniquidade d’este povo, segundo a grandeza da tua benignidade: e como tambem perdoaste a este povo desde a terra do Egypto até aqui.

20 E disse o Senhor: [24] Conforme á tua palavra lhe perdoei.

21 Porém tão certamente como eu vivo, [25] que a gloria do Senhor encherá toda a terra,

22 E que todos [26] os homens que viram a minha gloria e os meus signaes, que fiz no Egypto e no deserto; e me tentaram estas [27] dez vezes, e não obedeceram á minha voz;

23 Não [28] verão a terra de que a seus paes jurei, e até nenhum d’aquelles que me provocaram a verá.

24 Porém o meu servo [29] Caleb, porquanto n’elle houve outro espirito, e perseverou em [30] seguir-me, eu o levarei á terra em que entrou, e a sua semente a possuirá em herança:

25 E os amalequitas e os cananeos habitam no valle: tornae-vos [31] ámanhã, e caminhae para o deserto pelo caminho do Mar Vermelho.

Aos murmuradores não é permittido entrar na terra de Canaan.

26 Depois fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

27 Até quando soffrerei esta má congregação, que murmura contra mim? tenho ouvido [32] as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim.

28 Dize-lhes: Assim eu vivo, [33] diz o Senhor, que, como fallastes aos meus ouvidos, assim farei a vós outros.

29 N’este deserto cairão os vossos cadaveres, como tambem [34] todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte annos e para cima, os que d’entre vós contra mim murmurastes;

30 Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar n’ella, [35] salvo Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.

31 Mas os vossos filhos, [36] de que dizeis: Por presa serão, metterei n’ella; e elles saberão da terra que vós [37] desprezastes.

32 Porém, quanto a vós, os vossos cadaveres [38] cairão n’este deserto.

33 E vossos filhos [39] pastorearão n’este deserto quarenta annos, e levarão sobre si as vossas fornicações, até que os vossos cadaveres se consumam n’este deserto.

34 Segundo [40] o numero dos dias em que espiastes esta terra, quarenta dias, por cada dia um anno, levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta annos, e conhecereis o meu apartamento.

35 Eu, o Senhor, fallei: [41] se assim não fizer a toda esta má congregação, que se levantou contra mim, n’este deserto se consumirão, e ahi fallecerão.

36 E os homens que [42] Moysés mandara a espiar a terra, e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra elle, infamando a terra,

37 Aquelles mesmos homens, que infamaram a terra, [43] morreram da praga perante o Senhor.

38 Mas [44] Josué, filho de Nun, e Caleb, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram com vida.

39 E fallou Moysés estas palavras a todos os filhos de Israel: então o povo se contristou [45] muito.

40 E levantaram-se pela manhã de madrugada, e subiram ao cume do monte, dizendo: [46] Eis-nos aqui, e subiremos ao logar que o Senhor tem dito; porquanto havemos peccado.

41 Mas Moysés disse: Porque quebrantaes [47] o mandado do Senhor? pois isso não prosperará.

42 Não subaes, [48] pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejaes feridos diante dos vossos inimigos.

43 Porque os amalequitas e os cananeos estão ali diante da vossa face, e caireis á espada: pois, porquanto [49] vos desviastes do Senhor, o Senhor não será comvosco.

44 Comtudo, temerariamente, [50] tentaram subir ao cume do monte: mas a[147] arca do concerto do Senhor e Moysés não se apartaram do meio do arraial.

45 Então desceram os amalequitas e [51] os cananeos, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até [52] Horma.

[1] cap. 11.4.

[2] Exo. 16.2 e 17.3. cap. 16.41. Psa. 106.26.

[3] ver. 28, 29.

[4] Neh. 9.17. Deu. 17.16. Act. 6.39.

[5] cap. 16.4.

[6] ver. 24, 30. cap. 13.6, 8.

[7] cap. 13.27. Deu. 1.25.

[8] Deu. 10.15. II Sam. 15.25 e 22.20. I Reis 10.9.

[9] cap. 13.27.

[10] Deu. 9.7, 23, 24.

[11] Deu. 7.18 e 20.3. cap. 24.8.

[12] Gen. 48.21. Exo. 33.16. Deu. 20.1 e 31.6, 8. Jos. 1.5. Jui. 1.22. II Chr. 13.12 e 15.2 e 20.17 e 32.8. Isa. 41.10. Amós 5.14. Zac. 8.23.

[13] Exo. 17.4.

[14] Exo. 16.10 e 24.16, 17. Lev. 9.23. cap. 16.19.

[15] ver. 23. Psa. 95.8. Heb. 3.8, 16.

[16] Deu. 1.32 e 9.23. Psa. 78.22. João 12.37. Heb. 3.18.

[17] Exo. 32.12. Psa. 106.23. Deu. 9.26 e 32.27. Eze. 20.9, 14.

[18] Exo. 15.14. Jos. 2.9, 10 e 5.1.

[19] Exo. 13.21 e 40.38. cap. 10.34. Neh. 9.12.

[20] Deu. 9.28. Jos. 7.9.

[21] Exo. 34.6, 7. Psa. 103.8 e 144.8. Jon. 4.2.

[22] Exo. 20.5 e 34.7.

[23] Exo. 34.9. Psa. 106.45. Psa. 78.38.

[24] Psa. 106.23. Thi. 5.16. I João 5.14.

[25] Psa. 72.19.

[26] Deu. 1.35. Psa. 95.11 e 106.26. Heb. 3.17.

[27] Gen. 31.7.

[28] cap. 32.11. Eze. 20.15.

[29] Deu. 1.36. Jos. 14.6, 8, 9, 14.

[30] cap. 32.12.

[31] Deu. 1.40.

[32] ver. 11. Exo. 16.28. Mat. 17.16. Exo. 16.12.

[33] cap. 26.65 e 32.11. Deu. 1.35. Heb. 3.17.

[34] cap. 1.45 e 26.64.

[35] ver. 38. cap. 26.65 e 32.12. Deu. 1.36.

[36] Deu. 1.39.

[37] Psa. 106.24.

[38] I Cor. 10.5. Heb. 3.17.

[39] cap. 32.13. Psa. 107.40. Deu. 2.14. Eze. 23.35.

[40] cap. 13.25. Psa. 95.10. Eze. 4.6. I Reis 8.56. Psa. 105.42. Heb. 4.1.

[41] cap. 23.19. ver. 27, 29. cap. 26.65. I Cor. 10.5.

[42] cap. 13.31, 32.

[43] I Cor. 10.10. Heb. 3.17. Jud. 5.

[44] cap. 26.65. Jos. 14.6, 19.

[45] Exo. 33.4.

[46] Deu. 1.41.

[47] ver. 25. II Chr. 24.20.

[48] Deu. 1.42.

[49] II Chr. 15.

[50] Deu. 1.43.

[51] ver. 43. Deu. 1.17.

[52] cap. 21.3. Jui. 1.17.

A repetição de diversas leis.

15 Depois fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla [1] aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar;

3 E ao Senhor fizerdes [2] offerta queimada, holocausto, ou sacrificio, para lhe separar um voto, ou em offerta voluntaria, ou nas vossas solemnidades, para ao Senhor fazer um cheiro suave de ovelhas ou vaccas;

4 Então aquelle [3] que offerecer a sua offerta ao Senhor, por offerta de manjares offerecerá uma decima de flor de farinha misturada com a quarta parte d’um hin de azeite.

5 E de vinho para libação preparareis a quarta parte [4] de um hin, para holocausto ou para sacrificio por cada cordeiro:

6 E por cada carneiro [5] prepararás uma offerta de manjares de duas decimas de flor de farinha, misturada com a terça parte d’um hin de azeite.

7 E de vinho para a libação offerecerás a terça parte de um hin ao Senhor, em cheiro suave.

8 E, quando preparares novilho para holocausto ou sacrificio, para separar um voto, ou um [6] sacrificio pacifico ao Senhor,

9 Com o novilho [7] offerecerás uma offerta de manjares de tres decimas de flor de farinha misturada com a metade d’um hin de azeite,

10 E de vinho para a libação offerecerás a metade de um hin, offerta queimada em cheiro suave ao Senhor.

11 Assim se fará [8] com cada boi, ou com cada carneiro, ou com o gado miudo dos cordeiros ou das cabras.

12 Segundo o numero que offerecerdes, assim o fareis com cada um, segundo o numero d’elles.

13 Todo o natural assim fará estas coisas, offerecendo offerta queimada em cheiro suave ao Senhor.

14 Quando tambem peregrinar comvosco algum estrangeiro, ou que estiver no meio de vós nas vossas gerações, e elle offerecer uma offerta queimada de cheiro suave ao Senhor, como vós fizerdes assim fará elle.

15 Um mesmo [9] estatuto haja para vós, ó congregação, e para o estrangeiro que entre vós peregrina, por estatuto perpetuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante o Senhor.

16 Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina comvosco.

17 Fallou mais [10] o Senhor a Moysés, dizendo:

18 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra em que vos hei de metter,

19 Acontecerá que, quando comerdes do pão da [11] terra, então offerecereis ao Senhor offerta alçada.

20 Das primicias [12] da vossa massa offerecereis um bolo em offerta alçada: como a offerta da eira, assim o offerecereis.

21 Das primicias das vossas massas dareis ao Senhor offerta alçada nas vossas gerações.

22 E, quando vierdes a errar, e não fizerdes todos estes mandamentos, que o Senhor fallou a Moysés,

23 Tudo quanto o Senhor vos tem mandado por mão de Moysés, desde o dia que o Senhor ordenou, e d’ali em diante, nas vossas gerações;

24 Será que, quando se fizer alguma coisa por erro, [13] e fôr encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação offerecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, com a [14] sua offerta de manjares e libação conforme ao estatuto, e um bode para expiação do peccado.

25 E [15] o sacerdote fará propiciação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi erro: e trouxeram a sua offerta, offerta queimada ao Senhor, e a sua expiação do peccado perante o Senhor, por causa do seu erro.

26 Será pois perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no meio d’elles, porquanto por erro sobreveiu a todo o povo.

27 E, se alguma alma [16] peccar por erro, para expiação do peccado offerecerá uma cabra d’um anno.

[148]

28 E [17] o sacerdote fará expiação pela alma errante, quando peccar por erro, perante o Senhor, fazendo expiação por ella, e lhe será perdoado.

29 Para o natural [18] dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio d’elles peregrina, uma mesma lei vos será, para aquelle que isso fizer por erro.

30 Mas [19] a alma que fizer alguma coisa á mão levantada, quer seja dos naturaes quer dos estrangeiros, injuria ao Senhor: e tal alma será extirpada do meio do seu povo,

31 Pois desprezou [20] a palavra do Senhor, e annulou o seu mandamento: totalmente será extirpada aquella alma, a sua iniquidade será sobre ella.

32 Estando pois os filhos de Israel no deserto, [21] acharam um homem apanhando lenha no dia de sabbado.

33 E os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moysés e a Aarão, e a toda a congregação.

34 E o pozeram em [22] guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.

35 Disse pois o Senhor a Moysés: Certamente morrerá o tal [23] homem; toda a congregação com pedras o apedrejará para fóra do arraial.

36 Então toda a congregação o tirou para fóra do arraial, e com pedras o apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moysés.

37 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

A lei ácerca das bordas dos vestidos.

38 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas [24] dos seus vestidos façam franjas pelas suas gerações: e nas franjas das bordas porão um cordão de azul.

39 E nas franjas vos estará, para que o vejaes, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os façaes: e não seguireis [25] após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os quaes andaes fornicando.

40 Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façaes, e sanctos [26] sejaes a vosso Deus.

41 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egypto, para vos ser por Deus: Eu sou o Senhor vosso Deus.

[1] ver. 18. Lev. 23.10. Deu. 7.1.

[2] Lev. 1.2, 3 e 22.18, 21 e 23.8, 12. cap. 28.19, 27 e 29.2, 8, 13. Deu. 16.10. Gen. 8.21. Exo. 29.18.

[3] Lev. 2.1 e 6.14. Exo. 29.40. Lev. 23.13 e 14.10. cap. 28.5.

[4] cap. 28.7, 14.

[5] cap. 28.12, 14.

[6] Lev. 7.11.

[7] cap. 28.12, 14.

[8] cap. 28.

[9] ver. 29. Exo. 12.49. cap. 9.14.

[10] ver. 2. Deu. 26.1.

[11] Jos. 5.11.

[12] Lev. 2.14 e 23.10, 16. Deu. 26.2, 10. Pro. 3.9, 10.

[13] Lev. 4.13.

[14] ver. 8, 9, 10. Lev. 4.23. cap. 28.15. Esd. 6.17 e 8.35.

[15] Lev. 4.20.

[16] Lev. 4.27.

[17] Lev. 4.35.

[18] ver. 15.

[19] Deu. 17.12. Heb. 10.26. II Ped. 2.10.

[20] II Sam. 12.9. Pro. 13.13. Lev. 5.1. Eze. 18.20.

[21] Exo. 31.14 e 35.2, 3.

[22] Lev. 24.12.

[23] Lev. 24.14. I Reis 21.13. Act. 7.58.

[24] Deu. 22.12. Mat. 23.5.

[25] Deu. 29.19. Job 31.7. Jer. 9.14. Eze. 6.9. Psa. 73.27 e 106.39. Thi. 4.4.

[26] Lev. 11.44, 45. Rom. 12.1. Col. 1.22. I Ped. 1.15, 16.

A rebellião de Coré, Dathan e Abiram.

Antes de Christo 1471

16 E Coré, filho [1] de Jizhar, filho de Kohath, filho de Levi, tomou comsigo a Dathan e a Abiram, filhos de Eliab, e a On, filho de Peleth, filhos de Ruben,

2 E levantaram-se perante Moysés com duzentos e cincoenta homens dos filhos de Israel, maioraes da congregação, chamados ao ajuntamento, varões de nome,

3 E se congregaram contra Moysés e contra Aarão, e lhes disseram: Baste-vos, pois toda esta [2] congregação, pois que toda a congregação é sancta, todos elles são sanctos, e o Senhor está no meio d’elles: porque pois vos elevaes sobre a congregação do Senhor?

4 Como Moysés isto ouviu, [3] caiu sobre o seu rosto,

5 E fallou a Coré e a toda a sua congregação, dizendo: Ámanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é seu, e quem o sancto que elle fará chegar a si: [4] e aquelle a quem [5] escolher fará chegar a si.

6 Fazei isto: tomae vós incensarios, Coré e toda a sua congregação;

7 E, pondo fogo n’elles ámanhã, sobre elles deitae incenso perante o Senhor: e será que o homem a quem o Senhor escolher, este será o sancto: baste-vos, filhos de Levi.

8 Disse mais Moysés a Coré: Ouvi agora, filhos de Levi:

9 Porventura pouco [6] para vós é que o Deus de Israel vos separou [7] da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a administrar o ministerio do tabernaculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-lhe:

10 E te fez chegar, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, comtigo; ainda tambem procuraes o sacerdocio?

11 Pelo que tu e toda a tua congregação congregados estaes contra o Senhor; e Aarão, [8] que é elle, que murmuraes contra elle?

12 E Moysés enviou a chamar a Dathan e a Abiram, filhos de Eliab: porém elles disseram: Não subiremos;

13 Porventura pouco é que nos fizeste subir [9] de uma terra que mana leite e mel, para nos matares n’este deserto,[149] senão que tambem totalmente te assenhoreias [10] de nós?

14 Nem tão pouco nos trouxeste a uma terra [11] que mana leite e mel, nem nos déste campos e vinhas em herança; porventura arrancarás os olhos a estes homens? não subiremos.

15 Então Moysés irou-se muito, e disse ao Senhor; Não [12] attentes para a sua offerta; nem um só jumento tomei d’elles, nem a nenhum d’elles fiz mal.

16 Disse mais Moysés a Coré: Tu e toda [13] a tua congregação vos ponde perante o Senhor, tu, e elles, e Aarão, ámanhã.

17 E tomae cada um o seu incensario, e n’elles ponde incenso; e trazei cada um o seu incensario perante o Senhor, duzentos e cincoenta incensarios; tambem tu e Aarão, cada qual o seu incensario.

18 Tomaram pois cada qual o seu incensario, e n’elles pozeram fogo, e n’elles deitaram incenso, e se pozeram perante a porta da tenda da congregação com Moysés e Aarão.

19 E Coré fez ajuntar contra elles toda a congregação á porta da tenda da congregação: então a gloria do [14] Senhor appareceu a toda a congregação.

20 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

21 Apartae-vos [15] do meio d’esta congregação, e os consumirei como n’um momento.

22 Mas elles se prostraram sobre os seus rostos, [16] e disseram: Ó Deus, Deus dos espiritos de toda a carne, peccaria um só homem, e indignar-te-has tu tanto contra toda esta congregação?

23 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

24 Falla a toda esta congregação, dizendo: Levantae-vos do redor da habitação de Coré, Dathan e Abiram.

25 Então Moysés levantou-se, e foi a Dathan e a Abiram: e após d’elle foram os anciãos de Israel.

26 E fallou á congregação, [17] dizendo: Desviae-vos, peço-vos, das tendas d’estes impios homens, e não toqueis nada do que é seu, para que porventura não pereçaes em todos os seus peccados.

27 Levantaram-se pois do redor da habitação de Coré, Dathan e Abiram. E Dathan e Abiram sairam, e se pozeram á porta das suas tendas, juntamente com as suas mulheres, e seus filhos, e suas creanças.

28 Então disse Moysés: N’isto [18] conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todos estes feitos, que de meu coração não procedem.

29 Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como se visitam [19] todos os homens, então o Senhor me não enviou.

30 Mas, se o Senhor crear alguma coisa [20] nova, e a terra abrir a sua bocca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao sepulchro, então conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor.

31 E aconteceu que, acabando [21] elle de fallar todas estas palavras, a terra que estava debaixo d’elles se fendeu.

32 E a terra abriu a sua bocca, e os tragou com as suas casas, como tambem a todos os homens que pertenciam a Coré, e a [22] toda a sua fazenda.

33 E elles e tudo o que era seu desceram vivos ao sepulchro, e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.

34 E todo o Israel, que estava ao redor d’elles, fugiu do clamor d’elles; porque diziam: Para que porventura tambem nos não trague a terra a nós.

35 Então saiu [23] fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cincoenta homens que offereciam o incenso.

36 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

37 Dize a Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, que tome os incensarios do meio do incendio, e espalhe o fogo longe, porque [24] sanctos são;

38 Quanto aos incensarios d’aquelles [25] que peccaram contra as suas almas, d’elles se façam folhas estendidas para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor; pelo que sanctos são: e serão por [26] signal aos filhos de Israel.

39 E Eleazar, o sacerdote, tomou os incensarios de metal, que trouxeram aquelles que foram queimados, e os estenderam para cobertura do altar,

40 Por memorial para os filhos de[150] Israel, que nenhum estranho, [27] que não fôr da semente de Aarão, se chegue para accender incenso perante o Senhor; para que não seja como Coré e a sua congregação, como o Senhor lhe tinha dito pela bocca de Moysés.

41 Mas no dia seguinte toda [28] a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moysés e contra Aarão, dizendo; Vós matastes o povo do Senhor.

42 E aconteceu que, ajuntando-se a congregação contra Moysés e Aarão, e virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a gloria do Senhor appareceu.

43 Vieram pois Moysés e Aarão perante a tenda da congregação.

44 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

45 Levantae-vos [29] do meio d’esta congregação, e a consumirei como n’um momento: então se prostraram [30] sobre os seus rostos,

46 E disse Moysés a Aarão: Toma o teu incensario, e põe n’elle fogo do altar, e deita incenso sobre elle, e vae depressa á congregação, e faze expiação por elles: porque grande indignação saiu de diante do Senhor; [31] já começou a praga.

47 E tomou-o Aarão, como Moysés tinha fallado, e correu ao meio da congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitou incenso n’elle, e fez expiação pelo povo.

48 E estava em pé entre os mortos e os vivos; e cessou a praga.

49 E os que morreram d’aquella praga foram quatorze mil e setecentos, fóra os que morreram pela causa de Coré.

50 E voltou Aarão a Moysés á porta da tenda da congregação: e cessou a praga.

[1] Exo. 6.21. cap. 26.9 e 27.3. Jud. 11.

[2] Exo. 19.6 e 29.45. cap. 14.14 e 35.34.

[3] cap. 14.5 e 20.6.

[4] ver. 3. Lev. 21.6, 7, 8, 12, 15.

[5] Exo. 28.1. cap. 17.5. I Sam. 2.28. cap. 3.10. Lev. 10.3 e 21.17, 18. Eze. 40.46 e 44.15, 16.

[6] I Sam. 18.23. Isa. 7.13.

[7] cap. 3.41, 45 e 8.14. Deu. 10.8.

[8] Exo. 16.8. I Cor. 3.5.

[9] ver. 9.

[10] Exo. 2.14. Act. 7.27, 35.

[11] Exo. 3.8. Lev. 20.24.

[12] Gen. 4.4, 5. I Sam. 12.3. Act. 20.33. II Cor. 7.2.

[13] ver. 6, 7. I Sam. 12.3, 7.

[14] Exo. 16.7, 10. Lev. 9.6, 23. cap. 14.10.

[15] ver. 45. Gen. 19.17, 22. Jer. 51. Act. 2.40. Apo. 18.4.

[16] cap. 14.5 e 27.16. Job 12.10. Ecc. 12.7. Isa. 57.16. Zac. 12.1. Heb. 12.9.

[17] Gen. 19.12, 14. Isa. 52.11. II Cor. 6.17. Apo. 18.4.

[18] Exo. 3.12. Deu. 18.22. Zac. 2.9, 11 e 4.9. João 5.36. cap. 24.13. Jer. 23.16. Eze. 13.17. João 5.30 e 6.38.

[19] Exo. 20.5. Job 35.15. Isa. 10.3. Jer. 5.9.

[20] Job 31.3. Isa. 28.21. ver. 33. Psa. 55.15.

[21] cap. 26.10 e 27.3. Deu. 11.6.

[22] ver. 17. cap. 26.11. I Chr. 6.22, 37.

[23] Lev. 10.2. cap. 11.1. Psa. 106.18. ver. 17.

[24] Lev. 27.28.

[25] Pro. 20.2. Heb. 2.10.

[26] cap. 17.10 e 26.10. Eze. 14.8.

[27] cap. 3.10. II Chr. 26.18.

[28] cap. 14.2. Psa. 106.25.

[29] ver. 21, 24.

[30] ver. 22. cap. 20.6.

[31] Lev. 10.6. cap. 1.53 e 8.19 e 11.33. I Chr. 27.24. Psa. 106.29.

A vara de Aarão floresce.

17 Então fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, e toma d’elles uma vara por cada casa paterna de todos os seus principes, segundo as casas de seus paes doze varas; e escreverás o nome de cada um sobre a sua vara.

3 Porém o nome de Aarão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus paes terá uma vara.

4 E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde [1] eu virei a vós.

5 E será que a vara do homem que eu tiver escolhido [2] florescerá; assim farei cessar as murmurações dos filhos d’Israel contra mim, com que murmuram [3] contra vós.

6 Fallou pois Moysés aos filhos d’Israel: e todos os seus maioraes deram-lhe cada um uma vara, por cada maioral uma vara, segundo as casas de seus paes; doze varas; e a vara d’Aarão estava entre as suas varas.

7 E Moysés poz estas varas perante o Senhor na tenda do [4] testemunho.

8 Succedeu pois que no dia seguinte Moysés entrou na tenda do testemunho, e eis-que a vara d’Aarão, pela casa de Levi, florescia; porque produzira flores, e brotara renovos e dera amendoas.

9 Então Moysés tirou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos d’Israel; e elles o viram, e tomaram cada um a sua vara.

10 Então o Senhor disse a Moysés: Torna a pôr a vara [5] d’Aarão perante o testemunho, para que se guarde por signal para os filhos rebeldes: assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e não morrerão.

11 E Moysés fez assim; como lhe ordenára o Senhor, assim fez.

12 Então fallaram os filhos de Israel a Moysés, dizendo: Eis-aqui, nós expiramos, perecemos, nós perecemos todos.

13 Todo aquelle [6] que se approximar do tabernaculo do Senhor, morrerá: seremos pois todos consumidos?

[1] Exo. 25.22 e 29.42, 43 e 30.36.

[2] cap. 16.5.

[3] cap. 16.11.

[4] Exo. 38.21. cap. 18.2. Act. 7.44.

[5] Heb. 9.4. cap. 16.38. ver. 5.

[6] cap. 1.51 e 18.4, 7.

Os deveres e direitos dos sacerdotes, e dos levitas.

18 Então disse o Senhor a Aarão: [1] Tu, e teus filhos, e a casa de teu pae comtigo, levareis sobre vós a iniquidade do sanctuario: e tu e teus filhos comtigo levareis sobre vós a iniquidade do vosso sacerdocio.

2 E tambem farás chegar comtigo a teus irmãos, a tribu [2] de Levi, a tribu de teu pae, para que se ajuntem a ti, e te sirvam; mas tu e teus filhos comtigo estareis perante a tenda do testemunho.

3 E elles farão a tua guarda, a guarda de toda [3] a tenda: mas não se chegarão aos vasos do sanctuario, e ao altar, para que não morram, tanto elles como vós.

[151]

4 Mas se ajuntarão a ti, e farão a guarda da tenda da congregação em todo o ministerio da tenda; e o estranho [4] não se chegará a vós.

5 Vós pois fareis [5] a guarda do sanctuario e a guarda do altar; para que não haja outra vez furor sobre os filhos d’Israel.

6 E eu, eis-que eu tenho tomado vossos irmãos, os [6] levitas, do meio dos filhos d’Israel: a vós são dados em [7] dadiva pelo Senhor, para administrar o ministerio da tenda da congregação.

7 Mas tu [8] e teus filhos comtigo guardareis o vosso sacerdocio em todo o negocio do altar, e no que estiver dentro do [9] véu, isto administrareis: eu vos tenho dado o vosso sacerdocio em dadiva ministerial, e o estranho que se chegar morrerá.

8 Disse mais o Senhor a Aarão: E eu, eis-que [10] te tenho dado a guarda das minhas offertas alçadas, com todas as coisas sanctas dos filhos d’Israel; por causa da uncção as tenho dado a ti [11] e a teus filhos por estatuto perpetuo.

9 Isto terás das coisas sanctissimas do fogo: todas as suas offertas com todas as suas offertas de manjares, [12] e com todas as suas expiações do peccado, e com todas as suas expiações da culpa, que me restituirão; será coisa sanctissima para ti e para teus filhos.

10 No logar sanctissimo [13] o comerás: todo o macho o comerá; sanctidade será para ti.

11 Tambem isto será teu: [14] a offerta alçada dos seus dons com todas as offertas movidas dos filhos d’Israel; a ti, a teus filhos, e a tuas filhas comtigo, as tenho dado por estatuto perpetuo; todo o que estiver limpo na [15] tua casa as comerá.

12 Tudo o [16] melhor do azeite, e tudo o melhor do mosto e do grão, as suas primicias que derem ao Senhor, as tenho dado a ti.

13 Os primeiros fructos de tudo que houver na terra, [17] que trouxerem ao Senhor, serão teus: todo o que estiver limpo na tua casa os comerá.

14 Toda a coisa [18] consagrada em Israel será tua.

15 Tudo o que abrir a madre, de [19] toda a carne que trouxerem ao Senhor, tanto d’homens como d’animaes, será teu; porém os primogenitos dos homens resgatarás; tambem os primogenitos dos animaes immundos resgatarás.

16 Os que pois d’elles se houverem de resgatar [20] resgatarás, da edade d’um mez, segundo a tua avaliação, por cinco siclos de dinheiro, segundo o siclo do sanctuario, que é de vinte geras.

17 Mas [21] o primogenito de vacca, ou primogenito d’ovelha, ou primogenito de cabra, não resgatarás, sanctos são: o seu sangue espargirás sobre o altar, e a sua gordura queimarás em offerta queimada de cheiro suave ao Senhor.

18 E a carne d’elles será tua: assim como o peito do movimento, e [22] como o hombro direito, tua será.

19 Todas as offertas [23] alçadas das sanctidades, que os filhos de Israel offerecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas comtigo, por estatuto perpetuo: concerto perpetuo de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua semente comtigo.

20 Disse tambem o Senhor a Aarão: Na sua terra possessão nenhuma terás, e no meio d’elles, nenhuma parte terás: eu [24] sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos d’Israel.

21 E eis-que aos filhos de Levi tenho dado [25] todos os dizimos em Israel por herança, pelo seu ministerio que administra, o ministerio da [26] tenda da congregação.

22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão [27] á tenda da congregação, para que não levem sobre si o peccado, e morram.

23 Mas os levitas [28] administrarão o ministerio da tenda da congregação, e elles levarão sobre si a sua iniquidade: pelas vossas gerações estatuto perpetuo será; e no meio dos filhos d’Israel nenhuma herança herdarão.

24 Porque os dizimos dos filhos d’Israel, que [29] offerecerem ao Senhor em offerta alçada, tenho dado por herança aos levitas: porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança herdarão.

25 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

26 Tambem fallarás aos levitas, e dir-lhes-has: Quando receberdes os dizimos dos filhos de Israel, que eu d’elles vos tenho dado em vossa herança, d’elles[152] offerecereis uma offerta alçada ao Senhor; os [30] dizimos dos dizimos.

27 E contar-se-vos-ha a vossa offerta alçada, como grão da eira, e como plenitude do lagar.

28 Assim tambem offerecereis ao Senhor uma offerta alçada de todos os vossos dizimos, que receberdes dos filhos d’Israel, e d’elles dareis a offerta alçada do Senhor a Aarão, o sacerdote.

29 De todos os vossos dons offerecereis toda a offerta alçada do Senhor: de tudo o melhor d’elles, a sua sancta parte.

30 Dir-lhes-has pois: Quando offerecerdes o melhor d’elles, como novidade da eira, e [31] como novidade do lagar, se contará aos levitas.

31 E o comereis em todo o logar, vós e a vossa casa, porque vosso galardão é [32] pelo vosso ministerio na tenda da congregação.

32 Pelo que não levareis sobre vós o peccado, [33] quando d’elles offerecerdes o melhor: e não [34] profanareis as coisas sanctas dos filhos de Israel, para que não morraes.

[1] cap. 17.13. Exo. 28.38.

[2] Gen. 29.34. cap. 3.6, 7, 10.

[3] cap. 3.25, 31, 36 e 16.40 e 4.15.

[4] cap. 3.10.

[5] Exo. 27.21 e 30.7. Lev. 24.3. cap. 8.2 e 16.46.

[6] cap. 3.12, 45.

[7] cap. 3.9 e 8.19.

[8] ver. 5.

[9] Heb. 9.3, 6.

[10] Lev. 6.16, 18, 26 e 7.6, 32. cap. 5.9.

[11] Exo. 29.29.

[12] Lev. 2.2 e 4.22 e 5.1, 7 e 6.25 e 10.12 e 14.13.

[13] Lev. 6.16, 18, 26, 29.

[14] Exo. 29.27, 28. Lev. 7.30, 34 e 10.14. Deu. 18.3.

[15] Lev. 22.2, 3, 11, 12, 13.

[16] Exo. 23.19. Deu. 18.4. Neh. 10.35. Exo. 22.29.

[17] Exo. 34.26. Lev. 2.14. cap. 15.19. Deu. 26.2. ver. 11.

[18] Lev. 27.28.

[19] Exo. 13.2. Lev. 27.26. cap. 13.13 e 34.20.

[20] Lev. 27.2, 6, 25. cap. 3.47. Eze. 45.12.

[21] Deu. 15.16. Lev. 3.2.

[22] Exo. 29.26. Lev. 7.31.

[23] ver. 11. Lev. 2.3. II Chr. 13.5.

[24] Deu. 10.9 e 12.12. Jos. 13.14, 33 e 14.3. Eze. 44.28.

[25] ver. 24, 26. Lev. 27.30. Neh. 10.37 e 12.41. Heb. 7.5.

[26] cap. 3.7, 8.

[27] cap. 1.51. Lev. 22.9.

[28] cap. 3.7.

[29] ver. 21, 20. Deu. 10.9 e 14.27, 29 e 18.1.

[30] Neh. 10.38. ver. 30.

[31] ver. 27.

[32] Mat. 10.10. Luc. 10.7. I Cor. 9.13. I Tim. 5.18.

[33] Lev. 19.18.

[34] Lev. 22.2, 15.

A agua de separação.

19 Fallou mais o Senhor a Moysés e a Aarão, dizendo:

2 Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma bezerra ruiva sem defeito, que não tenha mancha, e [1] sobre que não subiu jugo.

3 E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e a tirará fóra [2] do arraial, e se degolará diante d’elle.

4 E Eleazar, o sacerdote, tomará do seu sangue com o seu dedo, e d’elle espargirá [3] para a frente da tenda da congregação sete vezes.

5 Então queimará a bezerra perante os seus olhos; o seu coiro, e a sua [4] carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará.

6 E o sacerdote tomará pau de cedro, e hyssopo, [5] e carmezim, e os lançará no meio do incendio da bezerra.

7 Então o sacerdote lavará [6] os seus vestidos, e banhará a sua carne na agua, e depois entrará no arraial, e o sacerdote será immundo até á tarde.

8 Tambem o que a queimou lavará os seus vestidos com agua, e em agua banhará a sua carne, e immundo será até á tarde.

9 E um homem limpo ajuntará a cinza [7] da bezerra, e a porá fóra do arraial, n’um logar limpo, e estará ella em guarda para a congregação dos filhos d’Israel, para a agua da [8] separação: expiação é.

10 E o que apanhou a cinza da bezerra lavará os seus vestidos, e será immundo até á tarde: isto será por estatuto perpetuo aos filhos d’Israel e ao estrangeiro que peregrina no meio d’elles.

11 Aquelle que tocar [9] a algum morto, cadaver d’algum homem, immundo será sete dias.

12 Ao [10] terceiro dia se purificará com ella, e ao setimo dia será limpo: mas, se ao terceiro dia se não purificar, não será limpo ao setimo dia.

13 Todo aquelle que tocar a algum morto, cadaver d’algum homem, que estiver morto, e não se purificar, contamina o tabernaculo [11] do Senhor: e aquella alma será extirpada d’Israel: porque a agua da separação não foi espargida sobre elle, immundo será: está n’elle ainda a sua immundicia.

14 Esta é a lei, quando morrer algum homem em alguma tenda: todo aquelle que entrar n’aquella tenda, e todo aquelle que estiver n’aquella tenda, será immundo sete dias.

15 Tambem todo o vaso [12] aberto, sobre que não houver panno atado, será immundo.

16 E todo aquelle que sobre a face do campo [13] tocar a algum que fôr morto pela espada, ou outro morto, ou aos ossos d’algum homem, ou a uma sepultura, será immundo sete dias.

17 Para um immundo pois tomarão do pó [14] da queima da expiação, e sobre elle porão agua viva n’um vaso.

18 E um homem limpo tomará [15] hyssopo, e o molhará n’aquella agua, e a espargirá sobre aquella tenda, e sobre todo o fato, e sobre as almas que ali estiverem: como tambem sobre aquelle que tocar os ossos, ou a algum que foi morto, ou que falleceu, ou uma sepultura.

19 E o limpo ao terceiro e setimo dia espargirá sobre o immundo: e ao setimo dia o purificará; e [16] lavará os seus vestidos, e se banhará na agua, e á tarde será limpo.

20 Porém o que fôr immundo, e se não purificar, a tal alma do meio da[153] congregação será extirpada; porquanto contaminou [17] o sanctuario do Senhor: agua de separação sobre elle não foi espargida; immundo é.

21 Isto lhes será por estatuto perpetuo: e o que espargir a agua da separação lavará os seus vestidos; e o que tocar a agua da separação será immundo até á tarde.

22 E tudo [18] o que tocar ao immundo tambem será immundo; e a alma que o tocar será immunda até á tarde.

[1] Deu. 21.3. I Sam. 6.7.

[2] Lev. 4.12, 21 e 26.27. Heb. 13.11.

[3] Lev. 4.6 e 16.14, 19. Heb. 9.13.

[4] Exo. 29.14. Lev. 4.11, 12.

[5] Lev. 14.4, 6, 49.

[6] Lev. 11.25 e 15.5.

[7] Heb. 9.13.

[8] ver. 13, 20, 21. cap. 31.23.

[9] ver. 16. Lev. 21.1. cap. 5.2 e 9.6, 10 e 31.19. Lam. 4.14. Agg. 2.13.

[10] cap. 31.19.

[11] Lev. 15.20 e 22.3. ver. 9. cap. 8.7. Lev. 7.20 e 22.3.

[12] Lev. 11.32. cap. 31.20.

[13] ver. 11.

[14] ver. 9.

[15] Psa. 51.9.

[16] Lev. 14.9.

[17] ver. 13.

[18] Agg. 2.13. Lev. 15.5.

A morte de Miriam.

Antes de Christo 1453

20 Chegando [1] os filhos d’Israel, toda a congregação, ao deserto de Zin, no mez primeiro, o povo ficou em Cades: e Miriam [2] morreu ali, e ali foi sepultada.

2 E não havia agua [3] para a congregação: então se congregaram contra Moysés e contra Aarão.

3 E o povo contendeu [4] com Moysés, e fallaram, dizendo: Oxalá tivessemos expirado quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor!

4 E [5] porque trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos ali, nós e os nossos animaes?

5 E porque nos fizestes subir do Egypto, para nos trazer a este logar máu? logar não de semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem d’agua para beber.

6 Então Moysés e Aarão se foram de diante da congregação á porta da tenda da congregação, e se [6] lançaram sobre os seus rostos: e a gloria do Senhor lhes appareceu.

Moysés fere a rocha e as aguas saem.

7 E o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

8 Toma a vara, [7] e ajunta a congregação, tu e Aarão, teu irmão, e fallae á rocha perante os seus olhos, e dará a sua agua: assim lhes tirarás [8] agua da rocha, e darás a beber á congregação e aos seus animaes.

9 Então Moysés tomou a vara de diante do Senhor, [9] como lhe tinha ordenado,

10 E Moysés e Aarão congregaram a congregação diante da rocha, e [10] disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos agua d’esta rocha para vós?

11 Então Moysés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e [11] sairam muitas aguas; e bebeu a congregação e os seus animaes.

12 E o Senhor disse a Moysés e a Aarão: Porquanto não me crestes a mim, [12] para me sanctificar diante dos filhos de Israel, por isso não mettereis esta congregação na terra que lhes tenho dado.

13 Estas são as aguas de [13] Meribah, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor: e se sanctificou n’elles.

Moysés solicita passagem pelo Edom.

14 Depois Moysés [14] desde Cades mandou mensageiros ao rei d’Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: sabes todo o trabalho que nos sobreveiu:

15 Como nossos paes desceram ao Egypto, [15] e nós no Egypto habitámos muitos dias; e como os egypcios nos maltrataram, a nós e a nossos paes:

16 E clamámos ao Senhor, [16] e elle ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, e nos tirou do Egypto: e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos.

17 Deixa-nos pois passar [17] pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a agua dos poços: iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos.

18 Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que porventura eu não saia á espada ao teu encontro.

19 Então os filhos d’Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho egualado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas aguas, [18] darei o preço d’ellas: sem alguma outra coisa sómente passarei a pé.

20 Porém elle disse: [19] Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mão forte.

21 Assim recusou [20] Edom deixar passar a Israel pelo seu termo: pelo que Israel se desviou d’elle.

A morte de Aarão.

22 Então partiram de Cades: [21] e os filhos de Israel, toda a congregação, vieram ao monte de Hor.

[154]

23 E fallou o Senhor a Moysés e a Aarão no monte de Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo:

24 Aarão [22] recolhido será a seus povos, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes á minha bocca, ás aguas de Meribah.

25 Toma [23] a Aarão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte de Hor.

26 E despe a Aarão os seus vestidos, e veste-os a Eleazar, seu filho, porque Aarão será recolhido, e morrerá ali.

27 Fez pois Moysés como o Senhor lhe ordenara: porque subiram ao monte de Hor perante os olhos de toda a congregação.

28 E Moysés despiu a Aarão os vestidos, [24] e os vestiu a Eleazar, seu filho; e morreu Aarão ali sobre o cume do monte; e [25] desceram Moysés e Eleazar do monte.

29 Vendo pois toda a congregação que Aarão era morto, [26] choraram a Aarão trinta dias, toda a casa de Israel.

[1] cap. 22.36.

[2] Exo. 15.20. cap. 26.59.

[3] Exo. 17.1. cap. 16.19, 42.

[4] Exo. 17.2. cap. 11.1, 33 e 14.37 e 16.32, 35, 49.

[5] Exo. 17.3.

[6] cap. 14.5 e 16.4, 22.

[7] Exo. 17.5.

[8] Neh. 9.15. Psa. 79.15 e 105.41 e 114.8. Isa. 43.20 e 48.21.

[9] cap. 17.10.

[10] Psa. 107.33.

[11] Exo. 17.6. Deu. 8.15. I Cor. 10.4.

[12] cap. 27.14. Deu. 1.37 e 3.26 e 32.51. Lev. 10.3. Eze. 20.41 e 36.23. I Ped. 3.15.

[13] Deu. 33.8. Psa. 96.8 e 107.32, etc.

[14] Jui. 11.16. Deu. 2.4, etc. e 23.7. Abd. 10, 12.

[15] Gen. 46.6. Act. 7.15. Exo. 12.40. Deu. 26.6. Act. 7.19.

[16] Exo. 2.23 e 3.2, 7 e 14.19.

[17] cap. 21.22. Deu. 2.27.

[18] Deu. 2.6, 28.

[19] Jui. 11.17.

[20] Deu. 2.27 e 2.4, 5, 8. Jui. 11.18.

[21] cap. 33.37 e 21.4.

[22] Gen. 25.8. cap. 27.13 e 31.2. Deu. 32.50.

[23] cap. 33.38. Deu. 32.50.

[24] Exo. 29.20, 30.

[25] cap. 33.38. Deu. 10.6 e 32.50.

[26] Deu. 34.8.

Os israelitas destroem aos cananeos.

21 Ouvindo [1] o cananeo, o rei de Harad, que habitava para a banda do sul, que Israel vinha pelo [2] caminho das espias, pelejou contra Israel, e d’elle levou alguns d’elles por prisioneiros.

2 Então Israel [3] fez um voto ao Senhor, dizendo: Se totalmente entregares este povo na minha mão, [4] destruirei totalmente as suas cidades.

3 O Senhor pois ouviu a voz de Israel, e entregou os cananeos, e os destruiu totalmente, a elles e ás suas cidades: e o nome d’aquelle logar chamou Horma.

As serpentes ardentes e a serpente de metal.

4 Então partiram [5] do monte de Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom: porém a alma do povo angustiou-se n’este caminho.

5 E o povo fallou [6] contra Deus e contra Moysés: Porque nos fizestes subir do Egypto para que morressemos n’este deserto? pois aqui nem pão nem agua ha: [7] e a nossa alma tem fastio d’este pão tão vil.

6 Então o Senhor [8] mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo; e morreu muito povo de Israel.

7 Pelo que o povo veiu a Moysés, e [9] disse: Havemos peccado, porquanto temos fallado contra o Senhor e contra ti; [10] ora ao Senhor que tire de nós estas serpentes. Então Moysés orou pelo povo.

8 E disse o Senhor a Moysés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-n’a sobre uma haste: e será que viverá todo o mordido que attentar para ella.

9 E Moysés [11] fez uma serpente de metal, e pôl-a sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguem, attentava para a serpente de metal, e ficava vivo.

Jornadas dos israelitas.

10 Então os filhos de Israel partiram, [12] e alojaram-se em Oboth.

11 Depois partiram [13] de Oboth, e alojaram-se nos outeiros de Abarim, no deserto que está defronte de Moab, ao nascente do sol.

12 D’ali partiram, [14] e alojaram-se junto ao ribeiro de Zered.

13 E d’ali partiram, e alojaram-se d’esta banda de Arnon, que está no deserto e sae dos termos dos amorrheos: porque [15] Arnon é o termo de Moab, entre Moab e os amorrheos.

14 Pelo que se diz no livro das guerras do Senhor: Contra Vaheb em Supha, e contra os ribeiros de Arnon,

15 E contra a corrente dos ribeiros, que se volve para a situação de Ar, [16] e se encosta aos termos de Moab.

16 E d’ali se partiram a Beer; este é o poço [17] do qual o Senhor disse a Moysés: Ajunta o povo, e lhe darei agua

17 (Então [18] Israel cantou este cantico: Sobe, poço, cantae d’elle:

18 Tu, poço, que cavaram os principes, que escavaram os nobres do povo, e o legislador [19] com os seus bordões): e do deserto partiram para Mattana;

19 E de Mattana a Nahaliel, e de Nahaliel a Bamoth;

Os israelitas ferem os reis de Moab e de Bashan.

Antes de Christo 1452

20 E de Bamoth ao valle que está no campo de Moab, [20] no cume de Pisga, e á vista do deserto.

21 Então Israel [21] mandou mensageiros[155] a Sehon, rei dos amorrheos, dizendo:

22 Deixa-me [22] passar pela tua terra; não nos desviaremos pelos campos nem pelas vinhas: as aguas dos poços não beberemos: iremos pela estrada real até que passemos os teus termos.

23 Porem [23] Sehon não deixou passar a Israel pelos seus termos; antes Sehon congregou todo o seu povo, e saiu ao encontro de Israel ao deserto, e veiu [24] a Jazha, e pelejou contra Israel.

24 Mas Israel [25] o feriu ao fio da espada, e tomou a sua terra em possessão, desde Arnon até Jabbok, até aos filhos de Ammon: porquanto o termo dos filhos de Ammon era firme.

25 Assim Israel tomou todas estas cidades: e Israel habitou em todas as cidades dos amorrheos, em Hesbon e em todas as suas aldeias.

26 Porque Hesbon era cidade de Sehon, rei dos amorrheos, e tinha pelejado contra o precedente rei dos moabitas, e tinha tomado da sua mão toda a sua terra até Arnon.

27 Pelo que dizem os que fallam em proverbios: Vinde a Hesbon; edifique-se e fortifique-se a cidade de Sehon.

28 Porque fogo [26] saiu de Hesbon, e uma chamma da cidade de Sehon: e consumiu a Ar dos moabitas, e os senhores dos altos de Arnon.

29 Ai de ti, Moab! perdido és, povo de Chamoz! [27] entregou seus filhos, que iam fugindo, e suas filhas, a ser captivos a Sehon, rei dos amorrheos.

30 E nós os derribámos: [28] Hesbon perdida é até Dibon, e os assolámos até Nophah, que se estende até [29] Medeba.

31 Assim Israel habitou na terra dos amorrheos.

32 Depois mandou Moysés espiar a [30] Jaezer, e tomaram as suas aldeias, e d’aquella possessão lançaram os amorrheos que estavam ali.

33 Então viraram-se, [31] e subiram o caminho de Basan: e Og, rei de Basan, saiu contra elles, elle e todo o seu povo, á peleja em [32] Edrei.

34 E disse o Senhor a [33] Moysés: Não o temas, porque eu t’o tenho dado na tua mão, a elle, e a todo o seu povo, e a sua terra, [34] e far-lhe-has como fizeste a Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon.

35 E de tal maneira o feriram, [35] a elle e a seus filhos, e a todo o seu povo, que nenhum d’elles escapou: e tomaram a sua terra em possessão.

[1] cap. 33.21. Jui. 1.16.

[2] cap. 13.21.

[3] Gen. 28.20. Jui. 11.30.

[4] Lev. 27.28.

[5] cap. 20.22 e 33.41. Jui. 11.18.

[6] Psa. 78.19. Exo. 16.3 e 17.3.

[7] cap. 11.6.

[8] I Cor. 10.9. Deu. 8.15.

[9] Psa. 78.34. ver. 5.

[10] Exo. 8.8, 28. I Sam. 12.19. I Reis 13.6. Act. 8.24.

[11] II Reis 18.4. João 3.14.

[12] cap. 33.43.

[13] cap. 23.44.

[14] Deu. 2.13.

[15] cap. 22.36. Jui. 11.18.

[16] Deu. 2.18, 29.

[17] Jui. 9.21.

[18] Exo. 15.1. Psa. 105.2 e 106.12.

[19] Isa. 33.22.

[20] cap. 23.28.

[21] Deu. 2.26, 27. Jui. 11.19.

[22] cap. 20.17.

[23] Deu. 29.7.

[24] Deu. 2.32. Jui. 11.20.

[25] Deu. 2.33 e 29.7. Jos. 12.1, 2 e 24.8. Neh. 9.22. Psa. 135.10 e 136.19. Amós 2.9.

[26] Jer. 48.45. Deu. 2.9, 18. Isa. 15.1.

[27] Jui. 11.24. I Reis 11.7, 33. II Reis 23.13. Jer. 48.7, 13.

[28] Jer. 48.18, 22.

[29] Isa. 15.2.

[30] cap. 32.1. Jer. 48.32.

[31] Deu. 3.1 e 29.7.

[32] Jos. 13.12.

[33] Deu. 3.2.

[34] ver. 24. Psa. 135.10 e 136.20.

[35] Deu. 3.3, 4, etc.

Balac e Balaão.

22 Depois [1] partiram os filhos de Israel, e acamparam-se nas campinas de Moab, d’esta banda do Jordão de Jericó.

2 Vendo pois [2] Balac, filho de Zippor, tudo o que Israel fizera aos amorrheos,

3 Moab temeu [3] muito diante d’este povo, porque era muito: e Moab andava angustiado por causa dos filhos de Israel.

4 Pelo que Moab disse aos [4] anciãos dos midianitas: Agora lamberá esta congregação tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a herva do campo. N’aquelle tempo Balac, filho de Zippor, era rei dos moabitas.

5 Este enviou [5] mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Pethor, que está junto ao rio, na terra dos filhos do seu povo, a chamal-o, dizendo: [6] Eis que um povo saiu do Egypto; eis que cobre a face da terra, e parado está defronte de mim.

6 Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; porventura o poderei ferir, e o lançarei fóra da terra: porque eu sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.

7 Então foram-se os anciãos dos moabitas e os anciãos dos midianitas com o preço dos encantamentos nas suas mãos: [7] e chegaram a Balaão, e lhe fallaram as palavras de Balac.

8 E elle lhes disse: Passae [8] aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o Senhor me fallar: então os principes dos moabitas ficaram com Balaão.

9 E veiu Deus a Balaão, [9] e disse: Quem são estes homens que estão comtigo?

10 E Balaão disse a Deus: Balac, filho de Zippor, rei dos moabitas, m’os enviou, dizendo:

11 Eis que o povo que saiu do Egypto cobriu a face da terra: vem agora, amaldiçoa-m’o; porventura poderei pelejar contra elle, e o lançarei fóra.

[156]

12 Então disse Deus a Balaão: Não irás com elles, nem amaldiçoarás a este povo, porquanto [10] bemdito é.

13 Então Balaão levantou-se pela manhã, e disse aos principes de Balac: Ide á vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir comvosco.

14 E levantaram-se os principes dos moabitas, e vieram a Balac, e disseram: Balaão recusou vir comnosco.

15 Porém Balac proseguiu ainda em enviar mais principes, e mais honrados do que aquelles,

16 Os quaes vieram a Balaão, e lhe disseram: Assim diz Balac, filho de Zippor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,

17 Porque grandemente te honrarei, e farei tudo o que me disseres: vem pois, rogo-te, [11] amaldiçoa-me este povo.

18 Então Balaão [12] respondeu, e disse aos servos de Balac: Ainda que Balac me désse a sua casa cheia de prata e de oiro, [13] eu não poderia traspassar [GY] o mandado do Senhor meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande;

19 Agora, pois, rogo-vos que tambem aqui [14] fiqueis esta noite, para que eu saiba o que o Senhor me fallar mais.

20 Veiu pois o Senhor a Balaão, de noite, e disse-lhe: [15] Se aquelles homens te vieram chamar, levanta-te, vae com elles; todavia, farás o que eu te disser.

21 Então Balaão levantou-se pela manhã, e albardou a sua jumenta, e foi-se com os principes de Moab.

22 E a ira de [16] Deus accendeu-se, porque elle se ia: e o anjo do Senhor poz-se-lhe no caminho por adversario: e elle ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus moços com elle.

23 Viu pois a [17] jumenta o anjo do Senhor, que estava no caminho, com a sua espada desembainhada na mão; pelo que desviou-se a jumenta do caminho, e foi-se pelo campo: então Balaão espancou a jumenta para fazel-a tornar ao caminho.

24 Mas o anjo do Senhor poz-se n’uma vereda de vinhas, havendo uma parede d’esta banda e uma parede da outra.

25 Vendo pois a jumenta o anjo do Senhor, apertou-se contra a parede, e apertou contra a parede o pé de Balaão; pelo que tornou a espancal-a.

26 Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e poz-se n’um logar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita nem para a esquerda.

27 E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão: e a ira de Balaão accendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão.

28 Então o Senhor abriu [18] a bocca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas tres vezes?

29 E Balaão disse á jumenta: Porque zombaste de mim: [19] oxalá tivesse eu uma espada na mão, porque agora te matara.

30 E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo que eu fui tua até hoje? costumei eu alguma vez de fazer assim comtigo? E elle respondeu: Não.

31 Então o Senhor abriu os [20] olhos a Balaão, e elle viu o anjo do Senhor, que estava no caminho, e a sua espada desembainhada [21] na mão: pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se sobre a sua face.

32 Então o anjo do Senhor lhe disse: Porque já tres vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu sahi para ser teu adversario, porquanto [22] o teu caminho é perverso diante de mim:

33 Porém a jumenta me viu, e já tres vezes se desviou de diante de mim: se ella se não desviara de diante de mim, na verdade que eu agora te tivera matado, e a ella deixara com vida.

34 Então Balaão disse ao anjo do Senhor: [23] Pequei, que não soube que estava n’este caminho para me oppôr: e agora, se parece mal aos teus olhos, tornar-me-hei.

35 E disse o anjo do Senhor a Balaão: Vae-te com estes [24] homens; mas sómente a palavra que eu fallar a ti esta fallarás. Assim Balaão foi-se com os principes de Balac.

36 Ouvindo pois Balac que Balaão vinha, saiu-lhe ao encontro até á cidade de Moab, [25] que está no termo de Arnon, na extremidade do termo d’elle.

37 E Balac disse a Balaão: Porventura não enviei diligentemente a chamar-te? [26] porque não vieste a mim? não posso eu na verdade honrar-te?

38 Então Balaão disse a Balac: Eis que eu tenho vindo a ti: porventura poderei eu agora de alguma fórma fallar alguma coisa? [27] a palavra que Deus pozer na minha bocca esta fallarei.

[157]

39 E Balaão foi com Balac, e vieram a Quiriath-huzoth.

40 Então Balac matou bois e ovelhas; e d’elles enviou a Balaão e aos principes que estavam com elle.

41 E succedeu que, pela manhã, Balac tomou a Balaão, e o fez subir [28] aos altos de Baal, e viu elle d’ali a ultima parte do povo.

[1] cap. 33.48.

[2] Jui. 11.25.

[3] Exo. 15.15.

[4] cap. 31.8. Jos. 13.21.

[5] Deu. 23.4. Jos. 13.22 e 24.9. Neh. 13.1. Miq. 6.5. II Ped. 2.15. Jud. 11. Apo. 2.14.

[6] cap. 23.7. Deu. 23.4.

[7] I Sam. 9.7, 8.

[8] ver. 13.

[9] ver. 20. Gen. 20.3.

[10] cap. 23.20. Rom. 11.29.

[11] ver. 6.

[12] cap. 24.3.

[13] I Reis 22.14. II Chr. 18.13.

[14] ver. 8.

[15] ver. 35. cap. 23.12, 26 e 24.13.

[16] Exo. 4.24.

[17] II Reis 6.17. Dan. 10.7. Act. 22.9. Jud. 11.

[18] II Ped. 2.16.

[19] Pro. 12.10.

[20] Gen. 21.19. II Reis 6.17. Luc. 24.16, 31.

[21] Exo. 34.8.

[22] II Ped. 2.14, 15.

[23] I Sam. 15.24, 30 e 26.21. II Sam. 12.13. Job 34.31.

[24] ver. 20.

[25] Gen. 14.17. cap. 21.13.

[26] ver. 17. cap. 24.11.

[27] cap. 23.26 e 24.13. I Reis 22.14. II Chr. 18.13.

[28] Deu. 12.2.

Balac edifica sete altares.

23 Então Balaão disse a Balac: [1] Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.

2 Fez pois Balac como Balaão dissera: [2] e Balac e Balaão offereceram um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

3 Então Balaão disse a Balac: [3] Fica-te ao pé do teu holocausto, e eu irei; porventura o Senhor me sairá [4] ao encontro, e o que me mostrar te notificarei. Então foi a um alto.

4 E, encontrando-se Deus [5] com Balaão, lhe disse este: Preparei sete altares, e offereci um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

5 Então o Senhor poz a palavra [6] na bocca de Balaão, e disse: Torna-te para Balac, e falla assim.

6 E, tornando para elle, eis que estava ao pé do seu holocausto, elle e todos os principes dos moabitas.

7 Então alçou a [7] sua parabola, e disse: Da Syria me mandou trazer Balac, rei dos moabitas, das montanhas do oriente, [8] dizendo: Vem, amaldiçoa-me a Jacob; e vem, detesta a Israel.

8 Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? e como detestarei, quando o Senhor não detesta?

9 Porque do cume das penhas o vejo, e dos outeiros o contemplo: [9] eis que este povo habitará só, e entre as gentes não será contado.

10 Quem contará [10] o pó de Jacob e o numero da quarta parte de Israel? a minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu.

11 Então disse Balac a Balaão: Que me fizeste? [11] chamei-te para amaldiçoar os meus inimigos, mas eis que inteiramente os abençoaste.

12 E elle respondeu, [12] e disse: Porventura não terei cuidado de fallar o que o Senhor poz na minha bocca?

13 Então Balac lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro logar, d’onde o verás; verás sómente a ultima parte d’elle, mas a todo elle não verás: e amaldiçoa-m’o d’ali.

14 Assim o tomou comsigo ao campo de Zophim, ao cume de Pisga: e edificou sete [13] altares, e offereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

15 Então disse a Balac: Fica aqui ao pé do teu holocausto, e eu irei ali ao seu encontro.

16 E, encontrando-se o Senhor com Balaão, poz [14] uma palavra na sua bocca, e disse: Torna para Balac, e falla assim.

17 E, vindo a elle, eis-que estava ao pé do holocausto, e os principes dos moabitas com elle: disse-lhe pois Balac: Que coisa fallou o Senhor?

As prophecias de Balaão.

18 Então alçou a sua parabola, e disse: [15] Levanta-te, Balac, e ouve: inclina os teus ouvidos a mim, filho de Zippor.

19 Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa: porventura diria elle, e não o faria? ou fallaria, e não o confirmaria?

20 Eis que recebi mandado de abençoar: [16] pois elle tem abençoado, e eu não o posso revogar.

21 Não viu iniquidade [17] em Israel, nem contemplou maldade em Jacob: o Senhor seu Deus [18] é com elle, e n’elle, e entre elles se ouve o alarido d’um rei.

22 Deus [19] os tirou do Egypto; as suas forças são como as do unicornio.

23 Pois contra Jacob não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel: n’este tempo se dirá de Jacob e d’Israel: [20] Que coisas Deus tem obrado!

24 Eis que o povo se levantará como leoa, [21] e se exalçará como leão: não se deitará até que coma a presa, e beba o sangue de mortos.

25 Então Balac disse a Balaão: Nem totalmente o amaldiçoarás, nem totalmente o abençoarás.

26 Porém Balaão respondeu, e disse a Balac: Não te fallei eu, dizendo: Tudo o que [22] o Senhor fallar aquillo farei?

27 Disse mais Balac a [23] Balaão: Ora vem, e te levarei a outro logar: porventura bem parecerá aos olhos de Deus que d’ali m’o amaldiçoes.

[158]

28 Então Balac levou Balaão comsigo ao cume de Peor, [24] que olha para a banda do deserto.

29 Balaão disse a Balac: [25] Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me aqui sete bezerros e sete carneiros.

30 Balac pois fez como dissera Balaão; e offereceu um bezerro e um carneiro sobre cada altar.

[1] ver. 29.

[2] ver. 14, 30.

[3] ver. 15.

[4] cap. 24.1.

[5] ver. 16.

[6] cap. 22.35. Deu. 18.18. Jer. 1.9.

[7] ver. 18. cap. 24.3, 15, 23. Job 27.1 e 29.1. Psa. 78.2. Eze. 17.2. Miq. 2.4. Hab. 2.6.

[8] cap. 22.6, 11, 17. I Sam. 17. Isa. 47.12.

[9] Deu. 33.28. Exo. 33.16. Esd. 9.2. Eph. 2.14.

[10] Gen. 13.16 e 22.17. Psa. 116.15.

[11] cap. 22.11, 17 e 24.10.

[12] cap. 22.38.

[13] ver. 1, 2.

[14] ver. 5. cap. 22.35.

[15] Jui. 2.20. I Sam. 15.29. Mal. 3.6. Rom. 11.29. Tito 1.2. Thi. 1.17.

[16] Gen. 12.2 e 22.17. cap. 22.12.

[17] Rom. 4.7.

[18] Exo. 13.21 e 29.45, 46 e 33.14. Psa. 89.16.

[19] cap. 24.8. Deu. 33.17. Job 39.10.

[20] Psa. 31.20 e 44.2.

[21] Gen. 49.9, 27.

[22] ver. 12. cap. 22.38. I Reis 22.14.

[23] ver. 13.

[24] cap. 21.20.

[25] ver. 1.

24 Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do Senhor que abençoasse a Israel, não se foi esta vez [1] como d’antes ao encontro dos encantamentos: mas poz o seu rosto para o deserto.

2 E, levantando Balaão os seus olhos, e vendo a Israel, [2] que habitava segundo as suas tribus, veiu sobre elle o Espirito de Deus.

3 E alçou [3] a sua parabola, e disse: Falla, Balaão, filho de Beor, e falla o homem d’olhos abertos;

4 Falla aquelle que ouviu os ditos de Deus, o que vê a visão do Todo-poderoso [4] caido em extasis e d’olhos abertos:

5 Que boas são as tuas tendas, ó Jacob! as tuas moradas ó Israel.

6 Como ribeiros se estendam, como jardins ao pé dos rios: [5] como arvores de sandalo o Senhor os plantou, como cedros junto ás aguas,

7 De seus baldes manarão aguas, e a sua semente estará [6] em muitas aguas: e o seu rei se exalçará mais do que Agag, e [7] o seu reino será levantado.

8 Deus o tirou do Egypto; as suas forças são como as do unicornio: consumirá [8] as gentes, seus inimigos, e quebrará seus ossos, e com as suas settas os atravessará.

9 Encurvou-se, [9] deitou-se como leão, e como leoa: quem o despertará? bemditos os que te abençoarem, [10] e malditos os que te amaldiçoarem.

10 Então a ira de Balac se accendeu contra Balaão, e bateu elle as suas palmas: [11] e Balac disse a Balaão: [12] Para amaldiçoar os meus inimigos te tenho chamado; porém agora já tres vezes os abençoaste inteiramente.

11 Agora pois foge para o ten logar: eu tinha dito que te honraria [13] grandemente; mas eis que o Senhor te privou d’esta honra.

12 Então Balaão disse a Balac: Não fallei eu tambem aos teus mensageiros, que me enviaste, dizendo:

13 Ainda que [14] Balac me désse a sua casa cheia de prata e oiro, não posso traspassar o mandado do Senhor, fazendo bem ou mal de meu proprio coração: o que o Senhor fallar, isso fallarei eu.

14 Agora pois eis que me vou ao meu povo: vem, [15] avisar-te-hei do que este povo fará ao teu povo nos ultimos dias.

15 Então alçou [16] a sua parabola, e disse: Falla Balaão, filho de Beor, e falla o homem d’olhos abertos;

16 Falla aquelle que ouviu os ditos de Deus, e o que sabe a sciencia do Altissimo: o que viu a visão do Todo Poderoso, caido em extasis, e d’olhos abertos:

17 Vel-o-hei, [17] mas não agora contemplal-o-hei mas não de perto: [18] uma estrella procederá de Jacob, e um sceptro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de [GZ] Seth.

18 E Edom [19] será uma possessão, e Seir tambem será uma possessão hereditaria para os seus inimigos: pois Israel fará proezas.

19 E dominará um de Jacob, [20] e matará os que restam das cidades.

20 E vendo os amalequitas, alçou a sua parabola, e disse: Amalek é o primeiro das gentes; porém o seu fim será para perdição.

21 E vendo os quenitas, alçou a sua parabola, e disse: Firme está a tua habitação, e pozeste o teu ninho na penha.

22 Todavia o quenita será consumido, até que Assur te leve por prisioneiro.

23 E, alçando ainda a sua parabola, disse: Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?

24 E as naus [21] das costas de Chittim affligirão a Assur; tambem affligirão a Heber; e tambem elle será para perdição.

25 Então Balaão levantou-se, e foi-se, e voltou ao seu logar [22], e tambem Balac foi-se pelo seu caminho.

[1] cap. 23.3, 15.

[2] cap. 2.2, etc. e 11.25. I Sam. 10.10 e 19.20, 23. II Chr. 15.1.

[3] cap. 23.7, 18.

[4] I Sam. 19.24. Eze. 1.28. Dan. 8.18 e 10.15, 16. II Cor. 12.2, 3, 4. Apo. 1.10, 17.

[5] Psa. 1.3. Jer. 17.8. Psa. 104.16.

[6] Jer. 51.13. Apo. 17.1, 15.

[7] I Sam. 15.9. II Sam. 5.12. I Chr. 14.2. cap. 23.22.

[8] cap. 14.9. Psa. 2.9. Isa. 38.13. Jer. 50.9.

[9] Gen. 49.9.

[10] Gen. 12.3 e 27.29.

[11] Eze. 21.14, 17 e 22.13.

[12] cap. 23.11. Deu. 23.4, 5. Jos. 24.9. Neh. 13.2.

[13] cap. 22.17, 37.

[14] cap. 22.18.

[15] Miq. 6.5. Apo. 2.14. Gen. 49.1. Dan. 2.28 e 10.14.

[16] ver. 3, 4.

[17] Apo. 1.7.

[18] Mat. 2.2. Apo. 22.16. Gen. 49.10. Psa. 110.2.

[19] II Sam. 8.14. Psa. 60.10, 11, 13.

[20] Gen. 49.10.

[21] Dan. 11.30. Gen. 10.21, 26.

[22] cap. 31.8.

[159]

Os israelitas peccam com as filhas dos moabitas.

25 E Israel deteve-se em [1] Sittim, e o povo começou a fornicar com as filhas dos moabitas.

2 E convidaram o povo aos [2] sacrificios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses.

3 Juntando-se pois Israel a Baalpeor, a ira [3] do Senhor se accendeu contra Israel.

4 Disse o Senhor a Moysés: [4] Toma todos os Cabeças do povo, e enforca-os ao Senhor diante do sol, e o ardor da ira [5] do Senhor se retirará d’Israel.

5 Então Moysés disse aos [6] juizes d’Israel: Cada [7] um mate os seus homens que se conjuntaram a Baalpeor.

6 E eis que veiu um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita aos olhos de Moysés, e aos olhos de toda a congregação dos filhos de Israel, chorando elles [8] diante da tenda da congregação.

7 Vendo isso Phineas, [9] filho de Eleazar, o filho d’Aarão, sacerdote, se levantou do meio da congregação, e tomou uma lança na sua mão;

8 E foi após do varão israelita até á tenda, e os atravessou a ambos, ao varão israelita e á mulher, pela sua barriga: então a praga cessou de sobre os filhos de Israel.

9 E os que morreram d’aquella praga foram [10] vinte e quatro mil.

10 Então o Senhor fallou a Moysés, dizendo:

11 Phineas, [11] filho d’Eleazar, o filho d’Aarão sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois zelou o meu zelo no meio d’elles; que no meu [12] zelo não consumi os filhos d’Israel.

12 Portanto dize: [13] Eis que lhe dou o meu concerto de paz,

13 E elle, e a sua [14] semente depois d’elle, terá o concerto do sacerdocio perpetuo; porquanto teve zelo pelo seu Deus, e fez propiciação pelos filhos d’Israel.

14 E o nome do israelita morto, que foi morto com a midianita, era Zimri, filho de Salu, maioral da casa paterna dos simeonitas.

15 E o nome da mulher midianita, morta, era Cosbi, filha [15] de Zur, cabeça do povo da casa paterna entre os midianitas.

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Affligireis os midianitas e os ferireis,

18 Porque elles vos affligiram a vós outros com os seus enganos [16] com que vos enganaram no negocio de Peor, e no negocio de Cosbi, filha do maioral dos midianitas, a irmã d’elles, que foi morta no dia da praga no negocio de Peor.

[1] cap. 33.49. Jos. 2.1. Miq. 6.5. cap. 31.16. I Cor. 10.8.

[2] Jos. 2.1. Ose. 9.10. I Cor. 10.20.

[3] Psa. 106.29.

[4] Deu. 4.3. Jos. 22.17.

[5] ver. 11. Deu. 13.17.

[6] Exo. 18.21, 25.

[7] Exo. 32.27. Deu. 13.6, 9, 13, 15.

[8] Joel 2.17.

[9] Psa. 106.30. Exo. 6.25.

[10] Deu. 4.3. I Cor. 10.8.

[11] Psa. 106.30.

[12] Exo. 20.5. Deu. 32.16, 21. I Reis 14.22. Eze. 16.38. Sof. 1.18.

[13] Mal. 2.4, 5 e 3.1.

[14] I Chr. 6.4, etc. Exo. 40.15. Act. 22.3. Rom. 10.2. Heb. 2.17.

[15] cap. 31.8. Jos. 13.21.

[16] cap. 31.16. Apo. 2.14.

Deus manda tomar a somma de todos os israelitas.

26 Aconteceu pois que, depois d’aquella praga, fallou o Senhor a Moysés, e a Eleazar, filho d’Aarão o sacerdote, dizendo:

2 Tomae [1] a somma de toda a congregação dos filhos de Israel, da edade de vinte annos e para cima, segundo as casas de seus paes: todo o que em Israel sae ao exercito.

3 Fallou-lhes pois Moysés e Eleazar o sacerdote, nas campinas [2] de Moab, ao pé do Jordão de Jericó, dizendo:

4 Conta o povo da edade de vinte annos e para cima, como o [3] Senhor ordenara a Moysés e aos filhos d’Israel, que sairam do Egypto.

5 Ruben, [4] o primogenito de Israel: os filhos de Ruben foram Hanoch, do qual era a familia dos hanochitas: de Pallu a familia dos palluitas;

6 De Hezrona, familia dos hezronitas: de Carmi, a familia dos carmitas:

7 Estas são as familias dos rubenitas: e os que foram d’elles contados, foram quarenta e tres mil e setecentos e trinta.

8 E os filhos de Pallu, Eliab:

9 E os filhos d’Eliab, Nemuel, e Dathan, e Abiram: estes, Dathan e Abiram, foram os afamados da congregação, [5] que moveram a contenda contra Moysés e contra Aarão na congregação de Coré, quando moveram a contenda contra o Senhor;

10 E a terra abriu [6] a sua bocca, e os tragou com Coré, quando morreu a congregação: quando o fogo consumiu duzentos e cincoenta homens, [7] e foram por signal.

11 Mas [8] os filhos de Coré não morreram.

[160]

12 Os filhos de Simeão, segundo as suas familias: de Nemuel, [9] a familia dos nemuelitas: de Jamin, a familia dos jaminitas: de Jachin, a familia dos jachinitas:

13 De Zerah, [10] a familia dos zerahitas: de Saul, a familia dos saulitas.

14 Estas são as familias dos simeonitas vinte e dois mil e duzentos.

15 Os filhos de Gad, segundo as suas gerações: de Zephon, [11] a familia dos zephonitas: de Haggi, a familia dos haggitas: de Suni, a familia dos sunitas:

16 De Ozni, a familia dos oznitas: de Heri, a familia dos heritas:

17 De Arod [12], a familia dos aroditas: de Areli, a familia dos arelitas.

18 Estas são as familias dos filhos de Gad, segundo os que foram d’elles contados, quarenta mil e quinhentos.

19 Os filhos [13] de Judah, Er e Onan: mas Er e Onan morreram na terra de Canaan.

20 Assim os filhos [14] de Judah foram segundo as suas familias; de Selah a familia dos selanitas: de Pharez, a familia dos pharezitas; de Zerah, a familia dos zerahitas.

21 E os filhos de Pharez foram; de Hezron, a familia dos hezronitas: de Hamul, a familia doa hamulitas.

22 Estas são as familias de Judah, segundo os que foram d’elles contados, setenta e seis mil e quinhentos.

23 Os filhos d’Issacar, segundo as suas familias, foram; de Tola, a familia dos tolaitas: de Puva a familia dos puvitas,

24 De Jasub a familia dos jasubitas: de Simron, a familia dos simronitas.

25 Estas são as familias d’Issacar, segundo os que foram d’elles contados, sessenta e quatro mil e trezentos.

26 Os filhos [15] de Zebulon, segundo as suas familias, foram; de Sered, a familia dos sereditas: d’Elon, a familia dos elonitas: de Jahleel, a familia dos jahleelitas.

27 Estas são as familias dos zebulonitas, segundo os que foram d’elles contados, sessenta mil e quinhentos.

28 Os filhos de José [16] segundo as suas familias, foram Manasseh e Ephraim.

29 Os filhos de Manasseh foram; de Machir, [17] a familia dos machiritas; e Machir gerou a Gilead: de Gilead, a familia dos gileaditas.

30 Estes são os filhos de Gilead: [18] de Jezer, a familia dos jezeritas: de Helek, a familia das helekitas:

31 E d’Asriel, a familia dos asrielitas: e de Sechen, a familia dos sechenitas:

32 E de Semida, a familia dos semidaitas: e de Hepher, a familia dos hepheritas.

33 Porém Selofad, [19] filho de Hepher, não tinha filhos, senão filhas: e os nomes das filhas de Selofad foram Machla, Noa, Hogla, Milca e Tirza.

34 Estas são as familias de Manasseh: e os que foram d’elles contados, foram cincoenta e dois mil e setecentos.

35 Estes são os filhos d’Ephraim, segundo as suas familias: de Sutelah, a familia dos sutelahitas: [20] de Becher, a familia dos becheritas: de Tahan, a familia dos tahanitas.

36 E estes são os filhos de Sutelah: d’Eran, a familia dos eranitas.

37 Estas são as familias dos filhos d’Ephraim, segundo os que foram d’elles contados, trinta e dois mil e quinhentos: estes são os filhos de José, segundo as suas familias.

38 Os filhos [21] de Benjamin, segundo as suas familias; de Bela, a familia dos belaitas: d’Asbel, a familia dos asbelitas: de [22] Ahiram, a familia dos ahiramitas;

39 De Supham, [23] a familia dos suphamitas: de Hupham, a familia dos huphamitas.

40 E os filhos de Bela foram [24] Ard e Naaman: d’Ard a familia dos arditas: de Naaman a familia dos naamanitas.

41 Estes são os filhos de Benjamin, segundo as suas familias: e os que foram d’elles contados, foram quarenta e cinco mil e seiscentos.

42 Estes são os filhos [25] de Dan, segundo as suas familias; de Suham a familia dos suhamitas: estas são as familias de Dan, segundo as suas familias.

43 Todas as familias dos suhamitas, secundo os que foram d’elles contados, foram sessenta e quatro mil e quatrocentos.

44 Os filhos d’Aser, [26] segundo as suas familias, foram: d’Imna, a familia dos imnaitas: d’Isvi, a familia dos isvitas, de Berish, a familia dos beriitas.

45 Dos filhos de Beriah, foram; de Heber, a familia dos heberitas; de Malchiel, a familia dos malchielitas.

46 E o nome da filha d’Aser foi Serah.

47 Estas são as familias dos filhos d’Aser, segundo os que foram d’elles contados, cincoenta e tres mil e quatrocentos.

48 Os filhos de [27] Naphtali, segundo as[161] suas familias: de Jahzeel, a familia dos jahzeelitas: de Guni, a familia dos gunitas:

49 De Jezer, a familia dos jezeritas: de Sillem, [28] a familia dos sillemitas.

50 Estas são as familias de Naphtali, segundo as suas familias: e os que foram d’elles contados, foram quarenta e cinco mil e quatrocentos.

51 Estes [29] são os contados dos filhos d’Israel, seiscentos e um mil e setecentos e trinta.

A lei ácerca da divisão da terra.

52 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

53 A [30] estes se repartirá a terra em herança, segundo o numero dos nomes.

54 Aos muitos multiplicarás [31] a sua herança, e aos poucos diminuirás a sua herança: a cada qual se dará a sua herança, segundo os que foram d’elles contados.

55 Todavia a terra se repartirá [32] por sortes: segundo os nomes das tribus de seus paes a herdarão.

56 Segundo sair a sorte, se repartirá a herança d’elles entre os muitos e poucos.

57 E estes [33] são os que foram contados de Levi, segundo as suas familias: de Gerson, a familia dos gersonitas; de Kohath, a familia dos kohathitas; de Merari, a familia dos meraritas.

58 Estas são as familias de Levi: a familia dos libnitas, a familia dos hebronitas, a familia dos mahlitas, a familia dos musitas, a familia dos corhitas: e Kohath gerou a Amram.

59 E o nome da mulher de Amram foi Jochebed, [34] filha de Levi, a qual a Levi nasceu no Egypto: e esta a Amram pariu Aarão, e Moysés, e Miriam, sua irmã.

60 E a Aarão [35] nasceram Nadab, Abihu, Eleazar, e Ithamar.

61 Porém [36] Nadab e Abihu morreram quando trouxeram fogo estranho perante o Senhor.

62 E foram [37] os que foram d’elles contados vinte e tres mil, todo o macho da edade de um mez e para cima: porque estes não foram contados entre os filhos de Israel, porquanto lhes não foi dada herança entre os filhos de Israel.

63 Estes são os que foram contados por Moysés e Eleazar, o sacerdote, que contaram os filhos de Israel nas [38] campinas de Moab, ao pé do Jordão de Jericó.

64 E entre [39] estes nenhum houve dos que foram contados por Moysés e Aarão, o sacerdote; quando contaram aos filhos de Israel no deserto de Sinai.

65 Porque o Senhor dissera d’elles que certamente morreriam no deserto: e nenhum d’elles ficou, senão Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun.

[1] Exo. 30.12 e 38.25, 26. cap. 1.2, 3.

[2] ver. 63. cap. 22.1 e 31.12 e 33.48 e 35.1.

[3] cap. 1.1.

[4] Gen. 46.8. Exo. 6.14. I Chr. 5.1.

[5] cap. 16.1, 2.

[6] cap. 16.32, 35.

[7] cap. 16.33. I Cor. 10.6. II Ped. 2.6.

[8] Exo. 6.24. I Chr. 6.22.

[9] Gen. 46.10. Exo. 6.15. I Chr. 4.24.

[10] Gen. 46.10.

[11] Gen. 46.16.

[12] Gen. 46.16.

[13] Gen. 38.2, etc. e 46.12.

[14] I Chr. 2.3.

[15] Gen. 46.14.

[16] Gen. 46.20.

[17] Jos. 17.1. I Chr. 7.14, 15.

[18] Jos. 17.2. Jui. 6.11, 24, 34.

[19] cap. 27.1 e 36.1.

[20] I Chr. 7.20.

[21] Gen. 46.21. I Chr. 7.6.

[22] Gen. 45.21. I Chr. 8.1.

[23] Gen. 46.21.

[24] I Chr. 8.3.

[25] Gen. 46.17. I Chr. 7.30.

[26] Gen. 46.24. I Chr. 7.13.

[27] I Chr. 7.13.

[28] cap. 1.46.

[29] Jos. 11.23 e 14.1.

[30] cap. 33.54.

[31] cap. 33.54 e 34.13. Jos. 11.23 e 14.2.

[32] Gen. 46.11. Exo. 6.16, 17, 18, 19. I Chr. 6.1, 16.

[33] Exo. 2.1, 2 e 6.20.

[34] cap. 3.2.

[35] Lev. 10.1. cap. 3.4. I Chr. 24.2.

[36] cap. 3.39 e 1.49 e 18.20, 23, 24. Deu. 10.9. Jos. 13.14, 33 e 14.3.

[37] ver. 3.

[38] cap. 1. Deu. 2.14.

[39] cap. 14.28. I Cor. 10.5. cap. 14.30.

A lei ácerca das heranças.

27 E chegaram as filhas [1] de Selofad, filho de Hepher, filho de Gilead, filho de Machir, filho de Manasseh, entre as familias de Manasseh, filho de José: (e estes são os nomes de suas filhas: Machla, Noa, Hogla, Milca, e Tirza);

2 E pozeram-se diante de Moysés, e diante de Eleazar, o sacerdote, e diante dos principes e de toda a congregação, á porta da tenda da congregação, dizendo:

3 Nosso pae morreu [2] no deserto, e não estava entre a congregação dos que se congregaram contra o Senhor na congregação de Coré: mas morreu no seu proprio peccado, e não teve filhos.

4 Porque se tiraria o nome de nosso pae do meio da sua familia, porquanto não teve filhos? [3] Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pae.

5 E Moysés levou [4] a sua causa perante o Senhor.

6 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

7 As filhas de Selofad fallam rectamente: [5] certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pae; e a herança de seu pae farás passar a ellas.

8 E fallarás aos filhos de Israel, dizendo: Quando alguem morrer, e não tiver filho, então fareis passar a sua herança a sua filha.

9 E, se não tiver filha, então a sua herança dareis a seus irmãos.

10 Porém, se não tiver irmãos, então dareis a sua herança aos irmãos de seu pae.

11 Se tambem seu pae não tiver irmãos, então a sua herança dareis a seu parente, áquelle que lhe fôr o mais chegado da sua familia, para que a possua: isto aos filhos de Israel será por [6] estatuto de [HA] direito, como o Senhor ordenou a Moysés.

[162]

Deus annuncia a morte de Moysés.

12 Depois disse o Senhor a Moysés: Sobe [7] a este monte de Abarim, e vê a terra que tenho dado aos filhos de Israel.

13 E, havendo-a visto, [8] então serás recolhido aos teus povos, assim tu como foi recolhido teu irmão Aarão:

14 Porquanto rebeldes [9] fostes no deserto de Zin, na contenda da congregação, ao meu mandado de me sanctificar nas aguas diante dos seus olhos: (estas são as aguas [10] de Meribah de Cades, no deserto de Zin.)

15 Então fallou Moysés ao Senhor, dizendo:

16 O Senhor, [11] Deus dos espiritos de toda a carne, ponha um homem sobre esta congregação,

17 Que saia [12] diante d’elles, e que entre diante d’elles, e que os faça sair, e que os faça entrar: para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não teem pastor.

Josué é designado para successor de Moysés.

18 Então disse o Senhor a Moysés: Toma para ti a Josué, filho de Nun, [13] homem em quem ha o espirito, e põe a tua mão sobre elle.

19 E apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe mandamentos aos olhos d’elles.

20 E põe sobre elle da tua gloria, para que [14] obedeça toda a congregação dos filhos de Israel.

21 E se porá perante Eleazar, [15] o sacerdote, o qual por elle consultará, segundo o juizo de Urim, perante o Senhor: conforme ao seu dito sairão, e conforme ao seu dito entrarão, elle e todos os filhos de Israel com elle, e toda a congregação.

22 E fez Moysés como o Senhor lhe ordenara: porque tomou a Josué, e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação:

23 E sobre elle poz as suas mãos, e lhe deu mandamentos, [16] como o Senhor ordenara pela mão de Moysés.

[1] cap. 26.33 e 36.1, 11. Jos. 17.3.

[2] cap. 14.35 e 26.64, 65 e 16.1, 2.

[3] Jos. 17.4.

[4] Exo. 18.15, 19.

[5] cap. 36.2.

[6] cap. 35.29.

[7] cap. 33.47. Deu. 3.27 e 32.49 e 34.1.

[8] cap. 20.24, 28 e 31.2. Deu. 10.6.

[9] cap. 20.12, 24. Deu. 1.37 e 32.51. Psa. 106.32.

[10] Exo. 17.7.

[11] cap. 16.22. Heb. 12.9.

[12] Deu. 31.2. I Sam. 8.20 e 18.13. II Chr. 1.10. I Reis 22.17. Zac. 10.2. Mat. 9.36. Mar. 6.34.

[13] Gen. 41.38. Jui. 3.10 e 11.29. I Sam. 16.13, 18. Deu. 34.9.

[14] Deu. 31.7. cap. 11.17. I Sam. 10.6, 9. II Reis 2.15. Jos. 1.16.

[15] Jos. 9.14. Jui. 1.1 e 20.18, 23, 26. I Sam. 23.9 e 30.7. Exo. 28.30. Jos. 9.14. I Sam. 22.10, 13, 15.

[16] Deu. 3.28, 31.7.

O holocausto perpetuo.

28 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Da minha offerta, [1] do meu manjar para as minhas offertas queimadas, do meu cheiro suave, tereis cuidado, para m’as offerecer ao seu tempo determinado.

3 E dir-lhes-has: Esta é a offerta queimada que [2] offerecereis ao Senhor: dois cordeiros d’um anno, sem mancha, cada dia, em continuo holocausto:

4 Um cordeiro sacrificarás pela manhã, e o outro cordeiro sacrificarás de tarde:

5 E a decima parte d’um [3] epha de flor de farinha em offerta de manjares, misturada com a quarta parte d’um hin de azeite moido.

6 Este é o holocausto [4] continuo, instituido no monte Sinai, em cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

7 E a sua libação será a quarta parte d’um hin para um cordeiro: no sanctuario [5] offerecerás a libação de bebida forte ao Senhor.

8 E o outro cordeiro sacrificarás de tarde, como a offerta de manjares da manhã, e como a sua libação o apparelharás em offerta queimada de cheiro suave ao Senhor.

As offertas nos sabbados, nas luas novas, na paschoa e no dia das primicias.

9 Porém no dia de sabbado dois cordeiros d’um anno, sem mancha, e duas decimas de flor de farinha, misturada com azeite, em offerta de manjares, com a sua libação.

10 Holocausto é do sabbado em cada sabbado, [6] além do holocausto continuo, e a sua libação.

11 E nos principios [7] dos vossos mezes offerecereis, em holocausto ao Senhor, dois bezerros e um carneiro, sete cordeiros d’um anno, sem mancha;

12 E tres decimas de flor de farinha misturada com azeite, em offerta de manjares, para um bezerro; e duas decimas de flor de farinha misturada com azeite, em offerta de manjares, para um carneiro.

13 E uma decima de flor de farinha misturada com azeite, em offerta de manjares, para um cordeiro: holocausto é de cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

14 E as suas libações serão a metade[163] d’um hin de vinho para um bezerro, e a terça parte d’um hin para um carneiro, e a quarta parte d’um hin para um cordeiro: este é o holocausto da lua nova de cada mez, segundo os mezes do anno.

15 Tambem um bode para expiação [8] do peccado ao Senhor, além do holocausto continuo, com a sua libação se offerecerá.

16 Porém no mez [9] primeiro, aos quatorze dias do mez, é a paschoa do Senhor.

17 E aos quinze [10] dias do mesmo mez haverá festa: sete dias se comerão pães asmos.

18 No [11] primeiro dia haverá sancta convocação: nenhuma obra servil fareis:

19 Mas offerecereis offerta queimada em holocausto ao Senhor, dois bezerros e um carneiro, e sete cordeiros d’um anno: servos-hão elles [12] sem mancha.

20 E a sua offerta de manjares será de flor de farinha misturada com azeite: offerecereis tres decimas para um bezerro, e duas decimas para um carneiro.

21 Para cada cordeiro offerecereis uma decima, para cada um dos sete cordeiros;

22 E um bode [13] para expiação do peccado, para fazer expiação por vós.

23 Estas coisas offerecereis, além do holocausto da manhã, que é o holocausto continuo.

24 Segundo este modo, cada dia offerecereis por sete dias o manjar da offerta queimada em cheiro suave ao Senhor: além do holocausto continuo se offerecerá com a sua libação.

25 E no setimo [14] dia tereis sancta convocação: nenhuma obra servil fareis.

26 Similhantemente, tereis sancta convocação no dia das primicias, [15] quando offerecerdes offerta nova de manjares ao Senhor, segundo as vossas semanas; nenhuma obra servil fareis.

27 Então offerecereis ao Senhor por holocausto, em cheiro suave, dois bezerros, [16] um carneiro e sete cordeiros d’um anno:

28 E a sua offerta de manjares de flor de farinha misturada com azeite: tres decimas para um bezerro, duas decimas para um carneiro;

29 Para cada cordeiro uma decima, para cada um dos sete cordeiros;

30 Um bode para fazer expiação por vós.

31 Além do holocausto continuo, e a sua offerta de manjares, os offerecereis (ser-vos-hão elles sem [17] mancha) com as suas libações.

[1] Lev. 3.11 e 21.6, 8. Mal. 1.7, 12.

[2] Exo. 29.38.

[3] Exo. 16.36. cap. 15.4. Lev. 2.1. Exo. 29.40.

[4] Exo. 29.46. Amós 5.25.

[5] Exo. 29.42.

[6] Eze. 46.1.

[7] cap. 10.10. I Sam. 20.5. I Chr. 23.31. II Chr. 2.4. Esd. 3.5. Neh. 10.33. Isa. 1.13, 14. Eze. 45.17. Ose. 2.11. Col. 2.16.

[8] ver. 22. cap. 15.24.

[9] Exo. 12.6, 18. Lev. 23.5. cap. 9.3. Deu. 16.1. Eze. 45.21.

[10] Lev. 23.6.

[11] Exo. 12.16. Lev. 23.7.

[12] ver. 31. Lev. 22.20. cap. 29.8. Deu. 15.21.

[13] ver. 15.

[14] Exo. 12.16 e 13.6. Lev. 23.8.

[15] Exo. 23.16 e 34.22. Lev. 23.10, 15. Deu. 16.10. Act. 2.1.

[16] Lev. 23.18, 19.

[17] ver. 19.

As offertas na festa das trombetas.

29 Similhantemente, tereis sancta convocação no setimo mez, no primeiro dia do mez: nenhuma obra servil fareis: servos-ha um [1] dia de jubilação.

2 Então por holocausto, em cheiro suave ao Senhor, offerecereis um bezerro, um carneiro e sete cordeiros d’um anno, sem mancha.

3 E pela sua offerta de manjares de flor de farinha misturada com azeite, tres decimas para o bezerro, e duas decimas para o carneiro,

4 E uma decima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros.

5 E um bode para expiação do peccado, para fazer expiação por vós;

6 Além do holocausto [2] do mez, e a sua offerta manjares, e o holocausto continuo, e a sua offerta de manjares, com as suas libações, segundo o seu estatuto, em cheiro suave, offerta queimada ao Senhor.

7 E no dia [3] dez d’este setimo mez tereis sancta convocação, e affligireis as vossas almas: nenhuma obra fareis.

8 Mas por holocausto, em cheiro suave ao Senhor, offerecereis um bezerro, um carneiro e sete cordeiros d’um anno: ser-vos-hão elles sem mancha.

9 E, pela sua offerta de manjares de flor de farinha misturada com azeite, tres decimas para o bezerro, duas decimas para o carneiro,

10 E uma decima para um cordeiro, para cada um dos sete cordeiros;

11 Um bode para expiação do peccado, além da [4] expiação do peccado pelas propiciações, e o holocausto continuo, e a sua offerta de manjares com as suas libações.

As offertas nas festas solemnes.

12 Similhantemente, aos quinze dias [5] d’este setimo mez tereis sancta convocação; nenhuma obra servil fareis: mas sete dias celebrareis festa ao Senhor.

13 E, por holocausto [6] em offerta queimada, de cheiro suave ao Senhor, offerecereis treze bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros d’um anno: ser-vos-hão elles sem mancha.

[164]

14 E, pela sua offerta de manjares de flor de farinha misturada com azeite, tres decimas para um bezerro, para cada um dos treze bezerros, duas decimas para cada carneiro, entre os dois carneiros;

15 E para um cordeiro uma decima, para cada um dos quatorze cordeiros;

16 E um bode para expiação do peccado, além do holocausto continuo, a sua offerta de manjares e a sua libação:

17 Depois, no segundo dia, doze bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros d’um anno, sem mancha;

18 E a sua offerta de manjares e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo [7] o estatuto;

19 E um bode para expiação do peccado, além do holocausto continuo, a sua offerta de manjares e as suas libações.

20 E, no terceiro dia, onze bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros d’um anno, sem mancha;

21 E as suas offertas de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo [8] o estatuto;

22 E um bode para expiação do peccado, além do holocausto continuo, e a sua offerta de manjares e a sua libação.

23 E, no quarto dia, dez bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros d’um anno, sem mancha;

24 A sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao numero, segundo o estatuto;

25 E um bode para expiação do peccado, além do holocausto continuo, a sua offerta de manjares e a sua libação.

26 E, no quinto dia, nove bezerros, dois carneiros e quatorze cordeiros d’um anno sem mancha;

27 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao numero, segundo o estatuto;

28 E um bode para expiação do peccado, além do holocausto continuo, e a sua offerta de manjares e a sua libação.

29 E, no sexto dia, oito bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros d’um anno, sem mancha;

30 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o estatuto;

31 E um bode para expiação do peccado, de mais do holocausto continuo, a sua offerta de manjares e a sua libação.

32 E, no setimo dia, sete bezerros, dois carneiros, quatorze cordeiros d’um anno, sem mancha;

33 E a sua offerta de manjares, e as suas libações para os bezerros, para os carneiros e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o seu estatuto,

34 E um bode para expiação do peccado, de mais do holocausto continuo, a sua offerta de manjares e a sua libação.

35 No oitavo dia tereis dia de solemnidade; [9] nenhuma obra servil fareis;

36 E por holocausto em offerta queimada de cheiro suave ao Senhor offerecereis um bezerro, um carneiro, sete cordeiros d’um anno, sem mancha;

37 A sua offerta de manjares e as suas libações para o bezerro, para o carneiro e para os cordeiros, conforme ao seu numero, segundo o estatuto,

38 E um bode para expiação do peccado, [10] de mais do holocausto continuo, e a sua offerta de manjares e a sua libação.

39 Estas coisas fareis ao Senhor nas vossas solemnidades, de mais dos vossos votos, e das vossas offertas voluntarias, com os vossos holocaustos, e com as vossas offertas de manjares, e com as vossas libações, e com as vossas offertas pacificas.

40 E fallou Moysés aos filhos d’Israel, conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moysés.

[1] Lev. 23.24.

[2] cap. 28.11, 3 e 15.11, 12.

[3] Lev. 16.29 e 23.27. Psa. 35.13. Isa. 58.5.

[4] Lev. 16.3, 5.

[5] Lev. 23.34. Deu. 16.13. Eze. 45.25.

[6] Esd. 3.4.

[7] ver. 3, 4, 9, 10. cap. 15.12 e 28.7, 14.

[8] ver. 18.

[9] Lev. 23.36.

[10] Lev. 23.2. I Chr. 23.31. II Chr. 31.3. Esd. 3.5. Neh. 10.33. Isa. 1.14. Lev. 7.11, 16 e 22.21, 23.

A lei ácerca dos votos das mulheres.

30 E fallou Moysés aos Cabeças [1] das tribus dos filhos d’Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor tem ordenado:

2 Quando um homem [2] fizer voto ao Senhor, ou jurar juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra: segundo tudo o que saiu da sua bocca, fará.

3 Tambem quando uma mulher fizer voto ao Senhor, e com obrigação se ligar em casa de seu pae na sua mocidade;

4 E seu pae ouvir o seu voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma; e seu pae se calar para com ella, todos os seus votos serão valiosos: e toda a obrigação com que ligou a sua alma, será valiosa.

5 Mas se seu pae lhe tolher no dia que tal ouvir, todos os seus votos e as suas obrigações, com que tiver ligado a sua alma, não serão valiosos: mas o Senhor[165] lh’o perdoará, porquanto seu pae lh’os tolheu.

6 E se ella tiver marido, e fôr obrigada a alguns votos, ou á pronunciação dos seus beiços, com que tiver ligado a sua alma;

7 E seu marido o ouvir, e se calar para com ella no dia em que o ouvir, os seus votos serão valiosos: e as suas obrigações com que ligou a sua alma, serão valiosas.

8 Mas se seu marido lh’o tolher no dia em que o ouvir, e anullar o seu voto a que [3] estava obrigada, como tambem a pronunciação dos seus beiços, com que ligou a sua alma; o Senhor lh’o perdoará.

9 No tocante ao voto da viuva, ou da repudiada; tudo com que ligar a sua alma, sobre ella será valioso.

10 Porém se fez voto na casa de seu marido, ou ligou a sua alma com obrigação de juramento;

11 E seu marido o ouviu, e se calou para com ella, e lh’o não tolheu; todos os seus votos serão valiosos; e toda a obrigação, com que ligou a sua alma, será valiosa.

12 Porém se seu marido lh’os annullou no dia em que os ouviu; tudo quanto saiu dos seus beiços, quer dos seus votos, quer da obrigação da sua alma, não será valioso: seu marido lh’os annullou, e o Senhor lh’o perdoará.

13 Todo o voto, e todo o juramento d’obrigação, para humilhar a alma, seu marido o confirmará, ou annullará.

14 Porém se seu marido de dia em dia se calar inteiramente para com ella; então confirma todos os seus votos e todas as suas obrigações, que estiverem sobre ella: confirmado lh’os tem, porquanto se calou para com ella no dia em que o ouviu.

15 Porém se de todo lh’os annullar depois que o ouviu; então elle levará a iniquidade d’ella.

16 Estes são os estatutos que o Senhor ordenou a Moysés entre o marido e sua mulher; entre o pae e a sua filha, na sua mocidade, em casa de seu pae.

[1] cap. 1.4, 16 e 7.2.

[2] Lev. 27.2. Deu. 23.21. Jui. 11.30, 35. Ecc. 5.4. Lev. 5.4. Mat. 14.9. Act. 23.14. Job 22.27. Psa. 22.24 e 41.14. Nah. 1.15.

[3] Gen. 3.16.

A victoria sobre os midianitas.

31 E fallou o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Vinga [1] os filhos d’Israel dos midianitas: [2] depois recolhido serás aos teus povos.

3 Fallou pois Moysés ao povo, dizendo: Armem-se alguns de vós para a guerra, e saiam contra os midianitas, para fazerem a vingança do Senhor nos midianitas.

4 Mil de cada tribu entre todas as tribus de Israel enviareis á guerra.

5 Assim foram dados dos milhares d’Israel mil de cada tribu: doze mil armados para a peleja.

6 E Moysés os mandou á guerra de cada tribu mil, a elles e a Phineas, filho d’Eleazar sacerdote, á guerra com os vasos sanctos, e com [3] as trombetas do alarido na sua mão.

7 E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moysés: [4] e mataram a todo o macho.

8 Mataram mais, além dos que já foram mortos, os reis dos midianitas, Evi, [5] e a Requem, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas: tambem a Balaão [6] filho de Beor mataram á espada.

9 Porém os filhos d’Israel levaram presas as mulheres dos midianitas, e as suas creanças: tambem roubaram todos os seus animaes, e todo o seu gado, e toda a sua fazenda.

10 E queimaram a fogo todas as suas cidades com todas as suas habitações, e todos os seus acampamentos.

11 E tomaram todo o despojo e toda a presa [7] d’homens e d’animais.

12 E trouxeram a Moysés e a Eleazar o sacerdote e á congregação dos filhos de Israel os captiveiros, e a presa, e o despojo para o arraial, nas campinas de Moab, que estão junto do Jordão de Jericó.

A purificação dos soldados.

13 Porém Moysés e Eleazar, o sacerdote, e todos os maioraes da congregação sairam a recebel-os até fóra do arraial.

14 E indignou-se Moysés grandemente contra os officiaes do exercito, capitães dos milhares e capitães das centenas, que vinham do serviço d’aquella guerra.

15 E Moysés disse-lhes: [8] Deixastes viver todas as mulheres?

16 Eis que estas foram as que por conselho de Balaão deram occasião [9] aos filhos de Israel de traspassar contra o Senhor, no negocio de Peor: [10] pelo que aquella praga houve entre a congregação do Senhor.

17 Agora pois matae todo [11] o macho entre as creanças; e matae toda a mulher, que conheceu algum homem, deitando-se com elle.

[166]

18 Porém todas as creanças femeas, que não conheceram algum homem deitando-se com elle, para vós deixae viver.

19 E vós alojae-vos sete dias fóra [12] do arraial: qualquer que tiver matado alguma pessoa, e qualquer que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia, e ao setimo dia vos purificareis, a vós e a vossos captivos.

20 Tambem purificareis todo o vestido, e toda a obra de pelles, e toda a obra de pellos de cabras, e todo o vaso de madeira.

21 E disse Eleazar, o sacerdote, aos homens da guerra, que partiram á peleja: Este é o estatuto da lei que o Senhor ordenou a Moysés.

22 Comtudo o oiro, e a prata, o cobre, o ferro, o estanho, e o chumbo;

23 Toda a cousa que pode supportar o fogo, para que fique limpo: todavia se expiará com a agua da separação: mas tudo que não pode supportar o fogo, o fareis passar [13] pela agua.

24 Tambem lavareis [14] os vossos vestidos ao setimo dia, para que fiqueis limpos: e depois entrareis no arraial.

A divisão da presa.

25 Fallou mais o Senhor a Moysés dizendo:

26 Toma a somma da presa [15] dos prisioneiros, de homens, e d’animaes, tu e Eleazar, o sacerdote, e os Cabeças das casas dos paes da congregação;

27 E divide a presa em duas metades, entre os que accometteram a peleja, e sairam á guerra, e toda a congregação.

28 Então para o [16] Senhor tomará o tributo dos homens de guerra, que sairam a esta guerra, de cada quinhentos uma alma, dos homens, e dos bois, e dos jumentos e das ovelhas.

29 Da sua ametade o tomareis, e o dareis ao sacerdote, Eleazar, para a offerta alçada do Senhor.

30 Mas da metade dos filhos de Israel [17] tomarás de cada cincoenta um, dos homens, dos bois, dos jumentos, e das ovelhas, de todos os animaes; e os darás aos levitas [18] que teem cuidado da guarda do tabernaculo do Senhor.

31 E fizeram Moysés e Eleazar, o sacerdote, como o Senhor ordenara a Moysés.

32 Foi pois a presa, o restante do despojo, que tomaram os homens de guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas;

33 E setenta e dois mil bois;

34 E sessenta e um mil jumentos;

35 E, das mulheres que não conheceram homem algum deitando-se com elle, todas as almas foram trinta e duas mil.

36 E a metade, a parte dos que sairam á guerra, foi em numero de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas.

37 E das ovelhas foi o tributo para o Senhor seiscentas e setenta e cinco.

38 E foram os bois trinta e seis mil: e o seu tributo para o Senhor setenta e dois.

39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos: e o seu tributo para o Senhor sessenta e um.

40 E houve d’almas humanas dezeseis mil: e o seu tributo para o Senhor trinta e duas almas.

41 E deu Moysés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da offerta alçada do Senhor, como [19] o Senhor ordenara a Moysés.

42 E da metade dos filhos de Israel que Moysés partira da dos homens que pelejaram.

43 (A metade para a congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas;

44 E dos bois trinta e seis mil;

45 E dos jumentos trinta mil e quinhentos;

46 E das almas humanas dezeseis mil),

47 D’esta metade dos filhos de Israel, Moysés [20] tomou um de cada cincoenta, d’homens e d’animaes, e os deu aos levitas, que tinham cuidado da guarda do tabernaculo do Senhor, como o Senhor ordenara a Moysés.

A offerta voluntaria dos capitães.

48 Então chegaram-se a Moysés os capitães que estavam sobre os milhares do exercito, os tribunos e os centuriões;

49 E disseram a Moysés: Teus servos tomaram a somma dos homens de guerra que estiveram sob a nossa mão; e nenhum falta de nós.

50 Pelo que trouxemos uma offerta ao Senhor, cada um o que achou, [HB] vasos d’oiro, cadeias, ou manilhas, anneis, arrecadas, e collares, para fazer propiciação [21] pelas nossas almas perante o Senhor.

51 Assim Moysés e Eleazar o sacerdote tomaram d’elles o oiro; sendo todos os vasos bem obrados.

52 E foi todo o oiro da offerta alçada, que offereceram ao Senhor, dezeseis mil e setecentos e cincoenta siclos, dos tribunos e dos centuriões.

53 (Pois os homens de guerra, cada um tinha tomado presa [22] para si).

54 Tomaram pois Moysés e Eleazar o sacerdote o oiro dos tribunos e dos[167] centuriões, e o trouxeram á tenda da congregação [23] por lembrança para os filhos d’Israel perante o Senhor.

[1] cap. 25.17.

[2] cap. 27.13.

[3] cap. 10.9.

[4] Deu. 20.13. Jui. 21.11. I Sam. 27.9. I Reis 11.15, 16. Jui. 6.1, 2, 33.

[5] Jos. 13.21.

[6] Jos. 13.22.

[7] Deu. 20.14.

[8] Deu. 20.14. I Sam. 15.3.

[9] cap. 25.2 e 24.14. II Ped. 2.15. Apo. 10.14.

[10] cap. 25.9.

[11] Jui. 21.11.

[12] cap. 5.2 e 19.11, etc.

[13] cap. 19.9, 17.

[14] Lev. 11.25.

[15] Jos. 22.8. I Sam. 30.27.

[16] ver. 30, 47. cap. 18.26.

[17] ver. 42, 17.

[18] cap. 3.7, 8, 25, 31, 36 e 18.3, 4.

[19] cap. 18.8, 19.

[20] ver. 30.

[21] Exo. 30.12, 16.

[22] Deu. 20.14.

[23] Exo. 30.16.

As tribus de Ruben e Gad pedem a terra de Gilead.

32 E os filhos de Ruben e os filhos de Gad tinham muito gado em grande multidão; e viram a terra de Jaezer, e [1] a terra de Gilead, e eis que o logar era logar de gado.

2 Vieram pois os filhos de Gad e os filhos de Ruben, e fallaram a Moysés e a Eleazar, o sacerdote, e aos maioraes da congregação, dizendo:

3 Ataroth, e Dibon, e Jaezer, e Nimra, [2] e Hesbon, e Eleal, [3] e Schebam, e Nebo, [4] e Behon;

4 A terra que [5] o Senhor feriu diante da congregação de Israel, é terra de gado: e os teus servos teem gado.

5 Disseram mais: Se achámos graça aos teus olhos, dê-se esta terra aos teus servos em possessão; e não nos faças passar o Jordão.

6 Porém Moysés disse aos filhos de Gad e aos filhos de Ruben: Irão vossos irmãos á peleja, e ficareis vós aqui?

7 Porque pois descorajaes o coração dos filhos d’Israel, para que não passem á terra que o Senhor lhes tem dado?

8 Assim fizeram vossos paes, quando os mandei de Cades-barnea, [6] a ver esta terra.

9 Chegando elles até ao valle d’Escol, [7] e vendo esta terra, descorajaram o coração dos filhos de Israel, para que não viessem á terra que o Senhor lhes tinha dado.

10 Então a ira do Senhor se accendeu n’aquelle mesmo dia, e [8] jurou, dizendo:

11 Que os varões, que subiram do Egypto, [9] de vinte annos e para cima não verão a terra que jurei a Abrahão, a Isaac, e a Jacob porquanto não [10] perseveraram em seguir-me;

12 Excepto Caleb, filho de Jefoné o kenezeo, e Josué filho de Nun, [11] porquanto perseveraram em seguir ao Senhor.

13 Assim se accendeu a ira do Senhor contra Israel, e fêl-os andar [12] errantes até que se consumiu toda aquella geração, que fizera mal aos olhos do Senhor.

14 E eis-que vós, uma multidão de homens peccadores, vos levantastes em logar de vossos paes, para ainda mais accrescentar o furor [13] da ira do Senhor contra Israel.

15 Se vós vos virardes de [14] seguil-o, tambem elle os deixará de novo no deserto, e destruireis a todo este povo.

16 Então chegaram-se a elle, e disseram: Edificaremos curraes aqui para o nosso gado, e cidades para as nossas crianças;

17 Porém [15] nós nos armaremos, apressando-nos diante dos d’Israel, até que os levemos ao seu logar: e ficarão as nossas crianças nas cidades fortes por causa dos moradores da terra.

18 Não voltaremos [16] para nossas casas, até que os filhos d’Israel estejam de posse cada um da sua herança.

19 Porque não herdaremos com elles d’além do Jordão, nem mais adiante; porquanto nós já teremos [17] a nossa herança d’áquem do Jordão ao oriente.

20 Então Moysés lhes disse: [18] Se isto fizerdes assim, se vos armardes á guerra perante o Senhor;

21 E cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o Senhor, até que haja lançado fóra os seus inimigos de diante d’elle;

22 E a terra esteja [19] subjugada perante o Senhor; então voltareis depois, e ficareis desculpados perante o Senhor e perante Israel: e esta terra vos será por possessão perante o Senhor:

23 E se não fizerdes assim, eis que peccastes contra o Senhor: [HC] porém sentireis [20] o vosso peccado, quando vos achar.

24 Edificae vós cidades [21] para as vossas crianças, e curraes para as vossas ovelhas; e fazei o que saiu da vossa bocca.

25 Então fallaram os filhos de Gad, e os filhos de Ruben a Moysés, dizendo: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos.

26 As nossas crianças, [22] as nossas mulheres, a nossa fazenda, e todos os nossos animaes estarão ahi nas cidades de Gilead.

27 Mas os teus servos [23] passarão, cada um armado para pelejar para a guerra, perante o Senhor, como tem dito meu senhor.

28 Então Moysés deu [24] ordem ácêrca d’elles a Eleazar, o sacerdote, e a Josué[168] filho de Nun, e aos Cabeças das casas dos paes das tribus dos filhos d’Israel;

29 E disse-lhes Moysés: Se os filhos de Gad, e os filhos de Ruben passarem comvosco o Jordão, armado cada um para a guerra perante o Senhor; e a terra estiver subjugada diante de vós, em possessão lhes dareis a terra de Gilead;

30 Porém se não passarem, armados, comvosco, então se porão por possuidores no meio de vós na terra de Canaan.

31 E responderam os filhos de Gad e os filhos de Ruben, dizendo: O que o Senhor fallou a teus servos, isso faremos.

32 Nós passaremos, armados, perante o Senhor á terra de Canaan, e teremos a possessão de nossa herança d’áquem do Jordão.

33 Assim deu-lhes Moysés, [25] aos filhos de Gad, e aos filhos de Ruben, e á meia tribu de Manasseh, filho de José, o reino de Sehon, rei dos amorrheos, e o reino d’Og, rei de Basan: a terra com as suas cidades nos seus termos, as cidades do seu contorno.

34 E os filhos de Gad edificaram a Dibon, e [26] Ataroth, e Aroer;

35 E Atroth-sophan, e Jaezer, e Jogbeha;

36 E Beth-nimra, [27] e Bethharan, cidades fortes; e curraes d’ovelhas.

37 E os filhos de Ruben edificaram a Hesbon, e Eleal, [28] as e Quiriathaim;

38 E Nebo, e Baal-meon, [29] mudando-lhes o nome, e Sibma: e os nomes das cidades que edificaram chamaram por outros nomes.

39 E os filhos de Machir, [30] filho de Manasseh, foram-se para Gilead, e a tomaram: e d’aquella possessão lançaram os amorrheos, que estavam n’ella.

40 Assim Moysés deu [31] Gilead a Machir, filho de Manasseh, o qual habitou n’ella.

41 E foi-se Jair, filho [32] de Manasseh, e tomou as suas aldeias; e chamou-as Havot-jair.

42 E foi-se Nobah, e tomou a Quenath com as suas aldeias; e chamou-a Nobah, segundo o seu nome.

[1] cap. 21.32. Jos. 13.25. II Sam. 24.5.

[2] ver. 36.

[3] ver. 38.

[4] ver. 38.

[5] cap. 21.24, 34.

[6] cap. 13.3, 26. Deu. 1.22.

[7] cap. 13.24, 31. Deu. 1.24, 28.

[8] cap. 14.11, 21. Deu. 1.34.

[9] cap. 14.28, 29. Deu. 1.35.

[10] cap. 14.24, 30.

[11] cap. 14.24. Deu. 1.36. Jos. 14.8, 9.

[12] cap. 14.33, 34, 35 e 26.64, 65.

[13] Deu. 1.34.

[14] Deu. 30.17. Jos. 22.16, 18. II Chr. 7.19 e 15.2.

[15] Jos. 4.12.

[16] Jos. 22.4.

[17] ver. 33. Jos. 12.1 e 13.8.

[18] Deu. 3.18. Jos. 1.14 e 4.12, 13.

[19] Deu. 3.20. Jos. 11.23 e 18.1 e 22.4. Deu. 3.12 e 15.16, 18. Jos. 1.15 e 13.8, 32 e 22.4, 9.

[20] Gen. 4.7 e 44.16. Isa. 59.12.

[21] ver. 16, 34, etc.

[22] Jos. 1.14.

[23] Jos. 4.12.

[24] Jos. 1.13.

[25] Deu. 3.14, 17 e 29.8. Jos. 12.6 e 13.8 e 22.4. cap. 21.24, 33, 35.

[26] cap. 33.45, 46. Deu. 2.36. ver. 1, 3.

[27] ver. 3, 24.

[28] cap. 21.27.

[29] Isa. 46.1. cap. 22.41. ver. 3. Exo. 23.13. Jos. 23.7.

[30] Gen. 50.23.

[31] Deu. 3.12, 13, 15. Jos. 13.31 e 17.1.

[32] Deu. 3.10. Jos. 13.30. I Chr. 2.21, 22, 23. Jui. 10.4. I Reis 4.13.

As jornadas desde o Egypto até Moab.

33 Estas são as jornadas dos filhos d’Israel, que sairam da terra do Egypto, segundo os seus exercitos, pela mão de Moysés e Aarão.

2 E escreveu Moysés as suas saidas, segundo as suas partidas, conforme ao mandado do Senhor: e estas são as suas jornadas segundo as suas saidas.

3 Partiram pois de [1] Rahmeses no mez primeiro, no dia quinze do primeiro mez; o seguinte dia da paschoa sairam os filhos de Israel por [2] alta mão aos olhos de todos os egypcios,

4 Enterrando [3] os egypcios os que o Senhor tinha ferido entre elles, a todo o primogenito, e havendo o Senhor executado os seus juizos nos seus deuses.

5 Partidos [4] pois os filhos de Israel de Rahmeses, acamparam-se em Succoth.

6 E partiram de Succoth, e acamparam-se [5] em Etham, que está no fim do deserto.

7 E partiram [6] d’Etham, e viraram-se a Pi-hahiroth, que está defronte de Baal-zephon, e acamparam-se diante de Migdol.

8 E partiram de Hahiroth, [7] e passaram pelo meio do mar ao deserto, e andaram caminho de tres dias no deserto de Etham, e acamparam-se em Marah.

9 E partiram de Marah, e vieram [8] a Elim, e em Elim havia doze fontes de aguas, e setenta palmeiras, e acamparam-se ali.

10 E partiram d’Elim, e acamparam-se junto ao Mar Vermelho.

11 E partiram do Mar Vermelho, e acamparam-se [9] no deserto de Sin.

12 E partiram do deserto de Sin, e acamparam-se em Dophka.

13 E partiram de Dophka, e acamparam-se em Alus.

14 E partiram d’Alus, e acamparam-se em Raphidim; [10] porém não havia ali agua, para que o povo bebesse.

15 Partiram pois de Raphidim, [11] e acamparam-se no deserto de Sinai.

16 E partiram [12] do deserto de Sinai, e acamparam-se em Quibroth-taava.

17 E partiram de Quibroth-taava, e acamparam-se em Hazeroth.

18 E partiram de Hazeroth, [13] e acamparam-se em Rithma.

19 E partiram de [14] Rithma, e acamparam-se em Rimmon-parez.

20 E partiram de Rimmon-perez, e acamparam-se em Libna.

21 E partiram de Libna, e acamparam-se em Rissa.

[169]

22 E partiram de Rissa, e acamparam-se em Kehelatha.

23 E partiram de Kehelatha, e acamparam-se no monte de Sapher.

24 E partiram do monte de Sapher, e acamparam-se em Harada.

25 E partiram de Harada, e acamparam-se em Magheloth.

26 E partiram de Magheloth, e acamparam-se em Tachath.

27 E partiram de Tachath, e acamparam-se em Tarah.

28 E partiram de Tarah, e acamparam-se em Mithka.

29 E partiram de Mithka, e acamparam-se em Hasmona.

30 E partiram de Hasmona, [15] e acamparam-se em Moseroth.

31 E partiram de Moseroth, e acamparam-se em Bene-jaakan.

32 E partiram de Bene-jaakan, e [16] acamparam-se em Hor-hagidgad.

33 E partiram de Hor-hagidgad, e acamparam-se em Jothbatha.

34 E partiram de Jothbatha, e acamparam-se em Abrona.

35 E partiram d’Abrona, [17] e acamparam-se em Ezion-geber.

36 E partiram [18] d’Ezion-geber, e acamparam-se no deserto de Zin, que é Cades.

37 E partiram de Cades, [19] e acamparam-se no monte de Hor, no fim da terra d’Edom.

38 Então Aarão [20], o sacerdote, subiu ao monte de Hor, conforme ao mandado do Senhor; e morreu ali no quinto mez do anno quadragesimo da saida dos filhos de Israel da terra do Egypto, no primeiro dia do mez.

39 E era Aarão d’edade de cento e vinte e tres annos, quando morreu no monte de Hor.

40 E ouviu o cananeo, rei de Harad, [21] que habitava o sul na terra de Canaan, que chegavam os filhos d’Israel.

41 E partiram do monte de Hor, e [22] acamparam-se em Zalmona.

42 E partiram de Zalmona, e acamparam-se em Phunon.

43 E partiram de Phunon, [23] e acamparam-se em Oboth.

44 E partiram d’Oboth, [24] e acamparam-se nos outeirinhos de Abarim, no termo de Moab.

45 E partiram dos outeirinhos d’Abarim, [25] e acamparam-se em Dibon-gad.

46 E partiram [26] de Dibon-gad, e acamparam-se em Almon-diblathaim.

47 E partiram d’Almon-diblathaim, e acamparam-se nos montes, [27] d’Abarim, defronte de Nebo.

48 E partiram dos montes de Abarim, e acamparam-se nas campinas [28] dos moabitas, junto ao Jordão de Jericó.

49 E acamparam-se junto ao Jordão, desde Beth-jesimoth até Abel-sittim, nas campinas [29] dos moabitas.

Deus manda lançar fóra os moradores de Canaan.

50 E fallou o Senhor a Moysés, nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão de Jericó, dizendo:

51 Falla aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando houverdes passado [30]; o Jordão para a terra de Canaan,

52 Lançareis [31] fóra todos os moradores da terra diante de vós, e destruireis todas as suas pinturas: tambem destruireis todas as suas imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos;

53 E tomareis a terra em possessão, e n’ella habitareis: porquanto vos tenho dado esta terra, para possuil-a.

54 E por sortes herdareis [32] a terra segundo as vossas familias; aos muitos a herança multiplicareis, e aos poucos a herança diminuireis; onde a sorte sair a alguem, ali a terá: segundo as tribus de vossos paes tomareis as heranças.

55 Mas se não lançardes fóra os moradores da terra de diante de vós, então os que deixardes ficar d’elles vos serão [33] por espinhos nos vossos olhos, e por aguilhões nas vossas ilhargas, e apertar-vos-hão na terra em que habitardes.

56 E será que farei a vós como pensei fazer-lhes a elles.

[1] Exo. 12.37.

[2] Exo. 14.

[3] Exo. 12.29 e 12.12 e 18.11. Isa. 19.1. Apo. 12.8.

[4] Exo. 12.37.

[5] Exo. 13.20.

[6] Exo. 14.2, 9.

[7] Exo. 14.22 e 15.22, 23.

[8] Exo. 15.27.

[9] Exo. 16.1.

[10] Exo. 17.1 e 19.2.

[11] Exo. 19.1, 2.

[12] cap. 11.34.

[13] cap. 11.35.

[14] cap. 12.16.

[15] Deu. 10.6.

[16] Gen. 36.27. Deu. 10.6. I Chr. 1.42.

[17] Deu. 2.8. I Reis 9.26 e 22.48.

[18] cap. 20.1 e 27.14.

[19] cap. 20.22, 23 e 21.4.

[20] cap. 20.25, 28. Deu. 32.50.

[21] cap. 21.1, etc.

[22] cap. 21.4.

[23] cap. 21.10.

[24] cap. 21.11.

[25] cap. 32.34.

[26] Jer. 48.22. Eze. 6.14.

[27] cap. 21.20. Deu. 32.49.

[28] cap. 22.1.

[29] cap. 25.1. Jos. 2.1.

[30] Deu. 7.1 e 9.1. Jos. 3.17.

[31] Exo. 23.24, 33 e 34.13. Deu. 7.2, 5, 12, 13. Jos. 11.12. Jui. 2.2.

[32] cap. 26.53, 54, 55.

[33] Jos. 23.13. Jui. 2.2. Psa. 106.34, 36. Exo. 23.33. Eze. 28.24.

Os confins da terra.

34 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

2 Dá ordem aos filhos d’Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na [1] terra de Canaan, esta ha de ser a terra que vos cairá em herança: a terra de Canaan, segundo os seus termos.

3 A banda do sul [2] vos será desde o deserto de Zin até aos termos de Edom; e o termo do sul vos será desde a extremidade do mar [3] salgado para a banda do oriente,

4 E este termo vos irá rodeando do sul para a subida [4] de Acrabbim, e[170] passará até Zin; e as suas saidas serão do sul a Cades-barnea; [5] e sairá a Hazar-addar, e passará a Azmon:

5 Rodeará mais este termo de Azmon até ao rio [6] do Egypto: e as suas saidas serão para a banda do mar.

6 Ácerca do termo do occidente, o mar grande vos será por termo: este vos será o termo do occidente.

7 E este vos será o termo do norte: desde o mar grande marcareis [7] até ao monte de Hor.

8 Desde o monte de Hor marcareis até á entrada de Hamath: [8] e as saidas d’este termo serão até Zedad.

9 E este termo sairá até Ziphron, e as suas saidas serão [9] em Hazar-enan: este vos será o termo do norte.

10 E por termo da banda do oriente vos marcareis de Hazar-enan até Sepham.

11 E este termo descerá desde Sepham até Ribla, [10] para a banda do oriente de Ain: depois descerá este termo, e irá ao longo da borda [11] do mar de Cinnereth para a banda do oriente.

12 Descerá tambem este termo ao longo do Jordão, e as suas saidas serão [12] no mar salgado: esta vos será a terra, segundo os seus termos em roda.

13 E Moysés deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: [13] Esta é a terra que tomareis em sorte por herança, a qual o Senhor mandou dar ás nove tribus e á meia tribu.

14 Porque a tribu dos filhos [14] dos rubenitas, segundo a casa de seus paes, e a tribu dos filhos dos gaditas, segundo a casa de seus paes, já receberam; tambem a meia tribu de Manasseh recebeu a sua herança.

15 Já duas tribus e meia tribu receberam a sua herança d’aquem do Jordão de Jericó, da banda do oriente ao nascente.

Os homens que devem dividir a terra.

16 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

17 Estes são os nomes dos homens que vos repartirão a terra por herança: Eleazar, o sacerdote, e Josué, [15] o filho de Nun.

18 Tomareis mais de [16] cada tribu um principe, para repartir a terra em herança.

19 E estes são os nomes dos homens: Da tribu de Judah, Caleb, filho de Jefoné;

20 E, da tribu dos filhos de Simeão, Samuel, filho de Ammihud;

21 Da tribu de Benjamin, Elidad, filho de Chislon;

22 E, da tribu dos filhos de Dan, o principe Buci, filho de Jogli;

23 Dos filhos de José, da tribu dos filhos de Manasseh, o principe Hanniel, filho de Ephod;

24 E, da tribu dos filhos de Ephraim, o principe Quemuel, filho de Siphtan;

25 E, da tribu dos filhos de Zebulon, o principe Elizaphan, filho de Parnah;

26 E, da tribu dos filhos de Issacar, o principe Paltiel, filho de Assan;

27 E, da tribu dos filhos de Aser, o principe Ahihud, filho de Selomi;

28 E, da tribu dos filhos de Naphtali, o principe Pedael, filho de Ammihud.

29 Estes são aquelles a quem o Senhor ordenou, que repartissem as heranças aos filhos de Israel na terra de Canaan.

[1] Gen. 17.8. Deu. 1.7. Psa. 78.54, 55.

[2] Jos. 15.1. Eze. 47.13, etc.

[3] Gen. 14.3. Jos. 15.2.

[4] Jos. 15.3.

[5] cap. 13.26 e 32.8. Jos. 15.3, 4.

[6] Gen. 15.18. Jos. 15.4, 47. I Reis 8.65. Isa. 27.12.

[7] cap. 33.37.

[8] cap. 13.21. II Reis 14.25. Eze. 47.15.

[9] Eze. 47.17.

[10] II Reis 23.33. Jer. 39.5.

[11] Deu. 3.17. Jos. 11.12 e 19.35. Mat. 14.34. Luc. 5.1.

[12] ver. 3.

[13] ver. 1. Jos. 14.1, 2.

[14] cap. 32.33. Jos. 14.2, 3.

[15] Jos. 14.1 e 19.51.

[16] cap. 1.4, 16.

As cidades dos levitas.

35 E fallou o Senhor a Moysés nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão de Jericó, dizendo:

2 Dá ordem [1] aos filhos de Israel que, da herança da sua possessão, dêem cidades aos levitas, em que habitem: e tambem aos levitas dareis arrabaldes ao redor d’ellas.

3 E terão estas cidades para habitalas: porém os seus arrabaldes serão para as suas bestas, e para a sua fazenda, e para todos os seus animaes.

4 E os arrabaldes das cidades que dareis aos levitas, desde o muro da cidade e para fóra, serão de mil covados em redor.

5 E de fóra da cidade, da banda do oriente, medireis dois mil covados, e da banda do sul dois mil covados, e da banda do occidente dois mil covados, e da banda do norte dois mil covados, e a cidade no meio: isto terão por arrabaldes das cidades.

6 Das cidades pois que dareis aos levitas haverá [2] seis cidades de refugio, as quaes dareis para que o homicida ali se acolha: e, além d’estas, lhes dareis quarenta e duas cidades.

7 Todas as cidades que dareis aos levitas serão [3] quarenta e oito cidades, juntamente com os seus arrabaldes.

8 E as cidades [4] que derdes da herança dos filhos de Israel, do que tiver muito tomareis muito, e do que tiver pouco[171] tomareis pouco: cada um dará das suas cidades aos levitas, segundo a sua herança que herdar.

9 Fallou mais o Senhor a Moysés, dizendo:

Seis cidades de refugio.

10 Falla aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando passardes [5] o Jordão á terra de Canaan,

11 Fazei [6] com que vos estejam á mão cidades que vos sirvam de cidades de refugio, para que ali se acolha o homicida que ferir a alguma alma por erro.

12 E estas cidades vos serão por refugio [7] do vingador do sangue: para que o homicida não morra, até que esteja perante a congregação no juizo.

13 E das cidades [8] que derdes haverá seis cidades de refugio para vós.

14 Tres d’estas [9] cidades dareis d’áquem do Jordão, e tres d’estas cidades dareis na terra de Canaan: cidades de refugio serão.

15 Serão por refugio estas seis cidades para [10] os filhos de Israel, e para o estrangeiro, e para o que se hospedar no meio d’elles, para que ali se acolha aquelle que ferir a alguma alma por erro.

16 Porém, se a ferir [11] com instrumento de ferro, e morrer, homicida é: certamente o homicida morrerá.

17 Ou, se lhe atirar uma pedrada, de que possa morrer, e ella morrer, homicida é: certamente o homicida morrerá.

18 Ou, se a ferir com instrumento de pau que tiver na mão, de que possa morrer, e ella morrer, homicida é: certamente morrerá o homicida.

19 O vingador [12] do sangue matará o homicida: encontrando-o, matal-o-ha.

20 Se tambem a empurrar com odio, [13] ou com intento lançar contra ella alguma coisa, e morrer;

21 Ou por inimizade a ferir com a sua mão, e morrer, certamente morrerá o feridor; homicida é: o vingador do sangue, encontrando o homicida, o matará.

22 Porém, se a empurrar de improviso, [14] sem inimizade, ou contra ella lançar algum instrumento sem designio;

23 Ou, sobre ella fizer cair alguma pedra sem o ver, de que possa morrer, e ella morrer, e elle não era seu inimigo nem procurava o seu mal;

24 Então a congregação julgará entre o feridor e [15] entre o vingador do sangue, segundo estas leis.

25 E a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e a congregação o fará voltar á cidade do seu refugio, [16] onde se tinha acolhido: e ali ficará até á morte do summo sacerdote, a quem ungiram com o sancto oleo.

26 Porém, se de alguma maneira o homicida sair dos termos da cidade do seu refugio, onde se tinha acolhido,

27 E o vingador do sangue o achar fóra dos termos da cidade do seu refugio, se o vingador do sangue matar o homicida, não será culpado do sangue.

28 Pois deve ficar na cidade do seu refugio, até á morte do summo sacerdote: mas, depois da morte do summo sacerdote, o homicida voltará á terra da sua possessão.

29 E estas coisas vos serão por estatuto [17] de direito a vossas gerações, em todas as vossas habitações.

30 Todo aquelle que ferir a alguma pessoa, conforme ao dito das testemunhas, [18] matarão o homicida: mas uma testemunha não testemunhará contra algum, para que morra.

31 E não tomareis expiação pela [HD] vida o homicida, que culpado está de morte: antes certamente morrerá.

32 Tambem não tomareis expiação por aquelle que se acolher á cidade do seu refugio, para tornar a habitar na terra, até a morte do summo sacerdote.

33 Assim não profanareis [19] a terra em que estaes; porque o sangue faz profanar a terra: e nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar n’ella, senão com o sangue d’aquelle [20] que o derramou.

34 Não contaminareis pois [21] a terra na qual vós habitareis, no meio da qual eu habitarei: pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos d’Israel.

[1] Jos. 21.2. Eze. 45.1, etc. e 48.8, etc.

[2] ver. 13. Deu. 4.41. Jos. 20.2, 7, 8 e 21.3, 13, 21, 27, 32, 36, 38.

[3] Jos. 21.41.

[4] Jos. 21.3. cap. 26.54.

[5] Deu. 19.2. Jos. 20.2.

[6] Exo. 21.13.

[7] Deu. 19.6. Jos. 20.3, 5, 6.

[8] ver. 6.

[9] Deu. 4.41. Jos. 20.8.

[10] cap. 15.16.

[11] Exo. 21.12, 14. Lev. 24.17. Deu. 19.11.

[12] ver. 21, 24, 27. Deu. 19.6, 12. Jos. 20.3, 5.

[13] Gen. 4.8. II Sam. 3.27 e 20.10. I Reis 2.31, 32. Exo. 21.14. Deu. 19.11.

[14] Exo. 21.13.

[15] ver. 12. Jos. 20.6.

[16] Exo. 29.7. Lev. 4.3 e 21.10.

[17] cap. 27.11.

[18] Deu. 17.6 e 19.15. Mat. 18.16. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[19] Psa. 106.38. Miq. 4.11.

[20] Gen. 9.6.

[21] Lev. 18.25. Deu. 21.23. Exo. 29.45.

Os casamentos das herdeiras.

36 E chegaram [1] os cabeças dos paes da geração dos filhos de Gilead, filho de Machir, filho de Manasseh, das familias dos filhos de José,[172] e fallaram diante de Moysés, e diante dos maioraes, cabeças dos paes dos filhos d’Israel,

2 E disseram: O Senhor [2] mandou dar esta terra a meu senhor por sorte, por herança aos filhos d’Israel: e a meu senhor foi ordenado pelo Senhor, que a herança do nosso irmão Selofad se désse a suas filhas.

3 E, casando-se ellas com algum dos filhos das outras tribus dos filhos d’Israel, então a sua herança seria diminuida da herança de nossos paes, e accrescentada á herança da tribu de quem forem: assim se tiraria da sorte da nossa herança.

4 Vindo tambem o anno do [3] jubileo dos filhos d’Israel, a sua herança se accrescentaria á herança da tribu d’aquelles com que se casarem: assim a sua herança será tirada da herança da tribu de nossos paes.

5 Então Moysés deu ordem aos filhos d’Israel, segundo o mandado do Senhor, dizendo: A tribu dos [4] filhos de José falla bem.

6 Esta é a palavra que o Senhor mandou ácerca das filhas de Selofad, dizendo: Sejam por mulheres a quem bem parecer aos seus olhos, [5] comtanto que se casem na familia da tribu de seu pae.

7 Assim a herança dos filhos d’Israel não passará de tribu em [6] tribu: pois os filhos d’Israel se chegarão cada um á herança da tribu de seus paes.

8 E qualquer filha [7] que herdar alguma herança das tribus dos filhos d’Israel se casará com alguem da geração da tribu de seu pae: para que os filhos de Israel possuam cada, um a herança de seus paes.

9 Assim a herança não passará d’uma tribu a outra: pois as tribus dos filhos d’Israel se chegarão cada uma á sua herança.

10 Como o Senhor ordenara a Moysés, assim fizeram as filhas de Selofad.

11 Pois Machla, [8] Thirsa, e Hogla, e Milca, e Noha, filhas de Selofad, se casaram com os filhos de seus tios.

12 Das familias dos de Manasseh, filho de José, ellas foram mulheres: assim a sua herança ficou á tribu da familia de seu pae.

13 Estes são os mandamentos e os juizos que mandou o Senhor pela mão de Moysés aos filhos de Israel [9] nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão de Jericó.

[1] cap. 26.29.

[2] cap. 26.55 e 33.54. Jos. 17.3. cap. 27.1, 7. Jos. 17.3, 4.

[3] Lev. 25.10.

[4] cap. 27.7.

[5] ver. 12.

[6] I Sam. 21.3.

[7] I Chr. 23.22.

[8] cap. 27.1.

[9] cap. 26.3 e 33.50.


O QUINTO LIVRO DE MOYSÉS
CHAMADO

DEUTERONOMIO.

O discurso de Moysés na planicie do Jordão.

Antes de Christo 1451

1 Estas são as palavras que Moysés fallou a todo o Israel [1] d’áquem do Jordão, no deserto, na planicie defronte do Mar de Suph, entre Paran e Tophel, e Laban, e Hazeroth, e Dizahab.

2 Onze jornadas ha, desde Horeb, caminho da montanha de Seir, [2] até Cades-barnea.

3 E succedeu que, no anno quadragesimo, [3] no mez undecimo, no primeiro dia do mez, Moysés fallou aos filhos de Israel, conforme a tudo o que o Senhor lhe mandara ácerca d’elles,

4 Depois que feriu [4] a Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon, e a Og, rei de Basan, que habitava em Astaroth, [5] em Edrei.

5 D’áquem do Jordão, na terra de Moab, começou Moysés a declarar esta lei, dizendo:

6 O Senhor nosso Deus nos fallou em Horeb, [6] dizendo: Assás haveis estado n’este monte.

7 Virae-vos, e parti-vos, e ide á montanha dos amorrheos, e a todos os seus visinhos, á planicie, e á montanha, e ao valle, e ao sul, e á ribeira do mar; á terra dos cananeos, e ao Libano, até ao grande rio, o rio Euphrates.

[173]

8 Vêdes aqui esta terra vol-a dei diante de vós: entrae e possui a terra que o Senhor jurou a vossos paes, Abrahão, [7] Isaac, e Jacob, que a daria a elles e á sua semente depois d’elles.

9 E no mesmo tempo [8] eu vos fallei, dizendo: Eu não poderei levar-vos só.

10 O Senhor vosso Deus já vos tem multiplicado: e eis-que já hoje em multidão sois [9] como as estrellas dos céus.

11 O Senhor Deus [10] de vossos paes vos augmente, como sois, ainda mil vezes mais: e vos abençoe, como [11] vos tem fallado.

12 Como supportaria [12] eu só as vossas molestias, e as vossas cargas, e as vossas differenças?

13 Tomae-vos homens [13] sabios e entendidos, experimentados entre as vossas tribus, para que os ponha por vossas cabeças.

14 Então vós me respondestes, e dissestes: Bom é de fazer a palavra que tens fallado.

15 Tomei pois os cabeças de vossas tribus, homens sabios e experimentados, [14] e os tenho posto por cabeças sobre vós, por capitães de milhares, e por capitães de cem, e por capitães de cincoenta, e por capitães de dez, e por governadores das vossas tribus.

16 E no mesmo tempo mandei a vossos juizes, dizendo: Ouvi a causa entre vossos irmãos, e julgae [15] justamente entre o homem e seu irmão, e entre o estrangeiro que está com elle.

17 Não attentareis [16] para pessoa alguma em juizo, ouvireis assim o pequeno como o grande: não temereis a face de ninguem, porque o juizo é de Deus; [17] porém a causa que vos fôr difficil fareis vir a mim, e eu a ouvirei.

18 Assim n’aquelle tempo vos ordenei todas as coisas que havieis de fazer.

19 Então partimos de Horeb, [18] e caminhámos por todo aquelle grande e tremendo deserto que vistes, pelo caminho das montanhas dos amorrheos, como o Senhor nosso Deus nos ordenara: e chegámos a Cades-barnea.

20 Então eu vos disse: Chegados sois ás montanhas dos amorrheos, que o Senhor nosso Deus nos dará.

21 Eis aqui o Senhor teu Deus te deu esta terra diante de ti: sobe, possue-a, como te fallou o Senhor Deus de teus paes: [19] não temas, e não te assustes.

22 Então todos vós vos chegastes a mim, e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra, e nos dêem resposta, por que caminho devemos subir a ella, e a que cidades devemos ir.

23 Pareceu-me pois bem este negocio: de sorte que de vós tomei [20] doze homens, de cada tribu um homem.

24 E foram-se, e subiram á montanha, e [21] vieram até ao valle de Escol, e o espiaram.

25 E tomaram do fructo da terra nas suas mãos, e nol-o trouxeram, e nos tornaram a dar resposta, e disseram: Boa [22] é a terra que nos dá o Senhor nosso Deus.

26 Porém vós não quizestes [23] subir: mas fostes rebeldes ao mandado do Senhor nosso Deus.

27 E murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o Senhor nos aborrece, [24] nos tirou da terra do Egypto para nos entregar nas mãos dos amorrheos, para destruir-nos.

28 Para onde subiremos? nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto é este povo [25] do que nós, as cidades são grandes e fortificadas até aos céus; e tambem vimos ali filhos [26] dos gigantes.

29 Então eu vos disse: Não vos espanteis, nem os temaes.

30 O Senhor vosso Deus [27] que vae adiante de vós, elle por vós pelejará, conforme a tudo o que fez comvosco, diante de vossos olhos, no Egypto;

31 Como tambem no deserto, onde viste que [28] o Senhor teu Deus n’elle te levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este logar.

32 Mas nem por isso [29] crestes ao Senhor vosso Deus,

33 Que foi [30] adiante de vós por todo o caminho, para vos achar o logar onde vós deverieis acampar: de noite no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havieis de andar, e de dia na nuvem.

34 Ouvindo pois o Senhor a voz das vossas palavras, indignou-se, e jurou, [31] dizendo:

35 Nenhum dos homens d’esta maligna[174] geração verá [32] esta boa terra que jurei de dar a vossos paes,

36 Salvo Caleb, [33] filho de Jefoné; elle a verá, e a terra que pisou darei a elle e a seus filhos: porquanto perseverou em [34] seguir ao Senhor.

37 Tambem o Senhor [35] se indignou contra mim por causa de vós, dizendo: Tambem tu lá não entrarás.

38 [36] Josué, filho de Nun, que está em pé diante de ti, elle ali entrará: esforça-o, [37] porque elle a fará herdar a Israel.

39 E vossos meninos, [38] de que dissestes: Por presa serão: e vossos filhos, que hoje nem bem nem mal sabem, elles ali entrarão, e a elles, a darei, e elles a possuirão.

40 Porém vós [39] virae-vos, e parti para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho.

41 Então respondestes, [40] e me dissestes: Peccámos contra o Senhor: nós subiremos e pelejaremos, conforme a tudo o que nos ordenou o Senhor nosso Deus: e armastes-vos pois vós, cada um dos seus instrumentos de guerra, e estivestes prestes para subir á montanha.

42 E disse-me o Senhor: Dize-lhes: Não subaes [41] nem pelejeis, pois não estou no meio de vós; para que não sejaes feridos diante de vossos inimigos.

43 Porém, fallando-vos eu, não ouvistes: antes fostes rebeldes ao mandado do Senhor, e vos [42] ensoberbecestes, e subistes á montanha.

44 E os amorrheos, que habitavam n’aquella montanha, vos sairam ao encontro; e perseguiram-vos como fazem as [43] abelhas, e vos derrotaram desde Seir até Horma.

45 Tornando pois vós, e chorando perante o Senhor, o Senhor não ouviu a vossa voz, nem vos escutou.

46 Assim em [44] Cades estivestes muitos dias, segundo os dias que ali estivestes.

[1] Jos. 9.1, 10 e 22.4, 7.

[2] Num. 13.26. cap. 9.23.

[3] Num. 33.38.

[4] Num. 21.24.

[5] Num. 21.23. Jos. 13.12.

[6] Exo. 3.1 e 19.1. Num. 10.11.

[7] Gen. 12.7 e 15.18 e 17.7, 8 e 26.4 e 28.13.

[8] Exo. 18.18. Num. 11.14.

[9] Gen. 15.5. cap. 10.22 e 28.62.

[10] II Sam. 24.3.

[11] Gen. 15.5 e 22.17 e 26.4. Exo. 32.13.

[12] I Reis 3.8.

[13] Exo. 18.21. Num. 11.16, 17.

[14] Exo. 18.25.

[15] cap. 16.18. João 7.24. Lev. 24.22.

[16] Lev. 19.15. cap. 16.19. I Sam. 16.7. Pro. 24.23. Thi. 2.1.

[17] II Chr. 19.6. Exo. 18.22, 26.

[18] Num. 10.12. cap. 8.15. Jer. 2.6.

[19] Jos. 1.9.

[20] Num. 13.3.

[21] Num. 13.22, 23, 24.

[22] Num. 13.27.

[23] Num. 14.1, 2, 3, 4. Psa. 106.24, 25.

[24] cap. 9.28.

[25] Num. 13.31, 32, 33.

[26] Num. 13.28.

[27] Exo. 14.14, 25. Neh. 4.20.

[28] Exo. 19.4. cap. 32.11, 12. Isa. 46.3, 4 e 63.9. Ose. 11.3. Act. 13.18.

[29] Psa. 106.24. Jud. 5.

[30] Exo. 13.21. Psa. 78.14. Num. 10.33. Eze. 20.6.

[31] cap. 2.14, 15.

[32] Num. 14.22, 23. Psa. 25.11.

[33] Num. 14.24, 30. Jos. 14.9.

[34] Num. 14.24.

[35] Num. 20.12 e 27.14. cap. 3.26 e 4.21 e 34.4. Psa. 106.32.

[36] Num. 14.30. Exo. 24.13 e 33.11. I Sam. 16.22.

[37] Num. 27.18. cap. 31.7, 23.

[38] Num. 14.13, 31. Isa. 7.15, 16. Rom. 9.11.

[39] Num. 14.25.

[40] Num. 14.40.

[41] Num. 14.42.

[42] Num. 14.44, 45.

[43] Psa. 118.12.

[44] Num. 20.1, 22. Jui. 11.17.

Moysés falla ácerca dos edomitas, moabitas, e ammonitas.

Antes de Christo 1490

2 Depois virámo-nos, e caminhámos ao deserto, caminho do Mar Vermelho, como o [1] Senhor me tinha dito, e muitos dias rodeámos a montanha de Seir.

2 Então o Senhor me fallou, dizendo:

3 Assás tendes [2] rodeado esta montanha: virae-vos para o norte.

4 E dá ordem ao povo, dizendo: Passareis [3] pelos termos de vossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitam em Seir: e elles terão medo de vós; porém guardae-vos bem,

5 Não vos entremettaes com elles, porque vos não darei da sua terra nem ainda a pisada da planta de um pé: porquanto a Esaú tenho dado a montanha [4] de Seir por herança.

6 Comprareis d’elles, por dinheiro, comida para comerdes: e tambem agua para beber d’elles comprareis por dinheiro.

7 Pois o Senhor teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; elle sabe que andas por este grande deserto: [5] estes quarenta annos o Senhor teu Deus esteve comtigo, coisa nenhuma te faltou.

8 Passando [6] pois de nossos irmãos, os filhos de Esaú, que habitavam em Seir, desde o caminho da planicie [7] de Elath e de Ezeon-geber, nos virámos e passámos o caminho do deserto de Moab.

9 Então o Senhor me disse: Não molestes a Moab, e não contendas com elles em peleja, porque te não darei herança da sua terra; porquanto tenho dado a [8] Ar aos filhos de Lot por herança.

10 (Os emeos [9] d’antes habitaram n’ella: um povo grande e numeroso, e alto como os gigantes;

11 Tambem estes foram contados por gigantes como os enaquins: e os moabitas os chamavam emeos.

12 D’antes os horeos tambem habitaram em Seir: [10] porém os filhos de Esaú os lançaram fóra, e os destruiram de diante de si, e habitaram no seu logar, assim como Israel fez á terra da sua herança, que o Senhor lhes tinha dado.)

13 Levantae-vos agora, e passae o ribeiro [11] de Zered: assim passámos o ribeiro de Zered.

14 E os dias que caminhámos, desde Cades-barnea [12] até que passámos o ribeiro de Zered, foram trinta e oito annos, [13] até que toda aquella geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o Senhor lhes jurara.

15 Assim [14] tambem foi contra elles a mão do Senhor, para os destruir do meio do arraial até os haver consumido.

[175]

16 E succedeu que, sendo já consumidos todos os homens de guerra, pela morte, do meio do arraial.

17 O Senhor me fallou, dizendo:

18 Hoje passarás a Ar, pelos termos de Moab;

19 E te chegarás até defronte dos filhos de Ammon: não os molestes, e com elles não contendas: porque da terra dos filhos de Ammon te não darei herança, porquanto [15] aos filhos de Lot a tenho dado por herança.

20 (Tambem esta foi contada por terra de gigantes; d’antes n’ella habitavam gigantes, e os ammonitas os chamavam [16] zamzummeos:

21 Um povo [17] grande, e numeroso, e alto, como os gigantes: e o Senhor os destruiu de diante de si, e elles os lançaram fóra, e habitaram no seu logar;

22 Assim como fez com os filhos d’Esaú, que habitavam [18] em Seir, de diante dos quaes destruiu os horeos, e elles os lançaram fóra, e habitaram no seu logar até este dia;

23 Tambem os caftoreos, que sairam de Caftor, destruiram os [19] aveos, que habitavam em Kazerim até Gaza, e habitaram no seu logar).

24 Levantae-vos, parti e passae [20] o ribeiro d’Arnon; eis-aqui na tua mão tenho dado a Sehon, amorrheo, rei de Hesbon, e a sua terra; começa a possuil-a, e contende com elles em peleja.

25 N’este dia [21] começarei a pôr um terror e um temor de ti diante dos povos que estão debaixo de todo o céu: os que ouvirem a tua fama tremerão diante de ti e se angustiarão.

26 Então mandei mensageiros desde o deserto de Quedemoth a Sehon, rei de Hesbon, com palavras de [22] paz, dizendo:

27 Deixa-me passar pela [23] tua terra: sómente pela estrada irei; não me desviarei para a direita nem para a esquerda.

28 A comida que eu coma vender-m’a-has por dinheiro, e dar-me-has por dinheiro a agua que beba: tão sómente deixa-me [24] passar a pé;

29 Como fizeram comigo os [25] filhos d’Esaú, que habitam em Seir, e os moabitas que habitam em Ar: até que eu passe o Jordão, a terra que o Senhor nosso Deus nos ha de dar.

30 Mas Sehon, [26] rei de Hesbon, não nos quiz deixar passar por si, porquanto o Senhor teu Deus endurecera o seu espirito, [27] e fizera obstinado o seu coração, por t’o dar na tua mão, como n’este dia se vê.

31 E o Senhor me disse: Eis-aqui, tenho começado a dar-te Sehon, [28] e a sua terra diante de ti: começa pois a possuil-a, para que herdes a sua terra.

32 E Sehon saiu-nos ao encontro, elle e todo o seu povo, á peleja, a Jahaz:

33 E o Senhor nosso Deus nol-o deu diante [29] de nós, e o ferimos a elle, e a seus filhos, e a todo o seu povo.

34 E n’aquelle tempo tomámos todas as suas cidades, e destruimos todas as cidades, homens, e mulheres e creanças: [30] não deixámos a ninguem.

35 Sómente tomámos em presa o gado para nós, e o despojo das cidades que tinhamos tomado.

36 Desde Aroer, [31] que está á borda do ribeiro d’Arnon, e a cidade que está junto ao ribeiro, até Gilead, nenhuma cidade houve que de nós escapasse: tudo isto [32] o Senhor nosso Deus nos entregou diante de nós.

37 Sómente á terra dos filhos de Ammon não chegaste: nem a toda a borda do ribeiro de Jabbok, [33] nem ás cidades da montanha, nem a coisa alguma que nos prohibira o Senhor nosso Deus.

[1] Num. 14.25. cap. 1.40.

[2] ver. 7, 14.

[3] Num. 20.14.

[4] Gen. 36.8. Jos. 24.4.

[5] cap. 8.2, 3, 4.

[6] Jui. 11.18.

[7] I Reis 9.26.

[8] Num. 21.28. Gen. 19.36, 37.

[9] Gen. 14.5. Num. 13.22, 33. cap. 9.2.

[10] ver. 22. Gen. 14.6 e 36.20.

[11] Num. 21.12.

[12] Num. 13.26.

[13] Num. 14.33 e 26.64. cap. 1.34, 35. Eze. 20.15.

[14] Psa. 78.33 e 106.26.

[15] Gen. 19.38.

[16] Gen. 14.5.

[17] ver. 10.

[18] Gen. 36.8 e 14.6 e 36.20-30. ver. 12.

[19] Jos. 13.3. Jer. 25.20. Amós 9.7.

[20] Num. 21.13. Jui. 11.17, 21.

[21] Exo. 15.14. cap. 11.25. Jos. 2.9, 10.

[22] cap. 20.10.

[23] Num. 21.21.

[24] Num. 20.19.

[25] Num. 20.18. cap. 23.3, 4. Jui. 11.16, 18.

[26] Num. 21.23.

[27] Jos. 11.20. Exo. 4.21.

[28] cap. 1.8.

[29] cap. 7.2 e 20.16. Num. 21.24. cap. 29.7.

[30] Lev. 27.28. cap. 7.2, 26.

[31] cap. 3.12 e 4.48. Jos. 13.9.

[32] Psa. 44.5.

[33] Gen. 32.22. cap. 3.16. ver. 5, 9, 19.

Moysés falla ácerca de Og, rei de Basan.

3 Depois nós virámos e subimos o caminho de Basan: e Og [1] rei de Basan, nos saiu ao encontro, elle e todo o seu povo, á peleja em [2] Edrei.

2 Então o Senhor me disse: Não temas, porque a elle e a todo o seu povo, e a sua terra, tenho dado na tua mão: e far-lhe-has como fizeste a Sehon, [3] rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon.

3 E tambem o Senhor nosso Deus nos deu na nossa mão a Og, rei de Basan, e a todo o seu povo: de maneira que o ferimos, até que [4] ninguem lhe ficou de restante.

4 E n’aquelle tempo tomámos todas as suas cidades: nenhuma cidade houve que lhes não tomassemos: sessenta cidades, toda a borda da terra d’Argob, o reino d’Og [5] em Basan.

5 Todas estas cidades eram fortificadas com altos muros, portas e ferrolhos: de[176] mais d’outras muitas cidades sem muros.

6 E destruimol-as como fizemos a Sehon, [6] rei de Hesbon, destruindo todas as cidades, homens, mulheres e creanças.

7 Porém todo o gado, e o despojo das cidades, tomámos para nós por presa.

8 Assim n’aquelle tempo tomámos a terra da mão d’aquelles dois reis dos amorrheos, que estavam d’áquem do Jordão: desde o rio d’Arnon, até ao monte de Hermon;

9 (Os Sidonios [7] a Hermon chamam Sirion; porém os amorrheos o chamam Senir);

10 Todas as cidades [8] da terra plana, e todo o Gilead, e todo o Basan, até Salcha e Edrei, cidades do reino d’Og em Basan.

11 Porque só Og, o rei de Basan, ficou do resto dos gigantes; eis que o seu leito, um leito de ferro, não está porventura [9] em Rabba dos filhos d’Ammon? de nove covados o seu comprimento, e de quatro covados a sua largura, pelo covado d’um homem.

12 Tomámos pois esta terra em possessão n’aquelle tempo: desde Aroer, [10] que está junto ao ribeiro d’Arnon, e a metade da montanha de Gilead, com as suas cidades, tenho dado aos rubenitas e gaditas.

13 E o resto de Gilead, como tambem [11] todo o Basan, o reino d’Og, dei á meia tribu de Manasseh; toda aquella borda da terra d’Argob, por todo o Basan, se chamava a terra dos gigantes.

14 Jair, filho de Manasseh, alcançou toda a borda da terra de Argob, até ao termo dos gesuritas, [12] e maachatitas, e a chamou de seu nome, Basan-havot-jair até este dia.

15 E a Machir dei [13] Gilead.

16 Mas aos rubenitas [14] e gaditas dei desde Gilead até ao ribeiro d’Arnon, o meio do ribeiro, e o termo: e até ao ribeiro de Jabbok, o [15] termo dos filhos d’Ammon.

17 Como tambem a campina, e o Jordão com o termo: desde Cinnereth até [16] ao mar da campina, o Mar Salgado, abaixo d’Asdoth-pisga para o oriente.

18 E vos dei ordem mais no mesmo tempo, dizendo: O Senhor vosso Deus vos deu esta terra, para possuil-a: [17] passae pois armados vós, todos os homens valentes, diante de vossos irmãos, os filhos d’Israel.

19 Tão sómente vossas mulheres, e vossas creanças, e vosso gado (porque eu sei que tendes muito gado) ficarão nas vossas cidades, que já vos tenho dado,

20 Até que o Senhor dê descanço a vossos irmãos como a vós: para que elles herdem tambem a terra que o Senhor vosso Deus lhes ha de dar d’além do Jordão: [18] então voltareis cada qual á sua herança que já vos tenho dado.

21 Tambem dei ordem a [19] Josué no mesmo tempo, dizendo: Os teus olhos vêem tudo o que o Senhor vosso Deus tem feito a estes dois reis; assim fará o Senhor a todos os reinos, a que tu passarás.

22 Não os temaes: porque o Senhor vosso Deus é o [20] que peleja por vós.

23 Tambem eu pedi graça [21] ao Senhor no mesmo tempo, dizendo:

A oração de Moysés para entrar em Canaan.

24 Senhor Jehovah! já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e [22] a tua forte mão: porque, que Deus ha nos céus e na terra, que possa obrar segundo as tuas obras, e segundo a tua fortaleza?

25 Rogo-te que me deixes passar, para que veja [23] esta boa terra que está d’além do Jordão; esta boa montanha, e o Libano.

26 Porém o Senhor [24] indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me ouviu; antes me disse: Baste-te; não me falles mais n’este negocio:

27 Sobe [25] ao cume de Pisga, e levanta os teus olhos ao occidente, e ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê com os teus olhos: porque não passarás este Jordão.

28 Manda pois a Josué, [26] e esforça-o, e conforta-o; porque elle passará diante d’este povo, e o fará possuir a terra que vires.

29 Assim ficámos n’este valle, [27] defronte de Beth-peor.

[1] Num. 21.33, etc. cap. 29.7.

[2] cap. 1.4.

[3] Num. 21.34.

[4] Num. 21.35.

[5] I Reis 4.13.

[6] cap. 2.24. Psa. 135.10, 11, 12 e 136.19, 20, 21.

[7] cap. 4.48. Psa. 29.6. I Chr. 5.23.

[8] cap. 4.49. Jos. 12.5 e 13.11.

[9] Amós 2.9. Gen. 14.5. II Sam. 12.26. Jer. 49.2. Eze. 21.20.

[10] cap. 2.36. Jos. 12.2. Num. 32.33. Jos. 12.6 e 13.8, etc.

[11] Jos. 13.29.

[12] I Chr. 2.22. Jos. 13.13. II Sam. 3.3 e 10.6. Num. 32.41.

[13] Num. 32.39.

[14] II Sam. 24.6.

[15] Num. 21.24. Jos. 12.2.

[16] Num. 34.11. cap. 4.49. Jos. 12.3. Gen. 14.3.

[17] Num. 32.20, etc.

[18] Jos. 22.4.

[19] Num. 27.18.

[20] Exo. 14.14. cap. 1.30 e 20.4.

[21] II Cor. 12.8, 9.

[22] cap. 11.2. Exo. 15.11. II Sam. 7.22. Psa. 71.19.

[23] Exo. 3.8. cap. 4.22.

[24] Num. 20.12 e 27.14. cap. 1.37 e 31.2 e 32.51, 52. Psa. 106.32.

[25] Num. 27.12.

[26] Num. 27.18, 23. cap. 1.38 e 31.3, 7.

[27] cap. 4.46 e 34.6.

Moysés exhorta o povo á obediencia.

4 Agora, pois, ó Israel, ouve [1] os estatutos e os juizos que eu vos ensino,[177] para os fazerdes: para que vivaes, e entreis, e possuaes a terra que o Senhor Deus de vossos paes vos dá.

2 Não accrescentareis [2] á palavra que vos mando, nem diminuireis d’ella, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando.

3 Os vossos olhos teem visto o que Deus fez por Baal-peor; [3] pois a todo o homem que seguiu a Baal-peor o Senhor teu Deus consumiu do meio de ti.

4 Porém vós, que vos chegastes ao Senhor vosso Deus, hoje todos estaes vivos.

5 Vêdes aqui vos tenho ensinado estatutos e juizos, como me mandou o Senhor meu Deus: para que assim façaes no meio da terra a qual ides a herdar.

6 Guardae-os pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria [4] e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo só é gente sabia e entendida.

7 Porque, que [5] gente ha tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o chamamos?

8 E que gente ha tão grande, que tenha estatutos e juizos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós?

9 Tão sómente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem [6] a tua alma, que te não esqueças d’aquellas coisas que os teus olhos teem visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida: e as farás saber [7] a teus filhos, e aos filhos de teus filhos:

10 O [8] dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horeb, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendel-as-hão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos;

11 E vós vos chegastes, e vos pozestes ao pé do monte: e o monte ardia [9] em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens e escuridão;

12 Então o Senhor vos fallou do meio do fogo: [10] a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes similhança nenhuma.

13 Então vos annunciou elle o seu concerto, [11] que vos ordenou fazer, [HE] os dez mandamentos, e os escreveu em duas taboas de pedra.

14 Tambem [12] o Senhor me ordenou ao mesmo tempo que vos ensinasse estatutos e juizos, para que os fizesseis na terra a qual passaes a possuir.

15 Guardae pois com diligencia as vossas almas, [13] pois similhança nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso Deus em Horeb fallou comvosco do meio do fogo;

16 Para que não [14] vos corrompaes, e vos façaes alguma esculptura, similhança de imagem, figura de macho ou de femea;

17 Figura d’algum animal que haja na terra; figura d’alguma ave aligera que vôa pelos céus;

18 Figura d’algum animal que anda de rastos sobre a terra; figura d’algum peixe que esteja nas aguas debaixo da terra;

19 Que não levantes [15] os teus olhos aos céus e vejas [16] o sol, e a lua, e as estrellas, todo o exercito dos céus; e sejas impellido a que te inclines perante elles, e sirvas áquelles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.

20 Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou do forno de ferro do Egypto, para que lhe sejaes por [17] povo hereditario, como n’este dia se vê.

21 Tambem o [18] Senhor se indignou contra mim por causa das vossas palavras, e jurou que eu não passaria o Jordão, e que não entraria na boa terra que o Senhor teu Deus te dará por herança.

22 Porque eu n’esta [19] terra morrerei, não passarei o Jordão: porém vós o passareis, e possuireis aquella boa terra.

23 Guardae-vos de que vos esqueçaes [20] do concerto do Senhor vosso Deus, que tem feito comvosco, e vos façaes esculptura alguma, [21] imagem d’alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos prohibiu.

24 Porque o Senhor teu [22] Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso.

25 Quando pois gerardes filhos, e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na terra, e vos corromperdes, e fizerdes alguma esculptura, [23] similhança d’alguma coisa,[178] e fizerdes mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira:

26 Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra, [24] que certamente perecereis depressa da terra, a qual passaes o Jordão a possuir: não prolongareis os vossos dias n’ella, antes sereis de todo destruidos.

27 E o Senhor vos espalhará entre os povos, [25] e ficareis poucos em numero entre as gentes ás quaes o Senhor vos conduzirá.

28 E ali servireis a deuses [26] que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem nem ouvem, nem comem nem cheiram.

29 Então d’ali buscarás ao Senhor teu Deus, [27] e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.

30 Quando estiveres em angustia, e todas estas coisas [28] te alcançarem, então no fim de dias te virarás ao Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz.

31 Porquanto o Senhor teu [29] Deus é Deus misericordioso; e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do concerto que jurou a teus paes.

32 Porque, [30] pergunta agora aos tempos passados, que te precederam desde o dia em que Deus creou o homem sobre a terra, desde uma [31] extremidade do céu até á outra, se succedeu jámais coisa tão grande como esta, ou se se ouviu coisa como esta?

33 Ou se algum povo ouviu [32] a voz de Deus fallando do meio do fogo, como tu a ouviste, e ficou vivo?

34 Ou se um Deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo [33] com provas, com signaes, e com milagres, e com peleja, e com mão forte, e com braço estendido, e com grandes espantos, conforme a tudo quanto o Senhor vosso Deus vos fez no Egypto aos vossos olhos?

35 A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus: [34] nenhum outro ha senão elle.

36 Desde os céus te fez [35] ouvir a sua voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do fogo.

37 E, porquanto amava teus [36] paes, e escolhera a sua semente depois d’elles, te tirou do Egypto diante de si, com a sua grande força:

38 Para lançar [37] fóra de diante de ti gentes maiores e mais poderosas do que tu, para te introduzir n’ella, e te dar a sua terra por herança, como n’este dia se vê.

39 Pelo que hoje saberás, e reflectirás no teu coração, que só o Senhor [38] é Deus em cima no céu, e em baixo na terra; nenhum outro ha.

40 E guardarás os teus estatutos [39] e os seus mandamentos, que te ordeno hoje, para que bem te vá a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias na terra que o Senhor teu Deus te dá para todo o sempre.

Moysés designa tres das cidades de refugio.

41 Então Moysés separou tres [40] cidades d’áquem do Jordão, da banda do nascimento do sol;

42 Para que ali se acolhesse o homicida [41] que de improviso matasse o seu proximo a quem d’antes não tivesse odio algum: e se acolhesse a uma d’estas cidades, e vivesse;

43 A Bezer, [42] no deserto, na terra plana, para os rubenitas; e a Ramoth, em Gilead, para os gaditas; e a Golan, em Basan, para os manassitas.

44 Esta é pois a lei que Moysés propoz aos filhos de Israel.

45 Estes são os testemunhos, e os estatutos, e os juizos, que Moysés fallou aos filhos de Israel, havendo saido do Egypto;

46 D’aquem do Jordão, [43] no valle defronte de Beth-peor, na terra de Sehon, rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon: a quem feriu Moysés e [44] os filhos de Israel, havendo elles saido do Egypto.

47 E tomaram a sua terra em possessão, como tambem a terra [45] de Og, rei de Basan, dois reis dos amorrheos, que estavam d’áquem do Jordão, da banda do nascimento do sol.

48 Desde Aroer, [46] que está á borda do ribeiro de Arnon, até ao monte de Sion, que é Hermon,

49 E toda a campina d’áquem do Jordão, da banda do oriente, [47] até ao mar da campina, abaixo de Asdoth-pisga.

[1] Lev. 19.37 e 20.8 e 22.31. cap. 5.1 e 8.1. Eze. 20.11. Rom. 10.5.

[2] cap. 12.32. Jos. 1.7. Pro. 30.6. Ecc. 12.13. Apo. 22.18, 19.

[3] Num. 25.4, etc. Jos. 22.17. Psa. 106.28.

[4] Job 28.28. Psa. 19.8 e 110.10. Pro. 1.7.

[5] II Sam. 7.23. Psa. 46.2 e 145.18. Isa. 55.6.

[6] Pro. 4.23.

[7] Gen. 18.19. cap. 6.7 e 11.19. Psa. 78.5, 6. Eph. 6.4.

[8] Exo. 19.9, 16. Heb. 12.18.

[9] Exo. 19.18. cap. 5.23.

[10] cap. 5.4, 22. ver. 33, 36. Exo. 20.22. I Reis 19.12.

[11] cap. 9.9, 11. Exo. 34.28 e 24.12.

[12] Exo. 21.1, 23.

[13] Jos. 23.11. Isa. 40.18.

[14] Exo. 32.7. ver. 23. Exo. 20.4, 5. cap. 5.8. Rom. 1.23.

[15] cap. 17.3. Job 31.26, 27. Rom. 1.25.

[16] cap. 17.3. Job 31.26, 27.

[17] I Reis 8.51. Jer. 11.4. Exo. 19.5. cap. 9.29 e 32.9.

[18] Num. 20.12. cap. 1.37.

[19] II Ped. 1.13, 14, 15. cap. 3.25, 27.

[20] ver. 9.

[21] ver. 16. Exo. 20.4, 5.

[22] Exo. 24.17. cap. 9.3. Isa. 33.14. Heb. 12.29. cap. 6.15. Isa. 42.8.

[23] ver. 16. II Reis 17.17, etc.

[24] cap. 30.18. Isa. 1.2. Miq. 6.2.

[25] Lev. 26.33. cap. 28.62, 64. Neh. 1.8.

[26] cap. 28.64. I Sam. 26.19. Jer. 16.13. Psa. 115.4 e 135.15. Isa. 44.9 e 46.7.

[27] Lev. 26.39, 40. cap. 30.1. II Chr. 15.4. Neh. 1.9. Isa. 55.6, 7. Jer. 29.12.

[28] Gen. 49.1. cap. 31.29. Jer. 23.20. Ose. 3.5. Joel 2.12.

[29] II Chr. 30.9. Neh. 9.31. Psa. 116.5. Jon. 4.2.

[30] Job 8.8.

[31] Mat. 24.31.

[32] Exo. 24.11 e 33.20. cap. 5.24.

[33] cap. 7.19 e 29.3. Exo. 7.3 e 13.3 e 6.6. cap. 26.8 e 34.12.

[34] cap. 32.39. I Sam. 2.2. Isa. 45.5, 18, 22. Mar. 12.29, 32.

[35] Exo. 19.9, 19 e 20.18, 22 e 24.15.

[36] cap. 10.15. Exo. 13.3, 9, 14.

[37] cap. 7.1 e 9.1, 4, 5.

[38] ver. 35. Jos. 2.11.

[39] Lev. 22.31. cap. 5.16 e 6.3, 18 e 12.25, 28 e 22.7. Eph. 6.3.

[40] Num. 35.6, 14.

[41] cap. 19.4.

[42] Jos. 20.8.

[43] cap. 3.29.

[44] Num. 21.24. cap. 1.4.

[45] Num. 21.35. cap. 3.3, 4.

[46] cap. 2.36 e 3.12.

[47] cap. 3.17.

[179]

A repetição dos dez mandamentos.

5 E chamou Moysés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e juizos que hoje vos fallo aos ouvidos: e aprendel-os-heis, e guardal-os-heis, para os fazer.

2 O Senhor nosso Deus [1] fez comnosco concerto em Horeb.

3 Não com nossos paes [2] fez o Senhor este concerto, senão comnosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.

4 Cara a cara o Senhor fallou [3] comnosco no monte, do meio do fogo

5 (N’aquelle tempo eu estava em pé [4] entre o Senhor e vós, para vos notificar a palavra do Senhor: porque temestes o fogo, e não subistes ao monte), dizendo:

6 Eu sou o Senhor [5] teu Deus, que te tirei da terra do Egypto, da casa da servidão:

7 Não terás [6] outros deuses diante de mim;

8 Não farás para ti imagem [7] de esculptura, nem similhança alguma do que ha em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas aguas debaixo da terra:

9 Não te encurvarás a ellas, nem as servirás: porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade [8] dos paes sobre os filhos, até á terceira e quarta geração d’aquelles que me aborrecem,

10 E faço misericordia [9] em milhares aos que me amam, e guardam os meus mandamentos.

11 Não tomarás [10] o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não terá por innocente ao que tomar o seu nome em vão;

12 Guarda o dia de sabbado, [11] para o sanctificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.

13 Seis dias [12] trabalharás, e farás toda a tua obra,

14 Mas o setimo dia é o sabbado do [13] Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra n’elle, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas: para que o teu servo e a tua serva descancem como tu:

15 Porque te lembrarás [14] que foste servo na terra do Egypto, e que o Senhor teu Deus te tirou d’ali com mão forte e braço estendido: pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sabbado.

16 Honra a teu pae e a tua [15] mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus.

17 [16] Não matarás.

18 [17] E não adulterarás.

19 [18] E não furtarás.

20 E não dirás falso testemunho contra [19] o teu proximo;

21 E não cobiçarás a [20] mulher do teu proximo: e não desejarás a casa do teu proximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu proximo.

O povo pede a Moysés para receber a lei do Senhor.

22 Estas palavras fallou o Senhor a toda a vossa congregação no monte do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, [21] e nada accrescentou: e as escreveu em duas taboas de pedra, e a mim m’as deu.

23 E succedeu que, [22] ouvindo a voz do meio das trevas, e vendo o monte ardendo em fogo, vos achegastes a mim, todos os Cabeças das vossas tribus, e vossos anciãos;

24 E dissestes: Eis aqui o Senhor vosso Deus nos fez ver a sua gloria e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do [23] meio do fogo: hoje vimos que Deus falla com o homem, e que o homem [24] fica vivo.

25 Agora pois, porque morreriamos? [25] pois este grande fogo nos consumiria: se ainda mais ouvissemos a voz do Senhor nosso Deus, morreriamos.

26 Porque, quem ha de toda a [26] carne, que ouviu a voz do Deus vivente fallando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?

27 Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o Senhor nosso Deus: e tu nos dirás tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, [27] e o ouviremos, e o faremos.

28 Ouvindo pois o Senhor a voz das[180] vossas palavras, quando me fallaveis a mim, o Senhor me disse: Eu ouvi a voz das palavras d’este povo, que te disseram: em tudo [28] fallaram elles bem.

29 Quem dera que elles tivessem tal coração que me temessem, [29] e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias! para que bem lhes fosse a elles e a seus filhos para sempre.

30 Vae, dize-lhes: Tornae-vos ás vossas tendas.

31 Porém tu está aqui [30] commigo, para que eu a ti te diga todos os mandamentos, e estatutos, e juizos, que tu lhes has de ensinar que façam na terra que eu lhes darei para possuil-a.

32 Olhae pois que façaes como vos mandou o Senhor vosso Deus: [31] não declinareis, nem para a direita nem para a esquerda.

33 Andareis em todo o [32] caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivaes e bem [33] vos succeda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.

[1] Exo. 19.5. cap. 4.23.

[2] Mat. 13.17. Heb. 8.9.

[3] Exo. 19.9, 19 e 20.22. cap. 4.33, 36 e 34.10.

[4] Gal. 3.19. Exo. 19.16 e 20.18 e 24.2.

[5] Exo. 20.2, etc. Lev. 26.1. cap. 6.4. Psa. 81.11.

[6] Exo. 20.3.

[7] Exo. 20.4.

[8] Exo. 34.7.

[9] Jer. 32.18. Dan. 9.4.

[10] Exo. 20.7. Lev. 19.12. Mat. 5.53.

[11] Exo. 20.8.

[12] Exo. 23.12 e 35.2. Eze. 20.12.

[13] Gen. 2.2. Exo. 16.29, 30. Heb. 4.4.

[14] cap. 15.15 e 16.12 e 24.18, 22 e 4.34, 37.

[15] Exo. 20.12. Lev. 19.3. cap. 27.16. Eph. 6.2. Col. 3.20. cap. 4.40.

[16] Exo. 20.13. Mat. 5.21.

[17] Exo. 20.14. Luc. 18.20. Thi. 2.11.

[18] Exo. 20.15. Rom. 13.9.

[19] Exo. 20.16.

[20] Exo. 20.17. Miq. 2.2. Hab. 2.9. Luc. 12.15. Rom. 7.7 e 13.9.

[21] Exo. 24.12 e 31.18.

[22] Exo. 20.18.

[23] Exo. 19.19.

[24] cap. 4.2. Jui. 11.12.

[25] cap. 18.16.

[26] cap. 4.33.

[27] Exo. 20.19.

[28] cap. 18.18.

[29] cap. 32.29. Psa. 81.14. Isa. 48.18. Mat. 23.37. Luc. 19.42. cap. 11.1 e 4.40.

[30] Gal. 3.19.

[31] cap. 17.20 e 28.14. Jos. 1.7 e 23.6. Pro. 4.27.

[32] cap. 10.12. Psa. 119.6. Jer. 7.23. Luc. 1.6.

[33] cap. 4.40.

O fim da lei é obediencia.

6 Estes, pois, são os mandamentos, [1] os estatutos e os juizos que mandou o Senhor vosso Deus para se vos ensinar, para que os fizesseis na terra a que passaes a possuir;

2 Para que temas [2] ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam [3] prolongados.

3 Ouve pois, ó Israel, e attenta que os guardes, para que bem te succeda, e muito te multipliques, como te disse o Senhor Deus de teus paes, na [4] terra que mana leite e mel.

4 Ouve, Israel, [5] o Senhor nosso Deus é o unico Senhor.

5 Amarás [6] pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.

6 E estas palavras, [7] que hoje te ordeno, estarão no teu coração;

7 E as intimarás [8] a teus filhos, e d’ellas fallarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

8 Tambem as atarás [9] por signal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos.

9 E as escreverás [10] nos umbraes de tua casa, e nas tuas portas.

10 Havendo-te pois o Senhor teu Deus introduzido na terra que jurou a teus paes, Abrahão, Isaac e Jacob, te daria: grandes e boas cidades, que tu [11] não edificaste,

11 E casas cheias de todo o bem, que tu não encheste, e poços cavados, que tu não cavaste, vinhas e olivaes, que tu não plantaste, [12] e comeres, e te fartares,

12 Guarda-te, e que te não esqueças do Senhor, que te tirou da terra do Egypto, da casa da servidão.

13 O Senhor teu Deus [13] temerás, e a elle servirás, e pelo seu nome jurarás.

14 Não seguireis outros [14] deuses, os deuses dos povos que houver á roda de vós;

15 Porque o Senhor vosso Deus é um Deus zeloso no meio de ti, [15] para que a ira do Senhor teu Deus se não accenda contra ti, e te destrua de sobre a face da terra.

16 Não tentareis [16] o Senhor vosso Deus, como o tentaste em Massah.

17 Diligentemente guardareis [17] os mandamentos do Senhor vosso Deus; como tambem os seus testemunhos, e seus estatutos, que te tem mandado.

18 E farás o recto [18] e o bom aos olhos do Senhor: para que bem te succeda, e entres, e possuas a boa terra, sobre a qual o Senhor jurou a teus paes.

19 Para que lance fóra a todos os teus inimigos [19] de diante de ti, como o Senhor tem dito.

20 Quando teu filho [20] te perguntar pelo tempo adiante, dizendo: Quaes são os testemunhos, e estatutos e juizos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?

21 Então dirás a teu filho: Eramos servos de Pharaó no Egypto; [21] porém o Senhor nos tirou com mão forte do Egypto;

22 E o Senhor deu signaes grandes,[181] e nocivas [22] maravilhas no Egypto, a Pharaó e a toda a sua casa, aos nossos olhos;

23 E d’ali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurára a nossos paes.

24 E o Senhor nos ordenou que fizessemos todos estes estatutos, para [23] temer ao Senhor nosso Deus, para o nosso perpetuo bem, para nos guardar em vida, como no dia d’hoje.

25 E será para nós [24] justiça, quando tivermos cuidado de fazer todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado.

[1] cap. 4.5 e 1.31.

[2] Exo. 20.20. cap. 10.12. Psa. 111.10. Ecc. 12.13.

[3] cap. 4.40. Pro. 3.11.

[4] Gen. 15.5 e 22.17. Exo. 3.8.

[5] Isa. 42.8. Mar. 12.29, 32. João 17.3. I Cor. 8.4, 6.

[6] cap. 10.12. Mat. 22.37. Mar. 12.30. Luc. 10.27. II Reis 23.25.

[7] cap. 11.18 e 32.46. Psa. 37.31 e 119.11, 98. Pro. 3.3. Isa. 51.7.

[8] cap. 4.9 e 11.19. Psa. 78.4. Eph. 6.4.

[9] Exo. 13.9, 16. cap. 11.18. Pro. 6.21 e 7.3.

[10] cap. 11.20. Isa. 57.8.

[11] Jos. 24.13. Psa. 105.44.

[12] cap. 8.10, etc.

[13] cap. 10.12, 20 e 13.4. Mat. 4.10. Luc. 4.8. Psa. 63.12. Isa. 45.22. Jer. 4.2 e 5.7 e 12.16.

[14] cap. 8.19 e 11.28. Jer. 25.6. cap. 13.7.

[15] Exo. 20.5. cap. 4.21 e 7.4 e 11.17.

[16] Mat. 4.7. Luc. 4.12. Exo. 17.2, 7. Num. 29.3.

[17] cap. 11.13, 22.

[18] Exo. 15.26. cap. 12.28 e 13.18.

[19] Num. 33.52, 53.

[20] Exo. 13.14.

[21] Exo. 3.19 e 13.3.

[22] Exo. 7 e 8, 9, 10, 11 e 12. Psa. 135.9.

[23] ver. 2. cap. 10.13. Job 35.7, 8. Jer. 32.39. cap. 4.1 e 8.1. Psa. 41.3. Luc. 10.28.

[24] Lev. 18.5. cap. 24.13. Rom. 10.3, 5.

Ordena-se a destruição dos cananeos e seus idolos.

7 Quando o Senhor teu Deus [1] te tiver introduzido na terra, a qual vaes a possuir, e tiver lançado fóra muitas gentes de diante de ti, os hetheos, [2] e os girgaseos, e os amorrheos, e os cananeos, e os phereseos, e os heveos, e os jebuseos, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que [3] tu;

2 E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; [4] não farás com ellas concerto, nem terás piedade d’ellas;

3 Nem te aparentarás com ellas: não [5] darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos;

4 Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira [6] do Senhor se accenderia contra vós, e depressa vos consumiria.

5 Porém assim lhes fareis: Derrubareis os seus altares, quebrantareis [7] [HF] as suas estatuas; e cortareis os seus bosques, e queimareis a fogo as suas imagens d’esculptura.

6 Porque povo sancto és ao Senhor teu Deus: [8] o Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo proprio, de todos os povos que sobre a terra ha.

7 O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós ereis menos em numero [9] do que todos os povos:

8 Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que jurára a vossos paes, o [10] Senhor vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Pharaó, rei do Egypto.

9 Saberás pois que o Senhor teu Deus é Deus, o Deus fiel, [11] que guarda o concerto e a misericordia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos;

10 E dá o pago em sua cara a qualquer dos que o aborrecem, [12] fazendo-o perecer: não dilatará ao que o aborrece; em sua cara lh’o pagará.

11 Guarda pois os mandamentos, e os estatutos e os juizos que hoje te mando fazer.

12 Será [13] pois que, se, ouvindo estes juizos, os guardardes e fizerdes, o Senhor teu Deus te guardará o concerto [14] e a beneficencia que jurou a teus paes,

13 E amar-te-ha, [15] e abençoar-te-ha, e te fará multiplicar, e abençoará o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, o teu grão, e o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vaccas, e o rebanho do teu gado miudo, na terra que jurou a teus paes dar-te.

14 Bemdito serás mais do que todos os povos: nem macho nem femea entre ti haverá esteril, [16] nem entre os teus animaes.

15 E o Senhor de ti desviará toda a enfermidade: sobre ti não porá nenhuma das más [17] doenças dos egypcios, que bem sabes, antes as porá sobre todos os que te aborrecem.

16 Pois consumirás [18] a todos os povos que te der o Senhor teu Deus: o teu olho não os poupará: e [19] não servirás a seus deuses, pois isto te seria por laço.

17 Se disseres no teu coração: Estas gentes são mais numerosas do que eu; como as poderei [20] lançar fóra?

18 D’ellas não tenhas [21] temor: não deixes de te lembrar do que o Senhor[182] teu Deus fez a Pharaó e a todos os egypcios,

19 Das grandes provas [22] a que viram os teus olhos, e dos signaes, e maravilhas, e mão forte, e braço estendido, com que o Senhor teu Deus te tirou: assim fará o Senhor teu Deus com todos os povos, diante dos quaes tu temes.

20 E mais o Senhor teu Deus entre elles mandará [23] vespões, até que pereçam os que ficarem, e se escondam de diante de ti.

21 Não te espantes diante d’elles: porque o Senhor teu Deus está no meio de ti, [24] Deus grande e terrivel.

22 E o Senhor teu Deus lançará fóra [25] estas gentes pouco a pouco de diante de ti: não poderás destruil-as todas de prompto, para que as feras do campo se não multipliquem contra ti.

23 E o Senhor t’as dará diante de ti, e as fará pasmar com grande pasmo, até que sejam destruidas.

24 Tambem os seus reis [26] te entregará na mão, para que desfaças os seus nomes de debaixo dos céus: nenhum homem parará diante de ti, até que os destruas.

25 As imagens d’esculptura de seus deuses queimarás a fogo; [27] a prata e o oiro que estão sobre ellas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não enlaces n’elles; pois [28] abominação é ao Senhor teu Deus.

26 Não metterás pois abominação em tua casa, para que não sejas anathema, assim como ella: de todo a detestarás, e de todo a abominarás, porque [29] anathema é.

[1] cap. 31.3. Psa. 44.2, 3.

[2] Gen. 15.19, etc. Exo. 33.2.

[3] cap. 4.38 e 9.1.

[4] cap. 23.14. Lev. 27.28. Num. 33.52. Jos. 6.17 e 8.24 e 9.25 e 10.28, 40 e 11.11. Exo. 23.32. Jui. 2.2. Jos. 2.14. Jui. 1.24.

[5] Jos. 23.12. I Reis 11.2. Esd. 9.2.

[6] cap. 6.15.

[7] Exo. 23.24 e 34.13. cap. 12.2.

[8] Exo. 19.6. cap. 14.2 e 26.19. Jer. 2.3. Exo. 19.5. Amós 3.2. II Ped. 2.9.

[9] cap. 10.22.

[10] cap. 10.15. Exo. 32.13. Psa. 105.8. Luc. 1.55, 72, 73. Exo. 13.3, 14.

[11] Isa. 49.7. I Cor. 1.9 e 10.13. II Cor. 1.18. I The. 5.24. II The. 3.3. II Tim. 2.13. Heb. 11.11. I João 1.9. Exo. 20.6. cap. 5.10. Neh. 1.5. Dan. 9.4.

[12] Isa. 59.18. Nah. 1.2. cap. 32.35.

[13] Lev. 26.3. cap. 28.1.

[14] Psa. 105.8. Luc. 1.55, 72, 73.

[15] João 14.21. cap. 28.4.

[16] Exo. 23.26, etc.

[17] Exo. 9.14 e 15.26. cap. 28.27, 60.

[18] ver. 2.

[19] cap. 13.8 e 19.13, 21 e 25.12. Exo. 23.33. cap. 12.30. Jui. 8.27.

[20] Num. 33.53.

[21] cap. 31.6. Psa. 105.5.

[22] cap. 4.34 e 29.3.

[23] Exo. 23.28. Jos. 24.12.

[24] Num. 11.20 e 14.9, 14, 42 e 16.3. Jos. 3.10. cap. 10.17. Neh. 1.5 e 4.14 e 9.32.

[25] Exo. 23.29.

[26] Jos. 10.24, 42 e 12.1, etc. Exo. 17.14. cap. 11.25. Jos. 1.5 e 23.9.

[27] ver. 5. Exo. 32.20. cap. 12.3. I Chr. 14.12. Jos. 7.1, 21.

[28] Jui. 8.27. Sof. 1.3. cap. 17.1.

[29] Lev. 27.28. cap. 13.17. Jos. 6.17, 18 e 7.1.

Exhortação a ter em memoria os benificios do Senhor.

8 Todos os mandamentos [1] que hoje vos ordeno guardareis para os fazer: para que vivaes, e vos multipliqueis, e entreis, e possuaes a terra que o Senhor jurou a vossos paes.

2 E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta annos, [2] para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não.

3 E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou [3] com o manná, que tu não conheceste, nem teus paes o conheceram: para te dar a entender que o homem não [4] viverá só de pão, mas que de tudo o que sae da bocca do Senhor viverá o homem.

4 Nunca se envelheceu o teu vestido [5] sobre ti, nem se inchou o teu pé estes quarenta annos.

5 Confessa pois [6] no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus.

6 E guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, [7] para o temer, e andar nos seus caminhos.

7 Porque o Senhor teu Deus te mette n’uma boa terra, terra de ribeiros [8] d’aguas, de fontes, e d’abysmos, que saem dos valles e das montanhas;

8 Terra de trigo e cevada, e de vides, e figueiras, e romeiras; terra de oliveiras, abundante de azeite e mel;

9 Terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará n’ella: terra cujas pedras são ferro, [9] e de cujos montes tu cavarás o cobre.

10 Quando pois tiveres [10] comido, e fores farto, louvarás ao Senhor teu Deus pela boa terra que te deu.

11 Guarda-te que te esqueças do Senhor teu Deus, não guardando os seus mandamentos, e os seus juizos, e os seus estatutos que hoje te ordeno:

12 Para que, porventura, havendo tu comido [11] e fores farto, e havendo edificado boas casas, e habitando-as,

13 E se tiverem augmentado as tuas vaccas e as tuas ovelhas, e se accrescentar a prata e o oiro, e se multiplicar tudo quanto tens,

14 Se não eleve o teu coração e [12] te esqueças do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egypto, da casa da servidão;

15 Que te guiou por aquelle grande e terrivel deserto [13] de serpentes ardentes, e d’escorpiões, e de secura, em que não havia agua; [14] e tirou agua para ti da rocha [HG] do seixal;

16 Que no deserto te sustentou com manná, [15] que teus paes não conheceram;[183] para te humilhar, e para te provar, para no teu fim te [16] fazer bem;

17 E digas no teu coração: [17] A minha força, e a fortaleza de meu braço, me adquiriu este poder.

18 Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que elle é o que te dá [18] força para adquirires poder; para confirmar o seu concerto, que jurou a teus paes; como se vê n’este dia.

19 Será porém que, se de qualquer sorte te esqueceres do Senhor teu Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante elles, hoje eu protesto contra vós que certamente [19] perecereis.

20 Como as gentes que o Senhor destruiu diante de vós, assim [20] vós perecereis: porquanto não querieis obedecer á voz do Senhor vosso Deus.

[1] cap. 4.1 e 5.32, 33 e 6.1, 2, 3.

[2] cap. 1.3 e 2.7 e 29.5. Amós 2.10. Exo. 16.4. cap. 13.3. II Chr. 32.31. João 2.25.

[3] Exo. 16.2, 3, 12, 14, 35.

[4] Psa. 104.29. Mat. 4.4. Luc. 4.4.

[5] cap. 29.5. Neh. 9.21.

[6] II Sam. 7.14. Psa. 89.32. Pro. 3.12. Heb. 12.5. Apo. 3.19.

[7] cap. 5.33.

[8] cap. 11.10, 11, 12.

[9] cap. 33.25.

[10] cap. 6.11.

[11] cap. 28.47 e 32.15. Pro. 30.9. Ose. 13.6.

[12] I Cor. 4.7. Psa. 106.21.

[13] Isa. 63.12, 13, 14. Jer. 2.6. Num. 21.6. Ose. 13.5.

[14] Num. 20.11. Psa. 78.15.

[15] ver. 3. Exo. 16.15.

[16] Jer. 24.5, 6. Heb. 12.11.

[17] cap. 9.4. I Cor. 4.7.

[18] Pro. 10.22. Ose. 2.8. cap. 7.8, 12.

[19] cap. 4.26 e 30.18.

[20] Dan. 9.11.

Moysés lembra aos israelitas as suas murmurações e suas infidelidades.

9 Ouve, ó Israel, hoje passarás [1] o Jordão, para entrar a possuir nações maiores [2] e mais fortes do que tu; cidades grandes, e muradas até aos céus;

2 Um povo grande e alto, filhos de gigantes, [3] que tu conheces, e de que já ouvistes: Quem pararia diante dos filhos dos gigantes?

3 Sabe pois hoje que o Senhor teu Deus, que passa diante de [4] ti, é um fogo que consome, que os destruirá, e os derrubará de diante de ti: e tu os lançarás fóra, [5] e cedo os desfarás, como o Senhor te tem dito.

4 Quando pois o Senhor teu Deus os lançar fóra de diante de ti, [6] não falles no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir: porque pela impiedade d’estas nações é que o Senhor as lança [7] fóra, diante de ti.

5 Não é por causa da tua [8] justiça, nem pela rectidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas pela impiedade d’estas nações o Senhor teu Deus as lança fóra, de diante de ti; e para confirmar a palavra que o Senhor teu Deus [9] jurou a teus paes, Abrahão, Isaac e Jacob.

6 Sabe pois que não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te dá esta boa terra para possuil-a, pois tu és [10] povo obstinado.

7 Lembra-te, e não te esqueças, de que muito provocaste a ira ao Senhor teu Deus no deserto; desde [11] o dia em que saistes do Egypto, até que chegastes a esse logar, rebeldes fostes contra o Senhor;

8 Pois em Horeb [12] tanto provocastes á ira o Senhor, que se accendeu contra vós para vos destruir.

9 Subindo [13] eu ao monte a receber as taboas de pedra, as taboas do concerto que o Senhor fizera comvosco, então fiquei no [14] monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi, e agua não bebi;

10 E o Senhor me deu [15] as duas taboas de pedra, escriptas com o dedo de Deus; e n’ellas tinha escripto conforme a todas aquellas palavras que o Senhor tinha fallado comvosco no monte, do meio do fogo, no [16] dia da congregação.

11 Succedeu pois que ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o Senhor me deu as duas taboas de pedra, as taboas do concerto.

12 E o Senhor me disse: [17] Levanta-te, desce depressa d’aqui, porque o teu povo, que tiraste do Egypto, já se tem corrompido: cedo se desviaram do caminho que eu lhes tinha ordenado: imagem de fundição para si fizeram.

13 Fallou-me mais o Senhor, [18] dizendo: Attentei para este povo, e eis-que elle é povo obstinado:

14 Deixa-me [19] que os destrua, e apague o seu nome de debaixo dos céus: e te faça a ti nação mais poderosa e mais numerosa do que esta.

15 Então virei-me, e desci [20] do monte; e o monte ardia em fogo e as duas taboas do concerto estavam em ambas as minhas mãos.

16 E olhei, [21] e eis-que havieis peccado contra o Senhor vosso Deus; vós tinheis feito um bezerro de fundição: cedo vos desviastes do caminho que o Senhor vos ordenara.

17 Então peguei das duas taboas, e as arrojei d’ambas as minhas mãos, e as quebrei aos vossos olhos.

18 E me lancei perante o [22] Senhor; como d’antes, quarenta dias e quarenta noites não comi pão e não bebi agua,[184] por causa de todo o vosso peccado que havieis peccado, fazendo mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira.

19 Porque temi [23] por causa da ira e do furor, com que o Senhor tanto estava irado contra vós, para [24] vos destruir: porém ainda por esta vez o Senhor me ouviu.

20 Tambem o Senhor se irou muito contra Aarão para o destruir; mas tambem orei por Aarão ao mesmo tempo.

21 Porém eu tomei o [25] vosso peccado, o bezerro que tinheis feito, e o queimei a fogo, e o pisei, moendo-o bem, até que se desfez em pó: e o seu pó lancei no ribeiro que descia do monte.

22 Tambem em Taberah, e em Massah, e em Quibroth-hattaava provocastes [26] muito a ira do Senhor.

23 Quando tambem [27] o Senhor vos enviou desde Cades-barnea, dizendo: Subi, e possui a terra, que vos tenho dado: rebeldes fostes ao mandado do Senhor vosso Deus, e não o crestes, [28] e não obedecestes á sua voz.

24 Rebeldes fostes [29] contra o Senhor desde o dia em que vos conheci.

25 E prostrei-me [30] perante o Senhor aquelles quarenta dias e quarenta noites em que estava prostrado; porquanto o Senhor dissera que vos queria destruir.

26 E eu orei ao Senhor, [31] dizendo: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança, que resgataste com a tua grandeza, que tiraste do Egypto com mão forte.

27 Lembra-te dos teus servos, Abrahão, Isaac, e Jacob: não attentes para a dureza d’este povo, nem para a sua impiedade, nem para o seu peccado:

28 Para que o povo da terra d’onde nos tiraste não diga: [32] Porquanto o Senhor os não pode introduzir na terra de que lhes tinha fallado, e porque os aborrecia, os tirou para os matar no deserto:

29 Todavia são elles o [33] teu povo e a tua herança, que tu tiraste com a tua grande força e com o teu braço estendido.

[1] cap. 11.31. Jos. 3.16 e 4.19.

[2] cap. 4.38 e 7.1 e 11.23 e 1.28.

[3] Num. 13.22, 28, 32.

[4] cap. 31.3. Jos. 3.11. cap. 4.24. Heb. 12.29. cap. 7.23.

[5] Exo. 23.31. cap. 7.24.

[6] cap. 8.17. Rom. 11.6, 20. I Cor. 4.4, 7.

[7] Gen. 15.16. Lev. 18.24. cap. 18.12.

[8] Tito 3.5.

[9] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.7 e 17.8 e 26.4 e 28.13.

[10] ver. 13. Exo. 32.9 e 33.3 e 34.9.

[11] Exo. 14.11 e 16.2 e 17.2. Num. 11.4 e 20.2 e 25.2. cap. 31.27.

[12] Exo. 32.4. Psa. 106.19.

[13] Exo. 24.12, 15.

[14] Exo. 24.18 e 34.28.

[15] Exo. 31.18.

[16] Exo. 19.17 e 20.1. cap. 4.10 e 10.4 e 18.16.

[17] Exo. 32.7. cap. 31.29. Jui. 2.17.

[18] Exo. 32.9. cap. 10.16 e 31.27. II Reis 17.14.

[19] Exo. 32.10. cap. 29.20. Psa. 9.6 e 109.13. Num. 14.12.

[20] Exo. 32.15. cap. 4.11 e 5.23.

[21] Exo. 32.19.

[22] Exo. 34.28. Psa. 106.23.

[23] Exo. 32.10.

[24] Exo. 32.14 e 33.17. cap. 10.10. Psa. 106.23.

[25] Exo. 32.20. Isa. 31.7.

[26] Num. 11.1, 3, 5. Exo. 17.7. Num. 11.4, 34.

[27] Num. 13.3 e 14.1.

[28] Psa. 106.24.

[29] cap. 31.27.

[30] ver. 18.

[31] Exo. 32.11, etc.

[32] Gen. 41.57. I Sam. 14.25. Exo. 32.12. Num. 14.16.

[33] cap. 4.20. I Reis 8.51. Neh. 1.10. Psa. 95.7.

Moysés falla das segundas taboas da lei.

10 N’aquelle mesmo tempo me disse o Senhor: Alisa [1] duas taboas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim a este monte, e faze-te [2] uma arca de madeira:

2 E n’aquellas taboas escreverei as palavras que estavam nas primeiras taboas que quebraste, [3] e as porás na arca.

3 Assim, fiz uma arca de madeira de [4] sittim, e alisei duas taboas de pedra, como as primeiras: e subi ao monte com as duas taboas na minha mão.

4 Então escreveu [5] nas taboas, conforme á primeira escriptura, os dez mandamentos, que o Senhor vos fallara no dia da congregação, no monte, do meio do fogo: e o Senhor m’as deu a mim.

5 E virei-me, e desci do [6] monte, e puz as taboas na arca que fizera: e ali estão, como o Senhor [7] me ordenou.

6 E partiram os filhos de Israel de Beeroth-Bene-jaakan a Mosera: [8] ali falleceu Aarão, e ali foi sepultado, e Eleazar, seu filho, administrou o sacerdocio em seu logar.

7 D’ali partiram [9] a Gudgod, e de Gudgod a Jotbath, terra de ribeiros de aguas.

Da vocação da tribu de Levi.

8 No mesmo tempo o Senhor separou [10] a tribu de Levi, para levar a arca do concerto do Senhor, [11] para estar diante do Senhor, para o servir, e para abençoar em seu nome até ao dia de hoje.

9 Pelo que Levi [12] com seus irmãos não tem parte na herança: o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe tem dito.

10 E eu estive no monte, [13] como nos dias primeiros, quarenta dias e quarenta noites: e o Senhor me ouviu ainda por esta vez: não quiz o Senhor destruir-te.

11 Porém o Senhor me disse: [14] Levanta-te, põe-te a caminho diante do povo, para que entrem, e possuam a terra que jurei a seus paes dar-lhes.

Exhortação á obediencia.

12 Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor teu Deus pede de ti, senão [15] que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma,

13 Para guardar os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, [16] para o teu bem?

[185]

14 Eis que [17] os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, [18] a terra e tudo o que n’ella ha.

15 Tão sómente o Senhor tomou prazer em teus paes para os amar: [19] e a vós, semente d’elles, escolheu depois d’elles, de todos os povos, como n’este dia se vê.

16 Circumcidae pois o prepucio [20] do vosso coração, e não mais endureçaes a vossa cerviz.

17 Pois o Senhor vosso Deus [21] é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrivel, que não faz accepção de [22] pessoas, nem acceita recompensas:

18 Que faz justiça [23] ao orphão e á viuva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestido.

19 Pelo que amareis [24] o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egypto.

20 Ao Senhor teu Deus [25] temerás, a elle servirás, e a elle te chegarás, e pelo seu nome jurarás.

21 Elle é o teu louvor [26] e o teu Deus, que te fez estas grandes e terriveis coisas que os teus olhos teem visto.

22 Com setenta almas [27] teus paes desceram ao Egypto; e agora o Senhor teu Deus [28] te poz como as estrellas dos céus em multidão.

[1] Exo. 34.1.

[2] Exo. 25.10.

[3] Exo. 25.16, 21.

[4] Exo. 25.5, 10 e 37.1 e 34.4.

[5] Exo. 34.28 e 20.1 e 19.17. cap. 9.10 e 18.16.

[6] Exo. 34.29 e 40.20.

[7] I Reis 8.9.

[8] Num. 33.30 e 34.38.

[9] Num. 33.32, 33.

[10] Num. 3.6 e 4.4 e 8.14 e 16.9 e 4.15.

[11] cap. 18.15. Lev. 9.22. Num. 6.23. cap. 21.5.

[12] Num. 18.20, 24. cap. 18.1, 2. Eze. 44.28.

[13] Exo. 34.28. cap. 9.18, 25. Exo. 32.14, 33, 34 e 33.17. cap. 9.19.

[14] Exo. 32.34 e 33.1.

[15] Miq. 6.8. cap. 6.13 e 5.33 e 6.5 e 11.13 e 30.16, 20. Mat. 22.37.

[16] cap. 6.24.

[17] I Reis 8.27. Psa. 149.4.

[18] Gen. 14.19. Exo. 19.5. Psa. 24.1.

[19] cap. 4.37.

[20] Lev. 26.41. cap. 30.6. Jer. 4.4. Rom. 2.28. Col. 2.11. cap. 9.6.

[21] Jos. 22.22. Dan. 2.47 e 11.36. Apo. 17.14 e 19.16. cap. 7.21.

[22] II Chr. 19.7. Job 34.19. Act. 10.34. Rom. 2.11. Gal. 2.6. Eph. 6.9. Col. 3.25. I Ped. 1.17.

[23] Psa. 146.9.

[24] Lev. 19.33.

[25] cap. 6.13. Mat. 4.10. Luc. 4.8. cap. 11.22 e 13.4.

[26] Exo. 15.2. Jer. 17.14. I Sam. 12.24. II Sam. 7.23. Psa. 106.21.

[27] Gen. 46.27. Exo. 1.5. Act. 7.14.

[28] cap. 1.10 e 28.62. Gen. 15.5.

11 Amarás pois [1] ao Senhor teu Deus, e guardarás a sua observancia, e os seus estatutos, e os seus juizos, e os seus mandamentos, todos os dias.

2 E hoje sabereis que fallo, não com vossos filhos, que o não sabem, e não viram a instrucção [2] do Senhor vosso Deus, a sua grandeza, a sua mão forte, e o seu braço estendido;

3 Nem tão pouco os seus signaes, nem os seus feitos, [3] que fez no meio do Egypto a Pharaó, rei do Egypto, e a toda a sua terra;

4 Nem o que fez ao exercito dos egypcios, aos seus cavallos e aos seus carros, fazendo passar sobre elles as aguas [4] do Mar Vermelho quando vos perseguiam: e o Senhor os destruiu até ao dia de hoje;

5 Nem o que vos fez no deserto, até que chegastes a este logar;

6 E o que fez a Dathan [5] e a Abiram, filhos de Eliab, filho de Ruben: como a terra abriu a sua bocca e os tragou com as suas casas e com as suas tendas, como tambem tudo o que subsistia, e lhes pertencia, no meio de todo o Israel:

7 Porquanto os [6] vossos olhos são os que viram toda a grande obra que fez o Senhor.

8 Guardae pois todos os mandamentos que eu vos ordeno [7] hoje, para que vos esforceis, e entreis, e possuaes a terra que passaes a possuir;

9 E para que prolongueis os dias na terra [8] que o Senhor jurou a vossos paes dal-a a elles e á sua semente, terra que mana leite e mel.

10 Porque a terra que entras a possuir não é como a terra do Egypto, d’onde saistes, [9] em que semeavas a tua semente, e a regavas com o teu pé, como a uma horta.

11 Mas [10] a terra que passaes a possuir é terra de montes e de valles: da chuva dos céus beberá as aguas:

12 Terra de que o Senhor teu Deus tem cuidado: [11] os olhos do Senhor teu Deus estão sobre ella continuamente, desde o principio até ao fim do anno.

Os beneficios da obediencia.

13 E será que, se [12] diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje te ordeno, de amar ao Senhor teu Deus, e de o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma,

14 Então darei a chuva da vossa terra [13] a seu tempo, a temporã e a serodia, para que recolhas o teu grão, e o teu mosto e o teu azeite.

15 E darei herva no teu campo [14] ás tuas bestas, e comerás, e fartar-te-has.

16 Guardae-vos, que o vosso coração não se [15] engane, e vos desvieis, e sirvaes a outros deuses, e vos inclineis perante elles:

17 E a ira [16] do Senhor se accenda contra vós, e feche elle os céus, e não haja agua, e a terra não dê a sua novidade,[186] e cedo pereçaes [17] da boa terra que o Senhor vos dá.

18 Ponde [18] pois estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atae-as por signal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos,

19 E ensinae-as [19] a vossos filhos, fallando d’ellas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

20 E escreve-as [20] nos umbraes de tua casa, e nas tuas portas:

21 Para que se multipliquem os vossos dias [21] e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou a vossos paes dar-lhes, como os dias [22] dos céus sobre a terra.

22 Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos [23] que vos ordeno para os guardardes, amando ao Senhor vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, [24] e a elle vos achegardes,

23 Tambem o Senhor de diante de vós lançará [25] fóra todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós.

24 Todo o logar [26] que pisar a planta do vosso pé será vosso: desde o deserto, e [27] desde o Libano, desde o rio, o rio Euphrates, até ao mar occidental, será o vosso termo.

25 Ninguem parará diante de vós: o [28] Senhor vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito.

A benção e a maldição.

26 Eis que [29] hoje eu ponho diante de vós a benção e a maldição:

27 A benção, [30] quando ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos mando;

28 Porém a maldição, [31] se não ouvirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.

29 E será que, havendo-te o Senhor teu Deus introduzido na terra, a que vaes para possuil-a, então pronunciarás a benção [32] sobre o monte de Gerizim, e a maldição sobre o monte d’Ebal.

30 Porventura não estão elles d’aquem do Jordão, junto ao caminho do pôr do sol, na terra dos cananeos, que habitam na campina defronte do Gilgal, [33] junto aos carvalhaes de Moreh?

31 Porque passareis [34] o Jordão para entrardes a possuir a terra, que vos dá o Senhor vosso Deus: e a possuireis, e n’ella habitareis.

32 Tende pois cuidado em [35] fazer todos os estatutos e os juizos, que eu hoje vos proponho.

[1] cap. 10.12 e 30.16, 20. Zac. 3.7.

[2] cap. 8.5 e 5.24 e 7.19.

[3] Psa. 73.12.

[4] Exo. 14.27, 28 e 15.9. Psa. 106.11.

[5] Num. 16.1, 31 e 27.3. Psa. 106.17.

[6] cap. 5.3 e 7.19.

[7] Jos. 1.6, 7.

[8] cap. 4.40 e 5.16. Pro. 10.27. cap. 9.5. Exo. 3.8.

[9] Zac. 14.18.

[10] cap. 8.7.

[11] I Reis 9.3.

[12] ver. 22. cap. 6.17 e 10.12.

[13] Lev. 26.4. cap. 28.12. Joel 2.23. Thi. 5.7.

[14] Psa. 104.14. cap. 6.11. Joel 2.19.

[15] cap. 29.18. Job 31.27. cap. 8.19 e 30.17.

[16] cap. 6.15. I Reis 8.35. II Chr. 6.26 e 7.13.

[17] cap. 4.26 e 8.19, 20 e 30.18. Jos. 23.13, 15, 16.

[18] cap. 6.6 e 32.46.

[19] cap. 4.9, 10 e 6.7.

[20] cap. 6.9.

[21] cap. 4.40. Pro. 3.2 e 4.10.

[22] Psa. 72.5 e 89.30.

[23] ver. 13. cap. 6.17.

[24] cap. 10.20 e 30.20.

[25] cap. 4.38 e 9.1, 5.

[26] Jos. 1.3 e 14.9.

[27] Gen. 15.18. Exo. 23.31. Num. 34.3, etc.

[28] cap. 7.24 e 2.25. Exo. 23.27.

[29] cap. 30.1, 15, 19.

[30] cap. 28.2.

[31] cap. 28.15.

[32] cap. 27.12. Jos. 8.33.

[33] Gen. 12.6. Jui. 7.11.

[34] cap. 9.1.

[35] cap. 5.32 e 12.32.

O unico logar de culto é o escolhido pelo Senhor.

12 Estes são os estatutos [1] e os juizos que tereis cuidado em fazer na terra que vos deu o Senhor Deus de vossos paes, para a possuir todos [2] os dias que viverdes sobre a terra.

2 Totalmente destruireis todos os logares, [3] onde as nações que possuireis serviram os seus deuses, [4] sobre as altas montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de toda a arvore verde;

3 E derribareis os seus altares, e [5] quebrareis as [HH] suas estatuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e talhareis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome d’aquelle logar.

4 Assim não fareis [6] ao Senhor vosso Deus;

5 Mas o logar que o Senhor vosso Deus escolher [7] de todas as vossas tribus, para ali pôr o seu nome, buscareis para sua habitação, e ali vireis.

6 E ali trareis os vossos holocaustos, e os [8] vossos sacrificios, e os vossos dizimos, e a offerta alçada da vossa mão, e os vossos votos, e as vossas offertas voluntarias, e os primogenitos das vossas vaccas e das vossas ovelhas.

7 E ali comereis [9] perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que poreis a vossa mão, vós e as vossas casas, no que te abençoar o Senhor teu Deus.

8 Não fareis conforme a tudo o que hoje fazemos aqui, [10] cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos.

9 Porque até agora não entrastes no descanço e na herança que vos dá o Senhor vosso Deus.

10 Mas passareis o Jordão, [11] e habitareis[187] na terra que vos fará herdar o Senhor vosso Deus: e vos dará repouso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros.

11 Então haverá um logar [12] que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrificios, e os vossos dizimos, e a offerta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que votardes ao Senhor.

12 E vos alegrareis [13] perante o Senhor vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois comvosco não tem parte nem [14] herança.

13 Guarda-te, que não offereças [15] os teus holocaustos em todo o logar que vires;

14 Mas no logar [16] que o Senhor escolher n’uma das tuas tribus ali offerecerás os teus holocaustos, e ali farás tudo o que te ordeno.

15 Porém, conforme a todo o desejo da tua alma, degolarás [17] e comerás carne segundo a benção do Senhor teu Deus, que te dá em todas as tuas portas: o immundo [18] e o limpo d’ella comerá; como do corço e do veado:

16 Tão sómente [19] o sangue não comereis: sobre a terra o derramareis como agua.

17 Nas tuas portas não poderás comer o dizimo do teu grão, nem do teu mosto, nem do teu azeite, nem as primogenituras das tuas vaccas, nem das tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que houveres votado, nem as tuas offertas voluntarias, nem a offerta alçada da tua mão;

18 Mas o comerás [20] perante o Senhor teu Deus, no logar que escolher o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas: e perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que pozeres a tua mão.

19 Guarda-te, [21] que não desampares ao levita todos os teus dias na terra.

20 Quando o Senhor teu Deus dilatar os teus termos como te disse, e disseres: [22] Comerei carne; porquanto a tua alma tem desejo de comer carne; conforme a todo o desejo da tua alma, comerás carne.

21 Se estiver longe de ti o logar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, então degolarás das tuas vaccas e tuas ovelhas, que o Senhor te tiver dado, como te tenho ordenado; e comerás dentro das tuas portas, conforme a todo o desejo da tua alma.

22 Porém, como se come o corço e o veado, [23] assim comerás: o immundo e o limpo juntamente comerão d’elles.

23 Sómente esforça-te para que não comas o sangue: [24] pois o sangue é a vida: pelo que não comerás a vida com a carne:

24 Não o comerás: na terra o derramarás como agua.

25 Não o comerás; [25] para que bem te succeda a ti, e a teus filhos, depois de ti, quando fizeres o que fôr recto aos olhos do Senhor.

26 Porém as tuas coisas [26] sanctas que tiveres, e os teus votos tomarás, e virás ao logar que o Senhor escolher.

27 E offerecerás [27] os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrificios se derramará sobre o altar do Senhor teu Deus; porém a carne comerás.

28 Guarda e ouve todas estas palavras que te ordeno, para que bem te succeda a ti [28] e a teus filhos depois de ti para sempre, quando fizeres o que fôr bom e recto aos olhos do Senhor teu Deus.

29 Quando o Senhor teu Deus desarraigar [29] de diante de ti as nações, aonde vaes a possuil-as e as possuires e habitares na sua terra,

30 Guarda-te, [30] que te não enlaces após ellas, depois que forem destruidas diante de ti; e que não perguntes ácêrca dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações os seus deuses, do mesmo modo tambem farei eu.

31 Assim não farás [31] ao Senhor teu Deus: porque tudo o que é abominavel ao Senhor, o que aborrece, [32] fizeram elles a seus deuses: pois até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses.

32 Tudo o que eu vos ordeno, observareis para fazer; [33] nada lhe diminuirás.

[1] cap. 6.1.

[2] cap. 4.10. I Reis 8.40.

[3] Exo. 34.13. cap. 7.5.

[4] II Reis 16.4 e 17.10. Jer. 3.6.

[5] Num. 33.52. Jui. 2.2.

[6] ver. 31.

[7] ver. 11. cap. 26.2. Jos. 9.27. I Reis 8.29. II Chr. 7.12. Psa. 78.68.

[8] Lev. 17.3. ver. 17. cap. 14.22, 23 e 15.19.

[9] cap. 14.26. ver. 12, 18. Lev. 23.30. cap. 16.11, 14, 15 e 26.11 e 27.7.

[10] Jui. 17.6 e 21.25.

[11] cap. 11.31.

[12] ver. 5, 14, 18, 21, 26. cap. 14.23 e 15.20 e 16.2 e 17.8 e 18.6 e 23.16 e 31.11. Jos. 18.1. I Reis 8.29. Psa. 78.68.

[13] ver. 7.

[14] cap. 10.9 e 14.29.

[15] Lev. 17.4.

[16] ver. 11.

[17] ver. 21.

[18] ver. 22. cap. 14.5 e 15.22.

[19] Gen. 9.4. Lev. 7.26 e 17.1. cap. 5.23. ver. 1, 24.

[20] ver. 11, 22. cap. 14.23.

[21] cap. 14.27.

[22] Gen. 15.18 e 28.14. Exo. 34.24. cap. 11.24 e 19.8.

[23] ver. 15.

[24] ver. 16. Gen. 9.4. Lev. 17.11, 14.

[25] cap. 4.40. Isa. 3.10. Exo. 15.26. cap. 13.18. I Reis 11.38.

[26] Num. 5.9, 10 e 18.19. I Sam. 1.21, 22, 24.

[27] Lev. 1.5, 9, 13 e 17.11.

[28] ver. 25.

[29] Exo. 23.23. cap. 19.1. Jos. 23.4.

[30] cap. 7.16.

[31] ver. 4. Lev. 18.3, 26, 30. II Reis 17.15.

[32] Lev. 18.21 e 20.2. cap. 18.10. Jer. 33.33. Eze. 23.37.

[33] cap. 4.2 e 13.18. Jos. 1.7. Pro. 30.6. Apo. 22.18.

[188]

O castigo dos falsos prophetas e dos idolatras.

13 Quando propheta ou sonhador de sonhos se levantar [1] no meio de ti, e te dér um signal ou prodigio,

2 E succeder o tal [2] signal ou prodigio, de que te houver fallado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamol-os;

3 Não ouvirás as palavras d’aquelle propheta ou sonhador de sonhos: porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, [3] para saber se amaes o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

4 Após o Senhor vosso Deus [4] andareis, e a elle temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a elle servireis, e a elle vos achegareis.

5 E aquelle propheta [5] ou sonhador de sonhos morrerá, pois fallou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egypto, e vos resgatou da casa da servidão, para te empuxar do caminho que te ordenou o Senhor teu Deus, para andares n’elle: assim [6] tirarás o mal do meio de ti.

6 Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu seio, [7] ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus paes;

7 D’entre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até á outra extremidade;

8 Não consentirás com elle, nem o ouvirás; [8] nem o teu olho o poupará, nem terás piedade d’elle, nem o esconderás;

9 Mas certamente o matarás; [9] a tua mão será a primeira contra elle, para o matar; e depois a mão de todo o povo.

10 E com pedras o apedrejarás, até que morra, pois te procurou empuxar do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egypto, da casa da servidão;

11 Para que todo o Israel o ouça e o tema, [10] e não torne a fazer segundo esta coisa má no meio de ti.

12 Quando ouvires dizer de alguma [11] das tuas cidades que o Senhor teu Deus te dá, para ali habitar;

13 Uns homens, filhos de Belial, sairam [12] do meio de ti, que incitaram os moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, [13] e sirvamos a outros deuses que não conhecestes;

14 Então inquirirás e informar-te-has, e com diligencia perguntarás; e eis que, sendo este negocio verdade, e certo que se fez uma tal abominação no meio de ti;

15 Então certamente ferirás ao fio da espada os moradores d’aquella [14] cidade, destruindo ao fio da espada a ella e a tudo o que n’ella houver, até aos animaes.

16 E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; [15] e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o Senhor teu Deus, e será montão perpetuo, nunca mais se edificará.

17 Tambem nada se pegará [16] á tua mão do anathema, para que o Senhor se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericordia, [17] e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus paes;

18 Quando ouvires a voz do Senhor teu Deus, para guardar [18] todos os seus mandamentos, que hoje te ordeno; para fazer o que fôr recto aos olhos do Senhor teu Deus.

[1] Zac. 10.2. Mat. 24.24. II The. 2.9.

[2] cap. 18.22. Jer. 28.9. Mat. 7.22.

[3] cap. 8.2. Mat. 24.24. I Cor. 11. Apo. 13.14.

[4] II Reis 23.3. II Cor. 34.31. cap. 10.20 e 30.20.

[5] cap. 18.20. Jer. 14.15. Zac. 13.3.

[6] cap. 17.7 e 22.21, 22, 24. I Cor. 5.13.

[7] cap. 17.2. Gen. 16.5. cap. 28.54. Pro. 5.20. Miq. 7.5. I Sam. 18.1, 3 e 20.17.

[8] Pro. 1.10.

[9] cap. 17.5, 7. Act. 7.58.

[10] cap. 17.13 e 19.20.

[11] Jos. 22.11, etc. Jui. 20.1, 2.

[12] I João 2.19. Jud. 19. II Reis 17.21.

[13] ver. 2, 6.

[14] Exo. 22.20. Lev. 27.28. Jos. 6.17, 21.

[15] Jos. 6.24 e 8.28. Isa. 17.1 e 25.2. Jer. 49.2.

[16] cap. 7.26. Jos. 6.18.

[17] Jos. 6.26. Gen. 22.17 e 26.4, 24 e 28.14.

[18] cap. 12.25, 28, 32.

Animaes limpos e immundos.

14 Filhos sois do Senhor vosso Deus: [1] não vos dareis golpes, nem poreis calva entre vossos olhos por causa de algum morto.

2 Porque és povo [2] sancto ao Senhor teu Deus: e o Senhor te escolheu, de todos os povos que ha sobre a face da terra, para lhe seres o seu povo proprio.

3 Nenhuma abominação [3] comereis.

4 Estes são os animaes [4] que comereis: o boi, o gado miudo das ovelhas, e o gado miudo das cabras,

5 O veado, e [HI] a corça, e o bufalo, e a cabra montez, e o teixugo, e o boi silvestre, e o gamo.

[189]

6 Todo o animal que tem unhas fendidas, que tem a unha dividida em duas, que remoe, entre os animaes, aquillo comereis.

7 Porém estes não comereis, dos que sómente remoem, ou que teem a unha fendida: o camelo, e a lebre, e o coelho, porque remoem mas não teem a unha fendida: immundos vos serão.

8 Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não remoe; immundo vos será: não comereis da carne d’estes, [5] e não tocareis no seu cadaver.

9 Isto comereis de tudo o que ha nas aguas: tudo o que tem barbatanas e escamas comereis.

10 Mas tudo o que não tiver barbatanas nem escamas não o comereis: immundo vos será.

11 Toda a ave limpa comereis.

12 Porém estas são as de que não comereis: [6] a aguia, e o quebrantosso, e o xofrango,

13 E o abutre, e a pêga, e o milhano, segundo a sua especie,

14 E todo o corvo, segundo a sua especie,

15 E o abestruz, e o mocho, e o cuco, e o gavião, segundo a sua especie,

16 E o bufo, e a coruja, e a gralha.

17 E o cysne, e o pelicano, e o corvo marinho,

18 E a cegonha, e a garça, segundo a sua especie, e a poupa, e o morcego.

19 Tambem todo o reptil que [7] vôa, vos será immundo: não se comerá.

20 Toda a ave limpa comereis.

21 Não comereis [8] nenhum animal morto; ao estrangeiro, que está dentro das tuas portas, o darás a comer, ou o venderás ao estranho, porquanto és povo sancto [9] ao Senhor teu Deus. Não cozerás [10] o cabrito com o leite da sua mãe.

Os dizimos para o serviço do Senhor.

22 Certamente [11] darás os dizimos de toda a novidade da tua semente, que cada anno se recolher do campo.

23 E, perante o Senhor teu Deus, no logar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, [12] comereis os dizimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogenitos [13] das tuas vaccas e das tuas ovelhas: para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias.

24 E quando o caminho [14] te fôr tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o logar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado;

25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vae ao logar que escolher o Senhor teu Deus;

26 E aquelle dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vaccas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma: [15] come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;

27 Porém não desampararás o [16] levita que está dentro dos tuas portas; pois não tem parte nem herança comtigo.

28 Ao fim de tres annos [17] tirarás todos os dizimos da tua novidade no mesmo anno, e os recolherás nas tuas portas:

29 Então virá o levita [18] (pois nem parte nem herança tem comtigo), e o estrangeiro, e o orphão, e a viuva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-hão: para que o Senhor teu Deus te abençoe [19] em toda a obra das tuas mãos, que fizeres.

[1] Rom. 8.16 e 9.8, 26. Gal. 3.26. Lev. 19.28 e 21.5. Jer. 16.6 e 41.5 e 47.5. I The. 4.13.

[2] Lev. 20.26. cap. 7.6 e 26.18, 19.

[3] Eze. 4.14. Act. 10.13.

[4] Lev. 11.2, etc.

[5] Lev. 11.26, 27 e 11.9.

[6] Lev. 11.13.

[7] Lev. 11.20, 21.

[8] Lev. 17.15 e 22.8. Eze. 4.14.

[9] ver. 2.

[10] Exo. 23.19 e 34.26.

[11] Lev. 27.30. cap. 12.6, 17. Neh. 10.37.

[12] cap. 12.5, 6, 7, 17, 18.

[13] cap. 15.19.

[14] cap. 12.21.

[15] cap. 12.7, 18 e 26.11.

[16] cap. 12.12, 18, 19. Num. 18.20. cap. 18.1, 2.

[17] cap. 26.12. Amós 4.4.

[18] cap. 26.12. ver. 27. cap. 12.12.

[19] cap. 15.10. Pro. 3.9. Mal. 3.10.

O anno da remissão.

15 Ao fim dos sete [1] annos farás remissão.

2 Este pois é o modo da remissão: que todo o credor, que emprestou ao seu proximo uma coisa, permittirá: não a exigirá do seu proximo ou do seu irmão, pois a remissão do Senhor é apregoada.

3 Do estranho [2] a exigirás; mas o que tiveres em poder de teu irmão a tua mão o permittirá:

4 Sómente para que entre ti não haja pobre: [3] pois o Senhor abundantemente te abençoará na terra que o Senhor teu Deus te dará por herança, para possuil-a.

5 Se sómente [4] ouvires diligentemente a voz do Senhor teu Deus para cuidares em fazer todos estes mandamentos que hoje te ordeno:

6 Porque o Senhor teu Deus te abençoará, como te tem dito: assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás emprestimos: [5] e dominarás sobre muitas nações, mas ellas não dominarão sobre ti.

7 Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra [6] que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que fôr pobre;

[190]

8 Antes lhe abrirás [7] de todo a tua mão, e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.

9 Guarda-te, que não haja [HJ] palavra de Belial no teu coração, dizendo: Vae-se approximando o setimo anno, o anno da remissão: e que o teu olho seja maligno para com teu [8] irmão pobre, e não lhe dês nada; e que elle clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti peccado.

10 Livremente lhe darás e que o teu coração não seja maligno, [9] quando lhe déres: pois por esta causa te abençoará [10] o Senhor teu Deus em toda a tua obra, e em tudo no que pozeres a tua mão.

11 Pois nunca cessará o [11] pobre do meio da terra: pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra.

12 Quando teu irmão [12] hebreo ou irmã hebrea se vender a ti, seis annos te servirá, mas no setimo anno o despedirás forro de ti.

13 E, quando o despedires de ti forro, não o despedirás vazio.

14 Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e do teu lagar: d’aquillo com que o Senhor teu Deus te tiver [13] abençoado lhe darás.

15 E lembrar-te-has [14] de que foste servo na terra do Egypto, e de que o Senhor teu Deus te resgatou: pelo que te ordeno hoje esta coisa.

16 Porém será que, dizendo-te elle: [15] Não sairei de ti; porquanto te ama a ti e a tua casa, por estar bem comtigo;

17 Então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha, á porta, e teu servo será para sempre: e tambem assim farás á tua serva.

18 Não seja aos teus olhos coisa dura, quando o despedires forro de ti; pois seis annos [16] te serviu em dobro do salario do jornaleiro: assim o Senhor teu Deus te abençoará em tudo o que fizeres.

19 Todo o primogenito que nascer entre as tuas vaccas e entre as tuas ovelhas, o macho [17] sanctificarás ao Senhor teu Deus: com primogenito do teu boi não trabalharás, nem tosquiarás o primogenito das tuas ovelhas.

20 Perante o Senhor teu Deus os comerás [18] de anno em anno, no logar que o Senhor escolher, tu e a tua casa.

21 Porém, havendo [19] n’elle algum defeito, se fôr coxo, ou cego, ou tiver qualquer defeito, não o sacrificarás ao Senhor teu Deus.

22 Nas tuas portas o comerás: o [20] immundo e o limpo o comerão juntamente, como da corça ou do veado.

23 Sómente o seu sangue não comerás: [21] sobre a terra o derramarás como agua.

[1] Exo. 21.2 e 23.10, 11. Lev. 25.2, 4. cap. 31.10. Jer. 34.14.

[2] cap. 23.20.

[3] cap. 28.8.

[4] cap. 28.1.

[5] cap. 28.12, 13, 44. Pro. 22.7.

[6] I João 3.17.

[7] Lev. 25.35. Mat. 5.42. Luc. 6.34, 35.

[8] cap. 28.54, 56. Pro. 23.6 e 28.22. Mat. 20.15. cap. 24.15. Mat. 25.41.

[9] II Cor. 9.5, 7.

[10] cap. 14.29 e 24.19. Psa. 41.2. Pro. 22.9.

[11] Mat. 26.1. Mar. 14.7. João 12.8.

[12] Exo. 21.2. Lev. 25.39. Jer. 34.14.

[13] Pro. 10.22.

[14] cap. 5.15 e 16.12.

[15] Exo. 21.5.

[16] Isa. 16.14 e 21.16.

[17] Exo. 13.2 e 34.19. Lev. 27.26. Num. 3.13.

[18] cap. 12.5, 6, 7, 17 e 14.23 e 16.11, 14.

[19] Lev. 22.20. cap. 17.1.

[20] cap. 12.15, 22.

[21] cap. 12.16, 23.

As tres festas da paschoa, de pentecostes e dos tabernaculos.

16 Guarda o mez d’Abib, e celebra a paschoa [1] ao Senhor teu Deus: porque no mez d’Abib o Senhor teu Deus te tirou do Egypto, de noite.

2 Então sacrificarás a paschoa ao Senhor teu Deus, ovelhas [2] e vaccas, no logar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome.

3 N’ella não comerás [3] levedado: sete dias n’ella comerás pães asmos, pão d’afflicção (porquanto apressadamente saiste da terra do Egypto), para que te lembres do dia da tua saida da terra do Egypto, todos os dias da tua vida.

4 Levedado não apparecerá comtigo por sete dias em todos os teus [4] termos: tambem da carne que matares á tarde, no primeiro dia, nada ficará até á manhã.

5 Não poderás sacrificar a paschoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus;

6 Senão no logar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a paschoa á tarde, [5] ao pôr do sol, ao tempo determinado da tua saida do Egypto.

7 Então a cozerás, [6] e comerás no logar que escolher o Senhor teu Deus; depois virás pela manhã, e irás ás tuas tendas.

8 Seis dias comerás pães asmos [7] e no setimo dia é solemnidade ao Senhor teu Deus: nenhuma obra farás.

9 Sete semanas [8] contarás; desde que a foice começar na seara começarás a contar as sete semanas.

10 Depois celebrarás a festa das semanas[191] ao Senhor teu Deus; o que déres será tributo voluntario da tua mão, [9] segundo o Senhor teu Deus te tiver abençoado.

11 E te alegrarás [10] perante o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas, e o estrangeiro, e o orphão, e a viuva, que estão no meio de ti, no logar que escolher o Senhor teu Deus para ali fazer habitar o seu nome.

12 E lembrar-te-has de [11] que foste servo no Egypto: e guardarás estes estatutos, e os farás.

13 A festa [12] dos tabernaculos guardarás sete dias, quando colheres da tua eira e do teu lagar.

14 E na tua festa [13] te alegrarás, tu, e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o orphão, e a viuva, que estão das tuas portas para dentro.

15 Sete dias celebrarás [14] a festa ao Senhor teu Deus, no logar que o Senhor escolher: porque o Senhor teu Deus te ha de abençoar em toda a tua colheita, e em toda a obra das tuas mãos; pelo que te alegrarás certamente.

16 Tres vezes [15] no anno todo o macho entre ti apparecerá perante o Senhor teu Deus, no logar que escolher, na festa dos pães asmos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernaculos; porém não apparecerá [16] vazio perante o Senhor:

17 Cada qual, conforme ao dom da sua mão, conforme [17] á benção do Senhor teu Deus, que te tiver dado.

Deveres dos juizes.

18 Juizes e officiaes [18] porás em todas as tuas portas que o Senhor teu Deus te der entre as tuas tribus, para que julguem o povo com juizo de justiça.

19 Não torcerás o juizo, [19] não farás accepção de pessoas, nem tomarás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sabios, e perverte as palavras dos justos.

20 A justiça, a justiça seguirás; para que vivas, [20] e possuas a terra que te dará o Senhor teu Deus.

21 Não plantarás [21] nenhum bosque d’arvores junto ao altar do Senhor teu Deus, que fizeres para ti,

22 Nem [22] levantarás [HK] estatua, a qual aborrece o Senhor teu Deus.

[1] Exo. 12.2, etc. e 13.4 e 34.18 e 12.29, 42.

[2] Num. 28.19. cap. 12.5, 26.

[3] Exo. 12.15, 19, 39 e 13.3, 6, 7 e 34.18.

[4] Exo. 13.7 e 12.10 e 34.25.

[5] Exo. 12.6.

[6] Exo. 12.8, 9. II Chr. 35.13. II Reis 23.23. João 2.13, 23 e 11.55.

[7] Exo. 12.16 e 13.6. Lev. 23.8.

[8] Exo. 23.16 e 34.22. Lev. 23.15. Num. 28.26. Act. 2.1.

[9] ver. 17. I Cor. 16.2.

[10] ver. 14. cap. 12.7, 12, 18.

[11] cap. 15.15.

[12] Exo. 23.16. Lev. 23.84. Num. 29.12.

[13] Neh. 8.9, etc.

[14] Lev. 23.39, 40.

[15] Exo. 23.14, 17 e 34.23.

[16] Exo. 23.15 e 34.20.

[17] ver. 10.

[18] cap. 1.16. I Chr. 23.4 e 26.29. II Chr. 13.5, 8.

[19] Exo. 23.2, 6. Lev. 19.15. cap. 1.17. Pro. 24.23. Exo. 23.8. Pro. 17.23. Ecc. 7.7.

[20] Eze. 18.5, 9.

[21] Exo. 34.13. I Reis 14.15 e 16.33. II Reis 17.16 e 21.3. II Chr. 33.3.

[22] Lev. 26.1.

O castigo da idolatria.

17 Não sacrificarás [1] ao Senhor teu Deus, boi ou gado miudo em que haja defeito ou alguma coisa má; pois abominação é ao Senhor teu Deus.

2 Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus, se [2] achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do Senhor teu Deus, [3] traspassando o seu concerto,

3 Que se fôr, e servir a outros deuses, e se encurvar a elles, ou ao sol, ou á lua, [4] ou a todo o exercito do céu; o que eu não ordenei;

4 E te fôr [5] denunciado, e o ouvires; então bem o inquirirás: e eis que, sendo verdade, e certo que se fez tal abominação em Israel.

5 Então tirarás o homem ou a mulher que fez este maleficio, [6] ás tuas portas, sim, o tal homem ou mulher: e os apedrejarás com pedras, até que morram.

6 Por bocca de duas [7] testemunhas, ou tres testemunhas, será morto o que houver de morrer: por bocca d’uma só testemunha não morrerá.

7 A mão das testemunhas [8] será primeiro contra elle, para matal-o; e depois a mão de todo o povo: assim tirarás o mal do meio de ti.

Consulta dos sacerdotes.

8 Quando alguma coisa te fôr difficultosa [9] em juizo, entre sangue e sangue, entre demanda e demanda, entre ferida e ferida, em negocios de pendencias nas tuas portas, então te levantarás, e [10] subirás ao logar que escolher o Senhor teu Deus;

9 E virás aos [11] sacerdotes levitas, e ao juiz que houver n’aquelles dias, e inquirirás, e te annunciarão a palavra que fôr do juizo.

10 E farás conforme ao mandado da palavra que te annunciarão do logar que escolher o Senhor; e terás cuidado[192] de fazer conforme a tudo o que te ensinarem.

11 Conforme ao mandado da lei que te ensinarem, e conforme ao juizo que te disserem, farás: da palavra que te annunciarem te não desviarás, nem para a direita nem para a esquerda.

12 O homem pois que se houver soberbamente, [12] não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao Senhor teu Deus, nem ao juiz, o tal homem morrerá: e tirarás [13] o mal de Israel:

13 Para que todo o povo o [14] ouça, e tema, e nunca mais se ensoberbeça.

A eleição e os deveres d’um rei.

14 Quando entrares na terra, que te dá o Senhor teu Deus, e a possuires, e n’ella habitares, e disseres: Porei sobre mim [15] um rei, assim como teem todas as gentes que estão em redor de mim:

15 Porás certamente sobre ti como rei aquelle [16] que escolher o Senhor teu Deus: d’entre teus irmãos porás rei sobre ti: não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos.

16 Porém não multiplicará para si cavallos, [17] nem fará voltar o povo ao Egypto, para multiplicar cavallos; pois o Senhor vos tem dito: [18] Nunca mais voltareis por este caminho.

17 Tão pouco para si multiplicará mulheres, [19] para que o seu coração se não desvie: nem prata nem oiro multiplicará muito para si.

18 Será tambem [20] que, quando se assentar sobre o throno do seu reino, então escreverá para si um traslado d’esta lei n’um livro, [21] do que está diante dos sacerdotes levitas.

19 E o terá comsigo, [22] e n’elle lerá todos os dias da sua vida; para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras d’esta lei, e estes estatutos, para fazel-os;

20 Para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, [23] e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda: para que prolongue os dias no seu reino, elle e seus filhos no meio de Israel.

[1] cap. 15.21. Mal. 1.8, 13, 14.

[2] cap. 13.6.

[3] Jos. 7.11, 15 e 23.16. Jui. 2.20. II Reis 18.12. Ose. 8.1.

[4] cap. 4.19. Job 31.26. Jer. 7.22, 23, 31 e 19.5 e 32.35.

[5] cap. 13.12, 14.

[6] Lev. 24.14, 16. cap. 13.10. Jos. 7.25.

[7] Num. 35.30. cap. 19.15. Mat. 18.16. João 8.17. II Cor. 13.1. II Tim. 5.19. Heb. 10.28.

[8] cap. 13.9. Act. 7.58. cap. 13.5 e 19.19.

[9] II Chr. 19.10. Agg. 2.11. Mal. 2.7. Exo. 21.13, 20, 22, 28 e 22.2. Num. 35.11, 16, 19. cap. 19.4, 10, 11.

[10] cap. 12.5 e 19.17. Psa. 122.5.

[11] Jer. 18.18. cap. 19.17. Eze. 44.24.

[12] Num. 15.30. Esd. 10.8. Ose. 4.4. cap. 18.5, 7.

[13] cap. 13.5.

[14] cap. 13.11 e 19.20.

[15] I Sam. 8.5, 19, 20.

[16] I Sam. 9.15 e 10.24 e 16.12. I Chr. 22.10. Jer. 30.21.

[17] I Reis 4.26 e 10.26, 28. Psa. 20.8. Isa. 31.1. Eze. 17.15.

[18] Num. 14.3. cap. 28.68. Jer. 42.15. Ose. 11.15.

[19] I Reis 11.3, 4.

[20] II Reis 11.12.

[21] cap. 31.9, 26. II Reis 22.8.

[22] Jos. 1.8. Psa. 119.97.

[23] cap. 5.22. I Reis 15.5.

A herança e os direitos dos sacerdotes e dos levitas.

18 Os sacerdotes levitas, toda a [1] tribu de Levi, não terão parte nem herança em Israel: das offertas queimadas do Senhor e da sua herança comerão.

2 Pelo que não terá herança no meio de seus irmãos: o Senhor é a sua herança, como lhe tem dito.

3 Este pois será o direito dos sacerdotes, a receber do povo, dos que sacrificarem sacrificio, seja boi ou gado miudo: [2] que dará ao sacerdote a espadoa, e as queixadas, e o bucho.

4 Dar-lhe-has as primicias do teu grão, [3] do teu mosto e do teu azeite, e as primicias da tosquia das tuas ovelhas.

5 Porque o Senhor teu Deus o escolheu [4] de todas as tuas tribus, para que assista a servir no nome do Senhor, elle e seus filhos, todos os dias.

6 E, quando vier um levita de alguma das tuas portas, de todo o Israel, onde habitar, [5] e vier com todo o desejo da sua alma ao logar que o Senhor escolheu,

7 E servir no nome do Senhor seu Deus, como tambem todos [6] os seus irmãos, os levitas, que assistem ali perante o Senhor;

8 Egual porção comerão, [7] além das suas vendas paternas.

As abominações das nações são prohibidas.

9 Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dér, não aprenderás a fazer conforme as [8] abominações d’aquellas nações.

10 Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo a seu filho [9] ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;

11 Nem encantador [10] de encantamentos, nem quem pergunte a um espirito adivinhante, nem magico, nem quem pergunte aos mortos:

12 Pois todo aquelle que faz tal coisa é abominação ao Senhor; [11] e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fóra de diante d’elle.

13 Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.

14 Porque estas nações, que has de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores: porém a ti o Senhor teu Deus não permittiu tal coisa.

A promessa d’um grande propheta.

15 O Senhor teu Deus [12] te despertará[193] um propheta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a elle ouvireis;

16 Conforme a tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horeb, no dia da congregação, dizendo: [13] Não ouvirei mais a voz do Senhor meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.

17 Então o Senhor me disse: [14] Bem fallaram n’aquillo que disseram.

18 Eis lhes suscitarei um propheta do meio de seus irmãos, como tu, [15] e porei as minhas palavras na sua bocca, e elle lhes fallará tudo o que eu lhe ordenar.

19 E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, [16] que elle fallar em meu nome, eu o requererei d’elle.

20 Porém [17] o propheta que presumir soberbamente de fallar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenho mandado fallar, ou o que fallar em nome [18] de outros deuses, o tal propheta morrerá.

21 E, se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o Senhor não fallou?

22 Quando o tal propheta fallar [19] em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem succeder assim; esta é palavra que o Senhor não fallou: com soberba a fallou o tal propheta: [20] não tenhas temor d’elle.

[1] Num. 18.20 e 8.9.

[2] Lev. 7.30, 34.

[3] Exo. 22.29. Num. 18.12, 24.

[4] Exo. 28.1. Num. 3.10. cap. 10.8 e 17.12.

[5] Num. 35.2, 3. cap. 12.5.

[6] II Chr. 31.2.

[7] II Chr. 31.4. Neh. 12.44, 47.

[8] Lev. 18.26, 27, 30. cap. 12.29, 30, 31.

[9] Lev. 18.21. cap. 12.31. Lev. 19.26, 31 e 20.27. Isa. 8.19.

[10] Lev. 20.27. I Sam. 28.7.

[11] Lev. 18.24. cap. 9.4.

[12] ver. 18. João 1.45. Act. 3.22 e 7.37.

[13] cap. 9.10. Exo. 20.19. Heb. 12.19.

[14] cap. 5.28.

[15] ver. 15. João 1.45. Act. 3.22 e 7.37. Isa. 51.16. João 17.8 e 4.25 e 12.49.

[16] Act. 3.23.

[17] cap. 13.5. Jer. 14.14. Zac. 13.3.

[18] cap. 13.1. Jer. 2.8.

[19] Jer. 28.9. cap. 13.2.

[20] ver. 20.

A quem pertence os privilegios das cidades de refugio.

19 Quando o Senhor teu Deus [1] desarraigar as nações cuja terra te dará o Senhor teu Deus, e tu as possuires, e morares nas suas cidades e nas suas casas;

2 Tres cidades separarás no [2] meio da tua terra que te dará o Senhor teu Deus para a possuir.

3 Preparar-te-has o caminho; e os termos da tua terra, que te fará possuir o Senhor teu Deus, partirás em tres: e isto será para que todo o homicida se acolha ali.

4 E este é o caso tocante ao homicida, [3] que se acolher ali, para que viva: aquelle que por erro ferir o seu proximo, a quem não aborrecia d’antes:

5 Como aquelle que entrar com o seu proximo no bosque, para cortar lenha, e, pondo força na sua mão com o machado para cortar a arvore, o ferro saltar do cabo e ferir o seu proximo, e morrer, o tal se acolherá a uma d’estas cidades, e viverá:

6 Para que o vingador do sangue não vá [4] após o homicida, quando se esquentar o seu coração, e o alcançar, por ser comprido o caminho, e lhe tire a vida; porque não é culpado de morte, pois o não aborrecia d’antes.

7 Portanto te dou ordem, dizendo: Tres cidades separarás.

8 E, se o Senhor teu Deus [5] dilatar os teus termos, como jurou a teus paes, e te dér toda a terra que disse daria a teus paes

9 (Quando guardares todos estes mandamentos, que hoje te ordeno, para fazel-os, amando ao Senhor teu Deus e andando nos seus caminhos todos os dias), então [6] accrescentarás outras tres cidades além d’estas tres.

10 Para que o sangue innocente se não derrame no meio da tua terra, que o Senhor teu Deus te dá por herança, e haja sangue sobre ti.

11 Mas, havendo alguem [7] que aborrece a seu proximo, e lhe arma ciladas, e se levanta contra elle, e o fere na vida, que morra, e se acolhe a alguma d’estas cidades,

12 Então os anciãos da sua cidade mandarão, e d’ali o tirarão, e o entregarão na mão do vingador do sangue, para que morra.

13 O teu olho o não poupará; antes tirarás [8] o sangue innocente de Israel, para que bem te succeda.

Ácerca dos limites e das testemunhas.

14 Não mudes [9] o limite do teu proximo, que limitaram os antigos na tua herança, que possuires na terra, que te dá o Senhor teu Deus para a possuires.

15 [10] Uma só testemunha contra ninguem se levantará por qualquer iniquidade, ou por qualquer peccado, seja qual fôr o peccado que peccasse: pela bocca de duas testemunhas, ou pela bocca de tres testemunhas, se estabelecerá o negocio.

16 Quando se levantar testemunha falsa contra alguem, [11] para testificar contra elle ácerca de desvio,

17 Então aquelles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o Senhor, [12] diante dos sacerdotes[194] e dos juizes que houver n’aquelles dias;

18 E os juizes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa testemunha, que testificou falsidade contra seu irmão,

19 Far-lhe-heis como [13] cuidou fazer a seu irmão: e assim tirarás o mal do meio de ti.

20 Para que os que ficarem o ouçam [14] e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti.

21 O teu olho não poupará: [15] vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.

[1] cap. 12.29.

[2] Exo. 21.13. Num. 35.10, 14. Jos. 20.2.

[3] Num. 35.15. cap. 4.42.

[4] Num. 35.12.

[5] Gen. 15.18. cap. 12.20.

[6] Jos. 20.7, 8.

[7] Exo. 21.12, etc. Num. 35.16, 24. cap. 27.24. Pro. 28.17.

[8] cap. 13.8 e 25.12. Num. 35.33, 34. cap. 21.9. I Reis 2.31.

[9] cap. 27.17. Job 24.2. Pro. 22.28. Ose. 5.10.

[10] Num. 35.30. cap. 17.6. Mat. 18.16. João 8.17. II Cor. 13.1. I Tim. 5.19. Heb. 10.28.

[11] Psa. 27.12 e 35.11.

[12] cap. 17.9 e 21.5.

[13] Pro. 19.5, 9. Dan. 6.24. cap. 13.5 e 17.7 e 21.21 e 22.21, 24 e 24.7.

[14] cap. 17.13 e 21.21.

[15] ver. 13. Exo. 21.23, 24. Lev. 24.20. Mat. 5.38.

As leis da guerra.

20 Quando saires á peleja contra teus inimigos, e vires cavallos, [1] e carros, e povo maior em numero do que tu, d’elles não terás temor; pois o [2] Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egypto, está comtigo.

2 E será que, quando vos achegardes á peleja, o sacerdote se adiantará, e fallará ao povo,

3 E dir-lhe-ha: Ouve, ó Israel, hoje vos achegaes á peleja contra os vossos inimigos: que se não amolleça o vosso coração; não temaes nem tremaes, nem vos aterroriseis diante d’elles,

4 Pois o Senhor vosso Deus é o que vae comvosco, [3] a pelejar contra os vossos inimigos, para salvar-vos.

5 Então os officiaes fallarão ao povo, dizendo: Qual é o homem que edificou casa nova e ainda a não consagrou? [4] vá, e torne-se á sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre.

6 E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não logrou fructo d’ella? vá, e torne-se á sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro o logre.

7 E qual é o homem que está desposado com alguma [5] mulher e ainda a não recebeu? vá, e torne-se á sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.

8 E continuarão os officiaes a fallar ao povo, dizendo: Qual é o homem medroso [6] e de coração timido? vá, e torne-se á sua casa, para que o coração de seus irmãos se não derreta como o seu coração.

9 E será que, quando os officiaes acabarem de fallar ao povo, então ordenarão os maioraes dos exercitos na dianteira do povo.

10 Quando te achegares a alguma cidade a combatel-a, [7] apregoar-lhe-has a paz.

11 E será que, se te responder em paz, e te abrir, todo o povo que se achar n’ella te será tributario e te servirá.

12 Porém, se ella não fizer paz comtigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás.

13 E o Senhor teu Deus a dará na tua mão; e todo o macho que houver n’ella passarás [8] ao fio da espada,

14 Salvo sómente as mulheres, e as creanças, e os animaes; [9] e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu o Senhor teu Deus.

15 Assim farás a todas as cidades que estiverem mui longe de ti, que não forem das cidades d’estas nações.

16 Porém, das cidades [10] d’estas nações, que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem folego deixarás com vida;

17 Antes destruil-as-has totalmente: aos hetheos, e aos amorrheos, e aos cananeos, e aos pherezeos, e aos heveos, e aos jebuseos, como te ordenou o Senhor teu Deus.

18 Para que vos não [11] ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis [12] contra o Senhor vosso Deus.

19 Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ella para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, mettendo n’elle o machado, porque d’elle comerás: pelo que o não cortarás (pois o arvoredo do campo é o mantimento do homem), para que sirva de tranqueira diante de ti.

20 Mas as arvores que souberes que não são arvores de comer, destruil-as-has e cortal-as-has: e contra a cidade que guerrear contra ti edificarás tranqueiras, até que esta seja derribada.

[1] Psa. 20.8. Isa. 31.1.

[2] Num. 23.21. cap. 31.6, 8. II Chr. 13.12 e 32.7.

[3] cap. 1.30 e 3.22. Jos. 23.10.

[4] Neh. 12.27.

[5] cap. 24.5.

[6] Jui. 7.3.

[7] II Sam. 20.18, 20.

[8] Num. 31.7.

[9] Jos. 8.2 e 22.8.

[10] Num. 21.2, 3, 35 e 33.52. cap. 7.1, 2. Jos. 11.14.

[11] cap. 7.4 e 12.30, 31 e 18.9.

[12] Exo. 23.33.

Expiação por uma morte cujo auctor é desconhecido.

21 Quando na terra que te dér o Senhor teu Deus para possuil-a se achar algum morto, caido no campo, sem que se saiba quem o matou,

2 Então sairão os teus anciãos e os teus juizes, e medirão o espaço até ás[195] cidades que estiverem em redor do morto;

3 E, na cidade mais chegada ao morto, os anciãos da mesma cidade tomarão uma bezerra da manada, que não tenha trabalhado nem tenha puxado com o jugo;

4 E os anciãos d’aquella cidade trarão a bezerra a um valle aspero, que nunca foi lavrado nem semeado: e ali, n’aquelle valle, degolarão a bezerra;

5 Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi (pois o Senhor teu Deus [1] os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do Senhor; e pelo seu dito se determinará [2] toda a demanda e toda a ferida);

6 E todos os anciãos da mesma cidade, mais chegados ao morto, lavarão [3] as suas mãos sobre a bezerra degolada no valle;

7 E protestarão, e dirão: As nossas mãos não derramaram este sangue, e os nossos olhos o não viram.

8 Sê propicio ao teu povo Israel, que tu, ó Senhor, resgataste, e não ponhas o sangue innocente [4] no meio do teu povo Israel. E aquelle sangue lhes será expiado.

9 Assim tirarás [5] o sangue innocente do meio de ti: pois farás o que é recto aos olhos do Senhor.

Ácerca da mulher prisioneira.

10 Quando saires á peleja contra os teus inimigos, e o Senhor teu Deus os entregar nas tuas mãos, e tu d’elles levares prisioneiros,

11 E tu entre os presos vires uma mulher formosa á vista, e a cobiçares, e a tomares por mulher,

12 Então a trarás para a tua casa: e ella se rapará a cabeça e cortará as suas unhas,

13 E despirá o vestido do seu captiveiro, [6] e se assentará na tua casa, e chorará a seu pae e a sua mãe um mez inteiro: e depois entrarás a ella, e tu serás seu marido e ella tua mulher.

14 E será que, se te não contentares d’ella, a deixarás ir á sua vontade; mas de sorte nenhuma a venderás por dinheiro, nem com ella mercadejarás, pois a tens [7] humilhado.

O direito do primogenito.

15 Quando um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a [8] quem aborrece, e a amada e a aborrecida lhe parirem filhos, e o filho primogenito fôr da aborrecida,

16 Será que, [9] no dia em que fizer herdar a seus filhos o que tiver, não poderá dar a primogenitura ao filho da amada, adiante do filho da aborrecida, que é o primogenito.

17 Mas o filho da aborrecida reconhecerá por primogenito, dando-lhe dobrada [10] porção de tudo quanto tiver: porquanto aquelle é o principio da sua força, o direito [11] da primogenitura seu é.

Ácerca dos filhos desobedientes.

18 Quando alguem tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer á voz de seu pae e á voz de sua mãe, e, castigando-o elles, lhes não dér ouvidos,

19 Então seu pae e sua mãe pegarão n’elle, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e á porta do seu logar;

20 E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos á nossa voz: é um comilão e beberrão.

21 Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão com pedras, até que morra; e tirarás [12] o mal do meio de ti, para que todo o Israel o [13] ouça, e tema.

Os cadaveres serão tirados do patibulo.

22 Quando tambem em alguem houver peccado, digno [14] do juizo de morte, e haja de morrer, e o pendurares n’um madeiro,

23 O seu cadaver [15] não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia: [16] porquanto o pendurado é maldito de Deus: assim não contaminarás [17] a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá em herança.

[1] cap. 10.8. I Chr. 23.13.

[2] cap. 17.8.

[3] Psa. 19.13 e 26.6. Mat. 27.24.

[4] Jon. 1.14.

[5] cap. 19.13.

[6] Psa. 45.11.

[7] Gen. 34.2. cap. 22.29. Jui. 19.24.

[8] Gen. 29.33.

[9] I Chr. 5.2 e 26.10. II Chr. 11.19, 22.

[10] I Chr. 5.1.

[11] Gen. 49.3 e 25.31, 33.

[12] cap. 13.5 e 19.19, 20 e 22.21, 24.

[13] cap. 13.11.

[14] cap. 19.6. Act. 23.29 e 25.11, 25 e 26.31.

[15] Jos. 8.29 e 10.26, 27. João 19.31.

[16] Gal. 3.13. Num. 25.4. II Sam. 21.6, 9.

[17] Lev. 18.25. Num. 35.34.

Caridade com o proximo.

22 Vendo extraviado [1] o boi ou ovelha de teu irmão, não te esconderás d’elles: restituil-os-has sem falta a teu irmão.

2 E se teu irmão não estiver perto de ti, ou tu o não conheceres, recolhel-os-has na tua casa, para que fiquem comtigo, até que teu irmão os busque, e tu lh’os tornarás a dar.

3 Assim tambem farás com o seu[196] jumento, e assim farás com os seus vestidos; assim farás tambem com toda a coisa perdida, que se perder de teu irmão, e tu a achares; não te poderás esconder.

4 O jumento de teu irmão, ou o seu boi, não verás [2] caidos no caminho, e d’elles te esconderás: com elle os levantarás sem falta.

Ácerca dos vestidos do homem e dos da mulher.

5 Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher: porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.

6 Quando encontrares algum ninho d’ave no caminho em alguma arvore, ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos, ou sobre os ovos, não tomarás [3] a mãe com os filhos;

7 Deixarás ir livremente a mãe, e os filhos tomarás para ti; para que bem te vá, [4] e para que te prolongue os dias.

8 Quando edificares uma casa nova, farás no teu telhado um parapeito, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguem d’alguma maneira cair d’ella.

9 Não [5] semearás a tua vinha de differentes especies de semente, para que se não profane o fructo da semente que semeares, e a novidade da vinha.

10 Com boi e com jumento juntamente não [6] lavrarás.

11 Não te vestirás [7] de diversos estofos de lã e linho juntamente.

12 Franjas porás [8] nas quatro bordas da tua manta, com que te cobrires.

As penas de diversos peccados commetidos para com mulheres.

13 Quando um homem tomar mulher [9] e, entrando a ella, a aborrecer,

14 E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ella divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ella, porém não a achei virgem;

15 Então o pae da moça e sua mãe tomarão os signaes da virgindade da moça, e leval-os-hão para fóra aos anciãos da cidade á porta;

16 E o pae da moça dirá aos anciãos; Eu dei minha filha por mulher a este homem, porém elle a aborreceu;

17 E eis que lhe imputou coisas escandalosas, dizendo: Não achei virgem tua filha: porém eis aqui os signaes da virgindade de minha filha. E estenderão o lençol diante dos anciãos da cidade.

18 Então os anciãos da mesma cidade tomarão aquelle homem, e o castigarão,

19 E o condemnarão em cem siclos de prata, e os darão ao pae da moça; porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. E lhe será por mulher, em todos os seus dias não a poderá despedir.

20 Porém se este negocio fôr verdade, que a virgindade se não achou na moça,

21 Então tirarão a moça á porta da casa de seu pae, e os homens da sua cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois [10] fez loucura em Israel, fornicando na casa de seu pae: assim tirarás [11] o mal do meio de ti.

22 Quando [12] um homem fôr achado deitado com mulher casada com marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher: assim tirarás o mal d’Israel.

23 Quando houver moça virgem, desposada [13] com algum homem, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ella,

24 Então tirareis ambos á porta d’aquella cidade, e os apedrejareis com pedras, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou [14] a mulher do seu proximo: assim tirarás o mal do meio de ti.

25 E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ella, então morrera só o homem que se deitou com ella;

26 Porém á moça não farás nada: a moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu proximo, e lhe tira a vida, assim é este negocio.

27 Pois a achou no campo: a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.

28 Quando um homem [15] achar uma moça virgem, que não fôr desposada, e pegar n’ella, e se deitar com ella, e forem apanhados,

29 Então o homem que se deitou com ella dará ao pae da moça cincoenta siclos de prata: e porquanto a humilhou, [16] lhe será por mulher; não a poderá despedir em todos os seus dias.

30 Nenhum [17] homem tomará a mulher de seu pae, nem descobrirá [18] a ourela de seu pae.

[1] Exo. 23.4.

[2] Exo. 23.5.

[3] Lev. 22.28.

[4] cap. 4.40.

[5] Lev. 19.19.

[6] II Cor. 6.14, 15, 16.

[7] Lev. 19.19.

[8] Num. 15.38. Mat. 23.5.

[9] Gen. 29.21. Jui. 15.1.

[10] Gen. 34.7. Jui. 20.6, 10. II Sam. 13.12, 13.

[11] cap. 13.5.

[12] Lev. 20.10. João 8.5.

[13] Mat. 1.18.

[14] cap. 21.14. ver. 21, 22.

[15] Exo. 22.16.

[16] ver. 24.

[17] Lev. 18.8 e 20.11. cap. 27.20. I Cor. 5.1.

[18] Ruth 3.9. Eze. 16.8.

[197]

Pessoas que são excluidas das assembléas sanctas.

23 O quebrado de quebradura, e o castrado, não entrará na congregação do Senhor.

2 Nenhum bastardo entrará na congregação do Senhor: nem ainda a sua decima geração entrará na congregação do Senhor.

3 Nenhum [1] ammonita nem moabita entrará na congregação do Senhor: nem ainda a sua decima geração entrará na congregação do Senhor eternamente.

4 Porquanto [2] não sairam com pão e agua, a receber-vos no caminho, quando saíeis do Egypto; e porquanto alugou [3] contra ti a Balaão, filho de Beor, de Pethor, de Mesopotamia, para te amaldiçoar.

5 Porém o Senhor teu Deus não quiz ouvir Balaão: antes o Senhor teu Deus trocou em benção a maldição; porquanto o Senhor teu Deus te amava.

6 Não lhes procurarás [4] nem paz nem bem em todos os teus dias para sempre.

7 Não abominarás o [5] edumeo, pois é teu irmão: nem abominarás o egypcio; pois estrangeiro foste [6] na sua terra.

8 Os filhos que lhes nascerem na terceira geração, cada um d’elles entrará na congregação do Senhor.

9 Quando o exercito sair contra os teus inimigos, então te guardarás de toda a coisa má.

10 Quando entre ti [7] houver algum que por algum accidente de noite não estiver limpo, sairá fóra do exercito; não entrará no meio do exercito.

11 Porém será que, declinando a tarde, se lavará [8] em agua; e, em se pondo o sol, entrará [9] no meio do arraial.

12 Tambem terás um logar fóra do arraial; e ali sairás fóra.

13 E entre as tuas armas terás uma pá; e será que, quando estiveres assentado fóra, então com ella cavarás, e, virando-te, cobrirás aquillo que saiu de ti.

14 Porquanto o Senhor teu Deus anda no meio do teu arraial, para te livrar, e entregar os teus inimigos diante de ti: pelo que o teu arraial será sancto: para que elle não veja coisa feia em ti, e se torne atraz de ti.

Ácerca de fugitivos, prostitutas, usura e votos.

15 Não entregarás [10] a seu senhor o servo que se acolher a ti de seu senhor;

16 Comtigo ficará no meio de ti, no logar que escolher em alguma das tuas portas, onde lhe estiver bem: não o [11] opprimirás.

17 Não haverá [12] rameira d’entre as filhas d’Israel; nem haverá sodomita d’entre os filhos d’Israel.

18 Não trarás salario de rameira nem preço de cão á casa do Senhor teu Deus por qualquer voto: porque estes ambos são egualmente abominação ao Senhor teu Deus.

19 A teu irmão não emprestarás á [13] usura, nem á usura de dinheiro, nem á usura de comida, nem á usura de qualquer coisa que se empreste á usura.

20 Ao estranho [14] emprestarás á usura, porém a teu irmão não emprestarás á usura: para que o Senhor teu Deus te abençoe [15] em tudo no que pozeres a tua mão, na terra a qual vaes a possuir.

21 Quando votares algum voto [16] ao Senhor teu Deus, não tardarás em pagal-o; porque o Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá peccado.

22 Porém, abstendo-te de votar, não haverá peccado em ti.

23 O que saiu da tua bocca guardarás, [17] e o farás; trazendo a offerta voluntaria, assim como votaste ao Senhor teu Deus, o que declaraste pela tua bocca.

24 Quando entrares na vinha do teu proximo, comerás uvas conforme ao teu desejo até te fartares, porém não as porás no teu vaso.

25 Quando entrares na seara do teu proximo, com a tua mão arrancarás [18] as espigas; porém não metterás a foice na seara do teu proximo.

[1] Neh. 13.1, 2.

[2] cap. 2.29.

[3] Num. 22.5.

[4] Esd. 9.12.

[5] Gen. 25.24, 25, 26. Abd. 10, 12.

[6] Exo. 22.21 e 23.9. Lev. 19.34. cap. 10.19.

[7] Lev. 15.16.

[8] Lev. 15.5.

[9] Lev. 26.12.

[10] I Sam. 30.15.

[11] Exo. 22.21.

[12] Lev. 19.29. Pro. 2.16. Gen. 19.5. II Reis 23.7.

[13] Exo. 22.25. Lev. 25.36, 37. Neh. 5.2, 7. Psa. 15.5. Luc. 6.34, 35.

[14] Lev. 19.34. cap. 15.3.

[15] cap. 15.10.

[16] Num. 30.2. Ecc. 5.4.

[17] Num. 30.2. Psa. 66.14.

[18] Mat. 12.1. Mar. 2.23. Luc. 6.1.

Ácerca do divorcio, dos penhores, dos roubadores e da lepra.

24 Quando um [1] homem tomar uma mulher, e se casar com ella, então será que, se não achar graça em seus olhos, por n’ella achar coisa feia, elle lhe fará escripto de repudio, e lh’o dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.

2 Se, pois, saindo da sua casa, fôr, e se casar com outro homem,

3 E este ultimo homem a aborrecer, e lhe fizer escripto de repudio, e lh’o dér na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este ultimo homem, que a[198] tomou para si por mulher, vier a morrer,

4 Então seu primeiro [2] marido, que a despediu, não poderá tornar a tomal-a, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada: pois é abominação perante o Senhor; assim não farás peccar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.

5 Quando algum [3] homem tomar uma mulher nova não sairá á guerra, nem se lhe imporá carga alguma; por um anno inteiro ficará livre na sua casa, e alegrará a sua mulher, [4] que tomou.

6 Não se tomarão em penhor as mós ambas, nem a mó de cima nem a de baixo; pois se penhoraria assim a vida.

7 Quando se achar [5] alguem que furtar um d’entre os seus irmãos, dos filhos d’Israel, e com elle ganhar, e o vender, o tal ladrão morrerá, e tirarás o [6] mal do meio de ti.

8 Guarda-te da praga [7] da lepra, que tenhas grande cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer.

9 Lembra-te [8] do que o Senhor teu Deus fez a Miriam no caminho, quando saiste do Egypto.

Ácerca de emprestimos.

10 Quando emprestares alguma coisa ao teu proximo, não entrarás em sua casa, para lhe tirar o penhor.

11 Fóra estarás; e o homem, a quem emprestaste, te trará fóra o penhor.

12 Porém, se fôr homem pobre, te não deitarás com o seu penhor.

13 Em se pondo o sol, certamente lhe [9] restituirás o penhor; para que durma na sua roupa, e te abençoe: e isto te será justiça diante [10] do Senhor teu Deus.

Caridade para com os pobres, os estrangeiros e os orphãos.

14 Não opprimirás [11] o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que estão na tua terra e nas tuas portas.

15 No seu dia [12] lhe darás o seu jornal, e o sol se não porá sobre isso: porquanto pobre é, e sua alma se atém a isso: para que não [13] clame contra ti ao Senhor, e haja em ti peccado.

16 Os paes não morrerão pelos filhos, nem [14] os filhos pelos paes: cada qual morrerá pelo seu peccado.

17 Não perverterás [15] o direito do estrangeiro e do orphão; nem tomarás em penhor a roupa [16] da viuva.

18 Mas lembrar-te-has [17] de que foste servo no Egypto, e de que o Senhor te livrou d’ali: pelo que te ordeno que faças isto.

19 Quando no teu campo segares a tua sega, e esqueceres uma [HL] gavela no campo, não tornarás a tomal-a; para o estrangeiro, para o orphão, e para a viuva será; para que o Senhor teu Deus te abençoe [18] em toda a obra das tuas mãos.

20 Quando sacudires a tua oliveira, não tornarás atraz de ti a sacudir os ramos: para o estrangeiro, para o orphão, e para a viuva será.

21 Quando vindimares a tua vinha, não tornarás atraz de ti a rabiscal-a: para o estrangeiro, para o orphão, e para a viuva será.

22 E lembrar-te-has de que foste servo na terra do Egypto: pelo que te ordeno que faças isto.

[1] Mat. 5.31 e 19.7. Mar. 10.4.

[2] Jer. 3.1.

[3] cap. 20.7.

[4] Pro. 5.18.

[5] Exo. 21.16.

[6] cap. 19.19.

[7] Lev. 13.2 e 14.2.

[8] Luc. 17.32. I Cor. 10.6. Num. 12.10.

[9] Exo. 22.26.

[10] Job 29.11, 13 e 31.20. II Cor. 9.13. II Tim. 1.18. cap. 6.25. Psa. 106.31 e 112.9. Dan. 4.27.

[11] Mal. 3.5.

[12] Lev. 19.13. Jer. 22.13. Thi. 5.4.

[13] Thi. 5.4.

[14] II Reis 14.6. II Chr. 25.4. Jer. 31.29. Eze. 18.20.

[15] Exo. 22.21. Pro. 22.22. Isa. 1.23. Jer. 5.28 e 22.3. Eze. 22.89. Zac. 7.10. Mal. 3.5.

[16] Exo. 22.26.

[17] ver. 22. cap. 16.12.

[18] cap. 15.10. Psa. 41.2. Pro. 19.17.

A pena de açoites.

25 Quando houver [1] contenda entre alguns, e vierem ao juizo, para que os julguem, [2] ao justo justificarão, e ao injusto condemnarão.

2 E será que, se o injusto merecer açoites, [3] o juiz o fará deitar, e o fará açoitar diante de si, quanto bastar pela sua injustiça, por certa conta.

3 Quarenta [4] açoites lhe fará dar, não mais; para que, porventura, se lhe fizer dar mais açoites do que estes, teu irmão não fique [5] envilecido aos teus olhos.

4 Não atarás [6] a bocca ao boi, quando trilhar.

A obrigação de um homem casar com a viuva do seu irmão.

5 Quando alguns irmãos [7] morarem juntos, e algum d’elles morrer, e não tiver filho, então a mulher do defunto não se casará com homem estranho de fóra; seu cunhado entrará a ella, e a tomará por mulher, e fará a obrigação de cunhado para com ella.

6 E será que o primogenito que ella[199] parir estará [8] em nome de seu irmão defunto; para que o seu [9] nome se não apague em Israel.

7 Porém, se o tal homem não quizer tomar sua cunhada, subirá então sua cunhada á [10] porta dos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não quer fazer para comigo o dever de cunhado.

8 Então os anciãos da sua cidade o chamarão, e com elle fallarão: e, se elle ficar n’isto, e disser; Não [11] quero tomal-a;

9 Então sua cunhada se chegará a elle aos olhos dos anciãos; e lhe descalçará [12] o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não edificar [13] a casa de seu irmão:

10 E o seu nome se chamará em Israel: A casa do descalçado.

11 Quando pelejarem dois homens, um contra o outro, e a mulher d’um chegar para livrar a seu marido da mão do que o fere, e ella estender a sua mão, e lhe pegar pelas suas vergonhas,

12 Então cortar-lhe-has a mão: [14] não a poupará o teu olho.

Pesos e medidas justas.

13 Na tua bolsa não terás [15] diversos pesos, um grande e um pequeno.

14 Na tua casa não terás duas sortes d’epha, uma grande e uma pequena.

15 Peso inteiro e justo terás; epha inteira e justa terás; para que se prolonguem os teus dias [16] na terra que te dará o Senhor teu Deus.

16 Porque abominação é ao Senhor teu Deus todo aquelle que faz isto, [17] todo aquelle que fizer injustiça.

Amalek será destruido.

17 Lembra-te [18] do que te fez Amalek no caminho, quando saieis do Egypto;

18 Como te saiu ao encontro no caminho, e te derribou na rectaguarda todos os fracos que iam após ti, estando tu cançado e afadigado; e não temeu [19] a Deus.

19 Será pois que, quando [20] o Senhor teu Deus te tiver dado repouso de todos os teus inimigos em redor, na terra que o Senhor teu Deus te dará por herança, para possuil-a, então apagarás [21] a memoria de Amalek de debaixo do céu: não te esqueças.

[1] cap. 19.17. Eze. 44.24.

[2] Pro. 17.15.

[3] Luc. 12.48. Mat. 10.17.

[4] II Cor. 11.24.

[5] Job 18.3.

[6] Pro. 12.10. I Cor. 9.9. I Tim. 5.18.

[7] Mat. 22.24. Mar. 12.19. Luc. 20.28.

[8] Gen. 38.9.

[9] Ruth 4.10.

[10] Ruth 4.1, 2.

[11] Ruth 4.6.

[12] Ruth 4.7.

[13] Ruth 4.11.

[14] cap. 19.13.

[15] Lev. 19.35, 36. Pro. 11.1. Eze. 45.10. Miq. 6.11.

[16] Exo. 20.12.

[17] Pro. 11.1. I The. 4.6.

[18] Exo. 17.8.

[19] Psa. 36.2. Pro. 16.6. Rom. 3.18.

[20] I Sam. 15.3.

[21] Exo. 17.14.

As primicias da terra.

26 E será que, quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dér por herança, e a possuires, e n’ella habitares,

2 Então tomarás [1] das primicias de todos os fructos da terra, que trouxeres da tua terra, que te dá o Senhor teu Deus, e as porás n’um cesto, e irás ao logar [2] que escolher o Senhor teu Deus, para ali fazer habitar o seu nome.

3 E virás ao sacerdote, que n’aquelles dias fôr, e dir-lhe-has: Hoje declaro perante o Senhor teu Deus que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos paes dar-nos.

4 E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do Senhor teu Deus.

5 Então protestarás perante o Senhor teu Deus, e dirás: Syro [3] miseravel foi meu pae, e desceu [4] ao Egypto, e ali peregrinou com pouca gente: porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa e numerosa.

6 Mas os egypcios [5] nos maltrataram e nos affligiram, e sobre nós pozeram uma dura servidão.

7 Então clamámos [6] ao Senhor Deus de nossos paes; e o Senhor ouviu a nossa voz, e attentou para a nossa miseria, e para o nosso trabalho, e para a nossa oppressão.

8 E o Senhor nos tirou [7] do Egypto com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, [8] e com signaes, e com milagres;

9 E nos trouxe a este logar, e nos deu esta terra, [9] terra que mana leite e mel.

10 E eis que agora eu trouxe as primicias dos fructos da terra que tu, ó Senhor, me déste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te inclinarás perante o Senhor teu Deus.

11 E te alegrarás [10] por todo o bem que o Senhor teu Deus te tem dado a ti e á tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.

Oração d’aquelle que deu os dizimos.

12 Quando acabares de dizimar todos os dizimos [11] da tua novidade no anno terceiro, que é o anno dos dizimos, então a darás ao levita, ao estrangeiro, ao orphão e á viuva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem:

[200]

13 E dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei [HM] o que é consagrado de minha casa, e dei tambem ao levita, e ao estrangeiro, e ao orphão e á viuva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado: nada traspassei dos teus mandamentos, nem [12] d’elles me esqueci.

14 D’elle não comi [13] na minha tristeza, nem d’elle nada tirei para immundicia, nem d’elle dei para algum morto: obedeci á voz do Senhor meu Deus; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito.

15 Olha [14] desde a tua sancta habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos déste, como juraste a nossos paes, terra que mana leite e mel.

16 N’este dia o Senhor teu Deus te manda fazer estes estatutos e juizos: guarda-os pois, e faze-os com todo o teu coração e com toda a tua alma.

17 Hoje [15] fizeste dizer ao Senhor que te será por Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juizos, e darás ouvidos á sua voz.

18 E o Senhor [16] hoje te fez dizer que lhe serás por povo seu proprio, como te tem dito, e que guardarás todos os seus mandamentos.

19 Para assim te exaltar sobre todas as nações [17] que fez, para louvor, e para fama, e para gloria, e para que sejas um povo sancto ao [18] Senhor teu Deus, como tem dito.

[1] Exo. 23.19 e 34.26. Num. 17.13. cap. 16.10. Pro. 3.9.

[2] cap. 12.5.

[3] Ose. 12.12. Gen. 43.1, 2 e 45.7, 11.

[4] Gen. 46.1. Act. 7.15. Gen. 46.27. cap. 10.22.

[5] Exo. 1.11, 14.

[6] Exo. 2.23, 24, 25 e 3.9 e 4.31.

[7] Exo. 12.37, 51 e 13.3, 14, 16. cap. 5.15.

[8] cap. 4.34.

[9] Exo. 3.8.

[10] cap. 12.7, 12, 18 e 16.11.

[11] Lev. 27.30. Num. 18.24. cap. 14.28, 29.

[12] Psa. 119.141, 153, 176.

[13] Lev. 7.20 e 21.1, 11. Ose. 9.4.

[14] Isa. 63.15. Zac. 2.13.

[15] Exo. 20.19.

[16] Exo. 6.7 e 19.5. cap. 7.6 e 14.2 e 28.9.

[17] cap. 4.7, 8 e 28.1. Psa. 149.14.

[18] Exo. 19.6. cap. 7.6 e 28.9. I Ped. 2.9.

A ordem de levantar um padrão e gravar n’elle a lei.

27 E deram ordem, Moysés e os anciãos, ao povo de Israel, dizendo: Guardae todos estes mandamentos que hoje vos ordeno:

2 Será pois que, no dia em que passares [1] o Jordão á terra que te dér o Senhor teu Deus, levantar-te-has [2] umas pedras grandes, e as caiarás com cal.

3 E, havendo-o passado, escreverás n’ellas todas as palavras d’esta lei, para entrares na terra que te dér o Senhor teu Deus, terra que mana leite e mel, como te disse o Senhor Deus de teus paes.

4 Será pois que, quando houveres passado o Jordão, levantareis estas pedras, que hoje vos ordeno, no monte [3] Ebal, e as caiarás com cal.

5 E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, [4] um altar de pedras; não alçarás ferro sobre ellas.

6 De pedras inteiras edificarás o altar do Senhor teu Deus: e sobre elle offerecerás holocaustos ao Senhor teu Deus.

7 Tambem sacrificarás offertas pacificas, e ali comerás perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás.

8 E n’estas pedras escreverás todas as palavras d’esta lei, exprimindo-as bem.

9 Fallou mais Moysés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Escuta e ouve, ó Israel! [5] n’este dia vieste a ser por povo ao Senhor teu Deus.

10 Portanto obedecerás á voz do Senhor teu Deus, e farás os seus mandamentos e os seus estatutos que hoje te ordeno.

As maldições que serão lançadas do monte Ebal.

11 E Moysés deu ordem n’aquelle dia ao povo, dizendo:

12 Quando houverdes passado o Jordão, estes estarão sobre o monte Gerizim, [6] para abençoarem o povo: Simeão, e Levi, e Judah, e Issacar, e José, e Benjamin;

13 E estes estarão [7] para amaldiçoar sobre o monte Ebal: Ruben, Gad, e Aser, e Zebulon, Dan e Naphtali.

14 E os levitas [8] protestarão a todo o povo de Israel em alta voz, e dirão:

15 Maldito [9] o homem que fizer imagem de esculptura, ou de fundição, abominação ao Senhor, obra da mão do artifice, e a pozer em um logar escondido. [10] E todo o povo responderá, e dirá: Amen.

16 Maldito [11] aquelle que desprezar a seu pae ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amen.

17 Maldito [12] aquelle que arrancar o termo do seu proximo. E todo o povo dirá: Amen.

18 Maldito [13] aquelle que fizer que o cego erre do caminho. E todo o povo dirá: Amen.

19 Maldito [14] aquelle que perverter[201] o direito do estrangeiro, do orphão e da viuva. E todo o povo dirá: Amen.

20 Maldito [15] aquelle que se deitar com a mulher de seu pae, porquanto descobriu a ourela de seu pae. E todo o povo dirá: Amen.

21 Maldito [16] aquelle que se deitar com algum animal. E todo o povo dirá: Amen.

22 Maldito [17] aquelle que se deitar com sua irmã, filha de seu pae, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amen.

23 Maldito [18] aquelle que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá: Amen.

24 Maldito [19] aquelle que ferir ao seu proximo em occulto. E todo o povo dirá: Amen.

25 Maldito [20] aquelle que tomar peita para ferir a alguma pessoa, o sangue do innocente. E todo o povo dirá: Amen.

26 Maldito [21] aquelle que não confirmar as palavras d’esta lei, não as fazendo. E todo o povo dirá: Amen.

[1] Jos. 4.1.

[2] Jos. 8.32.

[3] cap. 11.29. Jos. 8.30.

[4] Exo. 20.25. Jos. 8.31.

[5] cap. 26.18.

[6] cap. 11.19. Jos. 8.33. Jui. 9.7.

[7] cap. 12.19. Jos. 8.33.

[8] cap. 33.10. Dan. 9.11.

[9] Exo. 20.4, 23 e 34.17. Lev. 19.4 e 26.1. cap. 4.16, 23 e 5.8. Isa. 44.9. Ose. 13.2.

[10] Num. 5.22. Jer. 11.5. I Cor. 14.16.

[11] Exo. 20.12 e 21.17. Lev. 19.3. cap. 21.18.

[12] cap. 19.14. Pro. 22.28.

[13] Lev. 19.14.

[14] Exo. 22.21. cap. 10.18 e 24.17. Mat. 3.5.

[15] Lev. 18.8 e 20.11. cap. 22.30.

[16] Lev. 18.23 e 20.15.

[17] Lev. 18.9 e 20.15.

[18] Lev. 18.17 e 20.14.

[19] Exo. 20.13 e 21.12, 14. Lev. 24.17. Num. 35.31. cap. 19.11.

[20] Exo. 23.7. cap. 10.17 e 16.19. Eze. 22.15.

[21] cap. 28.15. Psa. 119.21. Jer. 11.3. Gal. 3.10.

As bençãos que serão lançadas do monte Gerizim.

28 E será que, [1] se ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te ordeno hoje, o Senhor teu Deus te exaltará [2] sobre todas as nações da terra.

2 E todas estas bençãos virão sobre ti [3] e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus:

3 Bemdito [4] serás tu na cidade, e bemdito serás no campo.

4 Bemdito [5] o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, e o fructo dos teus animaes; e a criação das tuas vaccas, e [HN] os rebanhos das tuas ovelhas.

5 Bemdito o teu cesto e a tua amassadeira;

6 Bemdito serás [6] ao entrares, e bemdito serás ao saires.

7 O Senhor entregará [7] os teus inimigos, que se levantarem contra ti, feridos diante de ti: por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos fugirão diante de ti.

8 O Senhor mandará [8] a benção, que esteja comtigo nos teus celeiros, e em tudo o que puzeres a tua mão: e te abençoará na terra que te der o Senhor teu Deus.

9 O Senhor [9] te confirmará para si por povo sancto, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos seus caminhos.

10 E todos os povos da terra verão que é chamado [10] sobre ti o nome do Senhor, [11] e terão temor de ti.

11 E o Senhor [12] te fará abundar de bem no fructo do teu ventre, e no fructo dos teus animaes, e no fructo da tua terra, sobre a terra que o Senhor jurou a teus paes te dar.

12 O Senhor te abrirá o seu bom thesouro, o céu, [13] para dar chuva á tua terra no seu tempo, e para [14] abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás [15] a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.

13 E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; [16] e só estarás em cima, e não debaixo, quando obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e fazer.

14 E não te desviarás [17] de todas as palavras que hoje te ordeno, nem para a direita nem para a esquerda, para andares após outros deuses, para os servires.

Castigos por desobediencia.

15 Será porém que, se não deres ouvidos [18] á voz do Senhor teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então sobre ti virão todas estas maldições, e te [19] alcançarão:

16 Maldito [20] serás tu na cidade, e maldito serás no campo.

17 Maldito o teu cesto e a tua amassadeira;

18 Maldito o fructo do teu ventre, e o fructo da tua terra, e a criação das tuas vaccas, e os rebanhos das tuas ovelhas.

[202]

19 Maldito serás ao entrares, e maldito serás ao saires.

20 O Senhor mandará sobre ti a maldição; [21] a turbação e a perdição em tudo em que puzeres a tua mão para fazer; até que sejas destruido, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, com que me deixaste.

21 O Senhor te fará pegar a pestilencia, [22] até que te consuma da terra a que passas a possuir.

22 O Senhor te ferirá [23] com a tisica e com a febre, e com a quentura, e com o ardor, [24] e com a seccura, e com corrupção de sementeiras e com ferrugem; e te perseguirão até que pereças.

23 E os teus céus [25] que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro.

24 O Senhor por chuva da tua terra te dará pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças.

25 O Senhor [26] te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho sairás contra elles, e por sete caminhos fugirás diante d’elles, e serás espalhado [27] por todos os reinos da terra.

26 E o teu cadaver [28] será por comida a todas as aves dos céus, e aos animaes da terra: e ninguem os espantará.

27 O Senhor te ferirá com as ulceras do Egypto, [29] com hemorrhoidas, e com sarna, e com coceira, de que não possas curar-te;

28 O Senhor te ferirá com loucura, [30] e com cegueira, e com pasmo do coração:

29 E apalparás [31] ao meio dia, como o cego apalpa na escuridade, e não prosperarás nos teus caminhos: porém sómente serás opprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve.

30 Desposar-te-has [32] com uma mulher, porém outro homem dormirá com ella; edificarás [33] uma casa, porém não morarás n’ella; plantarás [34] uma vinha, porém não lograrás o seu fructo.

31 O teu boi será morto aos teus olhos, porém d’elle não comerás: o teu jumento será roubado diante de ti, e não voltará a ti: as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve.

32 Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o verão, [35] e após d’elles desfallecerão todo o dia; porém não haverá poder na tua mão.

33 O fructo [36] da tua terra e todo o teu trabalho comerá um povo que nunca conheceste: e tu serás opprimido e quebrantado todos os dias.

34 E serás louco [37] pelo que verás com os teus olhos.

35 O Senhor te ferirá [38] com ulceras malignas nos joelhos e nas pernas, de que não possas sarar, desde a planta do teu pé até ao alto da cabeça.

36 O Senhor te levará a ti [39] e a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma gente que não conheceste, nem tu nem teus paes; e ali servirás a [40] outros deuses, ao pau e á pedra.

37 E serás por pasmo, por ditado, [41] e por fabula entre todos os povos a que o Senhor te levará.

38 Lançarás [42] muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o [43] gafanhoto a consumirá.

39 Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá.

40 Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira.

41 Filhos e filhas gerarás; porém não serão para ti; porque irão em [44] captiveiro.

42 Todo o teu arvoredo e o fructo da tua terra consumirá a lagarta.

43 O estrangeiro, que está no meio de ti, se elevará muito sobre ti, e tu mui baixo descerás;

44 Elle [45] te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a elle: elle será por [46] cabeça, e tu serás por cauda.

45 E todas [47] estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruido: porquanto não haverás dado ouvidos á voz do Senhor teu Deus, para guardar os seus mandamentos, e o seus estatutos, que te tem ordenado:

46 E serão entre ti por signal e por maravilha, [48] como tambem entre a tua semente para sempre.

47 Porquanto [49] não haverás servido ao Senhor teu Deus com alegria e bondade de coração, [50] pela abundancia de tudo.

[203]

48 Assim servirás aos teus inimigos, que o Senhor enviará contra ti, com fome, e com sede, e com nudez, e com falta de tudo: e sobre o teu pescoço porá um jugo [51] de ferro, até que te tenha destruido.

49 O Senhor [52] levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que vôa como a aguia, [53] nação cuja lingua não entenderás;

50 Nação feroz de rosto, que [54] não attentará para o rosto do velho, nem se apiedará do moço;

51 E comerá [55] o fructo dos teus animaes, e o fructo da tua terra, até que sejas destruido; e não te deixará grão mosto, nem azeite, creação das tuas vaccas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que te tenha consumido;

52 E te angustiará [56] em todas as tuas portas, até que venham a cair os teus altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te angustiará até em todas as tuas portas, em toda a tua terra que te tem dado o Senhor teu Deus:

53 E comerás [57] o fructo do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.

54 Quanto ao homem mais mimoso e mui delicado entre ti, o seu olho será maligno [58] contra o seu irmão, e contra a mulher de seu regaço, e contra os demais de seus filhos que ainda lhe ficarem;

55 De sorte que não dará a nenhum d’elles da carne de seus filhos, que elle comer; porquanto nada lhe ficou de resto no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas.

56 E quanto á mulher mais mimosa e delicada entre ti, que de mimo e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu pé sobre a terra, será maligno o seu olho [59] contra o homem de seu regaço, e contra seu filho, e contra sua filha;

57 E isto por causa de suas páreas, que sairem [60] d’entre os seus pés, e por causa de seus filhos que parir; porque os comerá ás escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas.

58 Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras d’esta lei, que estão escriptas n’este livro, para temeres este nome glorioso [61] e terrivel, o Senhor teu Deus,

59 Então o Senhor fará maravilhosas as tuas pragas, [62] e as pragas de tua semente, grandes e certas pragas, e enfermidades más e certas;

60 E fará tornar sobre ti todos os males do [63] Egypto, de que tu tiveste temor, e se apegarão a ti.

61 Tambem o Senhor fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não está escripta no livro d’esta lei, até que sejas destruido.

62 E ficareis [64] poucos homens, em logar de haverem sido como as estrellas dos céus em multidão: porquanto não déstes ouvidos á voz do Senhor teu Deus.

63 E será que, assim como [65] o Senhor se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o Senhor se deleitara em vós, em [66] destruir-vos e consumir-vos; e desarreigados sereis da terra a qual tu passas a possuir.

64 E o Senhor vos espalhará [67] entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até á outra extremidade da terra: e ali servirás [68] a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus paes: ao pau e á pedra.

65 E nem ainda [69] entre as mesmas gentes descançarás, nem a planta de teu pé terá repouso: porquanto [70] o Senhor ali te dará coração tremente, e desfallecimento dos olhos, e desmaio da alma.

66 E a tua vida como em suspenso estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua propria vida.

67 Pela manhã dirás: [71] Ah! quem me déra ver a noite! E á tarde dirás: Ah! quem me déra ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos.

68 E o Senhor te fará voltar ao Egypto em navios, pelo caminho [72] de que te tenho dito: Nunca jámais o verás: e ali sereis vendidos por servos e por servas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre.

[1] Exo. 15.26. Lev. 26.3. Isa. 55.2.

[2] cap. 26.19.

[3] ver. 15. Zac. 1.6.

[4] Psa. 128.1, 4. Gen. 39.5. Gen. 22.17.

[5] Gen. 49.25. cap. 7.13. Psa. 107.38 e 127.3. Pro. 10.22. I Tim. 4.8.

[6] Psa. 121.8.

[7] ver. 25. Lev. 26.7, 8. II Sam. 22.38, 39, 41. Psa. 89.24.

[8] Lev. 25.21. cap. 15.10.

[9] Exo. 19.6. cap. 7.6 e 26.18, 19 e 29.13.

[10] Num. 6.27. II Sam. 7.14. Isa. 63.19. Dan. 9.18.

[11] cap. 11.25.

[12] ver. 4. cap. 30.9. Pro. 10.22.

[13] Lev. 26.4. cap. 11.14.

[14] cap. 14.29.

[15] cap. 15.6.

[16] Isa. 9.14, 15.

[17] cap. 5.32 e 11.16.

[18] Lev. 26.14. Lam. 2.17. Dan. 9.11, 13. Mal. 2.2.

[19] ver. 2.

[20] ver. 3, etc.

[21] Mal. 2.2. I Sam. 14.20. Zac. 14.13. Psa. 80.17. Isa. 30.17 e 51.20 e 66.15.

[22] Lev. 26.25. Jer. 24.10.

[23] Lev. 26.16.

[24] Amós 4.9.

[25] Lev. 26.19.

[26] Lev. 26.17, 37. cap. 32.30. Isa. 30.17.

[27] Jer. 15.4 e 24.9. Eze. 23.46.

[28] I Sam. 17.44, 46. Psa. 79.2. Jer. 7.38 e 16.4 e 34.20.

[29] ver. 35. Exo. 9.9 e 15.26. I Sam. 5.6. Psa. 78.66.

[30] Jer. 4.9.

[31] Job 5.14. Isa. 59.10.

[32] Job 31.10. Jer. 8.10.

[33] Jer. 12.13. Amós 5.11. Miq. 6.15. Sof. 1.13.

[34] cap. 20.6.

[35] Psa. 119.82.

[36] ver. 51. Lev. 26.16. Jer. 5.17.

[37] ver. 67.

[38] ver. 27.

[39] II Reis 17.4, 6 e 24.12, 14 e 25.7, 11. II Chr. 33.11 e 36.6, 20.

[40] ver. 46. cap. 4.28. Jer. 16.13.

[41] Jer. 24.9 e 25.9. Zac. 8.13. Psa. 44.14.

[42] Miq. 6.15. Agg. 1.6.

[43] Joel 1.4.

[44] Lam. 1.5.

[45] ver. 12.

[46] ver. 13.

[47] ver. 15.

[48] Isa. 8.18. Eze. 14.8.

[49] Neh. 9.35, 36, 37.

[50] cap. 32.15.

[51] Jer. 28.14.

[52] Jer. 5.15 e 6.22, 23. Luc. 19.43.

[53] Jer. 48.40 e 49.22. Lam. 4.19. Eze. 17.3, 12. Ose. 8.1.

[54] II Chr. 36.17. Isa. 47.6.

[55] ver. 33. Isa. 1.7 e 62.8.

[56] II Sam. 25.1, 2, 4.

[57] Lev. 26.29. II Reis 6.28, 29. Jer. 19.19. Lam. 2.20 e 4.10.

[58] cap. 15.9 e 13.6.

[59] ver. 54.

[60] Gen. 49.10.

[61] Exo. 6.3.

[62] Dan. 9.12.

[63] cap. 7.15.

[64] cap. 4.27 e 10.22. Neh. 9.23.

[65] cap. 30.9. Jer. 32.41.

[66] Pro. 1.26. Isa. 1.24.

[67] Lev. 26.33. cap. 4.27. Neh. 1.8. Jer. 16.13.

[68] ver. 36.

[69] Amós 9.4.

[70] Lev. 26.16, 36.

[71] Job 7.4. ver. 34.

[72] Jer. 43.7. Ose. 8.13 e 9.3. cap. 17.16.

[204]

Deus faz um novo pacto com o povo.

29 Estas são as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moysés na terra de Moab, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto [1] que fizera com elles em Horeb.

2 E chamou Moysés a todo o Israel, e disse-lhes: Tendes visto [2] tudo quanto o Senhor fez na terra do Egypto, perante vossos olhos, a Pharaó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra:

3 As grandes provas [3] que os teus olhos teem visto, aquelles signaes e grandes maravilhas:

4 Porém não vos tem dado [4] o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje.

5 E quarenta annos vos fiz [5] andar pelo deserto: não se envelheceram sobre vós os vossos vestidos, e nem se envelheceu no teu pé o teu sapato.

6 Pão não comestes, [6] e vinho e bebida forte não bebestes: para que soubesseis que eu sou o Senhor vosso Deus.

7 Vindo vós pois a este logar, Sehon, [7] rei de Hesbon, e Og, rei de Basan, nos sairam ao encontro, á peleja, e nós os ferimos:

8 E tomámos a sua terra, e a démos [8] por herança aos rubenitas, e aos gaditas, e á meia tribu dos manassitas.

9 Guardae [9] pois as palavras d’este concerto, e fazei-as, para que [HO] prospereis [10] em tudo quanto fizerdes.

10 Vós todos estaes hoje perante o Senhor vosso Deus: os Cabeças de vossas tribus, vossos anciãos, e os vossos officiaes, todo o homem de Israel;

11 Os vossos meninos, as vossas mulheres, e o estrangeiro que está no meio do teu arraial; desde o rachador da tua lenha [11] até ao tirador da tua agua;

12 Para que entres no concerto do Senhor teu Deus, e no seu [12] juramento que o Senhor teu Deus hoje faz comtigo;

13 Para que hoje [13] te confirme a si por povo, e elle te seja a ti por Deus, como te tem dito, e como jurou a teus paes, Abrahão, Isaac e Jacob.

14 E não sómente comvosco [14] faço este concerto e este juramento,

15 Mas com aquelle que hoje está aqui em pé comnosco perante o Senhor nosso Deus, e com [15] aquelle que hoje não está aqui comnosco.

16 Porque vós sabeis como habitámos na terra do Egypto, e como passámos pelo meio das nações pelas quaes passastes;

17 E vistes as suas abominações, e os seus idolos, o pau e a pedra, a prata e o oiro que havia entre elles.

18 Para que entre vós não haja homem, nem mulher, nem familia, nem tribu, cujo coração [16] hoje se desvie do Senhor nosso Deus, para que vá servir aos deuses d’estas nações; para que entre [17] vós não haja raiz que dê fel e absintho;

19 E aconteça que, ouvindo as palavras d’esta maldição, se abençôe no seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme ao bom parecer [18] do meu coração; para accrescentar á sêde a bebedice.

20 O Senhor não lhe quererá perdoar; mas então fumegará [19] a ira do Senhor e o seu zelo sobre o tal homem, e toda a maldição escripta n’este livro jazerá sobre elle; e o Senhor apagará [20] o seu nome de debaixo do céu.

21 E o Senhor o separará para mal [21] de todas as tribus de Israel, conforme a todas as maldições do concerto escripto no livro d’esta lei.

22 Então dirá a geração vindoura, os vossos filhos, que se levantarem depois de vós, e o estranho que virá de terras remotas, vendo as pragas d’esta terra, e as suas doenças, com que o Senhor a terá affligido;

23 E toda a sua terra abrazada com enxofre e sal, [22] de sorte que não será semeada, e nada produzirá, nem n’ella crescerá herva alguma: assim como foi a [23] destruição de Sodoma e de Gomorrha, de Adama e de Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor.

24 E todas as nações dirão: Porque fez [24] o Senhor assim com esta terra? qual foi a causa do furor d’esta tão grande ira?

25 Então se dirá: Porquanto deixaram o concerto do Senhor, o Deus de seus paes, que com elles tinha feito, quando os tirou do Egypto.

26 E elles foram-se, e serviram a outros deuses, e se inclinaram diante d’elles; deuses que os não conheceram, e nenhum dos quaes elle lhes tinha dado.

[205]

27 Pelo que a ira do Senhor se accendeu contra esta terra, para trazer [25] sobre ella toda a maldição que está escripta n’este livro.

28 E o Senhor os tirou da sua terra com ira, e com indignação, e com grande furor, e os lançou em [26] outra terra, como n’este dia se vê.

29 As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos para sempre, para fazer todas as palavras d’esta lei.

[1] cap. 5.2, 3.

[2] Exo. 19.4.

[3] cap. 4.34 e 7.19.

[4] Isa. 6.9, 10 e 63.17. João 8.43. Act. 28.26, 27. Eph. 4.18. II The. 2.11, 12.

[5] cap. 1.3 e 8.2, 4.

[6] Exo. 16.12. cap. 8.3. Psa. 78.24.

[7] Num. 21.23, 24, 33. cap. 2.32 e 3.1.

[8] Num. 32.33. cap. 3.12.

[9] cap. 4.6. Jos. 1.7. I Reis 2.3.

[10] Jos. 1.7.

[11] Jos. 9.21, 23, 27.

[12] Neh. 10.29.

[13] cap. 28.9. Exo. 6.7. Gen. 17.7.

[14] Jer. 31.31, 32, 33. Heb. 8.7, 8.

[15] Act. 2.39. I Cor. 7.14.

[16] cap. 11.16.

[17] Act. 8.23. Heb. 12.15.

[18] Num. 15.39. Ecc. 11.9. Isa. 30.1.

[19] Eze. 14.7, 8. Psa. 74.1 e 79.5. Eze. 23.25.

[20] cap. 9.14.

[21] Mat. 24.51.

[22] Psa. 107.34. Jer. 17.6. Sof. 2.9.

[23] Gen. 19.24. Jer. 20.16.

[24] I Reis 9.8. Jer. 22.8, 9.

[25] Dan. 9.11, 13, 14.

[26] I Reis 14.15. II Chr. 7.20. Psa. 52.7. Pro. 2.22.

A misericordia de Deus para com os que se arrependem.

30 E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, [1] a benção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares [2] d’ellas entre todas as nações, para onde te lançar o Senhor teu Deus;

2 E te converteres [3] ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos á sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma;

3 Então o Senhor [4] teu Deus te fará voltar do teu captiveiro, e se apiedará de ti; e tornará a ajuntar-te [5] d’entre todas as nações entre as quaes te espalhou o Senhor teu Deus.

4 Ainda [6] que os teus desterrados estejam para a extremidade do céu, desde ali te ajuntará o Senhor teu Deus, e te tomará d’ali;

5 E o Senhor teu Deus te trará á terra que teus paes possuiram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus paes.

6 E o Senhor [7] teu Deus circumcidará o teu coração, e o coração de tua semente; para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.

7 E o Senhor teu Deus porá todas estas maldições sobre os teus inimigos, e sobre os teus aborrecedores, que te perseguiram.

8 Converter-te-has pois, e darás ouvidos á voz do Senhor; farás todos os seus mandamentos que hoje te ordeno.

9 E [8] o Senhor teu Deus te fará abundar em toda a obra das tuas mãos, no fructo do teu ventre, e no fructo dos teus animaes, e no fructo da tua terra para bem; porquanto o Senhor tornará a alegrar-se em ti para bem, [9] como se alegrou em teus paes;

10 Quando deres ouvidos á voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escriptos n’este livro da lei, quando te converteres ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma.

A lei do Senhor é bem patente.

11 Porque este mandamento, que hoje te ordeno, te não é encoberto, e tão pouco está [10] longe de ti.

12 Não está nos céus, [11] para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que nol-o traga, e nol-o faça ouvir, para que o façamos?

13 Nem tão pouco está d’além do mar, para dizeres: Quem passará por nós d’além do mar, para que nol-o traga, e nol-o faça ouvir, para que o façamos?

14 Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua bocca, e no teu coração, para a fazeres.

15 Vês aqui, [12] hoje te tenho proposto a vida e o bem, e a morte e o mal;

16 Porquanto te ordeno hoje que ames ao Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juizos, para que vivas, e te multipliques, e o Senhor teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir.

17 Porém se o teu coração se desviar, e não quizeres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinar a outros deuses, e os servires,

18 Então eu vos [13] denuncio hoje que, certamente, perecereis: não prolongareis os dias na terra a que vaes, passando o Jordão, para que, entrando n’ella, a possuas;

19 Os céus e a terra [14] tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a benção e a maldição: escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua semente,

20 Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos á sua voz, e te achegando a elle: pois elle é a tua vida, [15] e a longura dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus paes, a Abrahão, a Isaac, e a Jacob, que lhes havia de dar.

[1] Lev. 26.40. cap. 28.

[2] cap. 4.29, 30. I Reis 8.47.

[3] Neh. 1.9. Isa. 55.7. Lam. 3.40. Joel 2.12, 13.

[4] Psa. 106.45. Jer. 29.14. Lam. 3.22, 32.

[5] Jer. 32.37. Eze. 34.13 e 36.24.

[6] cap. 28.64. Neh. 1.9.

[7] cap. 10.16. Jer. 32.39. Eze. 11.19 e 36.26.

[8] cap. 28.11.

[9] cap. 28.63. Jer. 32.41.

[10] Isa. 45.19.

[11] Rom. 10.6, etc.

[12] ver. 1, 19. cap. 11.26.

[13] cap. 4.26 e 8.19.

[14] cap. 4.26 e 31.28. ver. 15.

[15] Psa. 27.1. João 11.25.

[206]

Moysés nomeia Josué seu successor.

31 Depois foi Moysés, e fallou estas palavras a todo o Israel;

2 E disse-lhes: Da edade [1] de cento e vinte annos sou eu hoje: já não poderei mais sair e entrar: além d’isto, o Senhor me disse: Não passarás o Jordão.

3 O Senhor teu Deus passará diante de ti; elle destruirá estas nações diante de ti, para que as possuas: Josué passará diante de ti, como [2] o Senhor tem dito.

4 E o Senhor lhes fará [3] como fez a Sehon e a Og, reis dos amorrheos, e á sua terra, os quaes destruiu.

5 Quando [4] pois o Senhor vol-os der diante de vós, então com elles fareis conforme a todo o mandamento que vos tenho ordenado.

6 Esforçae-vos, e animae-vos; não [5] temaes, nem vos espanteis diante d’elles: porque [6] o Senhor teu Deus é o que vae comtigo: não te deixará nem te desamparará.

7 E chamou Moysés a Josué, e lhe disse aos olhos de todo o Israel: Esforça-te e anima-te; [7] porque com este povo entrarás na terra que o Senhor jurou a teus paes lhes dar; e tu os farás herdal-a.

8 O Senhor pois é aquelle que vae diante de ti; elle será [8] comtigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes.

A lei deve ser lida ao povo de sete em sete annos.

9 E Moysés escreveu esta lei, e a deu [9] aos sacerdotes, [10] filhos de Levi, que levavam a arca do concerto do Senhor, e a todos os anciãos d’Israel.

10 E deu-lhes ordem Moysés, dizendo: Ao fim de cada sete annos, no tempo determinado do anno da [11] remissão, na festa dos tabernaculos,

11 Quando todo o Israel vier a comparecer perante [12] o Senhor teu Deus, no logar que elle escolher, lerás [13] esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos.

12 Ajunta o povo, [14] homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras d’esta lei;

13 E que seus filhos, [15] que a não souberem, ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual ides, passando o Jordão, a possuir.

Deus dá a Josué o encargo do povo.

14 E disse o Senhor a Moysés: Eis-que [16] os teus dias são chegados, para que morras; chama a Josué, e ponde-vos na tenda da congregação, para que eu [17] lhe dê ordem. Assim foi Moysés e Josué, e se puzeram na tenda da congregação.

15 Então o Senhor [18] appareceu na tenda, na columna de nuvem; e a columna de nuvem estava sobre a porta da tenda.

16 E disse o Senhor a Moysés: Eis que dormirás com teus paes: e este povo se levantará, e [19] fornicará em seguimento dos deuses dos estranhos da terra, para o meio dos quaes vae, e me deixará, [20] e annullará o meu concerto que tenho feito com elle.

17 Assim se accenderá a minha ira n’aquelle dia contra elle, [21] e desamparal-o-hei, e esconderei o meu rosto d’elles, para que sejam devorados: e tantos males e angustias o alcançarão, que dirá n’aquelle dia: Não me alcançaram estes males, porquanto o meu Deus não está no [22] meio de mim?

18 Esconderei [23] pois totalmente o meu rosto n’aquelle dia, por todo o mal que tiver feito, por se haver tornado a outros deuses.

Deus põe um cantico na bocca de Josué.

19 Agora pois escrevei-vos este cantico, e ensinae-o aos filhos d’Israel: ponde-o na sua bocca, para que este cantico me seja por testemunha contra [24] os filhos d’Israel.

20 Porque o metterei na terra que jurei a seus paes, que mana leite e mel; e comerá, e se fartará, e se engordará: [25] então se tornará a outros deuses, e os servirá, e me irritarão, e annullarão o meu concerto.

21 E será que, [26] quando o alcançarem[207] muitos males e angustias, então este cantico responderá contra elle por testemunha, pois não será esquecido da bocca de sua semente; porquanto conheço a sua boa imaginação, o que elle faz hoje, [27] antes que o metta na terra que tenho jurado.

22 Assim Moysés escreveu este cantico n’aquelle dia, e o ensinou aos filhos d’Israel.

23 E ordenou [28] a Josué, filho de Nun, e disse: Esforça-te e anima-te; [29] porque tu metterás os filhos d’Israel na terra que lhes jurei; e eu serei comtigo.

24 E aconteceu que, acabando [30] Moysés de escrever as palavras d’esta lei n’um livro, até de todo as acabar,

25 Deu ordem Moysés aos levitas que levavam a arca do concerto do Senhor, dizendo:

26 Tomae este livro da lei, e ponde-o [31] ao lado da arca do concerto do Senhor vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.

27 Porque conheço a tua rebellião e a tua [32] dura cerviz: eis que, vivendo eu ainda hoje comvosco, rebeldes fostes contra o Senhor; e quanto mais depois da minha morte.

28 Ajuntae perante mim todos os anciãos das vossas tribus, e vossos officiaes, e aos vossos ouvidos fallarei estas palavras, e contra elles por testemunhas tomarei [33] os céus e a terra.

29 Porque eu sei que depois da minha morte certamente vos corrompereis, [34] e vos desviareis do caminho que vos ordenei: então este mal vos alcançará [35] nos ultimos dias, quando fizerdes mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira com a obra das vossas mãos.

30 Então Moysés fallou as palavras d’este cantico aos ouvidos de toda a congregação de Israel, até se acabarem.

[1] Exo. 7.7. cap. 34.7. Num. 27.17. I Reis 3.7. Num. 20.12 e 27.13. cap. 3.27 e 9.3.

[2] Num. 27.21. cap. 3.28.

[3] cap. 3.21. Num. 21.24, 33.

[4] cap. 7.2.

[5] Jos. 10.25. I Chr. 22.13. cap. 1.29 e 7.18.

[6] cap. 20.4. Jos. 1.5. Heb. 13.5.

[7] ver. 23. cap. 1.38 e 3.28. Jos. 1.6.

[8] Exo. 13.21, 22 e 33.14. cap. 9.3. Jos. 1.6, 9. I Chr. 28.20.

[9] ver. 25. cap. 17.18.

[10] Num. 4.15. Jos. 3.3. I Chr. 15.12, 15.

[11] cap. 15.1. Lev. 23.24.

[12] cap. 16.16.

[13] Jos. 8.34. II Reis 23.2. Neh. 8.1, 2, 3, etc.

[14] cap. 4.10.

[15] cap. 11.2. Psa. 78.6, 7.

[16] Num. 27.13. cap. 34.5.

[17] ver. 23. Num. 27.19.

[18] Exo. 33.9.

[19] Exo. 32.6 e 34.15. Jui. 2.17.

[20] cap. 32.15. Jui. 2.12, 20 e 19.6, 13.

[21] II Chr. 15.2. cap. 32.20. Psa. 104.29. Isa. 8.17 e 64.7. Eze. 23.39.

[22] Jui. 6.13, 42. Num. 14.

[23] ver. 17.

[24] ver. 26.

[25] cap. 32.15. Neh. 9.25, 26. Ose. 13.6. ver. 16.

[26] ver. 17.

[27] Ose. 5.3 e 13.5, 6. Amós 5.25.

[28] ver. 14.

[29] ver. 7. Jos. 1.6.

[30] ver. 9.

[31] II Reis 22.8. ver. 19.

[32] cap. 9.24 e 32.20. Exo. 32.9. cap. 9.6.

[33] cap. 30.19 e 32.1.

[34] cap. 32.5. Jui. 2.19. Ose. 9.9.

[35] cap. 28.15. Gen. 49.1. cap. 4.30.

Ultimo cantico de Moysés.

32 Inclinae os ouvidos, [1] ó céus, e fallarei: e ouça a terra as palavras da minha bocca.

2 Goteje a minha doutrina [2] como a chuva, distille o meu dito como o orvalho, como [3] chuvisco sobre a herva e como gotas d’agua sobre a relva.

3 Porque apregoarei o nome do Senhor: dae grandeza [4] a nosso Deus.

4 Elle é a Rocha, cuja obra é perfeita, [5] porque todos os seus caminhos juizo são: Deus é a verdade, e [6] não ha n’elle injustiça; justo e recto é.

5 Corromperam-se [7] contra elle, seus filhos elles não são, a sua mancha é d’elles: geração perversa e torcida é.

6 Recompensaes assim [8] ao Senhor, povo louco e ignorante? não é elle teu Pae, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?

7 Lembra-te dos dias da antiguidade, attentae para os annos de muitas gerações: pergunta [9] a teu pae, e elle te informará, aos teus anciãos, e elles t’o dirão.

8 Quando o Altissimo distribuia as [10] heranças ás nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, os termos dos povos tem posto, conforme ao numero dos filhos d’Israel.

9 Porque a porção [11] do Senhor é o seu povo; Jacob é a corda da sua herança.

10 Achou-o na terra do [12] deserto, e n’um ermo solitario cheio de uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, [13] guardou-o como a menina do seu olho.

11 Como [14] a aguia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos, estende as suas azas, toma-os, e os leva sobre as suas azas,

12 Assim só o Senhor o guiou: e não havia com elle deus estranho.

13 Elle o fez cavalgar [15] sobre as alturas da terra, e comeu as novidades do campo, e o fez chupar [16] mel da rocha e azeite da dura pederneira,

14 Manteiga de vaccas, e leite do rebanho, com a gordura [17] dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basan, e dos bodes, com gordura dos rins do trigo; e bebeste o [18] sangue das uvas, o vinho puro.

15 E, engordando-se [19] Jeshurun, deu coices; engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste: e deixou [20] a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação.

16 Com [21] deuses estranhos o provocaram[208] a zelos; com abominações o irritaram.

17 Sacrificios [22] offereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram ha pouco, dos quaes não se estremeceram vossos paes.

18 Esqueceste-te [23] da Rocha que te gerou; e em esquecimento puzeste o Deus que te formou.

19 O que vendo [24] o Senhor, os desprezou, provocado á ira contra seus filhos e suas filhas;

20 E disse: [25] Esconderei o meu rosto d’elles, verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não ha lealdade.

21 A zelos me provocaram [26] com aquillo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram á ira; portanto eu os provocarei [27] a zelos com os que não são povo; com nação louca os despertarei á ira.

22 Porque um fogo [28] se accendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consummirá a terra com a sua novidade, e abrazará os fundamentos dos montes.

23 Males amontoarei [29] sobre elles; as minhas settas esgotarei contra elles.

24 Exhaustos serão de fome, comidos de carbunculo e de peste amarga: e entre elles enviarei dentes [30] de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó.

25 Por fóra devastará a espada, [31] e por dentro o pavor: ao mancebo, juntamente com a virgem, assim á creança de mama, como ao homem de cãs.

26 Eu dizia: [32] Em todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua memoria d’entre os homens,

27 Se eu não receiara a ira do inimigo, [33] para que os seus adversarios o não estranhassem, e para que não digam: A nossa mão está alta; o Senhor não fez tudo isto.

28 Porque são gente falta de conselhos, e n’elles não ha entendimento.

29 Oxalá elles fossem sabios! [34] que isto entendessem, e attentassem para o seu fim!

30 Como pode ser que um [35] só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, [36] e o Senhor os não entregara?

31 Porque [37] a sua rocha não é como a nossa Rocha; sendo até os nossos inimigos juizes d’isto.

32 Porque a sua vinha [38] é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorrha: as suas uvas são uvas de fel, [39] cachos amargosos teem.

33 O seu vinho é ardente veneno de dragões, e peçonha cruel de viboras.

34 Não está isto [40] encerrado comigo? sellado nos meus thesouros?

35 Minha é a vingança [41] e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé: porque o dia da sua ruina está proximo, e as coisas que lhes hão de succeder, se apressam a chegar.

36 Porque o Senhor fará justiça [42] ao seu povo, e se arrependerá pelos seus servos: porquanto o poder d’elle foi-se, e não ha fechado [43] nem desamparado.

37 Então dirá: Onde estão [44] os seus deuses? a rocha em quem confiavam,

38 De cujos sacrificios comiam a gordura, e de cujas libações bebiam o vinho? levantem-se, e vos ajudem, para que haja para vós escondedouro.

39 Vêde agora que Eu, [45] Eu O sou, e mais nenhum Deus comigo: Eu mato, e Eu faço viver: [46] Eu firo, e Eu saro: e ninguem ha que escape da minha mão.

40 Porque levantarei [47] a minha mão aos céus, e direi: Eu vivo para sempre.

41 Se eu afiar a minha espada [48] reluzente, e se travar do juizo a minha mão, farei tornar a vingança sobre os meus adversarios, e recompensarei aos meus aborrecedores.

42 Embriagarei as minhas settas de sangue, [49] e a minha espada comerá carne: do sangue dos mortos e dos prisioneiros, [50] desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo.

43 Jubilae, [51] ó nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversarios fará tornar a vingança, e terá misericordia da sua terra e do seu povo.

44 E veiu Moysés, e fallou todas[209] palavras d’este cantico aos ouvidos do povo, elle e [HP] Hosea, filho de Nun.

45 E, acabando Moysés de fallar todas estas palavras a todo o Israel,

46 Disse-lhes: [52] Applicae o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recommendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de fazerem todas as palavras d’esta lei.

47 Porque esta palavra não vos é vã, antes é [53] a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra a que passaes o Jordão a possuil-a.

48 Depois fallou [54] o Senhor a Moysés, n’aquelle mesmo dia, dizendo:

49 Sobe ao monte d’Abarim, [55] ao monte Nebo, que está na terra de Moab, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaan, que darei aos filhos de Israel por possessão.

50 E morre no monte, ao qual subirás; e recolhe-te aos teus povos, como [56] Aarão teu irmão morreu no monte de Hor, e se recolheu aos seus povos.

51 Porquanto traspassastes contra mim no meio dos filhos [57] de Israel, ás aguas da contenção em Cades, no deserto de Zin: pois me não sanctificastes no meio doe filhos de Israel.

52 Pelo que verás a terra diante de ti, [58] porém não entrarás n’ella, na terra que darei aos filhos de Israel.

[1] cap. 4.26 e 30.19 e 31.28. Psa. 50.4. Isa. 1.2. Jer. 2.12 e 6.19.

[2] Isa. 55.10. I Cor. 3.6.

[3] Psa. 72.6. Miq. 5.7.

[4] I Chr. 29.11.

[5] II Sam. 22.31. Dan. 4.37. Apo. 18.3.

[6] Jer. 10.10. Job 34.10. Psa. 92.16.

[7] cap. 31.26. Mat. 17.17. Luc. 9.41. Phi. 2.15.

[8] Psa. 116.12. Isa. 63.16. ver. 15. Isa. 27.11 e 44.2.

[9] Exo. 13.14. Psa. 44.2.

[10] Zac. 9.2. Act. 17.26. Gen. 11.8.

[11] Exo. 15.16 e 19.5. I Sam. 10.1.

[12] cap. 8.15. Jer. 2.6. Ose. 13.5.

[13] cap. 4.36. Psa. 17.8. Pro. 7.2. Zac. 2.8.

[14] Exo. 19.4. cap. 1.31. Isa. 31.5 e 46.4 e 63.9. Ose. 11.3.

[15] cap. 33.29. Isa. 58.14. Eze. 36.2.

[16] Job 29.6. Psa. 81.17.

[17] Psa. 81.17.

[18] Gen. 49.11.

[19] cap. 35.5, 26. Isa. 44.2. I Sam. 2.29. cap. 31.20. Neh. 9.25. Psa. 17.10. Jer. 2.7 e 5.7, 28. Ose. 13.6.

[20] cap. 31.16. Isa. 1.4. Isa. 51.13. II Sam. 22.47. Psa. 89.27.

[21] I Sam. 14.22. I Cor. 14.22.

[22] Lev. 17.7. Psa. 106.37.

[23] Isa. 17.10. Jer. 2.32.

[24] Jui. 2.14. Isa. 1.2.

[25] cap. 31.17. Isa. 30.9. Mat. 17.16.

[26] ver. 16. Psa. 78.58. I Sam. 12.21. I Reis 16.13, 25. Psa. 31.7. Jer. 8.19 e 10.8 e 14.22. Jon. 2.8. Act. 14.15.

[27] Ose. 1.10. Rom. 10.19.

[28] Jer. 15.14 e 17.4. Lam. 4.11.

[29] Isa. 26.15. Psa. 7.12. Eze. 5.16.

[30] Lev. 26.22.

[31] Lam. 1.20. Eze. 7.15. II Cor. 7.5.

[32] Eze. 20.13, 14, 23.

[33] Jer. 19.3. Psa. 139.9.

[34] Isa. 27.11. Jer. 4.22. cap. 5.29. Luc. 19.42. Isa. 47.7. Lam. 1.9.

[35] Lev. 26.8. Jos. 23.10. II Chr. 24.24. Isa. 30.17.

[36] Psa. 44.13. Isa. 50.1 e 52.3.

[37] I Sam. 2.2 e 4.8. Jer. 40.3.

[38] Isa. 1.10.

[39] Psa. 57.5. Rom. 3.13.

[40] Job 14.17. Jer. 2.22. Ose. 13.12. Rom. 2.5.

[41] Psa. 95.1. Rom. 12.19. Heb. 10.30. II Ped. 2.3.

[42] Psa. 135.14. Jui. 2.18. Psa. 106.45. Jer. 31.20. Joel 2.14.

[43] I Reis 14.10 e 21.21. II Reis 9.8 e 14.26.

[44] Jui. 10. Jer. 2.28.

[45] Psa. 102.28. Isa. 41.4 e 45.5, 18, 22.

[46] I Sam. 2.6. II Reis 5.7. Job 5.18. Ose. 6.1.

[47] Gen. 14.22. Exo. 6.8. Num. 14.30.

[48] Isa. 27.1. Eze. 21.9, 10, 14, 20. Isa. 1.24. Nah. 1.2.

[49] Jer. 46.10.

[50] Job 13.24. Jer. 30.14. Lam. 1.5.

[51] Rom. 15.10. Apo. 6.10. Psa. 85.2.

[52] cap. 6.6 e 11.18. Eze. 40.4.

[53] cap. 30.19. Lev. 18.5. Pro. 3.2, 22 e 4.22. Rom. 10.5.

[54] Num. 27.12, 13.

[55] Num. 33.47, 48. cap. 34.1.

[56] Num. 20.25, 28 e 33.38.

[57] Num. 20.11, 12, 13 e 27.14. Lev. 10.3.

[58] Num. 27.12. cap. 34.4.

A magestade de Deus.

33 Esta, porém, é a benção com [1] que Moysés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte.

2 Disse pois: O Senhor veiu de Sinai, [2] e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Paran, e veiu com dez milhares de sanctos: á sua direita havia para elles o fogo da lei.

3 Na verdade ama os povos; [3] todos os seus sanctos estão na tua mão; [4] postos serão no meio, entre os teus pés, cada um receberá das tuas palavras.

4 Moysés nos deu a lei [5] por herança da congregação de Jacob.

5 E foi rei em Jeshurun, [6] quando se congregaram em um os Cabeças do povo com as tribus de Israel.

As bençãos das tribus.

6 Viva Ruben, e não morra, e que os seus homens sejam numerosos.

7 E isto é o que disse de Judah; e disse: Ouve, ó Senhor, a voz de Judah, e introduze-o no seu povo: as suas mãos [7] lhe bastem, e tu lhe sejas em ajuda contra os seus inimigos.

8 E de Levi disse: Teu Thummim [8] e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste em Massah, com quem contendeste ás aguas de Meribah.

9 Aquelle que disse a seu pae e a sua mãe: Nunca o vi; e não [9] conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos: pois guardaram [10] a tua palavra e observaram o teu concerto.

10 Ensinaram os teus juizos a [11] Jacob, e a tua lei a Israel; metteram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar.

11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e a obra das suas mãos te aguarde: fere [12] os lombos dos que se levantam contra elle e o aborrecem, que nunca mais se levantem.

12 E de Benjamin disse: O amado do Senhor habitará seguro com elle; todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus hombros.

13 E de José disse: Bemdita [13] do Senhor seja a sua terra, com o mais excellente dos céus, como orvalho, e com o abysmo que jaz abaixo.

14 E com as mais excellentes novidades do sol, e com as mais excellentes producções da lua,

15 E com o mais excellente [14] dos montes antigos, e com o mais excellente dos outeiros eternos,

16 E com o mais excellente da terra, e com a sua plenidão, [15] e com a benevolencia d’aquelle que habitava na sarça, a benção venha sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos.

17 Elle tem a gloria do primogenito do seu boi, [16] e [HQ] as suas pontas são pontas de unicornio; com elles escorneará os povos juntamente até ás extremidades da terra: estes pois são os dez milhares de Ephraim, [17] e estes são os milhares de Manasseh.

[210]

18 E de Zebulon disse: [18] Zebulon, alegra-te nas tuas saidas; e tu, Issacar, nas tuas tendas.

19 Elles chamarão [19] os povos ao monte: ali offerecerão offertas de justiça, porque chuparão a abundancia dos mares e os thesouros escondidos da areia.

20 E de Gad [20] disse: Bemdito aquelle que faz dilatar a Gad, habita como a leoa, e despedaça o braço e alto da cabeça.

21 E se [21] proveu do primeiro, porquanto ali estava escondida a porção do legislador: pelo que veiu com os chefes do povo, executou a justiça do Senhor e os seus juizos para com Israel.

22 E de Dan disse: Dan é leãozinho; saltará de [22] Basan.

23 E de Naphtali disse: Farta-te, ó Naphtali, da benevolencia, e [23] enchete da benção do Senhor; possue o occidente e o meio dia.

24 E de Aser disse: Bemdito seja Aser com seus filhos, [24] agrade a seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé.

25 O ferro e o metal [25] será o teu calçado; e a tua força será como os teus dias.

26 Não ha outro, ó Jeshurun, similhante a Deus! [26] que cavalga sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua alteza sobre as mais altas nuvens.

27 O Deus eterno te seja [27] por habitação, e por baixo sejam os braços eternos: e elle lance o inimigo de diante de ti, e diga: Destroe-o.

28 Israel pois habitará [28] só seguro, na terra da fonte de Jacob, na terra de grão e de mosto: e os seus céus gotejarão orvalho.

29 Bemaventurado tu, ó [29] Israel! quem é como tu? um povo salvo pelo Senhor, [30] o escudo do teu soccorro, e a espada da tua alteza: [31] pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.

[1] Gen. 49.28. Psa. 90.1.

[2] Exo. 19.18. Jui. 5.4, 5. Hab. 3.3. Dan. 7.10. Act. 7.53. Gal. 3.19. Heb. 2.2. Apo. 5.11.

[3] Exo. 19.5. Ose. 11.1. Mal. 1.2.

[4] cap. 7.6. I Sam. 2.9. Luc. 10.39. Act. 22.3. Pro. 2.1.

[5] João 1.17. Psa. 119.111.

[6] Gen. 30.31. Jui. 9.2 e 17.6. cap. 32.15.

[7] Gen. 49.8. Psa. 146.5.

[8] Exo. 28.30 e 17.7. Num. 20.13. cap. 8.2, 3. Psa. 8.8.

[9] Gen. 29.32. I Chr. 17.17. Job 37.24. Exo. 32.26.

[10] Jer. 18.18. Mal. 2.5, 6.

[11] Lev. 10.11. cap. 17.9. Eze. 44.23. Mal. 2.7. Exo. 30.7, 8. Num. 16.40. I Sam. 2.28. Lev. 1.9. Eze. 43.27.

[12] II Sam. 24.23. Eze. 20.40.

[13] Gen. 49.25 e 27.28.

[14] Gen. 49.26. Hab. 3.6.

[15] Exo. 3.2, 4. Act. 7.30, 35. Gen. 49.26.

[16] I Chr. 5.7. Num. 23.22. I Reis 22.11.

[17] Gen. 48.19.

[18] Gen. 49.13, 14, 15.

[19] Isa. 2.3. Psa. 4.6.

[20] Jos. 13.10, etc. I Chr. 12.8, etc. Jos. 4.12.

[21] Num. 32.16, 17, etc. Jos. 4.12.

[22] Jos. 19.47. Jui. 18.27.

[23] Gen. 49.21. Jos. 19.32, etc.

[24] Gen. 49.20. Job 29.6.

[25] cap. 8.9.

[26] Exo. 15.11. Jer. 10.6. cap. 32.15. Psa. 68.5. Hab. 3.8.

[27] Psa. 88.1. cap. 9.3, 4, 5.

[28] Num. 23.9. Jer. 23.6 e 33.16. cap. 8.7, 8. Gen. 27.28. cap. 11.11.

[29] Psa. 144.15. II Sam. 7.23.

[30] Psa. 115.9, 10, 11.

[31] II Sam. 22.45. Psa. 18.44. cap. 32.13.

Moysés sobe ao monte Nebo, vê a terra promettida e morre.

34 Então subiu Moysés das campinas de Moab ao monte Nebo, ao [1] cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhes toda a terra desde Gilead até Dan;

2 E todo Naphtali, e a terra d’Ephraim, e Manasseh; e toda a terra de Judah, até [2] ao mar [3] ultimo;

3 E o sul, e a campina do valle de Jericó, a cidade das palmeiras até Zoar.

4 E disse-lhe o Senhor: Esta é [4] a terra de que jurei a Abrahão, Isaac, e Jacob, dizendo: Á tua semente a darei: mostro-t’a para a veres com os teus olhos; porém lá não passarás.

5 Assim morreu ali [5] Moysés, servo do Senhor, na terra de Moab, conforme ao dito do Senhor.

6 E o sepultou n’um valle, na terra de Moab, defronte de Beth-peor; [6] e ninguem tem sabido até hoje a sua sepultura.

7 Era Moysés [7] da edade de cento e vinte annos quando morreu: os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor.

8 E os filhos d’Israel prantearam a Moysés trinta dias nas campinas de Moab: [8] e os dias do pranto do luto de Moysés se cumpriram.

9 E Josué, filho de Nun, [9] foi cheio do espirito de sabedoria, porquanto Moysés tinha posto sobre elle as suas mãos: assim os filhos d’Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moysés.

10 E nunca mais se [10] levantou em Israel propheta algum como Moysés, a quem o Senhor conhecera cara a cara;

11 Nem similhante em todos os signaes [11] e maravilhas, a que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egypto, a Pharaó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra;

12 E em toda a mão forte, e em todo o espanto grande, que obrou Moysés aos olhos de todo o Israel.

[1] Num. 27.12 e 33.47. cap. 32.49 e 3.27. Gen. 14.14.

[2] cap. 11.24.

[3] Jui. 1.16 e 3.13. II Chr. 28.15.

[4] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.18 e 26.3 e 28.13. cap. 3.27 e 32.52.

[5] cap. 32.50. Jos. 1.1, 2.

[6] Jud. 9.

[7] cap. 31.2. Gen. 27.1 e 48.10. Jos. 14.10, 11.

[8] Gen. 50.3, 10. Num. 20.29.

[9] Isa. 11.2. Dan. 6.3. Num. 27.18, 23.

[10] cap. 18.15, 18. Exo. 33.11. Num. 12.6, 8. cap. 5.4.

[11] cap. 4.34 e 7.19.

[211]


O LIVRO DE JOSUÉ.

Deus falla a Josué e anima-o.

Antes de Christo 1451

1 E succedeu depois da morte de Moysés, servo do Senhor, que o Senhor fallou a Josué, filho de [1] Nun, servo de Moysés, dizendo:

2 Moysés, meu [2] servo, é morto: levanta-te pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, a terra que eu dou aos filhos d’Israel.

3 Todo o logar [3] que pisar a planta do vosso pé vol-o tenho dado, como eu disse a Moysés.

4 Desde o deserto [4] e desde este Libano, até ao grande rio, o rio Euphrates, toda a terra dos hetheos, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.

5 Nenhum [5] se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida: como fui com Moysés, [6] assim serei comtigo: não te deixarei nem te desampararei.

6 Esforça-te, e tem bom animo: porque [7] tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus paes lhes daria.

7 Tão sómente esforça-te e tem mui bom animo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei [8] que meu servo Moysés te ordenou; d’ella não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares.

8 Não se aparte da tua bocca o livro d’esta lei; [9] antes medita n’elle dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto n’elle está escripto; porque então farás prosperar o teu caminho, e então prudentemente te conduzirás.

9 Não t’o mandei eu? [10] esforça-te, e tem bom animo; não pasmes, nem te espantes: porque o Senhor teu Deus é comtigo, por onde quer que andares.

Josué prepara o povo para passar o Jordão.

10 Então deu ordem Josué aos principes do povo, dizendo:

11 Passae pelo meio do arraial, e ordenae ao povo, dizendo: Provei-vos de comida, porque dentro de [11] tres dias passareis este Jordão, para que entreis a possuir a terra que vos dá o Senhor vosso Deus, que possuaes.

12 E fallou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e á meia tribu de Manasseh, dizendo:

13 Lembrae-vos da palavra que vos mandou Moysés, [12] o servo do Senhor, dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanço, e vos dá esta terra.

14 Vossas mulheres, vossos meninos e vosso gado fiquem na terra que Moysés vos deu d’esta banda do Jordão; porém vós passareis armados na frente de vossos irmãos, todos os valentes e valorosos, e ajudal-os-heis;

15 Até que o Senhor dê descanço a vossos irmãos, como a vós, e elles tambem possuam a terra que o Senhor vosso Deus lhes dá; [13] então tornareis á terra da vossa herança, e possuireis a que vos deu Moysés, o servo do Senhor, d’esta banda do Jordão, para o nascente do sol.

16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e onde quer que nos enviares iremos.

17 Como em tudo ouvimos a Moysés, assim te ouviremos a ti: tão sómente que o Senhor teu Deus seja comtigo, [14] como foi com Moysés.

18 Todo o homem, que fôr rebelde á tua bocca, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, morrerá: tão sómente esforça-te, e tem bom animo.

[1] Exo. 24.13. Deu. 1.38.

[2] Deu. 34.5.

[3] Deu. 11.24. cap. 14.9.

[4] Gen. 15.18. Exo. 23.31. Num. 44.3-12.

[5] Deu. 7.24.

[6] Exo. 3.12. ver. 9, 17. Deu. 31.8, 23. cap. 3.7 e 6.27. Isa. 43.2, 5. Deu. 31.6, 8. Heb. 13.5.

[7] Deu. 31.23.

[8] Num. 27.23. Deu. 31.7. cap. 11.15. Deu. 5.32 e 28.14.

[9] Deu. 17.18. Psa. 1.2.

[10] Deu. 31.7, 8, 23. Psa. 27.1. Jer. 1.8.

[11] Deu. 9.1 e 11.31. cap. 3.2.

[12] Num. 32.20, 28. cap. 22.2, 3, 4.

[13] cap. 22.4, etc.

[14] ver. 5. I Sam. 20.13. I Reis 1.37.

Josué envia dois espias a Jericó.

2 E enviou Josué, filho de Nun, dois homens desde [1] Sittim a espiar secretamente, dizendo: Andae, considerae a terra, e a Jericó. Foram pois, e[212] entraram na casa d’uma mulher prostituta, cujo [2] nome era Rahab, e dormiram ali.

2 Então deu-se noticia ao [3] rei de Jericó, dizendo: Eis-que esta noite vieram aqui uns homens dos filhos d’Israel, para espiar a terra.

3 Pelo que enviou o rei de Jericó a Rahab, dizendo: Tira fóra os homens que vieram a ti, e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra.

4 Porém aquella mulher [4] tomou a ambos aquelles homens, e os escondeu, e disse: É verdade que vieram homens a mim, porém eu não sabia d’onde eram.

5 E aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aquelles homens sairam; não sei para onde aquelles homens se foram: ide após d’elles depressa, porque vós os alcançareis.

6 Porém [5] ella os tinha feito subir ao telhado, e os tinha escondido entre as canas do linho, que puzera em ordem sobre o telhado.

7 E foram-se aquelles homens após d’elles pelo caminho do Jordão, até aos váos: e fechou-se a porta, havendo saido os que iam após d’elles.

8 E, antes que elles dormissem, ella subiu a elles sobre o telhado;

9 E disse aos homens: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor [6] de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados diante de vós.

10 Porque temos ouvido [7] que o Senhor seccou as aguas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egypto, e o que fizestes aos dois reis dos amorrheos, a Sehon e a Og, que estavam d’além do Jordão, os quaes destruistes.

11 O que ouvindo, [8] desmaiou o nosso coração, e em ninguem mais ha animo algum, por causa da vossa presença: porque o Senhor vosso Deus [9] é Deus em cima nos céus e em baixo na terra.

12 Agora pois, [10] jurae-me, vos peço, pelo Senhor, pois que vos fiz beneficencia, que vós tambem fareis beneficencia á casa de meu pae, e dae-me um certo signal.

13 De que dareis a vida a meu pae e a minha mãe, como tambem a meus irmãos e a minhas irmãs, com tudo o que teem, e de que livrareis as nossas vidas da morte.

14 Então aquelles homens responderam-lhe: A nossa vida responderá pela vossa até ao ponto de morrer, se não denunciardes este nosso negocio, e será pois que, dando-nos o Senhor esta terra, usaremos [11] comtigo de beneficencia e de fidelidade.

15 Ella então os fez descer [12] por uma corda pela janella, porquanto a sua casa estava sobre o muro da cidade, e ella morava sobre o muro.

16 E disse-lhes: Ide-vos ao monte, para que, porventura, vos não encontrem os perseguidores, e escondei-vos lá tres dias, até que voltem os perseguidores, e depois ide pelo vosso caminho.

17 E disseram-lhe aquelles homens: Desobrigados [13] seremos d’este teu juramento que nos fizeste jurar.

18 Eis que, vindo nós á [14] terra, atarás este cordão de fio d’escarlata á janella por onde nos fizeste descer; e recolherás em casa comtigo a teu [15] pae, e a tua mãe, e a teus irmãos e a toda a familia de teu pae.

19 Será pois que qualquer que sair fóra da porta da tua casa o seu sangue será [16] sobre a sua cabeça, e nós seremos sem culpa; mas qualquer que estiver comtigo em casa o seu sangue seja sobre a nossa cabeça, se n’elle se puzer mão.

20 Porém, se tu denunciares este nosso negocio, seremos desobrigados do teu juramento, que nos fizeste jurar.

21 E ella disse: Conforme ás vossas palavras, assim seja. Então os despediu; e elles se foram; e ella atou o cordão d’escarlata á janella.

22 Foram-se pois, e chegaram ao monte, e ficaram ali tres dias, até que voltaram os perseguidores, porque os perseguidores os buscaram por todo o caminho, porém não os acharam.

23 Assim aquelles dois homens voltaram, e desceram do monte, e passaram, e vieram a Josué, filho de Nun, e contaram-lhe tudo quanto lhes acontecera;

24 E disseram a Josué: [17] Certamente o Senhor tem dado toda esta terra nas nossas mãos, pois até todos os moradores estão desmaiados diante de nós.

[1] Num. 25.1.

[2] Heb. 11.31. Thi. 2.25. Mat. 1.5.

[3] Psa. 127.1. Pro. 21.30.

[4] II Sam. 17.19, 20.

[5] Exo. 1.17.

[6] Gen. 35.5. Exo. 23.27. Deu. 2.25 e 11.25.

[7] Exo. 14.21. cap. 4.23. Num. 21.21, 34, 35.

[8] Exo. 15.14. cap. 5.1 e 7.5. Isa. 13.7.

[9] Deu. 4.39.

[10] I Sam. 20.14, 15, 17. I Tim. 5.8. ver. 18.

[11] Jui. 1.24. Mat. 5.7.

[12] Act. 9.25.

[13] Exo. 20.7.

[14] ver. 12.

[15] cap. 6.23.

[16] Mat. 27.25.

[17] Exo. 23.31. cap. 6.2 e 21.44.

A passagem do Jordão.

3 Levantou-se pois Josué de madrugada, e partiram de Sittim, [1] e vieram até ao Jordão, elle e todos os filhos d’Israel: e pousaram ali, antes que passassem.

2 E succedeu, ao fim de tres dias, que os principes passaram pelo meio do arraial;

[213]

3 E ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes [2] a arca do concerto do Senhor vosso Deus, e que os sacerdotes levitas a levam, parti vós tambem do vosso logar, e segui-a.

4 Haja comtudo distancia entre vós e ella, como da [3] medida de dois mil covados: e não vos chegueis a ella, para que saibaes o caminho pelo qual haveis d’ir; porquanto por este caminho nunca passastes antes.

5 Disse Josué [4] tambem ao povo: Sanctificae-vos, porque ámanhã fará o Senhor maravilhas no meio de vós.

6 E fallou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantae [5] a arca do concerto, e passae adiante d’este povo. Levantaram pois a arca do concerto, e foram andando adiante do povo.

7 E o Senhor disse a Josué: Este dia começarei a engrandecer-te [6] perante os olhos de todo o Israel, para que saibam, que assim como fui com Moysés assim serei comtigo.

8 Tu pois ordenarás aos sacerdotes que [7] levam a arca do concerto, dizendo: Quando vierdes até á borda das aguas do Jordão, parareis no [8] Jordão.

9 Então disse Josué aos filhos d’Israel: Chegae-vos para cá, e ouvi as palavras do Senhor vosso Deus.

10 Disse mais Josué: N’isto conhecereis [9] que o Deus vivo está no meio de vós: e que de todo lançará de diante de vós aos cananeos, e aos hetheos, e aos heveos, e aos phereseos, e aos girgaseos, e aos amorrheos, e aos jebuseos.

11 Eis que a arca do concerto do Senhor de toda a [10] terra passa o Jordão diante de vós.

12 Tomae-vos pois agora doze homens [11] das tribus d’Israel, de cada tribu um homem;

13 Porque ha de acontecer que, assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que [12] levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, repousem nas aguas do Jordão, se separarão as aguas do Jordão, e as [13] aguas que de cima descem pararão n’um montão.

14 E aconteceu que, partindo o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levavam [14] os sacerdotes a arca do concerto diante do povo.

15 E os que levavam a arca, quando chegaram até ao Jordão, e os pés [15] dos sacerdotes que levavam a arca, se molharam na borda das aguas, (porque o Jordão trasbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega),

16 Pararam-se as aguas, que vinham de cima; levantaram-se n’um montão, mui longe da cidade d’Adam, que está da banda de Santan; [16] e as que desciam ao mar [HR] das campinas, que é o mar salgado, faltavam de todo e separaram-se: então passou o povo defronte de Jericó.

17 Porém os sacerdotes, que levavam a arca do concerto do Senhor, pararam firmes em secco no meio do Jordão: [17] e todo o Israel passou em secco, até que todo o povo acabou de passar o Jordão.

[1] cap. 2.1.

[2] Num. 10.33. Deu. 31.9, 25.

[3] Exo. 19.12.

[4] Exo. 19.10, 14, 15. Lev. 20.7. Num. 11.18. cap. 7.13. I Sam. 16.5. Joel 2.16.

[5] Num. 4.15.

[6] cap. 4.14. I Chr. 29.25. II Chr. 1.1. cap. 1.5.

[7] ver. 3.

[8] ver. 17.

[9] Deu. 5.26. I Sam. 17.26. II Reis 19.4. Ose. 1.10. Mat. 16.16. I The. 1.9. Exo. 33.2. Deu. 7.1.

[10] ver. 13. Miq. 4.13. Zac. 4.14 e 6.5.

[11] cap. 4.2.

[12] ver. 11, 15, 16.

[13] Psa. 78.13 e 114.3.

[14] Act. 7.45.

[15] ver. 13. I Chr. 12.15. Jer. 12.5 e 49.19. cap. 4.18 e 5.10, 12.

[16] I Reis 4.12 e 7.46. Deu. 3.17. Gen. 14.3. Num. 34.3.

[17] Exo. 14.29.

As doze pedras tiradas do meio do Jordão.

4 Succedeu pois que, acabando todo o povo de passar o Jordão, [1] fallou o Senhor a Josué, dizendo:

2 Tomae-vos do povo doze [2] homens, de cada tribu um homem;

3 E mandae-lhes, dizendo: Tomae-vos d’aqui, do meio do Jordão, [3] do logar do assento dos pés dos sacerdotes, doze pedras; e levae-as comvosco á outra banda e depositae-as no alojamento em que haveis de passar esta noite.

4 Chamou pois Josué os doze homens, que escolhera dos filhos d’Israel: de cada tribu um homem;

5 E disse-lhes Josué: Passae diante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão; e levantae vós cada um uma pedra sobre o seu hombro, segundo o numero das tribus dos filhos de Israel;

6 Para que isto seja por signal entre vós; e quando vossos filhos [4] no futuro perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras?

7 Então lhes direis [5] que as aguas do Jordão se separaram diante da arca do concerto do Senhor; passando ella pelo Jordão, separaram-se as aguas do Jordão: assim que estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de [6] Israel.

8 Fizeram pois os filhos d’Israel assim como Josué tinha ordenado, e levantaram doze pedras do meio do Jordão, como o Senhor dissera a Josué, segundo o numero das tribus dos filhos de Israel:[214] e levaram-n’as comsigo ao alojamento, e as depositaram ali.

9 Levantou Josué tambem doze pedras no meio do Jordão, do logar do assento dos pés dos sacerdotes, que levavam a arca do concerto: e ali estão até ao dia d’hoje.

10 Pararam pois os sacerdotes, que levavam a arca, no meio do Jordão, em pé, até que se cumpriu quanto o Senhor a Josué mandara dizer ao povo, conforme a tudo quanto Moysés tinha ordenado a Josué; e apressou-se o povo, e passou.

11 E succedeu que, assim que todo o povo acabou de passar, então passou a arca do Senhor, e os sacerdotes á vista do povo.

12 E passaram os filhos [7] de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh, armados na frente dos filhos d’Israel, como Moysés lhes tinha dito;

13 Uns quarenta mil homens de guerra armados passaram diante do Senhor para batalha, ás campinas de Jericó.

14 N’aquelle dia o Senhor engrandeceu [8] a Josué diante dos olhos de todo o Israel: e temeram-n’o, como haviam temido a Moysés, todos os dias da sua vida.

15 Fallou pois o Senhor a Josué, dizendo:

16 Dá ordem aos sacerdotes, que levam [9] a arca do testemunho, que subam do Jordão.

17 E deu Josué ordem aos sacerdotes, dizendo: Subi do Jordão.

18 E aconteceu que, como os sacerdotes, que levavam a arca do concerto do Senhor, subiram do meio do Jordão, e as plantas dos pés dos sacerdotes se pozeram em secco, as aguas do Jordão se tornaram ao seu logar, e corriam, [10] como antes, sobre todas as suas ribanceiras.

19 Subiu pois o povo do Jordão no dia dez do mez primeiro: e alojaram-se em Gilgal, [11] da banda oriental de Jericó.

20 E as doze pedras, [12] que tinham tomado do Jordão, levantou Josué em Gilgal.

21 E fallou aos filhos d’Israel, [13] dizendo: Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus paes, dizendo: Que significam estas pedras?

22 Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou [14] em secco este Jordão.

23 Porque o Senhor vosso Deus fez seccar [15] as aguas do Jordão diante de vós, até que passasseis; como o Senhor vosso Deus fez ao Mar Vermelho, que fez seccar perante nós, até que passámos.

24 Para que [16] todos os povos da terra conheçam a mão do Senhor, que é forte: para que temaes ao [17] Senhor vosso Deus todos os dias.

[1] Deu. 27.2. cap. 3.17.

[2] cap. 3.12.

[3] cap. 3.13. ver. 19, 20.

[4] ver. 21. Exo. 12.26 e 13.14. Deu. 6.20. Psa. 44.2.

[5] cap. 3.13, 16.

[6] Exo. 12.14. Num. 16.40.

[7] Num. 32.20, 27, 28.

[8] cap. 3.7.

[9] Exo. 25.16, 22.

[10] cap. 3.15.

[11] cap. 5.9.

[12] ver. 3.

[13] ver. 6.

[14] cap. 3.17.

[15] Exo. 14.21.

[16] I Reis 8.42, 43. II Reis 19.19. Psa. 106.8. Exo. 15.16. I Chr. 29.12.

[17] Exo. 14.31. Deu. 6.2. Jer. 10.7.

A circumcisão dos filhos de Israel.

5 E succedeu que, ouvindo todos os reis dos amorrheos, que habitavam d’esta banda do Jordão, ao occidente, e todos os reis dos cananeos, [1] que estavam ao pé do mar, que o Senhor tinha seccado as aguas do Jordão, de diante dos filhos d’Israel, até que passámos, [2] derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais animo n’elles, por causa dos filhos d’Israel.

2 N’aquelle tempo disse o Senhor a Josué: Faze facas de [HS] pedra, e torna a circumcidar segunda vez aos filhos d’Israel.

3 Então Josué fez para si facas de [3] pedra, e circumcidou aos filhos d’Israel no monte dos prepucios.

4 E foi esta a causa por que Josué os circumcidou: todo [4] o povo que tinha saido do Egypto, os machos, todos os homens de guerra, eram já mortos no deserto, pelo caminho, depois que sairam do Egypto.

5 Porque todo o povo que saira estava circumcidado, mas a nenhum do povo que nascera no deserto, pelo caminho, depois de terem saido do Egypto, haviam circumcidado.

6 Porque quarenta annos [5] andaram os filhos d’Israel pelo deserto, até se acabar toda a nação, os homens de guerra, que sairam do Egypto, e não obedeceram á voz do Senhor: aos quaes o Senhor [6] tinha jurado que lhes não havia de deixar ver a terra que o Senhor jurara a seus paes dar-nos; terra que mana leite e mel.

7 Porém em seu [7] logar poz a seus filhos; a estes Josué circumcidou: porquanto estavam incircumcisos, porque os não circumcidaram no caminho.

8 E aconteceu que, acabando de circumcidar a toda a nação, ficaram no seu logar no arraial, [8] até que sararam.

9 Disse mais o Senhor a [9] Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opprobrio do[215] Egypto; pelo que o nome d’aquelle logar se chamou [HT] Gilgal, até ao dia d’hoje.

Celebra-se a paschoa.

10 Estando pois os filhos d’Israel alojados em Gilgal, celebraram a paschoa no dia quatorze do [10] mez, á tarde, nas campinas de Jericó.

11 E comeram do trigo da terra do anno antecedente, ao outro dia depois da paschoa, pães asmos e espigas tostadas, no mesmo dia.

12 E cessou o manná [11] no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra do anno antecedente; e os filhos d’Israel não tiveram mais manná; porém no mesmo anno comeram das novidades da terra de Canaan.

Um anjo apparece a Josué.

13 E succedeu que, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus olhos, e olhou; e eis-que se poz em pé diante d’elle um homem [12] que tinha na mão uma espada nua: e chegou-se Josué a elle, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos?

14 E disse elle: Não, mas venho agora como [HU] principe do exercito do Senhor. Então Josué se prostrou sobre [13] o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?

15 Então disse o principe do exercito do Senhor a Josué: [14] Descalça os sapatos de teus pés, porque o logar em que estás é sancto. E fez Josué assim.

[1] Num. 13.29. Exo. 15.14, 15. cap. 2.9, 10, 11. Psa. 48.7. Eze. 21.7.

[2] I Reis 10.5.

[3] Exo. 4.25.

[4] Num. 14.29 e 23.64, 65. Deu. 2.16.

[5] Num. 14.33. Deu. 1.3. Psa. 95.10, 11.

[6] Num. 14.23. Heb. 3.11. Exo. 3.8.

[7] Num. 14.31. Deu. 1.39.

[8] Gen. 34.25.

[9] Gen. 34.14. I Sam. 14.6. Lev. 18.3. cap. 24.14. Eze. 20.10. cap. 4.19.

[10] Exo. 12.6. Num. 9.5.

[11] Exo. 16.35.

[12] Gen. 18.2 e 32.24. Exo. 23.23. Zac. 1.8. Act. 1.10. Num. 22.23.

[13] Gen. 17.3.

[14] Exo. 3.5. Act. 7.33.

Jericó é destruida, Rahab é salva.

6 Ora Jericó cerrou-se, e estava cerrada por causa dos filhos d’Israel: nenhum sahia nem entrava.

2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, [1] tenho dado na tua mão a Jericó e ao seu rei, os seus valentes e valorosos.

3 Vós pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, cercando a cidade uma vez: assim fareis por seis dias.

4 E sete sacerdotes levarão sete buzinas [2] de carneiros diante da arca, e no setimo dia rodeareis a cidade sete vezes: e os sacerdotes [3] tocarão as buzinas.

5 E será que, tocando-se longamente a buzina de carneiro, ouvindo vós o sonido da buzina, todo o povo gritará com grande grita: e o muro da cidade cairá abaixo de si, e o povo subirá n’elle, cada qual em frente de si.

6 Então chamou Josué, filho de Nun, aos sacerdotes, e disse-lhes: Levae a arca do concerto; e sete sacerdotes levem sete buzinas de carneiros, diante da arca do Senhor.

7 E disse ao povo: Passae e rodeae a cidade; e quem estiver armado, passe diante da arca do Senhor.

8 E assim foi, como Josué dissera ao povo, que os sete sacerdotes, levando as sete buzinas de carneiros diante do Senhor, passaram, e tocaram as buzinas: e a arca do concerto do Senhor os seguia.

9 E os armados iam adiante dos sacerdotes, que tocavam as buzinas: e a rectaguarda seguia após [4] da arca, andando e tocando as buzinas.

10 Porém ao povo Josué tinha dado ordem, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa bocca, até ao dia que eu vos diga: Gritae. Então gritareis.

11 E fez a arca do Senhor rodeiar a cidade, rodeiando-a uma vez: e vieram ao arraial, e passaram a noite no arraial.

12 Depois Josué se levantou de madrugada, e os sacerdotes levaram [5] a arca do Senhor.

13 E os sete sacerdotes, que levavam as sete buzinas de carneiros diante da arca do Senhor, iam andando, e tocavam as buzinas, e os armados iam adiante d’elles, e a rectaguarda seguia atraz da arca do Senhor; os sacerdotes iam andando e tocando as buzinas.

14 Assim rodeiaram outra vez a cidade no segundo dia e tornaram para o arraial: e assim fizeram seis dias.

15 E succedeu que ao setimo dia madrugaram ao subir da alva, e da mesma maneira rodeiaram a cidade sete vezes: n’aquelle dia sómente rodeiaram a cidade sete vezes.

16 E succedeu que, tocando os sacerdotes a setima vez as buzinas, disse Josué ao povo: Gritae; porque o Senhor vos tem dado a cidade.

17 Porém a cidade será [HV] anathema ao Senhor, ella e tudo quanto houver n’ella: sómente a prostituta Rahab viverá, ella e todos os que com ella estiverem em casa; porquanto escondeu [6] os mensageiros que enviámos.

18 Tão sómente guardae-vos do anathema, [7] para que não vos mettaes em anathema tomando d’ella, e assim façaes [HW] maldito o arraial de Israel, e [8] o turbeis.

[216]

19 Porém toda a prata, e o oiro, e os vasos de metal, e de ferro, são consagrados ao Senhor: irão ao thesouro do Senhor.

20 Gritou pois o povo, tocando os sacerdotes as buzinas: e succedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande grita; e [9] o muro caiu abaixo, e o povo subiu á cidade, cada qual em frente de si, e tomaram a cidade.

21 E, tudo quanto [10] na cidade havia, [HX] destruiram totalmente ao fio da espada, desde o homem até á mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miudo, e ao jumento.

22 Josué, porém, disse aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrae na casa da mulher prostituta, e tirae de lá a mulher com tudo quanto tiver, como lhe tendes [11] jurado.

23 Então entraram os mancebos espias, e tiraram a Rahab, e a seu [12] pae, e a sua mãe, e a seus irmãos, e a tudo quanto tinha; tiraram tambem a todas as suas familias, e pozeram-n’os fóra do arraial d’Israel.

24 Porém a cidade e tudo quanto havia n’ella queimaram-n’o a fogo: tão sómente a prata, e o [13] oiro, e os vasos de metal e de ferro, deram para o thesouro da casa do Senhor.

25 Assim deu Josué vida á prostituta Rahab, e á familia de seu pae, e a tudo quanto tinha; e habitou no meio de Israel [14] até ao dia de hoje: porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó.

26 E n’aquelle tempo Josué os esconjurou, dizendo: Maldito [15] diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó: no seu primogenito a fundará, e no seu filho mais novo lhe porá as portas.

27 Assim era o Senhor com [16] Josué: e corria a sua fama por toda a terra.

[1] cap. 2.9, 24 e 8.1. Deu. 7.24.

[2] Jui. 7.16, 22.

[3] Num. 10.8.

[4] Num. 10.25.

[5] Deu. 31.25.

[6] cap. 2.4.

[7] Deu. 7.26 e 20.17. cap. 7.1, 11, 12.

[8] cap. 7.25. I Reis 18.17, 18. Jon. 1.12.

[9] ver. 5. Heb. 11.30.

[10] Deu. 7.2.

[11] cap. 2.14. Heb. 11.31.

[12] cap. 2.13.

[13] ver. 19.

[14] Mat. 1.5.

[15] I Reis 16.34.

[16] cap. 1.5 e 9.1, 3.

Os israelitas são derrotados por causa do peccado de Acan.

7 E trespassaram os filhos de Israel no [HY] anathema: porque Acan, [1] filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Sera, da tribu de Judah, tomou do anathema, e a ira do Senhor se accendeu contra os filhos d’Israel.

2 Enviando pois Josué de Jericó, alguns homens a Hai, que está junto a Bethaven, da banda do oriente de Beth-el, fallou-lhes, dizendo: Subi, e espiae a terra. Subiram pois aquelles homens, e espiaram a Hai.

3 E voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam alguns dois mil, ou tres mil homens, a ferir a Hai: não fatigues ali a todo o povo, porque poucos são.

4 Assim, subiram lá do povo alguns tres mil homens, os quaes fugiram [2] diante dos homens de Hai.

5 E os homens de Hai feriram d’elles alguns trinta e seis, e seguiram-n’os desde a porta até [HZ] Shebarim, e feriram-n’os na descida; e o coração [3] do povo se derreteu e se tornou como agua.

6 Então Josué rasgou [4] os seus vestidos, e se prostrou em terra sobre o seu rosto perante a arca do Senhor até á tarde, elle e os anciãos de Israel: e deitaram pó sobre [5] as suas cabeças.

7 E disse Josué: Ah Senhor Jehovah! porque, [6] com effeito, fizeste passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorrheos, para nos fazerem perecer? oxalá nos contentaramos com ficarmos d’além do Jordão.

8 Ah Senhor! que direi? pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos!

9 Ouvindo isto, os cananeos, e todos os moradores da terra, nos cercarão e desarreigarão [7] o nosso nome da terra: e então que farás ao teu grande nome?

10 Então disse o Senhor a Josué: Levanta-te: porque estás prostrado assim sobre o teu rosto?

11 Israel peccou, [8] e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram [9] do [IA] anathema, e tambem furtaram, e tambem mentiram, e até debaixo da sua bagagem o pozeram.

12 Pelo que os filhos de Israel não poderam [10] subsistir perante os seus inimigos: viraram as costas diante dos seus inimigos; porquanto [11] estão amaldiçoados: não serei mais comvosco, se não desarreigardes o anathema do meio de vós.

13 Levanta-te, sanctifica [12] o povo, e dize: Sanctificae-vos para ámanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: Anathema ha no meio de ti, Israel: diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que não tires o anathema do meio de vós.

[217]

14 Ámanhã pois vos chegareis, segundo as vossas tribus: e será [13] que a tribu que o Senhor tomar se chegará, segundo as familias; e a familia que o Senhor tomar se chegará por casas; e a casa que o Senhor tomar se chegará homem por homem.

15 E será que aquelle [14] que fôr tomado com o anathema será queimado a fogo, elle e tudo quanto tiver: porquanto transgrediu o concerto [15] do Senhor, e fez uma loucura em Israel.

16 Então Josué se levantou de madrugada, e fez chegar a Israel, segundo as suas tribus: e a tribu de Judah foi tomada:

17 E, fazendo chegar a tribu de Judah, tomou a familia de Zarchi: e, fazendo chegar a familia de Zarchi, homem por homem, foi tomado Zabdi:

18 E, fazendo chegar a sua casa, homem por homem, foi tomado Acan, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Serah, da tribu [16] de Judah.

19 Então disse Josué a Acan: Filho meu, dá, peço-te, gloria [17] ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante elle; e declara-me [18] agora o que fizeste, não m’o occultes.

20 E respondeu Acan a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim.

21 Quando vi entre os despojos uma boa capa babylonica, e duzentos siclos de prata, e uma [IB] cunha d’oiro do peso de cincoenta siclos, cobicei-os e tomei-os: e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo d’ella.

22 Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo á tenda: e eis que estava escondido na sua tenda, e a prata debaixo d’ella.

23 Tomaram pois aquellas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel: e as deitaram perante o Senhor.

24 Então Josué e todo o Israel com elle tomaram a Acan, filho de Serah, e a prata, e a capa, e a cunha de oiro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha: e levaram-n’os ao valle [19] de Acor.

25 E disse Josué: Como nos turbaste? [20] o Senhor te turbará a ti este dia. E todo o [21] Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo, e os apedrejaram com pedras.

26 E levantaram [22] sobre elle um grande montão de pedras, até o dia de hoje; assim o Senhor se tornou do ardor da sua ira: [23] pelo que se chamou o nome d’aquelle logar o valle d’Acor, até ao dia de hoje.

[1] cap. 22.20.

[2] Lev. 26.17. Deu. 28.25.

[3] cap. 2.9, 11. Lev. 26.36. Psa. 22.15.

[4] Gen. 37.29, 34.

[5] I Sam. 4.12. II Sam. 1.2 e 13.19. Neh. 9.1. Job 2.12.

[6] Exo. 5.22. II Reis 3.10.

[7] Psa. 83.5. Exo. 32.12. Num. 14.13.

[8] ver. 1.

[9] cap. 6.17, 18. Act. 5.1, 2.

[10] Num. 14.45. Jui. 2.14.

[11] Deu. 7.26. cap. 6.18.

[12] Exo. 19.10. cap. 3.5.

[13] Pro. 16.33.

[14] I Sam. 14.38, 39.

[15] ver. 11. Gen. 34.7. Jui. 20.6.

[16] I Sam. 14.42.

[17] I Sam. 6.5. Jer. 13.16. João 9.24. Num. 5.6. II Chr. 30.22. Psa. 51.5. Dan. 9.4.

[18] I Sam. 14.43.

[19] ver. 26. cap. 15.7.

[20] cap. 6.18. I Chr. 2.7. Gal. 5.12.

[21] Deu. 17.5.

[22] cap. 8.29. II Sam. 18.17. Lam. 3.53. Deu. 13.17. II Sam. 21.14.

[23] ver. 24. Isa. 65.10. Ose. 2.15.

Hai é tomada e destruida.

8 Então disse o Senhor a Josué: Não temas, [1] e não te espantes; toma comtigo toda a gente de guerra, e levanta-te, sobe a Hai: olha que te tenho dado na tua mão o rei d’Hai, e o seu povo, e a sua cidade, e a sua terra.

2 Farás pois a Hai, e a seu rei, como fizeste a Jericó, [2] e a seu rei: salvo que para vós saqueareis os seus despojos, e o seu gado: põe-te emboscadas á cidade, por detraz d’ella.

3 Então Josué levantou-se, e toda a gente de guerra, para subir contra Hai: e escolheu Josué trinta mil homens valentes e valorosos, e enviou-os de noite.

4 E deu-lhes ordem, dizendo: Olhae, poreis emboscadas [3] á cidade, por detraz da cidade; não vos alongueis muito da cidade: e todos vós estareis apercebidos.

5 Porém eu e todo o povo que está comigo nos achegaremos á cidade: e será que, quando nos sairem ao encontro, como d’antes, [4] fugiremos diante d’elles.

6 Deixae-os pois sair atraz de nós, até que os tiremos da cidade; porque dirão: Fogem diante de nós como d’antes. Assim fugiremos diante d’elles.

7 Então saireis vós da emboscada, e tomareis a cidade: porque o Senhor vosso Deus vol-a dará na vossa mão.

8 E será que, tomando vós a cidade, poreis a cidade a fogo; conforme a palavra do Senhor fareis; olhae [5] que vol-o tenho mandado.

9 Assim Josué os enviou, e elles se foram á emboscada; e ficaram entre Bethel e Hai, ao occidente d’Hai: porém Josué passou aquella noite no meio do povo.

10 E levantou-se Josué de madrugada, e contou o povo: e subiram elle e os[218] anciãos de Israel diante do povo contra Hai.

11 Subiu tambem toda [6] a gente de guerra, que estava com elle, e chegaram-se, e vieram fronteiros á cidade: e alojaram-se da banda do norte d’Hai; e havia um valle entre elle e Hai.

12 Tomou tambem alguns cinco mil homens, e pôl-os entre Bethel e Hai em emboscada, ao occidente da cidade.

13 E pozeram o povo, todo o arraial que estava ao norte da cidade, e a sua emboscada ao occidente da cidade: e foi Josué aquella noite ao meio do valle.

14 E succedeu que, vendo-o o rei d’Hai, se apressaram, e se levantaram de madrugada, e os homens da cidade sairam ao encontro d’Israel ao combate, elle e todo o seu povo, ao tempo assignalado, perante as campinas: porque elle não sabia, [7] que se lhe houvesse posto emboscada detraz da cidade.

15 Josué pois e todo o Israel se houveram como feridos diante d’elles, e fugiram [8] pelo caminho do deserto.

16 Pelo que todo o povo, que estava na cidade, foi convocado para os seguir: e seguiram a Josué e foram attrahidos da cidade.

17 E nem um só homem ficou em Hai, nem em Bethel, que não saisse após Israel: e deixaram a cidade aberta, e seguiram a Israel.

18 Então o Senhor disse a Josué: Estende a lança que tens na tua mão, para Hai; porque a darei na tua mão. E Josué estendeu a lança, que estava na sua mão, para a cidade.

19 Então a emboscada se levantou do seu logar apressadamente, e correram, estendendo elle a sua mão, e vieram á cidade, e a tomaram: e apressaram-se, e pozeram a cidade a fogo.

20 E virando-se os homens de Hai para traz, olharam, e eis-que o fumo da cidade subia ao céu, e não tiveram logar para fugirem para uma parte nem outra: porque o povo, que fugia para o deserto, se tornou contra os que os seguiam.

21 E vendo Josué e todo o Israel que a emboscada tomara a cidade, e que o fumo da cidade subia, tornaram, e feriram os homens d’Hai.

22 Tambem aquelles da cidade lhes sairam ao encontro, e assim cairam no meio dos israelitas, uns de uma, e outros de outra parte: e feriram-n’os, até que nenhum d’elles ficou, [9] o que escapasse.

23 Porém ao rei d’Hai tomaram vivo, e o trouxeram a Josué.

24 E succedeu que, acabando os israelitas de matar todos os moradores d’Hai no campo, no deserto onde os tinham seguido, e havendo todos caido ao fio da espada, até todos serem consumidos, todo o Israel se tornou a Hai, e a pozeram a fio de espada.

25 E todos os que cairam aquelle dia, assim homens como mulheres, foram doze mil: todos moradores d’Hai.

26 Porque Josué não retirou a sua mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente a todos os moradores d’Hai.

27 Tão [10] sómente os israelitas saquearam para si o gado e os despojos da cidade, conforme á palavra do Senhor, que tinha ordenado a Josué.

28 Queimou pois Josué a Hai: e a tornou n’um montão [11] perpetuo, em assolamento, até ao dia d’hoje.

29 E ao rei d’Hai enforcou n’um madeiro, até á tarde: e [12] ao pôr do sol ordenou Josué, que o seu corpo se tirasse do madeiro; e o lançaram á porta da cidade, e levantaram sobre elle um grande montão [13] de pedras, até ao dia d’hoje.

Josué edifica um altar, escreve a lei em pedras e lê-a.

30 Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus d’Israel, [14] no monte d’Ebal,

31 Como Moysés, servo do Senhor, ordenou aos filhos d’Israel, conforme ao que está escripto no [15] livro da lei de Moysés, a saber: um altar de pedras inteiras, sobre o qual se não movera ferro: e offereceram [16] sobre elle holocaustos ao Senhor, e sacrificaram sacrificios pacificos.

32 Tambem escreveu [17] ali em pedras uma copia da lei de Moysés, que já tinha escripto diante dos filhos d’Israel.

33 E todo o Israel, com os seus anciãos, e os seus principes, e os seus juizes, estavam d’uma e outra banda da arca, perante os sacerdotes levitas, que levavam a [18] arca do concerto do Senhor, assim estrangeiros como naturaes; metade d’elles em frente do monte Gerizim, e a outra metade em frente do monte Ebal; como [19] Moysés, servo do Senhor, ordenara, para abençoar primeiramente o povo de Israel.

34 E depois leu [20] em alta voz todas[219] as palavras da lei, a benção e a maldição, conforme a tudo o que está escripto no livro da lei.

35 Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moysés ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação d’Israel, e das mulheres, e [21] dos meninos, e dos estrangeiros, que andavam no meio d’elles.

[1] Deu. 1.21 e 7.18 e 31.8. cap. 1.9 e 6.2.

[2] cap. 6.21. Deu. 20.14.

[3] Jui. 20.29.

[4] Jui. 20.32.

[5] II Sam. 13.28.

[6] ver. 5.

[7] Jui. 20.34. Ecc. 9.12.

[8] Jui. 20.36, etc.

[9] Deu. 7.2.

[10] Num. 31.22, 26. ver. 2.

[11] Deu. 13.16.

[12] cap. 10.26. Psa. 107.40. Deu. 21.23. cap. 10.27.

[13] cap. 7.26 e 10.27.

[14] Deu. 27.4, 5.

[15] Exo. 20.25. Deu. 27.5, 6.

[16] Exo. 20.24.

[17] Deu. 27.2, 8.

[18] Deu. 31.9, 25 e 31.12.

[19] Deu. 11.29 e 27.12.

[20] Deu. 31.11. Neh. 8.3. Deu. 28.2, 15, 45 e 29.20, 21 e 30.19.

[21] Deu. 31.12. ver. 33.

Os gibeonitas enganam Josué, que faz com elles uma alliança.

9 E succedeu que, ouvindo isto todos os reis, que estavam d’áquem do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do grande [1] mar, em frente do Libano, os hetheos, e os amorrheos, os cananeos, os pherezeos, os heveos, e os jebuseos,

2 Se ajuntaram [2] elles de commum accordo, para pelejar contra Josué e contra Israel.

3 E [3] os moradores de Gibeon ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Hai,

4 Usaram tambem d’astucia, e foram e se fingiram embaixadores: e tomaram saccos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho velhos, e rotos, e remendados;

5 E nos seus pés sapatos velhos e manchados, e vestidos velhos sobre si: e todo o pão que traziam para o caminho era secco e bolorento.

6 E vieram a [4] Josué, ao arraial, a Gilgal, e lhe disseram, a elle e aos homens d’Israel: Vimos d’uma terra distante; fazei pois agora concerto [5] comnosco.

7 E os homens d’Israel responderam aos heveos: Porventura habitaes no meio de nós; como pois faremos concerto comvosco?

8 Então disseram a Josué: Nós somos [6] teus servos. E disse-lhes Josué: Quem sois vós, e d’onde vindes?

9 E lhe responderam: Teus servos vieram d’uma terra mui distante, por causa do [7] nome do Senhor teu Deus: porquanto ouvimos a sua fama, e tudo quanto fez no Egypto;

10 E tudo quanto [8] fez aos dois reis dos amorrheos, que estavam d’além do Jordão, a Sehon rei de Hesbon, e a Og, rei de Basan, que estava em Astaroth.

11 Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos fallaram, dizendo: Tomae comvosco em vossas mãos provisão para o caminho, e ide-lhes ao encontro: e dizei-lhes: Nós somos vossos servos; fazei pois agora concerto comnosco.

12 Este nosso pão tomámos quente das nossas casas para nossa provisão, no dia em que saimos para vir a vós: e eil-o aqui agora já secco e bolorento:

13 E estes odres, que enchemos de vinho, eram novos, e eil-os aqui já rotos: e estes nossos vestidos e nossos sapatos já se teem envelhecido, por causa do mui longo caminho.

14 Então aquelles homens tomaram da sua provisão: e não [9] pediram conselho á bocca do Senhor.

15 E Josué fez paz com elles, e [10] fez um concerto com elles, que lhes daria a vida: e os principes da congregação lhes prestaram juramento.

16 E succedeu que, ao fim de tres dias, depois de fazerem concerto com elles, ouviram que eram seus visinhos, e que moravam no meio d’elles.

17 Porque, partindo os filhos de Israel, chegaram ás suas cidades ao terceiro dia: e suas cidades eram [11] Gibeon, e Cefira, e Beeroth, e Kiriath-jearim.

18 E os filhos de Israel os não feriram; porquanto [12] os principes da congregação lhes juraram pelo Senhor Deus de Israel: pelo que toda a congregação murmurava contra os principes.

19 Então todos os principes disseram a toda a congregação: Nós jurámos-lhes pelo Senhor Deus de Israel: pelo que não podemos tocal-os.

20 Isto, porém, lhes faremos: dar-lhes-hemos a vida; para que não haja grande ira [13] sobre nós, por causa do juramento que já lhes temos jurado.

21 Disseram-lhes pois os principes: Vivam, e sejam rachadores de lenha [14] e tiradores de agua para toda a congregação, como os principes lhes teem dito.

22 E Josué os chamou, e fallou-lhes dizendo: Porque nos enganastes, dizendo: Mui longe [15] de vós habitamos, morando vós no meio de nós?

23 Agora pois sereis malditos: [16] e d’entre vós não deixará de haver servos, nem rachadores de lenha, nem tiradores de agua, para a casa do meu Deus.

24 Então responderam a Josué, e disserem:[220] Porquanto com certeza foi annunciado aos teus servos que o Senhor teu Deus ordenou a [17] Moysés, seu servo, que a vós daria toda esta terra, e destruiria todos os moradores da terra diante de vós, tememos muito por [18] nossas vidas por causa de vós; por isso fizemos assim.

25 E eis que agora estamos [19] na tua mão: faze aquillo que te pareça bom e recto que se nos faça.

26 Assim pois lhes fez: e livrou-os das mãos dos filhos de Israel, e não os mataram.

27 E, n’aquelle dia, Josué os deu como rachadores de lenha [20] e tiradores de agua para a congregação e para o altar do Senhor, [21] até ao dia de hoje, no logar que escolhesse.

[1] Num. 34.6. Exo. 3.17 e 23.23.

[2] Psa. 83.4, 6.

[3] cap. 10.2. II Sam. 21.1. cap. 6.27.

[4] cap. 5.10.

[5] cap. 11.19. Exo. 23.32. Deu. 7.2 e 20.16. Jui. 2.2.

[6] Deu. 20.11. II Reis 10.5.

[7] Deu. 20.15. Exo. 15.14. Jos. 2.10.

[8] Num. 21.24, 33.

[9] Num. 27.21. Isa. 30.1, 2. Jui. 1.1. I Sam. 22.10 e 23.10, 11 e 30.8. II Sam. 2.1 e 5.19.

[10] cap. 11.19. II Sam. 21.2.

[11] cap. 18.25, 26, 28. Esd. 2.25.

[12] Psa. 15.4. Ecc. 5.2.

[13] II Sam. 21.1, 2, 6. Eze. 17.13, 15, 18, 19. Zac. 5.3, 4. Mal. 3.5.

[14] Deu. 29.21. ver. 15.

[15] ver. 6, 9, 16.

[16] Gen. 9.25. ver. 11, 27.

[17] Exo. 23.32. Deu. 7.1, 2.

[18] Exo. 15.14.

[19] Gen. 16.6.

[20] ver. 21, 23.

[21] Deu. 12.5.

Gibeon é sitiada por cinco reis.

10 E succedeu que, ouvindo Adonizedek, rei de Jerusalem, que Josué tomara a Hai, e a tinha destruido totalmente, e fizera a Hai e ao seu rei como tinha feito [1] a Jericó e ao seu rei, e que os moradores de Gibeon fizeram paz com os israelitas, e estavam no meio d’elles,

2 Temeram [2] muito: porque Gibeon era uma cidade grande como uma das cidades reaes, e ainda maior do que Hai, e todos os seus homens valentes.

3 Pelo que Adonizedek, rei de Jerusalem, enviou a Hoham, rei de Hebron, e a Piram, rei de Jarmuth, e a Jafia, rei de Lachis, e a Debir, rei de Eglon, dizendo:

4 Subi a mim, e ajudae-me, e firamos a Gibeon: porquanto [3] fez paz com Josué e com os filhos de Israel.

5 Então se ajuntaram, e subiram cinco reis dos amorrheos, o rei de Jerusalem, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de Lachis, o rei de Eglon, elles e todos os seus exercitos: e sitiaram [4] a Gibeon e pelejaram contra ella.

Josué soccorre a Gibeon.

6 Enviaram pois os homens de Gibeon a Josué [5] ao arraial de Gilgal, dizendo: Não retires as tuas mãos de teus servos; sobe apressadamente a nós, e livra-nos, e ajuda-nos, porquanto todos os reis dos amorrheos, que habitam na montanha, se ajuntaram contra nós.

7 Então subiu Josué de Gilgal, elle e toda a gente [6] de guerra com elle, e todos os valentes e valorosos.

8 E o Senhor disse a Josué: Não os temas, [7] porque os tenho dado na tua mão: nenhum d’elles parará diante de ti.

9 E Josué lhes sobreveiu de repente, porque toda a noite veiu subindo desde Gilgal.

10 E o Senhor os conturbou [8] diante de Israel, e os feriu de grande ferida em Gibeon; e seguiu-os pelo caminho que sobe a Bethoron, e os feriu até Azeka e a Makeda.

11 E succedeu que, fugindo elles diante de Israel, á descida de Bethoron, o Senhor lançou [9] sobre elles, do céu, grandes pedras até Azeka, e morreram: e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos d’Israel mataram á espada.

O sol e a lua são detidos.

12 Então Josué fallou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorrheos na mão dos filhos de Israel, e disse aos olhos dos israelitas: Sol, detem-te em Gibeon, e tu, [10] lua, no valle de Ajalon.

13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está [11] escripto no livro do [IC] Recto? O sol pois se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quasi um dia inteiro.

14 E não houve dia [12] similhante a este, nem antes nem depois d’elle, ouvindo o Senhor assim a voz d’um homem: porque o Senhor pelejava por Israel.

15 E tornou-se [13] Josué, e todo o Israel com elle, ao arraial a Gilgal.

Josué prende os cinco reis e mata-os.

16 Aquelles cinco reis, porém, fugiram, e se esconderam n’uma cova em Makeda.

17 E foi annunciado a Josué, dizendo: Acharam-se os cinco reis escondidos n’uma cova em Makeda.

18 Disse pois Josué: Arrojae grandes pedras á bocca da cova, e ponde sobre ella homens que os guardem:

19 Porém vos não vos detenhaes; segui os vossos inimigos, e feri os que ficaram atraz: não os deixeis entrar nas suas cidades, porque o Senhor vosso Deus já vol-os deu na vossa mão.

20 E succedeu que, acabando Josué e[221] os filhos de Israel de os ferir a grande ferida, até consumil-os, e que os que ficaram d’elles se retiraram ás cidades fortes,

21 Todo o povo se tornou em paz a Josué, ao arraial em Makeda: não havendo ninguem que movesse a sua lingua [14] contra os filhos de Israel.

22 Depois disse Josué: Abri a bocca da cova, e trazei-me aquelles cinco reis para fóra da cova.

23 Fizeram pois assim, e trouxeram-lhe aquelles cinco reis para fóra da cova: o rei de Jerusalem, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de Lachis, e o rei de Eglon.

24 E succedeu que, trazendo aquelles reis a Josué, Josué chamou todos os homens de Israel, e disse aos capitães da gente de guerra, que com elle foram: Chegae, ponde os vossos [15] pés sobre os pescoços d’estes reis. E chegaram, e pozeram os seus pés sobre os seus pescoços.

25 Então Josué lhes disse: Não temaes, nem vos espanteis: [16] esforçae-vos e animae-vos; porque assim o fará o Senhor a todos os vossos inimigos, contra os quaes pelejardes.

26 E, depois d’isto, Josué os feriu e os matou, e os enforcou em cinco madeiros: e ficaram enforcados [17] nos madeiros até á tarde.

27 E succedeu que, ao tempo do pôr do sol, deu Josué ordem que os tirassem [18] dos madeiros: e lançaram-n’os na cova onde se esconderam: e pozeram grandes pedras á bocca da cova, que ainda ali estão até ao mesmo dia de hoje.

Josué vence mais sete reis.

28 E n’aquelle mesmo dia tomou Josué a Makeda, e feriu-a a fio de espada, e destruiu o seu rei, a elles, e a toda a alma que n’ella havia; nada deixou de resto: e fez ao rei de Makeda como [19] fizera ao rei de Jericó.

29 Então Josué e todo o Israel com elle passou de Makeda a Libna, e pelejou contra Libna;

30 E tambem o Senhor a deu na mão d’Israel, a ella e a seu rei, e a feriu a fio de espada, a ella e a toda a alma que n’ella havia; nada deixou de resto: e fez ao seu rei como fizera ao rei de Jericó.

31 Então Josué, e todo o Israel com elle, passou de Libna a Lachis: e a sitiou, e pelejou contra ella;

32 E o Senhor deu a Lachis na mão d’Israel, e tomou-a no dia seguinte, e a feriu a fio de espada, a ella, e a toda a alma que n’ella havia, conforme a tudo o que fizera a Libna.

33 Então Horan, rei de Gezer, subiu a ajudar a Lachis: porém Josué o feriu, a elle e ao seu povo, até que nenhum lhe deixou de resto.

34 E Josué, e todo o Israel com elle, passou de Lachis a Eglon: e a sitiaram, e pelejaram contra ella:

35 E no mesmo dia a tomaram, e a feriram a fio de espada; e a toda a alma, que n’ella havia, destruiu totalmente no mesmo dia: conforme a tudo o que fizera a Lachis.

36 Depois Josué, e todo o Israel com elle, subiu d’Eglon a [20] Hebron, e pelejaram contra ella;

37 E a tomaram, e a feriram ao fio de espada, assim ao seu rei como a todas as suas cidades; e a toda a alma, que n’ellas havia, a ninguem deixou com vida, conforme a tudo o que fizera a Eglon: e a destruiu totalmente, a ella e a toda a alma que n’ella havia.

38 Então Josué, e todo o Israel com elle, tornou a Debir, [21] e pelejou contra ella;

39 E tomou-a com o seu rei, e a todas as suas cidades, e as feriram a fio de espada, e a toda a alma que n’ellas havia destruiram totalmente, nada deixou de resto: como fizera a Hebron, assim fez a Debir e ao seu rei, e como fizera a Libna e ao seu rei.

40 Assim feriu Josué toda aquella terra, as montanhas, o sul, e as campinas, e as descidas das aguas, e a todos os seus reis; nada deixou de resto: mas tudo o que tinha folego destruiu, como ordenara o [22] Senhor Deus d’Israel.

41 E Josué os feriu desde Cades-barnea, e até Gaza: [23] como tambem toda a terra de Gosen, e até Gibeon.

42 E d’uma vez tomou Josué todos estes reis, e as suas terras: porquanto o [24] Senhor Deus d’Israel pelejava por Israel.

43 Então Josué, e todo o Israel com elle, se tornou ao arraial em Gilgal.

[1] cap. 6.21 e 8.22, 26, 28 e 9.15.

[2] Exo. 15.14, 15, 16. Deu. 11.25.

[3] ver. 1. cap. 9.15.

[4] cap. 9.2.

[5] cap. 5.10 e 9.6.

[6] cap. 8.1.

[7] cap. 11.6. Jui. 4.14. cap. 1.5.

[8] Jui. 4.15. I Sam. 7.10, 12. Psa. 18.15. Isa. 28.21. cap. 16.3, 6 e 15.35.

[9] Psa. 18.14, 16 e 77.17. Isa. 30.30. Apo. 16.21.

[10] Isa. 28.21. Hab. 3.11. Jui. 12.12.

[11] II Sam. 1.18.

[12] Isa. 38.8. Deu. 1.30. ver. 42. cap. 23.3.

[13] ver. 43.

[14] Exo. 11.7.

[15] Psa. 107.40 e 110.5 e 149.8. Isa. 26.5, 6. Mal. 4.3.

[16] Deu. 31.6, 8. cap. 1.9. Deu. 3.21 e 7.19.

[17] cap. 8.29.

[18] Deu. 21.23. cap. 8.29.

[19] cap. 6.21.

[20] cap. 14.13 e 15.13. Jui. 1.10.

[21] cap. 15.15. Jui. 1.11.

[22] Deu. 20.16, 17.

[23] Gen. 10.19. cap. 11.16.

[24] ver. 14.

As victorias de Josué sobre diversos reis.

Antes de Christo 1450

11 Succedeu depois d’isto que, ouvindo-o Jabin, rei d’Hazor, enviou a Jobab, rei de Madon, e [1] ao rei de Simron, e ao rei d’Acsaph;

2 E os reis, que estavam ao norte, nas montanhas, e na campina para o sul[222] [2] de Cinneroth, e nas planicies, e em Naphoth-dor, da banda do mar;

3 Ao cananeo do oriente e do occidente; e ao amorrheo, e ao hetheo, e ao pherezeo, e ao jebuseo nas montanhas: e [3] ao heveo ao pé d’Hermon, na terra de Mispah.

4 Sairam pois estes, e todos os seus exercitos com elles, muito povo, como a areia [4] que está na praia do mar em multidão: e muitissimos cavallos e carros.

5 Todos estes reis se ajuntaram, e vieram e se acamparam junto ás aguas de Merom, para pelejarem contra Israel.

6 E disse o Senhor a Josué: Não temas [5] diante d’elles; porque ámanhã a esta mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos d’Israel; [6] os seus cavallos jarretarás, e os seus carros queimarás a fogo.

7 E Josué, e toda a gente de guerra com elle, veiu apressadamente sobre elles ás aguas de Merom: e deram n’elles de repente.

8 E o Senhor os deu na mão d’Israel, e os feriram, e os seguiram até á grande Sidon, e até Misrephoth-main, [7] e até ao valle de Mispah ao oriente; feriram-os até não lhes deixarem nenhum.

9 E fez-lhes Josué como [8] o Senhor lhe dissera: os seus cavallos jarretou, e os seus carros queimou a fogo,

10 E n’aquelle mesmo tempo tornou Josué, e tomou a Hazor, e feriu á espada ao seu rei: porquanto Hazor d’antes era a cabeça de todos estes reinos.

11 E a toda a alma, que n’ella havia, feriram ao fio da espada, e totalmente os destruiram; nada restou do que tinha folego, e a Hazor queimou com fogo.

12 E Josué tomou todas as cidades d’estes reis, e todos os seus reis, e os feriu ao fio da espada, destruindo-os totalmente: como ordenara a [9] Moysés servo do Senhor.

13 Tão sómente não queimaram os israelitas as cidades que estavam sobre os seus outeiros: salvo sómente Hazor, a qual Josué queimou.

14 E todos os despojos d’estas cidades, e o gado, os filhos d’Israel saquearam para si: tão sómente a todos os homens feriram ao fio da espada, até que os destruiram: nada do que folego tinha deixaram com vida.

15 Como ordenara o [10] Senhor a Moysés seu servo, assim Moysés ordenou a Josué: e assim Josué o fez; nem uma só palavra tirou de tudo o que o Senhor ordenara a Moysés.

16 Assim Josué tomou toda aquella terra, as montanhas, [11] e todo o sul, e toda a terra de Gosen, e as planicies, e as campinas, e as montanhas d’Israel; e as suas planicies;

17 Desde o monte calvo, [12] que sobe a Seir, até Baal-gad, no valle do Libano, ás raizes do monte de Hermon: tambem tomou todos os seus reis, e os feriu [13] e os matou.

18 Por muitos dias Josué fez guerra contra todos estes reis.

19 Não houve cidade que fizesse paz com os filhos d’Israel, senão os heveos, [14] moradores de Gibeon: por guerra as tomaram todas.

20 Porquanto do [15] Senhor vinha, que os seus corações endurecessem, para sairem ao encontro a Israel na guerra, para os destruir totalmente, para se não ter piedade d’elles; mas para os destruir a todos, como o [16] Senhor tinha ordenado a Moysés.

21 N’aquelle tempo veiu Josué, e extirpou os enaquins [17] das montanhas d’Hebron, de Debir, d’Anab, e de todas as montanhas de Judah, e de todas as montanhas d’Israel: Josué os destruiu totalmente com as suas cidades.

22 Nenhum dos enaquins ficou de resto na terra dos filhos d’Israel: sómente ficaram de resto em Gaza, em Gath, [18] e em Asdod.

23 Assim Josué tomou toda esta terra, conforme [19] a tudo o que o Senhor tinha dito a Moysés; e Josué a deu em herança [20] aos filhos d’Israel, conforme ás suas divisões, conforme ás suas tribus: e a terra repousou da guerra.

[1] cap. 10.3 e 19.15.

[2] Num. 34.11. cap. 17.11. Jui. 1.27. I Reis 4.11.

[3] Jui. 3.3. cap. 13.11. Gen. 31.49.

[4] Gen. 22.17 e 32.12. Jui. 7.12. I Sam. 13.5.

[5] cap. 10.8.

[6] II Sam. 3.4.

[7] cap. 13.6.

[8] ver. 6.

[9] Num. 33.52.

[10] Exo. 34.11. Deu. 7.2. cap. 1.7.

[11] cap. 12.8 e 10.41.

[12] cap. 12.7.

[13] Deu. 7.24. cap. 12.7.

[14] cap. 9.3, 7.

[15] Deu. 3.30. Jui. 14.4. I Sam. 2.25. I Reis 12.15. Rom. 9.19.

[16] Deu. 20.16.

[17] Num. 13.22, 23. Deu. 1.28. cap. 15.13.

[18] I Sam. 17.4. cap. 15.46.

[19] Num. 34.2, etc.

[20] Num. 26.53. cap. 14 e 15 e 16 e 17 e 18 e 19 e 14.15 e 21.44 e 22.4 e 23.1.

As terras que Moysés deu ás duas e meia tribus.

Antes de Christo 1445

12 Estes pois são os reis da terra, aos quaes os filhos de Israel feriram e possuiram a sua terra d’além do Jordão ao nascente do sol: desde o [1] [ID] ribeiro d’Arnon, até ao monte d’Hermon, e toda a planicie do oriente.

2 Sehon, [2] rei dos amorrheos, que habitava em Hesbon e que senhoreava desde Aroer, que está á borda do ribeiro d’Arnon, e desde o meio do ribeiro, e[223] desde a metade de Gilead, e até ao ribeiro de Jabbok, o termo dos filhos de Ammon;

3 E desde a campina [3] até ao mar de Cinneroth para o oriente, e até ao mar da campina, o mar salgado para o oriente, pelo caminho de Beth-jesimoth: e desde o sul abaixo d’Asdoth-pisga.

4 Como tambem o termo [4] de Og, rei de Basan, que era do resto dos gigantes, e que habitava em Astaroth e [5] em Edrei;

5 E senhoreava no monte Hermon, e em Salcha, e em toda a Basan, até ao termo dos gesureos e dos maacateos, e metade de Gilead, termo de Sehon, rei de Hesbon.

6 A estes Moysés, servo do [6] Senhor, e os filhos de Israel feriram: e Moysés, servo do Senhor, deu esta terra aos rubenitas, e aos gaditas, e á meia tribu de Manasseh em possessão.

Os trinta e um reis que Josué feriu.

7 E estes são os reis da terra aos quaes feriu Josué [7] e os filhos de Israel d’áquem do Jordão para o occidente, desde Baal-gad, no valle do Libano, até ao monte calvo, que sobe a Seir: [8] e Josué a deu ás tribus de Israel em possessão, segundo as suas divisões;

8 O que havia nas montanhas, [9] e nas planicies, e nas campinas, e nas descidas das aguas, e no deserto, e para o sul: o heteo, o amorrheo, e o cananeo, o pherezeo, o heveo, e o jebuseo.

9 O rei de Jericó, [10] um; o rei d’Ai, que está ao lado de Bethel, outro;

10 O rei de Jerusalem, [11] outro; o rei d’Hebron, outro;

11 O rei de Jarmuth, outro; o rei de Lachis, outro;

12 O rei d’Eglon, [12] outro; o rei de Geser, outro;

13 O rei de Debir, [13] outro; o rei de Geder, outro;

14 O rei d’Horma, outro; o rei d’Harad, outro;

15 O rei de Libna, [14] outro; o rei d’Adullam, outro;

16 O rei de Makeda, [15] outro; o rei de Bethel, outro;

17 O rei de Tappuah, outro; o rei d’Hepher, [16] outro;

18 O rei d’Aphek, outro; o rei de Lassaron, outro;

19 O rei de Madon, outro; o rei d’Hazor, [17] outro;

20 O rei de Simron-meron, [18] outro; o rei d’Achsaph, outro;

21 O rei de Taanach, outro; o rei de Megiddo, outro;

22 O rei de Kedes, [19] outro; o rei de Jokneam do Carmel, outro;

23 O rei de Dor [20] em Nafath-dor, outro; o rei das nações em Gilgal, outro;

24 O rei de Tirza, outro: trinta e um reis por todos.

[1] Num. 21.24. Deu. 3.8.

[2] Num. 21.24. Deu. 2.33, 36 e 3.6, 16.

[3] Deu. 3.17. cap. 13.20.

[4] Num. 21.35. Deu. 3.4, 10, 11. Deu. 1.4.

[5] Deu. 3.8. cap. 13.11. Deu. 3.14.

[6] Num. 21.24, 33 e 32.29, 33. Deu. 3.11. cap. 13.8.

[7] cap. 11.17.

[8] Gen. 14.6 e 32.3. Deu. 2.1, 4. cap. 11.23.

[9] cap. 10.40 e 11.16. Exo. 3.8 e 23.23. cap. 9.1.

[10] cap. 6.2. cap. 8.29.

[11] cap. 10.23.

[12] cap. 10.33.

[13] cap. 10.38.

[14] cap. 10.29.

[15] cap. 10.28. cap. 8.17. Jui. 1.22.

[16] I Reis 4.10.

[17] cap. 11.10.

[18] cap. 11.1 e 19.15.

[19] cap. 19.37.

[20] cap. 11.2. Gen. 14.1. Isa. 9.1.

Josué reparte a terra que tinha conquistado.

13 Era, porém, Josué já velho, [1] entrado em dias; e disse-lhe o Senhor: Já estás velho, entrado em dias; e ainda muitissima terra ficou para possuir.

2 A terra que fica de resto [2] é esta: todos os termos dos philisteos, e toda a Gesuri;

3 Desde Sihor, [3] que está defronte do Egypto, até ao termo de Ekron para o norte, que se conta ser dos cananeos: cinco principes [4] dos philisteos, o gazeo, e o asdodeo, o ascalonita, o [5] getheo, e o ekroneo, e os aveos;

4 Desde o sul, toda a terra dos cananeos, e Meara, que é dos sidoneos; até Aphek: [6] até ao termo dos amorrheos;

5 Como [7] tambem a terra dos gibleos, e todo o Libano para o nascente do sol, desde Baal-gad, ao pé do monte Hermon, até á entrada d’Hamath;

6 Todos os que habitam nas montanhas desde o Libano até [8] Misrephoth-main, todos os sidoneos; eu os lançarei de diante dos filhos de Israel: tão sómente faze que a terra caia a Israel em sorte por [9] herança, como t’o tenho mandado.

7 Reparte pois agora esta terra por herança ás nove tribus e á meia tribu de Manasseh;

8 Com quem os rubenitas e os gaditas receberam a sua herança; a qual lhes deu Moysés d’além do Jordão para o oriente; como lhes tinha dado [10] Moysés, servo do Senhor,

9 Desde Aroer, que está á borda do ribeiro d’Arnon, e a cidade que está no meio do valle, e toda [11] a campina de Medeba até Dibon;

10 E todas [12] as cidades de Sehon, rei[224] dos amorrheos, que reinou em Hesbon, até ao termo dos filhos d’Ammon;

11 E Gilead, e [13] o termo dos gesureos, e dos maacateos, e todo o monte Hermon, e toda a Basan até Salcha:

12 Todo o reino d’Og em Basan, que reinou em Astaroth e em Edrei; este ficou do resto dos gigantes [14] que Moysés feriu e expelliu.

13 Porém os filhos de Israel não expelliram os gesureos, nem os maacateos; antes Gesur [15] e Maacath habitaram no meio de Israel até ao dia de hoje.

14 Tão sómente á tribu [16] de Levi não deu herança: os sacrificios queimados do Senhor Deus de Israel são a sua herança, como lhe tinha dito.

15 Assim Moysés deu á tribu dos filhos de Ruben, conforme as suas familias.

16 E foi o seu termo desde [17] Aroer, que está á borda do ribeiro d’Arnon, e a cidade que está no meio do valle, e toda a campina até Medeba;

17 Hesbon e todas as suas cidades, que estão na campina: Dibon, e Bamoth-baal, e Beth-baal-meon;

18 E Jahsa, [18] e Kedemoth, e Mephaat;

19 E Kiriathaim, [19] e Sibma, e Zereth, e Hassahar, no monte do valle;

20 E Beth-peor, e [20] Asdoth-pisga, e Beth-jesimoth;

21 E todas [21] as cidades da campina, e todo o reino de Sehon, rei dos amorrheos, que reinou em Hesbon, a quem Moysés feriu, [22] como tambem aos principes de Midian, Evi, e Rekem, e Sur, e Hur, e Reba, principes de Sehon, moradores da terra.

22 Tambem os filhos de Israel mataram á espada a Balaão, [23] filho de Beor, o adivinho, como os mais que por elles foram mortos.

23 E foi o termo dos filhos de Ruben o Jordão e o seu termo; esta é a herança dos filhos de Ruben, segundo as suas familias, as cidades, e as suas aldeias.

24 E deu Moysés á tribu de Gad, aos filhos de Gad, segundo as suas familias.

25 E foi o seu termo [24] Jaezer, e todas as cidades de Gilead, e metade da terra dos filhos d’Ammon, até Aroer, que está defronte de Rabba;

26 E desde Hesbon até Ramath-mispe, e Bethonim: e desde Mahanaim até ao termo de Debir;

27 E no valle Beth-aram, e [25] Beth-nimra, e Succoth, e Saphon, que ficara do resto do reino do rei de Sehon em Hesbon, o Jordão e o seu termo, até á extremidade do [26] mar de Cinnereth d’além do Jordão para o oriente.

28 Esta é a herança dos filhos de Gad, segundo as suas familias, as cidades e as suas aldeias.

29 Deu tambem Moysés herança á meia tribu de Manasseh, que ficou á meia tribu dos filhos de Manasseh, segundo as suas familias,

30 De maneira que o seu termo foi desde Mahanaim, todo o Basan, todo o reino d’Og, rei de Basan, e todas as aldeias de Jair, [27] que estão em Basan, sessenta cidades,

31 E metade de Gilead, e Astaroth, e [28] Edrei, cidades do reino d’Og, em Basan, aos filhos de Machir, filho de Manasseh, a saber, á metade dos filhos de Machir, segundo as suas familias.

32 Isto é o que Moysés repartiu em herança nas campinas de Moab, d’além do Jordão de Jericó para o oriente.

33 Porém á tribu [29] de Levi Moysés não deu herança: o Senhor Deus de Israel é a sua herança, como lhe tinha dito.

[1] cap. 14.10 e 23.1.

[2] Jui. 3.1. Joel 3.4. ver. 13. II Sam. 3.3 e 13.37, 38.

[3] Jer. 2.18.

[4] Jui. 3.3. I Sam. 6.4, 16. Sof. 2.5.

[5] Deu. 2.23.

[6] cap. 19.30. Jui. 1.34.

[7] I Reis 5.18. Eze. 27.9. cap. 12.7.

[8] cap. 11.8. cap. 23.13. Jui. 2.21, 23.

[9] cap. 14.1.

[10] Num. 32.33. Deu. 3.12. cap. 22.4.

[11] ver. 16. Num. 21.30.

[12] Num. 21.24, 25.

[13] cap. 12.5.

[14] Deu. 3.11. cap. 12.4. Num. 21.24, 35.

[15] ver. 11.

[16] Num. 18.20, 23, 24. cap. 14.3, 4. ver. 33.

[17] cap. 12.2. Num. 21.28, 30. ver. 9.

[18] Num. 21.33.

[19] Num. 32.37, 38.

[20] Deu. 3.17. cap. 12.3.

[21] Deu. 3.10.

[22] Num. 21.24 e 31.8.

[23] Num. 22.5.

[24] Num. 32.35 e 21.26, 28, 29. Deu. 2.19. Jui. 11.13, 15, etc. II Sam. 11.1 e 12.26.

[25] Num. 32.36. Gen. 33.17. I Reis 7.46.

[26] Num. 34.11.

[27] Num. 32.41. I Chr. 2.23.

[28] cap. 12.4. Num. 32.39, 40.

[29] ver. 14. cap. 18.7. Num. 18.20. Deu. 10.9 e 18.1, 2.

Josué dá a Caleb, em herança, Hebron.

Antes de Christo 1444

14 Isto pois é o que os filhos de Israel tiveram em herança na terra de Canaan: o que Eleazar, o sacerdote, [1] e Josué, filho de Nun, e os Cabeças dos paes das tribus dos filhos de Israel lhes fizeram repartir,

2 Por sorte da sua herança, [2] come o Senhor ordenara, [IE] pelo ministerio de Moysés, ácerca das nove tribus e da meia tribu.

3 Porquanto ás duas tribus e á meia tribu deu Moysés [3] herança d’além do Jordão: mas aos levitas não tinha dado herança entre elles.

4 Porque os filhos de José foram duas tribus, [4] Manasseh e Ephraim: e aos levitas não deram herança na terra, senão cidades em que habitassem, e os seus arrabaldes para seu gado e para sua possessão.

5 Como o Senhor ordenara [5] a Moysés,[225] assim fizeram os filhos d’Israel, e repartiram a terra.

6 Então os filhos de Judah chegaram a Josué em Gilgal; e Caleb, filho de Jefoné o kenezeo, lhe disse: [6] Tu sabes a palavra que o Senhor fallou a Moysés, homem de Deus, em [7] Cades-barnea, por causa de mim e de ti.

7 Da edade de quarenta annos era eu, quando Moysés, servo do Senhor, me enviou de Cades-barnea a [8] espiar a terra: e eu lhe trouxe resposta, como sentia no meu coração:

8 Mas meus irmãos, [9] que subiram comigo, fizeram derreter o coração do povo; eu porém perseverei [10] em seguir ao Senhor meu Deus.

9 Então Moysés n’aquelle dia jurou, dizendo: Certamente a terra [11] que pisou o teu pé será tua, e de teus filhos, em herança perpetuamente; pois perseveraste em seguir ao Senhor meu Deus.

10 E agora eis-que o Senhor me conservou em vida, [12] como disse; quarenta e cinco annos ha agora, desde que o Senhor fallou esta palavra a Moysés, andando Israel ainda no deserto: e agora eis-que já hoje sou de edade de oitenta e cinco annos.

11 E ainda hoje estou tão forte como [13] no dia em que Moysés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair e para entrar.

12 Agora pois dá-me este monte de que o Senhor fallou aquelle dia: pois n’aquelle dia tu ouviste que os anekins estão ali, e grandes e fortes cidades ha ali: porventura o Senhor será comigo, [14] para os expellir, como o Senhor disse.

13 E Josué [15] o abençoou, e deu a Caleb, filho de Jefoné, a Hebron em herança.

14 Portanto [16] Hebron foi de Caleb, filho de Jefoné o kenezeo, em herança até ao dia d’hoje: porquanto perseverara em seguir [17] ao Senhor Deus d’Israel.

15 E era d’antes o nome d’Hebron [IF] Kiriath-arba, [18] porque Arba foi um grande homem entre os anekins. E a terra repousou da guerra.

[1] Num. 34.17, 18.

[2] Num. 26.55 e 33.54 e 34.13.

[3] cap. 13.8, 32, 33.

[4] Gen. 48.5. I Chr. 5.1, 2.

[5] Num. 35.2. cap. 21.2.

[6] Num. 32.12. cap. 15.17. Num. 14.24, 30. Deu. 1.36, 38.

[7] Num. 13.26.

[8] Num. 13.6 e 14.6.

[9] Num. 13.31, 32. Deu. 1.28.

[10] Num. 14.24. Deu. 1.36.

[11] Num. 14.23, 24. Deu. 1.36. cap. 1.3. Num. 13.22.

[12] Num. 14.30.

[13] Deu. 34.7 e 31.2.

[14] Num. 13.28, 33. Psa. 18.33. Rom. 8.31. cap. 15.14. Jui. 1.20.

[15] cap. 22.6 e 10.37 e 15.13. Jui. 1.20. cap. 21.11, 12. I Chr. 6.55, 56.

[16] cap. 21.12.

[17] ver. 8, 9.

[18] Gen. 23.2. cap. 15.13 e 11.23.

As heranças das nove e meia tribus. A herança de Judah.

15 E foi a sorte da tribu dos filhos de Judah, segundo as suas familias, até ao termo d’Edom, [1] o deserto de Sin para o sul, até a extremidade da banda do sul.

2 E foi o seu termo para o sul, desde a ribeira do mar salgado, desde a [IG] bahia que olha para o sul;

3 E sae para o sul, até á subida d’Akrabbim, [2] e passa a Sin, e sobe do sul a Cades-Barnea, e passa por Hezron, e sobe a Adar, e rodeia a Carca:

4 E passa Asmon, [3] e sae ao ribeiro do Egypto, e as saidas d’este termo irão até ao mar: este será o vosso termo da banda do sul.

5 O termo porém para o oriente será o mar salgado, até á extremidade do Jordão: e o termo para o norte será da bahia do mar, desde a extremidade do Jordão.

6 E este termo subirá até [4] Beth-hogla, e passará do norte a Beth-araba, e este termo subirá até á pedra de Bohan, filho de Ruben.

7 Subirá mais este termo a Debir desde o valle d’Acor, [5] e olhará pelo norte para Gilgal, a qual está á subida d’Adummim, que está para o sul do ribeiro: então este termo passará até ás aguas d’En-semes: e as suas saidas estarão da banda [6] d’En-rogel.

8 E este termo passará pelo valle do filho [7] d’Hinnom, da banda dos jebuseos do sul: esta é Jerusalem: e subirá este termo até ao cume do monte que está diante do valle d’Hinnom para o occidente, que está no fim do valle [8] dos rephains da banda do norte.

9 Então este termo irá desde a altura do monte até á fonte [9] das aguas de Nephtoah; e sairá até ás cidades do monte d’Ephron; irá mais este termo até Baala; esta é Kiriath-jearim:

10 Então tornará este termo desde Baala para o occidente, até ás montanhas de Seir, e passará ao lado do monte de Jearim da banda do norte; esta é Kesalon, e descerá a Beth-semes, e passará [10] por Timna.

11 Sairá este termo mais ao lado d’Ekron[226] [11] para o norte, e este termo irá a Sicron, e passará o monte de Baala, e sairá em Jabneel: e as saidas d’este termo [12] eram no mar.

12 Será porém o termo da banda do occidente o mar grande, e o seu termo: este é o termo dos filhos [13] de Judah ao redor, segundo as suas familias.

13 Mas a Caleb, filho de Jefoné, deu uma parte no meio dos filhos de Judah, conforme ao dito do Senhor a Josué: a saber, a cidade de Arba, pae d’Enak; este é Hebron.

14 E expelliu Caleb d’ali [14] os tres filhos d’Enak: Sesai, e Ahiman, e Talmai, gerados d’Enak.

15 E d’ali subiu [15] aos habitantes de Debir: e fôra d’antes o nome de Debir Kiriath-sepher.

16 E disse Caleb: [16] Quem ferir a Kiriath-sepher, e a tomar, lhe darei a minha filha Acsa por mulher.

17 Tomou-a pois Othniel, [17] filho de Kenaz, irmão de Caleb: e deu-lhe a sua filha Acsa por mulher.

18 E succedeu que, [18] vindo ella a elle, o persuadiu que pedisse um campo a seu pae: e ella se apeou do jumento: então Caleb lhe disse: Que é que tens?

19 E ella disse; [19] Dá-me [IH] uma benção; pois me déste terra secca, dá-me tambem fontes de aguas. Então lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.

20 Esta é a herança da tribu dos filhos de Judah, segundo as suas familias.

21 São pois as cidades da extremidade da tribu dos filhos de Judah até ao termo d’Edom para o sul: Cabzeel, e Eder, e Jagur,

22 E Kina, e Dimona, e Adada,

23 E Kedes, e Hasor, e Itnan,

24 Zif, e Telem, e Bealoth,

25 E Hasor, Hadattha, e Kirioth-hesron (que é Hasor),

26 Aman, e Sema, e Molada,

27 E Hasar-gadda, e Hesmone, e Beth-palet,

28 E Hasar-sual, e Beer-seba, e Bizjo-theja,

29 Baala, e Jim, e Ezem,

30 E Eltolad, e Chesil, e Horma,

31 E Siklag, [20] e Madmanna, e Sansanna,

32 E Lebaoth, e Silhim, e Ain, e Rimmon: todas as cidades e as suas aldeias, vinte e nove.

33 Nas planicies: [21] Esthaol, e Sora, e Asna,

34 E Zanoah, e En-gannim, Tappuah, e Enam,

35 Iarmuth, e Adullam, Socho, e Azeka,

36 E Saaraim, e Adithaim, e Gedera, e Gederothaim, quatorze cidades e as suas aldeias.

37 Senan, e Hadasa, e Migdal-gad,

38 E Dilan, e Mispah, [22] e Jokteel,

39 Lachis, e Boscath, e Eglon,

40 E Cabbon, e Lahmas, e Chitlis,

41 E Gederoth, Beth-dagon, e Naama, e Makeda: dezeseis cidades e as suas aldeias.

42 Libna, e Ether, e Asan,

43 E Iphtah, e Asna, e Nezib,

44 E Keila, e Aczib, e Maresa: nove cidades e as suas aldeias.

45 Ekron, e os logares da sua jurisdicção, e as suas aldeias:

46 Desde Ekron, e até ao mar, todas as que estão da banda d’Asdod, e as suas aldeias.

47 Asdod, os logares da sua jurisdicção, e as suas aldeias; Gaza, os logares [23] da sua jurisdicção, e as suas aldeias, até ao rio do Egypto: e o mar grande e o seu termo.

48 E nas montanhas, Samir, Iatthir, e Socoh,

49 E Danna, e Kiriath-sanna, que é Debir,

50 E Anab, Estemo, e Anim,

51 E Gosen, [24] e Holon, e Gilo: onze cidades e as suas aldeias.

52 Arab, e Duma, e Esan,

53 E Ianum, e Beth-tappuah, e Apheka,

54 E Humta, e Kiriath-arba [25] (que é Hebron), e Sihor: nove cidades e as suas aldeias.

55 Maon, Carmel, e Zif, e Iuta,

56 E Jezreel, e Jokdeam, e Zanoah,

57 Cain, Gibea, e Timna: dez cidades e as suas aldeias.

58 Halhul, Beth-sur, e Gedor,

59 E Maarath, e Beth-anoth, e Eltekon: seis cidades e as suas aldeias.

60 Kiriath-baal [26] (que é, Kiriath-jearim), e Rabba: duas cidades e as suas aldeias.

61 No deserto: Beth-araba, Middin, e Secaca,

62 E Nibsan, e a cidade do sal, e Engedi: seis cidades e as suas aldeias.

63 Não poderam porém os filhos de Judah expellir [27] os jebuseos que habitavam em Jerusalem; assim habitaram os jebuseos com os filhos de Judah em Jerusalem, até ao dia de hoje.

[1] Num. 34.3 e 33.36.

[2] Num. 34.4.

[3] Num. 34.5.

[4] cap. 18.19 e 18.17.

[5] cap. 7.26.

[6] II Sam. 17.17. I Reis 1.9.

[7] cap. 18.16. II Sam. 23.10. Jer. 19.2, 6. cap. 12.28. Jui. 1.21 e 19.10.

[8] cap. 18.16.

[9] cap. 18.15. I Chr. 13.6. Jui. 18.12.

[10] Gen. 38.13. Jui. 14.4.

[11] cap. 19.43.

[12] ver. 47. Num. 34.6, 7.

[13] cap. 14.13, 15.

[14] Jui. 1.10, 20. Num. 13.22.

[15] cap. 10.28. Jui. 1.11.

[16] Jui. 1.12.

[17] Jui. 1.13 e 3.9. Num. 32.12. cap. 14.6.

[18] Jui. 1.14. Gen. 24.64. I Sam. 25.23.

[19] Gen. 33.11.

[20] I Sam. 27.6.

[21] Num. 13.23.

[22] II Reis 14.7.

[23] ver. 4. Num. 34.6.

[24] cap. 10.41 e 11.16.

[25] ver. 13. cap. 14.15.

[26] cap. 18.14.

[27] Jui. 1.8, 21. II Sam. 5.6. Jui. 1.21.

[227]

As heranças dos filhos de José. A herança de Ephraim.

16 Saiu depois a sorte dos filhos de José, desde o Jordão de Jericó ás aguas de Jericó, para o oriente, subindo ao deserto de Jericó pelas montanhas de Beth-el;

2 E de Beth-el sae a Luza, [1] e passa ao termo dos archeos, até Ataroth;

3 E desce da banda do occidente ao termo [2] de Japhleti, até ao termo de Beth-horon de baixo, e até Gazer, sendo as suas saidas para o mar.

4 Assim alcançaram a sua herança os filhos de José, Manasseh e Ephraim.

5 E foi o termo dos filhos [3] de Ephraim, segundo as suas familias, a saber: o termo da sua herança para o oriente era Atharoth-addar [4] até Beth-horon de cima:

6 E sae este termo para o occidente junto a Mikametath, [5] desde o norte, e torna este termo para o oriente a Thaanat-silo, e passa por ella desde o oriente a Janoha;

7 E desce desde Janoha a Atharoth e a Naharath, [6] e toca em Jericó, e vae sair ao Jordão.

8 De Tappuah vae este termo para o occidente ao ribeiro de Cana, [7] e as suas saidas no mar: esta é a herança da tribu dos filhos de Ephraim, segundo as suas familias.

9 E as cidades que [8] se separaram para os filhos de Ephraim estavam no meio da herança dos filhos de Manasseh: todas aquellas cidades e as suas aldeias.

10 E não expelliram aos cananeos [9] que habitavam em Gazer: e os cananeos habitaram no meio dos ephraimitas até ao dia de hoje; porém serviam-n’os, sendo-lhes tributarios.

[1] cap. 18.13. Jui. 1.26.

[2] cap. 18.13. II Chr. 8.5. I Chr. 7.28. I Reis 9.15.

[3] cap. 17.14.

[4] cap. 18.13. II Chr. 8.5.

[5] cap. 17.7.

[6] I Chr. 7.28.

[7] cap. 17.9.

[8] cap. 17.9.

[9] Jui. 1.29. I Reis 9.10.

A herança da meia tribu de Manasseh.

17 Tambem caiu a sorte á tribu de Manasseh, porquanto era [1] o primogenito de José, a saber: Machir, o primogenito de Manasseh, pae de Gilead, porquanto era homem de guerra, teve a Gilead e Basan.

2 Tambem os mais [2] filhos de Manasseh tiveram sorte, segundo as suas familias, a saber: os filhos d’Abiezer, e [3] os filhos de Helek, e os filhos d’Asriel, e os filhos de Sechem, e os filhos de Hepher, e os filhos de Semida: estes são os filhos machos de Manasseh, filho de José, segundo as suas familias.

3 Selofad, [4] porém, filho d’Hepher, o filho de Gilead, filho de Machir, o filho de Manasseh, não teve filhos, mas só filhas: e estes são os nomes de suas filhas: Machla, Noa, Hogla, Milka e Tirsa.

4 Estas, pois, chegaram diante d’Eleazar, [5] o sacerdote, e diante de Josué, filho de Nun, e diante dos principes, dizendo: O Senhor ordenou a Moysés [6] que se nos désse herança no meio de nossos irmãos: pelo que, conforme ao dito do Senhor, lhes deu herança no meio dos irmãos de seu pae.

5 E cairam a Manasseh dez quinhões, afóra a terra de Gilead, e Basan que está d’além do Jordão;

6 Porque as filhas de Manasseh no meio de seus filhos possuiram herança: e a terra de Gilead tiveram os outros filhos de Manasseh.

7 E o termo de Manasseh foi desde Aser até [7] Mikmetath, que está diante de Sechem: e vae este termo á mão direita, até aos moradores d’En-tappuah.

8 Tinha Manasseh a terra de Tappuah: porém a Tappuah, [8] no termo de Manasseh, tinham os filhos d’Ephraim.

9 Então desce este termo ao ribeiro de Cana, para o sul do ribeiro: d’Ephraim são estas cidades [9] no meio das cidades de Manasseh: e o termo de Manasseh está ao norte do ribeiro, sendo as suas saidas no mar.

10 Ephraim ao sul, e Manasseh ao norte, e o mar é o seu termo: pelo norte tocam em Aser, e pelo oriente em Issacar.

11 Porque em Issacar e em Aser tinha Manasseh [10] a Beth-sean e os logares da sua jurisdicção, e Ibleam e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes de Dor e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes d’En-dor e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes de Thaanak e os logares da sua jurisdicção, e os habitantes de Megiddo e os logares da sua jurisdicção: tres comarcas.

12 E os filhos de Manasseh [11] não poderam expellir os habitantes d’aquellas cidades: porquanto os cananeos queriam habitar na mesma terra.

13 E succedeu que, engrossando em forças [12] os filhos de Israel, fizeram[228] tributarios aos cananeos; porém não os expelliram de todo.

14 Então os filhos de José fallaram a Josué, dizendo: [13] Porque me déste por herança uma sorte e um quinhão, sendo eu um tão grande povo, visto que o Senhor até aqui me tem abençoado?

15 E disse-lhes Josué: Se tão grande povo és, sobe ao bosque, e corta para ti ali logar na terra dos phereseos e dos rephains: pois que as montanhas de Ephraim te são tão estreitas.

16 Então disseram os filhos de José: As montanhas nos não bastariam: tambem carros ferrados ha entre todos os cananeos que habitam na terra do valle, entre os de Beth-sean e os logares [14] da sua jurisdicção, e entre os que estão no valle de Jezreel.

17 Então Josué fallou á casa de José, a Ephraim e a Manasseh, dizendo: Grande povo és, e grande força tens; uma sorte não terás;

18 Porém as montanhas serão tuas: e, pois que bosque é, corta-o, e as suas saidas serão tuas: porque expellirás os cananeos, ainda que tenham carros ferrados, [15] ainda que sejam fortes.

[1] Gen. 41.51 e 46.20 e 48.18 e 50.23. Num. 26.29 e 32.39. I Chr. 7.14. Deu. 3.15.

[2] Num. 26.29-32.

[3] I Chr. 7.18. Num. 26.31, 32.

[4] Num. 26.33 e 27.1 e 36.2.

[5] cap. 14.1.

[6] Num. 27.6.

[7] cap. 16.6.

[8] cap. 16.8.

[9] cap. 16.9.

[10] I Chr. 7.29. I Sam. 31.10. I Reis 4.12.

[11] Jui. 1.27.

[12] cap. 16.10.

[13] cap. 16.4. Gen. 48.22 e 48.19. Num. 26.34.

[14] Jui. 1.19 e 4.3. cap. 19.18. I Reis 2.12.

[15] Deu. 20.1.

O tabernaculo é levantado em Silo.

18 E toda a congregação dos filhos de Israel se ajuntou em Silo, [1] e ali armaram a tenda da congregação, depois que a terra foi sujeita diante d’elles.

2 E d’entre os filhos de Israel ficaram sete tribus que ainda não tinham repartido a sua herança.

3 E disse Josué aos filhos de Israel: Até quando sereis negligentes a passardes para [2] possuir a terra que o Senhor Deus de vossos paes vos deu?

4 De cada tribu escolhei vós tres homens, para que eu os envie, e se levantem, e corram a terra, e a descrevam segundo as suas heranças, e se tornem a mim.

5 E a repartirão em sete partes: Judah [3] ficará no seu termo para o sul, e a casa de José ficará no seu termo para o norte.

6 E vós descrevereis a terra em sete partes, e m’a trareis a mim aqui descripta: para que eu aqui lance as [4] sortes perante o Senhor nosso Deus.

7 Porquanto os levitas [5] não teem parte no meio de vós, porém o sacerdocio do Senhor é a sua parte: [6] e Gad, e Ruben e a meia tribu de Manasseh tomaram a sua herança d’além do Jordão para o oriente, a qual lhes deu Moysés, o servo do Senhor.

8 Então aquelles homens se levantaram, e se foram: e Josué deu ordem aos que iam descrever a terra, dizendo: Ide, e correi a terra, e descrevei-a, e então tornae a mim, e aqui vos lançarei as sortes perante o Senhor, em Silo.

9 Foram pois aquelles homens, e passaram pela terra, e a descreveram, segundo as cidades, em sete partes, n’um livro: e voltaram a Josué, ao arraial em Silo.

10 Então Josué lhes lançou as sortes, em Silo, perante o Senhor; e ali repartiu Josué a terra aos filhos de Israel, conforme ás suas divisões.

A herança de Benjamin.

11 E subiu a sorte da tribu dos filhos de Benjamin, segundo as suas familias: e saiu o termo da sua sorte entre os filhos de Judah e os filhos de José.

12 E o seu termo [7] foi para a banda do norte, desde o Jordão: e sobe este termo ao lado de Jericó para o norte, e sobe pela montanha para o occidente, sendo as suas saidas no deserto de Beth-aven.

13 E d’ali passa este termo a Luza, ao lado de Luza (que é Beth-el) [8] para o sul: e desce este termo a Ataroth-adar, ao pé do monte que está da banda do sul de Beth-horon a baixa.

14 E vae este termo e torna á banda do occidente para o sul do monte que está defronte de Beth-horon, para o sul, e as suas saidas vão para Kiriath-baal [9] (que é Kiriath-jearim), cidade dos filhos de Judah: esta é a sua extensão para o occidente.

15 E a sua extensão para o sul está á extremidade de Kiriath-jearim: e sae este termo ao occidente, e vem a sair [10] á fonte das aguas de Nephtoah.

16 E desce este termo até á extremidade do monte que está defronte do valle [11] do filho de Hinnom, que está no valle dos rephains, para o norte, e desce pelo valle de Hinnom da banda dos jebuseos para o sul; e então desce á fonte de Rogel;

17 E vae desde o norte, e sae a Ensemes; e d’ali sae a Geliloth, que está defronte da subida de Adummim, e desce á pedra [12] de Bohan, filho de Ruben;

18 E passa até ao lado defronte [13] d’Araba para o norte, e desce a Araba;

[229]

19 Passa mais este termo até ao lado de Beth-hogla para o norte, estando as saidas d’este termo na lingua do mar salgado para o norte, na extremidade do Jordão para o sul: este é o termo do sul.

20 E termina o Jordão da banda do oriente: esta é a herança dos filhos de Benjamin, nos seus termos em redor, segundo as suas familias.

21 E as cidades da tribu dos filhos de Benjamin, segundo as suas familias, são: Jericó, e Beth-hogla, e Emekkesis,

22 E Beth-araba, e Semaraim, e Beth-el,

23 E Havvim, e Para, e Ophra,

24 E Chephar-haammonai, e Ophni, e Gaba: doze cidades e as suas aldeias:

25 Gibeon, e Rama, e Beeroth,

26 E Mispah, e Chephira, e Mosa,

27 E Rekem, e Irpeel, e Tharala,

28 E Sela, Eleph, e Jebusi [14] (esta é Jerusalem), Gibeath e Kiriath: quatorze cidades com as suas aldeias: esta é a herança dos filhos de Benjamin, segundo as suas familias.

[1] cap. 19.51 e 21.2 e 22.9. Jer. 7.12. Jui. 18.31. I Sam. 1.3, 24 e 4.3, 4.

[2] Jui. 18.9.

[3] cap. 15.1 e 16.1, 4.

[4] ver. 10. cap. 14.2.

[5] cap. 13.33.

[6] cap. 13.8.

[7] cap. 16.1.

[8] Gen. 28.19. Jui. 1.23. cap. 16.3.

[9] cap. 15.9.

[10] cap. 15.9.

[11] cap. 15.8.

[12] cap. 15.6.

[13] cap. 15.6.

[14] cap. 15.8.

A herança de Simeão.

19 E saiu a segunda sorte por Simeão, pela tribu dos filhos de Simeão, segundo as suas familias: e foi [1] a sua herança no meio da [2] herança dos filhos de Judah.

2 E tiveram na sua herança: Beer-seba, e Seba, e Molada,

3 E Hassar-sual, e Bala, e Asem,

4 E Eltholad, e Bethul, e Horma,

5 E Siklag, e Beth-hammarcaboth, e Hassar-susa,

6 E Beth-lebaoth, e Saruhen: treze cidades e as suas aldeias.

7 Ain, e Rimmon, e Ether, e Asan: quatro cidades e as suas aldeias.

8 E todas as aldeias que havia em redor d’estas cidades, até Baalath-beer, que é Ramath do sul: esta é a herança da tribu dos filhos de Simeão, segundo as suas familias.

9 A herança dos filhos de Simeão está entre o quinhão dos de Judah; porquanto a herança dos filhos de Judah era demasiadamente grande para elles: pelo que os filhos [3] de Simeão tiveram a sua herança no meio d’elles.

A herança de Zebulon.

10 E saiu a terceira sorte pelos filhos de Zebulon, segundo as suas familias: e foi o termo da sua herança até Sarid.

11 E sobe [4] o seu termo pelo occidente a Marala, e chega até Dabbeseth: chega tambem até ao ribeiro que está defronte de Jokneam.

12 E de Sarid volta para o oriente, para o nascente do sol, até ao termo de Chisloth-tabor, e sae a Dobrath, e vae subindo a Japhia.

13 E d’ali passa pelo oriente para o nascente, a Gath-hepher, em Ethcasin; e sae a Rimmon-methoar, que é Nea.

14 E torna este termo para o norte a Hannathon: e as suas saidas são o valle de Iphtah-el,

15 E Cattath, e Nahalal, e Simron, e Idala, e Beth-lehem: doze cidades e as suas aldeias.

16 Esta é a herança dos filhos de Zebulon, segundo as suas familias: estas cidades e as suas aldeias.

17 A quarta sorte saiu por Issacar: pelos filhos d’Issacar, segundo as suas familias.

18 E foi o seu termo Jezreela, e Chesulloth, e Sunem,

19 E Hapharaim, e Sion, e Anacarath,

20 E Rabbith, e Kision, e Ebes,

21 E Remeth, e En-gannim, e En-hadda, e Beth-patses.

22 E chega este termo até Tabor, e Sahasima, e Beth-semes; e as saidas do seu termo estão para o Jordão: dezeseis cidades e as suas aldeias.

23 Esta é a herança da tribu dos filhos d’Issacar, segundo as suas familias: estas cidades e as suas aldeias.

A herança de Aser.

24 E saiu a quinta sorte pela tribu dos filhos d’Aser, segundo as suas familias.

25 E foi o seu termo Helkath, e Hali, e Beten, e Acsaph,

26 E Alammelech, e Amad, e Misal: e chega a Carmel para o occidente, e a Sihor-libnath;

27 E volta do nascente do sol a Beth-dagon, e chega a Zebulon e ao valle de Iphtah-el, ao norte de Beth-emek e de Neiel, e vem sair a Cabul pela esquerda,

28 E Ebron, e Rehob, e Hammon, e Cana, até á grande [5] Sidon.

29 E volta este termo a Rama, e até á forte cidade de Tyro: então torna este termo a Hosa, e as suas saidas estão para o mar, desde o quinhão da terra até [6] Achzib;

30 E Uma, e Aphek, e Rechob: vinte e duas cidades e as suas aldeias.

31 Esta é a herança da tribu dos filhos d’Aser, segundo as suas familias: estas cidades e as suas aldeias.

32 E saiu a sexta sorte pelos filhos de[230] Naphtali; para os filhos de Naphtali, segundo as suas familias.

33 E foi o seu termo desde Heleph e desde Allon em Saanannim, e Adami, Nekeb, e Jabneel, até Lakum: e estão as suas saidas no Jordão.

34 E volta este termo [7] pelo occidente a Azmoth-tabor, e d’ali passa a Huccok: e chega a Zebulon para o sul, e chega a Aser para o occidente, e a Judah pelo Jordão, para o nascente do sol.

35 E são as cidades fortes: Siddim, Ser, e Hammath, Raccath, e Chinnereth,

36 E Adama, e Rama, e Hasor,

37 E Kedes, e Edrei, e En-hazor,

38 E Iron, e Migdal-el, Horem, e Beth-anath, e Beth-semes: dezenove cidades e as suas aldeias.

39 Esta é a herança da tribu dos filhos de Naphtali, segundo as suas familias: estas cidades e as suas aldeias.

A herança de Dan.

40 A setima sorte saiu pela tribu dos filhos de Dan, segundo as suas familias.

41 E foi o termo da sua herança, Sora, e Estaol, e Ir-semes,

42 E Saalabbin, [8] e Ayalon, e Ithla,

43 E Elon, e Timnath, e Ekron,

44 E Elteke, e Gibthon, e Baalath,

45 E Jehud, e Bene-berak, e Gath-rimmon,

46 E Me-jarcom, e Raccon: com o termo defronte de [II] Japho:

47 Saiu porém pequeno o termo [9] aos filhos de Dan: pelo que subiram os filhos de Dan, e pelejaram contra Lesem, e a tomaram, e a feriram ao fio da espada, e a possuiram e habitaram n’ella, e a Lesem chamaram Dan, [10] conforme ao nome de Dan seu pae.

48 Esta é a herança da tribu dos filhos de Dan, segundo as suas familias; estas cidades e as suas aldeias.

49 Acabando pois de repartir a terra em herança segundo os seus termos, deram os filhos d’Israel a Josué, filho de Nun, herança no meio d’elles.

50 Segundo o dito do Senhor lhe deram [11] a cidade que pediu, a Timnath-serah, na montanha de Ephraim: e reedificou aquella cidade, e habitou n’ella.

51 Estas são as heranças [12] que Eleazar o sacerdote, e Josué filho de Nun, e os Cabeças dos paes das familias por sorte em herança repartiram ás tribus dos filhos d’Israel [13] em Silo, perante o Senhor, á porta da tenda da congregação. E assim acabaram de repartir a terra.

[1] ver. 9.

[2] I Chr. 4.28.

[3] ver. 1.

[4] Gen. 49.13. cap. 12.22.

[5] cap. 11.8. Jui. 1.31.

[6] Gen. 38.5. Jui. 1.31. Miq. 1.14.

[7] Deu. 33.32.

[8] Jui. 1.35.

[9] Jui. 18.

[10] Jui. 18.29.

[11] cap. 24.30. I Chr. 7.24.

[12] Num. 34.17. cap. 14.1.

[13] cap. 18.1, 10.

Estabelecem-se as cidades de refugio.

20 Fallou mais o Senhor a Josué, dizendo:

2 Falla aos filhos d’Israel, dizendo: [1] Apartae-vos as cidades de refugio, de que vos fallei pelo ministerio de Moysés:

3 Para que fuja para ali o homicida, que matar alguma pessoa por erro, e não com intento: para que vos sejam por refugio do vingador do sangue.

4 E, fugindo para alguma d’aquellas cidades, por-se-ha [2] á porta da cidade, e proporá as suas palavras perante os ouvidos dos anciãos da tal cidade: então o tomarão comsigo na cidade: e lhe darão logar, para que habite com elles.

5 E, se [3] o vingador do sangue o seguir, não entregarão na sua mão o homicida: porquanto não feriu a seu proximo com intento, e o não aborreceu d’antes.

6 E habitará na mesma cidade, [4] até que se ponha a juizo perante a congregação, até que morra o summo sacerdote que houver n’aquelles dias: então o homicida voltará, e virá á sua cidade, e á sua casa, á cidade d’onde fugiu.

7 Então [IJ] apartaram a Kedes [5] em Galilea, na montanha de Naphtali, e a Sichem [6] na montanha d’Ephraim, e a Kiriath-arba, esta é Hebron, na montanha de Judah.

8 E, d’além do Jordão de Jericó para o oriente, apartaram a Beser, no deserto, [7] na campina da tribu de Ruben, e a Ramoth em Gilead da tribu de Gad, e a Golan em Basan da tribu de Manasseh.

9 Estas são as cidades [8] que foram designadas para todos os filhos d’Israel, e para o estrangeiro que andasse entre elles; para que se acolhesse a ellas todo aquelle que ferisse alguma pessoa por erro: para que não morresse ás mãos do vingador do sangue, até [9] se pôr diante da congregação.

[1] Exo. 21.13. Num. 35.6, 11, 14. Deu. 19.2, 9.

[2] Ruth 4.1.

[3] Num. 35.12.

[4] Num. 35.12, 25.

[5] cap. 21.32. I Chr. 6.76.

[6] cap. 21.21. II Chr. 10.1. cap. 14.15 e 21.11, 13. Luc. 1.39.

[7] Deu. 4.43. cap. 21.36. I Chr. 6.78. cap. 21.38. I Reis 22.3. cap. 21.27.

[8] Num. 35.15.

[9] ver. 6.

As cidades da tribu de Levi.

21 Então os Cabeças dos paes dos levitas se achegaram [1] a Eleazar[231] o sacerdote, e a Josué, filho de Nun, e aos Cabeças dos paes das tribus dos filhos d’Israel;

2 E fallaram-lhes em Silo [2] na terra de Canaan, dizendo: O Senhor ordenou, pelo ministerio de Moysés, que se nos déssem cidades para habitar, e os seus arrabaldes para os nossos animaes.

3 Pelo que os filhos d’Israel deram aos levitas da sua herança, conforme ao dito do Senhor, estas cidades e os seus arrabaldes.

4 E saiu a sorte pelas familias dos kohathitas: e aos filhos [3] de Aarão, o sacerdote, d’entre os levitas, cairam por sorte da tribu de Judah, e da tribu de Simeão, e da tribu de Benjamin, treze cidades;

5 E aos outros filhos de [4] Kohath cairam por sorte das familias da tribu d’Ephraim, e da tribu de Dan, e da meia tribu de Manasseh, dez cidades;

6 E aos filhos de Gerson [5] cairam por sorte das familias da tribu d’Issacar, e da tribu d’Aser, e da tribu de Naphtali, e da meia tribu de Manasseh em Basan, treze cidades;

7 Aos filhos de Merari, [6] segundo as suas familias, da tribu de Ruben, e da tribu de Gad, e da tribu de Zebulon, doze cidades.

8 E deram os filhos de Israel aos [7] levitas estas cidades e os seus arrabaldes por sorte, como o Senhor ordenara pelo ministerio de Moysés.

9 Deram mais da tribu dos filhos de Judah e da tribu dos filhos de Simeão estas cidades, que por nome foram nomeadas:

10 Para que fossem dos filhos d’Aarão, [8] das familias dos kohathitas, dos filhos de Levi; porquanto a primeira sorte foi sua.

11 Assim lhes [9] deram a cidade d’Arba, do pae d’Anok (esta é Hebron), [10] no monte de Judah, e os seus arrabaldes em redor d’ella.

12 Porém o campo da cidade, e [11] as suas aldeias, deram a Caleb, filho de Jefoné, por sua possessão.

13 Assim aos filhos d’Aarão, o sacerdote, deram [12] a cidade do refugio do homicida, Hebron, e os seus arrabaldes, e [13] Libna, e os seus arrabaldes;

14 E Jatthir, [14] e os seus arrabaldes, e Estmoa, e os seus arrabaldes;

15 E Cholon, [15] e os seus arrabaldes, e Debir, e os seus arrabaldes,

16 E Ain, [16] e os seus arrabaldes, e Jutta, e os seus arrabaldes, e Beth-semes e os seus arrabaldes: nove cidades d’estas duas tribus.

17 E da tribu de Benjamin, Gibeon, e os seus arrabaldes, [17] Geba, e os seus arrabaldes;

18 Anathoth, e os seus arrabaldes, e Almon, [18] e os seus arrabaldes; quatro cidades.

19 Todas as cidades dos sacerdotes, filhos d’Aarão, foram treze cidades e os seus arrabaldes.

20 E as familias [19] dos filhos de Kohath, levitas, que ficaram dos filhos de Kohath, tiveram as cidades da sua sorte da tribu d’Ephraim.

21 E deram-lhes Sichem, [20] cidade do refugio do homicida, e os seus arrabaldes, no monte de Ephraim, e Gezer, e os seus arrabaldes;

22 E Kibsaim, e os seus arrabaldes, e Beth-horon, e os seus arrabaldes: quatro cidades.

23 E da tribu de Dan, Elteke, e os seus arrabaldes, Gibbethon, e os seus arrabaldes;

24 Ajalon, e os seus arrabaldes, Gath-rimmon, e os seus arrabaldes: quatro cidades.

25 E da meia tribu de Manasseh, Taanach, e os seus arrabaldes, e Gath-rimmon, e os seus arrabaldes: duas cidades.

26 Todas as cidades para as familias dos filhos de Kohath que ficavam, foram dez, e os seus arrabaldes.

27 E aos filhos [21] de Gerson, das familias dos levitas, Golan da meia tribu de Manasseh, cidade do [22] refugio do homicida, em Basan, e os seus arrabaldes, e Be-estra, e os seus arrabaldes: duas cidades.

28 E da tribu de Issacar, Kisjon, e os seus arrabaldes: Daberath, e os seus arrabaldes;

29 Jarmuth, e os seus arrabaldes, En-gannim, e os seus arrabaldes: quatro cidades.

30 E da tribu d’Aser, Misal, e os seus arrabaldes, Abdon, e os seus arrabaldes;

31 Helkath, e os seus arrabaldes, e Rohob, e os seus arrabaldes; quatro cidades.

32 E da tribu de Naphtali, Kedes, cidade do refugio [23] do homicida, em Galilea, e os seus arrabaldes, e Hamoth-dor, e os seus arrabaldes; e Cartan, e os seus arrabaldes: tres cidades.

[232]

33 Todas as cidades dos gersonitas, segundo as suas familias, foram treze cidades e os seus arrabaldes.

34 E ás familias dos filhos [24] de Merari, dos levitas que ficavam, foram dadas da tribu de Zebulon, Jokneam e os seus arrabaldes, Carta e os seus arrabaldes,

35 Dimna e os seus arrabaldes, Nahalal e os seus arrabaldes: quatro cidades.

36 E da tribu de Ruben, Beser, e [25] os seus arrabaldes, e Jahaz, e os seus arrabaldes;

37 Kedemoth, e os seus arrabaldes, e Mephaath, e os seus arrabaldes: quatro cidades.

38 E da tribu de Gad, Ramoth, cidade do refugio [26] do homicida, em Gilead, e os seus arrabaldes, e Mahanaim, e os seus arrabaldes;

39 Hesbon, e os seus arrabaldes, Jaezer e os seus arrabaldes: por todas, quatro cidades.

40 Todas estas cidades foram dos filhos de Merari, segundo as suas familias, que ainda restavam das familias dos levitas; e foi a sua sorte doze cidades.

41 Todas as cidades [27] dos levitas, no meio da herança dos filhos d’Israel, foram quarenta e oito cidades e os seus arrabaldes.

42 Estavam estas cidades cada qual com os seus arrabaldes em redor d’ellas: assim estavam todas estas cidades.

43 D’esta sorte deu o Senhor a Israel toda a terra [28] que jurara dar a seus paes: e a possuiram e habitaram n’ella.

44 E o Senhor lhes deu repouso [29] em redor, conforme a tudo quanto jurara a seus paes; [30] e nenhum de todos os seus inimigos ficou em pé diante d’elles; todos os seus inimigos o Senhor deu na sua mão.

45 Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor fallara [31] á casa d’Israel: tudo se cumpriu.

[1] cap. 14.1 e 17.4.

[2] cap. 18.1. Num. 35.2.

[3] ver. 8, 19. cap. 24.33.

[4] ver. 20, etc.

[5] ver. 27, etc.

[6] ver. 34, etc.

[7] ver. 3. Num. 35.2.

[8] ver. 4.

[9] I Chr. 6.55. cap. 15.13.

[10] cap. 20.7. Luc. 1.39.

[11] cap. 14.14. I Chr. 6.56.

[12] I Chr. 6.57, etc. cap. 15.54 e 20.7.

[13] cap. 15.42.

[14] cap. 15.48, 50.

[15] I Chr. 6.58. cap. 15.51 e 15.49.

[16] I Chr. 6.59. cap. 15.10, 42, 55.

[17] cap. 18.24, 25.

[18] I Chr. 6.60.

[19] ver. 5. I Chr. 6.66.

[20] cap. 20.7.

[21] ver. 6. I Chr. 6.71.

[22] cap. 20.8.

[23] cap. 20.7.

[24] ver. 7. I Chr. 6.77.

[25] cap. 20.8.

[26] cap. 20.8.

[27] Num. 35.7.

[28] Gen. 13.15 e 15.18 e 26.3 e 28.4, 13.

[29] cap. 11.23 e 22.4.

[30] Deu. 7.24.

[31] cap. 23.14.

Josué abençoa e manda para suas casas as duas e meia tribus.

22 Então Josué chamou os rubenitas, e os gaditas, e a meia tribu de Manasseh,

2 E disse-lhes: [1] Tudo quanto Moysés, o servo do Senhor, vos ordenou, guardastes: e á minha voz obedecestes em tudo quanto vos ordenei.

3 A vossos irmãos por tanto tempo até ao dia d’hoje não desamparastes: antes tivestes cuidado da guarda do mandamento do Senhor vosso Deus.

4 E agora o Senhor vosso Deus deu repouso a vossos irmãos, como lhes tinha promettido: voltae-vos pois agora, e ide-vos a vossas tendas, á terra da vossa [2] possessão, que Moysés, o servo do Senhor, vos deu d’além do Jordão.

5 Tão sómente tende [3] cuidado de guardar com diligencia o mandamento e a lei que Moysés, o servo do Senhor, vos mandou: que ameis ao Senhor vosso Deus, e andeis em todos os seus caminhos, e guardeis os seus mandamentos, e vos achegueis a elle, e o sirvaes com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma.

6 Assim Josué [4] os abençoou; e despediu-os, e foram-se ás suas tendas.

7 Porquanto Moysés déra herança em Basan a meia tribu de Manasseh; porém á outra [5] metade deu Josué entre seus irmãos, d’áquem do Jordão para o occidente; e enviando-os Josué tambem á suas tendas, os abençoou;

8 E fallou-lhes, dizendo: Voltae-vos ás vossas tendas com grandes riquezas, e com muitissimo gado, com prata, e com oiro, e com metal, e com ferro, e com muitissimos vestidos: [6] e com vossos irmãos reparti o despojo dos vossos inimigos.

9 Assim os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh voltaram, e partiram dos filhos de Israel, de Silo, que está na terra de Canaan; para se irem á terra [7] de Gilead, á terra da sua possessão, de que foram feitos possuidores, conforme ao dito do Senhor pelo ministerio de Moysés.

O altar do testemunho.

10 E, vindo elles aos limites do Jordão, que estão na terra de Canaan, ali os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh edificaram um altar junto ao Jordão, [IK] um altar de grande apparencia.

11 E ouviram [8] os filhos d’Israel dizer: Eis que os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh edificaram um altar na frente da terra de Canaan, nos limites do Jordão, da banda dos filhos d’Israel.

12 O que os filhos d’Israel ouvindo, ajuntou-se toda a congregação [9] dos filhos[233] de Israel em Silo, para sairem contra elles em exercito.

13 E enviaram [10] os filhos de Israel aos filhos de Ruben, e aos filhos de Gad, e á meia tribu de Manasseh, para a terra de Gilead, a Phineas, [11] filho de Eleazar, o sacerdote;

14 E a dez principes com elle, de [12] cada casa paterna um principe, de todas as tribus de Israel: e cada um era Cabeça da casa de seus paes nos milhares de Israel.

15 E, vindo elles, aos filhos de Ruben, e aos filhos de Gad, e á meia tribu de Manasseh, á terra de Gilead, fallaram com elles, dizendo:

16 Assim diz toda a congregação do Senhor: Que transgressão é esta, com que transgredistes contra o Deus d’Israel, tornando-vos hoje d’após do Senhor, edificando-vos um altar, [13] para vos rebellardes contra o Senhor?

17 Foi-nos pouco a iniquidade de Peor? [14] de que ainda até ao dia de hoje não estamos purificados, ainda que houve castigo na congregação do Senhor?

18 E hoje vos tornaes d’após do Senhor: será que, rebellando-vos hoje contra o Senhor, ámanhã se irará contra toda a congregação de Israel.

19 Se é, porém, que a terra da vossa possessão [15] é immunda, passae-vos para a terra da possessão do Senhor, onde habita [16] o tabernaculo do Senhor, e tomae possessão entre nós: mas não vos rebelleis contra o Senhor, nem tão pouco vos rebelleis contra nós, edificando-vos um altar, afóra do altar do Senhor nosso Deus.

20 Não commetteu Acan, [17] filho de Zera, transgressão no tocante ao [IL] anathema? e não veiu ira sobre toda a congregação d’Israel? assim que aquelle homem não morreu só na sua iniquidade.

21 Então responderam os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e a meia tribu de Manasseh, e disseram aos Cabeças dos milhares de Israel:

22 O Deus dos deuses, o Senhor, [18] elle o sabe, e Israel mesmo o saberá; se é por rebeldia, ou por transgressão contra o Senhor, hoje não nos preserve;

23 Se nós edificámos altar para nos tornar d’após do Senhor, ou para sobre elle offerecer holocausto e offerta de manjares, ou sobre elle fazer offerta pacifica, [19] o Senhor mesmo de nós o requeira.

24 E, se o não fizemos por receio d’isto, dizendo: Amanhã vossos filhos virão a fallar a nossos filhos, dizendo: Que tendes vós com o Senhor Deus de Israel?

25 Pois o Senhor poz o Jordão por termo entre nós e vós, ó filhos de Ruben, e filhos de Gad; não tendes parte no Senhor: e assim bem poderiam vossos filhos fazer desistir a nossos filhos de temer ao Senhor.

26 Pelo que dissemos: Façamos agora, e nos edifiquemos um altar: não para holocausto, nem para sacrificio,

27 Mas para que entre [20] nós e vós, e entre as nossas gerações depois de nós, nos seja em testemunho, para podermos exercitar o serviço do Senhor diante d’elle com os nossos holocaustos, e com os nossos sacrificios, e com as nossas offertas pacificas: e para que vossos filhos não digam ámanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor.

28 Pelo que dissemos: Quando fôr que ámanhã assim nos digam a nós e ás nossas gerações, então diremos: Vêde o modelo do altar do Senhor que fizeram nossos paes, não para holocausto nem para sacrificio, porém para ser testemunho entre nós e vós.

29 Nunca tal nos aconteça, que nos rebellassemos contra o Senhor, ou que hoje nos tornassemos d’após do Senhor, edificando [21] altar para holocausto, offerta de manjares ou sacrificio, fóra do altar do Senhor nosso Deus, que está perante o seu tabernaculo.

30 Ouvindo pois Phineas, o sacerdote, e os principes da congregação, e os Cabeças dos milhares de Israel, que com elle estavam, as palavras que disseram os filhos de Ruben, e os filhos de Gad, e os filhos de Manasseh, pareceu bem aos seus olhos.

31 E disse Phineas, filho de Eleazar, o sacerdote, aos filhos de Ruben, e aos filhos de Gad, e aos filhos de Manasseh: Hoje sabemos que o Senhor está no meio de nós; [22] porquanto não commettestes transgressão contra o Senhor: agora livrastes os filhos de Israel da mão do Senhor.

32 E tornou-se Phineas, filho de Eleazar, o sacerdote, com os principes, de com os filhos de Ruben, e de com os filhos de Gad, da terra de Gilead á terra de Canaan, aos filhos de Israel: e trouxeram-lhes a resposta.

33 E pareceu a resposta boa aos olhos dos [23] filhos d’Israel, e os filhos d’Israel[234] louvaram a Deus: e não fallaram mais de subir contra elles em exercito, para destruirem a terra em que habitavam os filhos de Ruben e os filhos de Gad.

34 E os filhos de Ruben e os filhos de Gad pozeram ao altar o nome [IM] Ed: para que seja testemunho entre nós que o Senhor é Deus.

[1] Num. 32.20. Deu. 3.18. cap. 1.16, 17.

[2] Num. 32.33. Deu. 29.8. cap. 13.8.

[3] Deu. 6.6, 17 e 11.22 e 10.22.

[4] Gen. 47.7. Exo. 39.43. cap. 14.13. II Sam. 6.18. Luc. 24.50.

[5] cap. 17.5.

[6] Num. 31.27. I Sam. 30.24.

[7] Num. 22.1, 26, 29.

[8] Deu. 13.12, etc. Jui. 20.12.

[9] Jui. 20.1.

[10] Deu. 13.14. Jui. 20.12.

[11] Exo. 6.25. Num. 25.7.

[12] Num. 1.4.

[13] Lev. 17.8, 9. Deu. 12.13, 14.

[14] Num. 25.3, 4.

[15] Num. 16.22.

[16] cap. 18.1.

[17] cap. 7.1, 5.

[18] Deu. 10.17. I Reis 8.39. Job 10.7. Psa. 44.21. Jer. 12.13. II Cor. 11.11, 31.

[19] Deu. 18.19. I Sam. 20.16.

[20] Gen. 31.48. cap. 24.27. ver. 34. Deu. 12.5, 6, 11, 12, 17, 18, 26.

[21] Deu. 12.13.

[22] Lev. 26.11. II Chr. 15.2.

[23] I Chr. 29.20. Neh. 8.6. Dan. 2.19. Luc. 2.28.

Josué exhorta o povo a observar a lei do Senhor.

Antes de Christo 1427

23 E succedeu que, muitos dias depois que o Senhor déra [1] repouso a Israel de todos os seus inimigos em redor, e Josué [2] fosse velho e entrado em dias,

2 Chamou Josué a todo o Israel, [3] aos seus anciãos, e aos seus Cabeças, e aos seus juizes, e aos seus officiaes, e disse-lhes: Eu sou velho e entrado em dias;

3 E vós já tendes visto tudo quanto o Senhor vosso Deus fez a todas estas nações por causa de vós: [4] porque o Senhor vosso Deus é o que pelejou por vós.

4 Vêdes aqui que vos fiz cair [5] em sorte ás vossas tribus estas nações que ficam desde o Jordão, com todas as nações que tenho destruido, até ao grande mar para o pôr do sol.

5 E o Senhor vosso Deus as empuxará de diante de vós, e as expellirá de diante de vós: e [6] vós possuireis a sua terra, [7] como o Senhor vosso Deus vos tem dito.

6 Esforçae-vos pois muito [8] para guardardes e para fazerdes tudo quanto está escripto no livro da lei de Moysés: para que d’elle não vos aparteis, nem para a direita nem para a esquerda;

7 Por não entrardes a estas [9] nações que ainda ficaram comvosco: e dos nomes de seus deuses não façaes menção, nem por elles façaes jurar, nem os sirvaes, nem a elles vos inclineis.

8 Mas ao Senhor vosso Deus vos achegareis, [10] como fizestes até ao dia de hoje;

9 Pois o Senhor expelliu [11] de diante de vós grandes e numerosas nações: e, quanto a vós, ninguem ficou em pé diante de vós até ao dia de hoje.

10 Um homem d’entre vós perseguirá a mil: [12] pois é o mesmo Senhor vosso Deus o que peleja por vós, como vos tem dito.

11 Portanto, guardae muito [13] as vossas almas, para amardes ao Senhor vosso Deus.

12 Porque se d’alguma maneira vos apartardes, [14] e vos achegardes ao resto d’estas nações que ainda ficou comvosco, e com ellas vos aparentardes, e vós a ellas entrardes, e ellas a vós,

13 Sabei certamente que o Senhor vosso [15] Deus não continuará mais a expellir estas nações de diante de vós, mas vos serão por laço [16] e rede, e açoite ás vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos; até que pereçaes d’esta boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus.

14 E eis aqui eu vou hoje pelo caminho de toda a terra: [17] e vós bem sabeis, com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma, que nem uma palavra caiu de todas as boas palavras que fallou de vós o Senhor vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem d’ellas caiu uma palavra.

15 E será que, assim como sobre vós vieram todas estas boas coisas, que o Senhor vosso Deus vos disse, [18] assim trará o Senhor sobre vós todas aquellas más coisas, até vos destruir de sobre a boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus.

16 Quando traspassardes o concerto do Senhor vosso Deus, que vos tem ordenado, e fôrdes e servirdes a outros deuses, e a elles vos inclinardes, então a ira do Senhor sobre vós se accenderá, e logo perecereis de sobre a boa terra que vos deu.

[1] cap. 21.44 e 22.4.

[2] cap. 13.1.

[3] Deu. 31.28. cap. 24.1. I Chr. 28.1.

[4] Exo. 14.14. cap. 10.14, 42.

[5] cap. 13.2, 6 e 18.10.

[6] Exo. 23.30 e 33.2 e 34.11. Deu. 11.23. cap. 13.6.

[7] Num. 33.53.

[8] cap. 1.7. Deu. 5.32 e 28.14.

[9] Exo. 23.33. Deu. 7.2. Pro. 4.14. Eph. 5.11. Exo. 23.13. Jer. 5.7. Sof. 1.5. Num. 32.38.

[10] Deu. 10.20 e 11.22. cap. 22.5.

[11] Deu. 11.23. cap. 22.5.

[12] Lev. 26.8. Deu. 32.30. Jui. 3.31 e 15.15. II Sam. 23.8. Exo. 14.14 e 23.27. Deu. 3.22.

[13] cap. 22.5.

[14] Heb. 10.38, 39. II Ped. 2.20. Deu. 7.3.

[15] Jui. 2.3.

[16] Exo. 23.33. Num. 33.55. Deu. 7.16. I Reis 11.4.

[17] I Reis 2.2. Heb. 9.27. cap. 21.45. Luc. 21.33.

[18] Deu. 28.63. Lev. 26.16. Deu. 28.15, 16, etc.

Josué traz á memoria do povo tudo o que Deus tinha feito por elle.

24 Depois ajuntou Josué todas as tribus d’Israel em Sichem: [1] e chamou os anciãos d’Israel, e os seus Cabeças, e os seus juizes, e os seus officiaes: e elles se apresentaram diante de Deus.

2 Então Josué disse a todo o povo: Assim diz o Senhor Deus d’Israel: D’além do rio antigamente habitaram vossos paes, [2] Terah, pae d’Abrahão e pae de Nachor: [3] e serviram a outros deuses.

3 Eu porém tomei a vosso pae Abrahão[235] [4] d’além do rio, e o fiz andar por toda a terra de Canaan: tambem multipliquei a sua semente, e dei-lhe a Isaac.

4 E a Isaac [5] dei a Jacob e a Esaú: e a Esaú dei a montanha de Seir, para a possuir: porém Jacob e seus filhos desceram para o Egypto.

5 Então enviei a Moysés [6] e a Aarão, e feri ao Egypto, como o fiz no meio d’elle; e depois vos tirei de lá.

6 E, tirando eu a vossos paes do Egypto, [7] viestes ao mar: e os egypcios perseguiram a vossos paes, com carros e com cavalleiros, até ao Mar Vermelho.

7 E clamaram ao Senhor, [8] e poz uma escuridão entre vós e os egypcios, e trouxe o mar sobre elles, [9] e os cobriu, e os vossos olhos viram o que eu fiz no Egypto: depois habitastes no deserto muitos dias.

8 Então eu vos trouxe á terra dos amorrheos, que habitavam d’além do Jordão, os quaes pelejaram [10] contra vós: porém os dei na vossa mão, e possuistes a sua terra, e os destrui diante de vós.

9 Levantou-se tambem Balac, [11] filho de Zippor, rei dos moabitas, e pelejou contra Israel: e enviou e chamou a Balaão, filho de Beor, para que vos amaldiçoasse.

10 Porém eu não quiz ouvir [12] a Balaão: pelo que, abençoando-vos, abençoou, e livrei-vos da sua mão.

11 E, passando vós o Jordão, [13] e vindo a Jericó, os habitantes de Jericó pelejaram contra vós, os amorrheos, e os pherezeos, e os cananeos, e os hetheos, e os girgaseos, e os heveos, e os jebuseos; porém os dei na vossa mão.

12 E enviei vespões [14] diante de vós, que os expelliram de diante de vós, como a ambos os reis dos amorrheos: não com a tua espada, nem com o teu arco.

13 E eu vos dei a terra em que não trabalhastes, e cidades [15] que não edificastes, e habitaes n’ellas, e comeis das vinhas e dos olivaes que não plantastes.

Josué faz, de novo, concerto com o povo.

14 Agora pois temei [16] ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade: e deitae fóra os deuses aos quaes serviram vossos paes d’além do rio e no Egypto, e servi ao Senhor.

15 Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, [17] escolhei-vos hoje a quem sirvaes: se os deuses a quem serviram vossos paes, que estavam d’além do rio, ou os deuses dos amorrheos, em cuja terra habitaes: porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

16 Então respondeu o povo, e disse: Nunca nos aconteça que deixemos ao Senhor para servirmos a outros deuses;

17 Porque o Senhor é o nosso Deus; elle é o que nos fez subir, a nós e a nossos paes, da terra do Egypto, da casa da servidão, e o que tem feito estes grandes signaes aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andámos, e entre todos os povos pelo meio dos quaes passámos.

18 E o Senhor expelliu de diante de nós a todas estas gentes, até ao amorrheo, morador da terra: tambem nós serviremos ao Senhor, porquanto é nosso Deus.

19 Então Josué disse ao povo: [18] Não podereis servir ao Senhor, porquanto é Deus sancto, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos peccados.

20 Se deixardes ao Senhor, [19] e servirdes a deuses estranhos, então se tornará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos fazer bem.

21 Então disse o povo a Josué: Não, antes ao Senhor serviremos.

22 E Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que vós escolhestes [20] ao Senhor, para o servir. E disseram: Somos testemunhas.

23 Deitae pois agora fóra [21] aos deuses estranhos que ha no meio de vós: e inclinae o vosso coração ao Senhor Deus d’Israel.

24 E disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus, e obedeceremos á sua voz.

25 Assim fez Josué concerto [22] n’aquelle dia com o povo, e lh’o poz por estatuto e direito em Sichem.

A pedra do testemunho.

26 E Josué escreveu [23] estas palavras no livro da lei de Deus: e tomou uma grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao sanctuario do Senhor.

27 E disse Josué a todo o [24] povo: Eis que esta pedra nos será por testemunho; pois ella ouviu todas as palavras que o Senhor nos tem dito: e tambem será testemunho contra vós, para que não mintaes a vosso Deus.

28 Então Josué enviou o povo, [25] a cada um para a sua herdade.

A morte de Josué e de Eleazar.

29 E depois d’estas coisas succedeu que [26] Josué, filho de Nun, o servo do Senhor, falleceu, sendo da edade de cento e dez annos.

30 E sepultaram-n’o no termo da sua herdade, em [27] Timnath-sera, que está no monte d’Ephraim, para o norte do monte de Gaas.

31 Serviu pois Israel [28] ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel.

32 Tambem enterraram em Sichem os ossos [29] de José, que os filhos d’Israel trouxeram do Egypto, n’aquella parte do campo que Jacob comprara aos filhos d’Hemor, [30] pae de Sichem, por cem peças de prata: porquanto foram em herança para os filhos de José.

33 Falleceu tambem Eleazar, filho d’Aarão, e o sepultaram no outeiro de Phineas, [31] seu filho, que lhe fôra dado na montanha de Ephraim.

[1] Gen. 35.4. cap. 23.2. I Sam. 10.19.

[2] Gen. 11.26, 31.

[3] Gen. 31.53.

[4] Gen. 12.1. Act. 7.2, 3.

[5] Gen. 21.2 e 25.24, 25, 26 e 36.8. Deu. 2.5. Gen. 46.1, 6. Act. 7.15.

[6] Exo. 3.10 e 7 e 8 e 9 e 10.12.

[7] Exo. 12.37, 51 e 14.2, 9.

[8] Exo. 14.10, 20, 27, 28.

[9] Deu. 4.34 e 29.2. cap. 5.6.

[10] Num. 21.21, 33. Deu. 2.32 e 3.1.

[11] Jui. 11.25. Num. 22.5. Deu. 23.4.

[12] Deu. 23.5. Num. 23.11, 20 e 24.10.

[13] cap. 3.14, 17 e 4.10, 11, 12 e 6.1 e 10.1 e 11.1.

[14] Exo. 23.28. Deu. 7.20. Psa. 49.4, 7.

[15] Deu. 6.10, 11. cap. 11.13.

[16] Deu. 10.12. I Sam. 12.24. Gen. 17.1. Deu. 18.13. II Cor. 1.12. Eph. 6.24. ver. 2, 23. Lev. 17.7. Eze. 20.18.

[17] Ruth 1.15. I Reis 18.21. Eze. 20.39. João 6.67. Exo. 23.24, 32, 33 e 34.15. Deu. 13.7 e 29.18. Jui. 6.10. Gen. 18.19.

[18] Mat. 6.24. Lev. 19.2. I Sam. 6.20. Psa. 100.5, 9. Isa. 5.16. Exo. 20.5 e 23.21.

[19] I Chr. 28.9. II Chr. 15.2. Esd. 8.22. Isa. 1.28 e 65.11, 12. Jer. 17.13. cap. 23.15. Isa. 63.10. Act. 7.42.

[20] Psa. 119.173.

[21] ver. 14. Gen. 35.2. Jui. 10.16. I Sam. 7.3.

[22] Exo. 15.25. II Reis 11.17. ver. 26.

[23] Deu. 31.24. Jui. 9.6. Gen. 28.18. cap. 4.3. Gen. 35.4.

[24] Gen. 31.48, 52. Deu. 31.19, 21, 26. cap. 22.27, 28, 34. Deu. 32.1.

[25] Jui. 2.6.

[26] Jui. 2.8.

[27] cap. 19.50. Jui. 2.9.

[28] Jui. 2.7. Deu. 11.2 e 31.13.

[29] Gen. 50.25. Exo. 13.19.

[30] Gen. 33.19.

[31] Exo. 6.25. Jui. 20.28.

[236]


O LIVRO DOS JUIZES.

Novas conquistas pelas tribus.

Antes de Christo 1425

1 E succedeu, depois da morte de Josué, [1] que os filhos de Israel perguntaram ao Senhor, dizendo: Quem d’entre nós primeiro subirá aos cananeos, para pelejar contra elles?

2 E disse o Senhor: Judah subirá: [2] eis que lhe dei esta terra na sua mão.

3 Então disse Judah a Simeão, seu irmão: Sobe commigo á minha sorte, e pelejemos contra os cananeos, [3] e tambem eu comtigo subirei á tua sorte. E Simeão partiu com elle.

4 E subiu Judah, e o Senhor lhe deu na sua mão os cananeos e os pherezeos: e feriram [4] d’elles em Bezek a dez mil homens.

5 E acharam a Adoni-bezek em Bezek, e pelejaram contra elle: e feriram aos cananeos e aos pherezeos.

6 Porém Adoni-bezek fugiu, e o seguiram, e o prenderam, e lhe cortaram os dedos pollegares das mãos e dos pés.

7 Então disse Adoni-bezek: Setenta reis com os dedos pollegares das mãos e dos pés cortados apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa: assim como eu fiz, [5] assim Deus me pagou. E o trouxeram a Jerusalem, e morreu ali.

8 Porque os filhos [6] de Judah pelejaram contra Jerusalem, e a tomaram, e a feriram ao fio da espada: e a cidade pozeram a fogo.

9 E depois [7] os filhos de Judah desceram a pelejar contra os cananeos que habitavam nas montanhas, e no sul, e nas planicies.

10 E partiu Judah contra os cananeos que habitavam em Hebron (era porém d’antes [8] o nome de Hebron Quiriath-arba): e feriram a Sesai, e a Ahiman e a Talmai.

11 E d’ali partiu contra [9] os moradores de Debir: e era d’antes o nome de Debir Quiriath-sepher.

12 E disse Caleb: [10] Quem ferir a Quiriath-sepher, e a tomar, lhe darei a minha filha Acsa por mulher.

13 E tomou-a Othniel, filho de Kenaz, o irmão [11] de Caleb, mais novo do que elle: e Caleb lhe deu a sua filha Acsa por mulher.

14 E succedeu que, vindo ella a elle, o persuadiu [12] que pedisse um campo a seu pae; e ella se apeou do jumento,[237] saltando: e Caleb lhe disse: Que é o que tens?

15 E ella lhe disse: [13] Dá-me [IN] uma benção; pois me déste uma terra secca, dá-me tambem fontes de aguas. E Caleb lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.

16 Tambem os filhos [14] do Keneo, sogro de Moysés, subiram da cidade das palmeiras com os filhos de Judah ao deserto de Judah, que está ao sul [15] de Arad: e foram, e habitaram com o povo.

17 Foi-se pois Judah [16] com Simeão, seu irmão, e feriram aos cananeos que habitavam em Zephath: e totalmente a destruiram, e chamaram o nome [17] d’esta cidade [IO] Horma.

18 Tomou mais Judah a Gaza [18] com o seu termo, e a Ascalon com o seu termo, e a Ecron com o seu termo.

19 E foi o Senhor com Judah, [19] e despovoou as montanhas: porém não expelliu aos moradores do valle, porquanto tinham carros [20] ferrados.

20 E deram Hebron [21] a Caleb, como Moysés o dissera: e d’ali expelliu os tres filhos d’Enak.

21 Porém os filhos [22] de Benjamin não expelliram os jebuseos que habitavam em Jerusalem; antes os jebuseos habitaram com os filhos de Benjamin em Jerusalem, até ao dia d’hoje.

22 E subiu tambem a casa de José a Beth-el, [23] e foi o Senhor com elles.

23 E fez a casa de José espiar a Beth-el: e foi d’antes o nome d’esta cidade [24] Luz.

24 E viram os espias a um homem, que sahia da cidade, e lhe disseram: Ora mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos [25] comtigo de beneficencia.

25 E, mostrando-lhes elle a entrada da cidade, feriram a cidade ao fio da espada: porém áquelle homem e a toda a sua familia deixaram ir.

26 Então aquelle homem foi-se á terra dos hetheos, e edificou uma cidade, e chamou o seu nome Luz; este é o seu nome até ao dia d’hoje.

27 Nem Manasseh expelliu os habitantes de [26] Beth-sean, nem dos logares da sua jurisdicção; nem a Taanach, com os logares da sua jurisdicção; nem aos moradores de Dor, com os logares da sua jurisdicção; nem aos moradores de Ibleam, com os logares da sua jurisdicção; nem aos moradores de Megiddo, com os logares da sua jurisdicção: e quizeram os cananeos habitar na mesma terra.

28 E succedeu que, quando Israel cobrou mais forças, fez dos cananeos tributarios: porém não os expelliu de todo.

29 Tão pouco expelliu Ephraim aos [27] cananeos que habitavam em Gezer: antes os cananeos habitavam no meio d’elle, em Gezer.

30 Tão pouco expelliu Zebulon aos moradores de Kitron, [28] nem aos moradores de Nahalol: porém os cananeos habitavam no meio d’elle, e foram tributarios.

31 Tão pouco Aser [29] expelliu aos moradores d’Acco, nem aos moradores de Sidon: como nem a Acbal, nem a Acsih, nem a Chelba, nem a Aphik, nem a Recob;

32 Porém os aseritas habitaram no meio dos cananeos que habitavam na terra: [30] porquanto os não expelliram.

33 Tão pouco Naphtali expelliu [31] aos moradores de Beth-semes, nem aos moradores de Beth-anath; mas habitou no meio dos cananeos que habitavam na terra: porém lhes foram [32] tributarios os moradores de Beth-semes e Beth-anath.

34 E apertaram os amorrheos aos filhos de Dan até ás montanhas: porque nem os deixavam descer ao valle.

35 Tambem os amorrheos quizeram habitar nas montanhas de Heres, em Ajalon [33] e em Saalbim: porém prevaleceu a mão da casa de José, e ficaram tributarios.

36 E foi o termo dos amorrheos desde a [34] subida d’Akrabbim: desde a penha, e d’ali para cima.

[1] Num. 27.21. cap. 20.18.

[2] Gen. 40.8.

[3] ver. 17.

[4] I Sam. 11.8.

[5] Lev. 24.19. I Sam. 15.33. Thi. 2.13.

[6] Jos. 15.63.

[7] Jos. 10.36 e 11.21 e 15.13.

[8] Jos. 14.15 e 15.13, 14.

[9] Jos. 15.15.

[10] Jos. 16.16, 17.

[11] cap. 3.9.

[12] Jos. 15.18, 19.

[13] Gen. 33.11.

[14] cap. 4.11, 17. I Sam. 15.6. I Chr. 2.55. Jer. 35.2. Deu. 34.3.

[15] Num. 21.1 e 10.32.

[16] ver. 3.

[17] Num. 21.3. Jos. 19.4.

[18] Jos. 11.22.

[19] ver. 2. II Reis 18.7.

[20] Jos. 17.16, 18.

[21] Num. 14.24. Deu. 1.36. Job 14.9, 13 e 15.13, 14.

[22] Jos. 15.63 e 18.28.

[23] ver. 19. Jos. 2.1 e 7.2. cap. 18.2.

[24] Gen. 28.19.

[25] Jos. 2.12, 14.

[26] Jos. 17.11, 12, 13.

[27] Jos. 16.10. I Reis 9.16.

[28] Jos. 19.15.

[29] Jos. 19.24, 30.

[30] Psa. 106.34, 35.

[31] Jos. 19.38.

[32] ver. 32.

[33] Jos. 19.42.

[34] Num. 34.4. Jos. 15.3.

O anjo do Senhor reprehende os israelitas.

Antes de Christo 1406

2 E subiu o anjo do Senhor de Gilgal [1] a Bochim, e disse: Do Egypto vos fiz subir, e vos trouxe á terra que a vossos paes tinha jurado e dito: Nunca invalidarei o meu [2] concerto comvosco.

2 E, quanto a vós, não fareis concerto [3] com os moradores d’esta terra, antes derrubareis os seus altares: mas vós não obedecestes á minha voz. Porque fizestes isto?

3 Pelo que tambem eu disso: Não os[238] expellirei de diante de vós: antes estarão ás vossas ilhargas, e os seus deuses vos [4] serão por laço.

4 E succedeu que, fallando o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos d’Israel, o povo levantou a sua voz e chorou.

5 Pelo que chamaram áquelle logar, [IP] Bochim: e sacrificaram ali ao Senhor.

6 E havendo Josué despedido o [5] povo, foram-se os filhos d’Israel, cada um á sua herdade, para possuirem a terra.

A infidelidade dos israelitas depois da morte de Josué.

7 E serviu [6] o povo ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que prolongaram os seus dias depois de Josué, e viram toda aquella grande obra do Senhor, que fizera a Israel.

8 Falleceu [7] porém Josué, filho de Nun, servo do Senhor, da edade de cento e dez annos;

9 E sepultaram-o [8] no termo da sua herdade, em Timnath-heres, no monte d’Ephraim, para o norte do monte de Gaas.

10 E foi tambem congregada toda aquella geração a seus paes, e outra geração após d’elles se levantou, que não conhecia ao [9] Senhor, nem tão pouco a obra, que fizera a Israel.

11 Então fizeram os filhos de Israel o que parecia mal aos olhos do Senhor: e serviram os baalins.

12 E deixaram [10] ao Senhor Deus de seus paes, que os tirara da terra do Egypto, e foram-se após d’outros deuses, d’entre os deuses das gentes, que havia ao redor d’elles, e encurvaram-se a elles: e provocaram ao Senhor a ira.

13 Porquanto deixaram [11] ao Senhor: e serviram a Baal e a Astaroth.

14 Pelo que a ira [12] do Senhor se accendeu contra Israel, e os deu na mão dos roubadores, e os roubaram: e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor: e não poderam mais estar em pé diante dos seus inimigos.

15 Por onde quer que sahiam, a mão do Senhor era contra elles para mal, como o Senhor tinha dito, e como o Senhor lh’o [13] tinha jurado: e estavam em grande aperto.

16 E levantou o Senhor [14] juizes, que os livraram da mão dos que os roubaram.

17 Porém tão pouco ouviram aos juizes, antes fornicaram após outros deuses, e encurvaram-se a elles: [15] depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus paes, ouvindo os mandamentos do Senhor; o que elles assim não fizeram.

18 E, quando o Senhor lhes [16] levantava juizes, o Senhor era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias d’aquelle juiz; porquanto o Senhor se arrependia pelo seu gemido, por causa dos que os apertavam e opprimiam.

19 Porém succedia que, [17] fallecendo o juiz, tornavam e se corrompiam mais do que seus paes, andando após de outros deuses, servindo-os, e encurvando-se a elles: nada deixavam das suas obras, nem do seu duro caminho.

20 Pelo que a ira [18] do Senhor se accendeu contra Israel; e disse: Porquanto este povo traspassou [19] o meu concerto, que tinha ordenado a seus paes, e não deram ouvidos á minha voz.

21 Tão pouco desapossarei mais de [20] diante d’elles a nenhuma das nações, que Josué deixou, morrendo;

22 Para por ellas provar [21] a Israel, se houvessem de guardar o caminho do Senhor, para por elle andarem, como seus paes o guardaram, ou não.

23 Assim o Senhor deixou ficar aquellas nações, e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.

[1] ver. 5.

[2] Gen. 17.7.

[3] Deu. 7.2 e 12.3. ver. 20.

[4] Jos. 23.13. cap. 3.6. Exo. 23.33 e 34.12. Deu. 7.16. Psa. 106.36.

[5] Jos. 22.6 e 24.28.

[6] Jos. 24.31.

[7] Jos. 24.29.

[8] Jos. 24.30 e 19.50 e 24.30.

[9] Exo. 5.2. I Sam. 2.12. I Chr. 28.9. Jer. 9.3 e 22.16. Gal. 4.8. II The. 1.8. Tito 1.16.

[10] Deu. 31.16 e 6.14. Exo. 20.5.

[11] cap. 3.7 e 10.7. Psa. 106.36.

[12] cap. 3.8. Psa. 106.40, 41, 42. II Reis 17.20. cap. 3.8 e 4.2. Isa. 50.1.

[13] Lev. 26. Deu. 28.

[14] cap. 3.9, 10, 15. I Sam. 12.11. Act. 13.20.

[15] Exo. 34.15, 16. Lev. 17.7.

[16] Jos. 1.5.

[17] cap. 3.12 e 4.1 e 8.33.

[18] ver. 14.

[19] Jos. 23.16.

[20] Jos. 23.13.

[21] cap. 3.1, 4. Deu. 8.2, 16 e 13.3.

Servidão dos israelitas sob Cusan, rei da Syria ou Aram.

3 Estas pois são as nações, [1] que o Senhor deixou ficar, para por ellas provar a Israel, a saber, a todos os que não sabiam de todas as guerras de Canaan,

2 Tão sómente para que as gerações dos filhos d’Israel d’ellas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos os que d’antes não sabiam d’ellas:

3 Cinco [2] principes dos philisteos, e todos os cananeos, e sidonios, e heveos, que habitavam nas montanhas do Libano, desde o monte de Baal-hermon, até á entrada d’Hamath.

4 Estes pois ficaram, [3] para por elles provar a Israel, para saber se dariam ouvidos aos mandamentos do Senhor, que tinha ordenado a seus paes, pelo ministerio de Moysés.

[239]

5 Habitando pois os filhos de Israel [4] no meio dos cananeos, dos hetheos, e amorrheos, e pherezeos, e heveos, e jebuseos,

6 Tomaram [5] de suas filhas para si por mulheres, e deram aos filhos d’elles as suas filhas; e serviram a seus deuses.

7 E os filhos de Israel fizeram o que parecia mal [6] aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus: e serviram aos baalins e a Astaroth.

8 Então a ira do Senhor se accendeu contra Israel, e elle os [7] vendeu em mão de Cusan-risathaim, rei de Mesopotamia: e os filhos d’Israel serviram a Cusan-risathaim oito annos.

Othniel livra-os.

9 E os filhos d’Israel clamaram [8] ao Senhor, e o Senhor levantou aos filhos d’Israel um libertador, e os libertou, a Othniel, [9] filho de Kenaz, irmão de Caleb, mais novo do que elle.

10 E veiu sobre elle o Espirito do Senhor, [10] e julgou a Israel, e saiu á peleja; e o Senhor deu na sua mão a Cusan-risathaim, rei da [IQ] Syria; e a sua mão prevaleceu contra Cusan-risathaim.

11 Então a terra socegou quarenta annos; e Othniel, filho de Kenaz, falleceu.

Servidão sob Eglon.

12 Porém os filhos d’Israel tornaram [11] a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor: então o Senhor esforçou a Eglon, rei dos moabitas, contra Israel: porquanto fizeram o que parecia mal aos olhos do Senhor.

13 E ajuntou comsigo aos filhos d’Ammon e aos amalekitas, [12] e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras.

14 E os filhos d’Israel [13] serviram a Eglon, rei dos moabitas, dezoito annos.

Ehud livra-os.

Antes de Christo 1336

15 Então os filhos d’Israel clamaram [14] ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, a Ehud, filho de Gera, filho de Jemini, homem canhoto. E os filhos d’Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglon, rei dos moabitas.

16 E Ehud fez uma espada de dois fios, do comprimento de um covado: e cingiu-a por debaixo dos seus vestidos, á sua côxa direita.

17 E levou aquelle presente a Eglon, rei dos moabitas; e era Eglon homem mui gordo.

18 E succedeu que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que trouxera o presente.

19 Porém voltou das [IR] imagens de esculptura que estão ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, [15] ó rei. O qual disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam sairam de diante d’elle.

20 E Ehud entrou a elle, a um cenaculo fresco, que para si só tinha, onde estava assentado, e disse Ehud: Tenho para ti uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira.

21 Então Ehud estendeu a sua mão esquerda, e lançou mão da espada da sua côxa direita, e lh’a cravou no ventre,

22 De tal maneira que entrou até á empunhadura após da folha, e a gordura encerrou a folha (porque não tirou a espada do ventre): e saiu-se-lhe o excremento.

23 Então Ehud saiu á sala, e cerrou sobre elle as portas do cenaculo, e as fechou.

24 E, saindo elle, vieram os seus servos, e viram, e eis que as portas do cenaculo estavam fechadas; e disseram: Sem duvida está cobrindo seus pés na recamara do cenaculo fresco.

25 E, esperando até se enfastiarem, eis que não abria as portas do cenaculo; então tomaram a chave, e abriram, e eis aqui seu senhor estendido morto em terra.

26 E Ehud escapou, emquanto elles se demoraram: porque elle passou pelas imagens de esculptura, e escapou para Seirath.

27 E succedeu que, entrando elle, tocou [16] a buzina nas montanhas de Ephraim: e os filhos de Israel desceram com elle das montanhas, e elle adiante d’elles,

28 E disse-lhes: Segui-me: porque o Senhor vos tem dado [17] a vossos inimigos, os moabitas, na vossa mão: e desceram após d’elle, e tomaram os váos do Jordão a Moab, e a nenhum deixaram passar.

29 E n’aquelle tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens, todos corpulentos, e todos homens valorosos: e não escapou nenhum.

[240]

30 Assim foi subjugado Moab n’aquelle dia debaixo da mão de Israel: e a terra socegou oitenta annos.

31 Depois d’elle foi Samgar, filho d’Anath, que feriu a seiscentos homens dos philisteos com uma aguilhada de bois: e tambem elle libertou a Israel.

[1] cap. 2.21, 22.

[2] Jos. 13.3.

[3] cap. 2.22.

[4] Psa. 106.35.

[5] Exo. 34.16. Deu. 7.3.

[6] cap. 2.11, 13. Exo. 34.13. Deu. 16.21. cap. 6.25.

[7] cap. 2.14. Hab. 3.7.

[8] ver. 15. cap. 4.3 e 6.7 e 10.10. I Sam. 12.10. cap. 2.16.

[9] cap. 1.13.

[10] Num. 27.18. I Sam. 11.6.

[11] cap. 2.19. I Sam. 12.9.

[12] cap. 5.14 e 1.16.

[13] Deu. 28.48.

[14] ver. 9. Psa. 78.34.

[15] Jos. 4.20.

[16] cap. 5.14 e 6.34. I Sam. 13.3. Jos. 17.15. cap. 7.24 e 17.1 e 19.1.

[17] cap. 7.9, 15. I Sam. 17.47. Jos. 2.7. cap. 12.5.

Servidão sob Jabin rei de Canaan.

Antes de Christo 1296

4 Porém os filhos [1] d’Israel tornaram a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, depois de fallecer Ehud.

2 E vendeu-os o Senhor em [2] mão de Jabin, rei de Canaan, que reinava em Hazor: e Sisera era o capitão do seu exercito, o qual então habitava em Haroseth dos gentios.

3 Então os filhos d’Israel clamaram ao Senhor, porquanto elle tinha novecentos carros ferrados, [3] e vinte annos opprimia os filhos d’Israel violentamente.

Debora e Barac livram-os.

4 E Debora, mulher prophetiza, mulher de Lappidoth, julgava a Israel n’aquelle tempo.

5 E habitava debaixo das palmeiras de [4] Debora, entre Rama e Beth-el, nas montanhas d’Ephraim: e os filhos d’Israel subiam a ella a juizo.

6 E enviou, e chamou a Barac, filho [5] de Abinoam de Kedes de Naphtali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus d’Israel não deu ordem, dizendo: Vae, e attrahe gente ao monte de Tabor, e toma comtigo dez mil homens dos filhos de Naphtali e dos filhos de Zebulon?

7 E attrahirei [6] a ti para o ribeiro de Kison a Sisera, capitão do exercito de Jabin, com os seus carros, e com a sua multidão: e o darei na tua mão.

8 Então lhe disse Barac: Se fôres comigo, irei: porém, se não fôres comigo, não irei.

9 E disse ella: Certamente irei comtigo, porém não será tua a honra pelo caminho que levas; pois á [7] mão de uma mulher o Senhor venderá a Sisera. E Debora se levantou, e partiu com Barac para Kedes.

10 Então Barac convocou a [8] Zebulon e a Naphtali em Kedes, e subiu com dez mil homens após de si: [9] e Debora subiu com elle,

11 E Heber, keneo, [10] se tinha apartado dos keneos, dos filhos de Hobab, sogro de Moysés: e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Saanaim, que está junto a Kedes.

12 E annunciaram a Sisera que Barac, filho de Abinoam, tinha subido ao monte de Tabor.

13 E Sisera convocou todos os seus carros, novecentos carros ferrados, e todo o povo que estava com elle, desde Haroseth [IS] dos gentios até ao ribeiro de Kison.

14 Então disse Debora a Barac: Levanta-te; porque este é o dia em que o Senhor tem dado a Sisera na tua mão: porventura o Senhor não saiu diante de ti? [11] Barac pois desceu do monte de Tabor, e dez mil homens após d’elle.

15 E o Senhor derrotou a [12] Sisera, e a todos os seus carros, e a todo o seu exercito ao fio da espada, diante de Barac: e Sisera desceu do carro, e fugiu a pé.

16 E Barac os seguiu após dos carros, e após do exercito, até Haroseth dos gentios: e todo o exercito de Sisera caiu ao fio da espada, até não ficar um só.

17 Porém Sisera fugiu a pé á tenda de Jael, mulher de Heber, keneo: porquanto havia paz entre Jabin, rei de Hazor, e a casa de Heber, keneo.

Jael mata Sisera.

18 E Jael saiu ao encontro de Sisera, e disse-lhe: Retira-te, senhor meu, retira-te a mim, não temas. Retirou-se a ella á tenda, e cobriu-o com uma coberta.

19 Então elle lhe disse: Dá-me, peço-te, de beber uma pouca d’agua; porque tenho sede. Então ella abriu um odre de leite, [13] e deu-lhe de beber, e o cobriu.

20 E elle lhe disse: Põe-te á porta da tenda; e ha de ser que se alguem vier, e te perguntar, e disser: Ha aqui alguem? responde tu então: Não.

21 Então [14] Jael, mulher d’Heber, tomou uma estaca da tenda, e lançou mão d’um martello, e foi-se mansamente a elle, e lhe cravou a estaca na fonte, e a pregou na terra, estando elle porém carregado d’um profundo somno, e cançado; e assim morreu.

22 E eis que, seguindo Barac a Sisera, Jael lhe saiu ao encontro, e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-hei o homem que buscas. E veiu a ella, e eis-que Sisera jazia morto, e a estaca na fonte.

[241]

23 Assim Deus n’aquelle dia sujeitou [15] a Jabin, rei de Canaan, diante dos filhos de Israel.

24 E continuou a mão dos filhos de Israel a proseguir e endurecer-se sobre Jabin, rei de Canaan: até que exterminaram a Jabin, rei de Canaan.

[1] cap. 2.19.

[2] cap. 2.14. Jos. 11.1, 10 e 19.36. I Sam. 12.9. ver. 13, 16.

[3] cap. 1.13 e 5.8. Psa. 106.42.

[4] Gen. 35.8.

[5] Heb. 11.32. Jos. 19.37.

[6] Exo. 14.4. cap. 5.21. I Reis 18.40.

[7] cap. 2.14.

[8] cap. 5.18.

[9] Exo. 11.8. I Reis 20.10.

[10] cap. 1.16. Num. 10.29.

[11] Deu. 9.3. II Sam. 5.24. Isa. 52.12.

[12] Psa. 83.10. Jos. 10.10.

[13] cap. 5.25.

[14] cap. 5.26.

[15] Psa. 18.48.

O cantico de Debora.

5 E cantou Debora e Barac, filho de Abinoam, [1] n’aquelle mesmo dia, dizendo:

2 Porquanto os chefes se pozeram á frente em Israel, porquanto o povo se offereceu [2] voluntariamente, louvae ao Senhor.

3 Ouvi, [3] reis; dae ouvidos, principes: eu, eu cantarei ao Senhor; psalmodiarei ao Senhor Deus de Israel.

4 Ó Senhor, saindo [4] tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edon, a terra estremeceu; até os céus gotejaram: até as nuvens gotejaram aguas.

5 Os montes [5] se derreteram diante do Senhor, e até Sinai diante do Senhor Deus de Israel.

6 Nos dias de Samgar, [6] filho d’Anath, nos dias de Jael cessaram os caminhos de se percorrerem: e os que andavam por veredas iam por caminhos torcidos.

7 Cessaram as aldeias em Israel, cessaram: até que eu, Debora, me levantei, por mãe [7] em Israel me levantei.

8 E se escolhia deuses novos, logo a guerra estava ás portas: via-se por isso escudo ou lança entre quarenta mil em Israel?

9 Meu coração é para os legisladores de Israel, que voluntariamente se offereceram [8] entre o povo; louvae ao Senhor.

10 Vós os que cavalgaes sobre jumentas brancas, [9] que vos assentaes em juizo, e que andaes pelo caminho, fallae d’isto.

11 D’onde se ouve o estrondo dos frecheiros, entre os logares onde se tiram aguas, ali fallae das justiças do Senhor, [10] das justiças que fez ás suas aldeias em Israel: então o povo do Senhor descia ás portas.

12 Desperta, [11] desperta, Debora, desperta, desperta, entôa um cantico: levanta-te, Barac, e leva presos a teus prisioneiros, tu, filho d’Abinoam.

13 Então o Senhor fez dominar sobre os magnificos entre [12] o povo aos que ficaram de resto: fez-me o Senhor dominar sobre os valentes.

14 De Ephraim [13] saiu a sua raiz contra Amalek: e apoz de ti vinha Benjamin d’entre os teus povos: de Machir e Zebulon desceram os legisladores, passando com o cajado do escriba.

15 Tambem os principaes de Issacar, foram com Debora; e como Issacar, assim tambem Barac, [14] foi enviado a pé para o valle: nas correntes de Ruben foram grandes as resoluções do coração.

16 Porque ficaste tu entre os curraes para ouvires os balidos dos [15] rebanhos? nas correntes de Ruben tiveram grandes esquadrinhações do coração.

17 Gilead [16] se ficou d’além do Jordão, e Dan porque se deteve em navios? Aser se assentou nos portos do mar, e ficou nas suas ruinas.

18 Zebulon [17] é um povo que expoz a sua vida á morte, como tambem Naphtali, nas alturas do campo.

19 Vieram reis, pelejaram: então pelejaram os reis de Canaan em Thaanak, junto ás aguas de Megiddo: não tomaram ganho [18] de prata.

20 Desde os céus pelejaram: até [19] as estrellas desde os logares dos seus cursos pelejaram contra Sisera.

21 O ribeiro de Kison [20] os arrastou, aquelle antigo ribeiro, o ribeiro de Kison. Pisaste, ó alma minha, a força.

22 Então as unhas dos cavallos se despedaçaram: pelo galopar, o galopar dos seus valentes.

23 Amaldiçoae a Meroz, diz o anjo do Senhor, acremente amaldiçoae aos seus moradores: [21] porquanto não vieram ao soccorro do Senhor, ao soccorro do Senhor com os valorosos.

24 Bemdita seja sobre as mulheres Jael, [22] mulher d’Heber, o keneo: bemdita seja sobre as mulheres nas tendas.

25 Agua pediu elle, leite lhe deu ella: [23] em taça de principes lhe offereceu manteiga.

26 Á estaca estendeu [24] a sua mão esquerda, e ao maço dos trabalhadores a sua direita: e matou a Sisera, e rachou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as fontes.

27 Entre os seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado: entre os seus pés se encurvou caiu: onde se encurvou ali ficou abatido.

28 A mãe de Sisera olhava pela janella, e exclamava pela grade: Porque tarda[242] em vir o seu carro? porque se demoram os passos dos seus carros?

29 As mais sabias das suas damas responderam; e até ella se respondia a si mesmo:

30 Porventura não achariam e repartiriam [25] despojos? uma ou duas moças a cada homem? para Sisera despojos de varias côres, despojos de varias côres de bordados; de varias côres bordadas de ambas as bandas, para os pescoços do despojo?

31 Assim, [26] ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! porém os que o amam sejam como o sol quando sae na sua força.

32 E socegou a terra quarenta annos.

[1] Exo. 15.1.

[2] Psa. 18.48. II Chr. 17.16.

[3] Deu. 32.1, 3. Psa. 2.10.

[4] Deu. 33.2. II Sam. 22.8. Isa. 64.3. Hab. 3.3, 10.

[5] Deu. 4.11. Psa. 97.5. Exo. 19.18.

[6] cap. 3.31 e 4.17. Lev. 26.22. II Chr. 15.5. Isa. 33.8. Lam. 1.4 e 4.18.

[7] Isa. 49.23.

[8] ver. 2.

[9] Psa. 105.2. cap. 10.4 e 12.14. Psa. 107.32.

[10] I Sam. 12.7. Psa. 145.7.

[11] Psa. 57.9 e 67.19.

[12] Psa. 50.15.

[13] cap. 3.27 e 3.13. Num. 32.39, 40.

[14] cap. 4.14.

[15] Num. 32.1.

[16] Jos. 13.25, 31 e 19.29, 31.

[17] cap. 4.10.

[18] cap. 4.16. ver. 30.

[19] Jos. 10.11. cap. 4.15.

[20] cap. 4.7.

[21] cap. 21.9, 10. Neh. 3.5. I Sam. 17.47 e 18.17 e 25.28.

[22] cap. 4.17. Luc. 1.28.

[23] cap. 4.19.

[24] cap. 4.21.

[25] Exo. 15.9.

[26] Psa. 83.20.

Servidão sob os midianitas.

Antes de Christo 1249

6 Porém [1] os filhos de Israel fizeram o que parecia mal aos olhos do Senhor: e o Senhor os deu na mão dos [2] midianitas por sete annos.

2 E, prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que estão [3] nos montes, e as cavernas e as fortificações.

3 Porque succedia que, semeando Israel, subiram os midianitas e os amalekitas; [4] e tambem os do oriente contra elle subiam.

4 E punham-se [5] contra elles em campo, e destruiram a novidade da terra, até chegarem a Gaza: e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois nem jumentos.

5 Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, [6] em tanta multidão que não se podia contar, nem a elles nem aos seus camelos: e entravam na terra, para a destruir.

6 Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas: então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.

7 E succedeu que, [7] clamando os filhos de Israel ao Senhor por causa dos midianitas,

8 Enviou o Senhor um homem propheta aos filhos de Israel, que lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Do Egypto eu vos fiz subir, e vos tirei da casa da servidão;

9 E vos livrei da mão dos egypcios, e da mão de todos quantos vos opprimiam; e os expelli [8] de diante de vós, e a vós dei a sua terra;

10 E vos disse: Eu sou o Senhor vosso Deus; não temaes [9] aos deuses dos amorrheos, em cuja terra habitaes: mas não déstes ouvidos á minha voz.

Um anjo falla com Gideon.

11 Então o anjo do Senhor veiu, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ophra, que pertencia a Joás, abi-ezrita: [10] e Gideon, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas.

12 Então o anjo [11] do Senhor lhe appareceu, e lhe disse: O Senhor é comtigo, varão valoroso.

13 Mas Gideon lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é comnosco, porque tudo isto nos sobreveiu? e que é feito de todas as suas maravilhas [12] que nossos paes nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egypto? porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu na mão dos midianitas.

14 Então o Senhor olhou para elle, e disse: [13] Vae n’esta tua força, e livrarás a Israel da mão dos midianitas: [14] porventura não te enviei eu?

15 E elle lhe disse: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? eis-que o meu milheiro é o mais pobre em Manasseh, e eu o menor na casa de meu pae.

16 E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser [15] comtigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um homem.

17 E elle lhe disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me [16] um signal de que és o que comigo fallas.

18 Rogo-te [17] que d’aqui te não apartes, até que eu venha a ti, e tire [IT] o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes.

19 E entrou Gideon [18] e preparou um cabrito e bolos asmos d’um epha de farinha; a carne poz n’um açafate e o caldo poz n’uma panella: e trouxe-lh’o até debaixo do carvalho, e lh’o apresentou.

20 Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos asmos, e põe-os sobre esta [19] penha e verte o caldo. E assim o fez.

21 E o anjo do Senhor estendeu a[243] ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os bolos asmos: então subiu fogo da penha, [20] e consumiu a carne e os bolos asmos; e o anjo do Senhor desappareceu de seus olhos.

22 Então [21] viu Gideon que era o anjo do Senhor: e disse Gideon: Ah, Senhor, Jehovah, que eu vi o anjo do Senhor face a face.

23 Porém o Senhor lhe disse: Paz seja comtigo; [22] não temas: não morrerás.

24 Então Gideon edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou, Senhor é paz: e ainda até ao dia d’hoje está em Ophra [23] dos abi-ezritas.

25 E aconteceu, n’aquella mesma noite, que o Senhor lhe disse: Toma o boi de teu pae, a saber, o segundo boi de sete annos: e derriba o altar de Baal, que é de teu pae; [24] e corta o bosque que está ao pé d’elle.

26 E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume d’este logar forte, n’um logar conveniente: e toma o segundo boi, e o offerecerás em holocausto com a lenha que cortares do bosque.

27 Então Gideon tomou dez homens d’entre os seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera: e succedeu que, temendo elle a casa de seu pae, e os homens d’aquella cidade, não o fez de dia, mas fel-o de noite.

28 Levantando-se pois os homens d’aquella cidade de madrugada, eis que estava o altar de Baal derribado, e o bosque estava ao pé d’elle, cortado: e o segundo boi offerecido no altar de novo edificado.

29 E uns aos outros disseram: Quem fez esta coisa? E, esquadrinhando, e inquirindo, disseram: Gideon, o filho de Joás, fez esta coisa.

30 Então os homens d’aquella cidade disseram a Joás: Tira para fóra a teu filho, para que morra; pois derribou o altar de Baal, e cortou o bosque que estava ao pé d’elle.

31 Porém Joás disse a todos os que se pozeram contra elle: Contendereis vós por Baal? livral-o-heis vós? qualquer que por elle contender ainda esta manhã será morto: se é deus, por si mesmo contenda; pois derribaram o seu altar.

32 Pelo que n’aquelle dia lhe chamaram Jerubbaal, [25] dizendo: Baal contenda contra elle, pois derribou o seu altar.

33 E todos os midianitas, [26] e amalekitas, e os filhos do oriente se ajuntaram n’um corpo, e passaram, e pozeram o seu campo no valle de Jizreel.

34 Então o espirito do [27] Senhor revestiu a Gideon, o qual tocou a buzina, e os abi-ezritas se convocaram após d’elle.

35 E enviou mensageiros por toda a tribu de Manasseh, e elle tambem se convocou após d’elle: tambem enviou mensageiros a Eser, e a Zebulon, e a Naphtali, e sairam-lhe ao encontro.

36 E disse Gideon a Deus: Se has de livrar a Israel por minha mão, como tens dito,

37 Eis que eu porei [28] um vello de lã na eira: se o orvalho estiver sómente no vello, e secura sobre toda a terra, então conhecerei que has de livrar a Israel por minha mão, como tens dito.

38 E assim succedeu; porque ao outro dia se levantou de madrugada, e apertou o vello: e do orvalho do vello espremeu uma taça cheia d’agua.

39 E disse Gideon a Deus: Não se accenda contra mim [29] a tua ira, se ainda fallar só esta vez: rogo-te que só esta vez faça a prova com o vello; rogo-te que só no vello haja secura, e em toda a terra haja o orvalho.

40 E Deus assim o fez n’aquella noite: pois só no vello havia secura, e sobre toda a terra havia orvalho.

[1] cap. 2.19.

[2] Hab. 3.7.

[3] I Sam. 13.6. Heb. 11.38.

[4] cap. 3.13. Gen. 29.1. cap. 7.12 e 8.10. I Reis 4.30. Job 1.3.

[5] Lev. 26.16. Deu. 28.30, 33, 51. Miq. 6.15.

[6] cap. 7.12.

[7] cap. 3.15. Ose. 5.15.

[8] Psa. 44.3, 4.

[9] II Reis 17.35, 37, 38. Jer. 10.2.

[10] Jos. 17.2.

[11] cap. 13.3. Luc. 1.11, 28. Jos. 1.5.

[12] Psa. 89.50. Isa. 59.1 e 63.15. II Chr. 15.2.

[13] I Sam. 12.11. Heb. 11.32, 34.

[14] Jos. 1.9. cap. 4.6.

[15] Exo. 3.12. Jos. 1.5.

[16] Exo. 4.1, 8. ver. 36, 37. II Reis 20.8. Isa. 7.11.

[17] Gen. 18.3, 5. cap. 13.15.

[18] Gen. 18.6, 7, 8.

[19] cap. 13.19. I Reis 18.33, 34.

[20] Lev. 9.24. I Reis 18.38. II Chr. 7.1.

[21] cap. 13.21. Gen. 16.13 e 32.30. Exo. 33.20. cap. 13.22.

[22] Dan. 10.19.

[23] cap. 8.32.

[24] Exo. 34.13. Deu. 7.5.

[25] I Sam. 12.11. II Sam. 11.21.

[26] ver. 3. Jos. 17.16.

[27] cap. 3.10. I Chr. 12.18. II Chr. 24.20. Num. 10.3. cap. 3.27.

[28] Exo. 4.3, 4, 6, 7.

[29] Gen. 18.32.

Gideon com trezentos homens vence os midianitas.

7 Então Jerubbaal [1] (que é Gideon) se levantou de madrugada, e todo o povo que com elle havia, e se acamparam junto á fonte d’Harod; de maneira que tinha o arraial dos midianitas para o norte, pelo outeiro de Moreh no valle.

2 E disse o Senhor a Gideon: Muito é o povo que está comtigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel [2] se não glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou.

3 Agora pois apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: [3] Quem fôr cobarde e medroso, volte, e vá-se apressadamente das montanhas de Gilead. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.

4 E disse o Senhor a Gideon: Ainda muito povo ha; faze-os descer ás aguas, e ali t’os provarei: e será que, d’aquelle de que eu te disser: Este irá comtigo, esse comtigo irá; porém de todo aquelle, de que eu te disser: Este não irá comtigo, esse não irá.

[244]

5 E fez descer o povo ás aguas. Então o Senhor disse a Gideon: Qualquer que lamber as aguas com a sua lingua, como as lambe o cão, esse porás á parte; como tambem a todo aquelle que se abaixar de joelhos a beber.

6 E foi o numero dos que lamberam, levando a mão á bocca, trezentos homens; e todo o resto do povo se abaixou de joelhos a beber as aguas.

7 E disse o Senhor a Gideon: Com estes trezentos homens [4] que lamberam as aguas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; pelo que toda a outra gente se vá cada um ao seu logar.

8 E o povo tomou na sua mão a provisão e as suas buzinas, e enviou a todos os outros homens de Israel cada um á sua tenda, porém os trezentos homens reteve: e estava o arraial dos midianitas abaixo no valle.

9 E succedeu que, n’aquella mesma noite, [5] o Senhor lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão.

10 E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Pura ao arraial;

11 E ouvirás [6] o que dizem, e então se esforçarão as tuas mãos e descerás ao arraial. Então desceu elle com o seu moço Pura até ao extremo das sentinellas que estavam no arraial.

12 E os midianitas, e amalekitas, [7] e todos os filhos do oriente jaziam no valle como gafanhotos em multidão: e eram innumeraveis os seus camelos, como a areia que ha na praia do mar em multidão.

13 Chegando pois Gideon, eis que estava contando um homem ao seu companheiro um sonho, e dizia: Eis que um sonho sonhei, eis que um pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até ás tendas, e as feriu, e cairam, e as transtornou de cima para baixo; e ficaram abatidas.

14 E respondeu o seu companheiro, e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideon, filho de Joás, varão israelita. Deus tem dado na sua mão aos midianitas, e a todo este arraial.

15 E succedeu que, ouvindo Gideon a narração d’este sonho, e a sua explicação, adorou: e tornou ao arraial de Israel, e disse: Levantae-vos, porque o Senhor tem dado o arraial dos midianitas nas vossas mãos.

16 Então repartiu os trezentos homens em tres esquadrões: e deu-lhes a cada um nas suas mãos buzinas, e cantaros vasios, com tochas n’elles accesas.

17 E disse-lhes: Olhae para mim, e fazei como eu fizer: e eis que chegando eu ao extremo do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós.

18 Tocando eu e todos os que comigo estiverem a buzina, então tambem vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial, e direis: Pelo Senhor, e Gideon.

19 Chegou pois Gideon, e os cem homens que com elle iam, ao extremo do arraial, ao principio da guarda da meia noite, havendo-se já posto as guardas: e tocaram as buzinas, e partiram os cantaros, que tinham nas mãos.

20 Assim tocaram os tres esquadrões as buzinas, e partiram os cantaros; e tinham nas suas mãos esquerdas as tochas accesas, e nas suas mãos direitas as buzinas, que tocavam: e exclamaram: Espada do Senhor, e de Gideon.

21 E ficou-se cada um no [8] seu logar ao redor do arraial: então todo o exercito deitou a correr, e, gritando, fugiram.

22 Tocando [9] pois os trezentos as buzinas, o Senhor tornou [10] a espada d’um contra o outro, e isto em todo o arraial: e o exercito fugiu para Zererath, até Beth-sitta até aos limites de Abel-mehola, acima de Tabbath.

23 Então os homens de Israel, de Naphtali, e d’Aser e de todo o Manasseh foram convocados, e perseguiram aos midianitas.

24 Tambem Gideon enviou mensageiros a todas as montanhas d’Ephraim, [11] dizendo: Descei ao encontro dos midianitas, e tomae-lhes as aguas até Beth-bara, a saber, o Jordão. Convocados pois todos os homens d’Ephraim, [12] tomaram-lhes as aguas até Beth-bara e o Jordão.

25 E prenderam a dois principes dos midianitas, a [13] Oreb e a Zeeb; e mataram a Oreb na penha d’Oreb, e a Zeeb mataram no lagar de Zeeb, e perseguiram aos midianitas: e trouxeram as cabeças d’Oreb e de Zeeb a Gideon, d’além do Jordão.

[1] cap. 6.32.

[2] Deu. 8.17. Isa. 10.13. I Cor. 1.29. II Cor. 4.7.

[3] Deu. 20.8.

[4] I Sam. 14.6.

[5] Gen. 46.2, 3.

[6] ver. 13, 14, 15. Gen. 24.14. I Sam. 14.9, 10.

[7] cap. 6.5, 33 e 8.10.

[8] Exo. 14.13, 14. II Chr. 20.17. II Reis 7.7.

[9] Jos. 6.4, 16, 20. II Cor. 4.7.

[10] Psa. 83.10. Isa. 9.4. I Sam. 14.20. II Chr. 20.23.

[11] cap. 3.27.

[12] cap. 3.28.

[13] cap. 8.3. Isa. 10.26.

Gideon apazigua os ephraimitas e mata os reis dos midianitas.

8 Então os homens d’Ephraim lhes disseram: [1] Que é isto que nos fizeste, que não nos chamas te, quando foste pelejar contra os midianitas? E contenderam com elle fortemente.

[245]

2 Porém elle lhes disse: Que mais fiz eu agora do que vós? não são porventura os rabiscos d’Ephraim melhores do que a vindima d’Abiezer?

3 Deus vos deu [2] na vossa mão aos principes dos midianitas, Oreb e Zeeb; que mais pude eu logo fazer do que vós? então a sua ira [3] se abrandou para com elle, quando fallou esta palavra.

4 E, como Gideon veiu ao Jordão, passou com os trezentos homens que com elle estavam, cançados, mas ainda perseguindo.

5 E disse aos homens [4] de Succoth: Dae, peço-vos, alguns pedaços de pão ao povo, que segue as minhas pisadas: porque estão cançados, e eu vou em alcance de Zebah e Salmuna, reis dos midianitas.

6 Porém os principes de Succoth disseram: Está já a palma da mão [5] de Zebah e Salmuna na tua mão, para que demos pão ao teu exercito?

7 Então disse Gideon: Pois quando o Senhor dér na minha mão a Zebah e a Salmuna, trilharei [6] a vossa carne com os espinhos do deserto, e com os abrolhos.

8 E d’ali subiu a [7] Penuel, e fallou-lhes da mesma maneira: e os homens de Penuel lhe responderam como os homens de Succoth lhe haviam respondido.

9 Pelo que tambem fallou aos homens de Penuel, dizendo: Quando [8] eu voltar em paz, derribarei esta torre.

10 Estavam pois Zebah e Salmuna em Carcor, e os seus exercitos com elles, uns quinze mil homens, todos os que ficavam do exercito dos filhos [9] do oriente: e os que cairam foram cento e vinte mil homens, que arrancavam a espada.

11 E subiu Gideon pelo caminho dos que habitavam em tendas, para o oriente de Nobah [10] e Jogbehah: e feriu aquelle exercito, porquanto o exercito estava descuidado.

12 E fugiram Zebah e Salmuna; porém elle os perseguiu, e tomou [11] presos a ambos os reis dos midianitas, a Zebah e a Salmuna, e afugentou a todo o exercito.

13 Voltando pois Gideon, filho de Joás, da peleja, antes do nascer do sol,

14 Tomou preso a um moço dos homens de Succoth, e lhe fez perguntas: o qual descreveu os principes de Succoth, e os seus anciãos, setenta e sete homens.

15 Então veiu aos homens de Succoth, e disse: Vedes aqui a Zebah e a Salmuna, dos quaes desprezivelmente me deitastes em rosto, [12] dizendo: Está já a palma da mão de Zebah e Salmuna na tua mão, para que dêmos pão aos teus homens, cançados?

16 E tomou [13] os anciãos d’aquella cidade, e os espinhos do deserto, e os abrolhos: e com elles ensinou aos homens de Succoth.

17 E derribou [14] a torre de Penuel, e matou os homens da cidade.

18 Depois disse a Zebah e a Salmuna: Que homens eram os que matastes em [15] Tabor? E disseram: Qual tu, taes eram elles; cada um ao parecer, como filhos d’um rei.

19 Então disse elle: Meus irmãos eram, filhos de minha mãe: vive o Senhor, que, se os tivesseis deixado em vida, eu não vos mataria a vós.

20 E disse a Jether, seu primogenito: Levanta-te, mata-os. Porém o mancebo não arrancou da sua espada, porque temia; porquanto ainda era mancebo.

21 Então disseram Zebah e Salmuna: Levanta-te tu, e accommette-nos; porque, qual o homem, tal a sua valentia. Levantou-se pois Gideon, e matou [16] a Zebah e a Salmuna, e tomou [IU] as lunetas, que estavam aos pescoços dos seus camelos.

Gideon recusa governar, faz um ephod e morre.

22 Então os homens de Israel disseram a Gideon: Domina sobre nós, tanto tu, como teu filho e o filho de teu filho: porquanto nos livraste da mão dos midianitas.

23 Porém Gideon lhes disse: Sobre vós eu não dominarei, nem tão pouco meu filho sobre vós dominará: o Senhor sobre vós [17] dominará.

24 E disse-lhes mais Gideon: Uma petição vos farei: dae-me cada um de vós os pendentes do seu despojo (porque [18] tinham pendentes de oiro, porquanto eram ishmaelitas).

25 E disseram elles: De boamente os daremos. E estenderam uma capa, e cada um d’elles deitou ali um pendente do seu despojo.

26 E foi o pezo dos pendentes d’oiro, que pediu, mil e setecentos siclos d’oiro, afóra as lunetas, e as cadeias, e os[246] vestidos de purpura, que traziam os reis dos midianitas, e afóra as colleiras que os camelos traziam ao pescoço.

27 E fez Gideon d’elle um ephod, [19] e pôl-o na sua cidade, em Ophra; e todo o Israel fornicou ali após d’elle: e foi por tropeço a Gideon [20] e á sua casa.

28 Assim foram abatidos os midianitas diante dos filhos d’Israel, e nunca mais levantaram a sua cabeça: e socegou a terra [21] quarenta annos nos dias de Gideon.

29 E foi-se Jerubbaal, filho de Joás, e habitou em sua casa.

30 E teve Gideon setenta filhos, que procederam da sua côxa: porque tinha muitas mulheres.

31 E sua concubina, [22] que estava em Sichem, lhe pariu tambem um filho: e poz-lhe por nome Abimelech.

32 E falleceu Gideon, filho de Joás, n’uma boa velhice: [23] e foi sepultado no sepulchro de seu pae Joás, em Ophra dos abi-ezritas.

33 E succedeu que, [24] como Gideon falleceu, os filhos d’Israel se tornaram, e fornicaram após dos baalins: e pozeram a Baal-berith por deus.

34 E os filhos d’Israel se não lembraram [25] do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos em redor.

35 Nem usaram [26] de beneficencia com a casa de Jerubbaal, a saber, de Gideon, conforme a todo o bem que elle usara com Israel.

[1] cap. 12.1. II Sam. 19.41.

[2] cap. 7.24, 25. Phi. 2.3.

[3] Pro. 15.1.

[4] Gen. 33.17.

[5] I Reis 20.11. I Sam. 25.11.

[6] ver. 16.

[7] Gen. 32.30. I Reis 12.25.

[8] I Reis 22.27. ver. 17.

[9] cap. 7.12.

[10] Num. 32.35, 42. cap. 18.27. I The. 5.3.

[11] Psa. 83.12.

[12] ver. 6.

[13] ver. 7.

[14] ver. 9. I Reis 12.25.

[15] cap. 4.6.

[16] Psa. 83.12.

[17] I Sam. 8.7 e 10.19 e 12.12.

[18] Gen. 25.13 e 37.25, 28.

[19] cap. 17.5 e 6.24. Psa. 106.39.

[20] Deu. 7.16.

[21] cap. 5.31.

[22] cap. 9.1.

[23] Gen. 25.8. Job 5.26. ver. 27. cap. 6.24.

[24] cap. 2.19 e 2.17 e 9.4, 46.

[25] Psa. 78.11, 42 e 106.13, 21.

[26] cap. 9.16, 17, 18. Ecc. 9.14, 15.

Abimelech mata os seus irmãos e se declara rei.

Antes de Christo 1209

9 E Abimelech, filho de Jerubbaal, foi-se a Sichem, aos irmãos [1] de sua mãe, e fallou-lhes e a toda a geração da casa do pae de sua mãe, dizendo:

2 Fallae, peço-vos, aos ouvidos de todos os cidadãos de Sichem: Qual é melhor para vós, que setenta [2] homens, todos os filhos de Jerubbaal, dominem sobre vós, ou que um homem sobre vós domine? lembrae-vos tambem de que sou osso vosso e carne vossa.

3 Então os irmãos de sua mãe fallaram ácerca d’elle perante os ouvidos de todos os cidadãos de Sichem todas aquellas palavras: e o coração d’elles se inclinou após de Abimelech, porque disseram: É nosso [3] irmão.

4 E deram-lhe setenta peças de prata, da casa [4] de Baal-berith: e com ellas alugou Abimelech uns homens ociosos e levianos, que o seguiram.

5 E veiu á casa de seu pae, a [5] Ophra, e matou a seus irmãos, os filhos de Jerubbaal, setenta homens, sobre uma pedra. Porém Jotham, filho menor de Jerubbaal, ficou, porque se tinha escondido.

6 Então se ajuntaram todos os cidadãos de Sichem, e toda a casa de Millo; e foram, e levantaram a Abimelech por rei, junto ao carvalho alto que está perto de Sichem.

A parabola de Jotham.

7 E, dizendo-o a Jotham, foi-se, e poz-se no cume do [6] monte de Gerizim, e levantou a sua voz, e clamou, e disse-lhes: Ouvi-me a mim, cidadãos de Sichem, e Deus vos ouvirá a vós:

8 Foram uma vez as arvores [7] a ungir para si um rei: e disseram á oliveira: Reina tu sobre nós.

9 Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, [8] que Deus e os homens em mim prezam, e iria a labutar sobre as arvores?

10 Então disseram as arvores á figueira: Vem tu, e reina sobre nós.

11 Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fructo, e iria labutar sobre as arvores?

12 Então disseram as arvores á videira: Vem tu, e reina sobre nós.

13 Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra [9] a Deus e aos homens, e iria labutar sobre as arvores?

14 Então todas as arvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós.

15 E disse o espinheiro ás arvores: Se, na verdade, me ungis por rei sobre vós, vinde, e confiae-vos debaixo da minha [10] sombra: mas se não, saia [11] fogo do espinheiro que consuma os cedros do Libano.

16 Agora, pois, se é que em verdade e sinceridade obrastes, fazendo rei a Abimelech, e se bem fizestes para com Jerubbaal e para com a sua casa, e se com elle usastes conforme ao merecimento das [12] suas mãos;

17 Porque meu pae pelejou por vós, e desprezou a sua vida, e vos livrou da mão dos midianitas:

[247]

18 Porém vós hoje [13] vos levantastes contra a casa de meu pae, e matastes a seus filhos, setenta homens, sobre uma pedra: e a Abimelech, filho da sua serva, fizestes reinar sobre os cidadãos de Sichem, porque é vosso irmão;

19 Pois, se em verdade e sinceridade usastes com Jerubbaal e com a sua casa hoje, alegrae-vos [14] com Abimelech, e tambem elle se alegre comvosco:

20 Mas, se não, saia fogo [15] de Abimelech, e consuma aos cidadãos de Sichem, e á casa de Millo: e saia fogo dos cidadãos de Sichem, e da casa de Millo, que consuma a Abimelech.

21 Então partiu Jotham, e fugiu, e foi-se a Beer: [16] e ali habitou por medo de Abimelech, seu irmão.

A conspiração de Gaal.

Antes de Christo 1206

22 Havendo pois Abimelech dominado tres annos sobre Israel,

23 Enviou Deus [17] um mau espirito entre Abimelech e os cidadãos de Sichem: [18] e os cidadãos de Sichem se houveram aleivosamente contra Abimelech;

24 Para que a violencia [19] feita aos setenta filhos de Jerubbaal viesse, e o seu sangue caisse sobre Abimelech, seu irmão, que os matara, e sobre os cidadãos de Sichem, que lhe corroboraram as mãos, para matar a seus irmãos.

25 E os cidadãos de Sichem pozeram contra elle quem lhe armasse emboscadas sobre os cumes dos montes; e a todo aquelle que passava pelo caminho junto a elles o assaltavam: e contou-se a Abimelech.

26 Veiu tambem Gaal, filho de Ebed, com seus irmãos, e passaram para dentro de Sichem: e os cidadãos de Sichem se fiaram d’elle.

27 E sairam ao campo, e vindimaram as suas vinhas, e pisaram as uvas, e fizeram canções de louvor: e foram á casa de seu Deus, e comeram, e beberam, e [20] amaldiçoaram a Abimelech.

28 E disse Gaal, filho d’Ebed: Quem [21] é Abimelech, e qual é Sichem, para que o servissemos? não é porventura filho de Jerubbaal? e não é Zebul o seu mordomo? servi antes aos homens de Hemor, [22] pae de Sichem; pois por que razão nós o serviriamos a elle?

29 Ah! [23] se este povo estivera na minha mão, eu expelliria a Abimelech. E a Abimelech se disse: Multiplica o teu exercito, e sae.

30 E, ouvindo Zebul, o maioral da cidade, as palavras de Gaal, filho d’Ebed, se accendeu a sua ira;

31 E enviou astutamente mensageiros a Abimelech, dizendo: Eis que Gaal, filho d’Ebed, e seus irmãos vieram a Sichem, e eis que elles fortificam esta cidade contra ti.

32 Levanta-te pois de noite, tu e o povo que tiveres comtigo, e põe emboscadas no campo.

33 E levanta-te pela manhã ao sair o sol, e dá de golpe sobre a cidade: e eis que, saindo elle e o povo que tiver com elle contra ti, faze-lhe assim como alcançar a tua mão.

Abimelech vence Gaal e os sichemitas.

34 Levantou-se pois Abimelech, e todo o povo que com elle havia, de noite, e pozeram emboscadas a Sichem, com quatro tropas.

35 E Gaal, filho d’Ebed, saiu, e poz-se á entrada da porta da cidade: e Abimelech, e todo o povo que com elle havia, se levantou das emboscadas.

36 E, vendo Gaal aquelle povo, disse a Zebul: Eis que desce gente dos cumes dos montes. Zebul, ao contrario, lhe disse: As sombras dos montes vês por homens.

37 Porém Gaal ainda tornou a fallar, e disse: Eis ali desce gente do meio da terra, e uma tropa vem do caminho do carvalho de Meonenim.

38 Então lhe disse Zebul: Onde está agora a tua bocca, com a qual dizias: [24] Quem é Abimelech, para que o servissemos? não é este porventura o povo que desprezaste? sae pois, peço-te, e peleja contra elle.

39 E saiu Gaal á vista dos cidadãos de Sichem, e pelejou contra Abimelech.

40 E Abimelech o perseguiu, porquanto fugiu de diante d’elle: e muitos feridos cairam até á entrada da porta da cidade.

41 E Abimelech ficou em Aruma. E Zebul expelliu a Gaal e a seus irmãos, para que não podessem habitar em Sichem.

42 E succedeu no dia seguinte que o povo saiu ao campo, e o disseram a Abimelech.

43 Então tomou o povo, e o repartiu em tres tropas, e poz emboscadas no campo: e olhou, e eis que o povo sahia da cidade, e levantou-se contra elles, e os feriu.

44 Porque Abimelech, e as tropas que com elle havia, deram n’elles de improviso, e pararam á entrada da porta[248] da cidade: e as outras duas tropas deram de improviso sobre todos quantos estavam no campo, e os feriram.

45 E Abimelech pelejou contra a cidade todo aquelle dia, [25] e tomou a cidade, e matou o povo que n’ella havia; e assolou a cidade, e a semeou de sal.

46 O que ouvindo todos os cidadãos da torre de Sichem, entraram na fortaleza, em casa do deus Berith.

47 E contou-se a Abimelech que todos os cidadãos da torre de Sichem se haviam congregado.

48 Subiu pois Abimelech ao monte de Salmon, [26] elle e todo o povo que com elle havia: e Abimelech tomou na sua mão machados, e cortou um ramo das arvores, e o levantou, e pôl-o ao seu hombro, e disse ao povo, que com elle havia: O que me vistes fazer apressae-vos a fazel-o assim como eu.

49 Assim pois tambem todo o povo, cada um cortou o seu ramo, e seguiram a Abimelech, os puzeram junto da fortaleza, e queimaram a fogo a fortaleza com elles: de maneira que todos os da torre de Sichem morreram, uns mil homens e mulheres.

A morte de Abimelech.

50 Então Abimelech foi-se a Thebes, e sitiou a Thebes, e a tomou.

51 Havia porém no meio da cidade uma torre forte; e todos os homens e mulheres, e todos os cidadãos da cidade se acolheram a ella, e fecharam após de si as portas, e subiram ao telhado da torre.

52 E Abimelech veiu até á torre, e a combateu: e chegou-se até á porta da torre, para a queimar a fogo.

53 Porém uma mulher [27] lançou um pedaço d’uma mó sobre a cabeça d’Abimelech: e quebrou-lhe o craneo.

54 Então chamou [28] logo ao moço, que levava as suas armas, e disse-lhe: Desembainha a tua espada, e mata-me; para que se não diga de mim: Uma mulher o matou. E seu moço o atravessou, e elle morreu.

55 Vendo pois os homens de Israel que Abimelech era morto, foram-se cada um para o seu logar.

56 Assim Deus fez tornar [29] sobre Abimelech o mal que tinha feito a seu pae, matando a seus setenta irmãos.

57 Como tambem todo o mal dos homens de Sichem fez tornar sobre a cabeça d’elles: e [30] a maldição de Jotham, filho de Jerubbaal, veiu sobre elles.

[1] cap. 8.31.

[2] cap. 8.30. Gen. 29.14.

[3] Gen. 29.15.

[4] cap. 8.33 e 11.3. II Chr. 13.7. Pro. 12.11. Act. 17.5.

[5] cap. 6.24. II Reis 11.1, 2.

[6] Deu. 11.29 e 27.12. Jos. 8.33. João 4.20.

[7] II Reis 14.9. cap. 8.22, 23.

[8] Psa. 104.15.

[9] Psa. 104.15.

[10] Isa. 30.2. Dan. 4.12. Ose. 14.7.

[11] ver. 20. Num. 21.28. Eze. 19.14. II Reis 14.9. Eze. 31.3.

[12] cap. 8.35.

[13] ver. 5, 6.

[14] Isa. 8.6. Phi. 3.3.

[15] ver. 15, 56, 57.

[16] II Sam. 20.14.

[17] I Sam. 16.14 e 18.9, 10. Isa. 19.2, 14.

[18] Isa. 33.1.

[19] I Reis 2.32. Est. 9.25. Psa. 8.17. Mat. 23.35, 36.

[20] ver. 4.

[21] I Sam. 25.10. I Reis 12.16.

[22] Gen. 34.2, 6.

[23] II Sam. 15.4.

[24] ver. 28, 29.

[25] ver. 20. Deu. 29.23. I Reis 12.25. II Reis 3.25. cap. 8.33.

[26] Psa. 68.15.

[27] II Sam. 11.21.

[28] I Sam. 31.4.

[29] ver. 24. Job 31.3. Psa. 94.23. Pro. 5.22.

[30] ver. 20.

Tola e Jair juizes dos israelitas.

Antes de Christo 1161

10 E depois de Abimelech, [1] se levantou, para livrar a Israel, Tola, filho de Puah, filho de Dodo, homem d’Issacar: e habitava em Samir, na montanha d’Ephraim.

2 E julgou a Israel vinte e tres annos: e morreu, e foi sepultado em Samir.

3 E depois d’elle se levantou Jair, gileadita, e julgou a Israel vinte e dois annos.

4 E tinha este trinta filhos, que cavalgavam [2] sobre trinta jumentos; e tinham trinta cidades, [3] a que chamaram Havoth-jair, até ao dia d’hoje; as quaes estão na terra de Gilead.

5 E morreu Jair, e foi sepultado em Camon.

Servidão sob os philisteos e os ammonitas.

6 Então tornaram os filhos de Israel [4] a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, e serviram aos baalins, e a Astaroth, e aos deuses da Syria, e aos deuses de Sidon, e aos deuses de Moab, e aos deuses dos filhos d’Ammon, e [5] aos deuses dos philisteos: e deixaram ao Senhor, e não o serviram.

7 E a ira do Senhor se accendeu contra Israel: e vendeu-os em mão dos philisteos, e em mão dos filhos d’Ammon.

8 E n’aquelle mesmo anno opprimiram e vexaram aos filhos de Israel: dezoito annos opprimiram a todos os filhos de Israel que estavam d’além do Jordão, na terra dos amorrheos, que está em Gilead.

9 Até os filhos d’Ammon passaram o Jordão, para pelejar tambem contra Judah, e contra Benjamin, e contra a casa d’Ephraim: de maneira que Israel ficou mui angustiado.

10 Então os filhos d’Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra ti havemos peccado, [6] em que deixámos a nosso Deus, e em que servimos aos baalins.

11 Porém o Senhor disse aos filhos de Israel: Porventura dos egypcios, e dos [7] amorrheos, e dos filhos d’Ammon, e dos philisteos,

12 E dos sidonios, [8] e dos amalekitas, e dos maonitas, que vos opprimiam, quando a mim chamastes, não vos livrei eu então da sua mão?

[249]

13 Comtudo vós me deixastes a mim, [9] e servistes a outros deuses: pelo que não vos livrarei mais.

14 Andae, [10] e clamae aos deuses que escolhestes: que vos livrem elles no tempo do vosso aperto.

15 Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Peccámos, [11] faze-nos conforme a tudo quanto te parecer bem aos teus olhos; tão sómente te rogamos que nos livres n’este dia.

16 E tiraram os deuses alheios do meio de si, [12] e serviram ao Senhor: então se angustiou a sua alma por causa do trabalho d’Israel.

17 E os filhos d’Ammon se convocaram, e se pozeram em campo em Gilead: e tambem os de Israel se congregaram, e se pozeram em campo em [13] Mispah.

18 Então o povo, os principes de Gilead disseram uns aos outros: Quem será o varão que começará a pelejar contra os filhos d’Ammon? elle será por Cabeça de todos os [14] moradores de Gilead.

[1] cap. 2.16.

[2] cap. 5.10 e 12.14.

[3] Deu. 3.14.

[4] cap. 2.11 e 3.7 e 4.1 e 6.1 e 13.1 e 2.13 e 2.12. I Reis 11.33. Psa. 106.36.

[5] cap. 2.14. I Sam. 12.9.

[6] I Sam. 12.10.

[7] Exo. 14.30. Num. 21.21, 24, 25. cap. 3.12, 13, 31.

[8] cap. 5.19 e 6.3.

[9] Deu. 32.15. Jer. 2.13.

[10] Deu. 32.37, 38. II Reis 3.13. Jer. 2.28.

[11] I Sam. 3.18. II Sam. 15.26.

[12] II Chr. 7.14 e 15.8. Jer. 18.7, 8. Psa. 106.44, 45. Isa. 63.9.

[13] Gen. 31.49. cap. 11.11, 29.

[14] cap. 11.8, 11.

Jefthe livra os israelitas.

Antes de Christo 1143

11 Era então Jefthe, o gileadita, valente [1] e valoroso, porém filho d’uma prostituta: mas Gilead gerara a Jefthe.

2 Tambem a mulher de Gilead lhe pariu filhos, e, sendo os filhos d’esta mulher já grandes, expelliram a Jefthe, e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pae, porque és filho d’outra mulher.

3 Então Jefthe fugiu de diante de seus irmãos, e habitou na terra de Tob: e homens levianos [2] se ajuntaram com Jefthe, e sahiam com elle.

4 E aconteceu que, depois d’alguns dias, os filhos d’Ammon pelejaram contra Israel.

5 Aconteceu pois que, como os filhos d’Ammon pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gilead buscar a Jefthe da terra de Tob.

6 E disseram a Jefthe: Vem, e sê-nos por Cabeça: para que combatamos contra os filhos d’Ammon.

7 Porém Jefthe disse aos anciãos de Gilead: Porventura não me aborrecestes a mim, [3] e não me expellistes da casa de meu pae? porque pois agora viestes a mim, quando estaes em aperto?

8 E disseram os anciãos [4] de Gilead a Jefthe: Por isso tornamos a ti, para que venhas comnosco, e combatas contra os filhos d’Ammon: e nos sejas por Cabeça [5] sobre todos os moradores de Gilead.

9 Então Jefthe disse aos anciãos de Gilead: Se me tornardes a levar para combater contra os filhos d’Ammon, e o Senhor m’os dér diante de mim, então eu vos serei por Cabeça?

10 E disseram os anciãos de Gilead a Jefthe: O Senhor [6] será [IV] testemunha entre nós, e assim o faremos conforme á tua palavra.

11 Assim Jefthe foi-se com os anciãos de Gilead, e o povo o poz por Cabeça [7] e principe sobre si: e Jefthe fallou todas as suas palavras perante o Senhor em Mispah.

12 E enviou Jefthe mensageiros ao rei dos filhos d’Ammon, dizendo: Que ha entre mim e ti, que vieste a mim a pelejar contra a minha terra?

13 E disse o rei dos filhos de Ammon aos mensageiros de Jefthe: Porquanto, saindo Israel do Egypto, [8] tomou a minha terra, desde Arnon até Jabbok, e ainda até ao Jordão: torna-m’a pois agora em paz.

14 Porém Jefthe proseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos d’Ammon,

15 Dizendo-lhe: Assim diz Jefthe: Israel não tomou, [9] nem a terra dos moabitas nem a terra dos filhos d’Ammon;

16 Porque, subindo Israel do Egypto, andou [10] pelo deserto até ao Mar Vermelho, e chegou até Cades.

17 E Israel enviou mensageiros [11] ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não lhe deu ouvidos; enviou tambem ao rei dos moabitas, o qual tambem não quiz: e assim Israel ficou em Cades.

18 Depois andou pelo deserto, e rodeou a terra dos edomitas [12] e a terra dos moabitas, e veiu do nascente do sol á terra dos moabitas, e alojaram-se d’além d’Arnon; porém não entraram nos limites dos moabitas, porque Arnon é limite dos moabitas.

[250]

19 Mas Israel enviou [13] mensageiros a Sehon, rei dos amorrheos, rei de Hesbon: e disse-lhe Israel: Deixa-nos, peço-te, passar pela tua terra até ao meu logar.

20 Porém [14] Sehon não se fiou d’Israel para este passar nos seus limites; antes Sehon ajuntou todo o seu povo, e se acamparam em Jasa, e combateu contra Israel.

21 E o Senhor Deus d’Israel deu a Sehon com todo o seu povo na mão d’Israel, e os feriram: [15] e Israel tomou por herança toda a terra dos amorrheos que habitavam n’aquella terra.

22 E por herança tomaram todos os limites [16] dos anciãos, desde Arnon até Jabbok, e desde o deserto até ao Jordão.

23 Assim o Senhor Deus d’Israel desapossou os amorrheos de diante do seu povo d’Israel: e os possuirias tu?

24 Não possuirias [17] tu aquelle que Camos, teu deus, desapossasse de diante de ti? assim possuiremos nós todos quantos o Senhor nosso Deus desapossar de diante de nós.

25 Agora pois és tu ainda melhor do que Balac, [18] filho de Zippor, rei dos moabitas? porventura contendeu elle em algum tempo com Israel, ou pelejou alguma vez contra elles?

26 Emquanto Israel habitou trezentos annos em [19] Hesbon e nas suas villas, e em Aroer e nas suas villas, em todas as cidades que estão ao longo d’Arnon, porque o não recuperastes n’aquelle tempo?

27 Tão pouco pequei eu contra ti! porém tu usas mal comigo em pelejar contra mim: o Senhor, que é juiz, julgue [20] hoje entre os filhos d’Israel e entre os filhos de Ammon.

28 Porém o rei dos filhos d’Ammon não deu ouvidos ás palavras de Jefthe, que lhe enviou.

29 Então o espirito [21] do Senhor veiu sobre Jefthe, e atravessou elle por Gilead e Manasseh: porque passou até Mispah de Gilead, e de Mispah de Gilead passou até aos filhos d’Ammon.

30 E Jefthe votou [22] um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos d’Ammon na minha mão,

31 [IW] Aquillo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos d’Ammon em paz, isso será do Senhor, e o offerecerei [23] em holocausto.

32 Assim Jefthe passou aos filhos d’Ammon, a combater contra elles: e o Senhor os deu na sua mão.

33 E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a [24] Minnith, vinte cidades, e até Abel-keramim; assim foram subjugados os filhos d’Ammon diante dos filhos d’Israel.

34 Vindo pois Jefthe a Mispah, [25] á sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças: e era ella só a unica; não tinha outro filho nem filha.

35 E aconteceu que, quando a viu, rasgou [26] os seus vestidos, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e és d’entre os que me turbam! porque eu abri a minha bocca ao Senhor, e não tornarei atraz.

36 E ella lhe disse: Pae meu, abriste tu a tua bocca ao Senhor, faze de mim como saiu da tua bocca: [27] pois o Senhor te vingou [28] dos teus inimigos, os filhos d’Ammon.

37 Disse mais a seu pae: Faça-se-me isto: deixa-me por dois mezes que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras.

38 E disse elle: Vae. E deixou-a ir por dois mezes: então foi-se ella com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.

39 E succedeu que, ao fim de dois mezes, tornou ella para seu pae, o qual cumpriu [29] n’ella o seu voto que tinha votado: e ella não conheceu varão; e d’aqui veiu o costume d’Israel,

40 Que as filhas d’Israel iam de anno em anno a [IX] lamentar a filha de Jefthe, o gileadita, por quatro dias no anno.

[1] Heb. 11.32. cap. 6.12. II Reis 5.1.

[2] cap. 9.4. I Sam. 22.2.

[3] Gen. 26.27.

[4] cap. 10.18. Luc. 17.4.

[5] cap. 10.18.

[6] Jer. 42.5.

[7] ver. 8. cap. 10.17 e 20.1. I Sam. 10.17 e 11.15.

[8] Num. 21.24, 25, 26. Gen. 32.22.

[9] Deu. 2.9, 19.

[10] Num. 14.25. Deu. 1.40. Jos. 5.6. Num. 13.26 e 20.1. Deu. 1.46.

[11] Num. 20.14, 18, 21 e 20.1.

[12] Num. 21.4. Deu. 2.1-8. Num. 21.11, 13 e 22.36.

[13] Num. 21.22. Deu. 2.26. Num. 21.22. Deu. 2.27.

[14] Num. 21.23. Deu. 2.32.

[15] Num. 21.24, 25. Deu. 2.33, 34.

[16] Deu. 2.36.

[17] Num. 21.29. I Reis 11.7. Jer. 48.7. Deu. 9.5, 6 e 18.12. Jos. 3.10.

[18] Num. 22.2. Jos. 24.9.

[19] Num. 21.25. Deu. 2.36.

[20] Gen. 18.25 e 16.5 e 31.53. I Sam. 24.12, 15.

[21] cap. 3.10.

[22] Gen. 28.20. I Sam. 1.11.

[23] Lev. 27.2, 3, etc. I Sam. 1.11, 28 e 2.18. Psa. 66.13. Lev. 27.11, 12.

[24] Eze. 27.17.

[25] ver. 11. cap. 10.17. Exo. 15.20. I Sam. 18.5. Psa. 68.25. Jer. 31.4.

[26] Gen. 37.29, 34. Ecc. 5.2. Num. 30.2. Psa. 15.4. Ecc. 5.4, 5.

[27] Num. 30.2.

[28] II Sam. 18.19, 31.

[29] ver. 31. I Sam. 1.22, 24 e 2.18.

Jefthe peleja contra os ephraimitas e os gileaditas.

12 Então se convocaram os homens d’Ephraim, [1] e passaram para o norte, e disseram a Jefthe: Porque passaste a combater contra os filhos d’Ammon, e não nos chamaste para ir comtigo? queimaremos a fogo a tua casa comtigo.

[251]

2 E Jefthe lhes disse: Eu e o meu povo tivemos grande contenda com os filhos d’Ammon: e chamei-vos, e não me livrastes da sua mão;

3 E, vendo eu que me não livraveis, puz [2] a minha alma na minha mão, e passei aos filhos de Ammon, e o Senhor m’os entregou nas mãos: porque pois subistes vós hoje contra mim, para combater contra mim?

4 E ajuntou Jefthe a todos os homens de Gilead, e combateu com Ephraim: e os homens de Gilead feriram a Ephraim; porque, estando os gileaditas entre Ephraim e Manasseh, disseram: [3] Fugitivos sois d’Ephraim.

5 Porque tomaram os gileaditas aos ephraimitas os váos [4] do Jordão: e succedeu que, quando os fugitivos d’Ephraim diziam: Passarei; então os homens de Gilead lhes diziam: És tu ephratita? E dizendo elle: Não;

6 Então lhe diziam: Dize pois, Shibboleth; porém elle dizia: Sibboleth, porque o não podia pronunciar assim bem: então pegavam d’elle, e o degolavam aos váos do Jordão: e cairam de Ephraim n’aquelle tempo quarenta e dois mil.

7 E Jefthe julgou a Israel seis annos: e Jefthe, o gileadita, falleceu, e foi sepultado nas cidades de Gilead.

Ebsan, Elon e Abdon juizes dos israelitas.

8 E depois d’elle julgou a Israel Ebsan de Beth-lehem.

9 E tinha este trinta filhos; e enviou fóra a trinta filhas; e trinta filhas trouxe de fóra para seus filhos: e julgou a Israel sete annos.

10 Então falleceu Ebsan, e foi sepultado em Beth-lehem.

11 E depois d’elle julgou a Israel Elon, o zebulonita: e julgou a Israel dez annos.

12 E falleceu Elon, o zebulonita, e foi sepultado em Ayalon, na terra de Zebulon.

13 E depois d’elle julgou a Israel Abdon, filho d’Hillel, o pirhathonita.

14 E tinha este quarenta filhos, e trinta filhos de filhos, que cavalgavam sobre [5] setenta jumentos: e julgou a Israel oito annos.

15 Então falleceu Abdon, filho d’Hillel, o pirathonita: e foi sepultado em Pirathon, na terra [6] de Ephraim, no monte do amalekita.

[1] cap. 8.1.

[2] I Sam. 19.5 e 28.21. Job 13.14.

[3] I Sam. 25.10.

[4] Jos. 22.11. cap. 3.28 e 7.24.

[5] cap. 5.10 e 10.4.

[6] cap. 3.13, 27 e 5.14.

Servidão dos israelitas sob os philisteos, e o nascimento de Sansão.

Antes de Christo 1161

13 E os filhos d’Israel tornaram a fazer o que parecia mal [1] aos olhos do Senhor, e o Senhor [2] os entregou na mão dos philisteos por quarenta annos.

2 E havia um homem de Zora, da [3] tribu de Dan, cujo nome era Manué: e sua mulher era esteril, e não paria.

3 E o anjo do Senhor [4] appareceu a esta mulher, e disse-lhe: Eis que agora és esteril, e nunca tens parido; porém conceberás, e parirás um filho.

4 Agora, pois, guarda-te de que bebas vinho, [5] ou bebida forte, ou comas coisa immunda.

5 Porque eis que tu conceberás e parirás um filho sobre cuja cabeça não subirá navalha: [6] porquanto o menino será nazireo de Deus desde o ventre: e elle começará a livrar a Israel da mão dos philisteos.

6 Então a mulher entrou, e fallou a seu marido, dizendo: [7] Um homem de Deus veiu a mim, cuja vista era similhante á vista d’um anjo de Deus, terribilissima: e não lhe perguntei d’onde era, nem elle me disse o seu nome;

7 Porém disse-me: Eis que tu conceberás e parirás um filho: agora pois não bebas vinho, nem bebida forte, e não comas coisa immunda; porque o menino será nazireo de Deus, desde o ventre até ao dia da sua morte.

8 Então Manué orou instantemente ao Senhor, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que ha de nascer.

9 E Deus ouviu a voz de Manué: e o anjo de Deus veiu outra vez á mulher, e ella estava no campo, porém não estava com ella seu marido Manué.

10 Apressou-se pois a mulher, e correu, e noticiou-o a seu marido, e disse-lhe: Eis que aquelle homem que veiu a mim o outro dia me appareceu.

11 Então Manué levantou-se, e seguiu a sua mulher, e veiu áquelle homem, e disse-lhe: És tu aquelle homem que fallaste a esta mulher? E disse: Eu sou.

12 Então disse Manué: Cumpram-se as tuas palavras: mas qual será o modo de viver e serviço do menino?

13 E disse o anjo do Senhor a Manué:[252] De tudo quanto eu disse á mulher se guardará ella.

14 De tudo quanto procede da vide de vinho não comerá, nem vinho nem bebida forte beberá, [8] nem coisa immunda comerá: tudo quanto lhe tenho ordenado guardará.

15 Então Manué disse ao anjo do Senhor: Ora deixa que te detenhamos, e [9] te preparemos um cabrito.

16 Porém o anjo do Senhor disse a Manué: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o offerecerás ao Senhor. Porque não sabia Manué que fosse o anjo do Senhor.

17 E disse Manué ao anjo do Senhor: Qual é o teu nome? para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos.

18 E o anjo do Senhor lhe disse: Porque perguntas assim pelo meu nome, [10] visto que é maravilhoso?

19 Então Manué tomou um cabrito [11] e uma offerta de manjares, e os offereceu sobre uma penha ao Senhor: e obrou o anjo maravilhosamente, vendo-o Manué e sua mulher.

20 E succedeu que, subindo a chamma do altar para o céu, o anjo do Senhor subiu na chamma do altar: o que vendo Manué e sua mulher, cairam [12] em terra sobre seus rostos.

21 E nunca mais appareceu o anjo do Senhor a Manué, nem a sua mulher: então conheceu Manué [13] que era o anjo do Senhor.

22 E disse Manué a sua mulher: Certamente morreremos, [14] porquanto temos visto a Deus.

23 Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quizera matar, não acceitaria da nossa mão o holocausto e a offerta de manjares, nem nos mostraria tudo isto, nem nos deixaria ouvir taes coisas n’este tempo.

24 Depois pariu esta mulher um filho, e chamou o seu nome [15] Sansão: e o menino cresceu, e o Senhor o abençoou.

25 E o espirito do Senhor [16] o começou a impellir de quando em quando para o campo de Dan, entre Zora e Estaol.

[1] cap. 2.11 e 3.7 e 4.1 e 6.1 e 10.6.

[2] I Sam. 12.9.

[3] Jos. 19.41.

[4] cap. 6.12. Luc. 1.11, 13, 28, 31.

[5] Num. 6.2, 3. Luc. 1.15.

[6] Num. 6.5. I Sam. 1.11. Num. 6.2. I Sam. 7.13. II Sam. 8.1. I Chr. 18.1.

[7] Deu. 33.1. I Sam. 2.27 e 9.6. I Reis 17.24. Mat. 28.3. Luc. 9.29. Act. 6.15. ver. 17, 18.

[8] ver. 4.

[9] Gen. 18.5. cap. 6.18.

[10] Gen. 32.29.

[11] cap. 6.19, 20.

[12] Lev. 9.24. I Chr. 21.16. Eze. 1.28. Mat. 17.6.

[13] cap. 6.22.

[14] Gen. 32.30. Exo. 33.20. Deu. 5.26. cap. 6.22.

[15] Heb. 11.32. I Sam. 3.19. Luc. 1.80 e 2.52.

[16] cap. 3.10. I Sam. 11.6. Mat. 4.1. Jos. 15.33. cap. 18.11.

O casamento de Sansão.

Antes de Christo 1141

14 E desceu Sansão a [1] Timnatha: e, vendo em Timnatha a uma mulher das filhas dos philisteos,

2 Subiu, e declarou-o a seu pae e sua mãe, e disse: Vi uma mulher em Timnatha, das filhas dos philisteos; agora pois, tomae-m’a [2] por mulher.

3 Porém seu pae e sua mãe lhe disseram: Não ha porventura mulher entre as filhas de teus irmãos, [3] nem entre todo o meu povo, para que tu vás tomar mulher dos philisteos, d’aquelles incircumcisos? E disse Sansão a seu pae: Tomae-me esta, porque ella agrada aos meus olhos.

4 Mas seu pae e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor; [4] pois buscava occasião dos philisteos: porquanto n’aquelle tempo os philisteos dominavam [5] sobre Israel.

5 Desceu pois Sansão com seu pae e com sua mãe a Timnatha: e, chegando ás vinhas de Timnatha, eis que um filho de leão, bramando, lhe saiu ao encontro.

6 Então o espirito do Senhor [6] se apossou d’elle tão possantemente que o fendeu d’alto a baixo, como quem fende um cabrito, sem ter nada na sua mão: porém nem a seu pae nem a sua mãe deu a saber o que tinha feito.

7 E desceu, e fallou áquella mulher, e agradou aos olhos de Sansão.

8 E depois de alguns dias voltou elle para a tomar: e, apartando-se do caminho a ver o corpo do leão morto, eis que no corpo do leão havia um enxame de abelhas com mel.

9 E tomou-o nas suas mãos, e foi-se andando e comendo d’elle; e foi-se a seu pae e a sua mãe, e deu-lhes d’elle, e comeram, porém não lhes deu a saber que tomara o mel do corpo do leão.

10 Descendo pois seu pae áquella mulher, fez Sansão ali um banquete; porque assim o costumavam fazer os mancebos.

11 E succedeu que, como o vissem, tomaram trinta companheiros para estarem com elle.

O enigma de Sansão.

12 Disse-lhes pois Sansão: Vos darei um enigma [7] a adivinhar: e, se nos sete dias das bodas m’o declarardes e descobrirdes, vos darei trinta lençoes e trinta mudas de vestidos.

13 E, se m’o não poderdes declarar, vós me dareis a mim os trinta lençoes e as trinta mudas de vestidos. E elles lhe disseram: Dá-nos o teu enigma a adivinhar, para que o ouçamos.

14 Então lhes disse: Do comedor saiu[253] comida, e doçura saiu do forte. E em tres dias não poderam declarar o enigma.

15 E succedeu que, ao setimo dia, disseram á mulher de Sansão: Persuade a teu marido [8] que nos declare o enigma, para que porventura não queimemos a fogo a ti e á casa de teu pae: chamastes-nos vós aqui para possuir o que é nosso, não é assim?

16 E a mulher de Sansão chorou diante d’elle, e disse: Tão sómente me aborreces, e não me amas; [9] pois déste aos filhos do meu povo um enigma a adivinhar, e ainda m’o não declaraste a mim. E elle lhe disse: Eis que nem a meu pae nem a minha mãe o declarei, e t’o declararia a ti?

17 E chorou diante d’elle os sete dias em que celebravam as bodas: succedeu pois que ao setimo dia lh’o declarou, porquanto o importunava; então ella declarou o enigma aos filhos do seu povo.

18 Disseram-lhe pois os homens d’aquella cidade, ao setimo dia, antes de se por o sol: Que coisa ha mais doce do que o mel? e que coisa ha mais forte do que o leão? E elle lhes disse: Se vós não lavrasseis com a minha novilha, nunca terieis descoberto o meu enigma.

19 Então [10] o espirito do Senhor tão possantemente se apossou d’elle, que desceu aos ascalonitas, e matou d’elles trinta homens, e tomou os seus vestidos, e deu as mudas de vestidos aos que declararam o enigma: porém accendeu-se a sua ira, e subiu á casa de seu pae.

20 E a mulher de Sansão foi dada ao [11] seu companheiro que o acompanhava.

[1] Gen. 38.13. Jos. 15.10. Gen. 34.2.

[2] Gen. 21.21 e 34.4.

[3] Gen. 24.3, 4 e 34.14. Exo. 34.16. Deu. 7.3.

[4] Jos. 11.20. I Reis 12.15. II Reis 6.33. II Chr. 10.15 e 22.7 e 25.20.

[5] cap. 13.1. Deu. 28.48.

[6] cap. 3.10 e 13.25. I Sam. 11.6.

[7] I Sam. 10.1. Eze. 17.2. Luc. 14.7. Gen. 29.27.

[8] cap. 16.5 e 15.6.

[9] cap. 16.15.

[10] cap. 3.10 e 13.25.

[11] cap. 15.2. João 3.29.

Sansão põe fogo ás searas dos philisteos.

15 E aconteceu, depois d’alguns dias, que na sega do trigo Sansão visitou a sua mulher com um cabrito, e disse: Entrarei na camara a minha mulher. Porém o pae d’ella não o deixou entrar.

2 Porque disse seu pae: Por certo dizia eu que de todo a aborrecias: [1] de sorte que a dei ao teu companheiro: porém não é sua irmã mais nova, mais formosa do que ella? toma-a pois em seu logar.

3 Então Sansão disse ácerca d’elles: Innocente sou esta vez para com os philisteos, quando lhes fizer algum mal.

4 E foi Sansão, e tomou trezentas raposas: e, tomando tições, as virou cauda a cauda, e lhes poz um tição no meio de cada duas caudas.

5 E chegou fogo aos tições, e largou-as na seara dos philisteos: e assim abrazou os molhos com a sega do trigo, e as vinhas com os olivaes.

6 Então disseram os philisteos: Quem fez isto? E disseram: Sansão, o genro do Timnatha, porque lhe tomou a sua mulher, e a deu a seu companheiro. Então subiram os philisteos, [2] e queimaram a fogo a ella e a seu pae.

7 Então lhes disse Sansão: Assim o haveis de fazer? pois havendo-me vingado eu de vós então cessarei.

8 E feriu-os com grande ferimento, perna juntamente com côxa: e desceu, e habitou no cume da rocha d’Etam.

9 Então os philisteos subiram, e acamparam-se contra Judah, e estenderam-se por [3] Lechi,

Os homens de Judah amarram a Sansão.

Antes de Christo 1140

10 E disseram os homens de Judah: Porque subistes contra nós? E elles disseram: Subimos para amarrar a Sansão, para lhe fazer a elle como elle nos fez a nós.

11 Então tres mil homens de Judah desceram até á cova da rocha d’Etam, e disseram a Sansão: Não sabias tu que [4] os philisteos dominam sobre nós? porque pois nos fizeste isto? E elle lhes disse: Assim como elles me fizeram a mim, eu lhes fiz a elles.

12 E disseram-lhe: Descemos para te amarrar, para te entregar nas mãos dos philisteos. Então Sansão lhes disse: Jurae-me que vós mesmos me não accommettereis.

13 E elles lhe fallaram, dizendo: Não, mas fortemente te amarraremos, e te entregaremos na sua mão; porém de maneira nenhuma te mataremos. E amarraram-n’o com duas cordas novas e fizeram-n’o subir da rocha.

Sansão fere mil homens com a queixada d’um jumento.

14 E, vindo elle a Lechi, os philisteos lhe sairam ao encontro, jubilando: porém [5] o espirito do Senhor possantemente se apossou d’elle, e as cordas que elle tinha nos braços se tornaram como fios de linho que se queimaram no fogo, e as suas amarraduras se desfizeram das suas mãos.

15 E achou uma queixada fresca d’um jumento, e estendeu a sua mão, e tomou-a, e feriu [6] com ella mil homens,

16 Então disse Sansão: Com uma queixada de jumento um montão, dois montões; com uma queixada de jumento feri a mil homens.

17 E aconteceu que, acabando elle de[254] fallar, lançou a queixada da sua mão: e chamou áquelle logar [IY] Ramath-lechi.

18 E como tivesse grande sede, clamou ao Senhor, e disse: Pela mão do teu servo [7] tu déste esta grande salvação: morrerei eu pois agora de sede, e cairei na mão d’estes incircumcisos?

19 Então o Senhor fendeu a caverna que estava em [IZ] Lechi; e saiu d’ella agua, e bebeu; e o seu espirito tornou, [8] e reviveu: pelo que chamou o seu nome: A fonte do que clama, que está em Lechi até ao dia d’hoje.

20 E julgou a Israel, [9] nos dias dos philisteos, vinte annos.

[1] cap. 14.20.

[2] cap. 14.15.

[3] ver. 19.

[4] cap. 14.4.

[5] cap. 3.10 e 14.6.

[6] Lev. 26.8. Jos. 23.10. cap. 3.31.

[7] Psa. 3.7.

[8] Gen. 45.27. Isa. 40.29.

[9] cap. 13.1.

Sansão é trahido por Dalila.

Antes de Christo 1120

16 E foi-se Sansão a Gaza, e viu ali uma mulher prostituta, e entrou a ella.

2 E foi dito aos gazitas: Sansão entrou [1] aqui. Foram pois em roda, e toda a noite lhe puzeram espias á porta da cidade: porém toda a noite estiveram socegados, dizendo: Até á luz da manhã esperaremos; então o mataremos.

3 Porém Sansão deitou-se até á meia noite, e á meia noite se levantou, e travou das portas da entrada da cidade com ambas as umbreiras, e juntamente com a tranca as tomou, pondo-as sobre os hombros; e levou-as para cima até ao cume do monte que está defronte de Hebron.

4 E depois d’isto aconteceu que se affeiçoou a uma mulher do valle de Sorec, cujo nome era Dalila.

5 Então os principes dos philisteos subiram a ella, e lhe disseram: Persuade-o, [2] e vê, em que consiste a sua grande força, e com que poderiamos assenhorear-nos d’elle e amarral-o, para assim o affligirmos: e te daremos cada um mil e cem [JA] moedas de prata.

6 Disse pois Dalila a Sansão: Declara-me, peco-te, em que consiste a tua grande força, e com que poderias ser amarrado para te poderem affligir.

7 Disse-lhe Sansão: Se me amarrassem com sete vergas de vimes frescos, que ainda não estivessem seccos, então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.

8 Então os principes dos philisteos lhe trouxeram sete vergas de vimes frescos, que ainda não estavam seccos: e amarrou-o com ellas.

9 E os espias estavam assentados com ella n’uma camara. Então ella lhe disse: Os philisteos veem sobre ti, Sansão. Então quebrou as vergas de vimes, como se quebra o fio da estopa ao cheiro do fogo; assim não se soube em que consistia a sua força.

10 Então disse Dalila a Sansão: Eis que zombaste de mim, e me disseste mentiras: ora declara-me agora com que poderias ser amarrado.

11 E elle lhe disse: Se me amarrassem fortemente com cordas novas, com que se não houvesse feito obra nenhuma, então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.

12 Então Dalila tomou cordas novas, e o amarrou com ellas, e disse-lhe: Os philisteos veem sobre ti, Sansão. E os espias estavam assentados n’uma camara. Então as quebrou de seus braços como um fio.

13 E disse Dalila a Sansão: Até agora zombaste de mim, e me disseste mentiras; declara-me pois agora com que poderias ser amarrado? E elle lhe disse: Se teceres sete tranças dos cabellos da minha cabeça com os liços da têa.

14 E ella as fixou com uma estaca, e disse-lhe: Os philisteos veem sobre ti, Sansão. Então despertou do seu somno, e arrancou a estaca das tranças tecidas, juntamente com o liço da têa.

15 Então ella lhe disse: Como dirás: Tenho-te amor, [3] não estando comigo o teu coração? já tres vezes zombaste de mim, e ainda me não declaraste em que consiste a tua força.

16 E succedeu que, importunanado-o ella todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até á morte.

17 E descobriu-lhe todo o seu coração, [4] disse-lhe: Nunca subiu navalha á minha cabeça, porque sou nazireo de Deus desde o ventre de minha mãe: se viesse a ser rapado, ir-se-hia de mim a minha força, e me enfraqueceria, e seria como todos os mais homens.

18 Vendo pois Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, enviou, e chamou os principes dos philisteos, dizendo: Subi esta vez, porque agora me descobriu elle todo o seu coração. E os principes dos philisteos subiram a ella, e trouxeram o dinheiro na sua mão.

19 Então ella o fez dormir [5] sobre os seus joelhos, e chamou a um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabello de sua cabeça: e começou a affligil-o, e retirou-se d’elle a sua força.

20 E disse ella: Os philisteos veem sobre ti, Sansão. E despertou do seu somno, e disse: Sairei ainda esta vez[255] como d’antes, e me sacudirei. Porque elle não sabia que já o Senhor se tinha retirado [6] d’elle.

21 Então os philisteos pegaram n’elle, e lhe arrancaram os olhos, e fizeram-n’o descer a Gaza, e amarraram-n’o com duas cadeias de bronze, e andava elle moendo no carcere.

22 E o cabello da sua cabeça lhe começou a ir crescendo, como quando foi rapado.

Sansão faz cair o templo de Dagon.

23 Então os principes dos philisteos se ajuntaram para offerecer um grande sacrificio ao seu deus Dagon, e para se alegrarem, e diziam: Nosso deus nos entregou nas mãos a Sansão, nosso inimigo.

24 Similhantemente, vendo-o o povo, [7] louvavam ao seu deus; porque diziam: Nosso deus nos entregou na mão o nosso inimigo, e ao que destruia a nossa terra, e ao que multiplicava os nossos mortos.

25 E succedeu que, alegrando-se-lhes [8] o coração, disseram: Chamae a Sansão, para que brinque diante de nós. E chamaram a Sansão do carcere, e brincou diante d’elles, e fizeram-n’o estar em pé entre as columnas.

26 Então disse Sansão ao moço que o tinha pela mão: Guia-me para que apalpe as columnas em que se sustém a casa, para que me encoste a ellas.

27 Ora estava a casa cheia de homens e mulheres: e tambem ali estavam todos os principes dos philisteos: e sobre o telhado havia alguns tres mil homens e mulheres, [9] que estavam vendo brincar Sansão.

28 Então Sansão clamou ao Senhor, e disse: Senhor Jehovah, peço-te que te lembres [10] de mim, e esforça-me agora só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos philisteos, pelos meus dois olhos.

29 Abraçou-se pois Sansão com as duas columnas do meio, em que se sustinha a casa, e arrimou-se sobre ellas, com a sua mão direita n’uma, e com a sua esquerda na outra.

30 E disse Sansão: Morra eu com os philisteos. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os principes e sobre todo o povo que n’ella havia: e foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara na sua vida.

31 Então seus irmãos desceram, e toda a casa de seu pae, e tomaram-n’o, e subiram com elle, e sepultaram-n’o [11] entre Tsora e Estaol, no sepulchro de Manué, seu pae: e julgou elle a Israel vinte annos.

[1] I Sam. 23.26. Act. 9.24.

[2] cap. 14.15. Pro. 2.16-19 e 5.3-11 e 6.24, 25, 26 e 7.21, 22, 23.

[3] cap. 14.16.

[4] Miq. 7.5. Num. 6.5.

[5] Pro. 7.26, 27.

[6] Num. 14.9, 42, 43. Jos. 7.12. I Sam. 16.14 e 18.12 e 28.15, 16. II Chr. 15.2.

[7] Dan. 5.4.

[8] cap. 9.27.

[9] Deu. 22.8.

[10] Jer. 15.15.

[11] cap. 13.25.

Micah e o idolo da sua casa.

Antes de Christo 1406

17 E havia um homem da montanha d’Ephraim, cujo nome era Micah.

2 O qual disse a sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa deitavas maldições, e tambem as disseste em meus ouvidos, eis que este dinheiro eu o tenho, eu o tomei. Então disse sua mãe: Bemdito [1] seja meu filho do Senhor.

3 Assim restituiu as mil e cem moedas de prata a sua mãe: porém sua mãe disse: Inteiramente tenho dedicado este dinheiro da minha mão ao Senhor para meu filho, para fazer uma imagem [2] de esculptura e de fundição: de sorte que agora t’o tornarei a dar.

4 Porém elle restituiu aquelle dinheiro a sua mãe: e sua mãe tomou duzentas moedas de prata, e as deu ao ourives, o qual fez d’ellas uma imagem [3] de esculptura e de fundição, e esteve em casa de Micah.

5 E teve este homem, Micah, uma casa de deuses: e fez um ephod [4] e teraphins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.

6 N’aquelles dias [5] não havia rei em Israel: cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos.

O levita em casa de Micah.

7 E havia um mancebo de Beth-lehem de Judah, da tribu de Judah, [6] que era levita, e peregrinava ali.

8 E este homem partiu da cidade de Beth-lehem de Judah para peregrinar onde quer que achasse commodidade: chegando elle pois á montanha d’Ephraim, até á casa de Micah, seguindo o seu caminho.

9 Disse-lhe Micah: D’onde vens? E elle lhe disse: Sou levita de Beth-lehem de Judah, e vou peregrinar onde quer que achar commodidade.

10 Então lhe disse Micah: Fica commigo, e sê-me [7] por pae e sacerdote; e cada anno te darei dez moedas de prata, e vestuario, e o teu sustento. E o levita entrou.

[256]

11 E consentiu o levita em ficar com aquelle homem: e este mancebo lhe foi como um de seus filhos.

12 E consagrou Micah ao levita, [8] e aquelle mancebo lhe foi por sacerdote; e esteve em casa de Micah.

13 Então disse Micah: Agora sei que O Senhor me fará bem: porquanto tenho um levita por sacerdote.

[1] Gen. 14.19. Ruth 3.10.

[2] Exo. 24.4, 23. Lev. 19.4.

[3] Isa. 46.6.

[4] cap. 8.27. Gen. 31.19, 30. Ose. 3.4.

[5] cap. 18.1 e 19.1 e 21.25. Deu. 33.5 e 12.8.

[6] Jos. 19.15. cap. 19.1. Ruth 1.1, 2. Miq. 5.2. Mat. 2.1, 5, 6.

[7] cap. 18.19. Gen. 45.8. Job 29.16.

[8] ver. 5. cap. 18.30.

Os daneos buscam uma herança e tomam Lais.

18 N’aquelles dias [1] não havia rei em Israel: e nos mesmos dias a tribu dos daneos buscava para si herança para habitar; porquanto até áquelle dia entre as tribus d’Israel lhe não havia caido em herança bastante sorte.

2 E enviaram os filhos de Dan [2] da sua tribu cinco homens dos seus confins, homens valorosos, de Zora e de Estaol, a espiar e rastejar a terra; e lhes disseram: Ide, rastejae a terra. E vieram á montanha d’Ephraim, até á casa de Micah, [3] e passaram ali a noite.

3 E quando elles estavam junto da casa de Micah, conheceram a voz do mancebo, do levita; e chegaram-se para lá, e lhe disseram: Quem te trouxe aqui, que fazes aqui, e que é o que tens aqui?

4 E elle lhes disse: Assim e assim me tem feito Micah; pois me tem alugado, e eu [4] lhe sirvo de sacerdote.

5 Então lhe disseram: [5] Ora pergunta a Deus, para que possamos saber se prosperará o caminho que levamos.

6 E disse-lhes o sacerdote: Ide em paz; [6] o caminho que levardes está perante o Senhor.

7 Então foram-se aquelles cinco homens, e vieram a Lais; [7] e viram que o povo que havia no meio d’ella estava seguro, conforme ao costume dos sidonios, quieto e confiado; nem havia possessor algum do reino que por causa alguma envergonhasse a alguem n’aquella terra: tambem estavam longe doa sidonios, e não tinham que fazer com ninguem.

8 Então voltaram a seus irmãos, a Zora [8] e a Estaol: e seus irmãos lhes disseram: Que dizeis vós?

9 E elles disseram: Levantae-vos, [9] e subamos a elles; porque examinámos a terra, e eis que é muitissimo boa; pois estareis tranquillos? [10] não sejaes preguiçosos em irdes para entrar a possuir esta terra.

10 Quando lá chegardes, vereis a um povo confiado, [11] e a terra é larga de extensão; porque Deus vol-a entregou na mão; logar em que não ha falta de coisa alguma que ha na terra.

11 Então partiram d’ali, da tribu dos daneos, de Zora e d’Estaol, seiscentos homens armados de armas de guerra.

12 E subiram, e acamparam-se em Kiriath-jearim, [12] em Judah; pelo que chamaram a este logar Mahaneh-dan, até ao dia de hoje; eis que está por detraz de Kiriath-jearim.

13 E d’ali passaram á montanha d’Ephraim; e vieram até [13] á casa de Micah.

Os daneos levam da casa de Micah a imagem e o levita.

14 Então responderam os cinco homens, que foram espiar a terra de Lais, e disseram [14] a seus irmãos: Sabeis vós tambem que n’aquellas casas [15] ha um ephod, e terafins, e imagem de esculptura e de fundição? vêde pois agora o que haveis de fazer.

15 Então foram-se para lá, e vieram á casa do mancebo, o levita, em casa de Micah, e o saudaram.

16 E os seiscentos [16] homens, que eram dos filhos de Dan, armados de suas armas de guerra, ficaram á entrada da porta.

17 Porém subindo os cinco homens, que foram espiar a terra, [17] entraram n’ella, e tomaram a imagem d’esculptura, o ephod, e os terafins, e a imagem de fundição, ficando o sacerdote em pé á entrada da porta, com os seiscentos homens que estavam armados com as armas de guerra.

18 Entrando elles pois em casa de Micah, e tomando a imagem de esculptura, e o ephod, e os terafins, e a imagem de fundição, disse-lhes o sacerdote: Que estaes fazendo?

19 E elles lhe disseram: Cala-te, põe [18] a mão na bocca, e vem comnosco, e sê-nos por pae e sacerdote: é-te melhor que sejas sacerdote da casa d’um só homem, do que ser sacerdote d’uma tribu e d’uma geração em Israel?

20 Então alegrou-se o coração do sacerdote, e tomou o ephod, e os terafins,[257] e a imagem de esculptura: e entrou no meio do povo.

21 Assim viraram, e partiram: e os meninos, e o gado, e a bagagem puzeram diante de si.

22 E, estando já longe da casa de Micah, os homens que estavam nas casas junto á casa de Micah, se convocaram, e alcançaram os filhos de Dan.

23 E clamaram após dos filhos de Dan, os quaes viraram os seus rostos, e disseram a Micah: Que tens, que assim te convocaste?

24 Então elle disse: Os meus deuses, que eu fiz, me tomastes, juntamente com o sacerdote, e vos fostes; que mais me fica agora? Como pois me dizeis: Que é o que tens?

25 Porém os filhos de Dan lhe disseram: Não nos faças ouvir a tua voz, para que porventura homens de animo amargoso não se lancem sobre vós, e tu percas a tua vida, e a vida dos da tua casa.

26 Assim seguiram o seu caminho os filhos de Dan: e Micah, vendo que eram mais fortes do que elle, voltou, e tornou-se a sua casa.

27 Elles pois tomaram o que Micah tinha feito, e o sacerdote que tivera, e vieram a Lais, a [19] um povo quieto e confiado, e os feriram ao fio da espada, e queimaram a cidade a fogo.

28 E ninguem houve que os livrasse, porquanto estavam longe de Sidon, [20] e não tinham que fazer com ninguem, e a cidade estava no valle que está junto a Beth-rechob: [21] depois reedificaram a cidade e habitaram n’ella.

29 E chamaram o nome [22] da cidade Dan, conforme ao nome de Dan, seu pae, que nascera a Israel: sendo porém d’antes o nome d’esta cidade Lais.

30 E os filhos de Dan levantaram para si aquella imagem de esculptura: e Jonathan, filho de Gerson, o filho de Manasseh, elle e seus filhos foram sacerdotes da tribu dos daneos, até [23] ao dia do captiveiro da terra.

31 Assim pois a imagem d’esculptura que fizera Micah, estabeleceram entre si, todos os dias que a [24] casa de Deus esteve em Silo.

[1] cap. 17.6 e 21.25. Jos. 19.47.

[2] cap. 13.25. Num. 13.17. Jos. 2.1.

[3] cap. 17.1.

[4] cap. 17.10.

[5] I Reis 22.5. Isa. 30.1. Ose. 4.12. cap. 17.5. ver. 14.

[6] I Reis 22.6.

[7] Jos. 19.47. ver. 27, 28.

[8] ver. 2.

[9] Num. 13.30. Jos. 2.23, 24.

[10] I Reis 23.3.

[11] ver. 7, 27. Deu. 8.9.

[12] Jos. 15.60.

[13] ver. 2.

[14] I Sam. 14.28.

[15] cap. 17.5.

[16] ver. 11.

[17] ver. 2, 14. cap. 17.4, 5.

[18] Job 21.5 e 29.9 e 40.4. Pro. 30.32. Miq. 7.16. cap. 17.10.

[19] ver. 7, 10. Deu. 33.22. Jos. 19.47.

[20] ver. 7.

[21] Num. 13.21. II Sam. 10.6.

[22] Jos. 19.47. Gen. 14.14. cap. 20.1. I Reis 12.29, 30 e 15.20.

[23] cap. 13.1. I Sam. 4.2, 3, 10, 11. Psa. 78.60, 61.

[24] Jos. 18.1. cap. 19.18 e 21.12.

Os homens de Gibeah abusam da mulher d’um levita.

19 Aconteceu tambem n’aquelles dias, em que não havia rei em Israel que, houve um homem levita, que peregrinando [1] aos lados da montanha de Ephraim, tomou para si uma mulher concubina, de Beth-lehem [2] de Judah.

2 Porém a sua concubina fornicou contra elle, e foi-se d’elle para casa de seu pae, a Beth-lehem de Judah, e esteve ali alguns dias, a saber, quatro mezes.

3 E seu marido se levantou, e partiu após d’ella, para lhe fallar conforme ao seu coração, e para tornar a trazel-a: e o seu moço e um par de jumentos iam com elle: e ella o levou a casa de seu pae, e, vendo-o o pae da moça, alegrou-se ao encontrar-se com elle.

4 E seu sogro, o pae da moça, o deteve, e ficou com elle tres dias: e comeram e beberam, e passaram ali a noite.

5 E succedeu que ao quarto dia pela manhã madrugaram, e elle levantou-se para partir: então o pae da moça disse a seu genro: Conforta o teu coração com [3] um bocado de pão, e depois partireis.

6 Assentaram-se pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pae da moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passal-a aqui, e alegre-se o teu coração.

7 Porém o homem levantou-se para partir: mas seu sogro o constrangeu a tornar a passar ali a noite.

8 E, madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pae da moça: Ora conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia: e ambos juntos comeram.

9 Então o homem levantou-se para partir, elle, e a sua concubina, e o seu moço: e disse-lhe seu sogro, o pae da moça: Eis que já o dia se abaixa, e a tarde vem entrando, peço-te que aqui passes a noite; eis que o dia vae acabando, passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e ámanhã de madrugada levantae-vos a caminhar, e vae-te para a tua tenda.

10 Porém o homem não quiz ali passar a noite, mas levantou-se, e partiu, e veiu até defronte de [4] Jebus (que é Jerusalem), e com elle o par de jumentos albardados, como tambem a sua concubina.

11 Estando pois já perto de Jebus, e tendo-se declinado muito o dia, disse o moço a seu senhor: Caminhae agora, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseos, [5] e passemos ali a noite.

12 Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha,[258] que não seja dos filhos de Israel: mas passaremos até [6] Gibeah.

13 Disse mais a seu moço; Caminha, e cheguemos a um d’aquelles logares, e passemos em Gibeah ou em [7] Ramah.

14 Passaram pois adiante, e caminharam, e o sol se lhes poz junto a Gibeah, que é cidade de Benjamin.

15 E retiraram-se para lá, para entrarem a passar a noite em Gibeah; e, entrando elle, assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali [8] passarem a noite.

16 E eis que um homem velho vinha á tarde do seu trabalho do campo; e era este homem da montanha de Ephraim, mas peregrinava em Gibeah: eram porém os homens d’este logar filhos de Benjamin.

17 Levantando elle pois os olhos, viu a este passageiro na praça da cidade, e disse o velho: Para onde vaes, e d’onde vens?

18 E elle lhe disse: Passamos de Beth-lehem de Judah até aos lados da montanha de Ephraim, d’onde sou; porquanto fui a Beth-lehem de Judah: porém agora vou [9] á casa do Senhor; e ninguem ha que me recolha em casa,

19 Ainda que ha palha e pasto para os nossos jumentos, e tambem pão e vinho ha para mim, e para a tua serva, e para o moço que vem com os teus servos: de coisa nenhuma ha falta.

20 Então disse o velho: Paz seja comtigo; [10] tudo quanto te faltar fique ao meu cargo: tão sómente não passes a noite na praça,

21 E trouxe-o a [11] sua casa, e deu pasto aos jumentos: e, lavando-se os pés, comeram e beberam.

22 Estando elles alegrando o seu coração, eis que os homens d’aquella cidade [12] (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo á porta; e fallaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fóra o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos.

23 E o homem, senhor da [13] casa, saiu a elles, e disse-lhes: Não, irmãos meus, ora não façaes similhante mal: já que este homem entrou em minha casa, não façaes tal loucura.

24 Eis que a minha filha [14] virgem e a concubina d’elle vol-as tirarei fóra; humilhae-as a ellas, e fazei d’ellas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façaes loucura similhante.

25 Porém aquelles homens não o quizeram ouvir: então aquelle homem pegou da sua concubina, e lh’a tirou para fóra: [15] e elles a conheceram e abusaram d’ella toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram.

26 E ao romper da manhã veiu a mulher, e caiu á porta da casa d’aquelle homem, onde estava seu senhor, e ficou ali até que se fez claro.

27 E, levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo a seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia á porta da casa, com as mãos sobre o limiar.

28 E elle lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; [16] então pôl-a sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu logar.

29 Chegando pois á sua casa, tomou um cutelo, e pegou na sua concubina, e a despedaçou [17] com os seus ossos em doze partes: e enviou-as por todos os termos de Israel.

30 E succedeu que cada um que tal via dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos d’Israel subiram da terra do Egypto, até ao dia d’hoje: ponderae isto no coração, [18] considerae, e fallae.

[1] cap. 17.6 e 18.1 e 21.25.

[2] cap. 17.7.

[3] Gen. 18.5.

[4] Jos. 18.28.

[5] Jos. 15.8, 63. cap. 1.21. II Sam. 5.6.

[6] Jos. 18.28.

[7] Jos. 18.25.

[8] Mat. 25.43. Heb. 13.2.

[9] Jos. 18.1. cap. 18.31 e 20.18. I Sam. 1.3, 7.

[10] Gen. 43.23. cap. 6.23. Gen. 19.2.

[11] Gen. 24.32 e 43.24 e 18.4. João 13.5.

[12] Gen. 19.4. cap. 20.5. Ose. 9.9 e 10.9. Deu. 13.13. Gen. 19.5. Rom. 1.26, 27.

[13] Gen. 19.6, 7. II Sam. 13.12.

[14] Gen. 19.8 e 34.2. Deu. 21.14.

[15] Gen. 4.1.

[16] cap. 20.5.

[17] cap. 20.6. I Sam. 11.7.

[18] cap. 20.7. Pro. 13.10.

Os israelitas vingam o ultrage feito ao levita.

20 Então todos [1] os filhos d’Israel sairam, e a congregação se ajuntou, como se fôra um só homem, desde Dan até [2] Berseba como tambem a terra de Gilead, ao Senhor em Mispah.

2 E dos cantos de todo o povo se apresentaram de todas as tribus d’Israel na congregação do povo de Deus quatrocentos mil homens de pé [3] que arrancavam a espada.

3 (Ouviram pois os filhos de Benjamin que os filhos d’Israel haviam subido a Mispah) E disseram os filhos de Israel: Fallae, como succedeu esta maldade?

4 Então respondeu o homem levita, marido da mulher que fôra morta, e disse: Cheguei com a minha concubina a [4] Gibeah cidade de Benjamin, para passar a noite;

[259]

5 E os cidadãos de [5] Gibeah se levantaram contra mim, e cercaram a casa de noite: intentaram matar-me, e violaram a minha concubina, de maneira que morreu.

6 Então peguei [6] na minha concubina, e fil-a em pedaços, e a enviei por toda a terra da herança d’Israel: porquanto fizeram tal maleficio e loucura em Israel.

7 Eis que todos [7] sois filhos d’Israel: dae aqui a vossa palavra e conselho.

8 Então todo o povo se levantou como um só homem, dizendo: Nenhum de nós irá á sua tenda nem nenhum de nós se retirará á sua casa.

9 Porém isto é o que faremos a Gibeah: procederemos contra ella por sorte.

10 E tomaremos dez homens de cem de todas as tribus d’Israel, e cem de mil, e mil de dez mil, para tomarem mantimento para o povo: para que, vindo elles a Gibeah de Benjamin, lhe façam conforme a toda a loucura que tem feito em Israel.

11 Assim ajuntaram-se contra esta cidade todos os homens d’Israel, alliados como um só homem.

12 E as tribus d’Israel enviaram homens por toda a tribu [8] de Benjamin, dizendo: Que maldade é esta que se fez entre vós?

13 Dae-nos pois agora aquelles homens, [9] filhos de Belial, que estão em Gibeah, para que os matemos, e tiremos d’Israel o mal: porém os filhos de Benjamin não quizeram ouvir a voz de seus irmãos, os filhos d’Israel.

14 Antes os filhos de Benjamin se ajuntaram das cidades em Gibeah, para sairem a pelejar contra os filhos d’Israel.

15 E contaram-se n’aquelle dia os filhos de Benjamin, das cidades, vinte e seis mil homens que arrancavam a espada, afóra os moradores de Gibeah, de que se contaram setecentos homens escolhidos.

16 Entre todo este povo havia setecentos homens escolhidos, [10] canhotos, os quaes todos atiravam com a funda uma pedra a um cabello, e não erravam.

17 E contaram-se dos homens d’Israel, afóra os de Benjamin, quatrocentos mil homens que arrancavam da espada, e todos elles homens de guerra.

18 E levantaram-se [11] os filhos d’Israel, e subiram a Beth-el, e perguntaram a Deus, e disseram: Quem d’entre nós subirá o primeiro a pelejar contra Benjamin? E disse o Senhor: Judah subirá primeiro.

19 Levantaram-se pois os filhos d’Israel pela manhã, e acamparam-se contra Gibeah.

20 E os homens d’Israel sairam á peleja contra Benjamin: e ordenaram os homens d’Israel contra elles a peleja ao pé de Gibeah.

21 Então os filhos de Benjamin sairam [12] de Gibeah, e derribaram por terra n’aquelle dia vinte e dois mil homens d’Israel.

22 Porém esforçou-se o povo dos homens d’Israel, e tornaram a ordenar a peleja no logar onde no primeiro dia a tinham ordenado.

23 E subiram os filhos d’Israel, e choraram [13] perante o Senhor até á tarde, e perguntaram ao Senhor, dizendo: Tornar-me-hei a chegar á peleja contra os filhos de Benjamin, meu irmão? E disse o Senhor: Subi contra elle.

24 Chegaram-se pois os filhos d’Israel aos filhos de Benjamin, no dia seguinte.

25 Tambem os de Benjamin no dia seguinte lhes sairam [14] ao encontro fóra de Gibeah, e derribaram ainda por terra mais dezoito mil homens, todos dos que arrancavam a espada.

26 Então todos os filhos de Israel, e todo o povo, subiram, [15] e vieram a Beth-el, e choraram, e estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquelle dia até á tarde: e offereceram holocaustos e offertas pacificas perante o Senhor.

27 E os filhos d’Israel perguntaram ao Senhor (porquanto a [16] arca do concerto de Deus estava ali n’aquelles dias;

28 E Phineas, [17] filho d’Eleazar, filho d’Aarão, estava perante elle n’aquelles dias), dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos de Benjamin, meu irmão, ou pararei? E disse o Senhor; Subi, que ámanhã eu t’o entregarei na mão.

29 Então Israel poz emboscadas [18] em redor de Gibeah.

30 E subiram os filhos d’Israel ao terceiro dia contra os filhos de Benjamin, e ordenaram a peleja junto a Gibeah, como das outras vezes.

31 Então os filhos de Benjamin sairam ao encontro do povo, e desviaram-se da cidade: e começaram a ferir alguns do povo, atravessando-os, como das outras vezes, pelos caminhos (um dos quaes sobe para Beth-el, e o outro para Gibeah pelo campo), alguns trinta dos homens d’Israel.

[260]

32 Então os filhos de Benjamin disseram: Vão derrotados diante de nós como d’antes. Porém os filhos d’Israel disseram: Fujamos, e desviemol-os da cidade para os caminhos.

33 Então todos os homens de Israel se levantaram do seu logar, e ordenaram, a peleja em Baal-tamar: e a emboscada d’Israel saiu do seu logar, da caverna de Gibeah.

34 E dez mil homens escolhidos de todo o Israel vieram contra Gibeah, e a peleja se engraveceu: porém elles não sabiam [19] que o mal lhes tocaria.

35 Então feriu o Senhor a Benjamin diante d’Israel; e desfizeram os filhos d’Israel n’aquelle dia vinte e cinco mil e cem homens de Benjamin, todos dos que arrancavam espada.

36 E viram os filhos de Benjamin que estavam feridos: porque os homens [20] d’Israel deram logar aos benjamitas, porquanto estavam confiados na emboscada que haviam posto contra Gibeah.

37 E a [21] emboscada se apressou, e accommetteu a Gibeah: e a emboscada arremetteu contra ella, e feriu ao fio da espada toda a cidade.

38 E os homens d’Israel tinham um signal determinado com a emboscada, que era quando fizessem levantar da cidade uma grande nuvem de fumo.

39 Viraram-se pois os homens d’Israel na peleja; e já Benjamin começava a ferir, dos homens de Israel, quasi trinta homens, atravessando-os, porque diziam: Já infallivelmente estão derrotados diante de nós, como na peleja passada.

40 Então a nuvem de fumo se começou a levantar da cidade, como uma columna de fumo: e, virando-se Benjamin a olhar para [22] traz de si, eis que o fumo da cidade subia ao céu.

41 E os homens d’Israel viraram os rostos, e os homens de Benjamin pasmaram; porque viram que o mal lhes tocaria.

42 E viraram as costas diante dos homens d’Israel, para o caminho do deserto; porém a peleja os apertou; e os das cidades os desfizeram no meio d’elles.

43 E cercaram a Benjamin, e o seguiram, e descançadamente o pisaram, até diante de Gibeah, para o nascente do sol.

44 E cairam de Benjamin dezoito mil homens, todos estes sendo homens valentes.

45 Então viraram as costas, e fugiram para o deserto, á penha de Rimmon; [23] rabiscaram ainda d’elles pelos caminhos uns cinco mil homens: e de perto os seguiram até Gideon, e feriram d’elles dois mil homens.

46 E foram todos os que de Benjamin n’aquelle dia cairam vinte e cinco mil homens que arrancavam a espada, todos elles homens valentes.

47 Porém seiscentos homens viraram as costas e fugiram para o deserto, á penha de [24] Rimmon: e ficaram na penha de Rimmon quatro mezes.

48 E os homens d’Israel voltaram para os filhos de Benjamin, e os feriram ao fio da espada, desde os homens da cidade até aos animaes, até a tudo quanto se achava, como tambem a todas as cidades quantas se acharam pozeram a fogo.

[1] Deu. 13.12. Jos. 22.12. cap. 21.5. I Sam. 11.7.

[2] cap. 18.29. I Sam. 3.20. II Sam. 3.10 e 24.2. Jui. 10.17 e 11.11. I Sam. 7.5 e 10.17.

[3] cap. 8.10.

[4] cap. 19.15.

[5] cap. 19.22, 25, 26.

[6] cap. 19.29. Jos. 7.15.

[7] cap. 19.30.

[8] Deu. 13.14. Jos. 22.13, 16.

[9] Deu. 13.13. cap. 19.22. Deu. 17.12.

[10] cap. 3.15. I Chr. 12.2.

[11] ver. 23, 26. Num. 27.21. cap. 1.1.

[12] Gen. 49.27.

[13] ver. 26, 27.

[14] ver. 21.

[15] ver. 18.

[16] Jos. 18.1. I Sam. 4.3, 4.

[17] Jos. 24.33. Deu. 10.8 e 18.5.

[18] Jos. 8.4.

[19] Jos. 8.14. Isa. 47.11.

[20] Jos. 8.15.

[21] Jos. 8.19.

[22] Jos. 8.20.

[23] Jos. 15.32.

[24] cap. 21.13.

A ruina de Jabes Gilead.

Antes de Christo 1322

21 Ora tinham jurado [1] os homens d’Israel em Mispah, dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos benjamitas.

2 Veiu pois o povo a [2] Beth-el, e ali ficaram até á tarde diante de Deus: e levantaram a sua voz, e prantearam com grande pranto,

3 E disseram: Ah! Senhor Deus d’Israel, porque succedeu isto em Israel, que hoje falte uma tribu em Israel?

4 E succedeu que, no dia seguinte, o povo pela manhã se levantou, e edificou ali [3] um altar; e offereceram holocaustos e offertas pacificas.

5 E disseram os filhos d’Israel: Quem de todas as tribus d’Israel não subiu ao ajuntamento ao Senhor? Porque se tinha feito um grande juramento [4] ácerca dos que não viessem ao Senhor a Mispah, dizendo: Morrerá certamente.

6 E arrependeram-se os filhos d’Israel ácerca de Benjamin, seu irmão, e disseram: Cortada é hoje d’Israel uma tribu.

7 Que faremos, ácerca de mulheres, com os que ficaram de resto, pois nós temos jurado pelo Senhor que nenhuma de nossas filhas lhes dariamos por mulheres?

8 E disseram: Ha alguma das tribus d’Israel que não subisse ao Senhor a Mispah? E eis que ninguem de Jabes de Gilead [5] viera ao arraial, á congregação.

9 Porquanto o povo se contou: e eis que nenhum dos moradores de Jabes de Gilead se achou ali.

10 Então o ajuntamento enviou lá doze mil homens dos mais valentes, e lhes ordenou, dizendo: Ide, [6] e ao fio da espada feri aos moradores de Jabes de Gilead, e ás mulheres e aos meninos.

11 Porém isto é o que haveis de fazer: A todo [7] o macho e a toda a mulher que se houver deitado com um homem totalmente destruireis.

12 E acharam entre os moradores de Jabes de Gilead quatrocentas moças virgens, que não conheceram homem deitando-se com macho: e as trouxeram ao arraial, a Silo, [8] que está na terra de Canaan.

Dão-se quatrocentas mulheres aos benjamitas.

13 Então todo o ajuntamento enviou, e fallou aos filhos de Benjamin, que estavam na penha de Rimmon, [9] e lhes proclamou a paz.

14 E ao mesmo tempo voltaram os benjamitas; e deram-lhes as mulheres que haviam guardado com vida, das mulheres de Jabes de Gilead: porém estas ainda lhes não bastaram.

15 Então o povo [10] se arrependeu por causa de Benjamin: porquanto o Senhor tinha feito abertura nas tribus d’Israel.

16 E disseram os anciãos do ajuntamento: Que faremos ácerca de mulheres para os que ficaram de resto? pois as mulheres são destruidas de Benjamin.

17 Disseram mais: A herança dos que ficaram de resto é de Benjamin, e nenhuma tribu de Israel deve ser destruida.

18 Porém nós não lhes poderemos dar mulheres de nossas filhas, porque os filhos d’Israel juraram, [11] dizendo: Maldito aquelle que der mulher aos benjamitas.

19 Então disseram: Eis que de anno em anno ha solemnidade do Senhor em Silo, que se celebra para o norte de Beth-el, da banda do nascente do sol, pelo caminho alto que sobe de Beth-el a Sichem, e para o sul de Lebona.

20 E mandaram aos filhos de Benjamin, dizendo: Ide, e emboscae-vos nas vinhas,

21 E olhae, e eis ahi, saindo as filhas de Silo a dançar em ranchos, [12] sahi vós das vinhas, e arrebatae-vos cada um sua mulher das filhas de Silo, e ide-vos á terra de Benjamin.

22 E será que, quando seus paes ou seus irmãos vierem a litigar comnosco, nós lhes diremos: Por amor de nós, tende compaixão d’elles, pois n’esta guerra não tomámos mulheres para cada um d’elles: porque não lh’as déstes vós, para que agora ficasseis culpados?

23 E os filhos de Benjamin o fizeram assim, e levaram mulheres conforme ao numero d’elles, das que arrebatavam dos ranchos que dançavam: e foram-se, e voltaram á sua herança, e reedificaram as [13] cidades, e habitaram n’ellas.

24 Tambem os filhos d’Israel partiram então d’ali, cada um para a sua tribu e para a sua geração: e sairam d’ali, cada um para a sua herança.

25 N’aquelles dias não havia rei em Israel: [14] porém cada um fazia o que parecia recto aos seus olhos.

[1] cap. 20.1.

[2] cap. 20.18, 26.

[3] II Sam. 24.25.

[4] cap. 5.23.

[5] I Sam. 11.1 e 31.11.

[6] ver. 5. cap. 5.23. I Sam. 11.7.

[7] Num. 31.17.

[8] Jos. 18.1.

[9] cap. 20.47.

[10] ver. 6.

[11] ver. 1. cap. 11.35.

[12] Exo. 15.20. cap. 11.14. I Sam. 18.6. Jer. 31.13.

[13] cap. 20.48.

[14] cap. 17.6 e 18.1 e 19.1. Deu. 12.8.

[261]


O LIVRO DE RUTH.

Noemi e suas noras Orpha e Ruth.

Antes de Christo 1312

1 E succedeu que, nos dias em que os juizes [1] julgavam, houve uma fome na terra: pelo que um homem de Beth-lehem de Judah saiu [2] a peregrinar nos campos de Moab, elle e sua mulher, e seus dois filhos:

2 E era o nome d’este homem Elimelech, e o nome de sua mulher [JB] Noemi, e os nomes de seus dois filhos Mahon e Chilion, ephrateos, [3] de Beth-lehem de Judah: e vieram aos campos de Moab, [4] e ficaram ali.

3 E morreu Elimelech, marido de Noemi: e ficou ella com os seus dois filhos,

4 Os quaes tomaram para si mulheres moabitas: e era o nome d’uma Orpha, e o nome da outra Ruth; e ficaram ali quasi dez annos.

5 E morreram tambem ambos, Mahalon[262] e Chilion, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.

6 Então se levantou ella com as suas noras, e voltou dos campos de Moab: porquanto na terra de Moab ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, [5] dando-lhe pão.

7 Pelo que saiu do logar onde estivera, e as suas duas noras com ella. E, indo ellas caminhando, para voltarem para a terra de Judah,

8 Disse Noemi ás suas duas noras: Ide, voltae cada uma á casa [6] de sua mãe; e o Senhor use comvosco de benevolencia, como vós usastes com [7] os defuntos e comigo.

9 O Senhor vos dê que acheis descanço cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ella, levantaram a sua voz e choraram.

10 E disseram-lhe: Certamente voltaremos comtigo ao teu povo.

11 Porém Noemi disse: Tornae, minhas filhas, porque irieis comigo? tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos fossem [8] por maridos?

12 Tornae, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido: ainda quando eu dissesse, Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda parisse filhos,

13 Esperal-os-hieis até que viessem a ser grandes? deter-vos-hieis por elles, sem tomardes marido? não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão [9] do Senhor se descarregou contra mim.

14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar: e Orpha beijou a sua sogra, porém Ruth [10] se apegou a ella.

15 Pelo que disse: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo [11] e aos seus deuses: volta tu tambem após da tua cunhada.

16 Disse porém Ruth: Não me instes para que te deixe, [12] e me torne de detraz de ti; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares á noite ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;

17 Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada: me [13] faça assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

18 Vendo ella, pois, [14] que de todo estava resolvida para ir com ella, deixou de lhe fallar.

19 Assim pois foram-se ambas, até que chegaram a Beth-lehem: e succedeu que, entrando ellas em Beth-lehem, toda a cidade se commoveu por causa d’ellas, [15] e diziam: Não é esta Noemi?

20 Porém ella lhes dizia: Não me chameis [JC] Noemi; chamae-me [JD] Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso.

21 Cheia parti, [16] porém vazia o Senhor me fez tornar: porque pois me chamareis Noemi? pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-poderoso me tem feito tanto mal.

22 Assim Noemi voltou, e com ella Ruth a moabita, sua nora, que voltou dos campos de Moab: e chegaram a Beth-lehem [17] no principio da sega das cevadas.

[1] Jui. 2.16. Gen. 12.10 e 26.1. II Reis 8.1.

[2] Jui. 17.8.

[3] Gen. 25.19.

[4] Jui. 3.30.

[5] Exo. 4.31. Luc. 1.68. Psa. 132.15. Mat. 6.11.

[6] Jos. 24.15. II Tim. 1.16, 17, 18.

[7] ver. 5. cap. 2.20 e 3.1.

[8] Gen. 38.11. Deu. 25.5.

[9] Jui. 2.15. Job 19.21.

[10] Pro. 17.17 e 18.24.

[11] Jui. 11.24. Jos. 24.15, 19. II Reis 2.2. Luc. 24.28.

[12] II Reis 2.2, 4, 6. cap. 2.11, 13.

[13] I Sam. 3.17 e 25.22. II Sam. 19.13. II Reis 6.31.

[14] Act. 21.14.

[15] Mat. 21.10. Isa. 23.7. Lam. 2.15.

[16] Job 1.21.

[17] Exo. 9.21, 32. cap. 2.23. II Sam. 21.9.

Ruth vae rabiscar espigas.

2 E tinha Noemi um parente de seu marido, homem valente e poderoso, [1] da geração de Elimelech; e era o seu nome Boaz.

2 E Ruth a moabita disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas [2] após d’aquelle em cujos olhos eu achar graça. E ella lhe disse: Vae, minha filha.

3 Foi pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após dos segadores: e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da geração de Elimelech.

4 E eis que Boaz veiu de Beth-lehem, e disse aos segadores: O Senhor seja comvosco. [3] E disseram-lhe elles: O Senhor te abençoe.

5 Depois disse Boaz a seu moço, que estava posto sobre os segadores: De quem é esta moça?

6 E respondeu o moço, que estava posto sobre os segadores, e disse: Esta é a moça moabita [4] que voltou com Noemi dos campos de Moab.

7 Disse-me ella: Deixa-me colher espigas, e ajuntal-as entre [JE] as gavellas após dos segadores. Assim ella veiu, e desde pela manhã está aqui até agora, a não ser um pouco que esteve sentada em casa.

[263]

Boaz falla a Ruth benignamente.

8 Então disse Boaz a Ruth: Não ouves, filha minha? não vás colher a outro campo, nem tão pouco passes d’aqui: porém aqui te ajuntarás com as minhas moças.

9 Os teus olhos estarão attentos no campo que segarem, e irás após d’ellas; não dei ordem aos moços, que te não toquem? tendo tu sede, vae aos vasos, e bebe do que os moços tirarem.

10 Então ella caiu sobre o seu rosto, e se inclinou á [5] terra: e disse-lhe: Porque achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira?

11 E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste [6] a tua sogra, depois da morte de teu marido: e deixaste a teu pae e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que d’antes não conheceste.

12 O Senhor galardoe [7] o teu feito: e seja cumprido o teu galardão do Senhor Deus de Israel, sob [8] cujas azas te vieste abrigar.

13 E disse ella: Ache eu graça [9] em teus olhos, senhor meu, pois me consolaste, e pois fallaste ao coração da tua serva, não sendo eu ainda como uma das tuas creadas.

14 E, sendo já horas de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ella se assentou ao lado dos segadores, e elle lhe deu do trigo tostado, e comeu, e se fartou, [10] e ainda lhe sobejou.

15 E, levantando-se ella a colher, Boaz deu ordem aos seus moços, dizendo: Até entre as gavelas deixae-a colher, e não lh’o embaraceis.

16 E deixae cair alguns punhados, e deixae-os ficar, para que os colha, e não a reprehendaes.

17 E esteve ella apanhando n’aquelle campo até á tarde: e debulhou o que apanhou, e foi quasi um epha de cevada.

18 E tomou-o, e veiu á cidade; e viu sua sogra o que tinha apanhado: tambem tirou, e deu-lhe o [11] que lhe sobejara depois de fartar-se.

19 Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? bemdito seja aquelle que [12] te reconheceu. E relatou a sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.

20 Então Noemi disse a sua nora: Bemdito [13] seja do Senhor, que ainda não tem deixado a sua beneficencia nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Este homem é nosso parente chegado, [14] e um d’entre os nossos remidores.

21 E disse Ruth, a moabita: Tambem ainda me disse: Com os moços que tenho te ajuntarás, até que acabem toda a sega que tenho.

22 E disse Noemi a sua nora, Ruth: Melhor é, filha minha, que saias com as suas moças, para que n’outro campo não te encontrem.

23 Assim, ajuntou-se com as moças de Boaz, para colher até que a sega das cevadas e dos trigos se acabou; e ficou com a sua sogra.

[1] cap. 3.2, 12 e 4.21.

[2] Lev. 19.9. Deu. 24.19.

[3] Psa. 129.8. Luc. 1.28. II The. 3.16.

[4] cap. 1.22.

[5] I Sam. 25.23.

[6] cap. 1.14, 16, 17.

[7] I Sam. 24.19.

[8] cap. 1.16. Psa. 17.8 e 35.8 e 57.2 e 63.8.

[9] Gen. 33.15. I Sam. 1.18 e 25.41.

[10] ver. 18.

[11] ver. 14.

[12] ver. 10. Psa. 41.2.

[13] cap. 3.10. II Sam. 2.5. Job 29.13. Pro. 17.17.

[14] cap. 3.9 e 4.6.

Ruth vae deitar-se aos pes de Boaz.

3 E disse-lhe [1] Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de eu buscar descanço, para que fiques bem?

2 Ora pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, [2] de nossa parentela? eis que esta noite padejará a cevada na eira.

3 Lava-te pois, [3] e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce á eira: porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.

4 E ha de ser que, quando elle se deitar, notarás o logar em que se deitar; então entra, e descobrir-lhe-has os pés, e te deitarás, e elle te fará saber o que deves fazer.

5 E ella lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.

6 Então foi para a eira, e fez conforme a tudo quanto sua sogra lhe tinha ordenado.

7 Havendo pois Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre, [4] veiu deitar-se ao pé de uma meda; então veiu ella de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou.

Boaz promette a Ruth casar com ella.

8 E succedeu que, pela meia noite, o homem estremeceu, e se voltou: e eis que uma mulher jazia a seus pés.

9 E disse elle: Quem és tu? E ella disse: Sou Ruth, tua serva; estende pois tua aba [5] sobre a tua serva, porque tu és o [6] remidor,

10 E disse elle: Bemdita sejas tu do [7] Senhor, minha filha; melhor fizeste[264] esta tua ultima beneficencia do que a primeira, pois após de nenhuns mancebos foste, quer pobres quer ricos.

11 Agora pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher [8] virtuosa.

12 Porém agora é muito verdade que eu sou [9] remidor: mas ainda outro remidor ha mais chegado do que eu.

13 Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se elle te [10] redimir, bem está, elle te redima; porém, se te não quizer redimir, vive o [11] Senhor, que eu te redimirei: deita-te aqui até ámanhã.

14 Ficou-se pois deitada a seus pés até pela manhã, e levantou-se antes que podesse [12] um conhecer a outro, porquanto disse: Não se saiba que alguma mulher veiu á eira.

15 Disse mais: Dá cá o roupão que tens sobre ti, e tem mão n’elle. E ella teve mão n’elle; e elle mediu seis medidas de cevada, e lh’as poz em cima; então entrou na cidade,

16 E veiu á sua sogra, a qual disse: Quem és tu, minha filha? E ella lhe contou tudo quanto aquelle homem lhe fizera.

17 Disse mais: Estas seis medidas de cevada me deu, porque me disse: Não vás vazia a tua sogra.

18 Então disse ella: Está quieta, minha filha, [13] até que saibas como irá o caso, porque aquelle homem não descançará até que conclua hoje este negocio.

[1] I Cor. 7.36. I Tim. 5.8. cap. 1.9.

[2] cap. 2.8.

[3] II Sam. 14.2.

[4] Jui. 19.6, 9, 22. II Sam. 13.28. Est. 1.10.

[5] Eze. 16.8.

[6] ver. 12. cap. 2.20.

[7] cap. 2.20.

[8] Pro. 12.4.

[9] ver. 9. cap. 4.1.

[10] Deu. 25.5. cap. 4.5. Mat. 22.24.

[11] Jui. 8.19. Jer. 4.2.

[12] Rom. 12.17 e 14.16. I Cor. 10.32. II Cor. 8.21. I The. 5.22.

[13] Psa. 37.3, 5.

Boaz casa com Ruth.

4 E Boaz subiu á porta, e assentou-se ali: e eis que o remidor [1] de que Boaz tinha fallado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, desvia-te para cá, assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.

2 Então tomou dez homens [2] dos anciãos da cidade, e disse: Assentae-vos aqui. E assentaram-se.

3 Então disse ao remidor: Aquella parte da terra que foi de Elimelech, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, a vendeu.

4 E disse eu: Manifestal-o-hei em teus ouvidos, dizendo: Toma-a diante dos habitantes, e diante [3] dos anciãos do meu povo; se a has de redimir, redime-a, e, se não se houver de redimir, declara-m’o, para que o saiba, pois outro não ha senão [4] tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse elle: Eu a redimirei.

5 Disse porém Boaz: No dia em que tomares a terra da mão de Noemi, tambem a tomarás da mão de Ruth, a moabita, mulher do defunto, para suscitar o nome do defunto [5] sobre a sua herdade.

6 Então disse [6] o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não damne a minha herdade: redime tu a minha remissão para ti, porque eu não a poderei redimir.

7 Havia, pois, [7] já de muito tempo este costume em Israel, emquanto a remissão e contracto, para confirmar todo o negocio, que o homem descalçava o sapato e o dava ao seu proximo: e isto era por testemunho em Israel.

8 Disse pois o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.

9 Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi d’Elimelech, e de Chilion, e de Mahlon, da mão de Noemi,

10 E de que tambem tomo por mulher a Ruth, a moabita, que foi mulher de Mahlon, para suscitar o nome do defunto sobre a sua herdade, [8] para que o nome do defunto não seja desarraigado d’entre seus irmãos e da porta do seu logar: d’isto sois hoje testemunhas.

11 E todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas: [9] o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Rachel e como a Leah, [10] que ambas edificaram a casa d’Israel; e ha-te já valorosamente em Ephrata, e faze-te nome afamado em Beth-lehem.

12 E seja a tua casa como a casa de Perez [11] (que Tamar pariu a Judah), da semente que o Senhor te der d’esta moça.

Ruth dá á luz Obed, avô de David.

13 Assim tomou [12] Boaz a Ruth, e ella lhe foi por mulher; e elle entrou a ella, e o Senhor lhe deu conceição, e pariu um filho.

14 Então as mulheres disseram [13] a Noemi: Bemdito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.

[265]

15 Elle te será por recreador da alma, e conservará a tua velhice, pois tua nora, que te ama, [14] o pariu, e ella te é melhor do que sete filhos.

16 E Noemi tomou o filho, e o poz no seu regaço, e foi sua ama.

17 E as visinhas [15] lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E chamaram o seu nome Obed. Este é o pae de [JF] Jessé, pae de David.

18 Estas são pois as gerações [16] de Perez: Perez gerou a Esrom,

19 E Esrom gerou a Arão, e Arão gerou a Amminadab,

20 E Amminadab gerou a Nahasson, e [17] Nahasson gerou a Salmon,

21 E Salmon gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obed,

22 E Obed gerou a Jessé, [18] e Jessé gerou a David.

[1] cap. 3.12.

[2] I Reis 21.8. Pro. 31.23.

[3] Jer. 32.7, 8. Gen. 23.18.

[4] Lev. 25.25.

[5] Gen. 38.8. Deu. 25.5, 6. cap. 3.13. Mat. 22.24.

[6] cap. 2.12, 13.

[7] Deu. 25.7, 9.

[8] Deu. 25.6.

[9] Psa. 127.3 e 128.3.

[10] Deu. 25.9. Gen. 35.16, 19.

[11] Gen. 38.29. I Chr. 2.4. Mat. 1.3. I Sam. 2.20.

[12] cap. 3.11. Gen. 29.31 e 33.5.

[13] Luc. 1.58. Rom. 12.15.

[14] I Sam. 1.8.

[15] Luc. 1.58, 59.

[16] I Chr. 2.4, etc. Mat. 1.3.

[17] Num. 1.7. Mat. 1.4, etc.

[18] I Chr. 2.15. Mat. 1.6.


O PRIMEIRO LIVRO DE SAMUEL.

Elcana e suas mulheres.

Antes de Christo 1171

1 Houve um homem de [1] Ramathaim de Zophim, da montanha de Ephraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroham, filho de Elihu, filho de Tohu, filho de Suph, ephrateo.

2 E este tinha duas mulheres: o nome d’uma era Anna, e o nome da outra Peninna: e Peninna tinha filhos, porém Anna não tinha filhos.

3 Subia pois este homem da sua cidade [2] de anno em anno a adorar e a sacrificar ao Senhor dos Exercitos em Silo: e estavam ali os sacerdotes do Senhor, Hophni e Phineas, os dois filhos d’Eli.

4 E succedeu que no dia em que Elcana sacrificava [3] dava elle porções a Peninna, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas.

5 Porém a Anna dava uma parte excellente; porquanto a Anna amava, porém o Senhor [4] lhe tinha cerrado a madre.

6 E a sua competidora excessivamente a irritava, [5] para a embravecer: porquanto o Senhor lhe tinha cerrado a madre.

7 E assim o fazia elle de anno em anno: desde que subia á casa do Senhor, assim a outra a irritava: pelo que chorava, e não comia.

8 Então Elcana, seu marido, lhe disse: Anna, porque choras? e porque não comes? e porque está mal o teu coração? não te sou [6] eu melhor do que dez filhos?

Anna roga a Deus que lhe dê um filho.

9 Então Anna se levantou, depois que comeram e beberam em Silo: e Eli, sacerdote, estava assentado n’uma cadeira, junto a um pilar do templo [7] do Senhor.

10 Ella pois, com amargura [8] de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.

11 E votou um voto, [9] dizendo: Senhor dos Exercitos! se benignamente attenderes para a afflicção da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas á tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não subirá [10] navalha.

12 E succedeu que, perseverando ella em orar perante o Senhor, Eli fez attenção á sua bocca.

13 Porquanto Anna no seu coração fallava, só se moviam os seus beiços, porém não se ouvia a sua voz: pelo que Eli a teve por embriagada.

14 E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? aparta de ti o teu vinho.

15 Porém Anna respondeu, e disse: Não, senhor meu, eu sou uma mulher attribulada de espirito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido: [11] porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor.

[266]

16 Não tenhas pois a tua serva por filha [12] de Belial: porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho fallado até agora.

17 Então respondeu Eli, [13] e disse: Vae em paz: e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste.

18 E disse ella: Ache a tua serva graça em teus olhos. [14] Assim a mulher se foi seu caminho, e comeu, e o seu semblante já não era triste.

Antes de Christo 1165

19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e tornaram-se, e vieram á sua casa, a Rama, e [15] Elcana conheceu a Anna, sua mulher, e o Senhor se lembrou d’ella.

Nasce Samuel e é consagrado a Deus.

20 E succedeu que, passado algum tempo, Anna concebeu, e pariu um filho, e chamou o seu nome [JG] Samuel; porque, dizia ella, o tenho pedido ao Senhor.

21 E subiu aquelle homem [16] Elcana com toda a sua casa, a sacrificar ao Senhor o sacrificio annual e a cumprir o seu voto.

22 Porém Anna não subiu; mas disse a seu marido: Quando o menino fôr desmamado, então o levarei, [17] para que appareça perante o Senhor, e lá fique para sempre.

23 E Elcana, [18] seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer em teus olhos, fica até que o desmames; tão sómente confirme [19] o Senhor a sua palavra: assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou.

24 E, havendo-o desmamado, o levou [20] comsigo, com tres bezerros, e um epha de farinha, e um odre de [21] vinho, e o trouxe á casa do Senhor, a Silo, e era o menino ainda muito creança.

25 E degolaram um bezerro: [22] e assim trouxeram o menino a Eli.

26 E disse ella: Ah, meu senhor, viva [23] a tua alma, meu senhor; eu sou aquella mulher que aqui esteve comtigo, para orar ao Senhor.

27 Por este menino [24] orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.

28 Pelo que tambem ao Senhor eu o entreguei, [25] por todos os dias que viver: pois ao Senhor foi pedido. E elle adorou ali ao Senhor.

[1] I Chr. 6.27, 34. Ruth 1.2.

[2] Exo. 23.14. Deu. 16.16. Luc. 2.41. Deu. 12.5, 6, 7. Jos. 18.1.

[3] Deu. 12.17, 18 e 16.11.

[4] Gen. 30.2.

[5] Job 24.21.

[6] Ruth 4.15.

[7] cap. 3.3.

[8] Job 7.11 e 10.1.

[9] Gen. 28.20. Num. 30.3. Jui. 11.30. Gen. 29.32. Exo. 4.31. II Sam. 16.12. Psa. 25.18. Gen. 8.1 e 30.22.

[10] Num. 6.5. Jui. 13.5.

[11] Psa. 62.8 e 142.2.

[12] Deu. 13.13.

[13] Jui. 18.6. Mar. 5.34. Luc. 7.50 e 8.48. Psa. 20.4, 5.

[14] Gen. 33.15. Ruth 2.13. Ecc. 9.7.

[15] Gen. 4.1 e 30.22.

[16] ver. 3.

[17] Luc. 2.22. ver. 11, 28. cap. 2.11, 18 e 3.1. Exo. 21.6.

[18] Num. 30.7.

[19] II Sam. 7.25.

[20] Deu. 12.5, 6, 11.

[21] Jos. 18.1.

[22] Luc. 2.22.

[23] Gen. 42.15. II Reis 2.2, 4, 6.

[24] Mat. 7.7.

[25] ver. 11, 22.

O cantico de Anna.

2 Então orou Anna, e disse: O meu coração [1] exulta ao Senhor, o meu [JH] poder está exaltado no Senhor: a minha bocca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.

2 Não ha sancto [2] como é o Senhor; porque não ha outro fóra de ti: e rocha nenhuma ha como o nosso Deus.

3 Não multipliqueis palavras de altissimas altivezas, nem [3] saiam coisas arduas da vossa bocca: porque o Senhor é o Deus de conhecimento, e por elle são as obras pesadas na balança.

4 O arco [4] dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.

5 Os fartos se alugaram por pão, e cessaram os famintos: [5] até a esteril pariu [6] sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.

6 O Senhor é [7] o que tira a vida e a dá: faz descer á sepultura e faz tornar a subir d’ella.

7 O Senhor empobrece [8] e enriquece: abaixa e tambem exalta.

8 Levanta o pobre [9] do pó, e desde o esterco exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os principes, para os fazer herdar o throno de [10] gloria: porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre elles o mundo.

9 Os pés [11] dos seus sanctos guardará, porém os impios ficarão mudos nas trevas: porque o homem não prevalecerá pela força.

10 Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus [12] trovejará sobre elles: o Senhor julgará as extremidades da terra: e dará força ao seu rei, e exaltará [JI] o poder do seu ungido.

11 Então Elcana foi-se a Rama, á [13] sua casa: porém o menino ficou servindo ao Senhor, perante o sacerdote Eli.

Os crimes dos filhos de Eli.

12 Eram porém os filhos d’Eli filhos de Belial, [14] não conheciam ao Senhor.

[267]

13 Porquanto o costume d’aquelles sacerdotes com o povo era que, offerecendo alguem algum sacrificio, vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de tres dentes em sua mão;

14 E dava com elle na caldeira, ou na panella, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava, o sacerdote tomava para si: assim faziam a todo o Israel que ia ali a Silo.

15 Tambem antes [15] de queimarem a gordura vinha o moço do sacerdote, e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote: porque não tomará de ti carne cozida, senão crua.

16 E, dizendo-lhe o homem: Queimem primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então elle lhe dizia: Não, agora a has de dar, e, se não, por força a tomarei.

17 Era pois muito grande o peccado d’estes mancebos perante [16] o Senhor, porquanto os homens desprezavam a offerta do Senhor.

O ministerio de Samuel.

18 Porém Samuel ministrava perante o Senhor, [17] sendo ainda mancebo, vestido com um ephod de linho.

19 E sua mãe lhe fazia uma tunica pequena, e de anno em anno lh’a trazia, quando [18] com seu marido subia a sacrificar o sacrificio annual.

20 E Eli abençoava [19] a Elcana e a sua mulher, e dizia: O Senhor te dê semente d’esta mulher, pela petição que fez ao Senhor. E voltaram para o seu logar.

21 Visitou pois [20] o Senhor a Anna, e concebeu, e pariu tres filhos e duas filhas: e o mancebo Samuel crescia diante do Senhor.

22 Era porém Eli muito velho, e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e de como se deitavam com as mulheres [21] que em bandos se ajuntavam á porta da tenda da congregação.

23 E disse-lhes: Porque fazeis taes coisas? porque ouço de todo este povo os vossos maleficios.

24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço: fazeis transgredir o povo do Senhor.

25 Peccando homem contra homem, os juizes o julgarão; peccando porém o homem contra o Senhor, [22] quem rogará por elle? Mas não ouviram a voz de seu pae, [23] porque o Senhor os queria matar.

26 E o mancebo Samuel ia crescendo, [24] e fazia-se agradavel, assim para com o Senhor como tambem para com os homens.

Prophecia contra a casa de Eli.

27 E veiu um homem de Deus a Eli, e disse-lhe: [25] Assim diz o Senhor. Não me manifestei, na verdade, á casa de teu pae, estando elles ainda no Egypto, na casa de Pharaó?

28 E m’o escolhi [26] d’entre todas as tribus d’Israel por sacerdote, para offerecer sobre o meu altar, para accender o incenso, e para trazer o ephod perante mim, [27] e dei á casa de teu pae todas as offertas queimadas dos filhos d’Israel.

29 Porque dáes [28] coices contra o sacrificio e contra a minha offerta de manjares, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as offertas do meu povo d’Israel?

30 Portanto, diz o Senhor Deus d’Israel: Na verdade tinha dito [29] eu que a tua casa e a casa de teu pae andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz [30] o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão envilecidos.

31 Eis que veem dias [31] em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pae, para que não haja mais velho algum em tua casa.

32 E verás o aperto da morada de Deus, em logar de todo o bem que houvera de fazer a Israel: nem haverá por todos os dias [32] velho algum em tua casa.

33 O homem porém que eu te não desarraigar do meu altar seria para vos consumir os olhos e para te entristecer a alma: e toda a multidão da tua casa morrerá quando chegar á edade varonil.

34 E isto te será por signal, a saber: o que sobrevirá a teus dois filhos, a [33] Hophni e a Phineas, que ambos morrerão no mesmo dia.

35 E eu suscitarei [34] para mim um[268] sacerdote fiel, que obrará segundo o meu coração e a minha alma, e eu lhe edificarei uma casa firme, [35] e andará sempre diante do meu ungido.

36 E será [36] que todo aquelle que ficar de resto da tua casa virá a inclinar-se diante d’elle por uma moeda de prata e por um bocado de pão, e dirá: Rogo-te que me admittas a algum ministerio sacerdotal, para que possa comer um pedaço de pão.

[1] Phi. 4.6. Luc. 1.46, etc. Psa. 92.10 e 112.9.

[2] Exo. 15.11. Deu. 3.24 e 32.4. Deu. 4.35. II Sam. 22.32.

[3] Psa. 94.4. Mal. 3.13. Jud. 15.

[4] Psa. 37.15, 17 e 76.4. Mal. 3.13.

[5] Psa. 34.10. Luc. 1.53.

[6] Psa. 113.9. Isa. 54.1. Jer. 15.9.

[7] Deu. 32.39. Job 5.16. Ose. 6.1.

[8] Job 1.21. Psa. 75.8.

[9] Psa. 113.7, 8. Dan. 4.17. Luc. 1.52. Job 36.7.

[10] Job 38.4, 5, 6. Psa. 24.2. Heb. 1.3.

[11] Psa. 91.11 e 121.3.

[12] Psa. 2.9. cap. 7.10.

[13] ver. 18. cap. 3.1.

[14] Deu. 13.13. Jui. 2.10. Jer. 22.16. Rom. 1.28.

[15] Lev. 3.3, 4, 5, 16.

[16] Gen. 6.11. Mal. 2.8.

[17] ver. 11. Exo. 28.4. II Sam. 6.14.

[18] cap. 1.3.

[19] Gen. 14.19.

[20] Gen. 21.1. ver. 26. Jui. 13.24. cap. 3.19. Luc. 1.80 e 2.40.

[21] Exo. 38.8.

[22] Num. 15.30.

[23] Jos. 11.20. Pro. 15.10.

[24] ver. 21. Pro. 3.4. Luc. 2.52. Act. 2.47. Rom. 14.18.

[25] I Reis 13.1. Exo. 4.14, 27.

[26] Exo. 28.1, 4. Num. 16.5 e 18.1, 7.

[27] Lev. 2.3, 10 e 6.16. Num. 5.9.

[28] Deu. 32.15 e 12.5, 6.

[29] Exo. 29.9.

[30] Jer. 18.9, 10. Psa. 18.21 e 91.14. Mal. 2.9.

[31] II Reis 2.27. Eze. 44.10. cap. 4.11, 18, 20 e 14.3 e 22.18, etc.

[32] Zac. 8.4.

[33] I Reis 13.3. cap. 4.11.

[34] I Reis 2.35. I Chr. 29.22. Eze. 44.15.

[35] II Sam. 7.11, 27. I Reis 11.38. Psa. 2.2 e 18.50.

[36] I Reis 2.27.

Deus falla com Samuel em sonhos.

Antes de Christo 1141

3 E o mancebo [1] Samuel servia ao Senhor perante Eli: e a palavra do Senhor era de muita valia n’aquelles dias; não havia visão manifesta.

2 E succedeu n’aquelle dia que, estando Eli deitado no seu locar (e os seus olhos se começavam [2] a escurecer, que não podia ver),

3 E estando tambem Samuel deitado, antes que a [3] lampada de Deus se apagasse no templo do Senhor, em que estava a arca de Deus,

4 O Senhor chamou a Samuel, e disse elle: Eis-me aqui.

5 E correu a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas elle disse: Não te chamei eu, torna a deitar-te. E foi e se deitou.

6 E o Senhor tornou a chamar outra vez a Samuel, e Samuel se levantou, e foi-se a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas elle disse: Não te chamei eu, filho meu, torna a deitar-te.

7 Porém Samuel [4] ainda não conhecia ao Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor.

8 O Senhor pois tornou a chamar a Samuel terceira vez, e elle se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então entendeu Eli que o Senhor chamava o mancebo.

9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vae te deitar, e ha de ser que, se te chamar, dirás: Falla, Senhor, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e se deitou no seu logar.

10 Então veiu o Senhor, e poz-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Falla, porque o teu servo ouve.

11 E disse o Senhor a Samuel: Eis aqui vou eu a fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que ouvir [5] lhe tinirão ambas as orelhas.

12 N’aquelle mesmo dia suscitarei contra Eli tudo [6] quanto tenho fallado contra a sua casa: começal-o-hei e acabal-o-hei.

13 Porque eu lhe fiz saber que julgarei [7] a sua casa para sempre, pela iniquidade que bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execraveis, não os reprehendeu.

14 Portanto, jurei á casa d’Eli [8] que nunca jámais será expiada a iniquidade da casa d’Eli com sacrificio nem com offerta de manjares.

Samuel conta a visão a Eli.

15 E Samuel ficou deitado até pela manhã, e então abriu as portas da casa do Senhor: porém temia Samuel de relatar esta visão a Eli.

16 Então chamou Eli a Samuel, e disse: Samuel, meu filho. E disse elle: Eis-me aqui.

17 E elle disse: Que é a palavra que te fallou? peço-te que m’a não encubras: [9] assim Deus te faça, e outro tanto, se me encobrires alguma palavra de todas as palavras que te fallou.

18 Então Samuel lhe contou todas aquellas palavras, e nada lhe encobriu. E disse elle: O Senhor é, [10] faça o que bem parecer aos seus olhos.

19 E crescia Samuel, [11] e o Senhor era com elle, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra.

20 E todo o Israel, desde [12] Dan até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por propheta do Senhor.

21 E continuou o Senhor a apparecer em Silo: porquanto o Senhor se manifestava a Samuel [13] em Silo pela palavra do Senhor.

[1] cap. 2.11. Psa. 74.9. Amós 8.11. ver. 21.

[2] Gen. 27.1 e 48.10. cap. 2.22 e 4.15.

[3] Exo. 27.21. Lev. 24.3. II Chr. 13.11. cap. 1.9.

[4] Act. 19.2.

[5] II Reis 21.22. Jer. 19.3.

[6] cap. 2.30, 36.

[7] cap. 2.29, 30, 31, etc. Eze. 7.3 e 18.30. cap. 2.12, 17, 22, 23, 25.

[8] Num. 15.30, 31. Isa. 22.14.

[9] Ruth 1.17.

[10] Job 1.21 e 2.10. Psa. 39.19. Isa. 39.8.

[11] cap. 2.21. Gen. 39.2, 21, 23. cap. 9.6.

[12] Jui. 20.1.

[13] ver. 1, 4.

Os philisteos vencem os israelitas.

4 E veiu a palavra de Samuel a todo o Israel: e Israel saiu ao encontro, á peleja, aos philisteos, [1] e se acamparam junto a Eben-ezer: e os philisteos se acamparam junto a Afek.

2 E os philisteos se dispozeram em ordem de batalha, para sair ao encontro a Israel; e, estendendo-se a peleja, Israel foi ferido diante dos philisteos, porque feriram na batalha, no campo, uns quatro mil homens.

3 E tornando o povo ao arraial, disseram os anciãos d’Israel: Porque nos feriu o Senhor hoje diante dos philisteos? tragamos de Silo a arca do[269] concerto do Senhor, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos.

4 Enviou pois o povo a Silo, e trouxeram de lá a arca do concerto do Senhor dos exercitos, que habita entre [2] os cherubins: e os dois filhos d’Eli, Hophni e Phineas estavam ali com a arca do concerto de Deus.

5 E succedeu que, vindo a arca do concerto do Senhor ao arraial, todo o Israel jubilou com grande jubilo, até que a terra estremeceu.

6 E os philisteos, ouvindo a voz do jubilo, disseram: Que voz de tão grande jubilo é esta no arraial dos hebreos? então souberam que a arca do Senhor era vinda ao arraial.

7 Pelo que os philisteos se atemorisaram; porque diziam: Deus veiu ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! que tal nunca jámais succedeu antes.

8 Ai de nós! quem nos livrará da mão d’estes grandiosos deuses? estes são os deuses que feriram aos egypcios com todas as pragas junto ao deserto.

9 Esforçae-vos, e sêde homens, [3] ó philisteos, para que porventura não venhaes a servir aos hebreos, como elles serviram a vós; [4] sêde pois homens, e pelejae.

10 Então pelejaram os philisteos, [5] e Israel foi ferido, e fugiram cada um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que cairam de Israel trinta mil homens de pé.

A arca é tomada. Hophni e Phineas são mortos.

11 E foi tomada a [6] arca de Deus: e os dois filhos d’Eli, Hophni e Phineas, morreram.

12 Então correu da batalha um homem de Benjamin, e chegou no mesmo [7] dia a Silo: e trazia os vestidos rotos, e terra sobre a cabeça.

13 E, chegando elle, eis que Eli estava assentado sobre uma [8] cadeira, vigiando ao pé do caminho; porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de Deus: entrando pois aquelle homem a annunciar isto na cidade, toda a cidade gritou.

14 E Eli, ouvindo a voz do grito, disse: Que voz de alvoroço é esta? Então chegou aquelle homem a grande pressa, e veiu, e o annunciou a Eli.

15 E era Eli da edade de noventa e oito annos: e estavam os seus olhos tão escurecidos, [9] que não podia ver.

16 E disse aquelle homem a Eli: Eu sou o que venho da batalha; porque eu fugi hoje da batalha. E disse elle: [10] Que coisa succedeu, filho meu?

17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos philisteos, e houve tambem grande desfeita entre o povo: e, de mais d’isto, tambem teus dois filhos, Hophni e Phineas, morreram, e a arca de Deus é tomada.

A morte de Eli e da mulher de Phineas.

18 E succedeu que, fazendo elle menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para traz, da banda da porta, e quebrou-se-lhe o pescoço e morreu: porquanto o homem era velho e pesado; e tinha elle julgado a Israel quarenta annos.

19 E, estando sua nora, a mulher de Phineas, gravida, e proxima ao parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e pariu; porquanto as dores lhe sobrevieram.

20 E, ao tempo em que ia morrendo, disseram as [11] mulheres que estavam com ella: Não temas, pois pariste um filho. Ella porém não respondeu, nem fez caso d’isso.

21 E chamou ao menino [JJ] Icabod, dizendo: [12] Foi-se [13] a gloria de Israel. Porquanto a arca de Deus foi levada presa, e por causa de seu sogro e de seu marido.

22 E disse: De Israel a gloria é levada presa: pois é tomada a arca de Deus.

[1] cap. 5.1 e 7.13.

[2] II Sam. 6.2. Psa. 80.1 e 99.1. Exo. 25.18, 22. Num. 7.89.

[3] I Cor. 16.13.

[4] Jui. 13.1.

[5] ver. 2. Lev. 26.17. Deu. 28.25. Psa. 78.9, 62.

[6] cap. 2.32. Psa. 78.61. cap. 2.34. Psa. 78.64.

[7] II Sam. 1.2. Jos. 7.6. II Sam. 13.19 e 15.32. Neh. 9.1. Job 2.12.

[8] cap. 1.9.

[9] cap. 3.2.

[10] II Sam. 1.4.

[11] Gen. 35.17.

[12] cap. 14.3.

[13] Psa. 26.8 e 78.61.

A arca, na terra dos philisteos, causa-lhes afflicções.

5 Os philisteos pois tomaram a arca de Deus, e a trouxeram [1] de Eben-ezer, a Asdod.

2 E tomaram os philisteos a arca de Deus, e a metteram na casa de Dagon, e a pozeram junto a [2] Dagon.

3 Levantando-se porém de madrugada os d’Asdod, no dia seguinte, eis que Dagon estava [3] caido com o rosto em terra diante da arca do Senhor: e tomaram a Dagon, e tornaram a pôl-o no seu logar.

4 E, levantando-se de madrugada no dia seguinte pela manhã, eis que [4] Dagon[270] jazia caido com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e a cabeça de Dagon e ambas as palmas das suas mãos cortadas sobre o lumiar; sómente o tronco ficou a Dagon.

5 Pelo que nem os sacerdotes de Dagon, nem nenhum de todos os que entram [5] na casa de Dagon pisam o lumiar de Dagon em Asdod, até ao dia d’hoje.

6 Porém a mão [6] do Senhor se aggravou sobre os d’Asdod, e os assollou: e os feriu com hemorrhoidas, a Asdod e aos seus termos.

7 Vendo então os homens d’Asdod que assim foi, disseram: Não fique comnosco a arca do Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós, e sobre Dagon, nosso deus.

8 Pelo que enviaram e congregaram a si todos os principes dos philisteos, e disseram: Que faremos nós da arca do Deus d’Israel? E responderam: A arca do Deus d’Israel dará volta a Gath. Assim a rodearam com a arca do Deus de Israel.

9 E succedeu que, desde que a rodearam com ella, a mão [7] do Senhor veiu contra aquella cidade, com mui grande vexação: pois feriu aos homens d’aquella cidade, desde o pequeno até ao grande: e tinham hemorrhoidas nas partes secretas.

10 Então enviaram a arca de Deus a Ekron. Succedeu porém que, vindo a arca de Deus a Ekron, os de Ekron exclamaram, dizendo: Transportaram para mim a arca do Deus de Israel, para me matarem, a mim e ao meu povo.

11 E enviaram, e congregaram a todos os principes dos philisteos, e disseram: Enviae a arca do Deus de Israel, e torne para o seu logar, para que não mate nem a mim nem ao meu povo. Porque havia mortal vexação em toda a cidade, e a mão [8] de Deus muito se aggravara ali.

12 E os homens que não morriam eram tão feridos com hemorrhoidas que o clamor da cidade subia até o céu.

[1] cap. 4.1 e 7.12.

[2] Jui. 16.23.

[3] Isa. 19.1 e 46.1, 2. Isa. 46.7.

[4] Jer. 50.2. Eze. 6.4, 6. Miq. 1.7.

[5] Sof. 1.9.

[6] ver. 7, 11. Exo. 9.3. Psa. 32.4. Act. 3.11. cap. 6.5. Deu. 28.27. Psa. 78.66.

[7] Deu. 2.15. cap. 7.13 e 12.15. ver. 6, 11. Psa. 78.66.

[8] ver. 6, 9.

Os philisteos enviam a arca para fóra da tua terra.

Antes de Christo 1140

6 Havendo pois estado a arca do Senhor na terra dos philisteos sete mezes,

2 Os philisteos [1] chamaram os sacerdotes e os adivinhadores, dizendo: Que faremos nós da arca do Senhor? fazei-nos saber com que a tornaremos a enviar ao seu logar.

3 Os quaes disseram: Se enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis vazia, [2] porém sem falta lhe enviareis uma offerta para a expiação da culpa: então sereis curados, e se vos fará saber porque a sua mão se não tira de vós.

4 Então disseram: Qual é a expiação da culpa que lhe havemos de render? E disseram: Segundo o numero dos principes dos philisteos, cinco hemorrhoidas de oiro e [3] cinco ratos de oiro: porquanto a praga [4] é uma mesma sobre todos vós e sobre todos os vossos principes.

5 Fazei pois umas imagens das vossas hemorrhoidas e as imagens dos vossos ratos, que andam destruindo a terra, e dae gloria ao Deus de Israel: porventura alliviará a sua mão de cima de vós, e de cima do vosso deus, [5] e de cima da vossa terra.

6 Porque pois endurecereis o vosso coração, como os egypcios e Pharaó endureceram o seu coração? porventura depois de os haver tratado tão mal, os não deixaram ir, e elles não se foram?

7 Agora, pois, tomae e fazei-vos [6] um carro novo, e tomae duas vaccas que criem, sobre as quaes não tenha subido o jugo, e atae as vaccas ao carro, e levae os seus bezerros d’após d’ellas a casa.

8 Então tomae a arca do Senhor, e ponde-a sobre o carro, e mettei n’um cofre, ao seu lado, as figuras de oiro que lhe haveis de render em expiação da culpa, e assim a enviareis, para que se vá.

9 Vêde então: se subir pelo caminho do seu termo a Beth-semes, [7] foi elle que nos fez este grande mal; e, se não, saberemos que não nos tocou a sua mão, e que isto nos succedeu por acaso.

10 E assim fizeram aquelles homens, e tomaram duas vaccas que criavam, e as ataram ao carro: e os seus bezerros encerraram em casa.

11 E pozeram a arca do Senhor sobre o carro, como tambem o cofre com os ratos de oiro e com as imagens das suas hemorrhoidas.

12 Então as vaccas se encaminharam direitamente pelo caminho de Beth-semes, e seguiam um mesmo caminho, andando e berrando, sem se desviarem[271] nem para a direita nem para a esquerda: e os principes dos philisteos foram atraz d’ellas, até ao termo de Beth-semes.

A arca chega a Beth-semes.

13 E andavam os de Beth-semes segando a sega do trigo no valle, e, levantando os seus olhos, viram a arca, e, vendo-a, se alegraram.

14 E o carro veiu ao campo de Josué, o beth-semita, e parou ali; e ali estava uma grande pedra: e fenderam a madeira do carro, e offereceram as vaccas ao Senhor em holocausto.

15 E os levitas descenderam a arca do Senhor, como tambem o cofre que estava junto a ella, em que estavam as obras de oiro, e pozeram-n’os sobre aquella grande pedra: e os homens de Beth-semes offereceram holocaustos, e sacrificaram sacrificios ao Senhor no mesmo dia.

16 E, vendo aquillo [8] os cinco principes dos philisteos, voltaram para Ekron no mesmo dia.

17 Estas [9] pois são as hemorrhoidas de oiro que enviaram os philisteos ao Senhor em expiação da culpa: por Asdod uma, por Gaza outra, por Askelon outra, por Gath outra, por Ekron outra.

18 Como tambem os ratos de oiro, segundo o numero de todas as cidades dos philisteos, pertencentes aos cinco principes, desde as cidades fortes até ás aldeias, e até Abel, a grande pedra sobre a qual pozeram a arca do Senhor, que ainda está até ao dia de hoje no campo de Josué, o beth-semita.

19 E feriu [10] o Senhor os homens de Beth-semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor, até ferir do povo cincoenta mil e setenta homens: então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande estrago entre o povo.

20 Então disseram os homens de Beth-semes: Quem poderia [11] estar em pé perante o Senhor, este Deus sancto? e a quem subirá desde nós?

21 Enviaram pois mensageiros aos habitantes de Kiriath-jearim, [12] dizendo: Os philisteos remetteram a arca do Senhor; descei, pois, e fazei-a subir para vós.

[1] Gen. 41.8. Exo. 7.11. Dan. 2.2 e 5.7. Mat. 2.4.

[2] Exo. 23.15. Deu. 16.16. Lev. 5.15, 16. ver. 9.

[3] ver. 17, 18. Jos. 13.3. Jui. 3.3.

[4] cap. 5.6. Jos. 7.19. Isa. 42.12. Mal. 2.2. João 9.24.

[5] cap. 5.4, 7. Exo. 7.13 e 8.15 e 14.17 e 12.31.

[6] II Sam. 6.3. Num. 19.2. ver. 4, 5.

[7] Jos. 15.10. ver. 3.

[8] Jos. 13.3.

[9] ver. 4.

[10] Exo. 19.21. Num. 4.5, 15, 20. II Sam. 6.7.

[11] II Sam. 6.9. Mal. 3.2.

[12] Jos. 18.14. Jui. 18.12. I Chr. 13.5, 6.

7 Então vieram os homens de [1] Kiriath-jearim, e levaram a arca do Senhor, e a trouxeram á casa de Abinadab, [2] no outeiro: e consagraram a Eleazar, seu filho, para que guardasse a arca do Senhor.

Samuel exhorta ao arrependimento.

Antes de Christo 1120

2 E succedeu que, desde aquelle dia, a arca ficou em Kiriath-jearim, e tantos dias se passaram que até chegaram vinte annos, e lamentava toda a casa de Israel após do Senhor.

3 Então fallou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com [3] todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirae d’entre vós os deuses estranhos e os astaroths, e [4] preparae o vosso coração ao Senhor, e servi a elle só, e vos livrará da mão dos philisteos.

4 Então os filhos de Israel tiraram d’entre si aos baalins e aos [5] astaroths, e serviram só ao Senhor.

5 Disse mais Samuel: [6] Congregae a todo o Israel em Mispah: e orarei por vós ao Senhor.

6 E congregaram-se em Mispah, e tiraram agua, [7] e a derramaram perante o Senhor, e jejuaram aquelle dia, e disseram ali: Peccámos contra o Senhor. E julgava Samuel os filhos de Israel em Mispah.

Os philisteos são vencidos.

7 Ouvindo pois os philisteos que os filhos d’Israel estavam congregados em Mispah, subiram os maioraes dos philisteos contra Israel: o que ouvindo os filhos de Israel, temeram por causa dos philisteos.

8 Pelo que disseram os filhos d’Israel a Samuel: Não cesses de [8] clamar ao Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos philisteos.

9 Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e sacrificou-o inteiro em holocausto ao Senhor: e clamou [9] Samuel ao Senhor por Israel, e o Senhor lhe deu ouvidos.

10 E succedeu que, estando Samuel sacrificando o holocausto, os philisteos chegaram á peleja contra Israel: e trovejou [10] o Senhor aquelle dia com grande trovoada sobre os philisteos, e os aterrou de tal modo que foram derrotados diante dos filhos d’Israel.

11 E os homens d’Israel sairam de Mispah, e perseguiram os philisteos, e os feriram até abaixo de Beth-car.

12 Então tomou [11] Samuel uma pedra,[272] e a poz entre Mispah e Sen, e chamou o seu nome [JK] Eben-ezer: e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.

13 Assim os philisteos foram abatidos, [12] e nunca mais vieram aos termos d’Israel, porquanto foi a mão do Senhor contra os philisteos todos os dias de Samuel.

14 E as cidades que os philisteos tinham tomado a Israel foram restituidas a Israel, desde Ekron até Gath, e até os seus termos Israel arrebatou da mão dos philisteos; e houve paz entre Israel e entre os amorrheos.

15 E Samuel julgou [13] a Israel todos os dias da sua vida.

16 E ia de anno, em anno, e rodeava a Beth-el, e a Gilgal, e a Mispah, e julgava a Israel em todos aquelles logares.

17 Porém voltava [14] a Rama, porque estava ali a sua casa, e ali julgava a Israel: e edificou [15] ali um altar ao Senhor.

[1] cap. 6.21. Psa. 132.6.

[2] II Sam. 6.4.

[3] Deu. 30.2-10. I Reis 8.48. Isa. 55.7, 8. Jos. 24.14, 23. Jui. 2.13.

[4] II Chr. 30.19. Job 11.13, 14. Deu. 6.13 e 10.20 e 13.4. Mat. 4.10. Luc. 4.8.

[5] Jui. 2.11.

[6] Jui. 20.1. II Reis 25.23.

[7] II Sam. 14.14. Neh. 9.1, 2. Dan. 9.3, 4, 5. Joel 2.12. Jui. 10.10. I Reis 8.47. Psa. 106.6.

[8] Isa. 37.4.

[9] Psa. 99.6. Jer. 15.1.

[10] Jos. 10.10. Jui. 4.15 e 5.20. cap. 2.10. II Sam. 22.14, 15.

[11] Gen. 28.18 e 31.45 e 35.14. Jos. 4.9 e 24.26.

[12] Jui. 13.1. cap. 13.5.

[13] ver. 6. cap. 12.11. Jui. 2.16.

[14] cap. 8.4.

[15] Jui. 21.4.

Os israelitas pedem um rei e Deus concede-o.

Antes de Christo 1095

8 E succedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu [1] a seus filhos por juizes sobre Israel.

2 E era o nome do seu filho primogenito Joel, e o nome do seu segundo Abia: e foram juizes em Berseba.

3 Porém seus filhos não andaram pelos caminhos d’elle, [2] antes se inclinaram á avareza, e tomaram presentes, e perverteram o juizo.

4 Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Rama.

5 E disseram-lhe: Eis que estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitue-nos [3] pois agora um rei sobre nós, para que elle nos julgue, como o teem todas as nações.

6 Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor.

7 E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disserem, pois não te teem rejeitado a ti, [4] antes a mim me teem rejeitado para eu não reinar sobre elles.

8 Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egypto até ao dia de hoje, e a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim tambem te fizeram a ti.

9 Agora, pois, ouve a sua voz, porém protesta-lhes solemnemente, e declara-lhes qual será o [5] costume do rei que houver de reinar sobre elles.

10 E fallou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei.

11 E disse: Este será [6] o costume do rei que houver de reinar sobre vós: elle tomará [7] os vossos filhos, e os empregará para os seus carros, e para seus cavalleiros, para que corram adiante dos seus carros.

12 E os porá por principes de milhares e por cincoentenarios; e para que lavrem a sua lavoura, e seguem a sua sega, e façam as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros.

13 E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras, e padeiras.

14 E tomará [8] o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivaes, e os dará aos seus creados.

15 E as vossas, sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus [JL] eunuchos, e aos seus creados.

16 Tambem os vossos creados, e as vossas creadas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.

17 Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de creados.

18 Então n’aquelle dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá n’aquelle [9] dia.

19 Porém o povo não quiz ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós [10] um rei.

20 E nós tambem seremos como todas [11] as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras.

21 Ouvindo pois Samuel todas as palavras do povo, as fallou perante os ouvidos do Senhor.

22 Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos á sua voz, [12] e constitue-lhes rei. Então Samuel disse aos filhos de Israel: Vá-se cada qual á sua cidade.

[1] Deu. 16.18. II Chr. 19.5. Jui. 10.4 e 12.14. Jui. 5.10. I Chr. 6.28.

[2] Jer. 22.15, 16, 17. Exo. 18.21. I Tim. 3.3 e 6.10. Deu. 16.19. Psa. 15.5.

[3] ver. 19, 20. Deu. 17.14. Ose. 13.10. Act. 13.21.

[4] Exo. 16.8. cap. 10.19 e 12.17, 19. Ose. 13.10, 11.

[5] ver. 11.

[6] Deu. 17.16, etc.

[7] cap. 14.52.

[8] I Reis 21.7. Eze. 46.18.

[9] Pro. 1.25, 26, 27, 28. Isa. 1.15. Miq. 3.4.

[10] Jer. 44.16.

[11] ver. 5.

[12] ver. 7. Ose. 13.11.

Saul busca as jumentas extraviadas e vae ter com Samuel.

9 E havia um homem de Benjamin, cujo nome era Kis, [1] filho de Abiel,[273] filho de Zeror, filho de Bechorath, filho de Aphia, filho d’um homem de Benjamin: varão alentado em força.

2 Este tinha um filho, cujo nome era Saul, mancebo, e tão bello que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais bello do que elle; desde os hombros [2] para cima sobresahia a todo o povo.

3 E perderam-se as jumentas de Kis, pae de Saul; pelo que disse Kis a Saul, seu filho: Toma agora comtigo um dos moços, e levanta-te e vae a buscar as jumentas.

4 Passou pois pela montanha de Ephraim, e d’ali passou á terra de Salisa, porém [3] não as acharam: depois passaram á terra de Sahalim, porém tão pouco estavam ali: tambem passou á terra de Benjamin, porém tão pouco as acharam.

5 Vindo elles então á terra de Zuph, Saul disse para o seu moço, com quem elle ia: Vem, e voltemos; para que porventura meu pae não deixe de inquietar-se pelas jumentas e se afflija por causa de nós.

6 Porém elle lhe disse: Eis que ha n’esta cidade um homem de Deus, e homem honrado é: [4] tudo quanto diz, succede assim infallivelmente: vamo-nos agora lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir.

7 Então Saul disse ao seu moço: Eis, porém, se lá formos, que levaremos então áquelle homem? porque o pão de nossos alforges se acabou, e presente nenhum temos que levar [5] ao homem de Deus: que temos?

8 E o moço tornou a responder a Saul, e disse: Eis que ainda se acha na minha mão um quarto d’um siclo de prata, o qual darei ao homem de Deus, para que nos mostre o caminho.

9 (Antigamente em Israel, indo qualquer consultar [6] a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente: porque ao propheta de hoje antigamente se chamava [7] vidente.)

10 Então disse Saul ao moço: Bem dizes, vem, pois, vamos. E foram-se á cidade onde estava o homem de Deus.

11 E, subindo elles pela subida da cidade, acharam [8] umas moças que sahiam a tirar agua; e disseram-lhes: Está cá o vidente?

12 E ellas lhes responderam, e disseram: Sim, eil-o aqui tens diante de ti: apressa-te pois, porque hoje veiu á cidade; porquanto o povo tem hoje sacrificio [9] no alto.

13 Entrando vós na cidade, logo o achareis, antes que suba ao alto para comer; porque o povo não comerá, até que elle venha; porque elle é o que abençoa o sacrificio, e depois comem os convidados: subi pois agora, que hoje o achareis.

14 Subiram pois á cidade: e, vindo elles no meio da cidade, eis que Samuel lhes saiu ao encontro, para subir ao alto.

15 Porque o Senhor o revelara aos ouvidos [10] de Samuel, um dia antes que Saul viesse, dizendo:

16 Ámanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamin, o qual ungirás [11] por capitão sobre o meu povo de Israel, e elle livrará o meu povo da mão dos philisteos; [12] porque tenho olhado para o meu povo; porque o clamor chegou a mim.

17 E quando Samuel viu a Saul, o Senhor lhe respondeu: Eis aqui [13] o homem de quem já te tenho dito. Este dominará sobre o meu povo.

18 E Saul se chegou a Samuel no meio da porta, e disse: Mostra-me, peço-te, onde está aqui a casa do vidente.

19 E Samuel respondeu a Saul, e disse: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao alto, e comei hoje comigo; e pela manhã te despedirei, e tudo quanto está no teu coração, t’o declararei.

20 E quanto ás jumentas [14] que ha tres dias se te perderam, não occupes o teu coração com ellas, porque se acharam. E para quem é todo o desejo de Israel? porventura não é para [15] ti, e para toda a casa de teu pae?

21 Então respondeu Saul, e disse: Porventura não sou eu filho de Benjamin, da mais pequena das tribus de Israel? [16] e a minha familia a mais pequena de todas as familias da tribu de Benjamin? porque pois me fallas com similhantes palavras?

22 Porém Samuel tomou a Saul e ao seu moço, e os levou á camara; e deu-lhes logar a cima de todos os convidados, que eram uns trinta homens.

23 Então disse Samuel ao cozinheiro: Dá cá a porção que te dei, de que te disse: Pôe-n’a á parte comtigo.

24 Levantou pois o cozinheiro a espadoa, [17] com o que havia n’ella, e pôl-a diante de Saul: e disse Samuel: Eis que isto é o sobejo; pôe-n’o diante de[274] ti, e come; porque se guardou para ti para esta occasião, dizendo eu: Tenho convidado o povo. Assim comeu Saul aquelle dia com Samuel.

25 Então desceram do alto para a cidade; e fallou com Saul sobre o eirado.

26 E se levantaram de madrugada; e succedeu que, quasi ao subir da alva, chamou Samuel a Saul ao eirado, dizendo: Levanta-te, e despedir-te-hei. Levantou-se Saul, e sairam para fóra ambos, elle e Samuel.

27 E, descendo elles para a extremidade da cidade, Samuel disse a Saul: Dize ao moço que passe adiante de nós; (e passou) porém tu espera agora, e te farei ouvir a palavra de Deus.

[1] cap. 14.51. I Chr. 8.33 e 9.39.

[2] cap. 10.26.

[3] II Reis 4.42.

[4] Deu. 33.1. I Reis 13.1. cap. 3.19.

[5] Jui. 6.18 e 13.17. I Reis 14.3. II Reis 4.42 e 8.8.

[6] Gen. 25.22.

[7] II Sam. 24.11. II Reis 17.13. I Chr. 26.28 e 29.29. II Chr. 16.7, 10. Isa. 30.10. Amós 7.12.

[8] Gen. 24.11.

[9] Gen. 31.54. cap. 16.2. I Reis 3.2.

[10] cap. 15.1. Act. 13.21.

[11] cap. 10.1.

[12] Exo. 2.25 e 3.7, 9.

[13] cap. 16.12. Ose. 13.11.

[14] ver. 3.

[15] cap. 8.5, 19 e 12.13.

[16] cap. 15.17. Jui. 20.46, 47, 48. Psa. 68.28. Jui. 6.15.

[17] Lev. 7.32, 33. Eze. 24.4.

Samuel unge Saul como rei de Israel.

10 Então tomou Samuel [1] um vaso de azeite, e lh’o derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Porventura te não tem ungido [2] o Senhor por capitão sobre a sua herdade?

2 Partindo-te hoje de mim, acharás dois homens junto ao [3] sepulchro de Rachel, no termo de Benjamin, em Zelsah, os quaes te dirão: Acharam-se as jumentas que foste buscar, e eis que já o teu pae deixou o negocio das jumentas, e anda afflicto por causa de vós, dizendo: Que farei eu por meu filho?

3 E quando d’ali passares mais adiante, e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão tres homens, que vão subindo a [4] Deus a Beth-el: um levando tres cabritos, o outro tres bolos de pão, e o outro um odre de vinho.

4 E te perguntarão como estás, e te darão dois pães, que tomarás da sua mão.

5 Então virás ao [5] outeiro de Deus, onde está a guarnição dos philisteos; e ha de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de prophetas que descem do alto, e [6] trazem diante de si psalterios, e tambores, e flautas, e harpas; e prophetizarão.

6 E o espirito [7] do Senhor se apoderará de ti, e prophetizarás com elles, e te mudarás em outro homem.

7 E ha de ser que, quando estes signaes [8] te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é comtigo.

8 Tu porém descerás diante de mim a Gilgal, [9] e eis que eu descerei a ti, para sacrificar holocaustos, e para offerecer offertas pacificas: ali sete dias esperarás, [10] até que eu venha a ti, e te declare o que has de fazer.

9 Succedeu pois que, virando elle as costas para partir de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro: e todos aquelles signaes aconteceram aquelle mesmo dia.

10 E, chegando [11] elles ao outeiro, eis que um rancho de prophetas lhes saiu ao encontro: e o espirito do Senhor se apoderou d’elle, e prophetizou no meio d’elles.

11 E aconteceu que, como todos os que d’antes o conheciam viram que eis que com os prophetas prophetizava, então disse o povo, cada qual ao seu companheiro: Que é o que succedeu ao filho de Kis? Está tambem [12] Saul entre os prophetas?

12 Então um homem d’ali respondeu, e disse: Pois quem é [13] o pae d’elles? Pelo que se tornou em proverbio: Está tambem Saul entre os prophetas?

13 E, acabando de prophetizar, veiu ao alto.

14 E disse-lhe o tio de Saul, a elle e ao seu moço: Aonde fostes? E disse elle: A buscar as jumentas, e, vendo que não appareciam, viemos a Samuel.

15 Então disse o tio de Saul: Declara-me, peço-te, que é o que vos disse Samuel?

16 E disse Saul a seu tio: Declarou-nos, na verdade, que as jumentas se acharam. Porém o negocio do reino, de que Samuel fallara, lhe não declarou.

O povo escolhe Saul para seu rei.

17 Convocou pois Samuel o povo ao Senhor [14] em Mispah.

18 E disse aos filhos de Israel: [15] Assim disse o Senhor Deus de Israel: Eu fiz subir a Israel do Egypto, e livrei-vos da mão dos egypcios e da mão de todos os reinos que vos opprimiam.

19 Mas vós tendes rejeitado hoje [16] a vosso Deus, que vos livrou de todos os vossos males e trabalhos, e lhe tendes dito: Põe um rei sobre nós: agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, pelas vossas tribus e pelos vossos milhares.

20 Fazendo pois chegar [17] Samuel todas as tribus, tomou-se a tribu de Benjamin.

21 E, fazendo chegar a tribu de Benjamin[275] pelas suas familias, tomou-se a familia de Matri: e d’ella se tomou Saul, filho de Kis; e o buscaram, porém não se achou.

22 Então tornaram a perguntar [18] ao Senhor se aquelle homem ainda viria ali. E disse o Senhor: Eis que se escondeu entre a bagagem.

23 E correram, e o tomaram d’ali, e poz-se no meio do povo: e era [19] mais alto do que todo o povo desde o hombro para cima.

24 Então disse Samuel a todo o povo: Vêdes já a quem o Senhor tem elegido? [20] pois em todo o povo não ha nenhum similhante a elle. Então jubilou todo o povo, e disseram: Viva o rei!

25 E declarou Samuel ao povo o direito do reino, [21] e escreveu-o n’um livro, e pôl-o perante o Senhor: então enviou Samuel a todo o povo, cada um para sua casa.

26 E foi-se tambem Saul a sua casa, a [22] Gibeah: e foram com elle do exercito aquelles cujos corações Deus tocara.

27 Mas os filhos [23] de Belial disseram: É este o que nos ha de livrar? E o desprezaram, [24] e não lhe trouxeram presentes: porém elle se fez como surdo.

[1] cap. 9.16 e 16.13. II Reis 9.3, 6. Psa. 2.12. Act. 13.21.

[2] Deu. 32.9. Psa. 78.71.

[3] Gen. 35.19, 20. Jos. 18.28.

[4] Gen. 28.22 e 35.1, 3, 7.

[5] ver. 10. cap. 13.3.

[6] cap. 9.12. Exo. 15.20, 21. II Reis 3.15. I Cor. 14.1.

[7] Num. 11.25. cap. 16.13. ver. 10. cap. 19.23.

[8] Exo. 4.8. Luc. 2.12. Jui. 6.12.

[9] cap. 11.14, 15 e 13.4.

[10] cap. 13.8.

[11] ver. 5. cap. 19.20. ver. 6.

[12] cap. 19.24. Mat. 13.54, 55. João 7.15. Act. 4.13.

[13] Isa. 54.13. João 6.45 e 7.16.

[14] Jui. 11.11 e 20.1. cap. 11.15 e 7.5, 6.

[15] Jui. 6.8, 9.

[16] cap. 8.7, 19 e 12.12.

[17] Jos. 7.14, 16, 17. Act. 1.24, 26.

[18] cap. 23.2, 4, 10, 11.

[19] cap. 9.2.

[20] II Sam. 21.6. I Reis 1.25, 39. II Reis 11.12.

[21] Deu. 17.14, etc. cap. 8.11.

[22] Jui. 20.14. cap. 11.4.

[23] cap. 11.12. Deu. 13.13.

[24] II Sam. 8.2. I Reis 4.21 e 10.25. II Chr. 17.5. Psa. 72.10. Mat. 2.11.

Saul vence os ammonitas.

11 Então subiu Nahas, ammonita, [1] e sitiou a Jabez-gilead: e disseram todos os homens de Jabez a Nahas: Faze alliança [2] comnosco, e te serviremos.

2 Porém Nahas, ammonita, lhes disse: Com esta condição farei alliança comvosco: que a todos vos arranque o olho direito, e assim ponha esta affronta [3] sobre todo o Israel.

3 Então os anciãos de Jabez lhe disseram: Deixa-nos por sete dias, para que enviemos mensageiros por todos os termos de Israel, e, não havendo ninguem que nos livre, então sairemos a ti.

4 E, vindo os mensageiros a Gibeah [4] de Saul, fallaram estas palavras aos ouvidos do povo. Então todo o povo levantou a sua voz, e chorou.

5 E eis que Saul vinha do campo, atraz dos bois; e disse Saul: Que tem o povo, que chora? E contaram-lhe as palavras dos homens de Jabez.

6 Então o [5] espirito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras: e accendeu-se em grande maneira a sua ira.

7 E tomou um par de bois, e cortou-os em pedaços, [6] e os enviou a todos os termos de Israel pelas mãos dos mensageiros, dizendo: Qualquer que não sair atraz [7] de Saul e atraz de Samuel, assim se fará aos seus bois. Então caiu o temor do Senhor sobre o povo, e sairam como um homem.

8 E contou-os em Bezek: [8] e houve dos filhos d’Israel trezentos mil, e dos homens de Judah trinta mil.

9 Então disseram aos mensageiros que vieram: Assim direis aos homens de Jabez-gilead: Ámanhã, em aquecendo o sol, vos virá livramento. Vindo pois os mensageiros, e annunciando-o aos homens de Jabez, se alegraram.

10 E os homens de Jabez disseram: Ámanhã sairemos a vós; então [9] nos fareis conforme a tudo o que parecer bem aos vossos olhos.

11 E succedeu que ao outro dia Saul [10] poz o povo em tres companhias, e vieram ao meio do arraial pela vela da manhã, e feriram a Ammon, até que o dia aqueceu: e succedeu que os restantes se espalharam, que não ficaram dois d’elles juntos.

12 Então disse o povo a Samuel: Quem é aquelle que [11] dizia que Saul não reinaria sobre nós? Dae aquelles homens, e os mataremos.

13 Porém Saul disse: Hoje não morrerá nenhum, [12] pois hoje tem obrado o Senhor um livramento em Israel.

14 E disse Samuel ao povo: Vinde, vamos nós a Gilgal, [13] e renovemos ali o reino.

15 E todo o povo partiu para Gilgal, e levantaram ali a Saul por rei perante o Senhor em Gilgal, [14] e offereceram ali offertas pacificas perante o Senhor: e Saul se alegrou muito ali com todos os homens d’Israel.

[1] cap. 12.12. Jui. 21.8.

[2] Gen. 26.28. Exo. 23.32. I Reis 20.34. Job 41.4. Eze. 17.13.

[3] Gen. 34.14. cap. 17.26.

[4] cap. 10.26 e 15.34. II Sam. 21.6. Jui. 2.4 e 21.2.

[5] Jui. 3.10 e 6.34 e 11.29 e 13.25 e 14.6. cap. 10.10 e 16.13.

[6] Jui. 19.29.

[7] Jui. 21.5, 8, 10.

[8] Jui. 1.5. II Sam. 24.9.

[9] ver. 3.

[10] cap. 31.11. Jui. 7.16.

[11] cap. 10.27. Luc. 19.27.

[12] II Sam. 19.22. Exo. 14.13, 30. cap. 19.5.

[13] cap. 10.8.

[14] cap. 10.17 e 10.8.

Samuel resigna o seu cargo.

12 Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que ouvi a vossa voz em tudo quanto me dissestes, [1] e puz sobre vós um rei.

2 Agora, pois, eis que o rei [2] vae diante de vós, e já envelheci e encaneci, e eis que meus filhos estão comvosco, e eu[276] tenho andado diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje.

3 Eis-me aqui, testificae contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido, [3] a quem o boi tomei, a quem o jumento tomei, [4] e a quem defraudei, a quem tenho opprimido, e de cuja mão tenho tomado presente e com elle encobri os meus olhos, e vol-o restituirei.

4 Então disseram: Em nada nos defraudaste, nem nos opprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguem.

5 E elle lhes disse: O Senhor seja testemunha contra vós, e o seu ungido seja hoje testemunha, que nada [5] tendes achado na minha mão. E disse o povo: Seja testemunha.

6 Então disse Samuel ao povo: O Senhor é o que fez [6] a Moysés e a Aarão, e tirou a vossos paes da terra do Egypto.

7 Agora pois ponde-vos aqui em pé, e contenderei comvosco [7] perante o Senhor, sobre todas as justiças do Senhor, que fez a vós e a vossos paes.

8 Havendo entrado Jacob no Egypto, vossos paes [8] clamaram ao Senhor, e o Senhor enviou a Moysés e a Aarão, que tiraram a vossos paes do Egypto, e os fizeram habitar n’este logar.

9 Porém esqueceram-se [9] do Senhor seu Deus: então os vendeu á mão de Sisera, cabeça do exercito de Hazor, e em mão [10] dos philisteos, e em mão do rei dos moabitas, que pelejaram contra elles.

10 E clamaram ao Senhor, e disseram: Peccámos, [11] pois deixámos ao Senhor, e servimos aos baalins e astaroths: agora pois livra-nos da mão [12] de nossos inimigos, e te serviremos.

11 E o Senhor enviou a Jerubbaal, e a [13] Bedan, e a Jefte, e a Samuel; e livrou-vos da mão de vossos inimigos em redor, e habitastes seguros.

12 E vendo vós que Nahas, [14] rei dos filhos de Ammon, vinha contra vós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei: sendo porém o [15] Senhor vosso Deus, o vosso Rei.

13 Agora [16] pois vedes ahi o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o Senhor tem posto [17] sobre vós um rei.

14 Se temerdes [18] ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos á sua voz, e não fordes rebeldes ao dito do Senhor, assim vós, como o rei que reina sobre vós, seguireis o Senhor vosso Deus.

15 Mas se não derdes ouvidos á [19] voz do Senhor, mas antes fordes rebeldes ao dito do Senhor, a mão do Senhor será contra vós, como o era [20] contra vossos paes.

16 Ponde-vos [21] tambem agora aqui, e vêde esta grande coisa que o Senhor vae fazer diante dos vossos olhos.

17 Não é hoje a [22] sega dos trigos? [23] clamarei pois ao Senhor, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade que tendes feito perante o Senhor, pedindo para vós um rei.

18 Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor deu trovões e chuva n’aquelle dia; pelo que todo o povo temeu em grande maneira ao Senhor e a Samuel.

19 E todo o povo [24] disse a Samuel: Roga [25] pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não venhamos a morrer: porque a todos os nossos peccados temos accrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei.

20 Então disse Samuel ao povo: Não temaes; vós tendes commettido todo este mal; porém não vos desvieis de detraz do Senhor, mas servi ao Senhor com todo o vosso coração.

21 E não vos desvieis; [26] pois seguirieis as vaidades, que nada aproveitam, e tão pouco vos livrarão, porque vaidades são.

22 Pois o Senhor não desamparará o seu povo, por causa do seu grande nome: [27] porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.

23 E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando [28] de orar por vós: antes vos ensinarei o caminho bom e direito.

24 Tão sómente temei [29] ao Senhor, e servi-o fielmente com todo o vosso coração: porque vede quão grandiosas coisas vos fez.

25 Porém, se perseverardes em fazer mal, perecereis, assim vós [30] como o vosso rei.

[1] cap. 8.5, 19, 20 e 10.24 e 11.14, 15.

[2] Num. 27.17. cap. 8.20 e 8.1, 6.

[3] ver. 5. cap. 10.1 e 24.6. II Sam. 1.14.

[4] Num. 16.15. Act. 20.33. I The. 2.5. Deu. 16.19.

[5] João 18.38. Act. 23.9 e 24.16, 20. Exo. 22.4.

[6] Miq. 6.4.

[7] Isa. 1.18 e 5.3, 4. Miq. 6.2, 3.

[8] Gen. 46.4, 6. Exo. 2.23 e 3.10 e 4.10.

[9] Jui. 3.7.

[10] Jui. 4.2 e 10.7 e 13.1.

[11] Jui. 3.12 e 10.10 e 2.13.

[12] Jui. 10.15, 16.

[13] Jui. 6.14, 32 e 11.1. cap. 7.13.

[14] cap. 11.1 e 8.5, 19.

[15] Jui. 8.23. cap. 8.7 e 10.19, 24.

[16] cap. 8.5 e 9.20.

[17] Ose. 13.11.

[18] Jos. 24.14. Psa. 81.14, 15, etc.

[19] Lev. 26.14, 15, etc. Deu. 28.15. Jos. 24.20.

[20] ver. 9.

[21] Exo. 14.13, 31.

[22] Pro. 26.1.

[23] Jos. 10.12. cap. 7.9, 10. Thi. 5.16, 17, 18. cap. 8.7.

[24] Exo. 14.31. Esd. 10.9.

[25] Exo. 9.28 e 10.17. Thi. 5.15. I João 5.16.

[26] Deu. 11.16. Jer. 16.19. Hab. 2.18. I Cor. 8.4.

[27] I Reis 6.13. Psa. 94.14. Jos. 7.9. Jer. 14.21. Eze. 20.9. Deu. 7.7, 6 e 14.2. Mal. 1.2.

[28] Act. 12.5. Rom. 1.9. Col. 1.9. II Tim. 1.3. Psa. 34.12. Pro. 4.11. I Reis 8.36. II Chr. 6.27. Jer. 6.16.

[29] Ecc. 12.13. Isa. 5.12. Deu. 10.21. Psa. 126.2, 3.

[30] Jos. 24.20. Deu. 28.36.

[277]

Guerra entre os israelitas e os philisteos.

Antes de Christo 1093

13 Um anno tinha estado Saul em seu reinado: e o segundo anno reinou sobre Israel.

2 Então Saul escolheu para si tres mil de Israel; e estavam com Saul dois mil em Michmas, e na montanha de Beth-el, e mil estavam com Jonathan em Gibeah [1] de Benjamin: e o resto do povo despediu, cada um para sua casa.

3 E Jonathan feriu [2] a guarnição dos philisteos que estava em Gibeah, o que os philisteos ouviram: pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreos.

4 Então todo o Israel ouviu dizer: Saul feriu a guarnição dos philisteos, e tambem Israel se fez abominavel aos philisteos. Então o povo foi convocado atraz de Saul em Gilgal.

5 E os philisteos se ajuntaram para pelejar contra Israel, trinta mil carros, e seis mil cavalleiros, e povo em multidão como a areia que está á borda do mar; e subiram, e se acamparam em Michmas, ao oriente de Beth-aven.

6 Vendo pois os homens de Israel que estava em angustia (porque o povo estava apertado) o povo se escondeu [3] pelas cavernas, e pelos espinhaes, e pelos penhascos, e pelas fortificações, e pelas covas.

7 E os hebreos passaram o Jordão para a terra de Gad e Gilead: e, estando Saul ainda em Gilgal, todo o povo veiu atraz d’elle tremendo.

Saul offerece sacrificios e Samuel reprova-o.

8 E esperou [4] sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se espalhava d’elle.

9 Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e offertas pacificas. E offereceu o holocausto.

10 E succedeu que, acabando elle de offerecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar.

11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os philisteos já se tinham ajuntado em Michmas,

12 Eu disse: Agora descerão os philisteos sobre mim a Gilgal, e ainda á face do Senhor não orei: e violentei-me, e offereci holocausto.

13 Então disse Samuel a Saul: Obraste nesciamente, [5] e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre.

14 Porém [6] agora não subsistirá o teu reino: já tem buscado [7] o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.

15 Então se levantou Samuel, e subiu de Gilgal a Gibeah de Benjamin: e Saul numerou o povo que achou com elle, [8] uns seiscentos varões.

16 E Saul e Jonathan, seu filho, e o povo que se achou com elles, ficaram em Gibeah de Benjamin: porém os philisteos se acamparam em Michmas.

17 E os destruidores sairam do campo dos philisteos em tres companhias: uma das companhias voltou pelo caminho [9] d’Ophra á terra de Sual:

18 Outra companhia voltou pelo caminho de [10] Beth-horon: e a outra companhia voltou pelo caminho do termo que olha para o valle Zeboim contra o deserto.

19 E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava: [11] porque os philisteos tinham dito: Para que os hebreos não façam espada nem lança.

20 Pelo que todo o Israel tinha que descer aos philisteos para amolar cada um a sua relha, e a sua enxada, e o seu machado, e o seu sacho.

21 Tinham porém limas adentadas para os seus sachos, e para as suas enxadas, e para as forquilhas de tres dentes, e para os machados, e para concertar as aguilhadas.

22 E succedeu que, no dia da peleja, se não achou [12] nem espada nem lança na mão de todo o povo que estava com Saul e com Jonathan: porém acharam-se com Saul e com Jonathan seu filho.

23 E saiu a guarnição [13] dos philisteos ao passo de Michmas.

[1] cap. 10.26.

[2] cap. 10.5.

[3] Jui. 6.2.

[4] cap. 10.8.

[5] II Chr. 16.9. cap. 15.11.

[6] cap. 15.28.

[7] Psa. 89.20. Act. 13.22.

[8] cap. 14.2.

[9] Jos. 18.23.

[10] Jos. 16.3 e 13.13, 14. Neh. 11.34.

[11] II Reis 24.14. Jer. 24.1.

[12] Jui. 5.8.

[13] cap. 14.1, 4.

A victoria de Jonathan sobre os philisteos.

Antes de Christo 1087

14 Succedeu pois que um dia disse Jonathan, filho de Saul, ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos á guarnição dos philisteos, que está lá d’aquella banda. Porém não o fez saber a seu pae.

2 E estava Saul á extremidade de Gibeah, debaixo da romeira que estava em[278] Migron; e o povo que havia com elle eram uns [1] seiscentos homens.

3 E Ahija, [2] filho d’Ahitub, irmão d’Icabod, o filho de Phineas, filho d’Eli, sacerdote do Senhor em Silo, trazia o ephod: porém o povo não sabia que Jonathan tinha ido.

4 E entre os passos pelos quaes Jonathan procurava passar á guarnição [3] dos philisteos, d’esta banda havia uma penha aguda, e da outra banda uma penha aguda: e era o nome de uma Bozez, e o nome da outra Senné.

5 Uma penha para o norte estava defronte de Michmas, e a outra para o sul defronte de Gibeah.

6 Disse pois Jonathan ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos á guarnição d’estes incircumcisos; porventura obrará o Senhor por nós, porque para com o Senhor nenhum impedimento ha de livrar [4] com muitos ou com poucos.

7 Então o seu pagem d’armas lhe disse: Faze tudo o que tens no coração; volta, eis-me aqui comtigo, conforme ao teu coração.

8 Disse pois Jonathan: Eis que passaremos áquelles homens, e nos descobriremos a elles.

9 Se nos disserem assim: Parae até que cheguemos a vós; então ficaremos no nosso logar, e não subiremos a elles.

10 Porém, dizendo assim: Subi a nós; então subiremos, pois o Senhor os tem entregado na nossa mão, [5] e isto nos será por signal.

11 Descobrindo-se ambos elles pois á guarnição dos philisteos, disseram os philisteos: Eis que os hebreos sairam das cavernas em que se tinham escondido.

12 E os homens da guarnição responderam a Jonathan e ao seu pagem d’armas, e disseram: Subi a nós, e nós vol-o ensinaremos. E disse Jonathan ao seu pagem d’armas: Sobe atraz de mim, porque o Senhor os tem entregado na mão d’Israel.

13 Então trepou Jonathan com os pés e com as mãos, e o seu pagem d’armas atraz d’elle: e cairam diante de Jonathan, e o seu pagem d’armas os matava atraz d’elle.

14 E succedeu esta primeira desfeita, em que Jonathan e o seu pagem d’armas feriram até uns vinte homens, quasi no meio de uma geira de terra que uma junta de bois podia lavrar.

15 E houve tremor [6] no arraial, no campo e em todo o povo; tambem a mesma guarnição e os destruidores tremeram, e até a terra se alvoroçou, porquanto era tremor de Deus.

16 Olharam pois as sentinellas de Saul em Gibeah de Benjamin, e eis que a multidão se derramava, e fugia batendo-se.

17 Disse então Saul ao povo que estava com elle: Ora numerae, e vêde quem é que saiu d’entre nós. E numeraram, e eis que nem Jonathan nem o seu pagem d’armas estavam ali.

18 Então Saul disse a Ahija: Traze aqui a arca de Deus (porque n’aquelle dia estava a arca de Deus com os filhos d’Israel).

19 E succedeu que, estando Saul ainda fallando com [7] o sacerdote, o alvoroço que havia no arraial dos philisteos ia crescendo muito, e se multiplicava, pelo que disse Saul ao sacerdote: Retira a tua mão.

20 Então Saul e todo o povo que havia com elle se convocaram, e vieram á peleja; e eis que a espada d’um era contra o outro, [8] e houve mui grande tumulto.

21 Tambem com os philisteos havia hebreos, como d’antes, que subiram com elles ao arraial em redor; e tambem estes se ajuntaram com os israelitas que estavam com Saul e Jonathan.

22 Ouvindo pois todos os homens d’Israel que se esconderam [9] pela montanha d’Ephraim que os philisteos fugiam, elles tambem os perseguiram de perto na peleja.

23 Assim livrou o Senhor a Israel n’aquelle dia: [10] e o arraial passou a Beth-aven.

O atrevido voto de Saul.

24 E estavam os homens d’Israel já exhaustos n’aquelle dia, porquanto Saul conjurou [11] o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão até á tarde, para que me vingue de meus inimigos. Pelo que todo o povo se absteve de provar pão.

25 E toda [12] a terra chegou a um bosque: e havia mel na superficie do campo.

26 E, chegando o povo ao bosque, eis que havia um manancial de mel: porém ninguem chegou a mão á bocca, porque o povo temia a conjuração.

27 Porém Jonathan não tinha ouvido quando seu pae conjurava o povo, e estendeu a ponta da vara que tinha na mão, e a molhou no favo de mel; e, tornando a mão á bocca, aclararam-se os seus olhos.

[279]

28 Então respondeu um do povo, e disse: Solemnemente conjurou teu pae o povo, dizendo: Maldito o homem que comer hoje pão. Pelo que o povo desfallecia.

29 Então disse Jonathan: Meu pae tem turbado a terra; ora vêde como se me aclararam os olhos por ter gostado um pouco d’este mel.

30 Quanto mais se o povo hoje livremente tivesse comido do despojo que achou de seus inimigos. Porém agora não foi tão grande o estrago dos philisteos.

31 Feriram porém aquelle dia aos philisteos, desde Michmas até Ajalon, e o povo desfalleceu em extremo.

32 Então o povo se lançou ao despojo, e tomaram ovelhas, e vaccas, e bezerros, e os degolaram no chão; e o povo os comeu [13] com sangue.

33 E o annunciaram a Saul, dizendo: Eis que o povo pecca contra o Senhor, comendo com sangue. E disse elle: Aleivosamente obrastes; revolvei-me hoje uma grande pedra.

34 Disse mais Saul: Derramae-vos entre o povo, e dizei-lhes: Trazei-me cada um o seu boi, e cada um a sua ovelha, e degolae-os aqui, e comei, e não pequeis contra o Senhor, comendo com sangue. Então todo o povo trouxe de noite, cada um com a sua mão, o seu boi, e os degolaram ali.

35 Então edificou [14] Saul um altar ao Senhor: este foi o primeiro altar que edificou ao Senhor.

Jonathan é condemnado á morte.

36 Depois disse Saul: Desçamos de noite atraz dos philisteos, e despojemol-os, até que amanheça a luz, e não deixemos de resto um homem d’elles. E disseram: Tudo o que parecer bem aos teus olhos faze. Disse porém o sacerdote: Cheguemo-nos aqui a Deus.

37 Então consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atraz dos philisteos? entregal-os-has na mão de Israel? Porém aquelle dia lhe não [15] respondeu.

38 Então disse Saul: [16] Chegae-vos para cá de todos os chefes do povo, e informae-vos, e vêde em que se commetteu hoje este peccado;

39 Porque vive [17] o Senhor que salva a Israel, que, ainda que fosse em meu filho Jonathan, certamente morrerá. E nenhum de todo o povo lhe respondeu.

40 Disse mais a todo o Israel: Vós estareis d’uma banda, e eu e meu filho Jonathan estaremos da outra banda. Então disse o povo a Saul: Faze o que parecer bem aos teus olhos.

41 Fallou pois Saul ao Senhor Deus d’Israel: Mostra o innocente. Então Jonathan e Saul [18] foram tomados por sorte, e o povo saiu livre.

42 Então disse Saul: Lançae a sorte entre mim e Jonathan, meu filho. E foi tomado Jonathan.

43 Disse então Saul a Jonathan: Declara-me [19] o que tens feito. E Jonathan lh’o declarou, e disse: Tão sómente gostei um pouco de mel com a ponta da vara que tinha na mão; eis que devo morrer.

44 Então disse Saul: [20] Assim me faça Deus, e outro tanto, que com certeza morrerás, Jonathan.

45 Porém o povo disse a Saul: Morrerá Jonathan, que obrou tão grande salvação em Israel? nunca tal succeda; vive o Senhor, [21] que não lhe ha de cair no chão um só cabello da sua cabeça! pois com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou a Jonathan, para que não morresse.

46 E Saul deixou de seguir os philisteos: e os philisteos se foram ao seu logar.

47 Então tomou Saul o reino sobre Israel; e pelejou contra todos os seus inimigos em redor: contra Moab, e contra os [22] filhos de Ammon, e contra Edom, e contra os reis de Zoba, [23] e contra os philisteos, e para onde quer que se tornava executava castigos.

48 E houve-se valorosamente, e feriu [24] aos amalekitas: e libertou a Israel da mão dos que o saqueavam.

49 E os filhos [25] de Saul eram Jonathan, e Isvi, e Malchisua: e os nomes de suas duas filhas eram estes: o nome da mais velha Merab, e o nome da mais nova, Michal.

50 E o nome da mulher de Saul, Ahinoam, filha d’Ahimaas: e o nome do general do exercito, Abner, filho de Ner, tio de Saul.

51 E Kis, [26] pae de Saul, e Ner, pae d’Abner, eram filhos d’Abiel.

52 E houve uma forte guerra contra os philisteos, todos os dias de Saul: pelo que Saul a todos os homens valentes e valorosos que via os aggregava [27] a si.

[1] cap. 13.15.

[2] cap. 22.9, 11, 20 e 4.21 e 2.28.

[3] cap. 13.23.

[4] Jui. 7.4, 7. II Chr. 14.11.

[5] Gen. 24.14. Jui. 7.11.

[6] II Reis 7.7. Job 18.11.

[7] Num. 27.21.

[8] Jui. 7.22. II Chr. 20.23.

[9] cap. 13.6.

[10] Exo. 14.30. Psa. 44.7, 8. Ose. 1.7. cap. 13.5.

[11] Jos. 6.26.

[12] Deu. 9.28. Mat. 3.5. Exo. 3.8. Num. 13.27. Mat. 3.4.

[13] Lev. 3.17 e 7.26 e 17.10 e 19.26. Deu. 12.16, 23, 24.

[14] cap. 7.17.

[15] cap. 28.6.

[16] Jos. 7.14. cap. 10.19.

[17] II Sam. 12.5.

[18] Pro. 16.33. Act. 1.24. Jos. 7.16. cap. 10.20, 21.

[19] Jos. 7.19. ver. 27.

[20] Ruth 1.17. ver. 39.

[21] II Sam. 14.11. I Reis 1.52. Luc. 21.18.

[22] cap. 11.11.

[23] II Sam. 10.6.

[24] cap. 15.3, 7.

[25] cap. 31.2. I Chr. 8.33.

[26] cap. 9.1.

[27] cap. 8.11.

[280]

Samuel manda a Saul destruir os amalekitas.

Antes de Christo 1079

15 Então disse Samuel a Saul: Enviou-me [1] o Senhor a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel: ouve pois agora a voz das palavras do Senhor.

2 Assim diz o Senhor dos exercitos: Eu me recordei do que fez Amalek a Israel; como se lhe oppoz [2] no caminho, quando subia do Egypto.

3 Vae pois agora e fere a Amalek; e destroe totalmente a [3] tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até á mulher, desde os meninos até aos de mama, desde os bois até ás ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.

4 O que Saul annunciou ao povo, e os contou em Teilaim, duzentos mil homens de pé, e dez mil homens de Judah.

5 Chegando pois Saul á cidade d’Amalek, poz emboscada no valle.

6 E disse Saul aos keneos: [4] Ide-vos, retirae-vos e sahi do meio dos amalekitas, para que vos não destrua juntamente com elles, porque vós usastes de misericordia [5] com todos os filhos de Israel, quando subiram do Egypto. Assim os keneos se retiraram do meio dos amalekitas.

7 Então feriu Saul [6] aos amalekitas desde Havia até chegar a Sur, [7] que está defronte do Egypto.

8 E tomou [8] vivo a Agag, rei dos amalekitas; porém a todo o povo destruiu ao fio da espada.

9 E Saul e o povo [9] perdoaram a Agag, e ao melhor das ovelhas e das vaccas, e ás da segunda sorte, e aos cordeiros e ao melhor que havia, e não os quizeram destruir totalmente: porém a toda a coisa vil e desprezivel destruiram totalmente.

Deus manda Samuel reprehender a Saul.

10 Então veiu a palavra do Senhor a Samuel, dizendo:

11 Arrependo-me [10] de haver posto a Saul como rei; porquanto se tornou de detraz de mim, e não executou as minhas palavras. [11] Então Samuel se contristou, e toda a noite clamou ao Senhor.

12 E madrugou Samuel para encontrar a Saul pela manhã: e annunciou-se a Samuel, dizendo: Já chegou Saul ao [12] Carmelo, e eis que levantou para si uma columna. Então fez volta, e passou e desceu a Gilgal.

13 Veiu pois Samuel a Saul; e Saul lhe disse: Bemdito [13] tu do Senhor; executei a palavra do Senhor.

14 Então disse Samuel: Que balido pois de ovelhas é este nos meus ouvidos, e o mugido de vaccas que oiço?

15 E disse Saul: De Amalek as trouxeram; porque o povo perdoou ao [14] melhor das ovelhas e das vaccas, para as offerecer ao Senhor teu Deus: o resto porém temos destruido totalmente.

16 Então disse Samuel a Saul: Espera, e te declararei o que o Senhor me disse esta noite. E elle disse-lhe: Falla.

17 E disse Samuel: Porventura, sendo tu pequeno [15] aos teus olhos, não foste por Cabeça das tribus de Israel? e o Senhor te ungiu rei sobre Israel.

18 E enviou-te o Senhor a este caminho, e disse: Vae, e destroe totalmente a estes peccadores, os amalekitas, e peleja contra elles, até que os aniquiles.

19 Porque pois não déste ouvidos á voz do Senhor, antes voaste ao despojo, e fizeste o que parecia mal aos olhos do Senhor?

20 Então disse Saul a Samuel: Antes dei ouvidos á [16] voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe a Agag, rei de Amalek, e os amalekitas destrui totalmente;

21 Mas o povo tomou [17] do despojo ovelhas e vaccas, o melhor do [JM] interdicto, para offerecer ao Senhor teu Deus em Gilgal.

22 Porém Samuel disse: Tem porventura [18] o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrificios, como em que se obedeça á palavra do Senhor? eis que o obedecer [19] é melhor do que o sacrificar, e o attender melhor é do que a gordura de carneiros.

23 Porque a rebellião é como o peccado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, elle tambem te rejeitou [20] a ti, para que não sejas rei.

24 Então disse Saul [21] a Samuel: Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do Senhor e as tuas palavras: porque[281] [22] temi ao povo, e dei ouvidos á sua voz.

25 Agora pois, te rogo, perdoa-me o meu peccado: e torna-te comigo, para que adore ao Senhor.

26 Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei comtigo: porquanto rejeitaste [23] a palavra do Senhor, já te rejeitou o Senhor, para que não sejas rei sobre Israel.

27 E virando-se Samuel para se ir, elle lhe pegou [24] pela borda da capa, e a rasgou.

28 Então Samuel lhe disse: O Senhor tem rasgado de ti hoje o [25] reino de Israel, e o tem dado ao teu proximo, melhor do que tu.

29 E tambem aquelle que é a Força de Israel não mente nem se [26] arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa.

30 Disse elle então: Pequei; honra-me [27] porém agora diante dos anciãos do meu povo, e diante de Israel: e torna-te comigo, para que adore ao Senhor teu Deus.

31 Então Samuel se tornou atraz de Saul: e Saul adorou ao Senhor.

Samuel mata a Agag.

32 Então disse Samuel: Trazei-me aqui a Agag, rei dos amalekitas. E Agag veiu a elle melindrosamente: e disse Agag: Na verdade já passou a amargura da morte.

33 Disse porém Samuel: Assim como [28] a tua espada desfilhou as mulheres, assim ficará desfilhada a tua mãe entre as mulheres. Então Samuel despedaçou a Agag perante o Senhor em Gilgal.

34 Então Samuel se foi a Rama: e Saul subiu a sua casa, a [29] Gibeah de Saul.

35 E [30] nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte; porque [31] Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de que pozera a Saul rei sobre Israel.

[1] cap. 9.16.

[2] Exo. 17.8, 14. Num. 24.20. Deu. 25.17.

[3] Lev. 27.28. Jos. 6.17, 21.

[4] Num. 24.21. Jui. 1.16 e 4.11. Gen. 18.25 e 19.12, 14. Apo. 18.4.

[5] Exo. 18.10, 19. Num. 10.29, 32.

[6] cap. 14.48. Gen. 2.11 e 25.18.

[7] Gen. 16.7.

[8] I Reis 20.34, 35, etc. cap. 30.1.

[9] ver. 3, 15.

[10] ver. 35. Gen. 6.6, 7. II Sam. 24.16. Jos. 22.16. ver. 3, 9. cap. 13.13.

[11] ver. 35. cap. 16.1.

[12] Jos. 15.55.

[13] Gen. 14.19. Jui. 17.2. Ruth 3.10.

[14] ver. 9, 21. Gen. 3.12. Pro. 28.13.

[15] cap. 9.21.

[16] ver. 13.

[17] ver. 15.

[18] Psa. 50.8, 9. Pro. 21.3. Isa. 1.11, 17. Jer. 7.22. Miq. 6.6-8. Heb. 10.69.

[19] Ecc. 5.1. Ose. 6.6. Mat. 5.24 e 19.13 e 12.7. Mar. 12.33.

[20] cap. 13.14.

[21] II Sam. 12.13.

[22] Exo. 23.2. Pro. 29.25. Isa. 51.12, 13.

[23] cap. 2.30.

[24] I Reis 11.30.

[25] cap. 28.17, 18. I Reis 11.31.

[26] Num. 23.19. Eze. 24.14. II Tim. 2.13. Tito 1.2.

[27] João 5.41 e 12.43.

[28] Exo. 17.11. Num. 14.45. Jui. 1.7.

[29] cap. 11.4.

[30] cap. 19.24.

[31] ver. 11. cap. 16.1.

Deus manda Samuel ungir a David como rei.

Antes de Christo 1063

16 Então disse o Senhor a Samuel: Até quando terás dó [1] de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? enche [2] o teu [JN] vaso d’azeite, e vem, enviar-te-hei a Jessé o beth-lehemita; porque d’entre os seus filhos me tenho provido de um rei.

2 Porém disse Samuel: Como irei eu? pois, ouvindo-o Saul, me matará. Então disse o Senhor: Toma uma bezerra das vaccas em tuas mãos, e dize: Vim para sacrificar [3] ao Senhor.

3 E convidarás a [JO] Jessé ao sacrificio: e eu te farei saber [4] o que has de fazer, e ungir-me-has a quem eu te disser.

4 Fez pois Samuel o que dissera o Senhor, e veiu a Beth-lehem: então os anciãos da cidade sairam [5] ao encontro, tremendo, e disseram: De paz é a tua vinda?

5 E disse elle: É de paz, vim sacrificar ao Senhor; sanctificae-vos, [6] e vinde comigo ao sacrificio. E sanctificou elle a Jessé e a seus filhos, e os convidou ao sacrificio.

6 E succedeu que, entrando elles, viu a Eliab, [7] e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.

7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não attentes para a sua apparencia, [8] nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado, porque o Senhor não vê como vê [9] o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

8 Então chamou Jessé a [10] Abinadab: e o fez passar diante de Samuel, o qual disse: Nem a este tem escolhido o Senhor.

9 Então Jessé fez passar a Samma: porém disse: Tão pouco a este tem escolhido o Senhor.

10 Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de Samuel: porém Samuel disse a Jessé: O Senhor não tem escolhido a estes.

11 Disse mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os mancebos? E disse: Ainda falta [11] o menor, e eis que apascenta as ovelhas. Disse pois Samuel a Jessé: Envia, e manda-o [12] chamar, porquanto não nos assentaremos em roda da mesa até que elle venha aqui.

12 Então mandou, e o trouxe (e era ruivo [13] e formoso de semblante e de boa presença): e disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque este mesmo é.

13 Então Samuel tomou o vaso do azeite, e ungiu-o [14] no meio de seus irmãos;[282] e desde aquelle dia em diante o espirito do Senhor se apoderou de David: então Samuel se levantou, e se tornou a Rama.

Saul é atormentado pelo espirito maligno.

14 E o espirito [15] do Senhor se retirou de Saul, e o assombrava o espirito mau [16] da parte do Senhor.

15 Então os creados de Saul lhe disseram: Eis que agora o espirito mau da parte do Senhor te assombra:

16 Diga pois nosso senhor a seus servos, que estão [17] em tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa, e será que, quando o espirito mau da parte do Senhor vier sobre ti, então elle tocará [18] com a sua mão, e te acharás melhor.

17 Então disse Saul aos seus servos: Buscae-me pois um homem que toque bem, e trazei-m’o.

18 Então respondeu um dos mancebos, e disse: Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o beth-lehemita, que sabe tocar, e é valente e animoso, [19] e homem de guerra, e sisudo em palavras, e de gentil presença: o Senhor é com elle.

19 E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me David, teu filho, o que está com as ovelhas.

20 Então tomou Jessé um [20] jumento carregado de pão, e um odre de vinho, e um cabrito, e enviou-os a Saul pela mão de David, seu filho.

21 Assim David veiu a Saul, e esteve perante [21] elle, e o amou muito, e foi seu pagem d’armas.

22 Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa estar a David perante mim, pois achou graça em meus olhos.

23 E succedia que, quando o espirito mau da parte [22] de Deus vinha sobre Saul, David tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia allivio, e se achava melhor, e o espirito mau se retirava d’elle.

[1] cap. 15.35 e 15.23.

[2] cap. 9.16. II Reis 9.1. Act. 13.22.

[3] cap. 9.12 e 20.29.

[4] Exo. 4.15. cap. 9.16.

[5] cap. 21.1. I Reis 2.13. II Reis 9.22.

[6] Exo. 19.10, 14.

[7] cap. 17.13. I Chr. 27.18. I Reis 12.26.

[8] Psa. 147.10, 11.

[9] Isa. 55.8. II Cor. 10.7. I Reis 8.39. I Chr. 28.9. Jer. 11.20 e 17.10. Act. 1.24.

[10] cap. 17.13.

[11] cap. 17.12.

[12] II Sam. 7.8. Psa. 78.70.

[13] cap. 17.42. Can. 5.10. cap. 9.17.

[14] cap. 10.1. Psa. 89.20. Num. 27.18. Jui. 11.29 e 13.25 e 14.6. cap. 10.6, 10.

[15] Jui. 16.20. cap. 11.6 e 28.15. Psa. 51.11.

[16] Jui. 9.23. cap. 18.10 e 19.9.

[17] Gen. 41.46. ver. 21, 22. I Reis 10.8.

[18] ver. 23. II Reis 3.15.

[19] cap. 17.32, 34, 35, 36.

[20] ver. 11. cap. 17.15, 34 e 10.27 e 17.18. Gen. 43.11. Pro. 18.16.

[21] Gen. 41.46. I Reis 10.8. Pro. 22.29.

[22] ver. 14, 16.

Guerra entre os israelitas e os philisteos.

17 E os philisteos [1] ajuntaram os seus arraiaes para a guerra e congregaram-se em [2] Socoh, que está em Judah, e acamparam-se entre Socoh e Azeka, no termo de Dammim.

2 Porém Saul e os homens de Israel se ajuntaram e acamparam no valle do carvalho, e ordenaram a batalha contra os philisteos.

3 E os philisteos estavam n’um monte da banda d’além, e os israelitas estavam no outro monte da banda d’áquem; e o valle estava entre elles.

4 Então saiu do arraial dos philisteos um homem guerreiro, cujo nome era Goliath, [3] de Gath, que tinha de altura seis covados e um palmo.

5 Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça de escamas; e era o peso da couraça de cinco mil siclos de bronze.

6 E trazia grevas de bronze por cima de seus pés, e um escudo de bronze entre os seus hombros.

7 E a haste da sua lança [4] era como o orgão do tecelão, e o ferro da sua lança de seiscentos siclos de ferro, e diante d’elle ia o escudeiro.

8 E parou, e clamou ás companhias d’Israel, e disse-lhes: Para que saireis a ordenar a batalha? não sou eu philisteo e vós servos [5] de Saul? escolhei d’entre vós um homem que desça a mim.

9 Se elle puder pelejar comigo, e me ferir, a vós seremos por servos; porém, se eu o vencer, e o ferir, então a nós sereis por servos, e [6] nos servireis.

10 Disse mais o philisteo: Hoje desafio [7] as companhias de Israel, dizendo: Dae-me um homem, para que ambos pelejemos.

11 Ouvindo então Saul e todo o Israel estas palavras do philisteo, espantaram-se, e temeram muito.

Jessé envia David a seus irmãos.

12 E David [8] era filho de um homem, ephrateo, de Beth-lehem de Judah, cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos: e nos dias de Saul era este homem velho e adiantado na edade entre os homens.

13 Foram-se os tres filhos mais velhos de Jessé, e seguiram a Saul á guerra: e eram os nomes [9] de seus tres filhos, que se foram á guerra, Eliab, o primogenito, e o segundo Abinadab, e o terceiro Samma.

14 E David era o menor; e os tres maiores seguiram a Saul.

15 David porém foi-se e voltou de Saul, para apascentar [10] as ovelhas de seu pae em Beth-lehem.

16 Chegava-se pois o philisteo pela manhã e á tarde; e apresentou-se por quarenta dias.

[283]

17 E disse Jessé a David, seu filho: Toma, peço-te, para teus irmãos um epha d’este grão tostado e estes dez pães, e corre a leval-os ao arraial, a teus irmãos.

18 Porém estes dez queijos de leite leva ao chefe de mil; [11] e visitarás a teus irmãos, a ver se lhes vae bem; e tomarás o seu penhor.

19 E estavam Saul, e elles, e todos os homens d’Israel no valle do carvalho, pelejando com os philisteos.

20 David então de madrugada se levantou pela manhã, e deixou as ovelhas a um guarda, e carregou-se, e partiu, como Jessé lhe ordenara: e chegou ao logar dos carros, quando já o arraial sahia em ordem de batalha, e a gritos chamavam á peleja.

21 E os israelitas e philisteos se pozeram em ordem, fileira contra fileira.

22 E David deixou a carga que trouxera na mão do guarda da bagagem, e correu á batalha; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.

O gigante Goliath insulta os israelitas.

23 E, estando elle ainda fallando com elles, eis que vinha subindo do exercito dos philisteos o homem guerreiro, cujo nome era Goliath, o philisteo de Gath e fallou conforme áquellas palavras, [12] e David as ouviu.

24 Porém todos os homens em Israel, vendo aquelle homem, fugiam de diante d’elle e temiam grandemente.

25 E diziam os homens de Israel: Vistes aquelle homem que subiu? pois subiu para affrontar a Israel: ha de ser pois que o homem que o ferir o rei o enriquecerá de grandes riquezas, e lhe dará [13] a sua filha, e fará franca a casa de seu pae em Israel.

26 Então fallou David aos homens que estavam com elle, dizendo: Que farão áquelle homem que ferir a este philisteo, e tirar a affronta [14] de sobre Israel? quem é pois este incircumciso philisteo, [15] para affrontar os exercitos do Deus vivo?

27 E o povo lhe tornou a fallar conforme áquella palavra dizendo: [16] Assim farão ao homem que o ferir.

28 E, ouvindo Eliab, seu irmão mais velho, fallar áquelles homens, accendeu-se a ira [17] d’Eliab contra David, e disse: Porque desceste aqui? e a quem deixaste aquellas poucas ovelhas no deserto? bem conheço a tua presumpção, e a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja.

29 Então disse David: Que fiz eu agora? porventura não [18] ha razão para isso?

30 E desviou-se d’elle para outro, e fallou [19] conforme áquella palavra: e o povo lhe tornou a responder conforme ás primeiras palavras.

31 E, ouvidas as palavras que David havia fallado, as annunciaram a Saul, e mandou em busca d’elle.

David dispõe-se a pelejar contra o gigante.

32 E David disse a Saul: Não desfalleça [20] o coração de ninguem por causa d’elle: teu servo irá, e pelejará contra este philisteo.

33 Porém Saul disse a David: Contra este philisteo não poderás [21] ir para pelejar com elle: pois tu ainda és moço, e elle homem de guerra desde a sua mocidade.

34 Então disse David a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pae; e vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha do rebanho;

35 E eu sahi após elle, e o feri, e livrei-a da sua bocca: e, levantando-se elle contra mim, lancei-lhe mão da barba, e o feri, e o matei.

36 Assim feriu o teu servo o leão, como o urso: assim será este incircumciso philisteo como um d’elles; porquanto affrontou os exercitos do Deus vivo.

37 Disse mais David: O Senhor me livrou [22] da mão do leão, e da do urso; elle me livrará da mão d’este philisteo. Então disse Saul a David: Vae-te embora, e o Senhor [23] seja comtigo.

38 E Saul vestiu a David dos seus vestidos, e poz-lhe sobre a cabeça um capacete de bronze: e o vestiu de uma couraça.

39 E David cingiu a espada sobre os seus vestidos, e começou a andar; porém nunca o havia experimentado: então disse David a Saul: Não posso andar com isto, pois nunca o experimentei. E David tirou aquillo de sobre si.

40 E tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do ribeiro, e pôl-os no alforge de pastor, que trazia, a saber, no surrão, e lançou mão da sua funda: e foi-se chegando ao philisteo.

41 O philisteo tambem veiu e se vinha chegando a David: e o que lhe levava o escudo ia diante d’elle.

42 E, olhando o philisteo, e vendo a David, [24] o desprezou, porquanto era mancebo, ruivo, e de gentil aspecto.

[284]

43 Disse pois o philisteo a David: Sou eu algum cão, [25] para tu vires a mim com paus? E o philisteo amaldiçoou a David pelos seus deuses.

44 Disse mais o philisteo a David: Vem a mim, [26] e darei a tua carne ás aves do céu e ás bestas do campo.

45 David porém disse ao philisteo: Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos exercitos, o Deus dos exercitos [27] de Israel, a quem tens affrontado.

46 Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha mão, e ferir-te-hei, e te tirarei a cabeça, e os corpos do arraial dos [28] philisteos darei hoje mesmo ás aves do céu e ás bestas da terra: e toda a terra saberá que ha Deus em Israel:

47 E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, [29] não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e elle vos entregará na nossa mão.

David encontra-se com o gigante e mata-o.

48 E succedeu que, levantando-se o philisteo, e indo encontrar-se com David, apressou-se David, e correu ao combate, a encontrar-se com o philisteo.

49 E David metteu a mão no alforge, e tomou d’ali uma pedra e com a funda lh’a atirou, e feriu o philisteo na testa, e a pedra se lhe encravou na testa, e caiu sobre o seu rosto em terra.

50 Assim David [30] prevaleceu contra o philisteo, com uma funda e com uma pedra, e feriu o philisteo, e o matou sem que David tivesse uma espada na mão.

51 Pelo que correu David, e poz-se em pé sobre o philisteo, e tomou a sua espada, e tirou-a da bainha, e o matou, e lhe cortou com ella a cabeça: vendo então os philisteos, que o seu [JP] campeão era morto, [31] fugiram.

52 Então os homens de Israel e Judah se levantaram, e jubilaram, e seguiram os philisteos, até chegar ao valle, e até ás portas d’Ekron: e cairam os feridos dos philisteos pelo caminho de Saaraim [32] até Gath e até Ekron.

53 Então voltaram os filhos de Israel de perseguirem os philisteos, e despojaram os seus arraiaes.

54 E David tomou a cabeça do philisteo, e a trouxe a Jerusalem: porém poz as armas d’elle na sua tenda.

55 Vendo porém Saul sair David a encontrar-se com o philisteo, disse a Abner, o chefe do exercito: [33] De quem é filho este mancebo, Abner? E disse Abner: Vive a tua alma, ó rei, que o não sei.

56 Disse então o rei: Pergunta, pois, de quem é filho este mancebo.

57 Voltando pois David de ferir o philisteo, Abner o tomou comsigo, e o trouxe á presença de Saul, trazendo elle na mão a cabeça [34] do philisteo.

58 E disse-lhe Saul: De quem és filho, mancebo? E disse David: [35] Filho de teu servo Jessé, beth-lehemita.

[1] cap. 13.5.

[2] Jos. 15.35. II Chr. 28.18.

[3] II Sam. 21.19. Jos. 11.22.

[4] II Sam. 21.19.

[5] cap. 8.17.

[6] cap. 11.1.

[7] ver. 26. II Sam. 21.21.

[8] ver. 58. Ruth 4.22. cap. 16.1. Gen. 35.19.

[9] cap. 16.6, 8, 9. I Chr. 2.13.

[10] cap. 16.19.

[11] Gen. 37.14.

[12] ver. 8.

[13] Jos. 15.16.

[14] cap. 11.2.

[15] cap. 14.6. ver. 10. Deu. 5.26.

[16] ver. 25.

[17] Gen. 37.4, 8, 11. Mat. 10.36.

[18] ver. 17.

[19] ver. 26, 27.

[20] Deu. 20.1, 3. cap. 16.18.

[21] Num. 13.31. Deu. 9.2.

[22] II Cor. 1.10. II Tim. 4.17, 18.

[23] cap. 20.13. I Chr. 22.11, 16.

[24] I Cor. 1.27, 28. cap. 16.12.

[25] cap. 24.14. II Sam. 3.8 e 9.8 e 16.9. II Reis 8.13.

[26] I Reis 20.10, 11.

[27] II Sam. 22.33, 35. Psa. 124.8 e 125.1. II Cor. 10.4. Heb. 11.33, 34.

[28] Deu. 28.26. Jos. 4.24. II Reis 19.19. Isa. 52.10.

[29] Psa. 44.6, 7. Ose. 1.7. Zac. 4.6. II Chr. 20.15.

[30] cap. 21.9. Jui. 3.31 e 15.15. II Sam. 23.21.

[31] Heb. 11.34.

[32] Jos. 15.36.

[33] cap. 16.21, 22.

[34] ver. 54.

[35] ver. 12.

Amizade de Jonathan para com David.

18 E succedeu que, acabando elle de fallar com Saul, [1] a alma de Jonathan se ligou com a alma de David: e Jonathan o amou, como á sua propria alma.

2 E Saul n’aquelle dia o tomou, [2] e não lhe permittiu que tornasse para casa de seu pae.

3 E Jonathan e David fizeram alliança: porque Jonathan o amava como á sua propria alma.

4 E Jonathan se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a David, como tambem os seus vestidos, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.

5 E sahia David aonde quer que Saul o enviava, e conduzia-se com prudencia, e Saul o poz sobre a gente de guerra: e era acceito aos olhos de todo o povo, e até aos olhos dos servos de Saul.

6 Succedeu porém que, vindo elles, quando David voltava de ferir os philisteos, [3] as mulheres de todas as cidades de Israel sairam ao encontro do rei Saul, cantando, e em danças, com adufes, com alegria, e com instrumentos de musica.

O cantico das mulheres indigna a Saul.

7 E as mulheres tangendo, se respondiam umas ás outras, [4] e diziam: Saul feriu os seus milhares, porém David os seus dez milhares.

8 Então Saul se indignou muito, e aquella palavra pareceu [5] mal aos seus olhos, e disse: Dez milhares deram a David, e a mim sómente milhares; na[285] verdade, que lhe falta, senão [6] só o reino?

9 E, desde aquelle dia em diante, Saul tinha David em suspeita.

10 E aconteceu ao outro dia, que o mau espirito [7] da parte de Deus se apoderou de Saul, e prophetizava no meio da casa: e David tangia com a sua mão, como de dia em dia: [8] Saul porém tinha na mão uma lança.

11 E Saul atirou [9] com a lança, dizendo: Encravarei a David na parede. Porém David se desviou d’elle por duas vezes.

12 E temia [10] Saul a David, porque o Senhor era com elle e se tinha retirado de Saul.

13 Pelo que Saul o desviou de si, e o poz por chefe de mil: e sahia e [11] entrava diante do povo.

14 E David se conduzia com prudencia em todos os seus caminhos, e o Senhor era [12] com elle.

15 Vendo então Saul que tão prudentemente se conduzia, tinha receio d’elle.

16 Porém todo o Israel e Judah amava [13] a David, porquanto sahia e entrava diante d’elles.

Saul intenta matar David pela astucia.

17 Pelo que Saul disse a David: Eis que Merab, [14] minha filha mais velha, te darei por mulher; sê-me somente filho valoroso, e guerreia as guerras do Senhor (porque Saul dizia comsigo: Não seja contra elle a minha mão, mas sim a dos philisteos).

18 Mas David disse a Saul: Quem sou eu, [15] e qual é a minha vida e a familia de meu pae em Israel, para vir a ser genro do rei?

19 Succedeu, porém, que ao tempo que Merab, filha de Saul, devia ser dada a David, ella foi dada [16] por mulher a Adriel, meholathita.

Michal, a filha de Saul, ama a David e casa com elle.

20 Mas Michal, [17] a outra filha de Saul amava a David: o que, sendo annunciado a Saul, pareceu isto bom aos seus olhos.

21 E Saul disse: Eu lh’a darei, para que lhe sirva [18] de laço, e para que a mão dos philisteos venha a ser contra elle. Pelo que Saul disse a David: Com a outra serás hoje meu genro.

22 E Saul deu ordem aos seus servos: Fallae em segredo a David, dizendo: Eis que o rei te está mui affeiçoado, e todos os seus servos te amam; agora, pois, consente em ser genro do rei.

23 E os servos de Saul fallaram todas estas palavras aos ouvidos de David. Então disse David: Parece-vos pouco aos vossos olhos ser genro do rei, sendo eu homem pobre e desprezivel?

24 E os servos de Saul lhe annunciaram isto, dizendo: Foram taes as palavras que fallou David.

25 Então disse Saul: Assim direis a David: O rei não tem necessidade de dote, senão de cem [19] prepucios de philisteos, para se tomar vingança dos inimigos do rei. Porquanto Saul tentava fazer cair a David pela mão dos philisteos.

26 E annunciaram os seus servos estas palavras a David, e este negocio pareceu bem aos olhos de David, de que fosse genro do rei: porém ainda os dias se não haviam cumprido.

27 Então David se levantou, e partiu elle com os seus homens, [20] e feriram d’entre os philisteos duzentos homens, e David trouxe os seus prepucios, [21] e os entregaram todos ao rei, para que fosse genro do rei: então Saul lhe deu por mulher a sua filha.

28 E viu Saul, e notou que o Senhor era com David: e Michal, filha de Saul, o amava.

29 Então Saul temeu muito mais a David: e Saul foi todos os seus dias inimigo de David.

30 E, saindo [22] os principes dos philisteos, succedeu que, saindo elles, David se conduziu mais prudentemente do que todos os servos de Saul: portanto o seu nome era mui estimado.

[1] Gen. 44.30. cap. 19.2 e 20.17. II Sam. 1.26. Deu. 13.6.

[2] cap. 17.15.

[3] Exo. 15.20. Jui. 11.34.

[4] Exo. 15.21. cap. 21.11 e 29.5.

[5] Ecc. 4.4.

[6] cap. 15.28.

[7] cap. 16.14 e 19.24. I Reis 18.29. Act. 16.16.

[8] cap. 19.9.

[9] cap. 19.20 e 20.33. Pro. 27.4.

[10] ver. 15, 29. cap. 16.13, 18 e 16.14 e 28.15.

[11] ver. 16. Num. 27.17. II Sam. 5.2.

[12] Gen. 39.2, 3, 23. Jos. 6.27.

[13] ver. 5.

[14] cap. 17.25. Num. 32.20, 27, 29. cap. 25.28. ver. 21, 25. II Sam. 12.9.

[15] ver. 23. cap. 9.21. II Sam. 7.18.

[16] II Sam. 21.8. Jui. 7.22.

[17] ver. 28.

[18] Exo. 10.7. ver. 17.

[19] Gen. 34.12. Exo. 14.24. cap. 22.17. ver. 17.

[20] ver. 13.

[21] II Sam. 3.14.

[22] II Sam. 11.1. ver. 5.

Jonathan aplaca o ciume que seu pae tem de David.

Antes de Christo 1062

19 E fallou Saul a Jonathan, seu filho, e a todos os seus servos, para que matassem a David. Porém Jonathan, filho de Saul, estava [1] mui affeiçoado a David.

2 E Jonathan o annunciou a David, dizendo: Meu pae, Saul, procura matar-te, pelo que agora guarda-te pela manhã, e fica-te em occulto, e esconde-te.

[286]

3 E sairei eu, e estarei á mão de meu pae no campo em que estiveres, e eu fallarei de ti a meu pae, e verei o que houver, e t’o annunciarei.

4 Então Jonathan fallou [2] bem de David a Saul, seu pae, e disse-lhe: Não peque o rei contra seu servo David, porque elle não peccou contra ti, e porque os seus feitos te são mui bons.

5 Porque poz a [3] sua alma na mão, e feriu aos philisteos, e fez o Senhor um grande livramento a todo o Israel; tu mesmo o viste, e te alegraste: porque, pois, peccarias [4] contra o sangue innocente, matando a David sem causa?

6 E Saul deu ouvidos á voz de Jonathan, e jurou Saul: Vive o Senhor, que não morrerá.

7 E Jonathan chamou a David, e contou-lhe todas estas palavras: e Jonathan levou David a Saul, e esteve perante elle [5] como d’antes.

8 E tornou a haver guerra: e saiu David, e pelejou contra os philisteos, e feriu-os de grande ferida, e fugiram diante d’elle.

9 Porém o espirito mau [6] da parte do Senhor se tornou sobre Saul, estando elle assentado em sua casa, e tendo na mão a sua lança, e tangendo David com a mão o instrumento de musica.

10 E procurava Saul encravar a David com a parede, porém elle se desviou de diante de Saul, o qual feriu com a lança na parede: então fugiu David, e escapou n’aquella mesma noite.

11 Porém Saul mandou mensageiros á casa de David, que o guardassem, e o matassem pela manhã: do que Michal, sua mulher, avisou a David, dizendo: Se não salvares a tua vida esta noite, ámanhã te matarão.

Michal engana a seu pae e salva a David.

12 Então Michal desceu [7] a David por uma janella: e elle se foi, e fugiu, e escapou.

13 E Michal tomou [JQ] uma estatua e a deitou na cama, e poz-lhe á cabeceira uma pelle de cabra, e a cobriu com uma coberta.

14 E, mandando Saul mensageiros que trouxessem a David, ella disse: Está doente.

15 Então Saul mandou mensageiros que viessem a David, dizendo: Trazei-m’o na cama, para que o mate.

16 Vindo pois os mensageiros, eis aqui a estatua na cama, e a pelle de cabra á sua cabeceira.

17 Então disse Saul a Michal: Porque assim me enganaste, e deixaste ir e escapar o meu inimigo? E disse Michal a Saul: Porque elle me disse: Deixa-me ir, porque [8] hei de eu matar-te?

18 Assim David fugiu e escapou, e veiu a Samuel, a Rama, e lhe participou tudo quanto Saul lhe fizera: e foram, elle e Samuel, e ficaram em Naioth.

19 E o annunciaram a Saul, dizendo: Eis que David está em Naioth, em Rama.

20 Então enviou Saul mensageiros para [9] trazerem a David, os quaes viram uma congregação de prophetas prophetizando, onde estava Samuel que presidia sobre elles: e o espirito de Deus veiu sobre os mensageiros de Saul, e tambem [10] elles prophetizaram.

21 E, avisado d’isto Saul, enviou outros mensageiros, e tambem estes prophetizaram: então enviou Saul ainda uns terceiros mensageiros, os quaes tambem prophetizaram.

22 Então foi tambem elle mesmo a Rama, e chegou ao poço grande que estava em Secu; e, perguntando, disse: Onde estão Samuel e David? E disseram-lhe: Eis que estão em Naioth, em Rama.

23 Então foi-se lá para Naioth, em Rama: e o mesmo espirito de Deus veiu [11] sobre elle, e ia prophetizando, até chegar a Naioth, em Rama.

24 E elle tambem despiu [12] os seus vestidos, e elle tambem prophetizou diante de Samuel, e esteve nú por terra todo aquelle dia e toda aquella noite; pelo que se diz: Está tambem Saul entre os prophetas?

[1] cap. 18.1.

[2] Pro. 31.8, 9. Gen. 42.22. Psa. 35.12 e 109.5. Pro. 17.13. Jer. 18.20.

[3] Jui. 9.17 e 12.3. cap. 28.21. cap. 17.49, 50. I Sam. 11.13. I Chr. 11.14.

[4] cap. 20.32. Mat. 27.4.

[5] cap. 16.21 e 18.2, 13.

[6] cap. 16.14 e 18.10, 11.

[7] Jos. 2.15. Act. 9.24.

[8] II Sam. 2.22.

[9] João 7.32, 45, etc. cap. 10.5. I Cor. 14.3, 24, 25.

[10] Num. 11.25. Joel 2.28.

[11] cap. 10.10.

[12] Isa. 20.2. Miq. 1.8. II Sam. 6.14, 20. cap. 10.11.

A entrevista de David com Jonathan.

20 Então fugiu David de Naioth, em Rama: e veiu, e disse perante Jonathan: Que fiz eu? qual é o meu crime? e qual é o meu peccado diante de teu pae, que procura tirar-me a vida?

2 E elle lhe disse: Tal não haja: não morrerás; eis que meu pae não faz coisa nenhuma grande, nem pequena, sem primeiro me dar parte; porque pois meu pae me encobriria este negocio? não ha tal.

3 Então David tornou a jurar, e disse:[287] Mui bem sabe teu pae que achei graça em teus olhos; pelo que disse: Não saiba isto Jonathan, para que se não magõe, e, na verdade, vive o Senhor, e vive a tua alma, que apenas ha um passo entre mim e a morte.

4 E disse Jonathan a David: O que disser a tua alma, eu te farei.

5 Disse David a Jonathan: Eis que ámanhã é a [1] lua nova, em que costumo assentar-me com o rei para comer: deixa-me tu ir, porém, e esconder-me-hei no campo, até á terceira tarde.

6 Se teu pae notar a minha ausencia, dirás: David me pediu muito que o deixasse ir correndo a Beth-lehem, [2] sua cidade; porquanto se faz lá o sacrificio annual para toda a linhagem.

7 Se disser assim, [3] Está bem; então teu servo tem paz: porém se muito se indignar, sabe que já está inteiramente determinado no mal.

8 Usa pois de misericordia [4] com o teu servo, porque fizeste a teu servo entrar comtigo em alliança do Senhor: se porém ha em mim crime, mata-me tu mesmo: [5] porque me levarias a teu pae?

9 Então disse Jonathan: Longe de ti tal coisa: porém se d’alguma maneira soubesse que já este mal está inteiramente determinado por meu pae, para que viesse sobre ti, não t’o descobriria eu?

10 E disse David a Jonathan: Quem tal me fará saber, se por acaso teu pae te responder asperamente?

Jonathan faz um pacto com David.

11 Então disse Jonathan a David: Vem e saiamos ao campo. E sairam ambos ao campo.

12 E disse Jonathan a David: Ó Senhor Deus de Israel, se, sondando eu a meu pae ámanhã a estas horas, ou depois d’ámanhã, e eis que houver coisa favoravel para David: e eu então não enviar a ti, e não t’o fizer saber;

13 O Senhor [6] faça assim com Jonathan outro tanto; que se aprouver a meu pae fazer-te mal, tambem t’o farei saber, e te deixarei partir, e irás em paz: e o Senhor seja comtigo, [7] assim como foi com meu pae.

14 E, se eu então ainda viver, porventura não usarás comigo da beneficencia do Senhor, para que não morra?

15 Nem tão pouco cortarás [8] da minha casa a tua beneficencia eternamente: nem ainda quando o Senhor desarraigar da terra a cada um dos inimigos de David.

16 Assim fez Jonathan alliança com a casa de David, dizendo: O Senhor o [9] requeira da mão dos inimigos de David.

17 E Jonathan fez jurar a David de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor [10] da sua alma.

18 E disse-lhe Jonathan: [11] Ámanhã é a lua nova, e não te acharão no teu logar, pois o teu assento se achará vazio.

19 E, ausentando-te tu tres dias, desce apressadamente, e vae áquelle logar [12] onde te escondeste no dia do negocio: e fica-te junto á pedra de Ezel.

20 E eu atirarei tres frechas para aquella banda, como se atirara ao alvo.

21 E eis que mandarei o moço dizendo: Anda, busca as frechas: se eu expressamente disser ao moço: Olha que as frechas estão para cá de ti; toma-o comtigo, e vem; porque ha paz para ti, e não ha nada, vive o Senhor.

22 Porém se disser ao moço assim: Olha que as frechas estão para lá de ti; vae-te embora; porque o Senhor te deixa ir.

23 E quanto ao negocio [13] de que eu e tu fallámos, eis que o Senhor está entre mim e ti eternamente.

24 Escondeu-se pois David no campo: e, sendo a lua nova, assentou-se o rei para comer pão.

25 E, assentando-se o rei no seu assento, como as outras vezes, no logar junto á parede, Jonathan se levantou, e assentou-se Abner ao lado de Saul: e o logar de David appareceu vasio.

26 Porém n’aquelle dia não disse Saul nada, porque dizia: Aconteceu-lhe alguma coisa, pela qual não está limpo; certamente [14] não está limpo.

27 Succedeu tambem ao outro dia, o segundo da lua nova, que o logar de David appareceu vasio: disse pois Saul a Jonathan, seu filho: Porque não veiu o filho de Jessé nem hontem nem hoje a comer pão?

28 E respondeu [15] Jonathan a Saul: David me pediu encarecidamente que o deixasse ir a Beth-lehem,

29 Dizendo: Peço-te que me deixes ir, porquanto a nossa linhagem tem um sacrificio na cidade, e meu irmão mesmo me mandou ir: se pois agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que me deixes partir, para que veja a meus irmãos: por isso não veiu á mesa do rei.

[288]

30 Então se accendeu a ira de Saul contra Jonathan, e disse-lhe: Filho da perversa em rebeldia; não sei eu que tens elegido o filho de Jessé, para vergonha tua e para vergonha da nudez de tua mãe?

31 Porque todos os dias que o filho de Jessé viver sobre a terra nem tu serás firme, nem o teu reino: pelo que envia, e traze-m’o n’esta hora; porque é digno de morte.

32 Então respondeu Jonathan a Saul, seu pae, e lhe disse: Porque [16] ha de elle morrer? que tem feito?

33 Então Saul atirou-lhe com a lança, [17] para o ferir: assim entendeu Jonathan que já seu pae tinha determinado matar a David.

34 Pelo que Jonathan, todo encolerisado, se levantou da mesa: e no segundo dia da lua nova não comeu pão; porque se magoava por causa de David, porque seu pae o tinha maltratado.

35 E aconteceu, pela manhã, que Jonathan saiu ao campo, ao tempo que tinha ajustado com David, e um moço pequeno com elle.

36 Então disse ao seu moço: Corre a buscar as frechas que eu atirar. Correu pois o moço, e elle atirou uma frecha, que fez passar além d’elle.

37 E, chegando o moço ao logar da frecha que Jonathan tinha atirado, gritou Jonathan atraz do moço, e disse: Não está porventura a frecha mais para lá de ti?

38 E tornou Jonathan a gritar atraz do moço: Apressa-te, avia-te, não te demores. E o moço de Jonathan apanhou as frechas, e veiu a seu senhor.

39 E o moço não entendeu coisa alguma: só Jonathan e David sabiam d’este negocio.

40 Então Jonathan deu as suas armas ao moço que trazia, e disse-lhe: Anda, e leva-as á cidade.

41 E, indo-se o moço, levantou-se David da banda do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se tres vezes: e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos até que David chorou muito mais.

42 E disse Jonathan a David: Vae-te [18] em paz: o que nós temos jurado ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha semente e a tua semente, seja perpetuamente.

43 Então se levantou David, e se foi; e Jonathan entrou na cidade.

[1] Num. 10.10 e 28.11. cap. 19.2.

[2] cap. 16.4.

[3] Deu. 1.23. II Sam. 17.4.

[4] Jos. 2.14. ver. 16. cap. 18.3 e 23.18.

[5] II Sam. 14.32.

[6] Ruth 1.17.

[7] Jos. 1.5. cap. 17.37. I Chr. 22.11, 16.

[8] II Sam. 9.1, 3, 7 e 21.7.

[9] cap. 25.22 e 31.2. II Sam. 4.7 e 21.8.

[10] cap. 18.1.

[11] ver. 5.

[12] cap. 19.2.

[13] ver. 14, 15, 42.

[14] Lev. 7.21 e 15.5, etc.

[15] ver. 6.

[16] cap. 19.5. Mat. 27.23. Luc. 23.22.

[17] cap. 18.11. ver. 7.

[18] cap. 1.17.

David vae ter com o sacerdote Achimelech.

21 Então veiu David a Nob, ao sacerdote [1] Achimelech; e Achimelech, tremendo, saiu ao encontro de David, e disse-lhe: Porque vens só, e ninguem comtigo?

2 E disse David ao sacerdote Achimelech: O rei me encommendou um negocio, e me disse: Ninguem saiba d’este negocio, pelo qual eu te enviei, e o qual te ordenei; quanto aos mancebos, apontei-lhes tal e tal logar.

3 Agora, pois, que tens á mão? dá-me cinco pães na minha mão, ou o que se achar.

4 E, respondendo o sacerdote a David, disse: Não tenho pão commum á mão; ha porém pão sagrado, [2] se ao menos os mancebos se abstiveram das mulheres.

5 E respondeu David ao sacerdote, e lhe disse: Sim, em boa fé, as mulheres se nos vedaram desde hontem: e ante hontem, quando eu sahi, os vasos [3] dos mancebos tambem eram sanctos: e em alguma maneira é pão commum, quanto mais que hoje se sanctificará outro nos vasos.

6 Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado, [4] porquanto não havia ali outro pão senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do Senhor para se pôr ali pão quente no dia em que aquelle se tirasse.

7 Estava, porém, ali n’aquelle dia um dos creados de Saul, detido perante o Senhor, e era seu nome Doeg, idumeo, [5] o mais poderoso dos pastores de Saul.

8 E disse David a Achimelech: Não tens aqui á mão lança ou espada alguma? porque não trouxe á mão nem a minha espada nem as minhas armas, porque o negocio do rei era apressado.

9 E disse o sacerdote: A espada de Goliath, o philisteo, a quem tu feriste no [6] valle do carvalho, eis que aquella aqui está envolta n’um panno detraz do ephod: se tu a queres tomar, toma-a, porque nenhuma outra ha aqui, senão aquella. E disse David: Não ha outra similhante; dá-m’a.

David foge para Achis rei de Gath.

10 E David levantou-se, e fugiu aquelle dia de diante de Saul, e veiu a Achis, rei de Gath.

11 Porém os creados de Achis lhe disseram: Não é este David, o rei da terra? não se cantava d’este nas danças,[289] dizendo: [7] Saul feriu os seus milhares, porém David os seus dez milhares?

12 E David considerou [8] estas palavras no seu animo, e temeu muito diante d’Achis, rei de Gath.

13 Pelo que se contrafez diante dos olhos d’elles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas do portal, e deixava correr a saliva pela barba.

14 Então disse Achis aos seus creados: Eis que bem vêdes que este homem está louco; porque m’o trouxestes a mim?

15 Faltam-me a mim doidos, para que trouxesseis a este que fizesse doidices diante de mim? ha de este entrar na minha casa?

[1] cap. 14.3 e 16.4.

[2] Exo. 25.30. Lev. 24.5. Mat. 12.4.

[3] I The. 4.4.

[4] Lev. 8.26. Mat. 12.3. Mar. 2.25. Luc. 6.3. Lev. 24.8.

[5] cap. 22.9.

[6] cap. 17.2, 50 e 31.10.

[7] cap. 18.7 e 29.5.

[8] Luc. 2.19.

David esconde-se na caverna de Adullam.

22 Então David se retirou d’ali, e escapou para a caverna de Adullam: e [1] ouviram-n’o seus irmãos e toda a casa de seu pae, e desceram ali para elle.

2 E ajuntou-se a elle todo [2] o homem que se achava em aperto, e todo o homem endividado, e todo o homem de espirito desgostoso, e elle se fez chefe d’elles: e eram com elle uns quatrocentos homens.

3 E foi-se David d’ali a Mispeh dos moabitas, e disse ao rei dos moabitas: Deixa estar meu pae e minha mãe comvosco, até que saiba o que Deus ha de fazer de mim.

4 E trouxe-os perante o rei dos moabitas, e ficaram com elle todos os dias que David esteve no logar forte.

5 Porém o propheta [3] Gad disse a David: Não fiques n’aquelle logar forte; vae, e entra na terra de Judah. Então David se foi, e veiu para o bosque de Chereth.

Saul mata todos os sacerdotes de Nob.

6 E ouviu Saul que já se sabia de David e dos homens que estavam com elle: e estava Saul em Gibeah, debaixo d’um arvoredo, em Rama, e tinha na mão a sua lança, e todos os seus creados estavam com elle.

7 Então disse Saul a todos os seus creados que estavam com elle: Ouvi, peço-vos, filhos de Benjamin, [4] dar-vos-ha tambem o filho de Jessé, a todos vós, terras e vinhas, e far-vos-ha a todos chefes de milhares e chefes de centenas?

8 Para que todos vos tenhaes conspirado contra mim, e ninguem ha que me dê aviso de que meu filho tem feito alliança [5] com o filho de Jessé, e nenhum d’entre vós ha que se dôa de mim, e m’o participe, pois meu filho tem contra mim sublevado a meu servo, para me armar ciladas, como se vê n’este dia.

9 Então [6] respondeu Doeg, o idumeo, que tambem estava com os creados de Saul, e disse: Ao filho de Jessé vi vir a Nob, a Achimelech, [7] filho de Ahitub,

10 O qual consultou [8] por elle ao Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe deu tambem a espada de Goliath, o philisteo.

11 Então o rei mandou chamar a Achimelech, sacerdote, filho de Ahitub, e a toda a casa de seu pae, os sacerdotes que estavam em Nob; e todos elles vieram ao rei.

12 E disse Saul: Ouve, peço-te, filho d’Ahitub. E elle disse: Eis-me aqui, senhor meu.

13 Então lhe disse Saul: Porque conspirastes contra mim, tu e o filho de Jessé? pois deste-lhe pão e espada, e consultaste por elle a Deus, para que se levantasse contra mim a armar-me ciladas, como se vê n’este dia?

14 E respondeu Achimelech ao rei, e disse: E quem, entre todos os teus creados, ha tão fiel como David, o genro do rei, prompto na sua obediencia, e honrado na tua casa?

15 Comecei, porventura, hoje a consultar por elle a Deus? longe de mim tal! não impute o rei coisa nenhuma a seu servo, nem a toda a casa de meu pae, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem pouco.

16 Porém o rei disse: Achimelech, morrerás certamente, tu e toda a casa de teu pae.

17 E disse o rei aos da sua guarda que estavam com elle: Virae-vos, e matae os sacerdotes do Senhor, porque tambem a sua mão é com David, e porque souberam que fugiu e não m’o fizeram saber. Porém os creados do rei não quizeram estender [9] as suas mãos para arremetter contra os sacerdotes do Senhor.

18 Então disse o rei a Doeg: Vira-te tu, e arremette contra os sacerdotes. Então se virou Doeg, o idumeo, e arremetteu contra os sacerdotes, e matou n’aquelle dia oitenta e cinco homens [10] que vestiam ephod de linho.

19 Tambem a Nob, [11] cidade d’estes sacerdotes, passou a fio de espada, desde o homem até á mulher, desde os meninos até aos de mama, e até os bois,[290] jumentos e ovelhas passou a fio de espada.

Abiathar um dos sacerdotes escapa e vem ter com David.

20 Porém escapou [12] um dos filhos de Achimelech, filho de Ahitub, cujo nome era Abiathar, o qual fugiu atraz de David.

21 E Abiathar annunciou a David que Saul tinha matado os sacerdotes do Senhor.

22 Então David disse a Abiathar: Bem sabia eu n’aquelle dia que, estando ali Doeg, o idumeo, não deixaria de o denunciar a Saul: eu dei occasião contra todas as almas da casa de teu pae.

23 Fica comigo, não temas, porque quem procurar [13] a minha morte tambem procurará a tua, pois estarás salvo comigo.

[1] II Sam. 23.13.

[2] Jui. 11.3.

[3] II Sam. 24.11. I Chr. 21.9. II Chr. 29.25.

[4] cap. 8.14.

[5] cap. 18.3 e 20.30.

[6] cap. 21.7. Psa. 52.2. ver. 1, 2, 3.

[7] cap. 21.1 e 14.3.

[8] Num. 27.21.

[9] Exo. 1.17.

[10] cap. 2.31.

[11] ver. 9, 11.

[12] cap. 23.6 e 2.33.

[13] I Reis 2.26.

David livra Keila.

Antes de Christo 1061

23 E foi annunciado a David, dizendo: Eis que os philisteos pelejam contra Keila, [1] e saqueiam as eiras.

2 E consultou [2] David ao Senhor, dizendo: Irei eu, e ferirei a estes philisteos? E disse o Senhor a David: Vae, e ferirás aos philisteos, e livrarás a Keila.

3 Porém os homens de David lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judah, quanto mais indo a Keila contra os esquadrões dos philisteos.

4 Então David tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu, e disse: Levanta-te, desce a Keila, porque te dou os philisteos na tua mão.

5 Então David partiu com os seus homens a Keila, e pelejou contra os philisteos, e levou os gados, e fez grande estrago entre elles: e David livrou os moradores de Keila.

6 E succedeu que, quando Abiathar, filho de Achimelech, fugiu [3] para David, a Keila, desceu com o ephod na mão.

7 E foi annunciado a Saul que David era vindo a Keila, e disse Saul: Deus o entregou nas minhas mãos, pois está encerrado, entrando n’uma cidade de portas e ferrolhos.

8 Então Saul mandou chamar a todo o povo á peleja, para que descessem a Keila, para cercar a David e os seus homens.

9 Sabendo pois David, que Saul maquinava este mal contra elle, disse a Abiathar, sacerdote: [4] Traze aqui o ephod.

10 E disse David: Ó Senhor, Deus de Israel, teu servo decerto tem ouvido que Saul procura vir a Keila, para destruir a [5] cidade por causa de mim.

11 Entregar-me-hão os cidadãos de Keila na sua mão? descerá Saul, como o teu servo tem ouvido? ah Senhor Deus d’Israel! fal-o saber ao teu servo. E disse o Senhor: Descerá.

12 Disse mais David: Entregar-me-hiam os cidadãos de Keila, a mim e aos meus homens, nas mãos de Saul? E disse o Senhor: Entregariam.

13 Então se levantou David com os seus homens, [6] uns seiscentos, e sairam de Keila, e foram-se aonde poderam: e sendo annunciado a Saul, que David escapara de Keila, cessou de sair contra elle.

Saul persegue David no deserto de Ziph.

14 E David permaneceu no deserto, nos logares fortes, e ficou em um monte [7] no deserto de Ziph: e Saul o buscava todos os dias, [8] porém Deus não o entregou na sua mão.

15 Vendo pois David, que Saul sairá á busca da sua vida, David esteve no deserto de Ziph, n’um bosque.

16 Então se levantou Jonathan, filho de Saul, e foi para David ao bosque, e confortou a sua mão em Deus;

17 E disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pae, porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei comtigo o segundo: o que tambem Saul [9] meu pae, bem sabe.

18 E ambos fizeram [10] alliança perante o Senhor: David ficou no bosque, e Jonathan voltou para a sua casa.

19 Então [11] subiram os zipheos a Saul, a Gibeah, dizendo: Não se escondeu David entre nós, nos logares fortes no bosque, no outeiro de Hachila, que está á mão direita de Jesimon?

20 Agora pois, ó rei, apressadamente desce conforme a todo o desejo da tua alma; por nós fica [12] entregar-mol-o nas mãos do rei.

21 Então disse Saul: Bemditos sejaes vós do Senhor, porque vos compadecestes de mim.

22 Ide pois, e diligenciae ainda mais, e sabei e notae o logar que frequenta, e quem o tenha visto ali; porque me foi dito que é astutissimo.

23 Pelo que attentae bem, e informae-vos ácerca de todos os esconderijos, em[291] que elle se esconde; e então voltae para mim com toda a certeza, e ir-me-hei comvosco; e ha de ser que, se estiver n’aquella terra, o buscarei entre todos os milhares de Judah.

24 Então se levantaram elles, e se foram a Ziph, diante de Saul: David porém e os seus homens estavam no deserto de Maon, [13] na campanha, á direita de Jesimon.

25 E Saul e os seus homens se foram em busca d’elle; o que annunciaram a David, e desceu para aquella penha, e ficou no deserto de Maon: o que ouvindo Saul, seguiu a David para o deserto de Maon.

26 E Saul ia d’esta banda do monte, e David e os seus homens da outra banda do monte: e succedeu que David se apressou [14] a escapar de Saul; Saul porém e os seus homens cercaram a David e aos seus homens, para lançar mão d’elles.

27 Então veiu [15] um mensageiro a Saul, dizendo: Apressa-te, e vem, porque os philisteos com impeto entraram na terra.

28 Pelo que Saul voltou de perseguir a David, e foi-se ao encontro dos philisteos: por esta razão aquelle logar se chamou [JR] Sela-hammahlecoth.

29 E subiu David d’ali, e ficou nos logares fortes de Engedi.

[1] Jos. 15.44.

[2] ver. 4, 6, 9. cap. 30.8. II Sam. 5.19, 23.

[3] cap. 22.20.

[4] Num. 27.21. cap. 30.7.

[5] cap. 22.19.

[6] cap. 22.2 e 25.13.

[7] Psa. 11.2. Jos. 15.55.

[8] Psa. 54.3, 4.

[9] cap. 24.20.

[10] cap. 18.3 e 20.16, 42. II Sam. 21.7.

[11] cap. 26.1.

[12] Psa. 54.3.

[13] Jos. 15.55. cap. 25.2.

[14] Psa. 31.22 e 17.9.

[15] II Reis 19.9.

David corta a orla do manto de Saul.

24 E succedeu que, voltando Saul de perseguir os philisteos, lhe annunciaram, dizendo: Eis que David está no deserto [1] de Engedi.

2 Então tomou Saul [2] tres mil homens, escolhidos d’entre todo o Israel, e foi á busca [3] de David e dos seus homens, até sobre os cumes das penhas das cabras montezes.

3 E chegou a uns curraes de ovelhas no caminho, onde estava uma caverna; e entrou n’ella Saul, [4] a cobrir seus pés: e David e os seus homens estavam aos lados da caverna.

4 Então os homens de David lhe disseram: [5] Eis aqui o dia, do qual o Senhor te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-has como te parecer bem aos teus olhos. E levantou-se David, e mansamente cortou a orla do manto de Saul.

5 Succedeu, porém, que depois [6] o coração picou a David, por ter cortado a orla do manto de Saul.

6 E disse aos seus homens: O Senhor me guarde [7] de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra elle; pois é o ungido do Senhor.

7 E com estas palavras [8] David conteve os seus homens, e não lhes permittiu que se levantassem contra Saul: e Saul se levantou da caverna, e proseguiu o seu caminho.

8 Depois tambem David se levantou, e saiu da caverna, e gritou por detraz de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Saul para traz, David se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou.

9 E disse David a Saul: Porque [9] dás tu ouvidos ás palavras dos homens que dizem: Eis que David procura o teu mal?

10 Eis que este dia os teus olhos viram, que o Senhor hoje te poz em minhas mãos n’esta caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a minha mão te poupou: porque disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do Senhor.

11 Olha pois, meu pae, vês aqui a orla do teu manto na minha mão; porque, cortando-te eu a orla do manto, te não matei. Adverte, pois, e [10] vê que não ha na minha mão nem mal nem prevaricação nenhuma, e não pequei contra ti; porém tu andas á caça da minha vida, para m’a tirar.

12 Julgue o Senhor [11] entre mim e ti, e vingue-me o Senhor de ti; porém a minha mão não será contra ti.

13 Como diz o proverbio dos antigos: Dos impios procede a impiedade; porém a minha mão não será contra ti.

14 Após quem saiu o rei de Israel? a quem persegues? a um cão [12] morto? a uma pulga?

15 O Senhor porém será [13] juiz, e julgará entre mim e ti, e verá, e advogará a minha causa, e me defenderá da tua mão.

16 E succedeu que, acabando David de fallar a Saul todas estas palavras, disse Saul: É esta a tua voz, [14] meu filho David? Então Saul alçou a sua voz e chorou.

17 E disse a David: [15] Mais justo és do que eu; pois tu me recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal.

[292]

18 E tu mostraste hoje que usaste comigo bem; pois o Senhor me tinha posto em tuas mãos, [16] e tu me não mataste.

19 Porque, quem ha que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom caminho? o Senhor pois te pague com bem, pelo que hoje me fizeste.

20 Agora [17] pois eis que bem sei que certamente has de reinar, e que o reino de Israel ha de ser firme na tua mão.

21 Portanto agora jura-me pelo Senhor [18] que não desarreigarás a minha semente depois de mim, nem desfarás o meu nome da casa de meu pae.

22 Então jurou David a Saul. E foi Saul para a sua casa; porém David e os seus homens subiram ao logar forte.

[1] II Chr. 20.2.

[2] cap. 23.28.

[3] Psa. 38.12.

[4] Psa. 141.6. Jui. 3.24.

[5] cap. 26.8.

[6] II Sam. 24.10.

[7] cap. 26.11.

[8] Psa. 7.4. Mat. 5.44. Rom. 12.17, 19.

[9] Psa. 141.6. Pro. 16.28 e 17.9.

[10] Psa. 7.3 e 35.7. cap. 26.20.

[11] Gen. 16.5. Jui. 11.27. cap. 26.10. Job 5.8.

[12] cap. 17.43. II Sam. 9.8. cap. 26.20.

[13] ver. 12. II Chr. 24.22.

[14] cap. 26.17.

[15] cap. 26.21. Gen. 38.26. Mat. 5.44.

[16] cap. 26.23.

[17] cap. 23.17.

[18] Gen. 21.23. II Sam. 21.6, 8.

A morte de Samuel e a retirada de David para o deserto de Paran.

Antes de Christo 1060

25 E falleceu [1] Samuel, e todo o Israel se ajuntou, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Rama. E David, se levantou e desceu ao deserto de Paran.

2 E havia um homem em [2] Maon, que tinha as suas possessões no Carmelo: e era este homem mui poderoso, e tinha tres mil ovelhas e mil cabras: e estava tosquiando as suas ovelhas no Carmelo.

3 E era o nome d’este homem Nabal, e o nome de sua mulher Abigail; e era a mulher de bom entendimento e formosa, porém o homem era duro, e maligno nas obras, e era da casa de Caleb.

4 E ouviu David no deserto que Nabal tosquiava [3] as suas ovelhas,

5 E enviou David dez mancebos, e disse aos mancebos: Subi ao Carmelo, e, vindo a Nabal, perguntae-lhe, em meu nome, como está.

6 E assim direis áquelle prospero: Paz tenhas, [4] e que a tua casa tenha paz, e tudo o que tens tenha paz!

7 Agora, pois, tenho ouvido que tens tosquiadores: ora os pastores que tens estiveram comnosco; aggravo nenhum lhes fizemos, nem [5] coisa alguma lhes faltou todos os dias que estiveram no Carmelo.

8 Pergunta-o aos teus mancebos, e elles t’o dirão; estes mancebos pois achem graça em teus olhos, [6] porque viemos em bom dia: dá pois a teus servos e a David, teu filho, o que achares á mão.

9 Chegando pois os mancebos de David, e fallando a Nabal todas aquellas palavras em nome de David, se calaram.

Nabal recusa dar viveres aos servos de David.

10 E Nabal respondeu aos creados de David, e disse: [7] Quem é David, e quem o filho de Jessé? muitos servos ha hoje, que cada um foge a seu senhor.

11 Tomaria [8] eu pois o meu pão, e a minha agua, e a carne das minhas rezes que degolei para os meus tosquiadores, e o daria a homens que eu não sei d’onde veem?

12 Então os mancebos de David se tornaram para o seu caminho: e voltaram, e vieram, e lhe annunciaram tudo conforme a todas estas palavras.

13 Pelo que disse David aos seus homens: Cada um cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e cingiu tambem David a sua: e subiram após David uns quatrocentos homens, [9] e duzentos ficaram com a bagagem.

14 Porém um d’entre os mancebos o annunciou a Abigail, mulher de Nabal, dizendo: Eis que David enviou mensageiros desde o deserto a saudar o nosso amo; porém elle se lançou a elles.

15 Todavia, aquelles homens teem-nos sido muito bons, [10] e nunca fomos aggravados d’elles, e nada nos faltou em todos os dias que conversámos com elles quando estavamos no campo.

16 De muro em redor nos [11] serviram, assim de dia como de noite, todos os dias que andámos com elles apascentando as ovelhas.

17 Olha pois, agora, e vê o que has de fazer, porque de todo determinado está [12] o mal contra o nosso amo e contra toda a sua casa, e elle é um tal filho de Belial, que não ha quem lhe possa fallar.

Abigail apazigua David.

18 Então Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, [13] e dois odres de vinho, e cinco ovelhas guisadas, e cinco medidas de trigo tostado, e cem cachos de passas, e duzentas pastas de figos passados, e os poz sobre jumentos.

19 E disse aos seus mancebos: [14] Ide adiante de mim, eis que vos seguirei de perto. O que, porém, não declarou a seu marido Nabal.

20 E succedeu que, andando ella montada n’um jumento, desceu pelo encoberto do monte, e eis que David[293] e os seus homens lhe vinham ao encontro, e encontrou-se com elles.

21 E disse David: Na verdade que em vão tenho guardado tudo quanto este tem no deserto, e nada lhe faltou de tudo quanto tem, e elle me pagou mal [15] por bem.

22 Assim faça [16] Deus aos inimigos de David, e outro tanto, se eu deixar até á manhã de tudo o que tem, mesmo até [JS] um menino.

23 Vendo pois Abigail a David, apressou-se, e desceu [17] do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de David, e se inclinou á terra.

24 E lançou-se a seus pés, e disse: Ah, Senhor meu, minha seja a transgressão; deixa pois fallar a tua serva aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua serva.

25 Meu senhor, agora não faça este homem de Belial, a saber, Nabal, impressão no seu coração, porque tal é elle qual é o seu nome. [JT] Nabal é o seu nome, e a loucura está com elle, e eu, tua serva, não vi os mancebos de meu senhor, que enviaste.

26 Agora, pois, meu senhor, [18] vive o Senhor, e vive a tua alma, que o Senhor te impediu [19] de vires com sangue, e de que a tua mão te salvasse: e, agora, taes quaes Nabal sejam os teus inimigos e os que procuram mal contra o meu senhor.

27 E agora esta é a benção [20] que trouxe a tua serva a meu senhor: dê-se aos mancebos que andam após das pisadas de meu senhor.

28 Perdôa pois á tua serva esta transgressão, porque certamente [21] fará o Senhor casa firme a meu senhor, porque meu senhor guerreia [22] as guerras do Senhor, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias.

29 E, levantando-se algum homem para te perseguir, e para procurar a tua morte; comtudo a vida de meu senhor será atada no feixe dos que vivem com o Senhor teu Deus; porém a vida de teus inimigos se arrojará ao longe, como do meio do concavo de uma funda.

30 E ha de ser que, usando o Senhor com o meu senhor conforme a todo o bem que já tem dito de ti, e te tiver estabelecido chefe sobre Israel,

31 Então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pezar no coração, o sangue que sem causa derramaste, nem tão pouco o haver-se salvado meu senhor a si mesmo: e quando o Senhor fizer bem a meu senhor, lembra-te então da tua serva.

32 Então David disse a Abigail: Bemdito [23] o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu encontro.

33 E bemdito o teu conselho, e bemdita tu, que hoje me estorvaste de vir com sangue, e de que a minha mão me salvasse.

34 Porque, na verdade, vive o Senhor Deus d’Israel, que me [24] impediu de que te fizesse mal, que se tu não te apressaras, e me não vieras ao encontro, não ficaria a Nabal pela luz da manhã nem mesmo um menino.

35 Então David tomou da sua mão o que tinha trazido, e lhe disse: Sobe em paz á [25] tua casa; vês aqui que tenho dado ouvidos á tua voz, e tenho acceitado a tua face.

36 E, vindo Abigail a Nabal, eis que tinha [26] em sua casa um banquete, como banquete de rei; e o coração de Nabal estava alegre n’elle, e elle mui embriagado, pelo que não lhe deu a entender palavra alguma, pequena nem grande, até á luz da manhã.

37 Succedeu pois que pela manhã, havendo saido de Nabal o vinho, sua mulher lhe deu a entender aquellas palavras: e se amorteceu n’elle, o seu coração, e ficou elle como pedra.

38 E aconteceu que, passados quasi dez dias, feriu o Senhor a Nabal, e este morreu.

39 E, ouvindo David que Nabal morrera, disse: Bemdito [27] seja o Senhor, que pleiteou o pleito da minha affronta da mão de Nabal, e deteve a seu servo do mal, fazendo o Senhor tornar o mal de Nabal [28] sobre a sua cabeça. E mandou David fallar a Abigail, para tomal-a por sua mulher.

40 Vindo pois os creados de David a Abigail, no Carmelo, lhe fallaram, dizendo: David nos tem mandado a ti, para te tomar por sua mulher.

41 Então ella se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse: Eis aqui a tua serva servirá de creada para [29] lavar os pés dos creados de meu senhor.

42 E Abigail se apressou, [30] e se levantou, e montou n’um jumento com as suas cinco moças que seguiam as suas[294] pisadas: e ella seguiu os mensageiros de David, e foi sua mulher.

43 Tambem tomou David a Achinoam de Jizreel: e tambem ambas foram suas mulheres.

44 Porque Saul tinha dado [31] sua filha Michal, mulher de David, a Phalti, filho de Lais, o qual era de Gallim.

[1] cap. 28.3. Num. 20.29. Deu. 34.8. Gen. 21.21. Psa. 120.5.

[2] cap. 23.24. Jos. 15.55.

[3] Gen. 38.13. II Sam. 13.23.

[4] I Chr. 12.18. Psa. 122.7. Luc. 10.5.

[5] ver. 15, 21.

[6] Neh. 8.10. Est. 9.19.

[7] Jui. 9.28. Psa. 73.7, 8 e 123.3, 4.

[8] Jui. 8.6.

[9] cap. 30.24.

[10] ver. 7.

[11] Exo. 14.22. Job 1.10.

[12] cap. 20.7. Deu. 13.13. Jui. 19.22.

[13] Gen. 32.13. Pro. 18.16 e 21.14.

[14] Gen. 32.16, 20.

[15] Psa. 109.5. Pro. 17.13.

[16] Ruth 1.17. cap. 3.17 e 20.13, 16. ver. 34. I Reis 14.10 e 21.21. II Reis 9.8.

[17] Jos. 15.18. Jui. 1.14.

[18] II Reis 2.2.

[19] ver. 33. Gen. 20.6. Rom. 12.19. II Sam. 18.32.

[20] Gen. 33.11. cap. 30.26. II Reis 5.15.

[21] II Sam. 7.11, 27. I Reis 9.5. I Chr. 17.10, 25.

[22] cap. 18.17 e 24.11. Jer. 10.18.

[23] Gen. 24.27. Exo. 18.10. Psa. 41.3 e 72.18. Luc. 18.6.

[24] ver. 26, 22.

[25] cap. 20.42. II Sam. 15.9. II Reis 5.19. Luc. 7.50 e 8.48. Gen. 19.21.

[26] II Sam. 13.23.

[27] ver. 32. Pro. 22.23. ver. 26, 34.

[28] I Reis 2.44. Psa. 7.17.

[29] Ruth 2.10, 13. Pro. 15.33.

[30] Jos. 15.56. cap. 27.3 e 30.5.

[31] II Sam. 3.14. Isa. 10.30.

David poupa outra vez a vida de Saul.

26 E vieram os zipheos a Saul, a Gibeah, dizendo: Não [1] está David escondido no outeiro d’Hachila, á entrada de Jesimon?

2 Então Saul se levantou, e desceu ao deserto de Ziph, e com elle tres mil homens escolhidos de Israel, a buscar a David no deserto de Ziph.

3 E acampou-se Saul no outeiro d’Hachila, que está á entrada de Jesimon, junto ao caminho: porém David ficou no deserto, e viu que Saul vinha após d’elle ao deserto.

4 Pois David enviou espias, e soube que Saul vinha decerto.

5 E David se levantou, e veiu ao logar onde Saul se tinha acampado; viu David o logar onde se tinha deitado Saul, e Abner, [2] filho de Ner, chefe do seu exercito: e Saul estava deitado dentro do logar dos carros, e o povo estava acampado ao redor d’elle.

6 E respondeu David, e fallou a Achimelech, o hetheo, e a Abisai, filho de [3] Zeruia, irmão de Jacob, dizendo: Quem descerá comigo a Saul ao arraial? E disse Abisai: Eu descerei comtigo.

7 Vieram pois David e Abisai de noite ao povo, e eis que Saul estava deitado dormindo dentro do logar dos carros, e a sua lança estava pregada na terra á sua cabeceira: e Abner e o povo deitavam-se ao redor d’elle.

8 Então disse Abisai a David: Deus te entregou hoje nas mãos a teu inimigo; deixa-m’o pois agora encravar com a lança d’uma vez com a terra, e não o ferirei segunda vez.

9 E disse David a Abisai: Nenhum damno lhe faças: porque quem [4] estendeu a sua mão contra o ungido do Senhor, e ficou innocente?

10 Disse mais David: Vive o Senhor, [5] que o Senhor o ferirá, ou o seu dia chegará em que morra, ou descerá para a batalha e perecerá;

11 O Senhor me guarde, [6] de que eu estenda a mão contra o ungido do Senhor: agora porém toma lá a lança que está á sua cabeceira e a bilha da agua, e vamo-nos.

12 Tomou pois David a lança e a bilha da agua, da cabeceira de Saul, e foram-se: e ninguem houve que o visse, nem que o advertisse, nem que acordasse; porque todos estavam dormindo, [7] porque havia caido sobre elles um profundo somno do Senhor.

13 E David, passando á outra banda, poz-se no cume do monte ao longe, de maneira que entre elles havia grande distancia.

14 E David bradou ao povo, e a Abner, filho de Ner, dizendo: Não responderás, Abner? Então Abner respondeu e disse: Quem és tu, que bradas ao rei?

15 Então disse David a Abner: Porventura não és varão? e quem ha em Israel como tu, porque, pois, não guardaste tu o rei teu senhor? porque um do povo veiu para destruir o rei teu senhor.

16 Não é bom isto, que fizeste; vive o Senhor, que sois dignos de morte, vós que não guardastes a vosso senhor, o ungido do Senhor: vede pois agora onde está a lança do rei, e a bilha da agua, que tinha á sua cabeceira.

17 Então conheceu Saul a voz de David, e disse: Não é esta a tua voz, meu [8] filho David? E disse David: Minha voz é, ó rei meu senhor.

18 Disse mais: Porque persegue o meu senhor assim o seu servo? porque, [9] que fiz eu? e que maldade se acha nas minhas mãos?

19 Ouve pois agora, te rogo, rei meu senhor, as palavras de teu servo: Se o Senhor te incita [10] contra mim, cheire elle a offerta de manjares; porém se os filhos dos homens, malditos sejam perante o Senhor: pois elles me teem expellido [11] hoje para que eu não fique apegado á herança do Senhor, dizendo: Vae, serve a outros deuses.

20 Agora pois não se derrame o meu sangue na terra diante do Senhor: pois saiu o rei d’Israel em busca d’uma pulga; [12] como quem persegue uma perdiz nos montes.

21 Então disse Saul: Pequei; [13] volta, meu filho David, porque não ordenarei a fazer-te mal; porque foi hoje [14] preciosa a minha vida aos teus olhos: eis que fiz loucamente, e errei grandissimamente.

22 David então respondeu, e disse:[295] Eis aqui a lança do rei; passe cá um dos mancebos, e leve-a.

23 O Senhor porém [15] pague a cada um a sua justiça e a sua lealdade; pois o Senhor te tinha dado hoje na minha mão, porém não quiz estender a minha mão contra o ungido do Senhor.

24 E eis que assim como foi a tua vida hoje de tanta estima aos meus olhos, d’outra tanta estima seja a minha vida aos olhos do Senhor, e elle me livre de toda a tribulação.

25 Então Saul disse a David: Bemdito sejas tu, meu filho David; pois grandes coisas farás e [16] tambem prevalecerás. Então David se foi pelo seu caminho e Saul voltou para o seu logar.

[1] cap. 23.19.

[2] cap. 14.50 e 17.55.

[3] I Chr. 2.16. Jui. 7.10, 11.

[4] cap. 24.6, 7. II Sam. 1.16.

[5] cap. 25.38. Psa. 94.1, 2, 23. Luc. 18.7. Rom. 12.19. Gen. 47.29.

[6] cap. 24.6, 12.

[7] Gen. 2.21 e 15.12.

[8] cap. 24.16.

[9] cap. 24.9, 11.

[10] II Sam. 16.11 e 24.1.

[11] Deu. 4.28. Psa. 120.5. II Sam. 14.16 e 20.19.

[12] cap. 24.14.

[13] cap. 15.24 e 24.17.

[14] cap. 18.30.

[15] Psa. 7.8, 18.20.

[16] Gen. 32.28.

David vae ter outra vez com Achis rei de Gath.

Antes de Christo 1058

27 Disse porém David no seu coração: Ora ainda algum dia perecerei pela mão de Saul; não ha coisa melhor para mim do que escapar apressadamente para a terra dos philisteos, para que Saul perca a esperança de mim, e cesse de me buscar por todos os termos de Israel; e assim escaparei da sua mão.

2 Então David se levantou, [1] e passou com os seiscentos homens que com elle estavam a Achis, filho de Maoch, rei de Gath.

3 E David ficou com [2] Achis em Gath, elle e os seus homens, cada um com a sua casa: David com ambas as suas mulheres, Achinoam, a jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

4 E, sendo Saul avisado que David tinha fugido para Gath, não cuidou mais em o buscar.

5 E disse David a Achis: Se eu tenho achado graça em teus olhos, dá-me logar n’uma das cidades da terra, para que ali habite: pois por que razão habitaria o teu servo comtigo na cidade real?

6 Então lhe deu Achis n’aquelle dia a cidade de Siclag: (pelo que Siclag pertence [3] aos reis de Judah, até ao dia de hoje.)

7 E foi o numero dos dias, que David habitou na terra dos philisteos, um anno e quatro mezes.

8 E subia David com os seus homens, e deram sobre [4] os gesuritas, e os gersitas, e os amalekitas; porque antigamente foram estes os moradores da terra desde como quem vae para Sur [5] até á terra do Egypto.

9 E David feria aquella terra, e não dava vida nem a homem nem a mulher, e tomava ovelhas, e vaccas, e jumentos, e camelos, e vestidos; e voltava, e vinha a Achis.

10 E dizendo Achis: Sobre onde déstes hoje? David dizia: Sobre o sul de Judah, e sobre o sul dos [6] jerahmeleos, e sobre o sul dos keneos.

11 E David não dava vida nem a homem nem a mulher, para trazel-os a Gath, dizendo: Para que porventura não nos denunciem, dizendo: Assim David o fazia. E este era o seu costume por todos os dias que habitou na terra dos philisteos.

12 E Achis se confiava de David, dizendo: Fez-se elle por certo aborrecivel para com o seu povo em Israel; pelo que me será por servo para sempre.

[1] cap. 25.13 e 21.10.

[2] cap. 25.43.

[3] Jos. 15.31 e 19.5.

[4] Jos. 13.2 e 16.10. Jui. 1.29. Exo. 17.16. cap. 15.7, 8.

[5] Gen. 25.18.

[6] I Chr. 2.9, 25. Jui. 1.16.

Saul consulta uma pythonissa de Endor.

28 E succedeu [1] n’aquelles dias que, juntando os philisteos os seus exercitos á peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Achis a David: Sabe de certo que comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens.

2 Então disse David a Achis: Assim saberás tu o que fará o teu servo. E disse Achis a David: Por isso te terei por guarda da minha cabeça para sempre.

3 E já Samuel [2] era morto, e todo o Israel o tinha chorado, e o tinha sepultado em Rama, que era a sua cidade: e Saul tinha desterrado os [3] adivinhos e os encantadores.

4 E ajuntaram-se os philisteos, e vieram, e acamparam-se em Sunem: e ajuntou Saul [4] a todo o Israel, e se acamparam em Gilboa.

5 E, vendo Saul o arraial dos philisteos, temeu, e estremeceu muito [5] o seu coração.

6 E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor lhe [6] não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por prophetas.

7 Então disse Saul aos seus creados: Buscae-me uma mulher que tenha o espirito de feiticeira, para que vá a ella, e consulte por ella. E os seus creados lhe disseram: Eis que em Endor ha uma mulher que tem o espirito d’adivinhar.

8 E Saul se disfarçou e vestiu outros vestidos, e foi elle, e com elle dois homens, e de noite vieram á mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes [7] pelo[296] espirito de feiticeira, e me faças subir a quem eu te disser.

9 Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruido [8] da terra os adivinhos e os encantadores: porque, pois, me armas um laço á minha vida, para me fazer matar?

10 Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobrevirá por isso.

11 A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E disse elle: Faze-me subir a Samuel.

12 Vendo pois a mulher a Samuel, gritou com alta voz, e a mulher fallou a Saul, dizendo: Porque me tens enganado? pois tu mesmo és Saul.

13 E o rei lhe disse: Não temas: porém que é o que vês? Então a mulher disse a Saul: Vejo deuses [9] que sobem da terra.

14 E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ella: Vem subindo um homem ancião, e está envolto n’uma capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou.

15 Samuel disse a Saul: Porque me desinquietaste, [10] fazendo-me subir? Então disse Saul: Mui angustiado estou, porque os philisteos guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim, e não me responde mais, nem pelo ministerio dos prophetas, nem por sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer.

16 Então disse Samuel: Porque pois a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado, e se tem feito teu inimigo?

17 Porque o Senhor tem feito para comtigo como pela minha bocca te disse, e tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro David.

18 Como tu não déste ouvidos [11] á voz do Senhor, e não executaste o fervor da sua ira contra Amalek, por isso o Senhor te fez hoje isto.

19 E o Senhor entregará tambem a Israel comtigo na mão dos philisteos, e ámanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o Senhor entregará na mão dos philisteos.

20 E immediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa d’aquellas palavras de Samuel: e não houve força n’elle; porque não tinha comido pão todo aquelle dia e toda aquella noite.

21 Então veiu a mulher a Saul, e, vendo que estava tão perturbado, disse-lhe: Eis que deu ouvidos a tua creada á tua voz, e puz a minha vida na minha mão, e ouvi as palavras que disseste.

22 Agora pois ouve tambem tu as palavras da tua serva, e porei um bocado de pão diante de ti, e come, para que tenhas forças para te pôres a caminho.

23 Porém elle o recusou, e disse: Não comerei. Porém os seus creados e a mulher o constrangeram; e deu ouvidos á sua voz: e levantou-se do chão, e se assentou sobre uma cama.

24 E tinha a mulher em casa uma bezerra cevada, e se apressou, e a degolou, e tomou farinha, e a amassou, e a cozeu em bolos asmos.

25 E os trouxe diante de Saul e de seus creados, e comeram: depois levantaram-se e se foram n’aquella mesma noite.

[1] cap. 29.1.

[2] cap. 25.1.

[3] ver. 9. Exo. 22.18. Lev. 19.31 e 20.27. Deu. 18.10, 11.

[4] Jos. 19.18. II Reis 4.8. cap. 31.1.

[5] Job 18.11.

[6] cap. 14.37. Pro. 1.28. Lam. 2.9. Num. 12.6. Exo. 28.30. Num. 27.21. Deu. 33.8.

[7] Deu. 18.11. I Chr. 10.13. Isa. 8.19.

[8] ver. 3.

[9] Exo. 22.28.

[10] Pro. 5.11.

[11] I Reis 20.42.

David marcha com Achis contra os israelitas.

29 E ajuntaram os philisteos todos os seus exercitos em [1] Aphek: e acamparam-se os israelitas junto á fonte que está em Jizreel.

2 E os principes dos philisteos se foram para lá com centenas e com milhares: porém David e os seus homens iam com [2] Achis na rectaguarda.

3 Disseram então os principes dos philisteos: Que fazem aqui estes hebreos? E disse Achis aos principes dos philisteos: Não é este David, o creado de Saul, rei de Israel, que esteve comigo ha alguns dias ou annos? e coisa nenhuma achei [3] n’elle desde o dia em que se revoltou, até ao dia d’hoje.

4 Porém os principes dos philisteus muito se indignaram contra elle; e disseram-lhe os principes dos philisteus: Faze voltar a este homem, [4] e torne ao seu logar em que tu o pozeste, e não desça comnosco á batalha, para que não se nos torne na batalha em adversario: porque com que aplacaria este a seu senhor? porventura não seria com as cabeças d’estes homens?

5 Não é este aquelle David, de quem uns aos outros respondiam nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, [5] porém David as suas dezenas de milhares?

6 Então Achis chamou a David e disse-lhe: Vive o Senhor, que tu és recto, e que a tua entrada e a tua saida [6] comigo no arraial é boa aos meus olhos; porque nenhum mal em ti achei, desde o dia em que a mim vieste, até[297] ao dia d’hoje; porém aos olhos dos principes não agradas.

7 Volta pois agora, e volta em paz: para que não faças mal aos olhos dos principes dos philisteos.

8 Então David disse a Achis: Porque? que fiz? ou que achaste no teu servo, desde o dia em que estive diante de ti, até ao dia d’hoje, para que não vá e peleje contra os inimigos do rei meu senhor?

9 Respondeu porém Achis, e disse a David: Bem o sei; e que na verdade aos meus olhos és bom como [7] um anjo de Deus: porém disseram os principes dos philisteos: Não suba este comnosco á batalha.

10 Agora pois ámanhã de madrugada levanta-te com os creados de teu senhor, que teem vindo comtigo: e, levantando-vos pela manhã de madrugada, e havendo luz, parti.

11 Então David de madrugada se levantou, elle e os seus homens, para partirem pela manhã, e voltarem á terra dos philisteos: e os [8] philisteos subiram a Jizreel.

[1] cap. 4.1.

[2] cap. 28.1, 2.

[3] Dan. 6.5.

[4] I Chr. 12.19.

[5] cap. 18.7 e 21.11.

[6] II Sam. 3.25. II Reis 19.27.

[7] II Sam. 14.17 e 19.27.

[8] II Sam. 4.4.

Siclag é saqueada pelos amalekitas.

30 Succedeu pois que, chegando David e os seus homens ao terceiro dia a Siclag, [1] os amalekitas com impeto tinham dado sobre o sul, e sobre Siclag, e tinham ferido a Siclag e a tinham queimado a fogo.

2 E as mulheres que estavam n’ella levaram captivas, porém a ninguem mataram, nem pequenos nem grandes; tão sómente os levaram comsigo, e foram pelo seu caminho.

3 E David e os seus homens vieram á cidade, e eis que estava queimada a fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas eram levados captivos.

4 Então David e o povo que se achava com elle alçaram a sua voz, e choraram, até que n’elles não houve mais força para chorar.

5 Tambem as duas [2] mulheres de David foram levadas captivas; Achinoam, a jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

6 E David muito se angustiou, porque o povo [3] fallava de apedrejal-o, porque o animo de todo o povo estava em amargura, cada um por causa dos seus filhos e das suas filhas: todavia David se esforçou no Senhor seu Deus.

David persegue os amalekitas e livra os captivos.

7 E disse David a Abiathar, o sacerdote, filho de Achimelech: Traze-me, peço-te, aqui o ephod. E Abiathar trouxe o ephod a David.

8 Então consultou David [4] ao Senhor, dizendo: Perseguirei eu a esta tropa? alcançal-a-hei? E o Senhor lhe disse: Persegue-a, porque decerto a alcançarás, e tudo libertarás.

9 Partiu pois David, elle e os seiscentos homens que [5] com elle se achavam, e chegaram ao ribeiro de Besor, onde os que ficaram atraz pararam.

10 E seguiu-os David, elle e os quatrocentos homens, pois que duzentos homens ficaram, por não poderem, de cançados que estavam, passar o ribeiro de Besor.

11 E acharam no campo um homem egypcio, e o trouxeram a David: deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber agua.

12 Deram-lhe tambem um pedaço de massa de figos seccos e dois cachos de passas, e comeu, e voltou-lhe o seu espirito, porque havia tres dias e tres noites que não tinha comido pão nem bebido agua.

13 Então David lhe disse: De quem és tu, e d’onde és? E disse o moço egypcio: Sou servo d’um homem amalekita, e meu senhor me deixou, porque adoeci ha tres dias.

14 Nós démos com impeto para a banda do sul dos cherethitas, [6] e para a banda de Judah, e para a banda do sul de [7] Caleb, e pozemos fogo a Siclag.

15 E disse-lhe David: Poderias, descendo, guiar-me a essa tropa? E disse-lhe: Por Deus me jura que me não matarás, nem me entregarás na mão de meu senhor, e, descendo, te guiarei a essa tropa.

16 E, descendo, o guiou e eis que estavam espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, e bebendo, [8] e dançando, por todo aquelle grande despojo que tomaram da terra dos philisteos e da terra de Judah.

17 E feriu-os David, desde o crepusculo até á tarde do dia seguinte, e nenhum d’elles escapou, senão só quatrocentos mancebos que, montados sobre camelos, fugiram.

18 Assim livrou David tudo quanto tomaram aos amalekitas: tambem as suas duas mulheres livrou David.

19 E ninguem lhes faltou, desde o menor até ao maior, e até os filhos e as filhas; e tambem desde o despojo até tudo quanto lhes tinham tomado, [9] tudo David tornou a trazer.

[298]

20 Tambem tomou David todas as ovelhas e vaccas, e levavam-n’as diante do outro gado, e diziam: Este é o despojo de David.

21 E, chegando David aos [10] duzentos homens que, de cançados que estavam, não poderam seguir a David, e que deixaram ficar no ribeiro de Besor, estes sairam ao encontro de David e do povo que com elle vinha: e, chegando-se David ao povo, os saudou em paz.

David estabelece a lei da divisão da presa.

22 Então todos os maus, e filhos de Belial, d’entre os homens que tinham ido com David, responderam, [11] e disseram: Visto que não foram comnosco, não lhes daremos do despojo que libertámos; mas que leve cada um sua mulher e seus filhos, e se vá.

23 Porém David disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou, e entregou a tropa que contra nós vinha nas nossas mãos.

24 E quem a tal vos daria ouvidos? porque qual é a parte dos que desceram á [12] peleja, tal tambem será a parte dos que ficaram com a bagagem; egualmente repartirão.

25 O que assim foi desde aquelle dia em diante, porquanto o poz por estatuto e direito em Israel até ao dia de hoje.

26 E, chegando David a Siclag, enviou do despojo aos anciãos de Judah, seus amigos, dizendo: Eis ahi para vós uma benção do despojo dos inimigos do Senhor;

27 Aos de Beth-el, e aos de Ramoth do [13] sul, e aos de Jatter,

28 E aos [14] d’Aroer, e aos de Siphmoth, e aos [15] d’Esthemoa,

29 E aos de Rachal, e aos que estavam nas cidades [16] jerahmeelitas e nas cidades dos [17] keneos,

30 E aos [18] d’Horma, e aos de Corasan, e aos d’Athak,

31 E aos [19] d’Hebron, e a todos os logares em que andara David, elle e os seus homens.

[1] cap. 15.7 e 27.8.

[2] cap. 25.42. II Sam. 2.2.

[3] Exo. 17.4. Hab. 3.17, 18.

[4] cap. 23.2, 4.

[5] ver. 21.

[6] ver. 16. II Sam. 8.18.

[7] Jos. 14.13.

[8] I The. 5.3.

[9] ver. 8.

[10] ver. 10.

[11] Deu. 13.13. Jui. 19.22.

[12] Num. 31.27. Jos. 22.8.

[13] Jos. 19.8 e 15.48.

[14] Jos. 13.16.

[15] Jos. 15.50.

[16] cap. 27.10.

[17] Jui. 1.16.

[18] Jui. 1.17.

[19] Jos. 14.13. II Sam. 2.1.

A matança dos israelitas e a morte de Saul.

31 Os philisteos, [1] pois, pelejaram contra Israel: e os homens de Israel fugiram de diante dos philisteos, e cairam atravessados [2] na montanha de Gilboa.

2 E os philisteos apertaram com Saul e seus filhos: e os philisteos mataram a Jonathan, [3] e a Abinadab, e a Malchisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se aggravou [4] contra Saul, e os frecheiros o alcançaram; e muito temeu por causa dos frecheiros.

4 Então disse [5] Saul ao seu pagem d’armas: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ella, para que porventura não venham estes incircumcisos, e me atravessem e escarneçam de mim. Porém o seu pagem d’armas não quiz, porque [6] temia muito: então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ella.

5 Vendo pois o seu pagem d’armas que Saul já era morto, tambem elle se lançou sobre a sua espada, e morreu com elle.

6 Assim falleceu Saul, e seus tres filhos, e o seu pagem d’armas, e tambem todos os homens morreram juntamente n’aquelle dia.

7 E, vendo os homens d’Israel, que estavam d’esta banda do valle e d’esta banda do Jordão, que os homens d’Israel fugiram, e que Saul e seus filhos estavam mortos, desampararam as cidades, e fugiram; e vieram os philisteos, e habitaram n’ellas.

8 Succedeu pois que, vindo os philisteos ao outro dia a despojar os mortos, acharam a Saul e a seus tres filhos estirados na montanha de Gilboa.

9 E cortaram-lhe a cabeça, e o despojaram das suas armas, e enviaram pela terra dos philisteos, em redor, a annuncial-o no templo dos seus idolos e [7] entre o povo.

10 E pozeram [8] as suas armas no templo d’Astaroth, e o seu corpo o affixaram no muro de Beth-san.

11 Ouvindo então isto os [9] moradores de Jabez-gilead, o que os philisteos fizeram a Saul,

12 Todo o homem valoroso [10] se levantou, e caminharam toda a noite, e tiraram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Beth-san, e, vindo a Jabez, os queimaram.

13 E tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo d’um [11] arvoredo, em Jabez, e jejuaram sete dias.

[1] I Chr. 10.1-12.

[2] cap. 28.4.

[3] cap. 14.49. I Chr. 8.33.

[4] II Sam. 1.6, etc.

[5] Jui. 9.54. cap. 14.6 e 17.26.

[6] II Sam. 1.14.

[7] II Sam. 1.20.

[8] cap. 21.9. Jui. 2.13. II Sam. 21.12. Jos. 17.11. Jui. 1.27.

[9] cap. 11.3, 9, 11.

[10] cap. 11.1-11. II Sam. 2.4, 7. II Chr. 16.14. Jer. 34.5. Amós 6.10.

[11] II Sam. 2.4, 5 e 21.12, 13, 14. Gen. 50.10.

[299]


O SEGUNDO LIVRO DE SAMUEL.

David mata o amalekita que lhe traz a noticia da morte de Saul.

Antes de Christo 1056

1 E succedeu, depois da morte de Saul, voltando David da [1] derrota dos amalekitas, e ficando David dois dias em Siclag,

2 Succedeu ao terceiro dia que eis que um homem [2] veiu do arraial de Saul com os vestidos rotos e com terra sobre a cabeça; e, succedeu que chegando elle a David, se lançou no chão, e se inclinou.

3 E David lhe disse: D’onde vens? E elle lhe disse: Escapei do exercito d’Israel.

4 E disse-lhe David: Como foi lá isso? peço-te, dize-m’o. E elle lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo cairam, e morreram, assim como tambem Saul e Jonathan, seu filho, foram mortos.

5 E disse David ao mancebo que lhe trazia as novas: Como sabes tu que Saul e Jonathan, seu filho, são mortos?

6 Então disse o mancebo que lhe dava a noticia: Cheguei por acaso [3] á montanha de Gilboa, e eis que Saul estava encostado sobre a sua lança, e eis que carros e capitães de cavallaria apertavam com elle.

7 E, olhando elle para traz de si, viu-me a mim, e chamou-me; e eu disse: Eis-me aqui.

8 E elle me disse: Quem és tu? E eu lhe disse: Sou amalekita.

9 Então elle me disse: Peço-te, arremessa-te sobre mim, e mata-me, porque angustias me teem cercado, pois toda a minha vida está ainda em mim.

10 Arremessei-me pois sobre [4] elle, e o matei, porque bem sabia eu que não viveria depois da sua queda, e tomei a corôa que tinha na cabeça, e a manilha que trazia no braço, e as trouxe aqui a meu senhor.

11 Então apanhou David os seus vestidos, e os rasgou, [5] como tambem todos os homens que estavam com elle.

12 E prantearam, e choraram, e jejuaram até á tarde por Saul, e por Jonathan, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caido á espada.

13 Disse então David ao mancebo que lhe trouxera a nova: D’onde és tu? E disse elle: Sou filho de um homem estrangeiro, amalekita.

14 E David lhe disse: Como [6] não temeste tu estender a mão para matares ao ungido do Senhor?

15 Então chamou [7] David a um dos mancebos, e disse: Chega, e lança-te sobre elle. E elle o feriu, e morreu.

16 E disse-lhe David: O [8] teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua propria bocca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor.

O pranto de David por Saul e Jonathan.

17 E lamentou David a Saul e a Jonathan, seu filho, com esta lamentação,

18 Dizendo [9] elle que ensinassem aos filhos de Judah o uso do arco: Eis que está escripto no livro do Recto:

19 Ah, ornamento d’Israel! nos teus altos fui ferido: como cairam [10] os valentes!

20 Não o noticieis [11] em Gath, não o publiqueis nas ruas d’Ascalon, para que não se alegrem as filhas dos philisteos, para que não saltem de contentamento as filhas dos incircumcisos.

21 Vós, montes de Gilboa, [12] nem orvalho, nem chuva caia sobre vós, nem sobre vós, campos de offertas alçadas, pois ahi desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fôra ungido [13] com oleo.

22 Do sangue dos feridos, da gordura dos valentes, nunca se retirou para traz o arco de Jonathan, nem voltou vazia a espada de Saul.

[300]

23 Saul e Jonathan, tão amados [14] e queridos na sua vida, tambem na sua morte se não separaram: eram mais ligeiros do que as aguias, mais [15] fortes do que os leões.

24 Vós, filhas d’Israel, chorae por Saul, que vos vestia de escarlata em delicias, que vos fazia trazer ornamentos de oiro sobre os vossos vestidos.

25 Como cairam os valentes no meio da peleja! Jonathan nos teus altos foi ferido.

26 Angustiado estou por ti, meu irmão Jonathan; quão amabilissimo me eras! mais maravilhoso me era o teu amor [16] do que o amor das mulheres.

27 Como cairam [17] os valentes, e pereceram as armas de guerra!

[1] I Sam. 30.17, 26.

[2] cap. 4.10. I Sam. 4.12.

[3] I Sam. 31.1, 2, 3, 4.

[4] Jui. 9.54.

[5] cap. 3.31 e 13.31.

[6] Num. 12.8. I Sam. 31.4 e 24.6 e 26.9.

[7] cap. 4.10, 12.

[8] I Sam. 26.9. I Reis 2.32, 33, 37. ver. 10. Luc. 19.22.

[9] I Sam. 31.3. Jos. 10.13.

[10] ver. 27.

[11] I Sam. 31.9. Miq. 1.10. Jui. 16.23 e 11.34. I Sam. 18.6 e 31.4.

[12] I Sam. 31.1. Jui. 5.23. Job 3.3, 4. Jer. 20.14.

[13] I Sam. 10.1.

[14] I Sam. 18.4.

[15] Jui. 14.18.

[16] I Sam. 18.1, 3 e 19.2 e 20.17, 41 e 23.16.

[17] ver. 19.

David é acclamado rei de Judah.

Antes de Christo 1055

2 E succedeu depois d’isto que David consultou [1] ao Senhor, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judah? E disse-lhe o Senhor: Sobe. E disse David: Para onde subirei? E disse: [2] Para Hebron.

2 E subiu David para lá, e tambem as suas duas mulheres, [3] Achinoam, a jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.

3 Fez tambem [4] David subir os homens que estavam com elle, cada um com a sua familia: e habitaram nas cidades de Hebron.

4 Então vieram os homens de Judah, e [5] ungiram ali a David rei sobre a casa de Judah. E deram avisos a David, dizendo: Os homens de Jabez-gilead são os que sepultaram a Saul.

5 Então enviou David mensageiros aos homens de Jabez-gilead, e disse-lhes: Bemditos [6] sejaes vós do Senhor, que fizestes tal beneficencia a vosso senhor, a Saul, e o sepultastes!

6 Agora, pois, [7] o Senhor use comvosco de beneficencia e fidelidade: e tambem eu vos farei este bem, porquanto fizestes isto.

7 Esforcem-se pois agora as vossas mãos, e sêde homens valentes, pois Saul, vosso senhor, é morto, mas tambem os da casa de Judah já me ungiram a mim rei sobre si.

Abner faz Isboseth rei de Israel.

8 Porém Abner, [8] filho de Ner, capitão do exercito de Saul, tomou a Isboseth, filho de Saul, e o fez passar a Mahanaim,

9 E o constituiu rei sobre Gilead, e sobre os assuritas, e sobre Jizreel, e sobre Ephraim, e sobre Benjamin, e sobre todo o Israel.

10 Da edade de quarenta annos era Isboseth, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou dois annos: mas os da casa de Judah seguiam a David.

11 E foi o numero dos dias que David [9] reinou em Hebron, sobre a casa de Judah, sete annos e seis mezes.

Victoria de David sobre Isboseth.

12 Então saiu Abner, filho de Ner, com os servos de Isboseth, filho de Saul, de Mahanaim a [10] Gibeon.

13 Sairam tambem Joab, filho de Zeruia, e os servos de David, e se encontraram uns com os outros perto [11] do tanque de Gibeon: e pararam estes d’esta banda do tanque, e os outros d’aquella banda do tanque.

14 E disse Abner a Joab: Deixa levantar os mancebos, e joguem diante de nós. E disse Joab: Levantem-se.

15 Então se levantaram, e passaram, por conta, doze de Benjamin, da parte d’Isboseth, filho de Saul, e doze dos servos de David.

16 E cada um lançou mão da cabeça do outro, metteu-lhe a espada pela ilharga, e cairam juntamente: d’onde se chamou áquelle logar [JU] Helkath-hazzurim, que está junto a Gibeon.

17 E seguiu-se n’aquelle dia uma crua peleja: porém Abner e os homens de Israel foram feridos diante dos servos de David.

18 E estavam ali [12] os tres filhos de Zeruia, Joab, Abisai, e Asael: e Asael era ligeiro de pés, como uma das cabras montezes que ha no campo.

19 E Asael perseguiu a Abner: e não declinou de detraz de Abner, nem para a direita nem para a esquerda.

20 E Abner, olhando para traz, disse: És tu este Asael? E disse elle: Eu sou.

21 Então lhe disse Abner: Desvia-te para a direita, ou para a esquerda, e lança mão d’um dos mancebos, e toma os seus despojos. Porém Asael não quiz desviar-se de detraz d’elle.

22 Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detraz de mim:[301] porque hei de eu ferir-te e dar comtigo em terra? e como levantaria eu o meu rosto diante de Joab teu irmão?

23 Porém, não se querendo elle desviar, Abner o feriu com o conto da lança pela quinta costella, [13] e a lança lhe saiu por detraz, e caiu ali, e morreu n’aquelle mesmo logar; e succedeu que todos os que chegavam ao logar onde Asael caiu e morreu paravam.

24 Porém Joab e Abisai perseguiram a Abner: e poz-se o sol, chegando elles ao outeiro de Amma, que está diante de Giah, junto ao caminho do deserto de Gibeon.

25 E os filhos de Benjamin se ajuntaram detraz d’Abner, e fizeram um batalhão, e pozeram-se no cume d’um outeiro.

26 Então Abner gritou a Joab, e disse: Consumirá a espada para sempre? não sabes tu que por fim haverá amargura? e até quando não has de dizer ao povo que se torne de detraz de seus irmãos?

27 E disse Joab: Vive Deus, que, se não tivesses fallado, [14] já desde pela manhã o povo teria cessado cada um de perseguir a seu irmão.

28 Então Joab tocou a bozina, e todo o povo parou, e não perseguiram mais a Israel: e tão pouco pelejaram mais.

29 E caminharam Abner e os seus homens toda aquella noite pela planicie: e, passando o Jordão, caminharam por todo o Bithron, e vieram a Mahanaim.

30 Tambem Joab se tornou de detraz d’Abner, e ajuntou todo o povo: e dos servos de David faltaram dezenove homens, e Asael.

31 Porém os servos de David feriram d’entre os de Benjamin, e d’entre os homens d’Abner, a trezentos e sessenta homens, que ali ficaram mortos.

32 E levantaram a Asael, e sepultaram-n’o na sepultura de seu pae, que estava em Beth-lehem: e Joab e seus homens caminharam toda aquella noite, e amanheceu-lhes em Hebron.

[1] Jui. 1.1. I Sam. 23.2, 4, 9 e 30.7, 8.

[2] I Sam. 30.31. ver. 11. cap. 5.1, 3. I Reis 2.11.

[3] I Sam. 30.5.

[4] I Sam. 27.2, 3 e 30.1. I Sam. 12.1.

[5] ver. 11. cap. 5.5. I Sam. 31.11, 13.

[6] Ruth 2.20 e 3.10. Psa. 115.15.

[7] II Tim. 1.16, 18.

[8] I Sam. 14.50.

[9] cap. 5.5. I Reis 2.11.

[10] Jos. 18.25.

[11] Jer. 41.12.

[12] I Chr. 2.16 e 12.3. Can. 2.17 e 8.14.

[13] cap. 3.27 e 4.6 e 20.10.

[14] ver. 14. Pro. 17.14.

3 E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de David: porém David se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo.

Os filhos de David que nasceram em Hebron.

Antes de Christo 1053

2 E a David [1] nasceram filhos em Hebron: e foi o seu primogenito Amnon, de Achinoam a jizreelita;

3 E seu segundo Chileab, de Abigail, mulher de Nabal, o carmelita; e o terceiro Absalão, filho de Maaka, filha de Talmai, rei de [2] Gesur;

4 E o quarto Adonias, [3] filho d’Haggith; e o quinto Sephatias, filho d’Abital;

5 E o sexto Jithream, d’Egla, tambem mulher de David: estes nasceram a David em Hebron.

6 E, havendo guerra entre a casa de Saul, e a casa de David, succedeu que Abner se esforçava na casa de Saul.

Abner faz alliança com David.

Antes de Christo 1048

7 E tinha tido Saul uma concubina, cujo nome era Rispa, [4] filha de Aia: e disse Isboseth a Abner: Porque entraste á [5] concubina de meu pae?

8 Então se irou muito Abner pelas palavras de Isboseth, e disse: Sou eu cabeça de cão, [6] que pertença a Judah? ainda hoje faço beneficencia á casa de Saul, teu pae, a seus irmãos, e a seus amigos, e te não entreguei nas mãos de David, e tu hoje buscas motivo para me arguires por respeito da maldade d’uma mulher.

9 Assim faça Deus [7] a Abner, e outro tanto, que como o Senhor jurou a David assim lhe hei de fazer,

10 Transferindo o reino da casa de Saul, e levantando o throno de David sobre Israel, e sobre Judah, desde [8] Dan até Berseba.

11 E nem ainda uma palavra podia responder a Abner: porque o temia.

12 Então ordenou Abner da sua parte mensageiros a David, dizendo: De quem é a terra? E disse: Comigo faze a tua alliança, e eis que a minha mão será comtigo, para tornar a ti todo o Israel.

13 E disse David: Bem, eu farei comtigo alliança, porém uma coisa te peço, que é: não verás [9] a minha face, se primeiro me não trouxeres a Michal, filha de Saul, quando vieres ver a minha face.

14 Tambem enviou David mensageiros a Isboseth, filho de Saul, dizendo: Dá-me minha mulher Michal, que eu desposei [10] comigo por cem prepucios de philisteos.

15 E enviou Isboseth, [11] e a tirou a seu marido, a Phaltiel, filho de Lais.

16 E ia com ella seu marido, caminhando, e chorando detraz d’ella, até Baurim. [12] Então lhe disse Abner: Vae-te agora, volta. E elle voltou.

[302]

17 E praticava Abner com os anciãos de Israel, dizendo: Muito tempo ha que procuraveis que David reinasse sobre vós.

18 Fazei-o pois agora, porque o Senhor fallou [13] a David, dizendo: Pela mão de David meu servo livrarei o meu povo das mãos dos philisteos e das mãos de todos os seus inimigos.

19 E fallou tambem Abner o mesmo aos ouvidos de Benjamin: [14] e foi tambem Abner dizer aos ouvidos de David, em Hebron, tudo o que era bom aos olhos de Israel e aos olhos de toda a casa de Benjamin.

20 E veiu Abner a David, a Hebron, e vinte homens com elle: e David fez um banquete a Abner e aos homens que com elle vinham.

21 Então disse Abner a David: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei [15] ao rei meu senhor todo o Israel, para fazerem alliança comtigo; e tu reinarás sobre tudo o que [16] desejar a tua alma. Assim despediu David a Abner, e foi-se elle em paz.

Joab mata Abner á traição.

22 E eis que os servos de David e Joab vieram d’uma sortida, e traziam comsigo grande despojo; e Abner não estava com David em Hebron, porque o tinha despedido, e se tinha ido em paz.

23 Chegando pois Joab, e todo o exercito que vinha com elle, deram aviso a Joab, dizendo: Abner, filho de Ner, veiu ao rei, e o despediu, e foi-se em paz.

24 Então Joab entrou ao rei, e disse: Que fizeste? eis que Abner veiu ter comtigo; porque pois o despediste, de maneira que se fosse assim livremente?

25 Bem conheces a Abner, filho de Ner, que te veiu enganar, e saber a tua saida [17] e a tua entrada, e entender tudo quanto fazes.

26 E Joab, retirando-se de David, enviou mensageiros atraz d’Abner, e o fizeram voltar desde o poço de Sira, sem que David o soubesse.

27 Tornando pois Abner a Hebron, Joab o tirou á parte, á entrada da porta, [18] para lhe fallar em segredo: e feriu-o ali pela quinta costella, e morreu, por causa do sangue de Asael seu irmão.

28 O que David depois ouvindo, disse: Innocente sou eu, e o meu reino, para com o Senhor, para sempre, do sangue d’Abner, filho de Ner.

29 Fique-se [19] sobre a cabeça de Joab e sobre toda a casa de seu pae, e nunca da casa de Joab falte quem tenha fluxo, nem quem seja [20] leproso, nem quem se atenha a bordão, nem quem caia á espada, nem quem necessite de pão.

30 Joab pois e Abisai, seu irmão, mataram a Abner, por ter morto a Asael, seu irmão, [21] na peleja em Gibeon.

David lamenta a morte de Abner.

31 Disse pois David a Joab, e a todo o povo que com elle estava: Rasgae os vossos vestidos; [22] e cingi-vos de saccos e ide pranteando diante de Abner. E o rei David ia seguindo o feretro.

32 E, sepultando a Abner em Hebron, o rei levantou a sua voz, e chorou junto da sepultura de Abner; e chorou todo o povo.

33 E o rei, pranteando a Abner, disse: Não morreu Abner como [23] morre o vilão?

34 As tuas mãos não estavam atadas, nem os teus pés carregados de grilhões de bronze, mas caiste como os que caem diante dos filhos da maldade! Então todo o povo chorou muito mais por elle.

35 Então todo o povo veiu fazer que David comesse pão, sendo ainda dia, porém David jurou, [24] dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se, antes que o sol se ponha, eu provar pão ou alguma coisa.

36 O que todo o povo entendendo, pareceu bem aos seus olhos, assim como tudo quanto o rei fez pareceu bem aos olhos de todo o povo.

37 E todo o povo e todo o Israel entenderam n’aquelle mesmo dia que não procedera do rei que matassem a Abner, filho de Ner.

38 Então disse o rei aos seus servos: Não sabeis que hoje caiu em Israel um principe e um grande?

39 Que eu ainda sou tenro, ainda que ungido rei; estes homens, filhos de Zeruia, são [JV] mais [25] duros do que eu: o Senhor pagará ao malfeitor, conforme a sua maldade.

[1] I Chr. 3.1-4. I Sam. 25.43.

[2] I Sam. 27.8. cap. 13.37.

[3] I Reis 1.5.

[4] cap. 21.8, 10.

[5] cap. 16.21.

[6] Deu. 23.18. I Sam. 24.14. cap. 9.8 e 16.9.

[7] Ruth 1.17. I Reis 19.2. I Sam. 15.28 e 16.1, 12 e 28.17. I Chr. 12.23.

[8] Jui. 20.1. cap. 17.11. I Reis 4.25.

[9] Gen. 43.3. I Sam. 18.20.

[10] I Sam. 18.25, 27.

[11] I Sam. 25.44.

[12] cap. 19.16.

[13] ver. 9.

[14] I Chr. 12.29.

[15] ver. 10, 12.

[16] I Reis 11.37.

[17] I Sam. 29.6. Isa. 37.28.

[18] I Reis 2.5. cap. 20.9, 10 e 4.6 e 2.23.

[19] I Reis 2.32, 33.

[20] Lev. 15.2.

[21] cap. 2.23.

[22] Jos. 7.6. cap. 1.2, 11. Gen. 37.34.

[23] cap. 13.12, 13.

[24] cap. 12.17. Jer. 16.7. Ruth 1.17. cap. 1.12.

[25] cap. 19.7. I Reis 2.5, 6, 33, 34.

Dois servos de Isboseth o matam e trazem a cabeça a David.

4 Ouvindo pois o filho de Saul que Abner morrera em Hebron, as mãos se lhe afrouxaram: [1] e todo o Israel pasmou.

2 E tinha o filho de Saul dois homens capitães de tropas: e era o nome d’um[303] Baena, e o nome do outro Rekab, filhos de Rimmon, o beerothita, dos filhos de Benjamin, porque tambem Beeroth se reputava [2] de Benjamin.

3 E tinham fugido os beerothitas para [3] Gittaim, e ali tinham peregrinado até ao dia de hoje.

4 E Jonathan, [4] filho de Saul, tinha um filho aleijado de ambos os pés: era da edade de cinco annos quando as novas de Saul e Jonathan vieram de Jizreel, e sua ama o tomou, e fugiu: e succedeu que, apressando-se ella a fugir, elle caiu, e ficou côxo; e o seu nome era Mephiboseth.

5 E foram os filhos de Rimmon, o beerothita, Rekab e Baena, e entraram em casa de Isboseth no maior calor do dia, estando elle deitado a dormir, ao meio dia.

6 E ali entraram até ao meio da casa, como que vindo tomar trigo, e o feriram na quinta costella: e Rekab e Baena, seu irmão, [5] escaparam;

7 Porque entraram na sua casa, estando elle na cama deitado, na sua recamara, e o feriram, e o mataram, e lhe cortaram a cabeça; e, tomando a sua cabeça, andaram toda a noite caminhando pela planicie.

8 E trouxeram a cabeça d’Isboseth a David, a Hebron, e disseram ao rei: Eis aqui a cabeça de Isboseth, filho de Saul, teu inimigo, que te procurava [6] a morte: assim o Senhor vingou hoje ao rei meu senhor de Saul e da sua semente.

9 Porém David, respondendo a Rekab e a Baena, seu irmão, filhos de Rimmon, o beerothita, disse-lhes: Vive o Senhor, que remiu [7] a minha alma de toda a angustia,

10 Que, pois se áquelle [8] que me trouxe novas (dizendo: Eis que Saul morto é, parecendo-lhe porém aos seus olhos que era como quem trazia boas novas), eu logo lancei mão d’elle, e o matei em Siclag, cuidando elle que eu por isso lhe désse alviçaras;

11 Quanto mais a impios homens, que mataram um homem justo em sua casa, sobre a sua cama: agora, pois, não requereria [9] eu o seu sangue de vossas mãos, e não vos exterminaria da terra?

12 E deu David ordem [10] aos seus mancebos que os matassem: e cortaram-lhes os pés e as mãos, e os penduraram sobre o tanque de Hebron: tomaram porém a cabeça d’Isboseth, e a sepultaram na sepultura [11] de Abner, em Hebron.

[1] Esd. 4.4. Isa. 13.7. Mat. 2.3.

[2] Jos. 18.25.

[3] Neh. 11.33.

[4] cap. 9.3. I Sam. 29.1, 11.

[5] cap. 2.23.

[6] I Sam. 19.2, 10, 11 e 23.15 e 25.29.

[7] Gen. 48.16. I Reis 1.29.

[8] cap. 1.2, 4, 15.

[9] Gen. 9.5, 6.

[10] cap. 1.15.

[11] cap. 3.32.

David é constituido rei de todo o Israel.

Antes de Christo 1043

5 Então [1] todas as tribus d’Israel vieram a David, a Hebron, e fallaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos.

2 E tambem d’antes, sendo Saul ainda [2] rei sobre nós, eras tu o que sahias e entravas com Israel; e tambem o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo d’Israel, [3] e tu serás chefe sobre Israel.

3 Assim pois todos [4] os anciãos d’Israel vieram ao rei, a Hebron; e o rei David fez com elles alliança em Hebron, perante o Senhor: e ungiram a David rei sobre Israel.

4 Da edade de trinta annos era David quando começou a [5] reinar: quarenta annos reinou.

5 Em Hebron reinou sobre Judah sete annos [6] e seis mezes, e em Jerusalem reinou trinta e tres annos sobre todo o Israel e Judah.

6 E partiu o rei com os seus homens a Jerusalem, [7] contra os jebuseos que habitavam n’aquella terra; e fallaram a David, dizendo: Não entrarás aqui, que os cegos e os côxos te rechaçaram d’aqui (querendo dizer: Não entrará David aqui).

7 Porém David tomou a fortaleza de Sião: esta [8] é a cidade de David.

8 Porque David disse n’aquelle dia: Qualquer que ferir aos jebuseos, e chegar ao canal, e aos côxos e aos cegos, que [9] a alma de David aborrece, será cabeça e capitão. Por isso se diz: Nem cego nem côxo entrará n’esta casa.

9 Assim habitou David na fortaleza, e a chamou [10] a cidade de David: e David foi edificando em redor, desde Millo até dentro.

10 E David se ia cada vez mais augmentando e crescendo, porque o Senhor Deus dos exercitos era com elle.

11 E Hirão, [11] rei de Tyro, enviou mensageiros a David, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros: edificaram a David uma casa.

12 E entendeu David que o Senhor o confirmara rei sobre Israel, e que exaltara o seu reino por amor do seu povo.

[304]

Os filhos de David que nasceram em Jerusalem.

13 E tomou [12] David mais concubinas e mulheres de Jerusalem, depois que viera de Hebron: e nasceram a David mais filhos e filhas.

14 E estes [13] são os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalem: Sammua, e Sobab, e Nathan, e Salomão,

15 E Ibhar, e Elisua, e Nepheg, e Japhia,

16 E Elisama, e Eliada, e Eliphelet.

17 Ouvindo [14] pois os philisteos que haviam ungido a David rei sobre Israel, todos os philisteos subiram em busca de David: o que ouvindo David, desceu á fortaleza.

18 E os philisteos vieram, e se estenderam pelo valle [15] de Rephaim.

19 E David consultou [16] ao Senhor, dizendo: Subirei contra os philisteos? entregar-m’os-has nas minhas mãos? E disse o Senhor a David: Sobe, porque certamente entregarei os philisteos nas tuas mãos.

20 Então veiu David a Baal-perasim; [17] e feriu-os ali David, e disse: Rompeu o Senhor a meus inimigos diante de mim, como quem rompe aguas. Por isso chamou o nome d’aquelle logar Baal-perasim.

21 E deixaram [18] ali os seus idolos; e David e os seus homens os tomaram.

22 E os philisteos tornaram a subir, e se estenderam pelo valle de Rephaim.

23 E David consultou [19] ao Senhor, o qual disse: Não subirás: mas rodeia por detraz d’elles, e virás a elles por defronte das amoreiras.

24 E ha de ser que, ouvindo tu um estrondo [20] de marcha pelas copas das amoreiras, então te apressarás: porque o Senhor saiu então [21] diante de ti, a ferir o arraial dos philisteos.

25 E fez David assim como o Senhor lhe tinha ordenado: e feriu os philisteos desde Gibeah, [22] até chegar a Gezer.

[1] I Chr. 11.1 e 12.23. Gen. 29.14.

[2] I Sam. 18.13.

[3] I Sam. 16.1, 2. Psa. 78.70. cap. 7.7.

[4] I Chr. 11.3. II Reis 11.17. Jui. 11.11. I Sam. 23.18.

[5] I Chr. 26.31 e 29.27.

[6] cap. 2.11. I Chr. 3.4.

[7] Jui. 1.21. Jos. 15.63. Jui. 1.8 e 19.11, 12.

[8] ver. 9. I Reis 2.10 e 8.1.

[9] I Chr. 11.6-9.

[10] ver. 7.

[11] I Reis 5.2. I Chr. 14.1.

[12] Deu. 17.17. I Chr. 3.9 e 14.3.

[13] I Chr. 3.5 e 14.4.

[14] I Chr. 11.16 e 14.8. cap. 23.14.

[15] Jos. 15.8. Isa. 17.5.

[16] I Sam. 23.2, 4 e 30.8. cap. 2.1.

[17] Isa. 28.21.

[18] Deu. 7.5, 25. I Chr. 14.12.

[19] ver. 19.

[20] II Reis 7.6.

[21] Jui. 4.14.

[22] I Chr. 14.16. Jos. 16.10.

David traz a arca para Jerusalem.

Antes de Christo 1042

6 E tornou David a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em numero de trinta mil.

2 E levantou-se [1] David, e partiu com todo o povo que tinha comsigo de Baalim de Judah, para levarem d’ali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o nome, o nome do Senhor dos exercitos, que se [2] assenta entre os cherubins.

3 E puzeram a arca de Deus em um [3] carro novo, e a levaram da casa de Abinadab, que está em Gibeah: e Uza e Ahio, filhos de Abinadab, guiavam o carro novo.

4 E levando-o da casa [4] d’Abinadab, que está em Gibeah, com a arca de Deus, Ahio ia diante da arca.

5 E David, e toda a casa de Israel, fazia alegrias perante o Senhor, com toda a sorte de instrumentos de pau de faia: como com harpas, e com psalterios, e com tamboris, e com pandeiros, e com cymbalos.

6 E, chegando [5] á eira de Nachon, estendeu Uza a mão á arca de Deus, e teve mão n’ella; porque os bois a deixavam pender.

7 Então a ira do Senhor se accendeu contra Uza, e Deus o feriu [6] ali por esta imprudencia: e morreu ali junto á arca de Deus.

8 E David se contristou, porque o Senhor abrira rotura em Uza; e chamou aquelle logar [JW] Peres-uza, até ao dia d’hoje.

9 E temeu [7] David ao Senhor n’aquelle dia; e disse: Como virá a mim a arca do Senhor?

10 E não quiz David retirar a si a arca do Senhor á cidade de David; mas David a fez levar á casa [8] de Obed-edom, o getheo.

11 E ficou a arca do Senhor em casa d’Obed-edom, o getheo, [9] tres mezes: e abençoou [10] o Senhor a Obed-edom, e a toda a sua casa.

12 Então avisaram a David, dizendo: Abençoou o Senhor a casa d’Obed-edom, e tudo quanto tem, por amor da arca de Deus; [11] foi pois David, e trouxe a arca de Deus para cima, da casa de Obed-edom, á cidade de David, com alegria.

13 E succedeu que, quando os que levavam a [12] arca do Senhor tinham dado seis passos, sacrificava bois e carneiros cevados.

14 E David saltava [13] com todas as suas forças diante do Senhor: e estava David cingido d’um ephod de linho.

15 Assim subindo, levavam David [14] e[305] todo o Israel a arca do Senhor, com jubilo, e ao som das trombetas.

16 E succedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de David, [15] Michal, a filha de Saul, estava olhando pela janella: e, vendo ao rei David, que ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração.

17 E introduzindo [16] a arca do Senhor, a puzeram no seu logar, na tenda que David lhe armara: e offereceu David holocaustos e offertas pacificas perante o Senhor.

18 E acabando David de offerecer os holocaustos e offertas pacificas, abençoou [17] o povo em nome do Senhor dos exercitos.

19 E repartiu [18] a todo o povo, e a toda a multidão de Israel, desde os homens até ás mulheres, a cada um, um bolo de pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho; então foi-se todo o povo, cada um para sua casa.

20 E, voltando David para abençoar a sua casa, Michal, a filha de Saul, saiu a encontrar-se com David, e disse: Quão honrado foi o rei d’Israel, descobrindo-se [19] hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre qualquer dos vadios.

21 Disse porém David a Michal: Perante o Senhor, [20] que me escolheu a mim antes do que a teu pae, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do Senhor, sobre Israel: perante o Senhor tenho feito alegrias.

22 E ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos: e das servas, de quem fallaste, d’ellas serei honrado.

23 E Michal, a filha de Saul, [21] não teve filhos, até ao dia da sua morte.

[1] I Chr. 13.5, 6.

[2] I Sam. 4.4.

[3] Num. 7.9. I Sam. 6.7.

[4] I Sam. 7.1.

[5] I Chr. 13.9. Num. 4.15.

[6] I Sam. 6.19.

[7] Luc. 5.8, 9.

[8] I Chr. 13.13.

[9] I Chr. 13.14.

[10] Gen. 30.27 e 39.5.

[11] I Chr. 15.25.

[12] Num. 4.15. Jos. 3.3. I Chr. 15.2, 15. I Reis 8.5. I Chr. 15.26.

[13] Exo. 15.20. I Sam. 2.18. I Chr. 15.27.

[14] I Chr. 15.28.

[15] I Chr. 15.29.

[16] I Chr. 16.1 e 15.1. I Reis 8.5, 62, 63.

[17] I Reis 8.55. I Chr. 16.2.

[18] I Chr. 16.3.

[19] ver. 14, 16. I Sam. 19.24. Jui. 9.4.

[20] I Sam. 13.14 e 15.28.

[21] I Sam. 15.35. Isa. 22.14. Mat. 1.25.

David deseja edificar um templo ao Senhor.

7 E Succedeu que, [1] estando o rei David em sua casa, e que o Senhor lhe tinha dado descanço de todos os seus inimigos em redor:

2 Disse o rei ao propheta Nathan: Ora olha, eu moro em casa de [2] cedros, e a arca de Deus mora dentro de cortinas.

3 E disse Nathan ao rei: Vae, e faze tudo quanto está no teu coração; porque [3] o Senhor é comtigo.

4 Porém succedeu n’aquella mesma noite, que a palavra do Senhor veiu a Nathan, dizendo:

5 Vae, e dize a meu servo, a David: Assim diz o Senhor: Edificar-me-hias [4] tu casa para minha habitação?

6 Porque em casa nenhuma habitei desde o [5] dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egypto até ao dia d’hoje: mas andei em tenda e em tabernaculo.

7 E em todo o logar em que andei [6] com todos os filhos d’Israel, fallei porventura alguma palavra com alguma das tribus d’Israel, a quem mandei apascentar [7] o meu povo d’Israel, dizendo: Porque me não edificaes uma casa de cedros?

8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo, a David: Assim diz o Senhor dos exercitos: Eu te tomei [8] da malhada detraz das ovelhas, para que fosses o chefe sobre o meu povo, sobre Israel.

9 E fui comtigo, [9] por onde quer que foste, e destrui a teus inimigos diante de ti: e fiz para ti um grande [10] nome, como o nome dos grandes que ha na terra.

10 E prepararei logar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, [11] para que habite no seu logar e não mais seja movido, e nunca mais os filhos de perversidade o afflijam, como d’antes,

11 E desde o dia [12] em que mandei, que houvesse juizes sobre o meu povo Israel: a ti porém te dei descanço de todos os teus inimigos: tambem o Senhor te faz saber que o Senhor te fará casa.

12 Quando teus dias forem completos, [13] e vieres a dormir com teus paes, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.

13 Este edificará [14] uma casa ao meu nome, e confirmarei o throno do seu reino para sempre.

14 Eu lhe serei por pae, [15] e elle me será por filho: e, se vier a transgredir, castigal-o-hei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens.

15 Mas a minha benignidade se não apartará d’elle; como [16] a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.

16 Porém a tua casa [17] e o teu reino será affirmado para sempre diante de ti: teu throno será firme para sempre.

[306]

17 Conforme a todas estas palavras, e conforme a toda esta visão, assim fallou Nathan a David.

18 Então entrou o rei David, e ficou perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, [18] Senhor Jehovah, e qual é a minha casa, que me trouxeste até aqui?

19 E ainda foi isto [19] pouco aos teus olhos, Senhor Jehovah, senão que tambem fallaste da casa de teu servo para tempos distantes: é isto [JX] o costume dos homens, ó Senhor Jehovah?

20 E que mais te fallará ainda David? pois tu conheces bem [20] a teu servo, ó Senhor Jehovah.

21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza: fazendo-a saber a teu servo.

22 Portanto, grandioso és, ó Senhor Jehovah, [21] porque não ha similhante a ti, e não ha outro Deus senão tu só, segundo tudo o que temos ouvido com os nossos ouvidos.

23 E quem [22] ha como o teu povo, como Israel, gente unica na terra? a quem Deus foi resgatar para seu povo; e a fazer-se nome, e a fazer-vos estas grandes e terriveis coisas á tua terra, diante do teu povo, que tu resgataste do Egypto, desterrando as nações e a seus deuses.

24 E confirmaste [23] a teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu Deus.

25 Agora, pois, ó Senhor Jehovah, esta palavra que fallaste ácerca de teu servo e ácerca da sua casa, confirma-a para sempre, e faze como tens fallado.

26 E engrandeça-se o teu nome para sempre, para que se diga: O Senhor dos exercitos é Deus sobre Israel; e a casa de teu servo será confirmada diante de ti.

27 Pois tu, Senhor dos exercitos, Deus d’Israel, revelaste aos ouvidos de teu servo, dizendo: Edificar-te-hei casa. Portanto o teu servo achou no seu coração o fazer-te esta oração.

28 Agora, pois, Senhor Jehovah, tu és o mesmo Deus, e as tuas palavras serão verdade, [24] e tens fallado a teu servo este bem.

29 Sejas pois agora servido de abençoar a casa de teu servo, para permanecer para sempre diante de ti, pois tu, ó Senhor Jehovah, disseste; e com a tua benção será para sempre [25] bemdita a casa de teu servo.

[1] I Chr. 17.1, etc.

[2] cap. 5.11. Act. 7.46.

[3] I Reis 8.17, 18. I Chr. 22.7 e 28.2.

[4] I Reis 5.3 e 8.19. I Chr. 22.8 e 28.3.

[5] I Reis 8.16. Exo. 40.18, 19, 34.

[6] Lev. 26.11, 12. Deu. 23.14.

[7] cap. 5.2. Mat. 2.6. Act. 20.28.

[8] I Sam. 16.11, 12.

[9] I Sam. 18.14. cap. 5.10 e 8.6, 14. I Sam. 31.6. Psa. 89.24.

[10] Gen. 12.2.

[11] Jer. 24.6. Amós 9.15.

[12] Jui. 2.14, 15, 16. I Sam. 12.9, 11. ver. 1. Exo. 1.21. ver. 27. I Reis 11.38.

[13] I Reis 2.1. Deu. 31.16. I Reis 1.21. Act. 13.36. I Reis 11.38.

[14] I Reis 5.5 e 6.12 e 8.19. I Chr. 22.10 e 28.6. ver. 16.

[15] Psa. 89.27, 28. Heb. 1.5.

[16] I Sam. 15.23 e 16.14. I Reis 11.13, 34.

[17] ver. 13. Psa. 89.37, 38. João 12.34.

[18] Gen. 32.10.

[19] ver. 12, 13. Isa. 55.8.

[20] Gen. 18.19.

[21] I Chr. 16.25. II Chr. 2.5. Jer. 10.6. Deu. 3.24 e 4.35 e 32.39. I Sam. 2.2. Isa. 45.5, 18, 22.

[22] Deu. 4.7, 32, 34 e 33.29. Psa. 148.20. Deu. 9.26. Neh. 1.10.

[23] Deu. 26.18.

[24] João 17.17.

[25] cap. 22.51.

As victorias de David sobre varias nações.

Antes de Christo 1040

8 E Succedeu depois [1] d’isto que David feriu os philisteos, e os sujeitou: e David tomou a [JY] Metheg-ammah das mãos dos philisteos.

2 Tambem feriu [2] os moabitas, e os mediu com cordel, fazendo-os deitar por terra, e os mediu com dois cordeis para os matar, e com um cordel inteiro para os deixar em vida: ficaram assim os moabitas por servos [3] de David, trazendo presentes.

3 Feriu tambem David a Hadadezer, filho de Rechob, rei de Zoba, indo [4] elle a virar a sua mão para o rio Euphrates.

4 E tomou-lhe David mil e seiscentos cavalleiros e vinte mil homens de pé: e David jarretou [5] a todos os cavallos dos carros, e reservou d’elles cem carros.

5 E vieram [6] os syros de Damasco a soccorrer a Hadadezer, rei de Zoba: porém David feriu dos syros vinte e dois mil homens.

6 E David poz guarnições em Syria de Damasco, e os syros ficaram por servos de [7] David, trazendo presentes: e o Senhor guardou a David por onde quer que ia.

7 E David tomou [8] os escudos de oiro que havia com os servos de Hadadezer, e os trouxe a Jerusalem.

8 Tomou mais o rei David uma quantidade mui grande de bronze de Betah e de Berothai, cidades de Hadadezer.

9 Ouvindo então Toi, rei de Hamath, que David ferira a todo o exercito de Hadadezer,

10 Mandou Toi seu filho Joram [9] ao rei David, para lhe perguntar como estava, e para lhe dar os parabens por haver pelejado contra Hadadezer, e por o haver ferido (porque Hadadezer de continuo fazia guerra a Toi); e na sua mão trazia vasos de prata, e vasos de oiro, e vasos de bronze,

11 Os quaes tambem o rei David [10] consagrou ao Senhor, juntamente com a prata e oiro que já havia consagrado de todas as nações que sujeitara,

12 De Syria, e de Moab, e dos filhos d’Ammon, e dos philisteos, e d’Amalek, e dos despojos de Hadadezer, filho de Rechob, rei de Zoba.

[307]

13 Tambem David ganhou nome, voltando elle de ferir os syros no valle do sal, a saber, [11] a dezoito mil.

14 E poz guarnições em Edom, em todo o Edom poz guarnições, e todos os idumeos [12] ficaram por servos de David: e o Senhor ajudava a David por onde quer que ia.

15 Reinou pois David sobre todo o Israel: e David fazia direito e justiça a todo o seu povo.

16 E Joab, [13] filho de Zeruia, era sobre o exercito; e Josaphat, filho de Ahilud, era chronista.

17 E Zadok, [14] filho de Ahitub, e Ahimelek, filho de Abiathar, eram sacerdotes, e Seraias escrivão,

18 Tambem Benaia, filho de Joiada, estava [15] com os cheretheos e peletheos: porém os filhos de David eram [JZ] principes.

[1] I Chr. 18.1, etc.

[2] Num. 24.17.

[3] ver. 6, 14. I Sam. 10.27.

[4] cap. 10.6. Gen. 15.18.

[5] Jos. 11.6, 9.

[6] I Reis 11.23, 24, 25.

[7] ver. 2, 14. cap. 7.9.

[8] I Reis 10.16.

[9] I Chr. 18.10.

[10] I Reis 7.51. I Chr. 18.11 e 26.26.

[11] I Chr. 18.12.

[12] Gen. 27.29, 37, 40. Num. 24.18. ver. 6.

[13] cap. 19.13 e 20.23. I Chr. 11.6 e 18.15. I Reis 4.3.

[14] I Chr. 24.3.

[15] I Chr. 18.17. I Sam. 30.14.

A bondade de David para com o filho de Jonathan.

9 E disse David: Ha ainda alguem que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça beneficencia [1] por amor de Jonathan?

2 E havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba: [2] e o chamaram que viesse a David, e disse-lhe o rei: És tu Ziba? E elle disse: Servo teu.

3 E disse o rei: Não ha ainda algum da casa de Saul para que use com elle de [3] beneficencia de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda ha um filho de Jonathan, aleijado de ambos os pés.

4 E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em casa de [4] Machir, filho d’Ammiel, em Lo-debar.

5 Então mandou o rei David, e o tomou da casa de Machir, filho d’Ammiel, de Lo-debar.

6 E entrando Mephiboseth, filho de Jonathan, o filho de Saul, a David, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou; e disse David: Mephiboseth! E elle disse: Eis aqui teu servo.

7 E disse-lhe David: Não temas, porque [5] decerto usarei comtigo de beneficencia por amor de Jonathan, teu pae, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pae, e tu de continuo comerás pão á minha mesa.

8 Então se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para tu teres olhado para um [6] cão morto tal como eu?

9 Então chamou David a Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e de toda a sua casa, tenho dado [7] ao filho de teu senhor.

10 Trabalhar-lhe-heis pois a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os fructos, para que o filho de teu senhor tenha pão que coma, e Mephiboseth, filho de teu senhor, de continuo comerá [8] pão á minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos [9] e vinte servos.

11 E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo; porém Mephiboseth comerá á minha mesa como um dos filhos do rei.

12 E tinha Mephiboseth um filho pequeno, cujo nome era [10] Mica: e todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mephiboseth.

13 Morava pois Mephiboseth em Jerusalem, porquanto de continuo comia á mesa do rei, [11] e era côxo de ambos os pés.

[1] I Sam. 18.3 e 20.14, 15, 16, 17, 42. Pro. 27.10.

[2] cap. 16.1 e 19.17, 29.

[3] I Sam. 20.14. cap. 4.4.

[4] cap. 17.27.

[5] ver. 1, 3.

[6] I Sam. 24.14. cap. 16.9.

[7] cap. 16.4 e 19.29.

[8] ver. 7, 11, 13. cap. 19.28.

[9] cap. 19.17.

[10] I Chr. 8.34.

[11] ver. 7, 10 e 3.

David derrota os ammonitas e os syros.

Antes de Christo 1037

10 E aconteceu depois d’isto que morreu o rei dos filhos de Ammon, [1] e seu filho Hanun reinou em seu logar.

2 Então disse David: Usarei de beneficencia com Hanun, filho de Nahas, como seu pae usou de beneficencia comigo. E enviou David a consolal-o, pelo ministerio de seus servos, ácerca de seu pae: e vieram os servos de David á terra dos filhos de Ammon.

3 Então disseram os principes dos filhos d’Ammon a seu senhor, Hanun: Porventura honra David a teu pae aos teus olhos, porque te enviou consoladores? porventura não te enviou David os seus servos para reconhecerem esta cidade, e para espial-a, e para transtornal-a?

4 Então tomou Hanun os servos de David, e lhes rapou metade da barba, e lhes cortou metade dos vestidos, até ás nadegas, [2] e os despediu.

5 O que fazendo saber a David, enviou a encontral-os; porque estavam estes homens sobremaneira envergonhados; e disse o rei: Deixae-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e então vinde.

[308]

6 Vendo pois os filhos de Ammon, que se tinham feito abominaveis [3] para David, enviaram os filhos d’Ammon, e alugaram dos syros de Beth-rechob e dos syros de Zoba vinte mil homens de pé, e do rei de Maaca mil homens e dos homens de Tob doze mil homens.

7 O que ouvindo David, enviou a [4] Joab e a todo o exercito dos valentes.

8 E sairam os filhos d’Ammon, e ordenaram a batalha á entrada da porta: mas os syros de Zoba e [5] Rechob, e os homens de Tob e Maaca estavam á parte no campo.

9 Vendo pois Joab que estava preparada contra elle a frente da batalha, por diante e por detraz, escolheu d’entre todos os escolhidos de Israel, e formou-os em linha contra os syros.

10 E o resto do povo entregou na mão de Abisai seu irmão, o qual formou em linha contra os filhos de Ammon.

11 E disse: Se os syros forem mais fortes do que eu, tu me virás em soccorro; e, se os filhos de Ammon forem mais fortes do que tu, irei a soccorrer-te a ti.

12 Esforça-te, pois, [6] e esforcemo-nos pelo nosso povo, e pelas cidades de nosso Deus: e faça o Senhor então o que bem parecer aos seus olhos.

13 Então se achegou Joab, e o povo que estava com elle, á peleja contra os syros; e fugiram de diante d’elle.

14 E, vendo os filhos d’Ammon que os syros fugiam, tambem elles fugiram de diante de Abisai, e entraram na cidade: e voltou Joab dos filhos d’Ammon, e veiu para Jerusalem.

15 Vendo pois os syros que foram feridos diante d’Israel, tornaram a refazer-se.

16 E enviou Hadadezer, e fez sair os syros que estavam da outra banda do rio, e vieram a Helam: e Sobach, chefe do exercito de Hadadezer, marchava diante d’elles.

17 Do que informado David, ajuntou a todo o Israel, e passou o Jordão, e veiu a Helam: e os syros se pozeram em ordem contra David, e pelejaram com elle.

18 Porém os syros fugiram de diante de Israel, e David feriu d’entre os syros aos homens de setecentos carros, e quarenta mil homens de cavallo: [7] tambem ao mesmo Sobach, general do exercito, feriu, e morreu ali.

19 Vendo pois todos os reis, servos de Hadadezer, que foram feridos diante de Israel, [8] fizeram paz com Israel, e o serviram: e temeram os syros de soccorrer mais aos filhos de Ammon.

[1] I Chr. 19.1, etc.

[2] Isa. 20.4 e 47.2.

[3] Gen. 24.30. Exo. 5.21. I Sam. 13.4. cap. 8.3, 5.

[4] cap. 23.8.

[5] ver. 6.

[6] Deu. 31.6. I Sam. 4.9. I Cor. 16.13. I Sam. 3.18.

[7] I Chr. 19.18.

[8] cap. 8.6.

David commette um adulterio e um homicidio.

Antes de Christo 1035

11 E aconteceu que, tendo decorrido um anno, no tempo em que os reis saem, enviou [1] David a Joab, e a seus servos com elle, e a todo o Israel, para que destruissem os filhos de Ammon, e cercassem a Rabba; porém David ficou em Jerusalem.

2 E aconteceu á hora da tarde que David se levantou do seu leito, e andava passeando [2] no terraço da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando: e era esta mulher mui formosa á vista.

3 E enviou David, e perguntou por aquella mulher: e disseram: Porventura não é esta Bathseba, filha d’Eliam, mulher [3] de Urias, o hetheo?

4 Então enviou David mensageiros, e a mandou trazer; e, entrando ella a elle, se deitou [4] com ella (e ella se tinha purificado da sua immundicia): então voltou ella para sua casa.

5 E a mulher concebeu; e enviou, e fel-o saber a David, e disse: Prenhe estou.

6 Então enviou David a Joab, dizendo: Envia-me Urias o hetheo. E Joab enviou Urias a David.

7 Vindo pois Urias a elle, perguntou David como ficava Joab, e como ficava o povo, e como ia a guerra.

8 Depois disse David a Urias: Desce a tua casa, e lava [5] os teus pés. E, saindo Urias da casa real, logo saiu atraz d’elle iguaria do rei.

9 Porém Urias se deitou á porta da casa real, com todos os servos do seu senhor: e não desceu á sua casa.

10 E o fizeram saber a David, dizendo: Urias não desceu a sua casa. Então disse David a Urias: Não vens tu d’uma jornada? Porque não desceste a tua casa?

11 E disse Urias a David: [6] A arca, e Israel, e Judah ficam em tendas; e Joab meu senhor e os servos de meu senhor estão acampados no campo; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida, e pela vida da tua alma, não farei tal coisa.

12 Então disse David a Urias: Fica cá ainda hoje, e ámanhã te despedirei.[309] Urias pois ficou em Jerusalem aquelle dia e o seguinte.

13 E David o convidou, e comeu e bebeu diante d’elle, e [7] o embebedou: e á tarde saiu a deitar-se na sua cama como os servos de seu senhor; porém não desceu a sua casa.

14 E succedeu que pela manhã David [8] escreveu uma carta a Joab: e mandou-lh’a por mão de Urias.

15 Escreveu na carta, dizendo: Ponde a Urias na frente da maior força da peleja; e retirae-vos de detraz d’elle, para que seja ferido [9] e morra.

16 Aconteceu, pois, que, tendo Joab observado bem a cidade, poz a Urias no logar onde sabia que havia homens valentes.

17 E, saindo os homens da cidade, e pelejando com Joab, cairam alguns do povo, dos servos de David: e morreu tambem Urias, o hetheo.

18 Então enviou Joab, e fez saber a David todo o successo d’aquella peleja.

19 E deu ordem ao mensageiro, dizendo: Acabando tu de contar ao rei todo o successo d’esta peleja;

20 E succedendo que o rei se encolerize, e te diga: Porque vos chegastes tão perto da cidade a pelejar? Não sabieis vós que haviam de atirar do muro?

21 Quem feriu a Abimelech, [10] filho de Jerubbeseth? Não lançou uma mulher sobre elle do muro um pedaço d’uma mó corredora, de que morreu em Thebes? Porque vos chegastes ao muro? Então dirás: Tambem morreu teu servo Urias, o hetheo.

22 E foi o mensageiro, e entrou, e fez saber a David tudo, porque Joab o enviara dizer.

23 E disse o mensageiro a David: Na verdade que mais poderosos foram aquelles homens do que nós, e sairam a nós ao campo; porém nós fomos contra elles, até á entrada da porta.

24 Então os frecheiros atiraram contra os teus servos desde o alto do muro, e morreram alguns dos servos do rei: e tambem morreu o teu servo Urias, o hetheo.

25 E disse David ao mensageiro: Assim dirás a Joab: Não te pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada tanto consome este como aquelle: esforça a tua peleja contra a cidade, e a derrota: esforça-o tu assim.

26 Ouvindo pois a mulher de Urias que Urias seu marido era morto, lamentou a seu senhor.

27 E, passado o nojo, enviou David, e a recolheu em sua casa, e lhe foi por mulher, [11] e pariu-lhe um filho. Porém esta coisa que David fez pareceu mal aos olhos do Senhor.

[1] I Chr. 20.1.

[2] Deu. 22.8. Gen. 34.2. Job 31.1. Mat. 5.28.

[3] cap. 23.39.

[4] Thi. 1.14. Lev. 15.19, 28 e 18.19.

[5] Gen. 18.4 e 19.2.

[6] cap. 7.2, 6 e 20.6.

[7] Gen. 19.33, 35. ver. 9.

[8] I Reis 21.8, 9.

[9] cap. 12.9.

[10] Jui. 9.53 e 6.32.

[11] cap. 12.9.

Nathan, o propheta, reprehende a David.

Antes de Christo 1034

12 E o Senhor enviou Nathan a David: e, entrando elle a David, disse-lhe: Havia [1] n’uma cidade dois homens, um rico e outro pobre.

2 O rico tinha muitissimas ovelhas e vaccas;

3 Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e creara; e ella tinha crescido com elle e com seus filhos egualmente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.

4 E, vindo ao homem rico um viajante, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vaccas para guizar para o viajante que viera a elle: e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a elle.

5 Então o furor de David se accendeu em grande maneira contra aquelle homem, e disse a Nathan: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso.

6 E pela cordeira [2] tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu.

7 Então disse Nathan a David: Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus d’Israel: Eu te ungi [3] rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul,

8 E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e tambem te dei a casa d’Israel e de Judah, e, se isto é pouco, mais te accrescentaria taes e taes coisas.

9 Porque, pois, [4] desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o hetheo, feriste á espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a elle mataste com a espada dos filhos d’Ammon:

10 Agora, pois, [5] não se apartará a espada jámais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o hetheo, para que te seja por mulher.

11 Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres [6] perante os teus olhos, e as darei a teu proximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.

[310]

12 Porque tu o fizeste em occulto, mas eu farei [7] este negocio perante todo o Israel e perante o sol.

13 Então disse David a Nathan: [8] Pequei contra o Senhor. E disse Nathan a David: [9] Tambem o Senhor traspassou o teu peccado; não morrerás.

14 Todavia, porquanto com este feito déste logar sobremaneira a que os inimigos do Senhor blasphemem, [10] tambem o filho que te nasceu certamente morrerá.

15 Então Nathan se foi para sua casa; e o Senhor feriu a creança que a mulher de Urias parira a David, e adoeceu gravemente.

16 E buscou David a Deus pela creança; e jejuou David, e entrou, e passou a noite prostrado [11] sobre a terra:

17 Então os anciãos da sua casa se levantaram a elle, para o levantar da terra; porém elle não quiz, e não comeu pão com elles.

18 E succedeu que ao setimo dia morreu a creança: e temiam os servos de David dizer-lhe que a creança era morta, porque diziam: Eis que, sendo a creança ainda viva, lhe fallavamos, porém não dava ouvidos á nossa voz; como pois lhe diremos que a creança é morta? Porque mais mal lhe faria.

19 Viu porém David que seus servos fallavam baixo, e entendeu David que a creança era morta, pelo que disse David a seus servos: É morta a creança? E elles disseram: É morta.

20 Então David se levantou da terra, e se lavou, [12] e se ungiu, e mudou de vestidos, e entrou na casa do Senhor, e adorou: então veiu a sua casa, e pediu pão; e lhe pozeram pão, e comeu.

21 E disseram-lhe seus servos: Que é isto que fizeste? Pela creança viva jejuaste e choraste; porém depois que morreu a creança te levantaste e comeste pão.

22 E disse elle: Vivendo ainda a creança, jejuei e chorei, porque dizia: [13] Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, e viva a creança?

23 Porém, agora que é morta, porque jejuaria eu agora? Poderei eu fazel-a mais voltar? Eu irei a ella, porém [14] ella não voltará para mim.

24 Então consolou David a Bath-seba, sua mulher, e entrou a ella, e se deitou [15] com ella: e pariu ella um filho, e chamou o seu nome Salomão: e o Senhor o amou.

25 E enviou pela mão do propheta Nathan, e chamou o seu nome Jedid-jah, por amor do Senhor.

26 Entretanto [16] pelejou Joab contra Rabba, dos filhos de Ammon, e tomou a cidade real.

27 Então mandou Joab mensageiros a David, e disse: Pelejei contra Rabba, e tambem tomei a cidade das aguas.

28 Ajunta, pois, agora o resto do povo, e cerca a cidade, e toma-a, para que, tomando eu a cidade, não se acclame sobre ella o meu nome.

29 Então ajuntou David a todo o povo, e marchou para Rabba, e pelejou contra ella, e a tomou.

30 E tirou a corôa da cabeça [17] do seu rei, cujo peso era d’um talento de oiro, e havia n’ella pedras preciosas, e foi posta sobre a cabeça de David: e da cidade levou mui grande despojo.

31 E, trazendo o povo que havia n’ella, o poz ás serras, e ás talhadeiras de ferro, e aos machados de ferro, e os fez passar por forno de tijolos; e assim fez a todas as cidades dos filhos de Ammon: e voltou David e todo o povo para Jerusalem.

[1] cap. 14.5, etc. I Reis 20.35-41. Isa. 5.3.

[2] Exo. 22.1. Luc. 19.8.

[3] I Sam. 16.13.

[4] I Sam. 15.19. Num. 15.31. cap. 11.15, 16, 17, 27.

[5] Amós 7.9.

[6] Deu. 28.30. cap. 16.22.

[7] cap. 16.22.

[8] I Sam. 15.24. cap. 24.10. Job 7.20. Pro. 28.13.

[9] cap. 24.10. Job 7.21. Miq. 7.18. Zac. 3.4.

[10] Isa. 52.5. Eze. 36.20, 23. Rom. 2.24.

[11] cap. 13.31.

[12] Ruth 3.3. Job 1.20.

[13] Isa. 38.1, 5. Jon. 3.9.

[14] Job 7.8, 9, 10.

[15] Mat. 1.6. I Chr. 22.9.

[16] I Chr. 20.1. Deu. 3.11.

[17] I Chr. 20.2.

Amnon ama Tamar e commette um incesto.

Antes de Christo 1033

13 E aconteceu depois d’isto que, tendo Absalão, [1] filho de David, uma irmã formosa, cujo nome era Tamar, Amnon, filho de David, amou-a.

2 E angustiou-se Amnon, até adoecer, por Tamar, sua irmã, porque era virgem: e parecia aos olhos de Amnon difficultoso fazer-lhe coisa alguma.

3 Tinha porém Amnon um amigo, cujo nome era Jonadab, filho de Simea, irmão de David: e era Jonadab homem mui [2] sagaz.

4 O qual lhe disse: Porque tu de manhã em manhã tanto emmagreces, sendo filho do rei? não m’o farás saber a mim? Então lhe disse Amnon: Amo a Tamar, irmã de Absalão, meu irmão,

5 E Jonadab lhe disse: Deita-te na tua cama, e finge-te doente; e, quando teu pae te vier visitar, dize-lhe: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e me dê de comer pão, e apreste a comida diante dos meus olhos, para que eu a veja e coma da sua mão.

6 Deitou-se pois Amnon, e fingiu-se doente; e, vindo o rei visital-o, disse Amnon ao rei: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e apreste dois bolos diante[311] dos meus olhos, [3] que eu coma de sua mão.

7 Mandou então David a casa, a Tamar, dizendo: Vae a casa de Amnon, teu irmão, e faze-lhe alguma comida.

8 E foi Tamar a casa de Amnon, seu irmão (elle porém estava deitado), e tomou massa, e a amassou, e fez bolos diante dos seus olhos, e cozeu os bolos.

9 E tomou a sertã, e os tirou diante d’elle; porém elle recusou comer. E disse Amnon: Fazei retirar [4] a todos da minha presença. E todos se retiraram d’elle.

10 Então disse Amnon a Tamar: Traze a comida á camara, e comerei da tua mão. E tomou Tamar os bolos que fizera, e os trouxe a Amnon, seu irmão, á camara.

11 E chegando-lh’os, para que comesse, pegou [5] d’ella, e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, irmã minha.

12 Porém ella lhe disse: Não, irmão meu, não me forces, [6] porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura.

13 Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos loucos d’Israel. Agora, pois, peço-te que falles ao rei, porque não me negará a [7] ti.

14 Porém elle não quiz dar ouvidos á sua voz; antes, sendo mais forte do que ella, a forçou, [8] e se deitou com ella.

15 Depois Amnon a aborreceu com grandissimo aborrecimento, porque maior era o aborrecimento com que a aborrecia do que o amor com que a amara, E disse-lhe Amnon: Levanta-te, e vae-te.

16 Então ella lhe disse: Não ha razão de me despedires assim; maior seria este mal do que o outro que já me tens feito. Porém não lhe quiz dar ouvidos.

17 E chamou a seu moço que o servia, e disse: Deita a esta fóra, e fecha a porta após ella.

18 E trazia [9] ella uma roupa de muitas côres (porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis, com capas), e seu creado a deitou fóra, e fechou a porta após ella.

19 Então Tamar tomou cinza [10] sobre a sua cabeça, e a roupa de muitas côres que trazia rasgou: e poz as mãos sobre a cabeça, [11] e foi-se andando e clamando.

20 E Absalão, seu irmão, lhe disse: Esteve Amnon, teu irmão, comtigo? Ora pois, irmã minha, cala-te; é teu irmão. Não se angustie o teu coração por isto. Assim ficou Tamar, e esteve solitaria em casa d’Absalão seu irmão.

21 E, ouvindo o rei David todas estas coisas, muito se accendeu em ira.

22 Porém Absalão não fallou com Amnon, nem mal [12] nem bem; porque Absalão aborrecia a Amnon, por ter forçado a Tamar sua irmã.

Absalão mata Amnon.

23 E aconteceu que, passados dois annos inteiros, Absalão tinha tosquiadores [13] em Bal-hasor, que está junto a Ephraim: e convidou Absalão a todos os filhos do rei.

24 E veiu Absalão ao rei, e disse: Eis que teu servo tem tosquiadores: peço que o rei e os seus servos venham com o teu servo.

25 O rei porém disse a Absalão: Não, filho meu, não vamos todos juntos, para não te sermos pezados. E instou com elle; porém elle não quiz ir, mas o abençoou.

26 Então disse Absalão: Quando não, deixa ir comnosco Amnon, meu irmão. Porém o rei lhe disse: Para que iria comtigo?

27 E, instando Absalão com elle, deixou ir com elle a Amnon, e a todos os filhos do rei.

28 E Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomae sentido; quando o coração d’Amnon estiver [14] alegre do vinho, e eu vos disser: Feri a Amnon, então o matareis; não temaes; porque porventura não sou eu quem vol-o ordenei? Esforçae-vos, e sede valentes.

29 E os moços d’Absalão fizeram a Amnon como Absalão lh’o havia ordenado. Então todos os filhos do rei se levantaram, e montaram cada um no seu mulo, e fugiram.

30 E aconteceu que, estando elles ainda no caminho, veiu a nova a David, dizendo-se: Absalão feriu a todos os filhos do rei, e nenhum d’elles ficou.

31 Então o rei [15] se levantou, e rasgou os seus vestidos, e se lançou por terra: da mesma maneira todos os seus servos estavam com vestidos rotos.

32 Mas Jonadab, [16] filho de Simea, irmão de David, respondeu, e disse: Não diga o meu senhor que mataram a todos os mancebos filhos do rei, porque só morreu Amnon: porque assim o tinha resolvido fazer Absalão, desde o dia em que forçou a Tamar sua irmã.

33 Não [17] se lhe metta pois agora no coração do rei meu senhor tal coisa, dizendo:[312] Morreram todos os filhos do rei: porque só morreu Amnon.

34 E Absalão fugiu: [18] e o mancebo que estava de guarda, levantou os seus olhos, e olhou; e eis que muito povo vinha pelo caminho por detraz d’elle, pela banda do monte.

35 Então disse Jonadab ao rei: Eis aqui veem os filhos do rei: conforme á palavra de teu servo, assim succedeu.

36 E aconteceu que, como acabou de fallar, os filhos do rei vieram, e levantaram a sua voz, e choraram: e tambem o rei e todos os seus servos choraram com mui grande choro.

Absalão foge para Talmai e depois de tres annos volta para Jerusalem.

37 Assim Absalão fugiu, e se foi a Talmai, [19] filho d’Ammihur, rei de Gesur. E David trouxe dó por seu filho todos aquelles dias.

38 Assim Absalão fugiu, e foi para Gesur: [20] esteve ali tres annos.

39 Então tinha o rei David saudades de Absalão: porque já se tinha consolado ácerca de Amnon, [21] que era morto.

[1] cap. 3.2, 3. I Chr. 3.9.

[2] I Sam. 16.9.

[3] Gen. 18.6.

[4] Gen. 45.1.

[5] Gen. 39.12.

[6] Lev. 18.9, 11 e 20.17. Gen. 34.7. Jui. 19.23 e 20.6.

[7] Lev. 18.9, 11.

[8] Deu. 22.25. cap. 12.11.

[9] Gen. 37.2. Jui. 5.30.

[10] Jos. 7.6. cap. 1.2. Job 2.12.

[11] Jer. 2.37.

[12] Gen. 24.50 e 31.21. Lev. 19.17, 18.

[13] Gen. 38.12, 13. I Sam. 25.4, 36.

[14] Jui. 19.6, 9, 22. Ruth 3.7. I Sam. 25.36. Est. 1.10.

[15] cap. 1.11 e 12.16.

[16] ver. 3.

[17] cap. 19.19.

[18] ver. 38.

[19] cap. 3.3.

[20] cap. 14.23, 32 e 15.8.

[21] Gen. 38.12.

14 Conhecendo pois Joab, filho de Zeruia, que o coração do rei [1] era inclinado para Absalão,

Antes de Christo 1030

2 Enviou Joab a Tecoa, e tomou de lá uma mulher [2] sabia, e disse-lhe: Ora finge que estás de nojo; veste vestidos de nojo, e não te unjas [3] com oleo, e sejas como uma mulher que ha muitos dias está de nojo por algum morto.

3 E entra ao rei, e falla-lhe conforme a esta palavra. E Joab lhe poz as palavras na [4] bocca.

4 E a mulher tecoita fallou ao rei, e, deitando-se com o rosto [5] em terra, se prostrou e disse: Salva-me, ó rei.

5 E disse-lhe o rei: Que tens? E disse ella: Na verdade que [6] sou uma mulher viuva, e morreu meu marido.

6 Tinha pois a tua serva dois filhos, e ambos estes brigaram no campo, e não houve quem os apartasse: assim um feriu ao outro, e o matou.

7 E eis que toda a [7] linhagem se levantou contra a tua serva, e disseram: Dá-nos aquelle que feriu a seu irmão, para que o matemos, por causa da vida de seu irmão, a quem matou, e para que destruamos tambem ao herdeiro. Assim apagarão a braza que me ficou, de sorte que não deixam a meu marido nome, nem resto sobre a terra.

8 E disse o rei á mulher: Vae para tua casa: e eu mandarei ordem ácerca de ti.

9 E disse a mulher tecoita ao rei: [8] A injustiça, rei meu senhor, venha sobre mim e sobre a casa de meu pae: e o rei e o seu throno fique inculpavel.

10 E disse o rei: Quem fallar contra ti, traze-m’o a mim: e nunca mais te tocará.

11 E disse ella: Ora lembre-se o rei do Senhor seu Deus, para que os vingadores do sangue se não multipliquem a deitar-nos a perder, e não destruam a meu filho. Então disse elle: Vive o Senhor, [9] que não ha de cair no chão nem um dos cabellos de teu filho.

12 Então disse a mulher: Peço-te que a tua serva falle uma palavra ao rei meu senhor. E disse elle: Falla.

13 E disse a mulher: Porque pois pensaste tu uma tal coisa contra [10] o povo de Deus? Porque, fallando o rei tal palavra, fica como culpado; visto que o rei não torna a trazer o seu [11] desterrado.

14 Porque certamente [12] morreremos, e seremos como aguas derramadas na terra, que não se ajuntam mais: Deus pois lhe não tirará a vida, mas ideiará pensamentos, [13] para que se não desterre d’elle o seu desterrado.

15 E que eu agora vim fallar esta palavra ao rei, meu senhor, é porque o povo me atemorisou: dizia pois a tua serva: Fallarei pois ao rei; porventura fará o rei segundo a palavra da sua serva.

16 Porque o rei ouvirá, para livrar a sua serva da mão do homem que intenta destruir juntamente a mim e a meu filho da herança de Deus.

17 Dizia mais a tua serva: Seja agora a palavra do rei meu senhor para descanço: [14] porque como um anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor, para ouvir o bem e o mal; e o Senhor teu Deus será comtigo.

18 Então respondeu o rei, e disse á mulher: Peço-te que não me encubras o que eu te perguntar. E disse a mulher: Ora falle o rei, meu senhor.

19 E disse o rei: Não é verdade que a mão de Joab anda comtigo em tudo isto? E respondeu a mulher, e disse: Vive a tua alma, ó rei meu senhor, que ninguem se poderá desviar, nem para a direita nem para a esquerda, de tudo quanto o rei, meu senhor, tem dito;[313] porque Joab, teu servo, é quem me deu ordem, e foi elle que poz na bocca da tua serva todas [15] estas palavras:

20 Que eu virasse a fórma d’este negocio, Joab, teu servo, fez isto: porém sabio [16] é meu senhor, conforme á sabedoria d’um anjo de Deus, para entender tudo o que ha na terra.

21 Então o rei disse a Joab: Eis que fiz isto: vae pois, e torna a trazer o mancebo Absalão.

22 Então Joab se prostrou sobre o seu rosto em terra, e se inclinou, e o agradeceu ao rei; e disse Joab: Hoje conheceu o teu servo que achei graça aos teus olhos, ó rei meu senhor, porque o rei fez segundo a palavra do teu servo.

23 Levantou-se pois [17] Joab, e foi a Gesur, e trouxe Absalão a Jerusalem.

24 E disse o rei: Torne para a sua casa, e não veja [18] a minha face. Tornou pois Absalão para sua casa, e não viu a face do rei.

25 Não havia porém em todo o Israel homem tão bello e tão aprazivel como Absalão, [19] desde a planta do pé até á cabeça não havia n’elle defeito algum.

26 E, quando tosquiava a sua cabeça (e succedia que no fim de cada anno a tosquiava, porquanto muito lhe pesava, e por isso a tosquiava), pesava o cabello da sua cabeça duzentos siclos, segundo o peso real.

27 Tambem nasceram [20] a Absalão tres filhos e uma filha, cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa á vista.

Antes de Christo 1027

28 Assim ficou Absalão dois annos inteiros em Jerusalem, e não viu [21] a face do rei.

29 Mandou pois Absalão chamar a Joab, para o enviar ao rei; porém não quiz vir a elle: e enviou ainda segunda vez, e, comtudo, não quiz vir.

30 Então disse aos seus servos: Vêdes ali o pedaço de campo de Joab pegado ao meu, e tem cevada n’elle; ide, e ponde-lhe fogo. E os servos de Absalão pozeram fogo ao pedaço de campo.

31 Então Joab se levantou, e veiu a Absalão, em casa, e disse-lhe: Porque pozeram os teus servos fogo ao pedaço de campo que é meu?

32 E disse Absalão a Joab: Eis que enviei a ti, dizendo: Vem cá, para que te envie ao rei, a dizer-lhe: Para que vim de Gesur? Melhor me fôra estar ainda lá. Agora, pois, veja eu a face do rei; e, se ha ainda em mim alguma culpa, que me mate.

33 Então entrou Joab ao rei, e assim lh’o disse. Então chamou a Absalão, e elle entrou ao rei, e se inclinou sobre o seu rosto em terra diante do rei: e o rei [22] beijou a Absalão.

[1] cap. 13.39.

[2] II Chr. 11.6.

[3] Ruth 3.3.

[4] ver. 19. Exo. 4.15.

[5] I Sam. 20.41. cap. 1.2. II Reis 6.26, 28.

[6] cap. 12.1.

[7] Num. 35.19. Deu. 19.12.

[8] Gen. 27.13. I Sam. 25.24. Mat. 27.25. cap. 3.28, 29. I Reis 2.33.

[9] Num. 35.19. I Sam. 14.45. Act. 27.34.

[10] Jui. 20.2.

[11] cap. 13.37, 38.

[12] Job 34.15. Heb. 9.27.

[13] Num. 35.15, 25, 28.

[14] ver. 20. cap. 19.27.

[15] ver. 3.

[16] ver. 17. cap. 19.27.

[17] cap. 13.37.

[18] Gen. 43.3. cap. 3.13.

[19] Isa. 1.6.

[20] cap. 18.18.

[21] ver. 24.

[22] Gen. 33.4 e 45.15. Luc. 15.20.

A rebellião de Absalão e a fuga de David.

15 E aconteceu depois [1] d’isto que Absalão fez apparelhar carros e cavallos, e cincoenta homens que corressem adiante d’elle.

2 Tambem Absalão se levantou pela manhã, e parava a uma banda do caminho da porta. E succedia que a todo o homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juizo, o chamava Absalão a si, e lhe dizia: De que cidade és tu? E, dizendo elle: D’uma das tribus d’Israel é teu servo;

3 Então Absalão lhe dizia: Olha, os teus negocios são bons e rectos, porém não tens quem te ouça da parte do rei.

4 Dizia mais Absalão: Ah, quem me dera ser juiz na [2] terra! para que viesse a mim todo o homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça.

5 Succedia tambem que, quando alguem se chegava a elle para se inclinar diante d’elle, elle estendia a sua mão, e pegava d’elle, e o beijava.

6 E d’esta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juizo: assim furtava Absalão [3] o coração dos homens de Israel.

Antes de Christo 1023

7 Aconteceu, pois, ao cabo de quarenta annos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebron o meu voto que votei ao Senhor.

8 Porque, morando eu em Gesur, em Syria, votou o teu servo um voto, [4] dizendo: Se o Senhor outra vez me fizer tornar a Jerusalem, servirei ao Senhor.

9 Então lhe disse o rei: Vae em paz, Levantou-se, pois, e foi para Hebron.

10 E enviou Absalão espias por todas as tribus d’Israel, dizendo: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebron.

11 E de Jerusalem foram com Absalão duzentos homens convidados, [5] porém iam na sua simplicidade, porque nada sabiam d’aquelle negocio.

12 Tambem Absalão enviou por Achitophel, o gilonita, do conselho [6] de David, á sua cidade de Gilo, estando elle sacrificando os seus sacrificios: e a conjuração se fortificava, e vinha o povo, e se augmentava com Absalão.

13 Então veiu um mensageiro a[314] David, dizendo: O coração [7] de cada um em Israel segue a Absalão.

14 Disse pois David a todos os seus servos que estavam com elle em Jerusalem: Levantae-vos, [8] e fujamos, porque não poderiamos escapar diante de Absalão. Dae-vos pressa a caminhar, para que porventura não se apresse elle, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a cidade a fio de espada.

15 Então os servos do rei disseram ao rei: Eis aqui os teus servos, para tudo quanto determinar o rei, nosso senhor.

16 E saiu o rei, com toda a sua casa, a pé: deixou porém o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa.

17 Tendo pois saido o rei com todo o povo a pé, pararam n’um logar distante.

18 E todos os seus servos iam a seu lado, como tambem todos os cheretheos e todos [9] os peletheos: e todos os getheos, seiscentos homens que vieram de Gath a pé, caminhavam diante do rei.

19 Disse pois o rei a Ittai, [10] o getheo: Porque irias tu tambem comnosco? Volta, e fica-te com o rei, porque estranho és, e tambem te tornarás a teu logar.

20 Hontem vieste, e te levaria eu hoje comnosco a caminhar? Pois força me é ir aonde quer que podér ir: volta, pois, [11] e torna a levar teus irmãos comtigo, com beneficencia e fidelidade.

21 Respondeu porém Ittai ao rei, e disse: Vive o Senhor, [12] e vive o rei meu senhor, que no logar em que estiver o rei meu senhor, seja para morte seja para vida, ahi certamente estará tambem o teu servidor.

22 Então David disse a Ittai: Vem pois, e passa adiante. Assim passou Ittai, o getheo, e todos os seus homens, e todas as creanças que havia com elle.

23 E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo: tambem o rei passou o ribeiro de Cedron, e passou todo o povo na direcção do caminho do [13] deserto.

24 Eis que tambem Zadok ali estava, e com elle todos os levitas que levavam [14] a arca do concerto de Deus; e pozeram ali a arca de Deus, e subiu Abiathar, até que todo o povo acabou de passar da cidade.

25 Então disse o rei a Zadok: Torna a levar a arca de Deus á cidade; que, se achar graça nos olhos do Senhor, elle me tornará a trazer para lá, e me deixará vêr a ella e a sua habitação.

26 Se porém disser assim: Não tenho prazer em [15] ti; eis-me aqui, faça de mim [16] como parecer bem aos seus olhos.

27 Disse mais o rei a Zadok, o sacerdote: Não és tu porventura o vidente? [17] torna pois em paz para a cidade, e comvosco tambem vossos dois filhos, Ahimaas, teu filho, e Jonathan, filho d’Abiathar.

28 Olhae que me demorarei [18] nas campinas do deserto até que tenha novas vossas.

29 Zadok pois e Abiathar tornaram a levar para Jerusalem a arca de Deus: e ficaram ali.

30 E subiu David pela subida das oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; [19] e caminhava com os pés descalços: e todo o povo que ia com elle cobria cada um a sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.

31 Então fizeram saber a David, dizendo: Tambem Achitophel [20] está entre os que se conjuraram com Absalão. Pelo que disse David: Ó Senhor, enlouquece o conselho de Achitophel.

32 E aconteceu, que chegando David ao cume, para adorar ali a Deus, eis que Husai, o archita, [21] veiu encontrar-se com elle com o vestido rasgado e terra sobre a cabeça.

33 E disse-lhe David: Se passares comigo, ser-me-has [22] pesado.

34 Porém se voltares para a cidade, e disseres a Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo; [23] bem fui d’antes servo de teu pae, mas agora serei teu servo: dissipar-me-has então o conselho de Achitophel.

35 E não estão ali comtigo Zadok e Abiathar, sacerdotes? E será que todas as coisas que ouvires da casa do rei, farás saber [24] a Zadok e a Abiathar, sacerdotes.

36 Eis que estão tambem ali com elles [25] seus dois filhos, Ahimaas filho de Zadok, e Jonathan filho de Abiathar: pela mão d’elles aviso me mandareis pois de todas as coisas que ouvirdes.

37 Husai pois, amigo de [26] David, veiu para a cidade: e Absalão entrou em Jerusalem.

[1] cap. 12.11. I Reis 1.5.

[2] Jui. 9.29.

[3] Rom. 16.18.

[4] I Sam. 16.2. Gen. 28.20, 21. cap. 13.38.

[5] I Sam. 9.13 e 16.3, 5.

[6] Gen. 20.5. Jos. 15.51. Psa. 3.2.

[7] ver. 6. Jui. 9.3.

[8] cap. 19.9 e 16.21, 22.

[9] cap. 8.18.

[10] cap. 18.2.

[11] I Sam. 23.13.

[12] Ruth 1.16, 17. Pro. 17.17 e 18.24.

[13] cap. 16.2.

[14] Num. 4.15.

[15] Num. 14.8. cap. 22.20. I Reis 10.9. II Chr. 9.8. Isa. 62.4.

[16] I Sam. 3.18.

[17] I Sam. 9.9. cap. 17.17.

[18] cap. 17.16.

[19] cap. 19.4. Est. 6.12. Isa. 20.2, 4. Jer. 14.3, 4.

[20] Psa. 3.2, 3. cap. 16.23 e 17.14, 23.

[21] Jos. 16.2. cap. 1.2.

[22] cap. 19.35.

[23] cap. 16.19.

[24] cap. 17.15, 16.

[25] ver. 27.

[26] cap. 16.16. I Chr. 27.33. cap. 16.15.

[315]

David é enganado por Ziba e amaldiçoado por Semei.

16 E passando [1] David um pouco mais adiante do cume, eis que Ziba, o [2] moço de Mephiboseth, veiu encontrar-se com elle, com um par de jumentos albardados, e sobre elles duzentos pães, com cem cachos de passas, e cem de fructas de verão e um odre de vinho.

2 E disse o rei a Ziba: Que pretendes com isto? E disse Ziba: Os jumentos são para a casa do rei, para se montarem n’elles; e o pão e as fructas de verão para comerem os moços; e o vinho para beberem os cançados no [3] deserto.

3 Então disse o rei: Ora, onde está o filho de teu senhor? E disse Ziba [4] ao rei: Eis que ficou em Jerusalem; porque disse: Hoje me restaurará a casa de Israel o reino de meu pae.

4 Então disse [5] o rei a Ziba: Eis que teu é tudo quanto tem Mephiboseth. E disse Ziba: Eu me inclino, que eu ache graça em teus olhos, ó rei meu senhor.

5 E, chegando o rei David a Bahurim, eis que d’ali saiu um homem da linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simei, [6] filho de Gera, e, saindo, ia amaldiçoando.

6 E apedrejava com pedras a David, e a todos os servos do rei David: ainda que todo o povo e todos os valentes iam á sua direita e á sua esquerda.

7 E, amaldiçoando-o Simei, assim dizia: Sae, sae, homem de sangue, [7] e homem de Belial:

8 O Senhor te deu agora a [8] paga de todo o sangue da casa de Saul, em cujo logar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão teu filho; e eis-te agora na tua desgraça, porque és um homem de sangue.

9 Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Porque amaldiçoaria este cão morto [9] ao rei meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.

10 Disse porém o rei: Que tenho eu [10] comvosco, filhos de Zeruia? Ora deixae-o amaldiçoar; pois o Senhor lhe disse: Amaldiçôa a David; quem pois diria: [11] Porque assim fizeste?

11 Disse mais David a Abisai, e a todos os seus servos: [12] Eis que meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura a minha morte: quanto mais ainda este filho de Jemini? Deixae-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lh’o disse.

12 Porventura o Senhor olhará para a minha miseria: e o Senhor me pagará com bem [13] sua maldição d’este dia.

13 Proseguiam pois o seu caminho, David e os seus homens: e tambem Simei ia ao longo do monte, defronte d’elle, caminhando e amaldiçoando, e atirava pedras contra elle, e levantava poeira.

14 E o rei e todo o povo que ia com elle chegaram cansados, e refrescaram-se ali.

Os conselhos que Achitophel e Husai dão a Absalão.

15 Absalão pois, [14] e todo o povo, os homens de Israel, vieram a Jerusalem: e Achitophel com elle.

16 E succedeu que, chegando Husai, o archita, [15] amigo de David, a Absalão, disse Husai a Absalão: Viva o rei, viva o rei!

17 Porém Absalão disse a Husai: É esta a tua beneficencia para com o teu amigo? Porque não foste [16] com o teu amigo?

18 E disse Husai a Absalão: Não, porém d’aquelle que eleger o Senhor, e todo este povo, e todos os homens de Israel, d’elle serei e com elle ficarei.

19 E, demais d’isto, [17] a quem serviria eu? Porventura não seria diante de seu filho? Como servi diante de teu pae, assim serei diante de ti.

20 Então disse Absalão a Achitophel: Dae conselho entre vós sobre o que devemos fazer.

21 E disse Achitophel a Absalão: Entra ás concubinas [18] de teu pae, que deixou para guardarem a casa; e assim todo o Israel ouvirá que te fizeste aborrecivel para [19] com teu pae; e se esforçarão as mãos de todos os que estão comtigo.

22 Estenderam pois para Absalão uma tenda no terrado: [20] e entrou Absalão ás concubinas de seu pae, perante os olhos de todo o Israel.

23 E era o conselho de Achitophel, que aconselhava n’aquelles dias, como se a palavra de Deus se consultara: tal era todo o conselho de Achitophel, assim para com David [21] como para com Absalão.

[1] cap. 15.30, 32.

[2] cap. 9.2.

[3] cap. 15.23 e 17.29.

[4] cap. 19.27.

[5] Pro. 18.13.

[6] cap. 19.16. I Reis 2.8, 44.

[7] Deu. 13.13.

[8] Jui. 9.24, 56, 57. I Reis 2.32, 33. cap. 1.16 e 3.28, 29 e 4.11, 12.

[9] I Sam. 24.14. cap. 9.8. Exo. 23.28.

[10] cap. 19.22. I Ped. 2.23. II Reis 18.25. Lam. 3.38.

[11] Rom. 9.20.

[12] cap. 12.11.

[13] Rom. 8.28.

[14] cap. 15.37.

[15] cap. 15.37.

[16] cap. 19.25. Pro. 17.17.

[17] cap. 15.34.

[18] cap. 15.16 e 20.3.

[19] Gen. 13.4. I Sam. 13.4. cap. 2.7. Zac. 8.13.

[20] cap. 12.11, 12.

[21] cap. 15.12.

[316]

17 Disse mais Achitophel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e me levantarei, e seguirei após David esta noite.

2 E virei sobre elle, pois está cançado [1] e frouxo das mãos: e o espantarei, e fugirá todo o povo que está com elle; e então ferirei o rei só.

3 E farei tornar a ti todo o povo; pois o homem a quem tu buscas é como se tornassem todos; assim todo o povo estará em paz.

4 E esta palavra pareceu boa aos olhos de Absalão, e aos olhos de todos os anciãos de Israel.

5 Disse porém Absalão: Chamae agora tambem a Husai o archita: e ouçamos tambem o que elle dirá.

6 E, chegando Husai a Absalão, lhe fallou Absalão, dizendo: D’esta maneira fallou Achitophel: faremos conforme á sua palavra? Se não, falla tu.

7 Então disse Husai a Absalão: O conselho que Achitophel esta vez aconselhou não é bom.

8 Disse mais Husai: Bem conheces tu a teu pae, e a seus homens, que são valorosos, e que estão com o espirito amargurado, como a ursa [2] no campo, roubada dos cachorros: e tambem teu pae é homem de guerra, e não passará a noite com o povo.

9 Eis que agora estará escondido n’alguma cova, ou em qualquer outro logar: e será que, caindo no principio alguns d’entre elles, cada um que o ouvir então dirá: Houve derrota no povo que segue a Absalão.

10 Então até o homem valente, cujo coração é como coração de leão, sem duvida desmaiará; [3] porque todo o Israel sabe que teu pae é valoroso, e homens valentes os que estão com elle.

11 Eu porém aconselho que com toda a pressa se ajunte a ti todo o Israel desde [4] Dan até Ber-seba, em multidão como a areia do mar: e tu em pessoa vás com elle á peleja.

12 Então viremos a elle, em qualquer logar que se achar, e facilmente viremos sobre elle, como o orvalho cae sobre a terra: e não ficará d’elle e de todos os homens que estão com elle nem ainda um só.

13 E, se elle se retirar para alguma cidade, todo o Israel trará cordas áquella cidade: e arrastal-a-hemos até ao ribeiro, até que não se ache ali nem uma só pedrinha.

14 Então disse Absalão e todos os homens d’Israel: Melhor é o conselho de Husai, o archita, do que o conselho d’Achitophel (porém assim o Senhor o ordenara, para aniquilar [5] o bom conselho d’Achitophel, para que o Senhor trouxesse o mal sobre Absalão).

15 E disse Husai [6] a Zadok e a Abiathar, sacerdotes: Assim e assim aconselhou Achitophel a Absalão e aos anciãos d’Israel; porém assim e assim aconselhei eu.

16 Agora, pois, enviae apressadamente, e avisae a David, dizendo: Não passes esta noite nas campinas [7] do deserto, e logo tambem passa á outra banda, para que o rei e todo o povo que com elle está não seja devorado.

17 Estavam pois Jonathan [8] e Ahimaas junto á fonte de Rogel: e foi uma creada, e lh’o disse, e elles foram, e o disseram ao rei David, porque não podiam ser vistos entrar na cidade,

18 Mas viu-os todavia um moço, e avisou a Absalão; porém ambos logo partiram apressadamente, e entraram em casa de um homem, em Bahurim, [9] o qual tinha um poço no seu pateo, e ali dentro desceram.

19 E tomou a mulher [10] a tampa, e a estendeu sobre a bocca do poço, e espalhou grão descascado sobre ella: assim nada se soube.

20 Chegando pois os servos de Absalão á mulher, áquella casa, disseram: Onde estão Ahimaas e Jonathan? E a mulher lhes disse: [11] Já passaram o vão das aguas. E, havendo-os buscado, e não os achando, voltaram para Jerusalem.

21 E succedeu que, depois que se foram, sairam do poço, e foram, e annunciaram a David; e disseram a David: Levantae-vos, [12] e passae depressa as aguas, porque assim aconselhou contra vós Achitophel.

22 Então David e todo o povo que com elle estava se levantou, e passaram o Jordão: e pela luz da manhã nem ainda faltava um só que não passasse o Jordão.

23 Vendo pois Achitophel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a [13] sua cidade, e deu ordem a sua casa, e se enforcou: e morreu, [14] e foi sepultado na sepultura de seu pae.

24 E David [15] veiu a Mahanaim; e Absalão passou o Jordão, elle e todo o homem d’Israel com elle,

25 E Absalão constituiu a Amasa em logar de Joab sobre o arraial: e era Amasa filho de um homem cujo nome era Jethra, o israelita, o qual entrara[317] a Abigal, [16] filha de Nahas, irmã de Zeruia, mãe de Joab.

26 Israel, pois, e Absalão acamparam na terra de Gilead.

A victoria do exercito de David sobre o de Absalão.

27 E succedeu que, chegando David a Mahanaim, Sobi, [17] filho de Nahas, de Rabba, dos filhos de Ammon, e Machir, filho de Ammiel, de Lo-debar, e Barzillai, o gileadita, de Rogelim,

28 Tomaram camas e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e farinha, e grão torrado, e favas, e lentilhas, tambem torradas,

29 E mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vaccas, e os trouxeram a David e ao povo que com elle estava, para comerem, porque disseram: Este povo no [18] deserto está faminto, e cançado, e sedento.

[1] Deu. 25.18. cap. 16.14. Zac. 13.7.

[2] Ose. 13.8.

[3] Ose. 2.11.

[4] Jui. 20.1. Gen. 22.17.

[5] cap. 15.31, 34.

[6] cap. 15.31, 34.

[7] cap. 15.28.

[8] cap. 15.27, 36. Jos. 2.4, etc. e 15.7 e 13.16.

[9] cap. 16.5.

[10] Jos. 2.6.

[11] Exo. 1.19. Jos. 2.4, 5.

[12] ver. 15, 16.

[13] cap. 15.12.

[14] Mat. 27.5.

[15] Gen. 32.2. Jos. 13.26. cap. 2.8.

[16] I Chr. 2.1, 17.

[17] cap. 10.1 e 12.29 e 9.4 e 19.31, 32. I Reis 2.7.

[18] cap. 16.2.

18 E David contou o povo que tinha comsigo, e poz sobre elles capitães de cento.

2 E David enviou o povo, um terço debaixo da mão de Joab, e outro terço debaixo da mão de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joab, e outro terço debaixo [1] da mão de Ittai, o getheo; e disse o rei ao povo: Eu tambem juntamente sairei comvosco.

3 Porém o povo disse: [2] Não sairás, porque, se formos obrigados a fugir, não porão o coração em nós; e, ainda que metade de nós morra, não porão o coração em nós, porque ainda, taes como nós somos, ajuntarás dez mil: melhor será pois que da cidade nos sirvas de soccorro.

4 Então David lhes disse: O que bem parecer aos vossos olhos, farei. E o rei se poz da banda da porta, e todo o povo saiu em centenas e em milhares.

5 E o rei deu ordem a Joab, e a Abisai, e a Ittai, dizendo: Brandamente tratae por amor de mim ao mancebo, a Absalão. E todo o povo ouviu [3] quando o rei deu ordem a todos os capitães ácerca de Absalão.

6 Saiu pois o povo ao campo, a encontrar-se com Israel, e deu-se a batalha [4] no bosque d’Ephraim.

7 E ali foi ferido o povo d’Israel, diante dos servos de David: e n’aquelle mesmo dia houve ali uma grande derrota de vinte mil.

8 Porque ali se derramou a batalha sobre a face de toda aquella terra; e foram mais os do povo que consumiu o bosque do que os que a espada consumiu n’aquelle dia.

Absalão fica suspenso de uma arvore e Joab mata-o.

9 E Absalão se encontrou com os servos de David; e Absalão ia montado n’um mulo; e, entrando o mulo debaixo da espessura doe ramos d’um grande carvalho, pegou-se-lhe a cabeça no carvalho, e ficou pendurado entre o céu e a terra: e o mulo, que estava debaixo d’elle, passou adiante.

10 O que vendo um homem, o fez saber a Joab, e disse: Eis que vi a Absalão pendurado d’um carvalho.

11 Então disse Joab ao homem que lh’o fizera saber: Pois que o viste, porque o não feriste logo ali em terra? E forçoso seria o eu dar-te dez moedas de prata e um cinto.

12 Disse porém aquelle homem a Joab: Ainda que eu podesse pesar nas minhas mãos mil moedas de prata, não estenderia a minha mão contra o filho do rei, pois bem ouvimos [5] que o rei te deu ordem a ti, e a Abisai, e a Ittai, dizendo: Guardae, cada um de vós, de tocar ao mancebo, a Absalão.

13 Ainda que commettesse mentira a risco da minha vida, nem por isso coisa nenhuma se esconderia ao rei; e tu mesmo te opporias.

14 Então disse Joab: Não me demorarei assim comtigo aqui. E tomou tres dardos, e traspassou com elles o coração de Absalão, estando elle ainda vivo no meio do carvalho.

15 E o cercaram dez mancebos, que levavam as armas de Joab. E feriram a Absalão, e o mataram.

16 Então tocou Joab a buzina, e voltou o povo de perseguir a Israel, porque Joab deteve o povo.

17 E tomaram a Absalão, e o lançaram no bosque, n’uma grande cova, e levantaram [6] sobre elle um mui grande montão de pedras: e todo o Israel fugiu, cada um para a sua tenda.

18 Ora Absalão, quando ainda vivia, tinha tomado e levantado [7] para si uma columna, que está no valle do rei, porque dizia: Filho nenhum tenho para conservar a memoria do meu nome. E chamou aquella columna pelo seu proprio nome; pelo que até ao dia d’hoje se chama o Pilar d’Absalão.

David, sabendo da morte de Absalão, chora amargamente.

19 Então disse Ahimaas, filho de Zadok: Deixa-me correr, e denunciarei ao rei que já o Senhor o vingou da mão de seus inimigos.

[318]

20 Mas Joab lhe disse: Tu não serás hoje o portador de novas, porém outro dia as levarás; mas hoje não darás a nova, porque é morto o filho do rei.

21 E disse Joab a Cusi: Vae tu, e dize ao rei o que viste. E Cusi se inclinou a Joab, e correu.

22 E proseguiu Ahimaas, filho de Zadok, e disse a Joab: Seja o que fôr, deixa-me tambem correr após Cusi. E disse Joab: Para que agora correrias tu, meu filho, pois não tens mensagem conveniente?

23 Seja o que fôr, disse Ahimaas, correrei. E Joab lhe disse: Corre. E Ahimaas correu pelo caminho da planicie, e passou a Cusi.

24 E David estava assentado entre as duas portas; e a sentinella [8] subiu ao terraço da porta junto ao muro: e levantou os olhos, e olhou, e eis que um homem corria só.

25 Gritou pois a sentinella, e o disse ao rei: Se vem só, ha novas em sua bocca. E vinha andando e chegando.

26 Então viu a sentinella outro homem que corria, e a sentinella gritou ao porteiro, e disse: Eis que lá vem outro homem correndo só. Então disse o rei: Tambem traz este novas.

27 Disse mais a sentinella: Vejo o correr do primeiro, que parece ser o correr de Ahimaas, filho de Zadok. Então disse o rei: Este é homem de bem, e virá com boas novas.

28 Gritou pois Ahimaas, e disse ao rei: Paz. E inclinou-se ao rei com o rosto em terra, e disse: Bemdito seja o Senhor, que entregou os homens que levantaram a mão contra o rei meu senhor.

29 Então disse o rei: Vae bem com o mancebo, com Absalão? E disse Ahimaas: Vi um grande alvoroço, quando Joab mandou o servo do rei, e a mim teu servo; porém não sei o que era.

30 E disse o rei: Vira-te, e põe-te aqui. E virou-se, e parou.

31 E eis que vinha Cusi: e disse Cusi: Annunciar-se-ha ao rei meu senhor que hoje o Senhor te julgou da mão de todos os que se levantaram contra ti.

32 Então disse o rei a Cusi: Vae bem com o mancebo, com Absalão? E disse Cusi: [9] Sejam como aquelle mancebo os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para mal.

33 Então o rei se perturbou, e subiu á sala que estava por cima da porta, e chorou: e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, [10] meu filho, Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!

[1] cap. 15.19.

[2] cap. 21.17.

[3] ver. 12.

[4] Jos. 17.15, 18.

[5] ver. 5.

[6] Jos. 7.26.

[7] Gen. 14.17.

[8] II Reis 9.17.

[9] I Sam. 25.26.

[10] cap. 19.4.

19 E disseram a Joab: Eis que o rei anda chorando, e lastima-se por Absalão.

2 Então a victoria se tornou n’aquelle mesmo dia em tristeza para todo o povo: porque aquelle mesmo dia o povo ouvira dizer: Mui triste está o rei por causa de seu filho.

3 E aquelle mesmo dia o povo se escoou ás furtadellas na cidade, [1] como o povo de vergonhoso se escoa escondidamente quando fogem da peleja.

4 Estava pois o rei com o [2] rosto coberto; e o rei gritava a alta voz: [3] Meu filho Absalão, Absalão meu filho, meu filho!

5 Então entrou Joab ao rei em casa, e disse: Hoje envergonhaste as caras de todos os teus servos, que livraram hoje a tua vida, e a vida de teus filhos, e de tuas filhas, e a vida de tuas mulheres, e a vida de tuas concubinas.

6 Amando tu aos que te aborrecem, e aborrecendo aos que te amam: porque hoje dás a entender que nada valem para comtigo capitães e servos; porque entendo hoje que se Absalão vivesse, e todos nós hoje fossemos mortos, então bem te parecera aos teus olhos.

7 Levanta-te pois agora; sae, e falla conforme ao coração de teus servos: porque pelo Senhor te juro que, se não saires, nem um homem ficará comtigo esta noite; e mais mal te será isto do que todo o mal que tem vindo sobre ti desde a tua mocidade até agora.

8 Então o rei se levantou, e se assentou á porta: e fizeram saber a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está assentado á porta. [4] Então todo o povo veiu apresentar-se diante do rei; porém Israel fugiu cada um para as suas tendas.

9 E todo o povo, em todas as tribus de Israel, andava porfiando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, e elle nos livrou das mãos dos philisteos; e agora fugiu da terra por causa de Absalão.

10 E Absalão, a quem ungimos sobre nós, morreu na peleja: agora, pois, porque vos calaes, e não fazeis voltar o rei?

David volta para Jerusalem.

11 Então o rei David enviou a Zadok e a Abiathar, sacerdotes, dizendo: Fallae aos anciãos de Judah, dizendo: Porque serieis vós os ultimos em tornar a trazer o rei para a sua casa? (porque as palavras[319] de todo o Israel chegaram ao rei, até á sua casa.)

12 Vós sois meus irmãos, meus ossos [5] e minha carne sois vós: porque pois serieis os ultimos em tornar a trazer o rei?

13 E a Amasa direis: [6] Porventura não és tu meu osso e minha carne? assim me faça Deus, e outro tanto, se não fores chefe do arraial diante de mim para sempre, em logar de Joab.

14 Assim moveu o coração de todos os homens de Judah, como [7] o d’um só homem: e enviaram ao rei, dizendo: Volta tu com todos os teus servos.

15 Então o rei voltou, e chegou até ao Jordão; e Judah veiu a Gilgal, [8] para ir encontrar-se com o rei, á outra banda do Jordão.

16 E apressou-se Simei, [9] filho de Gera, filho de Jemini, que era de Bahurim: e desceu com os homens de Judah a encontrar-se com o rei David,

17 E com elle mil varões de Benjamin, como tambem Ziba, [10] servo da casa de Saul, e seus quinze filhos, e seus vinte servos com elle: e promptamente passaram o Jordão adiante do rei.

18 E, passando a barca, para fazer passar a casa do rei e para trazer o que bem parecesse aos seus olhos, então Simei, filho de Gera, se prostrou diante do rei, passando elle o Jordão.

19 E disse ao rei: [11] Não me impute meu senhor a minha culpa, e não te lembres do que tão perversamente fez teu servo, no dia em que o rei meu senhor saiu de Jerusalem, para o rei conserval-o no coração.

20 Porque teu servo devéras confessa que eu pequei: porém eis que eu sou o primeiro que de toda [12] a casa de José desci a encontrar-me com o rei meu senhor.

21 Então respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria pois Simei por isto, havendo amaldiçoado ao [13] ungido do Senhor?

22 Porém David disse: [14] Que tenho eu comvosco, filhos de Zeruia, para que hoje me sejaes adversarios? morreria alguem hoje [15] em Israel? porque porventura não sei que hoje fui feito rei sobre Israel?

23 E disse o rei a Simei: [16] Não morrerás. E o rei lh’o jurou.

Mephiboseth encontra-se com David.

24 Tambem Mephiboseth, [17] filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado os seus vestidos desde o dia em que o rei tinha saido até ao dia em que voltou em paz.

25 E succedeu que, vindo elle a Jerusalem a encontrar-se com o rei, disse-lhe o rei: [18] Porque não foste comigo, Mephiboseth?

26 E disse elle: Ó rei meu senhor, o meu servo me enganou; porque o teu servo dizia: Albardarei um jumento, e n’elle montarei, e irei com o rei; pois o teu servo é côxo.

27 De mais d’isto, falsamente accusou [19] a teu servo diante do rei meu senhor; porém o rei meu senhor é como um anjo de Deus; faze pois o que parecer bem aos teus olhos.

28 Porque toda a casa de meu pae não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; [20] e comtudo puzeste a teu servo entre os que comem á tua mesa: e que mais direito tenho eu de clamar ao rei?

29 E disse-lhe o rei: Porque ainda mais fallas de teus negocios? disse eu: Tu e Ziba reparti as terras.

30 E disse Mephiboseth ao rei: Tome elle tambem tudo; pois já veiu o rei meu senhor em paz á sua casa.

Barzillai encontra-se com David.

31 Tambem Barzillai, [21] o gileadita, desceu de Rogelim, e passou com o rei o Jordão, para o acompanhar á outra banda do Jordão.

32 E era Barzillai mui velho, da edade de oitenta annos; [22] e elle tinha sustentado o rei, quando tinha a sua morada em Mahanaim, porque era homem mui grande.

33 E disse o rei a Barzillai: Passa tu comigo, e sustentar-te-hei comigo em Jerusalem.

34 Porém Barzillai disse ao rei: Quantos serão os dias dos annos da minha vida, para que suba com o rei a Jerusalem?

35 Da edade de oitenta annos sou eu hoje; poderia eu discernir entre bom e mau? poderia o teu servo ter gosto no que comer e beber? Poderia eu mais ouvir a voz dos cantores e cantoras? E porque será o teu servo ainda pesado ao rei meu senhor?

36 Com o rei passará teu servo ainda um pouco mais além do Jordão: e porque me recompensará o rei com tal recompensa?

37 Deixa voltar o teu servo, e morrerei na minha cidade, junto á sepultura de[320] meu pae e de minha mãe: mas eis ahi está o teu servo [23] Chimham, o qual passe com o rei meu senhor, e faze-lhe o que bem parecer aos teus olhos.

38 Então disse o rei: Chimham passará comigo, e eu lhe farei como bem parecer aos teus olhos, e tudo quanto me pedires te farei.

39 Havendo pois todo o povo passado o Jordão, e passando tambem o rei, beijou o rei a Barzillai, [24] e o abençoou: e elle voltou para o seu logar.

40 E d’ali passou o rei a Gilgal, e Chimham passou com elle: e todo o povo de Judah conduziu o rei, como tambem a metade do povo d’Israel.

41 E eis que todos os homens d’Israel vieram ao rei, e disseram ao rei: Porque te furtaram nossos irmãos, os homens de Judah, [25] e conduziram o rei e a sua casa d’além do Jordão, e todos os homens de David com elles?

42 Então responderam todos os homens de Judah aos homens de Israel: Porquanto o rei é [26] nosso parente; e porque vos iraes por isso? Porventura comemos ás costas do rei, ou nos apresentou algum presente?

43 E responderam os homens d’Israel aos homens de Judah, e disseram: Dez partes temos no rei, e até em David mais temos nós do que vós; porque pois não fizestes conta de nós, para que a nossa palavra não fosse a primeira, para tornar a trazer o nosso rei? Porém a palavra dos homens de Judah foi [27] mais forte do que a palavra dos homens d’Israel.

[1] ver. 32.

[2] cap. 15.30.

[3] cap. 18.33.

[4] cap. 18.17.

[5] cap. 5.1.

[6] cap. 17.25. Ruth 1.17.

[7] Jui. 20.1.

[8] Jos. 5.9.

[9] cap. 16.5. I Reis 2.8.

[10] cap. 9.2, 10 e 16.1, 2.

[11] I Sam. 22.15. cap. 33.

[12] cap. 16.5.

[13] Exo. 22.28.

[14] cap. 16.10.

[15] I Sam. 11.13.

[16] I Reis 2.8, 9, 37, 46.

[17] cap. 9.6.

[18] cap. 16.17.

[19] cap. 16.3 e 14.17, 20.

[20] cap. 9.7, 10, 13.

[21] I Reis 2.7.

[22] cap. 17.27.

[23] I Reis 2.6. Jer. 41.17.

[24] Gen. 31.55.

[25] ver. 15.

[26] ver. 12.

[27] Jui. 8.1 e 12.1.

A sedição de Seba e a sua morte.

Antes de Christo 1022

20 Então se achou ali por acaso um homem de Belial, cujo nome era Seba, filho de Bichri, homem de Benjamin, o qual tocou a buzina, e disse: [1] Não temos parte em David, nem herança no filho de Jessé; cada um ás suas tendas, ó Israel.

2 Então todos os homens d’Israel subiram de detraz de David, e seguiram Seba, filho de Bichri; porém os homens de Judah se uniram ao seu rei desde o Jordão até Jerusalem.

3 Vindo pois David para sua casa, a Jerusalem, tomou o rei as dez mulheres, suas concubinas, [2] que deixara para guardarem a casa, e as poz n’uma casa em guarda, e as sustentava; porém não entrou a ellas: e estiveram encerradas até ao dia da sua morte, vivendo como viuvas.

4 Disse mais o rei a Amasa: [3] Convoca-me os homens de Judah para o terceiro dia: e tu então apresenta-te aqui.

5 E foi Amasa para convocar a Judah: porém demorou-se além do tempo que lhe tinha designado.

6 Então disse David a Abisai: Mais mal agora nos fará Seba, o filho de Bichri, do que Absalão: pelo que toma tu os servos [4] de teu senhor, e persegue-o, para que porventura não ache para si cidades fortes, e escape dos nossos olhos.

7 Então sairam atraz d’elle os homens de Joab, e os cheretheos, [5] e os peletheos, e todos os valentes: estes sairam de Jerusalem para irem atraz de Seba, filho de Bichri.

8 Chegando elles pois á pedra grande que está junto a Gibeon, Amasa veiu: e estava Joab cingido da sua roupa que vestiu, e sobre ella um cinto, ao qual estava pegada a espada a seus lombos na sua bainha; e, adiantando-se elle, lhe caiu.

9 E disse Joab a Amasa: Vae comtigo bem, meu irmão? E Joab, com a mão direita, [6] pegou da barba de Amasa, para o beijar.

10 E Amasa não se resguardou da espada que estava na mão de Joab, de sorte que este o feriu [7] com ella na quinta costella, e lhe derramou por terra as entranhas, e não o feriu segunda vez, e morreu: então Joab e Abisai, seu irmão, foram atraz de Seba, filho de Bichri.

11 Mas algum d’entre os moços de Joab parou junto a elle, e disse: Quem ha que bem queira a Joab? e quem seja por David siga a Joab.

12 E Amasa estava envolto no seu sangue no meio do caminho: e, vendo aquelle homem que todo o povo parava, desviou a Amasa do caminho para o campo, e lançou sobre elle um manto; porque via que todo aquelle que chegava a elle parava.

13 E, como estava apartado do caminho, todos os homens seguiram a Joab, para perseguirem a Seba, filho de Bichri.

14 E passou por todas as tribus d’Israel até Abel, a saber, a [8] Beth-maaca e a todos os beritas: e ajuntaram-se, e tambem o seguiram.

15 E vieram, e o cercaram em Abel de Beth-maaca, e levantaram uma tranqueira contra a cidade, assim que estava em frente do antemuro: e todo o povo que estava com Joab batia o muro, para o derribar.

[321]

16 Então uma mulher sabia gritou de dentro da cidade: Ouvi, ouvi, peço-vos que digaes a Joab: Chega-te cá, para que eu te falle.

17 Chegou-se a ella, e disse a mulher: Tu és Joab? E disse elle: Eu sou. E ella lhe disse: Ouve as palavras de tua serva. E disse elle: Ouço.

18 Então fallou ella, dizendo: Antigamente costumava-se fallar, dizendo: Certamente pediram conselho a Abel; e assim o concluiam.

19 Sou eu uma das pacificas e das fieis em Israel: e tu procuras matar uma cidade que é madre em Israel: porque pois devorarias [9] a herança do Senhor?

20 Então respondeu Joab, e disse: Longe, longe de mim que eu tal faça, que eu devore ou arruine!

21 A coisa não é assim; porém um homem do monte d’Ephraim, cujo nome é Seba, filho de Bichri, levantou a mão contra o rei, contra David; entregae-me só este, e retirar-me-hei da cidade. Então disse a mulher a Joab; Eis que te será lançada a sua cabeça pelo muro.

22 E a mulher, na sua [10] sabedoria, entrou a todo o povo, e cortaram a cabeça de Seba, filho de Bichri, e a lançaram a Joab; então tocou a buzina, e se retiraram da cidade, cada um para as suas tendas, e Joab voltou a Jerusalem, ao rei.

23 E Joab [11] estava sobre todo o exercito d’Israel; e Benaia, filho de Joiada, sobre os cheretheos e sobre os peletheos;

24 E Adoram sobre [12] os tributos; e Josaphat, filho de Ahilud, era o chanceller;

25 E Seva o escrivão; e Zadok [13] e Abiathar os sacerdotes;

26 E tambem Ira, [14] o jairita, era o [KA] official-mór de David.

[1] cap. 19.43. I Reis 12.16. II Chr. 10.16.

[2] cap. 15.16 e 16.21, 22.

[3] cap. 19.13.

[4] cap. 11.11. I Reis 1.33.

[5] cap. 8.18. I Reis 1.38.

[6] Mat. 26.49. Luc. 22.47.

[7] I Reis 2.5. cap. 2.23.

[8] II Reis 15.29. II Chr. 16.4. II Reis 19.32.

[9] I Sam. 26.19. cap. 21.3.

[10] Ecc. 9.14, 15.

[11] cap. 8.16, 18.

[12] I Reis 4.6. cap. 8.16. I Reis 4.3.

[13] cap. 8.17. I Reis 4.4.

[14] cap. 23.28.

Fome em Israel, e a sua causa.

Antes de Christo 1021

21 E houve em dias de David uma fome de tres annos, de anno em anno; e David consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: É por causa de Saul e da sua casa sanguinaria, porque matou os gibeonitas.

2 Então chamou o rei aos gibeonitas, e lhes fallou (ora os gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas do resto [1] dos amorrheos, e os filhos de Israel lhes tinham jurado, porém Saul procurou feril-os no seu zelo á causa dos filhos de Israel e de Judah).

3 Disse pois David aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça? e que satisfação vos darei, para que abençoeis a [2] herança do Senhor?

4 Então os gibeonitas lhe disseram: Não é por prata nem oiro que temos questão com Saul e com sua casa; nem tão pouco pretendemos matar pessoa alguma em Israel. E disse elle: Que é pois que quereis que vos faça?

5 E disseram ao rei: O homem que nos destruiu, e intentou contra nós que fossemos assollados, sem que podessemos subsistir em termo algum de Israel,

6 De seus filhos se nos dêem sete homens, para que os enforquemos ao Senhor em Gibeah [3] de Saul, o eleito do Senhor. E disse o rei: Eu os darei.

7 Porém o rei poupou a Mephiboseth, filho de Jonathan, filho de Saul, por [4] causa do juramento do Senhor, que entre elles houvera, entre David e Jonathan, filho de Saul.

8 Porém tomou o rei os dois filhos de [5] Rispa, filha d’Aia, que tinha parido a Saul, a saber a Armoni e a Mephiboseth; como tambem os cinco filhos da irmã de Michal, filha de Saul, que parira a Adriel, filho de Barzillai, meholathita.

9 E os entregou na mão dos gibeonitas, os quaes os enforcaram no monte, perante [6] o Senhor; e cairam estes sete juntamente: e foram mortos nos dias da sega, nos dias primeiros, no principio da sega das cevadas.

10 Então Rispa, [7] filha d’Aia, tomou um panno de cilicio, e estendeu-lh’o sobre uma penha, desde o principio da sega, até que distillou a agua sobre elles do céu: e não deixou as aves do céu pousar sobre elles de dia, nem os animaes do campo de noite.

11 E foi dito a David o que fizera Rispa, filha d’Aia, concubina de Saul.

12 Então foi David, e tomou os ossos de Saul, e os ossos de Jonathan seu filho, dos moradores de [8] Jabéz-gilead, os quaes os furtaram da rua de Beth-san, onde os [9] philisteos os tinham pendurado, quando os philisteos feriram a Saul em Gilboa.

13 E fez subir d’ali os ossos de Saul, e os ossos de Jonathan seu filho: e ajuntaram tambem os ossos dos enforcados.

[322]

14 Enterraram os ossos de Saul, e de Jonathan seu filho na terra de Benjamin, [10] em Zela, na sepultura de seu pae Kis, e fizeram tudo o que o rei ordenara; e depois d’isto Deus se aplacou com a terra.

Quatro guerras contra os philisteos.

Antes de Christo 1019

15 Tiveram mais os philisteos uma peleja contra Israel: e desceu David, e com elle os seus servos: e tanto pelejaram contra os philisteos, que David se cançou.

16 E Isbi-benob, que era dos filhos do gigante, e o peso de cuja lança tinha trezentos siclos de peso de cobre, e que cingia uma espada nova, este intentou ferir a David.

17 Porém Abisai, filho de Zeruia, o soccorreu, e feriu o philisteo, e o matou: então os homens de David lhe juraram, dizendo: Nunca mais [11] sairás comnosco á peleja, para que não apagues a lampada de Israel.

18 E aconteceu [12] depois d’isto que houve em Gob ainda outra peleja contra os philisteos: então Sibbechai, o husatita, feriu a Saph, que era dos filhos do gigante.

19 Houve mais outra peleja contra os philisteos em Gob: e El-hanan, filho de Jaaré-oregim, o beth-lehemita [13] feriu Goliath, o getheo, de cuja lança era a haste como orgão de tecelão.

20 Houve ainda tambem [14] outra peleja em Gath, onde estava um homem d’alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos, e em cada pé outros seis, vinte e quatro por todos, e tambem este nascera do gigante.

21 E injuriava a Israel: porém Jonathan, filho de [15] Simea, irmão de David, o feriu.

22 Estes [16] quatro nasceram ao gigante em Gath: e cairam pela mão de David e pela mão de seus servos.

[1] Jos. 9.3, 15, 16, 17.

[2] cap. 20.19.

[3] I Sam. 10.26 e 11.4 e 10.24.

[4] I Sam. 18.3 e 20.8, 15, 42 e 23.18.

[5] cap. 3.7.

[6] cap. 6.17.

[7] ver. 8. cap. 3.7. Deu. 21.23.

[8] I Sam. 31.11, 12, 13.

[9] I Sam. 1.10.

[10] Jos. 18.28 e 7.26. cap. 24.25.

[11] cap. 18.3. I Reis 11.36 e 15.4. Psa. 132.17.

[12] I Chr. 20.4 e 11.29.

[13] I Chr. 20.5.

[14] I Chr. 20.6.

[15] I Sam. 16.9.

[16] I Chr. 20.8.

Cantico de David em acção de graças.

Antes de Christo 1018

22 E fallou [1] David ao Senhor as palavras d’este cantico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul.

2 Disse pois: O Senhor [2] é o meu rochedo, e o meu logar forte, e o meu libertador.

3 Deus é o meu rochedo, [3] n’elle confiarei: o meu escudo, e [KB] a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refugio. O meu Salvador, de violencia me salvaste.

4 O Senhor, digno de louvor, invoquei, e de meus inimigos fiquei livre.

5 Porque me cercaram as ondas de morte: as torrentes de Belial me assombraram.

6 Cordas [4] do inferno me cingiram; encontraram-me laços de morte.

7 Estando [5] em angustia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei: do seu templo ouviu elle a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.

8 Então se abalou e tremeu a [6] terra, os fundamentos dos céus se moveram e abalaram, porque elle se irou.

9 Subiu [7] o fumo de seus narizes, e da sua bocca um fogo devorador: carvões se incenderam d’elle.

10 E abaixou [8] os céus, e desceu: e uma escuridão havia debaixo de seus pés.

11 E subiu sobre um cherubim, e voou: e foi visto sobre as azas do vento.

12 E por tendas poz [9] as trevas ao redor de si: ajuntamento d’aguas, nuvens dos céus.

13 Pelo resplendor da sua presença brasas de fogo se [10] accendem.

14 Trovejou desde os céus o Senhor: [11] e o Altissimo fez soar a sua voz.

15 E disparou [12] frechas, e os dissipou: raios e os perturbou.

16 E appareceram as profundezas do mar, os fundamentos do mundo se descobriram: pela reprehensão [13] do Senhor, pelo sopro do vento dos seus narizes.

17 Desde o alto enviou, e me tomou: tirou-me das muitas aguas.

18 Livrou-me [14] do meu possante inimigo, e d’aquelles que me tinham odio, porque eram mais fortes do que eu.

19 Encontraram-me no dia da minha calamidade: porém o Senhor se fez o meu esteio.

20 E [15] tirou-me á largura, e arrebatou-me d’ali; porque tinha prazer em mim.

21 Recompensou-me o Senhor conforme [16] á minha justiça: conforme á pureza de minhas mãos me retribuiu.

[323]

22 Porque guardei [17] os caminhos do Senhor: e não me apartei impiamente do meu Deus.

23 Porque todos os seus [18] juizos estavam diante de mim: e de seus estatutos me não desviei.

24 Porém fui [19] sincero perante elle: e guardei-me da minha iniquidade.

25 E me retribuiu [20] o Senhor conforme á minha justiça, conforme á minha pureza diante dos seus olhos.

26 Com o benigno te mostras benigno: [21] com o varão sincero te mostras sincero.

27 Com o puro te mostras puro: mas com o perverso te mostras avesso.

28 E o povo afflicto livras: mas teus [22] olhos são contra os altivos, e tu os abaterás.

29 Porque tu, Senhor, és a minha candeia: e o Senhor esclarece as minhas trevas.

30 Porque comtigo passo pelo meio d’um esquadrão: pelo meu Deus salto um muro.

31 O caminho [23] de Deus é perfeito, e a palavra do Senhor refinada; e é o escudo de todos os que n’elle confiam.

32 Porque, quem é Deus, [24] senão o Senhor? e quem é rochedo, senão o nosso Deus?

33 Deus é a minha [25] fortaleza e a minha força, e elle perfeitamente desembaraça o meu caminho.

34 Faz elle os meus [26] pés como os das cervas, e me põe sobre as minhas alturas.

35 Instrue as minhas mãos para a peleja, de maneira que um arco de cobre se quebra pelos meus braços.

36 Tambem me déste o escudo da tua salvação, e pela tua brandura me vieste a engrandecer.

37 Alargaste [27] os meus passos debaixo de mim, e não vacillaram os meus artelhos.

38 Persegui os meus inimigos, e os derrotei, e nunca me tornei até que os consumisse.

39 E os consumi, e os atravessei, de modo que nunca mais se levantaram, mas cairam debaixo [28] dos meus pés.

40 Porque me cingiste [29] de força para a peleja, fizeste abater-se debaixo de mim os que se levantaram contra mim.

41 E deste-me o pescoço [30] de meus inimigos, d’aquelles que me tinham odio, e os destrui.

42 Olharam, porém não houve libertador: sim, para o Senhor, [31] porém não lhes respondeu.

43 Então os moí [32] como o pó da terra; como a lama das ruas os trilhei e dissipei.

44 Tambem me livraste [33] das contendas do meu povo; guardaste-me para cabeça das nações; o povo que não conhecia [34] me servirá.

45 Os filhos [35] de estranhos se me sujeitaram; ouvindo a minha voz, me obedeceram.

46 Os filhos de estranhos descairam; e, cingindo-se, sairam dos seus encerramentos.

47 Vive o Senhor, e bemdito seja o meu rochedo; e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação:

48 O Deus que me dá inteira vingança, e sujeita os povos debaixo de mim.

49 E o que me tira d’entre os meus inimigos: e tu me exaltas sobre os que contra mim se levantam; do homem violento me livras.

50 Por isso, ó Senhor, te louvarei entre [36] as gentes, e entoarei louvores ao teu nome.

51 Elle é a torre [37] das salvações do seu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com David, e com a sua semente para sempre.

[1] Exo. 15.1. Jui. 5.1.

[2] Deu. 32.4.

[3] Heb. 2.13. Gen. 15.1. Luc. 1.69. Pro. 18.10. Jer. 16.19.

[4] Psa. 116.3.

[5] Psa. 116.4. Jon. 2.2. Exo. 3.7.

[6] Jui. 5.4. Job 26.11.

[7] Psa. 97.3. Hab. 3.5. Heb. 12.29.

[8] Isa. 64.1. Exo. 20.21. I Reis 8.12. Psa. 97.2.

[9] ver. 10. Psa. 97.2.

[10] ver. 9.

[11] Jui. 5.20. I Sam. 2.10 e 7.10. Isa. 30.30.

[12] Deu. 32.23. Hab. 3.11.

[13] Exo. 15.8. Psa. 106.9. Nah. 1.4. Mat. 8.26.

[14] ver. 1.

[15] Psa. 31.9. cap. 15.26.

[16] ver. 25. I Sam. 25.23. I Reis 8.32.

[17] Gen. 18.19. Pro. 8.32.

[18] Deu. 7.12.

[19] Gen. 6.9 e 17.1. Job 1.1.

[20] ver. 21.

[21] Mat. 5.7. Lev. 26.23, 24, 27, 28.

[22] Exo. 3.7, 8. Job 40.11, 12. Isa. 2.11, 12, 17 e 5.15. Dan. 4.37.

[23] Deu. 32.4. Dan. 4.37. Apo. 15.3. Pro. 30.5.

[24] I Sam. 2.2. Isa. 45.5, 6.

[25] Exo. 15.2. Isa. 12.2. Heb. 13.21. Deu. 18.13. Job 22.3.

[26] cap. 2.18. Hab. 3.19. Deu. 32.13. Isa. 33.16 e 58.14.

[27] Pro. 4.12.

[28] Mal. 4.3.

[29] Psa. 18.33, 40.

[30] Gen. 49.8. Exo. 23.27. Jos. 10.24.

[31] Jos. 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15. Miq. 3.4.

[32] II Reis 13.7. Dan. 2.35. Isa. 10.6. Miq. 7.10. Zac. 10.5.

[33] cap. 3.1 e 5.1 e 19.9, 14 e 20.1, 2, 22.

[34] Deu. 28.13. cap. 8.1-14. Isa. 55.5.

[35] Miq. 7.17. Psa. 89.27.

[36] Rom. 15.9.

[37] Psa. 144.10. cap. 7.12, 13.

As ultimas palavras de David.

23 E estas são as ultimas palavras de David: Diz David, filho de Jessé, e diz [1] o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacob, e o suave em psalmos d’Israel:

2 O [2] espirito do Senhor fallou por mim, e a sua palavra esteve em minha bocca.

3 Disse o Deus d’Israel, [3] a Rocha d’Israel a mim me fallou: Haverá um justo que domine sobre os homens, [4] que domine no temor de Deus.

4 E será como [5] a luz da manhã, quando sae o sol, da manhã sem nuvens, quando pelo seu resplandor e pela chuva a herva brota da terra.

5 Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, [6] comtudo estabeleceu[324] comigo um concerto eterno, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está n’elle, apezar de que ainda não o faz brotar.

6 Porém os filhos de Belial todos serão como os espinhos que se lançam fóra, porque se lhes não pode pegar com a mão.

7 Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo logar.

Os trinta e sete valentes que David teve.

8 Estes são os nomes dos valentes que David teve: Joseb-bashebeth, filho de Tachemoni, o principal dos capitães: este era Adino, o esnita, que se oppozera a oitocentos, e os feriu d’uma vez.

9 E depois d’elle Eleazar, [7] filho de Dodó, filho de Ahohi, entre os tres valentes que estavam com David quando provocaram os philisteos que ali se ajuntaram á peleja, e quando d’Israel os homens subiram.

10 Este se levantou, e feriu os philisteos, até lhe cançar a mão e ficar a mão pegada á espada: e n’aquelle dia o Senhor obrou um grande livramento; e o povo voltou atraz d’elle, sómente a tomar o despojo.

11 E depois d’elle [8] Samma, filho de Agé, o hararita, quando os philisteos se ajuntaram n’uma multidão, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos philisteos.

12 Este pois se poz no meio d’aquelle pedaço de terra, e o defendeu, e feriu os philisteos: e o Senhor obrou um grande livramento.

13 Tambem tres dos trinta cabeças desceram, [9] e vieram no tempo da sega a David, á caverna de Adullam: e a multidão dos philisteos acampara no valle de Rephaim.

14 David estava [10] então n’um logar forte, e a guarnição dos philisteos estava então em Beth-lehem.

15 E teve David desejo, e disse: Quem me déra beber da agua da cisterna de Beth-lehem, que está junto á porta!

16 Então aquelles tres valentes romperam pelo arraial dos philisteos, e tiraram agua da cisterna de Beth-lehem, que está junto á porta, e a tomaram, e a trouxeram a David; porém elle não a quiz beber, mas derramou-a perante o Senhor,

17 E disse: Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu [11] o sangue dos homens que foram a risco da sua vida? De maneira que não a quiz beber: isto fizeram aquelles tres valentes.

18 Tambem Abisai, irmão de Joab, filho de Zeruia, [12] era cabeça de tres; e este alçou a sua lança contra trezentos feridos: e tinha nome entre os tres.

19 Porventura este não era o mais nobre d’entre estes tres? pois era o primeiro d’elles; porém aos primeiros tres não chegou.

20 Tambem Benaia, filho de Joiada, [13] filho d’um homem valoroso de Cabseel, grande em obras, este feriu dois fortes leões de Moab; e desceu elle, e feriu um leão no meio d’uma cova, no tempo da neve.

21 Tambem este feriu um homem egypcio, homem de respeito; e na mão do egypcio havia uma lança, porém elle desceu a elle com um cajado, e arrancou a lança da mão do egypcio, e o matou com a sua propria lança.

22 Estas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre tres valentes.

23 D’entre os trinta elle era o mais nobre, porém aos tres primeiros não chegou: e David [14] o poz sobre os seus guardas.

24 Asael, [15] irmão de Joab, estava entre os trinta, que eram: El-hanan, filho de Dodó, de Beth-lehem,

25 Samma, [16] harodita, Elika, harodita,

26 Heles, paltita, Ira, filho de Ikkes, tekoita,

27 Abiezer, anathothita, Mebunnai, husathita,

28 Zalmon, ahohita, Maharai, netophathita,

29 Heleb, filho de Baena, netophathita, Ittai, filho de Ribai, de Gibeah dos filhos de Benjamin,

30 Benaia, pirhathonita, Hiddai, do ribeiro [17] de Gaás,

31 Abi-albon, arbathita, Azmaveth, barhumita,

32 Eliaba, saalbonita, os filhos de Jasen e Jonathan,

33 Samma, hararita, Ahiam, filho de Sarar, ararita,

34 Eliphelet, filho de Ahasbai, filho d’um maacathita, Eliam, filho de Achitophel, gilonita,

35 Hesrai, carmelita, Paarai, arbita,

36 Ighal, filho de Nathan, de Zoba, Bani, gadita,

37 Zelek, ammonita, Naharai, beerothita, o que trazia as armas de Joab, filho de Zeruia,

[325]

38 Ira, [18] jethrita, Gareb, jethrita,

39 Urias, hetheo: trinta e sete por todos.

[1] cap. 7.8, 9. I Sam. 16.12, 13.

[2] II Ped. 1.21.

[3] Deu. 32.4, 31.

[4] Exo. 18.21. II Chr. 19.7, 9.

[5] Jui. 5.31. Pro. 4.18. Ose. 6.5.

[6] cap. 7.15, 16. Isa. 55.3.

[7] I Chr. 11.12 e 27.4.

[8] I Chr. 11.27 e 11.13, 14.

[9] I Chr. 11.15. I Sam. 22.1. cap. 5.18.

[10] I Sam. 22.4, 5.

[11] Lev. 17.10.

[12] I Chr. 11.20.

[13] Jos. 15.21. Exo. 15.15. I Chr. 11.22.

[14] cap. 8.18 e 20.23.

[15] cap. 2.18.

[16] I Chr. 11.27.

[17] Jui. 2.9.

[18] cap. 20.26.

A numeração do povo e o castigo que Deus enviou.

24 E a ira do Senhor se tornou [1] a accender contra Israel: e incitou a David contra elles, dizendo: Vae, numera a Israel e a Judah.

2 Disse pois o rei a Joab, chefe do exercito, o qual tinha comsigo: Agora rodeia por todas as tribus de Israel, [2] desde Dan até Berseba, e numera o povo: para que eu saiba o numero do povo.

3 Então disse Joab ao rei: Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o vejam: mas porque deseja o rei meu senhor este negocio?

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joab, e contra os chefes do exercito: Joab pois saiu com os chefes do exercito diante da face do rei, a numerar o povo de Israel.

5 E passaram o Jordão: e pozeram-se em campo junto a [3] Aroer, á direita da cidade que está no meio do ribeiro de Gad, e junto a Jazer.

6 E vieram a Gilead, e á terra baixa de Hodsi: [4] tambem vieram até Dan-jaan, e ao redor de Zidon.

7 E vieram á fortaleza de Tyro, e a todas as cidades dos heveos e dos cananeos; e sairam para a banda do sul de Judah, a Berseba.

8 Assim rodeiaram por toda a terra: e ao cabo de nove mezes e vinte dias voltaram a Jerusalem.

Antes de Christo 1017

9 E Joab deu ao rei a somma do numero do povo contado: [5] e havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam espada; e os homens de Judah eram quinhentos mil homens.

10 E o coração feriu a [6] David, depois de haver numerado o povo: e disse David ao Senhor: Muito pequei [7] no que fiz: porém agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniquidade do teu servo; porque tenho feito mui loucamente.

11 Levantando-se pois David pela manhã, veiu a palavra do Senhor ao propheta [8] Gad, vidente de David, dizendo:

12 Vae, e dize a David: Assim diz o Senhor: Tres coisas te offereço; escolhe uma d’ellas, para que t’a faça.

13 Veiu pois Gad a David, e fez-lh’o saber; e disse-lhe: Queres que sete annos de fome [9] te venham á tua terra; ou que por tres mezes fujas diante de teus inimigos, e elles te persigam; ou que por tres dias haja peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de tornar ao que me enviou.

14 Então disse David a Gad: Estou em grande angustia: porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as [10] suas misericordias; mas nas mãos dos homens não caia eu.

15 Então enviou [11] o Senhor a peste a Israel, desde pela manhã até ao tempo determinado: e desde Dan até Berseba, morreram setenta mil homens do povo.

16 Estendendo pois [12] o anjo a sua mão sobre Jerusalem, para a destruir, o Senhor se arrependeu d’aquelle mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto á eira d’Arauna, [13] o jebuseo.

17 E, vendo David ao anjo que feria o povo, fallou ao Senhor, e disse: Eis que eu sou o que pequei, [14] e eu o que iniquamente obrei; porém estas ovelhas que fizeram? seja pois a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pae.

18 E Gad veiu n’aquelle mesmo dia a David; e disse-lhe: Sobe, levanta ao Senhor [15] um altar na eira de Arauna, o jebuseo.

19 David subiu conforme á palavra de Gad, como o Senhor lhe tinha ordenado.

20 E olhou Arauna, e viu que vinham para elle o rei e os seus servos: saiu pois Arauna, e inclinou-se diante do rei com o rosto em terra.

21 E disse Arauna: Porque vem o rei meu Senhor ao seu servo? E disse David: [16] Para comprar de ti esta eira, afim de edificar n’ella um altar ao Senhor, para que este castigo cesse [17] de sobre o povo.

22 Então disse Arauna a David: Tome, e offereça o rei meu senhor o que bem parecer aos seus olhos: eis ahi [18] bois para o holocausto, e os trilhos, e o apparelho dos bois para a lenha.

23 Tudo isto deu Arauna ao rei; disse mais Arauna ao rei; O Senhor teu Deus [19] tome prazer em ti.

24 Porém o rei disse a Arauna: Não, porém por certo preço t’o comprarei, porque não offerecerei ao Senhor meu[326] Deus holocaustos que me não custem nada. Assim David comprou [20] a eira e os bois por cincoenta siclos de prata.

25 E edificou ali David ao Senhor um altar, e offereceu holocaustos, e offertas pacificas. [21] Assim o Senhor se aplacou com a terra, e cessou aquelle castigo de sobre Israel.

[1] cap. 21.1. I Chr. 27.23, 24.

[2] Jui. 20.1. Jer. 17.5.

[3] Deu. 2.36. Jos. 13.9, 16.

[4] Jos. 19.47. Jui. 18.29. Jos. 19.28. Jui. 18.28.

[5] I Chr. 21.5.

[6] I Sam. 24.5.

[7] cap. 12.13. I Sam. 13.13.

[8] I Sam. 9.9. I Chr. 29.29.

[9] I Chr. 21.12.

[10] Psa. 103.8, 13, 14. Isa. 47.6. Zac. 1.16.

[11] I Chr. 21.14 e 27.24.

[12] Exo. 12.23. I Chr. 21.15. Gen. 6.6. I Sam. 15.11. Joel 2.13, 14.

[13] I Chr. 21.15. II Chr. 3.1.

[14] I Chr. 21.17.

[15] I Chr. 21.18, etc.

[16] Gen. 23.8-16.

[17] Num. 16.48, 50.

[18] I Reis 19.21.

[19] Eze. 20.40, 41.

[20] I Chr. 21.24, 25.

[21] cap. 21.14. ver. 21.


O PRIMEIRO LIVRO DOS REIS.

A velhice de David.

Antes de Christo 1015

1 Sendo pois o rei David já velho, e entrado em dias, cobriam-n’o de vestes, porém não aquecia.

2 Então disseram-lhe os seus servos: Busquem para o rei meu senhor uma moça virgem, que esteja perante o rei, e tenha cuidado d’elle: e durma no seu seio, para que o rei meu senhor aqueça.

3 E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa: e acharam a [1] Abisag, sunamita; e a trouxeram ao rei.

4 E era a moça sobre maneira formosa: e tinha cuidado do rei, e o servia; porém o rei não a conheceu.

5 Então Adonias, [2] filho d’Haggith, se levantou, dizendo: Eu reinarei. E preparou carros, [3] e cavalleiros, e cincoenta homens, que corressem diante d’elle.

6 E nunca seu pae o tinha contrariado, dizendo: Porque fizeste assim? E era elle tambem mui formoso [4] de parecer; e Haggith o parira depois de Absalão.

7 E tinha intelligencia com Joab, filho de Zeruia, e [5] com Abiathar o sacerdote; os quaes o ajudavam, seguindo a Adonias.

8 Porém Zadok o sacerdote, e Benaia, filho de Joiada, e Nathan, o propheta, [6] e Simei, e Rei, e os valentes que David tinha, não estavam com Adonias,

9 E matou Adonias ovelhas, e vaccas, e bestas cevadas, junto á pedra de Zoheleth, que está junto á fonte de Rogel: e convidou a todos os seus irmãos, os filhos do rei, e a todos os homens de Judah, servos do rei.

10 Porém a Nathan, propheta, e a Benaia, e aos valentes, e a Salomão, seu irmão, não convidou.

11 Então fallou Nathan a Bath-seba, mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste que Adonias, [7] filho de Haggith, reina? e que nosso senhor David não o sabe?

12 Vem pois agora, e deixa-me dar-te um conselho, para que salves a tua vida, e a de Salomão teu filho.

13 Vae, e entra ao rei David, e dize-lhe: Não juraste tu, rei senhor meu, á tua serva, dizendo: Certamente teu [8] filho Salomão reinará depois de mim, e elle se assentará no meu throno? porque pois reina Adonias?

14 Eis que, estando tu ainda ahi fallando com o rei, eu tambem entrarei depois de ti, e acabarei as tuas palavras.

15 E entrou Bath-seba ao rei na recamara; e o rei era mui velho: e Abisag, a sunamita, servia ao rei.

16 E Bath-seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei: e disse o rei: Que tens?

17 E ella lhe disse: [9] Senhor meu, tu juraste á tua serva pelo Senhor teu Deus, dizendo: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e elle se assentará no meu throno.

18 E agora eis que Adonias reina: e agora, ó rei meu senhor, tu não o sabes.

19 E matou [10] vaccas, e bestas cevadas, e ovelhas em abundancia, e convidou a todos os filhos do rei, e a Abiathar, o sacerdote, e a Joab, general do exercito, mas a teu servo Salomão não convidou.

20 Porém tu, ó rei meu senhor, os olhos de todo o Israel estão sobre ti, para que lhes declares quem se assentará sobre o throno do rei meu senhor, depois d’elle.

21 D’outro modo [11] succederá que, quando o rei meu senhor dormir com seus paes, eu e Salomão meu filho seremos os peccantes.

22 E, estando ella ainda fallando com o rei, eis que entra o propheta Nathan.

23 E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis ali está o propheta Nathan. E entrou á presença do rei, e prostrou-se diante do rei com o rosto em terra.

[327]

24 E disse Nathan: Ó rei meu senhor, disseste tu: Adonias reinará depois de mim, e elle se assentará sobre o meu throno?

25 Porque [12] hoje desceu, e matou vaccas, e bestas cevadas, e ovelhas em abundancia, e convidou a todos os filhos do rei, e aos capitães do exercito, e a Abiathar, o sacerdote, e eis que estão comendo e bebendo perante elle: e dizem: [13] Viva o rei Adonias!

26 Porém a mim, sendo eu teu servo, e a Zadok, o sacerdote, e a Benaia, filho de Joiada, e a Salomão, teu servo, não convidou.

27 Foi feito isto da parte do rei meu senhor? e não fizeste saber a teu servo quem se assentaria no throno do rei meu senhor depois d’elle?

28 E respondeu o rei David, e disse: Chamae-me a Bath-seba. E ella entrou á presença do rei; e estava em pé diante do rei.

29 Então jurou o rei e disse: Vive o Senhor, [14] o qual remiu a minha alma de toda a angustia,

30 Que, [15] como te jurei pelo Senhor Deus de Israel, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e elle se assentará no meu throno, em meu logar, assim o farei no dia d’hoje.

31 Então Bath-seba se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou diante do rei, e disse: Viva [16] o rei David meu senhor para sempre!

Salomão é constituido rei.

32 E disse o rei David: Chamae-me a Zadok, o sacerdote, e a Nathan, o propheta, e a Benaia, filho de Joiada. E entraram á presença do rei.

33 E o rei lhes disse: Tomae comvosco [17] os servos de vosso senhor, e fazei subir a meu filho Salomão na mula que é minha; e fazei-o descer a Gihon.

34 E Zadok, o sacerdote, com Nathan, [18] o propheta, ali o ungirão rei sobre Israel: então tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!

35 Então subireis apoz elle, e virá e se assentará no meu throno, e elle reinará em meu logar: porque tenho ordenado que elle seja guia sobre Israel e sobre Judah.

36 Então Benaia, filho de Joiada, respondeu ao rei, e disse: Amen: assim o diga o Senhor Deus do rei meu senhor.

37 Como [19] o Senhor foi com o rei meu senhor, assim o seja com Salomão, e faça que o seu throno seja maior do que o throno do rei David meu senhor.

38 Então desceu Zadok, o sacerdote, e Nathan, o propheta, [20] e Benaia, filho de Joiada, e os cheretheos, e os peletheos, e fizeram montar a Salomão na mula do rei David, e o levaram a Gihon.

39 E Zadok, o sacerdote tomou o [KC] vaso do azeite do tabernaculo, e [21] ungiu a Salomão: e tocaram a, trombeta, e todo o povo disse: [22] Viva o rei Salomão!

40 E todo o povo subiu apoz elle, e o povo tangia com gaitas, e alegrava-se com grande alegria: de maneira que com o seu clamor a terra retiniu.

41 E o ouviu Adonias, e todos os convidados que estavam com elle, que tinham acabado de comer: tambem Joab ouviu o sonido das trombetas, e disse: Porque ha tal ruido na cidade alvoroçada?

42 Estando elle ainda fallando, eis que vem Jonathan, filho de Abiathar, o sacerdote, e disse Adonias: [23] Entra, porque és homem valente, e trarás boas novas.

43 E respondeu Jonathan, e disse a Adonias: Certamente nosso senhor rei David constituiu rei a Salomão.

44 E o rei enviou com elle a Zadok, o sacerdote, e a Nathan, o propheta, e a Benaia, filho de Joiada, e aos cheretheos e aos peletheos: e o fizeram montar na mula do rei.

45 E Zadok, o sacerdote, e Nathan, o propheta, o ungiram rei em Gihon, e d’ali subiram alegres, e a cidade está alvoroçada: este é o clamor que ouviste.

46 E tambem Salomão [24] está assentado no throno do reino.

47 E tambem os servos do rei vieram abençoar a nosso senhor, o [25] rei David, dizendo: Faça teu Deus que o nome de Salomão seja melhor do que o teu nome; e faça que o seu throno seja maior do que o teu [26] throno. E o rei se inclinou no leito.

48 E tambem disse o rei assim: Bemdito o Senhor Deus de Israel, que hoje tem dado quem se assente no meu throno, e que os meus [27] olhos o vissem.

49 Então estremeceram e se levantaram todos os convidados que estavam[328] com Adonias: e cada um se foi ao seu caminho.

50 Porém Adonias temeu a Salomão: e levantou-se, e foi, [28] e pegou dos cornos do altar.

51 E fez-se saber a Salomão, dizendo: Eis que Adonias teme ao rei Salomão: porque eis que pegou dos cornos do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que não matará a seu servo á espada.

52 E disse Salomão: Se fôr homem de bem, nem um de seus cabellos cairá em [29] terra: porém, se se achar n’elle maldade, morrerá.

53 E enviou o rei Salomão, e o fizeram descer do altar; e veiu, e prostrou-se perante o rei Salomão, e Salomão lhe disse: Vae para tua casa.

[1] Jos. 19.18.

[2] II Sam. 3.4.

[3] II Sam. 15.1.

[4] II Sam. 3.3, 4. I Chr. 3.2.

[5] II Sam. 20.25. cap. 2.22, 28.

[6] cap. 4.18. II Sam. 23.8.

[7] II Sam. 3.4.

[8] I Chr. 22.9.

[9] ver. 13, 30.

[10] ver. 7, 8, 9, 25.

[11] Deu. 31.16. cap. 2.10.

[12] ver. 19.

[13] I Sam. 10.24.

[14] II Sam. 4.9.

[15] ver. 17.

[16] Neh. 2.3. Dan. 2.4.

[17] II Sam. 20.6.

[18] I Sam. 10.1 e 16.3, 12. II Sam. 2.4 e 5.3. cap. 19.16. II Reis 9.3 e 11.12.

[19] Jos. 1.5, 17. I Sam. 20.13. ver. 47.

[20] II Sam. 8.18 e 23.20-23.

[21] Exo. 30.23, 25, 32. I Chr. 29.22.

[22] I Sam. 10.24.

[23] II Sam. 18.27.

[24] I Chr. 29.23.

[25] ver. 37.

[26] Gen. 47.31.

[27] cap. 3.6.

[28] cap. 2.28.

[29] I Sam. 14.45. II Sam. 14.11. Act. 27.34.

David dá conselhos a Salomão e morre.

2 E approximaram-se [1] os dias da morte de David: e deu elle ordem a Salomão, seu filho, dizendo:

2 Eu vou pelo [2] caminho de toda a terra: esforça-te pois e sê homem.

3 E guarda a observancia do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos, e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juizos, e os seus testemunhos, como está escripto na lei de Moysés: para que [3] prosperes em tudo quanto fizeres, e para onde quer que te voltares.

4 Para que o Senhor confirme a palavra, que [4] fallou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará successor ao throno de Israel.

5 E tambem tu sabes o que me fez Joab, [5] filho de Zeruia, e o que fez aos dois chefes do exercito de Israel, [6] a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jether, os quaes matou, e em paz derramou o sangue de guerra, e poz o sangue de guerra no seu cinto que tinha nos lombos, e nos seus sapatos que trazia nos pés.

6 Faze pois [7] segundo a tua sabedoria, e não permittas que suas cãs desçam á sepultura em paz.

7 Porém com os filhos de Barzillai, o gileadita, usarás de beneficencia, e estarão entre os que [8] comem á tua mesa, porque assim se chegaram elles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.

8 E eis que tambem comtigo [9] está Simei, filho de Gera, filho de Benjamin, de Bahurim, que me maldisse com maldição atroz, no dia em que ia a Mahanaim; porém elle saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu pelo Senhor lhe [10] jurei, dizendo que o não mataria á espada.

9 Mas agora o [11] não tenhas por inculpavel, pois és homem sabio, e bem saberás o que lhe has de fazer para que faças com que as suas cãs desçam á sepultura com sangue.

10 E David dormiu [12] com seus paes, e foi sepultado [13] na cidade de David.

11 E foram os dias que David [14] reinou sobre Israel quarenta annos: sete annos reinou em Hebron, e em Jerusalem reinou trinta e tres annos.

Salomão reina, e mata Adonias, Joab e Simei.

Antes de Christo 1014

12 E Salomão se assentou [15] no throno de David, seu pae, e o seu reino se fortificou sobremaneira.

13 Então veiu Adonias, filho de Haggith, a Bath-seba, mãe de Salomão; e disse ella: [16] De paz é a tua vinda? E elle disse: É de paz.

14 Então disse elle: Uma palavra tenho que dizer-te. E ella disse: Falla.

15 Disse pois elle: Bem sabes que o reino era [17] meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, ainda que o reino se transferiu e veiu a ser de meu irmão, porque [18] foi feito seu pelo Senhor.

16 Assim que agora uma só petição te faço; não m’a rejeites. E ella lhe disse: Falla.

17 E elle disse: Peço-te que falles ao rei Salomão (porque elle t’o não rejeitará) que me dê por mulher a Abisag, [19] a sunamita.

18 E disse Bath-seba: Bem, eu fallarei por ti ao rei.

19 Assim veiu Bath-seba ao rei Salomão, a fallar-lhe por Adonias: e o rei se levantou a encontrar-se com ella, e se inclinou diante [20] d’ella; então se assentou no seu throno, e fez pôr uma cadeira para a mãe do rei, e ella se assentou á sua mão direita.

20 Então disse ella: uma pequena petição te faço; não m’a rejeites. E o[329] rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque te não farei virar o rosto.

21 E ella disse: Dê-se Abisag, a sunamita, a Adonias, teu irmão, por mulher.

22 Então respondeu o rei Salomão, e disse a sua mãe: E porque pedes a Abisag, a sunamita, para Adonias? pede tambem para elle o reino (porque é meu irmão maior), para elle, digo, e tambem para [21] Abiathar, sacerdote, e para Joab, filho de Zeruia.

23 E jurou o rei Salomão pelo Senhor, dizendo: Assim Deus [22] me faça, e outro tanto, se não fallou Adonias esta palavra contra a sua vida.

24 Agora, pois, vive o Senhor, que me confirmou, e me fez assentar no throno de David, meu pae, e que me tem feito casa, [23] como tinha dito, que hoje morrerá Adonias.

25 E enviou o rei Salomão pela mão de Benaia, filho de Joiada, o qual deu sobre elle, e morreu.

26 E a Abiathar, o sacerdote, disse o rei; Para [24] Anathoth vae, para os teus campos, porque és homem digno de morte: porém hoje te não matarei, porquanto [25] levaste a arca do Senhor Deus diante de David, meu pae, e porquanto foste afflicto em tudo quanto meu pae foi afflicto.

27 Lançou pois Salomão fóra a Abiathar, para que não fosse sacerdote do Senhor, para cumprir [26] a palavra do Senhor, que tinha dito sobre a casa d’Eli em Silo.

28 E veiu a fama até Joab (porque Joab se tinha desviado seguindo [27] a Adonias, ainda que se não tinha desviado seguindo a Absalão), e Joab fugiu para o tabernaculo do Senhor, e pegou dos cornos do altar.

29 E disseram ao rei Salomão que Joab tinha fugido para o tabernaculo do Senhor; e eis que está junto ao altar: então enviou Salomão Benaia, filho de Joiada, dizendo: Vae, dá sobre elle.

30 E veiu Benaia ao tabernaculo do Senhor, e lhe disse: Assim diz o rei: Sae d’ahi. E disse elle: Não, porém aqui morrerei. E Benaia tornou com a resposta ao rei, dizendo: Assim fallou Joab, e assim me respondeu.

31 E disse-lhe o rei: Faze [28] como elle disse, e dá sobre elle, e sepulta-o, para que tires de mim e da casa de meu pae o sangue que Joab sem causa derramou.

32 Assim o Senhor fará [29] recair o sangue d’elle sobre a sua cabeça, porque deu sobre dois homens mais justos e melhores do que elle, e os matou á espada, sem que meu pae David o soubesse, a saber: a Abner, filho de Ner, chefe do exercito de Israel, e a Amasa, filho de Jether, chefe do exercito de Judah.

33 Assim recairá o sangue d’estes sobre a cabeça de Joab e [30] sobre a cabeça da sua semente para sempre; mas a David, e á sua semente, e á sua casa, e ao seu throno, dará o Senhor paz para todo o sempre.

34 E subiu Benaia, filho de Joiada, e deu sobre elle, e o matou: e foi sepultado em sua casa, no deserto.

35 E o rei poz a Benaia, filho de Joiada, em seu logar sobre o exercito, [31] e a Zadok, o sacerdote, poz o rei em logar d’Abiathar.

36 Depois enviou o rei, e chamou a Simei, [32] e disse-lhe: Edifica-te uma casa em Jerusalem, e habita ahi, e d’ahi não saias, nem para uma nem para outra parte.

37 Porque ha de ser que no dia em que saires e passares o ribeiro [33] de Cedron, saibas de certo que certamente morrerás: o teu sangue [34] será sobre a tua cabeça.

38 E Simei disse ao rei: Boa é essa palavra; como tem dito o rei meu senhor, assim fará o teu servo. E Simei habitou em Jerusalem muitos dias.

39 Succedeu porém que, ao cabo de tres annos, dois servos de Simei fugiram para Achis, [35] filho de Maaca, rei de Gath: e deram parte a Simei, dizendo: Eis que teus servos estão em Gath.

40 Então Simei se levantou, e albardou o seu jumento, e foi a Gath, para Achis, a buscar a seus servos: assim foi Simei, e trouxe os seus servos de Gath.

41 E disseram a Salomão como Simei de Jerusalem fôra a Gath, e tinha já voltado.

42 Então enviou o rei, e chamou a Simei, e disse-lhe: Não te conjurei eu pelo Senhor, e protestei contra ti, dizendo: No dia em que saires para uma ou outra parte, sabe de certo que certamente morrerás? E tu me disseste: Boa é essa palavra que ouvi.

43 Porque pois não guardaste o juramento do Senhor, nem o mandado que te mandei?

44 Disse mais o rei a Simei: Bem[330] sabes tu toda [36] a maldade que o teu coração reconhece, que fizeste a David, meu pae; pelo que o Senhor fez recair a tua maldade sobre a tua cabeça.

45 Mas o rei Salomão será abençoado, e o throno de David será confirmado perante o Senhor para sempre.

46 E o rei mandou a Benaia, filho de Joiada, o qual saiu, e deu sobre elle, e morreu: assim foi confirmado o reino na mão de Salomão.

[1] Gen. 47.29. Deu. 31.14.

[2] Jos. 23.14. Deu. 17.19, 20.

[3] Deu. 29.9. Jos. 1.7. I Chr. 22.12, 13.

[4] II Sam. 7.25. II Reis 20.3. II Sam. 7.12, 13. cap. 8.25.

[5] II Sam. 3.39 e 18.5, 12, 14 e 19.5, 6, 7.

[6] II Sam. 3.27 e 20.10.

[7] ver. 9. Pro. 20.26.

[8] II Sam. 19.31, 38 e 9.7, 10 e 17.27.

[9] II Sam. 16.5 e 19.18.

[10] II Sam. 19.33.

[11] Exo. 20.7. Job 9.28. Gen. 42.38 e 44.31.

[12] cap. 1.21. Act. 2.29 e 13.36.

[13] II Sam. 5.7.

[14] II Sam. 5.4. I Chr. 29.26, 27.

[15] I Chr. 29.23. II Chr. 1.1.

[16] I Sam. 16.4, 5.

[17] cap. 1.5.

[18] I Chr. 22.9, 10 e 28.5, 6, 7. Pro. 21.30. Dan. 2.21.

[19] cap. 1.3, 4.

[20] Exo. 20.12.

[21] cap. 1.7.

[22] Ruth 1.17.

[23] II Sam. 7.11, 13. I Chr. 22.10.

[24] Jos. 21.18.

[25] I Sam. 23.6. II Sam. 15.24, 29. I Sam. 22.20, 23. II Sam. 15.24.

[26] I Sam. 2.31-35.

[27] cap. 1.7, 50.

[28] Exo. 21.14. Num. 35.33. Deu. 19.13 e 21.8, 9.

[29] Jui. 9.24, 57. II Chr. 21.13. II Sam. 3.27 e 20.10.

[30] II Sam. 3.29. Pro. 25.5.

[31] Num. 25.11, 12, 13. ver. 27.

[32] ver. 8. II Sam. 16.5.

[33] II Sam. 15.23.

[34] Lev. 20.9. Jos. 2.19. II Sam. 1.16.

[35] I Sam. 27.2.

[36] II Sam. 16.5. Eze. 17.19.

Salomão casa com a filha de Pharaó.

3 E Salomão se aparentou com Pharaó, rei do Egypto: [1] e tomou a filha de Pharaó, e a trouxe á cidade de David, até que acabasse de edificar a sua casa, e [2] a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalem em roda.

2 Sómente [3] que o povo sacrificava sobre os altos: porque até áquelles dias ainda se não tinha edificado casa ao nome do Senhor.

3 E Salomão [4] amava ao Senhor, andando [5] nos estatutos de David seu pae: sómente que nos altos sacrificava, e queimava incenso.

4 E foi [6] o rei a Gibeon para lá sacrificar, porque aquelle era o alto grande: mil holocaustos sacrificou Salomão n’aquelle altar.

5 E em Gibeon appareceu [7] o Senhor a Salomão de noite em sonhos: e disse-lhe Deus: Pede o que quizeres que te dê.

6 E disse Salomão: [8] De grande beneficencia usaste tu com teu servo David meu pae, como tambem elle andou comtigo em verdade, e em justiça, e em rectidão de coração, perante a tua face: e guardaste-lhe esta grande beneficencia, e lhe déste [9] um filho que se assentasse no seu throno, como se vê n’este dia.

7 Agora pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em logar de David meu pae: e sou [10] ainda menino pequeno; nem sei sair, nem entrar.

8 E teu servo está no meio do teu povo que elegeste: [11] povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão.

9 A teu servo pois dá [12] um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discerna entre o bem e o mal: porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?

10 E esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, de que Salomão pedisse esta coisa.

11 E disse-lhe Deus: Porquanto pediste esta coisa, e não pediste [13] para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para ouvir causas de juizo;

12 Eis que [14] fiz segundo as tuas palavras: eis que te dei um coração tão sabio e entendido, que antes de ti teu egual não houve, e depois de ti teu egual se não levantará.

13 E tambem até o que não pediste te [15] dei, assim riquezas como gloria: que não haja teu egual entre os reis, por todos os teus dias.

14 E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, [16] como andou David teu pae, tambem prolongarei os teus dias.

15 E [17] acordou Salomão, e eis que era sonho. E veiu a Jerusalem, e poz-se perante a arca do concerto do Senhor, e sacrificou holocaustos, e preparou sacrificios pacificos, e [18] fez um banquete a todos os seus servos.

Salomão julga a causa de duas mulheres.

16 Então [19] vieram duas mulheres prostitutas ao rei, e se pozeram perante elle.

17 E disse-lhe uma das mulheres: Ah! senhor meu, eu e esta mulher moramos n’uma casa; e pari, morando com ella n’aquella casa.

18 E succedeu que, ao terceiro dia depois do meu parto, pariu tambem esta mulher: estavamos juntas; estranho nenhum estava comnosco na casa, senão nós ambas n’aquella casa.

19 E de noite morreu o filho d’esta mulher, porquanto se deitara sobre elle.

20 E levantou-se á meia noite, e me tirou a meu filho do meu lado, dormindo a tua serva, e o deitou no seu seio: e a seu filho morto deitou no meu seio.

21 E, levantando-me eu pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto: mas, attentando[331] pela manhã para elle, eis que não era meu filho, que eu havia parido.

22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho o morto. Porém esta disse: Não, por certo, o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Assim fallaram perante o rei.

23 Então disse o rei: Esta diz: Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz: Não, por certo; o morto é teu filho e meu filho o vivo.

24 Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante do rei.

25 E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo: e dae metade a uma, e metade a outra.

26 Mas a mulher, cujo filho era o vivo, fallou ao rei (porque as suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho), [20] e disse: Ah! senhor meu, dae-lhe o menino vivo, e por modo nenhum o mateis. Porém a outra dizia: Nem teu nem meu seja; dividi-o antes.

27 Então respondeu o rei, e disse: Dae a esta o menino vivo, e de maneira nenhuma o mateis, porque esta é sua mãe.

28 E todo o Israel ouviu o juizo que julgara o rei, e temeu ao rei: porque viram que havia n’elle a [21] sabedoria de Deus, para fazer justiça.

[1] cap. 7.8 e 9.24. II Sam. 5.7. cap. 7.1.

[2] cap. 6 e 9.15, 19.

[3] Lev. 17.3, 4, 5. Deu. 12.2, 4, 5. cap. 22.43.

[4] Deu. 6.5 e 30.16, 20. Rom. 8.28. I Cor. 8.3.

[5] ver. 6, 14.

[6] II Chr. 1.3. I Chr. 16.39. II Chr. 1.3.

[7] cap. 9.2. II Chr. 1.7. Num. 12.6. Mat. 1.20 e 2.13, 19.

[8] II Chr. 1.8, etc. cap. 2.4 e 9.4. II Reis 20.3.

[9] cap. 1.48.

[10] I Chr. 29.1. Num. 27.17.

[11] Deu. 7.6. Gen. 13.16 e 15.5.

[12] II Chr. 1.10. Pro. 2.3-9. Thi. 1.5. Heb. 5.14.

[13] Thi. 4.3.

[14] I João 5.14, 15. cap. 4.29, 30, 31 e 5.12 e 10.24. Ecc. 1.16.

[15] Mat. 6.33. Eph. 3.20. cap. 4.21, 24 e 10.23, 25, etc. Pro. 3.16.

[16] cap. 15.5. Pro. 3.2.

[17] Gen. 41.7.

[18] Gen. 40.20. cap. 8.65. Est. 1.3. Dan. 5.1. Mar. 6.21.

[19] Num. 27.2.

[20] Gen. 43.30. Isa. 49.15. Jer. 31.20. Ose. 11.8.

[21] ver. 9, 11, 12.

Os principes de Salomão e a grandeza do seu reino.

4 Assim foi Salomão rei sobre todo o Israel.

2 E estes eram os principes que tinha: Azarias, filho de Zadok, sacerdote;

3 Elihoreph e Ahia, filhos de Sisa, secretarios; Josaphat, [1] filho de Ahilud, chanceller;

4 Benaia, [2] filho de Joiada, sobre o exercito; e Zadok e Abiathar eram sacerdotes;

5 E Azarias, filho de Nathan, sobre os provedores; [3] e Zabud, filho de Nathan, official-mór, amigo do rei;

6 E Ahisar, mordomo; [4] Adoniram, filho d’Abda, sobre o tributo.

7 E tinha Salomão doze provedores sobre todo o Israel, que proviam ao rei e á sua casa: e cada um tinha a prover um mez no anno.

8 E estes são os seus nomes: Ben-hur, nas montanhas de Ephraim;

9 Ben-deker em Makas, e em Saalbim, e em Beth-semes, e em Elon, e em Bethanan:

10 Ben-hesed em Arubboth; tambem este tinha a Sochó e a toda a terra de Hepher;

11 Ben-abinadab em todo o termo de Dor: tinha este a Taphath, filha de Salomão, por mulher;

12 Baana, filho d’Ahilud, tinha a Tanach, e a Megiddo, e a toda a Beth-sean, que está junto a Zartana, abaixo de Jezreel, desde Beth-sean até Abel-meola, até d’além de Jokneam;

13 O filho de Geber em Ramoth-gilead; tinha este as [5] aldeias de Jair, filho de Manassés, as quaes estão em Gilead; tambem tinha o termo de Argob, o qual está em Basan, sessenta grandes cidades com muros e ferrolhos de cobre;

14 Ahinadab, filho d’Iddo, em Mahanaim;

15 Ahimaas em Nafthali; tambem este tomou a Basmath, filha de Salomão, por mulher;

16 Baana, filho de Husai, em Aser e em Aloth;

17 Josaphat, filho de Paruah, em Issacar;

18 Simei, filho de Ela, em Benjamin;

19 Geber, filho de Uri, na terra [6] de Gilead, a terra de Sihon, rei dos amorrheos, e de Og, rei de Basan; e só uma guarnição havia n’aquella terra.

20 Eram pois os de Judah e Israel muitos, [7] como a areia que está ao pé do mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se.

21 E dominava Salomão [8] sobre todos os reinos desde o rio até á terra dos philisteos, e até ao termo do Egypto; os quaes traziam presentes, e serviram a Salomão todos os dias da sua vida.

22 Era pois o provimento de Salomão, cada dia, trinta coros de flor de farinha, e sessenta coros de farinha:

23 Dez vaccas gordas, e vinte vaccas de pasto, e cem carneiros; afóra os veados e as cabras montezes, e os corços, e aves cevadas.

24 Porque dominava sobre tudo quanto havia da banda de cá do rio de Tiphsah até Gaza, sobre todos os reis da banda de cá do rio: e tinha [9] paz de todas a bandas em roda d’elle.

25 E Judah [10] e Israel habitavam seguros, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, desde Dan até Berseba, todos os dias de Salomão.

26 Tinha tambem Salomão [11] quarenta mil estrebarias de cavallos para os seus carros, e doze mil cavalleiros.

[332]

27 Proviam pois estes [12] provedores, cada um no seu mez, ao rei Salomão e a todos quantos se chegavam á mesa do rei Salomão: coisa nenhuma deixavam faltar.

28 E traziam a cevada e a palha para os cavallos e para os ginetes, para o logar onde estava, cada um segundo o seu cargo.

A sabedoria de Salomão.

29 E deu Deus [13] a Salomão sabedoria, e muitissimo entendimento, e largueza de coração, como a areia que está na praia do mar.

30 E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria [14] de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egypcios.

31 E era elle ainda mais sabio [15] do que todos os homens, e do que Ethan, ezrahita, e Heman, e Calcal, e Darda, filho de Mahol: e correu o seu nome por todas as nações em redor.

32 E disse [16] tres mil proverbios, e foram os seus canticos mil e cinco.

33 Tambem fallou das arvores, desde o cedro que está no Libano até ao hyssopo que nasce na parede: tambem fallou dos animaes e das aves, e dos reptis e dos peixes.

34 E vinham de todos os [17] povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria.

[1] II Sam. 8.16 e 20.24.

[2] cap. 2.35 e 2.27.

[3] ver. 7. II Sam. 8.18 e 20.26 e 15.37 e 16.16. I Chr. 27.33.

[4] cap. 5.14.

[5] Num. 32.41. Deu. 3.4.

[6] Deu. 3.8.

[7] Gen. 22.17. cap. 3.8. Pro. 14.28. Miq. 4.4.

[8] II Chr. 9.26. Gen. 15.18. Jos. 1.4.

[9] I Chr. 22.9.

[10] Jer. 23.6. Miq. 4.4. Zac. 3.10. Jui. 20.1.

[11] cap. 10.26. II Chr. 1.14 e 9.25. Deu. 17.16.

[12] ver. 7.

[13] cap. 3.12.

[14] Gen. 25.6. Act. 7.22.

[15] cap. 3.12. I Chr. 15.19 e 2.6 e 6.33.

[16] Pro. 1.1. Ecc. 12.9. Can. 1.1.

[17] cap. 10.1. II Chr. 9.1, 23.

Salomão faz alliança com Hirão, rei de Tyro.

5 E enviou [1] Hirão, rei de Tyro, os seus servos a Salomão (porque ouvira que ungiram a Salomão rei em logar de seu pae), porquanto Hirão sempre [2] tinha amado a David.

2 Então Salomão enviou [3] a Hirão, dizendo:

3 Bem sabes tu que David, meu pae, não poude edificar uma casa ao nome do Senhor seu Deus, por causa da guerra [4] com que o cercaram, até que o Senhor os poz debaixo das plantas dos pés.

4 Porém agora o Senhor meu Deus me tem dado descanço [5] de todos os lados: adversario não ha, nem algum mau encontro.

5 E eis que eu, meu Deus, [6] intento edificar uma casa ao nome do Senhor, como fallou o Senhor a [7] David, meu pae, dizendo: Teu filho, que porei em teu logar no teu throno, elle edificará uma casa ao meu nome.

6 Dá ordem pois agora que do Libano me cortem [8] cedros, e os meus servos estarão com os teus servos, e eu te darei a soldada dos teus servos, conforme a tudo o que disseres; porque bem sabes tu que entre nós ninguem ha que saiba cortar a madeira como os sidonios.

7 E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bemdito seja hoje o Senhor, que deu a David um filho sabio sobre este tão grande povo.

8 E enviou Hirão a Salomão, dizendo: Ouvi o que me mandaste dizer. Eu farei toda a tua vontade ácerca dos cedros e ácerca das faias.

9 Os meus servos os levarão desde o Libano até ao mar, e eu [9] os farei conduzir em jangadas pelo mar até ao logar que me designares, e ali os desamarrarei; e tu os tomarás: tu tambem farás a minha vontade, dando sustento [10] á minha casa.

10 Assim deu Hirão a Salomão madeira de cedros e madeira de faias, conforme a toda a sua vontade.

11 E Salomão deu [11] a Hirão vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte coros de azeite batido: isto dava Salomão a Hirão de anno em anno.

12 Deu pois o Senhor a Salomão sabedoria, como [12] lhe tinha dito: e houve paz entre Hirão e Salomão, e ambos fizeram alliança.

Os preparativos para edificar o templo.

13 E o rei Salomão fez subir leva de gente d’entre todo o Israel: e foi a leva de gente trinta mil homens.

14 E os enviou ao Libano, cada mez dez mil por suas vezes: um mez estavam no Libano, e dois mezes cada um em sua casa: e Adoniram [13] estava sobre a leva de gente.

15 Tinha tambem Salomão [14] setenta mil que levavam as cargas, e oitenta mil que cortavam nas montanhas,

16 Afóra os chefes dos officiaes de Salomão, os quaes estavam sobre aquella obra, tres mil e trezentos que davam as ordens ao povo que fazia aquella obra.

17 E mandou o rei que trouxessem pedras grandes, e pedras preciosas, pedras lavradas, para [15] fundarem a casa.

[333]

18 E as lavravam os edificadores de Hirão e os giblitas: e preparavam a madeira e as pedras para edificar a casa.

[1] ver. 10, 18. II Chr. 2.3.

[2] II Sam. 5.11. I Chr. 14.1. Amós 1.9.

[3] II Chr. 2.3.

[4] I Chr. 22.8 e 28.3.

[5] cap. 4.24. I Chr. 22.9.

[6] II Chr. 2.4.

[7] II Sam. 7.13. I Chr. 17.12 e 22.10.

[8] II Chr. 2.8, 10.

[9] II Chr. 2.16.

[10] Esd. 3.7. Eze. 27.17. Act. 12.20.

[11] II Chr. 2.10.

[12] cap. 3.12.

[13] cap. 4.6.

[14] cap. 9.21. II Chr. 2.17, 18.

[15] I Chr. 22.2.

Salomão edifica o templo.

6 E Succedeu [1] que no anno de quatrocentos e oitenta, depois de sairem os filhos de Israel do Egypto, no anno quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mez de Ziv (este é o mez segundo), começou a [2] edificar a casa do Senhor.

2 E a casa [3] que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta covados de comprimento, e de vinte covados de largura, e de trinta covados de altura.

3 E o portico diante do templo da casa era de vinte covados de comprimento, segundo a largura da casa, e de dez covados de largura diante da casa.

4 E fez á casa janellas [4] de vista estreita.

5 Edificou em redor da parede da casa camaras, [5] em redor das paredes da casa, tanto do templo como do oraculo: e assim lhe fez camaras collateraes em redor.

6 A camara de baixo era de cinco covados de largura, e a do meio de seis covados de largura, e a terceira de sete covados de largura; porque pela parte de fóra da casa em redor fizera encostos, para não travarem das paredes da casa.

7 E edificava-se a casa [6] com pedras preparadas, como as traziam se edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, nem nenhum outro instrumento de ferro se ouviu na casa quando a edificavam.

8 A porta da camara do meio estava á banda direita da casa, e por corações se subia á do meio, e da do meio á terceira.

9 Assim pois edificou [7] a casa, e a aperfeiçoou: e cobriu a casa com pranchões e taboados de cedro.

10 Tambem edificou as camaras a toda a casa de cinco covados de altura, e as travou com a casa com madeira de cedro.

11 Então veiu a palavra do Senhor a Salomão, dizendo:

12 Quanto a esta casa que tu edificas, [8] se andares nos meus estatutos, e fizeres os meus juizos, e guardares todos os meus mandamentos, andando n’elles, confirmarei para comtigo a minha palavra, a qual fallei a [9] David, teu pae;

13 E habitarei [10] no meio dos filhos d’Israel, e não desampararei o meu povo d’Israel.

14 Assim edificou Salomão [11] aquella casa, e a aperfeiçoou.

15 Tambem cobriu as paredes da casa por dentro com taboas de cedro; desde o soalho da casa até ao tecto tudo cobriu com madeira por dentro: e cobriu o soalho da casa com taboas de faia.

16 Edificou mais vinte covados de taboas de cedro nos lados da casa, desde o soalho até ás paredes: e por dentro lh’as edificou para o oraculo, para [12] o Sancto dos Sanctos.

17 Era pois a casa de quarenta covados, a saber: o templo interior.

18 E o cedro da casa por dentro era lavrado de botões e flores abertas: tudo era cedro, pedra nenhuma se via.

19 E por dentro da casa interior preparou o oraculo, para pôr ali a arca do concerto do Senhor.

20 E o oraculo no interior era de vinte covados de comprimento, e de vinte covados de largura, e de vinte covados de altura: e o cobriu de oiro puro: tambem cobriu de cedro o altar.

21 E cobriu Salomão a casa por dentro de oiro puro: e com cadeias de oiro poz um véu diante do oraculo, e o cobriu com oiro.

22 Assim toda a casa cobriu de oiro, até acabar toda a casa: tambem todo o altar que estava [13] diante do oraculo cobriu de oiro.

23 E no oraculo fez dois [14] cherubins de madeira olearia, cada um da altura de dez covados.

24 E uma aza d’um cherubim era de cinco covados, e a outra aza do cherubim de outros cinco covados; dez covados havia desde a extremidade d’uma das suas azas até á extremidade da outra das suas azas.

25 Assim era tambem de dez covados o outro cherubim: ambos os cherubins eram d’uma mesma medida e d’um mesmo talhe.

26 A altura d’um cherubim de dez covados, e assim a do outro cherubim.

27 E poz a estes cherubins no meio da casa de dentro; e os cherubins estendiam as azas, de [15] maneira que a aza d’um tocava na parede, e a aza do outro cherubim tocava na outra parede: e as suas azas no meio da casa tocavam uma na outra.

28 E cobriu de oiro os cherubins.

29 E todas as paredes da casa em redor[334] lavrou de esculpturas e entalhes de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, por dentro e por fóra.

30 Tambem cobriu de oiro o soalho da casa, por dentro e por fóra.

31 E á entrada do oraculo fez portas de madeira olearia: o umbral de cima com as hombreiras faziam a quinta parte da parede.

32 Tambem as duas portas eram de madeira olearia; e lavrou n’ellas entalhes de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, os quaes cobriu de oiro: tambem estendeu oiro sobre os cherubins e sobre as palmas.

33 E assim fez á porta do templo hombreiras de madeira olearia, da quarta parte da parede.

34 E eram as duas portas de madeira de faia; e as duas folhas d’uma porta [16] eram dobradiças, assim como eram tambem dobradiças as duas folhas entalhadas das outras portas.

35 E as lavrou de cherubins, e de palmas, e de flores abertas, e as cobriu de oiro acommodado ao lavor.

36 Tambem edificou o pateo interior de tres ordens de pedras lavradas e d’uma ordem de vigas de cedro.

37 No anno quarto se poz o fundamento da casa do Senhor, [17] no mez de Ziv.

38 E no anno undecimo, no mez de Bul, que é o mez oitavo, se acabou esta casa com todos os seus apparelhos, e com tudo o que lhe convinha: e a edificou em sete [18] annos.

[1] II Chr. 3.1, 2.

[2] Act. 7.47.

[3] Eze. 41.1, etc.

[4] Eze. 40.16 e 41.16.

[5] Eze. 41.6. ver. 16, 19, 20, 21, 31.

[6] Deu. 27.5, 6. cap. 5.18.

[7] ver. 14, 38.

[8] cap. 2.4 e 9.4.

[9] II Sam. 7.13. I Chr. 22.10.

[10] Exo. 25.8. Lev. 26.11. II Cor. 6.16. Apo. 21.3. Deu. 31.6.

[11] ver. 38.

[12] Exo. 26.33. Lev. 16.2. cap. 8.6. II Chr. 3.8. Eze. 45.3. Heb. 9.3.

[13] Exo. 30.1, 3, 6.

[14] Exo. 37.7, 8, 9. II Chr. 3.10, 11, 12.

[15] Exo. 25.20 e 37.9. II Chr. 5.8.

[16] Eze. 41.23, 24, 25.

[17] ver. 1.

[18] ver. 1.

Salomão edifica um palacio.

Antes de Christo 1006

7 Porém a sua casa edificou Salomão em [1] treze annos: e acabou toda a sua casa.

2 Tambem edificou a casa do bosque do Libano de cem covados de comprimento, e de cincoenta covados de largura, e de trinta covados de altura, sobre quatro ordens de columnas de cedro, e vigas de cedro sobre as columnas.

3 E por cima estava coberta de cedro sobre as costas, que estavam sobre quarenta e cinco columnas, quinze em cada ordem.

4 E havia tres ordens de janellas; e uma janella estava defronte da outra janella, em tres ordens.

5 Tambem todas as portas e hombreiras quadradas eram d’uma mesma vista; e uma janella estava defronte da outra, em tres ordens.

6 Depois fez um portico de columnas de cincoenta covados de comprimento e de trinta covados de largura; e o portico estava defronte d’ellas, e as columnas com as grossas vigas defronte d’ellas.

7 Tambem fez o portico para o throno onde julgava, para portico do juizo, que estava coberto de cedro de soalho a soalho.

8 E em sua casa em que morava havia outro pateo por dentro do portico, de obra similhante a este: tambem para a filha de Pharaó, [2] que Salomão tomara por mulher, fez uma casa similhante áquelle portico.

9 Todas estas coisas eram de pedras finissimas, cortadas á medida, serradas á serra por dentro e por fóra; e isto desde o fundamento até ás beiras do tecto, e por fóra até ao grande pateo.

10 Tambem estava fundado sobre pedras finas, pedras grandes; sobre pedras de dez covados e pedras de oito covados.

11 E em cima sobre pedras finas, lavradas segundo as medidas, e cedros.

12 E era o pateo grande em redor de tres ordens de pedras lavradas, com uma ordem de vigas de cedro: assim era tambem o pateo interior da casa do Senhor e o portico [3] d’aquella casa.

Diversas obras para o templo.

13 E enviou o rei Salomão, e mandou trazer a [4] Hirão de Tyro.

14 Era este filho d’uma [5] mulher viuva, da tribu de Naphtali, e fôra seu pae um homem de Tyro, que trabalhava em cobre; e era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de sciencia para fazer toda a obra de cobre: este veiu ao rei Salomão, e fez toda a sua obra.

15 Porque formou duas [6] columnas de cobre: a altura de cada columna era de dezoito covados, e um fio de doze covados cercava cada uma das columnas.

16 Tambem fez dois capiteis de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças das columnas: de cinco covados era a altura d’um capitel, e de cinco covados a altura do outro capitel.

17 As redes eram de obra de rede, as ligas de obra de cadeia para os capiteis que estavam sobre a cabeça das columnas, sete para um capitel e sete para o outro capitel.

18 Assim fez as columnas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede, para cobrir os capiteis que estavam sobre a cabeça das romãs; assim tambem fez com o outro capitel.

[335]

19 E os capiteis que estavam sobre a cabeça das columnas eram de obra de lirios no portico, de quatro covados.

20 Os capiteis pois sobre as duas columnas estavam tambem defronte, em cima da barriga que estava junto á rede; e duzentas romãs, [7] em fileiras em redor, estavam tambem sobre o outro capitel.

21 Depois levantou as columnas [8] no portico do templo: e levantando a columna direita, chamou o seu nome Jachin; e levantando a columna esquerda, chamou o seu nome Boaz.

22 E sobre a cabeça das columnas estava a obra de lirios: e assim se acabou a obra das columnas.

23 Fez mais o mar [9] de fundição, de dez covados d’uma borda até á outra borda, redondo ao redor, e de cinco covados de alto; e um cordão de trinta covados o cingia em redor.

24 E por baixo da sua borda em redor havia botões que o cingiam; por dez covados cercavam [10] aquelle mar em redor; duas ordens d’estes botões foram fundidas na sua fundição.

25 E firmava-se sobre [11] doze bois, tres que olhavam para o norte, e tres que olhavam para o occidente, e tres que olhavam para o sul, e tres que olhavam para o oriente: e o mar em cima estava sobre elles, e todas as suas partes posteriores para a banda de dentro.

26 E a grossura era d’um palmo, e a sua borda como a obra da borda d’um copo, ou de flor de lirios; elle levava [12] dois mil batos.

27 Fez tambem as dez bases de cobre: o comprimento d’uma base de quatro covados, e de quatro covados a sua largura, e tres covados a sua altura.

28 E esta era a obra das bases: tinham cintas, e as cintas estavam entre as molduras.

29 E sobre as cintas que estavam entre as molduras havia leões, bois, e cherubins, e sobre as molduras uma base por cima: e debaixo dos leões e dos bois junturas d’obra estendida.

30 E uma base tinha quatro rodas de metal, e laminas de cobre; e os seus quatro cantos tinham hombros: debaixo da pia estavam estes hombros fundidos, da banda de cada uma das junturas.

31 E a sua bocca estava dentro da corôa, e d’um covado por cima: e era a sua bocca redonda da obra da base de covado e meio: e tambem sobre a sua bocca havia entalhes, e as suas cintas eram quadradas, não redondas.

32 E as quatro rodas estavam debaixo das cintas, e os eixos das rodas na base: e era a altura de cada roda de covado e meio.

33 E era a obra das rodas como a obra da roda de carro: seus eixos, e suas caibras, e seus cubos, e seus raios, todos eram fundidos.

34 E havia quatro hombros aos quatro cantos de cada base: seus hombros sahiam da base.

35 E no alto de cada base havia uma altura redonda de meio covado ao redor: tambem sobre o alto de cada base havia azas e cintas, que sahiam d’ellas.

36 E nas planchas das suas azas e nas suas cintas lavrou cherubins, leões, e palmas, segundo o vazio de cada uma, e junturas em redor.

37 Conforme a esta fez as dez bases: todas tinham uma mesma fundição, uma mesma medida, e um mesmo entalhe.

38 Tambem fez duas pias [13] de cobre: em cada pia cabiam quarenta batos, e cada pia era de quatro covados, e sobre cada uma das dez bases estava uma pia.

39 E poz cinco bases á direita da casa, e cinco á esquerda da casa: porém o mar poz ao lado direito da casa para a banda do oriente, da parte do sul.

40 Depois fez Hirão as pias, e as pás, e as bacias: e acabou Hirão de fazer toda a obra que fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor:

41 A saber: as duas columnas, e os globos dos capiteis que estavam sobre a cabeça das duas columnas: e as duas [14] redes, para cobrir os dois globos dos capiteis que estavam sobre a cabeça das columnas.

42 E as quatrocentas romãs para as duas redes, a saber: duas carreiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capiteis que estavam em cima das columnas;

43 Juntamente com as dez bases, e as dez pias sobre as bases;

44 Como tambem um mar, e os doze bois debaixo d’aquelle mar;

45 E os caldeirões, [15] e as pás, e as bacias, e todos estes vasos que fez Hirão para o rei Salomão, para a casa do Senhor, todos eram de cobre burnido.

46 Na planicie do Jordão, o rei os fundiu, [16] em terra barrenta: entre Succoth e Zarthan.

47 E deixou Salomão de pezar todos os vasos, pelo seu excessivo numero: nem se averiguou o peso do cobre.

[336]

48 Tambem fez Salomão todos os vasos que convinham á casa do Senhor: o altar de oiro, [17] e a mesa d’oiro, sobre a qual estavam os pães da proposição.

49 E os castiçaes, cinco á direita e cinco á esquerda, diante do oraculo, d’oiro finissimo; e as flores, e as lampadas, e os espivitadores, tambem d’oiro.

50 Como tambem as taças, e os apagadores, e as bacias, e [KD] os perfumadores, e os brazeiros, de oiro finissimo: e as couceiras para as portas da casa interior para o logar sanctissimo, e as das portas da casa do templo, tambem d’oiro.

51 Assim se acabou toda a obra que fez o rei Salomão para a casa do Senhor: então trouxe Salomão as coisas sanctas de seu pae David; a prata, e o oiro, e os vasos poz entre [18] os thesouros da casa do Senhor.

[1] cap. 9.10. II Chr. 8.1.

[2] cap. 3.1. II Chr. 8.11.

[3] João 10.23. Act. 3.11.

[4] II Chr. 4.11.

[5] II Chr. 2.14 e 4.16. Exo. 31.3 e 36.1.

[6] II Reis 25.17. II Chr. 3.15 e 4.12. Jer. 52.21.

[7] II Chr. 3.16 e 4.13. Jer. 52.23.

[8] II Chr. 3.17. cap. 6.3.

[9] II Reis 25.13. II Chr. 4.2. Jer. 52.17.

[10] II Chr. 4.3. II Chr. 4.4, 5.

[11] Jer. 52.20.

[12] II Chr. 4.5.

[13] II Chr. 4.6.

[14] ver. 17, 18.

[15] Exo. 27.3. II Chr. 4.16.

[16] II Chr. 4.17. Gen. 33.17. Jos. 3.15.

[17] Exo. 37.25, etc. e 37.10, etc. e 25.30. Lev. 24.5, 8.

[18] II Sam. 8.11. II Chr. 5.1.

Dedicação do templo.

Antes de Christo 1004

8 Então [1] congregou Salomão os anciãos de Israel, e todos os Cabeças das tribus, os principes dos paes, d’entre os filhos de Israel, ao rei Salomão em Jerusalem; para fazerem subir a arca do concerto do Senhor da cidade de David, que é Sião.

2 E todos os homens de Israel se congregaram na festa, ao rei Salomão, no [2] mez de Ethanim, que é o setimo mez.

3 E vieram todos os anciãos de Israel: e os sacerdotes alçaram [3] a arca.

4 E trouxeram a arca do Senhor para cima, e o tabernaculo da [4] congregação, juntamente com todos os vasos sagrados que havia no tabernaculo; assim os trouxeram para cima os sacerdotes e os levitas.

5 E o rei Salomão, e toda a congregação de Israel, que se congregara a elle, estava com elle diante da arca, sacrificando [5] ovelhas e vaccas, que se não podiam contar nem numerar pela multidão.

6 Assim trouxeram [6] os sacerdotes a arca do concerto do Senhor ao seu logar, ao oraculo da casa, ao logar sanctissimo, até debaixo das azas dos cherubins.

7 Porque os cherubins estendiam ambas as azas sobre o logar da arca: e cobriam os cherubins a arca e os seus varaes por cima.

8 E os varaes sobresairam tanto, [7] que as pontas dos varaes se viam desde o sanctuario diante do oraculo, porém de fóra se não viam: e ficaram ali até ao dia d’hoje.

9 Na arca nada havia, senão só [8] as duas taboas de pedra, que Moysés ali pozera junto a Horeb, quando o Senhor contratou com os filhos de Israel, saindo elles da terra do Egypto.

10 E succedeu que, saindo os sacerdotes do sanctuario, uma nuvem encheu [9] a casa do Senhor.

11 E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a gloria do Senhor enchera a casa do Senhor.

Salomão falla ao povo.

12 Então [10] disse Salomão: O Senhor disse que habitaria nas trevas.

13 Certamente [11] te edifiquei uma casa para morada, assento para a tua eterna habitação.

14 Então virou o rei o seu rosto, e abençoou [12] toda a congregação de Israel: e toda a congregação de Israel estava em pé.

15 E disse: Bemdito [13] seja o Senhor, o Deus de Israel, que fallou [14] pela sua bocca a David meu pae, e pela sua mão o cumpriu, dizendo:

16 Desde [15] o dia em que eu tirei o meu povo Israel do Egypto, não escolhi cidade alguma de todas as tribus de Israel, para edificar alguma casa para ali estabelecer o meu nome: porém escolhi a David, para que presidisse sobre o meu povo Israel.

17 Tambem David, [16] meu pae, propozera em seu coração o edificar casa ao nome do Senhor, o Deus de Israel.

18 Porém o Senhor disse [17] a David, meu pae: Porquanto propozeste no teu coração o edificar casa ao meu nome bem fizeste em o propôr no teu coração.

19 Todavia [18] tu não edificarás esta casa: porém teu filho, que sair de teus lombos, edificará esta casa ao meu nome.

20 Assim confirmou o Senhor a sua palavra que tinha dito: porque me levantei em logar de David, meu pae, e me assentei no throno de Israel, como tem [19] dito o Senhor; e edifiquei uma casa ao nome do Senhor, o Deus d’Israel.

21 E constitui ali logar para a arca em[337] que está [20] o concerto do Senhor, o qual fez com nossos paes, quando os tirou da terra do Egypto.

Salomão ora a Deus.

22 E poz-se Salomão diante do altar [21] do Senhor, em frente de toda a congregação d’Israel: e estendeu as suas mãos para os céus,

23 E disse: Ó Senhor Deus de Israel, não ha Deus [22] como tu, em cima nos céus nem em baixo na terra: que guardas o concerto e a beneficencia a teus servos que andam com todo o seu coração diante de ti.

24 Que guardaste a teu servo David, meu pae, o que lhe disseras: porque com a tua bocca o disseste, e com a tua mão o cumpriste, como n’este dia se vê.

25 Agora pois, ó Senhor Deus d’Israel, guarda a teu servo David, meu pae, o que lhe fallaste, dizendo: Não te faltará [23] successor diante de mim, que se assente no throno d’Israel: sómente que teus filhos guardem o seu caminho, para andarem diante de mim como tu andaste diante de mim.

26 Agora [24] tambem, ó Deus d’Israel, cumpra-se a tua palavra que disseste a teu servo David, meu pae.

27 Mas, na verdade, [25] habitaria Deus na terra? eis que os céus, e até o céu dos céus, [26] te não comprehenderiam, quanto menos esta casa que eu tenho edificado.

28 Volve-te pois para a oração de teu servo, e para a sua supplica, ó Senhor meu Deus, para ouvires o clamor e a oração que o teu servo hoje faz diante de ti.

29 Para que os teus olhos noite e dia estejam abertos sobre esta casa, sobre este logar, do qual disseste: O meu nome estará [27] ali; para ouvires a oração que o teu servo fizer n’este logar.

30 Ouve pois a supplica [28] do teu servo, e do teu povo Israel, que orarem n’este logar; tambem ouve tu no logar da tua habitação nos céus; ouve tambem, e perdôa.

31 Quando alguem peccar contra o seu proximo, e pozerem sobre [29] elle juramento de maldição, para o ajuramentarem a si mesmo, e vier juramento de maldição diante do teu altar n’esta casa,

32 Ouve tu então nos céus, e obra, e julga a teus servos, condemnando ao injusto, [30] fazendo recair o seu proceder sobre a sua cabeça, e justificando ao justo, rendendo-lhe segundo a sua justiça.

33 Quando [31] o teu povo Israel fôr ferido diante do inimigo, por ter peccado contra ti, e se converterem a ti, e confessarem o teu nome, e orarem e supplicarem a ti n’esta casa,

34 Ouve tu então nos céus, e perdôa o peccado do teu povo Israel, e torna-o a levar á terra que tens dado a seus paes.

35 Quando [32] os céus se cerrarem, e não houver chuva, por terem peccado contra ti, e orarem n’este logar, e confessarem o teu nome, e se converterem dos seus peccados, havendo-os tu affligido.

36 Ouve tu então nos céus, e perdôa o peccado de teus servos e do teu povo Israel, ensinando-lhe o bom [33] caminho em que andem, e dá chuva na tua terra que déste ao teu povo em herança.

37 Quando houver [34] fome na terra, quando houver peste, quando houver queima de searas, ferrugem, gafanhotos e pulgão, quando o seu inimigo o cercar na terra das suas portas, ou houver alguma praga ou doença.

38 Toda a oração, toda a supplica, que qualquer homem de todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para esta casa.

39 Ouve tu então nos céus, assento da tua habitação, e perdôa, e obra, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces [35] o coração de todos os filhos dos homens.

40 Para que te temam todos os dias que viverem na terra que déste a nossos paes.

41 E tambem ouve ao estrangeiro, que não fôr do teu povo Israel, porém vier de terras remotas, por amor do teu nome

42 (Porque ouvirão do teu grande nome, e da tua [36] forte mão, e do teu braço estendido), e vier orar para esta casa,

43 Ouve tu nos céus, assento da tua habitação, e faze conforme a tudo o que o estrangeiro a ti clamar, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te [37] temerem como o teu povo Israel, e para saberem que o[338] teu nome é invocado sobre esta casa que tenho edificado.

44 Quando o teu povo sair á guerra contra o seu inimigo, pelo caminho por que os enviares, e orarem ao Senhor, para a banda d’esta cidade, que tu elegeste, e d’esta casa, que edifiquei ao teu nome,

45 Ouve então nos céus a sua oração e a sua supplica, e faze-lhes justiça.

46 Quando peccarem contra ti (pois não ha [38] homem que não peque), e tu te indignares contra elles, e os entregares ás mãos do inimigo, para que os captivarem os levem em captiveiro á terra do inimigo, quer longe ou perto esteja,

47 E na terra aonde forem [39] levados em captiveiro tornarem em si, e se converterem, e na terra do seu captiveiro te supplicarem, dizendo: Peccámos, e perversamente obrámos, e commettemos iniquidade;

48 E se converterem [40] a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra de seus inimigos que os levaram em captiveiro, e orarem [41] a ti para a banda da sua terra que déste a seus paes, para esta cidade que elegeste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome;

49 Ouve então nos céus, assento da tua habitação, a sua oração e a sua supplica, e faze-lhes justiça;

50 E perdôa ao teu povo que houver peccado contra ti, e [42] todas as suas prevaricações com que houverem prevaricado contra ti; e dá-lhes misericordia perante aquelles que os teem captivos, para que d’elles tenham compaixão.

51 Porque [43] são o teu povo e a tua herança que tiraste da terra do Egypto, do meio do forno de ferro.

52 Para que teus olhos estejam abertos á supplica do teu servo e á supplica do teu povo Israel, a fim de os ouvirdes em tudo quanto clamarem a ti.

53 Pois tu para tua herança os elegeste de todos os povos da terra, como tens [44] dito pelo ministerio de Moysés, teu servo, quando tiraste a nossos paes do Egypto, Senhor Jehovah.

Salomão abençoa o povo.

54 Succedeu pois que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta supplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor.

55 E poz-se [45] em pé, e abençoou a toda a congregação d’Israel em alta voz, dizendo:

56 Bemdito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo Israel, segundo tudo o que disse: nem [46] uma só palavra caiu de todas as suas boas palavras que fallou pelo ministerio de Moysés, seu servo.

57 O Senhor nosso Deus seja comnosco, como foi com nossos paes; não nos desampare, e não [47] nos deixe.

58 Inclinando a si o nosso coração, para andar em todos os seus caminhos, e para guardar os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juizos que ordenou a nossos paes.

59 E que estas minhas palavras, com que suppliquei perante o Senhor, estejam perto, diante do Senhor nosso Deus, de dia e de noite, para que execute o juizo do seu servo e o juizo do seu povo Israel, a cada qual no seu dia,

60 Para que todos [48] os povos da terra saibam que o Senhor é Deus, e que não ha outro.

61 E seja [49] o vosso coração inteiro para com o Senhor nosso Deus, para andardes nos seus estatutos, e guardardes os seus mandamentos como hoje.

62 E o rei [50] e todo o Israel com elle sacrificaram sacrificios perante a face do Senhor.

63 E offereceu Salomão em sacrificio pacifico o que sacrificou ao Senhor, vinte e duas mil vaccas e cento e vinte mil ovelhas: assim o rei e todos os filhos de Israel consagraram a casa do Senhor.

64 No mesmo dia [51] sanctificou o rei o meio do atrio que estava diante da casa do Senhor; porquanto ali preparara os holocaustos e as offertas com a gordura dos sacrificios pacificos: porque o altar de cobre [52] que estava diante da face do Senhor era muito pequeno para n’elle caberem os holocaustos, e as offertas, e a gordura dos sacrificios pacificos.

65 No mesmo tempo celebrou Salomão a festa, [53] e todo o Israel com elle, uma grande congregação, desde a entrada[339] de Hamath até ao rio do Egypto, perante a face do Senhor nosso Deus; por sete dias, e mais [54] sete dias: quatorze dias.

66 E no oitavo dia [55] despediu o povo, e elles abençoaram o rei: então se foram ás suas tendas, alegres e gozosos de coração, por causa de todo o bem que o Senhor fizera a David seu servo, e a Israel seu povo.

[1] II Chr. 5.2, etc. II Sam. 6.17 e 5.7, 9 e 6.12, 16.

[2] Lev. 23.34. II Chr. 7.8.

[3] Num. 4.15. Deu. 31.9. Jos. 3.3, 6. I Chr. 15.14, 15.

[4] cap. 3.4. II Chr. 1.3.

[5] II Sam. 6.13.

[6] II Sam. 6.17. Exo. 26.33, 34. cap. 6.19, 27.

[7] Exo. 25.14, 15.

[8] Exo. 25.21. Deu. 10.2, 5. Heb. 9.4. Exo. 40.20 e 34.27, 28. Deu. 4.13. ver. 21.

[9] Exo. 40.34, 35. II Chr. 5.13, 14 e 7.2.

[10] II Chr. 6.1, etc. Lev. 16.2.

[11] II Sam. 7.13.

[12] II Sam. 6.18.

[13] Luc. 1.68.

[14] II Sam. 7.5, 25.

[15] II Sam. 7.6. II Chr. 6.5, etc. ver. 29. Deu. 12.11. I Sam. 16.1. II Sam. 7.8. I Chr. 28.4.

[16] II Sam. 7.2. I Chr. 17.1.

[17] II Chr. 6.8, 9.

[18] II Sam. 7.5, 12, 13. cap. 5.3, 5.

[19] I Chr. 28.5, 6.

[20] ver. 9. Deu. 31.26.

[21] II Chr. 6.12, etc. Exo. 9.33. Esd. 9.5. Isa. 1.15.

[22] Exo. 15.11. II Sam. 7.22. Deu. 7.9. Neh. 1.5. Dan. 9.4. Gen. 17.1. cap. 3.6. II Reis 20.3.

[23] II Sam. 7.12, 16. cap. 2.4.

[24] II Sam. 7.25.

[25] II Chr. 2.6. Isa. 66.1. Jer. 23.24. Act. 7.49 e 17.24.

[26] II Cor. 12.2.

[27] Deu. 12.11. Dan. 6.10.

[28] II Chr. 20.9. Neh. 1.6.

[29] Exo. 22.11.

[30] Deu. 25.1.

[31] Lev. 26.17. Deu. 28.25. Lev. 26.39, 40. Neh. 1.9.

[32] Lev. 26.19. Deu. 28.23.

[33] I Sam. 12.23.

[34] Lev. 26.16, 25, 26. Deu. 28.21, 22, 27, 38, 42, 52. II Chr. 20.9.

[35] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Jer. 17.10. Act. 1.24.

[36] Deu. 3.24.

[37] I Sam. 17.46. II Reis 19.19.

[38] II Chr. 6.36. Pro. 20.9. Ecc. 7.20. Thi. 3.2. I João 1.8, 10.

[39] Lev. 26.34, 44. Deu. 28.37, 64. Lev. 26.40. Neh. 1.6. Dan. 9.5.

[40] Jer. 29.12, 13, 14.

[41] Dan. 6.10.

[42] Esd. 7.6.

[43] Deu. 9.29. Neh. 1.10. Deu. 4.20. Jer. 11.4.

[44] Exo. 19.5. Deu. 19.26, 29 e 14.2.

[45] II Sam. 6.18.

[46] Deu. 12.10. Jos. 21.45 e 8.14.

[47] Deu. 31.6. Jos. 1.5.

[48] Jos. 4.24. I Sam. 17.46. II Reis 19.19. Deu. 4.35, 39.

[49] cap. 11.4 e 15.3, 14. II Reis 20.3.

[50] II Chr. 7.4, etc.

[51] II Chr. 7.7.

[52] II Chr. 4.1.

[53] ver. 2. Lev. 23.34. Num. 34.8. Jos. 38.5. Jui. 3.3. II Reis 14.25. Gen. 15.18. Num. 34.5.

[54] II Chr. 7.8.

[55] II Chr. 7.9, 10.

O Senhor apparece a Salomão pela segunda vez.

9 Succedeu [1] pois que, acabando Salomão de edificar a casa do Senhor, e a casa do rei, e todo o desejo de Salomão, que lhe veiu á vontade fazer,

2 O Senhor tornou a apparecer a Salomão; como [2] lhe tinha apparecido em Gibeon.

3 E o Senhor lhe disse: Ouvi a [3] tua oração, e a tua supplica que supplicando fizeste perante mim; sanctifiquei a casa que edificaste, afim de pôr ali o meu nome para sempre: e [4] os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias.

4 E se tu [5] andares perante mim como andou David teu pae, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juizos,

5 Então confirmarei o throno de teu reino sobre Israel para sempre: como fallei ácerca de [6] teu pae David, dizendo: Não te faltará varão sobre o throno d’Israel:

6 Porém [7] se vós e vossos filhos de qualquer maneira vos apartardes de apoz mim, e não guardardes os meus mandamentos, e os meus estatutos, que vos tenho proposto, mas fôrdes, e servirdes a outros deuses, e vos curvardes perante elles,

7 Então destruirei [8] a Israel da terra que lhes dei; e a esta casa, que sanctifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença: e Israel será por ditado e mote, entre todos os povos.

8 E esta casa [9] será tão exaltada, que todo aquelle que por ella passar pasmará, e assobiará, e dirá: Porque [10] fez o Senhor assim a esta terra e a esta casa?

9 E dirão: Porque deixaram ao Senhor seu Deus, que tirou da terra do Egypto a seus paes, e se apegaram a deuses alheios, e se encurvaram perante elles, e os serviram: por isso trouxe o Senhor sobre elles todo este mal.

Antes de Christo 992

10 E succedeu, ao fim de vinte annos, [11] que Salomão edificara as duas casas; a casa do Senhor e a casa do rei

11 (Para o que [12] Hirão, rei de Tyro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de faia, e oiro, segundo todo o seu desejo): então deu o rei Salomão a Hirão vinte cidades na terra de Galiléa.

12 E saiu Hirão de Tyro a ver as cidades que Salomão lhe déra, porém não foram boas aos seus olhos.

13 Pelo que disse: Que cidades são estas que me déste, irmão meu? [13] E chamaram-n’as: Terra de [KE] Cabuli, até hoje.

14 E enviara Hirão ao rei cento e vinte talentos de oiro.

O tributo que Salomão impoz.

15 E esta é a causa do tributo [14] que impoz o rei Salomão, para edificar a casa do Senhor e a sua casa e Millo, e o muro de Jerusalem, como tambem a Hasor, e a Megiddo, e a Gezer.

16 Porque Pharaó, rei do Egypto, subiu e tomou a Gezer, e a queimou a fogo, e matou os cananeos [15] que moravam na cidade, e a deu em dote a sua filha, mulher de Salomão.

17 Assim edificou Salomão a Gezer, e Beth-horon, [16] a baixa,

18 E a Baalath, [17] e a Tadmor, no deserto d’aquella terra,

19 E a todas as cidades das munições que Salomão tinha, e as cidades dos carros, [18] e as cidades dos cavalleiros, e o que o desejo de Salomão quiz edificar em Jerusalem, e no Libano, e em toda a terra do seu dominio.

20 Quanto a todo [19] o povo que restou dos amorrheos, hetheos, pherezeos, heveos, e jebuseos, e que não eram dos filhos de Israel,

21 A seus filhos, que [20] restaram depois d’elles na terra, os quaes os filhos de Israel não poderam destruir totalmente,[340] Salomão os reduziu a tributo servil, até hoje.

22 Porém dos filhos de Israel não fez Salomão servo algum: porém [21] eram homens de guerra, e seus creados, e seus principes, e seus capitães, e chefes dos seus carros e dos seus cavalleiros.

23 Estes eram os chefes dos officiaes que estavam sobre a obra de Salomão, quinhentos e cincoenta, que davam ordens ao povo que trabalhava na obra.

24 Subiu porém a filha [22] de Pharaó da cidade de David á sua casa, que Salomão lhe edificara; então edificou a Millo.

25 E offerecia [23] Salomão tres vezes cada anno holocaustos e sacrificios pacificos sobre o altar que edificaram ao Senhor, e queimava incenso sobre o que estava perante o Senhor: e assim acabou a casa.

26 Tambem o [24] rei Salomão fez náos em Eseon-geber, que está junto a Eloth, á praia do mar de Suph, na terra de Edom.

27 E mandou Hirão [25] com aquellas náos a seus servos, marinheiros, que sabiam do mar, com os servos de Salomão.

28 E vieram a [26] Ophir, e tomaram de lá quatrocentos e vinte talentos de oiro, e o trouxeram ao rei Salomão.

[1] II Chr. 7.11, etc. cap. 7.1. II Chr. 8.6.

[2] cap. 3.5.

[3] II Reis 20.5. cap. 8.29.

[4] Deu. 11.12.

[5] Gen. 17.1. cap. 11.4, 6, 38 e 14.8 e 15.5.

[6] II Sam. 7.12, 16. cap. 2.4 e 6.12. I Chr. 22.10.

[7] II Sam. 7.14. II Chr. 7.19, 20.

[8] Deu. 4.26. II Reis 17.23 e 25.21. Jer. 7.14. Deu. 28.37.

[9] II Chr. 7.21.

[10] Deu. 29.24, 25, 26. Jer. 22.8, 9.

[11] cap. 6.37, 38 e 7.1. II Chr. 8.1.

[12] II Chr. 8.2.

[13] Jos. 19.27.

[14] cap. 5.13. ver. 24. II Sam. 5.9. Jos. 19.36 e 17.11 e 16.10. Jui. 1.29.

[15] Jos. 16.10.

[16] Jos. 16.3 e 21.22. II Chr. 8.5.

[17] Jos. 19.44. II Chr. 8.4, 6, etc.

[18] cap. 4.26.

[19] II Chr. 8.7, etc.

[20] Jui. 1.21, 27, 29 e 3.1. Jos. 15.63 e 17.12. Jui. 1.28. Gen. 9.25, 26. Esd. 2.55, 58. Neh. 7.57 e 11.3.

[21] Lev. 25.39.

[22] cap. 3.1. II Chr. 8.11. cap. 7.8. II Sam. 5.9. cap. 11.27. II Chr. 32.5.

[23] II Chr. 8.12, 13, 16.

[24] II Chr. 8.17, 18. Num. 33.35. Deu. 2.8. cap. 22.48.

[25] cap. 10.11.

[26] Job 22.24.

A rainha de Saba vem visitar Salomão.

10 E ouvindo [1] a rainha de Saba a fama de Salomão, ácerca do nome do Senhor, veiu proval-o por enigmas.

2 E veiu a Jerusalem com um mui grande exercito; com camelos carregados de especiarias, e muitissimo oiro, e pedras preciosas: e veiu a Salomão, e disse-lhe tudo quanto tinha no seu coração.

3 E Salomão lhe declarou todas as suas palavras: nenhuma coisa se escondeu ao rei, que não lhe declarasse.

4 Vendo pois a rainha de Saba toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,

5 E a comida da sua mesa, e o assentar de seus servos, e o estar de seus creados, e os vestidos d’elles, e os seus copeiros, e a sua subida, pela qual subia á casa do Senhor, não houve mais espirito n’ella.

6 E disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, das tuas coisas e da tua sabedoria.

7 E eu não cria n’aquellas palavras, até que vim, e os meus olhos o viram; eis que me não disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi.

8 Bemaventurados [2] os teus homens, bemaventurados estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!

9 Bemdito seja [3] o Senhor teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no throno de Israel: porque o Senhor ama a Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para fazeres juizo e justiça.

10 E deu ao rei cento e vinte talentos de oiro, e muitissimas especiarias, e pedras preciosas: nunca veiu especiaria em tanta abundancia, como a que a rainha de Saba deu ao rei Salomão.

11 Tambem as náos [4] d’Hirão, que de Ophir levavam oiro, traziam de Ophir muitissima madeira de Almug, e pedras preciosas.

12 E d’esta madeira d’Almug [5] fez o rei balaustres para a casa do Senhor, e para a casa do rei, como tambem harpas e alaúdes para os cantores: nunca veiu tal madeira [6] de Almug, nem se viu até o dia d’hoje.

13 E o rei Salomão deu á rainha de Saba tudo quanto lhe pediu o seu desejo, de mais do que lhe deu, segundo a largueza do rei Salomão: então voltou e partiu para a sua terra, ella e os seus servos.

As riquezas de Salomão.

14 E era o peso do oiro que se trazia a Salomão cada anno seiscentos e sessenta e seis talentos de oiro;

15 Além do dos negociantes, e do contracto dos especieiros, e de todos os reis [7] da Arabia, e dos governadores da mesma terra.

16 Tambem o rei Salomão fez duzentos pavezes de oiro batido; seiscentos siclos de oiro mandou pesar para cada pavez;

17 Assim mesmo trezentos [8] escudos de oiro batido; tres arrateis de oiro mandou pesar para cada escudo; e o rei os poz na casa do bosque do Libano.

18 Fez mais [9] o rei um grande throno de marfim, e o cobriu de oiro purissimo.

19 Tinha este throno seis degraus, e era a cabeça do throno por detraz redonda, e de ambas as bandas tinha encostos até ao assento: e dois leões estavam junto aos encostos.

20 Tambem doze leões estavam ali sobre[341] os seis degraus de ambas as bandas: nunca se tinha feito obra similhante em nenhum dos reinos.

21 Tambem todos [10] os vasos de beber do rei Salomão eram de oiro, e todos os vasos da casa do bosque do Libano eram de oiro puro; não havia n’elles prata; porque nos dias de Salomão não tinha estimação alguma.

22 Porque o rei tinha no mar as náos de Tarsis, com as náos de Hirão: uma vez em tres annos tornavam as náos de [11] Tarsis, e traziam oiro e prata, marfim, e bugios, e pavões.

23 Assim o rei Salomão excedeu [12] a todos os reis da terra: tanto em riquezas como em sabedoria.

24 E toda a terra buscava a face de Salomão, para ouvir a sua sabedoria, que Deus tinha posto no seu coração.

25 E traziam cada um por seu presente vasos de prata e vasos de oiro, e vestidos, e armaduras, e especiarias, cavallos e mulas: cada coisa de anno em anno.

26 Tambem ajuntou [13] Salomão carros e cavalleiros, de sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavalleiros: e os levou ás cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalem.

27 E fez [14] o rei que em Jerusalem houvesse prata como pedras: e cedros em abundancia como figueiras bravas que estão nas planicies.

28 E tiravam [15] cavallos do Egypto para Salomão: e ás manadas as recebiam os mercadores do rei, cada manada por um certo preço.

29 E subia e sahia o carro do Egypto por seiscentos siclos de prata, e o cavallo por cento e cincoenta: e assim, por meio d’elles, os tiravam [16] para todos os reis dos hetheos e para os reis da Syria.

[1] II Chr. 9.1, etc. Mat. 12.42. Luc. 11.31. Jui. 14.12. Pro. 1.6.

[2] Pro. 8.34.

[3] cap. 5.7. II Sam. 8.15. Pro. 8.15.

[4] cap. 9.27.

[5] II Chr. 9.11.

[6] II Chr. 9.10.

[7] II Chr. 9.24.

[8] cap. 14.26 e 7.2.

[9] II Chr. 9.17, etc.

[10] II Chr. 9.20, etc.

[11] Gen. 10.4. II Chr. 20.36.

[12] cap. 3.12, 13 e 4.30.

[13] cap. 4.26. II Chr. 1.14 e 9.25. Deu. 17.16.

[14] II Chr. 1.15, 17.

[15] Deu. 17.16. II Chr. 1.16 e 9.28. Eze. 27.7.

[16] Jos. 1.4. II Reis 7.6.

A idolatria de Salomão e a ira de Deus contra elle.

Antes de Christo 984

11 E o rei Salomão amou [1] muitas mulheres estranhas, e isso além da filha de Pharaó, moabitas, ammonitas, idumeas, zidonias e hetheas.

2 Das nações de que o Senhor tinha dito aos filhos de Israel: Não entrareis a [2] ellas, e ellas não entrarão a vós; d’outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor.

3 E tinha setecentas mulheres, princezas, e trezentas concubinas: e suas mulheres lhe perverteram o seu coração.

4 Porque succedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram [3] o seu coração para seguir outros deuses: e o seu coração não era inteiro para com o Senhor seu Deus, como o coração de David, seu pae,

5 Porque Salomão andou em seguimento [4] de Astaroth, deus dos zidonios, e em seguimento de Milkom, a abominação dos ammonitas.

6 Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor: e não perseverou em seguir ao Senhor, como David seu pae.

7 Então [5] edificou Salomão um alto a Camos, a abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de Jerusalem, e a Molech, a abominação dos filhos d’Ammon.

8 E assim fez para com todas as suas mulheres estranhas; as quaes queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.

9 Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão: [6] porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe apparecera.

10 E ácerca d’esta materia lhe tinha dado ordem [7] que não andasse em seguimento d’outros deuses: porém não guardou o que o Senhor lhe ordenara.

11 Pelo que disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste o meu concerto e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti [8] este reino, e o darei a teu servo.

12 Todavia nos teus dias não o farei, por amor de David teu pae: da mão de teu filho o rasgarei:

13 Porém todo o reino não rasgarei; uma [9] tribu darei a teu filho, por amor de meu servo David, e por amor de Jerusalem, que [10] tenho elegido.

Deus excita adversarios contra Salomão.

14 Levantou [11] pois o Senhor a Salomão um adversario, a Hadad, o idumeo: elle era da semente do rei em Edom.

15 Porque succedeu que, estando David [12] em Edom, e subindo Joab, o chefe do exercito, a enterrar os mortos, feriu a todo o varão em Edom.

[342]

16 (Porque Joab ficou ali seis mezes com todo o Israel, até que destruiu a todo o varão em Edom.)

17 Hadad porém fugiu, elle e alguns homens idumeos, dos servos de seu pae, com elle, para ir ao Egypto: era porém Hadad um rapaz pequeno.

18 E levantaram-se de Midian, e vieram a Paran, e tomaram comsigo homens de Paran, e vieram ao Egypto a Pharaó, rei do Egypto, o qual lhe deu uma casa, e lhe prometteu sustento, e lhe deu uma terra.

19 E achou Hadad grande graça aos olhos de Pharaó: de maneira que a irmã de sua mulher lhe deu por mulher, a irmã de Tachpenes, a rainha.

20 E a irmã de Tachpenes lhe pariu a seu filho Genubath, o qual Tachpenes criou na casa de Pharaó: e Genubath estava na casa de Pharaó, entre os filhos de Pharaó.

21 Ouvindo [13] pois Hadad no Egypto que David adormecera com seus paes, e que Joab, chefe do exercito, era morto, disse Hadad a Pharaó: Despede-me, para que vá á minha terra.

22 Porém Pharaó lhe disse: Pois que te falta comigo, que eis que procuras partir para a tua terra? E disse elle: Nada, mas todavia despede-me.

23 Tambem Deus lhe levantou outro adversario, a Rezon, filho de Eliada, que tinha fugido de seu senhor Hadadezer, [14] rei de Zoba,

24 Contra quem tambem ajuntou homens, e foi capitão [15] d’um esquadrão, quando David os matou: e indo-se para Damasco, habitaram ali, e reinaram em Damasco.

25 E foi adversario de Israel por todos os dias de Salomão, e isto além do mal que Hadad fazia: porque detestava a Israel, e reinava sobre a Syria.

26 Até Jeroboão, [16] filho de Nebat, ephrateo, de Zereda, servo de Salomão (cuja mãe era mulher viuva, por nome Zerua), tambem levantou a mão contra o rei.

27 E esta foi a causa, por que levantou a mão contra o rei: Salomão tinha [17] edificado a Millo, e cerrou as aberturas da cidade de David, seu pae.

28 E o homem Jeroboão era varão valente; e, vendo Salomão a este mancebo, que era laborioso, elle o poz sobre todo o cargo da casa de José.

Antes de Christo 980

29 Succedeu pois n’aquelle tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalem, o encontrou o propheta Ahias, [18] o silonita, no caminho, e elle se tinha vestido d’um vestido novo, e sós estavam os dois no campo.

30 E Ahias pegou no vestido novo que sobre si tinha, e o rasgou [19] em doze pedaços.

31 E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, [20] porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribus.

32 Porém elle terá uma tribu, por amor de David, meu servo, e por amor de Jerusalem, a cidade que elegi de todas as tribus de Israel.

33 Porque [21] me deixaram, e se encurvaram a Astaroth, deus dos sidonios, a Camos, deus dos moabitas, e a Milkom, deus dos filhos d’Ammon; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que parece recto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juizos, como David, seu pae.

34 Porém não tomarei nada d’este reino da sua mão: mas por principe o ponho por todos os dias da sua vida, por amor de David, meu servo, a quem elegi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos.

35 Mas da mão de seu filho [22] tomarei o reino, e t’o darei a ti, as dez tribus d’elle.

36 E a seu filho darei uma tribu; para que David, meu servo, sempre tenha [23] uma lampada diante de mim em Jerusalem, a cidade que elegi para pôr ali o meu nome.

37 E te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel.

38 E ha de ser que, se ouvires tudo o que eu te mandar, e andares pelos meus caminhos, e fizeres o que é recto aos meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez David, meu servo, eu [24] serei comtigo, e te edificarei uma casa firme, como edifiquei a David, e te darei Israel.

39 E por isso affligirei a semente de David; todavia não para sempre.

40 Pelo que Salomão procurou matar Jeroboão; porém Jeroboão se levantou, e fugiu para o Egypto, a Sisak, rei do Egypto: e esteve no Egypto até que Salomão morreu.

A morte de Salomão.

41 Quanto ao [25] mais dos successos de Salomão, e a tudo quanto fez, e á sua sabedoria, porventura não está escripto[343] no livro dos successos de Salomão?

42 E o tempo [26] que reinou Salomão em Jerusalem sobre todo o Israel foram quarenta annos.

43 E adormeceu [27] Salomão com seus paes, e foi sepultado na cidade de David, seu pae: e Roboão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] Neh. 13.26. Deu. 17.17.

[2] Exo. 34.16. Deu. 7.3, 4.

[3] Deu. 17.17. Neh. 13.26. cap. 8.61 e 9.4.

[4] ver. 33. Jui. 2.13. II Reis 23.13.

[5] Num. 33.52 e 21.29. Jui. 11.24. II Reis 23.13.

[6] ver. 2, 3. cap. 3.5 e 9.2.

[7] cap. 6.12 e 9.6.

[8] ver. 31. cap. 12.15, 16.

[9] II Sam. 7.15. cap. 12.20.

[10] Deu. 12.11.

[11] I Chr. 5.26.

[12] II Sam. 8.14. I Chr. 18.12, 13. Num. 24.19. Deu. 20.13.

[13] I Reis 2.10, 34.

[14] II Sam. 8.3.

[15] II Sam. 8.3 e 10.8, 18.

[16] cap. 12.2. II Chr. 13.6. II Sam. 20.21.

[17] cap. 9.24.

[18] cap. 14.2.

[19] I Sam. 15.27 e 24.5.

[20] ver. 11, 13.

[21] ver. 5, 6, 7.

[22] cap. 12.16, 17.

[23] cap. 15.4. II Reis 8.19.

[24] Jos. 1.5. II Sam. 7.11, 27.

[25] II Chr. 9.29.

[26] II Chr. 9.30.

[27] II Chr. 9.31.

Roboão causa separação entre as tribus.

Antes de Christo 975

12 E foi Roboão [1] para Sichem; porque todo o Israel veiu a Sichem, para o fazerem rei.

2 Succedeu pois que, ouvindo-o Jeroboão, [2] filho de Nebat, estando ainda no Egypto (porque fugira de diante do rei Salomão, e habitava Jeroboão no Egypto),

3 Enviaram, e o mandaram chamar; e Jeroboão e toda a congregação d’Israel vieram, e fallaram a Roboão, dizendo:

4 Teu pae aggravou o nosso [3] jugo; agora, pois, allivia tu a dura servidão de teu pae, e o seu pesado jugo que nos impoz, e nós te serviremos.

5 E elle lhes disse: Ide-vos até ao terceiro dia, e voltae a mim. E o povo se foi.

6 E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estavam na presença de Salomão, seu pae, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhaes vós que se responda a este povo?

7 E elles lhe fallaram, dizendo: Se hoje [4] fores servo d’este povo, e o servires, e, respondendo-lhe, lhe fallares boas palavras, todos os dias teus servos serão.

8 Porém elle deixou o conselho que os anciãos lhe tinham aconselhado, e teve conselho com os mancebos que haviam crescido com elle, que estavam diante d’elle.

9 E disse-lhes: Que aconselhaes vós que respondamos a este povo, que me fallou, dizéndo: Allivia o jugo que teu pae nos impoz?

10 E os mancebos que haviam crescido com elle lhe fallaram, dizendo: Assim fallarás a este povo que te fallou, dizendo: Teu pae fez pesadissimo o nosso jugo, mas tu o allivia de sobre nós; assim lhe fallarás: Meu dedo minimo é mais grosso do que os lombos de meu pae.

11 Assim que, se meu pae vos carregou d’um jugo pesado, ainda eu augmentarei o vosso jugo: meu pae vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

12 Veiu pois Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei havia fallado, dizendo: Voltae a mim ao terceiro dia.

13 E o rei respondeu ao povo duramente; porque deixara o conselho que os anciãos lhe haviam aconselhado.

14 E lhe fallou conforme ao conselho dos mancebos, dizendo: Meu pae aggravou o vosso jugo, porém eu ainda augmentarei o vosso jugo; meu pae vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

15 O rei pois não deu ouvidos ao povo; porque esta revolta vinha do Senhor, [5] para confirmar a sua palavra que o Senhor tinha dito pelo ministerio de Ahias, o [6] silonita, a Jeroboão, filho de Nebat.

Dez tribus seguem Jeroboão.

16 Vendo pois todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com David? e não ha para nós herança [7] no filho de Jessé. Ás tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó David. Então Israel se foi ás suas tendas.

17 No tocante porém [8] aos filhos d’Israel que habitavam nas cidades de Judah, tambem sobre elles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou [9] a Adoram, que estava sobre os tributos; e todo o Israel o apedrejou com pedras, e morreu: mas o rei Roboão se animou a subir ao carro para fugir para Jerusalem.

19 Assim descairam [10] os israelitas da casa de David até ao dia de hoje.

20 E succedeu que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, enviaram, e o chamaram para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel: e ninguem seguiu a casa de David senão sómente a [11] tribu de Judah.

21 Vindo pois Roboão [12] a Jerusalem, ajuntou toda a casa de Judah e a tribu de Benjamin, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra, para pelejar contra a casa d’Israel, para restituir o reino a Roboão, filho de Salomão.

22 Porém veiu a palavra de Deus a [13] Semaias, homem de Deus, dizendo:

23 Falla a Roboão, filho de Salomão, rei de Judah, e a toda a casa de Judah, e a Benjamin, e ao resto do povo, dizendo:

[344]

24 Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos d’Israel; volte cada um para a sua casa, porque [14] eu é que fiz esta obra. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo a palavra do Senhor.

25 E Jeroboão edificou a Sichem, no [15] monte de Ephraim, e habitou ali; e saiu d’ali, e edificou a [16] Penuel.

A idolatria de Jeroboão.

26 E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino á casa de David.

27 Se este povo subir [17] para fazer sacrificios na casa do Senhor, em Jerusalem, o coração d’este povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judah: e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judah.

28 Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros [18] de oiro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalem; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egypto.

29 E poz um em Bethel, [19] e collocou o outro em Dan.

30 E este feito se tornou [20] em peccado: pois que o povo ia até Dan cada um a adorar.

31 Tambem fez casa dos altos: [21] e fez sacerdotes dos mais baixos do povo, que não eram dos filhos de Levi.

32 E fez Jeroboão uma festa no oitavo mez, no dia decimo quinto do mez, como a festa que se fazia [22] em Judah, e sacrificou no altar; similhantemente fez em Bethel, sacrificando os bezerros que fizera: tambem em Bethel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera.

33 E sacrificou no altar que fizera em [23] Bethel, no dia decimo quinto do oitavo mez, que elle tinha imaginado no seu coração: assim fez a festa aos filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.

[1] II Chr. 10.1, etc.

[2] cap. 11.26, 40.

[3] I Sam. 8.11, 18. cap. 4.7.

[4] II Chr. 10.7. Pro. 15.1.

[5] ver. 24. Jui. 14.4. II Chr. 10.15 e 22.7 e 25.20.

[6] cap. 11.11, 31.

[7] II Sam. 20.1.

[8] cap. 11.13, 36.

[9] cap. 4.6 e 5.14.

[10] II Reis 17.21.

[11] cap. 11.13, 32.

[12] II Chr. 11.1.

[13] II Chr. 11.2.

[14] ver. 15.

[15] Jui. 9.45.

[16] Jui. 8.17.

[17] Deu. 12.5, 6.

[18] II Reis 10.29 e 17.16. Exo. 32.4, 8.

[19] Gen. 28.19. Ose. 4.15. Jui. 18.29.

[20] cap. 13.34. II Reis 17.21.

[21] cap. 13.32. Num. 3.10. cap. 13.33. II Reis 17.32. II Chr. 11.14, 15. Eze. 44.7, 8.

[22] Lev. 23.33, 34. Num. 29.12. cap. 8.2, 5. Amós 7.13.

[23] Num. 15.39. cap. 13.1.

Um propheta prediz contra o altar.

13 E eis que [1] um homem de Deus veiu de Judah com a palavra do Senhor a Bethel: e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso.

2 E clamou contra o altar com a palavra do Senhor, e disse: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá á casa de David, cujo nome será [2] Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti.

3 E deu n’aquelle mesmo dia um [3] signal, dizendo: Este é o signal de que o Senhor fallou: Eis que o altar se fenderá, e a cinza, que n’elle está, se derramará.

4 Succedeu pois, que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, que clamara contra o altar de Bethel, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o altar, dizendo: Pegae d’elle. Mas a sua mão, que estendera contra elle, se seccou, e não a podia tornar a trazer a si.

5 E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar; segundo o signal que o homem de Deus apontara pela palavra do Senhor.

6 Então respondeu o rei, e disse ao homem de Deus: Ora á [4] face do Senhor teu Deus, e roga por mim, que a minha mão se me restitua. Então o homem de Deus orou á face do Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e ficou como d’antes.

7 E o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo a casa, e conforta-te; [5] e dar-te-hei um presente.

8 Porém o homem de Deus disse ao rei: Ainda que me désses metade [6] da tua casa, não iria comtigo, nem comeria pão nem beberia agua n’este logar.

9 Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: [7] Não comerás pão nem beberás agua; e não voltarás pelo caminho por onde foste.

10 E foi-se por outro caminho; e não voltou pelo caminho, por onde viera a Bethel.

Um leão mata o propheta.

11 E morava em Bethel um propheta velho; e veiu seu filho, e contou-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquelle dia em Bethel, e as palavras que dissera ao rei; e as contaram a seu pae.

12 E disse-lhes seu pae: Por que caminho se foi? E viram seus filhos o caminho por onde fôra o homem de Deus que viera de Judah.

13 Então disse a seus filhos: Albardae-me um jumento. E albardaram-lhe o jumento, e montou n’elle.

14 E foi-se apoz o homem de Deus, e o achou assentado debaixo d’um carvalho: e disse-lhe: És tu o homem[345] de Deus que vieste de Judah? E elle disse: Eu sou.

15 Então lhe disse: Vem comigo a casa, e come pão.

16 Porém elle disse: Não [8] posso voltar comtigo, nem entrarei comtigo; nem tão pouco comerei pão, nem beberei comtigo agua n’este logar.

17 Porque me foi mandado pela [9] palavra do Senhor: Ali nem comerás pão, nem beberás agua; nem tornarás a ir pelo caminho por que foste.

18 E elle lhe disse: Tambem eu sou propheta como tu, e um anjo me fallou pela palavra do Senhor, dizendo: Faze-o voltar comtigo a tua casa, para que coma pão e beba agua (Porém mentiu-lhe).

19 E tornou elle, e comeu pão em sua casa e bebeu agua.

20 E succedeu que, estando elles á mesa, a palavra do Senhor veiu ao propheta que o tinha feito voltar.

21 E clamou ao homem de Deus, que viera de Judah, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde á bocca do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te mandara;

22 Antes voltaste, e comeste pão e bebeste agua no logar [10] de que te dissera: Não comerás pão nem beberás agua; o teu cadaver não entrará no sepulchro de teus paes.

23 E succedeu que, depois que comeu pão, e depois que bebeu, albardou elle o jumento para o propheta que fizera voltar.

24 Foi-se pois, e um leão [11] o encontrou no caminho, e o matou: e o seu cadaver estava lançado no caminho, e o jumento estava parado junto a elle, e o leão estava junto ao cadaver.

25 E eis que os homens passaram, e viram o corpo lançado no caminho, como tambem o leão, que estava junto ao corpo: e vieram, e o disseram na cidade onde o propheta velho habitava.

26 E, ouvindo-o o propheta que o fizera voltar do caminho, disse: É o homem de Deus, que foi rebelde á bocca do Senhor: por isso o Senhor o entregou ao leão, que o despedaçou e matou, segundo a palavra que o Senhor lhe tinha dito.

27 Então disse a seus filhos: Albardae-me o jumento. Elles o albardaram.

28 Então foi, e achou o seu cadaver lançado no caminho, e o jumento e o leão, que estavam parados junto ao cadaver: o leão não tinha devorado o corpo, nem tinha despedaçado o jumento.

29 Então o propheta levantou o cadaver do homem de Deus, e pôl-o em cima do jumento e o tornou a levar; assim veiu o propheta velho á cidade, para o chorar e enterrar.

30 E metteu o seu cadaver no seu proprio sepulchro; e prantearam sobre elle, dizendo: Ah irmão [12] meu!

31 E succedeu que, depois de o haver sepultado, fallou a seus filhos, dizendo: Morrendo eu, sepultae-me no sepulchro em que o homem de Deus está sepultado: ponde os meus ossos junto [13] aos ossos d’elle.

32 Porque certamente [14] se cumprirá o que pela palavra do Senhor exclamou contra o altar que está em Bethel, como tambem contra todas as casas dos altos que estão nas cidades [15] de Samaria.

33 Depois [16] d’estas coisas, Jeroboão não tornou do seu máu caminho; antes dos mais baixos do povo tornou a fazer sacerdotes dos logares altos; a quem queria lhe enchia a mão, e assim era um dos sacerdotes dos logares altos.

34 E isso foi causa de peccado [17] á casa de Jeroboão, para destruil-a e extinguil-a da terra.

[1] II Reis 23.17. cap. 12.32, 33.

[2] II Reis 23.15, 16.

[3] Isa. 7.14. João 2.18. I Cor. 1.22.

[4] Exo. 8.8 e 9.28 e 10.17. Num. 21.7. Act. 8.24. Thi. 5.16.

[5] I Sam. 9.7. II Sam. 5.15.

[6] Num. 22.18 e 24.13.

[7] I Cor. 5.11.

[8] ver. 8, 9.

[9] cap. 20.35. I The. 4.15.

[10] ver. 9.

[11] cap. 20.36.

[12] Jer. 22.18.

[13] II Reis 23.17, 18.

[14] ver. 2. II Reis 23.16, 19.

[15] cap. 16.24.

[16] cap. 12.31, 32. II Chr. 11.15 e 13.9.

[17] cap. 12.30 e 14.10.

Ahias prediz a ruina da casa de Jeroboão.

Antes de Christo 956

14 N’aquelle tempo adoeceu Ahias filho de Jeroboão.

2 E disse Jeroboão a sua mulher: Levanta-te agora, e disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão: e vae a Silo. Eis que lá está o propheta Ahias, o qual fallou de mim, que eu seria rei [1] sobre este povo.

3 E toma [2] na tua mão dez pães, e bolos, e uma botija de mel, e vae a elle: elle te declarará o que ha de succeder a este menino.

4 E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e [3] foi a Silo, e entrou na casa de Ahias: e já Ahias não podia ver, porque os seus olhos estavam já escurecidos por causa da sua velhice.

5 Porém o Senhor disse a Ahias: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, porque está doente: assim e assim lhe fallarás: e ha de ser que, entrando ella, fingirá ser outra.

6 E succedeu que, ouvindo Ahias o ruido de seus pés, entrando ella pela[346] porta, disse elle: Entra, mulher de Jeroboão: porque te disfarças assim? pois eu sou enviado a ti com duras novas.

7 Vae, dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus d’Israel: Porquanto te levantei [4] do meio do povo, e te puz por chefe sobre o meu povo d’Israel,

8 E rasguei [5] o reino da casa de David, e a ti t’o dei, e tu não foste como o meu servo David, que guardou [6] os meus mandamentos e que andou após mim com todo o seu coração para fazer sómente o que parecia recto aos meus olhos,

9 Antes tu fizeste o mal, peior do que todos os [7] que foram antes de ti; e foste, e fizeste outros deuses e imagens de fundição, para provocar-me á ira, e me lançaste para traz das tuas costas;

10 Portanto, eis que trarei [8] mal sobre a casa de Jeroboão, e destruirei de Jeroboão todo o homem até [KF] ao menino, tanto o encerrado [9] como o desamparado em Israel; e lançarei fóra os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fóra o esterco, até que de todo se acabe.

11 Quem [10] morrer a Jeroboão na cidade os cães o comerão, e o que morrer no campo as aves do céu o comerão, porque o Senhor o disse.

12 Tu pois levanta-te, e vae-te para tua casa: entrando [11] os teus pés na cidade, o menino morrerá.

13 E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque este só entrará em sepultura de Jeroboão, porquanto se achou [12] n’elle coisa boa para com o Senhor Deus de Israel em casa de Jeroboão.

14 O Senhor porém levantará [13] para si um rei sobre Israel, que destruirá a casa de Jeroboão no mesmo dia: mas que será tambem agora?

15 Tambem o Senhor ferirá a Israel como se move a cana nas aguas; e arrancará [14] a Israel d’esta boa terra que tinha dado a seus paes, e o espargirá para além do rio; porquanto fizeram os seus bosques, provocando o Senhor á ira.

16 E entregará a Israel por causa dos [15] peccados de Jeroboão, o qual peccou, e fez peccar a Israel.

17 Então a mulher de Jeroboão se levantou, e foi, [16] e veiu a Tirza: chegando ella ao lumiar da porta, morreu o menino.

18 E o sepultaram, e todo o Israel o pranteou, conforme [17] á palavra do Senhor, a qual dissera pelo ministerio de seu servo Ahias, o propheta.

19 Quanto ao mais dos successos de Jeroboão, como [18] guerreou, e como reinou, eis que está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

20 E foram os dias que Jeroboão reinou vinte e dois annos: e dormiu com seus paes; e Nadab, seu filho, reinou em seu logar.

A impiedade de Roboão.

Antes de Christo 971

21 E Roboão, [19] filho de Salomão, reinava em Judah: de quarenta e um annos de edade era Roboão quando começou a reinar, e dezesete annos reinou em Jerusalem, na cidade que o Senhor [20] elegera de todas as tribus de Israel para pôr ali o seu nome: e era o nome de sua mãe Naama, ammonita.

22 E fez Judah o que parecia mal aos olhos do Senhor; e o provocaram a zelo, mais do que todos os seus paes fizeram, [21] com os seus peccados que commetteram.

23 Porque tambem elles [22] edificaram altos, e [KG] estatuas, e imagens do bosque sobre todo o alto outeiro e debaixo de toda a arvore verde.

24 Havia tambem rapazes escandalosos [23] na terra: fizeram conforme a todas as abominações das nações que o Senhor tinha lançado da sua possessão de diante dos filhos d’Israel.

25 Succedeu pois que, no [24] quinto anno do rei Roboão, Sisak, rei do Egypto, subiu contra Jerusalem,

26 E tomou [25] os thesouros da casa do Senhor e os thesouros da casa do rei; e ainda tomou tudo; tambem tomou todos os escudos de oiro que Salomão tinha feito.

27 E em logar d’elles fez o rei Roboão escudos de cobre, e os entregou nas mãos dos capitães da guarda que guardavam a porta da casa do rei.

28 E succedeu que, quando o rei entrava na casa do Senhor, os da guarda os levavam, e os tornavam á camara dos da guarda.

[347]

29 Quanto [26] ao mais dos successos de Roboão, e a tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

30 E houve [27] guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias.

31 E Roboão [28] dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na cidade de David: e era o nome de sua mãe Naama, [29] ammonita: e Abião, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 11.31.

[2] I Sam. 9.7, 8.

[3] cap. 11.29.

[4] II Sam. 12.7, 8. cap. 16.2.

[5] cap. 11.31.

[6] cap. 11.33, 38 e 15.5.

[7] cap. 12.28. II Chr. 11.15. Neh. 9.26. Eze. 23.35.

[8] cap. 15.29.

[9] cap. 21.21. II Reis 9.2. Deu. 32.36. II Reis 14.26.

[10] cap. 16.4 e 21.24.

[11] ver. 17.

[12] II Chr. 12.12 e 19.3.

[13] cap. 15.27, 28, 29.

[14] II Reis 17.6. Jos. 23.15, 16. II Reis 15.29. Exo. 31.13. Deu. 12.3, 4.

[15] cap. 12.30 e 13.34 e 15.30, 34 e 16.2.

[16] cap. 16.6, 8, 15, 23. Can. 6.4. ver. 12.

[17] ver. 13.

[18] II Chr. 13.2, etc.

[19] II Chr. 12.13.

[20] cap. 11.36.

[21] ver. 31.

[22] Deu. 12.2. Eze. 16.24, 25. II Reis 17.9, 10. Isa. 57.5.

[23] Deu. 23.17. cap. 15.12 e 22.46. II Reis 23.7.

[24] cap. 11.40. II Chr. 12.2.

[25] II Chr. 12.9, 10, 11. cap. 10.17.

[26] II Chr. 12.15.

[27] cap. 12.24 e 15.6. II Chr. 12.15.

[28] II Chr. 12.16.

[29] ver. 21. II Chr. 12.16. Mat. 1.7.

Abião imita a impiedade de seu pae Roboão.

Antes de Christo 951

15 E no decimo [1] oitavo anno do rei Jeroboão, filho de Nebat, Abião começou a reinar sobre Judah.

2 E tres annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe [2] Maaca, filha de Abisalom.

3 E andou em todos os peccados de seu pae, que tinha feito antes d’elle: e seu coração não [3] foi inteiro para com o Senhor seu Deus como o coração de David, seu pae.

4 Mas por amor de David o Senhor lhe deu [4] uma lampada em Jerusalem, levantando a seu filho depois d’elle, e confirmando a Jerusalem.

5 Porquanto [5] David tinha feito o que parecia recto aos olhos do Senhor, e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, [6] senão só no negocio de Urias, o hetheo.

6 E houve guerra [7] entre Roboão e Jeroboão todos os dias da sua vida.

7 Quanto [8] ao mais dos successos de Abião, e a tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah? Tambem houve guerra entre Abião e Jeroboão.

8 E Abião [9] dormiu com seus paes, e o sepultaram na cidade de David: e Asa, seu filho, reinou em seu logar.

Asa é bom rei sobre Israel.

9 E no vigesimo anno de Jeroboão, rei d’Israel, começou Asa a reinar em Judah.

10 E quarenta e um annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Maaca, filha de Abisalom.

11 E Asa fez [10] o que parecia recto aos olhos do Senhor, como David, seu pae.

12 Porque tirou [11] da terra os rapazes escandalosos, e tirou todos os idolos que seus paes fizeram.

13 E até a Maaca, sua mãe, [12] removeu para que não fosse rainha, porquanto tinha feito um horrivel idolo a Asera: tambem Asa desfez o seu idolo horrivel, e o queimou [13] junto ao ribeiro de Cedron.

14 Os altos porém se não [14] tiraram: todavia foi o coração de Asa recto para com o Senhor todos os seus dias.

15 E á casa do Senhor trouxe as coisas consagradas de seu pae, e as coisas que elle mesmo consagrara: prata e oiro, e vasos.

16 E houve guerra entre Asa e Baása, rei d’Israel, todos os seus dias.

17 Porque Baása, [15] rei d’Israel, subiu contra Judah, e edificou a Rama, para que a ninguem deixasse sair nem entrar a Asa, rei de Judah.

18 Então Asa tomou toda a prata e oiro que ficara nos thesouros da casa do Senhor, e os thesouros da casa do rei, e os entregou nas mãos de seus servos: e o rei Asa os enviou a [16] Benhadad, filho de Tabrimmon, filho de Hezion, rei da Syria, que habitava em Damasco, dizendo:

19 Alliança ha entre mim e ti, entre meu pae e teu pae: vês aqui que te mando um presente, prata e oiro; vae, e annulla a tua alliança com Baása, rei d’Israel, para que se retire de sobre mim.

20 E Benhadad deu ouvidos ao rei Asa, e enviou aos capitães dos exercitos que tinha contra as cidades d’Israel; e feriu a Ijon, [17] e a Dan, e a Abel, de Beth-maaca, e a toda a Chinneroth, com toda a terra de Naphtali.

21 E succedeu que, ouvindo-o Baása, deixou de edificar a Rama: e ficou-se em Tirza.

22 Então o rei Asa [18] fez apregoar por toda a Judah que todos, sem excepção, trouxessem as pedras de Rama, e a sua madeira com que Baása edificara: e com ellas edificou o rei Asa a Geba [19] de Benjamin e a Mispah.

23 Quanto ao mais de todos os successos de Asa, e a todo o seu poder, e a tudo quanto fez, e as cidades que edificou, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de[348] Judah? Porém, no tempo [20] da sua velhice, padeceu dos pés.

24 E Asa dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na cidade de David, seu pae: e Josaphat, seu [21] filho, reinou em seu logar.

Nadab filho de Jeroboão é mau rei.

Antes de Christo 914

25 E Nadab, filho de Jeroboão, começou a reinar sobre Israel no anno segundo d’Asa, rei de Judah: e reinou sobre Israel dois annos.

26 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: e andou nos caminhos de seu pae, e no seu peccado [22] com que tinha feito peccar a Israel.

27 E conspirou contra elle [23] Baása, filho d’Ahias, da casa de Issacar, e feriu-o Baása em Gibbethon, [24] que era dos philisteos, quando Nadab e todo o Israel cercavam a Gibbethon.

28 E matou-o Baása no anno terceiro d’Asa, rei de Judah, e reinou em seu logar.

29 Succedeu pois que, reinando elle, feriu a toda a casa de Jeroboão: nada de Jeroboão deixou que tivesse folego, até o destruir, conforme á palavra [25] do Senhor que dissera pelo ministerio de seu servo Ahias, o silonita.

30 Por causa dos peccados de Jeroboão, o qual peccou, e fez peccar a Israel, e por causa da provocação com que provocara ao Senhor Deus d’Israel.

31 Quanto ao mais dos successos de Nadab, e a tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

32 E houve guerra [26] entre Asa e Baása, rei d’Israel, todos os seus dias.

A prophecia de Jehu contra Baása rei de Judah.

33 No anno terceiro d’Asa, rei de Judah, Baása, filho de Ahias, começou a reinar sobre todo o Israel em Tirza, e reinou vinte e quatro annos.

34 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: e andou no caminho [27] de Jeroboão, e no seu peccado com que tinha feito peccar a Israel.

[1] II Chr. 13.1, 2.

[2] II Chr. 11.20, 21, 22 e 13.2.

[3] cap. 11.4.

[4] cap. 11.32, 36. II Chr. 21.7.

[5] cap. 14.8.

[6] II Sam. 11.4, 15 e 12.9.

[7] cap. 14.30.

[8] II Chr. 13.2, 3, 22.

[9] II Chr. 14.1.

[10] II Chr. 14.2.

[11] cap. 14.24 e 22.46.

[12] II Chr. 15.16.

[13] Exo. 32.20.

[14] cap. 22.43. II Chr. 15.17, 18.

[15] II Chr. 16.1, etc. Jos. 18.25. cap. 12.27.

[16] II Chr. 16.2. cap. 11.23, 24.

[17] II Reis 15.29. Jui. 18.29. II Sam. 20.14.

[18] II Chr. 16.6.

[19] Jos. 21.17 e 18.26.

[20] II Chr. 16.12.

[21] II Chr. 17.1. Mat. 1.8.

[22] cap. 12.30 e 14.16.

[23] cap. 14.14.

[24] Jos. 19.34 e 21.23. cap. 16.15.

[25] cap. 14.10, 14.

[26] ver. 16.

[27] cap. 12.28, 29 e 13.33 e 14.16.

16 Então veiu a palavra do Senhor [1] a Jehu, filho de Hanani, contra Baása, dizendo:

Antes de Christo 930

2 Porquanto [2] te levantei do pó, e te puz por chefe sobre o meu povo Israel, e tu andaste no caminho de Jeroboão, e fizeste peccar a meu povo Israel, irritando-me com os seus peccados,

3 Eis que tirarei [3] os descendentes de Baása, e os descendentes da sua casa, e farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebat.

4 Quem [4] morrer a Baása na cidade os cães o comerão; e o que d’elle morrer no campo as aves do céu o comerão.

5 Quanto ao mais dos successos de Baása, e ao que fez, e a seu poder, porventura não está [5] escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

6 E Baása dormiu com seus paes, e foi sepultado em Tirza: [6] e Ela, seu filho, reinou em seu logar.

7 Assim veiu tambem a palavra do Senhor, pelo ministerio do propheta Jehu, [7] filho de Hanani, contra Baása e contra a sua casa; e isso por todo o mal que fizera aos olhos do Senhor, irritando-o com a obra de suas mãos, para ser como a casa de Jeroboão; e porquanto [8] o ferira.

A conspiração de Zimri.

8 No anno vinte e seis d’Asa, rei de Judah, Ela, filho de Baása, começou a reinar em Tirza sobre Israel: e reinou dois annos.

9 E Zimri, seu servo, chefe de metade dos carros, conspirou [9] contra elle, estando elle em Tirza bebendo e embriagando-se em casa d’Arsa, mordomo em Tirza.

10 Entrou pois Zimri, e o feriu, e o matou, no anno vigesimo setimo d’Asa, rei de Judah: e reinou em seu logar.

11 E succedeu que, reinando elle, e estando assentado no seu throno, feriu [10] a toda a casa de Baása; não lhe deixou homem algum, nem a seus parentes, nem a seus amigos.

12 Assim destruiu Zimri toda a casa de Baása, conforme [11] á palavra do Senhor que fallara pelo ministerio do propheta Jehu, sobre Baása,

13 Por todos os peccados de Baása, e os peccados de Ela, seu filho, com que peccaram, e com que fizeram peccar a Israel, irritando ao Senhor Deus d’Israel com as [12] suas vaidades.

14 Quanto ao mais dos successos de Ela, e a tudo quanto fez, não está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

Antes de Christo 929

15 No anno vigesimo setimo d’Asa, rei de Judah, reinou Zimri sete dias em[349] Tirza: e o povo estava acampado contra [13] Gibbethon, que era dos philisteos.

16 E ouviu dizer o povo que estava acampado: Zimri tem conspirado, e até feriu o rei. Todo o Israel pois no mesmo dia fez rei sobre Israel a Omri, chefe do exercito no arraial.

17 E subiu Omri, e todo o Israel com elle, de Gibbethon, e cercaram a Tirza.

18 E succedeu que Zimri, vendo que a cidade era tomada, se foi ao paço da casa do rei: e queimou sobre si a casa do rei a fogo, e morreu,

19 Por causa dos seus peccados que commettera, fazendo o que parecia mal aos olhos do Senhor, andando no [14] caminho de Jeroboão, e no seu peccado que fizera, fazendo peccar a Israel.

20 Quanto ao mais dos successos de Zimri, e á conspiração que fez porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

Omri vence a Tibni e reina.

21 Então o povo d’Israel se dividiu em dois partidos: metade do povo seguia a Tibni, filho de Ginath, para o fazer rei, e a outra metade seguia a Omri.

22 Mas o povo que seguia a Omri foi mais forte do que o povo que seguia a Tibni, filho de Ginath: e Tibni morreu, e Omri reinou.

23 No anno trinta e um d’Asa, rei de Judah, Omri começou a reinar sobre Israel, e reinou doze annos: e em Tirza reinou seis annos.

24 E de Semer comprou o monte de Samaria por dois talentos de prata: e [KH] edificou em o monte, e chamou o nome da cidade que edificou do nome de Semer, senhor do [15] monte de Samaria.

25 E fez Omri [16] o que parecia mal aos olhos do Senhor; e fez peior do que todos quantos foram antes d’elle.

26 E andou [17] em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebat, como tambem nos seus peccados com que tinha feito peccar a Israel, irritando ao Senhor Deus d’Israel com as [18] suas vaidades.

27 Quanto ao mais dos successos de Omri, ao que fez, e ao seu poder que manifestou, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

28 E Omri dormiu com seus paes, e foi sepultado em Samaria: e Achab, seu filho, reinou em seu logar.

Achab reina e casa com Jezabel.

Antes de Christo 918

29 E Achab, filho de Omri, começou a reinar sobre Israel no anno trigesimo oitavo d’Asa, rei de Judah: e reinou Achab, filho de Omri, sobre Israel em Samaria vinte e dois annos.

30 E fez Achab, filho de Omri, o que parecia mal aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes d’elle.

31 E succedeu que (como se fôra coisa leve andar nos peccados de Jeroboão, filho de Nebat) ainda tomou [19] por mulher a Jezabel, filha de Ethbaal, rei dos sidonios: e foi e serviu a Baal, e se encurvou diante d’elle.

32 E levantou um altar a [20] Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.

33 Tambem Achab fez um bosque: de maneira que Achab [21] fez muito mais para irritar ao Senhor Deus d’Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes d’elle.

34 Em seus dias Hiel, o bethelita, edificou a Jericó: morrendo Abiram, seu primogenito a fundou, e morrendo Segub, seu ultimo, poz as suas portas: conforme [22] á palavra do Senhor, que fallara pelo ministerio de Josué, filho de Nun.

[1] ver. 7. II Chr. 19.2 e 20.34.

[2] cap. 14.7 e 15.34.

[3] ver. 11. cap. 14.10 e 15.29.

[4] cap. 14.11.

[5] II Chr. 16.1.

[6] cap. 14.17 e 15.21.

[7] ver. 1.

[8] cap. 15.27, 29. Ose. 1.4.

[9] II Reis 9.31.

[10] I Sam. 25.2.

[11] ver. 1, 3.

[12] Deu. 32.21. I Sam. 12.21. Isa. 41.29. Jon. 2.8. I Cor. 8.4 e 10.19.

[13] cap. 15.27.

[14] cap. 12.28 e 15.26, 34.

[15] cap. 13.32. II Reis 17.24. João 4.4.

[16] Miq. 6.16.

[17] ver. 19.

[18] ver. 13.

[19] Deu. 7.3. Jui. 18.7. cap. 21.25, 26. II Reis 10.18 e 17.16.

[20] II Reis 10.21, 26, 27.

[21] II Reis 13.6 e 17.10 e 21.3. Jer. 17.2. ver. 30. cap. 21.25.

[22] Jos. 6.26.

Elias prediz contra Achab, e é sustentado pelos corvos.

Antes de Christo 910

17 Então Elias, o tesbita, dos moradores de Gilead, disse a Achab: Vive o Senhor, [1] Deus de Israel, perante cuja face estou, que n’estes annos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.

2 Depois veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

3 Vae-te d’aqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Carith, que está diante do Jordão.

4 E ha de ser que beberás do ribeiro: e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem.

5 Foi pois, e fez conforme á palavra do Senhor: porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Carith, que está diante do Jordão.

6 E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como tambem pão e carne á noite: e bebia do ribeiro.

7 E succedeu que, passados dias, o ribeiro se seccou; porque não tinha havido chuva na terra.

[350]

A viuva de Sarepta.

8 Então veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

9 Levanta-te, e vae-te a [2] Sarepta, que é de Zidon, e habita ali: eis que eu ordenei ali a uma mulher viuva que te sustente.

10 Então elle se levantou, e se foi a Sarepta; e, chegando á porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viuva apanhando lenha; e elle a chamou, e lhe disse: Traze-me, peço-te, n’um vaso um pouco d’agua que beba,

11 E, indo ella a trazel-a, elle a chamou e lhe disse: Traze-me agora tambem um bocado de pão na tua mão.

12 Porém ella disse: Vive o Senhor teu Deus, que nem um bolo tenho, senão sómente um punhado de farinha n’uma panella, e um pouco d’azeite n’uma botija: e vês aqui apanhei dois cavacos, e vou preparal-o para mim e para o meu filho, para que o comamos, e morramos.

13 E Elias lhe disse: Não temas; vae, faze conforme á tua palavra: porém faze d’elle primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-m’o para fóra; depois farás para ti e para teu filho.

14 Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panella não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até ao dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra.

15 E foi ella, e fez conforme á palavra de Elias: e assim comeu ella, e elle, e a sua casa muitos dias.

16 Da panella a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou: conforme á palavra do Senhor, que fallara pelo ministerio de Elias.

17 E depois d’estas coisas succedeu que adoeceu o filho d’esta mulher, da dona da casa: e a sua doença se aggravou muito, até que n’elle nenhum folego ficou.

18 Então ella disse a Elias: [3] Que tenho eu comtigo, homem de Deus? vieste tu a mim cara trazeres á memoria a minha iniquidade, e matares a meu filho?

19 E elle lhe disse: Dá-me o teu filho. E elle o tomou do seu regaço, e o levou para cima, ao quarto, onde elle mesmo habitava, e o deitou em sua cama,

20 E clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, tambem até a esta viuva, com quem eu moro, affligiste, matando-lhe seu filho?

21 Então [4] se mediu sobre o menino tres vezes, e clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que torne a alma d’este menino a entrar n’elle.

22 E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar n’elle, [5] e reviveu.

23 E Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto á casa, e o deu a sua mãe; e disse Elias: Vês ahi teu filho vive.

24 Então a mulher disse a Elias: N’isto conheço [6] agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua bocca é verdade.

[1] II Reis 3.14. Deu. 10.8. Thi. 5.17. Luc. 4.25.

[2] Abd. 20. Luc. 4.26.

[3] Luc. 5.8.

[4] II Reis 4.34, 35.

[5] Heb. 11.35.

[6] João 3.2 e 16.30.

Elias apresenta-se diante de Achab.

Antes de Christo 906

18 E succedeu que, depois [1] de muitos dias, a palavra do Senhor veiu a Elias no terceiro anno, dizendo: Vae, mostra-te a Achab; porque darei chuva sobre a terra.

2 E foi Elias mostrar-se a Achab: e a fome era extrema em Samaria.

3 E Achab chamou a Obadias, o mordomo: e Obadias temia muito ao Senhor,

4 Porque succedeu que, destruindo Jezabel os prophetas do Senhor, Obadias tomou cem prophetas, e de cincoenta em cincoenta os escondeu n’uma cova, e os sustentou com pão e agua.

5 E dissera Achab a Obadias: Vae pela terra a todas as fontes de agua, e a todos os rios: pode ser que achemos herva, para que em vida conservemos os cavallos e mulas, e não estejamos privados das bestas.

6 E repartiram entre si a terra, para passarem por ella: Achab foi á parte por um caminho, e Obadias tambem foi á parte por outro caminho.

7 Estando pois Obadias já em caminho, eis que Elias o encontrou; e, conhecendo-o elle, prostrou-se sobre o seu rosto, e disse: És tu o meu senhor Elias?

8 E disse-lhe elle: Eu sou: vae, e dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias.

9 Porém elle disse: Em que pequei, para que entregues a teu servo na mão e Achab, para que me mate?

10 Vive o Senhor teu Deus que não houve nação nem reino aonde o meu senhor não mandasse em busca de ti; e dizendo elles: Aqui não está, então ajuramentava os reinos e as nações, se elles te não tinham achado.

11 E agora dizes tu: Vae, dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias.

12 E poderia ser que, apartando-me eu de ti, [2] o Espirito do Senhor te tomasse, não sei para onde, e, vindo eu a dar as[351] novas a Achab, e não te achando elle, me mataria: porém eu, teu servo, temo ao Senhor desde a minha mocidade.

13 Porventura não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel matava os prophetas do Senhor? como escondi a cem homens dos prophetas do Senhor, de cincoenta em cincoenta, n’umas covas, e os sustentei com pão e agua?

14 E agora dizes tu: Vae, dize a teu senhor: Eis que aqui está Elias: e me mataria.

15 E disse Elias: Vive o Senhor dos Exercitos, perante cuja face estou, que devéras hoje me mostrarei a elle.

16 Então foi Obadias encontrar-se com Achab, e lh’o annunciou: e foi Achab encontrar-se com Elias.

17 E succedeu que, vendo Achab a Elias, disse-lhe Achab: [3] És tu o perturbador de Israel?

18 Então disse elle: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pae, porque deixastes [4] os mandamentos do Senhor, e seguistes a Baalim.

19 Agora pois envia, ajunta a mim todo o Israel no monte Carmelo: como tambem os quatrocentos e cincoenta prophetas de Baal, [5] e os quatrocentos prophetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.

20 Então enviou Achab a todos os filhos de Israel: e ajuntou os [6] prophetas no monte Carmelo.

21 Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando [7] coxeareis entre dois pensamentos? se o Senhor é Deus, segui-o; e se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada.

Elias e os prophetas de Baal.

22 Então disse Elias ao povo: Eu só [8] fiquei por propheta do Senhor, e os prophetas de Baal são quatrocentos e cincoenta homens.

23 Dêem-se-nos pois dois bezerros, e elles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe mettam fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe metterei fogo.

24 Então invocae o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor: e ha de ser que o deus que responder por fogo [9] esse será Deus. E todo o povo respondeu, e disseram: É boa esta palavra.

25 E disse Elias aos prophetas de Baal: Escolhei para vós um dos bezerros, e preparae-o primeiro, porque sois muitos, e invocae o nome do vosso deus, e não lhe mettaes fogo.

26 E tomaram o bezerro que lhes déra, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém nem havia [10] voz, nem quem respondesse: e saltavam sobre o altar que se tinha feito.

27 E succedeu que ao meio dia Elias zombava d’elles, e dizia: Clamae em altas vozes, porque elle é um deus; pode ser que esteja fallando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura dorme, e despertará.

28 E elles clamavam a grandes vozes, e se retalhavam com facas [11] e com lancetas, conforme ao seu costume, até derramarem sangue sobre si.

29 E succedeu que, passado o meio dia, prophetizaram [12] elles, até que a offerta de manjares se offerecesse: porém não houve voz, nem resposta, nem attenção alguma.

30 Então Elias disse a todo o povo: Chegae-vos a mim. E todo o povo se chegou a elle; e reparou [13] o altar do Senhor, que estava quebrado.

31 E Elias tomou doze pedras, conforme ao numero das tribus dos filhos de Jacob, ao qual veiu a palavra do Senhor, dizendo: [14] Israel será o teu nome.

32 E com aquellas pedras edificou o altar em nome [15] do Senhor: depois fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente.

33 Então armou [16] a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o poz sobre a lenha,

34 E disse: Enchei de agua quatro cantaros, e derramae-a [17] sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez: e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez: e o fizeram terceira vez;

35 De maneira que a agua corria ao redor do altar: e ainda até o [18] rego encheu de agua.

36 Succedeu pois que, offerecendo-se a offerta de manjares, o propheta Elias se chegou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abrahão, [19] de Isaac e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme á tua palavra fiz todas estas coisas.

37 Responde-me, Senhor, responde-me,[352] para que este povo conheça que tu, Senhor, és Deus, e que tu fizeste tornar o seu coração para traz.

38 Então caiu fogo [20] do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a agua que estava no rego.

39 O que vendo todo o povo, cairam sobre os seus rostos, e disseram: [21] o Senhor é Deus! o Senhor é Deus!

40 E Elias lhe disse: [22] Lançae mão dos prophetas de Baal, que nenhum d’elles escape. E lançaram mão d’elles: e Elias os fez descer ao ribeiro de Kison, e ali os [23] matou.

41 Então disse Elias a Achab: Sobe, come e bebe, porque ruido ha d’uma abundante chuva.

42 E Achab subiu a comer e a beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo, e se inclinou [24] por terra, e metteu o seu rosto entre os seus joelhos.

43 E disse ao seu moço: Sobe agora, e olha para a banda do mar. E subiu, e olhou, e disse: Não ha nada. Então disse elle: Torna sete vezes.

44 E succedeu que, á setima vez, disse: Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão d’um homem, subindo do mar. Então disse elle: Sobe, e dize a Achab: Apparelha o teu carro, e desce, para que a chuva te não apanhe.

45 E succedeu que, entretanto, os céus se ennegreceram com nuvens e vento, e veiu uma grande chuva: e Achab subiu ao carro, e foi para Jezreel.

46 E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu [25] os lombos, e veiu correndo perante Achab, até á entrada de Jezreel.

[1] Luc. 4.25. Thi. 5.17. Deu. 28.12.

[2] II Reis 2.16. Eze. 3.12, 14. Mat. 4.1. Act. 8.39.

[3] cap. 21.20. Jos. 7.25. Act. 16.20.

[4] II Chr. 15.2.

[5] Jos. 19.26. cap. 16.33.

[6] cap. 22.6.

[7] II Reis 17.41. Mat. 6.24. Jos. 24.15.

[8] cap. 19.10, 14. ver. 19.

[9] ver. 38. I Chr. 21.26.

[10] Jer. 10.5. I Cor. 8.4 e 12.2.

[11] Lev. 19.28. Deu. 14.1.

[12] I Cor. 11.4, 5. ver. 26.

[13] cap. 19.10.

[14] Gen. 32.28 e 35.10. II Reis 17.34.

[15] Col. 3.17.

[16] Lev. 1.6, 7, 8.

[17] Jui. 6.20.

[18] ver. 32, 38.

[19] Exo. 3.6. cap. 8.43. II Reis 19.19. Num. 16.28.

[20] Lev. 9.24. Jui. 6.21. I Chr. 21.26. II Chr. 7.1.

[21] ver. 24.

[22] II Reis 10.25.

[23] Deu. 13.5 e 18.20.

[24] Thi. 5.17, 18.

[25] II Reis 4.29 e 9.1.

Jezabel ameaça Elias.

19 E Achab fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como totalmente matara [1] todos os prophetas á espada.

2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam [2] os deuses, e outro tanto, se de certo ámanhã a estas horas não pozer a tua vida como a d’um d’elles.

3 O que vendo elle, se levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veiu a Berseba, que é de Judah, e deixou ali o seu moço.

4 E elle se foi ao deserto, caminho de um dia, e veiu, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu [3] animo a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus paes.

5 E deitou-se, e dormiu debaixo d’um zimbro: e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come.

6 E olhou, e eis que á sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brazas, e uma botija de agua: e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se.

7 E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho.

Elias no monte de Horeb.

8 Levantou-se pois, e comeu e bebeu: e com a força d’aquella comida caminhou quarenta dias [4] e quarenta noites até Horeb, o monte de Deus.

9 E ali entrou n’uma caverna e passou ali a noite: e eis que a palavra do Senhor veiu a elle, e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

10 E elle disse: [5] Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exercitos, porque os filhos d’Israel deixaram o teu concerto, derribaram [6] os teus altares, e mataram os teus prophetas á espada, e eu só fiquei, e buscam a minha vida para m’a tirarem.

11 E elle lhe disse: Sae para fóra, [7] e põe-te n’este monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como tambem um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento: e depois do vento um terremoto: tambem o Senhor não estava no terremoto:

12 E depois do terremoto um fogo; porém tambem o Senhor não estava no fogo: e depois do fogo uma voz mansa e delicada.

13 E succedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu [8] o seu rosto na sua capa, e saiu para fóra, e poz-se á entrada da caverna: e eis que veiu a elle uma voz, que dizia: [9] Que fazes aqui, Elias?

14 E elle disse: Eu tenho sido em extremo [10] zeloso pelo Senhor Deus dos exercitos, porque os filhos d’Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares, e mataram os teus prophetas á espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para m’a tirarem.

15 E o Senhor lhe disse: Vae, torna-te pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e vem, [11] e unge a Hazael rei sobre a Syria.

16 Tambem a Jehu, [12] filho de Nimsi,[353] ungirás rei d’Israel: e tambem a Eliseo, filho de Saphat de Abel-mehola, ungirás propheta em teu logar.

17 E ha de ser que [13] o que escapar da espada de Hazael matal-o-ha Jehu: e o que escapar da espada de Jehu matal-o-ha [14] Eliseo.

18 Tambem eu fiz ficar [15] em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal, e toda a bocca [16] que o não beijou.

19 Partiu pois Elias d’ali, e achou a Eliseo, filho de Saphat, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante d’elle, e elle estava com a duodecima: e Elias passou por elle, e lançou a sua capa sobre elle.

20 Então deixou elle os bois, e correu apoz Elias: e disse: Deixa-me [17] beijar a meu pae e a minha mãe, e então te seguirei. E elle lhe disse: Vae, e volta; porque que te tenho eu feito?

21 Voltou pois de atraz d’elle, e tomou uma junta de bois, e os matou, e com os apparelhos dos bois cozeu [18] as carnes, e as deu ao povo, e comeram: então se levantou e seguiu a Elias, e o servia.

[1] cap. 18.40.

[2] Ruth 1.17. cap. 20.10. II Reis 6.31.

[3] Num. 11.15. Jon. 4.3, 8.

[4] Exo. 34.28. Deu. 9.9, 18. Mat. 4.2. Exo. 3.1.

[5] Rom. 11.3. Num. 25.11, 13. Psa. 69.9.

[6] cap. 18.4. cap. 18.22. Rom. 11.3.

[7] Exo. 24.12. Eze. 1.4 e 37.7.

[8] Exo. 3.6. Isa. 6.2.

[9] ver. 9.

[10] ver. 10.

[11] II Reis 8.12, 13.

[12] II Reis 9.1, 3.

[13] II Reis 8.12 e 9.14, etc. e 10.6, etc. e 13.3.

[14] Ose. 6.5.

[15] Rom. 11.4.

[16] Ose. 13.2.

[17] Mat. 8.21, 22. Luc. 9.61, 62.

[18] II Sam. 24.22.

Guerra entre Achab e o rei da Syria.

Antes de Christo 901

20 E Ben-hadad, rei da Syria, ajuntou todas as suas forças: e trinta e dois reis, e cavallos e carros havia com elle: e subiu, e cercou a Samaria, e pelejou contra ella.

2 E enviou á cidade mensageiros, a Achab, rei de Israel.

3 E disse-lhe: Assim diz Ben-hadad: A tua prata e o teu oiro são meus; e tuas mulheres e os melhores de teus filhos são meus.

4 E respondeu o rei de Israel, e disse: Conforme a tua palavra, ó rei meu senhor, teu sou eu, e tudo quanto tenho.

5 E tornaram a vir os mensageiros, e disseram: Assim falla Ben-hadad, dizendo: Ainda que eu te mandei dizer: Tu me has de dar a tua prata, e o teu oiro, e as tuas mulheres e os teus filhos;

6 Todavia ámanhã a estas horas enviarei os meus servos a ti, e esquadrinharão a tua casa, e as casas dos teus servos: e ha de ser que tudo o que fôr aprazivel aos teus olhos o metterão nas suas mãos, e o levarão.

7 Então o rei de Israel chamou a todos os anciãos da terra, e disse: Notae agora, e vêde como este busca mal; pois enviara a mim por minhas mulheres, e por meus filhos, e pela minha prata, e pelo meu oiro, e não lh’o neguei.

8 E todos os anciãos e todo o povo lhe disseram: Não lhe dês ouvidos, nem consintas.

9 Pelo que disse aos mensageiros de Ben-hadad: Dizei ao rei, meu senhor: Tudo o que primeiro mandaste pedir a teu servo, farei, porém isto não posso fazer. E foram os mensageiros, e lhe tornaram a dar esta resposta.

10 E Ben-hadad enviou a elle, e disse: Assim me façam os [1] deuses, e outro tanto, que o pó de Samaria não bastará para encher as mãos de todo o povo que me segue.

11 Porém o rei de Israel respondeu, e disse: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge, como aquelle que se descinge.

12 E succedeu que, ouvindo elle esta palavra, estando bebendo [2] elle e os reis nas tendas, disse aos seus servos: Ponde-vos em ordem contra a cidade.

13 E eis que um propheta se chegou a Achab rei de Israel, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão? eis que hoje t’a entregarei [3] nas tuas mãos, para que saibas que eu sou o Senhor.

14 E disse Achab: Por quem? E elle disse: Assim diz o Senhor: Pelos moços dos principes das provincias. E disse: Quem começará a peleja? E disse: Tu.

15 Então contou os moços dos principes das provincias, e foram duzentos e trinta e dois: e depois d’elles contou a todo o povo, todos os filhos de Israel, sete mil.

16 E sairam ao meio dia: e Ben-hadad estava bebendo [4] e embriagando-se nas tendas, elle e os reis, os trinta e dois reis, que o ajudavam.

17 E os moços dos principes das provincias sairam primeiro: e Ben-hadad enviou a alguns, que lhe deram avisos, dizendo: Sairam de Samaria uns homens.

18 E elle disse: Ainda que para paz saissem, tomae-os vivos: e ainda que á peleja saissem, vivos os tomae.

19 Sairam pois da cidade os moços dos principes das provincias, e o exercito que os seguia.

20 E elles feriram cada um o seu homem, e os syros fugiram, e Israel os perseguiu: porém Ben-hadad, rei da Syria, escapou a cavallo, com alguns cavalleiros.

21 E saiu o rei de Israel, e feriu os cavallos e os carros: e feriu os syros com grande estrago.

22 Então o propheta chegou-se ao rei de Israel e lhe disse: Vae, esforça-te, e[354] attenta, e olha o que has de fazer; porque [5] no decurso d’um anno o rei da Syria subirá contra ti.

23 Porque os servos do rei da Syria lhe disseram: Seus deuses são deuses dos montes, por isso foram mais fortes do que nós: mas pelejemos com elles em campo raso, e por certo, veremos, se não somos mais fortes do que elles!

24 Faze pois isto: tira os reis, cada um do seu logar, e põe capitães em seu logar.

25 E numera outro exercito, como o exercito que caiu de ti, e cavallos como aquelles cavallos, e carros como aquelles carros, e pelejemos com elles em campo raso, e veremos se não somos mais fortes do que elles! E deu ouvidos á sua voz, e assim fez.

26 E succedeu que, passado um anno, Ben-hadad fez revista dos syros, e subiu a [6] Afek, para pelejar contra Israel.

27 Tambem dos filhos d’Israel se fez revista, e providos de viveres marcharam contra elles; e os filhos de Israel acamparam-se defronte d’elles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os syros enchiam a terra.

28 E chegou o homem de Deus, e fallou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o Senhor: Porquanto os syros disseram: O Senhor é Deus dos montes, e não Deus dos valles: toda esta grande multidão [7] entregarei nas tuas mãos: para que saibas que eu sou o Senhor.

29 E sete dias estiveram estes acampados defronte dos outros: e succedeu ao setimo dia que a peleja começou, e os filhos de Israel feriram dos syros cem mil homens de pé, n’um dia.

30 E os restantes fugiram a Afek, á cidade; e caiu o muro sobre vinte e sete mil homens, que restaram: Ben-hadad porém fugiu, e veiu á cidade, andando de camara em camara.

Achab vence os syros e faz alliança com o seu rei.

31 Então lhe disseram os seus servos: Eis que já temos ouvido que os reis da casa de Israel são reis clementes: ponhamos pois saccos [8] aos lombos, e cordas ás cabeças, e saiamos ao rei de Israel; pode ser que guarde em vida a tua alma.

32 Então cingiram saccos aos lombos e cordas ás cabeças, e vieram ao rei de Israel, e disseram: Diz o teu servo Ben-hadad: Deixa-me viver. E disse elle: Pois ainda vive? é meu irmão.

33 E aquelles homens tomaram isto por bom presagio, e apressaram-se em apanhar a sua palavra, e disseram: Teu irmão Ben-hadad vive. E elle disse: Vinde, trazei-m’o. Então Ben-hadad saiu a elle, e elle o fez subir ao carro.

34 E disse elle: As cidades que meu pae tomou de teu pae t’as restituirei, [9] e faze para ti ruas em Damasco, como meu pae as fez em Samaria. E eu, respondeu Achab, te deixarei ir com esta alliança. E fez com elle alliança e o deixou ir.

Antes de Christo 900

35 Então um [10] dos homens dos filhos dos prophetas disse ao seu companheiro, pela palavra do Senhor: Ora fere-me. E o homem recusou feril-o.

36 E elle lhe disse: Porque não obedeceste á voz do Senhor, eis que, em te apartando de mim, um leão te ferirá. E, como d’elle se apartou, [11] um leão o encontrou e o feriu.

37 Depois encontrou outro homem, e disse-lhe: Ora fere-me. E feriu-o aquelle homem, ferindo-o e vulnerando-o.

38 Então foi o propheta, e poz-se perante o rei no caminho: e disfarçou-se com cinza sobre os seus olhos.

39 E succedeu que, [12] passando o rei, clamou elle ao rei, e disse: Teu servo saiu ao meio da peleja, e eis que, desviando-se um homem, me trouxe outro homem, e disse: Guarda-me este homem; se vier a faltar, será a tua vida em logar da vida d’elle, [13] ou pagarás um talento de prata.

40 Succedeu pois que, estando o teu servo occupado d’uma e d’outra parte, entretanto desappareceu. Então o rei de Israel lhe disse: Esta é a tua sentença; tu mesmo a pronunciaste.

41 Então elle se apressou, e tirou a cinza de sobre os seus olhos; e o rei de Israel o reconheceu, que era um dos prophetas.

42 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porquanto [14] soltaste da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em logar da sua vida, e o teu povo em logar do seu povo.

43 E foi-se o rei de Israel a sua casa, [15] desgostoso e indignado: e veiu a Samaria.

[1] cap. 19.2.

[2] ver. 16.

[3] ver. 28.

[4] ver. 12. cap. 16.9.

[5] II Chr. 11.1.

[6] Jos. 13.4.

[7] ver. 13.

[8] Gen. 37.34.

[9] cap. 15.20.

[10] II Reis 2.3, 5, 7, 15. cap. 13.17, 18.

[11] cap. 13.24.

[12] II Sam. 12.1, etc.

[13] II Reis 10.24.

[14] cap. 22.31-37.

[15] cap. 21.4.

Naboth recusa vender a sua vinha a Achab.

Antes de Christo 899

21 E succedeu depois d’estas coisas, tendo Naboth, o jezreelita uma vinha, que em Jezreel estava junto ao palacio de Achab, rei de Samaria,

2 Que Achab fallou a Naboth, dizendo:[355] Dá-me a tua vinha, [1] para que me sirva de horta pois está visinha ao pé da minha casa; e te darei por ella outra vinha melhor do que ella: ou, se parece bem aos teus olhos, dar-te-hei a sua valia em dinheiro.

3 Porém Naboth disse a Achab: [2] Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus paes.

4 Então Achab veiu desgostoso e indignado á sua casa, por causa da palavra que Naboth, o jezreelita, lhe fallara, dizendo: Não te darei a herança de meus paes. E deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão.

5 Porém, vindo a elle Jezabel, sua mulher, lhe disse: Que ha, que está tão desgostoso o teu espirito, e não comes pão?

6 E elle lhe disse: Porque fallei a Naboth, o jezreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu logar. Porém elle disse: Não te darei a minha vinha.

7 Então Jezabel, sua mulher lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? levanta-te, come pão, e alegre-se o teu coração: eu te darei a vinha de Naboth, o jezreelita.

Jezabel ordena a morte de Naboth.

8 Então escreveu cartas em nome de Achab, e as sellou com o seu sinete; e mandou as cartas aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Naboth.

9 E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoae um jejum, e ponde a Naboth acima do povo.

10 E ponde defronte d’elle dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra elle, dizendo: Blasphemaste [3] contra Deus e contra o rei: e trazei-o fóra, e apedrejae-o para que morra.

11 E os homens da sua cidade, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escripto nas cartas que lhes mandara.

12 Apregoaram [4] um jejum, e pozeram a Naboth acima do povo.

13 Então vieram dois homens, filhos de Belial, e pozeram-se defronte d’elle; e os homens, filhos de Belial, testemunharam contra elle, contra Naboth, perante o povo, dizendo: Naboth blasphemou contra Deus e contra o rei. E o levaram [5] para fóra da cidade, e o apedrejaram com pedras, e morreu.

14 Então enviaram a Jezabel, dizendo: Naboth foi apedrejado, e morreu.

15 E succedeu que, ouvindo Jezabel que já fôra apedrejado Naboth, e morrera, disse Jezabel a Achab: Levanta-te, e possue a vinha de Naboth, o jezreelita, a qual te recusou dar por dinheiro; porque Naboth não vive, mas é morto.

16 E succedeu que, ouvindo Achab, que Naboth era morto, Achab se levantou, para descer para a vinha de Naboth, o jezreelita, para a possuir.

Deus manda Elias ameaçar a Achab.

17 Então veiu a palavra do Senhor a Elias, o tesbita, dizendo:

18 Levanta-te, desce para encontrar-te com Achab, rei de Israel, que está [6] em Samaria: eis que está na vinha de Naboth, aonde tem descido para a possuir.

19 E fallar-lhe-has, dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura não mataste e tomaste a herança? Fallar-lhe-has mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No [7] logar em que os cães lamberam o sangue de Naboth os cães lamberão o teu sangue, o teu mesmo,

20 E disse Achab a Elias: Já me achaste, [8] inimigo meu? E elle disse: Achei-te; porquanto já [9] te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do Senhor.

21 Eis que trarei [10] mal sobre ti, e arrancarei a tua posteridade, e arrancarei de Achab a todo o homem, como tambem o encerrado e o desamparado em Israel;

22 E farei a tua casa como a casa de Jeroboão, [11] filho de Nebat, e como a casa de Baása, filho de Ahias: por causa da provocação, com que me provocaste e fizeste peccar a Israel.

23 E tambem ácerca de [12] Jezabel fallou o Senhor, dizendo: Os cães comerão a Jezabel junto ao antemuro de Jezreel.

24 Aquelle que de Achab [13] morrer na cidade os cães o comerão: e o que morrer no campo as aves do céu o comerão.

25 Porém [14] ninguem fôra como Achab, que se vendera para fazer o que era máu aos olhos do Senhor: porque [15] Jezabel, sua mulher, o incitava.

26 E fez grandes abominações, seguindo[356] [16] os idolos, conforme a tudo o que fizeram os amorrheos, os quaes o Senhor lançou fóra da sua possessão, de diante dos filhos de Israel.

27 Succedeu pois que Achab, ouvindo estas palavras, rasgou os seus vestidos, e cobriu a sua carne de [17] sacco, e jejuou: e jazia em sacco, e andava mansamente.

28 Então veiu a palavra do Senhor a Elias tesbita, dizendo:

29 Não viste que Achab se humilha perante mim? porquanto pois se humilha perante mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal [18] sobre a sua casa.

[1] I Sam. 8.14.

[2] Lev. 25.23. Num. 36.7. Eze. 46.18.

[3] Exo. 22.38. Lev. 24.15, 16. Act. 6.11. Lev. 24.14.

[4] Isa. 58.4.

[5] II Reis 9.26.

[6] cap. 13.32. II Chr. 22.9.

[7] cap. 22.38.

[8] cap. 18.17.

[9] II Reis 17.17. Rom. 7.14.

[10] cap. 14.10. II Reis 9.8. I Sam. 25.22. cap. 14.10.

[11] cap. 15.29. cap. 16.3, 11.

[12] II Reis 9.36.

[13] cap. 14.11 e 16.4.

[14] cap. 16.30, etc.

[15] cap. 16.31.

[16] Gen. 15.16. II Reis 21.11.

[17] Gen. 37.34.

[18] II Reis 9.25.

Achab faz alliança com Josaphat.

Antes de Christo 897

22 E estiveram quietos tres annos, não havendo guerra entre Syria e Israel.

2 Porém no terceiro anno succedeu que [1] Josaphat, rei de Judah, desceu para o rei de Israel.

3 E o rei de Israel disse aos seus servos: Não sabeis vós que [2] Ramoth de Gilead é nossa? e nós estamos quietos, sem a tomar da mão do rei da Syria?

4 Então disse a Josaphat: Irás tu comigo á peleja a Ramoth de Gilead? E disse Josaphat ao rei de Israel: Serei como tu, e [3] o meu povo como o teu povo, e os meus cavallos como os teus cavallos.

5 Disse mais Josaphat ao rei d’Israel: Consulta porém primeiro hoje a palavra do Senhor.

6 Então o rei de Israel ajuntou [4] os prophetas até quasi quatrocentos homens, e disse-lhes: Irei á peleja contra Ramoth de Gilead, ou deixarei de ir? E elles disseram: Sobe, porque o Senhor a entregará na mão do rei.

7 Disse porém Josaphat: [5] Não ha aqui ainda algum propheta do Senhor, ao qual possamos consultar?

8 Então disse o rei de Israel a Josaphat: Ainda ha um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém eu o aborreço, porque nunca prophetiza de mim bem, mas só mal; este é Micha, filho de Imla. E disse Josaphat: Não falle o rei assim.

9 Então o rei de Israel chamou um eunucho, e disse: Traze-me depressa a Micha, filho de Imla,

10 E o rei de Israel e Josaphat, rei de Judah, estavam assentados cada um no seu throno, vestidos de vestiduras reaes, na praça, á entrada da porta de Samaria: e todos os prophetas prophetizavam na sua presença.

11 E Zedekias, filho de Chanaana, fez para si uns cornos de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes escornearás aos syros, até de todo os consumir.

12 E todos os prophetas prophetizaram assim, dizendo: Sobe a Ramoth de Gilead, e prosperarás, porque o Senhor a entregará na mão do rei.

13 E o mensageiro que foi chamar a Micha fallou-lhe, dizendo: Vês aqui que as palavras dos prophetas a uma voz predizem coisas boas para o rei: seja pois a tua palavra como a palavra d’um d’elles, e falla bem.

14 Porém Micha disse: Vive o Senhor, que o que o [6] Senhor me disser isso fallarei.

15 E, vindo elle ao rei, o rei lhe disse: Micha, iremos a Ramoth de Gilead á peleja, ou deixaremos de ir? E elle lhe disse: Sobe, e serás prospero; porque o Senhor a entregará na mão do rei.

16 E o rei lhe disse: Até quantas vezes te conjurarei, que me não falles senão a verdade em nome do Senhor?

17 Então disse elle: Vi a todo o Israel disperso [7] pelos montes, como ovelhas que não teem pastor; e disse o Senhor: Estes não teem senhor; torne cada um em paz para sua casa.

18 Então o rei de Israel disse a Josaphat: Não te disse eu, que nunca prophetizará de mim bem, senão só mal?

19 Então disse elle: Ouve [8] pois a palavra do Senhor: Vi ao Senhor assentado sobre o seu throno, e todo o exercito do céu estava junto a elle, á sua mão direita e á sua esquerda.

20 E disse o Senhor: Quem induzirá Achab, a que suba, e caia em Ramoth de Gilead? E um dizia d’esta maneira e outro d’outra.

21 Então saiu um espirito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu induzirei. E o Senhor lhe disse: Com que?

22 E disse elle: Eu sairei, e serei um espirito de mentira na bocca de todos os seus prophetas. E elle disse: Tu o induzirás, [9] e ainda prevalecerás; sae, e faze assim.

23 Agora pois, eis que [10] o Senhor poz o espirito de mentira na bocca de todos[357] estes teus prophetas, e o Senhor fallou mal contra ti.

24 Então Zedekias, filho de Chanaana, chegou, e feriu a Micha no queixo: e disse: [11] Por onde passou de mim o espirito do Senhor para fallar a ti?

25 E disse Micha: Eis que o verás n’aquelle mesmo dia, quando entrares de camara em camara, para te esconderes.

26 Então disse o rei de Israel: Tomae a Micha, e tornae a trazel-o a Amon, o chefe da cidade, e a Joás filho do rei,

27 E direis: Assim diz o rei: Mettei este homem na casa do carcere, e sustentae-o com o pão de angustia, e com agua de amargura, até que eu venha em paz.

28 E disse Micha: Se tu voltares em paz, o Senhor não tem fallado [12] por mim. Disse mais: Ouvi todos os povos!

A guerra contra os syros, e a morte de Achab.

29 Assim o rei de Israel e Josaphat, rei de Judah, subiram a Ramoth de Gilead.

30 E disse o rei de Israel a Josaphat: Eu me disfarçarei, e entrarei na peleja; tu porém veste os teus vestidos. Disfarçou-se [13] pois o rei de Israel, e entrou na peleja.

31 E o rei da Syria deu ordem aos chefes dos carros, de que tinha trinta e dois, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno nem contra grande, mas só contra o rei de Israel.

32 Succedeu pois que, vendo os chefes dos carros a Josaphat, disseram elles: Certamente este é o rei de Israel. E chegaram-se a elle, para pelejar com elle: porém Josaphat [14] exclamou.

33 E succedeu que, vendo os chefes dos carros que não era o rei d’Israel deixaram de seguil-o.

34 Então um homem entesou o arco, na sua simplicidade, e feriu o rei d’Israel por entre as fivelas e as couraças; então elle disse ao seu carreteiro: Vira a tua mão, e tira-me do exercito, porque estou gravemente ferido.

35 E a peleja foi crescendo n’aquelle dia, e o rei parou no carro defronte dos syros: porém elle morreu á tarde; e o sangue da ferida corria no fundo do carro.

36 E depois do sol posto passou um pregão pelo exercito, dizendo: Cada um para a sua cidade, e cada um para a sua terra!

37 E morreu o rei, e o levaram a Samaria: e sepultaram o rei em Samaria.

38 E, lavando-se o carro no tanque de Samaria, os cães lamberam o seu sangue (ora [KI] as prostitutas se lavavam ali), [15] conforme á palavra do Senhor, que tinha dito.

39 Quanto ao mais dos successos d’Achab, e a tudo quanto fez, e á casa de [16] marfim que edificou, e a todas as cidades que edificou, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

40 Assim dormiu Achab com seus paes; e Achazias, seu filho, reinou em seu logar.

O reinado de Josaphat e a sua morte.

41 E Josaphat, [17] filho de Asa, começou a reinar sobre Judah no quarto anno d’Achab, rei d’Israel.

42 E era Josaphat da edade de trinta e cinco annos quando começou a reinar; e vinte e cinco annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Azuba, filha de Silchi.

43 E andou [18] em todos os caminhos de seu pae Asa, não se desviou d’elles, fazendo o que era recto aos olhos do Senhor.

44 Todavia os altos não [19] se tiraram; ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

45 E Josaphat [20] esteve em paz com o rei de Israel.

46 Quanto ao mais dos successos de Josaphat, e ao poder que mostrou, e como guerreou, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

47 Tambem desterrou da terra o resto dos rapazes escandalosos, que [21] ficaram nos dias de seu pae Asa.

48 Então não havia [22] rei em Edom, porém um vice-rei.

49 E fez Josaphat [23] navios de Tarsis, para irem a Ophir por causa do oiro; porém não foram, porque os navios se quebraram em Ezion-geber.

50 Então Achazias, filho de Achab, disse a Josaphat: Vão os meus servos com os teus servos nos navios. Porém Josaphat não quiz.

51 E Josaphat dormiu [24] com seus paes, e foi sepultado junto a seus paes, na cidade de David, seu pae: e Jorão, seu filho, reinou em seu logar.

52 E Achazias, [25] filho d’Achab, começou a reinar em Samaria, no anno,[358] dezesete de Josaphat, rei de Judah: e reinou dois annos sobre Israel.

53 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; porque [26] andou no caminho de seu pae, como tambem no caminho de sua mãe, e no caminho de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

54 E serviu [27] a Baal, e se inclinou diante d’elle: e indignou ao Senhor Deus de Israel, conforme a tudo quanto fizera seu pae.

[1] II Chr. 18.2, etc.

[2] Deu. 4.43.

[3] II Reis 3.7.

[4] cap. 18.19.

[5] II Reis 3.11.

[6] Num. 22.38.

[7] Mat. 9.36.

[8] Psa. 6.1. Dan. 7.9. Job 1.6 e 2.1. Dan. 7.10. Zac. 1.10. Mat. 18.16. Heb. 1.7, 14.

[9] Jui. 9.23. Job 12.16. Eze. 14.9. II The. 2.11.

[10] Eze. 14.9.

[11] II Chr. 18.23.

[12] Num. 16.29. Deu. 18.20, 21, 22.

[13] II Chr. 35.22.

[14] II Chr. 18.31. Pro. 13.20.

[15] cap. 21.19.

[16] Amós 3.15.

[17] II Chr. 20.31.

[18] II Chr. 17.3.

[19] cap. 14.23 e 15.14. II Reis 12.3.

[20] II Chr. 18.2. II Cor. 6.14.

[21] cap. 14.24 e 15.12.

[22] Gen. 25.23. II Sam. 8.14. II Reis 3.9 e 8.20.

[23] II Chr. 20.35, etc. cap. 10.22. II Chr. 20.37. cap. 9.26.

[24] II Sam. 21.1.

[25] ver. 40.

[26] cap. 15.26.

[27] Jui. 2.11. cap. 16.31.


O SEGUNDO LIVRO DOS REIS.

Moab rebella-se contra Israel e Achazias adoece.

Antes de Christo 896

1 E depois da morte de Achab, [1] Moab se rebellou contra Israel.

2 E caiu Achazias pelas grades d’um quarto alto, que tinha em Samaria, e adoeceu: e enviou mensageiros, e disse-lhes: Ide, e perguntae a Baal-zebub, deus de Ekron, [2] se sararei d’esta doença.

3 Mas o anjo do Senhor disse a Elias tesbita: Levanta-te, sobe para encontrar-te com os mensageiros do rei de Samaria: e dize-lhes: Porventura não ha Deus em Israel, que vades consultar a Baal-zebub, deus de Ekron?

4 E por isso assim diz o Senhor: Da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás. Então Elias partiu.

5 E os mensageiros voltaram para elle; e elle lhes disse: Que ha, que voltastes?

6 E elles lhe disseram: Um homem nos saiu ao encontro, e nos disse: Ide, voltae para o rei que vos mandou, e dizei-lhe: Assim diz o Senhor: Porventura não ha Deus em Israel, para que mandes consultar a Baal-zebub, deus de Ekron? Portanto da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás.

7 E elle lhes disse: Qual era o trajo do homem que vos veiu ao encontro e vos fallou estas palavras?

8 E elles lhe disseram: Um homem era vestido de pellos, [3] e com os lombos cingidos d’um cinto de coiro. Então disse elle: É Elias, o tesbita.

O fogo do céu consome cem homens.

9 Então lhe enviou um capitão de cincoenta: e, subindo a elle, (porque eis que estava assentado no cume do monte), disse-lhe: Homem de Deus, o rei diz: Desce.

10 Mas Elias respondeu, e disse ao capitão de cincoenta: Se eu pois sou homem de Deus, desça fogo [4] do céu, e te consuma a ti e aos teus cincoenta. Então fogo desceu do céu, e o consumiu a elle e aos seus cincoenta.

11 E tornou a enviar-lhe outro capitão de cincoenta, com os seus cincoenta; este lhe fallou, e disse: Homem de Deus, assim diz o rei: Desce depressa.

12 E respondeu Elias, e disse-lhe: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu, e te consuma a ti e aos teus cincoenta. Então fogo de Deus desceu do céu, e o consumiu a elle e aos seus cincoenta.

13 E tornou a enviar outro capitão dos terceiros cincoenta, com os seus cincoenta: então subiu o capitão de cincoenta, e veiu, e poz-se de joelhos diante de Elias, e supplicou-lhe, e disse-lhe: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos [5] a minha vida, e a vida d’estes cincoenta teus servos.

14 Eis que fogo desceu do céu, e consumiu aquelles dois primeiros capitães de cincoenta, com os seus cincoenta: porém agora seja preciosa aos teus olhos a minha vida.

15 Então o anjo do Senhor disse a Elias: Desce com este, não temas. E levantou-se, e desceu com elle ao rei.

16 E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porque enviaste mensageiros a consultar a Baal-zebub, deus d’Ekron? Porventura é porque não ha Deus em Israel, para consultar a sua palavra? portanto d’esta cama, a que subiste, não descerás, mas certamente morrerás.

17 Assim pois morreu, conforme á palavra do Senhor, que Elias fallara; e Jorão começou a reinar no seu logar no anno segundo de Jehorão, filho de Josaphat rei de Judah: porquanto não tinha filho.

[359]

18 O mais dos feitos de Achazias, que tinha feito, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

[1] II Sam. 8.2. cap. 3.5.

[2] I Sam. 5.10.

[3] Zac. 13.4. Mat. 3.4.

[4] Luc. 9.54.

[5] I Sam. 26.21.

Elias é elevado ao céu n’um carro de fogo.

2 Succedeu [1] pois que, havendo o Senhor de elevar a Elias n’um redemoinho ao céu, Elias partiu com Eliseo de Gilgal.

2 E disse Elias a Eliseo: Fica-te aqui, [2] porque o Senhor me enviou a Bethel. Porém Eliseo disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não deixarei. E assim foram a Bethel.

3 Então os filhos dos prophetas que estavam em Bethel sairam [3] a Eliseo, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por de cima da tua cabeça? E elle disse: Tambem eu bem o sei; calae-vos.

4 E Elias lhe disse: Eliseo, fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Jericó. Porém elle disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não deixarei. E assim vieram a Jericó.

5 Então os filhos dos prophetas que estavam em Jericó se chegaram a Eliseo, e lhe disseram: Sabes que o Senhor hoje tomará o teu senhor por de cima da tua cabeça? E elle disse: Tambem eu bem o sei; calae-vos.

6 E Elias disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas elle disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que te não deixarei. E assim ambos foram juntos.

7 E foram cincoenta homens dos filhos dos prophetas, e de longe pararam defronte: e elles ambos pararam junto ao Jordão.

8 Então Elias tomou a sua capa, e a dobrou, e feriu as aguas, as quaes se [4] dividiram para as duas bandas: e passaram ambos em secco.

9 Succedeu pois que, havendo elles passado, Elias disse a Eliseo: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseo: Peço-te que haja porção dobrada de teu espirito sobre mim.

10 E disse: Coisa dura pediste; se me vires quando fôr tomado de ti, assim se te fará, porém, se não, não se fará.

11 E succedeu que, indo elles andando e fallando, eis que [5] um carro de fogo, com cavallos de fogo, os separou um do outro: e Elias subiu ao céu n’um redemoinho.

Eliseo, o successor de Elias.

12 O que vendo Eliseo, clamou: Meu pae, [6] meu pae, carros de Israel, e seus cavalleiros! E nunca mais o viu: e, travando dos seus vestidos, os rasgou em duas partes.

13 Tambem levantou a capa de Elias, que lhe caira: e tornou-se, e parou á borda do Jordão.

14 E tomou a capa de Elias, que lhe caira, e feriu as aguas, e disse: Onde está o Senhor, Deus de Elias? Então feriu [7] as aguas, e se dividiram ellas d’uma e outra banda; e Eliseo passou.

15 Vendo-o pois os filhos dos prophetas que estavam defronte em Jericó, disseram: [8] O espirito de Elias repousa sobre Eliseo. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante d’elle em terra.

16 E disseram-lhe: Eis que com teus servos ha cincoenta homens valentes; ora deixa-os ir para buscar a teu senhor; pode ser [9] que o elevasse o Espirito do Senhor, e o lançasse n’algum dos montes, ou n’algum dos valles. Porém elle disse: Não os envieis.

17 Mas elles apertaram com elle, até se enfastiar; e disse-lhes: Enviae. E enviaram cincoenta homens, que o buscaram tres dias, porém não o acharam.

18 Então voltaram para elle, tendo elle ficado em Jericó: e disse-lhes: Eu não vos disse que não fosseis?

19 E os homens da cidade disseram a Eliseo: Eis que boa é a habitação d’esta cidade, como o meu senhor vê; porém as aguas são más, e a terra é esteril.

20 E elle disse: Trazei-me uma salva nova, e ponde n’ella sal. E lh’a trouxeram.

21 Então saiu elle ao manancial das aguas, e deitou [10] sal n’elle; e disse: Assim diz o Senhor: Sararei a estas aguas; não haverá mais n’ellas morte nem esterilidade.

22 Ficaram pois sãs aquellas aguas até ao dia d’hoje, conforme á palavra que Eliseo tinha dito.

23 Então subiu d’ali a Bethel: e, subindo elle pelo caminho, uns moços pequenos sairam da cidade, e zombavam d’elle, e diziam-lhe: Sobe, calvo, sobe, calvo!

24 E, virando-se elle para traz, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor: então duas ursas sairam do bosque, e[360] despedaçaram d’elles quarenta e dois meninos.

25 E foi-se d’ali para o monte Carmelo: e d’ali voltou para Samaria.

[1] Gen. 5.24. I Reis 19.21.

[2] Ruth 1.15, 16. ver. 4, 6. I Sam. 1.26. cap. 4.30.

[3] ver. 5, 7, 15. I Reis 20.35. cap. 4.1, 38 e 9.1.

[4] Exo. 14.21. Jos. 3.16. ver. 14.

[5] cap. 6.17.

[6] cap. 13.14.

[7] ver. 8.

[8] ver. 7.

[9] I Reis 18.12. Eze. 8.3. Act. 8.39.

[10] Exo. 15.25. cap. 4.41 e 6.6. João 9.6.

Eliseo salva tres reis com os seus exercitos.

Antes de Christo 895

3 E Jorão, [1] filho de Achab, começou a reinar sobre Israel em Samaria no decimo oitavo anno de Josaphat, rei de Judah: e reinou doze annos.

2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; porém não como seu pae, nem como sua mãe; porque tirou a [KJ] estatua de Baal, que seu pae [2] fizera.

3 Comtudo adheriu aos peccados [3] de Jeroboão, filho de Nebat, que fizera peccar a Israel; não se apartou d’elles.

4 Então Mesa, rei dos moabitas, era contratante de gado, e pagava ao rei de Israel [4] cem mil cordeiros, e cem mil carneiros com a sua lã.

5 Succedeu porém que, morrendo Achab, [5] se rebellou o rei dos moabitas contra o rei de Israel.

6 Por isso Jorão ao mesmo tempo saiu de Samaria, e fez revista de todo o Israel.

7 E foi, e enviou a Josaphat, rei de Judah, dizendo: O rei dos moabitas se rebellou contra mim; irás tu comigo á guerra contra os moabitas? E disse elle: Subirei; e eu serei como tu, o meu povo [6] como o teu povo, e os meus cavallos como os teus cavallos.

8 E elle disse: Por que caminho subiremos? Então disse elle: Pelo caminho do deserto d’Edom.

9 E partiu o rei de Israel, e o rei de Judah, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exercito, e o gado que os seguia não tinham agua.

10 Então disse o rei de Israel: Ah! que o Senhor chamou a estes tres reis, para os entregar nas mãos dos moabitas.

11 E disse Josaphat: [7] Não ha aqui algum propheta do Senhor, para que consultemos ao Senhor por elle? Então respondeu um dos servos do rei de Israel, e disse: Aqui está Eliseo, filho de Saphat, que deitava agua sobre as mãos de Elias.

12 E disse Josaphat: Está com elle a palavra do Senhor. Então o [8] rei de Israel, e Josaphat e o rei de Edom desceram a elle.

13 Mas Eliseo disse ao rei de Israel: Que tenho [9] eu comtigo? Vae aos prophetas de teu pae e aos prophetas de tua mãe. Porém o rei d’Israel lhe disse: Não, porque o Senhor chamou a estes tres reis para os entregar nas mãos dos moabitas.

14 E disse Eliseo: Vive [10] o Senhor dos Exercitos, em cuja presença estou, que se eu não respeitasse a presença de Josaphat, rei de Judah, não olharia para ti nem te veria.

15 Ora, pois, trazei-me [11] um tangedor. E succedeu que, tangendo o tangedor, veiu sobre elle a mão [12] do Senhor.

16 E disse: Assim diz o Senhor: [13] Fazei n’este valle muitas covas;

17 Porque assim diz o Senhor: Não vereis vento, e não vereis chuva; todavia este valle se encherá de tanta agua, que bebereis vós, e o vosso gado e os vossos animaes.

18 E ainda isto é pouco aos olhos do Senhor: tambem entregará elle os moabitas nas vossas mãos.

19 E ferireis a todas as cidades fortes, e a todas as cidades escolhidas, e todas as boas arvores cortareis, e entupireis todas as fontes d’agua, e damnificareis com pedras todos os bons campos.

20 E succedeu que pela manhã, offerecendo-se [14] a offerta de manjares, eis que vinham as aguas pelo caminho d’Edom: e a terra se encheu d’agua.

21 Ouvindo pois todos os moabitas que os reis tinham subido para pelejarem contra elles, convocaram a todos os que cingiam cinto e d’ahi para cima, e pozeram-se ás fronteiras.

22 E, levantando-se de madrugada, e saindo o sol sobre as aguas, viram os moabitas defronte d’elles as aguas vermelhas como o sangue.

23 E disseram: Isto é sangue; certamente que os reis se destruiram á espada e se mataram um ao outro! agora pois á preza, moabitas!

24 Porém, chegando elles ao arraial de Israel, os israelitas se levantaram, e feriram os moabitas, os quaes fugiram diante d’elles; e ainda os feriram nas suas terras, ferindo ali tambem os moabitas.

25 E arrazaram as cidades, e cada um lançou a sua pedra em todos os bons campos, e os entulharam, e entupiram todas as fontes d’aguas, e cortaram todas as boas arvores, até que em Kir-hareseth deixaram ficar as pedras, [15] mas os fundeiros a cercaram e a feriram.

[361]

26 Mas, vendo o rei dos moabitas que a peleja prevalecia contra elle, tomou comsigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem contra o rei de Edom, porém não poderam.

27 Então [16] tomou a seu filho primogenito, que havia de reinar em seu logar, e o offereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande indignação em Israel: por isso retiraram-se [17] d’elle, e voltaram para a sua terra.

[1] cap. 1.17.

[2] I Reis 16.31, 32.

[3] I Reis 12.28, 31, 32.

[4] Isa. 16.1.

[5] cap. 1.1.

[6] I Reis 22.4.

[7] I Reis 22.7.

[8] cap. 2.25.

[9] Eze. 14.3. Jui. 10.14. Ruth 1.15. I Reis 18.10.

[10] I Reis 17.1. cap. 5.16.

[11] I Sam. 10.5.

[12] Eze. 1.3 e 3.14, 22 e 8.1.

[13] cap. 4.3.

[14] Exo. 29.39, 40.

[15] Isa. 16.7, 11.

[16] Amós 2.1.

[17] cap. 8.20.

Eliseo augmenta o azeite da viuva.

4 E uma mulher [1] das mulheres dos filhos dos prophetas, clamou a Eliseo, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor; e veiu o credor, a levar-me [2] os meus dois filhos para serem servos.

2 E Eliseo lhe disse: Que te hei de eu fazer? declara-me que é o que tens em casa. E ella disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija d’azeite.

3 Então disse elle: Vae, pede para ti vasos emprestados, [3] a todos os teus visinhos, vasos vasios, não poucos.

4 Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aquelles vasos, e põe á parte o que estiver cheio.

5 Partiu pois d’elle, e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e elles lhe traziam os vasos, e ella os enchia.

6 E succedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém elle lhe disse: Não ha mais vaso nenhum. Então o azeite parou.

7 Então veiu ella, e o fez saber ao homem de Deus; e disse elle: Vae, vende o azeite, e paga a tua divida; e tu e teus filhos vivei do resto.

A sunamita e o seu filho.

8 Succedeu tambem um dia que, indo Eliseo a [4] Sunem, havia ali uma mulher grave, a qual o reteve a comer pão: e succedeu que todas as vezes que passava para ali se retirava a comer pão.

9 E ella disse a seu marido: Eis que tenho observado, que este que sempre passa por nós é um sancto homem de Deus.

10 Façamos-lhe pois um pequeno quarto junto ao muro, e ali lhe ponhamos uma cama, e uma mesa, e uma cadeira e um candieiro: e ha de ser que, vindo elle a nós, para ali se retirará.

11 E succedeu um dia que veiu ali, e retirou-se áquelle quarto, e se deitou ali.

12 Então disse ao seu moço Geazi: Chama esta sunamita. E chamando-a elle, ella se poz diante d’elle.

13 Porque lhe tinha dito: Dize-lhe: Eis que tu nos tens tratado com todo o disvelo; que se ha de fazer por ti? haverá alguma coisa de que se falle por ti ao rei, ou ao chefe do exercito? E dissera ella: Eu habito no meio do meu povo.

14 Então disse elle: Que se ha de fazer pois por ella? E Geazi disse: Ora ella não tem filho, e seu marido é velho.

15 Pelo que disse elle: Chama-a. E, chamando-a elle, ella se poz á porta.

16 E elle disse: A este tempo determinado, [5] segundo o tempo da vida, abraçarás um filho. E disse ella: Não, meu senhor, homem de Deus, [6] não mintas á tua serva.

17 E concebeu a mulher, e pariu um filho, ao tal tempo determinado, segundo o tempo da vida que Eliseo lhe dissera.

18 E, crescendo o filho, succedeu que um dia saiu para seu pae que estava com os segadores.

19 E disse a seu pae: Ai, a minha cabeça! ai, a minha cabeça! Então disse a um moço: Leva-o a sua mãe.

20 E elle o tomou, e o levou a sua mãe: e esteve sobre os seus joelhos até ao meio dia, e morreu.

21 E subiu ella, e o deitou sobre a cama do homem de Deus; e fechou sobre elle a porta, e saiu.

22 E chamou a seu marido, e disse: Manda-me já um dos moços, e uma das jumentas, para que corra ao homem de Deus, e para que volte.

23 E disse elle: Porque vaes a elle hoje? não é lua nova nem sabbado. E ella disse: Tudo vae bem.

24 Então albardou a jumenta, e disse ao seu moço: Guia e anda, e não te detenhas no caminhar, senão quando eu t’o disser.

25 Partiu ella pois e veiu ao homem de Deus, ao monte [7] Carmelo: e succedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço: Eis ahi a sunamita.

26 Agora pois corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vae bem comtigo? vae bem com teu marido? Vae bem com teu filho? E ella disse: Vae bem.

27 Chegando ella pois ao homem de Deus, ao monte, pegou nos seus pés;[362] mas chegou Geazi para empuxal-a: disse porém o homem de Deus: Deixa-a, porque a sua alma n’ella está triste de amargura, e o Senhor m’o encobriu, e não m’o manifestou.

28 E disse ella: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me [8] enganes?

29 E elle disse a Geazi: Cinge [9] os teus lombos, e toma o meu bordão na tua mão, e vae; [10] se encontrares alguem, não o saudes; e se alguem te saudar, não lhe respondas: e põe o meu bordão sobre o rosto do menino.

30 Porém disse a mãe do menino: Vive o Senhor, [11] e vive a tua alma, que não te hei de deixar. Então elle se levantou, e a seguiu.

31 E Geazi passou diante d’elles, e poz o bordão sobre o rosto do menino; porém não havia n’elle voz nem sentido; e voltou a encontrar-se com elle, e lhe trouxe aviso, dizendo: [12] Não despertou o menino.

32 E, chegando Eliseo áquella casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama.

33 Então [13] entrou elle, e fechou a porta sobre elles ambos, e orou ao Senhor.

34 E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua bocca sobre a bocca d’elle, e os seus olhos sobre os olhos d’elle, e as suas mãos sobre as mãos d’elle, se estendeu sobre elle: [14] e a carne do menino aqueceu.

35 Depois voltou, e passeou n’aquella casa d’uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre [15] elle; então o menino espirrou sete vezes, e o menino abriu os olhos.

36 Então chamou a Geazi, e disse: Chama esta sunamita. E chamou-a, e veiu a elle. E disse elle: Toma o teu filho.

37 E veiu ella, e se prostrou a seus pés, e se inclinou á terra; e tomou [16] o seu filho, e saiu.

A morte que havia na panella é tirada.

38 E, voltando Eliseo a Gilgal, havia fome [17] n’aquella terra, e os filhos dos prophetas estavam assentados na sua presença: e disse ao seu moço: Põe a panella grande ao lume, e faze um caldo de hervas para os filhos dos prophetas.

39 Então um saiu ao campo a apanhar hervas, e achou uma parra brava, e colheu d’ella a sua capa cheia de coloquintidas: e veiu, e as cortou na panella do caldo; porque as não conheciam.

40 Assim tiraram de comer para os homens. E succedeu que, comendo elles d’aquelle caldo, clamaram e disseram: Homem de Deus, ha morte na panella. [18] Não poderam comer.

41 Porém elle disse: [19] Trazei pois farinha. E deitou-a na panella, e disse: Tirae de comer para o povo. Então não havia mal nenhum na panella.

Vinte pães satisfazem cem homens.

42 E um homem veiu de Baal-salisha, [20] e trouxe ao homem de Deus pães das primicias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma.

43 Porém seu servo disse: Como [21] hei de eu pôr isto diante de cem homens? E disse elle: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o Senhor: Comer-se-ha, e sobejará.

44 Então lh’os poz diante, e comeram, e deixaram sobejos, [22] conforme a palavra do Senhor.

[1] I Reis 20.35.

[2] Lev. 25.39. Mat. 18.25.

[3] cap. 3.16.

[4] Jos. 19.18.

[5] Gen. 18.10, 14.

[6] ver. 28.

[7] cap. 2.25.

[8] ver. 16.

[9] I Reis 18.46. cap. 9.1.

[10] Luc. 10.4. Exo. 7.19 e 14.16. cap. 2.8, 14. Act. 19.12.

[11] cap. 2.2.

[12] João 11.11.

[13] ver. 4. Mat. 6.6. I Reis 17.20.

[14] I Reis 17.21. Act. 20.10.

[15] I Reis 17.21. cap. 8.1, 5.

[16] I Reis 17.23. Heb. 11.35.

[17] cap. 2.1 e 8.1 e 2.3. Luc. 10.39. Act. 22.3.

[18] Exo. 10.17.

[19] Exo. 15.25. cap. 2.21 e 5.10. João 9.6.

[20] I Sam. 9.4 e 9.7. I Cor. 9.11. Gal. 6.6.

[21] Luc. 9.13. João 6.9. Luc. 9.17. João 6.11.

[22] Mat. 14.20 e 15.37. João 6.13.

Naaman é curado da lepra.

Antes de Christo 894

5 E Naaman, [1] chefe do exercito do rei da Syria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito; porque por elle o Senhor déra livremente aos syros: e era este varão homem valoroso, porém leproso.

2 E sairam tropas da Syria, da terra d’Israel e, levaram presa uma menina que ficou ao serviço da mulher de Naaman.

3 E disse esta á sua senhora: Oxalá que o meu senhor estivesse diante do propheta que está em Samaria: elle o restauraria da sua lepra.

4 Então entrou Naaman e o notificou a seu senhor, dizendo: Assim e assim fallou a menina que é da terra de Israel.

5 Então disse o rei da Syria: Vae, anda, e enviarei a carta ao rei de Israel. E foi, [2] e tomou na sua mão dez talentos de prata, e seis mil siclos de oiro e dez mudas de vestidos.

6 E levou a carta ao rei de Israel, dizendo: Logo, em chegando a ti esta carta, saibas que eu te enviei Naaman,[363] meu servo, para que o restaures da sua lepra.

7 E succedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou os seus vestidos, e disse: [3] Sou eu Deus, para matar e para vivificar, para que este envie a mim, para eu restaurar a um homem da sua lepra? Pelo que devéras notae, peço-vos, e vede que busca occasião contra mim.

8 Succedeu porém que, ouvindo Eliseo, homem de Deus, que o rei de Israel rasgara os seus vestidos, mandou dizer ao rei: Porque rasgaste os teus vestidos? deixa-o vir a mim, e saberá que ha propheta em Israel.

9 Veiu pois Naaman com os seus cavallos, e com o seu carro, e parou á porta da casa de Eliseo.

10 Então Eliseo lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vae, e lava-te sete [4] vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado.

11 Porém Naaman muito se indignou, e se foi dizendo: Eis que eu dizia comigo: Certamente elle sairá, pôr-se-ha em pé, e invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o logar, e restaurará o leproso.

12 Não são porventura Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as aguas de Israel? Não me poderia eu lavar n’elles, e ficar purificado? E voltou-se, e se foi com indignação.

13 Então chegaram-se a elle os seus servos, e lhe fallaram, e disseram: Meu pae, se o propheta te dissera alguma grande coisa, porventura não a farias? Quanto mais, dizendo-te elle: Lava-te, e ficarás purificado.

14 Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus: e a sua [5] carne tornou, como a carne d’um menino, e ficou purificado.

15 Então voltou ao homem de Deus, elle e toda a sua comitiva, e veiu, e poz-se diante d’elle, e disse: Eis que tenho conhecido que em toda a terra não ha [6] Deus senão em Israel: agora pois te peço que tomes uma benção do teu servo.

16 Porém elle disse: [7] Vive o Senhor, em cuja presença estou, que a não tomarei. E instou com elle para que a tomasse, mas elle recusou.

17 E disse Naaman: Quando não, comtudo dê-se a este teu servo uma carga de terra d’um jugo de mulas; porque nunca mais offerecerá este teu servo holocausto nem sacrificio a outros deuses, senão ao Senhor.

18 N’isto perdoe o Senhor a teu servo: quando meu senhor entra na casa de Rimmon para ali se encurvar, [8] e elle se encosta na minha mão, e eu tambem me hei de encurvar na casa de Rimmon; quando assim me encurvar na casa de Rimmon, n’isto perdoe o Senhor a teu servo.

19 E elle lhe disse: Vae em paz. E foi-se d’elle a uma pequena distancia.

Geazi é atacado de lepra.

20 Então Geazi, moço d’Eliseo, homem de Deus, disse: Eis que meu senhor impediu a este syro Naaman que da sua mão se désse alguma coisa do que trazia; porém, vive o Senhor que hei de correr atraz d’elle, e tomar d’elle alguma coisa.

21 E foi Geazi em alcance de Naaman; e Naaman, vendo que corria atraz d’elle, saltou do carro a encontral-o, e disse-lhe: Vae tudo bem?

22 E elle disse: Tudo vae bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois mancebos dos filhos dos prophetas da montanha d’Ephraim; dá-lhes pois um talento de prata e duas mudas de vestidos.

23 E disse Naaman: Sê servido tomar dois talentos. E instou com elle, e amarrou dois talentos de prata em dois saccos, com duas mudas de vestidos; e pôl-os sobre dois dos seus moços, os quaes os levaram diante d’elle.

24 E, chegando elle á altura, tomou-os das suas mãos, e os depositou na casa: e despediu aquelles homens, e foram-se.

25 Então elle entrou, e poz-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseo: D’onde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte.

26 Porém elle lhe disse: Porventura não foi comtigo o meu coração, quando aquelle homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isto tempo para tomares prata, e para tomares vestidos, e olivaes, e vinhas, e ovelhas, e bois e servos e servas?

27 Portanto a lepra de Naaman se pegará a [9] ti e á tua semente para sempre. Então saiu de diante d’elle leproso, branco como a neve.

[1] Luc. 4.27. Exo. 11.3.

[2] I Sam. 9.8. cap. 8.8, 9.

[3] Gen. 30.2. Deu. 32.39. I Sam. 2.6.

[4] cap. 4.41. João 9.7.

[5] Job 33.25. Luc. 4.27.

[6] Dan. 2.47 e 3.29 e 6.26, 27. Gen. 33.11.

[7] cap. 3.14. Gen. 14.23. Mat. 10.8. Act. 8.18, 20.

[8] cap. 7.2, 17.

[9] I Tim. 6.10. Exo. 4.6. Num. 12.10. cap. 15.5.

O ferro d’um machado é feito fluctuar.

Antes de Christo 893

6 E disseram os filhos [1] dos prophetas a Eliseo: Eis que o logar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito.

[364]

2 Vamos pois até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um logar, para habitar ali: e disse elle: Ide.

3 E disse um: Serve-te d’ires com os teus servos. E disse: Eu irei.

4 E foi com elles: e, chegando elles ao Jordão, cortaram madeira.

5 E succedeu que, derribando um d’elles uma viga, o ferro caiu na agua: e clamou, e disse: Ai, meu senhor! porque era emprestado.

6 E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe elle o logar, cortou um páo, e o lançou [2] ali, e fez nadar o ferro.

7 E disse: Levanta-o. Então elle estendeu a sua mão e o tomou.

Eliseo adivinha os conselhos do rei da Syria.

8 E o rei da Syria fazia guerra a Israel: e consultou com os seus servos, dizendo: Em tal e em tal logar estará o meu acampamento.

9 Mas o homem de Deus enviou ao rei de Israel, dizendo: Guarda-te de passares por tal logar; porque os syros desceram ali.

10 Pelo que o rei de Israel enviou áquelle logar, de que o homem de Deus lhe dissera, e de que o tinha avisado, e se guardou ali, não uma nem duas vezes.

11 Então se turbou com este incidente o coração do rei da Syria, e chamou os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel?

12 E disse um dos seus servos: Não, ó rei meu senhor; mas o propheta Eliseo, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu fallas na tua camara de dormir.

13 E elle disse: Vae, e vê onde elle está, para que envie, e mande trazel-o. E fizeram-lhe saber, dizendo: [3] Eis que está em Dothan.

14 Então enviou para lá cavallos, e carros, e um grande exercito, os quaes vieram de noite, e cercaram a cidade.

15 E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo, e saiu, e eis que um exercito tinha cercado a cidade com cavallos e carros; então o seu moço lhe disse: Ai, meu senhor! que faremos?

16 E elle disse: Não temas; porque mais são os que estão comnosco do que os que estão [4] com elles.

17 E orou Eliseo, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavallos e [5] carros de fogo, em redor de Eliseo.

18 E, como desceram a elle, Eliseo orou ao Senhor, e disse: [6] Fere, peço-te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseo.

19 Então Eliseo lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-hei ao homem que buscaes. E os guiou a Samaria.

20 E succedeu que, chegando elles a Samaria, disse Eliseo: Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e eis que estavam no meio de Samaria.

21 E, quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseo: Feril-os-hei, feril-os-hei, meu pae?

22 Mas elle disse: Não os ferirás; feririas tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? [7] põe-lhes diante pão e agua, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor.

23 E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu e foram para seu senhor: e não entraram mais tropas [8] de syros na terra d’Israel.

Samaria é cercada.

24 E succedeu, depois d’isto, que Ben-hadad, rei da Syria, ajuntou todo o seu exercito: e subiu, e cercou a Samaria.

25 E houve grande fome em Samaria, porque eis que a cercaram, até que se vendeu uma cabeça d’um jumento por oitenta [KK] peças de prata, e a quarta parte d’um cabo d’esterco de pombas por cinco peças de prata.

26 E succedeu que, passando o rei pelo muro, uma mulher lhe bradou, dizendo: Acode-me, ó rei meu senhor.

27 E elle lhe disse: Se o Senhor te não acode, d’onde te acudirei eu? da eira ou do lagar?

28 Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ella: Esta mulher me disse: Dá o teu filho, para que hoje o comamos, e ámanhã comeremos o meu filho.

29 Cozemos pois [9] o meu filho, e o comemos; mas dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho.

30 E succedeu que, ouvindo o rei as palavras d’esta mulher, rasgou os seus [10] vestidos, e ia passando pelo muro; e[365] o povo viu que eis que trazia cilicio por dentro, sobre a sua carne.

31 E disse: Assim me faça [11] Deus, e outro tanto, se a cabeça de Eliseo, filho de Saphat, hoje ficar sobre elle.

32 Estava então Eliseo assentado em sua casa, e tambem os [12] anciãos estavam assentados com elle. E enviou o rei um homem de diante de si; mas, antes que o mensageiro viesse a elle, disse elle aos anciãos: [13] Vistes como o filho do homicida mandou tirar-me a cabeça? olhae pois que, quando vier o mensageiro lhe fecheis a porta, e o empuxeis para fóra com a porta; porventura não vem o ruido dos pés de seu senhor após elle?

33 E, estando elle ainda fallando com elles, eis que o mensageiro descia a elle; e disse: Eis que este mal vem do Senhor, [14] que mais pois esperaria do Senhor?

[1] cap. 4.38.

[2] cap. 2.21.

[3] Gen. 37.17.

[4] II Chr. 32.7. Rom. 8.31.

[5] cap. 2.11. Zac. 1.8 e 6.1-7.

[6] Gen. 19.11.

[7] Rom. 12.20.

[8] ver. 8, 9. cap. 5.2.

[9] Lev. 26.26. Deu. 28.53, 57.

[10] I Reis 21.27.

[11] Ruth 1.17. I Reis 19.2.

[12] Eze. 8.1 e 20.1.

[13] Luc. 13.32. I Reis 18.4.

[14] Job 2.9.

Eliseo prediz a abundancia de viveres.

Antes de Christo 892

7 Então disse Eliseo: Ouvi a palavra do Senhor: assim diz o Senhor: Ámanhã, [1] quasi a este tempo, uma medida de farinha haverá por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, á porta de Samaria.

2 Porém um capitão, [2] em cuja mão o rei se encostava, respondeu ao homem de Deus e disse: Eis que ainda que o Senhor fizesse janellas no céu, poder-se-hia fazer isso? E elle disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém d’ahi não comerás.

3 E quatro homens leprosos estavam á entrada [3] da porta, os quaes disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui até morrermos?

4 Se dissermos: Entremos na cidade, ha fome na cidade, e morreremos ahi; e se ficarmos aqui, tambem morreremos: vamos nós pois agora, e demos comnosco no arraial dos syros: se nos deixarem viver, viveremos, e se nos matarem, tão sómente morreremos.

5 E levantaram-se ao crepusculo, para se irem ao arraial dos syros: e, chegando á entrada do arraial dos syros, eis que não havia ali ninguem.

6 Porque o Senhor fizera [4] ouvir no arraial dos syros ruido de carros e ruido de cavallos, como o ruido d’um grande exercito; de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei d’Israel alugou contra nós os reis dos hetheos e [5] os reis dos egypcios, para virem contra nós.

7 Pelo que se levantaram, [6] e fugiram no crepusculo, e deixaram as suas tendas, e os seus cavallos, e os seus jumentos, e o arraial como estava: e fugiram para salvarem a sua vida.

8 Chegando pois estes leprosos á entrada do arraial, entraram n’uma tenda, e comeram e beberam e tomaram d’ali prata, e oiro, e vestidos, e foram e os esconderam: então voltaram, e entraram em outra tenda, e d’ali tambem tomaram, e o esconderam.

9 Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem: este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até á luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; pelo que agora vamos, e o annunciemos á casa do rei.

10 Vieram pois, e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes annunciaram, dizendo: Fomos ao arraial dos syros e eis que lá não havia ninguem, nem voz de homem, porém só cavallos atados, e jumentos atados, e as tendas como estavam d’antes.

11 E chamaram os porteiros, e o annunciaram dentro da casa do rei.

12 E o rei se levantou de noite, e disse a seus servos: Agora vos farei saber o que é que os syros nos fizeram: bem sabem elles que esfaimados estamos, pelo que sairam do arraial, a esconder-se pelo campo, dizendo: Quando sairem da cidade, então os tomaremos vivos, e entraremos na cidade.

13 Então um dos seus servos respondeu e disse: Tomem-se pois cinco dos cavallos do resto que ficaram aqui dentro (eis que são como toda a multidão dos israelitas que ficaram aqui de resto, e eis que são como toda a multidão dos israelitas que pereceram) e enviemol-os, e vejamos.

14 Tomaram pois dois cavallos de carro; e o rei os enviou após o exercito dos syros, dizendo: Ide, e vêde.

15 E foram após elles até ao Jordão, e eis que todo o caminho estava cheio de vestidos e de aviamentos, que os syros, apressando-se, lançaram fóra: e voltaram os mensageiros, e o annunciaram ao rei:

16 Então saiu o povo, e saqueou o arraial dos syros: e havia uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, conforme [7] a palavra do Senhor.

17 E pozera o rei á porta o capitão em cuja mão se encostava; e o povo o atropellou na porta, e morreu, como fallara o [8] homem de Deus, o que fallou quando o rei descera a elle.

18 Porque assim succedeu como o homem de Deus fallara ao rei dizendo: Ámanhã, quasi a este tempo, [9] haverá[366] duas medidas de cevada por um siclo, e uma medida de farinha por um siclo, á porta de Samaria.

19 E aquelle capitão respondeu ao homem de Deus, e disse: Eis que ainda que o Senhor fizesse janellas no céu, poder-se-hia isso fazer conforme essa palavra? E elle disse: Eis que o verás com os teus olhos, porém d’ahi não comerás.

20 E assim lhe succedeu, porque o povo o atropellou á porta, e morreu.

[1] ver. 18, 19.

[2] ver. 17, 19, 20. Mal. 3.10.

[3] Lev. 13.46.

[4] II Sam. 5.24. cap. 19.7. Job 15.21.

[5] I Reis 10.29.

[6] Pro. 28.1.

[7] ver. 1.

[8] ver. 2. cap. 6.32.

[9] ver. 1.

A sunamita volta para a sua terra.

Antes de Christo 885

8 E fallou Eliseo áquella mulher cujo [1] filho vivificara, dizendo: Levanta-te, e vae-te, tu e a tua familia, e peregrina onde poderes peregrinar; porque o Senhor chamou [2] a fome, a qual tambem virá á terra por sete annos.

2 E levantou-se a mulher, e fez conforme a palavra do homem de Deus: porque foi ella com a sua familia, e peregrinou na terra dos philisteos sete annos.

3 E succedeu que, ao cabo dos sete annos, a mulher voltou da terra dos philisteos, e saiu a clamar ao rei pela sua casa e pelas suas terras.

4 Ora o rei fallava [3] a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseo tem feito.

5 E succedeu que, contando elle ao rei [4] como vivificara a um morto, eis que a mulher cujo filho vivificara clamou ao rei pela sua casa e pelas suas terras: então disse Geazi: Ó rei meu senhor, esta é a mulher, e este o seu filho a quem Eliseo vivificou.

6 E o rei perguntou á mulher, e ella lh’o contou: então o rei lhe deu um eunucho, dizendo: Faze-lhe restituir tudo quanto era seu, e todas as rendas das terras desde o dia em que deixou a terra até agora.

Hazael mata a Benhadad.

7 Depois veiu Eliseo a Damasco, estando Benhadad, rei da Syria, doente; e lh’o annunciaram, dizendo: O homem de Deus é chegado aqui.

8 Então o rei disse a [5] Hazael: Toma um presente na tua mão, e vae a encontrar-te com o homem de Deus; e pergunta [6] por elle ao Senhor, dizendo: Hei de eu sarar d’esta doença?

9 Foi pois Hazael a encontrar-se com elle, e tomou um presente na sua mão, a saber: de todo o bom de Damasco, quarenta camelos carregados; e veiu, e se poz diante d’elle, e disse: Teu filho Benhadad, rei da Syria, me enviou a ti, a dizer: Sararei eu d’esta doença?

10 E Eliseo lhe disse: Vae, e dize-lhe: Certamente não sararás. Porque o Senhor me tem mostrado que [7] certamente morrerá.

11 E affirmou a sua vista, e fitou os olhos n’elle até se envergonhar: [8] e chorou o homem de Deus.

12 Então disse Hazael: Porque chora, meu senhor? E elle disse: Porque sei o mal que [9] has de fazer aos filhos d’Israel: porás fogo ás suas fortalezas, e os seus mancebos matarás á espada, e os seus meninos [10] despedaçarás, e as suas prenhadas fenderás.

13 E disse Hazael: Pois que é teu servo, [11] que não é mais do que um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseo: O Senhor me tem mostrado [12] que tu has de ser rei da Syria.

14 Então partiu de Eliseo, e veiu a seu senhor, o qual lhe disse: Que te disse Eliseo? E disse elle: Disse-me que certamente sararás.

15 E succedeu ao outro dia que tomou um cobertor, e o molhou na agua, e o estendeu sobre o seu rosto, e morreu: e Hazael reinou em seu logar.

O reinado de Jorão.

16 E no anno quinto de [13] Jorão, filho de Achab, rei de Israel, reinando ainda Josaphat em Judah, começou a reinar Jehorão, filho de Josaphat, rei de Judah.

17 Era elle da edade de trinta [14] e dois annos quando começou a reinar, e oito annos reinou em Jerusalem.

18 E andou no caminho dos reis d’Israel, como tambem fizeram os da casa de Achab, porque tinha por mulher a filha [15] de Achab, e fez o que parecia mal aos olhos do Senhor.

19 Porém o Senhor não quiz destruir a Judah por amor de David, seu servo, [16] como lhe tinha dito que lhe daria para sempre uma lampada a seus filhos.

20 Nos seus dias se rebellaram os [17] edomitas de debaixo do mando de Judah, e [18] pozeram sobre si um rei.

21 Pelo que Jehorão passou a Zair, e todos os carros com elle: e elle se levantou de noite, e feriu os edomitas[367] que estavam ao redor d’elle, e os capitães dos carros; e o povo se foi para as suas tendas.

22 Todavia os edomitas ficaram rebeldes de debaixo do mando de Judah até ao dia de hoje: então tambem se rebellou [19] Libna no mesmo tempo.

23 O mais dos successos de Jehorão, e tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas de Judah?

24 E Jehorão dormiu com seus paes, e foi sepultado com seus paes na cidade de David: [20] e Achazias, seu filho, reinou em seu logar.

O reinado de Achazias.

25 No anno doze de Jorão, filho de Achab, rei d’Israel, começou a reinar Achazias, filho de Jehorão, rei de Judah.

26 Era Achazias [21] de vinte e dois annos de edade quando começou a reinar, e reinou um anno em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Athalia, filha de Omri, rei d’Israel.

27 E andou [22] no caminho da casa de Achab, e fez mal aos olhos do Senhor, como a casa de Achab, porque era genro da casa de Achab.

28 E foi com [23] Jorão, filho de Achab, a Ramoth de Gilead, á peleja contra Hazael, rei da Syria; e os syros feriram a Jorão.

29 Então [24] se voltou o rei Jorão para se curar em Jizreel das feridas que os syros lhe fizeram em Rama, quando pelejou contra Hazael, rei da Syria; e desceu Achazias, [25] filho de Jehorão, rei de Judah, para ver a Jorão, filho de Achab, em Jizreel, porquanto estava doente.

[1] cap. 4.35.

[2] Agg. 1.11.

[3] cap. 5.27.

[4] cap. 4.35.

[5] I Reis 19.15. I Sam. 9.7. I Reis 14.3. cap. 5.5.

[6] cap. 1.2.

[7] ver. 15.

[8] Luc. 19.41.

[9] cap. 10.32 e 12.17 e 13.3, 7. Amós 1.3.

[10] cap. 15.16. Ose. 13.16. Amós 1.13.

[11] I Sam. 17.43.

[12] I Reis 19.15.

[13] II Chr. 21.3, 4.

[14] II Chr. 21.5, etc.

[15] ver. 26.

[16] II Sam. 7.13. I Reis 11.36 e 15.4. II Chr. 21.7.

[17] Gen. 27.40. cap. 3.27. II Chr. 21.8, 9, 10.

[18] I Reis 22.47.

[19] II Chr. 21.10.

[20] II Chr. 22.1.

[21] II Chr. 22.2.

[22] II Chr. 22.3, 4.

[23] II Chr. 22.5.

[24] cap. 9.15.

[25] cap. 9.16. II Chr. 22.6, 7.

Jehu é ungido rei de Israel e mata a Jorão e a Jezabel.

Antes de Christo 884

9 Então o propheta Eliseo chamou um dos filhos [1] dos prophetas, e lhe disse: Cinge os teus lombos, e toma esta almotolia de azeite na tua mão, e vae-te a Ramoth de Gilead;

2 E, chegando lá, vê onde está Jehu, filho de Josaphat, filho de Nimsi: e entra, e faze que elle se levante do meio de seus irmãos, [2] e leva-o á camara interior.

3 E toma [3] a almotolia de azeite, e derrama-o sobre a sua cabeça, e dize: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel. Então abre a porta, e foge, e não te detenhas.

4 Foi pois o mancebo, o joven propheta, a Ramoth de Gilead.

5 E, entrando elle, eis que os capitães do exercito estavam assentados ali; e disse: Capitão, tenho uma palavra que te dizer. E disse Jehu: A qual de todos nós? E disse: A ti, capitão!

6 Então se levantou, e entrou na casa, e derramou o azeite sobre a sua cabeça, e lhe disse: [4] Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel.

7 E ferirás a casa de Achab, teu senhor, para que eu vingue [5] o sangue de meus servos, os prophetas, e o sangue de todos os servos do Senhor da mão de Jezabel.

8 E toda a casa de Achab perecerá; [6] e destruirei d’Achab todo o varão, tanto o encerrado como o desamparado em Israel.

9 Porque á casa d’Achab hei de fazer como á casa de Jeroboão, [7] filho de Nebat, e como á casa de Baása, filho d’Ahias.

10 E os cães comerão a Jezabel no pedaço [8] de campo de Jizreel; não haverá quem a enterre. Então abriu a porta, e fugiu.

11 E, saindo Jehu aos servos do seu senhor, disseram-lhe: Vae tudo bem? porque veiu a ti [9] este louco? E elle lhes disse: Bem conheceis o homem e o seu fallar.

12 Mas elles disseram: É mentira; agora faze-nol-o saber. E disse: Assim e assim me fallou, dizendo: Assim diz o Senhor: Ungi-te rei sobre Israel.

13 Então se apressaram, e tomou cada [10] um o seu vestido, e o poz debaixo d’elle, no mais alto degrau: e tocaram a buzina, e disseram: Jehu reina!

14 Assim Jehu, filho de Josaphat, filho de Nimsi, conspirou contra Jorão. Tinha porém Jorão cercado a Ramoth de Gilead, elle e todo o Israel, por causa de Hazael, rei da Syria.

15 Porém o rei Jorão voltou [11] para se curar em Jizreel das feridas que os syros lhe fizeram, quando pelejou contra Hazael, rei da Syria. E disse Jehu: Se é da vossa vontade, ninguem saia da cidade, nem escape, para ir denunciar isto em Jizreel.

16 Então Jehu subiu a um carro, e[368] foi-se a Jizreel, porque Jorão estava deitado ali: e tambem Achazias, [12] rei de Judah, descera para vêr a Jorão.

17 E o atalaia estava na torre de Jizreel, e viu a tropa de Jehu, que vinha, e disse: Vejo uma tropa. Então disse Jorão: Toma um cavalleiro, e envia-lh’o ao encontro; e diga: Ha paz?

18 E o cavalleiro lhe foi ao encontro, e disse: Assim diz o rei: Ha paz? E disse Jehu: Que tens tu que fazer com a paz? Vira-te para traz de mim. E o atalaia o fez saber, dizendo: Chegou a elles o mensageiro, porém não volta.

19 Então enviou outro cavalleiro; e, chegando este a elles, disse: Assim diz o rei: Ha paz? E disse Jehu: Que tens tu que fazer com a paz? Vira-te para traz de mim.

20 E o atalaia o fez saber, dizendo: Tambem este chegou a elles, porém não volta; e o andar parece como o andar de Jehu, filho de Nimsi, porque anda furiosamente.

21 Então disse Jorão: Apparelha o carro. E apparelharam o seu carro. E saiu Jorão, [13] rei de Israel, e Achazias, rei de Judah, cada um em seu carro, e sairam ao encontro a Jehu, e o acharam no pedaço de campo de Naboth, o jizreelita.

22 E succedeu que, vendo Jorão a Jehu, disse: Ha paz, Jehu? E disse elle: Que paz, emquanto as fornicações da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?

23 Então Jorão voltou as mãos, e fugiu; e disse a Achazias: Traição ha, Achazias.

24 Mas Jehu entesou o seu arco com toda a força, e feriu a Jorão entre os braços, e a frecha lhe saiu pelo coração; e se encurvou no seu carro.

25 Então Jehu disse a Bidkar, seu capitão: Toma-o, lança-o no pedaço do campo de Naboth, o jizreelita; porque, lembra-te de que, indo eu e tu juntos a cavallo após seu pae, Achab, [14] o Senhor poz sobre elle esta carga, dizendo:

26 Por certo que se eu não visse hontem á tarde o sangue de Naboth e o sangue de seus filhos, diz o Senhor, tambem não t’o [15] pagaria n’este pedaço de campo, diz o Senhor. Agora, pois, toma-o, e lança-o n’este pedaço de campo, conforme a palavra do Senhor.

27 O que vendo Achazias, rei de Judah, fugiu pelo caminho da casa do jardim, porém Jehu seguiu após elle, e disse: Tambem feri a este no carro á subida de Gur, que está junto a Jibleam. E fugiu a [16] Megiddo, e morreu ali.

28 E seus servos o levaram n’um carro a Jerusalem, e o sepultaram na sua sepultura junto a seus paes, na cidade de David.

29 (E no anno undecimo de Jorão, filho d’Achab, começou Achazias a reinar sobre Judah.)

30 E Jehu veiu a Jizreel, o que ouvindo Jezabel, se pintou em volta dos olhos, [17] e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janella.

31 E, entrando Jehu pelas portas, disse ella: Teve paz Zimri, [18] que matou a seu senhor?

32 E levantou elle o rosto para a janella e disse: Quem é comigo? quem? E dois ou tres eunuchos olharam para elle.

33 Então disse elle: Lançae-a d’alto abaixo. E lançaram-a d’alto abaixo: e foram salpicados com o seu sangue a parede e os cavallos, e elle a atropellou.

34 Entrando elle pois, e havendo comido e bebido, disse: Olhae por aquella maldita, e sepultae-a, [19] porque é filha de rei.

35 E foram para a sepultar; porém não acharam d’ella senão sómente a caveira, e os pés, e as palmas das mãos.

36 Então voltaram, e lh’o fizeram saber; e elle disse: Esta é a palavra do Senhor, a qual fallou pelo ministerio de Elias, o tesbita, seu servo, dizendo: No pedaço do [20] campo de Jizreel os cães comerão a carne de Jezabel.

37 E o cadaver de Jezabel será como esterco sobre o campo, no pedaço de Jizreel: que se não possa dizer: Esta é Jezabel.

[1] I Reis 20.35. cap. 4.29. Jer. 1.17. cap. 8.28, 29.

[2] ver. 5, 11.

[3] I Reis 19.16.

[4] I Reis 19.16. II Chr. 22.7.

[5] I Reis 18.4 e 21.15.

[6] I Reis 14.10 e 21.21. I Sam. 25.22. Deu. 32.36.

[7] I Reis 14.10 e 15.29 e 21.22. I Reis 16.3, 11.

[8] ver. 35, 36. I Reis 21.23.

[9] Jer. 29.26. João 10.20. Act. 26.24. I Cor. 4.10.

[10] Mat. 21.7.

[11] cap. 8.29.

[12] cap. 8.29.

[13] II Chr. 22.7.

[14] I Reis 21.29.

[15] I Reis 21.19.

[16] II Chr. 22.9.

[17] Eze. 23.40.

[18] I Reis 16.9-20.

[19] I Reis 16.31.

[20] I Reis 21.23.

Jehu extermina a casa de Achab.

10 E Achab tinha setenta filhos em Samaria: e Jehu escreveu cartas, e as enviou a Samaria, aos chefes de Jizreel, aos anciãos, e aos aios de Achab, dizendo:

2 Logo, em chegando a vós esta carta, pois estão comvosco os filhos de vosso senhor, como tambem os carros, e os cavallos, e a cidade fortalecida, e as armas,

3 Olhae pelo melhor e mais recto dos filhos de vosso senhor, o qual ponde sobre o throno de seu pae, e pelejae pela casa de vosso senhor.

4 Porém elles temeram muitissimo, e disseram: Eis que dois reis não[369] poderam parar diante d’elle; como pois poderemos nós resistir-lhe?

5 Então o que tinha cargo da casa, e o que tinha cargo da cidade, e os anciãos, e os aios enviaram a Jehu, dizendo: Teus servos somos, e tudo quanto nos disseres faremos; a ninguem poremos rei: faze o que for bom aos teus olhos.

6 Então segunda vez lhe escreveu outra carta, dizendo: Se sois meus, e ouvirdes a minha voz, tomae as cabeças dos homens, filhos de vosso senhor, e ámanhã, a este tempo vinde a mim a Jizreel (e os filhos do rei, setenta homens, estavam com os grandes da cidade, que os mantinham.)

7 Succedeu pois que, chegada a elles a carta, tomaram os filhos do rei, e os mataram, setenta homens: e pozeram as [1] suas cabeças n’uns cestos, e lh’as mandaram a Jizreel.

8 E um mensageiro veiu, e lhe annunciou dizendo: Trouxeram as cabeças dos filhos do rei. E elle disse: Ponde-as em dois montões á entrada da porta, até ámanhã.

9 E succedeu que pela manhã, saindo elle, parou, e disse a todo o povo: Vós sois justos: [2] eis que eu conspirei contra o meu senhor, e o matei; mas quem feriu a todos estes?

10 Sabei pois agora [3] que, da palavra do Senhor, que o Senhor fallou contra a casa de Achab, nada cairá em terra, porque o Senhor tem feito o que fallou [4] pelo ministerio de seu servo Elias.

11 Tambem Jehu feriu a todos os restantes da casa de Achab em Jizreel, como tambem a todos os seus grandes, e os seus conhecidos, e seus sacerdotes, até que nenhum lhe deixou ficar de resto.

12 Então se levantou e partiu, e foi a Samaria. E, estando no caminho, em [KL] Beth-eked dos pastores,

13 Jehu achou [5] os irmãos de Achazias, rei de Judah, e disse: Quem sois vós? E elles disseram: Os irmãos de Achazias somos; e descemos a saudar os filhos do rei e os filhos da rainha.

14 Então disse elle: Apanhae-os vivos. E elles os apanharam vivos, e os mataram junto ao poço de Beth-eked, quarenta e dois homens; e a nenhum d’elles deixou de resto.

Jehu encontra a Jonadab e mata os servos de Baal.

15 E, partindo d’ali, encontrou a [6] Jonadab, filho de Recab, que lhe vinha ao encontro, o qual saudou e lhe disse: Recto é o teu coração, como o meu coração é com o teu coração? E disse Jonadab: É. Então se é, dá-me [7] a mão. E deu-lhe a mão, e fel-o subir comsigo ao carro.

16 E disse: Vae comigo, e verás o meu zelo [8] para com o Senhor. E o pozeram no seu carro.

17 E, chegando a Samaria, feriu [9] a todos os que ficaram de Achab em Samaria, até que o destruiu, conforme a [10] palavra do Senhor, que dissera a Elias,

18 E ajuntou Jehu a todo o povo, e disse-lhe: Pouco serviu [11] Achab a Baal; Jehu porém muito o servirá.

19 Pelo que chamae-me agora todos os prophetas de Baal, [12] todos os seus servos e todos os seus sacerdotes; não falte nenhum, porque tenho um grande sacrificio a Baal; todo aquelle que faltar não viverá. Porém Jehu fazia isto com astucia, para destruir os servos de Baal.

20 Disse mais Jehu: Consagrae a Baal uma assembléa solemne. E a apregoaram.

21 Tambem Jehu enviou por todo o Israel: e vieram todos os servos de Baal, e nenhum homem d’elles ficou que não viesse: e entraram na [13] casa de Baal, e encheu-se a casa de Baal, d’um lado ao outro.

22 Então disse ao que tinha cargo das vestimentas: Tira as vestimentas para todos os servos de Baal. E elle lhes tirou para fóra as vestimentas.

23 E entrou Jehu com Jonadab, filho de Recab, na casa de Baal, e disse aos servos de Baal: Examinae, e vede bem, que porventura nenhum dos servos do Senhor aqui haja comvosco, senão sómente os servos de Baal.

24 E, entrando elles a fazerem sacrificios e holocaustos, Jehu preparou da parte de fóra oitenta homens, e disse-lhes: Se escapar algum dos homens que eu entregar em vossas mãos, a vossa vida [14] será pela vida d’elle.

25 E succedeu que, acabando de fazer o holocausto, disse Jehu aos da sua guarda, e aos capitães: Entrae, feri-os, não escape nenhum. E os feriram ao fio da espada; e os da guarda e os capitães os lançaram fóra, e se foram á cidade, á casa de Baal.

26 E tiraram [KM] as estatuas da casa de Baal, [15] e as queimaram.

[370]

27 Tambem quebraram a estatua de Baal: e derrubaram a casa de Baal, e fizeram d’ella [16] latrinas, até ao dia d’hoje.

28 E assim Jehu destruiu a Baal de Israel.

29 Porém não se apartou Jehu de seguir os peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel, a saber: dos bezerros [17] d’oiro, que estavam em Bethel e em Dan.

30 Pelo que disse o Senhor a Jehu: Porquanto bem obraste em fazer o que é recto aos meus olhos e, conforme tudo quanto eu tinha no meu coração, se fizesse á casa de Achab, [18] teus filhos até á quarta geração se assentarão no throno de Israel.

31 Mas Jehu não teve cuidado de andar com todo o seu coração na lei do Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos peccados [19] de Jeroboão, que fez peccar a Israel.

32 N’aquelles dias começou o Senhor a diminuir os termos d’Israel; [20] porque Hazael os feriu em todas as fronteiras d’Israel,

33 Desde o Jordão até ao nascente do sol, a toda a terra de Gilead; os gaditas, e os rubenitas, e os manassitas, desde Aroer, que está junto ao ribeiro d’Arnon, a saber, Gilead, e [21] Basan.

34 Ora o mais dos successos de Jehu, e tudo quanto fez, e todo o seu poder, porventura não está escripto no livro das chronicas d’Israel?

35 E Jehu dormiu com seus paes, e o sepultaram em Samaria: e Joachaz, seu filho, reinou em seu logar.

36 E os dias que Jehu reinou sobre Israel em Samaria foram vinte e oito annos.

[1] I Reis 21.21.

[2] cap. 9.14, 24.

[3] I Sam. 3.19.

[4] I Reis 21.19, 29.

[5] cap. 8.29. II Chr. 22.8.

[6] Jer. 35.6, etc. I Chr. 2.55.

[7] Esd. 10.19.

[8] I Reis 19.10.

[9] cap. 9.8. II Chr. 22.8.

[10] I Reis 21.21.

[11] I Reis 16.31, 32.

[12] I Reis 22.6.

[13] I Reis 16.32.

[14] I Reis 20.39.

[15] I Reis 14.23.

[16] Esd. 6.11. Dan. 2.5 e 3.29.

[17] I Reis 12.28, 29.

[18] ver. 35. cap. 13.1, 10 e 14.23 e 15.8, 12.

[19] I Reis 14.16.

[20] cap. 8.12.

[21] Amós 1.3.

Athalia manda matar a familia real—Joás escapa e é ungido rei.

Antes de Christo 878

11 Vendo pois Athalia, [1] mãe de Achazias, que seu filho era morto, levantou-se, e destruiu toda a semente real.

2 Mas Josebath, filha do rei Jorão, irmã de Achazias, tomou a Joás, filho de Achazias, e o furtou d’entre os filhos do rei, aos quaes matavam, e o poz, a elle e á sua ama na recamara, e o escondeu d’Athalia, e assim não o mataram.

3 E esteve com ella escondido na casa do Senhor seis annos: e Athalia reinava sobre a terra.

4 E no setimo [2] anno enviou Joiada, e tomou os centuriões, com os capitães, e com os da guarda, e os metteu comsigo na casa do Senhor: e fez com elles um concerto e os ajuramentou na casa do Senhor, e lhes mostrou o filho do rei.

5 E deu-lhes ordem, dizendo: Esta é a obra que vós haveis de fazer: uma terça parte de vós, que entra no sabbado, fará a guarda da casa do rei:

6 E outra terça parte estará á porta Sur; e a outra terça parte á porta detraz [3] dos da guarda: assim fareis a guarda d’esta casa, affastando a todos.

7 E as duas partes de vós, a saber, todos os que saem no sabbado, farão a guarda da casa do Senhor junto ao rei.

8 E rodeareis o rei, cada um com as suas armas nas mãos, e aquelle que entrar entre as fileiras o matarão; e vós estareis com o rei quando sair e quando entrar.

9 Fizeram pois os centuriões [4] conforme tudo quanto ordenara o sacerdote Joiada, tomando cada um os seus homens, tanto aos que entravam no sabbado como aos que sahiam no sabbado; e vieram ao sacerdote Joiada.

10 E o sacerdote deu aos centuriões as lanças, e os escudos que haviam sido do rei David, que estavam na casa do Senhor.

11 E os da guarda se pozeram, cada um com as armas na mão, desde o lado direito da casa até ao lado esquerdo da casa, da banda do altar, e da banda da casa, junto ao rei em redor.

12 Então elle tirou o filho do rei, e lhe poz a corôa, e lhe deu o testemunho; e o fizeram rei, e o ungiram, e bateram as mãos, e disseram: [5] Viva o rei!

13 E Athalia, ouvindo [6] a voz dos da guarda e do povo, entrou ao povo na casa do Senhor.

14 E olhou, e eis que o rei estava junto á columna, conforme o [7] costume, e os capitães e as trombetas junto ao rei, e todo o povo da terra estava alegre e tocava as trombetas: então Athalia rasgou os seus vestidos, e clamou: Traição! Traição!

15 Porém o sacerdote Joiada deu ordem aos centuriões que commandavam as tropas, e disse-lhes: Tirae-a para fóra das fileiras, e a quem a seguir matae-o á espada. Porque o sacerdote disse: Não a matem na casa do Senhor.

16 E lançaram-lhe as mãos a ella, e foi pelo caminho da entrada dos cavallos á casa do rei, e ali a mataram.

[371]

17 E Joiada [8] fez um concerto entre o Senhor e o rei e o povo, que seria o povo do Senhor; como tambem entre o rei e o povo.

18 Então todo o povo da terra entrou na casa de [9] Baal, e a derribaram, como tambem os seus altares, e as suas imagens totalmente quebraram, e a Mattan, sacerdote de Baal, mataram perante os altares: então o sacerdote poz officiaes sobre a casa do Senhor.

19 E tomou os centuriões, e os capitães, e os da guarda, e todo o povo da terra: e conduziram da casa do Senhor o rei, e vieram, pelo caminho da porta dos da guarda, á casa do rei, e se assentou no throno dos reis.

20 E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade repousou, depois que mataram a Athalia á espada junto á casa do rei.

21 Era Joás da edade de sete annos quando o fizeram rei.

[1] II Chr. 22.10. cap. 8.26.

[2] II Chr. 23.1, etc.

[3] I Chr. 9.2, 5.

[4] II Chr. 23.8.

[5] I Sam. 10.24.

[6] II Chr. 23.12, etc.

[7] cap. 23.3. II Chr. 34.31.

[8] II Chr. 23.16. II Sam. 5.3.

[9] cap. 10.26. Deu. 12.3. II Chr. 23.17, 18, etc.

Joás manda reparar o templo.

Antes de Christo 856

12 No anno setimo de Jehu começou a reinar [1] Joás, e quarenta annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Zibia, de Berseba.

2 E fez Joás o que era recto aos olhos do Senhor todos os dias em que o sacerdote Joiada o dirigia.

3 Tão sómente os [2] altos se não tiraram: porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

4 E disse Joás aos sacerdotes: Todo o dinheiro [3] das coisas sanctas que se trouxer á casa do Senhor, a saber, o dinheiro d’aquelle que passa o arrolamento, o dinheiro de cada uma das pessoas, segundo a sua avaliação, e todo o dinheiro que trouxer cada um voluntariamente [4] para a casa do Senhor,

5 Os sacerdotes o recebam, cada um dos seus conhecidos; e elles reparem as [KN] quebraduras da casa, segundo toda a quebradura que se achar n’ella.

6 Succedeu porém que, no anno vinte e tres do rei Joás, os sacerdotes ainda [5] não tinham reparado as quebraduras da casa.

7 Então o rei Joás chamou [6] o sacerdote Joiada e os mais sacerdotes, e lhes disse: Porque não reparaes as quebraduras da casa? Agora, pois, não tomeis mais dinheiro de vossos conhecidos, mas dae-o pelas quebraduras da casa.

8 E consentiram os sacerdotes em não tomarem mais dinheiro do povo, nem em repararem as quebraduras da casa.

9 Porem o sacerdote Joiada tomou uma [KO] arca, [7] e fez um buraco na tampa; e a poz ao pé do altar, á mão direita dos que entravam na casa do Senhor: e os sacerdotes que guardavam a entrada da porta mettiam ali todo o dinheiro que se trazia á casa do Senhor.

10 Succedeu pois que, vendo elles que já havia muito dinheiro na arca, o escrivão do rei subia com o summo sacerdote, e contavam e ensacavam o dinheiro que se achava na casa do Senhor.

11 E o dinheiro, depois de pesado, davam nas mãos dos que faziam a obra, que tinham a seu cargo a casa do Senhor: e elles o distribuiam aos carpinteiros, e aos edificadores que reparavam a casa do Senhor;

12 Como tambem aos pedreiros e aos cabouqueiros, e para se comprar madeira e pedras de cantaria para repararem as quebraduras da casa do Senhor, e para tudo quanto para a casa se dava para a repararem.

13 Todavia, do [8] dinheiro que se trazia á casa do Senhor não se faziam nem taças de prata, nem garfos, nem bacias, nem trombetas, nem nenhum vaso de oiro ou vaso de prata para a casa do Senhor.

14 Porque o davam aos que faziam a obra, e reparavam com elle a casa do Senhor.

15 Tambem não pediam contas [9] aos homens em cujas mãos entregavam aquelle dinheiro, para o dar aos que faziam a obra, porque obravam com fidelidade.

16 Mas o dinheiro de sacrificio por delictos, e o dinheiro [10] por sacrificio de peccados, se não trazia á casa do Senhor; porém era para os sacerdotes.

17 Então subiu Hazael, [11] rei da Syria, e pelejou contra Gath, e a tomou: depois Hazael fez rosto a marchar contra Jerusalem.

18 Porém Joás, rei de Judah, tomou todas [12] as coisas sanctas que Josaphat, e Jorão, e Achazias, seus paes, reis de Judah, consagraram, como tambem todo o oiro que se achou nos thesouros da casa do Senhor e na casa do rei: e o mandou a Hazael, rei da Syria; e então se retirou de Jerusalem.

19 Ora o mais dos successos de Joás,[372] e tudo quanto fez mais, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

20 E levantaram-se os [13] seus servos, e conspiraram contra elle: e feriram a Joás na casa de Millo, que desce para Silla.

21 Porque Jozacar, [14] filho de Simeath, e Jozabad, filho de Somer, seus servos, o feriram, e morreu, e o sepultaram com seus paes na cidade de David: e Amasias, [15] seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 24.1.

[2] I Reis 15.14 e 22.43. cap. 14.4.

[3] cap. 22.4. Exo. 30.13.

[4] Exo. 35.5. I Chr. 29.9.

[5] II Chr. 24.5.

[6] II Chr. 24.6.

[7] II Chr. 24.8, etc.

[8] II Chr. 24.14.

[9] cap. 22.7.

[10] Lev. 5.15, 18. Lev. 7.7. Num. 18.9.

[11] cap. 8.12. II Chr. 24.23.

[12] I Reis 15.18. cap. 18.15, 16.

[13] cap. 14.5. II Chr. 24.25.

[14] II Chr. 24.26.

[15] II Chr. 24.27.

Joachaz e Jehoás, reis de Israel.

Antes de Christo 839

13 No anno vinte e tres de Joás, filho d’Achazias, rei de Judah, começou a reinar Joachaz, filho de Jehu, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezesete annos.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor; porque seguiu os peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel; não se apartou d’elles.

3 Pelo que a ira [1] do Senhor se accendeu contra Israel: e deu-os na mão de Hazael, rei da Syria, e na mão de Ben-hadad, filho de Hazael, todos aquelles dias.

4 Porém Joachaz supplicou diante da face do Senhor: [2] e o Senhor o ouviu; pois viu a oppressão de Israel, porque os opprimia o rei da Syria.

5 E o Senhor deu um salvador a Israel, [3] e sairam de debaixo das mãos dos syros: e os filhos de Israel habitaram nas suas tendas, como d’antes.

6 (Comtudo não se apartaram dos peccados da casa de Jeroboão, que fez peccar a Israel; porém elle andou n’elles: e tambem o bosque ficou em pé [4] em Samaria.)

7 Porque não deixou a Joachaz mais povo, senão cincoenta cavalleiros, e dez carros, e dez mil homens de pé: porquanto o rei da Syria os tinha destruido e os tinha feito como [5] o pó, [KP] trilhando-os.

8 Ora o mais dos successos de Joachaz, e tudo quanto fez mais, e o seu poder, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

9 E Joachaz dormiu com seus paes, e o sepultaram em Samaria: e Jehoás, seu filho, reinou em seu logar.

10 No anno trinta e sete de Joás, rei de Judah, começou a reinar Jehoás, filho de Joachaz, sobre Israel, em Samaria, e reinou dezeseis annos.

11 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: não se apartou de nenhum dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel, porém andou n’elles.

12 Ora [6] o mais dos successos de Jehoás, e tudo quanto fez mais, e o seu poder, com que pelejou contra Amasias, rei de Judah, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel?

13 E Jehoás dormiu com seus paes, e Jeroboão se assentou no seu throno: e Jehoás foi sepultado em Samaria, junto aos reis de Israel.

Eliseo adoece e Jehoás vem ter com elle.

14 E Eliseo estava doente da sua doença de que morreu: e Jehoás, rei de Israel, desceu a elle, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pae, meu pae, o carro de Israel, [7] e seus cavalleiros!

15 E Eliseo lhe disse: Toma um arco e frechas. E tomou um arco e frechas.

16 Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E poz sobre elle a sua mão; e Eliseo poz as suas mãos sobre as mãos do rei.

17 E disse: Abre a janella para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseo: Atira. E atirou; e disse: A frecha do livramento do Senhor é a frecha do livramento contra os syros; porque ferirás os syros em [8] Afek, até os consumir.

18 Disse mais: Toma as frechas. E tomou-as. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E feriu-a tres vezes, e cessou.

19 Então o homem de Deus se indignou muito contra elle, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido: então feririas os syros até os consumir: porém agora [9] tres vezes ferirás os syros.

A morte de Eliseo.

Antes de Christo 842

20 Depois morreu Eliseo, e o sepultaram. Ora as tropas dos moabitas invadiram a terra á entrada do anno.

21 E succedeu que, enterrando elles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseo: e, caindo n’ella o homem, e tocando os ossos de Eliseo, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.

22 E Hazael, [10] rei da Syria, opprimiu a Israel todos os dias de Jehoás.

23 Porém o Senhor teve [11] misericordia d’elles, e se compadeceu d’elles, e tornou[373] para elles, por amor do seu concerto em Abrahão, Isaac e Jacob: e não os quiz destruir, e não os lançou ainda da sua presença.

24 E morreu Hazael, rei da Syria: e Ben-hadad, seu filho, reinou em seu logar.

25 E Jehoás, filho de Joachaz, tornou a tomar as cidades das mãos de Ben-hadad, que elle tinha tomado das mãos de Joachaz, seu pae, na guerra: tres vezes Jehoás [12] o feriu, e recuperou as cidades de Israel.

[1] Jui. 2.14. cap. 8.12.

[2] Exo. 3.7. cap. 14.26.

[3] ver. 25. cap. 14.25, 27.

[4] I Reis 16.33.

[5] Amós 1.3.

[6] cap. 14.15. ver. 14, 25. cap. 14.9, etc. II Chr. 25.17, etc.

[7] cap. 2.12.

[8] I Reis 20.26.

[9] ver. 25.

[10] cap. 8.12.

[11] cap. 14.27. Exo. 2.24, 25. Exo. 32.13.

[12] ver. 18, 19.

Amasias mata os matadores de seu pae.

Antes de Christo 839

14 No segundo [1] anno de Jehoás, filho de Joachaz, rei de Israel, começou a reinar Amasias, filho de Joás, rei de Judah.

2 Tinha vinte e cinco annos quando começou a reinar, e vinte e nove annos reinou em Jerusalem. E era o nome de sua mãe Joaddan, de Jerusalem.

3 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, ainda que não como seu pae David: fez porém conforme tudo o que fizera Joás seu pae.

4 Tão sómente [2] os altos se não tiraram; porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 Succedeu pois que, sendo já o reino confirmado na sua mão, matou os seus servos que tinham [3] morto o rei seu pae.

6 Porém os filhos dos matadores não matou, como está escripto no livro da lei de Moysés, no qual o Senhor deu ordem, dizendo: [4] Não matarão os paes por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos paes; mas cada um será morto pelo seu peccado.

7 Este feriu a [5] dez mil edomitas no valle do Sal, e tomou a Sela na guerra: e chamou o seu nome Jocteel, até ao dia d’hoje.

8 Então Amasias, enviou [6] mensageiros a Jehoás, filho de Joachaz, filho de Jehu, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos cara a cara.

9 Porém Jehoás, rei de Israel, enviou a Amasias, rei de Judah, dizendo: O cardo que está no Libano enviou [7] ao cedro que está no Libano, dizendo: Dá tua filha por mulher a meu filho: mas os animaes do campo, que eram no Libano, passaram e pizaram o cardo.

10 Na verdade feriste os moabitas, e o teu coração [8] se ensoberbeceu: gloria-te d’isso, e fica em tua casa; e porque te entremetterias no mal, para caires tu, e Judah comtigo?

11 Mas Amasias não o ouviu; e subiu Jehoás, rei de Israel, e Amasias, rei de Judah, e viram-se cara a cara, [9] em Beth-semes, que está em Judah.

12 E Judah foi ferido diante de Israel, e fugiu cada um para as suas tendas.

13 E Jehoás, rei de Israel, tomou a Amasias, rei de Judah, filho de Joás, filho de Achazias, em Beth-semes: e veiu a Jerusalem, e rompeu o muro [10] de Jerusalem, desde a porta de Ephraim até á porta da esquina, quatrocentos covados.

14 E tomou todo o oiro [11] e a prata, e todos os vasos que se acharam na casa do Senhor e nos thesouros da casa do rei, como tambem os refens: e voltou para Samaria.

15 Ora [12] o mais dos successos de Jehoás, o que fez, e o seu poder, e como pelejou contra Amasias, rei de Judah, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

16 E dormiu Jehoás com seus paes, e foi sepultado em Samaria, junto aos reis d’Israel: e Jeroboão, seu filho, reinou em seu logar.

17 E viveu Amasias, [13] filho de Jehoás, rei de Judah, depois da morte de Jehoás, filho de Joachaz, rei d’Israel, quinze annos.

18 Ora o mais dos successos de Amasias, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

19 E conspiraram contra elle [14] em Jerusalem, e fugiu para Lachis; porém enviaram após elle até Lachis, e o mataram ali.

20 E o trouxeram em cima de cavallos: e o sepultaram em Jerusalem, junto a seus paes, na cidade de David.

21 E todo o povo de Judah tomou a Azarias, [15] que já era de dezeseis annos, e o fizeram rei em logar de Amasias, seu pae.

22 Este edificou a [16] Elath, e a restituiu a Judah, depois que o rei dormiu com seus paes.

O reinado de Jeroboão II.

Antes de Christo 826

23 No decimo quinto anno de Amasias, filho de Joás, rei de Judah, começou a reinar em Samaria, Jeroboão, filho de Jehoás rei de Israel e reinou quarenta e um annos.

[374]

24 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou de nenhum dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

25 Tambem este restituiu [17] os termos d’Israel, desde a entrada de Hamath até ao mar da planicie: conforme a palavra do Senhor, Deus d’Israel, a qual fallara pelo ministerio de seu servo [18] Jonas, filho do propheta Amithai, o qual era de Gath-hepher.

26 Porque viu [19] o Senhor que a miseria d’Israel era mui amarga, e que nem havia encerrado, nem desamparado, nem quem ajudasse a Israel.

27 E ainda [20] não fallara o Senhor em apagar o nome d’Israel de debaixo do céu; porém os livrou por mão de Jeroboão, filho de Joás.

28 Ora o mais dos successos de Jeroboão, tudo quanto fez, e seu poder, como pelejou, e como [21] restituiu a Damasco e a Hamath, pertencentes a Judah, sendo rei em Israel, porventura não está escripto no livro das chronicas de Israel?

29 E Jeroboão dormiu com seus paes, com os reis de Israel: [22] e Zacharias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 13.10. II Chr. 25.1.

[2] cap. 12.3.

[3] cap. 12.20.

[4] Deu. 24.16. Eze. 18.4, 20.

[5] II Chr. 25.11. II Sam. 8.13. Jos. 15.38.

[6] II Chr. 25.17, 18, etc.

[7] Jui. 9.8. I Reis 4.33.

[8] Deu. 8.14. II Chr. 32.25. Eze. 28.2, 5, 17. Hab. 2.4.

[9] Jos. 19.38 e 21.16.

[10] Neh. 8.16 e 12.33. Jer. 31.38. Zac. 14.10.

[11] I Reis 7.51.

[12] cap. 13.12.

[13] II Chr. 25.25, etc.

[14] II Chr. 25.27. Jos. 10.31.

[15] cap. 15.13. II Chr. 26.1.

[16] cap. 16.6. II Chr. 26.2.

[17] Num. 13.21 e 34.8. Deu. 3.17.

[18] Jon. 1.1. Mat. 12.39, 40. Jos. 19.13.

[19] cap. 13.4. Deu. 32.36.

[20] cap. 13.5.

[21] II Sam. 8.6. I Reis 11.24. II Chr. 8.3.

[22] cap. 15.8.

Azarias, rei de Judah.

Antes de Christo 824

15 No anno vinte e sete de Jeroboão, rei d’Israel, começou a reinar Azarias, [1] filho d’Amasias, rei de Judah.

2 Tinha dezeseis annos quando começou a reinar, e cincoenta e dois annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Jecolia, de Jerusalem.

3 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Amasias, seu pae.

4 Tão [2] sómente os altos se não tiraram: porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.

5 E o Senhor feriu [3] o rei, e ficou leproso até ao dia da sua morte; e habitou n’uma casa separada: porém Jothão, filho do rei, tinha o cargo da casa, julgando o povo da terra.

6 Ora o mais dos successos de Azarias, e tudo o que fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

7 E Azarias dormiu com seus paes, e o sepultaram [4] junto a seus paes, na cidade de David: e Jothão, seu filho, reinou em seu logar.

Zacharias reina seis mezes.

Antes de Christo 758

8 No anno trinta e oito d’Azarias, rei de Judah, reinou Zacharias, filho de Jeroboão, sobre Israel, em Samaria, seis mezes.

9 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, como tinham feito seus paes; nunca se apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

10 E Sallum, filho de Jabés, conspirou contra elle e o feriu diante do povo, [5] e o matou; e reinou em seu logar.

11 Ora o mais dos successos de Zacharias, eis que está escripto no livro das chronicas dos reis de Israel.

12 Esta foi a palavra do Senhor, que fallou a [6] Jehu, dizendo: Teus filhos, até á quarta geração, se assentarão sobre o throno d’Israel. E assim foi.

Sallum reina em Samaria um mez.

13 Sallum, filho de Jabés, começou a reinar no anno trinta e nove de Uzias, [7] rei de Judah: e reinou um mez inteiro em Samaria.

14 Porque Menahem, [8] filho de Gadi, subiu de Tirza, e veiu a Samaria; e feriu a Sallum, filho de Jabés, em Samaria, e o matou, e reinou em seu logar.

15 Ora o mais dos successos de Sallum, e a conspiração que fez, eis que está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

16 Então Menahem feriu a [9] Tiphsah, e a todos os que n’ella havia, como tambem a seus termos desde Tirza, porque não lhe tinham aberto; e os feriu pois, [10] e a todas as mulheres gravidas fendeu pelo meio.

Menahem reina sobre Israel.

17 Desde o anno trinta e nove de Azarias, rei de Judah, Menahem, filho de Gadi, começou a reinar sobre Israel, e reinou dez annos em Samaria.

18 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: todos os seus dias se não apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

19 Então veiu Pul, [11] rei d’Assyria, contra a terra: e Menahem deu a Pul mil talentos de prata, para que a sua mão fosse com elle, [12] a fim de firmar o reino na sua mão.

20 E Menahem tirou este dinheiro d’Israel, de todos os poderosos e ricos,[375] para o dar ao rei da Assyria, por cada homem cincoenta siclos de prata: assim voltou o rei d’Assyria, e não ficou ali na terra.

21 Ora o mais dos successos de Menahem, e tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel?

22 E Menahem dormiu com seus paes: e Pekaia, seu filho, reinou em seu logar.

Pekaia rei de Israel.

Antes de Christo 771

23 No anno cincoenta de Azarias, rei de Judah, começou a reinar Pekaia, filho de Menahem, e reinou sobre Israel, em Samaria, dois annos.

24 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

25 E Peka, filho de Remalias, seu capitão, conspirou contra elle, e o feriu em Samaria, no paço da casa do rei, juntamente com Argob e com Arieh, e com elle cincoenta homens dos filhos dos gileaditas: e o matou, e reinou em seu logar.

26 Ora o mais dos successos de Pekaia, e tudo quanto fez, eis que está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

27 No anno cincoenta e dois de Azarias, rei de Judah, começou a reinar Peka, [13] filho de Remalias, e reinou sobre Israel, em Samaria, vinte annos.

28 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor: nunca se apartou dos peccados de Jeroboão, filho de Nebat, que fez peccar a Israel.

29 Nos dias de Peka, rei de Israel, veiu Tiglath-pileser, [14] rei d’Assyria, e tomou a Ijon, e a Abel-beth-maaca, e a Janoah, e a Kedes, e a Hasor, e a Gilead, e a Galilea, e a toda a terra de Naphtali, e os levou a Assyria.

30 E Hoseas, filho de Ela, conspirou contra Peka, filho de Remalias, e o feriu, e o matou, e reinou em seu logar, no vigesimo anno de Jothão, filho de Uzias.

31 Ora o mais dos successos de Peka, e tudo quanto fez, eis que está escripto no livro das chronicas dos reis d’Israel.

Jothão rei de Judah.

32 No anno segundo de Peka, filho de Remalias, rei d’Israel, começou a reinar Jothão, [15] filho de Uzias, rei de Judah.

33 Tinha vinte e cinco annos de edade quando começou a reinar, e reinou dezeseis annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Jerusa, filha de Zadok.

34 E fez o que era recto aos olhos do Senhor: [16] fez conforme tudo quanto fizera seu pae Uzias.

35 Tão sómente os altos se não tiraram; porque ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos: [17] este edificou a porta alta da casa do Senhor.

36 Ora o mais dos successos de Jothão, e tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

37 N’aquelles dias começou o Senhor a enviar contra Judah, [18] a Resin, rei da Syria, e a Peka, filho de Remalias.

38 E Jothão dormiu com seus paes, e foi sepultado junto a seus paes, na cidade de David, seu pae: e Achaz, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 14.21. II Chr. 26.1, 3, 4.

[2] ver. 35. cap. 12.3 e 14.4.

[3] II Chr. 26.19-21. Lev. 13.46.

[4] II Chr. 26.23.

[5] Amós 7.9.

[6] cap. 10.30.

[7] Mat. 1.8, 9.

[8] I Reis 14.17.

[9] I Reis 4.24.

[10] cap. 8.12.

[11] I Chr. 5.26. Isa. 9.1. Ose. 8.9.

[12] cap. 14.5.

[13] Isa. 7.1.

[14] I Chr. 5.26. Isa. 9.1. I Reis 15.20.

[15] II Chr. 27.1.

[16] ver. 3.

[17] II Chr. 27.3, etc.

[18] cap. 16.5. Isa. 7.1. ver. 27.

Achaz, rei de Judah.

Antes de Christo 758

16 No anno dezesete de Peka, filho de Remalias, começou a reinar Achaz, [1] filho de Jothão, rei de Judah.

2 Tinha Achaz vinte annos de edade quando começou a reinar, e reinou dezeseis annos em Jerusalem, e não fez o que era recto aos olhos do Senhor seu Deus, como David, seu pae.

3 Porque andou no caminho dos reis de Israel: [2] e até a seu filho fez passar pelo fogo, segundo as abominações dos gentios que o Senhor lançára fóra de diante dos filhos de Israel.

4 Tambem sacrificou, e queimou incenso nos altos [3] e nos outeiros, como tambem debaixo de todo o arvoredo.

5 Então subiu [4] Resin, rei da Syria, com Peka, filho de Remalias, rei de Israel, a Jerusalem, á peleja; e cercaram a Achaz, porém não o poderam vencer.

6 N’aquelle mesmo tempo Resin, rei da Syria, [5] restituiu Elath á Syria, e lançou fóra de Elath os judeus: e os syros vieram a Elath, e habitaram ali até ao dia d’hoje.

7 E Achaz enviou mensageiros [6] a Tiglath-pileser, rei da Assyria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Syria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim.

8 E tomou Achaz [7] a prata e o oiro que se achou na casa do Senhor e nos thesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assyria.

9 E o rei da Assyria lhe deu ouvidos; pois o rei da Assyria [8] subiu contra Damasco,[376] e tomou-a, e levou-os presos a Kir, e matou a Resin.

O altar de Damasco.

Antes de Christo 740

10 Então o rei Achaz foi a Damasco, a encontrar-se com Tiglath-pileser, rei da Assyria, e, vendo um altar que estava em Damasco, o rei Achaz enviou ao sacerdote Urias a similhança do altar, e o modelo, conforme toda a sua feição.

11 E Urias, o sacerdote, edificou um altar conforme tudo o que o rei Achaz tinha ordenado de Damasco; assim o fez o sacerdote Urias, entretanto que o rei Achaz viesse de Damasco.

12 Vindo pois o rei de Damasco, o rei viu o altar; e o rei se chegou ao altar, [9] e sacrificou n’elle.

13 E queimou o seu holocausto, e a sua offerta de manjares, e derramou a sua libação: e espargiu o sangue dos seus sacrificios pacificos n’aquelle altar.

14 Porém o altar [10] de cobre, que estava perante o Senhor, tirou de diante da casa, de entre o seu altar e a casa do Senhor, e pôl-o ao lado do seu altar, da banda do norte.

15 E o rei Achaz mandou a Urias o sacerdote, dizendo: [11] No grande altar queima o holocausto de pela manhã, como tambem a offerta de manjares de noite, e o holocausto do rei, e a sua offerta de manjares, e o holocausto de todo o povo da terra, a sua offerta de manjares, e as suas offertas de bebida e todo o sangue dos holocaustos, e todo o sangue dos sacrificios espargirás n’elle; porém o altar de cobre será para mim, para inquirir d’elle.

16 E fez Urias, o sacerdote, conforme tudo quanto o rei Achaz lhe ordenara.

17 E o rei [12] Achaz cortou as cintas das bases, e de cima d’ellas tomou a pia, e o mar tirou de sobre os bois de cobre, que estavam debaixo d’elle, e pôl-o sobre um soalho de pedra.

18 Tambem a coberta do sabbado, que edificaram na casa, e a entrada de fóra do rei, retirou da casa do Senhor, por causa do rei da Assyria.

19 Ora o mais dos successos de Achaz, e o que fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

20 E dormiu Achaz com seus paes, [13] e foi sepultado junto a seus paes, na cidade de David: e Ezequias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 28.1, etc.

[2] Lev. 18.21. II Chr. 28.3. Deu. 12.31.

[3] Deu. 12.2. I Reis 14.23.

[4] Isa. 7.1, 4, etc.

[5] cap. 14.22.

[6] cap. 15.29.

[7] cap. 12.18. II Chr. 28.21.

[8] Amós 1.5.

[9] II Chr. 26.16, 19.

[10] II Chr. 4.1.

[11] Exo. 29.39, 40, 41.

[12] II Chr. 28.24. I Reis 7.27, 28. I Reis 7.23, 25.

[13] II Chr. 28.27.

Hoseas, rei de Israel.

Antes de Christo 730

17 No anno duodecimo de Achaz, rei de Judah, começou a reinar Hoseas, [1] filho de Ela, e reinou sobre Israel, em Samaria, nove annos.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, comtudo não como os reis de Israel que foram antes d’elle.

3 Contra elle subiu [2] Salmanasar, rei da Assyria: e Hoseas ficou sendo servo d’elle, e pagava-lhe presentes.

4 Porém o rei da Assyria achou em Hoseas conspiração; porque enviara mensageiros a So, rei do Egypto, e não pagava presentes ao rei da Assyria cada anno, como d’antes: então o rei d’Assyria o encerrou e aprisionou na casa do carcere.

5 Porque o rei da Assyria [3] subiu por toda a terra, e veiu até Samaria, e a cercou tres annos.

6 No anno nono [4] de Hoseas, o rei da Assyria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assyria; e fel-os habitar em Halah, e em Habor, junto ao rio de Gozan, e nas cidades dos medos.

7 Porque succedeu, que os filhos de Israel peccaram contra o Senhor seu Deus, que os fizera subir da terra do Egypto, de debaixo da mão de Pharaó, rei do Egypto; e temeram a outros deuses,

8 E andaram nos [5] estatutos das nações que o Senhor lançara fóra de diante dos filhos de Israel, e nos dos reis de Israel, que elles fizeram.

9 E os filhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram rectas, contra o Senhor seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, [6] desde a torre das atalaias até á cidade forte.

10 E levantaram estatuas [7] e imagens do bosque, em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as arvores verdes.

11 E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações, que o Senhor transportara de diante d’elles: e fizeram coisas ruins, para provocarem á ira o Senhor.

12 E serviram os idolos, [8] dos quaes o Senhor lhes disséra: Não fareis estas coisas.

13 E o Senhor protestou a Israel e a Judah, pelo ministerio de todos os prophetas e de todos os videntes, [9] dizendo: Converte-os de vossos maus caminhos, e guardae os meus mandamentos e os[377] meus estatutos, conforme toda a lei que ordenei a vossos paes e que eu vos enviei pelo ministerio de meus servos, os prophetas.

Antes de Christo 721

14 Porém não deram ouvidos; [10] antes endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus paes, que não creram no Senhor seu Deus.

15 E rejeitaram os seus [11] estatutos, e o seu concerto, que fizera com seus paes, como tambem os seus testemunhos, com que protestara contra elle: e andaram após a vaidade, e ficaram vãos; como tambem após as nações, que estavam em roda d’elles, das quaes o Senhor lhes tinha ordenado que não fizessem como ellas.

16 E deixaram todos os mandamentos do Senhor seu Deus, [12] e fizeram imagens de fundição, dois bezerros: e fizeram um idolo do bosque, e se prostraram perante todo o exercito do céu, e serviram a Baal.

17 Tambem fizeram passar pelo fogo [13] a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, para o provocarem á ira.

18 Pelo que o Senhor muito se indignou sobre Israel, e os tirou de diante da sua face: [14] nada mais ficou, senão só a tribu de Judah.

19 Até Judah não [15] guardou os mandamentos do Senhor seu Deus; antes andaram nos estatutos de Israel, que elles fizeram.

20 Pelo que o Senhor rejeitou a toda a semente de Israel, e os opprimiu, [16] e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da sua presença.

21 Porque [17] rasgou a Israel da casa de David, e fizeram rei a Jeroboão, filho de Nebat: e Jeroboão apartou a Israel de após o Senhor, e os fez peccar um grande peccado.

22 Assim andaram os filhos de Israel em todos os peccados de Jeroboão, que tinha feito: nunca se apartaram d’elles.

23 Até que o Senhor tirou a Israel de diante da sua presença, [18] como fallara pelo ministerio de todos os seus servos, os prophetas: assim foi Israel transportado da sua terra a Assyria até ao dia de hoje.

O rei da Assyria leva para Samaria muitos estrangeiros.

Antes de Christo 678

24 E o rei da Assyria trouxe gente de Babel, [19] e de Cutha, e de Ava, e de Hamath e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em logar dos filhos d’Israel: e tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades.

25 E succedeu que, no principio da sua habitação ali, não temeram ao Senhor: e mandou entre elles o Senhor leões, que mataram a alguns d’elles.

26 Pelo que fallaram ao rei da Assyria, dizendo: A gente que transportaste, e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não sabe o costume do Deus da terra: pelo que mandou leões entre ellas, e eis que os matam, porquanto não sabem o culto do Deus da terra.

27 Então o rei d’Assyria mandou dizer: Levae ali um dos sacerdotes que transportastes de lá; e vão-se, e habitem lá: e elle lhes ensine o costume do Deus da terra.

28 Veiu pois um dos sacerdotes que transportaram de Samaria, e habitou em Bethel, e lhes ensinou como deviam temer ao Senhor.

29 Porém cada nação fez os seus deuses, e os pozeram nas casas dos altos que os samaritanos fizeram, cada nação nas suas cidades, nas quaes habitavam.

30 E os de Babel [20] fizeram Succoth-benoth; e os de Cutha fizeram Nergal; e os de Hamath fizeram Asima.

31 E os aveos [21] fizeram Nibha e Tartak: e os sepharvitas queimavam seus filhos a fogo, a Adram-melech, e a Anam-melech, deuses de Sepharvaim.

32 Tambem temiam ao Senhor: [22] e dos mais baixos se fizeram sacerdotes dos logares altos, os quaes lhes faziam o ministerio nas casas dos logares altos.

33 Assim que ao Senhor temiam, [23] e tambem a seus deuses serviam, segundo o costume das nações d’entre as quaes transportaram aquellas.

34 Até ao dia de hoje fazem segundo os primeiros costumes: não temem ao Senhor, nem fazem segundo os seus estatutos, e segundo as suas ordenanças, e segundo a lei, e segundo o mandamento que o Senhor ordenou aos filhos de Jacob, [24] a quem deu o nome d’Israel.

35 Comtudo o Senhor tinha feito um concerto com elles, e lhes ordenara, dizendo: [25] Não temereis a outros deuses, nem vos inclinareis diante d’elles, nem os servireis, nem lhes sacrificareis.

[378]

36 Mas o Senhor, [26] que vos fez subir da terra do Egypto com grande força e com braço estendido, a este temereis, e a elle vos inclinareis, e a elle sacrificareis.

37 E os estatutos, e as ordenanças, e a lei, e o mandamento, que vos escreveu, [27] tereis cuidado de fazer todos os dias: e não temereis a outros deuses.

38 E do concerto [28] que fiz comvosco vos não esquecereis: e não temereis a outros deuses.

39 Mas ao Senhor vosso Deus temereis, e elle vos livrará das mãos de todos os vossos inimigos.

40 Porém elles não ouviram; antes fizeram segundo o seu primeiro costume.

41 Assim estas [29] nações temiam ao Senhor e serviam as suas imagens de esculptura: tambem seus filhos, e os filhos de seus filhos, como fizeram seus paes, assim fazem elles até ao dia de hoje.

[1] cap. 15.30.

[2] cap. 18.9.

[3] cap. 18.9.

[4] cap. 18.10, 11. Ose. 13.16. Lev. 26.32, 33. Deu. 28.36, 64 e 29.27, 28. I Chr. 5.26.

[5] Lev. 18.3. Deu. 18.9. cap. 16.3.

[6] cap. 18.8.

[7] I Reis 14.23. Isa. 57.5. Exo. 34.13. Deu. 16.21. Miq. 5.14. Deu. 12.2. cap. 16.4.

[8] Exo. 20.3, 4. Lev. 26.1. Deu. 5.7, 8. Deu. 4.19.

[9] I Sam. 9.9. Jer. 18.11 e 25.5 e 35.15.

[10] Deu. 31.27. Pro. 29.1.

[11] Deu. 29.25. Deu. 32.21. I Reis 16.13. I Cor. 8.4. Rom. 1.21. Deu. 12.30, 31.

[12] Exo. 32.8. I Reis 12.28. I Reis 14.15, 23 e 15.13 e 16.33. I Reis 16.31 e 22.53. cap. 11.18.

[13] Lev. 18.21. cap. 16.3. Eze. 23.37. Deu. 18.10. I Reis 21.20.

[14] I Reis 11.13, 31.

[15] Jer. 3.8.

[16] cap. 13.3 e 15.29.

[17] I Reis 11.11, 31. I Reis 12.20, 28.

[18] I Reis 14.16. ver. 6.

[19] Esd. 4.2, 10. ver. 30. cap. 18.34.

[20] ver. 24.

[21] Esd. 4.9. Lev. 18.21. Deu. 12.31.

[22] I Reis 12.31.

[23] Sof. 1.5.

[24] Gen. 32.28 e 35.10. I Reis 11.31.

[25] Jui. 6.10. Exo. 20.5.

[26] Exo. 6.6. Deu. 10.20.

[27] Deu. 5.32.

[28] Deu. 4.23.

[29] ver. 32, 33.

Ezequias restabelece o culto do Senhor.

Antes de Christo 726

18 E succedeu que, no terceiro anno de Hoseas, filho de Ela, rei de Israel, começou a reinar Ezequias, [1] filho de Achaz, rei de Judah.

2 Tinha vinte e cinco annos de edade quando começou a reinar, e vinte e nove annos reinou em Jerusalem: [2] e era o nome de sua mãe Abi, filha de Zacharias.

3 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera David, seu pae.

4 Este tirou [3] os altos, e quebrou as estatuas, e deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente [4] de metal que Moysés fizera; porquanto até áquelle dia os filhos d’Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram [KQ] Nehustan.

5 No [5] Senhor Deus d’Israel confiou, de maneira que depois d’elle não houve seu similhante entre todos os reis de Judah, nem entre os que foram antes d’elle.

6 Porque se chegou [6] ao Senhor, não se apartou de após elle, e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moysés.

7 Assim foi o Senhor [7] com elle; para onde quer que saiu se conduzia com prudencia: e se rebellou contra o rei da Assyria, e não o serviu.

8 Elle feriu [8] os philisteos até Gaza, como tambem os termos d’ella, desde a torre dos atalaias até á cidade forte.

9 E succedeu, no quarto anno do rei Ezequias (que era o setimo anno de Hoseas, filho de Ela, rei d’Israel), que Salmanasar, [9] rei d’Assyria, subiu contra Samaria, e a cercou.

10 E a tomaram ao fim de tres annos, no anno sexto d’Ezequias, [10] que era o anno nono de Hoseas, rei d’Israel, quando tomaram Samaria.

11 E o rei d’Assyria [11] transportou a Israel para a Assyria: e os fez levar a Halah e a Habor, junto ao rio de Gozan, e ás cidades dos medos;

12 Porquanto [12] não obedeceram á voz do Senhor seu Deus, antes traspassaram o seu concerto; e tudo quanto Moysés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.

Sanherib invade Judah.

Antes de Christo 710

13 Porém no anno [13] decimo quarto do rei Ezequias subiu [KR] Sanherib, rei d’Assyria, contra todas as cidades fortes de Judah, e as tomou.

14 Então Ezequias, rei de Judah, enviou ao rei d’Assyria, a Lachis, dizendo: Pequei; torna-te de mim; tudo o que me impozeres levarei. Então o rei d’Assyria impoz a Ezequias, rei de Judah, trezentos talentos de prata e trinta talentos de oiro.

15 Assim deu Ezequias [14] toda a prata que se achou na casa do Senhor e nos thesouros da casa do rei.

16 N’aquelle tempo cortou Ezequias o oiro das portas do templo do Senhor, e das hombreiras, de que Ezequias, rei de Judah, as cobrira, e o deu ao rei d’Assyria.

17 Comtudo enviou o rei d’Assyria a Tartan, e a Rabsaris, e a Rabsaké, de Lachis, com um grande exercito ao rei Ezequias, a Jerusalem: e subiram, e vieram a Jerusalem; e, subindo e vindo elle, pararam ao pé do aqueducto da piscina superior, que está junto [15] ao caminho do campo do lavandeiro.

18 E chamaram o rei, e saiu a elles Eliakim, filho de Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joah, filho d’Asaph, o chanceler.

19 E Rabsaké lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei d’Assyria: [16] Que confiança é esta em que confias?

[379]

20 Dizes tu (porém palavra de beiços é): Ha conselho e poder para a guerra. Em quem pois agora confias, que contra mim te rebellas?

21 Eis que [17] agora tu confias n’aquelle bordão de cana quebrada, no Egypto, no qual, se alguem se encostar, entrar-lhe-ha pela mão e lh’a furará: assim é Pharaó, rei do Egypto, para com todos os que n’elle confiam.

22 Se porém me disserdes: No Senhor nosso Deus confiamos: porventura não é este aquelle cujos altos e cujos altares [18] Ezequias tirou, e disse a Judah e a Jerusalem: Perante este altar vos inclinareis em Jerusalem?

23 Ora pois dá agora refens ao meu senhor, o rei da Assyria, e dar-te-hei dois mil cavallos, se tu poderes dar cavalleiros para elles.

24 Como pois farias virar o rosto d’um só principe dos menores servos de meu senhor? Porém tu confias no Egypto, por causa dos carros e cavalleiros.

25 Agora pois subi eu porventura sem o Senhor contra este logar, para o destruir? O Senhor me disse: Sobe contra esta terra, e destroe-a.

26 Então disse Eliakim, filho de Hilkias, e Sebna, e Joah, a Rabsaké: Rogamos-te que falles aos teus servos em syriaco; porque bem o entendemos; e não nos falles em judaico, aos ouvidos do povo que está em cima do muro.

27 Porém Rabsaké lhes disse: Porventura mandou-me meu senhor a teu senhor e a ti, para fallar estas palavras? e não antes aos homens, que estão sentados em cima do muro, para que juntamente comvosco comam o seu esterco e bebam a sua urina?

28 Rabsaké pois se poz em pé, e clamou em alta voz em judaico, e fallou, e disse: Ouvi a palavra do grande rei, do rei da Assyria.

29 Assim diz o rei: [19] Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar da sua mão;

30 Nem tão pouco vos faça Ezequias confiar no Senhor, dizendo: Certamente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue na mão do rei da Assyria.

31 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assyria: Contratae comigo por presentes, e sahi a mim, e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um a agua da sua cisterna,

32 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa, terra de trigo e de mosto, [20] terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras, de azeite, e de mel; e assim vivereis, e não morrereis: e não deis ouvidos a Ezequias; porque vos incita, dizendo: O Senhor nos livrará.

33 Porventura [21] os deuses das nações poderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assyria?

34 Que é feito [22] dos deuses de Hamath e de Arpad? Que é feito dos deuses de Sepharvaim, Hena e Iva? porventura livraram a Samaria da minha mão?

35 Quaes são elles, d’entre todos os deuses das terras, que livraram a sua terra da minha mão? [23] para que o Senhor livrasse a Jerusalem da minha mão?

36 Porém calou-se o povo, e não lhe respondeu uma só palavra; porque mandado do rei havia, dizendo: Não lhe respondereis.

37 Então Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joah, filho de Asaph, o chanceler, [24] vieram a Ezequias com os vestidos rasgados, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaké.

[1] II Chr. 28.27 e 29.1. Mat. 1.9.

[2] II Chr. 29.1.

[3] II Chr. 31.1.

[4] Num. 21.9.

[5] cap. 19.10. Job 13.15. cap. 23.25.

[6] Deu. 10.20. Jos. 23.8.

[7] II Chr. 15.2. I Sam. 18.5, 14. cap. 16.7.

[8] I Chr. 4.41. Isa. 14.29. cap. 17.9.

[9] cap. 17.3.

[10] cap. 17.6.

[11] I Chr. 5.26.

[12] cap. 17.7. Dan. 9.6, 10.

[13] II Chr. 32.1, etc. Isa. 36.1, etc.

[14] cap. 16.8.

[15] Isa. 7.3.

[16] II Chr. 32.10, etc.

[17] Eze. 29.6, 7.

[18] II Chr. 31.1 e 32.12. ver. 4.

[19] II Chr. 32.15.

[20] Deu. 8.7, 8.

[21] cap. 19.12. II Chr. 32.14. Isa. 10.10, 11.

[22] cap. 19.13. cap. 17.24.

[23] Dan. 3.15.

[24] Isa. 33.7.

Ezequias ora na casa do Senhor.

19 E aconteceu que Ezequias, [1] tendo-o ouvido, rasgou os seus vestidos, e se cubriu de sacco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou a Eliakim, o mordomo, e a Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de saccos, [2] ao propheta Isaias, filho de Amós.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angustia, e de vituperação, e de blasphemia; porque os filhos chegaram ao parto, e não ha força para parir.

4 Bem pode ser que o Senhor teu Deus [3] ouça todas as palavras de Rabsaké, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assyria, para affrontar o Deus vivo, e para vituperal-o com as palavras que o Senhor teu Deus tem ouvido: faze pois oração pelo resto que se acha.

5 E os servos do rei Ezequias vieram a Isaias.

6 E Isaias [4] lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas as palavras que ouviste, [5] com as quaes os servos do rei da Assyria me blasphemaram.

7 Eis que metterei n’elle [6] um espirito, e elle ouvirá um arroido, e voltará[380] para a sua terra: á espada o farei cair na sua terra.

8 Voltou pois Rabsaké, e achou o rei da Assyria pelejando contra Libna, [7] porque tinha ouvido que se havia partido de Lachis.

9 E, ouvindo [8] elle dizer de Tirhaká, rei de Cus: Eis que ha saido para te fazer guerra; tornou a enviar mensageiros a Ezequias, dizendo:

10 Assim fallareis a Ezequias, rei de Judah, dizendo: [9] Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalem não será entregue na mão do rei d’Assyria.

11 Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assyria a todas as terras, [KS] destruindo-as totalmente, e tu te livrarás?

12 Porventura [10] as livraram os deuses das nações, a quem destruiram, como a Gozan e a Haran? e a Reseph, [11] e aos filhos de Eden, que estavam em Telassar?

13 Que é feito [12] do rei de Hamath, e do rei de Arpad, e do rei da cidade de Sepharvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo [13] pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu á casa do Senhor, e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias perante o Senhor, e disse: Ó Senhor Deus de Israel, [14] que habitas entre os cherubins, tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra: tu fizeste os céus e a terra.

16 Inclina, Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e olha: [15] e ouve as palavras de Sanherib, que enviou a este, para affrontar o Deus vivo.

17 Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assyria assolaram as nações e as suas terras,

18 E lançaram os seus deuses no fogo; porquanto deuses não eram, [16] mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruiram.

19 Agora pois, ó Senhor nosso Deus, sê servido de nos livrar da sua mão: e assim saberão todos os reinos da terra que só tu és o Senhor Deus.

Isaias conforta a Ezequias.

20 Então Isaias, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor Deus de Israel: [17] O que me pediste ácerca de Sanherib, rei da Assyria, ouvi.

21 Esta é a palavra que o Senhor fallou d’elle: [18] A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; [19] a filha de Jerusalem menea a cabeça por detraz de ti.

22 A quem affrontaste e blasphemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? [20] Contra o Sancto de Israel?

23 Por meio de teus [21] mensageiros affrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão de meus carros subo eu ao alto dos montes, aos lados do Libano, e cortarei os seus altos cedros, e as suas mais formosas faias, e entrarei nas suas pousadas extremas, até no bosque do seu campo fertil.

24 Eu cavei, e bebi aguas estranhas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios dos logares fortes.

25 Porventura não ouviste que já d’antes fiz [22] isto, e desde os dias antigos o formei? agora porém o fiz vir, para que fosses tu que reduzisses as cidades fortes a montões desertos.

26 Por isso os moradores d’ellas, com as mãos encolhidas, ficaram pasmados e confundidos: eram como a herva do campo, e a hortaliça verde, e o feno dos telhados, e o trigo queimado, antes que se levante.

27 Porém o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, eu o sei, e o teu furor contra mim.

28 Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua revolta subiu aos meus ouvidos; portanto porei o meu anzol no teu nariz, [23] e o meu freio nos teus beiços, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

29 E isto te será por [24] signal: este anno se comerá o que nascer por si mesmo, e no anno seguinte o que d’ahi proceder; porém o terceiro anno semeae e segae, e plantae vinhas, e comei os seus fructos.

30 Porque o que escapou [25] da casa de Judah, e ficou de resto, tornará a lançar raizes para baixo, e dará fructo para cima.

31 Porque de Jerusalem sairá o restante, e do monte de Sião o que escapou: [26] o zelo do Senhor fará isto.

32 Portanto, assim diz o Senhor ácerca do rei d’Assyria: Não entrará n’esta[381] cidade, nem lançará n’ella frecha alguma: tão pouco virá perante ella com escudo, nem levantará contra ella tranqueira alguma.

33 Pelo caminho por onde vier por elle voltará; porém n’esta cidade não entrará, diz o Senhor.

34 Porque eu ampararei a [27] esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo David.

Deus fere os syros e livra Judah.

35 Succedeu [28] pois que n’aquella mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assyrios a cento e oitenta e cinco mil d’elles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram corpos mortos.

36 Então Sanherib, rei d’Assyria, partiu, e se foi, e voltou: [29] e ficou em Ninive.

37 E succedeu que, estando elle prostrado na casa de Nisroch, seu deus, [30] Adram-melech e Sarezer, seus filhos, o feriram á [31] espada; porém elles escaparam para a terra d’Ararat: e Esarhaddon, seu filho, reinou em seu logar.

[1] Isa. 37.1, etc.

[2] Luc. 3.4.

[3] II Sam. 16.12. cap. 18.35.

[4] Isa. 37.6, etc.

[5] cap. 18.17.

[6] ver. 35, 36, 37. Jer. 51.1.

[7] cap. 18.14.

[8] I Sam. 23.27.

[9] cap. 18.5.

[10] cap. 18.33.

[11] Eze. 27.23.

[12] cap. 18.34.

[13] Isa. 37.14, etc.

[14] I Sam. 4.4. I Reis 18.39. Isa. 44.6. Jer. 10.10, 11, 12.

[15] II Chr. 6.40. ver. 4.

[16] Jer. 10.3.

[17] Isa. 37.21, etc.

[18] Lam. 2.13.

[19] Job 16.4. Lam. 2.15.

[20] Isa. 5.24. Jer. 51.5.

[21] cap. 18.17.

[22] Isa. 45.7. Isa. 10.5.

[23] Job 41.2. Eze. 29.4 e 38.4. Amós 4.2. ver. 33, 36, 37.

[24] I Sam. 2.34. cap. 20.8, 9. Isa. 7.11, 14. Luc. 2.12.

[25] II Chr. 32.22, 23.

[26] Isa. 9.7.

[27] cap. 20.6. I Reis 11.12, 13.

[28] II Chr. 32.21. Isa. 37.36.

[29] Gen. 10.11.

[30] II Chr. 32.21.

[31] ver. 7. Esd. 4.2.

Ezequias adoece.

20 N’aquelles dias [1] adoeceu Ezequias de morte: e o propheta Isaias, filho d’Amós, veiu a elle, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Ordena a tua casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo:

3 Ah, Senhor! [2] Sê servido de te lembrar de que andei diante de ti em verdade, e com o coração perfeito, e fiz o que era recto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitissimo.

4 Succedeu pois que, não havendo Isaias ainda saido do meio do pateo, veiu a elle a palavra do Senhor, dizendo:

5 Volta, e dize a Ezequias, [3] chefe do meu povo: Assim diz o Senhor Deus de teu pae David: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lagrimas; eis que eu te sararei; ao terceiro dia subirás á casa do Senhor.

6 E accrescentarei aos teus dias quinze annos, e das mãos do rei d’Assyria te livrarei, a ti e a esta cidade; [4] e ampararei esta cidade por amor de mim, e por amor de David, meu servo.

7 Disse mais Isaias: [5] Tomae uma pasta de figos. E a tomaram, e a pozeram sobre a chaga; e elle sarou.

8 E Ezequias disse a Isaias: [6] Qual é o signal de que o Senhor me sarará, e de que ao terceiro dia subirei á casa do Senhor?

9 E disse Isaias: [7] Isto te será signal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-ha a sombra dez graus, ou voltará dez graus atraz?

10 Então disse Ezequias: É facil que a sombra decline dez graus; não, mas volte a sombra dez graus atraz.

11 Então o propheta Isaias clamou ao Senhor; [8] e fez voltar a sombra dez graus atraz, pelos graus que tinha declinado nos graus do relogio de sol d’Achaz.

A embaixada do rei de Babylonia.

Antes de Christo 713

12 N’aquelle tempo [9] enviou Berodac Baladan, filho de Baladan, rei de Babylonia, cartas e um presente a Ezequias; porque ouvira que Ezequias tinha estado doente.

13 E Ezequias [10] lhes deu ouvidos, e lhes mostrou toda a casa de seu thesouro, a prata, e o oiro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e a sua casa d’armas, e tudo quanto se achou nos seus thesouros: coisa nenhuma houve que lhes não mostrasse, nem em sua casa, nem em todo o seu dominio.

14 Então o propheta Isaias veiu ao rei Ezequias, e lhe disse: Que disseram aquelles homens, e d’onde vieram a ti? E disse Ezequias: De um paiz mui remoto vieram, de Babylonia.

15 E disse elle: Que viram em tua casa? E disse Ezequias: Tudo quanto ha em minha casa viram: [11] coisa nenhuma ha nos meus thesouros que eu lhes não mostrasse.

16 Então disse Isaias a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor:

17 Eis que veem dias em que tudo quanto houver em tua casa, [12] e o que enthesouraram teus paes até ao dia de hoje, será levado a Babylonia: não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

18 E ainda até de teus filhos, que procederem de ti, e que tu gerares, tomarão, [13] para que sejam eunuchos no paço do rei de Babylonia.

19 Então disse Ezequias a Isaias: [14] Boa é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: E pois não o seria? pois em meus dias haverá paz e verdade.

20 Ora o mais dos successos de Ezequias,[382] e todo o seu poder, [15] e como fez a piscina e o aqueducto, e como fez vir a agua á cidade, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

21 E Ezequias dormiu [16] com seus paes: e Manasseh, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 32.24, etc. Isa. 38.1, etc.

[2] Neh. 13.22. Gen. 17.1. I Reis 3.6.

[3] I Sam. 9.16 e 10.1. cap. 19.20.

[4] cap. 19.34.

[5] Isa. 38.21.

[6] Jui. 6.17, 37, 39. Isa. 7.11, 14 e 38.22.

[7] Isa. 38.7, 8.

[8] Jos. 10.12, 14. Isa. 38.8.

[9] Isa. 39.1, etc.

[10] II Chr. 32.27, 31.

[11] ver. 13.

[12] cap. 24.13 e 25.13. Jer. 27.21, 22 e 52.17.

[13] cap. 24.12. II Chr. 33.11.

[14] I Sam. 3.18. Job 1.21.

[15] II Chr. 32.32. Neh. 3.16. II Chr. 32.30.

[16] II Chr. 32.33.

A impiedade de Manasseh e as ameaças de Deus.

Antes de Christo 698

21 Tinha Manasseh [1] doze annos de edade quando começou a reinar, e cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Hephsiba.

2 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, [2] conforme as abominações dos gentios que o Senhor desterrara de suas possessões de diante dos filhos d’Israel.

3 Porque tornou a edificar [3] os altos que Ezequias, seu pae, tinha destruido, e levantou altares a Baal, e fez um bosque como o que fizera Achab, rei d’Israel, e se inclinou diante de todo o exercito dos céus, e os serviu.

4 E edificou altares [4] na casa do Senhor, de que o Senhor tinha dito: [5] Em Jerusalem porei o meu nome.

5 Tambem edificou altares a todo o exercito dos céus em ambos os atrios da casa do Senhor.

6 E até fez passar a seu filho pelo fogo, [6] e adivinhava pelas nuvens, e era agoureiro, e ordenou adivinhos e feiticeiros: [7] e proseguiu em fazer mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira.

7 Tambem poz uma imagem de esculptura, do bosque que tinha feito, na casa de que o Senhor dissera a David e a Salomão, seu filho: [8] N’esta casa e em Jerusalem, que escolhi de todas as tribus d’Israel, porei o meu nome para sempre.

8 E mais não [9] farei mover o pé d’Israel d’esta terra que tenho dado a seus paes; comtanto sómente que tenham cuidado de fazer conforme tudo o que lhes tenho ordenado, e conforme toda a lei que Moysés, meu servo, lhes ordenou.

9 Porém não ouviram; [10] porque Manasseh de tal modo os fez errar, que fizeram peior do que as nações, que o Senhor tinha destruido de diante dos filhos de Israel.

10 Então o Senhor fallou pelo ministerio de seus servos, os prophetas, dizendo:

11 Porquanto [11] Manasseh, rei de Judah, fez estas abominações, fazendo peior do que quanto fizeram os amorrheos, que antes d’elle [12] foram, e até tambem a Judah fez peccar com os seus idolos;

12 Por isso assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que hei de trazer um mal sobre Jerusalem e Judah, que qualquer que ouvir, [13] lhe ficarão retinindo ambas as orelhas.

13 E estenderei sobre Jerusalem o cordel [14] de Samaria e o prumo da casa de Achab: e limparei a Jerusalem, como quem limpa a escudela, a limpa e a vira sobre a sua face.

14 E desampararei o resto da minha herança, entregal-os-hei na mão de seus inimigos; e far-se-hão roubo e despojo para todos os seus inimigos.

15 Porquanto fizeram o que parecia mal aos meus olhos, e me provocaram á ira, desde o dia em que seus paes sairam do Egypto até hoje.

16 De mais [15] d’isto, tambem Manasseh derramou muitissimo sangue innocente, até que encheu a Jerusalem de um ao outro extremo, afóra o seu peccado, com que fez peccar a Judah, fazendo o que parecia mal aos olhos do Senhor.

17 Quanto [16] ao mais dos filhos de Manasseh, e a tudo quanto fez mais, e ao seu peccado, que peccou, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

18 E Manasseh [17] dormiu com seus paes, e foi sepultado no jardim da sua casa, no jardim de Uza: e Amon, seu filho, reinou em seu logar.

Amon é um mau rei, e os seus servos o matam.

19 Tinha Amon [18] vinte e dois annos de edade quando começou a reinar, e dois annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Mesullemeth, filha d’Harus, de Jotba.

20 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, [19] como fizera Manasseh, seu pae.

21 Porque andou em todo o caminho em que andara seu pae: e serviu os idolos, a que seu pae tinha servido, e se inclinou diante d’elles.

22 Assim deixou [20] ao Senhor, Deus de seus paes, e não andou no caminho do Senhor.

[383]

23 E os servos [21] de Amon conspiraram contra elle, e mataram o rei em sua casa.

24 Porém o povo da terra feriu a todos os que conspiraram contra o rei Amon: e o povo da terra poz a Josias, seu filho, rei em seu logar.

25 Quanto ao mais dos successos de Amon, que fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

26 E o sepultaram na sua sepultura, no jardim de Usa: [22] e Josias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Chr. 33.1, etc.

[2] cap. 16.3.

[3] cap. 18.4. I Reis 16.32, 33. Deu. 4.19 e 17.3. cap. 17.16.

[4] Jer. 32.34.

[5] II Sam. 7.13. I Reis 8.29 e 9.3.

[6] Lev. 18.21 e 20.2. cap. 16.3 e 17.17.

[7] Lev. 18.26, 31. Deu. 18.10, 11. cap. 17.17.

[8] II Sam. 7.13. I Reis 8.29 e 9.3. cap. 23.27. Jer. 32.34.

[9] II Sam. 7.10.

[10] Pro. 29.12.

[11] cap. 23.26 e 24.3, 4. I Reis 21.26.

[12] ver. 9.

[13] I Sam. 3.11. Jer. 19.3.

[14] Isa. 34.11. Lam. 2.8. Amós 7.7, 8.

[15] cap. 24.4.

[16] II Chr. 33.11-19.

[17] II Chr. 33.20.

[18] II Chr. 33.21-23.

[19] ver. 2, etc.

[20] I Reis 11.33.

[21] II Chr. 33.24, 25.

[22] Mat. 1.10.

Josias repara o templo.

Antes de Christo 641

22 Tinha Josias [1] oito annos d’edade quando começou a reinar, e reinou trinta e um annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe, Jedida, filha de Adais, de Boskath.

2 E fez o que era recto aos olhos do Senhor; e andou em todo o caminho de David, seu pae, [2] e não se apartou d’elle nem para a direita nem para a esquerda.

3 Succedeu pois que, no anno decimo oitavo do rei Josias, [3] o rei mandou ao escrivão Saphan, filho de Asalias, filho de Mesullam, á casa do Senhor, dizendo:

4 Sobe a Hilkias, o summo sacerdote, para que tome o dinheiro [4] que se trouxe á casa do Senhor, o qual os guardas do umbral da porta ajuntaram do povo,

5 E que o [5] dêem na mão dos que teem cargo da obra, e estão encarregados da casa do Senhor; para que o dêem áquelles que fazem a obra que ha na casa do Senhor, para repararem as [KT] quebraduras da casa:

6 Aos carpinteiros, e aos edificadores, e aos pedreiros: e para comprar madeira e pedras lavradas, para repararem a casa.

7 Porém [6] com elles se não fez conta do dinheiro que se lhes entregara nas suas mãos, porquanto obravam com fidelidade.

Hilkias acha o livro da lei.

8 Então disse o summo sacerdote Hilkias, ao escrivão Saphan: [7] Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilkias deu o livro a Saphan, e elle o leu.

9 Então o escrivão Saphan veiu ao rei, e referiu ao rei a resposta; e disse: Teus servos ajuntaram o dinheiro que se achou na casa, e o entregaram na mão dos que teem cargo da obra, que estão encarregados da casa do Senhor.

10 Tambem Saphan, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote Hilkias me deu um livro. E Saphan o leu diante do rei.

11 Succedeu pois que, ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou os seus vestidos.

12 E o rei mandou a Hilkias, o sacerdote, e a Ahikam, filho de Saphan, [8] e a Acbor, filho de Micaias, e a Saphan, o escrivão, e a Asaias, o servo do rei, dizendo:

13 Ide, e consultae ao Senhor por mim, e pelo povo, e por todo o Judah, ácerca das palavras d’este livro que se achou; [9] porque grande é o furor do Senhor, que se accendeu contra nós; porquanto nossos paes não deram ouvidos ás palavras d’este livro, para fazerem conforme tudo quanto de nós está escripto.

Hulda, a prophetiza.

Antes de Christo 624

14 Então foi o sacerdote Hilkias, e Ahikam, e Acbor, e Saphan, e Asaias á prophetiza Hulda, mulher de Sallum, [10] filho de Tikva, o filho de Harhas, o guarda das vestiduras (e ella habitava em Jerusalem, na segunda parte,) e lhe fallaram.

15 E ella lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim:

16 Assim diz o Senhor: [11] Eis que trarei mal sobre este logar, e sobre os seus moradores, a saber: todas as palavras do livro que leu o rei de Judah.

17 Porquanto me deixaram, [12] e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem á ira por todas as obras das suas mãos, o meu furor se accendeu contra este logar, e não se apagará.

18 Porém ao [13] rei de Judah, que vos enviou a consultar ao Senhor, assim lhe direis: Assim diz o Senhor o Deus de Israel ácerca das palavras, que ouviste:

19 Porquanto o teu [14] coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que fallei contra este logar, e contra os seus moradores, que seria para assolação e para maldição, [15] e que rasgaste os[384] teus vestidos, e choraste perante mim, tambem eu te ouvi, diz o Senhor.

20 Pelo que eis que eu te ajuntarei a teus paes, [16] e tu serás ajuntado em paz á tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este logar. Então tornaram a trazer ao rei a resposta.

[1] II Chr. 34.1. Jos. 15.39.

[2] Deu. 5.32.

[3] II Chr. 34.8, etc.

[4] cap. 12.4. cap. 12.9.

[5] cap. 12.11, 12, 14.

[6] cap. 12.15.

[7] Deu. 31.24, etc. II Chr. 34.14, etc.

[8] II Chr. 34.20.

[9] Deu. 29.27.

[10] II Chr. 34.22.

[11] Deu. 29.27. Dan. 9.11, 12, 13, 14.

[12] Deu. 29.25, 26, 27.

[13] II Chr. 34.26, etc.

[14] Isa. 57.15. I Reis 21.29.

[15] Lev. 26.31, 32. Jer. 26.6 e 44.22.

[16] Isa. 57.1, 2.

Josias ajunta todo o povo e renova o pacto do Senhor.

23 Então o rei enviou, [1] e todos os anciãos de Judah e de Jerusalem se ajuntaram a elle.

2 E o rei subiu á casa do Senhor, e com elle todos os homens de Judah, e todos o moradores de Jerusalem, e os sacerdotes, e os prophetas, e todo o povo, desde o mais pequeno até ao maior: [2] e leu aos ouvidos d’elles todas as palavras do livro do concerto, que se achou na casa do Senhor.

3 E o rei se poz [3] em pé junto á columna, e fez o concerto perante o Senhor, para andarem atraz do Senhor, e guardarem os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o coração, e com toda a alma, confirmando as palavras d’este concerto, que estavam escriptas n’aquelle livro; e todo o povo esteve por este concerto.

4 E o rei mandou ao summo sacerdote Hilkias, e aos sacerdotes da segunda ordem, e aos guardas do umbral da porta, que se tirassem do templo do Senhor todos os vasos que se tinham feito para Baal, [4] e para o bosque, e para todo o exercito dos céus: e os queimou fóra de Jerusalem, nos campos de Cedron, e levou o pó d’elles a Bethel.

5 Tambem abrogou os sacerdotes que os reis de Judah estabeleceram para incensarem sobre os altos nas cidades de Judah, e ao redor de Jerusalem, como tambem os que incensavam a Baal, ao sol, e á lua, e aos mais planetas, [5] e a todo o exercito dos céus.

6 Tambem tirou da casa do [6] Senhor o bosque para fóra de Jerusalem até ao ribeiro de Cedron, e o queimou junto ao ribeiro de Cedron, e o desfez em pó, [7] e lançou o seu pó sobre as sepulturas dos filhos do povo.

7 Tambem derribou as casas dos rapazes escandalosos [8] que estavam na casa do Senhor, em que as mulheres teciam casinhas para o bosque.

8 E a todos os sacerdotes trouxe das cidades de Judah, e profanou os altos em que os sacerdotes incensavam, [9] desde Geba até Berseba: e derribou os altos das portas, o que estava á entrada da porta de Josué, o chefe da cidade, que estava á mão esquerda d’aquelle que entrava pela porta da cidade.

9 Mas [10] os sacerdotes dos altos não sacrificavam sobre o altar do Senhor em Jerusalem; porém comiam pães asmos no meio de seus irmãos.

10 Tambem profanou [11] a Topheth, que está no valle dos filhos de Hinnom; para que ninguem fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Molech.

11 Tambem tirou os cavallos que os reis de Judah tinham ordenado para o sol, á entrada da casa do Senhor, perto da camara de Nathan-melech, o eunucho, que estava no precinto: e os carros do sol queimou a fogo.

12 Tambem o rei derribou os altares que estavam sobre [12] o terraço do cenaculo de Achaz, os quaes fizeram os reis de Judah, como tambem o rei derribou os altares que fizera Manasseh nos dois atrios da casa do Senhor: e esmiuçados os tirou d’ali, e lançou o pó d’elles no ribeiro de Cedron.

13 O rei profanou tambem os altos que estavam defronte de Jerusalem, á mão direita do monte de Mashith, os quaes edificara Salomão, [13] rei d’Israel, a Astoreth, a abominação dos sidonios, e a Camos, a abominação dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos d’Ammon.

14 Similhantemente quebrou [14] as estatuas, e cortou os bosques, e encheu o seu logar com ossos de homens.

O altar de Bethel é profanado e derribado.

15 E tambem o altar que estava em Bethel, [15] e o alto que fez Jeroboão, filho de Nebat, que tinha feito peccar a Israel, juntamente com aquelle altar tambem o alto derribou; queimando o alto, em pó o esmiuçou, e queimou o bosque.

16 E, virando-se Josias, viu as sepulturas que estavam ali no monte, e enviou, e tomou os ossos das sepulturas, e os queimou sobre aquelle altar, e assim o profanou, [16] conforme palavra do Senhor, que apregoara o homem de Deus, quando apregoou estas palavras.

17 Então disse: Que é este monumento que vejo? E o homens da cidade lhe disseram: [17] É a sepultura do homem[385] de Deus que veiu de Judah, e apregoou estas coisas que fizeste contra este altar de Bethel.

18 E disse: Deixae-o estar; ninguem mexa nos seus ossos. [18] Assim deixaram estar os seus ossos com os ossos do propheta que viera de Samaria.

19 De mais d’isto tambem Josias tirou todas as casas dos altos que havia nas cidades [19] de Samaria, e que os reis d’Israel tinham feito para provocarem á ira; e lhes fez conforme todos os feitos que tinha feito em Bethel.

20 E sacrificou [20] todos os sacerdotes dos altos, que havia ali, sobre os altares, e queimou ossos de homens sobre elles: depois voltou a Jerusalem.

A celebração da paschoa.

21 E o rei deu ordem a todo o povo, dizendo: [21] Celebrae a paschoa ao Senhor vosso Deus, como está escripto no livro do concerto.

22 Porque nunca se celebrou [22] tal paschoa como esta desde os dias dos juizes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis d’Israel, nem tão pouco dos reis de Judah.

23 Porém no anno decimo oitavo do rei Josias esta paschoa se celebrou ao Senhor em Jerusalem.

24 E tambem [23] os adivinhos, e os feiticeiros, e os terafins, e os idolos, e todas as abominações que se viam na terra de Judah e em Jerusalem, os extirpou Josias, [24] para confirmar as palavras da lei, que estavam escriptas no livro que o sacerdote Hilkias achara na casa do Senhor.

25 E antes d’elle não houve [25] rei similhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a lei de Moysés: e depois d’elle nunca se levantou outro tal.

26 Todavia o Senhor se não tornou do ardor da sua grande ira, com que ardia a sua ira contra Judah, [26] por todas as provocações com que Manasseh o tinha provocado.

27 E disse o Senhor: Tambem a Judah hei de tirar de diante da minha face, [27] como tirei a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalem que elegi, como tambem a casa de que disse: [28] Estará ali o meu nome.

28 Ora o mais dos successos de Josias, e tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

29 Nos seus [29] dias subiu Pharaó Neco, rei do Egypto, contra o rei d’Assyria, ao rio Euphrates: e o rei Josias lhe foi ao encontro; e, vendo-o elle, o matou em Megiddo.

30 E seus servos [30] o levaram morto de Megiddo, e o trouxeram a Jerusalem, e o sepultaram na sua sepultura: e o povo da terra tomou a Joachaz, filho de Josias, e o ungiram, e o fizeram rei em logar de seu pae.

Joachaz reina, e é levado captivo para o Egypto.

Antes de Christo 610

31 Tinha Joachaz vinte e tres annos de edade quando começou a reinar, e tres mezes reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Hamutal, [31] filha de Jeremias, de Libna.

32 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizeram seus paes.

33 Porém Pharaó Neco o mandou prender em Ribla, [32] em terra de Hamath, para que não reinasse em Jerusalem: e á terra impoz pena de cem talentos de prata e um talento de oiro.

34 Tambem Pharaó Neco [33] estabeleceu rei a Eliakim, filho de Josias, em logar de seu pae Josias, e lhe mudou o nome em Joaquim: porém a Joachaz tomou comsigo, [34] e veiu ao Egypto e morreu ali.

35 E Joaquim deu aquella prata [35] e aquelle oiro a Pharaó; porém fintou a terra, para dar esse dinheiro conforme o mandado de Pharaó: a cada um segundo a sua avaliação demandou a prata e o oiro do povo da terra, para o dar a Pharaó Neco.

36 Tinha Joaquim [36] vinte e cinco annos de edade quando começou a reinar, e reinou onze annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Zebuda, filha de Pedaia, de Ruma.

37 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizeram seus paes.

[1] II Chr. 34.29, 30, etc.

[2] cap. 22.8.

[3] cap. 11.14, 17.

[4] cap. 21.3, 7.

[5] cap. 21.3.

[6] cap. 21.7.

[7] II Chr. 34.4.

[8] I Reis 14.24 e 15.12. Eze. 16.16.

[9] I Reis 15.22.

[10] Eze. 44.10-14. I Sam. 2.36.

[11] Isa. 30.33. Jer. 7.31 e 19.6, 11, 12, 13. Jos. 15.8. Lev. 18.21. Deu. 18.10. Eze. 23.37, 39.

[12] Jer. 19.13. Sof. 1.5. cap. 21.5.

[13] I Reis 11.7.

[14] Exo. 23.24. Deu. 7.5, 25.

[15] I Reis 12.28, 33.

[16] I Reis 13.2.

[17] I Reis 13.1, 30.

[18] I Reis 13.31.

[19] II Chr. 34.6, 7.

[20] I Reis 13.2. Exo. 22.20. I Reis 18.40. cap. 11.18. II Chr. 34.5.

[21] II Chr. 35.1. Exo. 12.3. Lev. 23.5. Num. 9.2. Deu. 16.2.

[22] II Chr. 35.18, 19.

[23] cap. 21.6.

[24] Lev. 19.31 e 20.27. Deu. 18.11.

[25] cap. 18.5.

[26] cap. 21.11, 12 e 24.3, 4. Jer. 15.4.

[27] cap. 17.18, 20 e 18.11 e 21.13.

[28] I Reis 8.29 e 9.3. cap. 21.4, 7.

[29] II Chr. 35.20. Zac. 12.11. cap. 14.8.

[30] II Chr. 35.24. II Chr. 36.1.

[31] cap. 24.18.

[32] cap. 25.6. Jer. 52.27.

[33] II Chr. 36.4. cap. 24.17. Dan. 1.7. Mat. 1.11.

[34] Jer. 22.11, 12. Eze. 19.3, 4.

[35] ver. 33.

[36] II Chr. 36.5.

24 Nos seus dias [1] subiu Nabucodonosor, rei de Babylonia, e Joaquim ficou tres annos seu servo; depois se virou, e se rebellou contra elle.

2 E Deus enviou contra [2] elle as tropas[386] dos chaldeos, e as tropas dos syros, e as tropas dos moabitas, e as tropas dos filhos d’Ammon; e as enviou contra Judah, para o destruir, [3] conforme a palavra do Senhor, que fallara pelo ministerio de seus servos, os prophetas.

3 E, na verdade, conforme o mandado do Senhor, assim succedeu a Judah, que a tirou de diante da sua face, [4] por causa dos peccados de Manasseh, conforme tudo quanto fizera.

4 Como tambem por [5] causa do sangue innocente que derramou, enchendo a Jerusalem de sangue innocente: e por isso o Senhor não quiz perdoar.

5 Ora o mais dos successos de Joaquim, e tudo quanto fez, porventura não está escripto no livro das chronicas dos reis de Judah?

6 E Joaquim dormiu [6] com seus paes: e Joachin, seu filho, reinou em seu logar.

7 E o rei do Egypto [7] nunca mais saiu da sua terra; porque o rei de Babylonia tomou tudo quanto era do rei do Egypto, desde o rio do Egypto até ao rio Euphrates.

O principio da captividade de Judah.

Antes de Christo 599

8 Tinha Joachin [8] dezoito annos de edade quando começou a reinar, e reinou tres mezes em Jerusalem: e era o nome de sua mãe, Nehustha, filha de Elnathan, de Jerusalem.

9 E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera seu pae.

10 N’aquelle tempo [9] subiram os servos de Nabucodonosor, rei de Babylonia, a Jerusalem, e a cidade foi cercada.

11 Tambem veiu Nabucodonosor, rei de Babylonia, contra a cidade, quando já os seus servos a estavam cercando.

12 Então saiu Joachin, [10] rei de Judah, ao rei de Babylonia, elle, e sua mãe, e seus servos, e seus principes, e seus eunuchos; [11] e o rei de Babylonia o tomou preso, no anno oitavo do seu reinado.

13 E tirou [12] d’ali todos os thesouros da casa do Senhor, e os thesouros da casa do rei: e fendeu todos os vasos d’oiro, que fizera Salomão, rei de Israel, no templo do Senhor, como o Senhor tinha dito.

14 E transportou [13] a toda a Jerusalem, como tambem a todos os principes, e a todos os homens valorosos, dez mil presos, e a todos os carpinteiros e ferreiros: ninguem ficou senão [14] o povo pobre da terra.

15 Assim transportou [15] Joachin a Babylonia; como tambem a mãe do rei, e as mulheres do rei, e os seus eunuchos, e os poderosos da terra levou presos de Jerusalem a Babylonia.

16 E todos [16] os homens, valentes, até sete mil, e carpinteiros e ferreiros até mil, e todos os varões dextros na guerra, a estes o rei de Babylonia, levou presos para Babylonia.

17 E o [17] rei de Babylonia estabeleceu a Mathanias, seu tio, rei em seu logar: e lhe mudou o nome em Zedekias.

Zedekias reina, e é levado, com o seu povo, captivo para Babylonia.

Antes de Christo 600

18 Tinha Zedekias [18] vinte e um annos de edade quando começou a reinar, e reinou onze annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.

19 E fez o que parecia mal [19] aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera Joaquim.

20 Porque assim succedeu por causa da ira do Senhor contra Jerusalem, e contra Judah, até os rejeitar de diante da sua face: [20] e Zedekias se rebellou contra o rei de Babylonia.

[1] II Chr. 36.6. Jer. 25.1, 9. Dan. 1.1.

[2] Jer. 25.9 e 32.28. Eze. 19.8.

[3] cap. 20.17 e 21.12, 13, 14 e 23.27.

[4] cap. 21.2, 11 e 23.26.

[5] cap. 21.16.

[6] II Chr. 36.6, 8. Jer. 22.18, 19 e 36.30.

[7] Jer. 37.5, 7. Jer. 46.2.

[8] II Chr. 36.9.

[9] Dan. 1.1.

[10] Jer. 24.1 e 29.1, 2. Eze. 17.12.

[11] Jer. 25.1. cap. 25.27. Jer. 52.28.

[12] cap. 20.17. Isa. 39.6. Dan. 5.2, 3. Jer. 20.5.

[13] Jer. 24.1. Jer. 52.28. I Sam. 13.19, 22.

[14] cap. 25.12. Jer. 40.7.

[15] II Chr. 36.10. Est. 2.6. Jer. 22.24, etc.

[16] Jer. 52.28.

[17] Jer. 37.1. I Chr. 3.15. II Chr. 36.10. cap. 23.34. II Chr. 36.4.

[18] II Chr. 36.11. Jer. 37.1 e 52.1. cap. 23.31.

[19] II Chr. 36.12.

[20] II Chr. 36.13. Eze. 17.15.

25 E succedeu [1] que, no non o anno do seu reinado, no mez decimo, aos dez do mez, Nabucodonosor, rei de Babylonia, veiu contra Jerusalem, elle e todo o seu exercito, e se acampou contra ella, e levantaram contra ella tranqueiras em redor.

Antes de Christo 588

2 E a cidade foi sitiada até ao undecimo anno do rei Zedekias.

3 Aos [2] nove do mez quarto, quando a cidade se via apertada da fome, nem havia pão para o povo da terra.

4 Então a cidade [3] foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta, entre os dois muros que estavam junto ao jardim do rei (porque os chaldeos estavam contra a cidade em redor), [4] e o rei se foi pelo caminho da campina.

5 Porém o exercito dos chaldeos perseguiu o rei, e o alcançaram nas campinas[387] de Jericó: e todo o seu exercito se dispersou d’elle.

6 E tomaram o rei, e o fizeram subir ao rei de Babylonia, a Ribla: [5] e procederam contra elle.

7 E aos filhos de Zedekias degolaram diante dos seus olhos: e vasaram os olhos a Zedekias, [6] e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram a Babylonia.

8 E no quinto [7] mez no setimo dia do mez (este era o anno decimo nono de Nabucodonosor rei de Babylonia), veiu Nebuzaradan, capitão da guarda, servo do rei de Babylonia, a Jerusalem,

9 E queimou [8] a casa do Senhor e a casa do rei, como tambem todas as casas de Jerusalem, e todas as casas dos grandes, queimou.

10 E todo o exercito dos chaldeos, que estava com o capitão da guarda, [9] derribou os muros em redor de Jerusalem.

11 E o mais do povo [10] que deixaram ficar na cidade, e os rebeldes que se renderam ao rei de Babylonia, e o mais da multidão, Nebuzaradan, o capitão da guarda, levou presos.

12 Porém dos mais pobres da terra deixou [11] o capitão da guarda ficar alguns para vinheiros e para lavradores.

13 Quebraram mais os chaldeos as columnas [12] de cobre que estavam na casa do Senhor, como tambem as bases e o mar de cobre que estavam na casa do Senhor: e levaram o seu bronze para Babylonia.

14 Tambem tomaram as caldeiras, [13] e as pás, e os apagadores, e os [KU] perfumadores, e todos os vasos de cobre, com que se ministrava.

15 Tambem o capitão da guarda tomou os braseiros, e as bacias, o que era de puro oiro, em oiro e o que era de prata, em prata.

16 As duas columnas, [14] um mar, e as bases, que Salomão fizera para a casa do Senhor: o cobre de todos estes vasos não tinha peso.

17 A altura d’uma [15] columna era de dezoito covados, e sobre ella havia um capitel de cobre, e de altura tinha o capitel tres covados; e a rede, e as romãs em roda do capitel, tudo era de cobre; e similhante a esta era a outra columna com a rede.

18 Tambem o capitão da guarda tomou a [16] Seraias, primeiro sacerdote, e a Zephanias segundo sacerdote, e aos tres guardas do umbral da porta.

19 E da cidade tomou a um eunucho, que tinha cargo da gente de guerra, [17] e a cinco homens dos que viam a face do rei, e se acharam na cidade, como tambem ao escrivão-mór do exercito, que registrava o povo da terra para a guerra, e a sessenta homens do povo da terra, que se acharam na cidade.

20 E tomando-os Nebuzaradan, o capitão da guarda, os trouxe ao rei de Babylonia, a Ribla.

21 E o rei de Babylonia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamath: [18] e Judah foi levado preso para fóra da sua terra.

22 Porém, quanto ao povo que ficava [19] na terra de Judah, e Nabucodonosor, rei de Babylonia, deixou ficar, poz sobre elle por maioral a Gedalias, filho de Ahikam, filho de Saphan.

Gedalias governa, mas Ishmael mata-o.

23 Ouvindo pois os [20] capitães dos exercitos, elles e os seus homens, que o rei de Babylonia puzera a Gedalias por maioral, vieram a Gedalias, a Mispah, a saber: Ishmael, filho de Nethanias, e Johanan, filho de Kareath, e Seraias, filho de Tanhumeth, o netophatita, e Jazanias, filho do Maacatita, elles e os seus homens.

24 E Gedalias jurou a elles e aos seus homens, e lhes disse: Não temaes ser servos dos chaldeos; ficae na terra, e servi ao rei de Babylonia, e bem vos irá.

25 Succedeu, porém, que, no setimo mez, [21] veiu Ishmael, filho de Nethanias, o filho de Elisama, da semente real, e dez homens com elle, e feriram a Gedalias, e elle morreu, como tambem aos judeos, e aos chaldeos que estavam com elle em Mispah.

26 Então todo o povo se levantou, desde o mais pequeno até ao maior, como tambem os capitães dos exercitos, e vieram ao Egypto, [22] porque temiam os chaldeos.

27 Depois d’isto succedeu [23] que, no anno trinta e sete do captiveiro de Joaquim, rei de Judah, no mez duodecimo, aos vinte e sete do mez, Evil-merodac, rei de Babylonia, levantou, no anno em que reinou, a cabeça de[388] Joaquim, rei de Judah, [24] da casa da prisão.

28 E lhe fallou benignamente: e poz o seu throno acima do throno dos reis que estavam com elle em Babylonia.

29 E lhe mudou os vestidos da prisão, [25] e de continuo comeu pão na sua presença todos os dias da sua vida.

30 E, quanto á sua subsistencia, pelo rei lhe foi dada subsistencia continua, a porção de cada dia no seu dia, todos os dias da sua vida.

[1] II Chr. 36.17. Jer. 34.2 e 39.1 e 52.4, 5. Eze. 24.1.

[2] Jer. 30.2 e 52.6.

[3] Jer. 39.2 e 52.7, etc.

[4] Jer. 39.4-7 e 52.7. Eze. 12.12.

[5] cap. 23.33. Jer. 52.9.

[6] Jer. 39.7. Eze. 12.13.

[7] Jer. 52.12-14. ver. 27. cap. 24.12. Jer. 39.9.

[8] II Chr. 36.19. Jer. 39.8. Amós 2.5.

[9] Neh. 1.3. Jer. 52.14.

[10] Jer. 39.9 e 52.15.

[11] cap. 24.14. Jer. 39.10 e 40.7 e 52.16.

[12] cap. 20.17. Jer. 27.19, 22 e 52.17, etc. I Reis 7.15.

[13] Exo. 27.3. I Reis 7.45, 50.

[14] I Reis 7.47.

[15] I Reis 7.15. Jer. 52.21.

[16] Jer. 52.24, etc. I Chr. 6.14. Esd. 7.1. Jer. 21.1 e 29.25.

[17] Jer. 52.2.

[18] Lev. 26.33. Deu. 28.36, 64. cap. 23.27.

[19] Jer. 40.5.

[20] Jer. 40.7, 8, 9.

[21] Jer. 41.1, 2.

[22] Jer. 43.4, 7.

[23] Jer. 52.31, etc.

[24] Gen. 40.13, 20.

[25] II Sam. 9.7.


O PRIMEIRO LIVRO DAS CHRONICAS.

Genealogia desde Adão até Noé. Os filhos de Noé, e seus descendentes.

Antes de Christo 1676

1 Adão, Seth, [1] Enos,

2 Canan, Mahalaleel, Jared,

3 Henoch, Methusalah, Lamech,

4 Noé, Sem, Cão, e Japhet.

5 Os filhos [2] de Japhet foram: Gomer, e Magog, e Madai, e Javan, e Tubal, e Mesech, e Tiras.

6 E os filhos de Gomer: Asquenaz, e Riphat, e Togarma.

7 E os filhos de Javan: Elisa, e Tarsis, e Chittim, e Dodanim.

8 Os filhos [3] de Cão: Cus, e Mitsraim, e Put e Canaan.

9 E os filhos de Cus eram Seba, e Havila, e Sabta, e Raema, e Sabtecha: e os filhos de Raema eram Seba e Dedan.

10 E Cus [4] gerou a Nemrod, que começou a ser poderoso na terra.

11 E Mitsraim gerou aos ludeos, e aos anameos, e aos lehabeos, e aos naphtuheos,

12 E aos pathruseos, e aos casluchros (dos quaes procederam os philisteos), e [5] aos caftoreos.

13 E Canaan [6] gerou a Sidon, seu primogenito, e a Het,

14 E aos jebuseos, e aos amorrheos, e aos girgaseos,

15 E aos heveos, e aos arkeos, e aos sineos,

16 E aos arvadeos, e aos zemareos, e aos hamatheos.

17 E foram os filhos [7] de Sem: Elam, e Assur, e Arphaxad, e Lud, e Aram, e Uz, e Hul, e Gether, e Mesech.

18 E Arphaxad gerou a Selah: e Selah gerou a Heber.

19 E a Heber nasceram dois filhos: o nome d’um foi Peleg, porquanto nos seus dias se repartiu a terra, e o nome de seu irmão era Joktan.

20 E Joktan [8] gerou a Almodad, e a Seleph, e a Hasarmaveth, e a Jarah,

21 E a Hadoram, e a Husal, e a Dikla,

22 E a Ebad, e a Abimael, e a Seba,

23 E a Ophir, e a Havila, e a Jobab: todos estes foram filhos de Joktan.

24 Sem, [9] Arphaxad, Selah,

25 Heber, [10] Peleg, Rehu,

26 Serug, Nahor, Thare,

27 Abrão, [11] que é Abrahão.

28 Os filhos de Abrahão foram Isaac e [12] Ishmael.

29 Estas são as suas gerações: o primogenito [13] de Ishmael foi Nebaioth, e Kedar, e Adbeel, e Mibsam,

30 Misma, e Duma, e Masca, Hadar e Tema,

31 Jetur, e Naphis e Kedma: estes foram os filhos de Ishmael.

32 Quanto aos filhos de [14] Ketura, concubina de Abrahão, esta pariu a Zimran, e a Joksan, e a Medan, e a Midian, e a Jisbak, e a Suah: e os filhos de Joksan foram Seba e Dedan.

33 E os filhos de Midian: Epha, e Epher, e Hanoch, e Abidah, e Eldah: todos estes foram filhos de Ketura.

34 Abrahão [15] pois gerou a Isaac: e foram os filhos de Isaac Esaú e Israel.

35 Os filhos [16] de Esaú: Eliphaz, Reuel, e Jehus, e Jalam, e Corah.

36 Os filhos [17] de Eliphaz: Teman, e Omar, e Zephi, e Gaetam, e Quenaz, e Timna, e Amalek.

37 Os filhos de Reuel: Nahath, Zerah, Samma, e Missa.

38 E os filhos de Seir: Lothan, e Sobal, e Zibeon, e Ana, e Dison, e Eser, e Disan.

[389]

39 E os filhos de Lothan: Hori e Homam; e a irmã de Lothan foi Timna.

40 Os filhos de Sobal eram Alian, e Manahath, e Ebel, Sephi e Onam: e os filhos de Zibeon eram Aya e Ana.

41 Os filhos de Ana foram Dison: e os filhos de [18] Dison foram Hamran, e Esban, e Ithran, e Cheran.

42 Os filhos de Eser eram Bilhan, e Zaavan, e Jaakan: os filhos de Disan eram Uz e Aran.

43 E estes são os reis [19] que reinaram na terra d’Edom, antes que reinasse rei sobre os filhos d’Israel: Bela, filho de Beor; e era o nome da sua cidade Dinhaba.

44 E morreu Bela, e reinou em seu logar Jobab, filho de Zerah, de Bosra.

45 E morreu Jobab, e reinou em seu logar Husam, da terra dos temanitas.

46 E morreu Husam, e reinou em seu logar Hadad, filho de Bedad: este feriu os midianitas no campo de Moab; e era o nome da sua cidade Avith.

47 E morreu Hadad, e reinou em seu logar Samla, de Masreka.

48 E morreu Samla, [20] e reinou em seu logar Saul, de Rehoboth, junto ao rio.

49 E morreu Saul, e reinou em seu logar Baal-hanan, filho de Acbor.

50 E, morrendo Baal-hanan, Hadad reinou em seu logar; e era o nome da sua cidade Pae: e o nome de sua mulher era Mehetabeel, filha de Matred, a filha de Mezahab.

51 E, morrendo Hadad, foram principes em Edom [21] o principe Timna, o principe Alya, o principe Jetheth,

52 O principe Aholibama, o principe Ela, o principe Pinon,

53 O principe Quenaz, o principe Teman, o principe Mibzar,

54 O principe Magdiel, o principe Iram: estes foram os principes d’Edom.

[1] Gen. 4.25, 26 e 5.3, 9.

[2] Gen. 10.2, etc.

[3] Gen. 10.6, etc.

[4] Gen. 10.8, 13, etc.

[5] Deu. 2.23.

[6] Gen. 10.15, etc.

[7] Gen. 10.22 e 11.10.

[8] Gen. 10.26.

[9] Gen. 11.10, etc. Luc. 3.34, etc.

[10] Gen. 11.15.

[11] Gen. 17.5.

[12] Gen. 16.11, 15.

[13] Gen. 25.13-16.

[14] Gen. 25.1, 2.

[15] Gen. 21.2, 3. Gen. 25.25, 26.

[16] Gen. 36.9, 10.

[17] Gen. 23.20.

[18] Gen. 36.20.

[19] Gen. 36.31, etc.

[20] Gen. 36.37.

[21] Gen. 36.40.

Os doze filhos de Jacob, e os descendentes de Judah.

Antes de Christo 1752

2 Estes são os filhos de Israel: [1] Ruben, Simeão, Levi, Judah, Issacar e Zebulon;

2 Dan, José e Benjamin, Naphtali, Gad e Aser.

3 Os filhos de [2] Judah foram Er, e Onan, e Sela: estes tres lhe nasceram da filha de Sua, a cananea: e Er, o primogenito de Judah, foi mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou.

4 Porém [3] Tamar, sua nora, lhe pariu a Perez e a Serah: todos os filhos de Judah foram cinco.

5 Os filhos de [4] Perez foram Hezron e Hamul.

6 E os filhos de Serah: [KV] Zimri, [5] e Ethan, e Heman, e Calcol, e Dara: cinco ao todo.

7 E os filhos de [6] Carmi foram [KW] Acar, o perturbador de Israel, que peccou no anathema.

8 E os filhos de Ethan foram Azarias.

9 E os filhos de Hezron, que lhe nasceram, foram Jerahmeel, e Ram, e Chelubai.

10 E Ram [7] gerou a Amminadab, e Amminadab gerou a Nahasson, principe dos filhos de Judah.

11 E Nahasson gerou a Salma, e Salma gerou a Booz.

12 E Booz gerou a Obed, e Obed gerou a Jessé.

13 E Jessé [8] gerou a Eliah, seu primogenito, e Abinadab, o segundo, e Simea, o terceiro,

14 Nathanael, o quarto, Radda, o quinto,

15 Osem, o sexto, David, o setimo.

16 E foram suas irmãs Zeruia e Abigail: e foram os filhos [9] de Zeruia: Abisai, e Joab, e Asael, tres.

17 E Abigail [10] pariu a Amasa: e o pae de Amasa foi Jether, o ishmaelita.

18 E Caleb, filho de Hezron, gerou filhos de Azuba, sua mulher, e de Jerioth: e os filhos d’esta foram estes: Jeser, e Sobab, e Ardon.

19 E morreu Azuba; [11] e Caleb tomou para si a Ephrath, a qual lhe pariu a Hur.

20 E Hur gerou a Uri, e Uri gerou a [12] Besaleel.

21 Então Hezron entrou á filha de Machir, [13] pae de Gilead, e, sendo elle de sessenta annos, a tomou: e ella lhe pariu a Segub.

22 E Segub gerou a Jair: e este tinha vinte e tres cidades na terra de Gilead.

23 E Gesur e Aram tomaram [14] d’elles as aldeias de Jair, e Kenath, e seus logares, sessenta cidades: todos estes foram filhos de Machir, pae de Gilead.

24 E, depois da morte de Hezron, em Caleb de Ephrata, Abia, mulher de Hezron, lhe pariu a [15] Ashur, pae de Tekoa.

25 E os filhos de Jerahmeel, primogenito[390] de Hezron, foram Ram, o primogenito, e Buna, e Oren, e Osem, e Ahija.

26 Teve tambem Jerahmeel ainda outra mulher cujo nome era Atara: esta foi a mãe de Onam.

27 E foram os filhos de Ram, primogenito de Jerahmeel: Maas, e Jamin, e Eker.

28 E foram os filhos de Onam: Sammai e Judah; e os filhos de Sammai: Nadab e Abisur.

29 E era o nome da mulher de Abisur Abiail, que lhe pariu a Ahban e a Molid.

30 E foram os filhos de Nadab Seled e Appaim: e Seled morreu sem filhos.

31 E os filhos d’Appaim foram Ishi; e os filhos de Ishi: Sesan. [16] E os filhos de Sesan: Ahlai.

32 E os filhos de Jada, irmão de Sammai, foram Jether e Jonathan: e Jether morreu sem filhos.

33 E os filhos de Jonathan foram Peleth e Zaza: estes foram os filhos de Jerahmeel.

34 E Sesan não teve filhos, mas filhas: e tinha Sesan um servo egypcio, cujo nome era Jarha.

35 Deu pois Sesan sua filha por mulher a Jarha, seu servo: e lhe pariu a Attai.

36 E Attai gerou a Nathan, e Nathan gerou a [17] Zabad.

37 E Zabad gerou a Eflal, e Eflal gerou a Obed.

38 E Obed gerou a Jehu, e Jehu gerou a Azarias.

39 E Azarias gerou a Heles, e Heles gerou a Eleasa.

40 E Eleasa gerou a Sismai, e Sismai gerou a Sallum.

41 E Sallum gerou a Jekamias, e Jekamias gerou a Elisama.

42 E foram os filhos de Caleb, irmão de Jerahmeel, Mesa, seu primogenito (este foi o pae de Ziph), e os filhos de Maresa, pae de Hebron.

43 E foram os filhos de Hebron: Korah, e Tappuah, e Rekem, e Sema.

44 E Sema gerou a Raham, pae de Jorkeam: e Rekem gerou a Sammai.

45 E foi o filho de Sammai Maon: e Maon foi pae de Bethzur.

46 E Epha, a concubina de Caleb, pariu a Haran, e a Mosa, e a Gazez: e Haran gerou a Gazez.

47 E foram os filhos de Johdai: Regem, e Jotham, e Gesan, e Pelet, e Epha, e Saaph.

48 De Maaca, concubina, gerou Caleb a Seber e a Tirhana.

49 E a mulher de Saaph, pae de Madmanna, pariu a Seva, pae de Machbena e pae de Gibea; e foi a filha de Caleb [18] Acsa.

50 Estes foram os filhos de Caleb, filho de Hur, o primogenito de Ephrata: Sobal, pae de Kiriath-jearim,

51 Salma, pae dos bethlehemitas, Hareph, pae de Beth-gader.

52 E foram os filhos de Sobal, pae de Kiriath-jearim: Haroe e metade dos menuhitas.

53 E as familias de Kiriath-jearim foram os jethreos, e os putheos, e os sumatheos, e os misraeos: d’estes sairam os zoratheos, e os esthaoleos.

54 Os filhos de Salma foram Bethlehem e os nethophatitas, Atroth, e Beth-joab, e metade dos manahthitas, e os zoritas.

55 E as familias dos escribas que habitavam em Jabez foram os thirathitas, os simathitas, e os sucathitas: estes são os kineos, que vieram de Hammath, pae da casa de Rechab.

[1] Gen. 29.32 e 30.5, etc. e 35.18, 22 e 46.8, etc.

[2] Gen. 38.3 e 46.12. Num. 26.19. Gen. 38.2. Gen. 38.7.

[3] Gen. 38.29, 30. Mat. 1.3.

[4] Gen. 46.12. Ruth 4.18.

[5] I Reis 4.31.

[6] cap. 4.1. Jos. 6.18 e 7.1.

[7] Ruth 4.19, 20. Mat. 1.4. Num. 1.7 e 2.3.

[8] I Sam. 16.6.

[9] II Sam. 2.18.

[10] II Sam. 17.25.

[11] ver. 50.

[12] Exo. 31.2.

[13] Num. 27.1.

[14] Num. 32.41. Deu. 3.14. Jos. 13.30.

[15] cap. 4.5.

[16] ver. 34, 35.

[17] cap. 11.41.

[18] Jos. 15.17.

Descendentes de David.

Antes de Christo 1471

3 E Estes foram os filhos de David, que lhe nasceram em Hebron: o primogenito, Amnon, [1] de Ahinoam, a jizreelita; o segundo, Daniel, de Abigail, a carmelita;

2 O terceiro, Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur; o quarto, Adonias, filho de Haggith;

3 O quinto, Sephatias, d’Abital; o sexto, Ithream, de Egla, [2] sua mulher.

4 Seis lhe nasceram em Hebron, [3] porque ali reinou sete annos e seis mezes: e trinta e tres annos reinou em Jerusalem.

5 E estes lhe nasceram em Jerusalem: [4] Simea, e Sobab, e Nathan, e Salomão: estes quatro lhe nasceram de [KX] Bath-sua, filha de Ammiel.

6 Nasceram-lhe mais Ibehar, e Elisama, e Eliphelet,

7 E Nogath, e Nepheg, e Japhia,

8 E Elisama, e Eliad, e Eliphelet, [5] nove.

9 Todos estes foram filhos de David, afóra os filhos das concubinas, e Tamar, [6] irmã d’elles.

10 E filho de Salomão foi [7] Roboão; e seu filho Abias; e seu filho Asa; e seu filho Josaphat;

[391]

11 E seu filho Jorão; e seu filho Achazias; e seu filho Joás;

12 E seu filho Amasias; e seu filho Jotham;

13 E seu filho Achaz; e seu filho Ezequias; e seu filho Manassés;

14 E seu filho Amon; e seu filho Josias.

15 E os filhos de Josias foram: o primogenito, Johanan; o segundo, Joaquim; o terceiro, Zedekias; o quarto, Sallum.

16 E os filhos de [8] Joaquim: Jechonias, seu filho, e Zedekias, seu filho.

17 E os filhos de Jechonias: Assir, e seu filho Sealthiel.

18 Os filhos d’este foram: Malchiram, e Pedaia, e Senazzar, Jekamias, Hosama, e Nedabias.

19 E os filhos de Pedaia: Zorobabel e Simei; e os filhos de Zorobabel: Messullam, e Hananias, e Selomith, sua irmã,

20 E Hasuba, e Obel, e Berechias, e Hasadias, e Jusab-hesed, cinco.

21 E os filhos de Hananias: Pelatias e Jesaias: os filhos de Rephaias, os filhos d’Arnan, os filhos de Obadias, e os filhos de Secanias.

22 E os filhos de Secanias foram Semaias: e os filhos de Semaias: [9] Hattus, e Igeal, e Bariah, e Nearias, e Saphat, seis.

23 E os filhos de Nearias: Elioenai, e Ezequias, e Azrikam, tres.

24 E os filhos de Elioenai: Hodavias, e Eliasib, e Pelaias, e Akkub, e Johanan, e Delaias, e Anani, sete.

[1] II Sam. 3.2. Jos. 15.56.

[2] II Sam. 3.5.

[3] II Sam. 2.11. II Sam. 5.5.

[4] II Sam. 5.14. cap. 14.4. II Sam. 12.24.

[5] II Sam. 5.14, 15, 16.

[6] II Sam. 13.1.

[7] I Reis 11.33 e 15.6, 13 e 15.5.

[8] Mat. 1.11, 12.

[9] Esd. 8.2.

Os descendentes de Judah.

Antes de Christo 1300

4 Os filhos de Judah foram: [1] Perez, e Hezron, e Carmi, e Hur, e Sobal.

2 E Reaias, filho de Sobal, gerou a Jahath, e Jahath gerou a Ahumai e a Lahad: estas são as familias dos zorathisas.

3 E estes foram os filhos do pae de Etam: Jezreel, e Isma, e Idbas: e era o nome de sua irmã Hazzelelponi.

4 E mais Penuel, pae de Gedor, e Ezer, pae de Husa: estes foram os filhos de [2] Hur, o primogenito de Ephrata, pae de Beth-lehem.

5 E tinha Ashur, [3] pae de Tekoa, duas mulheres: Hela e Naara.

6 E Naara lhe pariu a Ahuzzam, e a Hepher, e a Temeni, e a Haahastari; estes foram os filhos de Naara.

7 E os filhos de Hela: Zereth, Jesohar, e Ethnan.

8 E Kos gerou a Anub e a Zobeba: e as familias d’Aharhel, filho de Harum.

9 E foi [4] Jabes mais illustre do que seus irmãos: e sua mãe chamou o seu nome Jabes, dizendo: Porquanto com dôres o pari.

10 Porque Jabes invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitissimo, e meus termos amplificares, e a tua mão fôr comigo, e fizeres que do mal não seja afflicto! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido.

11 E Chelub, irmão de Suha, gerou a Mehir: este é o pae de Esthon.

12 E Esthon gerou a Bethrapha, e a Peseah, e a Tehinna, pae de Ir-nahas: estes foram os homens de Reca.

13 E foram os filhos de Kenas: [5] Othniel e Seraias; e filhos de Othniel: Hathath.

14 E Meonothai gerou a Ophra, e Seraias gerou a Joab, pae dos do valle [6] dos artifices; porque foram artifices.

15 E foram os filhos de Caleb, filho de Jefone: Iru, Ela, e Naam: e os filhos de Ela, a saber, Kenas.

16 E os filhos de Jehalelel: Ziph, e Zipha, e Tiria e Asareel.

17 E os filhos de Ezra: Jether, e Mered, e Epher, e Jalon: e ella pariu a Miriam, e Sammai, e Isbah, pae de Esthemo.

18 E sua mulher, judia, pariu a Jered, pae de Gedor, e a Heber, pae de Soco, e a Jekuthiel, pae de Zanohah; e estes foram os filhos de Bitia, filha de Pharaó, que Mered tomou.

19 E foram os filhos da mulher de Hodias, irmã de Naham: Abikeila, o garmita, e Esthemo, o maacatita.

20 E os filhos de Simeão: Amnon, e Rinna, e Ben-hanan, e Tilon: e os filhos de Ishi: Zoheth e Benzoheth.

21 Os filhos de Sela, [7] filho de Judah: Er, pae de Lecha, e Lada, pae de Maresa, e as familias da casa dos obreiros de linho, em casa de Asbea.

22 Como tambem Jokim, e os homens de Cozeba, e Joás, e Saraph (que dominaram sobre os moabitas), e Jasubi-lehem: porém estas coisas já são antigas.

23 Estes foram oleiros, e habitavam nas hortas e nos cerrados: estes ficaram ali com o rei na sua obra.

24 Os filhos de Simeão foram Nemuel, e Jamin, e Jarib, e Zera, e Saul,

25 Cujo filho foi Sallum, e seu filho Mibsam, e seu filho Misma.

26 E os filhos de Misma foram: Hammuel, seu filho, cujo filho foi Zaccur, e seu filho Simei.

[392]

27 E Simei teve dezeseis filhos, e seis filhas, porém seus irmãos não tiveram muitos filhos: e toda a sua familia não se multiplicou tanto como as dos filhos de Judah.

28 E habitaram em [8] Berseba, e em Moluda, e em Hasar-sual,

29 E em Bilha, e em Esem, e em Tholad,

30 E em Bethuel, e em Horma, e em Ziklag,

31 E em Beth-marcaboth, e em Hasar-susim, e Beth-biri, e em Saaraim: estas foram as suas cidades, até que David reinou.

32 E foram as suas aldeias: Etam, e Ain, e Rimmon, e Tochen, e Asan: cinco cidades.

33 E todas as suas aldeias, que estavam em redor d’estas cidades, até Baal, estas foram as suas habitações e suas genealogias para elles.

34 Porém Mesobab, e Jamlech, e Josa, filho de Amasias,

35 E Joel, e Jehu, filho de Josibias, filho de Seraias, filho de Asiel,

36 E Elioenai, e Jaakoba, e Jeshoaias, e Asaias, e Adiel, e Jesimiel, e Benaias,

37 E Ziza, filho de Siphi, filho de Allon, filho de Jedaias, filho de Simri, filho de Semaia:

38 Estes, registrados por seus nomes, foram principes nas suas familias: e as familias de seus paes se multiplicaram abundantemente.

39 E chegaram até á entrada de Gedor, ao oriente do valle, a buscar pasto para as suas ovelhas.

40 E acharam pasto fertil e terra espaçosa, e quieta, e descançada; porque os de Cão habitaram ali d’antes.

41 Estes pois, que estão descriptos por seus nomes, vieram nos dias de Ezequias, rei de Judah, [9] e feriram as tendas e habitações dos que se acharam ali, e as destruiram totalmente até ao dia d’hoje, e habitaram em seu logar: porque ali havia pasto para as suas ovelhas.

42 Tambem d’elles, dos filhos de Simeão, quinhentos homens foram ás montanhas de Seir; e a Pelatias, e a Nearias, e a Rephaias, e a Uzziel, filhos de Ishi, levaram por cabeças.

43 E feriram o restante dos que escaparam dos amalekitas, e habitaram ali até ao dia d’hoje.

[1] Gen. 38.29 e 46.12.

[2] cap. 2.50.

[3] cap. 2.24.

[4] Gen. 34.19.

[5] Jos. 15.17.

[6] Neh. 11.35.

[7] Gen. 38.1, 5 e 46.12.

[8] Jos. 19.2.

[9] II Reis 18.8.

5 Quanto aos filhos de Ruben, o primogenito de Israel;—porque elle era [1] o primogenito, mas porque profanara [2] a cama de seu pae, deu-se a sua primogenitura aos filhos de José, filho de Israel; para assim não ser contado na genealogia da primogenitura.

2 Porque Judah foi poderoso [3] entre seus irmãos, e d’elle vem o principe; porém a primogenitura foi de José;—

3 Foram pois os filhos de [4] Ruben, o primogenito de Israel: Hanoch, e Pallu, e Hezron, e Carmi.

4 Os filhos de Joel: Semaias, seu filho, Gog, seu filho, Simei seu filho,

5 Micha, seu filho, Reaia, seu filho, Baal, seu filho,

6 Beera, seu filho, o qual Tilgath-pilneser, rei da Assyria, levou preso: este foi principe dos rubenitas.

7 Quanto a seus irmãos para suas familias, [5] quando pozeram nas genealogias segundo as suas descendencias, foram chefes Jeiel e Zacharias,

8 E Bela, filho de Azaz, filho de Sema, filho de Joel, que habitou em [6] Aroer até Nebo e Baal-meon,

9 Tambem habitou da banda do oriente, até á entrada do deserto, desde o rio Euphrates; porque seu gado se tinha multiplicado na terra [7] de Gilead.

10 E nos dias de Saul fizeram guerra aos [8] hagarenos, que cairam pela sua mão: e elles habitaram nas suas tendas defronte de toda a banda oriental de Gilead.

11 E os filhos de Gad habitaram defronte d’elles, na terra de [9] Basan, até Salcha.

12 Joel foi chefe, e Sapham o segundo: porém Jaanai e Saphat ficaram em Basan.

13 E seus irmãos, segundo as suas casas paternas, foram: Michael, e Mesullam, e Seba, e Jorai, e Jachan, e Zia, e Eber, sete.

14 Estes foram os filhos de Abiail, filho de Huri, filho de Jaroah, filho de Gilead, filho de Michael, filho de Jesisai, filho de Jahdo, filho de Buz;

15 Ahi, filho de Abdiel, filho de Guni, foi chefe da casa de seus paes.

16 E habitaram em Gilead, em Basan, e nos logares da sua jurisdicção; como tambem em todos os arrabaldes de [10] Saron, até ás suas saidas.

17 Todos estes foram registrados, segundo as suas genealogias, nos dias de Jothão, [11] rei de Judah, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel.

[393]

18 Dos filhos de Ruben, e dos gaditas, e da meia tribu de Manassés, homens muito bellicosos, que traziam escudo e espada, e entesavam o arco, e eram destros na guerra: quarenta e quatro mil e setecentos e sessenta, que sahiam á peleja.

19 E fizeram guerra aos hagarenos, [12] como a Jetur, e a Naphis e a Nodab.

20 E [13] foram ajudados contra elles, e os hagarenos e todos quantos estavam com elles foram entregues em sua mão; porque clamaram a Deus na peleja, e lhes deu ouvidos, porquanto confiaram n’elle.

21 E levaram preso o seu gado: seus camelos, cincoenta mil, e duzentas e cincoenta mil ovelhas, e dois mil jumentos, e cem mil almas de homens.

22 Porque muitos feridos cairam, porque de Deus era a peleja; [14] e habitaram em seu logar, até ao captiveiro.

23 E os filhos da meia tribu de Manassés habitaram n’aquella terra: de Basan até Baal-hermon, e Senir, e o monte de Hermon, elles se multiplicaram.

24 E estes foram cabeças de suas casas paternas, a saber: Hepher, e Ishi, e Eliel, e Azriel, e Jeremias, e Hodavias, e Jahdiel, homens valentes, homens de nome, e chefes das casas de seus paes.

25 Porém transgrediram contra o Deus de seus paes: [15] e fornicaram após os deuses dos povos da terra, os quaes Deus destruira de diante d’elles.

26 Pelo que o Deus de Israel suscitou o espirito de Pul, [16] rei d’Assyria, e o espirito de Tiglath-pilneser, rei d’Assyria, que os levaram presos, a saber: os rubenitas e gaditas, e a meia tribu de Manassés; e os trouxeram a [17] Halah, e a Habor, e a Hara, e ao rio de Gozan, até ao dia de hoje.

[1] Gen. 29.31 e 49.3.

[2] Gen. 35.22 e 49.4. Gen. 48.15, 22.

[3] Gen. 49.8, 10. Miq. 5.2. Mat. 2.6.

[4] Gen. 46.9. Exo. 6.14. Num. 26.5.

[5] ver. 17.

[6] Jos. 13.15, 16.

[7] Jos. 22.9.

[8] Gen. 25.12.

[9] Jos. 13.11, 24.

[10] cap. 27.29.

[11] II Reis 15.5, 32. II Reis 14.16, 28.

[12] Gen. 25.15. cap. 1.31.

[13] ver. 22. Psa. 22.4, 5.

[14] II Reis 15.29 e 17.6.

[15] II Reis 17.7.

[16] II Reis 15.19. II Reis 15.29.

[17] II Reis 17.6 e 18.11.

Descendentes de Levi, seu ministerio e suas cidades.

6 Os filhos de Levi foram: [1] Gerson, Kohath, e Merari.

2 E os filhos de Kohath: [2] Amram, e Ishar, e Hebron, e Uzziel.

3 E os filhos d’Amram: Aarão, [3] e Moysés, e Miriam: e os filhos d’Aarão: Nadab, e Abihu, e Eleazar, e Ithamar.

4 E Eleazar gerou a Phineas, e Phineas gerou a Abisua,

5 E Abisua gerou a Bukki, e Bukki gerou a Uzzi,

6 E Uzzi gerou a Zerahias, e Zerahias gerou a Meraioth,

7 E Meraioth gerou a Amarias, e Amarias gerou a Ahitub,

8 E Ahitub [4] gerou a Zadok, e Zadok gerou a Ahimaas,

9 E Ahimaas gerou a Azarias, e Azarias gerou a Johanan,

10 E Johanan gerou a Azarias: este é o que administrou [5] o sacerdocio na casa que Salomão tinha edificado em Jerusalem.

11 E Azarias [6] gerou a Amarias, e Amarias gerou a Ahitub,

12 E Ahitub gerou a Zadok, e Zadok gerou a Sallum,

13 E Sallum gerou a Hilkias, e Hilkias gerou a Azarias,

14 E Azarias gerou [7] a Seraias, e Seraias gerou a Josadak,

15 E Josadak foi levado captivo quando o Senhor levou [8] presos a Judah e a Jerusalem pela mão de Nabucodonozor.

16 Os filhos de Levi foram [9] pois Gersom, Kohath, e Merari.

17 E estes são os nomes dos filhos de Gersom: Libni e Simei.

18 E os filhos de Kohath: Amram, e Ishar, e Hebron, e Uzziel.

19 Os filhos de Merari: Maheli e Musi: estas são as familias dos levitas, segundo seus paes.

20 De Gersom: Libni, seu filho, Jahath, seu filho, Zimma, [10] seu filho,

21 Joah, seu filho, Iddo, seu filho, Zerah, seu filho, Jeaterai, seu filho.

22 Os filhos de Kohath foram: Amminadab, seu filho, Korah, seu filho, Assir, seu filho,

23 Elkana, seu filho, Ebiasaph, seu filho, Assir, seu filho,

24 Tahath, seu filho, Uriel, seu filho, Uzias, seu filho, e Saul, seu filho.

25 E os filhos d’Elkana: Amasai [11] e Ahimoth.

26 Quanto a Elkana: os filhos d’Elkana foram Zophai, seu filho, e seu filho Nahath,

27 Seu filho Eliab, [12] seu filho Jeroham, seu filho Elkana.

28 E os filhos de Samuel: [KY] Vasni, seu primogenito, e o segundo Abias.

29 Os filhos de Merari: Maheli, seu filho Libni, seu filho Simei, seu filho Uzza,

30 Seu filho Simea, seu filho Haggias, seu filho Asaias.

31 Estes são pois os que David constituiu para o officio do canto na casa do Senhor, [13] depois que a arca teve repouso.

[394]

Antes de Christo 1280

32 E ministravam diante do tabernaculo da tenda da congregação com cantares, até que Salomão edificou a casa do Senhor em Jerusalem: e estiveram, segundo o seu costume, no seu ministerio.

33 Estes são pois os que ali estavam com seus filhos: dos filhos dos kohathitas, Heman, o cantor, filho de Joel, filho de Samuel,

34 Filho d’Elkana, filho de Jeroham, filho d’Eliel, filho de Toa,

35 Filho de Zuph, filho d’Elkana, filho de Mahath, filho de Amasai,

36 Filho d’Elkana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Zephanias,

37 Filho de Tahat, filho d’Assir, filho d’Ebiasaph, [14] filho de Korah,

38 Filho de Ishar, filho de Kohat, filho de Levi, filho d’Israel.

39 E seu irmão Asaph estava á sua direita: e era Asaph filho de Berequias, filho de Simea,

40 Filho de Michael, filho de Baeseias, filho de Malchias,

41 Filho d’Ethni, [15] filho de Zerah, filho de Adaias,

42 Filho d’Ethan, filho de Zimma, filho de Simei,

43 Filho de Jahath, filho de Gersom, filho de Levi.

44 E seus irmãos, os filhos de Merari, estavam á esquerda; a saber: Ethan, filho de Kisi, filho de Abdi, filho de Malluch,

45 Filho de Hasabias, filho de Amazias, filho de Hilkias,

46 Filho d’Amsi, filho de Bani, filho de Semer,

47 Filho de Maheli, filho de Musi, filho de Merari, filho de Levi.

48 E seus irmãos, os levitas, foram postos para todo o ministerio do tabernaculo da casa de Deus.

49 E Aarão e seus filhos offereceram sobre [16] o altar do holocausto e sobre o altar do incenso, por toda a obra do logar sanctissimo, e para fazer expiação por Israel, conforme tudo quanto Moysés, servo de Deus, tinha ordenado.

50 E estes foram os filhos de Aarão: seu filho Eleazar, seu filho Phinéas, seu filho Abisua,

51 Seu filho Bukki, seu filho Uzzi, seu filho Serahias,

52 Seu filho Meraioth, seu filho Amarias, seu filho Ahitub,

53 Seu filho Zadok, seu filho Ahimaas.

Antes de Christo 1444

54 E estas [17] foram as suas habitações, segundo os seus castellos, no seu termo, a saber: dos filhos d’Aarão, da familia dos kohathitas, porque n’elles caiu a sorte.

55 Deram-lhes [18] pois a Hebron, na terra de Judah, e os seus arrabaldes que a rodeiam.

56 Porém o territorio [19] da cidade e as suas aldeias deram a Caleb, filho de Jefoné.

57 E aos filhos d’Aarão deram [20] as cidades de refugio: Hebron, e Libna e os seus arrabaldes, e Jattir, e Esthemo e os seus arrabaldes,

58 E Hilen e os seus arrabaldes, e Debir e os seus arrabaldes,

59 E Asan e os seus arrabaldes, e Beth-semes e os seus arrabaldes.

60 E da tribu de Benjamin, Geba e os seus arrabaldes, e Allemeth e os seus arrabaldes, e Anathoth e os seus arrabaldes: todas as suas cidades, pelas suas familias, foram treze cidades.

61 Mas os filhos de Kohath, [21] que restaram da familia da tribu, da meia tribu, de meio Manassés, por sorte tiveram dez cidades.

62 E os filhos de Gersom, segundo as suas familias, da tribu de Issacar, e da tribu de Aser, e da tribu de Naphtali, e da tribu de Manassés, em Basan, tiveram treze cidades.

63 Os filhos de Merari, segundo as suas familias, da tribu de Ruben, e da tribu de Gad, e da tribu de Zebulon, por sorte, tiveram [22] doze cidades.

64 Assim deram os filhos de Israel aos levitas estas cidades e os seus arrabaldes.

65 E deram-lhes por sorte estas cidades, da tribu dos filhos de Judah, da tribu dos filhos de Simeão, e da tribu dos filhos de Benjamin, ás quaes deram os seus nomes.

66 E quanto ao mais [23] das familias dos filhos de Kohath, as cidades do seu termo se lhes deram da tribu de Ephraim.

67 Porque lhes deram [24] as cidades de refugio, Sichem e os seus arrabaldes, nas montanhas de Ephraim, como tambem Gezer e os seus arrabaldes.

68 E Jokmeam [25] e os seus arrabaldes, e Beth-horon e os seus arrabaldes,

69 E Aijalon e os seus arrabaldes, e Gath-rimmon e os seus arrabaldes.

70 E da meia tribu de Manassés, Aner e os seus arrabaldes, e Bileam e os seus arrabaldes: estas cidades tiveram os que ficaram da familia dos filhos de Kohath.

71 Os filhos de Gersom, da familia da meia tribu de Manassés, tiveram a Golan, em Basan, e os seus arrabaldes, e Astharoth e os seus arrabaldes.

[395]

72 E da tribu de Issacar, Kedes e os seus arrabaldes, e Dobrath e os seus arrabaldes,

73 E Ramoth e os seus arrabaldes, e Anem e os seus arrabaldes.

74 E da tribu de Aser, Masal e os seus arrabaldes, e Abdon e os seus arrabaldes,

75 E Hukok e os seus arrabaldes, e Rehob e os seus arrabaldes.

76 E da tribu de Naphtali, Kedes, em Galilea, e os seus arrabaldes, e Hammon e os seus arrabaldes, e Kiriathaim e os seus arrabaldes.

77 Os que ficaram dos filhos de Merari, da tribu de Zabulon, tiveram a Rimmon e os seus arrabaldes, a Tabor e os seus arrabaldes.

78 E d’além do Jordão, da banda de Jericó, ao oriente de Jordão, da tribu de Ruben, a Beser, no deserto, e os seus arrabaldes, e a Jassa e os seus arrabaldes,

79 E a Kedmoth e os seus arrabaldes, e a Mephaath e os seus arrabaldes.

80 E da tribu de Gad, a Ramoth, em Gilead, e os seus arrabaldes, e a Mahanaim e os seus arrabaldes,

81 E a Hesbon e os seus arrabaldes, e a Jazer e os seus arrabaldes.

[1] Gen. 46.11. Exo. 6.16. Num. 26.57. cap. 23.6.

[2] ver. 22.

[3] Lev. 10.1.

[4] II Sam. 8.17. II Sam. 15.27.

[5] II Chr. 26.17, 18. I Reis 6. II Chr. 3.

[6] Esd. 7.3.

[7] Neh. 11.11.

[8] II Reis 25.18.

[9] Exo. 6.16.

[10] ver. 42.

[11] ver. 35, 36.

[12] ver. 34.

[13] cap. 16.1.

[14] Exo. 6.24.

[15] ver. 21.

[16] Lev. 1.9. Exo. 30.7.

[17] Jos. 21.

[18] Jos. 21.11, 12.

[19] Jos. 14.13 e 15.13.

[20] Jos. 21.13.

[21] ver. 66. Jos. 21.5.

[22] Jos. 21.7, 34.

[23] ver. 61.

[24] Jos. 21.21.

[25] Jos. 21.22-35.

Descendentes de Issacar.

7 E quanto aos filhos de Issacar, foram: Tola, [1] e Pua, Jasib, e Simron, quatro.

2 E os filhos de Tola foram: Uzzi, e Rephaias, e Jeriel, e Jahmai, e Ibsam, e Samuel, chefes das casas de seus paes, de Tola, varões de valor nas suas gerações: [2] o seu numero nos dias de David foi de vinte e dois mil e seiscentos.

3 E quanto aos filhos de Uzzi, houve Izraias; e os filhos de Izraias foram Michael e Obadias, e Joel, e Issias; todos estes cinco chefes.

4 E houve com elles nas suas gerações, segundo as suas casas paternas, em tropas de gente de guerra, trinta e seis mil; porque tiveram muitas mulheres e filhos.

5 E seus irmãos, em todas as familias de Issacar, varões de valor, foram oitenta e sete mil, todos contados pelas suas genealogias.

De Benjamin.

6 Os filhos de Benjamin [3] foram: Bela, e Becher, e Jediael, tres.

Antes de Christo 1400

7 E os filhos de Bela: Esbon, e Uzzi, e Uzziel, e Jerimoth, e Iri, cinco chefes da casa dos paes, varões de valor, que foram contados pelas suas genealogias, vinte e dois mil e trinta e quatro.

8 E os filhos de Becher: Zemira, e Joás, e Elezer, e Elioenai, e Omri, e Jeremoth, e Abias, e Anathoth, e Alameth: todos estes foram filhos de Becher.

9 E foram contados pelas suas genealogias, segundo as suas gerações, e chefes das casas de seus paes, varões de valor, vinte mil e duzentos.

10 E foram os filhos de Jediael, Bilhan; e os filhos de Bilhan foram Jeus, e Benjamin, e Ehud, e Chenaana, e Zethan, e Tarsis, e Ahisahar.

11 Todos estes filhos de Jediael foram chefes das familias dos paes, varões de valor, dezesete mil e duzentos, que sahiam no exercito á peleja.

12 E Suppim, [4] e Huppim, filho de Ir, e Husim, dos filhos d’Aher.

13 Os filhos de Naphtali: Jahsiel, e Guni, e Jezer, e Sallum, [5] filhos de Bilha.

De Manassés.

14 Os filhos de Manassés: Asriel, que a mulher de Gilead pariu (porém a sua concubina, a syra, pariu a Machir, pae de Gilead.

15 E Machir tomou a irmã de Huppim e Suppim por mulher, e era o seu nome Maaca), e foi o nome do segundo Selophad; e Selophad teve filhas.

16 E Maaca, mulher de Machir, pariu um filho, e chamou o seu nome Perez: e o nome de seu irmão foi Seres: e foram seus filhos Ulam e Rekem.

17 E os filhos d’Ulam, [6] Bedan: estes foram os filhos de Gilead, filho de Machir, filho de Manassés.

18 E quanto á sua irmã Hammolecheth, pariu a Ishod, e a [7] Abiezer, e a Mahla.

19 E foram os filhos de Semida: Ahian, e Sechem, e Likhi, e Aniam.

20 E os filhos [8] de Ephraim: Suthelah, e seu filho Bered, e seu filho Tahath, e seu filho Elada, e seu filho Tahath,

21 E seu filho Zabad, e seu filho Suthelah, e Ezer, e Elead; e os homens de Gath, naturaes da terra, os mataram, porque desceram para tomar os seus gados.

22 Pelo que Ephraim, seu pae, por muitos dias os chorou; e vieram seus irmãos para o consolar.

23 Depois entrou a sua mulher, e ella concebeu, e pariu um filho; e chamou o seu nome Beria; porque ia mal na sua casa.

[396]

24 E sua filha foi Sera, que edificou a Beth-horon, a baixa e a alta, como tambem a Uzzen-sera.

25 E foi seu filho Rephah, e Reseph, e Telah, seu filho, e Tahan, seu filho,

26 Seu filho Ladan, seu filho Ammihud, seu filho Elisama,

27 Seu filho Nun, seu filho Josué.

28 E foi a sua possessão e habitação Beth-el e os logares da sua jurisdicção: e ao oriente Naaran, [9] e ao occidente Gezer e os logares da sua jurisdicção, e Sichem e os logares da sua jurisdicção, até Azza e os logares da sua jurisdicção;

29 E da banda dos filhos de Manassés, [10] Beth-sean e os logares da sua jurisdicção, Taanach e os logares da sua jurisdicção, Megiddo e os logares da sua jurisdicção, Dor e os logares da sua jurisdicção: n’estas habitaram os filhos de José, filho de Israel.

De Aser.

30 Os [11] filhos de Aser foram: Imna, e Isva, e Isvi, e Beria, e Sera, sua irmã.

31 E os filhos de Beria: Heber e Malchiel: este foi o pae de Birzavith.

32 E Heber gerou a Jaflet, [12] e a Somer, e a Hotham, e a Sua, sua irmã.

33 E foram os filhos de Jaflet: Pasach, e Bimhal e Asvath; estes foram os filhos de Jaflet.

34 E os filhos de Semer: [13] Ahi, Rohega, Jehubba, e Aram.

35 E os filhos de seu irmão Helem: Zophah, e Imna, e Seles, e Amal.

36 Os filhos de Zophah: Suah, e Harnepher, e Sual, e Beri, e Imra,

37 Beser, e Hod, e Samma, e Silsa, e Ithran, e Beera.

38 E os filhos de Jether: Jefone, e Pispa e Ara.

39 E os filhos de Ulla: Arah, e Hanniel e Risia.

40 Todos estes foram filhos de Aser, chefes das casas paternas, escolhidos varões de valor, chefes dos principes, e contados nas suas genealogias, no exercito para a guerra; foi seu numero de vinte e seis mil homens.

[1] Gen. 46.13. Num. 26.23.

[2] II Sam. 24.1, 2. cap. 27.1.

[3] Gen. 46.21. Num. 26.38. cap. 8.1, etc.

[4] Num. 26.39.

[5] Gen. 46.24.

[6] I Sam. 12.11.

[7] Num. 26.30.

[8] Num. 26.35.

[9] Jos. 16.7.

[10] Jos. 17.7. Jos. 17.11.

[11] Gen. 46.17. Num. 26.44.

[12] ver. 34.

[13] ver. 32.

Descendentes de Benjamin e de Saul.

8 E Benjamin gerou a Bela, [1] seu primogenito, a Asbel o segundo, e a Ahrah o terceiro,

2 A Noha o quarto, e a Rapha o quinto.

3 E Bela teve estes filhos: Addar, e Gera, e Abihud,

4 E Abisua, e Naaman, e Ahoah,

5 E Gera, e Sephuphan, e Huram.

6 E estes foram os filhos de Ehud: estes foram chefes dos paes dos moradores de Geba; e os transportaram [2] a Manahath,

7 E a Naaman, e Ahias, e Gera; a estes transportou; e gerou a Uzza e a Ahihud.

8 E Saharaim (depois de os enviar), na terra de Moab, gerou filhos d’Husim e Baara, suas mulheres.

9 E de Hodes, sua mulher, gerou a Jobab, e a Zibia, e a Mesa, e a Malcam,

10 E a Jeus, e a Sachias, e a Mirma: estes foram seus filhos, chefes dos paes.

11 E de Husim gerou a Abitud e a Elpaal.

12 E foram os filhos d’Elpaal: Eber, e Misam, e Semer: este edificou a Ono e a Lod e os logares da sua jurisdicção.

13 E Beria e Sema [3] foram cabeças dos paes dos moradores de Aijalon; estes afugentaram os moradores de Gath.

14 E Ahio, e Sasak, e Jeremoth,

15 E Zebadias, e Arad, e Eder,

16 E Michael, e Ispa, e Joha, foram filhos de Beria:

17 E Zebadias, e Mesullam, e Hizki, e Heber,

18 E Ismerai, e Izlias, e Jobab, filhos de Elpaal:

19 E Jakim, e Zichri, e Zabdi,

20 E Elienai, e Zillethai, e Eliel,

21 E Adaias, e Beraias, e Simrath, filhos de Simei:

22 E Ispan, e Eber, e Eliel,

23 E Abdon, e Zichri, e Hanan,

24 E Hananias, e Elam, e Anthothija,

25 E Iphdias, e Penuel, filhos de Sasak:

26 E Samserai, e Seharias, e Athalias,

27 E Jaaresias, e Elias, e Zichri, filhos de Jeroham.

28 Estes foram chefes dos paes, segundo as suas gerações, e estes habitaram em Jerusalem.

29 E em Gibeon habitou o pae de Gibeon: [4] e era o nome de sua mulher Maaka;

30 E seu filho primogenito Abdon; depois Zur, e Kis, e Baal, e Nadab,

31 E Gedor, e Ahio, e Zecher.

32 E Mikloth gerou a Simea: e tambem estes, defronte de seus irmãos, habitaram em Jerusalem com seus irmãos.

33 E Ner [5] gerou a Kis, e Kis gerou a Saul; e Saul gerou a Jonathan, e a Malchi-sua, e a Abinadab, e a Es-baal.

34 E filho de Jonathan foi Merib-baal: [6] e Merib-baal gerou a Micha.

[397]

35 E os filhos de Micha foram: Pithon, e Melech, e Tarea, e Achaz.

36 E Achaz gerou [7] a Joadda, e Joadda gerou a Alemeth, e a Azmaveth, e a Zimri; e Zimri gerou a Mosa,

37 E Mosa gerou a Bina, cujo filho foi [8] Rapha, cujo filho foi Elasa, cujo filho foi Asel.

38 E teve Asel seis filhos, e estes foram os seus nomes: Azrikam, e Boceru, e Ishmael, e Searias, e Obadias, e Hanan: todos estes foram filhos de Asel.

39 E os filhos de Esek, seu irmão: Ulam, seu primogenito, Jeus o segundo, e Eliphelet o terceiro.

40 E foram os filhos de Ulam varões heroes, valentes, e frecheiros destros; e tiveram muitos filhos, e filhos de filhos, cento e cincoenta: todos estes foram dos filhos de Benjamin.

[1] Gen. 46.21. Num. 26.38. cap. 7.6.

[2] cap. 2.52.

[3] ver. 21.

[4] cap. 9.35.

[5] I Sam. 14.51. I Sam. 14.49.

[6] II Sam. 9.12.

[7] cap. 9.42.

[8] cap. 9.43.

Habitantes de Jerusalem depois da volta do captiveiro.

Antes de Christo 1536

9 E todo [1] o Israel foi contado por genealogia: eis que estão escriptos no livro dos reis de Israel: e os de Judah foram transportados a Babylonia, por causa da sua transgressão.

2 E os primeiros habitadores, [2] que moravam na sua possessão e nas suas cidades, foram os israelitas, os sacerdotes, os levitas, e os nethineos.

3 Porém dos filhos de [3] Judah, e dos filhos de Benjamin, e dos filhos de Ephraim e Manasseh, habitaram em Jerusalem:

4 Uthai, filho de Ammihud, filho de Omri, filho de Imri, filho de Bani, dos filhos de Peres, filho de Judah;

5 E dos silonitas: Assias o primogenito, e seus filhos;

6 E dos filhos de Zerah: Jeuel, e seus irmãos, seiscentos e noventa;

7 E dos filhos de Benjamin: Sallu, filho de Mesullam, filho de Hodavias, filho de Hassenua,

8 E Ibneias, filho de Jeroham, e Ela, filho de Uzzi, filho de Michri, e Mesullam, filho de Sephatias, filho de Reuel, filho d’Ibnijas;

9 E seus irmãos, segundo as suas gerações, novecentos e cincoenta e seis: todos estes homens foram cabeças dos paes nas casas de seus paes.

10 E dos sacerdotes: [4] Jedaias, e Jehoiarib, e Jachin,

11 E Azarias, filho de Hilkias, filho de Mesullam, filho de Zadok, filho de Meraioth, filho de Ahitub, maioral da casa de Deus:

12 Adaias, filho de Jeroham, filho de Pashur, filho de Malchias, e Masai, filho de Adiel, filho de Jahzera, filho de Mesullam, filho de Mesillemith, filho de Immer;

13 Como tambem seus irmãos, cabeças nas casas de seus paes, mil, setecentos e sessenta, varões valentes para a obra do ministerio da casa de Deus.

14 E dos levitas: Semaias, filho de Hassub, filho de Azrikam, filho de Hasabias, dos filhos de Merari;

15 E Bakbakkar, Heres, e Galal; e Matthanias, filho de Micha, filho de Zichri, filho de Asaph;

16 E Obadias, filho de Semaias, filho de Galal, filho de Jeduthun; e Berechias, filho de Asa, filho de Elkana, morador das aldeias dos netophathitas.

17 E foram porteiros: Sallum, e Akkub, e Talmon, e Ahiman, e seus irmãos, cuja cabeça era Sallum.

18 E até áquelle tempo estavam de guarda á porta do rei para o oriente; estes foram os porteiros entre os arraiaes dos filhos de Levi.

19 E Sallum, filho de Kore, filho de Ebiasaph, filho de Korah, e seus irmãos da casa de seu pae, os korahitas, tinham cargo da obra do ministerio, e eram guardas dos umbraes do tabernaculo: e seus paes foram capitães do arraial do Senhor, e guardadores da entrada.

20 Phineas, [5] filho de Eleazar, d’antes entre elles guia, com o qual era o Senhor,

21 E Zacharias, filho de Meselemias porteiro da porta da tenda da congregação.

22 Todos estes, escolhidos para serem porteiros dos umbraes, foram duzentos e doze: e foram estes, segundo as suas aldeias, postos em suas genealogias; [6] e David e Samuel, o vidente, os constituiram no seu cargo.

23 Estavam pois elles, e seus filhos, ás portas da casa do Senhor, na casa da tenda, junto aos guardas.

24 Os porteiros estavam aos quatro ventos: ao oriente, ao occidente, ao norte, e ao sul.

25 E seus irmãos estavam nas suas aldeias, e no setimo dia, [7] de tempo em tempo, entravam a servir com elles.

26 Porque havia n’aquelle officio quatro porteiros-móres que eram levitas, e tinham cargo das camaras e dos thesouros da casa de Deus.

27 E de noite ficavam á roda da casa de Deus, porque a guarda lhes estava encarregada, e tinham cargo de abrir, e isto cada manhã.

[398]

Antes de Christo 1200

28 E alguns d’elles tinham cargo dos vasos do ministerio, porque por conta os traziam e por conta os tiravam.

29 Porque d’elles alguns havia que tinham cargo dos [KZ] vasos e de todos os vasos sagrados; como tambem da flor de farinha, e do vinho, e do azeite, e do incenso, e da especiaria.

30 E dos filhos dos sacerdotes eram os obreiros da confecção [8] das especiarias.

31 E Mattithias, d’entre os levitas, o primogenito de Sallum, o korahita, [9] tinha cargo da obra que se fazia em sartãs.

32 E dos filhos dos kohatitas, [10] de seus irmãos houve alguns que tinham cargo dos pães da proposição, para os prepararem em todos os sabbados.

33 D’estes foram tambem os cantores, [11] cabeças dos paes entre os levitas nas camaras, exemptos de serviços; porque de dia e de noite estava a seu cargo occuparem-se n’aquella obra.

34 Estes foram cabeças dos paes entre os levitas, chefes em suas gerações: estes habitaram em Jerusalem.

35 Porém em Gibeon habitaram Jeiel, pae de Gibeon (e era o nome de sua mulher [12] Maaca),

36 E seu filho primogenito Abdon: depois Zur, e Kis, e Baal, e Ner, e Nadab,

37 E Gedor, e Ahio, e Zacharias, e Mikloth.

38 E Mikloth gerou a Simeão: e tambem estes, defronte de seus irmãos, habitaram em Jerusalem com seus irmãos.

39 E Ner [13] gerou a Kis, e Kis gerou a Saul, e Saul gerou a Jonathan, e a Malchi-sua, e a Abinadab, e a Es-baal.

40 E filho de Jonathan foi Merib-baal: e Merib-baal gerou a Micha.

41 E os filhos de Micha foram Pithon, e Melech, [14] e Tarea.

42 E Achaz gerou a Jaera, e Jaera gerou a Alemeth, e a Azmaveth, e a Zimri: e Zimri gerou a Mosa.

43 E Mosa gerou a Binea, cujo filho foi Rephaias, cujo filho foi Elasa, cujo filho foi Asel.

44 E teve Asel seis filhos, e estes foram os seus nomes: Azrikam, e Boceru, e Ishmael, e Seraias, e Obadias, e Hanan: estes foram os filhos d’Asel.

[1] Esd. 2.59.

[2] Esd. 2.70. Neh. 7.73. Jos. 9.27. Esd. 2.43 e 8.20.

[3] Neh. 11.1.

[4] Neh. 11.10, etc.

[5] Num. 31.6.

[6] cap. 36.1, 2. I Sam. 9.9.

[7] II Reis 11.5.

[8] Exo. 30.23.

[9] Lev. 2.5 e 6.21.

[10] Lev. 24.8.

[11] cap. 6.31 e 25.1.

[12] cap. 8.29.

[13] cap. 8.33.

[14] cap. 8.35.

A morte de Saul e de seus filhos.

Antes de Christo 1056

10 E os philisteos [1] pelejaram com Israel: e os homens de Israel fugiram de diante dos philisteos, e cairam feridos nas montanhas de Gilboa.

2 E os philisteos apertaram com Saul e com seus filhos, e feriram os philisteos a Jonathan, e a Abinadab, e a Malchisua, filhos de Saul.

3 E a peleja se aggravou contra Saul, e os frecheiros o acharam: e temeu muito aos frecheiros.

4 Então disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, e atravessa-me com ella; para que porventura não venham estes incircumcisos e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não quiz, porque temia muito; então tomou Saul a espada, e se lançou sobre ella.

5 Vendo pois o seu escudeiro que Saul estava morto, tambem elle se lançou sobre a espada, e morreu.

6 Assim morreram Saul e seus tres filhos; e toda a sua casa morreu juntamente.

7 E, vendo todos os homens de Israel, que estavam no valle, que haviam fugido, e que Saul e seus filhos eram mortos, deixaram as suas cidades, e fugiram: então vieram os philisteos, e habitaram n’ellas.

8 E succedeu que, no dia seguinte, vindo os philisteos a despojar os mortos, acharam a Saul e a seus filhos estirados nas montanhas de Gilboa.

9 E o despojaram, e tomaram a sua cabeça e as suas armas, e as enviaram pela terra dos philisteos em redor, para o annunciarem a seus idolos e ao povo.

10 E pozeram [2] as suas armas na casa do seu deus, e a sua cabeça affixaram na casa de Dagon.

11 Ouvindo pois toda a Jabes de Gilead tudo quanto os philisteos fizeram a Saul,

12 Então todos os homens bellicosos se levantaram, e tomaram o corpo de Saul, e os corpos de seus filhos, e os trouxeram a Jabes; e sepultaram os seus ossos debaixo d’um carvalho em Jabes, e jejuaram sete dias.

13 Assim morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra [3] o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e tambem porque buscou a adivinhadora para a consultar.

14 E não buscou ao Senhor, pelo que o matou, e transferiu [4] o reino a David, filho de Jessé.

[1] I Sam. 31.1, 2.

[2] I Sam. 31.10.

[3] I Sam. 13.13 e 15.23. I Sam. 28.7.

[4] I Sam. 15.28. II Sam. 3.9, 10 e 5.3.

[399]

David é ungido rei.

Antes de Christo 1048

11 Então [1] todo o Israel se ajuntou a David em Hebron, dizendo: Eis que somos teus ossos e tua carne.

2 E tambem já d’antes, sendo Saul ainda rei, eras tu o que fazias sair e entrar a Israel: [2] tambem o Senhor teu Deus te disse: Tu apascentarás o meu povo Israel, e tu serás chefe sobre o meu povo Israel.

3 Tambem vieram todos os anciãos d’Israel ao rei, a Hebron, e David fez com elles alliança em Hebron, perante o Senhor: e ungiram a David rei sobre Israel, conforme a palavra do Senhor pelo ministerio [3] de Samuel.

4 E partiu David [4] e todo o Israel para Jerusalem, que é Jebus: porque ali estavam os jebuseos, moradores da terra.

5 E disseram os moradores de Jebus a David: Tu não entrarás aqui. Porém David ganhou a fortaleza de Sião, que é a cidade de David.

6 Porque disse David: Qualquer que primeiro ferir os jebuseos será chefe e maioral. Então Joab, filho de Zeruia, subiu primeiro a ella; pelo que foi feito chefe.

7 E David habitou na fortaleza; pelo que se chamou a cidade de David.

8 E edificou a cidade ao redor, desde Millo até ao circuito: e Joab renovou o resto da cidade.

9 E ia-se David cada vez mais augmentando e crescendo; porque o Senhor dos Exercitos era com elle.

Os valentes que David teve.

10 E estes [5] foram os chefes dos varões que David tinha, e que o apoiaram fortemente no seu reino, com todo o Israel, para o fazerem rei, [6] conforme a palavra do Senhor, tocante a Israel.

11 E estes foram do numero dos varões que David tinha: Jasobeam, hachmonita, o principal dos capitães, o qual, brandindo a sua lança contra trezentos, d’uma vez os matou.

12 E, depois d’elle, Eleazar, filho de Dodo, o ahohita: elle estava entre os tres varões.

13 Este esteve com David em Pasdammim, quando os philisteos ali se ajuntaram á peleja, e o pedaço de campo estava cheio de cevada: e o povo fugiu de diante dos philisteos.

Antes de Christo 1047

14 E pozeram-se no meio d’aquelle pedaço, e o defenderam, e feriram os philisteos; e obrou o Senhor um grande livramento.

15 E tres dos trinta chefes desceram á penha, [7] a David, na caverna d’Adullam: e o arraial dos philisteos estava acampado no valle de Rephaim.

16 E David estava então no logar forte: e o alojamento dos philisteos estava então em Beth-lehem.

17 E desejou David, e disse: Quem me dará a beber da agua do poço de Beth-lehem, que está junto á porta?

18 Então aquelles tres romperam pelo arraial dos philisteos, e tiraram agua do poço de Beth-lehem, que estava á porta, e tomaram d’ella, e a trouxeram a David; porém David não a quiz beber, mas a derramou ao Senhor,

19 E disse: Nunca meu Deus permitta que faça tal! beberia eu o sangue d’estes varões com as suas vidas? Pois com perigo das suas vidas a trouxeram. E elle não a quiz beber: isto fizeram aquelles tres varões.

20 E tambem Abisai, irmão de Joab, foi chefe de tres, o qual, brandindo a sua lança contra trezentos, os feriu: e teve nome entre os tres.

21 Dos tres foi [8] mais illustre do que os outros dois, pelo que foi chefe d’elles; porém não chegou aos primeiros tres.

22 Tambem Benaias, filho de Joiada filho de um valente varão, grande em obras, de Kabseel: elle feriu a dois [LA] fortes leões de Moab; e tambem desceu, [9] e feriu um leão dentro d’uma cova, no tempo da neve.

23 Tambem feriu elle a um homem egypcio, homem de grande altura, de cinco covados: e trazia o egypcio uma lança na mão, como o orgão do tecelão; mas desceu contra elle com uma vara, e arrancou a lança da mão do egypcio, e o matou com a sua propria lança.

24 Estas coisas fez Benaias, filho de Joiada; pelo que teve nome entre aquelles tres varões.

25 Eis que dos trinta foi elle o mais illustre; comtudo não chegou aos tres: e David o poz sobre os da sua guarda.

26 E foram os varões dos exercitos: Asael, [10] irmão de Joab, Elhanan, filho de Dodo, de Beth-lehem,

27 Sammoth, o harodita, Heles, o pelonita,

28 Ira, filho de Ikkes, o tekoita, Abiezer, o anathothita,

29 Sibbechai, o husathita, Ilai, o ahohita,

30 Maharai, o netophathita, Heled, filho de Baena, o netophathita,

[400]

31 Ithai, filho de Ribai, de Gibeah, dos filhos de Benjamin, Benaias, o pirathonita,

32 Hurai, do ribeiro de Gaas, Abiel, o arbathita,

33 Asmaveth, o baharumita, Eliahba, o saalbonita.

34 Dos filhos de Hasem, o gizonita: Jonathan, filho de Sage, o hararita,

35 Ahiam, filho de Sachar, o hararita, Eliphal, filho de Ur,

36 Hepher, o mecheratita, Ahias, o pelonita,

37 Hesro, o carmelita, Naari, filho d’Esbai,

38 Joel, irmão de Nathan, Mibhar, filho de Geri,

39 Zelek, o ammonita, Nahrai, o berothita, escudeiro de Joab, filho de Zeruia,

40 Ira, o ithrita, Gareb, o ithrita,

41 Urias, o hethita, Zabad, filho de Ahlai,

42 Adina, filho de Siza, o rubenita, chefe dos rubenitas; todavia sobre elle havia trinta;

43 Hanam, filho de Maacha, e Josaphat, o mithnita,

44 Uzias, o astharathita, Sama e Jeiel, filhos de Hotham, o aroerita,

45 Jediael, filho de Simri, e Joha, seu irmão, o tisita,

46 Eliel, o mahavita, e Jeribai, e Joshavias, filhos d’Elnaam, e Ithma, o moabita,

47 Eliel, e Obed, e Jaasiel, e Mesobaia.

[1] II Sam. 5.1.

[2] Psa. 78.71.

[3] II Sam. 5.3. I Sam. 16.1, 12, 13.

[4] II Sam. 5.6. Jui. 1.21 e 19.10.

[5] II Sam. 23.8.

[6] I Sam. 16.1, 12.

[7] II Sam. 23.13. cap. 14.9.

[8] II Sam. 23.19.

[9] II Sam. 23.20.

[10] II Sam. 23.24.

Os que vieram a David em Siclag.

Antes de Christo 1058

12 Estes [1] porém são os que vieram a David, a Siclag, estando elle ainda encerrado, por causa de Saul, filho de Kis: e eram dos valentes que ajudaram a esta guerra,

2 Armados de arco, [2] e usavam da mão direita e esquerda em atirar pedras e em despedir frechas com o arco: eram estes dos irmãos de Saul, benjamitas.

3 Ahiezer, o chefe, e Joás, filho de Semaa, o gibeathita, e Jeziel e Pelet, filhos de Azmaveth, e Beracha, e Jehu, o anathotita,

4 E Ismaias, o gibeonita, valente entre os trinta, e capitão dos trinta, e Jeremias, e Jahaziel, e Johanan, e Jozabad, o gederathita,

5 Eluzai, e Jerimoth, e Bealias, e Samarias, e Saphatias, o haruphita,

6 Elkana, e Issias, e Azareel, e Joezer, e Jasobeam, os korahitas,

7 E Joela, e Zabadias, filhos de Jeroham de Gedor.

8 E dos gaditas se retiraram a David, ao logar forte no deserto, varões valentes, homens de guerra para pelejar, armados com rodela e lança: e seus rostos eram como rostos de leões, e ligeiros [3] como corças sobre os montes:

9 Ezer, o cabeça, Obadias, o segundo, Eliab, o terceiro,

10 Mismanna, o quarto, Jeremias, o quinto,

11 Atthai, o sexto, Eliel, o setimo,

12 Johanan, o oitavo, Elzabad, o nono,

13 Jeremias, o decimo, Machbannai, o undecimo.

14 Estes, dos filhos de Gad, foram os capitães do exercito: um dos menores tinha o cargo de cem, e o maior de mil.

15 Estes são os que passaram o Jordão no mez primeiro, [4] quando elle trasbordava por todas as suas ribanceiras, e fizeram fugir a todos os dos valles para o oriente e para o occidente.

16 Tambem vieram alguns dos filhos de Benjamin e de Judah a David, ao logar forte.

17 E David lhes saiu ao encontro, e lhes fallou, dizendo: Se vós vindes a mim pacificamente e para me ajudar, o meu coração se unirá comvosco; porém se é para me entregar aos meus inimigos, sem que haja deslealdade nas minhas mãos, o Deus de nossos paes o veja e o reprehenda.

18 Então [5] entrou o espirito em Amasai, chefe de trinta, e disse: Nós somos teus, ó David! e comtigo estamos, ó filho de Jessé! paz, paz comtigo! e paz com quem te ajuda! pois que teu Deus te ajuda. E David os recebeu, e os fez capitães das tropas.

19 Tambem de Manassés alguns passaram a David, [6] quando veiu com os philisteos para a batalha contra Saul, ainda que não os ajudaram; porque os principes dos philisteos, com conselho, o despediram, dizendo: [7] Á custa de nossas cabeças passará a Saul, seu senhor.

20 Voltando elle pois a Siclag, passaram para elle, de Manassés, Adnah, e Jozabad, e Jediael, e Michael, e Jozabad, e Elihu, e Zillethai, chefes de milhares dos de Manassés.

21 E estes ajudaram [8] a David contra aquella tropa, porque todos elles eram heroes valentes, e foram capitães no exercito.

22 Porque n’aquelle tempo, de dia em dia, vinham a David para o ajudar, até que se fez um grande exercito, como exercito de Deus,

[401]

Os que vieram a David em Hebron.

Antes de Christo 1048

23 Ora este é o numero dos chefes armados para a peleja, [9] que vieram a David em Hebron, para transferir a elle o reino de Saul, conforme a palavra do Senhor.

24 Dos filhos de Judah, que traziam rodela e lança, seis mil e oitocentos, armados para a peleja.

25 Dos filhos de Simeão, varões valentes para pelejar, sete mil e cem.

26 Dos filhos de Levi, quatro mil e seiscentos.

27 Joiada porém era o chefe dos de Aarão, e com elle tres mil e setecentos.

28 E Zadok, [10] sendo ainda mancebo, varão valente; e da familia de seu pae, vinte e dois principes.

29 E dos filhos de Benjamin, irmãos de Saul, tres mil; [11] porque até então havia ainda muitos d’elles que eram pela casa de Saul.

30 E dos filhos de Ephraim vinte mil e oitocentos varões valentes, homens de nome em casa de seus paes.

31 E da meia tribu de Manassés dezoito mil, que foram apontados pelos seus nomes para vir a fazer rei a David.

32 E dos filhos d’Issacar, [12] destros na sciencia dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes, e todos os seus irmãos seguiam a sua palavra.

33 De Zebulon, dos que sahiam ao exercito, ordenados para a peleja com todas as armas de guerra, cincoenta mil; como tambem destros para ordenarem uma batalha com coração constante.

34 E de Naphtali, mil capitães, e com elles trinta e sete mil com rodela e lança.

35 E dos danitas, ordenados para a peleja, vinte e oito mil e seiscentos.

36 E de Aser, dos que sahiam para o exercito, para ordenarem a batalha, quarenta mil.

37 E da banda d’além do Jordão, dos rubenitas e gaditas, e da meia tribu de Manassés, com toda a sorte de instrumentos de guerra para pelejar, cento e vinte mil.

38 Todos estes homens de guerra, postos em ordem de batalha, com coração inteiro, vieram a Hebron para levantar a David rei sobre todo o Israel: e tambem todo o mais d’Israel tinha o mesmo coração para levantar a David rei.

39 E estiveram ali com David tres dias, comendo e bebendo; porque seus irmãos lhes tinham preparado as provisões.

40 E tambem seus visinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulon, e Naphtali, trouxeram pão sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre mulos, e sobre bois, provisões de farinha, pastas de figos e cachos de passas, e vinho, e azeite, e bois, e gado miudo em multidão; porque havia alegria em Israel.

[1] I Sam. 27.2. I Sam. 27.6.

[2] Jui. 20.16.

[3] II Sam. 2.18.

[4] Jos. 3.15.

[5] II Sam. 17.25.

[6] I Sam. 29.2.

[7] I Sam. 29.4.

[8] I Sam. 30.1, 9, 10.

[9] II Sam. 2.3, 4 e 5.1. cap. 11.1. cap. 10.14. I Sam. 16.1, 3.

[10] II Sam. 8.17.

[11] II Sam. 2.8, 9.

[12] Est. 1.13.

A arca é depositada em casa de Obed-edom.

13 E teve David conselho com os capitães dos milhares, e dos centos, e com todos os principes.

2 E disse David a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e que vem do Senhor nosso Deus, enviemos depressa mensageiros [1] a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com elles nas cidades e nos seus arrabaldes, para que se ajuntem comnosco.

3 E tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; [2] porque não a buscámos nos dias de Saul.

4 Então disse toda a congregação que assim se fizesse; porque este negocio pareceu recto aos olhos de todo o povo.

5 Ajuntou pois David [3] a todo o Israel desde Sihor do Egypto até chegar a Hamath; para trazer a arca de Deus de Kiriath-jearim.

6 E então David com todo o Israel subiu a Baala e d’ali [4] a Kiriath-jearim, que está em Judah, para fazer subir d’ali a arca de Deus, o Senhor que habita entre os cherubins, [5] sobre a qual é invocado o seu nome.

7 E levaram a arca de Deus sobre um carro novo, [6] da casa de Abinadab: e Uza e Ahio guiavam o carro.

8 E David, [7] e todo o Israel, tocava perante Deus com toda a sua força; em canticos, e com harpas, e com alaudes, e com tamboris, e com cymbalos, e com trombetas.

9 E, chegando á eira de Chidon, estendeu Uza a sua mão, para ter mão na arca; porque os bois tropeçavam.

10 Então se accendeu a ira do Senhor contra Uza, [8] e o feriu, por ter estendido a sua mão á arca: e morreu ali perante Deus.

11 E David se encheu de tristeza de que o Senhor houvesse aberto brecha em Uza; pelo que chamou áquelle logar Perez-uza, até ao dia d’hoje.

[402]

12 E aquelle dia temeu David ao Senhor, dizendo: Como trarei a mim a arca de Deus?

13 Pelo que David não trouxe a arca a si, á cidade de David; porém a fez retirar á casa de Obed-edom, o getheo.

14 Assim ficou a arca [9] de Deus com a familia de Obed-edom, tres mezes em sua casa: e o Senhor abençoou a casa de Obed-edom, e tudo quanto tinha.

[1] I Sam. 31.1. Isa. 37.4.

[2] I Sam. 7.1, 2.

[3] I Sam. 7.5. II Sam. 6.1. Jos. 13.3. I Sam. 6.21 e 7.1.

[4] Jos. 15.9, 60.

[5] I Sam. 4.4. II Sam. 6.2.

[6] Num. 4.14. cap. 15.2, 13. I Sam. 7.1.

[7] II Sam. 6.5.

[8] Num. 4.15. cap. 15.13, 15. Lev. 10.2.

[9] II Sam. 6.11. Gen. 30.27. cap. 26.5.

David faz alliança com Hirão.

Antes de Christo 1045

14 Então Hirão, [1] rei de Tyro, mandou mensageiros a David, e madeira de cedro, e pedreiros, e carpinteiros, para lhe edificar uma casa.

2 E entendeu David que o Senhor o tinha confirmado rei sobre Israel; porque o seu reino se tinha muito exaltado por amor do seu povo Israel.

3 E David tomou ainda mais mulheres em Jerusalem; e gerou David ainda mais filhos e filhas.

4 E estes são os nomes [2] dos filhos que tinha em Jerusalem: Sammua, e Shobab, Nathan, e Salomão,

5 E Jibhar, e Elisua, e Elpelet,

6 E Nogah, e Nepheg, e Japhia,

7 E Elisama, e Beeliada, e Eliphelet.

8 Ouvindo pois os philisteos que David [3] havia sido ungido rei sobre todo o Israel, todos os philisteos subiram em busca de David: o que David ouvindo, logo saiu contra elles.

9 E vindo os philisteos, se estenderam pelo valle [4] de Rephaim.

10 Então consultou David a Deus, dizendo: Subirei contra os philisteos, e nas minhas mãos os entregarás? E o Senhor lhe disse: Sobe, porque os entregarei nas tuas mãos.

11 E, subindo a Baal-perasim, David ali os feriu; e disse David: Por minha mão Deus derrotou a meus inimigos, como a rotura das aguas. Pelo que chamaram o nome d’aquelle logar, Baal-perasim.

12 E deixaram ali seus deuses; e ordenou David que se queimassem a fogo.

13 Porém os philisteos tornaram, [5] e se estenderam pelo valle.

14 E tornou David a consultar a Deus; e disse-lhe Deus: Não subirás atraz d’elles; mas anda em roda por detraz d’elles, [6] e vem a elles por defronte das amoreiras;

15 E ha de ser que, ouvindo tu um ruido de andadura pelas copas das amoreiras, então sae á peleja; porque Deus haverá saido diante de ti, a ferir o exercito dos philisteos.

16 E fez David como Deus lhe ordenara: [7] e feriram o exercito dos philisteos desde Gibeon até Gazor.

17 Assim se espalhou [8] o nome de David por todas aquellas terras: e o Senhor poz o seu temor sobre todas aquellas gentes.

[1] II Sam. 5.11, etc.

[2] cap. 3.5.

[3] II Sam. 5.17.

[4] cap. 11.15.

[5] II Sam. 5.22.

[6] II Sam. 5.23.

[7] II Sam. 5.25.

[8] Jos. 6.27. II Chr. 26. Deu. 2.25 e 11.25.

A arca é levada da casa de Obed-edom para Jerusalem.

Antes de Christo 1047

15 Fez tambem casa para si na cidade de David; e preparou um logar para a arca de Deus, [1] e armou-lhe uma tenda.

2 Então disse David: [2] Ninguem pode levar a arca de Deus, senão os levitas; porque o Senhor os elegeu, para levar a arca de Deus, e para o servirem eternamente.

3 E David ajuntou [3] a todo o Israel em Jerusalem, para fazerem subir a arca do Senhor ao seu logar, que lhe tinha preparado.

4 E David ajuntou os filhos de Aarão e os levitas.

5 Dos filhos de Kohath: Uriel, o principe, e de seus irmãos cento e vinte.

6 Dos filhos de Merari: Asaias, o principe, e de seus irmãos duzentos e vinte.

7 Dos filhos de Gersom: Joel, o principe, e de seus irmãos cento e trinta.

8 Dos filhos [4] de Elisaphan: Semaias o principe, e de seus irmãos duzentos.

9 Dos filhos [5] de Hebron: Eliel, o principe, e de seus irmãos oitenta.

10 Dos filhos de Uziel: Amminadab, o principe, e de seus irmãos cento e doze.

11 E chamou David os sacerdotes Zadok e Abiathar, e os levitas, Uriel, Asaias, Joel, Semaias, Eliel, e Amminadab;

12 E disse-lhes: Vós sois os chefes dos paes entre os levitas: sanctificae-vos, vós e vossos irmãos, para que façaes subir a arca do Senhor, Deus de Israel, ao logar que lhe tenho preparado.

13 Pois que, porquanto [6] primeiro vós assim o não fizestes, o Senhor fez rotura em nós, porque o não buscámos segundo a ordenança.

14 Sanctificaram-se pois os sacerdotes e levitas, para fazerem subir a arca do Senhor Deus de Israel.

15 E os filhos dos levitas trouxeram[403] a arca de Deus aos hombros, como Moysés tinha ordenado, [7] conforme a palavra do Senhor, com as varas que tinham sobre si.

16 E disse David aos principes dos levitas que constituissem a seus irmãos, os cantores, com instrumentos musicos, com alaudes, harpas e cymbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria.

17 Ordenaram pois os levitas a Heman, [8] filho de Joel; e dos seus irmãos, a Asaph, filho de Berechias, e dos filhos de Merari, seus irmãos, a Ethan, filho de Kusaias.

18 E com elles a seus irmãos da segunda ordem: a Zacharias, Ben, e Jaaziel, e Semiramoth, e Jehiel, e Uni, Eliab, e Benaias, e Maaseias, e Mattithias, e Eliphelehu, e Mikneias, e Obed-edom, e Jeiel, os porteiros.

19 E os cantores, Heman, Asaph e Ethan, se faziam ouvir com cymbalos de metal;

20 E Zacharias, e Aziel, e Semiramoth, e Jehiel, e Uni, e Eliab, e Maaseias, e Benaias, com alaudes, sobre Alamoth:

21 E Mattithias e Eliphelehu, e Mikneias, e Obed-edom, e Jeiel, e Azazias, com harpas, sobre Seminith, para esforçar o tom.

22 E Chenanias, principe dos levitas, tinha cargo de [LB] entoar o canto; ensinava-os a entoal-o, porque era entendido.

23 E Berechias e Elkana eram porteiros da arca.

24 E Sebanias, e Josaphat, e Nethaneel, e Amasai, e Zacharias, e Benaias, e Eliezer, os sacerdotes, [9] tocavam as trombetas perante a arca de Deus: e Obed-edom e Jehias eram porteiros da arca.

25 Succedeu pois que David [10] e os anciãos d’Israel, e os capitães dos milhares, foram para fazer subir a arca do concerto do Senhor, da casa de Obed-edom, com alegria.

26 E succedeu que, ajudando Deus os levitas que levavam a arca do concerto do Senhor, sacrificaram sete novilhos e sete carneiros.

27 E David ia vestido de um roupão de linho fino, como tambem todos os levitas que levavam a arca, e os cantores, e Chenanias, chefe dos que levavam a arca e dos cantores; tambem David levava sobre si um ephod de linho.

28 E todo [11] o Israel fez subir a arca do concerto do Senhor, com jubilo, e com sonido de buzinas, e com trombetas, e com cymbalos, fazendo sonido com alaudes e com harpas.

29 E succedeu que, [12] chegando a arca do concerto do Senhor á cidade de David, Michal, a filha de Saul, olhou d’uma janella, e, vendo a David dançar e tocar, o desprezou no seu coração.

[1] cap. 16.1.

[2] Num. 4.2, 15. Deu. 10.8 e 31.9.

[3] I Reis 8.1. cap. 13.5.

[4] Exo. 6.22.

[5] Exo. 6.18.

[6] II Sam. 6.3. cap. 13.7. cap. 13.10, 11.

[7] Exo. 25.14. Num. 4.15 e 7.9.

[8] cap. 6.33. cap. 6.39. cap. 6.44.

[9] Num. 10.8.

[10] II Sam. 6.12, 13, etc. I Reis 8.1.

[11] cap. 13.8.

[12] II Sam. 6.16.

16 Trazendo [1] pois a arca de Deus, a pozeram no meio da tenda que David lhe tinha armado; e offereceram holocaustos e sacrificios pacificos perante Deus.

Antes de Christo 1042

2 E, acabando David de offerecer os holocaustos e sacrificios pacificos, abençoou o povo em nome do Senhor.

3 E repartiu a todos em Israel, tanto a homens como a mulheres, a cada um um pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho.

Acção de graças e cantico de David.

4 E poz perante a arca do Senhor alguns dos levitas por ministros; e isto para recordarem, e louvarem, e celebrarem ao Senhor Deus d’Israel.

5 Era Asaph o chefe, e Zacharias o segundo depois d’elle: Jeiel, e Semiramoth, e Jehiel, e Mattithias, e Eliab, e Benaias, e Obed-edom, e Jeiel, com alaudes e com harpas; e Asaph se fazia ouvir com cymbalos;

6 Tambem Benaias, e Jahaziel, os sacerdotes, continuamente com trombetas, perante a arca do concerto de Deus.

7 Então n’aquelle mesmo dia entregou David em primeiro [2] logar o Psalmo seguinte, para louvarem ao Senhor, pelo ministerio de Asaph e de seus irmãos:

8 Louvae ao Senhor, invocae o seu nome, fazei conhecidos entre os povos os seus feitos.

9 Cantae-lhe, psalmodiae-lhe, attentamente fallae de todas as suas maravilhas.

10 Gloriae-vos no seu sancto nome; alegre-se o coração dos que buscam ao Senhor.

11 Buscae ao Senhor, e a sua força; buscae a sua face continuamente.

12 Lembrae-vos das suas maravilhas que tem feito, de seus prodigios, e dos juizos da sua bocca.

13 Vós, semente d’Israel, seus servos, vós, filhos de Jacob, seus eleitos.

14 Elle é o Senhor nosso Deus; em toda a terra estão os seus juizos.

15 Lembrae-vos perpetuamente do seu concerto e da palavra que prescreveu para mil gerações;

16 Do concerto que contratou [3] com Abrahão, e do seu juramento a Isaac;

[404]

17 O qual tambem a Jacob ratificou por estatuto, e a Israel por concerto eterno,

18 Dizendo: A ti te darei a terra de Canaan, quinhão da vossa herança.

19 Sendo vós em [4] pequeno numero, poucos homens, e estrangeiros n’ella.

20 E andaram de nação em nação, e d’um reino para outro povo.

21 A ninguem permittiu que os opprimisse, [5] e por amor d’elles reprehendeu reis, dizendo:

22 Não toqueis os meus ungidos, e aos meus prophetas não façaes mal.

23 Cantae ao Senhor em toda a terra; annunciae de dia em dia a sua salvação.

24 Contae entre as nações a sua gloria, entre todos os povos as suas maravilhas.

25 Porque grande é o Senhor, e muito para louvar, e mais tremendo é do que todos os deuses.

26 Porque todos os deuses [6] das nações são vaidades; porém o Senhor fez os céus.

27 Magestade e esplendor ha diante d’elle, força e alegria no seu logar.

28 Dae ao Senhor, ó familias das nações, dae ao Senhor gloria e força.

29 Dae ao Senhor a gloria de seu nome; trazei presentes, e vinde perante Elle: adorae ao Senhor na belleza da sua sanctidade.

30 Trema perante Elle, trema toda a terra; pois o mundo se affirmará, para que se não abale.

31 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; e diga-se entre as nações: O Senhor reina.

32 Brama o mar com a sua plenitude; exulte o campo com tudo o que ha n’elle.

33 Então jubilarão as arvores dos bosques perante o Senhor; porquanto vem a julgar a terra.

34 Louvae ao Senhor, porque é bom; pois a sua benignidade dura perpetuamente.

35 E dizei: Salva-nos, ó Deus da nossa salvação, e ajunta-nos, e livra-nos das nações; para que louvemos o teu sancto nome, e nos gloriemos do teu louvor.

36 Louvado [7] seja o Senhor Deus de Israel, de seculo em seculo. E todo o povo disse: Amen! e louvou ao Senhor.

37 Então deixou ali, diante da arca do concerto do Senhor, a Asaph e a seus irmãos, para ministrarem continuamente perante a arca, segundo se ordenara para cada dia.

38 E mais a Obed-edom, com seus irmãos, sessenta e oito; a este Obed-edom, filho de Jeduthun, e a Hosa, ordenou por porteiros.

39 E mais a Zadok, o sacerdote, e a seus irmãos, os sacerdotes, [8] diante do tabernaculo do Senhor, no alto que está em Gibeon,

40 Para offerecerem ao Senhor os holocaustos sobre o altar dos holocaustos continuamente, [9] pela manhã e á tarde: e isto segundo tudo o que está escripto na lei do Senhor que tinha prescripto a Israel.

41 E com elles a Heman, e a Jeduthun, e aos mais escolhidos, que foram apontados pelos seus nomes, para louvarem ao Senhor, [10] porque a sua benignidade dura perpetuamente.

42 Com elles pois estavam Heman e Jeduthun, com trombetas e cymbalos, para os que se faziam ouvir, e com instrumentos de musica de Deus: porém os filhos de Jeduthun estavam á porta.

43 Então se foi todo [11] o povo, cada um para a sua casa: e tornou David, para abençoar a sua casa.

[1] I Sam. 6.17-19.

[2] II Sam. 23.1. Psa. 105.1-15.

[3] Gen. 17.2 e 26.3 e 28.13 e 35.11.

[4] Gen. 34.30.

[5] Gen. 12.17 e 20.3. Exo. 7.15-18.

[6] Lev. 19.4.

[7] I Reis 8.15. Deu. 27.15.

[8] cap. 21.29. II Chr. 1.3. I Reis 3.4.

[9] Exo. 29.38. Num. 28.3.

[10] ver. 34. II Chr. 5.13 e 7.3. Esd. 3.11. Jer. 33.11.

[11] II Sam. 6.19, 20.

David deseja edificar o templo, mas Deus não permitte.

17 Succedeu pois que, [1] morando David já em sua casa, disse David ao propheta Nathan: Eis que moro em casa de cedros, mas a arca do concerto do Senhor está debaixo de cortinas.

2 Então Nathan disse a David: Tudo quanto tens no teu coração faze, porque Deus é comtigo.

3 Mas succedeu, na mesma noite, que a palavra do Senhor veiu a Nathan, dizendo:

4 Vae, e dize a David meu servo: Assim diz o Senhor: Tu me não edificarás uma casa para morar;

5 Porque em casa nenhuma morei, desde o dia em que fiz subir a Israel até ao dia de hoje; mas fui de tenda em tenda, e de tabernaculo em tabernaculo.

6 Por todas as partes por onde andei com todo o Israel, porventura fallei alguma palavra a algum dos juizes de Israel, a quem ordenei que apascentasse o meu povo, dizendo: Porque me não edificaes uma casa de cedros?

7 Agora pois assim dirás a meu servo, a David: Assim diz o Senhor dos Exercitos: Eu te tirei do curral, de detraz das ovelhas, para que fosses chefe do meu povo Israel.

8 E estive comtigo por toda a parte,[405] por onde foste, e de diante de ti exterminei todos os teus inimigos, e te fiz um nome como o nome dos grandes que estão na terra.

9 E ordenei um logar para o meu povo Israel, e o plantei, para que habite no seu logar, e nunca mais seja removido d’uma para outra parte; e nunca mais os debilitarão os filhos da perversidade, como ao principio;

10 E desde os dias em que ordenei juizes sobre o meu povo Israel; porém abati a todos os teus inimigos: tambem te fiz saber que o Senhor te edificaria uma casa.

11 E ha de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus paes, suscitarei a tua semente depois de ti, a qual será dos teus filhos, e confirmarei o seu reino.

12 Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu throno para sempre.

13 Eu lhe [2] serei por pae, e elle me será por filho: e a minha benignidade não desviarei d’elle, como a tirei d’aquelle, que foi antes de ti.

14 Mas o confirmarei [3] na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu throno será firme para sempre.

15 Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim fallou Nathan a David.

A oração de David.

16 Então entrou o rei David, [4] e ficou perante o Senhor: e disse: Quem sou eu, Senhor Deus? e qual é a minha casa, que me trouxestes até aqui?

17 E ainda isto, ó Deus, foi pouco aos teus olhos; pelo que fallaste da casa de teu servo para tempos distantes: e proveste-me, segundo o costume dos homens, com esta exaltação, ó Senhor Deus.

18 Que mais te dirá David, ácerca da honra feita a teu servo? porém tu bem conheces a teu servo.

19 Ó Senhor, por amor de teu servo, e segundo o teu coração, fizeste todas estas grandezas, para fazer notorias todas estas grandes coisas.

20 Senhor, ninguem ha como tu, e não ha Deus fóra de ti, conforme tudo quanto ouvimos com os nossos ouvidos.

21 E quem ha como o teu povo Israel, unica gente na terra? a quem Deus foi remir para seu povo, fazendo-te nome com coisas grandes e temerosas, lançando as nações de diante do teu povo, que remiste do Egypto.

22 E tomaste o teu povo Israel para ser teu povo para sempre: e tu, Senhor, lhe foste por Deus.

23 Agora pois, Senhor, a palavra que fallaste de teu servo, e ácerca da sua casa, seja certa para sempre: e faze como fallaste.

24 Confirme-se com effeito, e que o teu nome se engrandeça para sempre, e diga-se: O Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, é Deus para Israel; e fique firme diante de ti a casa de David teu servo.

25 Porque tu, Deus meu, revelaste ao ouvido de teu servo que lhe edificarias casa; pelo que o teu servo achou confiança para orar em tua presença.

26 Agora pois, Senhor, tu és o mesmo Deus, e fallaste este bem ácerca de teu servo.

27 Agora pois foste servido abençoares a casa de teu servo, para que esteja perpetuamente diante de ti: porque tu, Senhor, a abençoaste, e ficará abençoada para sempre.

[1] II Sam. 7.1, etc.

[2] II Sam. 7.14, 15.

[3] Luc. 1.33.

[4] II Sam. 7.18.

Diversas victorias de David.

Antes de Christo 1040

18 E depois d’isto [1] aconteceu que David feriu os philisteos, e os abateu; e tomou a Gath, e os logares da sua jurisdicção, da mão dos philisteos.

2 Tambem feriu os moabitas; e os moabitas ficaram servos de David, trazendo presentes.

3 Tambem David feriu a Hadar-ezer, rei de Zoba, junto a Hamath, indo elle estabelecer os seus dominios pelo Euphrates.

4 E David lhe tomou mil cavallos de carros, [2] e sete mil cavalleiros, e vinte mil homens de pé: e David jarretou todos os cavallos dos carros; porém reservou d’elles cem cavallos.

5 E vieram os syros de Damasco a ajudar a Hadar-ezer, rei de Zoba: porém dos syros feriu David vinte e dois mil homens.

6 E David poz guarnições em Syria de Damasco, e os syros ficaram servos de David, trazendo presentes: e o Senhor guardava a David, por onde quer que ia.

7 E tomou David os escudos de oiro, que tinham os servos de Hadar-ezer, e os trouxe a Jerusalem.

8 Tambem de Tibhath, e de Chun, cidades de Hadar-ezer, tomou David muitissimo cobre, de que Salomão [3] fez o mar de cobre, e as columnas, e os vasos de cobre.

9 E ouvindo Tou, rei de Hamath, que David destruira todo o exercito de Hadar-ezer, rei de Zoba,

[406]

10 Mandou seu filho Hadoram a David, para lhe perguntar como estava, e para o abençoar, por haver pelejado com Hadar-ezer, e o destruir (porque Hadar-ezer fazia guerra a Tou), enviando-lhe juntamente toda a sorte de vasos de oiro, e de prata, e de cobre.

11 Os quaes David tambem consagrou ao Senhor, juntamente com a prata e oiro que trouxera de todas as mais nações: dos idumeos, e dos moabitas, e dos filhos de Ammon, e dos philisteos, e dos amalekitas.

12 Tambem Abisai, filho de Zeruia, [4] feriu a dezoito mil idumeos no Valle do Sal.

13 E poz [5] guarnição em Edom, e todos os idumeos ficaram servos de David: e o Senhor guardava a David, por onde quer que ia.

14 E David reinou sobre todo o Israel: e fazia juizo e justiça a todo o seu povo.

15 E Joab, filho de Zeruia, tinha cargo do exercito: e Josaphat, filho de Ahilud, era chanceller.

16 E Zadok, filho de Ahitub, e Abimelech, filho de Abiathar, eram sacerdotes: e Sausa escrivão.

17 E Benaias, [6] filho de Joiada, tinha cargo dos cheretheos e peletheos: porém os filhos de David, os primeiros, estavam á mão do rei.

[1] II Sam. 8.1, etc.

[2] II Sam. 8.4.

[3] I Reis 7.15, 23. II Chr. 4.12, 15, 16.

[4] II Sam. 8.13.

[5] II Sam. 8.14, etc.

[6] II Sam. 8.18.

O rei dos ammonitas ultraja os mensageiros de David, e este castiga-o.

Antes de Christo 1037

19 E aconteceu, [1] depois d’isto, que Nahas, rei dos filhos d’Ammon, morreu; e seu filho reinou em seu logar.

2 Então disse David: Usarei de beneficencia com Hanun, filho de Nahas, porque seu pae usou de beneficencia comigo. Pelo que David enviou mensageiros para o consolarem ácerca de seu pae. E, vindo os servos de David á terra dos filhos de Ammon, a Hanun, para o consolarem,

3 Disseram os principes dos filhos de Ammon a Hanun: Porventura honra David a teu pae aos teus olhos, porque te mandou consoladores? não vieram seus servos a ti, a esquadrinhar, e a transtornar, e a espiar a terra?

4 Pelo que Hanun tomou os servos de David, e os rapou, e lhes cortou os vestidos no meio até á coxa da perna, e os despediu.

5 E foram-se, e avisaram a David ácerca d’estes homens, e mandou ao encontro d’elles; porque aquelles homens estavam sobremaneira envergonhados. Disse pois o rei: Deixae-vos ficar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba, e então tornae.

6 Vendo pois os filhos de Ammon que se tinham feito odiosos para com David, então enviou Hanun, e os filhos de Ammon, mil talentos de prata, para alugarem para si carros e cavalleiros de Mesopotamia, e da Syria de Maaca, [2] e de Zoba.

7 E alugaram para si trinta e dois mil carros, e o rei de Maaca e a sua gente, e elles vieram, e se acamparam diante de Medeba; tambem os filhos de Ammon se ajuntaram das suas cidades, e vieram para a guerra.

8 O que ouvindo David, enviou Joab e todo o exercito dos homens valorosos.

9 E, saindo os filhos d’Ammon, ordenaram a batalha á porta da cidade: porém os reis que vieram se pozeram á parte no campo.

10 E, vendo Joab que a frente da batalha estava contra elle por diante e por detraz, fez escolha d’entre os mais escolhidos de Israel, e os ordenou contra os syros:

11 E o resto do povo entregou na mão de Abisai, seu irmão; e pozeram-se em ordem de batalha contra os filhos d’Ammon.

12 E disse: Se os syros forem mais fortes do que eu, tu virás soccorrer-me; e, se os filhos de Ammon forem mais fortes do que tu, então eu te soccorrerei a ti.

13 Esforça-te, e esforcemo-nos pelo nosso povo, e pelas cidades do nosso Deus, e faça o Senhor o que parecer bem aos seus olhos.

14 Então se chegou Joab, e o povo que tinha comsigo, diante dos syros, para a batalha; e fugiram de diante d’elle.

15 Vendo pois os filhos d’Ammon que os syros fugiram, tambem elles fugiram de diante de Abisai, seu irmão, e entraram na cidade; e veiu Joab para Jerusalem.

16 E, vendo os syros que foram derrotados diante d’Israel, enviaram mensageiros, e fizeram sair os syros que habitavam da banda d’além do rio: e Sophac, capitão do exercito de Hadar-ezer, marchava diante d’elles.

17 Do que avisado David, ajuntou a todo o Israel, e passou o Jordão, e veiu ter com elles, e ordenou contra elles a batalha: e, tendo David ordenado a batalha contra os syros, pelejaram contra elle.

18 Porém os syros fugiram de diante d’Israel, e feriu David, dos syros, sete mil cavallos de carros, e quarenta mil[407] homens de pé: e a Sophac, capitão do exercito, matou.

19 Vendo pois os servos d’Hadar-ezer que tinham sido feridos diante d’Israel, fizeram paz com David, e o serviram: e os syros nunca mais quizeram soccorrer os filhos d’Ammon.

[1] II Sam. 10.1, etc.

[2] cap. 18.5, 9.

20 Aconteceu [1] pois que, no decurso de um anno, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra, Joab levou o exercito, e destruiu a terra dos filhos de Ammon, e veiu, e cercou a Rabba, porém David ficou em Jerusalem: [2] e Joab feriu a Rabba, e a destruiu.

Antes de Christo 1036

2 E David tirou [3] da cabeça do rei a corôa d’este, e achou n’ella o peso d’um talento de oiro, e havia n’ella pedras preciosas; e foi posta sobre a cabeça de David: e levou da cidade mui grande despojo.

3 Tambem o povo que estava n’ella levou, e os fez serrar com a serra, e cortar com talhadeiras de ferro e com machados; e assim fez David com todas as cidades dos filhos de Ammon: então voltou David, com todo o povo, para Jerusalem.

4 E depois d’isto aconteceu que, [4] levantando-se guerra em Gazer, com os philisteos, então Sibbechai, o husathita, feriu a Sippai, dos filhos [LC] de Rapha: e ficaram abatidos.

5 E tornou a haver guerra com os philisteos: e Elhanan, filho de Jair, feriu a Lahmi, irmão de Goliath, o getheo, cuja haste da lança era como orgão de tecelão.

6 E tornou a haver guerra [5] em Gath; e havia ali um homem de grande estatura, e tinha vinte e quatro dedos, seis em cada mão, e seis em cada pé, e tambem era da raça [LD] de Rapha.

7 E injuriou a Israel: porém Jonathan, filho de Simea, irmão de David, o feriu.

8 Estes nasceram [LE] a Rapha em Gath: e cairam pela mão de David e pela mão dos seus servos.

[1] II Sam. 11.1.

[2] II Sam. 12.26.

[3] II Sam. 12.30, 31.

[4] II Sam. 21.18. cap. 11.29.

[5] II Sam. 21.20.

David numera o povo, e Deus castiga-o.

21 Então [LF] Satanaz se levantou [1] contra Israel, e incitou David a numerar a Israel.

Antes de Christo 1018

2 E disse David a Joab e aos maioraes do povo: Ide, numerae a Israel, desde Berseba até Dan; [2] e trazei-me a conta, para que saiba o numero d’elles.

3 Então disse Joab: O Senhor accrescente ao seu povo cem vezes tanto como é; porventura, ó rei meu senhor, não são todos servos de meu senhor? Porque procura isto o meu senhor? Porque seria causa de delicto para com Israel.

4 Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joab; pelo que saiu Joab, e passou por todo o Israel; então voltou para Jerusalem.

5 E Joab deu a David a somma do numero do povo: e era todo o Israel um milhão e cem mil homens, dos que arrancavam espada; e de Judah quatrocentos e setenta mil homens, dos que arrancavam espada.

6 Porém os de Levi [3] e Benjamin não contou entre elles, porque a palavra do rei foi abominavel a Joab.

7 E este negocio tambem pareceu mal aos olhos de Deus: pelo que feriu a Israel.

8 Então disse David a Deus: [4] Gravemente pequei em fazer este negocio; porém agora sê servido tirar a iniquidade de teu servo, porque obrei mui loucamente.

9 Fallou pois o Senhor a Gad, [5] o vidente de David, dizendo:

10 Vae, e falla a David, dizendo: Assim diz o Senhor: Tres coisas te proponho: escolhe uma d’ellas, para que eu t’a faça.

11 E Gad veiu a David, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Escolhe para ti,

12 Ou [6] tres annos de fome, ou que tres mezes te consumas diante de teus adversarios, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que tres dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o anjo do Senhor destruam todos os termos de Israel; vê pois agora que resposta hei de levar a quem me enviou.

13 Então disse David a Gad: Estou em grande angustia; caia eu pois nas mãos do Senhor, porque são muitissimas as suas misericordias; mas que eu não caia nas mãos dos homens.

14 Mandou pois o Senhor a peste a Israel; e cairam d’Israel setenta mil homens.

15 E o Senhor mandou [7] um anjo a Jerusalem para a destruir; e, destruindo-a elle, o Senhor o viu, e se arrependeu d’aquelle mal, e disse ao anjo destruidor: Basta, agora retira a tua mão. E o anjo do Senhor estava junto á eira de Ornan, jebuseo.

16 E, levantando David os seus olhos, [8] viu o anjo do Senhor, que estava entre a terra e o céu, com a sua espada desembainhada na sua mão estendida[408] contra Jerusalem: então David e os anciãos, cobertos de saccos, se prostraram sobre os seus rostos.

Antes de Christo 1017

17 E disse David a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei, e fiz muito mal; mas estas ovelhas que fizeram? Ah! Senhor, meu Deus, seja a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pae, e não para castigo de teu povo.

18 Então [9] o anjo do Senhor disse a Gad que dissesse a David que subisse David para levantar um altar ao Senhor na eira d’Ornan, jebuseo.

19 Subiu pois David, conforme a palavra de Gad, que fallara em nome do Senhor.

20 E, virando-se Ornan, viu o anjo, e se esconderam com elle seus quatro filhos: e Ornan estava trilhando o trigo.

21 E David veiu a Ornan: e olhou Ornan, e viu a David, e saiu da eira, e se prostrou perante David com o rosto em terra.

22 E disse David a Ornan: Dá-me este logar da eira, para edificar n’elle um altar ao Senhor; dá-m’o pelo seu valor, para que cesse este castigo sobre o povo.

23 Então disse Ornan a David: Toma-a para ti, e faça o rei meu Senhor d’ella o que parecer bem aos seus olhos: eis que dou os bois para holocaustos, e os trilhos para lenha, e o trigo para offerta de manjares; tudo dou.

24 E disse o rei David a Ornan: Não, antes pelo seu valor a quero comprar: porque não tomarei o que é teu, para o Senhor; para que não offereça holocausto sem custo.

25 E David [10] deu a Ornan por aquelle logar o peso de seiscentos siclos de oiro.

26 Então David edificou ali um altar ao Senhor, e offereceu n’elle holocaustos e sacrificios pacificos: e invocou o Senhor, [11] o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto.

27 E o Senhor deu ordem ao anjo, e elle tornou a sua espada á bainha.

28 Vendo David, no mesmo tempo, que o Senhor lhe respondera na eira de Ornan, jebuseo, sacrificou ali.

29 Porque o tabernaculo [12] do Senhor, que Moysés fizera no deserto, e o altar do holocausto, [13] estavam n’aquelle tempo no alto de Gibeon.

30 E não podia David ir perante elle buscar ao Senhor; porque estava aterrorisado por causa da espada do anjo do Senhor.

[1] II Sam. 24.1, etc.

[2] cap. 27.23.

[3] cap. 27.24.

[4] II Sam. 24.10. II Sam. 12.13.

[5] I Sam. 9.9.

[6] II Sam. 24.13.

[7] II Sam. 24.16. Gen. 6.6.

[8] II Chr. 3.1.

[9] II Chr. 3.1.

[10] II Sam. 24.24.

[11] Lev. 9.24. II Chr. 3.1 e 7.1.

[12] cap. 16.39.

[13] I Reis 3.4. cap. 16.39. II Chr. 1.3.

David faz preparativos para edificar o templo.

22 E disse David: [1] Esta será a casa do Senhor Deus, e este será o altar do holocausto para Israel.

2 E deu ordem David que se ajuntassem os estranhos [2] que estavam na terra de Israel: e ordenou cortadores de pedras, para que lavrassem pedras de cantaria, para edificar a casa de Deus.

3 E apparelhou David ferro em abundancia, para os pregos das portas das entradas, e para as junturas: como tambem cobre em abundancia, [3] sem peso;

4 E madeira de cedro sem conta: [4] porque os sidonios e tyrios traziam a David madeira de cedro em abundancia.

5 Porque dizia David: [5] Salomão, meu filho, ainda é moço e tenro, e a casa que se ha de edificar para o Senhor se ha de fazer magnifica em excellencia, para nome e gloria em todas as terras; eu pois agora lhe prepararei materiaes. Assim preparou David materiaes em abundancia, antes da sua morte.

6 Então chamou a Salomão seu filho, e lhe ordenou que edificasse uma casa ao Senhor Deus de Israel.

7 E disse David a Salomão: Filho meu, quanto a mim, [6] tive em meu coração o edificar casa [7] ao nome do Senhor meu Deus.

8 Porém a mim a palavra do Senhor veiu, dizendo: Tu derramaste sangue em abundancia, e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome; [8] porquanto muito sangue tens derramado na terra, perante a minha face.

9 Eis que o filho [9] que te nascer será homem de repouso; porque repouso lhe hei de dar de todos os seus inimigos em redor; portanto [LG] Salomão será o seu nome, e paz e descanço darei a Israel nos seus dias.

10 Este [10] edificará casa ao meu nome, e elle me será por filho, e eu a elle por pae; e confirmarei o throno de seu reino sobre Israel, para sempre.

11 Agora pois, meu filho, [11] o Senhor seja comtigo; e prospera, e edifica a[409] casa do Senhor teu Deus, como elle disse de ti.

12 O Senhor te dê [12] tão sómente prudencia e entendimento, e te instrua ácerca de Israel; e isso para guardar a lei do Senhor teu Deus.

13 Então prosperarás, [13] se tiveres cuidado de fazer os estatutos e os juizos, que o Senhor mandou a Moysés ácerca de Israel: esforça-te, e tem bom animo; não temas, nem tenhas pavor.

14 Eis que na minha oppressão preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de oiro, e um milhão de talentos de prata, e de cobre e de ferro sem peso, [14] porque em abundancia é: tambem madeira e pedras preparei, e tu suppre o que faltar.

15 Tambem tens comtigo officiaes mechanicos em multidão, cortadores e artifices em obra de pedra e madeira; e toda a sorte de sabios em toda a sorte de obra.

16 Do oiro, da prata, e do cobre, e do ferro não ha numero: levanta-te pois, e faze a obra, [15] e o Senhor seja comtigo.

17 E David deu ordem a todos os principes de Israel que ajudassem a Salomão, seu filho, dizendo:

18 Porventura não está comvosco o Senhor vosso Deus, e não vos deu [16] repouso em roda? porque tem entregado na minha mão os moradores da terra; e a terra foi sujeita perante o Senhor e perante o seu povo.

19 Disponde [17] pois agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao Senhor vosso Deus; e levantae-vos, [18] e edificae o sanctuario do Senhor Deus, para que a arca do concerto do Senhor, e os vasos sagrados de Deus se tragam a esta casa, que se ha de edificar ao nome do Senhor.

[1] Deu. 12.5. II Sam. 24.18. cap. 21.18, 19, 26, 28. I Chr. 3.11.

[2] I Reis 9.21.

[3] ver. 14. I Reis 7.47.

[4] I Reis 5.6.

[5] cap. 29.1.

[6] II Sam. 7.2. I Reis 8.17. cap. 17.1 e 28.2.

[7] Deu. 12.5, 11.

[8] I Reis 5.3. cap. 28.3.

[9] cap. 28.5. I Reis 4.25 e 5.4.

[10] II Sam. 7.13. I Reis 5.5. cap. 17.12, 13 e 28.6. Heb. 1.5.

[11] ver. 16.

[12] I Reis 3.9, 12.

[13] Jos. 1.7, 8. cap. 28.7. Deu. 31.7, 8. Jos. 1.6, 7, 9. cap. 28.20.

[14] ver. 3.

[15] ver. 11.

[16] Deu. 12.10. Jos. 22.4. II Sam. 7.1. cap. 23.25.

[17] II Chr. 20.3.

[18] I Reis 8.6, 21. II Chr. 5.7 e 6.11. ver. 7. I Reis 5.3.

David faz Salomão rei e ordena os turnos e funcções dos levitas.

Antes de Christo 1045

23 Sendo pois David já velho, e cheio de dias, fez a Salomão seu [1] filho rei sobre Israel.

2 E ajuntou a todos os principes de Israel, como tambem aos sacerdotes e levitas.

3 E foram contados os levitas de trinta annos [2] e d’ahi para cima: e foi o numero d’elles, segundo as suas cabeças, trinta e oito mil homens.

4 D’estes havia vinte e quatro mil, [3] para promoverem a obra da casa do Senhor, e seis mil officiaes e juizes,

5 E quatro mil porteiros, e quatro mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos, [4] que eu fiz para o louvar, disse David,

6 E David [5] os repartiu por turnos, segundo os filhos de Levi, Gerson, Kohath e Merari.

7 Dos gersonitas: [6] Ladan e Simei.

8 Os filhos de Ladan; Jehiel o chefe, e Zetham, e Joel, tres.

9 Os filhos de Simei: Selomith, e Haziel, e Haran, tres: estes foram os chefes dos paes de Ladan.

10 E os filhos de Simei: Jahath, Ziza, e Jeus, e Berias: estes foram os filhos de Simei, quatro.

11 E Jahath era o chefe, e Ziza o segundo, mas Jeus e Berias não tiveram muitos filhos; pelo que foram contados em casa de seus paes por uma familia.

12 Os filhos [7] de Kohath: Amram, Ishar, Hebron, e Uziel, quatro.

13 Os filhos [8] de Amram: Aarão e Moysés; e Aarão foi separado para sanctificar a sanctidade das sanctidades, elle e seus filhos, eternamente; para incensar diante do Senhor, para o servirem, e para darem a benção em seu nome eternamente.

14 E quanto [9] a Moysés, homem de Deus, seus filhos foram contados entre a tribu de Levi.

15 Foram pois os filhos [10] de Moysés, Gersom e Eliezer.

16 Dos filhos de Gersom foi [11] Sebuel o chefe.

17 E quanto aos filhos de Eliezer, foi Rehabias [12] o chefe: e Eliezer não teve outros filhos; porém os filhos de Rehabias se multiplicaram grandemente.

18 Dos filhos de Ishar foi Selomith o chefe.

19 Quanto aos filhos [13] de Hebron, foi Jerias o chefe, Amarias o segundo, Jahaziel o terceiro, e Jekamam o quarto.

20 Quanto aos filhos de Uziel, Micha o chefe, e Issias o segundo.

21 Os filhos de [14] Merari: Maheli e Musi; os filhos de Maheli: Eleazar e Kis.

22 E morreu Eleazar, e não [15] teve filhos, porém filhas; e os filhos de Kis, seus irmãos, as tomaram por mulheres.

[410]

23 Os filhos de [16] Musi: Maheli, e Eder, e Jeremath, tres.

24 Estes são os filhos de Levi, [17] segundo a casa de seus paes, chefes dos paes, segundo foram contados pelo numero dos nomes, segundo os seus chefes, que faziam a obra do ministerio da casa o Senhor, [18] da edade de vinte annos e d’ahi para cima.

25 Porque disse David: O Senhor Deus de Israel deu repouso [19] ao seu povo, e habitará em Jerusalem para sempre.

26 E tambem, quanto aos levitas, [20] que nunca mais levassem o tabernaculo, nem algum de seus apparelhos pertencentes ao seu ministerio.

27 Porque, segundo as ultimas palavras de David, foram contados os filhos de Levi da edade de vinte annos e d’ahi para cima.

28 Porque o seu cargo era de estar ao mandado dos filhos de Aarão no ministerio da casa do Senhor, nos atrios, e nas camaras, e na purificação de todas as coisas sagradas, e na obra do ministerio da casa de Deus,

29 A saber: [21] para os pães da proposição, e para a flor de farinha, para a offerta de manjares, e para os coscorões asmos, e para as sartãs, e para o tostado, e para toda a medida e [LH] mensura;

30 E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor; e similhantemente á tarde;

31 E para cada offerecimento dos holocaustos do Senhor, [22] nos sabbados, nas luas novas, e nas solemnidades, por conta, segundo o seu costume, continuamente perante o Senhor:

32 E para que tivessem [23] cuidado da guarda da tenda da congregação, e da guarda do sanctuario, e da guarda dos filhos de Aarão, seus irmãos, no ministerio da casa do Senhor.

[1] I Reis 1.33-39. cap. 28.5.

[2] Num. 4.3, 47.

[3] Deu. 16.18. cap. 26.29. II Chr. 19.8.

[4] II Chr. 29.25, 26. Amós 6.5.

[5] Exo. 6.16. Num. 26.57. cap. 6.1, etc. II Chr. 8.14 e 29.25.

[6] cap. 26.21.

[7] Exo. 6.18.

[8] Exo. 6.20. Exo. 28.1. Heb. 5.4. Exo. 30.7. Num. 16.40. I Sam. 2.28. Deu. 21.5. Num. 6.23.

[9] cap. 26.23, 24, 25.

[10] Exo. 2.22 e 18.3, 4.

[11] cap. 26.24.

[12] cap. 26.25.

[13] cap. 24.23.

[14] cap. 24.26. cap. 24.29.

[15] cap. 24.28. Num. 36.6, 8.

[16] cap. 24.30.

[17] Num. 10.17, 21.

[18] ver. 27. Num. 1.3 e 4.3 e 8.24. Esd. 3.8.

[19] cap. 22.18.

[20] Num. 4.5, etc.

[21] Exo. 25.30. Lev. 6.20. cap. 9.23, etc. Lev. 2.4. Lev. 2.5, 7. Lev. 19.35.

[22] Num. 10.10. Lev. 23.4.

[23] Num. 1.53. Num. 3.6-9.

David divide os sacerdotes em vinte e quatro turnos.

24 E quanto aos filhos de Aarão, estes foram as suas divisões: [1] os filhos de Aarão foram Nadab, e Abihu, e Eleazar e Ithamar.

2 E morreram Nadab [2] e Abihu antes de seu pae, e não tiveram filhos: e Eleazar e Ithamar administravam o sacerdocio.

3 E David os repartiu, como tambem a Zadok, dos filhos de Eleazar, e Abimelech, dos filhos de Ithamar, segundo o seu officio no seu ministerio.

4 E achou-se que eram muitos mais os filhos de Eleazar entre os chefes de familias do que os filhos de Ithamar, quando os repartiram: dos filhos de Eleazar dezeseis chefes das casas dos paes, mas dos filhos de Ithamar, segundo as casas de seus paes, oito.

5 E os repartiram por sortes, uns com os outros; porque houve maioraes do sanctuario e maioraes da casa de Deus, assim d’entre os filhos de Eleazar, como d’entre os filhos de Ithamar.

6 E os registou Semaias, filho de Nathanael, o escrivão d’entre os levitas, perante o rei, e os principes, e Zadok, o sacerdote, e Abimelech, filho de Abiathar, e os chefes dos paes entre os sacerdotes, e entre os levitas: uma d’entre as casas dos paes se tomou para Eleazar, e se tomou outra para Ithamar.

7 E saiu a primeira sorte a Jojarib, a segunda a Jedaias,

8 A terceira a Harim, a quarta a Seorim,

9 A quinta a Malchias, a sexta a Mihamin,

10 A setima a Hakkos, a oitava [3] a Abias,

11 A nona a Jesua, a decima a Sechanias,

12 A undecima a Eliasib, a duodecima a Jakim,

13 A decima terceira a Huppa, a decima quarta a Jesebeab,

14 A decima quinta a Bilga, a decima sexta a Immer,

15 A decima setima a Hezir, a decima oitava a Happises,

16 A decima nona a Petahias, a vigesima a Jehezkel,

17 A vigesima primeira a Jachin, a vigesima segunda a Gamul,

18 A vigesima terceira a Delaias, a vigesima quarta a Maazias.

19 O officio d’estes no seu ministerio [4] era entrar na casa do Senhor, segundo lhes fôra ordenado por Aarão seu pae, como o Senhor Deus de Israel lhe tinha ordenado.

20 E do resto dos filhos de Levi: dos filhos de Amram, Subael: dos filhos de Subael, [5] Jehdias.

21 Quanto a Rehabias: [6] dos filhos de Rehabias Issias era chefe;

[411]

22 Dos isharitas, [7] Selomoth; dos filhos de Selomoth, Jahoth;

23 E dos filhos de Hebron, Jerias o primeiro, Amarias o segundo, Jahaziel o terceiro, Jekamam o quarto;

24 Dos filhos de Uziel, Micha; dos filhos de Micha, Samir;

25 O irmão de Micha, Issias; dos filhos de Issias, Zacharias;

26 Os filhos de Merari, Maheli e Musi; dos filhos de Jaazias, Beno;

27 Os filhos de Merari de Jaazias, Beno, e Soham, e Zaccur, e Hibri;

28 De Maheli, Eleazar: [8] e este não teve filhos.

29 Quanto a Kis: dos filhos de Kis, Jerahmeel;

30 E os filhos, [9] de Musi, Maheli, e Eder, e Jerimoth; estes foram os filhos dos levitas, segundo as suas casas paternas.

31 E tambem elles lançaram sortes egualmente com seus irmãos, os filhos de Aarão, perante o rei David, e Zadok, e Abimelech, e os chefes dos paes entre os sacerdotes e entre os levitas: o chefe da casa dos paes e bem assim seu irmão menor.

[1] Lev. 10.1, 6. Num. 26.60.

[2] Num. 3.4 e 26.61.

[3] Neh. 12.4, 17. Luc. 1.5.

[4] cap. 9.25.

[5] cap. 23.16.

[6] cap. 23.17.

[7] cap. 23.18.

[8] cap. 23.22.

[9] cap. 23.23.

Funcções dos cantores em seus turnos.

25 E David, juntamente com os capitães do exercito, [1] separou para o ministerio os filhos de Asaph, e de Heman, e de Jeduthun, para prophetizarem com harpas, com alaudes, e com psalterios: e este foi o numero dos homens aptos para a obra do seu ministerio.

2 Dos filhos de Asaph foram Zaccur, e José, e Nethanias, e Asarela, filhos de Asaph: a cargo de Asaph, que prophetizava debaixo da direcção do rei David.

3 Quanto a Jeduthun, foram os filhos de Jeduthun: Gedalias, e Zeri, e Jesaias, e Hasabias, e Mattithias, seis, a cargo de seu pae Jeduthun, para tanger harpas, o qual prophetizava, louvando e dando graças ao Senhor.

4 Quanto a Heman: os filhos de Heman: Bukkias, Matthanias, Uziel, Sebuel, e Jerimoth, Hananias, Hanani, Eliatha, Giddalti, e Romamthi-ezer, Josbekasa, Mallothi, Hothir, e Mahazioth.

5 Todos estes foram filhos de Heman, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar a corneta: porque Deus dera a Heman quatorze filhos e tres filhas.

6 Todos estes estavam ao lado de seu pae para o canto da casa do Senhor, com psalterios, alaudes e harpas, para o ministerio da casa de Deus; [2] e, ao lado do rei, Asaph, Jeduthun, e Heman.

7 E era o numero d’elles, juntamente com seus irmãos instruidos no canto do Senhor, todos os mestres, duzentos e oitenta e oito.

8 E deitaram as sortes ácerca da guarda egualmente, assim o pequeno como o grande, [3] o mestre juntamente com o discipulo.

9 Saiu pois a primeira sorte a Asaph, a saber: a José; a segunda a Gedalias; e eram elle, e seus irmãos, e seus filhos, ao todo, doze.

10 A terceira a Zaccur, seus filhos e seus irmãos; doze.

11 A quarta a Isri, seus filhos, e seus irmãos; doze.

12 A quinta a Nethanias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

13 A sexta a Bukkias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

14 A setima a Jesarela, seus filhos, e seus irmãos; doze.

15 A oitava a Jesaias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

16 A nona a Matthanias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

17 A decima a Simei, seus filhos, e seus irmãos; doze.

18 A undecima a Azareel, seus filhos, e seus irmãos; doze.

19 A duodecima a Hasabias, seus filhos e seus irmãos; doze.

20 A decima terceira a Subael, seus filhos, e seus irmãos; doze.

21 A decima quarta a Mattithias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

22 A decima quinta a Jeremoth, seus filhos, e seus irmãos; doze.

23 A decima sexta a Hananias, seus filhos, e seus irmãos; doze.

24 A decima setima a Josbekasa, seus filhos, e seus irmãos; doze.

25 A decima oitava a Hanani, seus filhos, e seus irmãos; doze.

26 A decima nona a Mallothi, seus filhos, e seus irmãos; doze.

27 A vigesima a Eliatha, seus filhos, e seus irmãos; doze.

28 A vigesima primeira a Hothir, seus filhos, e seus irmãos; doze.

29 A vigesima segunda a Giddalthi, seus filhos, e seus irmãos; doze.

30 A vigesima terceira a Mahazioth, seus filhos, e seus irmãos; doze.

31 A vigesima quarta a Romamthi-ezer, seus filhos, e seus irmãos; doze.

[1] cap. 6.33, 39, 44.

[2] ver. 2.

[3] II Chr. 23.13.

[412]

Funcções dos porteiros.

26 Quanto aos repartimentos dos porteiros, dos korahitas foi Meselemias, filho de Kore, dos filhos de Asaph.

2 E foram os filhos de Meselemias: Zacharias o primogenito, Jediael o segundo, Zebadias o terceiro, Jathniel o quarto,

3 Elam o quinto, Johanan o sexto, Elioenai o setimo.

4 E os filhos d’Obed-edom foram: Semaias o primogenito, Jozabad o segundo, Joah o terceiro, e Sachar o quarto, e Nathanael o quinto,

5 Ammiel o sexto, Issacar o setimo, Peullethai o oitavo: porque Deus o tinha abençoado.

6 Tambem a seu filho Semaias nasceram filhos, que dominaram sobre a casa de seu pae; porque foram varões valentes.

7 Os filhos de Semaias: Othni, e Raphael, e Obed, e Elzabad, seus irmãos, homens valentes: Elihu e Semachias.

8 Todos estes foram dos filhos d’Obed-edom; elles e seus filhos, e seus irmãos, homens valentes de força para o ministerio: por todos sessenta e dois, de Obed-edom.

9 E os filhos e os irmãos de Mesalemias, homens valentes, foram dezoito.

10 E de [1] Hosa, d’entre os filhos de Merari, foram os filhos: Simri o chefe (ainda que não era o primogenito, comtudo seu pae o constituiu chefe),

11 Hilkias o segundo, Tabalias o terceiro, Zacharias o quarto: todos os filhos e irmãos de Hosa foram treze.

12 D’estes se fizeram as turmas dos porteiros, entre os chefes dos homens da guarda, egualmente com os seus irmãos, para ministrarem na casa do Senhor.

13 E lançaram sortes, assim os pequenos como os grandes, segundo as casas de seus paes, para cada porta.

14 E caiu a sorte do oriente a Selemias: e lançou-se a sorte por seu filho Zacharias, conselheiro entendido, e saiu-lhe a sorte do norte.

15 E por Obed-edom a do sul: e por seus filhos a casa das thesourarias.

16 Por Suppim e Hosa a do occidente, com a porta Sallecheth, junto ao caminho da subida: uma guarda defronte d’outra guarda.

17 Ao oriente seis levitas; ao norte quatro por dia, ao sul quatro por dia, porém ás thesourarias de dois em dois.

18 Em Parbar ao occidente: quatro junto ao caminho, dois junto a Parbar.

19 Estas são as turmas dos porteiros d’entre os filhos dos korahitas, e d’entre os filhos de Merari.

Os guardas dos thesouros.

20 E quanto aos levitas: [2] Ahias tinha cargo dos thesouros da casa de Deus e dos thesouros das coisas sagradas.

21 Quanto aos filhos de Ladan, filhos de Ladan gersonita: de Ladan gersonita, foi chefe dos paes Jehieli.

22 Os filhos de Jehieli: Zetham e Joel, seu irmão; estes tinham cargo dos thesouros da casa do Senhor.

23 Para os amramitas, para os isharitas, para os hebronitas, para os ozielitas.

24 E [3] Sebuel, filho de Gersom, o filho de Moysés, era maioral dos thesouros.

25 E seus irmãos foram, da banda de Eliezer, Rehabias seu filho, e Isaias seu filho, e Jorão seu filho, e Zichri seu filho, [4] e Selomith, seu filho.

26 Este Selomith e seus irmãos tinham cargo de todos os thesouros das coisas sagradas que o rei David e os chefes dos paes, capitães de milhares, e de centenas, e capitães do exercito tinham consagrado.

27 Dos despojos das guerras as consagraram, para repararem a casa do Senhor.

28 Como tambem tudo quanto tinha consagrado Samuel [5] o vidente, e Saul filho de Kis, e Abner filho de Ner, e Joab filho de Zeruia: tudo quanto quem quer tinha consagrado estava debaixo da mão de Selomith e seus irmãos.

Os officiaes e os juizes.

29 Dos isharitas, Chenanias, e seus filhos foram postos sobre Israel para a obra de fóra, [6] por officiaes e por juizes.

30 Dos hebronitas foram Hasabias e seus irmãos, homens valentes, mil e setecentos, que tinham cargo dos officios em Israel, de áquem do Jordão para o occidente, em toda a obra do Senhor, e para o serviço do rei.

31 Dos hebronitas era [7] Jerias o chefe dos hebronitas, de suas gerações entre os paes: no anno quarenta do reino de David se buscaram e acharam entre elles varões valentes em [8] Jaezer de Gilead.

32 E seus irmãos, homens valentes, dois mil e setecentos, chefes dos paes: e o rei David os constituiu sobre os rubenitas e os gaditas, e a meia tribu dos manassitas, para todos os negocios de Deus, [9] e para todos os negocios do rei.

[1] cap. 16.3.

[2] cap. 28.12. Mal. 3.10.

[3] cap. 23.16.

[4] cap. 23.18.

[5] I Sam. 9.9.

[6] cap. 23.4.

[7] cap. 23.19.

[8] Jos. 21.39.

[9] II Chr. 19.11.

[413]

O numero do povo, e as turmas de serviço para cada mez.

27 Estes são os filhos de Israel segundo o seu numero, os chefes dos paes, e os capitães dos milhares e das centenas, com os seus officiaes, que serviam ao rei em todos os negocios das turmas entrando e saindo de mez em mez, em todos os mezes do anno: cada turma de vinte e quatro mil.

2 Sobre a primeira turma do mez primeiro estava [1] Jasobeam, filho de Zabdiel: e em sua turma havia vinte e quatro mil.

3 Era este dos filhos de Phares, chefe de todos os capitães dos exercitos, para o primeiro mez.

4 E sobre a turma do segundo mez era Dodai, o ahohita, com a sua turma, cujo chefe era Mikloth: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

5 O terceiro capitão do exercito do terceiro mez era Benaias, filho de Joiada, official maior e chefe: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

6 Era este Benaias um varão [2] entre os trinta, e sobre os trinta: e sobre a sua turma estava Ammizabad, seu filho.

7 O quarto do quarto mez [3] Asael, irmão de Joab, e depois d’elle Zebadias, seu filho: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

8 O quinto do quinto mez o maioral Samhuth, o israhita: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

9 O sexto do sexto mez [4] Ira, filho de Ikkes, o tekoita: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

10 O setimo do setimo mez [5] Heles, o pelonita, dos filhos de Ephraim: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

11 O oitavo do oitavo mez [6] Sibbechai, o husathita, dos zarithas: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

12 O nono do nono mez [7] Abiezer, o anathotita, dos benjaminitas: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

13 O decimo do decimo mez [8] Maharai, o netophatita, dos zarithas: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

14 O undecimo do undecimo mez Benaia, [9] o pirathonita, dos filhos de Ephraim: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

15 O duodecimo do duodecimo mez Heldia, o nethophatita, de Othniel: tambem em sua turma havia vinte e quatro mil.

16 Porém sobre as tribus de Israel eram estes: sobre os rubenitas era chefe Eliezer, filho de Zichri; sobre os simeonitas Sephatias, filho de Maaca;

17 Sobre os levitas [10] Hasabias, filho de Kemuel; sobre os aaronitas Zadok;

18 Sobre Judah, [11] Elihu, dos irmãos de David; sobre Issacar, Omri, filho de Michael;

19 Sobre Zebulon, Irmaias, filho de Obadias; sobre Naphtali, Jerimoth, filho de Azriel;

20 Sobre os filhos de Ephraim, Hoseas, filho de Azazias; sobre a meia tribu de Manasseh Joel, filho de Pedaias;

21 Sobre a outra meia tribu de Manasseh em Gilead, Iddo, filho de Zacharias; sobre Benjamin, Jaasiel, filho de Abner;

22 Sobre Dan, Azarel, filho de Jeroham: estes eram os capitães das tribus d’Israel.

23 Não tomou porém David o numero dos de vinte annos e d’ahi para baixo, [12] porquanto o Senhor tinha dito que havia de multiplicar a Israel como as estrellas do céu.

24 Joab, filho de Zeruia, tinha começado a numeral-os, porém não acabou; [13] porquanto viera por isso grande ira sobre Israel: pelo que o numero se não poz na conta das chronicas do rei David.

25 E sobre os thesouros do rei estava Azmaveth, filho de Adiel; e sobre os thesouros da terra, das cidades, e das aldeias, e das torres, Jonathan, filho de Uzias,

26 E sobre os que faziam a obra do campo, na lavoura da terra, Ezri, filho de Chelub.

27 E sobre as vinhas Simei, o ramathita: porém sobre o que das vides entrava nos thesouros do vinho Zabdi, o siphmita.

28 E sobre os olivaes e figueiras bravas que havia nas campinas, Baal Hanan, o gederita: porém Joás sobre os thesouros do azeite.

29 E sobre os gados que pasciam em Saron, Sitrai, o saronita: porém sobre os gados dos valles, Saphat, filho de Adlai.

30 E sobre os camelos, Obil, o ishmaelita: e sobre as jumentas, Jehdias, o meronothita.

31 E sobre o gado miudo, Jaziz, o hagarita; todos estes eram maioraes da fazenda que tinha o rei David.

32 E Jonathan, tio de David, era do conselho, homem entendido, e tambem[414] escriba: e Jehiel, filho de Haemoni, estava com os filhos do rei.

33 E Achitophel [14] era do conselho do rei: e Husai, o archita, amigo do rei.

34 E depois de Achitophel, Joiada, filho de Benaias, [15] e Abiathar; porém Joab era chefe do exercito do rei.

[1] II Sam. 23.8. cap. 11.11.

[2] II Sam. 23.20, 22, 23. cap. 11.22, etc.

[3] II Sam. 23.24. cap. 11.26.

[4] cap. 11.28.

[5] cap. 11.27.

[6] II Sam. 21.18. cap. 11.29.

[7] cap. 11.28.

[8] II Sam. 23.28. cap. 11.30.

[9] cap. 11.31.

[10] cap. 26.30.

[11] I Sam. 16.6.

[12] Gen. 15.5.

[13] II Sam. 24.15. cap. 21.7.

[14] II Sam. 15.12. II Sam. 15.37 e 16.16.

[15] I Reis 1.7. cap. 11.6.

David exhorta os principes e seu filho Salomão.

28 Então David convocou em Jerusalem todos os principes de Israel, os [1] principes das tribus, e os capitães das turmas, que serviam o rei, e os capitães dos milhares, e os capitães das centenas, e os maioraes de toda a fazenda e possessão do rei, e de seus filhos, como tambem os eunuchos e varões, e todo o varão valente.

2 E poz-se o rei David em pé, e disse: Ouvi-me, irmãos meus, e povo meu: [2] Em meu coração propuz eu edificar uma casa de repouso para a arca do concerto do Senhor e para o escabello dos pés do nosso Deus, e eu tinha feito o preparo para a edificar.

3 Porém Deus me disse: [3] Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.

4 E o Senhor Deus de Israel escolheu-me [4] de toda a casa de meu pae, para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque a Judah escolheu por principe, [5] e a casa de meu pae na casa de Judah: e entre os filhos de meu pae se agradou de mim para me fazer reinar sobre todo o Israel.

5 E, [6] de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o Senhor), escolheu elle o meu filho Salomão para se assentar no throno do reino do Senhor sobre Israel.

6 E me disse: [7] Teu filho Salomão, elle edificará a minha casa e os meus atrios; porque o escolhi para filho, e eu lhe serei por pae.

7 E estabelecerei [8] o seu reino para sempre, se perseverar em cumprir os meus mandamentos e os meus juizos, como até ao dia de hoje.

8 Agora, pois, perante os olhos de todo o Israel, a congregação do Senhor, e perante os ouvidos do nosso Deus, guardae e buscae todos os mandamentos do Senhor vosso Deus, para que possuaes esta boa terra, e a façaes herdar a vossos filhos depois de vós, para sempre.

9 E tu, meu filho Salomão, [9] conhece o Deus de teu pae, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntaria; porque esquadrinha o Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos: se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-ha para sempre.

10 Olha pois agora, [10] porque o Senhor te escolheu para edificares uma casa para o sanctuario; esforça-te, e faze a obra.

David dá a Salomão o desenho do templo.

11 E deu David a Salomão, seu filho, [11] o risco do alpendre com as suas casarias, e as suas thesourarias, e os seus cenaculos, e as suas recamaras de dentro, como tambem da casa do propiciatorio.

12 E tambem o risco de tudo quanto tinha no seu animo, a saber; dos atrios da casa do Senhor, e de todas as camaras do redor, [12] para os thesouros da casa de Deus, e para os thesouros das coisas sagradas:

13 E das turmas dos sacerdotes, e dos levitas, e de toda a obra do ministerio da casa do Senhor, e de todos os vasos do ministerio da casa do Senhor.

14 O oiro deu, segundo o peso do oiro, para todos os vasos de cada ministerio: tambem a prata, por peso, para todos os vasos de prata, para todos os vasos de cada ministerio:

15 E o peso para os castiçaes de oiro, e suas candeias de oiro, segundo o peso de cada castiçal e as suas candeias: tambem para os castiçaes de prata, segundo o peso do castiçal e as suas candeias, segundo o ministerio de cada castiçal.

16 Tambem deu o oiro por peso para as mesas da proposição, para cada mesa: como tambem a prata para as mesas de prata.

17 E oiro puro para os garfos, e para as bacias, e para as escudelas, e para as taças de oiro, para cada taça seu peso; como tambem para as taças de prata, para cada taça seu peso.

18 E para o altar do incenso, oiro purificado, por seu peso: como tambem o oiro para o modelo do carro, a saber, dos cherubins, [13] que haviam de estender as azas, e cobrir a arca do concerto do Senhor.

19 Tudo isto, disse David, por escripto me deram a entender por mandado do[415] Senhor, a saber, [14] todas as obras d’este risco.

20 E disse David a Salomão seu filho: [15] Esforça-te e tem bom animo, e obra; não temas, nem te espavoreças; porque o Senhor Deus, meu Deus, ha de ser comtigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes toda a obra do serviço da casa do Senhor.

21 E eis que ahi tens as turmas [16] dos sacerdotes e dos levitas para todo o ministerio da casa de Deus: estão tambem comtigo, [17] para toda a obra, voluntarios com sabedoria de toda a especie para todo o ministerio; como tambem todos os principes, e todo o povo, para todos os teus mandados.

[1] cap. 27.16. cap. 27.1, 2. cap. 27.25. cap. 11.10.

[2] II Sam. 7.2.

[3] II Sam. 7.5, 13. I Reis 5.3. cap. 17.4 e 22.8.

[4] I Sam. 16.7-13. Gen. 49.8. cap. 5.2.

[5] I Sam. 16.1. I Sam. 16.12, 13.

[6] cap. 3.1, etc. e 23.1. cap. 22.9.

[7] II Sam. 7.13, 14. cap. 22.9, 10. II Chr. 1.9.

[8] cap. 22.13.

[9] Jer. 9.24. Ose. 4.1. João 17.3. II Reis 20.3. I Sam. 16.7. I Reis 8.39. cap. 29.17.

[10] ver. 6.

[11] Exo. 25.40. ver. 19.

[12] cap. 26.20.

[13] Exo. 25.18-22. I Sam. 4.4. I Reis 6.23, etc.

[14] Exo. 25.40. ver. 11, 12.

[15] Deu. 31.7, 8. Jos. 1.6, 7, 9. cap. 22.13. Jos. 1.5.

[16] cap. 24 e 25 e 26.

[17] Exo. 35.25, 26 e 36.1, 2.

As offertas de David, dos principes, e do povo para a construcção do templo.

29 Disse mais o rei David a toda a congregação: Salomão meu filho, a quem só Deus escolheu, [1] é ainda moço e tenro, e esta obra é grande; porque não é o palacio para homem, senão para o Senhor Deus.

2 Eu pois com todas as minhas forças tenho preparado para a casa de meu Deus oiro para as obras de oiro, e prata para as de prata, e cobre para as de cobre, ferro para as de ferro e madeira para as de madeira, pedras sardonicas, [2] e as de engaste, e pedras ornatorias, e obra de embutido, e toda a sorte de pedras preciosas, e pedras marmoreas em abundancia.

3 E ainda, na minha propria vontade para a casa de meu Deus, o oiro e prata particular que tenho de mais eu dou para a casa do meu Deus, afóra tudo quanto tenho preparado para a casa do sanctuario.

4 Tres mil talentos de oiro, [3] do oiro de Ophir: e sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as paredes das casas:

5 Oiro para os vasos de oiro, e prata para os de prata; e para toda a obra da mão dos artifices. Quem pois está disposto a encher a sua mão, para offerecer hoje voluntariamente ao Senhor?

6 Então [4] os chefes dos paes, e os principes das tribus d’Israel, e os capitães dos milhares e das centenas, até os capitães da obra do rei, voluntariamente contribuiram;

7 E deram para o serviço da casa de Deus cinco mil talentos de oiro, e dez mil drachmas, e dez mil talentos de prata, e dezoito mil talentos de cobre, e cem mil talentos de ferro.

8 E os que se acharam com pedras preciosas, as deram para o thesouro da casa do Senhor, [5] na mão de Jehiel o gersonita.

9 E o povo se alegrou do que deram voluntariamente; porque com coração perfeito [6] voluntariamente deram ao Senhor: e tambem o rei David se alegrou com grande alegria.

10 Pelo que David louvou ao Senhor perante os olhos de toda a congregação; e disse David: Bemdito és tu, Senhor, Deus de nosso pae Israel, de eternidade em eternidade.

11 Tua [7] é, Senhor, a magnificencia, e o poder, e a honra, e a victoria, e a magestade; porque teu é tudo quanto ha nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos por chefe.

12 E riquezas e gloria veem de diante de ti, [8] e tu dominas sobre tudo, e na tua mão ha força e poder: e na tua mão está o engrandecer e esforçar a tudo.

13 Agora pois, ó Deus nosso, graças te damos, e louvamos o nome da tua gloria.

14 Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivessemos poder para tão voluntariamente dar similhantes coisas? porque tudo vem de ti, e da tua mão t’o damos.

15 Porque [9] somos estranhos diante de ti, e peregrinos como todos os nossos paes: como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e não ha outra esperança.

16 Senhor, Deus nosso, toda esta abundancia, que preparámos, para te edificar uma casa ao teu sancto nome, vem da tua mão, e toda é tua.

17 E bem sei eu, Deus meu, [10] que tu provas os corações, e que das sinceridades te agradas: eu tambem na sinceridade de meu coração voluntariamente dei todas estas coisas: e agora vi com alegria que o teu povo, que se acha aqui, voluntariamente te deu.

18 Senhor, Deus de nossos paes Abrahão, Isaac, e Israel, conserva isto para sempre no intento dos pensamentos do coração de teu povo; e encaminha o seu coração para ti.

19 E a Salomão, meu filho, dá um coração perfeito, para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos, e os teus estatutos; e para fazer tudo, [11] e para[416] edificar este palacio que tenho preparado.

20 Então disse David a toda a congregação: Agora louvae ao Senhor vosso Deus. Então toda a congregação louvou ao Senhor Deus de seus paes, e inclinaram-se, e prostraram-se perante o Senhor, e perante o rei.

21 E ao outro dia sacrificaram ao Senhor sacrificios, e offereceram holocaustos ao Senhor, mil bezerros, mil carneiros, mil cordeiros, com as suas libações; e sacrificios em abundancia por todo o Israel.

22 E comeram e beberam n’aquelle dia perante o Senhor, com grande gozo: e a segunda vez fizeram rei a Salomão filho de David, [12] e o ungiram ao Senhor por [LI] guia, e a Zadok por sacerdote.

23 Assim Salomão se assentou no throno do Senhor, rei, em logar de David seu pae, e prosperou: e todo o Israel lhe deu ouvidos.

24 E todos os principes, e os varões, e até todos os filhos do rei David, [13] deram a mão de que estariam debaixo do rei Salomão.

25 E o Senhor magnificou a Salomão grandissimamente, perante os olhos de todo o Israel: [14] e deu-lhe magestade real, qual antes d’elle não teve nenhum rei em Israel.

26 Assim David, filho de Jessé, reinou sobre todo o Israel.

27 E foram [15] os dias que reinou sobre Israel, quarenta annos: em Hebron reinou sete annos, e em Jerusalem reinou trinta e tres.

28 E morreu [16] n’uma boa velhice, cheio de dias, riquezas e gloria: e Salomão seu filho, reinou em seu logar.

29 Os successos pois do rei David, assim os primeiros como os ultimos, eis que estão escriptos nas chronicas de Samuel, o vidente, e nas chronicas do propheta Nathan, e nas chronicas de Gad, o vidente;

30 Juntamente com todo o seu reino e o seu poder; [17] e os tempos que passaram sobre elle, e sobre Israel, e sobre todos os reinos d’aquellas terras.

[1] I Reis 3.7. cap. 22.5. Pro. 4.3.

[2] Isa. 54.11, 12. Apo. 21.18, etc.

[3] I Reis 9.28.

[4] cap. 27.1. cap. 27.25, etc.

[5] cap. 26.21.

[6] II Cor. 9.7.

[7] Mat. 6.13. I Tim. 1.17. Apo. 5.13.

[8] Rom. 11.36.

[9] Heb. 11.13. I Ped. 2.11. Job 14.2.

[10] I Sam. 16.7. cap. 28.9. Pro. 11.20.

[11] ver. 2. cap. 22.14.

[12] I Reis 1.35, 39.

[13] Ecc. 8.2.

[14] I Reis 3.13. II Chr. 1.12. Ecc. 2.9.

[15] II Sam. 5.4. I Reis 2.11. II Sam. 5.5.

[16] Gen. 25.8. cap. 23.1.

[17] Dan. 2.21.


O SEGUNDO LIVRO DAS CHRONICAS.

Salomão offerece sacrificios.

Antes de Christo 1015

1 E Salomão, [1] filho de David, se esforçou no seu reino; e o Senhor seu Deus era com elle, e o magnificou grandemente.

2 E fallou Salomão a todo o Israel, aos capitães [2] de milhares e das centenas, e aos juizes, e a todos os principes em todo o Israel, chefes dos paes.

3 E foram Salomão e toda a congregação com elle ao alto que estava em [3] Gibeon; porque ali estava a tenda da congregação de Deus, que Moysés, servo do Senhor, tinha feito no deserto.

4 Mas David tinha feito [4] subir a arca de Deus de Kiriath-jearim ao logar que David lhe tinha preparado; porque lhe tinha armado uma tenda em Jerusalem.

5 Tambem o altar de [5] cobre que tinha feito Besaleel, filho d’Uri, filho d’Hur, estava ali diante do tabernaculo do Senhor: e Salomão e a congregação [LJ] o visitavam.

6 E Salomão offereceu ali sacrificios perante o Senhor, sobre o altar de cobre que estava na tenda da congregação, [6] e offereceu sobre elle mil holocaustos.

Salomão pede a Deus sabedoria.

7 N’aquella [7] mesma noite Deus appareceu a Salomão, e disse-lhe: Pede o que quizeres que eu te dê.

8 E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande beneficencia com meu pae David: e a mim me fizeste [8] rei em seu logar.

9 Agora pois, ó Senhor Deus, confirme-se a tua palavra, dada a meu pae David; [9] porque tu me fizeste reinar sobre um povo numeroso como o pó da terra.

[417]

10 Dá-me [10] pois agora sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo: porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?

11 Então Deus [11] disse a Salomão: Porquanto houve isto no teu coração, e não pediste riquezas, fazenda, ou honra, nem a morte dos que te aborrecem, nem tão pouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te puz rei,

12 Sabedoria e conhecimento te são dados: e te darei [12] riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhuns reis antes de ti tiveram: e depois de ti taes não haverá.

As forças e as riquezas de Salomão.

13 Assim Salomão veiu a Jerusalem, do alto que está em Gibeon, de diante da tenda da congregação: e reinou sobre Israel.

14 E Salomão ajuntou [13] carros e cavalleiros, e teve mil e quatrocentos carros, e doze mil cavalleiros: e pôl-os nas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalem.

15 E fez o rei que [14] houvesse oiro e prata em Jerusalem como pedras: e cedros em tanta abundancia como [LK] figueiras bravas que ha pelas campinas.

16 E os cavallos, [15] que tinha Salomão, se traziam do Egypto, e, [LL] quanto ao fio de linho os mercadores do rei tomavam o fio de linho por um certo preço.

17 E faziam subir e sair do Egypto cada carro por seiscentos siclos de prata, e cada cavallo por cento e cincoenta; e assim por meio d’elles os tiravam para todos os reis dos hetheos, e para os reis da Syria.

[1] I Reis 2.46. Gen. 39.2. I Chr. 29.25.

[2] I Chr. 27.1.

[3] I Reis 3.4. I Chr. 16.39 e 21.29.

[4] II Sam. 6.2, 17. I Chr. 15.1.

[5] Exo. 27.1, 2 e 38.1, 2. Exo. 31.2.

[6] I Reis 3.4.

[7] I Reis 3.5, 6.

[8] I Chr. 28.5.

[9] I Reis 3.7, 8.

[10] I Reis 3.9. Num. 27.17. Deu. 31.2.

[11] I Reis 3.11, 12, 13.

[12] I Chr. 29.25. cap. 9.22. Ecc. 2.9.

[13] I Reis 4.26 e 10.26, etc. cap. 9.25.

[14] I Reis 10.27. cap. 9.27. Job 22.24.

[15] I Reis 10.28, 29. cap. 9.28.

Salomão pede a Hirão, rei de Tyro, que o ajude na construcção do templo.

2 E determinou [1] Salomão edificar uma casa ao nome do Senhor, como tambem uma casa para o seu reino.

2 E contou Salomão [2] setenta mil homens de carga, e oitenta mil, que cortassem na montanha; e tres mil e seiscentos inspectores sobre elles.

3 E Salomão enviou a Hurão, rei de Tyro, dizendo: [3] Como usaste com David meu pae, e lhe mandaste cedros, para edificar-se uma casa em que morasse, assim tambem usa comigo.

4 Eis-que estou [4] para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante elle incenso aromatico, e para o pão continuo da proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde, para [5] os sabbados, e para as luas novas, e para as festividades do Senhor nosso Deus: o que é perpetuamente a obrigação d’Israel.

5 E a casa que estou para edificar ha de ser grande; porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.

6 Porém [6] quem teria a força, para lhe edificar uma casa? visto que os céus e até os céus dos céus o não podem conter: e quem sou eu, que lhe edificasse casa, salvo para queimar incenso perante elle?

7 Manda-me pois agora um homem sabio para obrar em oiro, e em prata, e em bronze, e em ferro, e em purpura, e em carmezim, e em azul; e que saiba lavrar ao buril, juntamente com os sabios que estão comigo em Judah e em Jerusalem, [7] os quaes David meu pae preparou.

8 Manda-me [8] tambem madeira de cedros, faias, e [LM] algums do Libano; porque bem sei eu que os teus servos sabem cortar madeira no Libano; e eis-que os meus servos estarão com os teus servos.

9 E isso para prepararem muita madeira; porque a casa que estou para fazer ha de ser grande e maravilhosa.

10 E [9] eis-que a teus servos, os cortadores, que cortarem a madeira, darei vinte mil coros de trigo malhado, e vinte mil coros de cevada, e vinte mil batos de vinho, e vinte mil batos d’azeite.

11 E Hurão, rei de Tyro, respondeu por escripto, e enviou a Salomão, dizendo: Porquanto o Senhor ama [10] o seu povo, te poz sobre elle rei.

12 Disse mais Hurão; Bemdito seja [11] o Senhor Deus d’Israel, que fez os céus e a terra; o que deu ao rei David um filho sabio, de grande prudencia e entendimento, que edifique casa ao Senhor, e para o seu reino.

13 Agora pois envio um homem sabio de grande entendimento, a saber [LN] Hurão Abihu,

[418]

14 Filho [12] d’uma mulher das filhas de Dan, e cujo pae foi homem de Tyro; este sabe lavrar em oiro, e em prata, em bronze, em ferro, em pedras e em madeira, em purpura, em azul, e em linho fino, e em carmezim, e é capaz para toda a obra do buril, e para todas as engenhosas invenções, qualquer coisa que se lhe propuzer, juntamente com os teus sabios, e os sabios de David, meu senhor, teu pae.

15 Agora pois, [13] meu senhor, mande para os seus servos o trigo, e a cevada, e o azeite, e o vinho, de que fallou.

16 E nós [14] cortaremos tanta madeira no Libano, quanta houveres mister, e t’a traremos em jangadas pelo mar a Japho, e tu a farás subir a Jerusalem.

17 E Salomão [15] contou a todos os homens estranhos, que havia na terra d’Israel, conforme a conta [16] com que os contara David seu pae: e acharam-se cento e cincoenta e tres mil e seiscentos.

18 E fez d’elles setenta mil carreteiros, e oitenta mil cortadores na montanha: como tambem tres mil e seiscentos inspectores, para fazerem trabalhar o povo.

[1] I Reis 5.5.

[2] ver. 18. I Reis 5.15.

[3] I Chr. 14.1.

[4] ver. 1. Exo. 30.7. Exo. 25.30. Lev. 24.8.

[5] Num. 28.3, 9, 11.

[6] I Reis 8.27. cap. 6.18. Isa. 66.1.

[7] I Chr. 22.15.

[8] I Reis 5.6.

[9] I Reis 5.11.

[10] I Reis 10.9. cap. 9.8.

[11] I Reis 5.7. Gen. 1 e 2. Act. 4.24 e 14.15, 16. Apo. 10.

[12] I Reis 7.13, 14.

[13] ver. 10.

[14] I Reis 5.8, 9.

[15] ver. 2. I Reis 5.13, 15, 16 e 9.20, 21. cap. 8.7, 8.

[16] I Chr. 22.2.

A construcção do templo começa.

Antes de Christo 1012

3 E começou Salomão [1] a edificar a casa do Senhor em Jerusalem, no monte de Moria, onde o Senhor se tinha mostrado a David seu pae, no logar que David tinha preparado na [2] eira d’Ornan, jebuseo.

2 E começou a edificar no segundo mez, no dia segundo, no anno quarto do seu reinado.

3 E estes foram os fundamentos [3] que Salomão poz para edificar a casa de Deus: o comprimento em covados, segundo a medida primeira, de sessenta covados, e a largura de vinte covados.

4 E o alpendre, [4] que estava na frente, de comprimento segundo a largura da casa, era de vinte covados, e a altura de cento e vinte: o que dentro cobriu com oiro puro.

5 E a casa grande cobriu [5] com madeira de faia; e então a cobriu com oiro fino: e fez sobre ella palmas e cadeias.

6 Tambem a casa adornou de pedras preciosas para ornamento: e o oiro era oiro de Parvaim.

7 Tambem na casa cobriu as traves, os umbraes, e as suas paredes, e as suas portas, com oiro: e lavrou cherubins nas paredes.

8 Fez mais a casa [LO] da sanctidade das sanctidades, cujo comprimento, segundo a largura da casa, era de vinte covados, e a sua largura de vinte covados: e cobriu-a de oiro fino, do peso de seiscentos talentos.

9 O peso dos pregos era de cincoenta siclos d’oiro: e os cenaculos cobriu d’oiro.

Os dois cherubins.

10 Tambem fez [6] na casa da sanctidade das sanctidades dois cherubins [LP] de feição d’andantes, e cobriu-os d’oiro.

11 E, quanto ás azas dos cherubins, o seu comprimento era de vinte covados; a aza d’um d’elles de cinco covados, e tocava na parede da casa; e a outra aza de cinco covados, e tocava na aza do outro cherubim.

12 Tambem a aza do outro cherubim era de cinco covados, e tocava na parede da casa: era tambem a outra aza de cinco covados, e estava pegada á aza do outro cherubim.

13 E as azas d’estes cherubins se estendiam vinte covados: e estavam postos em pé, e os seus rostos virados para a casa.

14 Tambem fez o véu [7] de azul, e purpura, e carmezim, e linho fino: e poz sobre elle cherubins.

15 Fez tambem diante da casa duas columnas [8] de trinta e cinco covados d’altura; e o capitel, que estava sobre cada uma, era de cinco covados.

16 Tambem fez as cadeias, como no oraculo, e as poz sobre as cabeças das columnas; fez tambem cem romãs, as quaes poz entre as cadeias.

17 E levantou as [9] columnas diante do templo, uma á direita, e outra á esquerda; e chamou o nome da que estava á direita [LQ] Jachin, e o nome da que estava á esquerda Boaz.

[1] I Reis 6.1, etc. Gen. 22.2, 14.

[2] I Chr. 21.18 e 22.1.

[3] I Reis 6.2.

[4] I Reis 6.3.

[5] I Reis 6.17.

[6] I Reis 6.23, etc.

[7] Exo. 26.31. Mat. 27.51. Heb. 9.3.

[8] I Reis 7.15-21. Jer. 52.21.

[9] I Reis 7.20. I Reis 7.21.

O altar e o mar de bronze.

4 Tambem fez [1] um altar de metal de vinte covados de comprimento, e de vinte covados de largura, e de dez covados d’altura.

2 Fez tambem [2] o mar de fundição, de dez covados d’uma borda até a outra, redondo ao redor, e de cinco covados d’alto; cingia-o em roda um cordão de trinta covados.

[419]

3 E por baixo [3] d’elle havia figuras de bois, que ao redor o cingiam, e por dez covados cercavam aquelle mar ao redor: e tinha duas carreiras de bois, fundidos na sua fundição.

4 E estava sobre doze bois, tres que olhavam para o norte, e tres que olhavam para o occidente, e tres que olhavam para o sul, e tres que olhavam para o oriente; e o mar estava posto sobre elles: e as suas partes posteriores eram para a banda de dentro.

5 E tinha um palmo de grossura, e a sua borda foi feita como a borda d’um copo, ou como uma flôr de lis, da capacidade de tres mil batos.

6 Tambem fez [4] dez pias; e poz cinco á direita, e cinco á esquerda, para lavarem n’ellas; o que pertencia ao holocausto o lavavam n’ellas: porém o mar era para que os sacerdotes se lavassem n’elle.

7 Fez [5] tambem dez castiçaes d’oiro, segundo a sua forma, e pôl-os no templo, cinco á direita, e cinco á esquerda.

8 Tambem fez [6] dez mesas, e pôl-as no templo, cinco á direita, e cinco á esquerda: tambem fez cem bacias d’oiro.

9 Fez mais [7] o pateo dos sacerdotes, e o pateo grande: como tambem as portadas para o pateo, e as suas portas cobriu de cobre.

10 E [8] o mar poz ao lado direito, para a banda do oriente, defronte do sul.

11 Tambem Hurão [9] fez as caldeiras, e as pás, e as bacias: assim acabou Hurão de fazer a obra, que fazia para o rei Salomão, na casa de Deus.

12 As duas columnas, e os globos, e os dois capiteis [10] sobre as cabeças das columnas: e as duas redes, para cobrir os dois globos dos capiteis, que estavam sobre a cabeça das columnas.

13 E as quatrocentas [11] romãs para as duas redes: duas carreiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capiteis que estavam em cima das columnas.

14 Tambem fez [12] as bases: e as pias poz sobre as bases;

15 Um mar, e os doze bois debaixo d’elle;

16 Similhantemente os potes, e as pás, e os garfos, e todos os seus vasos, fez Hurão Abihu [13] ao rei Salomão, para a casa do Senhor, de cobre purificado.

17 Na campina [14] do Jordão os fundiu o rei na terra argillosa, entre Succoth e Zeredatha.

18 E fez Salomão todos [15] estes vasos em grande abundancia: porque o peso do cobre se não esquadrinhava.

19 Fez [16] tambem Salomão todos os vasos que eram para a casa de Deus: como tambem o altar d’oiro, e as mesas, sobre as quaes estavam os pães da proposição.

20 E os castiçaes com as suas alampadas d’oiro finissimo, para as accenderem segundo [17] o costume, perante o oraculo.

21 E as flores, [18] e as alampadas, e os [LR] espivitadores d’oiro, do mais perfeito oiro.

22 Como tambem os [LS] garfos, e as bacias, e as [LT] taças, e os incensarios d’oiro finissimo: e quanto á entrada da casa, as suas portas de dentro da sanctidade das sanctidades, e as portas da casa do templo, eram d’oiro.

[1] Exo. 27.1, 2. II Reis 16.14. Eze. 43.13, 16.

[2] I Reis 7.23.

[3] I Reis 7.24, 25, 26.

[4] I Reis 7.26. I Reis 7.38.

[5] I Reis 7.49. Exo. 25.31, 40. I Chr. 28.12, 19.

[6] I Reis 7.48.

[7] I Reis 6.36.

[8] I Reis 7.39.

[9] I Reis 7.40.

[10] I Reis 7.41.

[11] I Reis 7.20.

[12] I Reis 7.27, 43.

[13] I Reis 7.14, 45.

[14] I Reis 7.46.

[15] I Reis 7.47.

[16] I Reis 7.48, 49, 50. Exo. 25.30.

[17] Exo. 27.20, 21.

[18] Exo. 25.31, etc.

5 Assim se acabou toda a obra, que Salomão fez para a casa do Senhor, então trouxe [1] Salomão as coisas consagradas de seu pae David, e a prata, e o oiro, e todos os vasos, e pôl-os entre os thesouros da casa de Deus.

A arca é levada para o sanctuario do templo.

Antes de Christo 1004

2 Então [2] Salomão convocou em Jerusalem os anciãos de Israel, e a todos os chefes das tribus, os principes dos paes entre os filhos d’Israel, para fazerem [3] subir a arca do concerto do Senhor, da cidade de David, que é Sião.

3 E todos os homens [4] d’Israel se congregaram ao rei na festa, que era no setimo mez.

4 E vieram todos os anciãos d’Israel; e os levitas levantaram a arca.

5 E fizeram subir a arca, e a tenda da congregação, com todos os vasos sagrados, que estavam na tenda: os sacerdotes e os levitas os fizeram subir.

6 Então o rei Salomão, e toda a congregação d’Israel, que se tinha congregado com elle diante da arca, sacrificaram carneiros, e bois, que se não podiam contar, nem numerar, por causa da sua multidão.

7 Assim trouxeram os sacerdotes a arca do concerto do Senhor ao seu logar, ao oraculo da casa, á [LU] sanctidade das sanctidades, até debaixo das azas dos cherubins.

8 Porque os cherubins estendiam ambas[420] as azas sobre o logar da arca, e os cherubins por cima cobriam a arca e os seus varaes.

9 Então os varaes sobresairam para que as pontas dos varaes da arca se vissem perante o oraculo, mas não se vissem de fóra: e esteve ali até o dia d’hoje.

10 Na arca não havia, senão sómente as duas taboas, que Moysés tinha posto junto a [5] Horeb, quando o Senhor fez concerto com os filhos d’Israel, saindo elles do Egypto.

11 E succedeu que, saindo os sacerdotes do sanctuario (porque todos os sacerdotes, que se acharam, se sanctificaram, sem guardarem as suas turmas.

12 E [6] os levitas, cantores de todos elles, d’Asaph, d’Heman, de Jeduthun, e de seus filhos, e de seus irmãos, vestidos de linho fino, com cymbalos, e com alaudes, e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e [7] com elles até cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas),

13 Elles uniformemente tocavam as trombetas, e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bemdizendo e louvando ao Senhor: e levantando elles a voz com trombetas, e cymbalos, e outros instrumentos musicos, e bemdizendo ao Senhor, porque era bom, [8] porque a sua benignidade durava para sempre, a casa se encheu d’uma nuvem, a saber: a casa do Senhor.

14 E não podiam os sacerdotes ter-se em pé, para ministrar, por causa da nuvem: porque [9] a gloria do Senhor encheu a casa de Deus.

[1] I Reis 7.51.

[2] I Reis 8.1, etc.

[3] II Sam. 6.13.

[4] I Reis 8.2. cap. 7.8, 9, 10.

[5] Deu. 10.2, 5. cap. 6.11.

[6] I Chr. 25.1.

[7] I Chr. 15.24.

[8] I Chr. 16.34, 41.

[9] Exo. 40.35. cap. 7.2.

Salomão abençoa o povo e dá graças ao Deus de Israel.

6 Então [1] disse Salomão: O Senhor tem dito que habitaria nas trevas.

2 E eu te tenho edificado uma casa para morada, e um logar para a tua eterna habitação.

3 Então o rei virou o seu rosto, e abençoou a toda a congregação d’Israel, e toda a congregação d’Israel estava em pé.

4 E elle disse: Bemdito seja o Senhor Deus d’Israel, que fallou pela sua bocca a David meu pae; e pelas suas mãos o cumpriu, dizendo:

5 Desde o dia em que tirei a meu povo da terra do Egypto, não escolhi cidade alguma de todas as tribus d’Israel, para edificar n’ella uma casa em que estivesse o meu nome; nem escolhi homem algum para ser chefe do meu povo, Israel.

6 Porém escolhi [2] a Jerusalem, para que ali estivesse o meu nome; e escolhi a David, para que tivesse cargo do meu povo, Israel.

7 Tambem David [3] meu pae teve no seu coração o edificar uma casa ao nome do Senhor, Deus d’Israel.

8 Porém o Senhor disse a David meu pae: Porquanto tiveste no teu coração o edificar uma casa ao meu nome, bem fizeste, de ter isto no teu coração.

9 Comtudo tu não edificarás a casa, mas teu filho, que ha de proceder de teus lombos, esse edificará a casa ao meu nome.

10 Assim confirmou o Senhor a sua palavra, que elle fallou; porque eu me levantei em logar de David meu pae, e me assentei sobre o throno d’Israel, como o Senhor disse, e edifiquei a casa ao nome do Senhor, Deus d’Israel.

11 E puz n’ella a arca, em que está o concerto do Senhor [4] que fez com os filhos d’Israel.

A oração de Salomão.

12 E poz-se [5] em pé perante o altar do Senhor, defronte de toda a congregação d’Israel, e estendeu as suas mãos.

13 Porque Salomão tinha feito uma base de metal, de cinco covados de comprimento, e de cinco covados de largura, e de tres covados d’altura, e a tinha posto no meio do pateo, e poz-se n’ella em pé, e ajoelhou-se de joelhos em presença de toda a congregação d’Israel, e estendeu as suas mãos para o céu:

14 E disse: Ó Senhor, Deus d’Israel, não ha Deus similhante [6] a ti, nem nos céus nem na terra; que guardas o concerto e a beneficencia aos teus servos que caminham perante ti de todo o seu coração.

15 Que guardaste [7] ao teu servo David, meu pae, o que lhe fallaste: porque tu pela tua bocca o disseste, e pela tua mão o cumpriste, como se vê n’este dia.

16 Agora pois, Senhor, Deus d’Israel, guarda ao teu servo David, meu pae, o que fallaste, dizendo: Nunca faltará [8] de ti varão de diante de mim que se assente sobre o throno d’Israel; tão sómente que teus filhos guardem seu caminho, andando na minha lei, como tu andaste diante de mim.

17 E agora, Senhor Deus d’Israel,[421] verifique-se a tua palavra, que fallaste ao teu servo, a David.

18 Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? eis que [9] os céus e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado?

19 Attende pois á oração do teu servo, e á sua supplica, ó Senhor meu Deus: para ouvires o clamor, e a oração, que o teu servo ora perante ti.

20 Que os teus olhos estejam dia e noite abertos sobre este logar, de que disseste que ali porias o teu nome; para ouvires a oração que o teu servo orar n’este logar.

21 Ouve pois as supplicas do teu servo, e do teu povo Israel, que orarem n’este logar; e ouve tu do logar da tua habitação, desde os céus; ouve pois, e perdoa.

22 Quando alguem peccar contra o seu proximo, e lhe impuzer juramento de maldição, para se amaldiçoar a si mesmo, e o juramento de maldição vier perante o teu altar, n’esta casa,

23 Ouve tu então desde os céus, e obra, e julga a teus servos, pagando ao impio, lançando o seu proceder sobre a sua cabeça: e justificando ao justo, dando-lhe segundo a sua justiça.

24 Quando tambem o teu povo Israel fôr ferido diante do inimigo, por ter peccado contra ti, e elles se converterem, e confessarem o teu nome, e orarem e supplicarem perante ti n’esta casa,

25 Então ouve tu desde os céus, e perdoa os peccados de teu povo Israel; e fal-os tornar á terra que lhes tens dado a elles e a seus paes.

26 Quando os céus se [10] cerrarem, e não houver chuva, por terem peccado contra ti, e orarem n’este logar, e confessarem teu nome, e se converterem dos seus peccados, quando tu os affligires,

27 Então ouve tu desde os céus, e perdoa o peccado de teus servos, e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva sobre a tua terra, que déste ao teu povo em herança.

28 Havendo fome [11] na terra, havendo peste, havendo queimadura dos trigos, ou ferrugem, gafanhotos, ou lagarta, cercando-a algum dos seus inimigos nas terras das suas portas, ou quando houver qualquer praga, ou qualquer enfermidade,

29 Toda a oração, e toda a supplica, que qualquer homem fizer, ou todo o teu povo Israel, conhecendo cada um a sua praga, e a sua dôr, e estender as suas mãos para esta casa,

30 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e perdoa, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, segundo conheces [12] o seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens),

31 A fim de que te temam, para andarem nos teus caminhos, todos os dias que viverem na terra que déste a nossos paes.

32 Assim tambem ao estrangeiro, que [13] não fôr do teu povo Israel, mas vier de terras remotas por amor do teu grande nome, e da tua poderosa mão, e do teu braço estendido: vindo elles e orando n’esta casa,

33 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e faze conforme a tudo o que o estrangeiro te supplicar; a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, e te temam, como o teu povo Israel; e afim de saberem que pelo teu nome é chamada esta casa que edifiquei.

34 Quando o teu povo sair á guerra contra os seus inimigos, pelo caminho que os enviares, e orarem a ti para a banda d’esta cidade que escolheste, e d’esta casa, que edifiquei ao teu nome;

35 Ouve então desde os céus a sua oração, e a sua supplica, e executa o seu direito.

36 Quando peccarem contra ti (pois não ha homem [14] que não peque), e tu te indignares contra elles, e os entregares diante do inimigo, para que os que os captivarem os levem em captiveiro para alguma terra, remota ou visinha,

37 E na terra, para onde forem levados em captiveiro, tornarem em si, e se converterem, e na terra do seu captiveiro, a ti supplicarem, dizendo: Peccámos, perversamente fizemos, e impiamente obrámos;

38 E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu captiveiro, a que os levaram presos, e orarem para a banda da sua terra, que déste a seus paes, e d’esta cidade que escolheste, e d’esta casa que edifiquei ao teu nome,

39 Ouve então desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas supplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que houver peccado contra ti.

40 Agora pois, ó meu Deus, estejam os teus olhos abertos, e os teus ouvidos attentos á oração d’este logar.

41 Levanta-te pois agora, Senhor Deus, para o teu repouso, [15] tu e a arca da tua[422] fortaleza: os teus sacerdotes, ó Senhor Deus, sejam vestidos de salvação, e os teus sanctos se [16] alegrem do bem.

42 Ah! Senhor Deus, não faças virar o rosto do teu ungido: lembra-te [17] das misericordias de David teu servo.

[1] I Reis 8.12, etc. Lev. 16.2.

[2] cap. 12.13. I Chr. 28.4.

[3] II Sam. 7.2. I Chr. 17.1 e 28.2.

[4] cap. 5.10.

[5] I Reis 8.22.

[6] Exo. 15.11. Deu. 4.39 e 7.9.

[7] I Chr. 22.9.

[8] II Sam. 7.12, 16. I Reis 2.4 e 6.12. cap. 7.18.

[9] II Sam. 6.13.

[10] I Reis 17.1.

[11] cap. 20.9.

[12] I Chr. 28.9.

[13] João 12.20. Act. 8.27.

[14] Pro. 20.9. Ecc. 7.20. Thi. 3.2. I João 1.8.

[15] I Chr. 28.2.

[16] Neh. 9.25.

[17] Isa. 55.3.

O fogo e a gloria de Deus são os signaes da sua approvação.

7 E acabando [1] Salomão de orar, desceu o fogo do céu, e consumiu o holocausto e os sacrificios: e a gloria do Senhor encheu a casa.

2 E [2] os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor; porque a gloria do Senhor tinha enchido a casa do Senhor.

3 E todos os filhos d’Israel vendo descer o fogo, e a gloria do Senhor sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao Senhor: porque é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

4 E [3] o rei e todo o povo offereciam sacrificios perante o Senhor.

5 E o rei Salomão offereceu sacrificios de bois, vinte e dois mil, e d’ovelhas cento e vinte mil: e o rei e todo o povo consagraram a casa de Deus.

6 E os sacerdotes segundo as suas turmas estavam [4] em pé; como tambem os levitas com os instrumentos musicos do Senhor, que o rei David tinha feito, para louvarem ao Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre, quando David o louvava pelo ministerio d’elles: e os sacerdotes tocavam [5] as trombetas defronte d’elles, e todo o Israel estava em pé.

7 E Salomão [6] sanctificou o meio do pateo, que estava diante da casa do Senhor; porquanto ali tinha elle offerecido os holocaustos e a gordura dos sacrificios pacificos; porque no altar de metal, que Salomão tinha feito, não podia caber o holocausto, e a offerta de manjares, e a gordura.

8 E n’aquelle mesmo tempo celebrou [7] Salomão a festa sete dias e todo o Israel com elle, uma mui grande congregação, desde a entrada d’Hamath, até ao [8] rio do Egypto.

9 E ao dia oitavo celebraram o [LV] dia de prohibição; porque sete dias celebraram a consagração do altar, e sete dias a festa.

10 E [9] no dia vigesimo terceiro do setimo mez, deixou ir o povo para as suas tendas, alegres e de bom animo, pelo bem que o Senhor tinha feito a David, e a Salomão, e a seu povo Israel.

Deus apparece a Salomão pela segunda vez e lhe faz promessas.

11 Assim Salomão acabou [10] a casa do Senhor, e a casa do rei: e tudo quanto Salomão intentou fazer na casa do Senhor e na sua casa prosperamente o effeituou.

12 E o Senhor appareceu de noite a Salomão, e disse-lhe: Ouvi a tua oração, e [11] escolhi para mim este logar para casa de sacrificio.

13 Se eu cerrar os [12] céus, e não houver chuva; ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra; ou se enviar a peste entre o meu povo:

14 E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face [13] e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei [14] dos céus, e perdoarei os seus peccados, e sararei a sua terra.

15 Agora [15] estarão abertos os meus olhos e attentos os meus ouvidos á oração d’este logar.

16 Porque agora escolhi [16] e sanctifiquei esta casa, para que o meu nome esteja n’ella perpetuamente: e n’ella estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.

17 E, quanto [17] a ti, se andares diante de mim, como andou David teu pae, e fizeres conforme a tudo o que te ordenei, e guardares os meus estatutos e os meus juizos,

18 Tambem confirmarei o throno do teu reino, conforme o concerto que fiz com David, teu pae, dizendo: Não [18] te faltará varão que domine em Israel.

19 Porém [19] se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos, e os meus mandamentos, que vos tenho proposto, e fordes, e servirdes a outros deuses, e vos prostrardes a elles,

20 Então os arrancarei da minha terra que lhes dei, e lançarei da minha presença esta casa que consagrei ao meu nome, e farei com que seja por proverbio e mote entre todas as gentes.

21 E d’esta casa, que fôra tão exaltada, qualquer que passar por ella se espantará e dirá: [20] Porque fez o Senhor assim com esta terra e com esta casa?

[423]

22 E dirão: Porquanto deixaram ao Senhor Deus de seus paes, que os tirou da terra do Egypto, e se deram a outros deuses, e se prostraram a elles, e os serviram: por isso elle trouxe sobre elles todo este mal.

[1] I Reis 8.54. Lev. 9.24. Jui. 6.21. I Chr. 21.26. I Reis 8.10, 11.

[2] cap. 5.14.

[3] I Chr. 16.41. cap. 20.21. I Reis 8.62, 63.

[4] I Chr. 15.16.

[5] cap. 5.12.

[6] I Reis 8.64.

[7] I Reis 8.65.

[8] Jos. 13.3.

[9] I Reis 8.66.

[10] I Reis 9.1, etc.

[11] Deu. 12.5.

[12] cap. 6.26, 28.

[13] Thi. 4.10.

[14] cap. 6.27, 30.

[15] cap. 6.40.

[16] I Reis 9.3. cap. 6.6.

[17] I Reis 9.4, etc.

[18] cap. 6.16.

[19] Lev. 26.14, 33. Deu. 28.15, 36, 37.

[20] Deu. 29.24. Jer. 22.8, 9.

Salomão edifica cidades.

8 E succedeu, [1] ao cabo de vinte annos, nos quaes Salomão edificou a casa do Senhor, e a sua propria casa,

2 Que Salomão edificou as cidades que Hurão lhe tinha dado; e fez habitar n’ellas os filhos d’Israel.

3 Depois foi Salomão a Hamath Zoba, e a tomou.

4 Tambem [2] edificou a Tadmor no deserto, e todas as cidades das munições, que edificou em Hamath.

5 Edificou tambem a alta Beth-horon, e a baixa Beth-horon; cidades fortes com muros, portas e ferrolhos;

6 Como tambem a Baalath, e todas as cidades das munições, que Salomão tinha, e todas as cidades dos carros e as cidades dos cavalleiros; e tudo quanto, conforme ao seu desejo, Salomão quiz edificar em Jerusalem, e no Libano, e em toda a terra do seu dominio.

Salomão faz tributarios os hetheos.

7 Quanto a todo o povo, [3] que tinha ficado dos hetheos, e amorrheos, e pherezeos, e heveos, e jebuseos, que não eram d’Israel,

8 Dos seus filhos, que ficaram depois d’elles na terra, os quaes os filhos d’Israel não destruiram, Salomão os fez tributarios, até ao dia d’hoje.

9 Porém dos filhos d’Israel, a quem Salomão não fez servos para sua obra (mas eram homens de guerra, chefes dos seus capitães, e chefes dos seus carros, e dos seus cavalleiros),

10 D’estes pois eram os chefes dos officiaes que o rei Salomão [4] tinha, duzentos e cincoenta, que presidiam sobre o povo.

11 E Salomão fez subir [5] a filha de Pharaó da cidade de David para a casa que lhe tinha edificado; porque disse: Minha mulher não morará na casa de David, rei d’Israel, porquanto sanctos são os logares nos quaes entrou a arca do Senhor.

12 Então Salomão offereceu holocaustos ao Senhor, sobre o altar do Senhor, que tinha edificado diante do portico;

13 E isto segundo a ordem de cada dia, [6] offerecendo o mandamento de Moysés, nos sabbados e nas luas novas, e nas solemnidades, [7] tres vezes no anno: na festa dos pães asimos, e na festa das semanas, e na festa das tendas.

14 Tambem, conforme á ordem de David seu pae, ordenou as turmas [8] dos sacerdotes nos seus ministerios, como tambem as dos levitas ácerca de suas guardas, para louvarem a Deus, e ministrarem diante dos sacerdotes, segundo a ordenação de cada dia, e os porteiros [9] pelas suas turmas a cada porta; porque tal era o mandado de David, o homem de Deus.

15 E não se desviaram do mandado do rei aos sacerdotes e levitas, em negocio nenhum, nem ácerca dos thesouros.

16 Assim se preparou toda a obra de Salomão, desde o dia da fundação da casa do Senhor, até se acabar: e assim se aperfeiçoou a casa do Senhor.

17 Então foi Salomão [10] a Esion-geber, e a Eloth, á praia do mar, na terra d’Edom.

18 E enviou-lhe Hurão, [11] por mão de seus servos, navios, e servos praticos do mar, e foram com os servos de Salomão a Ophir, e tomaram de lá quatrocentos e cincoenta talentos d’oiro: e os trouxeram ao rei Salomão.

[1] I Reis 9.10, etc.

[2] I Reis 9.17, etc.

[3] I Reis 9.20, etc.

[4] I Reis 9.23.

[5] I Reis 3.1 e 7.8 e 9.24.

[6] Exo. 29.38. Num. 28.3, 9, 11, 26 e 29.1, etc.

[7] Exo. 23.14. Deu. 16.16.

[8] I Chr. 24.1. I Chr. 25.1.

[9] I Chr. 9.17 e 26.1.

[10] I Reis 9.26.

[11] I Reis 9.27. cap. 9.10, 13.

A rainha de Saba vem ver a Salomão.

Antes de Christo 992

9 E ouvindo [1] a rainha de Saba a fama de Salomão, veiu a Jerusalem, provar a Salomão com enigmas, com um mui grande exercito, e camelos carregados d’especiarias, e oiro em abundancia e pedras preciosas; e veiu a Salomão, e fallou com elle de tudo o que tinha no seu coração.

2 E Salomão lhe declarou todas as suas palavras: e nenhuma coisa se occultou a Salomão, que lhe não declarasse.

3 Vendo pois a rainha de Saba a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara;

4 E as iguarias da sua mesa, e o assentar dos seus servos, e o estar dos seus creados, e os vestidos d’elles; e os seus copeiros, e os vestidos d’elles; e a sua subida pela qual elle subia á casa do Senhor, [LW] ella ficou como fóra de si.

5 Então disse ao rei: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra ácerca dos teus feitos e da tua sabedoria.

6 Porém não cria as suas palavras, até que vim, e meus olhos o viram, e eis-que me não disseram a metade da grandeza[424] da tua sabedoria: sobrepujaste á fama que ouvi.

7 Bemaventurados os teus homens, e bemaventurados estes teus servos, que estão sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria!

8 Bemdito seja o Senhor teu Deus, que se agradou em ti para te pôr como rei sobre o seu throno, pelo Senhor teu Deus: porquanto teu Deus ama a Israel, para estabelecel-o perpetuamente; e poz-te por rei sobre elles, para fazeres juizo e justiça.

9 E deu ao rei cento e vinte talentos d’oiro, e especiarias em grande abundancia, e pedras preciosas: e nunca houve taes especiarias, quaes a rainha de Saba deu ao rei Salomão.

10 E tambem os servos d’Hurão, e os servos de Salomão, que de Ophir tinham trazido [2] oiro, trouxeram madeira d’algum, e pedras preciosas.

11 E fez o rei corredores de madeira d’algum, para a casa do Senhor, e para a casa do rei, como tambem harpas e alaudes para os cantores, quaes nunca d’antes se viram na terra de Judah.

12 E o rei Salomão deu á rainha de Saba tudo quanto lhe agradou, e o que lhe pediu, alem do que ella mesma trouxera ao rei: assim virou-se e foi para a sua terra, ella e os seus servos.

As riquezas e a magnificencia de Salomão.

13 E era o peso do oiro, que vinha em um anno a Salomão, seiscentos e sessenta e seis talentos d’oiro,

14 Afóra do que os negociantes e mercadores traziam: tambem todos os reis da Arabia, e os principes da mesma terra traziam a Salomão oiro e prata.

15 Tambem fez Salomão duzentos pavezes d’oiro batido: para cada pavez mandou pesar seiscentos siclos d’oiro batido.

16 Como tambem trezentos escudos d’oiro batido; para cada escudo mandou pezar trezentos siclos d’oiro: e Salomão os poz na casa do bosque do Libano.

17 Fez mais o rei um grande throno de marfim; e o cobriu d’oiro puro.

18 E o throno tinha seis degráus, e um estrado d’oiro, pegado ao throno, e encostos d’ambas as bandas no logar do assento: e dois leões estavam junto aos encostos.

19 E doze leões estavam ali d’ambas as bandas, sobre os seis degraus: outro tal se não fez em nenhum reino.

20 Tambem todos os vasos de beber do rei Salomão eram d’oiro, e todos os vasos da casa do bosque do Libano, d’oiro puro: a prata reputava-se por nada nos dias de Salomão.

21 Porque, indo os navios do rei com os servos d’Hurão, a Tharsis, tornavam os navios de Tharsis, uma vez em tres annos, e traziam oiro e prata, marfim, e bugios, e pavões.

22 Assim excedeu o rei Salomão todos os reis da terra, em riqueza e sabedoria.

23 E todos os reis da terra procuravam ver o rosto de Salomão, para ouvirem a sua sabedoria, que Deus lhe dera no seu coração.

24 E elles traziam cada um o seu presente, vasos d’oiro, e vestidos, armaduras, e especiarias, cavallos e mulos: cada coisa d’anno em anno.

25 Teve tambem Salomão [3] quatro mil estrebarias de cavallos e carros, e doze mil cavalleiros: e pôl-os nas cidades dos carros, e com o rei em Jerusalem.

26 E dominava [4] sobre todos os reis, desde o rio até á terra dos philisteos, e até ao termo do Egypto.

27 Tambem o rei fez [5] que houvesse prata em Jerusalem como pedras, e cedros em tanta abundancia como [LX] as figueiras bravas que ha pelas campinas.

28 E do Egypto e de todas aquellas terras traziam [6] cavallos a Salomão.

A morte de Salomão.

29 Os mais successos pois de Salomão, tanto os primeiros como os ultimos, porventura não estão escriptos no livro das fallas de Nathan, o propheta, e na prophecia d’Ahias [7], o silonita, e nas visões de Iddo, o vidente, ácerca de Jeroboão, filho de Nebat?

30 E reinou [8] Salomão em Jerusalem quarenta annos sobre todo o Israel.

31 E dormiu Salomão com seus paes, e o sepultaram na cidade de David seu pae: e Roboão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] I Reis 10.1, etc. Mat. 12.42. Luc. 11.31.

[2] cap. 8.18. I Reis 10.11.

[3] I Reis 4.26 e 10.26. cap. 1.14.

[4] I Reis 4.21. Gen. 15.18.

[5] I Reis 10.27. cap. 1.15.

[6] I Reis 10.28. cap. 1.16.

[7] I Reis 11.41. I Reis 11.29. cap. 12.15 e 13.22.

[8] I Reis 11.42, 43.

A revolta de dez tribus de Israel.

Antes de Christo 975

10 E foi [1] Roboão a Sichem, porque todo o Israel tinha vindo a Sichem para o fazerem rei.

2 Succedeu pois que, ouvindo-o Jeroboão, filho de Nebat (o qual estava então no Egypto [2] para onde fugira da presença do rei Salomão), voltou Jeroboão do Egypto.

3 Porque enviaram a elle, e o chamaram:[425] e veiu pois Jeroboão com todo o Israel: e fallaram a Roboão dizendo:

4 Teu pae fez duro o nosso jugo, allivia tu pois agora a dura servidão de teu pae, e o pesado jugo d’elle, que nos tinha imposto, e servir-te-hemos.

5 E elle lhes disse: D’aqui a tres dias tornae a mim. Então o povo se foi.

6 E teve Roboão conselho com os anciãos, que estiveram perante Salomão seu pae, emquanto viveu, dizendo: Como aconselhaes vós que se responda a este povo?

7 E elles lhe fallaram, dizendo: Se te fizeres benigno e affavel com este povo, e lhes fallares boas palavras, todos os dias serão teus servos.

8 Porém elle deixou o conselho, que os anciãos lhe deram: e teve conselho com os mancebos, que haviam crescido com elle, e estavam perante elle.

9 E disse-lhes: Que aconselhaes vós, que respondamos a este povo? que me fallou, dizendo: Allivia-nos o jugo que teu pae nos impoz?

10 E os mancebos, que com elle haviam crescido, lhe fallaram, dizendo: Assim dirás a este povo, que te fallou, dizendo: Teu pae aggravou o nosso jugo, tu porém allivia-nos: assim pois lhes fallarás: O meu dedo minimo é mais grosso do que os lombos de meu pae.

11 Assim que se meu pae vos fez carregar d’um jugo pesado, eu ainda accrescentarei sobre o vosso jugo: meu pae vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

12 Veiu pois Jeroboão, e todo o povo a Roboão, no terceiro dia, como o rei tinha ordenado, dizendo: Tornae a mim ao terceiro dia.

13 E o rei lhe respondeu asperamente: porque o rei Roboão deixou o conselho dos anciãos.

14 E fallou-lhes conforme ao conselho dos mancebos, dizendo: Meu pae aggravou o vosso jugo, porém eu lhe accrescentarei mais: meu pae vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

15 Assim o rei não deu ouvidos ao povo, [3] porque esta mudança vinha de Deus, para que o Senhor confirmasse a sua palavra, a qual fallara pelo ministerio d’Ahias, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebat.

16 Vendo pois todo o Israel, que o rei lhes não dava ouvidos, então o povo respondeu ao rei, dizendo: Que parte temos nós com David? não temos herança no filho d’Isai; Israel, cada um ás suas tendas! Olha agora pela tua casa, ó David. Assim todo o Israel se foi para as suas tendas.

17 Porém, quanto aos filhos de Israel, que habitavam nas cidades de Judah, sobre elles reinou Roboão.

18 Então o rei Roboão enviou a Hadoram, que tinha cargo dos tributos; porém os filhos d’Israel o apedrejaram com pedras, de que morreu: então o rei Roboão se esforçou a subir para o seu carro, e fugiu para Jerusalem.

19 Assim se rebellaram [4] os israelitas contra a casa de David, até ao dia d’hoje.

[1] I Reis 12.1, etc.

[2] I Reis 11.40.

[3] I Sam. 2.25. I Reis 12.15, 24. I Reis 11.29.

[4] I Reis 12.19.

Deus prohibe fazer guerra contra as dez tribus.

11 Vindo pois Roboão [1] a Jerusalem, ajuntou da casa de Judah e Benjamin cento e oitenta mil escolhidos, dextros na guerra para pelejarem contra Israel, e para restituirem o reino a Roboão.

2 Porém a palavra [2] do Senhor veiu a Semaias, homem de Deus, dizendo:

3 Falla a Roboão, filho de Salomão, rei de Judah, e a todo o Israel, em Judah e Benjamin, dizendo:

4 Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra os vossos irmãos, tornae cada um á sua casa; porque de mim proveiu isto. E ouviram as palavras do Senhor, e tornaram d’irem contra Jeroboão.

5 E Roboão habitou em Jerusalem: e edificou cidades para fortalezas, em Judah.

6 Edificou pois a Bethlehem, e a Etam, e a Tekoa,

7 E a Beth-zur, e a Soco, e a Adullam,

8 E a Gath, e a Maresa, e a Ziph,

9 E a Adoraim, e a Lachis, e a Azeka,

10 E a Zora, e a Aijalon, e a Hebron, que estavam em Judah e em Benjamin; cidades fortes.

11 E fortificou estas fortalezas e poz n’ellas maioraes, e armazens de viveres, e d’azeite, e de vinho.

12 E poz em cada cidade pavezes e lanças; fortificou-as em grande maneira: e Judah e Benjamin foram seus.

Todos os que temem a Deus veem a Jerusalem.

13 Tambem os sacerdotes, e os levitas, que havia em todo o Israel, se ajuntaram a elle de todos os seus termos.

14 Porque os levitas deixaram os seus [3] arrabaldes, e a sua possessão, e vieram a Judah e a Jerusalem (porque Jeroboão[426] e seus filhos os lançaram fóra para que não ministrassem ao Senhor.

15 E elle [4] constituiu para si sacerdotes, para os altos, e para os demonios, e para os bezerros, que fizera.)

16 Depois d’esses [5] tambem de todas as tribus d’Israel, os que deram o seu coração a buscarem ao Senhor Deus d’Israel, vieram a Jerusalem, para offerecerem sacrificios ao Senhor Deus de seus paes.

17 Assim [6] fortaleceram o reino de Judah e corroboraram a Roboão, filho de Salomão, por tres annos: porque tres annos andaram no caminho de David e Salomão.

18 E Roboão tomou para si, por mulher, a Mahalat, filha de Jerimoth, filho de David; e a Abihail, filha d’Eliab, filho de Jessé.

19 A qual lhe pariu filhos, a Jeus, e a Samarias, e a Zaham,

20 E depois d’ella [7] tomou a Maaca, filha d’Absalão; esta lhe pariu a Abias, e a Atthai, e a Ziza, e a Selomith.

21 E amava Roboão mais a Maaca, filha d’Absalão, do que a todas as suas outras mulheres e concubinas; porque elle tinha tomado dezoito mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta filhas.

22 E Roboão poz [8] por cabeça a Abias, filho de Maaca, para ser maioral entre os seus irmãos; porque o queria fazer rei.

23 E usou de prudencia, e de todos os seus filhos alguns espalhou por todas as terras de Judah e Benjamin, por todas as cidades fortes; e deu-lhes viveres em abundancia: e lhes desejou uma multidão de mulheres.

[1] I Reis 12.21, etc.

[2] cap. 12.15.

[3] Num. 35.2. cap. 13.9.

[4] I Reis 12.31 e 13.33 e 14.9. Ose. 13.2. Lev. 17.7. I Cor. 10.20. I Reis 12.28.

[5] cap. 15.9 e 30.11, 18.

[6] cap. 12.1.

[7] I Reis 15.2. cap. 13.2.

[8] Deu. 21.15, 16, 17.

Deus castiga Roboão por causa da idolatria.

Antes de Christo 971

12 Succedeu pois [1] que, havendo Roboão confirmado o reino, e havendo-se fortalecido, deixou a lei do Senhor, e com elle todo o Israel.

2 Pelo que succedeu, [2] no anno quinto do rei Roboão, que Sisak, rei do Egypto, subiu contra Jerusalem (porque tinham transgredido contra o Senhor)

3 Com mil e duzentos carros, e com sessenta mil cavalleiros; e era innumeravel a gente que vinha com elle do Egypto, [3] de lybios, suchitas e ethiopes.

4 E tomou as cidades fortes, que Judah tinha; e veiu a Jerusalem.

5 Então veiu Semaias, o propheta, a [4] Roboão e aos principes de Judah que se ajuntaram em Jerusalem por causa de Sisak, e disse-lhes: Assim diz o Senhor: Vós me deixastes a mim, pelo que eu tambem vos deixei na mão de Sisak.

6 Então se humilharam os principes d’Israel, e o rei, [5] e disseram: O Senhor é justo.

7 Vendo pois o Senhor que se humilhavam, veiu a palavra do Senhor [6] a Semaias, dizendo: Humilharam-se, não os destruirei; antes em breve lhes darei logar d’escaparem, para que o meu furor se não derrame sobre Jerusalem, por mão de Sisak.

8 Porém [7] serão seus servos: para que conheçam a differença da minha servidão e da servidão dos reinos da terra.

9 Subiu pois [8] Sisak, rei do Egypto, contra Jerusalem, e tomou os thesouros da casa do Senhor, e os thesouros da casa do rei; levou tudo: tambem tomou os escudos d’oiro, que Salomão fizera.

10 E fez o rei Roboão em logar d’elles escudos de cobre, e os entregou [9] na mão dos capitães da guarda, que guardavam a porta da casa do rei.

11 E succedeu que, entrando o rei na casa do Senhor, vinham os da guarda, e os traziam, e os tornavam a pôr na camara da guarda.

12 E humilhando-se elle, a ira do Senhor se desviou d’elle, para que o não destruisse de todo; porque ainda em Judah havia boas coisas.

13 Fortificou-se pois o rei Roboão em Jerusalem, e reinou; porque Roboão era da edade [10] de quarenta e um annos, quando começou a reinar; e dezesete annos reinou em Jerusalem, a cidade que o Senhor escolheu d’entre todas as tribus d’Israel, para pôr ali o seu nome; e era o nome de sua mãe Naama, ammonita.

14 E fez o que era mal; porquanto não preparou o seu coração para buscar ao Senhor.

15 Os successos pois de Roboão, assim os primeiros, como os ultimos, porventura não estão escriptos nos livros de Semaias, o propheta, [11] e de Iddo, o vidente, na relação das genealogias? E havia guerras entre Roboão e Jeroboão em todos os seus dias.

16 E Roboão dormiu com seus paes, e foi sepultado na cidade de David: e [12] Abias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] cap. 11.17. I Reis 14.22, 23, 24.

[2] I Reis 14.24, 25.

[3] cap. 16.8.

[4] cap. 11.2. cap. 15.2.

[5] Thi. 4.10. Exo. 9.27.

[6] I Reis 21.28, 29.

[7] Isa. 26.13. Deu. 28.47, 48.

[8] I Reis 14.25, 26. I Reis 10.16, 17. cap. 9.15, 16.

[9] II Sam. 8.18.

[10] I Reis 14.21. cap. 6.6.

[11] cap. 9.29 e 13.22. I Reis 14.30.

[12] I Reis 14.31.

[427]

Abias reina e peleja contra Jeroboão.

Antes de Christo 958

13 No [1] anno decimo oitavo do rei Jeroboão reinou Abias sobre Israel.

2 Tres annos reinou em Jerusalem; e era o nome de sua mãe [2] Michaia, filha d’Uriel de Gibea: e houve guerra entre Abias e Jeroboão.

3 E Abias ordenou a peleja com um exercito de varões bellicosos, de quatrocentos mil homens escolhidos: e Jeroboão dispoz contra elle a batalha de oitocentos mil homens escolhidos, todos varões valentes.

4 E poz-se Abias em pé em cima do monte de [3] Zemaraim, que está na montanha d’Ephraim, e disse: Ouvi-me, Jeroboão e todo o Israel:

5 Porventura não vos convem saber que o Senhor Deus d’Israel [4] deu para sempre a David a soberania sobre Israel, a elle e a seus filhos, por um concerto de sal?

6 Comtudo levantou-se Jeroboão, filho de Nebat, servo de Salomão, filho de David, e se [5] rebellou contra seu senhor.

7 E ajuntaram-se a [6] elle homens vadios, filhos de Belial; e fortificaram-se contra Roboão, filho de Salomão, sendo Roboão ainda mancebo, e terno de coração, e não se podia esforçar contra elles.

8 E agora cuidaes d’esforçar-vos contra o reino do Senhor, que está na mão dos filhos de David: bem sois vós uma grande multidão, e tendes comvosco os bezerros d’oiro que [7] Jeroboão vos fez para deuses.

9 Não [8] lançastes vós fora os sacerdotes do Senhor, os filhos d’Aarão, e os levitas, e não fizestes para vós sacerdotes, como as gentes das outras terras? qualquer que vem a consagrar-se com um novilho e sete carneiros logo se faz sacerdote d’aquelles que não são deuses.

10 Porém, quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e nunca o deixámos: e os sacerdotes, que ministram ao Senhor são filhos d’Aarão, e os levitas se occupam na sua obra.

11 E queimam ao Senhor cada [9] manhã e cada tarde holocaustos, incenso aromatico, com os pães da proposição sobre a mesa pura, e o castiçal d’oiro, e as suas alampadas para se accenderem cada tarde, porque nós temos cuidado do serviço do Senhor nosso Deus; porém vós o deixastes.

12 E eis-que Deus está comnosco na dianteira, como tambem [10] os seus sacerdotes, tocando com as trombetas, para dar alarme contra vós, ó filhos d’Israel; não pelejeis contra o Senhor Deus de vossos paes; porque não prosperareis.

13 Mas Jeroboão fez uma emboscada em volta, para darem sobre elles por detraz; de maneira que estavam defronte de Judah e a emboscada por detraz d’elles.

14 Então Judah olhou, e eis-que tinham a pelejar por diante e por detraz: então clamaram ao Senhor; e os sacerdotes tocaram as trombetas.

15 E os homens de Judah gritaram: e succedeu que, gritando os homens de Judah, Deus [11] feriu a Jeroboão e a todo o Israel diante d’Abias e de Judah.

16 E os filhos d’Israel fugiram de diante de Judah; e Deus os entregou na sua mão.

17 De maneira que Abias e o seu povo fez grande estrago entre elles; porque cairam feridos d’Israel quinhentos mil homens escolhidos.

18 E foram abatidos os filhos d’Israel n’aquelle tempo; e os filhos de Judah [12] prevaleceram porque confiaram no Senhor Deus de seus paes.

19 E Abias seguiu após Jeroboão; e tomou a Bethel com os logares da sua jurisdicção, e a Jesana com os logares da sua jurisdicção, e a Ephron [13] com os logares da sua jurisdicção.

20 E Jeroboão não reteve mais nenhuma força nos dias d’Abias: porém o Senhor [14] o feriu, e morreu.

21 Abias pois se fortificou, e tomou para si quatorze mulheres, e gerou vinte e dois filhos e dezeseis filhas.

22 Os mais successos pois d’Abias, tanto os seus caminhos como as suas palavras, estão escriptos na [15] historia do propheta Iddo.

[1] I Reis 15.1, etc.

[2] cap. 11.20.

[3] Jos. 18.22.

[4] II Sam. 7.12, 13, 16. Num. 18.

[5] I Reis 11.26 e 12.20.

[6] Jui. 9.4.

[7] I Reis 12.28 e 14.9. Ose. 8.6.

[8] cap. 11.14, 15. Exo. 29.35.

[9] cap. 2.4. Lev. 24.6. Exo. 27.20, 21. Lev. 24.2, 3.

[10] Num. 10.8. Act. 5.39.

[11] cap. 14.12.

[12] I Chr. 5.20.

[13] Jos. 15.9.

[14] I Sam. 25.38. I Reis 14.20.

[15] cap. 12.15.

Asa reina, e vence a Zera o ethiope.

Antes de Christo 951

14 E Abias dormiu com seus paes e o sepultaram na cidade de David; e [1] Asa, seu filho, reinou em seu logar: nos seus dias esteve a terra em paz dez annos.

2 E Asa fez o que era bom e recto aos olhos do Senhor seu Deus.

3 Porque tirou os altares dos deuses estranhos, [2] e os altos: e quebrou [3] [LY] as estatuas, e cortou os bosques.

4 E mandou a Judah que buscassem ao Senhor Deus de seus paes, e que observassem a lei e o mandamento.

5 Tambem tirou de todas as cidades[428] de Judah os altos e as imagens do sol: e o reino esteve quieto diante d’elle.

6 E edificou cidades fortes em Judah: porque a terra estava quieta, e não havia guerra contra elle n’aquelles annos; porquanto o Senhor lhe dera repouso.

7 Disse pois a Judah: Edifiquemos estas cidades, e cerquemol-as de muros e torres, portas e ferrolhos, emquanto a terra ainda está quieta diante de nós, pois buscámos ao Senhor nosso Deus; buscámol-o, e deu-nos repouso em redor. Edificaram, pois, e prosperaram.

8 Tinha pois Asa um exercito de trezentos mil de Judah que traziam pavez e lança; e duzentos e oitenta mil de Benjamin, que traziam escudo e atiravam d’arco; todos estes eram varões valentes.

9 E Zera, o ethiope, [4] saiu contra elles, com um exercito de mil milhares, e trezentos carros, e chegou até Maresa.

10 Então Asa saiu contra elle: e ordenaram a batalha no valle de Zephatha, junto a Maresa.

11 E [5] Asa clamou ao Senhor seu Deus, e disse: Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra esta multidão: Senhor, tu és nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem.

12 E [6] o Senhor feriu os ethiopes diante d’Asa e diante de Judah: e fugiram os ethiopes.

13 E Asa, e o povo que estava com elle os perseguiram até [7] Gerar, e cairam tantos dos ethiopes, que já não havia n’elles vigor algum; porque foram quebrantados diante do Senhor, e diante do seu exercito: e levaram d’ali mui grande despojo.

14 E feriram todas as cidades nos arredores de Gerar; porque [8] o terror do Senhor estava sobre elles; e saquearam todas as cidades, porque havia n’ellas muita preza.

15 Tambem feriram as [LZ] malhadas do gado; e levaram ovelhas em abundancia, e camelos, e voltaram para Jerusalem.

[1] I Reis 15.8, etc.

[2] I Reis 15.14. cap. 15.17.

[3] Exo. 34.13. I Reis 11.7.

[4] cap. 16.8. Jos. 15.44.

[5] Exo. 14.10. cap. 13.14. Psa. 22.6. I Sam. 14.6. I Sam. 17.45. Pro. 18.10.

[6] cap. 13.15.

[7] Gen. 10.19 e 20.1.

[8] Gen. 35.5. cap. 17.10.

Asa abole a idolatria e renova o pacto do Senhor.

Antes de Christo 941

15 Então veiu [1] o Espirito de Deus sobre Azarias, filho d’Obed.

2 E saiu ao encontro d’Asa, e disse-lhe: Ouvi-me, Asa, e todo o Judah e Benjamin: [2] O Senhor está comvosco, emquanto vós estaes com elle, e, se o buscardes, o achareis; porém, se o deixardes, vos deixará.

3 E Israel esteve por [3] muitos dias sem o verdadeiro Deus, e sem sacerdote que o ensinasse, e sem lei.

4 Mas [4] quando na sua angustia se convertiam ao Senhor, Deus d’Israel, e o buscavam, o achavam.

5 E n’aquelles [5] tempos não havia paz, nem para o que sahia, nem para o que entrava, mas muitas perturbações sobre todos os habitantes d’aquellas terras.

6 Porque gente contra gente, e cidade [6] contra cidade se despedaçavam; porque Deus os perturbara com toda a angustia.

7 Mas esforçae-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa.

8 Ouvindo pois Asa estas palavras, e a prophecia do propheta, filho d’Obed, esforçou-se, e tirou as abominações de toda a terra de Judah e de Benjamin, como tambem das cidades que tomára nas [7] montanhas d’Ephraim: e renovou o altar do Senhor, que estava diante do portico do Senhor.

9 E ajuntou a todo o Judah, e Benjamin, e com elles [8] os estrangeiros d’Ephraim e Manasseh, e de Simeão; porque d’Israel descahiam a elle em grande numero, vendo que o Senhor seu Deus era com elle.

10 E ajuntaram-se em Jerusalem no terceiro mez; no anno decimo do reinado d’Asa.

11 E no mesmo dia offereceram em sacrificio [9] ao Senhor, do despojo que trouxeram, seiscentos bois e seis mil ovelhas.

12 E entraram no [10] concerto de buscarem o Senhor, Deus de seus paes, com todo o seu coração, e com toda a sua alma;

13 E de que todo aquelle [11] que não buscasse ao Senhor, Deus d’Israel, morresse; desde o menor até ao maior, e desde o homem até á mulher.

14 E juraram ao Senhor, em alta voz, com jubilo e com trombetas e buzinas.

15 E todo o Judah se alegrou d’este juramento; porque com todo o seu coração juraram, [12] e com toda a sua[429] vontade o buscaram, e o acharam: e o Senhor lhes deu repouso em redor.

16 E tambem a Maaca, [13] mãe do rei Asa, elle a depoz, para que não fosse mais rainha; porquanto fizera a Aserá um horrivel idolo; e Asa destruiu o seu horrivel idolo, e o despedaçou, e o queimou junto ao ribeiro de Cedron.

17 Os altos porém não se tiraram d’Israel; [14] comtudo o coração d’Asa foi perfeito todos os seus dias.

18 E trouxe as coisas que tinha consagrado seu pae, e as coisas que mesmo tinha consagrado á casa de Deus: prata, e oiro, e vasos.

19 E não houve guerra até ao anno trigesimo quinto do reino d’Asa.

[1] Num. 24.2. Jui. 3.10. cap. 20.14 e 24.20.

[2] Thi. 4.8. ver. 4, 15. I Chr. 28.9. cap. 33.12, 13. Jer. 29.13. Mat. 7.7. cap. 24.20.

[3] Ose. 3.4. Lev. 10.11.

[4] Deu. 4.29.

[5] Jui. 5.6.

[6] Mat. 24.7.

[7] cap. 13.19.

[8] cap. 11.16.

[9] cap. 14.15. cap. 14.13.

[10] II Reis 23.3. cap. 34.31. Neh. 10.29.

[11] Exo. 22.20. Deu. 13.5, 9, 15.

[12] ver. 2.

[13] I Reis 15.13.

[14] cap. 14.3, 5. I Reis 15.14, etc.

Asa e o rei da Syria pelejam contra Baása.

16 No anno trigesimo sexto do reinado d’Asa, Baása, [1] rei d’Israel, subiu contra Judah e edificou a Rama, para ninguem deixar sair nem entrar a Asa, rei de Judah.

2 Então tirou a Asa a prata e o oiro dos thesouros da casa de Deus, e da casa do rei; e enviou a Benhadad, rei da Syria, que habitava em Damasco, dizendo:

3 Alliança ha entre mim e ti, como houve entre meu pae e teu: eis que te envio prata e oiro; vae, pois, e anniquila a tua alliança com Baása, rei d’Israel, para que se retire de sobre mim.

4 E Benhadad deu ouvidos ao rei Asa, e enviou o capitão dos exercitos que tinha, contra as cidades d’Israel, e feriram a Ijon, e a Dan, e a Abelmaim; e a todas as cidades das munições de Naphtali.

5 E succedeu que, ouvindo-o Baása, deixou d’edificar a Rama; e descontinuou a sua obra.

6 Então o rei Asa tomou a todo o Judah e levaram as pedras de Rama, e a sua madeira, com que Baása edificara; e edificou com isto a Geba e a Mispah.

7 N’aquelle mesmo tempo veiu Hanani, [2] o vidente, a Asa rei de Judah, e disse-lhe: Porquanto confiaste no rei da Syria, e não confiaste no Senhor teu Deus, portanto o exercito do rei da Syria escapou da tua mão.

8 Porventura não foram os ethiopes [3] e os lybios um grande exercito, com muitissimos carros e cavalleiros? confiando tu porém no Senhor, elle os entregou nas tuas mãos.

9 Porque, quanto ao Senhor, seus olhos [4] passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aquelles cujo coração é perfeito para com elle; n’isto pois fizeste loucamente [5] porque desde agora haverá guerras contra ti.

10 Porém Asa se indignou contra [6] o vidente, e lançou-o na casa do tronco; porque d’isto grandemente se alterou contra elle; tambem Asa no mesmo tempo opprimiu a alguns do povo.

11 E eis que os [7] successos d’Asa, tanto os primeiros, como os ultimos, estão escriptos no livro dos reis de Judah e Israel.

12 E caiu Asa doente de seus pés no anno trinta e nove do seu reinado; grande por extremo era a sua enfermidade, e comtudo na sua enfermidade não buscou [8] ao Senhor, mas antes aos medicos.

13 E Asa dormiu com seus paes; e morreu no anno quarenta e um do seu reinado.

14 E o sepultaram no seu sepulchro, que tinha cavado para si na cidade de David, havendo-o deitado na cama, que se enchera de cheiros e [9] especiarias preparadas segundo a arte dos perfumistas: e fizeram-lhe queima mui grande.

[1] I Reis 15.17, etc. cap. 15.9.

[2] I Reis 16.1. cap. 19.2. Isa. 31.1. Jer. 17.5.

[3] cap. 14.9. cap. 12.3.

[4] Job 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 16.17 e 32.19. Zac. 4.10.

[5] I Sam. 13.13. I Reis 15.32.

[6] cap. 18.26. Jer. 20.2. Mat. 14.3.

[7] I Reis 15.23.

[8] Jer. 17.5.

[9] Gen. 50.2. Mar. 16.1. João 19.39, 40. cap. 21.19. Jer. 34.5.

Josaphat e o seu cuidado em instruir o povo.

Antes de Christo 914

17 E Josaphat [1] seu filho reinou em seu logar; e fortificou-se contra Israel.

2 E poz gente de guerra em todas as cidades fortes de Judah e poz guarnições na terra de Judah, como tambem nas cidades d’Ephraim, que Asa seu pae [2] tinha tomado.

3 E o Senhor foi com Josaphat; porque andou nos primeiros caminhos de David seu pae, e não buscou a Baalim.

4 Antes buscou ao Deus de seu pae, e andou nos seus mandamentos, e [3] não segundo as obras d’Israel.

5 E o Senhor confirmou o reino na sua mão, e todo o Judah deu presentes a Josaphat: e teve riquezas e [4] gloria em abundancia.

6 E exaltou-se o seu coração nos caminhos do Senhor [5] e ainda de[430] mais tirou os altos e os bosques de Judah.

7 E no terceiro anno do seu reinado enviou elle os seus principes, a Benchail, e a Obadias, e a Zacharias, e a Nathanael, e a Michaia, para ensinarem [6] nas cidades de Judah.

8 E com elles os levitas, Semaias e Nethanias, e Zebadias, e Asael, e Semiramoth, e Jonathan, e Adonias, e Tobias, e Tobadonias, levitas: e com elles os sacerdotes, Elisama e Jorão.

9 E ensinaram em [7] Judah e tinham comsigo o livro da lei do Senhor: e rodearam todas as cidades de Judah, e ensinaram entre o povo.

10 E veiu [8] o temor do Senhor sobre todos os reinos das terras, que estavam em roda de Judah e não guerrearam contra Josaphat.

11 E alguns d’entre os philisteos traziam presentes [9] a Josaphat, com o dinheiro do tributo: tambem os arabios lhe trouxeram gado miudo; sete mil e setecentos carneiros, e sete mil e setecentos bodes.

12 Cresceu pois Josaphat e se engrandeceu extremamente: e edificou fortalezas e cidades de munições em Judah.

13 E teve muitas obras nas cidades de Judah e gente de guerra, varões valentes em Jerusalem.

14 E este é o numero d’elles segundo as casas de seu paes: em Judah eram chefes dos milhares: o chefe Adna, e com elle trezentos mil varões valentes;

15 E após elle o chefe Johanan, e com elle duzentos e oitenta mil;

16 E após elle Amasias, filho de Zichri, que voluntariamente se [10] entregou ao Senhor, e com elle duzentos mil varões valentes:

17 E de Benjamin Eliada, varão valente, e com elle duzentos mil, armados d’arco e d’escudo;

18 E após elle Jozabad: e com elle cento e oitenta mil armados para a guerra.

19 Estes estavam no serviço do rei; afóra os que [11] o rei tinha posto nas cidades fortes por todo o Judah.

[1] I Reis 15.24.

[2] cap. 15.8.

[3] I Reis 12.28.

[4] I Sam. 10.27. I Reis 10.25. I Reis 10.27. cap. 18.1.

[5] I Reis 22.43. cap. 15.17 e 19.3 e 20.33.

[6] cap. 15.3.

[7] cap. 35.3. Neh. 8.7.

[8] Gen. 35.5.

[9] II Sam. 8.2.

[10] Jui. 5.2, 9.

[11] ver. 2.

Alliança entre Josaphat e Achab.

Antes de Christo 897

18 Tinha pois Josaphat riquezas [1] e gloria em abundancia: e aparentou-se com Achab.

2 E ao cabo d’alguns [2] annos desceu elle para Achab a Samaria; e Achab matou ovelhas e bois em abundancia, para elle e para o povo que vinha com elle: e o persuadiu a subir com elle a Ramoth-gilead.

3 Porque Achab, rei d’Israel, disse a Josaphat rei de Judah: Irás tu commigo a Ramoth-gilead? e elle lhe disse: Como tu és, serei eu; e o meu povo, como o teu povo; seremos comtigo n’esta guerra.

4 Disse mais Josaphat ao rei d’Israel: Consulta [3] hoje, peço-te, a palavra do Senhor.

5 Então o rei d’Israel ajuntou os prophetas, quatrocentos homens, e disse-lhes: Iremos á guerra contra Ramoth-gilead, ou deixal-o-hei? E elles disseram: Sobe; porque Deus a dará na mão do rei.

6 Disse porém Josaphat: Não ha ainda aqui propheta algum do Senhor, para que o consultemos?

7 Então o rei d’Israel disse a Josaphat: Ainda ha um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém eu o aborreço; porque nunca prophetiza de mim bem, senão sempre mal; este é Micha, filho de Imla. E disse Josaphat: Não falle o rei assim.

8 Então chamou o rei d’Israel um [MA] eunucho, e disse: Traze aqui depressa a Micha filho de Imla.

9 E o rei d’Israel, e Josaphat rei de Judah estavam assentados cada um no seu throno, vestidos de vestiduras, e estavam assentados na praça á entrada da porta de Samaria, e todos os prophetas prophetizavam na sua presença.

10 E Zedekias, filho de Canana, fez para si uns cornos de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes escornearás aos syros, até de todo os consumires.

11 E todos os prophetas prophetizavam o mesmo, dizendo: Sobe a Ramoth-gilead, e prosperarás; porque o Senhor a dará na mão do rei.

12 E o mensageiro, que foi chamar a Micha, lhe fallou, dizendo: Eis-que as palavras dos prophetas, a uma bocca, são boas para com o rei: seja pois tambem a tua palavra como a d’um d’elles, e falla o que é bom.

13 Porém Micha disse: Vive o Senhor, que o que meu Deus [4] me disser, isso fallarei.

14 Vindo pois ao rei, o rei lhe disse: Micha, iremos a Ramoth-gilead á guerra, ou deixal-o-hei? E elle disse: Subi, e prosperareis; e serão dados na vossa mão.

15 E o rei lhe disse: Até quantas[431] vezes te conjurarei, para que me não falles senão a verdade no nome do Senhor?

16 Então disse elle: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não teem pastor: e disse o Senhor: Estes não teem senhor; torne cada um em paz para sua casa.

17 Então o rei d’Israel disse a Josaphat: Não te disse eu, que este não prophetizaria de mim bem, porém mal?

18 Disse mais: Pois ouvi a palavra do Senhor: Vi ao Senhor assentado no seu throno, e a todo o exercito celestial em pé á sua mão direita, e á sua esquerda.

19 E disse o Senhor: Quem persuadirá a Achab rei d’Israel, a que suba, e caia em Ramoth-gilead? disse mais: Um diz d’esta maneira, e outro diz d’outra.

20 Então saiu um espirito [5] e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o persuadirei. E o Senhor lhe disse: Com que?

21 E elle disse: Eu sairei, e serei um espirito de mentira na bocca de todos os seus prophetas. E disse o Senhor: Tu o persuadirás, e tambem prevalecerás; sae, e faze-o assim.

22 Agora pois, eis que o Senhor enviou um espirito [6] de mentira na bocca d’estes teus prophetas: e o Senhor fallou o mal a teu respeito.

23 Então Zedekias, filho de Canana, se chegou, e [7] feriu a Micha no queixo; e disse: Porque caminho passou de mim o Espirito do Senhor para fallar a ti?

24 E disse Micha: Eis que o verás n’aquelle dia, quando andares de camara em camara, para te esconderes.

25 Então disse o rei d’Israel: Tomae a Micha, e tornae a leval-o a Amon, o governador da cidade, e a Joás filho do rei.

26 E direis: Assim diz o rei: Mettei [8] este homem na casa do carcere; e sustentae-o com pão de angustia, e com agua d’angustia, até que eu volte em paz.

27 E disse Micha: Se é que tornares em paz, o Senhor não tem fallado por mim. Disse mais: Ouvi, povos todos!

A guerra contra Ramoth-gilead e a morte de Achab.

28 Subiram pois o rei d’Israel e Josaphat rei de Judah, a Ramoth-gilead.

29 E disse o rei d’Israel a Josaphat: Disfarçando-me eu, então entrarei na peleja; tu porém veste as tuas vestiduras. Disfarçou-se pois o rei d’Israel, e entraram na peleja.

30 Deu ordem porém o rei da Syria aos capitães dos carros que tinha, dizendo: Não pelejareis nem contra pequeno, nem contra grande: senão só contra o rei d’Israel.

31 Succedeu pois que, vendo os capitães dos carros a Josaphat, disseram: Este é o rei d’Israel, e o cercaram para pelejarem; porém Josaphat clamou, e o Senhor o ajudou. E Deus os desviou d’elle.

32 Porque succedeu que, vendo os capitães dos carros, que não era o rei d’Israel, tornaram de seguil-o.

33 Então um homem armou o arco na sua simplicidade, e feriu o rei d’Israel entre as junturas e a couraça: então disse ao carreteiro: Vira a tua mão, e tira-me do exercito, porque estou mui ferido.

34 E aquelle dia cresceu a peleja, mas o rei d’Israel susteve-se em pé no carro defronte dos syros até á tarde; e morreu ao tempo do pôr do sol.

[1] cap. 17.5. II Reis 8.18.

[2] I Reis 22.2, etc.

[3] I Sam. 23.2, 4, 9. II Sam. 2.1.

[4] Num. 22.18, 20, 35 e 23.12, 26 e 24.13. I Reis 22.14.

[5] Job 1.6.

[6] Job 12.16. Isa. 19.14. Eze. 14.9.

[7] Jer. 26.2. Mar. 14.65. Act. 23.2.

[8] cap. 16.10.

O propheta Jehu reprehende a Josaphat.

19 E Josaphat, rei de Judah, voltou á sua casa em paz a Jerusalem.

2 E Jehu, filho d’Hanani, [1] o vidente, lhe saiu ao encontro, e disse ao rei Josaphat: Devias tu ajudar ao impio, e amar aquelles que ao Senhor aborrecem? por isso virá sobre ti [2] grande ira de diante do Senhor.

3 Boas coisas comtudo se acharam [3] em ti; porque tiraste os bosques da terra, e preparaste [4] o teu coração, para buscar a Deus.

4 Habitou pois Josaphat em Jerusalem: e tornou a passar pelo povo desde Berseba até as montanhas d’Ephraim, e fez com que tornassem ao Senhor Deus de seus paes.

5 E estabeleceu juizes na terra, em todas as cidades fortes, de cidade em cidade.

6 E disse aos juizes: Vede o que fazeis; [5] porque não julgaes da parte do homem, senão da parte do Senhor, e elle está comvosco no negocio do juizo.

7 Agora pois, seja o temor do Senhor comvosco: guardae-o, e fazei-o; porque não ha no Senhor nosso Deus [6] iniquidade nem acceitação de pessoas, nem acceitação de presentes.

8 E tambem estabeleceu Josaphat a alguns dos levitas [7] e dos sacerdotes e[432] dos chefes dos paes d’Israel sobre o juizo do Senhor, e sobre as causas judiciaes: e tornaram a Jerusalem.

9 E deu-lhes ordem, dizendo: Assim fazei [8] no temor do Senhor com fidelidade, e com coração inteiro.

10 E em toda a [9] differença que vier a vós de vossos irmãos que habitam nas suas cidades, entre sangue e sangue, entre lei e mandamento, entre estatutos e juizos, e admoestae-os, que se não façam culpados para com o Senhor, e não venha grande ira sobre [10] vós, e sobre vossos irmãos: fazei assim, e não vos fareis culpados.

11 E eis que Amarias, o summo sacerdote, presidirá sobre vós em todo o [11] negocio do Senhor; e Zebadias, filho d’Ishmael, principe da casa de Judah, em todo o negocio do rei; tambem os officiaes, os levitas, estão perante vós: esforçae-vos, [12] pois, e fazei-o; e o Senhor será com os bons.

[1] I Sam. 9.9.

[2] cap. 32.25.

[3] cap. 17.4, 6. cap. 12.12.

[4] cap. 30.19. Esd. 7.10.

[5] Deu. 1.17. Ecc. 5.8.

[6] Deu. 32.4. Rom. 9.14. Deu. 10.17. Job 34.19. Act. 10.34. Rom. 2.11. Gal. 2.6. Eph. 6.9. Col. 3.25. I Ped. 1.17.

[7] Deu. 16.18. cap. 17.8.

[8] II Sam. 23.3.

[9] Deu. 17.8, etc.

[10] Num. 16.46. Eze. 3.18.

[11] I Chr. 26.30.

[12] cap. 15.2.

Deus concede a Josaphat victoria sobre os seus inimigos.

Antes de Christo 896

20 E succedeu que, depois d’isto, os filhos de Moab, e os filhos d’Ammon, e com elles outros de mais dos ammonitas, vieram á peleja contra Josaphat.

2 Então vieram alguns que deram aviso a Josaphat, dizendo: Vem contra ti uma grande multidão d’além do mar e da Syria: e eis-que já estão em Hatson-thamar, [1] que é Engedi.

3 Então Josaphat temeu, e poz-se a buscar o Senhor; e apregoou [2] jejum em todo o Judah.

4 E Judah se ajuntou, para pedir soccorro ao Senhor: tambem de todas as cidades de Judah vieram para buscarem ao Senhor.

5 E poz-se Josaphat em pé na congregação de Judah e de Jerusalem, na casa do Senhor, diante do pateo novo.

6 E disse: Ah Senhor, Deus de nossos paes, porventura não és tu Deus nos céus? [3] pois tu és Dominador sobre todos os reinos das gentes, e na tua mão ha força e potencia, e não ha quem te possa resistir.

7 Porventura, ó Deus [4] nosso, não lançaste tu fóra os moradores d’esta terra, de diante do teu povo Israel, e a déste á semente d’Abrahão, teu amigo, para sempre?

8 E habitaram n’ella; e edificaram-te n’ella um sanctuario ao teu nome, dizendo:

9 Se algum [5] mal nos sobrevier, espada, juizo, peste, ou fome, nós nos apresentaremos diante d’esta casa e diante de ti; pois teu nome [6] está n’esta casa; e clamaremos a ti na nossa angustia, e tu nos ouvirás e livrarás.

10 Agora, pois, eis que os filhos d’Ammon e de Moab, e os das montanhas de Seir, [7] pelos quaes não permittiste passar a Israel, quando vinham da terra do Egypto; mas d’elles se desviaram e não os destruiram;

11 Eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fóra da tua herança, que nos fizeste herdar.

12 Ah Deus nosso, porventura não os [8] julgarás? porque em nós não ha força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti.

13 E todo o Judah estava em pé perante o Senhor, como tambem as suas creanças, as suas mulheres, e os seus filhos.

14 Então veiu [9] o espirito do Senhor, no meio da congregação, sobre Jahaziel, filho de Zacharias, filho de Benaias, filho de Jehiel, filho de Mattanias, levita, dos filhos de Asaf,

15 E disse: Dae ouvidos todo o Judah, e vós, moradores de Jerusalem, e tu, ó rei Josaphat: assim o Senhor vos diz: Não temaes, nem vos assusteis [10] por causa d’esta grande multidão; pois a peleja não é vossa, senão de Deus.

16 Ámanhã descereis contra elles; eis que sobem pela ladeira de Zis, e os achareis no fim do valle, diante do deserto de Jeruel.

17 N’esta peleja não [11] tereis que pelejar: parae-vos, estae em pé, e vêde a salvação do Senhor para comvosco, ó Judah e Jerusalem; não temaes, nem vos assusteis, ámanhã sahi-lhes ao encontro, porque [12] o Senhor será comvosco.

18 Então Josaphat [13] se prostrou com o rosto em terra: e todo o Judah e os moradores de Jerusalem se lançaram perante o Senhor, adorando ao Senhor.

19 E levantaram-se os levitas, dos filhos dos kohathitas, e dos filhos dos[433] korathitas, para louvarem ao Senhor Deus d’Israel, com grande voz até ao alto.

20 E pela manhã cedo se levantaram e sairam ao deserto de Tekoa: e, saindo elles, poz-se em pé Josaphat, e disse: Ouvi-me, ó Judah, e vós, moradores de Jerusalem: [14] Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus prophetas, e sereis prosperados.

21 E aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para o Senhor, que louvassem [15] a Magestade sancta, saindo diante dos armados, e dizendo: Louvae ao Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre.

22 E, ao tempo que começaram com jubilo e louvor, o Senhor poz emboscadas [16] contra os filhos d’Ammon e de Moab, e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judah e foram desbaratados.

23 Porque os filhos d’Ammon e de Moab se levantaram contra os moradores das montanhas de Seir, para os destruir e exterminar: e, acabando elles com os moradores de Seir, ajudaram uns aos outros a destruir-se.

24 Entretanto chegou Judah á atalaia do deserto: e olharam para a multidão, e eis que eram corpos mortos, que jaziam em terra, e nenhum escapou.

25 E vieram Josaphat e o seu povo para saquear os seus despojos, e acharam n’elles fazenda e cadaveres em abundancia, assim como vasos preciosos, e tomaram para si tanto, que não podiam levar mais: e tres dias saquearam o despojo, porque era muito.

26 E ao quarto dia se ajuntaram no valle de [MB] Beracha; porque ali louvaram o Senhor; por isso chamaram o nome d’aquelle logar o valle de Beracha, até ao dia d’hoje.

27 Então voltaram todos os homens de Judah e de Jerusalem, e Josaphat á frente d’elles, para virem a Jerusalem com alegria: porque o Senhor os alegrara ácerca [17] dos seus inimigos.

28 E vieram a Jerusalem com alaudes, e com harpas, e com trombetas, para a casa do Senhor.

29 E veiu o temor [18] de Deus sobre todos os reinos d’aquellas terras, ouvindo elles que o Senhor havia pelejado contra os inimigos d’Israel.

30 E o reino de Josaphat ficou quieto: e o seu Deus lhe [19] deu repouso em redor.

31 E Josaphat [20] reinou sobre Judah: era da edade de trinta e cinco annos quando começou a reinar e vinte e cinco annos reinou em Jerusalem; e era o nome de sua mãe, Azuba, filha de Silhi.

32 E andou no caminho d’Asa, seu pae, e não se desviou d’elle, fazendo o que era recto nos olhos do Senhor.

33 Comtudo os altos se não tiraram, [21] porque o povo não tinha ainda preparado o seu coração para com o Deus de seus paes.

34 Ora o resto dos successos de Josaphat, assim primeiros, como ultimos, eis que está escripto nas notas de Jehu, filho de Hanani, que lhe fizeram apontar [22] no livro dos reis de Israel.

35 Porém depois d’isto [23] Josaphat, rei de Judah, se alliou com Achazias, rei de Israel, que obrou com toda a impiedade.

36 E alliou-se com elle, para fazerem navios que fossem a Tharsis: e fizeram os navios em Esion-geber.

37 Porém Eliezer, filho de Dodava, de Maresa, prophetizou contra Josaphat, dizendo: Porquanto te alliaste com Achazias, o Senhor despedaçou as tuas obras. E os navios [24] se quebraram, e não poderam ir a Tharsis.

[1] Gen. 14.7. Jos. 15.62.

[2] cap. 19.3. Esd. 8.21. Jer. 36.9. Jon. 3.5.

[3] Deu. 4.39. Jos. 2.11. I Reis 8.23. Dan. 4.17, 25, 32. I Chr. 29.12. Mat. 6.13.

[4] Gen. 17.7. Exo. 6.7. Isa. 41.8. Thi. 2.23.

[5] I Reis 8.33, 37. cap. 6.28, 29, 30.

[6] cap. 6.20.

[7] Deu. 2.4, 9, 19. Num. 20.21.

[8] I Sam. 3.13.

[9] Num. 11.25, 26 e 24.2. cap. 15.1 e 24.20.

[10] Exo. 14.13, 14. Deu. 1.29, 30 e 31.6, 8. cap. 32.7.

[11] Exo. 14.13, 14.

[12] Num. 14.9. cap. 15.2 e 32.8.

[13] Exo. 4.31.

[14] Isa. 7.9.

[15] I Chr. 16.29. I Chr. 16.34. I Chr. 16.41. cap. 5.13 e 7.3, 6.

[16] Jui. 7.22. I Sam. 14.20.

[17] Neh. 12.43.

[18] cap. 17.10.

[19] cap. 15.15. Job 34.29.

[20] I Reis 22.41, etc.

[21] cap. 17.6. cap. 12.14 e 19.3.

[22] I Reis 16.1, 7.

[23] I Reis 22.48, 49.

[24] I Reis 22.48. cap. 9.21.

A morte de Josaphat e a impiedade de Jorão.

Antes de Christo 892

21 Depois Josaphat dormiu [1] com seus paes, e o sepultaram com seus paes na cidade de David: e Jorão, seu filho, reinou em seu logar.

2 E teve irmãos, filhos de Josaphat: Azarias, e Jehiel, e Zacharias, e Asarias, e Michael, e Sephatias: todos estes foram filhos de Josaphat, rei d’Israel.

3 E seu pae lhes deu muitos dons de prata, e d’oiro, e de coisas preciosissimas, com cidades fortes em Judah: porém o reino deu a Jorão, porquanto era o primogenito.

4 E, subindo Jorão ao reino de seu pae, e havendo-se fortificado, matou a todos os seus irmãos á espada, como tambem a alguns dos principes d’Israel.

5 Da edade de trinta [2] e dois annos era Jorão quando começou a reinar; e reinou oito annos em Jerusalem.

6 E andou no caminho dos reis d’Israel, como fazia a casa de Achab; porque tinha a filha [3] de Achab por[434] mulher: e fazia o que parecia mal aos olhos do Senhor.

7 Porém o Senhor não quiz destruir a casa de David, em attenção ao concerto que tinha feito com David: e porque tambem tinha dito que lhe daria por todos os dias uma lampada, [4] a elle e a seus filhos.

8 Nos seus dias [5] se revoltaram os idumeos de debaixo do mando de Judah, e constituiram para si um rei.

9 Pelo que Jorão passou adiante com os seus chefes, e todos os carros com elle: e levantou-se de noite, e feriu aos idumeos, que o tinham cercado, como tambem aos capitães dos carros.

10 Todavia os idumeos se revoltaram de debaixo do mando de Judah até ao dia d’hoje; então no mesmo tempo Libna se revoltou de debaixo de seu mando; porque deixara ao Senhor, Deus de seus paes.

11 Elle tambem fez altos nos montes de Judah: e fez com que fornicassem [6] os moradores de Jerusalem, e até a Judah impelliu a isso.

12 Então lhe veiu um escripto da parte d’Elias o propheta, que dizia: Assim diz o Senhor, Deus de David teu pae: Porquanto não andaste nos caminhos de Josaphat, teu pae, e nos caminhos d’Asa, rei de Judah,

13 Mas andaste no caminho dos reis d’Israel, e fizeste fornicar a [7] Judah e aos moradores de Jerusalem, segundo a fornicação da casa d’Achab, e tambem mataste a teus irmãos, da casa de teu pae, melhores do que tu,

14 Eis-que o Senhor ferirá com um grande [MC] flagello ao teu povo, e aos teus filhos, e ás tuas mulheres e a todas as tuas fazendas.

15 Tu tambem terás uma grande enfermidade por causa d’uma doença de tuas entranhas, [8] até que te saiam as tuas entranhas, por causa da enfermidade, de dia em dia.

16 Despertou [9] pois o Senhor, contra Jorão o espirito dos philisteos e dos arabios, que estão da banda dos ethiopes.

17 Estes subiram a Judah, e deram sobre ella, e levaram toda a fazenda, que se achou na casa do rei, como tambem a seus filhos [10] e a suas mulheres; de modo que lhe não deixaram filho, senão a Joachaz, o mais moço de seus filhos.

18 E depois de tudo isto o Senhor [11] o feriu nas suas entranhas com uma enfermidade incuravel.

19 E succedeu que, depois de muitos dias, e chegado que foi o fim de dois annos, sairam-lhe as entranhas com a doença; e morreu de más enfermidades: e o seu povo lhe não fez uma queimada como a queimada [12] de seus paes.

20 Era da edade de trinta e dois annos quando começou a reinar, e reinou em Jerusalem oito annos: e foi-se sem deixar de si saudades algumas; e o sepultaram na cidade de David, porém não nos sepulchros dos reis.

[1] I Reis 22.50.

[2] II Reis 8.17, etc.

[3] cap. 22.2.

[4] II Sam. 7.12, 13. I Reis 11.36.

[5] II Reis 8.20, etc.

[6] Lev. 17.7 e 20.5. ver. 13.

[7] ver. 11. Exo. 34.15. Deu. 31.16. I Reis 16.31-33. II Reis 9.22.

[8] ver. 18, 19.

[9] I Reis 11.14, 23.

[10] cap. 24.7.

[11] ver. 15.

[12] cap. 16.14.

Achazias reina e é morto por Jehu.

Antes de Christo 887

22 E os moradores de Jerusalem fizeram rei a Achazias, [1] seu filho mais moço, em seu logar: porque a tropa, que viera com os arabios ao arraial, tinha morto a todos os mais velhos: e assim reinou Achazias, filho de Jorão, rei de Judah.

2 Era da edade [2] de quarenta e dois annos, quando começou a reinar, e reinou um anno em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Athalia, filha d’Omri.

3 Tambem este andou nos caminhos da casa d’Achab; porque sua mãe era sua conselheira, para obrar impiamente.

4 E fez o que era mal aos olhos do Senhor, como a casa d’Achab, porque elles eram seus conselheiros depois da morte de seu pae, para a sua perdição.

5 Tambem andou no seu conselho, e foi-se [3] com Jorão, filho d’Achab, rei d’Israel, á peleja contra Hazael, rei da Syria, junto a Ramoth-gilead: e os syros feriram a Jorão.

6 E tornou [4] a curar-se em Jezreel, das feridas que se lhe deram junto a Rama, pelejando contra Hazael, rei da Syria: e Azarias, filho de Jorão, rei de Judah, desceu para ver a Jorão, filho d’Achab, em Jezreel; porque estava doente.

7 Veiu pois [5] de Deus o abatimento d’Achazias, para que viesse a Jorão; porque vindo elle, saiu com Jorão contra Jehu, filho de Nimsi, a quem o Senhor tinha ungido para desarreigar a casa d’Achab.

8 E succedeu que, executando Jehu juizo [6] contra a casa d’Achab, achou os principes de Judah e os filhos dos irmãos d’Achazias, que serviam a Achazias, e os matou.

9 Depois buscou [7] a Achazias (porque se tinha escondido em Samaria), e o[435] alcançaram, e o trouxeram a Jehu, e o mataram, e o sepultaram; porque disseram: Filho é de Josaphat, que buscou ao Senhor com todo o seu coração. E não tinha já a casa d’Achazias ninguem que tivesse força para o reino.

Athalia manda matar a familia real, mas Joás escapa.

Antes de Christo 884

10 Vendo pois [8] Athalia, mãe d’Achazias, que seu filho era morto, levantou-se, e destruiu, toda a semente real da casa de Judah.

11 Porém Josebath, [9] filha do rei, tomou a Joás, filho d’Achazias, e furtou-o d’entre os filhos do rei, a quem matavam, e o poz com a sua ama na camara dos leitos: assim Josebath, filha do rei Jorão, mulher do sacerdote Joiada (porque era irmã d’Achazias), o escondeu de diante d’Athalia, de modo que o não matou.

12 E esteve com elles escondido na casa de Deus seis annos: e Athalia reinou sobre a terra.

[1] II Reis 8.24, etc. ver. 6. cap. 21.17.

[2] II Reis 8.26. cap. 21.6.

[3] II Reis 8.28, etc.

[4] II Reis 9.15.

[5] Jui. 14.4. I Reis 12.15. cap. 10.15.

[6] II Reis 10.10, 11.

[7] II Reis 9.27. cap. 17.4.

[8] II Reis 11.1, etc.

[9] II Reis 11.2.

Joiada, o sacerdote, unge a Joás, como rei de Judah.

Antes de Christo 878

23 Porém no setimo [1] anno Joiada se esforçou, e tomou comsigo em alliança os chefes das centenas, a Azarias, filho de Joroão, e a Ishmael, filho de Jahanan, e a Azarias, filho d’Obed, e a Maaseias, filho d’Adaias, e a Elisaphat, filho de Sicri.

2 Estes rodeiaram a Judah e ajuntaram os levitas de todas as cidades de Judah e os cabeças dos paes d’Israel, e vieram para Jerusalem.

3 E toda aquella congregação fez alliança com o rei na casa de Deus: e Joiada lhes disse: Eis que o filho do rei reinará, como o Senhor fallou a respeito [2] dos filhos de David.

4 Esta é a coisa que haveis de fazer: uma terça parte de vós, os sacerdotes e os levitas que entram de sabbado, serão porteiros das portas;

5 E uma terça parte estará [3] na casa do rei; e a outra terça parte á porta do fundamento: e todo o povo estará nos pateos da casa do Senhor.

6 Porém ninguem entre na casa do Senhor, senão os sacerdotes e os levitas que [4] ministram; estes entrarão, porque sanctos são; mas todo o povo vigiará a guarda do Senhor,

7 E os levitas rodeiarão ao rei em volta, cada um com as suas armas na mão; e qualquer que entrar na casa morrerá; porém vós estareis com o rei, quando entrar e quando sair.

8 E fizeram os levitas e todo o Judah conforme a tudo o que ordenara o sacerdote Joiada; e tomou cada um os seus homens, os que entravam no sabbado com os que sahiam do sabbado; porque o sacerdote Joiada não tinha despedido as turmas.

9 Tambem o sacerdote Joiada deu aos chefes das centenas as lanças, e os escudos, e as rodelas que foram do rei [5] David os quaes estavam na casa de Deus.

10 E dispoz todo o povo, e a cada um com as suas armas na sua mão, desde a banda direita da casa até á banda esquerda da casa, da banda do altar e da casa, á roda do rei.

11 Então tiraram para fóra ao filho do rei, e lhe pozeram a corôa; deram-lhe o testemunho, [6] e o fizeram rei: e Joiada e seus filhos o ungiram, e disseram: Viva o rei!

12 Ouvindo pois Athalia a voz do povo que concorria e louvava o rei, veiu ao povo, á casa do Senhor.

13 E olhou: e eis-que o rei estava perto da sua columna, á entrada, e os chefes, e as trombetas junto ao rei; e todo o povo da terra estava alegre, e tocava as trombetas; e tambem os cantores tocavam instrumentos musicos, e davam a entender que se deviam cantar louvores: então Athalia rasgou [7] os seus vestidos, e clamou: Traição, traição!

14 Porém o sacerdote Joiada tirou para fóra os centuriões que estavam postos sobre o exercito e disse-lhes: Tirae-a para fóra das fileiras, e o que a seguir, morrerá á espada: porque dissera o sacerdote: Não a matareis na casa do Senhor.

15 E elles lhe lançaram as mãos, e ella foi á entrada da porta dos cavallos, da [8] casa do rei: e ali a mataram.

O pacto que Joiada fez.

16 E Joiada fez alliança entre si, e o povo, e o rei, que seriam o povo do Senhor.

17 Depois todo o povo entrou na casa de Baal, e a derribaram, e quebraram os seus altares, e as suas imagens, [9] e a Mathan, sacerdote de Baal, mataram diante dos altares.

18 E Joiada ordenou os officios na casa do Senhor, debaixo da mão dos sacerdotes, os levitas a quem David [10] repartira na casa do Senhor, para offerecerem[436] os holocaustos do Senhor, como está escripto na lei de Moysés, com alegria e com canto, conforme a instituição de David.

19 E poz porteiros [11] ás portas da casa do Senhor, para que não entrasse n’ella ninguem immundo em coisa alguma.

20 E tomou [12] os centuriões, e os poderosos, e os que tinham dominio entre o povo e todo o povo da terra, e conduziu o rei da casa do Senhor, e entraram na casa do rei pelo meio da porta maior, e assentaram o rei no throno do reino.

21 E todo o povo da terra se alegrou, e a cidade ficou em paz, depois que mataram a Athalia á espada.

[1] II Reis 11.4, etc.

[2] II Sam. 7.12. I Reis 2.4 e 9.5.

[3] I Chr. 9.25.

[4] I Chr. 23.28, 29.

[5] I Chr. 24 e 25.

[6] Deu. 17.18.

[7] I Chr. 25.8.

[8] Neh. 3.28.

[9] Deu. 13.9.

[10] I Chr. 23.6, 30, 31 e 24.1. Num. 28.2.

[11] I Chr. 26.1, etc.

[12] II Reis 11.19.

Joás dá ordens para concertar o templo.

Antes de Christo 856

24 Tinha Joás [1] sete annos d’edade quando começou a reinar, e quarenta annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Zibia, de Berseba.

2 E fez [2] Joás o que era recto aos olhos do Senhor, todos os dias do sacerdote Joiada.

3 E tomou-lhe Joiada duas mulheres, e gerou filhos e filhas.

4 E succedeu depois d’isto que veiu ao coração de Joás de renovar a casa do Senhor.

5 Ajuntou pois os sacerdotes e os levitas, e disse-lhes: Sahi pelas cidades de Judah, e ajuntae o dinheiro de todo o Israel [3] para reparar a casa do vosso Deus de anno em anno; e vós apressae este negocio. Porém os levitas não se apressaram.

6 E o [4] rei chamou a Joiada, o chefe, e disse-lhe: Porque não fizeste inquirição entre os levitas: para que trouxessem de Judah e de Jerusalem a offerta de [5] Moysés, servo do Senhor, e da congregação d’Israel, á tenda do testemunho?

7 Porque, sendo Athalia impia, seus filhos [6] arruinaram a casa de Deus, e até todas as coisas sagradas da casa do Senhor empregaram em Baalin.

8 E deu o rei ordem e [7] fizeram uma arca, e a pozeram fóra, á porta da casa do Senhor.

9 E publicou-se em Judah e em Jerusalem que trouxessem ao Senhor a offerta [8] de Moysés, o servo do Senhor, imposta a Israel no deserto.

10 Então todos os principes, e todo o povo se alegraram, e a trouxeram e a lançaram na arca, até que a acabaram de lançar.

11 E succedeu que, ao tempo que traziam a arca pelas mãos dos levitas, segundo o mandado do rei, e vendo que [9] já havia muito dinheiro, vinha o escrivão do rei, e o deputado do summo sacerdote, e esvaziavam a arca, e a tomavam, e a tornavam ao seu logar: assim faziam de dia em dia, e ajuntaram dinheiro em abundancia,

12 O qual o rei e Joiada davam aos que tinham cargo da obra do serviço da casa do Senhor; e alugaram pedreiros e carpinteiros, para renovarem a casa do Senhor; como tambem ferreiros e serralheiros, para repararem a casa do Senhor.

13 E os que tinham cargo da obra faziam que a reparação da obra fosse crescendo pela sua mão: e restauraram a casa de Deus no seu estado, e a fortaleceram.

14 E, depois de acabarem, trouxeram o resto do dinheiro para diante do rei e de Joiada, e d’elle [10] fez vasos para a casa do Senhor, vasos para ministrar, e offerecer, e [MD] perfumadores e vasos d’oiro e de prata. E continuamente sacrificaram holocaustos na casa do Senhor, todos os dias de Joiada.

15 E envelheceu Joiada, e morreu farto de dias: era da edade de cento e trinta annos quando morreu.

16 E o sepultaram na cidade de David com os reis; porque tinha feito bem em Israel, e para com Deus e a sua casa.

A idolatria de Joás.

17 Porém depois da morte de Joiada vieram os principes de Judah e prostraram-se perante o rei: e o rei os ouviu.

18 E deixaram a casa do Senhor, Deus de seus paes, e serviram as imagens do bosque [11] e os idolos: então veiu grande ira sobre Judah e Jerusalem por causa d’esta sua culpa.

19 Porém enviou [12] prophetas entre elles, para os fazer tornar ao Senhor, os quaes protestaram contra elles; mas elles não deram ouvidos.

20 E o Espirito [13] de Deus revestiu a Zacharias, filho do sacerdote Joiada, o qual se poz em pé acima do povo, e lhes disse: Assim diz Deus: Porque transgredis os mandamentos do Senhor? portanto não prosperareis; porque[437] [14] deixastes ao Senhor, tambem elle vos deixará.

Antes de Christo 840

21 E elles conspiraram contra elle, e o apedrejaram [15] com pedras, pelo mandado do rei, no pateo da casa do Senhor.

22 Assim o rei Joás não se lembrou da beneficencia que seu pae Joiada lhe fizera, porém matou-lhe o filho, o qual, morrendo, disse: O Senhor o verá, e o requererá.

O juizo de Deus sobre Joás.

23 E succedeu, no decurso de um anno, que o exercito [16] da Syria subiu contra elle, e vieram a Judah e a Jerusalem, e destruiram d’entre o povo a todos os principes do povo; e todo o seu despojo enviaram ao rei de Damasco.

24 Porque, ainda que o exercito dos syros viera com poucos [17] homens, comtudo o Senhor deu na sua mão um exercito de grande multidão, porquanto deixaram ao Senhor, Deus de seus paes. Assim executaram os juizos [18] contra Joás.

25 E, retirando-se d’elle (porque em grandes enfermidades o deixaram) seus servos conspiraram contra elle por causa do sangue do filho do sacerdote Joiada, e o mataram na sua cama, [19] e morreu: e o sepultaram na cidade de David, porém não o sepultaram nos sepulchros dos reis.

26 Estes pois foram os que conspiraram contra elle: Zabad, filho de Simeath, a ammonita, e Jozabat, filho de Simreth, a moabita.

27 E, quanto a seus filhos, e á grandeza do cargo que [20] se lhe impôz, e ao estabelecimento da casa de Deus, eis que está escripto na historia do livro dos reis: e Amasias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 11.21 e 12.1, etc.

[2] cap. 26.5.

[3] II Reis 12.4.

[4] II Reis 12.7.

[5] Exo. 30.12, 13, 14, 16. Num. 1.50. Act. 7.44.

[6] cap. 21.17. II Reis 12.4.

[7] II Reis 12.9.

[8] ver. 6.

[9] II Reis 12.10.

[10] II Reis 12.13.

[11] I Reis 14.23. Jui. 5.8.

[12] cap. 36.15. Jer. 7.25, 26 e 25.4.

[13] cap. 15.1 e 20.14.

[14] Num. 14.41. cap. 15.2.

[15] Mat. 23.35. Act. 7.58, 59.

[16] II Reis 12.17.

[17] Lev. 26.8. Deu. 32.30. Isa. 30.17.

[18] cap. 22.8. Isa. 10.5.

[19] II Reis 12.20. ver. 21.

[20] II Reis 12.18. II Reis 12.21.

Amasias vence os edomitas.

Antes de Christo 839

25 Era Amasias [1] da edade de vinte e cinco annos, quando começou a reinar, e reinou vinte e nove annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Joadan, de Jerusalem.

2 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, [2] porém não com coração inteiro.

3 Succedeu pois [3] que, sendo-lhe o reino já confirmado, matou a seus servos que feriram o rei seu pae;

4 Porém não matou a seus filhos: mas fez como na lei está escripto, no livro de Moysés, como o Senhor ordenou, dizendo: Não morrerão os paes [4] pelos filhos, nem os filhos morrerão pelos paes; mas cada um morrerá pelo seu peccado.

5 E Amasias ajuntou a Judah e os poz segundo as casas dos paes, por chefes de milhares, e por chefes de centenas, por todo o Judah e Benjamin; e os numerou, de vinte annos e [5] d’ahi para cima, e achou d’elles trezentos mil escolhidos que sahiam ao exercito, e levavam lança e escudo.

6 Tambem d’Israel tomou a soldo cem mil varões valentes, por cem talentos de prata.

7 Porém um homem de Deus veiu a elle, dizendo: Oh rei, não deixes ir comtigo o exercito de Israel: porque o Senhor não é com Israel, a saber, com os filhos d’Ephraim.

8 Se porém fôres, faze-o, esforça-te para a peleja; Deus te fará cair diante do inimigo; porque força ha em Deus [6] para ajudar e para fazer cair.

9 E disse Amasias ao homem de Deus: Que se fará pois dos cem talentos de prata que dei ás tropas d’Israel? E disse o homem de Deus: Mais tem o Senhor que te [7] dar do que isso.

10 Então separou Amasias as tropas que lhe tinham vindo de Ephraim, para que se fossem ao seu logar; pelo que se accendeu a sua ira contra Judah, e voltaram para o seu logar em ardor d’ira.

11 Esforçou-se pois Amasias, e conduziu o seu povo, [8] e foi-se ao valle do sal; e feriu dos filhos de Seir dez mil.

12 Tambem os filhos de Judah prenderam vivos dez mil, e os trouxeram ao cume da rocha; e do mais alto da rocha os lançaram d’alto abaixo, e todos arrebentaram.

13 Porém os homens das tropas que Amasias despedira, para que não fossem com elle á peleja, deram sobre as cidades de Judah desde Samaria, até Beth-horon; e feriram d’elles tres mil, e saquearam grande despojo.

Deus castiga Amasias por causa da idolatria.

Antes de Christo 827

14 E succedeu que, depois que Amasias veiu da matança dos idumeos, e trouxe comsigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, [9] e prostrou-se diante d’elles, e queimou-lhes incenso.

[438]

15 Então a ira do Senhor se accendeu contra Amasias; e mandou-lhe um propheta que lhe disse: Porque buscaste deuses do povo, que a seu [10] povo não livraram da tua mão?

16 E succedeu que, fallando-lhe elle, lhe respondeu: Pozeram-te por conselheiro do rei? cala-te, porque te feririam? então o propheta parou, e disse: Bem vejo eu que já o Senhor deliberou [11] destruir-te; porquanto fizeste isto, e não déste ouvidos a meu conselho.

17 E, tendo tomado conselho, Amasias, [12] rei de Judah, enviou a Joás, filho de Joachaz, filho de Jehu, rei d’Israel, a dizer: Vem, vejamo-nos cara a cara.

18 Porém Joás, rei d’Israel, mandou dizer a Amasias, rei de Judah: O cardo que estava no Libano mandou dizer ao cedro que estava no Libano: Dá tua filha a meu filho por mulher; porém os animaes do campo que estão no Libano passaram e pizaram o cardo.

19 Tu dizes: Eis que tenho ferido os idumeos; e elevou-se o teu coração, para te gloriares: agora pois fica em tua casa; porque te entremetterias no mal, para caires tu e Judah comtigo?

20 Porém Amasias não lhe deu ouvidos, porque isto vinha [13] de Deus, para entregal-os na mão dos seus inimigos; porquanto buscaram os deuses dos idumeos.

21 E Joás, rei d’Israel, subiu; e elle e Amasias, rei de Judah, se viram cara a cara em Beth-semes, que está em Judah.

22 E Judah foi ferido diante d’Israel: e foram-se cada um para as suas tendas.

23 E Joás, rei d’Israel, prendeu a Amasias, rei de Judah, filho de Joás, o filho de [14] Joachaz em Beth-semes, e o trouxe a Jerusalem; e derribou o muro de Jerusalem, desde a porta d’Ephraim até á porta da esquina, quatrocentos covados.

24 Tambem tomou todo o oiro, e a prata, e todos os vasos que se acharam na casa de Deus com Obed-edom, e os thesouros da casa do rei, e os refens; e voltou para Samaria.

25 E viveu Amasias, [15] filho de Joás, rei de Judah, depois da morte de Joás, filho de Joachaz, rei d’Israel, quinze annos.

26 Quanto ao mais dos successos d’Amasias, tanto os primeiros como os ultimos, eis-que porventura não estão escriptos no livro dos reis de Judah e d’Israel?

27 E desde o tempo que Amasias se desviou d’após o Senhor, conspiraram contra elle em Jerusalem, porém elle fugiu para Lachis, mas enviaram após elle a Lachis, e o mataram ali.

28 E o trouxeram sobre cavallos e o sepultaram com seus paes na cidade de Judah.

[1] II Reis 14.1, etc.

[2] II Reis 14.4. ver. 14.

[3] II Reis 14.5, etc.

[4] Deu. 24.16. II Reis 14.6. Jer. 31.30. Eze. 18.20.

[5] Num. 1.3.

[6] cap. 20.6.

[7] Pro. 10.22.

[8] II Reis 14.7.

[9] cap. 28.23. Exo. 20.3, 5.

[10] ver. 11.

[11] I Sam. 2.25.

[12] II Reis 14.8, 9, etc.

[13] I Reis 12.15. cap. 22.7. ver. 14.

[14] cap. 21.17 e 22.1, 6.

[15] II Reis 14.17.

Uzias reina e prospera.

Antes de Christo 810

26 Então todo o povo [1] tomou a Uzias, que era da edade de dezeseis annos, e o fizeram rei em logar de seu pae Amasias.

2 Este edificou a Elod, e a restituiu a Judah, depois que o rei adormeceu com seus paes.

3 Era Uzias da edade de dezeseis annos quando começou a reinar, e cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem; e era o nome de sua mãe Jecholia, de Jerusalem.

4 E fez o que era recto aos olhos do Senhor; conforme a tudo o que fizera Amasias seu pae.

5 Porque deu-se a [2] buscar a Deus nos dias de Zacharias, entendido nas visões de Deus; e nos dias em que buscou ao Senhor Deus o fez prosperar.

6 Porque saiu, e guerreou [3] contra os philisteos, e quebrou o muro de Gath, e o muro de Jabne, e o muro d’Asdod: e edificou cidades em Asdod, e entre os philisteos.

7 E Deus o ajudou contra [4] os philisteos e contra os arabios que habitavam em Gur-baal, e contra os meunitas.

8 E os ammonitas [5] deram presentes a Uzias: e o seu renome foi espalhado até á entrada do Egypto, porque se fortificou altamente.

9 Tambem Uzias edificou torres em Jerusalem, [6] á porta da esquina, e á porta do valle, e aos angulos, e as fortificou.

10 Tambem edificou torres no deserto, e cavou muitos poços; porque tinha muito gado, tanto nos valles como nas campinas; lavradores e vinhateiros, nos montes e nos campos ferteis; porque era amigo da agricultura.

11 Tinha tambem Uzias um exercito d’homens destros na guerra, que sahiam ao exercito em tropas, segundo o numero da sua mostra, por mão de Jeiel, chanceler, e Maaseias, official, debaixo da mão d’Hananias, um dos principes do rei.

12 Todo o numero dos chefes dos paes, varões valentes, era de dois mil e seiscentos.

[439]

13 E debaixo das suas ordens havia um exercito guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força bellicosa, para ajudar o rei contra os inimigos.

14 E preparou-lhes Uzias, para todo o exercito, escudos, e lanças, e capacetes, e couraças e arcos; e até fundas para atirar pedras.

15 Tambem fez em Jerusalem machinas da invenção d’engenheiros, que estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem frechas e grandes pedras: e voou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou.

Uzias é atacado de lepra.

16 Mas, havendo-se já [7] fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper: e transgrediu contra o Senhor, seu Deus, porque entrou [8] no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.

17 Porém o sacerdote Azarias entrou após elle, [9] e com elle oitenta sacerdotes do Senhor, varões valentes.

18 E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, [10] filhos d’Aarão, que são consagrados para queimar incenso; sae do sanctuario, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus.

19 Então Uzias se indignou: e tinha o incensario na sua mão para queimar incenso: indignando-se elle pois contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu á [11] testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso;

20 Então o summo sacerdote Azarias olhou para elle, como tambem todos os sacerdotes, e eis que já estava leproso na sua testa, e apressuradamente o lançaram fóra: e até elle mesmo se deu pressa a sair, visto que o Senhor o ferira.

21 Assim ficou leproso [12] o rei Uzias até ao dia da sua morte: e morou, por ser leproso, n’uma casa separada, porque foi excluido da casa do Senhor: e Jothão, seu filho, tinha o cargo da casa do rei, julgando o povo da terra.

22 Quanto ao mais dos successos d’Uzias, [13] tanto os primeiros como os derradeiros, o propheta Isaias, filho d’Amós, o escreveu.

23 E dormiu [14] Uzias com seus paes, e o sepultaram com seus paes no campo do sepulchro que era dos reis; porque disseram: Leproso é. E Jothão, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 14.21, 22 e 15.1, etc.

[2] cap. 24.2. Gen. 41.15. Dan. 1.17 e 2.19 e 10.1.

[3] Isa. 14.29.

[4] cap. 21.16.

[5] II Sam. 8.2. cap. 17.11.

[6] II Reis 14.13. Neh. 3.13, 19, 32. Zac. 14.10.

[7] Deu. 32.15. Deu. 8.14. cap. 25.19.

[8] II Reis 16.12, 13.

[9] I Chr. 6.10.

[10] Num. 16.40 e 18.7. Exo. 30.7, 8.

[11] Num. 12.10. II Reis 5.27.

[12] II Reis 15.5. Lev. 13.46. Num. 5.2.

[13] Isa. 1.1.

[14] II Reis 15.7. Isa. 6.1.

Jothão reina bem e vence os ammonitas.

Antes de Christo 765

27 Tinha Jothão [1] vinte e cinco annos d’edade, quando começou a reinar, e dezeseis annos reinou em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Jerusa, filha de Zadok.

2 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, conforme a tudo o que fizera Uzias, seu pae, excepto que não entrou no templo do Senhor. [2] E ainda o povo se corrompia.

3 Este edificou a porta alta da casa do Senhor, e tambem edificou muito sobre o muro d’Ophel.

4 Tambem edificou cidades nas montanhas de Judah, e edificou nos bosques castellos e torres.

5 Elle tambem guerreou contra o rei dos filhos d’Ammon, e prevaleceu sobre elles, de modo que os filhos d’Ammon n’aquelle anno lhe deram cem talentos de prata, e dez mil coros de trigo, e dez mil de cevada: isto lhe trouxeram os filhos d’Ammon tambem o segundo e o terceiro anno.

6 Assim se fortificou Jothão, porque dirigiu os seus caminhos na presença do Senhor seu Deus.

7 O resto pois dos successos de Jothão, e todas as suas guerras e os seus caminhos eis que está escripto no livro dos reis d’Israel e de Judah.

8 Tinha vinte e cinco annos d’edade, quando começou a reinar, e dezeseis annos reinou em Jerusalem.

9 E dormiu Jothão [3] com seus paes, e o sepultaram na cidade de David: e Achaz, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 15.32, etc.

[2] II Reis 15.35.

[3] II Reis 15.38.

Achaz é impio e os syros affligem-n’o.

Antes de Christo 741

28 Tinha Achaz [1] vinte annos d’edade, quando começou a reinar, e dezeseis annos reinou em Jerusalem: e não fez o que era recto aos olhos do Senhor, como David seu pae.

2 Antes andou nos caminhos dos reis d’Israel, e, de mais d’isto, fez imagens [2] fundidas a Baalim.

3 Tambem queimou incenso no valle do filho d’Hinnom, [3] e queimou a seus filhos no fogo, conforme ás abominações dos gentios que o Senhor tinha desterrado de diante dos filhos d’Israel.

4 Tambem sacrificou, e queimou incenso[440] nos altos e nos outeiros, como tambem debaixo de toda a arvore verde.

5 Pelo que o Senhor seu Deus [4] o entregou na mão do rei dos syros, os quaes o feriram, e levaram d’elle em captiveiro uma grande multidão de presos, que trouxeram a Damasco: tambem foi entregue na mão do rei d’Israel, o qual o feriu de grande ferida.

6 Porque [5] Peka, filho de Remalias, matou n’um dia em Judah cento e vinte mil, todos homens bellicosos; porquanto deixaram ao Senhor, Deus de seus paes.

7 E Zichri, varão potente de Ephraim, matou a Maasias, filho do rei, e a Azrikam, o mordomo, e a Elkana, o segundo depois do rei.

8 E os filhos [6] d’Israel levaram presos de seus irmãos duzentos mil, mulheres, filhos e filhas: e saquearam tambem d’elles grande despojo, e trouxeram o despojo para Samaria.

9 E estava ali um propheta do Senhor, cujo nome era Oded, o qual saiu ao encontro do exercito que vinha para Samaria, e lhe disse: [7] Eis que, irando-se o Senhor Deus de vossos paes contra Judah, os entregou na vossa mão, e vós os matastes com uma raiva tal, [8] que chegou até aos céus.

10 E agora vós cuidaes em sujeitar a vós os filhos de Judah e Jerusalem, como [9] captivos e captivas: porventura não sois vós mesmos aquelles entre os quaes ha culpas contra o Senhor vosso Deus?

11 Agora pois ouvi-me, e tornae a enviar os prisioneiros que trouxestes presos de vossos irmãos; porque o ardor da ira [10] do Senhor está sobre vós.

12 Então se levantaram alguns homens d’entre os chefes dos filhos d’Ephraim; Azarias, filho de Johanan, Berechias, filho de Mesillemoth, e Jehizkias filho de Sallum, e Amasa, filho de Hadlai, contra os que voltavam da batalha.

13 E lhes disseram: Não fareis entrar aqui estes presos, porque, em relação á nossa culpa contra o Senhor, vós intentaes accrescentar mais a nossos peccados e a nossas culpas, sendo que já temos tanta culpa, e já o ardor da ira está sobre Israel.

14 Então os homens armados deixaram os presos e o despojo diante dos maioraes e de toda a congregação.

15 E os homens [11] que foram apontados por seus nomes se levantaram, e tomaram os presos, e vestiram do despojo a todos os que d’entre elles estavam nús; e os vestiram, e os calçaram, e lhes deram [12] de comer e de beber, e os ungiram, e a todos os que estavam fracos levaram sobre jumentos, e os trouxeram a Jericó, á cidade das palmeiras, a seus irmãos: depois voltaram para Samaria.

Achaz busca o soccorro dos reis d’Assyria e não o acha.

16 N’aquelle tempo [13] o rei Achaz enviou aos reis d’Assyria, a pedir que o ajudassem.

17 De mais d’isto tambem os idumeos vieram, e feriram a Judah, e levaram presos em captiveiro.

18 Tambem os philisteos [14] deram sobre as cidades da campina e do sul de Judah, e tomaram a Beth-semes, e Aijalon, e a Gederot e a Socoh, e os logares da sua jurisdicção, e a Thimna, e os logares da sua jurisdicção, e a Gimzo, e os logares da sua jurisdicção: e habitaram ali.

19 Porque o Senhor humilhou a Judah por causa [15] d’Achaz, rei d’Israel; porque abandonou a Judah, que de todo se dera a prevaricar contra o Senhor.

20 E veiu a elle [16] Tilgath-pilneser, rei d’Assyria; porém o poz em aberto, e não o corroborou.

21 Porque Achaz tomou uma porção da casa do Senhor, e da casa do rei, e dos principes, e a deu ao rei d’Assyria; porém não o ajudou.

22 E ao tempo em que este o apertou, então ainda mais transgrediu contra o Senhor, tal era o rei Achaz.

23 Porque sacrificou [17] aos deuses de Damasco, que o feriram, e disse: Visto que os deuses dos reis da Syria os ajudam, eu lhes sacrificarei, para que me ajudem a [18] mim. Porém elles foram a sua ruina, e de todo o Israel.

24 E ajuntou Achaz os vasos da casa do Senhor, e fez em pedaços os vasos da casa de Deus, e fechou [19] as portas da casa do Senhor, e fez para si altares em todos os cantos de Jerusalem.

25 Tambem em cada cidade de Judah fez altos para queimar incenso a outros deuses: assim provocou á ira o Senhor, Deus de seus paes.

26 O resto [20] pois de seus successos e de todos os seus caminhos, tanto os primeiros como os derradeiros, eis que[441] está escripto no livro dos reis de Judah e de Israel.

27 E dormiu Achaz com seus paes, e o sepultaram na cidade, em Jerusalem, porém não o pozeram nos sepulchros dos reis de Israel: e Ezequias, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 16.2.

[2] Exo. 34.17. Lev. 19.4. Jui. 2.11.

[3] II Reis 23.10. Lev. 18.21. II Reis 16.3. cap. 33.6.

[4] Isa. 7.1. II Reis 16.5, 6.

[5] II Reis 15.27.

[6] cap. 11.4.

[7] Isa. 10.5 e 47.6. Eze. 25.12, 15 e 26.2. Zac. 1.15.

[8] Esd. 9.6. Apo. 18.5.

[9] Lev. 25.39, 42, 43, 46.

[10] Thi. 2.13.

[11] ver. 12.

[12] II Reis 6.22. Pro. 25.21, 22. Luc. 6.27. Rom. 12.20.

[13] II Reis 16.7.

[14] cap. 21.2. Eze. 16.27, 57.

[15] cap. 21.2. Exo. 32.25.

[16] II Reis 15.29 e 16.7, 8, 9.

[17] cap. 25.14.

[18] Jer. 44.17, 18.

[19] cap. 29.3, 7.

[20] II Reis 16.19, 20.

Ezequias manda purificar o templo.

Antes de Christo 726

29 Tinha Ezequias [1] vinte e cinco annos de edade, quando começou a reinar e reinou vinte e nove annos em Jerusalem: e era o nome de sua mãe Abia, [2] filha de Zacharias.

2 E fez o que era recto aos olhos do Senhor, conforme a tudo quanto fizera David seu pae.

3 Este, no anno primeiro do seu reinado, no mez [3] primeiro, abriu as portas da casa do Senhor, e as reparou.

4 E trouxe os sacerdotes, e os levitas, e os ajuntou na praça oriental,

5 E lhes disse: Ouvi-me, ó levitas, sanctificae-vos agora, [4] e sanctificae a casa do Senhor, Deus de vossos paes, e tirae do sanctuario a immundicia.

6 Porque nossos paes transgrediram, e fizeram o que era mal aos olhos do Senhor nosso Deus, e o deixaram; e desviaram [5] os seus rostos do tabernaculo do Senhor, e lhe deram as costas.

7 Tambem fecharam [6] as portas do alpendre, e apagaram as lampadas, e não queimaram incenso nem offereceram holocaustos no sanctuario, ao Deus de Israel.

8 Pelo que veiu [7] grande ira do Senhor sobre Judah e Jerusalem, e os entregou á perturbação, á [8] assolação, e ao assobio, como vós o estaes vendo com os vossos olhos.

9 Porque eis que [9] nossos paes cairam á espada, e nossos filhos, e nossas filhas, e nossas mulheres por isso estiveram em captiveiro.

10 Agora me tem vindo ao coração, que façamos um concerto [10] com o Senhor, Deus de Israel; para que se desvie de nós o ardor da sua ira.

11 Agora, filhos meus, não sejaes negligentes; pois o [11] Senhor vos tem escolhido para estardes diante d’elle para o servirdes, e para serdes seus ministros e queimadores de incenso.

Os levitas purificam o templo.

12 Então se levantaram os levitas, Mahath, filho d’Amasai, e Joel filho de Azarias, dos filhos dos kohathitas: e dos filhos de Merari, Kis, filho d’Abdi, e Azarias, filho de Jehalelel: e dos gersonitas, Joah, filho de Zimma, e Eden filho de Joah;

13 E d’entre os filhos de Elisaphan, Simri e Jeiel: d’entre os filhos d’Asaph, Zacharias e Matthanias:

14 E d’entre os filhos d’Heman, Jehiel e Simei: e d’entre os filhos de Jeduthun, Semaias e Uziel.

15 E ajuntaram a seus irmãos, e sanctificaram-se [12] e vieram conforme ao mandado do rei, pelas palavras do Senhor, para purificarem a casa do Senhor.

16 E os sacerdotes entraram dentro da casa do Senhor, para a purificar, e tiraram para fóra, ao pateo da casa do Senhor, toda a immundicia que acharam no templo do Senhor: e os levitas a tomaram, para a levarem para fóra, ao ribeiro de Cedron.

17 Começaram pois a sanctificar ao primeiro do mez primeiro: e ao oitavo dia do mez vieram ao alpendre do Senhor, e sanctificaram a casa do Senhor em oito dias: e no dia decimo sexto do primeiro mez acabaram.

18 Então entraram para dentro, ao rei Ezequias, e disseram: Já purificámos toda a casa do Senhor, como tambem o altar do holocausto com todos os seus vasos e a mesa da proposição com todos os seus vasos.

19 Tambem todos os vasos que o rei Achaz [13] no seu reinado lançou fóra, na sua transgressão, já preparámos e sanctificámos: e eis que estão diante do altar do Senhor.

Ezequias restabelece o culto de Deus.

20 Então o rei Ezequias se levantou de madrugada, e ajuntou os maioraes da cidade, e subiu á casa do Senhor.

21 E trouxeram sete novilhos e sete carneiros, e sete cordeiros, e sete bodes, para sacrificio pelo peccado, [14] pelo reino, e pelo sanctuario, e por Judah, e disse aos filhos de Aarão, os sacerdotes, que os offerecessem sobre o altar do Senhor.

22 E elles mataram os bois, e os sacerdotes tomaram o sangue [15] e o espargiram sobre o altar: tambem mataram os carneiros, e espargiram o sangue sobre o altar: similhantemente mataram os cordeiros, e espargiram o sangue sobre o altar.

23 Então trouxeram os bodes para sacrificio pelo peccado, perante o rei[442] e a congregação, e lhes impozeram [16] as suas mãos.

24 E os sacerdotes os mataram, e com o seu sangue fizeram expiação [17] do peccado sobre o altar, para reconciliar a todo o Israel: porque o rei tinha ordenado que se fizesse aquelle holocausto e sacrificio pelo peccado, por todo o Israel.

25 E poz [18] os levitas na casa do Senhor com cymbalos, com alaudes, e com harpas, conforme ao mandado de David e de Gad, o vidente do rei, e do propheta Nathan: porque este mandado veiu do Senhor, por mão de seus prophetas.

26 Estavam pois os levitas em pé com os instrumentos [19] de David, e os sacerdotes com as trombetas.

27 E deu ordem Ezequias que offerecessem o holocausto sobre o altar, e ao tempo em que começou o holocausto, [20] começou tambem o canto do Senhor, com as trombetas e com os instrumentos de David, rei de Israel.

28 E toda a congregação se prostrou, quando cantavam o canto, e as trombetas se tocavam: tudo isto até o holocausto se acabar.

29 E acabando de o offerecer, o rei [21] e todos quantos com elle se acharam se prostraram e adoraram.

30 Então disse o rei Ezequias, e os maioraes, aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de David, e d’Asaph, o vidente. E o louvaram com alegria e se inclinaram e adoraram.

31 E respondeu Ezequias, e disse: Agora vos consagrastes a vós mesmos ao Senhor; chegae-vos e trazei sacrificios e offertas de louvor á casa do Senhor. E a congregação trouxe sacrificios e offertas [22] de louvor, e todo o voluntario de coração, holocaustos.

32 E o numero dos holocaustos, que a congregação trouxe, foi de setenta bois, cem carneiros, duzentos cordeiros: tudo isto em holocausto para o Senhor.

33 Houve, tambem de coisas consagradas, seiscentos bois e tres mil ovelhas.

34 Eram porém os sacerdotes mui poucos, e não podiam esfolar a todos os holocaustos; pelo que seus irmãos os levitas [23] os ajudaram, até a obra se acabar, e até que os outros sacerdotes se sanctificaram; porque os levitas foram mais rectos de coração, para se sanctificarem, do que os sacerdotes.

35 E houve tambem holocaustos em abundancia, com a gordura das offertas pacificas, e com as offertas de licor [24] para os holocaustos. Assim se estabeleceu o ministerio da casa do Senhor.

36 E Ezequias, e todo o povo se alegraram, de que Deus tinha preparado o povo; porque apressuradamente se fez esta obra.

[1] II Reis 18.1.

[2] cap. 26.5.

[3] cap. 28.24. ver. 7.

[4] I Chr. 15.12. cap. 35.6.

[5] Jer. 2.27. Eze. 8.16.

[6] cap. 28.24.

[7] cap. 24.18.

[8] I Reis 9.8. Jer. 18.16 e 19.8 e 25.9, 18 e 29.18.

[9] cap. 28.5, 6, 8, 17.

[10] cap. 15.12.

[11] Num. 3.6 e 8.14 e 18.2, 6.

[12] ver. 5. I Chr. 23.28.

[13] cap. 28.24.

[14] Lev. 4.3, 14.

[15] Lev. 8.14, 15, 19, 24. Heb. 9.21.

[16] Lev. 4.15, 24.

[17] Lev. 14.20.

[18] I Chr. 16.4 e 25.6. I Chr. 23.5 e 25.1. cap. 8.14. II Sam. 24.11. cap. 30.12.

[19] I Chr. 23.5. Amós 6.5. Num. 10.8, 10. I Chr. 15.24 e 16.6.

[20] cap. 23.18.

[21] cap. 20.18.

[22] Lev. 7.12.

[23] cap. 35.11. cap. 30.3.

[24] Lev. 3.16. Num. 15.5, 7, 10.

Ezequias convida todo o povo a vir a Jerusalem para celebrar a paschoa.

30 Depois d’isto Ezequias enviou por todo o Israel e Judah, e escreveu tambem cartas a Ephraim e a Manasseh que viessem á casa do Senhor a Jerusalem, para celebrarem a paschoa ao Senhor Deus de Israel.

2 Porque o rei tivera conselho com os seus maioraes, e com toda a congregação em Jerusalem, para celebrarem [1] a paschoa no segundo mez.

3 Porquanto no mesmo tempo não a poderam celebrar, [2] porque se não tinham sanctificado bastantes sacerdotes, e o povo se não tinha ajuntado em Jerusalem.

4 E foi isto recto aos olhos do rei, e aos olhos de toda a congregação.

5 E ordenaram que se fizesse passar pregão por todo o Israel, desde Berseba até Dan, para que viessem a celebrar a paschoa ao Senhor, Deus de Israel, a Jerusalem; porque muitos a não tinham celebrado como estava escripto.

6 Foram pois os correios com as cartas, da mão do rei e dos seus principes, por todo o Israel e Judah, e segundo o mandado do rei, dizendo: Filhos d’Israel, [3] convertei-vos ao Senhor, Deus d’Abrahão, d’Isaac e de Israel; para que elle se torne para aquelles de vós que escaparam, e ficaram da mão [4] dos reis d’Assyria.

7 E não sejaes como vossos paes [5] e como vossos irmãos, que transgrediram contra o Senhor, Deus de seus paes, [6] pelo que os deu em assolação como o vêdes.

8 Não endureçaes [7] agora a vossa cerviz, como vossos paes; dae a mão ao Senhor, e vinde ao seu sanctuario que elle sanctificou para sempre, e servi ao Senhor vosso Deus, para que o ardor da sua ira se desvie de vós.

9 Porque, em vos convertendo ao Senhor, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericordia perante os que os levaram captivos, e tornarão a esta terra; porque o Senhor vosso Deus é[443] piedoso [8] e misericordioso, e não desviará de vós o seu rosto, se vos converterdes a elle.

10 E os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra d’Ephraim e Manasseh até Zebulon; porém riram-se e zombaram [9] d’elles.

11 Todavia [10] alguns d’Aser, e de Manasseh, e de Zebulon, se humilharam, e vieram a Jerusalem.

12 E em Judah esteve a mão de [11] Deus, dando-lhes um só coração, para fazerem o mandado do rei e dos principes, conforme á palavra do Senhor.

13 E ajuntou-se em Jerusalem muito povo, para celebrar a festa dos pães asmos, no segundo mez; uma mui grande congregação.

14 E levantaram-se, e tiraram os altares [12] que havia em Jerusalem: tambem tiraram todos os vasos de incenso, e os lançaram no ribeiro de Cedron.

15 Então sacrificaram a paschoa no dia decimo quarto do segundo mez; e os sacerdotes e levitas [13] se envergonharam e se sanctificaram e trouxeram holocaustos á casa do Senhor.

16 E pozeram-se no seu posto, segundo o seu costume, conforme a lei de Moysés o homem de Deus: e os sacerdotes espargiam o sangue, tomando-o da mão dos levitas.

17 Porque havia muitos na congregação que se não tinham sanctificado; pelo que [14] os levitas tinham cargo de matarem os cordeiros da paschoa por todo aquelle que não estava limpo, para o sanctificarem ao Senhor.

18 Porque uma multidão [15] do povo, muitos d’Ephraim e Manasseh, Issacar e Zebulon, se não tinham purificado, e comtudo comeram a paschoa, não como está escripto; porém Ezequias orou por elles, dizendo: O Senhor, que é bom, faça reconciliação com aquelle

19 Que tem preparado o seu coração para buscar [16] ao Senhor, Deus, o Deus de seus paes, ainda que não esteja purificado segundo a purificação do sanctuario.

20 E ouviu o Senhor a Ezequias, e sarou o povo.

21 E os filhos de Israel, que se acharam em Jerusalem, celebraram a festa dos pães asmos [17] sete dias com grande alegria: e os levitas e os sacerdotes louvaram ao Senhor de dia em dia com instrumentos fortemente retinintes ao Senhor.

22 E Ezequias fallou benignamente a todos os levitas, que tinham entendimento no bom [18] conhecimento do Senhor: e comeram as offertas da solemnidade por sete dias, offerecendo offertas pacificas, e louvando ao Senhor, Deus de seus paes.

23 E, tendo toda a congregação conselho para celebrarem outros sete dias, [19] celebraram ainda sete dias com alegria.

24 Porque Ezequias, [20] rei de Judah, apresentou á congregação mil novilhos e sete mil ovelhas; e os principes apresentaram á congregação mil novilhos e dez mil ovelhas: e os sacerdotes [21] se sanctificaram em grande numero.

25 E alegraram-se, toda a congregação de Judah, e os sacerdotes, e os levitas, [22] toda a congregação de todos os que vieram de Israel; como tambem os estrangeiros que vieram da terra de Israel e os que habitavam em Judah.

26 E houve grande alegria em Jerusalem; porque desde os dias de Salomão, filho de David, rei de Israel, tal não houve em Jerusalem.

27 Então os sacerdotes, os levitas, se levantaram [23] e abençoaram o povo; e a sua voz foi ouvida: porque a sua oração chegou até á sua sancta habitação, aos céus.

[1] Num. 9.10, 11.

[2] Exo. 12.18. cap. 29.34.

[3] Jer. 4.1. Joel 2.13.

[4] II Reis 15.19, 29.

[5] Eze. 20.18.

[6] cap. 29.8.

[7] Deu. 10.16. cap. 29.10.

[8] Exo. 34.6. Isa. 55.7.

[9] cap. 36.10.

[10] cap. 11.16. ver. 18, 21.

[11] Phi. 2.13. cap. 29.25.

[12] cap. 28.24.

[13] cap. 29.34.

[14] cap. 29.34.

[15] ver. 11. Exo. 12.43, etc.

[16] cap. 19.3.

[17] Exo. 12.15 e 13.6.

[18] Deu. 33.10. cap. 17.9 e 35.3. Esd. 10.11.

[19] I Reis 8.65.

[20] cap. 35.7, 8.

[21] cap. 29.34.

[22] ver. 11, 18.

[23] Num. 6.23.

31 E acabando tudo isto, todos os israelitas que ali se acharam sairam ás cidades de Judah e quebraram [ME] as estatuas [1] cortaram os bosques, e derribaram os altos e altares por toda Judah e Benjamin, como tambem em Ephraim e Manasseh, até que tudo destruiram: então tornaram todos os filhos de Israel, cada um para sua possessão, para as cidades d’elles.

Ezequias regula as turmas dos sacerdotes e levitas.

2 E estabeleceu [2] Ezequias as turmas dos sacerdotes e levitas, segundo as suas turmas, a cada um segundo o seu ministerio; aos sacerdotes e levitas [3] para o holocausto e para as offertas pacificas; para ministrarem, e louvarem, e cantarem, ás portas dos arraiaes do Senhor.

3 Tambem estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos; para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sabbados, e das luas novas, e das solemnidades: como está escripto na [4] lei do Senhor.

4 E ordenou ao povo, aos moradores[444] de [5] Jerusalem, que dessem a parte dos sacerdotes e levitas; para que se podessem esforçar na lei do Senhor.

5 E, depois que este dito se divulgou, [6] os filhos de Israel trouxeram muitas primicias de trigo, mosto, e azeite, e mel, e de toda a novidade do campo: tambem os dizimos de tudo trouxeram em abundancia.

6 E aos filhos de Israel e de Judah, que habitavam na cidade de Judah tambem trouxeram dizimos das vaccas e das ovelhas, e dizimos das coisas sagradas que foram [7] consagradas ao Senhor seu Deus: e fizeram muitos montões.

7 No terceiro mez começaram a fazer os primeiros montões: e no setimo mez acabaram.

8 Vindo pois Ezequias e os principes, e vendo aquelles montões, bemdisseram ao Senhor e ao seu povo Israel.

9 E perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas ácerca d’aquelles montões.

10 E Azarias, o summo sacerdote da casa de Zadok, lhe fallou, dizendo: Desde [8] que esta offerta se começou a trazer á casa do Senhor, houve que comer e de que se fartar, e ainda sobejo em abundancia; porque o Senhor bemdisse ao seu povo, e sobejou esta abastança.

11 Então disse Ezequias que se preparassem camaras na casa do Senhor, e as prepararam.

12 Ali metteram fielmente as offertas, e os dizimos, e as coisas consagradas: e tinha cargo d’isto Conanias, [9] o levita maioral, e Simei, seu irmão, o segundo.

13 E Jehiel, e Azarias, e Nahath, e Asahel, e Jerimoth, e Jozabad, e Eliel, e Ismachias, e Mahath, e Benaias, eram superintendentes debaixo da mão de Conanias e Simei seu irmão, por mandado do rei Ezequias, e de Azarias, maioral da casa de Deus.

14 E Kore filho de Jimna, o levita, porteiro da banda do oriente, tinha cargo das offertas voluntarias de Deus, para distribuir as offertas alçadas do Senhor e as coisas sanctissimas.

15 E [MF] debaixo das suas ordens estavam Eden, e Miniamin, e Jesua, e Semaias, Amorias, e Sechanias, nas cidades [10] dos sacerdotes, para distribuirem com fidelidade a seus irmãos, segundo as suas turmas, tanto aos pequenos como aos grandes;

16 Além dos que estavam contados pelas genealogias dos machos, da edade de tres annos e d’ahi para cima; a todos os que entravam na casa do Senhor, para a obra de cada dia no seu dia, pelo seu ministerio [MG] nas suas guardas, segundo as suas turmas.

17 E os que estavam contados pelas genealogias dos sacerdotes, segundo a casa de seus paes; como tambem os levitas, da edade de vinte annos [11] e d’ahi para cima, nas suas guardas, segundo as suas turmas:

18 Como tambem conforme ás genealogias, com todas as suas creanças, suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, por toda a congregação: porque com fidelidade estes se sanctificavam nas coisas consagradas.

19 Tambem d’entre os filhos d’Aarão havia [12] sacerdotes nos campos dos arrabaldes das suas cidades, em cada cidade, homens que foram contados pelos seus nomes para distribuirem as porções a todo o macho entre os sacerdotes e a todos os que estavam contados pelas genealogias entre os levitas.

20 E assim fez Ezequias em todo o Judah: e fez [13] o que era bom, e recto, e verdadeiro, perante o Senhor seu Deus.

21 E em toda a obra que começou no serviço da casa de Deus, e na lei, e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, com todo o seu coração o fez, e prosperou.

[1] II Reis 18.4.

[2] I Chr. 23.6 e 24.1.

[3] I Chr. 23.30, 31.

[4] Num. 28 e 29.

[5] Num. 18.8, etc. Neh. 13.10. Mal. 2.7.

[6] Exo. 22.29. Neh. 13.12.

[7] Lev. 27.30. Deu. 14.28.

[8] Mal. 3.10.

[9] Neh. 13.13.

[10] Jos. 21.9.

[11] I Chr. 23.24, 27.

[12] Lev. 25.34. Num. 35.2. ver. 12, 13, 14, 15.

[13] II Reis 20.3.

Sennaquerib invade Judah, e Deus destroe o seu exercito.

Antes de Christo 713

32 Depois [1] d’estas coisas e d’esta fidelidade, veiu Sennaquerib, rei d’Assyria, e entrou em Judah, e acampou-se contra as cidades fortes, e intentou separal-as para si.

2 Vendo pois Ezequias que Sennaquerib vinha, e que o seu rosto se dirigia á guerra contra Jerusalem,

3 Teve conselho com os seus principes e os seus varões, para que se tapassem as fontes das aguas que havia fóra da cidade: e elles o ajudaram.

4 Porque muito povo se ajuntou, que tapou todas as fontes, como tambem o ribeiro que se estendia pelo meio da terra, dizendo: Porque viriam os reis d’Assyria, e achariam tantas aguas?

5 E elle [2] se fortificou, e edificou todo o muro quebrado até ás torres, e levantou o outro muro para fóra; e fortificou a [3] Millo na cidade de David, e fez armas e escudos em abundancia.

[445]

6 E poz officiaes de guerra sobre o povo, e ajuntou-os a si na praça da porta da cidade, e fallou-lhes ao coração, dizendo:

7 Esforçae-vos, [4] e tende bom animo; não temaes, nem vos espanteis, por causa do rei d’Assyria, nem por causa de toda a multidão que está com elle, [5] porque ha um maior comnosco do que com elle.

8 Com elle está [6] o braço de carne, mas comnosco o Senhor nosso Deus, para nos ajudar, e para guerrear nossas guerras. E o povo descançou nas palavras d’Ezequias, rei de Judah.

9 Depois [7] d’isto Sennaquerib, rei d’Assyria, enviou os seus servos a Jerusalem (elle porém estava diante de Lachis, com todo o seu dominio), a Ezequias, rei de Judah, e a todo o Judah que estava em Jerusalem, dizendo:

10 Assim [8] diz Sennaquerib, rei d’Assyria: Em que confiaes vós, que vos ficaes na fortaleza em Jerusalem?

11 Porventura não vos incita Ezequias, para morrerdes á fome e á sede, dizendo: O Senhor nosso [9] Deus nos livrará das mãos do rei d’Assyria?

12 Não [10] é Ezequias o mesmo que tirou os seus altos e os seus altares, e fallou a Judah e a Jerusalem, dizendo: Diante do unico altar vos prostrareis, e sobre elle queimareis incenso?

13 Não sabeis vós o que eu e meus paes fizemos a todos os povos das terras? [11] porventura poderam de qualquer maneira os deuses das nações d’aquellas terras livrar a sua terra da minha mão?

14 Qual é, de todos os deuses d’aquellas nações que meus paes destruiram, que podesse livrar o seu povo da minha mão, para que vosso Deus vos possa livrar da minha mão?

15 Agora, pois, não vos engane [12] Ezequias, nem vos incite assim, nem lhe deis credito; porque nenhum deus de nação alguma, nem de reino algum, pode livrar o seu povo da minha mão, nem da mão de meus paes: quanto menos vos poderá livrar o vosso Deus da minha mão?

16 Tambem seus servos fallaram ainda mais contra o Senhor Deus, e contra Ezequias, o seu servo.

17 Escreveu [13] tambem cartas, para blasphemar do Senhor Deus d’Israel, e para fallar contra elle, dizendo: Assim como os deuses das nações das terras não livraram o seu povo da minha mão, assim tambem o Deus d’Ezequias não livrará o seu povo da minha mão.

18 E [14] clamaram em alta voz em judaico contra o povo de Jerusalem, que estava em cima do muro, para os atemorisarem e os perturbarem, para que tomassem a cidade.

19 E fallaram do Deus de Jerusalem, como dos deuses dos povos da [15] terra, obras das mãos dos homens.

20 Porém o rei Ezequias e o propheta Isaias, filho d’Amós, [16] oraram contra isso, e clamaram ao céu.

21 Então o Senhor [17] enviou um anjo que destruiu a todos os varões valentes, e os principes, e os chefes no arraial do rei d’Assyria: e tornou com vergonha de rosto á sua terra: e, entrando na casa de seu deus, os mesmos que sairam das suas entranhas, o mataram ali á espada.

22 Assim livrou o Senhor a Ezequias, e aos moradores de Jerusalem, da mão de Sennaquerib, rei d’Assyria, e da mão de todos: e de todos os lados os guiou.

23 E muitos traziam presentes a Jerusalem ao Senhor, e coisas preciosissimas a [18] Ezequias, rei de Judah, de modo que depois d’isto foi exaltado perante os olhos de todas as nações.

Doença e morte de Ezequias.

24 N’aquelles dias Ezequias adoeceu [19] de morte; e orou ao Senhor, o qual lhe fallou, e lhe deu um [MH] signal.

25 Mas não [20] correspondeu Ezequias ao beneficio que se lhe fez; porque o seu coração se exaltou; pelo que veiu grande indignação sobre elle, e sobre Judah e Jerusalem.

26 Ezequias [21], porém, se humilhou pela exaltação do seu coração, elle e os habitantes de Jerusalem: e a grande indignação do Senhor não veiu sobre elles, nos dias de Ezequias.

27 E teve Ezequias riquezas e gloria em grande abundancia: e fez-se thesouros de prata, e de oiro, e de pedras preciosas, e de especiarias, e d’escudos, e de todo o aviamento que se podia desejar.

28 Tambem armazens para a colheita do trigo, e do mosto, e do azeite; e estrebarias para toda a casta d’animaes, e curraes para os rebanhos.

29 Fez-se tambem cidades, e possessões[446] d’ovelhas e vaccas em abundancia: porque Deus lhe tinha [22] dado muitissima fazenda.

30 Tambem [23] o mesmo Ezequias tapou o manancial superior das aguas de Gihon, e as fez correr por baixo para o occidente da cidade de David: porque Ezequias prosperou em toda a sua obra.

31 Comtudo, no negocio dos embaixadores dos principes de Babylonia, que foram enviados a [24] elle, a perguntarem ácerca do prodigio que se fez n’aquella terra, Deus o desamparou, para tental-o, para saber tudo o que havia no seu coração.

32 Quanto ao resto dos successos d’Ezequias, e as suas beneficencias, eis que estão escriptos na visão [25] do propheta Isaias, filho d’Amós, e no livro dos reis de Judah e d’Israel.

33 E dormiu [26] Ezequias com seus paes, e o sepultaram no mais alto dos sepulchros dos filhos de David; e todo o Judah e os habitantes de Jerusalem lhe fizeram honras [27] na sua morte: e Manasses, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 18.13, etc. Isa. 36.1, etc.

[2] Isa. 22.9, 10. cap. 25.23.

[3] II Sam. 5.9. I Reis 9.24.

[4] Deu. 31.6. cap. 20.15.

[5] II Reis 6.16.

[6] Jer. 17.5. I João 4.4. cap. 13.12. Rom. 8.31.

[7] II Reis 18.17.

[8] II Reis 18.19.

[9] II Reis 18.30.

[10] II Reis 18.22.

[11] II Reis 18.33, 34, 35.

[12] II Reis 18.29.

[13] II Reis 19.9. II Reis 19.12.

[14] II Reis 18.28. II Reis 18.26, 27, 28.

[15] II Reis 19.18.

[16] II Reis 19.15. II Reis 19.2, 4.

[17] II Reis 19.35, etc.

[18] cap. 17.5. cap. 1.1.

[19] II Reis 20.1. Isa. 38.1.

[20] cap. 26.16. Hab. 2.4. cap. 24.2.

[21] Jer. 26.18, 19. II Reis 20.19.

[22] I Chr. 29.12.

[23] Isa. 22.9, 11.

[24] II Sam. 20.12. Isa. 39.1. Deu. 8.2.

[25] Isa. 36 e 37 e 38 e 39. II Reis 18 e 19 e 20.

[26] II Reis 20.21.

[27] Pro. 10.7.

A idolatria de Manassés.

Antes de Christo 698

33 Tinha Manasses [1] doze annos d’edade, quando começou a reinar, e cincoenta e cinco annos reinou em Jerusalem.

2 E fez o que era mal aos olhos do Senhor, conforme ás abominações dos gentios que o Senhor lançara fóra de diante dos filhos d’Israel.

3 Porque tornou a edificar os altos que Ezequias [2], seu pae, tinha derribado; e levantou altares a Baalim, e fez bosques, e prostrou-se diante de todo o exercito dos céus, e o serviu.

4 E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: [3] Em Jerusalem estará o meu nome eternamente.

5 Edificou altares a todo o exercito dos céus, em ambos os pateos da casa do Senhor.

6 Fez elle [4] tambem passar seus filhos pelo fogo no valle do filho de Hinnom, e usou d’adivinhações e d’agoiros, e de feitiçarias, e ordenou adivinhos e encantadores: e fez muitissimo mal aos olhos do Senhor, para o provocar á ira.

7 Tambem poz [5] uma imagem esculpida, o idolo que tinha feito, na casa de Deus, da qual Deus tinha dito a David e a Salomão seu filho: N’esta casa, em Jerusalem, que escolhi de todas as tribus d’Israel, porei eu o meu nome para sempre;

8 E nunca mais [6] removerei o pé d’Israel da terra que ordenei a vossos paes; comtanto que tenham cuidado de fazer tudo o que eu lhes ordenei, conforme a toda a lei, e estatutos, e juizos, dados pela mão de Moysés.

9 E Manasses tanto fez errar a Judah e aos moradores de Jerusalem, que fizeram peior do que as nações que o Senhor tinha destruido de diante dos filhos d’Israel.

10 E fallou o Senhor a Manasses e ao seu povo, porém não deram ouvidos.

O captiveiro de Manasses, sua oração e morte.

11 Pelo [7] que o Senhor trouxe sobre elles os principes do exercito do rei d’Assyria, os quaes prenderam a Manasses entre os espinhaes; e o amarraram com cadeias, e o levaram a Babylonia.

12 E elle, angustiado, orou devéras ao Senhor seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus paes;

13 E lhe fez oração, e Deus se aplacou para com elle, e ouviu a sua supplica, e o tornou a trazer a Jerusalem, ao seu reino: então conheceu Manasses que o Senhor era Deus.

14 E depois d’isto edificou o muro de fóra da cidade de David, ao occidente de Gihon, no valle, e á entrada da porta do peixe, e á roda, até Ophel, e o levantou mui alto: tambem poz officiaes valentes em todas as cidades fortes de Judah.

15 E tirou da casa do Senhor os deuses estranhos e o idolo, como tambem todos os altares que tinha edificado no monte da casa do Senhor, e em Jerusalem, e os lançou fóra da cidade.

16 E reparou o altar do Senhor, e offereceu sobre elle offertas pacificas e de louvor: e mandou a Judah que servissem ao Senhor Deus d’Israel.

17 Mas ainda [8] o povo sacrificava nos altos, mas sómente ao Senhor seu Deus.

18 O resto pois dos successos de Manasses, e a sua oração ao seu Deus, e as palavras dos videntes que lhe fallaram no nome do Senhor, Deus d’Israel, eis que estão nos successos dos reis d’Israel.

19 E a sua oração, e como Deus se aplacou para com elle, e todo o seu peccado, e a sua transgressão, e os logares onde edificou altos, e poz bosques e[447] imagens d’esculptura, antes que se humilhasse, eis que está escripto nos livros dos videntes.

20 E dormiu [9] Manasses com seus paes, e o sepultaram em sua casa; Amon, seu filho, reinou em seu logar.

O reinado de Amon e a sua impiedade.

Antes de Christo 677

21 Era Amon [10] de edade de vinte e dois annos, quando começou a reinar, e dois annos reinou em Jerusalem.

22 E fez o que era mal aos olhos do Senhor, como [11] havia feito Manasses, seu pae; porque Amon sacrificou a todas as imagens d’esculptura que Manasses, seu pae, tinha feito, e as serviu.

23 Mas não se humilhou perante o Senhor, como Manasses, seu pae, se humilhara: antes multiplicou Amon os seus delictos.

24 E conspiraram [12] contra elle os seus servos, e o mataram em sua casa.

25 Porém o povo da terra feriu a todos quantos conspiraram contra o rei Amon: e o povo da terra fez reinar em seu logar a Josias, seu filho.

[1] Deu. 18.9. II Chr. 28.3.

[2] II Reis 18.4. cap. 30.14 e 31.1 e 32.12. Deu. 16.21. Deu. 17.3.

[3] Deu. 12.11. I Reis 8.29 e 9.3. cap. 6.6 e 7.16.

[4] cap. 28.3. Eze. 23.37, 39. Deu. 18.10, 11. II Reis 21.6.

[5] II Reis 21.7.

[6] II Sam. 7.10.

[7] Deu. 28.36. Job 36.8.

[8] cap. 32.12.

[9] II Reis 21.18.

[10] II Reis 21.19, etc.

[11] ver. 12.

[12] II Reis 21.23, 24.

Josias abole a idolatria.

Antes de Christo 624

34 Tinha Josias [1] oito annos quando começou a reinar, e trinta e um annos reinou em Jerusalem.

2 E fez o que era recto aos olhos do Senhor: e andou nos caminhos de David, seu pae, sem se desviar d’elles nem para a direita nem para a esquerda.

3 Porque no oitavo anno do seu reinado, sendo ainda moço, começou [2] a buscar o Deus de David, seu pae; e no duodecimo anno começou a purificar [3] a Judah e a Jerusalem, dos altos, e dos bosques, e das imagens d’esculptura e de fundição.

4 E derribaram [4] perante elle os altares de Baalim; e cortou as imagens do sol, que estavam acima d’elles: e os bosques, e as imagens d’esculptura e de fundição quebrou e reduziu a pó, e o espargiu [5] sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado.

5 E os ossos [6] dos sacerdotes queimou sobre os seus altares: e purificou a Judah e a Jerusalem.

6 O mesmo fez nas cidades de Manasseh, e d’Ephraim, e de Simeão, e ainda até Naphtali; em seus logares ao redor, assolados.

7 E, tendo derribado os altares, e os bosques, e as [7] imagens de esculptura, até reduzil-os a pó, e tendo cortado todas as imagens do sol em toda a terra d’Israel, então voltou para Jerusalem.

Josias repara o templo. Hilkias acha o livro da lei.

8 E no anno [8] decimo oitavo do seu reinado, havendo já purificado a terra e a casa, enviou a Saphan, filho d’Asalias, e a Maaseias, maioral da cidade, e a Joah, filho de Joachaz, registrador, para repararem a casa do Senhor, seu Deus.

9 E vieram a Hilkias, summo sacerdote, e deram [9] o dinheiro que se tinha trazido á casa do Senhor, e que os levitas que guardavam o umbral tinham colligido da mão de Manasseh, e d’Ephraim, e de todo o resto de Israel, como tambem de todo o Judah e Benjamin: e voltaram para Jerusalem.

10 E o deram na mão dos que tinham cargo da obra, e superintendiam sobre a casa do Senhor: e estes o deram aos que faziam a obra, e trabalhavam na casa do Senhor, para concertarem e repararem a casa.

11 E o deram aos mestres da obra, e aos edificadores, para comprarem pedras lavradas, e madeira para as junturas: e para sobradarem as casas que os reis de Judah tinham destruido.

12 E estes homens trabalhavam fielmente na obra; e os superintendentes sobre elles eram: Johath e Obadias, levitas, dos filhos de Merari, como tambem Zacharias e Mesullam, dos filhos dos kohathitas, para avançarem a obra: estes levitas todos eram entendidos em instrumentos de musica.

13 Estavam tambem sobre os carregadores e os inspectores de todos os que trabalhavam em alguma obra; e d’entre os [10] levitas eram os escrivães, e os officiaes e os porteiros.

14 E, tirando elles o dinheiro que se tinha trazido á casa do Senhor, Hilkias, o sacerdote, achou o [11] livro da lei do Senhor, dada pela mão de Moysés.

15 E Hilkias respondeu, e disse a Saphan, o escrivão: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilkias deu o livro a Saphan.

16 E Saphan levou o livro ao rei, e deu conta tambem ao rei, dizendo: Teus servos fazem tudo quanto se lhes encommendou.

17 E ajuntaram o dinheiro que se achou na casa do Senhor, e o deram na mão dos superintendentes e na mão dos que faziam a obra.

18 De mais d’isto, Saphan, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote Hilkias me deu um livro. E Saphan leu n’elle perante o rei.

[448]

19 Succedeu pois que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou os seus vestidos.

20 E o rei mandou a Hilkias, e a Ahikam, filho de Saphan, e a Abdon, filho de Micah, e a Saphan, o escrivão, e a Asaias, ministro do rei, dizendo:

21 Ide, consultae ao Senhor por mim, e pelo que fica de resto em Israel e em Judah, sobre as palavras d’este livro que se achou; porque grande é o furor do Senhor, que se derramou sobre nós; porquanto nossos paes não guardaram a palavra do Senhor, para fazerem conforme a tudo quanto está escripto n’este livro.

Hulda a prophetiza prediz a ruina de Jerusalem.

22 Então Hilkias, e os enviados do rei, foram ter com a prophetiza Hulda, mulher de Sallum, filho de Tokhath, [12] filho d’Hasra, guarda dos vestimentos (e habitava ella em Jerusalem na segunda parte); e fallaram-lhe segundo isto,

23 E ella lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus d’Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim:

24 Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este logar, e sobre os seus habitantes, a saber: todas as maldições que estão escriptas no livro que se leu perante o rei de Judah.

25 Porque me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para me provocarem á ira com toda a obra das suas mãos; portanto o meu furor se derramou sobre este logar, e não se apagará.

26 Porém ao rei de Judah, que vos enviou a consultar ao Senhor, assim lhe direis: Assim diz o Senhor, Deus d’Israel, quanto ás palavras que ouviste:

27 Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as suas palavras contra este logar, e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante mim, e rasgaste os teus vestidos, e choraste perante mim, tambem eu te tenho ouvido, diz o Senhor.

28 Eis que te ajuntarei a teus paes, e tu serás recolhido ao teu sepulchro em paz, e os teus olhos não verão todo este mal que hei de trazer sobre este logar e sobre os seus habitantes. E tornaram com esta resposta ao rei.

29 Então enviou o rei, [13] e ajuntou a todos os anciãos de Judah e Jerusalem.

30 E o rei subiu á casa do Senhor, com todos os homens de Judah, e os habitantes de Jerusalem, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao mais pequeno: e elle leu aos ouvidos d’elles todas as palavras do livro do concerto, que se tinha achado na casa do Senhor.

31 E poz-se [14] o rei em pé em seu logar, e fez concerto perante o Senhor, para andar após o Senhor, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com toda a sua alma, fazendo as palavras do concerto, que estão escriptas n’aquelle livro.

32 E fez estar em pé a todos quantos se acharam em Jerusalem e em Benjamin; e os habitantes de Jerusalem fizeram conforme ao concerto de Deus, do Deus de seus paes.

33 E Josias tirou [15] todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos d’Israel; e a todos quantos se acharam em Israel obrigou a que com tal culto servissem ao Senhor seu Deus: [16] todos os seus dias não se desviaram d’após o Senhor, Deus de seus paes.

[1] II Reis 22.1, etc.

[2] cap. 15.2.

[3] I Reis 13.2. cap. 33.17, 22.

[4] Lev. 26.30. II Reis 23.4.

[5] II Reis 23.6.

[6] I Reis 13.2.

[7] Deu. 9.21.

[8] II Reis 22.3.

[9] II Reis 12.4, etc.

[10] I Chr. 23.4, 5.

[11] II Reis 22.8, etc.

[12] II Reis 22.14.

[13] II Reis 23.1, etc.

[14] II Reis 11.14 e 23.3. cap. 6.13.

[15] I Reis 11.5.

[16] Jer. 3.10.

A celebração da paschoa em Jerusalem.

Antes de Christo 623

35 Então Josias [1] celebrou a paschoa ao Senhor em Jerusalem: e mataram o cordeiro da paschoa no decimo quarto dia do mez primeiro.

2 E estabeleceu [2] os sacerdotes nas suas guardas, e os animou ao ministerio da casa do Senhor.

3 E disse aos levitas [3] que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que [4] edificou Salomão, filho de David, rei d’Israel; não tereis mais este cargo aos hombros: agora servi ao Senhor vosso Deus, e ao seu povo Israel.

4 E preparae-vos segundo as casas de vossos paes, [5] segundo as vossas turmas, conforme á prescripção de David rei d’Israel, e conforme á prescripção de Salomão, seu filho.

5 E estae no sanctuario segundo as divisões das casas paternas de vossos irmãos, os filhos do povo; e haja para cada um uma porção das casas paternas dos levitas.

6 E sacrificae a paschoa: e sanctificae-vos, [6] e preparae-a para vossos irmãos,[449] fazendo conforme á palavra do Senhor, dada pela mão de Moysés.

7 E apresentou [7] Josias, aos filhos do povo, cordeiros e cabritos do rebanho, todos para os sacrificios da paschoa, por todo o que ali se achou, em numero de trinta mil, e de bois tres mil: isto era da fazenda do rei.

8 Tambem apresentaram os seus principes offertas voluntarias ao povo, aos sacerdotes e aos levitas: Hilkias, e Zacharias, e Jehiel, maioral da casa de Deus, deram aos sacerdotes para os sacrificios da paschoa duas mil e seiscentas rezes de gado miudo, e trezentos bois.

9 E Conanias, e Semaias, e Nathanael, seus irmãos, como tambem Hasabias, e Jeiel, e Jozabad, maioraes dos levitas, apresentaram aos levitas, para os sacrificios da paschoa, cinco mil rezes de gado miudo, e quinhentos bois.

10 Assim se preparou [8] o serviço: e pozeram-se os sacerdotes nos seus postos, e os levitas nas suas turmas, conforme ao mandado do rei.

11 Então sacrificaram a paschoa: [9] e os sacerdotes espargiam o sangue recebido das suas mãos, e os levitas esfollavam as rezes.

12 E pozeram de parte os holocaustos para os darem aos filhos do povo, segundo as divisões das casas paternas, para o offerecerem ao Senhor, [10] como está escripto no livro de Moysés: e assim fizeram com os bois.

13 E assaram [11] a paschoa no fogo, segundo o rito: e as offertas sagradas cozeram em panellas, e em caldeiras e em sertãs; e promptamente as repartiram entre todo o povo.

14 Depois prepararam para si e para os sacerdotes; porque os sacerdotes, filhos d’Aarão, se occuparam até á noite com o sacrificio dos holocaustos e da gordura; pelo que os levitas prepararam para si e para os sacerdotes, filhos d’Aarão.

15 E os cantores, filhos d’Asaph, estavam no seu posto, segundo o mandado [12] de David, e d’Asaph, e d’Heman, e de Jeduthun, vidente do rei, como tambem os porteiros [13] a cada porta; não necessitaram de se desviarem do seu ministerio; porquanto seus irmãos, os levitas, preparavam para elles.

16 Assim se estabeleceu todo o serviço do Senhor n’aquelle dia, para celebrar a paschoa, e sacrificar holocaustos sobre o altar do Senhor, segundo o mandado do rei Josias.

17 E os filhos d’Israel que ali se acharam celebraram a paschoa n’aquelle tempo, e a festa dos [14] pães asmos, sete dias.

18 Nunca [15] pois se celebrou tal paschoa em Israel, desde os dias do propheta Samuel: nem nenhuns reis d’Israel celebraram tal paschoa como a que celebrou Josias com os sacerdotes, e levitas, e todo o Judah e Israel, que ali se acharam, e os habitantes de Jerusalem.

19 No anno decimo oitavo do reinado de Josias se celebrou esta paschoa.

Josias provoca o rei do Egypto e é morto.

20 Depois [16] de tudo isto, havendo Josias já preparado [MI] a casa, subiu Necho, rei do Egypto, para guerrear contra Carchemis, junto ao Euphrates: e Josias lhe saiu ao encontro.

21 Então elle lhe mandou mensageiros, dizendo: Que tenho eu que fazer comtigo, rei de Judah? quanto a ti, contra ti não venho hoje, senão contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse: guarda-te de te oppores a Deus, que é comigo, para que não te destrua.

22 Porém Josias não virou d’elle o seu rosto, antes se [17] disfarçou, para pelejar com elle; e não deu ouvidos ás palavras de Necho, que sairam da bocca de Deus; antes veiu pelejar no valle de Megiddo.

23 E os frecheiros atiraram ao rei Josias: então o rei disse a seus servos: Tirae-me d’aqui, porque estou gravemente ferido.

24 E seus servos [18] o tiraram do carro, e o levaram no carro segundo que tinha, e o trouxeram a Jerusalem; e morreu, e o sepultaram nos sepulchros de seus paes: e todo [19] o Judah e Jerusalem tomaram luto por Josias.

25 E Jeremias fez uma [20] lamentação sobre Josias; e todos os cantores e cantoras fallaram de Josias nas suas lamentações, até ao dia d’hoje; porque as deram por estatuto em Israel; e eis que estão escriptas nas lamentações.

26 Quanto ao mais dos successos de Josias, e as suas beneficencias, conforme está escripto na lei do Senhor,

27 E os seus successos, tanto os primeiros como os ultimos, eis que estão escriptos no livro dos reis d’Israel e de Judah.

[1] II Reis 23.21, 22. Exo. 12.6. Esd. 6.19.

[2] cap. 23.18. Esd. 6.18. cap. 29.5, 11.

[3] Deu. 33.10. cap. 30.22. Mal. 2.7.

[4] cap. 34.14. cap. 5.7. I Chr. 23.26.

[5] I Chr. 9.10. I Chr. 23 e 24 e 25 e 26. cap. 8.14.

[6] cap. 29.5, 15 e 30.3, 15. Esd. 6.20.

[7] cap. 30.24.

[8] Esd. 6.18.

[9] cap. 29.22. cap. 29.34.

[10] Lev. 3.3.

[11] Exo. 12.8, 9. Deu. 16.7. I Sam. 2.13, 14, 15.

[12] I Chr. 25.1, etc.

[13] I Chr. 9.17, 18 e 26.11, etc.

[14] Exo. 12.15 e 13.6. cap. 30.21.

[15] II Reis 23.22, 23.

[16] II Reis 23.29. Jer. 46.2.

[17] I Reis 22.30.

[18] II Reis 23.30.

[19] Zac. 12.11.

[20] Lam. 4.20. Mat. 9.23. Jer. 22.20.

[450]

Joachaz é levado captivo para o Egypto.

Antes de Christo 610

36 Então o povo [1] da terra tomou a Joachaz, filho de Josias, e o fizeram rei em logar de seu pae, em Jerusalem.

2 Era Joachaz da edade de vinte e tres annos, quando começou a reinar: e tres mezes reinou em Jerusalem.

3 Porque o rei do Egypto o depoz em Jerusalem: e condemnou a terra á contribuição de cem talentos de prata e um talento de oiro.

4 E o rei do Egypto poz a Eliakim, seu irmão, rei sobre Judah e Jerusalem, e mudou-lhe o nome em Joaquim: mas a seu irmão Joachaz tomou Necho, e levou-o para o Egypto.

Joaquim reina.

5 Era Joaquim [2] de vinte e cinco annos d’edade, quando começou a reinar: e onze annos reinou em Jerusalem: e fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus.

6 Subiu pois contra [3] elle Nabucodonosor, rei de Babylonia, e o amarrou com [4] cadeias, para o levar a Babylonia.

7 Tambem [5] alguns dos vasos da casa do Senhor levou Nabucodonosor, a Babylonia, e pôl-os no seu [MJ] templo em Babylonia.

8 Quanto ao mais dos successos de Joaquim, e as suas abominações que fez, e o mais que se achou n’elle, eis que está escripto no livro dos reis d’Israel e de Judah: e Joaquim, seu filho, reinou em seu logar.

9 Era Joaquim [6] da edade d’oito annos, quando começou a reinar: e tres mezes e dez dias reinou em Jerusalem: e fez o que era mau aos olhos do Senhor.

10 E no decurso d’um anno enviou o [7] rei Nabucodonosor, e mandou trazel-o a Babylonia, com os mais preciosos vasos da casa do Senhor; e poz a Zedekias, seu irmão, rei sobre Judah e Jerusalem.

Zedekias reina.

Antes de Christo 593

11 Era Zedekias [8] da edade de vinte e cinco annos, quando começou a reinar: e onze annos reinou em Jerusalem.

12 E fez o que era mau aos olhos do Senhor seu Deus; nem se humilhou perante o propheta Jeremias, que fallava da parte do Senhor.

13 De mais d’isto, tambem se rebellou contra o [9] rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus; mas endureceu a sua [10] cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que se não converteu ao Senhor, Deus d’Israel.

14 Tambem todos os chefes dos sacerdotes e o povo augmentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios: e contaminaram a casa do Senhor, que elle tinha sanctificado em Jerusalem.

15 E o Senhor, Deus [11] de seus paes, lhes enviou a sua palavra pelos seus mensageiros, madrugando, e enviando-lh’os; porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação.

16 Porém zombaram [12] dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus prophetas; até o furor do Senhor tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remedio houve.

17 Porque [13] fez subir contra elles o rei dos chaldeos, o qual matou os seus mancebos á espada, na casa do seu sanctuario; e não teve piedade nem dos mancebos, nem das donzellas, nem dos velhos, nem dos decrepitos: a todos os deu na sua mão.

18 E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, e os thesouros da casa do Senhor, e os thesouros do rei e dos seus principes, tudo levou [14] para Babylonia.

19 E queimaram [15] a casa do Senhor, e derrubaram o muro de Jerusalem: e todos os seus palacios queimaram a fogo, destruindo tambem todos os seus preciosos vasos.

20 E os que escaparam [16] da espada levou para Babylonia: e fizeram-se servos, d’elle e de seus filhos, até ao [MK] reinado do reino da Persia.

21 Para que se cumprisse a palavra do Senhor, pela bocca de [17] Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sabbados: todos os dias da assolação repousou, até que os setenta annos se cumpriram.

22 Porém, [18] no primeiro anno de Cyro, rei da Persia (para que se cumprisse a[451] palavra do Senhor pela bocca de Jeremias), despertou o Senhor o espirito de Cyro, [19] rei da Persia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como tambem por escripto, dizendo:

23 Assim diz Cyro, [20] rei da Persia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalem, que está em Judah; quem de vós ha entre todo o seu povo, o Senhor seu Deus seja com elle, e suba.

[1] II Reis 23.30, etc.

[2] II Reis 23.36, 37.

[3] II Reis 24.1. Hab. 1.6.

[4] II Reis 24.6. Jer. 22.18, 19 e 36.30.

[5] II Reis 24.13. Dan. 1.1, 2 e 5.2.

[6] II Reis 24.8.

[7] II Reis 24.10-17. Dan. 1.1, 2 e 5.2.

[8] Jer. 37.1. II Reis 24.18. Jer. 52.1, etc.

[9] Jer. 52.3. Eze. 17.15, 18.

[10] II Reis 17.14.

[11] Jer. 25.3, 4 e 35.15 e 44.4.

[12] Jer. 5.12, 13. Pro. 1.25, 30. Jer. 32.3 e 38.6. Mat. 23.34.

[13] Deu. 28.49. II Reis 25.1, etc. Eze. 9.7.

[14] II Reis 25.13, etc.

[15] II Reis 25.9.

[16] II Reis 25.11. Jer. 27.7.

[17] Jer. 25.9, 11, 12 e 26.6, 7 e 29.10. Lev. 26.34, 35, 43. Dan. 9.2. Lev. 25.4, 5.

[18] Esd. 1.1. Jer. 25.12, 13 e 29.10 e 33.10, 11, 14.

[19] Isa. 44.28.

[20] Esd. 1.2, 3.


O LIVRO DE ESDRAS.

Cyro convida os judeos a voltarem para Jerusalem e edificarem o templo.

Antes de Christo 536

1 No primeiro anno de Cyro, rei da Persia (para que se cumprisse a palavra [1] do Senhor, por bocca de Jeremias) despertou o Senhor o espirito de Cyro, rei da Persia o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como tambem por escripto, dizendo:

2 Assim diz Cyro, rei da Persia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra: e elle me [2] encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalem, que está em Judah.

3 Quem ha entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com elle, e suba a Jerusalem, que está em Judah, e edifique a casa do Senhor, Deus d’Israel; elle é o [3] Deus que habita em Jerusalem.

4 E todo aquelle que ficar atraz em alguns logares em que andar peregrinando, os homens do seu logar o ajudarão com prata, e com oiro, e com fazenda, e com gados, afóra das dadivas voluntarias para a casa do Senhor, que habita em Jerusalem.

5 Então se levantaram os chefes dos paes de Judah e Benjamin, e os sacerdotes e os levitas, com todos aquelles cujo espirito Deus despertou, [4] para subirem a edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalem.

6 E todos os que habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com vasos de prata, com oiro, com fazenda, e com gados, e com as coisas preciosas; afóra tudo o que voluntariamente se deu.

7 Tambem o rei Cyro [5] tirou os vasos da casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalem, e que tinha posto na casa de seus deuses.

8 Estes tirou Cyro, rei da Persia, pela mão de Mithredath, o thesoureiro, que os deu por conta a Sesbazar, [6] principe de Judah.

9 E este é o numero d’elles: trinta bacias d’oiro, mil bacias de prata, vinte e nove facas,

10 Trinta taças d’oiro, mais outras quatrocentas e dez taças de prata, e mil outros vasos.

11 Todos os vasos d’oiro e de prata foram cinco mil e quatrocentos: todos estes levou Sesbazar, quando os do captiveiro subiram de Babylonia para Jerusalem.

[1] II Chr. 36.22, 23. Jer. 25.12 e 29.10. cap. 5.13, 14.

[2] Isa. 44.28 e 45.1, 13.

[3] Dan. 6.26.

[4] Phi. 2.13.

[5] cap. 5.14 e 6.5. II Reis 24.13. II Chr. 36.7.

[6] cap. 5.14.

A lista dos que voltaram de Babylonia para Jerusalem com Zorobabel.

2 Estes são [1] os filhos da provincia, que subiram do captiveiro, dos transportados, que Nabucodonosor, rei de Babylonia, tinha transportado a Babylonia, e tornaram a Jerusalem e a Judah, cada um para a sua casa;

2 Os quaes vieram com Zorobabel, Josué, Nehemias, Seraias, Reelaias, Mardocheo, Bilsan, Mispar, Bigvai, Rehum e Baana. O numero dos homens do povo de Israel:

3 Os filhos de Paros, dois mil, cento e setenta e dois.

4 Os filhos de Sephtias, trezentos e setenta e dois.

5 Os filhos d’Arah, [2] setecentos e setenta e cinco.

6 Os filhos de [3] Pahath-moab, dos filhos de Jesua-joab, dois mil, oitocentos e doze.

7 Os filhos d’Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

8 Os filhos de Zatthu, novecentos e quarenta e cinco.

9 Os filhos de Zaccai, setecentos e sessenta.

[452]

10 Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois.

11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e tres.

12 Os filhos de Azgad, mil, duzentos e vinte e dois.

13 Os filhos de Adonikam, seiscentos e sessenta e seis.

14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cincoenta e seis.

15 Os filhos de Adin, quatrocentos e cincoenta e quatro.

16 Os filhos d’Ater, d’Hizkia, noventa e oito.

17 Os filhos de Besai, trezentos e vinte e tres.

18 Os filhos de Jora, cento e doze.

19 Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e tres.

20 Os filhos de Gibbar, noventa e cinco.

21 Os filhos de Bethlehem, cento e vinte e tres.

22 Os homens de Netopha, cincoenta e seis.

23 Os homens d’Anathoth, cento e vinte e oito.

24 Os filhos d’Azmaveth, quarenta e dois.

25 Os filhos de Kiriath-arim, Chephira e Bearoth, setecentos e quarenta e tres.

26 Os filhos de Rama, e Gibeah, seiscentos e vinte e um.

27 Os homens de Micmas, cento e vinte e dois.

28 Os homens de Bethel e Ai, duzentos e vinte e tres.

29 Os filhos de Nebo, cincoenta e dois.

30 Os filhos de Magbis, cento e cincoenta e seis.

31 Os filhos do outro [4] Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

32 Os filhos d’Harim, trezentos e vinte.

33 Os filhos de Lod, Hadid e Ono, setecentos e vinte e cinco.

34 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.

35 Os filhos de Senaa, tres mil, seiscentos e trinta.

36 Os sacerdotes: [5] os filhos de Jedaias, da casa de Jesua, novecentos e setenta e tres.

37 Os filhos [6] d’Immer, mil e cincoenta e dois.

38 Os filhos de [7] Pashur, mil, duzentos e quarenta e sete.

39 Os filhos [8] d’Harim, mil e dezesete.

40 Os levitas: os filhos de Jesua e Kadmiel, dos filhos d’Hodavias, setenta e quatro.

41 Os cantores: os filhos de Asaph, cento e vinte e oito.

42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Sallum, os filhos d’Ater, os filhos de Talmon, os filhos d’Akkub, os filhos d’Hatita, os filhos de Sobai: por todos, cento e trinta e nove.

43 Os nethineos: [9] os filhos de Ziha, os filhos d’Hasupha, os filhos de Tabbaoth,

44 Os filhos de Keros, os filhos de Siaha, os filhos de Padon,

45 Os filhos de Lebana, os filhos d’Hagaba, os filhos d’Akkub,

46 Os filhos d’Hagab, os filhos de Samlai, os filhos d’Hanan,

47 Os filhos de Giddel, os filhos de Gahar, os filhos de Reaias,

48 Os filhos de Resin, os filhos de Nekoda, os filhos de Gazam,

49 Os filhos d’Uzar, os filhos de Paseah, os filhos de Besai,

50 Os filhos d’Asna, os filhos dos meuneos, os filhos dos nephuseos,

51 Os filhos de Bakbuk, os filhos d’Hakupha, os filhos d’Harhur,

52 Os filhos de Basluth, os filhos de Mehida, os filhos d’Harsa,

53 Os filhos de Barkos, os filhos de Sisera, os filhos de Temah,

54 Os filhos de Nesiah, os filhos d’Hatipha.

55 Os filhos dos servos de Salomão: [10] os filhos de Sotai, os filhos de Sophereth, os filhos de Peruda,

56 Os filhos de Jaala, os filhos de Darkon, os filhos de Giddel,

57 Os filhos de Sephatias, os filhos d’Hattil, os filhos de Pochereth-hat-sebaim, os filhos de Ami.

58 Todos os [11] nethineos, e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.

59 Tambem estes subiram de Tel-melah e Tel-harsa, Cherub, Addan e Immer: porém não poderam mostrar a casa de seus paes, e sua linhagem, se d’Israel eram.

60 Os filhos de Dalaias, os filhos de Tobias, os filhos de Nekoda, seiscentos e cincoenta e dois.

61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos d’Habaias, os filhos de Kos, os filhos de [12] Barzillai, que tomou mulher das filhas de Barzillai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome.

62 Estes buscaram o seu registro entre os que estavam registrados nas genealogias, mas não se acharam n’ellas; pelo que por immundos foram rejeitados do sacerdocio.

[453]

63 E o [ML] tirsatha lhes disse que não comessem das coisas sagradas, [13] até que houvesse sacerdote com Urim e com Thummim.

64 Toda esta congregação junta [14] foi, quarenta e dois mil trezentos e sessenta,

65 Afóra os seus servos e as suas servas, que foram sete mil, trezentos e trinta e sete: tambem tinha duzentos cantores e cantoras.

66 Os seus cavallos, setecentos e trinta e seis: os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco;

67 Os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco: os jumentos, seis mil, setecentos e vinte.

68 E alguns [15] dos chefes dos paes, vindo á casa do Senhor, que habita em Jerusalem, deram voluntarias offertas para a casa de Deus, para a fundarem no seu logar.

69 Conforme ao seu poder, deram para o thesouro [16] da obra, em oiro, sessenta e um mil [MM] drachmas, e em prata cinco mil libras, e cem vestes sacerdotaes.

70 E habitaram os sacerdotes [17] e os levitas, e alguns do povo, tanto os cantores, como os porteiros, e os nethineos, nas suas cidades; como tambem todo o Israel nas suas cidades.

[1] Neh. 7.6, etc. II Reis 24.14, 15, 16 e 25.11. II Chr. 36.20.

[2] Neh. 7.10.

[3] Neh. 7.11.

[4] ver. 7.

[5] I Chr. 24.7.

[6] I Chr. 24.14.

[7] I Chr. 9.12.

[8] I Chr. 24.8.

[9] I Chr. 9.2.

[10] I Reis 9.21.

[11] Jos. 9.21, 27. I Chr. 9.2. I Reis 9.21.

[12] II Sam. 17.27.

[13] Num. 3.10. Lev. 22.2, 10, 15, 16. Exo. 28.30. Num. 27.21.

[14] Neh. 7.66, etc.

[15] Neh. 7.70.

[16] I Chr. 26.20.

[17] cap. 6.16, 17. Neh. 7.73.

É levantado o altar.

3 Chegando pois o setimo mez, e estando os filhos d’Israel nas cidades, se ajuntou o povo, como um só homem, em Jerusalem.

2 E levantou-se Josué, filho de Josadak, e seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, [1] filho de Sealthiel, e seus irmãos, e edificaram o altar do Deus d’Israel, para offerecerem sobre elle holocausto, como está escripto [2] na lei de Moysés, o homem de Deus.

3 E firmaram o altar sobre as suas bases, porque o terror estava sobre elles, por causa dos povos das terras: e offereceram sobre elle holocaustos ao Senhor, holocaustos [3] de manhã e de tarde.

4 E celebraram [4] a festa dos tabernaculos, como está escripto: offereceram holocaustos de dia em dia por ordem, conforme ao rito, cada coisa no seu dia.

5 E depois d’isto o holocausto [5] continuo, e os das luas novas e de todas as solemnidades sanctificadas do Senhor; como tambem de qualquer que offerecia offerta voluntaria ao Senhor:

6 Desde o primeiro dia do setimo mez começaram a offerecer holocaustos ao Senhor: porém ainda não estavam postos os fundamentos do templo do Senhor.

7 Deram pois o dinheiro aos [MN] cortadores e artifices, como tambem comida e bebida, [6] e azeite aos sidonios, e aos tyrios, para trazerem do Libano madeira de cedro ao mar de Joppe, segundo a concessão que lhes tinha feito Cyro, rei da Persia.

São postos os alicerces do templo.

8 E no segundo anno da sua vinda á casa de Deus em Jerusalem, no segundo mez, começaram Zorobabel, filho de Sealthiel, e Josué, filho de Josadak, e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do captiveiro a Jerusalem; e constituiram [7] os levitas da edade de vinte annos e d’ahi para cima, para que aviassem a obra da casa do Senhor.

9 Então se levantou [8] Josué, seus filhos, e seus irmãos, Kadmiel e seus filhos, os filhos de Judah, como um só homem, para aviarem os que faziam a obra na casa de Deus, com os filhos d’Henadad, seus filhos e seus irmãos, os levitas.

10 Quando pois os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, então apresentaram-se [9] os sacerdotes, vestidos e com trombetas, e os levitas, filhos d’Asaph, com psalterios, para louvarem ao Senhor, conforme á instituição de David, rei d’Israel.

11 E cantavam [10] a revezes, louvando e celebrando ao Senhor; porque é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com grande jubilo, quando louvaram ao Senhor, pela fundação da casa do Senhor.

12 Porém muitos dos sacerdotes, e levitas e chefes dos paes, velhos, que viram a primeira casa, sobre o seu fundamento, vendo perante os seus olhos esta casa, choraram em altas vozes; mas muitos levantaram as vozes com jubilo e com alegria.

13 De maneira que não discernia o povo as vozes do jubilo d’alegria, das vozes do choro do povo; porque o povo[454] jubilava com tão grande jubilo, que as vozes se ouviam de mui longe.

[1] Mat. 1.12. Luc. 3.27.

[2] Deu. 12.5.

[3] Num. 28.3, 4.

[4] Neh. 8.14. Zac. 14.16, 17.

[5] Exo. 29.38. Num. 28.3, 11, 19, 26 e 29.2, 8, 13.

[6] I Reis 5.6, 9. II Chr. 2.10. Act. 12.20. Act. 9.36.

[7] I Chr. 23.24, 27.

[8] cap. 2.40.

[9] I Chr. 16.5, 6, 42. I Chr. 6.31 e 16.4 e 25.1.

[10] Exo. 15.21. II Chr. 7.3. Neh. 12.24. I Chr. 16.41. Jer. 33.11.

Os samaritanos accusam os judeos ao rei Artaxerxes, e a construcção do templo é prohibida.

Antes de Christo 535

4 Ouvindo pois os adversarios [1] de Judah e Benjamin que os que tornaram do captiveiro, edificavam o templo ao Senhor Deus d’Israel,

2 Chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos paes, e disseram-lhes: Deixae-nos edificar comvosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como tambem lhe sacrificamos desde os dias [2] d’Asar-haddon, rei d’Assur, que nos fez subir aqui.

3 Porém Zorobabel, e Josué, e os outros chefes dos paes d’Israel lhes disseram: Não convem [3] que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós sós a edificaremos ao Senhor, Deus d’Israel, como nos ordenou o rei Cyro, rei da Persia.

4 Todavia [4] o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judah, e inquietava-os no edificar.

5 E alugaram contra elles conselheiros, para frustrarem o seu conselho, todos os dias de Cyro, rei da Persia, até ao reinado de Dario, rei da Persia.

Antes de Christo 522

6 E sob o reino d’Ahasuero, no principio do seu reinado, escreveram uma accusação contra os habitantes de Judah e de Jerusalem.

7 E nos dias d’Artaxerxes escreveu Bislam, Mithredath, Tabeel, e os outros da sua companhia, a Artaxerxes, rei da Persia: e a carta estava escripta em caracteres syriacos, e na lingua syriaca.

8 Escreveram pois Rhehum, o chanceller, e Simsai, o escrivão, uma carta contra Jerusalem, ao rei Artaxerxes, n’esta maneira:

9 Então escreveu Rhehum, o chanceller, e Simsai, o escrivão, e os outros da sua companhia: [5] os dinaitas e apharsathehitas, tarpelitas, apharsitas, archevitas, babylonios, susanchitas, dehavitas, elamitas.

10 E os outros [6] povos, que transportou o grande e afamado Asnappar, e que elle fez habitar na cidade de Samaria, e os outros d’áquem do rio, e em tal tempo.

11 Este pois é o teor da carta que ao rei Artaxerxes lhe mandaram: “Teus servos, os homens d’áquem do rio, e em tal tempo.

12 Saiba o rei que os judeos que subiram de ti vieram a nós a Jerusalem, e edificam aquella rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos.

13 Agora saiba o rei que, se aquella cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, não pagarão os direitos, os tributos [7] e as rendas; e assim se damnificará a fazenda dos reis.

14 Agora pois, porquanto assalariados somos do paço, e não nos convem ver a deshonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei,

15 Para que se busque no livro das chronicas de teus paes, e acharás no livro das chronicas, e saberás que aquella foi uma cidade rebelde, e damnosa aos reis e provincias, e que n’ella fizeram rebellião de tempos antigos; pelo que foi aquella cidade destruida.

16 Nós pois fazemos notorio ao rei que, se aquella cidade se reedificar, e os seus muros se restaurarem, d’esta maneira não terás porção alguma d’esta banda do rio.”

17 E o rei enviou esta resposta a Rhehum, o chanceller, e a Simsai, o escrivão, e aos mais da sua companhia, que habitavam em Samaria; como tambem ao resto dos que estavam d’além do rio: Paz hajaes! e em tal tempo.

18 A carta que nos enviastes foi explicitamente lida diante de mim.

19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam, que de tempos antigos aquella cidade se levantou contra os reis, e n’ella se tem feito rebellião e sedição.

20 Tambem houve reis poderosos sobre Jerusalem que d’além do rio dominaram [8] em todo o logar, e se lhes pagaram direitos, e tributos, e rendas.

21 Agora pois dae ordem para impedirdes aquelles homens, afim de que não se edifique aquella cidade, até que se dê uma ordem por mim.

22 E guardae-vos de commetterdes erro n’isto; porque cresceria o damno para prejuizo dos reis?

23 Então, depois que a copia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Rhehum, e Simsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram elles a Jerusalem, aos judeos, e os impediram á força de braço e com violencia.

24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalem: e cessou até ao anno segundo do reinado de Dario rei da Persia.

[1] ver. 7, 8, 9.

[2] II Reis 17.24, 32, 33 e 19.37.

[3] Neh. 2.20. cap. 1.1, 2, 3.

[4] cap. 3.3.

[5] II Reis 17.30, 31.

[6] ver. 1.

[7] cap. 7.24.

[8] I Reis 4.21. Gen. 15.18. Jos. 1.4.

Aggeo e Zacharias exhortam os judeos a continuarem a construcção do templo.

Antes de Christo 520

5 E Aggeo [1], propheta, e Zacharias, filho d’Iddo, prophetas, prophetizaram aos judeos que estavam em Judah,[455] e em Jerusalem: em nome do Deus de Israel lhes prophetizaram.

2 Então se levantaram [2] Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Josadak, e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalem; e com elles os prophetas de Deus, que os ajudavam.

3 N’aquelle tempo veiu a [3] elles Tattenai, governador d’áquem do rio, e Sethar-boznai, e os seus companheiros, e disseram-lhes assim: Quem vos deu ordem para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

4 Então [4] assim lhes dissemos: E quaes são os nomes dos homens que edificaram este edificio?

5 Porém os olhos de [5] Deus estavam sobre os anciãos dos judeos, e não os impediram, até que o negocio viesse a Dario, e então respondessem por carta sobre isso.

6 Copia da carta que Tattenai, o governador d’áquem do rio, com Sethar-boznai [6] e os seus companheiros, os apharsachitas, que estavam d’áquem do rio, enviaram ao rei Dario.

7 Enviaram-lhe uma relação; e assim estava escripto n’ella: “Toda a paz ao rei Dario.

8 Seja notorio ao rei, que nós fomos á provincia de Judah, á casa do grande Deus, que se edifica com grandes pedras, e a madeira se está pondo sobre as paredes; e esta obra apressuradamente se faz, e se adianta em suas mãos.

9 Então perguntámos aos anciãos, e assim lhes dissemos: Quem vos deu ordem [7] para edificardes esta casa, e restaurardes este muro?

10 De mais d’isto, lhes perguntámos tambem pelos seus nomes, para t’os declararmos: para que te podessemos escrever os nomes dos homens que são entre elles os chefes.

11 E esta resposta nos deram, dizendo: Nós somos servos de Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que foi edificada muitos annos antes; porque um grande rei d’Israel a edificou [8] e aperfeiçoou.

12 Mas depois [9] que nossos paes provocaram á ira o Deus dos céus, elle os entregou na mão de Nabucodonosor, rei de Babylonia, o chaldeo, o qual destruiu esta casa, e transportou o seu povo para Babylonia.

13 Porém no primeiro anno de Cyro, rei [10] de Babylonia, o rei Cyro deu ordem para que esta casa de Deus se edificasse.

14 E até [11] os vasos de oiro e prata, da casa de Deus, que Nabucodonosor tomou do templo que estava em Jerusalem e os metteu no templo de Babylonia, o rei Cyro os tirou do templo de Babylonia, e foram dados a um homem cujo nome era Sesbazar, [12] a quem nomeou governador.

15 E disse-lhe: Toma estes vasos, vae, e leva-os ao templo que está em Jerusalem, e faze edificar a casa de Deus, no seu logar.

16 Então veiu o dito Sesbazar, e poz os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalem [13] e desde então para cá se está edificando, e ainda não está acabada.

17 Agora, pois, se parece bem ao rei, [14] busque-se lá na casa dos thesouros do rei, que está em Babylonia, se é verdade que se deu uma ordem pelo rei Cyro para edificar esta casa de Deus em Jerusalem; e sobre isto se nos manda saber a vontade do rei.”

[1] Agg. 1.1. Zac. 1.1.

[2] cap. 3.2.

[3] ver. 6. cap. 6.6.

[4] ver. 10.

[5] cap. 7.6, 28 e 6.6.

[6] cap. 4.9.

[7] ver. 3, 4.

[8] I Reis 6.1.

[9] II Chr. 36.16, 17.

[10] cap. 1.1.

[11] cap. 1.7, 8 e 6.5.

[12] Agg. 1.14 e 2.2, 21.

[13] cap. 3.8, 10. cap. 6.15.

[14] cap. 6.1, 2.

O rei Dario confirma a ordem de edificar o templo.

Antes de Christo 536

6 Então o rei Dario deu ordem, e buscaram [1] na chancellaria, onde se mettiam os thesouros em Babylonia.

2 E em Achmetha, no paço, que está na provincia de Media, se achou um rôlo, e n’elle estava escripto um memorial que dizia assim:

3 No anno primeiro do rei Cyro, o rei Cyro deu esta ordem: A casa de Deus em Jerusalem, esta casa se edificará para logar em que se offereçam sacrificios, e seus fundamentos serão firmes: a sua altura de sessenta covados, e a sua largura de sessenta covados;

4 Com tres carreiras [2] de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova: e a despeza se fará da casa do rei.

5 De mais d’isto, os vasos [3] de oiro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava em Jerusalem, e levou para Babylonia, se tornarão a dar, para que vão ao seu logar, ao templo que está em Jerusalem, e os levarão á casa de Deus.

6 Agora [4] pois Tattenai, governador de além do rio, Sethar-boznai, e os seus companheiros, os apharsachitas, que estaes de além do rio, apartae-vos d’ali.

7 Deixa-os na obra d’esta casa de Deus; para que o governador dos judeos e os judeus edifiquem esta casa de Deus no seu logar.

[456]

8 Tambem por mim se decreta o que haveis de fazer com os anciãos dos judeos, para edificar esta casa de Deus, a saber: que da fazenda do rei dos tributos d’além do rio se dê promptamente a despeza a estes homens, para que não sejam impedidos.

9 E o que fôr necessario, como bezerros, e carneiros, e cordeiros, por holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalem; e dê-se-lhes, de dia em dia, para que não haja falta.

10 Para que offereçam [5] sacrificios de cheiro suave ao Deus dos céus, e orem pela vida do rei e de seus filhos.

11 Tambem por mim se decreta que todo o homem que mudar este decreto, um madeiro se arrancará da sua casa, e, levantado, o pendurarão n’elle, [6] e da sua casa se fará por isso um monturo.

12 O Deus, pois, que fez habitar ali o seu nome [7] derribe a todos os reis e povos que estenderem a sua mão para o mudarem e para destruirem esta casa de Deus, que está em Jerusalem. Eu, Dario, dei o decreto; apressuradamente se faça.

Acaba-se o templo e é consagrado.

Antes de Christo 519

13 Então Tattenai, o governador de além do rio, Sethar-boznai e os seus companheiros, assim fizeram apressuradamente, conforme ao que decretara o rei Dario.

14 E os anciãos [8] dos judeos iam edificando e prosperando pela prophecia do propheta Aggeo, e de Zacharias, filho d’Iddo: e a edificaram e aperfeiçoaram conforme ao mandado do Deus de Israel, [9] e conforme ao mandado de Cyro e Dario, e d’Artaxerxes rei da Persia.

15 E acabou-se esta casa no dia terceiro do mez d’Adar que era o sexto anno do reinado do rei Dario.

Antes de Christo 515

16 E os filhos d’Israel, os sacerdotes, e os levitas, e o resto dos filhos do captiveiro, fizeram a consagração [10] d’esta casa de Deus com alegria.

17 E offereceram [11] para a consagração d’esta casa de Deus cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros, e doze cabritos por expiação do peccado de todo o Israel; segundo o numero das tribus d’Israel.

18 E pozeram os sacerdotes nas suas turmas [12] e os levitas nas suas divisões, para o ministerio de Deus, que está em Jerusalem; conforme ao escripto do livro de Moysés.

19 E os que vieram do captiveiro celebraram [13] a paschoa no dia quatorze do primeiro mez.

20 Porque os sacerdotes e levitas se purificaram [14] como se fossem um só homem, todos estavam limpos: e mataram o cordeiro da paschoa para todos os filhos do captiveiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e para si mesmos.

21 Assim comeram os filhos d’Israel que tinham voltado do captiveiro, com todos os que a elles se apartaram da immundicia [15] das gentes da terra, para buscarem o Senhor, Deus d’Israel:

22 E celebraram [16] a festa dos pães asmos os sete dias com alegria, porque o Senhor os tinha alegrado, e tinha mudado [17] o coração do rei de Assyria a favor d’elles; para lhes esforçar as mãos na obra da casa de Deus, o Deus d’Israel.

[1] cap. 5.17.

[2] I Reis 6.36.

[3] cap. 1.7, 8 e 5.14.

[4] cap. 5.3.

[5] cap. 7.23. Jer. 29.7. I Tim. 2.1, 2.

[6] Dan. 2.5 e 3.29.

[7] I Reis 9.3.

[8] cap. 5.1, 2.

[9] cap. 1.1 e 5.13. ver. 3.

[10] I Reis 8.63. II Chr. 7.5.

[11] cap. 8.35.

[12] I Chr. 24.1. I Chr. 23.6. Num. 3.6 e 8.9.

[13] Exo. 12.6.

[14] II Chr. 30.15. II Chr. 35.11.

[15] cap. 9.11.

[16] Exo. 12.15 e 13.6. II Chr. 30.21 e 35.17.

[17] Pro. 21.1. II Reis 23.29.

Artaxerxes envia Esdras a Jerusalem para proclamar o edicto em favor dos judeos.

Antes de Christo 457

7 E passadas estas coisas do reinado d’Artaxerxes, [1] rei da Persia, Esdras, filho de Seraias, filho d’Azarias, filho d’Hilkias,

2 filho de Sallum, filho de Zadok, filho d’Ahitub,

3 filho d’Amarias, filho d’Azarias, filho de Meraioth,

4 filho de Zerachias, filho de Uzi, filho de Bukki,

5 filho d’Abisua, filho de Phineas, filho d’Eleazar, filho d’Aarão, o summo sacerdote;

6 Este Esdras subiu de Babylonia; e era escriba [2] habil na lei de Moysés, que deu o Senhor Deus d’Israel; e, segundo a mão do Senhor seu Deus, que estava sobre elle, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.

7 Tambem [3] subiram a Jerusalem alguns dos filhos d’Israel, e dos sacerdotes, e dos levitas, e dos cantores, e dos porteiros, e dos nethineos, no anno setimo do rei Artaxerxes.

8 E no mez quinto veiu a Jerusalem; que era o setimo anno d’este rei.

9 Porque no primeiro dia do primeiro mez foi o principio da subida de Babylonia: e no primeiro dia do quinto mez[457] chegou a Jerusalem, segundo a boa mão [4] do seu Deus sobre elle.

10 Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para fazel-a e para [5] ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos.

11 Esta é pois a copia da carta que o rei Artaxerxes deu ao sacerdote Esdras, o escriba das palavras dos mandamentos do Senhor, e dos seus estatutos sobre Israel.

12 “Artaxerxes, [6] rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, e em tal tempo.

13 Por mim se decreta que no meu reino todo aquelle do povo d’Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quizer ir comtigo a Jerusalem, vá.

14 Porquanto da parte do rei e dos seus [7] sete conselheiros és mandado, para fazeres inquirição em Judah e em Jerusalem, conforme á lei do teu Deus, que está na tua mão;

15 E para levares a prata e o oiro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus d’Israel, cuja habitação está [8] em Jerusalem;

16 E toda a prata e o oiro que achares em toda a provincia de Babylonia, com as offertas voluntarias do povo [9] e dos sacerdotes, que voluntariamente offerecerem, para a casa de seu Deus, que está em Jerusalem.

17 Portanto, logo compra com este dinheiro novilhos, carneiros, cordeiros, com as suas offertas de manjares, e as suas libações, e offerece-as [10] sobre o altar da casa de vosso Deus, que está em Jerusalem.

18 Tambem o que a ti e a teus irmãos bem te parecer fazerdes do resto da prata e do oiro, o fareis conforme á vontade do vosso Deus.

19 E os vasos que te foram dados para o serviço da casa de teu Deus, restitue-os perante o Deus de Jerusalem.

20 E o resto do que fôr necessario para a casa de teu Deus, que te convenha dar, o darás da casa dos thesouros do rei.

21 E por mim mesmo, o rei Artaxerxes, se decreta a todos os thesoureiros que estão d’além do rio que tudo quanto vos pedir o sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus dos céus, apressuradamente se faça,

22 Até cem talentos de prata, e até cem coros de trigo, e até cem batos de vinho, e até cem batos d’azeite; e sal sem conta.

23 Tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu, promptamente se faça para a casa do Deus do céu: porque para que haveria grande ira sobre o reino do rei e de seus filhos?

24 Tambem vos fazemos saber ácerca de todos os sacerdotes e levitas, cantores, porteiros, nethineos, e ministros da casa d’este Deus, que se lhes não possa impôr, nem direito, nem antigo tributo, nem renda.

25 E tu, Esdras, conforme á sabedoria do teu Deus, [11] que está na tua mão, põe regedores e juizes, que julguem a todo o povo que está d’além do rio, a todos os que sabem as leis de teu Deus; [12] e ao que as não sabe, as fareis saber.

26 E todo aquelle que não fizer a lei do teu Deus e a lei do rei, logo se faça justiça d’elle: quer seja morte, quer degredo, quer multa sobre os seus bens, quer prisão.

27 Bemdito [13] seja o Senhor Deus de nossos paes, que tal inspirou ao coração do rei, para ornarmos a casa do Senhor, que está em Jerusalem;

28 E que estendeu [14] para mim a sua beneficencia perante o rei e os seus conselheiros e todos os principes poderosos do rei: assim me esforcei, segundo a mão do Senhor [15] sobre mim, e ajuntei d’entre Israel uns chefes para subirem comigo.”

[1] Neh. 2.1. I Chr. 6.14.

[2] ver. 11, 12, 21.

[3] ver. 9. cap. 8.22, 31. cap. 8.1.

[4] ver. 6. Neh. 2.8, 10.

[5] ver. 6, 25. Deu. 33.10. Neh. 8.1-8. Mal. 2.7.

[6] Eze. 26.7. Dan. 2.37.

[7] Est. 1.14.

[8] II Chr. 6.2.

[9] cap. 8.25. I Chr. 29.6, 9.

[10] Deu. 12.5, 11.

[11] Exo. 18.21, 22. Deu. 16.18.

[12] ver. 10. II Chr. 17.7. Mal. 2.7. Mat. 23.2, 3.

[13] I Chr. 29.10. cap. 6.22.

[14] cap. 9.9.

[15] cap. 5.5. ver. 6, 9. cap. 8.18.

A lista dos que voltaram de Babylonia com Esdras.

8 Estes pois são os chefes de seus paes, com as suas genealogias, dos que subiram comigo de Babylonia no reinado do rei Artaxerxes:

2 Dos filhos de Phineas, Gersom; dos filhos d’Ithamar, Daniel; dos filhos de David, [1] Hatus;

3 Dos filhos de Sechanias, e dos filhos de Pareos, [2] Zacharias; e com elle por genealogias se contaram até cento e cincoenta homens.

4 Dos filhos de Pahath-moab, Elie-hoeni, filho de Zerachias; e com elle duzentos homens.

5 Dos filhos de Sechanias, o filho de Jehaziel; e com elle trezentos homens.

6 E dos filhos d’Adin, Ebed, filho de Jonathan; e com elle cincoenta homens.

7 E dos filhos d’Elam, Jesaias, filho d’Athalias; e com elle setenta homens.

8 E dos filhos de Sephatias, Zebadias, filho de Michael; e com elle oitenta homens.

9 Dos filhos de Joab, Obadias filho de Jehiel; e com elle duzentos e dezoito homens.

[458]

10 E dos filhos de Selomith, o filho de Josiphias; e com elle cento e sessenta homens.

11 E dos filhos de Bebai, Zacharias, o filho de Bebai; e com elle vinte e oito homens.

12 E dos filhos d’Azgad, Johanan, o filho de Katan; e com elle cento e dez homens.

13 E dos ultimos filhos d’Adonikam, cujos nomes eram estes: Eliphelet, Jeiel e Semais; e com elles sessenta homens.

14 E dos filhos de Bigvai, Uthai e Zabbud; e com elles setenta homens.

15 E ajuntei-os para o rio que vae a Ahava, e ficámos ali acampados tres dias: então attentei para o povo e para os sacerdotes, e não achei ali nenhum dos filhos [3] de Levi.

16 Enviei pois Eliezer, Ariel, Semaias, e Elnathan, e Jarib, e Elnathan, e Nethan, e Zacharias, e Mesullam, os chefes: como tambem a Joiarib, e a Elnathan, que eram sabios.

17 E dei-lhes mandado para Iddo, chefe no logar de Casiphia: e lhes puz palavras na bocca para dizerem a Iddo, seu irmão, e aos nethineos, no logar de Casiphia, que nos trouxessem ministros para a casa do nosso Deus.

18 E trouxeram-nos segundo a boa mão de Deus sobre nós, um [4] homem entendido, dos filhos de Machli, filho de Levi, filho de Israel: a saber: Serebias, com os seus filhos e irmãos, dezoito;

19 E a Hasabias, e com elle Jesaias, dos filhos de Merari; com seus irmãos e os filhos d’elles, vinte;

20 E dos nethineos [5] que David e os principes deram para o ministerio dos levitas, duzentos e vinte nethineos: que todos foram expressos por seus nomes.

21 Então apregoei ali um jejum junto ao rio Ahava, [6] para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda.

22 Porque me [7] envergonhei de pedir ao rei exercito e cavalleiros para nos defenderem do inimigo no caminho: porquanto tinhamos fallado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam para o bem d’elles, mas a sua força e a sua ira sobre todos os que o [8] deixam.

23 Nós pois jejuámos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se [9] pelas nossas orações.

24 Então separei doze dos maioraes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com elles dez dos seus irmãos.

25 E pesei-lhes a prata, [10] e o oiro, e os vasos: que era a offerta para a casa de nosso Deus, que offereceram o rei e os seus conselheiros, e os seus principes, e todo o Israel que ali se achou.

26 E pesei em suas mãos seiscentos e cincoenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos de oiro.

27 E vinte taças d’oiro, de mil [MO] drachmas, e dois vasos de bom metal lustroso, tão desejavel como oiro.

28 E disse-lhes: Consagrados [11] sois do Senhor, e sagrados são estes vasos, como tambem esta prata e este oiro, offerta voluntaria, offerecida ao Senhor Deus de vossos paes,

29 Vigiae pois, e guardae-os até que os peseis na presença dos maioraes dos sacerdotes e dos levitas, e dos principes dos paes de Israel, em Jerusalem, nas camaras da casa de Deus.

30 Então receberam os sacerdotes e os levitas o peso da prata, e do oiro, e dos vasos, para o trazerem a Jerusalem, á casa do nosso Deus.

31 E partimos do rio d’Ahava, no dia doze do primeiro mez, para irmos para Jerusalem: e a mão [12] do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas no caminho.

32 E viemos [13] a Jerusalem, e repousámos ali tres dias.

33 E no dia quatro [14] se pesou a prata, e o oiro, e os vasos, na casa do nosso Deus, por mão de Meremoth, filho do sacerdote Urias, e com elle Eleazar, filho de Phineas: e com elles Jozabad, filho de Jesué, e Noadias, filho de Binui, levitas;

34 Conforme ao numero e conforme ao peso de tudo aquillo; e todo o peso se descreveu no mesmo tempo.

35 E os transportados, que vieram do captiveiro, [15] offereceram holocaustos ao Deus de Israel: doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e doze bodes em sacrificio pelo peccado: tudo em holocausto ao Senhor.

36 Então deram as [16] ordens do rei aos satrapas do rei, e aos governadores de áquem do rio; e ajudaram o povo e a casa de Deus.

[1] I Chr. 3.22.

[2] cap. 2.3.

[3] cap. 7.7.

[4] Neh. 8.7 e 9.4, 5.

[5] cap. 2.43.

[6] II Chr. 20.3. Lev. 16.29 e 23.29. Isa. 58.3, 5.

[7] I Cor. 9.15. cap. 7.6, 9, 28. Rom. 8.28.

[8] II Chr. 15.2.

[9] I Chr. 5.20. II Chr. 33.13. Isa. 19.22.

[10] cap. 7.15, 16.

[11] Lev. 21.6, 7, 8. Deu. 33.8. Lev. 22.2, 3. Num. 4.4, 15, 19, 20.

[12] cap. 7.6, 9, 28.

[13] Neh. 2.11.

[14] ver. 25, 30.

[15] cap. 6.17.

[16] cap. 7.21.

[459]

Esdras sabe que muitos israelitas casaram com mulheres hetheas, e faz oração e confissão a Deus.

9 Acabadas pois estas coisas, chegaram-se a mim os principes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, se não [1] teem separado dos povos d’estas terras; segundo as suas abominações, a saber: dos cananeos, dos hetheos, dos pherezeos, dos jebuseos, dos amonitas, dos moabitas, dos egypcios, e dos amorrheos.

2 Porque tomaram [2] das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a semente sancta com os povos d’estas terras: e até a mão dos principes e magistrados foi a primeira n’esta transgressão.

3 E, ouvindo eu tal coisa, rasguei [3] o meu vestido e o meu manto, e arranquei os cabellos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei attonito.

4 Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das [4] palavras do Deus d’Israel por causa da transgressão dos do captiveiro: porém eu me fiquei assentado attonito até ao sacrificio [5] da tarde.

5 E perto do sacrificio da tarde me levantei da minha afflicção, havendo rasgado o meu vestido e o meu manto, e me puz de joelhos, [6] e estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus;

6 E disse: Meu Deus! Estou confuso [7] e envergonhado, de levantar a ti a minha face, meu Deus: porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus.

7 Desde os dias de nossos paes até ao dia de hoje estamos [8] em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades somos entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, á espada, ao captiveiro, e ao roubo, e á confusão do rosto, como hoje se vê.

8 E agora, como por um pequeno momento, se nos fez graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar aquelles que escapem, e para dar-nos uma estaca no seu sancto logar: para nos alumiar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar uma pouca de vida na nossa servidão;

9 Porque servos somos; porém na nossa servidão não nos desamparou [9] o nosso Deus; antes estendeu sobre nós beneficencia perante os reis da Persia, para que nos desse vida, para levantarmos a casa do nosso Deus, e para restaurarmos as suas assolações; e para que nos desse uma parede [10] em Judah e em Jerusalem.

10 Agora pois, ó nosso Deus, que diremos depois d’isto? pois deixámos os teus mandamentos,

11 Os quaes mandaste pelo ministerio de teus servos, os prophetas, dizendo: A terra em que entraes para a possuir, terra immunda é [11] pelas immundicias dos povos das terras, pelas suas abominações com que a encheram, d’uma extremidade á outra, com a sua immundicia.

12 Agora pois vossas [12] filhas não dareis a seus filhos, e suas filhas não tomareis para vossos filhos, e nunca procurareis a sua paz e o seu bem; para que vos esforceis, e comaes o bem da terra, e a façaes possuir a [13] vossos filhos para sempre.

13 E depois de tudo o que nos tem succedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa: porquanto tu, ó nosso Deus, estorvaste que fossemos destruidos, por causa da nossa iniquidade, e ainda nos deste livramento como este;

14 Tornaremos pois agora a violar os [14] teus mandamentos, e a aparentar-nos com os povos d’estas abominações? não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos consumir, até que não ficasse resto nem quem escapasse?

15 Ah! Senhor Deus d’Israel, [15] justo és: pois ficamos escapos, como hoje se vê: eis que estamos diante de ti no nosso delicto; porque depois d’isto ninguem ha que possa estar na tua presença.

[1] cap. 6.21. Neh. 9.2. Deu. 12.30, 31.

[2] Exo. 34.16. Deu. 7.3. Neh. 13.23. II Cor. 6.14.

[3] Job 1.20.

[4] cap. 10.3. Isa. 66.2.

[5] Exo. 29.39.

[6] Exo. 9.29, 33.

[7] Dan. 9.7, 8.

[8] Dan. 9.5, 6, 8. Deu. 28.36, 64. Neh. 9.30. Dan. 9.7, 8.

[9] Neh. 9.36. cap. 7.28.

[10] Isa. 5.2.

[11] cap. 6.21.

[12] Exo. 23.32 e 34.16. Deu. 7.3. Deu. 23.6.

[13] Pro. 13.22 e 20.7.

[14] João 5.14. II Ped. 2.20, 21. ver. 2. Neh. 13.23, 27. Deu. 9.8.

[15] Neh. 9.33. Dan. 9.14. Rom. 3.19. I Cor. 15.17.

Os israelitas arrependem-se e despedem suas mulheres hetheas.

10 E orando [1] Esdras assim, e fazendo esta confissão, chorando, e prostrando-se diante da casa de Deus, ajuntou-se a elle d’Israel uma mui grande congregação, de homens e de mulheres, e de crianças; porque o povo chorava com grande choro.

2 Então respondeu Sechanias, filho de Jehiel, um dos filhos de Elam, e disse a Esdras: Nós temos transgredido [2] contra[460] o nosso Deus, e casámos com mulheres estranhas do povo da terra, mas, no tocante a isto, ainda ha esperança para Israel.

3 Agora pois façamos [3] concerto com o nosso Deus de que despediremos todas as mulheres, e tudo o que é nascido d’ellas, conforme ao conselho do Senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.

4 Levanta-te, pois, porque te pertence este negocio, e nós seremos comtigo; [4] esforça-te, e obra.

5 Então Esdras se levantou, e ajuramentou os maioraes dos sacerdotes e dos levitas, e a todo o Israel, de que fariam conforme a esta palavra, [5] e juraram.

6 E Esdras se levantou de diante da casa de Deus, e entrou na camara de Johanan, filho de Eliasib: e, vindo lá, pão [6] não comeu, e agua não bebeu; porque estava annojado pela transgressão dos do captiveiro.

7 E fizeram passar pregão por Judah e Jerusalem, e todos os que vieram do captiveiro, para que se ajuntassem em Jerusalem.

8 E que todo aquelle que em tres dias não viesse, segundo o conselho dos principes e dos anciãos, toda a sua fazenda se poria em interdicto, e elle seria separado da congregação dos do captiveiro.

9 Então todos os homens de Judah e Benjamin em tres dias se ajuntaram em Jerusalem: era o nono mez, no dia vinte do mez: e todo [7] o povo se assentou na praça da casa de Deus, tremendo por este negocio e por causa das grandes chuvas.

10 Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós tendes transgredido, e casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delicto d’Israel.

11 Agora pois fazei [8] confissão ao Senhor Deus de vossos paes; e fazei a sua vontade; e apartae-vos dos povos das terras, e das mulheres estranhas.

12 E respondeu toda a congregação, e disseram em altas vozes: Assim seja, conforme ás tuas palavras nos convem fazer.

13 Porém o povo é muito, e tambem é tempo de grandes chuvas, e não se pode estar aqui fóra: nem é obra d’um dia nem de dois, porque somos muitos os que transgredimos n’este negocio.

14 Ora ponham-se os nossos principes, por toda a congregação sobre este negocio; e todos os que em nossas cidades casaram com mulheres estranhas venham em tempos apontados, e com elles os anciãos de cada cidade, e os seus juizes, até que desviemos de nós o ardor da ira [9] do nosso Deus, por esta causa.

15 Porém sómente Jonathan, filho d’Asael, e Jehazias, filho de Tikva, se pozeram sobre este negocio: e Mesullam, e Sabbethai, levita, os ajudaram.

16 E assim o fizeram os que tornaram do captiveiro: e apartaram-se o sacerdote Esdras e os homens, cabeças dos paes, segundo a casa de seus paes, e todos pelos seus nomes; e assentaram-se no primeiro dia do decimo mez, para inquirirem n’este negocio.

17 E acabaram-n’o com todos os homens que casaram com mulheres estranhas, até ao primeiro dia do primeiro mez.

18 E acharam-se dos filhos dos sacerdotes que casaram com mulheres estranhas: dos filhos de Josué, filho de Josadak, e seus irmãos, Maaseias, e Eliezer, e Jarib, e Gadalias.

19 E deram a sua mão de que despediriam [10] suas mulheres: e, achando-se culpados, offereceram um carneiro do rebanho pelo seu delicto.

20 E dos filhos d’Immer: Hanani, e Zabadias.

21 E dos filhos d’Harim: Maaseias, e Elias, e Semaias, e Jehiel, e Uzias.

22 E dos filhos de Pashur: Elioenai, Maseias, Ishmael, Nathanel, Jozabad, e Elasa.

23 E dos levitas: Jozabad, e Simei, e Kelaias (este é Kelitas), Pethahias, Judah, e Eliezer.

24 E dos cantores: Eliasib: e dos porteiros: Sallum, e Telem, e Uri.

25 E d’Israel, dos filhos de Paros: Ramias, e Jezias, e Malchias, e Miamin, e Eleazer, e Malchias, e Benaias.

26 E dos filhos d’Elam: Matthanias, Zacharias, e Jehiel, e Abdi, e Jeremoth, e Elias.

27 E dos filhos de Zattu: Elioenai, Eliasib, Matthanias, e Jeremoth, e Zabad, e Aziza.

28 E dos filhos de Bebai: Johanan, Hananias, Zabbai, Athlai.

29 E dos filhos de Bani: Mesullam, Malluch, e Adaias, Jasub, e Seal, Jeremoth.

30 E dos filhos de Pahath-moab: Adna, e Chelal, Benaias, Maseias, Matthanias, Besaleel, e Binnui, e Manasseh.

31 E dos filhos d’Harim: Eliezer, Jesias, Malchias, Semaias, Simeão,

32 Benjamin, Malluch, Semarias.

33 Dos filhos d’Hasum: Mathnai, Matthattha, Zabad, Eliphelet, Jeremai, Manasseh, Simei.

34 Dos filhos de Bani: Maadai, Amram, e Uel,

35 Benaias, Bedias, Cheluhi,

36 Vanias, Meremoth, Eliasib,

37 Matthanias, Mathnai, e Jaasai,

38 E Bani, e Binnui, Simei,

39 E Selemias, e Nathan, e Adaias,

40 Machnadbai, Sasai, Sarai,

41 Azareel, e Selemias, Semarias,

42 Sallum, Amarias, José.

43 Dos filhos de Nebo: Jeiel, Mattithias, Zabad, Zebina, Jaddai, Joel, e Benaias.

44 Todos estes tomaram mulheres estranhas: e alguns d’elles tinham mulheres de quem alcançaram filhos.

[1] Dan. 9.20. II Chr. 20.9.

[2] Neh. 13.27.

[3] II Chr. 34.31. cap. 9.4. Deu. 7.2, 3.

[4] I Chr. 28.10.

[5] Neh. 5.12.

[6] Deu. 9.18.

[7] I Sam. 12.18.

[8] Jos. 7.19. Pro. 28.13. ver. 3.

[9] II Chr. 30.8.

[10] II Reis 10.15. I Chr. 29.24. II Chr. 30.8. Lev. 6.4, 6.

[461]


O LIVRO DE NEHEMIAS.

Nehemias, sabendo o triste estado de Jerusalem, ora a Deus.

Antes de Christo 456

1 As palavras de Nehemias, [1] filho d’Hacalias. E succedeu no mez de chisleu, no anno vigesimo, estando eu em Susan, [MP] a fortaleza,

2 Que veiu Hanani, um de meus irmãos, elle e alguns de Judah; e perguntei-lhes pelos judeos que escaparam, e que restaram do captiveiro, e ácerca de Jerusalem.

3 E disseram-me: Os restantes, que restaram do captiveiro, lá na provincia estão em grande miseria e desprezo: [2] e o muro de Jerusalem fendido, e as suas portas queimadas a fogo.

4 E succedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias: e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.

5 E disse: Ah Senhor, [3] Deus dos céus, Deus grande e terrivel! que guarda [4] o concerto e a benignidade para com aquelles que o amam e guardam os seus mandamentos;

6 Estejam pois attentos os teus ouvidos, e os teus olhos [5] abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje oro perante ti, de dia e de noite, pelos filhos d’Israel, teus servos: e faço confissão pelos peccados dos filhos d’Israel, que peccámos contra ti; tambem eu e a casa de meu pae peccámos.

7 De todo nos corrompemos contra ti, e não guardámos os mandamentos, nem os [6] estatutos, nem os juizos, que ordenaste a Moysés teu servo.

8 Lembra-te pois da palavra que ordenaste a Moysés, teu servo, dizendo: Vós transgredireis, [7] e eu vos espalharei entre os povos.

9 E vós [8] vos convertereis a mim, e guardareis os meus mandamentos, e os fareis: então, ainda que os vossos rejeitados estiverem no cabo do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao logar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome.

10 Ainda são [9] teus servos e o teu povo que resgataste com a tua grande força e com a tua forte mão.

11 Ah, Senhor, estejam [10] pois attentos os teus ouvidos á oração do teu servo, e á oração dos teus servos que desejam [11] temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então era eu copeiro do rei.

[1] cap. 10.1.

[2] cap. 2.17. II Reis 25.10.

[3] Dan. 9.4.

[4] Exo. 20.6.

[5] II Reis 8.28, 29. II Chr. 6.40. Dan. 9.17, 18.

[6] Deu. 28.15.

[7] Lev. 26.33. Deu. 4.25, 26, 27 e 28.64.

[8] Lev. 26.39, etc. Deu. 4.29, 30, 31 e 30.2. Deu. 30.4.

[9] Deu. 9.29. Dan. 9.15.

[10] ver. 6.

[11] Isa. 26.8. Heb. 13.18. cap. 2.1.

Artaxerxes permitte a Nehemias ir a Jerusalem e edificar os muros.

Antes de Christo 445

2 Succedeu pois no mez de nisan, no anno vigesimo do rei [1] Artaxerxes, que estava posto vinho diante d’elle, e eu tomei o vinho, e o dei ao rei; porém nunca estivera triste diante d’elle.

2 E o rei me disse: Porque está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração: [2] então temi muito em grande maneira.

3 E disse ao rei: Viva o rei para sempre! [3] Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o logar dos sepulchros de meus paes, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?

4 E o rei me disse: Que me pedes agora? Então orei ao Deus dos céus,

[462]

5 E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é acceito em tua presença, peço-te que me envies a Judah, á cidade dos sepulchros de meus paes, para que eu a edifique.

6 Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a elle: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? [4] E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo.

7 Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores d’além do rio, para que me dêem passagem até que chegue a Judah.

8 Como tambem uma carta para Asaph, guarda do jardim do rei, que me dê madeira para cobrir [5] as portas do paço da casa, e para o muro da cidade, e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei m’as deu, segundo a boa [6] mão de Deus sobre mim.

9 Então vim aos governadores d’além do rio, e dei-lhes as cartas do rei: e o rei tinha enviado comigo chefes do exercito e cavalleiros.

10 O que ouvindo Sanballat, o horonita, e Tobias, o servo ammonita, lhes desagradou com grande desagrado que alguem viesse a procurar o bem dos filhos d’Israel.

11 E cheguei [7] a Jerusalem, e estive ali tres dias.

12 E de noite me levantei, eu e poucos homens comigo, e não declarei a ninguem o que o meu Deus me poz no coração para fazer em Jerusalem: e não havia comigo animal algum, senão aquelle em que estava montado.

13 E de noite sahi pela [8] porta do valle, e para a banda da fonte do dragão, e para a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalem, que estavam fendidos, [9] e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.

14 E passei á porta da [10] fonte, e ao viveiro do rei; e não havia logar por onde podesse passar a cavalgadura debaixo de mim.

15 Então de noite subi pelo ribeiro, e [11] contemplei o muro: e voltei, e entrei pela porta do valle, e assim voltei.

16 E não souberam os magistrados aonde eu fui nem o que eu fazia: porque ainda nem aos judeos, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra, até então tinha declarado coisa alguma.

17 Então lhes disse: Bem vêdes vós a miseria em que estamos, que Jerusalem está assolada, e que as suas portas teem sido queimadas a fogo: vinde pois e reedifiquemos o muro de Jerusalem, [12] e não sejamos mais em opprobrio.

18 Então lhes declarei [13] como a mão do meu Deus me fôra favoravel, como tambem as palavras do rei, que elle me tinha dito: então disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos [14] para o bem.

19 O que ouvindo Sanballat, o horonita, e Tobias, o servo ammonita, e Gesem, o arabio, zombaram de nós, e desprezaram-n’os, e disseram: Que é isto que fazeis? quereis [15] rebellar-vos contra o rei?

20 Então lhes respondi, e disse: O Deus dos céus é o que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: [16] que vós não tendes parte, nem justiça, nem memoria em Jerusalem.

[1] Esd. 7.4. cap. 1.11.

[2] Pro. 15.13.

[3] I Reis 1.31. cap. 1.3.

[4] cap. 5.14 e 13.6.

[5] cap. 3.7.

[6] ver. 18. Esd. 5.5 e 7.6, 9, 28.

[7] Esd. 8.32.

[8] II Chr. 26.9. cap. 3.13.

[9] cap. 1.3. ver. 17.

[10] cap. 3.15.

[11] II Sam. 15.23. Jer. 31.40.

[12] cap. 1.3. Jer. 24.9. Eze. 5.14, 15 e 22.4.

[13] ver. 8.

[14] II Sam. 2.7.

[15] cap. 6.6.

[16] Esd. 4.3.

Dos que trabalharam na edificação dos muros.

3 E levantou-se [1] Eliasib, o summo sacerdote, com os seus irmãos, os sacerdotes, e edificaram a porta do gado, a qual consagraram; e levantaram as suas portas: e até a torre de Meah consagraram, e até a torre d’Hananel.

2 E junto a elle [2] edificaram os homens de Jericó: tambem ao seu lado edificou Zaccur, filho d’Imri.

3 E a porta do [3] peixe edificaram os filhos de Senaa; a qual emmadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

4 E ao seu lado reparou Meremoth, filho d’Urias, o filho de Kós; e ao seu lado reparou Mesullam, filho de Berechias, o filho de Mesezabel; e ao seu lado reparou Zadok, filho de Baana.

5 E ao seu lado repararam os tekoitas: porém os seus illustres não metteram [4] o seu pescoço ao serviço de seu senhor.

6 E a porta velha repararam-n’a Joiada, filho de Paseah, e Mesullam, filho de Besodias: [5] estes a emmadeiraram, e levantaram as suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

7 E ao seu lado repararam Melatias, o gibeonita, e Jadon, meronothita, homens de Gibeon e Mispah, até ao assento do governador [6] d’áquem do rio.

[463]

8 Ao seu lado reparou Uziel, filho d’Harhaias, um dos ourives; e ao seu lado reparou Hananias, filho d’um dos boticarios; e deixaram a Jerusalem até ao muro [7] largo.

9 E ao seu lado reparou Rephaias, filho d’Hur, maioral d’ametade de Jerusalem.

10 E ao seu lado reparou Jedaias, filho d’Harumaph, e defronte de sua casa; e ao seu lado reparou Hattus, filho d’Hasabneias.

11 A outra porção reparou Malchias, filho d’Harim, e Hasub, filho de Pahath-moab: como tambem a torre [8] dos fornos.

12 E ao seu lado reparou Sallum, filho de Lohes, maioral da outra meia parte de Jerusalem, elle e suas filhas.

13 A porta [9] do valle reparou-a Hanun e os moradores de Zanoah: estes a edificaram, e lhe levantaram as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como tambem mil covados no muro, até á porta do [10] monturo.

14 E a porta do monturo reparou-a Malchias, filho de Rechab, maioral do districto de Beth-cherem: este a edificou, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos.

15 E a porta [11] da fonte reparou-a Sallum, filho de Col-hose, maioral do districto de Mispah: este a edificou, e a cobriu, e lhe levantou as portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos, como tambem o muro do viveiro [12] de Selah, ao pé do jardim do rei, e até aos degraus que descem da cidade de David.

16 Depois d’elle edificou Nehemias, filho d’Azbuk, maioral da metade de Beth-zur, até defronte dos sepulchros de David, e até ao viveiro [13] artificial, e até á casa dos varões.

17 Depois d’elle repararam os levitas, Rehum, filho de Bani: ao seu lado reparou Hasabias, maioral da metade de Keila, no seu districto.

18 Depois d’elle repararam seus irmãos, Bavai, filho d’Henadad, maioral da outra meia parte de Keila.

19 Ao seu lado reparou Ezer, filho de Josué, maioral de Mispah, outra porção, defronte da subida [14] á casa das armas, á esquina.

20 Depois d’elle reparou com grande ardor Baruch, filho de Zabbai, outra medida, desde a esquina até á porta da casa d’Eliasib, o summo sacerdote.

21 Depois d’elle reparou Meremoth, filho d’Urias, o filho de Kos, outra porção, desde a porta da casa d’Eliasib, até á extremidade da casa d’Eliasib.

22 E depois d’elle repararam os sacerdotes que habitavam na campina.

23 Depois reparou Benjamin e Hasub, defronte da sua casa: depois d’elle reparou Azarias, filho de Maaseias, o filho d’Ananias, junto á sua casa.

24 Depois d’elle reparou Binnui, filho d’Henadad, outra porção, desde a casa d’Azarias até á [15] esquina, e até ao canto.

25 Palal, filho d’Uzai, defronte da esquina, e a torre que sae da casa real superior, que está junto [16] ao pateo da prisão: depois d’elle Pedaias, filho de Parós.

26 E os nethineos [17] que habitavam em Ophel, até defronte da porta das aguas, para o oriente, e até á torre alta.

27 Depois repararam os tekoitas outra porção, defronte da torre grande e alta, e até ao muro d’Ophel.

28 Desde acima da porta [18] dos cavallos repararam os sacerdotes, cada um defronte da sua casa.

29 Depois d’elles reparou Zadok, filho d’Immer, defronte de sua casa: e depois d’elle reparou Semaias, filho de Sechanias, guarda da porta oriental.

30 Depois d’elle reparou Hananias, filho de Selemias, e Hanun, filho de Zalaph, o sexto, outra porção: depois d’elle reparou Mesullam, filho de Berechias, defronte da sua camara.

31 Depois d’elle reparou Malchias, filho d’um ourives, até á casa dos nethineos e mercadores, defronte da porta de Miphkad, e até á camara do canto.

32 E entre a camara do canto e a porta do gado, repararam os ourives e os mercadores.

[1] cap. 12.10. João 5.2. cap. 12.39.

[2] Esd. 2.34.

[3] II Chr. 33.14. cap. 12.39.

[4] Jui. 5.23.

[5] cap. 12.39.

[6] cap. 2.8.

[7] cap. 12.38.

[8] cap. 12.38.

[9] cap. 2.13.

[10] cap. 2.13.

[11] cap. 2.14.

[12] João 9.7.

[13] Jui. 5.23.

[14] II Chr. 26.9.

[15] ver. 19.

[16] Jer. 32.2 e 33.1 e 37.21.

[17] Esd. 2.43. cap. 11.21. II Chr. 27.3.

[18] II Reis 11.16. II Chr. 23.15. Jer. 31.40.

Os inimigos pretendem retardar a edificação dos muros.

4 E succedeu [1] que, ouvindo Sanballat que edificavamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeos.

2 E fallou na presença de seus irmãos, e do exercito de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeos? permittir-se-lhes-ha isto? sacrificarão? acabal-o-hão n’um dia? vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?

3 E estava com elle Tobias, [2] o ammonita, e disse: Ainda que edifiquem,[464] comtudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.

4 Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e torna o seu opprobrio sobre a sua cabeça, e faze com que sejam um despojo, na terra do captiveiro.

5 E não cubras a sua iniquidade, [3] e não se risque diante de ti o seu peccado, pois que te irritaram defronte dos edificadores.

6 Porém edificámos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade: porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.

7 E succedeu que, [4] ouvindo Sanballat e Tobias, e os arabios, e os ammonitas, e os asdoditas, que tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalem, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo,

8 E ligaram-se entre si todos, para virem guerrear a Jerusalem, e para os desviarem do seu intento.

9 Porém nós orámos ao nosso Deus, e pozemos uma guarda contra elles, de dia e de noite, por causa d’elles.

10 Então disse Judah: Já desfalleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro.

11 Disseram porém os nossos inimigos: Nada saberão d’isto, nem verão, até que entremos no meio d’elles, e os matemos; assim faremos cessar a obra.

12 E succedeu que, vindo os judeos que habitavam entre elles, dez vezes nol-o disseram, de todos os logares, porque tornavam a nós.

13 Pelo que puz guardas nos logares baixos por detraz do muro e nos altos: e puz ao povo pelas suas familias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos.

14 E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Não os temaes: [5] lembrae-vos do grande e terrivel Senhor, e pelejae pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.

15 E succedeu que, ouvindo os nossos inimigos que nol-o fizeram saber, e que Deus [6] tinha dissipado o conselho d’elles, todos voltámos ao muro, cada um á sua obra.

16 E succedeu que desde aquelle dia metade dos meus moços trabalhava na obra, e metade d’elles tinha as lanças, os escudos, os arcos, e as couraças; e os chefes estavam por detraz de toda a casa de Judah.

17 Os que edificavam o muro, e os que traziam as cargas, e os que carregavam, cada um com uma mão fazia a obra e na outra tinha as armas.

18 E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam: e o que tocava a trombeta estava junto comigo.

19 E disse eu aos nobres, e aos magistrados, e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros.

20 No logar onde ouvirdes o som da buzina ali vos ajuntareis comnosco; o nosso Deus pelejará [7] por nós.

21 Assim trabalhavamos na obra: e metade d’elles tinha as lanças desde a subida da alva até ao sair das estrellas.

22 Tambem n’aquelle tempo disse ao povo: Cada um com o seu moço passe a noite em Jerusalem, para que de noite nos sirvam de guarda, e de dia na obra.

23 E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largavamos os nossos vestidos: cada um tinha suas armas e agua.

[1] cap. 2.10, 19.

[2] cap. 2.10, 19.

[3] Pro. 3.34. Jer. 18.23.

[4] ver. 1.

[5] Num. 14.9. Deu. 1.29 e 10.17.

[6] Job 5.12.

[7] Exo. 14.14, 25. Deu. 1.30 e 3.22 e 20.4. Jos. 23.10.

Os pobres murmuram contra os ricos, e Nehemias reprehende os ultimos.

5 Foi porém grande [1] o clamor do povo e de suas mulheres, contra os judeos, seus irmãos.

2 Porque havia quem dizia: Com nossos filhos, e nossas filhas, nós somos muitos; pelo que tomámos trigo, para que comamos e vivamos.

3 Tambem havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas, e as nossas casas empenhámos, para tomarmos trigo n’esta fome.

4 Tambem havia quem dizia: Tomámos emprestado dinheiro até para o tributo do rei, sobre as nossas terras e as nossas vinhas.

5 Agora pois a nossa carne [2] é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como seus filhos; e eis que sujeitámos nossos filhos e nossas filhas para serem servos: e até algumas de nossas filhas são tão sujeitas, que não estão no poder de nossas mãos; e outros teem as nossas terras e as nossas vinhas.

6 Ouvindo eu pois o seu clamor, e estas palavras, muito me enfadei.

7 E considerei comigo mesmo no meu coração; depois pelejei com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: [3] Usura tomaes cada um de seu irmão. E ajuntei contra elles um grande ajuntamento.

[465]

8 E disse-lhes: Nós resgatámos [4] os judeos, nossos irmãos, que foram vendidos ás gentes segundo nossas posses; e vós outra vez venderieis a vossos irmãos, ou vender-se-hão a nós? Então se callaram, e não acharam que responder.

9 Disse mais: Não é bom o que fazeis: Porventura não andarieis no temor do nosso Deus, [5] por causa do opprobrio dos gentios, os nossos inimigos?

10 Tambem eu, meus irmãos e meus moços, ao ganho lhes temos dado dinheiro e trigo. Deixemos este ganho.

11 Restitui-lhes hoje, vos peço, as suas terras, as suas vinhas, os seus olivaes, e as suas casas; como tambem a centena do dinheiro, do trigo, do mosto, e do azeite, que vós exigis d’elles.

12 Então disseram: Restituir-lh’o-hemos, e nada procuraremos d’elles; faremos assim como dizes. Então chamei os sacerdotes, e os fiz [6] jurar que fariam conforme a esta palavra.

13 Tambem o meu regaço sacudi, e disse: [7] Assim sacuda Deus todo o homem da sua casa e do seu trabalho que não confirmar esta palavra, e assim seja sacudido e vazio. E toda a congregação disse: Amen! E louvaram ao Senhor; e o povo [8] fez conforme a esta palavra.

14 Tambem desde o dia em que me mandou que eu fosse seu governador na terra de Judah, [9] desde o anno vinte, até ao anno trinta e dois do rei Artaxerxes, doze annos, nem eu nem meus irmãos comemos o [10] pão do governador.

15 Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim, opprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho, e além d’isso, quarenta siclos de prata, como tambem os seus moços dominavam sobre o povo: porém eu assim não fiz, por causa do [11] temor de Deus.

16 Como tambem na obra d’este muro fiz reparação, e terra nenhuma comprámos: e todos os meus moços se ajuntaram ali á obra.

17 Tambem dos judeos e dos magistrados, cento e cincoenta homens, e os que vinham a nós, d’entre as gentes, que estão á roda de nós, se [12] punham á minha mesa.

18 E o que se preparava para cada dia era [13] um boi e seis ovelhas escolhidas; tambem aves se me preparavam, e de dez em dez dias de todo o vinho muitissimo: e nem por isso exigi [14] o pão do governador, porquanto a servidão d’este povo era grande.

19 Lembra-te [15] de mim para bem, ó meu Deus, e de tudo quanto fiz a este povo.

[1] Isa. 5.7. Lev. 25.35, 36, 37. Deu. 15.7.

[2] Isa. 58.7. Exo. 21.7. Lev. 25.39.

[3] Exo. 22.25. Lev. 35.36. Eze. 22.12.

[4] Lev. 25.48.

[5] Lev. 25.36. II Sam. 12.14. Rom. 2.24. I Ped. 2.12.

[6] Esd. 10.5. Jer. 34.8, 9.

[7] Mat. 10.14. Act. 13.51 e 18.6.

[8] II Reis 23.3.

[9] cap. 13.6.

[10] I Cor. 9.4, 15.

[11] II Cor. 11.9 e 12.13. ver. 9.

[12] II Sam. 9.7. I Reis 18.19.

[13] I Reis 4.22.

[14] ver. 14, 15.

[15] cap. 13.22.

Os inimigos conspiram para surprehender e intimidar Nehemias.

6 Succedeu mais [1] que, ouvindo Sanballat, Tobias, Gesem, o arabio, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o muro, e que n’elle não havia brecha alguma; ainda que [2] até este tempo não tinha posto as portas nos portaes;

2 Sanballat e Gesem [3] enviaram a dizer: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no valle [4] d’Ono. Porém intentavam fazer-me mal.

3 E enviei-lhes mensageiros a dizer: Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer: porque cessaria esta obra, emquanto eu a deixasse, e fosse ter comvosco?

4 E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi.

5 Então Sanballat da mesma maneira a quinta vez me enviou seu moço com uma carta aberta na sua mão;

6 E na qual estava escripto: Entre as gentes se ouviu, e Gusmu diz: Tu e [5] os judeos intentaes rebellar-vos, pelo que edificas o muro; e tu te farás rei d’elles segundo estas palavras;

7 E que pozeste prophetas, para prégarem de ti em Jerusalem, dizendo: Este é rei em Judah: de modo que o rei o ouvirá, segundo estas palavras: vem pois agora e consultemos juntamente.

8 Porém eu enviei a dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma succedeu; mas tu do teu coração o inventas.

9 Porque todos elles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos largarão a obra, e não se effeituará. Agora pois, ó Deus, esforça as minhas mãos.

10 E, entrando eu em casa de Semaias, filho de Delaias, o filho de Mehetabel (que estava encerrado), disse elle: Vamos juntamente á casa de Deus, ao meio do templo, e fechemos as portas do templo; porque virão matar-te: sim, de noite virão matar-te.

11 Porém eu disse: Um homem como eu fugiria? e quem ha, como eu, que[466] entre no templo e viva? de maneira nenhuma entrarei.

12 E conheci que eis-que não era Deus quem o enviara; mas esta prophecia fallou contra mim, porquanto Tobias e Sanballat o alugaram.

13 Para isto o alugaram, para me atemorisar, e para que assim fizesse, e peccasse, para que tivessem alguma causa para me infamarem, e assim me vituperarem.

14 Lembra-te, [6] meu Deus, de Tobias e de Sanballat, conforme a estas suas obras: e tambem da prophetiza Noadia, e dos mais prophetas que procuraram atemorisar-me.

15 Acabou-se pois o muro aos vinte e cinco d’elul: em cincoenta e dois dias.

16 E succedeu que, ouvindo-o todos os nossos [7] inimigos, temeram, todos os gentios que havia em roda de nós, e abateram-se muito em seus proprios olhos; porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra.

17 Tambem n’aquelles dias alguns nobres de Judah escreveram muitas cartas, que iam para Tobias: e as cartas de Tobias vinham para elles.

18 Porque muitos em Judah se lhe ajuramentaram, porque era genro de Sechanias, filho d’Arah; e seu filho Johanan tomara a filha de Mesullam, filho de Berechias.

19 Tambem as suas bondades contavam perante mim, e as minhas palavras lhe levavam a elle: portanto Tobias escrevia cartas para me atemorizar.

[1] cap. 2.10, 19 e 4.1, 7.

[2] cap. 3.1, 3.

[3] Pro. 26.24, 25.

[4] I Chr. 8.12. cap. 11.35.

[5] cap. 2.19.

[6] cap. 13.29. Eze. 13.17.

[7] cap. 2.10 e 4.1, 7 e 6.1.

Nehemias estabelece guardas e faz uma relação dos que primeiro vieram a Jerusalem.

Antes de Christo 536

7 Succedeu mais que, depois que o muro fôra edificado, eu levantei as portas; e [1] foram estabelecidos os porteiros, e os cantores, e os levitas.

2 Eu nomeei a Hanani, meu irmão, e a Hananias, maioral da fortaleza em [2] Jerusalem: porque era como homem fiel e temente [3] a Deus, mais do que muitos.

3 E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalem até que o sol aqueça, e emquanto os que assistirem ali fechem as portas, e vós trancae-as: e ponham-se guardas dos moradores de Jerusalem, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa.

4 E era a cidade larga d’espaço, e grande, porém pouco povo havia dentro d’ella: e ainda as casas não estavam edificadas.

5 Então o meu Deus me poz no coração que ajuntasse os nobres, e os magistrados, e o povo, para registrar as genealogias: e achei o livro da genealogia dos que subiram primeiro e assim achei escripto n’elle:

6 Estes [4] são os filhos da provincia, que subiram do captiveiro dos transportados, que transportara Nabucodonosor, rei de Babylonia; e voltaram para Jerusalem e para Judah, cada um para a sua cidade.

7 Os quaes vieram com Zorobabel, Jesué, Nehemias, Azarias, Raamias, Nahamani, Mardiques, Bilsan, Mispereth, Bigvai, Nehum, e Baana: este é o numero dos homens do povo d’Israel.

8 Foram os filhos de Paros, dois mil, cento e setenta e dois.

9 Os filhos de Sephatias, trezentos e setenta e dois.

10 Os filhos d’Arah, seiscentos e cincoenta e dois.

11 Os filhos de Pahath-moab, dos filhos de Jesué e de Joab, dois mil, oitocentos e dezoito.

12 Os filhos d’Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

13 Os filhos de Zatthu, oitocentos e quarenta e cinco.

14 Os filhos de Zaccai, setecentos e sessenta.

15 Os filhos de Binnui, seiscentos e quarenta e oito.

16 Os filhos de Babai, seiscentos e vinte e oito.

17 Os filhos d’Azgad, dois mil, trezentos e vinte e dois.

18 Os filhos d’Adonikam, seiscentos e sessenta e sete.

19 Os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete.

20 Os filhos d’Adin, seiscentos e cincoenta e cinco.

21 Os filhos d’Ater, d’Hizkia, noventa e oito.

22 Os filhos d’Hassum, trezentos e vinte e oito.

23 Os filhos de Besai, trezentos e vinte e quatro.

24 Os filhos d’Hariph, cento e doze.

25 Os filhos de Gibeon, noventa e cinco.

26 Os homens de Bethlehem e de Netopha, cento e oitenta e oito.

27 Os homens d’Anathoth, cento e vinte e oito.

28 Os homens de Beth-azmaveth, quarenta e dois.

29 Os homens de Kiriath-jearim, Cephira, e Beeroth, setecentos e quarenta e tres.

[467]

30 Os homens de Rama e Gaba, seiscentos e vinte e um.

31 Os homens de Michmas, cento e vinte e dois.

32 Os homens de Beth-el e Ai, cento e vinte e tres.

33 Os homens d’outra Nebo, cincoenta e dois.

34 Os filhos d’outro [5] Elam, mil, duzentos e cincoenta e quatro.

35 Os filhos d’Harim, trezentos e vinte.

36 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.

37 Os filhos de Lod, Hadid e Ono, setecentos e vinte e um.

38 Os filhos de Senaa, tres mil, novecentos e trinta.

39 Os sacerdotes: Os filhos de [6] Jedaias, da casa de Jesué, novecentos e setenta e tres.

40 Os filhos [7] d’Immer, mil e cincoenta e dois.

41 Os filhos de [8] Pashur, mil, duzentos e quarenta e sete.

42 Os filhos [9] d’Harim, mil e dezesete.

43 Os levitas: Os filhos de Jesué, de Kadmiel, dos filhos d’Hodeva, setenta e quatro.

44 Os cantores: os filhos d’Asaph, cento e quarenta e oito.

45 Os porteiros: os filhos de Sallum, os filhos d’Ater, os filhos de Talmon, os filhos d’Hacub, os filhos d’Hattita, os filhos de Sobai, cento e trinta e oito.

46 Os nethineos: os filhos de Ziha, os filhos d’Hasupha, os filhos de Tabbaoth,

47 Os filhos de Keros, os filhos de Sia, os filhos de Padon,

48 Os filhos de Lebana, os filhos d’Hagaba, os filhos de Salmai,

49 Os filhos d’Hanan, os filhos de Giddel, os filhos de Gahar,

50 Os filhos de Reaias, os filhos de Resin, os filhos de Nekoda,

51 Os filhos de Gazam, os filhos d’Uza, os filhos de Paseah,

52 Os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nephussim,

53 Os filhos de Bakbuk, os filhos d’Hakupha, os filhos d’Harhur,

54 Os filhos de Baslith, os filhos de Mehida, os filhos d’Harsa,

55 Os filhos de Barkos, os filhos de Sisera, os filhos de Tamah,

56 Os filhos de Nesiag, os filhos d’Hatipha.

57 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Sophereth, os filhos de Perida,

58 Os filhos de Jaela, os filhos de Darkon, os filhos de Giddel,

59 Os filhos de Sephatias, os filhos d’Hattil, os filhos de Pochereth-zebaim, os filhos de Amon.

60 Todos os nethineos e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.

61 Tambem [10] estes subiram de Thel-melah, e Thel-harsa, Cherub, Addon, Immer: porém não poderam mostrar a casa de seus paes e a sua linhagem, se eram d’Israel.

62 Os filhos de Dalaias, os filhos de Tobias, os filhos de Nekoda, seiscentos e quarenta e dois.

63 E dos sacerdotes: os filhos d’Habaias, os filhos de Kos, os filhos de Barzillai, que tomara uma mulher das filhas de Barzillai, o gileadita, e se chamou do nome d’ellas.

64 Estes buscaram o seu registro, querendo contar a sua geração, porém não se achou: pelo que, como immundos, foram excluidos do sacerdocio.

65 E o tirsatha lhes disse, que não comessem das coisas sagradas, até que se apresentasse o sacerdote com Urim e Thummim.

66 Toda esta congregação junta foi de quarenta e dois mil, trezentos e sessenta,

67 Afóra os seus servos e as suas servas, que foram sete mil, trezentos e trinta e sete: e tinham duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras.

68 Os seus cavallos, setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco.

69 Camelos, quatrocentos e trinta e cinco; jumentos, seis mil, setecentos e vinte.

70 E uma parte dos cabeças dos paes deram para a obra: o tirsatha deu [11] para o thesouro, em oiro, mil [MQ] drachmas, cincoenta bacias, e quinhentas e trinta vestes sacerdotaes.

71 E alguns mais dos cabeças dos paes deram para o thesouro da obra, em oiro, vinte mil drachmas: e em prata, duas mil e duzentas libras.

72 E o que deu o resto do povo, foi, em oiro, vinte mil drachmas: [12] e em prata duas mil libras: e sessenta e sete vestes sacerdotaes.

73 E habitaram os sacerdotes, e os levitas, e os porteiros, e os cantores, e alguns do povo, e os nethineos, e todo o Israel nas suas cidades.

[1] cap. 6.1.

[2] cap. 2.5.

[3] Exo. 18.21.

[4] Esd. 2.1, etc.

[5] ver. 12.

[6] I Chr. 24.7.

[7] I Chr. 24.14.

[8] I Chr. 9.12 e 24.9.

[9] I Chr. 24.8.

[10] Esd. 2.59.

[11] cap. 8.9.

[12] Esd. 2.69.

Esdras lê a lei diante do povo.

Antes de Christo 445

8 E chegado o setimo mez, e estando os filhos d’Israel nas suas cidades, todo o povo [1] se ajuntou como um[468] só homem, na praça, diante da porta das aguas: e disseram a Esdras, [2] o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moysés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.

2 E Esdras, [3] o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, assim d’homens como de mulheres, e de todos os entendidos para ouvirem, no primeiro dia do setimo mez.

3 E leu n’elle diante da praça, que está diante da porta das aguas, desde a alva até ao meio dia, perante homens e mulheres, e entendidos: e os ouvidos de todo o povo estavam attentos ao livro da lei.

4 E Esdras, o escriba, estava sobre um pulpito de madeira, que fizeram para aquillo: e estava em pé junto a elle, á sua mão direita, Mattithias, e Sema, e Anaias, e Urias, e Hilkias, e Maaseias; e á sua mão esquerda, Pedaias, e Misael, e Melchias, e Hasum, e Hasbaddana, Zacharias, e Mesullam.

5 E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o elle, todo o povo se poz [4] em pé.

6 E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus: e todo o povo [5] respondeu, Amen, Amen! levantando as suas mãos; e inclinaram-se, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.

7 E Jesua, e Bani, e Serebias, Jamin, Akkub, Sabbethai, Hodias, Maaseias, Kelita, Azarias, Jozabad, Hanan, Pelaias, e os levitas ensinavam [6] o povo na lei: e o povo estava no seu posto.

8 E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.

9 E [7] Nehemias (que era o [MR] tirsatha), e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, [8] ouvindo as palavras da lei.

10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e [9] enviae porções aos que não teem nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor: portanto não vos entristeçaes: porque a alegria do Senhor é a vossa força.

11 E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calae-vos; porque este dia é santo: por isso não vos entristeçaes.

12 Então todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grandes alegrias: porque [10] entenderam as palavras que lhes fizeram saber.

A festa dos tabernaculos.

13 E no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças dos paes de todo o povo, os sacerdotes, e os levitas, a Esdras, o escriba: e isto para attentarem nas palavras da lei.

14 E acharam escripto na lei que o Senhor ordenara, pelo ministerio de Moysés, que os filhos d’Israel habitassem em cabanas, [11] na solemnidade da festa, no setimo mez.

15 Assim o publicaram, e fizeram passar pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalem, dizendo: [12] Sahi ao monte, e trazei ramos d’oliveiras, e ramos d’arvores olearias, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e ramos d’arvores espessas, para fazer cabanas, como está escripto.

16 Saiu pois o povo, e os trouxeram, e fizeram para si cabanas, cada um no seu [13] terrado, e nos seus pateos, e nos atrios da casa de Deus, e na praça da porta das aguas, e na praça da porta d’Ephraim.

17 E toda a congregação dos que voltaram do captiveiro fizeram cabanas e habitaram nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos d’Israel, desde os dias de Josué, filho de Nun, até áquelle dia: e houve mui [14] grande alegria.

18 E de dia em dia se leu no livro da lei de Deus, [15] desde o primeiro dia até ao derradeiro; e celebraram a solemnidade da festa sete dias, e no oitavo dia, o dia da prohibição, segundo o rito.

[1] Esd. 3.1. cap. 3.26.

[2] Esd. 7.6.

[3] Deu. 31.11, 12. Lev. 23.24.

[4] Jui. 3.20.

[5] I Cor. 14.16. I Tim. 2.8. Exo. 4.31 e 12.27.

[6] Lev. 10.11. Deu. 33.10. II Chr. 17.7, 8, 9. Mal. 2.7.

[7] Esd. 2.63. cap. 7.65 e 10.1. II Chr. 35.3. ver. 8. Lev. 23.24. Num. 29.1.

[8] Deu. 16.14, 15. Ecc. 3.4.

[9] Est. 9.19, 22. Apo. 11.10.

[10] ver. 7, 8.

[11] Lev. 23.34, 42. Deu. 16.13.

[12] Lev. 23.4. Deu. 16.16. Lev. 23.40.

[13] Deu. 22.8. cap. 12.37. II Reis 14.13. cap. 12.39.

[14] II Chr. 30.21.

[15] Deu. 31.10, etc. Lev. 23.36. Num. 29.35.

Arrependimento e confissão do peccado.

9 E no dia vinte e quatro d’este mez [1] se ajuntaram os filhos d’Israel com jejum e com saccos, e traziam terra sobre si.

2 E a geração [2] d’Israel se apartou de todos os estranhos, e pozeram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus peccados e pelas iniquidades de seus paes.

[469]

3 Porque, levantando-se no seu posto, leram [3] no livro da lei do Senhor seu Deus uma quarta parte do dia; e na outra quarta parte fizeram confissão, e adoraram ao Senhor seu Deus.

4 E Jesué, Bani, Kadmiel, Sebanias, Bunni, Serebias, Bani e Chenani se pozeram em pé no logar alto dos levitas, e clamaram em alta voz ao Senhor seu Deus.

5 E os levitas, Jesué, e Kadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias, Pethachias, disseram: Levantae-vos, bemdizei ao Senhor vosso Deus d’eternidade em eternidade: ora bemdigam o nome [4] da tua gloria, que está levantado sobre toda a benção e louvor.

6 Tu [5]és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exercito; a terra e tudo quanto n’ella ha; os mares e tudo quanto n’elles ha, e tu os guardas em vida a todos; e o exercito dos céus te adora.

7 Tu és Senhor, o Deus, que elegeste a [6] Abrão, e o tiraste d’Ur dos chaldeos, e lhe pozeste por nome Abrahão.

8 E achaste o seu coração fiel perante ti, [7] e fizeste com elle o concerto, que lhe darias a terra dos cananeos, dos hetheos, dos amorrheos, e dos pherezeos, e dos jebuseos, e dos girgaseos, para a dares á sua semente: e confirmaste [8] as tuas palavras, porquanto és justo.

9 E viste [9] a afflicção de nossos paes no Egypto: e ouviste o seu clamor junto ao Mar Vermelho.

10 E déste [10] signaes e prodigios a Pharaó, e a todos os seus servos, e a todo o povo da sua terra; porque soubeste que [11] soberbamente os trataram; e assim te adquiriste nome, como hoje se vê.

11 E o mar [12] fendeste perante elles, e passaram pelo meio do mar, em secco: e lançaste os seus perseguidores nas profundezas, como [13] uma pedra nas aguas violentas.

12 E os [14] guiaste de dia por uma columna de nuvem, e de noite por uma columna de fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.

13 E sobre o [15] monte de Sinai desceste, e fallaste com elles desde os céus: e déste-lhes juizos rectos, e leis verdadeiras, estatutos e mandamentos bons.

14 E o teu sancto [16] sabbado lhes fizeste saber: e preceitos, e estatutos, e lei lhes mandaste pelo ministerio de Moysés, teu servo.

15 E pão dos céus lhes déste [17] na sua fome, e agua da penha lhes produziste na sua sêde: e lhes disseste que entrassem para possuirem a terra pela qual alçaste a tua mão, que lh’a havias de dar.

16 Porém [18] elles e nossos paes se houveram soberbamente: e endureceram a sua cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos.

17 E recusaram ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz, e na [19] sua rebellião levantaram um chefe, afim de voltarem para a sua servidão: porém tu, [20] ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficencia, comtudo os não desamparaste.

18 Ainda [21] mesmo quando elles fizeram para si um bezerro de fundição, e disseram: Este é o teu Deus, que te tirou do Egypto; e commetteram grandes blasphemias:

19 Todavia tu, pela [22] multidão das tuas misericordias, os não deixaste no deserto: a columna de nuvem nunca d’elles se apartou de dia, para os guiar pelo caminho, nem a columna de fogo de noite, para os alumiar: e isto pelo caminho por onde haviam de ir.

20 E déste [23] o teu bom espirito, para os ensinar: e o teu manná não retiraste da sua bocca; e agua lhes déste na sua sêde.

21 De tal modo os sustentaste [24] quarenta annos no deserto: falta nenhuma tiveram: os seus vestidos se não envelheceram, e os seus pés se não incharam.

22 Tambem lhes déste reinos e povos, e os repartiste em porções: e elles possuiram a terra de [25] Sihon, a saber, a terra do rei d’Hesbon, e a terra d’Og, rei de Basan.

23 E multiplicaste [26] os seus filhos como as estrellas do céu, e trouxeste-os á terra de que tinhas dito a seus paes que entrariam n’ella para a possuirem.

24 Assim entraram n’ella [27] os filhos, e tomaram aquella terra: e abateste perante elles os moradores da terra, os[470] cananeos, e lh’os entregaste na mão, como tambem os reis, e os povos da terra, para fazerem d’elles conforme á sua vontade.

25 E tomaram cidades fortes e terra [28] grossa, e possuiram casas cheias de toda a fartura, cisternas cavadas, vinhas e olivaes, e arvores de mantimento, em abundancia: e comeram e se fartaram [29] e engordaram, e viveram em delicias, pela tua grande bondade.

26 Porém se obstinaram, e se rebellaram contra [30] ti, e lançaram a tua lei para traz das suas costas, e mataram [31] os teus prophetas, que protestavam contra elles, para que voltassem para ti: assim fizeram grandes abominações.

27 Pelo que os entregaste [32] na mão dos seus angustiadores, que os angustiaram: mas no tempo de sua angustia, clamando a ti, desde os céus tu ouviste; e segundo a tua grande misericordia lhes déste libertadores que os libertaram da mão de seus angustiadores.

28 Porém, em tendo repouso, tornavam [33] a fazer o mal diante de ti: e tu os deixavas na mão dos seus inimigos, para que dominassem sobre elles; e convertendo-se elles, e clamando a ti, tu os ouviste desde os céus, e segundo a tua misericordia os livraste muitas vezes.

29 E protestaste contra elles, para que voltassem para a tua lei; porém elles [34] se houveram soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas peccaram contra os teus juizos pelos quaes o homem que os fizer viverá; e te deram o hombro rebelde, e endureceram a sua cerviz, e não ouviram.

30 Porém estendeste a tua benignidade sobre elles por muitos annos, e protestaste contra elles [35] pelo teu Espirito, pelo ministerio dos teus prophetas; porém elles não deram ouvidos: pelo que os entregaste na mão dos povos das terras.

31 Mas pela tua grande misericordia [36] os não destruiste nem desamparaste: porque és um Deus clemente e misericordioso.

32 Agora pois, ó Deus nosso, ó Deus [37] grande, poderoso e terrivel, que guardas o concerto e beneficencia, não tenhas em pouca conta todo o trabalho que nos alcançou a nós, aos nossos reis, aos nossos principes, e aos nossos sacerdotes, e aos nossos prophetas, e aos nossos paes, e a todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assyria até ao dia de hoje.

33 Porém tu és justo [38] em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu tens obrado fielmente, e nós temos obrado impiamente.

34 E os nossos reis, os nossos principes, os nossos sacerdotes, e os nossos paes não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que protestaste contra elles.

35 Porque elles nem no seu reino, [39] nem na muita abundancia de bens que lhes déste nem na terra espaçosa e gorda que déste diante d’elles, te serviram, nem se converteram de suas más obras.

36 Eis-que hoje [40] somos servos: e até na terra que déste a nossos paes, para comerem o seu fructo e o seu bem, eis que somos servos n’ella.

37 E ella multiplica os seus productos [41] para os reis, que pozeste sobre nós, por causa dos nossos peccados: e conforme a sua vontade dominam [42] sobre os nossos corpos e sobre as nossas bestas; e estamos n’uma grande angustia.

38 E com tudo isto fizemos um [43] firme concerto, e o escrevemos: e sellaram-n’o os nossos principes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.

[1] cap. 8.2. Jos. 7.6. II Sam. 1.2. Job 2.12.

[2] Esd. 10.11. cap. 13.3, 30.

[3] cap. 8.7, 8.

[4] I Chr. 29.13.

[5] II Reis 19.15, 19. Isa. 37.16, 20. Gen. 1.1. Apo. 14.7. Deu. 10.14.

[6] Gen. 11.31 e 12.1. Gen. 17.5.

[7] Gen. 15.6. Gen. 12.7 e 15.18 e 17.7, 8.

[8] Jos. 23.14.

[9] Exo. 2.25 e 3.7. Exo. 14.10.

[10] cap. 7, 8, 9, 10, 12 e 14.

[11] Exo. 18.11. Exo. 9.16. Isa. 63.12, 14. Jer. 32.20.

[12] Exo. 14.21, 22, 27, 28.

[13] Exo. 15.5, 10.

[14] Exo. 13.21.

[15] Exo. 19.20 e 20.1.

[16] Gen. 2.3. Exo. 20.8, 11.

[17] Exo. 16.14, 15. João 6.31. Exo. 17.6. Num. 20.9, etc. Deu. 1.8.

[18] ver. 29. Deu. 31.37. II Reis 17.14. Jer. 19.15.

[19] Num. 14.4.

[20] Exo. 34.6. Num. 14.18. Joel 2.13.

[21] Exo. 32.4.

[22] ver. 27. Exo. 13.21, 22. Num. 14.14. I Cor. 10.1.

[23] Num. 11.17. Isa. 63.11. Exo. 16.15. Jos. 5.12. Exo. 17.6.

[24] Deu. 2.7 e 8.4 e 29.5.

[25] Num. 21.21, etc.

[26] Gen. 22.17.

[27] Jos. 1.2, etc.

[28] ver. 35. Num. 13.27. Deu. 8.7, 8. Eze. 20.6. Deu. 6.11.

[29] Deu. 32.15. Ose. 3.5.

[30] Jui. 2.11, 12. Eze. 20.21. I Reis 14.9.

[31] I Reis 18.4 e 19.10. II Chr. 24.20, 21. Mat. 23.37. Act. 7.52.

[32] Jui. 2.14 e 3.8, etc. Jui. 2.18 e 3.9.

[33] Jui. 3.11, 12, 30 e 4.1 e 5.31 e 6.1.

[34] ver. 16. Lev. 18.5. Eze. 20.11. Rom. 10.5. Gal. 3.12.

[35] II Reis 17.13. II Chr. 36.15. Jer. 7.25 e 25.4. I Ped. 1.11. II Ped. 1.21. Isa. 5.5 e 42.24.

[36] Jer. 4.27 e 5.10, 18. ver. 17.

[37] Exo. 34.6, 7. cap. 1.5.

[38] II Reis 17.3. Dan. 9.14 e 9.5, 6, 8.

[39] Deu. 28.47. ver. 25.

[40] Deu. 28.48. Esd. 9.9.

[41] Deu. 28.33, 51.

[42] Deu. 28.48.

[43] II Reis 23.3. II Chr. 29.10 e 34.31. Esd. 10.3. cap. 10.29.

Os nomes dos que sellaram o concerto.

10 E os que sellaram foram [1] Nehemias, o [MS] tirsatha, filho de Hacalias, e Zedekias,

2 Seraias, [2] Azarias, Jeremias,

3 Pashur, Amarias, Malchias,

4 Hattus, Sebanias, Malluch,

5 Harim, Meremoth, Obadias,

6 Daniel, Ginnethon, Baruch,

7 Mesullum, Abias, Miamin,

8 Maasias, Bilgai, Semaias: estes foram os sacerdotes.

9 E os levitas: Jesué, filho de Azanias, Binnui, dos filhos de Henadad, Kadmiel,

10 E seus irmãos: Sebanias, Hodias, Kelita, Pelaias, Hanan,

11 Micha, Rehob, Hasabias,

[471]

12 Zacchur, Serebias, Sebanias,

13 Hodias, Bani, Beninu.

14 Os chefes do povo: [3] Pareos, Pahat-moab, Elam, Zatthu, Bani,

15 Bunni, Asgad, Bebai,

16 Adonias, Bigvai, Adin,

17 Ater, Hiskias, Azur,

18 Hodias, Hasum, Besai,

19 Hariph, Anathoth, Nebai,

20 Magpias, Mesullum, Hezir,

21 Mezezabeel, Zadok, Jaddua,

22 Pelatias, Hanan, Anaias,

23 Hoseas, Hananias, Hassub,

24 Hollohes, Pilha, Sobek,

25 Rehum, Hasabna, Maaseias;

26 E Ahias, Hanan, Anan,

27 Malluch, Harim, Baana.

28 E o resto [4] do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os nethineos, todos os que se tinham separado dos povos das terras para [5] a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos, e suas filhas; todos os sabios e entendidos;

29 Firmemente adheriam a seus irmãos os mais nobres de entre elles, e convieram n’um anathema e n’um juramento, de que andariam na lei de Deus, que foi dada pelo ministerio de Moysés, servo de Deus; e de que guardariam e fariam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os seus juizos e os seus estatutos;

30 E que não dariamos as nossas filhas [6] aos povos da terra, nem tomariamos as filhas d’elles para os nossos filhos.

31 E que, trazendo [7] os povos da terra no dia de sabbado algumas fazendas, e qualquer grão para venderem, não a tomariamos d’elles no sabbado, nem no dia sanctificado: e livre deixariamos o [8] anno setimo, e toda e qualquer cobrança.

32 Tambem nos pozemos preceitos, impondo-nos cada anno a terça parte d’um siclo, para o ministerio da casa do nosso Deus;

33 Para os pães [9] da proposição, e para a continua offerta de manjares, e para o continuo holocausto dos sabbados, das luas novas, para as festas solemnes, e para as coisas sagradas, e para os sacrificios pelo peccado, para reconciliar a Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus.

34 Tambem lançámos as sortes entre os sacerdotes, levitas, e o povo, ácerca da offerta da [10] lenha que se havia de trazer á casa do nosso Deus, segundo as casas de nossos paes, a tempos determinados, de anno em anno, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como está escripto [11] na lei.

35 Que tambem trariamos [12] as primeiras novidades da nossa terra, e todos os primeiros fructos de todas as arvores, de anno em anno, á casa do Senhor.

36 E os primogenitos dos nossos filhos, e os das nossas bestas, como está escripto [13] na lei: e que os primogenitos das nossas vaccas e das nossas ovelhas trariamos á casa do nosso Deus, aos sacerdotes, que ministram na casa do nosso Deus.

37 E que as primicias da nossa massa, e as nossas offertas alçadas, e o fructo de toda a arvore, o mosto e o azeite, [14] trariamos aos sacerdotes, ás camaras da casa do nosso Deus; e os dizimos [15] da nossa terra aos levitas: e que os levitas pagariam os dizimos em todas as cidades da nossa lavoura.

38 E que o sacerdote, filho de Aarão, estaria com os levitas quando os levitas recebessem os dizimos, [16] e que os levitas trariam os dizimos dos dizimos á casa do nosso Deus, ás camaras da casa do thesouro.

39 Porque áquellas camaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem [17] trazer offertas alçadas do grão, do mosto e do azeite: porquanto ali estão os vasos do sanctuario, como tambem os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores: e que assim não [18] desamparariamos a casa do nosso Deus.

[1] cap. 8.9. cap. 1.1.

[2] cap. 12.1, 24.

[3] Esd. 2.3, etc. cap. 7.8, etc.

[4] Esd. 2.36, 43 e 9.1 e 10.11, 12, 19. cap. 13.3.

[5] Deu. 29.12, 14. cap. 5.12, 13. II Reis 23.3. II Chr. 34.31.

[6] Exo. 34.16. Deu. 7.3. Esd. 9.12, 14.

[7] Exo. 20.10. Lev. 23.3. Deu. 5.12. cap. 13.15, etc.

[8] Exo. 23.10, 11. Lev. 25.4. Deu. 15.1, 2. cap. 5.12.

[9] Lev. 24.5, etc. II Chr. 2.4. Num. 28 e 29.

[10] cap. 13.31. Isa. 40.16.

[11] Lev. 6.12.

[12] Exo. 23.19 e 34.26. Lev. 19.23. Num. 18.12. Deu. 26.2.

[13] Exo. 13.2, 12, 13. Lev. 27.26, 27. Num. 18.15, 16.

[14] Lev. 23.17. Num. 15.19 e 18.12, etc. Deu. 18.4 e 26.2.

[15] Lev. 27.30. Num. 18.21, etc.

[16] Num. 18.26.

[17] Deu. 12.6, 11. II Chr. 31.12. cap. 13.12.

[18] cap. 13.10, 11.

Relação dos que habitaram em Jerusalem.

11 E os principes do povo habitaram em Jerusalem, porém o resto do povo lançou sortes, para tirar um de dez, que habitasse na sancta [1] cidade de Jerusalem, e as nove partes nas outras cidades.

2 E o povo bemdisse a todos os homens que voluntariamente se offereciam [2] para habitarem em Jerusalem.

3 E estes [3] são os chefes da provincia, que habitaram em Jerusalem (porém nas cidades de Judah habitou cada um na sua possessão, nas suas cidades, Israel, os sacerdotes, e os levitas, e os [4] nethineos, e os filhos dos servos de Salomão):

[472]

4 Habitaram pois em [5] Jerusalem alguns dos filhos de Judah e dos filhos de Benjamin: dos filhos de Judah, Athaias, filho d’Uzias, filho de Zacharias, filho de Amarias, filho de Sephatias, filho de Mahalaleel, [6] dos filhos de Peres;

5 E Maaseias, filho de Baruch, filho de Col-hose, filho d’Hazaias, filho d’Adaias, filho de Joiarib, filho de Zacharias, filho de Siloni.

6 Todos os filhos de Peres, que habitaram em Jerusalem, foram quatrocentos e sessenta e oito homens valentes.

7 E estes são os filhos de Benjamin: Sallu, filho de Messullam, filho de Joed, filho de Pedaias, filho de Kolaias, filho de Maaseias, filho d’Ithiel, filho de Jesaias.

8 E depois d’elle Gabbai, Sallai: novecentos e vinte e oito.

9 E Joel, filho de Zichri, superintendente sobre elles: e Judah, filho de Senua, segundo sobre a cidade.

10 Dos [7] sacerdotes: Jedaias, filho de Joiarib, Jachin,

11 Seraias, filho d’Hilkias, filho de Mesullam, filho de Zadok, filho de Meraioth, filho d’Ahitub, maioral da casa de Deus.

12 E seus irmãos, que faziam a obra na casa, oitocentos e vinte e dois: e Adaias, filho de Jeroham, filho de Pelalias, filho de Amsi, filho de Zacharias, filho de Pashur, filho de Malchias.

13 E seus irmãos, cabeças dos paes, duzentos e quarenta e dois; e Amasai, filho d’Azareel, filho d’Ahazai, filho de Mesillemoth, filho d’Immer.

14 E os irmãos d’elles, varões valentes, cento e vinte e oito, e superintendente sobre elles Zabdiel, filho de Gedolim.

15 E dos levitas: Semaias, filho d’Hassub, filho d’Azrikam, filho d’Hasabias, filho de Buni;

16 E Sabbethai, e Jozabad, dos cabeças dos levitas, presidiam sobre [8] a obra de fóra da casa de Deus;

17 E Matthanias, filho de Micha, filho de Zabdi, filho d’Asaph, o cabeça, que começava a dar graças na oração, e Bakbukias, o segundo de seus irmãos: depois Abda, filho de Sammua, filho de Galal, filho de Jeduthun.

18 Todos os levitas na sancta [9] cidade, foram duzentos e oitenta e quatro.

19 E os porteiros, Akkub, Talmon, com seus irmãos, os guardas das portas, cento e setenta e dois.

Dos que habitaram nas cidades de Judah.

20 E o resto d’Israel, dos sacerdotes e levitas, esteve em todas as cidades de Judah, cada um na sua herdade.

21 E os [10] nethineos habitaram em Ophel; e Ziha e Gispa presidiam sobre os nethineos.

22 E o superintendente dos levitas em Jerusalem foi Uzzi, filho de Bani, filho d’Hasabias, filho de Matthanias, filho de Micha: dos filhos d’Asaph os cantores, no serviço da casa de Deus.

23 Porque havia um mandado do rei ácerca [11] d’elles: a saber, uma certa porção para os cantores, cada qual no seu dia.

24 E Petahias, filho de Mesezabeel, dos filhos de [12] Zerah, filho de Judah, estava á mão do rei, em todos os negocios do povo.

25 E nas aldeias, nas suas terras, alguns dos filhos de Judah habitaram em [13] Kiriath-arba, e nos logares da sua jurisdicção; e em Dibon, e nos logares da sua jurisdicção; e em Jekabseel, e nas suas aldeias,

26 E em Jesua, e em Molada, e em Beth-pelet,

27 E em Hasar-sual, e em Berseba, e nos logares da sua jurisdicção,

28 E em Siclag, e em Mechona, e nos logares da sua jurisdicção,

29 E em En-rimmon, e em Zora, e em Jarmuth;

30 Em Zanoah, Adullam, e nas suas aldeias; em Lachis, e nas suas terras; em Azaka, e nos logares da sua jurisdicção: acamparam-se desde Berseba até ao valle de Hinnom.

31 E os filhos de Benjamin, de Geba, habitaram em Michmas, e Aia, e Beth-el, e nos logares da sua jurisdicção,

32 E em Anathoth, em Nob, em Anania,

33 Em Hasor, em Rama, em Gitthaim,

34 Em Hadid, em Zeboim, em Neballat,

35 Em Lod, e em Ono, no valle [14] dos artifices.

36 E alguns dos levitas nos repartimentos de Judah e de Benjamin.

[1] ver. 18. Mat. 4.5 e 27.53.

[2] Jui. 5.9.

[3] I Chr. 9.2, 3.

[4] Esd. 2.43. Esd. 2.55.

[5] I Chr. 9.3, etc.

[6] Gen. 38.29.

[7] I Chr. 9.10, etc.

[8] I Chr. 26.29.

[9] ver. 1.

[10] cap. 3.26.

[11] Esd. 6.8, 9 e 7.20, etc.

[12] Gen. 38.30. I Chr. 18.17 e 23.28.

[13] Jos. 14.15.

[14] I Chr. 4.14.

Os sacerdotes que vieram para Jerusalem com Zorobabel.

Antes de Christo 536

12 Estes são sacerdotes [1] e levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealthiel, e com Jesué: [2] Seraias, Jeremias, Esdras,

2 Amarias, Malluch, Hattus,

3 Sechanias, Rehun, Meremoth,

4 Iddo, Ginnethoi, [3] Abias,

5 Miamin, Maadias, Bilga,

6 Semaias, e Joiarib, Jedaias,

[473]

7 Sallu, Amok, Hilkias, Jedaias: estes foram os chefes dos sacerdotes e de seus irmãos, nos dias de [4] Jesué.

8 E foram os levitas: Jesué, Binnui, Kadmiel, Serebias, Judah, Matthanias: este e seus irmãos presidiam sobre os louvores.

9 E Bakbukias e Uni, seus irmãos, defronte d’elle, nas guardas.

10 E Jesué gerou a Joaquim, e Joaquim gerou a Eliasib, e Eliasib gerou a Joiada,

11 E Joiada gerou a Jonathan, e Jonathan gerou a Jaddua.

12 E nos dias de Joaquim foram sacerdotes, cabeças dos paes: de Seraias, Meraias; de Jeremias, Hananias;

13 D’Esdras, Messullam; de Amarias, Johanan;

14 De Melichu, Jonathan; de Sebanias, José;

15 D’Harim, Adna; de Meraioth, Helkai;

16 D’Iddo, Zacharias; de Ginnethon, Messullam;

17 D’Abias, Zichri; de Miamin e de Moadias, Piltai;

18 De Bilga, Sammua; de Semaias, Jonathan;

19 E de Joiarib, Matthenai; de Jedaias, Ezzi;

20 De Sallai, Kallai; de Amok, Eber;

21 D’Hilkias, Hasabias; de Jedaias, Nethanael.

22 Dos levitas foram nos dias d’Eliasib escriptos como cabeças de paes, Joiada, e Johnan, e Jaddua; como tambem os sacerdotes, até ao reinado de Dario [5] o persa.

23 Os filhos de Levi escriptos como cabeças de paes no livro das chronicas, até aos dias de Johanan, filho d’Eliasib.

24 Foram pois os cabeças dos levitas: Hasabias, Serabias, e Jesué, filho de Kadmiel, e seus irmãos defronte d’elles, para louvarem e darem graças, [6] segundo o mandado de David, homem de Deus: guarda contra guarda.

25 Matthanias, e Bakbukias, Obadias, Mesullam, Talmon, e Akkub, eram porteiros, que faziam a guarda ás thesourarias das portas.

26 Estes foram nos dias de Joaquim, filho de Jesué, o filho de Josadak; como tambem nos dias de Nehemias, o governador, [7] e do sacerdote Esdras, o escriba.

A dedicação dos muros.

Antes de Christo 445

27 E na dedicação [8] dos muros de Jerusalem buscaram os levitas de todos os seus logares, para os trazerem, afim de fazerem a dedicação com alegrias, e com louvores, e com canto, psalterios, alaudes, e com harpas.

28 E assim ajuntaram os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalem, como das aldeias de Netophati;

29 Como tambem da casa de Gilgal, e dos campos de Gibeah, e Azmaveth: porque os cantores se edificaram aldeias nos arredores de Jerusalem.

30 E purificaram-se os sacerdotes e os levitas; e logo purificaram o povo, e as portas, e o muro.

31 Então fiz subir os principes de Judah sobre o muro, e ordenei dois grandes coros e procissões, um á mão direita [9] sobre o muro da banda da porta do monturo.

32 E após elles ia Hosaias, e a metade dos principes de Judah,

33 E Azarias, Esdras, e Mesullam,

34 Judah, e Benjamin, e Semaias, e Jeremias.

35 E dos filhos dos sacerdotes, com trombetas: Zacharias, filho de Jonathan, o filho de Semaias, filho de Matthanias, filho de Michaias, filho de Zacchur, filho d’Asaph,

36 E seus irmãos, Semaias, e Azareel, Milalai, Gilalai, Maai, Nethanael, e Judah, e Hanani, com [10] os instrumentos musicos de David, homem de Deus; e Esdras o escriba ia adiante d’elles.

37 Indo assim para a porta da fonte, e defronte d’elles, subiram as escadas da cidade de David pela subida do muro, desde cima da casa de David, até á porta das aguas, [11] da banda do oriente.

38 E o coro segundo ia defronte, e eu após elle; e a metade do povo ia sobre o muro, desde a torre dos fornos, até á muralha larga;

39 E desde a porta d’Ephraim, e para a porta velha, e para a porta do peixe, e a torre [12] d’Hananeel, e a torre de Mea, até á porta do gado; e pararam á porta da prisão.

40 Então ambos os coros pararam na casa de Deus; como tambem eu, e a metade dos magistrados comigo.

41 E os sacerdotes Eliakim, Maaseias, Miniamin, Michaias, Elioenai, Zacharias, e Hananias, com trombetas,

42 Como tambem, Maaseias, e Semaias, e Eleazar, e Uzzi, e Johanan, e Malchias, e Elam, e Ezer; e faziam-se ouvir[474] os cantores, juntamente com Jezrahias, o superintendente.

43 E sacrificaram no mesmo dia grandes sacrificios, e se alegraram; porque Deus os alegrara com grande alegria; e até as mulheres e os meninos se alegraram, que a alegria de Jerusalem se ouviu até de longe.

O ministerio do templo.

44 Tambem no [13] mesmo dia se nomearam homens sobre as camaras, para os thesouros, para as offertas alçadas, para as primicias, e para os dizimos, para ajuntarem n’ellas, das terras das cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque Judah estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali.

45 E faziam a guarda do seu Deus, e a guarda da purificação; como tambem os cantores e porteiros, conforme ao [14] mandado de David e de seu filho Salomão.

46 Porque já nos dias de David e Asaph, desde a antiguidade, havia cabeças dos cantores, e dos canticos de louvores, e d’acção de graças a Deus.

47 Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel, nos dias de Nehemias, dava as partes dos cantores e dos porteiros a cada um no seu dia; e sanctificavam [15] as porções aos levitas, e os levitas sanctificavam aos filhos d’Aarão.

[1] Esd. 2.1, 2.

[2] cap. 10.2, 8.

[3] Luc. 1.5.

[4] Esd. 3.2. Agg. 1.1. Zac. 3.1.

[5] I Chr. 9.14, etc.

[6] I Chr. 23 e 25 e 26. Esd. 3.11.

[7] cap. 8.9. Esd. 7.6, 11.

[8] Deu. 20.5. I Chr. 25.6. II Chr. 5.13 e 7.6.

[9] ver. 38. cap. 2.13 e 3.13.

[10] Num. 10.2, 8.

[11] cap. 2.14. cap. 3.15.

[12] cap. 3.1. cap. 3.32. Jer. 32.2.

[13] II Chr. 31.11, 12. cap. 13.5, 12, 13.

[14] I Chr. 25 e 26.

[15] Num. 18.21, 24, 26.

Nehemias remove diversos abusos.

Antes de Christo 434

13 N’aquelle dia [1] leu-se no livro de Moysés, aos ouvidos do povo: e achou-se escripto [2] n’elle que os ammonitas e os moabitas não entrassem jámais na congregação de Deus,

2 Porquanto não sairam ao encontro dos filhos d’Israel com pão e agua; antes alugaram contra [3] elles a Balaão para os amaldiçoar; ainda que o nosso Deus converteu a maldição em benção.

3 Succedeu pois que, ouvindo elles esta lei, apartaram [4] d’Israel toda a mistura.

4 E d’antes Eliasib, sacerdote, que presidia sobre a camara da casa do nosso Deus, se tinha aparentado com Tobias;

5 E fizera-lhe uma camara grande, onde d’antes se mettiam as offertas de manjares, [5] o incenso, e os vasos, e os dizimos do grão, do mosto, e do azeite, que se ordenaram para os levitas, e cantores, [6] e porteiros, como tambem a offerta alçada para os sacerdotes.

6 Porém em tudo isto não estava eu em Jerusalem; [7] porque no anno trinta e dois de Artaxerxes, rei de Babylonia, vim eu ter com o rei; mas ao cabo de alguns dias tornei a alcançar licença do rei.

7 E vim a Jerusalem, e entendi o mal que Eliasib fizera para Tobias, [8] fazendo-lhe uma camara nos pateos da casa de Deus.

8 O que muito me desagradou: de sorte que lancei todos os moveis da casa de Tobias fóra da camara.

9 E, ordenando-o eu, purificaram [9] as camaras: e tornei a trazer ali os vasos da casa de Deus, com as offertas de manjares, e o incenso.

10 Tambem entendi que o quinhão dos levitas [10] se lhes não dava: de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra.

11 Então [11] contendi com os magistrados, e disse: Porque se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.

12 Então todo o Judah trouxe [12] os dizimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celleiros.

13 E por thesoureiros [13] puz sobre os celleiros a Selemias o sacerdote, e a Zadok o escrivão, e a Pedaias, d’entre os levitas; e á mão d’elles Hanan, filho de Zacchur, o filho de Matthanias: porque se tinham achado [14] fieis: e se lhes encarregou a elles a distribuição para seus irmãos.

14 (Por isto, Deus meu, lembra-te de mim: [15] e não risques as minhas beneficencias que eu fiz á casa de meu Deus e ás suas guardas.)

15 N’aquelles dias vi em Judah os que pisavam lagares ao sabbado [16] e traziam feixes que carregavam sobre os jumentos; como tambem vinho, uvas e figos, e toda a casta de [17] cargas, que traziam a Jerusalem no dia de sabbado; e protestei contra elles no dia em que vendiam mantimentos.

16 Tambem tyrios habitavam dentro, que traziam peixe, e toda a mercadoria, que no sabbado vendiam aos filhos de Judah, e em Jerusalem.

[475]

17 E contendi [18] com os nobres de Judah, e lhes disse: Que mal é este que fazeis, e profanaes o dia de sabbado?

18 Porventura [19] não fizeram vossos paes assim, e nosso Deus não trouxe todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? e vós ainda mais accrescentaes o ardor de sua ira sobre Israel, profanando o sabbado.

19 Succedeu pois que, dando [20] as portas de Jerusalem já sombra antes do sabbado, ordenando-o eu, as portas se fecharam; e mandei que as não abrissem até passado o sabbado; e puz ás portas alguns [21] de meus moços, para que carga nenhuma entrasse no dia de sabbado.

20 Então os negociantes e os vendedores de toda a mercadoria passaram a noite fóra de Jerusalem, uma ou duas vezes.

21 Protestei pois contra elles, e lhes disse: Porque passaes a noite defronte do muro? se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão de vós: d’aquelle tempo em diante não vieram no sabbado.

22 Tambem disse aos levitas que se [22] purificassem, e viessem guardar as portas, para sanctificar o sabbado. (N’isto tambem, Deus meu, lembra-te de mim; e perdoa-me segundo a abundancia da tua benignidade.)

23 Vi tambem n’aquelles dias judeos que tinham [23] casado com mulheres asdoditas, ammonitas, e moabitas.

24 E seus filhos fallavam meio asdotita, e não podiam fallar judaico, senão segundo a lingua de cada povo.

25 E contendi [24] com elles, e os amaldiçoei e espanquei alguns d’elles, e lhes arranquei os cabellos, e os fiz jurar por [25] Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos.

26 Porventura [26] não peccou n’isto Salomão, rei d’Israel, não havendo entre muitas gentes rei similhante a elle, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre todo o Israel? e comtudo as mulheres estranhas o fizeram peccar.

27 E dar-vos-hiamos nós ouvidos, para [27] fazermos todo este grande mal, prevaricando contra o nosso Deus, casando com mulheres estranhas?

28 Tambem um dos filhos de Joiada, [28] filho d’Eliasib, o summo sacerdote, era genro de Sanballat, o horonita, pelo que o afugentei de mim.

29 Lembra-te d’elles, [29] Deus meu, pois contaminaram o sacerdocio, como tambem o concerto do sacerdocio e dos levitas.

30 Assim os alimpei [30] de todo o estranho, e ordenei as guardas dos sacerdotes e dos levitas, cada um na sua obra.

31 Como tambem para com as offertas [31] da lenha em tempos determinados, e para com as primicias: lembra-te de mim, Deus meu, para bem.

[1] Deu. 31.11, 12. II Reis 23.2. cap. 8.3, 8 e 9.3. Isa. 34.16.

[2] Deu. 23.3, 4.

[3] Num. 22.5. Jos. 24.9, 10. Num. 23.11 e 24.10. Deu. 23.5.

[4] cap. 9.2 e 10.28.

[5] cap. 12.44.

[6] Num. 18.21, 24.

[7] cap. 5.14.

[8] ver. 1, 5.

[9] II Chr. 29.5, 15, 16, 18.

[10] Mal. 3.8. Num. 35.2.

[11] ver. 17, 25. Pro. 28.4. cap. 10.39.

[12] cap. 10.38, 39 e 12.44.

[13] II Chr. 31.12. cap. 12.44.

[14] cap. 7.2. I Cor. 4.2.

[15] ver. 22, 31. cap. 5.19.

[16] Exo. 20.10.

[17] cap. 10.31. Jer. 17.21, 22.

[18] ver. 11.

[19] Jer. 17.21, 22, 23.

[20] Lev. 23.32.

[21] Jer. 17.21, 22.

[22] cap. 12.30. ver. 14, 31.

[23] Esd. 9.2.

[24] ver. 11. Pro. 28.4.

[25] Esd. 10.5. cap. 10.29, 30.

[26] I Reis 11.1, etc. I Reis 3.13. II Chr. 1.12. II Sam. 12.24. I Reis 11.4, etc.

[27] Est. 10.2.

[28] cap. 12.10, 22.

[29] cap. 6.14. Mal. 2.4, 11, 12.

[30] cap. 10.30 e 12.1, etc.

[31] cap. 10.34. ver. 14, 22.


O LIVRO DE ESTHER.

O banquete de Assuero.

Antes de Christo 519

1 E succedeu nos dias [1] de Assuero (este é aquelle Assuero que reinou desde a India até Ethiopia, sobre cento e vinte e sete provincias):

2 N’aquelles dias, assentando-se [2] o rei Assuero sobre o throno do seu reino, que está na fortaleza de Susan,

3 No terceiro anno do seu reinado, fez [3] um convite a todos os seus principes e seus servos (o poder da Persia e Media e os maiores senhores das provincias estavam perante elle),

4 Para mostrar as riquezas da gloria do seu reino, e o esplendor da sua excellente grandeza, por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias.

5 E, acabados aquelles dias, fez o rei um convite a todo o povo que se achou na fortaleza de Susan, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pateo do jardim do palacio real.

6 As tapeçarias eram de branco, verde, e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e purpura, e argolas de prata, e columnas de marmore: [4] os leitos d’oiro e de prata, sobre um pavimento de[476] porphyro, e de marmore, e d’alabastro, e de pedras preciosas.

7 E dava-se de beber em vasos d’oiro, e os vasos eram differentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo o estado do rei.

8 E o beber era por lei, que ninguem forçasse a outro: porque assim o tinha ordenado o rei expressamente a todos os grandes da sua casa, que fizessem conforme á vontade de cada um.

9 Tambem a rainha Vasthi fez um convite ás mulheres, na casa real, que tinha o rei Assuero.

Vasthi, a rainha, recusa assistir ao banquete.

10 E ao setimo dia, [5] estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Mehuman, Biztha, [6] Harbona, Bigtha, e Abagtha, Zethar, e a Carchas, os sete eunuchos que serviam na presença do rei Assuero,

11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasthi, com a corôa real, para mostrar aos povos e aos principes a sua formosura, porque era formosa á vista.

12 Porém a rainha Vasthi recusou vir conforme á palavra do rei, pela mão dos eunuchos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu n’elle a sua ira.

13 Então disse o rei aos sabios que entendiam [7] dos tempos (porque assim se tratavam os negocios do rei na presença de todos os que sabiam a lei e o direito;

14 E os mais chegados a elle eram: Carsena, Sethar, Admatha, Tarsis, Meres, Marsena, Memuchan, os [8] sete principes dos persas e dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam os primeiros no reino).

15 Que, segundo a lei, se devia fazer da rainha Vasthi, por não haver feito o mandado do rei Assuero, pela mão dos eunuchos?

16 Então disse Memuchan na presença do rei e dos principes: Não sómente peccou contra o rei a rainha Vasthi, porém tambem contra todos os principes, e contra todos os povos que ha em todas as provincias do rei Assuero.

17 Porque a noticia d’este feito da rainha sairá a todas as mulheres, [9] de modo que desprezarão a seus maridos aos seus olhos quando se disser: Mandou o rei Assuero que introduzissem á sua presença a rainha Vasthi, porém ella não veiu.

18 E n’este mesmo dia as princezas da Persia e da Media dirão o mesmo a todos os principes do rei, ouvindo o feito da rainha: e assim haverá assaz desprezo e indignação.

19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edicto real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se quebrante, a saber: que Vasthi não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino d’ella á sua companheira que seja melhor do que ella.

20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei mandar em todo o seu reino (ainda que é grande), todas [10] as mulheres darão honra a seus maridos, desde a maior até á menor.

21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei e dos principes: e fez o rei conforme á palavra de Memuchan.

22 Então enviou cartas a todas [11] as provincias do rei, a cada provincia segundo a sua escriptura, e a cada povo segundo a sua lingua: [12] que cada homem fosse senhor em sua casa, e que se publicasse conforme á lingua do seu povo.

[1] Esd. 4.6. Dan. 9.1. cap. 8.9. Dan. 6.1.

[2] I Reis 1.46. Neh. 1.1.

[3] Gen. 40.20. cap. 2.18. Mar. 6.21.

[4] cap. 7.8. Eze. 23.41. Amós 2.8 e 6.4.

[5] II Sam. 13.28.

[6] cap. 7.9.

[7] Jer. 10.7. Dan. 2.12. Mat. 2.1. I Chr. 12.32.

[8] Esd. 7.14. II Reis 25.19.

[9] Eph. 5.33.

[10] Eph. 5.33. Col. 3.18. I Ped. 3.1.

[11] cap. 8.9.

[12] Eph. 5.22, 23, 24. I Tim. 2.12.

Assuero casa com Esther.

Antes de Christo 518

2 Passadas estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero, lembrou-se de Vasthi, e do que fizera, e do que se tinha decretado [1] a seu respeito.

2 Então disseram os mancebos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças virgens, formosas á vista.

3 E ponha o rei commissarios em todas as provincias do seu reino, que ajuntem a todas as moças virgens, formosas á vista, na fortaleza de Susan, na casa das mulheres, debaixo da mão d’Hegai, eunucho do rei, guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.

4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em logar de Vasthi. E isto pareceu bem aos olhos do rei, e assim fez.

5 Havia então um homem judeo na fortaleza de Susan, cujo nome era Mardoqueo, filho de Jair, filho de Simei, filho de Kis, homem benjamita,

6 Que [2] fôra transportado de Jerusalem, com os transportados que foram transportados com Jechonias, rei de Judah, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babylonia.

7 Este criara a [3] Hadassa (que é Esther, filha de seu tio), porque não tinha pae nem mãe: e era moça bella de parecer, e formosa á vista; e, morrendo seu pae e sua mãe, Mardoqueo a tomara por sua filha.

[477]

8 Succedeu pois que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de [4] Susan, debaixo da mão d’Hegai, tambem levaram Esther á casa do rei, debaixo da mão d’Hegai, guarda das mulheres.

9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante elle; pelo que se apressurou [5] com os seus enfeites, e em lhe dar os seus quinhões, como tambem em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor logar da casa das mulheres.

10 Esther [6] porém não declarou o seu povo e a sua parentela; porque Mardoqueo lhe tinha ordenado que o não declarasse.

11 E passeava Mardoqueo cada dia diante do pateo da casa das mulheres, para se informar de como Esther passava, e do que lhe succederia.

12 E, chegando já a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fôra feito a ella segundo a lei das mulheres, por doze mezes (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações), seis mezes com oleo de myrrha, e seis mezes com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres:

13 D’esta maneira pois entrava a moça ao rei: tudo quanto ella dizia se lhe dava, para se ir com aquillo da casa das mulheres á casa do rei:

14 Á tarde entrava, e pela manhã tornava á segunda casa das mulheres, debaixo da mão de Saasgaz, eunucho do rei, guarda das concubinas: não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada por nome.

15 Chegando pois a vez d’Esther, filha [7] d’Abihail, tio de Mardoqueo (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, eunucho do rei, guarda das mulheres: e alcançava Esther graça aos olhos de todos quantos a viam.

Antes de Christo 514

16 Assim foi levada Esther ao rei Assuero, á sua casa real, no decimo mez, que é o mez de tebeth, no setimo anno do seu reinado.

17 E o rei amou a Esther mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante elle graça e benevolencia mais do que todas as virgens: e poz a corôa real na sua cabeça, e a fez rainha em logar de Vasthi.

18 Então o rei fez um grande convite a [8] todos os seus principes e aos seus servos, que era o convite d’Esther: e deu repouso ás provincias, e fez presentes segundo o estado do rei.

19 E ajuntando-se segunda vez as virgens, [9] Mardoqueo estava assentado á porta do rei.

20 Esther [10] porém não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueo lhe ordenara; porque Esther fazia o mandado de Mardoqueo, como quando a criara.

Mardoqueo descobre uma conspiração.

21 N’aquelles dias, assentando-se Mardoqueo á porta do rei, dois eunuchos do rei, dos guardas da porta, Bigthan e Theres, grandemente se indignaram, e procuraram pôr as mãos no rei Assuero.

22 E veiu isto ao conhecimento de Mardoqueo, [11] e elle fez saber á rainha Esther, e Esther o disse ao rei, em nome de Mardoqueo.

23 E inquiriu-se o negocio, e se descobriu, e ambos foram enforcados n’uma forca: e foi escripto [12] nas chronicas perante o rei.

[1] cap. 1.19, 20.

[2] II Reis 24.14, 15. II Chr. 36.10, 20. Jer. 24.1.

[3] ver. 15.

[4] ver. 3.

[5] ver. 3, 12.

[6] ver. 20.

[7] ver. 7.

[8] cap. 1.3.

[9] ver. 21. cap. 3.2.

[10] ver. 10.

[11] cap. 6.2.

[12] cap. 6.1.

Haman é exaltado, e cria odio a Mardoqueo.

Antes de Christo 510

3 Depois d’estas coisas o rei Assuero engrandeceu a Haman, filho d’Hammedatha, [1] agagita, e o exaltou: e poz o seu assento acima de todos os principes que estavam com elle.

2 E todos os servos do rei, que estavam [2] á porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Haman; porque assim tinha ordenado o rei ácerca d’elle: porém Mardoqueo [3] não se inclinava nem se prostrava.

3 Então os servos do rei, que estavam á porta do rei, disseram a Mardoqueo: Porque traspassas o [4] mandado do rei?

4 Succedeu pois que, dizendo-lhe elles isto de dia em dia, e não lhes dando elle ouvidos, o fizeram saber a Haman, para verem se as palavras de Mardoqueo se sustentariam, porque elle lhes tinha declarado que era judeo.

5 Vendo pois Haman que Mardoqueo se não inclinava nem se prostrava diante d’elle, [5] Haman se encheu de furor.

6 Porém em seus olhos teve em pouco de pôr as mãos só em Mardoqueo (porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueo); Haman pois procurou destruir a todos os judeos que havia em todo o reino d’Assuero, ao povo de Mardoqueo.

Haman pretende matar todos os judeos.

7 No primeiro mez (que é o mez de nisan), no anno duodecimo do rei Assuero,[478] se lançou pur, isto [6] é, sorte, perante Haman, de dia em dia, e de mez em mez, até ao duodecimo mez, que é o mez d’adar.

8 E Haman disse ao rei Assuero: Ha um povo espargido e dividido entre os povos em todas as provincias do teu reino, [7] cujas leis são differentes das leis de todos os povos, e tão pouco fazem as leis do rei; pelo que não convém ao rei deixal-os ficar.

9 Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem: e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que se mettam nos thesouros do rei.

10 Então tirou o rei [8] o seu annel da sua mão, e o deu a Haman, filho d’Hammedatha, agagita, adversario dos judeos.

11 E disse o rei a Haman: Essa prata te é dada, como tambem esse povo, para fazeres d’elle o que bem parecer aos teus olhos.

12 Então [9] chamaram os escrivães do rei no primeiro mez, no dia treze do mesmo, e conforme a tudo quanto Haman mandou se escreveu aos principes do rei, e aos governadores que havia sobre cada provincia, e aos principaes de cada povo; a cada provincia segundo a sua escriptura, e a cada povo segundo [10] a sua lingua; em nome do rei Assuero se escreveu, e com o annel do rei se sellou.

13 E as cartas se enviaram pela mão [11] dos correios a todas as provincias do rei, que destruissem, matassem, e lançassem a perder a todos os judeos desde o moço até ao velho, creanças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodecimo mez (que é o mez d’adar), [12] e que saqueassem o seu despojo.

14 Uma copia [13] do escripto que se proclamasse lei em cada provincia era publicada a todos os povos, para que estivessem preparados para aquelle dia.

15 Os correios, pois, impellidos pela palavra do rei, sairam, e a lei se proclamou na fortaleza de Susan; e o rei e Haman se assentaram a beber; porém a cidade de Susan [14] estava confusa.

[1] Num. 24.7. I Sam. 15.8.

[2] cap. 2.19.

[3] ver. 5.

[4] ver. 2.

[5] ver. 2. cap. 5.9. Dan. 3.19.

[6] cap. 9.24.

[7] Esd. 4.13. Act. 16.20.

[8] Gen. 41.42. cap. 8.2, 8.

[9] cap. 8.9.

[10] cap. 1.22 e 8.9.

[11] I Reis 21.8. cap. 8.8, 10, 12, etc.

[12] cap. 8.11.

[13] cap. 8.13, 14.

[14] cap. 8.15. Pro. 29.2.

A consternação e tristeza dos judeos.

4 Quando Mardoqueo soube tudo quanto havia passado, [1] rasgou Mardoqueo os seus vestidos, e vestiu-se de um sacco com cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;

2 E chegou até diante da porta do rei: porque ninguem vestido de sacco podia entrar pelas portas do rei.

3 E em todas as provincias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeos grande luto, com jejum, e choro, e lamentação: e muitos estavam deitados em sacco e em cinza.

4 Então vieram as moças de Esther, e os seus eunuchos, e fizeram-lh’o saber, do que a rainha muito se doeu: e mandou vestidos para vestir a Mardoqueo, e tirar-lhe o seu sacco; porém elle os não acceitou.

5 Então Esther chamou a Hathach (um dos eunuchos do rei, que este tinha posto na presença d’ella), e deu-lhe mandado para Mardoqueo; para saber que era aquillo; e para quê.

6 E, saindo Hathach a Mardoqueo, á praça da cidade, que estava diante da porta do rei,

7 Mardoqueo lhe fez saber tudo quanto lhe tinha succedido; como tambem a offerta [2] da prata, que Haman dissera que daria para os thesouros do rei, pelos judeos, para os lançar a perder.

8 Tambem lhe deu a copia da lei escripta, [3] que se publicara em Susan, para os destruir, para a mostrar a Esther, e a fazer saber: e para lhe ordenar que, se fosse ter com o rei, e lhe pedisse e supplicasse na sua presença pelo seu povo.

9 Veiu pois Hathach, e fez saber a Esther as palavras de Mardoqueo.

10 Então disse Esther a Hathach, e mandou-lhe dizer a Mardoqueo:

11 Todos os servos do rei, e o povo das provincias do rei, bem sabem que todo o homem ou mulher que entrar no pateo interior ao rei [4] sem ser chamado não ha senão uma sentença, que morra, salvo se o rei estender para elle o sceptro d’oiro, para que viva; e eu estes trinta dias não sou chamada para entrar ao rei.

12 E fizeram saber a Mardoqueo as palavras d’Esther.

13 Então disse Mardoqueo que tornassem a dizer a Esther: Não imagines em teu animo que escaparás na casa do rei, mais do que todos os outros judeos.

14 Porque, se de todo te calares n’este tempo, soccorro e livramento d’outra parte sairá para os judeos, mas tu e a casa de teu pae perecereis: e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?

15 Então disse Esther que tornassem a dizer a Mardoqueo:

[479]

16 Vae, ajunta a todos os judeos que se acharem em Susan, e jejuae por mim, e não comaes nem bebaes por [5] tres dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças tambem assim jejuaremos: e assim entrarei a ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereça.

17 Então Mardoqueo foi, e fez conforme a tudo quanto Esther lhe ordenou.

[1] II Sam. 1.11. Jos. 7.6. Eze. 27.30. Gen. 27.34.

[2] cap. 3.9.

[3] cap. 3.14, 15.

[4] cap. 5.1. Dan. 2.9. cap. 5.2 e 8.4.

[5] cap. 3.5.

Esther entra á presença do rei, e convida-o, e a Haman, para dois banquetes.

5 Succedeu pois que ao terceiro dia [1] Esther se vestiu de seus vestidos reaes, e se poz no pateo interior da casa do rei, defronte do aposento do rei: e o rei estava assentado sobre o seu throno real, na casa real defronte da porta do aposento.

2 E succedeu que, vendo o rei a rainha Esther, que estava no pateo, alcançou graça aos seus [2] olhos, que o rei apontou para Esther com o sceptro d’oiro, que tinha na sua mão, e Esther chegou, e tocou a ponta do sceptro.

3 Então o rei lhe disse: Que é o que tens, rainha Esther? ou qual é a tua petição? até metade [3] do reino se te dará:

4 E disse Esther: Se bem parecer ao rei, venha o rei e Haman hoje ao convite que lhe tenho preparado.

5 Então disse o rei: Fazei apressar a Haman, que faça o mandado d’Esther. Vindo pois o rei e Haman ao banquete, que Esther tinha preparado,

6 Disse [4] o rei a Esther, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? e se te dará: e qual é o teu requerimento? e se fará ainda até metade do reino.

7 Então respondeu Esther, e disse: Minha petição e requerimento é:

8 Se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha petição, e outorgar-me o meu requerimento, venha o rei com Haman ao banquete que lhes hei de preparar, e ámanhã farei conforme ao mandado do rei.

9 Então saiu Haman n’aquelle dia alegre e de bom animo: porém, vendo Haman a Mardoqueo á porta do rei, e que não se levantara [5] nem se movera por elle, então Haman se encheu de furor contra Mardoqueo.

10 Haman porém se refreou, e veiu á sua casa: e enviou, e mandou vir os seus amigos, e a Zeres sua mulher.

11 E contou-lhes Haman a gloria das suas riquezas [6] e a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e o em que o tinha exaltado sobre os principes e servos do rei.

12 Disse mais Haman: Tão pouco a rainha Esther a ninguem fez vir com o rei ao banquete que tinha preparado, senão a mim: e tambem para ámanhã estou convidado por ella juntamente com o rei.

13 Porém tudo isto me não satisfaz, emquanto vir o judeo Mardoqueo assentado á porta do rei.

14 Então lhe disse Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca [7] de cincoenta covados d’altura, e ámanhã dize ao rei que enforquem n’ella Mardoqueo, e então entra com o rei alegre ao convite. E este conselho bem pareceu a Haman, e mandou fazer [8] a forca.

[1] cap. 4.16. cap. 4.11. cap. 6.4.

[2] Pro. 21.1. cap. 4.11 e 8.4.

[3] Mar. 6.23.

[4] cap. 7.2 e 9.12.

[5] cap. 3.5.

[6] cap. 9.7, etc. cap. 3.1.

[7] cap. 7.9. cap. 6.4.

[8] cap. 7.10.

O rei lê as chronicas e determina honrar Mardoqueo.

6 N’aquella mesma noite fugiu o somno do rei: então mandou trazer o livro [1] das memorias das chronicas, e se leram diante do rei.

2 E achou-se escripto que Mardoqueo tinha dado noticia de Bigthan e de Teres, dois eunuchos do rei, dos da guarda da porta, que procuraram pôr as mãos no rei Assuero.

3 Então disse o rei: Que honra e magnificencia se fez por isto a Mardoqueo? E os mancebos do rei, seus servos, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.

4 Então disse o rei: Quem está no pateo? E Haman tinha [2] entrado no pateo exterior do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueo na forca que lhe tinha preparado.

5 E os mancebos do rei lhe disseram: Eis que Haman está no pateo. E disse o rei que entrasse.

6 E, entrando Haman, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então Haman disse no seu coração: De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?

7 Pelo que disse Haman ao rei: O homem de cuja honra o rei se agrada,

8 Traga o vestido real de que o rei se costuma vestir, como tambem o cavallo em que o rei costuma andar montado, [3] e ponha-se-lhe a corôa real na sua cabeça;

9 E entregue-se o vestido e o cavallo,[480] á mão d’um dos principes do rei, dos maiores senhores, e vistam d’elle aquelle homem de cuja honra se agrada: e levem-n’o a cavallo pelas ruas da cidade, [4] e apregôe-se diante d’elle: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

10 Então disse o rei a Haman: Apressa-te, toma o vestido e o cavallo, como disseste, e faze assim para com o judeo Mardoqueo, que está assentado á porta do rei; e coisa nenhuma deixes cair de tudo quanto disseste.

11 E Haman tomou o vestido e o cavallo, e vestiu a Mardoqueo, e o levou a cavallo pelas ruas da cidade, e apregoou diante d’elle: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

12 Depois d’isto Mardoqueo voltou para a porta do rei: porém Haman se retirou [5] correndo a sua casa, anojado, e coberta a cabeça.

13 E contou Haman a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha succedido. Então os seus sabios, e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueo, diante de quem começaste a cair, é da semente dos judeos, não prevalecerás contra elle, antes certamente cairás perante elle.

14 Estando elles ainda fallando com elle, chegaram os eunuchos do rei, e se apressaram a levar Haman [6] ao banquete que Esther preparara.

[1] cap. 2.23.

[2] cap. 5.1, 14.

[3] I Reis 1.33.

[4] Gen. 41.43.

[5] II Chr. 26.20.

[6] cap. 5.8.

Esther denuncia Haman.

7 Vindo pois o rei com Haman, para beber com a rainha Esther,

2 Disse tambem o rei a Esther no segundo dia, [1] no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Esther? e se te dará: e qual é o teu requerimento? até metade do reino, se fará.

3 Então respondeu a rainha Esther, e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição, e o meu povo como meu requerimento.

4 Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, [2] para nos destruirem, matarem, e lançarem a perder: se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-hia; ainda que o oppressor não recompensaria a perda do rei.

5 Então fallou o rei Assuero, e disse á rainha Esther: Quem é esse? e onde está esse, cujo coração o instigou a assim fazer?

6 E disse Esther: O homem, o oppressor, e o inimigo, é este mau Haman. Então Haman se perturbou perante o rei e a rainha.

7 E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho para o jardim do palacio; e Haman se poz em pé, para rogar á rainha Esther pela sua vida; porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

8 Tornando pois o rei do jardim do palacio á casa do banquete do vinho, Haman tinha caido prostrado [3] sobre o leito em que estava Esther. Então disse o rei: Porventura quereria elle tambem forçar a rainha perante mim n’esta casa? Saindo esta palavra da bocca do rei, cobriram a Haman [4] o rosto.

9 Então disse Harbona, [5] um dos eunuchos que serviam diante do rei: Eis aqui tambem a [6] forca de cincoenta covados de altura que Haman fizera para Mardoqueo, que fallara para bem do rei, está junto á casa de Haman. Então disse o rei: Enforcae-o n’ella.

10 Enforcaram pois a [7] Haman na forca, que elle tinha preparado para Mardoqueo. Então o furor do rei se aplacou.

[1] cap. 5.6.

[2] cap. 3.9 e 4.7.

[3] cap. 1.6.

[4] Job 9.24.

[5] cap. 1.10.

[6] cap. 5.14. Pro. 11.5, 6.

[7] Dan. 6.24.

O rei concede a Mardoqueo um edicto em favor dos judeos.

8 N’aquelle mesmo dia deu o rei Assuero á rainha Esther a casa d’Haman, inimigo dos judeos: e Mardoqueo veiu perante o rei; porque Esther tinha declarado [1] o que lhe era.

2 E tirou [2] o rei o seu annel, que tinha tomado a Haman, e o deu a Mardoqueo. E Esther ordenou a Mardoqueo sobre a casa d’Haman.

3 Fallou mais Esther perante o rei, e se lhe lançou aos pés: e chorou, e lhe supplicou que revogasse a maldade d’Haman, o agagita, e o seu intento que tinha intentado contra os judeos.

4 E estendeu o rei [3] para Esther o sceptro de oiro. Então Esther se levantou, e se poz em pé perante o rei,

5 E disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante elle, e se este negocio é recto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento d’Haman filho d’Hammedatha, o agagita, as quaes elle escreveu para lançar a perder os judeos, que ha em todas as provincias do rei.

6 Porque [4] como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? e como poderei ver a perdição da minha geração?

7 Então disse o rei Assuero á rainha Esther e ao judeo Mardoqueo: Eis-que[481] dei [5] a Esther a casa de Haman, e a elle enforcaram n’uma forca, porquanto quizera pôr as mãos nos judeos.

8 Escrevei pois aos judeos, como parecer bem aos vossos olhos, em nome do rei, e sellae-o com o annel do rei; porque [6] a escriptura que se escreve em nome do rei, e se sella com o annel do rei, não é para revogar.

9 Então foram chamados [7] os escrivães do rei, n’aquelle mesmo tempo, e no mez terceiro (que é o mez de sivan), aos vinte e tres do mesmo, e se escreveu conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueo aos judeos, como tambem aos satrapas, e aos governadores, e aos maioraes das provincias, que se estendem [8] da India até Ethiopia, cento e vinte e sete provincias, a cada provincia segundo a sua escriptura, e a cada povo conforme a sua lingua: como tambem aos judeos segundo a sua escriptura, e conforme a sua lingua.

10 E se escreveu [9] em nome do rei Assuero, e se sellou com o annel do rei: e se enviaram as cartas pela mão de correios a cavallo, e que cavalgavam sobre ginetes, e sobre mulas e filhos de eguas.

11 Que o rei concedia aos judeos, que havia em cada cidade, que se ajuntassem, e se dispozessem para defenderem as suas vidas: para destruirem, matarem e assolarem a todas as forças do povo e provincia que com elles apertassem, creanças e mulheres, e que se [10] saqueassem os seus despojos,

12 N’um mesmo [11] dia, em todas as provincias do rei Assuero, no dia treze do duodecimo mez, que é o mez d’adar.

13 E a copia [12] da carta foi que uma ordem se annunciaria em todas as provincias, publicamente a todos os povos, para que os judeos estivessem preparados para aquelle dia, para se vingarem dos seus inimigos.

14 Os correios sobre ginetes e mulas apressuradamente sairam, impellidos pela palavra do rei: e foi publicada esta ordem na fortaleza de Susan.

15 Então Mardoqueo saiu da presença do rei com um vestido real azul celeste e branco, como tambem com uma grande corôa d’oiro, e com uma capa de linho fino e purpura, [13] e a cidade de Susan jubilou e se alegrou.

16 E para os judeos houve luz, e alegria, e gozo, e honra.

17 Tambem em toda a provincia, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeos alegria, e gozo, convites [14] e dias de folguedo: e muitos dos povos da terra se fizeram judeos; porque o temor dos judeos [15] tinha caido sobre elles.

[1] cap. 2.7.

[2] cap. 3.10.

[3] cap. 4.11 e 5.2.

[4] Neh. 2.3. cap. 7.4.

[5] ver. 1. Pro. 13.22.

[6] cap. 1.19. Dan. 6.8, 12, 15.

[7] cap. 3.12.

[8] cap. 1.32 e 3.12.

[9] I Reis 21.8. cap. 3.12, 13.

[10] cap. 9.10, 15, 16.

[11] cap. 3.13, etc. e 9.1.

[12] cap. 3.14, 15.

[13] cap. 3.15. Pro. 29.2.

[14] I Sam. 25.8. cap. 9.19, 22.

[15] Gen. 35.5. Exo. 15.16. Deu. 2.25 e 11.25. cap. 9.2.

Os judeos matam os seus inimigos.

Antes de Christo 509

9 E no [1] mez duodecimo, que é o mez d’adar, no dia treze do mesmo mez em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para a executar, no dia em que os inimigos dos judeos esperavam assenhorear-se d’elles, succedeu o contrario, porque os judeos foram os [2] que se assenhorearam dos seus aborrecedores.

2 Porque os judeos nas suas cidades, em todas as provincias do rei Assuero, [3] se ajuntaram para pôr as mãos n’aquelles que procuravam o seu mal: e nenhum parou diante d’elles; porque o seu terror caiu [4] sobre todos aquelles povos.

3 E todos os maioraes das provincias, e os satrapas, e os governadores, e os que faziam a obra do rei, exaltavam os judeos porque tinha caido sobre elles o temor de Mardoqueo.

4 Porque Mardoqueo era grande na casa do rei, e a sua fama sahia por todas as provincias; porque o homem Mardoqueo se ia engrandecendo.

5 Feriram pois os judeos a todos os seus inimigos, ás cutiladas da espada, e da matança e da destruição: e fizeram dos seus aborrecedores o que quizeram.

6 E na fortaleza de Susan mataram e destruiram os judeos quinhentos homens;

7 Como tambem a Parsandatha, e a Dalphon, e a Aspatha,

8 E a Poratha, e a Adalia, e a Aridatha,

9 E a Pharmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaizatha:

10 Os dez filhos d’Haman, filho d’Hammedatha, o inimigo dos judeos, mataram, [5] porém ao despojo não estenderam a sua mão.

11 No mesmo dia veiu perante o rei o numero dos mortos na fortaleza de Susan.

12 E disse o rei á rainha Esther: Na fortaleza de Susan mataram e destruiram os judeos quinhentos homens, e os dez filhos d’Haman; nas mais provincias do rei que fariam? qual é pois a [6] tua petição, e dar-se-te-ha; ou qual é ainda o teu requerimento? e far-se-ha.

[482]

13 Então disse Esther: Se bem parecer [7] ao rei, conceda-se tambem ámanhã aos judeos que se acham em Susan que façam conforme ao mandado d’hoje: e enforquem os dez filhos d’Haman n’uma forca.

14 Então disse o rei que assim se fizesse; e deu-se um edicto em Susan, e enforcaram os dez filhos d’Haman.

15 E ajuntaram-se [8] os judeos que se achavam em Susan tambem no dia quatorze do mez d’adar, e mataram em Susan a trezentos homens: porém ao despojo não estenderam a sua mão.

16 Tambem os demais [9] judeos que se achavam nas provincias do rei se ajuntaram para se pôrem em defeza da sua vida, e tiveram repouso dos seus inimigos; e mataram dos seus aborrecedores setenta e cinco mil; porém ao despojo não [10] estenderam a sua mão.

17 Succedeu isto no dia treze [11] do mez d’adar: e repousaram no dia quatorze do mesmo, e fizeram d’aquelle dia dia de banquetes e d’alegria.

18 Tambem os judeos, que se achavam em Susan se ajuntaram nos dias treze e quatorze do mesmo: e repousaram no dia quinze do mesmo, e fizeram d’aquelle dia dia de banquetes e d’alegria.

19 Os judeos porém das aldeias, que habitavam nas villas, fizeram do dia quatorze [12] do mez d’adar dia d’alegria e de banquetes, e dia de folguedo, e de mandarem presentes uns aos outros.

A festa de purim.

20 E Mardoqueo escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeos que se achavam em todas as provincias do rei Assuero, aos de perto, e aos de longe,

21 Ordenando-lhes que guardassem o dia quatorze do mez d’adar, e o dia quinze do mesmo, todos os annos,

22 Conforme aos dias em que os judeos tiveram repouso dos seus inimigos; e ao mez que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de folguedo; para que os fizessem dias de banquetes e d’alegria, e de mandarem [13] presentes uns aos outros, e aos pobres dadivas.

23 E se encarregaram os judeos de fazerem o que tinham começado, como tambem o que Mardoqueo lhes tinha escripto.

24 Porque Haman, filho d’Hammedatha, o agagita, [14] inimigo de todos os judeos, tinha intentado destruir os judeos; e tinha lançado pur, isto é, a sorte, para os assolar e destruir.

25 Mas, vindo isto perante o rei, mandou elle por cartas que o seu mau intento, que intentara contra os judeos, se tornasse sobre [15] a sua cabeça; pelo que o enforcaram a elle e a seus filhos n’uma forca.

26 Por isso áquelles dias chamam purim, do nome pur; pelo que tambem por causa de todas as palavras d’aquella carta, [16] e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha succedido,

27 Confirmaram os judeos, [17] e tomaram sobre si, e sobre a sua semente, e sobre todos os que se achegassem a elles, que não se deixaria de guardar estes dois dias conforme ao que se escrevêra d’elles, e segundo o seu tempo determinado, todos os annos.

28 E que estes dias seriam lembrados e guardados por cada geração, familia, provincia, e cidade, e que estes dias de purim não traspassariam d’entre os judeos, e que a memoria d’elles nunca teria fim entre os de sua semente.

29 Depois d’isto escreveu a rainha Esther, [18] filha d’Abigail, e Mardoqueo o judeo, com toda a força, para confirmarem segunda vez esta carta de purim.

30 E mandaram cartas a todos os judeos, ás [19] cento e vinte e sete provincias do reino d’Assuero, com palavras de paz e fidelidade,

31 Para confirmarem estes dias de purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueo, o judeo, e a rainha Esther lhes tinham estabelecido, e como elles mesmos o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua semente, ácerca do jejum e do seu [20] clamor.

32 E o mandado d’Esther estabeleceu os successos d’aquelle purim: e escreveu-se n’um livro.

[1] cap. 8.12. cap. 3.13.

[2] II Sam. 22.41.

[3] cap. 8.11. ver. 16.

[4] cap. 8.17.

[5] cap. 5.11. Job 18.19 e 27.13, 14, 15. cap. 8.11.

[6] cap. 5.6 e 7.2.

[7] cap. 8.11. II Sam. 21.6, 9.

[8] ver. 2. cap. 8.11. ver. 10.

[9] ver. 2. cap. 8.11.

[10] cap. 8.11.

[11] ver. 11, 15.

[12] Deu. 16.11, 14. cap. 8.17. ver. 22. Neh. 8.10, 12.

[13] ver. 19. Neh. 8.11.

[14] cap. 3.6, 7.

[15] ver. 13, 14. cap. 7.5, etc. e 8.3, etc. cap. 7.10.

[16] ver. 20.

[17] cap. 8.17. Isa. 56.3, 6. Zac. 2.11.

[18] cap. 2.15. cap. 8.10. ver. 20.

[19] cap. 1.1.

[20] cap. 2.3 e 34.6.

Exaltação de Mardoqueo.

10 Depois d’isto poz o rei Assuero tributo sobre a terra, e sobre [1] as ilhas do mar,

2 E todas as obras do seu poder e do seu valor, e a declaração da grandeza de [2] Mardoqueo, a quem o rei engrandeceu, porventura não estão escriptas no livro das chronicas dos reis da Media e da Persia?

3 Porque o judeo Mardoqueo foi o segundo [3] depois do rei Assuero, e grande para com os judeos, e agradavel para com a multidão de seus irmãos, que procurava o [4] bem do seu povo, e fallava pela prosperidade de toda a sua nação.

[1] Gen. 10.5. Isa. 24.15.

[2] cap. 8.15 e 9.4.

[3] Gen. 41.40. II Chr. 28.7.

[4] Neh. 2.10.

[483]


[MT] O LIVRO DE JOB.

A virtude, tentação e perdas de Job.

Antes de Christo 1520

1 Havia um homem [1] na terra d’Uz, cujo nome era Job: e era este homem sincero, recto e temente a Deus e desviando-se do mal.

2 E nasceram-lhe sete filhos e tres filhas.

3 E era o seu gado sete mil ovelhas, e tres mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era tambem muitissima a gente ao seu serviço, de maneira que era este homem maior do que todos os do oriente.

4 E iam seus filhos, e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam, e convidavam as suas tres irmãs a comerem e beberem com elles.

5 Succedeu pois que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Job, e os sanctificava, e se levantava de madrugada, [2] e offerecia holocaustos segundo o numero de todos elles; porque dizia Job: Porventura peccaram meus filhos, e [MU] amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim o fazia Job continuamente.

6 E vindo [3] um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veiu tambem Satanaz entre elles.

7 Então o Senhor disse a Satanaz: D’onde vens? [4] E Satanaz respondeu ao Senhor, e disse: De rodeiar a terra, e passeiar por ella.

8 E disse o Senhor a Satanaz: [5] Consideraste tu a meu servo Job? porque ninguem ha na terra similhante a elle, homem sincero e recto, temente a Deus, e desviando-se do mal.

9 Então respondeu Satanaz ao Senhor, e disse: Porventura teme Job a Deus debalde?

10 Porventura não [6] o circumvallaste tu a elle, e a sua casa, e a tudo quanto tem? [7] A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado está augmentado na terra.

11 Mas estende [8] a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se te não amaldiçoa na tua face!

12 E disse o Senhor a Satanaz: Eis-que tudo quanto tem está na tua mão; sómente contra elle não estendas a tua mão. E Satanaz saiu da presença do Senhor.

13 E succedeu um [9] dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e bebiam vinho, na casa de seu irmão primogenito,

14 Que veiu um mensageiro a Job, e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a elles;

15 E deram sobre elles os sabeos, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada: e só eu escapei tão sómente, para te trazer a nova.

16 Estando este ainda fallando, veiu outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu, e só eu escapei tão sómente para te trazer a nova.

17 Estando ainda este fallando, veiu outro, e disse: Ordenando os chaldeos tres tropas, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada: e só eu escapei tão sómente para te trazer a nova.

18 Estando ainda este fallando, veiu outro, e disse: Estando [10] teus filhos, tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogenito,

19 Eis que um grande vento sobreveiu d’além do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, e caiu sobre os mancebos, e morreram: e só eu escapei tão sómente, para te trazer a nova.

20 Então Job [11] se levantou, e rasgou o seu manto, e tosquiou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou,

21 E disse: Nu sahi do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, [12] e o Senhor o tomou: bemdito seja o nome do Senhor.

22 Em tudo [13] isto Job não peccou, nem attribuiu a Deus falta alguma.

[1] Gen. 22.20, 21. Eze. 14.14. Thi. 5.11. Gen. 6.9 e 17.1. cap. 2.3. Pro. 8.13 e 16.6.

[2] Gen. 8.20. cap. 42.8. I Reis 21.10, 13.

[3] cap. 2.1. I Reis 22.19. cap. 38.7.

[4] cap. 2.2. Mat. 12.43. I Ped. 5.8.

[5] cap. 2.3. ver. 1.

[6] Isa. 5.2.

[7] Pro. 10.22.

[8] cap. 2.6 e 19.21. Mal. 3.13, 14.

[9] Ecc. 9.12.

[10] ver. 4, 13.

[11] Gen. 37.29. Esd. 9.3. I Ped. 5.6.

[12] Ecc. 5.15. I Tim. 6.7. Ecc. 5.19. Thi. 1.17. Mat. 20.15. I The. 5.18.

[13] cap. 2.10.

[484]

A adversidade e cruel afflicção de Job.

2 E, vindo [1] outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veiu tambem Satanaz entre elles, apresentar-se perante o Senhor.

2 Então o Senhor [2] disse a Satanaz: D’onde vens? E respondeu Satanaz ao Senhor, e disse: De rodeiar a terra, e passeiar por ella.

3 E disse o Senhor a Satanaz: Consideraste ao meu servo Job? porque ninguem ha na terra similhante a elle, homem sincero e [3] recto, temente a Deus, e desviando-se do mal, e que ainda retem [4] a sua sinceridade; havendo-me tu incitado contra elle, para o consumir sem causa.

4 Então Satanaz respondeu ao Senhor, e disse: Pelle por pelle, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.

5 Porém estende [5] a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se te não amaldiçoa na tua face!

6 E disse [6] o Senhor a Satanaz: Eis-que elle está na tua mão; porém guarda a sua vida.

7 Então saiu Satanaz da presença do Senhor, e feriu a Job [MV] d’uma chaga maligna, [7] desde a planta do pé até ao alto da cabeça.

8 E tomou um caco para se raspar com elle: e estava [8] assentado no meio da cinza.

9 Então sua mulher lhe disse: Ainda [9] retens a tua sinceridade? amaldiçoa a Deus, e morre.

10 Porém elle lhe disse: Como falla qualquer das doidas, fallas tu; receberemos [10] o bem de Deus, e não receberiamos o mal? Em tudo isto não peccou Job com os seus labios.

11 Ouvindo [11] pois tres amigos de Job todo este mal que tinha vindo sobre elle, vieram cada um do seu logar; Eliphaz o temanita, e Bildad o suhita, e Sofar o naamathita; e concertaram juntamente de virem condoer-se d’elle, [12] e para o consolarem.

12 E, levantando de longe os seus olhos, não o conheceram: e levantaram a sua voz e choraram; e rasgaram cada um o seu manto, e sobre as suas cabeças lançaram [13] pó ao ar.

13 E se assentaram juntamente com elle na terra, sete dias [14] e sete noites: e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dôr era mui grande.

[1] cap. 1.6.

[2] cap. 1.7.

[3] cap. 1.1, 8.

[4] cap. 27.5, 6. cap. 9.17.

[5] cap. 1.11 e 19.20.

[6] cap. 1.12.

[7] Isa. 1.6.

[8] II Sam. 13.19. cap. 42.6. Eze. 27.30. Mat. 11.21.

[9] cap. 21.15. ver. 3.

[10] cap. 1.21. Rom. 12.12. Thi. 5.10, 11. cap. 1.22.

[11] Pro. 17.17. Gen. 36.11. Jer. 49.7. Gen. 25.2.

[12] cap. 42.11. Rom. 12.15.

[13] Neh. 9.1. Lam. 2.10. Eze. 27.30.

[14] Gen. 50.10.

Job amaldiçoa o seu nascimento e lamenta a sua miseria.

3 Depois d’isto abriu Job a sua bocca, e amaldiçoou o seu dia.

2 E Job respondeu, e disse:

3 Pereça [1] o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!

4 Converta-se aquelle dia em trevas; e Deus de cima não tenha cuidado d’elle, nem resplandeça sobre elle a luz.

5 Contaminem-n’o as trevas [2] e a sombra de morte; habitem sobre elle nuvens: a escuridão do dia o espante!

6 A escuridão tome aquella noite, e não se goze entre os dias do anno, e não entre no numero dos mezes!

7 Ah que solitaria seja aquella noite, e suave musica não entre n’ella!

8 Amaldiçoem-n’a aquelles que amaldiçoam o dia, [3] que estão promptos para levantar o seu pranto.

9 Escureçam-se as estrellas do seu crepusculo; que espere a luz, e não venha: e não veja as pestanas dos olhos da alva!

10 Porque não fechou as portas do ventre; nem escondeu dos meus olhos a canceira?

11 Porque [4] não morri eu desde a madre? e em saindo do ventre, não expirei?

12 Porque [5] me receberam os joelhos? e porque os peitos, para que mamasse?

13 Porque agora jazera e repousara; dormiria, e então haveria repouso para mim.

14 Com os reis e conselheiros da terra, que se edificavam casas nos logares [6] assolados,

15 Ou com os principes que tinham oiro, que enchiam as suas casas de prata,

16 Ou como aborto occulto, não existiria: como as creanças que não viram a luz.

17 Ali os maus cessam de perturbar: e ali repousam os cançados.

18 Ali os presos juntamente repousam, e não ouvem [7] a voz do exactor:

[485]

19 Ali está o pequeno e o grande, e o servo fica livre de seu senhor.

20 Porque [8] se dá luz ao miseravel, e vida aos [9] amargosos d’animo?

21 Que esperam [10] a morte, e não se acha: e cavam em busca d’ella mais do que de thesouros occultos:

22 Que d’alegria saltam, e exultam, achando a sepultura:

23 Ao homem, cujo caminho é occulto, e a quem [11] Deus o encobriu?

24 Porque antes do meu pão vem o meu suspiro: e os meus gemidos se derramam como agua.

25 Porque o temor que temo me veiu: e o que receiava me aconteceu.

26 Nunca estive descançado, nem soceguei, nem repousei, mas veiu sobre mim a perturbação.

[1] cap. 10.18, 19. Jer. 15.10, 20, 14.

[2] cap. 10.21, 22 e 16.16 e 28.3. Jer. 13.16. Amós 5.8.

[3] Jer. 9.17, 18.

[4] cap. 10.18.

[5] Gen. 30.3. Isa. 66.12.

[6] cap. 15.28.

[7] cap. 39.7.

[8] Jer. 20.18.

[9] I Sam. 1.10. II Reis 4.27. Pro. 31.6.

[10] Apo. 9.6. Pro. 2.4.

[11] cap. 19.8. Lam. 3.7.

Eliphaz reprehende Job.

4 Então respondeu Eliphaz o temanita, e disse:

2 Se intentarmos fallar-te, enfadar-te-has? mas quem poderia conter as palavras?

3 Eis que ensinaste a muitos, e esforçaste [1] as mãos fracas.

4 As tuas palavras levantaram os que tropeçavam [2] e os joelhos desfallecentes fortificaste.

5 Mas agora a ti te vem, e te enfadas: e, tocando-te a ti, te perturbas.

6 Porventura não era o [3] teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a sinceridade dos teus caminhos?

7 Lembra-te agora qual é o innocente que jamais perecesse? e onde foram os sinceros destruidos?

8 Como eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeam trabalho segam [4] o mesmo.

9 Com o bafo de Deus perecem; e com o assopro da sua ira se consomem.

10 O bramido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos se quebrantam.

11 Perece o leão velho, porque não ha preza; e os filhos da leoa andam esparzidos.

12 Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro d’ella.

13 Entre imaginações de visões da noite, quando cae sobre os [5] homens o somno profundo;

14 Sobreveiu-me o espanto e o [6] tremor, e todos os meus ossos estremeceram.

15 Então um espirito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabellos da minha carne;

16 Parou elle, porém não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos: e, calando-me, ouvi uma voz que dizia:

17 Seria porventura [7] o homem mais justo do que Deus? seria porventura o varão mais puro do que o seu Creador?

18 Eis-que [8] nos seus servos não confiaria, e aos seus anjos imputaria loucura:

19 Quanto [9] menos n’aquelles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são machucados como a traça!

20 Desde a manhã até á tarde são despedaçados: e eternamente perecem sem que d’isso se faça caso.

21 Porventura se não passa com elles a sua excellencia? morrem, porém sem sabedoria.

[1] Isa. 35.3.

[2] Isa. 35.3.

[3] cap. 1.1. Pro. 3.26.

[4] Pro. 22.8. Ose. 10.13. Gal. 6.7, 8.

[5] cap. 33.15.

[6] Hab. 3.16.

[7] cap. 9.2.

[8] cap. 15.15 e 25.5. II Ped. 2.4.

[9] cap. 15.16. II Cor. 4.7 e 5.1.

Eliphaz exhorta a Job a que busque a Deus.

5 Chama agora; ha alguem que te responda? e para qual dos sanctos te virarás?

2 Porque a ira destroe o louco; e o zelo mata o tolo.

3 Bem vi eu [1] o louco lançar raizes; porém logo amaldiçoei a sua habitação.

4 Seus filhos estão longe da salvação; e são despedaçados ás portas, e não ha quem os livre.

5 A sua sega a devora o faminto, e até d’entre os [2] espinhos a tira; e o salteador traga a sua fazenda.

6 Porque do pó não procede a afflicção, nem da terra brota o trabalho.

7 Mas o homem [3] nasce para o trabalho, como as faiscas das brazas se levantam para voarem.

8 Porém eu buscaria a Deus; e a Elle dirigiria a minha falla.

9 Elle faz [4] coisas tão grandiosas, que se não podem esquadrinhar; e tantas maravilhas, que se não podem contar.

10 Que dá [5] a chuva sobre a terra, e envia aguas sobre os campos,

11 Para pôr [6] aos abatidos n’um logar alto: e para que os enlutados se exaltem na salvação.

[486]

12 Elle aniquila [7] as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a effeito.

13 Elle apanha [8] os sabios na sua propria astucia; e o conselho dos perversos se precipita.

14 Elles de dia [9] encontrem as trevas; e ao meio dia andem como de noite, ás apalpadelas.

15 Porém ao necessitado livra da espada, e da bocca d’elles, e da mão do forte.

16 Assim ha esperança para o pobre; [10] e a iniquidade tapa a sua bocca.

17 Eis que bemaventurado é o homem a quem [11] Deus castiga; pois não desprezes o castigo do Todo-poderoso.

18 Porque [12] elle faz a chaga, e elle mesmo a liga: elle fere, e as suas mãos curam.

19 Em seis angustias [13] te livrará; e na setima o mal te não tocará.

20 Na fome te livrará da morte; e na guerra da violencia da espada.

21 Do açoite da lingua estarás encoberto; e não temerás a assolação, quando vier.

22 Da assolação e [14] da fome te rirás, e os animaes da terra não temerás.

23 Porque até [15] com as pedras do campo terás a tua alliança; e os animaes do campo serão pacificos comtigo.

24 E saberás que a tua tenda está em paz; e visitarás a tua habitação, e não falharás.

25 Tambem saberás que se multiplicará a tua semente e a tua posteridade como a herva da terra.

26 Na [16] velhice virás á sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo.

27 Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o, e medita n’isso para teu bem.

[1] Jer. 12.2, 3.

[2] Gen. 3.17, 18, 19. I Cor. 10.13.

[3] Gen. 3.17, 18, 19.

[4] cap. 9.10 e 37.5.

[5] cap. 28.23. Jer. 5.24 e 10.13 e 51.16. Act. 14.17.

[6] I Sam. 2.7.

[7] Neh. 4.15. Isa. 8.10.

[8] I Cor. 3.19.

[9] Deu. 28.29. Isa. 59.10. Amós 8.9.

[10] I Sam. 2.9.

[11] Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5. Thi. 1.12. Apo. 3.19.

[12] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. Isa. 30.26. Ose. 6.1.

[13] Pro. 24.16. I Cor. 10.13.

[14] Isa. 11.9 e 35.9 e 65.25. Eze. 34.25.

[15] Ose. 2.18.

[16] Pro. 9.11 e 10.27.

Job justifica as suas queixas.

6 Então Job respondeu, e disse:

2 Oh se a minha magoa rectamente se pezasse, e a minha miseria juntamente se alçasse n’uma balança!

3 Porque na verdade mais pesada seria, do que a areia [1] dos mares: por isso é que as minhas palavras se me afogam.

4 Porque as frechas do Todo-poderoso estão em mim, cujo ardente veneno me chupa o espirito: os terrores de Deus se armam contra mim.

5 Porventura zurrará o jumento montez junto á relva? ou berrará o boi junto ao seu pasto?

6 Ou comer-se-ha sem sal o que é insipido? ou haverá gosto na clara do ovo?

7 A minha alma recusa tocal-o, pois é como a minha comida fastienta.

8 Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me désse o que espero!

9 E que [2] Deus quizesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e me acabasse!

10 Isto ainda seria a minha consolação, e me refrigeraria no meu tormento, não me perdoando elle; porque não occultei [3] as palavras do Sancto.

11 Qual é a minha força, para que eu espere? ou qual é o meu fim, para que prolongue a minha vida?

12 É porventura a minha força a força de pedra? Ou é de cobre a minha carne?

13 Ou não está em mim a minha ajuda? ou desamparou-me a verdadeira sabedoria?

14 Ao [4] que está afflicto devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-poderoso.

15 Meus irmãos [5] aleivosamente me fallaram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam.

16 Que estão encobertos com a geada, e n’elles se esconde a neve.

17 No tempo em que se derretem com o calor se desfazem, e em se aquentando, desapparecem do seu logar.

18 Desviam-se as veredas dos seus caminhos: sobem ao vacuo, e perecem.

19 Os caminhantes de [6] Tema os vêem; os passageiros de Sheba olham para elles.

20 Foram [7] envergonhados, por terem confiado e, chegando ali, se confundem.

21 Agora [8] sois similhantes a elles: vistes o terror, e temestes.

22 Disse-vos eu: Dae-me ou offerecei-me da vossa fazenda presentes?

23 Ou livrae-me das mãos do oppressor? ou redemi-me das mãos dos tyrannos?

24 Ensinae-me, e eu me calarei: e dae-me a entender em que errei.

25 Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! mas que é o que argue a vossa arguição?

26 Porventura buscareis palavras para[487] me reprehenderdes, visto que as razões do desesperado estão como vento?

27 Mas antes lançaes sortes sobre o orphão; e cavaes uma cova para o vosso amigo.

28 Agora pois, se sois servidos, virae-vos para mim; e vede se minto em vossa presença.

29 Voltae pois, não haja iniquidade: tornae-vos, [9] digo, que ainda a minha justiça apparecerá n’isso.

30 Ha porventura iniquidade na minha lingua? Ou não poderia o meu paladar dar a entender as minhas miserias?

[1] Pro. 27.3.

[2] I Reis 19.4.

[3] Act. 20.20. Lev. 19.2. Isa. 57.15. Ose. 11.9.

[4] Pro. 17.17.

[5] Jer. 15.18.

[6] Gen. 25.15. I Reis 10.1. Eze. 27.22, 23.

[7] Jer. 14.3.

[8] cap. 13.3.

[9] cap. 17.10.

7 Porventura [1] não tem o homem guerra sobre a terra? e não são os seus dias como os dias do jornaleiro?

2 Como o cervo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,

3 Assim me deram [2] por herança mezes de vaidade: e noites de trabalho me prepararam.

4 Deitando-me a dormir, então digo, [3] Quando me levantarei? mas comprida é a noite, e farto-me de me voltar na cama até á alva.

5 A minha carne se tem vestido de bichos [4] e de torrões de pó: a minha pelle está gretada, e se fez abominavel.

6 Os meus dias [5] são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e pereceram sem esperança.

7 Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem.

8 Os olhos dos que agora me vêem não me verão [6] mais: os teus olhos estarão sobre mim, porém não serei mais.

9 Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquelle que desce á sepultura [7] nunca tornará a subir.

10 Nunca mais tornará á sua casa, nem o seu logar [8] jámais o conhecerá.

11 Por isso não reprimirei a [9] minha bocca: fallarei na angustia do meu espirito; queixar-me-hei na amargura da minha alma.

12 Sou eu porventura o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?

13 Dizendo eu: [10] Consolar-me-ha a minha cama: meu leito alliviará a minha ancia;

14 Então me espantas com sonhos, e com visões me assombras:

15 Pelo que a minha alma escolheria antes a estrangulação: e antes a morte do que [MW] a vida.

16 A minha vida abomino, [11] pois não viveria para sempre: retira-te de mim; pois vaidade são os meus dias.

17 Que é [12] o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre elle o teu coração,

18 E cada manhã o visites, e cada momento o proves?

19 Até quando me não deixarás, nem me largarás, até que engula o meu cuspo?

20 Se pequei, que te farei, [13] ó Guarda dos homens? porque fizeste de mim um alvo para ti por tropeço, para que a mim mesmo me seja pesado?

21 E porque me não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? porque agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá.

[1] cap. 14.5, 13, 14.

[2] cap. 29.2.

[3] Deu. 28.67. cap. 17.12.

[4] Isa. 14.11.

[5] cap. 9.25 e 16.22 e 17.11. Isa. 38.12. Thi. 4.14.

[6] cap. 20.9.

[7] II Sam. 12.23.

[8] cap. 8.18 e 20.9.

[9] I Sam. 1.10. cap. 10.1.

[10] cap. 9.27.

[11] cap. 10.20 e 14.6.

[12] Heb. 2.6.

[13] cap. 16.12. Lam. 3.12.

Bildad combate as palavras de Job e justifica a Deus.

8 Então respondeu Bildad o suhita, e disse:

2 Até quando fallarás taes coisas, e as razões da tua bocca serão como um vento impetuoso?

3 Porventura perverteria [1] Deus o direito? e perverteria o Todo-poderoso a justiça?

4 Se teus filhos [2] peccaram contra elle, tambem elle os lançou na mão da sua transgressão.

5 Mas, [3] se tu de madrugada buscares a Deus, e ao Todo-poderoso pedires misericordia,

6 Se fôres puro e recto, certamente logo despertará por ti, e restaurará a morada da tua justiça.

7 O teu principio, na verdade, terá sido pequeno, porém o teu ultimo estado crescerá em extremo.

8 Porque, pergunta [4] agora ás gerações passadas: e prepara-te para a inquirição de seus paes.

9 Porque [5] nós somos de hontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra.

10 Porventura não te ensinarão elles, e não te fallarão, e do seu coração não tirarão razões?

11 Porventura sobe o junco sem lodo? ou cresce a espadana sem agua?

[488]

12 Estando [6] ainda na sua verdura, ainda que a não cortem, todavia antes de qualquer outra herva se secca.

13 Assim são as veredas de todos quantos se esquecem de Deus: e a esperança do hypocrita [7] perecerá.

14 Cuja esperança fica frustrada: e a sua confiança será como a teia d’aranha.

15 Encostar-se-ha [8] á sua casa, mas não se terá firme: apegar-se-ha a ella, mas não ficará em pé.

16 Está sumarento antes que venha o sol, e os seus renovos saem sobre o seu jardim;

17 As suas raizes se entrelaçam junto á fonte, para o pedregal attenta.

18 Absorvendo-o [9] elle do seu logar, negal-o-ha este, dizendo: Nunca te vi?

19 Eis que este é alegria do seu caminho, e outros brotarão do pó.

20 Eis que Deus não rejeitará ao recto; nem toma pela mão aos malfeitores:

21 Até que de riso te encha a bocca, e os teus labios de jubilação.

22 Teus aborrecedores se vestirão de confusão, e a tenda dos impios não existirá mais.

[1] Gen. 18.25. Deu. 32.4. II Chr. 19.7. cap. 34.12, 17. Dan. 9.14. Rom. 3.5.

[2] cap. 1.5, 18.

[3] cap. 5.8 e 11.13 e 22.23, etc.

[4] Deu. 4.32 e 32.7. cap. 15.18.

[5] Gen. 47.9. I Chr. 29.15. cap. 7.6.

[6] Jer. 17.6.

[7] cap. 11.20 e 18.14 e 27.8. Pro. 10.28.

[8] cap. 27.18.

[9] cap. 7.10 e 20.9.

Job confessa a justiça de Deus e pede allivio á sua miseria.

9 Então Job respondeu, e disse:

2 Na verdade sei que assim é; porque como se justificaria o [1] homem para com Deus?

3 Se quizer contender com elle, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.

4 Elle é sábio [2] de coração, e forte de forças: quem se endureceu contra elle, e teve paz?

5 Elle é o que transporta as montanhas, sem que o sintam, e o que as transtorna no seu furor.

6 O que remove [3] a terra do seu logar, e as suas columnas estremecem.

7 O que falla ao sol, e não sae, e sella as estrellas.

8 O que só estende [4] os céus, e anda sobre os altos do mar.

9 O que faz [5] a Ursa, o Orion, e o Setestrello, e as recamaras do sul.

10 O que [6] faz coisas grandes, que se não podem esquadrinhar: e maravilhas taes que se não podem contar.

11 Eis que passa [7] por diante de mim, e não o vejo: e torna a passar perante mim, e não o sinto.

12 Eis que [8] arrebata; quem lh’o fará restituir? quem lhe dirá: Que é o que fazes?

13 Deus não revogará a sua ira: [9] debaixo d’elle se encurvam os auxiliadores soberbos.

14 Quanto menos lhe responderia eu! ou escolheria diante d’elle as minhas palavras!

15 A quem, [10] ainda que eu fosse justo, lhe não responderia: antes ao meu Juiz pediria misericordia.

16 Ainda que chamasse, e elle me respondesse, nem por isso creria que désse ouvidos á minha voz.

17 Porque me quebranta com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas [11] sem causa.

18 Nem me concede o respirar, antes me farta d’amarguras.

19 Quanto ás forças, eis que elle é o forte: e, quanto ao juizo, quem me citará com elle?

20 Se eu me justificar, a minha bocca me condemnará: se fôr recto, então me declarará por perverso.

21 Se fôr recto, não estimo a minha alma: deprezo a minha vida.

22 A coisa é esta; por isso eu digo que elle [12] consome ao recto e ao impio.

23 Matando o açoite de repente, então se ri da prova dos innocentes.

24 A terra se entrega na mão do impio; elle cobre [13] o rosto dos juizes: se não é elle, quem é logo?

25 E os meus [14] dias são mais velozes do que um correio: fugiram, e nunca viram o bem.

26 Passam como navios veleiros: como aguia [15] que se lança á comida.

27 Se eu [16] disser: Me esquecerei da minha queixa, e mudarei o meu rosto, e tomarei alento;

28 Receio todas as minhas dôres, porque bem [17] sei que me não terás por innocente.

29 E, sendo eu impio, por que trabalharei em vão?

30 Ainda que me lave [18] com agua de neve, e purifique as minhas mãos com sabão,

31 Ainda me submergirás no fosso, e os meus proprios vestidos me abominarão.

32 Porque elle não é homem, como eu, a quem eu [19] responda, vindo juntamente a juizo.

[489]

33 Não [20] ha entre nós arbitro que ponha a mão sobre nós ambos.

34 Tire [21] elle a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror.

35 Então fallarei, e não o temerei; porque assim não estou comigo.

[1] Rom. 3.20.

[2] cap. 36.5.

[3] Ecc. 9.2, 3. Eze. 21.3.

[4] II Sam. 15.30 e 19.4. Jer. 14.4.

[5] cap. 7.6, 7.

[6] Hab. 1.8.

[7] Jer. 2.22.

[8] Exo. 20.7.

[9] Jer. 2.22.

[10] cap. 10.15.

[11] cap. 2.3 e 34.6.

[12] Isa. 2.19, 21. Heb. 12.26. cap. 26.11.

[13] Gen. 1.6.

[14] Gen. 1.16. cap. 38.31, etc. Amós 5.8.

[15] cap. 5.9.

[16] cap. 23.8, 9 e 35.14.

[17] Isa. 45.9. Rom. 9.20.

[18] cap. 26.12.

[19] Ecc. 6.10. Rom. 9.20.

[20] ver. 19. I Sam. 2.25.

[21] cap. 13.20, 21, 22 e 33.7.

10 A minha alma [1] tem tedio á minha vida: darei livre curso á minha queixa, fallarei [2] na amargura da minha alma.

2 Direi a Deus: Não me condemnes: faze-me saber porque contendes comigo.

3 Parece-te bem que me opprimas? que rejeites o trabalho das tuas mãos? e resplandeças sobre o conselho dos impios?

4 Tens tu porventura olhos de carne? vês [3] tu como vê o homem?

5 São os teus dias como os dias do homem? Ou são os teus annos como os annos de um homem,

6 Para te informares da minha iniquidade, e averiguares o meu peccado?

7 Bem sabes tu que eu não sou impio: todavia ninguem ha que me livre da tua mão.

8 As tuas mãos me fizeram e me formaram todo em roda; comtudo me consomes.

9 Peço-te que te lembres de que como barro me formaste [4] e me farás tornar em pó.

10 Porventura não me vasaste como leite, e como queijo me não coalhaste?

11 De pelle e carne me vestiste, e com ossos e nervos me ligaste.

12 Vida e beneficencia me fizeste: e o teu cuidado guardou o meu espirito.

13 Porém estas coisas as occultaste no teu coração: bem sei eu que isto esteve comtigo.

14 Se eu peccar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás.

15 Se fôr impio, ai [5] de mim! e se fôr justo, não levantarei a minha cabeça: farto estou de affronta; e olho para a minha miseria.

16 Porque se vae crescendo; tu me caças [6] como a um leão feroz: tornaste, e fazes maravilhas contra mim.

17 Tu renovas contra mim as tuas testemunhas, e multiplicas contra mim a tua ira; revezes e combate estão comigo.

18 Por [7] que pois me tiraste da madre? Ah se então dera o espirito, e olhos nenhuns me vissem!

19 Que tivera sido como se nunca fôra: e desde o ventre fôra levado á sepultura!

20 Porventura não são poucos os meus dias? [8] cessa pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento;

21 Antes que vá e d’onde nunca torne, á terra da escuridão e da sombra da morte;

22 Terra escurissima, como a mesma escuridão, terra da sombra, da morte e sem ordem alguma e onde a luz é como a escuridão.

[1] I Reis 19.4. cap. 7.16. Jon. 4.3, 8.

[2] cap. 7.11.

[3] I Sam. 16.7.

[4] Gen. 2.7 e 3.19. Isa. 64.8.

[5] Isa. 3.11. cap. 9.12, 15, 20, 21.

[6] Isa. 38.13. Lam. 3.10.

[7] cap. 3.11.

[8] cap. 7.16, 19.

Sofar reprehende Job, mostra a sabedoria de Deus e exhorta ao arrependimento.

11 Então respondeu Sofar, o naamathita, e disse:

2 Porventura não se dará resposta á multidão de palavras? E o homen fallador será justificado?

3 Ás tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguem te envergonhe?

4 Pois [1] tu disseste: A minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus olhos.

5 Mas, na verdade, oxalá que Deus fallasse e abrisse os seus labios contra ti!

6 E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que ella é multiplice em efficacia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos [2] do que merece a tua iniquidade.

7 Porventura [3] alcançarás os caminhos de Deus? ou chegarás á perfeição do Todo-poderoso?

8 Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? mais profunda do que [MX] o inferno, que poderás tu saber?

9 Mais comprida é a sua medida do que a terra: e mais larga do que o mar.

10 Se [4] elle destruir, e encerrar, ou se recolher, quem o fará tornar para traz?

11 Porque elle conhece aos homens vãos, e vê o vicio; e não o terá em consideração?

12 Mas o homem vão é [5] falto de entendimento; sim, o homem nasce como a cria do jumento montez.

13 Se tu preparaste [6] o teu coração, e estendeste as tuas mãos para elle!

14 Se ha iniquidade na tua mão, lança-a para longe de ti e não deixes habitar a injustiça nas tuas tendas.

[490]

15 Porque então [7] o teu rosto levantarás sem macula: e estarás firme, e não temerás.

16 Porque te esquecerás dos [8] trabalhos, e te lembrarás d’elles como das aguas que já passaram.

17 E a tua vida mais clara se levantará do que o meio dia; ainda que seja trevas, será como a manhã.

18 E terás confiança; porque haverá esperança; e buscarás e repousarás seguro.

19 E deitar-te-has, e ninguem te espantará; muitos supplicarão o teu rosto.

20 Porém os olhos [9] dos impios desfallecerão, e perecerá o seu refugio: e a sua esperança será o expirar da alma.

[1] cap. 6.10 e 10.7.

[2] Esd. 9.13.

[3] Ecc. 3.1, 1. Rom. 11.33.

[4] cap. 9.12 e 12.14. Apo. 3.7.

[5] Ecc. 3.18. Rom. 1.22.

[6] cap. 5.8 e 22.21. I Sam. 7.3.

[7] Gen. 4.5, 6. cap. 22.26. I João 3.21.

[8] Isa. 65.16.

[9] Lev. 26.16. Deu. 28.65. cap. 8.14 e 18.14. Pro. 11.7.

Job defende-se contra as accusaçoes de seus amigos.

12 Então Job respondeu, e disse:

2 Na verdade, que só vós sois o povo, e comvosco morrerá a sabedoria.

3 Tambem eu tenho [1] um coração como vós, e não vos sou inferior: e quem não sabe taes coisas como estas?

4 Eu sou irrisão aos [2] meus amigos; eu, que invoco a Deus, e elle me responde; o justo e o recto servem de irrisão.

5 Tocha desprezivel é [3] na opinião do que está descançado, aquelle que está prompto a tropeçar com os pés.

6 As tendas [4] dos assoladores teem descanço, e os que provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo.

7 Mas, pergunta agora ás bestas, e cada uma d’ellas t’o ensinará: e ás aves dos céus, e ellas t’o farão saber;

8 Ou falla com a terra, e ella t’o ensinará: até os peixes do mar t’o contarão.

9 Quem não entende por todas estas coisas que a mão do Senhor faz isto?

10 Em cuja mão está [5] a alma de tudo quanto vive, e o espirito de toda a carne humana.

11 Porventura o [6] ouvido não provará as palavras, como o paladar gosta as comidas?

12 Com os edosos está a [7] sabedoria, e na longura de dias o entendimento.

13 Com elle está a sabedoria [8] e a força: conselho e entendimento tem.

14 Eis que elle derriba, e não se reedificará: encerra o homem, e não se lhe abrirá.

15 Eis que elle retem [9] as aguas, e se seccam; e as larga, e transtornam a terra.

16 Com elle está a força e a sabedoria: seu é o errante e o que o faz errar.

17 Aos conselheiros leva despojados, e aos juizes faz [10] desvairar.

18 Solta a atadura dos reis, e ata o cinto aos seus lombos.

19 Aos principes leva despojados, aos poderosos transtorna.

20 Aos acreditados tira a [11] falla, e toma o entendimento aos velhos.

21 Derrama desprezo sobre os principes, e affrouxa o cinto dos violentos.

22 As profundezas das [12] trevas manifesta, e a sombra da morte traz á luz.

23 Multiplica [13] as gentes e as faz perecer; espalha as gentes, e as guia.

24 Tira o coração aos chefes das gentes da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.

25 Nas trevas andam ás apalpadelas, [14] sem terem luz, e os faz desatinar como ebrios.

[1] cap. 13.2.

[2] cap. 16.10 e 21.3 e 30.1.

[3] Pro. 14.2.

[4] cap. 21.7. Jer. 12.1. Mal. 3.15.

[5] Num. 16.22. Dan. 5.23. Act. 17.29.

[6] cap. 34.3 e 6.30.

[7] cap. 32.7.

[8] cap. 9.4 e 36.5. cap. 11.10. Isa. 22.22. Apo. 3.7.

[9] I Reis 8.35 e 17.1.

[10] II Reis 15.31. Isa. 19.12 e 29.14. I Cor. 1.19.

[11] cap. 32.9. Isa. 3.1, 2, 3. Dan. 2.21.

[12] Dan. 2.22. Mat. 10.26. I Cor. 4.5.

[13] Isa. 9.3 e 26.15.

[14] Deu. 28.29. cap. 5.14.

13 Eis que tudo isto viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam.

2 Como [1] vós o sabeis, o sei eu tambem; não vos sou inferior.

3 Mas [2] eu fallarei ao Todo-poderoso, e quero defender-me para com Deus.

4 Vós porém sois [3] inventores de mentiras, e vós todos medicos que não valem nada.

5 Oxalá vos calasseis de todo! que isso seria [4] a vossa sabedoria.

6 Ouvi agora a minha defeza, e escutae os argumentos dos meus labios.

7 Porventura [5] por Deus fallareis perversidade? e por elle fallareis engano?

8 Ou fareis acceitação da sua pessoa? ou contendereis por Deus?

9 Ser-vos-hia bom, se elle vos esquadrinhasse? ou zombareis d’elle, como se zomba d’algum homem?

10 Certamente vos reprehenderá, se em occulto fizerdes acceitação de pessoas.

11 Porventura não vos espantará a sua alteza? e não cairá sobre vós o seu temor?

12 As vossas memorias são como a[491] cinza: as vossas alturas como alturas de lodo.

13 Calae-vos perante mim, e fallarei eu, e que fique alliviado algum tanto.

Job confia em Deus e deseja conhecei os seus peccados.

14 Por que razão tomo [6] eu a minha carne com os meus dentes, e ponho a minha [MY] vida na minha mão?

15 [7] Ainda que me matasse, n’elle esperarei; comtudo os meus caminhos defenderei diante d’elle.

16 Tambem elle será a salvação minha: porém o hypocrita não virá perante o seu rosto.

17 Ouvi com attenção as minhas razões, e com os vossos ouvidos a minha declaração.

18 Eis que já tenho ordenado a minha causa, e sei que serei achado justo.

19 Quem [8] é o que contenderá comigo? se eu agora me calasse, daria o espirito.

20 Duas coisas sómente [9] não faças para comigo; então me não esconderei do teu rosto:

21 Desvia a tua mão para longe, de sobre mim, e não me espante o teu terror.

22 Chama, pois, e eu responderei; ou eu fallarei, e tu responde-me.

23 Quantas culpas e peccados tenho eu? notifica-me a minha transgressão e o meu peccado.

24 Porque escondes [10] o teu rosto, e me [11] tens por teu inimigo?

25 Porventura quebrantarás a [12] folha arrebatada do vento? e perseguirás o restolho secco?

26 Porque escreves contra mim amarguras [13] e me fazes herdar as culpas da minha mocidade?

27 Tambem pões [14] no tronco os meus pés, e observas todos os meus caminhos, e marcas as solas dos meus pés.

28 Envelhecendo-se entretanto elle com a podridão, e como o vestido, ao qual roe a traça.

[1] cap. 12.3.

[2] cap. 23.3 e 31.35.

[3] cap. 6.21 e 16.2.

[4] Pro. 17.28.

[5] Deu. 28.29. cap. 5.14.

[6] cap. 18.4. I Sam. 28.21.

[7] Pro. 14.32. cap. 27.5.

[8] Isa. 50.8.

[9] cap. 9.34.

[10] Deu. 32.20. Isa. 8.17.

[11] Deu. 32.42. Lam. 2.5.

[12] Isa. 42.3.

[13] cap. 20.11.

[14] cap. 33.11.

Job roga o favor de Deus por causa da brevidade e miseria da vida humana.

14 O homem nascido da mulher é curto de dias e farto [1] de inquietação.

2 Sae como [2] a flôr, e se corta; foge tambem como a sombra, e não permanece.

3 E sobre este tal abres os teus olhos, e a mim me fazes entrar no juizo comtigo.

4 Quem do immundo tirará [3] o puro? Ninguem.

5 Visto que os seus dias estão [4] determinados, comtigo está o numero dos seus dias; e tu lhe pozeste limites, e não passará além d’elles.

6 Desvia-te [5] d’elle, para que tenha repouso, até que, como o jornaleiro, tenha contentamento no seu dia.

7 Porque ha esperança para a arvore que, se fôr cortada, ainda se renovará, [6] e não cessarão os seus renovos

8 Se se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó,

9 Ao cheiro das aguas brotará, e dará ramos para a planta.

10 Porém, morrendo o homem, está abatido: e dando o homem o espirito, então onde está?

11 Como as aguas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica secco,

12 Assim o homem se deita, e não se levanta: até [7] que não haja mais céus não acordarão nem se erguerão de seu somno.

13 Oxalá me escondesses [MZ] na sepultura, e me occultasses até que a tua ira se desviasse: e me pozesses um limite, e te lembrasses de mim!

14 Morrendo o homem, porventura tornará a viver? todos os dias de meu combate esperaria, [8] até que viesse a minha mudança?

15 Chama-me, [9] e eu te responderei, e affeiçoa-te á obra de tuas mãos.

16 Pois agora [10] contas os meus passos: porventura não vigias sobre o meu peccado?

17 A minha transgressão está sellada [11] n’um sacco, e amontoas as minhas iniquidades.

18 E, na verdade, caindo a montanha, desfaz-se: e a rocha se remove do seu logar.

19 As aguas gastam as pedras, as cheias afogam o pó da terra: e tu fazes perecer a esperança do homem.

20 Tu para sempre prevaleces contra elle, e elle passa; tu, mudando o seu rosto, o despedes.

21 Os seus filhos estão em honra, sem[492] que elle o saiba: ou ficam minguados [12] sem que elle o perceba:

22 Mas a sua carne n’elle tem dôres: e a sua alma n’elle lamenta.

[1] cap. 5.7. Ecc. 2.22.

[2] cap. 8.9. Isa. 40.6. Thi. 1.10, 11 e 4.14. I Ped. 1.24.

[3] Gen. 5.3. João 3.6. Rom. 5.12. Eph. 2.3.

[4] cap. 7.1.

[5] cap. 7.16, 19 e 10.20. cap. 7.1.

[6] ver. 14.

[7] Isa. 51.6 e 65.17 e 66.22. Act. 3.21. Rom. 8.20. II Ped. 3.7, 10, 11. Apo. 20.11 e 21.1.

[8] cap. 13.15. ver. 7.

[9] cap. 13.22.

[10] cap. 10.6, 14 e 13.27 e 31.4 e 34.21. Pro. 5.21. Jer. 32.19.

[11] Deu. 32.34. Ose. 13.12.

[12] Ecc. 9.5. Isa. 63.16.

Eliphaz accusa Job de impiedade.

15 Então respondeu Eliphaz o themanita, e disse:

2 Porventura dará o sabio por resposta sciencia de vento? e encherá o seu ventre de vento oriental?

3 Arguindo com palavras que de nada servem e com razões, com que nada aproveita?

4 E tu tens feito vão o temor, e diminues os rogos diante de Deus.

5 Porque a tua bocca declara a tua iniquidade; e tu escolheste a lingua dos astutos.

6 A tua bocca [1] te condemna, e não eu, e os teus labios testificam contra ti.

7 És tu porventura o primeiro homem que foi nascido? [2] ou foste gerado antes dos outeiros?

8 Ou ouviste [3] o secreto conselho de Deus? e a ti limitaste a sabedoria?

9 Que sabes [4] tu, que nós não sabemos? e que entendes, que não haja em nós?

10 Tambem [5] ha entre nós encanecidos e edosos, muito mais edosos do que teu pae.

11 Porventura as consolações de Deus te são pequenas? ou alguma coisa se occulta em ti?

12 Porque te arrebata o teu coração? e porque acenam os teus olhos?

13 Para virares contra Deus o teu espirito, e deixares sair taes palavras da tua bocca?

14 Que [6] é o homem, para que seja puro? e o que nasce da mulher, para que fique justo?

15 Eis que nos [7] seus sanctos não confiaria, e nem os céus são puros aos seus olhos.

16 Quanto mais [8] abominavel e fedorento é o homem que bebe a [9] iniquidade como a agua?

Eliphaz mostra que o impio é atormentado n’esta vida.

17 Escuta-me, mostrar-t’o-hei: e o que vi te contarei

18 (O que os sabios annunciaram, ouvindo-o de seus paes, e o não [10] occultaram.

19 Aos quaes sómente se déra a terra, e nenhum estranho passou [11] por meis d’elles):

20 Todos os dias o impio se dá pena a si mesmo, e se reservam para o tyranno um certo numero d’annos.

21 O sonido dos horrores está nos seus [12] ouvidos: até na paz lhe sobrevem o assolador.

22 Não crê que tornará das trevas, e que está esperado da espada.

23 Anda vagueando por pão, dizendo: Onde está? Bem sabe que o dia [13] das trevas lhe está preparado á mão.

24 Assombram-n’o a angustia e a tribulação; prevalecem contra elle, como o rei preparado para a peleja.

25 Porque estende a sua mão contra Deus, e contra o Todo-poderoso se embravece.

26 Arremette contra elle com a dura cerviz, e contra os pontos grossos dos seus escudos.

27 Porquanto cobriu o seu rosto com a sua gordura, e criou enxundia nas ilhargas.

28 E habitou em cidades assoladas, em casas em que ninguem morava, que estavam a ponto de fazer-se montões de ruinas.

29 Não se enriquecerá, nem subsistirá a sua fazenda, nem se estenderão pela terra as suas possessões.

30 Não escapará das trevas; a chamma do fogo seccará os seus renovos, e ao assopro da sua bocca [14] desapparecerá.

31 Não confie pois na [15] vaidade enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa.

32 Antes [16] do seu dia ella se lhe cumprirá; e o seu ramo não reverdecerá.

33 Sacudirá as suas uvas verdes, como as da vide, e deixará cair a sua flor como a da oliveira.

34 Porque o ajuntamento dos hypocritas se fará esteril, e o fogo consumirá as tendas do soborno.

35 Concebem [17] o trabalho, e parem a iniquidade, e o seu ventre prepara enganos.

[1] Luc. 19.22.

[2] Pro. 8.25.

[3] Rom. 11.25, 34. I Cor. 2.11.

[4] cap. 13.2.

[5] cap. 32.6, 7.

[6] I Sam. 8.46. II Chr. 6.36. cap. 14.4. Pro. 20.9. Ecc. 7.20. I João 18.10.

[7] cap. 4.18 e 25.5.

[8] cap. 4.19.

[9] cap. 34.7. Pro. 19.28.

[10] cap. 8.8.

[11] Joel 3.17.

[12] I The. 5.3.

[13] cap. 18.12.

[14] cap. 4.9.

[15] Isa. 59.4.

[16] cap. 22.16.

[17] Isa. 59.4. Ose. 10.13.

Job accusa a seus amigos de falta de compaixão e misericordia.

16 Então respondeu Job, e disse:

2 Tenho ouvido muitas coisas como estas: todos vós sois consoladores [1] molestos.

[493]

3 Porventura não terão fim estas palavras de vento? ou que te irrita, para assim responderes?

4 Fallaria eu tambem como vós fallaes, se a vossa alma estivesse em logar da minha alma? ou amontoaria palavras contra vós, e menearia contra vós a minha cabeça?

5 Antes vos fortaleceria com a minha bocca, e a consolação dos meus labios abrandaria a dôr.

6 Se eu fallar, a minha dôr não cessa, e, calando-me eu, que mal me deixa?

7 Na verdade, agora me molestou: tu assolaste toda a minha companhia.

8 Testemunha d’isto é que já me fizeste enrugado, e a minha magreza se levanta contra mim, e no meu rosto testifica contra mim.

9 Na sua ira me [2] despedaçou, e elle me perseguiu; rangeu os seus dentes contra mim: aguça o meu adversario os seus olhos [3] contra mim.

10 Bocejam [4] com a sua bocca contra mim; com desprezo me feriram nos queixos, e contra mim se ajuntam todos.

11 Entrega-me [5] Deus ao perverso, e nas mãos dos impios me faz cair.

12 Descançado estava eu, porém elle me quebrantou; e pegou-me pela cerviz, e me despedaçou; tambem me poz por seu alvo.

13 Cercam-me os seus frecheiros; atravessa-me os rins, e não me poupa, e o meu fel derrama em terra.

14 Quebranta-me com quebranto sobre quebranto: arremette contra mim como um valente.

15 Cosi sobre a minha [6] pelle o sacco, e revolvi a minha cabeça no pó.

16 O meu rosto todo está descorado de chorar, e sobre as minhas palpebras está a sombra da morte:

17 Não havendo porém violencia nas minhas mãos, e sendo pura a minha oração.

18 Ah! terra, não cubras o meu sangue; e não [7] haja logar para o meu clamor!

19 Eis que tambem agora está a minha [8] testemunha no céu, e a minha testemunha nas alturas.

20 Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lagrimas diante de Deus.

21 Ah! [9] se se podesse contender com Deus pelo homem, como o filho do homem pelo seu amigo!

22 Porque se passarão poucos annos; e eu seguirei o caminho por onde não tornarei.

[1] cap. 13.4.

[2] cap. 10.16, 17.

[3] cap. 13.24.

[4] Lam. 3.30. Miq. 5.1.

[5] cap. 1.15, 17.

[6] cap. 30.19.

[7] cap. 27.9.

[8] Rom. 1.9.

[9] cap. 31.25. Ecc. 6.10. Isa. 45.9. Rom. 9.20.

17 O meu espirito se vae corrompendo, os meus dias se vão apagando, e tenho perante mim as [1] sepulturas.

2 Porventura não estão zombadores comigo? e os meus olhos não passam a noite chorando pelas suas amarguras?

3 Promette agora, e dá-me um fiador para comtigo: [2] quem ha que me dê a mão?

4 Porque aos seus corações encobriste o entendimento, pelo que não os exaltarás.

5 O que lisongeando falla aos amigos tambem os olhos de seus filhos desfallecerão.

6 Porém a mim me [3] poz por um proverbio dos povos, de modo que sou uma abominação perante o rosto de cada um.

7 Pelo que se escureceram de magoa os meus olhos, e todos os meus membros são como a sombra:

8 Os rectos pasmarão d’isto, e o innocente se levantará contra o hypocrita.

9 E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em força.

10 Mas, na verdade, tornae [4] todos vós, e vinde cá; porque sabio nenhum acho entre vós.

11 Os meus dias [5] passam, os meus propositos se quebraram, [NA] os pensamentos do meu coração.

12 Trocaram o dia em noite; a luz está perto do fim, por causa das trevas.

13 Se eu esperar, a sepultura será a minha casa; nas trevas estenderei a minha cama.

14 Á corrupção clamo: Tu és meu pae; e aos bichos: Vós sois minha mãe e minha irmã.

15 Onde pois estaria agora a minha esperança? emquanto á minha esperança, quem a poderá ver?

16 As barras da [6] sepultura descerão quando juntamente no pó haverá descanço.

[1] I Sam. 1.6, 7.

[2] Pro. 6.1 e 17.18 e 22.26.

[3] cap. 30.9.

[4] cap. 6.29.

[5] cap. 7.6 e 9.25.

[6] cap. 18.13. cap. 3.17.

Bildad accusa Job de presumpção e impaciencia.

18 Então respondeu Bildad, o suhita, e disse:

2 Até quando não fareis fim de palavras?[494] considerae bem, e então fallaremos.

3 Porque somos estimados como bestas, e immundos aos vossos olhos?

4 Oh tu, que despedaças [1] a tua alma na tua ira, será a terra deixada por tua causa? e remover-se-hão as rochas do seu logar?

5 Na verdade, [2] a luz dos impios se apagará, e a faisca do seu fogo não resplandecerá.

6 A luz se escurecerá nas suas tendas, e a sua lampada [3] sobre elle se apagará.

7 Os passos do seu poder se estreitarão, e o seu conselho o derribará.

8 Porque [4] por seus proprios pés é lançado na rede, e andará nos fios enredados.

9 O laço o apanhará pelo calcanhar, e prevalecerá [5] contra elle o salteador.

10 Está escondida debaixo da terra uma corda, e uma armadilha na vereda.

11 Os assombros o espantarão em redor, e o farão correr d’uma parte para a outra, por onde quer que [6] apresse os passos.

12 Será faminto o seu rigor, [7] e a destruição está prompta ao seu lado.

13 O primogenito da morte consumirá as costellas da sua pelle: consumirá, digo, os seus membros.

14 A sua confiança [8] será arrancada da sua tenda, e isto o fará caminhar para o rei dos assombros.

15 Morará na sua mesma tenda, não lhe ficando nada: espalhar-se-ha enxofre sobre a sua habitação.

16 Por debaixo se seccarão as suas raizes, [9] e por de cima serão cortados os seus ramos.

17 A sua memoria [10] perecerá da terra, e pelas praças não terá nome.

18 Da luz o lançarão nas trevas, e afugental-o-hão do mundo.

19 Não terá filho [11] nem neto entre o seu povo, e resto nenhum d’elle ficará nas suas moradas.

20 Do seu dia se espantarão os vindouros, e os antigos serão sobresaltados de horror.

21 Taes são, na verdade, as moradas do perverso, e este é o logar do que não [12] conhece a Deus.

[1] cap. 13.14.

[2] Pro. 13.9 e 20.20 e 24.20.

[3] cap. 21.17.

[4] cap. 32.10.

[5] cap. 5.5.

[6] cap. 15.21 e 20.25. Jer. 6.25 e 20.3 e 46.5 e 49.29.

[7] cap. 15.23.

[8] cap. 8.14 e 11.20. Pro. 10.28.

[9] cap. 29.19. Isa. 5.24. Amós 2.9. Mal. 4.1.

[10] Pro. 2.22 e 10.7.

[11] Isa. 14.22. Jer. 22.30.

[12] Jer. 9.3 e 19.25. I The. 4.5. II The. 1.8. Tito 1.16.

Job queixa-se da obstinação e dureza dos seus amigos.

19 Respondeu porém Job, e disse:

2 Até quando entristecereis a minha alma, e me quebrantareis com palavras?

3 Já dez vezes [1] me envergonhastes; vergonha não tendes: contra mim vos endureceis.

4 Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro.

5 Se devéras vos levantaes contra mim, e me arguis com o meu opprobrio,

6 Sabei agora que Deus é o que me transtornou, e com a sua rede me cercou.

7 Eis que clamo: Violencia; porém não sou ouvido; grito: Soccorro; porém não ha justiça.

8 O meu [2] caminho entrincheirou, e não posso passar, e nas minhas veredas poz trevas.

9 Da minha honra me despojou; e tirou-me a corôa da minha cabeça.

10 Derribou-me elle em roda, e eu me vou, e arrancou a minha esperança, como a uma arvore.

11 E fez inflammar contrar mim a sua ira, [3] e me reputou para comsigo, como a seus inimigos.

12 Juntas vieram as suas tropas, [4] e prepararam contra mim o seu caminho, e se acamparam ao redor da minha tenda.

13 Poz longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem devéras me estranharam.

14 Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim.

15 Os meus domesticos e as minhas servas me reputaram como um estranho, e vim a ser um estrangeiro aos seus olhos.

16 Chamei a meu creado, e elle me não respondeu, supplicando-lhe eu por minha propria bocca.

17 O meu bafo se fez estranho a minha mulher, e eu a supplico pelos filhos do meu corpo.

18 Até os rapazes [5] me desprezam, e, levantando-me eu, fallam contra mim.

19 Todos os homens do meu secreto conselho me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim.

20 Os meus ossos se [6] apegaram á minha pelle e á minha carne, e escapei com a pelle dos meus dentes.

21 Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, [7] porque a mão de Deus me tocou.

[495]

22 Porque me perseguis assim como Deus, e da minha carne vos não fartaes?

23 Quem me déra agora, que as minhas palavras se escrevessem! quem me dera, que se gravassem n’um livro!

24 E que, com penna de ferro, e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!

25 Porque eu sei que o meu Redemptor vive, e que estará em pé no derradeiro dia sobre o pó.

26 E depois de roida a minha pelle, comtudo desde a minha carne [8] verei a Deus,

27 A quem eu verei por mim mesmo, e os meus olhos o verão, e não outro: e por isso os meus rins se consomem no meu seio.

28 Na verdade, que devieis dizer: [9] Porque o perseguimos? Pois a raiz da [NB] accusação se acha em mim.

29 Temei vós mesmos a espada; porque o furor traz os castigos da espada, para saberdes que haverá um juizo.

[1] Gen. 31.7. Lev. 26.26.

[2] cap. 3.23.

[3] cap. 13.24. Lam. 2.5.

[4] cap. 30.12.

[5] II Reis 2.23.

[6] cap. 30.30. Lam. 4.8.

[7] cap. 1.11.

[8] I Cor. 13.12. I João 3.2.

[9] ver. 22.

Sofar descreve as calamidades que os impios soffrem.

20 Então respondeu Sofar, o naamathita, e disse:

2 Por isso é que os meus pensamentos me fazem responder, e portanto me apresso.

3 Eu ouvi a reprehensão, que me envergonha, mas o espirito do meu entendimento responderá por mim.

4 Porventura não sabes isto, que foi desde todo o tempo, desde que o homem foi posto sobre a terra?

5 A saber: que o jubilo dos impios é breve, e a alegria dos hypocritas como d’um momento?

6 Ainda que a sua altura [1] subisse até ao céu, e a sua cabeça chegasse até ás nuvens,

7 Comtudo como o seu proprio esterco perecerá para sempre: e os que o viam dirão: Onde está?

8 Como um sonho vôa, e não será achado, e será afugentado como uma visão da noite.

9 O olho [2] que o viu jamais o verá, nem olhará mais para elle o seu logar.

10 Os seus filhos procurarão agradar aos pobres, e as suas mãos restaurarão [3] a sua fazenda.

11 Os seus ossos [4] se encherão dos seus peccados occultos, e juntamente se deitarão com elle no pó.

12 Ainda que o mal lhe seja doce na bocca, e elle o esconda debaixo da sua lingua,

13 E o guarde, e o não deixe, antes o retenha no seu paladar,

14 Comtudo a sua comida se mudará nas suas entranhas; fel d’aspides será interiormente.

15 Enguliu fazendas, porém vomitalas-ha; do seu ventre Deus as lançará.

16 Veneno d’aspides sorverá; lingua de vibora o matará.

17 Não verá as correntes, [5] os rios e os ribeiros de mel e manteiga.

18 Restituirá do seu trabalho, [6] e não o engulirá: conforme ao poder de sua mudança, e não saltará de gozo.

19 Porquanto opprimiu, desamparou os pobres, e roubou a casa que não edificou.

20 Porquanto não sentiu socego [7] no seu ventre; da sua tão desejada fazenda coisa nenhuma reterá.

21 Nada lhe sobejará do que coma; pelo que a sua fazenda não será duravel.

22 Estando cheia a sua abastança, estará angustiado: toda a mão dos miseraveis virá sobre elle.

23 Haja porém ainda de que possa encher o seu ventre; comtudo Deus mandará sobre elle o ardor da sua ira, e a fará chover [8] sobre elle quando elle fôr a comer.

24 Ainda que fuja [9] das armas de ferro, o arco d’aço o atravessará.

25 Desembainhada a espada, sairá do seu corpo, e resplandecendo [10] virá do seu fel: e haverá sobre elle assombros.

26 Toda a escuridão se occultará nos seus esconderijos: um fogo não assoprado o consumirá: e com o que ficar na sua tenda irá mal.

27 Os céus manifestarão a sua iniquidade: e a terra se levantará contra elle.

28 As rendas de sua casa serão transportadas: no dia da sua ira todas se derramarão.

29 Esta, [11] da parte de Deus, é a porção do homem impio: e, da parte de Deus, a herança dos seus ditos.

[1] Isa. 14.13, 14. Abd. 3, 4.

[2] cap. 7.8, 10 e 8.18.

[3] ver. 18. cap. 13.26.

[4] cap. 21.26.

[5] Jer. 17.6.

[6] ver. 10, 15.

[7] Ecc. 5.13, 14.

[8] Num. 11.33.

[9] Isa. 24.18. Jer. 48.43. Amós 5.19.

[10] cap. 16.13 e 18.11.

[11] cap. 17.13 e 31.2, 3.

Job mostra que os impios muitas vezes gozam prosperidade n’esta vida.

21 Respondeu porém Job, e disse:

2 Ouvi attentamente as minhas razões; e isto vos sirva de consolações.

[496]

3 Soffrei-me, e eu fallarei: e, havendo eu fallado, [1] zombae.

4 Porventura eu me queixo a algum homem? porém, ainda que assim fosse, porque se não angustiaria o meu espirito?

5 Olhae para mim, e pasmae: e ponde a mão [2] sobre a bocca.

6 Porque, quando me lembro d’isto, me perturbo, e a minha carne é sobresaltada d’horror.

7 Por que razão [3] vivem os impios? envelhecem, e ainda se esforçam em poder?

8 A sua semente se estabelece com elles perante a sua face; e os seus renovos perante os seus olhos.

9 As suas casas teem paz, sem temor; e a vara de Deus não está sobre elles.

10 O seu touro gera, e não falha: pare a sua vacca, [4] e não aborta.

11 Mandam fóra as suas creanças, como a um rebanho, e seus filhos andam saltando.

12 Levantam a voz, ao som do tamboril e da harpa, e alegram-se ao som dos orgãos.

13 Na prosperidade gastam [5] os seus dias, e n’um momento descem á sepultura.

14 E, todavia, [6] dizem a Deus: Retira-te de nós; porque não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.

15 Quem [7] é o Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? e que nos aproveitará que lhe façamos orações?

16 Vêde porém que o seu bem não está na mão d’elles: [8] esteja longe de mim o conselho dos impios!

17 Quantas [9] vezes succede que se apaga a candeia dos impios, e lhes sobrevem a sua destruição? [10] e Deus na sua ira lhes reparte dôres!

18 Porque [11] são como a palha diante do vento, e como a pragana, que arrebata o redemoinho.

19 Deus guarda [12] a sua violencia para seus filhos, e lhe dá o pago, que o sente.

20 Seus olhos vêem a sua ruina, [13] e elle bebe do furor do Todo-poderoso.

21 Porque, que prazer teria na sua casa, depois de si, cortando-se-lhe o numero dos seus mezes?

22 Porventura [14] a Deus se ensinaria sciencia, a elle que julga os excelsos?

23 Este morre na força da sua plenitude, estando todo quieto e socegado.

24 Os seus baldes estão cheios de leite, e os seus ossos estão regados de tutanos.

25 E outro morre, ao contrario, na amargura do seu coração, não havendo comido do bem.

26 Juntamente [15] jazem no pó, e os bichos os cobrem.

27 Eis que conheço bem os vossos pensamentos: e os maus intentos com que injustamente me fazeis violencia.

28 Porque direis: [16] Onde está a casa do principe? e onde a tenda das moradas dos impios?

29 Porventura o não perguntastes aos que passam pelo caminho? e não conheceis os seus signaes?

30 Que [17] o mau é preservado para o dia da destruição; e são levados no dia do furor.

31 Quem accusará diante d’elle [18] o seu caminho? e quem lhe dará o pago do que faz?

32 Finalmente é levado ás sepulturas, e vigia no montão.

33 Os torrões do valle lhe são doces, e attrahe a si a todo o homem; e diante de si ha innumeraveis.

34 Como pois me consolaes com vaidade? pois nas vossas respostas ainda resta a transgressão.

[1] cap. 16.10 e 17.2.

[2] Jui. 18.19. cap. 29.9 e 40.4.

[3] cap. 12.6. Jer. 12.1. Hab. 1.16.

[4] Exo. 23.26.

[5] cap. 36.11.

[6] cap. 22.17.

[7] Exo. 5.2. cap. 34.9. cap. 35.3. Mal. 3.14.

[8] cap. 22.18. Pro. 1.10.

[9] cap. 18.6.

[10] cap. 20.28, 29.

[11] Isa. 17.13 e 29.5. Ose. 13.3.

[12] Exo. 20.5.

[13] Isa. 51.17. Jer. 25.15. Apo. 14.10 e 19.15.

[14] Isa. 40.13 e 45.9. Rom. 11.34. I Cor. 2.16.

[15] cap. 20.11. Ecc. 9.2.

[16] cap. 20.7.

[17] Pro. 16.4. II Ped. 2.9.

[18] Gal. 2.11.

Eliphaz accusa Job de diversos peccados e o exhorta ao arrependimento.

22 Então respondeu Eliphaz o temanita, e disse:

2 Porventura [1] o homem será d’algum proveito a Deus? antes a si mesmo o prudente será proveitoso.

3 Ou tem o Todo-poderoso prazer em que tu sejas justo? ou lucro algum que tu faças perfeitos os teus caminhos?

4 Ou te reprehende, pelo temor que tem de ti? ou entra comtigo em juizo?

5 Porventura não é grande a tua malicia? e sem termo as tuas iniquidades?

6 Porque penhoraste a teus irmãos sem causa [2] alguma, e aos nus despiste os vestidos.

7 Não déste de beber agua ao cançado, [3] e ao faminto retiveste o pão.

8 Mas para o violento era a terra, e o homem tido em respeito habitava n’ella.

9 As viuvas despediste vazias, e os braços dos orphãos foram [4] quebrantados.

[497]

10 Por isso é que estás cercado de laços, [5] e te perturbou um pavor repentino,

11 Ou as trevas que não vês, e a abundancia [6] d’agua que te cobre.

12 Porventura Deus não está na altura dos céus? olha pois para o cume das estrellas, quão levantadas estão.

13 E dizes que sabe Deus d’isto? porventura julgará por entre a escuridão?

14 As nuvens são escondedura para elle, para que não veja: e passeia pelo circuito dos céus.

15 Porventura consideraste a vereda do seculo passado, que pisaram os homens iniquos?

16 Os quaes foram arrebatados [7] antes do seu tempo: sobre cujo fundamento um diluvio se derramou.

17 Diziam [8] a Deus: Retira-te de nós. E que é o que o Todo-poderoso lhes fez?

18 Sendo elle o que enchera de bens as suas casas: mas o [9] conselho dos impios esteja longe de mim.

19 Os justos o viram, e se alegraram, e o innocente escarneceu d’elles.

20 Porquanto o nosso estado não foi destruido, mas o fogo consumiu o resto d’elles.

21 Acostuma-te pois a elle, e [10] tem paz, e assim te sobrevirá o bem.

22 Acceita, peço-te, a lei da sua bocca, e põe as suas palavras no teu coração.

23 Se te converteres [11] ao Todo-poderoso, serás edificado: affasta a iniquidade da tua tenda.

24 Então amontoarás [12] oiro como pó, e o oiro d’Ophir como pedras dos ribeiros.

25 E até o Todo-poderoso te será por oiro, e a tua prata amontoada.

26 Porque então te deleitarás [13] no Todo-poderoso, [14] e levantarás o teu rosto para Deus.

27 Devéras orarás, a elle, e elle te ouvirá, e pagarás os teus votos.

28 Determinando tu algum negocio, ser-te-ha firme, e a luz brilhará em teus caminhos.

29 Quando abaterem, então tu dirás: Haja exaltação: e Deus salvará [15] ao humilde.

30 E livrará até ao que não é innocente; porque fica livre pela pureza de tuas mãos.

[1] cap. 35.7. Luc. 17.10.

[2] Exo. 22.26, 27. Deu. 24.10, etc. cap. 24.3, 9. Eze. 18.12.

[3] cap. 31.17. Deu. 15.7, etc. Isa. 58.7. Eze. 18.7, 16. Mat. 25.42.

[4] cap. 31.21. Isa. 10.2. Eze. 22.7.

[5] cap. 18.8, 9, 10 e 19.6.

[6] Lam. 3.54.

[7] cap. 15.32.

[8] cap. 21.14. Psa. 4.6.

[9] cap. 21.16.

[10] Isa. 27.5.

[11] cap. 8.5, 6 e 11.13, 14.

[12] II Chr. 1.15.

[13] cap. 27.10. Isa. 58.14.

[14] cap. 11.15. Isa. 58.9.

[15] Pro. 29.23. Thi. 4.6. I Ped. 5.5.

Job deseja apresentar-se perante Deus e confia na sua misericordia.

23 Respondeu porém Job, e disse:

2 Ainda hoje a minha queixa está em amargura: a violencia da minha praga mais se aggrava do que o meu gemido.

3 Ah se eu [1] soubesse que o poderia achar! então me chegaria ao seu tribunal.

4 Com boa ordem exporia ante elle a minha causa, e a minha bocca encheria d’argumentos.

5 Saberia as palavras com que elle me responderia, e entenderia o que me dissesse.

6 Porventura segundo a grandeza de seu poder contenderia [2] comigo? não; elle só o põe em mim.

7 Ali o recto pleitearia com elle, e eu me livraria para sempre do meu Juiz.

8 Eis que se me [3] adianto, ali não está: se torno para traz, não o percebo.

9 Se obra a mão esquerda, não o vejo: se se encobre á mão direita, não o diviso.

10 Porém elle sabe o meu caminho: prove-me, [4] e sairei como o oiro.

11 Nas suas pizadas os meus pés se affirmaram: guardei o seu caminho, e não me desviei d’elle.

12 Do preceito de seus labios nunca me apartei, e as palavras da sua bocca guardei mais do que a minha porção.

13 Mas, se elle está contra alguem, quem então [5] o desviará? o que a sua alma quizer isso fará.

14 Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito, e muitas coisas como estas ainda tem [6] comsigo.

15 Por isso me perturbo perante elle, considero, e temo-me d’elle.

16 Porque Deus macerou o meu coração, e o Todo-poderoso me perturbou.

17 Porquanto não fui desarreigado antes das trevas, e nem encobriu com a escuridão o meu rosto.

[1] cap. 13.3 e 16.21.

[2] Isa. 57.16.

[3] cap. 9.11.

[4] Thi. 1.12.

[5] cap. 12.14. Rom. 9.19.

[6] I The. 3.3.

Job contesta que os impios, muitas vezes, ficam sem castigo n’esta vida.

24 Visto que do Todo-poderoso se não encobriram os tempos [1] porque, os que o conhecem, não vêem os seus dias?

[498]

2 Até os limites removem: [2] roubam os rebanhos, e os apascentam.

3 Levam [3] o jumento do orphão: tomam em penhor o boi da viuva.

4 Desviam do caminho aos necessitados; e os miseraveis da terra juntos se escondem [4] d’elles.

5 Eis que, como jumentos montezes no deserto, saem á sua obra, madrugando para a preza: o campo raso mantimento a elles e aos seus filhos.

6 No campo segam o seu pasto, e vindimam a vinha do impio.

7 Ao nu [5] fazem passar a noite sem roupa, não tendo elle coberta contra o frio.

8 Das correntes das montanhas são molhados, e, não tendo refugio, abraçam-se [6] com as rochas.

9 Ao orphãosinho arrancam dos peitos, e penhoram o que ha sobre o pobre.

10 Fazem com que os nus vão sem vestido e famintos aos que carregam com as espigas.

11 Entre as suas paredes espremem o azeite: pisam os lagares, e ainda teem sêde.

12 Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e comtudo Deus lh’o não imputa como loucura.

13 Elles estão entre os que se oppõem á luz: não conhecem os seus caminhos d’ella, e não permanecem nas suas veredas.

14 De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, e de noite é como o ladrão.

15 Assim como o [7] olho do adultero aguarda o crepusculo, dizendo: Não me verá olho nenhum: e occulta o rosto,

16 Nas trevas minam as casas que de dia se assignalaram: não [8] conhecem a luz.

17 Porque a manhã para todos elles é como a sombra de morte; porque, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte.

18 É ligeiro sobre a face das aguas; maldita é a sua parte sobre a terra: não se vira pelo caminho das vinhas.

19 A seccura e o calor desfazem as aguas da neve; assim desfará a sepultura aos que peccaram.

20 A madre se esquecerá d’elle, os bichos o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança [9] d’elle: e a iniquidade se quebrará como arvore.

21 Afflige á esteril que não pare, e á viuva não faz bem:

22 Até aos poderosos arrasta com a sua força: se se levanta, não ha vida segura.

23 Se Deus lhes dá descanço, estribam-se n’isso: seus [10] olhos porém estão nos caminhos d’elles.

24 Por um pouco se alçam, e logo desapparecem: são abatidos, encerrados como todos, e cortados como as cabeças das espigas.

25 Se agora não é assim, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?

[1] Act. 1.7.

[2] Deu. 19.14 e 27.17. Pro. 22.28 e 23.10. Ose. 5.10.

[3] Deu. 24.6, 10, 12, 17. cap. 22.6.

[4] Pro. 28.28.

[5] Exo. 22.26, 27. Deu. 24.12, 13. cap. 22.6.

[6] Lam. 4.5.

[7] Pro. 7.9.

[8] João 3.20.

[9] Pro. 10.7.

[10] Pro. 15.3.

Bildad sustenta que o homem não pode, sem presumção, justificar-se diante de Deus.

25 Então respondeu Bildad o suhita, e disse:

2 Com elle estão dominio e temor; elle faz paz nas suas alturas.

3 Porventura teem numero as suas tropas? e sobre quem não surge a sua [1] luz?

4 Como pois seria justo [2] o homem para com Deus? e como seria puro aquelle que nasce da mulher?

5 Olha, até a lua não resplandece, e as estrellas não são puras aos seus olhos.

6 E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho.

[1] Thi. 1.17.

[2] cap. 4.17, etc. e 15.14, etc.

Job reprehende Bildad e exalta o poder de Deus.

26 Porém Job respondeu e disse:

2 Como ajudaste aquelle que não tinha força? e sustentaste o braço que não tinha vigor?

3 Como aconselhaste aquelle que não tinha sabedoria, e plenamente lhe fizeste saber a causa, assim como era?

4 A quem proferiste palavras? e cujo é o espirito que saiu de ti?

5 Os mortos tremem debaixo das aguas, com os seus moradores d’ellas.

6 O inferno está[1] perante elle, e não ha coberta para a perdição.

7 O norte estende [2] sobre o vazio: a terra pendura sobre o nada.

8 Prende as [3] aguas nas suas nuvens, todavia a nuvem não se rasga debaixo d’ellas.

9 Encobre a face do seu throno, e sobre ella estende a sua nuvem.

10 Assignalou limite [4] sobre a superficie das aguas ao redor d’ellas, até que se acabem a luz e as trevas.

11 As columnas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.

[499]

12 Com a sua força [5] fende o mar, e com o seu entendimento abate a sua soberba.

13 Pelo seu Espirito ornou os céus: a sua mão formou a serpente [6] enroscadiça.

14 Eis que isto são só as bordas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido d’elle! Quem pois entenderia o trovão do seu poder?

[1] Pro. 15.11. Heb. 4.13.

[2] cap. 9.8.

[3] Pro. 30.4.

[4] cap. 38.8. Pro. 8.29. Jer. 5.22.

[5] Isa. 51.15. Jer. 31.35.

[6] Isa. 27.1.

Job sustenta sua integridade e sinceridade.

27 E proseguiu Job em proferir o seu dito, e disse:

2 Vive Deus, [1] que desviou a minha causa, e o Todo-poderoso, que amargurou a minha alma.

3 Que, emquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus nos meus narizes,

4 Não fallarão os meus labios iniquidade, nem a minha lingua pronunciará engano.

5 Longe de mim que eu vos justifique: até que [2] eu expire, nunca apartarei de mim a minha sinceridade.

6 A minha justiça me apegarei [3] e não a largarei: não me remorderá o meu coração em toda a minha vida.

7 Seja como o impio o meu inimigo, e o que se levantar contra mim como o perverso.

8 Porque [4] qual será a esperança do hypocrita, havendo sido avaro, quando Deus lhe arrancar a sua alma?

9 Porventura [5] Deus ouvirá o seu clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?

10 Ou deleitar-se-ha no Todo-poderoso? ou invocará a Deus em todo o tempo?

11 Ensinar-vos-hei [6] ácerca da mão de Deus, e não vos encobrirei o que está com o Todo-poderoso.

12 Eis que todos vós já o vistes: porque pois vos desvaneceis na vossa vaidade?

13 Esta pois é a [7] porção do homem impio para com Deus, e a herança, que os tyrannos receberão do Todo-poderoso.

14 Se [8] os seus filhos se multiplicarem, será para a espada, e os seus renovos se não fartarão de pão.

15 Os que ficarem d’elle na morte serão enterrados, e as suas viuvas não chorarão.

16 Se amontoar prata como pó, e apparelhar vestidos como lodo;

17 Elle os apparelhará, porém [9] o justo os vestirá, e o innocente repartirá a prata.

18 E edificará a sua casa como a traça, e como o guarda que faz a [10] cabana.

19 Rico se deita, e não será recolhido: seus olhos abre, e elle não será.

20 Pavores se [11] apoderam d’elle como aguas: de noite o arrebatará a tempestade.

21 O vento oriental o levará, e ir-se-ha, e o tempestuoso o arrebatará do seu logar.

22 E Deus lançará isto sobre elle, e não lhe poupará; irá fugindo da sua mão.

23 Cada um baterá contra elle as palmas das mãos, e do seu logar o assobiará.

[1] cap. 34.5.

[2] cap. 2.9 e 13.15.

[3] Act. 24.16.

[4] Mat. 16.26. Luc. 12.20.

[5] cap. 35.12. Pro. 1.28 e 28.9. Eze. 8.18. Miq. 3.4. João 9.31. Thi. 4.3.

[6] cap. 22.26, 27.

[7] cap. 20.29.

[8] Deu. 28.41. Ose. 9.13.

[9] Pro. 28.8. Ecc. 2.26.

[10] Isa. 1.8. Lam. 2.6.

[11] cap. 18.11.

O homem tem sciencia das coisas da terra, mas a sabedoria é dom de Deus.

28 Na verdade, ha veia d’onde se tira a prata, e para o oiro logar em que o derretem.

2 O ferro se toma do pó, e da pedra se funde o metal.

3 Elle poz fim ás trevas, e toda a extremidade elle esquadrinha, a pedra da escuridão e da sombra da morte.

4 Trasborda o ribeiro junto ao que habita ali, de maneira que se não possa passar a pé: então se esgota do homem, e as aguas se vão.

5 Da terra procede o pão, e debaixo d’ella se converte como em fogo.

6 As suas pedras são o logar da saphira, e tem pósinhos d’oiro.

7 Vereda que ignora a ave de rapina, e que não viu os olhos da gralha.

8 Nunca a pisaram filhos d’animaes altivos, nem o feroz leão passou por ella.

9 Estendeu a sua mão contra o rochedo, e transtorna os montes desd’as suas raizes.

10 Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho viu tudo o que ha precioso.

11 Os rios tapa, e nem uma gotta sae d’elles, e tira á luz o que estava escondido.

12 Porém d’onde se achará [1] a sabedoria? e onde está o logar da intelligencia?

13 O homem não sabe [2] a sua valia, e não se acha na terra dos viventes.

14 O abysmo diz: [3] Não está em mim: e o mar diz: Ella não está comigo.

[500]

15 Não se [4] dará por ella oiro fino, nem se pesará prata em cambio d’ella.

16 Nem se pode comprar por oiro fino d’Ophir, nem pelo precioso onyx, nem pela saphira.

17 Com ella se não póde comparar o oiro nem o crystal; nem se dá em troca d’ella joia d’oiro fino.

18 Não se fará menção de coral nem de perolas; porque o desejo da sabedoria é melhor que o dos rubins.

19 Não se lhe igualará o topazio de Cus, nem se póde comprar por oiro puro.

20 D’onde pois [5] vem a sabedoria? e onde está o logar da intelligencia?

21 Porque está encoberta aos olhos de todo o vivente, e occulta ás aves do céu.

22 A perdição [6] e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.

23 Deus entende o seu caminho, e elle sabe o seu logar.

24 Porque elle vê as extremidades da terra; e vê tudo [7] o que ha debaixo dos céus:

25 Dando peso ao vento, e tomando a medida das aguas.

26 Prescrevendo [8] lei para a chuva e caminho para o relampago dos trovões.

27 Então a viu e relatou, a preparou, e tambem a esquadrinhou.

28 Porém disse ao homem: Eis que o temor [9] do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal, a intelligencia.

[1] ver. 20. Ecc. 7.24.

[2] Pro. 3.35.

[3] ver. 22. Rom. 11.32, 34.

[4] Pro. 3.13, 14, 15 e 8.10, 11, 19 e 16.16.

[5] ver. 12.

[6] ver. 14.

[7] Pro. 15.3.

[8] cap. 38.25.

[9] Deu. 4.6. Pro. 1.7 e 9.10. Ecc. 12.13.

Lamentação de Job lembrando-se do seu primeiro estado.

29 E proseguiu Job em proferir o seu dito, e disse:

2 Ah! quem me dera ser como eu fui nos mezes [1] passados! como nos dias em que Deus me guardava!

3 Quando [2] fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça e quando eu pela sua luz caminhava pelas trevas:

4 Como era nos dias da minha mocidade, quando [NC] o segredo de Deus estava sobre a minha tenda:

5 Quando o Todo-poderoso ainda estava comigo, e os meus meninos em redor de mim.

6 Quando [3] lavava os meus passos na manteiga, e da rocha me corriam ribeiros de azeite:

7 Quando sahia a porta pela cidade, e na praça fazia preparar a minha cadeira:

8 Os moços me viam, e se escondiam, e até os edosos se levantavam e se punham em pé:

9 Os principes continham as suas palavras, e punham a [4] mão sobre a sua bocca:

10 A voz dos chefes se escondia: e a sua lingua se pegava ao seu paladar:

11 Ouvindo-me algum ouvido, me tinha por bemaventurado: vendo-me algum olho, dava testemunho de mim;

12 Porque eu [5] livrava o miseravel, que clamava: como tambem o orfão que não tinha quem o soccoresse.

13 A benção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que jubilasse o coração da viuva.

14 Vestia-me da [6] justiça: e ella me servia de vestido: como manto e diadema era o meu juizo.

15 Eu fui o olho do cego, como tambem os pés do coxo:

16 Aos necessitados era pae, e as causas [7] de que eu não tinha conhecimento inquiria com diligencia;

17 E quebrava os queixaes do perverso, e dos seus dentes tirava a preza.

18 E dizia: No meu ninho expirarei, e multiplicarei os meus dias como a areia.

19 A minha [8] raiz se estendia junto ás aguas, e o orvalho fazia assento sobre os meus ramos;

20 A minha honra se renovava em mim, [9] e o meu arco se reforçava na minha mão.

21 Ouvindo-me esperavam, e em silencio attendiam ao meu conselho.

22 Acabada a minha palavra, não replicavam, e minhas razões distillavam sobre elles;

23 Porque me esperavam, como a chuva; e abriam a sua bocca, como a chuva [10] tardia.

24 Se me ria para elles, não o criam, e não faziam abater a luz do meu rosto;

25 Eu escolhia o seu caminho, assentava-me como chefe, e habitava como rei entre as tropas: como aquelle que consola os que pranteiam.

[1] cap. 7.3.

[2] cap. 18.6.

[3] Gen. 49.11. Deu. 32.13 e 33.24. cap. 20.17.

[4] cap. 21.5.

[5] Pro. 21.13 e 34.11.

[6] Isa. 59.17 e 61.10. Eph. 6.14, etc. Num. 10.31.

[7] Pro. 29.7.

[8] cap. 18.16. Jer. 17.8.

[9] Gen. 49.24.

[10] Zac. 10.1.

Job descreve o estado miseravel em que caiu.

30 Porém agora se riem de mim os de menos edade do que eu, cujos paes eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.

2 De que tambem me serviria a força[501] das suas mãos? já de velhice se tinham esgotado n’elles.

3 De mingua e fome andavam sós, e recolhiam-se para os logares seccos, tenebrosos, assolados e desertos.

4 Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram as raizes dos zimbros.

5 Do meio dos homens foram expulsos, e gritavam contra elles, como contra o ladrão:

6 Para habitarem nos barrancos dos valles, e nas cavernas da terra e das rochas.

7 Bramavam entre os arbustos, e ajuntavam-se debaixo das ortigas.

8 Eram filhos de doidos, e filhos de gente sem nome, e da terra foram expulsos.

9 Porém [1] agora sou a sua canção, e lhes sirvo de rifão.

10 Abominam-me, e fogem para longe de mim, [2] e do meu rosto não reteem o seu escarro.

11 Porque Deus [3] desatou o meu cordão, e me opprimiu, pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto.

12 Á direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam contra [4] mim os seus caminhos de destruição.

13 Desbarataram-me o meu caminho: promovem a minha miseria: não teem ajudador.

14 Veem contra mim como por uma grande brecha, e revolvem-se entre a assolação.

15 Sobrevieram-me pavores; como vento perseguem a minha [ND] honra, e como nuvem passou a minha felicidade.

16 E agora derrama-se em mim a minha alma: os dias da afflicção se apoderaram de mim.

17 De noite se me traspassam os meus ossos, e os pulsos das minhas veias não descançam.

18 Pela grandeza da força das dôres se demudou o meu vestido, e elle como o cabeção da minha tunica me cinge.

19 Lançou-me na lama, e fiquei similhante ao pó e á cinza.

20 Clamo a ti, porém tu não me respondes: estou em pé, porém para mim não attentas.

21 Tornaste-te a ser cruel contra mim: com a força da tua mão resistes violentamente.

22 Levantas-me sobre o vento, fazes-me cavalgar sobre elle, e derretes-me o ser.

23 Porque eu sei que me levarás á morte e á casa do ajuntamento determinado [5] a todos os viventes.

24 Porém não estenderá a mão para o montão de terra, se houve clamor n’elles contra mim na sua desventura.

25 Porventura, não chorei sobre aquelle que estava afflicto? ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?

26 Todavia aguardando [6] eu o bem, então me veiu o mal, e esperando eu a luz, veiu a escuridão.

27 As minhas entranhas ferveram e não estão quietas: os dias da afflicção me surprehenderam.

28 Denegrido ando, porém não do sol, e, levantando-me na congregação, clamo por soccorro.

29 Irmão [7] me fiz dos [NE] dragões, e companheiro dos abestruzes.

30 Ennegreceu-se a minha pelle [8] sobre mim, e os meus ossos estão queimados do calor.

31 Pelo que se trocou a minha harmonia em lamentação, e o meu orgão em voz dos que choram.

[1] cap. 17.6. Lam. 3.14, 63.

[2] Pro. 3.15.

[3] ver. 22. Rom. 11.33, 34.

[4] Pro. 3.13, 14, 15 e 8.10, 11, 19 e 16.1.

[5] Heb. 9.27.

[6] Jer. 8.15.

[7] Miq. 1.8.

[8] Lam. 4.8 e 5.10.

Job declara sua integridade nos seus deveres.

31 Fiz concerto com os meus olhos: [1] como pois attentaria n’uma virgem?

2 Porque qual seria a parte [2] de Deus de cima? ou a herança do Todo-poderoso para mim desde as alturas?

3 Porventura não é a perdição para o perverso, o desastre para os que obram iniquidade?

4 Ou não vê [3] elle os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?

5 Se andei com vaidade, e se o meu pé se apressou para o engano

6 (Pese-me em balanças fieis, e saberá Deus a minha sinceridade),

7 Se os meus passos se desviavam do caminho, e se o meu coração [4] segue os meus olhos, e se ás minhas mãos se apegou coisa alguma,

8 Então semeie eu [5] e outro coma, e seja a minha descendencia arrancada até á raiz.

9 Se o meu coração se deixou seduzir por uma mulher, ou se eu armei traições á porta do meu proximo,

10 Então môa minha mulher para[502] [6] outro, e outros se encurvem sobre ella.

11 Porque é uma infamia, [7] e é delicto pertencente aos juizes.

12 Porque fogo é que consomem até á perdição, e desarreigaria toda a minha renda.

13 Se desprezei o direito do meu servo ou da minha serva, quando elles contendiam comigo,

14 Então que faria eu quando Deus se levantasse? e, inquirindo a causa, que lhe responderia?

15 Aquelle [8] que me fez no ventre não o fez tambem a elle? ou não nos formou do mesmo modo na madre?

16 Se retive o que os pobres desejavam, ou fiz desfallecer os olhos da viuva,

17 Ou só comi o meu bocado, e o orphão não comeu d’elle.

18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com seu pae, e o guiei desde o ventre de minha mãe),

19 Se a alguem vi perecer por falta de vestido, e ao necessitado por não ter coberta,

20 Se os seus lombos me não [9] abençoaram, se elle não se aquentava com as pelles dos meus cordeiros,

21 Se eu levantei a minha mão contra [10] o orphão, porquanto na porta via a minha ajuda,

22 Então caia do hombro a minha espadoa, e quebre-se o meu braço do osso.

23 Porque o castigo de Deus era para mim um [11] assombro, e eu não podia supportar a sua alteza.

24 Se [12] no oiro puz a minha esperança, ou disse ao oiro fino: Tu és a minha confiança;

25 Se [13] me alegrei de que era muita a minha fazenda, e de que a minha mão tinha alcançado muito;

26 Se olhei [14] para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa,

27 E o meu coração se deixou enganar em occulto, e a minha bocca beijou a minha mão,

28 Tambem isto seria [15] delicto pertencente ao juiz: pois assim negaria a Deus que está em cima.

29 Se me alegrei [16] da desgraça do que me tem odio, e se eu exultei quando mal o achou.

30 (Tambem não deixei [17] peccar o meu paladar, desejando a sua morte com maldição),

31 Se a gente da minha tenda não disse: Ah, quem nos désse da sua carne! nunca nos fartariamos d’ella:

32 O estrangeiro [18] não passava a noite na rua; as minhas portas abria ao viandante.

33 Se, como Adão, encobri as minhas [19] transgressões, occultando o meu delicto no meu seio;

34 Porque eu temia [20] a grande multidão, e o desprezo das familias me apavoraria, e eu me calaria, e não sairia da porta.

35 Ah quem me dera um que me ouvisse! eis que o meu intento é que o Todo-poderoso [21] me responda, e que o meu adversario escreva um livro.

36 Por certo que o levaria sobre o meu hombro, sobre mim o ataria por corôa.

37 O numero dos meus passos lhe mostraria: como [22] principe me chegaria a elle.

38 Se a minha terra clamar contra mim, e se os seus regos juntamente chorarem,

39 Se comi a sua novidade sem dinheiro, e suffoquei a alma dos seus donos,

40 Por trigo me produza cardos, [23] e por cevada joio. Acabaram-se as palavras de Job.

[1] Mat. 5.28.

[2] cap. 20.29 e 27.13.

[3] II Chr. 16.9. cap. 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 32.19.

[4] Num. 15.39. Ecc. 11.9. Eze. 6.9. Mat. 5.29.

[5] Lev. 26.16. Deu. 28.30, 38, etc.

[6] II Sam. 12.11. Jer. 8.10.

[7] Gen. 38.24. Lev. 20.10. Deu. 22.22. ver. 28.

[8] cap. 34.19. Pro. 14.31 e 22.2. Mal. 3.10.

[9] Deu. 24.13.

[10] cap. 22.9.

[11] Isa. 13.7. Joel 1.15.

[12] Mar. 10.24. I Tim. 6.17.

[13] Pro. 11.28.

[14] Deu. 4.19 e 11.16 e 17.3. Eze. 8.16.

[15] ver. 11.

[16] Pro. 17.5.

[17] Mat. 5.44. Rom. 12.14.

[18] Gen. 19.2, 3.

[19] Gen. 3.8, 12. Pro. 28.13.

[20] Exo. 23.2.

[21] cap. 13.22.

[22] Thi. 5.4. I Reis 21.19.

[23] Gen. 3.18.

Elihu reprehende Job e os seus tres amigos.

32 Então aquelles tres homens cessaram de responder a Job; porque era [1] justo aos seus proprios olhos.

2 E accendeu-se a ira d’Elihu, filho de Baracheel [2] o buzita, da familia de Ram: contra Job se accendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus.

3 Tambem a sua ira se accendeu contra os seus tres amigos: porque, não achando que responder, todavia condemnavam a Job.

4 Elihu porém esperou que Job fallasse; porquanto tinham mais edade do que elle.

5 Vendo pois Elihu que não havia resposta na bocca d’aquelles tres homens, a sua ira se accendeu.

6 E respondeu Elihu, filho de Baracheel o buzita, e disse: Eu sou de menos [3] edade, e vós sois edosos; receei-me[503] e temi de vos declarar a minha opinião.

7 Dizia eu: Fallem os dias, e a multidão doa annos ensine a sabedoria.

8 Na verdade, ha um espirito no homem, [4] e a inspiração do Todo-poderoso os faz entendidos.

9 Os grandes não são [5] os sabios, nem os velhos entendem juizo.

10 Pelo que digo: Dae-me ouvidos, e tambem eu declararei a minha opinião.

11 Eis que aguardei as vossas palavras, e dei ouvidos ás vossas considerações, até que buscasseis razões.

12 Attentando pois para vós, eis que nenhum de vós ha que possa convencer a Job, nem que responda ás suas razões:

13 Para que não digaes: [6] Achamos a sabedoria; Deus o derribou, e não homem algum.

14 Ora elle não dirigiu contra mim palavra alguma, nem lhe responderei com as vossas palavras.

15 Estão pasmados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.

16 Esperei pois, porém não fallam: porque já pararam, e não respondem mais.

17 Tambem eu responderei pela minha parte: tambem eu declararei a minha opinião.

18 Porque estou cheio de palavras, e aperta-me o espirito do meu ventre.

19 Eis que o meu ventre é como o mosto, sem respiradouro, e virá a arrebentar, como odres novos.

20 Fallarei, e respirarei: abrirei os meus labios, e responderei.

21 Oxalá eu não faça accepção [7] de pessoas, nem use de sobrenomes com o homem!

22 Porque não sei usar de sobrenomes: em breve me levaria o meu Creador.

[1] cap. 33.9.

[2] Gen. 22.21.

[3] II Chr. 16.9. cap. 34.21. Pro. 5.21 e 15.3. Jer. 32.19.

[4] Mat. 11.25. Thi. 1.5.

[5] I Cor. 1.26.

[6] Jer. 9.23. I Cor. 1.29.

[7] Lev. 19.15. Deu. 1.17 e 16.19. Pro. 24.23. Mat. 22.16.

Elihu accusa Job de se oppôra Deus e de entender mal os seus caminhos.

33 Assim, na verdade, ó Job, ouve as minhas razões, e dá ouvidos a todas as minhas palavras.

2 Eis que já abri a minha bocca: fallou a minha lingua debaixo do meu paladar.

3 As minhas razões sairão da sinceridade do meu coração, e a pura sciencia dos meus labios.

4 O Espirito [1] de Deus me fez: e a inspiração do Todo-poderoso me deu vida.

5 Se podes responde-me, põe por ordem diante de mim a tua causa, e levanta-te.

6 Eis que sou de Deus, como tu: do lodo tambem eu fui cortado.

7 Eis que não te perturbará o meu terror, nem será pesada sobre ti a minha mão.

8 Na verdade que disseste aos meus ouvidos; e eu ouvi a voz das palavras, dizendo:

9 Limpo [2] estou, sem transgressão: puro sou; e não tenho culpa.

10 Eis que acha contra mim achaques, e me considerou [3] como seu inimigo.

11 Põe [4] no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.

12 Eis que n’isto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do que o homem.

13 Por que razão [5] contendeste com elle? porque não responde ácerca de todos os seus feitos.

14 Antes Deus [6] falla uma e duas vezes; porém ninguem attenta para isso.

15 Em sonho [7] ou em visão de noite, quando cae somno profundo sobre os homens, e adormecem na cama,

16 Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sella a sua instrucção.

17 Para apartar o homem d’aquillo que faz, e esconder do homem a soberba.

18 Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.

19 Tambem na sua cama é com dôres castigado; como tambem a multidão de seus ossos com fortes dôres.

20 De modo que a sua vida abomina até o pão, e a sua alma a comida appetecivel.

21 Desapparece a sua carne á vista d’olhos, e os seus ossos, que se não viam, agora apparecem:

22 E a sua alma se vae chegando á cova, e a sua vida ao que traz morte.

23 Se com elle pois houver um [NF] mensageiro, um interprete, um entre milhares, para declarar ao homem a sua rectidão,

24 Então terá misericordia d’elle, e lhe dirá: Livra-o, que não desça á cova; achei resgate.

25 Sua carne se reverdecerá mais do que era na mocidade, e tornará aos dias da sua juventude.

26 Devéras orará a Deus, o qual se agradará d’elle, e verá a sua face com jubilo, e restituirá ao homem a sua justiça.

[504]

27 Olhará para os homens, e dirá: Pequei, [8] e perverti o direito, o que de nada me aproveitou.

28 Porém Deus livrou [9] a minha alma de que não passasse a cova; assim que a minha vida vê a luz.

29 Eis que tudo isto obra Deus, duas e tres vezes para com o homem;

30 Para desviar [10] a sua alma da perdição, e o alumiar com a luz dos viventes.

31 Escuta pois, ó Job, ouve-me: cala-te, e eu fallarei.

32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me: falla, porque desejo justificar-te.

33 Se não, escuta-me tu: cala-te, e ensinar-te-hei a sabedoria.

[1] Gen. 2.7.

[2] cap. 9.17.

[3] cap. 13.24 e 16.9 e 19.11.

[4] cap. 13.27 e 14.16 e 31.4.

[5] Isa. 45.9.

[6] cap. 38.35.

[7] Num. 12.6. cap. 4.13.

[8] II Sam. 12.13. Pro. 28.13. Luc. 15.21. I João 1.9.

[9] Isa. 38.17.

[10] ver. 28. Psa. 56.13.

Elihu accusa Job de fallar injustamente de Deus.

34 Respondeu mais Elihu, e disse:

2 Ouvi, vós, sabios, as minhas razões: e vós, entendidos, inclinae, os ouvidos para mim.

3 Porque [1] o ouvido prova as palavras, como o paladar gosta a comida.

4 O que é direito escolhamos para nós: e conheçamos entre nós o que é bom.

5 Porque Job disse: [2] Sou justo; e Deus [3] tirou o meu direito.

6 No meu direito me é forçoso mentir: [4] dolorosa é a minha frecháda sem transgressão.

7 Que homem ha como Job, que bebe a zombaria como agua?

8 E caminha em companhia com os que obram a iniquidade, e anda com homens impios?

9 Porque disse: [5] De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.

10 Pelo que vós, homens d’entendimento, escutae-me: Deus esteja [6] longe da impiedade, e o Todo-poderoso da perversidade!

11 Porque, segundo [7] a obra do homem, elle lh’o paga; e segundo o caminho de cada um lh’o faz achar.

12 Tambem, na verdade, Deus não obra impiamente; nem o Todo-poderoso perverte o juizo.

13 Quem lhe pedia conta do governo da terra? e quem dispoz a todo o mundo?

14 Se pozesse o seu coração contra elle, recolheria para si o seu espirito e o seu folego.

15 Toda [8] a carne juntamente expiraria, e o homem se voltaria para o pó.

16 Se pois ha em ti entendimento, ouve isto; inclina os ouvidos á voz do meu discurso.

17 Porventura o que aborrece o direito ataria as feridas? [9] e tu condemnarias aquelle que é justo?

18 Ou dir-se-ha a um rei, [10] Oh! Belial? aos principes, Oh! impios?

19 Quanto menos áquelle, que não faz accepção das pessoas de [11] principes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque [12] todos são obras de suas mãos.

20 Elles n’um momento morrem; e até á meia [13] noite os povos são perturbados, e passam, e o poderoso será tomado sem mão.

21 Porque [14] os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e elle vê todos os seus passos.

22 Não ha trevas [15] nem sombra de morte, onde se escondam os que obram a iniquidade.

23 Porque não se faz tanto caso do homem que contra Deus possa entrar em juizo.

24 Quebranta [16] aos fortes, sem que se possa inquirir, e põe outros em seu logar.

25 Elle conhece pois as suas obras, de noite os transtorna, e ficam moidos.

26 Elle os bate como impios que são, no logar dos expectadores:

27 Porquanto se [17] desviaram d’atraz d’elle, e não comprehenderam nenhum de seus caminhos.

28 Para fazer que o clamor do pobre subisse até elle, e que ouvisse o clamor dos afflictos.

29 Se elle aquietar, quem então inquietará? se encobrir o rosto, quem então o poderá contemplar, seja para com um povo, seja para com um homem ?

30 Para que o homem hypocrita nunca mais reine, e não haja laços [18] do povo.

31 Na verdade, quem a Deus disse: [19] Supportei castigo, não perecerei.

[505]

32 O que não vejo, ensina-m’o tu: se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer.

33 Virá de ti como o recompensará, pois tu o desprezas? farias tu pois, e não eu, a escolha: que é logo o que sabes? falla.

34 Os homens de entendimento dirão comigo, e o varão sabio me ouvirá.

35 Job [20] fallou sem sciencia; e ás suas palavras falta prudencia.

36 Pae meu! provado seja Job até ao fim, para as suas respostas entre os homens malignos.

37 Porque ao seu peccado accrescenta a transgressão; entre nós bateria as palmas das mãos, e multiplicaria contra Deus as suas razões.

[1] cap. 6.30 e 12.11.

[2] cap. 33.9.

[3] cap. 27.2.

[4] cap. 9.17.

[5] cap. 9.23 e 23.30 e 35.3. Mal. 3.14.

[6] Gen. 18.25. Deu. 32.4. Rom. 9.14.

[7] Pro. 24.12. Jer. 32.19. Eze. 33.20. Mat. 16.27. Rom. 2.6. II Cor. 5.10. I Ped. 1.17. Apo. 22.12.

[8] Gen. 3.19. Ecc. 12.7.

[9] Gen. 18.25.

[10] Exo. 22.28.

[11] Deu. 10.17. II Chr. 19.7. Act. 10.34. Rom. 2.11. Col. 3.25. I Ped. 1.17.

[12] cap. 31.15.

[13] Exo. 12.29, 30.

[14] II Chr. 16.9. cap. 31.4. Jer. 16.17 e 32.19.

[15] Psa. 140.12. Amós 9.2, 3. Heb. 4.18.

[16] Dan. 2.21.

[17] I Sam. 15.11. Isa. 5.12.

[18] I Reis 12.28, 30. II Reis 21.9.

[19] Dan. 9.7, 14.

[20] cap. 35.16.

O bem e o mal não podem affectar a Deus, mas algumas vezes, por falta de fé dos afflictos não os ouve.

35 Respondeu mais Elihu e disse:

2 Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?

3 Porque disseste: [1] De que te serviria elle? ou de que mais me aproveitarei do que do meu peccado?

4 Eu te farei resposta, a ti e aos teus amigos comtigo.

5 Attenta [2] para os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu.

6 Se peccares, que effectuarás [3] contra elle? se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás.

7 Se fôres justo, que lhe darás? [4] ou que receberá da tua mão?

8 A tua impiedade damnaria outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.

9 Por causa da grandeza da oppressão fazem clamar [5] aos opprimidos: exclamam por causa do braço dos grandes.

10 Porém ninguem diz: [6] Onde está Deus que me fez, que dá psalmos na noite.

11 Que nos faz mais doutos do que os animaes da terra, e nos faz mais sabios do que as aves dos céus.

12 Ali clamam, [7] porém elle não responde, por causa da arrogancia dos maus.

13 Certo é que Deus não ouvirá a vaidade, nem attentará para ella o Todo-poderoso.

14 E [8] quanto ao que disseste, que o não verás: juizo ha perante elle; por isso espera n’elle.

15 Mas agora, ainda que a ninguem a sua ira visitasse, nem advertisse muito na multidão dos peccadores:

16 Logo Job em vão abriu a sua bocca, e sem sciencia multiplicou palavras.

[1] cap. 34.9.

[2] cap. 22.12.

[3] Pro. 8.36. Jer. 7.19.

[4] cap. 22.2, 3. Pro. 9.12. Rom. 11.35.

[5] Exo. 2.23. cap. 34.28.

[6] Isa. 51.13.

[7] Pro. 1.28. Jer. 11.11.

[8] cap. 9.11.

Elihu justifica a Deus e diz a Job que o seu peccado estorva a benção d’Aquelle.

36 Proseguiu ainda Elihu, e disse:

2 Espera-me um pouco, e mostrar-te-hei que ainda ha razões a favor de Deus.

3 Desde longe repetirei a minha opinião; e ao meu Creador attribuirei a justiça.

4 Porque na verdade, as minhas palavras não serão falsas: comtigo está um que é sincero na sua opinião.

5 Eis que Deus é mui grande, comtudo [1] a ninguem despreza: grande é em força de coração.

6 Não deixa viver ao impio, e faz justiça aos afflictos.

7 Do justo não tira os seus olhos; antes estão com os reis no throno; ali os assenta para sempre, e assim são exaltados.

8 E, se estando presos em grilhões, os detem amarrados com cordas de afflicção,

9 Então lhes faz saber a obra d’elles, e as suas transgressões; porquanto prevaleceram n’ellas.

10 E revela-lh’o aos [2] seus ouvidos, para seu ensino; e diz-lhes que se convertam da maldade.

11 Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias [3] em bem, e os seus annos em delicias.

12 Porém se o não ouvirem, á espada os passarão, e expirarão sem conhecimento.

13 E os hypocritas de coração amontoam para [4] si a ira; e amarrando-os elle, não clamam por soccorro.

14 A sua alma morre [5] na mocidade, e a sua vida entre os sodomitas.

15 Ao afflicto livra, da sua afflicção, e na oppressão o revelará aos seus ouvidos.

16 Assim tambem te desviará da bocca da angustia para um logar espaçoso, em que não haja aperto, e as iguarias da tua mesa serão cheias de gordura.

[506]

17 E estarás satisfeito com o juizo do impio: o juizo e a justiça te sustentarão.

18 Porquanto ha furor, guarda-te de que porventura te não tire de pancada, pois por grande preço te não poderiam retirar d’ali.

19 Estimaria [6] elle tanto tuas riquezas, ou alguns esforços da força, que por isso não estivesses em aperto?

20 Não suspires pela noite, em que os povos sejam tomados do seu logar.

21 Guarda-te, e não declines para a iniquidade: [7] porquanto n’isto a escolheste, por causa da tua miseria.

22 Eis que Deus exalta com a sua força; [8] quem ensina como elle?

23 Quem [9] lhe pedirá conta do seu caminho? ou, quem lhe disse: Tu commetteste maldade?

24 Lembra-te de que engrandeças a sua obra [10] que os homens contemplam.

25 Todos os homens a veem, e o homem a enxerga de longe.

26 Eis que [11] Deus é grande, e nós o não comprehendemos, e o numero dos seus annos se não pode esquadrinhar.

27 Porque faz miudas as gottas das aguas que derramam a chuva do seu vapor.

28 A qual as nuvens distillam [12] e gotejam sobre o homem abundantemente.

29 Porventura tambem se poderão entender as extensões das nuvens, e os estalos [13] da sua tenda?

30 Eis que estende sobre ellas a sua luz, e encobre os altos do mar.

31 Porque por [14] estas coisas julga os povos e lhes dá mantimento em abundancia.

32 Com as mãos encobre a luz, e faz-lhe prohibição pela que passa por entre ellas.

33 O que dá a entender o seu pensamento, como tambem aos gados, [15] ácerca do temporal que sobe.

[1] cap. 9.4 e 12.13, 16 e 37.23.

[2] cap. 33.16, 23.

[3] cap. 21.13.

[4] Rom. 2.5.

[5] cap. 15.33 e 22.16.

[6] Pro. 11.4.

[7] Heb. 11.25.

[8] Isa. 40.13, 14. Rom. 11.34.

[9] cap. 34.10.

[10] Apo. 15.3.

[11] I Cor. 13.12. Heb. 1.12.

[12] Pro. 3.20.

[13] cap. 37.3.

[14] cap. 27.13. Act. 14.17.

[15] I Reis 18.45.

O homem, por conhecer as obras de Deus e a sua sabedoria, deve temel-o.

37 Sobre isto tambem treme o meu coração, e salta do seu logar.

2 Attentamente ouvi o movimento da sua voz, e o sonido que sae da sua bocca.

3 Elle o envia por debaixo de todos os céus, e a sua luz até aos confins da terra.

4 Depois d’isto brama com grande voz, troveja com a sua alta voz; e, ouvida a sua voz, não tarda com estas coisas.

5 Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente: faz grandes [1] coisas, e nós as não comprehendemos.

6 Porque á neve diz: Está sobre a terra: como tambem ao aguaceiro e á sua forte chuva.

7 Elle sella as mãos de todo o homem, para que conheça todos os homens de sua obra.

8 E as bestas entram nos seus esconderijos e ficam nas suas cavernas.

9 Da recamara sae o pé de vento, e dos ventos dispersivos o frio.

10 Pelo [2] assopro de Deus se dá a geada, e as largas aguas se endurecem.

11 Tambem com a humidade carrega as grossas nuvens, e esparge a nuvem [NG] da sua luz.

12 Então ellas, segundo o seu prudente conselho, se tornam pelas espheras, para que façam tudo quanto lhes ordena sobre a superficie do mundo habitavel,

13 Seja que por vara, ou para a sua terra, [3] ou por beneficencia [4] as faça vir.

14 A isto, ó Job, inclina os teus ouvidos: põe-te em pé, e considera as maravilhas de Deus.

15 Porventura sabes tu quando Deus considera n’ellas, e faz resplandecer a lua da sua nuvem?

16 Tens [5] tu noticia do equilibrio das grossas nuvens e das maravilhas de aquelle que é perfeito nos conhecimentos,

17 Ou de como os teus vestidos aquecem, quando do sul ha calma sobre a terra?

18 Ou estendeste com [6] elle os céus, que estão firmes como espelho fundido?

19 Ensina-nos o que lhe diremos; porque nós nada poderemos pôr em boa ordem, por causa das trevas.

20 Ou ser-lhe-hia contado, quando eu assim fallasse? dir-lhe-ha alguem isso? pois será devorado.

21 E agora se não pode olhar para o sol, quando resplandece nos céus; passando e purificando-os o vento.

22 O esplendor de oiro vem do norte: pois em Deus ha uma tremenda magestade.

23 Ao Todo-poderoso não [7] podemos alcançar; grande é em potencia; porém[507] a ninguem opprime em juizo e grandeza de justiça.

24 Por isso o temem os [8] homens: elle não respeita aos sabios de coração.

[1] cap. 5.9 e 9.10 e 36.26. Apo. 15.3.

[2] cap. 38.29, 30.

[3] Exo. 9.18, 23. I Sam. 12.18, 19. Esd. 10.9. cap. 36.31.

[4] cap. 38.26, 27. II Sam. 21.10. I Reis 18.45.

[5] cap. 36.4, 29.

[6] Gen. 1.6. Isa. 44.24.

[7] Thi. 5.10. cap. 34.5.

[8] Mat. 10.28 e 11.25. I Cor. 1.26.

Deus responde a Job e mostra-lhe sua grandeza e sabedoria.

38 Depois d’isto o Senhor respondeu a Job [1] d’um redemoinho, e disse:

2 Quem é este [2] que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?

3 Agora cinge [3] os teus lombos, como homem; e perguntar-te-hei, e tu me ensina.

4 Onde [4] estavas tu, quando eu fundava a terra? faze-m’o saber, se tens intelligencia.

5 Quem lhe poz as medidas? se tu o sabes; ou quem estendeu sobre ella o cordel?

6 Sobre que estão fundadas as suas bases? ou quem assentou a sua pedra da esquina,

7 Quando as estrellas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos [5] de Deus jubilavam?

8 Ou quem [6] encerrou o mar com portas, quando trasbordou e saiu da madre;

9 Quando eu puz as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por envolvedouro?

10 Quando passei [7] sobre elle o meu decreto, e lhe puz portas e ferrolhos;

11 E disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se quebrarão as tuas ondas empolladas?

12 Ou desde os teus dias déste ordem á madrugada? ou mostraste á alva o seu logar;

13 Para que pegasse dos fins da terra, [8] e os impios fossem sacudidos d’ella;

14 E se transformasse como o barro, sob o sello, e se pozessem como vestidos;

15 E dos impios se desvie a sua luz, e [9] o braço altivo se quebrante;

16 Ou entraste tu até ás origens do mar? ou passeaste no mais profundo do abysmo?

17 Ou descobriram-se-te as portas da morte? ou viste as portas da sombra da morte?

18 Ou com o teu entendimento chegaste ás larguras da terra? faze-m’o saber, se sabes tudo isto.

19 Onde está o caminho para onde mora a luz? e, quanto ás trevas, onde está o seu logar;

20 Para que as tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas da sua casa?

21 Acaso tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o numero dos teus dias?

22 Ou entraste tu até aos thesouros da neve? e viste os thesouros da saraiva,

23 Que eu retenho [10] até do tempo da angustia, até ao dia da peleja e da guerra?

24 Onde está o caminho em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?

25 Quem [11] abriu para a inundação um leito, e um caminho para os relampagos dos trovões;

26 Para chover sobre a terra, onde não ha ninguem, e no deserto, em que não ha gente;

27 Para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer os renovos da herva?

28 A chuva [12] porventura tem pae? ou quem géra as gottas do orvalho,

29 De cujo ventre procede o gelo? e quem gera a geada do céu?

30 Como debaixo de pedra as aguas se escondem: e a superficie do abysmo se coalha.

31 Ou poderás tu ajuntar as delicias das sete [13] estrellas, ou soltar os atilhos do Orion?

32 Ou produzir as constellações a seu tempo? e guiar a Ursa com seus filhos?

33 Sabes tu [14] as ordenanças dos céus? ou podes dispor do dominio d’elles sobre a terra?

34 Ou podes levantar a tua voz até ás nuvens, para que a abundancia das aguas te cubra?

35 Ou enviarás aos raios para que saiam, e te digam: Eis-nos aqui?

36 Quem [15] poz a sabedoria nas entranhas? ou quem deu ao sentido o entendimento?

37 Quem numerará as nuvens pela sabedoria? ou os odres dos céus, quem os abaixará,

38 Quando se funde o pó n’uma massa, e se apegam os torrões uns aos outros?

39 Porventura caçarás tu preza para a leôa? ou fartaras a fome dos filhos dos leões,

40 Quando se agacham nos covis, e estão á espreita nas covas?

41 Quem [16] prepara aos corvos o seu[508] alimento, quando os seus pintainhos gritam a Deus e andam vagueando, por não terem de comer?

[1] Exo. 19.16, 18. I Reis 19.11. Eze. 1.4. Nah. 1.3.

[2] cap. 34.35 e 42.3. I Tim. 1.7.

[3] cap. 40.7.

[4] Pro. 8.29 e 30.4.

[5] cap. 1.6.

[6] Gen. 1.9. Pro. 8.29. Jer. 5.22.

[7] cap. 26.10.

[8] Psa. 104.35.

[9] cap. 18.5.

[10] Exo. 9.18. Jos. 10.11. Isa. 30.30. Eze. 13.11, 13. Apo. 16.21.

[11] cap. 28.26.

[12] Jer. 14.22.

[13] cap. 9.9. Amós 5.8.

[14] Jer. 31.35.

[15] cap. 32.8. Ecc. 2.26.

[16] Mat. 6.26.

39 Sabes tu o tempo em que as cabras montezes parem? ou consideraste as dôres das cervas?

2 Contarás os mezes que cumprem? ou sabes o tempo do seu parto?

3 Quando se encurvam, produzem seus filhos, e lançam de si as suas dôres.

4 Seus filhos enrijam, crescem [NH] com o trigo: saem, e nunca mais tornam a ellas.

5 Quem despediu livre o jumento montez? e quem soltou as prisões ao jumento bravo?

6 Ao qual dei [1] o ermo por casa, e a terra salgada por suas moradas.

7 Ri-se do arroido da cidade: não ouve os muitos gritos do [NI] exactor.

8 O que descobre nos montes é o seu pasto, e anda buscando tudo que está verde.

9 Ou, querer-te-ha [2] servir o unicornio? ou ficará na tua cavallariça?

10 Ou amarrarás o unicornio com a sua corda no rego? ou estorroará apoz ti os valles?

11 Ou confiarás n’elle, por ser grande a sua força? ou deixarás a seu cargo o teu trabalho?

12 Ou fiarás d’elle que te torne o que semeaste e o recolherá na tua eira?

13 Vem de ti as alegres azas dos [NJ] pavões, que teem pennas de cegonha e d’aguia?

14 A qual deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó.

15 E se esquece de que algum pé os pise, ou os animaes do campo os calquem.

16 Endurece-se para [3] com seus filhos, como se não fossem seus: debalde é seu trabalho, porquanto está sem temor.

17 Porque Deus a privou de sabedoria, [4] e não lhe repartiu entendimento.

18 A seu tempo se levanta ao alto: ri-se do cavallo, e do que vae montado n’elle.

19 Ou darás tu força ao cavallo? ou vestirás o seu pescoço com trovão?

20 Ou espantal-o-has, como ao gafanhoto? terrivel é o fogoso respirar das suas ventas.

21 Escarva a terra, e folga na sua força, e [5] sae ao encontro dos armados.

22 Ri-se do temor, e não se espanta, e não torna atraz por causa da espada.

23 Contra elle rangem a aljava, o ferro flammante da lança e do dardo.

24 Sacudindo-se, e removendo-se, escarva a terra, e não faz caso do som da buzina.

25 Na furia do som das buzinas diz: Eia! e de longe cheira a guerra, e o trovão dos principes, e o alarido.

26 Ou vôa o gavião pela tua intelligencia, e estende as suas azas para o sul?

27 Ou se remonta a aguia ao teu mandado, e põe [6] no alto o seu ninho?

28 Nas penhas mora e habita: no cume das penhas, e nos logares seguros.

29 Desde ali descobre a preza: seus olhos a avistam desde longe.

30 E seus filhos chupam o sangue, e onde ha mortos [7] ahi está.

[1] cap. 24.5. Jer. 2.24. Ose. 8.9.

[2] Num. 23.22. Deu. 33.17.

[3] Lam. 4.3.

[4] cap. 35.11.

[5] Jer. 8.6.

[6] Jer. 49.16. Abd. 5.

[7] Mat. 24.28. Luc. 17.37.

40 Respondeu mais [1] o Senhor a Job e disse:

2 Porventura o contender contra o Todo-poderoso é ensinar? quem quer reprehender a Deus, responda a estas coisas.

3 Então Job respondeu ao Senhor, e disse:

4 Eis que sou vil; que te responderia eu? a minha mão ponho na minha bocca.

5 uma vez tenho fallado, porém mais não responderei: ou ainda duas vezes, porém não proseguirei.

6 Então o Senhor respondeu a Job desde a tempestade, e disse:

7 Ora, pois, cinge [2] os teus lombos como varão; eu te perguntarei a ti, e tu ensina-me.

8 Porventura [3] tambem farás tu vão o meu juizo? ou tu me condemnarás, para te justificares?

9 Ou tens braço como Deus? ou podes trovejar com voz [4] como a sua?

10 Orna-te pois com excellencia e alteza; e veste-te de magestade e de gloria.

11 Derrama os furores [5] da tua ira, e attenta para todo o soberbo, e abate-o.

12 Olha para todo o soberbo, e humilha-o, e atropella os impios no seu logar.

13 Esconde-os juntamente no pó: ata-lhes os rostos em occulto.

14 Então tambem eu a ti confessarei que a tua mão direita te haverá livrado.

15 Vês aqui a Behemoth, que eu fiz comtigo, que come a herva como o boi.

16 Eis que a sua força está nos seus[509] lombos, e o seu poder [NK] no umbigo do seu ventre.

17 Quando quer, move a sua cauda como cedro: os nervos das suas coxas estão entretecidos.

18 Os seus ossos são como coxas de bronze: a sua ossada é como barras de ferro.

19 Elle é obra prima dos caminhos de Deus: o que o fez lhe apegou a sua espada.

20 Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animaes do campo folgam.

21 Deita-se debaixo das arvores sombrias, no esconderijo das canas e da lama.

22 As arvores sombrias o cobrem, com sua sombra: os salgueiros do ribeiro o cercam.

23 Eis que um rio trasborda, e elle não se apressa, confiando que o Jordão possa entrar na sua bocca.

24 Podel-o-hiam porventura caçar á vista de seus olhos? ou com laços lhe furar os narizes?

[1] cap. 38.1.

[2] cap. 38.3 e 42.4.

[3] Rom. 3.4.

[4] cap. 37.4.

[5] Isa. 2.12. Dan. 4.37.

41 Poderás tirar com anzol [1] o leviathan? ou ligarás a sua lingua com a corda?

2 Podes pôr um junco [2] no seu nariz? ou com um espinho furarás a sua queixada?

3 Porventura multiplicará muitas supplicações para comtigo? ou brandamente fallará?

4 Fará elle concertos comtigo? ou o tomarás tu por escravo para sempre?

5 Brincarás com elle, como com um passarinho? ou o atarás para tuas meninas?

6 Os teus companheiros farão d’elle um banquete? ou o repartirão entre os negociantes?

7 Encherás a sua pelle de ganchos? ou a sua cabeça com arpéos de pescadores?

8 Põe a tua mão sobre elle, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.

9 Eis que a sua esperança falhará: porventura tambem á sua vista será derribado?

10 Ninguem ha tão atrevido, que a despertal-o se atreva: quem pois é aquelle que ousa pôr-se em pé diante de mim?

11 Quem [3] me preveniu, para que eu haja de retribuir-lhe? pois o que está debaixo de todos os céus é meu.

12 Não calarei os meus membros, nem a relação das suas forças, nem a graça da sua formação.

13 Quem descobriria a superficie do seu vestido? quem entrará entre as suas queixadas dobradas?

14 Quem abriria as portas do seu rosto? pois em roda dos seus dentes está o terror.

15 As suas fortes escamas são excellentissimas, cada uma fechada como com sello apertado.

16 Uma á outra se chega tão perto, que nem um assopro passa por entre ellas.

17 Umas ás outras se apegam: tanto se travam entre si, que não se podem separar.

18 Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva.

19 Da sua bocca saem tochas: faiscas de fogo arrebentam d’ella.

20 Dos seus narizes procede fumo, como d’uma panella fervente, ou d’uma grande caldeira.

21 O seu halito faria incender os carvões: e da sua bocca sae chamma.

22 No seu pescoço pousa a força: perante elle até a tristeza salta de prazer.

23 Os musculos da sua carne estão pegados entre si: cada um está firme n’elle, e nenhum se move.

24 O seu coração é firme como uma pedra e firme como parte da de baixo.

25 Levantando-se elle, tremem os valentes: em razão dos seus abalos se purificam.

26 Se alguem lhe tocar com a espada, essa não poderá penetrar, nem lança, dardo ou couraça.

27 Elle reputa o ferro por palha, e o cobre por pau podre.

28 A setta o não fará fugir: as pedras das fundas se lhe tornam em rastolho.

29 As pedras atiradas estima como arestas, e ri-se do brandir da lança.

30 Debaixo de si tem conchas ponteagudas: estende-se sobre coisas ponteagudas como na lama.

31 As profundezas faz ferver, como uma panella: torna o mar como quando os unguentos fervem.

32 Apoz elle allumia o caminho: parece o abysmo tornado em brancura de cãs.

33 Na terra não ha coisa que se lhe possa comparar, pois foi feito para estar sem pavor.

34 Todo o alto vê: é rei sobre todos os filhos d’animaes altivos.

[1] Isa. 27.1.

[2] Isa. 37.29.

[3] Rom. 11.35. Exo. 19.5. Deu. 10.14. I Cor. 10.26, 28.

Job humilha-se perante Deus e dá-lhe gloria.

42 Então respondeu Job ao Senhor, e disse:

[510]

2 Bem sei eu que tudo podes, [1] e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.

3 Quem [2] é aquelle, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosissimas, e eu as não entendia.

4 Escuta-me pois, e eu [3] fallarei: eu te perguntarei, e tu me ensinas.

5 Com o ouvido das orelhas te ouvi, mas agora te vê o meu olho.

6 Por isso me abomino [4] e me arrependo no pó e na cinza.

Deus manda os amigos de Job ir ter com elle e offerecer sacrificios.

7 Succedeu pois que, acabando o Senhor de fallar a Job aquellas palavras, o Senhor disse a Eliphaz, o temanita: A minha ira se accendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não fallaste de mim o que era recto, como o meu servo Job.

8 Tomae pois sete [5] bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Job, e offerecei holocaustos por vós, e o meu servo Job orará [6] por vós: porque devéras a elle acceitarei, para que vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não fallastes de mim o que era recto como o meu servo Job.

9 Então foram Eliphaz, o temanita, e Bildad, o suhita, e Sofar, o naamathita, e fizeram como o Senhor lhes dissera: e o Senhor acceitou a face de Job.

Deus confere a Job o dobro da prosperidade que antes tinha.

10 E o Senhor virou o captiveiro de Job, quando orava pelos seus amigos: e o Senhor accrescentou a Job outro tanto em [7] dobro, a tudo quanto d’antes possuia.

11 Então vieram [8] a elle todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos d’antes o conheceram, e comeram com elle pão em sua casa, e se condoeram d’elle, e o consolaram ácerca de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado: e cada um d’elles lhe deu uma peça de dinheiro, e cada um um pendente de oiro.

12 E assim abençoou [9] o Senhor ao ultimo estado de Job, mais do que o primeiro: porque teve quatorze [10] mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas.

13 Tambem teve [11] sete filhos e tres filhas.

14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da outra Cassia, e o nome da terceira Keren-happuch.

15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Job; e seu pae lhes deu herança entre seus irmãos.

16 E depois d’isto viveu [12] Job cento e quarenta annos: e viu a seus filhos, e aos filhos de seus filhos, até á quarta geração.

17 Então morreu Job, velho e farto de [13] dias.

[1] Gen. 18.14. Mat. 19.26. Mar. 17.20 e 14.37. Luc. 18.27.

[2] cap. 38.2.

[3] cap. 38.3.

[4] Esd. 9.6.

[5] Num. 23.1. Mat. 5.24.

[6] Gen. 20.17. Thi. 5.15, 16. I João 5.16.

[7] Isa. 40.2.

[8] cap. 19.13.

[9] cap. 8.7. Thi. 5.11.

[10] cap. 1.3.

[11] cap. 1.2.

[12] cap. 5.26.

[13] Gen. 25.8.


O LIVRO DOS PSALMOS.

A felicidade dos justos e o castigo dos impios.

Antes de Christo

1 Bemaventurado o [1] varão que não anda no conselho dos impios, nem está no caminho dos peccadores, nem se assenta [2] no assento dos escarnecedores.

2 Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua [3] lei medita de dia e de noite.

3 Pois será como a arvore plantada junto [4] a ribeiros de aguas, que dá o seu fructo no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto [5] fizer prosperará.

4 Não são assim os impios: mas são como a [6] moinha que o vento espalha.

5 Pelo que os impios não subsistirão no juizo, nem os peccadores na congregação dos justos.

6 Porque o Senhor [7] conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos impios perecerá.

[1] Pro. 4.14, 15.

[2] Jer. 15.17.

[3] Jos. 1.8.

[4] Jer. 17.8. Eze. 47.12.

[5] Gen. 39.3, 23. Isa. 3.10.

[6] Job 21.18. Isa. 17.13 e 29.5. Ose. 13.3.

[7] Neh. 1.7. João 10.14. II Tim. 2.19.

[511]

A rebellião das gentes e a victoria do Messias.

2 Porque [1] se amotinam as gentes, e os povos imaginam a vaidade?

2 Os reis da terra se levantam, e os principes consultam juntamente contra o Senhor [2] e contra o seu ungido, dizendo:

3 Rompamos [3] as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.

4 Aquelle que habita nos céus se rirá: o Senhor zombará [4] d’elles.

5 Então lhes fallará na sua ira, e no seu furor os turbará.

6 Eu porém ungi o meu Rei sobre o meu sancto [5] monte de Sião.

7 Recitarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, [6] eu hoje te gerei.

8 Pede-me, [7] e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão.

9 Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; [8] tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro.

10 Agora pois, ó reis, sêde prudentes; deixae-vos instruir, juizes da terra.

11 Servi [9] ao Senhor com temor, e alegrae-vos com tremor.

12 Beijae ao Filho, para que [10] se não ire, [11] e pereçaes no caminho, quando em breve se accender a sua ira: bemaventurados todos aquelles que n’elle confiam.

[1] Act. 4.25, 26.

[2] João 1.41.

[3] Jer. 5.5. Luc. 19.14.

[4] Pro. 1.26.

[5] II Sam. 5.7.

[6] Act. 13.33. Heb. 1.5 e 5.5.

[7] Psa. 22.28.

[8] Apo. 2.27 e 12.5 e 19.15.

[9] Heb. 12.28. Phi. 2.12.

[10] Gen. 41.40. I Sam. 10.1. João 5.23.

[11] Apo. 6.16, 17. Pro. 16.20. Isa. 30.18. Jer. 17.7. I Ped. 2.6.

David confia em Deus na sua adversidade.

Psalmo de David, quando fugiu de diante da face de Absalão seu filho.

3 Senhor, como se teem [1] multiplicado os meus adversarios! são muitos os que se levantam contra mim.

2 Muitos dizem da minha alma: Não ha salvação [2] para elle em Deus (Selah).

3 Porém tu, Senhor, és um escudo [3] para mim, a minha gloria, e o que exalta a minha cabeça.

4 Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu sancto monte (Selah).

5 Eu me deitei e dormi: [4] acordei; porque o Senhor me sustentou.

6 Não temerei os milhares de povo que se pozeram contra mim e me cercam.

7 Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois [5] feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos impios.

8 A salvação vem [6] do Senhor; sobre o teu povo seja a tua benção. (Selah).

[1] II Sam. 15.12 e 16.15.

[2] II Sam. 16.8.

[3] Gen. 15.1.

[4] Lev. 26.6. Pro. 3.24.

[5] Job 16.10 e 29.17. Lam. 3.30.

[6] Pro. 21.31. Isa. 43.11. Jer. 3.23. Ose. 13.4. Apo. 7.10 e 19.1.

David ora a Deus na sua angustia.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

4 Ouve-me; quando eu clamo, ó Deus da minha justiça, na angustia me déste largueza; tem misericordia de mim e ouve a minha oração.

2 Filhos dos homens, até quando convertereis a minha gloria em infamia? até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira? (Selah).

3 Sabei [1] pois que o Senhor separou para si aquelle que lhe é querido; o Senhor ouvirá quando eu clamar a elle.

4 Perturbae-vos [2] e não pequeis: fallae com o vosso coração sobre a vossa cama, e calae-vos. (Selah).

5 Offerecei sacrificios [3] de justiça, e confiae no Senhor.

6 Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, [4] exalta sobre nós a luz do teu rosto.

7 Pozéste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram [5] o seu trigo e o seu vinho.

8 Em paz tambem me deitarei e dormirei, [6] porque só tu, [7] Senhor, me fazes habitar em segurança.

[1] II Tim. 2.19. II Ped. 2.9.

[2] Eph. 4.26. II Chr. 13.5.

[3] Deu. 33.19.

[4] Num. 6.26.

[5] Isa. 9.3.

[6] Job 11.18, 19.

[7] Lev. 25.18, 19.

Deus aborrece os impios e abençoa os justos.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Nehiloth.

5 Dá ouvidos ás minhas palavras, ó Senhor, entende a minha meditação.

2 Attende á voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei.

3 Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã me apresentarei a ti, e vigiarei.

4 Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem comtigo habitará o mal.

[512]

5 Os loucos não [1] pararão á tua vista; [2] aborreces a todos os que obram a maldade.

6 Destruirás aquelles que fallam a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinario e fraudulento.

7 Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza de tua benignidade; e em teu temor me inclinarei para o teu sancto templo.

8 Senhor, guia-me na tua justiça, por causa dos meus inimigos: endireita diante de mim o teu caminho.

9 Porque não ha rectidão na bocca d’elles: as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulchro aberto; lisongeam com a sua lingua.

10 Declara-os culpados, ó Deus: caiam [3] por seus proprios conselhos; lança-os fóra por causa da multidão de suas transgressões, pois se rebellaram contra ti.

11 Porém alegrem-se [4] todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome.

12 Pois tu, Senhor, abençoarás ao justo; coroal-o-has com a tua benevolencia, como de um escudo.

[1] Hab. 1.13.

[2] Apo. 21.8.

[3] II Sam. 15.31 e 17.14, 23.

[4] Isa. 65.14.

David recorre á misericordia de Deus e alcança perdão.

Psalmo de David para o cantor-mór em Neginoth, sobre Sheminith.

6 Senhor, [1] não me reprehendas na tua ira, nem me castigues no teu furor.

2 Tem misericordia de mim, Senhor, porque sou fraco: [2] sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados.

3 Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando?

4 Volta-te, Senhor, livra a minha alma: salva-me por tua benignidade.

5 Porque na morte [3] não ha lembrança de ti; no sepulchro quem te louvará?

6 estou cançado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lagrimas.

7 os meus olhos estão consumidos pela magoa, e teem-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos.

8 Apartae-vos de [4] mim todos os que obraes a iniquidade; porque o Senhor já ouviu a voz do meu pranto.

9 O Senhor já ouviu a minha supplica; o Senhor acceitará a minha oração.

10 Envergonhem-se e perturbem-se todos os meus inimigos; tornem atraz e envergonhem-se n’um momento.

[1] Jer. 10.24 e 46.28.

[2] Ose. 6.1, 2.

[3] Isa. 38.18.

[4] Mat. 25.41.

David confia em Deus e protesta a sua innocencia.

Schiggaion de David que cantou ao Senhor, sobre as palavras de Cush, filho de Jemini.

7 Senhor, meu [1] Deus, em ti confio: salva-me de todos os que me perseguem, e livra-me;

2 Para que [2] elle não arrebate a minha alma, como leão, despedaçando-a, sem que haja quem a livre;

3 Senhor, meu Deus, [3] se eu fiz isto, se ha perversidade nas minhas mãos,

4 Se paguei com o mal áquelle que tinha paz comigo (antes livrei ao que me opprimia sem causa):

5 Persiga o inimigo a minha alma e alcance-a, calque aos pés a minha vida sobre a terra, e reduza a pó a minha gloria. (Selah.)

6 Levanta-te Senhor, na tua ira; exalta-te por causa do furor dos meus oppressores; [4] e desperta por mim para o juizo que ordenaste.

7 Assim te rodeará o ajuntamento de povos; por causa d’elles pois volta-te para as alturas.

8 O Senhor julgará aos povos; julga-me, Senhor, [5] conforme a minha justiça e conforme a integridade que ha em mim.

9 Tenha já fim a malicia dos impios; mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo [6] Deus, provas os corações e os rins.

10 O meu escudo é de Deus, que salva os rectos de coração.

11 Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias.

12 Se elle se não converter, amolará a sua espada; [7] já tem armado o seu arco, e está apparelhado.

13 E já para elle preparou armas mortaes; e porá em obra as suas settas inflammadas contra os perseguidores.

14 Eis que elle está [8] com dôres de perversidade; concebeu trabalhos, e parirá mentiras.

15 Cavou [9] um poço e o fez fundo, e caiu na cova que fez.

16 A sua obra cairá [10] sobre a sua cabeça; e a sua violencia descerá sobre a sua mioleira.

17 Eu louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor altissimo.

[1] Psa. 31.16.

[2] Psa. 38.13. Psa. 50.22.

[3] I Sam. 24.11.

[4] Psa. 44.23.

[5] Psa. 18.20.

[6] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Apo. 2.23.

[7] Deu. 32.41.

[8] Job 15.35. Thi. 1.15.

[9] Psa. 35.8.

[10] I Reis 2.32. Est. 9.25.

[513]

Deus é glorificado nas suas obras e na sua bondade para com o homem.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Gittith.

8 Ó Senhor, [1] nosso Senhor, quão admiravel é o teu nome em toda a terra, [2] pois pozeste a tua gloria sobre os céus!

2 Tu ordenaste força [3] da bocca das creanças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.

3 Quando vejo [4] os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrellas que preparaste;

4 Que é o homem [5] mortal para que te lembres d’elle? e o filho do homem, para que o visites?

5 Pois pouco menor o fizeste do que [NL] os anjos, e de gloria e de honra o coroaste.

6 Fazes com que elle tenha dominio sobre [6] as obras das tuas mãos; tudo pozeste debaixo de seus pés:

7 Todas as ovelhas e bois, assim como os animaes do campo,

8 As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.

9 Ó Senhor, nosso Senhor, quão admiravel é o teu nome sobre toda a terra!

[1] Psa. 149.13.

[2] Psa. 113.4.

[3] Mat. 21.16. I Cor. 1.27.

[4] Psa. 111.2.

[5] Job 7.17. Heb. 2.6, 7.

[6] Gen. 1.26. I Cor. 15.27. Heb. 2.8.

Acção de graças por um grande livramento.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Muth-labben.

9 Eu te louvarei, Senhor, com todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.

2 Em ti me alegrarei [1] e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altissimo.

3 Porquanto os meus inimigos voltaram para traz, cairam e pereceram diante da tua face.

4 Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente.

5 Reprehendeste as nações, destruiste os impios; [2] apagaste o seu nome para sempre e eternamente.

6 Oh! inimigo! acabaram-se para sempre as assolações;—e tu arrazaste as cidades, e a sua memoria pereceu com ellas.

7 Mas o Senhor está assentado [3] perpetuamente; preparou o seu tribunal para julgar.

8 Elle mesmo julgará o mundo com justiça; fará juizo aos povos com rectidão.

9 O Senhor será tambem [4] um alto refugio para o opprimido; um alto refugio em tempos de angustia.

10 E em ti confiarão os que conhecem [5] o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste aos que te buscam.

11 Cantae louvores ao Senhor, que habita em Sião; annunciae entre os povos os seus feitos.

12 Pois quando [6] busca derramamento de sangue, lembra-se d’elles; não se esquece do clamor dos miseraveis.

13 Tem misericordia de mim, Senhor, olha para a minha miseria, que soffro d’aquelles que me aborrecem; tu que me levantas das portas da morte,

14 Para que eu conte todos os teus louvores nas portas da filha de Sião, e me alegre na tua salvação.

15 As gentes [7] enterraram-se na cova que fizeram; na rede que ocultaram ficou preso o seu pé.

16 O Senhor é conhecido [8] pelo juizo que fez; enlaçado foi o impio nas obras de suas mãos (Higgaion; Selah).

17 Os impios serão lançados no inferno, e todas as gentes [9] que se esquecem de Deus.

18 Porque o necessitado não será esquecido para sempre, [10] nem a expectação dos miseraveis perecerá perpetuamente.

19 Levanta-te, Senhor; não prevaleça o homem; sejam julgadas as gentes diante da tua face.

20 Põe-os em medo, Senhor, para que saibam as nações que não são mais do que homens (Selah).

[1] Psa. 5.12.

[2] Deu. 9.14. Pro. 10.7.

[3] Heb. 1.11.

[4] Psa. 32.7.

[5] Psa. 91.14.

[6] Gen. 9.5.

[7] Psa. 13.6. Pro. 5.22.

[8] Exo. 7.5.

[9] Job 8.13. Psa. 50.22.

[10] Pro. 23.18 e 24.14.

A audacia dos perseguidores, e o refugio em Deus.

10 Porque estás ao longe, Senhor? Porque te escondes nos tempos de angustia?

2 Os impios na [1] sua arrogancia perseguem furiosamente o miseravel; sejam apanhados nas ciladas que machinaram.

3 Porque o impio gloria-se do desejo da sua alma; [2] bemdiz ao avarento, e blasphema do Senhor.

4 Pela altivez do seu rosto o impio[514] não busca a Deus: todas as suas cogitações são que não ha Deus.

5 Os seus caminhos atormentam sempre: os teus juizos estão longe da vista d’elle em grande altura, e despreza aos seus inimigos.

6 Diz em seu coração: [3] Não serei commovido, porque nunca me verei na adversidade.

7 A sua bocca está cheia [4] d’inprecações, d’enganos e d’astucia; debaixo da sua lingua ha molestia e maldade.

8 Põe-se nas emboscadas das aldeias; nos logares [5] occultos mata ao innocente; os seus olhos estão occultamente fitos contra o pobre.

9 Arma ciladas [6] no esconderijo, como o leão no seu covil; arma ciladas para roubar ao miseravel; rouba ao miseravel, trazendo-o na sua rede.

10 Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes garras.

11 Diz em seu coração: Deus esqueceu-se, cobriu o seu rosto, [7] e nunca o verá.

12 Levanta-te, Senhor: oh! Deus, levanta [8] a tua mão; não te esqueças dos miseraveis.

13 Porque blasphema o impio de Deus? dizendo no seu coração: Tu não o esquadrinharás?

14 Tu o viste, porque attentas para o trabalho e enfado, para o entregar em tuas mãos; [9] a ti o pobre se encommenda, tu és o auxilio do orphão.

15 Quebra o braço do impio e malvado; busca a sua impiedade, até que nenhuma encontres.

16 O Senhor [10] é Rei eterno; da sua terra perecerão [NM] os gentios.

17 Senhor, tu ouviste os desejos dos mansos; confortarás [11] os seus corações; os teus ouvidos estarão abertos para elles;

18 Para fazer [12] justiça ao orphão e ao opprimido, afim de que o homem da terra não prosiga mais em usar da violencia.

[1] Pro. 5.22.

[2] Rom. 1.32.

[3] Psa. 30.7.

[4] Rom. 3.14.

[5] Hab. 3.14.

[6] Miq. 7.2.

[7] Job 22.13. Eze. 8.12.

[8] Miq. 5.9.

[9] I Ped. 4.19.

[10] Jer. 10.10. I Tim. 1.17.

[11] I Chr. 29.18.

[12] Isa. 11.4.

Deus salva os rectos e castiga os impios.

Psalmo de David para o cantor-mór.

11 No Senhor confio; como dizeis á minha alma: Foge para a vossa montanha como passaro?

2 Pois eis que os impios armam o arco, põem as frechas na corda, para com ellas atirarem ás escuras aos rectos de coração.

3 Na verdade que já os fundamentos se transtornam: o que pode fazer o justo?

4 O Senhor está [1] no seu sancto templo: o throno do Senhor está nos céus; os seus olhos attendem, e as suas palpebras provam os filhos dos homens.

5 O Senhor prova [2] ao justo; porém ao impio e ao que ama a violencia aborrece a sua alma.

6 Sobre os impios fará [3] chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso: isto será a porção do seu copo.

7 Porque o Senhor é justo, [4] e ama a justiça; o seu rosto olha para os rectos.

[1] Hab. 2.20. Isa. 66.1.

[2] Gen. 22.1.

[3] Gen. 19.24. Eze. 38.22.

[4] Job 36.7. I Ped. 3.12.

A falsidade do homem e a veracidade de Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Sheminith.

12 Salva-nos, Senhor, [1] porque faltam os homens bons; porque são poucos os fieis entre os filhos dos homens.

2 Cada um falla [2] a falsidade ao seu proximo: fallam com labios lisongeiros e coração dobrado.

3 O Senhor cortará todos os labios lisongeiros e a lingua que falla [3] soberbamente.

4 Pois dizem: Com a nossa lingua prevaleceremos: são nossos os beiços; quem é o Senhor sobre nós?

5 Pela oppressão dos miseraveis, pelo gemido dos [4] necessitados me levantarei agora, diz o Senhor; porei em salvo aquelle para quem elles assopram.

6 As palavras do Senhor [5] são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.

7 Tu os guardarás, Senhor; d’esta geração os livrarás para sempre.

8 Os impios andam cercando, emquanto os mais vis dos filhos dos homens são exaltados.

[1] Isa. 57.1. Miq. 7.2.

[2] Jer. 9.8. Rom. 16.18.

[3] I Sam. 2.3. Dan. 7.8.

[4] Exo. 3.7. Isa. 33.10.

[5] II Sam. 22.31. Pro. 30.5.

David, na sua extrema tristeza, recorre a Deus e confia n’elle.

Psalmo de David para o cantor-mór.

13 Até quando te esquecerás de mim, Senhor? para sempre? até quando [1] esconderás de mim o teu rosto?

[515]

2 Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?

3 Attende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; [2] alumia os meus olhos para que eu não adormeça na morte;

4 Para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra elle; e os meus adversarios se não alegrem, vindo eu a vacillar.

5 Mas eu confio [3] na tua benignidade: na tua [4] salvação se alegrará o meu coração.

6 Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.

[1] Deu. 31.17. Job 13.24.

[2] Esd. 9.8. Jer. 51.39.

[3] Psa. 33.21, 22.

[4] Psa. 12.4, 7 e 119.17.

A corrupção do homem; sua redempção provém de Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór.

14 Disse o nescio no seu coração: Não ha Deus. Teem-se corrompido, [1] fazem-se abominaveis em suas obras, não ha ninguem que faça o bem.

2 O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos [2] e juntamente se fizeram immundos: não ha quem faça o bem, não ha sequer um.

4 Não terão conhecimento os que obram a iniquidade? [3] os quaes comem o meu povo, como se comessem pão, e não invocam ao Senhor.

5 Ali se acharam em grande pavor, porque Deus está na geração dos justos.

6 Vós envergonhaes o conselho dos pobres, porquanto o Senhor é o seu refugio.

7 Oh, se de Sião [4] tivera já vindo a redempção d’Israel! quando o Senhor fizer voltar os captivos do seu povo, se regozijará Jacob e se alegrará Israel.

[1] Gen. 6.11. Rom. 3.10.

[2] Rom. 3.10, 11, 12.

[3] Jer. 10.25. Amós 8.4. Miq. 3.3.

[4] Psa. 53.7. Job 42.10.

O verdadeiro cidadão dos céus.

Psalmo de David.

15 Senhor, quem habitará no teu tabernaculo? quem morará no teu sancto monte?

2 Aquelle que anda sinceramente, e [1] obra a justiça, e falla a verdade do seu coração.

3 Aquelle que não murmura com a sua lingua, nem faz mal ao seu proximo, [2] nem acceita nenhum opprobrio contra o seu proximo.

4 Em [3] cujos olhos o reprobo é desprezado; mas honra aos que temem ao Senhor. Aquelle que jura com damno seu, e comtudo não muda.

5 Aquelle que não dá o seu dinheiro á usura, nem recebe peitas contra o innocente: quem faz isto nunca será abalado.

[1] Isa. 33.15.

[2] Exo. 23.1.

[3] Est. 3.2.

A confiança e felicidade do crente e a certeza da vida eterna.

Psalmo excellentissimo de David.

16 Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio.

2 A minha alma disse ao Senhor: Tu és o meu Senhor, [1] a minha bondade não chega á tua presença,

3 Mas aos sanctos que estão na terra, e aos illustres em quem está todo o meu prazer.

4 As dôres se multiplicarão áquelles que fazem offerendas a outro deus; eu não offerecerei as suas libações de sangue, [2] nem tomarei os seus nomes nos meus labios.

5 O Senhor [3] é a porção da minha herança e do meu calix: tu sustentas a minha sorte.

6 As [NN] linhas caem-me em logares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.

7 Louvarei ao Senhor que me aconselhou: até os meus rins me ensinam de noite.

8 Tenho [4] posto o Senhor continuamente diante de mim: por isso que elle está á minha mão direita, nunca vacillarei.

9 Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha gloria: tambem a minha carne repousará segura.

10 Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permittirás que o teu [NO] Sancto veja corrupção.

11 Far-me-has ver a vereda da vida; na tua presença ha fartura de [5] alegrias; á tua mão direita ha delicias perpetuamente.

[1] Rom. 11.35.

[2] Exo. 23.13. Jos. 23.16.

[3] Deu. 32.9.

[4] Act. 2.25.

[5] Mat. 5.8. I João 3.2.

David pede a Deus que o proteja dos seus inimigos; confia na sua innocencia e na justiça de Deus.

Oração de David.

17 Ouve, Senhor, a justiça, attende ao meu clamor; dá ouvidos á[516] minha oração, que não é feita com labios enganosos.

2 Saia o meu juizo de diante do teu rosto; attendam os teus olhos á razão.

3 Provaste o meu coração; visitaste-me de noite; examinaste-me, e nada achaste; propuz que a minha bocca não transgredirá.

4 Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos teus labios me guardei das veredas do [NP] destruidor.

5 Dirige os meus passos nos teus caminhos, para que as minhas pégadas não vacillem.

6 Eu te invoquei, ó Deus, pois me queres ouvir; inclina para mim os teus ouvidos, e escuta as minhas palavras.

7 Faze maravilhosas as tuas beneficencias, ó tu que livras aquelles que em ti confiam dos que se levantam contra a tua mão direita.

8 Guarda-me [1] como á menina do olho, esconde-me debaixo da sombra das tuas azas,

9 Dos impios que me [NQ] opprimem, dos meus inimigos mortaes que me andam cercando.

10 Na sua gordura se encerram, com a bocca fallam soberbamente.

11 Teem-nos cercado agora nossos passos; [NR] e abaixaram os seus olhos para a terra;

12 Parecem-se com o leão que deseja arrebatar a sua preza, e com o leãosinho que se põe em esconderijos.

13 Levanta-te, Senhor, detem-n’a, derriba-o, livra a minha alma do impio, com a espada tua,

14 Dos homens que são a tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cuja porção está n’esta vida, e cujo ventre enches do teu thesouro occulto: estão fartos de filhos e dão os seus sobejos ás suas creanças.

15 Emquanto [2] a mim, contemplarei a tua face na justiça; satisfazer-me-hei da tua similhança quando acordar.

[1] Deu. 32.10. Zac. 2.8.

[2] João 3.2.

Cantico de louvor a Deus pelas suas muitas bençãos.

Para o cantor-mór: psalmo do servo do Senhor, David, o qual fallou as palavras d’este cantico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul, e disse:

18 Eu te amarei do coração, ó Senhor, fortaleza minha.

2 O Senhor é o meu rochedo, e o meu logar forte e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio, [1] o meu escudo, [NS] a força da minha salvação, e o meu alto refugio.

3 Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.

4 Tristezas de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombraram.

5 Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surprehenderam.

6 Na angustia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus: desde o seu templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face.

7 Então a terra [2] se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes tambem se moveram e se abalaram, porquanto se indignou.

8 Do seu nariz subiu fumo, e da sua bocca saiu fogo que consumia; carvões se accenderam d’elle.

9 Abaixou os céus, e desceu, e a escuridão estava debaixo de seus pés.

10 E montou n’um cherubim, e voou; sim, voou sobre as azas do vento.

11 Fez das trevas o seu logar occulto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das aguas e as nuvens dos céus.

12 Ao resplandor da sua presença as nuvens se espalharam; a saraiva e as brazas de fogo.

13 E o Senhor trovejou nos céus, o Altissimo levantou a sua voz; a saraiva e as brazas de fogo.

14 Despediu [3] as suas settas, e os espalhou: multiplicou raios, e os perturbou.

15 Então foram vistas as profundezas das aguas, e foram descobertos os fundamentos do mundo; pela tua reprehensão, Senhor, ao sopro do vento dos teus narizes.

16 Enviou desde o alto, e me tomou: tirou-me das muitas aguas.

17 Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu.

18 Surprehenderam-me no dia da minha calamidade; mas o Senhor foi o meu encosto.

19 Trouxe-me para um logar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.

20 Recompensou-me [4] o Senhor conforme a minha justiça, retribuiu-me conforme a pureza das minhas mãos.

21 Porque guardei os caminhos do[517] Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus.

22 Porque todos os seus juizos estavam diante de mim, e não rejeitei os seus estatutos.

23 Tambem fui sincero perante elle, e me guardei da minha iniquidade.

24 Portanto retribuiu-me o Senhor conforme a minha justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

25 Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero;

26 Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomavel.

27 Porque tu livrarás ao povo afflicto, e abaterás os olhos altivos.

28 Porque tu [5] accenderás a minha candeia; o Senhor meu Deus allumiará as minhas trevas.

29 Porque comtigo entrei pelo meio d’um esquadrão, com o meu Deus saltei uma muralha.

30 O caminho de Deus [6] é perfeito; a palavra do Senhor é provada: é um escudo para todos os que n’elle confiam.

31 Porque quem [7] é Deus senão o Senhor? e quem é rochedo senão o nosso Deus?

32 Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho.

33 Faz os meus pés como os das cervas, e põe-me nas minhas alturas.

34 Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus braços quebraram um arco de cobre.

35 Tambem me déste o escudo da tua salvação: a tua mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.

36 Alargaste os meus passos debaixo de mim, de maneira que os meus artelhos não vacillaram.

37 Persegui os meus inimigos, e os alcancei: não voltei senão depois de os ter consumido.

38 Atravessei-os, de sorte que não se poderam levantar: cairam debaixo dos meus pés.

39 Pois me cingiste de força para a peleja: fizeste abater debaixo de mim aquelles que contra mim se levantaram.

40 Déste-me tambem o pescoço dos meus inimigos para que eu podesse destruir os que me aborrecem.

41 Clamaram, [8] mas não houve quem os livrasse: até ao Senhor, mas elle não lhes respondeu.

42 Então os esmiucei como o pó diante do vento; deitei-os fóra como a lama das ruas.

43 Livraste-me das contendas do povo, e me fizeste cabeça das nações; um povo que não conheci, me servirá.

44 Em ouvindo a minha voz, me obedecerão: os estranhos se submetterão a mim.

45 Os estranhos decairão, e terão medo nos seus encerramentos.

46 O Senhor vive: e bemdito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação.

47 É Deus que me vinga inteiramente, [9] e sujeita os povos debaixo de mim;

48 O que me livra de meus inimigos;—sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim, tu me livras do homem violento.

49 Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e cantarei louvores ao teu nome.

50 Pois [10] engrandece a salvação do teu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com David, e com a sua semente para sempre.

[1] Heb. 1.13.

[2] Act. 4.31.

[3] Isa. 30.30.

[4] I Sam. 24.19.

[5] Job 18.6.

[6] Deu. 32.4.

[7] Deu. 32.31, 39.

[8] Pro. 1.28. Isa. 1.15.

[9] Psa. 47.4.

[10] II Sam. 7.13.

A excellencia da creação e das suas leis, assim como da palavra de Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór.

19 Os céus [1] declararam a gloria de Deus e o firmamento annuncia a obra das suas mãos.

2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.

3 Não ha linguagem nem falla onde se não oiçam as suas vozes.

4 A sua linha [2] se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. N’elles poz uma tenda para o sol,

5 O qual é como um noivo que sae do seu thalamo, e se alegra como um heroe, a correr o seu caminho.

6 A sua saida é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até ás outras extremidades d’elles, e nada se esconde ao seu calor.

7 A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma: o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simplices.

8 Os preceitos do Senhor são rectos e alegram o coração: o mandamento do Senhor é puro, e allumia os olhos.

9 O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente: os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.

[518]

10 Mais desejaveis são do que o oiro, sim, do que muito oiro fino; e mais doces do que o mel e [NT] o licor dos favos.

11 Tambem por elles é admoestado o teu servo; e em os guardar ha grande recompensa.

12 Quem pode entender os seus erros? expurga-me [3] tu dos que me são occultos.

13 Tambem das soberbas guarda o teu servo, para que se não assenhoreiem de mim: então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.

14 Sejam agradaveis as palavras da minha bocca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e [4] Libertador meu!

[1] Gen. 1.6. Rom. 1.19, 20.

[2] Rom. 10.18.

[3] Lev. 4.28.

[4] Isa. 44.6 e 47.4 e 48.14.

Oração pelo rei na guerra.

Psalmo de David para o cantor-mór.

20 O Senhor te oiça no dia da angustia, o nome do [1] Deus de Jacob te [NU] proteja.

2 Envie-te soccorro desde o seu sanctuario, e te sustenha desde Sião.

3 Lembre-se de todas as tuas offertas, e acceite os teus holocaustos (Selah).

4 Conceda-te conforme ao teu coração, e cumpra todo o teu conselho.

5 Nós nos alegraremos [2] pela tua [NV] salvação, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões; cumpra o Senhor todas as tuas petições.

6 Agora sei que o Senhor salva ao seu ungido: elle o ouvirá desde o seu sancto céu, com a força salvadora da sua mão direita.

7 Uns confiam em carros e outros em cavallos, mas [3] nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.

8 Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé.

9 Salva-nos, Senhor, oiça-nos o Rei quando clamarmos.

[1] Pro. 18.10.

[2] Exo. 17.6.

[3] II Chr. 32.8.

David louva a Deus pela victoria.

Psalmo de David para o cantor-mór.

21 O rei se alegra em tua força, Senhor; e na tua salvação grandemente se regozija.

2 Cumpriste-lhe o desejo do seu coração, e não negaste as supplicas dos seus labios (Selah).

3 Pois o prevines das bençãos de bondade; [1] pões na sua cabeça uma corôa d’oiro fino.

4 Vida te pediu, e lh’a déste, mesmo longura de dias para sempre e eternamente.

5 Grande é a sua gloria pela tua salvação; gloria e magestade pozeste sobre elle.

6 Pois o abençoaste para sempre: tu o enches de gozo com a tua face.

7 Porque o rei confia no Senhor, e pela misericordia do Altissimo nunca vacillará.

8 A tua mão [2] alcançará todos os teus inimigos, a tua mão direita alcançará aquelles que te aborrecem.

9 Tu os [3] farás como um forno de fogo no tempo da tua ira; o Senhor os devorará na sua indignação, e o fogo os consumirá.

10 Seu fructo [4] destruirás da terra, e a sua semente d’entre os filhos dos homens.

11 Porque intentaram o mal contra ti; machinaram uma trapaça, mas não prevalecerão.

12 Portanto tu lhes farás voltar as costas; e com tuas frechas postas nas cordas lhes apontarás ao rosto.

13 Exalta-te, Senhor, na tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.

[1] II Sam. 12.30.

[2] I Sam. 31.3.

[3] Mal. 4.1.

[4] I Reis 13.34. Job 18.16, 17, 19.

O Messias soffre, mas triumpha.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Aijeleth-hash-Shahar.

22 Meu Deus, [1] meu Deus, porque me desamparaste? porque te alongas do meu auxilio e das palavras do meu bramido?

2 Meu Deus, eu clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho socego,

3 Porém tu és Sancto, o que habitas entre os louvores d’Israel.

4 Em ti confiaram nossos paes; confiaram, e tu os livraste.

5 A ti clamaram e escaparam; em ti confiaram, e não foram confundidos.

6 Mas eu [2] sou verme, e não homem, opprobrio dos homens e desprezado do povo.

7 Todos [3] os que vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:

8 Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois n’elle tem prazer.

9 Mas tu és o que me tiraste do ventre: fizeste-me esperar, estando aos peitos de minha mãe.

10 Sobre ti fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.

11 Não te alongues de mim, pois a[519] angustia está perto, e não ha quem ajude.

12 Muitos [4] toiros me cercaram; fortes toiros de Bazan me rodearam.

13 Abriram contra mim suas boccas, como um leão que despedaça e que ruge.

14 Como agua me derramei, e todos os meus ossos [5] se desconjuntaram: o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.

15 A minha força se seccou como um caco, e a lingua se me pega ao paladar: e me pozeste no pó da morte.

16 Pois me rodearam cães: o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me [6] as mãos e os pés.

17 Poderia contar todos os meus ossos: elles o vêem e me contemplam.

18 Repartem [7] entre si os meus vestidos, e lançam sortes sobre a minha tunica.

19 Mas tu, Senhor, não te alongues de mim: força minha, apressa-te em soccorrer-me.

20 Livra-me a minha alma da espada, e a minha [NW] predilecta da força do cão.

21 Salva-me da bocca do leão, sim, ouviste-me, desde as pontas dos unicornios.

22 Então declararei o teu nome aos meus irmãos: louvar-te-hei no meio da congregação.

23 Vós, que temeis ao Senhor, louvae-o; todos vós, semente de Jacob, glorificae-o; e temei-o todos vós, semente d’Israel.

24 Porque não desprezou nem abominou a afflicção do afflicto, nem escondeu d’elle o seu rosto; antes, quando elle clamou, o ouviu.

25 O meu louvor virá de ti na grande congregação: pagarei os meus votos perante os que o temem.

26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam: [8] o vosso coração viverá eternamente.

27 Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor: e todas as gerações das nações adorarão perante a tua face.

28 Porque o reino é do Senhor, e elle domina entre as nações.

29 Todos os que na terra são gordos comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante elle: e ninguem poderá reter viva a sua alma.

30 Uma semente o servirá: será contada ao Senhor de geração em geração.

31 Chegarão e annunciarão a sua justiça ao povo que nascer, porquanto elle o fez.

[1] Mat. 27.46. Mar. 15.34.

[2] Job 25.6.

[3] Mat. 27.29.

[4] Deu. 32.24.

[5] Dan. 5.6.

[6] Mat. 27.35. Mar. 15.24. Luc. 23.33.

[7] Luc. 23.34. João 19.23, 24.

[8] João 65.1.

A felicidade de termos o Senhor como nosso pastor.

Psalmo de David.

23 O Senhor [1] é o meu pastor, nada me faltará.

2 Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a aguas [NX] mui quietas.

3 Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.

4 Ainda que eu andasse pelo valle da sombra [2] da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com oleo, o meu calix trasborda.

6 Certamente que a bondade e a misericordia me seguirão todos os dias da minha vida: e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

[1] Jer. 23.4. João 10.11.

[2] Job 3.5.

O dominio universal de Deus; quem é digno de entrar no seu sanctuario; Deus é o Rei da gloria.

Psalmo de David.

24 Do Senhor [1] é a terra e a sua plenitude, o mundo e aquelles que n’elle habitam.

2 Porque elle a fundou sobre os mares, e a firmou [2] sobre os rios.

3 Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu logar sancto?

4 Aquelle que é limpo de [3] mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma á vaidade, nem jura enganosamente,

5 Este receberá a benção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.

6 Esta é a geração d’aquelles que buscam, d’aquelles que buscam a tua face, ó Deus de Jacob (Selah).

7 Levantae, [4] ó portas, as vossas cabeças; levantae-vos ó entradas eternas, e entrará o Rei da Gloria.

8 Quem é este Rei da Gloria? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra.

9 Levantae, ó portas, as vossas cabeças, levantae-vos ó entradas eternas, e entrará o Rei da Gloria.

10 Quem é este Rei da Gloria? O Senhor dos Exercitos, elle é o Rei da Gloria (Selah).

[1] Exo. 9.29 e 19.5.

[2] Gen. 1.9.

[3] Mat. 5.8.

[4] Isa. 26.2.

[520]

David roga a Deus que o livre dos seus inimigos e lhe perdoe os seus peccados.

Psalmo de David.

25 A ti, Senhor, levanto [1] a minha alma.

2 Deus meu, em ti confio, não me deixes confundido, nem que os meus inimigos triumphem sobre mim.

3 Como, na verdade, não serão confundidos os que esperam em ti; confundidos serão os que transgridem sem causa.

4 Faz-me saber [2] os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas.

5 Guia-me na tua verdade, e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia.

6 Lembra-te, Senhor, das tuas misericordias e das tuas benignidades, porque são desde a eternidade.

7 Não te lembres dos peccados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas segundo a tua misericordia, lembra-te de mim, por tua bondade, Senhor.

8 Bom e recto é o Senhor: pelo que ensinará o caminho aos peccadores.

9 Guiará os mansos em direitura: e aos mansos ensinará o seu caminho.

10 Todas as veredas do Senhor são misericordia e verdade para aquelles que guardam o seu concerto e os seus testemunhos.

11 Por amor do teu nome, Senhor, [3] perdoa a minha iniquidade, pois é grande.

12 Qual é o homem que teme ao Senhor? elle o ensinará no caminho que deve escolher.

13 A sua alma pousará no bem, e a sua semente herdará a terra.

14 O segredo do Senhor é com aquelles que o temem; e elle lhes mostrará o seu concerto.

15 Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois elle tirará os meus pés da rede.

16 Olha para mim, e tem piedade de mim, porque estou solitario e afflicto.

17 As ancias do meu coração se teem multiplicado: tira-me dos meus apertos.

18 Olha [4] para a minha afflicção e para a minha dôr, e perdoa todos os meus peccados.

19 Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me aborrecem com odio cruel.

20 Guarda a minha alma, e livra-me; não me deixes confundido, porquanto confio em ti.

21 Guardem-me a sinceridade e a direitura, porquanto espero em ti.

22 Redime, ó Deus, a Israel de todas as suas angustias.

[1] Lam. 3.41.

[2] Exo. 33.13.

[3] Rom. 5.20.

[4] II Sam. 16.12.

David recorre a Deus, confiando na sua propria integridade.

Psalmo de David.

26 Julga-me, Senhor, pois tenho andado em minha sinceridade; tenho confiado tambem no Senhor; não vacillarei.

2 Examina-me, Senhor, e prova-me: esquadrinha os meus rins e o meu coração.

3 Porque a tua benignidade está diante dos meus olhos; e tenho andado na tua verdade.

4 Não me tenho assentado com homens vãos, nem converso com os homens dissimulados.

5 Tenho aborrecido [1] a congregação de malfeitores; nem me ajunto com os impios.

6 Lavo as [2] minhas mãos na innocencia; e assim andarei, Senhor, ao redor do teu altar.

7 Para publicar com voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas.

8 Senhor, eu tenho amado a habitação da tua casa e o logar onde permanece a tua gloria.

9 Não apanhes a minha alma com os peccadores, nem a minha vida com os homens sanguinolentos,

10 Em cujas mãos ha maleficio, e cuja mão direita está [3] cheia de subornos.

11 Mas eu ando na minha sinceridade; livra-me e tem piedade de mim.

12 O meu pé está posto em caminho plano; nas congregações louvarei ao Senhor.

[1] Psa. 31.7.

[2] Exo. 30.19, 20. I Tim. 2.8.

[3] Exo. 23.8. Deu. 16.19.

Confiança em Deus e anhelo pela sua presença.

Psalmo de David.

27 O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me receiarei?

2 Quando os malvados, meus adversarios e meus inimigos, se chegaram contra mim, para comerem as minhas carnes, tropeçaram e cairam.

3 Ainda que um exercito me cercasse, o meu coração não temeria: ainda que a guerra se levantasse contra mim, n’isto confiarei.

4 Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: [1] que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para[521] contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.

5 Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão: no occulto do seu tabernaculo me esconderá: pôr-me-ha sobre uma rocha.

6 Tambem agora a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão em redor de mim; portanto offerecerei sacrificio de jubilo no seu tabernaculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.

7 Ouve, Senhor, a minha voz quando clamo; tem tambem piedade de mim, e responde-me.

8 Quando tu disseste: Buscae o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.

9 Não escondas de mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

10 Porque, quando [2] meu pae e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e guia-me pela vereda direita; por causa dos que me andam espiando.

12 Não me entregues á vontade dos meus adversarios; pois se levantaram falsas testemunhas contra mim, e os que respiram crueldade.

13 Pereceria sem duvida, se não cresse que veria os bens do Senhor na terra dos viventes.

14 Espera [3] no Senhor, anima-te, e elle fortalecerá o teu coração; espera pois no Senhor.

[1] Luc. 2.37.

[2] Isa. 49.15.

[3] Isa. 25.9. Hab. 2.3.

David roga a Deus que o aparte dos impios a e louva, Deus porque ouviu as suas supplicas.

Psalmo de David.

28 A ti clamarei, ó Senhor, Rocha minha; não emmudeças para comigo: se te calares para comigo, fique eu similhante aos que descem ao abysmo.

2 Ouve a voz das minhas supplicas, quando a ti clamar, [1] quando levantar as minhas mãos para o teu sancto oraculo.

3 Não me arremesses com os impios e com os que obram a iniquidade; que fallam de paz ao seu proximo, mas teem mal nos seus corações.

4 Dá-lhes segundo as suas obras e segundo a malicia dos seus esforços; dá-lhes conforme [2] a obra das suas mãos; torna-lhes a sua recompensa.

5 Porquanto não attendem ás obras do Senhor, nem á obra das suas mãos; pelo que elle os derribará e não os reedificará.

6 Bemdito seja o Senhor, porque ouviu a voz das minhas supplicas.

7 O Senhor é a minha força e o meu escudo; n’elle confiou o meu coração, e fui soccorrido: pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu canto o louvarei.

8 O Senhor é a força d’elles: tambem é a força salvadora do seu ungido.

9 Salva o teu [3] povo, e abençoa a tua herança; e apascenta-os e exalta-os para sempre.

[1] II Reis 8.28, 29.

[2] II Tim. 4.14. Apo. 18.6.

[3] Deu. 9.29. I Reis 8.51, 53.

David exhorta a louvar a magestade de Deus.

Psalmo de David.

29 Dae ao Senhor, ó filhos dos poderosos, dae ao Senhor gloria e força.

2 Dae ao Senhor a gloria devida ao seu nome, adorae o Senhor [NY] na belleza da sanctidade.

3 A voz do Senhor se ouve sobre as suas aguas; o Deus da gloria troveja; o Senhor está sobre as muitas aguas,

4 A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de magestade.

5 A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Libano.

6 Elle os faz saltar como um bezerro; ao Libano e Sirion, como novos unicornios.

7 A voz do Senhor separa as labaredas do fogo.

8 A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de [1] Kades.

9 A voz do Senhor faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um falla da sua gloria.

10 O Senhor [2] se assentou sobre o diluvio; o Senhor se assenta como Rei, perpetuamente.

11 O Senhor dará [3] força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.

[1] Num. 13.26, 27.

[2] Gen. 6.17.

[3] Psa. 28.8.

A ira de Deus dura um momento só, mas a sua benignidade é eterna.

Psalmo e canção na dedicação da Casa. Psalmo de David.

30 Exaltar-te-hei, ó Senhor, porque tu me exaltaste; e não fizeste com que meus inimigos se alegrassem sobre mim.

[522]

2 Senhor, meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste.

3 Senhor, fizeste subir a minha alma [NZ] da sepultura: conservaste-me a vida para que não descesse ao abysmo.

4 Cantae ao Senhor, [1] vós que sois seus sanctos, e celebrae a [OA] memoria da sua sanctidade.

5 Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida: o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

6 Eu dizia [2] na minha prosperidade: Não vacillarei jámais.

7 Tu, Senhor, pelo teu favor fizeste forte a minha montanha: tu encobriste o teu rosto, e fiquei perturbado.

8 A ti, Senhor, clamei, e ao Senhor suppliquei.

9 Que proveito ha no meu sangue, quando desço á cova? Porventura te louvará o pó? annunciará elle a tua verdade?

10 Ouve, Senhor, e tem piedade de mim, Senhor; sê o meu auxilio.

11 Tornaste [3] o meu pranto em folguedo: desataste o meu sacco, e me cingiste de alegria:

12 Para que a minha gloria a ti cante louvores, e não se cale: Senhor, Deus meu, eu te louvarei para sempre.

[1] I Chr. 16.4.

[2] Job 29.18.

[3] II Sam. 6.14. Jer. 31.4.

David roga a Deus que o livre, louva a sua benignidade e exhorta a confiar n’Elle.

Psalmo de David para o cantor-mór.

31 Em ti, Senhor, confio; nunca me deixes confundido: livra-me pela tua justiça.

2 Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa; sê a minha firme rocha, uma casa fortissima que me salve.

3 Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; pelo que, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.

4 Tira-me da rede que para mim esconderam, pois tu és a minha força.

5 Nas tuas mãos [1] encommendo o meu espirito: tu me redimiste, Senhor Deus da verdade.

6 Aborreço aquelles que se entregam a vaidades enganosas; eu porém confio no Senhor.

7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a minha afflicção: [2] conheceste a minha alma nas angustias.

8 E não me entregaste nas mãos do inimigo; pozeste os meus pés n’um logar espaçoso.

9 Tem misericordia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado: consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre.

10 Porque a minha vida está gasta de tristeza, e os meus annos de suspiros; a minha força descae por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem.

11 Fui opprobrio entre todos os meus inimigos, até entre os meus visinhos, e horror para os meus conhecidos: os que me viam na rua fugiam de mim.

12 Estou esquecido no coração d’elles, como um morto; sou como um vaso quebrado.

13 Pois ouvi [3] a murmuração de muitos, temor havia ao redor; emquanto juntamente consultavam contra mim, intentaram tirar-me a vida.

14 Mas eu confiei em ti, Senhor: e disse: Tu és o meu Deus.

15 Os meus tempos estão nas tuas mãos: livra-me das mãos dos meus inimigos e dos que me perseguem.

16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo: salva-me por tuas misericordias.

17 Não me deixes confundido, Senhor, porque te tenho invocado: deixa confundidos os impios, e emmudeçam na sepultura.

18 Emmudeçam os labios mentirosos que fallam [OB] coisas más com soberba e desprezo contra o justo.

19 Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem! a qual obraste para aquelles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens!

20 Tu os esconderás, no secreto da tua presença, dos desaforos dos homens: encobril-os-has em um pavilhão da contenda das linguas.

21 Bemdito seja o Senhor, pois fez maravilhosa a sua misericordia para comigo em cidade segura.

22 Pois eu dizia [OC] na minha pressa: Estou cortado de diante dos teus olhos; não obstante, tu ouviste a voz das minhas supplicas, quando eu a ti clamei.

23 Amae ao Senhor, vós todos que sois seus sanctos; porque o Senhor guarda os fieis e retribue com abundancia ao que usa de soberba.

24 Esforçae-vos, e elle fortalecerá o vosso coração, vós todos que esperaes no Senhor.

[1] Luc. 23.46. Act. 7.58.

[2] Psa. 33.5.

[3] Jer. 20.10.

[523]

A felicidade do homem perdoado; exhortação ao arrependimento.

Maschil de David.

32 Bemaventurado aquelle cuja transgressão [1] é perdoada, e cujo peccado é coberto.

2 Bemaventurado o homem a quem o Senhor não [2] imputa maldade, e em cujo espirito não ha engano.

3 Quando eu guardei silencio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia.

4 Porque de dia e de noite a tua mão [3] pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio (Selah).

5 Confessei-te o meu peccado, e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu peccado (Selah).

6 Portanto todo aquelle que é sancto orará a ti, em tempo que te possa achar: até no trasbordar de muitas aguas, estas não lhe chegarão.

7 Tu és o logar [4] em que me escondo, tu me preservas da angustia: tu me cinges d’alegres cantos de livramento (Selah).

8 Instruir-te-hei, e ensinar-te-hei o caminho que deves seguir; guiar-te-hei com os meus olhos.

9 Não sejaes como o cavallo, nem como a mula, que não tem entendimento, cuja bocca precisa de cabresto e freio, para que se não cheguem a ti.

10 O impio tem [5] muitas dôres, mas áquelle que confia no Senhor a misericordia o cercará.

11 Alegrae-vos no Senhor, e regozijae-vos, vós os justos; e cantae alegremente, todos vós que sois rectos de coração.

[1] Rom. 4.6, 7, 8.

[2] II Cor. 5.19. João 1.47.

[3] I Sam. 5.6.

[4] Psa. 9.10.

[5] Pro. 13.21. Rom. 2.9.

O jubilo do crente na contemplação das obras de Deus.

33 Regozijae-vos no Senhor, vós, justos, pois aos rectos convem o louvor.

2 Louvae ao Senhor com harpa, cantae a elle com psalterio de dez cordas.

3 Cantae-lhe [1] um cantico novo: tocae bem e com jubilo.

4 Porque a palavra do Senhor é recta, e todas as suas obras são fieis.

5 Elle ama a justiça e o juizo: a terra está cheia da bondade do Senhor.

6 Pela [2] palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exercito d’elles pelo espirito da sua bocca.

7 Elle ajunta as aguas do mar como n’um montão; põe os abysmos em [OD] thesouros.

8 Tema toda a terra ao Senhor; temam-n’o todos os moradores do mundo.

9 Porque fallou, e foi feito: mandou, e logo appareceu.

10 O Senhor desfaz [3] o conselho das nações, quebranta os intentos dos povos.

11 O conselho do Senhor permanece para sempre: os intentos do seu coração de geração em geração.

12 Bemaventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu [4] para sua herança.

13 O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens.

14 Do logar da sua habitação contempla todos os moradores da terra,

15 Aquelle que forma [5] o coração de todos elles, que contempla todas as suas obras.

16 Não ha rei que se salve com a grandeza d’um exercito, nem o homem valente se livra pela muita força.

17 O cavallo é fallaz para a segurança: não livra ninguem com a sua grande força.

18 Eis que [6] os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericordia;

19 Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome.

20 A nossa alma espera no Senhor: elle é o nosso auxilio e o nosso escudo.

21 Pois n’elle se alegra o [7] nosso coração; porquanto temos confiado no seu sancto nome.

22 Seja a tua misericordia, Senhor, sobre nós, como em ti esperamos.

[1] Isa. 42.10. Apo. 5.9.

[2] Gen. 1.6, 7. Heb. 11.3. II Ped. 3.5.

[3] Isa. 10.8.

[4] Exo. 19.5. Deu. 7.6.

[5] Jer. 32.19.

[6] Job 36.7. I Ped. 3.12.

[7] Zac. 10.7. João 16.22.

David louva a Deus, porque respondeu ás suas supplicas, e exhorta a confiar n’Elle.

Psalmo de David, quando mudou o seu semblante perante Abimelech, e o lançou fóra, e se foi.

34 Louvarei [1] ao Senhor em todo o tempo: o seu louvor estará continuamente na minha bocca.

2 A minha alma se [2] gloriará no Senhor: os mansos o ouvirão e se alegrarão.

[524]

3 Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome.

4 Busquei [3] ao Senhor, e elle me respondeu: livrou-me de todos os meus temores.

5 Olharam para elle, e foram illuminados; e os seus rostos não ficaram confundidos.

6 Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angustias.

7 O anjo [4] do Senhor acampa-se em redor dos que o temem, e os livra.

8 Provae, e vêde que o Senhor é bom; bemaventurado o homem que n’elle confia.

9 Temei ao Senhor, vós, os seus sanctos, pois não teem falta alguma aquelles que o temem.

10 Os filhos dos leões necessitam e soffrem fome, mas aquelles que temem ao Senhor não teem falta de coisa alguma.

11 Vinde, meninos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do Senhor.

12 Quem [5] é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para vêr o bem?

13 Guarda [6] a tua lingua do mal, e os teus labios de fallarem o engano.

14 Aparta-te do mal, e faze o bem: procura a paz, e segue-a.

15 Os olhos [7] do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos attentos ao seu clamor.

16 A face [8] do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarreigar da terra a memoria d’elles.

17 Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angustias.

18 Perto [9] está o Senhor dos que teem o coração quebrantado, e salva os contritos de espirito.

19 Muitas são as afflicções do justo, mas o Senhor o livra de todas.

20 Elle lhe guarda [10] todos os seus ossos; nem sequer um d’elles se quebra.

21 A malicia matará o impio, e os que aborrecem o justo serão [OE] desolados.

22 O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que n’elle confiam será [OF] desolado.

[1] Eph. 5.20. I The. 5.18.

[2] Jer. 9.24. I Cor. 1.31.

[3] Mat. 7.7. Luc. 11.9.

[4] Dan. 6.22. Heb. 1.14.

[5] I Ped. 3.10, 11.

[6] I Ped. 2.22.

[7] I Ped. 3.12.

[8] Lev. 17.10. Jer. 44.11. Amós 9.4.

[9] Isa. 57.15 e 61.1.

[10] João 19.36.

David pede o castigo dos impios; descripção da miseria d’estes e supplica para que Deus os julgue.

Psalmo de David.

35 Pleiteia, Senhor, com aquelles que pleiteiam comigo: peleja contra [1] os que pelejam contra mim.

2 Pega do escudo e da rodela, e levanta-te em minha ajuda.

3 Tira da lança e [OG] obstroe o caminho aos que me perseguem; dize á minha alma: Eu sou a tua salvação.

4 Sejam [2] confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida: voltem atraz e envergonhem-se os que contra mim tentam mal.

5 Sejam como moinho perante o vento, o anjo do Senhor os faça fugir.

6 Seja o seu caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os persiga.

7 Porque sem causa encobriram de mim a rede na cova, a qual sem razão cavaram para a minha alma.

8 Sobrevenha-lhe destruição sem o saber, e prenda-o a rede que occultou; caia elle n’essa mesma destruição.

9 E a minha alma se alegrará no Senhor; alegrar-se-ha na sua salvação.

10 Todos os meus ossos dirão: Senhor, quem é como tu, que livras o pobre d’aquelle que é mais forte do que elle? sim, o pobre e o necessitado d’aquelle que o rouba.

11 Falsas testemunhas se levantaram: depozeram contra mim coisas que eu não sabia.

12 Tornaram-me o mal pelo bem, roubando a minha alma.

13 Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, o meu vestido era o sacco; humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio.

14 Portava-me como se elle fôra meu irmão ou amigo; andava lamentando e muito encurvado, como quem chora por sua mãe.

15 Mas elles com a minha adversidade se alegravam e se congregavam: os objectos se congregavam contra mim, e eu não o sabia; [OH] rasgavam-me, e não cessavam.

16 Como hypocritas zombadores nas festas, rangiam os dentes contra mim.

17 Senhor, [3] até quando verás isto? resgata a minha alma das suas assolações, e a minha [OI] predilecta dos leões,

18 Louvar-te-hei na grande congregação: entre muitissimo povo te celebrarei.

19 Não se alegrem os meus inimigos de mim sem razão, nem acenem com os olhos aquelles que me aborrecem sem causa.

20 Pois não fallam de paz; antes projectam [OJ] enganar os quietos da terra.

[525]

21 Abrem a bocca de par em par contra mim, e dizem: Ólá, Ólá! os nossos olhos o viram.

22 Tu, Senhor, o tens visto, não te cales: Senhor, não te alongues de mim;

23 Desperta e acorda para o meu julgamento, para a minha causa, Deus meu, e Senhor meu.

24 Julga-me segundo a tua justiça, Senhor Deus meu, e não deixes que se alegrem de mim.

25 Não digam em seus corações: Eia, sus, alma nossa: não digam: Nós o havemos devorado.

26 Envergonhem-se [4] e confundam-se á uma os que se alegram com o meu mal; vistam-se de vergonha e de confusão os que se engrandecem contra mim.

27 Cantem [5] e alegrem-se os que amam a minha justiça, e digam continuamente: O Senhor seja engrandecido, o qual ama a prosperidade do seu servo.

28 E assim a minha lingua fallará da tua justiça e do teu louvor todo o dia.

[1] Lam. 3.58. Exo. 14.25.

[2] Isa. 29.5. Ose. 13.3.

[3] Hab. 1.13.

[4] ver. 4.

[5] Rom. 12.15. I Cor. 12.26.

A malicia dos impios. Nosso refugio está em Deus, que salva os rectos.

Psalmo de David, servo do Senhor, para o cantor-mór.

36 A prevaricação do impio diz no intimo do seu coração: Não ha temor [1] de Deus perante os seus olhos.

2 Porque em seus olhos se lisongeia, até que a sua iniquidade se descubra ser detestavel.

3 As palavras da sua bocca são malicia e engano: deixou de entender e de fazer o bem.

4 Projecta a malicia na sua cama; põe-se no caminho que não é bom: não aborrece o mal.

5 A tua misericordia, Senhor, está nos céus, e a tua fidelidade chega até ás mais excelsas nuvens.

6 A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juizos são um grande abysmo; Senhor, tu conservas os homens e os animaes.

7 Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam á sombra das tuas azas.

8 Elles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás [2] beber da corrente das tuas delicias;

9 Porque [3] em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.

10 Estende a tua benignidade sobre os que te conhecem, e a tua justiça sobre os rectos de coração.

11 Não venha sobre mim o pé dos soberbos, e não me mova a mão dos impios.

12 Ali caem os que obram a iniquidade; cairão, e não se poderão levantar.

[1] Rom. 3.18.

[2] Apo. 22.1.

[3] Jer. 2.13. João 4.10, 14.

A prosperidade dos peccadores acaba, mas sómente os justos serão felizes.

Psalmo de David.

37 Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que obram a iniquidade.

2 Porque cedo serão ceifados como a herva, e murcharão como a verdura.

3 Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado.

4 Deleita-te [1] tambem no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração.

5 Entrega o [2] teu caminho ao Senhor; confia n’elle, e elle o fará.

6 E elle fará sobresair a tua justiça como a luz, e o teu juizo como o meio-dia.

7 Descança no Senhor, e espera n’elle; não te indignes por causa d’aquelle que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos.

8 Deixa a ira, e abandona o furor: não te indignes para fazer sómente o mal.

9 Porque os malfeitores serão desarreigados; mas aquelles que esperam no Senhor herdarão a terra.

10 Pois ainda um pouco, e o impio não existirá; olharás para o seu logar, e não apparecerá.

11 Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundancia de paz.

12 O impio maquina contra o justo, e contra elle range os dentes.

13 O Senhor se rirá d’elle, pois vê que vem chegando o seu dia.

14 Os impios puxaram da espada e entesaram o arco, para derribarem o pobre e necessitado, e para matarem os [OK] de recta conversação.

15 Porém a sua espada lhes entrará no coração, e os seus arcos se quebrarão.

16 Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos impios.

17 Pois os braços dos impios se quebrarão, mas o Senhor sustem os justos.

18 O Senhor conhece os dias dos rectos, [3] e a sua herança permanecerá para sempre.

[526]

19 Não serão envergonhados nos dias maus, e nos dias de fome se fartarão.

20 Mas os impios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros; desapparecerão, e em fumo se desfarão.

21 O impio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece, e dá.

22 Porque aquelles que elle abençoa herdarão a terra, e aquelles que forem por elle amaldiçoados serão desarreigados.

23 Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho.

24 Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustem com a sua mão.

25 Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar o pão.

26 Compadece-se sempre, e empresta, e a sua semente é abençoada.

27 Aparta-te do mal e faze o bem; e habita para sempre.

28 Porque o Senhor ama o juizo e não desampara os seus sanctos; elles são preservados para sempre; mas a semente dos impios será desarreigada.

29 Os justos herdarão a terra e habitarão n’ella para sempre.

30 A bocca do justo falla a sabedoria: a sua lingua falla do juizo.

31 A lei do seu Deus está em seu coração; os seus passos não resvallarão.

32 O impio espreita ao justo, e procura matal-o.

33 O Senhor não o deixará em suas mãos, nem o condemnará quando fôr julgado.

34 Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares a terra: tu o verás quando os impios forem desarreigados.

35 Vi o impio com grande poder espalhar-se como a arvore verde na terra natal.

36 Mas passou e já não apparece: procurei-o, mas não se poude encontrar.

37 Nota o homem sincero, e considera o recto, porque o fim d’esse homem é a paz.

38 Emquanto aos transgressores serão á uma destruidos, e as reliquias dos impios serão destruidas.

39 Mas a salvação dos justos vem do Senhor; elle é a sua fortaleza no tempo da angustia.

40 E o Senhor os [4] ajudará e os livrará; elle os livrará dos impios e os salvará, [5] porquanto confiam n’elle.

[1] Isa. 58.14.

[2] Luc. 12.22.

[3] Isa. 60.21.

[4] Isa. 31.5.

[5] Dan. 3.17, 28 e 6.23.

A dôr e o arrependimento do peccador; dirige-se a Deus para obter perdão e salvação.

Psalmo de David para lembrança.

38 Ó Senhor, não me reprehendas na tua ira, nem me castigues em teu furor.

2 Porque as tuas frechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu.

3 Não ha coisa sã na minha carne, por causa da tua colera; nem ha paz em meus ossos, por causa do meu peccado.

4 Pois as minhas [1] iniquidades sobrepassam a minha cabeça: como carga pesada são de mais para as minhas forças.

5 As minhas chagas [2] cheiram mal e estão corruptas, por causa da minha loucura.

6 Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia.

7 Porque as minhas ilhargas estão cheias de ardor, e não ha coisa sã na minha carne.

8 Estou fraco e mui quebrantado; tenho rugido pela inquietação do meu coração.

9 Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não te é occulto.

10 O meu coração dá voltas, a minha força me falta; emquanto á luz dos meus olhos, ella me deixou.

11 Os meus amigos e os meus propinquos estão ao longe da minha chaga; e os meus parentes se pôem em distancia.

12 Tambem os que buscam a minha vida me armam laços, e os que procuram o meu mal fallam coisas que damnificam, e imaginam astucias todo o dia.

13 Mas eu, como surdo, não ouvia, e era como mudo que não abre a bocca.

14 Assim eu sou como homem que não ouve, e em cuja bocca não ha reprovação.

15 Porque em ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás.

16 Porque dizia eu: Ouve-me, para que se não alegrem de mim: quando escorrega o meu pé, elles se engrandecem contra mim.

17 Porque estou prestes a coxear; a minha dôr está constantemente perante mim.

18 Porque eu declararei a minha iniquidade; affligir-me-hei por causa do meu peccado.

19 Mas os meus inimigos estão vivos e são fortes, e os que sem causa me odeiam se engrandecem.

[527]

20 Os que dão mal pelo bem são meus adversarios, porquanto eu sigo o que é bom.

21 Não me desampares, Senhor, meu Deus, [3] não te alongues de mim.

22 Apressa-te em meu auxilio, Senhor, minha salvação.

[1] Esd. 9.6.

[2] Mat. 11.28.

[3] Isa. 12.2.

O cuidado com as nossas palavras; a brevidade e vaidade da vida; a supplica para que Deus o guarde da impaciencia.

Psalmo de David para o cantor-mór, para Jeduthun.

39 Disse: Guardarei os meus caminhos para não delinquir com a minha lingua: guardarei a bocca com um freio, emquanto o impio estiver diante de mim.

2 Com o silencio fiquei mudo; calava-me mesmo ácerca do bem, e a minha dôr se aggravou.

3 Esquentou-se-me o coração dentro de mim; emquanto eu meditava se accendeu um fogo: então fallei com a minha lingua.

4 Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou fragil.

5 Eis que fizeste os meus dias como a palmos, o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade que todo o homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade (Selah).

6 Na verdade que todo o homem anda como uma [OL] apparencia; na verdade que em vão se inquietam: amontoam riquezas, e não sabem quem as levará.

7 Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.

8 Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opprobrio dos loucos.

9 Emmudeci: não abro a minha bocca, porquanto tu o fizeste.

10 Tira de sobre mim a tua praga; estou desfallecido pelo golpe da tua mão.

11 Quando castigas o homem, por causa da iniquidade, com reprehensões, fazes com que a sua belleza se consuma como a traça: assim todo o homem é [OM] vaidade (Selah.)

12 Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lagrimas, porque [1] sou estranho para ti e peregrino como todos os meus paes.

13 Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais.

[1] Lev. 25.23. Heb. 11.13.

Deus ouve a alma paciente: a obediencia é melhor do que o sacrificio; oração a Deus para que o livre dos males.

Psalmo de David para o cantor-mór.

40 Esperei com paciencia ao Senhor, e elle se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.

2 Tirou-me [ON] d’um lago horrivel, d’um charco de lodo, poz os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos,

3 E poz um novo cantico na minha bocca, um hymno ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor.

4 Bemaventurado [1] o homem que põe no Senhor a sua confiança, e o que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.

5 Muitas são, Senhor meu Deus, as maravilhas que tens obrado para comnosco, e os teus pensamentos não se podem contar por ordem diante de ti; se eu os quizera annunciar, e d’elles fallar, são mais do que se podem contar.

6 Sacrificio [2] e offerta não quizeste; as minhas orelhas [OO] abriste, holocausto e expiação pelo peccado não reclamaste.

7 Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escripto.

8 Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.

9 Préguei a justiça na grande congregação; eis-que não retive os meus labios, Senhor, tu o sabes.

10 Não escondi a tua justiça dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação: [3] não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade.

11 Não retires de mim, Senhor, as tuas misericordias; guardem-me continuamente a tua benignidade e a tua verdade.

12 Porque males sem numero me teem rodeado: as minhas iniquidades me prenderam de modo que não posso olhar para cima: são muitas mais do que os cabellos da minha cabeça; pelo que desfallece o meu coração.

13 Digna-te, Senhor, livrar-me: Senhor, apressa-te em meu auxilio.

14 Sejam á uma confundidos e envergonhados os que buscam a minha vida para destruil-a; tornem atraz e confundam-se os que me querem mal.

15 Desolados sejam em pago da sua affronta os que me dizem: Ha! Ha!

16 Folguem e alegrem-se em ti os que[528] te buscam: digam constantemente os que amam a tua salvação: Magnificado seja o Senhor.

17 Mas eu sou pobre e necessitado; comtudo o Senhor [4] cuida de mim: tu és o meu auxilio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus.

[1] Jer. 17.7.

[2] I Sam. 15.22.

[3] Act. 20.20, 27.

[4] I Ped. 5.7.

O cuidado de Deus para com os pobres. David queixa-se da traição de seus inimigos e busca o soccorro de Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór.

41 Bemaventurado [1] é aquelle que attende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal.

2 O Senhor o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás á vontade de seus inimigos.

3 O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu farás toda a sua cama na doença.

4 Dizia eu: Senhor, tem piedade de mim; sára [2] a minha alma, porque pequei contra ti.

5 Os meus inimigos fallam mal de mim, dizendo: Quando morrerá elle, e perecerá o seu nome?

6 E, se algum d’elles vem ver-me, falla coisas vãs; no seu coração amontoa a maldade; saindo para fóra, falla d’ella.

7 Todos os que me aborrecem murmuram á uma contra mim; contra mim imaginam o mal, dizendo:

8 Uma má doença se lhe tem apegado; e, agora que está deitado, não se levantará mais.

9 Até o meu proprio amigo intimo, em quem eu tanto confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

10 Porém tu, Senhor, tem piedade de mim, e levanta-me, para que eu lhes dê o pago.

11 Por isto conheço eu que tu me favoreces: que o meu inimigo não triumpha de mim.

12 Emquanto a mim, tu me sustentas na minha sinceridade, e me pozeste diante da tua face para sempre.

13 Bemdito seja o Senhor Deus d’Israel, de seculo em seculo: Amen e Amen.

[1] Pro. 14.21.

[2] Psa. 6.3.

A alma anhela por servir a Deus no seu templo.

Maschil para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

42 Assim como o cervo [OP] brama pelas correntes das aguas, assim brama a minha alma por ti, ó Deus!

2 A minha alma tem sêde de Deus, do Deus vivo: quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?

3 As minhas lagrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, emquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?

4 Quando me lembro d’isto, dentro de mim derramo a minha alma: pois [1] eu havia ido com a multidão; fui com elles á casa de Deus, com voz d’alegria e louvor, com a multidão que festejava.

5 Porque estás abatida, ó alma minha, e porque te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.

6 Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde [OQ] o pequeno monte.

7 Um abysmo [2] chama outro abysmo; ao ruido das tuas catadupas: todas as tuas ondas e as tuas vagas teem passado sobre mim.

8 Comtudo o Senhor mandará a sua misericordia de dia, e de noite a sua canção estará comigo, e a oração ao Deus da minha vida.

9 Direi a Deus, minha Rocha: Porque te esqueceste de mim? porque ando lamentando por causa da oppressão do inimigo?

10 [OR] Com ferida mortal em meus ossos me affrontam os meus adversarios, quando todo o dia me dizem: Onde está o teu Deus?

11 Porque estás [3] abatida, ó alma minha, e porque te perturbas dentro de mim? espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é [OS] a salvação da minha face, e o meu Deus.

[1] Isa. 30.29.

[2] Jer. 4.20. Eze. 7.26.

[3] ver. 5.

Oração para que seja restituido aos privilegios do sanctuario.

43 Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra a [OT] gente impia; livra-me do homem fraudulento e injusto.

2 Pois tu és o Deus da minha fortaleza; porque me rejeitas? porque ando lamentando por causa da oppressão do inimigo?

3 Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu sancto monte, e aos teus tabernaculos.

4 Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é [OU] a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.

5 Porque estás abatida, ó alma minha?[529] e porque te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu.

O povo de Deus recorda os favores antigos, e roga o livramento dos males presentes.

Maschil para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

44 Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, [1] e nossos paes nos teem contado a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.

2 Como expelliste as nações com a tua mão e os plantaste a elles: como affligiste os povos e [OV] os derribaste.

3 Pois não conquistaram a terra pela sua espada, nem o seu braço os salvou, mas a tua dextra e o teu braço, e a luz da tua face, porquanto te agradaste d’elles.

4 Tu és o meu Rei, ó Deus: ordena [OW] salvações para Jacob.

5 Por ti escornearemos [2] os nossos inimigos: pelo teu nome pizaremos os que se levantam contra nós:

6 Pois eu não confiarei no meu arco, nem a minha espada me salvará.

7 Mas tu nos salvaste dos nossos inimigos, e confundiste os que nos aborreciam.

8 Em Deus nos gloriamos todo o dia, e louvamos o teu nome eternamente (Selah).

9 Mas agora tu nos rejeitaste e nos confundiste, e não saes com os nossos exercitos.

10 Faze-nos [3] retirar do inimigo, e aquelles que nos odeiam nos saqueiam para si.

11 Tu nos entregaste como [4] ovelhas para comer, e nos espalhaste entre as nações.

12 Tu vendes por nada o teu povo, e não augmentas a tua riqueza com o seu preço.

13 Tu nos pões por opprobrio aos nossos visinhos, por escarneo e zombaria de aquelles que estão á roda de nós.

14 Tu nos pões por proverbio entre as nações, por movimento de cabeça entre os povos.

15 A minha [OX] confusão está constantemente diante de mim, e a vergonha do meu rosto me cobre:

16 Á voz d’aquelle que affronta e blasphema, por causa do inimigo e do vingador.

17 Tudo [5] isto nos sobreveiu: comtudo não nos esquecemos de ti, nem nos houvemos falsamente contra o teu concerto.

18 O nosso coração não voltou atraz, nem os nossos passos se desviaram das tuas veredas;

19 Ainda que nos quebrantaste n’um logar de [OY] dragões, e nos cobriste com a sombra da morte.

20 Se nós esquecemos o nome do nosso Deus, e estendemos as nossas mãos para um deus estranho,

21 Porventura não esquadrinhará Deus isso? pois elle sabe os segredos do coração.

22 Sim, por amor de ti, somos mortos todo o dia: somos tidos na conta de ovelhas para o matadouro.

23 Desperta, porque dormes, Senhor? acorda, não nos rejeites para sempre.

24 Porque escondes [6] a tua face, e te esqueces da nossa miseria e da nossa oppressão?

25 Pois a nossa alma está abatida até ao pó; o nosso ventre se apega á terra.

26 Levanta-te em nosso auxilio, e resgata-nos por amor das tuas misericordias.

[1] Exo. 12.26.

[2] Dan. 8.6.

[3] Lev. 26.17.

[4] Rom. 8.36.

[5] Dan. 9.13.

[6] Job 13.24.

Descripção prophetica da união entre Christo e a sua egreja.

Maschil, cantico d’amor, para o cantor-mór, entre os filhos de Korah, sobre Shoshannim.

45 O meu coração ferve com palavras boas, fallo do que tenho feito no tocante ao Rei: a minha lingua é a penna de um dextro escriptor.

2 Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; [1] a graça se derramou em teus labios; portanto Deus te abençoou para sempre.

3 Cinge [2] a tua espada á coxa, ó Valente, com a tua gloria e a tua magestade.

4 [OZ] E n’este teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua dextra te ensinará coisas terriveis.

5 As tuas frechas são agudas [PA] no coração dos inimigos do Rei, e por ellas os povos cairam debaixo de ti.

6 O teu throno, ó Deus, é eterno e perpetuo; o sceptro do teu reino é um sceptro d’equidade.

[530]

7 Tu amas a justiça e aborreces a impiedade; portanto, Deus, o teu Deus, te ungiu com oleo de alegria, mais do que a teus companheiros.

8 Todos os teus vestidos cheiram a myrrha, e aloes e cassia, desde os palacios de marfim de onde te alegram.

9 As filhas dos reis estavam entre as tuas illustres donzellas; á tua direita estava a rainha ornada de finissimo oiro de Ophir.

10 Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do teu povo e da casa do teu pae.

11 Então o rei se afeiçoará da tua formosura, pois elle é teu Senhor; adora-o.

12 E a filha de Tyro estará ali com presentes; os ricos do povo supplicarão o teu favor.

13 A filha do rei é toda illustre por dentro: o seu vestido é de oiro engastado.

14 Leval-a-hão ao rei com vestidos bordados; as virgens que a acompanham a trarão a ti.

15 Com alegria e regozijo as trarão: ellas entrarão no palacio do rei.

16 Em logar de teus paes serão teus filhos; d’elles farás [3] principes sobre toda a terra.

17 Farei lembrado [4] o teu nome de geração em geração; pelo que os povos te louvarão eternamente.

[1] Luc. 4.22.

[2] Isa. 49.2. Heb. 4.12. Apo. 1.16.

[3] I Ped. 2.9. Apo. 1.6.

[4] Mal. 1.11.

A fé perfeita que aquelle que crê tem em Deus.

Cantico sobre Alamoth, para o cantor-mór entre os filhos de Korah.

46 Deus é o nosso refugio e fortaleza, soccorro [1] bem presente na angustia.

2 Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.

3 Ainda que as aguas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza (Selah).

4 Ha um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o sanctuario das moradas do Altissimo.

5 Deus está [2] no meio d’ella, não se abalará; Deus a ajudará ao romper da manhã.

6 As nações se embraveceram; os reinos se moveram; elle levantou a sua voz e a terra se derreteu.

7 O Senhor dos Exercitos está comnosco: o Deus de Jacob é o nosso refugio (Selah).

8 Vinde, contemplae as obras do Senhor; que desolações tem feito na terra!

9 Elle faz cessar as guerras até ao fim da terra: quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo.

10 Aquietae-vos, e sabei que eu sou Deus; [3] serei exaltado entre as nações; serei exaltado sobre a terra.

11 O Senhor dos Exercitos está comnosco: o Deus de Jacob é o nosso refugio (Selah).

[1] Deu. 4.7.

[2] Deu. 24.14. Isa. 12.6. Ose. 11.9.

[3] Isa. 2.11, 17.

O triumpho do reino de Deus.

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

47 Applaudi com as mãos, todos os povos; cantae a Deus com voz de triumpho.

2 Porque o Senhor Altissimo é tremendo, e Rei grande sobre toda a terra.

3 Elle nos subjugará os povos e as nações debaixo dos nossos pés.

4 Escolherá para nós a nossa herança, a gloria de Jacob, a quem amou (Selah).

5 Deus subiu com jubilo, o Senhor subiu ao som de trombeta.

6 Cantae louvores a Deus, cantae louvores; cantae louvores ao nosso Rei, cantae louvores.

7 Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantae louvores com intelligencia.

8 Deus reina sobre as nações: Deus se assenta [PB] sobre o throno da sua sanctidade.

9 Os principes do povo se ajuntam, o povo do Deus de Abrahão; porque os escudos da terra são de Deus: elle está muito elevado!

A belleza e os privilegios de Sião.

Cantico e psalmo para os filhos de Korah.

48 Grande é o Senhor e mui digno de louvor, na cidade do nosso Deus, no seu monte sancto.

2 Formoso de [PC] sitio, e alegria de toda a terra é o monte de Sião sobre os lados do norte, a cidade do grande Rei.

3 Deus é conhecido nos seus palacios por um alto refugio.

4 Porque eis que os reis se ajuntaram: elles passaram juntos.

5 Viram-n’o, e ficaram maravilhados; ficaram assombrados e se apressaram em fugir.

6 Tremor ali os tomou, e dôres como de mulher de parto.

[531]

7 Tu quebras as náus de Tarsis com um vento oriental.

8 Como o ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exercitos, na cidade do nosso Deus. [1] Deus a confirmará para sempre (Selah).

9 Lembramo-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo.

10 Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor, até aos fins da terra: a tua mão direita está cheia de justiça.

11 Alegre-se o monte de Sião; alegrem-se as filhas de Judah por causa dos teus juizos.

12 Rodeae Sião, e cercae-a, contae as suas torres.

13 Marcae bem os seus antemuros, considerae os seus palacios, para que o conteis á geração seguinte.

14 Porque este Deus é o nosso Deus para sempre, elle será nosso guia até á morte.

[1] Isa. 2.2. Miq. 4.1.

A vaidade dos bens terrestres. Só Deus salva da morte.

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

49 Ouvi isto, vós todos os povos; inclinae os ouvidos, todos os moradores do mundo,

2 Tanto baixos como altos, tanto ricos como pobres.

3 A minha bocca fallará de sabedoria; e a meditação do meu coração será de entendimento.

4 Inclinarei [1] os meus ouvidos a uma parabola: declararei o meu enigma na harpa.

5 Porque temerei eu nos dias maus, quando me cercar a iniquidade dos que me armam ciladas?

6 Aquelles [2] que confiam na sua fazenda, e se gloriam na multidão das suas riquezas,

7 Nenhum d’elles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate d’elle

8 (Pois a redempção da sua alma é carissima, e cessará para sempre);

9 Para que viva para sempre, e não veja corrupção:

10 Porque elle vê que os sabios morrem: perecem egualmente tanto o louco como o brutal, e deixam a outros os seus bens.

11 O seu pensamento interior é que as suas casas serão perpetuas e as suas habitações de geração em geração; dão ás suas terras os seus proprios nomes.

12 Todavia o homem que está na honra [3] não permanece; antes é como os brutos que perecem.

13 Este caminho d’elles é a sua loucura; comtudo a sua posteridade approva as suas palavras (Selah).

14 Como ovelhas são postos na [PD] sepultura; a morte se alimentará d’elles; e os rectos terão dominio sobre elles na manhã, e a sua formosura na sepultura se consumirá [PE] da sua morada.

15 Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá (Selah).

16 Não temas, quando alguem se enriquece, quando a gloria da sua casa se engrandece.

17 Porque, quando morrer, nada levará comsigo, nem a sua gloria o acompanhará.

18 Ainda que na sua vida elle bemdisse a sua alma, e os homens te louvam, quando fizeres bem a ti mesmo,

19 Irá para a geração de seus paes; elles nunca verão a luz.

20 O homem que está na honra, e não tem entendimento, é similhante ás bestas que perecem.

[1] Mat. 13.35.

[2] Mar. 10.24. I Tim. 6.17.

[3] Luc. 12.10.

Deus governa o mundo: Deus tem mais prazer na obediencia do que no sacrificio.

Psalmo de Asaph.

50 O Deus poderoso, o Senhor, fallou e chamou a terra desde o nascimento do sol até ao seu occaso.

2 Desde Sião, a perfeição da formosura, resplandeceu Deus.

3 Virá o nosso Deus, e não se calará; um fogo se irá consumindo diante d’elle, e haverá grande tormenta ao redor d’elle.

4 Chamará os céus lá do alto, e a terra, para julgar o seu povo.

5 Ajuntae-me os meus sanctos, aquelles que fizeram comigo um concerto com sacrificios.

6 E os céus annunciarão a sua justiça; pois Deus mesmo é o Juiz (Selah).

7 Ouve, povo meu, e eu fallarei; Ó Israel, e eu protestarei contia ti; Sou Deus, sou o teu Deus.

8 Não te reprehenderei pelos teus sacrificios, ou holocaustos, que estão continuamente perante mim.

9 Da tua casa não tirarei [1] bezerro nem bodes dos teus curraes.

10 Porque meu é todo o animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas.

[532]

11 Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo.

12 Se eu tivesse fome, não t’o diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude.

13 Comerei eu carne de toiros? ou beberei sangue de bodes?

14 Offerece a Deus sacrificio de louvor, e paga ao Altissimo os teus votos.

15 E invoca-me [2] no dia da angustia: eu te livrarei, e tu me glorificarás.

16 Mas ao impio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar o meu concerto na tua bocca?

17 Visto que [3] aborreces a correcção, e lanças as minhas palavras para detraz de ti.

18 Quando vês o ladrão, consentes com elle, e tens a tua parte com adulteros.

19 Soltas a tua bocca para o mal, e a tua lingua compõe o engano.

20 Assentas-te a fallar contra teu irmão; fallas mal contra o filho de tua mãe.

21 Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu; mas eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.

22 Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.

23 Aquelle [4] que offerece o sacrificio de louvor me glorificará; e áquelle que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.

[1] Miq. 6.6. Act. 17.25.

[2] Zac. 13.9.

[3] Rom. 2.21, 22. Neh. 9.26.

[4] Rom. 12.1. Gal. 6.16.

David confessa o seu peccado, supplica o perdão e roga a Deus que lhe renove um espirito recto.

Psalmo de David para o cantor-mór, quando o propheta Nathan veiu a elle, depois d’entrar a Bathseba.

51 Tem misericordia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericordias.

2 Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu peccado.

3 Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu peccado está sempre diante de mim.

4 Contra ti, contra ti sómente pequei, e fiz o que é mau á tua vista, para que sejas justificado quando fallares, e puro quando julgares.

5 Eis que em iniquidade fui formado, e em peccado me concebeu minha mãe.

6 Eis que amas a verdade no intimo, e no occulto me fazes conhecer a sabedoria.

7 Purifica-me [1] com hyssope, e ficarei puro: lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.

8 Faze-me ouvir jubilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste.

9 Esconde a tua face dos meus peccados, e apaga todas as minhas iniquidades.

10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espirito recto.

11 Não me lances fóra da tua presença, [2] e não retires de mim o teu Espirito Sancto.

12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustem-me com o teu Espirito voluntario.

13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os peccadores a ti se converterão.

14 Livra-me [3] dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha lingua louvará altamente a tua justiça.

15 Abre, Senhor, os meus labios, e a minha bocca entoará o teu louvor.

16 Pois não queres os sacrificios que eu daria; tu não te deleitas em holocaustos.

17 Os sacrificios para Deus são o espirito quebrantado; [4] a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalem.

19 Então te agradarás [5] dos sacrificios da justiça, dos holocaustos e das offertas queimadas; então se offerecerão novilhos sobre o teu altar.

[1] Num. 19.18. Heb. 9.19. Isa. 1.18.

[2] Rom. 8.9. Eph. 4.30.

[3] II Sam. 11.17.

[4] Isa. 57.15.

[5] Mal. 3.3.

David prediz a ruina do impio, e confia em Deus.

Maschil de David para o cantor-mór, quando Doeg, o idumeo, o annunciou a Saul, e lhe disse: David veiu a casa de Abimelech.

52 Porque te glorias na malicia, ó homem poderoso? pois a bondade de Deus permanece continuamente.

2 A tua lingua intenta o mal, como uma navalha amolada, traçando enganos.

3 Tu amas mais o mal do que o bem, e a mentira [1] mais do que o fallar a rectidão (Selah).

[533]

4 Amas todas as palavras devoradoras, ó lingua fraudulenta.

5 Tambem Deus te destruirá para sempre; arrebatar-te-ha e arrancar-te-ha da tua habitação; e desarreigar-te-ha da terra dos viventes (Selah).

6 E os justos [2] o verão, e temerão: e se rirão d’elle:

7 Eis aqui o homem que não poz em Deus a sua fortaleza; antes confiou na abundancia das suas riquezas, e se fortaleceu na sua maldade.

8 Mas eu [3] sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericordia de Deus para sempre, eternamente.

9 Para sempre te louvarei, porque tu o fizeste, e esperarei no teu nome, porque é bom diante de teus sanctos.

[1] Jer. 9.4, 5.

[2] Mal. 1.5.

[3] Jer. 11.16.

O impio nega a existencia de Deus e se corrompe.

Maschil de David para o cantor-mór sobre Machalath.

53 Disse o [PF] nescio no seu coração: Não ha Deus. Teem-se corrompido, [1] e commettido abominavel iniquidade: não ha ninguem que faça o bem.

2 Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram immundos; não ha quem faça o bem, não, nem sequer um.

4 Acaso não teem conhecimento [2] os que obram a iniquidade, os quaes comem o meu povo como se comessem pão? elles não invocaram a Deus.

5 Ali se acharam em grande temor, onde não havia temor, [3] pois Deus espalhou os ossos d’aquelle que te cercava; tu os confundiste, porque Deus os rejeitou.

6 Oh! se de Sião viera a salvação de Israel! Quando Deus fizer voltar os captivos do seu povo, então se regozijará Jacob e se alegrará Israel.

[1] Rom. 3.10.

[2] Jer. 4.22.

[3] Eze. 6.5.

David roga a Deus que o salve dos seus inimigos.

Maschil de David para o cantor-mór sobre Neginoth, quando os zipheos vieram e disseram a Saul: Porventura não está escondido entre nós?

54 Salva-me, ó Deus, pelo teu nome, e faze-me justiça pelo teu poder.

2 Ó Deus, ouve a minha oração, inclina os teus ouvidos ás palavras da minha bocca.

3 Porque os estranhos se levantam contra mim, e tyrannos procuram a minha vida: não teem posto Deus perante os seus olhos (Selah).

4 Eis que Deus é o meu ajudador, o Senhor está com aquelles que susteem a minha alma.

5 Elle recompensará com o mal aquelles que me andam espiando: destroe-os na tua verdade.

6 Eu te offerecerei voluntariamente sacrificios, louvarei o teu nome ó Senhor, porque é bom.

7 Pois me tem livrado de toda a angustia; e os meus olhos viram o meu desejo sobre os meus inimigos.

David queixa-se da malicia dos seus inimigos; persevera em oração, e lança a sua carga sobre o Senhor.

Maschil de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

55 Inclina ó Deus os teus ouvidos á minha oração, e não te escondas da minha supplica.

2 Attende-me, e ouve-me: lamento na minha queixa, [1] e faço ruido,

3 Pelo clamor do inimigo e por causa da oppressão do impio: pois lançou sobre mim a iniquidade, e com furor me aborrecem.

4 O meu coração está dolorido dentro de mim, e terrores da morte cairam sobre mim.

5 Temor e tremor vieram sobre mim; e o horror me cobriu.

6 Pelo que disse: Oh! quem me déra azas como de pomba! porque então voaria, e estaria em descanço.

7 Eis que fugiria para longe, e pernoitaria no deserto (Selah).

8 Apressar-me-hia a escapar da furia do vento e da tempestade.

9 [PG] Despedaça, [2] Senhor, e divide as suas linguas, pois tenho visto violencia e contenda na cidade.

10 De dia e de noite a cercam sobre os seus muros; iniquidade e malicia estão no meio d’ella.

11 Maldade ha dentro d’ella: astucia e engano não se apartam das suas ruas.

12 Pois não era um inimigo que me affrontava: então eu o houvera supportado: nem era o que me aborrecia que se engrandecia contra mim, porque d’elle me teria escondido.

[534]

13 Mas eras tu, homem meu egual, meu guia e meu intimo amigo.

14 Consultavamos juntos suavemente, [3] e andavamos em companhia na casa de Deus.

15 A morte os assalte, e vivos desçam ao [PH] inferno; porque ha maldade nas suas habitações e no meio d’elles.

16 Porém eu invocarei a Deus, e o Senhor me salvará.

17 De tarde [4] e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e elle ouvirá a minha voz.

18 Livrou em paz a minha alma da peleja que havia contra mim; pois havia muitos [PI] comigo.

19 Deus ouvirá, e os affligirá, Aquelle que preside desde a antiguidade (Selah), porque não ha n’elles nenhuma mudança, e portanto não temem a Deus.

20 Elle [5] poz as suas mãos n’aquelles que teem paz com elle: quebrou a sua alliança.

21 As palavras da sua bocca eram mais macias do que a manteiga, mas havia guerra no seu coração: as suas palavras eram mais brandas do que o azeite; comtudo, eram espadas nuas.

22 Lança [6] a tua carga sobre o Senhor, e elle te susterá: não permittirá nunca que o justo seja abalado.

23 Mas tu, ó Deus, os farás descer ao poço da perdição; homens de sangue e de fraude não viverão metade dos seus dias; mas eu em ti confiarei.

[1] Isa. 38.14.

[2] Jer. 6.7.

[3] Psa. 42.5.

[4] Dan. 6.10. Luc. 18.1.

[5] Act. 12.1.

[6] Mat. 6.25.

David roga a Deus que o livre dos seus inimigos, e confia em que elle lh’o conceda.

Mictam de David para o cantor-mór, sobre Jonath-elem-rechokin, quando os philisteos o prenderam em Gath.

56 Tem misericordia de mim, ó Deus, porque o homem procura devorar-me; pelejando todo o dia, me opprime.

2 Os que me andam espiando procuram devorar-me todo o dia; pois são muitos os que pelejam contra mim, ó Altissimo.

3 Em qualquer tempo que eu temer, me confiarei de ti.

4 Em Deus louvarei a sua palavra, em Deus puz a minha confiança; [1] não temerei o que me possa fazer a carne.

5 Todos os dias torcem as minhas palavras: todos os seus pensamentos são contra mim para o mal.

6 Ajuntam-se, escondem-se, marcam os meus passos, como aguardando a minha alma.

7 Porventura escaparão elles por meio da sua iniquidade? Ó Deus, derriba os povos na tua ira!

8 Tu contas as minhas [PJ] vagueações; [2] põe as minhas lagrimas no teu odre; não estão ellas no teu livro?

9 Quando eu a ti clamar, então voltarão para traz os meus inimigos: isto sei eu, porque Deus é por mim.

10 Em Deus louvarei a sua palavra; no Senhor louvarei a sua palavra.

11 Em Deus tenho posto a minha confiança; não temerei o que me possa fazer o homem.

12 Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei acções de graças;

13 Pois tu livraste a minha alma da morte; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de Deus na luz dos viventes?

[1] Isa. 31.3. Heb. 13.6.

[2] Mal. 3.16.

David acha soccorro contra os seus inimigos e louva a Deus.

Mictam de David para o cantor-mór Al-tascheth, quando fugia de diante de Saul na caverna.

57 Tem misericordia de mim, ó Deus, tem misericordia de mim, porque a minha alma confia em ti; e na sombra das tuas azas me abrigo, até que passem [1] as calamidades.

2 Clamarei ao Deus altissimo, ao Deus que por mim tudo executa.

3 Elle enviará desde os céus, e me salvará do desprezo d’aquelle que procurava devorar-me (Selah). Deus enviará a sua misericordia e a sua verdade.

4 A minha alma está entre leões, e eu estou entre aquelles que estão abrazados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e frechas, e a sua lingua espada afiada.

5 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; seja a tua gloria sobre toda a terra.

6 Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida; cavaram uma cova diante de mim, porém elles mesmos cairam no meio d’ella (Selah).

7 Preparado está o meu coração, ó Deus, preparado está o meu coração; cantarei, e direi psalmos.

8 Desperta, gloria minha, desperta, alaude e harpa; eu mesmo despertarei ao romper da alva.

9 Louvar-te-hei, Senhor, entre os povos; eu te cantarei entre as nações.

[535]

10 Pois a tua misericordia é grande até aos céus, e a tua verdade até ás nuvens.

11 Sê exaltado, ó Deus, sobre os céus; e seja a tua gloria sobre toda a terra.

[1] Isa. 26.20.

David reprova os impios. Deus os castigará, e salvará os justos.

Mictam de David para o cantor-mór Al-tascheth.

58 Acaso fallaes vós devéras, ó congregação, a justiça? Julgaes realmente, ó filhos dos homens?

2 Antes no coração obraes perversidades: sobre a terra pesaes a violencia das vossas mãos.

3 Alienam-se os impios desde a madre; andam errados desde que nasceram, fallando mentiras.

4 O seu veneno é similhante ao veneno da serpente; são como a vibora surda que tapa os ouvidos,

5 Para não ouvir a voz dos encantadores, do encantador sabio em encantamentos.

6 Ó Deus, quebra-lhes os dentes nas suas boccas; arranca, Senhor, os dentes queixaes aos filhos dos leões.

7 Escorram como aguas que correm constantemente; quando elle armar as suas frechas, fiquem feitos em pedaços.

8 Como a lesma se derrete, assim se vá cada um d’elles, como o aborto d’uma mulher, que nunca viu o sol.

9 Antes que as vossas panellas sintam os espinhos, elle os arrebatará na sua indignação como com um redemoinho.

10 O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no sangue do impio.

11 Então dirá o homem: Devéras ha uma recompensa para o justo; devéras ha um Deus que julga na terra.

David supplica a Deus que o livre, e protesta a sua innocencia.

Mictam de David para o cantor-mór Al-taschet, quando Saul lhes mandou que guardassem a sua casa para o matarem.

59 Livra-me, meu Deus, dos meus inimigos, defende-me d’aquelles que se levantam contra mim.

2 Livra-me dos que obram a iniquidade, e salva-me dos homens sanguinarios.

3 Pois eis que põem ciladas á minha alma; os fortes se ajuntam contra mim, não por transgressão minha ou por peccado meu, ó Senhor.

4 Elles correm, e se preparam, sem culpa minha: desperta para me ajudares, e olha.

5 Tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exercitos, Deus d’Israel, desperta para visitares [PK] todos os gentios: não tenhas misericordia de nenhum dos perfidos que obram a iniquidade (Selah).

6 Voltam á tarde: dão ganidos como cães, e rodeiam a cidade.

7 Eis que elles dão gritos com as suas boccas; espadas estão nos seus labios, porque dizem elles: Quem ouve?

8 Mas tu, Senhor, te rirás d’elles: zombarás de todos os gentios.

9 Por causa da sua força eu te aguardarei; pois Deus é a minha alta defeza.

10 O Deus da minha misericordia me prevenirá: Deus me fará ver o meu desejo sobre os meus inimigos.

11 Não os mates, para que o meu povo se não esqueça: espalha-os pelo teu poder, e abate-os, ó Senhor, nosso escudo.

12 Pelo peccado da sua bocca e pelas palavras dos seus labios fiquem presos na sua soberba, e pelas maldições e pelas mentiras que fallam.

13 Consome-os na tua indignação, consome-os, para que não existam, e para que saibam que Deus reina em Jacob até aos fins da terra (Selah).

14 E tornem a vir á tarde, e dêem ganidos como cães, e cerquem a cidade.

15 Vagueiem para cima e para baixo por mantimento, e passem a noite sem se saciarem.

16 Eu porém cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericordia; porquanto tu foste o meu alto refugio, e protecção no dia da minha angustia.

17 A ti, ó fortaleza minha, cantarei psalmos; porque Deus é a minha defeza e o Deus da minha misericordia.

Acção de graças por varias victorias.

Mictam de David, de doutrina, para o cantor-mór, sobre Susan Eduth, quando pelejou com os syros de Mesopotamia, e com os syros de Zoba, e Joab, tornando, feriu no Valle do Sal a doze mil dos idumeos.

60 Ó Deus, tu nos rejeitaste, tu nos espalhaste, tu te indignaste; oh, volta-te para nós.

2 Abalaste a terra, e a fendeste; sara as suas fendas, pois ella treme.

3 Fizeste ver ao teu povo coisas arduas; [1] fizeste-nos beber o vinho da perturbação.

[536]

4 Déste um estandarte aos que te temem, para arvorarem no alto, por causa da verdade (Selah).

5 Para que os teus amados sejam livres, salva-nos com a tua dextra, e ouve-nos;

6 Deus fallou na sua sanctidade: Eu me regozijarei, [2] repartirei a Sichem e medirei o valle de Succoth.

7 Meu é Galaad, e meu é Manasseh; Ephraim é a força da minha cabeça; Judah é o meu legislador.

8 Moab é o meu vaso de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato; alegra-te, ó Palestina, por minha causa.

9 Quem me conduzirá á cidade forte? Quem me guiará até Edom?

10 Não serás tu, ó Deus, que nos tinhas rejeitado? tu, ó Deus, que não saiste com os nossos exercitos?

11 Dá-nos auxilio na angustia, porque vão é [PL] o soccorro do homem.

12 Em Deus faremos proezas; porque elle é que pisará os nossos inimigos.

[1] Isa. 51.17. Jer. 51.17, 21.

[2] Jos. 1.6. Gen. 12.6.

David confia em Deus como seu refugio.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Neginoth.

61 Ouve, ó Deus, o meu clamor; attende á minha oração.

2 Desde o fim da terra clamarei a ti, quando o meu coração estiver desmaiado; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu.

3 Pois tens sido um refugio para mim, e uma torre forte contra o inimigo.

4 Habitarei no teu tabernaculo para sempre: abrigar-me-hei no occulto das tuas azas (Selah).

5 Pois tu, ó Deus, ouviste os meus votos: déste-me a herança dos que temem o teu nome.

6 Prolongarás os dias do rei; e os seus annos serão como muitas gerações.

7 Elle permanecerá diante de Deus para sempre; prepara-lhe misericordia e verdade que o preservem.

8 Assim cantarei psalmos ao teu nome perpetuamente, para pagar os meus votos de dia em dia.

Exhortação a que se confie sómente em Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór, sobre Jeduthun.

62 A minha alma [PM] espera sómente em Deus: d’elle vem a minha salvação.

2 Só elle é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defeza; não serei grandemente abalado.

3 Até quando maquinareis o mal contra um homem? sereis mortos todos vós, [1] sereis como uma parede encurvada e um vallado bambaleante.

4 Elles sómente consultam como o hão de derribar da sua excellencia: deleitam-se em mentiras; com a bocca bemdizem, mas nas suas entranhas maldizem (Selah).

5 Ó minha alma, [PN] espera sómente em Deus, porque d’elle vem a minha esperança.

6 Só elle é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defeza; não serei abalado.

7 Em Deus está a minha [2] salvação e a minha gloria: a rocha da minha fortaleza, e o meu refugio estão em Deus.

8 Confiae n’elle, ó povo, em todos os tempos; derramae perante elle o vosso coração; Deus é o nosso refugio (Selah).

9 Certamente [3] que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens d’ordem elevada são mentira; pesados em balanças, elles juntos são mais leves do que a vaidade.

10 Não confieis na oppressão, nem vos ensoberbeçaes na rapina; se as vossas riquezas augmentam, não ponhaes n’ellas o coração.

11 Deus fallou uma vez; duas vezes tenho ouvido isto: que o poder pertence a Deus.

12 A ti tambem, Senhor, pertence a misericordia; [4] pois retribuirás a cada um segundo a sua obra.

[1] Isa. 30.13.

[2] Jer. 3.23.

[3] Rom. 3.4.

[4] Jer. 32.19. Eze. 7.27 e 33.21. Rom. 2.8. Col. 3.25. I Ped. 1.17. Apo. 22.12.

David anhela pela presença de Deus.

Psalmo de David quando estava no deserto de Judah.

63 Ó Deus, tu és o meu Deus, de madrugada te buscarei: a minha alma tem sêde de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra secca e cançada, onde não ha agua,

2 Para [1] ver a tua fortaleza e a tua gloria, como te vi no sanctuario.

3 Porque a tua benignidade é melhor do que a vida; os meus labios te louvarão.

4 Assim eu te bemdirei emquanto viver: em teu nome levantarei as minhas mãos.

5 A minha alma se fartará, como de[537] tutano e de gordura; e a minha bocca te louvará com alegres labios,

6 Quando me lembrar de ti na minha cama, e meditar em ti nas vigilias da noite.

7 Porque tu tens sido o meu auxilio; portanto na sombra das tuas azas me regozijarei.

8 A minha alma te segue de perto: a tua dextra me sustenta.

9 Mas aquelles que procuram a minha alma para a destruir, irão para as profundezas da terra.

10 Cairão á espada, serão uma ração para as raposas.

11 Mas o rei se regozijará em Deus; [2] qualquer que por elle jurar se gloriará; porque se taparão as boccas dos que fallam a mentira.

[1] I Sam. 4.21.

[2] Deu. 6.13.

David supplica a Deus que guarde a sua vida, e espera que lh’o conceda.

Psalmo de David para o cantor-mór.

64 Ouve, ó Deus, a minha voz na minha oração: guarda a minha vida do temor do inimigo.

2 Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que obram a iniquidade.

3 Que afiaram as suas linguas como espadas; e armaram por suas frechas palavras amargas,

4 A fim de atirarem em logar occulto ao que é recto; disparam sobre elle repentinamente, e não temem.

5 Firmam-se em mau intento; fallam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá?

6 Andam inquirindo malicias, inquirem tudo o que se pode inquirir; e o intimo pensamento de cada um d’elles, e o coração, é profundo.

7 Mas Deus atirará sobre elles uma setta, e de repente ficarão feridos.

8 Assim elles farão com que as suas linguas tropecem contra si mesmos; todos aquelles que os virem fugirão.

9 E todos os homens temerão, [1] e annunciarão a obra de Deus; e considerarão prudentemente os feitos d’elle.

10 O justo se alegrará no Senhor, e confiará n’elle, e todos os rectos de coração se gloriarão.

[1] Jer. 50.28 e 51.10.

David louva a Deus e dá-lhe graças pelas bençãos concedidas.

Psalmo e cantico de David para o cantor-mór.

65 [PO] A ti, ó Deus, espera o louvor em Sião, e a ti se pagará o voto.

2 Ó tu que ouves as orações, [1] a ti virá toda a carne.

3 Prevalecem as iniquidades contra mim; porém tu expias as nossas transgressões.

4 Bemaventurado aquelle a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus atrios: nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu sancto templo.

5 Pelas coisas tremendas em justiça nos responderás, ó Deus da nossa salvação; tu és a esperança de todas as extremidades da terra, e d’aquelles que estão longe sobre o mar.

6 O que pela sua força consolida os montes, cingido de fortaleza:

7 O que applaca o ruido dos mares, o ruido das suas ondas, e o tumulto das gentes.

8 E os que habitam nos fins da terra temem os teus signaes; tu fazes alegres as saidas da manhã e da tarde.

9 Tu visitas [2] a terra, e a refrescas; tu a enriqueces grandemente com o rio de Deus, que está cheio d’agua; tu lhe preparas o trigo, quando assim a tens preparada.

10 Enches d’agua os seus regos, fazendo-a descer em suas margens: tu a amoleces com a muita chuva: abençoas as suas novidades.

11 Coroas o anno da tua bondade, e as tuas veredas distillam gordura.

12 Distillam sobre os pastos do deserto, e os outeiros os cingem de alegria.

13 Os campos se vestem de rebanhos, [3] e os valles se cobrem de trigo: elles se regozijam e cantam.

[1] Isa. 66.23.

[2] Deu. 11.12. Jer. 5.24.

[3] Isa. 55.12.

Cantico de louvor a Deus pelas suas grandes obras.

Cantico e psalmo para o cantor-mór.

66 Jubilae a Deus, todas as terras.

2 Cantae a gloria do seu nome; dae gloria ao seu louvor.

3 Dizei a Deus: Quão terrivel és tu nas tuas obras! pela grandeza do teu poder se submetterão a ti os teus inimigos.

4 Toda a terra te adorará e te cantará louvores: elles cantarão o teu nome (Selah).

5 Vinde, e vêde as obras de Deus: é terrivel nos seus feitos para com os filhos dos homens.

6 Converteu o [1] mar em terra secca; passaram o rio a pé; ali nos alegrámos n’elle.

[538]

7 Elle domina eternamente pelo seu poder: os seus olhos estão sobre as nações; não se exaltem os rebeldes (Selah).

8 Bemdizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do seu louvor:

9 Ao que sustenta com vida a nossa alma, e não consente que sejam abalados os nossos pés.

10 Pois tu, ó Deus, nos provaste; [2] tu nos afinaste como se afina a prata.

11 Tu nos metteste na rede; affligiste os nossos lombos.

12 Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; [3] passámos pelo fogo e pela agua; mas nos trouxeste a um logar copioso.

13 Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-hei os meus votos.

14 Os quaes pronunciaram os meus labios, e fallou a minha bocca, quando estava na angustia.

15 Offerecer-te-hei holocaustos gordurosos com incenso de carneiros; offerecerei novilhos com cabritos (Selah).

16 Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que elle tem feito á minha alma.

17 A elle clamei com a minha bocca, e elle foi exaltado pela minha lingua.

18 Se eu attender [4] á iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;

19 Mas, na verdade, Deus me ouviu; attendeu á voz da minha oração.

20 Bemdito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, nem desviou de mim a sua misericordia.

[1] Exo. 14.21.

[2] Zac. 13.9. I Ped. 1.6, 7.

[3] Isa. 43.2.

[4] Isa. 1.15. João 9.31. Thi. 4.3.

O reino de Deus abrange toda a terra.

Psalmo e cantico para o cantor-mór sobre Neginoth.

67 Deus tenha misericordia de nós e nos abençõe; [1] e faça resplandecer o seu rosto sobre nós (Selah).

2 Para [2] que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação.

3 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

4 Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com equidade, e governarás as nações sobre a terra (Selah).

5 Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos.

6 Então a terra dará [3] o seu fructo; e Deus, o nosso Deus, nos abençoará.

7 Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão.

[1] Num. 6.25.

[2] Act. 18.25.

[3] Lev. 26.4.

Cantico de louvor e acção de graças a Deus como nosso salvador.

Psalmo e cantico de David para o cantor-mór.

68 Levante-se Deus, [1] e sejam [PP] dissipados os seus inimigos; fugirão de diante d’elle os que o aborrecem.

2 Como se impelle o fumo assim tu os impelles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os impios diante de Deus.

3 Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem d’alegria.

4 Cantae a Deus, cantae louvores ao seu nome; louvae aquelle que vae montado sobre os céus, pois o seu nome é Jah, e exultae diante d’elle.

5 Pae d’orphãos e juiz de viuvas é Deus, no seu logar sancto.

6 Deus faz que o solitario viva em familia; liberta aquelles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra secca.

7 Ó Deus, [2] quando sahias diante do teu povo, quando caminhavas pelo deserto, (Selah).

8 A terra se abalava, e os céus distillavam perante a face de Deus; [3] até o proprio Sinai foi commovido na presença de Deus, do Deus de Israel.

9 Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundancia, confortaste a tua herança, quando estava cançada.

10 N’ella habitava o teu rebanho; tu, ó Deus, preparaste na tua bondade para o pobre.

11 O Senhor deu a palavra: grande era o exercito dos que annunciavam as boas novas.

12 Reis de exercitos fugiram á pressa; e aquella que ficava em casa repartia os despojos.

13 Ainda que vos tenhaes deitado entre [PQ] panellas, comtudo sereis como as azas d’uma pomba, cobertas de prata, e as suas pennas d’oiro amarello.

14 Quando o Omnipotente ali espalhou os reis, ella ficou alva como a neve em Salmon.

15 O monte de Deus é como o monte de Basan, um monte elevado como o monte de Basan.

16 Porque [PR] saltaes, ó montes elevados? este é o monte que Deus desejou para a sua habitação, e o Senhor habitará n’elle eternamente.

[539]

17 Os [4] carros de Deus são vinte milhares, milhares de milhares. O Senhor está entre elles, como em Sinai, no logar sancto.

18 Tu subiste ao alto, levaste captivo o captiveiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre elles.

19 Bemdito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de beneficios: o Deus que é a nossa salvação (Selah).

20 Aquelle que é o nosso Deus é o Deus da salvação; e a Jehovah, o Senhor, pertencem as saidas da morte.

21 Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos e o craneo cabelludo do que anda em suas culpas.

22 Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basan, farei voltar o meu povo das profundezas do mar.

23 Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo a lingua dos teus cães.

24 Ó Deus, elles teem visto os teus caminhos; os caminhos do meu Deus, meu Rei, no sanctuario.

25 Os cantores iam adiante, os tocadores de instrumentos atraz; entre elles as donzellas tocando adufes.

26 Celebrae a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte d’Israel.

27 Ali está o pequeno Benjamin, que domina sobre elles, os principes de Judah com o seu ajuntamento, os principes de Zabulon e os principes de Naphtali.

28 O teu Deus ordenou a tua força: fortalece, ó Deus, o que obraste para nós.

29 Por amor do teu templo em Jerusalem, os reis te trarão presentes.

30 Reprehende asperamente as feras das cannas, a multidão dos toiros, com os novilhos dos povos, até que cada um se submetta com pedaços de prata; dissipa os povos que desejam a guerra.

31 Embaixadores reaes virão do Egypto; a Ethiopia cedo estenderá para Deus as suas mãos.

32 Reinos da terra, cantae a Deus, cantae louvores ao Senhor (Selah),

33 Áquelle que vae montado sobre os céus dos céus, que existiam desde a antiguidade; eis que envia a sua voz, um brado vehemente.

34 Dae a Deus fortaleza: a sua excellencia está sobre Israel e a sua fortaleza nas mais altas nuvens.

35 Ó Deus, tu és tremendo desde os teus sanctuarios: o Deus d’Israel é o que dá fortaleza e poder ao seu povo. Bemdito seja Deus!

[1] Num. 10.35. Isa. 33.3.

[2] Exo. 13.21. Jui. 4.14. Hab. 3.13.

[3] Exo. 19.16.

[4] Deu. 33.2. Heb. 12.12.

Os soffrimentos de David prefiguram os do Messias.

Psalmo de David para o cantor-mór sobre Shoshannim.

69 Livra-me, ó Deus, pois as aguas entraram até á minha alma.

2 Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não póde estar em pé; entrei na profundeza das aguas, onde a corrente me leva.

3 Estou cançado de clamar; a minha garganta se seccou: os meus olhos desfallecem esperando o meu Deus.

4 Aquelles que me aborrecem sem causa [1] são mais do que os cabellos da minha cabeça; aquelles que procuram destruir-me, sendo injustamente meus inimigos, são poderosos: então restitui o que não furtei.

5 Tu, ó Deus, bem conheces a minha insipiencia; e os meus peccados não te são encobertos.

6 Não sejam envergonhados por minha causa aquelles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exercitos; não sejam confundidos por minha causa aquelles que te buscam, ó Deus d’Israel.

7 Porque por amor de ti tenho supportado affrontas; a confusão cobriu o meu rosto.

8 Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe.

9 Pois o zelo da tua casa me devorou, e as affrontas dos que te affrontam cairam sobre mim.

10 Quando chorei, e castiguei com jejum a minha alma, isto se me tornou em affrontas.

11 Puz por vestido um sacco, e me fiz um proverbio para elles.

12 Aquelles que se assentam á porta fallam contra mim; e fui o cantico dos bebedores de bebida forte.

13 Eu porém faço a minha oração a ti, Senhor, [2] n’um tempo acceitavel: ó Deus, ouve-me segundo a grandeza da tua misericordia, segundo a verdade da tua salvação.

14 Tira-me do lamaçal, e não me deixes atolar; seja eu livre dos que me aborrecem, e das profundezas das aguas.

15 Não me leve a corrente das aguas, e não me absorva ao profundo, nem o poço cerre a sua bocca sobre mim.

16 Ouve-me, Senhor, pois boa é a tua misericordia: olha para mim segundo a tua muitissima piedade.

17 E não escondas o teu rosto do teu servo, porque estou angustiado: ouve-me depressa.

[540]

18 Approxima-te da minha alma, e resgata-a; livra-me por causa dos meus inimigos.

19 Bem tens [3] conhecido a minha affronta, e a minha vergonha, e a minha confusão; diante de ti estão todos os meus adversarios.

20 Affrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquissimo: esperei por alguem que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei.

21 Deram-me fel por mantimento, e na minha sêde me deram a beber vinagre.

22 Torne-se-lhes a sua mesa diante d’elles em laço e [PS] para sua recompensa em ruina.

23 Escureçam-se-lhes os seus olhos, para que não vejam, e faze com que os seus lombos tremam constantemente.

24 Derrama sobre elles a tua indignação, e prenda-os o ardor da tua ira.

25 Fique desolado o seu [PT] palacio; e não haja quem habite nas suas tendas.

26 Pois perseguem áquelle a quem feriste, e conversam sobre a dôr d’aquelles a quem chagaste.

27 Accrescenta iniquidade á iniquidade d’elles, e não entrem na tua justiça.

28 Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam escriptos com os justos.

29 Eu porém sou pobre, e estou triste; ponha-me a tua salvação, ó Deus, n’um alto retiro.

30 Louvarei o nome de Deus com um cantico, e engrandecel-o-hei com acção de graças.

31 Isto será mais agradavel ao Senhor do que o boi ou bezerro que tem pontas e unhas.

32 Os mansos verão isto, e se agradarão; o vosso coração viverá, pois que buscaes a Deus.

33 Porque o Senhor ouve os necessitados, e não despreza os seus captivos.

34 Louvem-n’o os céus e a terra, os mares e tudo quanto n’elles se move.

35 Porque Deus salvará a Sião, e edificará as cidades de Judah, para que habitem n’ella e as possuam.

36 E herdal-a-ha a semente de seus servos, e os que amam o seu nome habitarão n’ella.

[1] João 15.25.

[2] Isa. 49.8 e 55.6. II Cor. 6.2.

[3] Isa. 53.3. Heb. 12.2.

Na sua afflicção David supplica a Deus que se apresse em livral-o.

Psalmo de David para o cantor-mór, para lembrança.

70 Apressa-te, ó Deus, em me livrar; Senhor, apressa-te em ajudar-me.

2 Fiquem envergonhados e confundidos os que procuram a minha alma; voltem para traz e confundam-se os que me desejam mal.

3 Virem as costas por causa da recompensa da sua vergonha os que dizem: Ha! ha!

4 Folguem e alegrem-se em ti todos os que te buscam; e aquelles que amam a tua salvação digam continuamente: Engrandecido seja Deus.

5 Eu porém estou afflicto e necessitado; apressa-te a mim, ó Deus; tu és o meu auxilio e o meu libertador: Senhor, não te detenhas.

David confia em Deus, e roga que o livre dos seus inimigos, e o proteja.

71 Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu confundido.

2 Livra-me na tua justiça, e faze-me escapar: inclina os teus ouvidos para mim, e salva-me.

3 Sê tu a minha habitação forte, á qual possa recorrer continuamente: déste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza.

4 Livra-me, meu Deus, das mãos do impio, das mãos do homem injusto e cruel.

5 Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a minha confiança desde a [1] minha mocidade.

6 Por ti tenho sido sustentado desde o ventre: tu és aquelle que me tiraste das entranhas de minha mãe: o meu louvor será para ti constantemente.

7 Sou como um prodigio para muitos, mas tu és o meu refugio forte.

8 Encha-se a minha bocca do teu louvor da tua gloria todo o dia.

9 Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se fôr acabando a minha força.

10 Porque os meus inimigos fallam contra mim, e os que espiam a minha alma consultam juntos,

11 Dizendo: Deus o desamparou: persegui-o e tomae-o, pois não ha quem o livre.

12 Ó Deus, não te alongues de mim: meu Deus, apressa-te em ajudar-me.

13 Sejam confundidos e consumidos os que são adversarios da minha alma; cubram-se d’opprobrio e de confusão aquelles que procuram o meu mal.

14 Mas eu esperarei continuamente, e te louvarei cada vez mais.

15 A minha bocca manifestará a tua justiça e a tua salvação todo o dia, pois não conheço o numero d’ellas.

[541]

16 Sairei na força do Senhor Deus, farei menção da tua justiça, e só d’ella.

17 Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho annunciado as tuas maravilhas.

18 Agora tambem, quando estou velho e de cabellos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha annunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros.

19 Tambem a tua justiça, ó Deus, está muito alta, pois fizeste grandes coisas: ó Deus, quem é similhante a ti?

20 Tu, que me tens feito ver muitos males e angustias, me [2] darás ainda a vida, e me tirarás dos abysmos da terra.

21 Augmentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás.

22 Tambem eu te louvarei com o psalterio, bem como á tua verdade, ó meu Deus, cantarei com a harpa a ti, ó [3] Sancto d’Israel.

23 Os meus labios exultarão quando eu te cantar, assim como a minha alma que tu remiste.

24 A [4] minha lingua fallará da tua justiça todo o dia; pois estão confundidos e envergonhados aquelles que procuram o meu mal.

[1] Jer. 17.7, 17.

[2] Ose. 6.1, 2.

[3] Isa. 60.9.

[4] ver. 8, 15.

A excellencia, justiça e gloria do reino de Salomão prefiguram as do Messias.

Psalmo [PU] de Salomão.

72 Ó Deus, dá ao rei dos teus juizos, e a tua justiça ao filho do rei.

2 Elle julgará [1] ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juizo.

3 Os montes trarão paz ao povo e os outeiros com justiça.

4 Julgará os afflictos do povo, salvará os filhos do necessitado, e quebrantará o oppressor.

5 Temer-te-hão emquanto durar o sol e a lua, de geração em geração.

6 Elle descerá [2] como a chuva sobre a herva ceifada, como os chuveiros que humedecem a terra.

7 Nos seus dias florescerá o justo, [3] e abundancia de paz emquanto durar a lua.

8 Dominará de mar a mar, e desde o rio até ás extremidades da terra.

9 Aquelles que habitam no deserto se inclinarão ante elle, e os seus inimigos lamberão o pó.

10 Os reis de Tarsis e das ilhas trarão presentes; os reis de Sheba e de Saba offerecerão dons.

11 E todos os reis se prostrarão perante elle; todas as nações o servirão.

12 Porque elle livrará ao necessitado quando clamar, como tambem ao afflicto e ao que não tem quem o ajude.

13 Compadecer-se-ha do pobre e do afflicto, e salvará as almas dos necessitados.

14 Libertará as suas almas do engano e da violencia, e precioso será o seu sangue aos olhos d’elle.

15 E viverá, e se lhe dará do oiro de Sheba; e continuamente se fará por elle oração; e todos os dias o bemdirão.

16 Haverá um punhado de trigo em terra sobre as cabeças dos montes; o seu fructo se abalará como o Libano, e os da cidade florescerão como a herva da terra.

17 O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de paes a filhos emquanto o sol durar, e os homens serão abençoados n’elle; todas as nações lhe chamarão bemaventurado.

18 Bemdito [4] seja o Senhor Deus, o Deus d’Israel, que só elle faz maravilhas.

19 E bemdito seja para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da sua gloria. Amen e Amen.

20 Aqui acabam as orações de David, filho de Jessé.

[1] Isa. 11.2, 3, 4 e 32.1.

[2] Ose. 6.3.

[3] Isa. 2.4. Dan. 2.44.

[4] Gen. 12.3 e 22.18. Jer. 4.2.

A prosperidade dos impios faz duvidar da justiça de Deus, mas o seu fim a demonstra.

Psalmo de Asaph.

73 Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.

2 Emquanto a mim, os meus pés quasi que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

3 Pois eu tinha inveja dos loucos, quando via a prosperidade dos impios.

4 Porque não ha apertos na sua morte, mas firme está a sua força.

5 Não se acham em trabalhos como outra gente, nem são afflictos como outros homens.

6 Pelo que a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violencia como de adorno.

7 Os olhos d’elles estão inchados de gordura: elles teem mais do que o coração podia desejar.

8 São corrompidos e tratam maliciosamente de oppressão; [1] fallam arrogantemente.

9 Põem as suas boccas contra os céus, e as suas linguas andam pela terra.

[542]

10 Pelo que o seu povo volta aqui, e aguas de copo cheio se lhes espremem.

11 E dizem: Como o sabe Deus? ou ha conhecimento no Altissimo?

12 Eis que estes são impios, e [PV] prosperam no mundo; augmentam em riquezas.

13 Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; [2] e lavei as minhas mãos na innocencia.

14 Pois todo o dia tenho sido afflicto, e castigado cada manhã.

15 Se eu dissesse: Fallarei assim; eis que offenderia a geração de teus filhos.

16 Quando pensava em entender isto [3] foi para mim muito doloroso;

17 Até que entrei no sanctuario de Deus: então entendi eu o fim d’elles.

18 Certamente tu os pozeste em logares escorregadios: tu os lanças em destruição.

19 Como caem na desolação, quasi n’um momento! ficam totalmente consumidos de terrores.

20 Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a apparencia d’elles.

21 Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

22 Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como uma besta perante ti.

23 Todavia estou de continuo comtigo; tu me sustentaste pela minha mão direita.

24 Guiar-me-has com o teu conselho, e depois me receberás em gloria.

25 Quem tenho [4] eu no céu senão a ti? e na terra não ha a quem eu deseje além de ti.

26 A minha carne e o meu coração desfallecem; mas Deus é a [PW] fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.

27 Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu [5] tens destruido todos aquelles que se desviam de ti.

28 Mas para mim, bom é approximar-me de Deus; puz a minha confiança no Senhor Deus, para annunciar todas as tuas obras.

[1] Ose. 7.16. II Ped. 2.18.

[2] Mal. 3.14.

[3] Ecc. 8.17.

[4] Col. 3.8.

[5] Exo. 34.15.

A assolação do sanctuario, e a supplica para que se lembrasse do seu povo afflicto.

Maschil de Asaph.

74 Ó Deus, porque nos rejeitaste para sempre? Porque se accende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto?

2 Lembra-te da tua congregação que compraste [1] desde a antiguidade, [PX] da vara da tua herança que remiste, este monte de Sião, em que habitaste.

3 Levanta os teus pés para as perpetuas assolações, para tudo o que o inimigo tem feito de mal no sanctuario.

4 Os teus inimigos bramam [2] no meio das tuas synagogas; põem n’ellas as suas insignias por signaes.

5 Cada qual se fez afamado, conforme levantara o machado contra a espessura do arvoredo.

6 Mas agora toda a obra entalhada por uma vez quebram com machados e martellos.

7 Lançaram fogo no teu sanctuario; profanaram, derribando-a até ao chão, a morada do teu nome.

8 Disseram nos seus corações: Despojemol-os d’uma vez. Queimaram todas as synagogas de Deus na terra.

9 Já não vemos os nossos signaes, já não ha propheta: nem ha entre nós alguem que saiba até quando isto durará.

10 Até quando, ó Deus, nos affrontará o adversario? Blasphemará o inimigo o teu nome para sempre?

11 Porque retiras a tua mão, a saber, a tua dextra? tira-a de dentro do teu seio, e consome-os.

12 Todavia Deus é o meu Rei desde a antiguidade, obrando a salvação no meio da terra.

13 Tu dividiste o [3] mar pela tua força; quebrantaste as cabeças dos [PY] dragões nas aguas.

14 Fizeste em pedaços as cabeças do leviathan, e o déste por mantimento aos habitantes do deserto.

15 Fendeste a fonte e o ribeiro: seccaste os rios impetuosos.

16 Teu é o dia e tua é a noite: [4] preparaste a luz e o sol.

17 Estabeleceste todos os limites da terra; [5] verão e inverno tu os formaste.

18 Lembra-te d’isto: [6] que o inimigo affrontou ao Senhor, e que um povo louco blasphemou o teu nome.

19 Não entregues ás feras a alma da tua rola: não te esqueças para sempre da vida dos teus afflictos.

20 Attende ao teu concerto; pois os logares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de [PZ] crueldade.

21 Oh, não volte envergonhado o opprimido: louvem o teu nome o afflicto e o necessitado.

[543]

22 Levanta-te, ó Deus, pleiteia a sua propria causa; lembra-te da affronta que o louco te faz cada dia.

23 Não te esqueças [QA] dos gritos dos teus inimigos: o tumulto d’aquelles que se levantam contra ti augmenta continuamente.

[1] Exo. 15.16. Deu. 9.29.

[2] Lam. 2.7.

[3] Exo. 14.21.

[4] Gen. 1.14.

[5] Gen. 8.22.

[6] Apo. 16.19.

O propheta louva a Deus e promette fazer observar a justiça.

Para o cantor-mór Al-tascheth. Psalmo e cantico de Asaph.

75 A ti, ó Deus, glorificamos, a ti damos louvor, pois o teu nome está perto, as tuas maravilhas o declaram.

2 Quando eu occupar o logar determinado, julgarei rectamente.

3 A terra e todos os seus moradores estão dissolvidos, mas eu fortaleci as suas columnas (Selah).

4 Disse eu aos loucos: Não enlouqueçaes; e aos impios: Não levanteis a fronte:

5 Não levanteis a vossa fronte altiva, nem falleis com cerviz dura;

6 Porque nem do oriente, nem do occidente, nem do deserto vem a exaltação.

7 Mas Deus é o Juiz; a um abate, e a outro exalta.

8 Porque na mão do Senhor ha um calix, cujo vinho é roxo; está cheio de mistura; e dá a beber d’elle; mas as fezes d’elle todos os impios da terra as sorverão e beberão.

9 E eu o declararei para sempre; cantarei louvores ao Deus de Jacob.

10 E [QB] quebrarei todas as forças dos impios, mas as forças dos justos serão exaltadas.

A magestade e o poder de Deus.

Psalmo e cantico de Asaph, para o cantor-mór, sobre Neginoth.

76 Conhecido é Deus em Judah: grande é o seu nome em Israel.

2 E em Salem está o seu tabernaculo, e a sua morada em Sião.

3 Ali quebrou as frechas do arco; o escudo, e a espada e a guerra (Selah).

4 Tu és mais illustre, ó glorioso, do que os montes de preza.

5 Os que são ousados de coração são despojados; dormiram o seu somno, e nenhum dos homens de força achou as suas mãos.

6 Á tua reprehensão, [1] ó Deus de Jacob, carros e cavallos são lançados n’um somno profundo.

7 Tu, tu és terrivel; e quem subsistirá á tua vista, uma vez que te irares?

8 Desde os céus fizeste ouvir o teu juizo; a terra tremeu e se aquietou,

9 Quando Deus se levantou para fazer juizo, para livrar a todos os mansos da terra (Selah).

10 Porque a colera do homem redundará em teu louvor; o restante da colera tu o restringirás.

11 Fazei votos, e pagae ao Senhor, vosso Deus: tragam presentes, os que estão em redor d’elle, áquelle que é tremendo.

12 Elle ceifará o espirito dos principes: é tremendo para com os reis da terra.

[1] Exo. 15.1, 21. Eze. 39.20.

O estado interno do psalmista; elle anima a sua alma pela consideração das grandes obras e da misericordia de Deus.

Psalmo de Asaph, para o cantor-mór, por Jeduthun.

77 Clamei ao Senhor com a minha voz: a Deus levantei a minha voz, e elle inclinou para mim os ouvidos.

2 No dia da minha angustia busquei ao Senhor: a minha mão se estendeu de noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

3 Lembrava-me de Deus, e me perturbei: queixava-me, e o meu espirito desfallecia (Selah).

4 Sustentaste os meus olhos acordados: estou tão perturbado que não posso fallar.

5 Considerava [1] os dias da antiguidade, os annos dos tempos antigos.

6 De noite chamei á lembrança o meu cantico: meditei em meu coração, e o meu espirito esquadrinhou.

7 Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favoravel?

8 Cessou para sempre a sua benignidade? acabou-se a promessa de geração em geração?

9 Esqueceu-se Deus de ter misericordia? ou encerrou elle as suas misericordias na sua ira? (Selah).

10 E eu disse: A minha enfermidade é esta: mas eu me lembrei dos annos da dextra do Altissimo.

11 Eu me lembrarei das obras do Senhor: certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.

12 Meditarei tambem em todas as tuas obras, e fallarei dos teus feitos.

13 O teu caminho, ó Deus, está no sanctuario. [2] Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?

[544]

14 Tu és o Deus que fazes maravilhas: tu fizeste notoria a tua força entre os povos.

15 Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacob e de José (Selah).

16 As aguas te viram, ó Deus, as aguas te viram, e tremeram; os abysmos tambem se abalaram.

17 As nuvens lançaram agua, os céus deram um som; as tuas frechas correram d’uma para outra parte.

18 A voz do teu trovão estava no céu; os relampagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.

19 O teu caminho é no mar, e as tuas veredas nas grandes aguas, e os teus passos não são conhecidos.

20 Guiaste o [3] teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moysés e d’Aarão.

[1] Deu. 32.7.

[2] Exo. 15.11.

[3] Exo. 13.21 e 14.19.

A salvação que Deus concedeu a Israel; a rebellião contra Elle; Deus escolheu Judah e David para pastorear Israel.

Maschil de Asaph.

78 Escutae a minha lei, [1] povo meu: inclinae os vossos ouvidos ás palavras da minha bocca.

2 Abrirei a minha bocca n’uma parabola; fallarei enigmas da antiguidade.

3 As quaes temos ouvido e sabido, e nossos paes nol-as teem contado.

4 Não as encobriremos [2] aos seus filhos, mostrando á geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez.

5 Porque elle estabeleceu um testemunho em Jacob, e poz uma lei em Israel, [3] a qual deu aos nossos paes para que a fizessem conhecer a seus filhos.

6 Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quaes se levantassem e a contassem a seus filhos.

7 Para que pozessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos.

8 E não fossem como seus paes, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espirito não foi fiel com Deus.

9 Os filhos de Ephraim, armados e trazendo arcos, viraram costas no dia da peleja.

10 Não guardaram o concerto de Deus, e recusaram andar na sua lei.

11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.

12 Maravilhas [4] que elle fez á vista de seus paes na terra do Egypto, no campo de Zoan.

13 Dividiu o mar, e os fez passar por elle; fez com que as aguas parassem como n’um montão.

14 De dia os guiou por uma nuvem, e toda a noite por uma luz de fogo.

15 Fendeu as penhas no deserto; e deu-lhes de beber como de grandes abysmos.

16 Fez sair fontes da rocha, e fez correr as aguas como rios.

17 E ainda proseguiram em peccar contra elle, [5] provocando ao Altissimo na solidão.

18 E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para o seu appetite.

19 E fallaram [6] contra Deus, e disseram: Acaso pode Deus preparar-nos uma mesa no deserto?

20 Eis que [7] feriu a penha, e aguas correram d’ella; rebentaram ribeiros em abundancia: poderá tambem dar-nos pão, ou preparar carne para o seu povo?

21 Pelo que o Senhor [8] os ouviu, e se indignou: e accendeu um fogo contra Jacob, e furor tambem subiu contra Israel;

22 Porquanto não creram [9] em Deus, nem confiaram na sua salvação:

23 Ainda que mandara ás altas nuvens, [10] e abriu as portas dos céus,

24 E chovera [11] sobre elles o manná para comerem, e lhes dera do trigo do céu.

25 O homem comeu o pão dos [QC] anjos; elle lhes mandou comida a fartar.

26 Fez ventar o vento do oriente nos céus, e o trouxe do sul com a sua força.

27 E choveu sobre elles carne como pó, e aves d’azas como a areia do mar.

28 E as fez cair no meio do seu arraial, ao redor de suas habitações.

29 Então comeram [12] e se fartaram bem; pois lhes cumpriu o seu desejo.

30 Não refreiaram o seu appetite. Ainda [13] lhes estava a comida na bocca,

31 Quando a ira de Deus desceu sobre elles, e matou os mais gordos d’elles, e feriu os escolhidos d’Israel.

32 Com tudo isto ainda peccaram, e não deram credito ás suas maravilhas.

33 Pelo que consumiu os seus dias na vaidade e os seus annos na angustia.

34 Quando os [14] matava, então o procuravam;[545] e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus.

35 E se lembravam de que Deus era a sua rocha, [15] e o Deus Altissimo o seu Redemptor.

36 Todavia lisongeavam-n’o com a bocca, e com a lingua lhe mentiam.

37 Porque o seu coração não era recto para com elle, nem foram fieis no seu concerto.

38 Porém elle, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade: e não os destruiu, antes muitas vezes desviou d’elles o seu furor, e não despertou toda a sua ira.

39 Porque se lembrou de que eram de carne, vento que vae e não torna.

40 Quantas vezes o provocaram no deserto, e o molestaram na solidão!

41 Voltaram atraz, [16] e tentaram a Deus; e limitaram o Sancto d’Israel.

42 Não se lembraram da sua mão, nem do dia em que os livrou do adversario;

43 Como obrou os seus signaes no Egypto, e as suas maravilhas no campo de Zoan;

44 E converteu [17] os seus rios em sangue, e as suas correntes, para que não podessem beber.

45 Enviou [18] entre elles enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruiram.

46 Deu tambem ao pulgão a sua novidade, e o seu trabalho aos gafanhotos.

47 Destruiu [19] as suas vinhas com saraiva, e os seus sycomoros com pedrisco.

48 Tambem entregou o seu gado á saraiva, e os seus rebanhos ás brazas ardentes.

49 Lançou sobre elles o ardor da sua ira, furor, indignação, e angustia, mandando maus anjos contra elles.

50 Preparou caminho á sua ira; não retirou as suas almas da morte, mas entregou á pestilencia as suas vidas.

51 E feriu a todo o primogenito no Egypto, primicias da sua força nas tendas de Cão.

52 Mas fez com que o seu povo saisse como ovelhas, e os guiou pelo deserto como um rebanho.

53 E os guiou com segurança, que não temeram; mas o mar cobriu os seus inimigos.

54 E o trouxe até ao termo [20] do seu sanctuario, até este monte que a sua dextra adquiriu.

55 E expulsou as nações de diante d’elles, e as partiu em herança por linha, e fez habitar em suas tendas as tribus d’Israel.

56 Comtudo tentaram [21] e provocaram o Deus altissimo, e não guardaram os seus testemunhos.

57 Mas retiraram-se para traz, e portaram-se infielmente como seus paes: viraram-se como um arco enganoso.

58 Pois o provocaram á ira com os seus altos, e moveram o seu zelo com as suas imagens de esculptura.

59 Deus ouviu isto e se indignou; e aborreceu a Israel em grande maneira.

60 Pelo que desamparou [22] o tabernaculo em Silo, a tenda que estabeleceu entre os homens.

61 E deu [23] a sua força ao captiveiro; e a sua gloria á mão do inimigo.

62 E entregou [24] o seu povo á espada; e se enfureceu contra a sua herança.

63 O fogo consumiu os seus mancebos, e as suas donzellas não foram dadas em casamento.

64 Os seus sacerdotes cairam á espada, e as suas viuvas não fizeram lamentação.

65 Então o Senhor despertou, [25] como quem acaba de dormir, como um valente que se alegra com o vinho.

66 E feriu os seus adversarios por detraz, e pôl-os em perpetuo desprezo.

67 Além d’isto, recusou o tabernaculo de José, e não elegeu a tribu d’Ephraim.

68 Antes elegeu a tribu de Judah; o monte de Sião, que elle amava.

69 E edificou o seu sanctuario como altos palacios, como a terra que fundou para sempre.

70 Tambem elegeu a David seu servo, [26] e o tirou dos apriscos das ovelhas:

71 E o tirou do cuidado das que se achavam prenhes; para apascentar a Jacob, seu povo, e a Israel, sua herança.

72 Assim os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou pela [QD] industria de suas mãos.

[1] Isa. 51.4.

[2] Deu. 4.9 e 6.7.

[3] Deu. 4.9.

[4] Exo. 7 e 8 e 9 e 10 e 11 e 12. Gen. 32.3. Num. 13.22.

[5] Deu. 9.22. Heb. 3.16.

[6] Num. 11.4.

[7] Exo. 17.6. Num. 20.11.

[8] Num. 11.1, 10.

[9] Heb. 3.18.

[10] Gen. 7.11. Mal. 3.10.

[11] Exo. 16.4, 14. João 6.31. I Cor. 10.3.

[12] Num. 11.30.

[13] Num. 11.35.

[14] Ose. 5.15.

[15] Exo. 15.13. Deu. 7.8.

[16] Num. 14.22.

[17] Exo. 7.20.

[18] Exo. 8.24.

[19] Exo. 9.23, 25.

[20] Exo. 15.17.

[21] Jui. 2.11, 12.

[22] I Reis 4.11.

[23] Jui. 18.30.

[24] I Reis 4.10.

[25] Isa. 42.13.

[26] Gen. 33.13. Isa. 40.11.

A assolação de Jerusalem e a supplica de soccorro.

Psalmo de Asaph.

79 Ó Deus, [QE] os gentios vieram á tua [1] herança; contaminaram o teu sancto templo; reduziram Jerusalem a montões de pedras.

2 Deram os corpos mortos dos teus servos por comida ás aves dos céus, e a carne dos teus sanctos ás bestas da terra.

[546]

3 Derramaram o sangue d’elles como agua ao redor de Jerusalem, e não houve quem os enterrasse.

4 Somos feitos opprobrio para nossos visinhos, escarneo e zombaria para os que estão á roda de nós.

5 Até quando, Senhor? Acaso te indignarás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo?

6 Derrama o teu furor sobre os gentios que te não conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome.

7 Porque devoraram a Jacob, e assolaram as suas moradas.

8 Não te lembres [2] das nossas iniquidades passadas: previnam-nos depressa as tuas misericordias, pois estamos muito abatidos.

9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela gloria do teu nome: e livra-nos, e espia os nossos peccados por amor do teu nome.

10 Porque diriam os gentios: Onde está o seu Deus? Seja elle conhecido entre os gentios, a nossa vista, pela vingança do sangue dos teus servos, que foi derramado.

11 Venha perante a tua face o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço preserva aquelles que estão sentenciados á morte.

12 E torna aos nossos visinhos, no seu regaço, sete vezes tanto da sua injuria com a qual te injuriaram, Senhor.

13 Assim nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente: de geração em geração cantaremos os teus louvores.

[1] Exo. 15.17.

[2] Isa. 64.9.

O propheta supplica a Deus que livre a sua vinha dos que a destroem.

Para o cantor-mór. Sobre Sosanim Eduth. Psalmo de Asaph.

80 Tu, que és pastor d’Israel, dá ouvidos: tu, que guias a José como a um rebanho: tu, que te assentas entre os [1] cherubins, resplandece.

2 Perante Ephraim, Benjamin e Manasseh, desperta o teu poder, e vem salvar-nos.

3 Faze-nos voltar, ó Deus, e faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos.

4 Ó Senhor Deus dos Exercitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?

5 Tu os sustentas com pão de lagrimas, [2] e lhes dás a beber lagrimas, [QF] com abundancia.

6 Tu nos pões em contendas com os nossos visinhos: e os nossos inimigos zombam de nós entre si.

7 Faze-nos voltar, [3] ó Deus dos Exercitos, e faze resplandecer o teu rosto; e seremos salvos.

8 Trouxeste uma vinha do Egypto: lançaste fóra as nações, e a plantaste.

9 Preparaste-lhe logar, e fizeste com que ella deitasse raizes; e encheu a terra.

10 Os montes foram cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros.

11 Ella estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio.

12 Porque quebraste então os seus vallados, de modo que todos os que passam por ella a vindimam?

13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram.

14 Oh Deus dos Exercitos, volta-te, nós te rogamos, attende dos céus, e vê, e visita esta vide;

15 E a videira que a tua dextra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti.

16 Está queimada pelo fogo, está cortada: pereceu pela reprehensão da tua face.

17 Seja a tua mão sobre o varão da tua dextra, sobre o filho do homem, que fortificaste para ti.

18 Assim nós não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos o teu nome.

19 Faze-nos voltar, Senhor Deus dos Exercitos: faze resplandecer o teu rosto; e seremos salvos.

[1] Exo. 25.20, 22.

[2] Isa. 30.20.

[3] Isa. 5.17.

Deus reprehende a Israel pela sua ingratidão e rebellião.

Psalmo de Asaph para o cantor-mór, sobre Gittith.

81 Exultae a Deus, nossa fortaleza: jubilae ao Deus de Jacob.

2 Tomae o psalterio, e trazei o adufe, a harpa suave e o alaude.

3 Tocae a trombeta na lua nova, no tempo apontado da nossa solemnidade.

4 Porque isto era um estatuto para Israel, e uma ordenança do Deus de Jacob.

5 Ordenou-o em José por testemunho, quando saira pela terra do Egypto, onde ouvi uma lingua que não entendia.

6 Tirei de seus hombros a carga; as suas mãos foram livres [QG] das marmitas.

7 Clamaste na angustia, e te livrei; respondi-te no logar occulto dos trovões; [1] provei-te nas aguas de Meribah (Selah).

[547]

8 Ouve-me, povo meu, e eu te attestarei: ah, Israel, se me ouvisses!

9 Não haverá entre ti Deus alheio nem te prostrarás ante um Deus estranho.

10 Eu [2] sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egypto: abre bem a tua bocca, e t’a encherei.

11 Mas o meu povo não quiz ouvir a minha voz, e Israel não me quiz.

12 Pelo que eu os entreguei aos desejos dos seus proprios corações, e andaram nos seus mesmos conselhos.

13 Oh! se o meu povo me tivesse ouvido! se Israel andasse nos meus caminhos!

14 Em breve abateria os seus inimigos, e viraria a minha mão contra os seus adversarios.

15 Os que aborrecem ao Senhor ter-se-lhe-hiam sujeitado, e o seu tempo seria eterno.

16 E o sustentaria com o trigo mais fino, e te fartaria com o mel saido da [QH] pedra.

[1] Exo. 17.6.

[2] Exo. 20.2.

O propheta reprehende os juizes por causa da sua injustiça.

Psalmo de Asaph.

82 Deus está [1] na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.

2 Até quando julgareis injustamente, e acceitareis as pessoas dos impios? (Selah).

3 Fazei justiça ao pobre e ao orphão: justificae o afflicto e necessitado.

4 Livrae o pobre e o necessitado; tirae-os das mãos dos impios.

5 Elles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacillam.

6 Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altissimo.

7 Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos principes.

8 Levanta-te, [2] ó Deus, julga a terra, pois tu possues todas as nações.

[1] II Chr. 19.6.

[2] Miq. 7.2, 7.

As nações congregam-se contra Israel, e o propheta supplica a Deus que o livre.

Cantico e psalmo de Asaph.

83 Ó Deus, não estejas em silencio; não te cales, nem te aquietes, ó Deus.

2 Porque eis que teus inimigos fazem tumulto, e os que te aborrecem levantaram a cabeça.

3 Tomaram astuto conselho contra o teu povo, e consultavam contra os teus escondidos.

4 Disseram: Vinde, e desarreiguemol-os para que não sejam nação, nem haja mais memoria do nome de Israel.

5 Porque consultaram juntos e unanimes; elles se alliam contra ti:

6 As tendas de Edom, e dos ismaelitas, de Moab, e dos agarenos,

7 De Gebal, e de Ammon, e de Amalek, de Palestina, com os moradores de Tyro.

8 Tambem Assyria se ajuntou com elles: foram ajudar aos filhos de Lot (Selah).

9 Faze-lhes como aos madianitas; como a Sisera, como a Jabin na ribeira de Kison.

10 Os quaes pereceram em Endor; tornaram-se como estrume para a terra.

11 Faze aos seus nobres como [1] a Oreb, e como a Zeeb e a todos os seus principes, como a Zebah e como a Zalmuna;

12 Que disseram: Tomemos para nós as casas de Deus em possessão.

13 Deus meu, [2] faze-os como um tufão, como a aresta diante do vento.

14 Como o fogo que queima um bosque, e como a chamma que incendeia as [QI] brenhas,

15 Assim os persegue com a tua tempestade, e os assombra com o teu torvelinho.

16 Encham-se de vergonha as suas faces, para que busquem o teu nome, Senhor.

17 Confundam-se e assombrem-se perpetuamente; envergonhem-se, e pereçam.

18 Para que saibam que tu, a quem só pertence o nome de [QJ] Jehovah, és o Altissimo sobre toda a terra.

[1] Jui. 7.25.

[2] Isa. 17.13.

A felicidade d’aquelle que habita no sanctuario de Deus.

Para o cantor-mór sobre Gittith. Psalmo para os filhos de Korah.

84 Quão amaveis são os teus tabernaculos, Senhor dos Exercitos.

2 A minha alma está desejosa, e desfallece pelos atrios do Senhor: o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.

3 Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos exercitos, Rei meu e Deus meu.

[548]

4 Bemaventurados os que habitam em tua casa: louvar-te-hão continuamente. (Selah)

5 Bemaventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.

6 Que, passando pelo valle das [QK] amoreiras, faz d’elle uma fonte; a chuva tambem enche os tanques.

7 Vão indo de força em força; cada um d’elles em Sião apparece perante Deus.

8 Senhor Deus dos Exercitos, escuta a minha oração: inclina os ouvidos, ó Deus de Jacob! (Selah)

9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10 Porque vale mais um dia nos teus atrios do que mil. Preferiria estar á porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos impios.

11 Porque o Senhor Deus é um sol e escudo: o Senhor dará graça e gloria; não retirará bem algum aos que andam na rectidão.

12 Senhor dos Exercitos, bemaventurado o homem que em ti põe a sua confiança.

Fundando-se nos livramentos passados, o povo de Deus pede o livramento das afflicções presentes.

Psalmo para o cantor-mór, entre os filhos de Korah.

85 Abençoaste, Senhor, a tua terra: fizeste voltar o captiveiro de Jacob.

2 Perdoaste a iniquidade do teu povo: cobriste todos os seus peccados. (Selah)

3 Fizeste cessar toda a tua indignação: desviaste-te do ardor da tua ira.

4 Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação, e faze cessar a tua ira de sobre nós.

5 Acaso estarás sempre irado contra nós? ou estenderás a tua ira a todas as gerações?

6 Não tornarás a reviver-nos, para que o teu povo se alegre em ti?

7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericordia, e concede-nos a tua salvação.

8 Escutarei [1] o que Deus, o Senhor, fallar; porque fallará de paz ao seu povo, e aos sanctos para que não voltem á loucura.

9 Certamente que a salvação está perto d’aquelles que o temem, para que a gloria habite na nossa terra.

10 A misericordia [2] e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram.

11 A verdade [3] brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.

12 Tambem o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fructo.

13 A justiça irá adiante d’elle, e a porá no caminho das suas pisadas.

[1] Hab. 2.1. Zac. 9.10.

[2] Isa. 46.13. João 1.14.

[3] Isa. 45.8.

David implora ardentemente o soccorro de Deus.

Oração de David.

86 Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e ouve-me, porque estou necessitado e afflicto.

2 Guarda a minha alma, pois sou sancto; oh Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia.

3 Tem misericordia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia.

4 Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma.

5 Pois tu, Senhor, és bom, e prompto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.

6 Dá ouvidos, Senhor, á minha oração, e attende á voz das minhas supplicas.

7 No dia da minha angustia clamo a ti, porquanto me respondes.

8 Entre os deuses não ha similhante a ti, Senhor, nem ha obras como as tuas.

9 Todas [1] as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome.

10 Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade: une o meu coração ao temor do teu nome.

12 Louvar-te-hei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.

13 Pois grande é a tua misericordia para comigo; e livraste a minha alma da sepultura mais profunda.

14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembléas dos tyrannos procuraram a minha alma; e não te pozeram perante os seus olhos.

15 Porém tu, [2] Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, soffredor, e grande em benignidade e em verdade.

16 Volta-te para mim, e tem misericordia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo, e salva ao filho da tua serva.

17 Mostra-me um signal para bem, para que o vejam aquelles que me aborrecem, e se confundam; porque tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.

[1] Isa. 43.7. Apo. 15.4.

[2] Exo. 34.6. Num. 14.18. Neh. 9.17.

[549]

Deus tem o maior prazer em Sião.

Psalmo e canto para os filhos de Korah.

87 O seu fundamento está nos montes sanctos.

2 O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações de Jacob.

3 Coisas [1] gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Selah)

4 Farei menção de Rahab e de Babylonia áquelles que me conhecem: eis-que da Philisteia, e de Tyro, e [QL] da Ethiopia, se dirá: Este homem nasceu ali.

5 E de Sião se dirá: Este e aquelle nasceu ali; e o mesmo Altissimo a estabelecerá.

6 O Senhor contará na descripção dos povos que este homem nasceu ali. (Selah)

7 Assim como os cantores e tocadores de instrumentos estarão lá, todas as minhas fontes estão dentro de ti.

[1] Isa. 60.14, 15.

O psalmista queixa-se das suas grandes desgraças, e supplica a Deus que o livre.

Cantico e psalmo para os filhos de Korah e para o cantor-mór sobre Mahalat Leannoth, instrucção de Heman Ezrahita.

88 Senhor Deus da minha salvação, [1] diante de ti tenho clamado de dia e de noite.

2 Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor;

3 Porque a minha alma está cheia de angustias, e a minha vida se approxima da sepultura.

4 Estou contado com aquelles que descem ao abysmo: estou como homem sem forças,

5 Apartado entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quaes te não lembras mais, e estão cortados da tua mão.

6 Pozeste-me no abysmo mais profundo, em trevas e nas profundezas.

7 Sobre mim peza o teu furor: tu me affligiste com todas as tuas ondas (Selah).

8 Alongaste de mim os meus conhecidos, pozeste-me em extrema abominação para com elles: estou fechado, e não posso sair.

9 A minha vista desmaia por causa da afflicção: Senhor, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.

10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? (Selah)

11 Será annunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?

12 Saber-se-hão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?

13 Eu, porém, Senhor, tenho clamado a ti, e de madrugada te esperará a minha oração.

14 Senhor, porque rejeitas a minha alma? porque escondes de mim a tua face?

15 Estou afflicto, e prestes tenho estado a morrer desde a minha mocidade: emquanto soffro os teus terrores, estou distrahido.

16 A tua ardente indignação sobre mim vae passando: os teus terrores me teem retalhado.

17 Elles me rodeiam todo o dia como agua; elles juntos me sitiam.

18 Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas.

[1] Luc. 18.7.

Traz-se á memoria o pacto de Deus com David, a fim de que Deus livre o seu povo dos males presentes.

Maschil de Ethan, o ezrahita.

89 As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente: com a minha bocca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.

2 Pois disse eu: A tua benignidade será edificada para sempre: tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus, dizendo:

3 Fiz [1] um concerto com o meu escolhido: jurei ao meu servo David, dizendo:

4 A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu throno de geração em geração (Selah).

5 E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade tambem na congregação dos sanctos.

6 Pois quem no céu se pode egualar ao Senhor? Quem entre os filhos dos poderosos pode ser similhante ao Senhor?

7 Deus é muito formidavel na assembléa dos sanctos, e para ser reverenciado por todos os que o cercam.

8 Ó Senhor, Deus dos Exercitos, quem é forte como tu, Senhor? pois a tua fidelidade está á roda de ti?

[550]

9 Tu dominas o impeto do mar: quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar.

10 Tu quebrantaste a Rahab como se fôra ferida de morte; espalhaste os teus inimigos com o teu braço forte.

11 Teus são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os fundaste.

12 O norte e o sul tu os creaste; Tabor e Hermon jubilam em teu nome.

13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e alta está a tua dextra.

14 Justiça e juizo são o assento do teu throno, misericordia e verdade irão adiante do teu rosto.

15 Bemaventurado o povo que conhece o som alegre: andará, ó Senhor, na luz da tua face.

16 Em teu nome se alegrará todo o dia, e na tua justiça se exaltará.

17 Pois tu és a gloria da sua força; e no teu favor será exaltado o nosso [QM] poder.

18 Porque o Senhor é a nossa defeza, e o Sancto d’Israel o nosso Rei.

19 Então fallaste em visão ao teu sancto, e disseste: Puz o soccorro sobre um que é poderoso: exaltei a um eleito do povo.

20 Achei a David, meu servo; com sancto oleo o ungi:

21 Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá.

22 O inimigo não [QN] apertará com elle, nem o filho da perversidade o affligirá.

23 E eu derribarei os seus inimigos perante a sua face, e ferirei aos que o aborrecem.

24 E a minha fidelidade e a minha benignidade estarão com elle; e em meu nome será exaltado o seu poder.

25 Porei tambem a sua mão no mar, e a sua direita nos rios.

26 Elle me chamará, dizendo: Tu és meu pae, meu Deus, e a rocha da minha salvação.

27 Tambem o farei meu primogenito, mais elevado do que os reis da terra.

28 A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e o meu concerto lhe será firme.

29 E conservarei para sempre a sua semente, e o seu throno como os dias do céu.

30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juizos,

31 Se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,

32 Então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com açoites.

33 Porém não retirarei totalmente d’elle a minha benignidade, nem faltarei á minha fidelidade.

34 Não quebrarei o meu concerto, não alterarei o que saiu dos meus labios.

35 Uma vez jurei pela minha sanctidade que não mentirei a David.

36 A sua semente durará para sempre, e o seu throno, como o sol diante de mim,

37 Será estabelecido para sempre como a lua, e como uma testemunha fiel no céu (Selah).

38 Porém tu rejeitaste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu ungido.

39 Abominaste o concerto do teu servo: profanaste a sua corôa, lançando-a por terra.

40 Derribaste todos os seus vallados; arruinaste as suas fortificações.

41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; é um opprobrio para os seus visinhos.

42 Exaltaste a dextra dos seus adversarios; fizeste com que todos os seus inimigos se regozijassem.

43 Tambem embotaste os fios da sua espada, e não o sustentaste na peleja.

44 Fizeste cessar [QO] a sua gloria, e deitaste por terra o seu throno.

45 Abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha (Selah).

46 Até quando, Senhor? Acaso te esconderás para sempre? arderá a tua ira como fogo?

47 Lembra-te de quão breves são os meus dias; pelo que debalde creaste todos os filhos dos homens.

48 Que homem ha, que viva, e não veja a morte? Livrará elle a sua alma do poder [QP] da sepultura? (Selah)

49 Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades, que juraste a David pela tua verdade?

50 Lembra-te, Senhor, do opprobrio dos teus servos; como eu trago no meu peito o opprobrio de todos os povos poderosos:

51 Com o qual, Senhor, os teus inimigos teem diffamado, com o qual teem diffamado as pisadas do teu ungido.

52 Bemdito seja o Senhor para sempre. Amen, e Amen.

[1] I Reis 8.16.

A fraqueza do homem e a providencia de Deus.

Oração de Moysés, varão de Deus.

90 Senhor, tu tens sido [QQ] o nosso refugio, de geração em geração.

2 Antes [1] que os montes nascessem, ou[551] que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade em eternidade, tu és Deus.

3 Tu reduzes o homem á destruição; e dizes: [2] Tornae-vos, filhos dos homens.

4 Porque mil annos são aos teus olhos como o dia de hontem quando passou, e como a vigilia da noite.

5 Tu os levas como com uma corrente d’agua: são como um somno: de manhã são como a herva que cresce.

6 De madrugada floresce e se muda: á tarde se corta e se secca.

7 Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.

8 Diante de ti pozeste as [3] nossas iniquidades: os nossos peccados occultos á luz do teu rosto.

9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos annos como um conto que se conta.

10 Os dias da nossa vida chegam a setenta annos, e se alguns pela sua robustez chegam a oitenta annos, o orgulho d’elles é canceira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.

11 Quem conhece o poder da tua ira? segundo és tremendo, assim é o teu furor.

12 Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sabios.

13 Volta-te para nós, Senhor: até quando? e aplaca-te para com os teus servos.

14 Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.

15 Alegra-nos pelos dias em que nos affligiste, e pelos annos em que vimos o mal.

16 Appareça [4] a tua obra aos teus servos, e a tua gloria sobre seus filhos.

17 E seja sobre nós a formosura do Senhor, nosso Deus: e confirma sobre nós [5] a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.

[1] Pro. 8.25, 26.

[2] Gen. 3.19.

[3] Psa. 50.21.

[4] Hab. 3.2.

[5] Isa. 26.12.

A segurança d’aquelle que se acolhe em Deus.

91 Aquelle que habita no esconderijo do Altissimo, á sombra do Omnipotente descançará.

2 Direi do Senhor: Elle é o meu Deus, o meu refugio, a minha fortaleza, e n’elle confiarei.

3 Porque elle te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

4 Elle te cobrirá com as suas pennas, e debaixo das suas azas te confiarás: a sua verdade será o teu escudo e rodella.

5 Não terás medo do terror de noite nem da setta que vôa de dia,

6 Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil á tua direita, mas não chegará a ti.

8 Sómente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos impios.

9 Porque tu, ó Senhor, és o meu refugio: no Altissimo fizeste a tua habitação.

10 Nenhum mal te succederá, nem praga alguma chegará á tua tenda.

11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito para te guardarem em todos os teus caminhos.

12 Elles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e [QR] o dragão.

14 Porquanto tão encarecidamente me amou, tambem eu o livrarei; pôl-o-hei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.

15 Elle me invocará, e eu lhe responderei; estarei com elle na angustia; d’ella o retirarei, e o glorificarei.

16 Fartal-o-hei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

O psalmista louva a Deus por amor da sua obra, justiça e graça.

Psalmo e cantico para o sabbado.

92 Bom é louvar ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altissimo:

2 Para de manhã annunciar a tua benignidade, e todas as noites a tua fidelidade:

3 Sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o psalterio: sobre a harpa com som solemne.

4 Pois tu, Senhor, me alegraste pelos teus feitos: exultarei nas obras das tuas mãos.

5 Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! mui profundos são os teus pensamentos.

6 O homem brutal não conhece, nem o louco entende isto.

7 Quando o impio crescer como a herva, e quando florescerem todos os que obram a iniquidade, é que serão destruidos perpetuamente.

8 Mas tu, Senhor, és o Altissimo para sempre.

9 Pois eis que os teus inimigos, Senhor,[552] eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que obram a iniquidade,

10 Porém tu exaltarás o meu [QS] poder, como o do unicornio: serei ungido com oleo fresco.

11 Os meus olhos verão o meu desejo sobre os meus inimigos, e os meus ouvidos ouvirão o meu desejo ácerca dos malfeitores que se levantam contra mim.

12 O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Libano.

13 Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos atrios do nosso Deus.

14 Na velhice ainda darão fructos: serão viçosos e florescentes;

15 Para annunciar que o Senhor é recto: elle é a minha rocha, e n’elle não ha injustiça.

O poder e magestade do reino de Deus.

93 O Senhor reina; está vestido de magestade: o Senhor está vestido; cingiu-se de fortaleza: o mundo tambem está firmado, e não poderá vacillar.

2 O teu throno está firme desde então: tu és desde a eternidade.

3 Os rios levantam, ó Deus, os rios levantam o seu ruido, os rios levantam as suas ondas.

4 Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o ruido das grandes aguas e do que as grandes ondas do mar.

5 Mui fieis são os teus testemunhos: a sanctidade convem á tua casa, Senhor, para sempre.

Appellação á justiça de Deus contra os malfeitores.

94 Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, [1] ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente.

2 Exalta-te, tu, que és juiz da terra: dá a paga aos soberbos.

3 Até quando os impios, Senhor, até quando os impios [QT] saltarão de prazer?

4 Até quando proferirão, e fallarão coisas duras, e se gloriarão todos os que obram a iniquidade?

5 Reduzem a pedaços o teu povo, e affligem a tua herança.

6 Matam a viuva e o estrangeiro, e ao orphão tiram a vida.

7 Comtudo dizem: O Senhor não o verá; nem para isso attenderá o Deus de Jacob.

8 Attendei, ó brutaes d’entre o povo; e vós, loucos, quando sereis sabios?

9 Aquelle que fez o ouvido não ouvirá? e o que formou o olho não verá?

10 Aquelle que argúe as gentes não castigará? e o que ensina ao homem o conhecimento não saberá?

11 O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são vaidade.

12 Bemaventurado é o homem a quem tu castigas, ó Senhor, e a quem ensinas a tua lei;

13 Para lhe dares descanço dos dias maus, até que se abra a cova para o impio.

14 Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança.

15 Mas o juizo voltará á rectidão, e seguil-o-hão todos os rectos do coração.

16 Quem será por mim contra os malfeitores? quem se porá por mim contra os que obram a iniquidade?

17 Se o Senhor não tivera ido em meu auxilio, a minha alma quasi que teria ficado no silencio.

18 Quando eu disse: O meu pé vacilla; a tua benignidade, Senhor, me susteve.

19 Na multidão dos meus pensamentos dentro de mim, as tuas consolações recrearam a minha alma.

20 Porventura [2] o throno d’iniquidade te acompanha, o qual forja o mal por uma lei?

21 Elles se ajuntam contra a alma do justo, e condemnam o sangue innocente.

22 Mas o Senhor é a minha defeza; e o meu Deus é a rocha do meu refugio.

23 E trará sobre elles a sua propria iniquidade; e os destruirá na sua propria malicia: o Senhor nosso Deus os destruirá.

[1] Deu. 32.35.

[2] Amós 6.3. Isa. 10.

O psalmista convida a louvar o Senhor e celebral-o de viva voz.

95 Vinde, cantemos ao Senhor: jubilemos á rocha da nossa salvação.

2 Apresentemo-nos ante a sua face com louvores, e celebremol-o com psalmos.

3 Porque o Senhor é Deus grande, e Rei grande sobre todos os deuses.

4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.

5 Seu é o mar, e elle o fez, e as suas mãos formaram a terra secca.

6 Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos: [1] ajoelhemos diante do Senhor que nos creou.

7 Porque elle é o nosso Deus, e nós[553] povo do seu pasto e ovelhas da sua mão. Se hoje ouvirdes a sua voz,

8 Não endureçaes [2] os vossos corações, assim como [QU] na provocação e como no dia [QV] da tentação no deserto;

9 Quando vossos paes me tentaram, me provaram, e viram a minha obra.

10 Quarenta annos estive desgostado com esta geração, e disse: É um povo que erra do coração, e não tem conhecido os meus caminhos.

11 A quem jurei [3] na minha ira que não entrarão no meu repouso.

[1] I Cor. 6.20.

[2] Exo. 17.2. Num. 14.22.

[3] Num. 14.23, 28, 30.

Convite a toda a terra para louvar e temer o Senhor.

96 Cantae ao Senhor um cantico novo, cantae ao Senhor toda a terra.

2 Cantae ao Senhor, bemdizei o seu nome; annunciae a sua salvação de dia em dia.

3 Annunciae entre as nações a sua gloria; entre todos os povos as suas maravilhas.

4 Porque grande é o Senhor, e digno de louvor, mais tremendo do que todos os deuses.

5 Porque [1] todos os deuses dos povos são idolos, mas o Senhor fez os céus.

6 Gloria e magestade estão ante a sua face, força e formosura no seu sanctuario.

7 Dae ao Senhor, ó familias dos povos, dae ao Senhor gloria e força.

8 Dae ao Senhor a gloria devida ao seu nome: trazei offerenda, e entrae nos seus atrios.

9 Adorae ao Senhor na belleza da sanctidade: tremei diante d’elle toda a terra.

10 Dizei entre as nações que o Senhor reina: o mundo tambem se firmará para que se não abale: julgará os povos com rectidão.

11 Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra: brama o mar e a sua plenitude.

12 Alegre-se o campo com tudo o que ha n’elle: então se regozijarão todas as arvores do bosque,

13 Ante a face do Senhor, porque vem, porque vem a julgar a terra: [2] julgará o mundo com justiça e os povos com a sua verdade.

[1] Jer. 10.11, 12.

[2] Apo. 19.11.

A magestade do reino de Deus: o castigo dos impios: exhortação á piedade e ao regozijo.

97 O Senhor reina; regozije-se a terra: [1] alegrem-se as muitas ilhas.

2 Nuvens [2] e obscuridade estão ao redor d’elle: justiça e juizo são a base do seu throno.

3 Um fogo vae adiante d’elle, [3] e abraza os seus inimigos em redor.

4 Os seus relampagos alumiam o mundo; a terra viu e tremeu.

5 Os montes [4] se derretem como cera na presença do Senhor, na presença do Senhor de toda a terra.

6 Os céus annunciam a sua justiça, e todos os povos vêem a sua gloria.

7 Confundidos sejam todos os que servem imagens de esculptura, que se gloriam de idolos: prostrae-vos diante d’elle, todos os deuses.

8 Sião ouviu e se alegrou; e os filhos de Judah se alegraram por causa da tua justiça, ó Senhor.

9 Pois tu, Senhor, és o mais alto sobre toda a terra; tu és muito mais exaltado [5] do que todos os deuses.

10 Vós, que amaes ao Senhor, aborrecei o mal: elle guarda as almas dos seus sanctos, elle os livra das mãos dos impios.

11 A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os rectos de coração.

12 Alegrae-vos, ó justos, no Senhor, e dae louvores á memoria da sua sanctidade.

[1] Isa. 60.9.

[2] I Reis 8.12.

[3] Dan. 7.10. Hab. 3.5.

[4] Jui. 5.5. Miq. 1.4.

[5] Exo. 18.11.

Convite a louvar o Senhor por amor de sua salvação.

Psalmo.

98 Cantae ao Senhor um cantico novo, porque fez maravilhas; a sua dextra e o seu braço sancto lhe alcançaram a salvação.

2 O Senhor fez [1] notoria a sua salvação, manifestou a sua justiça perante os olhos das nações.

3 Lembrou-se da sua benignidade e da sua verdade para com a casa d’Israel; todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus.

4 Exultae no Senhor, toda a terra; exclamae e alegrae-vos de prazer, e cantae louvores.

5 Cantae louvores ao Senhor com a harpa; com a harpa e a voz do canto.

6 Com trombetas e som de cornetas, exultae perante a face do Senhor, o Rei.

7 Brama o mar e a sua plenitude; o mundo, e os que n’elle habitam.

8 Os rios [2] batam as palmas: regozijem-se tambem as montanhas,

[554]

9 Perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra: com justiça julgará o mundo, e o povo com equidade.

[1] Isa. 52.10. Luc. 2.30, 31.

[2] Isa. 55.12.

A grandeza do reino de Deus.

99 O Senhor reina; tremam as nações: [1] está assentado entre os cherubins; commova-se a terra.

2 O Senhor é grande em Sião, e mais alto do que todas as nações.

3 Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é sancto.

4 Tambem o poder do Rei ama o juizo: tu firmas a equidade, fazes juizo e justiça em Jacob.

5 Exaltae ao Senhor nosso Deus, e prostrae-vos diante do escabello de seus pés, pois é sancto.

6 Moysés [2] e Aarão, entre os seus sacerdotes, e Samuel entre os que invocam o seu nome, clamavam [3] ao Senhor, e Elle os ouvia.

7 Na columna de nuvem lhes fallava: elles guardavam os seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera.

8 Tu os escutaste, Senhor nosso Deus: tu foste um Deus que lhes perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos.

9 Exaltae ao Senhor nosso Deus e adorae-o no seu monte sancto, pois o Senhor nosso Deus é sancto.

[1] Exo. 25.22.

[2] Jer. 15.1.

[3] Exo. 14.15 e 15.25.

Exhortação a toda a creatura a celebrar ao Senhor.

Psalmo de louvor.

100 Celebrae com jubilo ao Senhor, todas as terras.

2 Servi ao Senhor com alegria; e entrae diante d’elle com canto.

3 Sabei que o Senhor é Deus: foi elle que nos fez, e não nós outros a nós; somos povo seu e ovelhas do seu pasto.

4 Entrae pelas portas d’elle com louvor, e em seus atrios com hymno: louvae-o, e bemdizei o seu nome.

5 Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericordia; e a sua verdade dura de geração em geração.

David promette a Deus andar perante elle com sinceridade e oppor-se aos impios.

Psalmo de David.

101 Cantarei a misericordia e o juizo: a ti, Senhor, cantarei.

2 Portar-me-hei [1] com intelligencia no caminho recto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero.

3 Não porei coisa má diante dos meus olhos: aborreço a obra d’aquelles que se desviam; não se me pegará a mim.

4 Um coração perverso se apartará de [2] mim: não conhecerei o homem mau.

5 Aquelle que murmura do seu proximo ás escondidas, eu o destruirei: aquelle que tem olhar altivo, e coração soberbo, não soffrerei.

6 Os meus olhos estarão sobre os fieis da terra, para que se assentem comigo: o que anda n’um caminho recto esse me servirá.

7 O que usa de engano não ficará dentro da minha casa: o que falla mentiras não está firme perante os meus olhos.

8 Pela manhã destruirei todos os impios da terra, para desarreigar da cidade do Senhor todos os que obram a iniquidade.

[1] I Sam. 18.14.

[2] Mat. 7.23. II Tim. 2.19.

Na sua grande afflicção, o psalmista recorre a Deus para que restabeleça o seu povo e o reconduza á sua terra.

Oração do afflicto, vendo-se desfallecido, e derramando a sua queixa perante a face do Senhor.

102 Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor.

2 Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angustia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.

3 Porque os meus dias se consomem como o fumo, e os meus ossos ardem como um lar.

4 O meu coração está ferido e secco como a herva, pelo que me esqueço de comer o meu pão.

5 Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam á minha pelle.

6 Sou similhante ao pelicano [1] no deserto: sou como um mocho nas solidões.

7 Vigio, sou como o pardal solitario no telhado.

8 Os meus inimigos me affrontam todo o dia: os que se enfurecem contra mim teem jurado.

9 Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lagrimas a minha bebida.

10 Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremeçaste.

11 Os meus dias são como a sombra que declina, e como a herva me vou seccando.

12 Mas tu, Senhor, permanecerás para[555] sempre, e a tua memoria de geração em geração.

13 Tu te levantarás [2] e terás piedade de Sião; pois o tempo de te compadeceres d’ella, o tempo determinado, já chegou.

14 Porque os teus servos teem prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó.

15 Então as nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a tua gloria.

16 Quando o Senhor edificar a Sião, apparecerá na sua gloria.

17 Elle attenderá á oração do desamparado, e não desprezará a sua oração.

18 Isto se escreverá para a geração futura; e o povo que se crear louvará ao Senhor.

19 Pois [3] olhou desde o alto do seu sanctuario, desde os céus o Senhor contemplou a terra.

20 Para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados á morte;

21 Para annunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalem;

22 Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor.

23 Abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias.

24 Dizia eu: Meu Deus, não me leves no meio dos meus dias, os teus annos são por todas as gerações.

25 Desde a antiguidade [4] fundaste a terra: e os céus são obra das tuas mãos.

26 Elles perecerão, [5] mas tu permanecerás: todos elles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.

27 Porém tu és [6] o mesmo, e os teus annos nunca terão fim.

28 Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti.

[1] Isa. 34.11. Sof. 2.14.

[2] Isa. 60.10. Zac. 1.12.

[3] Deu. 26.15.

[4] Gen. 1.1 e 2.1. Heb. 1.12.

[5] Isa. 34.4. II Ped. 3.7.

[6] Mal. 3.6. Heb. 13.8.

Convite a louvar a Deus por amor de sua graça.

Psalmo de David.

103 Bemdize, ó alma minha ao Senhor, e tudo o que ha em mim, bemdiga o seu sancto nome.

2 Bemdize, ó alma minha, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus beneficios.

3 O que perdôa [1] todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4 Que redime [2] a tua vida da [QW] perdição; que te corôa de benignidade e de misericordia,

5 Que farta a tua bocca de bens, de sorte que a tua mocidade se renove como a da aguia.

6 O Senhor faz justiça e juizo a todos os opprimidos.

7 Fez conhecidos os seus caminhos a Moysés, e os seus feitos aos filhos d’Israel.

8 Misericordioso e [3] piedoso é o Senhor; longanimo e grande em benignidade.

9 Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10 Não nos tratou segundo os nossos peccados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades.

11 Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericordia para com os que o temem.

12 Assim como está longe o oriente do occidente, assim affasta de nós as nossas transgressões.

13 Assim como [4] um pae se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece d’aquelles que o temem.

14 Pois elle conhece a nossa estructura, [5] lembra-se de que somos pó.

15 Emquanto ao homem, os seus dias são como a herva, como a flor do campo assim floresce.

16 Passando por ella o vento, logo se vae, e o seu logar não será mais conhecido.

17 Mas a misericordia do Senhor é desde a eternidade e até á eternidade sobre aquelles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos;

18 Sobre aquelles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem.

19 O Senhor tem estabelecido o seu throno nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.

20 Bemdizei ao Senhor, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que guardaes os seus mandamentos, obedecendo á voz da sua palavra.

21 Bemdizei ao Senhor, todos os seus exercitos, vós, [6] ministros seus, que executaes o seu beneplacito.

22 Bemdizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os logares do seu dominio; bemdize, ó alma minha, ao Senhor.

[1] Mat. 9.2, 6. Mar. 2.5, 10, 11.

[2] Exo. 15.26. Jer. 17.14.

[3] Exo. 34.6, 7. Num. 14.18. Deu. 5.10.

[4] Mal. 3.1.

[5] Gen. 3.19.

[6] Dan. 7.9, 10. Heb. 1.14.

A gloria de Deus é manifestada na creação e conservação de todas as coisas.

104 Bemdize, ó alma minha, ao Senhor: Senhor Deus meu, tu[556] és magnificentissimo, estás vestido de gloria e de magestade.

2 Elle se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina.

3 Põe nas aguas as vigas das suas camaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as azas do vento.

4 Faz [1] dos seus anjos espiritos, dos seus ministros um fogo abrazador.

5 Lançou os fundamentos da terra, para que não vacille em tempo algum.

6 Tu a cobres com o abysmo, como com um vestido: as aguas estavam sobre os montes.

7 Á tua reprehensão [2] fugiram: á voz do teu trovão se apressaram.

8 Sobem aos montes, descem aos valles, até ao logar que para ellas fundaste.

9 Termo lhes pozeste, que não ultra-passarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.

10 Tu, que fazes sair as fontes nos valles, as quaes correm entre os montes.

11 Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos montezes matam a sua sêde.

12 Junto d’ellas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.

13 Elle rega os montes desde as suas camaras: a terra se farta do fructo das suas obras.

14 Faz crescer a herva para as bestas, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão,

15 E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.

16 As arvores do Senhor fartam-se de seiva, [3] os cedros do Libano que elle plantou,

17 Onde as aves se aninham: emquanto á cegonha, a sua casa é nas faias.

18 Os altos montes são um refugio para as cabras montezes, e as rochas para os coelhos.

19 Designou [4] a lua para as estações: o sol conhece o seu occaso.

20 Ordenas [5] a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animaes da selva.

21 Os leõesinhos bramam pela preza, e de Deus buscam o seu sustento.

22 Nasce o sol e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis.

23 Então sae [6] o homem á sua obra e ao seu trabalho, até á tarde.

24 Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.

25 Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde ha reptis sem numero, animaes pequenos e grandes.

26 Ali andam os navios; e o leviathan que formaste para n’elle folgar.

27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo opportuno.

28 Dando-lh’o tu, elles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens.

29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados: se lhes tiras o folego, morrem, e voltam para o seu pó.

30 Envias o teu Espirito, e são creados, e assim renovas a face da terra.

31 A gloria do Senhor durará para sempre: o Senhor se alegrará nas suas obras.

32 Olhando [7] elle para a terra, ella treme; tocando nos montes, logo fumegam.

33 Cantarei ao Senhor emquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, emquanto eu tiver existencia.

34 A minha meditação ácerca d’elle será suave: eu me alegrarei no Senhor.

35 Desçam da terra os peccadores, e os impios não sejam mais. Bemdize, ó alma minha, ao Senhor. [QX] Louvae ao Senhor.

[1] Heb. 1.7.

[2] Gen. 7.19. Gen. 8.1.

[3] Num. 24.6.

[4] Gen. 1.14.

[5] Isa. 45.7.

[6] Gen. 3.19.

[7] Hab. 3.10.

O psalmista louva a Deus por haver guardado o seu pacto com os patriarchas, por haver livrado Israel d’Egypto, e pelo haver conduzido pelo deserto até Canaan.

105 Louvae [1] ao Senhor, e invocae o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos.

2 Cantae-lhe, cantae-lhe psalmos: fallae de todas as suas maravilhas.

3 Gloriae-vos no seu sancto nome: alegre-se o coração d’aquelles que buscam ao Senhor.

4 Buscae ao Senhor e a sua força: buscae a sua face continuamente.

5 Lembrae-vos das maravilhas que fez, dos seus prodigios e dos juizos da sua bocca;

6 Vós, semente d’Abrahão, seu servo, vós, filhos de Jacob, seus escolhidos.

7 Elle é o Senhor, nosso Deus; [2] os seus juizos estão em toda a terra.

8 Lembrou-se [3] do seu concerto para sempre, da palavra que mandou a milhares de gerações.

9 O qual [4] concerto fez com Abrahão, e o seu juramento a Isaac.

10 E confirmou o mesmo a Jacob por estatuto, e a Israel por concerto eterno,

[557]

11 Dizendo: [5] A ti darei a terra de Canaan, a sorte da vossa herança.

12 Quando eram poucos homens em numero, sim, mui poucos e estrangeiros n’ella.

13 Quando andavam de nação em nação e d’um reino para outro povo.

14 Não permittiu [6] a ninguem que os opprimisse, e por amor d’elles reprehendeu a reis, dizendo:

15 Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus prophetas.

16 Chamou [7] a fome sobre a terra, quebrantou todo o sustento do pão.

17 Mandou [8] perante elles um varão, José, que foi vendido por escravo:

18 Cujos pés apertaram com grilhões: foi mettido em ferros:

19 Até ao tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do Senhor o provou.

20 Mandou [9] o rei, e o fez soltar; o governador dos povos, e o soltou.

21 Fel-o [10] senhor da sua casa, e governador de toda a sua fazenda;

22 Para sujeitar os seus principes a seu gosto, e instruir os seus anciãos.

23 Então Israel entrou no Egypto, e Jacob peregrinou na terra de Cão.

24 E augmentou [11] o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.

25 Virou [12] o coração d’elles para que aborrecessem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos.

26 Enviou [13] Moysés, seu servo, e Aarão, a quem escolhera.

27 Mostraram entre elles os seus signaes e prodigios, na terra de Cão.

28 Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes á sua palavra.

29 Converteu [14] as suas aguas em sangue, e matou os seus peixes.

30 A sua terra produziu [15] rãs em abundancia, até nas camaras dos seus reis.

31 Fallou elle, e vieram enxames de moscas e piolhos em todo o seu termo.

32 Converteu [16] as suas chuvas em saraiva, e fogo abrazador na sua terra.

33 Feriu as suas vinhas e os seus figueiraes, e quebrou as arvores dos seus termos.

34 Fallou elle, e vieram gafanhotos e pulgão sem numero.

35 E comeram toda a herva da sua terra, e devoraram o fructo dos seus campos.

36 Feriu [17] tambem a todos os primogenitos da sua terra, as primicias de todas as suas forças.

37 E tirou-os para fóra com prata e oiro, e entre as suas tribus não houve um só fraco.

38 O Egypto [18] se alegrou quando elles sairam, porque o seu temor caira sobre elles.

39 Estendeu [19] uma nuvem por coberta, e um fogo para alumiar de noite.

40 Oraram, [20] e elle fez vir codornizes, e os fartou de pão do céu.

41 Abriu a penha, e d’ella correram aguas; correram pelos logares seccos como um rio.

42 Porque [21] se lembrou da sua sancta palavra, e de Abrahão, seu servo.

43 E tirou d’ali o seu povo com alegria, e os seus escolhidos com regozijo.

44 E deu-lhes [22] as terras das nações; e herdaram o trabalho dos povos;

45 Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvae ao Senhor.

[1] I Chr. 16.8, 22.

[2] Isa. 26.9.

[3] Luc. 1.72.

[4] Gen. 17.2 e 22.16, etc. e 26.3. Luc. 1.73. Heb. 6.17.

[5] Gen. 13.15 e 15.18.

[6] Gen. 35.5.

[7] Gen. 41.45.

[8] Gen. 37.28 e 45.5, 36.

[9] Gen. 41.14.

[10] Gen. 41.40.

[11] Exo. 1.7.

[12] Exo. 1.8.

[13] Exo. 3.10 e 4.12, 14.

[14] Exo. 7.20.

[15] Exo. 8.6.

[16] Exo. 9.23, 25.

[17] Exo. 12.29. Gen. 49.3.

[18] Exo. 12.33.

[19] Exo. 16.21.

[20] Exo. 16.12.

[21] Gen. 15.14.

[22] Deu. 6.10.

Deus é louvado por haver supportado o seu povo, apezar das suas muitas rebelliões.

106 Louvae ao Senhor. Louvae ao Senhor, porque elle é bom, porque a sua misericordia dura para sempre.

2 Quem pode referir as obras poderosas do Senhor? Quem annunciará os seus louvores?

3 Bemaventurados os que guardam o juizo, [1] o que obra justiça em todos os tempos.

4 Lembra-te de mim, Senhor, segundo a tua boa vontade para com o teu povo: visita-me com a tua salvação;

5 Para que eu veja os bens de teus escolhidos, para que eu me alegre com a alegria do teu povo, para que me glorie com a tua herança.

6 Nós peccámos [2] com os nossos paes, commettemos a iniquidade, obrámos perversamente.

7 Nossos paes não entenderam as tuas maravilhas no Egypto; [3] não se lembraram da multidão das tuas misericordias; antes o provocaram no mar, sim no Mar Vermelho.

8 Não obstante, [4] elle os salvou por amor do seu nome, para fazer conhecido o seu poder.

9 Reprehendeu o Mar Vermelho e se[558] seccou, e os fez caminhar pelos abysmos como pelo deserto.

10 E os livrou [5] da mão d’aquelle que os aborrecia, e os remiu da mão do inimigo.

11 E as aguas [6] cobriram os seus adversarios: nem um d’elles ficou.

12 Então creram [7] as suas palavras, e cantaram os seus louvores.

13 Porém cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho,

14 Mas deixaram-se levar da cubiça no deserto, e tentaram a Deus na solidão.

15 E elle lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza ás suas almas.

16 E invejaram a [8] Moysés no campo, e a Aarão, o sancto do Senhor.

17 Abriu-se [9] a terra, e enguliu a Dathan, e cobriu a gente de Abiram.

18 E um fogo se accendeu [10] na sua gente: a chamma abrazou os impios.

19 Fizeram um bezerro [11] em Horeb, e adoraram a imagem fundida.

20 E converteram [12] a sua gloria na figura de um boi que come herva.

21 Esqueceram-se de Deus, seu salvador, que fizera grandezas no Egypto,

22 Maravilhas na terra de Cão, coisas tremendas no Mar Vermelho.

23 Pelo que disse que os [13] destruiria, se Moysés, seu escolhido, se não pozesse perante elle na abertura, para desviar a sua indignação, afim de os não destruir.

24 Tambem desprezaram [14] a terra aprazivel: não creram na sua palavra.

25 Antes murmuraram [15] nas suas tendas, e não deram ouvidos á voz do Senhor.

26 Pelo que levantou [16] a sua mão contra elles, para os derribar no deserto;

27 Para derribar tambem a sua semente entre as nações, e espalhal-os pelas terras.

28 Tambem se juntaram [17] com Baal-peor, e começaram os sacrificios dos mortos.

29 Assim o provocaram á ira com as suas invenções; e a peste rebentou entre elles.

30 Então se levantou [18] Phineas, e fez juizo, e cessou aquella peste.

31 E isto lhe foi contado [19] como justiça, de geração em geração, para sempre.

32 Indignaram-n’o [20] tambem junto ás aguas da contenda, de sorte que succedeu mal a Moysés, por causa d’elles;

33 Porque irritaram o seu espirito, [21] de modo que fallou imprudentemente com seus labios.

34 Não [22] destruiram os povos, como o Senhor lhes dissera.

35 Antes se misturaram com as nações, e aprenderam as suas obras.

36 E serviram aos seus idolos, que vieram a ser-lhes um laço.

37 Demais d’isto, [23] sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demonios,

38 E derramaram sangue innocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas, que sacrificaram aos idolos de Canaan; [24] e a terra foi manchada com sangue.

39 Assim se contaminaram [25] com as suas obras, e se prostituiram com os seus feitos.

40 Pelo que se accendeu a ira do Senhor contra o seu povo, de modo que abominou a sua herança.

41 E os entregou [26] nas mãos das nações; e aquelles que os aborreciam se assenhorearam d’elles.

42 E os seus inimigos os opprimiram, e foram humilhados debaixo das suas mãos.

43 Muitas vezes os livrou, mas o provocaram com o seu conselho, e foram abatidos pela sua iniquidade.

44 Comtudo, attendeu á sua afflicção, ouvindo o seu clamor.

45 E se lembrou [27] do seu concerto, e se arrependeu segundo a multidão das suas misericordias.

46 Pelo que fez [28] com que d’elle tivessem misericordia os que os levaram captivos.

47 Salva-nos, Senhor, nosso Deus, e congrega-nos d’entre as nações, para que louvemos o teu nome sancto, e nos gloriemos no teu louvor.

48 Bemdito seja o Senhor, Deus d’Israel, de eternidade em eternidade, e todo o povo diga: Amen. Louvae ao Senhor.

[1] Act. 24.16. Gal. 6.9.

[2] Lev. 26.40. Dan. 9.5.

[3] Exo. 14.11, 12.

[4] Eze. 20.14. Exo. 9.16.

[5] Exo. 14.30.

[6] Exo. 14.27, 28 e 15.5.

[7] Exo. 14.31 e 15.1.

[8] Num. 16.1, etc.

[9] Num. 16.31, 32. Deu. 11.6.

[10] Num. 16.35, 46.

[11] Exo. 32.4.

[12] Jer. 2.11. Rom. 1.23.

[13] Exo. 32.10, 11, 32. Deu. 9.19, 25 e 10.10.

[14] Deu. 8.7.

[15] Num. 14.2, 27.

[16] Num. 14.28. Heb. 3.11, 18.

[17] Num. 25.2, 3.

[18] Num. 25.7, 8.

[19] Num. 25.11, 12, 13.

[20] Num. 20.3, 13. Deu. 1.37 e 3.26.

[21] Num. 20.10.

[22] Jui. 1.21, 27, 28, 29, etc.

[23] II Reis 16.3. Isa. 57.5. I Cor. 10.20.

[24] Num. 35.33.

[25] Eze. 20.30, 31. Lev. 17.7.

[26] Jui. 2.14. Neh. 9.27.

[27] Lev. 26.41, 42.

[28] Esd. 9.9. I Chr. 16.35, 36. Jer. 42.12.

A bondade de Deus em proteger os viajantes, os encarcerados, os doentes, os que navegam, e em geral todos os homens.

107 Louvae ao Senhor, porque elle é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

[559]

2 Digam-n’o os remidos do Senhor, os que remiu da mão do inimigo,

3 E os que congregou das terras do oriente [1] e do occidente, do norte e do sul.

4 Andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitarios; não acharam cidade para habitarem.

5 Famintos e sedentos, a sua alma n’elles desfallecia.

6 E clamaram [2] ao Senhor na sua angustia, e os livrou das suas necessidades.

7 E os levou por caminho direito, para irem a uma cidade de habitação.

8 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

9 Pois fartou a alma sedenta, e encheu de bondade a alma faminta.

10 Tal como a que se assenta nas trevas e sombra da morte, presa em afflicção e em ferro;

11 Porquanto se rebellaram contra as palavras de Deus, e desprezaram o conselho do Altissimo,

12 Portanto lhes abateu o coração com trabalho; tropeçaram, e não houve quem os ajudasse.

13 Então clamaram ao Senhor na sua angustia, e os livrou das suas necessidades.

14 Tirou-os das trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões.

15 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

16 Pois quebrou [3] as portas de bronze; e despedaçou os ferrolhos de ferro.

17 Os loucos, por causa da sua transgressão, e por causa das suas iniquidades, são afflictos.

18 A sua alma aborreceu toda a comida, e chegaram até ás portas da morte.

19 Então clamaram ao Senhor na sua angustia: e elle os livrou das suas necessidades.

20 Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição.

21 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

22 E offereçam os sacrificios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo.

23 Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes aguas,

24 Esses vêem as obras do Senhor, e as suas maravilhas no profundo.

25 Pois elle manda, e se levanta o vento tempestuoso, que eleva as suas ondas.

26 Sobem aos céus; descem aos abysmos, e a sua alma se derrete em angustias.

27 Andam e cambaleam como ebrios, e perderam todo o tino.

28 Então clamam ao Senhor na sua angustia; e elle os livra das suas necessidades.

29 Faz cessar a tormenta, e calam-se as suas ondas.

30 Então se alegram, porque se aquietaram; assim os leva ao seu porto desejado.

31 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

32 Exaltem-n’o na congregação do povo, e glorifiquem-n’o na assembléa dos anciãos.

33 Elle converte [4] os rios em um deserto, e as fontes em terra sedenta:

34 A terra fructifera [5] em esteril, pela maldade dos que n’ella habitam.

35 Converte o deserto em lagoa, e a terra secca em fontes.

36 E faz habitar ali os famintos, para que edifiquem cidade para habitação;

37 E semeiam os campos e plantam vinhas, que produzem fructo abundante.

38 Tambem os abençoa, [6] de modo que se multiplicam muito; e o seu gado não diminue.

39 Depois se diminuem e se abatem, pela oppressão, afflicção e tristeza.

40 Derrama o desprezo sobre os principes, e os faz andar desgarrados pelo deserto, onde não ha caminho.

41 Porém livra ao necessitado da oppressão em um logar alto, e multiplica as familias como rebanhos.

42 Os rectos o verão, e se alegrarão, e toda a iniquidade tapará a bocca.

43 Quem [7] é sabio observará estas coisas, e elles comprehenderão as benignidades do Senhor.

[1] Isa. 43.5, 6. Jer. 39.14 e 31.3, 10.

[2] Ose. 5.15.

[3] Isa. 45.2.

[4] I Reis 17.1, 7.

[5] Gen. 13.10 e 14.3.

[6] Gen. 12.2 e 17.16, 20. Exo. 1.7.

[7] Jer. 9.12. Ose. 14.

David louva a Deus pela victoria que lhe concedeu.

Cantico e psalmo de David.

108 Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e direi psalmos até com a minha gloria.

2 Desperta-te, psalterio e harpa; eu mesmo despertarei ao romper da alva.

3 Louvar-te-hei entre os povos, Senhor, e a ti cantarei psalmos entre as nações.

4 Porque a tua benignidade se estende até aos céus, e a tua verdade chega até ás mais altas nuvens.

[560]

5 Exalta-te sobre os céus, ó Deus, e a tua gloria sobre toda a terra,

6 Para que sejam livres os teus amados: salva-nos com a tua dextra, e ouve-nos.

7 Deus fallou na sua sanctidade: eu me regozijarei; repartirei a Sichem, e medirei o valle de Succoth.

8 Meu é [QY] Galaad, meu é Manassés; e Ephraim a força da minha cabeça, Judah [1] o meu legislador,

9 Moab o meu vaso de lavar: sobre Edom lançarei o meu sapato, sobre a Palestina jubilarei.

10 Quem me levará á cidade forte? Quem me guiará até Edom?

11 Porventura não serás tu, ó Deus, que nos rejeitaste? E não sairás, ó Deus, com os nossos exercitos?

12 Dá-nos auxilio [QZ] para sair da angustia, porque vão é o soccorro da parte do homem.

13 Em Deus faremos proezas, pois elle calcará aos pés os nossos inimigos.

[1] Gen. 49.10.

David roga a Deus o castigo dos impios, e que o livre das suas afflicções.

Psalmo de David para o cantor-mór.

109 Ó Deus do meu louvor, não te cales,

2 Pois a bocca do impio e a bocca do enganador estão abertas contra mim: teem fallado contra mim com uma lingua mentirosa.

3 Elles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa.

4 Em recompensa do meu amor são meus adversarios: mas eu faço oração.

5 E me deram mal pelo bem, e odio pelo meu amor.

6 Põe [1] sobre elle um impio, e Satanaz esteja á sua direita.

7 Quando fôr julgado, saia condemnado; e a sua oração se lhe torne em peccado.

8 Sejam poucos [2] os seus dias, e outro tome o seu officio.

9 Sejam orphãos [3] os seus filhos, e viuva sua mulher.

10 Sejam vagabundos e pedintes os seus filhos, e busquem o pão dos seus logares desolados.

11 Lance o credor a mão a tudo quanto tenha, e despojem os estranhos o seu trabalho.

12 Não haja ninguem que se compadeça d’elle, nem haja quem favoreça os seus orphãos.

13 Desappareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na seguinte geração.

14 Esteja na memoria do Senhor a iniquidade [4] de seus paes, e não se apague o peccado de sua mãe.

15 Antes estejam sempre perante o Senhor, para que faça desapparecer a sua memoria da terra.

16 Porquanto não se lembrou de fazer misericordia; antes perseguiu ao varão afflicto e ao necessitado, para que podesse até matar o quebrantado de coração.

17 Visto que amou a maldição, ella lhe sobrevenha, [5] e assim como não desejou a benção, ella se affaste d’elle.

18 Assim como se vestiu de maldição, como d’um vestido, assim penetre ella nas suas entranhas como agua, e em seus ossos como azeite.

19 Seja para elle como o vestido que o cobre, e como cinto que o cinja sempre.

20 Seja este o galardão dos meus contrarios, da parte do Senhor, e dos que fallam mal contra a minha alma.

21 Mas tu, Deus Senhor, trata comigo por amor do teu nome, porque a tua misericordia é boa; livra-me,

22 Pois estou afflicto e necessitado, e o meu coração está ferido dentro de mim.

23 Vou-me como a sombra que declina; sou sacudido como o gafanhoto.

24 De jejuar estão enfraquecidos os meus joelhos, [6] e a minha carne emmagrece.

25 E ainda lhes sou opprobrio; quando me contemplam, [7] movem as cabeças.

26 Ajuda-me, Senhor Deus meu, salva-me segundo a tua misericordia.

27 Para que saibam que esta é a tua mão, e que tu, Senhor, o fizeste.

28 Amaldiçoem [8] elles, mas abençoa tu: quando se levantarem fiquem confundidos; e alegre-se o teu servo.

29 Vistam-se os meus adversarios de vergonha, e cubram-se com a sua propria confusão como com uma capa.

30 Louvarei grandemente ao Senhor com a minha bocca: louval-o-hei entre a multidão.

31 Pois se porá á mão direita do pobre, para o livrar dos que condemnam a sua alma.

[1] Zac. 13.1.

[2] Act. 1.20.

[3] Exo. 22.24.

[4] Exo. 20.5. Neh. 4.5. Jer. 18.23.

[5] Num. 5.22.

[6] Heb. 12.12.

[7] Mat. 27.39.

[8] II Sam. 16.11, 12. Isa. 65.14.

O reino, o sacerdocio e a conquista do Messias.

Psalmo de David.

110 Disse o Senhor [1] ao meu Senhor: Assenta-te á minha mão[561] direita, até que ponha aos teus inimigos por escabello dos teus pés.

2 O Senhor enviará o sceptro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.

3 O teu povo será [RA] mui voluntario no dia do teu poder, [RB] nos ornamentos de sanctidade, desde a madre da alva: tu tens o orvalho da tua mocidade.

4 Jurou [2] o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melchisedec.

5 O Senhor, á tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira.

6 Julgará entre as nações: tudo encherá de corpos mortos: ferirá os cabeças de [RC] grandes terras.

7 Beberá [3] do ribeiro no caminho, pelo que exaltará a cabeça.

[1] Mat. 22.44. Mar. 12.36. Luc. 20.42.

[2] Heb. 5.6 e 6.20.

[3] Jui. 7.5, 6.

Deus é louvado por amor das suas obras maravilhosas.

111 Louvae ao Senhor. Louvarei ao Senhor de todo o meu coração, na assembléa dos justos e na congregação.

2 Grandes são as obras do Senhor, procuradas por todos os que n’ellas tomam prazer.

3 A sua obra tem gloria e magestade, e a sua justiça permanece para sempre.

4 Fez com que as suas maravilhas fossem lembradas: piedoso e misericordioso é o Senhor.

5 Deu mantimento aos que o temem; lembrar-se-ha sempre do seu concerto.

6 Annunciou ao seu povo o poder das suas obras, para lhe dar a herança das nações.

7 As obras [1] das suas mãos são verdade e juizo, seguros todos os seus mandamentos.

8 Permanecem firmes para sempre, e sempre; e são feitos em verdade e rectidão.

9 Redempção enviou ao seu povo; ordenou o seu concerto para sempre; [2] sancto e tremendo é o seu nome.

10 O temor do Senhor é o principio da sabedoria: [3] bom entendimento teem todos os que cumprem os seus mandamentos: o seu louvor permanece para sempre.

[1] Apo. 15.3.

[2] Luc. 1.49.

[3] Deu. 4.6.

A felicidade d’aquelle que teme a Deus.

112 Louvae ao Senhor. Bemaventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer.

2 A sua semente será poderosa na terra: a geração dos rectos será abençoada.

3 Fazenda [1] e riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece para sempre.

4 Aos justos nasce luz nas trevas: elle é piedoso, misericordioso e justo.

5 O homem bom se compadece, e empresta: [RD] disporá as suas coisas com juizo.

6 Na verdade que nunca será commovido: o justo estará em memoria eterna.

7 Não temerá maus rumores: o seu coração está firme, confiando no Senhor.

8 O seu coração bem confirmado, elle não temerá, até que veja o seu desejo sobre os seus inimigos.

9 Elle espalhou, [2] deu aos necessitados: a sua justiça permanece para sempre, e a sua força se exaltará em gloria.

10 O impio o verá, e se entristecerá: rangerá com os dentes, e se consumirá: o desejo dos impios perecerá.

[1] Mat. 6.33.

[2] II Cor. 9.9. Deu. 24.13.

Exhortação a louvar a Deus pela sua grandeza e por amor da sua bondade para com os pobres.

113 Louvae ao Senhor. Louvae, servos do Senhor, louvae o nome do Senhor.

2 Seja bemdito [1] o nome do Senhor, desde agora para sempre.

3 Desde o [2] nascimento do sol até ao occaso, seja louvado o nome do Senhor.

4 Exaltado está o Senhor acima de todas as nações, e a sua gloria sobre os céus.

5 Quem é como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas?

6 O qual se abate, para vêr o que está nos céus e na terra!

7 Levanta o pobre do pó, e do monturo levanta o necessitado,

8 Para o fazer assentar com os principes, mesmo com os principes do seu povo.

9 Faz com que a mulher esteril habite na casa, e seja alegre mãe de filhos. Louvae ao Senhor.

[1] Dan. 2.20.

[2] Isa. 50.19. Mal. 1.11.

[562]

O psalmista celebra a passagem maravilhosa pelo Mar Vermelho e Jordão.

114 Quando Israel saiu [1] do Egypto, e a casa de Jacob de um povo barbaro,

2 Judah [2] ficou seu sanctuario, e Israel seu dominio.

3 O mar o viu, e fugiu: o Jordão voltou para traz.

4 Os montes saltaram como carneiros, e os outeiros como cordeiros.

5 Que tiveste tu, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que voltaste para traz?

6 Montes, que saltastes como carneiros, e outeiros, como cordeiros?

7 Treme, terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacob.

8 O qual converteu [3] o rochedo em lago de aguas, e o seixo em fonte de agua.

[1] Exo. 13.3.

[2] Exo. 6.7 e 19.6 e 25.8.

[3] Exo. 17.6. Num. 20.11.

A gloria do Senhor e a vaidade dos idolos. Exhortação a confiar só em Deus.

115 Não a nós, [1] Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá gloria, por amor da tua benignidade e da tua verdade.

2 Porque dirão as nações: Onde está o seu Deus?

3 Porém o nosso Deus está nos céus: fez tudo o que lhe aprouve.

4 Os idolos d’elles [2] são prata e oiro, obra das mãos dos homens.

5 Teem bocca mas não fallam: olhos teem, mas não vêem:

6 Teem ouvidos, mas não ouvem; narizes teem, mas não cheiram:

7 Teem mãos, mas não apalpam; pés teem, mas não andam; nem som algum sae da sua garganta.

8 A elles se tornem similhantes os que os fazem, assim como todos os que n’elles confiam.

9 Israel, confia no Senhor: elle é o seu auxilio e o seu escudo.

10 Casa de Aarão, confia no Senhor: elle é o seu auxilio e o seu escudo.

11 Vós, os que temeis ao Senhor, confiae no Senhor: elle é o seu auxilio e o seu escudo.

12 O Senhor se lembrou de nós; elle nos abençoará; abençoará a casa d’Israel; abençoará a casa d’Aarão.

13 Abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes.

14 O Senhor vos augmentará cada vez mais, a vós e a vossos filhos.

15 Sois bemditos [3] do Senhor que fez os céus e a terra.

16 Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.

17 Os mortos não louvam ao Senhor, [4] nem os que descem ao silencio.

18 Mas [5] nós bemdiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvae ao Senhor.

[1] Isa. 48.11. Eze. 36.32.

[2] Deu. 4.28.

[3] Gen. 1.1 e 14.19.

[4] Isa. 38.18.

[5] Dan. 2.20.

Amor e gratidão a Deus pela sua salvação.

116 Amo ao Senhor, porque elle ouviu a minha voz e a minha supplica.

2 Porque inclinou a mim os seus ouvidos; portanto o invocarei emquanto viver.

3 Os cordeis da morte me cercaram, e angustias do inferno se apoderaram de mim: encontrei aperto e tristeza.

4 Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma.

5 Piedoso é o Senhor e justo: o nosso Deus tem misericordia.

6 O Senhor guarda aos simplices: fui abatido, mas elle me livrou.

7 Alma minha, volta para o [1] teu repouso, pois o Senhor te fez bem.

8 Porque tu, Senhor, livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lagrimas, e os meus pés da queda.

9 Andarei perante a face do Senhor na terra dos viventes.

10 Cri, [2] por isso fallei: estive muito afflicto.

11 Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos.

12 Que darei eu ao Senhor, por todos os beneficios que me tem feito?

13 Tomarei o calix da salvação, e invocarei o nome do Senhor.

14 Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo.

15 Preciosa é á vista do Senhor a morte dos seus sanctos.

16 Ó Senhor, devéras sou teu servo: sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras.

17 Offerecer-te-hei [3] sacrificios de louvor, e invocarei o nome do Senhor.

18 Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o meu povo.

19 Nos atrios da casa do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalem. Louvae ao Senhor.

[1] Jer. 6.16. Mat. 11.29.

[2] II Cor. 4.13.

[3] Lev. 7.12.

[563]

Deus é louvado por amor da sua bondade e veracidade.

117 Louvae [1] ao Senhor todas as nações, louvae-o todos os povos.

2 Porque a sua benignidade é grande para comnosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvae ao Senhor.

[1] Rom. 15.11.

O psalmista louva a Deus por amor do livramento de muitos inimigos.

118 Louvae ao Senhor, porque elle é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Diga agora Israel que a sua benignidade dura para sempre.

3 Diga agora a casa d’Aarão que a sua benignidade dura para sempre.

4 Digam agora os que temem ao Senhor que a sua benignidade dura para sempre.

5 Invoquei o Senhor na angustia; o Senhor me ouviu, e me tirou para um logar largo.

6 O Senhor está comigo: [1] não temerei o que me pode fazer o homem.

7 O Senhor está comigo com aquelles que me ajudam; pelo que verei cumprido o meu desejo sobre os que me aborrecem.

8 É melhor confiar no Senhor [2] do que confiar no homem.

9 É melhor confiar no Senhor do que confiar nos principes.

10 Todas as nações me cercaram, mas no nome do Senhor as despedaçarei.

11 Cercaram-me, e tornaram a cercar-me; mas no nome do Senhor eu as despedaçarei.

12 Cercaram-me como abelhas: porém apagaram-se como o fogo d’espinhos; pois no nome do Senhor os despedaçarei.

13 Com força me impelliste para me fazeres cair, porém o Senhor me ajudou.

14 O Senhor [3] é a minha força e o meu cantico; e se fez a minha salvação.

15 Nas tendas dos justos ha voz de jubilo e de salvação: a dextra do Senhor faz proezas.

16 A dextra [4] do Senhor se exalta: a dextra do Senhor faz proezas.

17 Não morrerei, [5] mas viverei; e contarei as obras do Senhor.

18 O Senhor me [6] castigou muito, mas não me entregou á morte.

19 Abri-me [7] as portas da justiça: entrarei por ellas, e louvarei ao Senhor.

20 Esta é a porta do Senhor, [8] pela qual os justos entrarão.

21 Louvar-te-hei, pois me escutaste, e te fizeste a minha salvação.

22 A Pedra [9] que os edificadores rejeitaram se tornou a cabeça da esquina.

23 Da parte do Senhor se fez isto; maravilhoso é aos nossos olhos.

24 Este é o dia que fez o Senhor: regozijemo-nos, e alegremo-nos n’elle.

25 Salva-nos, agora, te pedimos, ó Senhor, ó Senhor, te pedimos, prospera-nos.

26 Bemdito [10] aquelle que vem em nome do Senhor: nós vos bemdizemos desde a casa do Senhor.

27 Deus é o Senhor [11] que nos mostrou a luz: atae a victima da festa com cordas, até aos cornos do altar.

28 Tu és o meu Deus, e eu te louvarei; [12] tu és o meu Deus, e eu te exaltarei.

29 Louvae [13] ao Senhor, porque elle é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.

[1] Isa. 51.12. Heb. 13.6.

[2] Jer. 17.5, 7.

[3] Exo. 15.2. Isa. 12.2.

[4] Exo. 15.6.

[5] Hab. 1.12.

[6] II Cor. 6.9.

[7] Isa. 26.2.

[8] Isa. 35.8. Apo. 21.27 e 22.14, 15.

[9] Mat. 21.42. Mar. 12.10. Luc. 20.17. Act. 4.11. Eph. 2.20. I Ped. 2.4, 7.

[10] Mat. 21.9 e 23.39. Mar. 11.9. Luc. 19.38.

[11] I Ped. 2.9.

[12] Exo. 15.2. Isa. 25.1.

[13] ver. 1.

A excellencia da lei do Senhor e a felicidade d’aquelle que a observa.

Aleph.

119 Bemaventurados os rectos em seus caminhos, que andam na lei do Senhor.

2 Bemaventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração.

3 E não obram iniquidade: andam nos seus caminhos.

4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observassemos.

5 Oxalá que os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus estatutos.

6 Então não serei envergonhado, quando tiver respeito a todos os teus mandamentos.

7 Louvar-te-hei com rectidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juizos.

8 Observarei os teus estatutos: não me desampares totalmente.

Beth.

9 Com que purificará o mancebo o seu caminho? observando-o conforme a tua palavra.

10 Com todo [1] o meu coração te busquei: não me deixes desviar dos meus mandamentos.

[564]

11 A tua palavra tenho eu escondido [2] no meu coração, para não peccar contra ti.

12 Bemdito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.

13 Com os meus labios declarei todos os juizos da tua bocca.

14 Folguei tanto no caminho dos teus testemunhos, como em todas as riquezas.

15 Meditarei nos teus preceitos, e terei respeito aos teus caminhos.

16 Recrear-me-hei nos teus estatutos: não me esquecerei da tua palavra.

Gimel.

17 Faze bem ao teu servo, para que viva e observe a tua palavra.

18 Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei.

19 Sou peregrino [3] na terra: não escondas de mim os teus mandamentos.

20 A minha alma está quebrantada de desejar os teus juizos em todo o tempo.

21 Tu reprehendeste asperamente os soberbos que são amaldiçoados, que se desviam dos teus mandamentos.

22 Tira de sobre mim o opprobrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos.

23 Principes tambem se assentaram, e fallaram contra mim, mas o teu servo meditou nos teus estatutos.

24 Tambem os teus testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros.

Daleth.

25 A minha alma está pegada ao pó: vivifica-me segundo a tua palavra.

26 Eu te contei os meus caminhos, e tu me ouviste: ensina-me os teus estatutos.

27 Faze-me entender os caminhos dos teus preceitos: assim fallarei das tuas maravilhas.

28 A minha alma se derrete de tristeza: fortalece-me segundo a tua palavra.

29 Desvia de mim o caminho da falsidade, e concede-me piedosamente a tua lei.

30 Tenho escolhido o caminho da verdade: os teus juizos tenho posto diante de mim.

31 Tenho-me apegado aos teus testemunhos: ó Senhor, não me confundas.

32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, [4] quando dilatares o meu coração.

He.

33 Ensina-me, [5] ó Senhor, o caminho dos teus estatutos, e guardal-o-hei até ao fim.

34 Dá-me [6] entendimento, e guardarei a tua lei, e observal-a-hei de todo o meu coração.

35 Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque n’ella tenho prazer.

36 Inclina o meu coração aos teus testemunhos, e não á cubiça.

37 Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho.

38 Confirma a tua palavra ao teu servo, que é dedicado ao teu temor.

39 Desvia de mim o opprobrio que temo, pois os teus juizos são bons.

40 Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça.

Vau.

41 Venham sobre mim tambem as tuas misericordias, ó Senhor, e a tua salvação segundo a tua palavra.

42 Assim terei que responder ao que me affronta, pois confio na tua palavra.

43 E não tires totalmente a palavra de verdade da minha bocca, pois tenho esperado nos teus juizos.

44 Assim observarei de continuo a tua lei para sempre e eternamente.

45 E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos.

46 Tambem fallarei [7] dos teus testemunhos perante os reis, e não me envergonharei.

47 E recrear-me-hei em teus mandamentos, que tenho amado.

48 Tambem levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que amei, e meditarei nos teus estatutos.

Zain.

49 Lembra-te da palavra dada ao teu servo, na qual me fizeste esperar.

50 Isto [8] é a minha consolação na minha afflicção, porque a tua palavra me vivificou.

51 Os soberbos [9] zombaram grandemente de mim; comtudo não me desviei da tua lei.

52 Lembrei-me dos teus juizos antiquissimos, ó Senhor, e assim me consolei.

53 Grande indignação se apoderou de mim por causa dos impios que desamparam a tua lei.

54 Os teus estatutos teem sido os meus canticos, na casa da minha peregrinação.

[565]

55 Lembrei-me do teu nome, ó Senhor, de noite, e observei a tua lei.

56 Isto fiz eu, porque guardei os teus mandamentos.

Heth.

57 O Senhor é a minha porção: eu disse que observaria as tuas palavras.

58 Roguei devéras o teu favor com todo o meu coração: tem piedade de mim, segundo a tua palavra.

59 Considerei [10] os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos.

60 Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos.

61 Bandos de impios me despojaram, mas eu não me esqueci da tua lei.

62 Á meia noite [11] me levantarei para te louvar, pelos teus justos juizos.

63 Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos.

64 A terra, ó Senhor, está cheia da tua benignidade: ensina-me os teus estatutos.

Teth.

65 Fizeste bem ao teu servo, Senhor, segundo a tua palavra.

66 Ensina-me bom juizo e sciencia, pois cri nos teus mandamentos.

67 Antes de ser afflicto andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra.

68 Tu és bom e [12] fazes bem: ensina-me os teus estatutos.

69 Os soberbos forjaram mentiras contra mim; mas eu com todo o meu coração guardarei os teus preceitos.

70 Engrossa-se-lhes o coração como gordura, mas eu me recreio na tua lei.

71 Foi-me bom ter sido afflicto, para que aprendesse os teus estatutos.

72 Melhor é para mim a lei da tua bocca do que milhares de oiro ou prata.

Jod.

73 As tuas mãos me fizeram e me formaram; dá-me intelligencia para entender os teus mandamentos.

74 Os que te temem alegraram-se quando me viram, porque tenho esperado na tua palavra.

75 Bem sei eu, ó Senhor, que os teus juizos são justos, e que segundo a tua fidelidade me affligiste.

76 Sirva pois a tua benignidade para me consolar, segundo a palavra que déste ao teu servo.

77 Venham sobre mim as tuas misericordias, para que viva, pois a tua lei é as minhas delicias.

78 Confundam-se os soberbos, pois me trataram d’uma maneira perversa, sem causa; mas eu meditarei nos teus preceitos.

79 Voltem-se para mim os que te temem, e aquelles que teem conhecido os teus testemunhos.

80 Seja recto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja confundido.

Caph.

81 Desfallece a minha alma pela tua salvação, mas espero na tua palavra.

82 Os meus olhos desfallecem pela tua palavra; entretanto dizia: Quando me consolarás tu?

83 Pois estou como odre no fumo; comtudo não me esqueço dos teus estatutos.

84 Quantos serão os dias do teu servo? [13] Quando me farás justiça contra os que me perseguem?

85 Os soberbos me cavaram covas, o que não é conforme á tua lei.

86 Todos os teus mandamentos são verdade: com mentiras me perseguem; ajuda-me.

87 Quasi que me teem consumido sobre a terra, mas eu não deixei os teus preceitos.

88 Vivifica-me segundo a tua benignidade; assim guardarei o testemunho da tua bocca.

Lamed.

89 Para sempre, ó Senhor, [14] a tua palavra permanece no céu.

90 A tua fidelidade dura de geração em geração: tu firmaste a terra, e ella permanece firme.

91 [RE] Elles continuam até ao dia d’hoje, segundo as tuas ordenações; porque todos são teus servos.

92 Se a tua lei não fôra toda a minha recreação, ha muito que pereceria na minha afflicção.

93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por elles me tens vivificado.

94 Sou teu, salva-me; pois tenho buscado os teus preceitos.

95 Os impios me esperam para me destruirem, mas eu considerarei os teus testemunhos.

96 Tenho visto [15] fim a toda a perfeição, mas o teu mandamento é amplicissimo.

Mem.

97 Oh! quanto amo a tua lei! é a minha meditação em todo o dia.

[566]

98 Tu pelos teus mandamentos me fazes mais sabio [16] do que os meus inimigos, pois estão sempre comigo.

99 Tenho mais [17] entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.

100 Entendo mais do que os antigos; porque guardo os teus preceitos.

101 Desviei os meus pés de todo o caminho mau, para guardar a tua palavra.

102 Não me apartei dos teus juizos, pois tu me ensinaste.

103 Oh! quão [18] doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel á minha bocca.

104 Pelos teus mandamentos alcancei entendimento; pelo que aborreço todo o falso caminho.

Nun.

105 A tua palavra é uma lampada para os meus pés e uma luz para o meu caminho.

106 Jurei, [19] e o [RF] cumprirei, que guardarei os teus justos juizos.

107 Estou afflictissimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.

108 Acceita, eu te rogo, as offerendas voluntarias [20] da minha bocca, ó Senhor; ensina-me os teus juizos.

109 A minha alma está de continuo nas minhas mãos; todavia não me esqueço da tua lei.

110 Os impios me armaram laço; comtudo não me desviei dos teus preceitos.

111 Os teus testemunhos tenho eu tomado por herança [21] para sempre, pois são o gozo do meu coração.

112 Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim.

Samech.

113 Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei.

114 Tu és o meu refugio e o meu escudo; espero na tua palavra.

115 Apartae-vos [22] de mim, malfeitores, pois guardarei os mandamentos do meu Deus.

116 Sustenta-me conforme a tua palavra, para que viva, [23] e não me deixes envergonhado da minha esperança.

117 Sustenta-me, e serei salvo, e de continuo terei respeito aos teus estatutos.

118 Tu tens [RG] pisado aos pés todos os que se desviam dos teus estatutos, pois o engano d’elles é falsidade.

119 Tu tiraste da terra todos os impios, como a escoria, pelo que amo os teus testemunhos.

120 O meu corpo se arrepiou com temor [24] de ti, e temi os teus juizos.

Ain.

121 Fiz juizo e justiça: não me entregues aos meus oppressores.

122 Fica por fiador do teu servo para o bem; não deixes que os soberbos me opprimam.

123 Os meus olhos desfalleceram pela tua salvação e pela promessa da tua justiça.

124 Usa com o teu servo segundo a tua benignidade, e ensina-me os teus estatutos.

125 Sou teu servo: dá-me intelligencia, para entender os teus testemunhos.

126 Já é tempo de operares ó Senhor, pois elles teem quebrantado a tua lei.

127 Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o oiro, e ainda mais do que o oiro fino.

128 Por isso estimo todos os teus preceitos ácerca de tudo, como rectos, e aborreço toda a falsa vereda.

Pe.

129 Maravilhosos são os teus testemunhos; portanto a minha alma os guarda.

130 A entrada das tuas palavras dá luz, [25] dá entendimento aos simplices.

131 Abri a minha bocca, e respirei, pois que desejei os teus mandamentos.

132 Olha para mim, e tem piedade de mim, conforme usas com os que amam o teu nome.

133 Ordena os meus passos na tua palavra, [26] e não se apodere de mim iniquidade alguma.

134 Livra-me [27] da oppressão do homem; assim guardarei os teus preceitos.

135 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo, e ensina-me os teus estatutos.

136 Rios [28] d’aguas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei.

Tsade.

137 Justo és, [29] ó Senhor, e rectos são os teus juizos.

138 Os teus testemunhos que ordenaste são rectos e muito fieis.

139 O meu zelo me consumiu, porque os meus inimigos se esqueceram da tua palavra.

[567]

140 A tua palavra é muito pura; portanto o teu servo a ama.

141 Pequeno sou e desprezado, porém não me esqueço dos teus mandamentos.

142 A tua justiça é uma justiça eterna, [30] e a tua lei é a verdade.

143 Aperto e angustia se apoderam de mim; comtudo os teus mandamentos são o meu prazer.

144 A justiça dos teus testemunhos é eterna; dá-me intelligencia, e viverei.

Koph.

145 Clamei de todo o meu coração; escuta-me, Senhor, e guardarei os teus estatutos.

146 A ti te invoquei; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.

147 Preveni a alva da manhã, e clamei: esperei na tua palavra.

148 Os meus olhos preveniram as vigilias da noite, para meditar na tua palavra.

149 Ouve a minha voz, segundo a tua benignidade; vivifica-me, ó Senhor, segundo o teu juizo.

150 Approximam-se os que se dão a maus tratos; affastam-se da tua lei.

151 Tu estás perto ó Senhor, e todos os teus mandamentos são a verdade.

152 Ácerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, [31] que tu os fundaste para sempre.

Res.

153 Olha para a minha afflicção, e livra-me, pois não me esqueci da tua lei.

154 Pleiteia a minha causa, e livra-me: vivifica-me segundo a tua palavra.

155 A salvação está longe dos impios, pois não buscam os teus estatutos.

156 Muitas são, ó Senhor, as tuas misericordias: vivifica-me segundo os teus juizos.

157 Muitos são os meus perseguidores e os meus inimigos; porém não me desvio dos teus testemunhos.

158 Vi os transgressores, e me affligi, porque não observam a tua palavra.

159 Considera como amo os teus preceitos: vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua benignidade.

160 A tua palavra é a verdade desde o principio, e cada um dos teus juizos dura para sempre.

Sin.

161 Principes me perseguiram sem causa, mas o meu coração temeu a tua palavra.

162 Folgo com a tua palavra, como aquelle que acha um grande despojo.

163 Abomino e aborreço a falsidade, porém amo a tua lei.

164 Sete vezes no dia te louvo pelos juizos da tua justiça.

165 Muita paz teem os que amam a tua lei, e para elles não ha tropeço.

166 Senhor, tenho esperado na tua salvação, [32] e tenho cumprido os teus mandamentos.

167 A minha alma tem observado os teus testemunhos; amo-os excessivamente.

168 Tenho observado os teus preceitos e os teus testemunhos, porque todos os meus caminhos estão diante de ti.

Tau.

169 Chegue a ti o meu clamor, ó Senhor: dá-me entendimento conforme a tua palavra.

170 Chegue a minha supplica perante a tua face: livra-me segundo a tua palavra.

171 Os meus labios proferiram o louvor, quando me ensinaste os teus estatutos.

172 A minha lingua fallará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justiça.

173 Venha a tua mão soccorrer-me, [33] pois elegi os teus preceitos.

174 Tenho desejado a tua salvação, ó Senhor, a tua lei é todo o meu prazer.

175 Viva a minha alma, e louvar-te-ha: ajudem-me os teus juizos.

176 Desgarrei-me [34] como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos.

[1] II Chr. 15.15.

[2] Luc. 2.18, 51.

[3] Gen. 47.9. I Chr. 29.15. II Cor. 5.6. Heb. 11.13.

[4] I Sam. 4.29. Isa. 60.5. II Cor. 6.11.

[5] ver. 12. Mat. 10.22. Apo. 2.26.

[6] ver. 73.

[7] Mat. 10.18, 19. Act. 26.1, 2.

[8] Rom. 15.4.

[9] Jer. 20.7.

[10] Luc. 15.17, 18.

[11] Act. 16.25.

[12] Mat. 19.17.

[13] Apo. 6.10.

[14] Mat. 24.34, 35.

[15] Mat. 5.18 e 24.35.

[16] Deu. 4.6, 8.

[17] II Tim. 3.15.

[18] Pro. 8.11.

[19] Neh. 10.29.

[20] Ose. 14.2. Heb. 13.5.

[21] Deu. 33.4.

[22] Mat. 7.23.

[23] Rom. 5.5 e 9.33 e 10.11.

[24] Hab. 3.16.

[25] Pro. 1.4.

[26] Rom. 6.12.

[27] Luc. 1.74.

[28] Jer. 9.1 e 14.17. Eze. 9.4.

[29] Esd. 9.15. Neh. 9.33. Jer. 12.1. Dan. 9.7.

[30] João 17.17.

[31] Luc. 21.33.

[32] Gen. 49.18.

[33] Jos. 24.22. Luc. 10.42.

[34] Isa. 53.6. Luc. 15.4. I Ped. 2.25.

O psalmista ora para que seja livre do mentiroso e calumniador.

[RH] Cantico dos degraus.

120 Na minha angustia [1] clamei ao Senhor, e me ouviu.

2 Senhor, livra a minha alma dos labios mentirosos e da lingua enganadora.

3 Que te será dado, ou que te será accrescentado, lingua enganadora?

4 Frechas agudas do valente, com brazas vivas de zimbro.

5 Ai de mim, que peregrino em Mesech, [2] e habito nas tendas de Kedar.

6 A minha alma bastante tempo habitou com os que detestam a paz.

[568]

7 Pacifico sou, porém quando eu fallo elles procuram guerra.

[1] Jon. 2.2.

[2] Gen. 25.13. Jer. 49.28, 29.

Deus é o guarda fiel do seu povo.

Cantico dos degraus.

121 Levantarei os meus olhos para os montes, de onde vem a minha salvação.

2 O meu soccorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.

3 Não deixará vacillar o teu pé: aquelle que te guarda não tosquenejará.

4 Eis-que não tosquenejará nem dormirá o guarda d’Israel.

5 O Senhor é quem te guarda: o Senhor é a tua sombra á tua direita.

6 O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.

7 O Senhor te guardará de todo o mal: guardará a tua alma.

8 O Senhor guardará a tua entrada e a tua saida, desde agora e para sempre.

Oração para que a paz de Jerusalem continue.

Cantico dos degraus, de David.

122 Alegrei-me quando me disseram: [1] Vamos á casa do Senhor.

2 Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalem.

3 Jerusalem está edificada como uma cidade que é [2] compacta,

4 Onde sobem as tribus, as tribus do Senhor, até o testemunho d’Israel, para darem [RI] graças ao nome do Senhor.

5 Pois ali estão os thronos do juizo, os thronos da casa de David.

6 Orae pela paz de Jerusalem: prosperarão aquelles que te amam.

7 Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palacios.

8 Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti.

9 Por causa da casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem.

[1] Isa. 2.3. Zac. 8.21.

[2] II Sam. 5.9.

A oração do crente desprezado.

Cantico dos degraus.

123 A ti levanto os meus olhos, ó tu que habitas nos céus.

2 Assim como os olhos dos servos attentam para as mãos dos seus senhores, e os olhos da serva para as mãos de sua senhora, assim os nossos olhos attentam para o Senhor nosso Deus, até que tenha piedade de nós.

3 Tem piedade de nós, ó Senhor, tem piedade de nós, pois estamos assaz fartos de desprezo.

4 A nossa alma está extremamente cheia da zombaria d’aquelles que estão á sua vontade e com o desprezo dos soberbos.

Só Deus pode livrar o seu povo.

Cantico dos degraus, de David.

124 Se não fôra o Senhor, que esteve ao nosso lado, ora diga Israel;

2 Se não fôra o Senhor, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós,

3 Elles então nos teriam engulido vivos, quando a sua ira se accendesse contra nós.

4 Então as aguas teriam trasbordado sobre nós, e a corrente teria passado sobre a nossa alma;

5 Então as aguas altivas teriam passado sobre a nossa alma.

6 Bemdito seja o Senhor, que não nos deu por preza aos seus dentes.

7 A nossa alma escapou, como um passaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapámos.

8 O nosso soccorro está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra.

A segurança d’aquelle que confia em Deus.

Cantico dos degraus.

125 Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.

2 Assim como estão os montes á roda de Jerusalem, assim o Senhor está em volta do seu povo desde agora e para sempre.

3 Porque o sceptro da impiedade não permanecerá [1] sobre a sorte dos justos, a não ser que o justo estenda as suas mãos para a iniquidade.

4 Faze bem, ó Senhor, aos bons e aos que são rectos de coração.

5 Emquanto áquelles que se inquietam para os seus caminhos tortuosos, leval-os-ha o Senhor com os que obram [2] a maldade: paz haverá sobre Israel.

[1] Isa. 14.5.

[2] Gal. 6.16.

Deus é louvado porque fez retirar do captiveiro o seu povo.

Cantico dos degraus.

126 Quando o Senhor [RJ] trouxe do captiveiro os que voltaram a Sião estavamos com os que sonham.

[569]

2 Então a nossa bocca se encheu do riso e a nossa lingua de cantico: então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor a estes.

3 Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quaes estamos alegres.

4 Traze-nos outra vez, ó Senhor, do captiveiro, como as correntes das aguas no sul.

5 Os que semeiam em lagrimas segarão com alegria.

6 Aquelle que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem duvida com alegria, trazendo comsigo os seus molhos.

Segurança, prosperidade e fecundidade veem de Deus só.

Cantico dos degraus, de Salomão.

127 Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam: se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinella.

2 Inutil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dôres, pois assim dá elle aos seus amados o somno.

3 Eis que [1] os filhos são herança do Senhor, e o fructo do ventre o seu galardão.

4 Como frechas na mão d’um homem valente, assim são os filhos da mocidade.

5 Bemaventurado o homem que enche d’elles a sua aljava: não serão confundidos, mas fallarão com os seus inimigos á porta.

[1] Gen. 33.5 e 48.4. Jos. 24.3, 4. Deu. 28.4.

Aquelle que teme a Deus será abençoado na sua familia.

Cantico dos degraus.

128 Bemaventurado aquelle que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.

2 Pois comerás [1] do trabalho das tuas mãos: feliz serás, e te irá bem.

3 A tua mulher será [2] como a videira fructifera aos lados da tua casa, os teus filhos como plantas de oliveira á roda da tua mesa.

4 Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.

5 O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás os bens de Jerusalem em todos os dias da tua vida.

6 E verás [3] os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.

[1] Isa. 3.10.

[2] Eze. 19.10.

[3] Gen. 50.23.

A egreja é perseguida, mas não destruida.

Cantico dos degraus.

129 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, diga agora Israel:

2 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, todavia não prevaleceram contra mim.

3 Os lavradores araram sobre as minhas costas: compridos fizeram os seus sulcos.

4 O Senhor é justo: cortou as cordas dos impios.

5 Sejam confundidos, e voltem para traz, todos os que aborrecem a Sião.

6 Sejam como a herva dos telhados, que se secca antes que [RK] a arranquem.

7 Com a qual o segador não enche a sua mão, nem o que ata os feixes enche o seu braço.

8 Nem tão pouco os que passam digam: A benção do Senhor seja sobre vós: nós vos abençoamos em nome do Senhor.

A confissão do peccado e a esperança do perdão.

Cantico dos degraus.

130 Das profundezas a ti clamo, ó Senhor.

2 Senhor, escuta a minha voz: sejam os teus ouvidos attentos á voz das minhas supplicas.

3 Se tu, Senhor, [1] observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá?

4 Porém comtigo está [2] o perdão, para que sejas temido.

5 Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra.

6 A minha alma aguarda ao Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aquelles que vigiam pela manhã.

7 Espere Israel no Senhor, porque no Senhor ha misericordia, e n’elle ha abundante redempção.

8 E elle remirá [3] a Israel de todas as suas iniquidades.

[1] Rom. 3.20, 23, 24.

[2] Exo. 34.7.

[3] Mat. 1.20.

A humildade do psalmista.

Cantico dos degraus, de David.

131 Senhor, o meu coração não se elevou [1] nem os meus olhos se levantaram: não me exercito em grandes materias, nem em coisas muito elevadas para mim.

[570]

2 Certamente que me tenho portado [RL] e socegado como uma creança [2] desmamada de sua mãe: a minha alma está como uma creança desmamada.

3 Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.

[1] Rom. 12.16.

[2] Mat. 18.3. I Cor. 14.20.

O zelo de David pelo templo e pela arca. As promessas feitas por Deus.

Cantico dos degraus.

132 Lembra-te, Senhor, de David, e de todas as suas afflicções.

2 Como jurou ao Senhor, [1] e fez votos ao poderoso de Jacob, dizendo:

3 Certamente que não entrarei na tenda de minha casa, nem subirei ao leito da minha cama.

4 Não darei somno aos meus olhos, nem adormecimento ás minhas pestanas,

5 Emquanto [2] não achar logar para o Senhor, uma morada para o Poderoso de Jacob.

6 Eis que ouvimos fallar d’ella em Ephrata, e a achámos no campo do bosque.

7 Entraremos nos seus tabernaculos: prostrar-nos-hemos ante o escabello de seus pés.

8 Levanta-te, [3] Senhor, no teu repouso, tu e a arca da tua força.

9 Vistam-se os teus sacerdotes de justiça, e alegrem-se os teus sanctos.

10 Por amor de David, teu servo, não faças virar o rosto do teu ungido.

11 O Senhor jurou na verdade a David: não se apartará [4] d’ella: Do fructo do teu ventre porei sobre o teu throno.

12 Se os teus filhos guardarem o meu concerto, e os meus testemunhos, que eu lhes hei de ensinar, tambem os seus filhos se assentarão perpetuamente no teu throno.

13 Porque o Senhor elegeu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo:

14 Este é o meu repouso para sempre: aqui habitarei, pois o desejei.

15 Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados.

16 Vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus sanctos saltarão de prazer.

17 Ali farei brotar [5] [RM] a força de David; preparei uma lampada para o meu ungido.

18 Vestirei os seus inimigos de confusão; mas sobre elle florescerá a sua corôa.

[1] Gen. 49.24.

[2] Act. 7.46.

[3] Num. 10.35. II Chr. 6.41, 42.

[4] II Sam. 7.12. I Reis 8.25.

[5] Eze. 29.21. Ose. 11.12.

A excellencia do amor fraternal.

Cantico dos degraus, de David.

133 Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos habitem [1] em união.

2 É como [2] o oleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba, d’Aarão, e que desce á orla dos seus vestidos.

3 Como o orvalho [3] de Hermon e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o [4] Senhor ordena a benção e vida para sempre.

[1] Gen. 13.8. Heb. 13.1.

[2] Exo. 30.25, 30.

[3] Deu. 4.48.

[4] Lev. 25.21. Deu. 28.8.

Exhortação a bemdizer o Senhor.

Cantico dos degraus.

134 Eis-aqui, bemdizei ao Senhor todos vós, servos do Senhor, que assistis na casa do Senhor todas as noites.

2 Levantae as vossas mãos no sanctuario, e bemdizei ao Senhor.

3 O Senhor, que fez o céu e a terra, te abençõe desde Sião.

Deus é louvado pela sua bondade, poder e justiça. A vaidade dos idolos.

135 Louvae ao Senhor. Louvae o nome do Senhor; louvae-o, servos do Senhor.

2 Vós que assistis na casa do Senhor, nos atrios da casa do nosso Deus.

3 Louvae ao Senhor, porque o Senhor é bom: cantae louvores ao seu nome, porque é agradavel.

4 Porque [1] o Senhor escolheu para si a Jacob, e a Israel para seu proprio thesouro.

5 Porque eu conheço que o Senhor é grande e que o nosso Deus está acima de todos os deuses.

6 Tudo o que o Senhor quiz fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abysmos.

7 Faz [2] subir os vapores das extremidades[571] da terra; faz os relampagos para a chuva; produz os ventos dos seus thesouros.

8 O que feriu os primogenitos do Egypto, desde os homens até ás bestas.

9 O que enviou signaes e prodigios no meio de ti, ó Egypto, contra Pharaó e contra os seus servos.

10 O que feriu [3] muitas nações, e matou poderosos reis;

11 A Sehon, rei dos amorrheos, e a Og, rei de Basan, e a todos os reinos de Canaan.

12 E deu a sua terra em herança, em herança a Israel, seu povo.

13 O teu nome, ó Senhor, dura perpetuamente; e a tua memoria, ó Senhor, de geração em geração.

14 Pois o Senhor julgará o seu povo, e se arrependerá com respeito aos seus servos.

15 Os idolos das nações são prata e oiro, obra das mãos dos homens.

16 Teem bocca, mas não fallam; teem olhos, e não vêem.

17 Teem ouvidos, mas não ouvem, nem ha respiro algum nas suas boccas.

18 Similhantes a elles se tornem os que os fazem, e todos os que confiam n’elles.

19 Casa d’Israel, bemdizei ao Senhor; casa d’Aarão bemdizei ao Senhor.

20 Casa de Levi, bemdizei ao Senhor: vós, os que temeis ao Senhor, louvae ao Senhor.

21 Bemdito seja o Senhor desde Sião, que habita em Jerusalem. Louvae ao Senhor.

[1] Exo. 19.5. Deu. 7.6, 7 e 10.15.

[2] Jer. 10.13 e 51.16.

[3] Num. 21.24, 25, 26, 34, 35.

Deus é louvado pelas suas obras e porque sua benignidade dura para sempre.

136 Louvae ao Senhor, porque elle é bom; porque [1] a sua benignidade dura para sempre.

2 Louvae ao Deus dos deuses; porque a sua benignidade dura para sempre.

3 Louvae ao Senhor dos senhores; porque a sua benignidade dura para sempre.

4 Aquelle que só faz maravilhas; porque a sua benignidade dura para sempre.

5 Aquelle que por entendimento fez os céus, [2] porque a sua benignidade dura para sempre.

6 Aquelle que estendeu a terra sobre as aguas; porque a sua benignidade dura para sempre.

7 Aquelle que fez os grandes luminares; porque a sua benignidade dura para sempre.

8 O sol [3] para governar de dia; porque a sua benignidade dura para sempre.

9 A lua e as estrellas para presidirem á noite; porque a sua benignidade dura para sempre.

10 O que feriu [4] o Egypto nos seus primogenitos; porque a sua benignidade dura para sempre.

11 E tirou a [5] Israel do meio d’elles; porque a sua benignidade dura para sempre.

12 Com mão [6] forte, e com braço estendido; porque a sua benignidade dura para sempre.

13 Aquelle que dividiu o Mar Vermelho [7] em duas partes; porque a sua benignidade dura para sempre.

14 E fez passar Israel por meio d’elles; porque a sua benignidade dura para sempre.

15 Mas derribou [8] a Pharaó com o seu exercito no Mar Vermelho, porque a sua benignidade dura para sempre.

16 Aquelle que guiou [9] o seu povo pelo deserto; porque a sua benignidade dura para sempre.

17 Aquelle que feriu [10] os grandes reis; porque a sua benignidade dura para sempre.

18 E matou reis famosos; porque a sua benignidade dura para sempre.

19 Sehon, rei dos amorrheos; porque a sua benignidade dura para sempre.

20 E Og, rei de Basan; porque a sua benignidade dura para sempre.

21 E deu a terra d’elles em herança; porque a sua benignidade dura para sempre.

22 E mesmo em herança a Israel, seu servo; porque a sua benignidade dura para sempre.

23 Que se lembrou da [11] nossa baixeza; porque a sua benignidade dura para sempre.

24 E nos remiu dos nossos inimigos; porque a sua benignidade dura para sempre.

25 O que dá mantimento a toda a carne; porque a sua benignidade dura para sempre.

26 Louvae ao Deus dos céus; porque a sua benignidade dura para sempre.

[1] I Chr. 16.34, 41. II Chr. 20.21.

[2] Gen. 1.1. Pro. 3.19.

[3] Gen. 1.16.

[4] Exo. 12.29.

[5] Exo. 12.15 e 13.3, 17.

[6] Exo. 6.6.

[7] Exo. 14.21, 22.

[8] Exo. 14.27.

[9] Deu. 8.15.

[10] Deu. 29.7.

[11] Gen. 8.1. Deu. 32.36.

137 Junto dos rios de Babylonia, ali nos assentámos e chorámos, quando nos lembrámos de Sião:

2 Sobre os salgueiros que ha no meio d’ella, pendurámos as nossas harpas.

3 Pois lá aquelles que nos levaram[572] captivos, nos pediam uma canção; e os que nos destruiram, que os alegrassemos, dizendo; Cantae-nos uma das canções de Sião.

4 Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?

5 Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalem, esqueça-se a minha direita da sua destreza.

6 Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a lingua ao meu paladar; se não prefiro Jerusalem á minha maior alegria.

7 Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom [1] no dia de Jerusalem, que diziam: Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces.

8 Ah! filha de Babylonia, que vaes ser assolada; feliz aquelle que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós.

9 Feliz aquelle que pegar em teus filhos e der [2] com elles pelas pedras.

[1] Jer. 49.7, etc.

[2] Jer. 50.15, 29.

Acção de graças a Deus por amor da sua fidelidade. Todos os reis o louvarão.

Psalmo de David.

138 Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração: na presença dos deuses a ti cantarei louvores.

2 Inclinar-me-hei para o teu sancto templo, e louvarei o teu nome pela sua benignidade, e pela tua verdade: pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.

3 No dia em que eu clamei, me escutaste; e alentaste com força a minha alma.

4 Todos os reis da terra te louvarão, ó Senhor, quando ouvirem as palavras da tua bocca;

5 E cantarão os caminhos do Senhor; pois grande é a gloria do Senhor.

6 Ainda que o Senhor é excelso, attende todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe.

7 Andando eu no meio da angustia, tu me reviverás: estenderás a tua mão contra a ira dos meus inimigos, e a tua dextra me salvará.

8 O Senhor aperfeiçoará o que me toca; a tua benignidade, ó Senhor, dura para sempre; não desampares as obras das tuas mãos.

A omnipresença e a omnipotencia de Deus.

Psalmo de David para o cantor-mór.

139 Senhor, [1] tu me sondaste, e me conheces.

2 Tu sabes [2] o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

3 Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

4 Não havendo ainda palavra alguma na minha lingua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces.

5 Tu me cercaste por detraz e por diante; e pozeste sobre mim a tua mão.

6 Tal sciencia é para mim maravilhosissima; tão alta que não a posso attingir.

7 Para onde me irei do teu Espirito, ou para onde fugirei da tua face?

8 Se subir [3] ao céu, lá tu estás: se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás tambem.

9 Se tomar as azas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

10 Até ali a tua mão me guiará e a tua dextra me susterá.

11 Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz á roda de mim.

12 Nem ainda [4] as trevas me encobrem de ti: mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.

13 Pois possuiste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe.

14 Eu te louvarei, porque de um modo terrivel, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no occulto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra.

16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escriptas; as quaes em continuação foram formadas, quando nem ainda uma d’ellas havia.

17 E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as sommas d’elles!

18 Se as contasse, seriam em maior numero do que a areia: quando acordo ainda estou comtigo.

19 Ó Deus, tu matarás decerto o impio: apartae-vos portanto de mim, homens de sangue.

20 Pois fallam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.

21 Não aborreço eu, ó Senhor, aquelles que te aborrecem, e não me afflijo por causa dos que se levantam contra ti?

22 Aborreço-os com odio perfeito: tenho-os por inimigos.

[573]

23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me, e conhece os meus pensamentos.

24 E vê se ha em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.

[1] Jer. 12.3.

[2] II Reis 19.27. Mat. 9.4. João 2.25.

[3] Amós 9.2, 3, 4.

[4] Dan. 2.22. Heb. 4.13.

O psalmista ora para que seja livre de inimigos potentes e injustos.

Psalmo de David para o cantor-mór.

140 Livra-me, ó Senhor, do homem mau: guarda-me do homem violento;

2 Que pensa o mal no coração: continuamente se ajuntam para a guerra.

3 Aguçaram as linguas como a serpente; o veneno das viboras está debaixo dos seus labios (Selah).

4 Guarda-me, ó Senhor, das mãos do impio; guarda-me do homem [1] violento, os quaes se propozeram empuxar os meus passos.

5 Os soberbos [2] armaram-me laços e cordas; estenderam a rede ao lado do caminho: armaram-me laços corrediços (Selah).

6 Eu disse ao Senhor: Tu és o meu Deus: ouve a voz das minhas supplicas, ó Senhor.

7 Senhor Deus, [RN] fortaleza da minha salvação, tu cobriste a minha cabeça no dia da batalha.

8 Não concedas, ó Senhor, ao impio os seus desejos: não promovas o seu mau proposito, para que não se exalte (Selah).

9 Quanto á cabeça dos que me cercam, cubra-os a maldade dos seus labios.

10 Caiam sobre elles brazas vivas: sejam lançados no fogo: em covas profundas para que se não tornem a levantar.

11 Não terá firmeza na terra o homem de lingua: o mal perseguirá o homem violento até que seja desterrado.

12 Sei que o Senhor [RO] sustentará a causa do opprimido, e o direito do necessitado.

13 Assim os justos louvarão o teu nome: os rectos habitarão na tua presença.

[1] Rom. 3.13.

[2] Jer. 18.22.

O psalmista ora para que seja preservado no meio da tentação.

Psalmo de David.

141 Senhor, a ti clamo, escuta-me; inclina os teus ouvidos á minha voz, quando a ti clamar.

2 Suba a minha [1] oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrificio da tarde.

3 Põe, ó Senhor, uma guarda á minha bocca: guarda a porta dos meus labios.

4 Não inclines o meu coração a coisas más, a praticar obras más, com aquelles que obram a iniquidade; e não coma das suas delicias.

5 Fira-me o justo, será uma benignidade; e reprehenda-me, será um excellente oleo, que me não quebrará a cabeça; porque orarei nas suas proprias calamidades.

6 Quando os seus juizes forem derribados pelos lados da rocha, ouvirão as minhas palavras, pois são agradaveis.

7 Os nossos ossos são espalhados á bocca da sepultura como se alguem [RP] fendera e partira lenha em terra.

8 Mas os meus olhos te contemplam, o Deus, Senhor: em ti confio; não desnudes a minha alma.

9 Guarda-me dos laços que me armaram; e dos laços corrediços dos que obram a iniquidade.

10 Caiam os impios nas suas proprias redes, até que eu tenha escapado inteiramente.

[1] Apo. 5.8 e 3.4.

Oração no meio de grande perigo.

Maschil de David: oração que fez quando estava na caverna.

142 Com a minha voz clamei ao Senhor, com a minha voz suppliquei ao Senhor.

2 Derramei a minha queixa perante a sua face; expuz-lhe a minha angustia.

3 Quando o meu espirito estava angustiado em mim, então conheceste a minha vereda: no caminho em que eu andava, esconderam-me um laço.

4 Olhei para a minha direita, e vi; mas não havia quem me conhecesse: refugio me faltou, ninguem cuidou da minha alma.

5 A ti, ó Senhor, clamei; disse: Tu és o meu refugio, e a minha porção na terra dos viventes.

6 Attende ao meu clamor; porque estou muito abatido: livra-me dos meus perseguidores; porque são mais fortes do que eu.

7 Tira a minha alma da prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, pois me fizeste bem.

O psalmista ora para que seja livre de inimigos.

Psalmo de David.

143 Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos ás[574] minhas supplicas: escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça,

2 E não entres em juizo com o teu servo, [1] porque á tua vista não se achará justo nenhum vivente.

3 Pois o inimigo perseguiu a minha alma; atropellou-me até ao chão; fez-me habitar na escuridão, como aquelles que morreram ha muito.

4 Pelo que o meu espirito se angustia em mim; e o meu coração em mim está desolado.

5 Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos.

6 Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sêde de ti, como terra sedenta (Selah).

7 Ouve-me depressa, ó Senhor; o meu espirito desmaia; não escondas de mim a tua face, para que não seja similhante aos que descem á cova.

8 Faze-me ouvir a tua benignidade pela manhã, pois em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir, porque a ti levanto a minha alma.

9 Livra-me, ó Senhor, dos meus inimigos; fujo para ti, para me esconder.

10 Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus: [2] o teu Espirito é bom; guia-me por terra plana.

11 Vivifica-me, ó Senhor, por amor do teu nome; por amor da tua justiça, tira a minha alma da angustia.

12 E por tua misericordia desarreiga os meus inimigos, e destroe a todos os que angustiam a minha alma: pois sou teu servo.

[1] Rom. 3.20. Gal. 2.16.

[2] Neh. 9.20. Isa. 26.10.

Acção de graças pela protecção de Deus e oração por outros livramentos.

Psalmo de David.

144 Bemdito seja o Senhor, minha rocha, [1] que ensina as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra;

2 Benignidade minha e fortaleza minha; alto retiro meu e meu libertador és tu: escudo meu, em quem eu confio, e que me sujeita o meu povo.

3 Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes?

4 O homem é similhante á vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.

5 Abaixa, ó Senhor, os teus céus, e desce; toca os montes, e fumegarão.

6 Vibra os teus raios, e dissipa-os; envia as tuas frechas, e desbarata-os.

7 Estende as tuas mãos desde o alto; livra-me, e, arrebata-me das muitas aguas e das mãos dos filhos estranhos,

8 Cuja bocca falla vaidade, e a sua direita é direita de falsidade.

9 A ti, ó Deus, cantarei um cantico novo, com o psalterio e instrumento de dez cordas te cantarei louvores.

10 A ti, que dás a salvação aos reis, e que livras a David, teu servo, da espada maligna.

11 Livra-me, e tira-me das mãos dos filhos estranhos, cuja bocca falla vaidade, e a sua direita é direita de iniquidade;

12 Para que nossos filhos sejam como plantas crescidas na sua mocidade; para que as nossas filhas sejam como pedras d’esquina lavradas á moda de palacio.

13 Para que as nossas dispensas se encham de todo o provimento; para que os nossos gados produzam a milhares e a dezenas de milhares nas nossas ruas.

14 Para que os nossos bois sejam fortes para o trabalho; para que não haja nem assaltos, nem saidas, nem gritos nas nossas ruas.

15 Bemaventurado o povo, ao qual assim acontece: bemaventurado é o povo cujo Deus é o Senhor.

[1] II Sam. 22.2, 3, 40, 48.

A bondade, grandeza e providencia de Deus.

Cantico de David.

145 Eu te exaltarei, ó Deus, rei meu, e bemdirei o teu nome pelo seculo do seculo e para sempre.

2 Cada dia te bemdirei, e louvarei o teu nome pelo seculo do seculo e para sempre.

3 Grande é o Senhor, e muito digno de louvor, [1] e a sua grandeza inexcrutavel.

4 Uma geração louvará as tuas obras á outra geração, e annunciarão as tuas proezas.

5 Fallarei da magnificencia gloriosa da tua magestade e das tuas obras maravilhosas.

6 E se fallará da força dos teus feitos terriveis; e contarei a tua grandeza.

7 Proferirão abundantemente a memoria da tua grande bondade, e cantarão a tua justiça.

8 Piedoso e benigno é o Senhor, soffredor e de grande misericordia.

9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericordias são sobre todas as suas obras.

10 Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, e os teus sanctos te bemdirão.

[575]

11 Fallarão da gloria do teu reino, e relatarão o teu poder,

12 Para fazer saber aos filhos dos homens as tuas proezas e a gloria da magnificencia do teu reino.

13 O teu reino [2] é um reino eterno; o teu dominio dura em todas as gerações.

14 O Senhor sustenta a todos os que caem, e levanta a todos os abatidos.

15 Os olhos de todos esperam em ti, e lhes dás o seu mantimento a seu tempo.

16 Abres a tua mão, e fartas os desejos de todos os viventes.

17 Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e sancto em todas as suas obras.

18 Perto está o Senhor de todos os que o invocam, [3] de todos os que o invocam em verdade.

19 Elle cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará.

20 O Senhor guarda a todos os que o amam; porém todos os impios serão destruidos.

21 A minha bocca fallará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu sancto nome pelo seculo do seculo e para sempre.

[1] Rom. 11.33.

[2] I Tim. 1.17.

[3] João 4.24.

A fraqueza do homem e a fidelidade de Deus.

146 Louvae ao Senhor. Ó alma minha, louva ao Senhor.

2 Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus emquanto eu fôr vivo.

3 Não confieis em principes, nem no filho do homem, em quem não ha salvação.

4 Sae-lhe o espirito, volta para a terra: [1] n’aquelle mesmo dia perecem os seus pensamentos.

5 Bemaventurado [2] aquelle que tem o Deus de Jacob por seu auxilio, e cuja esperança está posta no Senhor seu Deus.

6 O que fez os céus e a terra, [3] o mar e tudo quanto ha n’elles, e o que guarda a verdade para sempre;

7 O que faz justiça aos opprimidos, o que dá pão aos famintos. O Senhor solta os encarcerados.

8 O Senhor abre [4] os olhos aos cegos: O Senhor levanta os abatidos: o Senhor ama os justos.

9 O Senhor guarda os estrangeiros: [5] sustem o orphão e a viuva, mas transtorna o caminho dos impios.

10 O Senhor reinará [6] eternamente; o teu Deus, ó Sião, é de geração em geração. Louvae ao Senhor.

[1] I Cor. 2.6.

[2] Jer. 17.7.

[3] Gen. 1.1. Apo. 14.7.

[4] Mat. 9.30. João 9.7, 32.

[5] Deu. 10.18.

[6] Exo. 15.18. Apo. 11.15.

Exhortação a louvar ao Senhor pela sua beneficencia.

147 Louvae ao Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus, porque é agradavel; decoroso é o louvor.

2 O Senhor edifica a Jerusalem, congrega os dispersos de Israel.

3 Sara os quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas.

4 Conta o numero das estrellas, chama-as a todas pelos seus nomes.

5 Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito.

6 O Senhor eleva os humildes, e abate os impios até á terra.

7 Cantae ao Senhor em acção de graça; cantae louvores ao nosso Deus sobre a harpa.

8 Elle é o que cobre o céu de nuvens, o que prepara a chuva para a terra, e o que faz produzir herva sobre os montes.

9 O que dá aos animaes o seu sustento, e aos filhos dos corvos, quando clamam.

10 Não se deleita na força do cavallo, nem se compraz nas pernas do varão.

11 O Senhor se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericordia.

12 Louva, ó Jerusalem, ao Senhor; louva, ó Sião, ao teu Deus.

13 Porque fortaleceu os ferrolhos das tuas portas; abençôa aos teus filhos dentro de ti.

14 Elle é o que põe em paz os teus termos, e da flor da farinha te farta.

15 O que envia o seu mandamento á terra, a sua palavra corre velozmente.

16 O que dá a neve como lã, esparge a geada como cinza.

17 O que lança o seu gelo em pedaços; quem pode resistir ao seu frio?

18 Manda a sua palavra, e os faz derreter; faz soprar o vento, e correm as aguas.

19 Mostra a sua palavra a Jacob, os seus estatutos e os seus juizos a Israel.

20 Não fez assim a nenhuma outra nação; e, emquanto aos seus juizos, não os conhecem. Louvae ao Senhor.

Toda a creação deve louvar ao Senhor.

148 Louvae ao Senhor. Louvae ao Senhor desde os céus, louvae-o nas alturas.

2 Louvae-o, todos os seus anjos; louvae-o todos os seus exercitos.

[576]

3 Louvae-o, sol e lua; louvae-o, todas as estrellas luzentes.

4 Louvae-o, [1] céus dos céus, e as aguas que estão sobre os céus.

5 Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram creados.

6 E os confirmou para sempre, e lhes deu uma lei que não ultra-passarão.

7 Louvae ao Senhor desde a terra: vós, baleias, [2] e todos os abysmos,

8 Fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que executa a sua palavra:

9 Montes e todos os outeiros, [3] arvores fructiferas e todos os cedros:

10 As feras e todos os gados, reptis e aves voadoras:

11 Reis da terra e todos os povos, principes e todos os juizes da terra:

12 Mancebos e donzellas, velhos e creanças,

13 Louvem o nome do Senhor, pois só o seu nome é exaltado: a sua gloria está sobre a terra e o céu.

14 Elle tambem exalta o [RQ] poder do seu povo, o louvor de todos os seus sanctos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é chegado. Louvae ao Senhor.

[1] I Reis 8.27. II Cor. 12.2. Gen. 1.7.

[2] Isa. 43.20.

[3] Isa. 44.23 e 49.13 e 55.12.

Os fieis louvam a seu Deus com canticos e instrumentos de musica.

149 Louvae ao Senhor. [1] Cantae ao Senhor um cantico novo, e o seu louvor na congregação dos sanctos.

2 Alegre-se Israel n’aquelle que o fez, gozem-se os filhos de Sião no seu rei.

3 Louvem o seu nome com [RR] flauta; cantem-lhe o seu louvor com adufe e harpa.

4 Porque o Senhor se agrada do seu povo; ornará os mansos com a [RS] salvação.

5 Exultem os sanctos na gloria, alegrem-se nas suas camas.

6 Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, [2] e espada de dois fios nas suas mãos,

7 Para tomarem vingança das nações, e darem reprehensões aos povos;

8 Para aprisionarem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro;

9 Para fazerem n’elles o juizo escripto; [RT] esta será a gloria de todos os sanctos. Louvae ao Senhor.

[1] Isa. 42.10.

[2] Heb. 4.12. Apo. 1.16.

O psalmista exhorta toda a creatura a louvar o Senhor.

150 Louvae ao Senhor. Louvae a Deus no seu sanctuario, louvae-o no firmamento do seu poder.

2 Louvae-o pelos seus actos poderosos, [1] louvae-o conforme a excellencia da sua grandeza.

3 Louvae-o com o som de trombeta, louvae-o com o psalterio e a harpa.

4 Louvae-o com o adufe e a [RU] flauta, louvae-o com instrumento de cordas e com orgãos.

5 Louvae-o [2] com os cymbalos sonoros, louvae-o com cymbalos altisonantes.

6 Tudo quanto tem folego louve [RV] ao Senhor. Louvae ao Senhor.

[1] Deu. 3.24.

[2] I Chr. 15.16, 19, 28.


PROVERBIOS DE SALOMÃO.

Introducção geral.

Antes de Christo 1000

1 Proverbios [1] de Salomão, filho de David, rei d’Israel;

2 Para se conhecer a sabedoria e a instrucção; para se entenderem as palavras da prudencia;

3 Para se receber a instrucção do entendimento, [2] a justiça, o juizo, e a equidade;

4 Para dar aos simplices prudencia, [3] e aos moços conhecimento e bom siso;

5 Para o sabio [4] ouvir e crescer em doutrina, e o entendido adquirir sabios conselhos;

6 Para entender proverbios e a sua declaração: como tambem as palavras dos sabios, e as suas adivinhações.

[577]

Não te deixes seduzir por peccadores.

7 O temor do Senhor é o principio da sciencia: os loucos desprezam a sabedoria e a instrucção.

8 Filho meu, ouve [5] a instrucção de teu pae, e não deixes a doutrina de tua mãe.

9 Porque diadema [6] de graça serão para a tua cabeça, e colares para o teu pescoço.

10 Filho meu, se os peccadores te attrahirem com afagos, [7] não consintas.

11 Se disserem: Vem comnosco; espiemos [8] o sangue; espreitemos o innocente sem razão;

12 Traguemol-os vivos, como a sepultura; e inteiros, como os que descem á cova;

13 Acharemos toda a sorte de [RW] fazenda preciosa; encheremos as nossas casas de despojos;

14 Lança a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa.

15 Filho meu, não te ponhas a caminho com elles: desvia o pé das suas veredas;

16 Porque os seus pés [9] correm para o mal, e se apressam a derramar sangue.

17 Na verdade debalde se estende a rede perante os olhos de toda a sorte d’aves.

18 E estes armam ciladas contra o seu proprio sangue; e as suas proprias [RX] vidas espreitam.

19 Assim são [10] as veredas de todo aquelle que usa d’avareza: ella prenderá a [RY] alma de seus amos.

O convite e exhortação da Sabedoria.

20 A suprema sabedoria [11] altamente clama de fóra: pelas ruas levanta a sua voz.

21 Nas encruzilhadas, em que ha tumultos, clama: ás entradas das portas, na cidade profere as suas palavras.

22 Até quando, ó simplices, amareis a simplicidade? e vós, escarnecedores, desejareis o escarneo? e vós, loucos, aborrecereis o conhecimento?

23 Tornae-vos á minha reprehensão: eis que abundantemente vos derramarei [12] de meu espirito e vos farei saber as minhas palavras.

24 Porquanto [13] clamei, e vós recusastes; estendi a minha mão, e não houve quem désse attenção;

25 Mas rejeitastes [14] todo o meu conselho, e não quizestes a minha reprehensão.

26 Tambem eu me rirei na vossa perdição, e zombarei, vindo o vosso temor;

27 Vindo como a [15] assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevindo-vos aperto e angustia.

28 Então a mim clamarão, [16] porém eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão.

29 Porquanto aborreceram o conhecimento; e não elegeram o temor do Senhor;

30 Não consentiram ao meu conselho e desprezaram toda a minha reprehensão.

31 Assim que comerão do fructo do seu caminho, e fartar-se-hão [17] dos seus proprios conselhos.

32 Porque o desvio dos simplices os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá.

33 Porém o que me der ouvidos habitará seguramente, e estará descançado do temor do mal.

[1] II Reis 4.32. cap. 10.1 e 25.1.

[2] cap. 2.1, 9.

[3] cap. 9.4.

[4] cap. 9.9.

[5] cap. 4.1 e 6.20.

[6] cap. 3.22.

[7] Gen. 39.7, etc. Eph. 5.11.

[8] Jer. 5.26.

[9] Isa. 59.7. Rom. 3.15.

[10] cap. 15.27. I Tim. 6.10.

[11] cap. 8.1, etc. e 9.3. João 7.37.

[12] Joel 2.28.

[13] Isa. 65.12 e 66.4. Jer. 7.13. Zac. 7.11.

[14] ver. 3. Luc. 7.30.

[15] cap. 10.24.

[16] Isa. 1.15. Miq. 3.4. Zac. 7.13. Thi. 4.3.

[17] Isa. 3.11. Jer. 6.19.

A excellencia e vantagem da Sabedoria.

2 Filho meu, se acceitares as minhas palavras, e esconderes [1] comtigo os meus mandamentos,

2 Para fazeres attento á sabedoria o teu ouvido, e inclinares o teu coração ao entendimento,

3 E se clamares por entendimento, e por intelligencia alçares a tua voz,

4 Se como a prata a [2] buscares e como a thesouros escondidos a esquadrinhares,

5 Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.

6 Porque [3] o Senhor é o que dá a sabedoria: da sua bocca é que sae o conhecimento e o entendimento.

7 Elle reserva a verdadeira sabedoria para os rectos: escudo é para os que caminham na sinceridade.

8 Para que guardem as veredas do juizo: e elle o [4] caminho dos seus sanctos conservará.

9 Então entenderás justiça, e juizo, e equidades, e todas as boas veredas,

10 Quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento fôr suave á tua alma.

11 O bom siso te guardará e a [5] intelligencia te conservará;

12 Para te fazer escapar do mau caminho,[578] e do homem que falla coisas perversas.

13 Dos que deixam as veredas da rectidão, para andarem [6] pelos caminhos das trevas.

14 Que se alegram [7] de mal fazer, e folgam com as perversidades dos maus.

15 Cujas veredas são tortuosas e que se desviam nas suas carreiras,

16 Para te fazer escapar da mulher estranha, [8] e da estrangeira que lisongeia com suas palavras.

17 Que deixa [9] o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus.

18 Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os defuntos.

19 Todos os que entrarem a ella não tornarão a sair, e não atinarão com as veredas da vida.

20 Para andares pelo caminho dos bons, e guardares as veredas dos justos.

21 Porque os rectos habitarão a terra, e os sinceros permanecerão n’ella.

22 Mas os impios serão arrancados da terra, e os aleivosos serão d’ella exterminados.

[1] cap. 4.21 e 7.1.

[2] cap. 3.14. Mat. 13.14.

[3] I Reis 3.9, 12. Thi. 1.5.

[4] I Sam. 2.9.

[5] cap. 6.22.

[6] João 3.19, 20.

[7] cap. 10.23. Jer. 11.15. Rom. 1.32.

[8] cap. 5.20. cap. 5.3 e 6.24 e 7.5.

[9] Mal. 2.14, 15.

3 Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração [1] guarde os meus mandamentos.

2 Porque elles te accrescentarão longura de dias, e annos de vida e paz.

3 Não te desamparem a benignidade e a fidelidade: ata-as [2] ao teu pescoço; escreve-as na taboa do teu coração.

4 E acharás [3] graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens.

5 Confia no Senhor com todo o teu coração, e não te [4] estribes no teu proprio entendimento.

6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e elle endireitará [5] as tuas veredas.

7 Não sejas [6] sabio a teus proprios olhos: teme ao Senhor e aparta-te do mal.

8 Isto será saude para o teu umbigo, e regadura para os teus ossos.

9 Honra [7] ao Senhor com a tua fazenda, e com as primicias de toda a tua renda.

10 E se encherão [8] os teus celleiros de fartura, e trasbordarão de mosto os teus lagares.

11 Filho meu, não [9] rejeites a correcção do Senhor, nem te enojes da sua reprehensão.

12 Porque o Senhor reprehende aquelle a quem ama, assim como [10] o pae ao filho a quem quer bem.

13 Bemaventurado [11] o homem que acha sabedoria, e o homem que produz intelligencia.

14 Porque melhor é a sua mercadoria do que a mercadoria de prata, e a sua renda do que o oiro mais fino.

15 Mais preciosa é do que os rubins, e tudo o que [12] mais podes desejar não se póde comparar a ella.

16 Longura [13] de dias ha na sua mão direita: na sua esquerda riquezas e honra.

17 Os caminhos d’ella [14] são caminhos de delicias, e todas as suas veredas paz.

18 É arvore [15] da vida para os que d’ella pegam, e bemaventurados são todos os que a reteem.

19 O Senhor com sabedoria [16] fundou a terra: preparou os céus com entendimento.

20 Pelo seu conhecimento [17] se fenderam os abysmos, e as nuvens distillam o orvalho.

21 Filho meu, não se apartem estes dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso;

22 Porque serão vida para a tua alma, e graça para o teu pescoço.

23 Então andarás com confiança pelo teu caminho, e não tropeçará o teu pé.

24 Quando te deitares, [18] não temerás: mas te deitarás e o teu somno será suave.

25 Não temas o pavor repentino, nem a assolação dos impios quando vier.

26 Porque o Senhor será a tua esperança, e guardará os teus pés de os prenderem.

27 Não detenhas [19] dos seus donos o bem, tendo na tua mão poder fazel-o.

28 Não digas [20] ao teu proximo: Vae, e torna, e ámanhã t’o darei: tendo-o tu comtigo.

29 Não maquines mal contra o teu proximo, pois habita comtigo confiadamente.

30 Não contendas [21] contra alguem sem razão, se te não tem feito mal.

31 Não tenhas inveja do homem violento, nem elejas algum de seus caminhos.

32 Porque o perverso é abominação ao Senhor, mas com os sinceros está o seu segredo.

[579]

33 A maldição do Senhor habita [22] na casa do impio, mas á habitação dos justos abençoará.

34 Certamente elle escarnecerá [23] dos escarnecedores, mas dará graça aos mansos.

35 Os sabios herdarão honra, porém os loucos tomam sobre si confusão.

[1] Deu. 8.1 e 30.16, 20.

[2] Exo. 13.9. Deu. 6.8. cap. 6.21 e 7.3. Jer. 17.1. II Cor. 3.3.

[3] I Sam. 2.26. Luc. 2.52. Act. 2.47. Rom. 14.18.

[4] Jer. 9.23.

[5] Jer. 10.23.

[6] Rom. 12.16.

[7] Exo. 22.29 e 23.19 e 34.26. Deu. 26.2, etc. Mal. 3.10, etc.

[8] Deu. 28.8.

[9] Heb. 12.5, 6. Apo. 3.19.

[10] Deu. 8.5.

[11] cap. 8.34, 35. cap. 2.4 e 8.11, 19 e 16.16.

[12] Mat. 13.44.

[13] cap. 8.18.

[14] Mat. 11.29, 30.

[15] Gen. 2.9 e 3.22.

[16] Jer. 10.12 e 51.15.

[17] Gen. 1.9. Deu. 33.28. Job 36.28.

[18] Lev. 26.6.

[19] Rom. 13.7. Gal. 6.10.

[20] Lev. 19.13. Deu. 24.15.

[21] Rom. 12.18.

[22] Zac. 5.4. Mal. 2.2.

[23] Thi. 4.6. I Ped. 5.5.

Exhortação a adquirir a Sabedoria e apartar-se do caminho dos impios.

4 Ouvi, filhos, a correcção do pae, e estae attentos para conhecerdes a prudencia.

2 Pois dou-vos boa doutrina: não deixeis a minha lei.

3 Porque eu era filho de meu pae: tenro, [1] e unico diante de minha mãe.

4 E elle ensinava-me, [2] e dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração: guarda [3] os meus mandamentos, e vive.

5 Adquire [4] a sabedoria, adquire a intelligencia, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha bocca.

6 Não a desampares, e ella te guardará: ama-a, [5] e ella se te conservará.

7 O principio da sabedoria é adquirir a sabedoria: adquire pois a sabedoria, e com toda a tua possessão adquire o entendimento.

8 Exalta-a, [6] e ella te exaltará; e, abraçando-a tu, ella te honrará.

9 Dará á tua cabeça [7] um diadema de graça e uma corôa de gloria te entregará.

10 Ouve, filho meu, e acceita as minhas palavras, e se te multiplicarão os annos [8] de vida.

11 No caminho da sabedoria te ensinei, e pelas carreiras direitas te fiz andar.

12 Por ellas andando, não se estreitarão os teus passos; e, se correres, não tropeçarás.

13 Pega-te á correcção e não a largues: guarda-a, porque ella é a tua vida.

14 Não entres [9] na vereda dos impios, nem andes pelo caminho dos maus.

15 Rejeita-o; não passes por elle: desvia-te d’elle e passa de largo.

16 Pois [10] não dormem, se não fizerem mal, e foge d’elles o somno se não fizerem tropeçar alguem.

17 Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho das violencias.

18 Porém a vereda [11] dos justos é como a luz resplandecente que vae adiante e alumia até ao dia perfeito.

19 O caminho [12] dos impios é como a escuridão: nem sabem em que tropeçarão.

20 Filho meu, attenta para as minhas palavras: ás minhas razões inclina o teu ouvido.

21 Não [13] as deixes apartar-se dos teus olhos: guarda-as no meio do teu coração.

22 Porque são vida para os que as acham, e saude [14] para todo o seu corpo.

23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque d’elle procedem as saidas da vida.

24 Desvia de ti a tortuosidade da bocca, e alonga de ti a perversidade dos beiços.

25 Os teus olhos olhem direitos, e as tuas palpebras olhem directamente diante de ti.

26 Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados!

27 Não declines [15] nem para a direita nem para a esquerda: retira o teu pé do mal.

[1] I Chr. 29.1.

[2] I Chr. 28.9. Eph. 6.4.

[3] cap. 7.2.

[4] cap. 2.2, 3.

[5] II The. 2.10.

[6] I Sam. 2.30.

[7] cap. 1.9 e 3.22.

[8] cap. 3.2.

[9] cap. 1.10, 15.

[10] Isa. 57.20.

[11] Mat. 5.14, 45. II Sam. 23.4.

[12] I Sam. 2.9. Job 18.5, 6. Isa. 59.9, 10. Jer. 23.12. João 12.35.

[13] cap. 3.3, 21. cap. 2.1.

[14] cap. 3.8 e 12.18.

[15] Deu. 5.32 e 28.14. Jos. 1.7. Isa. 1.16. Rom. 12.9.

5 Filho meu, attende á minha sabedoria: á minha intelligencia inclina o teu ouvido;

2 Para que conserves [RZ] os meus avisos e os teus beiços guardem o [1] conhecimento.

3 Porque [2] os labios da estranha distillam favos de mel, e o seu palladar é mais macio do que o azeite.

4 Porém o seu fim é amargoso como o absinthio, agudo [3] como a espada de dois fios.

5 Os seus pés [4] descem á morte: os seus passos pegam no [SA] inferno.

6 Para que não ponderes a vereda da vida, são as suas carreiras variaveis, e não saberás d’ellas.

7 Agora, pois, filhos, dae-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha bocca.

8 Alonga d’ella o teu caminho, e não chegues á porta da sua casa;

9 Para que não dês a outros a tua honra, nem os teus annos a crueis.

10 Para que não se fartem os estranhos [SB] do teu poder, e todos os teus afadigados trabalhos não entrem na casa do estrangeiro,

[580]

11 E gemas no teu fim, consumindo-se a tua carne e o teu corpo.

12 E digas: Como aborreci [5] a correcção! e desprezou o meu coração a reprehensão!

13 E não escutei a voz dos meus ensinadores, nem a meus mestres inclinei o meu ouvido!

14 Quasi que em todo o mal me achei no meio da congregação e do ajuntamento.

15 Bebe agua da tua cisterna, e das correntes do teu poço.

16 Derramem-se por de fóra as tuas fontes, e pelas ruas os ribeiros d’aguas.

17 Sejam para ti só, e não para os estranhos comtigo.

18 Seja bemdito o teu manancial, e alegra-te [6] da mulher da tua mocidade.

19 Como serva amorosa, e gazella graciosa, os seus peitos te saciarão em todo o tempo: e pelo seu amor sejas attrahido perpetuamente.

20 E porque, filho meu, andarias attrahido pela estranha, e abraçarias [7] o seio da estrangeira?

21 Porque os caminhos [8] do homem estão perante os olhos do Senhor, e elle pesa todas as suas carreiras.

22 Quanto ao impio, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu peccado será detido.

23 Elle morrerá, [9] porque sem correcção andou, e pelo excesso da sua loucura andará errado.

[1] Mal. 2.7.

[2] cap. 2.16 e 6.24.

[3] Heb. 4.12.

[4] cap. 7.27.

[5] cap. 1.29. cap. 1.25 e 12.1.

[6] Mal. 2.14.

[7] cap. 2.16 e 7.5.

[8] II Chr. 16.9. Jer. 16.17 e 32.19. Heb. 4.13.

[9] Job 4.21 e 36.12.

Advertencia contra o servir de fiador, contra a preguiça e contra a maldade.

6 Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se déste a tua mão ao estranho,

2 Enredaste-te com as palavras da tua bocca: prendeste-te com as palavras da tua bocca.

3 Faze pois isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caiste nas mãos do teu companheiro; vae, humilha-te, e aperta com o teu companheiro.

4 Não dês somno aos teus olhos, nem adormecimento ás tuas palpebras.

5 Livra-te como [SC] o corço da mão do passarinheiro.

6 Vae-te á formiga, [1] ó preguiçoso: olha para os seus caminhos, e sê sabio.

7 A qual, não tendo [SD] superior, nem official, nem dominador.

8 Prepara no verão o seu pão: na sega ajunta o seu mantimento.

9 Oh! preguiçoso, até quando [2] ficarás deitado? quando te levantarás do teu somno?

10 Um pouco de somno, um pouco tosquenejando; um pouco encruzando as mãos, para estar deitado.

11 Assim te sobrevirá a tua [3] pobreza como o caminhante, e a tua necessidade como um homem armado.

12 O homem de [SE] Belial, o homem vicioso, anda em perversidade de bocca.

13 Acena com os olhos, falla com os pés, ensina com os dedos.

14 Perversidade ha no seu coração, todo o tempo maquina mal: anda semeando contendas.

15 Pelo que a sua destruição virá repentinamente: subitamente será quebrantado, [4] sem que haja cura.

16 Estas seis coisas aborrece o Senhor, e sete a sua alma abomina:

17 Olhos altivos, lingua mentirosa, e mãos [5] que derramam sangue innocente:

18 O coração [6] que maquina pensamentos viciosos; pés que se apressam a correr para o mal;

19 A testemunha falsa que respira mentiras: e o que semeia [7] contendas entre irmãos.

O mancebo é advertido contra a mulher adultera.

20 Filho meu, guarda [8] o mandamento de teu pae, e não deixes a lei de tua mãe;

21 Ata-os [9] perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço.

22 Quando caminhares, [10] te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, ella fallará comtigo.

23 Porque o mandamento é uma lampada, e a lei uma luz: e as reprehensões da correcção são o caminho da vida.

24 Para te guardarem [11] da má mulher, e das lisonjas da lingua estranha.

25 Não cubices [12] no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os seus olhos.

26 Porque por causa d’uma mulher prostituta se chega a pedir um bocado de pão; e a mulher dada a homens [13] anda á caça da preciosa alma.

27 Porventura tomará alguem fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem?

[581]

28 Ou andará alguem sobre as brazas, sem que se queimem os seus pés?

29 Assim será o que entrar á mulher do seu proximo: não ficará innocente todo aquelle que a tocar.

30 Não injuriam ao ladrão, quando furta, para saciar a sua alma, tendo fome;

31 Mas, achado, pagará [14] sete vezes tanto: dará toda a fazenda de sua casa.

32 Porém o que adultéra com uma mulher é falto de entendimento; destroe a sua alma, [15] o que tal faz.

33 Achará castigo e vilipendio, e o seu opprobrio nunca se apagará.

34 Porque ciumes são furores do marido, e de maneira nenhuma perdoará no dia da vingança.

35 Nenhum resgate acceitará, nem consentirá, ainda que augmentes os presentes.

[1] Job 12.7.

[2] cap. 24.33, 34.

[3] cap. 10.4 e 13.4 e 20.4.

[4] Jer. 19.11. II Chr. 36.16.

[5] Isa. 1.15.

[6] Gen. 6.5. Isa. 59.7. Rom. 3.15.

[7] ver. 14.

[8] cap. 1.8. Eph. 6.1.

[9] cap. 3.3 e 7.3.

[10] cap. 3.23, 24. cap. 2.11.

[11] cap. 2.16 e 5.3 e 7.5.

[12] Mat. 5.28. cap. 29.3.

[13] Gen. 39.14. Eze. 13.18.

[14] Exo. 22.1, 4.

[15] cap. 7.7.

7 Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde [1] dentro de ti os meus mandamentos.

2 Guarda [2] os meus mandamentos, e vive; e a minha lei, como as meninas dos teus olhos.

3 Ata-os [3] aos teus dedos, escreve-os na taboa do teu coração.

4 Dize á sabedoria, Tu és minha irmã; e á prudencia chama parenta.

5 Para te guardarem [4] da mulher alheia, da estrangeira, que lisongeia com as suas palavras.

6 Porque da janella da minha casa, por minhas grades olhando eu,

7 Vi entre os simplices, descobri entre os moços, um mancebo falto de juizo,

8 Que passava pela rua junto á sua esquina, e seguia o caminho da sua casa;

9 No crepusculo, [5] á tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão;

10 E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro, com enfeites de prostituta, e astuta de coração:

11 Esta era alvoroçadora, [6] e contenciosa; não paravam em sua casa os seus pés;

12 Agora por fóra, depois pelas ruas, e espreitando por todos os cantos:

13 E pegou d’elle, e o beijou; esforçou o seu rosto, e disse-lhe:

14 Sacrificios pacificos tenho comigo; hoje paguei os meus votos.

15 Por isto sahi ao encontro a buscar diligentemente a tua face, e te achei.

16 Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras lavradas com linho fino do [7] Egypto.

17 Já perfumei o meu leito com myrrha, aloes, e canella.

18 Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã: alegremo-nos com amores.

19 Porque o marido não está em sua casa: foi fazer uma jornada ao longe:

20 Um saquitel de dinheiro levou na sua mão: ao dia apontado virá a sua casa.

21 Seduziu-o com a multidão [8] das suas palavras, com as lisonjas dos seus labios o persuadiu.

22 Segue-a logo, como boi que vae ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões;

23 Até que a frecha lhe atravesse o figado, como a ave [9] que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida.

24 Agora pois, filhos, dae-me ouvidos, e estae attentos ás palavras da minha bocca.

25 Não se desvie para os seus caminhos o teu coração, e não andes perdido nas suas veredas.

26 Porque a muitos feridos derribou; e são muitissimos [10] os que por ella foram mortos.

27 Caminhos da sepultura são [11] a sua casa, que descem ás camaras da morte.

[1] cap. 2.1.

[2] Lev. 18.5. cap. 4.4. Isa. 55.3. Deu. 32.10.

[3] Deu. 6.8 e 11.18. cap. 3.3 e 6.21.

[4] cap. 2.16 e 5.3 e 6.24. cap. 6.32.

[5] Job 24.51.

[6] cap. 9.13. I Tim. 5.18. Tito 2.5.

[7] Isa. 19.9.

[8] cap. 5.3.

[9] Ecc. 9.12.

[10] Neh. 13.26.

[11] cap. 2.18 e 5.5 e 9.18.

A excellencia e justiça dos preceitos da Sabedoria.

8 Não clama porventura a [1] sabedoria, e a intelligencia não dá a sua voz?

2 No cume das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas se põe.

3 Da banda das portas da cidade, á entrada da cidade, e á entrada das portas está gritando.

4 A vós, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens.

5 Entendei, ó simplices, a prudencia: e vós, loucos, entendei do coração.

6 Ouvi, porque [2] fallarei coisas excellentes: os meus labios se abrirão para a equidade.

7 Porque a minha bocca proferirá a verdade, e os meus labios abominam a impiedade.

8 Em justiça estão todas as palavras da minha bocca: não ha n’ellas nenhuma coisa tortuosa nem perversa.

9 Todas ellas são rectas para o que[582] bem as entende, e justas para os que acham o conhecimento.

10 Acceitae a minha correcção, e não a prata: e o conhecimento, mais do que o oiro fino escolhido.

11 Porque [3] melhor é a sabedoria do que os rubins; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ella.

12 Eu, a sabedoria, habito com a prudencia, e acho a sciencia dos conselhos.

13 O [4] temor do Senhor é aborrecer o mal: a soberba, e a arrogancia, e o mau caminho, e a bocca perversa, aborreço.

14 Meu é o conselho e verdadeira sabedoria: eu sou o entendimento, minha é [5] a fortaleza.

15 Por mim reinam [6] os reis e os principes ordenam justiça.

16 Por mim dominam os dominadores, e principes, todos os juizes da terra.

17 Eu amo [7] aos que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão.

18 Riquezas e honra estão comigo; [8] como tambem opulencia duravel e justiça.

19 Melhor é o meu fructo do [9] que o fino oiro e do que o oiro refinado, e as minhas novidades do que a prata escolhida.

20 Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juizo.

21 Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha os seus thesouros.

A Sabedoria existiu desde a eternidade.

22 O Senhor me possuiu [10] no principio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras.

23 Desde a eternidade fui ungida, desde o principio, antes do começo da terra.

24 Quando ainda não havia abysmos, fui gerada, quando ainda não havia fontes carregadas d’aguas.

25 Antes [11] que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros, eu era gerada.

26 Ainda não tinha feito a terra, nem os campos, nem o principio dos mais miudos do mundo.

27 Quando preparava os céus, ahi estava eu, quando compassava ao redor a face do abysmo,

28 Quando affirmava as nuvens de cima, quando fortificava as fontes do abysmo,

29 Quando [12] punha ao mar o seu termo, para que as aguas não trespassassem o seu mando, quando compunha os fundamentos da terra.

30 Então eu estava [13] com elle por alumno: e eu era cada dia as suas delicias, folgando perante elle em todo o tempo;

31 Folgando no seu mundo habitavel, e achando as minhas delicias com os filhos dos homens.

32 Agora, pois, filhos, [14] ouvi-me, porque bemaventurados serão os que guardarem os meus caminhos.

33 Ouvi a correcção, e sêde sabios, e não a rejeiteis.

34 Bemaventurado [15] o homem que me dá ouvidos, velando ás minhas portas cada dia, esperando ás hombreiras das minhas entradas.

35 Porque o que me achar achará a vida, [16] e alcançará favor do Senhor.

36 Mas o que peccar contra mim violentará a sua [17] propria alma: todos os que me aborrecem amam a morte.

[1] cap. 1.20 e 9.3.

[2] cap. 22.20.

[3] Job 28.15, etc.

[4] cap. 16.6. cap. 6.17. cap. 4.24.

[5] Ecc. 7.19.

[6] Dan. 2.21. Rom. 13.1.

[7] I Sam. 2.30. João 14.21.

[8] cap. 3.16. Mat. 6.33.

[9] cap. 3.14. ver. 10.

[10] cap. 3.19. João 1.1.

[11] Job 15.7, 8.

[12] Gen. 1.9, 10. Job 38.10, 11. Jer. 5.22.

[13] João 1.1, 2, 18.

[14] Luc. 11.28.

[15] cap. 3.13, 18.

[16] cap. 12.2.

[17] cap. 20.2.

O banquete da Sabedoria.

9 A Sabedoria já edificou [1] a sua casa, já lavrou as suas sete columnas.

2 Já sacrificou as [2] suas victimas, misturou o seu vinho: e já preparou a sua mesa.

3 Já mandou [3] as suas creadas, já anda convidando desde as alturas da cidade, dizendo:

4 Quem é simples, [4] volte-se para aqui. Aos faltos d’entendimento diz:

5 Vinde, [5] comei do meu pão, e bebei do vinho que tenho misturado.

6 Deixae a parvoice, e vivei; e andae pelo caminho do entendimento.

7 O que reprehende ao escarnecedor, affronta toma para si; e o que redargue ao impio, pega-se-lhe a sua mancha.

8 Não reprehendas ao escarnecedor, para que te não aborreça: reprehende ao sabio, e amar-te-ha.

9 Dá ao sabio, e elle se fará mais sabio: ensina ao justo, e se augmentará em doutrina.

10 O temor do Senhor é o principio da sabedoria, e a sciencia do Sancto a prudencia.

11 Porque [6] por mim se multiplicam[583] os teus dias, e annos de vida se te augmentarão.

12 Se fores sabio, para ti sabio serás; e, se fores escarnecedor, tu só o supportarás.

13 A mulher louca é alvoroçadora, é simples, e não sabe coisa nenhuma.

14 E assenta-se á porta da sua casa sobre uma cadeira, nas alturas da cidade,

15 Para chamar aos que passam pelo caminho, e endireitam as suas veredas, dizendo:

16 Quem é simples, volte-se para aqui. E aos faltos de entendimento diz:

17 As aguas roubadas são doces, e o pão tomado ás escondidas é suave.

18 Porém não sabes que ali estão os mortos: os seus convidados estão nas profundezas do inferno.

[1] Mat. 16.18. Eph. 2.20, 21, 22. I Ped. 2.5.

[2] Mat. 22.3, etc. ver. 5. cap. 23.30.

[3] Rom. 10.15. cap. 8.1, 2. ver. 14.

[4] ver. 16. cap. 6.32. Mat. 11.25.

[5] ver. 2. Can. 5.1. Isa. 55.1.

[6] cap. 3.2, 16 e 10.27.

Proverbios ácerca de varios assumptos.

10 Proverbios de Salomão. O filho sabio alegra a seu pae, mas o filho louco é a tristeza de sua mãe.

2 Os thesouros [1] da impiedade de nada aproveitam; porém a justiça livra da morte.

3 O Senhor não deixa ter fome a alma do justo, mas a fazenda dos impios rechaça.

4 O que trabalha com mão enganosa [2] empobrece, mas [3] a mão dos diligentes enriquece.

5 O que ajunta no verão é filho entendido, mas o que dorme na sega é filho que faz envergonhar.

6 Bençãos ha sobre a cabeça do justo, mas a violencia [4] cobre a bocca dos impios.

7 A memoria do justo é abençoada, mas o nome dos impios apodrecerá.

8 O sabio de coração acceita os mandamentos, mas o louco de labios será transtornado.

9 Quem anda [5] em sinceridade, anda seguro; mas o que perverte os seus caminhos será conhecido.

10 O que acena com os olhos dá dôres, e o tolo de labios será transtornado.

11 A bocca do justo é fonte de vida, mas a bocca dos impios cobre a violencia.

12 O odio excita [6] contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.

13 Nos labios do entendido se acha a sabedoria, mas a vara é para as costas do falto de entendimento.

14 Os sabios escondem a sabedoria; mas a bocca [7] do tolo está perto da ruina.

15 A fazenda [8] do rico é a cidade da sua fortaleza: a pobreza dos pobres é a sua ruina.

16 A obra do justo conduz á vida, as novidades do impio ao peccado.

17 O caminho para a vida é d’aquelle que guarda a correcção, mas o que deixa a reprehensão faz errar.

18 O que encobre o odio tem labios falsos, e o que produz má fama é um insensato.

19 Na [9] multidão de palavras não ha falta de transgressão, mas o que modera os seus labios é prudente.

20 Prata escolhida é a lingua do justo: o coração dos impios é de nenhum preço.

21 Os labios do justo apascentam a muitos, mas os tolos, por falta de entendimento, morrem.

22 A benção [10] do Senhor é a que enriquece; e não lhe accrescenta dôres.

23 Como brincadeira [11] é para o tolo fazer abominação, mas sabedoria [12] para o homem entendido.

24 O temor do impio virá sobre elle, mas o desejo dos justos [13] Deus lhe cumprirá.

25 Como passa a tempestade, assim o impio mais não é; mas o justo [14] tem perpetuo fundamento.

26 Como vinagre para os dentes, como o fumo para os olhos, assim é o preguiçoso para aquelles que o mandam.

27 O temor do Senhor augmenta os dias, mas os annos dos impios serão abreviados.

28 A esperança dos justos é alegria, mas a expectação dos impios perecerá.

29 O caminho do Senhor é fortaleza para os rectos, mas ruina será para os que obram iniquidade.

30 O justo nunca jámais será abalado, mas os impios não habitarão a terra.

31 A bocca do justo em abundancia produz sabedoria, mas a lingua da perversidade será desarreigada.

32 Os beiços do justo sabem o que agrada, mas a bocca dos impios anda cheia de perversidades.

[1] Luc. 12.19, 20.

[2] cap. 12.24 e 19.15.

[3] cap. 13.4 e 21.5.

[4] ver. 11. Est. 7.8.

[5] Isa. 33.15, 16. ver. 8.

[6] cap. 17.9. I Cor. 13.4. I Ped. 4.8.

[7] cap. 18.7 e 21.23.

[8] Job 31.24. cap. 18.11. I Tim. 6.17.

[9] Ecc. 5.3, 5. Thi. 3.2.

[10] Gen. 24.35 e 26.12.

[11] cap. 14.9 e 15.21.

[12] Job 15.21.

[13] Mat. 5.6. I João 5.14, 15.

[14] Mat. 7.24, 25 e 16.18.

11 Balança [1] enganosa é abominação ao Senhor, mas o peso justo o seu prazer.

2 Vinda a soberba, [2] virá tambem a affronta; mas com os humildes está a sabedoria.

[584]

3 A sinceridade [3] dos sinceros os encaminhará, mas a perversidade dos aleives os destruirá.

4 Não aproveitam as [4] riquezas no dia da indignação, mas a justiça livra da morte.

5 A justiça do sincero endireitará o seu caminho, mas o impio pela sua impiedade cairá.

6 A justiça dos virtuosos os livrará, mas na sua perversidade serão apanhados os iniquos.

7 Morrendo o homem [5] impio perece a sua expectação, e a esperança dos injustos se perde.

8 O justo [6] é livre da angustia, e o impio vem em seu logar.

9 O hypocrita [7] com a bocca destroe ao seu companheiro, mas os justos são livres pelo conhecimento.

10 No bem dos justos [8] exulta a cidade; e, perecendo os impios, ha jubilo.

11 Pela benção dos sinceros se exalta [9] a cidade, mas pela bocca dos impios se derriba.

12 O que carece de entendimento despreza a seu companheiro, mas o homem bem entendido cala-se.

13 O que anda [10] praguejando descobre o segredo, mas o fiel de espirito encobre o negocio.

14 Não havendo sabios conselhos, o povo cae, [11] mas na multidão de conselheiros ha segurança.

15 Decerto [SF] soffrerá severamente aquelle que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece aos que dão as mãos estará seguro.

16 A mulher aprazivel [12] guarda a honra, como os violentos guardam as riquezas.

17 O homem benigno [13] faz bem á sua propria alma, mas o cruel perturba a sua propria carne.

18 O impio [SG] faz obra falsa, mas para [14] o que semeia justiça haverá galardão fiel.

19 Como a justiça encaminha para a vida, assim o que segue o mal vae para a sua morte.

20 Abominação são ao Senhor os perversos de coração, mas os sinceros de caminho são o seu deleite.

21 Ainda que o mau junte mão [15] á mão, não será inculpavel, mas a semente dos justos escapará.

22 Como joia de oiro na tromba da porca, assim é a mulher formosa, que se aparta da [SH] razão.

23 O desejo dos justos tão sómente é o bem, mas a esperança [16] dos impios é a indignação.

24 Alguns ha que espalham, e ainda se lhes accrescenta mais, e outros que reteem mais do que é justo, mas é para a sua perda.

25 A alma [17] abençoante engordará, e o que regar, elle tambem será regado.

26 Ao que retem [18] o trigo o povo amaldiçoa, mas benção haverá sobre a cabeça do vendedor.

27 O que busca cedo o bem busca favor, [19] porém o que procura o mal a esse lhe sobrevirá.

28 Aquelle [20] que confia nas suas riquezas cairá, mas os justos [21] reverdecerão como a rama.

29 O que perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo será servo do entendido de coração.

30 O fructo do justo é arvore de vida, e o que ganha almas [22] sabio é.

31 Eis que [23] o justo é recompensado na terra; quanto mais o será o impio e o peccador.

[1] Lev. 19.35, 36. Deu. 25.13, 16. cap. 16.11 e 20.10, 23.

[2] cap. 15.33 e 16.18 e 18.12.

[3] cap. 13.6.

[4] Eze. 7.19. Sof. 1.18. Gen. 7.1.

[5] cap. 10.28.

[6] cap. 21.18.

[7] Job 8.13.

[8] Est. 8.15. cap. 28.12, 28.

[9] cap. 29.8.

[10] Lev. 19.16. cap. 10.19.

[11] I Reis 12.1, etc. cap. 15.22 e 24.6.

[12] cap. 31.30.

[13] Mat. 5.7 e 25.34, etc.

[14] Ose. 10.12. Gal. 6.8, 9. Thi. 3.18.

[15] cap. 16.5.

[16] Rom. 2.8, 9.

[17] II Cor. 9.6, 7, 8, 9, 10.

[18] Amós 8.5, 6. Job 29.13.

[19] Est. 7.10.

[20] Mar. 10.24. Luc. 12.21. I Tim. 6.17.

[21] Jer. 17.8.

[22] Dan. 12.3. I Cor. 9.19, etc. Thi. 5.20.

[23] Jer. 25.29. I Ped. 4.17, 18.

12 O que ama a correcção ama o conhecimento, mas o que aborrece a reprehensão é brutal.

2 O homem de bem alcançará o favor do Senhor, mas ao homem de perversas imaginações elle condemnará.

3 O homem não se estabelecerá pela impiedade, mas a raiz dos justos não será removida.

4 A mulher virtuosa [1] é a corôa do seu senhor, mas a que faz vergonha é como apodrecimento nos seus ossos.

5 Os pensamentos dos justos são juizo, mas os conselhos dos impios engano.

6 As palavras dos impios são de armarem ciladas ao sangue, mas a bocca dos rectos os fará escapar.

7 Transtornados [2] serão os impios, e não serão mais, mas a casa dos justos permanecerá.

8 Segundo o seu entendimento, será louvado cada qual, mas o perverso de coração estará em desprezo.

9 Melhor é o que se estima em pouco, e tem servos, do que o que se honra a si mesmo e tem falta de pão.

10 O justo attende [3] pela vida dos seus animaes, mas as misericordias dos impios são crueis.

[585]

11 O que [4] lavra a sua terra se fartará de pão mas o que segue os ociosos está falto de juizo.

12 Deseja o impio a rede dos males, mas a raiz dos justos produz o seu fructo.

13 O laço do impio está na transgressão dos labios, mas o [5] justo sairá da angustia.

14 Do fructo da bocca cada um se farta de bem, e a recompensa [6] das mãos dos homens se lhe tornará.

15 O caminho [7] do tolo é recto aos seus olhos, mas o que dá ouvidos ao conselho é sabio.

16 A ira do louco se conhece no mesmo dia, mas o avisado encobre a affronta.

17 O que produz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha da falsidade o engano.

18 Ha alguns que fallam palavras como estocadas de espada, mas a lingua dos sabios é saude.

19 O labio de verdade ficará para sempre, mas a lingua de falsidade dura por um momento.

20 Engano ha no coração dos que maquinam mal, mas alegria teem os que aconselham a paz.

21 Nenhum aggravo sobrevirá ao justo, mas os impios ficam cheios de mal.

22 Os labios mentirosos [8] são abominaveis ao Senhor, mas os que obram fielmente são o seu deleite.

23 O homem avisado encobre o conhecimento, mas o coração dos tolos proclama a estulticia.

24 A mão dos diligentes dominará, mas os enganadores serão tributarios.

25 A solicitude no coração do homem o abate, mas uma boa palavra o alegra.

26 [SI] Mais excellente é o justo do que o companheiro, mas o caminho dos impios os faz errar.

27 O preguiçoso não assará a sua caça, mas o precioso bem do homem é ser diligente.

28 Na vereda da justiça está a vida, e no caminho da sua carreira não ha morte.

[1] I Cor. 11.7. cap. 14.30.

[2] Mat. 7.24, 25, 26, 27.

[3] Deu. 5.4.

[4] Gen. 3.19. cap. 28.49.

[5] II Ped. 2.9.

[6] Isa. 3.10, 11.

[7] cap. 3.7. Luc. 18.11.

[8] Apo. 22.15.

13 O filho sabio ouve a correcção do pae; mas o escarnecedor [1] não ouve a reprehensão.

2 Do fructo [2] da bocca cada um comerá o bem, mas a alma dos prevaricadores comerá a violencia.

3 O que [3] guarda a sua bocca conserva a sua alma, mas o que dilata os seus labios tem perturbação.

4 A alma do preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança, mas a alma dos diligentes se engorda.

5 O justo aborrece a palavra de mentira, mas o impio se faz vergonha, e se confunde.

6 A justiça [4] guarda ao sincero de caminho, mas a impiedade transtornará o peccador.

7 Ha alguns que se fazem ricos, e não teem coisa nenhuma, e outros que se fazem pobres e teem muita fazenda.

8 O resgate da vida de cada um são as suas riquezas, mas o pobre não ouve as ameaças.

9 A luz dos justos alegra, mas a candeia dos impios se apagará.

10 Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.

11 A fazenda que procede da vaidade se diminuirá, mas quem a ajunta com a mão a augmentará.

12 A esperança deferida enfraquece o coração, mas o desejo chegado é arvore de vida.

13 O que despreza a [5] palavra perecerá, mas o que teme o mandamento será galardoado.

14 A doutrina [6] do sabio é uma fonte de vida para se desviar dos laços da morte.

15 O bom entendimento [SJ] dá graça, mas o caminho dos prevaricadores é aspero.

16 Todo o prudente [7] obra com conhecimento, mas o tolo espraia a sua loucura.

17 O impio mensageiro cae no mal, mas o embaixador fiel é saude.

18 Pobreza e affronta virão ao que rejeita a correcção, mas o que guarda a reprehensão será venerado.

19 O desejo que se cumpre deleita a alma, mas apartar-se do mal é abominavel para os loucos.

20 O que anda com os sabios, ficará sabio, mas o companheiro dos tolos [SK] soffrerá severamente.

21 O mal perseguirá aos peccadores, mas os justos serão galardoados com bem.

22 O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos, mas a fazenda [8] do peccador se deposita para o justo.

[586]

23 A lavoura dos pobres abundancia de mantimento, mas alguns ha que se consomem por falta de juizo.

24 O que retem [9] a sua vara aborrece a seu filho, mas o que o ama madruga a castigal-o.

25 O justo come até fartar-se a sua alma, mas o ventre dos impios terá necessidade.

[1] I Sam. 2.25.

[2] cap. 12.14.

[3] Thi. 3.2.

[4] cap. 11.3, 5, 6.

[5] II Chr. 36.16.

[6] cap. 10.11 e 14.27 e 16.22. II Sam. 22.6.

[7] cap. 12.23 e 15.2.

[8] Job 27.16, 17. cap. 28.8. Ecc. 2.26.

[9] cap. 19.18 e 22.15 e 23.13 e 29.15, 17.

14 Toda a mulher sabia edifica [1] a sua casa: mas a tola a derriba com as suas mãos.

2 O que anda na sua sinceridade teme ao Senhor, mas o que se desvia de seus caminhos o [2] despreza.

3 Na bocca do tolo está a vara da soberba, mas [3] os labios dos sabios os conservam.

4 Não havendo bois, a mangedoura está limpa, mas pela força do boi ha abundancia de colheitas.

5 A testemunha [4] verdadeira não mentirá, mas a testemunha falsa se desboca em mentiras.

6 O escarnecedor busca sabedoria, e nenhuma acha, mas para o prudente o conhecimento é facil.

7 Vae-te de diante do homem insensato, porque n’elle não divisarás os labios do conhecimento.

8 A sabedoria do prudente é entender o seu caminho, mas a estulticia dos tolos é engano.

9 Os loucos [5] zombam do peccado, mas entre os rectos ha benevolencia.

10 O coração conhece a sua propria amargura, e o estranho não se entremetterá na sua alegria.

11 A casa [6] dos impios se desfará, mas a tenda dos rectos florescerá.

12 Ha [7] caminho que ao homem parece direito, mas o fim d’elle são os caminhos da morte.

13 Até no riso terá dôr o coração, e o fim da alegria é tristeza.

14 Dos seus caminhos se fartará [8] o que declina no coração, mas o homem bom se fartará de si mesmo.

15 O simples dá credito a cada palavra, mas o prudente attenta para os seus passos.

16 O sabio teme, [9] e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e dá-se por seguro.

17 O que presto se indigna, fará doidices, e o homem de más imaginações será aborrecido.

18 Os simplices herdarão a estulticia, mas os prudentes se coroarão de conhecimento.

19 Os máus se inclinaram diante dos bons, e os impios diante das portas do justo.

20 O [10] pobre é aborrecido até do companheiro, porém os amigos dos ricos são muitos.

21 O que despreza ao seu companheiro pecca, mas o que se compadece dos humildes é bemaventurado.

22 Porventura não erram os que obram o mal? mas beneficencia e fidelidade serão para os que obram o bem.

23 Em todo o trabalho proveito ha, mas a palavra dos labios só encaminha á pobreza.

24 A corôa dos sabios é a sua riqueza, a estulticia dos tolos é só estulticia.

25 A testemunha verdadeira livra as almas, mas o que se desboca em mentiras é enganador.

26 No temor do Senhor ha firme confiança, e elle será um refugio para seus filhos.

27 O temor [11] do Senhor é uma fonte de vida, para se desviarem dos laços da morte.

28 Na multidão do povo está a magnificencia do rei, mas na falta do povo a perturbação do principe.

29 O [12] longanimo é grande em entendimento, mas o que é de espirito impaciente [SL] assignala a sua loucura.

30 O coração com saude é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos.

31 O que opprime [13] ao pobre insulta áquelle que o creou, mas o que se compadece do necessitado o honra.

32 Pela sua malicia será lançado fóra o impio, mas [14] o justo até na sua morte tem [SM] confiança.

33 No coração do prudente repousa a sabedoria, [15] mas o que ha no interior dos tolos se conhece.

34 A justiça exalta ao povo, mas o peccado é o opprobrio das nações.

35 O [16] Rei tem seu contentamento no servo prudente, mas sobre o que envergonha cairá o seu furor.

[1] Ruth 4.11.

[2] Job 12.4.

[3] cap. 12.6.

[4] Exo. 20.16 e 23.1. cap. 6.19 e 12.17. ver. 25.

[5] cap. 10.23.

[6] Job 8.15.

[7] cap. 16.25. Rom. 6.24.

[8] cap. 1.31 e 12.14.

[9] cap. 22.3.

[10] cap. 19.7.

[11] cap. 13.14.

[12] cap. 16.32. Thi. 1.19.

[13] cap. 17.5. Mat. 25.40, 45. Job 31.15, 16. cap. 22.2.

[14] Job 13.15 e 19.26. II Cor. 1.9 e 5.8. II Tim. 4.18.

[15] cap. 11.16 e 29.11.

[16] Mat. 24.45, 47.

15 A resposta branda [1] desvia o furor, [2] mas a palavra de dôr suscita a ira.

2 A lingua dos sabios adorna a sabedoria,[587] [3] mas a bocca dos tolos derrama a estulticia.

3 Os olhos do Senhor estão em todo o logar, contemplando os maus e os bons.

4 A medicina da lingua é arvore de vida, mas a perversidade n’ella quebranta o espirito.

5 O tolo [4] despreza a correcção de seu pae, mas o que observa a reprehensão prudentemente se haverá.

6 Na casa do justo ha um grande thesouro, mas nos fructos do impio ha perturbação.

7 Os labios dos sabios derramarão o conhecimento, mas o coração dos tolos não fará assim.

8 O sacrificio [5] dos impios é abominavel ao Senhor, mas a oração dos rectos é o seu contentamento.

9 O caminho do impio é abominavel ao Senhor, mas ao que segue a [6] justiça amará.

10 Correcção molesta [7] ha para o que deixa a vereda, e o que aborrece a reprehensão morrerá.

11 [SN] O inferno e a perdição estão perante o Senhor: quanto mais [8] os corações dos filhos dos homens?

12 Não ama o escarnecedor [9] aquelle que o reprehende, nem se chegará aos sabios.

13 O coração alegre [10] aformosea o rosto, mas pela dôr do coração o espirito se abate.

14 O coração entendido buscará o conhecimento, mas a bocca dos tolos se apascentará de estulticia.

15 Todos os dias do opprimido são maus, [11] mas o coração alegre é um banquete continuo.

16 Melhor é o pouco [12] com o temor do Senhor, do que um grande thesouro, onde ha inquietação.

17 Melhor [13] é a comida de hortaliça, onde ha amor, do que o boi cevado, e com elle o odio.

18 O homem [14] iracundo suscita contendas, mas o longanimo apaziguará a lucta.

19 O caminho [15] do preguiçoso é como a sebe d’espinhos, mas a vereda dos rectos está bem egualada.

20 O filho sabio [16] alegrará a seu pae, mas o homem insensato despreza a sua mãe.

21 A estulticia [17] é alegria para o que carece d’entendimento, mas o homem entendido [18] anda rectamente.

22 Os pensamentos se dissipam, quando [19] não ha conselho, mas com a multidão de conselheiros se confirmarão.

23 O homem se alegra na resposta da sua bocca, e a [20] palavra a seu tempo quão boa é!

24 Para o entendido, o caminho [21] da vida vae para cima, para que se desvie do inferno de baixo.

25 O Senhor arrancará [22] a casa dos soberbos, mas estabelecerá o termo da viuva.

26 Abominaveis são ao Senhor os pensamentos [23] do mau, mas as palavras dos limpos são apraziveis.

27 O que [24] exercita avareza perturba a sua casa, mas o que aborrece presentes viverá.

28 O coração do justo [25] medita o que ha de responder, mas a bocca dos impios derrama em abundancia coisas más.

29 Longe está o Senhor dos impios, mas escutará a oração dos justos.

30 A luz dos olhos alegra o coração, a boa fama engorda os ossos.

31 Os ouvidos [26] que escutam a reprehensão da vida no meio dos sabios farão a sua morada.

32 O que rejeita a correcção menospreza a sua alma, mas o que escuta a reprehensão adquire entendimento.

33 O temor [27] do Senhor é a correcção da sabedoria, e diante da honra vae a humildade.

[1] Jui. 8.1, 2, 3. cap. 25.15.

[2] I Sam. 25.10, etc. II Reis 12.13, 14, 16.

[3] ver. 28. cap. 12.23 e 13.16. Jer. 16.17 e 32.19. Heb. 4.13.

[4] cap. 10.1 e 13.18. ver. 31, 32.

[5] cap. 21.27 e 28.9. Isa. 1.11 e 61.8 e 66.3. Jer. 6.20 e 7.22. Amós 5.22.

[6] cap. 21.21. I Tim. 6.11.

[7] I Reis 22.8. cap. 5.12 e 10.17.

[8] II Chr. 6.30. João 2.24, 25 e 21.17. Act. 1.24.

[9] Amós 5.10. II Tim. 4.3.

[10] cap. 17.22. cap. 12.25.

[11] cap. 17.22.

[12] cap. 16.8. I Tim. 6.6.

[13] cap. 17.1.

[14] cap. 26.21 e 29.22.

[15] cap. 22.5.

[16] cap. 10.1 e 29.3.

[17] cap. 10.23.

[18] Eph. 5.15.

[19] cap. 11.14 e 20.18.

[20] cap. 25.11.

[21] Phi. 3.20. Col. 3.1, 2.

[22] cap. 12.7 e 14.11.

[23] cap. 6.16, 18.

[24] cap. 11.19. Isa. 5.8. Jer. 17.11.

[25] I Ped. 3.15.

[26] ver. 5.

[27] cap. 1.7 e 18.12.

16 Do homem [1] são as preparações do coração, mas [2] do Senhor a resposta da bocca.

2 Todos os caminhos [3] do homem são limpos aos seus olhos, [4] mas o Senhor pesa os espiritos.

3 Confia [5] do Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.

4 O Senhor fez [6] todas as coisas para si, para os seus proprios fins, e até ao impio para o dia do mal.

5 Abominação [7] é ao Senhor todo o altivo de coração: ainda que elle junte mão á mão, não será innocente.

[588]

6 Pela misericordia [8] e pela fidelidade se expia a iniquidade, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do mal.

7 Sendo os caminhos do homem agradaveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com elle.

8 Melhor é o pouco [9] com justiça, do que a abundancia de colheita com injustiça.

9 O coração [10] do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos.

10 Adivinhação se acha nos labios do rei: em juizo não prevaricará a sua bocca.

11 O peso e a balança [11] justa são do Senhor: obra sua são todos [SO] os pesos da bolsa.

12 Abominação é para os reis obrarem impiedade, porque com justiça se estabelece [12] o throno.

13 Os labios de justiça são o contentamento dos reis, [13] e elles amarão ao que falla coisas rectas.

14 O furor [14] do rei é como uns mensageiros da morte, mas o homem sabio o apaziguará.

15 Na luz do rosto do rei está a vida, e a sua [15] benevolencia é como a nuvem da chuva serodia.

16 Quanto melhor é adquirir a sabedoria [16] do que o oiro! e quanto mais excellente adquirir a prudencia do que a prata!

17 A carreira dos rectos é desviar-se do mal; o que guarda a sua alma conserva o seu caminho.

18 A soberba [17] precede a ruina, e a altivez do espirito precede a quéda.

19 Melhor é ser humilde d’espirito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.

20 O que attenta prudentemente para a palavra achará o bem, e o que confia [18] no Senhor será bemaventurado.

21 O sabio de coração será chamado prudente, e a doçura dos labios augmentará o ensino.

22 O entendimento, [19] para aquelles que o possuem, é uma fonte de vida, mas a instrucção dos tolos é a sua estulticia.

23 O coração [20] do sabio instrue a sua bocca, e sobre os seus labios augmentará a doutrina.

24 Favo de mel são as palavras suaves, doces para a alma, e saude para os ossos.

25 Ha caminho, [21] que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte.

26 O trabalhador [22] trabalha para si mesmo, porque a sua bocca o insta.

27 O homem de Belial cava o mal, e nos seus labios se acha como um fogo ardente.

28 O homem [23] perverso levanta a contenda, e o murmurador separa os maiores amigos.

29 O homem violento [24] persuade ao seu companheiro, e o guia por caminho não bom.

30 Fecha os olhos para imaginar perversidades; mordendo os labios, effectua o mal.

31 Corôa de honra são [25] as cãs, achando-se ellas no caminho de justiça.

32 Melhor é o longanimo [26] do que o valente, e o que governa o seu espirito do que o que toma uma cidade.

33 A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição.

[1] ver. 9. cap. 19.21 e 20.24. Jer. 10.23.

[2] Mat. 10.19, 20.

[3] cap. 21.2.

[4] I Sam. 16.7.

[5] Psa. 36.5. Phi. 4.6. I Ped. 5.7.

[6] Isa. 43.7. Rom. 11.36. Job 21.30. Rom. 9.22.

[7] cap. 6.17 e 8.13. cap. 11.21.

[8] cap. 14.16.

[9] Psa. 37.16. cap. 15.16.

[10] cap. 19.21. Psa. 37.23. Jer. 10.23.

[11] Lev. 19.36. cap. 11.1.

[12] cap. 25.5 e 29.14.

[13] cap. 14.35 e 22.11.

[14] cap. 19.12 e 20.2.

[15] cap. 19.12. Job 29.23. Zac. 10.1.

[16] cap. 8.11, 19.

[17] cap. 11.2 e 17.19 e 18.12.

[18] Psa. 2.13. Isa. 30.18. Jer. 17.7.

[19] cap. 13.14 e 14.27.

[20] Psa. 37.30.

[21] cap. 14.12.

[22] Ecc. 6.7.

[23] cap. 6.14, 19 e 15.18 e 26.21 e 29.22. cap. 17.9.

[24] cap. 1.10, etc.

[25] cap. 20.29.

[26] cap. 19.11.

17 Melhor é um bocado [1] secco, e com elle a tranquillidade, do que a casa cheia de victimas, com contenda.

2 O servo prudente dominará sobre o filho [2] que faz envergonhar; e entre os irmãos repartirá a herança.

3 O crisol é para a prata, [3] e o forno para o oiro; mas o Senhor prova os corações.

4 O malfazejo attenta para o labio iniquo: o mentiroso inclina os ouvidos á lingua maligna.

5 O que escarnece do [4] pobre insulta ao que o creou; o que se alegra da calamidade não ficará innocente.

6 Corôa dos velhos são os filhos dos filhos; e a gloria dos filhos são seus paes.

7 Não convem ao tolo o labio excellente: quanto menos ao principe o labio mentiroso.

8 Pedra preciosa [5] é o presente aos olhos dos que o recebem; para onde quer que se volver, servirá de proveito.

9 O que [6] encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a [SP] coisa, separa os maiores amigos.

10 Mais profundamente entra a reprehensão[589] no prudente, do que cem açoites no tolo.

11 Na verdade o rebelde não busca senão o mal, mas mensageiro cruel se enviará contra elle.

12 Encontre-se [7] com o homem a ursa roubada dos filhos; mas não o louco na sua estulticia.

13 Quanto áquelle que torna mal por bem, [8] não se apartará o mal da sua casa.

14 Como o que solta as aguas, é o principio da contenda, pelo que, antes que sejas envolto, deixa a porfia.

15 O que justifica [9] ao impio, e condemna ao justo, ambos são abominaveis ao Senhor, tanto um como o outro.

16 De que serviria o preço na mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento?

17 Em todo o tempo ama [10] o amigo; e para a angustia nasce o irmão.

18 O homem falto [11] d’entendimento dá a mão, ficando por fiador diante do seu companheiro.

19 O que ama a contenda ama a transgressão; o que alça a sua porta [12] busca a ruina.

20 O perverso de coração nunca achará o bem; [13] e o que tem a lingua dobre virá a cair no mal.

21 O que gera [14] a um tolo para a sua tristeza o faz; e o pae do insensato não se alegrará.

22 O coração [15] alegre serve de bom remedio, mas o espirito abatido virá a seccar os ossos.

23 O impio tomará o presente do seio, [16] para perverter as veredas da justiça.

24 No rosto do entendido se vê a sabedoria, [17] porém os olhos do louco estão nas extremidades da terra.

25 O filho insensato [18] é tristeza para seu pae, e amargura para a que o pariu.

26 Não é bom tambem [19] pôr pena ao justo, nem que firam os principes ao que obra justamente.

27 Retem as suas palavras [20] o que possue o conhecimento, e o homem d’entendimento é de [SQ] precioso espirito.

28 Até o tolo, [21] quando se cala, será reputado por sabio; e o que cerrar os seus labios por entendido.

[1] cap. 15.17.

[2] cap. 10.5 e 19.26.

[3] cap. 27.21. Jer. 17.10. Mal. 3.3.

[4] cap. 14.31. Job 31.29. Abd. 12.

[5] cap. 18.16 e 19.6.

[6] cap. 10.12. cap. 16.28.

[7] Ose. 13.8.

[8] Jer. 18.20. Rom. 12.17. I The. 5.15. I Ped. 3.9.

[9] Exo. 23.7. cap. 24.24. Isa. 5.23.

[10] cap. 18.24.

[11] cap. 6.1 e 11.15.

[12] cap. 16.18.

[13] Thi. 3.8.

[14] cap. 10.1 e 19.13. ver. 25.

[15] cap. 12.25 e 15.13, 15.

[16] Exo. 23.8.

[17] cap. 14.6. Ecc. 2.14 e 8.1.

[18] cap. 10.1 e 15.20 e 19.13. ver. 21.

[19] ver. 15. cap. 18.5.

[20] Thi. 1.19.

[21] Job 13.5.

18 Busca coisas desejaveis aquelle que se separa e se entremette em toda a sabedoria.

2 Não toma prazer o tolo na intelligencia, senão em que se descubra o seu coração.

3 Vindo o impio, vem tambem o desprezo, e com a vergonha a ignominia.

4 Aguas profundas são as [1] palavras da bocca do homem, e ribeiro trasbordante é a fonte da sabedoria.

5 Não [2] é bom ter respeito á pessoa do impio para derribar o justo em juizo.

6 Os beiços do tolo entram na contenda, e a sua bocca por açoites brada.

7 A bocca do tolo [3] é a sua propria destruição, e os seus labios um laço para a sua alma.

8 As palavras [4] do assoprador são como doces bocados; e ellas descem ao intimo do ventre.

9 Tambem o negligente na sua obra é irmão do desperdiçador.

10 Torre forte é o [5] nome do Senhor; a elle correrá o justo, e estará em alto retiro.

11 A fazenda [6] do rico é a cidade da sua fortaleza, e como um muro alto na sua imaginação.

12 Antes de ser quebrantado eleva-se o coração [7] do homem; e diante da honra vae a humildade.

13 O que responde antes d’ouvir, estulticia [8] lhe é, e vergonha.

14 O espirito do homem sosterá a sua enfermidade, mas ao espirito abatido quem levantará?

15 O coração do entendido adquire o conhecimento, e o ouvido dos sabios busca o conhecimento.

16 O presente [9] do homem lhe alarga o caminho e o leva diante dos grandes.

17 O que primeiro começa o seu pleito justo é; porém vem o seu companheiro, e o examina.

18 A sorte faz cessar os pleitos, e faz separação entre os poderosos.

19 O irmão offendido é mais difficil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como os ferrolhos d’um palacio.

20 Do fructo [10] da bocca de cada um se fartará o seu ventre: dos renovos dos seus labios se fartará.

21 A morte e a vida estão no poder da lingua; e aquelle que a ama comerá do seu fructo.

[590]

22 O que acha [11] mulher acha o bem e alcança a benevolencia do Senhor.

23 O pobre falla com rogos, mas o rico responde [12] com durezas.

24 O homem que tem amigos haja-se amigavelmente, [13] e ha amigo mais chegado do que um irmão.

[1] cap. 10.11 e 20.5.

[2] Lev. 19.1, 5. Deu. 1.17 e 16.19. cap. 24.23 e 28.21.

[3] cap. 10.14 e 12.13 e 13.3. Ecc. 10.12.

[4] cap. 12.18 e 26.22.

[5] II Sam. 22.3, 51.

[6] cap. 10.15.

[7] cap. 11.2 e 15.33 e 16.18.

[8] João 7.51.

[9] cap. 21.14. Gen. 32.20.

[10] cap. 12.14 e 13.2.

[11] cap. 19.14 e 31.10.

[12] Thi. 2.3.

[13] cap. 17.17.

19 Melhor é o [1] pobre que anda na sua sinceridade, do que o perverso de labios e tolo:

2 Assim como ficar a alma sem conhecimento não é bom, e o apressado nos pés pecca.

3 A estulticia do homem perverterá o seu caminho, e o seu coração se irará contra o Senhor.

4 As riquezas [2] grangeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu proprio amigo o deixa.

5 A falsa testemunha [3] não ficará innocente, e o que respira mentiras não escapará.

6 Muitos [4] supplicam a face do principe, e cada um é amigo d’aquelle que dá dadivas.

7 Todos os irmãos [5] do pobre o aborrecem; quanto mais se alongarão d’elles os seus amigos! corre d’após elles com palavras, que não servem de nada.

8 O que adquire entendimento ama a sua alma: [6] o que guarda intelligencia achará o bem.

9 A falsa testemunha [7] não ficará innocente; e o que respira mentiras perecerá.

10 Ao tolo não está bem o deleite; quanto menos ao servo [8] dominar os principes!

11 O entendimento [9] do homem retem a sua ira, e a sua gloria é passar sobre a transgressão.

12 Como o bramido do filho do leão, é a [10] indignação do rei; mas como o orvalho sobre a herva é a sua benevolencia.

13 Grande miseria é para o pae o filho insensato, [11] e um gotejar continuo as contenções da mulher.

14 A casa [12] e a fazenda são a herança dos paes; porém do Senhor vem a mulher prudente.

15 A preguiça [13] faz cair em profundo somno, e a alma enganadora padecerá fome.

16 O que guardar [14] o mandamento guardará a sua alma; porém o que desprezar os seus caminhos morrerá.

17 Ao Senhor empresta o que se compadece [15] do pobre, e elle lhe pagará o seu beneficio.

18 Castiga [16] a teu filho emquanto ha esperança, porém para o matar não alçarás a tua alma.

19 O que é de grande indignação supportará o damno; porque se tu o livrares, ainda terás de tornar a fazel-o.

20 Ouve o conselho, e recebe a correcção, para que sejas sabio [17] nos teus ultimos dias.

21 Muitos propositos ha [18] no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.

22 O desejo do homem é a sua beneficencia; porém o pobre é melhor do que o mentiroso.

23 O [19] temor do Senhor encaminha para a vida; aquelle que o tem ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum.

24 O preguiçoso [20] esconde a sua mão no seio; enfada-se de tornal-a á sua bocca.

25 Fere o escarnecedor, [21] e o simples tomará aviso; reprehende ao entendido, e aprenderá conhecimento.

26 O que afflige a seu pae, ou afugenta a sua mãe, filho é que traz vergonha e [22] deshonra.

27 Cessa, filho meu, ouvindo a instrucção, de te desviares das palavras do conhecimento.

28 A testemunha de Belial escarnece do juizo, e a [23] bocca dos impios engole a iniquidade.

29 Preparados estão os juizos para os escarnecedores e [24] açoites para as costas dos tolos.

[1] cap. 28.6.

[2] cap. 14.20.

[3] ver. 9. Exo. 23.1. Deu. 19.16, 19. cap. 6.19 e 21.28.

[4] cap. 29.26 e 21.14.

[5] cap. 14.20. Psa. 38.12.

[6] cap. 16.20.

[7] ver. 5.

[8] cap. 30.22. Ecc. 10.6, 7.

[9] cap. 14.29. Thi. 1.19. cap. 16.32.

[10] cap. 16.14, 15 e 20.2 e 28.15. Ose. 14.5.

[11] cap. 10.1 e 15.20 e 17.21, 25. cap. 21.9, 19, 27 e 15.

[12] II Cor. 12.14. cap. 18.22.

[13] cap. 6.9. cap. 10.4 e 20.13 e 23.21.

[14] Luc. 10.28 e 11.28.

[15] cap. 28.27. Ecc. 11.1. Mat. 10.42 e 25.40. II Cor. 9.6, 7, 8. Heb. 6.10.

[16] cap. 13.24 e 23.13 e 29.17.

[17] Psa. 37.37.

[18] Job 23.13. cap. 16.1, 9. Isa. 14.26, 27 e 46.10. Act. 5.39. Heb. 6.17.

[19] I Tim. 4.8.

[20] cap. 15.19 e 26.13, 15.

[21] cap. 21.11. Deu. 13.11. cap. 9.8.

[22] cap. 17.2.

[23] Job 15.16 e 20.12, 13 e 34.7.

[24] cap. 10.13 e 26.3.

20 O [1] vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoraçadora; e todo aquelle que n’elles errar nunca será sabio.

2 Como o bramido do leão é o terror [2] do rei, o que o provoca á ira pecca contra a sua propria alma.

3 Honra é do [3] homem desviar-se do pleito, mas todo o tolo se entremette n’elle.

4 O preguiçoso [4] não lavrará por causa do inverno, pelo que mendigará na sega, porém nada receberá.

[591]

5 Como as aguas profundas é o conselho [5] no coração do homem; mas o homem d’intelligencia o tirará para fóra.

6 Cada um da multidão dos [6] homens apregoa a sua beneficencia; porém o homem fiel, quem é o que o achará?

7 O justo [7] anda na sua sinceridade; bemaventurados serão os seus filhos depois d’elle.

8 Assentando-se [8] o rei no throno do juizo, com os seus olhos dissipa todo o mal.

9 Quem podéra dizer: [9] Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu peccado!

10 Duas sortes de [10] peso, e duas sortes de medida, são abominação ao Senhor, tanto uma como outra.

11 Até a creança se dará a [11] conhecer pelas suas acções, se a sua obra será pura e recta.

12 O ouvido [12] que ouve, e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos.

13 Não [13] ames o somno, para que não empobreças; abre os teus olhos, e te fartarás de pão.

14 Nada vale, nada vale, dirá o comprador, mas, indo-se, então se gabará.

15 Ha oiro e abundancia de rubins, mas [14] os labios do conhecimento são joia preciosa.

16 Quando alguem fica por fiador do estranho, toma-lhe [15] a sua roupa, e o penhora pela estranha.

17 Suave é ao homem o pão [16] de mentira, mas depois a sua bocca se encherá de pedrinhas d’areia.

18 Cada [17] pensamento com conselho se confirma, e com conselhos prudentes faze a guerra.

19 O que anda murmurando descobre o segredo; pelo que com o que afaga com seus beiços [18] não te entremettas.

20 O que [19] a seu pae ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-ha a sua lampada em trevas negras.

21 Adquirindo-se apressadamente a herança [20] no principio, o seu fim não será bemdito.

22 Não digas: [21] Vingar-me-hei do mal: espera [22] pelo Senhor, e elle te livrará.

23 Duas sortes [23] de peso são abominaveis ao Senhor, e balanças enganosas não são boas.

24 Os passos [24] do homem são dirigidos pelo Senhor: o homem, pois, como entenderá o seu caminho?

25 Laço é para o homem engulir o que é sancto; e, feitos os votos, [25] então inquirir.

26 O rei sabio [26] dissipa os impios e torna sobre elles a roda.

27 A alma [27] do homem é a lampada do Senhor, que esquadrinha todo o mais intimo do ventre.

28 Benignidade e verdade guardam ao rei, [28] e com benignidade sustem elle o seu throno.

29 O ornato dos mancebos é a sua força: e a belleza [29] dos velhos as cãs.

30 Os vergões das feridas são a purificação dos maus, como tambem as pancadas que penetram até o mais intimo do ventre.

[1] Gen. 9.21. cap. 23.29, 30. Isa. 28.7. Ose. 4.11.

[2] cap. 16.14 e 19.12. cap. 8.36.

[3] cap. 17.14.

[4] cap. 10.4 e 19.24. cap. 19.15.

[5] cap. 18.4.

[6] cap. 25.14. Mat. 6.2. Luc. 18.11.

[7] II Cor. 1.12. Psa. 37.26 e 112.2.

[8] ver. 26.

[9] I Reis 8.46. Job 14.4. Ecc. 7.20. I Cor. 4.4. I João 1.8.

[10] Deu. 25.13, etc. cap. 11.1 e 16.11. Miq. 6.10, 11.

[11] Mat. 7.16.

[12] Exo. 4.11.

[13] cap. 6.9 e 12.11 e 19.15. Rom. 12.11.

[14] Job 28.12, 16, 17, 18, 19. cap. 3.15 e 8.11.

[15] cap. 22.26, 27 e 27.13.

[16] cap. 9.17.

[17] cap. 15.22 e 24.6. Luc. 14.31.

[18] cap. 11.13. Rom. 16.18.

[19] Exo. 21.17. Lev. 20.9. Mat. 15.4. Job 18.5, 6. cap. 24.20.

[20] cap. 28.20. Hab. 2.6.

[21] Deu. 32.35. Rom. 12.17, 19. I The. 5.15. I Ped. 3.9.

[22] II Sam. 16.12.

[23] ver. 10.

[24] Psa. 37.23. cap. 16.9. Jer. 10.23.

[25] Ecc. 5.4, 5.

[26] ver. 8.

[27] I Cor. 2.11.

[28] Psa. 101.1. cap. 29.24.

[29] cap. 16.31.

21 Como ribeiros d’aguas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina.

2 Todo [1] o caminho do homem é recto aos seus olhos, mas o Senhor pondera os corações.

3 Fazer justiça [2] e juizo é mais acceito ao Senhor do que lhe offerecer sacrificio.

4 Altivez dos olhos, e [3] inchação de coração, e a lavoura dos impios é peccado.

5 Os pensamentos [4] do diligente tendem só á abundancia, porém os de todo o apressado tão sómente á pobreza.

6 Trabalhar por ajuntar [5] thesouro com lingua falsa é uma vaidade impellida d’aquelles que buscam a morte.

7 As rapinas dos impios os virão a destruir, porquanto recusam fazer a justiça.

8 O caminho do homem é todo perverso e estranho, porém a obra do puro é recta.

9 Melhor [6] é morar n’um canto do terraço, do que com a mulher contenciosa, e isso em casa em que mais companhia haja.

10 A alma [7] do impio deseja o mal: o seu proximo lhe não agrada aos seus olhos.

11 Castigado o escarnecedor, o simples[592] se torna sabio; e, ensinado o sabio, recebe o conhecimento.

12 Prudentemente considera o justo a casa do impio, quando Deus transtorna os impios para o mal.

13 O que [8] tapa o seu ouvido ao clamor do pobre elle tambem clamará e não será ouvido.

14 O presente [9] que se dá em segredo abate a ira, e a dadiva no seio a grande indignação.

15 O fazer justiça [10] é alegria para o justo, mas espanto para os que obram a iniquidade.

16 O homem, que anda errado do caminho do entendimento, na congregação dos mortos repousará.

17 Necessidade padecerá o que ama a galhofa; o que ama o vinho e o azeite nunca enriquecerá.

18 O resgate do justo é [11] o impio; o do recto o iniquo.

19 Melhor [12] é morar n’uma terra deserta do que com a mulher contenciosa e iracunda.

20 Thesouro [13] desejavel e azeite ha na casa do sabio, mas o homem insensato o devora.

21 O que segue [14] a justiça e a beneficencia achará a vida, a justiça e a honra.

22 Á cidade dos fortes [15] sobe o sabio, e derruba a força da sua confiança.

23 O que [16] guarda a sua bocca e a sua lingua, guarda das angustias a sua alma.

24 O soberbo e presumido, zombador é seu nome: trata com indignação e soberba.

25 O desejo [17] do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam trabalhar.

26 Todo o dia deseja coisas de cubiçar, mas o justo dá, e nada retem.

27 O sacrificio dos [18] impios é abominação: quanto mais offerecendo-o com intenção maligna?

28 A testemunha mentirosa perecerá, porém o homem que ouve com constancia fallará.

29 O homem impio endurece o seu rosto, mas o recto considera o seu caminho.

30 Não ha sabedoria, [19] nem intelligencia, nem conselho contra o Senhor.

31 O cavallo prepara-se para o dia da batalha, [20] porém do Senhor vem a victoria.

[1] cap. 16.2. cap. 24.12. Luc. 16.15.

[2] I Sam. 15.22. cap. 15.8. Isa. 1.11, etc. Ose. 6.6. Miq. 6.7, 8.

[3] cap. 6.17.

[4] cap. 10.4 e 13.4.

[5] cap. 10.2 e 13.11 e 20.21. II Ped. 2.3.

[6] ver. 19. cap. 19.13 e 25.24 e 27.15.

[7] Thi. 4.5.

[8] Mat. 7.2, 18, 30, etc. Thi. 2.13.

[9] cap. 17.8, 23 e 18.16.

[10] cap. 10.29.

[11] cap. 11.8. Isa. 43.3, 4.

[12] ver. 9.

[13] Mat. 25.3, 4.

[14] cap. 15.9. Mat. 5.6.

[15] Ecc. 9.14, etc.

[16] cap. 12.13 e 13.3 e 18.21. Thi. 3.2.

[17] cap. 13.4.

[18] cap. 15.8. Isa. 66.3. Jer. 6.20. Amós 5.22.

[19] Isa. 8.9, 10. Jer. 9.23. Act. 5.39.

[20] Isa. 31.1.

22 Mais digno de ser escolhido [1] é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o oiro.

2 O rico [2] e o pobre se encontraram: a todos os fez o Senhor.

3 O avisado [3] vê o mal, e esconde-se; mas os simples passam, e pagam a pena.

4 O galardão [4] da humildade com o temor do Senhor são riquezas, a honra e a vida.

5 Espinhos [5] e laços ha no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe d’elle.

6 Instrue ao menino conforme o seu caminho; [6] e até quando envelhecer não se desviará d’elle.

7 O [7] rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado servo é do que empresta.

8 O que [8] semear a perversidade segará males; e a vara da sua indignação se acabará.

9 O que é de [9] bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao pobre.

10 Lança [10] fóra ao escarnecedor, e se irá a contenda; e cessará o pleito e a vergonha.

11 O que ama a pureza do coração, e tem graça nos seus labios, seu amigo será o rei.

12 Os olhos do Senhor conservam o conhecimento, mas as palavras do iniquo transtornará.

13 Diz o preguiçoso: [11] Um leão está fóra; serei morto no meio das ruas.

14 Cova profunda [12] é a bocca das mulheres estranhas; aquelle contra quem o Senhor se irar, cairá n’ella.

15 A estulticia está ligada no coração do menino, mas a vara [13] da correcção a afugentará d’elle.

16 O que opprime ao pobre para se engrandecer a si, ou o que dá ao rico, certamente empobrecerá.

Breves discursos moraes do sabio ácerca de varios assumptos.

17 Inclina a tua orelha, e ouve as palavras dos sabios, e applica o teu coração á minha sciencia.

18 Porque é coisa suave, se as guardares nas tuas entranhas, se applicares todas ellas aos teus labios.

19 Para que a tua confiança esteja no Senhor: a ti t’as faço saber hoje; tu tambem a outros as faze saber.

[593]

20 Porventura não te escrevi excellentes coisas, [14] ácerca de todo o conselho e conhecimento?

21 Para fazer-te saber [15] a certeza das palavras da verdade, para que possas responder palavras de verdade aos [16] que te enviarem.

22 Não roubes [17] ao pobre, porque é pobre, nem atropelles na porta ao afflicto.

23 Porque [18] o Senhor defenderá a sua causa em juizo, e aos que os roubam lhes roubará a alma.

24 Não acompanhes com o iracundo, nem andes com o homem colerico.

25 Para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.

26 Não [19] estejas entre os que dão a mão, e entre os que ficam por fiadores de dividas.

27 Se não tens com que pagar, porque tirariam [20] a tua cama de debaixo de ti?

28 Não removas [21] os limites antigos que fizeram teus paes.

29 Viste a um homem ligeiro na sua obra? perante reis será posto: não será posto perante os de baixa sorte.

[1] Ecc. 7.1, 2.

[2] cap. 29.13. I Cor. 12.21. Job 31.15. cap. 14.31.

[3] cap. 14.16 e 27.13.

[4] Mat. 6.33.

[5] cap. 15.19. I João 5.18.

[6] Eph. 6.4. II Tim. 3.15.

[7] Thi. 2.6.

[8] Job 4.8. Ose. 10.13.

[9] II Chr. 9.6.

[10] Gen. 21.9, 10.

[11] cap. 26.13.

[12] cap. 2.16 e 5.3 e 7.5 e 23.27.

[13] cap. 13.24 e 19.18 e 23.13, 14 e 29.15, 17.

[14] cap. 8.6.

[15] Luc. 1.3, 4.

[16] I Ped. 3.15.

[17] Exo. 23.6. Job 31.16, 21. Zac. 7.10. Mal. 3.5.

[18] Jer. 51.36.

[19] cap. 6.1 e 11.15.

[20] cap. 20.16.

[21] Deu. 19.14 e 27.17. cap. 23.10.

23 Quando te assentares a comer com um governador, attenta bem para o que se te poz diante,

2 E põe uma faca á tua garganta, se és homem de grande appetite.

3 Não cubices os seus manjares gostosos, porque são pão de mentiras.

4 Não te cances [1] para enriqueceres; dá de mão á tua prudencia.

5 Porventura fitarás os teus olhos n’aquillo que não é nada? porque certamente se fará azas e voará ao céu como a aguia.

6 Não comas o pão d’aquelle que tem o olho maligno, nem cubices os seus manjares gostosos.

7 Porque, como imaginou na sua alma, te dirá: Come e bebe; porém o seu coração não estará comtigo.

8 Vomitarias o bocado que comeste, e perderias as tuas suaves palavras.

9 Não falles [2] aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.

10 Não removas [3] os limites antigos, nem entres nas herdades dos orphãos,

11 Porque o seu redemptor [4] é o Forte, que pleiteará a sua causa contra ti.

12 Applica á disciplina o teu coração, e os teus ouvidos ás palavras do conhecimento.

13 Não retires [5] a disciplina da creança, quando a fustigares com a vara; nem por isso morrerá.

14 Tu a fustigarás com a vara, e livrarás [6] a sua alma do [SR] inferno.

15 Filho meu, [7] se o teu coração fôr sabio, alegrar-se-ha o meu coração, sim, o meu proprio,

16 E exultarão os meus rins, quando os teus labios fallarem coisas rectas.

17 Não inveje aos peccadores o teu coração; antes [8] sê no temor do Senhor todo o dia.

18 Porque devéras ha [9] um bom fim: não será cortada a tua expectação.

19 Ouve tu, filho meu, e sê sabio, e dirige no caminho o teu coração.

20 Não [10] estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.

21 Porque o beberrão e o comilão empobrecerão; e a [11] somnolencia faz trazer os vestidos rotos.

22 Ouve [12] a teu pae, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer.

23 Compra [13] a verdade, e não a vendas: a sabedoria, e a disciplina, e a prudencia.

24 Grandemente se regozijará o pae do [14] justo, e o que gerar a um sabio se alegrará n’elle.

25 Alegrem-se teu pae e tua mãe, e regozije-se a que te gerou.

26 Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.

27 Porque cova [15] profunda é a prostituta, e poço estreito a estranha.

28 Tambem ella, [16] como um salteador, se põe a espreitar, e multiplica entre os homens os iniquos.

29 Para quem são os ais? para quem os pezares? para quem as pelejas? para quem as queixas? para quem as feridas sem causa? e para quem [17] os olhos vermelhos?

30 Para [18] os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada.

[594]

31 Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.

32 No seu fim morderá como a cobra, e como o basilisco picará.

33 Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração fallará perversidades.

34 E serás como o que dorme no meio do mar, e como o que dorme no topo do mastro.

35 E dirás: Espancaram-me, [19] e não me doeu; maçaram-me, e não o senti; quando virei a [20] despertar? ainda tornarei a buscal-a outra vez.

[1] cap. 28.20. I Tim. 6.9, 10. cap. 3.5. Rom. 12.16.

[2] cap. 9.8. Mat. 7.6.

[3] Deu. 19.14 e 27.17. cap. 22.28.

[4] Job 31.21. cap. 22.23.

[5] cap. 13.24 e 19.18 e 22.15 e 29.16, 17.

[6] I Cor. 5.5.

[7] ver. 24, 25. cap. 29.3.

[8] cap. 28.14.

[9] cap. 24.14. Luc. 16.25.

[10] Isa. 5.22. Mat. 24.49. Luc. 21.34. Rom. 13.13. Eph. 5.18.

[11] cap. 19.15.

[12] cap. 1.8 e 30.17. Eph. 6.1, 2.

[13] cap. 4.5, 7.

[14] cap. 10.1 e 15.20. ver. 15.

[15] cap. 22.14.

[16] cap. 7.12.

[17] Gen. 49.12.

[18] cap. 20.1. Eph. 5.18.

[19] Jer. 5.3.

[20] Deu. 29.19. Isa. 56.12.

24 Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com elles,

2 Porque o seu coração medita a rapina, e os seus labios fallam a malicia.

3 Com a sabedoria se edifica a casa, e com a intelligencia se estabelece:

4 E pelo conhecimento se encherão as camaras de todas as substancias preciosas e deleitaveis.

5 E o varão sabio [1] é forte, e o varão de conhecimento consolida a força.

6 Porque [2] com conselhos prudentes tu farás a guerra; e ha victoria na multidão dos conselheiros.

7 É demasiadamente alta para o tolo toda a sabedoria; na porta não abrirá a sua bocca.

8 A’quelle que cuida em fazer mal mestre de maus intentos o chamarão.

9 O pensamento do tolo é peccado, e é abominavel aos homens o escarnecedor.

10 Se te mostrares frouxo no dia da angustia, a tua força será estreita.

11 Livra [3] aos que estão tomados para a morte, e aos que levam para matança, se os poderes retirar.

12 Se disseres: Eis que o não sabemos: porventura [4] aquelle que pondera os corações não o entenderá? e aquelle que attenta para a tua alma não o saberá? porque pagará ao homem conforme [5] a sua obra.

13 Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel é doce ao teu paladar.

14 Tal será o conhecimento da sabedoria para a tua alma: se a achares, haverá para ti galardão, e não será cortada a tua expectação.

15 Não espies a habitação do justo, ó impio, nem assoles a sua camara.

16 Porque [6] sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os impios tropeçarão no mal.

17 Quando cair o teu inimigo, não te alegres, [7] nem quando tropeçar se regozije o teu coração.

18 Para que o Senhor o não veja, e seja mau aos seus olhos, e desvie d’elle a sua ira.

19 Não te indignes ácerca [8] dos malfeitores, nem tenhas inveja dos impios,

20 Porque [9] o maligno não terá galardão, e a lampada dos impios se apagará.

21 Teme [10] ao Senhor, filho meu, e ao rei, e não te entremettas com os que buscam mudança.

22 Porque de repente se levantará a sua perdição, e a ruina d’elles ambos quem a sabe?

23 Tambem estes são proverbios dos sabios: Ter respeito a pessoas [11] no juizo não é bom.

24 O que [12] disser ao impio: Justo és: os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão.

25 Mas para os que o reprehenderem haverá delicias, e sobre elles virá a benção do bem.

26 Beijados serão os labios do que responde com palavras rectas.

27 Prepara [13] de fóra a tua obra, e apparelha-a no campo, e então edifica a tua casa.

28 Não sejas [14] testemunha sem causa contra o teu proximo; porque enganarias com os teus beiços?

29 Não digas: [15] Como elle me fez a mim, assim o farei eu a elle: pagarei a cada um segundo a sua obra.

30 Passei pelo campo do preguiçoso, e junto á vinha do homem falto de entendimento;

31 E eis que toda [16] estava cheia de cardos, e a sua superficie coberta d’ortigas, e a sua parede de pedra estava derribada.

32 O que tendo eu visto, o tomei no coração, e, vendo-o, recebi instrucção.

33 Um pouco [17] de somno, adormecendo um pouco; encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado.

34 Assim te sobrevirá a tua pobreza como um caminhante, e a tua necessidade como um homem armado.

[1] cap. 21.22. Ecc. 9.16.

[2] cap. 11.14 e 15.22 e 20.18.

[3] Isa. 58.6, 7. I João 3.16.

[4] cap. 21.2.

[5] Job 34.11. Rom. 2.6. Apo. 2.23 e 22.12.

[6] Job 5.19. Miq. 7.8. Amós 8.14.

[7] Job 31.29. cap. 17.5. Abd. 12.

[8] cap. 23.17. ver. 1.

[9] Job 18.5, 6 e 21.17. cap. 13.9 e 20.20.

[10] Rom. 13.7. I Ped. 2.17.

[11] Lev. 19.15. Deu. 1.17 e 16.19. cap. 18.5 e 28.21. João 7.24.

[12] cap. 17.15. Isa. 15.23.

[13] I Reis 5.17, 18. Luc. 14.28.

[14] Eph. 4.25.

[15] cap. 20.22. Mat. 5.39, 44. Rom. 12.17, 19.

[16] Gen. 3.18.

[17] cap. 6.9, etc.

[595]

Outros proverbios de Salomão, que foram colligidos no tempo do rei Ezequias.

Antes de Christo 700

25 Tambem estes [1] são proverbios de Salomão, os quaes transcreveram os homens d’Ezequias, rei de Judah.

2 A gloria [2] de Deus é encobrir o negocio; mas a gloria dos reis esquadrinhar o negocio.

3 Para a altura dos céus, e para a profundeza da terra, e para o coração dos reis, não ha investigação.

4 Tira [3] da prata as escorias, e sairá vaso para o fundidor.

5 Tira [4] o impio da presença do rei, e o seu throno se affirmará na justiça.

6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no logar dos grandes;

7 Porque [5] melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado diante do principe que viram os teus olhos.

8 Não saias [6] depressa a litigar, para que depois ao fim não saibas que fazer, podendo-te confundir o teu proximo.

9 Pleiteia [7] o teu pleito com o teu proximo, e não descubras o segredo d’outro:

10 Para que não te deshonre o que o ouvir, e a tua infamia se não aparte de ti.

11 Como maçãs d’oiro em [SS] salvas de prata, assim é a palavra dita [8] a seu tempo.

12 Como pendentes d’oiro e gargantilhas d’oiro fino, assim é o sabio reprehensor para o ouvido ouvinte.

13 Como frieza [9] de neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque recreia a alma de seu senhor.

14 Como nuvens e ventos que não trazem chuva, [10] assim é o homem que se gaba falsamente de dadivas.

15 Pela longanimidade se persuade o principe, [11] e a lingua branda quebranta os ossos.

16 Achaste mel? come o que te basta; para que porventura não te fartes d’elle, e o venhas a vomitar.

17 Retira o teu pé da casa do teu proximo; para que se não enfade de ti, e te aborreça.

18 Martello, e espada, e frecha aguda é o homem que diz falso testemunho contra o seu proximo.

19 Como dente quebrado, e pé desengonçado, é a confiança no desleal, no tempo da angustia.

20 O que canta canções ao coração afflicto é como aquelle que despe o vestido n’um dia de frio, e como vinagre sobre [ST] salitre.

21 Se [12] o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; e se tiver sêde, dá-lhe agua para beber;

22 Porque assim brazas lhe amontoarás sobre a cabeça; [13] e o Senhor t’o pagará.

23 O vento norte afugenta a chuva, e a face irada a lingua fingida.

24 Melhor [14] é morar n’um canto do terraço, do que com a mulher contenciosa, e isso em casa em que mais companhia haja.

25 Como agua fria á alma cançada, taes são as boas novas de terra remota.

26 Como fonte turva, e manancial corrupto, assim é o justo que cae diante do impio.

27 Comer [15] muito mel não é bom; assim a pesquiza da propria gloria não é gloria.

28 Como a cidade [16] derribada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espirito.

[1] II Reis 4.32.

[2] Deu. 29.29. Rom. 11.33. Job 29.16.

[3] II Tim. 2.21.

[4] cap. 20.8.

[5] Luc. 14.8, 9, 10.

[6] cap. 17.14. Mat. 5.25.

[7] Mat. 5.25 e 18.15.

[8] cap. 15.23. Isa. 50.4.

[9] cap. 13.17.

[10] cap. 20.6. Jud. 12.

[11] I Sam. 25.24, etc. cap. 15.1 e 16.14.

[12] Exo. 23.4, 5. Mat. 5.44. Rom. 12.20.

[13] II Sam. 16.12.

[14] cap. 19.13 e 21.9, 19.

[15] ver. 16. cap. 27.2.

[16] cap. 16.32.

26 Como a neve no verão, [1] e como a chuva na sega, assim não convem ao louco a honra.

2 Como ao passaro o vaguear, como á andorinha o voar, [2] assim a maldição sem causa não virá.

3 O açoite para o cavallo, o freio para o jumento, e a vara para as costas dos tolos.

4 Não respondas ao tolo segundo a sua estulticia; para que tambem te não faças similhante a elle.

5 Responde [3] ao tolo segundo a sua estulticia; para que não seja sabio aos seus olhos.

6 Os pés corta, e o damno bebe, quem manda mensagens pela mão d’um tolo.

7 Como as pernas do côxo, que pendem frouxas, assim é o proverbio na bocca dos tolos.

8 Como o que ata a pedra preciosa na funda, assim é aquelle que dá honra ao tolo.

9 Como o espinho que entra na mão do bebado, assim é o proverbio na bocca dos tolos.

10 Os grandes molestam a todos, e alugam os tolos e transgressores.

[596]

11 Como o cão que torna ao seu vomito, [4] assim é o tolo que reitera a sua estulticia.

12 Tens visto [5] a um homem que é sabio a seus proprios olhos? maior esperança ha do tolo do que d’elle.

13 Diz o preguiçoso: [6] Um leão está no caminho; um leão está nas ruas.

14 Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim o preguiçoso na sua cama.

15 O preguiçoso [7] esconde a sua mão no seio: enfada-se de tornal-a á sua bocca.

16 Mais sabio é o preguiçoso a seus olhos do que sete homens que bem respondem.

17 O que, passando, se entremette em pleito alheio é como aquelle que toma um cão pelas orelhas.

18 Como o louco que lança de si faiscas, frechas, e mortandades,

19 Assim é o homem que engana o seu proximo, e diz: Não o fiz eu por brincar?

20 Sem lenha, o fogo se apagará; e, não havendo [8] murmurador, cessará a contenda.

21 Como o [9] carvão é para as brazas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para accender rixas.

22 As palavras [10] do murmurador são como as palavras do espancado, e ellas descem ao intimo do ventre.

23 Como o caco coberto d’escorias de prata, assim são os labios ardentes com o coração maligno.

24 Aquelle que aborrece se contrafaz pelos seus beiços, mas no seu interior encobre o engano.

25 Quando [11] te supplicar com a sua voz, não te fies n’elle, porque sete abominações ha no seu coração,

26 Cujo odio se encobre com engano; a sua malicia se descobrirá na congregação.

27 O que cava uma cova n’ella cairá; e o que revolve a pedra esta sobre elle tornará.

28 A lingua falsa aborrece aos que ella afflige, e a bocca lubrica obra a ruina.

[1] I Sam. 12.17.

[2] Num. 23.8. Deu. 23.5.

[3] Mat. 21.24, 27.

[4] II Ped. 2.22.

[5] cap. 29.20. Luc. 18.11. Rom. 12.16. Apo. 3.17.

[6] cap. 22.13.

[7] cap. 19.24.

[8] cap. 22.10.

[9] cap. 15.18 e 29.22.

[10] cap. 18.8.

[11] Jer. 9.8.

27 Não presumas do [1] dia d’ámanhã, porque não sabes o que parirá o dia.

2 Louve-te [2] o estranho, e não a tua bocca, o estrangeiro e não os teus labios.

3 Pesada é a pedra, e a areia é carregada; porém a ira do insensato é mais pesada do que ellas ambas.

4 Cruel é o furor e a impetuosa ira, [3] mas quem parará perante a inveja?

5 Melhor [4] é a reprehensão aberta do que o amor encoberto.

6 Fieis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são [SU] enganosos.

7 A alma farta piza o favo de mel, [5] mas á alma faminta todo o amargo é doce.

8 Qual é a ave que vagueia do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando do seu logar.

9 O oleo e o perfume alegram o coração: assim a doença do amigo d’alguem com o conselho cordial.

10 Não deixes a teu amigo, nem ao amigo de teu pae, nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade: [6] melhor é o visinho de perto do que o irmão ao longe.

11 Sê sabio, [7] filho meu, e alegra o meu coração; para que tenha alguma coisa que responder áquelle que me desprezar.

12 O avisado vê o mal, e esconde-se; mas os simples passam e pagam a pena.

13 Quando alguem fica por fiador do estranho, [8] toma-lhe tu a sua roupa; e o penhora pela estranha.

14 O que bemdiz ao seu amigo em alta voz, madrugando pela manhã, por maldição se lhe contará.

15 O gotejar [9] continuo no dia de grande chuva, e a mulher contenciosa, uma e outra são similhantes.

16 Todos os que a esconderem esconderão o vento: e o oleo da sua dextra clama.

17 Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem aguça o rosto do seu amigo.

18 O [10] que guarda a figueira comerá do seu fructo; e o que attenta para seu senhor, será honrado.

19 Como na agua o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.

20 Como o [11] [SV] inferno e a perdição nunca se fartam, assim os olhos do homem nunca se fartam.

21 Como [12] o crisol é para a prata, e o forno para o oiro, assim se prova o homem pelos louvores.

22 Ainda quando pizares [13] o tolo com uma mão de gral entre grãos de cevada[597] pilada, não se irá d’elle a sua estulticia.

23 Procura conhecer o estado das tuas ovelhas: põe o teu coração sobre o gado.

24 Porque o thesouro não dura para sempre: ou durará a corôa de geração em geração?

25 Quando se mostrar a herva, e apparecerem os renovos, então ajunta as hervas dos montes.

26 Os cordeiros serão para te vestires, e os bodes para o preço do campo.

27 E a abastança do leite das cabras para o teu sustento, para sustento da tua casa, e para sustento das tuas creadas.

[1] Luc. 12.19, 20. Thi. 4.13, etc.

[2] cap. 25.27.

[3] I João 3.12.

[4] cap. 28.23. Gal. 2.14.

[5] Job 6.7.

[6] cap. 17.17 e 18.24.

[7] cap. 10.1 e 23.15, 24. Psa. 127.5.

[8] Exo. 22.26. cap. 20.16.

[9] cap. 19.13.

[10] I Cor. 9.7, 13.

[11] cap. 30.16. Hab. 2.5. Ecc. 1.8 e 6.7.

[12] cap. 17.3.

[13] cap. 23.35. Isa. 1.5. Jer. 5.3.

28 Fogem os [1] impios, sem que ninguem os persiga; mas qualquer justo está confiado como o filho do leão.

2 Pela transgressão da [SW] terra são muitos os seus principes, mas por homens prudentes e entendidos a sua continuação será prolongada.

3 O homem pobre que opprime aos pobres é como chuva impetuosa, com que ha falta de pão.

4 Os que deixam a lei louvam o impio; [2] porém os que guardam a lei pelejam contra elles.

5 Os homens maus não entendem o juizo, [3] mas os que buscam ao Senhor entendem tudo.

6 Melhor [4] é o pobre que anda na sua sinceridade do que o perverso de caminhos, ainda que seja rico.

7 O [5] que guarda a lei é filho entendido, mas o companheiro dos comilões envergonha a seu pae.

8 O [6] que augmenta a sua fazenda com usura e onzena, o ajunta para o que se compadece do pobre.

9 O [7] que desvia os seus ouvidos d’ouvir a lei até a sua oração será abominavel.

10 O [8] que faz com que os rectos errem n’um mau caminho elle mesmo cairá na sua cova: mas os bons herdarão o bem.

11 O homem rico é sabio aos seus proprios olhos, mas o pobre que é entendido o esquadrinha.

12 Quando os justos [9] exultam, grande é a gloria; mas quando os impios sobem, os homens se andam escondendo.

13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa alcançará misericordia.

14 Bemaventurado [10] o homem que continuamente teme: mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal.

15 Como leão bramante, [11] e urso faminto, assim é o impio que domina sobre um povo pobre.

16 O principe falto d’intelligencia tambem multiplica as oppressões, mas o que aborrece a avareza prolongará os seus dias.

17 O [12] homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até á cova: ninguem o retenha.

18 O [13] que anda sinceramente salvar-se-ha, mas o perverso em seus caminhos cairá logo.

19 O [14] que lavrar a sua terra virá a fartar-se de pão, mas o que segue a ociosos se fartará de pobreza.

20 O homem fiel abundará em bençãos, [15] mas o que se apressa a enriquecer não será innocente.

21 Ter respeito [16] á apparencia de pessoas não é bom, porque até por um bocado de pão prevaricará o homem.

22 O que se apressa [17] a enriquecer é homem de mau olho, porém não sabe que ha de vir sobre elle a pobreza.

23 O [18] que reprehende ao homem depois achará mais favor do que aquelle que lisongeia com a lingua.

24 O que rouba a seu pae, ou a sua mãe, e diz: Não ha transgressão; companheiro é do homem dissipador.

25 O altivo d’animo [19] levanta contendas, mas o que confia no Senhor engordará.

26 O que confia no seu coração é insensato, mas o que anda em sabedoria elle escapará.

27 O [20] que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições.

28 Quando [21] os impios se elevam, os homens se andam escondendo, mas quando perecem, os justos se multiplicam.

[1] Lev. 26.17, 36.

[2] Rom. 1.32. II Reis 18.18, 21. Mat. 3.7. Eph. 5.11.

[3] João 7.17. I Cor. 2.15. I João 2.20, 27.

[4] ver. 18. cap. 19.1.

[5] cap. 29.3.

[6] Job 27.6, 17. cap. 13.22. Ecc. 2.26.

[7] Zac. 7.11. cap. 15.8.

[8] cap. 26, 27. Mat. 6.33.

[9] ver. 28. cap. 11.10 e 29.2. Ecc. 10.6.

[10] cap. 23.17. Rom. 2.5 e 11.20.

[11] I Ped. 5.8. Mat. 2.16.

[12] Gen. 9.6. Exo. 21.14.

[13] cap. 10.9, 25. ver. 6.

[14] cap. 12.11.

[15] cap. 13.11 e 20.21 e 23.4. I Tim. 6.9.

[16] cap. 18.5 e 24.23. Eze. 13.19.

[17] ver. 20.

[18] cap. 27.5, 6.

[19] cap. 13.10.

[20] Deu. 15.7, etc. cap. 19.17 e 22.9.

[21] ver. 12. cap. 29.2. Job 24.4.

29 O [1] homem que muitas vezes reprehendido endurece a cerviz de repente será quebrantado sem que haja cura.

2 Quando os justos se [2] engrandecem, o povo se alegra, mas quando o impio domina o povo suspira.

[598]

3 O homem [3] que ama a sabedoria alegra a seu pae, mas o companheiro de prostitutas desperdiça a fazenda.

4 O rei com juizo sustem a terra, mas o amigo de peitas a transtorna.

5 O homem que lisongeia a seu proximo, arma uma rede aos seus passos.

6 Na transgressão do homem mau ha laço, mas o justo jubila e se alegra.

7 Informa-se o [4] justo da causa dos pobres, mas o impio não comprehende o conhecimento.

8 Os homens escarnecedores [5] abrazam a cidade, mas os sabios desviam a ira.

9 O homem sabio que pleiteia com o tolo, [6] quer se turbe quer se ria, não terá descanço.

10 Os homens sanguinolentos [7] aborrecem ao sincero, mas os rectos procuram o seu bem.

11 Todo o seu espirito profere o tolo, [8] mas o sabio o encobre e reprime.

12 O governador que dá attenção ás palavras mentirosas, achará que todos os seus servos são impios.

13 O pobre e o usurario [9] se encontram, e o Senhor allumia os olhos d’ambos.

14 O [10] rei, que julga os pobres conforme a verdade, firmará o seu throno para sempre.

15 A vara e a reprehensão dão sabedoria, [11] mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe.

16 Quando os impios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões, mas os justos verão a sua quéda.

17 Castiga [12] a teu filho, e te fará descançar; e dará delicias á tua alma.

18 Não havendo prophecia, [13] o povo fica dissoluto; porém o que guarda a lei [14] esse é bemaventurado:

19 O servo se não emendará com palavras, porque, ainda que te entenda, todavia não responderá.

20 Tens visto um homem arremessado nas suas palavras? [15] maior esperança ha d’um tolo do que d’elle.

21 Quando alguem cria delicadamente o seu servo desde a mocidade, por derradeiro quererá ser seu filho.

22 O homem iracundo [16] levanta contendas; e o furioso multiplica as transgressões.

23 A soberba [17] do homem o abaterá, mas o humilde d’espirito reterá a gloria.

24 O que tem parte com o ladrão aborrece a sua propria alma: ouve maldições, [18] e não o denuncia.

25 O temor do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro.

26 Muitos buscam a face do principe, mas o juizo de cada um vem do Senhor.

27 Abominação é para os justos o homem iniquo, mas abominação é para o impio o de rectos caminhos.

[1] I Sam. 2.25. II Chr. 36.16. cap. 1.24, 27.

[2] Est. 8.15. cap. 11.10 e 28.12, 28.

[3] cap. 10.1 e 15.20 e 27.11. cap. 28.7. Luc. 15.13, 30.

[4] Job 29.16.

[5] cap. 11.11. Eze. 22.30.

[6] Mat. 11.17.

[7] Gen. 4.5, 8. I João 3.12.

[8] cap. 12.16 e 14.33.

[9] cap. 22.2.

[10] cap. 20.28 e 25.5.

[11] cap. 10.1 e 17.21, 25.

[12] ver. 15. cap. 13.24 e 19.18 e 22.15 e 23.13, 14.

[13] I Sam. 3.1. Amós 8.11, 12.

[14] João 13.17. Thi. 1.25.

[15] cap. 26.12.

[16] cap. 15.18 e 26.21.

[17] Job 22.29. cap. 15.33. Mat. 23.12. Luc. 14.11 e 18.14. Thi. 4.6, 10. I Ped. 5.5.

[18] Lev. 5.1.

As palavras de Agur.

30 Palavras d’Agur, filho de Jake, [SX] a prophecia: [1] disse este varão a Ithiel; a Ithiel e a Ucal:

2 Na verdade que eu sou mais brutal do que ninguem, não tenho o entendimento do homem.

3 Nem aprendi a sabedoria, nem conheci o conhecimento dos sanctos.

4 Quem [2] subiu ao céu e desceu? quem encerrou os ventos nos seus punhos? quem amarrou as aguas n’um panno? quem estabeleceu todas as extremidades da terra? qual é o seu nome? e qual é o nome de seu filho? se é que o sabes?

5 Toda a palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam n’elle.

6 Nada accrescentes [3] ás suas palavras, para que não te reprehenda e sejas achado mentiroso.

7 Duas coisas te pedi; não m’as negues, antes que morra:

8 Alonga de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: [4] mantem-me do pão da minha porção acostumada.

9 Para [5] que porventura de farto te não negue, e diga: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e lance mão do nome de Deus.

10 Não calumnies o servo diante de seu senhor, para que te não amaldiçoe e fiques culpado.

11 Ha uma geração que amaldiçoa a seu pae, e que não bemdiz a sua mãe.

12 Ha uma geração que é pura [6] aos seus olhos, e que nunca foi lavada da sua immundicia.

13 Ha uma geração cujos olhos são altivos, e as suas palpebras levantadas para cima.

[599]

14 Ha uma geração [7] cujos dentes são espadas, e cujos queixaes são facas, para consumirem da terra os afflictos, e os necessitados d’entre os homens.

15 A sanguesuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Estas tres coisas nunca se fartam; e quatro nunca dizem: Basta.

16 A sepultura; [8] a madre esteril; a terra que se não farta d’agua; e o fogo nunca diz: Basta.

17 Os olhos [9] que zombam do pae, ou desprezam a obediencia da mãe, corvos do ribeiro os arrancarão e os pintãos da aguia os comerão.

18 Estas tres coisas me maravilham; e quatro ha que não conheço:

19 O caminho da aguia no céu; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem.

20 Tal é o caminho da mulher adultera: ella come, e limpa a sua bocca, e diz: Não commetti maldade.

21 Por tres coisas se alvoroça a terra: e por quatro, que não pode supportar:

22 Pelo servo, [10] quando reina; e pelo tolo, quando anda farto de pão;

23 Pela mulher aborrecida, quando se casa; e pela serva, quando ficar herdeira da sua senhora.

24 Estas quatro coisas são das mais pequenas da terra, porém sabias, bem providas de sabedoria:

25 As formigas [11] são um povo impotente; todavia no verão preparam a sua comida:

26 Os coelhos são um povo debil; e comtudo põem a sua casa na penha:

27 Os gafanhotos não teem rei; e comtudo todos saem, e em bandos se repartem:

28 A [SY] aranha apanha com as mãos, e está nos paços dos reis.

29 Estas tres teem um bom andar, e quatro que passeiam mui bem:

30 O leão, o mais forte entre os animaes, que por ninguem torna atraz:

31 O [SZ] cavallo de guerra, bem cingido pelos lombos; e o bode; e o rei a quem se não pode resistir.

32 Se obraste loucamente, elevando-te, e se imaginaste o mal, [12] põe a mão na bocca.

33 Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz produz sangue, e o espremer da ira produz contenda.

[1] cap. 31.1.

[2] João 3.13. Job 38.4, etc. Isa. 40.12, etc.

[3] Deu. 4.2 e 12.32. Apo. 22.18, 19.

[4] Mat. 6.11.

[5] Deu. 8.12, 14, 17 e 31.20 e 32.15. Ose. 13.6.

[6] Luc. 18.11.

[7] cap. 12.18. Amós 8.4.

[8] cap. 27.20. Hab. 2.5.

[9] Gen. 9.22. Lev. 20.9. cap. 20.20 e 23.32.

[10] Ecc. 10.7.

[11] cap. 6.6, etc.

[12] Job 21.5. Miq. 7.16.

Os conselhos que a mãe do rei Lemuel deu a seu filho.

Antes de Christo 1015

31 Palavras do rei Lemuel: [1] a prophecia com que lhe ensinou a sua mãe.

2 Como, [2] filho meu? e como, ó filho do meu ventre? e como, ó filho das minhas promessas?

3 Não dês [3] ás mulheres a tua força, nem os teus caminhos ás que destroem os reis.

4 Não é dos reis, [4] ó Lemuel, não é dos reis beber vinho, nem dos principes desejar bebida forte.

5 Para que não bebam, [5] e se esqueçam do estatuto, e pervertam o juizo de todos os afflictos.

6 Dae bebida forte aos que perecem, e o vinho aos amargosos d’espirito:

7 Para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e do seu trabalho não se lembrem mais.

8 Abre [6] a tua bocca a favor do mudo, pelo direito de todos que vão perecendo.

9 Abre a tua bocca; [7] julga rectamente; e faze justiça aos pobres e aos necessitados.

10 Aleph. [8] Mulher virtuosa quem a achará? porque a sua valia muito excede a de rubins.

11 Beth. O coração do seu marido está n’ella tão confiado que fazenda lhe não faltará.

12 Gimel. Ella lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.

13 Daleth. Busca lã e linho, e trabalha com a industria de suas mãos.

14 He. É como o navio de mercador; de longe traz o seu pão.

15 Vau. Ainda até de noite [9] se levanta, e dá mantimento á sua casa, e ordinaria porção ás suas servas.

16 Zain. Considera uma herdade, e adquire-a; planta uma vinha do fructo de suas mãos.

17 Heth. Cinge os seus lombos de força, e corrobora os seus braços.

18 Teth. Prova e vê que é boa a sua mercancia; e a sua lampada não se apaga de noite.

19 Jod. Estende as suas mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam na roca.

20 Caph. [10] Abre a sua mão ao afflicto; e ao necessitado estende as suas mãos.

[600]

21 Lamed. Não temerá, por causa da neve, por sua casa, porque toda a sua casa anda forrada de roupa dobrada.

22 Mem. Faz para si tapeçaria; de linho fino e purpura é o seu vestido.

23 Nun. [11] Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com os anciãos da terra.

24 Samech. Faz pannos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos mercadores.

25 Ain. A força e a gloria são os seus vestidos, e ri-se do dia futuro.

26 Pé. Abre a sua bocca com sabedoria, e a lei da beneficencia está na sua lingua.

27 Tsade. Attenta pelos passos de sua casa, e não come o pão da preguiça.

28 Koph. Levantam-se seus filhos, prezam-n’a por bemaventurada; como tambem seu marido, que a louva, dizendo:

29 Res. Muitas filhas obraram virtuosamente; porém tu a todas as sobrepujas.

30 Sin. Enganosa é a graça e vaidade a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada.

31 Thau. Dae-lhe do fructo das suas mãos, e louvem-n’a nas portas as suas obras.

[1] cap. 30.1.

[2] Isa. 49.15.

[3] cap. 5.9. Neh. 13.26. cap. 7.36.

[4] Ecc. 10.17.

[5] Ose. 4.11.

[6] Job 29.15, 16. I Sam. 19.4. Est. 4.16.

[7] Lev. 19.15. Deu. 1.16. Job 29.12. Isa. 1.17. Jer. 22.16.

[8] cap. 12.4 e 18.22 e 19.14.

[9] Rom. 12.11. Luc. 12.42.

[10] Eph. 4.28. Heb. 13.16.

[11] cap. 12.4.


LIVRO DO ECCLESIASTES,
OU

PRÉGADOR.

A vaidade de todas as coisas terrestres.

Antes de Christo 977

1 Palavras [1] do prégador, filho de David, rei em Jerusalem:

2 Vaidade [2] de vaidades! diz o prégador, vaidade de vaidades! é tudo vaidade.

3 Que vantagem [3] tem o homem, de todo o seu trabalho, que elle trabalha debaixo do sol?

4 Uma geração vae, e outra geração vem; porém a terra para sempre permanece.

5 E nasce o sol, e põe-se o sol, e aspira ao seu logar d’onde nasceu.

6 Vae para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vae girando o vento, [4] e volta o vento sobre os seus giros.

7 Todos os ribeiros vão para o mar, e comtudo o mar não se enche: para o logar para onde os ribeiros vão, para ali tornam elles a ir.

8 Todas estas coisas se cançam tanto, que ninguem o póde declarar: [5] os olhos se não fartam de vêr, nem se enchem os ouvidos de ouvir.

9 O [6] que foi isso é o que ha de ser; e o que se fez isso se fará; de modo que nada ha de novo debaixo do sol.

10 Ha alguma coisa de que se possa dizer: Vês isto, é novo? já foi nos seculos passados, que foram antes de nós.

11 não ha lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser tambem d’ellas não haverá lembrança, nos que hão de ser depois.

12 Eu, [7] o prégador, fui rei sobre Israel em Jerusalem.

13 E appliquei o meu coração a esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto succede debaixo do céu: [8] esta enfadonha occupação deu Deus aos filhos dos homens, para n’ella os exercitar.

14 Attentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e afflicção d’espirito.

15 Aquillo que é torto não se póde endireitar; aquillo que falta não se póde contar.

16 Fallei eu com o meu coração, dizendo: [9] Eis que eu me engrandeci, e augmentei em sabedoria, sobre todos os que houve antes de mim em Jerusalem: e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e a sciencia.

17 E appliquei [10] o meu coração a entender a sabedoria e a sciencia, os desvarios[601] e as doidices, e vim a saber que tambem isto era afflicção d’espirito.

18 Porque [11] na muita sabedoria ha muito enfado; e o que se augmenta em sciencia, accrescenta o trabalho.

[1] ver. 12. cap. 7.27 e 12.8, 9.

[2] cap. 12.8.

[3] cap. 2.22 e 3.9.

[4] João 3.8.

[5] Pro. 27.20.

[6] cap. 3.15.

[7] ver. 1.

[8] Gen. 3.19. cap. 3.10.

[9] I Reis 3.12, 13 e 4.30 e 10.7, 23. cap. 2.9.

[10] cap. 2.3, 12 e 7.23, 25. I The. 5.21.

[11] cap. 12.12.

Os prazeres e as riquezas não produzem a felicidade.

2 Disse eu no meu coração: [1] Ora vem, eu te provarei com alegria, attenta pois para o bem; porém eis que tambem isto era vaidade.

2 Ao riso disse: [2] Estás doido; e á alegria: De que serve esta?

3 Busquei [3] no meu coração como me daria ao vinho (regendo porém o meu coração com sabedoria), e como reteria a loucura, até vêr o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, durante o numero dos dias de sua vida.

4 Fiz para mim obras magnificas: edifiquei para mim casas: plantei para mim vinhas.

5 Fiz para mim hortas e jardins, e plantei n’elles arvores de toda a especie de fructa.

6 Fiz para mim tanques d’aguas, para regar com elles o bosque em que reverdeciam as arvores.

7 Adquiri servos e servas, e tive filhos de casa; tambem tive grande possessão de vaccas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalem.

8 Amontoei tambem para mim prata e oiro, e as joias de reis e das provincias; provi-me de cantores e cantoras, e das delicias dos filhos dos homens: d’instrumentos de musica, e de toda a sorte d’instrumentos.

9 E engrandeci, e [4] augmentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalem: perseverou tambem comigo a minha sabedoria.

10 E tudo quanto desejaram os meus olhos não lh’o neguei, nem retive o meu coração d’alegria alguma; mas o meu coração se alegrou de todo o meu trabalho, [5] e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.

11 E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como tambem para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade [6] e afflicção d’espirito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.

12 Então passei á contemplação da sabedoria, e dos desvarios, [7] e da doidice; porque que fará o homem que seguir ao rei? o que outros já fizeram;

13 Então vi eu que a sabedoria é mais excellente do que a estulticia, quanto a luz é mais excellente do que as trevas.

14 Os olhos [8] do sabio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas: tambem então entendi eu que o mesmo successo lhes succede a todos.

15 Pelo que eu disse no meu coração: Como succeder ao tolo, assim me succederá a mim; porque pois então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que tambem isto era vaidade.

16 Porque nunca haverá mais lembrança do sabio do que do tolo; porquanto de tudo quanto agora ha nos dias futuros total esquecimento haverá. E como morre o sabio? assim como o tolo.

17 Pelo que aborreci esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me parece má; porque tudo é vaidade e afflicção d’espirito.

18 Tambem eu aborreci todo o meu trabalho, em que eu trabalhei debaixo do sol, visto que eu havia de deixal-o ao homem que viesse depois de mim.

19 Porque quem sabe se será sabio ou tolo? todavia se assenhoreará sobre todo o meu trabalho em que trabalhei, e em que me houve sabiamente debaixo do sol; tambem isto é vaidade.

20 Pelo que eu me appliquei a fazer que o meu coração perdesse a esperança de todo o trabalho, em que trabalhei debaixo do sol.

21 Porque ha homem que trabalha com sabedoria, e sciencia, e destreza; todavia deixará o seu trabalho, como porção sua, a um homem que não trabalhou n’elle: tambem isto é vaidade e grande enfado.

22 Porque, [9] que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e fadiga do seu coração, em que elle anda trabalhando debaixo do sol?

23 Porque todos os seus dias [10] são dôres, e a sua occupação é vexação; até de noite não descança o seu coração: tambem isto é vaidade.

24 Não é pois bom para o homem que [11] coma e beba, e que faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? tambem eu vi que isto vem da mão de Deus.

25 (Porque quem pode comer, ou quem [TA] o pode gozar melhor do que eu?).

26 Porque ao homem que é bom diante d’elle dá Deus sabedoria e conhecimento[602] e alegria, porém ao peccador dá trabalho, para que elle ajunte, e amontoe, [12] para o dar ao bom perante a sua face. Tambem isto é vaidade e afflicção d’espirito.

[1] Luc. 12.19.

[2] Pro. 14.13.

[3] cap. 1.17.

[4] cap. 1.16.

[5] cap. 3.22 e 5.18 e 9.9.

[6] cap. 1.3, 14.

[7] cap. 1.17.

[8] Pro. 17.24. cap. 8.

[9] cap. 1.3 e 3.9.

[10] Job 5.7 e 14.1.

[11] cap. 3.12, 13, 22 e 5.18 e 8.15.

[12] Job 27.16, 17. Pro. 28.8.

Ha, para todas as coisas, um tempo determinado por Deus.

3 Tudo tem o seu [1] tempo determinado, e todo o proposito debaixo do céu tem o seu tempo:

2 Ha tempo de nascer, [2] e tempo de morrer: tempo de plantar, e tempo d’arrancar o que se plantou:

3 Tempo de matar, e tempo de curar: tempo de derribar, e tempo de edificar:

4 Tempo de chorar, e tempo de rir: tempo de prantear, e tempo de saltar:

5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras: tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar:

6 Tempo de buscar, e tempo de perder: tempo de guardar, e tempo de deitar fóra:

7 Tempo de rasgar, e tempo de coser: tempo de calar, [3] e tempo de fallar:

8 Tempo de amar, [4] e tempo de aborrecer: tempo de guerra, e tempo de paz.

9 Que [5] vantagem tem o trabalhador d’aquillo em que trabalha?

10 Tenho [6] visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com elle os affligir.

11 Tudo fez formoso em seu tempo: tambem poz o seculo no coração d’elles, [7] sem que o homem possa descobrir a obra que Deus fez desde o principio até ao fim.

12 tenho advertido [8] que não ha coisa melhor para elles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;

13 Como tambem que todo o homem [9] coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho: isto é um dom de Deus.

14 Sei eu que tudo quanto Deus faz isso durará eternamente: nada se lhe deve accrescentar, [10] e nada d’elle se deve diminuir; e isto faz Deus para que haja temor diante d’elle.

15 O que houve [11] d’antes ainda o ha agora: e o que ha de ser, já foi; e Deus pede conta do que passou.

16 Vi mais debaixo [12] do sol, no logar do juizo, que havia ali impiedade, e no logar da justiça que ali havia impiedade.

17 Eu disse no meu coração: [13] Deus julgará o justo e o impio; porque ali será o tempo para julgar de todo o intento e sobre toda a obra.

18 Disse eu no meu coração ácerca do estado dos filhos dos homens, que Deus lhes declararia; e elles o veriam, [14] que elles são como as bestas em si mesmos.

19 Porque o que succede aos filhos dos homens, isso mesmo tambem succede ás bestas, e o mesmo succede a elles ambos: como morre um, assim morre o outro; e todos teem o mesmo folego, e a vantagem dos homens sobre as bestas não é nenhuma, porque todos são vaidade.

20 Todos vão para um logar: [15] todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.

21 Quem [16] adverte que o folego dos filhos dos homens sobe para cima, e que o folego das bestas desce para baixo da terra?

22 Assim que tenho visto [17] que não ha coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; [18] porque quem o levará a vêr o que será depois d’elle?

[1] ver. 17. cap. 8.6.

[2] Heb. 9.27.

[3] Amós 5.13.

[4] Luc. 14.26.

[5] cap. 1.3.

[6] cap. 1.13.

[7] cap. 8.17. Rom. 11.33.

[8] ver. 22.

[9] cap. 2.24.

[10] Thi. 1.17.

[11] cap. 1.9.

[12] cap. 5.8.

[13] Rom. 2.6, 7, 8. II Cor. 5.10. II The. 1.6, 7. ver. 1.

[14] cap. 2.16.

[15] Gen. 3.19.

[16] cap. 12.7.

[17] ver. 12. cap. 2.24 e 5.18 e 11.9.

[18] cap. 2.10 e 8.7 e 10.14.

Os males e as tribulações da vida.

4 Depois me virei, [1] e attentei em todas as oppressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lagrimas dos que foram opprimidos e dos que não teem consolador; e a força estava da banda dos seus oppressores; porém elles não tinham consolador.

2 Pelo que eu louvei [2] os mortos que já morreram, mais do que os vivos que vivem ainda,

3 E melhor [3] que uns e outros é aquelle que ainda não é; que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.

4 Tambem vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, attrahe ao homem a inveja do seu proximo. Tambem isto é vaidade e afflicção d’espirito.

5 O tolo [4] cruza as suas mãos, e come a sua propria carne.

6 Melhor [5] é uma mão cheia com descanço do que ambos os punhos cheios com trabalho, e afflicção d’espirito.

7 Outra vez me tornei a virar, e vi uma vaidade debaixo do sol.

8 Ha um tal que é só, e não tem segundo, nem tão pouco filho nem irmã; e de todo o seu trabalho não ha fim, [6] nem o seu olho se farta de riquezas;[603] nem diz: Para quem trabalho eu, e privo a minha alma do bem? Tambem isto é vaidade e enfadonha occupação.

9 Melhores são dois do que um, porque teem melhor paga do seu trabalho.

10 Porque se vierem a cair, um levanta ao seu companheiro: mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante.

11 Tambem, se dois dormirem juntos, elles se aquentarão; mas um como se aquentará?

12 E, se alguem prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de tres dobras não se quebra tão depressa.

13 Melhor é o mancebo pobre e sabio do que o rei velho e insensato, que se não deixa mais admoestar.

14 Porque um sae do carcere para reinar; sim, um que nasceu pobre no seu reino.

15 Vi a todos os viventes andarem debaixo do sol com o mancebo, o successor que estará no seu logar.

16 Não tem fim todo o povo, todo o que houve antes d’elle; tão pouco os descendentes se alegrarão d’elle. Na verdade que tambem isto é vaidade e afflicção d’espirito.

[1] cap. 3.16 e 5.8.

[2] Job 3.17, etc.

[3] Job 3.11, 16, 21. cap. 6.3.

[4] Pro. 6.10 e 24.33.

[5] Pro. 15.16, 17 e 16.8.

[6] Pro. 27.20. I João 2.16.

Varios conselhos praticos.

5 Guarda [1] o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a offerecer sacrificios de tolos, pois não sabem que fazem mal.

2 Não te precipites com a tua bocca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; [2] pelo que sejam poucas as tuas palavras.

3 Porque, da muita occupação vem os sonhos, [3] e a voz do tolo da multidão das palavras.

4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpril-o; [4] porque não se agrada de tolos: o que votares, paga-o.

5 Melhor [5] é que não votes do que votes e não pagues.

6 Não consintas que a tua bocca faça peccar a tua carne, nem [6] digas diante do anjo que foi erro: por que causa se iraria Deus contra a tua voz, que destruisse a obra das tuas mãos?

7 Porque, como na multidão dos sonhos ha vaidades, assim o ha nas muitas palavras: [7] mas tu teme a Deus.

8 Se vires em alguma provincia oppressão de pobres, e violencia do juizo e da justiça, não te maravilhes de similhante caso; porque o que mais alto é do que os altos n’isso attenta; e ha mais altos do que elles.

9 O proveito da terra é para todos: até o rei se serve do campo.

10 O que amar o dinheiro nunca se fartará do dinheiro; e quem amar a abundancia nunca se fartará da renda: tambem isto é vaidade.

11 Onde a fazenda se multiplica, ali se multiplicam tambem os que a comem: que mais proveito pois teem os seus donos do que verem-n’a com os seus olhos?

12 Doce é o somno do trabalhador, quer coma pouco quer muito; porém a fartura do rico não o deixa dormir.

13 Ha mal que vi debaixo do sol, [8] e attrahe enfermidades: as riquezas que os seus donos guardam para o seu proprio mal;

14 Porque as mesmas riquezas se perdem com enfadonhas occupações, e gerando algum filho nada lhe fica na sua mão.

15 Como [9] saiu do ventre de sua mãe, assim nú se tornará, indo-se como veiu; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na sua mão.

16 Assim que tambem isto é um mal que attrahe enfermidades, que, infallivelmente, como veiu, assim se vae: e que proveito lhe vem de trabalhar para o vento,

17 E de haver comido todos os seus dias nas trevas, e de padecer muito enfado, e enfermidade, e cruel furor?

18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bella coisa: [10] comer e beber, e gozar-se do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol, durante o numero dos dias da sua vida que Deus lhe deu, [11] porque esta é a sua porção.

19 E todo [12] o homem, a quem Deus deu riquezas e fazenda, e lhe deu poder para comer d’ellas, e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho: isto é dom de Deus.

20 Porque não se lembrará muito dos dias da sua vida; porquanto Deus lhe responde com alegria do seu coração.

[1] Exo. 3.5.

[2] Pro. 10.19. Mat. 6.7.

[3] Pro. 10.19.

[4] Num. 30.2. Deu. 23.21, 22, 23.

[5] Pro. 20.25. Act. 5.4.

[6] I Cor. 11.10.

[7] cap. 12.13.

[8] cap. 6.1.

[9] Job 1.21. I Tim. 6.7.

[10] cap. 2.24 e 3.12, 13, 22 e 9.7 e 11.9.

[11] cap. 2.10 e 3.22.

[12] cap. 2.24 e 3.13 e 6.2.

É licito gozar os bens que Deus deu, mas estes não podem satisfazer a alma.

6 Ha [1] um mal que tenho visto debaixo do sol, e mui frequente é entre os homens:

2 Um homem a quem Deus deu riquezas,[604] fazenda e honra, [2] e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, [3] e Deus não lhe dá poder para d’ahi comer, antes o estranho lh’o come: tambem isto é vaidade e uma má enfermidade.

3 Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos annos, e os dias dos seus annos forem muitos, porém a sua alma se não fartar do bem, [4] e tambem não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que elle.

4 Porquanto debalde veiu, e ás trevas se vae, e de trevas se encobre o seu nome.

5 E ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanço tem do que o tal.

6 E, ainda que vivesse duas vezes mil annos e não visse o bem, porventura todos não vão para um mesmo logar?

7 Todo [5] o trabalho do homem é para a sua bocca, e comtudo nunca se enche a sua cubiça.

8 Porque, que mais tem o sabio do que o tolo? e que mais tem o pobre que sabe andar perante os vivos?

9 Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cubiça: tambem isto é vaidade, e afflicção de espirito.

10 Seja qualquer o que fôr, já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem, [6] e que não póde contender com o que é mais forte do que elle.

11 Na verdade que ha muitas coisas que multiplicam a vaidade: que mais tem o homem com ellas!

12 Porque quem sabe o que é bom n’esta vida para o homem, durante o numero dos dias da vida da sua vaidade, os quaes gasta como sombra? porque quem declarará ao homem que é o que passará depois d’elle debaixo do sol?

[1] cap. 5.13.

[2] Job 21.10, etc.

[3] Luc. 12.20.

[4] Isa. 14.19, 20. Jer. 22.19. Job 3.16. cap. 4.3.

[5] Pro. 16.26.

[6] Job 9.32. Isa. 45.9. Jer. 49.19.

As vantagens do soffrimento, da paciencia, e da moderação.

7 Melhor é a boa fama do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento d’alguem.

2 Melhor [1] é ir á casa do luto do que ir á casa do banquete, porque n’ella é o fim de todos os homens; e os vivos o applicam ao seu coração.

3 Melhor é o nojo do que o riso, [2] porque com a tristeza do rosto se encommenda o coração.

4 O coração dos sabios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.

5 Melhor [3] é ouvir a reprehensão do sabio, do que ouvir alguem a canção do tolo.

6 Porque qual o ruido dos espinhos debaixo d’uma panella, tal é o riso do tolo: tambem isto é vaidade.

7 Verdadeiramente que a oppressão faria endoidecer até ao sabio, [4] e a peita corrompe o coração.

8 Melhor é o fim das coisas do que o principio d’ellas: [5] melhor é o longanimo do que o altivo de coração.

9 Não te [6] apresses no teu espirito a irar-te, porque a ira repousa no seio dos tolos.

10 Nunca digas: Porque foram os dias passados melhores do que estes? porque nunca com sabedoria isto perguntarias.

11 Tão boa é a sabedoria como a herança, [7] e d’ella os que vêem o sol tiram proveito.

12 Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excellencia do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.

13 Attenta para a obra de Deus; [8] porque quem poderá endireitar o que elle fez torto?

14 No dia da prosperidade goza do bem, [9] mas no dia da adversidade considera; porque tambem Deus fez a este em opposição áquelle, para que o homem nada ache do que haverá depois d’elle.

15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: [10] ha um justo que perece na sua justiça, e ha um impio que prolonga os seus dias na sua maldade.

16 Não sejas [11] demasiadamente justo, nem demasiadamente sabio: para que te destruirias a ti mesmo?

17 Não sejas demasiadamente impio, nem sejas demasiadamente louco: para [12] que morrerias fóra de teu tempo?

18 Bom é que retenhas isto, e tambem d’isto não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isto.

19 A sabedoria [13] fortalece ao sabio, mais do que dez governadores que haja na cidade.

20 Na verdade que [14] não ha homem justo sobre a terra, que faça bem, e nunca peque.

21 Tão pouco appliques o teu coração a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir que o teu servo te amaldiçoa.

22 Porque o teu coração tambem [605] confessou muitas vezes que tambem tu amaldiçoaste a outros.

23 Tudo isto inquiri com sabedoria; e disse: [15] Sabedoria adquirirei; mas ella ainda estava longe de mim.

24 Longe [16] está o que foi; e o profundissimo quem o achará?

25 Eu virei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e para saber a impiedade da estulticia e a doidice dos desvarios.

26 E eu achei [17] uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laços, e as suas mãos ataduras: quem fôr bom diante de Deus escapará d’ella, mas o peccador virá a ser preso por ella.

27 Vedes aqui, isto achei, [18] diz o prégador, conferindo uma coisa com a outra para assim achar a razão d’ellas;

28 A qual ainda busca a minha alma, porém ainda não a achei; um homem entre mil achei eu, mas uma mulher entre todas estas não achei.

29 Vedes aqui, que isto tão sómente achei: que Deus fez ao homem recto, porém elles buscaram muitas invenções.

[1] Pro. 15.30 e 22.1.

[2] II Cor. 7.10.

[3] Pro. 13.18 e 15.31, 32.

[4] Exo. 23.8. Deu. 16.19.

[5] Pro. 14.29.

[6] Pro. 14.17 e 16.32. Thi. 1.19.

[7] cap. 11.7.

[8] Job 12.14. cap. 1.15. Isa. 14.27.

[9] cap. 3.4.

[10] cap. 8.14.

[11] Pro. 25.16. Rom. 12.3.

[12] Job 15.32. Pro. 10.27.

[13] Pro. 21.22 e 24.5. cap. 9.16, 18.

[14] I Reis 8.46. II Chr. 6.36. Pro. 20.9. Rom. 3.23. I João 1.8.

[15] Rom. 1.22.

[16] Rom. 11.33.

[17] Pro. 5.3, 4 e 22.14.

[18] cap. 1.1, 2.

A obediencia devida ao rei.

8 Quem é tal como o sabio? e quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem allumia o seu rosto, e a aspereza do seu rosto se muda.

2 Eu digo: [1] Observa o mandamento do rei, porém segundo a palavra do juramento que fizeste a Deus.

3 Não te apresses [2] a sair da presença d’elle, nem persistas em alguma coisa má, porque elle faz tudo o que quer.

4 Onde ha a palavra do rei, ahi está o poder; [3] e quem lhe dirá: Que fazes?

5 Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sabio saberá o tempo e o modo.

6 Porque para [4] todo o proposito ha seu tempo e seu modo; porquanto o mal do homem é muito sobre elle.

7 Porque não sabe [5] o que ha de succeder: e, quando haja de succeder, quem lh’o dará a entender?

8 Nenhum homem ha que tenha dominio sobre o espirito, para reter o espirito; nem tão pouco tem elle poder [6] sobre o dia da morte: como tambem nem armas n’esta peleja: nem tão pouco a impiedade livrará aos impios.

9 Tudo isto vi quando appliquei o meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol: tempo ha em que um homem tem dominio sobre outro homem, para desgraça sua.

10 Assim tambem vi os impios sepultados, [TB] e os que vinham, e sahiam do logar sancto, que foram esquecidos na cidade em que fizeram bem: tambem isto é vaidade.

O peccador não é logo castigado; o justo vê-se muitas vezes em adversidade.

11 Porquanto [7] logo se não executa o juizo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para obrar o mal.

12 Ainda [8] que o peccador faça mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, comtudo bem sei eu, [9] que bem succede aos que temem a Deus, aos que temerem diante d’elle.

13 Porém ao impio não irá bem, e elle não prolongará os dias; será como a sombra; visto que elle não teme diante de Deus.

14 Ainda ha outra vaidade que se faz sobre a terra: que ha justos a quem succede segundo as obras dos impios, e ha impios a quem succede segundo as obras dos justos. Digo que tambem isto é vaidade.

15 Assim que louvei eu a alegria, porquanto o homem coisa nenhuma melhor tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol.

16 Applicando eu o meu coração a entender a sabedoria, e a ver a occupação que ha sobre a terra; que nem de dia nem de noite vê o homem somno nos seus olhos.

17 Então vi toda a obra de Deus, [10] que o homem não pode alcançar, a obra que se faz debaixo do sol, pela qual trabalha o homem para a buscar, porém não a achará; e, ainda que diga o sabio que a virá a saber, nem por isso a poderá alcançar.

[1] Pro. 4.8, 9. Act. 6.15.

[2] Rom. 13.5. cap. 10.4.

[3] Job 34.18.

[4] cap. 3.1.

[5] Pro. 24.22. cap. 6.12 e 9.12 e 10.14.

[6] Job 14.5.

[7] Isa. 26.10.

[8] Isa. 65.20. Rom. 2.5.

[9] Isa. 3.10, 11. Mat. 25.34, 41.

[10] Job 5.9. cap. 3.11. Rom. 11.33.

As mesmas coisas succedem aos justos e injustos. Gozemos os bens que Deus nos dá.

9 Devéras revolvi todas estas coisas no meu coração, para claramente entender tudo isto: [1] que os justos, e os[606] sabios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus, como tambem que não conhece o homem nem o amor nem o odio, por tudo o que passa perante a sua face.

2 Tudo [2] succede a uns, como a todos os outros; o mesmo succede ao justo e ao impio; ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao peccador; ao que jura como ao que teme o juramento.

3 Este mal ha entre tudo quanto se faz debaixo do sol, que a todos succede o mesmo; e que tambem o coração dos filhos dos homens esteja cheio de maldade, e que haja desvarios no seu coração, na sua vida, e depois se vão aos mortos.

4 Porque para o que acompanha com todos os vivos ha esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).

5 Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco teem elles jámais paga, [3] mas a sua memoria ficou entregue ao esquecimento.

6 Até o seu amor, até o seu odio, e até a sua inveja já pereceu, e já não teem parte alguma n’este seculo, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

7 Vae, pois, come com alegria o teu pão [4] e bebe com bom coração o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.

8 Em todo o tempo sejam alvos os teus vestidos, e nunca falte o oleo sobre a tua cabeça.

9 Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da vida da tua vaidade, os quaes Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade: porque esta é a tua porção n’esta vida, e no teu trabalho, em que tu trabalhaste debaixo do sol.

10 Tudo quanto te vier á mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vaes, não ha obra, nem industria, nem sciencia, nem sabedoria alguma.

A sabedoria é muitas vezes mais util aos outros do que áquelle que a possue.

11 Volvi-me, [5] e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tão pouco dos sabios o pão, nem tão pouco dos prudentes as riquezas, nem tão pouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e o acaso lhes succedem a todos.

12 Que tambem [6] o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, [7] assim se enlaçam tambem os filhos dos homens no mau tempo, quando cae de repente sobre elles.

13 Tambem vi esta sabedoria debaixo do sol, que foi para comigo grande;

14 Houve [8] uma pequena cidade em que havia poucos homens, e veiu contra ella um grande rei, e a cercou e levantou contra ella grandes tranqueiras:

15 E se achou n’ella um sabio pobre, que livrou aquella cidade pela sua sabedoria, e ninguem se lembrava d’aquelle pobre homem.

16 Então disse eu: [9] Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e as suas palavras não foram ouvidas.

17 As palavras dos sabios em silencio se devem ouvir, mais do que o clamor do que domina sobre os tolos.

18 Melhor [10] é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um peccador destroe muitos bens.

[1] cap. 8.14.

[2] Job 21.7, etc. Mal. 3.15.

[3] Job 7.8, 9, 10. Isa. 26.14.

[4] cap. 8.15.

[5] Amós 2.14, 15. Jer. 9.23.

[6] cap. 8.7.

[7] Pro. 29.6. Luc. 12.20, 39 e 17.26, etc. I The. 5.3.

[8] II Sam. 20.16-22.

[9] Pro. 21.22 e 24.5. cap. 7.19. ver. 18. Mar. 6.2, 3.

[10] ver. 16. Jos. 7.1, 11, 12.

A loucura é a causa de muitas desgraças.

10 Assim como a mosca morta faz [TC] exhalar mau cheiro e evaporar o unguento do perfumador, assim o faz ao famoso em sabedoria e em honra uma pouca de estulticia.

2 O coração do sabio está á sua dextra, mas o coração do tolo está á sua esquerda.

3 E, até quando o tolo vae pelo caminho, falta-lhe o seu entendimento [1] e diz a todos que é tolo.

4 Levantando-se contra ti o espirito do governador, [2] não deixes o teu logar, porque [TD] é um remedio que aquieta grandes peccados.

5 Ainda ha um mal que vi debaixo do sol, como o erro que procede de diante do governador.

6 Ao tolo [3] assentam em grandes alturas, mas os ricos estão assentados na baixeza.

7 Vi os servos [4] a cavallo, e os principes que andavam a pé como servos sobre a terra.

[607]

8 Quem [5] cavar uma cova, cairá n’ella, e, quem romper um muro, uma cobra o morderá.

9 Quem acarretar pedras, será maltratado por ellas, e o que rachar lenha perigará com ella.

10 Se estiver embotado o ferro, e não se amollar o córte, então se devem pôr mais forças: mas a sabedoria é excellente para dirigir.

11 [TE] Se a cobra [6] morder, não estando encantada, então remedio nenhum se espera do encantador, por mais habil que seja.

12 Nas palavras [7] da bocca do sabio ha favor, porém os labios do tolo o devoram.

13 O principio das palavras da sua bocca é a estulticia, e o fim da sua bocca um desvario pessimo.

14 Bem que [8] o tolo multiplique as palavras, não sabe o homem o que ha de ser; e quem lhe fará saber o que será depois d’elle?

15 O trabalho dos tolos a cada um d’elles fatiga, porque não sabem ir á cidade.

16 Ai de ti, [9] ó terra, cujo rei é criança, e cujos principes comem de manhã.

17 Bemaventurada tu, ó terra, cujo rei é filho dos nobres, [10] e cujos principes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice.

18 Pela muita preguiça se [TF] enfraquece o tecto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa.

19 Para rir se fazem convites, e o vinho alegra a vida, e por tudo o dinheiro responde.

20 Nem [11] ainda no teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem tão pouco no mais interior da tua recamara amaldiçoes ao rico: porque as aves dos céus levariam a voz, e os que teem azas dariam noticia da palavra.

[1] Pro. 13.16 e 18.2.

[2] cap. 8.3.

[3] Est. 3.1.

[4] Pro. 19.10 e 30.22.

[5] Pro. 26.27.

[6] Jer. 8.17.

[7] Pro. 10.32 e 12.13. Pro. 10.14 e 18.7.

[8] Pro. 15.2. cap. 3.22 e 8.7.

[9] Isa. 3.4, 5, 12 e 5.11.

[10] Pro. 31.4.

[11] Exo. 22.28. Act. 23.5.

Façamos o que é bom no tempo opportuno.

11 Lança o [1] teu pão sobre as aguas, porque depois de muitos dias o acharás.

2 Reparte [2] com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra.

3 Estando as nuvens cheias, vazam a chuva sobre a terra, e caindo a arvore para o sul, ou para o norte, no logar em que a arvore cair ali ficará.

4 Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.

5 Assim como tu não sabes [3] qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher gravida, assim tu não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.

6 Pela manhã semeia a tua semente, e á tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual será recto, se isto, se aquillo, ou se ambas estas coisas egualmente serão boas.

7 Devéras suave é a luz, e agradavel é aos olhos ver o sol.

8 Porém se o homem viver muitos annos, e em todos elles se alegrar, tambem se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos, e tudo quanto succedeu é vaidade.

9 Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e [4] anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos: sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juizo.

10 Afasta pois a ira do teu coração, [5] e remove da tua carne o mal, porque a adolescencia e a juventude são vaidade.

[1] Isa. 32.20. Pro. 19.17. Mat. 10.42. II Cor. 9.8. Gal. 6.9, 10.

[2] Luc. 6.30. I Tim. 6.18, 19. Miq. 5.5. Eph. 5.16.

[3] João 3.8.

[4] cap. 12.14. Rom. 2.6-11.

[5] II Cor. 7.1. II Tim. 2.22.

A mocidade deve preparar-se para a velhice e morte.

12 Lembra-te [1] do teu Creador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os annos dos quaes venhas a dizer: [2] Não tenho n’elles contentamento:

2 Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrellas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;

3 No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os fortes varões, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janellas;

4 E as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruido da moedura, e se levantar á voz das aves, [3] e todas as vozes do canto se encurvarem:

5 Como tambem quando temerem os logares altos, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto o carregar, e perecer o appetite, porque o homem se vae á sua [TG] eterna casa, [4] e os pranteadores andarão rodeando pela praça.

6 Antes que se quebre a cadeia de[608] prata, e se despedace o copo d’oiro, e se despedace o cantaro junto á fonte, e se despedace a roda junto ao poço,

7 E o pó voltar [5] á terra, como o era, e o espirito voltar a Deus, que o deu.

8 Vaidade de vaidade, diz o prégador, tudo é vaidade.

9 E, quanto mais o prégador foi sabio, tanto mais sabedoria ao povo ensinou, e attentou, e esquadrinhou, [6] e compoz muitos proverbios.

Todo o dever do homem consiste em temer a Deus e em guardar os seus mandamentos.

10 Procurou o prégador achar palavras agradaveis; e o escripto é a rectidão, palavras de verdade.

11 As palavras dos sabios são como aguilhões, e como pregos, bem affixados pelos mestres das congregações, que nos foram dados pelo unico Pastor.

12 E, de mais d’isto, filho meu, attenta: não ha limite para [TH] fazer livros, e o muito estudar [7] enfado é da carne.

13 De tudo o que se tem ouvido, o fim da coisa é: [8] Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.

14 Porque [9] Deus ha de trazer a juizo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau.

[1] Pro. 22.6. Lam. 3.27.

[2] II Sam. 19.35.

[3] II Sam. 19.35.

[4] Job 17.13. Jer. 9.17.

[5] Gen. 3.19. Job 34.15. cap. 3.21. Job 34.14. Isa. 57.16. Zac. 12.1.

[6] I Reis 4.32.

[7] cap. 1.18.

[8] Deu. 6.2 e 10.12.

[9] cap. 11.9. Mat. 12.36. Act. 17.30, 31. Rom. 2.16 e 14.10, 12. I Cor. 4.5. II Cor. 5.10.


CANTARES DE SALOMÃO.

A esposa anhela pelo seu esposo.

Antes de Christo 1014

1 Cantico de canticos, que é de Salomão.

2 Beije-me elle com os beijos da sua bocca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.

3 Para [1] cheirar são bons os teus unguentos, como o unguento derramado o teu nome é; por isso as virgens te amam.

4 Leva-me tu, correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recamaras: em ti nos regozijaremos e nos alegraremos: do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho: os rectos te amam.

5 Morena sou, porém aprazivel, ó filhas de Jerusalem, como as tendas de Kedar, como as cortinas de Salomão.

6 Não olheis para o eu ser morena; porque o sol resplandeceu sobre mim: os filhos de minha mãe se indignaram contra mim, pozeram-me por guarda de vinhas; a minha vinha que me pertence não guardei.

7 Dize-me, ó tu, a quem a minha alma ama: Onde apascentas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia: pois por que razão seria eu como a que se cobre ao pé dos rebanhos de teus companheiros?

8 Se tu o não sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sae-te pelas pizadas das ovelhas, e apascenta [TI] as tuas cabras junto ás moradas dos pastores.

9 Ás eguas dos carros de Pharaó te comparo, [2] ó amiga minha.

10 Agradaveis são as tuas [3] faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os collares.

11 Enfeites d’oiro te faremos, com bicos de prata.

12 Emquanto o rei está assentado á sua mesa, dá o meu nardo o seu cheiro.

13 O meu amado é para mim um ramalhete de myrrha, morará entre os meus peitos.

14 Um [TJ] cacho de Chypre nas vinhas d’Engedi é para mim o meu amado.

15 Eis que és formosa, [4] ó amiga minha, eis que és formosa: os teus olhos são como os das pombas.

16 Eis que és gentil e agradavel, ó amado meu; o nosso leito é viçoso.

17 As traves da nossa casa são de cedro, as nossas varandas de cypreste.

[1] Phi. 3.12, 13, 14. João 14.2. Eph. 2.6.

[2] cap. 2.2, 10, 13 e 4.1, 7 e 5.2 e 6.4. João 15.14, 15. II Chr. 1.16, 17.

[3] Eze. 16.11, 12, 13.

[4] cap. 4.1 e 5.12.

2 Eu sou a rosa de Saron, o lyrio dos valles.

2 Qual o lyrio entre os espinhos, tal é a minha amiga entre as filhas.

3 Qual a macieira entre as arvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos: desejo muito a sua sombra, e debaixo[609] d’ella me assento; [1] e o seu fructo é doce ao meu paladar.

4 Levou-me á [TK] sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.

5 Sustentae-me com passas, esforçae-me com maçãs, porque desfalleço d’amor.

6 A [2] sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace.

7 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, pelas [TL] corças e cervas do campo, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira.

8 Esta é a voz do meu amado: eil-o ahi, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.

9 O meu amado [4] é similhante ao corço, ou ao filho do veado: eis que está detraz da nossa parede, olhando pelas janellas, reluzindo pelas grades.

10 O meu amado responde e me diz: Levanta-te, [5] amiga minha, formosa minha, e vem.

11 Porque eis que passou o inverno: a chuva cessou, e se foi:

12 As flores se mostram na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola se ouve em nossa terra:

13 A figueira brotou os seus figuinhos, e as vides em flor dão o seu cheiro: [6] levanta-te, amiga minha, formosa minha, e vem.

14 Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no occulto das ladeiras, mostra-me a tua face, [7] faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face aprazivel.

15 Tomae-nos [8] as raposas, as raposinhas, que fazem mal ás vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor.

16 O meu amado [9] é meu, e eu sou d’elle: elle apascenta o seu rebanho entre os lyrios.

17 Até [10] que sopre o dia, e fujam as sombras, [11] volta, amado meu: faze-te similhante á corça ou ao filho dos veados sobre os montes de Bether.

[1] Apo. 22.1, 2.

[2] cap. 8.3.

[3] cap. 3.5 e 8.4.

[4] ver. 17.

[5] ver. 13.

[6] ver. 10.

[7] cap. 8.13.

[8] Eze. 13.4. Luc. 13.32.

[9] cap. 6.3 e 7.10.

[10] cap. 4.6.

[11] ver. 9. cap. 8.14.

3 De noite [1] busquei em minha cama a quem a minha alma ama: busquei-o, e não o achei.

2 Levantar-me-hei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei a quem ama a minha alma: busquei-o; e não o achei.

3 Acharam-me [2] os guardas, que rondavam pela cidade: eu lhes perguntei: Vistes a quem ama a minha alma?

4 Apartando-me eu um pouco d’elles, logo achei a quem ama a minha alma: agarrei-me a elle, e não o larguei, até que o introduzi em casa de minha mãe, na camara d’aquella que me gerou.

5 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, pelas corças e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o meu amor, até que queira.

O cortejo nupcial. O esposo exprime o seu amor pela esposa.

6 Quem é esta [4] que sobe do deserto, como umas columnas de fumo, perfumada de myrrha, de incenso, e de toda a sorte de pós do especieiro?

7 Eis que é a cama de Salomão; sessenta valentes estão ao redor d’ella, dos valentes d’Israel:

8 Todos armados d’espadas, dextros na guerra: cada um com a sua espada á coxa por causa dos temores nocturnos.

9 O rei Salomão fez para si um [TM] thalamo de madeira do Libano.

10 Fez-lhe as columnas de prata, o estrado d’oiro, o assento de purpura, o interior [TN] coberto com o amor das filhas de Jerusalem.

11 Sahi, ó filhas de Sião, e contemplae ao rei Salomão com a corôa com que o coroou sua mãe no dia do seu desposorio e no dia do jubilo do seu coração.

[1] Isa. 26.9.

[2] cap. 5.7.

[3] cap. 2.7 e 8.4.

[4] cap. 8.5.

4 Eis que [1] és formosa, amiga minha, eis que és formosa: os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças: o teu cabello é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gilead.

2 Os [2] teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e todas ellas produzem gemeos, e nenhuma ha esteril entre ellas.

3 Os teus labios são como um fio d’escarlate, e o teu fallar é doce: [3] a fonte da tua cabeça como um pedaço de romã [TO] entre as tuas tranças.

4 O teu pescoço [4] é como a torre de David, edificada para pendurar armas: mil escudos pendem d’ella, todos rodellas de valorosos.

5 Os teus dois peitos [5] são como dois filhos gemeos da corça, que se apascentam entre os lyrios.

6 Até [6] que sopre o dia, e fujam as sombras, irei ao monte da myrrha e ao outeiro do incenso.

7 Tu és toda formosa, [7] amiga minha, e em ti não ha mancha.

[610]

8 Vem comigo do Libano, ó esposa, comigo do Libano vem: olha desde o cume de Amana, [8] desde o cume de Senir e de Hermon, desde as moradas dos leões, desde os montes dos leopardos.

9 Tiraste-me o coração, irmã minha, ó esposa: tiraste-me o coração com um dos teus olhos, com um collar do teu pescoço.

10 Que bellos são os teus amores, irmã minha! oh esposa minha! quanto melhores são os teus amores [9] do que o vinho! e o cheiro dos teus unguentos do que o de todas as especiarias!

11 Favos de mel estão manando dos teus labios, [10] ó esposa! mel e leite estão debaixo da tua lingua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Libano.

12 Jardim fechado és tu, irmã minha, esposa minha, manancial fechado, fonte sellada.

13 Os teus renovos são um pomar de romãs, com fructos excellentes, o cypreste com o nardo,

14 O nardo, e o açafrão, o calamo, e a canella, com toda a sorte d’arvores d’incenso, a myrrha e aloes, com todas as principaes especiarias.

15 És a fonte [11] dos jardins, poço das aguas vivas, que correm do Libano!

16 Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul: assopra no meu jardim, para que distillem os seus aromas: ah! se viesse o meu amado para o seu jardim, e comesse os seus fructos excellentes!

[1] cap. 1.15 e 5.12.

[2] cap. 6.6.

[3] cap. 6.7.

[4] cap. 7.4.

[5] Pro. 5.19. cap. 7.3.

[6] cap. 2.17.

[7] Eph. 5.27.

[8] Deu. 3.9.

[9] cap. 1.2.

[10] Pro. 24.13, 14. cap. 5.1. Gen. 27.27. Ose. 14.6, 7.

[11] João 4.10 e 7.38.

A esposa finge indifferença pelo esposo, mas segue-o immediamente, busca-o e reconcilia-se com elle.

5 Já vim para o meu jardim, irmã minha, ó esposa: colhi a minha myrrha com a minha especiaria, [1] comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite: [2] comei, amigos, [TP] bebei, ó amados, e embriagae-vos.

2 Eu estava dormindo, mas o meu coração vigiava: [3] eis a voz do meu amado que estava batendo: abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, perfeita minha, porque a minha cabeça está cheia d’orvalho, as minhas guedelhas das gottas da noite;

3 despi os meus vestidos; como os tornarei a vestir? lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?

4 O meu amado metteu a sua mão pelo buraco da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor d’elle.

5 Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos distillavam myrrha, e os meus dedos gottejavam myrrha sobre as aldrabas da fechadura.

6 Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e tinha ido: a minha alma se derreteu quando elle fallou; [4] busquei-o e não o achei, chamei-o, e não me respondeu.

7 Acharam-me os guardas [5] que rondavam pela cidade: espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o meu véu os guardas dos muros.

8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalem, que, se achardes o meu amado, lhe digaes que estou enferma de amor.

9 Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, [6] a mais formosa entre as mulheres? que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuraste?

10 O meu amado é candido e rubicundo; elle traz a bandeira entre dez mil.

11 A sua cabeça é como o oiro mais apurado, as suas guedelhas crespas, pretas como o corvo.

12 Os seus olhos [7] são como os das pombas junto ás correntes das aguas, lavados em leite, postos em engaste.

13 As suas faces são como um canteiro de [TQ] especiaria, como [TR] caixas aromaticas; os seus labios são como lyrios que gottejam myrrha distillante.

14 As suas mãos como anneis d’oiro que teem engastadas as turquezas: o seu [TS] ventre como alvo marfim, coberto de saphiras.

15 As suas pernas como columnas de marmore, fundadas sobre bases de oiro puro; o seu parecer como o Libano, excellente como os cedros.

16 O seu [TT] fallar é muitissimo suave, e todo elle totalmente desejavel. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalem.

[1] cap. 4.16. cap. 4.11.

[2] João 15.14.

[3] Apo. 3.20.

[4] cap. 3.1.

[5] cap. 3.3.

[6] cap. 1.8.

[7] cap. 1.15 e 4.1.

6 Para onde foi o teu amado, [1] ó mais formosa entre as mulheres? para onde virou a vista o teu amado, e o buscaremos comtigo?

2 O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros da especiaria, para se apascentar nos jardins e para colher os lyrios.

3 Eu sou [2] do meu amado, [3] e o meu amado é meu: elle se apascenta entre os lyrios.

[611]

4 Formosa és, amiga minha, como Tirza, aprazivel como Jerusalem, formidavel como um exercito com bandeiras.

5 Desvia de mim os teus olhos, porque elles me perturbam. [4] O teu cabello é como o rebanho das cabras que pastam em Gilead.

6 Os teus dentes [5] são como o rebanho d’ovelhas que sobem do lavadouro, e todas produzem gemeos, e não ha esteril entre ellas.

7 Como [6] um pedaço de romã, assim são as tuas faces [TU] entre as tuas tranças.

8 Sessenta são as rainhas, e oitenta as concubinas, e as virgens sem numero.

9 Porém uma é a minha pomba, a minha perfeita, a unica de sua mãe, e a mais querida de aquella que a pariu: vendo-a, as filhas a chamarão bemaventurada, as rainhas e as concubinas a louvarão.

10 Quem é esta que apparece como a alva do dia, formosa como a lua, [7] lustrosa como o sol, formidavel como um exercito com bandeiras?

11 Desci ao jardim das nogueiras, para ver os novos fructos do valle, a ver se floresciam as vides e brotavam as romeiras.

12 Antes de eu o sentir, me poz a minha alma nos carros do meu povo voluntario.

13 Volta, volta, ó Sulamitha, volta, volta, para que nós te vejamos. Porque olhas para a Sulamitha [TV] como para as fileiras de dois exercitos?

[1] cap. 1.8.

[2] cap. 2.16 e 7.10.

[3] cap. 4.1.

[4] cap. 4.2.

[5] cap. 4.3.

[6] ver. 4.

[7] cap. 7.12.

7 Que formosos são os teus pés nos sapatos, ó filha do principe! As voltas de tuas coxas são como joias, segundo a obra de mãos d’artifice.

2 O teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão de trigo, sitiado de lyrios.

3 Os teus dois peitos [1] como dois filhos gemeos da corça.

4 O teu pescoço [2] como a torre de marfim: os teus olhos como os viveiros de Hesbon, junto á porta de Bath-arabbim: o teu nariz como torre do Libano, que olha para Damasco.

5 A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabellos da tua cabeça como a purpura: o rei está atado [TW] ás varandas.

6 Quão formosa, e quão aprazivel és, ó amor em delicias!

7 Esta tua estatura é similhante á palmeira; e os teus peitos são similhantes aos cachos d’uvas.

8 Dizia eu: Subirei á palmeira, pegarei de seus ramos; e então os teus peitos serão como os cachos na vide, e o cheiro dos teus narizes como os das maçãs.

9 E o teu paladar como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e faz com que fallem os labios dos que dormem.

10 Eu sou [3] do meu amado, e elle me tem affeição.

11 Vem, ó amado meu, saiamos nós ao campo, passemos as noites nas aldeias.

12 Levantemo-nos de manhã para ir ás vinhas, [4] vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; ali te darei o meu grande amor.

13 As mandragoras [5] dão cheiro, e ás nossas portas ha toda a sorte d’excellentes fructos, novos e velhos: ó amado meu, eu os guardei para ti.

[1] cap. 4.5.

[2] cap. 4.4.

[3] cap. 2.16 e 6.2.

[4] cap. 6.11.

[5] Gen. 30.14. Mat. 13.52.

8 Ah! quem me dera que me fôras como irmão, e mamáras os peitos de minha mãe! que te achara na rua, e te beijára, e nem me desprezariam!

2 Te levaria e introduziria na casa de minha mãe, e tu me ensinarias; [1] e te daria a beber vinho aromatico e do mosto das minhas romãs.

3 A sua mão esquerda [2] esteja debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abrace.

4 Conjuro-vos, [3] ó filhas de Jerusalem, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira.

O amor inalteravel do esposo para com a esposa.

5 Quem [4] é esta que sobe do deserto, e vem encostada tão aprazivelmente ao seu amado? Debaixo d’uma macieira te despertei, ali te produziu tua mãe com dores; ali te produziu com dores aquella que te pariu.

6 Põe-me [5] como sello sobre o teu coração, como sello sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciume: as suas brazas são brazas de fogo, labaredas do Senhor.

7 As muitas aguas não poderiam apagar este amor, nem os rios afogal-o: ainda que desse alguem toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam.

8 Temos uma irmã pequena, que ainda[612] não tem peitos: que faremos a esta nossa irmã, no dia em que d’ella se fallar?

9 Se ella fôr um muro, edificaremos sobre ella um palacio de prata; e, se ella fôr uma porta, a cercaremos com taboas de cedro.

10 Eu sou um muro, e os meus peitos são como umas torres: então eu era aos seus olhos como aquella que acha paz.

11 Teve [6] Salomão uma vinha em Baal-hamon; entregou esta vinha a uns guardas; e cada um lhe trazia pelo seu fructo mil peças de prata.

12 A minha vinha que tenho está diante de mim: as mil peças de prata são para ti, ó Salomão, e duzentas para os guardas do seu fructo.

13 Ó tu, a que habitas nos jardins, para a tua voz os companheiros attentam; [7] faze-m’a pois tambem ouvir.

14 Vem depressa, [8] amado meu, e faze-te similhante ao corço ou ao filho dos veados sobre os montes dos aromas.

[1] Pro. 9.2.

[2] cap. 2.6.

[3] cap. 2.7 e 3.5.

[4] cap. 3.6.

[5] Agg. 2.23.

[6] Mat. 21.33.

[7] cap. 2.14.

[8] cap. 2.17.


ISAIAS.

Descripção dos peccados e dos soffrimentos do povo, com exhortações e ameaças.

Antes de Christo 760

1 Visão [1] d’Isaias, filho d’Amós, a qual viu sobre Judah e Jerusalem, nos dias d’Uzias, Jothão, Achaz, e Ezequias, reis de Judah.

2 Ouvi, [2] ó céus, e presta ouvido, tu ó terra; porque falla o Senhor: Criei filhos, e exalcei-os; mas elles prevaricaram contra mim.

3 O boi conhece [3] o seu possuidor, e o jumento a mangedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.

4 Ai da nação peccadora, do povo carregado d’iniquidade, da semente de malignos, [4] dos filhos corruptores: deixaram ao Senhor, blasphemaram o Sancto d’Israel, tornaram-se para traz.

5 Porque [5] ainda mais serieis castigados? ainda tanto mais vos rebellarieis: toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.

6 Desde a planta do pé até á cabeça não ha n’elle coisa inteira, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, [6] nem vendadas, nem nenhuma d’ellas amollecida com oleo.

7 A vossa terra é uma assolação, [7] as vossas cidades estão abrazadas do fogo: a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e é uma assolação, como a subversão por estranhos.

8 E a filha de Sião se ficou como a cabana na vinha, [8] como a choupana no pepinal, como a cidade cercada.

9 Se o [9] Senhor dos Exercitos nos não deixara algum pouco de resto, [10] como Sodoma seriamos, e similhantes a Gomorrha.

10 Ouvi a palavra do Senhor, vós [TX] [11] principes de Sodoma: prestae ouvidos á lei do nosso Deus, vós, ó povo de Gomorrha.

11 De que me serve a mim a multidão de vossos [12] sacrificios, diz o Senhor? estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura d’animaes cevados: nem folgo com o sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.

12 Quando [13] vindes a apparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viesseis a pisar os meus atrios?

13 Não me tragaes [14] mais offertas debalde: o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sabbados, e a convocação das congregações; não posso supportar iniquidade, nem mesmo o ajuntamento solemne.

14 As vossas luas novas, [15] e as vossas solemnidades as aborrece a minha alma; me são pesadas: estou cançado de as soffrer.

15 Pelo que, quando estendeis [16] as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; [17] e até quando multiplicaes a oração não ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.

[613]

16 Lavae-vos, [18] purificae-vos, tirae a maldade de vossos actos de diante dos meus olhos: cessae de fazer mal:

17 Aprendei a fazer bem; [19] procurae o juizo; ajudae o oppresso; fazei justiça ao orphão; tratae da causa das viuvas.

18 Vinde agora, e argui-me, [20] diz o Senhor: ainda que os vossos peccados sejam como a escarlata, elles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam vermelhos como o carmezim, se tornarão como a branca lã.

19 Se quizerdes, e ouvirdes, comereis o bem d’esta terra.

20 Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados á espada; [21] porque a bocca do Senhor o disse.

21 Como [22] se fez prostituta a cidade fiel! ella que estava cheia de juizo, justiça habitava n’ella, mas agora homicidas.

22 A tua prata [23] se tornou em escorias, o teu vinho se misturou com agua.

23 Os teus principes [24] são rebeldes, e companheiros dos ladrões: cada um d’elles ama as peitas, e correm após salarios: não fazem justiça ao orphão, e não chega perante elles a causa das viuvas.

24 Porquanto diz o Senhor Deus dos Exercitos, o Forte de Israel: [25] Ah, consolar-me-hei ácerca dos meus adversarios, e vingar-me-hei dos meus inimigos:

25 E tornarei contra a minha mão, [26] e purificarei [TY] inteiramente as tuas escorias; e tirar-te-hei todo o teu estanho.

26 E te restituirei os teus juizes, [27] como foram d’antes; e os teus conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade de justiça, cidade fiel.

27 Sião será remida com juizo, e os que voltam para ella com justiça.

28 Mas para os transgressores [28] e os peccadores haverá juntamente [TZ] destruição; e os que deixarem o Senhor serão consumidos.

29 Porque vos envergonhareis pelos carvalhos que cubiçastes, e sereis confundidos [29] pelos jardins que escolhestes.

30 Porque sereis como o carvalho, ao qual caem as folhas, e como a floresta que não tem agua.

31 E o forte se [30] tornará em estopa, e a sua obra em faisca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague.

[1] Num. 12.6.

[2] Deu. 32.1. Jer. 2.12 e 6.19 e 22.29. Eze. 36.4. Miq. 1.2 e 6.1, 2.

[3] Jer. 8.7. Jer. 9.3, 6.

[4] cap. 57.3, 4. Mat. 3.7.

[5] cap. 9.13. Jer. 2.30 e 5.3.

[6] Jer. 8.22.

[7] Deu. 28.51, 52.

[8] Job 27.18. Lam. 2.6. Jer. 4.17.

[9] Lam. 3.22. Rom. 9.29.

[10] Gen. 19.24.

[11] Deu. 32.32.

[12] I Sam. 15.22. Pro. 21.27. cap. 66.3. Jer. 6.20 e 7.21. Amós 5.21, 22. Miq. 6.7.

[13] Exo. 23.17 e 34.23.

[14] Mat. 15.9. Joel 1.14.

[15] Num. 28.11. Lev. 23.2, etc. cap. 43.24.

[16] Job 27.9. cap. 59.2. Jer. 14.12. Miq. 3.4.

[17] I Tim. 2.8. cap. 59.3.

[18] Jer. 4.14. Amós 5.15. Rom. 12.9. I Ped. 3.11.

[19] Jer. 22.3, 16. Miq. 6.8. Zac. 7.9.

[20] cap. 43.26. Miq. 6.2. Apo. 7.14.

[21] Num. 23.19. Tito 1.2.

[22] Jer. 2.20, 21.

[23] Jer. 6.28, 30. Eze. 22.18, 19.

[24] Ose. 9.15. Pro. 29.24. Jer. 22.17. Eze. 22.12. Ose. 4.18. Miq. 3.11 e 7.3. Jer. 5.28. Zac. 7.10.

[25] Deu. 28.63. Eze. 5.13.

[26] Jer. 6.29 e 9.7. Mal. 3.3.

[27] Jer. 33.7. Zac. 8.3.

[28] Job 31.3.

[29] cap. 57.5. cap. 65.3 e 66.17.

[30] Eze. 32.21. cap. 43.17.

A gloria futura do verdadeiro Israel. Juizos preparatorios. O dia do Senhor. A purificação de Jerusalem.

2 [UA] Visão que viu Isaias, filho de Amós, no tocante a Judah e a Jerusalem:

2 E acontecerá no ultimo dos dias que [1] se firmará o monte da casa do Senhor no cume dos montes, e se exalçará por cima dos outeiros: e concorrerão a elle todas as nações.

3 E irão muitos povos, e dirão: Vinde, [2] subamos ao monte do Senhor, á casa do Deus de Jacob, para que nos ensine ácerca dos seus caminhos, e andemos nas suas veredas; [3] porque de Sião sairá a [UB] lei, e de Jerusalem a palavra do Senhor.

4 E julgará entre as gentes, e reprehenderá a muitos povos; [4] e converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices: não alçará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerrear.

5 Vinde, ó casa de Jacob: [5] e andemos na luz do Senhor.

6 Porém tu desamparaste ao teu povo, a casa de Jacob; [6] porque se encheram [UC] d’impiedade mais do que os do oriente e são agoureiros como os philisteos; e [UD] mostram o seu contentamento nos filhos dos estranhos.

7 E a sua terra está [7] cheia de prata e oiro, e não ha fim de seus thesouros: tambem está cheia a sua terra de cavallos, e dos seus carros não ha fim.

8 Tambem está cheia [8] a sua terra de idolos: inclinaram-se perante a obra das suas mãos, perante o que fabricaram os seus dedos.

9 Ali o povo se abate, e os nobres se humilham: portanto lhes não perdoarás.

10 Vae, entra nas [9] rochas, e esconde-te no pó, da presença espantosa do Senhor e da gloria da sua magestade.

11 Os olhos altivos [10] dos homens[614] serão abatidos, e a altivez dos varões será humilhada: [11] e só o Senhor será exaltado n’aquelle dia.

12 Porque o dia do Senhor dos Exercitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o exalçado, para que seja abatido;

13 E contra todos [12] os cedros do Libano, altos e sublimes, e contra todos os carvalhos de Basan;

14 E contra todos [13] os montes altos, e contra todos os outeiros levantados;

15 E contra toda a torre alta, e contra todo o muro firme;

16 E contra [14] todos os navios de Tarsis, e contra todas as [UE] pinturas desejaveis.

17 E a altivez [15] do homem será humilhada, e a altivez dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado n’aquelle dia.

18 E todos os idolos totalmente perecerão.

19 Então metter-se-hão pelas cavernas das rochas, [16] e pelas concavidades da terra, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa da gloria da sua magestade, quando elle se levantar para espantar a terra.

20 N’aquelle [17] dia o homem lançará ás toupeiras e aos morcegos os seus idolos de prata, e os seus idolos d’oiro, que se fizeram para se prostrarem diante d’elles.

21 E metter-se-hão [18] pelas fendas das rochas, e pelas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor, e por causa da gloria da sua magestade, quando elle se levantar para espantar a terra.

22 Pelo que deixae-vos do homem cujo folego está no seu nariz; porque em que se deve elle estimar?

[1] Miq. 4.1, etc. Gen. 49.1. Jer. 23.20.

[2] Jer. 31.6 e 50.5. Zac. 8.21, 23.

[3] Luc. 24.47.

[4] Ose. 2.18. Zac. 9.10.

[5] Eph. 5.8.

[6] Deu. 18.14.

[7] Deu. 17.16, 17.

[8] Jer. 2.28.

[9] ver. 19, 21. Apo. 6.15.

[10] ver. 17. cap. 5.15, 16 e 13.11.

[11] cap. 4.1 e 11.10, 11 e 12.1, 4 e 24.21 e 25.9 e 26.1 e 27.1, 2, 12, 13 e 28.5 e 29.18 e 30.23 e 52.6. Jer. 30.7, 8. Eze. 38.14, 19 e 39.11, 22. Ose. 2.16, 18, 21. Joel 3.18. Amós 9.11. Abd. 8. Miq. 4.6 e 5.10 e 7.11, 12. Sof. 3.11, 16. Zac. 9.16.

[12] cap. 14.8 e 37.24. Eze. 31.3. Zac. 11.1, 2.

[13] cap. 30.25.

[14] I Reis 10.22.

[15] ver. 11.

[16] ver. 10. II The. 1.9.

[17] cap. 30.32 e 31.7.

[18] ver. 19.

3 Porque, eis que o Senhor Deus dos Exercitos [1] tirará de Jerusalem e de Judah o bordão e o cajado: a todo o [UF] sustento de pão, e a toda a borda d’agua;

2 Ao valente, [2] e ao soldado, ao juiz, e ao propheta, e ao adivinho, e ao ancião,

3 Ao capitão de cincoenta, e ao respeitavel, e ao conselheiro, e ao sabio entre os artifices, e ao eloquente.

4 E dar-lhes-hei mancebos [3] por principes, e creanças dominarão sobre elles.

5 E o povo será opprimido; um será contra o outro, e cada um contra o seu proximo: o menino se atreverá contra o ancião, e o vil contra o nobre.

6 Quando algum travar de seu irmão da casa de seu pae, dizendo: Capa tens, sê nosso principe, e toma sob a tua mão esta ruina;

7 Então levantará a sua voz n’aquelle dia, dizendo: Não posso ser medico, nem tão pouco ha em minha casa pão, nem vestido algum: não me ponhaes por principe do povo.

8 Porque tropeçou Jerusalem, [4] e Judah é caido; porquanto a sua lingua e as suas obras são contra o Senhor, para irritarem os olhos da sua gloria.

9 A apparencia das suas faces testifica contra elles; [5] e publicam os seus peccados como Sodoma; não os dissimulam: ai da sua alma! porque se fazem mal a si mesmos.

10 Dizem ao justo [6] que bem lhe irá; que comerão do fructo das suas obras.

11 Ai do impio! mal lhe irá: porque o galardão das suas mãos se lhe dará.

12 Os exactores do meu [7] povo são creanças, e mulheres dominam sobre elle: ah, povo meu! os que te guiam te enganam, e devoram o caminho das tuas veredas.

13 O Senhor se apresenta a pleitear, [8] e se põe a julgar os povos.

14 O Senhor vem em juizo contra os anciãos do seu povo, e contra os seus principes; porque vós consumistes esta vinha, [9] o despojo do afflicto está em vossas casas.

15 Que tendes vós, [10] que atropellaes o meu povo e moeis as faces dos afflictos? diz o Senhor, o Deus dos Exercitos.

16 Diz ainda mais o Senhor: Porquanto as filhas de Sião se exalçam, e andam com o pescoço emproado, fazendo acenos com os olhos, e, indo andando, andam como dançando, e [UG] cascavelando com os pés:

17 Portanto o Senhor fará [UH] calva a mioleira das filhas de Sião, e o Senhor descobrirá as suas vergonhas.

18 N’aquelle dia tirará o Senhor o enfeite [11] das ligas, e as redezinhas, e as luetas,

19 Os pendentes, e as manilhas, e os vestidos resplandecentes,

20 Os diademas, e os enfeites dos[615] braços, e os cendaes, e as bocetas cheirosas, e as arrecadas,

21 Os anneis, e as joias pendentes do nariz,

22 Os vestidos de festa, e os mantos, e as coifas, e os alfinetes,

23 Os espelhos, e as capinhas de linho finissimas, e as toucas, e os véus.

24 E será que em logar de cheiro suave haverá fedor; e por cinto uma corda; [12] e em logar d’encrespadura de cabellos, calva; e em logar de veste larga, cingimento de sacco; e queimadura em logar de formosura.

25 Teus varões cairão á espada, e teus valentes na peleja.

26 E as suas portas [13] gemerão e prantearão; e ella, ficando desolada, se assentará no chão.

[1] Jer. 38.9. Lev. 26.26.

[2] II Reis 24.14.

[3] Ecc. 10.16.

[4] Miq. 3.12.

[5] Gen. 13.13 e 18.20, 21.

[6] Ecc. 8.12.

[7] ver. 4. cap. 9.16.

[8] Miq. 6.2.

[9] cap. 5.7. Mat. 21.33.

[10] Miq. 3.2, 3.

[11] Jui. 8.21.

[12] cap. 22.12. Miq. 1.16.

[13] Jer. 14.2. Lam. 1.4 e 2.10.

4 E sete mulheres n’aquelle [1] dia lançarão mão d’um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos vestidos: tão sómente que sejamos chamadas pelo teu nome; [2] tira o nosso opprobrio.

2 N’aquelle dia [3] o Renovo do Senhor será [UI] um ornamento e uma gloria; e o fructo da terra excellente e formoso para os que escaparem d’Israel.

3 E será que aquelle que ficar de resto em Sião, e o que ficar em Jerusalem, [4] será chamado sancto: todo aquelle que em Jerusalem está escripto para vida;

4 Quando [5] o Senhor lavar a immundicia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalem do meio d’ella, com o espirito de juizo, e com o espirito de ardor.

5 E creará o Senhor sobre toda a habitação do monte de Sião, e sobre as suas congregações, [6] uma nuvem de dia, e um fumo, e um resplandor de fogo chammejante de noite; porque sobre toda a gloria haverá protecção.

6 E haverá um tabernaculo para sombra com o calor do dia: [7] e para refugio e esconderijo contra o alagamento e contra a chuva.

[1] cap. 2.11, 17. II The. 3.12.

[2] Luc. 1.25.

[3] Jer. 23.5.

[4] Apo. 3.5.

[5] Mal. 3.2, 3.

[6] Exo. 13.21. Zac. 2.5.

[7] cap. 25.4.

A parabola da vinha, e a sua applicação.

5 Agora cantarei ao meu amado o cantico do meu bem querido da sua [1] vinha. O meu amado tem uma vinha n’um outeiro fertil.

2 E a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou d’excellentes vides; e edificou no meio d’ella uma torre, e tambem fundou n’ella um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.

3 Agora pois, ó moradores de Jerusalem, e homens de Judah, [2] julgae, vos peço, entre mim e a minha vinha.

4 Que mais se podia fazer á minha vinha, que eu lhe não tenha feito? como, esperando eu que desse uvas boas, veiu a dar uvas bravas?

5 Agora pois vos farei saber o que eu hei de fazer á minha vinha: tirarei a sua cerca, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pisada;

6 E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão n’ella sarças e espinheiros; e ás nuvens darei ordem que não chovam chuva sobre ella.

7 Porque a vinha do Senhor dos Exercitos é a casa d’Israel, e os homens de Judah são a planta das suas delicias: e esperou que fizesse juizo, e eis aqui é [UJ] oppressão; justiça, e eis aqui clamor.

8 Ai dos que ajuntam [3] casa a casa, achegam herdade a herdade, até que não haja mais logar, e só vós fiqueis os moradores no meio da terra!

9 Nos meus ouvidos [4] estão estas coisas, disse o Senhor dos Exercitos: em verdade que muitas casas se tornarão em deserto, as grandes e excellentes sem moradores.

10 E dez geiras de vinha não darão mais do que um [UK] batho: e um homer de semente não dará mais do que um efa.

11 Ai [5] dos que se levantam pela manhã, e seguiram a bebedice; e se deteem ali até á noite, até que o vinho os esquenta!

12 E harpas [6] e alaudes, tamboris e gaitas, e vinho ha nos seus banquetes; e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das suas mãos.

13 Portanto [7] o meu povo será levado captivo, porque não tem entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se seccará de sêde.

14 Portanto a sepultura grandemente se alargou, e se abriu a sua bocca desmesuradamente; e a gloria d’elles, e a sua multidão, com o seu arruido, e com os que galhofam a ella desceram.

15 Então o plebeu se abaterá, [8] e o[616] nobre se humilhará; e os olhos dos altivos se humilharão.

16 Porém o Senhor dos Exercitos será exaltado com juizo; e Deus, o Sancto, será sanctificado com justiça.

17 Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estranhos comerão dos logares assolados dos gordos.

18 Ai dos que puxam pela iniquidade com cordas de vaidade, e pelo peccado como com cordagens de carros!

19 E dizem: [9] Avie-se já com isso, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e achegue-se e venha o conselho do Sancto de Israel, para que o venhamos a saber.

20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal: que fazem das escuridades luz, e da luz escuridades; e fazem do amargoso doce, e do doce amargoso!

21 Ai dos que são sabios [10] a seus proprios olhos, e prudentes em si mesmos!

22 Ai [11] dos que são poderosos para beber vinho, e varões fortes para misturar bebida forte:

23 Dos que justificam [12] ao impio por peitas, e da justiça dos justos se desviam!

24 Pelo [13] que como a lingua do fogo consome a estopa, e a palha se desfaz [14] pela chamma, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó: porquanto rejeitaram a lei do Senhor dos Exercitos, e desprezaram a palavra do Sancto de Israel.

25 Pelo [15] que se accendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e estendeu a sua mão contra elle, e o feriu, [16] de modo que as montanhas tremeram, e os seus cadaveres foram como immundicia pelo meio das ruas: com tudo isto não tornou atraz a sua ira, antes ainda está alçada a sua mão.

26 Porque arvorará [17] o estandarte entre as nações de longe, e lhes assobiará a que venham desde a extremidade da terra: e eis que virão apressurada e ligeiramente.

27 Não haverá entre elles cançado, nem tropeçante; ninguem tosquenejará nem dormirá: nem se lhe desatará o cinto dos seus lombos, nem se lhe quebrará a correia dos seus sapatos.

28 As [18] suas frechas serão agudas, e todos os seus arcos entezados: as unhas dos seus cavallos serão tidas na conta de [UL] penha, e as rodas dos seus carros como redemoinho de vento.

29 O seu bramido será como o do leão: bramarão como filhos de leão, e rugirão, e arrebatarão a preza, e a levarão, e redemptor não haverá.

30 E bramarão contra elles n’aquelle dia, como o bramido do mar: [19] então olharão para a terra, e eis aqui trevas e ancia, e a luz se escurecerá em suas assolações.

[1] Jer. 2.21. Mat. 21.33. Mar. 12.1. Luc. 20.9.

[2] Rom. 3.4.

[3] Miq. 3.2.

[4] cap. 22.14.

[5] Pro. 23.29, 30. Ecc. 10.16. ver. 22.

[6] Amós 6.5, 6.

[7] Ose. 4.6. cap. 1.3.

[8] cap. 2.9, 11, 17.

[9] Jer. 17.15. II Ped. 3.3, 4.

[10] Pro. 3.7. Rom. 1.22 e 12.16.

[11] ver. 11.

[12] Pro. 17.15 e 24.24.

[13] Exo. 15.7.

[14] Job 18.16. Ose. 9.16. Amós 2.9.

[15] II Reis 22.13, 17.

[16] Jer. 4.14. Lev. 26.14, etc. cap. 9.12, 17, 21 e 10.4.

[17] cap. 11.12. cap. 7.18. Joel 2.7.

[18] Jer. 5.16.

[19] cap. 8.22. Jer. 4.23. Lam. 3.2. Eze. 32.7, 8.

Isaias é escolhido e consagrado para propheta.

6 No anno em que morreu o rei [1] Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime throno; e as suas [UM] fraldas enchiam o templo.

2 Seraphins estavam por cima d’elle: cada um tinha seis azas: [2] com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés e com duas voavam.

3 E clamavam uns aos outros, dizendo: Sancto, Sancto, Sancto é o Senhor dos Exercitos: toda a terra está cheia da sua gloria.

4 E os umbraes das portas se moveram com a voz do que clamava, [3] e a casa se encheu de fumo.

5 Então disse eu: [4] Ai de mim! que vou perecendo, porquanto sou de labios immundos, e habito no meio d’um povo immundo de labios, porque os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exercitos.

6 Porém um dos seraphins voou para mim, trazendo na sua mão uma braza viva, [5] que tomara do altar com uma tenaz;

7 E com ella [6] tocou a minha bocca, e disse: Eis que isto tocou os teus labios: assim se tirou de ti a tua culpa, e está expiado o teu peccado.

8 Depois d’isto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem ha e ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.

9 Então disse elle: Vae, e dize a este povo: [7] Ouvi, de facto, e não entendeis, e vede, em verdade, mas não percebeis.

10 Engorda [8] o coração d’este povo, e aggrava-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta, e elle o venha a sarar.

11 Então disse eu: Até quando, Senhor?[617] E respondeu: [9] Até que se assolem as cidades, e não fique morador algum, nem homem algum nas casas, e a terra seja assolada de todo.

12 E [10] o Senhor alongue d’ella aos homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.

13 Porém ainda a decima parte ficará n’ella, e tornará a ser pastada: e como no carvalho, e como na azinheira, em que depois de se desfolharem, ainda fica firmeza, [11] assim a sancta semente será a firmeza d’ella.

[1] II Reis 15.7. I Reis 22.19. Apo. 4.2.

[2] Eze. 1.11.

[3] I Reis 8.10.

[4] Jui. 6.22 e 13.22. Jer. 1.6.

[5] Apo. 8.3.

[6] Jer. 1.9. Dan. 10.16.

[7] cap. 43.8. Mat. 13.14. Mar. 4.12. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26. Rom. 11.8.

[8] cap. 63.17. Jer. 5.21.

[9] Miq. 3.12.

[10] II Reis 25.21.

[11] Esd. 9.2. Mal. 2.15.

Prophecias contra Israel e Syria. Manassés contra Judah.

Antes de Christo 742

7 Succedeu pois nos dias [1] de Achaz, filho de Jothão, filho d’Uzias, rei de Judah, que Resin, rei da Syria, e Peka, filho de Remalias, rei d’Israel, subiram a Jerusalem, para pelejar contra ella, porém, pelejando, nada poderam contra ella.

2 E deram aviso á casa de David, dizendo: A Syria repousa sobre Ephraim. Então se commoveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se commovem as arvores do bosque com o vento.

3 Então disse o Senhor a Isaias: [2] Agora tu e teu filho Sear-jasub sahi ao encontro de Achaz, ao fim do canal do viveiro superior, ao caminho do campo do lavandeiro.

4 E dize-lhe: Guarda-te, e está descançado, não temas, nem se desanime o teu coração por causa d’estes dois rabos de tições fumegantes, por causa do ardor da ira de Resin, e da Syria, e do filho de Remalias.

5 Porquanto a Syria teve contra ti maligno conselho, com Ephraim, e com o filho de Remalias, dizendo:

6 Vamos subir contra Judah, e despertemol-o, e repartamol-o entre nós, e façamos reinar no meio d’elle como rei o filho de Tabeal.

7 Assim diz o Senhor Deus: [3] Isto não subsistirá, nem tão pouco acontecerá.

8 Porém o cabeça da Syria será Damasco, e o cabeça de Damasco Resin: e dentro de sessenta e cinco annos Ephraim será quebrantado, e deixará de ser povo.

9 Entretanto o cabeça de Ephraim será Samaria, e o cabeça de Samaria o filho de Remalias: [4] se o não crerdes, devéras não ficareis firmes.

10 E continuou o Senhor a fallar com Achaz, dizendo:

11 Pede [5] para ti ao Senhor teu Deus um signal; pede-o ou em baixo nas profundezas ou em cima nas alturas.

12 Porém disse Achaz: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor.

13 Então disse: Ouvi agora, ó casa de David: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que ainda afadigareis tambem ao meu Deus?

14 Portanto o mesmo Senhor vos dará um signal: [6] Eis que a virgem conceberá, e parirá um filho, e chamará o seu nome [UN] Emmanuel.

15 Manteiga e mel comerá, até que elle saiba rejeitar o mal e escolher o bem.

16 Na verdade, [7] antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra de que te enfadas será desamparada dos seus dois reis.

17 Porém o Senhor [8] fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pae, dias taes, quaes nunca vieram, desde o dia em que Ephraim se desviou de Judah, pelo rei d’Assyria.

18 Porque ha de acontecer que n’aquelle dia assobiará [9] o Senhor ás moscas, que ha no extremo dos rios do Egypto, e ás abelhas que andam na terra da Assyria;

19 E virão, e pousarão todas nos valles desertos e nas fendas [10] das penhas, e em todos os espinhos e em todas as florestas.

20 N’aquelle dia rapará o Senhor com uma navalha [11] alugada, que está d’além do rio, com o rei da Assyria, a cabeça e os cabellos dos pés: e até a barba totalmente tirará.

21 E succederá n’aquelle dia que alguem creará uma vacca e duas ovelhas:

22 E acontecerá que por causa da abundancia do leite que lhe derem comerá manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquelle que ficar de resto no meio da terra.

23 Succederá tambem n’aquelle dia que todo o logar, em que houver mil vides, do valor de mil moedas de prata, [12] será para as sarças e para os espinheiros.

24 Com arco e frechas se entrará n’elle, porque toda a terra será sarças e espinheiros.

25 E tambem todos os montes, que costumam cavar com enxadas, se não irá a elles por causa do temor das sarças e dos espinheiros, porém servirão para[618] enviarem ali bois e serem pisados do gado miudo.

[1] II Reis 16.5. II Chr. 28.5, 6.

[2] II Reis 18.17. cap. 36.2.

[3] Pro. 21.30. cap. 8.10.

[4] II Chr. 20.20.

[5] Mat. 12.38.

[6] Mat. 1.23. Luc. 1.31, 34. cap. 9.6. cap. 8.8.

[7] cap. 8.4.

[8] II Chr. 28.19.

[9] cap. 5.26.

[10] cap. 2.19. Jer. 16.16.

[11] II Reis 16.7, 8. II Chr. 28.20, 21. Eze. 5.1.

[12] cap. 5.6.

A ruina dos reinos de Israel e Syria.

Antes de Christo 740

8 Disse-me tambem o Senhor: Toma um grande volume, [1] e escreve n’elle em estylo de homem: [UO] Apressando-se ao despojo, apressurou-se á preza.

2 Então tomei comigo fieis testemunhas, [2] a Urias sacerdote, e a Zacharias, filho de Jeberechias,

3 E cheguei-me á prophetiza, a qual concebeu, e pariu um filho; e o Senhor me disse: Chama o seu nome Maher-shalal-hash-baz.

4 Porque [3] antes que o menino saiba chamar pae meu, ou mãe minha, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assyria.

5 E continuou o Senhor a fallar ainda comigo, dizendo:

6 Porquanto este povo desprezou as aguas de [4] Siloé que correm brandamente, e com Resin e com o filho de Remalias se alegrou:

7 Portanto eis que o Senhor fará subir sobre elles as aguas do rio, fortes e impetuosas, ao rei da Assyria, com toda a sua gloria, e subirá acima sobre todos os seus leitos, e trasbordará por todas as suas ribanceiras.

8 E passará a Judah, inundando-a, e irá passando por elle [5] e chegará até ao pescoço: e a extensão de suas azas encherá a largura da tua terra, ó Emmanuel.

9 Ajuntae-vos [6] em companhia, ó povos, e quebrantae-vos; e dae ouvidos, todos os que sois de longes terras, cingi-vos e sêde feitos em pedaços, cingi-vos e sêde feitos em pedaços.

10 Tomae [7] juntamente conselho, e será dissipado: dizei a palavra, porém não subsistirá, porque Deus é comnosco.

11 Porque assim me disse o Senhor com mão forte, e me ensinou que não andasse pelo caminho d’este povo, dizendo:

12 Não [8] chameis conjuração, a tudo quanto este povo chama conjuração: e não temaes o seu temor, nem tão pouco vos assombreis.

13 Ao [9] Senhor dos Exercitos, a elle sanctificae: e [10] seja elle o vosso temor e seja elle o vosso assombro.

14 Então [11] elle vos será por sanctuario, mas por pedra d’escandalo, e por penha de tropeço, ás duas casas d’Israel, por laço e rede aos moradores de Jerusalem.

15 E muitos tropeçarão [12] entre elles, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.

16 Liga o testemunho, sella a lei entre os meus discipulos.

17 E esperarei ao Senhor, [13] que esconde o seu rosto da casa de Jacob, e a elle aguardarei.

18 Eis-me aqui [14] e os filhos que me deu o Senhor, por signaes e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exercitos, que habita no monte de Sião.

19 Quando pois vos disserem: [15] Consultae os adivinhos e os encantadores, e que, chilrando entre dentes, murmuram: Porventura não perguntará o povo a seu Deus? ou perguntar-se-ha pelos vivos aos mortos?

20 Á Lei [16] e ao Testemunho, que se elles não fallarem segundo esta palavra, [UP] nunca verão a alva.

21 E passarão pela terra duramente opprimidos e famintos: e será que, tendo fome, e enfurecendo-se, [17] então amaldiçoarão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima.

22 E, [18] olhando para a terra, eis-que haverá angustia e escuridão, e serão entenebrecidos com ancia, e empuxados com escuridão.

[1] cap. 30.8. Hab. 2.2.

[2] II Reis 16.10.

[3] cap. 7.16. II Reis 15.29 e 16.9.

[4] Neh. 3.15. João 9.7. cap. 7.1, 2, 6.

[5] cap. 30.28.

[6] Joel 3.9, 11.

[7] Job 5.12. cap. 7.7. Act. 5.38, 39. Rom. 8.31.

[8] I Ped. 3.14, 15.

[9] Num. 20.12.

[10] Luc. 12.5.

[11] Eze. 11.16. cap. 28.16. Rom. 9.33. I Ped. 2.8.

[12] Mat. 21.44. Luc. 20.18. Rom. 9.32.

[13] cap. 54.8.

[14] Heb. 2.13. Zac. 3.8.

[15] I Sam. 28.8. cap. 19.3 e 29.4.

[16] Miq. 3.6.

[17] Apo. 16.11.

[18] cap. 5.30 e 9.1.

O advento e o poder do Messias.

Antes de Christo 738

9 Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; [1] envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zabulon, e a terra de Naphtali; mas nos ultimos a ennobreceu junto ao caminho do mar, d’além do Jordão, na Galilea dos gentios.

2 O povo [2] que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na terra da sombra de morte resplandeceu uma luz.

3 Tu multiplicaste a este povo, [UQ] porém a alegria lhe augmentaste: todos se alegrarão perante ti, como se alegram na sega, [3] e como exultam quando se repartem os despojos.

4 Porque tu quebraste o jugo da sua carga, [4] e o bordão dos seus hombros,[619] e a vara do [UR] que o guiava, como no dia dos midianitas,

5 Quando toda a peleja d’aquelles que pelejavam se fazia com ruido, [5] e os vestidos se revolviam em sangue e se queimavam para pasto do fogo.

6 Porque [6] um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus hombros, e o seu nome se chama Maravilhoso, Conselheiro, Deus [7] forte, Pae da eternidade, Principe da paz.

7 Da grandeza d’este principado e da paz [8] não haverá fim, sobre o throno de David e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juizo e com justiça, desde agora para sempre: [9] o zelo do Senhor dos Exercitos fará isto.

Ameaças contra o reino de Israel.

8 O Senhor enviou palavra a Jacob, e ella caiu em Israel.

9 E todo este povo o saberá, Ephraim e os moradores de Samaria, em soberba e altivez de coração, dizendo:

10 Os ladrilhos cairam, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se as figueiras bravas, mas em cedros as mudaremos.

11 Porque o Senhor exalçará os adversarios de Resin contra elle, e misturará entre si os seus inimigos.

12 Porque diante virão os syros, e por detraz os philisteos, e devorarão a Israel á bocca aberta: [10] e nem com tudo isto se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

13 Porque [11] este povo se não torna para quem o fere, nem busca ao Senhor dos Exercitos.

14 Pelo que o Senhor cortará a cabeça, e a cauda, o ramo e o junco d’Israel n’um mesmo dia.

15 (O ancião e o varão de respeito é a cabeça, e o propheta que ensina a falsidade é a cauda.)

16 Porque [12] os guias d’este povo são enganadores, e os guiados por elles serão devorados.

17 Pelo que o Senhor não tomará contentamento nos seus mancebos, e não se compadecerá dos seus orphãos e das suas viuvas, [13] porque todos elles são hypocritas e malfazejos, e toda a bocca falla doidices: e nem com tudo isto se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.

18 Porque a impiedade se [14] accende como um fogo, e até as sarças e os espinheiros devorará: e accenderá os confusos troncos da brenha, e subirão em espessas nuvens de fumo.

19 Pelo furor do Senhor dos Exercitos [15] a terra se escurecerá, e será o povo como pasto do fogo; ninguem poupará ao seu irmão.

20 Se cortar da banda direita, ainda terá fome, e se comer da banda esquerda, [16] ainda se não fartará: cada um comerá a carne de seu braço.

21 Manassés a Ephraim, e Ephraim a Manassés, e ambos elles serão contra Judah, e nem com tudo isto se apartou a sua ira, [17] mas ainda está estendida a sua mão.

[1] cap. 8.22. II Reis 15.29. II Chr. 16.4.

[2] Mat. 4.16. Eph. 5.8, 14.

[3] Jui. 5.30.

[4] cap. 10.5 e 14.5. Jui. 7.22.

[5] cap. 66.15, 16.

[6] cap. 7.14. Luc. 2.11. João 3.16. Mat. 28.18. Jui. 13.18.

[7] Tito 2.13. Eph. 2.14.

[8] Luc. 1.32, 33.

[9] II Reis 19.31. cap. 37.32.

[10] cap. 5.25 e 10.4. Jer. 4.8.

[11] Jer. 5.3. Ose. 7.10.

[12] cap. 3.12.

[13] Miq. 7.2. ver. 12, 21. cap. 5.25 e 10.4.

[14] cap. 10.17. Mal. 4.1.

[15] cap. 8.22. Miq. 7.2, 6.

[16] Lev. 26.26. cap. 49.26. Jer. 19.9.

[17] ver. 12, 17. cap. 5.25 e 10.4.

10 Ai dos que ordenam ordenanças injustas, e dos que prescrevem [US] trabalho aos escrivães.

Antes de Christo 713

2 Para desviarem aos pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos afflictos do meu povo, para despojarem as viuvas e para roubarem os orphãos!

3 Mas que fareis [1] vós-outros no dia da visitação, e da assolação, que ha de vir de longe? a quem vos refugiareis para obter soccorro, e onde deixareis a vossa gloria?

4 Sem que cada um se abata entre as prezas, e caia entre os mortos? [2] Com tudo isto a sua ira se não apartou, mas ainda está estendida a sua mão.

Predicção da ruina da Assyria.

5 Ai da Assyria! [3] a vara da minha ira: porque a minha indignação é o bordão nas suas mãos.

6 Envial-o-hei contra uma nação [4] hypocrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube o roubo, e lhe despoje o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas:

7 Ainda que elle não cuide [5] assim, nem o seu coração assim o imagine: antes no seu coração intentará destruir e desarraigar nações não poucas.

8 Porque diz: [6] Porventura todos os meus principes não são elles reis?

9 Não [7] é Calno como Carchemis? não[620] é Hamath como Arphad? e Samaria como Damasco?

10 Como a minha mão achou os reinos dos idolos, ainda que as suas imagens de vulto fossem melhores do que as de Jerusalem e de que as de Samaria.

11 Porventura como fiz a Samaria e aos seus idolos, não faria eu tambem assim a Jerusalem e aos seus idolos?

12 Porque acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte de Sião [8] e em Jerusalem, então visitarei o fructo da arrogante grandeza do coração do rei da Assyria e a pompa da altivez dos seus olhos.

13 Porquanto disse: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou entendido: e terei os limites dos povos, e roubei [UT] a sua provisão, e como valente abati aos [UU] moradores.

14 E achou [9] a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho, e como se ajuntam os ovos deixados, assim eu ajuntei a toda a terra, e não houve quem movesse a aza, ou abrisse a bocca, ou chilrasse.

15 Porventura gloriar-se-ha [10] o machado contra o que corta com elle? ou presumirá a serra contra o que puxa por ella? como se o bordão movesse aos que o levantam, ou a vara se levantasse como não sendo pau?

16 Pelo que o Senhor, o Senhor dos Exercitos, enviará magreza entre [11] os seus gordos, e debaixo da sua gloria accenderá incendio, como incendio de fogo.

17 Porque a Luz d’Israel virá a ser por fogo e o seu Sancto por labareda, que abraze [12] e consuma os seus espinheiros e as suas sarças n’um dia.

18 Tambem consumirá a gloria [13] da sua brenha, e do seu campo fertil, [UV] desde a alma até á carne, e será como quando o porta-bandeira se desmaia.

19 E o resto das arvores da sua brenha será tão pouco em numero, que um menino as possa escrever.

20 E acontecerá n’aquelle dia que os residuos d’Israel, e os escapados da casa de Jacob, nunca mais se estribarão sobre o que os feriu: antes se estribarão verdadeiramente sobre o Senhor, o Sancto d’Israel.

21 Os residuos se converterão, os residuos, digo, de Jacob, ao Deus forte.

22 Porque [14] ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, todavia só um resto d’elle se converterá: a destruição está determinada, trasbordando em justiça.

23 Porque [15] determinada já a destruição, o Senhor Jehovah dos Exercitos a executará no meio de toda esta terra.

24 Pelo que assim diz o Senhor Jehovah dos Exercitos: Não temas, povo meu, que habitas em Sião, [16] á Assyria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão ao modo dos egypcios,

25 Porque [17] d’aqui a bem pouco se cumprirão a minha indignação e a minha ira, para os consumir.

26 Porque o Senhor dos Exercitos levantará um açoite [18] contra elle, qual a matança de Midian junto á rocha d’Oreb, e qual a sua vara sobre o mar, que levantará ao modo dos egypcios.

27 E acontecerá, no mesmo dia, que tirará a sua carga do teu hombro, [19] e o seu jugo do teu pescoço: e o jugo será despedaçado por amor [UW] do ungido.

28 vem chegando a Aiath, vae passando por Migron, e em Michmas lança a sua bagagem.

29 vão passando [20] o vau, se alojam em Geba: Rama treme, e Gibeah de Saul vae fugindo.

30 Grita altamente [21] com a tua voz, ó filha de Gallim! ouve ó Lais! ó tu pobre Anathoth.

31 Madmena [22] se foi, os moradores de Gebim vão fugindo em bandos.

32 Ainda um dia parará [23] em Nob: moverá a sua mão contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalem.

33 Porém eis-que o Senhor Jehovah dos Exercitos decotará os ramos com violencia, e os de alta estatura serão cortados, e os altivos serão abatidos.

34 E cortará com o ferro a espessura da brenha, e o Libano cairá á mão de um poderoso.

[1] Job 31.14. Ose. 9.7. Luc. 19.44.

[2] cap. 5.25 e 9.12, 17, 21.

[3] Jer. 51.20.

[4] cap. 9.17. Jer. 34.22.

[5] Gen. 50.20. Miq. 4.12.

[6] II Reis 18.24, 33, etc. e 19.10, etc.

[7] Amós 6.2. II Chr. 35.20.

[8] II Reis 19.31. Jer. 50.18.

[9] Job 31.25.

[10] Jer. 51.20.

[11] cap. 5.17.

[12] cap. 9.18 e 27.4.

[13] II Reis 19.23.

[14] Rom. 9.27.

[15] cap. 28.22. Dan. 9.27. Rom. 9.28.

[16] cap. 37.6.

[17] cap. 54.7.

[18] II Reis 19.35. Jui. 7.25. cap. 9.4. Exo. 14.26, 27.

[19] cap. 14.25.

[20] I Sam. 13.23.

[21] I Sam. 25.44. Jos. 21.18.

[22] Jos. 15.31.

[23] I Sam. 21.1 e 22.19. Neh. 11.32. cap. 13.2 e 37.22.

O reino do Messias é pacifico e prospero.

11 Porque sairá [1] uma vara do tronco de Jessé, e um renovo crescerá das suas raizes.

2 E repousará sobre elle o [2] espirito do Senhor, o espirito de sabedoria e de[621] intelligencia, o espirito de conselho e de fortaleza, o espirito de conhecimento e do temor do Senhor.

3 E [UX] o seu deleite será no temor do Senhor: e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem reprehenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos,

4 Mas julgará [3] com justiça aos pobres, e reprehenderá com equidade aos mansos da terra, [4] porém ferirá a terra com a vara de sua bocca, e com o assopro dos seus labios matará ao impio,

5 Porque a justiça [5] será o cinto dos seus lombos, e a verdade o cinto dos seus rins.

6 E morará o lobo [6] com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará.

7 A vacca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi.

8 E brincará a creança de peito sobre o buraco do aspide, e o já desmamado metterá a sua mão na cova do basilisco.

9 Não se fará mal nem [7] damno algum em nenhuma parte de todo o monte da minha sanctidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as aguas cobrem o fundo do mar.

10 Porque acontecerá n’aquelle dia [8] que as nações perguntarão pela raiz de Jessé, posta por pendão dos povos, e o seu repouso será glorioso.

11 Porque ha de acontecer [9] n’aquelle dia que o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez os residuos do seu povo, [10] que restarem da Assyria, e do Egypto, e de Pathros, e da Ethiopia, e de Elam, e de Sinear, e de Hamath, e das ilhas do mar.

12 E levantará um pendão entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, [11] e os dispersos de Judah congregará desde os quatro confins da terra.

13 E a inveja de Ephraim se [12] desviará, e os adversarios de Judah serão desarraigados: Ephraim não invejará a Judah e Judah não opprimirá a Ephraim.

14 Antes voarão sobre os hombros dos philisteos ao occidente, juntos despojarão aos do oriente: [13] em Edom e Moab porão as suas mãos, e os filhos de Ammon lhes obedecerão.

15 E [14] o Senhor [UY] destruirá totalmente o braço do mar do Egypto, e moverá a sua mão contra o rio com a força do seu vento, e o ferirá nas sete correntes e fará que se passe [15] por elle com sapatos.

16 E haverá caminho [16] plano para os residuos do seu povo, que restarem da Assyria, como succedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egypto.

[1] cap. 53.2. Zac. 6.12. Apo. 5.5. Act. 13.23. ver. 10. cap. 4.2. Jer. 23.5.

[2] cap. 61.1. Mat. 3.16. João 1.32, 33 e 3.34.

[3] Apo. 19.11.

[4] Job 4.9. Mal. 4.6. II The. 2.8. Apo. 1.16 e 2.16 e 19.15.

[5] Eph. 6.14.

[6] cap. 65.25. Eze. 34.25. Ose. 2.18.

[7] Job 5.23. cap. 2.4 e 35.9. Hab. 2.14.

[8] cap. 2.11. ver. 1. Rom. 15.12.

[9] cap. 2.11.

[10] Zac. 10.10.

[11] João 7.35. Thi. 1.1.

[12] Jer. 3.18. Eze. 37.16, 17, 22. Ose. 1.11.

[13] Dan. 11.41.

[14] Zac. 10.11.

[15] Apo. 16.12.

[16] cap. 19.23. Exo. 14.29. cap. 51.10 e 63.12, 13.

Deus é louvado por haver restaurado o seu povo.

Antes de Christo 712

12 E dirás [1] n’aquelle dia: Graças te dou, ó Senhor, de que, ainda que te iraste contra mim, comtudo a tua ira se retirou, e tu me consolas.

2 Eis que Deus é a minha salvação; n’elle confiarei, e não temerei; porque a minha força e o meu cantico é Deus Jehovah, e elle foi a minha salvação.

3 E vós tirareis aguas com alegria das fontes da salvação.

4 E direis n’aquelle dia: [2] Dae graças ao Senhor, invocae o seu nome, manifestae os seus feitos entre os povos, contae quão exalçado é o seu nome.

5 Psalmodiae [3] ao Senhor, porque fez coisas grandiosas: saiba-se isto em toda a terra.

6 Exulta [4] e canta de gozo, ó moradora de Sião, porque o Sancto de Israel grande é no meio de ti.

[1] cap. 2.11.

[2] João 4.10, 14 e 7.37, 38. I Chr. 16.8.

[3] Exo. 15.1, 21.

[4] cap. 54.1. Sof. 3.14. cap. 41.14, 16.

A ruina de Babylonia e o livramento de Israel.

13 Pezo [1] de Babylonia, que viu Isaias, filho de Amós.

2 Alçae [2] uma bandeira sobre um alto monte, levantae a voz a elles: movei a mão em alto, para que entrem pelas portas dos principes.

3 eu passei ordens aos meus sanctificados: [3] tambem chamei aos meus valentes para minha ira, os quaes são exaltados na minha magestade.

4 Já se ouve a voz de arroido sobre os montes, como de muito povo: a voz do reboliço de reinos e de nações congregadas. O Senhor dos Exercitos passa a [UZ] mostra do exercito de guerra.

5 vem da terra de longe desde a extremidade do céu, assim o Senhor, como os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquella terra.

[622]

6 Uivae, [4] pois, porque o dia do Senhor já está perto: vem como assolação do Todo-poderoso.

7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e o coração de todos os homens se desanimará.

8 E assombrar-se-hão, e apoderar-se-hão d’elles dôres e ais, e se angustiarão, como a mulher com dôres de parto; cada um se espantará do seu proximo; os seus rostos serão rostos flammejantes.

9 Eis que [5] o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e destruir os peccadores d’ella.

10 Porque as estrellas dos céus e os seus astros não luzirão com a sua luz: [6] o sol se escurecerá em nascendo, e a lua não resplandecerá com a sua luz.

11 Porque visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os impios a sua iniquidade: [7] e farei cessar a arrogancia dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tyrannos.

12 Farei que um homem seja mais precioso do que o oiro puro, e um homem mais do que o oiro fino d’Ophir.

13 Pelo que [8] farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu logar, por causa do furor do Senhor dos Exercitos, e por causa do dia da sua ardente ira.

14 E cada um será como a corça que foge, e como a ovelha que ninguem recolhe: [9] cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra.

15 Qualquer que fôr achado será traspassado; e qualquer que se ajuntar com elle cairá á espada.

16 E suas creanças serão [10] despedaçadas perante os seus olhos: as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres forçadas.

17 Eis que [11] eu despertarei contra elles os médos, que não farão caso da prata, nem tão pouco desejarão oiro.

18 E os seus arcos despedaçarão os mancebos, e não se compadecerão do fructo do ventre; o seu olho não poupará aos filhos.

19 Assim será Babylonia, [12] o ornamento dos reinos, a gloria e a soberba dos chaldeos, [13] como Sodoma e Gomorrha, quando Deus as transtornou.

20 Nunca mais [14] haverá habitação n’ella, nem se habitará de geração em geração: nem o arabe armará ali a sua tenda, nem tão pouco os pastores ali [VA] farão as suas malhadas.

21 Mas as bestas feras do deserto repousarão ali, [15] e as suas casas se encherão de horriveis animaes: e ali habitarão as avestruzinhas, e os satyros pularão ali.

22 E as bestas feras que uivam se apuparão umas ás outras nos seus palacios vazios, como tambem os [VB] dragões nos seus palacios de prazer; pois bem perto vem chegando o seu tempo, e os seus dias se não prolongarão.

[1] cap. 21.1 e 47.1. Jer. 50 e 51.

[2] cap. 5.26 e 18.3. Jer. 50.2.

[3] Joel 3.11.

[4] Sof. 1.7. Apo. 6.17. Job 31.23. Joel 1.15.

[5] Mal. 4.1. Pro. 2.22.

[6] cap. 24.21, 23. Eze. 32.7. Joel 2.31 e 3.15. Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.25.

[7] cap. 2.17.

[8] Agg. 2.7.

[9] Jer. 50.16 e 51.9.

[10] Nah. 3.10. Zac. 14.2.

[11] cap. 21.2. Jer. 51.11, 28. Dan. 5.28, 31.

[12] cap. 14.4, 22.

[13] Gen. 19.24, 25. Deu. 29.23. Jer. 49.18 e 50.40.

[14] Jer. 50.3, 39 e 51.29, 62.

[15] cap. 34.11, 15. Apo. 18.2.

14 Porque o Senhor se compadecerá [1] de Jacob, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua propria terra: [2] e ajuntar-se-hão com elles os estranhos, e se achegarão á casa de Jacob.

2 E os povos os receberão, [3] e os levarão aos seus logares, e a casa d’Israel os possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor: e captivarão aquelles que os captivaram, [4] e dominarão sobre os seus oppressores.

3 E acontecerá que no dia em que Deus vier a dar-te descanço do teu trabalho, e do teu tremor, e da dura servidão com que te fizeram servir,

4 Então levantarás este dito contra o rei de Babylonia, e dirás: Como cessou o oppressor? como já cessou a cidade [VC] dourada?

5 quebrantou o Senhor o bastão dos impios e o sceptro dos dominadores.

6 Aquelle que feria aos povos com furor, com praga sem cessar, o que com ira dominava sobre as nações agora é perseguido, sem que alguem o possa impedir.

7 descança, está socegada toda a terra: exclamam com jubilo.

8 Até as faias [5] se alegram sobre ti, e os cedros do Libano, dizendo: Desde que tu ahi estás por terra ninguem sobe contra nós que nos possa cortar.

9 O [VD] inferno [6] debaixo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda: desperta por ti os mortos, e todos os principes da terra, e faz levantar dos seus thronos a todos os reis das nações.

10 Estes todos responderão, e te dirão: Tu tambem adoeceste como nós, e foste similhante a nós.

11 foi derribada no inferno a tua[623] soberba com o som dos teus alaudes: os bichinhos debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão.

12 Como [7] caiste desde o céu, ó estrella da manhã, filha da alva do dia? como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações?

13 E tu dizias no teu coração: [8] Eu subirei ao céu, por cima das estrellas de Deus exaltarei o meu throno, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte.

14 Subirei sobre as alturas das nuvens, [9] e serei similhante ao Altissimo.

15 E comtudo derribado [10] serás no inferno, aos lados da cova.

16 Os que te virem te contemplarão, considerar-te-hão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos?

17 Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? que a seus presos não deixava ir soltos para suas casas?

18 Todos os reis das nações, todos quantos elles são, jazem com honra, cada um na sua casa.

19 Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominavel, como um vestido de mortos atravessados á espada, como os que descem ao covil de pedras, como corpo morto e atropellado.

20 Com elles não serás ajuntado na sepultura; porque destruiste a tua terra e mataste o teu povo: a semente dos malignos não será nomeada para sempre.

21 Preparae a matança [11] para os seus filhos pela maldade de seus paes, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.

22 Porque me levantarei contra elles, diz o Senhor dos Exercitos, [12] e desarraigarei de Babylonia o nome, e os residuos, e o filho, e o neto, diz o Senhor.

23 E pôl-a-hei [13] por possessão [VE] das corujas e lagôas d’aguas: e varrel-a-hei com vassoura de perdição, diz o Senhor dos Exercitos.

Prophecia contra os assyrios.

24 O Senhor dos Exercitos jurou, dizendo: Como pensei, assim succederá, e como determinei, assim se effectuará.

25 Quebrantarei a Assyria na minha terra, e nas minhas montanhas a atropellarei, para que o seu jugo se aparte [14] d’elles e a sua carga se desvie dos seus hombros.

26 Este é o conselho que se consultou sobre toda esta terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações.

27 Porque o Senhor dos Exercitos o determinou; [15] quem pois o invalidará? e a sua mão estendida está; quem pois a tornará atraz?

Prophecia contra os philistinos.

28 No anno em que morreu [16] o rei Achaz, aconteceu esta carga.

29 Não te alegres, ó tu, toda a Philistia, [17] de que é quebrantada a vara que te feria; porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fructo será uma serpente ardente, voadora.

30 E os primogenitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; porém farei morrer de fome a tua raiz, e elle matará os teus residuos.

31 Dá uivos, ó porta, grita, ó cidade, que já tu, ó Philistia, estás toda derretida; porque do norte vem um fumo, e nenhum solitario haverá nas suas congregações.

32 Que se responderá pois aos mensageiros do povo? Que o Senhor fundou a Sião, [18] para que os oppressos do seu povo n’ella tenham refugio.

[1] Jer. 51.33.

[2] Zac. 1.17 e 2.12. cap. 60.4, 5, 10. Eph. 2.12, 13, etc.

[3] cap. 49.22 e 60.9 e 66.20.

[4] cap. 60.14.

[5] cap. 55.12. Eze. 31.16.

[6] Eze. 32.21.

[7] cap. 34.4.

[8] Mat. 11.23.

[9] cap. 47.8. II The. 2.4.

[10] Mat. 11.23.

[11] Exo. 20.5. Mat. 23.35.

[12] Job 18.19.

[13] cap. 34.11. Sof. 2.14.

[14] cap. 10.27.

[15] II Chr. 20.6. Job 9.12 e 23.13. cap. 43.13. Dan. 4.31.

[16] II Reis 16.20.

[17] II Chr. 26.6. II Reis 18.8.

[18] Sof. 3.12.

Predicção da ruina de Moab.

Antes de Christo 726

15 Pezo [1] de Moab. Certamente de noite foi destruida Ar de Moab, e foi desfeita: certamente de noite foi destruida Kir de Moab, e foi desfeita.

2 Vae subindo [2] a Bayith, e a Dibon, aos logares altos, a chorar: por Nebo e por Medeba Moab uivará; sobre todas as suas cabeças haverá calva, e toda a barba será rapada.

3 Cingiram-se de saccos nas suas ruas; [3] nos seus terraços e nas suas praças todos andam uivando, e veem descendo e chorando.

4 Assim Hesbon como Eleale, andam gritando, [4] até Jahas se ouve a sua voz; pelo que os armados de Moab fazem grande grita, a sua alma lhes será penosa.

5 O meu coração [5] dá gritos por Moab: fugiram os seus [VF] fugitivos até Zoar, como a novilha de tres annos: porque vae subindo com choro pela subida de[624] Luhith, porque no caminho de Horonaim levantam um lastimoso pranto.

6 Porque as aguas de Nimrim serão uma pura assolação; porque seccou o feno, pereceu a herva, e não ha verdura alguma.

7 Pelo que a abundancia que ajuntaram, e o de mais que guardaram, ao ribeiro dos salgueiros o levaram.

8 Porque o pranto rodeará aos limites de Moab; até Eglaim chegará o seu uivo, e ainda até Beerelim chegará o seu uivo.

9 Porquanto as aguas de Dimon estão cheias de sangue, porque ainda accrescentarei a Dimon os sobejos; [6] a saber, leões contra aquelles que escaparem de Moab, como tambem contra as reliquias da terra.

[1] Jer. 48.1, etc. Eze. 25.8, 11. Amós 2.1. Num. 21.28.

[2] Lev. 21.5. cap. 3.24 e 22.12. Jer. 47.5 e 48.1, 37, 38. Eze. 7.18.

[3] Jer. 48.38.

[4] cap. 16.9.

[5] cap. 16.11. Jer. 48.31. cap. 16.14. Jer. 48.5, 34.

[6] II Reis 17.25.

16 Enviae [1] o cordeiro ao dominador da terra desde Sela, ao deserto, até ao monte da filha de Sião.

2 D’outro modo succederá que serão as filhas de Moab junto aos váos [2] de Arnon como o passaro vagueante, lançado do ninho.

3 Toma conselho, faze juizo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a noite; esconde os desterrados, e não descubras os vagueantes.

4 Habitem entre ti os meus desterrados, ó Moab: serve-lhes de refugio perante a face do destruidor; porque o oppressor tem fim; a destruição é desfeita, e os atropelladores são consumidos sobre a terra.

5 Porque [3] o throno se confirmará em benignidade, e sobre elle no tabernaculo de David em verdade se assentará um que julgue, e busque o juizo, e se apresse á justiça.

6 ouvimos a [4] soberba de Moab, que é soberbissimo: a sua altivez, e a sua soberba, e o seu furor; [5] [VG] os seus ferrolhos não são tão seguros.

7 Portanto Moab [6] uivará por Moab; todos uivarão: gemereis pelos fundamentos de Kir-hareseth, pois já estão quebrados.

8 Porque [7] os campos d’Hesbon enfraqueceram, como tambem a vide de Sibma; os senhores das nações atropellaram as suas melhores plantas; vão chegando a Jazer; andam vagueando pelo deserto: os seus renovos se estenderam e já passaram além do mar.

9 Pelo que prantearei, [8] com o pranto de Jazer, a vide de Sibma; regar-te-hei com as minhas lagrimas, [9] ó Hesbon e Eleale; porque o jubilo dos teus fructos de verão e da tua sega caiu.

10 Assim que se tirou o folguedo e a alegria [10] do fertil campo, e nas vinhas se não canta, nem jubilo algum se faz: o pisador não pisará as uvas nos lagares; fiz cessar o jubilo.

11 Pelo que minhas entranhas fazem ruido [11] por Moab como harpa, e o meu interior por Kirheres.

12 E será que, quando virem que Moab está cançado [12] nos altos, então entrará no seu sanctuario a orar, porém nada alcançará.

13 Esta é a palavra que fallou o Senhor desde então contra Moab.

14 Porém agora fallou o Senhor, dizendo: Dentro em tres annos (taes quaes os annos [13] de jornaleiros), então se virá a envilecer a gloria de Moab, com toda a sua grande multidão; e o residuo será pouco, pequeno e impotente.

[1] II Reis 3.4.

[2] Num. 21.13.

[3] Dan. 7.14, 27. Miq. 4.7. Luc. 1.33.

[4] Jer. 48.29. Sof. 2.10.

[5] cap. 28.15.

[6] Jer. 48.20. II Reis 3.25.

[7] cap. 24.7. ver. 9.

[8] Jer. 48.32.

[9] cap. 15.4.

[10] cap. 24.8. Jer. 48.33.

[11] cap. 15.5. Jer. 48.36.

[12] cap. 15.2.

[13] cap. 21.16.

Prophecia contra Damasco e Ephraim.

Antes de Christo 714

17 Pezo [1] de Damasco. Eis que Damasco será tirada, e mais não será cidade, antes será um montão de ruinas.

2 As cidades d’Aroer serão desamparadas: hão de ser para os rebanhos que se deitarão [2] sem que alguem os espante.

3 E a fortaleza [3] d’Ephraim cessará, como tambem o reino de Damasco e o residuo da Syria; serão como a gloria dos filhos de Israel, diz o Senhor dos Exercitos.

4 E será n’aquelle dia que ficará attenuada a gloria de Jacob, e a gordura da sua carne se emmagrecerá.

5 Porque será [4] como o segador que colhe a ceara e com o seu braço sega as espigas: e será tambem como o que colhe espigas no valle de Rephaim.

6 Porém ainda ficarão [5] n’elle alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira, em que só duas ou tres azeitonas ficam na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco em seus ramos fructiferos, diz o Senhor Deus d’Israel.

7 N’aquelle dia attentará [6] o homem para o seu Creador, e os seus olhos olharão para o Sancto d’Israel.

8 E não attentará para os altares, obra das suas mãos, nem tão pouco olhará para o que fizeram seus dedos, nem[625] para os bosques, nem para as imagens do sol.

9 N’aquelle dia serão as suas cidades fortes como [VH] plantas desamparadas, e como os mais altos ramos, os quaes vieram a deixar por causa dos filhos d’Israel, e haverá assolação.

10 Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza: pelo que bem plantarás plantas formosas, e as cercarás de sarmentos estranhos.

11 E no dia em que as plantares as farás crescer, e pela manhã farás que a tua semente brote: porém sómente será um montão do segado no dia da enfermidade e das dôres insoffriveis.

Prediz-se a ruina do exercito dos assyrios.

12 Ai da multidão dos grandes povos que bramam como bramem os mares, [7] e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas aguas.

13 Bem rugirão as nações, como rugem as muitas aguas, porém reprehendel-o-ha e fugirá para longe; [8] e será afugentado como a pragana dos montes diante do vento, e como a bola diante do tufão.

14 No tempo da tarde eis que ha pavor, mas antes que amanheça não apparece: esta é a parte d’aquelles que nos despojam, e a sorte d’aquelles que nos saqueiam.

[1] Jer. 49.23. Amós 1.3. Zac. 9.1. II Reis 16.9.

[2] Jer. 7.33.

[3] cap. 7.16 e 8.4.

[4] Jer. 51.33.

[5] cap. 24.13.

[6] Miq. 7.7.

[7] Jer. 6.23.

[8] Ose. 13.3.

A destruição dos assyrios é annunciada á Ethiopia.

18 Ai da terra [1] [VI] que ensombreia com as suas azas, que está alem dos rios [VJ] da Ethiopia,

2 Que envia embaixadores por mar, e em navios de junco sobre as aguas, dizendo: Ide, mensageiros ligeiros, [2] á nação arrastada e pellada, a um povo terrivel desde o seu principio e d’ahi em diante; a uma nação [VK] de regra em regra e de atropellar, cuja terra [VL] despojam os rios.

3 Vós, todos os habitadores do mundo, e vós os moradores da terra, [3] quando se arvorar a bandeira nos montes, o vereis; e quando se tocar a trombeta, o ouvireis.

4 Porque assim me disse o Senhor: Estarei quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor resplandecente depois da chuva, como a nuvem do orvalho no ardor da sega.

5 Porque antes da sega, quando o gomo está perfeito, e as uvas verdes amadurecem depois de brotarem, então podará os sarmentos com a podoa, e, cortando os ramos, os tirará d’ali.

6 Juntamente serão deixados ás aves dos montes e aos animaes da terra: e sobre elles passarão o verão as aves de rapina, e todos os animaes da terra invernarão sobre elles.

7 N’aquelle tempo trará um presente [4] ao Senhor dos exercitos o povo arrastado e pellado, e o povo terrivel desde o seu principio e d’ahi em diante; uma nação de regra em regra e d’atropellar, cuja terra despojam os rios, ao logar do nome do Senhor dos exercitos, ao monte de Sião.

[1] cap. 20.4, 5. Eze. 30.4, 5, 9. Sof. 2.12 e 3.10.

[2] ver. 7.

[3] cap. 5.26.

[4] cap. 16.1. Sof. 3.10. Mal. 1.11.

Prophecia contra o Egypto.

19 Pezo [1] do Egypto. Eis que o Senhor vem cavalgando n’uma nuvem ligeira, e virá ao Egypto: [2] e os idolos do Egypto serão movidos perante a sua face, e o coração dos egypcios se derreterá no meio d’elles.

2 Porque farei [3] com que os egypcios se levantem contra os egypcios, e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu proximo, cidade contra cidade, reino contra reino.

3 E o espirito dos egypcios se esvaecerá no seu interior, e [VM] destruirei o seu conselho: [4] então consultarão aos seus idolos, e encantadores, e adivinhos e magicos.

4 E entregarei [5] os egypcios nas mãos de um senhor duro, e um rei rigoroso dominará sobre elles, diz o Senhor, o Senhor dos Exercitos.

5 E farão perecer [6] as aguas do mar, e o rio se esgotará e seccará.

6 Tambem aos rios farão apodrecer e os esgotarão [7] e farão seccar [VN] as correntes das cavas: as canas e os juncos se murcharão.

7 [VO] A relva junto ao rio, junto ás ribanceiras dos rios, e tudo o semeado junto ao rio, se seccará, ao longe se lançará, e mais não subsistirá.

8 E os pescadores gemerão, e suspirarão todos os que lançam anzol ao rio, e os que estendem rede sobre as aguas desfallecerão.

9 E envergonhar-se-hão os que trabalham[626] em linho fino, e os que tecem panno branco.

10 E juntamente com os seus fundamentos [VP] serão quebrantados todos os que fazem por pago viveiros de prazer.

11 Na verdade loucos são os principes de Zoan, [8] o conselho dos sabios conselheiros de Pharaó se embruteceu: como pois a Pharaó direis: Sou filho dos sabios, filho dos antigos reis?

12 Onde [9] estão agora os teus sabios? notifiquem-te agora, ou informem-se sobre o que o Senhor dos Exercitos determinou contra o Egypto.

13 Loucos se tornaram os principes de Zoan, [10] enganados estão os principes de Noph: elles farão errar o Egypto, aquelles que são a pedra de esquina das suas tribus.

14 o Senhor derramou no meio d’elle um perverso [11] espirito, e fizeram errar o Egypto em toda a sua obra, como o bebado quando se revolve no seu vomito.

15 E não aproveitará ao Egypto obra nenhuma que possa fazer a [12] cabeça, a cauda, o ramo, ou o junco.

16 N’aquelle tempo os egypcios serão como mulheres, [13] e tremerão e temerão por causa do movimento da mão do Senhor dos Exercitos, que ha de mover contra elles.

17 E a terra de Judah será um espanto para os egypcios, e quem d’isso fizer menção se assombrará de si mesmo, por causa do conselho do Senhor dos Exercitos, que determinou contra elles.

18 N’aquelle tempo haverá cinco cidades na terra do Egypto que fallem a lingua de Canaan e façam juramento ao Senhor dos Exercitos: e uma se chamará: Cidade de destruição.

19 N’aquelle tempo o Senhor [14] terá um altar no meio da terra do Egypto, e um titulo ao Senhor, arvorado junto do seu termo.

20 E servirá de signal [15] e de testemunho ao Senhor dos Exercitos na terra do Egypto, porque ao Senhor clamarão por causa dos oppressores, e elle lhes enviará um Redemptor e um Protector, que os livre.

21 E o Senhor se fará conhecer aos egypcios, e os egypcios conhecerão ao Senhor n’aquelle dia, [16] e servirão com sacrificios e offertas, e votarão votos ao Senhor, e os pagarão.

22 E ferirá o Senhor aos egypcios, e os curará: e converter-se-hão ao Senhor, e mover-se-ha ás suas orações, e os curará;

23 N’aquelle [17] dia haverá estrada do Egypto até á Assyria, e os assyrios virão ao Egypto, e os egypcios á Assyria: e os egypcios servirão com os assyrios ao Senhor.

24 N’aquelle dia Israel será o terceiro com os egypcios e os assyrios, uma benção no meio da terra.

25 Porque o Senhor dos Exercitos os abençoará, dizendo: Bemdito seja o meu povo do Egypto e Assyria, [18] a obra de minhas mãos, e Israel a minha herança.

[1] Jer. 46.13. Eze. 29 e 30.

[2] Exo. 12.12. Jer. 43.12.

[3] Jui. 7.22. I Sam. 14.16, 20. II Chr. 20.23.

[4] cap. 8.19.

[5] cap. 20.4. Jer. 46.26. Eze. 29.19.

[6] Jer. 51.36. Eze. 30.12.

[7] II Reis 19.24.

[8] Num. 13.22.

[9] I Cor. 1.20.

[10] Jer. 2.16.

[11] I Reis 22.22. cap. 29.10.

[12] cap. 9.14.

[13] Jer. 51.30. Nah. 3.13.

[14] Jos. 22.10, 26, 27.

[15] Jos. 4.20 e 22.27.

[16] Mal. 1.11.

[17] cap. 11.16.

[18] cap. 29.23. Eph. 2.10.

Prophecia symbolica do captiveiro dos egypcios e dos ethiopes.

20 No anno em que [1] veiu Tartan a Asdod, enviando-o Sargon, rei da Assyria, e guerreou contra Asdod, e a tomou;

2 No mesmo tempo fallou o Senhor pelo ministerio d’Isaias, filho d’Amós, dizendo: [2] Vae, solta o sacco de teus lombos, e descalça os teus sapatos dos teus pés. E assim o fez, indo nú e descalço.

3 Então disse o Senhor: Assim como anda o meu servo Isaias, nú e descalço, [3] por signal e prodigio de tres annos sobre o Egypto e sobre a Ethiopia,

4 Assim o rei da Assyria levará em captiveiro os presos do Egypto, e os captivados da Ethiopia, assim moços como velhos, nús e descalços, [4] e descobertas as nadegas para vergonha dos egypcios.

5 E assombrar-se-hão, [5] e envergonhar-se-hão, por causa dos ethiopes, para quem attentavam, como tambem dos egypcios, sua gloria.

6 Então dirão os moradores d’esta ilha n’aquelle dia: Olhae que tal foi aquelle, para quem attentavamos, a quem nos acolhemos por soccorro, para nos livrarmos da face do rei da Assyria! como pois escaparemos nós?

[1] II Reis 18.17.

[2] I Sam. 19.24. Miq. 1.8.

[3] cap. 3.18.

[4] II Sam. 10.4. Jer. 13.22, 26.

[5] II Reis 18.21. cap. 30.3, 5, 7 e 36.6.

Predicção da queda de Babylonia.

21 Pezo do deserto da banda do mar. [1] Como os tufões de vento passam por meio da terra do sul, assim do deserto virá, da terra horrivel.

2 Visão dura se notificou: o perfido trata perfidamente, [2] e o destruidor anda destruindo: sobe, [3] ó Elam, sitía,[627] ó médo, que já fiz cessar todo o seu gemido.

3 Pelo que [4] os meus lombos estão cheios de grande enfermidade, angustias se apoderaram de mim como as angustias da que pare: me encurvo de ouvir, e estou espantado de ver.

4 O meu coração anda errado, espavorece-me o horror: e o crepusculo, que desejava, [5] me tornou em tremores.

5 Põe a mesa, vigia na atalaia, come, bebe: levantae-vos, principes, e untae o escudo.

6 Porque assim me disse o Senhor: Vae, põe uma sentinella, e que diga o que vir.

7 E viu [6] um carro com um par de cavalleiros, um carro de jumentos, e um carro de camelos, e attentou attentamente com grande attenção.

8 E clamou: Um leão vejo, Senhor, [7] sobre a atalaia de vigia estou em pé continuamente de dia, e sobre a minha guarda me ponho noites inteiras.

9 E eis agora vem um carro de homens, e cavalleiros aos pares. Então respondeu e disse: [8] Caída é Babylonia, caída é! e todas as imagens de esculptura dos seus deuses quebrantou contra a terra.

10 Ah malhada [9] minha, e trigo da minha eira! o que ouvi do Senhor dos Exercitos, Deus de Israel, isso vos notifiquei.

Prophecia contra Duma.

11 Pezo [10] de Duma. Dão-me gritos de Seir: Guarda, que houve de noite? guarda, que houve de noite?

12 E disse o guarda: Vem a manhã, e tambem a noite; se quereis perguntar, perguntae; tornae-vos, e vinde.

Prophecia contra Arabia.

13 Pezo contra Arabia. Nos bosques de Arabia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim.

14 Sahi ao encontro dos sequiosos com agua: os moradores da terra de Tema com o seu pão encontraram os que fugiam.

15 Porque fogem de diante das espadas, de diante da espada nua, e de diante do arco armado, e de diante do pezo da guerra.

16 Porque assim me disse o Senhor: [11] Ainda dentro d’um anno, como os annos de jornaleiro, será arruinada toda a gloria de Kedar.

17 E os residuos do numero dos frecheiros, os valentes dos filhos de Kedar, serão diminuidos, porque assim o disse o Senhor, Deus de Israel.

[1] Zac. 9.14.

[2] cap. 33.1.

[3] Jer. 49.34.

[4] cap. 13.8.

[5] Deu. 28.67.

[6] ver. 9.

[7] Hab. 2.1.

[8] Jer. 51.8. Apo. 14.8 e 18.2. cap. 46.1. Jer. 50.2 e 51.44.

[9] Jer. 51.33.

[10] I Chr. 1.30. Eze. 35.2.

[11] cap. 16.4.

Quadro prophetico do cerco de Jerusalem.

Antes de Christo 712

22 Pezo do valle da visão. Que tens agora, que toda tu subiste aos telhados?

2 Tu, cheia de arroidos, cidade turbulenta, [1] cidade que salta de alegria, os teus mortos não foram mortos á espada, nem morreram na guerra.

3 Todos os teus principes juntamente fugiram, os frecheiros os amarraram: todos os que em ti se acharam, foram amarrados juntamente, e fugiram de longe.

4 Portanto digo: Virae de mim a vista, e chorarei amargamente: [2] não vos canceis mais em consolar-me pela destruição da filha do meu povo.

5 Porque [3] é um dia d’alvoroço, e de atropellamento, e de confusão da parte do Senhor Jehovah dos Exercitos, no valle da visão: dia de derribar o muro e de gritar até ao monte.

6 Porque Elam [4] tomou a aljava, o homem está no carro, tambem ha cavalleiros: e Kir descobre os escudos.

7 E será que os teus mais formosos valles se encherão de carros, e os cavalleiros se porão em ordem ás portas.

8 E descobrirá a coberta de Judah, [5] e n’aquelle dia olharás para as armas da casa do bosque.

9 E vereis [6] as roturas da cidade de David, porquanto são muitas, e ajuntareis as aguas do viveiro de baixo.

10 Tambem contareis as casas de Jerusalem, e derribareis as casas, para fortalecer os muros.

11 Fareis tambem [7] uma cova entre ambos os muros para as aguas do viveiro velho, porém não olhastes acima para o que fez isto, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade.

12 E o Senhor, o Senhor dos Exercitos chamará n’aquelle [8] dia ao choro, e ao pranto, e á rapadura da cabeça, e ao cingidouro do sacco.

13 Porém eis aqui gozo e alegria, matando-se vaccas e degolando-se ovelhas, comendo-se carne, e bebendo-se vinho, e dizendo-se: [9] Comamos e bebamos, porque ámanhã morreremos.

14 Mas [10] o Senhor dos Exercitos se manifestou nos meus ouvidos, dizendo: Vivo eu, que esta maldade não vos será[628] [VQ] perdoada até que morraes, diz o Senhor Jehovah dos Exercitos.

Sebna é degradado; Eliakim é exaltado.

15 Assim diz o Senhor Jehovah dos Exercitos: Anda e vae-te com este thesoureiro, com Sebna, o mordomo, e dize-lhe:

16 Que é o que tens aqui? ou a quem tens tu aqui, que te lavrasses aqui sepultura? [11] como o que lavra em logar alto a sua sepultura e debuxa na penha uma morada para si.

17 Eis que o Senhor d’aqui te transportará do transporte de varão, e de todo te cobrirá.

18 Certamente te fará rodar, como se faz rodar a bola em terra larga e espaçosa: ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua gloria, ó opprobrio da casa do teu Senhor.

19 E rejeitar-te-hei do teu estado, e te repuxará do teu assento.

20 E será n’aquelle dia que chamarei a meu servo Eliakim [12] filho d’Hilkias.

21 E vestil-o-hei da tua tunica, e esforçal-o-hei com o teu talabarte, e entregarei nas suas mãos o teu dominio, e será como pae para os moradores de Jerusalem, e para a casa de Judah.

22 E porei a chave da casa de David sobre o seu hombro, [13] e abrirá, e ninguem fechará, e fechará, e ninguem abrirá.

23 E pregal-o-hei como a um [14] prego n’um logar firme, e será como um throno de honra para a casa de seu pae.

24 E n’elle pendurarão toda a honra da casa de seu pae, dos renovos e dos descendentes, como tambem todos os vasos menores, desde os vasos das taças até todos os vasos dos odres.

25 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, o prego pregado em logar firme será tirado: e será cortado, e cairá, e a carga que n’elle está se cortará, porque o Senhor o disse.

[1] cap. 32.13.

[2] Jer. 9.1.

[3] cap. 37.3.

[4] Jer. 49.35. cap. 15.1.

[5] I Reis 7.2 e 10.17.

[6] II Reis 20.20. II Chr. 32.4, 5, 30.

[7] Neh. 3.16.

[8] Joel 1.13. Esd. 9.3. cap. 15.2. Miq. 1.10.

[9] cap. 56.12. I Cor. 15.32.

[10] cap. 5.9. I Sam. 3.14.

[11] Mat. 27.60.

[12] II Reis 18.18.

[13] Job 12.14. Apo. 3.7.

[14] Esd. 9.8.

A ruina e restauração de Tyro.

Antes de Christo 715

23 Pezo [1] de Tyro. Uivai, navios de Tharsis, porque assolada está até n’ella casa nenhuma mais ficar e n’ella ninguem mais entrar: desde a terra de Chittim lhes foi isto revelado.

2 Calae-vos, moradores da ilha, vós a quem encheram os mercadores de Sidon, navegando pelo mar.

3 E a sua provisão era a semente de Sichor, que vinha com as muitas aguas da sega do rio, e era a feira das nações.

4 Envergonha-te, ó Sidon, porque o mar, a fortaleza do mar, falla, dizendo: Eu não tive dôres de parto, nem pari, nem ainda creei mancebos, nem eduquei donzellas.

5 Como com as novas do Egypto, assim haverá dôres quando se ouvirem as de Tyro.

6 Passae a Tharsis: uivae, moradores da ilha.

7 É esta porventura [2] a vossa cidade que andava pulando de alegria? cuja antiguidade é dos dias antigos? pois leval-a-hão os seus proprios pés para longe andarem a peregrinar.

8 Quem formou este designio contra Tyro, a coroadora? cujos mercadores são principes e cujos negociantes os mais nobres da terra?

9 O Senhor dos Exercitos formou este designio para profanar a soberba de todo o ornamento, e envilecer os mais nobres da terra.

10 Passa-te como rio pela tua terra, ó filha de Tharsis, pois já não ha precinta.

11 A sua mão estendeu sobre o mar, e turbou os reinos: o Senhor deu mandado contra Canaan, que se destruissem as suas fortalezas.

12 E disse: [3] Nunca mais pularás de alegria, ó opprimida donzella, filha de Sidon: levanta-te, passa a Chittim, e ainda ali não terás descanço.

13 Vêde a terra dos chaldeos, ainda este povo não era povo; a Assyria o fundou para os que moravam no deserto: levantaram as suas fortalezas, e edificaram os seus paços; porém a arruinou de todo.

14 Uivae, [4] navios de Tharsis, porque é destruida a vossa força.

15 E será n’aquelle dia que Tyro será posta em esquecimento por setenta annos, como os dias d’um rei: porém no fim de setenta annos haverá em Tyro cantigas, como a cantiga d’uma prostituta.

16 Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta entregue ao esquecimento; toca bem, canta e repete a aria, para que haja memoria de ti.

17 Porque será no fim de setenta annos que o Senhor visitará a Tyro, e se tornará á sua ganancia de prostituta, e fornicará com todos os reinos da terra que ha sobre a face da terra.

18 E o seu commercio e a sua ganancia de prostituta será [5] consagrado ao Senhor; não se enthesourará, nem se[629] fechará; mas o seu commercio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam até se saciarem, e tenham vestimenta duravel.

[1] Jer. 25.22 e 47.4. Eze. 26 e 27 e 28. Amós 1.9. Zac. 9.2, 4. ver. 12.

[2] cap. 22.2.

[3] Apo. 18.22. ver. 1.

[4] ver. 1. Eze. 27.25, 30.

[5] Zac. 14.20, 21.

Predicção do castigo dos israelitas, e o seu bom effeito. A promessa de livramento e da ruina dos seus inimigos. Cantico de louvor pela misericordia de Deus.

Antes de Christo 712

24 Eis que o Senhor esvazia a terra, e a desola, e transtorna a sua face, e espalha os seus moradores.

2 E assim como fôr o povo, [1] assim será o sacerdote; como o servo, assim o seu senhor; como a serva, assim a sua senhora; [2] como o comprador, assim o vendedor; como o que empresta, assim o que toma emprestado; como o que dá usura, assim o que toma usura.

3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra.

4 A terra pranteia e se murcha: o mundo enfraquece e se murcha: enfraquecem os mais altos do povo da terra.

5 Porque a terra [3] está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto trespassam as leis, mudam os estatutos, e aniquilam a alliança eterna.

6 Por isso [4] a maldição consome a terra; e os que habitam n’ella serão desolados; por isso serão queimados os moradores da terra, e poucos homens ficarão de resto.

7 Pranteia o mosto, [5] enfraquece a vida; e suspirarão todos os alegres de coração.

8 cessou o folguedo [6] dos tamboris, acabou o arruido dos que pulam de prazer, e descançou a alegria da harpa.

9 Com cantares não beberão vinho; a bebida forte será amarga para os que a beberem.

10 demolida está a cidade vazia, todas as casas fecharam, ninguem já pode entrar.

11 Um lastimoso clamor por causa do vinho se ouve nas ruas: toda a alegria se escureceu, se desterrou o gozo da terra.

12 Desolação ainda ficou de resto na cidade, e com estalidos se quebra a porta.

13 Porque assim será no interior da terra, e no meio d’estes povos, [7] como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está acabada a vindima.

14 Estes alçarão a sua voz, e cantarão com alegria; e por causa da gloria do Senhor exultarão desde o mar.

15 Por isso glorificae ao Senhor nos valles, [8] e nas ilhas do mar ao nome do Senhor Deus d’Israel.

16 Dos ultimos fins da terra ouvimos psalmos para gloria do Justo; porém agora digo eu: Emmagreço, emmagreço, ai de mim! [9] os perfidos tratam perfidamente, e com perfidia tratam os perfidos perfidamente.

17 O temor, e a cova, e o laço veem sobre ti, [10] ó morador da terra.

18 E será que aquelle que fugir da voz do temor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; [11] porque as janellas do alto se abrem, e os fundamentos da terra tremerão.

19 De todo será quebrantada a terra, [12] de todo se romperá a terra, e de todo se moverá a terra.

20 De todo balanceará [13] a terra como o bebado, e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se aggravará sobre ella, e cairá, e nunca mais se levantará.

21 E será que n’aquelle dia o Senhor visitará os exercitos do alto na altura, e os reis da terra sobre a terra.

22 E juntamente serão amontoados como presos n’uma masmorra, e serão encarcerados n’um carcere: e outra vez serão visitados depois de muitos dias.

23 E a lua [14] se envergonhará, e o sol se confundirá quando [15] o Senhor dos Exercitos reinar no monte de Sião e em Jerusalem; e então perante os seus anciãos haverá gloria.

[1] Ose. 4.9.

[2] Eze. 7.12, 13.

[3] Gen. 3.17. Num. 35.33.

[4] Mal. 4.6.

[5] cap. 16.8, 9. Joel 1.10, 12.

[6] Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.22.

[7] cap. 17.5, 6.

[8] Mal. 1.11.

[9] Jer. 5.11.

[10] I Reis 19.17. Jer. 48.43, 44. Amós 5.19.

[11] Gen. 7.11.

[12] Jer. 4.23.

[13] cap. 19.14.

[14] cap. 13.10 e 60.19. Eze. 32.7. Joel 2.11 e 3.15.

[15] Apo. 19.4, 6. Heb. 12.22.

25 Ó Senhor, tu és o meu Deus; [1] exaltar-te-hei a ti, e louvarei o teu nome, porque fizeste maravilhas: os teus conselhos antigos são verdade e firmeza.

2 Porque da cidade fizeste [2] um montão de pedras, e da forte cidade uma inteira ruina, e do paço dos estranhos, que não seja mais cidade, e jámais se torne a edificar.

3 Pelo que te glorificará [3] um poderoso povo, e a cidade das nações formidaveis te temerá.

4 Porque foste a fortaleza do pobre, e a fortaleza do necessitado, na sua angustia: refugio contra o alagamento, [4] e sombra contra o calor; porque o sopro dos tyrannos é como o alagamento contra o muro.

5 Como o calor em logar secco, assim abaterás o impeto dos estranhos; como[630] se aplaca o calor pela sombra da espessa nuvem, assim o cantico dos tyrannos será humilhado.

6 E o Senhor dos Exercitos [5] fará n’este monte a todos os povos um convite de cevados, convite de vinhos puros, de tutanos gordos, e de vinhos puros, bem purificados.

7 E devorará n’este monte a mascara do rosto, com que todos os povos andam cobertos, [6] e a cobertura com que todas as nações se cobrem.

8 Devorará tambem [7] a morte com victoria, [8] e assim enxugará o Senhor Jehovah as lagrimas de todos os rostos, e tirará o opprobrio do seu povo de toda a terra; porque o Senhor o disse.

9 E n’aquelle dia se dirá: [9] Eis-que este é o nosso Deus, a quem aguardavamos, e elle nos salvará: este é o Senhor, a quem aguardavamos: na sua salvação pois nos gozaremos e alegraremos.

10 Porque a mão do Senhor descançará n’este monte; mas Moab será trilhado debaixo d’elle, como se trilha a palha no monturo.

11 E estenderá as suas mãos por entre elles, como as estende o nadador para nadar: e abaterá a sua altivez com as ciladas das suas mãos d’elles.

12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros, as abaterá e as derribará em terra até ao pó.

[1] Exo. 15.2.

[2] cap. 21.9 e 23.13. Jer. 51.37.

[3] Apo. 11.13.

[4] cap. 4.6.

[5] cap. 2.2, 3. Pro. 9.2. Mat. 22.4. Dan. 7.14. Mat. 8.11.

[6] II Cor. 3.15.

[7] Ose. 13.14. I Cor. 15.54. Apo. 7.17 e 21.4.

[8] Apo. 7.17 e 21.4.

[9] Gen. 49.18. Tito 2.13.

26 N’aquelle dia [1] se cantará este cantico na terra de Judah: Uma forte cidade temos, Deus lhe poz a salvação por muros e antemuros.

2 Abri as portas, para que entre n’ellas a nação justa, que observa a verdade.

3 Tu conservarás em paz aquelle cuja mente está firme em ti, porque confiará em ti.

4 Confiae no Senhor perpetuamente; [2] porque em Deus Senhor ha uma rocha eterna.

5 Porque elle abate os que habitam em logares sublimes, como tambem a cidade exalçada [3] humilhará até ao chão, e a derribará até ao pó.

6 O pé a atropellará; os pés dos afflictos, e os passos dos pobres.

7 O caminho do justo é todo plano: tu rectamente pesas o andar do justo.

8 Até no caminho dos teus juizos, Senhor, te esperamos, [4] no teu nome e na tua lembrança está o desejo da nossa alma.

9 Na minha alma [5] te desejei de noite, e com o meu espirito, que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo os teus juizos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.

10 Ainda que se faça favor [6] ao impio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da rectidão obra iniquidade, e não olha para a alteza do Senhor.

11 Ó Senhor, ainda que esteja exaltada a tua mão, [7] nem por isso a vêem: vel-a-hão, porém, e confundir-se-hão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo consumirá a teus adversarios.

12 Ó Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.

13 Ó Senhor Deus nosso, [8] já outros senhores teem tido dominio sobre nós; porém, por ti só, nos lembramos do teu nome.

14 Morrendo elles, não tornarão a viver; fallecendo, não resuscitarão; por isso os visitaste e destruiste, e apagaste toda a sua memoria.

15 Tu, Senhor, augmentaste a esta gente, tu augmentaste a esta gente, fizeste-te glorioso; mas longe os lançaste, a todos os fins da terra.

16 Ó Senhor, no aperto te visitaram; [9] vindo sobre elles a tua correcção, derramaram a sua oração secreta.

17 Como [10] a mulher gravida, quando está proxima ao parto, tem dôres do parto, e dá gritos nas suas dôres, assim fomos nós por causa da tua face, ó Senhor!

18 Bem concebemos nós, e tivemos dôres de parto, porém parimos vento: livramento não trouxemos á terra, nem cairam os moradores do mundo.

19 Os [11] teus mortos viverão, como tambem o meu corpo morto, e assim resuscitarão; despertae e exultae, os que habitaes no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho de hortaliças, e a terra lançará de si os mortos.

20 Vae pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti: [12] esconde-te por um só momento, até que passe a ira.

21 Porque eis-que o Senhor [13] sairá do seu logar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos á espada.

[1] cap. 2.11 e 60.18.

[2] cap. 45.17.

[3] cap. 25.12 e 32.19.

[4] cap. 64.4, 5.

[5] Can. 3.1.

[6] Ecc. 8.12. Rom. 2.4.

[7] cap. 5.12.

[8] II Chr. 12.8.

[9] Ose. 5.15.

[10] cap. 13.8. João 16.21.

[11] Dan. 12.2.

[12] cap. 54.7, 8. II Cor. 4.17.

[13] Miq. 1.3. Jud. 14.

[631]

27 N’aquelle dia o Senhor castigará com a sua espada dura, grande e forte, ao Leviathan, aquella serpente [VR] comprida, e ao Leviathan, aquella serpente [1] tortuosa, e matará o dragão, que está no mar.

2 N’aquelle dia haverá uma vinha de vinho tinto; [2] cantae d’ella.

3 Eu o Senhor a guardo, e cada momento a regarei; para que ninguem lhe faça damno, de noite e de dia a guardarei.

4 não ha furor em mim: [3] quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? eu iria contra elles e juntamente os queimaria.

5 Ou pegue [4] da minha força, e faça paz comigo: paz fará comigo.

6 Dias virão em que Jacob lançará raizes, [5] e florescerá e brotará Israel, e encherão de fructo a face do mundo.

7 Porventura feriu-o elle como feriu aos que o feriram? ou matou-o elle assim como matou aos que foram mortos por elle?

8 Com medida contendeste com ella, quando a rejeitaste, [6] quando a tirou com o seu vento forte, no tempo do vento leste.

9 Por isso se expiará a iniquidade de Jacob, e este será todo o fructo, de se ter dado peccado: quando fizer a todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, então os bosques e as imagens do sol não poderão ficar em pé.

10 Porque a forte cidade ficará solitaria, e a morada será rejeitada e desamparada como um deserto; ali [7] pastarão os bezerros, e ali se deitarão, e devorarão as suas ramas.

11 Quando as suas ramas se seccarem, serão quebradas, e, vindo as mulheres, as accenderão, [8] porque este povo não é povo de entendimento, pelo que aquelle que o fez não se compadecerá d’elle, nem aquelle que o formou lhe fará graça alguma.

12 E será [9] n’aquelle dia que o Senhor o padejará como se padeja o trigo, desde as correntes do rio, até ao rio do Egypto; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um.

13 E será n’aquelle dia que se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assyria, e os que foram desterrados para a terra do Egypto tornarão a vir, e adorarão ao Senhor no monte sancto em Jerusalem.

[1] Eze. 32.2.

[2] cap. 5.1. Jer. 2.21.

[3] II Sam. 23.6. cap. 9.18.

[4] cap. 25.4. Job 22.21.

[5] cap. 37.31. Ose. 14.5, 6.

[6] Jer. 10.24 e 30.11 e 46.28.

[7] cap. 17.2 e 32.14.

[8] Deu. 32.28. cap. 1.3. Jer. 8.7. Deu. 32.18. cap. 43.1, 7 e 44.2, 21, 24.

[9] cap. 2.11. Mat. 24.31. Apo. 11.15.

O annuncio do castigo de Ephraim e de Judah por causa da sua impenitencia.

Antes de Christo 725

28 Ai da corôa [1] de soberba dos bebados de Ephraim, cujo glorioso ornamento é como a flor que cae, que está sobre a cabeça do fertil valle dos feridos do vinho.

2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso que [2] como um alagamento de saraiva, tormenta de destruição, e como um alagamento de impetuosas aguas que trasbordam, com a mão derribará por terra.

3 A corôa [3] de soberba dos bebados de Ephraim será pisada aos pés.

4 E a flor caida do seu [4] glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fertil valle, será como a bêbera antes do verão, que, vendo a alguem, e tendo-a ainda na mão, a engole.

5 N’aquelle dia o Senhor dos Exercitos será por corôa gloriosa, e por grinalda formosa, para os residuos de seu povo;

6 E por espirito de juizo, para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem retirar a peleja até á porta.

7 Mas tambem estes [VS] erram com o vinho [5] e com a bebida forte se desencaminham: até [6] o sacerdote e o propheta erram por causa da bebida forte; são devorados do vinho; se desencaminham com a bebida forte, andam errados na visão, e tropeçam no juizo.

8 Porque todas as suas mesas estão cheias de vomitos e sujidade, até não haver mais logar limpo.

9 A quem [7] pois se ensinaria a sciencia? e a quem se daria a entender o que se ouviu? ao desmamado do leite, e ao arrancado dos peitos.

10 Porque é mandamento, sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra: um pouco aqui, um pouco ali.

11 Pelo que por [8] labios de gago, e por outra lingua, fallará a este povo.

12 Ao qual disse: Este é o descanço, dae descanço ao cançado, e este é o refrigerio: porém não quizeram ouvir.

13 Assim pois a palavra do Senhor lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que[632] vão, e caiam para traz, e se quebrantem, e se enlacem, e sejam presos.

14 Pelo que ouvi a palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominam este povo, que está em Jerusalem.

15 Porquanto dizeis: Fizemos concerto com a morte, e com o [VT] inferno fizemos alliança; quando passar o diluvio do açoite, não chegará a nós, porque pozemos a mentira por nosso refugio, e debaixo da falsidade nos escondemos.

16 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: [9] Eis que eu fundo em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada: aquelle que crer não se apresse.

17 E regrarei o juizo ao cordel, e a justiça ao nivel, [10] e a saraiva varrerá o refugio da mentira, e as aguas cobrirão o esconderijo.

18 E o vosso concerto com a morte se annulará; e a vossa alliança com o inferno não subsistirá; e, quando o diluvio do açoite passar, então sereis d’elle pisados.

19 Desde que começa a passar, vos arrebatará, porque todas as manhãs passará, de dia e de noite: e será que sómente o ouvir a fama causará grande turbação.

20 Porque a cama será tão curta que ninguem se poderá estender n’ella; e o cobertor tão estreito que se não possa cobrir com elle.

21 Porque o Senhor se levantará como no monte [11] de Perazim, e se irará, como no valle de Gibeon, para fazer a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu acto, o seu estranho acto.

22 Agora pois mais não escarneçaes, para que vossas ataduras se não façam mais fortes: porque já ao Senhor Jehovah dos Exercitos ouvi [12] fallar d’uma [VU] destruição, e essa já está determinada sobre toda a terra.

23 Inclinae os ouvidos, e ouvi a minha voz: attendei bem, e ouvi o meu discurso.

24 Porventura lavra todo o dia o lavrador, para semear? ou abre e desterroa todo o dia a sua terra?

25 Porventura não é assim? quando tem gradado a sua superficie, então esparge n’ella ervilhaca, e derrama cominho: ou lança n’ella do melhor trigo, ou cevada escolhida, ou centeio, cada qual no seu logar.

26 O seu Deus o ensina, e o instrue ácerca do que ha de fazer.

27 Porque a ervilhaca não se trilha com trilho, nem sobre o cominho passa roda de carro; mas com uma vara se sacode a ervilhaca, e o cominho com um páu.

28 O trigo é esmiuçado, mas não se trilha continuamente, nem se esmiuça com as rodas do seu carro, nem se quebranta com os seus cavallos.

29 Até isto procede do Senhor dos Exercitos; [13] porque é maravilhoso em conselho e grande em obra.

[1] ver. 3 e 4.

[2] cap. 30.30. Eze. 13.11.

[3] ver. 1.

[4] ver. 1.

[5] Pro. 20.1. Ose. 4.11.

[6] cap. 56.10, 12.

[7] Jer. 6.10.

[8] I Cor. 14.21.

[9] Gen. 49.24. Mat. 21.42. Act. 4.11. Rom. 9.33 e 10.11. Eph. 2.20. I Ped. 2.6, 7, 8.

[10] ver. 15.

[11] II Sam. 5.20. I Chr. 14.11. Jos. 10.10, 12. II Sam. 5.25. I Chr. 14.16.

[12] cap. 10.22, 23. Dan. 9.27.

[13] Jer. 32.19.

Prophecia contra Judah infiel: promessa de livramento.

Antes de Christo 712

29 Ai d’Ariel, [1] Ariel, a cidade em que David assentou o seu arraial! accrescentae anno a anno, e [VV] sacrifiquem sacrificios festivos.

2 Comtudo porei a Ariel em aperto, e haverá pranto e tristeza: e a cidade me será como Ariel.

3 Porque te cercarei com o meu arraial, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.

4 Então serás abatida, fallarás desde debaixo da terra, e a tua falla desde o pó sairá fraca, [2] e será a tua voz desde debaixo da terra, como a d’um feiticeiro, e a tua falla assobiará desde debaixo do pó.

5 E a multidão dos teus [VW] inimigos será como [3] o pó miudo, e a multidão dos [VX] tyrannos como a pragana que passa, e n’um momento repentino succederá.

6 Do Senhor dos Exercitos serás visitada com trovões, e com terremotos, e grande arroido com tufão de vento, e tempestade, e labareda de fogo consumidor.

7 E como o sonho de visão de noite, assim será a multidão de todas as nações que pelejarão contra Ariel, como tambem todos os que pelejarão contra ella e contra os seus muros, e a porão em aperto.

8 Será tambem como [4] o faminto que sonha, e eis-que lhe parece que come, porém, acordando, se acha a sua alma vazia, ou como o sequioso que sonha, e eis-que lhe parece que bebe, porém, acordando, eis-que ainda desfallecido se acha, e a sua alma com sêde: assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte de Sião.

[633]

9 Tardam, porém, pelo que vos maravilhae, andam folgando, portanto clamae: [5] bebados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte.

10 Porque [6] o Senhor derramou sobre vós um espirito de profundo somno, e fechou os vossos olhos; vendou os prophetas, e os vossos cabeças, e os videntes.

11 Pelo que toda a visão vos é como as palavras d’um [7] livro sellado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto: e elle dirá: Não posso, [8] porque está sellado.

12 Ou dá-se o livro ao que não sabe lêr, dizendo: Ora lê isto: e elle dirá: Não sei ler.

13 Porque o Senhor disse: [9] Pois que este povo se chega para mim com a sua bocca, e com os seus labios me honra, porém o seu coração afugenta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste em [10] mandamentos de homens, [VY] em que foi instruido;

14 Portanto [11] eis-que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio d’este povo; uma obra maravilhosa e um assombro, porque [12] a sabedoria dos seus sabios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes se esconderá.

15 Ai [13] dos que querem esconder profundamente o conselho do Senhor, e fazem as suas obras ás escuras, e dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?

16 Vossa perversidade é, como se o oleiro fosse egual ao barro, [14] e a obra dissesse ao seu artifice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe.

17 Porventura não se converterá o Libano, n’um breve momento, em campo fertil? e o campo fertil não se reputará por um bosque?

18 E n’aquelle dia [15] os surdos ouvirão as palavras do livro, e d’entre a escuridão e d’entre as trevas as verão os olhos dos cegos.

19 E os mansos [16] terão gozo sobre gozo no Senhor; e os necessitados entre os homens se alegrarão no sancto de Israel:

20 Porque o [VZ] tyranno fenece, [17] e se consome o escarnecedor, e todos os que se dão á iniquidade são extirpados;

21 Os que fazem culpado ao homem por uma palavra, [18] e armam laços ao que os reprehende na porta, e os que [WA] lançam o justo para o deserto.

22 Portanto assim diz o Senhor, [19] que remiu a Abrahão, ácerca da casa de Jacob: Jacob não será agora mais envergonhado, nem agora se descorará mais a sua face.

23 Mas vendo elle a seus filhos, [20] a obra das minhas mãos, no meio d’elle, então sanctificarão o meu nome, e sanctificarão ao Sancto de Jacob, e temerão ao Deus de Israel.

24 E os errados [21] de espirito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão [WB] doutrina.

[1] Eze. 43.15, 16. II Sam. 5.9.

[2] cap. 8.19.

[3] Job 21.18. cap. 17.13.

[4] Job 20.8.

[5] cap. 28.7, 8 e 51.21.

[6] Rom. 11.8. cap. 6.10.

[7] cap. 8.16.

[8] Dan. 12.4, 9. Apo. 5.1, 5, 9 e 6.1.

[9] Eze. 33.31. Mat. 15.8, 9. Mar. 7.6, 7.

[10] Col. 2.22.

[11] Hab. 1.5.

[12] Jer. 49.7. Abd. 8. I Cor. 1.19.

[13] cap. 30.1.

[14] cap. 45.9. Rom. 9.20.

[15] cap. 35.5.

[16] cap. 61.1. Thi. 2.5.

[17] cap. 28.14, 22. Miq. 2.1.

[18] Amós 5.10, 12. Pro. 28.21.

[19] Jos. 24.3.

[20] cap. 19.25 e 45.11 e 60.21. Eph. 2.10.

[21] cap. 28.7.

30 Ai dos filhos que se rebellam, diz o Senhor, [1] que tomaram conselho, mas não de mim; e que se cobriram com cobertura, mas não que venha do meu espirito; para assim accrescentarem peccado sobre peccado.

Antes de Christo 713

2 Que [2] vão descer ao Egypto, e não perguntam á minha bocca; para se fortificarem com a força de Pharaó, e para confiarem na sombra do Egypto.

3 Porque a força de Pharaó se vos tornará [3] em vergonha, e a confiança na sombra do Egypto em confusão.

4 Havendo estado [4] os seus principes em Zoan, e havendo chegado os seus embaixadores a Hanes,

5 Então todos [5] se envergonharão de um povo que de nada lhes aproveitará nem d’ajuda, nem de proveito, antes de vergonha, e até d’opprobrio, lhes servirá.

6 Peso [6] das bestas do sul. Para a terra d’afflicção e de angustia (d’onde vem a leôa e o leão, o basilisco, e o aspide ardente voador) levarão ás costas de jumentinhos as suas fazendas, e sobre as corcovas de camelos os seus thesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará.

7 Porque [7] o Egypto os ajudará em vão, e por demais: pelo que clamei ácerca d’isto: No estarem quietos será a sua força.

8 Vae pois agora, [8] escreve isto n’uma taboa perante elles, e aponta-o n’um livro; para que fique firme até ao dia ultimo, para sempre e perpetuamente.

9 Porque [9] um povo rebelde é este, são filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.

[634]

10 Que dizem aos videntes: Não vejaes; e aos que attentam: Não attenteis para nós no que é recto: dizei-nos coisas apraziveis, e vede para nós enganadoras lisonjas.

11 Desviae-vos do caminho, apartae-vos da vereda: fazei que cesse o Sancto de Israel de vir perante nós.

12 Pelo que assim diz o Sancto de Israel: Porquanto rejeitaes esta palavra, e confiaes na oppressão e perversidade, e sobre isso vos estribaes,

13 Por isso esta maldade vos será como a parede fendida, que vae caindo e já fórma barriga desde o mais alto muro, cuja queda virá subitamente n’um momento.

14 E os quebrará [10] como quebram o vaso do oleiro, e, quebrando-os, não se compadecerá d’elles: nem ainda um se achará entre os seus pedaços para tomar fogo do lar, ou tirar agua da poça.

15 Porque assim diz o Senhor Jehovah, o Sancto d’Israel: [11] Tornando-vos e descançando, ficarieis livres, e no socego e na confiança estaria a vossa força, porém não quizestes.

16 E dizeis: Não; antes sobre cavallos fugiremos; mas por isso mesmo fugireis; e, Sobre cavallos ligeiros cavalgaremos; por isso os vossos perseguidores tambem serão ligeiros.

17 Mil [12] homens fugirão ao grito d’um, e ao grito de cinco todos vós fugireis, até que sejaes deixados como o mastro no cume do monte, e como a bandeira no outeiro.

18 Por isso pois o Senhor esperará, para ter misericordia de vós; e por isso será exalçado, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade: [13] bemaventurados todos os que o esperam.

19 Porque o povo em Sião habitará, em Jerusalem: não chorarás de nenhuma sorte; certamente se compadecerá de ti, á voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá.

20 Bem vos dará [14] o Senhor, pão d’angustia e agua d’aperto, [15] mas os teus [WC] doutores nunca mais fugirão de ti, como voando com azas; antes os teus olhos verão a todos os teus mestres.

21 E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detraz de ti, dizendo: Este é o caminho, andae n’elle, [16] sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.

22 E terás por contaminadas [17] as coberturas das tuas esculpturas de prata, e a coberta das tuas esculpturas fundidas d’oiro; e as lançarás fóra como um panno immundo, e dirás a cada uma d’ellas: Fóra d’aqui.

23 Então te dará [18] chuva sobre a tua semente, com que semeares a terra, como tambem pão da novidade da terra; e esta será fertil e cheia; n’aquelle dia tambem o teu gado pastará em logares largos de pasto.

24 E os bois e os jumentinhos que lavram a terra, comerão grão puro, que fôr padejado com a pá, e cirandado com a ciranda.

25 E haverá em todo [19] o monte alto, e em todo o outeiro levantado, ribeiros e correntes d’aguas, no dia da grande matança, quando cairem as torres.

26 E será a [20] luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor soldar a quebradura do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.

27 Eis que o nome do Senhor vem de longe, a sua ira está ardendo, e a carga é pesada: os seus labios estão cheios de indignação, e a sua lingua como um fogo consumidor.

28 E o seu assopro [21] como o ribeiro trasbordando, que chega até ao pescoço: para sacudir as nações com sacudidura de [WD] vaidade, e como um freio de fazer errar nas queixadas dos povos.

29 Um cantico haverá entre vós, como na noite em que se sanctifica a festa; e alegria de coração, como aquelle que anda com gaita, [22] para vir ao monte do Senhor, á Rocha d’Israel.

30 E o Senhor [23] fará ouvir a gloria da sua voz, e fará ver o abaixamento do seu braço, com indignação de ira, e labareda de fogo consumidor, [24] raios e diluvio e pedra de saraiva.

31 Porque [25] com a voz do Senhor será desfeita em pedaços Assyria, que feriu com a vara.

32 E será, em todas as partes por onde passar o bordão affincado, que, sobre aquelle que o Senhor o puzer, ali estarão com tamboris e harpas; porque com combates de agitação combaterá contra elles.

33 Porque [26] Tophet está preparada desde hontem, e está preparada para o rei, já a afundou e alargou: a sua facha é de fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como a torrente de enxofre a accenderá.

[1] cap. 29.15.

[2] cap. 31.1. Jos. 9.14. I Reis 22.7.

[3] cap. 20.5.

[4] cap. 19.11.

[5] Jer. 2.36.

[6] Ose. 3.9.

[7] ver. 15.

[8] Hab. 2.2.

[9] Deu. 32.20. cap. 1.4. ver. 1.

[10] cap. 29.5. Jer. 19.11.

[11] ver. 7. cap. 7.4. Mat. 23.37.

[12] Lev. 26.8. Deu. 28.25 e 32.30. Jos. 23.10.

[13] Pro. 16.20. Jer. 17.7.

[14] I Reis 22.27.

[15] Amós 8.11.

[16] Jos. 1.7.

[17] cap. 2.20 e 31.7.

[18] Mat. 6.33.

[19] cap. 2.14, 15 e 44.3.

[20] cap. 60.19, 20.

[21] cap. 11.4. II The. 2.8. cap. 8.8.

[22] cap. 2.3.

[23] cap. 29.6.

[24] cap. 28.2 e 32.19.

[25] cap. 37.36. cap. 10.5, 24.

[26] Jer. 7.31 e 19.6, etc.

[635]

31 Ai dos que [1] descem ao Egypto a buscar soccorro, e se estribam em cavallos; e teem confiança em carros, porque são muitos, e nos cavalleiros, porque são poderosissimos: [2] e não attentam para o Sancto d’Israel, e não buscam ao Senhor.

2 Todavia tambem elle é sabio, e faz vir o mal, [3] e não retirou as suas palavras; e se levantará contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que obram a iniquidade.

3 Porque os egypcios são homens, e não Deus; e os seus cavallos carne, e não espirito; e o Senhor estenderá a sua mão, e dará comsigo em terra o auxiliador, e cairá o ajudado, e todos juntamente serão consumidos.

4 Porque assim me disse o Senhor: [4] Como o leão, e o cachorro do leão, ruge sobre a sua preza, ainda que se convoquem contra elle uma multidão de pastores; não se espanta das suas vozes, nem se abate pela sua multidão: [5] assim o Senhor dos Exercitos descerá, para pelejar pelo monte de Sião, e pelo seu outeiro.

5 Como as aves [6] andam voando, assim o Senhor dos Exercitos amparará a Jerusalem: e, amparando, a livrará, e, passando, a salvará.

6 Convertei-vos pois áquelle contra quem os filhos d’Israel se rebellaram tão profundamente.

7 Porque n’aquelle dia cada um lançará [7] fóra os seus idolos de prata, e os seus idolos d’oiro, que vos fabricaram as vossas mãos para peccardes.

8 E a Assyria cairá pela espada, não de varão; e a espada, não de homem, a consumirá; e fugirá perante a espada, e os seus mancebos serão derrotados.

9 E de medo se passará [8] á sua rocha, e os seus principes se assombrarão da bandeira, diz o Senhor, cujo fogo está em Sião e a sua fornalha em Jerusalem.

[1] cap. 30.2 e 36.6. Eze. 17.15. cap. 36.9.

[2] Dan. 9.13.

[3] Num. 23.19.

[4] Ose. 11.10. Amós 3.8.

[5] cap. 42.13.

[6] Deu. 32.11.

[7] cap. 2.20 e 30.22. I Reis 12.30.

[8] cap. 37.37.

32 Eis ahi está que reinará [1] um Rei em justiça, e dominarão os principes segundo o juizo.

2 E será aquelle Varão como um esconderijo contra o vento, [2] e um refugio contra a tempestade, como ribeiros d’aguas em logares seccos, e como a sombra d’uma grande rocha em terra sedenta.

3 E os olhos dos que veem não olharão para [3] traz: e os ouvidos dos que ouvem estarão attentos.

4 E o coração dos imprudentes entenderá a sabedoria; e a lingua dos gagos estará prompta para fallar distinctamente.

5 Ao louco nunca mais se chamará liberal; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.

6 Porque o louco falla louquices, e o seu coração obra a iniquidade, para usar d’hypocrisia, e para fallar erros contra o Senhor, para deixar vazia a alma do faminto, e fazer com que o sedento venha a ter falta de beber.

7 Tambem todos os instrumentos do avarento são maus: elle maquina invenções malignas, para destruir os afflictos com palavras falsas, como tambem ao juizo, quando o pobre chega a fallar.

8 Mas o liberal projecta liberalidade, e pela liberalidade está em pé.

9 Levantae-vos, mulheres que estaes em repouso, e ouvi a minha voz: e vós, filhas, que estaes tão seguras, inclinae os ouvidos ás minhas palavras.

10 Muitos dias de mais do anno vireis a ser turbadas, ó filhas que estaes tão seguras; porque a vindima se acabará, e a colheita não virá.

11 Tremei vós que estaes em repouso, e turbae-vos vós, filhas, que estaes tão seguras: despi-vos, e ponde-vos nuas, e cingi com sacco os vossos lombos.

12 Lamentar-se-ha sobre os peitos, sobre os campos desejaveis, e sobre as vides fructuosas.

13 Sobre a terra [4] do meu povo virão espinheiros e sarças; como tambem sobre todas as casas de alegria, [5] na cidade que anda pulando de prazer.

14 Porque [6] o palacio será desamparado, o arroido da cidade cessará: e Ophel e as torres da guarda servirão de cavernas eternamente, para alegria dos jumentos montezes, e para pasto dos gados;

15 Até que se derrame sobre nós o espirito [7] do alto: então o deserto se tornará em campo fertil, e o campo fertil será reputado por um bosque.

16 E o juizo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fertil.

17 E o effeito [8] da justiça será paz, e a operação da justiça repouso e segurança, para sempre.

18 E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em logares quietos de descanço.

19 Mas, descendo ao bosque, [9] saraivará e a cidade se abaixará inteiramente.

[636]

20 Bemaventurados vós os que semeaes sobre todas as aguas: [10] e para enviaes o pé do boi e do jumento.

[1] Jer. 23.5. Zac. 9.9.

[2] cap. 4.6 e 25.4.

[3] cap. 29.18 e 35.5, 6.

[4] cap. 34.13. Ose. 9.6.

[5] cap. 22.2.

[6] cap. 27.10.

[7] Joel 2.28. cap. 29.17 e 35.2.

[8] Thi. 3.18.

[9] cap. 30.30. Zac. 11.2.

[10] cap. 30.24.

Os inimigos do povo de Deus serão destruidos: Jerusalem será restaurada á sua gloria e felicidade.

33 Ai de ti [1] desolador, que não foste desolado, e que obras perfidamente contra os que não obraram perfidamente contra ti! acabando tu de desolar, serás desolado: e, acabando tu de tratar perfidamente, se tratará perfidamente contra ti.

2 Senhor, tem misericordia de nós, [2] por ti temos esperado: sê tu o seu braço nas madrugadas, como tambem a nossa salvação no tempo da tribulação.

3 Á voz do arroido fugirão os povos: á tua exaltação as gentes serão dispersas.

4 Então ajuntar-se-ha o vosso despojo como se apanha o pulgão: como os gafanhotos saltam, ali saltará.

5 O Senhor está exalçado, pois habita nas alturas: encheu a Sião de juizo e justiça.

6 E será que a firmeza dos teus tempos, e a força das tuas salvações, será a sabedoria e a sciencia: e o temor do Senhor será o seu thesouro.

7 Eis-que os seus embaixadores estão clamando de fóra; e os mensageiros de paz estão chorando amargamente.

8 As estradas estão desoladas, [3] cessam os que passam pelas veredas: desfaz a alliança, despreza as cidades, e a homem nenhum estima.

9 A terra geme e pranteia, o Libano se envergonha e se murcha; Saron se tornou como um deserto; e Basan e Carmelo foram sacudidos.

10 Agora pois me levantarei, diz o Senhor: agora serei exaltado, agora serei posto em alto.

11 Concebestes [4] palha, parireis pragana: e o vosso espirito vos devorará como fogo.

12 E os povos serão como os incendios de cal: [5] como espinhos cortados arderão no fogo.

13 Ouvi, [6] vós os que estaes longe, o que tenho feito: e vós, que estaes visinhos, conhecei o meu poder.

14 Os peccadores de Sião se assombraram, o tremor surprehendeu os hypocritas. Quem d’entre nós habitará com o fogo consumidor? quem d’entre nós habitará com as labaredas eternas?

15 O que [7] anda em justiça, e o que falla equidades; o que arremessa para longe de si o ganho de oppressões; o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir ácerca de sangue [8] e fecha os seus olhos para não ver o mal,

16 Este habitará nas alturas, as fortalezas das rochas serão o seu alto refugio, o seu pão se lhe dá, as suas aguas são certas.

17 Os teus olhos verão o Rei na sua formosura, e verão a terra que está longe.

18 O teu coração considerará o assombro, dizendo: [9] Onde o escrivão, onde o [WE] pagador? onde o que conta as torres?

19 Não verás [10] mais aquelle povo espantavel, povo de falla tão profunda, que não se pode perceber e de lingua tão estranha que não se pode entender.

20 Olha [11] para Sião, a cidade das nossas solemnidades: os teus olhos verão a Jerusalem, habitação quieta, tenda que não será derribada, [12] cujas estacas nunca serão arrancadas, e de cujas cordas nenhuma se quebrará.

21 Mas o Senhor ali nos será grandioso, logar de rios e correntes largas será: barco nenhum de remo passará por elles, nem navio grande navegará por elles.

22 Porque o Senhor é o nosso Juiz: O Senhor é o nosso Legislador: [13] O Senhor é o nosso Rei, elle nos salvará.

23 As tuas cordas se affrouxaram: não poderam ter firme o seu mastro, e vela não estenderam: então a preza d’abundantes despojos se repartirá; e até os côxos roubarão a preza.

24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar n’ella será absolto d’iniquidade.

[1] Hab. 2.8. Apo. 13.10.

[2] cap. 25.9.

[3] Jui. 5.6. II Reis 18.14, 15, 16, 17.

[4] cap. 59.4.

[5] cap. 9.18.

[6] cap. 49.1.

[7] Psa. 15.2.

[8] Psa. 119.37.

[9] I Cor. 1.20.

[10] Deu. 28.49, 50. Jer. 5.13.

[11] Psa. 48.13.

[12] cap. 54.2.

[13] Thi. 4.12.

34 Chegae-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutae: [1] ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo, e tudo quanto produz.

2 Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o seu exercito: elle as destruiu totalmente, entregou-as á matança.

3 E os seus mortos serão arremeçados [2] e dos seus corpos subirá o seu fedor; e os montes se derreterão com o seu sangue.

[637]

4 E todo o exercito [3] dos céus se [WF] gastará, e os céus se enrolarão como um livro: [4] e todo o seu exercito cairá, como cae a folha da vide, e como cae o figo da figueira.

5 Porque [5] a minha espada se embriagou nos céus: eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anathema para juizo.

6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está engordurada da gordura de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; [6] porque o Senhor tem sacrificio em Bozra, e grande matança na terra de Edom.

7 E os unicornios descerão com elles, e os bezerros com os toiros: e a sua terra beberá sangue até se fartar, e o seu pó de gordura engordará.

8 Porque será o dia da vingança [7] do Senhor, anno de retribuições pela porfia de Sião.

9 E os seus ribeiros [8] se tornarão em pez, e o seu pó em enxofre, e a sua terra em pez ardente.

10 Nem de noite nem de dia se apagará; [9] para sempre o seu fumo subirá: de geração em geração será assolada; de seculo em seculo ninguem passará por ella.

11 Mas o pelicano e a coruja a [10] possuirão, e o bufo e o corvo habitarão n’ella: porque estenderá sobre ella cordel de confusão e nivel de vaidade.

12 Os seus nobres (que já não ha n’ella) ao reino chamarão; porém todos os seus principes não serão coisa nenhuma.

13 E nos seus palacios [11] crescerão espinhos, ortigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de dragões, e sala para os filhos do avestruz.

14 E [WG] os cães bravos se encontrarão com [WH] os gatos bravos; e o [WI] demonio clamará ao seu companheiro: e os animaes nocturnos ali pousarão, e acharão logar de repouso para si.

15 Ali se aninhará a melroa e porá os seus ovos, e tirará os seus pintãos, e os recolherá debaixo da sua sombra: tambem ali os abutres se ajuntarão uns com os outros.

16 Buscae no livro [12] do Senhor, e lêde; nenhuma d’estas coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a minha propria bocca o ordenou, e o seu espirito mesmo as ajuntará.

17 Porque elle mesmo lançou as sortes por elles, e a sua mão lh’a repartiu com o cordel: para sempre a possuirão, de geração em geração habitarão n’ella.

[1] Deu. 32.1.

[2] Joel 2.20.

[3] Eze. 32.7, 8. Joel 2.31 e 3.15. Mat. 24.29. II Ped. 3.10. Apo. 6.14.

[4] cap. 14.12. Apo. 6.13.

[5] Jer. 46.10 e 49.7, etc. Mal. 1.4.

[6] cap. 63.1. Jer. 49.13. Sof. 1.7.

[7] cap. 63.4.

[8] Deu. 29.23.

[9] Apo. 14.11 e 18.18 e 19.3. Mal. 1.4.

[10] cap. 14.23. Sof. 2.14. Apo. 18.2.

[11] cap. 32.13. Ose. 9.6. cap. 13.21, etc.

[12] Mat. 3.16.

A grandeza e gloria do reino do Messias.

35 O deserto [1] e os logares seccos se alegrarão d’isto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa.

2 Abundantemente florescerá, [2] e tambem se alegrará d’alegria e exultará; a gloria do Libano se lhe deu, o ornato do Carmelo e Saron: elles verão a gloria do Senhor, o ornato do nosso Deus.

3 Confortae [3] as mãos fracas, e esforçae os joelhos trementes.

4 Dizei aos turbados de coração: Confortae-vos, não temaes: eis-que o vosso Deus virá a tomar vingança, com pagos de Deus; elle virá, e vos salvará.

5 Então os olhos [4] dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão.

6 Então os coxos [5] saltarão como cervos, e a lingua dos mudos cantará; porque aguas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.

7 E a terra secca se tornará em tanques, e a terra sedenta em mananciaes d’aguas; [6] e nas habitações em que jaziam os [WJ] dragões haverá herva com cannas e juncos.

8 E ali haverá estrada e caminho, que se chamará o caminho sancto; [7] o immundo não passará por elle, mas será para estes: os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.

9 Ali não haverá leão, nem besta fera subirá a elle, nem se achará n’elle: porém os remidos andarão por elle.

10 E os resgatados do Senhor tornarão, [8] e virão a Sião com jubilo: e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças: gozo e alegria alcançarão, e d’elles fugirá a tristeza e o gemido.

[1] cap. 55.12.

[2] cap. 32.15.

[3] Job 4.3, 4. Heb. 12.12.

[4] cap. 29.18 e 32.3, 4 e 42.7. João 9.6, 7. Mat. 11.5. Mar. 7.32, etc.

[5] Mat. 11.5 e 15.30 e 21.14. João 5.8, 9. Act. 3.2, etc. e 8.7 e 14.8, etc. cap. 32.4. Mat. 9.32, 33 e 12.22 e 15.30. João 7.38, 39.

[6] cap. 34.13.

[7] cap. 52.1. Joel 3.17. Apo. 21.27.

[8] cap. 51.11 e 65.19. Apo. 7.17 e 21.4.

Senacherib cerca Jerusalem. A oração de Ezequias. O exercito dos assyrios é destruido.

Antes de Christo 710

36 E aconteceu [1] no anno decimo quarto do rei Ezequias que Senacherib, rei da Assyria subiu contra[638] todas as cidades fortes de Judah, e as tomou.

2 Então o rei da Assyria enviou a Rabsaké, desde Lachis a Jerusalem, ao rei Ezequias com um grande exercito, e parou junto ao cano de agua do viveiro mais alto, junto ao caminho do campo do lavandeiro.

3 Então saiu a elle Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joah, filho d’Asaph, o chanceller.

4 E Rabsaké [2] lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assyria: Que confiança é esta, em que confias?

5 Bem podera eu dizer (porém palavra de labios é): Ha conselho e poder para a guerra: em quem pois agora confias, que contra mim te rebellas?

6 Eis que confias n’aquelle [3] bordão de canna quebrada, a saber, no Egypto, o qual, se alguem se encostar n’elle lhe entrará pela mão, e lh’a furará: assim é Pharaó, rei do Egypto, para com todos os que n’elle confiam.

7 Porém se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é este aquelle cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse a Judah e a Jerusalem: Perante este altar vos inclinareis?

8 Ora, pois, dá agora refens ao meu senhor, o rei da Assyria, e dar-te-hei dois mil cavallos, se tu poderes dar cavalleiros para elles.

9 Como pois farias que se torne o rosto a um só principe dos minimos servos do meu senhor? porém tu confias no Egypto, por causa dos carros e cavalleiros.

10 Agora, pois, subi eu porventura sem o Senhor contra esta terra, para destruil-a? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destroe-a.

11 Então disse Eliakim, e Sebna, e Joah, a Rabsaké: Pedimos-te que falles aos teus servos em syriaco, porque bem o entendemos, e não nos falles em judaico, aos ouvidos do povo que está em cima do muro.

12 Porém Rabsaké disse: Porventura mandou-me o meu senhor ao teu senhor e a ti, para fallar estas palavras? e não antes aos homens que estão assentados em cima do muro, para que comam comvosco o seu esterco, e bebam a sua urina?

13 Rabsaké pois se poz em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assyria.

14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.

15 Nem tão pouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infallivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assyria.

16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assyria: Contratae comigo por presentes, e sahi a mim, [4] e comei vós cada um da sua vide, e da sua figueira, e bebei cada um da agua da sua cisterna;

17 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa: terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.

18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assyria?

19 Onde estão os deuses d’Hamath e d’Arpad? onde estão os deuses de Sepharvaim? porventura livraram a Samaria da minha mão?

20 Quaes são elles, d’entre todos os deuses d’estas terras, os que livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor livrasse a Jerusalem das minhas mãos?

21 Porém elles se calaram, e palavra nenhuma lhe responderam; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis.

22 Então Eliakim, filho d’Hilkias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joah, filho d’Asaph, o chanceller, vieram a Ezequias, com os vestidos rasgados, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaké.

[1] II Reis 18.13, 17. II Chr. 32.1.

[2] II Reis 18.19, etc.

[3] Eze. 29.6, 7.

[4] Zac. 3.10.

37 E aconteceu [1] que, tendo-o ouvido o rei Ezequias, rasgou os seus vestidos, e se cobriu de sacco, e entrou na casa do Senhor.

2 Então enviou a Eliakim, o mordomo, e a Sebna, o escrivão, e aos anciãos dos sacerdotes, cobertos de saccos, a Isaias, filho d’Amós, o propheta.

3 E disseram-lhe: Assim diz Ezequias: Este dia é dia d’angustia e de vituperação, e de blasphemias; porque chegados são os filhos ao parto, e força não ha para parir.

4 Porventura o Senhor teu Deus ouvirá as palavras de Rabsaké, a quem enviou o seu senhor, o rei da Assyria, para affrontar o Deus vivo, e para vituperal-o com as palavras que o Senhor teu Deus tem ouvido: faze oração pelo resto que ainda se acha.

5 E os servos do rei Ezequias vieram a Isaias.

[639]

6 E Isaias lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o Senhor: Não temas á vista das palavras que ouviste, com as quaes os servos do rei da Assyria me blasphemaram.

7 Eis que metterei n’elle um espirito, e elle ouvirá um arroido, e voltará para a sua terra; e fal-o-hei cair morto á espada na sua terra.

8 Voltou pois Rabsaké, e achou ao rei da Assyria pelejando contra Libna; porque ouvira que se havia retirado de Lachis.

9 E, ouvindo elle dizer que Tirhaká, rei da Ethiopia, tinha saido para lhe fazer guerra, assim como o ouviu, tornou a enviar mensageiros a Ezequias, dizendo:

10 Assim fallareis a Ezequias, rei de Judah, dizendo: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalem não será entregue na mão do rei da Assyria.

11 Eis que tens ouvido o que fizeram os reis da Assyria a todas as terras, destruindo-as totalmente: e escaparias tu?

12 Porventura as livraram os deuses das nações ás quaes meus paes destruiram, como a Gozan, e a Haran, e a Reseph, e aos filhos d’Eden, que estavam em Telassar?

13 Onde está o rei [2] d’Hamath, e o rei d’Arpad, e o rei da cidade de Sepharvaim, Hena e Iva?

14 Recebendo pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu á casa do Senhor e Ezequias as estendeu perante o Senhor.

15 E orou Ezequias ao Senhor, dizendo:

16 Ó Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel, que habitas entre os cherubins; tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.

17 Inclina, [3] ó Senhor, o teu ouvido, e ouve: abre, Senhor, os teus olhos, e olha; e ouve todas as palavras de Senacherib, o qual enviou para affrontar o Deus vivo.

18 Verdade é, Senhor, que os reis da Assyria assolaram todas as terras, com as suas comarcas,

19 E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos d’homens, madeira e pedra; por isso os destruiram.

20 Agora pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o Senhor.

21 Então Isaias, filho d’Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: Quanto ao que me pediste ácerca de Senacherib, rei da Assyria,

22 Esta é a palavra que o Senhor fallou d’elle: A virgem, a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalem menea a cabeça por detraz de ti.

23 A quem affrontaste e blasphemaste? e contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Sancto d’Israel.

24 Por meio de teus servos affrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos montes, aos lados do Libano; e cortarei os seus altos cedros e as suas faias escolhidas, e entrarei na altura do seu cume, ao bosque do seu campo fertil.

25 Eu cavei, e bebi as aguas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egypto.

26 Porventura não ouviste que muito d’antes eu fiz isto, e desde os dias antigos o formei? agora porém o fiz vir, para que tu fosses o que destruisses as cidades fortes, e as reduzisses a montões assolados.

27 Por isso os seus moradores, com as mãos caidas, andaram atemorisados e envergonhados: eram como a herva do campo, e a hortaliça verde, e o feno dos telhados, e o trigo queimado antes da seara.

28 Porém eu sei o teu assentar, e o teu sair, e o teu entrar, e o teu furor contra mim.

29 Por causa do teu furor contra mim, e porque o teu tumulto subiu até aos meus ouvidos, [4] portanto porei o meu anzol no seu nariz e o meu freio nos teus beiços, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.

30 E isto te seja por signal, que este anno se comerá o que de si mesmo nascer, e no segundo anno o que d’ahi proceder: porém no terceiro anno semeae e segae, e plantae vinhas, e comei os fructos d’ellas.

31 Porque o que escapou da casa de Judah, e ficou de resto, tornará a lançar raizes para baixo, e dará fructo para cima.

32 Porque de Jerusalem sairá o restante, e do monte de Sião o que escapou: [5] o zelo do Senhor dos Exercitos fará isto.

33 Pelo que assim diz o Senhor ácerca do rei da Assyria: Não entrará n’esta cidade, nem lançará n’ella frecha alguma: tão pouco virá perante ella com escudo, nem levantará contra ella tranqueira alguma.

34 Pelo caminho por onde vier, por[640] esse voltará; porém n’esta cidade não entrará, diz o Senhor.

35 Porque eu ampararei [6] a esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo David.

36 Então saiu [7] o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assyrios a cento e oitenta e cinco mil d’elles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que tudo eram corpos mortos.

37 Assim Senacherib, rei da Assyria, se retirou, e se foi, e voltou, e se ficou em Ninive.

38 E succedeu que, estando elle prostrado na casa de Nisroch, seu deus, Adramelech e Sarezer, seus filhos, o feriram á espada; porém elles se escaparam para a terra d’Ararat, e Esarhaddon, seu filho, reinou em seu logar.

[1] II Reis 19.1, etc.

[2] Jer. 49.23.

[3] Dan. 9.18.

[4] cap. 30.28. Eze. 38.4.

[5] II Reis 19.31. cap. 9.7.

[6] II Reis 20.6. cap. 38.6.

[7] II Reis 19.35.

A doença de Ezequias e a sua cura maravilhosa.

38 N’aquelles dias [1] Ezequias adoeceu d’uma enfermidade mortal: e veiu a elle Isaias, filho d’Amós, o propheta, e lhe disse: Assim diz o Senhor: [2] Ordena a tua casa, porque morrerás, e não viverás.

2 Então virou Ezequias o seu rosto para a parede; e orou ao Senhor.

3 E disse: Ah Senhor, [3] lembra-te, te peço, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era recto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitissimo.

4 Então veiu a palavra do Senhor a Isaias, dizendo:

5 Vae, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de David teu pae: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lagrimas; eis que accrescento sobre os teus dias quinze annos.

6 E livrar-te-hei das mãos do rei da Assyria, a ti, e a esta cidade, [4] e ampararei a esta cidade.

7 E isto te será por [5] signal da parte do Senhor de que o Senhor cumprirá esta palavra que fallou.

8 Eis que farei tornar a sombra dos graus, que declinou com o sol pelos graus do relogio d’Achaz dez graus atraz. Assim tornou o sol dez graus atraz, pelos graus que já tinha descido.

9 Escripturas d’Ezequias, rei de Judah, de quando adoeceu e sarou de sua enfermidade.

10 Eu disse no cessar de meus dias: Ir-me-hei ás portas da sepultura: estou privado do resto de meus annos.

11 Disse tambem: não verei mais ao Senhor, digo, na terra dos viventes: jámais verei o homem [WK] com os moradores do mundo.

12 o tempo da minha vida se [6] foi, e foi trespassado de mim, como choça de pastor: cortei a minha vida, como tecelão que corta a sua teia; como desde os liços me cortará; desde o dia até á noite me acabarás.

13 Isto me propunha até á madrugada, que, como um leão, quebrantaria todos os meus ossos: desde o dia até á noite me acabarás.

14 Como o grou, ou a andorinha, assim chilreava, [7] e gemia como a pomba: alçava os meus olhos ao alto; ó Senhor ando opprimido, fica por meu fiador.

15 Que direi? como m’o prometteu, assim o fez: [8] assim passarei mansamente por todos os meus annos, por causa da amargura da minha alma.

16 Senhor, com estas coisas se vive, e em todas ellas está a vida do meu espirito, porque tu me curaste e me saraste.

17 Eis que até na paz a amargura me foi amarga; tu porém tão amorosamente abraçaste a minha alma, que não caiu na cova da corrupção; porque lançaste para traz das tuas costas todos os meus peccados.

18 Porque não te louvará a sepultura, nem a morte te glorificará: nem tão pouco esperarão em tua verdade os que descem á cova.

19 O vivente, o vivente, esse te louvará como eu hoje o faço: [9] o pae aos filhos fará notoria a tua verdade.

20 O Senhor veiu salvar-me; pelo que, tangendo em meus instrumentos, lhe cantaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.

21 E dissera Isaias: [10] Tomem uma pasta de figos, e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará.

22 Tambem dissera Ezequias: [11] Qual será o signal de que hei de subir á casa do Senhor?

[1] II Reis 20.1, etc. II Chr. 32.24.

[2] II Sam. 17.23.

[3] Neh. 13.14.

[4] cap. 37.35.

[5] II Reis 20.8, etc. cap. 7.11.

[6] Job 7.6.

[7] cap. 59.11.

[8] Job 7.11 e 10.1.

[9] Deu. 4.9 e 6.7.

[10] II Reis 20.7.

[11] II Reis 20.8.

Os embaixadores de Babylonia enviados a Jerusalem. O orgulho de Ezequias.

Antes de Christo 712

39 N’aquelle tempo [1] enviou Merodach-baladan, filho de Baladan, rei de Babylonia, cartas e um presente a Ezequias, porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que tinha convalescido.

2 E Ezequias [2] se alegrou d’elles, e[641] lhes mostrou a casa do seu thesouro, a prata, e o oiro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e toda a sua casa d’armas, e tudo quanto se achou nos seus thesouros: coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu dominio, que Ezequias lhes não mostrasse.

3 Então o propheta Isaias veiu ao rei Ezequias, e lhe disse: Que é o que aquelles homens disseram, e d’onde vieram a ti? E disse Ezequias: D’uma terra remota vieram a mim, de Babylonia.

4 E disse elle: Que é o que viram em tua casa? E disse Ezequias: Viram tudo quanto ha em minha casa; coisa nenhuma ha nos meus thesouros que eu deixasse de lhes mostrar.

5 Então disse Isaias a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exercitos:

6 Eis que [3] veem dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que enthesouraram teus paes até ao dia d’hoje será levado para Babylonia: não ficará coisa alguma, disse o Senhor.

7 E ainda até de teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam eunuchos no palacio do rei de Babylonia.

8 Então disse Ezequias a Isaias: Boa é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Pois haja paz e verdade em meus dias.

[1] II Reis 20.12, etc.

[2] II Chr. 32.31.

[3] Jer. 20.5.

O livramento promettido ao povo de Israel.

40 Consolae, consolae o meu povo, diz o vosso Deus.

2 Fallae benignamente a Jerusalem, e bradae-lhe que a sua malicia é acabada, que a sua iniquidade está expiada [1] e que recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus peccados.

3 [WL] Voz [2] do que clama no deserto: Apparelhae o caminho do Senhor: [3] endireitae no ermo vereda a nosso Deus.

4 Todo o valle será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos: e o torcido se endireitará, e o aspero se aplainará.

5 E a gloria do Senhor se manifestará, [4] e toda a carne juntamente verá que a bocca do Senhor o disse.

6 Voz que diz: Clama; e disse: Que hei de clamar? Toda a carne é herva e toda a sua [WM] benignidade como as flores do campo.

7 Secca-se a herva, e caem as flores, soprando n’ellas o Espirito do Senhor. Na verdade que herva é o povo.

8 Secca-se a herva, e caem as flores, [5] porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.

9 Ah Sião, annunciadora de boas novas, sobe tu a um monte alto. Ah Jerusalem, annunciadora de boas novas, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize ás cidades de Judah: Eis aqui está o vosso Deus.

10 Eis que o Senhor Jehovah virá contra o forte, [6] e o seu braço se assenhoreará d’elle: eis que o seu galardão vem com elle, e o seu salario diante da sua face.

11 Como pastor apascentará [7] o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu seio: as paridas guiará suavemente.

12 Quem [8] mediu com o seu punho as aguas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu na maior medida o pó da terra e pesou os montes com peso e os outeiros em balanças?

13 Quem [9] guiou o Espirito do Senhor? e que conselheiro o ensinou?

14 Com quem tomou conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensinasse o caminho do juizo? lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse notorio o caminho da sciencia?

15 Eis que as nações são consideradas por elle como a gota d’um balde, e como o pó miudo das balanças: eis que lança por ahi as ilhas como a pó miudo.

16 Nem todo o Libano basta para o fogo, nem os seus animaes bastam para holocaustos.

17 Todas as nações são como nada perante elle; e [10] as reputa por menos que nada e como uma coisa vã.

18 A quem pois fareis [11] similhante a Deus? ou que similhança lhe apropriareis?

19 O artifice [12] funde a imagem, e o ourives a cobre de oiro, e cadeias de prata lhe funde.

20 O empobrecido, que não tem que offerecer, escolhe madeira que não se corrompe: artifice sabio se busca, [13] para apparelhar uma imagem que se não possa mover.

21 Porventura não sabeis? porventura[642] não ouvis? ou desde o principio se vos não notificou? ou não attentastes para os fundamentos da terra?

22 Elle é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para elle como gafanhotos: [14] elle é o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para habitar n’elles:

23 O que torna em nada os principes, e faz como em coisa vã os juizes da terra.

24 E nem se plantam, nem se semeiam, nem se arraiga na terra o seu tronco cortado, e n’elles, soprando, se seccaram, e um tufão como pragana os levará.

25 A quem [15] pois me fareis similhante, que lhe seja similhante? diz o Sancto.

26 Levantae ao alto os vossos olhos, e vede quem creou estas coisas, quem produz por conta o seu exercito, quem a todas chama pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma d’ellas vem a faltar.

27 Porque pois dizes, ó Jacob, e tu fallas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juizo passa de largo pelo meu Deus?

28 Porventura não sabes, porventura não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Creador dos fins da terra, nem se cança nem se fatiga? [16] não ha esquadrinhação do seu entendimento.

29 Dá esforço ao cançado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.

30 Os moços se cançarão e se fatigarão, e os mancebos certamente cairão.

31 Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com azas como aguias: correrão, e não se cançarão; caminharão, e não se fatigarão.

[1] Job 42.10. cap. 61.7.

[2] Mat. 3.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. João 1.23.

[3] Mal. 3.1. cap. 49.11.

[4] I Ped. 1.24.

[5] João 12.34. I Ped. 1.25.

[6] cap. 59.16 e 62.11. Apo. 22.12.

[7] cap. 49.10. Eze. 34.23 e 37.24. João 10.11. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e 5.4. Apo. 7.17.

[8] Pro. 30.4.

[9] Job 21.22. Rom. 11.34. I Cor. 2.16.

[10] Dan. 4.35.

[11] ver. 25. cap. 46.5.

[12] cap. 41.6, 7, etc. Jer. 10.3, etc.

[13] cap. 41.7. Jer. 10.4.

[14] Job 9.8. cap. 44.24 e 51.13. Jer. 10.12.

[15] ver. 18.

[16] Rom. 11.33.

Jehovah é o unico Deus: Israel deve ter confiança unicamente n’Elle.

41 Calae-vos [1] perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as forças: cheguem-se, e então fallem: cheguemo-nos juntos a juizo.

2 Quem suscitou do oriente [2] o justo? e o chamou para o seu pé? quem deu as [3] nações á sua face? e o fez dominar sobre reis? elle os entregou á sua espada como o pó, e como pragana arrebatada do vento ao seu arco.

3 Perseguiu-os, e passou em paz, por uma vereda por onde com os seus pés nunca tinha caminhado.

4 Quem obrou [4] e fez isto, chamando as gerações desde o principio? eu o Senhor, o primeiro, e com os ultimos eu mesmo.

5 As ilhas o viram, e temeram: os fins da terra tremeram: approximaram-se, e vieram.

6 Um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te.

7 E o artifice [5] animou ao ourives, e o que alisa com o martello ao que bate na safra, dizendo da soldadura: Boa é. Então com pregos o firma, [6] para que não venha a mover-se.

8 Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacob, a quem elegi [7] e tu semente de Abrahão, meu amigo?

9 Tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei d’entre os seus mais excellentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti te escolhi e nunca te rejeitei.

10 Não temas, [8] porque eu estou comtigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus: eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a dextra da minha justiça.

11 Eis que, envergonhados e confundidos serão [9] todos os que se indignaram contra ti: tornar-se-hão como nada, e os que contenderem comtigo, perecerão.

12 Buscal-os-has, porém não os acharás; porém os que pelejarem comtigo, tornar-se-hão como nada, e como coisa que não é nada, os que guerrearem comtigo.

13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, [10] que eu te ajudo.

14 Não temas, ó bicho Jacob, povosinho d’Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redemptor é o Sancto d’Israel.

15 Eis que [11] te puz por trilho agudo novo, que tem dentes agudos: os montes trilharás e moerás; e os outeiros tornarás como a folhelho.

16 Tu os padejarás [12] e o vento os levará, e o tufão os espalhará, porém tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Sancto d’Israel.

17 Os afflictos e necessitados buscam aguas, mas nenhumas ha, e a sua lingua se secca de sêde: eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus d’Israel os não desampararei.

18 Abrirei rios [13] em logares altos, e fontes no meio dos valles: tornarei o[643] deserto em tanques de aguas, e a terra secca em mananciaes d’aguas.

19 Plantarei no deserto o cedro, a arvore de sitta, e a murta, e a oliveira: juntamente porei no ermo a faia, o olmeiro e o alamo;

20 Para que todos vejam, [14] e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isto, e o Sancto d’Israel o creou.

21 Produzi a vossa demanda, diz o Senhor: trazei as vossas firmes razões, diz o Rei de Jacob.

22 Produzam [15] e annunciem-nos as coisas que hão de acontecer: annunciae-nos quaes foram as coisas passadas, para que attentemos para ellas, e saibamos o fim d’ellas; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras.

23 Annunciae-nos [16] as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses: ou fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos.

24 Eis que sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada: abominação é quem vos escolhe.

25 Desperto a um do norte, que ha de vir do nascimento do sol, [17] e invocará o meu nome; e virá sobre os magistrados, como sobre o lodo, e, como o oleiro pisa o barro, os pisará.

26 Quem annunciou isto desde o principio, para que o possamos saber, ou desde antes, para que digamos: Justo é? Porém não ha quem annuncie, nem tão pouco quem manifeste, nem tão pouco quem ouça as vossas palavras.

27 Eu, o primeiro, [18] sou o que digo a Sião: Eis que ali estão: e a Jerusalem darei um annunciador de boas novas.

28 Porque olhei, [19] porém ninguem havia; nem mesmo entre estes conselheiro algum havia a quem perguntasse ou que me respondesse palavra.

29 Eis que [20] todos são vaidade; as suas obras não são nada; as suas imagens de fundição são vento e nada.

[1] Zac. 2.13.

[2] cap. 46.11.

[3] Gen. 14.14, etc. ver. 25. cap. 45.1.

[4] ver. 26. cap. 44.7 e 46.10. cap. 43.10 e 44.6 e 48.12. Apo. 1.17 e 22.13.

[5] cap. 40.19.

[6] cap. 40.20.

[7] Deu. 7.6 e 10.15 e 14.2. cap. 43.1 e 44.1. Thi. 2.23.

[8] ver. 13, 14. cap. 43.5. Deu. 31.6, 8.

[9] Exo. 23.22. cap. 45.24 e 60.12.

[10] ver. 10.

[11] Miq. 4.13. II Cor. 10.4, 5.

[12] Jer. 51.2.

[13] cap. 35.6, 7 e 43.10 e 44.3.

[14] Job 12.9.

[15] cap. 45.21.

[16] cap. 42.9 e 44.7, 8 e 45.3. João 13.19. Jer. 10.5.

[17] ver. 2.

[18] cap. 40.9.

[19] cap. 63.5.

[20] ver. 24.

O Servo do Senhor.

42 Eis aqui o meu Servo, [1] a quem sustenho, o meu Eleito, em quem se apraz a minha alma; [2] puz o meu espirito sobre elle; juizo produzirá aos gentios.

2 Não clamará, nem alçará a sua voz, nem fará ouvir a sua voz na praça.

3 A canna trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega: com verdade produzirá o juizo;

4 Não se encobrirá, nem será quebrantado, até que ponha na terra o juizo: e as ilhas aguardarão a sua doutrina.

5 Assim diz Deus, o Senhor, que creou [3] os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz: que dá a respiração [4] ao povo que habita n’ella, e o espirito aos que andam n’ella.

6 Eu o Senhor [5] te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, e para luz dos gentios;

7 Para abrir [6] os olhos cegos, para tirar da prisão os presos, e da casa do carcere os que jazem em trevas.

8 Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha gloria pois a outrem não darei, [7] nem o meu louvor ás imagens de esculptura.

9 Eis que as coisas d’antes vieram, e as novas eu vos annuncio, e, antes que venham á luz, vol-as faço ouvir.

10 Cantae ao Senhor um cantico novo, e o seu louvor desde o fim da terra: como tambem vós os que navegaes pelo mar, e tudo quanto ha n’ella; vós, ilhas, e seus habitadores.

11 Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Kedar habita: exultem os que habitam nas rochas, e clamem do cume dos montes.

12 Dêem a gloria ao Senhor, e annunciem o seu louvor nas ilhas.

13 O Senhor como valente sairá, como homem de guerra despertará o zelo: exultará, e fará grande arruido, e sujeitará a seus inimigos.

14 Já ha muito me calei; estive posto em silencio, e me retive: darei gritos como a que está de parto, e a todos os assolarei e juntamente devorarei.

15 Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua herva farei seccar, e tornarei os rios em ilhas, e as lagoas seccarei.

16 E guiarei os cegos pelo caminho que nunca conheceram, os farei caminhar pelas veredas que não conheceram: tornarei as trevas em luz perante elles, e as coisas tortas farei direitas. Estas coisas lhes farei, e nunca os desampararei.

17 Mas serão tornados atraz e confundir-se-hão de vergonha os que confiam em imagens de esculptura, e dizem[644] ás imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.

18 Surdos, ouvi, e vós, cegos, olhae, para que possaes ver.

19 Quem [8] é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? e quem é cego como o perfeito, e cego como o servo do Senhor?

20 Bem vêdes vós muitas [9] coisas, porém vós as não guardaes: ainda que abre os ouvidos, comtudo nada ouve.

21 O Senhor se agradava d’elle por amor da sua justiça: engrandeceu pela lei, e o fez glorioso.

22 Porém este é um povo roubado e saqueado: todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos nas casas dos carceres: são postos por preza, e ninguem ha que os livre, por despojo, e ninguem diz: Restitue.

23 Quem ha entre vós que ouça isto? que attenda e ouça o que ha de ser depois?

24 Quem entregou a Jacob por despojo, e a Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquelle contra quem peccámos, e nos caminhos do qual não queriam andar e não davam ouvidos á sua lei?

25 Pelo que derramou sobre elles a indignação da sua ira, e a força da guerra, e [10] lhes poz labaredas em redor: porém n’isso não attentaram; e os queimou, porém não pozeram n’isso o coração.

[1] cap. 43.10 e 49.3, 6. Mat. 12.18, 19, 20. Phi. 2.7.

[2] Mat. 3.17 e 17. Eph. 1.6. cap. 11.2. João 3.34.

[3] cap. 44.24. Zac. 12.1.

[4] Act. 17.25.

[5] cap. 43.1 e 49.6, 8. Luc. 2.32. Act. 13.47.

[6] cap. 35.5. cap. 9.2.

[7] cap. 48.11.

[8] cap. 43.8. Eze. 12.2. João 9.39, 41.

[9] Rom. 2.21.

[10] II Reis 25.9. Ose. 7.9.

Só Deus resgata Israel.

43 Porém agora, assim diz o Senhor que [1] te creou, ó Jacob, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi: chamei-te pelo teu nome, tu és meu.

2 Quando passares pelas aguas [2] estarei comtigo, e quando pelos rios, não te submergirão: quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chamma arderá em ti.

3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Sancto d’Israel, o teu Salvador: dei [3] ao Egypto por teu resgate a Ethiopia e a Seba, em teu logar.

4 Emquanto foste precioso aos meus olhos, tambem foste glorificado, e eu te amei, pelo que dei os homens por ti, e os povos pela tua alma.

5 Não temas, [4] pois, porque estou comtigo: trarei a tua semente desde o oriente, e te ajuntarei desde o occidente.

6 Direi ao norte; Dá; e ao sul; Não retenhas: trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra.

7 Todos os chamados [5] do meu nome, e os que creei para a minha gloria, os formei, e tambem os fiz.

8 Trazei [6] o povo cego, que tem olhos; e os surdos, que teem ouvidos.

9 Todas as nações se congreguem juntamente, e os povos se reunam; [7] quem d’entre elles pode annunciar isto, e fazer-nos ouvir as coisas antigas? produzam as suas testemunhas, para que se justifiquem, e se ouça, e se diga: Verdade é.

10 Vós sois [8] as minhas testemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibaes, e me creiaes, e entendaes que eu sou o mesmo, [9] e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

11 Eu, [10] eu sou o Senhor, e fóra de mim não ha Salvador.

12 Eu annunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, [11] e Deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus.

13 Ainda antes que houvesse dia, eu sou; [12] e ninguem ha que possa fazer escapar das minhas mãos: obrando eu, quem o desviará?

14 Assim diz o Senhor, teu Redemptor, o Sancto d’Israel: Por amor de vós enviei a Babylonia, e a todos os fiz descer como fugitivos, a saber, os chaldeos, nos navios em que exultavam.

15 Eu sou o Senhor, vosso Sancto, o Creador d’Israel, vosso Rei.

16 Assim [13] diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas aguas impetuosas uma vereda;

17 O que trouxe [14] o carro e o cavallo, o exercito e a força: elles juntamente se deitaram, e nunca se levantarão: estão apagados; como um pavio se apagaram.

18 Não vos lembreis [15] das coisas passadas, nem considereis as antigas.

19 Eis que farei uma coisa [16] nova, agora sairá á luz: porventura não a sabereis? [17] porque porei um caminho no deserto, e rios no ermo.

[645]

20 Os animaes do campo me servirão, os [WN] dragões, e os filhos do abestruz; [18] porque porei aguas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu eleito.

21 A este povo formei para mim; o meu louvor relatarão.

22 Comtudo tu não me invocaste a mim, ó Jacob, mas te cançaste de mim, ó Israel.

23 Não [19] me trouxeste o gado miudo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrificios; não te fiz servir com presentes, nem te fatiguei com incenso.

24 Não me compraste por dinheiro canna aromatica, nem com a gordura dos teus sacrificios me encheste, mas me déste trabalho com os teus peccados, e me cançaste com as tuas maldades.

25 Eu, [20] eu sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus peccados me não lembro.

26 Faze-me lembrar; entremos em juizo juntamente: aponta tu as tuas razões, para que te possa justificar.

27 Teu primeiro pae peccou, e os teus [WO] interpretes prevaricaram contra mim.

28 Pelo que profanarei [21] os maioraes do sanctuario; e farei de Jacob um anathema, e de Israel um opprobrio.

[1] ver. 7 e 21. cap. 44.2, 21, 24. cap. 44.6. cap. 42.6 e 45.4.

[2] Deu. 31.6, 8. Dan. 3.25, 27.

[3] Pro. 11.8 e 21.18.

[4] cap. 41.10, 14 e 44.2. Jer. 30.10, 11 e 46.27, 28.

[5] cap. 63.19. Thi. 2.7. João 3.3, 5. Eph. 2.10.

[6] cap. 6.9 e 42.19. Eze. 12.2.

[7] cap. 41.21, 22, 26.

[8] cap. 44.8. cap. 42.1 e 55.4.

[9] cap. 41.4 e 44.6.

[10] cap. 45.21. Ose. 13.4.

[11] Deu. 32.16. cap. 44.8. ver. 10.

[12] João 8.58. Job 9.12. cap. 14.27.

[13] Exo. 14.16, 22. cap. 51.10. Jos. 3.13, 16.

[14] Exo. 14.4, 9, 25.

[15] Jer. 16.14 e 23.7.

[16] II Cor. 5.17. Apo. 21.5.

[17] Exo. 17.6. Num. 20.11. Deu. 8.15.

[18] cap. 48.21.

[19] Amós 5.25.

[20] cap. 22.14 e 48.9. Jer. 50.20. Act. 3.19, etc. cap. 1.18. Jer. 31.34.

[21] cap. 47.6. Lam. 2.2, 6, 7. Jer. 24.9. Dan. 9.11. Zac. 8.13.

A soberania de Deus; a vaidade dos idolos.

44 Agora pois, ouve [1] ó Jacob, servo meu, e tu ó Israel, a quem escolhi.

2 Assim diz o Senhor que te creou e te [2] formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacob, servo meu, e tu, Jeshurun, a quem escolhi.

3 Porque derramarei [3] agua sobre o sedento, e rios sobre a terra secca: derramarei o meu Espirito sobre a tua semente, e a minha benção sobre os teus descendentes.

4 E brotarão entre a herva, como salgueiros junto aos ribeiros das aguas.

5 Este dirá: Eu sou do Senhor; e aquelle se chamará do nome de Jacob; e aquell’outro escreverá com a sua mão: Eu sou do Senhor, e por sobrenome se tomará o nome de Israel.

6 Assim diz o Senhor, Rei d’Israel, [4] e seu Redemptor, o Senhor dos Exercitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o ultimo, e fóra de mim não ha Deus.

7 E quem [5] chamará como eu, e d’antes annunciará isto, e o porá em ordem perante mim, desde que ordenei um povo eterno? e annunciem-lhes as coisas futuras, e as que ainda hão de vir.

8 Não vos assombreis, nem temaes; [6] porventura desde então não t’o fiz ouvir, e não annunciei? porque vós sois as minhas testemunhas. Porventura ha outro Deus fóra de mim? Não, não ha Rocha alguma mais, que eu conheça.

9 Todos [7] os artifices de imagens de esculptura são vaidade, e as suas coisas mais desejaveis são de nenhum prestimo; e ellas mesmas são as suas testemunhas; nada vêem nem entendem; pelo que serão confundidos.

10 Quem forma um deus, e funde uma imagem de esculptura, [8] que é de nenhum prestimo?

11 Eis que todos os seus companheiros ficarão confundidos, pois os mesmos artifices são de entre os homens: ajuntem-se todos, e levantem-se; assombrar-se-hão, e serão juntamente confundidos.

12 O ferreiro faz o machado, [9] e trabalha nas brazas, e o forma com martellos, e o lavra á força do seu braço: elle tem fome, e a sua força enfraquece, e não bebe agua, e desfallece.

13 O carpinteiro estende a regoa, o debuxa com a almagra, o aplaina com o cepilho, e o debuxa com o compasso: e o faz á similhança d’um homem, segundo a forma d’um homem, para se ficar em casa.

14 Quando corta para si cedros, então toma um cypreste, ou um carvalho, e esforça-se contra as arvores do bosque: planta um olmeiro, e a chuva o faz crescer.

15 Então servirá ao homem para queimar, e toma d’elles, e se aquenta, e os accende, e coze o pão: tambem faz um deus, e se prostra diante d’elle; tambem fabrica d’elle uma imagem d’esculptura, e ajoelha diante d’ella.

16 Metade d’elle queima no fogo, com a outra metade [WP] come carne; assa-a, e farta-se d’ella: tambem se aquenta, e diz: Ora me aquentei, já vi o fogo.

17 Então do resto faz um deus, uma imagem de esculptura: ajoelha-se diante d’ella, e se inclina, e ora-lhe, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus.

18 Nada sabem, nem entendem; porque untou-lhes os olhos, para que não[646] vejam, e os seus corações, para que não entendam.

19 E nenhum d’elles [10] toma isto a peito, e já não teem conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e cozi pão sobre as suas brazas, assei a ellas carne, e a comi: e faria eu do resto uma abominação? ajoelhar-me-hia eu ao que saiu d’uma arvore?

20 Apascenta-se de cinza: [11] o seu coração enganado o desviou; de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Porventura não ha uma mentira na minha mão direita?

A promessa de livramento. A vinda de Cyro.

21 Lembra-te d’estas coisas ó Jacob e Israel, [12] porquanto és meu servo; eu mesmo te formei, meu servo és, ó Israel; não me esquecerei de ti.

22 Desfaço [13] as tuas transgressões como a nevoa, e os teus peccados como a nuvem: torna-te para mim, porque eu te remi.

23 Cantae alegres, ó vós, [14] céus, porque o Senhor o fez: exultae vós, as partes mais baixas da terra, vós, montes, retumbae com jubilo; tambem vós, bosques, e todas as arvores que estão n’elles; porque o Senhor remiu a Jacob, e glorificou-se em Israel.

24 Assim diz o Senhor, [15] teu redemptor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, [16] que, só eu, estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo;

25 Que desfaço os signaes [17] dos inventores de mentiras, e enlouqueço aos adivinhos; que faço tornar atraz os sabios, e endoideço a sciencia d’elles;

26 Que confirma [18] a palavra do seu servo, e cumpre o conselho dos seus mensageiros; que diz a Jerusalem: Tu serás habitada, e ás cidades de Judah: Sereis reedificadas, e eu levantarei as suas ruinas;

27 Que diz á profundeza: [19] Secca-te, e eu seccarei os teus rios;

28 Que diz de Cyro: É meu pastor, e cumprirá todo o meu contentamento; dizendo tambem a Jerusalem: [20] Sê edificada; e ao templo: Funda-te.

[1] ver. 21. cap. 41.8 e 43.1. Jer. 30.10 e 46.27, 28.

[2] cap. 43.1, 7.

[3] cap. 35.7. Joel 2.28. Act. 2.18.

[4] ver. 24. cap. 43.1, 14. cap. 41.4 e 48.12. Apo. 1.8, 17 e 22.13.

[5] cap. 41.4, 22 e 45.21.

[6] cap. 41.22 e 43.10, 12. Deu. 4.35, 39. II Sam. 22.32. cap. 45.5.

[7] cap. 41.24, 29.

[8] Jer. 10.5. Hab. 2.18.

[9] cap. 40.19. Jer. 10.3, etc.

[10] cap. 46.8.

[11] Ose. 4.12. Rom. 1.21.

[12] ver. 1, 2.

[13] cap. 43.25. cap. 43.1 e 48.20.

[14] Jer. 51.48. Apo. 18.20.

[15] cap. 43.14. ver. 6. cap. 43.1.

[16] Job 9.8.

[17] cap. 47.13. Jer. 50.36. I Cor. 1.20.

[18] Zac. 1.6.

[19] Jer. 50.38 e 51.32, 36.

[20] II Chr. 36.22, 23. Esd. 1.1, etc. cap. 45.13.

45 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Cyro, [1] a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante de sua face, e eu soltarei os lombos dos reis, para abrir diante d’elle as portas, e as portas não se fecharão.

2 Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos: quebrarei as portas de bronze, e despedeçarei os ferrolhos de ferro.

3 E te darei os thesouros das escuridades, e as riquezas encobertas, [2] para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome.

4 Por amor de meu servo Jacob, [3] e de Israel, meu eleito, eu a ti te chamei pelo teu nome, puz-te o teu sobrenome, ainda que me não conhecesses.

5 Eu sou o Senhor, [4] e não ha outro: fóra de mim não ha Deus: eu te cingirei, ainda que tu me não conheças.

6 Para que se saiba [5] desde o nascente do sol, e desde o poente, que fóra de mim não ha outro: eu sou o Senhor, e não ha outro.

7 Eu fórmo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, [6] e crio o mal: eu, o Senhor, faço todas estas coisas.

8 Distillae vós, céus, d’essas alturas, e as nuvens chovam justiça, abra-se a terra, e produza-se toda a sorte de salvação, e a justiça fructifique, juntamente; eu o Senhor, as creei.

9 Ai d’aquelle que contende com o que [7] o formou; o caco contenda com os cacos de barro: porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?

10 Ai d’aquelle que diz ao pae: Que é o que geras? e á mulher: Que é o que pares?

11 Assim diz o Senhor, o Sancto de Israel, aquelle que o formou: Perguntae-me as coisas futuras; [8] demandae-me ácerca de meus filhos, e ácerca da obra das minhas mãos.

12 Eu fiz [9] a terra, e creei n’ella o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exercitos dei as minhas ordens.

13 Eu o [10] despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei: elle edificará a minha cidade, e soltará os meus captivos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos Exercitos.

14 Assim diz o Senhor: [11] O trabalho do Egypto, e o commercio dos ethiopes, e dos sabeos, homens d’alta estatura, se[647] passarão para ti, e serão teus; irão atraz de ti, passarão em grilhões, e a ti se prostrarão; far-te-hão as suas supplicas diante de ti, dizendo: [12] Devéras Deus está em ti, e nenhum outro deus ha mais.

15 Verdadeiramente tu és o Deus que se encobre, o Deus de Israel, o Salvador.

16 Envergonhar-se-hão, e tambem se confundirão todos: [13] cairão juntamente na affronta os que fabricam imagens.

17 Porém Israel é [14] salvo pelo Senhor, por uma eterna salvação; pelo que não sereis envergonhados nem confundidos em todas as eternidades.

18 Porque assim diz o Senhor que tem creado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; elle a confirmou, não a creou vasia, mas a formou para que fosse habitada: [15] Eu sou o Senhor e não ha outro.

19 Não fallei em occulto, [16] nem em logar algum escuro da terra: não disse á semente de Jacob: Buscae-me em vão: eu sou o Senhor, que falla a justiça, e annuncio coisas rectas.

20 Congregae-vos, e vinde; chegae-vos juntos, os que escapastes das nações: [17] nada sabem os que [WQ] trazem em procissão as suas imagens de esculptura, de madeira feitas, e rogam a um deus que não pode salvar.

21 Annunciae, e chegae-vos, e tomae conselho todos juntos: quem fez ouvir isto desde a antiguidade? [18] quem desde então o annunciou? porventura não sou eu, o Senhor? e não ha outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não o ha fóra de mim.

22 Virae-vos para mim, [19] e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não ha outro.

23 Por mim mesmo tenho jurado, e já saiu da minha bocca a palavra de justiça, e não tornará atraz: que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a lingua.

24 De mim se dirá: [20] Devéras no Senhor ha justiças e força: até elle chegarão; mas serão envergonhados todos os que se indignarem contra elle.

25 Porém no Senhor [21] será justificada, e se gloriará toda a semente de Israel.

[1] cap. 41.13. cap. 41.2.

[2] cap. 41.23. Exo. 33.12, 17. cap. 43.1 e 49.1.

[3] cap. 44.1. I The. 4.5.

[4] Deu. 4.35, 39 e 32.39. cap. 44.8 e 46.9. ver. 14, 18, 21, 22.

[5] cap. 37.20. Mal. 1.11.

[6] Amós 3.6.

[7] cap. 64.8. cap. 29.16. Jer. 18.6. Rom. 9.20.

[8] Jer. 31.9. Isa. 29.23.

[9] cap. 42.5. Jer. 27.5. Gen. 1.26, 27. Gen. 2.1.

[10] cap. 41.2. II Chr. 36.22, 23. Esd. 1.1, etc. cap. 44.28.

[11] cap. 60.9, 10, 14, 16. Zac. 8.22, 23.

[12] I Cor. 14.25. ver. 5.

[13] cap. 44.11.

[14] cap. 26.4. ver. 25. Rom. 11.26.

[15] ver. 5.

[16] cap. 48.16.

[17] cap. 44.17, 18, 19. Rom. 1.22, 23.

[18] cap. 41.22 e 43.9. ver. 5, 14, 18. cap. 44.8 e 46.9.

[19] Heb. 6.13. Rom. 14.11. Gen. 31.53. Deu. 6.13. cap. 65.16.

[20] cap. 41.11.

[21] ver. 17. I Cor. 1.31.

A queda dos idolos de Babylonia.

46 Já Bel [1] abatido está, Nebo se encurvou, os seus idolos são postos sobre os animaes e sobre as bestas: as cargas dos vossos fardos são canceira para as bestas já cançadas.

2 Juntamente se encurvaram e se abateram; [2] não poderam escapar da carga, mas a sua alma entrou em captiveiro.

3 Ouvi-me, ó casa de Jacob, e todo o residuo da casa de Israel; [3] vós a quem trouxe nos braços desde o ventre, e levei desde a madre.

4 E até á velhice eu serei o mesmo, [4] e ainda até ás cãs eu vos trarei: eu o fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos guardarei.

5 A quem [5] me fareis similhante, e com quem me egualareis, e me comparareis, para que sejamos similhantes?

6 Gastam [6] o oiro da bolsa, e pesam a prata com as balanças: alugam o ourives, e d’aquillo faz um deus, e diante d’elle se prostram e se inclinam.

7 Sobre [7] os hombros o tomam, o levam, e o põem no seu logar; ali está em pé, do seu logar não se move: e, se alguem clama a elle, resposta nenhuma dá, nem o livra da sua tribulação.

8 Lembrae-vos d’isto, [8] e tende animo: reconduzi-o ao coração, ó prevaricadores.

9 Lembrae-vos [9] das coisas passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e não ha outro Deus, não ha outro similhante a mim;

10 Que annuncio [10] o fim desde o principio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não succederam; que digo: [11] O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade;

11 Que chamo [12] a ave de rapina desde o oriente, e o homem do meu conselho desde terras remotas; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e tambem o farei.

12 Ouvi-me, ó duros de coração, [13] os que estaes longe da justiça.

13 Faço chegar [14] a minha justiça, e não estará ao longe, e a minha salvação não tardará: mas estabelecerei em Sião a salvação, e em Israel a minha gloria.

[1] cap. 21.9. Jer. 50.2 e 51.44.

[2] Jer. 48.7.

[3] Exo. 19.4. Deu. 1.31 e 32.11. cap. 63.9.

[4] Mal. 3.6.

[5] cap. 40.18, 25.

[6] cap. 40.19 e 41.6 e 44.12, 19. Jer. 10.3.

[7] Jer. 10.5. cap. 45.20.

[8] cap. 44.19 e 47.7.

[9] Deu. 32.7. cap. 45.5, 21.

[10] cap. 45.21.

[11] Act. 5.39. Heb. 6.17.

[12] cap. 41.2, 25. Num. 23.19.

[13] Rom. 16.3.

[14] cap. 51.5. Rom. 1.17. Hab. 2.3. cap. 62.11.

[648]

A queda de Babylonia.

47 Desce, [1] e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babylonia; assenta-te no chão; não ha já throno, ó filha dos chaldeos, porque nunca mais serás chamada a tenra nem a delicada.

2 Toma [2] a mó, e moe a farinha: descobre as tuas guedelhas, descalça os pés, descobre as pernas e passa os rios.

3 A tua vergonha [3] se descobrirá, e ver-se-ha o teu opprobrio: tomarei vingança, mas não irei contra ti como homem.

4 O nome do nosso redemptor é o Senhor dos Exercitos, o Sancto d’Israel.

5 Assenta-te calada, [4] e entra nas trevas, ó filha dos chaldeos, porque nunca mais serás chamada senhora de reinos.

6 Muito me agastei [5] contra o meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão: porém não usaste com elles de misericordia, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.

7 E dizias: [6] Eu serei senhora para sempre: até agora não tomastes estas coisas em teu coração, nem te lembraste do fim d’ellas.

8 Agora pois ouve isto, tu que és dada a delicias, que habitas tão segura, que dizes no teu coração: Eu o sou, [7] e fóra de mim não ha outra; não ficarei viuva, nem conhecerei a perda de filhos.

9 Porém [8] ambas estas coisas virão sobre ti n’um momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez: em toda a sua [WR] perfeição virão sobre ti, [9] por causa da multidão das tuas feitiçarias, por causa da abundancia dos teus muitos encantamentos.

10 Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguem me pode ver; [10] a tua sabedoria e a tua sciencia, essa te fez desviar, e disseste no teu coração: Eu o sou, e fóra de mim não ha outro.

11 Pelo que sobre ti virá mal de que não saberás a origem, e tal destruição cairá sobre ti, que a não poderás expiar; porque virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que a não poderás conhecer.

12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias, em que trabalhaste desde a tua mocidade, a ver se te podes aproveitar, ou se porventura te podes fortificar.

13 Cançaste-te [11] na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora os agoureiros dos céus, os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que ha de vir sobre ti.

14 Eis que [12] serão como a pragana, o fogo os queimará; não poderão arrancar a sua vida do poder da labareda; não serão brazas, para se aquentar a ellas, nem fogo para se assentar a elle.

15 Assim te serão aquelles com quem trabalhaste, [13] os teus negociantes desde a tua mocidade: cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguem te salvará.

[1] Jer. 48.18. cap. 3.26.

[2] Exo. 11.5. Jui. 16.21. Mat. 24.41.

[3] cap. 3.17 e 20.4. Jer. 13.22, 26. Nah. 3.5. Rom. 12.19. cap. 43.3, 14. Jer. 50.34.

[4] I Sam. 2.9. ver. 7. cap. 13.19.

[5] II Sam. 24.14. II Chr. 28.9. Zac. 1.15. cap. 43.28.

[6] ver. 5.

[7] ver. 10. Sof. 2.15. Apo. 18.7.

[8] cap. 51.19.

[9] Nah. 3.4.

[10] ver. 8.

[11] cap. 57.10. cap. 44.25. Dan. 2.2.

[12] Nah. 1.10. Mal. 4.1.

[13] Apo. 18.11.

Arrazoamentos, admoestações e promessas de Deus para com Israel.

48 Ouvi isto, casa de Jacob, que vos chamaes do nome d’Israel, e saistes das aguas de Judah, [1] que juraes pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, porém não em verdade nem em justiça.

2 E até da sancta cidade se [2] nomeiam, e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos Exercitos é o seu nome.

3 As coisas passadas já [3] desde então annunciei, e procederam da minha bocca, e eu as fiz ouvir: apressuradamente as fiz, e vieram.

4 Porque eu sabia que eras duro, e a tua cerviz um nervo de ferro, e a tua testa de bronze.

5 Por [4] isso t’o annunciei desde então, e t’o fiz ouvir antes que viesse, para que porventura não dissesses: O meu idolo fez estas coisas, ou a minha imagem de esculptura, ou a minha imagem de fundição as mandou.

6 Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto; porventura assim vós o não annunciareis? desde agora te faço ouvir coisas novas e occultas, e que nunca conheceste.

7 Agora foram creadas, e não desde então, e antes d’este dia não as ouviste, para que porventura não digas: Eis que já eu as sabia.

8 Nem tu as ouviste, nem tu as conheceste, nem tão pouco desde então foi aberto o teu ouvido, porque eu sabia[649] que obrarias muito perfidamente, e que foste chamado prevaricador desde o ventre.

9 Por [5] amor do meu nome dilatarei a minha ira, e por amor do meu louvor me refrearei para comtigo, para que te não venha a cortar.

10 Eis que te purifiquei, porém não como a prata: escolhi-te na fornalha da afflicção.

11 Por amor de mim, [6] por amor de mim o farei, porque como seria profanado o meu nome? e a minha honra não a darei a outrem.

12 Dá-me ouvidos, ó Jacob, e tu, [7] ó Israel, [WS] a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu tambem o ultimo.

13 Tambem [8] a minha mão fundou a terra, e a minha dextra mediu os céus a palmos; eu os chamarei, e apparecerão juntos.

14 Ajuntae-vos [9] todos vós, e ouvi: Quem ha, d’entre elles, que annunciasse estas coisas? O Senhor o amou, e executará a sua vontade contra Babylonia, e o seu braço será contra os chaldeos.

15 Eu, eu o tenho dito; tambem já eu o chamei, e o farei vir, e farei prospero o seu caminho.

16 Chegae-vos a mim, ouvi isto: [10] Não fallei em occulto desde o principio, mas desde o tempo em que aquillo se fez eu estava ali, e agora o Senhor Jehovah me enviou o seu Espirito.

17 Assim diz [11] o Senhor, o teu Redemptor, o Sancto de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é util, e te guia pelo caminho em que deves andar.

18 Ah! [12] se déras ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz como o rio, e a tua justiça como as ondas do mar.

19 Tambem a tua semente [13] seria como a areia, e os que procedem das tuas entranhas como o burgalhão d’ella, cujo nome nunca seria cortado nem destruido da minha face.

20 Sahi [14] de Babylonia, fugi de entre os chaldeos. E annunciae com voz de jubilo; fazei ouvir isso, e levae-o até ao fim da terra: dizei: O Senhor remiu a [15] seu servo Jacob.

21 E não tinham sêde, [16] quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr agua da rocha: fendendo elle as rochas, as aguas manavam d’ellas.

22 Porém os impios [17] não teem paz, disse o Senhor.

[1] Deu. 6.18. cap. 65.16. Sof. 1.5. Jer. 4.2 e 5.2.

[2] cap. 52.1.

[3] cap. 41.22 e 42.9 e 45.21 e 46.9, 10.

[4] Deu. 31.27. ver. 3.

[5] cap. 43.25. ver. 11. Eze. 20.9, 14, 22, 44.

[6] ver. 9. Eze. 20.9.

[7] cap. 42.8. Deu. 32.39.

[8] cap. 41.4 e 44.6. Apo. 1.17 e 22.23.

[9] cap. 41.22 e 43.9 e 44.7 e 45.20, 21.

[10] cap. 45.19 e 61.1. Zac. 2.8, 9, 11.

[11] cap. 43.14 e 44.6, 24. ver. 20.

[12] Deu. 32.29.

[13] Gen. 22.17. Ose. 1.10.

[14] cap. 52.11. Jer. 50.8 e 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. Apo. 18.4.

[15] Exo. 19.4, 5, 6. cap. 44.22, 23.

[16] cap. 41.17, 18. Exo. 17.6. Num. 20.11.

[17] cap. 57.21.

O servo do Senhor é a luz dos gentios.

49 Ouvi-me, ilhas, e escutae vós, povos de longe: [1] O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome.

2 E fez a minha bocca [2] como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu: e me poz como uma frecha limpa, e me escondeu na sua aljava.

3 E me disse: [3] Tu és meu servo: e Israel aquelle por quem hei de ser glorificado.

4 Porém eu disse: Debalde tenho trabalhado, inutil e vãmente gastei as minhas forças: todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus.

5 E agora diz o Senhor, [4] que me formou desde o ventre para seu servo, que lhe tornasse a trazer Jacob a elle; [5] porém Israel não se deixára ajuntar: comtudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será a minha força.

6 Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribus de Jacob, e tornares a trazer os guardados em Israel: [6] tambem te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até á extremidade da terra.

7 Assim diz o Senhor, o Redemptor de Israel, o seu Sancto, á alma desprezada, [7] ao que a gente abomina, ao servo dos que dominam: Os reis o verão, e se levantarão, tambem os principes, e diante de ti se inclinarão, por amor do Senhor, que é fiel, e do Sancto de Israel, que te escolheu.

8 Assim diz o Senhor: No tempo favoravel te ouvi [8] e no dia da salvação te ajudei, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, para restaurares a terra, para fazer possuir as herdades assoladas;

9 Para dizeres [9] aos presos: Sahi; e aos que estão em trevas: Apparecei:[650] pastarão nos caminhos, e em todos os logares altos haverá o seu pasto.

10 Nunca [10] terão fome nem sêde, nem a calma nem o sol os affligirá; porque o que se compadece d’elles os guiará, e os levará mansamente aos mananciaes das aguas.

11 E tornarei [11] a todos os meus montes em caminho; e as minhas veredas serão levantadas.

12 Eis que estes virão [12] de longe, e eis que aquelles do norte, e do occidente, e aquell’outros da terra Sinim.

13 Exultae, [13] ó céus, e alegra-te tu, terra, e vós, montes, estalae com jubilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e dos seus afflictos se compadecerá.

14 Porém [14] Sião diz: me desamparou o Senhor, e o Senhor se esqueceu de mim.

15 Porventura [15] pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça d’elle, do filho do seu ventre? ora ainda que esta se esquecesse d’elle, [16] comtudo eu me não esquecerei de ti.

16 Eis que em ambas as palmas das minhas mãos te tenho gravado: os teus muros estão continuamente perante mim.

17 Os teus filhos apressuradamente virão, porém os teus destruidores e os teus assoladores sairão para fóra de ti.

18 Levanta [17] os teus olhos ao redor, e olha: todos estes que se ajuntam veem a ti: vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, [18] como d’um ornamento, e te cingirás d’elles como noiva.

19 Porque nos teus desertos, e nos teus logares solitarios, [19] e na tua terra destruida, agora te verás apertada de moradores, e os que te devoravam se apartarão para longe de ti.

20 E ainda até os filhos [20] da tua orphandade dirão aos teus ouvidos: Mui estreito é para mim este logar; aparta-te de mim, para que possa habitar n’elle.

21 E dirás no teu coração: Quem me gerou estes? pois eu estava desfilhada e solitaria; entrara em captiveiro, e me retirara; pois quem me creou estes? eis que eu só fui deixada de resto? e estes onde estavam?

22 Assim [21] diz o Senhor: Eis que levantarei a minha mão para as nações, e aos povos arvorarei a minha bandeira: então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os hombros.

23 E os reis serão [22] os teus aios, e as suas princezas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra, e lamberão o pó dos teus pés, e saberás que eu sou o Senhor, que os que confiam em mim não serão confundidos.

24 Porventura se tiraria [23] a preza ao valente? [WT] ou os presos d’um justo escapariam?

25 Porém assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao valente, e a preza do tyranno escapará; porque eu contenderei com os teus contendedores, e os teus filhos eu remirei.

26 E sustentarei [24] os teus oppressores com a sua propria carne, e com o seu proprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redemptor, o Forte de Jacob.

[1] ver. 5. Jer. 1.5. Mat. 1.20, 21. Luc. 1.15, 31. João 10.36. Gal. 1.15.

[2] cap. 11.4 e 51.16. Ose. 6.5. Heb. 4.12. Apo. 1.16.

[3] cap. 42.1. Zac. 3.8. cap. 44.23. João 13.31 e 15.8. Eph. 1.6.

[4] ver. 1.

[5] Mat. 23.37.

[6] cap. 42.6. Luc. 2.32. Act. 13.47 e 26.18.

[7] cap. 53.3. ver. 23.

[8] II Cor. 6.2.

[9] cap. 42.7. Zac. 9.12.

[10] Apo. 7.16.

[11] cap. 40.4.

[12] cap. 43.5, 6.

[13] cap. 44.23.

[14] cap. 40.27.

[15] Mal. 3.17. Mat. 7.11.

[16] Rom. 11.29.

[17] cap. 60.4.

[18] Pro. 17.6.

[19] Zac. 2.4 e 10.10.

[20] cap. 60.4.

[21] cap. 60.4.

[22] cap. 52.15 e 60.16. Miq. 7.17. Rom. 5.5 e 9.33 e 10.11.

[23] Mat. 12.29. Luc. 11.21, 22.

[24] cap. 9.20. Apo. 14.20 e 16.6.

O servo do Senhor ultrajado e soccorrido.

50 Assim diz o Senhor: [1] Que libello de divorcio é este de vossa mãe, pelo qual eu a repudiei? ou quem é o meu crédor, a quem eu vos tenha vendido? eis que por vossas maldades fostes vendidos, [2] e por vossas prevaricações vossa mãe foi repudiada.

2 Por que razão vim eu, e ninguem appareceu? chamei, [3] e ninguem respondeu? [4] porventura tanto se encolheu a minha mão, que não possa remir? ou não ha mais força em mim para livrar? eis que com a minha reprehensão faço seccar o mar, torno os rios em deserto, [5] até que cheirem mal os seus peixes, porquanto não teem agua e morrem de sêde.

3 Eu visto [6] os céus de negridão, e pôr-lhes-hei um sacco para a sua cobertura.

4 O Senhor [7] Jehovah me deu uma lingua erudita, para que saiba fallar a seu tempo uma boa palavra com o cançado: desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aquelles que aprendem.

5 O Senhor Jehovah me [8] abriu os[651] ouvidos, e eu não sou rebelde: não me retiro para traz.

6 As minhas costas dou [9] aos que me ferem, e as minhas faces aos que me arrancam os cabellos: não escondo a minha face de opprobrios e de escarros.

7 Porque o Senhor Jehovah me ajuda, pelo que me não confundo: [10] por isso puz o meu rosto como um seixo, porque sei que não serei confundido.

8 Perto [11] está o que me justifica; quem contenderá comigo? compareçamos juntamente: quem [WU] tem alguma causa contra mim? chegue-se para mim.

9 Eis que o Senhor Jehovah me ajuda; quem ha que me condemne? [12] eis que todos elles como vestidos se envelhecerão, e a traça os comerá.

10 Quem ha entre vós que tema a Jehovah, e ouça a voz do seu servo? quando andar em trevas, [13] e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.

11 Eis que todos vós, que accendeis fogo, e vos cingis com faiscas, andae entre as labaredas do vosso fogo, e entre as faiscas que accendestes: isto vos vem da minha mão, e em [WV] tormentos jazereis.

[1] Deu. 24.1. Jer. 3.8. Ose. 2.2. II Reis 4.1. Mat. 18.25.

[2] cap. 52.3.

[3] Pro. 1.24. cap. 65.12 e 66.4. Jer. 7.13 e 35.15.

[4] Num. 11.23. cap. 59.1. Nah. 1.4.

[5] Exo. 7.18, 21.

[6] Exo. 10.21. Apo. 6.12.

[7] Exo. 4.11.

[8] João 14.31. Phi. 2.1.

[9] João 18.22. Lam. 3.30.

[10] Eze. 3.8, 9.

[11] Rom. 8.32, 33, 34.

[12] Job 13.28. cap. 51.6, 8.

[13] II Chr. 20.20.

A restauração e salvação de Israel.

51 Ouvi-me [1] vós, os que seguis justiça, os que buscaes ao Senhor: olhae para a rocha d’onde fostes cortados, e para a caverna do poço d’onde fostes cavados.

2 Olhae [2] para Abrahão, vosso Pae, e para Sarah, que vos pariu; porque, sendo elle só, o chamei, e o abençoei e multipliquei.

3 Porque o Senhor consolará a Sião; [3] consolará a todos os seus logares desertos, e fará o seu deserto como o Eden, e a sua solidão como o jardim do Senhor: gozo e alegria se achará n’ella, acção de graças, e voz de melodia.

4 Attendei-me, povo meu, e, nação minha, inclinae os ouvidos para mim; [4] porque de mim sairá a lei, e o meu juizo farei repousar para luz dos povos.

5 Perto está a minha [5] justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços julgarão os povos: as ilhas me aguardarão, e no meu braço esperarão.

6 Levantae [6] os vossos olhos para os céus, e olhae para a terra de baixo, porque os céus desapparecerão como o fumo, e a terra se envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão similhantemente; porém a minha salvação durará para sempre, e a minha justiça não será [WW] quebrantada.

7 Ouvi-me, [7] vós que conheceis a justiça, vós, povo em cujo coração está a minha lei: não temaes o opprobrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injurias.

8 Porque [8] a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como á lã: mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração.

9 Desperta-te, desperta-te, veste-te de força, ó braço do Senhor: desperta-te como nos dias passados, como nas gerações antigas; [9] porventura não és tu aquelle que cortou em pedaços a [10] Rahab, o que feriu ao dragão?

10 Não és tu aquelle que [11] seccou o mar, as aguas do grande abysmo? o que fez o caminho no fundo do mar, para que passassem os remidos?

11 Assim [12] tornarão os resgatados do Senhor, e virão a Sião com jubilo, e perpetua alegria haverá sobre as suas cabeças: gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.

12 Eu, eu sou aquelle que [13] vos consola; quem pois és tu, para que temas o homem, que é mortal? ou o filho do homem, que se tornará em feno?

13 E te esqueces do Senhor que te fez, [14] que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador, quando se prepara para destruir: [15] pois onde está o furor do que te attribulava?

14 O exilado captivo depressa será solto, e não morrerá na caverna, e o seu pão lhe não faltará.

15 Porque eu sou o Senhor teu Deus, [16] que fendo o mar, e bramem as suas ondas. O Senhor dos Exercitos é o seu nome.

16 E ponho [17] as minhas palavras na tua bocca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.

17 Desperta, desperta, [18] levanta-te, ó Jerusalem, que bebeste da mão do Senhor o calix do seu furor; bebeste[652] e chupaste as fezes do calix [WX] da vagueação.

18 De todos os filhos que pariu nenhum ha que a guie mansamente; e de todos os filhos que creou nenhum que a tome pela mão.

19 Estas duas [19] coisas te aconteceram; quem tem compaixão de ti? a assolação, e o quebrantamento, e a fome, e a espada! por quem te consolarei?

20 os teus filhos desmaiaram, jazem nas entradas de todos os caminhos, como o boi montez na rede; cheios estão do furor do Senhor e da reprehensão do teu Deus.

21 Pelo que agora ouve isto, ó oppressa, e embriagada, [20] mas não de vinho.

22 Assim diz o teu Senhor, Jehovah, e teu Deus, [21] que pleiteará a causa do seu povo: Eis que eu tomo da tua mão o calix [WY] da vagueação, as fezes do calix do meu furor; nunca mais o beberás.

23 Porém pôl-o-hei [22] nas mãos dos que te entristeceram, que dizem á tua alma: Abaixa-te, e passaremos sobre ti: e tu pozeste as tuas costas como chão, e como caminho, aos viandantes.

[1] ver. 7. Rom. 9.30, 31, 32.

[2] Rom. 4.1, 16. Heb. 11.11, 12. Gen. 12.1, 2 e 24.1, 35.

[3] cap. 40.1 e 52.9. ver. 12.

[4] cap. 2.3 e 42.4, 6.

[5] cap. 16.13 e 56.1. Rom. 1.16, 17. cap. 60.9.

[6] cap. 40.26. II Ped. 3.10, 12. cap. 50.9.

[7] ver. 1. Mat. 10.28.

[8] cap. 50.9.

[9] Job 26.12.

[10] cap. 30.7.

[11] Exo. 14.21. cap. 43.16.

[12] cap. 35.10.

[13] ver. 3. II Cor. 1.3. cap. 40.6. I Ped. 1.24.

[14] Job 9.8.

[15] Job 20.7.

[16] Job 26.12. Jer. 31.35.

[17] Deu. 18.18. cap. 59.21. cap. 49.2 e 65.17 e 66.22.

[18] cap. 52.1. Jer. 25.15, 16. Apo. 14.10.

[19] cap. 47.9.

[20] ver. 17. Lam. 3.15.

[21] Jer. 50.34.

[22] Jer. 25.17, 26, 28. Zac. 12.2.

52 Desperta [1] desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião: veste-te dos teus vestidos formosos, ó Jerusalem, cidade sancta; [2] porque nunca mais entrará em ti nem incircumciso nem immundo.

2 Sacode-te [3] do pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalem: solta-te das ataduras de teu pescoço, ó captiva filha de Sião.

3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos: [4] tambem sem dinheiro sereis resgatados.

4 Porque assim diz o Senhor Jehovah: O meu povo em tempos passados desceu ao Egypto, para peregrinar lá, e a Assyria sem razão o opprimiu.

5 E agora, que tenho eu aqui que fazer? diz o Senhor; pois o meu povo foi tomado sem nenhuma razão: e os que dominam sobre elle o fazem uivar, diz o Senhor; [5] e o meu nome é blasphemado incessantemente todo o dia.

6 Portanto o meu povo saberá o meu nome, por esta causa, n’aquelle dia; porque eu mesmo sou o que digo: Eis-me aqui.

7 Quão suaves [6] são sobre os montes os pés do que annuncia as boas novas, o que faz ouvir a paz; do que annuncia o bem, que faz ouvir a salvação: do que diz a Sião: O teu Deus reina.

8 Uma voz dos teus atalaias se ouve, alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão, quando o Senhor tornar a trazer a Sião.

9 Clamae cantando, exultae juntamente, desertos de Jerusalem; [7] porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalem.

10 O Senhor desnudou o seu sancto braço perante os olhos de todas as nações; [8] e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.

11 Retirae-vos, [9] retirae-vos, sahi d’ahi, não toqueis coisa immunda: sahi do meio d’ella, [10] purificae-vos, os que levaes os vasos do Senhor.

12 Porque [11] não sairieis apressadamente, nem vos ireis fugindo; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus d’Israel será a vossa rectaguarda.

A apparição, as dôres e a gloria do Messias.

13 Eis que [12] o meu servo obrará com prudencia: será exaltado, e elevado, e mui sublime.

14 Como pasmaram muitos á vista de ti, de que o seu parecer estava tão desfigurado mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens,

15 Assim [13] [WZ] borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas boccas por causa d’elle; porque aquillo que não lhes foi annunciado o verão, e aquillo que elles não ouviram o entenderão.

[1] cap. 51.9, 17.

[2] Neh. 1.11. cap. 48.2. Mat. 4.5. Apo. 21.2. cap. 35.8. Nah. 1.15.

[3] cap. 3.26.

[4] cap. 45.13.

[5] Eze. 36.20, 23. Rom. 2.24.

[6] Nah. 1.15. Rom. 10.15.

[7] cap. 51.3. cap. 48.20.

[8] Luc. 3.6.

[9] cap. 48.20. Jer. 50.8 e 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. II Cor. 6.17. Apo. 18.4.

[10] Lev. 22.2, etc.

[11] Exo. 12.33, 39. Miq. 2.13. Num. 10.25. cap. 58.8. Exo. 14.19.

[12] cap. 42.1.

[13] Eze. 36.25. cap. 49.7, 23. Rom. 15.21.

53 Quem [1] deu credito á nossa prégação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?

2 Porque foi subindo como renovo [2] perante elle, e como raiz d’uma terra secca; não tinha [XA] parecer nem formosura; e, olhando nós para elle, não havia apparencia n’elle, para que o desejassemos.

3 Era desprezado, [3] e [XB] o mais indigno entre os homens, homem de dôres, e experimentado nos trabalhos; e como um de quem os homens escondiam o rosto era desprezado, [4] e não fizemos d’elle caso algum.

[653]

4 Verdadeiramente [5] elle tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dôres levou sobre si; e nós o reputavamos por afflicto, ferido de Deus, e opprimido.

5 Porém elle foi ferido [6] pelas nossas transgressões, e [XC] moido pelas nossas iniquidades: o castigo que nos traz a paz estava sobre elle, [7] e pelas suas pisaduras fomos sarados.

6 Todos [8] nós andavamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho: porém o Senhor fez cair sobre elle a iniquidade de nós todos.

7 Exigindo-se-lhe, elle foi opprimido, [9] porém não abriu a sua bocca: [10] como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim não abriu a sua bocca.

8 [XD] Da ancia e do juizo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? [11] porque foi cortado da terra dos viventes: pela transgressão do meu povo a praga estava sobre elle.

9 E pozeram [12] a sua sepultura com os impios, e com o rico estava na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, [13] nem houve engano na sua bocca.

10 Porém ao Senhor agradou [XE] moel-o, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se pozer por expiação do peccado, [14] verá a sua semente e prolongará os dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.

11 O trabalho da sua alma elle verá, e se fartará; [15] com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos: porque as suas iniquidades levará sobre si.

12 Pelo [16] que lhe darei [XF] a parte de muitos, e com os poderosos repartirá elle o despojo; porque derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; e levou sobre si o peccado de muitos, e intercede pelos transgressores.

[1] João 12.38. Rom. 10.16. cap. 51.9. Rom. 1.10.

[2] cap. 11.1.

[3] cap. 49.7.

[4] João 1.10, 11.

[5] Mat. 8.17. Heb. 9.28. I Ped. 2.24.

[6] Rom. 4.25. I Cor. 15.3. I Ped. 3.18.

[7] I Ped. 2.24.

[8] I Ped. 2.25.

[9] Mat. 26.63 e 27.12, 14. Mar. 14.61 e 15.5. I Ped. 2.23.

[10] Act. 8.32.

[11] Dan. 9.26.

[12] Mat. 27.57, 58, 60.

[13] I Ped. 2.22. I João 3.5.

[14] II Cor. 5.21. I Ped. 2.24. Rom. 6.9. Eph. 1.5, 9. II The. 1.11.

[15] João 17.3. II Ped. 1.3. I João 2.1. cap. 42.1 e 49.3. Rom. 5.18, 19. ver. 4, 5.

[16] Col. 2.15. Mar. 15.28. Luc. 22.37. Luc. 23.34. Rom. 8.34. Heb. 7.25 e 9.24. I João 2.1.

O progresso e a gloria da Egreja.

54 Canta alegremente, [1] ó esteril, que não parias: exclama de prazer com alegre canto, e exulta, tu [2] que não tiveste dôres de parto; porque mais são os filhos da solitaria, do que os filhos da casada, diz o Senhor.

2 Alarga [3] o logar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças: alonga as tuas cordas, e affixa bem as tuas estacas.

3 Porque trasbordarás á mão direita e á esquerda; [4] e a tua semente possuirá as nações e farão habitar as cidades assoladas.

4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque não serás confundida: antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opprobrio da tua viuvez.

5 Porque [5] o teu Creador é o teu marido, o Senhor dos Exercitos é o seu nome; e o Sancto de Israel é o teu Redemptor; [6] será chamado o Deus de toda a terra.

6 Porque o Senhor te chamou [7] como a mulher desamparada, e triste de espirito: comtudo tu és a mulher da mocidade, ainda que foste desprezada, diz o teu Deus.

7 Por um pequeno momento [8] te deixei, porém com grandes misericordias te recolherei;

8 Com uma pouca de ira escondi a minha face [9] de ti por um momento; porém com benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redemptor.

9 Porque isto será para mim como as [10] aguas de Noé, quando jurei que as aguas de Noé não passariam mais sobre a terra: assim jurei que não me irarei mais contra ti, nem te reprehenderei.

10 Porque [11] os montes [XG] se desviarão, e os outeiros [XH] tremerão; porém a minha benignidade se não [XI] desviará de ti, e o concerto da minha paz [XJ] se não mudará, diz o Senhor, que se compadece de ti.

11 Tu, opprimida, arrojada com a tormenta e desconsolada, eis que eu porei as tuas pedras com todo o ornamento, e te fundarei sobre as safiras.

12 E as tuas janellas farei crystallinas, e as tuas portas [12] de rubins, e todos os teus termos de pedras apraziveis.

13 E todos os teus filhos serão [XK] doutrinados [13] do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.

14 Com justiça serás confirmada: alonga-te[654] da oppressão, porque não temerás; como tambem do espanto, porque não chegará a ti.

15 Eis que certamente se ajuntarão contra ti, porém não comigo: quem se ajuntar contra ti cairá por amor de ti.

16 Eis que eu creei o ferreiro, que assopra as brazas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua obra: tambem eu creei o destruidor, para desfazer.

17 Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a lingua que se levantar contra ti em juizo tu a condemnarás: esta é a herança dos servos do Senhor, [14] e a sua justiça vem de mim, diz o Senhor.

[1] Sof. 2.14. Gal. 4.27.

[2] I Sam. 2.5.

[3] cap. 49.19, 20.

[4] cap. 55.5 e 61.9.

[5] Jer. 3.14. Luc. 1.32.

[6] Zac. 14.9. Rom. 3.29.

[7] cap. 62.4.

[8] cap. 26.20 e 60.10.

[9] cap. 55.3. Jer. 31.3.

[10] Gen. 8.21 e 9.11. cap. 55.11. Jer. 31.35, 36.

[11] cap. 51.6. Mat. 5.18.

[12] I Chr. 29.2. Apo. 21.18, etc.

[13] cap. 11.9. Jer. 31.34. I The. 4.9. I João 2.20.

[14] cap. 45.24, 25.

Todo o povo é convidado a procurar a salvação.

55 Ó vós, todos os que tendes sêde, [1] vinde ás aguas, e os que não tendes dinheiro, vinde, [2] comprae, e comei; sim, vinde, pois, comprae, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.

2 Porque gastaes o dinheiro n’aquillo que não é pão? e o producto do vosso trabalho n’aquillo que não pode fartar? ouvi-me attentamente, e comei o bem, e a vossa alma se deleite com a gordura.

3 Inclinae os vossos ouvidos, [3] e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma [4] viverá; porque comvosco farei um concerto perpetuo, dando-vos as firmes beneficencias de David.

4 Eis que eu o dei por testemunha aos povos, [5] por principe e mandador dos povos.

5 Eis que [6] chamarás a uma nação que nunca conheceste, e uma nação que nunca te conheceu correrá para ti, por amor do Senhor teu Deus, e do Sancto de Israel; porque elle te glorificou.

6 Buscae [7] ao Senhor emquanto se pode achar, invocae-o emquanto está perto.

7 O impio deixe [8] o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor; e se compadecerá d’elle; como tambem ao nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.

8 Porque [9] os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.

9 Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

10 Porque, assim como desce [10] a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, porém rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,

11 Assim será a minha palavra, que sair da minha bocca; ella não tornará a mim vazia; antes fará o que me apraz, e prosperará n’aquillo para o que a enviei.

12 Porque [11] com alegria saireis, e em paz sereis guiados: os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, [12] e todas as arvores do campo baterão as palmas.

13 Em logar [13] do espinheiro crescerá a faia, e em logar da sarça crescerá a murta: o que será para o Senhor por nome, e por signal eterno, que nunca se apagará.

[1] João 4.14 e 7.37. Apo. 21.6 e 22.17.

[2] Mat. 13.44, 46. Apo. 3.18.

[3] Mat. 11.28.

[4] cap. 54.8 e 61.8. Jer. 32.40. II Sam. 7.8, etc. Act. 13.34.

[5] João 18.37. Apo. 1.5. Dan. 9.25.

[6] Eph. 2.11, 12. cap. 60.5. Act. 3.13.

[7] Mat. 5.25. João 7.34 e 8.21. II Cor. 6.1, 2. Heb. 3.13.

[8] cap. 1.16. Zac. 8.17. Jer. 3.12.

[9] II Sam. 7.19.

[10] Deu. 32.2.

[11] cap. 35.10 e 65.13, 14. cap. 14.8 e 35.1, 2.

[12] I Chr. 16.33.

[13] cap. 41.19. Miq. 7.4.

Promessas áquelles que guardam o sabbado.

56 Assim diz o Senhor: Guardae o juizo, e fazei justiça, [1] porque a minha salvação está perto, para vir, e a minha justiça, para se manifestar.

2 Bemaventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão d’isto; [2] que se guarda de profanar o sabbado, e guarda a sua mão de perpetrar algum mal.

3 E não falle [3] o filho do estrangeiro, que se houver chegado ao Senhor, dizendo: De todo me apartou o Senhor do seu povo: nem tão pouco diga o eunucho: Eis que eu sou uma arvore secca.

4 Porque assim diz o Senhor dos eunuchos, que guardam os meus sabbados, e escolhem aquillo em que eu me agrado, e abraçam o meu concerto:

5 Tambem lhes darei na minha casa [4] e dentro dos meus muros um logar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas: um nome eterno darei a cada um d’elles, que nunca se apagará.

6 E aos filhos dos estrangeiros, que se chegarem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para[655] lhe servirem de servos, todos os que guardarem o sabbado, não o profanando, e os que abraçarem o meu concerto,

7 Tambem os levarei [5] ao meu sancto monte, e os festejarei na minha casa de oração, os seus holocaustos e os seus sacrificios serão acceitos no meu altar; [6] porque a minha casa será chamada a casa de oração para todos os povos.

As faltas e os crimes de Israel.

8 Assim diz o Senhor Jehovah, [7] que ajunta os dispersos de Israel: Ainda mais lhe ajuntarei com os que já se lhe ajuntaram.

9 Vós, [8] todas as bestas do campo, todas as bestas dos bosques, vinde a comer.

10 Todos os seus atalaias [9] são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar: andam adormecidos, estão deitados, e amam o tosquenejar.

11 E estes cães [10] são golosos, não se podem fartar; e elles são pastores que nada sabem entender: todos elles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganancia, cada um por sua parte.

12 Vinde, dizem, trarei vinho, e beberemos bebida forte; e o dia d’ámanhã será como este, [11] e ainda maior e mais famoso.

[1] cap. 46.13. Rom. 13.11, 12.

[2] cap. 58.13.

[3] Deu. 23.1, 2, 3. I Ped. 1.1.

[4] I Tim. 3.15. João 1.12. I João 3.1.

[5] cap. 2.2. Rom. 12.1. Heb. 13.15.

[6] Mat. 21.13. Mar. 11.17. Luc. 19.46. Mal. 1.11.

[7] cap. 11.12.

[8] Jer. 12.9.

[9] Mat. 15.14 e 23.16. Phi. 3.2.

[10] Miq. 3.11. Eze. 34.2, 3.

[11] Pro. 23.35. cap. 22.13. Luc. 12.19. I Cor. 15.32.

57 Perece o justo, e não ha quem considere n’isso em seu coração, [1] e os homens compassivos são recolhidos, sem que alguem considere que o justo é recolhido antes do mal.

Antes de Christo 698

2 Entrará em paz: descançarão nas suas camas, os que houverem andado na sua rectidão.

3 Porém chegae-vos aqui, [2] vós os filhos da agoureira, semente adulterina, e que commetteis fornicação.

4 De quem fazeis o vosso passatempo? contra quem alargaes a bocca, e deitaes para fóra a lingua? porventura não sois filhos da transgressão, semente da falsidade,

5 Que vos esquentaes com os deuses [3] debaixo de toda a arvore verde, e sacrificaes os filhos nos ribeiros, debaixo dos cantos dos penhascos?

6 Nas pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas são a tua sorte; a estas tambem derramas a tua libação, e lhes offereces offertas: contentar-me-hia eu d’estas coisas?

7 Sobre [4] os montes altos e levantados pões a tua cama; e lá sobes para sacrificar sacrificios.

8 E detraz das portas e dos umbraes pões os teus memoriaes; porque, desviando-te de mim, a outros te descobres, e sobes, alargas a tua cama, e fazes concerto com alguns d’elles: [5] amas a sua cama, onde quer que a vês.

9 E vaes [6] ao rei com oleo, e multiplicas os teus perfumes; e envias os teus embaixadores para longe, e te abates até [XL] aos infernos.

10 Na tua comprida [7] viagem te cançaste; porém não dizes: É coisa desesperada: o que buscavas achaste; por isso não adoeces.

11 Mas [8] de que tiveste receio, ou a quem temeste? porque mentiste, e não te lembraste de mim, nem no teu coração me pozeste? não é porventura porque eu me calo, e isso já desde muito tempo, e me não temes?

12 Eu publicarei a tua justiça, e as tuas obras, que não te aproveitarão.

13 Quando vieres a clamar, livrem-te os teus congregados; porém o vento a todos levará, e a vaidade os arrebatará: mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdará o meu sancto monte.

14 E dir-se-ha: Aplainae, [9] aplainae a estrada, preparae o caminho: tirae os tropeços do caminho do meu povo.

15 Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, [10] e cujo nome é sancto: Na altura e no logar sancto habito; como tambem com o contrito e abatido de espirito, [11] para vivificar o espirito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

16 Porque para sempre não contenderei, nem continuamente me indignarei; porque o espirito perante a minha face [XM] se opprimiria, e as almas que eu fiz.

17 Pela iniquidade da sua avareza [12] me indignei, e os feri: escondi-me, e indignei-me; comtudo, rebeldes, seguiram o caminho do seu coração.

18 Eu vejo os seus caminhos, [13] e os sararei, e os guiarei, e lhes tornarei a dar consolações, a saber, aos seus pranteadores.

19 Eu crio [14] os fructos dos labios: paz, paz, para os que estão longe, e para os que estão perto, diz o Senhor, e eu os sararei.

[656]

20 Mas [15] os impios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas aguas [XN] lançam de si lama e lodo.

21 Os impios, [16] diz o meu Deus, não teem paz.

[1] Miq. 7.2.

[2] Mat. 16.4.

[3] II Reis 16.4 e 17.10. Jer. 2.20. Lev. 18.21 e 20.2. II Reis 16.3 e 23.10. Jer. 7.31. Eze. 16.20 e 20.26.

[4] Eze. 23.41.

[5] Exo. 19.26, 28 e 23.2, 20.

[6] cap. 30.6. Eze. 16.33 e 23.16.

[7] Jer. 2.25.

[8] cap. 51.12, 13.

[9] cap. 40.3 e 62.10.

[10] Job 6.10. Luc. 1.49. Zac. 2.13. cap. 66.2.

[11] cap. 61.1.

[12] Jer. 6.13 e 5.15. cap. 9.13.

[13] Jer. 3.22. cap. 61.2.

[14] Heb. 13.15. Act. 2.39. Eph. 2.17.

[15] Job 15.20, etc. Pro. 4.16.

[16] cap. 48.22.

58 Clama em alta voz, não te retenhas, levanta a tua voz como a trombeta e annuncia ao meu povo a sua transgressão, e á casa de Jacob os seus peccados.

2 Ainda que me buscam cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que obra justiça, e não deixa [XO] o direito do seu Deus: perguntam-me pelos direitos da justiça, e teem prazer em se chegarem a Deus,

3 Dizendo: Porque jejuamos nós, e tu não attentas para isso? Porque affligimos as nossas almas, e tu o não sabes? Eis que no dia em que jejuaes achaes o vosso contentamento, e estreitamente requereis todo o vosso trabalho.

4 Eis que [1] para contendas e debates jejuaes, e para dardes punhadas impiamente: não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto.

5 Seria este [2] o jejum que eu escolheria, que o homem um dia afflija a sua alma? que incline a sua cabeça como o junco, [3] e estenda debaixo de si sacco e cinza? chamarias tu a isto jejum e dia aprazivel ao Senhor?

6 Porventura não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, [4] que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes livres os [XP] quebrantados, e despedaces todo o jugo?

7 Porventura não é tambem que repartas [5] o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados? e, [6] vendo o nú, o cubras, e não te escondas da tua carne?

8 Então [7] romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, [8] e a gloria do Senhor será a tua rectaguarda.

9 Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e elle dirá: Eis-me aqui: se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o fallar vaidade;

10 E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma afflicta: então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia.

11 E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em grandes sequidões, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial de aguas, cujas aguas nunca faltam.

12 E os que de ti procederem edificarão os logares antigamente assolados; [9] e levantarás os fundamentos de geração em geração: e chamar-te-hão reparador das [XQ] roturas, e restaurador de veredas para morar.

13 Se [10] desviares o teu pé do sabbado, de fazeres a tua vontade no meu sancto dia, e chamares ao sabbado deleitoso, e o sancto dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua propria vontade, nem fallares as tuas proprias palavras,

14 Então [11] te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu [12] pae Jacob; porque a bocca do Senhor o fallou.

[1] I Reis 21.9, 12, 13.

[2] Zac. 7.5.

[3] Est. 4.3. Dan. 9.3. Jon. 3.6.

[4] Neh. 5.10, 11, 12. Jer. 34.9, 10.

[5] Eze. 18.7, 16. Mat. 25.35.

[6] Job 31.19. Gen. 29.14. Neh. 5.5.

[7] Job 11.17.

[8] Exo. 14.19. cap. 52.12.

[9] cap. 61.4.

[10] cap. 56.2.

[11] Job 22.26.

[12] cap. 1.20 e 40.5. Miq. 4.4.

59 Eis que a mão do Senhor não está encolhida, [1] para que não possa salvar; nem o seu ouvido aggravado, para não poder ouvir.

2 Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos peccados encobrem o seu rosto de vós, para que não ouça.

3 Porque [2] as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade: os vossos labios fallam falsidade, a vossa lingua pronuncia perversidade.

4 Ninguem ha que clame pela justiça, nem ninguem que compareça em juizo pela verdade; confiam na vaidade, e andam fallando mentiras; [3] concebem o [XR] trabalho, e parem a iniquidade.

5 Ovos de basilisco chocam, e tecem teias de aranha: o que comer dos ovos d’elles morrerá; e, apertando-os, sae d’elles uma vibora.

6 As suas teias [4] não prestam para vestidos, nem se poderão cobrir com as suas obras: as suas obras são obras de iniquidade, e obra de violencia ha nas suas mãos.

7 Os seus pés [5] correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue innocente: os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade, destruição e quebrantamento ha nas suas estradas.

[657]

8 O caminho da paz não conhecem, nem ha juizo nos seus passos: [6] as suas veredas torcem para si mesmos; todo aquelle que anda por ellas não tem conhecimento da paz.

9 Pelo que o juizo está longe de nós, e a justiça não nos alcança; [7] esperámos pela luz, e eis que trevas nos veem; pelo resplandor, mas andamos em escuridão.

10 Apalpamos [8] as paredes como cegos, e como sem olhos andamos apalpando: tropeçamos ao meio-dia como [XS] nas trevas, e nos logares escuros como mortos.

11 Todos nós bramamos como ursos, [9] e continuamente gememos como pombas: esperamos pelo juizo, e não o ha; pela salvação, e está longe de nós.

12 Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos peccados testificam contra nós; porque as nossas transgressões estão comnosco, e conhecemos as nossas iniquidades;

13 Como o [XT] prevaricar, e mentir contra o Senhor, e o retirar-se de após o nosso Deus, o fallar de oppressão e rebellião, [10] o conceber e [XU] inventar palavras de falsidade do coração.

14 Pelo que o juizo se tornou atraz, e a justiça se poz de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.

15 Sim, a verdade desfallece, e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado: e o Senhor o viu, e pareceu mal aos seus olhos, por não haver juizo.

16 E vendo [11] que ninguem havia, maravilhou-se de que não houvesse algum intercessor; pelo que o seu proprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua propria justiça o susteve;

17 Porque se vestiu [12] de justiça, como de uma couraça, e poz o elmo da salvação na sua cabeça, e vestiu-se de vestidos de vingança por vestidura, e cobriu-se de zelo, como de um manto.

18 Conforme [13] as obras d’elles, assim dará a recompensa, furor aos seus adversarios, e recompensa aos seus inimigos: ás ilhas dará o pago.

19 Então temerão [14] o nome do Senhor desde o poente, e a sua gloria desde o nascente do sol: [15] vindo o inimigo como uma corrente de aguas, o Espirito do Senhor arvorará a bandeira contra elle.

20 E virá [16] um Redemptor a Sião e aos que se convertem da transgressão em Jacob, diz o Senhor.

21 Quanto a mim, [17] este é o meu concerto com elles, diz o Senhor: o meu espirito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que puz em tua bocca, não se desviarão da tua bocca nem da bocca da tua semente, nem da bocca da semente da tua semente, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre.

[1] Num. 11.23. cap. 50.2.

[2] cap. 1.15.

[3] Job 15.35.

[4] Job 8.14, 15.

[5] Pro. 1.16. Rom. 3.15.

[6] Pro. 2.15.

[7] Jer. 8.15.

[8] Deu. 28.29. Job 5.14. Amós 8.9.

[9] cap. 38.14. Eze. 7.16.

[10] Mat. 12.34.

[11] Eze. 22.30. cap. 63.5.

[12] Eph. 6.14, 17. I The. 5.8.

[13] cap. 63.6.

[14] Mal. 1.11.

[15] Apo. 12.15.

[16] Rom. 11.26.

[17] Heb. 8.10 e 10.16.

Jerusalem é restituida á sua gloria.

60 Levanta-te, [1] esclarece, porque vem a tua luz, e a gloria do Senhor vae nascendo sobre ti.

2 Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; porém sobre ti o Senhor virá nascendo, e a sua gloria se verá sobre ti.

3 E as nações caminharão [2] á tua luz, e os reis ao resplandor que te nasceu.

4 Levanta [3] em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntaram, e veem a ti: teus filhos virão de longe, e tuas filhas se crearão á tua ilharga.

5 Então o verás, [4] e serás illuminado, e o teu coração se espantará e alargará; porque a abundancia do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações virão a ti.

6 A multidão de camelos te cobrirá, [5] os dromedarios de Midian e Epha; todos virão de Seba: oiro e incenso trarão, e publicarão os louvores do Senhor.

7 Todas as ovelhas de Kedar se congregarão a ti, os carneiros de Nebaioth te servirão: com agrado subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha gloria.

8 Quem são estes que veem voando como nuvens, e como pombas ás suas janellas?

9 Certamente as ilhas me [6] aguardarão, e primeiro os navios de Tarsis, para trazer teus filhos de longe, a sua prata e o seu oiro com elles, [7] para o nome do Senhor teu Deus, e para o Sancto de Israel, porquanto te glorificou.

10 E [8] os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te feri, porém na minha benignidade tive misericordia de ti.

11 E [9] as tuas portas estarão abertas de continuo, nem de dia nem de noite se fecharão; para que tragam a ti as[658] riquezas das nações, e, conduzidos com ellas, os seus reis.

12 Porque [10] a nação e o reino que te não servirem perecerão; e as taes nações de todo serão assoladas.

13 A gloria [11] do Libano virá a ti; a faia, o pinheiro, e o buxo juntamente, [12] para ornarem o logar do meu sanctuario, e glorificarei o logar dos meus pés.

14 Tambem virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te opprimiram; [13] e prostrar-se-hão ás plantas dos teus pés todos os que te blasphemaram; e chamar-te-hão a cidade do Senhor, [14] a Sião do Sancto de Israel.

15 Em logar do que foste deixada, e aborrecida, e ninguem passava por ti, te porei uma excellencia perpetua, um gozo de geração em geração.

16 E mamarás o leite das nações, [15] e mamarás os peitos dos reis; e saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redemptor, o Possante de Jacob.

17 Por cobre trarei oiro, e por ferro trarei prata, e por madeira bronze, e por pedras ferro: e farei pacificos os teus inspectores e justos os teus exactores.

18 Nunca mais se ouvirá violencia na tua terra, desolação nem destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação, e ás tuas portas louvor.

19 Nunca mais te servirá o sol [16] para luz do dia, nem com o seu resplandor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpetua, [17] e o teu Deus a tua gloria.

20 Nunca mais se porá [18] o teu sol, nem a tua lua minguará; porque o Senhor será a tua luz perpetua, e os dias do teu luto se virão a acabar.

21 E todos os do teu povo [19] serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que seja glorificado.

22 O mais pequeno [20] virá a ser mil, e o minimo um povo grandissimo: eu, o Senhor, ao seu tempo o farei promptamente.

[1] Eph. 5.14. Mal. 4.2.

[2] cap. 49.6, 23. Apo. 21.24.

[3] cap. 49.18, 20, 21, 22.

[4] Rom. 11.25.

[5] Gen. 25.4.

[6] cap. 42.4 e 51.5. Zac. 14.14.

[7] Jer. 3.17. cap. 55.5.

[8] cap. 49.23.

[9] Apo. 21.25.

[10] Zac. 14.17, 19.

[11] cap. 35.2 e 41.19.

[12] I Chr. 28.2.

[13] cap. 49.23. Apo. 3.9.

[14] Heb. 12.22. Apo. 14.1.

[15] cap. 49.23 e 61.6 e 66.11, 12. cap. 43.3.

[16] Apo. 21.23 e 22.5.

[17] Zac. 2.5.

[18] Amós 8.9.

[19] cap. 61.3. Mat. 15.13.

[20] Mat. 13.31, 32.

A salvação é proclamada.

61 O Espirito [1] do Senhor Jehovah está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para prégar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos de coração, a apregoar liberdade aos captivos, e a abertura de prisão aos presos;

2 A apregoar [2] o anno acceitavel do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os tristes;

3 A ordenar aos tristes de Sião que se lhes dê [XV] ornamento por cinza, oleo de gozo por tristeza, vestidura de louvor por espirito angustiado; para que se chamem carvalhos de justiça, [3] plantados do Senhor, para que seja glorificado.

4 E edificarão [4] os logares antigamente assolados, e restaurarão os de antes destruidos, e renovarão as cidades assoladas, destruidas de geração em geração.

5 E haverá estrangeiros, e apascentarão os vossos rebanhos: e estranhos serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros.

6 Porém vós sereis chamados sacerdotes [5] do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus: comereis a abundancia das nações, e na sua gloria vos gloriareis.

7 Por vossa dupla vergonha, e affronta, exultarão sobre a sua parte; pelo que na sua terra possuirão o dobro, e terão perpetua alegria.

8 Porque eu, o Senhor, amo o juizo, [6] aborreço [XW] a rapina no holocausto; e farei que a sua obra seja em verdade; e farei um concerto eterno com elles.

9 E a sua semente será conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos povos; todos quantos os virem os conhecerão, que são a semente bemdita do Senhor.

10 Gozo-me [7] muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça, [8] como quando o noivo se orna com atavio sacerdotal, e como a noiva se enfeita com as suas joias.

11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que n’elle se semeia, assim o Senhor Jehovah fará brotar a justiça e o louvor [9] para todas as nações.

[1] cap. 11.2. Luc. 4.18. João 1.32 e 3.34. cap. 57.15. cap. 42.7.

[2] cap. 34.8 e 63.4. cap. 57.18.

[3] cap. 60.21.

[4] cap. 58.12. Eze. 36.33, 36.

[5] Exo. 19.6. cap. 66.21. Apo. 1.6 e 5.10. cap. 60.5, 11, 16.

[6] cap. 1.11, 15.

[7] Hab. 3.18.

[8] cap. 49.18. Apo. 21.2.

[9] cap. 60.18 e 62.7.

A gloria de Jerusalem sempre augmentando.

62 Por amor de Sião me não calarei, e por amor de Jerusalem me não aquietarei; até que saia a sua justiça[659] como um resplandor, e a sua salvação como uma tocha accesa.

2 E as nações [1] verão a tua justiça, e todos os reis a tua gloria; [2] e chamar-te-hão por um nome novo, que a bocca do Senhor nomeará.

3 E serás uma corôa de gloria na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus.

4 Nunca mais te chamarão: [3] Desamparada, nem a tua terra nunca mais nomearão: [4] Assolada; mas chamar-te-hão: [XX] O meu prazer está n’ella; e a tua terra: [XY] A casada; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.

5 Porque, como o mancebo se casa com a donzella, assim teus filhos se casarão comtigo: [5] e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.

6 Ó Jerusalem, sobre os teus muros puz guardas, que todo o dia e toda a noite de continuo se não calarão: ó vós, os que fazeis menção do Senhor, não haja silencio em vós,

7 Nem lhe deis a elle silencio, até que confirme, [6] e até que ponha a Jerusalem por louvor na terra.

8 Jurou o Senhor pela sua mão direita, e pelo braço da sua força, [7] que nunca mais darei o teu trigo por comida aos teus inimigos, nem os estranhos beberão o teu mosto, em que trabalhaste.

9 Porém os que o ajuntarem o comerão, e louvarão ao Senhor: e os que o colherem [8] beberão nos atrios do meu sanctuario.

10 Passae, passae pelas portas; [9] preparae o caminho ao povo; aplainae, aplainae a estrada, limpae-a das pedras; arvorae a bandeira aos povos.

11 Eis que o Senhor fez ouvir até ás extremidades da terra: [10] Dizei á filha de Sião: Eis que a tua salvação vem: eis que comsigo o seu galardão, e a sua obra diante d’elle.

12 E chamal-os-hão: Povo sancto, remidos do Senhor; e tu serás chamada Buscada, [11] a cidade não desamparada.

[1] cap. 60.3.

[2] ver. 4, 12. cap. 65.15.

[3] Ose. 1.10. I Ped. 2.10.

[4] cap. 54.6, 7. cap. 54.1.

[5] cap. 65.19.

[6] Sof. 3.20.

[7] Deu. 28.31, etc.

[8] Deu. 12.21 e 14.23, 26 e 16.11, 14.

[9] cap. 40.3 e 57.14. cap. 11.12.

[10] Zac. 9.9. Mat. 21.5. João 12.15. cap. 40.10. Apo. 22.12.

[11] ver. 4.

Deus salva e vinga a seu povo.

63 Quem é este, que vem de Edom, com vestidos [XZ] tintos de Bozra? este [YA] ornado com a sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que fallo em justiça, poderoso para salvar.

2 Porque [1] estás vermelho na tua vestidura? e os teus vestidos como aquelle que piza no lagar?

3 Eu pizei só o lagar, [2] e dos povos ninguem houve commigo; e os pizei na minha ira, e os atropelei no meu furor; e o seu sangue se aspergia sobre os meus vestidos, e manchei toda a minha vestidura.

4 Porque o dia da vingança [3] estava no meu coração; e o anno dos meus remedios é chegado.

5 E olhei, [4] e não havia quem me ajudasse; e espantei-me de que não houvesse quem me sustivesse, pelo que o meu braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve.

6 E atropelei os povos na minha ira, [5] e os embebedei no meu furor; e [YB] a sua força derribei por terra.

Acção de graças, confissões e supplicas do povo de Deus.

7 Das benignidades do Senhor farei menção, e dos muitos louvores do Senhor, conforme tudo quanto o Senhor nos fez; e da grande bondade para com a casa de Israel, que usou com elles segundo as suas misericordias, e segundo a multidão das suas benignidades.

8 Porque dizia: Comtudo meu povo são, filhos que não mentirão: assim se lhes fez Salvador.

9 Em toda a angustia [6] d’elles elle foi angustiado, [7] e o anjo da sua face os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão elle os remiu; e os tomou, e os trouxe sobre si todos os dias da antiguidade.

10 Porém [8] elles foram rebeldes, e contristaram o seu Espirito Sancto; pelo que se lhes tornou em inimigo, e elle mesmo pelejou contra elles.

11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade, de Moysés, e do seu povo. [9] Porém onde está agora o que os fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? onde está o que punha no meio d’elles o seu Espirito Sancto?

12 O que o braço [10] da sua gloria fez andar á mão direita de Moysés? o que[660] fendeu as aguas diante d’elles, para se fazer um nome eterno?

13 O que os guiou pelos abysmos, como o cavallo no deserto; nunca tropeçaram.

14 Como a besta que desce aos valles, o Espirito do Senhor lhes deu descanço: assim guiaste ao teu povo, [11] para te fazeres um nome glorioso.

15 Attenta [12] desde os céus, e olha desde a tua sancta e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas [YC] forças? o arroido das tuas entranhas, e das tuas misericordias, detem-se para comigo!

16 Porém [13] tu és nosso Pae, ainda que Abrahão nos não conhece, e Israel não nos reconhece: Tu, ó Senhor, és nosso Pae; nosso Redemptor desde a antiguidade é o teu nome.

17 Porque, ó Senhor, [14] nos fazes errar dos teus caminhos? Porque endureces o nosso coração, para que te não temamos? Torna, por amor dos teus servos, ás tribus da tua herança.

18 por um pouco de tempo a possuiu o teu sancto [15] povo: nossos adversarios pizaram o teu sanctuario.

19 Somos feitos como aquelles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.

[1] Apo. 19.13.

[2] Lam. 1.15. Apo. 14.19, 20 e 19.15.

[3] cap. 34.8 e 61.2.

[4] cap. 41.28 e 59.16. João 16.32.

[5] Apo. 16.6.

[6] Exo. 14.19 e 23.20, 21 e 33.14. Act. 12.11.

[7] Deu. 7.7, 8. Exo. 19.4. Deu. 1.31 e 32.11, 12.

[8] Num. 14.11. Act. 7.51. Eph. 4.30.

[9] Exo. 14.30. Jer. 2.6. Num. 11.17, 25. Neh. 9.20.

[10] Exo. 15.6. Exo. 14.21. Jos. 3.16.

[11] II Sam. 7.23.

[12] Deu. 26.15. Ose. 11.8.

[13] Deu. 32.6. I Chr. 29.10. cap. 64.8.

[14] cap. 6.10. João 12.40. Rom. 9.18.

[15] Deu. 7.6 e 26.19. cap. 62.12. Dan. 8.24.

64 Oh! se fendesses os céus, e descesses, [1] se os montes se escoassem de diante da tua face!

2 Como o fogo [YD] de fundir arde, e o fogo faz ferver as aguas, para fazeres notorio o teu nome aos teus adversarios, e assim as nações tremessem da tua presença!

3 Como quando [2] fazias coisas terriveis, quaes nunca esperavamos, quando descias, e os montes se escoavam de diante da tua face.

4 Porque desde a antiguidade não se [3] ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem olho viu, fóra de ti, ó Deus, o que ha de fazer áquelle que o espera.

5 Saiste ao encontro áquelle que se alegrava [4] e praticava justiça e aos que se lembram de ti nos teus caminhos: eis que te enfureceste, porque peccámos; n’elles ha eternidade, para que sejamos salvos.

6 Porém todos nós somos como o immundo, [5] e todas as nossas justiças como trapo da immundicia; e todos nós caimos como a folha, e as nossas culpas como um vento nos arrebatam.

7 E já ninguem ha que invoque o teu nome, [6] que se desperte, para pegar de ti; porque escondes de nós o teu rosto, e nos [YE] fazes derreter, por causa das nossas iniquidades.

8 Porém agora, [7] ó Senhor, tu és nosso Pae: nós o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos.

9 Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniquidade: eis, olha, peço-te, todos nós somos o teu povo.

10 As tuas sanctas cidades estão feitas um deserto: Sião está feita um deserto, Jerusalem está assolada.

11 A nossa sancta [8] e gloriosa casa, em que te louvavam nossos paes, foi queimada a fogo; e todas as nossas desejaveis coisas se tornaram em assolação.

12 Conter-te-hias tu ainda sobre estas coisas, ó Senhor? ficarias calado, e nos opprimirias tanto?

[1] Jui. 5.5. Miq. 1.4.

[2] Jui. 5.4, 5. Hab. 3.3, 6.

[3] I Cor. 2.9.

[4] Act. 10.35. Mal. 3.6.

[5] Phi. 3.9.

[6] Ose. 7.7.

[7] cap. 63.16. cap. 29.16 e 45.9. Jer. 18.6. Rom. 9.20, 21. Eph. 2.10.

[8] II Reis 25.9. II Chr. 36.19.

Deus promette ouvir a oração e conceder bençãos aos seus servos.

65 Fui buscado [1] dos que não perguntavam por mim, fui achado de aquelles que me não buscavam: [2] a um povo que se não chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui.

2 Estendi [3] as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que caminha por caminho não bom, após os seus pensamentos:

3 Povo que me irrita diante da minha face de continuo, [4] sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos;

4 Assentando-se [5] junto ás sepulturas, e passando as noites junto aos logares secretos: comendo carne de porco, e tendo caldo de coisas abominaveis nos seus vasos.

5 E dizem: [6] Tira-te lá, e não te chegues a mim, porque sou mais sancto do que tu. Estes são um fumo no meu nariz, um fogo que arde todo o dia.

6 Eis que está escripto diante de mim: não me calarei; porém eu pagarei, e pagarei no seu seio,

7 As vossas iniquidades, [7] e juntamente as iniquidades de vossos paes, diz o Senhor, que queimaram incenso nos montes, e me affrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei a medir o galardão das suas obras antigas no seu seio.

8 Assim diz o Senhor: Como quando se acha mosto n’um cacho de uvas,[661] dizem: Não o desperdices, [8] pois ha benção n’elle; assim eu o farei por amor de meus servos, que os não destrua a todos.

9 E produzirei semente de Jacob, e de Judah um herdeiro, que possua os meus montes; [9] e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão ali.

10 E Saron [10] servirá de curral de ovelhas, e o valle de Achor de malhada de gados, para o meu povo, que me buscou.

11 Mas a vós, [11] os que vos apartaes do Senhor, os que vos esqueceis do meu sancto monte, os que pondes a mesa [YF] ao exercito, e os que misturaes a bebida para o [YG] numero,

12 Tambem eu vos [YH] contarei á espada, e todos vos encurvareis á matança; [12] porquanto chamei, e não respondestes; fallei, e não ouvistes; mas fizestes o que mal parece aos meus olhos, e escolhestes aquillo em que não tinha prazer.

13 Pelo que assim diz o Senhor Jehovah: Eis que os meus servos comerão, porém vós padecereis fome: eis que os meus servos beberão, porém vós tereis sêde: eis que os meus servos se alegrarão, porém vós vos envergonhareis:

14 Eis que os meus servos exultarão do bom animo, [13] porém vós gritareis de tristeza de animo; e uivareis [YI] pelo quebrantamento de espirito.

15 E deixareis [14] o vosso nome aos meus eleitos por maldição; e o Senhor Jehovah te matará; e a seus servos chamará por outro nome.

16 Assim que [15] aquelle que se bemdisser na terra, se bemdirá no Deus [YJ] da verdade; e aquelle que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angustias passadas, e porque estão encobertas de diante dos meus olhos.

17 Porque, [16] eis que eu crio céus novos e terra nova; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais subirão ao coração.

18 Porém vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio a Jerusalem uma alegria, e ao seu povo um gozo.

19 E folgarei [17] em Jerusalem, e exultarei no meu povo; [18] e nunca mais se ouvirá n’ella voz de choro nem voz de clamor.

20 Não haverá mais d’ali n’ella mamante de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o mancebo morrerá de cem annos; [19] porém o peccador de cem annos será amaldiçoado.

21 E edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fructo.

22 Não edificarão [20] para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da arvore, e os meus eleitos gozarão das obras das suas mãos até á velhice.

23 Não [21] trabalharão debalde, nem parirão para a [YK] perturbação; porque são a semente dos bemditos do Senhor, e os seus descendentes com elles.

24 E será que antes que clamem eu responderei: estando elles ainda fallando, eu os ouvirei.

25 O lobo [22] e o cordeiro se apascentarão ambos juntos, e o leão comerá palha como o boi: [23] e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem damno algum em todo o meu sancto monte, diz o Senhor.

[1] Rom. 10.20.

[2] cap. 63.19.

[3] Rom. 10.21.

[4] Deu. 32.21. cap. 1.29 e 66.17.

[5] cap. 66.17. Lev. 11.7.

[6] Luc. 5.30 e 18.11. Jud. 19.

[7] Exo. 20.5. Eze. 20.27, 28.

[8] Jos. 2.14.

[9] ver. 15, 2. Mat. 24.22. Rom. 11.5, 7.

[10] Jos. 7.24, 26. Ose. 2.15.

[11] cap. 56.7 e 57.13. ver. 25. Eze. 23.41. I Cor. 10.21.

[12] Pro. 1.24, etc. cap. 66.4. Jer. 7.13.

[13] Mat. 8.12. Luc. 13.28.

[14] Zac. 8.13. ver. 9. cap. 62.2.

[15] Jer. 4.2. Deu. 6.13. cap. 19.18 e 45.23. Sof. 1.5.

[16] cap. 51.16 e 66.22. II Ped. 3.13. Apo. 21.1.

[17] cap. 62.5.

[18] cap. 35.10 e 51.11. Apo. 7.17 e 21.4.

[19] Ecc. 8.12.

[20] Deu. 28.30. Amós 9.14.

[21] Deu. 28.41. cap. 61.9.

[22] cap. 11.6, 7, 9.

[23] Gen. 3.14.

A rejeição final dos rebeldes.

66 Assim diz o Senhor: [1] Os céus são o meu throno, e a terra o escabello dos meus pés: qual seria a casa que vós me edificarieis? e qual seria o logar do meu descanço?

2 Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas estas coisas foram feitas, diz o Senhor; [2] mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espirito, e que treme da minha palavra.

3 Quem mata um boi [3] é como o que fere um homem; [4] quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem offerece uma oblação é como o que offerece sangue de porco; quem offerece incenso memorativo é como o que bemdiz a um idolo; tambem estes escolhem os seus proprios caminhos, e a sua alma toma prazer nas suas abominações;

4 Tambem eu escolherei seus [YL] escarneos, farei vir sobre elles os seus temores; [5] porquanto clamei e ninguem respondeu, fallei, e não escutaram; mas fizeram o que parece mal aos meus olhos, e escolheram aquillo em que não tinha prazer.

[662]

5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra. Vossos irmãos, que vos aborrecem e longe de si vos separam por amor do meu nome, dizem: Glorifique-se o Senhor; [YM] porém apparecerá para a vossa alegria, e elles serão confundidos.

6 Uma voz de grande rumor haverá da cidade, uma voz do templo, a voz do Senhor, que dá o pago aos seus inimigos.

7 Antes que estivesse de parto, pariu; antes que lhe viessem as dores, deu á luz um filho macho.

8 Quem jámais ouviu tal coisa? quem viu coisas similhantes? poder-se-hia fazer parir uma terra n’um dia? nasceria uma nação de uma vez? mas Sião esteve de parto e já pariu seus filhos.

9 Abriria eu a madre, e não geraria? diz o Senhor: geraria eu, e fechar-me-hia? diz o teu Deus.

10 Gozae-vos com Jerusalem, e alegrae-vos d’ella, vós todos os que a amaes: alegrae-vos com ella de alegria, todos os que pranteastes por ella;

11 Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações: para que chupeis, e vos deleiteis com [YN] o resplandor da sua gloria.

12 Porque assim diz o Senhor: [6] Eis que estenderei sobre ella a paz como um rio, e a gloria das nações como um ribeiro que trasborda; então mamareis, [7] ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.

13 Como alguem a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalem vós sereis consolados.

14 E o vereis e alegrar-se-ha o vosso coração, [8] e os vossos ossos reverdecerão como a herva tenra: então a mão do Senhor será notoria aos seus servos, e elle se indignará contra os seus inimigos.

15 Porque, [9] eis que o Senhor virá em fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor, e a sua reprehensão em chammas de fogo.

16 Porque com fogo e com [10] a sua espada entrará o Senhor em juizo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados.

17 Os que se sanctificam, [11] e se purificam nos jardins uns após os outros, no meio d’elles: os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato: juntamente serão consumidos, diz o Senhor.

18 Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos! o tempo vem em que ajuntarei todas as nações e linguas; e virão, e verão a minha gloria.

19 E porei entre elles um signal, e os que d’elles escaparem enviarei ás nações, a Tarsis, Pul, e Lud, frecheiros a Tubal e Javan, até ás ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha gloria; [12] e annunciarão a minha gloria entre as nações.

20 E trarão a todos os vossos irmãos, d’entre todas as nações, de presente ao Senhor, sobre cavallos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedarios, ao meu sancto monte, a Jerusalem, diz o Senhor: como quando os filhos de Israel trazem os seus presentes em vasos limpos á casa do Senhor:

21 E tambem d’elles tomarei a alguns para sacerdotes [13] e para levitas, diz o Senhor.

22 Porque, [14] como os céus novos, e a terra nova, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim tambem ha de estar a vossa semente e o vosso nome.

23 E será que desde uma [15] lua nova até á outra, e desde um sabbado até ao outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.

24 E sairão, [16] e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão em horror a toda a carne.

[1] I Reis 8.27. II Chr. 6.18. Mat. 5.34, 35. Act. 7.48, 49 e 17.24.

[2] Pro. 28.14. ver. 5.

[3] cap. 1.11.

[4] Deu. 23.18.

[5] Pro. 1.24. cap. 65.12. Jer. 7.13.

[6] cap. 48.18.

[7] cap. 60.19. cap. 49.22.

[8] Eze. 37.1, etc.

[9] cap. 9.5. II The. 1.8.

[10] cap. 27.1.

[11] cap. 65.3, 4.

[12] Mal. 1.11.

[13] Exo. 19.6. cap. 61.6. I Ped. 2.9. Apo. 1.6.

[14] cap. 65.17. II Ped. 3.13. Apo. 21.1.

[15] Zac. 14.16.

[16] ver. 16. Mar. 9.44, 46, 48.

[663]


JEREMIAS.

A vocação e primeira visão de Jeremias.

Antes de Christo 629

1 Palavras de Jeremias, filho de Hilkias, [1] dos sacerdotes que estavam em Anathoth, na terra de Benjamin:

2 Ao qual veiu a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho d’Ammon, rei de Judah, no decimo terceiro anno do seu reinado.

3 Assim lhe veiu tambem nos dias de Jeheiakim, filho de Josias, rei de Judah, [2] até ao fim do anno undecimo de Zedekias, filho de Josias, rei de Judah, [3] até que Jerusalem foi levada em captiveiro no quinto mez.

4 Assim que veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Antes que te formasse [4] no ventre, te conheci, e antes que saisses da madre, te sanctifiquei; ás nações te dei por propheta.

6 Então disse eu: [5] Ah Senhor Jehovah! Eis que não sei fallar; porque ainda sou um menino.

7 Porém disse-me o Senhor: Não digas que és um menino; porque aonde quer que eu te enviar, irás; [6] e tudo quanto te mandar fallarás.

8 Não [7] temas diante d’elles; porque estou comtigo para te livrar, diz o Senhor.

9 E estendeu o Senhor a sua mão, [8] e tocou-me na bocca: e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua bocca:

10 Olha, [9] ponho-te n’este dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruires, e para arruinares; e tambem para edificares e para plantares.

11 Veiu a mim mais a palavra do Senhor, dizendo: Que é o que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira.

12 E disse-me o Senhor: Bem viste; porque apressurar-me-hei sobre a minha palavra para cumpril-a.

13 E veiu a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que é o que vês? E eu disse: [10] Vejo uma panella fervente, cuja face está para a banda do norte.

14 E disse-me o Senhor: [11] Do norte se descobrirá o mal sobre todos os habitantes da terra.

15 Porque eis que eu convoco [12] todas as familias dos reinos do norte, diz o Senhor; e virão, e cada um porá o seu throno á entrada das portas de Jerusalem, e contra todos os seus muros em redor, e contra todas as cidades de Judah.

16 E eu pronunciarei contra elles os meus juizos, por causa de toda a sua malicia; [13] pois me deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos.

17 Tu, pois, [14] cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar: [15] não sejas espantado diante d’elles, para que eu te não espante diante d’elles.

18 Porque, eis que te ponho hoje por cidade [16] forte, e por columna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra; contra os reis de Judah, contra os seus principes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.

19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu estou comtigo, diz o Senhor, para te livrar.

[1] Jos. 21.18. I Chr. 6.60. cap. 32.7, 8, 9.

[2] cap. 39.2.

[3] cap. 52.12, 15. II Reis 25.8.

[4] Isa. 49.1, 5. Exo. 33.12, 17. Luc. 1.15, 41. Gal. 1.15, 16.

[5] Exo. 4.10 e 6.12, 30. Isa. 6.5.

[6] Num. 22.20, 38.

[7] Eze. 2.6 e 3.9. ver. 17. Exo. 3.12. Deu. 31.6, 8. Jos. 1.5. cap. 15.20. Act. 26.17. Heb. 13.6.

[8] Isa. 6.7 e 51.16. cap. 5.14.

[9] cap. 18.7.

[10] Eze. 11.3, 7.

[11] cap. 4.6 e 6.1.

[12] cap. 5.15 e 6.22 e 10.22 e 25.9 e 39.3 e 43.10.

[13] Deu. 28.20. cap. 17.13.

[14] I Reis 18.46. II Reis 4.29 e 9.1. Job 38.3. Luc. 12.35. I Ped. 1.13.

[15] ver. 3. Eze. 2.6.

[16] cap. 6.27 e 15.20.

Jeremias é enviado a Jerusalem para reprehender a sua rebellião.

2 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Vae, e clama aos ouvidos de Jerusalem, dizendo: Assim diz o Senhor:[664] Lembro-me de ti, [1] da beneficencia da tua mocidade, e do amor dos teus desposorios, [2] quando andavas após mim no deserto, n’uma terra que se não semeava.

3 Então Israel [3] era sanctidade para o Senhor, e as primicias da sua novidade: todos os que comiam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre elles, diz o Senhor.

4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacob, e todas as familias da casa de Israel:

5 Assim diz o Senhor: [4] Que injustiça acharam vossos paes em mim, para se alongarem de mim, e se foram após a vaidade, e se tornaram levianos?

6 E não disseram: Onde está o Senhor, [5] que nos fez subir da terra do Egypto? que nos guiou pelo deserto, por uma terra de charnecas, e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra pela qual ninguem passava, e homem nenhum morava n’ella?

7 E eu vos introduzi [6] n’uma terra fertil, para comerdes o seu fructo e o seu bem; [7] mas quando entrastes n’ella contaminastes a minha terra, e da minha herança fizestes uma abominação.

8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? [8] E os que tratavam da lei não me conheciam, e os pastores prevaricavam contra mim, e os prophetas prophetizavam por Baal, e andavam após o que de nada aproveita.

9 Portanto ainda [9] contenderei comvosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos contenderei.

10 Porque, passae ás ilhas de Chittim, e vêde; e enviae a Kedar, e attentae bem, e vêde se succedeu coisa similhante.

11 Houve [10] alguma nação que tenha trocado os seus deuses, ainda que não sejam deuses? Todavia o meu povo trocou a sua gloria pelo que de nada aproveita.

12 Espantae-vos [11] d’isto, ó céus! e pasmae; e sêde grandemente assolados, diz o Senhor.

13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de aguas vivas, e cavaram cisternas, [12] cisternas fendidas, que não reteem aguas.

14 Acaso [13] é Israel um servo, ou nascido em casa? porque pois veiu a ser preza?

15 Os filhos de leão bramaram [14] sobre elle, levantaram a sua voz; e pozeram a sua terra em assolação; as suas cidades se queimaram, e ninguem habita n’ellas.

16 Até os filhos de Noph e de Tachphanes [15] te quebraram o alto da cabeça.

17 Porventura [16] tu não te fazes isto a ti mesmo? pois deixas ao Senhor teu Deus, no tempo em que elle te guia pelo caminho.

18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho [17] do Egypto, para beberes as aguas de Sihor? e que te importa a ti o caminho da Assyria, para beberes as aguas do [YO] rio?

19 A tua malicia te castigará, e os teus apartamentos te reprehenderão: sabe, pois, e vê, quão mal e amargo é deixares ao Senhor teu Deus, e não teres o meu temor comtigo, diz o Senhor Jehovah dos Exercitos.

20 Quando eu ha muito quebrava o teu jugo, e rompia as tuas ataduras, dizias tu: [18] Nunca mais transgredirei; comtudo em todo o outeiro alto e debaixo de toda a arvore verde te andas encurvando e fornicando.

21 Eu mesmo te [19] plantei por vide excellente, e todo fiel semente: como pois te tornaste para mim uma planta degenerada de vide estranha?

22 Pelo que ainda [20] que te laves com salitre, e amontoes sabão, comtudo a tua iniquidade está apontada diante de mim, diz o Senhor Jehovah.

23 Como [21] dizes logo: Não estou contaminado nem andei após os baalins? vê o teu caminho no valle, conhece o que fizeste: dromedaria ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos.

24 Jumenta montez, [22] acostumada ao deserto, que, conforme o desejo da sua alma, sorve o vento, [YP] quem deteria o seu encontro? todos os que a buscarem, não se cançarão; no mez d’ella a acharão.

25 Retem o teu pé de ser descalço, e a tua garganta de ter sêde: [23] porém tu dizes: Não ha esperança: não; porque amo os estranhos, e após elles andarei.

26 Como fica confundido o ladrão[665] quando o apanham, assim se confundem os da casa de Israel; elles, os seus reis, os seus principes, e os seus sacerdotes, e os seus prophetas,

27 Que dizem ao páu: Tu és meu pae; e á pedra: Tu me geraste; porque me viraram as costas, e não o rosto: [24] porém no tempo do seu trabalho dirão: Levanta-te, e livra-nos.

28 Onde pois estão os teus deuses, [25] que fizeste para ti? que se levantem, se te podem livrar no tempo do teu trabalho: porque os teus deuses, ó Judah, são tantos em numero como as tuas cidades.

29 Porque [26] contendeis comigo? todos vós transgredistes contra mim, diz o Senhor.

30 Em vão [27] castigareis os vossos filhos; não acceitarão o castigo: a vossa espada devorou os vossos prophetas como um leão destruidor.

31 Oh geração! considerae vós a palavra do Senhor: [28] porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra da mais espessa escuridão? porque pois diz o meu povo: [YQ] Temos determinado nunca mais vir a ti.

32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa dos seus sendaes? [29] todavia o meu povo se esqueceu de mim, innumeraveis dias.

33 Porque enfeitas o teu caminho, para buscares o amor? de sorte que até ás malignas ensinaste os teus caminhos.

34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue [30] das almas dos innocentes e necessitados: o que não achei minando, [YR] mas em todas estas coisas.

35 E ainda dizes: [31] Devéras que estou innocente, pois a sua ira se desviou de mim: eis que entrarei em juizo comtigo, porquanto dizes: Não pequei.

36 Porque te desvias tanto, mudando o teu caminho? tambem do Egypto serás envergonhada, como foste envergonhada da Assyria.

37 Tambem d’aquelle sairás com as mãos [32] sobre a tua cabeça; porque o Senhor rejeitou as tuas confianças, e não prosperarás com ellas.

[1] Eze. 16.8, 22, 60 e 23.3, 8, 19. Ose. 2.15.

[2] Deu. 2.7.

[3] Exo. 19.5, 6. Thi. 1.18. Apo. 14.4. cap. 12.14 e 50.7.

[4] Miq. 6.3. II Reis 17.15. Jon. 2.8.

[5] Isa. 63.9, 11, 13. Ose. 13.4. Deu. 8.15 e 32.10.

[6] Num. 13.27 e 14.7, 8. Deu. 8.7, 8, 9.

[7] Lev. 18.25, 27, 28. Num. 35.33, 34.

[8] Mal. 2.6, 7. Rom. 2.20. cap. 23.13. ver. 11.

[9] Eze. 20.35, 36. Miq. 6.2.

[10] Miq. 4.5. Isa. 37.19. cap. 16.20. Rom. 1.23.

[11] Isa. 1.2.

[12] João 4.14.

[13] Exo. 4.22.

[14] Isa. 1.7. cap. 4.7.

[15] cap. 43.7, 8, 9.

[16] Deu. 32.10.

[17] Isa. 30.1, 2. Jos. 13.3.

[18] Deu. 12.2. Isa. 57.5, 7. cap. 3.6.

[19] Isa. 5.1, etc. e 60.21. Mat. 21.33. Mar. 12.1. Luc. 20.9.

[20] Job 9.30.

[21] Pro. 30.12.

[22] Job 39.5, etc. cap. 14.6.

[23] cap. 18.12. Deu. 32.16. cap. 3.13.

[24] Jui. 10.10.

[25] Deu. 32.37. Jui. 10.14. Isa. 45.2. cap. 11.13.

[26] ver. 5.

[27] II Chr. 36.16. Neh. 9.26. I The. 2.15.

[28] ver. 5.

[29] cap. 13.25. Ose. 8.14.

[30] cap. 19.4.

[31] ver. 23. ver. 9. I João 1.8, 10.

[32] II Sam. 13.19.

3 Dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ella se fôr d’elle, [1] e se ajuntar a outro homem, porventura tornará a ella mais? porventura aquella terra de todo se não profanaria? Ora, pois, [2] tu fornicaste com tantos amantes; ainda assim, torna para mim, diz o Senhor.

2 Levanta os teus olhos [3] aos altos, e vê onde não te prostituiste? nos caminhos te assentavas para elles, como o arabe no deserto: assim profanaste a terra com as tuas fornicações e com a tua malicia.

3 Pelo que foram [4] retiradas as chuvas, e chuva tardia não houve: porém tu tens a testa de uma prostituta, e não queres ter vergonha.

4 Ao menos desde agora não chamarás por mim, dizendo: Pae meu, [5] tu és o guia da minha mocidade?

5 Porventura conservará elle para sempre a ira? ou a guardará continuamente? [6] Eis que fallas, e fazes as ditas maldades, e prevaleces.

Israel e Judah são exhortados a arrepender-se com a promessa de redempção.

Antes de Christo 612

6 Disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: [7] Viste o que fez a rebelde Israel? ella foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda a arvore verde, e ali andou fornicando.

7 E [8] eu disse, depois que fez tudo isto: Volta para mim; porém não voltou: [9] e viu isto a sua aleivosa irmã Judah.

8 E vi, [10] quando por causa de tudo isto, em que commettera adulterio a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei o seu libello de divorcio, que a aleivosa Judah, [11] sua irmã, não temeu; porém foi-se e tambem ella mesmo fornicou.

9 E succedeu, pela [YS] fama da sua fornicação, que contaminou [12] a terra; porque adulterou com a pedra e com o lenho.

10 E, comtudo, nem por tudo isso voltou para mim a sua aleivosa irmã Judah, [13] de todo o seu coração, mas falsamente, diz o Senhor.

11 E o Senhor me disse: a rebelde Israel justificou a sua alma mais do que a aleivosa Judah.

12 Vae, pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte, dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira.

13 Mas [14] comtudo conhece a tua iniquidade, porque contra o Senhor teu[666] Deus transgrediste; e espalhaste os teus caminhos aos estranhos, [15] debaixo de toda a arvore verde; e não déste ouvidos á minha voz, diz o Senhor.

14 Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; [16] pois eu vos desposei comigo; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma geração; e vos levarei a Sião.

15 E vos darei pastores [17] segundo o meu coração, que vos apascentem com sciencia e com intelligencia.

16 E succederá que, quando vos multiplicardes e fructificardes na terra n’aquelles dias, diz o Senhor, nunca mais dirão: [18] A arca do concerto do Senhor nem lhes subirá ao coração; nem d’ella se lembrarão, nem a visitarão; nem isto se fará mais.

17 N’aquelle tempo chamarão a Jerusalem o throno do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ella, á causa do nome do Senhor em Jerusalem; e nunca mais andarão segundo o proposito do seu coração maligno.

18 N’aquelles dias [19] irá a casa de Judah para a casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos paes.

19 Bem dizia eu: Como te porei entre os filhos, [20] e te darei a terra desejavel, a excellente herança dos exercitos das nações? Porém eu disse: Pae meu, e de após mim te não desviarás.

20 Devéras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu companheiro, [21] assim aleivosamente te houvestes comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor.

21 Nos logares altos [22] se ouviu uma voz, pranto e supplicas dos filhos de Israel; porquanto perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus.

22 Tornae-vos, [23] ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebelliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor nosso Deus.

23 Devéras em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas: devéras no Senhor nosso Deus está a salvação de Israel.

24 Porque a [YT] confusão devorou [24] o trabalho de nossos paes desde a nossa mocidade: as suas ovelhas e as suas vaccas, os seus filhos e as suas filhas.

25 Jazemos na nossa vergonha; e estamos cobertos da nossa confusão, [25] porque peccámos contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos paes, desde a nossa mocidade até o dia de hoje; [26] e não démos ouvidos á voz do Senhor nosso Deus.

[1] Deu. 24.4.

[2] cap. 2.20. Eze. 16.26, 28, 29. cap. 4.1. Zac. 1.3.

[3] Deu. 12.2. cap. 2.20. Pro. 23.28. Eze. 16.24, 25. cap. 2.7. ver. 9.

[4] Lev. 26.19. Deu. 28.23, 24. cap. 9.12 e 14.4.

[5] Pro. 2.17. cap. 2.2.

[6] Isa. 57.16.

[7] ver. 11, 14. cap. 2.20.

[8] II Reis 17.13.

[9] Eze. 16.46 e 23.2, 4.

[10] Eze. 23.9. II Reis 17.6, 18.

[11] Eze. 23.11, etc.

[12] cap. 2.7. ver. 2. cap. 2.27.

[13] Ose. 7.14.

[14] Lev. 26.40, etc. cap. 2.25.

[15] Deu. 12.2.

[16] cap. 31.32. Ose. 2.19, 20. Rom. 11.5.

[17] cap. 23.4. Eze. 34.23. Eph. 4.11.

[18] Isa. 65.17.

[19] Isa. 11.13. Eze. 37.16, 22. Ose. 1.11. ver. 12. cap. 31.8. Amós 9.15.

[20] Eze. 20.6. Isa. 13.16.

[21] cap. 5.11.

[22] Isa. 15.2.

[23] ver. 14. Ose. 6.1 e 14.4.

[24] cap. 11.13. Ose. 9.10.

[25] Esd. 9.7.

[26] cap. 22.21.

4 Se te converteres, ó Israel, diz o Senhor, [1] volta para mim: e, se tirares as tuas abominações de diante de mim, não andarás mais vagueando,

2 E jurarás: [2] Vive o Senhor na verdade, no juizo e na justiça; e n’elle se bemdirão as gentes, e n’elle se gloriarão.

3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judah e a Jerusalem: [3] Lavrae para vós o campo de lavoura, e não semeeis entre espinhos.

4 Circumcidae-vos [4] ao Senhor, e tirae os prepucios do vosso coração, ó homens de Judah e habitadores de Jerusalem, para que a minha indignação não venha a sair como fogo, e arda, e não haja quem a apague, por causa da malicia das vossas obras.

A invasão estrangeira annunciada e descripta.

5 Annunciae em Judah, e fazei ouvir em Jerusalem, e dizei, e tocae a trombeta na terra, gritae em alta voz, e dizei: Ajuntae-vos, [5] e entremos nas cidades fortes.

6 Arvorae a bandeira para Sião, retirae-vos em tropas, não estejaes parados; porque eu trago um mal do norte, e [YU] um grande quebrantamento.

7 um leão subiu [6] da sua ramada, e um destruidor das nações; elle já partiu, e saiu do seu logar para fazer da tua terra uma desolação; que as tuas cidades sejam destruidas, e ninguem habite n’ellas.

8 Por isto cingi-vos [7] de saccos, lamentae, e uivae; porque o ardor da ira do Senhor não se desviou de nós.

9 E succederá n’aquelle tempo, diz o Senhor, que se desfará o coração do rei e o coração dos principes; e os sacerdotes pasmarão, e os prophetas se maravilharão.

10 Então disse eu: Ah Senhor Jehovah! [8] verdadeiramente enganaste grandemente a este povo e a Jerusalem, dizendo: Tereis paz; e chegas-lhes a espada até á alma.

11 N’aquelle tempo se dirá a este povo e a Jerusalem: [9] Um vento secco das[667] alturas do deserto veiu ao caminho da filha do meu povo; não para padejar, nem para alimpar;

12 [YV] Mas um vento me virá a mim, que lhes será mais vehemente: [10] agora tambem eu pronunciarei juizos contra elles.

13 Eis que virá subindo como nuvens [11] e os seus carros como a tormenta; os seus cavallos serão mais ligeiros do que as aguias; ai de nós! que somos assolados!

14 Lava [12] o teu coração da malicia, ó Jerusalem, para que sejas salva; até quando permanecerão no meio de ti os pensamentos da tua vaidade?

15 Porque uma voz annuncia desde Dan, e faz ouvir a calamidade desde o monte de Ephraim.

16 D’isto fazei menção ás nações; eis aqui fazei-o ouvir contra Jerusalem; que vigias veem de uma terra remota, e levantarão a sua voz contra as cidades de Judah.

17 Como as guardas de um campo, estão contra ella ao redor; porquanto ella se rebellou contra mim, diz o Senhor.

18 O teu caminho [13] e as tuas obras te fizeram estas coisas: esta é a tua malicia, que tão amargosa é que te chega até ao coração.

19 Ah entranhas [14] minhas, entranhas minhas! estou com dôres [YW] no meu coração! ruge em mim o meu coração, não me posso calar; porque tu, ó alma minha, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra.

20 [YX] Quebranto sobre quebranto [15] se apregoa: porque toda a terra está destruida: de repente foram destruidas as minhas tendas, e as minhas cortinas n’um momento.

21 Até quando verei a bandeira, e ouvirei a voz da trombeta?

22 Devéras o meu povo está louco, a mim me não conhecem; são filhos [YY] nescios, e não entendidos: [16] sabios são para mal fazer, mas para bem fazer nada sabem.

23 Vi [17] a terra, e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz.

24 Vi [18] os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam.

25 Vi, e eis que homem [19] nenhum havia; e todas as aves do céu eram fugidas.

26 Vi, e eis que a terra fertil era um deserto; e todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.

27 Porque assim diz o Senhor: Toda esta terra [20] será assolada: de todo, porém, a não consumirei.

28 Por isto lamentará [21] a terra, e os céus em cima se ennegrecerão; porquanto assim o disse, assim o propuz, e não me arrependi [22] nem me desviarei d’isso.

29 Do clamor dos cavalleiros e dos frecheiros fugiram todas as cidades; entraram pelas [YZ] nuvens, e treparam pelos penhascos: todas as cidades ficaram desamparadas, e ninguem habita n’ellas.

30 Agora, pois, que farás, ó assolada? ainda que te vistas de carmezim, ainda que te enfeites de enfeites de oiro, [23] ainda que te pintes em volta dos teus olhos com o antimonio, debalde te enfeitarias: os amantes te desprezam, e a vida te procurarão tirar.

31 Porquanto ouço uma voz, como de uma que está de parto, uma angustia como da que está com dôres de parto do primeiro filho; a voz da filha de Sião, offegante, que [24] estende as suas mãos, dizendo: Oh! ai de mim agora, porque a minha alma desmaia por causa dos matadores.

[1] cap. 3.1, 22. Joel 2.12.

[2] Deu. 10.20. Isa. 45.23 e 65.16. cap. 5.2. Isa. 48.1. Zac. 8.8. Gen. 22.18. Gal. 3.8.

[3] Ose. 10.12. Mat. 13.22.

[4] Deu. 10.16 e 30.6. cap. 9.26. Rom. 2.28, 29. Col. 2.11.

[5] cap. 8.14.

[6] cap. 5.6. Dan. 7.4. cap. 25.9.

[7] Isa. 22.12. cap. 6.26.

[8] Eze. 14.9. cap. 14.13.

[9] Eze. 17.10. Ose. 13.15.

[10] cap. 1.16.

[11] Isa. 5.28. Deu. 28.49. Lam. 4.19. Ose. 8.1. Hab. 1.8.

[12] Isa. 1.16. Thi. 4.8.

[13] Isa. 50.1. cap. 2.17, 19.

[14] Isa. 15.5 e 16.11 e 21.3 e 22.4. cap. 9.1, 10.

[15] Eze. 7.26. cap. 10.20.

[16] Rom. 16.19.

[17] Isa. 24.19. Gen. 1.2.

[18] Isa. 5.25. Eze. 38.20.

[19] Sof. 1.3.

[20] cap. 5.10, 18 e 30.11 e 46.28.

[21] Ose. 4.3. Isa. 5.30 e 50.3.

[22] Num. 23.19.

[23] II Reis 9.30. Eze. 23.40.

[24] Isa. 1.15. Lam. 1.7.

5 Dae voltas ás ruas de Jerusalem, e vêde agora; e informae-vos, e buscae pelas suas praças, [1] a ver se achaes alguem, ou se ha algum que faça juizo ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ella.

2 E ainda que digam: [2] Vive o Senhor, comtudo falsamente juram.

3 Ah Senhor, [3] porventura os teus olhos não attentam para a verdade? feriste-os, e não lhes doeu: consumiste-os, e não quizeram receber [ZA] castigo: endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quizeram voltar.

4 Eu, porém, disse: Devéras pobres são estes: estão enlouquecidos; [4] pois não sabem o caminho do Senhor, o juizo do seu Deus.

5 Irei aos grandes, e fallarei com elles; [5] porque elles sabem o caminho do Senhor, o juizo do seu Deus; porém estes juntamente quebrantaram o jugo, e romperam as ataduras.

[668]

6 Por isso um leão [6] do bosque os feriu, um lobo dos desertos os assolará; [7] um leopardo vigia contra as suas cidades: qualquer que sair d’ellas será despedaçado; porque as suas transgressões se multiplicaram, multiplicaram-se as suas apostasias.

7 Como, vendo isto, te perdoaria? teus filhos me deixam a mim [8] e juram pelos que não são deuses: quando os fartei, então adulteraram, e em casa de meretriz se ajuntaram em tropas.

8 Como cavallos [9] bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada um á mulher do seu companheiro.

9 Porventura [10] não faria visitação por estas coisas, diz o Senhor, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?

10 Subi aos seus muros, e destrui-os (porém não façaes uma destruição final); tirae [ZB] as suas ameias; porque não são do Senhor.

11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim [11] a casa de Israel e a casa de Judah, diz o Senhor.

12 Negam [12] ao Senhor, e dizem: Não é Elle: e; Nem nos sobrevirá mal, nem veremos espada nem fome.

13 E até os prophetas pararão em vento, porque a palavra não está com elles: assim lhes succederá a elles mesmos.

14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos Exercitos: Porquanto fallaste tal palavra, [13] eis que converterei as minhas palavras na tua bocca em fogo, e a este povo em lenha, e os consumirá.

15 Eis que trarei sobre vós [14] uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor: é uma nação robusta, é uma nação antiquissima, uma nação cuja lingua ignorarás, e não entenderás o que ella fallar.

16 A sua aljava é como uma sepultura aberta: todos elles são valentes.

17 E comerão a tua sega [15] e o teu pão, que haviam de comer teus filhos e tuas filhas; comerão as tuas ovelhas e as tuas vaccas; comerão a tua vide e a tua figueira: as tuas cidades fortes, em que confiavas, empobrecerão á espada.

18 Comtudo, ainda n’aquelles dias, diz o Senhor, [16] não farei de vós uma destruição final.

19 E succederá que, quando disserdes: [17] Porque nos fez o Senhor nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes, [18] e servistes a deuses estranhos na vossa terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa.

20 Annunciae isto na casa de Jacob, e fazei-o ouvir em Judah, dizendo:

21 Ouvi [19] agora isto, ó povo louco, e sem coração, que tendes olhos e não vêdes, que tendes ouvidos e não ouvis.

22 Porventura me não temereis [20] a mim? diz o Senhor; não temereis diante de mim, [21] que puz a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, a qual não traspassará? ainda que se levantem as suas ondas, comtudo não prevalecerão; ainda que bramam, comtudo não a traspassarão.

23 Porém este povo é de coração rebelde e pertinaz: se rebellaram e se retiram.

24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus, [22] que dá chuva, a temporã e a tardia, ao seu tempo; e as semanas determinadas da sega nos conserva.

25 As vossas iniquidades desviam estas coisas, e os vossos peccados apartam de vós o bem.

26 Porque impios se acham entre o meu povo: [23] cada um anda espiando, como se acaçapam os passarinheiros; armam laços perniciosos, com que prendem os homens.

27 Como a gaiola está cheia de passaros, assim estão cheias as suas casas de engano; por isso se engrandeceram, e enriqueceram.

28 Engordam-se, [24] alisam-se, e sobrepujam até os feitos dos malignos; não julgam a causa do orphão; todavia prosperam: nem julgam o direito dos necessitados.

29 Porventura [25] sobre estas coisas não faria visitação? diz o Senhor; não se vingaria a minha alma d’uma nação como esta?

30 Coisa espantosa [26] e horrenda se anda fazendo na terra.

31 Os prophetas prophetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos d’elles, e o meu povo assim o deseja: mas que fareis ao fim d’isto?

[1] Eze. 22.30, etc. Gen. 18.26.

[2] cap. 4.2.

[3] Isa. 1.5 e 9.13. cap. 2.30. Sof. 3.2.

[4] cap. 8.7.

[5] Miq. 3.1.

[6] cap. 4.7. Hab. 1.8. Sof. 3.3.

[7] Ose. 13.7.

[8] Jos. 23.7. Sof. 1.5. Deu. 32.21. Gal. 4.8. Deu. 32.15.

[9] Eze. 22.11. cap. 13.27.

[10] ver. 29. cap. 9.9.

[11] cap. 3.20.

[12] II Chr. 36.16. cap. 4.10 e 14.13.

[13] cap. 1.9.

[14] Deu. 28.49. Isa. 5.26.

[15] Lev. 26.16. Deu. 28.31, 33.

[16] cap. 4.27.

[17] Deu. 29.24, etc. cap. 13.22 e 16.10.

[18] cap. 2.13. Deu. 28.48.

[19] Isa. 6.9. Eze. 12.2. Mat. 13.14. João 12.40. Act. 28.26. Rom. 11.8.

[20] Apo. 15.4.

[21] Job 26.10 e 28.10, 11. Pro. 8.29.

[22] cap. 14.22. Mat. 5.45. Deu. 11.14. Joel 2.23. Gen. 8.22.

[23] Pro. 1.11, 17, 18. Hab. 1.15.

[24] Deu. 32.15. Isa. 1.23. Zac. 7.10.

[25] Job 12.6. ver. 9.

[26] Ose. 6.10.

[669]

6 Fugi em tropas, filhos de Benjamin, do meio de Jerusalem; e tocae a buzina em Tekoa, [1] e levantae o facho sobre Beth-accerem: porque da banda do norte apparece um mal e um grande quebrantamento.

2 A uma mulher formosa e delicada assimilhei a filha de Sião.

3 Mas a ella virão pastores com os seus rebanhos; [2] levantarão contra ella tendas em redor, e cada um apascentará no seu logar.

4 Preparae [3] a guerra contra ella, levantae-vos, e subamos ao pino do meio-dia: ai de nós! que já declinou o dia, que se vão estendendo as sombras da tarde.

5 Levantae-vos, e subamos de noite, e destruamos os seus palacios.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: Cortae arvores, e levantae tranqueiras contra Jerusalem; esta é a cidade que ha de ser visitada, mera oppressão ha no meio d’ella.

7 Como [4] a fonte produz as suas aguas, assim ella produz a sua malicia: violencia e estrago se ouvem n’ella; enfermidade e feridas ha diante de mim continuadamente.

8 Corrige-te, ó Jerusalem, para [5] que a minha alma não se aparte de ti, para que não te torne em assolação e terra não habitada.

9 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Diligentemente rabiscarão os residuos de Israel com a vinha: torna a tua mão, como o vindimador, aos cestos.

10 A quem fallarei e testemunharei, que ouça? [6] eis que os seus ouvidos estão incircumcisos, e não podem escutar; [7] eis que a palavra do Senhor lhes é coisa vergonhosa, e já não gostam d’ella.

11 Pelo que estou cheio do furor do Senhor, [8] e cançado de o conter: derramal-o-hei sobre os meninos pelas ruas, e sobre o ajuntamento dos mancebos juntamente; porque até o marido com a mulher serão presos, e o velho com o que está cheio de dias.

12 E as suas casas [9] passarão a outros, herdades e mulheres juntamente: porque estenderei a minha mão contra os habitantes d’esta terra, diz o Senhor.

13 Porque desde o menor d’elles até ao maior d’elles, [10] cada um se dá á avareza; e desde o propheta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade.

14 E curam [11] o quebrantamento da filha do meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; e não ha paz.

15 Porventura envergonham-se [12] de fazerem abominação? antes de maneira nenhuma são envergonhados, nem tão pouco sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo da sua visitação tropeçarão, diz o Senhor.

16 Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vêde, e perguntae pelas [13] veredas antigas, qual seja o bom caminho, e andae por elle; e achareis descanço para a vossa alma: e dizem: Não andaremos por elle.

17 Tambem puz atalaias [14] sobre vós, dizendo: Estae attentos á voz da buzina: e dizem: Não escutaremos.

18 Portanto ouvi, vós, nações; e informa-te tu, ó congregação, do que se faz entre elles!

19 Ouve tu, ó terra! [15] Eis que eu trarei mal sobre este povo, a saber, o fructo dos seus pensamentos; porque não estão attentos ás minhas palavras, e rejeitam a minha lei.

20 Para que pois me virá [16] o incenso de Saba [17] e a melhor cana aromatica de terras remotas? vossos holocaustos não me agradam, nem me são suaves os vossos sacrificios.

21 Portanto assim diz o Senhor: Eis que armarei a este povo tropeços; e tropeçarão n’elles paes e filhos juntamente: o visinho e o seu companheiro; e perecerão.

22 Assim diz o Senhor: [18] Eis que um povo vem da terra do norte, e uma grande nação se levantará das bandas da terra.

23 Arco e lança trarão, crueis são, e não usarão de misericordia, [19] a sua voz rugirá como o mar, e em cavallos irão montados, dispostos como homens de guerra contra ti, ó filha de Sião.

24 ouvimos a sua fama, [20] affrouxaram-se as nossas mãos; angustia nos tomou, e dôres como da mulher que está de parto.

25 Não saias ao campo, nem andeis pelo caminho; porque espada do inimigo e espanto ha ao redor.

26 Ó filha do meu povo, [21] cinge-te de sacco, e revolve-te na cinza: pranteia como por um filho unico, pranto de amarguras; porque presto virá o destruidor sobre nós.

27 Por torre de guarda [22] te puz entre o meu povo, por fortaleza, para que soubesses e examinasses o seu caminho.

28 Todos [23] elles são os mais rebeldes; que andam murmurando; são duros[670] como bronze e ferro: todos elles são corruptores.

29 o folle se queimou, o chumbo se consumiu com o fogo: em vão fundiu o fundidor tão diligentemente, pois os maus não são arrancados.

30 Prata rejeitada lhes chamarão, porque o Senhor os rejeitou.

[1] cap. 1.14 e 4.6.

[2] II Reis 25.1, 4.

[3] cap. 51.27. Joel 3.9. cap. 15.8.

[4] cap. 20.8. Eze. 7.11, 23.

[5] Eze. 23.18. Ose. 9.12.

[6] cap. 7.26. Act. 7.51. Exo. 6.12.

[7] cap. 20.5.

[8] cap. 20.9. cap. 9.21.

[9] Deu. 28.30. cap. 8.10.

[10] Isa. 56.11.

[11] cap. 8.11. Eze. 13.10. cap. 4.10 e 14.13 e 23.17.

[12] cap. 3.3 e 8.12.

[13] cap. 18.15. Mat. 11.29.

[14] Isa. 21.11 e 58.1. cap. 25.4. Eze. 3.17. Hab. 2.1.

[15] Isa. 1.2.

[16] Isa. 66.3. Amós 5.21. Miq. 6.6, etc.

[17] Isa. 60.6. cap. 7.21.

[18] cap. 1.15 e 5.15 e 10.22 e 50.41.

[19] Isa. 5.30.

[20] cap. 4.31 e 13.21.

[21] cap. 4.8. Zac. 12.10.

[22] cap. 1.18 e 15.20.

[23] cap. 9.4. Eze. 22.18.

Promessas e ameaças proferidas á porta do templo.

Antes de Christo 600

7 A palavra que foi dita a Jeremias pelo Senhor, dizendo:

2 Põe-te [1] á porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, ó todo Judah, os que entraes por estas portas, para adorardes ao Senhor.

3 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [2] Melhorae os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar n’este logar.

4 Não vos fieis [3] em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor são estes.

5 Mas, se devéras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras, [4] se devéras fizerdes juizo entre um homem e entre o seu companheiro,

6 Não opprimirdes o estrangeiro, e orphão, e viuva, nem derramardes sangue innocente n’este logar [5] nem andardes após os deuses alheios para vosso mal,

7 Eu vos farei habitar [6] n’este logar, na terra que dei a vossos paes, de seculo em seculo.

8 Eis que vós confiaes [7] nas palavras falsas, que não aproveitam para nada.

9 Porventura furtareis, [8] e matareis, e adulterareis, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após os deuses alheios, a quem não conheceis?

10 E então vireis, [9] e vos poreis diante de mim n’esta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos [ZC] entregues para fazermos todas estas abominações.

11 É pois [10] esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? eis que tambem eu o vi, diz o Senhor.

12 Porque ide agora ao meu logar, [11] que estava em Silo, onde fiz habitar o meu nome ao principio, e vêde o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel.

13 Agora, pois, porquanto fazeis todas estas obras, diz o Senhor, e eu vos fallei, [12] madrugando, e fallando, e não ouvistes, e chamei-vos, e não respondestes,

14 Farei tambem a esta casa, que se chama pelo meu nome, em que confiaes, e a este logar, que vos dei [13] a vós e a vossos paes, como fiz a Silo.

15 E vos lançarei de diante da minha face, [14] como lancei a todos os vossos irmãos, a toda a geração d’Ephraim.

16 Tu pois não ores [15] por este povo, nem levantes por elle clamor nem oração, nem me importunes, [16] porque eu não te ouvirei.

17 Porventura tu não vês o que andam fazendo nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem?

18 Os filhos [17] apanham a lenha, e os paes accendem o fogo, e as mulheres amassam a massa, para fazerem bolos á rainha dos céus, e offerecem [18] libações a deuses alheios, para me provocarem á ira.

19 Acaso [19] elles a mim me provocam á ira? diz o Senhor, e não antes a si mesmos, para confusão dos seus rostos?

20 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este logar, sobre os homens e sobre as bestas, e sobre as arvores do campo, e sobre os fructos da terra; e accender-se-ha, e não se apagará.

21 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [20] Ajuntae os vossos holocaustos aos vossos sacrificios, e comei carne.

22 Porque [21] nunca fallei a vossos paes, no dia em que vos tirei da terra do Egypto, nem lhes ordenei coisa alguma ácerca de holocaustos ou sacrificios.

23 Porém esta coisa lhes ordenei, dizendo: [22] Dae ouvidos á minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andae em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.

24 Porém não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, [23] mas andaram nos seus proprios conselhos, no proposito do seu coração malvado; e tornaram-se para traz, e não para diante.

25 Desde o dia em que vossos paes[671] sairam da terra do Egypto, até ao dia de hoje, [24] enviei-vos todos os meus servos, os prophetas, cada dia madrugando e enviando-os;

26 Porém não me deram [25] ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz, e fizeram peior do que seus paes.

27 Fallar-lhes-has [26] pois todas estas palavras, mas não te darão ouvidos; chamal-os-has, mas não te responderão.

28 E lhes dirás: Esta é gente que não dá ouvidos á voz do Senhor seu Deus [27] e não acceita castigo: pereceu a verdade, e se arrancou da sua bocca.

29 Tosquia [28] o cabello da tua cabeça, e lança-o fóra, e levanta o teu pranto sobre as alturas; porque o Senhor rejeitou e desamparou a geração do seu furor;

30 Porque os filhos de Judah fizeram o que parece mal aos meus olhos, diz o Senhor; [29] pozeram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para contaminal-a.

31 E edificaram [30] os altos de Topheth, que está no valle do filho de Hinnom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas; o que nunca ordenei, nem me subiu sobre o coração.

32 Portanto, [31] eis que veem dias, diz o Senhor, em que nunca se chamará mais Topheth, nem valle do filho de Hinnom, mas o valle da matança; [32] e enterrarão em Topheth, por não haver logar.

33 E os cadaveres [33] d’este povo servirão de pasto ás aves dos céus e aos animaes da terra; e ninguem os espantará.

34 E farei [34] cessar das cidades de Judah, e das ruas de Jerusalem, a voz de folguedo, e a voz de alegria, a voz de esposo e a voz de esposa; [35] porque a terra se tornará em desolação.

[1] cap. 26.2.

[2] cap. 18.11 e 26.13.

[3] Miq. 3.11.

[4] cap. 22.3.

[5] Deu. 6.14, 15 e 8.19 e 11.28. cap. 13.10.

[6] Deu. 4.40. cap. 3.18.

[7] ver. 4. cap. 5.31 e 14.13, 14.

[8] I Reis 18.21. Ose. 4.1, 2. Sof. 1.5. ver. 6. Exo. 20.3.

[9] Eze. 23.39. ver. 11, 14, 30. cap. 32.34 e 34.15.

[10] Isa. 56.7. Mar. 21.13. Mar. 11.17. Luc. 19.46.

[11] Jos. 18.1. Jui. 18.31. Deu. 12.11. I Sam. 4.10, 11. cap. 26.

[12] II Chr. 36.15. ver. 25. cap. 11.7. Isa. 65.12 e 66.4.

[13] I Sam. 4.10, 11. cap. 26.6.

[14] II Reis 17.23.

[15] Exo. 32.10. cap. 11.14 e 14.11.

[16] cap. 15.1.

[17] cap. 44.17, 19.

[18] cap. 19.13.

[19] Deu. 32.16, 21.

[20] Isa. 1.11. cap. 6.20. Amós 5.21. Ose. 8.13.

[21] I Sam. 15.22. Ose. 6.6.

[22] Exo. 15.26. Deu. 6.3. cap. 11.4, 7. Exo. 19.5. Lev. 26.12.

[23] Deu. 29.19. cap. 2.27 e 32.33. Ose. 4.16.

[24] II Chr. 36.15. cap. 25.4 e 29.19. ver. 13.

[25] ver. 24. Neh. 9.17, 29. cap. 19.15. cap. 16.12.

[26] Eze. 2.7.

[27] cap. 5.3 e 32.33. cap. 9.3.

[28] Job 1.20. Isa. 15.2. cap. 16.6 e 48.37. Miq. 1.16.

[29] II Reis 21.4, 7. II Chr. 33.4, 5, 7. cap. 32.34.

[30] II Reis 23.10. cap. 19.5 e 32.35.

[31] cap. 19.6.

[32] II Reis 23.10. cap. 19.11.

[33] Deu. 28.26.

[34] Isa. 24.7, 8. cap. 16.9 e 25.10 e 33.11. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.23.

[35] Lev. 26.33. Isa. 1.7 e 3.26.

8 N’aquelle tempo, diz o Senhor, tirarão os ossos dos reis de Judah, e os ossos dos seus principes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos prophetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalem para fóra das suas sepulturas;

2 E expôl-os-hão ao sol, e á lua, e a todo o exercito do céu, a quem tinham amado, e a quem tinham servido, e após quem tinham ido, [1] e a quem tinham buscado e diante de quem se tinham prostrado: não serão recolhidos nem sepultados; serão por esterco sobre a face da terra.

3 E escolher-se-ha antes a morte [2] do que a vida de todo o resto dos que restarem d’esta raça maligna, em todos os logares dos que restam, onde os lancei, diz o Senhor dos Exercitos.

A apostasia do povo de Deus. O castigo é inevitavel.

4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: Porventura cairão e não se tornarão a levantar? desviar-se-hão, e não voltarão?

5 Porque pois se desvia [3] este povo de Jerusalem com uma apostasia tão continua? retem o engano, não quer voltar.

6 Bem escutei [4] e ouvi; não fallam o que é recto, ninguem ha que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se volta para a sua carreira, como um cavallo que arremette com impeto na batalha.

7 Até a cegonha [5] no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, e o grou e a andorinha attentam para o tempo da sua vida; [6] mas o meu povo não conhece o juizo do Senhor.

8 Como pois dizeis: Nós somos sabios, [7] e a lei do Senhor está comnosco? eis que devéras em vão trabalha a falsa penna dos escribas.

9 Os sabios foram envergonhados, [8] foram espantados e presos: eis que rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria pois teriam?

10 Portanto darei [9] suas mulheres a outros, e as suas herdades a quem as possua; [10] porque desde o menor até ao maior cada um d’elles se dá á avareza; desde o propheta até ao sacerdote, cada um d’elles usa de falsidade.

11 E curam [11] a quebradura da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; e não ha paz.

12 Porventura [12] envergonham-se de fazerem abominação? antes de maneira nenhuma se envergonham, nem sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem e tropeçarão no tempo da sua visitação, diz o Senhor.

13 Certamente os apanharei, diz o Senhor:[672] [13] não ha uvas na vide, nem figos na figueira, e até a folha caiu; e o que lhes dei passará d’elles.

14 Porque nos assentamos aqui? juntae-vos [14] e entremos nas cidades fortes, e ali nos calemos; pois o Senhor nosso Deus nos fez calar [15] e nos deu a beber agua de fel; porquanto peccámos contra o Senhor.

15 Espera-se [16] a paz, mas não ha bem: o tempo da cura, e eis o terror.

16 desde [17] Dan se ouve o ronco dos seus cavallos: toda a terra está tremendo á voz dos rinchos dos seus fortes; e veem, e devoram a terra, e a abundancia n’ella, a cidade e os que habitam n’ella.

17 Porque eis que envio entre vós serpentes e basiliscos, contra os quaes não ha encantamento, e vos morderão, diz o Senhor.

18 [ZD] O meu refrigerio está em tristeza: o meu coração desfallece em mim.

19 Eis que a voz do clamor da filha do meu povo já se ouve da terra [18] mui remota; porventura não está o Senhor em Sião? ou não está o seu rei n’ella? porque me provocaram á ira com as suas imagens de esculptura, com as vaidades dos alheios.

20 se passou a sega, se acabou o verão, e nós não estamos salvos.

21 estou quebrantado pela quebradura [19] da filha do meu povo: ando de preto: o espanto se apoderou de mim.

22 Porventura não ha unguento [20] em Gilead? ou não ha lá medico? porque pois não teve logar a cura da filha do meu povo?

[1] II Reis 23.5. Eze. 8.16. cap. 22.19.

[2] Job 3.21, 22. Apo. 9.6.

[3] cap. 9.6. cap. 5.3.

[4] II Ped. 3.9.

[5] Isa. 1.3. Can. 2.12.

[6] cap. 5.4, 5.

[7] Rom. 2.17.

[8] cap. 6.15.

[9] Deu. 28.30. cap. 6.12. Amós 5.11. Sof. 1.13.

[10] Isa. 56.11. cap. 6.13.

[11] cap. 6.14. Eze. 13.10.

[12] cap. 6.15.

[13] Isa. 5.1, etc. Joel 1.7. Mat. 21.19. Luc. 13.6, etc.

[14] cap. 4.5.

[15] cap. 9.15 e 23.15.

[16] cap. 14.19.

[17] cap. 4.15. Jui. 5.22. cap. 47.3.

[18] Isa. 39.3. Isa. 1.4.

[19] cap. 9.1 e 14.17. Joel 2.6.

[20] Gen. 37.25 e 43.11 e 51.8.

9 Oxalá a minha [1] cabeça se tornasse em aguas, e os meus olhos n’uma fonte de lagrimas! então choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo.

2 Oxalá tivesse no deserto uma estalagem de caminhantes! então deixaria o meu povo, e me apartaria d’elle, [2] porque todos elles são adulteros, e um bando d’aleivosos.

3 E estendem [3] a sua lingua como o seu arco, para mentira; fortalecem-se na terra, porém não para verdade; porque se avançam de malicia em malicia, [4] e a mim me não conhecem, diz o Senhor.

4 Guardae-vos cada um [5] do seu amigo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo o irmão não faz mais do que enganar, [6] e todo o amigo anda calumniando.

5 E zombará cada um do seu amigo, e não fallam a verdade: ensinam a sua lingua a fallar a mentira, andam-se cançando em obrar perversamente.

6 A tua habitação está no meio do engano: com engano recusam conhecer-me, diz o Senhor.

7 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: [7] Eis que eu os fundirei e os provarei; porque, como d’outra maneira faria com a filha do meu povo?

8 Uma frecha mortifera [8] é a sua lingua, falla engano: com a sua bocca falla de paz com o seu companheiro, mas no seu interior arma-lhe ciladas.

9 Porventura [9] por estas coisas não os visitaria? diz o Senhor; ou não se vingaria a minha alma de gente tal como esta?

10 Sobre os montes levantarei choro e pranto, [10] e sobre as cabanas do deserto lamentação; porque estão queimadas, e ninguem ha que passe por ali, nem ouçam berro de gado: [11] desde as aves dos céus, até ás bestas, andaram vagueando, e fugiram.

11 E farei de Jerusalem [12] montões de pedras, morada de [ZE] dragões, e das cidades de Judah farei uma assolação, de sorte que não haja habitante.

12 Quem é o homem sabio, que entenda isto? e a quem fallou a bocca do Senhor, que o possa annunciar? porque razão pereceu a terra, e se queimou como deserto, sem que ninguem passe por ella.

13 E disse o Senhor: Porquanto deixaram a minha lei, que dei perante a sua face, e não deram ouvidos á minha voz, nem andaram conforme ella,

14 Antes andaram após [13] o proposito do seu coração, e após os baalins, [14] o que lhes ensinaram os seus paes,

15 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel: [15] Eis que darei de comer alosna a este povo, e lhe darei a beber agua de fel.

16 E os espalharei [16] entre nações, que não conheceram, nem elles nem seus paes, e mandarei a espada após elles, até que venha a consumil-os.

17 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Considerae, [17] e chamae carpideiras que venham; e enviae por sabias, para que venham.

18 E se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós; [18] e desfaçam-se os nossos olhos em lagrimas, e as nossas palpebras se distillem em aguas.

[673]

19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como somos destruidos! estamos mui envergonhados, porque deixámos a terra, [19] porquanto transtornaram as nossas moradas.

20 Ouvi pois, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e os vossos ouvidos recebam a palavra da sua bocca: e ensinae o pranto a vossas filhas, e cada uma á sua companheira a lamentação.

21 Porque a morte subiu pelas nossas janellas, e entrou em nossos palacios, [20] para exterminar os meninos das ruas e os mancebos das praças.

22 Falla: [21] Assim diz o Senhor: Até os cadaveres dos homens jazerão como esterco sobre a face do campo, e como gavela detraz do segador, e não ha quem a recolha.

23 Assim diz o Senhor: [22] Não se glorie o sabio na sua sabedoria, nem se glorie o valente na sua valentia; não se glorie o rico nas suas riquezas.

24 Mas [23] o que se gloriar glorie-se n’isto, em que me entende e me conhece, que eu sou o Senhor, que faço beneficencia, juizo e justiça na terra; [24] porque d’estas coisas me agrado, diz o Senhor.

25 Eis que veem dias, diz o Senhor, [25] e visitarei a todo o circumcidado [ZF] com o incircumciso.

26 Ao Egypto, e a Judah, e a Edom, e aos filhos d’Ammon, e a Moab, [26] e a todos os [ZG] que moram nos ultimos cantos da terra, que habitam no deserto; porque todas as nações são incircumcisas, e toda a casa d’Israel é incircumcisa de coração.

[1] Isa. 22.4. cap. 13.17 e 14.17. Lam. 2.11 e 3.48.

[2] cap. 5.7, 8.

[3] Isa. 59.4, 13, 15.

[4] Ose. 4.1.

[5] cap. 12.6.

[6] cap. 6.28.

[7] Mal. 3.3.

[8] ver. 3.

[9] cap. 5.9, 29.

[10] cap. 12.4. Ose. 4.3.

[11] cap. 4.25.

[12] Isa. 25.2. Isa. 13.22 e 34.13. cap. 10.22.

[13] cap. 3.17 e 7.24.

[14] Gal. 1.14.

[15] cap. 8.14 e 23.15. Lam. 3.15, 19.

[16] cap. 44.27. Eze. 5.2, 12.

[17] II Chr. 35.25. Ecc. 12.5. Amós 5.16.

[18] cap. 14.17.

[19] Lev. 18.28 e 20.22.

[20] cap. 6.11.

[21] cap. 8.2 e 16.4.

[22] Ecc. 9.11.

[23] I Cor. 1.31. II Cor. 10.17.

[24] Miq. 6.8 e 7.18.

[25] Rom. 2.8, 9.

[26] cap. 25.23 e 49.32. Eze. 44.7. Rom. 2.28, 29.

Os idolos e o Senhor.

Antes de Christo 608

10 Ouvi a palavra que o Senhor vos falla a vós, ó casa d’Israel.

2 Assim diz o Senhor: [1] Não aprendaes o caminho das nações, nem vos espanteis dos signaes dos céus: porque com elles se atemorisam as nações.

3 Porque os estatutos dos povos são vaidade: [2] pois corta-se do bosque um madeiro, obra das mãos do artifice, com machado;

4 Com prata e com oiro o enfeitam, [3] com pregos e com martelos o firmam, para que não se abale.

5 São como a palma da obra magica, [4] porém não podem fallar; necessitam de ser levados aos hombros, porquanto não podem andar; não tenhaes temor d’elles, pois não podem fazer mal, nem tão pouco teem poder de fazer bem.

6 Pois ninguem [5] ha similhante a ti, ó Senhor: tu és grande, e grande o teu nome em força.

7 Quem [6] te não temeria a ti, ó Rei das nações? pois isto te compete a ti; porquanto entre todos os sabios das nações, e em todo o seu reino, não ha similhante a ti.

8 Pois juntamente todos se embruteceram [7] e vieram a enlouquecer: ensino de vaidades é o madeiro.

9 Trazem prata estendida de Tarsis [8] e oiro d’Uphaz, para obra do artifice, e das mãos do fundidor: fazem seus vestidos d’azul celeste e purpura; obra de sabios são todos elles.

10 Porém o Senhor Deus é a verdade; elle mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem supportar a sua indignação.

11 Assim lhes direis: [9] Os deuses que não fizeram os céus e a terra perecerão da terra e de debaixo d’este céu.

12 Elle é aquelle que [10] fez a terra com o seu poder, que estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e com a sua intelligencia estendeu os céus.

13 Dando elle a [11] sua voz, logo ha arroido de aguas no céu, e faz subir os vapores da extremidade da terra: faz os relampagos juntamente com a chuva, e faz sair o vento dos seus thesouros.

14 Todo [12] o homem se embruteceu, e não tem sciencia; envergonha-se todo o fundidor da imagem d’esculptura; [13] porque sua imagem fundida mentira é, e não ha espirito n’ellas.

15 Vaidade são, [14] obra d’enganos: no tempo da sua visitação virão a perecer.

16 Não é similhante a estes a porção [15] de Jacob; porque elle é o que o formou, e Israel é a vara da sua herança: Senhor dos Exercitos é o seu nome.

17 Ajunta da terra a tua mercadoria, ó moradora na fortaleza.

18 Porque assim diz o Senhor: Eis que d’esta vez lançarei [16] como com funda aos moradores da terra, e os angustiarei, para que venham a achal-o, dizendo:

[674]

19 Ai [17] de mim por causa do meu quebrantamento! a minha chaga me causa grande dôr; e eu havia dito: Certamente enfermidade é esta que poderei supportar.

20 a minha tenda está destruida, e todas as minhas cordas se romperam; os meus filhos sairam de mim, e não são; ninguem ha mais que estenda a minha tenda, nem que levante as minhas cortinas.

21 Porque os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor: por isso não prosperaram, e todos os seus gados se espalharam.

22 Eis que vem uma voz de fama, [18] grande tremor da terra do norte, para fazer das cidades de Judah uma assolação, uma morada de [ZH] dragões.

23 Bem sei eu, ó Senhor, [19] que não é do homem o seu caminho nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.

24 Castiga-me, [20] ó Senhor, porém com medida, não na tua ira, para que me não reduzas a nada.

25 Derrama [21] a tua indignação sobre as nações que te não conhecem, e sobre as gerações que não invocam o teu nome; porque comeram a Jacob, [22] e o devoraram, e o consumiram, e assolaram a sua [ZI] morada.

[1] Lev. 18.3 e 20.23.

[2] Isa. 40.19, 20 e 44.9, 10, etc.

[3] Isa. 41.7.

[4] Hab. 2.19.

[5] Exo. 15.11.

[6] Apo. 15.4.

[7] Hab. 2.18. Zac. 10.2.

[8] Dan. 10.5.

[9] ver. 15. Isa. 2.16. Zac. 13.2.

[10] Gen. 1.1, 6, 9. cap. 51.15, etc. Job 9.8. Isa. 40.22.

[11] Job 38.34.

[12] cap. 51.17, 18. Pro. 30.2. Isa. 42.17 e 44.11 e 47.16.

[13] Hab. 2.18.

[14] ver. 11.

[15] cap. 51.19. Deu. 32.9.

[16] I Sam. 25.29. cap. 16.13.

[17] cap. 4.19 e 8.21.

[18] cap. 1.15 e 6.22.

[19] Pro. 20.24.

[20] cap. 30.11.

[21] Job 18.21. I The. 4.5. II The. 1.8.

[22] cap. 8.16.

O pacto é violado.

11 A palavra que veiu a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

2 Ouvi as palavras d’este concerto, e fallae aos homens de Judah, e aos habitantes de Jerusalem.

3 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: [1] Maldito o homem que não escutar as palavras d’este concerto,

4 Que ordenei a vossos paes no dia em que os tirei da terra do Egypto, [2] da fornalha de ferro, dizendo: Dae ouvidos á minha voz, e fazei conforme tudo quanto vos mando; e vós me sereis a mim por povo, e eu vos serei a vós por Deus.

5 Para que confirme [3] o juramento que jurei a vossos paes de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como é n’este dia. Então eu respondi, e disse: Amen, ó Senhor.

6 E disse-me o Senhor: Apregoa todas estas palavras nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem, dizendo: [4] Ouvi as palavras d’este concerto, e fazei-as.

7 Porque devéras protestei a vossos paes, no dia em que os tirei da terra do Egypto, até ao dia de hoje, madrugando, [5] e protestando, e dizendo: Dae ouvidos á minha voz.

8 Porém não [6] ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, antes andaram cada um conforme o proposito do seu coração malvado: pelo que trouxe sobre elles todas as palavras d’este concerto que lhes mandei que fizessem porém as não fizeram.

9 Disse-me mais o Senhor: [7] Uma conjuração se achou entre os homens de Judah, entre os habitantes de Jerusalem.

10 Tornaram [8] ás maldades de seus primeiros paes, que não quizeram ouvir as minhas palavras; e elles andaram após deuses alheios para os servir: a casa de Israel e a casa de Judah quebrantaram o meu concerto, que tinha feito com seus paes.

11 Portanto assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre elles, de que não poderão escapar, [9] e clamarão a mim e eu não os ouvirei.

12 Então irão as cidades de Judah e os habitantes de Jerusalem [10] e clamarão aos deuses a quem elles queimaram incenso, porém de nenhuma sorte os livrarão no tempo do seu mal.

13 Porque, [11] segundo o numero das tuas cidades, foram os teus deuses, ó Judah! e, segundo o numero das ruas de Jerusalem, pozestes altares á impudencia, altares para queimares incenso a Baal.

14 Tu, pois, não [12] ores por este povo, nem levantes por elles clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que elles clamarem a mim, por causa do seu mal.

15 Que tem o meu amado na minha casa que fazer? pois muitos fazem n’ella grande abominação [13] e as carnes sanctas se desviaram de ti: quando tu fazes mal, então andas saltando de prazer.

16 Chamou o Senhor o teu nome oliveira verde, [14] formosa por especiosos fructos, porém agora á voz d’um grande[675] tumulto accendeu fogo ao redor d’ella, e se quebraram os seus ramos.

17 Porque o Senhor dos Exercitos, [15] que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa d’Israel e da casa de Judah, que fizeram entre si mesmos, para me provocarem á ira, queimando incenso a Baal.

Conspiração contra Jeremias.

18 E o Senhor m’o fez saber, e assim o soube: então me fizeste ver as suas acções.

19 E eu era como um cordeiro, como um boi que levam á matança; [16] porque não sabia que pensavam contra mim pensamentos, dizendo: Destruamos a arvore com o seu fructo, e cortemol-o da terra dos viventes, e não haja mais memoria do seu nome.

20 Mas, ó Senhor dos Exercitos, justo Juiz, que provas [17] os rins e o coração, veja eu a vingança que tomarás d’elles; pois a ti descobri a minha causa.

21 Portanto assim diz o Senhor ácerca dos homens [18] d’Anathoth, que procuram a tua morte, dizendo: Não prophetizes no nome do Senhor, para que não morras ás nossas mãos.

22 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que fareis visitação sobre elles: os mancebos morrerão á espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão de fome.

23 E elles não terão um resto, porque farei vir o mal sobre os homens de Anathoth, no anno da sua visitação.

[1] Deu. 27.26. Gal. 3.10.

[2] Deu. 4.20. I Reis 8.51. Lev. 26.3, 12. cap. 7.23.

[3] Deu. 7.12, 13.

[4] Rom. 2.13. Thi. 1.22.

[5] cap. 7.13, 25 e 35.15.

[6] cap. 7.26. cap. 3.17 e 7.24 e 9.14.

[7] Eze. 22.25.

[8] Eze. 20.18.

[9] Pro. 1.28. Isa. 1.15. cap. 14.12. Eze. 8.18. Miq. 3.4. Zac. 7.13.

[10] Deu. 32.37, 38.

[11] cap. 2.28.

[12] cap. 7.16 e 14.11. I João 5.16.

[13] Agg. 2.12, 13, 14. Tito 1.15.

[14] Rom. 11.17.

[15] Isa. 5.2. cap. 2.21.

[16] cap. 18.18.

[17] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Apo. 2.23.

[18] cap. 12.5, 6. Isa. 30.10. Amós 2.12 e 7.13, 16.

12 Justo serias, ó Senhor, ainda que eu contendesse contra ti: [1] comtudo fallarei comtigo dos teus juizos. Porque prospera o caminho dos impios, e vivem em paz todos os que commettem aleivosia aleivosamente?

2 Plantaste-os, arraigaram-se tambem, avançam, dão tambem fructo: [2] chegado estás á sua bocca, porém longe dos seus rins.

3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, [3] e provas o meu coração para comtigo; arranca-os como a ovelhas para o matadouro, e dedica-os ao dia da matança.

4 Até [4] quando lamentará a terra, e se seccará a herva de todo o campo? pela maldade dos que habitam n’ella, perecem os animaes e as aves; porquanto dizem: Não verá o nosso ultimo fim.

5 Se corres com os homens de pé, fazem-te cançar; como pois competirás com os cavallos? se tão sómente na terra de paz te confias, [5] como farás na enchente do Jordão?

6 Porque [6] até os teus irmãos, e a casa de teu pae, elles tambem se hão deslealmente contra ti; até os mesmos clamam após ti em altas vozes: [7] Não te fies n’elles, quando te fallarem coisas boas.

O paiz é devastado. Prophecia contra os seus devastadores.

7 desamparei a minha casa, abandonei a minha herança: entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos.

8 Tornou-se-me a minha herança como leão em brenha: levantou a sua voz contra mim, por isso eu a aborreci.

9 A minha herança me é ave de varias côres; andam as aves contra ella em redor: vinde, pois, ajuntae-vos todos os animaes do campo, [8] vinde a devoral-a.

10 Muitos pastores destruiram [9] a minha vinha, pisaram o meu campo: tornaram em deserto de assolação o meu campo desejado.

11 Em assolação [10] o tornaram, e assolado clama a mim: toda a terra está assolada, porquanto não ha nenhum que tome isso a peito.

12 Sobre todos os logares altos do deserto vieram destruidores; porque a espada do Senhor devora desde um extremo da terra até outro extremo da terra: não ha paz para nenhuma carne.

13 Semearam [11] trigo, e segaram espinhos; cançaram-se, mas de nada se aproveitaram: envergonhae-vos pois em razão de vossas colheitas, e por causa do ardor da ira do Senhor.

14 Assim diz o Senhor, ácerca de todos os meus maus visinhos, [12] que tocam a minha herança, a qual dei por herança ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judah arrancarei do meio d’elles.

15 E será que, depois [13] de os haver arrancado, tornarei, e me compadecerei d’elles, e os farei tornar cada um á sua herança, e cada um á sua terra.

16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, [14] jurando[676] pelo meu nome, dizendo: Vive o Senhor, como ensinaram a meu povo a jurar por Baal, [15] edificar-se-hão no meio do meu povo.

17 Porém, se não quizerem [16] ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o Senhor.

[1] Job 21.7. Hab. 1.4. Mal. 3.15.

[2] Isa. 29.13. Mat. 15.8. Mar. 7.6.

[3] cap. 11.20. Thi. 5.5.

[4] cap. 23.10. Ose. 4.3. cap. 4.25 e 7.20 e 9.10. Ose. 4.3.

[5] Jos. 3.15. I Chr. 12.15. cap. 49.19 e 50.44.

[6] cap. 9.4.

[7] Pro. 26.25.

[8] Isa. 56.9. cap. 7.33.

[9] cap. 6.3. Isa. 5.1, 5 e 63.18.

[10] ver. 4. Isa. 42.25.

[11] Lev. 26.16. Deu. 28.38. Miq. 6.15. Agg. 1.6.

[12] Zac. 2.8. Deu. 30.3. cap. 32.37.

[13] Eze. 28.25.

[14] cap. 4.2.

[15] Eph. 2.20, 21. I Ped. 2.5.

[16] Isa. 60.12.

O captiveiro é representado pelo symbolo d’um cinto de linho.

Antes de Christo 602

13 Assim me disse o Senhor: Vae, e compra um cinto de linho, e põe-n’o sobre os teus lombos, porém não o mettas na agua.

2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o puz sobre os meus lombos.

3 Então veiu a palavra do Senhor a mim segunda vez, dizendo:

4 Toma o cinto que compraste, e trazes sobre os teus lombos, e levanta-te; vae ao Euphrates, e esconde-o ali na fenda d’uma rocha.

5 E fui, e escondi-o junto ao Euphrates, como o Senhor m’o havia ordenado.

6 Succedeu pois, ao cabo de muitos dias, que me disse o Senhor: Levanta-te, vae ao Euphrates, e toma d’ali o cinto que te ordenei que o escondesses ali.

7 E fui ao Euphrates, e cavei, e tomei o cinto do logar onde o havia escondido: e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.

8 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Assim diz o Senhor: [1] Assim farei apodrecer a soberba de Judah, como tambem a muita soberba de Jerusalem.

10 Este mesmo povo maligno, que recusa ouvir as minhas palavras, [2] que caminha segundo o proposito do seu coração, e anda após deuses alheios, para servil-os, e inclinar-se diante d’elles, será tal como este cinto, que para nada presta.

11 Porque, como o cinto está pegado aos lombos do homem, assim eu fiz pegar a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judah, diz o Senhor, para me serem por povo, e por [3] nome, e por louvor, e por gloria: porém não deram ouvidos.

12 Pelo que dize-lhes esta palavra: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Todo o odre se encherá de vinho: e dir-te-hão: Porventura não sabemos mui bem que todo o odre se encherá de vinho?

13 Porém tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez [4] a todos os habitantes d’esta terra, e aos reis da estirpe de David, que estão assentados sobre o seu throno, e aos sacerdotes, e aos prophetas, e a todos os habitantes de Jerusalem.

14 E fal-os-hei em pedaços um contra outro, e juntamente os paes com os filhos, diz o Senhor: não perdoarei nem pouparei, nem me apiedarei, para que os não destrua.

15 Escutae, e inclinae os ouvidos: não vos ensoberbeçaes; porque o Senhor disse.

16 Dae gloria [5] ao Senhor vosso Deus, antes que se faça vir a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; [6] e espereis a luz e elle a mude em sombra de morte, e a reduza a escuridão.

17 E, se isto não ouvirdes, a minha alma chorará em logares occultos, por causa da vossa soberba; [7] e amargosamente lagrimejará o meu olho, e se desfará em lagrimas, porquanto o rebanho do Senhor foi levado captivo.

18 Dize [8] ao rei e á rainha: Humilhae-vos, e assentae-vos no chão; porque caiu todo o ornato de vossas cabeças, a corôa de vossa gloria.

19 As cidades do sul estão fechadas, e ninguem ha que as abra: todo o Judah foi levado captivo, todo inteiramente foi levado captivo.

20 Levantae [9] os vossos olhos, e vêde os que veem do norte: onde está o rebanho que se te deu, e as ovelhas da tua gloria?

21 Que dirás, quando [ZJ] vier a fazer visitação sobre ti, pois tu os ensinaste a serem principes, e cabeça sobre ti? [10] porventura não te tomarão as dôres, como á mulher que está de parto?

22 Quando pois disseres no teu coração: [11] Porque me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas maldades se descobriram as tuas fraldas, e tem-se feito violencia aos teus calcanhares.

23 Porventura mudará o ethiope a sua pelle, ou o leopardo as suas manchas? [ZK] assim podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.

24 Pelo que os espalharei como o rastolho, [12] rastolho que passa com o vento do deserto.

25 Esta será a tua sorte, a porção das tuas medidas que terás de mim, diz o[677] Senhor; pois te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.

26 Assim tambem [13] eu descobrirei as tuas fraldas até sobre o teu rosto: e apparecerá a tua ignominia.

27 vi as tuas abominações, e os teus adulterios, e os teus rinchos, [14] e a enormidade da tua fornicação sobre os outeiros [15] no campo; ai de ti, Jerusalem! não te purificarás? quanto ainda depois d’isto esperarás?

[1] Lev. 26.19.

[2] cap. 9.14 e 11.8 e 16.12.

[3] cap. 33.9.

[4] Isa. 51.17, 21 e 63.6. cap. 25.27 e 51.7.

[5] Jos. 7.19. Isa. 5.30. Amós 8.6.

[6] Isa. 59.9.

[7] cap. 9.1 e 14.17. Lam. 1.2, 16 e 2.18.

[8] II Reis 24.12.

[9] cap. 6.22.

[10] cap. 6.24.

[11] cap. 5.19 e 16.10. Isa. 47.2, 3. Eze. 16.37, 38, 39. Nah. 3.5.

[12] Ose. 13.3.

[13] Lam. 1.8. Eze. 16.37 e 23.29. Ose. 2.10.

[14] cap. 5.8.

[15] Isa. 65.7. cap. 2.20 e 3.2, 6. Eze. 6.13.

Jeremias em vão intercede pelo povo.

Antes de Christo 601

14 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, ácerca dos negocios da grande secca.

2 Anda chorando Judah, [1] e as suas portas estão enfraquecidas: andam de luto até ao chão, e o clamor de Jerusalem vae subindo.

3 E os seus mais illustres enviam os seus pequenos por agua; veem ás cavas, e não acham agua; voltam com os seus vasos vazios; [2] envergonham-se e confundem-se, e cobrem as suas cabeças.

4 Por causa da terra que se fendeu, porque não ha chuva sobre a terra, os lavradores se envergonham e cobrem as suas cabeças.

5 Porque até as cervas no campo parem, e deixam seus filhos, porquanto não ha herva.

6 E os jumentos montezes [3] se põem nos logares altos, sorvem o vento como os [ZL] dragões, desfallecem os seus olhos, porquanto não ha herva.

7 Ainda que as nossas maldades testificam contra nós, ó Senhor, obra por amor do teu nome; porque as nossas rebeldias se multiplicaram; contra ti peccámos.

8 Ah! esperança [4] de Israel, e Redemptor seu no tempo da angustia! porque serias como um estrangeiro na terra? e como o viandante que se retira a passar a noite?

9 Porque serias [5] como homem cançado, como valoroso que não pode livrar? tu estás no meio de nós, ó Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome: não nos desampares.

10 Assim diz o Senhor, ácerca d’este povo: [6] Pois que tanto amaram mover-se, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor se não agrada d’elles, mas agora se lembrará da sua maldade d’elles, e visitará os seus peccados.

11 Disse-me mais o Senhor: [7] Não rogues por este povo para bem.

12 Quando [8] jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando offerecerem holocaustos e offertas de manjares, não me agradarei d’elles; antes eu [9] os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.

13 Então disse eu: [10] Ah! Senhor, Senhor, eis que os prophetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira n’este logar.

14 E disse-me o Senhor: [11] Os prophetas prophetizam falso no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes fallei: visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração elles vos prophetizam.

15 Portanto assim diz o Senhor ácerca dos prophetas que prophetizam no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e comtudo dizem, [12] Nem espada, nem fome haverá n’esta terra: Á espada e á fome serão consumidos esses prophetas.

16 E o povo a quem elles prophetizam será lançado nas ruas de Jerusalem, por causa da fome e da espada: e não haverá quem o enterre, tanto a elle, como a suas mulheres, e a seus filhos e a suas filhas: assim derramarei sobre elles a sua maldade.

17 Portanto lhes dirás esta palavra: [13] Os meus olhos derramem lagrimas de noite e de dia, e não cessem: [14] porque a virgem, filha do meu povo, está quebrada de grande quebra, de chaga mui dolorosa.

18 Se eu saio [15] ao campo, eis aqui os mortos á espada, e, se entro na cidade, eis aqui os enfermos de fome: e até os prophetas e os sacerdotes correram em roda na terra, [ZM] e não sabem nada.

19 Porventura [16] de todo rejeitaste a Judah? ou aborrece a tua alma a Sião? porque nos feriste de tal modo que não ha cura para nós? [17] aguarda-se a paz, e nada ha de bem; e o tempo da cura, e eis aqui turbação.

20 Ah, Senhor! conhecemos a nossa impiedade e a maldade de nossos paes; [18] porque peccámos contra ti.

21 Não nos rejeites por amor do teu nome; não abatas o throno da tua gloria: lembra-te, e não annules o teu concerto comnosco.

[678]

22 Porventura [19] ha, entre as vaidades dos gentios, quem faça chover? ou podem os céus dar chuvas? não és tu aquelle, ó Senhor [20] nosso Deus? portanto em ti esperaremos, pois tu fazes todas estas coisas.

[1] Isa. 3.26. I Sam. 5.12.

[2] II Sam. 15.30.

[3] cap. 2.24.

[4] cap. 17.13.

[5] Isa. 59.1. Exo. 29.45, 46. Lev. 26.11, 12.

[6] Ose. 8.13 e 9.9.

[7] cap. 7.16 e 11.14.

[8] Isa. 1.15 e 58.3. cap. 11.11. Eze. 8.18. Miq. 3.4. Zac. 7.13.

[9] cap. 9.16.

[10] cap. 4.10.

[11] cap. 27.10. cap. 23.21 e 27.15 e 29.8, 9.

[12] cap. 5.12, 13.

[13] cap. 9.1 e 13.17. Lam. 1.16 e 2.18.

[14] cap. 8.21.

[15] Eze. 7.15.

[16] Lam. 5.22. cap. 15.18.

[17] cap. 8.15.

[18] Dan. 9.8.

[19] Zac. 10.1, 2.

[20] Isa. 30.23. cap. 5.24 e 10.13.

15 Disse-me, porém, o Senhor: [1] Ainda que Moysés e Samuel se pozessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo: lança-os de diante da minha face, e saiam.

2 E será que, quando te disserem: Para onde sairemos? dir-lhes-has: Assim diz o Senhor: [2] O que para a morte, para a morte; e o que para a espada, para a espada; e o que para a fome, para a fome; e o que para o captiveiro, para o captiveiro.

3 Porque visital-os-hei [3] com quatro generos de males, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os arrastarem, e com as aves dos céus, e com os animaes da terra, para os devorarem e destruirem.

4 Entregal-os-hei ao desterro [4] em todos os reinos da terra; [5] por causa de Manassés, filho d’Ezequias, rei de Judah, pelo que fez em Jerusalem.

5 Porque quem [6] se compadeceria de ti, ó Jerusalem? ou quem se entristeceria por ti? ou quem se desviaria a perguntar pela tua paz?

6 Tu me deixaste, [7] diz o Senhor, e tornaste-te para traz; por isso estenderei a minha mão contra ti, e te destruirei; estou cançado de me arrepender.

7 E padejal-os-hei com a pá nas portas da terra: desfilhei, e destrui o meu povo; [8] não se tornaram dos seus caminhos.

8 As suas viuvas mais se me multiplicaram do que as areias dos mares; trouxe ao meio dia um destruidor sobre a mãe dos mancebos: fiz que caisse de repente sobre ella, e enchesse a cidade de terrores.

9 A que paria [9] sete se enfraqueceu; expirou a sua alma; poz-se o seu sol sendo ainda de dia, confundiu-se, e envergonhou-se: e os que ficarem d’ella entregarei á espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.

10 Ai [10] de mim, mãe minha, porque me pariste homem de rixa e homem de contendas para toda a terra? nunca lhes dei á usura, nem elles me deram a mim á usura, todavia cada um d’elles me amaldiçoa.

11 Disse o Senhor: Decerto que os teus residuos serão para bem, que intercederei por ti, no tempo da calamidade e no tempo da angustia, com o inimigo.

12 Porventura quebrará algum ferro, o ferro do norte, ou o aço?

13 A tua fazenda e os teus thesouros darei sem preço ao saque; e isso por todos os teus peccados, como tambem em todos os teus limites.

14 E levar-te-hei [11] com os teus inimigos para a terra que não conheces; porque o fogo se accendeu em minha ira, e sobre vós arderá.

15 Tu, ó [12] Senhor, o sabes; lembra-te de mim, e visita-me, e vinga-me dos meus perseguidores: não me arrebates emquanto differes o teu furor: sabe que por amor de ti tenho soffrido affronta.

16 Achando-se as tuas palavras, [13] logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome me chamo, ó Senhor, Deus dos Exercitos.

17 Nunca me assentei no congresso dos zombadores, nem saltei de prazer: por causa da tua mão me assentei solitario; porque me encheste de indignação.

18 Porque dura a [14] minha dôr continuamente, e a minha ferida me doe, e já não admitte cura? Porventura ser-me-hias tu como um mentiroso [15] e como aguas inconstantes?

19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu te tornares, [16] então te farei tornar, e estarás diante da minha face; [17] e se apartares o precioso do vil, serás como a minha bocca: tornem-se elles para ti, porém tu não te tornes para elles.

20 Portanto puz-te contra este povo por um [18] muro forte de bronze; e pelejarão contra ti, porém não prevalecerão contra ti; [19] porque eu estou comtigo para te guardar, para te arrebatar d’elles, diz o Senhor.

21 E arrebatar-te-hei da mão dos malignos, e livrar-te-hei da palma dos fortes.

[1] Exo. 32.11, 12.

[2] cap. 43.11. Eze. 5.2, 12. Zac. 11.9.

[3] Lev. 26.16, etc. Deu. 28.26. cap. 7.33.

[4] Deu. 28.35. cap. 24.9.

[5] II Reis 21.11, etc. e 23.26 e 24.3, 4.

[6] Isa. 51.19.

[7] cap. 2.13. Ose. 13.14.

[8] Isa. 9.13. cap. 5.3. Amós 4.10, 11.

[9] I Sam. 2.5. Amós 8.9.

[10] Job 3.1, etc. cap. 20.14.

[11] cap. 16.13 e 17.4. Deu. 32.22.

[12] cap. 12.3. cap. 11.20 e 20.12.

[13] Eze. 3.1, 3. Apo. 10.6, 10.

[14] cap. 30.15.

[15] Job 6.15, etc.

[16] Zac. 3.7. ver. 1.

[17] Eze. 44.23.

[18] cap. 1.18 e 6.27.

[19] cap. 20.11, 12.

Predicção do captiveiro e do livramento de Israel.

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

[679]

2 Não tomarás para ti mulher, nem terás filhos nem filhas n’este logar.

3 Porque assim diz o Senhor, ácerca dos filhos e das filhas que nascerem n’este logar, ácerca de suas mães, que os parirem, e de seus paes que os gerarem n’esta terra:

4 Morrerão [1] de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados: servirão d’esterco sobre a terra; e pela espada e pela fome serão consumidos [2], e os seus cadaveres servirão de mantimento para as aves do céu e para os animaes da terra.

5 Porque assim diz o Senhor: [3] Não entres na casa do luto, nem vás a lamentar, nem te compadeças d’elles; porque d’este povo, diz o Senhor, tirei a minha paz, benignidade e misericordia.

6 E morrerão grandes e pequenos n’esta terra, e não serão sepultados, [4] e não os prantearão nem se farão por elles incisões, nem por elles se raparão os cabellos.

7 E nada se lhes repartirá por dó, para consolal-os por causa de morte: nem lhes darão a beber do [5] copo de consolação, nem por pae de alguem, nem por mãe de alguem.

8 Nem entres na casa do banquete, para te assentares com elles a comer e a beber.

9 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, [6] o Deus d’Israel: Eis que farei cessar d’este logar perante os vossos olhos, e em vossos dias, a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do esposo e a voz da esposa.

10 E será que, quando annunciares a este povo todas estas palavras, e elles te disserem: [7] Porque falla o Senhor sobre nós todo este grande mal? e qual é a nossa iniquidade, e qual é o nosso peccado, que peccámos contra o Senhor nosso Deus?

11 Então lhes dirás: [8] Porquanto vossos paes me deixaram, diz o Senhor, e se foram após deuses alheios, e os serviram, e se inclinaram diante d’elles, e a mim me deixaram, e a minha lei não a guardaram.

12 E vós fizestes [9] peior do que vossos paes; porque, eis que cada um de vós anda após o proposito do seu malvado coração, para me não dar ouvidos a mim.

13 E lançar-vos-hei fóra [10] d’esta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos paes; e ali servireis a deuses alheios de dia e de noite, porque não usarei de misericordia comvosco.

14 Portanto, [11] eis que dias veem, diz o Senhor, em que nunca mais se dirá: Vive o Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do Egypto.

15 Mas: Vive o Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; [12] porque fal-os-hei voltar á sua terra, a qual dei a seus paes.

16 Eis que mandarei muitos pescadores, [13] diz o Senhor, os quaes os pescarão, e depois enviarei muitos caçadores, os quaes os caçarão de sobre todo o monte, e de sobre todo o outeiro, e até das fendas das rochas.

17 Porque os meus olhos [14] estão sobre todos os seus caminhos; não se escondem perante a minha face, nem a sua maldade se encobre de diante dos meus olhos.

18 E primeiramente pagarei [15] em dobro a sua maldade e o seu peccado, porque profanaram a minha terra com os cadaveres das suas coisas detestaveis, e das suas abominações encheram a minha herança.

19 Ó Senhor, fortaleza minha, e força minha, [16] e refugio meu no dia da angustia: a ti virão as nações desde os fins da terra, e dirão: Nossos paes herdaram só mentiras, e vaidade, [17] em que não havia proveito.

20 Porventura fará um homem deuses para si, quando elles não são deuses?

21 Portanto, eis que os farei conhecer; d’esta vez os farei conhecer a minha mão e o meu poder; [18] e saberão que o meu nome é o Senhor.

[1] cap. 22.18, 19 e 25.33.

[2] cap. 7.33.

[3] Eze. 24.17, 22, 23.

[4] Lev. 19.28. Deu. 14.1. Isa. 22.12. cap. 7.29.

[5] Pro. 31.6, 7.

[6] Isa. 24.7, 8. cap. 7.34 e 25.10. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.23.

[7] Deu. 29.24. cap. 5.19 e 13.22 e 22.8.

[8] Deu. 29.25. cap. 22.9.

[9] cap. 7.26 e 13.10.

[10] Deu. 4.26, 27, 28 e 28.36, 63, 64, 65.

[11] cap. 23.7, 8.

[12] cap. 24.6 e 30.3 e 32.37.

[13] Hab. 1.15.

[14] Job 3.4, 21. Pro. 5.21 e 15.3. cap. 32.19.

[15] Isa. 40.2. cap. 17.18. Eze. 43.7, 9.

[16] cap. 17.17.

[17] Isa. 44.10. cap. 2.11 e 10.5.

[18] Exo. 15.3. cap. 32.2. Amós 5.8.

17 O peccado de Judah está escripto com [1] um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na taboa do seu coração e nos cornos dos vossos altares.

2 Como tambem seus filhos se lembram dos seus altares, [2] e dos seus bosques junto ás arvores verdes, sobre os altos outeiros.

3 A minha montanha juntamente com o campo, a tua riqueza e todos os teus thesouros, darei por preza, como tambem[680] os teus altos, pelo peccado, em todos os teus termos.

4 Assim por ti mesmo te deixarás da tua herança que te dei, e far-te-hei servir os teus inimigos, [3] na terra que não conheces; porque o fogo que accendeste na minha ira arderá para sempre.

5 Assim diz o Senhor: [4] Maldito o varão que confia no homem, e põe a carne por seu braço, e cujo coração se aparta do Senhor!

6 Porque será como [5] a tamargueira no deserto, que não sente quando vem o bem; antes morará nos logares seccos do deserto, na terra salgada e inhabitavel.

7 Porém bemdito o varão que confia no Senhor, [6] e cuja confiança é o Senhor.

8 Porque será como a arvore [7] plantada junto ás aguas, que estende as suas raizes para o ribeiro, e não sente quando vem o calor, e a sua folha fica verde, e no anno de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fructo.

9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá?

10 Eu, o Senhor, [8] esquadrinho o coração e experimento os rins: e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fructo das suas acções.

11 Como a perdiz que ajunta [ZN] ovos que não choca, assim é o que ajunta riquezas, mas não com direito; no meio de seus dias as deixará, [9] e no seu fim se fará um insensato.

12 Um throno de gloria e altura, desde o principio, é o logar do nosso sanctuario.

13 Ó Senhor, [10] Esperança d’Israel! todos aquelles que te deixam serão envergonhados [11] e os que se apartam de mim serão escriptos sobre a terra; porque deixam ao Senhor, a fonte das aguas vivas.

14 Sara-me, Senhor, e sararei: salva-me, e serei salvo; [12] porque tu és o meu louvor.

15 Eis que elles me dizem: Onde [13] está a palavra do Senhor? venha agora.

16 Porém eu não me apressei em ser o pastor após ti; nem tão pouco desejei o dia mortal, tu o sabes; o que saiu dos meus labios está diante de tua face.

17 Não me sejas por espanto: [14] meu refugio és tu no dia do mal.

18 Envergonhem-se os que me perseguem, e não me envergonhe eu; assombrem-se elles, e não me assombre eu; traze sobre elles o dia do mal, e [15] com dobrada esmigalhadura os esmigalha.

A sanctificação do sabbado.

19 Assim me disse o Senhor: Vae, e põe-te á porta dos filhos do povo, pela qual entram os reis de Judah, e pela qual saem; como tambem a todas as portas de Jerusalem.

20 E dize-lhes: Ouvi [16] a palavra do Senhor, vós, reis de Judah e todo o Judah, e todos os moradores de Jerusalem, que entraes por estas portas.

21 Assim diz o Senhor: [17] Guardae as vossas almas, e não tragaes cargas no dia de sabbado, nem as introduzaes pelas portas de Jerusalem:

22 Nem tireis cargas de vossas casas no dia de sabbado, nem façaes obra alguma: antes sanctificae o dia de sabbado, como eu dei [18] ordem a vossos paes.

23 Porém não [19] deram ouvidos, nem inclinaram as suas orelhas; mas endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem correcção.

24 Será pois que, se diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas d’esta cidade no dia de sabbado, e sanctificardes o dia de sabbado, não fazendo n’elle obra alguma:

25 Então entrarão [20] pelas portas d’esta cidade reis e principes, assentados sobre o throno de David, andando em carros e montados em cavallos, assim elles como os seus principes, os homens de Judah, e os moradores de Jerusalem: e esta cidade será para sempre habitada.

26 E virão das cidades de Judah, e dos contornos [21] de Jerusalem, e da terra de Benjamin, e das planicies, e das montanhas, e do sul, trazendo holocaustos, e sacrificios, e offertas de manjares, e incenso, como tambem trazendo sacrificios de louvores á casa do Senhor.

27 Porém, se não me derdes ouvidos, para sanctificardes o dia de sabbado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalem[681] no dia de sabbado, [22] então accenderei fogo nas suas portas, que consumirá os palacios de Jerusalem, e não se apagará.

[1] Job 19.24. Pro. 3.3. II Cor. 3.3.

[2] II Chr. 24.18 e 33.3, 19. Isa. 1.29 e 17.8. cap. 2.20 e 15.13.

[3] cap. 16.13. cap. 15.14.

[4] Isa. 30.1, 2 e 31.1. Isa. 31.3.

[5] cap. 48.6. Deu. 29.23.

[6] Pro. 16.20. Isa. 30.18.

[7] Job 8.16.

[8] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Rom. 8.27. Apo. 2.23. cap. 32.19. Rom. 2.6.

[9] Luc. 12.20.

[10] cap. 14.8. Isa. 1.28.

[11] Luc. 10.20. cap. 2.13.

[12] Deu. 10.21.

[13] Isa. 5.19. II Ped. 3.4.

[14] cap. 16.19.

[15] cap. 11.20.

[16] cap. 19.3 e 22.2.

[17] Num. 15.32, etc. Neh. 13.19.

[18] Exo. 20.8 e 23.12 e 31.13. Eze. 20.12.

[19] cap. 7.24, 26 e 11.10.

[20] cap. 22.4.

[21] cap. 32.44 e 33.13. Zac. 7.7.

[22] cap. 21.14 e 49.27. Lam. 4.11. Amós 1.4, 7, 10, 12 e 2.2, 5. II Reis 25.9. cap. 52.18.

O vaso do oleiro. A impenitencia do povo.

Antes de Christo 605

18 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, dizendo:

2 Levanta-te, e desce á casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.

3 E desci á casa do oleiro, e eis que estava fazendo a sua obra sobre as rodas.

4 E o vaso, que elle fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro: então tornou a fazer d’elle outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.

5 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

6 Porventura [1] não poderei eu fazer de vós como este oleiro, ó casa d’Israel? diz o Senhor: eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa d’Israel.

7 No momento em que fallarei contra uma nação, [2] e contra um reino para arrancar, e para derribar, e para destruir,

8 Se [3] a tal nação, porém, contra a qual fallar se converter da sua maldade, tambem [4] eu me arrependerei do mal que lhe cuidava fazer.

9 No momento em que fallarei de uma gente e de um reino, para edificar e para plantar,

10 Se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos á minha voz, então me arrependerei do bem que tinha dito lhe faria.

11 Ora pois, falla agora aos homens de Judah, e aos moradores de Jerusalem, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra vós: e penso um pensamento contra vós: [5] convertei-vos pois agora cada um do seu mau caminho, e melhorae os vossos caminhos e as vossas acções.

12 Porém elles dizem: [6] Não ha esperança, porque após as nossas imaginações andaremos: e faremos cada um o proposito do seu malvado coração.

13 Portanto assim diz o [7] Senhor: Perguntae agora entre os gentios quem ouviu tal coisa? coisa mui horrenda fez a virgem de Israel.

14 Porventura deixar-se-ha a neve do Libano por uma rocha do campo? ou deixar-se-hão as aguas estranhas, frias e correntes?

15 Comtudo o meu povo se tem esquecido de mim, [8] queimando incenso á vaidade; porque os fizeram tropeçar nos seus caminhos, e nas veredas antigas, [9] para que andassem por veredas afastadas, não aplainadas;

16 Para [10] pôr a sua terra em espanto e perpetuos assobios; todo aquelle que passa por ella se espantará, e meneará a sua cabeça.

17 Como com vento oriental [11] os espalharei diante da face do inimigo: mostrar-lhes-hei as costas e não o rosto, no dia da sua perdição.

18 Então disseram: Vinde, [12] e maquinemos maquinações contra Jeremias; porque não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sabio, nem a palavra do propheta: vinde, e firamol-o com a lingua, e não escutemos a nenhuma das suas palavras.

19 Olha para mim, Senhor, e ouve a voz dos que contendem comigo.

20 Porventura pagar-se-ha mal por bem? porque cavaram uma cova para a minha alma: lembra-te de que eu me apresentei na tua presença, para fallar por seu bem, para desviar d’elles a tua indignação.

21 Portanto entrega seus filhos á fome, e entrega-os ao poder da espada, e sejam suas mulheres roubadas dos filhos, e viuvas; e seus maridos sejam mortos de morte, e os seus mancebos sejam feridos á espada na peleja.

22 Ouça-se o clamor de suas casas, quando trouxeres esquadrões sobre elles de repente. Porquanto cavaram uma [13] cova para prender-me e armaram laços aos meus pés.

23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para matar-me; [14] não perdoes a sua maldade, nem apagues o seu peccado de diante da tua face; mas tropecem perante a tua face; assim usa com elles no tempo da tua ira.

[1] Isa. 45.9. Rom. 9.20, 21. Isa. 64.8.

[2] cap. 1.10.

[3] Eze. 18.21 e 33.11.

[4] cap. 26.3. Jon. 3.10.

[5] II Reis 17.13. cap. 7.3 e 25.5 e 26.13 e 35.15.

[6] cap. 2.25.

[7] I Cor. 5.1. cap. 5.30.

[8] cap. 2.13, 32. cap. 10.15 e 16.19.

[9] cap. 6.16.

[10] cap. 19.8 e 49.13 e 50.13. Miq. 6.16.

[11] cap. 13.24.

[12] Lev. 10.11. Mal. 2.7.

[13] ver. 20.

[14] cap. 11.20 e 15.15.

A botija quebrada. A ruina de Jerusalem.

19 Assim diz o Senhor: Vae, e compra uma botija de oleiro, e toma comtigo dos anciãos do povo e dos anciãos dos sacerdotes;

2 E sae [1] ao valle do filho d’Hinnom, que está á entrada da porta do sol, e[682] apregoa ali as palavras que eu te disser.

3 E dize: [2] Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de Judah, e moradores de Jerusalem; assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: Eis que trarei um mal sobre este logar, que quem quer que ouvir [3] retinir-lhe-hão as orelhas:

4 Porquanto me deixaram [4] e alienaram este lugar, e n’elle queimaram incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem elles nem seus paes, nem os reis de Judah; [5] e encheram este logar de sangue de innocentes.

5 Porque edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; [6] o que nunca lhes ordenei, nem fallei, nem subiu ao meu coração.

6 Por isso eis que dias veem, diz o Senhor, em que este logar não se chamará mais Topheth, [7] nem o valle do filho de Hinnom, mas o valle da matança.

7 Porque dissiparei o conselho de Judah e de Jerusalem n’este logar, [8] e os farei cair á espada diante de seus inimigos, e pela mão dos que buscam a sua vida d’elles; e darei os seus cadaveres para pasto ás aves dos céus e aos animaes da terra.

8 E porei [9] esta cidade em espanto e por assobio: todo aquelle que passar por ella se espantará, e assobiará sobre todas as suas pragas.

9 E os farei comer [10] a carne de seus filhos, e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu proximo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida d’elles.

10 Então quebrarás [11] a botija aos olhos dos homens que forem comtigo.

11 E dir-lhes-has: Assim diz o Senhor dos Exercitos: Assim quebrarei eu a este povo, [12] e a esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não póde mais refazer-se, e os enterrarão em Topheth, porque não haverá mais logar para os enterrar.

12 Assim farei a este logar, diz o Senhor, e aos seus moradores; e isso para pôr a esta cidade como a Topheth.

13 E as casas de Jerusalem, e as casas dos reis de Judah, serão immundas [13] como o logar de Topheth: como tambem todas as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a todo o exercito dos céus, [14] e offereceram libações a deuses estranhos.

14 Vindo pois Jeremias de Topheth, onde o tinha enviado o Senhor a prophetizar, se poz [15] em pé no atrio da casa do Senhor, e disse a todo o povo:

15 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cidades, todo o mal que fallei contra ella, [16] porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.

[1] Jos. 15.8. II Reis 23.10. cap. 7.31.

[2] cap. 17.20.

[3] I Sam. 3.11. II Reis 21.12.

[4] Deu. 28.20. Isa. 65.11. cap. 2.13, 17, 19 e 15.6 e 17.13.

[5] II Reis 21.16. cap. 2.34 e 7.31, 32 e 32.35.

[6] Lev. 18.21.

[7] Jos. 15.8.

[8] Lev. 26.17. Deu. 28.25.

[9] cap. 18.16 e 49.13 e 50.13.

[10] Lev. 26.29. Deu. 28.53. Isa. 9.20. Lam. 4.10.

[11] cap. 51.63, 64.

[12] Isa. 30.14. Lam. 4.2.

[13] II Reis 23.10, 12. cap. 32.29. Sof. 1.5.

[14] cap. 7.18.

[15] II Chr. 20.5.

[16] cap. 7.26 e 17.23.

Pashur fere a Jeremias e mette-o no cepo.

Antes de Christo 589

20 E Pashur, filho [1] de Immer, o sacerdote, que havia sido nomeado presidente na casa do Senhor, ouviu a Jeremias, que prophetizava estas palavras.

2 E feriu Pashur ao propheta Jeremias, e o metteu no cepo que está na porta superior de Benjamin, a qual está na casa do Senhor.

3 E succedeu que no dia seguinte Pashur tirou a Jeremias do cepo. Então disse-lhe Jeremias: O Senhor não chama o teu nome Pashur, mas [ZO] Magor-missabib.

4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um espanto para ti mesmo, e para todos os teus amigos, e cairão á espada de seus inimigos, e teus olhos o verão: a todo o Judah entregarei na mão do rei de Babylonia, e leval-os-ha presos a Babylonia, e feril-os-ha á espada.

5 Tambem darei [2] toda a fazenda d’esta cidade, e todo o seu trabalho, e todas as suas coisas preciosas, e todos os thesouros dos reis de Judah entregarei na mão de seus inimigos, e saqueal-os-hão, e tomal-os-hão e leval-os-hão a Babylonia.

6 E tu, Pashur, e todos os moradores da tua casa ireis para o captiveiro; e virás a Babylonia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os teus amigos, aos quaes [3] prophetizaste falsamente.

7 Persuadiste-me, ó Senhor, e persuadido fiquei; [4] mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escarneo todo o dia, cada um d’elles zomba de mim.

8 Porque desde [5] que fallo, grito; clamo[683] violencia e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor em opprobrio e em ludibrio todo o dia.

9 Então disse eu: Não me lembrarei d’elle, e não fallarei mais no seu nome; [6] mas foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e fiquei fatigado de soffrer, e não pude.

10 Porque ouvi a murmuração de muitos ácerca de Magor-missabib, que diziam: Denunciae-nol-o, e o denunciaremos; [7] todos os que teem paz comigo aguardam o meu manquejar, dizendo: Bem pode ser que se deixará persuadir; então prevaleceremos contra elle e nos vingaremos d’elle.

11 Porém [8] o Senhor está comigo como um valente terrivel; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão: ficarão mui confundidos; porque não se houveram [ZP] prudentemente, [9] terão uma confusão perpetua que nunca se esquecerá.

12 Tu pois, ó Senhor dos Exercitos, que esquadrinhas [10] ao justo, e vês os rins e o coração, veja eu a tua vingança d’elles; pois te descobri a minha causa.

13 Cantae ao Senhor, louvae ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.

14 Maldito [11] o dia em que nasci; o dia em que minha mãe me pariu não seja bemdito.

15 Maldito o homem que deu as novas a meu pae, dizendo: Nasceu-te um filho macho; alegrando-o grandemente.

16 E seja esse homem como as cidades [12] que o Senhor destruiu e não se arrependeu: e ouça clamor pela manhã, e ao tempo do meio-dia um alarido.

17 Porque [13] não me matou desde a madre? ou minha mãe não foi minha sepultura? ou porque não ficou a sua madre gravida perpetuamente?

18 Porque [14] sahi da madre, para ver trabalho e tristeza? para que se consumam os meus dias na confusão.

[1] I Chr. 24.14.

[2] II Reis 20.17 e 24.12, 16 e 25.13, etc.

[3] cap. 14.13, 14 e 28.16 e 29.21.

[4] Lam. 3.14.

[5] cap. 6.7.

[6] Job 32.18, 19.

[7] Luc. 11.53, 54.

[8] cap. 1.8, 19 e 15.20 e 17.18.

[9] cap. 23.40.

[10] cap. 11.20 e 17.10.

[11] Job 3.3. cap. 15.10.

[12] Gen. 19.25.

[13] Job 3.10, 11.

[14] Job 3.20.

O annuncio da destruição de Jerusalem por Nabucodonozor.

21 A palavra que veiu a Jeremias da parte do Senhor, quando o rei Zedekias lhe enviou [1] a Pashur, filho de Malchias, [2] e a Zephanias filho de Maaseia, o sacerdote, dizendo:

2 Pergunta agora por nós ao Senhor; porque Nabucodonozor, rei de Babylonia, guerreia contra nós: bem pode ser que o Senhor obre comnosco segundo todas as suas maravilhas, e o faça subir de nós.

3 Então Jeremias lhes disse: Assim direis a Zedekias:

4 Assim diz o Senhor, o Deus d’Israel: Eis que virarei contra vós as armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós pelejaes contra o rei de Babylonia, e contra os chaldeos, [3] que vos teem cercado de fóra do muro, e ajuntal-os-hei no meio d’esta cidade.

5 E eu pelejarei contra vós com mão estendida, [4] e com braço forte, e com ira, e com indignação e com grande furor.

6 E ferirei os habitantes d’esta cidade, assim os homens como as bestas: de grande pestilencia morrerão.

7 E depois d’isto, diz o Senhor, entregarei Zedekias, [5] rei de Judah, e seus servos, e o povo, e os que d’esta cidade restarem da pestilencia, e da espada, e da fome, na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que buscam a sua vida; e feril-os-ha ao fio da espada: [6] não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericordia.

8 E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que ponho diante [7] de vós o caminho da vida e o caminho da morte.

9 O que ficar [8] n’esta cidade ha de morrer á espada, ou á fome, ou da pestilencia; porém o que sair, e se render aos chaldeos, que vos teem cercado, viverá, e terá a sua vida [9] por despojo.

10 Porque puz o meu rosto [10] contra esta cidade para mal, e não para bem, diz o Senhor: na mão do rei de Babylonia se entregará, [11] e queimal-a-ha a fogo.

11 E á casa do rei de Judah dirás: Ouvi a palavra do Senhor:

12 Ó casa de David, assim diz o Senhor: [12] Julgae pela manhã justamente, e livrae o roubado da mão do oppressor; para que não saia o meu furor como fogo, e se accenda, sem que haja quem o apague, por causa da maldade de vossas acções.

13 Eis que [13] eu sou contra ti, ó moradora[684] do valle, ó rocha da campina, diz o Senhor: os que dizeis: Quem descerá contra nós? ou, Quem entrará nas nossas moradas?

14 Porém farei visitação sobre vós segundo [14] o fructo das vossas acções, diz o Senhor; e accenderei o fogo no seu bosque, [15] que consumirá a tudo o que está em redor d’ella.

[1] cap. 38.1.

[2] II Reis 25.18. cap. 29.25 e 37.3.

[3] Isa. 13.4.

[4] Exo. 6.6.

[5] cap. 37.17 e 39.5.

[6] Deu. 28.50. II Chr. 36.17.

[7] Deu. 30.19.

[8] cap. 38.2, 17, 18.

[9] cap. 45.5.

[10] cap. 44.11. Amós 9.4.

[11] cap. 34.2, 22 e 38.18, 23 e 52.13.

[12] cap. 22.3. Zac. 7.9.

[13] Eze. 13.8. cap. 49.4.

[14] Pro. 1.31. Isa. 3.10, 11.

[15] II Chr. 36.19. cap. 52.13.

Prophecia contra a casa real de Judah.

Antes de Christo 609

22 Assim diz o Senhor: Desce á casa do rei de Judah, e falla ali esta palavra.

2 E dize: [1] Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judah, que te assentas no throno de David: tu, e os teus servos, e o teu povo, que entraes por estas portas.

3 Assim diz o Senhor: [2] Fazei juizo e justiça, e livrae o roubado da mão do oppressor; e não opprimaes ao estrangeiro, nem ao orphão, nem á viuva; não façaes violencia, nem derrameis sangue innocente n’este logar.

4 Porque, se devéras fizerdes esta palavra, [3] entrarão pelas portas d’esta casa os reis que se assentam no logar de David sobre o seu throno, em carros e montados em cavallos, elles, e os seus servos, e o seu povo.

5 Porém, se não derdes ouvidos a estas palavras, [4] por mim mesmo tenho jurado, diz o Senhor, que esta casa se tornará em assolação.

6 Porque assim diz o Senhor ácerca da casa do rei de Judah: Tu és para mim Gilead, e a altura do Libano: por certo que farei de ti um deserto e cidades deshabitadas.

7 Porque prepararei contra ti destruidores, cada um com as suas armas: [5] e cortarão os teus cedros escolhidos, e lançal-os-hão no fogo.

8 E muitas nações passarão por esta cidade, e dirá cada um ao seu companheiro: [6] Porque obrou o Senhor assim com esta grande cidade?

9 E dirão: [7] Porque deixaram o concerto do Senhor seu Deus, e se inclinaram diante de deuses alheios, e os serviram.

10 Não choreis o morto, [8] nem o lastimeis: chorae abundantemente aquelle que sae, porque nunca mais tornará, nem verá a terra onde nasceu.

11 Porque assim diz o Senhor [9] ácerca de Shallum, filho de Josias, rei de Judah, que reinava em logar de Josias seu pae, que saiu d’este logar: Nunca ali tornará mais.

12 Mas no logar para onde o levaram captivo ali morrerá, e nunca mais verá esta terra.

13 Ai d’aquelle [10] que edifica a sua casa com injustiça, e os seus aposentos sem razão, que se serve do serviço do seu proximo sem paga, e não lhe dá o salario do seu trabalho.

14 Que diz: Edificar-me-hei uma casa espaçosa, e aposentos largos: e lhe abre janellas, e está forrada de cedro, e pintada de vermelhão.

15 Porventura reinarás, porque te encerras em cedro? acaso teu pae não comeu e bebeu, e não usou de juizo e justiça? e então lhe succedeu bem.

16 Julgou a causa do afflicto e necessitado; então lhe succedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor.

17 Porém [11] os teus olhos e o teu coração não attentam senão para a tua avareza, e para o sangue innocente, para derramal-o, e para a oppressão, e para a violencia, para os levar a effeito.

18 Portanto assim diz o Senhor ácerca de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah: [12] Não lamentarão por elle, dizendo: Ai, irmão meu, ou, Ai, irmã minha! nem lamentarão por elle, dizendo: Ai, Senhor, ou, Ai, sua magestade!

19 Em sepultura de jumento será [13] sepultado, arrastando-o e lançando-o para bem longe, fóra das portas de Jerusalem.

20 Sobe ao Libano, e clama, e levanta a tua voz em Basan, e clama pelas passagens, que estão quebrantados os teus namorados.

21 Fallei comtigo na tua posteridade, porém tu disseste: Não ouvirei. [14] Este é o teu caminho, desde a tua mocidade, que nunca déste ouvidos á minha voz.

22 O vento apascentará a todos [15] os teus pastores, e os teus namorados irão para o captiveiro: certamente então te confundirás, e te envergonharás, por causa de toda a tua maldade.

23 Ó tu, que habitas no Libano e fazes o teu ninho nos cedros, [16] quão lastimada serás quando te vierem as dôres e os ais como da que está de parto!

24 Vivo eu, [17] diz o Senhor, que ainda[685] que Conias, filho de Joaquim, rei de Judah, fosse o annel do sello na minha mão direita, que d’ali te arrancaria.

25 E te entregarei [18] na mão dos que buscam a tua vida, e na mão d’aquelles diante de quem tu temes, a saber, na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e na mão dos chaldeos.

26 E lançar-te-hei, [19] a ti e á tua mãe que te pariu, a uma terra estranha, em que não nasceste, e ali morrereis.

27 E á terra, para a qual elles levantam a sua alma, para tornarem a ella, a ella não tornarão.

28 É pois porventura este homem Conias um vil idolo quebrantado? [20] ou um vaso de que ninguem se agrada? por que razão foram arremessados fóra, elle e a sua geração, e arrojados para uma terra que não conhecem?

29 Ó terra, [21] terra, terra! ouve a palavra do Senhor.

30 Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem está [ZQ] roubado de filhos, homem que não prosperará nos seus dias; porque não prosperará algum da sua geração, [22] que se assentar no throno de David, e que reinar mais em Judah.

[1] cap. 17.20.

[2] cap. 21.12.

[3] cap. 17.25.

[4] Heb. 6.13, 17.

[5] Isa. 37.24. cap. 21.14.

[6] Deu. 29.24, 25. I Reis 9.8, 9.

[7] II Reis 22.17. II Chr. 34.25.

[8] II Reis 22.20. ver. 11.

[9] I Chr. 3.15. II Reis 23.30. II Reis 23.34.

[10] Miq. 3.10. Hab. 2.9. Thi. 5.4.

[11] Eze. 19.6.

[12] I Reis 13.30.

[13] cap. 36.30.

[14] cap. 3.25 e 7.23, etc.

[15] cap. 23.1. ver. 20.

[16] cap. 6.24.

[17] II Reis 24.6, 8. I Chr. 3.16. cap. 37.1.

[18] cap. 34.20.

[19] II Reis 24.15. II Chr. 36.10.

[20] cap. 48.38. Ose. 8.8.

[21] Deu. 32.1. Isa. 1.2 e 34.1. Miq. 1.2.

[22] cap. 36.30.

23 Ai [1] dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.

2 Portanto assim diz o Senhor, o Deus d’Israel, ácerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes: [2] eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas acções, diz o Senhor.

3 E eu mesmo recolherei [3] o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus curraes; e fructificarão, e se multiplicarão.

4 E levantarei sobre ellas [4] pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, nem faltarão, diz o Senhor.

O Renovo de David.

5 Eis que [5] veem dias, diz o Senhor, em que levantarei a David um Renovo justo; e, sendo rei, reinará, e prosperará, e praticará o juizo e a justiça na terra.

6 Nos seus dias Judah será salvo, e Israel habitará seguro: e este será o seu nome, com que o nomearão: [6] O Senhor justiça nossa.

7 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, e nunca mais dirão: Vive o Senhor, que fez subir os filhos d’Israel da terra do Egypto;

8 Mas: Vive o Senhor, que fez subir, e que trouxe a geração da casa de Israel da terra do norte, [7] e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e habitarão na sua terra.

Contra os falsos prophetas.

9 Quanto aos prophetas, o meu coração está quebrantado dentro de mim mesmo, [8] todos os meus ossos tremem; sou como um homem bebado, e como um homem vencido de vinho, por causa do Senhor, e por causa das palavras da sua sanctidade.

10 Porque a terra [9] está cheia de adulteros, e a terra chora por causa da maldição: os pastos do deserto se seccam; porque a sua carreira é má, e a sua força não é recta.

11 Porque [10] o propheta, assim como o sacerdote, estão contaminados; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor.

12 Portanto [11] o seu caminho lhes será como uns escorregadouros na escuridão: serão repuxados, e cairão n’elle; [12] porque trarei sobre elles mal no anno da sua visitação, diz o Senhor.

13 Nos prophetas de Samaria bem vi eu loucura: [13] prophetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel.

14 Mas nos prophetas de Jerusalem vejo uma coisa horrenda: [14] commettem adulterios, e andam com falsidade, e esforçam as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; [15] teem-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorrah.

15 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos ácerca dos prophetas: Eis que lhes darei a comer alosna, [16] e os farei beber aguas de fel; porque dos prophetas de Jerusalem saiu a contaminação sobre toda a terra.

16 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Não deis ouvidos ás palavras dos prophetas, que vos prophetizam; fazem-vos esvaecer: [17] fallam a visão do seu coração, não da bocca do Senhor.

17 Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: [18] Paz[686] tereis; e a qualquer que anda segundo o proposito do seu coração, dizem: [19] Não virá mal sobre vós.

18 Porque, [20] quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? quem esteve attento á sua palavra, e ouviu?

19 Eis que saiu com [21] indignação a tempestade do Senhor; e uma tempestade penosa cairá cruelmente sobre a cabeça dos impios.

20 Não se desviará a [22] ira do Senhor, até que execute e cumpra os pensamentos do seu coração: [23] no fim dos dias entendereis isso claramente.

21 Não mandei [24] os prophetas, comtudo elles foram correndo: não lhes fallei a elles, comtudo elles prophetizaram.

22 Porém, [25] se estivessem no meu conselho, então fariam ouvir as minhas palavras ao meu povo, [26] e os fariam voltar do seu mau caminho, e da maldade das suas acções.

23 Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não tambem Deus de longe?

24 Esconder-se-hia [27] alguem em esconderijos, que eu não o veja? diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.

25 Tenho ouvido o que dizem aquelles prophetas, prophetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.

26 Até quando será isto? ha pois ainda sonho no coração dos prophetas que prophetizam mentiras? são, porém, prophetas do engano do seu coração;

27 Que cuidam que farão que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu companheiro, [28] assim como seus paes se esqueceram do meu nome por causa de Baal.

28 O propheta que tem um sonho conte o sonho; e aquelle em quem está a minha palavra, falle a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.

29 Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o Senhor, e como um martello que esmiuça a penha?

30 Portanto, [29] eis que eu sou contra os prophetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro.

31 Eis que eu sou contra os prophetas, diz o Senhor, que usam de sua lingua, e dizem: Assim o disse.

32 Eis que eu sou contra os que prophetizam sonhos falsos, diz o Senhor, e os contam, [30] e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; e eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não fizeram proveito nenhum a este povo, diz o Senhor.

33 Quando pois te perguntar este povo, ou qualquer propheta, ou sacerdote, [31] dizendo: Qual é a carga do Senhor? Então lhe dirás: Que carga? Que vos deixarei, diz o Senhor.

34 E, quanto ao propheta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser, Carga do Senhor, eu castigarei o tal homem e a sua casa.

35 Assim direis, cada um ao seu companheiro, e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? e que fallou o Senhor?

36 Mas nunca mais vos lembrareis da carga do Senhor; porque a cada um lhe servirá de carga a sua propria palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exercitos, o nosso Deus.

37 Assim dirás ao propheta: Que te respondeu o Senhor, e que fallou o Senhor?

38 Mas, porquanto dizeis: Carga do Senhor; portanto assim o diz o Senhor: Porquanto dizeis esta palavra: Carga do Senhor, havendo-vos ordenado, dizendo: Não direis: Carga do Senhor;

39 Por isso, [32] eis que tambem eu me esquecerei totalmente de vós, e a vós, e á cidade que vos dei a vós e a vossos paes, arrancarei da minha face.

40 E porei sobre vós [33] perpetuo opprobrio, e eterna vergonha, que não será esquecida.

[1] cap. 10 e 22.22. Eze. 34.

[2] Exo. 32.34.

[3] cap. 32.37. Eze. 34.13, etc.

[4] cap. 3.15. Eze. 34.23, etc.

[5] Isa. 4.2 e 40.10, 11. cap. 33.14, 15, 16.

[6] cap. 32.37. cap. 33.16.

[7] Isa. 43.5, 9. ver. 3.

[8] Hab. 3.16.

[9] cap. 9.2. Ose. 4.2, 3. cap. 9.10 e 12.4.

[10] cap. 6.13 e 8.10. Sof. 3.4. cap. 7.30 e 11.15 e 32.34. Eze. 23.39.

[11] Pro. 4.19. cap. 13.16.

[12] cap. 11.23.

[13] cap. 2.8.

[14] cap. 29.23. ver. 26.

[15] Deu. 32.32. Isa. 1.9, 10.

[16] cap. 8.14 e 9.15.

[17] cap. 14.14. ver. 21.

[18] cap. 6.14 e 8.11. Eze. 13.10.

[19] Miq. 3.11.

[20] Job 15.8. I Cor. 2.16.

[21] cap. 25.32 e 30.23.

[22] cap. 30.24.

[23] Gen. 49.1.

[24] cap. 14.14 e 27.15 e 29.9.

[25] ver. 18.

[26] cap. 25.5.

[27] Amós 9.2, 3.

[28] Jui. 3.7 e 8.33, 34.

[29] Deu. 18.20. cap. 14.14, 15.

[30] Sof. 3.4.

[31] Mal. 1.1.

[32] Ose. 4.6.

[33] cap. 20.11.

Mediante dois cestos de figos, o futuro do povo é revelado.

Antes de Christo 606

24 Fez-me o Senhor [1] ver, e eis aqui dois cestos de figos, postos diante do templo do Senhor, [2] depois que Nabucodonosor, rei de Babylonia, levou em captiveiro a Jechonias, filho de Joaquim, rei de Judah, e os principes de Judah, e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalem, e os trouxe a Babylonia.

2 Um cesto tinha figos muito bons, como os figos temporãos; porém o outro cesto tinha figos muito maus, que não se podiam comer, de maus que eram.

3 E disse-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias? E eu disse: Figos: os figos bons, muito bons, e os maus, muito[687] maus, que não se podem comer, de maus que são.

4 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim tambem conhecerei aos de Judah, levados em captiveiro; os quaes enviei d’este logar para a terra dos chaldeos, para o seu bem.

6 Porei os meus olhos [3] sobre elles, para o seu bem, e os voltarei a esta terra, e edifical-os-hei, e não os destruirei; e plantal-os-hei, e não os arrancarei.

7 E dar-lhes-hei coração [4] para que me conheçam, porque eu sou o Senhor; e ser-me-hão por povo, e eu lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de todo o seu coração.

8 E como [5] os figos maus, que se não podem comer, de maus que são (porque assim diz o Senhor), assim usarei com Zedekias, rei de Judah, e com os seus principes, e com o resto de Jerusalem, que ficou de resto n’esta terra, [6] e com os que habitam na terra do Egypto.

9 E entregal-os-hei para que sejam um terror, [7] para mal a todos os reinos da terra, para o opprobrio e por proverbio, e para escarneo, [8] e por maldição em todos os logares para onde os arrojei.

10 E enviarei entre elles a espada, a fome, e a peste, até que se consumam de sobre a terra que lhes dei a elles e a seus paes.

[1] Amós 7.1, 4 e 8.1.

[2] II Reis 24.12, etc. II Chr. 36.10. cap. 22.24, etc. e 29.2.

[3] cap. 12.15 e 32.41 e 33.7 e 42.10.

[4] Deu. 30.6. cap. 32.39. Eze. 11.19 e 36.26, 27. cap. 30.22 e 31.33 e 32.38. cap. 29.13.

[5] cap. 29.17.

[6] cap. 43 e 44.

[7] Deu. 28.25, 37. I Reis 9.7. I Chr. 7.20.

[8] cap. 29.18, 22.

Os setenta annos do captiveiro, e depois a ruina de Babylonia e das outras nações.

25 A palavra que veiu a Jeremias ácerca de todo o povo de Judah no anno quarto [1] de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah (que é o primeiro anno de Nabucodonozor, rei de Babylonia),

2 A qual fallou o propheta Jeremias a todo o povo de Judah, e a todos os habitantes de Jerusalem, dizendo:

3 Desde o [2] anno treze de Josias, filho de Ammon, rei de Judah, até este dia (que é o anno vinte e tres), veiu a mim a palavra do Senhor, [3] e vol-a fallei a vós, madrugando e fallando; porém não escutastes.

4 Tambem vos enviou o Senhor todos os seus servos, os prophetas, [4] madrugando e enviando-os (porém não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir),

5 Dizendo: [5] Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas acções, e habitae na terra que vos deu o Senhor, e a vossos paes, de seculo em seculo;

6 E não andeis após deuses alheios para os servirdes, e para vos inclinardes diante d’elles, nem me provoqueis á ira com a obra de vossas mãos, para que vos não faça mal.

7 Porém não me déstes ouvidos, diz o Senhor, [6] para me provocardes á ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.

8 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos: Porquanto não escutastes as minhas palavras,

9 Eis que eu enviarei, [7] e tomarei a todas as gerações do norte, diz o Senhor, [8] como tambem a Nabucodonozor, rei de Babylonia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e pôl-os-hei em espanto, [9] e em assobio, e em perpetuos desertos.

10 E farei perecer d’entre elles a voz de folguedo, [10] e a voz de alegria, a voz do esposo, e a voz da esposa, como tambem o som das mós, e a luz do candieiro.

11 E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto: e estas nações servirão ao rei de Babylonia setenta annos.

12 Será, porém, que, [11] quando se cumprirem os setenta annos, então visitarei sobre o rei de Babylonia, e sobre esta nação, diz o Senhor, a sua iniquidade, e sobre a terra dos chaldeos; [12] farei d’elles uns desertos perpetuos.

13 E trarei sobre esta terra todas as minhas palavras, que fallei contra ella, a saber, tudo quanto está escripto n’este livro, que prophetizou Jeremias contra todas estas nações.

14 Porque [13] tambem d’elles se servirão muitas nações e grandes reis: assim lhes pagarei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas mãos.

15 Porque assim me disse o Senhor, o[688] Deus d’Israel: [14] Toma da minha mão este copo do vinho do furor, e darás a beber d’elle a todas as nações, ás quaes eu te enviarei.

16 Para que bebam [15] e tremam, e enlouqueçam, por causa da espada, que eu enviarei entre elles.

17 E tomei o copo da mão do Senhor, e dei a beber a todas as nações, ás quaes o Senhor me tinha enviado:

18 A Jerusalem, e ás cidades de Judah, e aos seus reis, e aos seus principes, para fazer d’elles um deserto, [16] um espanto, um assobio, e uma maldição, como hoje se vê:

19 Como tambem a Pharaó, [17] rei do Egypto, e a seus servos, e a seus principes, e a todo o seu povo;

20 E a [18] toda a mistura de gente, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos philisteos, e a Asquelon, e a Gaza, e a Ecron, e ao resto de Asdod,

21 E [19] a Edom, e a Moab, e aos filhos d’Ammon;

22 E a todos os reis de [20] Tyro, e a todos os reis de Sidon; e aos reis das ilhas que estão d’alem do mar;

23 A Dedan, [21] e a Tema, e a Buz e a todos os que habitam nos ultimos [ZR] cantos da terra;

24 E a todos [22] os reis da Arabia, e todos os reis da mistura de gentes que habita no deserto;

25 E a todos os reis de Zimri, e a todos os reis d’Elam, [23] e a todos os reis da Media:

26 E a todos os reis do norte, os de perto, e os de longe, um com outro, e a todos os reinos da terra, [24] que estão sobre a face da terra, e o rei de Sheshach beberá depois d’elles.

27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: Bebei, [25] e embebedae-vos, e vomitae, e cahi, e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que eu enviarei entre vós.

28 E será que, se não quizerem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos Exercitos: Certamente bebereis.

29 Porque, [26] eis que na cidade que se chama pelo meu nome começo a castigar; e serieis vós totalmente innocentes? não sereis innocentes; [27] porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos Exercitos.

30 Tu pois lhes prophetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramará, [28] e dará a sua voz desde a morada da sua sanctidade: terrivelmente bramará contra a sua habitação, e com grito de alegria, como dos que pizam as uvas, contra todos os moradores da terra.

31 Chegará o estrondo até á extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, [29] entrará em juizo com toda a carne: os impios entregará á espada, diz o Senhor.

32 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que o mal sae de nação a nação, [30] e grande tormenta se levantará das ilhargas da terra.

33 E serão os mortos [31] do Senhor, n’aquelle dia, [32] desde uma extremidade da terra até á outra extremidade da terra: não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas estarão por esterco sobre a face da terra.

34 Uivae, [33] pastores, e clamae, e rebolae-vos na cinza, [ZS] honrados do rebanho, porque se cumpriram os vossos dias para vos matar, e eu vos quebrantarei, e vós então caireis como um vaso precioso.

35 E não haverá fugida para os pastores, nem salvamento para os honrados do rebanho.

36 Voz de grito dos pastores, e uivo dos honrados do rebanho; porque o Senhor destruiu o pasto d’elles.

37 Porque as suas malhadas pacificas serão desarraigadas, por causa do furor da ira do Senhor.

38 Desamparou a sua cabana, como o filho de leão; porque a sua terra foi posta em assolação, por causa do furor do oppressor, e por causa do furor da sua ira.

[1] cap. 36.1.

[2] cap. 1.2.

[3] cap. 7.13 e 11.7, 8, 10 e 13.10, 11 e 16.12.

[4] cap. 7.13, 25 e 26.5 e 29.19.

[5] II Reis 17.12. cap. 18.11 e 35.15. Jon. 3.8.

[6] Deu. 32.21. cap. 7.19 e 32.30.

[7] cap. 1.15.

[8] cap. 27.6 e 43.10.

[9] cap. 18.16.

[10] Isa. 24.7. cap. 7.34 e 16.9. Eze. 26.13. Ose. 2.11. Apo. 18.23.

[11] II Chr. 36.21, 22. cap. 29.10. Dan. 9.2.

[12] Isa. 13.19 e 14.23 e 21.1, etc. e 47.1. cap. 50.3, 13, 23, 39, 40, 45 e 51.25, 26.

[13] cap. 50.9 e 51.27, 28. cap. 50.41 e 51.27. cap. 50.29 e 51.6, 24.

[14] Job 21.20. Isa. 51.17. Apo. 14.10.

[15] cap. 51.7. Eze. 23.34. Nah. 3.11.

[16] ver. 9, 11. cap. 24.9.

[17] cap. 46.2, 25.

[18] ver. 24. cap. 47.1, 5, 7.

[19] cap. 49.7, etc. cap. 48.1 e 49.1.

[20] cap. 47.4 e 49.23.

[21] cap. 49.8.

[22] II Chr. 9.14. ver. 20. cap. 49.31.

[23] cap. 49.34.

[24] cap. 51.41.

[25] Hab. 2.16. Isa. 51.21 e 63.6.

[26] Pro. 11.31. cap. 49.12. Eze. 9.6. Abd. 16. I Ped. 4.17.

[27] Eze. 38.21.

[28] Isa. 42.13. Joel 3.16. Amós 1.2.

[29] Ose. 4.1. Miq. 6.2. Isa. 66.16. Joel 3.2.

[30] cap. 23.19 e 30.23.

[31] Isa. 66.16.

[32] cap. 16.4, 6. Apo. 11.9.

[33] cap. 4.8 e 6.26.

Jeremias prediz a ruina do templo e de Jerusalem; e corre perigo de morte.

Antes de Christo 609

26 No principio do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah, veiu esta palavra do Senhor, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: [1] Põe-te no atrio da casa do Senhor e falla a todas as cidades de Judah, que veem a adorar na casa do Senhor, todas as palavras que te mandei que lhes fallasses; [2] palavra nenhuma deixes:

[689]

3 Bem pode ser [3] que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho, [4] e eu me arrependa do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas acções.

4 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor: [5] Se-não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, a qual tenho posto diante de vós,

5 Para que ouvisseis as palavras dos meus servos, [6] os prophetas, que eu vos envio, madrugando e enviando, mas não ouvistes;

6 Então farei que esta casa [7] seja como Silo, e farei d’esta cidade uma maldição para todas as nações da terra.

7 E ouviram os sacerdotes, e os prophetas, e todo o povo, a Jeremias, fallando estas palavras na casa do Senhor.

8 E succedeu que, acabando Jeremias de dizer tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram n’elle os sacerdotes, e os prophetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás,

9 Porque prophetizaste no nome do Senhor, dizendo: Como Silo será esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que não haja morador n’ella. E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor.

10 E, ouvindo os principes de Judah estas palavras, subiram da casa do rei á casa do Senhor, e se assentaram á entrada da porta nova do Senhor.

11 Então fallaram os sacerdotes e os prophetas aos principes e a todo o povo, dizendo: [8] Este homem é réu de morte, porque prophetizou contra esta cidade, como o ouvistes com os vossos ouvidos.

12 E fallou Jeremias a todos os principes e todo o povo, dizendo: O Senhor me enviou a prophetizar contra esta casa, e contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes.

13 Agora, pois, [9] melhorae os vossos caminhos e as vossas acções, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, [10] e arrepender-se-ha o Senhor do mal que fallou contra vós.

14 Eu, porém, [11] eis que estou nas vossas mãos, fazei de mim conforme o que fôr bom e recto aos vossos olhos.

15 Porém sabei por certo que, se me matardes a mim, trareis sangue innocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes: porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, a fallar aos vossos ouvidos todas estas palavras.

16 Então disseram os principes, e todo o povo, aos sacerdotes e aos prophetas: Não é este homem réu de morte, porque em nome do Senhor, nosso Deus, nos fallou.

17 Tambem [12] se levantaram alguns homens d’entre os anciãos da terra, e fallaram a toda a congregação do povo, dizendo:

18 Micaias, [13] o morashita, prophetizou nos dias de Ezequias, rei de Judah, e fallou a todo o povo de Judah, dizendo: Assim disse o Senhor dos exercitos: [14] Sião será lavrada como um campo, e Jerusalem será montões de pedras, e o monte d’esta casa altos de matto.

19 Porventura logo o mataram, Ezequias, rei de Judah, e todo o Judah? [15] Porventura não temeu ao Senhor, e o não supplicou á face do Senhor? e o Senhor se arrependeu do mal que fallara contra elles: [16] e nós fazemos um grande mal contra as nossas almas.

20 Tambem houve um homem que prophetizava em nome do Senhor, a saber: Urias, filho de Semaia, de Kiriath-jearim, o qual prophetizou contra esta cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias.

21 E, ouvindo o rei Joaquim, e todos os seus valentes, e todos os principes, as suas palavras, procurou o rei matal-o; o que ouvindo Urias, temeu, e fugiu, e foi para o Egypto;

22 Porém o rei Joaquim enviou uns homens ao Egypto, a saber, Elnathan, filho de Achbor, e outros homens com elle ao Egypto,

23 Os quaes tiraram a Urias do Egypto, e o trouxeram ao rei Joaquim, que o feriu á espada, e lançou o seu cadaver nas sepulturas dos filhos do povo.

24 A mão [17] pois de Ahicam, filho de Saphan, foi com Jeremias, para que o não entregassem na mão do povo, para o matar.

[1] cap. 19.14.

[2] Eze. 3.10. Act. 20.27.

[3] cap. 36.3.

[4] cap. 18.8. Jon. 3.8, 9.

[5] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15.

[6] cap. 7.13, 25 e 11.7 e 25.3, 4.

[7] cap. 12.14 e 24.9.

[8] cap. 38.4.

[9] cap. 7.3.

[10] ver. 3, 19.

[11] cap. 38.5.

[12] Act. 5.34, etc.

[13] Miq. 1.1.

[14] Miq. 3.12.

[15] II Chr. 32.26.

[16] Act. 5.39.

[17] II Reis 22.12, 14. cap. 39.14.

Jeremias aconselha submissão ao rei de Babylonia.

Antes de Christo 598

27 No principio do reinado de Joaquim, [1] filho de Josias, rei de Judah, veiu esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo:

2 Assim me disse o Senhor: Faze umas prisões e jugos, [2] e pôl-os-has sobre o teu pescoço.

3 E envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moab, e ao rei dos filhos de Ammon, e ao rei de Tyro, e ao rei de Sidon, pela[690] mão dos mensageiros que veem a Jerusalem a ter com Zedekias, rei de Judah.

4 E lhes darás ordens, que digam aos seus senhores: Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: Assim direis a vossos senhores:

5 Eu fiz a terra, [3] o homem, e os animaes que estão sobre a face da terra, pela minha grande potencia, e com o meu braço estendido, e a dou áquelle que me agrada nos meus olhos.

6 E [4] agora eu dei todas estas terras na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, meu servo: e ainda até os animaes do campo lhe dei, para que o sirvam.

7 E todas [5] as nações o servirão a elle, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que tambem venha o tempo da sua propria terra: então muitas nações e grandes reis se servirão d’elle.

8 E será que a nação e o reino que o não servirem, a saber, a Nabucodonozor, rei de Babylonia, e que não pozerem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de Babylonia, com espada, e com fome, e com peste visitarei a tal nação, diz o Senhor, até que a consuma pela sua mão.

9 E vós não deis ouvidos aos vossos prophetas, e aos vossos adivinhos, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos fallam, dizendo: Não servireis ao rei de Babylonia.

10 Porque mentiras [6] vos prophetizam, para vos mandarem para longe da vossa terra, e eu vos lance d’ella, e vós pereçaes.

11 Porém a nação que metter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babylonia, e o servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor, e lavral-a-ha e habitará n’ella.

12 E [7] fallei com Zedekias, rei de Judah, conforme todas estas palavras, dizendo: Mettei os vossos pescoços no jugo do rei de Babylonia, e servi-o, a elle e ao seu povo, e vivereis.

13 Porque [8] morrerias tu e o teu povo, á espada, e á fome, e de peste, como o Senhor disse da gente que não servir ao rei de Babylonia?

14 E não deis ouvidos ás palavras dos prophetas, que vos fallam, dizendo: Não servireis ao rei de Babylonia: [9] porque vos prophetizam mentiras.

15 Porque não os enviei, diz o Senhor, e prophetizam no meu nome falsamente, para que eu vos lance fóra, e pereçaes, vós e os prophetas que vos prophetizam.

16 Tambem fallei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz o Senhor: [10] Não deis ouvidos ás palavras dos vossos prophetas, que vos prophetizam, dizendo: Eis que os vasos da casa do Senhor agora cedo voltarão de Babylonia, porque vos prophetizam mentiras.

17 Não lhes deis ouvidos, servi ao rei de Babylonia, e vivereis: porque se tornaria esta cidade em deserto?

18 Porém, se são prophetas, e se ha palavras do Senhor com elles, orem agora ao Senhor dos Exercitos, para que os vasos que ficaram de resto na casa do Senhor, e na casa do rei de Judah, e em Jerusalem não venham a Babylonia.

19 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos ácerca [11] das columnas, e do mar, e das bases, e do resto dos vasos que ficaram de resto na cidade,

20 Que Nabucodonozor, rei de Babylonia, não tomou, quando transportou de Jerusalem para Babylonia a Jechonias, [12] filho de Joaquim, rei de Judah, como tambem a todos os nobres de Jerusalem;

21 Assim pois diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, ácerca dos vasos que ficaram de resto na casa do Senhor, e na casa do rei de Judah, e em Jerusalem:

22 A Babylonia [13] serão levados, e ali ficarão até ao dia em que os visitarei, [14] diz o Senhor: então os farei subir, e os tornarei a trazer a este logar.

[1] ver. 3, 12, 20. cap. 28.1.

[2] cap. 28.10, 12. Eze. 4.1 e 24.3, etc.

[3] Isa. 45.12. Dan. 4.17, 22, 32.

[4] cap. 28.14. Eze. 29.18, 20. Dan. 2.38.

[5] II Chr. 36.20. cap. 25.21.

[6] ver. 14.

[7] cap. 28.1 e 38.17.

[8] Eze. 18.31.

[9] cap. 14.14 e 29.8, 9.

[10] II Chr. 36.7, 10. cap. 28.3. Dan. 1.

[11] II Reis 25.13, etc. cap. 52.17, 20, 21.

[12] II Reis 24.14, 15. cap. 24.1.

[13] II Reis 25.13. II Chr. 36.18.

[14] cap. 29.10 e 32.5.

A lucta de Jeremias com o falso propheta Hananias.

Antes de Christo 596

28 E succedeu [1] no mesmo anno, no principio do reinado de Zedekias, rei de Judah, no anno quarto, no mez quinto, que me fallou Hananias, filho de Azur, o propheta que era de Gibeon, na casa do Senhor, perante os olhos dos sacerdotes e de todo o povo, dizendo:

2 Assim falla o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, dizendo: [2] Eu quebrei o jugo do rei de Babylonia.

3 Depois [3] de passados dois annos completos, eu tornarei a trazer a este logar todos os vasos da casa do Senhor, que d’este logar tomou Nabucodonozor,[691] rei de Babylonia, e os levou a Babylonia.

4 Tambem a Jechonias, filho de Joaquim, rei de Judah, e a todos os do captiveiro de Judah, que entraram em Babylonia, eu tornarei a trazer a este logar, diz o Senhor: porque quebrarei o jugo do rei de Babylonia.

5 Então fallou Jeremias, o propheta, a Hananias, o propheta, aos olhos dos sacerdotes, e aos olhos de todo o povo que estava na casa do Senhor.

6 Disse pois Jeremias, [4] o propheta: Amen! assim faça o Senhor: o Senhor confirme as tuas palavras, com que prophetizaste, que torne a trazer os vasos da casa do Senhor, e todos os do captiveiro de Babylonia a este logar.

7 Porém ouve agora esta palavra, que eu fallo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:

8 Os prophetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, elles prophetizaram contra muitas terras, e contra grandes reinos, ácerca de guerra, e de mal, e de peste.

9 O propheta [5] que prophetizar de paz, cumprindo-se a palavra d’aquelle propheta, será conhecido o tal por aquelle a quem o Senhor na verdade enviou.

10 Então Hananias, o propheta, [6] tomou o jugo do pescoço do propheta Jeremias, e o quebrou.

11 E fallou Hananias aos olhos de todo o povo, dizendo: Assim diz o Senhor: [7] Assim quebrarei o jugo de Nabucodonozor, rei de Babylonia, depois de passados dois annos completos, de sobre o pescoço de todas as nações. E foi-se Jeremias, o propheta, seu caminho.

12 Mas veiu a palavra do Senhor a Jeremias, depois que Hananias, o propheta, quebrou o jugo de sobre o pescoço de Jeremias, o propheta, dizendo:

13 Vae, e falla a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste, mas em vez d’elles farás jugos de ferro.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: [8] Jugo de ferro puz sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonozor, rei de Babylonia, e servil-o-hão, [9] e até os animaes do campo lhe dei.

15 E disse Jeremias, o propheta, a Hananias, o propheta: Ouve agora, Hananias: Não te ouviu o Senhor, [10] porém tu fizeste a este povo confiar em mentiras.

16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este anno morrerás, [11] porque fallaste rebellião contra o Senhor.

17 E morreu Hananias, o propheta, no mesmo anno, no setimo mez.

[1] cap. 27.1.

[2] cap. 27.12.

[3] cap. 27.16.

[4] II Reis 1.36.

[5] Deu. 18.22.

[6] cap. 27.2.

[7] cap. 27.7.

[8] Deu. 28.48. cap. 27.7.

[9] cap. 27.6.

[10] cap. 29.31. Eze. 13.22.

[11] Deu. 13.5. cap. 29.32.

A carta de Jeremias aos captivos de Babylonia.

Antes de Christo 599

29 E estas são as palavras da carta que Jeremias, o propheta, enviou de Jerusalem, ao resto do captiveiro dos anciãos, como tambem aos sacerdotes, e aos prophetas, e a todo o povo que Nabucodonozor havia transportado de Jerusalem a Babylonia;

2 Depois que [1] sairam o rei Jechonias, e a rainha, e os eunuchos, e os principes de Judah e Jerusalem, e os carpinteiros e ferreiros de Jerusalem,

3 Pela mão de Elasa, filho de Saphan, e de Gemarias, filho de Hilkias, os quaes enviou Zedekias, rei de Judah, a Babylonia, a Nabucodonozor, rei de Babylonia, dizendo:

4 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, a todos os que foram transportados, os quaes fiz transportar de Jerusalem para Babylonia:

5 Edificae casas [2] e habitae n’ellas; e plantae jardins, e comei o seu fructo.

6 Tomae mulheres e gerae filhos e filhas, e tomae mulheres para vossos filhos, e dae vossas filhas a maridos, e parirão filhos e filhas; e multiplicae-vos ali, e não vos diminuaes.

7 E procurae a paz da cidade, para onde vos fiz transportar, [3] e orae por ella ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel: Não vos enganem os vossos prophetas que estão no meio de vós, [4] nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhaes:

9 Porque elles [5] vos prophetizam falsamente no meu nome: não os enviei, diz o Senhor.

10 Porque assim diz o Senhor: [6] Certamente que em se cumprindo setenta annos em Babylonia, vos visitarei, e continuarei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este logar.

11 Porque eu bem sei os pensamentos que eu penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperaes.

12 Então me invocareis, [7] e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.

[692]

13 E buscar-me-heis, [8] e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.

14 E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei tornar os vossos captivos, e congregar-vos-hei de todas as nações, e de todos os logares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao logar d’onde vos transportei.

15 Porque dizeis: O Senhor nos levantou prophetas em Babylonia.

16 Porque assim diz o Senhor ácerca do rei que se assenta no throno de David; e ácerca de todo o povo que habita n’esta cidade, a saber, de vossos irmãos, que não sairam comvosco para o captiveiro;

17 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [9] Eis que enviarei entre elles a espada, a fome e a peste, e fal-os-hei como a figos podres, que não se podem comer, de maus que são.

18 E perseguil-os-hei com a espada, com a fome, e com a peste; [10] dal-os-hei para servirem de commoção a todos os reinos da terra, como tambem por maldição, e por espanto, e por assobio, e por opprobrio entre todas as nações para onde os lançar;

19 Porquanto não deram ouvidos ás minhas palavras, diz o Senhor, enviando-lhes eu os meus servos, [11] os prophetas, madrugando e enviando; porém vós não escutastes, diz o Senhor.

20 Vós, pois, ouvi a palavra do Senhor, todos os do captiveiro que enviei de Jerusalem a Babylonia.

21 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, ácerca de Ahab, filho de Colaias, e de Zedekias, filho de Maaseias, que vos prophetizam falsamente no meu nome: Eis que os entregarei na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e elle os ferirá diante dos vossos olhos.

22 E tomarão [12] d’elles uma maldição todos os transportados de Judah, que estão em Babylonia, dizendo: [13] O Senhor te faça como Zedekias, e como Ahab, os quaes o rei de Babylonia assou no fogo;

23 Porquanto fizeram loucura em Israel, e commetteram adulterio com as mulheres de seus companheiros, e fallaram uma palavra no meu nome falsamente, que não lhes mandei, e eu o sei e sou testemunha d’isso, diz o Senhor.

24 E a Shemaias, o nehelamita, fallarás, dizendo:

25 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus d’Israel, dizendo: Porquanto tu enviaste no teu nome cartas a todo o povo que está em Jerusalem, [14] como tambem a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, e a todos os sacerdotes, dizendo:

26 O Senhor te poz por sacerdote em logar de Joiada, o sacerdote, [15] para que sejaes encarregados da casa do Senhor sobre todo o homem furioso, e que prophetiza, para o lançares na prisão e no tronco.

27 Agora, pois, porque não reprehendeste a Jeremias, o anathotita, que prophetiza vos?

28 Porque por isso nos mandou a nós a Babylonia, dizendo: Ainda o captiveiro muito ha de durar; [16] edificae casas, e habitae n’ellas; e plantae jardins, e comei o seu fructo.

29 E lera Sofonias, o sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o propheta.

30 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

31 Manda a todos os do captiveiro, dizendo: Assim diz o Senhor ácerca de Semaias, o nehelamita: Porquanto Semaias vos prophetizou, [17] e eu não o enviei, e vos fez confiar em mentiras,

32 Portanto assim diz o Senhor: Eis que visitarei a Semaias, o nehelamita, e a sua semente: elle não terá ninguem que habite entre este povo, e não verá o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, [18] porquanto fallou rebellião contra o Senhor.

[1] cap. 28.4.

[2] ver. 28.

[3] Esd. 6.10.

[4] cap. 14.14 e 27.14, 15. Eph. 5.6.

[5] ver. 31.

[6] II Chr. 36.21, 22. Esd. 1.1. cap. 25.12 e 27.22. Dan. 9.2.

[7] Dan. 9.3, etc.

[8] cap. 24.7.

[9] cap. 24.10.

[10] II Chr. 29.8. cap. 15.4 e 24.9 e 34.17.

[11] cap. 25.4 e 32.33.

[12] Gen. 48.20.

[13] Dan. 3.6.

[14] II Reis 25.18. cap. 21.1.

[15] cap. 20.1. II Reis 9.11. Act. 26.24. cap. 20.2.

[16] ver. 5.

[17] cap. 28.15.

[18] cap. 28.16.

Deus promette trazer do captiveiro o seu povo.

30 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel, dizendo: Escreve n’um livro todas as palavras que te tenho fallado.

3 Porque eis que dias veem, diz o Senhor, [1] em que farei tornar o captiveiro do meu povo Israel e Judah, diz o Senhor; e tornal-os-hei a trazer á terra que dei a seus paes, e a possuirão.

4 E estas são as palavras que fallou o Senhor, ácerca de Israel e de Judah.

5 Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de temor: temor ha, porém não paz.

6 Perguntae, pois, e olhae, se o varão pare. Porque pois vejo a cada homem com as mãos sobre os lombos [2] como a que está parindo? e porque se teem tornado todos os rostos em amarellidão?

7 Ah! [3] porque aquelle dia é tão[693] grande, que não houve outro similhante! e é tempo de angustia para Jacob: porém será livrado d’ella.

8 Porque será n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, que eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço, e quebrarei as tuas ataduras; e nunca mais se servirão d’elle os estranhos.

9 Mas servirão ao Senhor, seu Deus, [4] como tambem a David, seu rei, que lhes levantarei.

10 Não temas [5] pois tu, servo meu Jacob, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei de terras de longe, [6] como tambem á tua semente da terra do seu captiveiro; e Jacob tornará, e descançará, e ficará em socego, e não haverá quem o atemorize.

11 Porque eu sou comtigo, diz o Senhor, para te livrar; [7] porquanto farei consummação de todas as nações entre as quaes te espalhei; porém de ti não farei consummação, [8] mas castigar-te-hei com medida, e de todo não te terei por innocente.

12 Porque assim diz o Senhor: [9] Teu quebrantamento é mortal; a tua chaga é dolorosa.

13 Não ha quem julgue a tua causa para ligal-a; [10] não tens remedios que possam curar.

14 Todos [11] os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; [12] porque te feri de ferida de inimigo, e de castigo do cruel, [13] pela grandeza da tua maldade e multidão de teus peccados.

15 Porque gritas [14] por causa de teu quebrantamento? tua dôr é mortal. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus peccados, eu fiz estas coisas.

16 Pelo que todos os que te devoram [15] serão devorados; e todos os teus adversarios, todos irão em captiveiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque.

17 Porque [16] te restaurarei a saude, e te sararei das tuas chagas, diz o Senhor; porquanto te chamam a engeitada. Sião é, dizem, não ha quem pergunte por ella.

18 Assim diz o Senhor: [17] Eis que tornarei a trazer o captiveiro das tendas de Jacob, e apiedar-me-hei das suas moradas; e a cidade será reedificada sobre o seu montão, e o palacio estará posto como costuma.

19 E sairá [18] d’elles o louvor e a voz de jubilo; e multiplical-os-hei, [19] e não serão diminuidos, e glorifical-os-hei, e não serão acanhados.

20 E seus filhos [20] serão como da antiguidade, e a sua congregação será confirmada perante o meu rosto; e farei visitação sobre todos os seus oppressores.

21 E o seu principe será d’elles; e o seu governador sairá do meio d’elle, e o farei approximar, e elle se chegará a mim; porque quem será aquelle que empenhe o seu coração para se chegar a mim? diz o Senhor.

22 E ser-me-heis [21] por povo, e eu vos serei por Deus.

23 Eis que [22] a tormenta do Senhor, a sua indignação, saiu, uma tormenta varredeira: cairá cruelmente sobre a cabeça dos impios.

24 Não voltará atraz o furor da ira do Senhor, até que tenha executado, e até que tenha cumprido os designios do seu coração: [23] no fim dos dias entendereis isto.

[1] ver. 18. cap. 32.44. Eze. 39.25. Amós 9.14, 15.

[2] cap. 4.31 e 6.24.

[3] Joel 2.11, 31. Amós 5.18. Sof. 1.14, etc.

[4] Isa. 55.3, 4. Eze. 34.23 e 37.24. Ose. 3.5. Luc. 1.69.

[5] Isa. 41.13 e 43.5 e 44.2. cap. 46.27, 28.

[6] cap. 3.18.

[7] Amós 9.8. cap. 4.27.

[8] cap. 10.24 e 46.28.

[9] II Chr. 36.16. cap. 15.18.

[10] cap. 8.22.

[11] Lam. 1.2.

[12] Job 13.24 e 19.11. Job 30.21.

[13] cap. 5.6.

[14] cap. 15.18.

[15] Isa. 33.1 e 41.11. cap. 10.25.

[16] cap. 33.6.

[17] ver. 3. cap. 33.7, 11.

[18] Isa. 35.10 e 51.11. cap. 31.4, 12, 13 e 33.10, 11.

[19] Zac. 10.8.

[20] Isa. 1.26.

[21] cap. 24.7 e 31.33 e 32.38. Eze. 11.20 e 36.28 e 37.27.

[22] cap. 23.19, 20 e 5.32.

[23] Gen. 49.1.

31 N’aquelle [1] tempo, diz o Senhor, serei por Deus a todas as gerações de Israel, e ellas me serão a mim por povo.

Antes de Christo 606

2 Assim diz o Senhor: O povo dos que escaparam da espada achou graça no deserto; a saber, Israel, quando fui leval-o a descançar.

3 Ha muito que o Senhor me appareceu, dizendo: [2] Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benevolencia te attrahi.

4 Ainda [3] te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! ainda serás adornada com os teus adufes, e sairás com o coro dos que dançam.

5 Ainda [4] plantarás vinhas nos montes de Samaria: os plantadores as plantarão e gozarão dos fructos.

6 Porque haverá um dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Ephraim: Levantae-vos, [5] e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus.

7 Porque assim diz o Senhor: [6] Cantae sobre Jacob com alegria, e exultae por causa do Cabeça das gentes: fazei-o ouvir, cantae louvores, e dizei: Salva, Senhor, ao teu povo, o resto de Israel.

8 Eis que os trarei da terra [7] do norte,[694] e os congregarei das extremidades da terra; entre os quaes haverá cegos e aleijados, gravidas e as de parto juntamente: com grande congregação voltarão para aqui.

9 Virão com [8] choro, e com supplicas os levarei; guial-os-hei aos ribeiros de aguas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, [9] porque sou a Israel por pae, e Ephraim é o meu primogenito.

10 Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e annunciae-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquelle que espalhou a Israel [10] o congregará e o guardará, como o pastor o seu rebanho.

11 Porque [11] o Senhor resgatou a Jacob, e o livrou da mão do mais forte do que elle.

12 Assim que virão, [12] e exultarão na altura de Sião, e correrão aos bens do Senhor, ao trigo, e ao mosto, e ao azeite, e aos cordeiros e bezerros; [13] e a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais andarão tristes.

13 Então a virgem se alegrará na dança, como tambem os mancebos e os velhos juntamente; e tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e os alegrarei na tristeza.

14 E saciarei a alma dos sacerdotes com gordura, e o meu povo se fartará dos meus bens, diz o Senhor.

15 Assim diz o Senhor: [14] Uma voz se ouviu em Rama, lamentação, choro amargo: Rachel chora seus filhos; não quer ser consolada quanto a seus filhos, porque não são.

16 Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lagrimas de teus olhos: porque ha galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, [15] pois voltarão da terra do inimigo.

17 E ha esperanças no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos.

18 Bem ouvi eu que Ephraim se queixava, dizendo: Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado: [16] converte-me, e converter-me-hei, porque tu és o Senhor meu Deus.

19 Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e depois que me dei a conhecer a mim mesmo, bati na côxa: fiquei confuso, e tambem me envergonhei; porque levei o opprobrio da minha mocidade.

20 Não é Ephraim para mim um filho precioso? creança das minhas delicias? porque depois que fallei contra elle, ainda me lembrei d’elle cuidadosamente; [17] por isso se commoveram por elle as minhas entranhas: [18] devéras me compadecerei d’elle, diz o Senhor.

21 Levanta para ti signaes, põe para ti pyramides, applica o teu coração á vereda, ao caminho por onde andaste: volta pois, ó virgem de Israel, volta a estas tuas cidades.

22 Até quando andarás [19] vagabunda, ó filha rebelde; porque o Senhor creou uma nova coisa sobre a nova terra: uma mulher cercará a um varão.

23 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Ainda dirão esta palavra na terra de Judah, e nas suas cidades, quando eu tornar o seu captiveiro: [20] O Senhor te abençõe, ó morada de justiça, ó monte de sanctidade!

24 E n’ella habitarão Judah, [21] e todas as suas cidades juntamente; como tambem os lavradores e os que estão com o rebanho.

25 Porque reguei a alma cançada, e toda a alma entristecida saciei.

26 Sobre isto despertei, e olhei, e o meu somno foi doce para mim.

27 Eis que dias veem, diz o Senhor, [22] quando semear a casa de Israel, e a casa de Judah, com a semente de homens, e com a semente de animaes.

28 E será que, [23] como velei sobre elles, para arrancar, e para derribar, e para transtornar, e para destruir, e para affligir, [24] assim velarei sobre elles, para edificar e para plantar, diz o Senhor.

29 N’aquelles dias [25] nunca mais dirão: Os paes comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram.

30 Mas [26] cada um morrerá pela sua iniquidade: de todo o homem que comer as uvas verdes os dentes se embotarão.

31 Eis que dias [27] veem, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judah.

32 Não conforme o concerto que fiz com seus paes, [28] no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egypto; porque elles invalidaram o meu concerto, ainda que me desposei com elles, diz o Senhor.

33 Mas [29] este é o concerto que farei com a casa de Israel depois d’aquelles dias, diz o Senhor: [30] Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no[695] seu coração; e lhes serei a elles por Deus e elles me serão a mim por povo.

34 E não ensinará alguem mais a seu proximo, nem alguem a seu irmão, dizendo: [31] Conhecei ao Senhor: porque todos me conhecerão, desde o mais pequeno d’elles até ao maior d’elles, diz o Senhor: [32] porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus peccados.

35 Assim diz o Senhor, [33] que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrellas para luz da noite, [34] que fende o mar, e as suas ondas bramem; o Senhor dos Exercitos é o seu nome.

36 Se se desviarem [35] estas ordenanças de diante de mim, diz o Senhor, cessará tambem a semente de Israel de ser uma nação diante de mim todos os dias.

37 Assim disse o Senhor: [36] Se poderem ser medidos os céus para cima, e sondarem-se os fundamentos da terra para baixo, tambem eu rejeitarei toda a semente de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o Senhor.

38 Eis que dias veem, diz o Senhor, em que esta cidade será reedificada para o Senhor, desde a torre de Hanameel até á porta da esquina.

39 E o nivel de medir [37] sairá tambem adiante, defronte d’elle, até ao outeiro de Gareb, e virar-se-ha para Goah.

40 E todo o valle dos cadaveres e da cinza, e todos os campos até ao ribeiro de Cedron, [38] até á esquina da porta dos cavallos para o oriente, serão consagrados ao Senhor; não se arrancará nem se derribará mais eternamente.

[1] cap. 30.22.

[2] Mal. 1.2. Rom. 11.28, 29. Ose. 11.4.

[3] Jui. 11.34.

[4] Isa. 65.21. Amós 9.14.

[5] Isa. 2.3. Miq. 4.2.

[6] Isa. 12.5, 6.

[7] cap. 3.12, 18 e 23.8.

[8] cap. 50.4. Isa. 35.8 e 43.19.

[9] Exo. 4.22.

[10] Isa. 40.11. Eze. 34.22, 13, 14.

[11] Isa. 44.23 e 48.20. Isa. 49.24, 25.

[12] Eze. 17.23 e 20.40. Ose. 3.5.

[13] Isa. 58.11. Isa. 35.10 e 65.19. Apo. 21.4.

[14] Mat. 2.17, 18.

[15] Ose. 1.11.

[16] Lam. 5.21.

[17] Isa. 63.15.

[18] Ose. 14.4.

[19] cap. 3.6, 8, 11, 12, 14, 22.

[20] Isa. 1.26. Zac. 8.3.

[21] cap. 33.12, 13.

[22] Eze. 36.9, 10, 11. Ose. 2.23. Zac. 10.9.

[23] cap. 44.27. cap. 1.10 e 18.7.

[24] cap. 24.6.

[25] Eze. 18.2, 3.

[26] Gal. 6.5, 7.

[27] Heb. 8.8, 12 e 10.16, 17.

[28] Deu. 1.31.

[29] cap. 32.40.

[30] Eze. 11.19, 20 e 36.26, 27. II Cor. 3.3.

[31] Isa. 54.13. João 6.45. I Cor. 2.10.

[32] cap. 33.8 e 50.20. Miq. 7.18. Act. 10.43 e 13.39. Rom. 11.27.

[33] Gen. 1.16.

[34] Isa. 51.15. cap. 10.16 e 33.20.

[35] cap. 33.22.

[36] Neh. 3.1. Zac. 14.10.

[37] Zac. 2.1.

[38] II Chr. 23.15. Neh. 3.28.

A promessa e o signal da restauração de Israel e de bençãos espirituaes.

Antes de Christo 590

32 A palavra que veiu a Jeremias da parte do Senhor, [1] no anno decimo de Zedekias, rei de Judah; este anno foi o anno dezoito de Nabucodonozor.

2 (Cercava, porém, então o exercito do rei de Babylonia a Jerusalem; [2] e Jeremias, o propheta, estava encerrado no pateo da guarda que estava na casa do rei de Judah;

3 Porque Zedekias, rei de Judah, o tinha encerrado, dizendo: Porque prophetizas tu, dizendo: Assim diz o Senhor: [3] Eis que entrego esta cidade na mão do rei de Babylonia, e elle a tomará;

4 E Zedekias, rei de Judah, [4] não escapará das mãos dos chaldeos; mas certamente será entregue na mão do rei de Babylonia, e com elle fallará bocca a bocca, e os seus olhos verão os d’elle;

5 E levará Zedekias para Babylonia, e ali estará, [5] até que eu visite, diz o Senhor, e, ainda que pelejeis contra os chaldeos, não ganhareis?)

6 Disse pois Jeremias: Veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

7 Eis que Hanameel, filho de Sallum, teu tio, virá a ti, dizendo: Compra para ti a minha herdade que está em Anathot, [6] pois tens o direito de resgate para compral-a.

8 Veiu pois a mim Hanameel, filho de meu tio, segundo a palavra do Senhor, ao pateo da guarda, e me disse: Compra agora a minha herdade que está em Anathot, que está na terra de Benjamin; porque tens o direito hereditario, e tens o resgate; compra-a para ti. Então entendi que isto era a palavra do Senhor.

9 Comprei pois a herdade de Hanameel, filho de meu tio, a qual está em Anathot; [7] e pesei-lhe o dinheiro, dezesete siclos de prata.

10 E subscrevi o auto, e sellei-o, e o fiz testificar por testemunhas: e pesei-lhe o dinheiro n’uma balança.

11 E tomei o auto da compra, tanto o sellado, conforme o mandado e os estatutos, como o aberto.

12 E dei o auto da compra a Baruch, [8] filho de Nerias, filho de Maaseias, perante os olhos de Hanameel, filho de meu tio, [9] e perante os olhos das testemunhas, que subscreveram o conhecimento da compra, e perante os olhos de todos os judeos que se assentavam no pateo da guarda.

13 E dei ordem a Baruch, perante os olhos d’elles, dizendo:

14 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Toma estes autos, este auto de compra, tanto o sellado, como o aberto, e mette-os n’um vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias,

15 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: [10] Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas n’esta terra.

[696]

16 E depois que dei o auto da compra a Baruch, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo:

17 Ah Senhor Jehovah! [11] eis que tu fizeste os céus e a terra com a tua grande potencia, e com o teu braço estendido: [12] não te é maravilhosa coisa alguma:

18 Que usas [13] de benignidade com milhares, e rendes a maldade dos paes no seio dos filhos depois d’elles: o grande, [14] o poderoso Deus cujo nome é o Senhor dos Exercitos:

19 Grande [15] em conselho, e magnifico em feito; porque os teus olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, [16] para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fructo das suas obras:

20 Que pozeste signaes e maravilhas na terra do Egypto até ao dia de hoje, tanto em Israel, como entre os outros homens, e te fizeste um nome, [17] qual tu tens n’este dia.

21 E tiraste [18] o teu povo Israel da terra do Egypto, com signaes e com maravilhas, e com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto,

22 E lhes déste esta terra, [19] que juraste a seus paes que lhes havias de dar: terra que mana leite e mel.

23 E entraram n’ella, e a possuiram, [20] porém não obedeceram á tua voz, nem andaram na tua lei; tudo o que lhes mandaste que fizessem, elles não o fizeram; pelo que fizeste que lhes succedesse todo este mal.

24 Eis aqui os vallados! vieram contra a cidade para tomal-a, [21] e a cidade está dada na mão dos chaldeos, que pelejam contra ella, por causa da espada, e da fome, e da pestilencia; e o que fallaste se fez, e eis aqui o estás presenciando.

25 Comtudo tu me disseste, Senhor Jehovah: Compra para ti o campo por dinheiro, e faze que o testifiquem testemunhas, [22] posto que a cidade esteja dada na mão dos chaldeos.

26 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

27 Eis que eu sou o Senhor [23] Deus de toda a carne: porventura ser-me-hia coisa alguma maravilhosa?

28 Portanto assim diz o Senhor: [24] Eis que eu entrego esta cidade na mão dos chaldeos, e na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e tomal-a-ha.

29 E os chaldeos, que pelejam contra esta cidade, entrarão n’ella, porão fogo a esta cidade, [25] e queimarão juntamente as casas sobre cujos terraços queimarão incenso a Baal e offerecerão libações a outros deuses, para me provocarem á ira.

30 Porque os filhos de Israel e os filhos de Judah não [26] fizeram senão mal aos meus olhos, desde a sua mocidade; porque os filhos de Israel sómente me provocaram á ira com as obras das suas mãos, diz o Senhor.

31 Porque para a minha ira e para o meu furor me foi esta cidade, desde o dia em que a edificaram, e até ao dia de hoje, [27] para que a tirasse da minha face;

32 Por toda a maldade dos filhos de Israel, e dos filhos de Judah, que fizeram, para me provocarem á ira, assim elle como os seus reis, [28] os seus principes, os seus sacerdotes, e os seus prophetas, como tambem os homens de Judah e os moradores de Jerusalem.

33 E me viraram as costas, e não o rosto: ainda que eu os ensinava, madrugando e ensinando-os, comtudo elles não ouviram, para receberem o ensino.

34 Antes pozeram [29] as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.

35 E edificaram os altos de Baal, que estão no valle do filho de Hinnom, [30] para fazerem que seus filhos e suas filhas passassem pelo fogo a Moloch; o que nunca lhes ordenei, nem subiu ao meu coração, que fizessem tal abominação; para fazerem peccar a Judah.

36 E por isso agora assim diz o Senhor o Deus de Israel, ácerca d’esta cidade, da qual vós dizeis: [31] está dada na mão do rei de Babylonia, á espada, e á fome, e á pestilencia:

37 Eis que eu [32] os congregarei de todas as terras, para onde os houver lançado na minha ira, e no meu furor, e na minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este logar, [33] e farei que habitem n’elle seguramente.

38 E me serão [34] por povo, e eu lhes serei por Deus.

39 E lhes darei um mesmo [35] coração, e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem, e de seus filhos, depois d’elles.

[697]

40 E farei [36] com elles um concerto eterno, que não tornarei de após elles, para fazer-lhes bem; [37] e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.

41 E alegrar-me-hei [38] d’elles, fazendo-lhes bem; e os plantarei n’esta terra certamente, com todo o meu coração e com toda a minha alma.

42 Porque assim diz o Senhor: [39] Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre elle todo o bem que eu fallo a respeito d’elle.

43 E comprar-se-hão [40] campos n’esta terra, da qual vós dizeis: está tão deserta, que não ha n’ella nem homem nem animal; está dada na mão dos chaldeos.

44 Comprarão campos por dinheiro, e subscreverão os autos, e os sellarão, [41] e farão que testifiquem testemunhas na terra de Benjamin, e nos contornos de Jerusalem, e nas cidades de Judah, e nas cidades das montanhas, e nas cidades das planicies, e nas cidades do sul; [42] porque os farei voltar do seu captiveiro, diz o Senhor.

[1] II Reis 25.1, 2. cap. 39.1.

[2] Neh. 3.25. cap. 33.1 e 37.21 e 39.14.

[3] cap. 34.2.

[4] cap. 34.3 e 38.18, 23 e 39.5 e 52.9.

[5] cap. 27.22. cap. 21.4 e 33.5.

[6] Lev. 25.24, 25, 32. Ruth 4.4.

[7] Gen. 23.16. Zac. 11.12.

[8] cap. 36.4.

[9] Isa. 8.2.

[10] ver. 37, 43.

[11] II Reis 19.15.

[12] Gen. 18.14. ver. 27. Luc. 1.37.

[13] Exo. 20.6 e 34.7. Deu. 5.9, 10.

[14] Isa. 9.6. cap. 10.16.

[15] Isa. 28.29. Job 34.21. Pro. 5.21.

[16] cap. 17.10.

[17] Exo. 9.16. Isa. 63.12. Dan. 9.15.

[18] Exo. 6.6. II Sam. 7.23. I Chr. 17.21.

[19] Exo. 3.8, 17. cap. 11.5.

[20] Neh. 9.26. cap. 11.8. Dan. 9.10, 44.

[21] ver. 25, 36. cap. 14.12.

[22] ver. 24.

[23] Num. 16.22. ver. 17.

[24] ver. 3.

[25] cap. 21.10 e 37.8, 10. cap. 19.13.

[26] cap. 22.21. Eze. 20.28.

[27] II Reis 23.27 e 24.3.

[28] Isa. 1.4, 6. Dan. 9.8.

[29] cap. 7.30, 31 e 23.11. Eze. 8.5, 6.

[30] cap. 7.31 e 19.5. Lev. 18.21.

[31] ver. 24.

[32] Deu. 30.3. cap. 23.3.

[33] cap. 23.6 e 33.16.

[34] cap. 24.7 e 30.22 e 31.33.

[35] cap. 24.7. Eze. 11.19, 20.

[36] Isa. 55.3. cap. 31.31.

[37] cap. 31.39.

[38] Sof. 3.17. cap. 24.6 e 31.28. Amós 9.15.

[39] cap. 31.28.

[40] ver. 15. cap. 33.10.

[41] cap. 17.26.

[42] cap. 33.3, 11, 26.

33 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, segunda vez, estando elle ainda [1] encerrado no pateo da guarda, dizendo:

2 Assim diz o Senhor que o faz, o Senhor [2] que forma isto, para o confirmar; [3] o Senhor é o seu nome.

3 Clama a mim, e responder-te-hei, e annunciar-te-hei coisas grandes e firmes que não sabes.

4 Porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel, das casas d’esta cidade, e das casas dos reis de Judah, [4] que foram derribadas com os trabucos e á espada.

5 Bem entraram a pelejar [5] contra os chaldeos, mas isso é para os encher de cadaveres de homens, que feri na minha ira e no meu furor: porquanto escondi o meu rosto d’esta cidade, por causa de toda a sua maldade.

6 Eis que [6] eu farei subir sobre ella saude e cura, e os sararei; e lhes manifestarei abundancia de paz e de verdade.

7 E tornarei [7] o captiveiro de Judah e o captiveiro de Israel, [8] e os edificarei como ao principio.

8 E os purificarei [9] de toda a sua maldade com que peccaram contra mim; e perdoarei todas as suas maldades, com que peccaram contra mim, e com que transgrediram contra mim.

9 E [10] servir-me-ha de nome de alegria, de louvor, e [ZT] de ornamento, entre todas as nações da terra, que ouvirem todo o bem que eu lhes faço; e [11] espantar-se-hão e perturbar-se-hão por causa de todo o bem, e por causa de toda a paz que eu lhes dou.

10 Assim diz o Senhor: N’este logar (de que vós dizeis que está deserto, [12] e não ha n’elle nem homem nem animal) nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem, que tão assoladas estão, que não ha n’ellas nem homem, nem morador, nem animal, ainda se ouvirá.

11 A voz [13] de gozo, e a voz d’alegria, a voz de noivo e a voz de esposa, e a voz dos que dizem: [14] Louvae ao Senhor dos Exercitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura perpetuamente; como tambem dos que trazem louvor á casa do Senhor; [15] porque tornarei o captiveiro da terra como ao principio, diz o Senhor.

12 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [16] Ainda n’este logar, que está tão deserto, que não ha n’elle nem homem, nem ainda animal, e em todas as suas cidades, haverá uma morada de pastores, que façam repousar o gado.

13 Nas cidades [17] das montanhas, nas cidades das planicies, e nas cidades do sul, e na terra de Benjamin, e nos contornos de Jerusalem, e nas cidades de Judah, [18] ainda passará o gado pelas mãos dos contadores, diz o Senhor.

14 Eis que [19] veem dias, diz o Senhor, em que cumprirei a palavra boa que fallei á casa de Israel e sob a casa de Judah.

15 N’aquelles dias e n’aquelle tempo farei brotar a David um Renovo de justiça, [20] e fará juizo e justiça na terra.

16 N’aquelles dias [21] Judah será salvo e Jerusalem habitará seguramente: e este é o nome que lhe chamarão a elle, o Senhor justiça nossa.

17 Porque assim diz o Senhor: Nunca faltará a David varão [22] que se assente sobre o throno da casa de Israel;

18 Nem aos sacerdotes leviticos faltará[698] varão de diante de mim, [23] que offereça holocausto, e queime offerta de manjares, e faça sacrificio todos os dias.

19 E veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

20 Assim diz o Senhor: [24] Se poderdes invalidar o meu concerto do dia, e o meu concerto da noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo,

21 Tambem se poderá invalidar o meu concerto com David, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu throno; como tambem com os levitas sacerdotes, meus ministros.

22 Como [25] não se pode contar o exercito dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a semente de David, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim.

23 E veiu ainda a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

24 Porventura não tens visto o que este povo falla, dizendo: As duas gerações, [26] as quaes o Senhor elegeu, agora as rejeitou? e desprezam o meu povo, como se não fôra mais um povo diante d’elles.

25 Assim diz o Senhor: [27] Se o meu concerto do dia e da noite não fôr, e eu não pozer as ordenanças dos céus e da terra,

26 Tambem [28] rejeitarei a semente de Jacob, e de David, meu servo, para que não tome da sua semente os que dominem sobre a semente de Abrahão, Isaac, e Jacob; porque tornarei o seu captiveiro, e apiedar-me-hei d’elles.

[1] cap. 3.2, 23.

[2] Isa. 37.26.

[3] Exo. 15.3. Amós 5.8.

[4] cap. 32.24.

[5] cap. 32.5.

[6] cap. 30.17.

[7] ver. 11. cap. 30.3 e 32.44.

[8] Isa. 1.26. cap. 24.6 e 30.20 e 31.4, 28 e 42.10.

[9] Eze. 36.25. Heb. 9.13, 14. cap. 31.34. Miq. 7.18.

[10] Isa. 62.7. cap. 13.11.

[11] Isa. 60.5.

[12] cap. 32.43.

[13] cap. 7.34 e 16.9 e 25.10. Apo. 18.23.

[14] I Chr. 16.8, 34. II Chr. 5.13 e 7.3. Esd. 3.11. Isa. 12.4.

[15] ver. 7.

[16] Isa. 65.10. cap. 31.24.

[17] cap. 17.26 e 32.44.

[18] Lev. 27.32.

[19] cap. 23.5 e 31.27, 31. cap. 29.10.

[20] Isa. 4.2. cap. 23.5.

[21] cap. 23.6.

[22] II Sam. 7.16. I Reis 2.4. Luc. 1.32, 33.

[23] Rom. 12.1. I Ped. 2.5, 9. Apo. 1.6.

[24] ver. 25.

[25] Gen. 13.16 e 15.5 e 22.17. cap. 3.37.

[26] ver. 21, 22.

[27] ver. 20. Gen. 8.22.

[28] cap. 31.37. ver. 7, 11. Esd. 2.1.

Prediz-se a sorte de Zedekias.

34 A palavra que do Senhor veiu a [1] Jeremias, quando Nabucodonozor, rei de Babylonia, e todo o seu exercito, e todos os reinos da terra, que estavam sob o dominio da sua mão, e todos os povos, pelejavam contra Jerusalem, e contra todas as suas cidades, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Vae, e falla a Zedekias, rei de Judah, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: [2] Eis que eu dou esta cidade na mão do rei de Babylonia, e queimal-a-ha a fogo.

3 E tu [3] não escaparás á sua mão; antes decerto serás preso, e serás entregue na sua mão: e teus olhos verão os olhos do rei de Babylonia, e elle te fallará bocca a bocca, e entrarás em Babylonia.

4 Todavia ouve a palavra do Senhor, ó Zedekias, rei de Judah: assim diz o Senhor de ti: Não morrerás á espada.

5 Em paz morrerás, [4] e conforme as queimas de teus paes, os reis precedentes, que foram antes de ti, assim te queimarão a ti, e prantear-te-hão, dizendo: Ah Senhor! porque eu disse a palavra, diz o Senhor.

6 E fallou Jeremias, o propheta, a Zedekias, rei de Judah, todas estas palavras, em Jerusalem,

7 Quando o exercito do rei de Babylonia pelejava contra Jerusalem, e contra todas as cidades de Judah, que ficaram de resto: contra Lachis e contra Azeca; [5] porque estas fortes cidades ficaram de resto, d’entre as cidades de Judah.

As ameaças de Deus por causa da escravatura.

8 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, depois que o rei Zedekias fez concerto com todo o povo que havia em Jerusalem, [6] para lhes apregoar a liberdade;

9 Que cada [7] um despedisse forro o seu servo, e cada um a sua serva, hebreo ou hebrea; de maneira que ninguem se fizesse servir d’elles, sendo judeos, seus irmãos.

10 E ouviram todos os principes, e todo o povo que entrou no concerto, que cada um despedisse forro o seu servo, e cada um a sua serva, de maneira que não se fizessem mais servir d’elles: ouviram pois, e os soltaram.

11 Porém depois se arrependeram, [8] e fizeram voltar os servos e as servas que largaram livres, e os sujeitaram por servos e por servas.

12 Veiu pois a palavra do Senhor a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:

13 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu fiz concerto com vossos paes, no dia em que os tirei da terra do Egypto, da casa de servos, dizendo:

14 Ao fim [9] de sete annos largareis cada um a seu irmão hebreo, que te fôr vendido a ti, e te houver servido a ti seis annos, e despedil-o-has forro de ti; porém vossos paes me não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos.

15 E vos havieis hoje convertido, e tinheis feito o que é recto aos meus olhos, apregoando liberdade cada um ao seu proximo; [10] e tinheis feito diante de mim um concerto, na casa que se chama pelo meu nome:

16 Porém vos tornastes, [11] e profanastes[699] o meu nome, e fizestes voltar cada um ao seu servo, e cada um á sua serva, os quaes tinheis despedido forros conforme a sua vontade; e os sujeitastes, para que se vos fizessem servos e servas.

17 Portanto assim diz o Senhor: Vós me não ouvistes a mim, para apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu proximo; pois eis que [12] eu vos apregôo a liberdade, diz o Senhor, para a espada, para a pestilencia, e para a fome; [13] e dar-vos-hei por espanto a todos os reinos da terra.

18 E entregarei os homens que, traspassaram o meu concerto, que não confirmaram as palavras do concerto, [14] que fizeram diante de mim, com o bezerro, que fenderam em duas partes, e passaram pelo meio das suas porções;

19 A saber, os principes de Judah, e os principes de Jerusalem, os eunuchos, e os sacerdotes, e todo o povo da terra que passou por meio das porções do bezerro;

20 Entregal-os-hei, digo, na mão de seus inimigos, [15] e na mão dos que procuram a sua morte, e os cadaveres d’elles serão para mantimento ás aves dos céus e aos animaes da terra.

21 E até o rei Zedekias, rei de Judah, e seus principes entregarei na mão de seus inimigos e na mão dos que procuram a sua morte, a saber, na mão do exercito do rei de Babylonia, que se retirou de vós.

22 Eis que [16] eu darei ordem, diz o Senhor, e os farei tornar a esta cidade, e pelejarão contra ella, e a tomarão, [17] e a queimarão a fogo; e as cidades de Judah porei em assolação, que ninguem habite n’ellas.

[1] II Reis 25.1, etc. cap. 39.1 e 52.4.

[2] cap. 21.10 e 32.3, 28, 29. ver. 22.

[3] cap. 32.4.

[4] II Chr. 16.14 e 21.19. cap. 22.18.

[5] II Reis 18.13 e 19.8. II Chr. 11.5, 9.

[6] Exo. 21.2.

[7] Neh. 5.11. Lev. 25.39, 46.

[8] cap. 37.5.

[9] Exo. 21.2 e 23.10. Deu. 15.12.

[10] II Reis 23.3. cap. 7.10.

[11] Exo. 20.7. Lev. 19.12.

[12] Mat. 7.2. Gal. 6.7. cap. 32.24, 36.

[13] Deu. 28.25, 64. cap. 29.18.

[14] Gen. 15.10, 17.

[15] cap. 7.33 e 16.4 e 19.7.

[16] cap. 37.8, 10.

[17] cap. 38.3. cap. 9.11 e 44.2, 6.

A obediencia dos rechabitas é dada a Judah como exemplo.

Antes de Christo 607

35 A palavra que do Senhor veiu a Jeremias, nos dias de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah, dizendo:

2 Vae á casa dos rechabitas, e falla com elles, e leva-os á casa do Senhor, [1] a uma das camaras e dá-lhes vinho a beber.

3 Então tomei a Jasanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e a seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos rechabitas;

4 E os levei á casa do Senhor, á camara dos filhos de Hanan, filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto á camara dos principes, que está sobre a camara de Maaseias, filho de Sallum, [2] guarda do vestibulo:

5 E puz diante dos filhos da casa dos rechabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes: Bebei vinho.

6 Porém elles disseram: Não beberemos vinho; porque Jonadab, filho de Rechab, nosso pae, nos mandou, dizendo: Não bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos perpetuamente;

7 Nem edificareis casa, nem semeareis semente, nem plantareis vinha, nem a possuireis; mas habitareis em tenda todos os vossos dias, [3] para que vivaes muitos dias sobre a face da terra, em que vós andaes peregrinando.

8 Obedecemos pois á voz de Jonadab, filho de Rechab, nosso pae, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas,

9 Nem edificamos casas para nossa habitação: nem temos vinha, nem campo, nem semente.

10 E habitamos em tendas, e assim ouvimos e fizemos conforme tudo quanto nos mandou Jonadab, nosso pae.

11 Succedeu, porém, que, subindo Nabucodonozor, rei de Babylonia, a esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalem, por causa do exercito dos chaldeos, e por causa do exercito dos syros; e assim ficámos em Jerusalem.

12 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

13 Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Vae, e dize aos homens de Judah e aos moradores de Jerusalem: [4] Porventura nunca acceitareis ensino, para ouvirdes as minhas palavras? diz o Senhor.

14 As palavras de Jonadab, filho de Rechab, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não beberam até este dia, [5] antes ouviram o mandamento de seu pae, e eu vos tenho fallado a vós, madrugando e fallando, porém vós não me ouvistes a mim.

15 E [6] vos enviei a todos os meus servos, os prophetas, madrugando, e enviando, e dizendo: Convertei-vos agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas acções, e não sigaes a outros deuses para servil-os; e assim ficareis na terra que vos dei a vós e a vossos paes; porém não inclinastes o[700] vosso ouvido, nem me obedecestes a mim.

16 Porquanto os filhos de Jonadab, filho de Rechab, guardaram o mandamento de seu pae que lhes ordenou; e este povo não me obedeceu;

17 Por isso assim diz o Senhor, o Deus dos Exercitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre Judah, e sobre todos os moradores de Jerusalem, todo o mal que fallei contra elles; [7] porquanto lhes tenho fallado, e não ouviram; e clamei a elles, e não responderam.

18 E á casa dos rechabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Porquanto obedecestes ao mandamento de Jonadab, vosso pae, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou,

19 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus d’Israel: Nunca faltará varão a Jonadab, filho de Rechab, que assista perante a minha face todos os dias.

[1] I Reis 6.5.

[2] II Reis 12.9. I Chr. 18.19.

[3] Exo. 20.12. Eph. 6.2, 3.

[4] cap. 32.23.

[5] II Chr. 36.15. cap. 7.13 e 25.3.

[6] cap. 7.25 e 25.4. cap. 18.11 e 25.5, 6.

[7] Pro. 1.24. Isa. 65.12 e 66.4. cap. 7.13.

O rolo de Jeremias é lido no templo, o rei corta-o e lança-o no fogo.

36 Succedeu pois no anno quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah, que veiu esta palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:

2 Toma [1] o rolo d’um livro, e escreve n’elle todas as palavras que te tenho fallado de Israel, e de Judah, [2] e de todas as nações, desde o dia em que eu te fallei a ti, desde os dias de Josias até ao dia de hoje.

3 Porventura ouvirão [3] os da casa de Judah todo o mal que eu lhes intento fazer: para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu perdoe a sua maldade e o seu peccado.

4 Então Jeremias chamou [4] a Baruch, filho de Nerias; e escreveu Baruch da bocca de Jeremias todas as palavras do Senhor, que lhe tinha fallado, no rolo de um livro.

5 E Jeremias deu ordem a Baruch, dizendo: Eu estou encerrado: não posso entrar na casa do Senhor.

6 Entra pois tu, e lê pelo rolo que escreveste da minha bocca as palavras do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, [5] no dia de jejum; e tambem aos ouvidos de todo o Judah que vem das suas cidades as lerás.

7 Porventura [6] cairá a sua supplica diante do Senhor, e se converterá cada um do seu mau caminho: porque grande é a ira e o furor que o Senhor tem pronunciado contra este povo.

8 E fez Baruch, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado Jeremias, o propheta, lendo n’aquelle livro as palavras do Senhor na casa do Senhor.

9 Porque aconteceu, no anno quinto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah, no mez nono, que apregoaram jejum diante do Senhor a todo o povo em Jerusalem como tambem a todo o povo que vinha das cidades de Judah a Jerusalem.

10 Leu pois Baruch n’aquelle livro as palavras de Jeremias na casa do Senhor, na camara de Gemarias, filho de Saphan, o escriba, no atrio superior, [7] á entrada da porta nova da casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo.

11 E, ouvindo Micheas, filho de Gemarias, filho de Saphan, todas as palavras do Senhor, n’aquelle livro,

12 Desceu á casa do rei, á camara do escriba. E eis que todos os principes estavam ali assentados: a saber: Elisama, o escriba, e Delaias, filho de Semaias, e Elnathan, filho de Achbor, e Gemarias, filho de Saphan, e Zedekias, filho de Hananias, como tambem todos os principes.

13 E Micheas annunciou-lhes todas as palavras que ouvira, lendo-as Baruch pelo livro, aos ouvidos do povo.

14 Então enviaram todos os principes Baruch Jehudi, filho de Nethanias, filho de Selemias, filho de Cusahi, para lhes dizer: O rolo por que leste aos ouvidos do povo toma-o na tua mão, e vem. E Baruch, filho de Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi para elles.

15 E disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E leu Baruch aos ouvidos d’elles.

16 E succedeu que, ouvindo elles todas aquellas palavras, se voltaram uns para os outros, e disseram a Baruch: Sem duvida nenhuma annunciaremos ao rei todas estas palavras.

17 E perguntaram a Baruch, dizendo: Declara-nos agora como escreveste da sua bocca todas estas palavras.

18 E disse-lhes Baruch: Da sua bocca dictava-me todas estas palavras, e eu as escrevia no livro com tinta.

19 Então disseram os principes a Baruch: Vae, esconde-te, tu e Jeremias, e ninguem saiba onde estaes.

20 E foram-se ter com o rei ao atrio; porém depositaram o rolo na camara de Elisama, o escriba, e denunciaram aos ouvidos do rei todas aquellas palavras.

21 Então enviou o rei a Jehudi, a que tomasse o rolo; e tomou-o da camara de[701] Elisama, o escriba, e leu-o Jehudi aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os principes que estavam em torno do rei:

22 (Estava então o rei assentado na casa [8] de inverno, pelo nono mez; e estava diante d’elle um brazeiro acceso).

23 E succedeu que, tendo Jehudi lido tres ou quatro folhas, cortou-as com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no brazeiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o brazeiro.

24 E não temeram, [9] nem rasgaram os seus vestidos, o rei e todos os seus servos que ouviram todas estas palavras.

25 Ainda que Elnathan, e Delaias, e Gemarias rogaram ao rei que não queimasse o rolo, porém não lhes deu ouvidos.

26 Antes deu ordem o rei a Jerahmeel, filho de Hamelech, e a Seraias, filho d’Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruch, o escrivão, e a Jeremias, o propheta: mas o Senhor tinha-os escondido.

27 Então veiu a Jeremias a palavra do Senhor, depois que o rei queimara o rolo, e as palavras que Baruch escrevera da bocca de Jeremias, dizendo:

28 Toma ainda outro rolo, e escreve n’elle todas as palavras primeiras que estavam no primeiro volume, o qual queimou Joaquim, rei de Judah.

29 E a Joaquim, rei de Judah, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Porque escreveste n’elle, dizendo: Certamente virá o rei de Babylonia, e destruirá esta terra e fará cessar n’ella homens e animaes.

30 Portanto assim diz o Senhor, ácerca de Joaquim, rei de Judah: [10] Não terá quem se assente sobre o throno de David, [11] e será lançado o seu cadaver ao calor de dia, e á geada de noite.

31 E visitarei sobre elle, e sobre a sua semente, e sobre os seus servos, a sua iniquidade; e trarei sobre elle e sobre os moradores de Jerusalem, e sobre os homens de Judah, todo aquelle mal que lhes tenho fallado, e não ouviram.

32 Tomou pois Jeremias outro rolo, e o deu a Baruch, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu n’elle da bocca de Jeremias todas as palavras do livro que Joaquim, rei de Judah, tinha queimado ao fogo; e ainda se accrescentaram a ellas muitas palavras similhantes.

[1] Isa. 8.1. Eze. 2.9. Zac. 5.1. cap. 30.2.

[2] cap. 25.15, etc.

[3] ver. 7. cap. 26.3. Jon. 3.8.

[4] cap. 32.12 e 45.1.

[5] Lev. 23.27, 32. Act. 27.9.

[6] ver. 3.

[7] cap. 26.10.

[8] Amós 3.15.

[9] II Reis 22.11. Isa. 36.22 e 37.1.

[10] cap. 22.30.

[11] cap. 22.19.

Jeremias na prisão.

Antes de Christo 599

37 E reinou [1] o rei Zedekias, filho de Josias, em logar de Conias, filho de Joaquim, a quem Nabucodonozor, rei de Babylonia, constituiu rei na terra de Judah.

2 Porém nem elle, [2] nem os seus servos, nem o povo da terra deram ouvidos ás palavras do Senhor que fallou pelo ministerio de Jeremias, o propheta.

3 Comtudo mandou o rei Zedekias a Juchal, filho de Selemias, [3] e a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, a Jeremias, o propheta, dizendo: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus.

4 E entrava e sahia Jeremias entre o povo, porque não o tinham posto na casa do carcere.

5 E o exercito de [4] Pharaó saiu do Egypto: e, ouvindo os chaldeos, que tinham em sitio a Jerusalem, as novas d’isto, retiraram-se de Jerusalem.

6 Então veiu a Jeremias, o propheta, a palavra do Senhor, dizendo:

Antes de Christo 589

7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judah, [5] que vos enviou a mim a perguntar-me: Eis que o exercito de Pharaó, que saiu para soccorro vosso, voltar-se-ha para a sua terra no Egypto.

8 E voltarão os chaldeos, [6] e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo.

9 Assim diz o Senhor: Não enganeis as vossas almas, dizendo: Sem duvida se irão os chaldeos de nós: porque não se irão.

10 Porque ainda [7] que ferisseis a todo o exercito dos chaldeos, que peleja contra vós, e ficassem de resto d’elles homens traspassados, cada um levantar-se-hia na sua tenda, e queimaria a fogo esta cidade.

11 E succedeu que, subindo de Jerusalem o exercito dos chaldeos, por causa do exercito de Pharaó,

12 Saiu Jeremias de Jerusalem, para ir á terra de Benjamin, para esquivar-se de ali entre o meio do povo.

13 Porém, estando elle á porta de Benjamin, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias: o qual prendeu a Jeremias, o propheta, dizendo: Tu foges para os chaldeos.

14 E Jeremias disse: Isso é falso, não fujo para os chaldeos. Porém não lhe deu ouvidos; antes Jerias prendeu a Jeremias, e o levou aos principes.

[702]

15 E os principes se iraram muito contra Jeremias, e o feriram; [8] e o pozeram na casa da prisão, na casa de Jonathan, o escrivão; porque tinham feito d’ella a casa do carcere.

16 Entrando pois Jeremias na casa do calaboiço, [9] e nas suas camarinhas, ficou ali Jeremias muitos dias.

17 E enviou o rei Zedekias a tiral-o; e o rei lhe perguntou em sua casa, em segredo, e disse: Ha porventura alguma palavra do Senhor? E disse Jeremias: Ha. E elle disse: Na mão do rei de Babylonia serás entregue.

18 Disse mais Jeremias ao rei Zedekias: Em que tenho peccado contra ti, e contra os teus servos, e contra este povo, para que me pozesseis na casa do carcere?

19 Onde estão agora os vossos prophetas, que vos prophetizavam, dizendo: O rei de Babylonia não virá contra vós nem contra esta terra?

20 Ora pois ouve agora, ó rei, meu senhor: caia agora a minha supplica diante de ti, e não me deixes tornar á casa de Jonathan, o escriba, para que não venha a morrer alli.

21 Então deu ordem o rei Zedekias que pozessem a Jeremias no atrio da guarda; [10] e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros, [11] até que se acabou todo o pão da cidade: assim ficou Jeremias no atrio da guarda.

[1] II Reis 24.17. II Chr. 36.10. cap. 22.24.

[2] II Chr. 36.12, 14.

[3] cap. 21.1, 2 e 29.25 e 52.24.

[4] II Sam. 24.7. Eze. 17.15. ver. 11. cap. 34.21.

[5] cap. 21.2.

[6] cap. 34.22.

[7] cap. 21.4, 5.

[8] cap. 38.26.

[9] cap. 38.6.

[10] cap. 32.2 e 38.13, 28.

[11] cap. 38.9 e 52.6.

Jeremias é lançado no calaboiço.

38 Ouviu pois Sephatias, filho de Mathan, e Gedalias, filho de Pashur, [1] e Juchal, filho de Selemias, e Pashur, filho de Malchias, as palavras que fallava Jeremias a todo o povo, dizendo:

2 Assim diz o Senhor: [2] O que ficar n’esta cidade morrerá á espada, á fome e de pestilencia: mas o que sair aos chaldeos viverá; porque a sua alma lhe será por despojo, e viverá.

3 Assim diz o Senhor: [3] Esta cidade infallivelmente se entregará na mão do exercito do rei de Babylonia, e tomal-a-ha.

4 E disseram os principes ao rei: [4] Morra este homem, visto que elle assim enfraquece as mãos dos homens de guerra que ficaram de resto n’esta cidade, e as mãos de todo o povo, fallando-lhes taes palavras; porque este homem não busca a paz para este povo, senão o mal.

5 E disse o rei Zedekias: Eis que elle está na vossa mão: porque não é o rei que possa coisa alguma contra vós.

6 Então tomaram [5] a Jeremias, e o lançaram no calaboiço de Malchias, filho do rei, que estava no atrio da guarda; e desceram a Jeremias com cordas; porém no calaboiço não havia agua, senão lama; e atolou-se Jeremias na lama.

7 E, ouvindo [6] Ebed-melech, o ethiope, um eunucho que então estava na casa do rei, que pozeram a Jeremias no calaboiço (estava porém o rei assentado á porta de Benjamin),

8 Logo Ebed-melech saiu da casa do rei: e fallou ao rei, dizendo:

9 Ó rei, senhor meu, mal fizeram estes homens em tudo quanto fizeram a Jeremias, o propheta, lançando-o no calaboiço: sendo que morreria no logar onde se achava á fome, pois não ha mais pão na cidade.

10 Então deu ordem o rei a Ebed-melech, o ethiope, dizendo: Toma comtigo de aqui trinta homens, e tira a Jeremias, o propheta, do calaboiço, antes que morra.

11 E tomou Ebed-melech os homens comsigo, e foi á casa do rei, por debaixo da thesouraria, e tomou d’ali uns trapos velhos e rotos, e trapos velhos apodrecidos, e desceu-os a Jeremias no calaboiço com cordas.

12 E disse Ebed-melech, o ethiope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e rotos, apodrecidos, debaixo dos sobacos de teus braços, por debaixo das cordas. E Jeremias o fez assim.

13 E tiraram [7] a Jeremias com as cordas, e o subiram do calaboiço; [8] e ficou Jeremias no atrio da guarda.

14 Então enviou o rei Zedekias, e fez trazer a si a Jeremias, o propheta, á terceira entrada, que estava na casa do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Pergunto-te uma coisa, não me encubras nada.

15 E disse Jeremias a Zedekias: Declarando-t’a eu, porventura não me matarás certamente? e, aconselhando-te eu, não me darás ouvido.

16 Então jurou o rei Zedekias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão d’estes homens que procuram a tua morte.

17 Então Jeremias disse a Zedekias: Assim diz o Senhor, Deus dos Exercitos, Deus de Israel: [9] Se voluntariamente saires aos principes do rei de[703] Babylonia, então viverá a tua alma, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.

18 Porém, se não saires aos principes do rei de Babylonia, então será entregue esta cidade na mão dos chaldeos, e queimal-a-hão a fogo, [10] e tu não escaparás da mão d’elles.

19 E disse o rei Zedekias a Jeremias: Receio-me dos judeos, que cairam para os chaldeos; [11] que porventura me entreguem na sua mão, e escarneçam de mim.

20 E disse Jeremias: Não te entregarão: ouve, te peço, a voz do Senhor, conforme a qual eu te fallo; e bem te irá, e viverá a tua alma.

21 Porém, se tu não quizeres sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor.

22 Eis que todas as mulheres que ficaram de resto na casa do rei de Judah serão levadas fóra para os principes do rei de Babylonia, e ellas mesmas dirão: Teus pacificos te incitaram e prevaleceram contra ti, atolaram-se os teus pés na lama, voltaram para traz.

23 Assim que a todas as tuas mulheres e a teus filhos [12] levarão para fóra aos chaldeos, e nem tu escaparás da sua mão, antes pela mão do rei de Babylonia serás preso, e esta cidade queimará a fogo.

24 Então disse Zedekias a Jeremias: Ninguem saiba estas palavras, e não morrerás.

25 E quando os principes, ouvindo que fallei comtigo, vierem a ti, e te disserem: Declara-nos agora o que disseste ao rei, não nol-o encubras, e não te mataremos: e que te fallou o rei?

26 Então lhes dirás: [13] Lancei eu a minha supplica diante do rei, que não me fizesse tornar á casa de Jonathan, para morrer ali.

27 Vindo pois todos os principes a Jeremias, e perguntando-lhe, declarou-lhes conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado: e o deixaram, porque não se ouviu o negocio.

28 E ficou Jeremias [14] no atrio da guarda, até ao dia em que foi tomada Jerusalem, e ainda ali estava quando foi tomada Jerusalem.

[1] cap. 37.3. cap. 21.1.

[2] cap. 21.9.

[3] cap. 21.10 e 32.3.

[4] cap. 26.11.

[5] cap. 37.21.

[6] cap. 39.16.

[7] ver. 6.

[8] cap. 37.21.

[9] II Reis 24.12. cap. 39.3.

[10] ver. 23. cap. 32.4 e 34.3.

[11] I Sam. 31.4.

[12] cap. 39.6 e 41.10. ver. 18.

[13] cap. 37.15, 21.

[14] cap. 37.20 e 39.14.

Nabucodonozor toma Jerusalem e livra Jeremias.

Antes de Christo 588

39 No anno [1] nono de Zedekias, rei de Judah, no mez decimo, veiu Nabucodonozor, rei de Babylonia, todo o seu exercito, contra Jerusalem, e a cercaram.

2 No anno undecimo de Zedekias, no quarto mez, aos nove do mez, se fez a brecha na cidade.

3 E entraram n’ella todos [2] os principes do rei de Babylonia, e pararam na porta do meio, a saber: Nergal-sarezer, Samgar-nebo, Sarsecim, Rab-saris, Nergal-sarezer, Rab-mag, e todo o resto dos principes do rei de Babylonia.

4 E succedeu que, vendo-os Zedekias, rei de Judah, [3] e todos os homens de guerra, fugiram, e sairam de noite da cidade, pelo caminho do jardim do rei, pela porta d’entre os dois muros; e saiu pelo caminho da campina.

5 Porém o exercito dos chaldeos os perseguiu; [4] e alcançaram a Zedekias nas campinas de Jericó, e o prenderam, e o fizeram subir a Nabucodonozor, rei de Babylonia, a Ribla, [5] na terra de Hamath, e o sentenciou.

6 E o rei de Babylonia matou os filhos de Zedekias em Ribla, diante dos meus olhos: tambem matou o rei de Babylonia a todos os nobres de Judah.

7 E cegou [6] os olhos de Zedekias, e o atou com duas cadeias de bronze, para leval-o a Babylonia.

8 E os chaldeos queimaram [7] a fogo a casa do rei e as casas do povo, e derribaram os muros de Jerusalem.

9 E o resto do povo, [8] que ficou na cidade, e os rebeldes que tinham caido para elle, e o resto do povo que ficou, levou Nebuzaradan, capitão da guarda, a Babylonia.

10 Porém dos pobres de entre o povo que não tinha nada, deixou Nebuzaradan, capitão da guarda, alguns na terra de Judah; e deu-lhes vinhas e campos n’aquelle dia.

11 Mas Nabucodonozor, rei de Babylonia, havia dado ordem ácerca de Jeremias, na mão de Nebuzaradan, capitão dos da guarda, dizendo:

12 Toma-o, e põe sobre elle os teus olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes, como elle te disser, assim usarás com elle.

13 Enviou pois Nebuzaradan, capitão dos da guarda, e Nebus-hasban, Rab-saris, Nergal-sarezer, Rab-mag, e todos os principes do rei de Babylonia:

14 Enviaram [9] pois, e tomaram a Jeremias do atrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, para que o levasse á casa; e ficou entre o povo.

[704]

15 Tambem a Jeremias veiu a palavra do Senhor, estando elle ainda encerrado no atrio da guarda, dizendo:

16 Vae, [10] e falla a Ebed-melech, o ethiope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [11] Eis que eu trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem: e serão cumpridas diante de ti n’aquelle dia.

17 Porém te farei escapar n’aquelle dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens perante cuja face tu temes.

18 Porque certamente te livrarei, e não cairás á espada: mas a tua alma terás por despojo, [12] porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.

[1] II Reis 25.1-4. cap. 52.4.

[2] cap. 38.17.

[3] II Reis 25.4, etc. cap. 52.7, etc.

[4] cap. 32.4 e 38.18, 23.

[5] II Reis 23.33.

[6] Eze. 12.13.

[7] II Reis 25.9. cap. 38.18 e 52.13.

[8] II Reis 35.11, etc. cap. 52.15, etc.

[9] cap. 38.28. cap. 40.5. cap. 26.24.

[10] cap. 38.7, 12.

[11] Dan. 9.12.

[12] cap. 21.9 e 45.5. I Chr. 5.20.

Jeremias fica em Mizpah com Gedalias.

40 A palavra que veiu a Jeremias da parte do Senhor, [1] depois que Nebuzaradan, capitão dos da guarda, o deixara ir de Rama, quando o tomou, estando elle atado com cadeias no meio de todos os do captiveiro de Jerusalem e de Judah, que foram levados captivos para Babylonia;

2 Porque o capitão da guarda tomou a Jeremias, e lhe disse: [2] O Senhor teu Deus fallou este mal contra este logar:

3 E o Senhor o trouxe, e fez como havia dito: [3] porque peccastes contra o Senhor, e não obedecestes á sua voz; pelo que vos succedeu esta coisa.

4 Agora pois, eis que te soltei hoje das cadeias que estavam sobre as tuas mãos; [4] se fôr bem aos teus olhos vir comigo para Babylonia, vem, e porei sobre ti os meus olhos; porém, se fôr mal aos teus olhos vir comigo para Babylonia, deixa de vir. Olha, [5] toda a terra está diante de ti; para onde quer que fôr bom e recto aos teus olhos que vás, para ali vae.

5 Mas, porquanto elle ainda não tinha voltado, disse-lhe: Volta a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, [6] a quem o rei de Babylonia poz sobre as cidades de Judah, e habita com elle no meio do povo; ou para qualquer parte aonde quer que fôr recto aos teus olhos que vás, para ali vae. E deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho, e um presente, e o deixou ir.

6 Assim [7] veiu Jeremias a Gedalias, filho de Ahicam, a Mizpah; e habitou com elle no meio do povo que havia ficado na terra.

7 Ouvindo pois [8] todos os principes dos exercitos, que estavam no campo, elles e os seus homens, que o rei de Babylonia tinha posto sobre a terra a Gedalias, filho de Ahicam, e que lhe havia encarregado a elle os homens, e as mulheres, e os meninos, [9] e os mais pobres da terra, os quaes não foram levados captivos a Babylonia,

8 Vieram a Gedalias, a Mizpah: a saber: [10] Ishmael, filho de Nethanias, e Johanan e Jonathan, filhos de Careah, e Seraias, filho de Tanhumeth, e os filhos de Ephai, o netophatita, e Jezanias, filho d’um maachatita, elles e os seus homens.

9 E jurou Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, a elles e aos seus homens, dizendo: Não temaes servir aos chaldeos: ficae na terra, e servi o rei de Babylonia, e bem vos irá.

10 Eu, porém, eis que habito em Mizpah, para estar ás ordens dos chaldeos que vierem a nós; e vós recolhei o vinho, e as fructas de verão, e o azeite, e mettei-os nos vossos vasos, e habitae nas vossas cidades, que tomastes.

11 Como tambem todos os judeos que estavam em Moab, e entre os filhos de Ammon, e em Edom, e os que havia em todas aquellas terras, ouviram que o rei de Babylonia havia deixado um resto em Judah, e que havia posto sobre elles a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan.

12 E tornaram todos os judeos de todos os logares, para onde foram lançados, e vieram á terra de Judah, a Gedalias, a Mizpah; e recolheram vinho e fructas do verão mui abundantes.

13 Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos exercitos, que estavam no campo, vieram a Gedalias, a Mizpah.

14 E disseram-lhe: Porventura bem sabes [11] que Baalis, rei dos filhos de Ammon, enviou a Ishmael, filho de Nethanias, para te tirar a vida. Porém não lhes deu credito Gedalias, filho de Ahicam.

15 Todavia Johanan, filho de Careah, fallou a Gedalias em segredo, em Mizpah, dizendo: Irei agora, e ferirei a Ishmael, filho de Nethanias, sem que ninguem o saiba: por que razão te tiraria elle a vida, e todo o Judah que se tem congregado a ti seria disperso, e pereceria o resto de Judah?

16 Porém disse Gedalias, filho de Ahicam, a Johanan, filho de Careah: Não faças tal coisa; porque fallas falso contra Ishmael.

[1] cap. 39.14.

[2] cap. 50.7.

[3] Dan. 29.24, 25.

[4] cap. 39.12.

[5] Gen. 20.15.

[6] II Reis 25.22, etc.

[7] cap. 39.14. Jui. 20.1.

[8] II Reis 25.23, etc.

[9] cap. 39.10.

[10] cap. 41.1.

[11] cap. 41.10.

[705]

O assassinato de Gedalias.

41 Succedeu, porém, no mez setimo, [1] que veiu Ishmael, filho de Nethanias, filho d’Elisama, de sangue real, e os capitães do rei, a saber, dez homens com elle, a Gedalias, filho d’Ahicam, a Mizpah; e comeram ali pão juntamente em Mizpah.

2 E levantou-se Ishmael, filho de Nethanias, com os dez homens que estavam com elle, [2] e feriram a Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan, á espada; e matou aquelle que o rei de Babylonia havia posto sobre a terra.

3 Tambem feriu Ishmael a todos os judeos que havia com elle, com Gedalias, em Mizpah, como tambem aos chaldeos, homens de guerra, que se acharam ali.

4 Succedeu pois no dia seguinte, depois que matára a Gedalias, e sem ninguem o saber,

5 Que vieram homens de Sichem, de Silo, e de Samaria; oitenta homens, [3] com a barba rapada, e os vestidos rasgados, e sarjando-se; e traziam nas suas mãos offertas de manjares e incenso, para levarem á casa do Senhor.

6 E, saindo-lhes ao encontro Ishmael, filho de Nethanias, desde Mizpah, ia chorando; e succedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a Gedalias, filho de Ahicam.

7 Succedeu, porém, que, entrando elles até ao meio da cidade, matou-os Ishmael, filho de Nethanias, e os lançou no meio de um poço, elle e os homens que estavam com elle.

8 Mas acharam-se entre elles dez homens que disseram a Ishmael: Não nos mates a nós; porque temos no campo thesouros escondidos, trigo e cevada, e azeite e mel. E os deixou, e não os matou entre seus irmãos.

9 E o poço em que Ishmael lançou todos os cadaveres dos homens que feriu por causa de Gedalias é o mesmo que fez [4] o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel: a este encheu de mortos Ishmael, filho de Nethanias.

10 E Ishmael [5] levou captivo a todo o resto do povo que estava em Mizpah; as filhas do rei, e todo o povo que restou em Mizpah, que Nebuzaradan, capitão da guarda, havia encarregado a Gedalias, filho de Ahicam; e levou-os captivos Ishmael, filho de Nethanias, [6] e foi-se para passar aos filhos de Ammon.

11 Ouvindo pois Johanan, filho de Careah, [7] e todos os principes dos exercitos que havia com elle, todo o mal que havia feito Ishmael, filho de Nethanias,

12 Tomaram todos os seus homens, e foram pelejar contra Ishmael, filho de Nethanias: [8] e acharam-n’o ao pé das muitas aguas que ha em Gibeon.

13 E aconteceu que, vendo todo o povo, que estava com Ishmael, a Johanan filho de Careah, e a todos os principes dos exercitos, que vinham com elle, se alegrou.

14 E todo o povo que Ishmael levara captivo de Mizpah virou as costas, e voltou, e foi para Johanan, filho de Careah.

15 Porém Ishmael, filho de Nethanias, escapou com oito homens de diante de Johanan, e se foi para os filhos de Ammon.

16 Então tomou Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos exercitos que havia com elle, a todo o resto do povo que elle havia recobrado de Ishmael, filho de Nethanias, desde Mizpah, depois de haver ferido a Gedalias, filho de Ahicam, aos homens valentes de guerra, e ás mulheres, e aos meninos, e aos eunuchos que havia recobrado de Gibeon,

17 E foram, e moraram na habitação de Geruth-chimham, que está perto de Beth-lehem, para se irem e entrarem no Egypto,

18 Por causa dos chaldeos; porque os temiam, por haver ferido Ishmael, filho de Nethanias, a Gedalias, filho de Ahicam, [9] a quem o rei de Babylonia tinha posto sobre a terra.

[1] II Reis 25.25. cap. 40.6, 8.

[2] II Reis 25.25.

[3] Lev. 19.27, 28. Deu. 14.1. Isa. 15.2.

[4] II Reis 15.22. II Chr. 16.6.

[5] cap. 43.6. cap. 40.7.

[6] cap. 40.14.

[7] cap. 40.7, 8, 13.

[8] II Sam. 2.13.

[9] cap. 40.5.

Jeremias exhorta o povo a não ir á terra do Egypto.

42 Então chegaram todos os principes dos exercitos, [1] e Johanan, filho de Careah, e Jezanias, filho de Hosaias, e todo o povo, desde o menor até ao maior,

2 E disseram a Jeremias, o propheta: Caia agora a nossa supplica diante de ti, [2] e roga por nós ao Senhor teu Deus, por todo este resto; porque de muitos restamos uns poucos, como nos vêem os teus olhos;

3 Para que o Senhor teu Deus nos ensine [3] o caminho por onde havemos de andar e aquillo que havemos de fazer.

4 E disse-lhes Jeremias, o propheta: Tenho ouvido: Eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e será que toda a palavra que o Senhor vos responder eu vol-a[706] declararei; não vos encobrirei palavra alguma.

5 Então elles disseram a Jeremias: [4] Seja o Senhor entre nós testemunha da verdade e fidelidade, se não fizermos conforme toda a palavra em que te enviar a nós o Senhor teu Deus.

6 Ora seja em bem, ou seja em mal, á voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, [5] para que nos succeda bem, obedecendo á voz do Senhor nosso Deus.

7 E succedeu que ao fim de dez dias veiu a palavra do Senhor a Jeremias.

8 Então chamou a Johanan, filho de Careah, e a todos os principes dos exercitos, que havia com elle, e a todo o povo, desde o menor até ao maior,

9 E disse-lhes: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes, para lançar a vossa supplica diante d’elle:

10 Se de boamente ficardes n’esta terra, [6] então vos edificarei, e não vos derribarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; [7] porque estou arrependido do mal que vos tenho feito.

11 Não temaes o rei de Babylonia, a quem vós temeis; não o temaes, diz o Senhor, [8] porque eu sou comvosco, para vos salvar e para vos fazer livrar da sua mão.

12 E vos farei misericordia, para que elle tenha misericordia de vós, e vos faça voltar á vossa terra.

13 Porém [9] se vós disserdes: Não ficaremos n’esta terra, não obedecendo á voz do Senhor vosso Deus,

14 Dizendo: Não, antes iremos á terra do Egypto, onde não veremos guerra, nem ouviremos estrondo de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali ficaremos.

15 Portanto ouvi agora pois a palavra do Senhor, ó resto de Judah: assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [10] Se vós absolutamente pozerdes os vossos rostos [11] para entrardes no Egypto, e entrardes para lá peregrinar,

16 Será que a espada que vós temeis ali [12] vos alcançará na terra do Egypto, e a fome de que vós receaes ali se vos pegará no Egypto, e ali morrereis.

17 Assim serão todos os homens que pozeram os seus rostos para entrarem no Egypto, para lá peregrinarem: [13] morrerão á espada, á fome, e da peste; e d’elles não haverá quem reste e escape do mal que eu farei vir sobre elles.

18 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [14] Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalem, [15] assim se derramará a minha indignação sobre vós, entrando no Egypto; e servireis de maldição, e de espanto, e de execração, e de opprobrio, e não vereis mais este logar.

19 Fallou o Senhor ácerca de vós, ó resto de Judah! [16] não entreis no Egypto; por certo sabei que testifiquei contra vós hoje.

20 Porque enganastes as vossas almas, pois vós me enviastes ao Senhor vosso Deus, dizendo: [17] Ora por nós ao Senhor nosso Deus; e conforme tudo o que disser o Senhor Deus nosso, declara-nol-o assim, e o faremos.

21 E vol-o tenho declarado hoje; porém não déstes ouvidos á voz do Senhor vosso Deus, nem a coisa alguma de aquillo que me enviou a vós.

22 Agora pois sabei por certo que á espada, á fome e da peste [18] morrereis no mesmo logar onde desejastes entrar, para lá peregrinardes.

[1] cap. 40.8, 13 e 41.11.

[2] I Sam. 7.8 e 12.19. Isa. 37.4.

[3] Esd. 8.21.

[4] Gen. 31.50.

[5] Deu. 6.3. cap. 7.23.

[6] cap. 24.6 e 31.28.

[7] Deu. 32.36. cap. 18.8.

[8] Isa. 43.5. Rom. 8.31.

[9] cap. 44.16.

[10] cap. 44.12, 13, 14.

[11] Luc. 9.51.

[12] Eze. 11.8.

[13] ver. 22. cap. 24.10 e 44.14, 28.

[14] cap. 7.20.

[15] cap. 18.16 e 24.9 e 26.6 e 29.18, 22 e 44.12.

[16] Deu. 17.16.

[17] ver. 2.

[18] ver. 17. Eze. 6.11.

Jeremias é levado ao Egypto pelo povo.

Antes de Christo 587

43 E succedeu que, acabando Jeremias de fallar a todo o povo todas as palavras do Senhor Deus d’elles, com as quaes o Senhor Deus d’elles lh’o havia enviado, para que lhes dissesse todas estas palavras,

2 Então disse [1] Azarias, filho de Hosaias, e Johanan, filho de Careah, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras; o Senhor nosso Deus não te enviou a dizer: Não entreis no Egypto, para lá peregrinar:

3 Antes Baruch, filho de Nerias, te incita contra nós, para entregar-nos na mão dos chaldeos, para nos matarem, ou para nos transportarem para Babylonia.

4 Não obedeceu pois Johanan, filho de Careah, [2] nem nenhum de todos os principes dos exercitos, nem todo o povo, á voz do Senhor, para ficarem na terra de Judah.

5 Antes tomou Johanan, filho de Careah, e todos os principes dos exercitos a todo o resto de Judah, que havia voltado d’entre todas as nações, para onde haviam sido lançados, para peregrinarem na terra de Judah;

6 Os homens, e as mulheres, e os meninos, e as filhas do rei, e a toda [3] a alma que deixara Nebuzaradan,[707] capitão dos da guarda, com Gedalias, filho de Ahicam, filho de Saphan; como tambem a Jeremias, o propheta, e a Baruch, filho de Nerias:

7 E entraram na terra do Egypto, porque não obedeceram á voz do Senhor; [4] e vieram até Tahpanhes.

Prophecia da conquista do Egypto por Nabucodonozor.

8 Então veiu a palavra do Senhor a Jeremias, em Tahpanhes, dizendo:

9 Toma na tua mão pedras grandes, e esconde-as entre o barro no forno que está á porta da casa de Pharaó em Tahpanhes, perante os olhos de homens judeos.

10 E dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exercitos, Deus de Israel: Eis que eu enviarei, e tomarei a Nabucodonozor, rei de Babylonia, [5] meu servo, e porei o seu throno sobre estas pedras que escondi; e estenderá a sua tenda real sobre ellas.

11 E virá, [6] e ferirá a terra do Egypto: quem para a morte, [7] para a morte; e quem para o captiveiro, para o captiveiro; e quem para a espada, para a espada.

12 E porei fogo ás casas dos deuses do Egypto, e queimal-os-ha, e leval-os-ha captivos; e vestir-se-ha da terra do Egypto, como se veste o pastor do seu vestido, e sairá d’ali em paz.

13 E quebrará as estatuas de Beth-semes, que está na terra do Egypto; e as casas dos deuses do Egypto queimará a fogo.

[1] cap. 42.1.

[2] cap. 40.11, 12.

[3] cap. 41.10. cap. 39.10 e 40.7.

[4] cap. 2.16 e 44.1. Isa. 30.4.

[5] cap. 25.9 e 27.6. Eze. 29.18, 20.

[6] cap. 44.13 e 46.13.

[7] cap. 15.12. Zac. 11.9.

Ameaças contra os judeos que fugiram para o Egypto.

44 A palavra que veiu a Jeremias, ácerca de todos os judeos, habitantes da terra do Egypto, [1] que habitavam em Migdol, e em Tahpanhes, e em Noph, e na terra de Pathros, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos exercitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal que fiz vir sobre Jerusalem, e sobre todas as cidades de Judah: [2] e eis que ellas são hoje um deserto, e ninguem habita n’ellas;

3 Por causa da sua maldade que fizeram, para me irarem, [3] indo a queimar incenso para servir a deuses alheios, que nunca conheceram, nem elles, nem vós, nem vossos paes.

4 E eu vos enviei [4] todos os meus servos, os prophetas, madrugando e enviando a dizer: Ora não façaes esta coisa abominavel que aborreço.

5 Porém não deram ouvidos, nem inclinaram a sua orelha, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a deuses alheios.

6 Derramou-se pois [5] a minha indignação e a minha ira, e accendeu-se nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem, e tornaram-se em deserto e em assolação, como hoje se vê.

7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos Exercitos, Deus de Israel: [6] Porque fazeis vós tão grande mal contra as vossas almas, para vos desarreigardes a vós, ao homem e á mulher, á creança e ao que mama, do meio de Judah, para não vos deixardes resto algum;

8 Irando-me [7] com as obras de vossas mãos, queimando incenso a deuses alheios na terra do Egypto, aonde vós entrastes para lá peregrinardes: para que vos desarreigueis a vós mesmos, e para que sirvaes de maldição, de opprobrio [8] entre todas as nações da terra?

9 Porventura já vos esquecestes das maldades de vossos paes, e das maldades dos reis de Judah, e das maldades de suas mulheres, e de vossas maldades, e das maldades de vossas mulheres, que fizeram na terra de Judah, e nas ruas de Jerusalem?

10 Não estão contritos até ao dia de hoje: nem temeram, [9] nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que puz diante de vós e diante de vossos paes.

11 Portanto assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: [10] Eis que eu ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarreigar a todo o Judah.

12 E tomarei o resto de Judah, que poz o seu rosto para entrar na terra do Egypto, [11] para lá peregrinar e será todo consumido na terra do Egypto; cairá á espada, e de fome morrerá; consumir-se-hão, desde o menor até ao maior; á espada e á fome morrerão: e servirão de execração, [12] e de espanto, e de maldição, e de opprobrio.

13 Porque visitarei [13] sobre os que habitam na terra do Egypto, como visitei sobre Jerusalem, á espada, á fome e com peste.

14 De maneira que não haverá quem escape, e fique, de resto, de Judah, que[708] entrou na terra do Egypto, para lá peregrinar: para tornar á terra de Judah, á qual elles levantam a sua alma, para tornarem, para habitarem lá; [14] porém não tornarão senão os que escaparem.

15 Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a deuses alheios, e todas as mulheres que estavam em pé em grande multidão, como tambem todo o povo que habitava na terra do Egypto, em Pathros, dizendo:

16 Quanto á palavra que fallaste a nós em nome do Senhor, [15] não te obedeceremos a ti;

17 Antes certamente [16] faremos toda a palavra que saiu da nossa bocca, [17] queimando incenso á rainha dos céus, e offerecendo-lhe libações, como nós e nossos paes, nossos reis e nossos principes, o temos feito, nas cidades de Judah, e nas ruas de Jerusalem; e tivemos então fartura de pão, e andavamos alegres, e não vimos mal algum.

18 Mas desde que cessámos de queimar incenso á rainha dos céus, e de lhe offerecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome.

19 E quando [18] nós queimavamos incenso á rainha dos céus, e lhe offereciamos libações, faziamos-lhe bolos lavrados, para assim a retratar, e lhe offereciamos libações sem nossos maridos.

20 Então disse Jeremias a todo o povo, aos homens e ás mulheres, e a todo o povo que lhe havia dado esta resposta, dizendo:

21 Porventura não se lembrou o Senhor, e não lhe subiu ao coração o incenso que queimastes nas cidades de Judah e nas ruas de Jerusalem, vós e vossos paes, vossos reis e vossos principes, como tambem o povo da terra?

22 De maneira que o Senhor não mais o podia soffrer, por causa da maldade das vossas acções, por causa das abominações que fizestes; [19] pelo que se tornou a vossa terra em deserto, e em espanto, e em maldição, que ninguem habite n’ella, como hoje se vê.

23 Porque queimastes incenso, e porque peccastes contra o Senhor, e não obedecestes á voz do Senhor, e na sua lei, e nos seus testemunhos não andastes, [20] por isso vos succedeu este mal, como se vê n’este dia.

24 Disse mais Jeremias a todo o povo e a todas as mulheres: Ouvi a palavra do Senhor, [21] todo o Judah que estaes na terra do Egypto.

25 Assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel, dizendo: [22] Vós e vossas mulheres não sómente fallastes por vossa bocca, senão tambem o cumpristes por vossas mãos, dizendo: Certamente faremos os nossos votos que votámos de queimar incenso á rainha dos céus e de lhe offerecer libações: perfeitamente confirmastes os vossos votos, e perfeitamente fizestes os vossos votos.

26 Portanto ouvi a palavra do Senhor, todo o Judah, que habitaes na terra do Egypto: [23] Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, [24] que nunca mais será nomeado o meu nome pela bocca de nenhum homem de Judah em toda a terra do Egypto, que diz: Vive o Senhor Jehovah!

27 Eis que [25] velarei sobre elles para mal, e não para bem; [26] e serão consumidos todos os homens de Judah, que estão na terra do Egypto, á espada e á fome, até que se acabem de todo.

28 E os [27] que escaparem da espada tornarão da terra do Egypto á terra de Judah, poucos em numero; [28] e saberá todo o resto de Judah, que entrou na terra do Egypto, para peregrinar ali, qual palavra subsistirá, a minha ou a sua.

29 E isto vos servirá de signal, diz o Senhor, que eu vos visitarei n’este mesmo logar; para que saibaes que certamente subsistirão as minhas palavras contra vós para mal.

30 Assim diz o Senhor: [29] Eis que eu darei Pharaó Hophra, rei do Egypto, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte; [30] como dei Zedekias, rei de Judah, na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, seu inimigo, e que procurava a sua morte.

[1] Exo. 14.2. cap. 46.14. cap. 43.7. Isa. 19.13.

[2] cap. 9.11 e 34.22.

[3] cap. 19.4. Deu. 13.6 e 32.17.

[4] II Chr. 36.15. cap. 7.25 e 25.4 e 26.5 e 29.19.

[5] cap. 42.18.

[6] cap. 7.19.

[7] cap. 25.6, 7.

[8] ver. 12. cap. 42.18.

[9] Pro. 28.14.

[10] Lev. 17.10 e 20.5, 6. cap. 21.10. Amós 9.4.

[11] cap. 42.15, 16, 17, 22.

[12] cap. 42.18.

[13] cap. 43.11.

[14] ver. 28.

[15] cap. 6.16.

[16] ver. 25. Num. 30.12. Deu. 23.23. Jui. 11.36.

[17] cap. 7.18.

[18] cap. 7.18.

[19] cap. 25.11, 18, 38. ver. 6.

[20] Dan. 9.11, 12.

[21] ver. 15. cap. 43.7.

[22] ver. 15, etc.

[23] Gen. 22.16.

[24] Eze. 20.39.

[25] cap. 1.10 e 31.28.

[26] ver. 12.

[27] ver. 14. Isa. 27.13.

[28] ver. 17, 25, 26.

[29] cap. 46.25, 26. Eze. 29.3, etc. e 30.21, etc.

[30] cap. 39.5.

A palavra de Jeremias a Baruch.

Antes de Christo 607

45 A palavra [1] que fallou Jeremias, o propheta, a Baruch, filho de Nerias, escrevendo elle aquellas palavras n’um livro da bocca de Jeremias, no anno quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah, dizendo:

2 Assim diz o Senhor, Deus d’Israel, ácerca de ti, ó Baruch:

3 Disseste: Ai de mim agora! porque me accrescentou o Senhor tristeza sobre minha dôr: estou cançado do meu gemido, e não acho descanço.

[709]

4 Pelo que assim lhe dirás: Assim diz o Senhor: Eis que [2] o que edifiquei eu derribo, e o que plantei eu arranco, e isso em toda esta terra.

5 E tu te buscarias grandezas? não as busques; porque eis que trago [3] mal sobre toda a carne, diz o Senhor; porém te darei a ti a tua alma por despojo, em todos [4] os logares para onde fores.

[1] cap. 36.1, 4, 32.

[2] Isa. 5.5.

[3] cap. 25.26.

[4] cap. 38.2 e 39.18.

Prophecia contra varias nações. A invasão e conquista do Egypto.

46 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias o propheta, contra as nações;

2 Ácerca do Egypto, [1] contra o exercito de Pharaó Necho, rei do Egypto, que estava junto ao rio Euphrates em Carchemis; ao qual feriu Nabucodonozor, rei de Babylonia, no anno quarto de Joaquim, filho de Josias, rei de Judah.

3 Preparae o escudo e o pavez, e chegae-vos para a peleja.

4 Sellae os cavallos, e montae, cavalleiros, e apresentae-vos com elmos: alimpae as lanças, vesti-vos de couraças.

5 Por que razão vejo os medrosos voltando as costas? e os seus heroes são abatidos, e vão fugindo, sem olharem para traz: terror [2] ha ao redor, diz o Senhor.

6 Não fuja o ligeiro, e não escape o heroe: para a banda do norte, junto á borda do rio Euphrates [3] tropeçaram e cairam.

7 Quem é este que vem [4] subindo como a corrente, cujas aguas se movem como os rios?

8 O Egypto vem subindo como a corrente, e as suas aguas se movem como os rios; e disse: Subirei, cobrirei a terra, destruirei a cidade, e os que habitam n’ella.

9 Trepae, ó cavallos, e estrondeae, ó carros, e saiam os valentes: como tambem os ethiopes, e os puteos, que tomam o escudo, e os lydios, que tomam [5] e entezam o arco.

10 Porém este dia [6] é do Senhor Jehovah dos Exercitos, dia de vingança para se vingar dos seus adversarios, e devorará a espada, [7] e fartar-se-ha, e embriagar-se-ha com o sangue [8] d’elles, porque o Senhor Jehovah dos Exercitos tem um sacrificio na terra do norte, junto ao rio de Euphrates.

11 Sobe [9] a Gilead, e toma balsamo, ó virgem filha do Egypto: debalde multiplicas remedios, pois já não ha cura para ti.

12 As nações ouviram a tua vergonha, e a terra está cheia do teu clamor; porque o valente chorou com o valente e cairam ambos juntamente.

13 A palavra que fallou o Senhor a Jeremias, o propheta, ácerca da vinda de Nabucodonozor, rei de Babylonia, para ferir [10] a terra do Egypto.

14 Annunciae no Egypto, e fazei ouvir isto em Migdol; fazei tambem ouvil-o em Noph, e em Tahpanhes, dizei: Apresenta-te, [11] e prepara-te; porque devorou a espada o que está ao redor de ti.

15 Porque foram derribados os teus valentes? não se poderam ter em pé, porque o Senhor os empuxou.

16 Multiplicou os que tropeçavam: tambem cairam [12] uns sobre os outros, e disseram: Levanta-te, e voltemos ao nosso povo, e á terra do nosso nascimento, por causa da espada que opprime.

17 Clamaram ali: Pharaó rei do Egypto é um estrondo; deixou passar o tempo assignalado.

18 Vivo eu, diz o rei, [13] cujo nome é o Senhor dos Exercitos, que assim como está Tabor entre os montes, e como o Carmelo sobre o mar, certamente assim virá.

19 Prepara-te apparelhos para a ida em captiveiro, ó moradora, [14] filha do Egypto: porque Noph será tornada em desolação, e será abrazada, até que ninguem mais ahi more.

20 Bezerra [15] mui formosa é o Egypto: vem a destruição, ella vem do norte.

21 Até os seus mercenarios no meio d’ella são como bezerros cevados; porém tambem elles viraram as costas, fugiram juntos; não estiveram firmes; porque veiu sobre elles o dia da sua ruina e o tempo da sua visitação.

22 A sua voz [16] irá como a da serpente; porque irão com poder do exercito, e virão a ella com machados como cortadores de lenha.

23 Cortaram [17] o seu bosque, diz o Senhor, ainda que não podem contar-se; porque se multiplicaram mais do que os gafanhotos, não se podem numerar.

24 A filha do Egypto está envergonhada: [18] foi entregue na mão do povo do norte.

[710]

25 Diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: Eis que eu visitarei a multidão de No, [19] e a Pharaó, e ao Egypto, e aos seus deuses, e aos seus reis, e até ao mesmo Pharaó, e aos que confiam n’elle.

26 E os entregarei [20] na mão dos que procuram a sua morte, na mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia, e na mão dos seus servos; porém depois será habitada, [21] como nos dias antigos, diz o Senhor.

27 Não temas [22] pois tu, servo meu Jacob, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei de terras de longe, como tambem a tua semente da terra do seu captiveiro; e Jacob voltará, e descançará, e socegará, e não haverá quem o atemorize.

28 Tu não temas, servo meu, Jacob, diz o Senhor, porque estou comtigo; porque farei consummação de todas as nações entre as quaes te lancei; porém de ti não farei consummação, [23] mas castigar-te-hei com medida, e não te darei de todo por innocente.

[1] II Reis 23.29. II Chr. 35.20.

[2] cap. 6.25 e 49.29.

[3] Dan. 11.19.

[4] Isa. 8.7, 8. cap. 47.2.

[5] Isa. 66.19.

[6] Isa. 13.6. Joel 1.15 e 2.1.

[7] Deu. 32.42. Isa. 34.6.

[8] Isa. 34.6. Sof. 1.7. Eze. 39.17.

[9] cap. 8.22 e 51.8. Isa. 47.1.

[10] Isa. 19.1. cap. 43.10, 11. Eze. 29 e 30 e 32.

[11] ver. 3. ver. 10.

[12] Lev. 26.37.

[13] Isa. 47.4 e 48.2. cap. 48.15.

[14] cap. 48.18.

[15] Ose. 10.11. cap. 1.14 e 47.2. ver. 6, 10.

[16] Isa. 29.4.

[17] Isa. 10.34. Jui. 6.5.

[18] cap. 1.15.

[19] Eze. 30.14, 15, 16. Nah. 3.8. cap. 43.12, 13. Eze. 30.13.

[20] cap. 44.30. Eze. 32.11.

[21] Eze. 29.11, 13, 14.

[22] Isa. 41.13, 14 e 43.5 e 44.2. cap. 30.10, 11.

[23] cap. 10.24 e 30.11.

Prophecia contra os philisteos.

Antes de Christo 600

47 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, [1] o propheta, contra os philisteos, antes que Pharaó ferisse a Gaza.

2 Assim diz o Senhor: [2] Eis que se levantam as aguas do norte, e tornar-se-hão em torrente transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a cidade, e os que moram n’ella; e os homens clamarão, e todos os moradores da terra uivarão;

3 Por causa do som [3] do estrepito das unhas dos seus fortes cavallos, por causa do arroido de seus carros e do estrondo das suas rodas: os paes não attenderam aos filhos, por causa da fraqueza das mãos;

4 Por causa do dia que vem, para destruir a todos os philisteos, [4] para cortar a Tyro e a Sidon todo o resto que os soccorra; porque o Senhor destruirá os philisteos, [5] o resto da ilha de Caphtor.

5 A rapadura [6] veiu sobre Gaza, foi desarreigada Ascalon, com o resto do seu valle: até quando te sarjarás?

6 Ah espada [7] do Senhor! até quando deixarás de repousar? volta para a tua bainha, descança, e aquieta-te.

7 Mas como te aquietarias? pois o Senhor deu-lhe mandado contra Ascalon, e contra as bordas do mar: e ali lh’o tem prescripto.

[1] cap. 25.20. Eze. 25.15, 16. Sof. 2.4, 5. Amós 1.6, 7, 8.

[2] Isa. 8.7. cap. 46.7, 8. cap. 1.14 e 46.20.

[3] cap. 8.16. Nah. 3.2.

[4] cap. 25.22.

[5] Eze. 25.16.

[6] Amós 1.7. Miq. 1.16. Sof. 2.4, 7. Zac. 9.5.

[7] Deu. 32.41. Eze. 21.3, 4, 5.

Prophecia contra Moab.

48 Contra Moab [1] assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: Ai de Nebo, porque foi destruida: envergonhada está Kiriathaim, [2] é tomada: Misgab está envergonhada e espantada.

2 não ha [3] mais gloriação de Moab ácerca de Hesbon; pensaram mal contra ella, dizendo: Vinde, e desarreiguemol-a, para que não seja mais povo; tambem tu, ó Madmen, serás desarreigada; a espada te irá seguindo.

3 Voz de [4] grito de Horonaim: ruina e grande destruição.

4 está destruida Moab: seus filhinhos fizeram-se ouvir com gritos.

5 Porque [5] na subida de Luhith subirá choro sobre choro; porque na descida de Horonaim os adversarios de Moab ouviram um lastimoso clamor.

6 Fugi, [6] salvae a vossa vida, e sereis como a tamargueira no deserto.

7 Porque, por causa da tua confiança nas tuas obras, e nos teus thesouros, tambem tu serás tomada; [7] e Camos sairá para o captiveiro, os seus sacerdotes e os seus principes juntos.

8 Porque virá o destruidor [8] sobre cada uma das cidades, e nenhuma escapará, e perecerá o valle, e destruir-se-ha a campina; porque o Senhor o disse.

9 Dae azas a Moab; porque voando sairá, e as suas cidades se tornarão em assolação, e ninguem morará n’ellas.

10 Maldito [9] aquelle que fizer a obra do Senhor fraudulosamente: e maldito aquelle que veda a sua espada do sangue.

11 Moab esteve descançado desde a sua mocidade, [10] e repousou nas suas fezes, e não foi trafegado de vaso em vaso, nem foi para o captiveiro; por isso permaneceu o seu sabor n’elle, e o seu cheiro não mudou.

12 Portanto, eis que dias veem, diz o Senhor, em que lhe enviarei andantes, que o farão andar a grandes passos; e[711] despejarão os seus vasos, e romperão os seus odres.

13 E Moab terá vergonha [11] de Camos, como se envergonhou a casa de Israel de Beth-el, sua confiança.

14 Como direis, pois: Valentes somos e homens fortes para a guerra?

15 Já está destruido Moab, [12] e subiu das suas cidades, e os seus mancebos escolhidos desceram á matança, diz o rei, [13] cujo nome é o Senhor dos Exercitos.

16 Já é chegada a vinda da perdição de Moab; e apressura-se muito o seu mal.

17 Condoei-vos d’elle todos os que estaes em redor d’elle, e todos os que sabeis o seu nome: dizei: [14] Como se quebrou a vara forte, o cajado formoso?

18 Desce da tua gloria, e assenta-te em secco, ó moradora, [15] filha de Dibon; porque o destruidor de Moab subiu contra ti, e desfez as tuas fortalezas.

19 Põe-te no caminho, [16] e espia, ó moradora de Aroer: pergunta ao que vae fugindo; e á que escapou dize: Que succedeu?

20 Moab está envergonhado, porque foi quebrantado; [17] uivae e gritae: annunciae em Arnon que Moab está destruido.

21 Tambem o juizo veiu [18] sobre a terra da campina: sobre Holon, e sobre Jaza, e sobre Mephaat,

22 E sobre Dibon, e sobre Nebo, e sobre Beth-diblataim,

23 E sobre Kiriathaim, e sobre Beth-gamul, e sobre Beth-meon,

24 E sobre Kerioth, [19] e sobre Bozra; e até sobre todas as cidades da terra de Moab, as de longe e as de perto.

25 é cortado o corno de Moab, e é quebrantado o seu braço, [20] diz o Senhor.

26 Embriagae-o, [21] porque contra o Senhor se engrandeceu; e Moab se revolverá no seu vomito, e elle tambem será por escarneo.

27 Porque [22] não te foi tambem Israel por escarneo? porventura foi achado entre ladrões, porque desde que fallas d’elle te ris?

28 Deixae as cidades, e habitae no rochedo, ó moradores de Moab; e sêde como a pomba que se aninha nas extremidades da bocca da caverna.

29 ouvimos a [23] soberba de Moab, que é soberbissimo, como tambem a sua arrogancia, e a sua soberba, e sua altivez e a altura do seu coração.

30 Eu conheço, diz o Senhor, a sua indignação, porém assim não será: as suas mentiras não o farão assim.

31 Por isso uivarei [24] por Moab, e gritarei por todo o Moab: pelos homens de Kir-heres gemerão.

32 Com o choro de Jaezar chorar-te-hei, [25] ó vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, e chegaram até ao mar de Jaezer; porém o destruidor caiu sobre os fructos do teu verão, e sobre a tua vindima.

33 Tirou-se pois o folguedo e a alegria [26] do campo fertil e da terra de Moab; porque fiz cessar o vinho dos lagares: não pisarão uvas com jubilo: o jubilo não será jubilo.

34 Por causa [27] do grito de Hesbon até Eleale e até Jahaz, deram a sua voz desde Zoar, até Horonaim, como bezerra de tres annos; porque até as aguas do Nimrim se tornarão em assolações.

35 E farei cessar em Moab, diz o Senhor, [28] quem sacrifique no alto, e queime incenso aos seus deuses.

36 Por isso resoará [29] o meu coração por Moab como frautas; tambem resoará o meu coração pelos homens de Kir-heres como frautas; [30] porquanto a abundancia que ajuntou se perdeu.

37 Porque toda [31] a cabeça será calva, e toda a barba será diminuida; sobre todas as mãos ha sarjaduras, [32] e sobre os lombos saccos.

38 Sobre todos os telhados de Moab e nas suas ruas haverá um pranto geral; porque quebrantei a Moab, [33] como a um vaso que não agrada, diz o Senhor.

39 Como foi quebrantado? uivam: como virou Moab as costas e se envergonhou? assim será Moab objecto de escarneo e de espanto a todos os que estão em redor d’elle.

40 Porque assim diz o Senhor: [34] Eis que voará como a aguia, e estenderá as suas azas sobre Moab.

41 são [35] tomadas as cidades, e occupadas as fortalezas: [36] e será o coração dos valentes de Moab n’aquelle dia como o coração da mulher que está com dôres de parto.

42 E Moab [37] será destruido, para que não seja povo; porque se engrandeceu contra o Senhor.

[712]

43 Temor, [38] e cova, e laço, veem sobre ti, ó morador de Moab, diz o Senhor.

44 O que fugir do temor cairá na cova, e o que subir da cova ficará preso no laço; [39] porque trarei sobre elle, sobre Moab, o anno da sua visitação, diz o Senhor.

45 Os que fugiam da força [40] pararam á sombra de Hesbon; porém fogo saiu de Hesbon, e a labareda do meio de Sihon, [41] e devorou o canto de Moab e a mioleira dos filhos de arroido.

46 Ai [42] de ti, Moab; pereceu o povo de Camos; porque teus filhos foram levados em captiveiro, como tambem tuas filhas em captividade.

47 Porém farei [43] voltar os captivos de Moab no ultimo dos dias, diz o Senhor. Até aqui o juizo de Moab.

[1] Isa. 15.16. cap. 25.21 e 27.3. Eze. 2.5, 9. Amós 2.1, 2. Num. 32.38 e 33.47. Isa. 14.2.

[2] Num. 32.37.

[3] Isa. 16.14. Isa. 15.4.

[4] ver. 5.

[5] Isa. 15.5.

[6] cap. 51.6. cap. 17.6.

[7] Num. 21.29. Jui. 11.24. Isa. 46.1, 2. cap. 43.12 e 49.3.

[8] cap. 6.26. ver. 18.

[9] Jui. 5.23.

[10] Sof. 1.12.

[11] Jui. 11.2, 4. I Reis 11.7 e 12.29.

[12] ver. 8, 9, 18.

[13] cap. 46.18 e 51.57.

[14] Isa. 9.4 e 14.4, 5.

[15] Isa. 47.1. cap. 46.19. Num. 21.30. Isa. 15.2.

[16] Deu. 2.36.

[17] Isa. 16.7. Num. 21.13.

[18] ver. 8.

[19] ver. 41. Amós 2.2.

[20] Eze. 30.21.

[21] cap. 25.15, 27.

[22] Sof. 2.8. cap. 2.26.

[23] Isa. 16.6, etc.

[24] Isa. 15.5 e 16.7, 11.

[25] Isa. 16.8, 9.

[26] Isa. 16.10. Joel 1.12.

[27] Isa. 15.4, 5, 6. ver. 5.

[28] Isa. 15.2 e 16.12.

[29] Isa. 15.5.

[30] Isa. 15.7.

[31] Isa. 15.2. cap. 47.5.

[32] Gen. 37.34.

[33] cap. 22.28.

[34] Deu. 28.49. cap. 49.22. Dan. 7.4. Ose. 8.1. Hab. 1.8.

[35] ver. 24.

[36] Isa. 13.8. cap. 30.6 e 49.22, 24 e 50.43. Miq. 4.9.

[37] Isa. 7.8.

[38] Isa. 24.17, 18.

[39] cap. 11.23.

[40] Num. 21.28.

[41] Num. 24.17.

[42] Num. 21.29.

[43] cap. 49.6, 39.

Prophecia contra os ammonitas.

49 Contra os filhos [1] de Ammon. Assim diz o Senhor: Acaso não tem filhos Israel, nem tem herdeiro? [2] porque pois herdou [ZU] Malcam a Gad e o seu povo habitou nas suas cidades?

2 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, [3] em que farei ouvir em Rabba dos filhos de Ammon o alarido de guerra, e tornar-se-ha n’um montão de assolação, e [ZV] os logares da sua jurisdicção serão queimados a fogo; e Israel herdará aos que o herdaram, diz o Senhor.

3 Uiva, ó Hesbon, porque é destruida Ai; clamae, ó filhas de Rabba, [4] cingi-vos de saccos, lamentae, e rodeae pelos vallados; porque [ZW] Malcam irá em captiveiro, os seus sacerdotes [5] e os seus principes juntamente.

4 Porque te glorias dos valles, se escorreu o teu valle, ó filha rebelde que confias nos teus thesouros, [6] dizendo: Quem virá contra mim?

5 Eis que eu trarei temor sobre ti, diz o Senhor Jehovah dos Exercitos, de todos os que estão ao redor de ti; e sereis lançados fóra cada um diante de si, e ninguem recolherá o desgarrado.

6 Mas depois [7] d’isto farei voltar os captivos dos filhos de Ammon, diz o Senhor.

Prophecia contra os edomitas.

7 Contra [8] Edom. Assim diz o Senhor dos Exercitos: Acaso não ha mais sabedoria em Teman? pereceu o conselho dos entendidos? corrompeu-se a sua sabedoria?

8 Fugi, [9] virae-vos, buscae profundezas para habitar, [10] ó moradores de Dedan, porque eu trouxe sobre elle a ruina de Esaú, no tempo em que o visitei.

9 Se vindimadores viessem a ti, [11] não deixariam rabiscos? se ladrões de noite viessem, não te damnificariam quanto lhes é sufficiente?

10 Mas eu [12] despi a Esaú, descobri os seus esconderijos, e não se poderá esconder: é destruida a sua semente, como tambem seus irmãos e seus visinhos, [13] e elle não é.

11 Deixa os teus orphãos: eu os guardarei em vida; e as tuas viuvas confiar-se-hão em mim.

12 Porque assim diz o Senhor: Eis que os que não estavam condemnados a beberem o copo totalmente o beberão; e tu mesmo totalmente serias absolto? não serás absolto, mas totalmente o beberás.

13 Porque [14] por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que Bozra servirá de espanto, de opprobrio, de assolação, e de execração; e todas as suas cidades se tornarão em assolações perpetuas.

14 Ouvi [15] um rumor vindo do Senhor, que um embaixador é enviado ás nações, para lhes dizer: Ajuntae-vos, e vinde contra ella, e levantae-vos para a guerra.

15 Porque eis que te fiz pequeno entre as nações, desprezado entre os homens.

16 A tua terribilidade te enganou, e a arrogancia do teu coração, tu que habitas nas cavernas das rochas, [16] que occupas as alturas dos outeiros; ainda que alces o teu ninho como a aguia, de lá te derribarei, diz o Senhor.

17 Assim servirá Edom de espanto: [17] todo aquelle que passar por ella se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.

18 Será [18] como a destruição de Sodoma e Gomorrah, e dos seus visinhos, diz o Senhor: não habitará ninguem ali, nem morará n’ella filho de homem.

19 Eis que [19] elle como leão subirá da enchente do Jordão contra a morada do forte; porque n’um momento o farei correr d’ali; e quem é o escolhido que porei sobre ella? [20] porque quem é similhante a mim? e quem me emprazaria?[713] e quem é o pastor que subsistiria perante mim?

20 Portanto [21] ouvi o conselho do Senhor, que decretou contra Edom, e os seus designios que intentou entre os moradores de Teman: certamente os mais pequenos do rebanho os arrastarão: certamente assolará as suas moradas sobre elles.

21 A terra estremeceu do [22] estrondo da sua queda: tocante ao grito, até ao Mar Vermelho se ouviu o sonido.

22 Eis que [23] elle como aguia subirá, e voará, e estenderá as suas azas sobre Bozra: e será o coração dos valentes de Edom n’aquelle dia como o coração da mulher que está com dôres de parto.

Prophecia contra Damasco.

23 Contra Damasco. [24] Envergonhou-se Hamath e Arpad, porquanto ouviram más novas, [25] se desmaiaram: no mar ha angustia, não se pode socegar.

24 Enfraquecida está Damasco; virou as costas para fugir, e tremor a tomou: [26] angustia e dôres a tomaram como da que está de parto.

25 Como não é deixada [27] a afamada cidade? a cidade de meu folguedo?

26 Portanto [28] cairão os seus mancebos nas suas ruas; e todos os homens de guerra serão consumidos n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos.

27 E accenderei [29] fogo ao muro de Damasco, e consumirá os palacios de Benhadad.

Prophecia contra a Arabia.

28 Contra Kedar, e contra os reinos de Hazor, que Nabucodonozor, rei de Babylonia, feriu. Assim diz o Senhor: Levantae-vos, subi contra Kedar, [30] e destrui os filhos do oriente.

29 Tomarão as suas tendas, e os seus gados, as suas cortinas e todos os seus vasos, e os seus camelos levarão para si; e lhes clamarão: [31] Ha medo de todos os lados.

30 Fugi, [32] desviae-vos para mui longe, buscae profundezas para habitar, ó moradores de Azor, diz o Senhor: porque Nabucodonozor, rei de Babylonia, tomou conselho contra vós, e intentou um designio contra vós.

31 Levantae-vos, [33] subi contra uma nação em repouso, que habita confiadamente, diz o Senhor, que não tem portas, nem ferrolho; [34] habitam sós.

32 E os seus camelos serão para preza, e a multidão dos seus gados para despojo: [35] e os espalharei a todo o vento, áquelles que moram nos ultimos cantos da terra, e de todos os seus lados lhes trarei a sua ruina, diz o Senhor.

33 E Hazor [36] se tornará em morada de dragões, em assolação para sempre: ninguem habitará ali, nem morará n’ella filho de homem.

Prophecia contra os elamitas.

34 A palavra do Senhor, que veiu a Jeremias, o propheta, [37] contra Elam, no principio do reinado de Zedekias, rei de Judah, dizendo:

35 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [38] Eis que eu quebrarei o arco de Elam, o principal do seu poder.

36 E trarei sobre Elam os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, [39] e os espalharei por todos estes ventos; e não haverá nação aonde não venham os fugitivos de Elam.

37 E atemorizarei a Elam diante de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte; e farei vir sobre elles o mal, o furor da minha ira, diz o Senhor; [40] e enviarei após elles a espada; até que venha a consumil-os.

38 E [41] porei o meu throno em Elam: e destruirei d’ali o rei e os principes, diz o Senhor.

39 Será, porém, [42] no ultimo dos dias que farei voltar os captivos de Elam, diz o Senhor.

[1] Eze. 21.28 e 25.2. Amós 1.13. Sof. 2.8, 9.

[2] Amós 1.13.

[3] Eze. 25.5. Amós 1.14.

[4] Isa. 32.11. cap. 4.8 e 5.26.

[5] cap. 48.7.

[6] cap. 21.13.

[7] ver. 39. cap. 48.47.

[8] Eze. 25.12. Oba. 8.

[9] ver. 30.

[10] cap. 25.23.

[11] Oba. 5.

[12] Mal. 1.3.

[13] Isa. 17.15.

[14] Gen. 22.16. Isa. 45.23. Amós 6.8.

[15] Oba. 1, 2, 3.

[16] Oba. 4. Job 39.37. Amós 9.2.

[17] cap. 18.16 e 50.13.

[18] Gen. 19.25. Deu. 29.23. cap. 50.40. Amós 4.11.

[19] cap. 50.44, etc. cap. 12.5.

[20] Exo. 15.11.

[21] cap. 50.4.

[22] cap. 50.46.

[23] cap. 4.13 e 48.40, 41.

[24] Isa. 17.1 e 37.13. Amós 1.3. Zac. 9.1, 2.

[25] Isa. 57.20.

[26] Isa. 13.8. cap. 4.31 e 6.24 e 30.6 e 48.41. ver. 22.

[27] cap. 33.9.

[28] cap. 50.30 e 51.4.

[29] Amós 1.4.

[30] Jui. 6.3. Job 1.3.

[31] cap. 46.5.

[32] ver. 8.

[33] Eze. 38.11.

[34] Num. 23.9. Deu. 33.28. Miq. 7.14.

[35] ver. 36. Eze. 5.10. cap. 9.26 e 25.23.

[36] cap. 9.11 e 10.22. Mal. 1.3.

[37] cap. 25.25.

[38] Isa. 26.6.

[39] ver. 32.

[40] cap. 9.16 e 48.2.

[41] cap. 43.10.

[42] cap. 48.47. ver. 6.

Prophecia contra Babylonia.

Antes de Christo 595

50 A palavra que fallou o Senhor [1] contra Babylonia, contra a terra dos chaldeos, por mão de Jeremias, o propheta.

2 Annunciae entre as nações; e fazei ouvir, e levantae bandeira, fazei ouvir, não encubraes; dizei: [2] tomada é Babylonia, confundido está Bel, atropellado está Merodach, confundidos estão os seus idolos, e atropellados estão os seus deuses de esterco.

3 Porque subiu contra ella uma nação do norte, [3] que fará da sua terra uma solidão, e não haverá quem habite n’ella: desde os homens até aos animaes fugiram, e se foram.

4 N’aquelles dias, e n’aquelle tempo,[714] diz o Senhor, os filhos de Israel virão, [4] elles e os filhos de Judah juntamente; andando e chorando virão, e buscarão ao Senhor seu Deus.

5 Pelo caminho de Sião perguntarão, para ali endereçarão os seus rostos: virão, e se ajuntarão ao Senhor, [5] n’um concerto eterno que nunca será esquecido.

6 Ovelhas perdidas [6] foram o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, pelos montes as desviaram; [7] de monte em outeiro andavam, esqueceram-se do logar do seu repouso.

7 Todos os que os achavam os devoraram; [8] e os seus adversarios diziam: Culpa nenhuma teremos; porque peccaram contra o Senhor na morada da justiça, contra o Senhor, a Esperança de seus paes.

8 Fugi [9] do meio de Babylonia, e sahi da terra dos chaldeos; e sêde como os carneiros diante do rebanho.

9 Porque [10] eis que eu suscitarei e farei subir contra Babylonia uma congregação de grandes nações da terra do norte, e se prepararão contra ella, [11] e d’ali será tomada: as suas frechas serão como de valente heroe, não tornará sem effeito.

10 E Chaldea servirá de preza: todos os que a saqueiam serão fartos, diz o Senhor.

11 Porquanto [12] vos alegrastes, porquanto saltastes de prazer, ó saqueadores da minha herança, [13] porquanto vos inchastes como bezerra gorda, e rinchastes como cavallos vigorosos,

12 Será mui confundida vossa mãe, ficará envergonhada a que vos pariu: eis que ella será a ultima das nações, um deserto, uma terra secca e uma solidão.

13 Por causa do furor do Senhor não será habitada, [14] antes se tornará em total assolação: qualquer que passar por Babylonia se espantará, e assobiará sobre todas as suas pragas.

14 Preparae-vos [15] contra Babylonia em redor, todos os que armaes arcos: atirae-lhe, não poupeis as frechas, porque peccou contra o Senhor.

15 Gritae contra ella em redor, [16] porque já deu a sua mão, cairam seus fundamentos, são derribados os seus muros; porque esta é a vingança do Senhor: tomae vingança d’ella; como ella fez, fazei-lhe a ella.

16 Arrancae de Babylonia o que semeia, e o que leva a foice no tempo da sega: [17] por causa da espada afflictiva virar-se-ha cada um para o seu povo, e fugirá cada um para a sua terra.

17 Cordeiro [18] desgarrado é Israel: os leões o afugentaram: o primeiro que o comeu foi o rei da Assyria; e este, o ultimo, Nabucodonozor, rei de Babylonia, lhe quebrou os ossos.

18 Portanto, assim diz o Senhor dos Exercitos, Deus de Israel: Eis que visitarei o rei de Babylonia, e a sua terra, como visitei o rei da Assyria.

19 E [19] farei tornar Israel para a sua morada, e pastará no Carmelo e em Basan; e fartar-se-ha a sua alma no monte de Ephraim e em Gilead.

20 N’aquelles dias, e n’aquelle tempo, diz o Senhor, [20] buscar-se-ha a maldade de Israel, porém não se achará; como tambem os peccados de Judah, porém não se acharão; porque perdoarei aos que eu deixar de resto.

21 Contra a terra de Merathaim. [21] Sobe contra ella, e contra os moradores de Pecod: assola e de todo destroe após elles, diz o Senhor, e faze conforme tudo o que te mandei.

22 Estrondo [22] de guerra ha na terra, e grande quebra.

23 Como [23] foi cortado e quebrantado o martello de toda a terra! como se tornou Babylonia em espanto entre as nações!

24 Laços te armei, e tambem foste presa, ó Babylonia, e tu não o soubeste; foste achada, e tambem apanhada; porque contra o Senhor te entremetteste.

25 O Senhor abriu o seu thesouro, [24] e tirou os instrumentos da sua indignação; porque esta obra é do Senhor Jehovah dos Exercitos, na terra dos chaldeos.

26 Vinde contra ella dos confins da terra, abri os seus celleiros, trilhae-a como a pavêas, e destrui-a de todo: nada lhe fique de resto.

27 Matae á espada a todos os seus novilhos, [25] desçam ao degoladouro: ai d’elles! porque veiu o seu dia, [26] o tempo da sua visitação.

28 Voz ha dos que fugiram e escaparam da terra de Babylonia, [27] para annunciar em Sião a vingança do Senhor nosso Deus, a vingança do seu templo.

[715]

29 Convocae contra Babylonia os frecheiros, a todos os que armam arcos: [28] acampae-vos contra ella em redor, ninguem escape d’ella: pagae-lhe conforme a sua obra, [29] conforme tudo o que fez, fazei-lhe; porque se houve arrogantemente contra o Senhor, contra o Sancto de Israel.

30 Portanto, [30] cairão os seus mancebos nas suas ruas; e todos os seus homens de guerra serão desarreigados n’aquelle dia, diz o Senhor.

31 Eis que eu sou contra ti, ó soberbo, diz o Senhor Deus dos Exercitos; [31] porque veiu o teu dia, o tempo em que te hei de visitar.

32 Então tropeçará o soberbo, e cairá, e ninguem haverá que o levante; [32] e porei fogo ás suas cidades, que consumirá todos os seus contornos.

33 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judah foram opprimidos juntamente; e todos os que os tomaram captivos os retiveram, não os quizeram soltar.

34 Porém [33] o seu Redemptor é forte, o Senhor dos Exercitos é o seu nome; certamente pleiteará o pleito d’elles, para dar descanço á terra, e inquietar os moradores de Babylonia.

35 A espada virá sobre os chaldeos, diz o Senhor, [34] como tambem sobre os moradores de Babylonia, e sobre os seus principes, e sobre os seus sabios.

36 A espada [35] virá sobre os mentirosos, e ficarão insensatos: a espada virá sobre os seus valentes, e desmaiarão.

37 A espada virá sobre os seus cavallos, e sobre os seus carros, [36] e sobre toda a mistura de povos, que está no meio d’ella; e tornar-se-hão em mulheres: a espada virá sobre os seus thesouros, e serão saqueados.

38 Cairá [37] a secca sobre as suas aguas, e seccarão; porque é terra de esculpturas, e pelos horriveis idolos andam enfurecidos.

39 Por isso [38] habitarão n’ella as féras do deserto, com os animaes bravos das ilhas: [39] tambem habitarão n’ella as abestruzinhas; e nunca mais será povoada para sempre, nem será habitada de geração em geração.

40 Como [40] Deus transtornou a Sodoma e a Gomorrah, e aos seus visinhos, diz o Senhor, assim ninguem habitará ali, nem morará n’ella filho do homem.

41 Eis que [41] um povo vem do norte, e uma grande nação; e reis poderosos se levantarão dos lados da terra.

42 Arco e lança tomarão; [42] elles são crueis, e não serão compassivos; a sua voz bramará como o mar, e sobre cavallos cavalgarão, como um homem apercebido para a batalha, contra ti, ó filha de Babylonia.

43 O rei de Babylonia ouviu a sua fama, e desfalleceram as suas mãos: [43] tomou-o a angustia e dôr, como da que está de parto.

44 Eis que [44] elle como leão subirá da enchente do Jordão, contra a morada do forte, porque n’um momento o farei correr d’ali; e quem é o escolhido, a este porei contra ella: porque quem é similhante a mim? e quem me citaria a mim? [45] e quem é aquelle pastor que subsistiria perante mim?

45 Portanto ouvi [46] o conselho do Senhor, que decretou contra Babylonia, e os seus designios que intentou contra a terra dos chaldeos: Certamente os mais pequenos do rebanho os arrastarão; certamente assolará a morada sobre elles.

46 Do estrondo da tomada de Babylonia estremeceu a terra; e o grito se ouviu entre as nações.

[1] Isa. 13.1 e 21.1 e 47.1.

[2] Isa. 46.1. cap. 51.44. cap. 43.12, 13.

[3] Isa. 13.17, 18, 20. ver. 39, 40.

[4] Ose. 1.11. cap. 31.9. Zac. 12.10. Ose. 3.5.

[5] cap. 31.31, etc. e 32.40.

[6] ver. 17. Isa. 53.6. I Ped. 2.25.

[7] cap. 2.20 e 3.6, 23.

[8] cap. 20.2, 3. cap. 2.3.

[9] Isa. 48.20. cap. 51.6, 45. Zac. 2.6, 7. Apo. 18.4.

[10] cap. 15.14 e 51.27. ver. 3, 41.

[11] ver. 14, 29.

[12] Isa. 47.6.

[13] Ose. 10.11.

[14] cap. 49.17.

[15] ver. 9. cap. 51.2. ver. 29.

[16] II Chr. 30.8. ver. 29.

[17] Isa. 13.14. cap. 51.9.

[18] ver. 6. cap. 2.15.

[19] cap. 33.12. Eze. 34.13, 14.

[20] cap. 31.34.

[21] II Reis 18.25. Isa. 10.6.

[22] cap. 51.54.

[23] cap. 51.20.

[24] Isa. 13.5.

[25] cap. 46.21.

[26] cap. 48.44. ver. 31.

[27] cap. 51.10, 11.

[28] ver. 14.

[29] ver. 15. cap. 51.56. Apo. 18.6.

[30] cap. 49.26 e 51.4.

[31] ver. 27.

[32] cap. 21.14.

[33] Apo. 18.8. Isa. 47.4.

[34] Dan. 5.30.

[35] Isa. 44.25.

[36] cap. 25.20, 24. Eze. 30.5. cap. 51.30. Nah. 3.13.

[37] Isa. 44.27. cap. 51.32, 36. Apo. 16.12. ver. 2.

[38] Isa. 13.21, 22. cap. 51.37.

[39] Isa. 13.20.

[40] Gen. 19.25. Isa. 13.19. cap. 49.18 e 51.26.

[41] ver. 9. cap. 6.22.

[42] cap. 6.23. Isa. 13.18. Isa. 5.30.

[43] cap. 49.24.

[44] cap. 49.19, etc.

[45] cap. 49.19.

[46] Isa. 14.24, etc. cap. 51.11.

51 Assim diz o Senhor: Eis que levantarei um vento destruidor contra Babylonia, [1] e contra os que habitam no coração dos que se levantam contra mim.

2 E enviarei padejadores contra Babylonia, que a padejarão, [2] e despejarão a sua terra; porque virão contra ella de redor no dia da calamidade.

3 O frecheiro arme [3] o seu arco contra o que arma o seu arco, e contra o que presume da sua couraça; e não perdoeis a seus mancebos; [4] destrui a todo o seu exercito.

4 E os mortos caiam na terra dos chaldeos, [5] e os atravessados pelas ruas.

5 Porque Israel e Judah não foram deixados viuvas do seu Deus, do Senhor dos Exercitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas perante o Sancto de Israel.

6 Fugi [6] do meio de Babylonia, e livrae cada um a sua alma, e não vos destruaes a vós na sua maldade: [7] porque[716] este é o tempo da vingança do Senhor, que lhe paga retribuição.

7 Era Babylonia um copo de oiro na mão do Senhor, [8] que embriagava a toda a terra: [9] do seu vinho beberam as nações; por isso as nações enlouqueceram.

8 N’um momento caiu [10] Babylonia, e ficou arruinada: uivae sobre ella, tomae balsamo para a sua dôr, porventura sarará.

9 Sarámos a Babylonia, porém ella não sarou; [11] deixae-a, e vamo-nos cada um para a sua terra: porque o seu juizo chegou até ao céu, e se elevou até ás mais altas nuvens.

10 O Senhor tirou a nossa justiça á luz: [12] vinde e contemos em Sião a obra do Senhor, nosso Deus.

11 [ZX] Alimpae as frechas, [13] preparae perfeitamente os escudos: o Senhor despertou o espirito dos reis da Media; porque o seu intento contra Babylonia é para a destruir; [14] porque esta é a vingança do Senhor, a vingança do seu templo.

12 Arvorae bandeira sobre os muros de Babylonia, reforçae a guarda, collocae guardas, preparae as ciladas; porque como o Senhor intentou, assim fez o que tinha fallado ácerca dos moradores de Babylonia.

13 Tu [15] que habitas sobre muitas aguas, rica de thesouros, veiu o teu fim, a medida da tua avareza.

14 Jurou o [16] Senhor dos Exercitos por si mesmo, dizendo: Ainda que te enchi de homens, como de pulgão, comtudo cantarão com jubilo sobre ti.

15 Aquelle [17] que fez a terra com o seu poder, e ordenou o mundo com a sua sabedoria, e estendeu os céus com o seu entendimento.

16 Dando elle a sua voz, grande estrondo de aguas ha nos céus, e faz subir os vapores desde o fim da terra: faz os relampagos com a chuva, e tira o vento dos seus thesouros.

17 Embruteceu-se [18] todo o homem, e não tem sciencia; envergonhou-se todo o ourives de imagem de esculptura; [19] porque a sua imagem de fundição mentira é, e não ha espirito n’ellas.

18 Vaidade [20] são, obra de enganos: no tempo da sua visitação perecerão.

19 Não é similhante a estes [21] a porção de Jacob; porque elle é o que formou tudo; e Israel é a tribu da sua herança: o Senhor dos Exercitos é o seu nome.

20 Tu [22] me és martello e armas de guerra, e por ti despedaçarei nações, e por ti destruirei os reis;

21 E por ti despedaçarei o cavallo e o seu cavalleiro; e por ti despedaçarei o carro e o que vae montado n’elle;

22 E por ti despedaçarei o homem e a mulher, [23] e por ti despedaçarei o velho e o moço; e por ti despedaçarei o mancebo e a virgem;

23 E por ti despedaçarei o pastor e o seu rebanho; e por ti despedaçarei o lavrador e a sua junta de bois; e por ti despedaçarei os capitães e os magistrados.

24 Mas pagarei a Babylonia, e a todos os moradores da Chaldea, toda a sua maldade, que fizeram em Sião, aos vossos olhos, diz o Senhor.

25 Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, [24] diz o Senhor, que destroes toda a terra; e estenderei a minha mão contra ti, e te revolverei das rochas, [25] e farei de ti um monte de queima.

26 E não tomarão de ti pedra para esquina, nem pedra para fundamentos, [26] porque te tornarás em assolações perpetuas, diz o Senhor.

27 Arvorae [27] bandeira na terra, tocae a buzina entre as nações, [ZY] sanctificae as nações contra ella, convocae contra ella [28] os reinos de Ararat, Minni, e Asquenaz: ordenae contra ella um capitão, fazei subir cavallos, como pulgão arripiado.

28 Sanctificae contra ella as nações, [29] os reis da Media, os seus capitães, e todos os seus magistrados, como tambem toda a terra do seu dominio.

29 Então tremerá a terra, e doer-se-ha, porque cada um dos designios do Senhor está firme contra Babylonia, [30] para fazer da terra de Babylonia uma assolação, de sorte que não haja n’ella habitante.

30 Os valentes de Babylonia cessaram de pelejar, ficaram-se nas fortalezas, desfalleceu a sua força [31] tornaram-se como mulheres: incendiaram as suas moradas, quebrados foram os seus ferrolhos.

31 Um correio [32] correrá ao encontro de outro correio, e um mensageiro ao[717] encontro de outro mensageiro, para annunciar ao rei de Babylonia que a sua cidade está tomada desde um cabo até ao outro;

32 E os váos estão tomados, e os canaviaes queimados a fogo; e os homens de guerra ficaram assombrados.

33 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel: A filha de Babylonia é como uma eira, [33] já é tempo de se debulhar: [34] ainda um pouco, e o tempo da sega lhe virá.

34 Nabucodonozor, rei de Babylonia, me devorou, [35] atropellou-me, fez de mim um vaso vasio, como dragão me tragou, encheu o seu ventre das minhas delicadezas; lançou-me fóra.

35 A violencia que se me fez a mim e a minha carne venha sobre Babylonia, diga a moradora de Sião; e o meu sangue sobre os moradores da Chaldea, diga Jerusalem.

36 Pelo que assim diz o Senhor: [36] Eis que pleitearei o teu pleito, e te vingarei da vingança que se tomou de ti; e seccarei o seu mar, e farei que se esgote o seu manancial.

37 E [37] Babylonia virá a ser uns montões, morada de dragões, espanto e assobio, [38] sem que haja quem habite n’ella.

38 Juntamente rugirão como filhos dos leões: bramarão como cachorros de leões.

39 Estando [39] elles esquentados, lhes darei a sua bebida, e os embriagarei, para que andem saltando; porém dormirão um perpetuo somno, e não acordarão, diz o Senhor.

40 Fal-os-hei descer como a cordeiros ao matadouro, como carneiros com os bodes.

41 Como [40] foi presa Sesach, e tomada a gloria de toda a terra! como tem sido Babylonia tornada em espanto entre as nações!

42 O [41] mar subiu sobre Babylonia; com a multidão das suas ondas se cobriu.

43 Tornaram-se [42] as suas cidades em assolação, terra secca e deserta, terra em que ninguem habite, nem passe por ella filho de homem.

44 E [43] visitarei a Bel em Babylonia, e tirarei da sua bocca o que tragou, e nunca mais concorrerão a elle as nações: [44] tambem o muro de Babylonia caiu.

45 Sahi do meio d’ella, [45] ó povo meu, e livrae cada um a sua alma, por causa do ardor da ira do Senhor.

46 E para que porventura não se enterneça o vosso coração, [46] e não temaes pelo rumor que se ouvir na terra; porque virá n’um anno um rumor, e depois n’outro anno um rumor; e haverá violencia na terra, dominador sobre dominador.

47 Portanto, eis que veem dias, [47] e visitarei as imagens de esculptura de Babylonia, e toda a sua terra será envergonhada, e todos os seus traspassados cairão no meio d’ella.

48 E os céus [48] e a terra, com tudo quanto n’elles ha, jubilarão sobre Babylonia: [49] porque do norte lhe virão os destruidores, diz o Senhor.

49 Como Babylonia serviu de queda aos traspassados de Israel, assim em Babylonia cairão os traspassados de toda a terra.

50 Vós, [50] que escapastes da espada, ide-vos, não pareis; de longe lembrae-vos do Senhor, e Jerusalem suba sobre o vosso coração.

51 Direis porém: Envergonhados estamos, porque ouvimos opprobrio; vergonha cobriu o nosso rosto, porquanto vieram estrangeiros sobre os sanctuarios da casa do Senhor.

52 Portanto, eis que veem dias, diz o Senhor, [51] e visitarei as suas imagens de esculptura; e gemerá o traspassado em toda a sua terra.

53 Ainda [52] que Babylonia subisse aos céus, e ainda que fortificasse a altura da sua fortaleza, todavia de mim virão destruidores sobre ella, diz o Senhor.

54 Voz de gritos [53] se ouve de Babylonia, e grande quebrantamento da terra dos chaldeos;

55 Porque o Senhor destroe a Babylonia, e fará perecer d’ella a sua grande voz: porque as suas ondas bramirão como muitas aguas: dar-se-ha o arroido da sua voz.

56 Porque o destruidor vem sobre ella, sobre Babylonia, e os seus valentes serão presos, estão quebrados os seus arcos: [54] porque o Senhor, Deus das recompensas, certamente lh’o pagará.

57 E [55] embriagarei os seus principes, e os seus sabios, e os seus capitães, e os seus magistrados, e os seus valentes; e dormirão um somno perpetuo, e não acordarão, diz o Rei cujo nome é o Senhor dos Exercitos.

[718]

58 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [56] Os largos muros de Babylonia totalmente serão derribados, e as suas portas excelsas serão abrazadas pelo fogo; [57] e trabalharão os povos em vão, e as nações para o fogo, e cançar-se-hão.

59 A palavra que mandou Jeremias, o propheta, a Seraias, filho de Nerias, filho de Maaseias, indo elle com Zedekias, rei de Judah, a Babylonia, no anno quarto do seu reinado; e Seraias era um principe pacifico.

60 Escreveu pois Jeremias n’um livro todo o mal que havia de vir sobre Babylonia: todas estas palavras que estavam escriptas contra Babylonia.

61 E disse Jeremias a Seraias: Em tu chegando a Babylonia, verás e lerás todas estas palavras.

62 E dirás: Senhor! tu fallaste sobre este logar, que o havias de desarreigar, [58] até não ficar n’elle morador algum, desde o homem até ao animal, mas que se tornaria em perpetuas assolações.

63 E será que, acabando tu de ler este livro, [59] o atarás a uma pedra e o lançarás no meio do Euphrates.

64 E dirás: Assim será afundada Babylonia, e não se levantará, por causa do mal que eu hei de trazer sobre ella, [60] e se cançarão. Até aqui são as palavras de Jeremias.

[1] II Reis 19.7.

[2] cap. 50.14.

[3] cap. 50.14.

[4] cap. 50.21.

[5] cap. 49.26 e 50.30, 37.

[6] cap. 50.8. Apo. 18.4.

[7] cap. 50.15, 28.

[8] Apo. 17.4.

[9] Apo. 14.8. cap. 25.16.

[10] Isa. 21.9. Apo. 14.8 e 18.2. cap. 48.20. Apo. 18.9, 11, 19.

[11] Isa. 13.14. cap. 50.16. Apo. 18.5.

[12] cap. 50.28.

[13] cap. 46.4. ver. 28.

[14] cap. 50.45.

[15] Apo. 17.1, 15.

[16] cap. 49.13. Amós 6.8.

[17] Gen. 1.1, 6. cap. 10.12, etc. Isa. 40.22. cap. 10.13.

[18] cap. 10.14.

[19] cap. 50.2.

[20] cap. 10.15.

[21] cap. 10.16.

[22] Isa. 10.5, 15. cap. 50.23.

[23] II Chr. 33.17.

[24] Isa. 13.2. Zac. 4.7.

[25] Apo. 8.8.

[26] cap. 50.40.

[27] Isa. 13.8. cap. 25.14.

[28] cap. 50.41.

[29] ver. 11.

[30] cap. 50.13, 39, 40. ver. 48.

[31] Isa. 19.16. cap. 48.41 e 50.37. Nah. 3.13.

[32] cap. 50.24.

[33] Isa. 21.10. Miq. 4.13.

[34] Isa. 17.5, etc. Ose. 6.11. Joel 3.13. Apo. 14.15, 18.

[35] cap. 50.17.

[36] cap. 50.34, 38.

[37] cap. 50.39. Apo. 18.2.

[38] cap. 25.9, 18.

[39] ver. 57.

[40] cap. 25.26. Isa. 13.19.

[41] Isa. 8.7, 8.

[42] cap. 50.39, 40. ver. 29.

[43] cap. 50.2.

[44] ver. 58.

[45] ver. 6. cap. 50.8. Apo. 18.4.

[46] II Reis 19.7.

[47] cap. 50.2. ver. 52.

[48] Isa. 44.23 e 49.13. Apo. 18.20.

[49] cap. 50.3, 41.

[50] cap. 44.28.

[51] ver. 47.

[52] cap. 49.16. Amós 9.2.

[53] cap. 50.22.

[54] cap. 50.29.

[55] ver. 39.

[56] ver. 44.

[57] Hab. 2.13.

[58] cap. 50.3, 39. ver. 29.

[59] Apo. 18.21.

[60] ver. 53.

O cerco, tomada e destruição de Jerusalem.

52 Era Zedekias [1] da edade de vinte e um annos quando começou a reinar, e reinou onze annos em Jerusalem: e o nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.

2 E fez o que era mal aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Joaquim.

3 Porque succedeu, por causa da ira do Senhor contra Jerusalem e Judah, até que elle os lançou de diante d’elle, que se rebellou Zedekias contra o rei de Babylonia.

Antes de Christo 588

4 E aconteceu, [2] no anno nono do seu reinado, no mez decimo, no decimo dia do mez, que veiu Nabucodonozor, rei de Babylonia, contra Jerusalem, elle e todo o seu exercito, e se acamparam contra ella, e levantaram contra ella tranqueiras ao redor.

5 Assim esteve cercada a cidade, até ao anno undecimo do rei Zedekias.

6 No mez quarto, aos nove do mez, quando a fome prevaleceu na cidade, e o povo da terra não tinha pão,

7 Então a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram, e sairam da cidade de noite, pelo caminho da porta, entre os dois muros que estavam junto ao jardim do rei (porque os chaldeos estavam contra a cidade ao redor), e foram-se pelo caminho da campina.

8 Porém o exercito dos chaldeos seguiu o rei, e alcançaram a Zedekias nas campinas de Jericó, e todo o seu exercito se espalhou d’elle.

9 E [3] prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babylonia, a Ribla, na terra de Hamath, o qual pronunciou juizos contra elle.

10 E [4] o rei de Babylonia degolou os filhos de Zedekias diante dos seus olhos, e tambem degolou a todos os principes de Judah em Ribla.

11 E cegou os olhos a Zedekias, e o atou com duas cadeias de bronze; e o rei de Babylonia o levou a Babylonia, e o poz na casa do carcere até ao dia da sua morte.

12 E no quinto mez, [5] no decimo dia do mez (este era o decimo nono anno do rei Nabucodonozor, rei de Babylonia), veiu Nebuzaradan, [6] capitão da guarda, que assistia na presença do rei de Babylonia, a Jerusalem.

13 E queimou a casa do Senhor, e a casa do rei; e tambem a todas as casas de Jerusalem, e a todas as casas dos grandes queimou a fogo.

14 E todo o exercito dos chaldeos, que estava com o capitão da guarda, derribou a todos os muros de Jerusalem ao redor.

15 E dos mais [7] pobres do povo, e o resto do povo, que deixaram ficar na cidade, e os rebeldes que se haviam passado ao rei de Babylonia, e o resto da multidão, Nebuzaradan, capitão da guarda, levou presos.

16 Mas dos mais pobres da terra deixou Nebuzaradan, capitão da guarda, ficar alguns, para serem vinhateiros e lavradores.

17 Quebraram mais os chaldeos as columnas [8] de bronze, que estavam na casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, que estavam na casa do Senhor, e levaram todo o bronze para Babylonia.

18 Tambem tomaram [9] os caldeirões, e as pás, e os garfos, e as bacias, e [ZZ] os perfumadores, e todos os vasos de bronze, com que se ministrava.

19 E tomou o capitão da guarda os[719] copos, e os incensarios, e as bacias, e os caldeirões e os castiçaes, e os perfumadores, e as galhetas: assim o que era de puro oiro em oiro, como o que era de prata maciça em prata.

20 As duas columnas, o unico mar, e os doze bois de bronze, que estavam no logar das bases, que fizera o rei Salomão para a casa do Senhor: o bronze d’elles, de todos estes vasos, [10] não tinha peso.

21 Quanto [11] ás columnas, a altura de uma columna era de dezoito covados, e um fio de doze covados a cercava; e era a sua grossura de quatro dedos, e era oca.

22 E havia sobre ella um capitel de bronze, e a altura do capitel era de cinco covados, e a rede e as romãs em roda do capitel tudo era de bronze; e similhante a esta era o da outra columna, com as romãs.

23 E havia noventa e seis [12] romãs em cada banda: as romãs todas eram um cento, em roda da rede.

24 Tomou tambem [13] o capitão da guarda a Seraias, o sacerdote primeiro, e a Sofonias, o sacerdote segundo, e aos tres guardas do umbral da porta.

25 E da cidade tomou a um eunucho que tinha cargo da gente de guerra, e a sete homens dos que viam a face do rei, que se acharam na cidade, como tambem o escrivão-mór do exercito, que registrava o povo da terra para a guerra, e a sessenta homens do povo da terra, que se acharam no meio da cidade.

26 Tomando-os pois Nebuzaradan, capitão da guarda, os trouxe ao rei de Babylonia, a Ribla.

27 E o rei de Babylonia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamath: assim Judah foi levado da sua terra em captiveiro.

28 Este é o povo [14] que Nabucodonozor levou captivo no setimo anno: tres mil e vinte e tres judeos.

29 No anno decimo oitavo de Nabucodonozor levou elle em captiveiro de Jerusalem oitocentas e trinta e duas almas.

30 No anno vinte e [15] tres de Nabucodonozor, levou Nebuzaradan, capitão da guarda, em captiveiro dos judeos, setecentas e quarenta e cinco almas: todas as almas são quatro mil e seiscentas.

31 Succedeu pois [16] no anno trigesimo setimo do captiveiro de Joaquim, rei de Judah, no mez duodecimo, aos vinte e cinco do mez, que exalçou Evil-merodach, rei de Babylonia, [17] no anno primeiro do seu reinado, a cabeça de Joaquim, rei de Judah, e o tirou da casa da prisão;

32 E fallou com elle benignamente, e poz o seu throno acima dos thronos dos reis que estavam com elle em Babylonia;

33 E lhe mudou os vestidos da sua prisão; [18] e comeu pão sempre na sua presença, todos os dias da sua vida.

34 E, quanto á sua pitança, foi-lhe dada pitança ordinaria do rei de Babylonia, porção quotidiana, no seu dia, até o dia da sua morte, todos os dias da sua vida.

[1] II Reis 24.18.

[2] II Reis 25.1-27. cap. 39.1. Zac. 8.19.

[3] cap. 32.4.

[4] Eze. 12.13.

[5] Zac. 7.5 e 8.19. ver. 29.

[6] cap. 39.9.

[7] cap. 39.9.

[8] I Reis 7.15.

[9] Exo. 27.13. II Reis 25.14, 15, 16.

[10] I Reis 7.47.

[11] I Reis 7.15. II Reis 25.17. II Chr. 3.15.

[12] I Reis 7.20.

[13] II Reis 25.18. cap. 21.1 e 29.25.

[14] II Reis 24.2, 12, 14.

[15] ver. 12. cap. 39.9.

[16] II Reis 25.27, 28, 29, 30.

[17] Gen. 40.13, 20.

[18] II Sam. 9.13.


LAMENTAÇÕES DE
JEREMIAS.

A humilhação de Jerusalem; os peccados e afflicções do povo.

Antes de Christo 588

Aleph. 1 Como assim solitaria está assentada aquella cidade, d’antes tão populosa! [1] tornou-se como viuva; a que foi grande entre as nações, como a princeza entre as provincias, tornou-se tributaria!

Beth. 2 Continuamente chora [2] de noite, e as suas lagrimas estão correndo pelas suas faces; não tem quem a console entre todos os seus amadores: todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ella, se lhe tornaram inimigos.

Gimel. [3] 3 Judah passou em captiveiro por causa da afflicção, e por[720] causa da grandeza da sua servidão: [4] ella habita entre as nações, não acha descanço: todos os seus perseguidores a alcançam entre as angustias.

Daleth. 4 Os caminhos de Sião pranteam, porque não ha quem venha á solemnidade; todas as suas portas estão assoladas; os seus sacerdotes suspiram: as suas virgens estão tristes, e ella mesma tem amargura.

He. 5 Os seus adversarios [5] se lhe fizeram cabeça, os seus inimigos prosperam; porque o Senhor a entristeceu, por causa da multidão das suas prevaricações: os seus filhinhos vão em captiveiro adiante do adversario.

Vau. 6 E da filha de Sião foi-se toda a sua gloria: os seus principes ficaram sendo como veados que não acham pasto e caminham sem força adiante do perseguidor.

Zain. 7 Lembrou-se Jerusalem nos dias da sua afflicção, e das suas rebelliões, de todas as suas mais queridas coisas, que tivera dos tempos antigos: quando cahia o seu povo na mão do adversario, e ella não tinha quem a soccorresse, os adversarios a viram, e fizeram escarneo dos seus sabbados.

Heth. 8 Jerusalem [6] gravemente peccou, por isso se fez instavel: todos os que a honravam, a desprezaram, [7] porque viram a sua nudez; ella tambem suspirou e se voltou para traz.

Teth. 9 A sua immundicia está nas suas fraldas, [8] nunca se lembrou do seu fim: por isso foi pasmosamente abatida, não tem consolador; vê, Senhor, a minha afflicção, porque o inimigo se engrandece.

Jod. 10 Estendeu o adversario a sua mão a todas [9] as coisas mais preciosas d’ella; [10] pois viu ter entrado no seu sanctuario as nações ácerca das quaes mandaste que não entrassem na tua congregação.

Caph. 11 Todo o seu povo anda suspirando, [11] buscando o pão, deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para refrescarem a alma: vê, Senhor, e contempla, que sou desprezivel.

Lamed. 12 Porventura não vos toca a todos os que passaes pelo caminho? attendei, e vêde, se ha dôr como a minha dôr, que se me fez a mim, com que me entristeceu o Senhor, no dia do furor da sua ira.

Mem. 13 Desde o alto enviou um fogo em meus ossos, o qual se assenhoreou: [12] estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para traz, fez-me assolada e enferma todo o dia.

Nun. 14 Já [13] o jugo das minhas prevaricações está atado pela sua mão, estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, prostrou a minha força: entregou-me o Senhor nas mãos dos inimigos, não posso levantar-me.

Samech. 15 O Senhor atropellou todos os meus valentes no meio de mim; apregoou contra mim um ajuntamento, para quebrantar os meus mancebos: [14] o Senhor pisou como n’um lagar a virgem filha de Judah.

Ain. 16 Por estas coisas eu ando chorando, [15] e o meu olho, o meu olho se desfaz em aguas; porque se alongou de mim o consolador que devia restaurar a minha alma: os meus filhos estão assolados, porque prevaleceu o inimigo.

Pe. 17 Estende [16] Sião as suas mãos, não ha quem a console: mandou o Senhor ácerca de Jacob que lhe fossem inimigos os que estão em redor d’elle; Jerusalem é como uma mulher immunda.

Tsade. 18 Justo [17] é o Senhor, pois me rebellei contra a sua bocca: ouvi, pois, todos os povos, e vêde a minha dôr; as minhas virgens e os meus mancebos se foram para o captiveiro.

Koph. 19 Chamei os meus amadores, [18] porém elles me enganaram: os meus sacerdotes e os meus anciãos expiraram na cidade; [19] porque buscavam para si mantimento, para refrescarem a sua alma.

Resch. 20 Olha, Senhor, porque estou angustiada; [20] turbadas estão as minhas entranhas, o meu coração está transtornado no meio de mim, porque gravemente me rebellei: [21] de fóra me desfilhou a espada, de dentro está a morte.

Schin. 21 Bem ouvem que eu suspiro, [22] porém não tenho quem me console: todos os meus inimigos que ouviram o meu mal folgam, porque tu o fizeste: [23] trazendo tu o dia que apregoaste, então serão como eu.

Tau. 22 Venha todo o seu mal diante de ti, e faze-lhes como me fizeste a mim por causa de todas as minhas prevaricações; porque os meus suspiros[721] são muitos, [24] e o meu coração está desfallecido.

[1] Isa. 47.7, 8. Esd. 4.20.

[2] Jer. 13.17.

[3] Jer. 52.27.

[4] Deu. 28.54, 65.

[5] Deu. 28.43, 44. Jer. 30.14, 15. Dan. 9.7, 16.

[6] I Reis 8.46.

[7] Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37 e 23.29.

[8] Deu. 32.29. Isa. 47.7. ver. 2, 17, 21.

[9] ver. 7.

[10] Deu. 23.3. Neh. 13.1.

[11] Jer. 38.9 e 52.6. cap. 2.12 e 4.4.

[12] Eze. 12.13 e 17.20.

[13] Deu. 28.48.

[14] Isa. 63.3. Apo. 14.19, 20 e 19.15.

[15] Jer. 13.17 e 14.17. cap. 2.18. ver. 2, 9.

[16] Jer. 4.31. ver. 2, 9.

[17] Neh. 9.33. Dan. 9.7, 14.

[18] ver. 2. Jer. 30.14.

[19] ver. 11.

[20] Job 30.27. Isa. 16.11. Jer. 4.10 e 48.36. cap. 2.11. Ose. 11.8.

[21] Deu. 32.25. Eze. 7.15.

[22] ver. 2.

[23] Isa. 13, etc. Jer. 46, etc.

[24] cap. 5.17.

O cerco, fome e ruina de Jerusalem.

Aleph. 2 Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião? [1] derribou do céu á terra a gloria de Israel, e não se lembrou do escabello de seus pés, no dia da sua ira.

Beth. 2 Devorou [2] o Senhor todas as moradas de Jacob, e não se apiedou: derribou no seu furor as fortalezas da filha de Judah, e as achegou á terra: profanou o reino e os seus principes.

Gimel. 3 Cortou no furor da sua ira [AAA] toda a força de Israel: retirou para traz a sua dextra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacob, como labareda de fogo que consome em redor.

Daleth. 4 Armou [3] o seu arco como inimigo: firmou a sua dextra como adversario, [4] e matou tudo o que era formoso á vista; derramou a sua indignação como fogo na tenda da filha de Sião.

He. 5 Tornou-se [5] o Senhor como inimigo; devorou a Israel, devorou a todos os seus palacios, destruiu as suas fortalezas; e multiplicou na filha de Judah a lamentação e tristeza.

Vau. 6 E arrancou a sua cabana com violencia, como a de uma horta, [6] e destruiu a sua congregação: o Senhor em Sião poz em esquecimento a solemnidade e o sabbado, e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote.

Zain. 7 Rejeitou o Senhor o seu altar, detestou o seu sanctuario; entregou na mão do inimigo os muros dos seus palacios: levantaram grita na casa do Senhor, como em dia de solemnidade.

Heth. 8 Intentou o Senhor destruir o muro da filha de Sião: estendeu o cordel sobre elle, não retirou a sua mão de devorar; [7] fez gemer o antemuro e o muro juntamente, estão enfraquecidos.

Teth. 9 subverteram as suas portas, [8] destruiu e quebrou os seus ferrolhos: estão entre as nações o seu rei e os seus principes: não ha lei, nem acham visão alguma do Senhor os seus prophetas.

Jod. 10 Estão assentados [9] por terra, estão calados os anciãos da filha de Sião; lançam pó sobre as suas cabeças, cingiram saccos: as virgens de Jerusalem abaixam as suas cabeças até á terra.

Caph. 11 Já se consumiram os meus olhos [10] com lagrimas, turbadas estão as minhas entranhas, o meu figado se derramou pela terra por causa do quebrantamento da filha do meu povo; porquanto desfallecem o menino e a creança de mama pelas ruas da cidade.

Lamed. 12 A suas mães dizem: Onde ha trigo e vinho? [11] quando desfallecem como o ferido pelas ruas da cidade, derramando-se a sua alma no regaço de suas mães.

Mem. 13 Que testemunho te trarei? [12] a quem te compararei, ó filha de Jerusalem? a quem te assimilharei, para te consolar a ti, ó virgem filha de Sião? porque grande é como o mar a tua quebradura; quem te sarará?

Nun. 14 Os teus prophetas [13] virão para ti, vaidade e loucura, e não manifestaram a tua maldade, para desviarem o teu captiveiro: antes viram para ti cargas vãs e expulsões.

Samech. 15 Todos [14] os que passam pelo caminho palmeiam sobre ti com as mãos, assobiam e meneiam as suas cabeças, sobre a filha de Jerusalem, dizendo: É esta a cidade de que se dizia: Perfeita é em formosura, o gozo de toda a terra.

Pe. 16 Todos [15] os teus inimigos abrem as suas boccas sobre ti, assobiam, e rangem os dentes; dizem: a temos devorado; pois este é o dia que esperavamos; o achámos, o vimos.

Ain. 17 Fez o Senhor [16] o que intentou; cumpriu a sua palavra, que mandára desde os dias da antiguidade: derrubou, e não se apiedou; e alegrou o inimigo sobre ti, [AAB] exaltou o poder dos teus adversarios.

Tsade. 18 O coração d’elles clamou ao Senhor: [17] Ó muralha da filha de Sião: derrama lagrimas como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês descanço, nem parem as meninas de teus olhos.

Koph. 19 Levanta-te, dá vozes de noite no principio das velas; derrama o teu coração como aguas diante da face do Senhor: levanta a elle as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, [18] que desfallecem[722] de fome á entrada de todas as ruas.

Resch. 20 Vê, ó Senhor, e considera a quem fizeste de tal modo: [19] porventura comerão as mulheres o fructo das suas entranhas, as creanças que trazem nos braços? [20] ou matar-se-ha no sanctuario do Senhor o sacerdote e o propheta?

Schin. 21 Jazem em terra pelas ruas o moço [21] e o velho, as minhas virgens e os meus mancebos vieram a cair á espada: tu os mataste no dia da tua ira; [22] degolaste e não te apiedaste.

Tau. 22 Convocaste os meus temores em redor como n’um dia de solemnidade; [23] nem houve alguem no dia da ira do Senhor que escapasse, nem quem ficasse: [24] aos que trouxe nas mãos e sustentei o meu inimigo os consumiu.

[1] Mat. 11.23.

[2] ver. 17, 21. cap. 3.43.

[3] Isa. 63.10. ver. 5.

[4] Eze. 24.25.

[5] ver. 4. Jer. 30.14. II Reis 25.9. Jer. 52.13.

[6] Isa. 5.5. Isa. 1.8. cap. 1.4. Sof. 3.18.

[7] II Reis 21.13. Isa. 34.11.

[8] Jer. 51.30. cap. 1.3 e 4.20.

[9] Job 2.13. Isa. 3.26. cap. 3.28. Job 2.12. Isa. 15.3. Eze. 7.18 e 27.31.

[10] cap. 3.48, etc. cap. 1.20.

[11] ver. 19. cap. 4.4.

[12] cap. 1.12. Dan. 9.12.

[13] Jer. 2.8 e 5.31 e 14.14 e 23.16 e 27.14 e 29.8, 9. Eze. 13.2.

[14] II Reis 9.8. Jer. 18.16. Nah. 3.19. Eze. 25.6. II Reis 1.9, 21.

[15] Job 16.9, 10. cap. 3.46.

[16] Lev. 26.16, etc. Deu. 28.15, etc.

[17] ver. 8. Jer. 14.17. cap. 1.16.

[18] ver. 11. Isa. 51.20. cap. 4.1. Nah. 3.10.

[19] Lev. 26.29. Deu. 28.53. Jer. 19.9. cap. 4.10. Eze. 5.10.

[20] cap. 4.13, 16.

[21] II Chr. 36.17.

[22] cap. 3.43.

[23] Jer. 6.25 e 46.5.

[24] Ose. 9.12, 13.

A tristeza de Jeremias; elle convida o povo a reconhecer o seu peccado, e a voltar para Deus para obter misericordia.

Aleph. 3 Eu sou aquelle homem que viu a afflicção pela vara do seu furor.

2 A mim me guiou e levou ás trevas e não á luz.

3 Devéras se tornou contra mim e virou a sua mão todo o dia.

Beth. 4 Fez [1] envelhecer a minha carne e a minha pelle, quebrantou os meus ossos.

5 Edificou contra mim, e me cercou de fel e trabalho.

6 Assentou-me em logares tenebrosos, como os que estavam mortos ha muito.

Gimel. 7 Cercou-me [2] de sebe, e não posso sair: aggravou os meus grilhões.

8 Ainda [3] quando clamo e grito, elle exclue a minha oração.

9 Cercou de sebe os meus caminhos com pedras lavradas, [AAC] divertiu as minhas veredas.

Daleth. 10 Fez-se-me [4] como urso de emboscada, um leão em esconderijos.

11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me assolado.

12 Armou o seu arco, [5] e me poz como alvo á frecha.

He. 13 Faz [6] entrar nos meus rins as frechas da sua aljava.

14 Fui [7] feito um objecto de escarneo a todo o meu povo, de canção sua todo o dia.

15 Fartou-me [8] de amarguras, embriagou-me de absintho.

Vau. 16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes; [9] abaixou-me na cinza.

17 E affastaste da paz a minha alma; esqueci-me do bem.

18 Então disse eu: Já pereceu a minha força, como tambem a minha esperança no Senhor.

Zain. 19 Lembra-te da minha afflicção e do meu pranto, [10] do absintho e do fel.

20 Minha alma certamente d’isto se lembra, e se abate em mim.

21 D’isto me recordarei no meu coração; por isso esperarei.

Heth. 22 As misericordias [11] do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericordias não teem fim.

23 Novas [12] são cada manhã; grande é a tua fidelidade.

24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei n’elle.

Teth. 25 Bom é o Senhor para os que se ateem a elle, [13] para a alma que o busca.

26 Bom é esperar, e aguardar em silencio a salvação do Senhor.

27 Bom é para o homem levar o jugo na sua mocidade.

Jod. 28 Assentar-se-ha [14] solitario, e ficará em silencio; porquanto Deus o poz sobre elle.

29 Ponha [15] a sua bocca no pó, dizendo: Porventura haverá esperança.

30 Dê [16] a sua face ao que o fere; farte-se de affronta.

Caph. 31 Porque o Senhor não rejeitará para sempre.

32 Antes, se entristeceu a alguem, compadecer-se-ha d’elle, segundo a grandeza das suas misericordias.

33 Porque não afflige nem entristece aos filhos dos homens do seu coração.

Lamed. 34 Para atropellar debaixo dos seus pés a todos os presos da terra.

35 Para perverter o direito do homem perante a face do Altissimo.

36 Para subverter ao homem no seu pleito; [17] porventura não o veria o Senhor?

Mem. 37 Quem é aquelle que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?

38 Porventura da bocca do Altissimo [18] não sae o mal e o bem?

[723]

39 De [19] que se queixa logo o homem vivente? queixe-se cada um dos seus peccados.

Nun. 40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, e investiguemol-os, e voltemos para o Senhor.

41 Levantemos os nossos corações com as mãos a Deus nos céus, dizendo:

42 Nós prevaricámos, [20] e fomos rebeldes; por isso tu não perdoaste.

Samech. 43 Cobriste-nos da tua ira, e nos perseguiste; [21] mataste, não perdoaste.

44 Cobriste-te [22] de nuvens, para que não passe a nossa oração.

45 Por [23] cisco e rejeitamento nos pozeste no meio dos povos.

Pe. 46 Todos [24] os nossos inimigos abriram contra nós a sua bocca.

47 Temor e cova [25] vieram sobre nós, assolação e quebrantamento.

48 Correntes de aguas derramou o meu olho [26] pelo quebrantamento da filha do meu povo.

Ain. 49 O [27] meu olho manou, e não cessa, porquanto não ha descanço,

50 Até [28] que attente e veja o Senhor desde os céus.

51 O meu olho move a minha alma, por causa de todas as filhas da minha cidade.

Tsade. 52 Como ave me caçaram os que são meus inimigos sem causa.

53 Arrancaram [29] a minha vida na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.

54 Derramaram-se as aguas sobre a minha cabeça; [30] eu disse: Estou cortado.

Coph. 55 Invoquei [31] o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova.

56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor.

57 Tu te chegaste no dia em que te invoquei; [32] disseste: Não temas.

Resch. 58 Pleiteaste, [33] Senhor, os pleitos da minha alma, remiste a minha vida.

59 Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa.

60 Viste toda a sua vingança, [34] todos os seus pensamentos contra mim.

Schin. 61 Ouviste o seu opprobrio, Senhor, todos os seus pensamentos contra mim,

62 Os ditos dos que se levantam contra mim e as suas imaginações contra mim todo o dia.

63 Observa-os a elles ao assentarem-se e ao levantarem-se; [35] eu sou a sua canção.

Tau. 64 Rende-lhes recompensa, Senhor, [36] conforme a obra das suas mãos.

65 Dá-lhes ancia de coração, maldição tua sobre elles.

66 Na tua ira persegue-os, [37] e desfal-os de debaixo dos céus do Senhor.

[1] Job 16.8. Isa. 38.13. Jer. 50.17.

[2] Job 3.23 e 19.8. Ose. 2.6.

[3] Job 30.20.

[4] Ose. 5.14 e 13.7, 8.

[5] Job 7.20 e 16.12.

[6] Job 6.4.

[7] Jer. 20.7. Job 30.9. ver. 63.

[8] Jer. 9.15.

[9] Pro. 20.17.

[10] Jer. 9.15.

[11] Mal. 3.6.

[12] Isa. 33.2.

[13] Isa. 30.18. Miq. 7.7.

[14] Jer. 15.17. cap. 2.10.

[15] Job 42.6.

[16] Isa. 50.6. Mat. 5.39.

[17] Hab. 1.13.

[18] João 2.10. Isa. 45.7. Amós 3.6.

[19] Pro. 19.3. Miq. 7.9.

[20] Dan. 9.5.

[21] cap. 2.2, 17, 21.

[22] ver. 8.

[23] I Cor. 4.13.

[24] cap. 2.16.

[25] Isa. 24.17. Jer. 48.43. Isa. 51.19.

[26] Jer. 4.19 e 9.1 e 14.17. cap. 2.11.

[27] cap. 1.16.

[28] Isa. 63.15.

[29] Jer. 38.6, 9, 10. Dan. 6.17.

[30] ver. 18. Isa. 38.10, 11.

[31] Jon. 2.2.

[32] Thi. 4.8.

[33] Jer. 51.36.

[34] Jer. 11.19.

[35] ver. 14.

[36] Jer. 11.20. II Tim. 4.14.

[37] Deu. 25.19. Jer. 10.11.

As grandes afflicções de varias classes de pessoas.

Aleph. 4 Como se escureceu o oiro! como se mudou [1] o oiro fino e bom! como estão espalhadas as pedras do sanctuario ao canto de todas as ruas!

Beth. 2 Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro oiro, [2] como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!

Gimel. 3 Até as vaccas marinhas abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos; [3] porém a filha do meu povo fez-se cruel como as abestruzes no deserto.

Daleth. 4 A lingua do mesmo que mama de sêde fica pegada ao seu paladar: [4] os meninos pedem pão, e não ha quem lh’o reparta.

He. 5 Os que comiam delicadezas agora desfallecem nas ruas; [5] os que se crearam em carmezim abraçam o esterco.

Vau. 6 E maior é a maldade da filha do meu povo do que o peccado de Sodoma, [6] a qual se subverteu como n’um momento, sem que trabalhassem n’ella mãos algumas.

Zain. 7 Os seus nazireos eram mais alvos do que a neve, eram mais brancos do que o leite, eram mais roxos de corpo do que os rubis, e mais lisos do que a saphira.

Heth. 8 Mas [7] agora escureceu-se o seu parecer mais do que o negrume, não se conhecem nas ruas: a sua pelle se lhes pegou aos ossos, seccou-se, tornou-se como um pau.

Teth. 9 Os mortos á espada mais ditosos são do que os mortos á fome; porque estes se esgotam como traspassados, por falta dos fructos dos campos.

Jod. 10 As [8] mãos das mulheres compassivas cozeram seus filhos: [9] serviram-lhes[724] de comida no quebrantamento da filha do meu povo.

Caph. 11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor: [10] derramou o ardor da sua ira, e accendeu fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.

Lamed. 12 Não creram os reis da terra, nem todos os moradores do mundo, que entrasse o adversario e o inimigo pelas portas de Jerusalem.

Mem. 13 Pelos [11] peccados dos prophetas, [12] pelas maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio d’ella,

Nun. 14 Erraram cegos nas ruas, [13] andavam contaminados de sangue; [AAD] e, não podendo, levantavam as extremidades das suas roupas.

Samech. 15 Chamavam-lhes: Desviae-vos, [14] é immundo; desviae-vos, desviae-vos, não toqueis, certo é que voaram, tambem erraram: disseram entre as nações: Nunca mais morarão aqui.

Pe. 16 A face do Senhor os apartou, nunca mais tornará a olhar para elles: [15] não reverenciaram a face dos sacerdotes, nem se compadeceram dos velhos.

Ain. 17 Emquanto subsistiamos, [16] ainda desfalleciam os nossos olhos, esperando o nosso vão soccorro: olhavamos attentamente pela gente que não podia livrar.

Tsade. 18 Espiaram os nossos passos, [17] de maneira que não podiamos andar pelas nossas ruas: está chegado o nosso fim, estão cumpridos os nossos dias, [18] porque é vindo o nosso fim.

Coph. 19 Os nossos perseguidores foram [19] mais ligeiros do que as aves dos céus: sobre os montes nos perseguiram, no deserto nos armaram ciladas.

Resch. 20 O respiro [20] dos nossos narizes, o ungido do Senhor, [21] foi preso nas suas covas; do qual diziamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.

Schin. 21 Regozija-te, e [22] alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz; [23] porém ainda até a ti passará o copo; embebedar-te-has, e te descobrirás.

Tau. 22 se cumpriu [24] a tua maldade, ó filha de Sião, nunca mais te levará em captiveiro: visitará a tua maldade, ó filha de Edom, descobrirá os teus peccados.

[1] cap. 2.19.

[2] Isa. 30.14. Jer. 19.11. II Cor. 4.7.

[3] Job 39.14, 16.

[4] cap. 2.11, 12.

[5] Job 24.8.

[6] Gen. 19.25.

[7] cap. 5.10. Joel 2.6. Nah. 2.10.

[8] cap. 2.20. Isa. 49.15.

[9] Deu. 28.57. II Reis 6.29.

[10] Jer. 7.20. Deu. 32.22. Jer. 21.14.

[11] Jer. 5.31 e 6.13 e 14.14 e 23.11, 21. Eze. 22.26, 28. Sof. 3.4.

[12] Mat. 23.31, 37.

[13] Jer. 2.34.

[14] Lev. 13.45.

[15] cap. 5.12.

[16] Isa. 30.6, 7.

[17] II Reis 25.4, 5.

[18] Eze. 7.2, 3, 6. Amós 8.2.

[19] Jer. 4.13.

[20] Gen. 2.7.

[21] Jer. 52.9. Eze. 12.13 e 19.4, 8.

[22] Ecc. 11.9.

[23] Jer. 25.15, 16. Oba. 10.

[24] Isa. 40.2.

Males presentes, e tristes recordações.

5 Lembra-te, Senhor, do que nos tem succedido: considera, e olha o nosso opprobrio.

2 A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas casas a forasteiros.

3 Orphãos somos sem pae, nossas mães são como viuvas.

4 A nossa agua por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha.

5 Padecemos perseguição sobre os nossos pescoços: [1] estamos cançados, e nós não temos descanço.

6 Aos egypcios estendemos [2] as mãos, e aos syros, para nos fartarem de pão.

7 Nossos paes peccaram, [3] e não são: [4] nós levamos as suas maldades.

8 Servos dominam sobre nós; ninguem ha que nos arranque da sua mão.

9 Com perigo de nossas vidas trazemos o nosso pão, por causa da espada do deserto.

10 Nossa pelle [5] se ennegreceu como um forno, por causa do ardor da fome.

11 Forçaram [6] as mulheres em Sião, as virgens nas cidades de Judah.

12 Os principes foram enforcados pelas mãos; [7] as faces dos velhos não foram reverenciadas.

13 Aos [8] mancebos tomaram para moer, e os moços tropeçaram debaixo da lenha.

14 Os velhos cessaram de se assentarem á porta, os mancebos de sua canção.

15 Cessou o gozo de nosso coração, converteu-se em lamentação a nossa dança.

16 caiu [9] a corôa da nossa cabeça; ai agora de nós, porque peccámos.

17 Portanto desmaiou [10] o nosso coração, por isto se escureceram os nossos olhos.

18 Pelo monte de Sião, que está assolado, as raposas andam por elle.

19 Tu, Senhor, [11] permaneces eternamente, e o teu throno de geração em geração.

20 Porque te esquecerias de nós para sempre? porque nos desampararias tanto tempo?

21 Converte-nos, [12] Senhor, a ti, e nos converteremos: renova os nossos dias como d’antes.

22 Porque nos rejeitarias totalmente? te enfurecerias contra nós em tão grande maneira?

[1] Deu. 28.48. Jer. 28.14.

[2] Gen. 24.2. Jer. 50.15. Ose. 12.1.

[3] Jer. 31.29. Eze. 18.2.

[4] Gen. 42.13. Zac. 1.5.

[5] Job 30.30.

[6] Isa. 13.16.

[7] Isa. 47.6. cap. 6.16.

[8] Jui. 16.21.

[9] Job 19.9.

[10] cap. 1.22 e 2.11.

[11] Hab. 1.12.

[12] Jer. 31.18.

[725]


EZEQUIEL.

A primeira visão dos cherubins.

Antes de Christo 595

1 E aconteceu que aos trinta annos, no quarto mez, no dia quinto do mez, estando eu no meio dos captivos, [1] junto ao rio Chebar, se abriram os céus, [2] e eu vi visões de Deus.

2 No quinto dia do mez (que foi no quinto anno do captiveiro do [3] rei Joachim),

3 Veiu expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos chaldeos, junto ao rio de Chebar, [4] e ali esteve sobre elle a mão do Senhor.

4 Então vi, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, [5] uma grande nuvem, e um fogo revolvendo-se n’ella, e um resplandor ao redor d’ella, e no meio d’ella havia uma coisa como de côr de ambar, que sahia do meio do fogo.

5 E do meio [6] d’ella sahia a similhança de quatro [AAE] animaes; [7] e esta era a sua apparencia: Tinham a similhança de homens.

6 E cada um tinha quatro rostos, como tambem cada um d’elles quatro azas.

7 E os seus pés eram pés direitos; e as plantas dos seus pés como a planta do pé d’uma bezerra, [8] e luziam como a côr de cobre abrazado.

8 E tinham mãos [9] de homem debaixo das suas azas, aos quatro lados; e assim todos quatro tinham seus rostos e suas azas.

9 Uniam-se as [10] suas azas uma á outra: não se viravam quando iam, e cada qual andava diante do seu rosto.

10 E a similhança [11] dos seus rostos era como o rosto de homem; e á mão direita todos os quatro tinham rosto de leão, e á mão esquerda todos os quatro tinham rosto de boi; e rosto de aguia todos os quatro.

11 E os seus rostos e as suas azas estavam divididas por cima: cada qual tinha duas azas juntas uma á outra, [12] e duas cobriam os corpos d’elles.

12 E cada qual andava [13] diante do seu rosto; para onde o espirito havia de ir, iam; [14] não se viravam quando andavam.

13 E, quanto á similhança dos animaes, o seu parecer era como de brazas de fogo ardentes, [15] como uma apparencia d’alampadas: o fogo corria por entre os animaes, e o fogo resplandecia, e do fogo sahiam [AAF] relampagos;

14 E os animaes corriam, [16] e tornavam, á similhança dos relampagos.

15 E vi os animaes: [17] e eis aqui uma roda na terra junto aos animaes, para cada um dos seus quatro rostos.

16 O aspecto [18] das rodas, e a obra d’ellas, era como côr de [AAG] turqueza; e as quatro tinham uma mesma similhança: e o seu aspecto, e a sua obra, era como se estivera uma roda no meio de outra roda.

17 Andando ellas, andavam pelos quatro lados [19] d’elles; não se viravam quando andavam.

18 E as suas [AAH] costas eram tão altas, que mettiam medo; e estas quatro tinham as suas costas cheias [20] de olhos ao redor.

19 E, andando [21] os animaes, andavam as rodas ao pé d’elles; e, elevando-se os animaes da terra, elevavam-se tambem as rodas.

20 Para onde [22] o espirito havia de ir, iam; para lá havia o espirito de ir; e as rodas se elevavam defronte d’elles, porque [23] o espirito de vida estava nas rodas.

21 Andando [24] elles, andavam ellas, e, parando elles, paravam ellas, e, elevando-se elles da terra, elevavam-se tambem as rodas defronte d’elles; porque o espirito dos animaes estava nas rodas.

22 E sobre as cabeças dos animaes havia [25] uma similhança de firmamento, como um aspecto de [AAI] crystal[726] terrivel, estendido por cima, sobre as suas cabeças.

23 E debaixo do firmamento estavam as suas azas direitas uma para a outra: cada um tinha duas, que lhe cobriam o corpo de uma banda; e cada um tinha outras duas, que os cobriam da outra banda.

24 E, andando elles, [26] ouvi o ruido das suas azas, [27] com o ruido de muitas aguas, como a voz do Omnipotente, a voz d’um estrondo, como o estrepito de um exercito: parando elles, abaixavam as suas azas.

25 E ouviu-se uma voz por cima do firmamento, que ficava por cima das suas cabeças: parando elles, abaixavam as suas azas.

26 E por cima [28] do firmamento, que ficava por cima das suas cabeças, havia uma similhança de throno, como d’uma saphira; [29] e sobre a similhança do throno uma similhança ao aspecto d’um homem, que estava por cima, sobre elle.

27 E vi [30] como a côr de ambar, como o aspecto do fogo pelo interior d’elle, desde o aspecto dos seus lombos, e d’ahi para cima; e, desde o aspecto dos seus lombos e d’ahi para baixo, vi como a similhança do fogo, e um resplandor ao redor d’elle.

28 Como [31] o aspecto do arco que apparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplandor em redor: [32] este era o aspecto da similhança da gloria do Senhor: e, vendo-a eu, cahi sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem fallava.

[1] ver. 3. cap. 3.15, 23 e 10.15, 20, 22 e 43.3.

[2] Mat. 3.16. Act. 7.56 e 10.11. Apo. 19.11. cap. 8.3.

[3] II Reis 24.12, 15.

[4] I Reis 18.46. II Reis 3.15. cap. 3.14, 22 e 8.1 e 40.1.

[5] Jer. 23.19 e 25.32. Jer. 1.14 e 4.6 e 6.1.

[6] Apo. 4.6, etc.

[7] cap. 10.8, etc. ver. 10. cap. 10.14, 21.

[8] Apo. 1.15.

[9] cap. 10.8, 21.

[10] ver. 11, 12. cap. 10.11.

[11] Apo. 4.7.

[12] Isa. 6.2.

[13] ver. 9, 20.

[14] ver. 9, 17.

[15] Apo. 4.5.

[16] Mat. 24.27.

[17] cap. 10.9.

[18] cap. 10.9, 10. Dan. 10.6.

[19] ver. 1, 2.

[20] cap. 10.12. Zac. 4.10.

[21] cap. 10.16, 17.

[22] ver. 12.

[23] cap. 10.17.

[24] ver. 19, 20. cap. 10.17.

[25] cap. 10.1.

[26] cap. 10.5.

[27] cap. 43.2. Dan. 10.6. Apo. 1.15. Job 37.4, 5.

[28] cap. 10.1.

[29] Exo. 24.10.

[30] cap. 8.2.

[31] Apo. 4.3 e 10.1.

[32] cap. 3.23 e 8.4.

A vocação de Ezequiel. Visão do rolo de livro.

2 E disse-me: [1] Filho do homem, põe-te sobre os teus pés, e fallarei comtigo.

2 Então entrou em mim [2] o espirito, fallando elle comigo, que me poz sobre os meus pés, e ouvi o que me fallava.

3 E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos d’Israel, ás nações rebeldes que se rebellaram contra mim; [3] elles e seus paes prevaricaram contra mim, até este mesmo dia.

4 E são filhos [4] [AAJ] de semblante duro, e obstinados de coração: eu te envio a elles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Jehovah.

5 E elles, [5] quer ouçam quer deixem de ouvir (porque elles são casa rebelde), saberão, [6] comtudo, que esteve no meio d’elles um propheta.

6 E tu, ó filho do homem, não os temas, [7] nem temas as suas palavras; ainda que são sarças [8] e espinhos para comtigo, e tu habites com escorpiões, não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus rostos, [9] porque casa rebelde são elles.

7 Porém [10] tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir: porquanto elles são rebeldes.

8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que eu te fallo, não sejas rebelde como a casa rebelde: abre a tua bocca, [11] e come o que eu te dou.

9 Então vi, [12] e eis que uma mão se estendia para mim, e eis que n’ella havia um rolo de livro.

10 E estendeu-o diante de mim, e elle estava escripto por dentro e por fóra: e n’elle estavam escriptas lamentações, e suspiros e ais.

[1] cap. 3.23. Dan. 8.17. Act. 9.4. Dan. 10.11.

[2] cap. 3.24.

[3] Jer. 3.25. cap. 20.18, 21, 30.

[4] cap. 3.7.

[5] cap. 3.11, 26, 27.

[6] cap. 33.33.

[7] Jer. 1.8, 17. Luc. 12.4.

[8] cap. 3.9. I Ped. 3.14.

[9] cap. 3.9, 26, 27.

[10] Jer. 1.7, 17. ver. 5.

[11] Apo. 10.9.

[12] cap. 8.3. Jer. 1.9.

3 Depois me disse: Filho do homem, come o que achares: [1] come este rolo, e vae, falla á casa d’Israel.

2 Então abri a minha bocca, e me deu a comer o rolo.

3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas d’este rolo que eu te dou. [2] Então o comi, e era na minha bocca doce como o mel.

4 E disse-me: Filho do homem, vae, entra na casa d’Israel, e dize-lhe as minhas palavras.

5 Porque tu não és enviado a um povo de profunda falla, nem de lingua difficil, senão á casa de Israel;

6 Nem a muitos povos de profunda falla, e de lingua difficil, cujas palavras não possas entender: se eu aos taes te enviara, porventura não te dariam ouvidos.

7 Porém a casa d’Israel não te quererá dar ouvidos, porque não me querem dar ouvidos a mim; porque toda a casa d’Israel é obstinada de testa e dura de coração.

8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e forte a tua testa contra a sua testa.

9 Fiz como diamante a [3] tua testa, mais forte do que a pederneira: não os temas pois, [4] nem te assombres com os seus rostos, porque casa rebelde são.

[727]

10 Disse-me mais: Filho do homem, mette no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.

11 Eia pois, vae aos do captiveiro, aos filhos do teu povo, e lhes fallarás, e lhes dirás: [5] Assim diz o Senhor Jehovah, quer ouçam quer deixem de ouvir.

12 E levantou-me [6] o espirito, e ouvi por detraz de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bemdita seja a gloria do Senhor, do seu logar.

13 E ouvi o sonido das azas dos animaes, que tocavam umas nas outras, e o sonido das rodas defronte d’elles, e o sonido d’um grande estrondo.

14 Então [7] o espirito me levantou, e me levou; e eu me fui mui triste, pelo ardor do meu espirito; porém a [8] mão do Senhor era forte sobre mim.

15 E vim aos do captiveiro, a Tel-abib, que moravam junto ao rio Chebar, [9] e eu morava onde elles moravam: e morei ali sete dias, pasmado no meio d’elles.

O atalaia de Israel.

16 E succedeu que, ao fim de sete dias, veiu a palavra do Senhor a mim, dizendo:

17 Filho do homem: [10] Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha bocca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte.

18 Quando eu disser ao impio: Certamente morrerás; e tu o não avisares, nem fallares para avisar ao impio ácerca do seu caminho impio, para o conservar em vida, aquelle impio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

19 Porém, se avisares ao impio, e elle não se converter da sua impiedade e do seu caminho impio, elle morrerá na sua maldade, e tu livraste a tua alma.

20 Similhantemente, [11] quando o justo se desviar da sua justiça, e fizer maldade, e eu pozer diante d’elle um tropeço, elle morrerá; porque tu o não avisaste, no seu peccado morrerá, e suas justiças que fizera não virão em memoria, mas o seu sangue da tua mão o requererei.

21 Porém, avisando tu ao justo, para que o justo não peque, e elle não peccar, certamente viverá; porque foi avisado; e tu livraste a tua alma.

22 E [12] a mão do Senhor estava sobre mim ali, e me disse: Levanta-te, e sae ao valle, e ali fallarei comtigo.

23 E levantei-me, e sahi ao valle, [13] e eis que a gloria do Senhor estava ali, como a gloria que vi junto ao rio Chebar; e cahi sobre o meu rosto.

24 Então entrou em mim o [14] espirito, e me poz sobre os meus pés, e fallou comigo, e me disse: Entra, encerra-te dentro da tua casa.

25 Porque tu, ó filho do homem, eis que porão cordas sobre ti, [15] e te ligarão com ellas: não sairás pois ao meio d’elles.

26 E eu farei [16] que a tua lingua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo, e não lhes servirás de varão que reprehenda; [17] porque casa rebelde são elles.

27 Mas, [18] quando eu fallar comtigo, abrirei a tua bocca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; [19] porque casa rebelde são elles.

[1] cap. 2.8, 9.

[2] Apo. 10.9. Jer. 15.16.

[3] Isa. 50.7. Miq. 3.8.

[4] Jer. 1.8, 17. cap. 2.6.

[5] cap. 2.5, 7. ver. 27.

[6] ver. 14. cap. 8.3. I Reis 18.12. II Reis 2.16. Act. 8.39.

[7] ver. 12. cap. 8.3.

[8] II Reis 3.15. cap. 1.3 e 8.1 e 37.1.

[9] Job 2.13.

[10] cap. 33.7.

[11] cap. 18.24 e 33.12, 13.

[12] ver. 14. cap. 1.3 e 3.4.

[13] cap. 1.28. cap. 1.1.

[14] cap. 2.2.

[15] cap. 4.8.

[16] cap. 24.27. Luc. 1.20, 22.

[17] cap. 2.5, 6, 7.

[18] cap. 24.27 e 33.22.

[19] ver. 9, 26. cap. 12.2, 3.

Predicção do cerco de Jerusalem.

4 Tu pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pôl-o-has diante de ti, e grava n’elle a cidade de Jerusalem.

2 E põe contra ella um cerco, e edifica contra ella uma fortificação, e levanta contra ella uma tranqueira, e põe contra ella arraiaes, e põe-lhe vaevens em redor.

3 E tu toma uma sertã de ferro, e põe-n’a por muro de ferro entre ti e entre a cidade; e dirige para ella o teu rosto, e assim será cercada, e a cercarás; [1] isto servirá de signal á casa de Israel.

4 Tu tambem deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe a maldade da casa de Israel sobre elle: conforme o numero dos dias que te deitares sobre elle, levarás as suas maldades.

5 Porque eu te tenho dado os annos da sua maldade, conforme o numero dos dias, trezentos e noventa dias; [2] e levarás a maldade da casa de Israel.

6 E, quando cumprires estes, tornar-te-has a deitar sobre o teu lado direito, e levarás a maldade da casa de Judah quarenta dias: um dia te dei por cada anno.

7 Dirigirás pois o teu rosto para o cerco de Jerusalem, e o teu braço estará descoberto, e prophetizarás contra ella.

8 E eis que [3] porei sobre ti cordas: assim tu não te voltarás d’um lado para o outro, até que cumpras os dias do teu cerco.

[728]

9 E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho, e aveia, e mette-os n’um vaso, e faze d’elles pão: conforme o numero dos dias que tu te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás d’isso.

10 E a tua comida, que has de comer, será do peso de vinte siclos cada dia: de tempo em tempo a comerás.

11 Tambem beberás a agua por medida, a saber, a sexta parte d’um hin: de tempo em tempo beberás.

12 E o comerás como bolos de cevada, e o cozerás com o esterco que sae do homem, diante dos olhos d’elles.

13 E disse o Senhor: [4] Assim comerão os filhos de Israel o seu pão immundo, entre as nações ás quaes os lançarei.

14 Então disse eu: [5] Ah! Senhor, Senhor! eis que a minha alma não foi contaminada, porque nunca [6] comi coisa morta, nem despedaçada, desde a minha mocidade até agora: nem carne abominavel entrou na minha bocca.

15 E disse-me: Vê, tenho-te dado bosta de vaccas, em logar de esterco de homem; e com ella prepararás o teu pão.

16 Então me disse: Filho do homem, [7] eis que eu quebranto o [AAK] sustento de pão em Jerusalem, [8] e comerão o pão por peso, e com desgosto; e a agua beberão por medida, e com espanto;

17 Para que o pão e a agua lhes falte, e se espantem uns com os outros, [9] e se consumam nas suas maldades.

[1] cap. 12.6.

[2] Num. 14.34.

[3] cap. 3.25.

[4] Ose. 9.3.

[5] Act. 10.14.

[6] Exo. 22.31. Lev. 11.40 e 17.15. Deu. 14.3. Isa. 65.4.

[7] Lev. 26.26. Isa. 3.1. cap. 5.16 e 14.13.

[8] ver. 10. cap. 12.19. ver. 11.

[9] Lev. 26.39. cap. 24.23.

5 E tu, ó filho do homem, toma uma faca aguda, uma navalha de barbeiro, e tomal-a-has, [1] e a farás passar por cima da tua cabeça e da tua barba: então tomarás uma balança, e repartirás os cabellos.

Antes de Christo 594

2 A [2] terça parte queimarás no fogo, no meio da cidade, quando se cumprirem os dias do cerco: [3] então tomarás outra terça parte, e feril-a-has com uma espada ao redor d’ella; e a outra terça parte espalharás ao vento; porque desembainharei a espada atraz d’elles.

3 Tambem tomarás d’elles um pequeno numero, e atal-os-has nas bordas do teu vestido.

4 E ainda d’estes tomarás alguns, e os lançarás no meio do fogo e os queimarás a fogo; e d’ali sairá um fogo contra toda a casa de Israel.

5 Assim diz o Senhor Jehovah: Esta é Jerusalem, pul-a no meio das nações e terras que estão ao redor d’ella.

6 Porém ella mudou em impiedade os meus juizos, mais do que as nações, e os meus estatutos mais do que as terras que estão ao redor d’ella; porque rejeitaram os meus juizos, e não andaram nos meus preceitos.

7 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto [AAL] multiplicastes as vossas maldades mais do que as nações, que estão ao redor de vós, nos meus estatutos não andastes, nem fizestes os meus juizos, [4] nem ainda fizestes conforme os juizos das nações que estão ao redor de vós;

8 Por isso assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra ti, sim, eu: e executarei juizos no meio de ti aos olhos das nações.

9 E farei [5] em ti o que nunca fiz, e o qual não fareis jámais, por causa de todas as tuas abominações.

10 Portanto os paes [6] comerão a seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão a seus paes; e executarei em ti juizos, [7] espalharei todo o teu residuo a todos os ventos.

11 Portanto vivo eu, diz o Senhor Jehovah, certamente (porquanto profanaste o meu sanctuario com todas as tuas coisas detestaveis, e com todas as tuas abominações), tambem eu te diminuirei, e o meu olho te não perdoará, [8] nem tambem me apiedarei.

12 Uma terça [9] parte de ti morrerá da peste, e se consumirá á fome no meio de ti; e outra terça parte cairá á espada em redor de ti; [10] e a outra terça parte espalharei a todos os ventos, e a espada desembainharei atraz d’elles.

13 Assim se cumprirá a [11] minha ira, e farei descançar n’elles o meu furor, e me consolarei; e saberão que eu, o Senhor, tenho fallado no meu zêlo, quando cumprir n’elles o meu furor.

14 E te porei em [12] assolação, e para opprobrio entre as nações que estão em redor de ti, aos olhos de todos os que passarem.

15 E [13] o opprobrio e a infamia servirão de instrucção e espanto ás nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juizos com ira, e com furor, [14] e com [AAM] sanhudos castigos: Eu, o Senhor, fallei.

[729]

16 Quando [15] eu enviar as más frechas da fome contra elles, que servirão para destruição, as quaes eu mandarei para vos destruir, então augmentarei a fome sobre vós, [16] e vos quebrantarei o sustento do pão.

17 E enviarei sobre vós a fome, e as más bestas [17] que te desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada sobre ti: Eu, o Senhor, fallei.

[1] Lev. 21.5. Isa. 7.20. cap. 44.20.

[2] ver. 12.

[3] cap. 4.8, 9.

[4] Jer. 2.10, 11.

[5] Dan. 9.12.

[6] Lev. 26.29. Deu. 28.53. II Reis 6.29. Jer. 19.9. Lam. 2.20 e 4.10.

[7] ver. 12. Lev. 26.33. Deu. 28.64.

[8] cap. 7.4, 9 e 8.18 e 9.10.

[9] ver. 2. Jer. 21.9. cap. 6.12.

[10] Jer. 9.16. ver. 2, 10. cap. 6.8. Lev. 26.33. cap. 12.14.

[11] Lam. 4.11. cap. 6.12 e 7.8. cap. 21.17. Isa. 1.24.

[12] Lev. 26.6, 31, 32. Neh. 2.17.

[13] Psa. 79.4. Jer. 24.9. Lam. 2.15.

[14] cap. 25.17.

[15] Deu. 32.23, 24.

[16] Lev. 26.26. cap. 4.16 e 14.13.

[17] Lev. 26.22. Deu. 32.24. cap. 14.21 e 33.27 e 34.25 e 38.22.

Prophecia contra os montes de Israel.

6 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto para os montes de Israel, e prophetiza contra elles.

3 E dirás: Montes d’Israel, ouvi a palavra do Senhor Jehovah: Assim diz o Senhor Jehovah aos montes, aos outeiros, aos ribeiros e aos valles: Eis que eu, sim eu, trarei a espada sobre vós, [2] e destruirei os vossos altos.

4 E serão assolados os vossos altares, e quebradas as vossas imagens do sol, [3] e derribarei os vossos traspassados, diante dos vossos idolos.

5 E porei os cadaveres dos filhos de Israel diante dos seus idolos; e espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares.

6 Em todas as vossas habitações as cidades serão destruidas, e os altos assolados; para que os vossos altares sejam destruidos e assolados, e os vossos idolos se quebrem e cessem, e as vossas imagens do sol sejam cortadas, e desfeitas as vossas obras.

7 E os traspassados cairão no meio de vós; [4] para que saibaes que eu sou o Senhor.

8 Porém deixarei um [5] resto, para que tenhaes alguns que escaparem da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras.

9 Então se lembrarão de mim os que escaparem de vós entre as nações para onde foram levados em captiveiro; [6] porquanto [AAN] me quebrantei por causa do seu coração fornicario, que se desviou de mim, e por causa dos seus olhos, que andaram fornicando após os seus idolos; [7] e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações.

10 E saberão que eu sou o Senhor, e que não disse debalde que lhes faria este mal.

11 Assim diz o Senhor Jehovah: [8] Bate com a mão, e pateia com o teu pé, e dize: Ah, por todas as abominações das maldades da casa d’Israel! porque cairão á espada, e de fome, e de peste.

12 O que estiver longe morrerá de peste, e o que está perto cairá á espada; e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome: [9] e cumprirei o meu furor contra elles.

13 Então [10] sabereis que eu sou o Senhor, quando estiverem os seus traspassados no meio dos seus idolos, em redor dos seus altares, [11] em todo o outeiro alto, [12] em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda a arvore verde, [13] e debaixo de todo o carvalho espesso, no logar onde offereciam perfume de cheiro suave a todos os seus idolos.

14 E [14] estenderei a minha mão sobre elles, e farei a terra assolada, e mais assolada do que o deserto da banda de [15] Diblath, em todas as suas habitações: e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 20.46 e 21.2 e 25.2. cap. 36.1.

[2] Lev. 26.30.

[3] Lev. 26.30.

[4] ver. 13. cap. 7.4, 9 e 11.10, 12 e 12.15.

[5] Jer. 44.28. cap. 5.2, 12 e 12.16.

[6] Num. 15.39. cap. 20.7, 24.

[7] Lev. 26.39. Job 42.6. cap. 20.43 e 36.31.

[8] cap. 21.14.

[9] cap. 5.13.

[10] ver. 7.

[11] Jer. 2.20.

[12] Ose. 4.13.

[13] Isa. 57.5.

[14] Isa. 5.25.

[15] Jer. 48.22.

O fim vem! O fim vem!

7 Depois veiu a palavra do Senhor a mim, dizendo:

2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Jehovah ácerca da terra d’Israel: [1] Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.

3 Agora vem o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a minha ira, [2] e te julgarei conforme os teus caminhos, e trarei sobre ti todas as tuas abominações.

4 E não te poupará o [3] meu olho, nem me apiedarei de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio de ti: [4] e sabereis que eu sou o Senhor.

5 Assim diz o Senhor Jehovah: Um mal, eis que um só mal vem.

6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.

7 [AAO] Vem a manhã a ti, ó habitador da terra. [5] Vem o tempo; [6] chegado é o dia da turbação, e não ha [AAP] echo nos montes.

8 Agora [7] depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira[730] contra ti, [8] e te julgarei conforme os teus caminhos, e porei sobre ti todas as tuas abominações.

9 E [9] não te poupará o meu olho, nem me apiedarei de ti; conforme os teus caminhos carregarei sobre ti, e as tuas abominações estarão no meio de ti; [10] e sabereis que eu sou o Senhor, que firo.

10 Eis aqui o dia, eis que vem; [11] saiu a [AAQ] manhã, já floresceu a vara, reverdeceu a soberba.

11 A [12] violencia se levantou para vara de impiedade: nada restará d’elles, nem da sua multidão, nem do seu arroido, [13] nem haverá lamentação por elles.

12 Vem [14] o tempo, é chegado o dia; o que compra não se alegre, e o que vende não se entristeça: porque a ira ardente está sobre toda a multidão d’elles.

13 Porque o que vende não tornará a possuir o que vendeu, ainda que a vida d’elles estivesse entre os viventes; porque a visão não tornará para traz sobre toda a sua multidão; nem ninguem esforçará a sua vida com a sua iniquidade.

14 tocaram a trombeta, e tudo prepararam, porém não ha quem vá á peleja, porque sobre toda a sua multidão está a minha ardente ira.

15 Fóra [15] a espada, e dentro a peste e a fome: o que estiver no campo morrerá á espada, e o que estiver na cidade a fome e a peste o consumirão.

16 E [16] escaparão os que escaparem d’elles, porém estarão pelos montes, como pombas dos valles, todos gemendo, cada um por causa da sua maldade.

17 Todas [17] as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos escorrerão em aguas.

18 E [18] se cingirão de saccos, [19] e os cobrirá o tremor: e sobre todos os rostos haverá vergonha, e sobre todas as suas cabeças calva.

19 A sua prata lançarão pelas ruas, [20] e o seu oiro será como immundicia; [21] nem a sua prata nem o seu oiro os poderá livrar no dia do furor do Senhor: não fartarão elles a sua alma, nem lhes encherão as entranhas, porque isto foi o tropeço da sua maldade.

20 E a gloria do seu ornamento elle a poz em magnificencia, porém fizeram n’ella imagens das suas abominações e coisas detestaveis: por isso eu lh’a tenho feito coisa immunda.

21 E a entregarei na mão dos estranhos por preza, e aos impios da terra por despojo: e a profanarão.

22 E desviarei d’elles o meu rosto, e profanarão o meu logar occulto; porque entrarão n’elle saqueadores, e o profanarão.

23 Faze uma cadeia, [22] porque a terra está cheia de [AAR] juizo de sangue, e a cidade está cheia de violencia.

24 E farei vir os pessimos de entre as nações, e possuirão as suas casas: e farei cessar a arrogancia dos valentes, e [AAS] os que os sanctificam serão profanados.

25 Vem a destruição, e buscarão a paz, porém não a ha.

26 Miseria sobre [23] miseria virá, e se levantará rumor sobre rumor: então buscarão do propheta uma visão, porém do sacerdote perecerá a lei como tambem dos anciãos o conselho.

27 O rei lamentará, e o principe se vestirá de assolação, e as mãos do povo da terra se conturbarão; conforme o seu caminho lhes farei, e com os seus juizos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.

[1] ver. 3, 6. Amós 8.2. Mat. 24.6, 13, 14.

[2] ver. 8, 9.

[3] ver. 9. cap. 5.11 e 8.18 e 9.10.

[4] ver. 27. cap. 6.7 e 12.20.

[5] ver. 10.

[6] ver. 12. Sof. 1.14, 15.

[7] cap. 20.8, 21.

[8] ver. 3.

[9] ver. 4.

[10] ver. 4.

[11] ver. 7.

[12] Jer. 6.7.

[13] Jer. 16.5, 6. cap. 24.16, 22.

[14] ver. 7.

[15] Deu. 32.25. Lam. 1.20. cap. 5.12.

[16] cap. 6.8.

[17] Isa. 13.7. Jer. 6.24. cap. 21.7.

[18] Isa. 3.24 e 15.2, 3. Jer. 48.37. Amós 8.10.

[19] Psa. 55.5.

[20] Pro. 11.4. Sof. 1.18.

[21] cap. 14.3, 4 e 44.12.

[22] II Reis 21.16. cap. 9.9 e 11.6.

[23] Deu. 33.23. Jer. 4.20.

As abominações no sanctuario.

8 Succedeu pois, no sexto anno, no mez sexto, no quinto dia do mez, estando eu assentado na minha casa, [1] e os anciãos de Judah assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor Jehovah caiu sobre mim.

2 E olhei, [2] e eis uma similhança como aspecto de fogo; desde o aspecto dos seus lombos, e d’ahi para baixo, era fogo; [3] e dos seus lombos e d’ahi para cima como aspecto de um resplandor como de côr de ambar;

3 E estendeu [4] a fórma d’uma mão, e me tomou pelos cabellos da minha cabeça; e o Espirito me levantou entre a terra e o céu, e [5] me trouxe a Jerusalem em visões de Deus, até á entrada da porta do pateo de dentro, que olha para o norte, [6] onde estava o assento da imagem dos ciumes, que provoca a ciumes.

4 E eis que a gloria do Deus d’Israel estava ali, [7] conforme o aspecto que eu tinha visto no valle.

5 E disse-me: Filho do homem, levanta[731] agora os teus olhos para o caminho do norte. E levantei os meus olhos para o caminho do norte, e eis que da banda do norte, á porta do altar, estava esta imagem de ciumes na entrada.

6 E disse-me: Filho do homem, vês tu o que elles estão fazendo? as grandes abominações que a casa d’Israel faz aqui, para que me alongue do meu sanctuario? porém ainda tornarás a vêr maiores abominações.

7 E levou-me á porta do atrio: então olhei, e eis que havia um buraco na parede.

8 E disse-me: Filho do homem, cava agora n’aquella parede. E cavei na parede, e eis que havia uma porta.

9 Então me disse: Entra, e vê as malignas abominações que elles fazem aqui.

10 E entrei, e olhei, e eis que toda a forma de reptis, e bestas abominaveis, e de todos os idolos da casa d’Israel, estavam pintados na parede em todo o redor.

11 E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jaazanias, filho de Saphan, que estava no meio d’elles, estavam em pé diante d’elles, e cada um tinha na mão o seu incensario; e subia uma espessa nuvem de incenso.

12 Então me disse: Viste, porventura, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas camaras pintadas de imagens? porque dizem: [8] O Senhor não nos vê; desamparou o Senhor a terra.

13 E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem.

14 E levou-me á entrada da porta da casa do Senhor, que está da banda do norte, e eis ali estavam mulheres assentadas chorando a [AAT] Tammuz.

15 E disse-me: Viste porventura isto, filho do homem? ainda tornarás a ver abominações maiores do que estas.

16 E levou-me para o atrio interior da casa do Senhor, e eis que estavam á entrada do templo do Senhor, [9] entre o portico e o altar, quasi vinte e cinco homens, voltadas as costas para o templo do Senhor, e virados os rostos para o oriente; [10] e elles adoravam o sol virados para o oriente.

17 Então me disse: Viste isto, filho do homem? ha porventura coisa mais leviana para a casa de Judah, do que fazer taes abominações, que fazem aqui? [11] havendo enchido a terra de violencia, tornam a irritar-me; porque eis que elles chegam o ramo ao nariz.

18 Pelo que tambem [12] eu usarei com elles de furor; o meu olho não poupará, nem me apiedarei: e, ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, comtudo não os ouvirei.

[1] cap. 14.1 e 20.1. cap. 1.3 e 3.22.

[2] cap. 1.26, 27.

[3] cap. 1.4.

[4] Dan. 5.5. cap. 3.14.

[5] cap. 11.1, 24 e 40.2.

[6] Jer. 7.30 e 32.34. cap. 5.11. Deu. 32.16, 21.

[7] cap. 1.28 e 3.22, 23.

[8] cap. 9.9.

[9] Joel 2.17. cap. 11.1. Jer. 2.27 e 32.33.

[10] Deu. 4.19. II Reis 23.5, 11. Job 31.26.

[11] cap. 9.9.

[12] cap. 5.13 e 16.42 e 24.13. cap. 5.11 e 7.4, 9 e 9.5, 10. Pro. 1.28. Isa. 1.15. Jer. 11.11 e 14.12. Miq. 3.4. Zac. 7.13.

Os castigos de Jerusalem.

9 Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Fazei chegar os intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.

2 E eis que vinham seis homens caminho da porta alta, que olha para o norte, e cada um com as suas armas destruidoras na mão, [1] e entre elles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão á sua cinta; e entraram, e se pozeram junto ao altar de bronze.

3 E a gloria [2] do Deus d’Israel se levantou de sobre o cherubim sobre o qual estava, até ao umbral da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão á sua cinta.

4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalem, [3] e marca com um signal as testas dos [4] homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se commettem no meio d’ella.

5 E aos outros disse a meus ouvidos: Passae pela cidade após elle, e feri: [5] não poupe o vosso olho, nem vos compadeçaes.

6 Matae velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, [6] até exterminal-os; porém a todo o homem que tiver o signal não vos chegueis; [7] e começae pelo meu sanctuario. [8] E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.

7 E disse-lhes: Contaminae a casa e enchei os atrios de mortos: sahi. E sairam, e feriram na cidade.

8 Succedeu pois que, havendo-os ferido, e ficando eu de resto, cahi [9] sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor Jehovah! dar-se-ha caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalem?

9 Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judah é grandissima, [10] e[732] a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: [11] O Senhor deixou a terra, e o Senhor não vê.

10 Pois tambem, [12] emquanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei: [13] sobre a cabeça d’elles farei recair o seu caminho.

11 E eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cinta estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

[1] Lev. 16.4. cap. 10.2, 6, 7. Apo. 15.6.

[2] cap. 3.23 e 8.4 e 10.4, 18 e 11.22, 23.

[3] Apo. 7.3 e 9.4 e 13.16, 17 e 20.4.

[4] II Ped. 2.8.

[5] ver. 10. cap. 5.11.

[6] II Chr. 36.17.

[7] Apo. 9.4. I Ped. 4.17.

[8] cap. 8.11, 12, 16.

[9] Num. 14.5 e 16.4, 22, 45. Jos. 7.6.

[10] II Reis 21.16. cap. 8.17.

[11] Isa. 29.15.

[12] cap. 5.11 e 7.4 e 8.18.

[13] cap. 11.21.

A segunda visão dos cherubins.

10 Depois olhei, [1] e eis que no firmamento, que estava por cima da cabeça dos cherubins, appareceu sobre elles como uma pedra de safira, como o aspecto da similhança d’um throno.

2 E fallou [2] ao homem vestido de linho, dizendo: Vae por entre as rodas, até debaixo do cherubim, [3] e enche os punhos de brazas accesas d’entre os cherubins, e espalha-as sobre a cidade. E elle entrou á minha vista.

3 E os cherubins estavam ao lado direito da casa, quando entrou aquelle homem; e uma nuvem encheu o atrio interior.

4 Então se levantou a gloria [4] do Senhor de sobre o cherubim para o umbral da casa; [5] e encheu-se a casa d’uma nuvem, e o atrio se encheu do resplandor da gloria do Senhor.

5 E o estrondo [6] das azas dos cherubins se ouviu até ao atrio exterior, como a voz do Deus Todo-poderoso, quando falla.

6 Succedeu pois que, dando elle ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo d’entre as rodas, d’entre os cherubins, entrou elle, e se poz junto ás rodas.

7 Então estendeu um cherubim a sua mão de entre os cherubins para o fogo que estava entre os cherubins; e o tomou, e o poz nas mãos do que estava vestido de linho; o qual o tomou, e saiu.

8 E appareceu [7] nos cherubins uma similhança de mão de homem debaixo das suas azas.

9 Então olhei, [8] e eis quatro rodas junto aos cherubins, uma roda junto a um cherubim, e outra roda junto a outro cherubim; [9] e o aspecto das rodas era como côr de pedra de [AAU] turqueza.

10 E, quanto ao seu aspecto, as quatro tinham uma mesma similhança; como se estivera uma roda no meio d’outra roda.

11 Andando [10] estes, andavam est’ outras pelos quatro lados d’elles; não se viravam quando andavam, mas para o logar para onde olhava a cabeça para esse andavam; não se viravam quando andavam.

12 E todo o seu corpo, e as suas costas, e as suas mãos, [11] e as suas azas, e as rodas, as rodas que os quatro tinham, estavam cheias d’olhos em redor.

13 E, quanto ás rodas, a ellas se lhes chamou a meus ouvidos [AAV] Galgal.

14 E cada [12] um tinha quatro rostos: o rosto do primeiro era rosto de cherubim, e o rosto do segundo rosto de homem, e do terceiro era rosto de leão, e do quarto rosto de aguia.

15 E os cherubins se elevaram ao alto: [13] estes são os mesmos animaes que vi junto ao rio de Chebar.

16 E, andando [14] os cherubins, andavam as rodas juntamente com elles; e, levantando os cherubins as suas azas, para se elevarem de sobre a terra, tambem as rodas não se separavam d’elles.

17 Parando [15] elles, paravam ellas; e, elevando-se elles, elevavam-se ellas, porque o espirito de vida estava n’ellas.

18 Então [16] saiu a gloria do Senhor de sobre o umbral da casa do Senhor, e parou sobre os cherubins.

19 E os cherubins [17] alçaram as suas azas, e se elevaram da terra aos meus olhos, quando sairam; e as rodas os acompanhavam: e cada um parou á entrada da porta oriental da casa do Senhor; e a gloria do Deus de Israel estava em cima sobre elles.

20 Estes [18] são os animaes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio de Chebar, e conheci que eram cherubins.

21 Cada [19] um tinha quatro rostos e cada um quatro azas, [20] e a similhança de mãos de homem debaixo das suas azas.

22 E a similhança [21] dos seus rostos era a dos rostos que eu tinha visto junto ao rio de Chebar, o aspecto d’elles e elles mesmos: cada [22] um andava ao direito do seu rosto.

[1] cap. 1.22, 26.

[2] cap. 9.2, 3.

[3] cap. 1.13. Apo. 8.5.

[4] ver. 18. cap. 9.3.

[5] I Reis 8.10, 11. cap. 43.5.

[6] cap. 1.24.

[7] cap. 1.8. ver. 21.

[8] cap. 1.15.

[9] cap. 1.16.

[10] cap. 1.17.

[11] cap. 1.18.

[12] cap. 1.6, 10.

[13] cap. 1.5.

[14] cap. 1.19.

[15] cap. 1.12, 20, 21.

[16] ver. 4.

[17] cap. 11.22.

[18] cap. 1.22. ver. 15. cap. 1.1.

[19] cap. 1.6. ver. 14.

[20] cap. 1.8. ver. 8.

[21] cap. 1.10.

[22] cap. 1.12.

[733]

O juizo de Deus contra os chefes do povo.

11 Então [1] me levantou o Espirito, e me levou á porta oriental da casa do Senhor, que olha para o oriente; [2] e eis que estavam á entrada da porta vinte e cinco homens; e no meio d’elles vi a Jaazanias, filho de Azus, e a Pelatias, filho de Benaias, principes do povo.

2 E disse-me: Filho do homem, estes são os homens que pensam na perversidade, e aconselham conselho mau n’esta cidade.

3 Que dizem: [3] Não está proximo o tempo de edificar casas; esta cidade é a caldeira, e nós a carne.

4 Portanto, prophetiza contra elles: prophetiza, ó filho do homem.

5 Caiu pois sobre mim o Espirito [4] do Senhor, e disse-me: Dize: Assim diz o Senhor: Assim vós dizeis, ó casa d’Israel, porque, quanto ás coisas que vos sobem ao espirito, eu as conheço.

6 Multiplicastes [5] os vossos mortos n’esta cidade, e enchestes as suas ruas de mortos.

7 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [6] Vossos mortos, que deitastes no meio d’ella, esses são a carne, e ella é a caldeira: a vós, porém, [7] vos tirarei do meio d’ella.

8 Temestes a espada, e a espada trarei sobre vós, diz o Senhor Jehovah.

9 E vos farei sair do meio d’ella, e vos entregarei na mão de estranhos, [8] e exercerei os meus juizos entre vós.

10 Caireis á espada, e nos confins d’Israel vos julgarei; [9] e sabereis que eu sou o Senhor.

11 Esta cidade [10] não vos servirá de caldeira, nem vós servireis de carne no meio d’ella: nos confins d’Israel vos julgarei.

12 E sabereis [11] que eu sou o Senhor, porque nos meus estatutos não andastes, nem fizestes os meus juizos; [12] antes fizestes conforme os juizos das nações que estão em redor de vós.

13 E aconteceu que, prophetizando eu, [13] morreu Pelatias, filho de Benaias: [14] então cahi sobre o meu rosto, e clamei com grande voz, e disse: Ah! Senhor Jehovah! porventura farás tu consummação do resto d’Israel?

14 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

15 Filho do homem, teus irmãos, sim, teus irmãos, os homens de [AAW] teu parentesco, e toda a casa de Israel, todos elles, são aquelles a quem os habitantes de Jerusalem disseram: Apartae-vos para longe do Senhor; esta terra se nos deu em possessão.

16 Portanto, dize: [15] Assim diz o Senhor Jehovah: Ainda que os lancei para longe entre as nações, e ainda que os espalhei pelas terras, todavia lhes servirei de sanctuario, por um pouco de tempo, nas terras para onde foram.

17 Portanto, dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Ora ajuntar-vos-hei dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra d’Israel.

18 E virão ali, e tirarão d’ella todas as suas coisas detestaveis e todas as suas abominações.

19 E lhes darei [16] um mesmo coração, e espirito novo porei dentro d’elles; [17] e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;

20 Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juizos, e os façam: [18] e elles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

21 Quanto áquelles cujo coração andar conforme o coração das suas coisas detestaveis, e das suas abominações, [19] farei recair nas suas cabeças o seu caminho, diz o Senhor Jehovah.

22 Então os cherubins [20] elevaram as suas azas, e as rodas os acompanhavam; e a gloria do Deus d’Israel estava em cima, sobre elles.

23 E a gloria [21] do Senhor se alçou desde o meio da cidade; [22] e se poz sobre o monte que está defronte do oriente da cidade.

24 Depois [23] o Espirito me levantou, e me levou á Chaldea, para os do captiveiro, em visão, pelo Espirito de Deus; e subiu de sobre mim a visão que eu tinha visto.

25 E fallei aos do captiveiro todas as coisas que o Senhor me tinha mostrado.

[1] cap. 3.12, 14 e 8.3. ver. 24. cap. 10.19.

[2] cap. 8.16.

[3] II Ped. 3.4.

[4] cap. 2.2 e 3.24.

[5] cap. 7.23 e 22.3, 4.

[6] cap. 24.3, 6, 10, 11. Miq. 3.3.

[7] ver. 9.

[8] cap. 5.8.

[9] II Reis 14.25.

[10] ver. 3.

[11] ver. 10.

[12] Lev. 18.3, 21, etc. Deu. 12.30, 31. cap. 8.10, 14, 16.

[13] ver. 1.

[14] cap. 9.8.

[15] Jer. 24.5. cap. 28.25 e 34.13 e 36.24.

[16] Jer. 32.39. cap. 36.26, 27. Jer. 31.33. cap. 18.31.

[17] Zac. 7.12.

[18] Jer. 24.7. cap. 14.11 e 36.28 e 37.27.

[19] cap. 9.10 e 22.31.

[20] cap. 1.19.

[21] cap. 8.4 e 9.3 e 10.4, 18 e 43.4. Zac. 14.4.

[22] cap. 43.2.

[23] cap. 8.3.

A mudança para fóra do muro é o symbolo do captiveiro e da dispersão.

12 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para[734] ouvir e não ouve; [2] porque casa rebelde é.

3 Tu, pois, ó filho do homem, faze trastes de quem se muda de paiz, e de dia muda de logar aos olhos d’elles; e do teu logar mudarás a outro logar aos olhos d’elles; bem pode ser que reparem n’isso, ainda que elles são casa rebelde.

4 Aos olhos d’elles tirarás para fóra pois, de dia, os teus trastes, como trastes de quem se muda de logar; então tu sairás de tarde aos olhos d’elles, como quem sae mudando de logar.

5 Escava para ti, á vista d’elles, a parede, e tira para fóra por ella os trastes.

6 Aos olhos d’elles aos hombros os levarás, ás escuras os tirarás, e cobrirás a tua cara, para que não vejas a terra: [3] porque te dei por signal maravilhoso á casa d’Israel.

7 E fiz assim, como se me deu ordem: os meus trastes tirei para fóra de dia, como trastes de quem se muda de logar: então á tarde escavei na parede com a mão; ás escuras os tirei para fóra, e aos hombros os levei, aos olhos d’elles.

8 E veiu a mim a palavra do Senhor, pela manhã, dizendo:

9 Filho do homem, porventura não te disse a casa d’Israel, [4] aquella casa rebelde: Que fazes tu?

10 Dize-lhes: Assim diz o Senhor Jehovah: [5] Esta carga é contra o principe em Jerusalem, e contra toda a casa d’Israel, que está no meio d’ella.

11 Dize: [6] Eu sou o vosso maravilhoso signal: assim como eu fiz, assim se lhes fará a elles; por transportação irão em captiveiro;

12 E o principe [7] que está no meio d’elles aos hombros levará ás escuras os trastes, e sairá: a parede escavarão para os tirarem por ella: o seu rosto cobrirá, para que elle com o olho não veja a terra.

13 Tambem estenderei [8] a minha rede sobre elle, e será apanhado no meu laço: [9] e o levarei a Babylonia, á terra dos chaldeos, e comtudo não a verá, ainda que ali morrerá.

14 E a todos os que estiverem ao redor d’elle em seu soccorro, e a todas as suas tropas, [10] espalharei a todos os ventos: [11] e desembainharei a espada atraz d’elles.

15 Assim saberão [12] que eu sou o Senhor, quando eu os derramar entre as nações e os espalhar pelas terras.

16 Porém d’elles deixarei [13] ficar de resto alguns poucos da espada, da fome, e da peste, para que contem todas as suas abominações entre as nações para onde forem; e saberão que eu sou o Senhor.

17 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [14] o teu pão comerás com tremor, e a tua agua beberás com estremecimento e com receio.

19 E dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor Jehovah ácerca dos habitantes de Jerusalem, na terra d’Israel: O seu pão comerão com receio, e a sua agua beberão com susto, [15] porquanto a sua terra será despojada de sua abundancia, por causa da violencia de todos os que habitam n’ella.

20 E as cidades habitadas serão desoladas, e a terra se tornará em assolação; e sabereis que eu sou o Senhor.

Prophecia contra os falsos prophetas.

21 E veiu ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

22 Filho do homem, que dictado é este que vós tendes na terra d’Israel, dizendo: [16] Prolongar-se-hão os dias, e perecerá toda a visão?

23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Jehovah: Farei cessar este dictado, e não se servirão mais d’este dictado em Israel; porém dize-lhes: [17] se chegaram os dias e a palavra de toda a visão.

24 Porque [18] não haverá mais alguma visão vã, nem adivinhação lisongeira, no meio da casa d’Israel.

25 Porque eu, o Senhor, fallarei, [19] e a palavra que eu fallar se fará; não terá mais tardança; porque em vossos dias, ó casa rebelde, fallarei uma palavra e a cumprirei, diz o Senhor Jehovah.

26 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

27 Filho [20] do homem, eis que os da casa d’Israel dizem: A visão que este vê é para muitos dias, e elle prophetiza de tempos que estão longe.

28 Portanto dize-lhes: [21] Assim diz o Senhor Jehovah: Não será differida mais alguma das minhas palavras: e a palavra que fallei se fará, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 2.3, 6, 7, 8 e 3.26, 27. Isa. 6.9 e 42.20. Jer. 5.21. Mat. 13.13, 14.

[2] cap. 2.5.

[3] Isa. 8.18. cap. 4.3 e 24.24. ver. 11.

[4] cap. 2.5 e 17.12 e 24.19.

[5] Mal. 1.1.

[6] ver. 6. II Reis 25.4, 5, 7.

[7] Jer. 39.4.

[8] Job 19.6. Jer. 52.9. Lam. 1.13. cap. 17.20.

[9] II Reis 25.7. Jer. 52.11. cap. 17.16.

[10] II Reis 25.4, 5. cap. 5.10.

[11] cap. 5.2, 12.

[12] cap. 6.7, 14 e 11.10. ver. 16, 20.

[13] cap. 6.8, 9, 10.

[14] cap. 4.16.

[15] Zac. 7.14.

[16] ver. 27. cap. 11.3.

[17] Joel 2.1. Sof. 1.14.

[18] cap. 13.23. Lam. 2.14.

[19] Isa. 55.11. ver. 28. Dan. 9.12.

[20] ver. 22.

[21] ver. 23, 25.

[735]

13 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, prophetiza contra os prophetas de Israel que [1] prophetizam, e dize aos que prophetizam de seu coração: Ouvi a palavra do Senhor:

3 Assim diz o Senhor Jehovah: Ai dos prophetas loucos, que seguem o seu proprio espirito e o que não viram!

4 Os teus prophetas, ó Israel, [2] são como raposas nos desertos.

5 Não subistes [3] ás brechas, nem tapastes o muro quebrado para a casa d’Israel, para estardes na peleja no dia do Senhor.

6 Vêem [4] vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; e o Senhor os não enviou: e fazem que se espere o cumprimento da palavra.

7 Porventura não vêdes visão de vaidade, e não fallaes adivinhação mentirosa, quando dizeis: O Senhor diz, sendo que eu tal não fallei?

8 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto fallaes vaidade, e vêdes a mentira, portanto eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Jehovah.

9 E a minha mão será contra os prophetas que vêem vaidade e que adivinham mentira: na congregação do meu povo não estarão, [5] nem nos registros da casa d’Israel se escreverão, [6] nem entrarão na terra de Israel: e sabereis que eu sou o Senhor Jehovah.

10 Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: [7] Paz, não havendo paz; e um edifica a parede de lodo, [8] e eis que outros a rebocam de cal não adubada;

11 Dize aos que a rebocam de cal não adubada que cairá: [9] haverá uma grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva, caireis, e um vento tempestuoso a fenderá.

12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Então onde está o reboco de que a rebocastes?

13 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Um vento tempestuoso farei, sim, romper no meu furor, e uma grande pancada de chuva haverá na minha ira, e grandes pedras de saraiva na minha indignação, para consumir.

14 E derribarei a parede que rebocastes de cal não adubada, e darei com ella por terra, e o seu fundamento se descobrirá; assim cairá, [10] e perecereis no meio d’ella, e sabereis que eu sou o Senhor.

15 Assim cumprirei o meu furor contra a parede, e contra os que a rebocam de cal não adubada; e vos direi: não ha parede, nem existem os que a rebocam;

16 A saber, os prophetas de Israel, que prophetizam de Jerusalem, [11] e vêem para ella visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor Jehovah.

17 E tu, ó filho do homem, [12] dirige o teu rosto contra as filhas do teu povo, que prophetizam de seu coração, e prophetiza contra ellas.

18 E dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Ai das que cozem almofadas para todos os sovacos, e que fazem travesseiros para cabeças de toda a estatua, para caçarem as almas! porventura caçareis as almas do meu povo? e as almas guardareis em vida para vós?

19 E me profanareis para com o meu povo, [13] por punhados de cevada, e por pedaços de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer, e para guardardes em vida as almas que não haviam de viver, mentindo assim ao meu povo que escuta a mentira?

20 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Eis ahi vou eu contra as vossas almofadas, com que vós ali caçaes as almas nos jardins, e as arrancarei de vossos braços, e soltarei as almas que vós caçaes, as almas nos jardins.

21 E rasgarei os vossos toucadores, e livrarei o meu povo das vossas mãos, e nunca mais estarão em vossas mãos para vossa caça; [14] e sabereis que eu sou o Senhor.

22 Porquanto entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo eu entristecido; [15] e porquanto esforçastes as mãos do impio, para que não se desviasse do seu mau caminho, para guardal-o em vida;

23 Portanto [16] não vereis mais a vaidade, nem adivinhareis adivinhação; mas livrarei o meu povo das vossas mãos, [17] e sabereis que eu sou o Senhor.

[1] ver. 17.

[2] Can. 2.15.

[3] cap. 22.30.

[4] ver. 23. cap. 12.24 e 22.28.

[5] Esd. 2.50, 62. Neh. 7.5.

[6] cap. 20.38. cap. 11.10, 12.

[7] Jer. 6.14 e 8.11.

[8] cap. 22.28.

[9] cap. 38.22.

[10] ver. 9, 21, 23. cap. 14.8.

[11] Jer. 6.14 e 28.9.

[12] cap. 20.47 e 21.2. ver. 2.

[13] Pro. 28.21. Miq. 3.5.

[14] ver. 9.

[15] Jer. 23.14.

[16] ver. 6, etc. cap. 12.24. Miq. 3.6.

[17] ver. 9. cap. 14.8 e 15.7.

O castigo dos idolatras.

14 E vieram [1] a mim alguns homens dos anciãos de Israel, e se assentaram diante de mim.

2 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, [2] estes homens levantaram os seus idolos sobre os seus[736] corações, e o tropeço da sua maldade pozeram diante da sua face; [3] porventura pois devéras [AAX] me perguntam?

4 Portanto falla com elles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Jehovah: Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus idolos sobre o seu coração, e o tropeço da sua maldade pozer diante da sua face, e vier ao propheta, eu, o Senhor, vindo elle, lhe responderei conforme a multidão dos seus idolos;

5 Para apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus idolos.

6 Portanto dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor Jehovah: Convertei-vos, e deixae-vos converter dos vossos idolos; e desviae os vossos rostos de todas as vossas abominações.

7 Porque qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus idolos sobre o seu coração, e pozer o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao propheta, para me consultar por meio d’elle, eu, o Senhor, lhe responderei por mim mesmo.

8 E porei [4] o meu rosto contra o tal homem, e o assolarei para que sirva de signal e de dictado, e arrancal-o-hei do meio do meu povo: [5] e sabereis que eu sou o Senhor.

9 E quando o propheta se deixar persuadir, e fallar alguma coisa, eu, o Senhor, persuadi [6] esse propheta; e estenderei a minha mão contra elle, e destruil-o-hei do meio do meu povo Israel,

10 E levarão a sua maldade: como fôr a maldade do que pergunta, assim será a maldade do propheta;

11 Para que a casa de Israel não se desvie mais [7] d’após mim, nem se contamine mais com todas as suas transgressões: [8] então elles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus, diz o Senhor Jehovah.

A justiça dos castigos de Deus.

12 Veiu ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:

13 Filho do homem, quando uma terra peccar contra mim, gravemente rebellando, [9] então estenderei a minha mão contra ella, e lhe quebrarei o [AAY] sustento do pão, e enviarei contra ella fome, e arrancarei d’ella homens e animaes:

14 Ainda [10] que estivessem no meio d’ella estes tres homens, Noé, Daniel e Job, [11] elles pela sua justiça livrariam sómente a sua alma, diz o Senhor Jehovah.

15 Se eu fizer passar pela terra as más [12] bestas, e ellas a despojarem de filhos, que ella seja assolada, e ninguem possa passar por ella por causa das bestas;

16 E [13] estes tres homens estivessem no meio d’ella, vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que nem a filhos nem a filhas livrariam; elles só ficariam livres, e a terra seria assolada.

17 Ou, [14] se eu trouxer a espada sobre a tal terra, e disser: Espada, passa pela terra: [15] e eu arrancar d’ella homens e bestas:

18 Ainda [16] que aquelles tres homens estivessem n’ella, vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que nem filhos nem filhas livrariam, senão elles só ficariam livres.

19 Ou, [17] se eu enviar a peste sobre a tal terra, e derramar o meu furor sobre ella com sangue, para arrancar d’ella homens e bestas;

20 Ainda que Noé, [18] Daniel e Job estivessem no meio d’ella, vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que nem um filho nem uma filha livrariam a sua alma, mas só elles livrarão as suas proprias almas pela sua justiça.

21 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juizos, a espada, e a fome, e as más bestas, e a peste, contra Jerusalem, [19] para arrancar d’ella homens e bestas?

22 Porém eis que alguns dos que escaparem ficarão de resto n’ella, que serão tirados para fóra, assim filhos como filhas; eis que elles sairão a vós, [20] e vereis o seu caminho e os seus feitos; e ficareis consolados do mal que eu trouxe sobre Jerusalem, e de tudo o que trouxe sobre ella.

23 E vos consolarão, quando virdes o seu caminho e os seus feitos; [21] e sabereis que não fiz sem razão tudo quanto fiz n’ella, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 8.1 e 20.1 e 33.31.

[2] cap. 7.19. ver. 4, 7.

[3] II Reis 3.13.

[4] Lev. 17.10 e 20.3, 5, 6. Jer. 44.11. cap. 15.7.

[5] cap. 6.7.

[6] I Reis 22.23. Job 12.16. Jer. 4.10. II The. 2.11.

[7] II Ped. 2.15.

[8] cap. 11.20 e 37.27.

[9] Lev. 26.26. Isa. 3.1. cap. 4.16 e 5.16.

[10] Jer. 15.1. ver. 16, 18, 20. Jer. 7.16 e 11.14 e 14.11.

[11] Pro. 11.4.

[12] Lev. 26.22. cap. 5.17.

[13] ver. 14, 18, 20.

[14] Lev. 26.25. cap. 5.12 e 21.3, 4 e 29.8 e 38.21.

[15] cap. 25.13. Sof. 1.3.

[16] ver. 14.

[17] II Sam. 24.15. cap. 38.22. cap. 7.8.

[18] ver. 14.

[19] cap. 5.17 e 33.27.

[20] cap. 20.43.

[21] Jer. 22.8, 9.

O pau inutil da videira.

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, que mais é o pau[737] da videira do que todo outro pau? ou o sarmento entre os paus do bosque?

3 Toma-se porventura d’elle madeira para fazer alguma obra? ou toma-se d’elle alguma estaca, para que se lhe pendure algum traste?

4 Eis que [1] o entregam ao fogo, para que seja consumido; ambas as suas extremidades consome o fogo, e o meio d’elle fica queimado: serviria porventura para alguma obra?

5 Eis que, estando inteiro, não se fazia d’elle obra, quanto menos sendo consumido do fogo? e, sendo queimado, se faria ainda obra d’elle?

6 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: Como é o pau da videira entre os paus do bosque, o que entrego ao fogo para que seja consumido, assim entregarei os habitantes de Jerusalem.

7 Porque porei [2] a minha face contra elles; saindo elles de um fogo, outro fogo os consumirá; [3] e sabereis que eu sou o Senhor, quando tiver posto a minha face contra elles.

8 E tornarei a terra em assolação, porquanto grandemente prevaricaram, diz o Senhor Jehovah.

[1] João 15.6.

[2] cap. 14.8. Isa. 24.18.

[3] cap. 6.7 e 7.4 e 11.10 e 20.38, 42, 44.

A meretriz e as abominações de Jerusalem.

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] faze conhecer a Jerusalem as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor Jehovah a Jerusalem: [2] A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeos: teu pae era amorrheo, e a tua mãe hethea.

4 E, quanto ao teu nascimento, [3] no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com a agua, [AAZ] vendo-te eu; nem tão pouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas.

5 Não se compadeceu de ti olho algum, para te fazer alguma coisa d’isto, compadecido de ti; antes foste lançada na face do campo, pelo nojo da tua alma, no dia em que tu nasceste.

6 E, passando eu por ao pé de ti, vi-te pizada no teu sangue, e disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estejas no teu sangue, vive.

7 Eu [4] te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e chegaste á grande formosura: avultaram os peitos, e brotou o teu pello; porém estavas nua e descoberta.

8 E, passando eu por ao pé de ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; [5] e estendi sobre ti a ourela do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em concerto comtigo, diz o Senhor Jehovah, [6] e tu ficaste sendo minha.

9 Então te lavei na agua, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com oleo.

10 E te vesti de bordadura, e te calcei de pello de texugo, e te cingi de linho fino, e te cobri de seda.

11 E te ornei com ornamentos, [7] e te puz braceletes nas mãos e um collar á roda do teu pescoço.

12 E te puz uma joia pendente na testa, e pendentes nas orelhas, e uma corôa de gloria na cabeça.

13 E assim foste ornada de oiro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e bordadura: [8] nutriste-te de flor de farinha, e mel e oleo; e foste formosa em extremo, e foste prospera, até chegares a ser [ABA] rainha.

14 E saiu de [9] ti a fama entre as nações, por causa da tua formosura, porque perfeita era, por causa da minha gloria que eu tinha posto sobre ti, diz o Senhor Jehovah.

15 Porém [10] confiaste na tua formosura, e fornicaste por causa da tua fama; derramaste as tuas fornicações a todo o que passava, para seres sua.

16 E tomaste [11] dos teus vestidos, e fizeste logares altos enfeitados, de diversas côres, e fornicaste sobre elles; taes coisas não vieram, nem hão de vir.

17 E tomaste as tuas joias de enfeite, que eu te dei do meu oiro e da minha prata, e fizeste imagens de homens, e fornicaste com ellas.

18 E tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e o meu oleo e o meu perfume pozeste diante d’ellas.

19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o oleo e o mel com que eu te sustentava tambem pozeste [12] diante d’ellas em cheiro suave; e assim foi, diz o Senhor Jehovah.

20 Além [13] d’isto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste a ellas, para os consumirem: acaso é pequena a tua fornicação?

21 E mataste a meus filhos, e os entregaste a ellas para os fazerem passar pelo fogo.

[738]

22 E em todas as tuas abominações, e tuas fornicações, [14] não te lembraste dos dias da tua mocidade, [15] quando tu estavas nua e descoberta, e pizada no teu sangue.

23 E succedeu, depois de toda a tua maldade (ai! ai de ti! diz o Senhor Jehovah),

24 Que edificaste [16] uma [ABB] abobada, [17] e fizeste logares altos por todas as ruas.

25 A cada canto do caminho edificaste o teu logar alto, e fizeste abominavel a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava: e assim multiplicaste as tuas fornicações.

26 Tambem fornicaste com os filhos [18] do Egypto, teus visinhos de grandes carnes, e multiplicaste a tua fornicação para me provocares á ira.

27 Pelo que eis que estendi a minha mão sobre ti, e diminui a tua porção; e te entreguei á vontade das que te aborrecem, a saber, [19] das filhas dos philisteos, as quaes se envergonhavam do teu caminho depravado.

28 Tambem fornicaste com os filhos da Assyria, porquanto eras insaciavel; e, fornicando com elles, [20] nem ainda assim ficaste farta;

29 Antes multiplicaste as tuas fornicações na terra de Canaan até [21] Chaldea, e nem ainda com isso te fartaste.

30 Quão fraco está o teu coração, diz o Senhor Jehovah, fazendo tu todas estas coisas, obras d’uma mulher meretriz e imperiosa!

31 Edificando tu [22] a tua [ABC] abobada ao canto de cada caminho, e fazendo o teu logar alto em cada rua! nem foste como a meretriz, desprezando a paga;

32 Antes como a mulher adultera que, em logar de seu marido, recebe os estranhos.

33 A todas as meretrizes dão paga, [23] mas tu dás os teus presentes a todos os teus amantes; e lhes dás presentes, para que venham a ti de todas as partes, por tuas fornicações.

34 Assim que comtigo succede o contrario das mulheres nas tuas fornicações, pois após ti não andam para fornicar; porque, dando tu a paga, e a ti não sendo dada a paga, te fizeste contraria ás outras.

35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.

36 Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto se derramou o teu dinheiro, e se descobriu a tua nudez nas tuas fornicações com os teus amantes, como tambem com todos os idolos das tuas abominações, [24] e no sangue de teus filhos que lhes deste:

37 Portanto, eis que ajuntarei a [25] todos os teus amantes, com os quaes te misturaste, como tambem a todos os que amaste, com todos os que aborreceste, e ajuntal-os-hei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante d’elles, para que vejam toda a tua nudez.

38 E julgar-te-hei segundo [26] o teu juizo das adulteras e das que derramam sangue; e entregar-te-hei ao sangue de furor e de ciume.

39 E entregar-te-hei nas suas mãos, e derribarão a tua abobada, e transtornarão os teus altos logares, [27] e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas joias de enfeite, e te deixarão nua e descoberta.

40 Então farão subir [28] contra ti um ajuntamento, e te apedrejarão com pedra, e te traspassarão com as suas espadas.

41 E queimarão [29] as tuas casas a fogo, e executarão juizos contra ti, aos olhos de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais.

42 Assim farei [30] descançar em ti o meu furor, e os meus ciumes se desviarão de ti, e me aquietarei, e nunca mais me indignarei.

43 Porquanto [31] não te lembraste dos dias da tua mocidade, e me provocaste á ira com tudo isto: pelo que, eis que tambem eu farei recair o teu caminho sobre [32] a tua cabeça, diz o Senhor Jehovah, e não farás tal enormidade de mais sobre todas as tuas abominações.

44 Eis que todo o que usa de proverbios usará de ti n’este proverbio, dizendo: Qual a mãe, tal sua filha.

45 Tu és a filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és a irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos: vossa mãe [33] foi hethea, e vosso pae amorrheo.

46 E tua irmã maior é Samaria, ella e suas filhas, a qual habita á tua esquerda: [34] e tua irmã menor que tu, que habita á tua mão direita, é Sodoma e suas filhas.

[739]

47 Todavia não andaste nos caminhos, nem fizeste conforme as suas abominações, como se isto mui pouco fôra; [35] porém te corrompeste mais do que ellas, em todos os teus caminhos.

48 Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que não [36] fez Sodoma, tua irmã, nem ella, nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.

49 Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã; soberba, [37] fartura de pão, e abundancia de ociosidade teve ella e suas filhas, porém nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado.

50 E se ensoberbeceram, [38] e fizeram abominação diante de mim; pelo que as tirei d’ali, vendo eu isto.

51 Tambem Samaria não commetteu a metade de teus peccados: e multiplicaste as tuas abominações mais do que ellas, [39] e justificaste a tuas irmãs, com todas as tuas abominações que fizeste.

52 Tu pois tambem leva a tua vergonha, tu que julgaste a tuas irmãs, pelos teus peccados, que fizeste mais abominaveis do que ellas; mais justas são do que tu: envergonha-te logo tambem, e leva a tua vergonha, pois justificaste a tuas irmãs.

53 Eu pois farei [40] voltar os captivos d’elles; os captivos de Sodoma e suas filhas, e os captivos de Samaria e suas filhas, e os captivos do teu captiveiro entre ellas;

54 Para que leves a tua vergonha, [41] e sejas envergonhada por tudo o que fizeste, dando-lhes tu consolação.

55 Quando tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarem ao seu primeiro estado, e tambem Samaria e suas filhas tornarem ao seu primeiro estado, tambem tu e tuas filhas tornareis ao vosso primeiro estado.

56 Nem até Sodoma, tua irmã, foi ouvida na tua bocca, no dia das tuas soberbas,

57 Antes que se descobrisse a tua maldade, [42] como no tempo do desprezo das filhas da Syria, e de todos os que estavam ao redor d’ella, [43] as filhas dos philisteos, que te desprezavam em redor.

58 A tua enormidade e as tuas abominações tu levarás, [44] diz o Senhor.

59 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Tambem te farei como fizeste; [45] que desprezaste o juramento, quebrantando o concerto.

60 Comtudo eu me lembrarei do meu concerto comtigo nos dias da tua mocidade; [46] e estabelecerei comtigo um concerto eterno.

61 Então te lembrarás [47] dos teus caminhos, e te confundirás, quando receberes tuas irmãs maiores do que tu, com as menores [48] do que tu, porque t’as darei por filhas, porém não pelo teu concerto.

62 Porque eu estabelecerei [49] o meu concerto comtigo, e saberás que eu sou o Senhor;

63 Para que te [50] lembres d’isso, e te envergonhes, e nunca mais [51] abras a tua bocca por causa da tua vergonha, quando me reconciliar comtigo de tudo quanto fizeste, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 20.4 e 22.2.

[2] cap. 21.30. ver. 45.

[3] Ose. 2.3.

[4] Exo. 1.7.

[5] Ruth 3.9.

[6] Exo. 19.5. Jer. 2.2.

[7] Gen. 24.22, 47. Pro. 1.9.

[8] Deu. 32.13, 14.

[9] Lam. 2.15.

[10] Deu. 32.15. Jer. 7.4. Isa. 1.21. Jer. 3.2. cap. 23.3, 8, 11, 12. Ose. 1.2.

[11] cap. 7.20. Ose. 2.8.

[12] Ose. 2.8.

[13] II Reis 16.3. Isa. 57.5. Jer. 7.31 e 32.35. cap. 20.26 e 23.37.

[14] Jer. 2.2. ver. 43, 60.

[15] ver. 4, 5, 6.

[16] ver. 31.

[17] Jer. 2.20 e 3.2.

[18] cap. 20.7, 8 e 23.19, 20, 21.

[19] ver. 57.

[20] II Chr. 28.23. Jer. 2.18, 36. cap. 23.12, etc.

[21] cap. 23.14, etc.

[22] ver. 24, 39.

[23] Ose. 8.9.

[24] ver. 20. Jer. 2.34.

[25] Jer. 13.22, 26. Lam. 1.8. cap. 23.9, 10, 22, 29. Ose. 2.10 e 8.10. Nah. 3.5.

[26] Lev. 20.10. Deu. 22.22. cap. 23.45. Gen. 9.6. Exo. 21.12.

[27] ver. 24, 31. cap. 23.26. Ose. 2.3.

[28] cap. 23.46, 47. João 8.5, 7.

[29] Deu. 13.16. II Reis 25.9. Jer. 39.8 e 52.13. cap. 5.8 e 23.27.

[30] cap. 5.13.

[31] ver. 22.

[32] cap. 9.10 e 11.21 e 22.31.

[33] ver. 3.

[34] Deu. 32.32. Isa. 1.10.

[35] II Reis 21.9. ver. 51.

[36] Mat. 10.15 e 11.24.

[37] Gen. 13.10.

[38] Gen. 13.13 e 18.20.

[39] Jer. 3.11.

[40] Isa. 1.9.

[41] cap. 14.22, 23.

[42] Isa. 7.1.

[43] ver. 27.

[44] cap. 23.49.

[45] cap. 17.13, 16. Deu. 29.12, 14.

[46] Jer. 32.40 e 50.5.

[47] cap. 20.43 e 36.31.

[48] Isa. 54.1 e 60.4. Gal. 4.26, etc. Jer. 31.31, etc.

[49] Ose. 2.19, 20.

[50] ver. 61.

[51] Rom. 3.19.

A parabola das duas aguias e da videira.

17 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, propõe uma parabola, e usa d’uma comparação para com a casa de Israel.

3 E disse: Assim diz o Senhor Jehovah: Uma grande aguia, de grandes azas, comprida de plumagem, e cheia de pennas de varias côres, veiu ao Libano e levou o mais alto ramo d’um cedro.

4 E arrancou a ponta mais alta dos seus ramos, e a trouxe á terra de [ABD] mercancia, na cidade de mercancia, na cidade de mercadores a poz.

5 Tomou da semente da terra, [1] e a lançou n’um campo de semente: tomando-a, a poz junto ás grandes aguas com grande prudencia.

6 E brotou, e tornou-se n’uma videira mui larga, [2] de pouca altura, virando-se para ella os seus ramos, porque as suas raizes estavam debaixo d’ella; e tornou-se n’uma videira, e produzia sarmentos, e brotava renovos.

7 E houve mais uma grande aguia, de grandes azas, e cheia de pennas; e eis que esta videira lançou para ella as suas raizes, e estendeu para ella os seus ramos, para que a regasse pelas aréolas do seu plantio.

8 N’uma boa terra, á borda de muitas aguas, estava ella plantada, para produzir ramos, e para dar fructo, para que fosse videira excellente.

9 Dize: Assim diz o Senhor Jehovah: [3] Porventura prosperará? ou não lhe arrancará as suas raizes, e não cortará o[740] seu fructo, e seccar-se-ha? em todas as folhas de seus renovos se seccará, e isto não com braço grande, nem com muita gente, para a arrancar pelas suas raizes.

10 Mas eis que porventura, estando plantada, [4] prosperará? porventura, tocando-lhe vento oriental, de todo não se seccará? nas aréolas do seu plantio se seccará.

11 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Dize agora á casa [5] rebelde: Porventura não sabeis o que querem dizer estas coisas? dize: [6] Eis que veiu o rei de Babylonia a Jerusalem, e tomou o seu rei e os seus principes, e os levou comsigo para Babylonia;

13 E tomou [7] um da semente real, e fez concerto com elle, e o trouxe para fazer juramento; e tomou os poderosos da terra comsigo,

14 Para que o reino [8] ficasse humilhado, e não se levantasse: para que, guardando o seu concerto, podesse subsistir.

15 Porém [9] se rebellou contra elle, enviando os seus mensageiros ao Egypto, para que se lhe mandassem cavallos e muita gente: [10] porventura prosperará ou escapará aquelle que faz taes coisas? ou quebrantará o concerto, e ainda escapará?

16 Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, [11] que morrerá em logar do rei que o fez reinar, cujo juramento desprezou, e cujo concerto quebrantou; com elle no meio de Babylonia morrerá.

17 E Pharaó, [12] nem com grande exercito, nem com uma companhia numerosa, nada acabará com elle em guerra, [13] levantando tranqueiras e edificando baluartes, para destruir muitas vidas.

18 Porque desprezou o juramento, quebrantando o concerto, [14] e eis que deu a sua mão; havendo pois feito todas estas coisas, não escapará.

19 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: Vivo eu, que o meu juramento, que desprezou, e o meu concerto, que quebrantou, isto farei recair sobre a sua cabeça.

20 E estenderei [15] sobre elle a minha rede, e ficará preso no meu laço; [16] e o levarei a Babylonia, e ali entrarei em juizo com elle pela rebeldia com que se rebellou contra mim.

21 E todos [17] os seus fugitivos, com todas as suas tropas, cairão á espada, e os que restarem serão espalhados a todo o vento; e sabereis que eu, o Senhor, o fallei.

22 Assim diz o Senhor Jehovah: [18] Tambem eu tomarei do cucuruto do cedro alto, e o plantarei; do principal dos seus renovos cortarei o mais tenro, [19] e o plantarei sobre um monte alto e sublime.

23 No monte alto d’Israel [20] o plantarei, e produzirá ramos, e dará fructo, e se fará um cedro excellente; [21] e habitarão debaixo d’elle todas as aves de toda a sorte de azas, e á sombra dos seus ramos habitarão.

24 Assim saberão todas as arvores do campo que eu, o Senhor, abaixei a arvore alta, [22] alcei a arvore baixa, sequei a arvore verde, e fiz reverdecer a arvore secca: [23] eu, o Senhor, o fallei, e o farei.

[1] Deu. 8.7. Isa. 44.4.

[2] ver. 14.

[3] II Reis 25.7.

[4] cap. 19.12. Ose. 13.15.

[5] cap. 2.5 e 12.9.

[6] II Reis 24.11-16.

[7] II Chr. 36.13.

[8] ver. 6. cap. 29.14.

[9] Deu. 17.16. Isa. 31.1, 3.

[10] ver. 9.

[11] Jer. 32.5 e 34.3. cap. 12.13.

[12] Jer. 37.7.

[13] cap. 4.2.

[14] Lam. 5.6.

[15] cap. 12.13 e 32.2.

[16] cap. 20.36.

[17] cap. 12.14.

[18] Isa. 11.1. Jer. 23.5.

[19] Psa. 2.6.

[20] Isa. 2.2, 3. cap. 20.40. Miq. 4.1.

[21] cap. 31.6. Dan. 4.12.

[22] Luc. 1.52.

[23] cap. 22.14 e 24.14.

A responsabilidade é pessoal.

18 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Que tendes vós, vós que dizeis esta parabola da terra de Israel, dizendo: Os [1] paes comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?

3 Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que nunca mais direis esta parabola em Israel.

4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pae, assim tambem a alma do filho é minha: [2] a alma que peccar, essa morrerá.

5 Sendo pois o homem justo, e fazendo juizo e justiça,

6 Se não [3] comer sobre os montes, nem levantar os seus olhos para os idolos da casa de Israel, [4] nem contaminar a mulher do seu proximo, nem se chegar á mulher na sua separação,

7 E se não opprimir [5] a ninguem, tornando ao devedor o seu penhor, e se não fizer roubo, [6] se der o seu pão ao faminto, e cobrir ao nú com vestido,

8 Se não der o seu dinheiro [7] á usura, e não receber demais, se desviar a sua mão da injustiça, e [8] fizer verdadeiro juizo entre homem e homem,

9 Se andar nos meus estatutos, e guardar os meus juizos, para obrar segundo a verdade, [9] o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Jehovah.

10 E se elle gerar um filho ladrão,[741] [10] derramador de sangue, que fizer a seu irmão qualquer d’estas coisas;

11 E que não fizer todas as demais coisas, mas antes comer sobre os montes, e contaminar a mulher de seu proximo,

12 Opprimir ao afflicto e necessitado, fizer roubos, não tornar o penhor, e levantar os seus olhos para os idolos, [11] e fizer abominação,

13 Der o seu dinheiro á usura, e receber demais, porventura viverá? Não viverá: todas estas abominações elle fez, certamente morrerá; [12] o seu sangue será sobre elle.

14 E eis que, se tambem elle gerar filho que vir todos os peccados que seu pae fez, e, vendo-os, não commetter coisas similhantes,

15 [13] Não comer sobre os montes, e não levantar os seus olhos para os idolos da casa de Israel, e não contaminar a mulher de seu proximo,

16 E não opprimir a ninguem, e não retiver o penhor, e não fizer roubo, der o seu pão ao faminto, e cobrir ao nú com vestido,

17 Desviar do afflicto a sua mão, não receber usura em demasia, fizer os meus juizos, e andar nos meus estatutos, o tal não morrerá pela maldade de seu pae; certamente viverá.

18 Seu pae, porquanto fez oppressão, roubou os bens do irmão, e fez o que não era bom no meio de seu povo, [14] eis que elle morrerá pela sua maldade.

19 Porém dizeis: [15] Porque não levará o filho a maldade do pae? Porque o filho fez juizo e justiça, e guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso certamente viverá.

20 A alma [16] que peccar, essa morrerá: [17] o filho não levará a maldade do pae, nem o pae levará a maldade do filho: [18] a justiça do justo será sobre elle, e a impiedade do impio será sobre elle.

21 Mas [19] se o impio se converter de todos os seus peccados que commetteu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juizo e justiça, certamente viverá; não morrerá.

22 De todas as suas transgressões que commetteu não haverá lembrança [20] contra elle: pela sua justiça que praticou viverá.

23 Porventura [21] de qualquer maneira desejaria eu a morte do impio? diz o Senhor Jehovah; porventura não desejo que se converta dos seus caminhos e viva?

24 Mas, [22] desviando-se o justo da sua justiça, e commettendo a iniquidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o impio, porventura viveria? [23] de todas as suas justiças que tiver feito não se fará memoria: na sua transgressão com que transgrediu, e no seu peccado com que peccou, n’elles morrerá.

25 Dizeis, porém: [24] O caminho do Senhor não é [ABE] direito. Ouvi agora, ó casa d’Israel: Porventura não são os vossos caminhos [ABF] indirectos?

26 Desviando-se [25] o justo da sua justiça, e commettendo iniquidade, morrerá por ella: na sua iniquidade que commetteu morrerá.

27 Porém, [26] convertendo-se o impio da sua impiedade que commetteu, e praticando o juizo e a justiça, conservará este a sua alma em vida.

28 Porquanto considera, [27] e se converte de todas as suas transgressões que commetteu; certamente viverá, não morrerá.

29 Comtudo, [28] diz a casa d’Israel: O caminho do Senhor não é direito. Porventura os meus caminhos não serão direitos, ó casa de Israel? porventura não são os vossos caminhos indirectos?

30 Portanto, [29] eu vos julgarei, cada um conforme os seus caminhos, ó casa d’Israel, diz o Senhor Jehovah: tornae-vos, [30] e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço.

31 Lançae [31] de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, [32] e fazei-vos um coração novo e um espirito novo; pois por que razão morrerieis, ó casa d’Israel?

32 Porque não tomo prazer [33] na morte do que morre, diz o Senhor Jehovah: convertei-vos, pois, e vivei.

[1] Jer. 31.29.

[2] ver. 20. Rom. 6.23.

[3] cap. 22.9.

[4] Lev. 18.20 e 20.10. Lev. 18.19 e 20.18.

[5] Exo. 22.21. Lev. 19.15 e 25.14.

[6] Deu. 15.7, 8. Isa. 58.7. Mat. 25.35, 36.

[7] Exo. 22.25. Lev. 25.36, 37. Deu. 23.19. Neh. 5.7.

[8] Deu. 1.16. Zac. 8.16.

[9] cap. 20.11. Amós 5.4.

[10] Gen. 9.6. Exo. 21.12. Num. 35.31.

[11] cap. 8.6, 17.

[12] Lev. 20.9, 11, 12, 13, 16, 27. Act. 18.6.

[13] ver. 6, etc.

[14] cap. 3.18.

[15] Exo. 20.5. Deu. 5.9. II Reis 23.26 e 24.3, 4.

[16] ver. 4.

[17] Deu. 24.16. II Reis 14.6. II Chr. 25.4. Jer. 31.29, 30.

[18] Isa. 3.10, 11. Rom. 2.9.

[19] ver. 27. cap. 33.12, 19.

[20] cap. 33.16.

[21] ver. 32. cap. 33.11. I Tim. 2.4. II Ped. 3.9.

[22] cap. 3.20 e 32.12, 13, 18.

[23] II Ped. 2.20.

[24] ver. 29. cap. 33.17, 20.

[25] ver. 24.

[26] ver. 21.

[27] ver. 14.

[28] ver. 25.

[29] cap. 7.3 e 33.20.

[30] Mat. 3.2. Apo. 2.5.

[31] Eph. 4.22, 23.

[32] Jer. 32.39. cap. 11.19 e 36.26.

[33] Lam. 3.33. ver. 23. cap. 33.11. II Ped. 3.9.

O lamento da leoa; a parabola da videira.

Antes de Christo 593

19 E tu levanta [1] uma lamentação sobre os principes d’Israel.

2 E dize: Quem foi tua mãe? uma leoa entre leões deitada creou os seus cachorros no meio dos leõesinhos.

[742]

3 E fez crescer um dos seus cachorrinhos, [2] e veiu a ser leãosinho e aprendeu a apanhar a preza; e devorou os homens,

4 E, ouvindo fallar d’elle as nações, foi apanhado na cova d’ellas, [3] e o trouxeram com ganchos á terra do Egypto.

5 Vendo pois ella que havia esperado muito, e que a sua expectação era perdida, tomou outro dos seus cachorros, e fez d’elle um leãosinho.

6 Este pois, andando [4] continuamente no meio dos leões, veiu a ser leãosinho, e aprendeu a apanhar a preza: e devorou homens.

7 E conheceu [ABG] os seus palacios, e destruiu as suas cidades; e assolou-se a terra, e a sua plenitude, ao ouvir o seu rugido.

8 Então se ajuntavam [5] contra elle as gentes das provincias em roda, e estenderam sobre elle a rede, e foi apanhado na cova d’ellas.

9 E metteram-n’o [6] em [ABH] carcere com ganchos, e o levaram ao rei de Babylonia; fizeram-n’o entrar nos logares fortes, [7] para que se não ouvisse mais a sua voz nos montes de Israel.

10 Tua mãe era como [8] uma videira [ABI] na tua quietação, plantada á borda das aguas, fructificando, e foi cheia de ramos, [9] por causa das muitas aguas.

11 E tinha varas fortes para sceptros de dominadores, [10] e elevou-se a sua estatura entre os espessos ramos; e foi vista na sua altura com a multidão dos seus ramos.

12 Porém foi arrancada com furor, foi abatida até á terra, [11] e o vento oriental seccou o seu fructo; quebraram-se e seccaram-se as suas fortes varas, o fogo as consumiu,

13 E agora está plantada no deserto, n’uma terra secca e sedenta.

14 E d’uma vara dos seus ramos saiu fogo [12] que consumiu o seu fructo de maneira que n’ella não ha mais vara forte, sceptro para dominar. Esta é a lamentação, e servirá de lamentação.

[1] cap. 26.17 e 27.2.

[2] ver. 6. II Reis 23.31, 32.

[3] II Reis 23.33. Jer. 22.11, 12.

[4] Jer. 22.13, 17. ver. 13.

[5] II Reis 24.2.

[6] II Chr. 36.6. Jer. 22.18.

[7] cap. 6.2.

[8] cap. 17.6.

[9] Deu. 8.7, 8, 9.

[10] cap. 31.3. Dan. 4.11.

[11] cap. 17.10. Ose. 13.15.

[12] Jui. 9.15.

As abominações da casa de Israel depois do exodo.

20 E aconteceu, no setimo anno, no mez quinto, aos dez do mez, [1] que vieram alguns dos anciãos de Israel, para consultarem o Senhor; e assentaram-se diante de mim.

2 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

3 Filho do homem, falla aos anciãos de Israel, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Jehovah: Vindes vós consultar-me? [2] vivo eu, que vós não me consultareis, diz o Senhor Jehovah.

4 Porventura tu os julgarias, [3] julgarias tu, ó filho do homem? notifica-lhes as abominações de seus paes;

5 E dize-lhes: Assim diz o Senhor Jehovah: [4] No dia em que escolhi a Israel, levantei a minha mão para a semente da casa de Jacob, e me dei a conhecer a elles na terra do Egypto, [5] e levantei a minha mão para elles, dizendo: Eu sou o Senhor vosso Deus;

6 N’aquelle dia levantei a minha mão para elles, [6] que os tiraria da terra do Egypto, para uma terra que tinha previsto para elles, que mana leite e mel, [7] que é a gloria de todas as terras.

7 Então lhes disse: [8] Cada um lance de si as abominações dos seus olhos, e não vos contamineis com os idolos do Egypto: eu sou o Senhor vosso Deus.

8 Porém rebellaram-se contra mim, e não me quizeram ouvir; ninguem lançava de si as abominações dos seus olhos, nem deixava os idolos do Egypto: então eu disse que derramaria sobre elles [9] o meu furor, para cumprir a minha ira contra elles no meio da terra do Egypto.

9 Porém [10] obrei por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos das nações, no meio das quaes estavam, a cujos olhos eu me dei a conhecer a elles, para os tirar para fóra da terra do Egypto.

10 E os tirei [11] para fóra da terra do Egypto, e os levei ao deserto.

11 E dei-lhes [12] os meus estatutos, e lhes mostrei os meus juizos, [13] os quaes, se os fizer o homem, viverá por elles.

12 E tambem lhes dei os meus [14] sabbados, para que servissem de signal entre mim e entre elles: para que soubessem que eu sou o Senhor que os sanctifica.

13 Mas a casa de Israel [15] se rebellou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando os meus juizos, os quaes, fazendo-os, o homem[743] viverá por elles; [16] e profanaram grandemente os meus sabbados; e eu disse que derramaria sobre elles o meu furor no deserto, para os consumir.

14 Porém obrei [17] por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante dos olhos das nações perante cujos olhos os fiz sair.

15 E, comtudo, eu levantei [18] a minha mão para elles no deserto, que não os faria entrar na terra que lhes tinha dado, que mana leite e mel, que é a gloria de todas as terras,

16 Porque [19] rejeitaram os meus juizos, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sabbados; [20] porque o seu coração andava após os seus idolos.

17 Porém o meu olho lhes perdoou, para não os destruir nem os consumir no deserto.

18 Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não andeis nos estatutos de vossos paes, nem guardeis os seus juizos, nem vos contamineis com os seus idolos.

19 Eu sou o Senhor vosso Deus; [21] andae nos meus estatutos, e guardae os meus juizos, e fazei-os.

20 E sanctificae [22] os meus sabbados, e servirão de signal entre mim e entre vós, para que saibaes que eu sou o Senhor vosso Deus.

21 Mas tambem os filhos se rebellaram contra mim, [23] e não andaram nos meus estatutos, nem guardaram os meus juizos para os fazer, os quaes, fazendo-os, [24] o homem viverá por elles; tambem profanaram os meus sabbados; [25] e eu disse que derramaria sobre elles o meu furor, para cumprir contra elles a minha ira no deserto.

22 Porém retirei a minha mão, [26] e obrei por amor do meu nome, para que não fosse profanado perante os olhos das nações, perante cujos olhos os fiz sair.

23 Tambem eu levantei a minha mão para elles no deserto, [27] que os espalharia entre as nações, e os derramaria pelas terras;

24 Porque [28] não fizeram os meus juizos, e rejeitaram os meus estatutos, e profanaram os meus sabbados, [29] e os seus olhos se iam após os idolos de seus paes.

25 Pelo que tambem eu lhes dei estatutos que não [30] eram bons, como tambem juizos pelos quaes não haviam de viver;

26 E os contaminei em os seus dons, [31] porquanto faziam passar pelo fogo tudo o que abre a madre: [32] para os assolar, para que soubessem que eu sou o Senhor.

27 Portanto falla á casa de Israel, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Jehovah: [33] Ainda até n’isto me blasphemaram vossos paes, que, com uma transgressão, transgrediram contra mim.

28 Porque, havendo-os eu introduzido na terra sobre a qual eu levantara a minha mão que lh’a havia de dar, [34] então olharam para todo o outeiro alto, e para toda a arvore espessa, e sacrificaram ali os seus sacrificios, e apresentaram ali a provocação das suas offertas, pozeram ali [35] os seus cheiros suaves, e ali derramaram as suas libações.

29 E eu lhes disse: Que alto é este, aonde vós ides? e seu nome foi chamado [ABJ] Bamah até ao dia de hoje.

30 Portanto dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor Jehovah: Estaes vós contaminados no caminho de vossos paes? e fornicaes após as suas abominações?

31 E, [36] quando offereceis os vossos dons, e fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, então vós estaes contaminados com todos os vossos idolos, [37] até este dia? e vós me consultarieis, ó casa de Israel? vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que vós me não consultareis.

32 E o que subiu [38] ao vosso espirito de maneira alguma succederá, quando dizeis: Seremos como as nações, como as demais gerações da terra, servindo ao madeiro e á pedra.

33 Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, [39] que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós,

34 E vos tirarei d’entre os povos, e vos congregarei das terras nas quaes andaes espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada.

35 E vos levarei ao deserto dos povos; [40] e ali entrarei em juizo comvosco cara a cara.

36 Como entrei em juizo com vossos[744] [41] paes, no deserto da terra do Egypto, assim entrarei em juizo comvosco, diz o Senhor Jehovah.

37 E vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vinculo do concerto.

38 E separarei [42] d’entre vós os rebeldes, e os que prevaricaram contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, [43] mas á terra de Israel não voltarão: e sabereis que eu sou o Senhor.

39 E, quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Jehovah: Ide, [44] servi cada um os seus idolos, pois que a mim me não quereis ouvir; [45] não profaneis mais o meu sancto nome com as vossas dadivas e com os vossos idolos.

40 Porque [46] no meu sancto monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor Jehovah, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ella n’aquella terra: [47] ali me deleitarei n’elles, e ali demandarei as vossas offertas alçadas, e as primicias das vossas dadivas, com todas as vossas coisas sanctas.

41 Com cheiro suave [48] me deleitarei em vós, quando eu vos tirar d’entre os povos e vos congregar das terras em que andaes espalhados; e serei sanctificado em vós perante os olhos das nações.

42 E sabereis [49] que eu sou o Senhor, quando eu vos tiver tornado a trazer á terra de Israel, á terra pela qual levantei a minha mão para dal-a a vossos paes.

43 E ali [50] vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos tratos com que vos contaminastes, [51] e tereis nojo de vós mesmos, por todas as vossas maldades que tendes commettido.

44 E sabereis [52] que eu sou o Senhor, quando eu obrar comvosco por amor do meu nome; não conforme os vossos maus caminhos, nem conforme os vossos tratos corruptos, ó casa de Israel, disse o Senhor Jehovah.

45 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

46 Filho do homem, [53] dirige o teu rosto para o caminho do sul, e derrama as tuas palavras contra o sul, e prophetiza contra o bosque do campo do sul.

47 E dize ao bosque do sul: Ouve a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Jehovah: [54] Eis que accenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda a arvore verde e toda a arvore secca: não se apagará a chamma flammejante, antes com ella se queimarão todos os rostos, desde o sul até ao norte.

48 E verá toda a carne que eu, o Senhor, o accendi: não se apagará.

49 Então disse eu: Ah! Senhor Jehovah! elles dizem de mim: Porventura não falla este por parabolas?

[1] cap. 8.1 e 14.1.

[2] ver. 31. cap. 14.3.

[3] cap. 22.2 e 23.36. cap. 16.2.

[4] Exo. 6.7. Deu. 7.6.

[5] Exo. 3.8 e 4.31. Deu. 4.34. Exo. 20.2.

[6] Exo. 3.8, 17. Deu. 8.7, 8, 9. Jer. 32.22.

[7] Zac. 7.14.

[8] cap. 18.31. II Chr. 15.8. Lev. 17.7. Deu. 29.16, 17, 18. Jos. 24.14.

[9] cap. 7.8. ver. 13, 21.

[10] Num. 14.13, etc. ver. 14, 22.

[11] Exo. 13.18.

[12] Neh. 9.13, 14.

[13] Rom. 10.5. Gal. 3.12.

[14] Exo. 20.8 e 31.13, etc. e 35.2. Deu. 5.12. Neh. 9.14.

[15] Num. 14.22. Pro. 1.25.

[16] Num. 14.29 e 26.65.

[17] ver. 9, 22.

[18] Num. 14.30.

[19] ver. 13, 24.

[20] Amós 5.25, 26. Act. 7.42, 43.

[21] Deu. 5.32, 33 e 6.7 e 8 e 10 e 11 e 12.

[22] ver. 12. Jer. 17.22.

[23] Num. 25.1, 2. Deu. 9.23, 24 e 31.27.

[24] ver. 11, 13.

[25] ver. 8, 13.

[26] ver. 9, 14.

[27] Lev. 26.33. Deu. 28.64. Jer. 15.4.

[28] ver. 13, 16.

[29] cap. 6.9.

[30] ver. 39. Rom. 1.24. II The. 2.11.

[31] II Reis 17.17 e 21.6. II Chr. 28.3 e 33.6. Jer. 32.35. cap. 16.20, 21.

[32] cap. 6.7.

[33] Rom. 2.24.

[34] Isa. 57.5, etc. cap. 6.13.

[35] cap. 16.19.

[36] ver. 26.

[37] ver. 8.

[38] cap. 11.5.

[39] Jer. 21.5.

[40] Jer. 2.9, 35. cap. 17.20.

[41] Num. 14.21, 22, 23, 28, 29.

[42] cap. 34.17, 20. Mat. 25.32, 33.

[43] Jer. 44.14.

[44] Amós 4.4.

[45] Isa. 1.13. cap. 23.38, 39.

[46] Isa. 2.2, 3. cap. 17.23. Miq. 4.1.

[47] Isa. 56.7 e 60.7. Zac. 8.20, etc. Mal. 3.4. Rom. 12.1.

[48] Eph. 5.2. Phi. 4.18.

[49] ver. 38, 44. cap. 36.23 e 38.23.

[50] cap. 16.61.

[51] Lev. 26.39. cap. 6.9. Ose. 5.15.

[52] ver. 38. cap. 24.24 e 36.22.

[53] cap. 6.2 e 21.2.

[54] Jer. 21.14. Luc. 23.31.

A espada do Senhor.

21 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho [1] do homem, dirige o teu rosto contra Jerusalem, e derrama as tuas palavras contra os sanctuarios, e prophetiza contra a terra de Israel.

3 E dize á terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis me aqui contra ti, e tirarei a minha espada da sua bainha, [2] e exterminarei do meio de ti o justo e o impio.

4 E, porquanto hei de exterminar do meio de ti o justo e o impio, por isso sairá a minha espada da sua bainha contra toda a carne, [3] desde o sul até ao norte.

5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da sua bainha: [4] nunca mais voltará a ella.

6 Tu, porém, ó filho do homem, suspira; suspira [5] aos olhos d’elles, com quebrantamento dos lombos e com amargura.

7 E será que, quando elles te disserem: Porque suspiras tu? dirás: Pela fama, porque vem; e todo o coração desmaiará, e todas [6] as mãos se enfraquecerão, e todo o espirito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em aguas; eis que vem, e se fará, diz o Senhor Jehovah.

8 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

9 Filho do homem, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor: dize: A espada, [7] a espada está afiada, e tambem açacalada.

10 Para matar com grande matança está afiada, para reduzir está açacalada: alegrar-nos-hemos pois? a vara de meu filho é que despreza todo o madeiro.

11 E a deu a açacalar, para usar d’ella com a mão: esta espada está afiada, e está açacalada, [8] para a metter na mão do que está para matar.

12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque esta será contra o meu povo,[745] será contra todos os principes de Israel: [9] espantos terá o meu povo por causa da espada; portanto bate na côxa.

13 Quando se fez [10] a prova que havia então? porventura tambem não haveria vara desprezadora? diz o Senhor Jehovah.

14 Tu pois, ó filho do homem, prophetiza, [11] e bate com as mãos uma na outra; porque a espada até á terceira vez se dobrará: a espada é dos atravessados grandes, [12] que entrará a elles até nas recamaras.

15 Para que desmaie o coração, e se multipliquem os tropeços, [13] contra todas as suas portas puz a ponta da espada, a que foi feita para reduzir, e está reservada para matar!

16 Ó [14] espada, [ABK] reune-te, vira-te para a direita; prepara-te, vira-te para a esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.

17 E tambem eu baterei [15] com as minhas mãos uma na outra, e farei descançar a minha indignação: eu, o Senhor, o fallei.

18 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

19 Tu pois, ó filho do homem, propõe dois caminhos, por onde venha a espada do rei de Babylonia: ambos procederão de uma mesma terra, e escolhe uma banda; no cimo do caminho da cidade o escolhe.

20 Um caminho proporás, [16] por onde virá a espada contra Rabba dos filhos d’Ammon, e contra Judah, em Jerusalem, a fortificada.

21 Porque o rei de Babylonia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para usar de adivinhações; aguçará as suas frechas, consultará os terafins, attentará para o figado.

22 Á sua direita estará a adivinhação sobre Jerusalem, para ordenar os arietes, para abrir a bocca á matança, [17] para levantar a voz com jubilo, para pôr os arietes contra as portas, para levantar uma tranqueira, para edificar um baluarte.

23 Isto será aos olhos d’elles como adivinhação vã, porquanto foram ajuramentados com juramentos entre elles; porém elle se lembrará da maldade, para que sejam apanhados.

24 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto me fazeis lembrar da vossa maldade, descobrindo-se as vossas prevaricações, apparecendo os vossos peccados em todos os vossos tratos, porquanto viestes em memoria, sereis apanhados na mão.

25 E tu, [18] ó profano e impio principe d’Israel, cujo dia virá no campo da extrema maldade,

26 Assim diz o Senhor Jehovah: Tira para fóra o diadema, e levanta de ti a corôa; esta não será a mesma; [19] exalta ao humilde, e humilha ao soberbo.

27 Ao revéz, ao revéz, ao revéz porei aquella corôa, [20] e ella mais não será, até que venha aquelle a quem pertence de direito, e a elle a darei.

28 E tu, ó filho do homem, prophetiza, e dize: [21] Assim diz o Senhor Jehovah ácerca dos filhos de Ammon, e ácerca do seu desprezo: dize pois: A espada, a espada está desembainhada, açacalada para a matança, para consumir, para reluzir;

29 Entretanto que te [22] vêem vaidade, entretanto que te adivinham mentira, para te pôrem aos pescoços dos traspassados pelos impios, [23] cujo dia virá no tempo da extrema maldade.

30 Torna a tua espada á sua bainha: no logar em que foste creado, [24] na terra do teu nascimento, julgarei.

31 E derramarei sobre ti a minha indignação, [25] assoprarei contra ti o fogo do meu furor, entregar-te-hei nas mãos dos homens fogosos, inventores de destruição.

32 Para o fogo servirás de pasto: o teu sangue será no meio da terra: não virás em memoria; porque eu, o Senhor, o fallei.

[1] cap. 20.46. Deu. 52.2. Amós 7.16.

[2] Job 9.22.

[3] cap. 20.47.

[4] Isa. 45.23 e 55.11.

[5] Isa. 24.4.

[6] cap. 7.17.

[7] Deu. 32.41. ver. 15, 28.

[8] ver. 19.

[9] Jer. 31.19.

[10] Job 9.23. II Cor. 8.2.

[11] Num. 24.10. ver. 17. cap. 6.11.

[12] I Reis 20.30.

[13] ver. 10, 28.

[14] cap. 14.17.

[15] ver. 14. cap. 22.13. cap. 5.13.

[16] Jer. 40.2. cap. 25.5. Amós 1.14.

[17] Jer. 51.14. cap. 4.2.

[18] II Chr. 36.16. Jer. 52.2. cap. 17.19.

[19] cap. 17.24. Luc. 1.52.

[20] Gen. 49.10. ver. 13. Luc. 1.32, 33.

[21] Jer. 49.1. cap. 25.2, 3, 6. Sof. 2.8, 9, 10.

[22] cap. 12.24 e 22.28.

[23] ver. 25. Job 18.20.

[24] Jer. 47.6, 7. Gen. 15.14. cap. 16.38.

[25] cap. 22.20, 21.

As abominações de Jerusalem.

22 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu pois, ó filho do homem, [1] porventura julgarás, julgarás a cidade sanguinolenta? faze-lhe conhecer pois todas as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Ai da cidade que derrama o sangue no meio d’ella, para que venha o seu tempo! que faz idolos contra si mesma, para se contaminar!

4 Pelo teu sangue [2] que derramaste te fizeste culpada, e pelos teus idolos que fabricaste te contaminaste, e fizeste chegar os teus dias, e vieste aos teus annos; [3] por isso eu te fiz o opprobrio[746] das nações e o escarneo de todas as terras.

5 As que estão perto e as que estão longe de ti escarnecerão de ti, immunda de nome, cheia de inquietação.

6 Eis que [4] os principes de Israel, cada um conforme o seu poder, estiveram em ti, para derramarem o sangue.

7 Ao pae e á mãe [5] desprezaram em ti; para com o estrangeiro usaram de oppressão no meio de ti: ao orphão e á viuva opprimiram em ti.

8 As minhas [6] coisas sagradas desprezaste, e os meus sabbados profanaste.

9 Homens calumniadores [7] se acharam em ti, para derramarem o sangue; e em ti sobre os montes comeram; enormidade commetteram no meio de ti.

10 A vergonha do pae [8] descobriram em ti: a que estava immunda, na sua separação, humilharam no meio de ti.

11 Tambem um fez [9] abominação com a mulher do seu proximo, e outro contaminou abominavelmente a sua nora, e outro humilhou no meio de ti a sua irmã, filha de seu pae.

12 Presentes receberam [10] no meio de ti para derramarem o sangue: usura e demasia tomaste, e usaste de avareza com o teu proximo, opprimindo-o; [11] porém de mim te esqueceste, diz o Senhor Jehovah.

13 E eis que bati [12] as mãos contra a tua avareza, de que usaste, e por causa de teu sangue, que houve no meio de ti.

14 Porventura [13] estará firme o teu coração? porventura estarão fortes as tuas mãos, nos dias em que eu tratarei comtigo? eu, o Senhor, [14] o fallei, e o farei.

15 E espalhar-te-hei [15] entre as nações, e espalhar-te-hei pelas terras, e consumirei a tua immundicia.

16 Assim serás profanada em ti aos olhos das nações, e saberás que eu sou o Senhor.

17 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [16] a casa de Israel se tornou para mim em escorias: todos elles são bronze, e estanho, e ferro, e chumbo no meio do forno: em escorias de prata se tornaram.

19 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto todos vós vos tornastes em escorias, por isso eis que eu vos ajuntarei no meio de Jerusalem.

20 Como se ajuntam a prata, e o bronze, e o ferro, e o chumbo, e o estanho, no meio do forno, para assoprar o fogo sobre elles, para fundir, assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e ali vos deixarei e fundirei.

21 E congregar-vos-hei, [17] e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor; e sereis fundidos no meio d’ella.

22 Como se funde a prata no meio do forno, assim sereis fundidos no meio d’ella; e sabereis que eu, o Senhor, [18] derramei o meu furor sobre vós.

23 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, dize-lhe: Tu és uma terra que não está purificada: e não tem chuva no dia da indignação.

25 Conjuração [19] dos seus prophetas ha no meio d’ella, como um leão que dá bramido, que arrebata a preza: [20] elles devoram as almas; thesouros e coisas preciosas tomam, multiplicam as suas viuvas no meio d’ella.

26 Os seus sacerdotes [21] violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas sagradas; [22] entre o sancto e o profano não fazem differença, nem discernem o impuro do puro; e de meus sabbados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio d’elles.

27 Os seus principes [23] no meio d’ella são como lobos que arrebatam a preza, para derramarem o sangue, para destruirem as almas, para seguirem a avareza.

28 E os seus prophetas [24] os rebocam de cal não adubada, vendo vaidade, e predizendo-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Jehovah; sem que o Senhor tivesse fallado.

29 Ao povo [25] da terra opprimem gravemente, [26] e andam fazendo roubos, e fazem violencia ao afflicto e necessitado, e ao estrangeiro opprimem sem razão.

30 E busquei [27] d’entre elles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruisse; porém a ninguem achei.

31 Por isso eu derramei sobre elle a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaisse sobre as suas cabeças, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 20.4 e 23.36. cap. 24.6, 9. Nah. 3.1.

[2] II Reis 21.16.

[3] Deu. 28.37. I Reis 9.7. cap. 5.14. Dan. 9.16.

[4] Isa. 1.23. Miq. 3.1, 2, 3.

[5] Deu. 27.16. Exo. 22.21, 22.

[6] ver. 26. Lev. 19.30. cap. 23.28.

[7] Exo. 23.1. Lev. 19.16. cap. 18.6, 11.

[8] Lev. 18.7, 8 e 20.11. I Cor. 5.1. Lev. 18.19 e 20.18. cap. 18.6.

[9] Lev. 18.20 e 20.10. Deu. 22.22. Lev. 18.9 e 20.17.

[10] Exo. 23.8. Deu. 16.19 e 27.25. Lev. 25.36. Deu. 23.19. cap. 18.13.

[11] Deu. 32.18. Jer. 3.21. cap. 23.35.

[12] cap. 21.17.

[13] cap. 21.7.

[14] cap. 17.24.

[15] Deu. 4.27 e 28.25, 64. cap. 12.14, 15 e 23.27, 48.

[16] Isa. 1.22. Jer. 6.28, etc.

[17] cap. 22.20, 21, 22.

[18] cap. 20.8, 33. ver. 31.

[19] Ose. 6.9.

[20] Mat. 23.14. Miq. 3.11. Sof. 3.3, 4.

[21] Mal. 2.8. Lev. 22.2, etc. I Sam. 2.29.

[22] Lev. 10.10. Jer. 15.19. cap. 44.23.

[23] Isa. 1.23. cap. 22.6. Miq. 3.2, 3, 9, 10, 11. Sof. 3.3.

[24] cap. 13.10. cap. 13.6, 7 e 21.29.

[25] Jer. 5.26, 27, 28. cap. 18.12.

[26] Exo. 22.21 e 23.9. Lev. 19.33. cap. 22.7.

[27] Jer. 5.1. cap. 13.5.

[747]

Ohola e Oholiba, as duas meretrizes.

23 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] houve duas mulheres, filhas de uma mãe.

3 Estas fornicaram [2] no Egypto; na sua mocidade fornicaram; ali foram apertados os seus peitos, e ali foram apalpados os seios da sua virgindade.

4 E os seus nomes eram: Ohola, a mais velha, e Oholiba, sua irmã; e foram minhas, e pariram filhos e filhas; e, quanto aos seus nomes, Samaria é Ohola, e Jerusalem é Oholiba.

5 E fornicou Ohola, sendo minha; e enamorou-se dos seus amantes, [3] dos assyrios, seus visinhos,

6 Vestidos de azul, prefeitos e magistrados, todos mancebos de cobiçar, cavalleiros montados a cavallo.

7 Assim commetteu ella as suas fornicações com elles, os quaes todos eram a flôr dos filhos da Assyria, e com todos os de quem se enamorava; com todos os seus idolos se contaminou.

8 E as suas fornicações, [4] que trouxe do Egypto, não as deixou; porque com ella se deitaram na sua mocidade, e elles apalparam os seios da sua virgindade, e derramaram sobre ella a sua fornicação.

9 Portanto a entreguei na mão dos seus amantes, na mão dos filhos da Assyria, de quem se enamorara.

10 Estes descobriram [5] a sua vergonha, levaram seus filhos e suas filhas, mas a ella mataram á espada; e foi afamada entre as mulheres, e n’ella exerceram os juizos.

11 O que vendo [6] sua irmã Oholiba, corrompeu o seu amor mais do que ella, e as suas fornicações mais do que as fornicações de sua irmã.

12 Enamorou-se [7] dos filhos da Assyria, dos prefeitos e dos magistrados seus visinhos, vestidos com primor, cavalleiros que andam montados em cavallos, todos mancebos de cobiçar.

13 E vi que se tinha contaminado; que o caminho de ambas era o mesmo.

14 E augmentou as suas fornicações, porque viu homens pintados na parede, imagens dos chaldeos, pintadas de vermelho;

15 Cingidos de cinto nos seus lombos, e tiaras largas tingidas nas suas cabeças, todos de parecer de capitães, á similhança dos filhos de Babylonia em Chaldea, terra do seu nascimento.

16 E se enamorou [8] d’elles, vendo-os com os seus olhos: e lhes mandou mensageiros a Chaldea.

17 Então vieram a ella os filhos de Babylonia para a cama dos amores, e a contaminaram com as suas fornicações: e ella se contaminou com elles; [9] então apartou-se d’elles a alma d’ella.

18 Assim descobriu as suas fornicações, e descobriu a sua vergonha: então a minha alma se apartou d’ella, como já se tinha apartado a minha alma de sua irmã.

19 Porém multiplicou as suas fornicações, lembrando-se dos dias da sua mocidade, [10] em que fornicara na terra do Egypto.

20 E enamorou-se dos seus amantes, cujas carnes [11] são como carnes de jumentos, e cujo fluxo é como o fluxo de cavallos.

21 Assim trouxeste á memoria a enormidade da tua mocidade, quando os do Egypto apalpavam os teus seios, por causa dos peitos da tua mocidade.

22 Por isso, ó Oholiba, assim diz o Senhor Jehovah: [12] Eis que eu suscitarei contra ti os teus amantes, dos quaes se tinha apartado a tua alma, e os trarei contra ti de em redor:

23 Os filhos de Babylonia, e todos os chaldeos de Pecod, e de Soa, e de Coa, e todos os filhos da Assyria com elles, mancebos de cobiçar, prefeitos e magistrados todos elles, capitães e homens afamados, todos elles montados a cavallo.

24 E virão contra ti com carros, carretas e rodas, e com ajuntamento de povos; e se porão contra ti em redor com rodelas, e escudos, e capacetes; e porei diante d’elles o juizo, e julgar-te-hão segundo os teus juizos.

25 E porei contra ti o meu zelo, e usarão de indignação comtigo: o nariz e as orelhas te tirarão, e o que te ficar de resto cairá á espada: teus filhos e tuas filhas elles te tomarão, e o que ficar por ultimo em ti será consumido pelo fogo.

26 Tambem [13] te despirão os teus vestidos, e te tomarão as tuas joias de enfeite.

27 Assim farei cessar [14] em ti a tua enormidade e a tua fornicação da terra do Egypto; e não levantarás os teus olhos para elles, nem te lembrarás mais do Egypto.

28 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu te entregarei na mão dos que aborreces, [15] na mão d’aquelles de quem se tinha apartado a tua alma.

[748]

29 E te tratarão com odio, e levarão todo o teu trabalho, e te deixarão nua e despida: [16] e descobrir-se-ha a vergonha da tua fornicação, e a tua enormidade, e as tuas fornicações.

30 Estas coisas se te farão, [17] porquanto tu fornicaste após os gentios, e porquanto te contaminaste com os seus idolos.

31 No caminho de tua irmã andaste; [18] por isso te darei o seu copo na tua mão.

32 Assim diz o Senhor Jehovah: Beberás o copo de tua irmã, fundo e largo: [19] servirás de riso e escarneo; elle leva muito.

33 De embriaguez e de dôr te encherás: o copo de tua irmã Samaria é copo de espanto e de assolação.

34 Bebel-o-has pois, [20] e esgotal-o-has, e os seus cacos roerás, e os teus peitos arrancarás; porque eu o fallei, diz o Senhor Jehovah.

35 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [21] Porquanto te esqueceste de mim, e me lançaste para traz das tuas costas, leva tu pois tambem a tua enormidade e as tuas fornicações.

36 E disse-me o Senhor: Filho do homem, [22] porventura julgarias a Ohola e a Oholiba? mostra-lhes pois as suas abominações.

37 Porque commetteram adulterio, [23] e sangue se acha nas suas mãos, e com os seus idolos commetteram adulterio, e até os seus filhos, [24] que me geraram, fizeram passar pelo fogo por si, para os consumir.

38 E ainda isto me fizeram: contaminaram o meu sanctuario no mesmo dia, [25] e profanaram os meus sabbados.

39 Porque, havendo sacrificado seus filhos aos seus idolos, vinham ao meu sanctuario no mesmo dia para o profanarem; [26] e eis que assim fizeram no meio da minha casa.

40 E, o que mais é, enviaram uns homens, que haviam de vir de longe, [27] aos quaes fôra enviado um mensageiro, e eis que vieram, por amor dos quaes te lavaste, coloriste os teus olhos, e te enfeitaste de enfeites.

41 E te assentaste [28] sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada: e pozeste sobre ella o meu incenso e o meu oleo.

42 Havia com ella a voz de uma multidão satisfeita, e com varões da classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; e pozeram braceletes nas suas mãos, e corôas de esplendor nas suas cabeças.

43 Então disse á envelhecida em adulterios: Agora devéras fornicarão as suas fornicações, como tambem ella.

44 E entraram a ella, como quem entra a uma prostituta: assim entraram a Ohola e a Oholiba, mulheres infames.

45 De maneira que homens justos elles as julgarão [29] conforme o juizo das adulteras, e conforme o juizo das que derramam o sangue; porque adulteras são, e sangue ha nas suas mãos.

46 Porque assim diz o Senhor Jehovah: [30] Farei subir contra ellas uma congregação, e as entregarei ao desterro e ao roubo.

47 E [31] a congregação as apedrejará com pedras, e as acutilarão com as suas espadas: [32] a seus filhos e a suas filhas matarão, e as suas casas queimarão a fogo.

48 Assim [33] farei cessar a infamia da terra, para que se escarmentem todas as mulheres, e não façam conforme a vossa infamia.

49 E a vossa infamia [34] carregarão sobre vós, e levareis os peccados dos vossos idolos; e sabereis que eu sou o Senhor Jehovah.

[1] cap. 16.46.

[2] Lev. 17.7. cap. 20.8.

[3] Ose. 8.9.

[4] ver. 3.

[5] cap. 16.37, 41.

[6] Jer. 3.8. cap. 16.47, 51.

[7] II Chr. 28.16, 23. cap. 16.28.

[8] cap. 16.29.

[9] ver. 22, 28.

[10] ver. 3.

[11] cap. 16.26.

[12] cap. 16.37. ver. 28.

[13] cap. 16.39.

[14] cap. 16.41 e 22.15.

[15] cap. 16.37. ver. 17.

[16] cap. 16.39. ver. 26.

[17] cap. 6.9.

[18] Jer. 25.15, etc.

[19] cap. 22.4, 5.

[20] Isa. 51.17.

[21] Jer. 2.32 e 3.21 e 13.25. cap. 22.12. Neh. 9.26.

[22] cap. 20.4 e 22.2.

[23] cap. 16.38. ver. 45.

[24] cap. 16.20, 21, 36, 45 e 20.31.

[25] cap. 22.8.

[26] II Reis 21.4.

[27] Isa. 57.2. II Reis 9.30. Jer. 4.30.

[28] Est. 1.6. Isa. 57.7. Amós 2.8 e 6.4. Pro. 7.17. cap. 16.18, 19.

[29] cap. 16.38.

[30] cap. 16.40.

[31] cap. 16.40.

[32] II Chr. 36.17, 19. cap. 24.21.

[33] cap. 22.15. ver. 27. Deu. 13.11. II Ped. 2.6.

[34] ver. 35. cap. 20.28, 42, 44 e 25.5.

A parabola da panella.

Antes de Christo 590

24 E veiu a mim a palavra do Senhor, no nono anno, no decimo mez, aos dez do mez, dizendo:

2 Filho do homem, escreve o nome d’este dia, d’este mesmo dia; porque o rei de Babylonia se achega a Jerusalem [1] n’este mesmo dia.

3 E [2] usa de uma comparação para com a casa rebelde, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Jehovah: Põe a panella ao lume, põe-n’a, e deita-lhe tambem agua dentro.

4 Ajunta n’ella os seus pedaços, todos os bons pedaços, as pernas e as espadoas; enche-a de ossos escolhidos.

5 Pega no melhor do rebanho, e queima tambem os ossos debaixo d’ella: faze-a ferver bem, e cozam-se dentro d’ella os seus ossos.

6 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [3] Ai da cidade sanguinaria, da panella cuja escuma está n’ella, e cuja escuma não saiu d’ella! tira d’ella pedaços a pedaços, não caia sorte sobre ella;

7 Porque o seu sangue está no meio[749] d’ella, sobre uma penha descalvada o poz: [4] não o derramou sobre a terra, para o cobrir com pó.

8 Para que eu faça subir a indignação, para tomar vingança, tambem eu puz o seu sangue n’uma penha descalvada, para que não se encubra.

9 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [5] Ai da cidade sanguinaria! tambem eu farei uma grande fogueira.

10 Amontoa muita lenha, accende o fogo, consome a carne, e tempera-a com especiarias, e ardam os ossos.

11 Então a porás vazia sobre as suas brazas, para que ella aqueça, e se queime a sua ferrugem, e se funda a sua immundicia no meio d’ella, e se consuma a sua escuma.

12 Com vaidades me cançou; e não saiu d’ella a sua muita escuma; ao fogo irá a sua escuma.

13 Na immundicia ha infamia, porquanto te purifiquei, e tu não te purificaste; nunca mais serás purificada da tua immundicia, [6] emquanto eu não fizer descançar sobre ti a minha indignação.

14 Eu, o Senhor, o fallei; virá, e o farei: não me tornarei atraz, e não pouparei, nem me arrependerei; conforme os teus caminhos, e conforme os teus tratos, te julgarão, diz o Senhor Jehovah.

Predicção da ruina de Jerusalem.

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Filho do homem, eis que tirarei de ti o desejo dos teus olhos d’um golpe, mas não lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lagrimas.

17 Refreia-te de gemer, [7] não farás luto por mortos, ata o teu turbante, e mette nos pés os teus sapatos; e não te rebuçarás, e o pão dos homens não comerás.

18 E fallei ao povo pela manhã, e á tarde morreu minha mulher: e fiz pela manhã como se me deu ordem.

19 E o povo me disse: [8] Porventura não nos farás saber o que nos significam estas coisas que tu estás fazendo?

20 E eu lhes disse: Veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Dize á casa de Israel: Assim diz o Senhor Jehovah: [9] Eis que eu profanarei o meu sanctuario, a gloria da vossa fortaleza, o desejo dos vossos olhos, e o regalo das vossas almas; [10] e vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, cairão á espada.

22 E fareis como eu fiz: não vos rebuçareis, [11] e não comereis o pão dos homens.

23 E tereis nas cabeças os vossos turbantes, e os vossos sapatos nos pés; [12] não lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-heis nas vossas maldades, e dareis gemidos uns com os outros.

24 Assim vos servirá Ezequiel [13] de signal; conforme tudo quanto fez fareis: [14] vendo isto, [15] então sabereis que eu sou o Senhor Jehovah.

25 E tu, filho do homem, porventura não será no dia que eu lhes tirar a sua fortaleza, o gozo do seu ornamento, o desejo dos seus olhos, e a saudade das suas almas, seus filhos e suas filhas,

26 Aquelle dia em que virá ter comtigo algum que escapar, para t’o fazer ouvir com os ouvidos?

27 N’aquelle [16] dia abrir-se-ha a tua bocca para com aquelle que escapar, e fallarás, e mais não ficarás mudo: [17] assim lhes virás a ser um signal maravilhoso, e saberão que eu sou o Senhor.

[1] II Reis 25.1. Jer. 39.1 e 52.4.

[2] cap. 17.12. Jer. 1.13. cap. 11.3.

[3] cap. 22.3 e 23.37. ver. 9.

[4] Lev. 17.13. Deu. 12.16, 24.

[5] ver. 6. Nah. 3.1. Hab. 2.12.

[6] cap. 5.13 e 8.18 e 16.42.

[7] Jer. 16.5, 6, 7. Lev. 10.6 e 21.10. II Sam. 15.30. Miq. 3.7.

[8] cap. 12.9 e 37.18.

[9] Jer. 7.14. cap. 7.20, 21, 22.

[10] cap. 23.47.

[11] Jer. 16.6, 7. ver. 17.

[12] Job 27.15. Lev. 26.39. cap. 33.10.

[13] cap. 12.6, 11.

[14] Jer. 17.15. João 13.19 e 14.29.

[15] cap. 6.7 e 25.5.

[16] cap. 3.26, 27 e 29.21 e 33.22.

[17] ver. 24.

Prophecia contra Ammon.

Antes de Christo 588

25 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra os filhos de Ammon, e prophetiza contra elles.

3 E dize aos filhos de Ammon: Ouvi a palavra do Senhor Jehovah: Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto tu disseste: Ha! ha! ácerca do meu sanctuario, quando foi profanado; e ácerca da terra de Israel, quando foi assolada; e ácerca da casa de Judah, quando foram no captiveiro;

4 Portanto, eis que te entregarei em possessão aos do oriente, e estabelecerão os seus paços em ti, e porão em ti as suas moradas; elles comerão os teus fructos, e elles beberão o teu leite.

5 E farei de [2] Rabba uma estrebaria de camelos, e dos filhos de Ammon um curral de ovelhas: [3] e sabereis que eu sou o Senhor.

6 Porque assim diz o Senhor Jehovah: [4] Porquanto bateste com as mãos, e pateaste com os pés, e te alegraste de coração em todo o teu despojo sobre a terra d’Israel,

7 Portanto, [5] eis que eu estenderei a minha mão contra ti, e te darei por[750] despojo ás nações, e te arrancarei d’entre os povos, e te destruirei d’entre as terras, e te acabarei de todo; e saberás que eu sou o Senhor.

Prophecia contra Moab.

8 Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto dizem Moab [6] e Seir: Eis que a casa de Judah é como todas as nações;

9 Portanto, eis que eu abrirei o lado de Moab desde as cidades, desde as suas cidades fóra das fronteiras, a gloria da terra, Beth-jesimoth, Baal-meon, e até Kiriathaim,

10 Para [7] os do oriente, com a terra dos filhos de Ammon, a qual entregarei em possessão, para que não haja memoria dos filhos de Ammon entre as nações.

11 Tambem executarei juizos em Moab, e saberão que eu sou o Senhor.

Prophecia contra Edom.

12 Assim diz o Senhor Jehovah: [8] Porquanto Edom se houve vingativamente para com a casa de Judah, e se fizeram culpadissimos, quando se vingaram d’elles;

13 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Tambem estenderei a minha mão contra Edom, e arrancarei d’ella homens e animaes; e a tornarei em deserto desde Teman, e até Dedan cairão á espada.

14 E exercitarei [9] a minha vingança sobre Edom, pela mão do meu povo de Israel; e farão em Edom segundo a minha ira e segundo o meu furor; e conhecerão a minha vingança, diz o Senhor Jehovah.

Prophecia contra os philisteos.

15 Assim diz o Senhor Jehovah: [10] Porquanto os philisteos usaram de vingança, e executaram vingança de coração com despojo, para destruirem com perpetua inimizade,

16 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu [11] estendo a minha mão contra os philisteos, e arrancarei os cheretheos, e destruirei o resto do porto do mar.

17 E executarei n’elles grandes vinganças, com castigos de furor, e saberão que eu sou o Senhor, quando eu tiver exercido a minha vingança sobre elles.

[1] cap. 6.2 e 35.2. Amós 1.13. Sof. 2.9.

[2] cap. 21.20. Sof. 2.14, 15.

[3] cap. 24.24 e 26.6 e 35.9.

[4] Lam. 2.15. Sof. 2.15. cap. 36.5.

[5] cap. 35.3.

[6] Isa. 15 e 16. Jer. 48.1, etc. Amós 2.1. cap. 35.2, 5, 12.

[7] ver. 4.

[8] II Chr. 28.17. Jer. 49.7, 8, etc. Amós 1.11. Abd. 10, etc.

[9] Isa. 11.14. Jer. 49.2.

[10] Jer. 47.1, etc. Joel 3.4, etc. Amós 1.6.

[11] Jer. 47.4.

Prophecia contra Tyro.

26 E succedeu no undecimo anno, ao primeiro do mez, que veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] porquanto Tyro disse no tocante a Jerusalem: Ha! ha! está quebrada a porta dos povos; se virou para mim; eu me encherei, agora que ella está assolada:

3 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra ti, ó Tyro, e farei subir contra ti muitas nações, como se o mar fizesse subir as suas ondas,

4 Que destruirão os muros de Tyro, e derribarão as suas torres; e eu lhe varrerei o seu pó d’ella, [2] e d’ella farei uma penha descalvada.

5 No meio do mar virá a ser um enxugadouro [3] das redes; porque eu o fallei, diz o Senhor Jehovah; e servirá de despojo para as nações.

6 E suas filhas, que estiverem no campo, serão mortas a espada; [4] e saberão que eu sou o Senhor.

7 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu trarei contra Tyro a Nabucodonosor, rei de Babylonia, desde o norte, [5] o rei dos reis, com cavallos, e com carros, e com cavalleiros, e companhias, e muito povo.

8 As tuas filhas no campo elle as matará á espada, e fará um baluarte contra ti, [6] e fundará uma tranqueira contra ti, e levantará rodelas contra ti.

9 E porá trabucos em frente de ti contra os teus muros, e derribará as tuas torres com os seus machados.

10 Com a multidão de seus cavallos te cobrirá o seu pó: os teus muros tremerão com o estrondo dos cavalleiros, e das rodas, e dos carros, quando elle entrar pelas tuas portas, como pelas entradas de uma cidade em que se fez brecha.

11 Com as unhas dos seus cavallos pisará todas as tuas ruas: ao teu povo matará á espada, e as columnas da tua fortaleza derribar-se-hão em terra.

12 E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercadorias, e derribarão os teus muros, e arrazarão as tuas casas preciosas; e as tuas pedras, e as tuas madeiras, e o teu pó, lançarão no meio das aguas.

13 E farei cessar [7] o arroido das tuas cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvirá mais.

14 E farei [8] de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxugadouro das redes, nunca mais serás edificada; porque eu, o Senhor, o fallei, diz o Senhor Jehovah.

[751]

15 Assim diz o Senhor Jehovah a Tyro: [9] Porventura não tremerão as ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os traspassados, quando se fizer uma espantosa matança no meio de ti?

16 E todos [10] os principes do mar descerão dos seus thronos, e tirarão de si os seus mantos, e despirão os seus vestidos bordados: de tremores se vestirão, [11] sobre a terra se assentarão, e estremecerão a cada momento; e em ti pasmarão.

17 E levantarão [12] uma lamentação sobre ti, e te dirão: Como pereceste do mar, ó bem povoada e afamada cidade, [13] que foste forte no mar; ella e os seus moradores, que atemorizaram a todos os moradores d’ella!

18 Agora [14] estremecerão as ilhas no dia da tua saida, e as ilhas, que estão no mar, turbar-se-hão da sua saida.

19 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Quando eu te tiver feito uma cidade assolada, como as cidades que se não habitam, quando fizer sobre ti um abysmo, e as muitas aguas te cobrirem,

20 Então te farei [15] descer com os que descem á cova, ao povo antigo, e te deitarei nas mais baixas partes da terra, em logares desertos antigos, com os que descem á cova, para que não sejas habitada; [16] e estabelecerei a gloria na terra dos viventes.

21 Mas por grande espanto te porei a ti, e não serás mais; [17] e quando te buscarem então nunca mais serás achada para sempre, diz o Senhor Jehovah.

[1] Isa. 23. Jer. 25.22 e 47.4. Amós 1.9. Zac. 9.2.

[2] ver. 14.

[3] cap. 27.32.

[4] cap. 25.5.

[5] Esd. 7.12.

[6] cap. 21.22.

[7] Isa. 24.8. Jer. 7.24. Isa. 23.16. cap. 28.13. Apo. 18.22.

[8] ver. 4, 5.

[9] Jer. 49.21. ver. 18. cap. 27.28 e 31.16.

[10] Isa. 23.8. Jon. 3.6.

[11] Job 2.13. cap. 32.10. cap. 27.35.

[12] cap. 27.32. Apo. 18.9.

[13] Isa. 23.4.

[14] ver. 15.

[15] cap. 32.18, 24.

[16] cap. 32.23, 26, 27, 32.

[17] cap. 27.36 e 28.19.

A lamentação sobre Tyro.

27 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Tu pois, ó filho do homem, [1] levanta uma lamentação sobre Tyro.

3 E dize a Tyro, que habita nas estradas do mar, [2] e negoceia com os povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor Jehovah: Ó Tyro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura.

4 No coração dos mares estão os teus termos; [3] os que te edificaram aperfeiçoaram a tua formosura.

5 Fabricaram todos os teus convezes de faias de Senir; [4] trouxeram cedros do Libano para te fazerem mastros.

6 Fizeram os teus remos de carvalhos de Basan: [5] a companhia dos assyrios fez os teus bancos de marfim das ilhas dos chitteos.

7 Linho fino bordado do Egypto era a tua cortina, para te servir de vela; azul e purpura das ilhas d’Elisa era a tua cobertura.

8 Os moradores de Sidon e de Arvad foram os teus remeiros; os teus sabios, ó Tyro, que se achavam em ti, esses foram os teus pilotos.

9 Os anciãos de Gebal e seus sabios foram em ti os que concertavam as tuas fendas: todos os navios do mar e os marinheiros se acharam em ti, para negociar os teus negocios.

10 Os persas, e os lidios, e os puteos eram [6] no teu exercito os teus soldados: escudos e capacetes penduraram em ti: elles te deram o teu renome.

11 Os filhos de Arvad e o teu exercito estavam sobre os teus muros em redor, e os gamaditas sobre as tuas torres: penduravam os seus escudos nos teus muros em redor; [7] elles aperfeiçoavam a tua formosura.

12 Tarsis era a que negociava comtigo, por causa da abundancia de toda a casta de fazenda: com prata, ferro, estanho, e chumbo negociavam em tuas feiras.

13 Javan, [8] Tubal e Mesech eram teus mercadores: com almas de homens e vasos de bronze fizeram negocios comtigo.

14 Da casa de [9] Togarma traziam ás tuas feiras cavallos, e cavalleiros e mulos.

15 Os filhos [10] de Dedan eram os teus mercadores; muitas ilhas eram o commercio da tua mão: dentes de marfim e pau preto tornavam a dar-te em presente.

16 A Syria negociava comtigo por causa da multidão das tuas boas obras: esmeralda, purpura, e obra bordada, e seda, e coraes e crystal traziam ás tuas feiras.

17 Judah e a terra de Israel, elles eram os teus mercadores: [11] com trigo de Minith, e pannagh, e mel, e azeite e balsamo fizeram negocios comtigo.

18 Damasco negociava comtigo, por causa da multidão das tuas obras, por causa da multidão de toda a sorte de fazenda, com vinho de Chelbon e lã branca.

19 Tambem Dan, e Javan, o caminhante, traficavam nas tuas feiras: ferro[752] polido, casca, e canna aromatica entravam no teu negocio.

20 Dedan [12] negociava comtigo com pannos preciosos para carros.

21 Arabia, e todos os principes de Kedar, [13] eram elles os mercadores de tua mão, com cordeiros, e carneiros e bodes; n’estas coisas negociavam comtigo.

22 Os mercadores de Sheba [14] e Raama eram elles os teus mercadores em todos os mais subidos aromas, e em toda a pedra preciosa e oiro contratavam nas tuas feiras.

23 Haran, [15] e Canne e Eden, os mercadores de Sheba, Assur e Kilmad negociavam comtigo.

24 Estes eram teus mercadores em toda a sorte de mercadorias, em fardos de cardeo, e bordado, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com cordas e mettidos em cofres de cedro, na tua mercadoria.

25 Os navios [16] de Tarsis cantavam de ti por causa de teu negocio; e te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.

26 Os teus remeiros te conduziram sobre grandes aguas: o vento oriental te quebrantou no meio dos mares.

27 As tuas fazendas e as tuas feiras, o teu negocio, os teus marinheiros, e os teus pilotos, [ABL] os que concertavam as tuas fendas, e os que faziam os teus negocios, e todos os teus soldados, que estão em ti, juntamente com toda a tua congregação, que está no meio de ti, cairão no meio dos mares no dia da tua queda.

28 Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arrabaldes.

29 E todos os que pegam [17] no remo, os marinheiros, e todos os pilotos do mar descerão de seus navios, e na terra pararão.

30 E farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; [18] e lançarão pó sobre as cabeças, e na cinza se revolverão.

31 E se farão [19] inteiramente calvos por tua causa, e se cingirão de saccos, e chorarão sobre ti com amargura da alma, e amarga lamentação.

32 E levantarão uma lamentação sobre ti no seu pranto, [20] e lamentarão sobre ti, dizendo: Quem foi como Tyro? como a destruida no meio do mar?

33 Quando as tuas mercadorias procediam [21] dos mares, fartaste a muitos povos; com a multidão da tua fazenda e do teu negocio, enriqueceste os reis da terra.

34 No tempo em que foste quebrantada [22] dos mares, nas profundezas das aguas, cairam os teus negocios e toda a tua congregação no meio de ti.

35 Todos os moradores das ilhas foram a teu respeito cheios de espanto; e os seus reis tremeram em grande maneira, e foram perturbados nos seus rostos.

36 Os mercadores d’entre os povos assobiaram sobre ti: [23] tu te tornaste em grande espanto, e nunca jámais serás para sempre.

[1] cap. 19.1 e 26.17 e 33.2.

[2] cap. 28.2. Isa. 23.3.

[3] cap. 28.12.

[4] Deu. 3.9.

[5] Jer. 2.10.

[6] Jer. 46.9. cap. 30.5.

[7] ver. 3.

[8] Gen. 10.2.

[9] Gen. 10.3. cap. 38.6.

[10] Gen. 10.7.

[11] I Reis 5.9, 11. Esd. 3.7.

[12] Gen. 25.3.

[13] Gen. 25.13. Isa. 60.7.

[14] Gen. 10.7. I Reis 10.1, 2. Isa. 60.6.

[15] Gen. 11.31. II Reis 19.12. Gen. 25.3.

[16] ver. 4.

[17] Apo. 18.17, etc.

[18] Job 2.12. Apo. 18.19. Est. 4.1, 3. Jer. 6.26.

[19] Jer. 16.6 e 47.5. Miq. 1.16.

[20] cap. 26.17. ver. 2. Apo. 18.18.

[21] Apo. 18.19.

[22] cap. 26.19. ver. 27.

[23] Jer. 18.16. cap. 26.21.

Prophecia contra o rei de Tyro.

28 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize ao principe de Tyro: Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto se eleva o teu coração, e dizes: [1] Eu sou Deus, na cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem, [2] e não Deus), e [ABM] estimas o teu coração como se fôra o coração de Deus;

3 Eis que [3] mais sabio és que Daniel: nada ha de occulto que se possa esconder de ti.

4 Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste o teu poder, e adquiriste oiro e prata nos teus thesouros.

5 Pela extensão [4] da tua sabedoria no teu commercio augmentaste o teu poder; e eleva-se o teu coração por causa do teu poder;

6 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto estimas o teu coração, como se fôra o coração de Deus,

7 Por isso eis que eu trarei sobre ti estranhos, [5] os mais formidaveis d’entre as nações, os quaes desembainharão as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplandor.

8 Á cova te farão descer, e morrerás da morte dos traspassados no meio dos mares.

9 Porventura pois de alguma maneira dirás diante [6] d’aquelle que te matar: Eu sou Deus; sendo tu homem, e não Deus, na mão do que te traspassa?

10 Da morte dos incircumcisos morrerás, [7] por mão dos estranhos; porque eu o fallei, diz o Senhor Jehovah.

[753]

Lamentação sobre o rei de Tyro.

11 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

12 Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tyro, e dize-lhe: [8] Assim diz o Senhor Jehovah: Tu és o sellador da somma, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

13 Estavas no Eden, [9] jardim de Deus, toda a pedra preciosa era a tua cobertura, sardonia, topazio, diamante, turqueza, onyx, jaspe, saphira, carbunculo, esmeralda e oiro: [10] a obra dos teus tambores e dos teus pifaros estava em ti; no dia em que foste creado foram preparados.

14 Tu eras [11] o cherubim, ungido para cobridor, e te estabeleci: no monte sancto de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste creado, até que se achou iniquidade em ti.

16 Na multiplicação do teu commercio encheram o teu interior de violencia, e peccaste; pelo que te lançarei profanado do monte de Deus, e te farei perecer, [12] ó cherubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.

17 Elevou-se o teu coração [13] por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplandor; por terra te lancei, diante dos reis te puz, para que olhem para ti.

18 Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu commercio profanaste os teus sanctuarios: eu pois fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem.

19 Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; [14] em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para sempre.

Prophecia contra Sidon.

20 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, [15] dirige o teu rosto contra Sidon, e prophetiza contra ella,

22 E dize: Assim diz o Senhor Jehovah: [16] Eis-me contra ti, ó Sidon, e serei glorificado no meio de ti; e saberão que eu sou o Senhor, quando n’ella executar juizos [17] e n’ella me sanctificar.

23 Porque [18] enviarei contra ella a peste, e o sangue nas suas ruas, e os traspassados cairão no meio d’ella, á espada, estando em roda contra ella; e saberão que eu sou o Senhor.

24 E a casa de Israel nunca mais terá espinho que a roce, [19] nem espinho que cause dôr, de todos os que de ao redor d’elles os [ABN] roubam; e saberão que eu sou o Senhor Jehovah.

25 Assim diz o Senhor Jehovah: [20] Quando eu congregar a casa d’Israel d’entre os povos entre os quaes estão [21] espalhados, e eu me sanctificar entre elles, perante os olhos das nações, então habitarão na sua terra que dei a meu servo, a Jacob.

26 E [22] habitarão n’ella seguros, e edificarão casas, [23] e plantarão vinhas, e habitarão seguros, quando eu executar juizos contra todos os que roubam nos seus contornos; e saberão que eu sou o Senhor seu Deus.

[1] ver. 9. cap. 27.3, 4.

[2] Isa. 31.3.

[3] Zac. 9.2.

[4] Zac. 9.3.

[5] cap. 30.11 e 31.12 e 32.12.

[6] ver. 6.

[7] cap. 31.18 e 32.19, 21, 25, 27.

[8] cap. 27.2. ver. 3.

[9] cap. 31.8, 9.

[10] cap. 26.13.

[11] Exo. 25.20. ver. 16. cap. 20.40.

[12] ver. 14.

[13] ver. 2, 5.

[14] cap. 26.21 e 27.31.

[15] cap. 6.2 e 25.2 e 29.2. Isa. 23.4, 12.

[16] Exo. 14.4, 17. cap. 39.13.

[17] cap. 20.41 e 36.23. ver. 25.

[18] cap. 38.22.

[19] Num. 33.55. Jos. 23.13.

[20] Isa. 11.12. cap. 11.17 e 20.41 e 34.13 e 37.21.

[21] ver. 22.

[22] Jer. 23.6. cap. 36.28. Isa. 65.21. Amós 9.14.

[23] Jer. 31.5.

Prophecia contra o Egypto.

Antes de Christo 589

29 No decimo anno, no decimo mez, no dia doze do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra Pharaó, rei do Egypto, e prophetiza contra elle e contra todo o Egypto.

3 Falla, e dize: Assim diz o Senhor Jehovah: [2] Eis-me contra ti, ó Pharaó, rei do Egypto, o grande [ABO] dragão, que pousa no meio dos seus rios, e que diz: O meu rio é meu, [3] e eu o fiz para mim.

4 Porém [4] eu porei anzoes em teus queixos, e prenderei o peixe dos teus rios ás tuas escamas; e todo o peixe dos teus rios se pegará ás tuas escamas.

5 E te deixarei no deserto, a ti e a todo o peixe dos teus rios; [5] sobre a face do campo cairás: não serás recolhido nem ajuntado: aos animaes da terra e ás aves do céu te dei por mantimento.

6 E saberão todos os moradores do Egypto que eu sou o Senhor, [6] porquanto se fizera um bordão de canna para a casa d’Israel.

7 Tomando-te [7] elles pela tua mão, te quebrantaste, e lhes rasgaste todo o hombro, e, encostando-se elles a ti, te[754] quebraste, e lhes fizeste [ABP] estar immoveis a todos os lombos.

8 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [8] Eis que eu trarei sobre ti a espada, e destruirei de ti homem e animal.

9 E a terra do Egypto se tornará em assolação e deserto; e saberão que eu sou o Senhor, porquanto disse: O rio é meu, e eu o fiz.

10 Portanto, eis que eu estou contra ti e contra os teus rios; [9] e tornarei a terra do Egypto em desertas e assoladas solidões, [10] desde a torre de Sevene até aos confins da Ethiopia.

11 Não [11] passará por ella pé de homem, nem pé de animal passará por ella, nem será habitada quarenta annos.

12 Porque [12] tornarei a terra do Egypto em assolação no meio das terras assoladas; e as suas cidades no meio das cidades desertas se tornarão em assolação por quarenta annos; e espalharei os egypcios entre as nações, e os derramarei pelas terras.

13 Porém assim diz o Senhor Jehovah: [13] Ao cabo de quarenta annos ajuntarei os egypcios d’entre os povos entre os quaes foram espalhados.

14 E tornarei a trazer o captiveiro dos egypcios, e os tornarei á terra de Pathros, á terra do seu commercio; [14] e serão ali um reino baixo.

15 Mais baixo se fará do que os outros reinos, e nunca mais se exalçará sobre as nações; porque os diminuirei, para que não dominem sobre as nações.

16 E [15] não servirá mais á casa d’Israel de confiança, para lhe trazer á lembrança a sua iniquidade, quando olharem para traz d’elles; antes saberão que eu sou o Senhor Jehovah.

17 E succedeu que, no anno vinte e sete, no mez primeiro, no primeiro dia do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, [16] Nabucodonozor, rei de Babylonia, fez com que o seu exercito prestasse um grande serviço contra Tyro; toda a cabeça se tornou calva, e todo o hombro se pelou: e não houve paga de Tyro para ella, nem para o seu exercito, pelo serviço que prestou contra ella.

19 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu darei a Nabucodonozor, rei de Babylonia, a terra do Egypto; e levará a sua multidão, e despojará o seu despojo, e roubará a sua preza, e isto será a paga para o seu exercito.

20 Por paga do seu trabalho, com que serviu contra ella, lhe dei a terra do Egypto; [17] porquanto trabalharam por mim, diz o Senhor Jehovah.

21 N’aquelle dia farei brotar o poder na casa de Israel, [18] e te darei abrimento da bocca no meio d’elles; e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 28.21. Isa. 19.1. Jer. 25.1.

[2] Jer. 44.30. cap. 28.22. ver. 10. cap. 32.2.

[3] cap. 28.2.

[4] Isa. 37.29. cap. 38.4.

[5] Jer. 8.2 e 16.4 e 25.33. Jer. 7.33 e 34.20.

[6] II Reis 18.21. Isa. 36.6.

[7] cap. 17.17.

[8] cap. 14.17 e 32.11, 12, 13.

[9] cap. 30.12.

[10] cap. 30.6.

[11] cap. 32.13.

[12] cap. 30.7, 26.

[13] Isa. 19.23. Jer. 46.26.

[14] cap. 17.6, 14.

[15] Isa. 30.2, 3 e 36.4, 6.

[16] Jer. 27.6. cap. 26.7, 8.

[17] Jer. 25.9.

[18] cap. 24.27.

Outra prophecia contra o Egypto e contra Pharaó.

Antes de Christo 572

30 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor Jehovah: [1] Uivae: Ah! aquelle dia!

3 Porque [2] já está perto o dia, já está perto, digo, o dia do Senhor: dia nublado: o tempo dos gentios será.

4 E espada virá ao Egypto, e haverá grande dôr na Ethiopia, quando cairem os traspassados no Egypto; e [3] tomarão a sua multidão, e quebrar-se-hão os seus fundamentos.

5 Ethiopia, e [ABQ] Put, e Lud, e toda [4] a mistura de gente, e Cub, e os filhos da terra do concerto, com elles cairão á espada.

6 Assim diz o Senhor: Tambem cairão os que o Egypto sustem, e descerá a soberba de seu poder: [5] desde a torre de Sevene n’elle cairão á espada, diz o Senhor Jehovah.

7 E serão [6] assolados no meio das terras assoladas; e as suas cidades estarão no meio das cidades desertas.

8 E saberão que eu sou o Senhor, quando eu puzer fogo ao Egypto, e forem quebrados todos os que lhe davam auxilio.

9 N’aquelle dia sairão mensageiros de [7] diante de mim em navios, para espantarem a Ethiopia descuidada; e haverá n’elles grandes dôres, como no dia do Egypto; porque, eis que vem.

10 Assim diz o Senhor Jehovah: [8] Eu pois farei cessar a multidão do Egypto, por mão de Nabucodonozor, rei de Babylonia.

11 Elle e o seu povo [9] com elle, os mais formidaveis das nações, serão levados para destruirem a terra; e desembainharão as suas espadas contra o Egypto, e encherão a terra de traspassados.

12 E os rios farei seccos, [10] e venderei[755] a terra á mão dos maus, e assolarei a terra e a sua plenitude pela mão dos estranhos; eu, o Senhor, o fallei.

13 Assim diz o Senhor Jehovah: Tambem [11] destruirei os idolos, e farei cessar as imagens de Noph: [12] e não haverá mais um principe da terra do Egypto; e porei o temor na terra do Egypto.

14 E assolarei [13] a Pathros, e porei fogo a Zoan, e executarei juizos em No.

15 E derramarei o meu furor sobre Sin, a força do Egypto, [14] e exterminarei a multidão de No.

16 E porei fogo no Egypto; Sin terá grande dôr, e No será fendida, e Noph terá angustias quotidianas.

17 Os mancebos de Aven e Pibeseth cairão á espada, e as moças irão em captiveiro.

18 E em Tahpanes se escurecerá o dia, [15] quando eu quebrar ali os jugos do Egypto, e n’ella cessar a soberba da sua força: uma nuvem a cobrirá, e suas filhas irão em captiveiro.

19 Assim executarei juizos no Egypto, e saberão que eu sou o Senhor.

20 E succedeu que, no anno undecimo, no mez primeiro, aos sete do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

21 Filho do homem, [16] eu quebrei o braço de Pharaó, rei do Egypto, [17] e eis que não será atado com emplastos, nem lhe porão uma ligadura para o atar, para o esforçar, para que pegue na espada.

22 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra Pharaó, rei do Egypto, e quebrarei os seus braços, assim o forte como o quebrado, e farei cair da sua mão a espada.

23 E espalharei [18] os egypcios entre as nações, e os espalharei pelas terras.

24 E esforçarei os braços do rei de Babylonia, e darei a minha espada na sua mão; porém quebrarei os braços de Pharaó, e diante d’elle gemerá como geme o traspassado.

25 Esforçarei, digo, os braços do rei de Babylonia, mas os braços de Pharaó cairão; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu metter a minha espada na mão do rei de Babylonia, e elle a estender sobre a terra do Egypto.

26 E espalharei os egypcios entre as nações, e os espalharei pelas terras: assim saberão que eu sou o Senhor.

[1] Isa. 13.6.

[2] cap. 7.7, 12. Joel 2.1. Sof. 1.7.

[3] cap. 29.19. Jer. 50.15.

[4] ver. 23, 24, 25.

[5] cap. 29.10.

[6] cap. 29.12.

[7] Isa. 18.1, 2.

[8] cap. 29.19.

[9] cap. 28.7.

[10] Isa. 19.5, 6.

[11] Isa. 19.1. Jer. 43.12 e 46.25. Zac. 13.2.

[12] Zac. 10.11. Isa. 19.16.

[13] cap. 29.14. Nah. 3.8, 9, 10.

[14] Jer. 46.25.

[15] Jer. 2.16.

[16] Jer. 48.25.

[17] Jer. 46.11.

[18] ver. 26. cap. 29.12.

Outra prophecia contra Pharaó, rei do Egypto.

Antes de Christo 588

31 E succedeu, no anno undecimo, no terceiro mez, ao primeiro do mez, que veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, dize a Pharaó, rei do Egypto, e á sua multidão: [1] A quem és similhante na tua grandeza?

3 Eis que [2] a Assyria era um cedro no Libano, de ramos formosos, sombrio de ramagem e de alta estatura, e entre os ramos espessos estava a sua copa.

4 As aguas o fizeram crescer, o abysmo o exalçou: com as suas correntes corria em torno do seu plantio, e enviava os regatos a todas as arvores do campo.

5 Por isso [3] se elevou a sua estatura sobre todas as arvores do campo, e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa das muitas aguas que enviava.

6 Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, e todos [4] os animaes do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos se assentavam á sua sombra.

7 Assim era elle formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos, porque a sua raiz estava junto ás muitas aguas.

8 Os cedros não o escureciam no jardim [5] de Deus; as faias não egualavam os seus ramos, e os castanheiros não eram como os seus renovos: nenhuma arvore no jardim de Deus se assimilhou a elle na sua formosura.

9 Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas as arvores do Eden, que estavam no jardim de Deus, tiveram inveja d’elle.

10 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto te elevaste na tua estatura, e se levantou a sua copa no meio dos espessos ramos, [6] e o seu coração se exalçou na sua altura,

11 Portanto o entreguei na mão da mais poderosa das nações, para que o tratasse com o tratamento merecido; pela sua impiedade o lançarei fóra.

12 E uns estranhos o exterminaram, [7] os mais formidaveis das nações, e o deixaram: cairam os seus ramos sobre os montes e por todos os valles, e os seus renovos foram quebrados por todas as correntes da terra; e todos os povos da terra se retiraram da sua sombra, e o deixaram.

13 Todas as aves do céu habitavam[756] sobre a sua [8] ruina, e todos os animaes do campo se acolheram sob os seus renovos;

14 Para que todas as arvores das aguas não se elevem na sua estatura, nem levantem a sua copa no meio dos ramos espessos, nem todas as que bebem as aguas venham a confiar em si, por causa da sua altura; porque todos estão entregues á morte, [9] até á terra mais baixa, no meio dos filhos dos homens, com os que descem á cova.

15 Assim diz o Senhor Jehovah: No dia em que elle desceu ao inferno, fiz eu que houvesse luto; fiz cobrir o abysmo, por sua causa, e retive as suas correntes, e se cohibiram; e cobri o Libano de preto por causa d’elle, e todas as arvores do campo por causa d’elle desfalleceram.

16 Ao som [10] da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz descer ao inferno com os que descem á cova; [11] e todas as arvores do Eden, a flor e o melhor do Libano, todas as arvores que bebem aguas, se consolavam na terra mais baixa.

17 Tambem estes com elles descerão ao inferno, aos que foram traspassados á espada, e os que foram seu braço, [12] e que estavam assentados á sombra no meio das nações.

18 A quem [13] pois és assim similhante em gloria e em grandeza entre as arvores do Eden? antes serás derribado com as arvores do Eden á terra mais baixa; no meio dos incircumcisos jazerás [14] com os que foram traspassados á espada: este é Pharaó e toda a sua multidão, diz o Senhor Jehovah.

[1] ver. 18.

[2] Dan. 4.10.

[3] Dan. 4.11.

[4] cap. 17.28. Dan. 4.12.

[5] Gen. 2.8 e 13.10.

[6] Dan. 5.20.

[7] cap. 32.5 e 53.8.

[8] Isa. 18.6. cap. 32.4.

[9] cap. 32.18.

[10] cap. 26.15. Isa. 14.15.

[11] Isa. 14.8.

[12] Lam. 4.20.

[13] ver. 2. cap. 32.19.

[14] cap. 28.10 e 32.10, 21, 24, etc.

Lamentação sobre Pharaó, rei do Egypto.

Antes de Christo 587

32 E succedeu que, no anno duodecimo, no mez duodecimo, ao primeiro do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] levanta uma lamentação sobre Pharaó, rei do Egypto, e dize-lhe: [2] Similhante eras a um filho de leão entre as nações, e tu foste como um dragão nos mares, e trasbordavas os teus rios, e turbavas as aguas com os teus pés, [3] e enlameavas os seus rios.

3 Assim diz o Senhor Jehovah: Portanto, [4] estenderei sobre ti a minha rede com ajuntamento de muitos povos, e te farão subir na minha rede.

4 Então [5] te deixarei em terra; sobre a face do campo te lançarei, e farei morar sobre ti todas as aves do céu, e fartarei de ti os animaes de toda a terra.

5 E [6] porei as tuas carnes sobre os montes, e encherei os valles da tua altura.

6 E a terra onde nadas regarei com o teu sangue até aos montes; e as correntes se encherão de ti.

7 E, apagando-te eu, cobrirei os céus, [7] e ennegrecerei as suas estrellas: ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não deixará resplandecer a sua luz.

8 Todas as brilhantes luzes do céu ennegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Jehovah.

9 E farei vexar o coração de muitos povos, quando eu levar a tua destruição entre as nações, ás terras que não conheceste.

10 E farei com que muitos povos [8] fiquem pasmados de ti, e os seus reis tremam em grande maneira, quando eu brandir a minha espada ante os seus rostos; e estremecerão a cada momento, cada um pela sua vida, no dia da tua queda.

11 Porque [9] assim diz o Senhor Jehovah: A espada do rei de Babylonia virá sobre ti.

12 Farei cair a tua multidão com as espadas dos valentes, [10] que são todos os mais formidaveis das gentes; e destruirão a soberba do Egypto, e toda a sua multidão será perdida.

13 E destruirei todos os seus animaes de sobre as muitas aguas; [11] nem as turbará mais pé de homem, nem as turbarão unhas de animaes.

14 Então farei profundar as suas aguas, e farei correr os seus rios como o azeite, diz o Senhor Jehovah.

15 Quando eu tornar a terra do Egypto em assolação, e a terra fôr assolada em sua plenitude, e quando ferir a todos os que habitam n’ella, [12] então saberão que eu sou o Senhor.

16 Esta é a lamentação, [13] segundo a qual lamentarão; as filhas das nações assim lamentarão; sobre o Egypto e sobre toda a sua multidão assim lamentarão, diz o Senhor Jehovah.

Lamentação sobre o Egypto.

17 E succedeu que, no anno duodecimo,[757] aos quinze do mez, veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

18 Filho do homem, pranteia sobre a multidão do Egypto, [14] e faze-a descer, a ella e ás filhas das nações magnificas, á terra mais baixa, aos que descem á cova.

19 A quem [15] sobrepujas tu em ser aprazivel? desce, e deita-te com os incircumcisos.

20 No meio d’aquelles que foram traspassados á espada cairão; á espada está entregue; arrastae-a e a toda a sua multidão.

21 Os [16] mais poderosos dos valentes lhe fallarão desde o meio do inferno, com os que a soccorrem: desceram, [17] jazeram os incircumcisos traspassados á espada.

22 Ali está Assur [18] com todo o seu ajuntamento; em redor d’elle estão os seus sepulchros; todos elles foram traspassados e cairam á espada.

23 Cujos sepulchros [19] foram postos nos lados da cova, e o seu ajuntamento está em redor do seu sepulchro: todos foram traspassados, e cairam á espada, [20] os quaes tinham causado espanto na terra dos viventes.

24 Ali [21] está Elam com toda a sua multidão em redor do seu sepulchro: todos elles foram traspassados, e cairam á espada, os quaes desceram incircumcisos ás mais baixas partes da terra, [22] os quaes causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram á cova.

25 No meio dos traspassados lhe pozeram uma cama entre toda a sua multidão; ao redor d’elle estão os seus sepulchros: todos elles são incircumcisos, traspassados á espada; porque causaram terror na terra dos viventes, e levaram a sua vergonha com os que desceram á cova; no meio dos traspassados foi posto.

26 Ali está [23] Mesech e Tubal com toda a sua multidão; ao redor d’elles estão os seus sepulchros: todos elles são incircumcisos, [24] e traspassados á espada, porquanto causaram terror na terra dos viventes.

27 Porém [25] não jazeram com os valentes que cairam dos incircumcisos, os quaes desceram ao inferno com as suas armas de guerra e pozeram as suas espadas debaixo das suas cabeças; e a sua iniquidade está sobre os seus ossos, porquanto eram o terror dos heroes na terra dos viventes.

28 Tambem tu serás quebrado no meio dos incircumcisos, e jazerás com os que foram traspassados á espada.

29 Ali está [26] Edom, os seus reis e todos os seus principes, que com o seu poder foram postos com os que foram traspassados á espada; estes jazem com os incircumcisos e com os que desceram á cova.

30 Ali [27] estão os principes do norte, todos elles, e todos os sidonios, que desceram com os traspassados, envergonhados com o terror causado pelo seu poder; e jazem incircumcisos com os que foram traspassados á espada, e levam a sua vergonha com os que desceram á cova.

31 Pharaó os verá, e se consolará com toda a sua multidão, os traspassados á espada, Pharaó, e todo o seu exercito, diz o Senhor Jehovah.

32 Porque tambem eu dei o meu espanto na terra dos viventes; pelo que jazerá no meio dos incircumcisos, com os traspassados á espada, Pharaó e toda a sua multidão, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 27.2. ver. 16.

[2] cap. 19.3, 6. cap. 29.3.

[3] cap. 34.18.

[4] cap. 12.13 e 17.20. Ose. 7.12.

[5] cap. 29.5 e 31.13.

[6] cap. 31.12.

[7] Isa. 13.10. Joel 2.31 e 3.15. Amós 8.9. Mat. 24.29. Apo. 6.12, 13.

[8] cap. 27.35. cap. 26.16.

[9] Jer. 46.26. cap. 30.4.

[10] cap. 28.7 e 29.19.

[11] cap. 29.11.

[12] Exo. 7.5 e 14.4, 18.

[13] ver. 2. II Sam. 1.17. II Chr. 35.25. cap. 26.17.

[14] cap. 26.20 e 31.14.

[15] cap. 31.2, 18. ver. 21, 24, etc. cap. 28.10.

[16] Isa. 1.31 e 14.9, 10. ver. 27.

[17] ver. 19, 25, etc.

[18] ver. 24, 26, 29, 30.

[19] Isa. 14.15.

[20] cap. 26.17. ver. 24, 25, 26, 27, 32.

[21] Jer. 49.34, etc. ver. 21.

[22] ver. 23.

[23] Gen. 10.2. cap. 27.13 e 38.2.

[24] ver. 19, 20, etc.

[25] ver. 21. Isa. 14.18, 19.

[26] cap. 25.12, etc.

[27] cap. 38.6, 15 e 30.2.

O officio do verdadeiro propheta.

33 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] falla aos filhos do teu povo, e dize-lhes: [2] Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar um homem dos seus termos, [3] e o constituir por seu atalaia,

3 E elle vir que a espada vem sobre a terra, e tocar a trombeta, e avisar o povo,

4 E aquelle que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a espada, e o tomar, [4] o seu sangue será sobre a sua cabeça.

5 Elle ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado, o seu sangue será sobre elle; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida.

6 Porém, quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não fôr avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida d’entre elles, [5] este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue demandarei da mão do atalaia.

7 A ti pois, [6] ó filho do homem, te constitui por atalaia sobre a casa d’Israel; tu pois ouvirás a palavra da minha bocca, e lh’a annunciarás da minha parte.

8 Dizendo eu pois ao impio: Ó impio,[758] certamente morrerás; e tu lhe não fallares, para dissuadir ao impio do seu caminho, morrerá esse impio na sua iniquidade, porém o seu sangue eu o demandarei da tua mão.

9 Mas, quando tu tiveres dissuadido ao impio do seu caminho, para que se converta d’elle, e elle se não converter do seu caminho, elle morrerá na sua iniquidade; porém tu livraste a tua alma.

10 Tu pois, filho do homem, dize á casa de Israel: Assim fallaes vós, dizendo: Visto que as nossas prevaricações e os nossos peccados estão sobre nós, e nós desfallecemos n’elles, [7] como viveremos então?

11 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que não tenho prazer na [8] morte do impio, mas que o impio se converta do seu caminho, e viva: convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; [9] pois por que razão morrereis, ó casa de Israel?

12 Tu pois, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: [10] A justiça do justo não o fará escapar no dia da sua prevaricação; e, quanto á impiedade do impio, não cairá por ella, no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo por ella poderá viver no dia em que peccar.

13 Quando eu disser ao justo que certamente viverá, [11] e elle confiar na sua justiça, e fizer iniquidade, não virão em memoria todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que faz, n’ella morrerá.

14 Quando eu tambem [12] disser ao impio: Certamente morrerás; e elle se converter do seu peccado, e fizer juizo e justiça,

15 Restituindo esse impio [13] o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida, e não fazendo iniquidade, certamente viverá, não morrerá.

16 De todos os seus peccados [14] com que peccou não se fará memoria contra elle: juizo e justiça fez, certamente viverá.

17 Ainda [15] dizem os filhos do teu povo: Não é recto o caminho do Senhor: mas o proprio caminho d’elles é que não é recto.

18 Desviando-se [16] o justo da sua justiça, e fazendo iniquidade, morrerá n’ella.

19 E, convertendo-se o impio da sua impiedade, e fazendo juizo e justiça, elle viverá por elles.

20 Ainda dizeis: Não é recto o caminho do Senhor: [17] julgar-vos-hei a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.

O castigo de Israel por causa da sua presumpção.

21 E succedeu que, no anno duodecimo, no decimo mez, [18] aos cinco do mez do nosso captiveiro, veiu a mim um que tinha escapado de Jerusalem, dizendo: [19] ferida é a cidade.

22 Ora a mão [20] do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado, [21] e abriu a minha bocca, até que chegou a mim pela manhã; e abriu-se a minha bocca, e não fiquei mais em silencio.

23 Então veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

24 Filho do homem, [22] os moradores d’estes logares desertos da terra de Israel, fallando, dizem: Abrahão era um só, e possuiu esta terra; porém nós somos muitos, [23] esta terra a nós foi dada em possessão.

25 Dize-lhes portanto: Assim diz o Senhor Jehovah: [24] A carne com o sangue comeis, e levantaes os vossos olhos para os vossos idolos, e derramaes o sangue! e possuireis esta terra?

26 Estribaes-vos sobre a vossa espada, commetteis abominação, [25] e contaminaes cada um a mulher do seu proximo! e possuireis a terra?

27 Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor Jehovah: Vivo eu, [26] que os que estiverem em logares desertos, cairão á espada, e o que estiver sobre a face do campo o entregarei á fera, para que o coma, e os que estiverem em logares fortes e em cavernas [27] morrerão de pestilencia.

28 Porque tornarei a terra em assolação e espanto, [28] e cessará a soberba da sua força; e os montes de Israel serão tão assolados que não haja quem passe por elles.

29 Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em assolação e espanto, por todas as suas abominações que fizeram.

30 Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo fallam de ti junto ás paredes e nas portas das casas; [29] e falla um com o outro, cada um a seu irmão,[759] dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor.

31 E elles [30] veem a ti, como o povo costumava vir, [31] e se assentam diante de ti, como o meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra: antes elles lisongeiam com a sua bocca, [32] porém o seu coração segue a sua avareza.

32 E eis que tu lhe és como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.

33 Porém, quando [33] vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio d’elles um propheta.

[1] cap. 3.11.

[2] cap. 14.17.

[3] ver. 7.

[4] cap. 18.13.

[5] ver. 8.

[6] cap. 3.17, etc.

[7] cap. 24.23.

[8] II Sam. 14.14. cap. 18.23, 32. II Ped. 3.9.

[9] cap. 18.31.

[10] cap. 3.20 e 18.24, 26, 27.

[11] cap. 3.20 e 18.24.

[12] cap. 3.18, 19 e 18.27.

[13] cap. 18.7. Exo. 22.1, 4. Num. 5.6, 7. Lev. 18.5. cap. 20.11, 13, 21.

[14] cap. 18.22.

[15] ver. 20. cap. 18.25, 29.

[16] cap. 18.26, 27.

[17] ver. 17. cap. 18.25, 29.

[18] cap. 1.2.

[19] II Reis 25.4.

[20] cap. 1.3.

[21] cap. 24.27.

[22] cap. 34.2. ver. 27. cap. 36.4. Isa. 51.2. Act. 7.5.

[23] Mat. 3.9.

[24] Gen. 9.4. Lev. 3.17. Deu. 12.16. cap. 18.6 e 22.6, 9.

[25] cap. 18.6 e 22.11.

[26] ver. 24.

[27] cap. 39.4.

[28] Jer. 44.2, 6, 22. cap. 36.34, 35. cap. 30.6, 7.

[29] Isa. 29.13.

[30] cap. 14.11 e 20.1, etc.

[31] cap. 8.1. Isa. 29.13.

[32] Mat. 13.22.

[33] I Sam. 3.20. cap. 2.5.

Prophecia contra os pastores infieis de Israel.

34 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] prophetiza contra os pastores de Israel; prophetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jehovah: [2] Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! porventura os pastores não apascentarão as ovelhas?

3 Comeis o [3] gordo, e vos vestis de lã; degolaes o cevado; porém não apascentaes as ovelhas.

4 As fracas não fortalecestes, [4] e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, [5] e a perdida não buscastes; porém dominaes sobre ellas com rigor e dureza.

5 Assim se espalharam, [6] por não haver pastor, e ficaram para pasto de toda a besta do campo, porquanto se espalharam.

6 As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; e as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem [ABR] pergunte por ellas, sem haver quem as busque.

7 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

8 Vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que, porquanto as minhas ovelhas [7] foram entregues á rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a toda a besta do campo, á falta de pastor, e os meus pastores não [ABS] perguntam pelas minhas ovelhas, [8] e os pastores se apascentam a si mesmos, e não apascentam as minhas ovelhas;

9 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:

10 Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra os pastores, e [9] demandarei as minhas ovelhas da sua mão, e os farei cessar de apascentar as ovelhas, [10] e os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua bocca, e lhes não servirão mais de pasto.

11 Porque assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu, eu digo, perguntarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei.

12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e as farei escapar de todos os logares por onde andam espalhadas, [11] no dia da nuvem e da escuridão.

13 E as tirarei [12] dos povos, e as congregarei das terras, e as trarei á sua terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto ás correntes, e em todas as habitações da terra.

14 Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será a sua malhada; [13] ali se deitarão n’uma boa malhada, e pastarão em pastos gordos nos montes de Israel.

15 Eu apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Jehovah.

16 A perdida buscarei, [14] e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada atarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda [15] e a forte destruirei; apascental-as-hei com juizo.

17 E quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Jehovah: [16] Eis que eu julgarei entre gado pequeno e gado pequeno, entre carneiros e bodes.

18 Acaso não vos basta que pasteis o bom pasto, senão que pizeis o resto de vossos pastos a vossos pés? e que bebaes as profundas aguas, senão que enlameeis o resto com os vossos pés?

19 E as minhas ovelhas pastarão o que foi pizado com os vossos pés, e beberão o que tem sido turvado com os vossos pés.

20 Por isso o Senhor Jehovah assim lhes diz: [17] Eis que eu, sim, eu, julgarei[760] entre o gado gordo e o gado magro.

21 Porquanto com o lado e com o hombro daes empurrões, e com as vossas pontas escorneaes todas as fracas, até que as espalhaes para fóra,

22 Portanto livrarei as minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, [18] e julgarei entre gado miudo e gado miudo.

23 E [19] levantarei sobre ellas um só pastor, e elle as apascentará: [20] meu servo David, este as apascentará, e este lhes servirá de pastor.

24 E eu, o Senhor, [21] lhes serei por Deus, e o meu servo David será principe no meio d’elles: eu, o Senhor, o fallei.

25 E [22] farei com elles um concerto de paz, e farei cessar a besta ruim da terra, e habitarão no deserto seguramente, e dormirão nos bosques.

26 E a elles, e aos logares ao redor do meu outeiro, [23] os porei por benção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de benção serão.

27 E [24] as arvores do campo darão o seu fructo, e a terra dará a sua novidade, e estarão seguros na sua terra; e saberão que eu sou o Senhor, [25] quando eu quebrar as varas do seu jugo [26] e os livrar da mão dos que se serviam d’elles.

28 E [27] não servirão mais de rapina aos gentios, e a besta fera da terra nunca mais os comerá: [28] e habitarão seguramente, e ninguem haverá que os espante.

29 E lhes [29] levantarei uma planta de nome, e nunca mais serão arrebatados da fome na terra, [30] nem mais levarão sobre si o opprobrio dos gentios.

30 Saberão, porém, que eu, o Senhor seu Deus, [31] estou com elles, e que elles são o meu povo, a casa d’Israel, diz o Senhor Jehovah.

31 Vós pois, [32] ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois; porém eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 33.24.

[2] Jer. 23.1. Zac. 11.17.

[3] cap. 33.25, 26. Miq. 3.1, 2, 3.

[4] ver. 16. Zac. 11.16.

[5] Luc. 15.4. I Ped. 5.3.

[6] cap. 33.21, 28. I Sam. 22.17. Mat. 9.36. Isa. 56.9. Jer. 12.9. ver. 8.

[7] ver. 5, 6.

[8] ver. 2, 10.

[9] cap. 3.18. Heb. 13.17.

[10] ver. 2, 8.

[11] cap. 30.3. Joel 2.2.

[12] Isa. 65.9, 10. Jer. 23.3. cap. 28.25 e 36.24 e 37.21, 22.

[13] Jer. 33.12.

[14] ver. 4. Isa. 40.11. Miq. 4.6. Mat. 18.11. Mar. 2.17. Luc. 5.32.

[15] Amós 4.1.

[16] cap. 20.37, 38. ver. 20, 22. Mat. 25.32, 33.

[17] ver. 17.

[18] ver. 17.

[19] Isa. 40.11. Jer. 23.4, 5. João 10.11. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e 5.4.

[20] Jer. 30.9. cap. 37.24, 25. Ose. 3.5.

[21] ver. 30. Exo. 29.45. cap. 37.27.

[22] cap. 37.26. Lev. 26.6. Isa. 11.6-9 e 35.9. Ose. 2.18. ver. 28. Jer. 23.6.

[23] Isa. 56.7. Gen. 12.2. Isa. 19.24.

[24] Lev. 26.4. Isa. 4.2.

[25] Lev. 26.13. Jer. 2.20.

[26] Jer. 25.14.

[27] ver. 8.

[28] ver. 25. Jer. 30.10.

[29] Isa. 11.1. Jer. 23.5.

[30] cap. 36.3, 6, 15.

[31] ver. 24. cap. 37.27.

[32] João 10.11.

Prophecia contra o monte de Seir.

35 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra o monte de Seir, e prophetiza contra elle.

3 E dize-lhe: Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra ti, ó monte de Seir, [2] e estenderei a minha mão contra ti, e te porei em assolação e espanto.

4 [3] As tuas cidades porei em solidão, e tu te tornarás em assolação; e saberás que eu sou o Senhor.

5 Porquanto guardas inimizade perpetua, e fizeste derramar os filhos d’Israel pela violencia da espada [4] no tempo da extrema iniquidade,

6 Por isso vivo eu, diz o Senhor Jehovah, que te preparei para sangue, e o sangue te perseguirá; pois que não aborreceste o sangue, o sangue te perseguirá.

7 E farei do monte de Seir uma extrema assolação, [5] e exterminarei d’elle o que por elle passar, e o que por elle tornar.

8 E [6] encherei os seus montes dos seus traspassados; nos teus outeiros, e nos teus valles, e em todas as tuas correntes cairão os traspassados á espada.

9 Em assolações perpetuas [7] te porei, e as tuas cidades nunca mais serão habitadas: [8] assim sabereis que eu sou o Senhor.

10 Porquanto dizes: Os dois povos e as duas terras serão minhas, [9] e as possuiremos, sendo que o Senhor se achava ali,

11 Portanto, vivo eu, diz o Senhor Jehovah, [10] que usarei conforme a tua ira, e conforme a tua inveja, de que usaste, com o teu odio, contra elles; e serei conhecido d’elles, quando te julgar.

12 E [11] saberás que eu, o Senhor, ouvi todas as tuas blasphemias, que disseste contra os montes d’Israel, dizendo: estão assolados, a nós nos são entregues por pasto.

13 Assim [12] vos engrandecestes contra mim com a vossa bocca, e multiplicastes as vossas palavras contra mim: eu o ouvi.

14 Assim diz o Senhor Jehovah: [13] Quando se alegra toda a terra te porei em assolação.

15 Como [14] te alegraste da herança da casa de Israel, porque está assolada,[761] assim te farei a ti: [15] em assolação serás tomado, ó monte de Seir, e todo o Edom, todo, digo; e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 6.2. Deu. 2.5.

[2] cap. 6.14.

[3] ver. 9. Abd. 10.

[4] cap. 21.25, 29. Dan. 9.24. Abd. 11.

[5] cap. 29.11.

[6] cap. 31.12 e 32.5.

[7] Jer. 49.17, 18. ver. 4. Mal. 1.3, 4.

[8] cap. 6.7 e 7.4, 9 e 36.11.

[9] cap. 36.5. Abd. 13.

[10] Mat. 7.2. Thi. 2.13.

[11] cap. 6.7.

[12] I Sam. 2.3. Apo. 13.6.

[13] Isa. 65.13, 14.

[14] Abd. 12, 15.

[15] ver. 3, 4.

Prophecia feita aos montes de Israel.

36 E tu, ó filho do homem, [1] prophetiza aos montes de Israel, e dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor.

2 Assim diz o Senhor Jehovah: [2] Porquanto diz o inimigo sobre vós: Ah! ah! até as eternas alturas são por nossa herança;

3 Portanto, prophetiza, e dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto vos assolaram e devoraram em redor, para que vós ficasseis feitos herança do resto das nações, [3] e estaes levantados em labios do paroleiro, e em infamia do povo,

4 Portanto, ouvi, ó montes de Israel, a palavra do Senhor Jehovah: Assim diz o Senhor Jehovah aos montes e aos outeiros, ás correntes e aos valles, aos logares assolados e solitarios, e ás cidades desamparadas, que se tornaram em rapina e em escarneo ao resto das nações que lhes estão em redor;

5 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [4] Certamente no fogo do meu zelo fallei contra o resto das nações, e contra todo o Edom, [5] que se appropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração, e com menosprezo da alma, para ser lançada fóra á rapina.

6 Portanto, prophetiza sobre a terra de Israel, e dize aos montes e aos outeiros, ás correntes e aos valles: Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que fallei no meu zelo e no meu furor, [6] porquanto levastes sobre vós o opprobrio dos gentios.

7 Portanto, assim diz o Senhor Jehovah: [7] Eu levantei a minha mão, para que os gentios que vos estão em redor levem o seu opprobrio sobre si mesmos.

8 Porém vós, ó montes de Israel, ainda produzireis o vosso ramo, e dareis o vosso fructo para o meu povo de Israel; porque estão para vir.

9 Porque eis que eu estou comvosco; e eu me virarei para vós, e sereis lavrados e semeados.

10 E multiplicarei os homens sobre vós, a toda a casa de Israel, a toda ella: e as cidades serão habitadas, [8] e as solidões serão edificadas.

11 E [9] multiplicarei homens e bestas sobre vós, e se multiplicarão, e fructificarão: e vos farei habitar como d’antes, e o farei melhor que nos vossos principios; [10] e sabereis que eu sou o Senhor.

12 E farei andar sobre vós uns homens; o meu povo de Israel: elles te possuirão, [11] e serás a sua herança, e nunca mais os desfilharás.

13 Assim diz o Senhor Jehovah: Porquanto vos dizem: [12] Tu és uma terra que devora os homens, e és uma terra que desfilha os seus povos;

14 Por isso tu não devorarás mais os homens, nem desfilharás mais os teus povos, diz o Senhor Jehovah.

15 E farei que nunca mais se [13] ouça em ti a affronta dos gentios; nem levarás mais sobre ti o opprobrio das gentes, nem mais desfilharás a tua nação, diz o Senhor Jehovah.

A restauração de Israel.

16 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

17 Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua terra, [14] então a contaminaram com os seus caminhos e com as suas acções: [15] como a immundicia de uma mulher separada, era o seu caminho perante o meu rosto.

18 Derramei pois o meu furor sobre elles, [16] por causa do sangue que derramaram sobre a terra, e dos seus idolos, com que a contaminaram.

19 E os espalhei [17] entre as nações, e foram espalhados pelas terras: [18] conforme os seus caminhos, e conforme os seus tratos, os julguei.

20 E, chegando ás nações para onde se foram, [19] profanaram o meu sancto nome; porquanto se dizia d’elles: Estes são o povo do Senhor, e sairam da sua terra.

21 Porém os poupei [20] por amor do meu sancto nome, o qual a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi.

22 Dize portanto á casa de Israel: Assim diz o Senhor Jehovah: Não é por vosso respeito que eu o faço, ó casa de Israel, porém pelo meu sancto nome, que profanaste entre as nações para onde vós fostes.

23 E eu sanctificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio d’ellas; e as nações saberão que eu[762] sou o Senhor, diz o Senhor Jehovah, [21] quando eu fôr sanctificado aos seus olhos.

24 E vos tomarei [22] d’entre as nações, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra.

25 Então espalharei [23] agua pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas immundicias e de todos os vossos idolos vos purificarei.

26 E vos darei [24] um coração novo, e porei dentro de vós um espirito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne.

27 E porei dentro de vós o meu espirito, [25] e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juizos, e os façaes.

28 E habitareis [26] na terra que eu dei a vossos paes, [27] e vós me sereis por povo, e eu vos serei por Senhor.

29 E vos livrarei [28] de todas as vossas immundicias; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, [29] e não trarei fome sobre vós.

30 E multiplicarei [30] o fructo das arvores, e a novidade do campo, para que nunca mais recebaes o opprobrio da fome entre as nações.

31 Então vos [31] lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos tratos, que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas maldades e das vossas abominações.

32 Não [32] é por amor de vós que eu faço isto, diz o Senhor Jehovah; notorio vos seja: envergonhae-vos, e ficae confusa sobre os vossos caminhos, ó casa de Israel.

33 Assim diz o Senhor Jehovah: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas maldades, então farei com que sejam habitadas as cidades [33] e sejam edificadas as solidões.

34 E a terra assolada se lavrará, em logar de ser assolada aos olhos de todos os que passavam.

35 E dirão: Esta terra assolada ficou como [34] jardim do Eden; e as cidades solitarias, e assoladas, e destruidas, estão fortalecidas e habitadas.

36 Então saberão as nações, que ficarem de resto em redor de vós, que eu, o Senhor, reedifico as cidades destruidas, e planto o assolado: eu, o Senhor, [35] o fallei, e farei.

37 Assim diz o Senhor Jehovah: Ainda por isso serei requerido da casa de Israel, que lh’o faça: multiplical-os-hei de homens, como a um rebanho.

38 Como o rebanho sanctificado, como o rebanho de Jerusalem nas suas solemnidades, assim as cidades desertas serão cheias de rebanhos de homens; e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 6.2, 3.

[2] Deu. 32.13. cap. 35.10.

[3] Deu. 28.37. I Reis 9.7. Dan. 9.16.

[4] Deu. 4.24. cap. 38.19.

[5] cap. 35.10, 12.

[6] cap. 34.29. ver. 15.

[7] cap. 20.5.

[8] ver. 33. Isa. 58.12 e 61.4.

[9] Jer. 31.27 e 33.12.

[10] cap. 35.9 e 27.6, 13.

[11] Abd. 17, etc. Jer. 15.7.

[12] Num. 13.32.

[13] cap. 34.29.

[14] Lev. 18.25, 27, 28. Jer. 2.7.

[15] Lev. 15.19, etc.

[16] cap. 16.36, 38 e 24.37.

[17] cap. 22.15.

[18] cap. 18.30 e 39.24.

[19] Isa. 52.5. Rom. 2.24.

[20] cap. 20.9, 14.

[21] cap. 20.41 e 28.22.

[22] cap. 34.13 e 37.21.

[23] Heb. 10.22. Jer. 33.8.

[24] Jer. 32.39. cap. 11.19.

[25] cap. 11.19 e 37.14.

[26] cap. 28.25 e 37.25.

[27] Jer. 30.22. cap. 11.20 e 37.27.

[28] Mat. 1.21. Rom. 11.26.

[29] cap. 34.29.

[30] cap. 34.27.

[31] cap. 16.61, 63. Lev. 26.39. cap. 6.9 e 20.43.

[32] Deu. 9.5. ver. 22.

[33] ver. 10.

[34] Isa. 51.3. cap. 28.13. Joel 2.3.

[35] cap. 17.24 e 22.14 e 37.14.

A visão d’um valle de ossos seccos.

37 Veiu sobre mim a mão do Senhor, [1] e o Senhor, pelo espirito, me levou e me poz no meio de um valle que estava cheio de ossos.

2 E me fez passar por toda a roda d’elles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do valle, e eis que estavam sequissimos.

3 E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: [2] Senhor Jehovah, tu o sabes.

4 Então me disse: Prophetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos seccos, ouvi a palavra do Senhor.

5 Assim diz o Senhor Jehovah a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espirito, e vivereis.

6 E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pelle, e porei em vós o espirito, e vivereis, [3] e sabereis que eu sou o Senhor.

7 Então prophetizei como se me deu ordem; e houve um arroido, prophetizando eu; e eis que se fez um reboliço, e os ossos se achegaram, [ABT] cada osso ao seu osso.

8 E olhei, e eis que vinham nervos sobre elles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pelle sobre elles por cima; porém não havia n’elles espirito.

9 E elle me disse: Prophetiza ao espirito, prophetiza, ó filho do homem, e dize ao espirito: Assim diz o Senhor Jehovah: Vem dos quatro ventos, ó espirito, e assopra sobre estes mortos, e viverão.

10 E prophetizei como [4] elle me deu ordem: então o espirito entrou n’elles, e viveram, e se pozeram em seus pés, um exercito grande em extremo.

11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel: eis que dizem: Os nossos ossos se seccaram, e pereceu a nossa esperança: nós estamos cortados.

12 Portanto prophetiza, e dize-lhes:[763] Assim diz o Senhor Jehovah: [5] Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, [6] e vos trarei á terra de Israel.

13 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas sepulturas, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu.

14 E porei em vós [7] o meu espirito, e vivereis, e vos metterei na vossa terra, e sabereis que eu, o Senhor, fallei isto, e o fiz, diz o Senhor.

15 E veiu a mim a palavra do Senhor, dizendo:

16 Tu, pois, ó filho do homem, [8] toma um pau, e escreve n’elle: A Judah e aos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pau, e escreve n’elle: A José, o pau de Ephraim, e de toda a casa de Israel, seus companheiros.

17 E ajunta [9] um ao outro, para que sejam um pau; e serão unidos na tua mão.

18 E quando te fallarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura [10] não nos declaras que significam estas coisas?

19 Então lhes dirás: [11] Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu tomarei o pau de José, que esteve na mão de Ephraim, e das tribus de Israel, seus companheiros, e os ajuntarei com elle ao pau de Judah, e farei d’elles um só pau, e elles se farão um só na minha mão.

20 E os paus, sobre que houveres escripto, estarão na tua mão, [12] perante os olhos d’elles.

21 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor Jehovah: [13] Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, para onde elles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei á sua terra.

22 E d’elles farei [14] uma nação na terra, nos montes d’Israel, e todos elles terão por seu rei um rei; [15] e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos.

23 E nunca [16] mais se contaminarão com os seus idolos, nem com as suas abominações, nem com as suas prevaricações, [17] e os livrarei de todas as suas habitações, em que peccaram, e os purificarei: assim me serão por povo, e eu lhes serei por Deus.

24 E [18] meu Servo David será rei sobre elles, e todos elles terão um pastor; e andarão nos meus juizos, e guardarão os meus estatutos, e os farão.

25 E [19] habitarão na terra que dei a meu servo Jacob, em que habitaram vossos paes; e habitarão n’ella, elles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, [20] e David, meu servo, será seu principe eternamente.

26 E farei com elles [21] um concerto de paz; será com elles um concerto perpetuo; e os porei, [22] e os multiplicarei, e porei o meu sanctuario no meio d’elles para sempre.

27 E o meu tabernaculo [23] estará com elles, e lhes serei por Deus e elles me serão por povo.

28 E [24] as nações saberão que eu sou o Senhor que sanctifico a Israel, quando estiver o meu sanctuario no meio d’elles para sempre.

[1] cap. 1.3 e 3.14 e 8.3 e 11.24. Luc. 4.1.

[2] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. João 5.21. II Cor. 1.9.

[3] cap. 6.7 e 35.12. Joel 2.27 e 3.17.

[4] Apo. 11.11.

[5] Isa. 26.19. Ose. 13.14.

[6] cap. 36.24. ver. 25.

[7] cap. 36.27.

[8] Num. 17.2. II Chr. 15.9.

[9] ver. 22, 24.

[10] cap. 12.9 e 24.19.

[11] Zac. 10.6. ver. 16, 17.

[12] cap. 12.3.

[13] cap. 36.24.

[14] Ose. 1.11.

[15] cap. 34.23, 24.

[16] cap. 36.25.

[17] cap. 36.28, 29.

[18] Jer. 23.5 e 30.9. cap. 34.23, 24. Luc. 1.32. João 10.16.

[19] cap. 36.28.

[20] Isa. 60.21. Joel 3.20. Amós 9.15. ver. 24. João 12.34.

[21] Isa. 55.3. cap. 34.25.

[22] cap. 36.10, 37. II Cor. 6.16.

[23] Lev. 26.11, 12. cap. 43.7 e 11.20 e 14.11 e 36.28.

[24] cap. 36.23. cap. 20.12.

Prophecia contra Gog.

38 Veiu mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:

2 Filho do homem, [1] dirige o teu rosto contra Gog, terra de Magog, [2] principe e chefe de Mesech e Tubal, e prophetiza contra elle,

3 E dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra ti, ó Gog, principe e chefe de Mesech e de Tubal;

4 E [3] te farei voltar, e porei anzoes nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exercito, cavallos e cavalleiros, todos vestidos bizarramente, congregação grande, com escudo e rodela, manejando todos a espada:

5 Persas, ethiopes, e puteos com elles, todos elles com escudo e capacete;

6 Gomer [4] e todas as suas tropas, a casa de Togarma, da banda do norte, e todas as suas tropas, muitos povos comtigo.

7 Prepara-te, [5] e dispõe-te, tu e todas as tuas congregações que se ajuntaram ao pé de ti, e serve-lhes tu de guarda.

8 Depois [6] de muitos dias serás visitado: no fim dos annos virás á terra que se retirou da espada, [7] e que foi congregada d’entre muitos povos aos montes de Israel, que sempre serviram de assolação;[764] mas aquella terra foi tirada d’entre os povos, [8] e todos elles habitarão seguramente.

9 Então subirás, [9] virás como uma tempestade, far-te-has como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos comtigo.

10 Assim diz o Senhor Jehovah: E será n’aquelle dia que subirão conselhos sobre o teu coração, e maquinarás um mau designio,

11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias, [10] virei contra os que estão em repouso, que habitam seguros; todos elles habitam sem muro, e não teem ferrolho nem portas;

12 Para despojar o despojo, e para roubar o roubo, [11] para tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se habitam, e contra o povo que se ajuntou d’entre as nações, e tem gado e possessões, que habita no meio da terra.

13 Sheba, [12] e Dedan, e os mercadores de Tarsis, e todos os seus leõesinhos te dirão: Porventura tu vens a despojar o despojo? ou ajuntaste o teu ajuntamento para roubar o roubo? para levar a prata e o oiro, para tomar o gado e possessões, para despojar o grande despojo?

14 Portanto, prophetiza, ó filho do homem, e dize a Gog: Assim diz o Senhor Jehovah: [13] Porventura não o experimentarás n’aquelle dia, quando o meu povo Israel habitar com segurança?

15 Virás pois [14] do teu logar, das bandas do norte, tu e muitos povos comtigo, montados todos a cavallo, grande ajuntamento, e exercito numeroso,

16 E [15] subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra: no fim dos dias succederá; então te trarei contra a minha terra, [16] para que as nações me conheçam a mim, quando eu me houver sanctificado em ti aos seus olhos, ó Gog.

17 Assim diz o Senhor Jehovah: Porventura não és tu aquelle de quem eu disse nos dias antigos, pelo ministerio de meus servos, os prophetas de Israel, que n’aquelles dias prophetizaram largos annos, que te traria contra elles?

18 Succederá, porém, n’aquelle dia, no dia em que vier Gog contra a terra de Israel, diz o Senhor Jehovah, que a minha indignação subirá a meus narizes.

19 Porque fallei no meu zelo, [17] no fogo do meu furor, [18] que n’aquelle dia haverá grande tremor sobre a terra de Israel;

20 De tal maneira que [19] tremerão diante da minha face os peixes do mar, e as aves do céu, e os animaes do campo, e todos os reptis que se arrastam sobre a terra, e todos os homens que estão sobre a face da terra; [20] e os montes serão deitados abaixo, e os precipicios cairão, e todos os muros cairão á terra.

21 Porque [21] chamarei sobre elle a espada por todos os meus montes, [22] diz o Senhor Jehovah: a espada de cada um se voltará contra seu irmão.

22 E contenderei com elle [23] pela peste e pelo sangue; e uma chuva inundante, [24] e grandes pedras de saraiva, fogo, e enxofre choverei sobre elle, e sobre as suas tropas, e sobre os muitos povos que estiverem com elle.

23 Assim eu me engrandecerei [25] e me sanctificarei, e me farei conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor.

[1] cap. 39.1. cap. 35.2, 3.

[2] cap. 32.26.

[3] II Reis 19.28. cap. 39.2.

[4] Gen. 10.2. cap. 27.14.

[5] Isa. 8.9, 10. Jer. 46.3, 4, 14 e 51.12.

[6] Deu. 4.30.

[7] ver. 12. cap. 34.13. cap. 36.1, 4, 8.

[8] Jer. 23.6. cap. 34.23.

[9] Isa. 28.2. Jer. 4.13. ver. 16.

[10] Jer. 49.31. ver. 8.

[11] cap. 36.34, 35. ver. 8.

[12] cap. 27.22, 23. cap. 27.15, 20. cap. 27.12.

[13] Isa. 4.1. ver. 8.

[14] cap. 39.2. ver. 6.

[15] ver. 9.

[16] cap. 3.23 e 39.21.

[17] cap. 36.5, 6 e 39.25.

[18] Apo. 16.18.

[19] Ose. 4.3.

[20] Jer. 4.24.

[21] cap. 14.17.

[22] I Sam. 14.20. II Chr. 20.23.

[23] Isa. 66.16. cap. 5.17. Isa. 29.6 e 30.30.

[24] cap. 13.11. Apo. 16.21.

[25] cap. 36.23 e 37.28 e 39.7. ver. 16.

39 Tu pois, [1] ó filho do homem, prophetiza ainda contra Gog, e dize: Assim diz o Senhor Jehovah: Eis que eu estou contra ti, ó Gog, principe e chefe de Mesech e de Tubal.

2 E te farei voltar, e te porei seis anzoes, [2] e te farei subir das bandas do norte, e te trarei aos montes de Israel.

3 E tirarei o teu arco da tua mão esquerda, e farei cair as tuas frechas da tua mão direita.

4 Nos montes de Israel cairás, [3] tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão comtigo; [4] e ás aves de rapina, e ás aves de toda a aza, e aos animaes do campo, te dei por pasto.

5 Sobre a face do campo cairás, porque eu o fallei, diz o Senhor Jehovah.

6 E [5] enviarei um fogo a Magog, e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor.

7 E [6] farei conhecido o meu sancto nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu sancto nome; [7] e as nações saberão que eu sou o Senhor, o Sancto em Israel.

8 Eis que é vindo, e será feito, diz[765] o Senhor Jehovah: este é o dia de que tenho fallado.

9 E os habitantes das cidades de Israel sairão, e accenderão fogo, e queimarão as armas, e os escudos e as rodelas, com os arcos, e com as frechas, e com os bastões de mão, e com as lanças; e accenderão fogo com ellas por sete annos.

10 E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas accenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram, [8] e despojarão aos que os despojaram, diz o Senhor Jehovah.

11 E succederá que, n’aquelle dia, darei ali a Gog um logar de sepultura em Israel, o valle dos que passam ao oriente do mar; e este tapará os narizes aos que passarem; e ali sepultarão a Gog, e a toda a sua multidão, e lhe chamarão o valle [ABU] da multidão de Gog.

12 E a casa de Israel os enterrará por sete mezes, [9] para purificar a terra.

13 Pois todo o povo da terra os enterrará, [10] e lhes será de nomeada o dia em que eu fôr glorificado, diz o Senhor Jehovah.

14 E separarão uns homens que incessantemente passarão pela terra, para que elles, juntamente com os que passam, sepultem os que tiverem ficado sobre a face da terra, [11] para a purificarem: ao cabo de sete mezes farão esta busca.

15 E os que passam pela terra passarão, e, vendo algum o osso de um homem, lhe levantará ao pé um signal, até que os enterradores o houverem enterrado no valle da [ABV] multidão de Gog.

16 E tambem o nome da cidade será [ABW] Hamona: assim purificarão a terra.

17 Tu, pois, ó filho do homem, assim diz o Senhor Jehovah, dize ás aves de toda a aza, e a todos os animaes do campo: [12] Ajuntae-vos e vinde, congregae-vos de ao redor para o meu sacrificio, que eu sacrifiquei por vós, um sacrificio grande, [13] nos montes de Israel, e comei carne e bebei sangue.

18 Comereis [14] a carne dos principes da terra; dos carneiros, dos cordeiros, e dos bodes, e dos bezerros, [15] todos cevados de Basan.

19 E comereis a gordura até vos fartardes, e bebereis o sangue até vos embebedardes, do meu sacrificio, que sacrifiquei por vós.

20 E vos fartareis á minha mesa, de cavallos, e de carros, [16] de valentes, e de todos os homens de guerra, diz o Senhor Jehovah.

21 E [17] eu porei a minha gloria entre as nações, e todas as nações verão o meu juizo, que eu tiver executado, e a minha mão, [18] que sobre ellas tiver carregado.

22 E saberão os da casa [19] de Israel que eu sou o Senhor seu Deus, desde aquelle dia em diante.

23 E as nações saberão [20] que os da casa d’Israel, por causa da sua iniquidade, foram levados em captiveiro, porque se rebellaram contra mim, e eu escondi d’elles a minha face, [21] e os entreguei nas mãos de seus adversarios, e todos cairam á espada.

24 Conforme a sua [22] immundicia e conforme as suas prevaricações usei com elles, e escondi d’elles a minha face.

25 Portanto assim diz o Senhor Jehovah: [23] Agora tornarei a trazer os captivos de Jacob, [24] e me compadecerei de toda a casa d’Israel; zelarei pelo meu sancto nome;

26 Quando houverem levado [25] sobre si a sua vergonha, e toda a sua rebeldia, com que se rebellaram contra mim, [26] habitando elles seguros na sua terra, sem haver quem os espantasse.

27 Quando [27] eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, [28] e eu fôr sanctificado n’elles aos olhos de muitas nações,

28 Então saberão [29] que eu sou o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz levar em captiveiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para a sua terra, e nenhum d’elles deixei lá mais.

29 Nem [30] esconderei mais a minha face d’elles, quando eu houver derramado o meu espirito [31] sobre a casa de Israel, diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 38.2, 3.

[2] cap. 38.15.

[3] ver. 17.

[4] cap. 33.27.

[5] cap. 38.23. Amós 1.4.

[6] ver. 22. Lev. 18.21. cap. 20.39.

[7] cap. 38.16, 23.

[8] Isa. 14.2.

[9] Deu. 21.23. ver. 14, 16.

[10] cap. 28.22.

[11] ver. 12.

[12] Jer. 12.9. Sof. 1.7.

[13] ver. 4.

[14] Apo. 19.18.

[15] Deu. 32.14.

[16] Apo. 19.18.

[17] cap. 38.16, 23.

[18] Exo. 7.4.

[19] ver. 7, 28.

[20] cap. 36.18, 19, 20, 23.

[21] Lev. 26.25.

[22] cap. 36.19.

[23] Jer. 30.3, 18. cap. 34.13 e 36.24.

[24] cap. 20.40.

[25] Dan. 9.16.

[26] Lev. 26.5, 6.

[27] cap. 28.25, 26.

[28] cap. 36.23, 24 e 38.16.

[29] cap. 34.30. ver. 22.

[30] Isa. 54.8.

[31] Joel 2.28. Zac. 12.10.

A restauração do templo: os atrios e os vestibulos.

Antes de Christo 574

40 No anno vinte e cinco do nosso captiveiro, no principio do anno, no decimo dia do mez, [1] quatorze annos depois que a cidade foi ferida, n’aquelle[766] mesmo dia veiu sobre mim a mão do Senhor, e me levou para lá.

2 Em visões [2] de Deus me levou á terra d’Israel, e me poz sobre um monte mui alto, e havia sobre elle como edificio de cidade para a banda do sul.

3 E, havendo-me levado ali, [3] eis que um homem cujo parecer era como o parecer de cobre tinha um cordel de linho na sua mão [4] e uma canna de medir; e elle estava em pé na porta.

4 E disse-me o homem: [5] Filho do homem, vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, e põe no teu coração tudo quanto eu te fizer vêr; porque afim de t’o mostrar foste tu aqui trazido: [6] annuncia pois á casa de Israel tudo quanto tu vires.

5 E eis um muro [7] fóra da casa em redor, e na mão do homem uma canna de medir, de seis covados, cada covado d’um covado e um palmo, e mediu a largura do edificio, d’uma canna, e a altura, d’uma canna.

6 Então veiu á porta que olhava para o caminho do oriente, e subiu pelos seus degraus; mediu o umbral da porta, uma canna de largo, e o outro umbral, d’uma canna de largo.

7 E cada camarinha era uma canna de comprido, e outra canna de largo, e entre as camarinhas havia cinco covados; e o umbral da porta, ao pé do vestibulo da porta, era d’uma canna, por dentro.

8 Tambem mediu o vestibulo da porta por dentro, d’uma canna.

9 Então mediu o outro alpendre da porta, de oito covados, e os seus pilares, de dois covados, e o vestibulo da porta, por dentro.

10 E as camarinhas da porta do caminho para o oriente eram tres d’esta e tres da outra banda, uma mesma medida era a das tres: tambem os pilares d’esta e da outra banda tinham a mesma medida.

11 Mediu mais a largura da entrada da porta, de dez covados; e o comprimento da porta, treze covados.

12 E o espaço de diante das camarinhas era de um covado, e de um covado o espaço da outra banda: e cada camarinha tinha seis covados d’uma e seis covados da outra banda.

13 Então mediu a porta desde o telhado d’uma camarinha até ao telhado da outra, vinte e cinco covados de largo, porta contra porta.

14 Tambem fez pilares de sessenta covados, a saber, para o pilar do atrio, em roda da porta.

15 E, desde a dianteira da porta da entrada até á dianteira do vestibulo da porta interior, havia cincoenta covados.

16 Fez [8] tambem janellas de fechar nas camarinhas, e nos seus pilares, dentro da porta ao redor, e da mesma sorte nos vestibulos: e as janellas estavam á roda pela parte de dentro, e nos pilares havia palmas.

17 E elle me levou [9] ao atrio exterior; e eis que havia n’elle camaras, e um [ABX] solhado que estava feito no atrio em redor: trinta camaras havia n’aquelle solhado.

18 E o solhado da banda das portas era a par do comprimento das portas: o solhado estava debaixo.

19 E mediu a largura da dianteira do atrio interior, por fóra, cem covados, da banda do oriente e do norte.

20 E, quanto á porta que olhava para o caminho do norte, no atrio exterior, elle mediu o seu comprimento e a sua largura.

21 E as suas camarinhas, tres d’uma banda, e tres da outra, e os seus pilares e os seus vestibulos eram da medida da primeira porta: cincoenta covados era o seu comprimento, e a largura vinte e cinco covados.

22 E as suas janellas, e os seus vestibulos, e as suas palmas, eram da medida da porta que olhava para o caminho do oriente; e subiam a ella por sete degraus, e os seus vestibulos estavam diante d’ellas.

23 E estava a porta do atrio interior defronte da porta do norte e do oriente; e mediu de porta a porta cem covados.

24 Então elle me levou ao caminho do sul, e eis uma porta que olhava para o caminho do sul, e mediu os seus pilares e os seus vestibulos conforme estas medidas.

25 E tinha tambem janellas em redor dos seus vestibulos, como estas janellas: cincoenta covados o comprimento, e a largura vinte e cinco covados.

26 E de sete degraus eram as suas subidas, e os seus vestibulos diante d’ellas; e tinha umas palmas, uma d’uma banda e outra da outra banda, nos seus pilares.

27 Tambem havia uma porta no atrio interior para o caminho do sul; e mediu de porta a porta, para o caminho do sul, cem covados.

28 Então me levou ao atrio interior pela porta do sul; e mediu a porta do sul, conforme estas medidas.

29 E as suas camarinhas, e os seus[767] pilares, e os seus vestibulos eram conforme estas medidas; e tinham tambem janellas ao redor dos seus vestibulos: o comprimento era de cincoenta covados, e a largura de vinte e cinco covados.

30 E havia vestibulos em redor: [10] o comprimento era de vinte e cinco covados, e a largura de cinco covados.

31 E os seus vestibulos estavam no atrio exterior, e tinham palmas nos seus pilares; e de oito degraus eram as suas subidas.

32 Depois me levou ao atrio interior, para o caminho do oriente, e mediu a porta conforme estas medidas;

33 Como tambem as suas camarinhas, e os seus pilares, e os seus vestibulos, conforme estas medidas; e tinha tambem janellas em redor dos seus vestibulos: o comprimento de cincoenta covados, e a largura de vinte e cinco covados.

34 E os seus vestibulos estavam no atrio de fóra: tambem havia palmas nos seus pilares de uma e de outra banda; e eram as suas subidas de oito degraus.

35 Então me levou á porta do norte, e mediu conforme estas medidas;

36 As suas camarinhas, os seus pilares, e os seus vestibulos; tambem tinha janellas em redor: o comprimento era de cincoenta covados, e a largura de vinte e cinco covados.

37 E os seus pilares estavam no atrio exterior: tambem havia palmas nos seus pilares de uma e de outra banda; e eram as suas subidas de oito degraus.

38 E a sua camara e a sua porta estavam junto aos pilares das portas onde levavam o holocausto.

39 E no vestibulo da porta havia duas mesas de uma banda, e duas mesas da outra, para n’ellas se degolar o holocausto [11] e o sacrificio pelo peccado e pela culpa.

40 Tambem da banda de fóra da subida para a entrada da porta do norte havia duas mesas; e da outra banda, que estava no vestibulo da porta, havia duas mesas.

41 Quatro mesas de uma, e quatro mesas da outra banda; aos lados da porta oito mesas, sobre as quaes immolavam.

42 E as quatro mesas para o holocausto eram de pedras lavradas: o comprimento era de um covado e meio, e a largura de um covado e meio, e a altura de um covado: e sobre ellas se punham os instrumentos com que immolavam o holocausto e o sacrificio.

43 E as pedras do lar eram de um palmo de grossura, postas na casa em redor, e sobre as mesas a carne da offerta.

44 E fóra da porta interior estavam as camaras dos cantores, [12] no atrio de dentro, que estava da banda da porta do norte e olhava para o caminho do sul: uma estava á banda da porta do oriente, a qual olhava para o caminho do norte.

45 E elle me disse: Esta camara que olha para o caminho do sul é para os sacerdotes [13] que teem a guarda do templo.

46 Mas a camara que olha para o caminho do norte é para os sacerdotes [14] que teem a guarda do altar: estes são os filhos de Zadoc, que se chegam ao Senhor, d’entre os filhos de Levi, para o servir.

47 E mediu o atrio: o comprimento de cem covados e a largura de cem covados, quadrado; e o altar estava diante do templo.

48 Então me levou ao vestibulo do templo, e mediu a cada pilar do vestibulo, cinco covados de uma banda, e cinco covados da outra; e a largura da porta, tres covados de uma banda, e tres covados da outra.

49 O [15] comprimento do vestibulo era de vinte covados, e a largura de onze covados, e com degraus, pelos quaes se subia; e havia columnas junto aos pilares, [16] uma de uma banda e outra da outra.

[1] cap. 33.21. cap. 1.3.

[2] cap. 8.3. Apo. 21.1.

[3] Dan. 10.6. cap. 47.3.

[4] Apo. 11.1 e 21.15.

[5] cap. 44.5.

[6] cap. 43.10.

[7] cap. 42.20.

[8] I Reis 6.4.

[9] Apo. 11.2. I Reis 6.5.

[10] ver. 21, 25, 33.

[11] Lev. 4.2, 3. Lev. 5.6 e 6.6 e 7.1.

[12] I Chr. 6.31.

[13] Lev. 8.35. Num. 3.27, 28, 32, 38 e 18.5. I Chr. 9.23.

[14] Num. 18.5. cap. 44.15. I Reis 2.35. cap. 43.19 e 44.15, 16.

[15] I Reis 6.3.

[16] I Reis 7.21.

A restauração do templo: o sanctuario.

41 Então me levou ao templo, e mediu os pilares, seis covados de largura de uma banda, e seis covados de largura da outra, que era a largura da tenda.

2 E a largura da entrada, dez covados; e as bandas da entrada, cinco covados de uma banda e cinco covados da outra: tambem mediu o seu comprimento, de quarenta covados, e a largura, de vinte covados.

3 E entrou dentro, e mediu o pilar da entrada, dois covados, e a entrada, seis covados, e a largura da entrada, sete covados.

4 Tambem [1] mediu o seu comprimento, vinte covados, e a largura, vinte covados, diante do templo, e me disse: Esta é a Sanctidade das Sanctidades.

5 E mediu a parede do templo, seis[768] covados, e a largura das camaras lateraes, quatro covados, por todo o redor do templo.

6 E [2] as camaras lateraes, camara sobre camara, eram trinta e tres por ordem, e entravam na parede que tocava no templo pelas camaras lateraes em redor, para travarem d’ellas, porque não travavam da parede do templo.

7 E [3] havia maior largura e volta nas camaras lateraes para cima, porque [ABY] o caracol do templo subia mui alto por todo o redor do templo, por isso que o templo tinha mais largura para cima; e assim da camara baixa se subia á mais alta pelo meio.

8 E olhei para a altura do templo em redor: e eram os fundamentos das camaras lateraes da medida de uma canna inteira, [4] seis covados, o covado tomado até ao sobaco.

9 A grossura da parede das camaras lateraes de fóra era de cinco covados; e o que foi deixado vazio era o logar das camaras lateraes, que estavam junto ao templo.

10 E entre as camaras havia a largura de vinte covados por todo o redor do templo.

11 E as entradas das camaras lateraes estavam voltadas para o logar vazio: uma entrada para o caminho do norte, e outra entrada para o do sul: e a largura do logar vazio era de cinco covados em redor.

12 Era tambem o edificio que estava diante da separação, á esquina do caminho do occidente, da largura de setenta covados; e a parede do edificio de cinco covados de largura em redor; e o seu comprimento era de noventa covados.

13 E mediu o templo, do comprimento de cem covados, como tambem a separação, e o edificio, e as suas paredes, cem covados de comprimento.

14 E a largura da dianteira do templo, e da separação para o oriente, de uma e de outra parte, de cem covados.

15 Tambem mediu o comprimento do edificio, diante da separação, que lhe estava por detraz, e as suas galerias de uma e de outra parte, de cem covados, com o templo de dentro e os vestibulos do atrio.

16 Os umbraes e as janellas estreitas, [5] e as galerias em redor dos tres, defronte do umbral, estavam cobertas de madeira em redor; e isto desde o chão até ás janellas; e as janellas estavam cobertas.

17 Até ao que havia em cima da porta, e até ao templo de dentro e de fóra, e até toda a parede em redor, por dentro e por fóra, tudo por medida.

18 E [6] foi feito com cherubins e palmas, de maneira que cada palma estava entre cherubim e cherubim, e cada cherubim tinha dois rostos,

19 A saber: [7] um rosto de homem olhava para a palma d’uma banda, e um rosto de leãosinho para a palma da outra: assim foi feito por toda a casa em redor.

20 Desde o chão até por cima da entrada estavam feitos os cherubins e as palmas, como tambem pela parede do templo.

21 As hombreiras do templo eram quadradas, e, no tocante á dianteira do sanctuario, a feição d’uma era como a feição da outra.

22 O altar [8] de madeira era de tres covados de altura, e o seu comprimento de dois covados, e tinha as suas esquinas; e [ABZ] o seu comprimento e as suas paredes eram de madeira; e me disse: [9] Esta é a mesa que está perante a face do Senhor.

23 E o templo e o sanctuario ambos tinham duas portas.

24 E havia dois batentes para as portas: dois batentes que viravam; dois para uma porta, e dois batentes para a outra.

25 E foram feitos n’ellas, nas portas do templo, cherubins e palmas, como estavam feitos nas paredes, e havia uma trave grossa de madeira na dianteira do vestibulo por fóra.

26 E havia janellas estreitas, e palmas, d’uma e d’outra banda, pelas bandas do vestibulo, como tambem nas camaras do templo e nas grossas traves.

[1] I Reis 6.20. II Chr. 3.8.

[2] I Reis 6.5, 6.

[3] I Reis 6.8.

[4] cap. 40.5.

[5] cap. 40.16. ver. 26.

[6] I Reis 6.29.

[7] cap. 1.10.

[8] Exo. 30.1.

[9] cap. 44.16. Mal. 1.7, 12. Exo. 30.8.

A restauração do templo: as camaras sanctas.

42 Depois d’isto fez-me sair para fóra, ao atrio exterior, para a banda do caminho do norte; [1] e me levou ás camaras que estavam defronte do largo vazio, e que estavam defronte do edificio, da banda do norte.

2 Defronte do comprimento de cem covados era a entrada do norte: e a largura era de cincoenta covados.

3 Defronte dos vinte covados, que tinha o atrio interior, e defronte do pavimento que tinha o atrio exterior, [2] havia galeria contra galeria em tres andares.

4 E diante das camaras havia um[769] passeio de dez covados de largo, da banda de dentro, e um caminho d’um covado, e as suas entradas da banda do norte.

5 E as camaras de cima eram mais estreitas; porquanto as galerias eram mais altas do que aquellas, a saber, as de baixo e as do meio do edificio.

6 Porque ellas eram de tres andares, porém não tinham columnas como as columnas dos atrios; por isso desde o chão se iam estreitando, mais do que as de baixo e as do meio.

7 E o muro que estava de fóra, defronte das camaras, no caminho do atrio exterior, por diante das camaras, tinha cincoenta covados de comprimento.

8 Porque o comprimento das camaras, que tinha o atrio exterior, era de cincoenta covados; e eis que defronte do templo havia cem covados.

9 E debaixo d’estas camaras estava a entrada do oriente, quando se entra n’ellas do atrio de fóra.

10 Na largura do muro do atrio para o caminho do oriente, diante do logar vazio, e diante do edificio, havia tambem camaras.

11 E o caminho [3] de diante d’ellas era da feição das camaras, e olhava para o caminho do norte; conforme o seu comprimento, assim era a sua largura; e todas as suas saidas eram tambem conforme as suas feições, e conforme as suas entradas.

12 E conforme as entradas das camaras, que olhavam para o caminho do sul, havia tambem uma entrada no topo do caminho, do caminho de diante do muro direito, para o caminho do oriente, quando se entra por ellas.

13 Então me disse: As camaras do norte, e as camaras do sul, que estão diante do logar vazio, ellas são camaras sanctas, [4] em que os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, comerão as coisas mais sanctas: ali porão as coisas mais sanctas, [5] e as offertas de comer, e a expiação pelo peccado, e a expiação pela culpa; porque o logar é sancto.

14 Quando [6] os sacerdotes entrarem, não sairão do sanctuario para o atrio exterior, mas porão ali as suas vestiduras com que ministraram, porque ellas são sanctidade; e vestir-se-hão d’outras vestiduras, e assim se approximarão do [ACA] que toca ao povo.

15 E, acabando elle de medir o templo interior, elle me fez sair pelo caminho da porta, cuja face olha para o caminho do oriente; e a mediu em redor.

16 Mediu a banda oriental com a canna de medir, quinhentas cannas com a canna de medir ao redor.

17 Mediu a banda do norte, quinhentas cannas com a canna de medir ao redor.

18 A banda do sul tambem mediu, quinhentas cannas com a canna de medir.

19 Deu uma volta para a banda do occidente, e mediu quinhentas cannas com a canna de medir.

20 Pelas quatro bandas a mediu, e tinha um muro em redor, [7] quinhentas cannas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o sancto e o profano.

[1] cap. 41.12, 5.

[2] cap. 41.16.

[3] ver. 4.

[4] Lev. 6.16, 26 e 24.9.

[5] Lev. 2.3, 10 e 6.14, 17, 25, 29 e 7.1.

[6] cap. 44.19.

[7] cap. 40.5 e 45.2.

A restauração do templo: a gloria do Senhor.

43 Então me levou á porta, á porta que olha [1] para o caminho do oriente.

2 E eis que [2] a gloria do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas aguas, [3] e a terra resplandeceu por causa da sua gloria.

3 E o aspecto da visão [4] que vi era como o aspecto que eu tinha visto quando vim a destruir a cidade; e eram os aspectos da visão como o aspecto que vi [5] junto ao rio de Chebar; e cahi sobre o meu rosto.

4 E a gloria [6] do Senhor entrou no templo pelo caminho da porta, cuja face está para o caminho do oriente.

5 E levantou-me o [7] espirito, e me levou ao atrio interior: [8] e eis que a gloria do Senhor encheu o templo.

6 E ouvi a um que fallava comigo de dentro do templo, [9] e estava um homem em pé junto comigo.

7 E me disse: Filho do homem, este é o logar do meu throno, e o logar das plantas dos meus pés, [10] onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; [11] e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome sancto, nem elles nem os seus reis, pelas suas fornicações, e pelos cadaveres dos seus reis, nos seus altos,

8 Pondo [12] o seu umbral ao pé do meu umbral, e a sua umbreira junto á minha umbreira, e havendo uma parede entre[770] mim e entre elles; e contaminaram o meu sancto nome com as suas abominações que faziam; por isso eu os consumi na minha ira.

9 Agora lançarão para longe [13] de mim a sua fornicação, e os cadaveres dos seus reis, e habitarei no meio d’elles para sempre.

A restauração do templo: o altar dos holocaustos.

10 Tu pois, ó filho do homem, [14] mostra á casa de Israel esta casa, para que se envergonhe das suas maldades, e meça o exemplar d’ella.

11 E, envergonhando-se elles de tudo quanto fizeram, faze-lhes saber a forma d’esta casa, e a sua figura, e as suas saidas, e as suas entradas, e todas as suas formas, e todos os seus estatutos, todas as suas formas, e todas as suas leis; e escreve-as aos seus olhos, para que guardem toda a sua forma, e todos os seus estatutos, e os façam.

12 Esta é a lei da casa: [15] Sobre o cume do monte todo o seu contorno em redor será sanctidade de sanctidades; eis que esta é a lei da casa.

13 E estas são as medidas do altar, [16] pelos covados; o covado é um covado e um palmo: e [ACB] o seio d’um covado de altura, e um covado de largura, e o seu contorno da sua borda ao redor, d’um palmo; e [ACC] esta é a base do altar.

14 E [ACD] do seio desde a terra até á listra de baixo, dois covados, e de largura um covado; e desde a pequena listra até á listra grande, quatro covados, e a largura d’um covado.

15 E o [ACE] Harel, de quatro covados: e desde o [ACF] Ariel e até acima havia quatro cornos.

16 E o Ariel terá doze covados de comprimento, e doze de largura, quadrado nos quatro lados.

17 E a listra, quatorze covados de comprimento, e quatorze de largura, nos seus quatro lados; e o contorno, ao redor d’ella, de meio covado, e o [ACG] seio d’ella, de um covado, ao redor: [17] e os seus degraus olhavam para o oriente.

18 E me disse: Filho do homem, assim diz o Senhor Jehovah: Estes são os estatutos do altar, no dia em que o farão, [18] para offerecer sobre elle holocausto e para espalhar sobre elle sangue.

19 E aos sacerdotes levitas, que são da semente de Zadoc, que se chegam a mim (diz o Senhor Jehovah) para me servirem, [19] darás um bezerro, [20] para expiação do peccado.

20 E tomarás do seu sangue, e o porás sobre os seus quatro cornos, e nas quatro esquinas da listra, e no contorno ao redor: assim o purificarás e o expiarás.

21 Então tomarás o bezerro da expiação do peccado, [21] e o queimarão no logar da casa para isso ordenado, fóra do sanctuario.

22 E no segundo dia offerecerás um bode, sem mancha, para expiação do peccado: e purificarão o altar, como o purificaram com o bezerro.

23 E, acabando tu de o purificar, offerecerás um bezerro, sem mancha, e um carneiro do rebanho, sem mancha.

24 E os offerecerás perante a face do Senhor; [22] e os sacerdotes deitarão sal sobre elles, e os offerecerão em holocausto ao Senhor.

25 Por [23] sete dias prepararás um bode de expiação cada dia: tambem prepararão um bezerro, e um carneiro do rebanho, sem mancha.

26 Por sete dias expiarão o altar, e o purificarão, e [ACH] encherão as suas mãos.

27 E, [24] cumprindo elles estes dias, será que, ao oitavo dia, e d’ali em diante, prepararão os sacerdotes sobre o altar os vossos holocaustos e os vossos sacrificios pacificos; e eu [ACI] me deleitarei em vós, [25] diz o Senhor Jehovah.

[1] cap. 10.19 e 44.1 e 46.1.

[2] cap. 11.23 e 14.2 e 19.1, 6.

[3] cap. 10.4. Apo. 18.1.

[4] cap. 8.4.

[5] cap. 1.3 e 3.23.

[6] cap. 10.19 e 44.2.

[7] cap. 3.12, 14 e 8.3.

[8] I Reis 8.10, 11. cap. 44.4.

[9] cap. 40.3.

[10] Exo. 29.45. Joel 3.17. João 1.14. II Cor. 6.16.

[11] cap. 39.7. Lev. 26.30.

[12] II Reis 21.4, 5, 7.

[13] ver. 7.

[14] cap. 40.4.

[15] cap. 40.2.

[16] cap. 41.8.

[17] Exo. 20.26.

[18] Lev. 1.5.

[19] cap. 45.15.

[20] Exo. 29.10, 12. Lev. 8.14, 15. cap. 45.18, 19.

[21] Exo. 29.14. Heb. 13.11.

[22] Lev. 2.13.

[23] Exo. 29.35, 36. Lev. 8.33.

[24] Lev. 9.1.

[25] Job 42.8. cap. 20.40, 41. Rom. 12.1. I Ped. 2.5.

A restauração do templo: reformas no ministerio do sanctuario.

44 Então me fez voltar para o caminho da porta do sanctuario exterior, [1] que olha para o oriente, a qual estava fechada.

2 E disse-me o Senhor: Esta porta estará fechada, não se abrirá, nem ninguem entrará por ella; [2] porquanto o Senhor Deus de Israel entrou por ella: por isso estará fechada.

3 O principe, o principe, elle se assentará n’ella, [3] para comer o pão diante do Senhor; pelo caminho do vestibulo da porta entrará, e pelo caminho d’elle sairá.

4 Depois me levou pelo caminho da porta do norte, diante da casa; e olhei, [4] e eis que a gloria do Senhor encheu a[771] casa do Senhor; então cahi sobre o meu rosto.

5 E disse-me o Senhor: Filho do homem, [5] [ACJ] põe no teu coração, e olha com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, tudo quanto eu fallar comtigo de todos os estatutos da casa do Senhor, e de todas as suas leis; e põe o teu coração na entrada da casa, com todas as saidas do sanctuario.

6 E dize ao rebelde, á casa de Israel: [6] Assim diz o Senhor Jehovah: Bastem-vos todas as vossas abominações, ó casa d’Israel!

7 Porque [7] introduzistes estranhos, incircumcisos de coração e incircumcisos de carne, para estarem no meu sanctuario, para o profanarem em minha casa, [8] quando offereceis o meu pão, a gordura, e o sangue; e elles invalidaram o meu concerto, por causa de todas as vossas abominações.

8 E não guardastes a ordenança das minhas coisas sagradas; antes vos constituistes, a vós mesmos, guardas da minha ordenança no meu sanctuario.

9 Assim diz o Senhor Jehovah: Nenhum estranho, [9] incircumciso de coração nem incircumciso de carne, entrará no meu sanctuario, d’entre os estranhos que se acharem no meio dos filhos de Israel.

10 Mas [10] os levitas que se apartaram para longe de mim, quando Israel andava errado, os quaes andavam errados, desviados de mim, por irem atraz dos seus idolos, bem levarão sobre si a sua iniquidade.

11 Comtudo serão ministros no meu sanctuario, nos officios das portas da casa, [11] e servirão a casa: elles degolarão o holocausto, e o sacrificio para o povo, [12] e elles estarão perante elles, para os servir.

12 Porque lhes ministraram diante dos seus idolos, e serviram á casa de Israel de tropeço de maldade: por isso eu levantei a minha mão sobre elles, diz o Senhor Jehovah, e elles levarão sobre si a sua iniquidade.

13 E [13] não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdocio, nem para se chegarem a alguma de todas as minhas coisas sagradas, ás sanctidades de sanctidades, [14] mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que commetteram.

14 Comtudo, [15] os constituirei guardas da ordenança da casa, em todo o seu serviço, e em tudo o que n’ella se fizer.

15 Mas os sacerdotes [16] leviticos, os filhos de Zadoc, que guardaram a ordenança do meu sanctuario quando os filhos de Israel andavam errados de mim, elles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, [17] para me offerecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Jehovah.

16 Elles entrarão no meu sanctuario, e elles se chegarão á minha mesa, para me servirem, e guardarão a minha ordenança.

17 E será que, quando entrarem pelas portas do atrio interior, [18] se vestirão de vestiduras de linho; e não subirá lã sobre elles, quando servirem nas portas do atrio interior, e dentro.

18 Coifas de linho [19] estarão sobre as suas cabeças, e ceroulas de linho estarão sobre os seus lombos: não se cingirão de modo que lhes venha suor.

19 E, saindo elles ao atrio exterior, ao atrio exterior ao povo, [20] despirão as suas vestiduras com que elles ministraram, e as porão nas sanctas camaras, e se vestirão de outros vestidos, [21] para que não sanctifiquem o povo estando com as suas vestiduras.

20 E a sua cabeça não raparão, [22] nem deixarão crescer o seu cabello; antes, como convem, tosquiarão as suas cabeças.

21 E [23] nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no atrio interior.

22 E elles [24] não se casarão nem com viuva nem com repudiada, mas tomarão virgens da semente da casa de Israel, ou viuva que fôr viuva de sacerdote.

23 E [25] a meu povo ensinarão a differença entre o sancto e o profano, e lhe farão saber a differença entre o impuro e o puro.

24 E, [26] quando houver pleito, elles assistirão a elle para o julgarem; pelos meus juizos o julgarão: e as minhas leis e os meus estatutos em todas as minhas solemnidades guardarão, e os meus sabbados sanctificarão.

25 E elles não entrarão a [27] homem morto, para se contaminarem; mas por pae, ou por mãe, ou por filho, ou por filha, ou por irmão, ou por irmã que não tiver marido, se poderão contaminar.

[772]

26 E, [28] depois da sua purificação, lhe contarão sete dias.

27 E, no dia em que elle entrar no logar sancto, [29] no atrio interior, para ministrar no logar sancto, offerecerá a sua expiação pelo peccado, diz o Senhor Jehovah.

28 E isto lhes será por herança: [30] eu serei a sua herança: não lhes dareis portanto possessão em Israel: eu sou a sua possessão.

29 A offerta de manjares, e o sacrificio pelo peccado, [31] e o sacrificio pela culpa elles comerão; e toda a coisa consagrada em Israel será d’elles.

30 E as primicias [32] de todos os primeiros fructos de tudo, e toda a offerta de todas as vossas offertas, serão dos sacerdotes; [33] tambem as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote; [34] para que faça repousar a benção sobre a tua casa.

31 Nenhuma coisa, que de si mesmo haja morrido ou haja sido arrebatada de aves e das bestas, comerão os sacerdotes.

[1] cap. 43.1.

[2] cap. 43.4.

[3] Gen. 31.54. I Cor. 10.18. cap. 46.2, 8.

[4] cap. 3.23 e 43.5.

[5] cap. 40.4.

[6] cap. 2.5. cap. 45.9. I Ped. 4.3.

[7] cap. 43.8. ver. 9. Act. 21.28. Lev. 22.25 e 26.41. Deu. 10.16.

[8] Lev. 21.6, 8, 17, 21. Lev. 3.16 e 17.11.

[9] ver. 7.

[10] II Chr. 29.4, 5. cap. 48.11.

[11] I Chr. 26.1. II Chr. 29.34.

[12] Num. 16.9.

[13] Num. 18.3. II Reis 23.9.

[14] cap. 32.30 e 36.7.

[15] Num. 18.4.

[16] cap. 40.46 e 43.19. ver. 10.

[17] ver. 7.

[18] Exo. 28.39, 40, 43 e 39.27, 28.

[19] Exo. 28.40, 42 e 39.28.

[20] cap. 42.14.

[21] cap. 46.20. Exo. 29.37 e 30.29. Lev. 6.27. Mat. 23.17, 19.

[22] Lev. 21.5.

[23] Lev. 10.9.

[24] Lev. 21.7, 13, 14.

[25] Lev. 10.10, 11. cap. 22.26. Mal. 2.7.

[26] Deu. 17.8, etc.

[27] Lev. 21.1, etc.

[28] Num. 6.10 e 19.11, etc.

[29] ver. 17. Lev. 4.3.

[30] Num. 18.20. Deu. 18.1, 2. Jos. 13.14, 33.

[31] Lev. 6.18, 29 e 7.6.

[32] Exo. 13.2 e 22.29, 30. Num. 3.13.

[33] Num. 15.20. Neh. 10.37. Pro. 3.9, 10.

[34] Exo. 22.31. Lev. 22.8.

A repartição da terra: o logar sancto.

45 Quando pois repartirdes a terra por sortes em herança, offerecereis uma offerta ao Senhor, um logar sancto da terra: o comprimento será o comprimento de vinte e cinco mil cannas de medir, e a largura de dez mil: este será sancto em todo o seu contorno ao redor.

2 Serão d’isto para [1] o sanctuario quinhentas com mais quinhentas, em quadrado do redor, e terá em redor um arrabalde de cincoenta covados.

3 E d’esta medida medirás o comprimento de vinte e cinco mil covados, e a largura de dez mil: [2] e ali estará o sanctuario e o logar sanctissimo.

4 Este será o logar [3] sancto da terra; elle será para os sacerdotes que administram o sanctuario e se approximam para servir ao Senhor; e lhes servirá de logar para casas, e de logar sancto para o sanctuario.

5 E terão os levitas, ministros da casa, em possessão sua, [4] vinte e cinco mil medidas de comprimento, [5] para vinte camaras.

6 E para possessão da cidade, [6] de largura dareis cinco mil cannas, e de comprimento vinte e cinco mil, [ACK] defronte da offerta sancta: o que será para toda a casa de Israel.

7 O principe porém terá a sua parte d’esta e da outra [7] banda da sancta offerta, e da possessão da cidade, diante da sancta offerta, e diante da possessão da cidade, da esquina occidental para o occidente, e da esquina oriental para o oriente; e será o comprimento, defronte d’uma das partes, desde o termo occidental até ao termo oriental.

8 E esta terra será a sua possessão em Israel; [8] e os meus principes nunca mais opprimirão o meu povo, antes deixarão a terra á casa de Israel, conforme as suas tribus.

9 Assim diz o Senhor Jehovah: vos baste, ó principes de Israel; [9] affastae a violencia e a assolação, e praticae juizo e justiça: tirae as vossas imposições do meu povo, diz o Senhor Jehovah.

10 Balanças justas, [10] e epha justo, e bato justo tereis.

11 O epha e o bato serão d’uma mesma medida, de maneira que o bato contenha a decima parte do homer, e o epha a decima parte do homer; conforme o homer será a sua medida.

12 E o siclo [11] será de vinte geras: vinte siclos, vinte e cinco siclos, e quinze siclos vos servirão d’um arratel.

13 Esta será a offerta que haveis de offerecer: a sexta parte d’um epha de cada homer de trigo; tambem dareis a sexta parte d’um epha de cada homer de cevada.

14 Quanto ao estatuto do azeite, de cada bato de azeite offerecereis a decima parte d’um bato tirado d’um coro, que é um homer de dez batos; porque dez batos fazem um homer.

15 E um cordeiro do rebanho, de cada duzentos, da mais regada terra de Israel, para offerta de manjares, e para [12] holocausto, e para sacrificio pacifico; para fazer expiação por elles, diz o Senhor Jehovah.

16 Todo o povo da terra concorrerá a esta offerta, pelo principe em Israel.

17 E estarão a cargo do principe os holocaustos, e as offertas de manjares, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sabbados, em todas as solemnidades da casa de Israel: elle fará a expiação pelo peccado, e a offerta de manjares, e o holocausto, e[773] os sacrificios pacificos, para fazer expiação pela casa de Israel.

18 Assim diz o Senhor Jehovah: No primeiro mez, no primeiro dia do mez, [13] tomarás um bezerro sem mancha, e purificarás o sanctuario.

19 E o sacerdote [14] tomará do sangue do sacrificio pela expiação, e porá d’elle nas hombreiras da casa, e nas quatro esquinas da listra do altar, e nas hombreiras da porta do atrio interior.

20 Assim tambem farás no setimo dia do mez, [15] por causa dos que erram, e por causa dos simplices: assim expiareis a casa.

21 No [16] primeiro mez, no dia quatorze do mez, tereis a paschoa, uma festa de sete dias; pão asmo se comerá.

22 E o principe no mesmo dia, por si e por todo o povo da terra, [17] preparará um bezerro de expiação pelo peccado.

23 E nos sete dias [18] da festa preparará um holocausto ao Senhor, de sete bezerros e sete carneiros sem mancha, cada dia durante os sete dias; [19] e o sacrificio de expiação d’um bode cada dia.

24 Tambem preparará [20] uma offerta de manjares, a saber, um epha, para cada bezerro, e um epha para cada carneiro, e um hin de azeite para cada epha.

25 No setimo mez, no dia quinze do mez, na festa, fará o mesmo todos os sete dias, [21] tanto o sacrificio pela expiação, como o holocausto, e como a offerta de manjares, e como o azeite.

[1] cap. 42.20.

[2] cap. 48.10.

[3] ver. 1. cap. 48.10, etc.

[4] cap. 48.13.

[5] cap. 40.17.

[6] cap. 48.15.

[7] cap. 48.21.

[8] cap. 46.18. Jer. 22.17. cap. 22.27.

[9] Jer. 22.3.

[10] Lev. 19.35, 36. Pro. 11.1.

[11] Exo. 30.13. Lev. 27.25. Num. 3.47.

[12] Lev. 1.4.

[13] Lev. 16.16.

[14] cap. 43.20.

[15] Lev. 4.27.

[16] Exo. 12.18. Lev. 23.5, 6. Num. 9.2, 3. Deu. 16.1, etc.

[17] Lev. 4.14.

[18] Lev. 23.8.

[19] Num. 28.15, 22, 30 e 20.5, 11, 16, 19.

[20] cap. 46.5, 7.

[21] Lev. 23.34. Num. 29.12. Deu. 16.13.

46 Assim diz o Senhor Jehovah: A porta do atrio interior, que olha para o oriente, estará fechada os seis dias que são de trabalho; porém no dia de sabbado ella se abrirá; tambem no dia da lua nova se abrirá.

2 E o principe [1] entrará pelo caminho do vestibulo da porta, por fóra, e estará em pé na hombreira da porta; e os sacerdotes prepararão o seu holocausto, e os seus sacrificios pacificos, e elle se prostrará no umbral da porta, e sairá; porém a porta não se fechará até á tarde.

3 E o povo da terra se prostrará á entrada da mesma porta, nos sabbados e nas luas novas, diante do Senhor.

4 E o holocausto, [2] que o principe offerecerá ao Senhor, será, no dia de sabbado, seis cordeiros sem mancha e um carneiro sem mancha.

5 E a offerta [3] de manjares será um epha para cada carneiro; e para cada cordeiro, a offerta de manjares será um dom da sua mão; e de azeite um hin para cada epha.

6 Mas no dia da lua nova será um bezerro, sem mancha; e seis cordeiros e um carneiro, elles serão sem mancha.

7 E preparará por offerta de manjares um epha para o bezerro e um epha para o carneiro, mas para os cordeiros, conforme o que alcançar a sua mão; e um hin de azeite para um epha.

8 E, quando [4] entrar o principe, entrará pelo caminho do vestibulo da porta, e sairá pelo mesmo caminho.

9 Mas, quando vier o povo da terra perante [5] a face do Senhor nas solemnidades, aquelle que entrar pelo caminho da porta do norte, para adorar, sairá pelo caminho da porta do sul; e aquelle que entrar pelo caminho da porta do sul sairá pelo caminho da porta do norte: não tornará pelo caminho da porta por onde entrou, mas sairá pela outra que está opposta.

10 E o principe no meio d’elles entrará, quando elles entrarem, e, saindo elles, sairão todos.

11 E nas festas e nas solemnidades será a offerta de manjares um epha para o bezerro, [6] e um epha para o carneiro, mas para os cordeiros um dom da sua mão; e de azeite um hin para um epha.

12 E, quando o principe fizer offerta voluntaria de holocaustos, ou de sacrificios pacificos, por offerta voluntaria ao Senhor, [7] então lhe abrirão a porta que olha para o oriente, e fará o seu holocausto e os seus sacrificios pacificos, como houver feito no dia de sabbado; e sairá, e se fechará a porta depois d’elle sair.

13 E prepararás um cordeiro d’um anno sem mancha, em holocausto ao Senhor, cada dia: [8] todas as manhãs o prepararás.

14 E, por offerta de manjares farás juntamente com elle, todas as manhãs, a sexta parte d’um epha, e de azeite a terça parte d’um hin, para [ACL] sovar a flor de farinha; por offerta de manjares para o Senhor, em estatutos perpetuos e continuos.

15 Assim prepararão o cordeiro, e a offerta de manjares, e o azeite, todas as manhãs, em holocausto continuo.

16 Assim diz o Senhor Jehovah:[774] Quando o principe der um presente da sua herança a algum de seus filhos, isto será para seus filhos: será possessão d’elles por herança.

17 Porém, dando elle um presente da sua herança a algum dos seus servos, será d’este até ao anno [ACM] da liberdade; então tornará para o principe, porque herança d’elle é; seus filhos, elles a herdarão.

18 E o principe [9] não tomará nada da herança do povo, para os defraudar da sua possessão: da sua possessão deixará herança a seus filhos, para que o meu povo não seja espalhado, cada um da sua possessão.

19 Depois d’isto me trouxe pela entrada que estava ao lado da porta, ás camaras sanctas dos sacerdotes, que olhavam para o norte; e eis que ali estava um logar em ambos os lados, para a banda do occidente.

20 E elle me disse: [10] Este é o logar onde os sacerdotes cozerão o sacrificio pela culpa, e o sacrificio pelo peccado, [11] e onde cozerão a offerta de manjares, para que a não tragam ao atrio exterior [12] para sanctificarem o povo.

21 Então me levou para fóra, para o atrio exterior, e me fez passar ás quatro esquinas do atrio: e eis que em cada esquina do atrio havia outro atrio.

22 Nas quatro esquinas do atrio havia outros atrios com chaminés de quarenta covados de comprimento e de trinta de largura: estas quatro esquinas tinham uma mesma medida.

23 E um muro havia ao redor d’ellas, ao redor das quatro: e havia cozinhas feitas por baixo dos muros ao redor.

24 E me disse: Estas são as casas dos cozinheiros, [13] onde os ministros da casa cozerão o sacrificio do povo.

[1] ver. 8.

[2] cap. 56.17.

[3] cap. 45.24. ver. 7, 11.

[4] ver. 2.

[5] Exo. 23.14-17. Deu. 16.16.

[6] ver. 5.

[7] cap. 44.3. ver. 2.

[8] Exo. 29.38. Num. 28.3.

[9] cap. 45.8.

[10] II Chr. 35.13.

[11] Lev. 2.4, 5, 7.

[12] cap. 44.19.

[13] ver. 20.

A torrente das aguas purificadoras.

47 Depois d’isto me fez voltar á entrada da casa, e eis que sahiam umas aguas [1] debaixo do umbral da casa para o oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as aguas desciam de debaixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar.

2 E elle me tirou pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fóra, até á porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que manavam umas aguas desde a banda direita.

3 E, [2] saindo aquelle homem para o oriente, tinha na mão um cordel de medir; e mediu mil covados, e me fez passar pelas aguas, aguas que me davam pelos artelhos.

4 E mediu mil covados, e me fez passar pelas aguas, aguas que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil, e me fez passar por aguas que me davam pelos lombos.

5 E mediu mais mil, e era um ribeiro, que eu não podia passar, porque as aguas eram profundas, aguas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar.

6 E me disse: Porventura viste isto, ó filho do homem? Então me levou, e me tornou a trazer á borda do ribeiro.

7 E, tornando eu, eis que á borda do ribeiro havia uma grande abundancia de arvores, [3] de uma e de outra banda.

8 Então me disse: Estas aguas saem para a Galilea do oriente, e descem á campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as aguas.

9 E será que toda a creatura vivente que nadar por onde quer que entrarem estes dois ribeiros viverá, e haverá muitissimo peixe; porque lá chegarão estas aguas, e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar este ribeiro.

10 Será tambem que os pescadores estarão em pé junto a elle, desde Engedi até En-eglaim; haverá tambem logares para estender as redes: o seu peixe, segundo a sua especie, [4] será como o peixe do mar grande, em multidão excessiva.

11 Porém os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal.

12 E [5] junto ao ribeiro, á sua borda, de uma e de outra banda, subirá toda a sorte de arvore que dá fructo para se comer: não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fructo: nos seus mezes produzirá novos fructos, porque as suas aguas saem do sanctuario; e o seu fructo servirá de comida [6] e a sua folha de remedio.

As fronteiras da terra de Israel.

13 Assim diz o Senhor Jehovah: Este será o termo conforme o qual tomareis a terra em herança, segundo as doze tribus de Israel: [7] José terá duas partes.

14 E vós a herdareis, tanto um como o outro; [8] terra sobre a qual levantei a minha mão, para a dar a vossos paes: assim que esta mesma terra vos cairá a vós em herança.

[775]

15 E este será o termo da terra, da banda do norte: desde o mar grande, [9] caminho de Hethlon, até á entrada de Zedad;

16 Hamath, [10] Berotha, Sibraim, que estão entre o termo de Damasco e entre o termo de Hamath: Hazer-hattichon, que está junto ao termo de Havran.

17 E o termo será desde o [11] mar Hazer-enon, o termo de Damasco, e o norte, que olha para o norte, e o termo de Hamath: e este será o termo do norte.

18 E o termo do oriente, entre Hauran, e Damasco, e Gilead, e a terra de Israel será o Jordão; desde o termo do norte até ao mar do oriente medireis: e este será o termo do oriente.

19 E o termo do sul, ao sul será desde Tamar, até ás [12] aguas [ACN] da contenda de Cades, junto ao ribeiro, até ao mar grande: e este será o termo do sul ao sul.

20 E o termo do occidente será o mar grande, desde o termo do sul até a entrada de Hamath: este será o termo do occidente.

21 Repartireis pois esta terra entre vós, segundo as tribus de Israel.

22 Será, porém, que a sorteareis para vossa herança, e para a dos estrangeiros que peregrinam no meio de vós, que gerarão filhos no meio de vós; e vos serão como naturaes entre os filhos de Israel; comvosco entrarão em herança, no meio das tribus de Israel.

23 E será que na tribu em que peregrinar o estrangeiro ali lhe dareis a sua herança, diz o Senhor Jehovah.

[1] Joel 3.18. Zac. 13.1 e 14.8. Apo. 22.1.

[2] cap. 40.3.

[3] ver. 12. Apo. 22.2.

[4] Num. 34.6. Jos. 23.4. cap. 48.28.

[5] ver. 7. Jer. 17.8.

[6] Apo. 22.2.

[7] I Chr. 5.1. cap. 48.4, 5.

[8] Gen. 12.7 e 13.15. cap. 20.5, 6.

[9] cap. 48.1. Num. 34.8.

[10] Num. 34.8. II Sam. 8.8.

[11] Num. 34.9. cap. 48.1.

[12] Num. 20.13. Deu. 32.51. cap. 48.28.

Os termos das doze tribus.

48 E estes são os nomes das tribus: [1] desde o fim do norte, da banda do caminho de Hethlon, vindo para Hamath, Hazer-enon, o termo de Damasco para o norte, ao pé de Hamath: e ella terá a banda do oriente e do occidente; Dan terá uma porção.

2 E junto ao termo de Dan, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Aser terá uma porção.

3 E junto ao termo de Aser, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Naphtali uma porção.

4 E junto ao termo de Naphtali, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Manassés uma porção.

5 E junto ao termo de Manassés, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Ephraim uma porção.

6 E junto ao termo de Ephraim, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Ruben uma porção.

7 E junto ao termo de Ruben, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Judah uma porção.

8 E junto ao termo de Judah, desde a banda do oriente até á banda do occidente, [2] será a offerta que haveis de offerecer, vinte e cinco mil cannas de largura, e de comprimento como uma das demais partes, desde a banda do oriente até á banda do occidente; e o sanctuario estará no meio d’ella.

9 A offerta que haveis de offerecer ao Senhor será do comprimento de vinte e cinco mil cannas, e da largura de dez mil.

10 E ali será a offerta sancta para os sacerdotes, para o norte vinte e cinco mil cannas de comprimento, e para o occidente dez mil de largura, e para o oriente dez mil de largura, e para o sul vinte e cinco mil de comprimento: e o sanctuario do Senhor estará no meio d’ella.

11 E será [3] para os sacerdotes sanctificados d’entre os filhos de Zadoc, que guardaram a minha ordenança, que não andaram errados, quando os filhos d’Israel andavam errados, [4] como erraram os outros levitas.

12 E o offerecido da offerta da terra lhes será sanctidade de sanctidades, junto ao termo dos levitas.

13 E os levitas terão defronte do termo dos sacerdotes vinte e cinco mil cannas de comprimento, e de largura dez mil: todo o comprimento será vinte e cinco mil, e a largura dez mil.

14 E [5] não venderão d’isto, nem trocarão, nem transferirão as primicias da terra, porque é sanctidade ao Senhor.

15 Porém [6] as cinco mil, as que ficaram da largura diante das vinte e cinco mil, [7] ficarão profanas para a cidade, para habitação e para arrabaldes; e a cidade estará no meio d’ellas.

16 E estas serão as suas medidas: a banda do norte de quatro mil e quinhentas cannas, e a banda do sul de quatro mil e quinhentas, e a banda do oriente de quatro mil e quinhentas, e a banda do occidente de quatro mil e quinhentas.

17 E os arrabaldes da cidade serão para o norte de duzentas e cincoenta cannas, e para o sul de duzentas e cincoenta, e para o oriente de duzentas e cincoenta, e para o occidente de duzentas e cincoenta.

[776]

18 E, quanto ao que ficou do resto do comprimento, defronte da sancta offerta, será dez mil para o oriente, e dez mil para o occidente; e estará defronte da sancta offerta; e a sua novidade será para sustento d’aquelles que servem a cidade.

19 E [8] os que servem a cidade servil-a-hão d’entre todas as tribus d’Israel.

20 Toda a offerta será de vinte e cinco mil cannas com mais vinte e cinco mil: em quadrado offerecereis a sancta offerta, com a possessão da cidade.

21 E o que ficou de resto [9] será para o principe; d’esta e da outra banda da sancta offerta, e da possessão da cidade, diante das vinte e cinco mil cannas da offerta, até ao termo do oriente e do occidente, diante das vinte e cinco mil, até ao termo do occidente, defronte das porções, será para o principe: [10] e a offerta sancta e o sanctuario da casa será no meio d’ella.

22 E desde a possessão dos levitas, e desde a possessão da cidade, no meio do que será para o principe, entre o termo de Judah e o termo de Benjamin, será para o principe.

23 E, quanto ao resto das tribus, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Benjamin terá uma porção.

24 E junto ao termo de Benjamin, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Simeão uma porção.

25 E junto ao termo de Simeão, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Issacar uma porção.

26 E junto ao termo de Issacar, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Zebulon uma porção.

27 E junto ao termo de Zebulon, desde a banda do oriente até á banda do occidente, Gad uma porção.

28 E junto ao termo de Gad, ao sul, da banda do sul, [11] será o termo de Tamar até ás aguas [ACO] da contenda de Cades, junto ao ribeiro até ao mar grande.

29 Esta [12] é a terra que sorteareis em herança ás tribus de Israel; e estas são as suas porções, diz o Senhor Jehovah.

30 E estas são as saidas da cidade, desde a banda do norte: quatro mil e quinhentas medidas.

31 E [13] as portas da cidade serão conforme os nomes das tribus de Israel: tres portas para o norte: a porta de Ruben uma, a porta de Judah outra, a porta de Levi outra.

32 E da banda do oriente quatro mil e quinhentas medidas, e tres portas, a saber: a porta de José uma, a porta de Benjamin outra, a porta de Dan outra.

33 E da banda do sul quatro mil e quinhentas medidas, e tres portas: a porta de Simeão uma, a porta de Issacar outra, a porta de Zebulon outra.

34 Da banda do occidente quatro mil e quinhentas medidas, e as suas tres portas: a porta de Gad uma, a porta de Aser outra, a porta de Naphtali outra.

35 Dezoito mil medidas em redor; [14] e o nome da cidade desde aquelle dia será: [ACP] O Senhor está ali.

[1] cap. 47.15, etc.

[2] cap. 46.1-6.

[3] cap. 44.15.

[4] cap. 44.10.

[5] Exo. 22.29. Lev. 27.10, 28, 33.

[6] cap. 45.6.

[7] cap. 42.20.

[8] cap. 45.6.

[9] cap. 45.7.

[10] ver. 8, 10.

[11] cap. 47.19.

[12] cap. 47.14, 21, 22.

[13] Apo. 21.12, etc.

[14] Jer. 33.16. Jer. 3.17. Joel 3.21. Zac. 2.10. Apo. 21.3 e 22.3.


DANIEL.

A educação de Daniel e outros jovens hebreos na côrte de Nabucodonozor.

Antes de Christo 606

1 No anno terceiro do reinado de Joaquim, [1] rei de Judah, veiu Nabucodonozor, rei de Babylonia, a Jerusalem, e a sitiou.

2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim, rei de Judah, [2] e uma parte dos vasos da casa de Deus, e os levou para a terra de Shinar, para a casa do seu deus, [3] e poz os vasos na casa do thesouro do seu deus.

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunuchos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da semente real e dos principes,

4 Mancebos [4] em quem não houvesse defeito algum, e formosos de parecer, e instruidos em toda a sabedoria, e sabios em sciencia, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistir no palacio do rei, e que os ensinassem [5] nas lettras e na lingua dos chaldeos.

5 E o rei lhes ordenou a ração de cada[777] dia, da porção do manjar do rei, e do vinho que elle bebia, e que assim fossem creados por tres annos, para que no fim d’elles [6] assistissem diante do rei.

6 E entre elles se achavam, d’entre os filhos de Judah, Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

7 E o chefe dos eunuchos lhes poz [7] outros nomes, a saber: a Daniel poz o de Belteshazzar, e a Hananias o de Sadrach, e a Misael o de Mesach, e a Azarias o de Abed-nego.

8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção [8] do manjar do rei, nem com o vinho que elle bebia; portanto pediu ao chefe dos eunuchos para não se contaminar.

9 Ora [9] deu Deus a Daniel graça e misericordia diante do chefe dos eunuchos.

10 E disse o chefe dos eunuchos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que ordenou a vossa comida e a vossa bebida; pois porque veria elle os vossos rostos mais tristes do que os dos mancebos que são vossos eguaes? assim arriscareis a minha cabeça para com o rei.

11 Então disse Daniel ao [ACQ] dispenseiro a quem o chefe dos eunuchos havia constituido sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:

12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que se nos dêem legumes a comer, e agua a beber.

13 Então se veja diante de ti o nosso parecer, e o parecer dos mancebos que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os teus servos.

14 E lhes consentiu isto, e os experimentou dez dias.

15 E, ao fim dos dez dias, appareceram os seus semblantes melhores, e elles estavam mais gordos de carne do que todos os mancebos que comiam porção do manjar do rei.

16 Então succedeu que o dispenseiro tirava a porção do manjar d’elles, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava legumes.

17 Quanto a estes quatro mancebos, [10] Deus lhes deu o conhecimento e a intelligencia em todas as lettras, e sabedoria; [11] mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos.

18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunuchos os trouxe diante de Nabucodonozor.

19 E o rei fallou com elles; porém entre todos elles não foram achados outros taes como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; e assistiam [12] diante do rei.

20 E em toda a materia de sabedoria e de intelligencia, que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrologos que havia em todo o seu reino.

21 E Daniel [13] esteve até ao primeiro anno do rei Cyro.

[1] II Reis 24.1. II Chr. 36.6.

[2] Jer. 27.19, 20. Gen. 10.10 e 11.2. Isa. 11.11. Zac. 5.11.

[3] II Chr. 36.7.

[4] Lev. 24.19, 20.

[5] Act. 7.22.

[6] ver. 19. Gen. 41.45. I Reis 10.3.

[7] Gen. 41.45. II Reis 24.17.

[8] Deu. 32.38. Eze. 4.13. Ose. 9.3.

[9] Gen. 39.21.

[10] I Reis 3.12. Act. 7.22.

[11] Num. 12.6.

[12] Gen. 41.46. ver. 5.

[13] cap. 6.28 e 10.1.

O decreto; o sonho do rei é interpretado por Daniel.

Antes de Christo 603

2 E no segundo anno do reinado de Nabucodonozor sonhou Nabucodonosor sonhos; [1] e o seu espirito se perturbou, e passou-se-lhe o seu somno.

2 E o rei mandou [2] chamar os magos, e os astrologos, e os encantadores, e os chaldeos, para que declarassem ao rei os seus sonhos: os quaes vieram e se apresentaram diante do rei.

3 E o rei lhes disse: Tive um sonho; e para saber o sonho está perturbado o meu espirito.

4 E os chaldeos disseram ao rei em syriaco: Ó rei, [3] vive eternamente! dize o sonho a teus servos, e declararemos a interpretação.

5 Respondeu o rei, e disse aos chaldeos: [ACR] A coisa me tem escapado; se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, [4] e as vossas casas serão feitas um monturo;

6 Mas se [5] vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dons, e dadivas, e grande honra; portanto declarae-me o sonho e a sua interpretação.

7 Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e declararemos a sua interpretação.

8 Respondeu o rei, e disse: Conheço eu certamente que vós quereis ganhar tempo; porque vêdes que a coisa me tem escapado.

9 De maneira que, se me não fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferir na minha presença, até que se mude o tempo: portanto dizei-me o sonho, para que eu entenda que me podeis declarar a sua interpretação.

10 Responderam os chaldeos na presença do rei, e disseram: Não ha ninguem sobre a terra que possa declarar a[778] palavra ao rei; pois nenhum rei ha, grande ou dominador, que requeresse coisa similhante d’algum mago, ou astrologo, ou chaldeo.

11 Porque a coisa que o rei requer é difficil; nem ha outro que a possa declarar diante do rei, [6] senão os deuses, cuja morada não é com a carne.

12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sabios de Babylonia.

13 E saiu o mandado, e sairam a matar os sabios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.

14 Então Daniel fallou avisada e prudentemente a Arioch, capitão da guarda do rei, que tinha saido para matar os sabios de Babylonia.

15 Respondeu, e disse a Arioch, prefeito do rei: Porque se apressa tanto o mandado da parte do rei? Então Arioch fez saber a coisa a Daniel.

16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe désse tempo, para declarar a interpretação ao rei.

17 Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber a coisa a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros:

18 Para [7] que pedissem misericordia ao Deus do céu, sobre este segredo, afim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto dos sabios de Babylonia.

19 Então foi revelado o segredo a Daniel n’uma [8] visão de noite: então Daniel louvou o Deus do céu.

20 Fallou Daniel, e disse: Seja bemdito o nome de Deus desde o seculo até ao seculo, porque d’elle é a sabedoria e a força;

21 E elle muda [9] os tempos e as horas; elle remove os reis e estabelece os reis: [10] elle dá sabedoria aos sabios e sciencia aos entendidos.

22 Elle revela o profundo e o escondido: [11] conhece o que está em trevas, e com elle a luz mora.

23 Ó Deus de meus paes, te louvo e celebro eu, que me déste sabedoria e força; [12] e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber [ACS] a coisa do rei.

24 Por isso Daniel entrou a Arioch, ao qual o rei tinha constituido para matar os sabios de Babylonia: entrou, e disse-lhe assim: Não mates os sabios de Babylonia; introduze-me na presença do rei, e declararei ao rei a interpretação.

25 Então Arioch depressa introduziu a Daniel na presença do rei, e disse-lhe assim: Achei um d’entre os filhos dos captivos de Judah, o qual fará saber ao rei a interpretação.

26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era Belteshazzar): Podes tu fazer-me saber o sonho que vi e a sua interpretação?

27 Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O segredo que o rei requer, nem sabios, nem astrologos, nem magos, nem adivinhos o podem declarar ao rei;

28 Mas [13] ha um Deus nos céus, o qual revela os segredos; elle pois fez saber ao rei Nabucodonozor o que ha de ser [14] no fim dos dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça na tua cama são estas:

29 Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos, ácerca do que ha de ser depois d’isto. Aquelle pois [15] que revela os segredos te fez saber o que ha de ser.

30 E a mim, [16] não pela sabedoria que em mim haja, mais do que em todos os viventes, me foi revelado este segredo, [17] mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesse os pensamentos do teu coração.

31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estatua: esta estatua era grande, e o seu esplendor era excellente, e estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrivel.

32 A cabeça [18] d’aquella estatua era de oiro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre;

33 As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.

34 Estavas vendo, até que uma pedra foi cortada, [19] sem mão, a qual feriu a estatua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.

35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o oiro, [20] e se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou logar algum para elles; mas a pedra, que feriu a estatua, se fez um [21] grande monte, e encheu toda a terra.

36 Este é o sonho; tambem a interpretação d’elle diremos na presença do rei.

37 Tu, [22] ó rei, és rei de reis: pois o Deus do céu te tem dado o reino, a potencia, e a força, e a magestade.

38 E onde [23] quer que habitem filhos[779] de homens, bestas do campo, e aves do céu, t’os entregou na tua mão, e fez que dominasses sobre todos elles; [24] tu és a cabeça de oiro.

39 E depois de ti se levantará outro reino, [25] inferior ao teu; e outro terceiro reino, de metal, o qual dominará sobre toda a terra.

40 E [26] o quarto reino será forte como ferro; da maneira que o ferro esmiuça e enfraquece tudo, como o ferro, que quebranta todas estas coisas, assim esmiuçará e quebrantará.

41 E, quanto [27] ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; comtudo haverá n’elle alguma coisa da firmeza do ferro, porquanto viste o ferro misturado com barro de lodo.

42 E os dedos dos pés, em parte de ferro e em parte de barro, querem dizer: por uma parte o reino será forte, e por outra será fragil.

43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-hão com semente humana, mas não se apegarão um ao outro, assim como o ferro se não mistura com o barro.

44 Mas, nos dias d’estes reis, [28] o Deus do céu levantará um reino que não será jámais destruido; e este reino não será deixado a outro povo: [29] esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas elle mesmo estará estabelecido para sempre.

45 Da maneira [30] que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem mãos, e ella esmiuçou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o oiro, o Deus grande fez saber ao rei o que ha de ser depois d’isto; e certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.

46 Então [31] o rei Nabucodonozor caiu sobre o seu rosto, e adorou a Daniel, [32] e ordenou que lhe sacrificassem offerta de manjares e perfumes suaves.

47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certo é que o vosso Deus é Deus de deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos segredos, [33] pois podeste revelar este segredo.

48 Então o rei engrandeceu a Daniel, [34] e lhe deu muitos e grandes dons, e o poz por governador de toda a provincia de Babylonia, [35] como tambem por principe dos prefeitos sobre todos os sabios de Babylonia.

49 E pediu Daniel ao rei, [36] e constituiu elle sobre os negocios da provincia de Babylonia a Sadrach, Mesach e Abed-nego; [37] porém Daniel estava á porta do rei.

[1] Gen. 41.8. cap. 4.5. Est. 6.1. cap. 6.18.

[2] Gen. 41.8. cap. 5.7.

[3] I Reis 1.31. cap. 3.9 e 5.10.

[4] Esd. 6.11. cap. 3.29.

[5] cap. 5.16.

[6] ver. 28. cap. 5.11.

[7] Mat. 18.19.

[8] Num. 12.6. Job 33.15, 16.

[9] I Chr. 29.30. Est. 1.13. cap. 7.25 e 11.6. Jer. 27.5.

[10] Thi. 1.5.

[11] Heb. 4.13. Thi. 1.17.

[12] ver. 18.

[13] Gen. 40.8. ver. 18, 47. Amós 4.13.

[14] Gen. 49.1.

[15] ver. 22, 28.

[16] Gen. 41.16. Act. 3.12.

[17] ver. 47.

[18] ver. 38, etc.

[19] cap. 8.25. II Cor. 5.1.

[20] Ose. 13.3.

[21] Isa. 2.2, 3.

[22] Esd. 7.12. Isa. 47.5. Jer. 27.6, 7. Eze. 26.7, 8, 10.

[23] cap. 4.21, 22. Jer. 27.6.

[24] ver. 32.

[25] cap. 5.28, 31. ver. 32.

[26] cap. 7.7, 23.

[27] ver. 33.

[28] ver. 28. cap. 4.34. Miq. 4.7. Luc. 1.32, 33.

[29] Isa. 60.12.

[30] ver. 35. Isa. 28.16.

[31] Act. 10.25 e 14.13.

[32] Esd. 6.10.

[33] ver. 28.

[34] ver. 6.

[35] cap. 5.11 e 9.4.

[36] cap. 3.12.

[37] Est. 2.19, 21 e 3.2.

A estatua de oiro: os companheiros de Daniel no forno de fogo ardente.

Antes de Christo 580

3 O rei Nabucodonozor fez uma estatua de oiro, a altura da qual era de sessenta covados, e a sua largura de seis covados: levantou-a no campo de Dura, na provincia de Babylonia.

2 E o rei Nabucodonozor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juizes, os thesoureiros, os conselheiros, os officiaes, e todos os governadores das provincias, para que viessem á consagração da estatua que o rei Nabucodonozor tinha levantado.

3 Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juizes, os thesoureiros, os conselheiros, os officiaes, e todos os governadores das provincias, á consagração da estatua que o rei Nabucodonozor tinha levantado, e estavam em pé diante da estatua que Nabucodonozor tinha levantado.

4 E o pregoeiro apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, [1] ó povos, nações e linguagens:

5 Quando ouvirdes o som da buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca, do psalterio, da [ACT] symphonia, e de toda a sorte de musica, vos prostrareis, e adorareis a estatua de oiro que o rei Nabucodonozor tem levantado.

6 E qualquer que se não prostrar e a não adorar, [2] será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente.

7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca, do psalterio, e de toda a sorte de musica, se prostraram todos os povos, nações e linguas, e adoraram a estatua de oiro que o rei Nabucodonozor tinha levantado.

8 Por isso, no mesmo instante se chegaram [3] alguns homens chaldeos, e accusaram os judeos.

9 E fallaram, e disseram ao rei Nabucodonozor: [4] Ó rei, vive eternamente!

10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, que todo o homem que ouvisse o som da buzina, do pifaro, da harpa, da sambuca, do psalterio, e da symphonia, e[780] de toda a sorte de musica, se prostrasse e adorasse a estatua de oiro;

11 E, qualquer que se não prostrasse e adorasse, fosse lançado dentro do forno de fogo ardente.

12 [5] Ha uns homens judeos, os quaes constituiste sobre os negocios da provincia de Babylonia: Sadrach, Mesach e Abed-nego: estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem a estatua de oiro, que levantaste, adoraram.

13 Então Nabucodonozor, com ira e furor, mandou trazer a Sadrach, Mesach e Abed-nego. E trouxeram a estes homens perante o rei.

14 Fallou Nabucodonozor, e lhes disse: Porventura de proposito, ó Sadrach, Mesach e Abed-nego, vós não servis a meus deuses nem adoraes a estatua de oiro que levantei?

15 Agora pois, se estaes promptos, quando ouvirdes o som da buzina, do pifaro, da guitarra, da harpa, do psalterio, da symphonia, e de toda a sorte de musica, para vos prostrardes e adorardes a estatua que fiz, bom é; mas, se a não adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro do forno de fogo ardente: [6] e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?

16 Responderam Sadrach, Mesach e Abed-nego, e disseram ao rei Nabucodonozor: Não necessitamos de te responder sobre este negocio.

17 Eis que é nosso Deus, a quem nós servimos, que nos pode livrar; elle nos livrará do forno de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.

18 E, se não, sabe tu, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estatua de oiro que levantaste.

19 Então Nabucodonozor se encheu de furor, e se mudou o aspecto do seu semblante contra Sadrach, Mesach e Abed-nego: respondeu, e ordenou que o forno se accendesse sete vezes mais do que se costumava accender.

20 E ordenou aos homens mais valentes de força, que estavam no seu exercito, que atassem a Sadrach, Mesach e Abed-nego, para os lançar no forno de fogo ardente.

21 Então estes homens foram atados com as suas capas, seus calções, e seus chapeus, e seus vestidos, e foram lançados dentro do forno de fogo ardente.

22 E, porque a palavra do rei apertava, e o forno estava sobre-maneira acceso, a chamma do fogo matou aquelles homens que levantaram a Sadrach, Mesach e Abed-nego.

23 E estes tres homens, Sadrach, Mesach e Abed-nego, cairam atados dentro do forno de fogo ardente.

24 Então o rei Nabucodonozor se espantou, e se levantou depressa: fallou, e disse aos seus capitães: Porventura não lançámos tres homens atados dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: Verdade é, ó rei.

25 Respondeu, e disse: Eis aqui vejo quatro homens soltos, [7] que andam passeando dentro do fogo, e nada ha de lesão n’elles; [8] e o aspecto do quarto é similhante ao filho dos deuses.

26 Então se chegou Nabucodonozor á porta do forno de fogo ardente; fallou, e disse: Sadrach, Mesach e Abed-nego, servos do Deus Altissimo, sahi e vinde! Então Sadrach, Mesach e Abed-nego sairam do meio do fogo.

27 E ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, e os presidentes, e os capitães do rei, contemplando estes homens, [9] como o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos: nem um só cabello da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre elles.

28 Fallou Nabucodonozor, e disse: Bemdito seja o Deus de Sadrach, Mesach e Abed-nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram n’elle, [10] pois [ACU] violaram a palavra do rei, e entregaram os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.

29 Por mim pois [11] se faz um decreto, que todo o povo, nação e lingua que disser blasphemia contra o Deus de Sadrach, Mesach e Abed-nego, seja despedaçado, e a sua casa seja feita um monturo; [12] porquanto não ha outro Deus que possa livrar como este.

30 Então o rei fez prosperar a Sadrach, Mesach e Abed-nego, na provincia de Babylonia.

[1] cap. 6.25.

[2] Apo. 13.15.

[3] cap. 6.12.

[4] cap. 2.4 e 5.10.

[5] cap. 2.49.

[6] Exo. 5.2. II Reis 18.35.

[7] Isa. 43.2.

[8] Job 1.6 e 38.7. ver. 28.

[9] Heb. 11.34.

[10] Jer. 17.7. cap. 6.22, 23.

[11] cap. 6.26.

[12] cap. 6.27.

O edito do rei. O seu sonho d’uma arvore grande: a sua loucura.

Antes de Christo 570

4 Nabucodonozor rei: a todos os povos, [1] nações, e linguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.

2 Pareceu-me bem fazer notorios os signaes e maravilhas que Deus, o Altissimo, [2] tem feito para comigo.

3 Quão [3] grandes são os seus signaes, e[781] quão poderosas as suas maravilhas! [4] o seu reino é um reino sempiterno, e o seu dominio de geração em geração.

4 Eu, Nabucodonozor, estava socegado em minha casa, e florescente no meu palacio.

5 Tive um sonho, que me espantou; [5] e as imaginações na minha cama e as visões da minha cabeça [6] me turbaram.

6 Por mim pois se fez um decreto, para introduzir á minha presença todos os sabios de Babylonia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho.

7 Então [7] entraram os magos, os astrologos, os chaldeos, e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante d’elles; mas não me fizeram saber a sua interpretação.

8 Porém por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Belteshazzar, [8] segundo o nome do meu deus, e no qual ha o espirito dos deuses sanctos; e eu contei o sonho diante d’elle:

9 Belteshazzar, [9] principe dos magos, pois eu sei que ha em ti o espirito dos deuses sanctos, e nenhum segredo te é difficil; dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.

10 Eram pois as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava vendo, [10] e eis uma arvore no meio da terra, cuja altura era grande;

11 Crescia esta arvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e foi vista até á extremidade de toda a terra.

12 A sua folhagem era formosa, e o seu fructo muito, e havia n’ella sustento para todos: [11] debaixo d’ella as bestas do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha d’ella.

13 Estava vendo nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que [12] um vigia, um sancto, descia do céu,

14 Clamando fortemente, e dizendo assim: [13] Cortae a arvore, e decotae-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhae o seu fructo; afugentem-se as bestas de debaixo d’ella, e as aves dos seus ramos.

15 Porém o tronco com as suas raizes deixae na terra, e com atadura de ferro e de bronze, na herva do campo: e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com as bestas na [ACV] gramma da terra:

16 Seja mudado o seu coração, que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de besta; [14] e passem sobre elle sete tempos.

17 Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e este [ACW] mando por dito dos sanctos; a fim de que conheçam os viventes [15] que o Altissimo domina sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer, e até ao mais baixo dos homens constitue sobre elles.

18 Isto em sonho vi eu, rei Nabucodonozor: tu, pois, Belteshazzar, dize a interpretação: [16] porque todos os sabios do meu reino não poderam fazer-me saber a sua interpretação; mas tu podes; pois ha em ti o espirito dos deuses sanctos.

19 Então Daniel, cujo nome era Belteshazzar, esteve attonito quasi uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; fallou pois o rei, e disse: Belteshazzar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Belteshazzar, e disse; Senhor meu: [17] o sonho seja contra os que te teem odio, e a sua interpretação aos teus inimigos.

20 A arvore [18] que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra,

21 E cujas folhas eram formosas, e o seu fructo muito, e em que para todos havia mantimento, debaixo da qual moravam as bestas do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;

22 Esta arvore [19] és tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; e a tua grandeza cresceu, e chegou [20] até ao céu, e o teu dominio até á extremidade da terra.

23 E quanto [21] ao que viu o rei, um vigia, um sancto, que descia do céu, e disse: Cortae a arvore, e a destrui, porém o tronco com as suas raizes deixae na terra, e com atadura de ferro e de bronze, na herva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e [22] a sua porção seja com as bestas do campo, até que passem sobre elle sete tempos;

24 Esta é a interpretação, ó rei: e este é o decreto do Altissimo, que virá sobre o rei, meu senhor,

25 A saber: [23] Lançar-te-hão de entre os homens, e a tua morada será com as bestas do campo, e te farão comer herva como os bois, e serás molhado do orvalho[782] do céu; e passar-se-hão sete tempos por cima de ti: até que conheças que o Altissimo domina sobre o reino dos homens, e os dá a quem quer.

26 E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raizes da arvore, o teu reino te ficará firme, [24] depois que tiveres conhecido que o céu reina.

27 Portanto, ó rei, acceita o meu conselho, [25] e desfaze os teus peccados pela justiça, e as tuas iniquidades usando de misericordia com os pobres, [26] se porventura houver prolongação da tua paz.

28 Todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonozor.

29 Porque ao cabo de doze mezes, quando andava passeando sobre o palacio real de Babylonia,

30 Fallou [27] o rei, e disse: Porventura não é esta a grande Babylonia que eu edifiquei para a casa real, com a força da minha potencia, e para gloria da minha magnificencia?

31 Ainda estava a [28] palavra na bocca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonozor: Passou de ti o reino.

32 E te lançarão d’entre os homens, e a tua morada será com as bestas do campo: far-te-hão comer herva como os bois, e passar-se-hão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altissimo domina sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer.

Antes de Christo 563

33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonozor, e foi lançado d’entre os homens, e comia herva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pello, como as pennas da aguia, e as suas unhas como as das aves.

34 Mas ao fim d’aquelles dias [29] eu, Nabucodonozor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bemdisse o Altissimo, [30] e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo dominio é um dominio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.

35 E todos [31] os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade faz com o exercito do céu e os moradores da terra: não ha quem possa estorvar a sua mão, [32] e lhe diga, Que fazes?

36 No mesmo tempo me tornou a vir o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino [33] tornou-me a vir a minha magestade e o meu resplandor; e me buscaram os meus capitães e os meus grandes; e fui restabelecido no meu reino, [34] e se me accrescentou uma gloria maior do que nunca.

37 Agora pois eu, Nabucodonozor, louvo, e exalço, e glorifico ao rei do céu; porque todas as suas obras são verdade, [35] e os seus caminhos juizo, e pode humilhar aos que andam na soberba.

[1] cap. 3.4 e 6.25.

[2] cap. 3.26.

[3] cap. 6.27.

[4] cap. 2.44 e 6.26.

[5] cap. 2.28, 29.

[6] cap. 2.1.

[7] cap. 2.2.

[8] cap. 1.7. Isa. 63.11. ver. 18. cap. 2.11.

[9] cap. 2.48 e 5.11.

[10] Eze. 31.3, etc. ver. 20.

[11] Eze. 17.23 e 31.6. Lam. 4.20.

[12] ver. 17, 23.

[13] Mat. 3.10. Eze. 31.12.

[14] cap. 11.13 e 12.7.

[15] cap. 2.21 e 5.21. ver. 25, 32.

[16] Gen. 41.8, 15. cap. 5.8, 15.

[17] II Sam. 18.32.

[18] ver. 11, 12.

[19] cap. 2.38.

[20] Jer. 27.6, 7, 8.

[21] ver. 13.

[22] cap. 5.21.

[23] ver. 32. cap. 5.21, etc.

[24] Mat. 21.25.

[25] I Ped. 4.8.

[26] I Reis 21.29.

[27] cap. 5.20.

[28] Luc. 12.20.

[29] ver. 26.

[30] Apo. 4.10. Miq. 4.7. Luc. 1.33.

[31] Isa. 40.15, 17.

[32] Job 34.29. Job 9.12. Isa. 45.9. Rom. 9.20.

[33] ver. 26.

[34] Mat. 6.33.

[35] Apo. 15.3 e 16.7.

O banquete do rei Belshazzar. A mão mysteriosa.

Antes de Christo 538

5 O rei Belshazzar deu [1] um grande banquete aos seus mil grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.

2 Havendo Belshazzar provado o vinho, mandou trazer os vasos de oiro e de prata, [2] que Nabucodonozor, seu pae, tinha tirado do templo que estava em Jerusalem, para que bebessem por elles o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.

3 Então trouxeram os vasos de oiro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalem, e beberam por elles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.

4 Beberam o vinho, [3] e deram louvores aos deuses de oiro, e de prata, de cobre, de ferro, de madeira, e de pedra.

5 Na mesma hora sahiam uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palacio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.

6 Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram: as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro.

7 E clamou o rei [4] com força, que se introduzissem os astrologos, os chaldeos e os adivinhadores: e fallou o rei, e disse aos sabios de Babylonia: Qualquer que ler esta escriptura, e me declarar a sua interpretação, será vestido da purpura, e trará uma cadeia de oiro ao pescoço, e será, no reino, o terceiro dominador.

8 Então entraram todos os sabios do rei; [5] mas não poderam ler a escriptura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

9 Então o rei Belshazzar perturbou-se muito, e mudou-se n’elle o seu semblante; e os seus grandes estavam sobresaltados.

10 A rainha, pois, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete: e fallou a rainha, e disse: [6] Ó rei, vive para sempre! não[783] te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.

11 Ha um homem no teu reino, no qual ha o espirito dos deuses sanctos; e nos dias de teu pae se achou n’elle luz, e intelligencia, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pae, o rei Nabucodonozor, teu pae, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrologos, dos chaldeos, e dos adivinhadores;

12 Porquanto se achou n’este Daniel [7] um espirito excellente, e sciencia e entendimento, interpretando sonhos, e declarando enigmas, e solvendo duvidas, [8] ao qual rei poz o nome de Belteshazzar: chame-se pois agora Daniel, e elle declarará a interpretação.

13 Então Daniel foi introduzido á presença do rei. Fallou o rei, e disse a Daniel: És tu aquelle Daniel, dos captivos de Judah, que o rei, meu pae, trouxe de Judah?

14 Porque tenho ouvido dizer [9] a teu respeito que o espirito dos deuses está em ti, e que a luz, e o entendimento e a excellente sabedoria se acham em ti.

15 E agora [10] foram introduzidos á minha presença os sabios e os astrologos, [11] para lerem esta escriptura, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não poderam declarar a interpretação d’estas palavras.

16 Eu porém tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solver duvidas: agora, se poderes ler esta escriptura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de purpura, e terás cadeia de oiro ao pescoço, e no reino serás o terceiro dominador.

17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus dons fiquem comtigo, e dá os teus presentes a outro; comtudo lerei ao rei a escriptura, e lhe farei saber a interpretação.

18 Quanto a ti, [12] ó rei! Deus, o Altissimo, deu a Nabucodonozor, teu pae, o reino, e a grandeza, e a gloria, e a magnificencia.

19 E por causa da grandeza, que lhe deu, [13] todos os povos, nações e linguas tremiam e temiam diante d’elle: a quem queria matava, e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia.

20 Mas quando o seu coração se exalçou, e o seu espirito se endureceu em soberba, foi derribado do seu throno real, e passou d’elle a sua gloria.

21 E foi lançado d’entre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito similhante ao das bestas, e a sua morada foi com os jumentos montezes; fizeram-n’o comer a herva como os bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altissimo, domina sobre os reinos dos homens, e a quem quer constitue sobre elles.

22 E tu, seu filho Belshazzar, [14] não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isto.

23 E [15] te levantaste contra o Senhor do céu, pois trouxeram os vasos da casa d’elle perante ti, e tu, os teus grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho por elles; de mais d’isto, déste louvores aos deuses de prata, de oiro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra, que nem vêem, nem ouvem, nem sabem; mas a Deus, [16] em cuja mão está a tua vida, e todos os teus caminhos, a elle não glorificaste.

24 Então d’elle foi enviada aquella parte da mão, e escreveu-se esta escriptura.

25 Esta pois é a escriptura que se escreveu: Mene, Mene, Tekel, Upharsin.

26 Esta é a interpretação d’aquillo: Mene: Contou Deus o teu reino, e o acabou.

27 Tekel: [17] Pesado foste na balança, e foste achado em falta.

28 Peres: Dividido foi o teu reino, [18] e deu-se aos medos e aos persas.

29 Então mandou Belshazzar que vestissem a Daniel de purpura, e que lhe pozessem uma cadeia de oiro ao pescoço, [19] e proclamassem a respeito d’elle que havia de ser o terceiro dominador do reino.

30 Mas na mesma noite [20] foi morto Belshazzar, rei dos chaldeos.

31 E Dario, o medo, occupou o reino, sendo da edade de sessenta e dois annos.

[1] Est. 1.3.

[2] cap. 1.2. Jer. 52.19.

[3] Apo. 9.20.

[4] cap. 2.2 e 4.6. Isa. 47.13.

[5] cap. 2.27 e 4.7.

[6] cap. 2.4 e 3.9.

[7] cap. 6.3.

[8] cap. 1.7.

[9] ver. 11, 12.

[10] ver. 7, 8.

[11] ver. 7.

[12] cap. 2.37, 38 e 4.17, 22, 25.

[13] Jer. 27.7. cap. 3.4.

[14] II Chr. 33.23 e 36.12.

[15] ver. 3, 4.

[16] Jer. 10.23.

[17] Job 31.6. Jer. 6.30.

[18] Isa. 21.2. ver. 31. cap. 9.1. cap. 6.28.

[19] ver. 7.

[20] Jer. 51.31, 39, 57. cap. 9.1.

Daniel na cova dos leões.

Antes de Christo 537

6 E pareceu bem a Dario [1] constituir sobre o reino a cento e vinte presidentes, que estivessem sobre todo o reino;

2 E sobre elles tres principes, dos quaes Daniel era um, aos quaes estes presidentes déssem conta, para que o rei não soffresse damno.

3 Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes principes e presidentes; [2] porque n’elle havia um espirito excellente; porquanto o rei pensava constituil-o sobre todo o reino.

4 Então os principes e os presidentes procuravam achar occasião contra[784] Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar occasião ou culpa alguma; porque elle era fiel, e não se achava n’elle nenhum vicio nem culpa.

5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos occasião alguma contra este Daniel, se não a acharmos contra elle na lei do seu Deus.

6 Então estes principes e presidentes foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, [3] vive para sempre!

7 Todos os principes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e governadores, tomaram conselho afim de estabelecerem um edicto real e fazerem um mandamento firme: que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.

8 Agora pois, ó rei, confirma o edicto, e assigna a escriptura, para que não se mude, [4] conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.

9 Por esta causa o rei Dario assignou esta escriptura e edicto.

10 Daniel, pois, quando soube que a escriptura estava assignada, entrou na sua casa (ora havia no seu quarto [5] janellas abertas da banda de Jerusalem), e tres vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e confessava diante do seu Deus, [6] como tambem antes costumava fazer.

11 Então aquelles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e supplicando diante do seu Deus.

12 Então se chegaram, [7] e disseram diante do rei: No tocante ao edicto real, porventura não assignaste o edicto, que todo o homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e disse: [8] Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.

13 Então responderam, e disseram diante do rei: [9] Daniel, que é dos transportados de Judah, [10] não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edicto que assignaste, antes tres vezes por dia faz a sua oração.

14 Ouvindo então o rei o negocio, [11] ficou muito penalisado, e a favor de Daniel propoz dentro do seu coração tiral-o; e até ao pôr do sol trabalhou por o salvar.

15 Então aquelles homens se foram juntos ao rei, e disseram ao rei: [12] Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edicto ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar.

16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, fallando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, elle te livrará.

17 E [13] foi trazida uma pedra, e foi posta sobre a bocca da cova; [14] e o rei a sellou com o seu annel e com o annel dos seus grandes, para que se não mudasse a sentença ácerca de Daniel.

18 Então o rei se foi para o seu palacio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer á sua presença instrumentos de musica; [15] e fugiu d’elle o somno.

19 Então o rei se levantou pela manhã cedo, e foi com pressa á cova dos leões.

20 E, chegando-se á cova, chamou por Daniel com voz triste; e, fallando o rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! [16] dar-se-hia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, te podesse livrar dos leões?

21 Então Daniel fallou ao rei: [17] Ó rei, vive para sempre!

22 O meu Deus [18] enviou o seu anjo, e fechou a bocca dos leões, para que não me fizessem damno, porque foi achada em mim innocencia diante d’elle; e tambem contra ti, ó rei, não tenho commettido delicto algum.

23 Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou tirar a Daniel da cova: assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum damno se achou n’elle, [19] porque crêra no seu Deus.

24 Então ordenou o rei, [20] e foram trazidos aquelles homens que tinham accusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, elles, [21] seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram d’elles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

25 Então [22] o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e linguas que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.

26 Da minha parte [23] é feito um decreto, que em todo o dominio do meu reino tremam todos e temam perante o Deus de Daniel; porque elle é o Deus vivo e permanecente para sempre, [24] e o seu reino não se pode[785] destruir, e o seu dominio dura até ao fim.

27 Elle faz escapar e livra, e faz signaes e maravilhas no céu e na terra, o qual fez escapar a Daniel do poder dos leões.

28 Este Daniel, pois, prosperava no reinado de Dario, [25] e no reinado de Cyro, o persa.

[1] Est. 1.1.

[2] cap. 5.12.

[3] ver. 21. cap. 2.4.

[4] Est. 1.19 e 8.8. ver. 12, 15.

[5] I Reis 8.44, 48. Jon. 2.4.

[6] Act. 10.9.

[7] cap. 3.8.

[8] ver. 8.

[9] cap. 1.6 e 5.13.

[10] cap. 3.12.

[11] Mar. 6.26.

[12] ver. 8.

[13] Lam. 3.53.

[14] Mat. 27.66.

[15] cap. 2.1.

[16] cap. 3.15.

[17] cap. 2.4.

[18] cap. 3.28. Heb. 11.33.

[19] Heb. 11.33.

[20] Deu. 19.19.

[21] Est. 9.10. Deu. 24.16. II Reis 14.6.

[22] cap. 4.1.

[23] cap. 3.29.

[24] cap. 2.44 e 7.14, 27. Luc. 1.33.

[25] cap. 1.21. Eze. 1.1, 2.

A visão dos quatro animaes symbolicos.

Antes de Christo 555

7 No primeiro anno de Belshazzar, rei de Babylonia, [1] teve Daniel um sonho e visões da sua cabeça estando na sua cama: escreveu logo o sonho, e relatou a summa das coisas.

2 Fallou Daniel, e disse: Eu estava vendo na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande.

3 E quatro animaes grandes, differentes uns dos outros, subiam do mar.

4 O primeiro [2] era como leão, e tinha azas de aguia: eu estava olhando, até que lhe foram arrancadas as azas; e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.

5 E [3] eis aqui outro segundo animal, similhante a um urso, o qual se levantou de um lado, e tinha na bocca tres costellas entre os seus dentes, e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.

6 Depois d’isto, eu estava olhando, e eis aqui outro, que era como leopardo, e tinha quatro azas de ave nas suas costas: [4] tinha tambem este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado dominio.

7 Depois d’isto, eu estava olhando nas visões da noite, [5] e eis aqui o quarto animal, terrivel e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro, devorava e fazia em pedaços, e pizava aos seus pés o que sobejava; e era differente de todos os animaes que foram antes d’elle, [6] e tinha [ACX] dez pontas.

8 Estando eu considerando as pontas, [7] eis que outra ponta pequena subia entre ellas, e tres das pontas primeiras foram arrancadas de diante d’elle; e eis que n’esta ponta havia olhos, como olhos de homem, [8] e uma bocca que fallava grandiosamente.

9 Eu estive olhando, [9] até que foram postos uns thronos, e o ancião de dias se assentou: o seu vestido era branco como a neve, e o cabello da sua cabeça como a limpa lã; o seu throno chammas de fogo, [10] e as rodas d’elle fogo ardente.

10 Um rio de fogo [11] manava e sahia de diante d’elle: milhares de milhares o serviam, [12] e milhões de milhões estavam em pé diante d’elle: assentou-se o juizo, e abriram-se os livros.

11 Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que fallava a ponta: [13] estive olhando até que mataram o animal, e o seu corpo foi desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo.

12 E, quanto aos outros animaes, foi-lhes tirado o dominio; todavia foi-lhes dado prolongação de vida até certo espaço de tempo.

13 Eu estava vendo nas minhas visões da noite, [14] e eis que era vindo nas nuvens do céu um como o filho do homem: e chegou até ao ancião dos dias, [15] e o fizeram chegar perante elle.

14 E [16] foi-lhe dado o dominio e a honra, e o reino, e que todos os povos, nações e linguas o servissem: o seu dominio é um dominio eterno, [17] que não passará, e o seu reino se não destruirá.

15 Quanto a mim, Daniel, o meu espirito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me espantavam.

16 Cheguei-me a um dos que estavam em pé, e pedi-lhe a certeza ácerca de tudo isto. E elle me disse, e fez-me saber a interpretação das coisas.

17 Estes [18] grandes animaes, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.

18 Mas [19] os sanctos do Altissimo receberão o reino, e possuirão o reino para todo o sempre, e de eternidade em eternidade.

19 Então tive desejo de ter certeza do [20] quarto animal, que era differente de todos os outros, muito terrivel, cujos dentes eram de ferro, e as suas unhas de metal; que devorava, fazia em pedaços e pizava a pés o que sobrava.

20 Tambem das dez pontas que tinha[786] na cabeça, e da outra que subia, de diante da qual cairam tres, d’aquella ponta, digo, que tinha olhos, e bocca que fallava grandiosamente, e cujo parecer era maior do que o das suas companheiras.

21 Eu olhava, [21] e eis que esta ponta fazia guerra contra os sanctos, e os vencia.

22 Até que [22] veiu o ancião de dias, e se deu o juizo aos sanctos do Altissimo, e chegou o tempo em que os sanctos possuiram o reino.

23 Disse assim: [23] O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será differente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pizará aos pés, e a fará em pedaços.

24 E, [24] quanto ás dez pontas, d’aquelle mesmo reino se levantarão dez reis; e depois d’elles se levantará outro, o qual será differente dos primeiros, e abaterá a tres reis.

25 E [25] fallará palavras contra o Altissimo, [26] e destruirá os sanctos do Altissimo, e cuidará em mudar os tempos [27] e a lei; e serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e a metade d’um tempo.

26 E o juizo estará assentado, e tirarão o seu dominio, para o destruir e para o desfazer até ao fim.

27 E o reino, e o dominio, e a magestade dos reinos debaixo de todo o céu [28] se dará ao povo dos sanctos do Altissimo: o seu reino será um reino eterno, [29] e todos os dominios o servirão, e lhe obedecerão:

28 Até aqui foi o fim do negocio. Quanto a mim, Daniel, [30] os meus pensamentos muito me espantavam, e mudou-se em mim o meu semblante; [31] mas guardei o negocio no meu coração.

[1] Num. 12.6. Amós 3.7. cap. 2.28.

[2] Deu. 28.49. Jer. 4.7, 13 e 48.40. Eze. 17.3. Hab. 1.8.

[3] cap. 2.39.

[4] cap. 8.8, 22.

[5] cap. 2.40. ver. 19, 23.

[6] cap. 2.41. Apo. 13.1.

[7] ver. 20, 21, 24. cap. 8.9.

[8] Apo. 9.7. ver. 25. Apo. 13.5.

[9] Apo. 20.4. ver. 13, 22. Apo. 1.14.

[10] Eze. 1.15, 16.

[11] Isa. 30.33 e 66.15. I Reis 22.19. Heb. 12.22. Apo. 5.11.

[12] Apo. 20.4, 12.

[13] Apo. 19.20.

[14] Eze. 1.26. Mat. 24.30 e 26.64. Apo. 1.7, 13 e 14.14.

[15] ver. 9.

[16] Mat. 11.27 e 28.18. João 3.35. I Cor. 15.27. Eph. 1.22. cap. 3.4. cap. 2.44. ver. 27.

[17] Miq. 4.7. Luc. 1.33. João 12.34. Heb. 12.28.

[18] ver. 3.

[19] Isa. 60.12. ver. 22, 27. Apo. 2.26, 27 e 3.21 e 20.4.

[20] ver. 7.

[21] cap. 8.12, 24. Apo. 11.7 e 13.7 e 17.14 e 19.19.

[22] ver. 9. ver. 18. I Cor. 6.2. Apo. 1.6 e 5.10 e 20.4.

[23] cap. 2.40.

[24] ver. 7, 8, 20. Apo. 17.12.

[25] Isa. 37.23. cap. 8.24, 25 e 11.28, 30, 31, 36. Apo. 13.5, 6.

[26] Apo. 17.6 e 18.24.

[27] cap. 2.21 e 12.7. Apo. 12.14.

[28] ver. 14, 18, 22.

[29] cap. 2.44. Luc. 1.33. Isa. 60.12.

[30] ver. 15. cap. 10.8, 16.

[31] Luc. 2.19, 51.

A visão d’um carneiro e d’um bode.

Antes de Christo 553

8 No anno terceiro do reinado do rei Belshazzar appareceu-me uma visão, a mim, Daniel, [1] depois d’aquella que me appareceu no principio.

2 E vi n’uma visão [2] (e aconteceu, quando vi, que eu estava na cidadella de Susan, que está na provincia de Elam), vi pois, n’uma visão, que eu estava junto ao rio Ulai.

3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, porém uma era mais alta do que a outra; e a que era mais alta subiu por ultimo.

4 Vi que o carneiro dava marradas para o occidente, e para o norte e para o meio-dia; e nenhuns animaes podiam parar diante d’elle, nem havia quem livrasse da sua mão; e fazia conforme a sua vontade, [3] e se engrandecia.

5 E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do occidente sobre toda a terra, e não tocava a terra; [4] e aquelle bode tinha uma ponta insigne entre os olhos;

6 E vinha ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio; e correu contra elle com todo o impeto da sua força.

7 E o vi chegar perto do carneiro, e se irritou contra elle, e feriu o carneiro, e lhe quebrou as duas pontas, pois não havia força no carneiro para parar diante d’elle, e o lançou por terra, e o pizou a pés; nem houve quem livrasse o carneiro da sua mão.

8 E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquella grande ponta foi quebrada: e subiram no seu logar outras quatro insignes, [5] para os quatro ventos do céu.

9 E [6] de uma d’ellas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa.

10 E [7] se engrandeceu até ao exercito do céu: e a alguns do exercito, e das estrellas, deitou por terra, e as pizou.

11 E [8] se engrandeceu até ao principe do exercito: e por elle foi tirado o continuo sacrificio, [9] e o logar do seu sanctuario foi lançado por terra.

12 E [10] o exercito foi entregue por causa das transgressões contra o continuo sacrificio; e lançou a verdade por terra, [11] e o fez, e prosperou.

13 Depois [12] ouvi um sancto que fallava; e disse o sancto áquelle que fallava: Até quando durará a visão do continuo sacrificio, e da transgressão assoladora, para que seja entregue o sanctuario, e o exercito, para ser pizado?

14 E elle me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o sanctuario será justificado.

[787]

15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a visão, [13] busquei o entendimento, [14] e eis que se me apresentou diante um com o parecer de homem.

16 E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.

17 E veiu perto d’onde eu estava; e, vindo elle, me assombrei, [15] e cahi sobre o meu rosto; porém elle me disse: Entende, filho do homem, porque acontecerá esta visão no fim do tempo.

18 E, [16] estando elle fallando comigo, cahi adormecido sobre o meu rosto por terra: [17] elle, pois, me tocou, e me fez estar em pé.

19 E disse: Eis que te farei saber o que ha de acontecer no ultimo tempo da ira; [18] porque no tempo determinado será o fim.

20 Aquelle carneiro [19] que viste com duas pontas são os reis da Media e da Persia,

21 Porém [20] o bode pelludo é o rei da Grecia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro;

22 E que, [21] sendo quebrada ella, se levantassem quatro em logar d’ella, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força d’ella.

23 Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem de prevaricar, [22] se levantará um rei, feroz de cara, e será entendido em adivinhações.

24 E [23] se fortalecerá a sua força, mas não pela força d’elle mesmo; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e o seu prazer fará: e destruirá os fortes [24] e o povo sancto.

25 E pelo seu entendimento tambem fará prosperar o engano na sua mão; e [25] no seu coração se engrandecerá, e pela tranquillidade destruirá muitos; e se levantará contra o principe dos principes, [26] mas sem mão será quebrado.

26 E [27] a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdade: tu, porém, cerra a visão, porque é para muitos dias.

27 E eu, [28] Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias; então levantei-me e fiz o negocio do rei: e espantei-me ácerca da visão, [29] e não havia quem a entendesse.

[1] cap. 7.1.

[2] Est. 1.2.

[3] cap. 5.19.

[4] ver. 21.

[5] ver. 22.

[6] cap. 7.8 e 11.25.

[7] cap. 11.28. Isa. 14.13. Apo. 12.4.

[8] Jer. 48.26, 42. cap. 11.36. ver. 25.

[9] Exo. 29.38. Num. 28.3. Eze. 46.13.

[10] cap. 11.31. Isa. 59.14.

[11] ver. 4.

[12] I Ped. 1.12.

[13] cap. 12.8. I Ped. 1.10, 11.

[14] Eze. 1.26.

[15] Eze. 2.1. Apo. 1.17.

[16] cap. 10.9, 10. Luc. 9.32.

[17] Eze. 2.2.

[18] cap. 9.27 e 11.27, 35, 36 e 12.7. Hab. 2.3.

[19] ver. 3.

[20] ver. 5. cap. 11.5.

[21] ver. 8. cap. 11.4.

[22] Deu. 28.50. ver. 6.

[23] Apo. 17.13, 17. ver. 12. cap. 11.36.

[24] ver. 10. cap. 7.25.

[25] cap. 11.36.

[26] Job 34.20. Lam. 4.6. cap. 2.34, 45.

[27] cap. 10.1. Eze. 12.27. cap. 10.14 e 12.4, 9. Apo. 22.10.

[28] cap. 7.28 e 10.8, 16. cap. 6.2, 3.

[29] ver. 16.

A oração de Daniel: as setenta semanas: o Messias.

Antes de Christo 538

9 No anno primeiro [1] de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos, o qual foi constituido rei sobre o reino dos chaldeos,

2 No anno primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o numero dos annos, [2] dos quaes fallou o Senhor ao propheta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalem, era de setenta annos.

3 E [3] eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e rogos, com jejum, e sacco e cinza.

4 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: [4] Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericordia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos.

5 Peccámos, [5] e commettemos iniquidade, e fizemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juizos;

6 E não démos [6] ouvidos aos teus servos, os prophetas, que em teu nome fallaram aos nossos reis, aos nossos principes, e a nossos paes, como tambem a todo o povo da terra.

7 Tua, [7] ó Senhor, é a justiça, mas a nós pertence confusão de rosto, como se vê n’este dia, aos homens de Judah, e aos moradores de Jerusalem, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que prevaricaram contra ti.

8 Ó Senhor, [8] a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos principes, e a nossos paes, porque peccámos contra ti.

9 [9] Ao Senhor, nosso Deus, pertencem as misericordias e os perdões; ainda que nos rebellámos contra elle,

10 E não obedecemos [10] á voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu pela mão de seus servos, os prophetas.

11 E [11] todo o Israel traspassou a tua lei, apartando-se para não obedecer á[788] tua voz; por isso a maldição e o juramento, [12] que está escripto na lei de Moysés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque peccámos contra elle.

12 E elle confirmou [13] a sua palavra, que fallou contra nós, e contra os nossos juizes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; que nunca [14] foi feito debaixo de todo o céu como foi feito em Jerusalem.

13 Como [15] está escripto na lei de Moysés, todo aquelle mal nos sobreveiu: [16] comtudo não supplicámos á face do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades, e para nos applicarmos á tua verdade.

14 E apressurou-se o Senhor [17] sobre o mal, e o trouxe sobre nós; porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras, que fez, [18] pois não obedecemos á sua voz.

15 Ora pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste [19] o teu povo da terra do Egypto com mão poderosa, e [20] ganhaste para ti nome, como se vê n’este dia, peccámos; obrámos impiamente.

16 Ó Senhor, [21] segundo todas as tuas justiças pois, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalem, do teu sancto monte; [22] porque por causa dos nossos peccados, e por causa das iniquidades de nossos paes, vieram Jerusalem e o teu povo a servir de opprobrio a todos os que nos estão em redor.

17 Agora pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas supplicas, [23] e sobre o teu sanctuario assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor.

18 Inclina, [24] ó Deus meu, os teus ouvidos; e ouve: abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, [25] e para a cidade a qual é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas supplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericordias.

19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, attende-nos e obra sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome.

20 Estando [26] eu ainda fallando e orando, e confessando o meu peccado, e o peccado do meu povo Israel, e lançando a minha supplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte sancto do meu Deus,

21 Estando eu, digo, ainda fallando na oração, [27] o varão Gabriel, que eu tinha visto ao principio, veiu, voando rapidamente, [28] tocando-me, como á hora do sacrificio da tarde.

22 E me instruiu, e fallou comigo, e disse: Daniel, agora sahi para fazer-te entender o sentido.

23 No principio das tuas supplicas, saiu a palavra, [29] e eu vim, para t’o declarar, porque és mui amado: toma pois bem sentido da palavra, e entende a visão.

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua sancta cidade, para consumir a transgressão, e para acabar os peccados, [30] e para expiar a iniquidade, e para trazer a justiça eterna, e para sellar a visão e o propheta, e para ungir o Sancto dos sanctos.

25 Sabe [31] e entende: desde a saida da palavra para fazer tornar, e para edificar a Jerusalem, [32] até ao Messias, o Principe, sete semanas, e sessenta e duas semanas: as ruas e as tranqueiras se reedificarão, [33] porém em tempos angustiados.

26 E depois das sessenta e duas semanas [34] será desarreigado o Messias, e não será mais: [35] e o povo do principe, que virá, destruirá a cidade e o sanctuario, e o seu fim será com uma innundação; e até ao fim da guerra estão determinadas as assolações.

27 E confirmará concerto com muitos [36] uma semana: e na metade da semana fará cessar o sacrificio e a offerta de manjares; e sobre a ala das abominações virá assolador, e isso até á consummação; e o que está determinado será derramado sobre o assolado.

[1] cap. 1.21 e 5.31 e 6.28.

[2] II Chr. 36.21. Jer. 25.11, 12 e 29.10.

[3] Neh. 1.4. Jer. 29.12, 13. Thi. 4.8, 9, 10.

[4] Exo. 20.6. Deu. 7.9. Neh. 1.5 e 9.32.

[5] I Reis 8.47, 48. Neh. 1.6, 7 e 9.33, 34. Isa. 64.5, 6, 7. Jer. 14.7. ver. 15.

[6] II Chr. 36.15, 16. ver. 10.

[7] Neh. 9.33.

[8] ver. 7.

[9] Neh. 9.17.

[10] ver. 6.

[11] Isa. 1.4, 5, 6. Jer. 8.5, 10.

[12] Lev. 26.14, etc. Deu. 27.15, etc. e 28.15, etc. e 29.20, etc. e 30.17, 18 e 31.17, etc. e 32.19, etc. Lam. 2.17.

[13] Zac. 1.6.

[14] Lam. 1.12 e 2.13. Eze. 5.9. Amós 3.2.

[15] Deu. 28.15. Lam. 2.17.

[16] Isa. 9.13. Jer. 2.30 e 5.3. Ose. 7.7, 10.

[17] Jer. 31.28 e 44.27. Neh. 9.33. ver. 7.

[18] ver. 10.

[19] Exo. 6.1, 6 e 32.11. I Reis 8.51. Neh. 1.10. Jer. 32.21.

[20] Neh. 9.10. Jer. 32.20. ver. 5.

[21] I Sam. 12.7. Miq. 6.4, 5.

[22] ver. 20. Zac. 8.3. Exo. 20.5.

[23] Num. 6.25. ver. 19.

[24] Isa. 37.17. Exo. 3.7.

[25] Jer. 25.29.

[26] Isa. 65.24.

[27] cap. 8.16.

[28] cap. 8.18 e 10.10, 16.

[29] cap. 10.12. cap. 10.11, 19. Mat. 24.15.

[30] Isa. 53.10, 11. Jer. 23.5, 6. Heb. 9.12. Apo. 14.6. Heb. 9.11.

[31] ver. 23. Mat. 24.15. Esd. 4.24 e 6.1, 15.

[32] João 4.25. Isa. 55.4.

[33] Neh. 4.8, 16, 17, 18.

[34] Isa. 53.8. Mar. 9.12. Luc. 24.26, 46. I Ped. 2.21 e 3.18. Mat. 22.7.

[35] Luc. 19.44. Mat. 24.12. Mat. 24.6, 14.

[36] Eze. 16.60, 61, 62. Mat. 26.28. Rom. 5.15, 19. Heb. 9.28. Mat. 24.15. Mar. 13.14. Luc. 21.20. Isa. 10.22, 23. cap. 11.36. Luc. 21.24. Rom. 11.26.

Um anjo annuncia a Daniel os acontecimentos dos ultimos dias.

Antes de Christo 534

10 No anno terceiro de Cyro, rei da Persia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome se chama [1] Belteshazzar; e a palavra é verdadeira, porém[789] trata d’uma guerra prolongada, [2] e entendeu esta palavra, e tinha entendimento da visão.

2 N’aquelles dias eu, Daniel, me entristeci tres semanas de dias.

3 Manjar desejavel não comi, nem carne nem vinho entrou na minha bocca, [3] nem me untei com unguento, até que se cumpriram as tres semanas de dias.

4 E no dia vinte e quatro do primeiro mez eu estava na borda do grande rio [4] Hiddekel;

5 E levantei [5] os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, [6] e os seus lombos cingidos com oiro fino d’Uphaz:

6 E o seu corpo era como [7] turqueza, e o seu rosto parecia um relampago, [8] e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como de côr de bronze açacalado; e a voz das suas palavras como a voz d’uma multidão.

7 E só eu, Daniel, [9] vi aquella visão; mas os homens que estavam comigo não viram aquella visão: comtudo caiu sobre elles um grande temor, e fugiram, escondendo-se.

8 Fiquei pois eu só, e vi esta grande visão, [10] e não ficou força em mim; [11] e mudou-se em mim a minha formosura em desmaio, sem reter força alguma.

9 E ouvi a voz das suas palavras; [12] e, ouvindo a voz das suas palavras, eu cahi n’um profundo somno sobre o meu rosto, com o meu rosto em terra.

10 E [13] eis que uma mão me tocou, e fez que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.

11 E me disse: Daniel, homem mui desejado, [14] está attento ás palavras que eu fallarei comtigo, e levanta-te sobre os teus pés; porque agora sou enviado a ti. E, fallando elle comigo esta palavra, eu estava tremendo.

12 Então me disse: [15] Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que applicaste o teu coração a entender e a humilhar-te perante o teu Deus [16] são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.

13 Porém [17] o principe do reino da Persia se poz defronte de mim vinte e um dias, e eis que Michael, [18] um dos primeiros principes, veiu para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Persia.

14 Agora vim, para fazer-te entender o que ha de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; [19] porque a visão ainda está para muitos dias.

15 E, fallando elle comigo estas palavras, [20] abaixei o meu rosto em terra, e emmudeci.

16 E eis aqui alguem, [21] similhante aos filhos dos homens, me tocou os labios: então abri a minha bocca, e fallei, e disse áquelle que estava diante de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dôres, e não me ficou força alguma.

17 Como pois pode o servo d’este meu Senhor fallar com aquelle meu Senhor? porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e não ficou em mim folego.

18 E alguem, que tinha apparencia d’um homem, me tocou outra vez, e me confortou.

19 E disse: [22] Não temas, homem mui desejado, paz seja comtigo; esforça-te, sim, esforça-te. E, fallando elle comigo, esforcei-me, e disse: Falla, meu Senhor, porque me confortaste.

20 E disse: Sabes porque eu vim a ti? [23] agora, pois, tornarei a pelejar contra o principe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o principe da Grecia.

21 Porém eu te declararei o que está escripto na escriptura da verdade; e ninguem ha que se esforce comigo contra aquelles, [24] senão Michael, vosso principe.

[1] cap. 1.7 e 8.26. Apo. 19.9. ver. 14.

[2] cap. 1.17 e 8.16.

[3] Mat. 6.17.

[4] Gen. 2.14.

[5] Jos. 5.13. cap. 12.6, 7.

[6] Apo. 1.13, 15 e 15.6.

[7] Eze. 1.14.

[8] Apo. 1.14 e 10.12. Eze. 1.7. Apo. 1.15.

[9] Act. 9.7.

[10] cap. 8.27.

[11] cap. 7.28.

[12] cap. 8.18.

[13] Jer. 1.9. cap. 9.21. Apo. 1.17.

[14] cap. 9.23.

[15] Apo. 1.17.

[16] cap. 9.3, 4, 22, 23. Act. 10.4.

[17] ver. 20.

[18] ver. 21. cap. 12.1. Jud. 9. Apo. 12.7.

[19] Gen. 49.1. cap. 2.28 e 8.26. ver. 1. Hab. 2.3.

[20] ver. 9. cap. 8.18.

[21] cap. 8.15. ver. 10. Jer. 1.9.

[22] ver. 11. Jui. 6.23.

[23] ver. 13.

[24] ver. 13. Jud. 9. Apo. 12.7.

O imperio medo-persa será destruido pelo rei da Grecia: o reino será dividido em quatro. Guerra entre o rei do sul e o rei do norte.

11 Eu, pois, [1] no primeiro anno de Dario, medo, estive para o esforçar e fortalecer.

2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda tres reis estarão na Persia, e o quarto será enriquecido de grandes riquezas mais do que todos; e, esforçando-se com as suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da Grecia.

3 Depois [2] se levantará um rei valente, que reinará com grande dominio, [3] e fará o que lhe aprouver.

4 Mas, estando elle em pé, [4] o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu, porém não para a sua posteridade, nem tão pouco segundo o seu dominio com que reinou, porque[790] o seu reino será arrancado, e será para outros fóra d’estes.

5 E se esforçará o rei do sul, um d’entre os seus principes; mas outro se esforçará, mais do que elle, e reinará, e dominio grande será o seu dominio,

6 Mas, ao cabo de alguns annos, um com outro fará concerto; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado, mas ella não terá força de braço; nem elle persistirá, nem o seu braço, porque ella será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pae, e o que a esforçava n’aquelles tempos!

7 Mas do renovo das suas raizes um se levantará em seu logar, e virá com o exercito, e entrará nas fortalezas do rei do norte, e obrará contra elles, e prevalecerá.

8 E tambem os seus deuses com os seus principes, com os seus vasos preciosos de prata e oiro, levará captivos para o Egypto; e por alguns annos elle persistirá contra o rei do norte.

9 Assim entrará o rei do sul no reino, e tornará para a sua terra.

10 Porém seus filhos se entremetterão em guerra, e ajuntarão grande numero de exercitos, e um d’elles virá á pressa, [5] e inundará, e passará, [6] e tornará a entremetter-se em guerra, até chegar á sua fortaleza.

11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra elle, a saber, contra o rei do norte, que porá em campo grande multidão, mas aquella multidão será entregue na sua mão.

12 Quando fôr tirada aquella multidão, o seu coração se elevará: ainda que derribará muitos milhares, comtudo não prevalecerá.

13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira, e ao cabo dos tempos, isto é, annos, virá á pressa com grande exercito e com muita fazenda.

14 E, n’aquelles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os filhos dos prevaricadores do teu povo se levantarão para confirmar a visão, e cairão.

15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes, e tomará a cidade forte; e os braços do sul não poderão subsistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para subsistir.

16 O que pois ha de vir contra elle [7] fará segundo a sua vontade, e não haverá quem possa subsistir diante d’elle: e estará na terra gloriosa, e haverá consumição na sua mão.

17 E porá o seu rosto, para vir com a potencia de todo o seu reino, e com elle os rectos, e o fará: e lhe dará uma filha das mulheres, para a destruir a ella, mas ella não subsistirá, nem será por elle.

18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; e um principe fará cessar o seu opprobrio contra elle, e ainda fará tornar sobre elle o seu opprobrio.

19 Virará pois o seu rosto para as fortalezas da sua terra, mas tropeçará, e cairá, [8] e não será achado.

20 E em seu logar se levantará quem fará passar o arrecadador em gloria real; mas em poucos dias será quebrantado, e isto não em ira nem em batalha.

21 Depois se levantará em seu logar um homem vil, ao qual não darão a dignidade real; mas virá [ACY] caladamente, e tomará o reino com engano.

22 E os braços da inundação serão inundados de diante d’elle; e serão quebrantados, [9] como tambem o principe do concerto.

23 E, depois dos concertos com elle, usará de engano; e subirá, e será esforçado com pouca gente.

24 Virá tambem caladamente aos logares gordos da provincia, e fará o que nunca fizeram seus paes, nem os paes de seus paes; repartirá entre elles a preza e os despojos, e a riqueza, e formará os seus projectos contra as fortalezas, porém sómente por certo tempo.

25 E suscitará a sua força e o seu coração contra o rei do sul com um grande exercito; e o rei do sul se entremetterá na guerra com um grande e mui poderoso exercito; mas não subsistirá, porque formarão projectos contra elle.

26 E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; [10] e o exercito d’elle inundará, e cairão muitos traspassados.

27 Tambem estes dois reis terão o coração attento para fazerem o mal, e a uma mesma mesa fallarão a mentira, mas não prosperará, [11] porque o fim ainda terá logar no tempo determinado.

28 E tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra o sancto concerto; e obrará, e tornará para a sua terra.

29 Ao tempo determinado tornará a vir contra o sul; mas não será a ultima como a primeira vez.

30 Porque virão contra elle navios[791] de Chittim, de que se entristecerá; e tornará, [12] e se indignará contra o sancto concerto, e obrará, porque tornará a attender aos que tiverem desamparado o sancto concerto.

31 E [ACZ] sairão a elle uns braços, [13] e profanarão o sanctuario e a fortaleza, e tirarão o continuo sacrificio, e porão a abominação assoladora.

32 E aos violadores do concerto com lisonjas fará usar de hypocrisia, mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas.

33 E [14] os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; e cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo captiveiro, e pelo roubo, por muitos dias.

34 E, caindo elles, serão ajudados com pequeno soccorro; e muitos se ajuntarão com elles com lisonjas.

35 E alguns dos entendidos cairão, para os provar, [15] e purgar, e embranquecer, até ao fim do tempo, [16] porque será ainda até ao tempo determinado.

36 E este rei [17] fará conforme a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo o deus; [18] e contra o Deus dos deuses fallará coisas maravilhosas, e será prospero, até que a ira seja acabada; porque aquillo que está determinado será feito.

37 E não terá respeito algum ao Deus de seus paes, [19] nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a algum outro deus, porque sobre tudo se engrandecerá.

38 E ao deus das fortalezas honrará em seu logar, a saber, ao deus a quem seus paes não conheceram honrará com oiro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas desejadas.

39 E fará os castellos fortes com o deus estranho; aos que reconhecer multiplicará a honra, e os fará reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.

40 E, [20] no fim do tempo, o rei do sul lhe dará marradas, e o rei do norte o accommetterá [21] com carros, e com cavalleiros, [22] e com muitos navios; e entrará nas terras, e as inundará, e passará.

41 E entrará na terra gloriosa, e muitas terras serão derribadas, mas escaparão da sua mão estes: [23] Edom e Moab, e as primicias dos filhos d’Amon.

42 E estenderá a sua mão ás terras, e a terra do Egypto não escapará.

43 E apoderar-se-ha dos thesouros de oiro e de prata, e de todas as coisas desejadas do Egypto; e os lybios e os ethiopes o seguirão.

44 Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.

45 E armará as tendas do seu palacio entre o mar grande, no monte sancto e glorioso; mas virá ao seu fim, e não haverá quem o soccorra.

[1] cap. 9.1. cap. 5.31.

[2] cap. 7.6.

[3] ver. 16, 36.

[4] cap. 8.8.

[5] Isa. 8.8. cap. 9.26.

[6] ver. 7.

[7] ver. 3, 36.

[8] Job 20.8. Eze. 26.21.

[9] cap. 8.10.

[10] ver. 22.

[11] ver. 35. cap. 8.19.

[12] ver. 28.

[13] cap. 8.11 e 12.11.

[14] Mal. 2.7.

[15] cap. 12.10. I Ped. 1.7. ver. 40.

[16] ver. 29.

[17] cap. 7.8, 25 e 8.25. II The. 2.4. Apo. 13.5, 6.

[18] cap. 8.11, 24, 25.

[19] I Tim. 4.3. II The. 2.4.

[20] ver. 35.

[21] Zac. 9.14.

[22] Eze. 38.4, 15. Apo. 9.16.

[23] Isa. 11.14.

Os ultimos tempos: as palavras selladas.

12 E n’aquelle tempo se [1] levantará Michael, o grande principe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, [2] e haverá um tempo de angustia, qual nunca houve, desde que houve nação até áquelle tempo; [3] porém n’aquelle tempo livrar-se-ha o teu povo, todo aquelle que se achar escripto no livro.

2 E muitos dos que dormem no pó da terra resuscitarão, uns para vida eterna, [4] e outros para vergonha e para nojo eterno.

3 Os entendidos [5] pois resplandecerão como o resplandor do firmamento, e os que a muitos ensinam [6] a justiça como as estrellas sempre e eternamente.

4 E tu, [7] Daniel, fecha estas palavras e sella este livro, até ao fim do tempo: então muitos passarão, lendo-o, e a sciencia se multiplicará.

5 E eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um d’esta banda, á beira do rio, e o outro da outra banda, á [8] beira do rio.

6 E elle disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as aguas do rio: Até quando será o fim das maravilhas?

7 E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as aguas do rio, [9] e levantou a sua mão direita e a sua mão esquerda ao céu, e jurou por aquelle que vive eternamente que depois do determinado tempo, determinados tempos [10] e a metade do tempo, e quando acabar de espalhar o poder do povo sancto, [11] todas estas coisas serão cumpridas.

8 Eu pois ouvi, mas não entendi; por[792] isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim d’estas coisas?

9 E disse: Vae, Daniel, [12] porque estas palavras estão fechadas e selladas até ao tempo do fim.

10 Muitos [13] serão purgados, e embranquecidos, e provados; mas os impios obrarão impiamente, e nenhum dos impios entenderá, [14] mas os entendidos entenderão.

11 E desde o tempo em que o continuo sacrificio [15] fôr tirado, e posta a abominação assoladora, serão mil, duzentos e noventa dias.

12 Bemaventurado o que espera e chega até mil, trezentos e trinta e cinco dias.

13 Tu, porém, [16] vae até ao fim; porque repousarás, e te levantarás na tua sorte, no fim dos dias.

[1] cap. 10.13, 21.

[2] Apo. 16.18.

[3] Rom. 11.26. Exo. 32.32. Luc. 10.20. Phi. 4.3. Apo. 3.5 e 13.8.

[4] Mat. 25.46. João 5.28, 29. Act. 24.15. Rom. 9.21.

[5] cap. 11.33, 35. Mat. 13.43.

[6] I Cor. 15.41, 42.

[7] cap. 5.15. Luc. 15.18. Eze. 16.8.

[8] cap. 10.4.

[9] Deu. 32.40. Apo. 10.5, 6.

[10] cap. 7.25 e 11.13. Apo. 12.14.

[11] Luc. 21.24. Apo. 10.7. cap. 8.24.

[12] ver. 4.

[13] cap. 11.35. Zac. 13.9. Ose. 14.9.

[14] cap. 11.33, 35.

[15] cap. 8.11 e 11.31.

[16] ver. 9. Apo. 14.13.


OSEAS.

Casamento symbolico de Oseas; idolatria e corrupção de Israel: ameaças e promessas de perdão.

Antes de Christo 785

1 Palavra do Senhor, que foi dita a Oseas, filho de Beeri, nos dias d’Uzias, Jothão, Achaz, Ezequias, reis de Judah, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.

2 O principio da palavra do Senhor por Oseas: disse pois o Senhor a Oseas: [1] Vae, toma uma mulher de fornicações, e filhos de fornicações; porque a terra fornicando fornica, desviando-se de após o Senhor.

3 E foi-se, e tomou a Gomer, filha de Diblaim, e ella concebeu, e lhe pariu um filho.

4 E disse-lhe o Senhor: Chama o seu nome Jezreel; [2] porque d’aqui a pouco visitarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jehu, e farei cessar o reino da casa de Israel.

5 E será n’aquelle dia que quebrarei o arco de Israel no valle de Jezreel.

6 E tornou ella a conceber, e pariu uma filha; e elle disse: Chama o seu nome Lo-ruhama; [3] porque eu não me tornarei mais a compadecer da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei.

7 Mas da casa de Judah me apiedarei, e os salvarei pelo Senhor seu [4] Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavallos nem pelos cavalleiros.

8 E, depois de haver desmamado a Lo-ruhama, concebeu e pariu um filho.

9 E elle disse: Chama o seu nome Lo-ammi; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.

10 Todavia o numero [5] dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá [6] que no logar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, [7] se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo.

11 E [8] os filhos de Judah e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão sobre si uma unica cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jezreel.

[1] cap. 3.1. Deu. 31.16. Eze. 23.3, etc.

[2] II Reis 10.11. II Reis 15.10, 12.

[3] II Reis 17.6, 23.

[4] Zac. 9.10.

[5] Gen. 32.12. Rom. 9.27, 28.

[6] Rom. 9.25, 26. I Ped. 2.10.

[7] João 1.12. I João 3.1.

[8] Isa. 11.12, 13. Jer. 3.18. Eze. 34.23 e 37.16-24.

2 Dizei a vossos irmãos, Ammi, e a vossas irmãs, Ruhama:

2 Contendei com vossa mãe, contendei, [1] porque ella não é minha mulher, e eu não sou seu marido, e tire ella as suas fornicações da sua face e os seus adulterios de entre os seus peitos.

3 Para que [2] eu não a despoje despida, e a ponha como no dia em que nasceu, e a faça como um deserto, e a ponha como uma terra secca, e a mate á sede,

4 E não me apiede de seus filhos, [3] porque são filhos de fornicações.

5 Porque [4] sua mãe fornicou: aquella que os concebeu houve-se torpemente, porque diz: Irei atraz de meus namorados, [5] que me dão o meu pão e a minha agua, a minha lã e o meu linho, o meu oleo e as minhas bebidas.

6 Portanto, [6] eis que cercarei o teu caminho com espinhos; e levantarei uma parede de sebe, e não achará as suas veredas.

[793]

7 E irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará; e buscal-os-ha, mas não os achará: então dirá: Ir-me-hei, [7] e tornar-me-hei a meu primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora.

8 Ella pois não reconhece [8] que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o oleo, e lhe multipliquei a prata e o oiro, do que usaram para Baal.

9 Portanto, tornar-me-hei, [9] e a seu tempo tirarei o meu grão e o meu mosto ao seu determinado tempo; e arrebatarei a minha lã e o meu linho, que tinha dado para cobrir a sua nudez.

10 E [10] agora descobrirei a sua vileza diante dos olhos dos seus namorados, e ninguem a livrará da minha mão.

11 E [11] farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sabbados, e todas as suas festividades.

12 E assolarei a sua vide e a sua figueira, [12] de que ella diz: Estas são a minha paga que me deram os meus amantes: eu pois farei d’ellas um bosque, e as bestas feras do campo as devorarão.

13 E sobre ella visitarei os dias de Baal, em que lhe queimou incenso, [13] e se adornou dos seus pendentes e das suas gargantilhas, e andou atraz de seus namorados, mas de mim se esqueceu, diz o Senhor.

14 Portanto, eis que eu a attrahirei, [14] e a levarei para o deserto, e lhe fallarei ao coração.

15 E [15] lhe darei as suas vinhas d’ali, e o valle de Achor, para porta de esperança; e ali cantará, [16] como nos dias da sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egypto.

16 E será n’aquelle dia, diz o Senhor, que me chamarás: Meu marido; e não me chamarás mais: Meu Baal.

17 E [17] da sua bocca tirarei os nomes de Baalim, e os seus nomes não virão mais em memoria.

18 E n’aquelle dia [18] lhes farei alliança com as bestas feras do campo, e com as aves do céu, e com os reptis da terra; e da terra quebrarei o arco, [19] e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança.

19 E desposar-te-hei comigo para sempre: desposar-te-hei comigo em justiça, e em juizo, e em benignidade, e em misericordias.

20 E desposar-te-hei comigo em fidelidade, [20] e conhecerás ao Senhor.

21 E acontecerá n’aquelle dia que eu responderei, [21] diz o Senhor, eu responderei aos céus, e estes responderão á terra.

22 E a terra ouvirá ao trigo, como tambem ao mosto, e ao oleo, [22] e estes responderão a Jezreel.

23 E semeal-a-hei [23] para mim na terra, e apiedar-me-hei de Lo-ruhama; e a Lo-ammi direi: [24] Tu és meu povo; e elle dirá: Ó meu Deus!

[1] Isa. 50.1. Eze. 16.25.

[2] Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37, 39. Eze. 16.4 e 19.13. Amós 8.11, 13.

[3] João 8.41.

[4] Isa. 1.21. Jer. 3.1, 6, 8, 9. Eze. 16.15, 16, etc.

[5] ver. 8, 12. Jer. 44.17.

[6] Job 3.23 e 19.8. Lam. 3.7, 9.

[7] cap. 5.15. Luc. 15.18. Eze. 16.8.

[8] Isa. 1.3. Eze. 16.17, 18, 19.

[9] ver. 3.

[10] Eze. 16.37 e 23.29.

[11] Amós 8.10. I Reis 12.32. Amós 8.5.

[12] ver. 5.

[13] Eze. 23.40, 42.

[14] Eze. 20.25.

[15] Jos. 7.26. Isa. 65.10.

[16] Jer. 2.2. Eze. 16.8, 22, 60. Exo. 15.1.

[17] Exo. 23.13. Jos. 23.7. Zac. 13.2.

[18] Job 5.22. Isa. 11.6, 9. Eze. 34.25.

[19] Isa. 2.4. Eze. 39.9, 10. Zac. 9.10. Lev. 26.5. Jer. 23.6.

[20] Jer. 31.33, 34. João 17.3.

[21] Zac. 8.12.

[22] cap. 1.4.

[23] Jer. 31.27. Zac. 10.9. cap. 1.6.

[24] cap. 1.10. Zac. 13.9. Rom. 9.26. I Ped. 2.10.

3 E o Senhor me disse: Vae outra vez, [1] ama uma mulher, amada de seu amigo, comtudo adultera, como o Senhor ama os filhos de Israel; mas elles olham para outros deuses, e amam os frascos das uvas.

Antes de Christo 780

2 E a comprei para mim por quinze dinheiros de prata, e um homer de cevada, e meio homer de cevada;

3 E lhe disse: [2] Tu ficarás para mim muitos dias (não fornicarás, nem serás de outro homem), e tambem eu ficarei para ti.

4 Porque os filhos de Israel [3] ficarão por muitos dias sem rei, e sem principe, e sem sacrificio, e sem estatua, e sem ephod, e sem teraphim.

5 Depois tornarão os filhos de Israel, [4] e buscarão ao Senhor seu Deus, e a David, seu rei; e temerão ao Senhor, e á sua bondade, no fim dos dias.

[1] cap. 1.2. Jer. 3.20.

[2] Deu. 21.13.

[3] cap. 10.3. Exo. 28.6. Jui. 17.5.

[4] Jer. 50.4, 5. cap. 5.6. Jer. 30.9. Eze. 34.23, 24 e 37.22, 24.

Israel e Judah são ameaçados com castigo por causa da sua impiedade: a ignorancia e malicia do povo.

4 Ouvi a palavra do Senhor, vós, filhos de Israel, [1] porque o Senhor tem uma contenda com os habitantes da terra, porque não ha verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra.

2 Mas o perjurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, prevalecem, e os homicidios se tocaram com homicidios.

3 Por isso a terra se lamentará, [2] e qualquer que morar n’ella desfallecerá, com os animaes do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.

[794]

4 Porém ninguem contenda, nem reprehenda a alguem, [3] porque o teu povo é como os que contendem com o sacerdote.

5 Por isso cairás de dia, e o propheta comtigo cairá de noite, e destruirei a tua mãe.

6 O meu povo [4] foi destruido, porque lhe faltou o conhecimento: porque tu rejeitaste o conhecimento, tambem eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, tambem eu me esquecerei de teus filhos.

7 Assim como elles se multiplicaram, [5] assim contra mim peccaram: eu mudarei a sua honra em vergonha.

8 Comem do peccado do meu povo, e da sua maldade d’elle teem desejo ardente.

9 Portanto, [6] como o povo, assim será o sacerdote; e visitarei sobre elle os seus caminhos, e lhe recompensarei as suas obras.

10 Comerão, [7] mas não se fartarão; fornicarão, mas não se multiplicarão; porque deixaram de olhar para o Senhor.

11 A fornicação, e o vinho, e o mosto [8] tiram o coração.

12 O meu povo consulta a sua madeira, [9] e a sua vara lhe responde, porque o espirito de fornicações os engana, e fornicam, apartando-se da sujeição do seu Deus.

13 Sacrificam [10] sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do alamo, e do olmeiro, porque é boa a sua sombra: [11] por isso vossas filhas fornicam, e as vossas noras adulteram.

14 Porventura não visitarei sobre vossas filhas, que fornicam, nem sobre vossas noras, que adulteram, porque elles mesmos com as prostitutas se desviam, e com as meretrizes sacrificam; [12] pois o povo que não tem entendimento será transtornado.

15 Se tu, ó Israel, queres fornicar, ao menos não se faça culpado Judah: [13] não venhaes a Gilgal, e não subaes a Beth-aven, e não jureis, dizendo: Vive o Senhor.

16 Porque [14] como uma vacca rebelde se rebellou Israel: agora o Senhor os apascentará como a um cordeiro n’um logar espaçoso.

17 Ephraim é dado a idolos; deixa-o.

18 A sua bebida se foi: fornicando, fornicam; certamente amaram a vergonha os seus principes.

19 Um vento [15] os atou nas suas azas, e envergonhar-se-hão por causa dos seus sacrificios.

[1] Isa. 1.18 e 3.13, 14. Jer. 35.31. cap. 12.2. Miq. 6.2.

[2] Jer. 4.28 e 12.4. Amós 5.16 e 8.8. Sof. 1.3.

[3] Deu. 17.12.

[4] Isa. 5.13.

[5] cap. 13.6.

[6] Isa. 24.2. Jer. 5.31.

[7] Miq. 6.14. Agg. 1.6.

[8] Isa. 28.7.

[9] Jer. 2.27. Hab. 2.19. cap. 5.4.

[10] Isa. 1.29 e 57.5, 7. Eze. 6.13 e 20.28.

[11] Amós 7.17. Rom. 1.28.

[12] ver. 1, 6.

[13] cap. 12.11. Amós 4.4 e 5.5. cap. 10.5. Amós 8.14.

[14] Jer. 3.6 e 7.24 e 8.5. Zac. 7.11.

[15] Jer. 4.11, 12 e 51.1. Isa. 1.29. Jer. 2.26.

Os principes e sacerdotes são reprehendidos e exhortados ao arrependimento.

5 Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutae, ó casa de Israel, e escutae, ó casa do rei, porque a vós toca este juizo, [1] visto que fostes um laço para Mispah, e rede estendida sobre Tabor.

2 E, matando sacrificios errados, [2] abaixaram até ao profundo; mas eu serei a correcção de todos elles.

3 Eu [3] conheço a Ephraim, e Israel não se me esconde; porque agora tens fornicado, ó Ephraim, e se contaminou Israel.

4 Não querem ordenar as suas acções afim de voltarem para o seu Deus, [4] porque o espirito das fornicações está no meio d’elles, e não conhecem ao Senhor.

5 A [5] soberba de Israel testificará pois no seu rosto: e Israel e Ephraim cairão pela sua injustiça, e Judah cairá juntamente com elles.

6 Então [6] irão com as suas ovelhas, e com as suas vaccas, para buscarem ao Senhor, mas não o acharão: elle se retirou d’elles.

7 Aleivosamente se houveram [7] contra o Senhor, porque geraram filhos estranhos: [8] agora a lua nova os consumirá com as suas porções.

8 Tocae a buzina em Gibeath, a trombeta em Rama: [9] gritae altamente em Beth-aven; após ti, a Benjamin.

9 Ephraim será para assolação no dia do castigo: entre as tribus de Israel manifestei o que certo está.

10 Os principes de Judah foram feitos como os que traspassam os limites: derramarei pois o meu furor sobre elles como agua.

11 Ephraim opprimido [10] e quebrantado é no juizo, porque assim quiz: andou após o mandamento.

12 Portanto a Ephraim serei como a traça, [11] e á casa de Judah como a podridão.

13 Vendo pois Ephraim [12] a sua enfermidade, e Judah a sua inchação,[795] subiu Ephraim á Assyria e enviou ao rei Jareb; mas elle não poderá sarar-vos, nem vos curará a inchação.

14 Porque a Ephraim serei como um leão, e como um leãosinho á casa de Judah: eu, [13] eu o despedaçarei, e ir-me-hei embora; eu levarei, e não haverá quem livre.

15 Andarei, e tornarei ao meu [14] logar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face: estando elles angustiados, de madrugada me buscarão.

[1] cap. 6.9.

[2] Isa. 29.15.

[3] Amós 3.2. cap. 4.17.

[4] cap. 4.12.

[5] cap. 7.10.

[6] Pro. 1.28. Isa. 1.15. Jer. 11.11. Miq. 3.4. João 7.34.

[7] Isa. 43.8. Jer. 5.11. cap. 6.7.

[8] Zac. 11.8.

[9] Jos. 7.2. cap. 4.15. Jui. 5.14.

[10] Deu. 28.33.

[11] Pro. 12.4.

[12] Jer. 30.20. cap. 7.11 e 12.1.

[13] Lam. 3.10. cap. 13.7, 8.

[14] Lev. 26.40, 41. Jer. 29.12, 13.

6 Vinde, e tornemos [1] ao Senhor, porque elle despedaçou, e nos sarará, feriu, e nos atará a ferida.

2 Depois [2] de dois dias nos dará a vida: ao terceiro dia nos resuscitará, e viveremos diante d’elle.

3 Então [3] conheceremos, e proseguiremos em conhecer, ao Senhor: como a alva, está apparelhada a sua saida: e elle a nós virá como a chuva, como chuva serodia que rega a terra.

4 Que te farei, ó Ephraim? que te farei, ó Judah? visto que a vossa beneficencia [4] é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que passa.

5 Por isso os cortei [5] pelos prophetas: pelas palavras da minha bocca os matei; e os teus juizos sairão como a luz.

6 Porque o que eu quero é a misericordia, [6] e não o sacrificio; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.

7 Porém elles traspassaram o concerto, [7] como Adão; ali se portaram aleivosamente contra mim.

8 Gilead [8] é uma cidade dos que obram iniquidade, calcada de sangue.

9 Como as tropas dos salteadores a alguns esperam, [9] assim é a companhia dos sacerdotes; matam no caminho para Sichem, porque fazem abominações.

10 Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: [10] ali está a fornicação d’Ephraim; Israel é contaminado.

11 Tambem para ti, ó Judah, foi assignada uma sega; [11] quando eu [ADA] tornar o captiveiro do meu povo.

[1] I Sam. 2.6. Job 5.18. Jer. 30.17.

[2] I Cor. 15.4.

[3] Isa. 54.13. II Sam. 23.4. Job 29.23.

[4] cap. 13.3.

[5] Jer. 5.14 e 23.29. Heb. 4.12.

[6] I Sam. 15.22. Miq. 6.8. Mat. 9.13 e 12.7. Isa. 1.11.

[7] cap. 5.7.

[8] cap. 12.11.

[9] cap. 5.1, 2.

[10] Jer. 5.30.

[11] Jer. 51.33. Joel 3.13. Apo. 14.15.

7 Sarando eu a Israel, se descobriu a iniquidade d’Ephraim, como tambem as maldades de Samaria, [1] porque obraram a falsidade; e o ladrão entra, e a tropa dos salteadores despoja por fóra.

Antes de Christo 773

2 E não dizem no seu coração que eu me lembro [2] de toda a sua maldade: agora, pois, os cercam as suas obras; diante da minha face estão.

3 Com a sua malicia alegram ao rei, e com as suas maneiras aos principes.

4 Todos [3] juntamente adulteram: similhantes são ao forno acceso pelo padeiro, que cessa de vigiar, depois que amassou a massa, até que seja levedada.

5 E o dia do nosso rei os principes o fazem adoecer, por esquentamento do vinho: estende a sua mão com os escarnecedores.

6 Porque, como um forno, applicaram o coração, emboscando-se; toda a noite dorme o seu padeiro, pela manhã arde como fogo de chamma.

7 Todos juntos se esquentam como o forno, [4] e consomem os seus juizes: todos os seus reis caem, ninguem entre elles ha que clame a mim.

8 Ephraim com os povos se mistura; Ephraim é um bolo que não foi virado.

9 Estrangeiros [5] lhe comeram a força, e não o sabe; tambem as cãs se espalharam sobre elle, e não o sabe.

10 E [6] a soberba de Israel testificará em sua face; e não voltarão para o Senhor seu Deus, nem o buscarão em tudo isto.

11 Porque [7] Ephraim é como uma pomba enganada, sem entendimento: invocam o Egypto, vão para a Assyria.

12 Quando forem, [8] sobre elles estenderei a minha rede, e como aves do céu os farei descer: castigal-os-hei, [9] conforme ao que elles teem ouvido na sua congregação.

13 Ai d’elles, porque fugiram de mim: destruição sobre elles, porque se rebellaram contra mim: [10] eu os remi, porém fallam mentiras contra mim.

14 E [11] não clamaram a mim do seu coração, quando davam uivos nas suas camas; para o trigo e para o vinho se ajuntam, mas contra mim se rebellam.

15 Eu os castiguei, e lhes esforcei os braços, mas pensam mal contra mim.

16 Tornaram-se, [12] mas não ao Altissimo. Fizeram-se como um arco enganoso: caem á espada os seus principes,[796] por causa da colera da sua lingua; este será o seu escarneo na terra do Egypto.

[1] cap. 5.1 e 6.10.

[2] Jer. 17.1.

[3] Jer. 9.2.

[4] cap. 8.4. Isa. 64.7.

[5] cap. 8.7.

[6] cap. 5.5. Isa. 9.13.

[7] cap. 11.11. cap. 5.3.

[8] Eze. 12.13.

[9] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15, etc. II Reis 17.13, 18.

[10] Miq. 6.4.

[11] Job 35.9, 10. Jer. 3.10. Zac. 7.5.

[12] cap. 11.7.

O castigo está proximo.

Antes de Christo 760

8 Põe [1] a trombeta á tua bocca; elle vem como a aguia contra a casa do Senhor, [2] porque traspassaram o meu concerto, e se rebellaram contra a minha lei.

2 Então [3] a mim clamarão: Deus meu! nós, Israel, te conhecemos.

3 Israel rejeitou o bem: o inimigo perseguil-o-ha.

4 Elles fizeram reis, [4] porém não de mim: constituiram principes, porém eu não o soube: da sua prata [5] e do seu oiro fizeram idolos para si, para serem destruidos.

5 O teu bezerro, ó Samaria, te rejeitou: a minha ira se accendeu contra elles; [6] até quando serão elles incapazes da innocencia?

6 Porque tambem isso é de Israel, um artifice o fez, e não é Deus, mas em pedaços será desfeito o bezerro de Samaria.

7 Porque [7] vento semearam, e segarão tormenta: seara não haverá, a herva não dará farinha: se a der, [8] tragal-a-hão os estrangeiros.

8 Israel [9] foi tragado: agora entre as nações será tido como um vaso em que ninguem tem prazer.

9 Porque subiram á Assyria, como um jumento montez, por si só: [10] mercou Ephraim amores.

10 Ainda que elles merquem entre as nações, [11] agora as congregarei: começaram a ser diminuidos por causa da carga do rei dos principes.

11 Porquanto [12] Ephraim multiplicou os altares para peccar; teve altar para peccar.

12 Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, [13] porém essas são estimadas como coisa estranha.

13 Quanto [14] aos sacrificios dos meus dons, sacrificam carne, e a comem, mas o Senhor não se deleitou n’elles: [15] agora se lembrará da sua injustiça, e visitará os seus peccados: elles voltarão para o Egypto.

14 Porque Israel se esqueceu [16] do seu Creador, e edificou templos, [17] e Judah multiplicou cidades fortes; mas eu enviarei um fogo contra as suas cidades, que consumirá os seus palacios.

[1] cap. 5.8. Deu. 28.49. Jer. 4.13. Hab. 1.8.

[2] cap. 6.7.

[3] Tito 1.16.

[4] II Reis 15.13, 17, 25.

[5] cap. 2.8 e 13.2.

[6] Jer. 13.27.

[7] Pro. 22.8. cap. 10.12, 13.

[8] cap. 7.9.

[9] Jer. 22.28 e 48.38.

[10] Eze. 16.33, 34.

[11] Eze. 16.37. cap. 10.10.

[12] cap. 12.11.

[13] Deu. 4.6, 8.

[14] Jer. 7.21 e 14.10, 12. Amós 5.22.

[15] cap. 9.9. Amós 8.7.

[16] Deu. 32.18. Isa. 29.23.

[17] Jer. 17.27. Amós 2.5.

O peccado de Israel e a sua consequencia.

9 Não te alegres, ó Israel, até saltar, como os povos; [1] porque pela fornicação abandonaste o teu Deus: amaste a paga de meretriz sobre todas as eiras de trigo.

2 A [2] eira e o lagar não os manterão; e o mosto lhe faltará.

3 Na [3] terra do Senhor não permanecerão; mas Ephraim tornará ao Egypto, [4] e na Assyria comerão o immundo.

4 Não [5] derramarão vinho ao Senhor, nem lhe serão suaves: os seus sacrificios lhes serão como pão de pranto; todos os que d’elle comerem serão immundos, porque o seu pão é por sua alma; não entrará na casa do Senhor.

5 Que fareis vós [6] no dia da solemnidade, e no dia da festa do Senhor?

6 Porque, eis que elles se foram por causa da destruição: [7] o Egypto os recolherá, Memphis os sepultará: o desejavel da sua prata as ortigas o possuirão por herança, [8] espinhos haverá nas suas moradas.

7 chegaram os dias da visitação, chegaram os dias da retribuição; os de Israel o saberão: [9] o propheta é louco, o homem de espirito é furioso; por causa da abundancia da tua iniquidade tambem abundará o odio.

8 Ephraim [10] era o vigia com o meu Deus, mas o propheta é como um laço de caçador de aves em todos os seus caminhos, odio na casa do seu Deus.

9 Mui profundamente [11] se corromperam, como nos dias de Gibeah: lembrar-se-ha das suas injustiças, visitará os peccados d’elles.

10 Achei a Israel como uvas no deserto, [12] vi a vossos paes como a fructa temporã da figueira no seu principio; [13] porém entraram a Baalpeor, e se apartaram para essa vergonha, e se tornaram abominaveis como aquillo que amaram.

11 Quanto a Ephraim, a sua gloria como ave voará desde o nascimento, e desde o ventre, e desde o concebimento.

12 Ainda que [14] venham a crear seus[797] filhos, comtudo os privarei d’elles d’entre os homens, porque tambem, [15] ai d’elles! quando me apartar d’elles.

13 Ephraim, [16] assim como vi a Tyro, plantada está n’um logar deleitoso; [17] mas Ephraim tirará para fóra seus filhos para o matador.

14 Dá-lhes, ó Senhor; que pois lhes darás? [18] dá-lhes uma madre que aborte e seios seccos.

15 Toda [19] a sua malicia se acha em Gilgal, porque ali os aborreci pela malicia das suas obras: lançal-os-hei para fóra de minha casa; não os amarei mais: [20] todos os seus principes são rebeldes.

16 Ephraim foi ferido, seccou-se a sua raiz; não darão fructo: [21] e, ainda que gerem, todavia matarei os desejaveis do seu ventre.

17 O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem, [22] e vagabundos andarão entre as nações.

[1] cap. 4.12 e 5.4, 7.

[2] cap. 2.9, 12.

[3] Lev. 25.23. Jer. 2.7 e 16.18. cap. 8.13 e 11.5.

[4] Eze. 4.13. Dan. 1.8.

[5] Jer. 6.20. cap. 8.13.

[6] cap. 2.11.

[7] cap. 7.16. ver. 3.

[8] Isa. 32.13. cap. 10.8.

[9] Eze. 13.3, etc. Sof. 3.4.

[10] Jer. 6.17 e 31.6.

[11] cap. 10.9. cap. 8.13.

[12] Isa. 28.4. Miq. 7.1. cap. 2.15.

[13] Num. 25.3. cap. 4.14. Jer. 11.13. Amós 4.5.

[14] Job 27.14. Deu. 28.41, 62.

[15] Deu. 31.17.

[16] Eze. 26 e 27 e 28.

[17] ver. 16. cap. 14.1.

[18] Luc. 23.29.

[19] cap. 4.15 e 12.11. cap. 1.6.

[20] Isa. 1.23.

[21] ver. 13.

[22] Deu. 28.64, 65.

10 Israel [1] é uma vide vasia; dá fructo para si mesmo: [2] segundo a multidão do seu fructo, multiplicou os altares, segundo a bondade da sua terra, fizeram boas as estatuas.

Antes de Christo 740

2 Lisonjeia-os [3] o seu coração, agora serão culpados: cortará os seus altares, e destruirá as suas estatuas.

3 Porque [4] agora dirão: Não temos rei, porque não tememos ao Senhor: que, pois, nos faria o rei?

4 Fallaram palavras, jurando falsamente, fazendo um concerto: [5] e florescerá o juizo como herva peçonhenta nos regos dos campos.

5 Os moradores de Samaria [6] serão atemorisados pelo bezerro de Beth-aven; porque o seu povo lamentará por causa d’elle, como tambem os seus sacerdotes (que por causa d’elle se alegravam), [7] por causa da sua gloria, que pois se foi d’ella.

6 Tambem a Assyria [8] será levada como um presente ao rei Jareb: Ephraim ficará confuso, e Israel se envergonhará por causa do seu conselho.

7 O rei de Samaria [9] será cortado como a escuma sobre a face da agua.

8 E os altos de Aven, [10] peccado de Israel, serão destruidos: espinhos e cardos crescerão sobre os seus altares; e dirão aos montes: [11] Cobri-nos! e aos outeiros: Cahi sobre nós!

9 Desde os dias de Gibeah peccaste, ó Israel; [12] ali pararam: a peleja em Gibeah contra os filhos da perversidade não os accommetterá.

10 Eu [13] os castigarei á medida do meu desejo; e congregar-se-hão contra elles os povos, quando os atar nos seus dois regos.

11 Porque [14] Ephraim é uma bezerra [ADB] acostumada, que gosta de trilhar; passei sobre a formosura do seu pescoço: porventura deixarei andar a cavallo Ephraim? Judah lavrará, Jacob lhe desfará os torrões.

12 Semeae [15] para vós a justiça, segae para beneficencia, e lavrae o campo de lavoura; porque o tempo é de buscar ao Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós.

13 Lavrastes [16] a impiedade, segastes a perversidade, e comestes o fructo da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos teus valentes.

14 Portanto, entre os seus povos se levantará um grande tumulto, e todas as tuas fortalezas serão destruidas, [17] como Shalman destruiu a Beth-arbel no dia da guerra: a mãe ali foi despedaçada com os filhos.

15 Assim vos fará Beth-el, por causa da malicia de vossa malicia: o rei de Israel de madrugada será totalmente destruido.

[1] Nah. 2.2.

[2] cap. 8.11 e 12.11.

[3] Mat. 6.24.

[4] cap. 3.4 e 11.5. Miq. 4.9. ver. 7.

[5] Act. 8.23. Heb. 12.15.

[6] I Reis 12.28, 29. cap. 8.5, 6. cap. 4.15.

[7] I Sam. 4.21, 22. cap. 9.11.

[8] cap. 5.13 e 11.6.

[9] ver. 3, 15.

[10] cap. 4.15. Deu. 9.21. I Reis 12.30. cap. 9.6.

[11] Isa. 2.19. Luc. 23.30. Apo. 6.16 e 9.6.

[12] cap. 9.9. Jui. 20.

[13] Deu. 28.63. Eze. 23.46, 47.

[14] Jer. 50.11. Miq. 4.13.

[15] Pro. 11.18.

[16] Job 4.8. Pro. 22.8. cap. 8.7. Gal. 6.7, 8.

[17] II Reis 18.34 e 19.13. cap. 14.1.

A ingratidão de Israel. Ameaças e promessas.

Antes de Christo 728

11 Quando Israel [1] era menino, eu o amei; [2] e do Egypto chamei a meu filho.

2 Mas, como elles os chamavam, assim se iam da sua face: [3] sacrificavam a baalins, e queimavam incenso ás imagens de esculptura.

3 Eu, [4] todavia, ensinei a andar a Ephraim; tomei-os pelos seus braços, [5] mas não conheceram que eu os curava.

4 Attrahi-os com cordas humanas, com cordas de amor, [6] e fui para elles como os que levantam o jugo de sobre as suas queixadas, e lhe dei mantimento.[798] 5 Não [7] voltará para a terra do Egypto, mas a Assyria será seu rei; porque recusam converter-se.

6 E ficará a espada sobre as suas cidades, e consumirá os seus ferrolhos, [8] e devorará, por causa dos seus conselhos.

7 Porque o meu povo se inclina a desviar-se de mim; [9] bem que chamam ao Altissimo, nenhum d’elles se levanta.

8 Como [10] te deixaria, ó Ephraim? como te entregaria, ó Israel? [11] como te faria como Adama? te poria como Zeboim? [12] Virou-se em mim o meu coração, todos os meus pezares juntamente estão accendidos.

9 Não executarei o furor da minha ira: não me tornarei para destruir a Ephraim, porque eu sou Deus [13] e não homem, o Sancto no meio de ti, e não entrarei na cidade.

10 Andarão após o Senhor, [14] elle bramará como leão: bramando pois elle, os filhos do occidente tremerão.

11 Tremendo, se achegarão como um passarinho os do Egypto, e como uma pomba os da terra da Assyria, [15] e os farei habitar em suas casas, diz o Senhor.

12 Ephraim [16] me cercou com mentira, e a casa de Israel com engano; mas Judah ainda domina com Deus, e com os sanctos está fiel.

[1] cap. 2.15.

[2] Mat. 2.15. Exo. 4.22, 23.

[3] II Reis 17.16. cap. 2.13 e 13.2.

[4] Deu. 1.31 e 32.10, 11, 12. Isa. 46.3.

[5] Exo. 15.26.

[6] Lev. 26.13.

[7] cap. 8.13 e 9.3. II Reis 17.13, 14.

[8] cap. 10.6.

[9] Jer. 3.6, etc. e 8.5. cap. 4.16 e 7.16.

[10] Jer. 9.7. cap. 6.4.

[11] Gen. 14.8 e 19.24, 25. Deu. 29.23. Amós 4.11.

[12] Deu. 32.36. Jer. 31.20.

[13] Num. 23.19. Mal. 3.6.

[14] Isa. 31.4. Joel 3.16. Amós 1.2.

[15] Isa. 60.8. cap. 7.11. Eze. 28.25, 26.

[16] cap. 12.1.

A controversia do Senhor com Judah e com Israel.

Antes de Christo 725

12 Ephraim [1] se apascenta de vento, e segue o vento leste: todo o dia multiplica a mentira e a destruição; [2] e fazem alliança com a Assyria, e o azeite se leva ao Egypto.

2 O Senhor [3] tambem com Judah tem contenda, e fará visitação sobre Jacob segundo os seus caminhos; segundo as suas obras lhe recompensará.

3 No ventre [4] pegou do calcanhar de seu irmão, e pela sua força como principe se houve com Deus.

4 Como principe se houve com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe supplicou: [5] em Beth-el o achou, e ali fallou comnosco,

5 A saber, o Senhor, o Deus dos Exercitos: [6] o Senhor é o seu memorial.

6 Tu, pois, [7] converte-te a teu Deus: guarda a beneficencia e o juizo, e em teu Deus espera sempre.

7 Na mão do mercador está uma balança enganosa; [8] ama a oppressão.

8 Ainda diz Ephraim: [9] Comtudo eu estou enriquecido, e tenho adquirido para mim grandes bens: em todo o meu trabalho não acharão em mim iniquidade alguma que seja peccado.

9 Mas eu sou o Senhor teu [10] Deus desde a terra do Egypto: eu ainda te farei habitar em tendas, como nos dias do ajuntamento.

10 E fallarei [11] aos prophetas, e multiplicarei a visão; e pelo ministerio dos prophetas proporei similes.

11 Porventura não é Gilead [12] iniquidade? pura vaidade são: em Gilgal sacrificam bois: [13] os seus altares como montões de pedras são nos regos dos campos.

12 Jacob [14] fugiu para o campo [ADC] da Syria, e Israel serviu por sua mulher, e por sua mulher guardou o gado.

13 Mas o Senhor por um propheta fez subir a Israel do Egypto, [15] e por um propheta foi elle guardado.

14 Ephraim [16] porém mui amargosamente o irou: portanto deixará ficar sobre elle o seu sangue, e o seu Senhor lhe recompensará [17] o seu opprobrio.

[1] cap. 8.7.

[2] II Reis 17.4. cap. 5.13.

[3] cap. 4.1. Miq. 6.2.

[4] Gen. 25.26 e 32.24, etc.

[5] Gen. 28.12, 19 e 35.9, 10, 15.

[6] Exo. 3.15.

[7] cap. 14.1. Miq. 6.8.

[8] Pro. 11.1. Amós 3.5.

[9] Zac. 11.5. Apo. 3.17.

[10] Lev. 23.42, 43. Neh. 8.17. Zac. 14.16.

[11] II Reis 17.13.

[12] Amós 4.4 e 5.5.

[13] cap. 8.11 e 10.1.

[14] Deu. 26.5. Gen. 29.20, 28.

[15] Exo. 12.50, 51 e 13.3. Isa. 63.11. Miq. 6.4.

[16] II Reis 17.11-18.

[17] Dan. 11.18. Deu. 28.37.

O peccado de Israel e o seu castigo.

13 Quando Ephraim fallava, tremia-se; foi exalçado em Israel; [1] mas quando se fez culpado em Baal, então morreu.

2 E agora accumularam peccados sobre peccados, [2] e da sua prata fizeram uma imagem de fundição, idolos segundo o seu entendimento, que todos são obra de artifices, dos quaes dizem: [3] Os homens que sacrificam beijem os bezerros.

3 Por isso [4] serão como a nuvem de manhã, e como orvalho da madrugada, que passa: como folhelho que a tempestade lança da eira, e como o fumo da chaminé.

4 Eu pois sou [5] o Senhor teu Deus desde a terra do Egypto; portanto não[799] reconhecerás outro Deus fóra de mim, [6] porque não ha Salvador senão eu.

5 Eu te [7] conheci no deserto, na terra mui secca.

6 Depois elles se fartaram [8] á proporção do seu pasto; estando pois fartos, ensoberbeceu-se o seu coração, [9] por isso se esqueceram de mim.

7 Portanto [10] serei para elles como leão; como leopardo espiarei no caminho.

8 Como urso que tem perdido seus filhos, os encontrarei, [11] lhes romperei as teias do seu coração, e ali os devorarei como leão; as feras do campo os despedaçarão.

9 Isso te lançou a perder, [12] ó Israel, que te rebellaste contra mim, a saber, contra a tua ajuda.

10 Onde está agora o teu rei, [13] para que te guarde em todas as tuas cidades? e os teus juizes, dos quaes disseste: [14] Dá-me rei e principes?

11 Dei-te [15] um rei na minha ira, e t’o tirarei no meu furor.

12 A [16] iniquidade de Ephraim está atada, o seu peccado está enthesourado.

13 Dôres [17] de mulher de parto lhe virão: elle é um filho insensato: [18] porque não permanece o seu tempo na paridura.

14 Eu pois os remirei da [19] violencia do inferno, e os resgatarei da morte: onde estão, ó morte, as tuas pestes? onde está ó inferno, a tua perdição? [20] o arrependimento [21] será escondido de meus olhos.

15 Ainda que elle dê fructo entre os irmãos, virá o vento leste, vento do Senhor, subindo do deserto, e seccar-se-ha a sua veia, e seccar-se-ha a sua fonte: elle saqueará o thesouro de todos os vasos desejaveis.

16 Samaria virá [22] a ser deserta, porque se rebellou contra o seu Deus: cairão á espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas gravidas serão fendidas pelo meio.

[1] II Reis 17.16, 18. cap. 11.2.

[2] cap. 2.8 e 8.4.

[3] I Reis 19.18.

[4] cap. 6.4. Dan. 2.35.

[5] Isa. 43.11. cap. 12.9.

[6] Isa. 43.11 e 45.21.

[7] Deu. 2.7 e 32.10. Deu. 8.15 e 32.10.

[8] Deu. 8.12, 14 e 32.15.

[9] cap. 8.14.

[10] Lam. 3.10. cap. 5.14. Jer. 5.6.

[11] II Sam. 17.8. Pro. 17.12.

[12] Pro. 6.32. Mal. 1.9. ver. 4.

[13] Deu. 32.38. cap. 10.3. ver. 4.

[14] I Sam. 8.5, 19.

[15] I Sam. 8.7 e 10.19 e 15.22, 23 e 16.1. cap. 10.3.

[16] Deu. 32.34. Job 14.17.

[17] Isa. 13.8. Jer. 30.6. Pro. 22.3.

[18] II Reis 19.3.

[19] Isa. 25.8. Eze. 37.12.

[20] I Cor. 15.54, 55.

[21] Gen. 41.52 e 48.19. Jer. 4.11. Eze. 17.10.

[22] II Reis 18.12. II Reis 8.12 e 15.16. Isa. 13.16. cap. 10.14, 15. Amós 1.13. Nah. 3.10.

Exhortação ao arrependimento, e promessa de perdão.

14 Converte-te, [1] ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos teus peccados tens caido.

2 Tomae comvosco palavras, e convertei-vos ao Senhor: dizei-lhe: Tira toda a iniquidade, e [ADD] recebe o bem; [2] e pagaremos os bezerros dos nossos labios.

3 Não nos salvará a [3] Assyria, não iremos montados em cavallos, [4] e á obra das nossas mãos não diremos mais: Tu és o nosso Deus; porque por ti o orphão alcançará misericordia.

4 Eu sararei a sua perversão, [5] eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou d’elles.

5 Eu serei a Israel como [6] orvalho, elle florescerá como o lirio, e espalhará as suas raizes como o Libano.

6 Estender-se-hão as suas vergonteas, e a sua gloria será como a da oliveira, [7] e cheirará como o Libano.

7 Voltarão os que se assentarem debaixo da sua sombra; serão vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memoria será como o vinho do Libano.

8 Ephraim então dirá: [8] Que mais tenho eu com os idolos? eu o tenho ouvido, e olharei para elle: ser-lhe-hei como a faia verde: [9] de mim é achado o teu fructo.

9 Quem é sabio, [10] para que entenda estas coisas; quem é prudente, para que as saiba? [11] porque os caminhos do Senhor são rectos, e os justos andarão n’elles, mas os transgressores cairão n’elles.

[1] cap. 12.6. Joel 2.13. cap. 13.9.

[2] Heb. 13.15.

[3] Jer. 31.18, etc. Deu. 17.16. Isa. 30.2, 16 e 31.1.

[4] ver. 8.

[5] cap. 11.7. Eph. 1.6.

[6] Job 29.19. Pro. 19.12.

[7] Gen. 27.27. Can. 4.11.

[8] ver. 3. Jer. 31.18.

[9] Thi. 1.17.

[10] Jer. 9.12. Dan. 12.10. João 8.47 e 18.37.

[11] Pro. 10.29. Luc. 2.34. II Cor. 2.16. I Ped. 2.7, 8.

[800]


JOEL.

A terrivel carestia causada pela locusta e pela secca.

Antes de Christo 800

1 Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Pethuel.

2 Ouvi isto, vós, anciãos, e escutae, todos os moradores da terra: [1] Porventura isto aconteceu em vossos dias? ou tambem nos dias de vossos paes?

3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a seus filhos, e os filhos d’estes á outra geração.

4 O que ficou da lagarta [2] o comeu o gafanhoto, e o que ficou do gafanhoto o comeu a locusta, e o que ficou da locusta o comeu o pulgão.

5 Despertae-vos, bebados, e chorae e uivae, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto, [3] porque cortado é da vossa bocca.

6 Porque uma nação subiu sobre a minha terra, poderosa e sem numero: [4] os seus dentes são dentes de leão, e teem queixaes de um leão velho.

7 Fez [5] da minha vide uma assolação, e descortiçou a minha figueira: despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.

8 Lamenta [6] como uma virgem que está cingida de sacco, pelo marido da sua mocidade.

9 Cortou-se a offerta de manjar, [7] e a libação da casa do Senhor: os sacerdotes, servos do Senhor, estão entristecidos.

10 O [8] campo está assolado, e a terra triste; porque o trigo está destruido, o mosto se seccou, [9] o oleo falta.

11 Os lavradores [10] se envergonham, os vinhateiros uivam, sobre o trigo e sobre a cevada; porque a sega do campo pereceu.

12 A vide [11] se seccou, a figueira se murchou; a romeira, tambem, e a palmeira e a macieira; todas as arvores do campo se seccaram, [12] e a alegria se seccou entre os filhos dos homens.

13 Cingi-vos [13] e lamentae-vos, sacerdotes; uivae, ministros do altar; entrae e passae, vestidos de saccos, a noite, ministros do meu Deus; porque a offerta de manjares, [14] e a libação, affastada está da casa de vosso Deus.

14 Sanctificae [15] um jejum, apregoae um dia de prohibição, congregae os anciãos, [16] e todos os moradores d’esta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamae ao Senhor.

15 Ah! aquelle dia! [17] porque o dia do Senhor está perto, e virá como uma assolação do Todo-poderoso.

16 Porventura o [18] mantimento não está cortado de diante de nossos olhos? a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?

17 A novidade apodreceu debaixo dos seus torrões, os celleiros foram assolados, os armazens derribados, porque se seccou o trigo.

18 Como geme o gado, [19] as manadas de vaccas estão confusas, porque não teem pasto: tambem os rebanhos de ovelhas são destruidos.

19 A ti, ó Senhor clamo, [20] porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chamma abrazou todas as arvores do campo.

20 Tambem todas as bestas do campo [21] bramam a ti; porque os rios de agua se seccaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.

[1] cap. 2.2.

[2] Deu. 28.38. cap. 2.25.

[3] Isa. 32.10. cap. 2.2, 11, 25.

[4] Apo. 9.8.

[5] Isa. 5.6.

[6] Isa. 22.12. Pro. 2.17. Jer. 3.4.

[7] ver. 13. cap. 2.14.

[8] Jer. 12.11 e 14.2.

[9] Isa. 24.7. ver. 12.

[10] Jer. 14.3, 4.

[11] ver. 10.

[12] Isa. 24.11. Jer. 48.33. Isa. 9.3.

[13] ver. 8. Jer. 4.8.

[14] ver. 9.

[15] II Chr. 20.3, 4. cap. 2.15, 16. Lev. 23.36.

[16] II Chr. 20.13.

[17] Jer. 30.7. Isa. 13.6, 9. cap. 2.1.

[18] Deu. 12.6, 7 e 16.11, 14, 15.

[19] Ose. 4.3.

[20] Jer. 9.10. cap. 2.3.

[21] Job 38.41. I Reis 17.7 e 18.5.

2 Tocae a buzina [1] em Sião, e clamae em alta voz no monte da minha sanctidade: perturbem-se todos os moradores da terra, [2] porque o dia do Senhor vem, porque está perto:

2 Dia de trevas [3] e de escuridade; dia de nuvens e grossas trevas; como a alva espalhada sobre os montes; [4] povo grande e poderoso, qual desde o tempo antigo nunca houve, nem depois d’elle haverá mais até aos annos de geração em geração.

3 Diante d’elle um fogo consome, [5] e[801] atraz d’elle uma chamma abraza: a terra diante d’elle é como o jardim do Eden, mas atraz d’elle um deserto de assolação, nem tão pouco haverá coisa que d’ella escape.

4 O [6] seu parecer é como o parecer de cavallos: e correrão como cavalleiros.

5 Como o estrondo [7] de carros, irão saltando sobre os cumes dos montes, como o sonido da chamma de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, [8] ordenado para o combate.

6 Diante d’elle temerão os povos; [9] todos os rostos são como a tisnadura da panella.

7 Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e irá cada um nos seus caminhos e não se desviarão da sua fileira.

8 Ninguem apertará a seu irmão; irá cada um pelo seu carreiro; sobre a mesma espada se arremessarão, e não serão feridos.

9 Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão ás casas, [10] pelas janellas entrarão como o ladrão.

10 Diante d’elle tremerá a terra, [11] abalar-se-hão os céus; o sol e a lua se ennegrecerão, e as estrellas retirarão o seu resplandor.

11 E o Senhor levanta a sua voz diante [12] do seu exercito; porque muitissimos são os seus arraiaes; [13] porque poderoso é, fazendo a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e mui terrivel, e quem o poderá soffrer?

12 Ora, pois, tambem falla o Senhor: [14] Convertei-vos a mim com todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.

13 E rasgae [15] o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque elle é misericordioso, [16] e é clemente, e tardio em irar-se, e grande em beneficencia, e se arrepende do mal.

14 Quem [17] sabe se se converterá e se arrependerá, [18] e deixará após si uma benção, em offerta de manjar e libação para o Senhor vosso Deus?

15 Tocae a buzina [19] em Sião, sanctificae um jejum, apregoae um dia de prohibição.

16 Congregae o povo, sanctificae a congregação, [20] ajuntae os anciãos, congregae os filhinhos, e os que mamam os peitos: saia o noivo da sua recamara, [21] e a noiva do seu thalamo.

17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, [22] entre o alpendre e o altar, e digam: [23] Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opprobrio, para que as nações façam mofa d’elle; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?

Promessa de abundancia.

18 Então o Senhor [24] terá zelo da sua terra, e se compadecerá do seu povo.

19 E o Senhor responderá, e dirá ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, [25] e o mosto, e o oleo, e d’elles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opprobrio entre as nações.

20 E [26] aquelle que é do norte farei partir para longe de vós, e lançal-o-hei em uma terra secca e deserta: a sua face para o mar oriental, e a sua extremidade para o mar occidental; e subirá o seu fedor, e subirá a sua podridão; porque fez grandes coisas.

21 Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te; porque o Senhor fez grandes coisas.

22 Não temaes, [27] animaes do campo, porque os pastos do deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fructo, a vide e a figueira darão a sua força.

23 E vós, filhos de Sião, [28] regozijae-vos e alegrae-vos no Senhor vosso Deus, porque elle vos dará ensinador de justiça, [29] e vos fará descer a chuva, a temporã e a serodia, no primeiro mez.

24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de oleo.

25 E restituir-vos-hei os annos [30] que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a aruga, o meu grande exercito que enviei contra vós.

26 E comereis abundantemente [31] e até fartar-vos, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, o qual obrou para comvosco maravilhosamente; e o meu povo não será envergonhado para sempre.

27 E vós sabereis [32] que eu estou no[802] meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, [33] e ninguem mais: e o meu povo não será envergonhado para sempre.

Promessa da effusão do Espirito.

28 E ha de ser que, depois, [34] derramarei o meu Espirito sobre toda a carne, e vossos filhos [35] e vossas filhas prophetizarão, os vossos velhos sonharão sonhos, os vossos mancebos verão visões.

29 E tambem sobre os servos e sobre as servas n’aquelles dias [36] derramarei o meu Espirito.

30 E darei [37] prodigios no céu, e na terra, sangue e fogo, e columnas de fumo.

31 O sol [38] se converterá em trevas, e a lua em sangue, [39] antes que venha o grande e terrivel dia do Senhor.

32 E ha de ser que todo aquelle que invocar [40] o nome do Senhor escapará; porque no monte de Sião e em Jerusalem haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, [41] e nos que restarem, os quaes o Senhor chamará.

[1] Jer. 4.5. ver. 15. Num. 10.5, 9.

[2] cap. 1.15. Abd. 15. Sof. 1.14, 15.

[3] Amós 5.18, 20.

[4] ver. 5, 11. cap. 1.6. Exo. 10.14.

[5] cap. 1.19, 20. Gen. 2.8 e 13.10. Isa. 51.3. Zac. 7.14.

[6] Apo. 9.7.

[7] Apo. 9.9.

[8] ver. 2.

[9] Jer. 8.21. Lam. 4.8. Nah. 2.10.

[10] Jer. 9.21. João 10.1.

[11] Isa. 13.10. Eze. 32.7. Mat. 24.29.

[12] Jer. 25.30. cap. 3.16. Amós 1.2.

[13] Jer. 50.24. Apo. 18.8. Sof. 1.15. Num. 24.23. Mal. 3.2.

[14] Jer. 4.1. Ose. 12.6 e 14.2.

[15] Gen. 37.34. II Sam. 1.11. Job 1.20.

[16] Jon. 4.2.

[17] Jos. 14.12. II Sam. 12.22. Amós 5.15. Jon. 3.9.

[18] cap. 1.9, 13.

[19] Num. 10.3. ver. 1. cap. 1.14.

[20] Exo. 19.10, 22. cap. 1.14.

[21] I Cor. 7.5.

[22] Eze. 8.16. Mat. 23.35.

[23] Exo. 32.11, 12. Deu. 9.26-29.

[24] Zac. 1.14 e 8.2. Deu. 32.36.

[25] cap. 1.10. Mal. 3.10, 11, 12.

[26] Exo. 10.19. Jer. 1.14. Eze. 47.18. Zac. 14.8. Deu. 11.24.

[27] cap. 1.18, 20. Zac. 8.12. cap. 1.19.

[28] Isa. 41.16 e 61.10. Hab. 3.13. Zac. 10.7.

[29] Deu. 2.14 e 28.12. Thi. 5.7.

[30] cap. 1.4.

[31] Lev. 26.5, 16. Miq. 6.14.

[32] cap. 3.17. Lev. 26.11, 12. Eze. 37.26, 27, 28.

[33] Isa. 45.5, 21, 22. Eze. 39.22, 28.

[34] Isa. 44.3. Eze. 39.29. Act. 2.17. Zac. 12.10.

[35] Isa. 54.13. Act. 21.9.

[36] I Cor. 12.13. Col. 3.11.

[37] Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.11, 25.

[38] ver. 10. Isa. 13.9, 10. cap. 3.1, 15. Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.25. Apo. 6.12.

[39] Mal. 4.5.

[40] Rom. 10.13.

[41] Isa. 46.13 e 59.20. Rom. 11.26. Rom. 9.27 e 11.5, 7.

Os juizos de Deus sobre as nações inimigas: Israel será restaurado.

3 Porque, [1] eis que n’aquelles dias, e n’aquelle tempo, em que farei tornar o captiveiro de Judah e de Jerusalem,

2 Então congregarei [2] todas as nações, e as farei descer ao valle de Josaphat; e ali com ellas entrarei em juizo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elles espalharam entre as nações e repartiram a minha terra.

3 E lançaram a sorte [3] sobre o meu povo, e deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.

4 E tambem que tendes vós comigo, [4] Tyro e Sidon, e todos os termos da Palestina? É tal o pago que vós me daes? pois se me pagaes assim, bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça.

5 Porque levastes a minha prata e o meu oiro, e as minhas coisas desejaveis e formosas mettestes nos vossos templos.

6 E vendestes os filhos de Judah e os filhos de Jerusalem aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos.

7 Eis que [5] eu os suscitarei do logar para onde os vendestes, e farei tornar a vossa paga sobre a vossa propria cabeça.

8 E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judah, [6] que os venderão aos de Sheba, a uma nação remota, porque o Senhor o fallou.

9 Proclamae [7] isto entre as nações, sanctificae uma guerra; suscitae os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra.

10 Forjae [8] espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices: diga o fraco: Forte sou eu.

11 Ajuntae-vos, [9] e vinde, todos os povos de em redor, e congregae-vos (ó Senhor, faze descer ali os teus fortes!);

12 Suscitem-se [10] as nações, e subam ao valle de Josaphat; mas ali me assentarei, para julgar todas as nações em redor.

13 Lançae [11] a foice, porque já está madura a sega: vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares trasbordam, porque a sua malicia é grande.

14 Multidões, multidões no valle da decisão, [12] porque o dia do Senhor perto está, no valle da decisão.

15 O sol [13] e a lua ennegrecerão, e as estrellas retirarão o seu resplandor.

16 E [14] o Senhor bramará de Sião, e dará a sua voz de Jerusalem, e os céus e a terra tremerão; mas o Senhor será o refugio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.

17 E [15] vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o monte da minha sanctidade; e Jerusalem será sanctidade; [16] estranhos não passarão mais por ella.

18 E ha de ser que, n’aquelle dia, os[803] montes distillarão mosto, [17] e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judah estarão cheios de aguas; e sairá uma fonte da casa do Senhor, e regará o valle de Sittim.

19 O Egypto [18] se fará uma assolação, e Edom se fará um deserto de solidão, por causa da violencia que fizeram aos filhos de Judah, em cuja terra derramaram sangue innocente.

20 Mas Judah será habitada para sempre, [19] e Jerusalem de geração em geração.

21 E [20] alimparei o sangue dos que eu não alimpei, e o Senhor habitará em Sião.

[1] Jer. 30.3. Eze. 38.14.

[2] Zac. 14.2, 3, 4. II Chr. 20.26. ver. 12. Isa. 66.16. Eze. 38.22.

[3] Abd. 11. Nah. 3.10.

[4] Eze. 25.15, 16, 17.

[5] Isa. 43.5, 6 e 43.12. Jer. 23.8.

[6] Jer. 6.20.

[7] Isa. 8.9, 10. Jer. 46.3, 4. Eze. 38.7.

[8] Isa. 2.4. Miq. 4.3.

[9] ver. 2. Isa. 13.3.

[10] ver. 2. Isa. 2.4 e 3.13.

[11] Mat. 13.39. Apo. 14.15, 18. Jer. 51.33. Ose. 6.11. Lam. 1.15. Apo. 14.19, 20.

[12] ver. 2. cap. 2.1.

[13] cap. 2.10, 31.

[14] Jer. 25.30. cap. 2.11. Amós 1.2. Agg. 2.6. Isa. 51.5, 6.

[15] cap. 2.27. Dan. 11.45. Abd. 16. Zac. 8.3.

[16] Isa. 35.8 e 52.1. Nah. 1.15. Zac. 14.21.

[17] Amós 9.13. Isa. 30.25. Apo. 22.1.

[18] Isa. 19.1, etc. Jer. 49.17. Eze. 25.12, 13. Amós 1.11. Abd. 10.

[19] Amós 9.15.

[20] Isa. 4.4. Eze. 48.35. ver. 17. Apo. 21.3.


AMÓS.

Ameaças contra diversas nações e contra Judah.

Antes de Christo 787

1 As palavras de Amós, [1] que era d’entre os pastores de Tecoa, as quaes viu sobre Israel, nos dias de Uzias, rei de Judah, [2] e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, [3] dois annos antes do terremoto.

2 E disse: [4] O Senhor bramará de Sião, e de Jerusalem dará a sua voz: as habitações dos pastores prantearão, [5] e seccar-se-ha o cume do Carmelo.

3 Assim diz o Senhor: [6] Por tres transgressões de Damasco, e por quatro, não o afastarei, porque trilharam a Gilead com trilhos de ferro.

4 Por isso [7] porei fogo á casa de Hazael, e consumirá os palacios de Benhadad.

5 E [8] quebrarei o ferrolho de Damasco, e exterminarei o morador de Biqueat-aven, e ao que tem o sceptro de Beth-eden; e o povo da Syria será levado em captiveiro a Kir, diz o Senhor.

6 Assim diz o Senhor: [9] Por tres transgressões de Gaza, e por quatro, não o afastarei, porque levaram em captiveiro todos os captivos para os entregarem a Edom.

7 Por isso [10] porei fogo ao muro de Gaza, que consumirá os seus palacios.

8 E [11] exterminarei o morador de Asdod, e o que tem o sceptro de Ascalon, e tornarei a minha mão contra Ecron; e o resto dos philisteos perecerá, diz o Senhor Jehovah.

9 Assim diz o Senhor: [12] Por tres transgressões de Tyro, e por quatro, não o afastarei, [13] porque entregaram todos os captivos a Edom, e não se lembraram da alliança dos irmãos.

10 Por isso [14] porei fogo ao muro de Tyro, que consumirá os seus palacios.

11 Assim diz o Senhor: [15] Por tres transgressões de Edom, e por quatro, não o afastarei, [16] porque perseguiu a seu irmão á espada, e corrompeu as suas misericordias; [17] e a sua ira despedaça eternamente, e retem a sua indignação para sempre.

12 Por isso porei fogo a Teman, que consumirá os palacios de Bozra.

13 Assim diz o Senhor: [18] Por tres transgressões dos filhos de Ammon, e por quatro, não o afastarei, [19] porque fenderam as gravidas de Gilead, para dilatarem os seus termos.

14 Por isso [20] porei fogo ao muro de Rabba, que consumirá os seus palacios, com alarido no dia da batalha, com tempestade no dia da tormenta.

15 E o seu rei irá para o captiveiro, elle e os seus principes juntamente, diz o Senhor.

[1] cap. 7.14. II Chr. 20.20.

[2] Ose. 1.1. cap. 7.10.

[3] Zac. 14.5.

[4] Jer. 25.30. Joel 3.16.

[5] I Sam. 25.2. Isa. 33.9.

[6] Isa. 8.4 e 17.1. Jer. 49.23. Zac. 9.1.

[7] Jer. 17.27 e 49.27. ver. 7, 10, 12. cap. 2.2, 5.

[8] Jer. 51.30. Lam. 2.9.

[9] Jer. 47.4, 5. Eze. 25.15. Sof. 2.4.

[10] ver. 9.

[11] Sof. 2.4. Zac. 9.5, 6. Jer. 47.4.

[12] Isa. 23.1. Jer. 47.4. Eze. 26 e 27 e 28. Joel 3.4, 5.

[13] ver. 6.

[14] ver. 4, 7, etc.

[15] Isa. 21.11. Jer. 49.8, etc. Eze. 25.12, 13, 14. Mal. 1.4.

[16] Gen. 27.41. Deu. 23.7. Mal. 1.2.

[17] Eze. 35.5.

[18] Jer. 49.1, 2. Eze. 25.2.

[19] Jer. 49.1.

[20] Deu. 3.11. II Sam. 12.26. Jer. 49.2. Eze. 25.5. cap. 2.2.

2 Assim diz o Senhor: [1] Por tres transgressões de Moab, e por quatro, não o afastarei, [2] porque queimou os ossos do rei de Edom, até os tornar em cal.

2 Por isso [3] porei fogo a Moab, e[804] consumirá os palacios de Querioth: e Moab morrerá com grande estrondo, com alarido, com sonido de buzina.

3 E [4] exterminarei o juiz do meio d’elle, e a todos os seus principes com elle matarei, diz o Senhor.

4 Assim diz o Senhor: Por tres transgressões de Judah, e por quatro, não o afastarei, [5] porque rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os seus estatutos, e as suas mentiras os enganaram, após as quaes andaram seus paes.

5 Por isso porei fogo a Judah, e consumirá os palacios de Jerusalem.

6 Assim diz o Senhor: [6] Por tres transgressões de Israel, e por quatro, não o afastarei, [7] porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos,

7 Suspirando pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres, [8] e pervertem o caminho dos mansos; e o homem e seu pae entram a uma mesma moça, para profanarem o meu sancto nome.

8 E se deitam junto a qualquer altar sobre as roupas empenhadas, [9] e bebem o vinho dos multados na casa de seus deuses.

9 Não obstante eu ter destruido o amorrheo diante d’elles, [10] cuja altura foi como a altura dos cedros, e foi forte como os carvalhos; mas destrui o seu fructo por cima, [11] e as suas raizes por baixo.

10 Tambem [12] vos fiz subir da terra do Egypto, e quarenta annos vos guiei no deserto, para que possuisseis a terra do amorrheo.

11 E a alguns d’entre vossos filhos suscitei para prophetas, [13] e alguns d’entre os vossos mancebos para nazireos; e não é isto assim, filhos de Israel? diz o Senhor.

12 Mas vós aos nazireos déstes vinho a beber, e aos prophetas mandastes, dizendo: [14] Não prophetizareis.

13 Eis que eu vos apertarei no vosso logar como se aperta um carro cheio de manolhos.

14 Assim que [15] perecerá a fugida ao ligeiro; nem o forte corroborará a sua força, nem o valente livrará a sua vida.

15 E não ficará em pé o que leva o arco, nem o ligeiro de pés se livrará, nem tão pouco o que vae montado a cavallo livrará a sua alma.

16 E o mais animoso entre os valentes fugirá nú n’aquelle dia, disse o Senhor.

[1] Isa. 15 e 16. Jer. 48. Eze. 25.8. Sof. 2.8.

[2] II Reis 3.27.

[3] Jer. 48.41. cap. 1.14.

[4] Jer. 48.7.

[5] Lev. 26.14, 15. Neh. 1.7. Dan. 9.11. Jer. 16.19, 20. Rom. 1.25.

[6] Jer. 17.27. Ose. 8.14.

[7] Isa. 29.21. cap. 8.6.

[8] Isa. 10.2. Eze. 22.11. Lev. 20.3. Eze. 36.20. Rom. 2.24.

[9] Exo. 22.26. Eze. 23.41. I Cor. 8.10 e 10.21.

[10] Num. 21.24. Deu. 2.31. Jos. 24.8. Num. 13.28, 32, 33.

[11] Mal. 4.1.

[12] Exo. 12.51. Miq. 6.4. Deu. 2.7 e 8.2.

[13] Num. 6.2. Jui. 13.5.

[14] Jer. 11.21. cap. 7.12, 13. Miq. 2.6.

[15] cap. 9.1, etc. Jer. 9.23.

Os vicios e maldades de Israel: o annuncio de castigo.

3 Ouvi esta palavra que o Senhor falla contra vós, filhos de Israel, a saber, contra toda a geração que fiz subir da terra do Egypto, dizendo:

2 De [1] todas as gerações da terra a vós vos conheci só; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós.

3 Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de concerto?

4 Bramará o leão no bosque, sem que elle tenha preza? levantará o leãosinho a sua voz da sua cova, se nada tiver apanhado?

5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver laço para ella? levantar-se-ha o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa?

6 Tocar-se-ha a buzina na cidade; e o povo não estremecerá? [2] Succederá algum mal na cidade, o qual o Senhor não haja feito?

7 Certamente o Senhor Jehovah não fará coisa alguma, [3] sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os prophetas.

8 Bramou o leão, [4] quem não temerá? Fallou o Senhor Jehovah, quem não prophetizará?

9 Fazei-o ouvir nos palacios de Asdod, e nos palacios da terra do Egypto, e dizei: Ajuntae-vos sobre os montes de Samaria, e vêde os grandes alvoroços no meio d’ella, e os opprimidos dentro d’ella.

10 Porque [5] não sabem fazer o que é recto, diz o Senhor, enthesourando nos seus palacios a violencia e a destruição.

11 Portanto, o Senhor Jehovah diz assim: [6] O inimigo virá, e cercará a terra, derribará de ti a tua fortaleza, e os teus palacios serão saqueados.

12 Assim diz o Senhor: Assim como o pastor livra da bocca do leão as duas pernas, ou um pedacinho da orelha, assim serão livrados os filhos de Israel que habitam em Samaria, no canto da cama, e na barra do leito.

13 Ouvi, e protestae na casa de Jacob, diz o Senhor Jehovah, o Deus dos Exercitos:

14 N’aquelle dia, em que eu visitar as[805] transgressões de Israel sobre elle, tambem farei visitação sobre os altares de Beth-el; e os cornos do altar serão cortados, e cairão em terra.

15 E ferirei a [7] casa de inverno com a casa de verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o Senhor.

[1] Deu. 7.6 e 10.15. Dan. 9.12. Luc. 12.47. Rom. 2.9. I Ped. 4.17.

[2] Isa. 45.7.

[3] Gen. 6.13 e 18.17. João 15.15.

[4] cap. 1.2. Act. 4.20 e 5.20, 29. I Cor. 9.16.

[5] Jer. 4.22.

[6] II Reis 17.3, 6 e 18.9, 10, 11.

[7] Jer. 36.22. Jui. 3.20.

4 Ouvi esta palavra, vós, [1] vaccas de Basan, vós, que estaes no monte de Samaria, vós, que opprimis aos pobres, que quebrantaes os necessitados, vós, que dizeis a seus senhores: Dae cá, para que bebamos.

2 Jurou o Senhor Jehovah, pela sua sanctidade, que eis que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzoes [2] e a vossos descendentes com anzoes de pesca.

3 E saireis [3] pelas brechas, uma após outra, e lançareis fóra o que levastes para o palacio, disse o Senhor.

4 Vinde a Beth-el, [4] e transgredi, em Gilgal augmentae as transgressões, [5] e de manhã trazei os vossos sacrificios, e os vossos dizimos ao terceiro dia.

5 E [6] queimae o sacrificio de louvores do pão levedado, e apregoae os sacrificios voluntarios, fazei-o ouvir; porque assim o quereis, ó filhos de Israel, disse o Senhor Jehovah.

6 Por isso tambem vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos logares; [7] comtudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

7 Além d’isso, retive de vós a chuva, faltando ainda tres mezes até á sega; e fiz chover sobre uma cidade, e sobre outra cidade não fiz chover; sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, se seccou.

8 E andaram vagabundas duas ou tres cidades a uma cidade, para beberem agua, mas não se saciaram: [8] comtudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

9 Feri-vos [9] com queimadura, e com ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, comeu a locusta; comtudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

10 Enviei a peste contra vós, á maneira do Egypto: [10] os vossos mancebos matei á espada, e os vossos cavallos deixei levar presos, [11] e o fedor dos vossos exercitos fiz subir aos vossos narizes; comtudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

11 Subverti a alguns d’entre vós, [12] como Deus subverteu a Sodoma e Gomorrah, sendo vós como um tição arrebatado do incendio; [13] comtudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor.

12 Portanto, assim te farei, ó Israel! Porquanto pois isto te farei, [14] prepara-te, ó Israel, a encontrares o teu Deus.

13 Porque eis que o que fórma os montes, e cria o vento, [15] e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e piza os altos da terra, [16] o Senhor Deus dos Exercitos é o seu nome.

[1] Eze. 39.19.

[2] Jer. 16.16. Hab. 1.15.

[3] Eze. 12.5, 12.

[4] Eze. 20.39. Ose. 4.15 e 12.11. cap. 5.5.

[5] Deu. 14.28.

[6] Lev. 7.13 e 23.17. Lev. 22.18, 21.

[7] Jer. 5.3. Agg. 2.17. ver. 8, 9.

[8] ver. 6, 10, 11.

[9] Deu. 28.22.

[10] Exo. 9.3, 6 e 12.29. Deu. 28.27, 60.

[11] ver. 6.

[12] Gen. 19.24, 25. Isa. 13.19. Jer. 49.18. Zac. 3.12. Jud. 23.

[13] ver. 6.

[14] Eze. 13.5. Luc. 14.31, 32.

[15] Dan. 2.28. cap. 5.8 e 8.9. Deu. 32.13 e 33.29. Miq. 1.3.

[16] Isa. 47.4. Jer. 10.16. cap. 5.8 e 9.6.

Predicção da ruina de Israel.

5 Ouvi esta palavra, [1] que levanto sobre vós uma lamentação, ó casa de Israel.

2 A virgem de Israel caiu, nunca mais tornará a levantar-se: desamparada está na sua terra, não ha quem a levante.

3 Porque assim diz o Senhor Jehovah: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquella da qual saem cem conservará dez á casa de Israel.

4 Porque assim diz o Senhor á casa de Israel: Buscae-me, e vivei.

5 Porém [2] não busqueis a Beth-el, nem venhaes a Gilgal, nem passeis [3] a Berseba, porque Gilgal certamente será levado captivo, e Beth-el será desfeito em nada.

6 Buscae ao Senhor, [4] e vivei, para que não accommetta a casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Beth-el quem o apague.

7 (Os que [5] pervertem o juizo em alosna, e deitam na terra a justiça.)

8 O [6] que faz o setestrello, e o orion, e torna a sombra da noite em manhã, e escurece o dia como a noite, [7] que chama as aguas do mar, e as derrama sobre a terra, o Senhor é o seu nome.

9 O que esforça o despojado contra o forte: assim que venha a assolação contra a fortaleza.

10 Na porta [8] aborrecem o que os[806] reprehende, e abominam o que falla sinceramente.

11 Portanto, visto que pizaes o pobre, e d’elle tomaes [ADE] um cargo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, [9] mas n’ellas não habitareis; vinhas desejaveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.

12 Porque sei que são muitas as vossas transgressões, e grossos os vossos peccados: [10] affligem o justo, tomam [ADF] resgate, e rejeitam os necessitados na porta.

13 Portanto, o prudente n’aquelle tempo se calará, porque o tempo será mau.

14 Buscae o bem, e não o mal, para que vivaes: [11] e assim o Senhor, o Deus dos Exercitos, estará comvosco, como dizeis.

15 Aborrecei o mal, [12] e amae o bem, e estabelecei o juizo na porta: porventura o Senhor, o Deus dos Exercitos, terá piedade do resto de José.

16 Portanto, assim diz o Senhor Deus dos Exercitos, o Senhor: Em todas as ruas haverá pranto, e em todos os bairros dirão: [13] Ai! ai! E ao lavrador chamarão a choro, e ao pranto aos que souberem prantear.

17 E em todas as vinhas haverá pranto; [14] porque passarei pelo meio de ti, diz o Senhor.

18 Ai [15] d’aquelles que desejam o dia do Senhor! para que pois vos será este dia do Senhor? trevas será e não luz.

19 Como [16] o que foge de diante do leão, e se encontra com elle o urso, ou como se entrasse n’uma casa, e a sua mão encostasse á parede, e fosse mordido d’uma cobra.

20 Não será pois o dia do Senhor trevas e não luz? e escuridade, sem que haja resplandor?

21 Aborreço, [17] desprezo as vossas festas, [ADG] e os vossos dias de prohibição não me darão bom cheiro.

22 Porque [18] ainda que me offereceis holocaustos, como tambem as vossas offertas de manjares, não me agrado d’ellas: nem attentarei para as offertas pacificas de vossos animaes gordos.

23 Affasta de mim o estrepito dos teus canticos; porque não ouvirei as psalmodias dos teus instrumentos.

24 Corra porém o [19] juizo como as aguas, e a justiça como o ribeiro impetuoso.

25 Haveis-me porventura offerecido sacrificios e offertas no deserto por quarenta annos, [20] ó casa de Israel?

26 Antes levastes a tenda de vosso Moloch, e a estatua das vossas imagens, a estrella do vosso deus, que fizestes para vós mesmos.

27 Portanto vos levarei captivos, para além de Damasco, [21] diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos exercitos.

[1] Jer. 7.29. Eze. 19.1 e 27.2.

[2] II Chr. 15.2. Jer. 29.13. ver. 6. Isa. 55.3.

[3] cap. 4.4 e 8.14. Ose. 4.15.

[4] ver. 4.

[5] cap. 6.12.

[6] Job 9.9 e 38.31.

[7] Job 38.34. cap. 9.6. cap. 4.13.

[8] Isa. 28.21. I Reis 22.8.

[9] Deu. 28.30, 33, 39. Miq. 6.15. Sof. 1.13. Agg. 1.6.

[10] cap. 2.6. Isa. 29.21.

[11] Miq. 3.11.

[12] Rom. 12.9. Exo. 32.30. II Reis 19.4.

[13] Jer. 9.17.

[14] Exo. 12.12. Nah. 1.12.

[15] Isa. 5.19. Eze. 12.22, 27. Jer. 30.7. Joel 2.2. Sof. 1.15.

[16] Jer. 48.44.

[17] Pro. 21.27. Jer. 6.20. Ose. 8.13.

[18] Miq. 6.6, 7.

[19] Miq. 6.8.

[20] Deu. 32.17. Jos. 24.14. Eze. 20.8, 16, 24. Act. 7.42. Isa. 43.23.

[21] cap. 4.13.

A corrupção de Israel. Ameaças.

6 Ai dos [1] descançados em Sião, e dos seguros no monte de Samaria: [2] que teem nome entre as primeiras das nações, e aos quaes se foi a casa de Israel!

2 Passae a Calne, [3] e vêde; e d’ali ide á grande Hamath; [4] e descei a Gath dos philisteos, se são melhores que estes reinos, ou maior o seu termo do que o vosso termo.

3 Vós que affastaes [5] o dia mau, e achegaes o assento de violencia.

4 Os que dormem em camas de marfim, e se estendem sobre os seus leitos, e comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada:

5 Que cantam [6] ao som do alaúde, e inventam para si instrumentos musicos, assim como David:

6 Que bebem vinho de taças, e se ungem com o mais excellente oleo: mas não se affligem [ADH] pela quebra de José:

7 Portanto agora irão em captiveiro entre os primeiros dos que forem em captiveiro, e cessarão os festins dos estendidos.

8 Jurou [7] o Senhor Jehovah pela sua alma (diz o Senhor Deus dos exercitos): Tenho em abominação a soberba de Jacob, e aborreço os seus palacios; [8] e entregarei a cidade e a sua plenitude.

9 E acontecerá que, ficando de resto dez homens n’uma casa, morrerão.

10 E a alguem tomará o seu tio, ou o que o queima, para levar os ossos fóra da casa; e dirá ao que estiver nos cantos da casa: Está ainda alguem comtigo? E elle dirá: Nenhum. E dirá este: [9] Cala-te, porque não convem fazer menção do nome do Senhor.

[807]

11 Porque, eis que [10] o Senhor dá ordem, e ferirá a casa grande de [ADI] quebraduras, e a casa pequena de fendas.

12 Porventura correrão cavallos na rocha? arar-se-ha n’ella com bois? porque haveis vós tornado o juizo em fel, [11] e o fructo da justiça em alosna?

13 Vós que vos alegraes de nada, vós que dizeis: Não nos temos nós tornado poderosos por nossa força?

14 Porque, eis que eu levantarei sobre vós, ó casa de Israel, um povo, diz o Senhor Deus dos Exercitos, [12] e opprimir-vos-hão, desde [13] a entrada de Hamath até ao ribeiro da planicie.

[1] Luc. 6.24.

[2] Exo. 19.5.

[3] Isa. 10.9. II Reis 18.34.

[4] II Chr. 26.6.

[5] cap. 5.18 e 9.10. ver. 12.

[6] Isa. 5.12.

[7] Jer. 51.14. Heb. 6.13, 17.

[8] cap. 8.7.

[9] cap. 5.13 e 8.3.

[10] cap. 3.15.

[11] Ose. 10.4. cap. 5.7.

[12] Jer. 5.15.

[13] Num. 34.8.

A visão da locusta, do fogo e do prumo.

7 O Senhor Jehovah assim me fez ver, e eis que formava gafanhotos no principio do arrebento da herva serodia, e eis que havia a herva serodia depois da segada do rei.

2 E aconteceu que, como elles de todo tivessem comido a herva da terra, eu disse: Senhor Jehovah, ora perdoa: [1] como se levantará Jacob? porque é pequeno.

3 Então [2] o Senhor se arrependeu d’isso. Isto não acontecerá, disse o Senhor.

4 Assim me mostrou o Senhor Jehovah, e eis que o Senhor Jehovah chamava, que queria contender por fogo; o consumiu o grande abysmo, e tambem consumiu uma parte d’elle.

5 Então eu disse: Senhor Jehovah, cessa agora; [3] como se levantará Jacob? porque é pequeno.

6 E o Senhor se arrependeu d’isso. Nem isto acontecerá, disse o Senhor Jehovah.

7 Mostrou-me tambem assim; e eis que o Senhor estava sobre um muro, feito a prumo: e tinha um prumo na sua mão.

8 E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: [4] Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel, e d’aqui por diante nunca mais passarei por elle.

9 Mas os altos de Isaac serão [5] assolados, e destruidos os sanctuarios de Israel; [6] e levantar-me-hei com a espada contra a casa de Jeroboão.

10 Então [7] Amazia, o sacerdote em Beth-el, enviou a Jeroboão, rei de Israel, dizendo: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá soffrer todas as suas palavras.

11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá á espada, e Israel certamente será levado para fóra da sua terra em captiveiro.

12 Depois Amazia disse a Amós: Vae-te, ó vidente, e foge para a terra de Judah, e ali come o pão, e ali prophetiza;

13 Mas em Beth-el d’aqui por diante não [8] prophetizarás mais, porque é o sanctuario do rei e a casa do reino.

14 E respondeu Amós, e disse a Amazia: [9] Eu não era propheta, nem filho de propheta, mas boieiro, [ADJ] e colhia figos bravos.

15 Porém o Senhor me tomou de detraz do gado, e o Senhor me disse: Vae-te, e prophetiza ao meu povo Israel.

16 Ora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: [10] Não prophetizarás contra Israel, nem derramarás as tuas palavras contra a casa de Isaac.

17 Portanto assim diz o Senhor: [11] Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão á espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra immunda, e Israel certamente será levado captivo para fóra da sua terra.

[1] ver. 5.

[2] ver. 6.

[3] ver. 2, 3.

[4] Lam. 2.8.

[5] Gen. 26.23. cap. 5.5 e 8.14.

[6] II Reis 15.10.

[7] I Reis 12.32. II Reis 14.23.

[8] cap. 2.12. I Reis 12.32.

[9] I Reis 20.35. II Reis 2.5 e 4.38 e 6.1. cap. 1.1. Zac. 13.5.

[10] Eze. 21.2. Miq. 2.6.

[11] Jer. 29.21, 25, 31, 32. Isa. 13.16. Lam. 5.11. Ose. 4.13. Zac. 14.2.

A visão d’um cesto de fructos. Ameaças contra Israel.

8 O Senhor Jehovah assim me mostrou: e eis aqui um cesto de fructos do verão.

2 E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de fructos do verão. Então o Senhor me disse: Tem [1] vindo o fim sobre o meu povo Israel; d’aqui por diante nunca mais passarei por elle.

3 Mas os canticos do templo serão ouvidos n’aquelle dia, diz o Senhor Jehovah: multiplicar-se-hão os cadaveres, em todos os logares, serão lançados fóra em silencio.

4 Ouvi isto, vós que [ADK] anhelaes o abatimento do necessitado; e isto para destruirdes os miseraveis da terra:

5 Dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? [2] e o sabbado, para abrirmos os celleiros de trigo? diminuindo o epha, [3] e augmentando o siclo, e falsificando as balanças enganosas;

[808]

6 Para comprarmos os pobres por dinheiro, [4] e os necessitados por um par de sapatos? então venderemos as cascas do trigo.

7 Jurou o Senhor pela [5] gloria de Jacob: Eu me não esquecerei de todas as suas obras para sempre.

8 Por causa [6] d’isto não se commoveria a terra? e não choraria todo aquelle que habita n’ella? certamente levantar-se-ha toda como um rio, e será arrojada, [7] e será fundida como pelo rio do Egypto.

9 E [8] succederá que, n’aquelle dia, diz o Senhor, farei que o sol se ponha ao meio dia, e a terra se entenebreça no dia da luz.

10 E tornarei as vossas festas em luto, e todos os vossos canticos em lamentações, [9] e farei pôr sacco sobre todos os lombos, e calva sobre toda a cabeça; [10] e farei que isso seja como luto do filho unico, e o seu fim como dia de amarguras.

11 Eis que veem dias, diz o Senhor Jehovah, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, nem sêde de agua, [11] mas de ouvir as palavras do Senhor.

12 E irão vagabundos de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente: correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão.

13 N’aquelle dia as virgens formosas e os mancebos desmaiarão á sêde.

14 Os [12] que juram pelo delicto de Samaria, e dizem: Vive o teu deus, ó Dan, e: Vive o caminho de [ADL] Berseba; e cairão, e não se levantarão mais.

[1] Eze. 7.2. cap. 7.8.

[2] Neh. 13.15, 16.

[3] Miq. 6.10, 11.

[4] cap. 2.6.

[5] cap. 6.8. Ose. 8.13.

[6] Ose. 4.3.

[7] Eze. 26 e 27 e 28.

[8] Job 5.14. Isa. 13.10 e 59.9, 10. Jer. 15.9. Miq. 3.6.

[9] Isa. 15.2, 3. Jer. 48.37. Eze. 7.18 e 27.31.

[10] Jer. 6.26. Zac. 12.10.

[11] I Sam. 3.1. Eze. 7.26.

[12] Ose. 4.15. Deu. 9.21.

Visão da ruina do altar: promessa de restauração.

9 Vi o Senhor, que estava em pé sobre o altar, e me disse: Fere o capitel, e estremeçam os umbraes, [1] e corta-lhes em pedaços a cabeça a todos elles; e eu matarei á espada até ao ultimo d’elles: o que fugir d’entre elles não escapará, nem o que escapar d’entre elles se salvará.

2 Ainda que cavem até ao inferno, a minha mão os tirará d’ali, [2] e, se subirem ao céu, d’ali os farei descer.

3 E, se se esconderem no cume do Carmelo, buscal-os-hei, e d’ali os tirarei; e, se se occultarem aos meus olhos no fundo do mar, ali darei ordem á serpente, e ella os morderá.

4 E, se forem em captiveiro diante de seus inimigos, [3] ali darei ordem á espada que os mate; [4] e eu porei o meu olho sobre elles para mal, e não para bem.

5 Porque o Senhor Jehovah dos Exercitos é o que toca a terra, [5] e ella se derreterá, e todos os que habitam n’ella chorarão; e ella subirá toda como um rio, e submergirá como pelo rio do Egypto.

6 Elle é o que edifica [ADM] os seus degraus no céu, e [ADN] o seu esquadrão fundou na terra, [6] e o que chama as aguas do mar, e as derrama sobre a terra: o Senhor é o seu nome.

7 Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos ethiopes? diz o Senhor; não fiz eu subir a Israel da terra do Egypto, [7] e aos philisteos de Caphtor, e aos syrios de Kir?

8 Eis que [8] os olhos do Senhor Jehovah estão contra este reino peccador, [9] e eu o destruirei de sobre a face da terra, excepto que não destruirei de todo a casa de Jacob, diz o Senhor.

9 Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão no crivo, sem que caia na terra um só grão.

10 Todos os peccadores do meu povo morrerão á espada, [10] os que dizem: Não se avisinhará nem nos encontrará o mal.

11 N’aquelle dia [11] tornarei a levantar a caida tenda de David, e cercarei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruinas, e a edificarei como nos dias da antiguidade;

12 [12] Para que possuam o restante de Edom, e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Senhor, que faz isto.

13 Eis que [13] veem dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que piza as uvas ao que semeia a semente, [14] e os montes distillarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.

14 E [15] tornarei o captiveiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e n’ellas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão jardins, e lhes comerão o fructo.

15 E [16] os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus.

[1] Hab. 3.13. cap. 2.14.

[2] Job 20.6. Jer. 51.53. Oba. 4.

[3] Lev. 26.33. Deu. 28.65. Eze. 5.12.

[4] Lev. 17.10. Jer. 44.11.

[5] Miq. 1.4. cap. 8.8.

[6] cap. 5.8. cap. 4.13.

[7] Jer. 47.4. Deu. 2.23. cap. 1.5.

[8] ver. 4.

[9] Jer. 30.11 e 31.35, 36.

[10] cap. 6.3.

[11] Act. 15.16, 17.

[12] Oba. 19. Num. 24.18.

[13] Lev. 26.5.

[14] Joel 3.18.

[15] Jer. 30.3. Isa. 61.4 e 65.21. Eze. 36.33-36.

[16] Isa. 60.21. Eze. 34.28. Joel 3.20.

[809]


OBADIAS.

Os peccados e o castigo de Edom: a restauração e felicidade de Israel.

Antes de Christo 587

1 Visão de Obadias: [1] Assim diz o Senhor Jehovah a Edom: Temos ouvido a prégação do Senhor, e foi enviado entre as nações um embaixador; levantae-vos, e levantemo-nos contra ella para a guerra.

2 Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado.

3 A soberba do teu coração te enganou, [2] como o que habita nas fendas das rochas, na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem me derribará em terra?

4 Se [3] te elevares como aguia, e pozeres o teu ninho entre as estrellas, d’ali te derribarei, diz o Senhor.

5 Se viessem a ti ladrões, [4] ou roubadores de noite (como és destruido!), porventura não furtariam o que lhes bastasse? se a ti viessem os vindimadores, [5] porventura não deixariam rabisco?

6 Como foram esquadrinhadas as coisas de Esaú! como foram investigados os seus esconderijos!

7 Todos os teus confederados te levaram para fóra até aos limites: os que gozam da tua paz te enganaram, [6] prevaleceram contra ti; os que comem o teu pão pozeram debaixo de ti uma armadilha: não ha n’elle entendimento.

8 Porventura [7] não acontecerá n’aquelle dia, diz o Senhor, que farei perecer os sabios de Edom, e o entendimento da montanha de Esaú?

9 E os teus valentes, [8] ó Teman, estarão atemorisados, para que da montanha de Esaú seja cada um exterminado pela matança.

10 Por [9] causa da violencia feita a teu irmão Jacob, cobrir-te-ha a confusão, e serás exterminado para sempre.

11 No dia em que o confrontaste, no dia em que os forasteiros levavam captivo o seu exercito, e os estranhos entravam pelas suas portas, [10] e lançavam sortes sobre Jerusalem, tu eras tambem como um d’elles.

12 Então tu não devias ver satisfeito o dia de teu irmão, [11] no dia do seu desterro; [12] nem alegrar-te sobre os filhos de Judah, no dia da sua ruina; nem alargar a tua bocca, no dia da angustia;

13 Nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua calamidade; nem tão pouco devias ver satisfeito o seu mal, no dia da sua calamidade; nem estender as tuas mãos contra o seu exercito, no dia da sua calamidade;

14 Nem parar nas encruzilhadas, para lhe exterminares os que escapassem: nem entregar os que lhe restassem, no dia da angustia.

15 Porque [13] o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações: [14] como tu fizeste, assim se fará comtigo: a tua recompensa tornará sobre a tua cabeça.

16 Porque, [15] como vós bebestes no monte da minha sanctidade, beberão tambem de continuo todas as nações: beberão, e engulirão, e serão como se nunca fossem.

17 Porém [16] no monte de Sião haverá livramento; e elle será sanctidade; e os da casa de Jacob possuirão as suas herdades.

18 E a casa de Jacob será fogo, [17] e a casa de José chamma, e a casa de Esaú palha; e se accenderão contra elles, e os consumirão; e ninguem mais restará da casa de Esaú, porque o Senhor o fallou.

19 E os do sul possuirão a montanha de Esaú, e os das planicies os philisteos: possuirão tambem [18] os campos de Ephraim, e os campos de Samaria; e Benjamin a Gilead.

20 E os captivos d’este exercito, dos filhos de Israel, o que era dos [19] cananitas, até Zarephath; e os captivos de Jerusalem, o que está em Sepharad, possuirão as cidades do sul.

21 E levantar-se-hão salvadores [20] no monte Sião, para julgarem a montanha de Esaú; e o reino será do Senhor.

[1] Jer. 49.14, etc.

[2] Isa. 14.13, 14, 15. Apo. 18.7.

[3] Job 20.6. Jer. 49.16 e 51.53. Amós 9.2. Hab. 2.9.

[4] Jer. 49.9.

[5] Deu. 24.21. Isa. 17.6 e 24.13.

[6] Jer. 38.22.

[7] Job 5.12, 13. Isa. 29.14. Jer. 49.7.

[8] Amós 2.16. Jer. 49.7.

[9] Gen. 27.41. Amós 1.11. Eze. 35.9. Mal. 1.4.

[10] Joel 3.3. Nah. 3.10.

[11] Miq. 4.11 e 7.10.

[12] Job 31.29. Pro. 17.5 e 24.17, 18. Miq. 7.8.

[13] Eze. 30.3. Joel 3.15.

[14] Eze. 35.14. Hab. 2.8.

[15] Jer. 25.28, 29 e 49.12. Joel 3.17. I Ped. 4.17.

[16] Joel 2.32. Amós 9.8.

[17] Isa. 10.17. Zac. 12.6.

[18] Amós 9.12. Sof. 2.7.

[19] I Reis 17.9, 10. Jer. 32.44.

[20] Thi. 5.20. Zac. 14.9. Luc. 1.33. Apo. 11.15 e 19.6.

[810]


JONAS.

A vocação de Jonas; a sua fugida e o seu castigo.

Antes de Christo 862

1 E veiu a palavra do Senhor a [1] Jonas, filho de Amittai, dizendo:

2 Levanta-te, [2] vae á grande cidade de Ninive, e apregoa contra ella, [3] porque a sua malicia subiu até mim.

3 E Jonas se levantou [4] para fugir de diante da face do Senhor para Tarsis, e desceu a Joppe, e achou que um navio ia para Tarsis, e deu a sua passagem, e desceu para dentro d’elle, para ir com elles para Tarsis, [5] de diante da face do Senhor.

4 Mas o Senhor lançou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava para quebrar-se.

5 Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao seu deus, [6] e lançavam no mar as fazendas, que estavam no navio, para o alliviarem do seu pezo; [7] porém Jonas desceu aos lados do porão, e se deitou, e dormia um profundo somno.

6 E o mestre do navio chegou-se a elle, e disse-lhe: Que tens, adormentado? [8] levanta-te, clama ao teu Deus; porventura Deus se lembrará de nós para que não pereçamos.

7 E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, [9] e lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos tem vindo este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.

8 Então lhe disseram: [10] Declara-nos tu agora, por cuja causa nos tem vindo este mal. Que occupação é a tua? e d’onde vens? qual é a tua terra? e de que povo és tu?

9 E elle lhes disse: Eu sou hebreo, [11] e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra secca.

10 Então estes homens tremeram com grande temor, e lhe disseram: Porque fizeste tu isto? Pois sabiam os homens que fugia de diante do Senhor, porque elle lh’o tinha declarado.

11 E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar se nos aquiete? Porque o mar se elevava e engrossava cada vez mais.

12 E elle lhes disse: Levantae-me, e lançae-me no mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa é que vos sobreveiu esta grande tempestade.

13 Mas os homens remavam, para tornar a trazer o navio para terra, [12] mas não podiam; porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra elles.

14 Então clamaram ao Senhor, e disseram: Ah Senhor! não pereçamos por causa da alma d’este [13] homem, e não ponhas sobre nós o sangue innocente; porque tu, Senhor, fizeste como quizeste.

15 E levantaram a Jonas, e o lançaram no mar, [14] e cessou o mar da sua furia.

16 Temeram pois estes homens ao Senhor com grande temor; [15] e sacrificaram sacrificios ao Senhor, e votaram votos.

17 Preparou pois o Senhor um grande peixe, que tragasse a Jonas; [16] e esteve Jonas tres dias e tres noites nas entranhas do peixe.

[1] II Reis 14.25.

[2] Gen. 10.11, 12. cap. 3.2, 3 e 4.11.

[3] Gen. 18.20, 21. Esd. 9.6. Thi. 5.4. Apo. 18.5.

[4] cap. 4.2. Jos. 19.46. II Chr. 2.16. Act. 9.36.

[5] Gen. 4.16. Job 1.12 e 2.7.

[6] Act. 27.18, 19, 38.

[7] I Sam. 24.3.

[8] Joel 2.14.

[9] Jos. 7.14, 16. I Sam. 10.20, 21 e 14.41, 42. Pro. 16.33. Act. 1.26.

[10] Jos. 7.19. I Sam. 14.43.

[11] Act. 17.24.

[12] Pro. 21.30.

[13] Deu. 21.8.

[14] Luc. 8.24.

[15] Mar. 4.41. Act. 5.11.

[16] Mat. 12.40 e 16.4. Luc. 11.30.

Jonas no ventre do grande peixe; sua oração e seu salvamento.

2 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe.

2 E disse: Da minha angustia clamei [1] ao Senhor, e elle me respondeu; do ventre do [ADO] inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.

3 Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente me tem cercado; todas as tuas ondas e as tuas vagas teem passado por cima de mim.

[811]

4 E eu dizia: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o templo da tua sanctidade.

5 As aguas me cercaram até á alma, o abysmo me rodeou, e a alga se embrulhava á minha cabeça.

6 Eu desci até aos fundamentos dos montes: os ferrolhos da terra me encerrariam para sempre; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus.

7 Desfallecendo em mim a minha alma, me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no templo da tua sanctidade.

8 Os que observam as vaidades vãs [2] deixam a sua propria misericordia.

9 Mas eu [3] te sacrificarei com a voz do agradecimento; o que votei pagarei: do Senhor vem a salvação.

10 Fallou pois o Senhor ao peixe: e vomitou a Jonas na terra.

[1] Lam. 3.55, 56.

[2] II Reis 17.15. Jer. 10.8 e 16.19.

[3] Ose. 14.2. Heb. 13.15.

Jonas prega em Ninive: o arrependimento dos ninivitas.

3 E veiu a palavra do Senhor segunda vez a Jonas, dizendo:

2 Levanta-te, e vae á grande cidade de Ninive, e prega contra ella a prégação que eu te digo.

3 E levantou-se Jonas, e foi a Ninive, segundo a palavra do Senhor: era pois Ninive uma grande cidade de Deus, de tres dias de caminho.

4 E começava Jonas a entrar pela cidade caminho d’um dia, e prégava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Ninive será subvertida.

5 E os homens de Ninive [1] creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de sacco, desde o maior até ao menor.

6 Porque esta palavra chegou ao rei de Ninive, e levantou-se do seu throno, e tirou de si os seus vestidos, e cobriu-se de sacco, [2] e assentou-se sobre a cinza.

7 E [3] fez apregoar, e fallou-se em Ninive, pelo mandado do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animaes, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê pasto, nem bebam agua.

8 Mas os homens e os animaes estarão cobertos de saccos, e clamarão fortemente a Deus, [4] e se converterão, cada um do seu mau caminho, e da violencia que ha nas suas mãos.

9 Quem [5] sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?

10 E [6] Deus viu as obras d’elles, como se converteram do seu mau caminho: e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez.

[1] Mat. 12.41. Luc. 11.32.

[2] Job 2.8.

[3] II Chr. 20.3.

[4] Isa. 58.6 e 59.6.

[5] II Sam. 12.22. Joel 2.11.

[6] Jer. 18.8. Amós 7.3, 6.

O descontentamento de Jonas e a resposta do Senhor.

4 E desagradou-se Jonas extremamente d’isso, e ficou todo apaixonado.

2 E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi esta a minha palavra, estando eu ainda na minha terra? [1] por isto é que me preveni, fugindo para Tarsis, pois sabia que és Deus piedoso, [2] e misericordioso, longanimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.

3 Peço-te, pois, [3] ó Senhor, tira-me a minha alma, [4] porque melhor me é morrer do que viver.

4 E disse o Senhor: É bem feito que assim te apaixones?

5 Jonas, pois, saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da cidade: e ali fez uma cabana, e se assentou debaixo d’ella, á sombra, até ver que era o que acontecia á cidade.

6 E preparou o Senhor Deus uma aboboreira, e a fez subir por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu enfado: e Jonas se alegrou com grande alegria por causa da aboboreira.

7 Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte ao subir da alva, e feriu a aboboreira, e se seccou.

8 E aconteceu que, apparecendo o sol, Deus ordenou um vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e elle desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: [5] Melhor me é morrer do que viver.

9 Então disse Deus a Jonas: É bem feito que assim te apaixones por causa da aboboreira? E elle disse: É bem feito que me apaixone até á morte.

10 E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que n’uma noite nasceu, e n’uma noite pereceu;

11 E [6] não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Ninive em que estão mais de cento e vinte mil homens [7] que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e muitos animaes?

[1] cap. 1.3.

[2] Exo. 34.6. Joel 2.13.

[3] I Reis 19.4.

[4] ver. 8.

[5] ver. 3.

[6] cap. 1.2 e 3.2, 3.

[7] Deu. 1.38.

[812]


MIQUEAS.

Ameaças contra Israel e Judah por causa de sua injustiça e rebellião.

Antes de Christo 750

1 Palavra do Senhor, [1] que veiu a Miqueas, morasthita, nos dias de Jothão, Achaz e Ezequias, reis de Judah, [2] a qual elle viu sobre Samaria e Jerusalem.

2 Ouvi, todos os povos, [3] attenta tu, terra, e a plenitude d’ella, e seja o Senhor Jehovah testemunha contra vós, [4] o Senhor, desde o templo da sua sanctidade.

3 Porque [5] eis que o Senhor sae do seu logar, e descerá, e pizará as alturas da terra.

4 E [6] os montes debaixo d’elle se derreterão, e os valles se fenderão, como a cera diante do fogo, como as aguas que se precipitam n’um abysmo.

5 Tudo isto por causa da prevaricação de Jacob, e dos peccados da casa de Israel: quem é o auctor da rebellião de Jacob? não é Samaria? e quem o das alturas de Judah? não é Jerusalem?

6 Por isso [7] farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas, e farei rebolar as suas pedras no valle, [8] e descobrirei os seus fundamentos.

7 E todas as suas imagens de esculptura serão esmiuçadas, [9] e todos os seus salarios serão queimados pelo fogo, e de todos os seus idolos eu farei uma assolação, porque da paga de prostitutas os ajuntou, e para a paga de prostitutas voltarão.

8 Por isso lamentarei, [10] e uivarei, andarei despojado e nú: farei lamentação como de dragões, e pranto como de abestruzes.

9 Porque a sua chaga é incuravel, [11] porque chegou até Judah: estendeu-se até á porta do meu povo, até Jerusalem.

10 Não [12] o annuncieis em Gath, nem choreis muito: [13] revolve-te no pó, na casa de Aphra.

11 Passa, ó moradora de Saphir, [14] com nudez vergonhosa: a moradora de Zaanan não sae para fóra; o pranto de Beth-ezel receberá de vós a sua estancia.

12 Porque a moradora de Maroth teve dôr pelo bem; [15] porque desceu do Senhor o mal até á porta de Jerusalem.

13 Ata os animaes ligeiros ao carro, [16] ó moradora de Lachis (esta é o principio do peccado para a filha de Sião), porque em ti se acharam as transgressões de Israel.

14 Por isso [17] dá presentes a Moreshethgath: as casas de Achzib serão casas de mentira aos reis de Israel.

15 Ainda te trarei um herdeiro, [18] ó moradora de Maresha: [19] chegar-se-ha até Adullam, para gloria de Israel.

16 Faze-te calva, [20] e tosquia-te, por causa dos filhos das tuas delicias: alarga a tua calva como a aguia, porque te foram levados captivos.

[1] Jer. 26.18.

[2] Amós 1.1.

[3] Deu. 32.1. Isa. 1.2. Mal. 3.5.

[4] Heb. 2.20.

[5] Isa. 26.21. Deu. 32.13 e 33.29.

[6] Jui. 5.5. Isa. 64.1, 2, 3. Amós 9.5. Hab. 5.6, 10.

[7] II Reis 19.25. cap. 3.12.

[8] Eze. 13.14.

[9] Ose. 2.5, 12.

[10] Isa. 21.3 e 22.4. Jer. 4.19. Isa. 20.2, 3, 4.

[11] II Reis 18.13. Isa. 8.7, 8.

[12] II Sam. 1.20.

[13] Jer. 6.26.

[14] Isa. 20.4 e 47.2, 3. Jer. 13.22. Nah. 3.5.

[15] Amós 3.6.

[16] II Reis 18.14, 17.

[17] II Sam. 8.2. II Reis 18.14, 15, 16.

[18] Jos. 15.44.

[19] II Chr. 11.7.

[20] Isa. 15.2 e 22.12. Jer. 7.29.

2 Ai [1] d’aquelles que nas suas camas intentam a iniquidade, e obram o mal: [2] á luz da alva o põem em obra, porque está no poder da sua mão!

Antes de Christo 710

2 E [3] cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam: assim fazem violencia a um homem e á casa, a uma pessoa e á sua herança.

3 Portanto, assim diz o Senhor: [4] Eis que intento mal contra esta geração, d’onde não tirareis os vossos pescoços, [5] nem andareis tão altivos, porque o tempo será mau.

4 N’aquelle dia [6] se levantará um proverbio sobre vós, e se pranteará pranto lastimoso, dizendo: Nós estamos inteiramente desolados! [7] a porção do meu povo elle a troca! como me despoja! para nos tirar os nossos campos elle os reparte!

5 Portanto, [8] não terás tu na congregação[813] do Senhor quem lance o cordel pela sorte.

6 Não [9] prophetizeis, os que prophetizam, não prophetizem d’este modo, que se não apartará a vergonha.

7 Ó vós que sois chamados a casa de Jacob, porventura se tem encurtado o Espirito do Senhor? são estas as suas obras? e não é assim que fazem bem as minhas palavras ao que anda rectamente?

8 Mas assim como fôra hontem, se levantou o meu povo por inimigo: de sobre a vestidura tirastes a capa d’aquelles que passavam seguros, como os que voltavam da guerra.

9 Lançaes fóra as mulheres do meu povo, da casa das suas delicias: dos seus meninos tirastes o meu louvor para sempre.

10 Levantae-vos, pois, e andae, [10] porque não será esta terra o descanço; porquanto está contaminada, vos corromperá, e isso com grande corrupção.

11 Se houver algum que siga o seu espirito, e está mentindo falsamente, dizendo: Eu te prophetizarei de vinho e de bebida forte; far-se-ha então este tal o propheta d’este povo.

12 Certamente [11] te ajuntarei todo inteiro, ó Jacob: certamente congregarei o restante de Israel: pôl-o-hei todo junto, como ovelhas de Bozra; [12] como o rebanho no meio do seu curral, farão estrondo pela multidão dos homens.

13 Subirá diante d’elles o que romperá o caminho: elles romperão, e entrarão pela porta, e sairão por ella; [13] e o rei irá adiante d’elles, e o Senhor á testa d’elles.

[1] Ose. 7.6.

[2] Gen. 31.29.

[3] Isa. 5.8.

[4] Jer. 8.3.

[5] Amós 5.13. Eph. 5.16.

[6] II Sam. 1.17.

[7] cap. 1.15.

[8] Deu. 32.8, 9.

[9] Amós 2.12.

[10] Deu. 12.9. Jer. 3.2.

[11] cap. 4.6, 7.

[12] Jer. 31.13. Eze. 36.37.

[13] Ose. 3.5. Isa. 52.12.

Ameaças contra os chefes e os falsos prophetas.

3 Mais disse eu: Ouvi agora vós, chefes de Jacob, e vós, principes da casa de Israel; [1] porventura não é a vós que pertence saber o direito?

2 Que aborreceis o bem, e amaes o mal, que lhes arrancaes a pelle de cima d’elles, e a sua carne de cima dos seus ossos,

3 E que comeis a carne do meu povo, e lhes esfolaes a sua pelle, e lhes esmiuçaes os ossos, [2] e os repartis como para a panella e como carne no meio do caldeirão.

4 Então [3] clamarão ao Senhor, mas não os ouvirá, antes esconderá d’elles a sua face n’aquelle tempo, visto que elles fizeram mal com as suas obras.

5 Assim [4] diz o Senhor contra os prophetas que fazem errar o meu povo, [5] que mordem com os seus dentes, e clamam paz; mas contra aquelle que nada lhes mette na bocca preparam guerra.

6 Portanto, [6] se vos fará noite [ADP] por causa da prophecia, e vos serão trevas [ADQ] por causa da adivinhação, [7] e se porá o sol sobre estes prophetas, e o dia sobre elles se ennegrecerá.

7 E os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; e todos juntos cobrirão o beiço superior, [8] porque não haverá resposta de Deus.

8 Mas decerto eu sou cheio da força do Espirito do Senhor, e cheio de juizo e animo, [9] para annunciar a Jacob a sua transgressão e a Israel o seu peccado.

9 Ouvi agora isto, vós, chefes da casa de Jacob, e vós, maioraes da casa de Israel, que abominaes o juizo e perverteis tudo o que é direito,

10 [10] Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalem com injustiça.

11 Os [11] seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus prophetas adivinham por dinheiro; [12] e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Porventura não está o Senhor no meio de nós? nenhum mal nos sobrevirá.

12 Portanto, por causa de vós, [13] Sião será lavrada como um campo, e Jerusalem se fará montões de pedras, [14] e o monte d’esta casa alturas de bosque.

[1] Jer. 5.4, 5.

[2] Exo. 11.3, 7.

[3] Pro. 1.28. Isa. 1.15. Eze. 8.18. Zac. 7.13.

[4] Isa. 56.10, 11. Eze. 13.10 e 22.25.

[5] Mat. 7.15. Eze. 13.18, 19.

[6] Isa. 8.20, 22. Eze. 13.23.

[7] Amós 8.9.

[8] Amós 8.11.

[9] Isa. 58.1.

[10] Jer. 22.13. Hab. 2.12. Sof. 3.3.

[11] Isa. 1.23. cap. 7.3. Jer. 6.13.

[12] Isa. 48.2. Rom. 2.17.

[13] Jer. 26.18. cap. 1.6.

[14] cap. 4.2.

O annuncio da vocação dos gentios.

4 Mas [1] no ultimo dos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e concorrerão a elle os povos.

2 E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e á casa do Deus de Jacob, para que nos ensine os seus caminhos, e nós andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor de Jerusalem.

3 E julgará entre muitos povos, e castigará poderosas nações até mui longe, [2] e converterão as suas espadas[814] em enxadas, e as suas lanças em foices: uma nação contra outra nação não levantará a espada, nem aprenderão mais a guerra.

4 Mas [3] assentar-se-hão, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a bocca do Senhor dos Exercitos o fallou.

5 Porque [4] todos os povos andarão, cada um no nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do Senhor nosso Deus, eternamente e para sempre.

6 N’aquelle dia, diz o Senhor, [5] congregarei a que coxeava, e recolherei a que eu tinha expulsado, e a que eu tinha maltratado.

7 E [6] da que coxeava farei um resto, e da que estava rejeitada longe uma nação poderosa; [7] e o Senhor reinará sobre elles no monte de Sião, desde agora e para sempre.

8 E tu, [ADR] ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, até a ti virá; certamente virá o primeiro dominio, o reino da filha de Jerusalem.

9 Ora porque farias tão grande pranto? [8] não ha em ti rei? pereceu o teu conselheiro? apoderou-se de ti dôr, como da que está de parto?

10 Soffre dôres, e trabalhos, para produzir, ó filha de Sião, como a que está de parto, porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e virás até Babylonia: ali, porém, serás livrada; ali te remirá o Senhor da mão de teus inimigos.

11 Agora [9] se congregaram muitas nações contra ti, que dizem: Seja profanada, e os nossos olhos verão seus desejos sobre Sião.

12 Mas [10] não sabem os pensamentos do Senhor, nem entendem o seu conselho: [11] porque as ajuntou como gavelas á eira.

13 Levanta-te, [12] e trilha, ó filha de Sião; porque eu farei de ferro [ADS] a tua ponta, e de cobre as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, [13] e o seu ganho consagrarei ao Senhor, e a sua fazenda ao Senhor de toda a terra.

[1] Isa. 2.2, etc. Eze. 17.22, 23.

[2] Isa. 2.4. Joel 3.10.

[3] I Reis 4.25. Zac. 3.10.

[4] Jer. 2.11.

[5] Eze. 34.16. Sof. 3.19. Eze. 34.13 e 37.21.

[6] cap. 2.12 e 5.3, 7, 8 e 7.18.

[7] Isa. 9.6 e 24.23. Dan. 7.14, 27. Luc. 1.33. Apo. 11.15.

[8] Jer. 8.19. Isa. 13.8 e 21.3. Jer. 30.6 e 50.43.

[9] Lam. 2.16. cap. 7.10.

[10] Isa. 55.8. Rom. 11.33.

[11] Isa. 21.10.

[12] Isa. 41.15, 16. Jer. 51.33.

[13] Isa. 18.7 e 23.18 e 60.6, 9. Zac. 4.13 e 6.5.

5 Agora ajunta-te com esquadrões, ó filha de esquadrões; pôr-se-ha cerco sobre nós: [1] ferirão com a vara no queixo ao juiz de Israel.

Predicção do nascimento do Messias e da instituição do seu reino.

2 E tu, Beth-lehem Ephrata, [2] ainda que és pequena entre os milhares de Judah, [3] de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saidas são desde os tempos antigos, [4] desde os dias da eternidade.

3 Portanto [5] os entregará até ao tempo em que a que está de parto tiver parido: então o resto de seus irmãos voltará com os filhos de Israel.

4 E elle estará em pé, [6] e apascentará ao povo na força do Senhor, na excellencia do nome do Senhor seu Deus: [7] e elles permanecerão, porque agora será engrandecido até aos fins da terra.

5 E este será a paz: quando a Assyria vier á nossa terra, e quando passar os nossos palacios, levantaremos contra elle sete pastores e oito principes d’entre os homens.

6 Esses consumirão a terra da Assyria á espada, [8] e a terra de Nimrod nas suas entradas. Assim nos livrará da Assyria, [9] quando vier á nossa terra, e quando calcar os nossos termos.

7 E [10] estará o resto de Jacob no meio de muitos povos, como orvalho do Senhor, como uns choviscos sobre a terra, que não espera pelo homem, nem aguarda a filhos de homens.

8 E o resto de Jacob estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animaes do bosque, como um leãosinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, pizará e despedaçará, sem que haja quem as livre.

9 A tua mão se exaltará sobre os seus adversarios; e todos os teus inimigos serão exterminados.

10 E [11] succederá n’aquelle dia, diz o Senhor, que eu exterminarei do meio de ti os teus cavallos, e destruirei os teus carros;

11 E destruirei as cidades da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas;

12 E exterminarei as feitiçarias da tua mão: [12] e não terás agoureiros;

13 E [13] exterminarei do meio de ti as tuas imagens de esculptura e [ADT] as tuas[815] estatuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos.

14 E arrancarei os teus bosques do meio de ti; e destruirei as tuas cidades.

15 E [14] com ira e com furor farei vingança das nações que não ouvem.

[1] Lam. 3.30. Mat. 5.39 e 27.30.

[2] Mat. 2.6. João 7.42. I Sam. 23.23.

[3] Isa. 9.6.

[4] João 1.1.

[5] cap. 4.10.

[6] Isa. 40.11 e 49.9. Eze. 34.23. cap. 7.14.

[7] Isa. 52.13. Zac. 9.10. Luc. 1.32 e 2.14.

[8] Gen. 10.8, 10, 11.

[9] Luc. 1.71.

[10] ver. 3. Deu. 32.2.

[11] Zac. 9.10.

[12] Isa. 2.6.

[13] Zac. 13.2. Isa. 2.8.

[14] II The. 1.8.

A contenda do Senhor com o seu povo. As maldades de Israel: Deus não terá compaixão.

6 Ouvi agora o que diz o Senhor: Levanta-te, contende com os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.

2 Ouvi [1] montes, a contenda do Senhor, e vós, fortes fundamentos da terra; porque o Senhor tem uma contenda com o seu povo, e com Israel entrará em juizo.

3 Ó povo meu; [2] que te tenho feito? e com que te enfadei? testifica contra mim.

4 Certamente te fiz [3] subir da terra do Egypto e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti a Moysés, Aarão e Miriam.

5 Povo meu, ora lembra-te do que consultou [4] Balak, rei de Moab, e o que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, desde Sittim até Gilgal; para que conheças [5] as justiças do Senhor.

6 Com que coisa encontrarei ao Senhor, e me inclinarei ao Deus altissimo? encontral-o-hei com holocaustos? com bezerros de um anno?

7 Agradar-se-ha [6] o Senhor de milhares de carneiros? de dez mil ribeiros de azeite? [7] darei o meu primogenito pela minha transgressão? o fructo do meu ventre pelo peccado da minha alma?

8 Elle te declarou, [8] ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, [9] e ames a beneficencia, e andes humildemente com o teu Deus?

9 A voz do Senhor clama á cidade (porque o teu nome vê a inteireza): Ouvi a vara, e a quem a ordenou.

10 Ainda ha na casa do impio thesouros da impiedade? e epha pequena, [10] que é detestavel?

11 Seria eu limpo com balanças falsas? e com uma bolsa de pesos enganosos?

12 Porque os seus ricos estão cheios de violencia, e os seus habitantes fallam mentiras; [11] e a sua lingua é enganosa na sua bocca.

13 Assim eu tambem te enfraquecerei, ferindo-te e assolando-te por causa dos teus peccados.

14 Tu comerás, [12] mas não te fartarás; e a tua humilhação estará no meio de ti; e tu removerás, mas não livrarás; e aquillo que livrares, eu o entregarei á espada.

15 Tu semearás, [13] mas não segarás: pisarás a azeitona, mas não te ungirás com azeite; e o mosto, mas não beberás vinho.

16 Porque se guardaram [14] os estatutos de Omri, e toda a obra da casa de Acab, e vós andaes nos conselhos d’elles; [15] para que eu te faça uma desolação, e dos seus habitantes um assobio: assim trareis sobre vós o opprobrio do meu povo.

[1] Deu. 32.1. Isa. 1.2. Ose. 12.2. Isa. 43.26. Ose. 4.1.

[2] Jer. 2.5, 31.

[3] Exo. 12.51 e 14.30 e 20.2. Deu. 4.20. Amós 2.10.

[4] Num. 22.5 e 23.7. Deu. 23.4, 5. Jos. 24.9, 10. Apo. 2.14.

[5] Jui. 5.11.

[6] Isa. 1.11.

[7] II Reis 16.3 e 21.6 e 23.10. Jer. 7.31 e 19.5. Eze. 23.37.

[8] Deu. 10.12. I Sam. 15.22. Ose. 6.6 e 12.6.

[9] Gen. 18.19. Isa. 1.17.

[10] Deu. 25.13-16. Pro. 11.1 e 20.10, 23. Ose. 12.7.

[11] Jer. 9.3, 5, 6, 8.

[12] Lev. 26.26. Ose. 4.10.

[13] Deu. 28.38, 39, 40. Amós 5.11. Sof. 1.13. Agg. 1.6.

[14] I Reis 16.25, 26. Ose. 5.11. II Reis 21.3.

[15] Jer. 19.8. Isa. 25.8. Jer. 51.51. Lam. 5.1.

7 Ai de mim! porque estou feito como quando se tem colhido as fructas do verão, [1] como os rabiscos da vindima; não ha cacho de uvas para comer; [2] desejou a minha alma figos temporãos.

2 pereceu o benigno da terra, e não ha entre os homens um que seja recto: todos armam ciladas para sangue; [3] caçam cada um a seu irmão com rede,

3 Para com ambas as mãos [4] fazerem diligentemente o mal; assim demanda o principe, e o juiz julga pela recompensa, e o grande falla a corrupção da sua alma, e a [ADU] torcem.

4 O melhor [5] d’elles é como um espinho; o mais recto é peior do que o espinhal: veiu o dia dos teus vigias, veiu a tua visitação; agora será a sua confusão.

5 Não creias [6] no amigo, nem confieis no vosso guia, d’aquella que repousa no teu seio guarda as portas da tua bocca.

6 Porque [7] o filho despreza ao pae, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do homem são os da sua casa.

7 Eu, porém, [8] esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá.

[816]

8 Ó inimiga minha, [9] não te alegres de mim; ainda bem que eu tenho caido, levantar-me-hei: se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz.

9 Soffrerei [10] a ira do Senhor, porque pequei contra elle, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito: elle tirar-me-ha á luz, verei satisfeito a sua justiça.

10 E a minha inimiga o verá, e cobril-a-ha a confusão; e aquella que me diz: [11] Onde está o teu Deus? os meus olhos a verão satisfeitos; [12] agora será ella pisada como a lama das ruas.

11 No dia em que reedificar os teus muros, [13] n’esse dia longe estará ainda o estatuto.

12 N’aquelle dia [14] virá até ti, desde a Assyria até ás cidades fortes, e das fortalezas até ao rio, e do mar até ao mar, e da montanha até á montanha.

13 Porém esta terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, [15] por causa do fructo das suas obras.

14 Apascenta o teu povo com a tua vara, o rebanho da tua herança, [16] que móra só no bosque, no meio da terra fertil; apascentem-se em Basan e Gilead, como nos dias da antiguidade.

15 Eu lhes mostrarei maravilhas, como nos dias da tua subida da terra do Egypto.

16 As nações o verão, [17] e envergonhar-se-hão, por causa de todo o seu poder: porão a mão sobre a bocca, e os seus ouvidos ficarão surdos.

17 Lamberão [18] o pó como serpentes, como uns reptis da terra, tremendo, sairão dos seus encerramentos; [19] com pavor virão ao Senhor nosso Deus, e terão medo de ti.

18 Quem [20] é Deus similhante a ti, que perdoa a iniquidade, e que passa pela rebellião do restante da sua herança? não retem a sua ira para sempre, [21] porque tem prazer na benignidade.

19 Tornará a apiedar-se de nós: sujeitará as nossas iniquidades, e tu lançarás todos os seus peccados nas profundezas do mar.

20 Darás [22] a Jacob a fidelidade, e a Abrahão a benignidade, que juraste a nossos paes desde os dias antigos.

[1] Isa. 17.6 e 24.13.

[2] Isa. 28.4. Ose. 9.10.

[3] Hab. 1.15.

[4] Ose. 4.18. Isa. 1.23. cap. 3.11.

[5] II Sam. 23.6, 7. Eze. 2.6. Isa. 55.13.

[6] Jer. 9.4.

[7] Eze. 22.7. Mat. 10.21, 35, 36. Luc. 12.53 e 21.16. II Tim. 3.2, 5.

[8] Isa. 8.17.

[9] Pro. 24.17. Lam. 4.21.

[10] Lam. 3.39.

[11] cap. 4.11.

[12] II Sam. 22.43. Zac. 10.5.

[13] Amós 9.11, etc.

[14] Isa. 11.16 e 19.23, etc. e 27.13. Ose. 11.11.

[15] Jer. 21.14. cap. 3.12.

[16] Isa. 37.24.

[17] Isa. 26.11. Job 21.5 e 29.9.

[18] Isa. 49.23.

[19] Jer. 33.9.

[20] Exo. 15.11 e 34.6. Jer. 50.20. cap. 4.7 e 5.3, 7, 8.

[21] Jer. 3.5.

[22] Luc. 1.72, 73.


NAHUM.

A justiça e misericordia de Deus: a destruição de seus inimigos e o livramento do seu povo.

Antes de Christo 713

1 Carga de [1] Ninive. Livro da visão de Nahum, o elcoshita.

2 O Senhor [2] é Deus zeloso e que toma vingança, o Senhor toma vingança e tem furor: o Senhor toma vingança contra os seus adversarios, e guarda a ira contra os seus inimigos.

3 O Senhor é tardio [3] em irar-se, porém grande em força, e ao culpado não tem por innocente: [4] o Senhor, cujo caminho é na tormenta, e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.

4 Elle reprehende [5] ao mar, e o faz seccar, e esgota todos os rios: desfallecem Basan e Carmelo, [6] e a flor do Libano se murchou.

5 Os montes tremem perante [7] elle, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que n’elle habitam.

6 Quem parará diante do seu furor? [8] e quem persistirá diante do ardor da sua ira? a sua colera se derramou como um fogo, e as rochas foram por elle derribadas.

7 O Senhor é bom, [9] elle serve de fortaleza no dia da angustia, e conhece aos que confiam n’elle.

8 E com uma inundação trasbordante acabará d’uma vez com o seu logar; e as trevas perseguirão os seus inimigos.

9 Que pensaes vós contra o Senhor? [10] elle mesmo vos consumirá de todo: não se levantará por duas vezes a angustia.

10 Porque elles se entrelaçam como os[817] espinhos, [11] e se embebedam como bebados; serão inteiramente consumidos como palha secca.

11 De ti saiu um que pensou mal contra o Senhor, [12] um conselheiro de Belial.

12 Assim diz o Senhor: Por mais seguros que estejam, [13] e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão tosquiados, e elle passará: eu te affligi, porém não te affligirei mais.

13 Mas agora quebrarei [14] o seu jugo de sobre ti, e romperei os teus laços.

14 Porém contra ti o Senhor deu ordem, que mais ninguem do teu nome seja semeado: da casa do teu deus exterminarei as imagens de esculptura e de fundição: ali te [15] farei o teu sepulchro, porque és vil.

15 Eis que [16] sobre os montes os pés do que traz as boas novas, do que annuncia a paz! celebra as tuas festas, ó Judah, cumpre os teus votos, [17] porque o impio não tornará mais a passar por ti: elle é inteiramente exterminado.

[1] Sof. 2.13.

[2] Exo. 20.5 e 34.14. Deu. 4.24. Jos. 24.19. Deu. 32.35. Isa. 59.18.

[3] Exo. 34.6, 7. Neh. 9.17. Jon. 4.2.

[4] Hab. 3.5, 11, 12.

[5] Isa. 50.2. Mat. 8.26.

[6] Isa. 33.9.

[7] Jui. 5.5. Miq. 1.4. II Ped. 3.10.

[8] Mal. 3.2. Apo. 16.1.

[9] I Chr. 16.34. Jer. 33.11. Lam. 3.25.

[10] I Sam. 3.12.

[11] II Sam. 23.6, 7. cap. 3.11. Mal. 4.1.

[12] II Reis 19.22, 23.

[13] II Reis 19.35, 37. Dan. 11.10.

[14] Jer. 2.20 e 30.8.

[15] II Reis 19.37.

[16] Isa. 52.7. Rom. 10.15.

[17] ver. 11, 12. ver. 14.

O cerco e tomada de Ninive.

2 O destruidor [1] subiu diante de ti, guarda tu a fortaleza, observa o caminho, esforça os lombos, fortalece muito a força.

2 Porque [2] o Senhor tornará a excellencia de Jacob como a excellencia de Israel; porque os que despejam os vazaram, e corromperam os seus sarmentos.

3 Os escudos dos seus valentes serão tintos [3] de vermelho, os homens valorosos andam vestidos de escarlate, os carros correrão como fogo de tochas no dia do seu apercebimento, e os pinheiros se abalarão.

4 Os carros se enfurecerão nas praças, discorrerão pelas ruas: o seu parecer é como o de tochas, correrão como relampagos.

5 Este se lembrará dos seus valentes, elles porém tropeçarão na sua marcha: apresentar-se-hão ao seu muro, quando o amparo fôr apparelhado.

6 As portas do rio se abrirão, e o palacio se derreterá.

7 Pois determinado está; será levada captiva, será feita subir, e as suas servas a acompanharão, [4] gemendo como pombas, batendo em seus peitos.

8 Ninive desde que existiu tem sido como um tanque de aguas, porém ellas agora fogem. Parae, parae, clamar-se-ha; mas ninguem olhará para traz.

9 Saqueae a prata, saqueae o oiro, porque não tem termo o provimento, abastança ha de todo o genero de moveis appeteciveis.

10 Vazia, e vazada e esgotada ficará, e derreteu-se o seu coração, [5] e tremem os joelhos, e em todos os lombos ha dôr, e os rostos de todos elles ennegrecem.

11 Onde está agora o covil dos leões, [6] e as pastagens dos leõesinhos? onde passeava o leão velho, e o cachorro do leão, sem haver ninguem que os espantasse?

12 O leão arrebatava o que bastava para os seus cachorros, e afogava a preza para as suas leôas, e enchia de prezas as suas cavernas, e os seus covis de rapina.

13 Eis que [7] eu estou contra ti, diz o Senhor dos exercitos, e queimarei no fumo os seus carros, e a espada devorará os teus leõesinhos, e arrancarei da terra a tua preza, [8] e não se ouvirá mais a voz dos teus embaixadores.

[1] Jer. 50.23 e 51.11, 12.

[2] Isa. 10.12. Jer. 25.29.

[3] Isa. 63.2, 3.

[4] Isa. 38.14 e 59.11.

[5] Isa. 13.7, 8. Dan. 5.6. Jer. 30.6. Joel 2.6.

[6] Job 4.10, 11. Eze. 19.2, 7.

[7] Eze. 33.3 e 39.1. cap. 3.5.

[8] II Reis 18.17, 19 e 19.9, 23.

Os delictos de Ninive: a sua ruina inevitavel.

3 Ai [1] da cidade ensanguentada, que está toda cheia de mentiras e de rapina! não se aparta d’ella o roubo.

2 Estrepito [2] de açoite ha, e o estrondo do ruido das rodas; e os cavallos atropellam, e carros vão saltando.

3 O cavalleiro levanta assim a espada flammejante, como a lança relampagueante, e ali haverá uma multidão de mortos, e abundancia de cadaveres, e não terão fim os defuntos; tropeçarão nos seus corpos;

4 Por causa da multidão das fornicações da meretriz mui [3] graciosa, da mestra das feitiçarias, que vendeu os povos com as suas fornicações, e as gerações com as suas feitiçarias.

5 Eis que [4] eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exercitos, e descobrirei as tuas fraldas sobre a tua face, [5] e ás nações mostrarei a tua nudez, e aos reinos a tua vergonha.

6 E lançarei sobre ti coisas abominaveis, e te envergonharei, [6] e pôr-te-hei como espectaculo.

7 E ha de ser que, todos os que te[818] virem, fugirão de ti, [7] e dirão: Ninive está destruida, quem terá compaixão d’ella? d’onde te buscarei consoladores?

8 És [8] tu melhor do que Nóammon, que está assentada nos rios, cercada de aguas, que tinha por esplanada o mar, cuja muralha é do mar?

9 Ethiopia e Egypto eram a sua força, e não havia fim: Put e Lybia te foram de soccorro.

10 Todavia foi levada captiva para o desterro: [9] tambem os seus filhos são despedaçados no topo de todas [10] as ruas, e sobre os seus honrados lançaram sortes, e todos os seus grandes foram presos com grilhões.

11 Tu tambem [11] serás embriagada, e te esconderás; tambem buscarás força por causa do inimigo.

12 Todas as tuas fortalezas serão como figueiras [12] com figos temporãos; se se sacodem, caem na bocca do que os ha de comer.

13 Eis que [13] o teu povo no meio de ti será como de mulheres: as portas da tua terra estarão de todo abertas aos teus inimigos: o fogo consumirá os teus ferrolhos.

14 Tira aguas para o cerco, fortifica as tuas fortalezas, [14] entra no lodo, e pisa o barro, repara o forno dos ladrilhos.

15 O fogo ali te consumirá, a espada te exterminará, te consumirá, como a locusta; [15] multiplica-te como a locusta, multiplica-te como os gafanhotos.

16 Multiplicaste os teus negociantes mais do que as estrellas do céu, a locusta se espalhará e voará.

17 Os [16] teus coroados são como os gafanhotos, e os teus chefes como os gafanhotos grandes, que se acampam nas sebes nos dias de frio; em subindo o sol voam, de sorte que não se conhece mais o logar onde estiveram.

18 Os teus pastores [17] dormitarão, ó rei da Assyria, os teus illustres deitar-se-hão, o teu povo se derramará pelos montes; sem que haja quem o ajunte.

19 Não ha cura para a tua quebradura, [18] a tua ferida é dolorosa: todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre quem não passou continuamente a tua malicia?

[1] Eze. 22.2, 3 e 24.6, 9. Hab. 2.12.

[2] Jer. 47.3.

[3] Apo. 18.2, 3.

[4] cap. 2.13. Isa. 47.2, 3. Jer. 13.22, 26. Eze. 16.37. Miq. 1.11.

[5] Hab. 2.16.

[6] Mal. 2.9.

[7] Apo. 18.10. Jer. 15.5.

[8] Jer. 46.25, 26. Eze. 30.14-16.

[9] Isa. 13.16. Ose. 13.16. Lam. 2.19.

[10] Joel 3.3. Oba. 11.

[11] Jer. 25.17, 27. cap. 1.10.

[12] Apo. 6.13.

[13] Jer. 50.37 e 51.30.

[14] cap. 2.1.

[15] Joel 1.4.

[16] Apo. 9.7.

[17] Exo. 15.16. Eze. 31.3, etc.

[18] Miq. 1.9. Sof. 2.15. Isa. 14.8.


HABACUC.

A iniquidade de Judah: este será castigado pelos chaldeos: a intercessão do propheta.

Antes de Christo 626

1 A carga que viu o propheta Habacuc.

2 Até quando, Senhor, clamarei eu, [1] e tu não me escutarás? até quando gritarei a ti: Violencia! e não salvarás?

3 Por que razão me fazes vêr a iniquidade, e vês a vexação? porque a destruição e a violencia estão diante de mim, havendo tambem quem suscite a contenda e o litigio.

4 Por esta causa a lei se afrouxa, e a sentença nunca sae; [2] porque o impio cérca o justo, e sae a sentença torcida.

5 Vêde entre as nações, e olhae, e maravilhae-vos, [3] e estae maravilhados; porque obro uma obra em vossos dias que não crereis, quando se vos contar.

6 Porque [4] eis que suscito os chaldeos, nação amarga e apressada, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas que não são suas.

7 Horrivel e terrivel é; d’ella mesma sairá o seu juizo e a sua grandeza.

8 E os seus cavallos são mais ligeiros do que os leopardos, [5] e mais [ADV] perspicazes do que os lobos á tarde, e os seus cavalleiros se espalham; os seus cavalleiros virão de longe; [6] voarão como aguias que se apressam á comida.

9 Elles todos virão a fim de obrar violencia: os seus rostos buscarão o oriente, e congregará os captivos como areia.

10 E escarnecerão dos reis, e dos principes farão zombaria: elles se rirão de todas as fortalezas, porque amontoarão terra, e as tomarão.

11 Então passará como vento, e traspassará,[819] e se fará culpada, attribuindo este seu poder ao seu deus.

12 Porventura não és tu desde sempre, ó Senhor meu Deus, meu Sancto? nós não morreremos: [7] ó Senhor, para juizo o pozeste, e tu, ó Rocha, o fundaste para castigar.

13 Tu és tão puro de olhos, que não podes vêr o mal, e a vexação não podes contemplar: [8] porque olhas para os que obram aleivosamente? porque te calas quando o impio devora aquelle que é mais justo do que elle?

14 E porque farias os homens como os peixes do mar, como os reptis, que não teem quem os governe?

15 Elle [9] a todos tira com o anzol, apanhal-os-ha com a sua rede, e os ajunta na sua varredoura: por isso elle se alegra e se regozija.

16 Por isso sacrifica á sua rede, e queima incenso á sua varredoura; porque com ellas se engordou a sua porção, e se engrossou a sua comida.

17 Porventura por isso vazará a sua rede, e não poupará de matar os povos continuamente?

[1] Lam. 3.8.

[2] Job 21.7. Jer. 12.1.

[3] Isa. 29.14. Act. 13.41.

[4] Deu. 28.49, 50.

[5] Jer. 5.6. Sof. 3.3.

[6] Jer. 4.13.

[7] II Reis 19.25. Isa. 10.5, 6, 7. Eze. 30.25.

[8] Jer. 12.1.

[9] Jer. 16.16. Amós 4.2.

Os chaldeos serão castigados a seu turno.

2 Sobre a minha guarda estarei, [1] e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para vêr o que fallaria em mim, e o que eu responderei, quando eu fôr arguido.

2 Então o Senhor me respondeu, e disse: [2] Escreve a visão, e declara-a em taboas, para que n’ellas leia o que correndo passa.

3 Porque [3] a visão ainda está para o tempo determinado, pois até ao fim fallará, e não mentirá: se tardar, espera-o, [4] porque certamente virá, nem tardará.

4 Eis que de preguiça se retira, não é recta n’elle; [5] mas o justo pela sua fé viverá.

5 Quanto mais se é dado ao vinho mais desleal se é; aquelle homem soberbo, [6] que alarga como o sepulchro a sua alma, não permanecerá e é como a morte que não se farta, e ajunta a si todas as nações, e congrega a si todos os povos.

6 Não levantariam pois [7] todos estes contra elle uma parabola e dito agudo com enigmas para elle? e se dirá: Ai d’aquelle que multiplica o que não é seu! (até quando!) e d’aquelle que carrega sobre si divida!

7 Porventura não se levantarão de repente os que te morderão? e não despertarão os que te abalarão? e não lhes servirás tu de despojo?

8 Porquanto [8] despojaste a muitas nações, todos os mais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens, e da violencia ácerca da terra da cidade, e de todos os que habitam n’ella.

9 Ai [9] d’aquelle que ajunta bens para a sua casa, por uma avareza criminosa, [10] para que ponha o seu ninho no alto, a fim de se livrar da mão do mal!

10 Vergonha maquinaste para a tua casa; destruindo tu a muitos povos, peccaste contra a tua alma.

11 Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento.

12 Ai [11] d’aquelle que edifica a cidade com sangue, e que funda a cidade com iniquidade!

13 Eis que porventura não vem do Senhor dos Exercitos [12] que os povos trabalham pelo fogo e os homens se cançam em vão?

14 Porque [13] a terra sera cheia do conhecimento da gloria do Senhor, como as aguas cobrem o mar.

15 Ai d’aquelle que dá de beber ao seu companheiro! [14] tu, que lhe chegas o teu odre, e o embebedas, [15] para vêr a sua nudez!

16 Tambem tu serás farto de ignominia em logar de honra: [16] bebe tu tambem, e [ADW] descobre o prepucio: o calix da mão direita do Senhor voltará a ti, e vomito ignominioso cairá sobre a tua gloria.

17 Porque a violencia commettida contra o Libano te cobrirá, e a destruição das bestas os assombrará, [17] por causa do sangue dos homens, e da violencia feita á terra, á cidade, e a todos os moradores.

18 Que [18] aproveitará a imagem de esculptura, depois de que a esculpiu o seu artifice? [19] ou a imagem de fundição, que ensina a mentira, para que o artifice confie na obra, fazendo idolos mudos?

19 Ai d’aquelle que diz ao pau: Acorda; e á pedra muda: Desperta; porventura ensinará? eis que está coberto de oiro e de prata, mas no meio d’elle não ha espirito algum.

[820]

20 Porém o Senhor está no seu sancto templo: [20] cale-se diante d’elle toda a terra.

[1] Isa. 21.8, 11.

[2] Isa. 8.1 e 30.8.

[3] Dan. 10.14 e 11.27, 35.

[4] Heb. 10.37.

[5] João 8.36. Rom. 1.17. Gal. 3.11. Heb. 10.58.

[6] Pro. 27.20 e 30.16.

[7] Miq. 2.4.

[8] Isa. 33.1.

[9] Jer. 22.13.

[10] Jer. 49.16. Oba. 4.

[11] Jer. 22.13. Eze. 24.9. Miq. 3.10. Nah. 3.1.

[12] Jer. 51.58.

[13] Isa. 11.9.

[14] Ose. 7.5.

[15] Gen. 9.22.

[16] Jer. 25.26, 27 e 51.57.

[17] ver. 8.

[18] Isa. 44.9, 10 e 46.2.

[19] Jer. 10.8, 14. Zac. 10.2.

[20] Sof. 1.7. Zac. 2.13.

A oração de Habacuc.

3 Oração do propheta Habacuc sobre Shigionoth.

2 Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi: aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos annos, no meio dos annos a notifica: na tua ira lembra-te de misericordia.

3 Deus veiu de Teman, [1] e o Sancto do monte de Paran (Selah). A sua gloria cobriu os céus, e a terra foi cheia do seu louvor.

4 E o resplandor se fez como a luz, raios brilhantes lhe sahiam da sua mão, [2] e ali estava o esconderijo da sua força.

5 Diante d’elle ia a peste, e queimaduras passavam diante dos seus pés.

6 Parou, e mediu a terra: olhou, e fez sair as nações: [3] e os montes perpetuos foram esmiuçados; os outeiros eternos se encurvaram, porque o andar eterno é seu.

7 Vi as tendas de Cusan [ADX] debaixo da vaidade: as cortinas da terra de Midian tremiam.

8 Acaso é contra os rios, Senhor, que tu estás irado? contra os ribeiros foi a tua ira? contra o mar foi o teu furor, quando andaste montado sobre os teus cavallos? [4] os teus carros foram a salvação?

9 Descoberto se despertou o teu arco, pelos juramentos feitos ás tribus, pela tua palavra (Selah). Tu fendeste a terra com rios.

10 Os montes te viram, [5] e tremeram: a inundação das aguas passou; deu o abysmo a sua voz, levantou as suas mãos ao alto.

11 O sol e a lua pararam nas suas moradas: [6] andaram á luz das tuas frechas, ao resplandor do relampago da tua lança.

12 Com indignação marchaste pela terra, [7] com ira trilhaste as nações.

13 Tu saiste para salvamento do teu povo, para salvamento do teu ungido: [8] tu feriste a cabeça da casa do impio, descobrindo o alicerce até ao pescoço (Selah).

14 Tu furaste com os teus cajados a cabeça [ADY] das suas aldeias; elles me accommetteram tempestuosos para me espalharem: alegravam-se, como se estivessem para devorar o pobre em segredo.

15 Tu [9] com os teus cavallos marchaste pelo mar, pelo montão de grandes aguas.

16 Ouvindo-o eu, o meu ventre se commoveu, á sua voz tremeram os meus labios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; no dia da angustia descançarei, quando subir contra o povo que nos destruirá.

17 Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fructo na vide; o producto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos curraes não haja vaccas:

18 Todavia [10] eu me alegrarei no Senhor: gozar-me-hei no Deus da minha salvação.

19 Jehovah, o Senhor, é minha força, [11] e fará os meus pés como os das cervas, [12] e me fará andar sobre as minhas alturas. Para o cantor-mór sobre os meus instrumentos de musica.

[1] Deu. 33.2. Jui. 5.4.

[2] Nah. 1.3.

[3] Nah. 1.5. Gen. 49.26.

[4] Deu. 33.26, 27.

[5] Exo. 19.16, 18. Jui. 5.4, 5. Exo. 14.22. Jos. 3.16.

[6] Jos. 10.12, 13. Jos. 10.11.

[7] Jer. 51.33. Amós 1.3. Miq. 4.13.

[8] Jos. 10.24 e 11.8, 12.

[9] ver. 8.

[10] Isa. 41.16 e 61.10.

[11] II Sam. 22.34.

[12] Deu. 32.13 e 33.29.


SOFONIAS.

Ameaças contra Judah e Jerusalem.

Antes de Christo 630

1 Palavra do Senhor, feita a Sofonias, filho de Cushi, filho de Gedalia, filho de Amaria, filho de Hizekia, nos dias de Josia, filho de Amon, rei de Judah.

2 Eu indubitavelmente hei de arrebatar tudo de sobre a face da terra, diz o Senhor.

3 Arrebatarei os homens e os animaes,[821] [1] arrebatarei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços com os impios; e exterminarei os homens de cima da terra, disse o Senhor.

4 E estenderei a minha mão contra Judah, e contra todos os habitantes de Jerusalem, [2] e exterminarei d’este logar o resto de Baal, e o nome dos chemarins com os sacerdotes;

5 E [3] os que sobre os telhados se encurvam ao exercito do céu; e os que se inclinam jurando pelo Senhor, [4] e juram por Malcam;

6 E [5] os que se desviam de andar em seguimento do Senhor, [6] e os que não buscam ao Senhor, nem perguntam por elle.

7 Cala-te [7] diante do Senhor Jehovah, porque o dia do Senhor está perto, porque o Senhor apparelhou o sacrificio, e sanctificou os seus convidados.

8 E ha de ser que, no dia do sacrificio do Senhor, hei de fazer visitação sobre os principes, e sobre os filhos do rei, e sobre todos os que se vestem de vestidura estranha.

9 Farei tambem visitação n’aquelle dia sobre todo aquelle que salta sobre o umbral, que enche de violencia e engano a casa dos senhores d’elles.

10 E n’aquelle dia, diz o Senhor, haverá uma voz de clamor desde a porta do pescado, [8] e um uivo desde a segunda parte, e grande quebranto desde os outeiros.

11 Uivae [9] vós, moradores [ADZ] do valle, porque todo o povo que mercava está arruinado, todos os carregados de dinheiro são destruidos.

12 E ha de ser que, n’aquelle tempo, esquadrinharei a Jerusalem com lanternas, [10] e farei visitação sobre os homens que estão assentados sobre as suas fezes, que dizem no seu coração: O Senhor não faz bem nem faz mal.

13 Por isso será saqueada a sua fazenda, e assoladas as suas casas: [11] e edificarão casas, mas não habitarão n’ellas, e plantarão vinhas, mas não lhes beberão o seu vinho.

14 O [12] grande dia do Senhor está perto, perto está, e se apressa muito, a voz do dia do Senhor: amargosamente clamará ali o valente.

15 Aquelle dia [13] será um dia de indignação, dia de angustia e de ancia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,

16 Dia de buzina [14] e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas.

17 E angustiarei os homens, [15] que andarão como cegos, porque peccaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, [16] e a sua carne será como esterco.

18 Nem [17] a sua prata nem o seu oiro os poderá livrar no dia do furor do Senhor, [18] mas pelo fogo do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores d’esta terra uma destruição total e apressada.

[1] Ose. 4.3. Eze. 7.19 e 14.3, 4, 7. Mat. 13.41.

[2] II Reis 23.4, 5. Ose. 10.5.

[3] II Reis 23.12. Jer. 19.13. I Reis 18.21. II Reis 17.33, 41.

[4] Isa. 48.1. Ose. 4.15. Jos. 23.7.

[5] Isa. 1.4.

[6] Ose. 7.7.

[7] Hab. 2.20. Zac. 2.13. Isa. 13.6 e 34.6. Jer. 46.10. Eze. 39.17. Apo. 19.17.

[8] II Chr. 33.14.

[9] Thi. 5.1.

[10] Jer. 48.11.

[11] Deu. 28.30, 39. Amós 5.11. Miq. 6.15.

[12] Joel 2.1, 11.

[13] Isa. 22.5. Jer. 30.7. Joel 2.2, 11. Amós 5.18. ver. 18.

[14] Jer. 4.19.

[15] Deu. 28.29. Isa. 50.10.

[16] Jer. 9.22 e 16.4.

[17] Pro. 11.4. Eze. 7.19.

[18] cap. 3.8.

Ameaças contra diversas nações.

2 Congregae-vos, [1] sim, congregae-vos, ó nação que não tem [AEA] desejo,

2 Antes que o decreto produza o seu effeito, [2] antes que o dia passe como a pragana, antes que venha sobre vós a ira do Senhor, antes que venha sobre vós o dia da ira do Senhor.

3 Buscae [3] ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que pondes em obra o seu juizo: buscae a justiça, buscae a mansidão; [4] porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor.

4 Porque [5] Gaza será desamparada, e Ascalon será assolada: [6] Asdod ao meio dia será expellida, e Ekron será desarreigada.

5 Ai dos habitantes da borda do mar, do povo dos chereteos! [7] a palavra do Senhor será contra vós, ó Canaan, terra dos philisteos, e eu vos farei destruir, até que não haja morador.

6 E a borda do mar será por cabanas, que cavam os pastores, [8] e curraes dos rebanhos.

7 E [9] será a borda para o resto da casa de Judah, que n’ella apascentem: á tarde se assentarão nas casas de Ascalon, porque o Senhor seu Deus os visitará, [10] e lhes tornará o seu captiveiro.

8 Eu [11] ouvi o escarneo de Moab, e as injuriosas palavras dos filhos de Ammon,[822] com que escarneceram do meu povo, [12] e se engrandeceram contra o seu termo.

9 Portanto, vivo eu, diz o Senhor dos Exercitos, o Deus de Israel, [13] certamente Moab será como Sodoma, e os filhos de Ammon como Gomorrah, [14] campo de ortigas e poços de sal, e assolação perpetua; o resto do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá.

10 Isto [15] terão em recompensa da sua soberba, porque escarneceram, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos Exercitos.

11 O Senhor será terrivel contra elles, [16] porque emmagrecerá a todos os deuses da terra; e cada um se inclinará a elle desde o seu logar; todas as ilhas das nações.

12 Tambem vós, [17] ó ethiopes, sereis mortos com a minha espada.

13 Estenderá tambem a sua mão contra o norte, [18] e destruirá a Assyria; e fará de Ninive uma assolação, terra secca como o deserto.

14 E [19] no meio d’ella repousarão os rebanhos, todos os animaes dos povos; e alojar-se-hão nos seus capiteis assim o pelicano como o ouriço: a voz do seu canto retinirá nas janellas, a assolação estará no umbral, quando tiver descoberto a sua obra de cedro.

15 Esta é a cidade [20] que salta de alegria, que habita segura, que diz no seu coração: Eu sou, e não ha mais do que eu: como se tornou em assolação em pousada de animaes! qualquer que passar por ella assobiará, [21] e meneará a sua mão.

[1] Joel 2.16.

[2] Job 21.18. Isa. 17.13. Ose. 13.3. II Reis 23.26.

[3] Amós 5.6.

[4] Joel 2.14. Amós 5.15. Jon. 3.9.

[5] Jer. 47.4, 5. Eze. 25.15. Amós 1.6, 7, 8. Zac. 9.5, 6.

[6] Jer. 6.4 e 15.8.

[7] Jos. 13.3.

[8] Isa. 17.2. ver. 14.

[9] Isa. 11.11. Agg. 1.12. ver. 9.

[10] Exo. 4.31. Luc. 1.68. Jer. 29.14. cap. 3.20.

[11] Jer. 48.27.

[12] Jer. 49.1.

[13] Isa. 15. Jer. 48. Amós 2.1. Amós 1.13.

[14] Gen. 19.25. Isa. 13.19 e 34.13. Jer. 49.18 e 50.40.

[15] Isa. 16.6. Jer. 48.29.

[16] Mal. 1.11. João 4.21.

[17] Isa. 18.1 e 20.4. Jer. 46.9. Eze. 30.9.

[18] Isa. 10.12. Eze. 31.3. Neh. 2.10 e 3.15, 18.

[19] ver. 6. Isa. 13.21, 22.

[20] Isa. 47.8. Apo. 18.7.

[21] Job 27.23. Lam. 2.15. Nah. 3.19.

O castigo de Jerusalem: a promessa feita aos fieis.

3 Ai da suja e da contaminada, da cidade oppressora.

2 Não ouve a voz, [1] não acceita o castigo: não confia no Senhor; nem se approximou do seu Deus.

3 Os seus principes [2] são leões bramantes no meio d’ella; os seus juizes lobos da tarde, que não deixam os ossos até á manhã.

4 Os seus prophetas [3] são levianos, homens aleivosos: os seus sacerdotes profanaram o sanctuario, [4] e fizeram violencia á lei.

5 O Senhor, o Justo, [5] está no meio d’ella; elle não faz iniquidade: cada manhã tira o seu juizo á luz; nunca falta; [6] porém o perverso não conhece a vergonha.

6 Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas: fiz desertar as suas praças, até não ficar quem passe: as suas cidades estão destruidas, até não ficar ninguem, até não haver quem as habite.

7 Eu dizia: [7] Certamente me temerás, e acceitarás a correcção, para que a sua morada não seja destruida, por tudo pelo que a visitei, mas elles se levantaram de madrugada, [8] corromperam todas as suas obras.

8 Portanto esperae-me a mim, [9] diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu juizo é ajuntar as nações e [10] congregar os reinos, para sobre elles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; [11] porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo.

9 Porque então darei beiço puro aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam [AEB] com um mesmo hombro.

10 [12] D’além dos rios dos ethiopes, meus zelosos adoradores, e a filha de minha espargida, me trarão sacrificio.

11 N’aquelle dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as quaes te rebellaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que exultam na tua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte sancto.

12 Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; [13] mas elles confiarão no nome do Senhor.

13 O resto [14] de Israel não fará iniquidade, nem fallará mentira, e na sua bocca não se achará lingua enganosa; mas serão apascentados, [15] e deitar-se-hão, e não haverá quem os espante.

14 Canta alegremente, [16] ó filha de Sião: jubila, ó Israel: goza-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalem.

15 O Senhor affastou os teus juizos, exterminou o teu inimigo: o Senhor,[823] [17] o rei d’Israel, está no meio de ti; tu não verás mais mal algum.

16 N’aquelle [18] dia se dirá a Jerusalem: [19] Não temas, ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos.

17 O Senhor teu Deus está no [20] meio de ti, poderoso te salvará; elle se deleitará em ti com alegria; calar-se-ha por seu amor, regozijar-se-ha em ti com jubilo.

18 Os entristecidos por causa do ajuntamento solemne congregarei, para quem a affronta foi um peso.

19 Eis que, n’aquelle tempo desfarei a todos os teus oppressores, [21] e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e farei d’elles um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados.

20 N’aquelle tempo [22] vos trarei para cá, a saber, no tempo em que vos recolher: certamente farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando reconduzir [AEC] os vossos captivos diante dos vossos olhos.

[1] Jer. 22.21. Jer. 5.3.

[2] Eze. 22.27. Miq. 3.9, 10, 11.

[3] Jer. 23.11, 12. Lam. 2.14. Ose. 9.7.

[4] Eze. 22.26.

[5] Deu. 32.4. ver. 15, 17. Miq. 3.11.

[6] Jer. 3.3 e 6.15 e 8.12.

[7] Jer. 8.6.

[8] Gen. 6.12.

[9] Pro. 20.22.

[10] Joel 3.2.

[11] cap. 1.18.

[12] Isa. 18.1, 7 e 60.4, etc. Mal. 1.11. Act. 8.27.

[13] Isa. 14.32. Zac. 11.11. Mal. 5.3. Thi. 2.5.

[14] Miq. 4.7. Apo. 14.5.

[15] Eze. 34.28. Miq. 4.4 e 7.14.

[16] Isa. 12.6 e 54.1. Zac. 2.10.

[17] João 1.49. ver. 17. Eze. 48.35. Apo. 21.3, 4.

[18] Isa. 35.3, 4.

[19] Heb. 12.12.

[20] ver. 15. Deu. 30.9. Isa. 62.5 e 65.19. Jer. 32.41.

[21] Eze. 34.16.

[22] Isa. 11.12 e 27.12 e 56.8. Eze. 28.25 e 34.13.


AGGEO.

Aggeo reprehende o povo por causa de sua inercia, e o exhorta a reedificar o templo.

Antes de Christo 520

1 No anno segundo do [1] rei Dario, no sexto mez, no primeiro dia do mez, veiu a palavra do Senhor, pelo ministerio do propheta Aggeo, a Zorobabel, [2] filho de Sealtiel, principe de Judah, e a Josué, filho de Josadac, [3] o summo sacerdote, dizendo:

2 Assim falla o Senhor dos Exercitos, dizendo: Este povo diz: Não é vindo o tempo, o tempo em que a casa do Senhor se edifique.

3 Veiu pois a palavra do Senhor, [4] pelo ministerio do propheta Aggeo, dizendo:

4 Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas entaboladas, e esta casa ha de ficar deserta?

5 Ora pois, assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Applicae os vossos corações aos vossos caminhos.

6 Semeiaes muito, [6] e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartaes; bebeis, porém não vos saciaes; vestis-vos, porém ninguem fica quente; [7] e o que recebe salario, recebe salario n’um sacco furado.

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Applicae os vossos corações aos vossos caminhos.

8 Subi ao monte, e trazei madeira, e edificae a casa, e d’ella me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor.

9 Olhastes para [8] muito, mas eis que alcançastes pouco; e, quando o trouxestes a casa, eu lhe assoprei. Por que causa? disse o Senhor dos Exercitos: por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre á sua propria casa.

10 Por isso [9] se cerram os céus sobre vós, para não darem orvalho e a terra detem os seus fructos.

11 Porque chamei [10] seccura sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo e sobre o mosto; e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como tambem sobre os homens, e sobre os animaes, e sobre todo o trabalho das mãos.

12 Então ouviu Zorobabel, [11] filho de Sealtiel, e Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e todo o resto do povo a voz do Senhor seu Deus; e as palavras do propheta Aggeo, assim como o Senhor seu Deus o enviou; e temeu o povo diante do Senhor.

13 Então Aggeo, o [AED] embaixador do Senhor, na [AEE] embaixada do Senhor, fallou ao povo, dizendo: Eu sou comvosco, [12] diz o Senhor.

14 E o Senhor suscitou o espirito de Zorobabel, filho de Sealtiel, principe[824] de Judah, e o espirito de Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e o espirito do resto de todo o povo, e vieram, [13] e fizeram a obra na casa do Senhor dos Exercitos, seu Deus,

15 Ao vigesimo quarto dia do sexto mez, no segundo anno do rei Dario.

[1] Esd. 4.24 e 5.1. Zac. 1.1.

[2] I Chr. 3.17, 19. Luc. 3.27.

[3] I Chr. 6.15.

[4] Esd. 5.1.

[5] Lam. 3.40. ver. 7.

[6] Deu. 28.38. Ose. 4.10. Miq. 6.14, 15.

[7] Zac. 8.10.

[8] cap. 2.17.

[9] Lev. 26.19. Deu. 28.23. I Reis 8.35.

[10] I Reis 17.1. II Reis 8.1.

[11] Esd. 5.2.

[12] Mat. 28.20. Rom. 8.31.

[13] Esd. 5.2, 8.

A gloria do segundo templo.

2 No setimo mez, ao vigesimo primeiro do mez, foi a palavra do Senhor pelo ministerio do propheta Aggeo, dizendo:

2 Falla agora a Zorobabel, filho de Sealtiel, principe de Judah, e a Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e ao resto do povo, dizendo:

3 Quem [1] ha entre vós que resta, que viu esta casa na sua primeira gloria, e qual agora a vêdes? não é esta como nada em vossos olhos, comparada com aquella.

4 Ora, pois, [2] esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, Josué, filho de Josadac, summo sacerdote, e esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor, e obra; porque eu sou comvosco, diz o Senhor dos Exercitos,

5 Segundo [3] a palavra que concertei comvosco, quando saistes do Egypto, [4] e o meu Espirito ficou no meio de vós: não temaes.

6 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Ainda uma vez d’aqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra secca;

7 E farei tremer a todas as nações, [6] e virão ao Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de gloria, diz o Senhor dos Exercitos.

8 Minha é a prata, e meu é o oiro, disse o Senhor dos Exercitos.

9 A gloria [7] d’esta ultima casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exercitos, [8] e n’este logar darei a paz, diz o Senhor dos Exercitos.

Reprehensão e promessa de benção.

10 Ao vigesimo quarto do mez nono, no segundo anno de Dario, veiu a palavra do Senhor pelo ministerio do propheta Aggeo, dizendo:

11 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [9] Pergunta agora aos sacerdotes, ácerca da lei, dizendo:

12 Se alguem leva carne sancta na aba do seu vestido, e com a sua aba toca no pão, ou no guizado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura isso será sanctificado? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Não.

13 E disse Aggeo: [10] Se algum immundo, por causa d’um corpo morto, tocar n’alguma d’estas coisas, porventura ficará immunda? E os sacerdotes, respondendo, diziam: Ficará immunda.

14 Então respondeu Aggeo, e disse: [11] Assim é que este povo, e assim é que esta nação está diante do meu rosto, disse o Senhor; e assim é toda a obra das suas mãos: e tudo o que ali offerecem immundo é.

15 Agora pois, [12] applicae o vosso coração n’isto, desde este dia em diante, antes que pozesseis pedra sobre pedra no templo do Senhor.

16 Depois [13] que estas coisas se faziam, veiu alguem ao montão de grão, de vinte medidas, e havia sómente dez: vindo ao lagar para tirar cincoenta do lagar, havia sómente vinte.

17 Feri-vos [14] com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, [15] em toda a obra das vossas mãos; [16] e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.

18 Ponde pois o vosso coração n’isto, desde este dia em diante: [17] desde o vigesimo quarto dia do mez nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, ponde o vosso coração n’isto.

19 Porventura [18] ainda ha semente no celleiro? nem ainda a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira, tem dado os seus fructos, mas desde este dia te abençoarei.

A destruição dos inimigos: a elevação de Zorobabel.

20 E veiu a palavra do Senhor segunda vez a Aggeo, aos vinte e quatro do mez, dizendo:

21 Falla a Zorobabel, [19] principe de Judah, dizendo: Farei tremer os céus e a terra:

22 E transtornarei [20] o throno dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; e transtornarei o carro e os que n’elle se assentam; [21] e os cavallos e os que andam montados n’elles cairão, cada um pela espada do seu irmão.

23 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, te tomarei, ó Zorobabel, filho de Sealtiel, servo meu, diz o Senhor, [22] e te farei como um annel de sellar; porque te escolhi, [23] diz o Senhor dos Exercitos.

[1] Esd. 3.12.

[2] Zac. 8.9.

[3] Exo. 29.45, 46.

[4] Neh. 9.20. Isa. 63.11.

[5] Heb. 12.26. Joel 3.16.

[6] Gen. 49.10. Mal. 3.1.

[7] João 1.14.

[8] Luc. 2.14. Eph. 2.14.

[9] Lev. 10.10, 11. Deu. 33.10. Mal. 2.7.

[10] Num. 19.11.

[11] Tito 1.15.

[12] cap. 1.5.

[13] cap. 1.6, 9.

[14] Deu. 28.22. I Reis 8.37. Amós 4.9. cap. 1.9.

[15] cap. 1.11.

[16] Jer. 5.3. Amós 4.6, 8, 9, 10, 11.

[17] Zac. 8.9.

[18] Zac. 8.12.

[19] cap. 1.41. Heb. 12.26.

[20] Mat. 24.7.

[21] Miq. 5.10.

[22] Can. 8.6.

[23] Isa. 42.1 e 43.10.

[825]


ZACHARIAS.

Exhortação ao arrependimento.

Antes de Christo 519

1 No oitavo mez do segundo anno [1] de Dario veiu a palavra do Senhor ao propheta Zacharias, [2] filho de Barachias, filho de Iddo, dizendo:

2 O Senhor se irou por extremo contra vossos paes.

3 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exercitos: [3] Tornae para mim, diz o Senhor dos Exercitos, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exercitos.

4 E não sejaes como vossos paes, [4] aos quaes gritavam os primeiros prophetas, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos: [5] Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; porém não ouviam, nem me escutavam, diz o Senhor.

5 Vossos paes, onde estão? e os prophetas, viverão elles para sempre?

6 Comtudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu mandei aos prophetas, meus servos, não alcançaram a vossos paes? E elles tornaram, e disseram: [6] Assim como o Senhor dos Exercitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim elle nos tratou.

A primeira visão: os cavallos.

7 Aos vinte e quatro dias do mez undecimo (que é o mez de Sebat), no segundo anno de Dario, veiu a palavra do Senhor ao propheta Zacharias, filho de Barachias, filho de Iddo, dizendo:

8 Vi de noite, [7] e eis um homem montado n’um cavallo vermelho, e parava entre as murtas que estavam na [AEF] profundeza, e atraz d’elle estavam cavallos vermelhos, [8] morenos e brancos.

9 E eu disse: Senhor meu, quem são estes? E disse-me o anjo que fallava comigo: Eu te mostrarei quem estes são.

10 Então respondeu o homem que estava entre as murtas, e disse: [9] Estes são os que o Senhor tem enviado para andarem pela terra.

11 E elles responderam ao anjo do Senhor, que estava entre as murtas, e disseram: Nós andámos pela terra, e eis que toda a terra está assentada e quieta.

12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: [10] Ó Senhor dos Exercitos, até quando não terás compaixão de Jerusalem, e das cidades de Judah, [11] contra as quaes estiveste irado estes setenta annos?

13 E respondeu o Senhor ao anjo, que fallava comigo, [12] palavras boas, palavras consoladoras.

14 E o anjo que fallava comigo me disse: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos: [13] Com grande zelo estou zelando por Jerusalem e por Sião.

15 E com grandissima ira estou irado contra as nações descançadas; [14] porque eu estava pouco irado, mas elles auxiliaram o mal.

16 Portanto, o Senhor diz assim: [15] Tornei-me a Jerusalem com misericordia, a minha casa n’ella será edificada, diz o Senhor dos Exercitos, [16] e o cordel será estendido sobre Jerusalem.

17 Clama mais, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exercitos: As minhas cidades ainda serão estendidas por causa do bem; [17] porque o Senhor ainda consolará a Sião e ainda escolherá a Jerusalem.

A segunda visão: os quatro cornos e os quatro ferreiros.

18 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que vi quatro cornos.

19 E eu disse ao anjo que fallava comigo: Que são estes? E elle me disse: [18] Estes são os [AEG] poderes que espalharam a Judah, a Israel e a Jerusalem.

20 E o Senhor me mostrou quatro ferreiros.

21 Então eu disse: Que veem estes fazer? E elle fallou, dizendo: Estes são os poderes que espalharam a Jerusalem, de maneira que ninguem levantasse a sua cabeça; estes pois vieram[826] para lhes metter medo, para derribarem os poderes das nações que levantaram o seu [AEH] poder contra a terra de Judah, para a espalharem.

[1] Esd. 4.24. Agg. 1.1.

[2] Esd. 5.1. Mat. 23.35.

[3] Jer. 25.5 e 35.15. Mal. 3.7. Thi. 4.8.

[4] II Chr. 36.15, 16.

[5] Isa. 31.6. Jer. 3.12 e 18.11. Eze. 18.30. Ose. 14.1.

[6] Lam. 1.18 e 2.17.

[7] Jos. 5.13. Apo. 6.4.

[8] cap. 6.2.

[9] Heb. 1.14.

[10] Apo. 6.10.

[11] Jer. 25.11, 12. Dan. 9.2. cap. 7.5.

[12] Jer. 29.10.

[13] Joel 2.18. cap. 8.2.

[14] Isa. 47.6.

[15] Isa. 12.1 e 54.8. cap. 2.10 e 8.3.

[16] cap. 2.1, 2.

[17] Isa. 51.3. Isa. 14.1. cap. 2.12 e 3.2.

[18] Esd. 4.1, 4, 7 e 5.3.

A terceira visão: Jerusalem é medida.

2 Tornei a levantar os meus olhos, e vi, [1] e eis aqui um homem em cuja mão estava um cordel de medir.

2 E eu disse: Para onde vaes tu? E elle me disse: [2] Vou a medir Jerusalem, para vêr qual é a sua largura e qual o seu comprimento.

3 E eis que saiu o anjo que fallava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro.

4 E disse-lhe: Corre, falla a este mancebo, dizendo: [3] Jerusalem será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão dos homens e dos animaes que estarão no meio d’ella.

5 E [4] eu, diz o Senhor, serei para ella um muro de fogo em redor, e serei para gloria no meio d’ella.

6 Olá, oh! [5] fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, [6] porque vos estendi pelos quatro ventos do céu, diz o Senhor.

7 Olá, Sião! [7] livra-te tu, que habitas com a filha de Babylonia.

8 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: Depois da gloria elle me enviou ás nações que vos despojaram; [8] porque aquelle que tocar em vós toca na menina do seu olho.

9 Porque eis que [9] levantarei a minha mão sobre elles, e elles virão a ser a preza d’aquelles que os serviram: [10] assim sabereis vós que o Senhor dos Exercitos me enviou.

10 Exulta, [11] e alegra-te ó filha de Sião, [12] porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.

11 E n’aquelle dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, [13] e me serão por povo, e habitarei no meio de ti, [14] e saberás que o Senhor dos Exercitos me enviou a ti.

12 Então [15] o Senhor herdará a Judah por sua porção na terra sancta, e ainda escolherá a Jerusalem.

13 Cala-te, [16] toda a carne, diante do Senhor, porque elle se despertou da sua sancta morada.

[1] Eze. 40.3.

[2] Apo. 11.1 e 21.15, 16.

[3] Eze. 36.10, 11.

[4] Isa. 26.1. cap. 9.8. Isa. 60.19. Apo. 21.23.

[5] Isa. 48.20. Jer. 1.14 e 50.8 e 51.6, 45.

[6] Deu. 28.64. Eze. 17.21.

[7] Apo. 18.4.

[8] Deu. 32.10.

[9] Isa. 19.16.

[10] cap. 4.9.

[11] Isa. 12.6 e 54.1. Sof. 3.14.

[12] Lev. 26.12. Eze. 37.27. cap. 8.3. João 1.14. II Cor. 6.16.

[13] Isa. 2.2, 3 e 60.3, etc. cap. 8.22, 23. cap. 3.10. Exo. 12.49.

[14] Eze. 33.33. ver. 9.

[15] Deu. 32.9. cap. 1.17.

[16] Hab. 2.20. Sof. 1.7. Isa. 57.15.

Quarta visão: o summo sacerdote é accusado por Satanaz e justificado por Deus.

3 E [1] me mostrou o summo sacerdote Josué, o qual estava diante do Senhor, [2] e Satanaz estava á sua mão direita, para se lhe oppôr.

2 Porém [3] o Senhor disse a Satanaz: O Senhor te reprehenda, ó Satanaz, sim, o Senhor, que escolheu Jerusalem, te reprehenda: [4] não é este um tição tirado do fogo?

3 Josué [5] estava vestido de vestidos sujos, e estava diante do anjo.

4 Então respondeu, e fallou aos que estavam diante d’elle, dizendo: Tira-lhe estes vestidos sujos. E a elle lhe disse: [6] Eis que tenho feito passar de ti a tua iniquidade, e te vestirei de vestidos novos.

5 E disse eu: [7] Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E pozeram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e o vestiram de vestidos: e o anjo do Senhor estava em pé.

6 E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Se andares nos meus caminhos, [8] e se observares a minha carga, tambem tu julgarás a minha casa, e tambem guardarás os meus atrios, e te darei andaduras entre os que estão aqui.

8 Ouve pois, Josué, summo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos, [9] porque eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo.

9 Porque eis aqui a pedra que puz diante de Josué: [10] sobre esta pedra unica estarão sete olhos: eis que eu esculpirei a sua esculptura, diz o Senhor dos Exercitos, [11] e tirarei a iniquidade d’esta terra n’um dia.

10 N’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, [12] cada um de vós convidará o seu companheiro para debaixo da videira e para debaixo da figueira.

[1] Agg. 1.1.

[2] Apo. 12.10.

[3] Jud. 9. cap. 1.17.

[4] Amós 4.11. Jud. 23.

[5] Isa. 64.6.

[6] Isa. 61.10. Luc. 15.22. Apo. 19.8.

[7] Exo. 29.6. cap. 6.11.

[8] Lev. 8.35. I Reis 2.3. Eze. 44.16. Deu. 17.9. Mal. 2.7.

[9] Jer. 23.5 e 33.15. cap. 6.12. Luc. 1.78.

[10] Isa. 28.16. cap. 4.10. Apo. 5.6.

[11] Jer. 31.34 e 50.20. Miq. 7.18, 19. cap. 13.1.

[12] cap. 2.11. I Reis 4.25. Isa. 36.16. Miq. 4.4.

[827]

A quinta visão: o castiçal de oiro e as sete lampadas.

4 E tornou [1] o anjo que fallava comigo, e me despertou, [2] como a um homem que se desperta do seu somno,

2 E me disse: Que vês? E eu disse: [3] Olho, e eis que vejo um castiçal todo de oiro, e um vaso de azeite sobre a sua cabeça, e as suas sete lampadas n’ella; e cada lampada que estava na sua cabeça tinha sete canudos.

3 E, [4] por cima d’elle, duas oliveiras, uma á direita do vaso de azeite, e outra á sua esquerda.

4 E respondi, e disse ao anjo que fallava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto?

5 Então respondeu o anjo que fallava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, Senhor meu.

6 E respondeu, e me fallou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: [5] Não por força nem por violencia, mas sim pelo meu Espirito, diz o Senhor dos Exercitos.

7 Quem és tu, [6] ó monte grande? diante de Zorobabel serás feito uma campina; [7] porque elle produzirá a primeira pedra com algazarras: Graça, graça a ella.

8 E a palavra do Senhor veiu mais a mim, dizendo:

9 As [8] mãos de Zorobabel teem fundado esta casa, tambem as suas mãos a acabarão, [9] para que saibaes que o Senhor dos Exercitos me enviou a vós.

10 Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas? pois aquelles sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel: [10] esses são os olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.

11 Respondi mais, e disse-lhe: [11] Que são as duas oliveiras á direita do castiçal e á sua esquerda?

12 E, respondendo-lhe outra vez, disse: Que são aquelles dois raminhos das oliveiras, que estão junto aos dois tubos d’oiro, e que vertem de si oiro?

13 E elle me fallou, dizendo: Não sabes tu o que isto é? E eu disse: Não, Senhor meu.

14 Então elle disse: [12] Estes são dois [AEI] ramos de oleo, que estão diante [13] do Senhor de toda a terra.

[1] cap. 2.3.

[2] Dan. 8.18.

[3] Exo. 25.31. Apo. 1.12. Exo. 25.37. Apo. 4.5.

[4] ver. 11, 12. Apo. 11.4.

[5] Ose. 1.7.

[6] Jer. 51.25. Mat. 21.21.

[7] Esd. 3.11, 13.

[8] Esd. 6.15.

[9] cap. 2.9, 11. Isa. 48.16. cap. 2.8.

[10] II Chr. 16.9. Pro. 15.3. cap. 3.9.

[11] ver. 3.

[12] Apo. 11.4. Luc. 1.19.

[13] cap. 6.5.

A sexta visão: o rolo voante.

5 E outra vez levantei os meus olhos, [1] e olhei, e eis que vi um rolo voante.

2 E me disse: Que vês? E eu disse: Vejo um rolo voante, que tem vinte covados de comprido e dez covados de largo.

3 Então me disse: [2] Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra; porque qualquer que furtar d’ahi, conforme a mesma maldição, será desarraigado; como tambem qualquer que jurar falsamente d’ahi, conforme a mesma maldição, será desarraigado.

4 Eu a tirarei para fóra, disse o Senhor dos Exercitos, e virá á casa do ladrão, [3] e á casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e pernoitará no meio da sua casa, e a consumirá a ella com a sua madeira e com as suas pedras.

A setima visão: a mulher e o epha.

5 E saiu o anjo, que fallava comigo, e me disse: Levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sae.

6 E eu disse: Que é isto? E elle disse: Isto é um epha que sae. Mais disse: Este é o olho d’elles em toda a terra.

7 E eis que foi levantado um talento de chumbo, e havia uma mulher que estava assentada no meio do epha.

8 E elle disse: Esta é a impiedade. E a lançou dentro do epha; e lançou na bocca d’elle o peso de chumbo.

9 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis que duas mulheres sairam, e havia vento nas suas azas, e tinham azas como as azas da cegonha; e levantaram o epha entre a terra e o céu.

10 Então eu disse ao anjo que fallava comigo: Para onde levam estas o epha?

11 E elle me disse: [4] Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinear, e, sendo esta assentada, elle será posto ali sobre a sua base.

[1] Eze. 2.9.

[2] Mal. 4.6.

[3] Lev. 19.12. cap. 8.17. Mal. 3.5.

[4] Jer. 20.5, 28. Gen. 10.10.

A oitava visão: os quatro carros.

6 E outra vez levantei os meus olhos, e olhei, e eis que vi quatro carros que sairam d’entre dois montes, e estes montes eram montes de metal.

2 No primeiro carro [1] eram cavallos[828] vermelhos, [2] e no segundo carro cavallos pretos,

3 E no terceiro [3] carro cavallos brancos, e no quarto carro cavallos saraivados, que eram fortes.

4 E respondi, [4] e disse ao anjo que fallava comigo: Que é isto, Senhor meu?

5 E o anjo respondeu, e me disse: [5] Estes são os quatro ventos do céu, saindo d’onde estavam perante o Senhor de toda a terra.

6 O carro em que estão os cavallos pretos, [6] sae para a terra do norte, e os brancos saem atraz d’elles, e os saraivados saem para a terra do sul.

7 E os cavallos fortes sahiam, [7] e procuravam ir por diante, para andarem pela terra. E elle disse: Ide, andae pela terra. E andavam pela terra.

8 E me chamou, e me fallou, dizendo: [8] Eis que aquelles que sairam para a terra do norte fizeram repousar o meu Espirito na terra do norte.

As corôas na cabeça de Josué: o Renovo.

9 E a palavra do Senhor veiu a mim, dizendo:

10 Toma dos que foram levados captivos: de Heldai, de Tobias, e de Jedaia (e vem n’aquelle dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias), os quaes vieram de Babylonia.

11 Toma, digo, prata e oiro, [9] e faze corôas, e põe-as na cabeça de Josué, filho de Josadac, summo sacerdote.

12 E falla-lhe, dizendo: Assim falla o Senhor dos Exercitos, dizendo: [10] Eis aqui o homem cujo nome é o Renovo que brotará do seu logar, [11] e edificará o templo do Senhor.

13 Elle mesmo edificará o templo do Senhor, [12] e levará elle a gloria, e assentar-se-ha, e dominará no seu throno, e será sacerdote no seu throno, e conselho de paz haverá entre elles ambos.

14 E estas corôas serão de Helem, e de Tobias, e de Jedaia, e de Chen, filho de Sofonias, por memorial no templo do Senhor.

15 E aquelles que estão longe virão, e edificarão no templo do Senhor, [13] e vós sabereis que o Senhor dos Exercitos me tem enviado a vós; e isto acontecerá assim, se ouvirdes mui attentos a voz do Senhor vosso Deus.

[1] cap. 1.8. Apo. 6.4.

[2] Apo. 6.5.

[3] Apo. 6.2.

[4] cap. 5.10.

[5] Heb. 1.7, 14. I Reis 22.19. Dan. 7.10. cap. 4.14. Luc. 1.19.

[6] Jer. 1.14.

[7] Gen. 13.17. cap. 1.10.

[8] Jui. 8.3. Ecc. 10.4.

[9] Exo. 28.36 e 29.6. Lev. 8.9. cap. 3.5.

[10] Luc. 8.71. cap. 3.8.

[11] cap. 4.9. Mat. 16.18. Eph. 2.20, 21, 22. Heb. 3.3.

[12] Heb. 3.1.

[13] cap. 2.9 e 4.9.

O jejum que não agrada a Deus.

Antes de Christo 518

7 Aconteceu pois, no anno quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veiu a Zacharias, no dia quarto do nono mez, que é chisleu.

2 [AEJ] Quando foram enviados á casa de Deus, Saresar, e Regemmelech, e os homens d’elle, para supplicarem o rosto do Senhor,

3 Dizendo [1] aos sacerdotes, que estavam na casa do Senhor dos Exercitos, e aos prophetas: [2] Chorarei eu no quinto mez, separando-me, como o tenho feito por tantos annos?

4 Então a palavra do Senhor dos Exercitos veiu a mim, dizendo:

5 Falla a todo o povo d’esta terra, o aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, [3] e pranteastes, no quinto e no setimo mez, a saber, estes setenta annos, porventura, jejuando, [4] jejuastes para mim, para mim, digo?

6 Ou quando comestes, e quando bebestes, não fostes vós os que comieis e vós os que bebieis?

7 Não são estas as palavras que o Senhor prégou pelo ministerio dos prophetas primeiros, quando Jerusalem estava habitada e [AEK] quieta, com as suas cidades ao redor d’ella? [5] e o sul e a campina eram habitados?

8 E a palavra do Senhor veiu a Zacharias, dizendo:

9 Assim fallou o Senhor dos Exercitos, dizendo: [6] Julgae juizo verdadeiro, executae piedade e misericordias cada um com seu irmão;

10 E [7] não opprimaes a viuva, nem o orphão, nem o estrangeiro, nem o pobre, [8] nem intente o mal cada um contra o seu irmão no seu coração.

11 Porém não quizeram escutar, [9] e me deram o hombro rebelde, e ensurdeceram os seus ouvidos, para que não ouvissem.

12 E fizeram [10] o seu coração como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exercitos enviava pelo seu Espirito pelo ministerio dos prophetas primeiros: [11] d’onde veiu a grande ira do Senhor dos Exercitos.

13 E aconteceu que, como elle clamou,[829] e elles não ouviram, assim tambem elles clamaram, [12] mas eu não ouvi, diz o Senhor dos Exercitos.

14 E [13] os espalhei com tempestade entre todas as nações, que elles não conheciam, e a terra foi assolada atraz d’elles, de sorte que ninguem passava por ella, nem se tornava: porque teem feito da terra desejada uma desolação.

[1] Mal. 2.7.

[2] Jer. 52.12. cap. 8.19.

[3] Isa. 58.5. Jer. 41.1. cap. 8.19. cap. 1.12.

[4] Rom. 14.6.

[5] Jer. 17.26.

[6] Jer. 7.23. Miq. 6.8. cap. 8.16. Mat. 23.23.

[7] Exo. 22.21, 22. Deu. 24.17. Isa. 1.17. Jer. 5.28.

[8] cap. 8.17.

[9] Neh. 9.29. Jer. 7.24.

[10] Eze. 11.19 e 36.26. Neh. 9.29, 30.

[11] II Chr. 36.16. Dan. 9.11.

[12] Pro. 1.24, 28. Isa. 1.15. Jer. 11.11 e 14.12. Miq. 3.4.

[13] Deu. 4.27 e 28.64. Eze. 36.19. cap. 2.6. Deu. 28.33.

Bençãos promettidas.

8 Depois veiu a mim a palavra do Senhor dos Exercitos, dizendo:

2 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [1] Zelei por Sião com grande zelo, e com grande furor zelei por ella.

3 Assim diz o Senhor: [2] Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalem; [3] e Jerusalem chamar-se-ha a cidade de verdade, e o monte do Senhor dos Exercitos monte de sanctidade.

4 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [4] Ainda nas praças de Jerusalem habitarão velhos e velhas; e cada um terá na sua mão o seu bordão, por causa da sua muita edade.

5 E as ruas da cidade serão cheias de meninos e meninas, que brincarão nas ruas d’ella.

6 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Se isto será maravilhoso aos olhos do resto d’este povo n’aquelles dias, [5] sel-o-ha por isso tambem maravilhoso aos meus olhos? disse o Senhor dos Exercitos.

7 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Eis que [6] salvarei o meu povo da terra do oriente e da terra do pôr do sol;

8 E tral-os-hei, e habitarão no meio de Jerusalem; [7] e me serão por povo, e eu lhes serei a elles por Deus em verdade e em justiça.

9 Assim diz o Senhor dos Exercitos: [8] Esforcem-se as vossas mãos, ó vós que n’estes dias ouvistes estas palavras da bocca dos prophetas que estiveram no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos Exercitos, para que o templo fosse edificado.

10 Porque [9] antes d’estes dias não tem havido [AEL] soldada de homens, nem soldada de bestas; nem havia paz para o que entrava nem para o que sahia, por causa do inimigo, porque eu incitei a todos os homens, cada um contra o seu companheiro.

11 Mas agora não me haverei eu para com o resto d’este povo como nos primeiros dias, diz o Senhor dos Exercitos.

12 Porque [10] a semente será prospera, a vide dará o seu fructo, e a terra dará a sua novidade, [11] e os céus darão o seu orvalho; e farei que o resto d’este povo herde tudo isto.

13 E [12] ha de ser, ó casa de Judah, e ó casa de Israel, que, assim como fostes uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, [13] e sereis uma benção: não temaes, esforcem-se as vossas mãos.

14 Porque assim diz o Senhor dos Exercitos: [14] Assim como pensei fazer-vos mal, quando vossos paes me provocaram á ira, diz o Senhor dos Exercitos, [15] e não me arrependi,

15 Assim tornei a pensar de fazer bem a Jerusalem e á casa de Judah, n’estes dias: não temaes.

16 Estas são as coisas que fareis: [16] Fallae verdade cada um com o seu companheiro; julgae verdade e juizo de paz nas vossas portas.

17 E [17] nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu companheiro, nem ameis o juramento falso; porque todas estas coisas são as que eu aborreço, diz o Senhor.

18 E a palavra do Senhor dos Exercitos veiu a mim, dizendo:

19 Assim diz o Senhor dos Exercitos: O jejum do quarto, [18] e o jejum do quinto, e o jejum do setimo, [19] e o jejum do decimo mez se tornará para a casa de Judah em gozo, e em alegria, e em [AEM] festividades solemnes: [20] amae pois a verdade e a paz.

20 Assim diz o Senhor dos Exercitos: Ainda succederá que virão os povos e os habitantes de muitas cidades.

21 E os habitantes de uma irão á outra, dizendo: [21] Vamos andando para supplicar a face do Senhor, e para buscar ao Senhor dos Exercitos; eu tambem irei.

22 Assim [22] virão muitos povos e poderosas nações, a buscar em Jerusalem ao Senhor dos Exercitos, e a supplicar a face do Senhor.

23 Assim diz o Senhor dos Exercitos: N’aquelle dia succederá que pegarão[830] dez homens de entre todas as linguas das nações, pegarão, digo, da aba de um homem judaico, dizendo: [23] Iremos comvosco, porque temos ouvido que Deus está comvosco.

[1] Nah. 1.2. cap. 1.14.

[2] cap. 1.16.

[3] Isa. 1.21, 26. Isa. 2.2, 3.

[4] Isa. 65.20, 22.

[5] Gen. 18.14. Luc. 1.37 e 18.27.

[6] Isa. 11.11, 12 e 43.5, 6. Eze. 37.21.

[7] Jer. 30.22 e 31.1, 33. cap. 13.9. Jer. 4.2.

[8] ver. 18.

[9] Agg. 2.16.

[10] Joel 2.22.

[11] Agg. 1.10.

[12] Jer. 42.18.

[13] Gen. 12.2. Isa. 19.24, 25. Sof. 3.20. Agg. 2.19.

[14] Jer. 31.28.

[15] II Chr. 36.16.

[16] cap. 7.9. ver. 19. Eph. 4.25.

[17] Pro. 3.29. cap. 7.10.

[18] Jer. 52.6, 7. Jer. 52.12, 13. cap. 7.3, 5.

[19] Jer. 52.4. Isa. 35.10.

[20] ver. 16.

[21] Isa. 2.3. Miq. 4.1, 2.

[22] Isa. 60.3, etc. e 66.23.

[23] I Cor. 14.25.

O castigo de diversos povos.

Antes de Christo 487

9 Carga [1] da palavra do Senhor contra a terra de Haldrach, e Damasco será o seu repouso; porque o Senhor tem o olho sobre o homem, [2] como sobre todas as tribus de Israel.

2 E [3] tambem Hamath n’ella terá termo: Tyro e Sidon, [4] ainda que seja mui sabia.

3 E Tyro edificou para si fortalezas, [5] e amontoou prata como o pó, e oiro fino como a lama das ruas.

4 Eis que [6] o Senhor a arrancará da posse, e ferirá no mar a sua força, e ella será consumida pelo fogo.

5 Ascalon [7] o verá e temerá, tambem Gaza, e terá grande dôr; como tambem Ekron; porque a sua esperança será envergonhada; e o rei de Gaza perecerá, e Ascalon não será habitada.

6 E [8] um bastardo habitará em Asdod, e exterminarei a soberba dos philisteos.

7 E da sua bocca tirarei o seu sangue, e d’entre os seus dentes as suas abominações; e elle tambem ficará de resto para o nosso Deus; e será como principe em Judah, e Ekron como o jebuseo.

8 E [9] me acamparei ao redor da minha casa, por causa do exercito, por causa do que passa, e por causa do que volta, [10] para que não passe mais sobre elles o exactor; porque agora já o vi com os meus olhos.

9 Alegra-te [11] muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalem: [12] eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta.

10 E destruirei [13] os carros de Ephraim e os cavallos de Jerusalem: tambem o arco de guerra será destruido, [14] e elle fallará paz ás nações; e o seu dominio se estenderá de um mar até outro mar, e desde o rio até ás extremidades da terra.

11 Quanto a ti tambem ó Sião, pelo sangue do teu concerto, [15] soltei os teus presos da cova em que não havia agua.

12 Voltae á fortaleza [16] ó presos de esperança: tambem hoje vos annuncio que vos renderei em dobro.

13 [AEN] Quando estendi Judah para mim como um arco, e enchi com Ephraim o arco, suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grecia! e pôr-te-hei como a espada de um valente.

14 E o Senhor será visto sobre elles, e as suas frechas sairão como o relampago; e o Senhor Jehovah tocará buzina, [17] e irá com os redemoinhos do sul.

15 O Senhor dos Exercitos os amparará, e comerão, depois que os tiverem sujeitado as pedras da funda: tambem beberão e farão alvoroço como de vinho; e encher-se-hão como a bacia, [18] como os cantos do altar.

16 E o Senhor seu Deus n’aquelle dia os salvará, como ao rebanho do seu povo; porque como as pedras da corôa serão levantados na sua terra, como bandeira.

17 Porque, quão grande é a sua bondade! e quão grande é a sua formosura! [19] o trigo fará fallar os mancebos e o mosto as donzellas.

[1] Jer. 23.33.

[2] II Chr. 20.12.

[3] Jer. 49.23. Isa. 23. Eze. 26 e 27 e 28. I Reis 17.9. Eze. 28.21. Oba. 20.

[4] Eze. 28.3, etc.

[5] Job 27.16. Eze. 28.4, 5.

[6] Isa. 23.1. Eze. 26.17.

[7] Jer. 47.15. Sof. 2.4.

[8] Amós 1.8.

[9] cap. 2.5.

[10] Eze. 28.24. Exo. 3.7.

[11] Isa. 62.11. cap. 2.10. João 12.15.

[12] Jer. 23.5 e 30.9. Luc. 19.38. João 1.49.

[13] Ose. 1.7 e 2.18. Miq. 5.10.

[14] Eph. 2.14, 17.

[15] Isa. 42.7 e 51.14 e 61.1.

[16] Isa. 49.9 e 61.7.

[17] Isa. 21.1.

[18] Lev. 4.18, 25. Isa. 62.3. Mal. 3.17. Isa. 11.12. Deu. 12.27.

[19] Joel 3.18. Amós 9.14.

Promessas feitas a Israel.

10 Pedi [1] ao Senhor chuva no tempo da serodia: o Senhor faz relampagos, e lhes dará chuveiro de agua, e herva no campo a cada um.

2 Porque [2] os teraphins teem fallado vaidade, e os adivinhos teem visto mentira, e fallam sonhos vãos; [3] com vaidade consolam, por isso se foram como ovelhas, foram afflictos, [4] porque não havia pastor.

3 Contra os pastores se accendeu a minha ira, e visitarei os bodes; [5] mas o Senhor dos Exercitos visitará o seu rebanho, a casa de Judah, e os fará ser como o cavallo da sua magestade na peleja.

4 D’elle a pedra [6] de esquina, d’elle a estaca, d’elle o arco de guerra, d’elle juntamente sairão todos os exactores.

5 E serão como valentes [AEO] que pelo lodo das ruas entram na peleja, e pelejarão; porque o Senhor estará com elles, e envergonharão aos que andam montados em cavallos.

6 E fortalecerei a casa de Judah, e[831] salvarei a casa de José, [7] e tornarei a plantal-os, porque me apiedei d’elles: e serão como se os não tivera rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, [8] e os ouvirei.

7 E os de Ephraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como de vinho, e seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor.

8 Eu lhes assobiarei, [9] e os ajuntarei, porque eu os tenho remido, e multiplicar-se-hão, assim como antes se tinham multiplicado.

9 E eu [10] os semearei por entre os povos, e lembrar-se-hão de mim em logares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão.

10 Porque [11] eu os farei voltar da terra do Egypto, e os congregarei da Assyria; e tral-os-hei á terra de Gilead e do Libano, [12] e não se achará logar para elles.

11 E elle passará [13] o mar com angustia, e ferirá as ondas no mar, e todas as profundezas dos rios se seccarão: [14] então será derribada a soberba da Assyria, e o sceptro do Egypto se retirará.

12 E eu os fortalecerei no Senhor, [15] e andarão no seu nome, diz o Senhor.

[1] Jer. 14.22. Deu. 11.14. Job 29.23. Joel 2.23.

[2] Jer. 10.8. Hab. 2.18.

[3] Job 13.4.

[4] Eze. 34.5.

[5] Luc. 1.68.

[6] Num. 24.17. I Sam. 14.38. Isa. 22.23.

[7] Jer. 3.18. Eze. 37.21. Ose. 1.7.

[8] cap. 13.9.

[9] Isa. 5.26 e 49.19. Eze. 36.37.

[10] Ose. 2.23. Deu. 30.1.

[11] Isa. 11.11, 16. Ose. 11.11.

[12] Isa. 49.20.

[13] Isa. 11.15, 16.

[14] Isa. 14.25. Eze. 30.13.

[15] Miq. 4.5.

O castigo dos impenitentes.

11 Abre, ó Libano, [1] as tuas portas para que o fogo consuma os cedros.

2 Uivae, ó faias, porque os teus cedros cairam, porque estas excellentes arvores são destruidas; uivae, [2] ó carvalhos de Basan, porque o bosque forte é derribado.

3 Voz de uivo dos pastores se ouviu, porque a sua gloria é destruida: voz de bramido dos filhos de leões, porque foi destruida a soberba do Jordão.

4 Assim diz o Senhor [3] meu Deus: Apascenta as ovelhas da matança,

5 Cujos possuidores [4] as matam, e não se teem por culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque hei enriquecido, e os seus pastores não teem piedade d’ellas.

6 Certamente não terei piedade mais dos moradores d’esta terra, diz o Senhor, mas, eis que entregarei os homens cada um na mão do seu companheiro e na mão do seu rei, e esmiuçarão a terra, e eu não os livrarei da sua mão.

7 E [5] eu apascentei as ovelhas da matança, porquanto são ovelhas coitadas; e tomei para mim duas varas, a uma das quaes chamei [AEP] Suavidade, e á outra chamei [AEQ] Conjuntadores, e apascentei as ovelhas.

8 E destrui os teus pastores [6] n’um mesmo mez, porque se angustiou d’elles a minha alma, e tambem a sua alma teve fastio de mim.

9 E eu disse: Não vos apascentarei mais: [7] o que morrer morra, e o que fôr destruido seja, e as que restarem comam cada uma a carne da sua companheira.

10 E tomei a minha vara Suavidade, e a quebrei, para desfazer o meu concerto, que tinha estabelecido com todos estes povos.

11 E foi desfeito n’aquelle [8] dia, e conheceram assim os pobres do rebanho que me aguardavam que isto era palavra do Senhor.

12 Porque eu lhes tinha dito: Se parece bem aos vossos olhos, dae-me a minha soldada, e, se não, deixae-vos d’isso. [9] E pesaram a minha soldada, trinta moedas de prata.

13 O Senhor pois me disse: Arroja-a ao oleiro, [10] bello preço em que fui apreçado por elles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei, na casa do Senhor, ao oleiro.

14 Então quebrei a minha segunda vara Conjuntadores, para romper a irmandade entre Judah e Israel.

15 E o Senhor me disse: [11] Toma ainda para ti o instrumento de um pastor insensato.

16 Porque, eis que levantarei um pastor na terra, que não visitará as perdidas, não buscará a desgarrada, e não sarará a quebrada, nem apascentará a sã; mas comerá a carne da gorda, e lhe despedaçará as unhas.

17 Ai do pastor [12] de nada, que abandona o rebanho; a espada cairá sobre o seu braço e sobre o seu olho direito; o seu braço sem falta se seccará, e o seu olho direito sem falta se escurecerá.

[1] cap. 10.10.

[2] Isa. 32.19.

[3] ver. 7.

[4] Jer. 2.3.

[5] Sof. 3.12. Mat. 11.5.

[6] Ose. 5.7.

[7] Jer. 15.2 e 43.11.

[8] ver. 7. Sof. 3.12.

[9] Mat. 26.15. Exo. 21.32.

[10] Mat. 27.9, 10.

[11] Eze. 34.2, 3, 4.

[12] Jer. 23.1. Eze. 34.2. João 10.12, 13.

A destruição dos inimigos do povo de Deus. O arrependimento e a purificação de Israel.

12 Carga da palavra do Senhor sobre Israel: Falla o Senhor, [1] o[832] que estende o céu, e que funda a terra, [2] e que forma o espirito do homem dentro n’elle.

2 Eis que eu porei a Jerusalem como um copo [3] de tremor para todos os povos em redor, e tambem para Judah, o qual será no cerco contra Jerusalem.

3 E será [4] n’aquelle dia que porei a Jerusalem por pedra pesada a todos os povos; todos os que carregarem com ella certamente serão despedaçados, e ajuntar-se-hão contra elle todas as nações da terra.

4 N’aquelle dia, diz o Senhor, [5] ferirei de espanto a todos os cavallos, e de loucura os que montam n’elles; mas sobre a casa de Judah abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira a todos os cavallos dos povos.

5 Então os chefes de Judah dirão no seu coração: A minha força são os habitantes de Jerusalem e o Senhor dos Exercitos, seu Deus.

6 N’aquelle dia porei os chefes de Judah [6] como um brazeiro de fogo debaixo da lenha, e como um tição de fogo entre gavelas; e á banda direita e esquerda consumirão a todos os povos em redor, e Jerusalem será habitada outra vez no seu logar, em Jerusalem.

7 E o Senhor primeiramente salvará as tendas de Judah, para que a gloria da casa de David e a gloria dos habitantes de Jerusalem não se engrandeça sobre Judah.

8 N’aquelle dia o Senhor amparará os habitantes de Jerusalem; [7] e o que tropeçar entre elles n’aquelle dia será como David, e a casa de David será como Deus, como o anjo do Senhor diante d’elles.

9 E será, n’aquelle dia, [8] que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalem;

10 Porém [9] sobre a casa de David, e sobre os habitantes de Jerusalem, derramarei o Espirito de graça e de supplicações; [10] e olharão para mim, a quem traspassaram: e farão pranto sobre elle, como o pranto sobre o unigenito; e chorarão amargosamente sobre elle, [11] como se chora amargosamente sobre o primogenito.

11 N’aquelle dia será grande o pranto em Jerusalem, [12] como o pranto de Hadadrimmon no valle de Meggiddon.

12 E a terra pranteará, [13] cada [AER] linhagem á parte: a linhagem da casa de David, á parte, e suas mulheres, á parte, e a linhagem da casa de Nathan, á parte, e suas mulheres, á parte;

13 A linhagem [14] da casa de Levi, á parte, e suas mulheres, á parte; a linhagem de Simei, á parte, e suas mulheres á parte.

14 Todas as mais linhagens, cada linhagem á parte, e suas mulheres á parte.

[1] Isa. 42.5 e 44.24.

[2] Num. 16.22. Ecc. 12.7. Isa. 57.16. Heb. 12.9.

[3] Isa. 51.17, 22, 23.

[4] ver. 4, 6, 8, 9, 11. cap. 13.1 e 14.4, 6, 8, 9, 13. Mat. 21.44.

[5] Eze. 38.4.

[6] Oba. 18.

[7] Joel 3.10.

[8] Agg. 2.22. ver. 3.

[9] Jer. 31.9 e 50.4. Eze. 39.29. Joel 2.28.

[10] João 19.34, 37. Apo. 1.7.

[11] Jer. 6.26. Amós 8.10.

[12] Act. 2.37. II Reis 23.29. II Chr. 35.24.

[13] Mat. 24.30. Apo. 1.7.

[14] II Sam. 5.14. Luc. 3.31.

13 N’aquelle [1] dia haverá uma fonte aberta para a casa de David, e para os habitantes de Jerusalem, contra o peccado, e contra a immundicia.

2 E será n’aquelle dia, diz o Senhor dos Exercitos, [2] que desfarei da terra os nomes dos idolos, e d’elles não se fará mais memoria; [3] e tambem farei sair da terra os prophetas e o espirito da immundicia.

3 E será que, quando alguem prophetizar mais, seu pae e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque fallaste mentira em nome do Senhor; e seu pae e sua mãe, que o geraram, [4] o traspassarão quando prophetizar.

4 E será n’aquelle dia que os prophetas se envergonharão, [5] cada um da sua visão, quando prophetizar; [6] nem elles se vestirão mais de manto de pellos, para mentirem.

5 E dirão: [7] Não sou propheta, lavrador sou da terra; porque certo homem para isso me adquiriu desde a minha mocidade.

6 E se alguem lhe disser: Que são estas feridas nas tuas mãos? Dirá elle: Feridas são com que fui ferido em casa dos meus amadores.

O Pastor ferido: o juizo final: a exaltação da Egreja.

7 Ó espada, [8] desperta-te contra o meu Pastor e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exercitos; fere ao Pastor, [9] e espalhar-se-hão as ovelhas; [10] mas volverei a minha mão para os pequenos.

8 E será em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes d’ella serão[833] extirpadas, e expirarão; [11] mas a terceira parte restará n’ella.

9 E farei passar [12] esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o oiro: ella invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: Meu povo é, [13] e ella dirá: O Senhor é o meu Deus.

[1] cap. 12.3. Heb. 9.14. I Ped. 1.19. Apo. 1.5.

[2] Exo. 23.13. Jos. 23.7. Eze. 30.13. Ose. 2.17. Miq. 5.12, 13.

[3] II Ped. 2.1.

[4] Deu. 13.6, 8 e 18.20.

[5] Miq. 3.6, 7.

[6] Isa. 20.2. Mat. 3.4.

[7] Amós 7.14.

[8] Isa. 40.11. Eze. 34.23. João 10.30. Phi. 2.6.

[9] Mat. 26.31. Mar. 14.27.

[10] Mat. 18.10, 14. Luc. 12.32.

[11] Rom. 11.5.

[12] I Ped. 1.6, 7. cap. 10.6.

[13] Jer. 30.22. Eze. 11.20. cap. 8.8.

14 Eis que [1] o dia do Senhor vem; repartir-se-hão no meio de ti os teus despojos.

2 Porque [2] eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalem; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, [3] e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o captiveiro, mas o resto do povo não será extirpado da cidade.

3 E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como no dia em que pelejou no dia da batalha.

4 E [4] n’aquelle dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalem para o oriente; [5] e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o occidente, n’um valle muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade d’elle para o sul.

5 E fugireis ao valle dos meus montes (porque o valle dos montes chegará até Asel), [6] e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judah: [7] então virá o Senhor meu Deus, e todos os sanctos comtigo, ó Senhor.

6 E será que n’aquelle dia não haverá preciosa luz nem espessa escuridão.

7 Mas [8] será um dia o qual é conhecido do Senhor; nem dia nem noite será: e acontecerá que no tempo da tarde haverá luz.

8 N’aquelle dia tambem acontecerá que [9] sairão de Jerusalem aguas vivas, metade d’ellas para o mar oriental, e metade d’ellas até ao mar occidental: no estio e no inverno succederá isto.

9 E [10] o Senhor será rei sobre toda a terra: n’aquelle dia um será o Senhor, e um será o seu nome.

10 Toda a terra ao redor se tornará em planicie, [11] desde Geba até Rimmon, da banda do sul de Jerusalem, e será exalçada, e habitada no seu logar, desde a porta de Benjamin até ao logar da primeira porta, até á porta da esquina, [12] e desde a torre de Hananeel até aos lagares do rei.

11 E habitarão n’ella, [13] e não haverá mais anathema, porque Jerusalem habitará segura.

12 E esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalem: fará consumir a carne, estando elles em pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas covas, e lhes apodrecerá a lingua de cada um na sua bocca.

13 N’aquelle dia tambem acontecerá que haverá uma grande perturbação do Senhor entre elles; porque pegará cada um na mão do seu companheiro, [14] e alçar-se-ha a mão de cada um contra a mão do seu companheiro.

14 E tambem Judah pelejará contra Jerusalem, [15] e se ajuntarão em redor as riquezas de todas as nações, oiro e prata e vestidos em grande abundancia.

15 Assim tambem será a praga dos cavallos, [16] dos mulos, dos camelos e dos jumentos, e de todos os animaes que estiverem n’aquelles exercitos, como foi a praga d’elles.

16 E será que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalem, [17] subirão de anno em anno para adorarem o Rei, o Senhor dos Exercitos, [18] e celebrarem a festa das cabanas.

17 E acontecerá que, [19] se alguma das familias da terra não subir a Jerusalem, para adorar o Rei, o Senhor dos Exercitos, não virá sobre elles a chuva.

18 E, se a familia dos egypcios, sobre os quaes não vem a chuva, não subir, nem vier, [20] virá sobre elles a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa das cabanas.

19 Este será o [AES] peccado dos egypcios e o peccado de todas as nações que não subirem a celebrar a festa das cabanas.

20 N’aquelle dia será inscripto sobre as campainhas dos cavallos: [21] sanctidade ao Senhor; e as panellas na casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.

21 E todas as panellas em Jerusalem e Judah serão sanctas ao Senhor dos Exercitos, e todos os que sacrificarem virão, e d’ellas tomarão, e n’ellas cozerão: [22] e não haverá mais cananita na casa do Senhor dos Exercitos n’aquelle dia.

[1] Isa. 13.9. Joel 2.32. Act. 2.20.

[2] Joel 3.2.

[3] Isa. 13.16.

[4] Eze. 11.23.

[5] Joel 3.12, 14.

[6] Amós 1.1.

[7] Jud. 14.

[8] Apo. 22.5. Mat. 24.36. Isa. 30.26 e 60.19, 20. Apo. 21.23.

[9] Eze. 47.1. Joel 3.18. Apo. 22.1.

[10] Dan. 2.44. Apo. 11.15. Eph. 4.5, 6.

[11] Isa. 40.4.

[12] Neh. 3.1. Jer. 31.38.

[13] Jer. 23.4.

[14] Jui. 7.22. II Chr. 20.23. Eze. 38.21.

[15] Eze. 39.10, 17, etc.

[16] ver. 12.

[17] Isa. 6.7, 9 e 66.23.

[18] Lev. 23.34, 43. Ose. 12.9. João 7.2.

[19] Isa. 60.12.

[20] Deu. 11.10.

[21] Isa. 23.18.

[22] Joel 3.17. Apo. 21.27 e 22.15. Eph. 2.19, 20, 21, 22.

[834]


MALACHIAS.

A ingratidão do povo; o formalismo dos sacerdotes.

Antes de Christo 397

1 Carga da palavra do Senhor contra Israel, pelo ministerio de Malachias.

2 Eu [1] vos amei, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos amastes? Não foi Esaú irmão de Jacob? disse o Senhor; [2] todavia amei a Jacob,

3 E aborreci a Esaú: [3] e fiz dos seus montes uma assolação, e dei a sua herança aos [AET] dragões do deserto.

4 Ainda que Edom dizia: Empobrecidos somos, porém tornaremos a edificar os logares desertos: elles edificarão, e eu destruirei: e lhes chamarão; Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.

5 E os vossos olhos o verão, e direis: O Senhor seja engrandecido desde o termo de Israel.

6 O [4] filho honrará a seu pae, e o servo ao seu senhor; e, se eu sou Pae, onde está a minha honra? e, se eu sou o Senhor, onde está o meu temor? diz o Senhor dos Exercitos a vós, ó sacerdotes, que desprezaes o meu nome; mas vós dizeis: [5] Em que desprezámos nós o teu nome?

7 Offereceis sobre o meu altar pão immundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? N’isto que dizeis: [6] A mesa do Senhor é desprezivel.

8 Porque, [7] quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isto mau? e, quando offereceis o côxo ou o enfermo, não é isto mau? Ora apresenta-o ao teu principe; porventura terá elle agrado em ti? ou acceitará elle a tua pessoa? [8] diz o Senhor dos Exercitos.

9 Agora, pois, supplicae a face de Deus, e elle terá piedade de nós: [9] isto veiu da vossa mão, acceitará elle a vossa pessoa? diz o Senhor dos Exercitos.

10 Quem [10] ha tambem entre vós que feche as portas por nada? e não accendeis por nada o fogo do meu altar. Eu não tomo prazer em vós, diz o Senhor dos Exercitos, [11] nem acceitarei da vossa mão a oblação.

11 Mas desde o nascente do sol até ao poente [12] será grande entre as nações o meu nome; [13] e em todo o logar se offerecerá ao meu nome incenso e uma oblação pura; porque o meu nome será grande entre as nações, diz o Senhor dos Exercitos.

12 Mas vós o profanaes, quando dizeis: [14] A mesa do Senhor é immunda, e, quanto ao seu rendimento, sua comida é desprezivel.

13 E dizeis: Eis aqui, que canceira! e o lançastes com desprezo, diz o Senhor dos Exercitos: vós tambem offereceis o roubado, e o côxo e o enfermo, e offereceis a offerta: [15] ser-me-ha acceito isto de vossa mão? diz o Senhor.

14 Pois maldito [16] seja o enganoso que, tendo no seu rebanho um animal, promette e offerece ao Senhor o que é corrompido, porque eu sou grande Rei, [17] diz o Senhor dos Exercitos, o meu nome será tremendo entre as nações.

[1] Deu. 7.8 e 10.15.

[2] Rom. 9.13.

[3] Jer. 49.18. Eze. 35.3, 4, 7, 9, 14, 15. Oba. 10, etc.

[4] Exo. 20.12.

[5] cap. 2.14, 17 e 3.7, 8, 13.

[6] Eze. 41.22. ver. 22.

[7] Lev. 22.22. Deu. 15.21. ver. 14.

[8] Job 42.8.

[9] Ose. 13.9.

[10] I Cor. 9.13.

[11] Isa. 1.11. Jer. 6.20. Amós 5.21.

[12] Isa. 60.3, 5.

[13] I Tim. 2.8. Apo. 8.3. Isa. 66.19, 20.

[14] ver. 7.

[15] Lev. 22.20, etc.

[16] ver. 8.

[17] I Tim. 6.15.

2 Agora pois, ó sacerdotes, este mandamento vos toca a vós.

2 Se [1] o não ouvirdes, e se não propozerdes no coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exercitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bençãos; e tambem já tenho maldito a cada qual d’ellas, porque vós não pondes isso no coração.

3 Eis que vos corromperei a semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos, o esterco das vossas festas; [2] e com elles sereis tirados.

4 Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu concerto seja com Levi, diz o Senhor dos Exercitos.

5 Meu concerto com [3] elle foi a vida e a paz, e eu lh’as dei para temor, e me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.

6 A lei [4] da verdade esteve na sua bocca, e a iniquidade não se achou nos[835] seus labios: andou comigo em paz e em rectidão, e converteu [5] a muitos da iniquidade.

7 Porque [6] os labios do sacerdote guardarão a sciencia, e da sua bocca buscarão a lei, [7] porque elle é o anjo do Senhor dos Exercitos.

8 Mas vós vos desviastes do caminho, [8] a muitos fizestes tropeçar na lei: corrompestes o concerto de Levi, diz o Senhor dos Exercitos.

9 Por isso [9] tambem eu vos fiz despreziveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardaes os meus caminhos, mas acceitaes pessoas na lei.

Os casamentos com mulheres estranhas e o divorcio são illicitos.

10 [10] Não temos nós todos um mesmo Pae? não nos creou um mesmo Deus? porque seremos desleaes cada um com seu irmão, profanando o concerto de nossos paes?

11 Judah foi desleal, e abominação se obrou em Israel e em Jerusalem; porque Judah profana a sanctidade do Senhor, a qual ama, [11] e se casou com a filha de deus estranho.

12 O Senhor destruirá das tendas de Jacob o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, [12] e o que offerece presente ao Senhor dos Exercitos.

13 Tambem fazeis esta segunda coisa: cobris o altar do Senhor de lagrimas, de choros e de gemidos; de sorte que elle não olha mais para o presente, nem o acceitará com prazer da vossa mão.

14 E dizeis: [13] Porque? porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, contra a qual tu foste desleal, sendo ella a tua companheira, e a mulher do teu concerto.

15 E não fez [14] elle sómente um? [AEU] sobejando-lhe espirito? e porque sómente este um? [15] buscava uma semente de Deus: portanto guardae-vos em vosso espirito, e contra a mulher da vossa mocidade nenhum seja desleal.

16 Porque o Senhor Deus de Israel diz que aborrece [16] o repudio, e aquelle que encobre a violencia com o seu vestido, diz o Senhor dos Exercitos: portanto guardae-vos em vosso espirito, e não sejaes desleaes.

17 Enfadaes [17] ao Senhor com vossas palavras: e ainda dizeis: Em que o enfadamos? N’isto que dizeis: Qualquer que faz mal é bom aos olhos do Senhor, e n’estes taes é que elle se agrada, ou, onde está o Deus do juizo?

[1] Lev. 26.14, etc. Deu. 28.15, etc.

[2] I Reis 14.10.

[3] Num. 25.12. Eze. 34.25 e 37.26.

[4] Deu. 33.10.

[5] Jer. 23.22. Thi. 5.20.

[6] Lev. 10.11. Deu. 17.9, 10. Esd. 7.10. Jer. 18.18. Agg. 2.11, 12.

[7] Gal. 4.14.

[8] I Sam. 2.17. Jer. 18.15. Neh. 13.29.

[9] I Sam. 2.30.

[10] I Cor. 8.6. Eph. 4.6. Job 31.15.

[11] Esd. 9.1 e 10.2. Neh. 13.23.

[12] Neh. 13.28, 29.

[13] Pro. 5.18 e 2.17.

[14] Mat. 19.4, 5.

[15] Esd. 9.2. I Cor. 7.14.

[16] Deu. 24.1. Mat. 5.32.

[17] Isa. 43.24. Amós 2.13. cap. 3.13, 14, 15.

O annuncio da vinda do Senhor, precedido pelo seu anjo.

3 Eis que [1] eu envio o meu anjo, que apparelhará o caminho diante de mim; [2] e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscaes, e o anjo do concerto, a quem vós desejaes; eis aqui que vem, diz o Senhor dos Exercitos.

2 Mas quem [3] supportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando elle apparecer? [4] porque elle será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros.

3 E assentar-se-ha, [5] affinando e purificando a prata; e purgará os filhos de Levi, e os affinará como oiro e como prata: [6] então ao Senhor trarão offerta em justiça.

4 E a offerta de Judah [7] e de Jerusalem será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros.

5 E chegar-me-hei a vós para juizo, [8] e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros e contra os adulteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o jornaleiro em seu jornal, e a viuva, e o orphão, que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exercitos.

6 Porque eu, o Senhor, [9] não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacob, não sois consumidos.

Não devemos roubar o Senhor nem duvidar da sua providencia e justiça.

7 Desde os dias de vossos paes [10] vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes: [11] tornae a mim, e eu tornarei a vós, diz o Senhor dos Exercitos; mas vós dizeis: [12] Em que havemos de tornar?

8 Roubará o homem a Deus? porque vós me roubaes, e dizeis: Em que te roubámos? [13] nos dizimos e nas offertas alçadas.

9 Com maldição sois malditos, porque me roubaes a mim, sim, toda a nação.

10 Trazei [14] todos os dizimos á casa do[836] thesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provae-me n’isto, diz o Senhor dos Exercitos, [15] se eu então não vos abrirei as janellas do céu, e não vasarei sobre vós uma benção até que não caiba mais.

11 E por causa de vós reprehenderei o devorador, [16] para que não vos corrompa o fructo da terra; e a vide no campo vos não será esteril, diz o Senhor dos Exercitos.

12 E todas as nações vos chamarão bemaventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exercitos.

13 As vossas palavras [AEV] prevaleceram contra mim, diz o Senhor; mas vós dizeis: Que temos fallado contra ti?

14 Vós dizeis: [17] Debalde é servir a Deus: que nos aproveita termos guardado os seus preceitos, e andarmos vestidos de preto diante do Senhor dos Exercitos?

15 Ora pois, nós reputamos por bemaventurados os soberbos: tambem os que obram impiedade se edificam; tambem tentam ao Senhor, e escapam.

16 Então aquelles que temem ao Senhor [18] fallam cada um com o seu companheiro; e o Senhor attenta e ouve; e [19] ha um memorial escripto diante d’elle, para os que temem o Senhor, e para os que se lembram do seu nome.

17 E elles serão meus, [20] diz o Senhor dos Exercitos, [21] n’aquelle dia que farei me serão propriedade; poupal-os-hei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.

18 Então tornareis e vereis a differença entre o justo e o impio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve.

[1] Mat. 11.10. Mar. 1.2. Luc. 1.76 e 7.27.

[2] Isa. 63.9. Agg. 2.7.

[3] cap. 4.1. Apo. 6.17.

[4] Mat. 3.10, 11, 12.

[5] Isa. 1.25. Zac. 13.9.

[6] I Ped. 2.5.

[7] cap. 1.11.

[8] Zac. 5.4. Thi. 5.4, 11.

[9] Num. 23.19. Rom. 11.29. Thi. 1.17. Lam. 3.22.

[10] Act. 7.51.

[11] Zac. 1.3.

[12] cap. 1.6.

[13] Nah. 13.10, 12.

[14] Pro. 3.9, 10. II Chr. 31.11. Neh. 10.38 e 13.12.

[15] Gen. 7.11. II Reis 7.2. II Chr. 31.10.

[16] Amós 4.9.

[17] Job 21.14, 15 e 22.17.

[18] Heb. 8.13.

[19] Isa. 65.6. Apo. 20.12.

[20] I Ped. 2.9.

[21] Isa. 62.3.

4 Porque [1] eis que aquelle dia vem ardendo como o forno: [2] todos os soberbos, e todos os que obram a impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrazará, diz o Senhor dos Exercitos, [3] de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo.

2 Mas [4] a vós, que temeis o meu nome, [5] nascerá o sol da justiça, e saude trará debaixo das suas azas; e saireis, e [AEW] crescereis como os bezerros do cevadouro.

3 E [6] pizareis os impios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, no dia em que fizer isto, diz o Senhor dos Exercitos.

4 Lembrae-vos [7] da lei de Moysés, meu servo, que lhe mandei em Horeb para todo o Israel, dos estatutos e juizos.

5 Eis que eu vos envio o propheta Elias, [8] antes que venha o dia grande e terrivel do Senhor;

6 E converterá o coração dos paes aos filhos, e o coração dos filhos a seus paes; [9] para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

[1] Joel 2.31. cap. 3.2. II Ped. 3.7.

[2] cap. 3.18. Oba. 18.

[3] Amós 2.9.

[4] cap. 3.6.

[5] Luc. 1.78. Eph. 5.14. II Ped. 1.19.

[6] II Sam. 22.43. Miq. 7.10. Zac. 10.5.

[7] Exo. 20.3, etc. Deu. 4.10.

[8] Mat. 11.14 e 17.11. Luc. 1.17. Joel 2.11.

[9] Zac. 14.12. Zac. 5.3.

FIM DO VELHO TESTAMENTO.

[837]


O NOVO TESTAMENTO
DE
NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO,
PELO PADRE
JOÃO FERREIRA D’ALMEIDA.

[838]


OS LIVROS
DO
NOVO TESTAMENTO E O NUMERO DE SEUS CAPITULOS.

Pag. Cap.
S. Mattheus 839 28
S. Marcos 875 16
S. Lucas 898 24
S. João 936 21
Actos 964 28
Aos Romanos 1000 16
I. Aos Corinthios 1015 16
II. Aos Corinthios 1030 13
Aos Galatas 1039 6
Aos Ephesios 1044 6
Aos Philippenses 1050 4
Aos Colossenses 1054 4
I. Aos Thessalonicenses 1057 5
II. Aos Thessalonicenses 1061 3
I. A Timotheo 1063 6
II. A Timotheo 1067 4
A Tito 1070 3
A Philemon 1072 1
Aos Hebreos 1073 13
S. Thiago 1084 5
I. S. Pedro 1088 5
II. S. Pedro 1092 3
I. S. João 1095 5
II. S. João 1099 1
III. S. João 1099 1
S. Judas 1100 1
Apocalypse da S. João 1101 22

[839]


O SANCTO EVANGELHO
SEGUNDO S. MATTHEUS.

A genealogia de Jesus Christo.

Luc. 3.23-38.

1 Livro [1] da geração de Jesus Christo, [2] filho de David, [3] filho d’Abrahão.

2 Abrahão [4] gerou a Isaac; [5] e Isaac gerou a Jacob; [6] e Jacob gerou a Judas e a seus irmãos;

3 E Judas gerou de Tamar [7] a Fares e a Zara; [8] e Fares gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão;

4 E Arão gerou a Aminadab; e Aminadab gerou a Naason; e Naason gerou a Salmon;

5 E Salmon gerou de Rachab a Booz, e Booz gerou de Ruth a Obed; e Obed gerou a Jessé;

6 E [9] Jessé gerou ao rei David; [10] e o rei David gerou a Salomão, da que foi mulher de Urias;

7 E Salomão [11] gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abia; e Abia gerou a Asa;

8 E Asa gerou a Josaphat; e Josaphat gerou a Jorão; e Jorão gerou a Ozias;

9 E Ozias gerou a Joathão; e Joathão gerou a Achaz; e Achaz gerou a Ezequias;

10 E Ezequias gerou a Manassés; [12] e Manassés gerou a Amon; e Amon gerou a Josias;

11 E [13] Josias gerou a Jechonias e a seus irmãos na deportação para a Babylonia.

12 E, depois da deportação para a Babylonia, [14] Jechonias gerou a Salathiel; e Salathiel gerou a Zorobabel;

13 E [15] Zorobabel gerou a Abiud; e Abiud gerou a Eliakim; e Eliakim gerou a Azor;

14 E Azor gerou a Sadoc; e Sadoc gerou a Achim; e Achim gerou a Eliud;

15 E Eliud gerou a Eleazar; e Eleazar gerou a Matthan; e Matthan gerou a Jacob;

16 E Jacob gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Christo.

17 De sorte que todas as gerações, desde Abrahão até David, são quatorze gerações; e desde David até á deportação para a Babylonia, quatorze gerações; e desde a deportação para a Babylonia até o Christo, quatorze gerações.

O nascimento de Jesus Christo[AEX].

18 Ora o nascimento [16] de Jesus Christo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, [17] achou-se gravida do Espirito Sancto.

19 Então José, seu marido, como era justo, [18] e a não queria infamar, intentou deixal-a secretamente.

20 E, projectando elle isto, eis que n’um sonho lhe appareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de David, não temas receber a Maria tua mulher, porque [19] o que n’ella está gerado é do Espirito Sancto;

21 E dará á luz um filho [20] e chamarás o seu nome Jesus; [21] porque elle salvará o seu povo dos seus peccados.

[840]

Anno Domini

22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo propheta, que diz:

23 Eis que [22] a virgem conceberá e dará á luz um filho, e chamal-o-hão pelo nome Emmanuel, que traduzido é: Deus comnosco.

24 E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenára, e recebeu a sua mulher;

25 E não a conheceu até que deu á luz o seu filho, [23] o primogenito; e poz-lhe por nome Jesus.

[1] Luc. 3.23.

[2] Psa. 132.11. Isa. 11.1. Jer. 23.5. João 7.42. Act. 2.30. Rom. 1.3.

[3] Gen. 12.3. Gal. 3.16.

[4] Gen. 21.2.

[5] Gen. 25.26.

[6] Gen. 29.35.

[7] Gen. 38.27.

[8] Ruth 4.18. I Chr. 2.5, 9.

[9] I Sam. 16.1.

[10] II Sam. 12.24.

[11] I Chr. 3.10.

[12] II Reis 20.21. I Chr. 3.13.

[13] I Chr. 3.15. II Reis 24.14. II Chr. 36.10. Jer. 27.20. Dan. 1.2.

[14] I Chr. 3.17, 19.

[15] Esd. 3.2 e 5.2. Neh. 12.1. Agg. 1.1.

[16] Luc. 1.27.

[17] Luc. 1.35.

[18] Deu. 24.1.

[19] Luc. 1.35.

[20] Luc. 1.31.

[21] Act. 4.12 e 5.31 e 13.23, 38.

[22] Isa. 7.14.

[23] Exo. 13.2. Luc. 2.7, 21.

Os magos do oriente[AEY].

2 E, tendo nascido Jesus em [1] Bethlehem de Judéa, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalem,

2 Dizendo: [2] Onde está aquelle que é nascido rei dos judeos? porque vimos a sua estrella no oriente, e viemos a adoral-o.

3 E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalem com elle.

4 E, congregados todos os principes dos sacerdotes, [3] e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Christo.

5 E elles lhe disseram: Em Bethlehem de Judea; porque assim está escripto pelo propheta:

6 E tu, Bethlehem, [4] terra de Judah, de modo nenhum és a menor entre [AEZ] as capitaes de Judah; porque de ti sairá o [AFA] Guia que ha de apascentar [5] o meu povo de Israel.

7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exactamente d’elles ácerca do tempo em que a estrella lhes apparecera.

8 E, enviando-os a Bethlehem, disse: Ide, e perguntae diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participae-m’o, para que tambem eu vá e o adore.

9 E, tendo elles ouvido o rei, foram-se; e eis-que a estrella, que tinham visto no oriente, ia adiante d’elles, até que, chegando, se deteve sobre o logar onde estava o menino.

10 E, vendo elles a estrella, alegraram-se muito com grande alegria.

11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus thesouros, lhe offertaram dadivas: [6] oiro, incenso e myrrha.

12 E, [7] sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.

A fugida para o Egypto; a matança dos innocentes.

13 E, tendo-se elles retirado, eis-que o anjo do Senhor appareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egypto, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes ha de procurar o menino para o matar.

14 E, levantando-se elle, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egypto,

15 E esteve lá até á morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo propheta, que diz: [8] Do Egypto chamei o meu Filho.

16 Então Herodes, vendo que tinha sido illudido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Bethlehem, e em todos os seus contornos, de edade de dois annos e menos, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.

17 Então se cumpriu o que foi dito pelo propheta Jeremias, [9] que diz:

18 Em Rama se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto: Rachel chorando os seus filhos, e não quiz ser consolada, porque não existem.

A volta do Egypto.

19 Morto porém Herodes, eis que o anjo do Senhor appareceu n’um sonho a José no Egypto,

20 Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vae para a terra d’Israel; porque estão mortos os que procuravam a [AFB] morte do menino.

21 Então elle se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra d’Israel.

22 E, ouvindo que Archelau reinava na Judea em logar de Herodes, seu pae, receiou ir para lá: mas avisado em sonho por divina revelação, [10] foi para as partes da Galilea.

23 E chegou, e habitou n’uma cidade chamada Nazareth, [11] para que se cumprisse o que fôra dito pelos prophetas: Que se chamará Nazareno.

[1] Luc. 2.4, 6, 7. Gen. 10.30 e 25.6. I Reis 4.30.

[2] Luc. 2.11. Num. 24.17. Isa. 60.3.

[3] II Chr. 36.14 e 34.13. Mal. 2.7.

[4] Miq. 5.2. João 7.42.

[5] Apo. 2.27.

[6] Psa. 72.10, 11. Isa. 60.6.

[7] Mat. 1.20.

[8] Ose. 11.1.

[9] Jer. 31.15.

[10] Mat. 3.13. Luc. 2.39.

[11] João 1.45. Jui. 13.5. I Sam. 1.11.

[841]

João Baptista.

Mar. 1.1-8. Luc. 3.1-18. João 1.6-8, 19-36.

Anno Domini 26

3 E, n’aquelles dias, [1] appareceu João Baptista prégando no deserto da Judea,

2 E dizendo: Arrependei-vos, [2] porque é chegado o reino dos céus;

3 Porque é este o annunciado pelo propheta Isaias, que disse: [3] Voz do que clama no deserto: preparae o caminho do Senhor, endireitae as suas veredas.

4 E este João tinha [4] o seu vestido de pellos de camelo, e um cinto de coiro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.

5 Então ia ter com elle Jerusalem, [5] e toda a Judea, e toda a provincia adjacente ao Jordão,

6 E eram por elle baptizados no rio Jordão, [6] confessando os seus peccados.

7 E, vendo elle muitos dos phariseos e dos sadduceos, que vinham ao seu baptismo, dizia-lhes: [7] Raça de viboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?

8 Produzi pois fructos dignos de arrependimento;

9 E não presumaes de vós mesuros, dizendo: [8] Temos por pae a Abrahão; porque eu vos digo que mesmo d’estas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrahão.

10 E tambem agora está posto o machado á raiz das arvores; toda [9] a arvore, pois, que não produz bom fructo, é cortada e lançada no fogo.

11 E eu, em verdade, [10] vos baptizo com agua, para o arrependimento; mas aquelle que vem após mim, é mais poderoso do que eu; cujas [AFC] alparcas não sou digno de levar; [11] elle vos baptizará com o Espirito Sancto, e com fogo.

12 Em sua mão tem a pá, [12] e limpará a sua eira, e recolherá no celleiro o seu trigo, [13] e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.

O baptismo de Jesus.

Mar. 1.9-11. Luc. 3.21, 22. João 1.32-34.

13 Então veiu Jesus da Galilea a João, [14] junto do Jordão, para ser baptizado por elle,

14 João oppunha-se-lhe, porém, dizendo: Eu careço de ser baptizado por ti, e vens tu a mim?

15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convem cumprir toda a justiça. Então elle o deixou.

16 E, sendo Jesus baptizado, [15] saiu logo da agua, e eis-que se lhe abriram os céus, e viu o Espirito de Deus [16] descendo como pomba e vindo sobre elle.

17 E eis que [17] uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

[1] Mar. 1.4. Luc. 3.2. João 1.28. Jos. 14.10.

[2] Dan. 2.44. cap. 4.17.

[3] Isa. 40.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. João 1.23. Luc. 1.76.

[4] Mar. 1.6. I Reis 1.8. Zac. 13.4. Lev. 11.22. I Sam. 14.25, 26.

[5] Mar. 1.5. Luc. 3.7.

[6] Act. 19.4, 18.

[7] Mat. 12.34. Luc. 3.7, 8, 9. Rom. 5.9. I The. 1.10.

[8] João 8.33, 39. Act. 13.26. Rom. 4.1, 11.

[9] Mat. 7.19. Luc. 13.7. João 15.6.

[10] Mar. 1.8. Luc. 3.16. João 1.15, 26, 33. Act. 1.5.

[11] Isa. 4.4 e 44.3. Mal. 3.2. Act. 2.3, 4. I Cor. 12.13.

[12] Mal. 3.3.

[13] Mal. 4.1.

[14] Mar. 1.9. Luc. 3.21. cap. 2.22.

[15] Mar. 1.10.

[16] Isa. 11.2. Luc. 3.22. João 1.32, 33 e 12.28.

[17] Psa. 2.7. Isa. 42.1. cap. 12.18. Mar. 1.11. Luc. 9.35. Eph. 1.6. Col. 1.13. II Ped. 1.17.

A tentação de Jesus.

Mar. 1.12-13. Luc. 4.1-13.

Anno Domini 27

4 Então foi conduzido Jesus pelo Espirito ao deserto, [1] para ser tentado pelo diabo.

2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;

3 E, chegando-se a elle o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se façam pães.

4 Elle, porém, respondendo, disse: Está escripto: [2] Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sae da bocca de Deus.

5 Então o diabo o levou á cidade sancta, [3] e collocou-o sobre o pinaculo do templo,

6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; [4] porque está escripto: Que aos seus anjos ordenará a respeito de ti; e tomar-te-hão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.

7 Disse-lhe Jesus: Tambem está escripto: [5] Não tentarás o Senhor teu Deus.

8 Novamente o levou o diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a gloria d’elles.

9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.

10 Então disse-lhe Jesus: [6] Vae-te, Satanaz, porque está escripto: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a elle servirás.

11 Então o diabo o deixou; e, eis-que chegaram os anjos, [7] e o serviram.

[842]

Jesus em Galilea; os primeiros discipulos.

Mar. 1.14, etc. Luc. 4.14, etc.; 5.1-11.

Anno Domini 30

12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, [8] voltou para a Galilea;

13 E, deixando Nazareth, foi habitar em Capernaum, cidade maritima, nos confins de Zabulon e Naphtali;

14 Para que se cumprisse o que foi dito pelo propheta Isaias, que diz:

15 A terra de Zabulon, [9] e a terra de Naphtali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galilea das nações;

16 O povo, [10] assentado em trevas, viu uma grande luz; e para os que estavam assentados na região e sombra da morte raiou a luz.

17 Desde então começou Jesus a prégar, e a dizer: [11] Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.

18 E Jesus, andando junto ao mar da Galilea, [12] viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores:

19 E disse-lhes: [13] Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.

20 Então elles, deixando logo as redes, [14] seguiram-n’o.

21 E, adiantando-se d’ali, [15] viu outros dois irmãos, Thiago, filho de Zebedeo, e João, seu irmão, n’um barco com seu pae Zebedeo, concertando as redes; e chamou-os;

22 Elles, deixando immediatamente o barco e seu pae, seguiram-n’o.

23 E percorria Jesus toda a Galilea, [16] ensinando nas suas synagogas e prégando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e molestias entre o povo.

24 E a sua fama correu por toda a Syria, e traziam-lhe todos os que padeciam, accommettidos de varias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunaticos, e os paralyticos, e elle os curava.

25 E seguia-o uma grande multidão de gente da Galilea, [17] de Decapolis, de Jerusalem, da Judea, e d’além do Jordão.

[1] Mar. 1.12, etc. Luc. 4.1, etc. I Sam. 18.12. Eze. 3.14.

[2] Deu. 8.3.

[3] Neh. 11.1, 18. Isa. 48.2. cap. 27.53. Apo. 11.2.

[4] Psa. 91.11.

[5] Deu. 6.16.

[6] Deu. 6.13 e 10.20. Jos. 24.14. I Sam. 7.3.

[7] Heb. 1.14.

[8] Mar. 1.14. Luc. 3.20 e 4.14, 31. João 4.43.

[9] Isa. 9.1, 2.

[10] Isa. 42.7. Luc. 2.32.

[11] Mar. 1.14, 15. cap. 10.7.

[12] Mar. 1.16, 18. Luc. 5.2. João 1.42.

[13] Luc. 5.10, 11.

[14] Mar. 10.28. Luc. 18.28.

[15] Mar. 1.19. Luc. 5.10.

[16] cap. 9.35. Mar. 1.21. Luc. 4.15, 44. cap. 24.14. Mar. 1.14 e 1.34.

[17] Mar. 3.7.

O sermão da montanha. As beatitudes.

Luc. 6.20-29.

Anno Domini 31

5 E Jesus, vendo a multidão, [1] subiu a um monte, e, assentando-se, approximaram-se d’elle os seus discipulos:

2 E, abrindo a sua bocca, os ensinava, dizendo:

3 Bemaventurados os pobres de espirito, [2] porque d’elles é o reino dos céus;

4 Bemaventurados os que choram, [3] porque elles serão consolados;

5 Bemaventurados os mansos, [4] porque elles herdarão a terra;

6 Bemaventurados os que teem fome e sêde de justiça, [5] porque elles serão fartos;

7 Bemaventurados os misericordiosos, [6] porque elles alcançarão misericordia;

8 Bemaventurados os limpos de coração, [7] porque elles verão a Deus;

9 Bemaventurados os pacificadores, porque elles serão chamados filhos de Deus;

10 Bemaventurados os que soffrem perseguição por causa da justiça, [8] porque d’elles é o reino dos céus;

11 Bemaventurados sois vós, [9] quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, fallarem todo o mal contra vós por minha causa.

12 Exultae e alegrae-vos, [10] porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os prophetas que foram antes de vós.

Os discipulos são o sal da terra e a luz do mundo.

13 Vós sois o sal da terra; [11] e se o sal fôr insipido, com que se ha de salgar? para nada mais presta senão para se lançar fóra, e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo: não [12] se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte,

15 Nem se accende a candeia [13] e se colloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.

16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, [14] para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pae, que está nos céus.

O cumprimento da lei e dos prophetas.

17 Não cuideis [15] que vim destruir a lei ou os prophetas: não vim a derogar, mas a cumprir.

18 Porque em verdade vos digo, que, [16] até que o céu e a terra passem,[843] nem um jota nem um só til se omittirá da lei, sem que tudo seja cumprido.

19 Qualquer [17] pois que violar um d’estes mais pequenos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquelle, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.

20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e phariseos, [18] de modo nenhum entrareis no reino dos céus.

21 Ouvistes que foi dito aos antigos: [19] Não matarás; mas qualquer que matar será [AFD] réu de juizo.

22 Eu vos digo, porém, que [20] qualquer que, sem motivo, se encolerisar contra seu irmão, será réu de juizo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, [21] será réu do synhedrio; qualquer que lhe disser: Louco, será [AFE] réu do fogo do inferno.

23 Portanto, [22] se trouxeres a tua offerta ao altar, e ahi te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

24 Deixa ali diante do altar a tua offerta, [23] e vae, reconcilia-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua offerta.

25 Concilia-te depressa com o teu adversario, [24] emquanto estás no caminho com elle, para que não aconteça que o adversario te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao [AFF] ministro, e te encerrem na prisão.

26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás d’ali emquanto não pagares o ultimo ceitil.

27 Ouvistes que foi dito aos antigos: [25] Não commetterás adulterio.

28 Eu vos digo, porém, que [26] qualquer que attentar n’uma mulher para a cobiçar, já em seu coração commetteu adulterio com ella.

29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, [27] arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.

30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.

31 Tambem foi dito: [28] Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite.

32 Eu, [29] porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, sem ser por causa de fornicação, faz que ella commetta adulterio, e qualquer que casar com a repudiada commette adulterio.

33 Outrosim, ouvistes que foi dito aos antigos: [30] Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor.

34 Eu vos digo, porém, [31] que de maneira nenhuma jureis: nem pelo céu, porque é o throno de Deus;

35 Nem pela terra, porque é o escabello de seus pés; nem por Jerusalem, [32] porque é a cidade do grande Rei;

36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabello branco ou preto.

37 Seja, porém, o vosso fallar: [33] Sim, sim, Não, não, porque o que passa d’isto é de procedencia maligna.

38 Ouvistes que foi dito: [34] Olho por olho, e dente por dente.

39 Eu vos digo, porém, [35] que não resistaes ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, offerece-lhe tambem a outra;

40 E ao que quizer pleitear comtigo, e tirar-te o vestido, larga-lhe tambem a capa;

41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, [36] vae com elle duas.

42 Dá a quem te pedir, [37] e não te desvies d’aquelle que quizer que lhe emprestes.

43 Ouvistes que foi dito: [38] Amarás o teu proximo, e aborrecerás o teu inimigo.

44 Eu vos digo, porém: [39] Amae a vossos inimigos, bemdizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orae pelos que vos maltratam e vos perseguem;

45 Para que sejaes filhos do vosso Pae que está nos céus; [40] porque faz que o seu sol se levante sobre os maus e os bons, e a chuva desça sobre os justos e os injustos.

46 Pois, se amardes os que vos amam,[844] [41] que galardão havereis? não fazem os publicanos tambem o mesmo?

47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? não fazem os publicanos tambem assim?

48 Sêde vós pois perfeitos, [42] como é perfeito o vosso Pae que está nos céus.

[1] Mar. 3.13.

[2] Luc. 6.20. Psa. 51.19. Pro. 16.19. Isa. 57.15.

[3] Isa. 61.2. Luc. 6.21. João 16.20. II Cor. 1.7. Apo. 21.4.

[4] Psa. 37.14. Rom. 4.13.

[5] Isa. 55.1 e 65.13.

[6] Psa. 41.1. cap. 6.14. Mar. 11.25. II Tim. 1.16. Heb. 6.10. Thi. 2.13.

[7] Psa. 15.3. Heb. 12.14. I Cor. 13.12. I João 3.2.

[8] II Cor. 4.17. II Tim. 2.12. I Ped. 3.14.

[9] Luc. 6.22. I Ped. 4.14.

[10] Luc. 6.23. Act. 5.41. Rom. 5.3. Thi. 1.2. I Ped. 4.13. II Chr. 36.16. Neh. 9.26. cap. 23.34, 37. Act. 7.52. I The. 2.16.

[11] Mar. 9.49. Luc. 14.34, 35.

[12] Pro. 4.18. Phi. 2.15.

[13] Mar. 4.21. Luc. 8.16.

[14] I Ped. 2.12. João 15.8. I Cor. 14.25.

[15] Rom. 3.31 e 10.4. Gal. 3.24.

[16] Luc. 16.17.

[17] Thi. 2.10.

[18] Rom. 9.31 e 10.3.

[19] Exo. 20.13. Deu. 5.17.

[20] I João 3.15.

[21] Thi. 2.20.

[22] cap. 8.4.

[23] Job 42.8. cap. 18.19. I Tim. 2.8. I Ped. 3.7.

[24] Pro. 25.8. Luc. 12.58, 59. Psa. 31.6. Isa. 55.6.

[25] Exo. 20.14. Deu. 5.18.

[26] Job 31.1. Pro. 6.25. Gen. 34.2. II Sam. 11.2.

[27] cap. 18.8, 9. Mar. 9.43, 47. cap. 19.12. Rom. 8.13. I Cor. 9.27. Col. 3.5.

[28] Deu. 24.1. Jer. 3.1. cap. 19.3. Mar. 10.2.

[29] cap. 19.9. Luc. 16.18. Rom. 7.3. I Cor. 7.10.

[30] cap. 23.16. Exo. 20.7. Lev. 19.12. Num. 30.2. Deu. 5.11 e 23.23.

[31] cap. 23.16. Thi. 5.12. Isa. 66.1.

[32] Psa. 48.2.

[33] Col. 4.6. Thi. 5.12.

[34] Exo. 21.24. Lev. 24.20. Deu. 19.21.

[35] Pro. 20.22. Luc. 6.29. Rom. 12.17. I Cor. 6.7. I The. 5.15. I Ped. 3.9. Isa. 50.6. Lam. 3.30.

[36] cap. 27.32. Mar. 15.21.

[37] Deu. 15.8, 10. Luc. 6.30, 35.

[38] Lev. 19.18. Deu. 23.6.

[39] Luc. 6.27, 35. Rom. 12.14, 20. Luc. 23.34. Act. 7.59. I Cor. 4.12. I Ped. 2.23.

[40] Job 25.3.

[41] Luc. 6.32.

[42] Gen. 17.1. Lev. 11.44. Luc. 6.38. Col. 1.28. Thi. 1.4. I Ped. 1.15. Eph. 5.1.

Continuação do sermão da montanha. Esmolas. Oração. Jejum.

6 Guardae-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por elles: aliás não tereis galardão junto de vosso Pae, que está nos céus.

2 Quando pois deres esmola, não [1] faças tocar trombeta adiante de ti, como fazem os hypocritas nas synagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

3 Mas, quanto tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;

4 Para que a tua esmola seja dada occultamente: e teu Pae, que vê em segredo, [2] te recompensará publicamente.

5 E, quando orares, não sejas como os hypocritas; pois se comprazem em orar em pé nas synagogas, e ás esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

6 Mas tu, quando orares, [3] entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pae que está em occulto; e teu Pae, que vê secretamente, te recompensará.

7 E, orando, [4] não useis palavras vãs, como os gentios, que pensam que por muito [5] fallarem serão ouvidos.

8 Não vos assimilheis pois a elles; porque vosso Pae sabe o que vos é necessario, antes de vós lh’o pedirdes.

9 Portanto, vós orareis assim: [6] Pae nosso, que estás nos céus, sanctificado seja o teu nome;

10 Venha o teu reino, [7] seja feita a tua vontade, assim na terra [8] como no céu;

11 O pão nosso de cada [9] dia nos dá hoje;

12 E perdoa-nos as nossas dividas, [10] assim como nós perdoamos aos nossos devedores;

13 E não nos induzas [11] á tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a gloria, para sempre. Amen.

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas offensas, [12] tambem vosso Pae celestial vos perdoará a vós;

15 Se, porém, [13] não perdoardes aos homens as suas offensas, tambem vosso Pae vos não perdoará as vossas offensas.

16 E, [14] quando jejuaes, não vos mostreis contristados como os hypocritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

17 Porém tu, quando jejuares, unge [15] a tua cabeça, e lava o teu rosto.

18 Para não parecer aos homens que jejuas, mas a teu Pae, que está em occulto; e teu Pae, que vê em occulto, te recompensará.

O thesouro no céu. O olho puro. Os dois senhores. A anciosa solicitude pela nossa vida.

19 Não ajunteis thesouros na terra, [16] onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;

20 Mas ajuntae thesouros no céu, [17] onde nem a traça nem a ferrugem corrompe, e onde os ladrões não minam nem roubam.

21 Porque onde estiver o vosso thesouro, ahi estará tambem o vosso coração.

22 A candeia do corpo é o [18] olho; de sorte que, se o teu olho fôr bom, todo o teu corpo terá luz;

23 Se, porém, o teu olho fôr mau, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti ha são trevas, quão grandes serão as trevas!

24 Ninguem pode servir a [19] dois senhores; porque ou ha de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. [20] Não podeis servir a Deus e [AFG] a Mammon.

25 Por isso vos digo: [21] Não andeis cuidadosos emquanto á vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem, emquanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não[845] é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestido?

26 Olhae para as aves do céu, [22] que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celleiros; e vosso Pae celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que ellas?

27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, accrescentar um covado á sua estatura?

28 E, emquanto ao vestido, porque andaes solicitos? Olhae para os lirios do campo, como elles crescem: não trabalham nem fiam;

29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua gloria, se vestiu como qualquer d’elles.

30 Pois, se Deus assim enfeita a herva do campo, que hoje existe e ámanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?

31 Não andeis pois inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?

32 (Porque todas estas coisas os gentios procuram) Pois vosso Pae celestial bem sabe que necessitaes de todas estas coisas;

33 Mas buscae primeiro o reino de Deus, [23] e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão accrescentadas.

34 Não vos inquieteis pois pelo dia d’ámanhã, porque o dia d’ámanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

[1] Rom. 12.8.

[2] Luc. 14.14.

[3] II Reis 4.33.

[4] Ecc. 5.2.

[5] I Reis 18.26, 29.

[6] Luc. 11.2.

[7] cap. 26.39, 42. Act. 21.14.

[8] Psa. 103.19.

[9] Job 23.12. Pro. 40.8.

[10] cap. 18.21.

[11] cap. 26.41. Luc. 22.40, 46. I Cor. 10.13. II Ped. 2.9. Apo. 5.10. João 17.5.

[12] Mar. 11.25, 26. Eph. 4.32. Col. 3.13.

[13] cap. 18.35. Thi. 2.13.

[14] Isa. 58.5.

[15] Ruth 3.3. Dan. 10.3.

[16] Pro. 23.4. I Tim. 6.17. Heb. 13.5. Thi. 5.1.

[17] cap. 19.21. Luc. 12.23, 34 e 18.22. I Tim. 6.19. I Ped. 1.4.

[18] Luc. 11.34, 36.

[19] Luc. 16.13.

[20] Gal. 1.10. I Tim. 6.17. I João 2.15.

[21] Psa. 55.23. Luc. 12.22. Phi. 4.6. I Ped. 5.7.

[22] Job 38.41. Psa. 147.9. Luc. 12.24.

[23] I Reis 3.13. Psa. 37.25. Mar. 10.30. Luc. 12.31. I Tim. 4.8.

Continuação do sermão da montanha. O juizo temerario. As coisas sanctas não deis aos cães. Perseverança na oração. A porta estreita. Os falsos prophetas. Devemos ouvir e executar as palavras de Jesus.

7 Não julgueis, [1] para que não sejaes julgados.

2 Porque com o juizo com que julgardes sereis julgados, [2] e com a medida com que tiverdes medido hão de medir para vós.

3 E porque reparas tu no argueiro que [3] está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?

4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho; e, eis uma trave no teu olho?

5 Hypocrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

6 Não deis aos cães as coisas sanctas, [4] nem deiteis aos porcos as vossas perolas, não seja caso que as pizem com os pés, e, voltando-se, vos despedacem.

7 Pedi, [5] e dar-se-vos-ha; buscae, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-ha.

8 Porque, [6] aquelle que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre.

9 E qual d’entre vós é o homem que, [7] pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?

10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?

11 Se vós, pois, sendo maus, [8] sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pae, que está nos céus, [AFH] dará bens aos que lh’os pedirem?

12 Portanto, [9] tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lh’o tambem vós, porque esta é a lei e os prophetas.

13 Entrae pela porta [10] estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz á perdição, e muitos são os que entram por elle;

14 Porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva á vida, e poucos ha que o encontrem.

15 Acautelae-vos, porém, dos falsos prophetas, [11] que veem para vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.

16 Por seus fructos [12] os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?

17 Assim, [13] toda a arvore boa produz bons fructos, e toda a arvore má produz fructos maus.

18 Não pode a arvore boa dar maus fructos; nem a arvore má dar fructos bons.

19 Toda a arvore [14] que não dá bom fructo corta-se e lança-se no fogo.

20 E, assim, pelos seus fructos os conhecereis.

21 Nem todo o que me diz: [15] Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquelle que faz a vontade de meu Pae, que está nos céus.

22 Muitos me dirão n’aquelle dia: Senhor, Senhor, [16] não prophetizámos[846] nós em teu nome? e em teu nome não expulsámos demonios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?

23 E então lhes direi abertamente: [17] Nunca vos conheci: apartae-vos de mim, vós que obraes a iniquidade.

24 Todo aquelle, [18] pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assimilhal-o-hei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;

25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquella casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

26 E aquelle que ouve estas minhas palavras, e as não executa, comparal-o-hei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;

27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquella casa, e caiu, e foi grande a sua queda.

28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, [19] a multidão se admirou da sua doutrina,

29 Porque os ensinava como tendo auctoridade; [20] e não como os escribas.

[1] Luc. 6.37. Rom. 2.1 e 14.3. I Cor. 4.3, 5. Thi. 4.11, 12.

[2] Mar. 4.24. Luc. 6.38.

[3] Luc. 6.41.

[4] Pro. 9.7, 8 e 23.9. Act. 13.45, 46.

[5] cap. 21.22. Mar. 11.24. Luc. 11.9, 10 e 18.1. João 14.13. Thi. 1.5, 6. I João 3.22.

[6] Pro. 8.17. Jer. 29.12.

[7] Luc. 11.11, 13.

[8] Gen. 6.5.

[9] Luc. 6.31. Lev. 19.18. cap. 22.40. Rom. 13.8, 10. Gal. 5.14. I Tim. 1.5.

[10] Luc. 13.24.

[11] Deu. 13.3. Jer. 23.16. Mar. 13.22. Rom. 16.17, 18. Eph. 5.6. Col. 2.8. II Ped. 2.1. I João 4.1. Miq. 3.5. Act. 20.29.

[12] ver. 20. cap. 12.33. Luc. 6.43.

[13] Jer. 11.19. cap. 12.33.

[14] cap. 3.10. Luc. 3.9. João 15.26.

[15] Ose. 8.2. cap. 25.11. Luc. 6.46 e 13.25. Act. 19.13. Rom. 2.13. Thi. 1.22.

[16] Num. 2.44. João 11.51. I Cor. 13.2.

[17] cap. 25.12. Luc. 13.25, 27. II Tim. 2.19. Psa. 5.5, 6, 9. cap. 25.41.

[18] Luc. 6.47.

[19] cap. 13.54. Mar. 1.22 e 6.2. Luc. 4.32.

[20] João 7.46.

O leproso purificado.

Mar. 1.40-45. Luc. 5.12-14.

8 E descendo elle do monte, seguiu-o uma grande multidão.

2 E, eis-que veiu um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se tu queres, podes purificar-me.

3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero: sê puro. E logo ficou purificado da lepra.

4 Disse-lhe então Jesus: [1] Olha não o digas a alguem, mas vae, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a offerta que Moysés determinou, [2] para lhes servir de testemunho.

O centurião de Capernaum.

Luc. 7.1-10.

5 E, entrando Jesus em Capernaum, chegou junto d’elle um centurião, rogando-lhe,

6 E dizendo: Senhor, o meu creado jaz em casa paralytico, e violentamente atormentado.

7 E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saude.

8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, [3] não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, [4] mas dize sómente uma palavra, e o meu creado sarará;

9 Pois tambem eu sou homem sujeito ao poder, e tenho soldados ás minhas ordens; e digo a este: Vae, e elle vae; e a outro: Vem, e elle vem; e ao meu creado: Faze isto, e elle o faz.

10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem em Israel encontrei tanta fé.

11 Mas eu vos digo que muitos virão do oriente [5] e do occidente, e assentar-se-hão á mesa com Abrahão, e Isaac, e Jacob, no reino dos céus;

12 E os filhos do reino [6] serão lançados nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes.

13 Então disse Jesus ao centurião: Vae, e como creste te seja feito. E n’aquella mesma hora o seu creado sarou.

A sogra de Pedro.

Mar. 1.29-31. Luc. 4.38-41.

14 E Jesus, entrando em casa de Pedro, [7] viu a sogra d’este jazendo com febre.

15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os.

16 E, chegada a tarde, [8] trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e com a palavra expulsou d’elles os espiritos malignos, e curou todos os que estavam enfermos;

17 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta Isaias, que diz: [9] Elle tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.

Como devemos seguir a Jesus.

Luc. 9.57, &c.

18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para a banda d’alem;

19 E, approximando-se d’elle um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.

20 E disse Jesus: As raposas teem seus covis, e as aves do céu teem seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

21 E [10] outro de seus discipulos lhe disse: Senhor, [11] permitte-me que primeiro vá sepultar meu pae.

22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.

[847]

Jesus apazigua a tempestade.

Mar. 4.35-41. Luc. 8.22-25.

23 E, entrando elle no barco, seus discipulos o seguiram;

24 E eis que no mar se levantou uma tempestade tão grande que o barco era coberto pelas ondas; elle, porém, estava dormindo.

25 E os seus discipulos, approximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos.

26 E elle disse-lhes: Porque temeis, homens de pouca fé? [12] Então, levantando-se, reprehendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança.

27 E aquelles homens se maravilharam, dizendo: Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?

Os endemoninhados gergesenos.

Mar. 5.1. Luc. 8.26, etc.

28 E, tendo chegado á outra banda, á provincia dos gergesenos, sairam-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulchros, tão ferozes que ninguem podia passar por aquelle caminho.

29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós comtigo, Jesus Filho de Deus? Vieste aqui a atormentar-nos antes de tempo?

30 E andava pastando distante d’elles uma manada de muitos porcos.

31 E os demonios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permitte-nos que entremos n’aquella manada de porcos.

32 E elle lhes disse: Ide. E, saindo elles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquella manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas aguas.

33 E os porqueiros fugiram, e, chegando á cidade, divulgaram todas aquellas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.

34 E eis que toda aquella cidade saiu ao encontro de Jesus, e, vendo-o, [13] rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.

[1] cap. 9.30. Mar. 5.43.

[2] Lev. 14.3, 10. Luc. 5.14.

[3] Luc. 15.19, 21.

[4] Psa. 107.20.

[5] Gen. 12.3. Isa. 2.2. Mal. 1.11. Luc. 13.29. Act. 10.45. Rom. 15.9.

[6] cap. 21.43 e 13.42. Luc. 13.28. II Ped. 2.17. Jud. 13.

[7] I Cor. 9.5.

[8] Mar. 1.32. Luc. 4.40, 41.

[9] Isa. 53.4. I Ped. 2.24.

[10] Luc. 9.59.

[11] I Reis 19.20.

[12] Psa. 65.8 e 89.9, 10 e 107.29.

[13] Deu. 5.25. I Reis 17.18. Luc. 5.8. Act. 16.39.

O paralytico de Capernaum.

Mar. 2.3-12. Luc. 5.18-36.

9 E, entrando no barco, passou para a outra banda, e chegou á sua cidade. E eis que [1] lhe trouxeram um paralytico deitado n’uma cama.

2 E [2] Jesus, vendo a sua fé, disse ao paralytico: Filho, tem bom animo, perdoados te são os teus peccados.

3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Elle blasphema.

4 Mas Jesus, [3] conhecendo os seus pensamentos, disse: Porque ajuizaes mal em vossos corações?

5 Pois qual é mais facil? dizer: Perdoados te são os teus peccados; ou dizer: Levanta-te e anda?

6 Ora, para que saibaes que o Filho do homem tem na terra auctoridade para perdoar peccados (disse então ao paralytico): Levanta-te; toma a tua cama, e vae para tua casa.

7 E, levantando-se, foi para sua casa.

8 E a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal auctoridade aos homens.

A vocação de Mattheus.

Mar. 2.14-17. Luc. 5.27-32.

9 E Jesus, passando adiante d’ali, viu assentado na alfandega um homem, chamado Mattheus, e disse-lhe: Segue-me. E elle, levantando-se, o seguiu.

10 E aconteceu que, [4] estando elle em casa assentado á mesa, chegaram muitos publicanos e peccadores, e assentaram-se juntamente á mesa com Jesus e seus discipulos.

11 E os phariseos, vendo isto, disseram aos seus discipulos: [5] Porque come o vosso Mestre com os publicanos e peccadores?

12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de medico os sãos, senão os doentes.

13 Ide, porém, e aprendei o que significa: [6] Misericordia quero, e não sacrificio. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os peccadores, ao arrependimento.

O jejum.

Mar. 2.18-22. Luc. 5.33, etc.

14 Então chegaram ao pé d’elle os discipulos de João, dizendo: Porque jejuamos nós e os phariseos muitas vezes, e os teus discipulos não jejuam?

15 E disse-lhes Jesus: Podem porventura [7] andar tristes [AFI] os filhos das bodas, emquanto o esposo está com elles? Dias, porém, virão em que lhes será tirado o esposo, [8] e então jejuarão.

16 E ninguem deita remendo de panno novo em vestido velho, porque similhante remendo rompe o vestido, e faz-se maior o rasgão;

[848]

17 Nem deitam vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deitam vinho novo em odres novos, e ambos se conservam.

A cura da mulher que tinha um fluxo de sangue.

Mar. 5.22-43 e refs.

18 Dizendo-lhes elle estas coisas, eis que chegou um [AFJ] principal, e o adorou, dizendo: Minha filha falleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ella viverá.

19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, elle e os seus discipulos.

20 E eis que uma mulher [9] que havia já doze annos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detraz d’elle, tocou a orla do seu vestido;

21 Porque dizia comsigo: Se eu tão sómente tocar o seu vestido, ficarei sã.

22 E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: [10] Tem animo, filha, a tua fé te salvou. E immediatamente a mulher ficou sã.

23 E [11] Jesus, chegando a casa d’aquelle principal, e vendo os instrumentistas, e o povo em alvoroço,

24 Disse-lhes: [12] Retirae-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riam-se d’elle.

25 E, logo que o povo foi posto fóra, entrou, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se.

26 E espalhou-se aquella noticia por todo aquelle paiz.

A cura de dois cegos e um mudo.

27 E, partindo Jesus d’ali, seguiram-o dois cegos, clamando, e dizendo: [13] Tem compaixão de nós, filho de David.

28 E, quando chegou a casa, os cegos se approximaram d’elle; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe elles: Sim, Senhor.

29 Tocou então os olhos d’elles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.

30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: [14] Olhae não o saiba alguem.

31 Mas, [15] tendo elle saido, divulgaram a sua fama por toda aquella terra.

32 E, [16] havendo-se elles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado.

33 E, expulso o demonio, fallou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.

34 Mas os phariseos diziam: [17] Elle expulsa os demonios pelo principe dos demonios.

A seara, e os ceifeiros.

35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, [18] ensinando nas synagogas d’elles, e prégando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e molestias entre o povo.

36 E, vendo a multidão, teve grande compaixão d’elles, [19] porque andavam desgarrados e errantes, como ovelhas que não teem pastor.

37 Então disse aos seus discipulos: A [20] seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.

38 Rogae pois [21] ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.

[1] Mar. 2.3. Luc. 5.18.

[2] cap. 8.10.

[3] Psa. 139.3. cap. 12.25. Mar. 12.15. Luc. 5.22.

[4] Mar. 2.15, etc. Luc. 5.29, etc.

[5] cap. 11.19. Luc. 5.30. Gal. 2.15.

[6] Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8. cap. 12.7. I Tim. 1.15.

[7] João 3.29.

[8] Act. 13.2, 3 e 14.23. I Cor. 7.5.

[9] Mar. 5.25. Luc. 8.43.

[10] Luc. 7.50 e 8.48 e 17.19 e 18.42.

[11] Mar. 5.38. Luc. 8.51. II Chr. 35.25.

[12] Act. 20.10.

[13] cap. 15.22. Mar. 10.47. Luc. 18.38.

[14] cap. 8.4 e 12.16. Luc. 5.14.

[15] Mar. 7.36.

[16] cap. 12.22. Luc. 11.14.

[17] cap. 12.24. Mar. 3.22. Luc. 11.15.

[18] Mar. 6.6. Luc. 13.22. cap. 4.23.

[19] Mar. 6.34. Num. 27.17. Eze. 34.5. Zac. 10.2.

[20] Luc. 10.2. João 4.35.

[21] II The. 3.1.

Os doze e a sua missão.

10 E, chamando os seus doze discipulos, [1] deu-lhes poder sobre os espiritos immundos, para os expulsarem, e curarem toda a enfermidade e todo o mal.

2 Ora os nomes dos doze apostolos são estes: O primeiro, Simão, [2] chamado Pedro, e André, seu irmão; Thiago, filho de Zebedeo, e João, seu irmão;

3 Philippe e Bartholomeo; Thomé e Mattheus, o publicano; Thiago, filho de Alpheo, e Lebbeo, appellidado Thaddeo;

4 Simão Cananita, [3] e Judas Iscariotes, o mesmo que o trahiu.

5 Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: [4] Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos;

6 Mas ide antes [5] ás ovelhas perdidas da casa d’Israel;

7 E, indo, prégae, [6] dizendo: É chegado o reino dos céus.

8 Curae os enfermos, purificae os leprosos, resuscitae os mortos, expulsae os demonios: [7] de graça recebestes, de graça dae.

9 Não possuaes oiro, nem prata, [8] nem cobre, em vossos cintos,

[849]

10 Nem alforges para o caminho, nem duas tunicas, nem alparcas, nem bordão; [9] porque digno é o operario do seu alimento.

11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, [10] procurae saber quem n’ella seja digno, e hospedae-vos ahi até que vos retireis.

12 E, quando entrardes n’alguma casa, saudae-a;

13 E, se a casa fôr digna, [11] desça sobre ella a vossa paz; porém, se não fôr digna, torne para vós a vossa paz.

14 E, se ninguem vos receber, [12] nem escutar vossas palavras, saindo d’aquella casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.

15 Em verdade vos digo que, no dia do juizo, haverá menos rigor [13] para o paiz de Sodoma e Gomorrah do que para aquella cidade.

16 Eis que vos envio [14] como ovelhas ao meio de lobos; portanto sêde prudentes como as serpentes [15] e simplices como as pombas.

17 Acautelae-vos, porém, dos homens; [16] porque elles vos entregarão aos synhedrios, e vos açoitarão nas suas synagogas;

18 E sereis até conduzidos [17] á presença dos governadores e dos reis por causa de mim, para lhes servir de testemunho a elles e aos gentios.

19 Mas, quando [18] vos entregaram, não estejaes cuidadosos de como, ou o que haveis de fallar, porque n’aquella mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer.

20 Porque [19] não sois vós que fallaes, mas o Espirito de vosso Pae, que falla em vós.

21 E o irmão entregará á morte o irmão, [20] e o pae o filho; e os filhos se levantarão contra os paes, e os matarão.

22 E odiados de todos sereis por causa do meu nome: [21] mas aquelle que perseverar até ao fim será salvo.

23 Quando pois [22] vos perseguirem n’esta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades d’Israel, [23] sem que venha o Filho do homem.

24 Não é o discipulo [24] mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.

25 Baste ao discipulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram [25] Beelzebú ao pae de familia, quanto mais aos seus domesticos?

26 Portanto, não os temaes; [26] porque nada ha encoberto que não haja de revelar-se, nem occulto que não haja de saber-se.

27 O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutaes ao ouvido prégae-o sobre os telhados.

28 E não temaes os que matam o corpo, [27] e não podem matar a alma: temei antes aquelle que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

29 Não se vendem dois passarinhos por um [AFK] ceitil? e nenhum d’elles cairá em terra sem a vontade de vosso Pae.

30 E até mesmo [28] os cabellos da vossa cabeça estão todos contados.

31 Não temaes pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos.

32 Portanto, [29] qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pae, que está nos céus.

33 Mas qualquer [30] que me negar diante dos homens, eu o negarei tambem diante de meu Pae, que está nos céus.

34 Não cuideis que vim trazer a paz á terra; [31] não vim trazer a paz, mas a espada;

35 Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pae, [32] e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;

36 E serão [33] os inimigos do homem os que são seus familiares.

37 Quem ama o pae [34] ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

38 E quem não toma a sua cruz, [35] e não segue após mim, não é digno de mim.

39 Quem achar a sua [AFL] vida [36] perdel-a-ha; e quem perder a sua vida por amor de mim achal-a-ha.

[850]

40 Quem vos recebe, [37] me recebe a mim; e quem me recebe a mim, recebe aquelle que me enviou.

41 Quem recebe [38] um propheta em qualidade de propheta, receberá galardão de propheta; e quem recebe um justo em qualidade de justo, receberá galardão de justo.

42 E qualquer [39] que tiver dado só que seja um copo d’agua fria a um d’estes pequenos, em qualidade de discipulo, em verdade vos digo que de modo nenhum perderá o seu galardão.

[1] Mar. 3.13 e 6.7. Luc. 6.13 e 9.1.

[2] João 1.42.

[3] Luc. 6.15. Act. 1.13. João 13.26.

[4] cap. 4.15. II Reis 17.24. João 4.9.

[5] cap. 15.24. Act. 13.48. Isa. 53.6. Jer. 50.6. Eze. 34.5. I Ped. 2.25.

[6] Luc. 9.2. cap. 3.2 e 4.17. Luc. 10.9.

[7] Act. 8.18.

[8] I Sam. 9.7. Mar. 6.8. Luc. 9.3.

[9] Luc. 10.7. I Cor. 9.7. I Tim. 5.18.

[10] Luc. 10.8.

[11] Luc. 10.5. Psa. 35.13.

[12] Mar. 6.11. Luc. 9.5 e 10.10, 11. Neh. 5.13. Act. 13.51 e 18.6.

[13] cap. 11.22, 24.

[14] Luc. 10.3. Rom. 16.19. Eph. 5.11.

[15] I Cor. 14.20. Phi. 2.15.

[16] cap. 24.9. Mar. 13.9. Luc. 12.11 e 21.12. Act. 5.40.

[17] Act. 12.1 e 24.10 e 25.7, 23. II Tim. 4.16.

[18] Mar. 13.11. Luc. 12.11 e 21.14, 15. Exo. 4.12. Jer. 1.7.

[19] II Sam. 23.2. Act. 4.8. II Tim. 4.17.

[20] Miq. 7.6. ver. 35, 36. Luc. 21.16.

[21] Luc. 21.17. Dan. 12.12. cap. 24.13. Mar. 13.13.

[22] cap. 2.13. Act. 8.1 e 9.5 e 14.6.

[23] cap. 16.28.

[24] Luc. 6.40. João 13.16 e 15.20.

[25] cap. 12.24. Mar. 3.22. Luc. 11.15. João 8.48, 52.

[26] Mar. 4.22. Luc. 8.17.

[27] Isa. 8.12, 13. Luc. 12.4. I Ped. 3.14.

[28] I Sam. 14.45. II Sam. 14.11. Luc. 21.18. Act. 27.34.

[29] Luc. 12.8. Rom. 10.9. Apo. 3.5.

[30] Mar. 8.38. Luc. 9.26. II Tim. 2.12.

[31] Luc. 12.49, 51, 52, 53.

[32] Miq. 7.6.

[33] Psa. 41.9 e 55.14. Miq. 7.6. João 13.18.

[34] Luc. 14.6.

[35] cap. 16.24. Mar. 8.34. Luc. 9.23.

[36] Luc. 17.33. João 12.25.

[37] cap. 18.5. Luc. 9.48. João 12.44. Gal. 4.14.

[38] I Reis 17.10 e 18.4. II Reis 4.8.

[39] cap. 18.5, 6 e 25.40. Mar. 9.40. Heb. 6.10.

João Baptista envia dois discipulos seus a Jesus.

Luc. 7.18-35.

11 E, aconteceu que, acabando Jesus de dar seus preceitos aos seus doze discipulos, partiu d’ali a ensinar e a prégar nas cidades d’elles.

2 E João, ouvindo, [1] no carcere, fallar dos feitos de Christo, enviou dois dos seus discipulos,

3 Dizendo-lhe: [2] És tu aquelle que havia de vir, ou esperamos outro?

4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e annunciae a João as coisas que ouvis e vêdes:

5 Os cegos vêem, [3] e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são resuscitados, e o evangelho é annunciado aos pobres.

6 E bemaventurado é aquelle [4] que se não escandalizar em mim.

7 E, partindo elles, [5] começou Jesus a dizer ás turbas, a respeito de João: Que fostes vêr no deserto? uma canna agitada pelo vento?

8 Ou que fostes vêr? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis.

9 Ou então que fostes vêr? um propheta? sim, vos digo eu, [6] e muito mais do que propheta:

10 Porque é este de quem está escripto: [7] Eis que adiante da tua face envio o meu anjo, que preparará adiante de ti o teu caminho.

11 Em verdade vos digo que, entre os que de mulheres teem nascido, não appareceu alguem maior do que João Baptista; mas aquelle que é o menor no reino dos céus é maior do que elle.

12 E, desde os dias de João Baptista até agora, [8] se faz violencia ao reino dos céus, e os violentos se apoderam d’elle.

13 Porque [9] todos os prophetas e a lei prophetizaram até João.

14 E, se quereis dar credito, [10] é este o Elias que havia de vir.

15 Quem [11] tem ouvidos para ouvir oiça.

16 Mas, [12] a quem assimilharei esta geração? É similhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros,

17 E dizem: Tocámos-vos flauta, e não dançastes: cantámos-vos lamentações, e não chorastes.

18 Pois veiu João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demonio.

19 Veiu o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis ahi um homem comilão e beberrão, [13] amigo de publicanos e peccadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.

As tres cidades impenitentes.

Luc. 10.13-15, etc.

20 Então começou elle a lançar em rosto ás cidades onde se operou a maior parte dos seus prodigios o não se haverem arrependido, dizendo:

21 Ai de ti, Corazin! ai de ti, Bethsaida! porque, se em Tyro e em Sidon fossem feitos os prodigios que em vós se fizeram, ha muito que se teriam arrependido, [14] com sacco e com cinza.

22 Porém eu vos digo [15] que haverá menos rigor para Tyro e Sidon, no dia do juizo, do que para vós.

23 E tu, Capernaum, [16] que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se entre os de Sodoma fossem feitos os prodigios que em ti se fizeram, teriam permanecido até hoje.

24 Porém eu vos digo [17] que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juizo, do que para ti.

O jugo de Jesus.

Luc. 10.21, etc.

25 N’aquelle tempo, [18] respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pae, Senhor do céu e da terra, que occultaste estas coisas aos sabios e intelligentes, e as revelaste aos meninos.

26 Sim, ó Pae, porque assim te aprouve.

[851]

27 Todas as coisas [19] me foram entregues por meu Pae: e ninguem conhece o Filho, senão o Pae; e ninguem conhece o Pae, senão o Filho, e aquelle a quem o Filho o quizer revelar.

28 Vinde a mim, todos os que estaes cançados e opprimidos, e eu vos alliviarei.

29 Tomae sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, [20] que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanço para as vossas almas.

30 Porque o meu jugo [21] é suave e o meu fardo é leve.

[1] cap. 14.3.

[2] Gen. 49.10. Num. 24.17. Dan. 9.24. João 6.14.

[3] Isa. 29.18 e 35.4. João 2.23 e 3.2 e 5.36. Psa. 22.27. Isa. 61.1. Luc. 4.18. Thi. 2.5.

[4] Isa. 8.14, 15. cap. 13.57. Rom. 9.32. I Cor. 1.23. Gal. 5.11. I Ped. 2.8.

[5] Luc. 7.24. Eph. 4.14.

[6] cap. 14.5. Luc. 1.76.

[7] Mal. 3.1. Mar. 1.2. Luc. 1.76 e 7.27.

[8] Luc. 16.16.

[9] Mal. 4.6.

[10] Mal. 4.5. cap. 17.12. Luc. 1.17.

[11] cap. 13.9. Luc. 8.8. Apo. 2.7, 11, 17, 29 e 3.6, 13, 22.

[12] Luc. 7.31.

[13] cap. 9.10. Luc. 7.35.

[14] Jon. 3.6, 8.

[15] cap. 10.15. ver. 24.

[16] Isa. 14.13. Lam. 2.1.

[17] cap. 10.15.

[18] Psa. 8.3. I Cor. 1.19, 27 e 2.8. II Cor. 3.14. cap. 16.17.

[19] Luc. 10.22. João 3.35 e 1.18 e 6.46. I Cor. 15.27 e 10.15.

[20] João 13.16. Phi. 2.5 e 2.7, 8. I Ped. 2.21. I João 2.6. Zac. 9.9. Jer. 6.16.

[21] I João 5.3.

Jesus é Senhor do Sabbado.

Mar. 2.2-18. Luc. 6.1.

12 N’aquelle tempo passou Jesus pelas searas, em um sabbado; e os seus discipulos tinham fome, e começaram a colher espigas, e a comer.

2 E os phariseos, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discipulos fazem o que não é licito fazer n’um sabbado.

3 Elle, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez David, [1] quando teve fome, elle e os que com elle estavam?

4 Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, [2] que não lhe era licito comer, nem aos que com elle estavam, mas só aos sacerdotes?

5 Ou não tendes lido na lei [3] que, aos sabbados, os sacerdotes violam o sabbado no templo, e ficam sem culpa?

6 Pois eu vos digo que está aqui [4] um maior do que o templo.

7 Mas, se vós soubesseis o que significa: [5] Misericordia quero, e não sacrificio, não condemnarieis os innocentes.

8 Porque o Filho do homem até do sabbado é Senhor.

A cura do homem que tinha uma das mãos mirrada.

Mar. 3.1-6. Luc. 6.6-11.

9 E, partindo d’ali, chegou á synagoga d’elles.

10 E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e elles, [6] para o accusarem, o interrogaram, dizendo: É licito curar nos sabbados?

11 E elle lhes disse: Qual d’entre vós será o homem que tenha uma ovelha, [7] e, se n’um sabbado a tal ovelha cair n’uma cova, não lance mão d’ella, e a levante?

12 Pois quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por consequencia, licito fazer bem nos sabbados.

13 Então disse áquelle homem: Estende a tua mão. E elle a estendeu, e ficou sã como a outra.

14 E os phariseos, [8] tendo saido, formaram conselho contra elle, para o matarem,

15 Mas, sabendo-o, [9] retirou-se d’ali, e acompanhou-o uma grande multidão de gente, e elle os curou a todos.

16 E [10] recommendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem,

17 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta Isaias, que diz:

18 Eis aqui o meu servo, [11] que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz: porei sobre elle o meu espirito, e annunciará [AFM] aos gentios o juizo.

19 Não contenderá, nem clamará, nem alguem ouvirá pelas ruas a sua voz;

20 Não esmagará a canna quebrada, e não apagará o murrão que fumega, até que faça triumphar o juizo;

21 E no seu nome os gentios esperarão.

A blasphemia dos phariseos.

Luc. 11.14-23.

22 Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; [12] e, de tal modo o curou, que o cego e mudo fallava e via.

23 E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de David?

24 Mas [13] os phariseos, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demonios senão por Beelzebú, principe dos demonios.

25 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, [14] disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.

26 E, se Satanaz expulsa a Satanaz, está dividido contra si mesmo; como subsistirá pois o seu reino?

27 E, se eu expulso os demonios por Beelzebú, por quem os expulsam então os vossos filhos? Portanto elles mesmos serão os vossos juizes.

28 Mas, se eu expulso os demonios pelo Espirito de Deus, [15] é conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.

[852]

29 Ou, como pode alguem entrar em casa do homem valente, [16] e furtar os seus vasos, se primeiro não manietar o valente, saqueando então a sua casa?

30 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.

31 Portanto eu vos digo: [17] Todo o peccado e blasphemia se perdoará aos homens; porém a blasphemia contra o Espirito não será perdoada aos homens.

32 E, se qualquer fallar [18] alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-ha perdoado, mas, se alguem fallar contra o Espirito Sancto, não lhe será perdoado, nem n’este seculo nem no futuro.

Arvores e seus fructos.

Luc. 6.43-45.

33 Ou fazei a arvore boa, e o seu fructo bom, ou fazei a arvore má, e o seu fructo mau; porque pelo fructo se conhece a arvore.

34 Raça de viboras, [19] como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? pois do que é em abundancia no coração falla a bocca.

35 O homem bom tira boas coisas do thesouro do seu coração, e o homem mau do mau thesouro tira coisas más.

36 Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juizo.

37 Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condemnado.

O milagre de Jonas.

Luc. 11.16, 19-32.

38 Então [20] alguns dos escribas e dos phariseos tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quizeramos ver da tua parte algum signal.

39 Mas elle lhes respondeu, e disse: A geração má e adultera pede [21] um signal, porém não se lhe dará senão o signal do propheta Jonas;

40 Pois,[22] como Jonas esteve tres dias e tres noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem tres dias e tres noites no seio da terra.

41 Os ninivitas [23] resurgirão no juizo com esta geração, e a condemnarão, [24] porque se arrependeram com a prégação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas.

42 A rainha do meio-dia [25] se levantará no dia do juizo com esta geração, e a condemnará; porque veiu dos confins da terra a ouvir a sabedoria de Salomão. E eis que está aqui quem é mais do que Salomão.

43 E, quando [26] o espirito immundo tem saido do homem, [27] anda por logares aridos, buscando repouso, e não o encontra.

44 Então diz: Voltarei para a minha casa d’onde sahi. E, voltando, acha-a desoccupada, varrida e adornada.

45 Então vae, e leva comsigo outros sete espiritos peiores do que elle, e, entrando, habitam ali: [28] e são os ultimos actos d’esse homem peiores do que os primeiros. Assim acontecerá tambem a esta má geração.

A familia de Jesus.

Mar. 3.31-35. Luc. 8.19-21.

46 E, fallando elle ainda á multidão, eis que [29] estavam fóra sua mãe e seus irmãos, pretendendo fallar-lhe.

47 E disse-lhe alguem: Eis que estão ali fóra tua mãe e teus irmãos, que querem fallar-te.

48 Porém elle, respondendo, disse ao que lhe fallára: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?

49 E, estendendo a sua mão para os seus discipulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos;

50 Porque, [30] qualquer que fizer a vontade de meu Pae que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.

[1] I Sam. 21.6.

[2] Exo. 25.30 e 29.32, 33. Lev. 24.5 e 8.31 e 24.9.

[3] Num. 28.9. João 7.22.

[4] II Chr. 6.18. Mal. 3.1.

[5] Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8. cap. 9.13.

[6] Luc. 13.14 e 14.3. João 9.16.

[7] Exo. 23.4, 5. Deu. 22.4.

[8] cap. 27.1. Mar. 3.6. Luc. 6.11. João 5.18 e 10.39.

[9] cap. 10.23. Mar. 3.7.

[10] cap. 9.30.

[11] Isa. 42.1. cap. 3.17 e 17.5.

[12] cap. 9.32. Mar. 3.11.

[13] cap. 9.34. Mar. 3.22. Luc. 11.15.

[14] cap. 9.4. João 2.25. Apo. 2.23.

[15] Dan. 2.44 e 7.14. Luc. 1.33 e 11.20 e 17.20, 21.

[16] Isa. 49.24. Luc. 11.21, 22, 23.

[17] Mar. 3.28. Luc. 12.10. Heb. 6.4, 10. I João 5.16. Act. 7.51.

[18] cap. 11.19. João 7.12, 52. I Tim. 1.13.

[19] cap. 3.7 e 23.33. Luc. 6.45.

[20] Mar. 8.11. João 2.18. I Cor. 1.22.

[21] Isa. 57.3. cap. 16.4. Mar. 8.38. João 4.8.

[22] Jon. 2.1.

[23] Luc. 11.32.

[24] Jer. 3.11. Eze. 16.51. Rom. 2.27. Jon. 3.5.

[25] I Reis 10.1. II Chr. 9.1. Luc. 11.31.

[26] Luc. 11.24.

[27] Job 1.7. I Ped. 5.8.

[28] Heb. 6.4 e 10.26. II Ped. 2.20, 21, 22.

[29] Mar. 6.3. João 2.12.

[30] João 15.14. Gal. 5.6. Col. 3.11. Heb. 2.11.

A parabola do semeador.

Mar. 4.1-20. Luc. 8.4-15.

13 E Jesus, tendo saido da casa n’aquelle dia, estava assentado junto ao mar;

2 E ajuntou-se muita gente ao pé d’elle, de sorte que, entrando n’um barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.

3 E fallou-lhe de muitas coisas por parabolas, dizendo: [1] Eis que o semeador saiu a semear.

4 E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-n’a;

5 E outra parte caiu em pedregaes, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;

[853]

6 Mas, vindo o sol, queimou-se, e seccou-se, porque não tinha raiz.

7 E outra caiu em espinhos, e os espinhos cresceram, e suffocaram-n’a.

8 E outra caiu em boa terra, e deu fructo: [2] um grão produziu cem, outro sessenta e outro trinta.

9 Quem tem ouvidos para ouvir, [3] oiça.

10 E, acercando-se d’elle os discipulos, disseram-lhe: Porque lhes fallas por parabolas?

11 Elle, respondendo, disse-lhes: Porque [4] a vós é dado conhecer os mysterios do reino dos céus, mas a elles não é dado;

12 Porque áquelle que tem, [5] se dará, e terá em abundancia; mas áquelle que não tem, até aquillo que tem lhe será tirado.

13 Por isso lhes fallo por parabolas; porque elles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem comprehendem.

14 E n’elles se cumpre a prophecia d’Isaias, que diz: [6] Ouvindo, ouvireis, mas não comprehendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis.

15 Porque o coração d’este povo está endurecido, [7] e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e oiçam com os ouvidos, e comprehendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.

16 Mas bemaventurados os vossos olhos, porque vêem, [8] e os vossos ouvidos, porque ouvem.

17 Porque em verdade vos digo [9] que muitos prophetas e justos desejaram vêr o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis e não o ouviram,

18 Escutae [10] vós pois a parabola do semeador.

19 Ouvindo alguem a palavra do reino, [11] e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho;

20 Porém o que foi semeado em pedregaes é o que ouve a palavra, [12] e logo a recebe com alegria;

21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é temporão; e, chegada a angustia e a perseguição por causa da palavra, [13] logo se offende;

22 E o que foi semeado em espinhos [14] é o que ouve a palavra, mas os cuidados d’este mundo, e a seducção das riquezas, suffocam a palavra, e fica infructifera;

23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e comprehende a palavra; e dá fructo, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

A parabola do trigo e do joio.

24 Propoz-lhes outra parabola, dizendo: O reino dos céus é similhante ao homem que semeia boa semente no seu campo;

25 Mas, dormindo os homens, veiu o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.

26 E, quando a herva cresceu e fructificou, appareceu tambem o joio.

27 E os servos do pae de familia, indo ter com elle, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Porque tem então joio?

28 E elle lhes disse: Um homem inimigo é que fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos colhel-o?

29 Porém elle lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis tambem o trigo com elle.

30 Deixae crescer ambos juntos até á ceifa; e, por occasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atae-o em molhos para o queimar; [15] mas o trigo ajuntae-o no meu celleiro.

As parabolas, do grão de mostarda e do fermento.

Mar. 4.30-34. Luc. 13.18-21.

31 Outra parabola lhes propoz, dizendo: O reino dos céus é similhante ao grão de mostarda que o homem, pegando d’elle, semeou no seu campo;

32 O qual é realmente a mais pequena de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma arvore, de sorte que veem as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.

33 Outra parabola lhes disse: [16] O reino dos céus é similhante ao fermento, que uma mulher, pegando d’elle, introduz em tres medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.

34 Tudo isto [17] disse Jesus por parabolas á multidão, e não lhes fallava sem parabolas;

35 Para que se cumprisse o que fôra dito pelo propheta, que disse: [18] Abrirei em parabolas a minha bocca; [19] publicarei coisas occultas desde a fundação do mundo.

[854]

Explicação da parabola do joio.

36 Então Jesus, despedindo a multidão, foi para casa. E chegaram ao pé d’elle os seus discipulos, dizendo: Explica-nos a parabola do joio do campo.

37 E elle, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem;

38 O campo é o mundo; [20] e a boa semente são os filhos do reino; [21] e o joio são os filhos do maligno;

39 O inimigo, que o semeou, [22] é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.

40 Como pois o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consummação d’este mundo.

41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e elles colherão do seu reino todos os escandalos, [23] e os que commettem iniquidade.

42 E lançal-os-hão na fornalha de fogo; [24] ali haverá pranto e ranger de dentes.

43 Então os justos resplandecerão como o sol, [25] no reino de seu Pae. Quem tem ouvidos para ouvir, oiça.

Parabolas, do thesouro escondido, da perola, da rede.

44 Tambem o reino dos céus é similhante a um thesouro escondido n’um campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo [26] d’elle, vae, vende tudo quanto tem, e compra aquelle campo.

45 Outrosim o reino dos céus é similhante ao homem, negociante, que busca boas perolas;

46 E, encontrando uma perola de grande valor, [27] foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.

47 Egualmente o reino dos céus é similhante a uma rede lançada ao mar, [28] e que prende toda a qualidade de peixes.

48 E, estando cheia, os pescadores a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fóra.

49 Assim será na consummação dos seculos: [29] virão os anjos, e separarão os maus d’entre os justos.

50 E lançal-os-hão na fornalha de fogo: [30] ali haverá pranto e ranger de dentes.

51 E disse-lhes Jesus: Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe elles: Sim, Senhor.

52 E elle disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruido ácerca do reino dos céus é similhante a um pae de familia, [31] que tira dos seus thesouros coisas novas e velhas.

53 E aconteceu que Jesus, concluindo estas parabolas, se retirou d’ali.

54 E, chegando á [32] sua patria, ensinava-os na synagoga d’elles, de sorte que se maravilhavam, e diziam: D’onde veiu a este a sabedoria, e estas maravilhas?

55 Não é este [33] o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Thiago, e José, e Simão, e Judas?

56 E não estão entre nós todas as suas irmãs? D’onde lhe veiu pois tudo isto?

57 E escandalizavam-se n’elle. [34] Jesus, porém, lhes disse: Não ha propheta sem honra, senão na sua patria e na sua casa.

58 E não fez ali muitas maravilhas, [35] por causa da incredulidade d’elles.

[1] Luc. 3.5.

[2] Gen. 26.12.

[3] cap. 11.15. Mar. 4.9.

[4] cap. 11.25 e 16.17. Mar. 4.11. I Cor. 2.10. I João 2.27.

[5] cap. 25.29. Mar. 4.25. Luc. 8.18 e 19.26.

[6] Isa. 6.9. Eze. 12.2. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26, 27. Rom. 11.8. II Cor. 3.10.

[7] Heb. 5.11.

[8] cap. 16.17. Luc. 10.23. João 20.29.

[9] Heb. 11.13. I Ped. 1.10.

[10] Mar. 4.14. Luc. 8.11.

[11] cap. 4.23.

[12] Isa. 58.2. Eze. 33.31. João 5.35.

[13] cap. 11.6. II Tim. 1.15.

[14] cap. 19.23. Mar. 10.23. Luc. 18.24. I Tim. 6.9. Jer. 4.3.

[15] cap. 3.22.

[16] Luc. 13.20.

[17] Mar. 4.33.

[18] Psa. 78.2.

[19] Rom. 16.25, 26. I Cor. 2.7. Eph. 3.9. Col. 1.6.

[20] cap. 24.14. Mar. 16.15, 20. Luc. 24.47. Rom. 10.18. Col. 1.6.

[21] João 8.44. Act. 13.10. I João 3.8.

[22] Joel 3.13. Apo. 14.15.

[23] cap. 18.7. II Ped. 2.1, 2.

[24] cap. 3.12 e 8.12. Apo. 19.20.

[25] Dan. 12.13. I Cor. 15.42. ver. 9.

[26] Phi. 3.7, 8. Isa. 55.1. Apo. 3.18.

[27] Pro. 2.4 e 3.14, 15 e 8.10, 19.

[28] cap. 22.10.

[29] cap. 25.32.

[30] ver. 42.

[31] Can. 7.13.

[32] cap. 2.23. Mar. 6.1. Luc. 4.16, 23.

[33] Isa. 49.7. Mar. 6.3. Luc. 3.23. João 6.42.

[34] cap. 11.6. Mar. 6.3, 4. Luc. 4.24. João 4.44.

[35] Mar. 6.5, 6.

A morte de João Baptista.

Mar. 6.14-29. Luc. 3.19-20; 9.7-9.

Anno Domini 32

14 N’aquelle tempo ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Jesus,

2 E disse aos seus creados: Este é João Baptista; resuscitou dos mortos, e por isso as maravilhas obram n’elle.

3 Porque Herodes tinha prendido João, [1] e tinha-o manietado e encerrado no carcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Philippe;

4 Porque João lhe dissera: [2] Não te é licito possuil-a.

5 E, querendo matal-o, temia o povo; [3] porque o tinham como propheta.

6 Festejando-se, porém, o dia natalicio de Herodes, dançou a filha de Herodias diante d’elle, e agradou a Herodes.

7 Pelo que prometteu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse;

8 E ella, instruida previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui n’um prato a cabeça de João Baptista.

9 E o rei affligiu-se, mas, por causa do juramento, e dos que estavam com elle, mandou que se lhe désse.

10 E mandou degolar João no carcere,

11 E a sua cabeça foi trazida n’um prato, e dada á menina, e ella a levou a sua mãe.

12 E chegaram os seus discipulos,[855] e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram annuncial-o a Jesus.

A primeira multiplicação dos pães.

Mar. 6.30-34. Luc. 9.10-17. João 6.1-14.

13 E Jesus, ouvindo isto, retirou-se d’ali n’um barco, para um logar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades.

14 E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, [4] e foi possuido de intima compaixão para com ella, e curou os seus enfermos.

15 E, sendo chegada a tarde, os seus discipulos approximaram-se-lhe, dizendo: O logar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si.

16 Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão: dae-lhes vós de comer.

17 Então elles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.

18 E elle disse: Trazei-m’os aqui.

19 E, mandando que a multidão se assentasse sobre a herva, e tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, [5] partindo os pães, deu-os aos discipulos, e os discipulos á multidão.

20 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que sobejaram, doze alcofas cheias.

21 E os que comeram foram quasi cinco mil homens, além das mulheres e creanças.

Jesus anda por cima do mar.

Mar. 6.45-46. João 6.15-21.

22 E logo ordenou Jesus que os seus discipulos entrassem no barco, e fossem adiante d’elle para a outra banda, emquanto despedia a multidão.

23 E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar á parte. E, chegada a tarde, estava ali só.

24 E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrario;

25 Mas, á quarta vigilia da noite, dirigiu-se Jesus para elles, caminhando por cima do mar.

26 E os discipulos, vendo-o caminhar sobre o mar, [6] assustaram-se, dizendo: É um phantasma. [7] E gritaram com medo.

27 Jesus, porém, lhes fallou logo, dizendo: Tende bom animo, sou eu, não tenhaes medo.

28 E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter comtigo por cima das aguas.

29 E elle disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as aguas para ir ter com Jesus.

30 Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a afundar-se, clamou, dizendo: Senhor, salva-me.

31 E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, porque duvidaste?

32 E, quando subiram para o barco, acalmou o vento.

33 Então approximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-o, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.

34 E, tendo passado para a outra banda, [8] chegaram á terra de Genezareth.

35 E, quando os homens d’aquelle logar o conheceram, mandaram por todas aquellas terras em redor, e trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos.

36 E rogavam-lhe para que ao menos elles tocassem a orla do seu vestido; [9] e todos os que a tocavam ficavam sãos.

[1] Mar. 6.17. Luc. 3.19, 20.

[2] Lev. 18.16 e 20.21.

[3] cap. 21.26. Luc. 20.6.

[4] cap. 9.36.

[5] cap. 15.36.

[6] Job 9.8.

[7] Psa. 2.7. cap. 16.16. Mar. 1.1. Luc. 4.41. João 1.49 e 6.70. Act. 8.37. Rom. 1.4.

[8] Mar. 6.53.

[9] cap. 9.20. Mar. 3.10. Luc. 6.19. Act. 19.12.

A tradição dos anciãos.

Mar. 7.1-23.

15 Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e phariseos de Jerusalem, dizendo:

2 Porque [1] transgridem os teus discipulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão.

3 Elle, porém, respondendo, disse-lhes: Porque transgredis vós tambem o mandamento de Deus pela vossa tradição?

4 Porque Deus ordenou, [2] dizendo: Honra a teu pae e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pae ou á mãe, morra de morte.

5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pae ou á mãe: [3] É offerta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; desobrigado fica. Esse não honrará de modo algum nem a seu pae nem a sua mãe,

6 E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.

7 Hypocritas, [4] bem prophetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:

8 Este povo honra-me com os seus[856] labios, [5] mas o seu coração está longe de mim.

9 Mas em vão me veneram, [6] ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

10 E, [7] chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:

11 O que contamina o homem [8] não é o que entra na bocca, mas o que sae da bocca isso é o que contamina o homem.

12 Então, acercando-se d’elle os seus discipulos, disseram-lhe: Sabes que os phariseos, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?

13 Elle, porém, respondendo, disse: Toda a planta, [9] que meu Pae celestial não plantou, será arrancada.

14 Deixae-os: [10] são conductores cegos de cegos: ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.

15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: [11] Explica-nos essa parabola.

16 Jesus, porém, disse: [12] Até vós mesmos estaes ainda sem entender?

17 Ainda não comprehendeis que tudo o que entra pela bocca [13] desce para o ventre, e é evacuado?

18 Mas o que sae da bocca, [14] procede do coração, e isso contamina o homem.

19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, [15] mortes, adulterios, fornicações, furtos, falsos testemunhos e blasphemias.

20 São estas coisas que contaminam o homem; comer, porém, sem lavar as mãos não contamina o homem.

A mulher cananea.

Mar. 7.24-30.

21 E, partindo Jesus d’ali, foi para as partes de Tyro e de Sidon.

22 E eis que uma mulher cananea, que saira d’aquellas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.

23 Mas elle não lhe respondeu palavra. E os seus discipulos, chegando ao pé d’elle, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando após nós.

24 E elle, respondendo, disse: [16] Eu não sou enviado senão ás ovelhas perdidas da casa d’Israel.

25 Então chegou ella, e adorou-o, dizendo: Senhor, soccorre-me.

26 Elle, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deital-o aos [17] cachorrinhos.

27 E ella disse: Sim, Senhor, mas tambem os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.

28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher! grande é a tua fé: seja-te feito como tu desejas. E desde aquella mesma hora a sua filha ficou sã.

A segunda multiplicação dos pães.

Mar. 8.1-10.

29 E Jesus, partindo d’ali, chegou ao pé do mar da Galilea, [18] e, subindo a um monte, [19] assentou-se ali.

30 E veiu ter com elle muito povo, que trazia côxos, cegos, mudos, aleijados, e outros muitos: e os pozeram aos pés de Jesus, e elle os sarou:

31 De tal sorte, que a multidão se maravilhou vendo os mudos a fallar, os aleijados sãos, os côxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus d’Israel.

32 E Jesus, chamando os seus discipulos, [20] disse: Tenho intima compaixão da multidão, porque já está comigo ha tres dias, e não tem que comer; e não quero despedil-a em jejum, para que não desfalleça no caminho.

33 E os seus discipulos disseram-lhe: [21] D’onde nos viriam no deserto tantos pães, para saciar tal multidão?

34 E Jesus disse-lhes: Quantos pães tendes? E elles disseram: Sete, e uns poucos de peixinhos.

35 E mandou á multidão que se assentasse no chão.

36 E, tomando os sete pães e os peixes, [22] e dando graças, partiu-os, [23] e deu-os aos seus discipulos, e os discipulos á multidão.

37 E todos comeram e se saciaram; e levantaram, do que sobejou dos pedaços, sete cestos cheios.

38 Ora os que tinham comido eram quatro mil homens, além de mulheres e creanças.

39 E, [24] tendo despedido a multidão, entrou no barco, e dirigiu-se ao territorio de Magdala.

[1] Col. 2.3.

[2] Exo. 20.12. Lev. 19.3. Deu. 5.16. Pro. 23.22. Eph. 5.2. Exo. 21.17. Lev. 20.9. Deu. 27.16.

[3] Mar. 7.11, 12.

[4] Mar. 7.6.

[5] Isa. 29.13. Eze. 33.31.

[6] Isa. 29.13. Col. 2.18, 22. Tito 1.14.

[7] Mar. 7.14.

[8] Act. 10.15. Rom. 14.14, 17, 20. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[9] João 15.2. I Cor. 3.12, etc.

[10] Isa. 9.16. Mal. 2.8. cap. 23.16. Luc. 6.39.

[11] Mar. 7.17.

[12] cap. 16.9. Mar. 7.18.

[13] I Cor. 6.13.

[14] Thi. 3.6.

[15] Gen. 6.5 e 8.21. Pro. 6.14. Jer. 17.9. Mar. 7.21.

[16] cap. 10.5, 6. Act. 3.25, 26 e 13.46. Rom. 15.8.

[17] cap. 7.6. Phi. 3.2.

[18] cap. 4.18.

[19] Isa. 35.5, 6. cap. 11.5. Luc. 7.22.

[20] Mar. 8.1.

[21] II Reis 4.43.

[22] cap. 14.19.

[23] I Sam. 9.13. Luc. 22.19.

[24] Mar. 8.10.

[857]

O fermento dos phariseos.

Mar. 8.11-12.

16 E, chegando-se [1] os phariseos e os sadduceos, e tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse algum signal do céu.

2 Mas elle, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.

3 E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hypocritas, sabeis differençar a face do céu, e não sabeis differençar os signaes dos tempos?

4 Uma geração má e adultera pede um signal, [2] e nenhum signal lhe será dado, senão o signal do propheta Jonas. E, deixando-os, retirou-se.

5 E, [3] passando seus discipulos para a outra banda, tinham-se esquecido de fornecer-se de pão.

6 E Jesus disse-lhes: [4] Adverti, e acautelae-vos do fermento dos phariseos e sadduceos.

7 E elles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não nos fornecemos de pão.

8 E Jesus, conhecendo-o, disse: Porque arrazoaes entre vós, homens de pouca fé, sobre o não vos terdes fornecido de pão?

9 Não comprehendeis [5] ainda, nem vos lembraes dos cinco pães para cinco mil homens, e de quantas alcofas levantastes?

10 Nem dos sete pães para quatro mil, [6] e de quantos cestos levantastes?

11 Como não entendestes que não vos fallei a respeito do pão, mas que vos guardasseis do fermento dos phariseos e sadduceos?

12 Então comprehenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos phariseos.

A confissão de Pedro.

Mar. 8.27-33. Luc. 9.18-22. João 6.66-69.

13 E, chegando Jesus ás partes de Cesarea de Philippo, interrogou os seus discipulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?

14 E elles disseram: [7] Uns João Baptista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos prophetas.

15 Disse-lhes elle: E vós, quem dizeis que eu sou?

16 E Simão Pedro, respondendo, disse: [8] Tu és o Christo, o Filho de Deus vivo.

17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, [9] porque t’o não revelou a carne e o sangue, mas meu Pae, que está nos céus.

18 E tambem eu te digo que tu és [AFN] Pedro, [10] e sobre esta pedra edificarei a minha egreja, [11] e as portas do inferno não prevalecerão contra ella:

19 E eu te darei as chaves do reino dos céus; [12] e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

20 Então [13] mandou aos seus discipulos que a ninguem dissessem que elle era Jesus o Christo.

21 Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discipulos [14] que convinha ir a Jerusalem, e padecer muito dos anciãos, e dos principaes dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e resuscitar ao terceiro dia.

22 E Pedro, tomando-o de parte, começou a reprehendel-o, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te aconteça isso.

23 Elle, porém, voltando-se, disse a Pedro: Arreda-te de diante de mim, Satanaz, que me serves de escandalo; porque não comprehendes as coisas que são de Deus, [15] mas as que são dos homens.

Os discipulos de Jesus devem levar as suas cruzes.

Mat. 8.34-9.1. Luc. 9.23-27.

24 Então disse Jesus aos seus discipulos: [16] Se alguem quizer vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;

25 Porque aquelle que quizer salvar a sua [AFO] vida, [17] perdel-a-ha, e quem perder a sua vida por amor de mim, achal-a-ha.

26 Pois que aproveita ao homem, se ganhar o mundo inteiro, e perder a sua [AFP] alma? [18] ou que dará o homem em recompensa da sua alma?

[858]

27 Porque o Filho do homem virá na gloria de seu Pae, [19] com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.

28 Em verdade vos digo que alguns ha, [20] dos que aqui estão, que não gostarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.

[1] cap. 12.38. Luc. 11.16 e 12.54, 56. I Cor. 1.22.

[2] cap. 12.39.

[3] Mar. 8.14.

[4] Luc. 12.1.

[5] cap. 14.17. João 6.9.

[6] cap. 15.34.

[7] cap. 14.2. Luc. 9.7, 8, 9.

[8] cap. 14.33. Mar. 8.29. Luc. 9.20. João 6.69. Act. 8.37. Heb. 1.2, 3. I João 4.15.

[9] Eph. 2.8. I Cor. 2.10. Gal. 1.16.

[10] João 1.42. Eph. 2.20. Apo. 21.14.

[11] Job 38.17. Isa. 38.10.

[12] cap. 18.18. João 20.23.

[13] cap. 17.9. Mar. 8.30. Luc. 9.21.

[14] cap. 20.17. Mar. 8.31. Luc. 9.22.

[15] II Sam. 19.22. Rom. 8.7.

[16] cap. 10.38. Act. 14.22. I The. 3.3. II Tim. 3.12.

[17] Luc. 17.33. João 12.25.

[18] Psa. 49.7, 8, 9.

[19] Mar. 8.38. Luc. 9.26. Dan. 7.10. Zac. 14.5. Jud. 14. Job 34.11. Pro. 24.12. Jer. 17.10. Rom. 2.6. I Cor. 3.8. I Ped. 1.17. Apo. 2.23.

[20] Mar. 8.39. Luc. 9.29.

A transfiguração.

Mar. 9.1-13. Luc. 9.28-36.

17 Seis dias depois, Jesus levou comsigo a Pedro, e a Thiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,

2 E transfigurou-se diante d’elles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz.

3 E eis que lhes appareceram Moysés e Elias, fallando com elle.

4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui tres tabernaculos, um para ti, um para Moysés, e um para Elias.

5 E, estando elle ainda a fallar, [1] eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E eis que uma voz da nuvem disse: [2] Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutae-o.

6 E os discipulos, ouvindo isto, [3] cairam sobre seus rostos, e tiveram grande medo.

7 E Jesus, approximando-se-lhes, tocou-os, e disse: [4] Levantae-vos; e não tenhaes medo.

8 E, erguendo elles os olhos, ninguem viram senão unicamente a Jesus.

9 E, descendo elles do monte, Jesus lhes ordenou, [5] dizendo: A ninguem conteis a visão, até que o Filho do homem seja resuscitado dos mortos.

10 E os seus discipulos o interrogaram, dizendo: [6] Porque dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?

11 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, [7] e restaurará todas as coisas;

12 Mas digo-vos que Elias já veiu, e não o conheceram, [8] mas fizeram-lhe tudo o que quizeram. Assim padecerá tambem d’elles o Filho do homem.

13 Então [9] entenderam os discipulos que lhes fallara de João Baptista.

A cura d’um lunatico.

Mar. 9.13-32. Luc. 9.37-45.

14 E, quando chegaram á multidão, approximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante d’elle, e dizendo:

15 Senhor, tem misericordia de meu filho, que é lunatico e soffre muito; pois muitas vezes cae no fogo, e muitas vezes na agua;

16 E trouxe-o aos teus discipulos; e não poderam cural-o.

17 E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incredula e perversa! até quando estarei eu comvosco, e até quando vos soffrerei? Trazei-m’o aqui.

18 E reprehendeu Jesus o demonio, e saiu d’elle, e desde aquella hora o menino sarou.

19 Então os discipulos, approximando-se de Jesus em particular, disseram: Porque não podémos nós expulsal-o?

20 E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé; [10] porque em verdade vos digo que, se tivesseis fé como um grão de mostarda, dirieis a este monte: Passa d’aqui para acolá: e havia de passar; e nada vos seria impossivel.

21 Mas esta casta de demonios não se expulsa senão pela oração e por jejum.

22 Ora, achando-se elles na Galilea, disse-lhes Jesus: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens;

23 E matal-o-hão, [11] e ao terceiro dia resuscitará. E elles se entristeceram muito.

Jesus paga o tributo.

24 E, [12] chegando elles a Capernaum, approximaram-se de Pedro os que cobravam as didrachmas, e disseram: O vosso mestre não paga as didrachmas?

25 Disse elle: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos alheios?

26 Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, são livres os filhos:

27 Mas, para que os não escandalizemos, vae ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir, e, abrindo-lhe a bocca, encontrarás um státer; toma-o, e dá-o por mim e por ti.

[1] II Ped. 1.17.

[2] cap. 3.17. Mar. 1.11. Luc. 3.22. Isa. 42.1. Deu. 18.15. Act. 3.22.

[3] II Ped. 1.18.

[4] Dan. 8.18 e 9.21 e 10.10, 18.

[5] cap. 16.20. Mar. 8.30 e 9.9.

[6] Mal. 4.5. cap. 11.14. Mar. 9.11.

[7] Mal. 4.6. Luc. 1.16, 17. Act. 3.21.

[8] cap. 11.14 e 14.3, 10 e 16.21. Mar. 9.11, 12.

[9] cap. 11.14.

[10] cap. 21.21. Mar. 11.23. Luc. 17.6. I Cor. 12.9 e 13.2.

[11] cap. 16.21. Mar. 8.31 e 9.29, 30 e 10.33. Luc. 9.22, 44 e 18.31.

[12] Mar. 9.32. Exo. 30.13 e 38.26.

[859]

O maior no reino dos céus.

Mar. 9.32-37. Luc. 9.46-48.

Anno Domini 33

18 N’aquella mesma hora chegaram os discipulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus?

2 E Jesus, chamando um menino, o poz no meio d’elles,

3 E disse: Em verdade vos digo que, [1] se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus.

4 Portanto, [2] aquelle que se humilhar como este menino, este é o maior no reino dos céus.

5 E qualquer que receber em meu nome [3] um menino tal como este a mim me recebe.

6 Mas qualquer que escandalizar um d’estes pequeninos, [4] que crêem em mim, melhor lhe fôra que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de atafona, e se submergisse na profundeza do mar.

7 Ai do mundo, por causa dos escandalos; [5] porque é mister que venham escandalos, [6] mas ai d’aquelle homem por quem o escandalo vem!

8 Portanto, [7] se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti: melhor te é entrar na vida côxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.

9 E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti. Melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno.

10 Olhae, não desprezeis algum d’estes pequeninos, [8] porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pae que está nos céus.

11 Porque [9] o Filho do homem veiu salvar o que se tinha perdido.

12 Que vos parece? [10] Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma d’ellas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou?

13 E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquella do que pelas noventa e nove que se não desgarraram.

14 Assim tambem não é vontade de vosso Pae, que está nos céus, que um d’estes pequeninos se perca.

O perdão do peccado d’um irmão.

15 Ora, [11] se teu irmão peccar contra ti, vae, e reprehende-o entre ti e elle só; se te ouvir, [12] ganhaste a teu irmão;

16 Se te não ouvir, porém, leva ainda comtigo [13] um ou dois, para que pela bocca de duas ou tres testemunhas toda a palavra seja confirmada.

17 E, se os não escutar, dize-o á egreja; e, se tambem não escutar a egreja, [14] considera-o como um gentio e publicano.

18 Em verdade vos digo [15] que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.

19 Tambem vos digo [16] que, se dois de vós concordarem na terra ácerca de qualquer coisa que pedirem, [17] isso lhes será feito por meu Pae, que está nos céus.

20 Porque onde estiverem dois ou tres reunidos em meu nome, ahi estou eu no meio d’elles.

21 Então Pedro, approximando-se d’elle, disse: Senhor, até quantas vezes peccará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? [18] Até sete?

22 Jesus lhe disse: Não te digo: Até sete, [19] mas, até setenta vezes sete.

A parabola do credor incompassivo.

23 Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quiz fazer contas com os seus servos;

24 E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;

25 E, não tendo elle com que pagar, o seu senhor mandou vendel-o, [20] e a sua mulher e filhos, com tudo quanto tinha, para que a divida se lhe pagasse.

26 Então aquelle servo, prostrando-se, o adorava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

27 Então o senhor d’aquelle servo, movido de intima compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a divida.

28 Saindo, porém, aquelle servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem [AFQ] dinheiros, e, lançando mão d’elle, suffocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.

[860]

29 Então o seu conservo, prostrando-se aos seus pés rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

30 Elle, porém, não quiz, antes foi encerral-o na prisão, até que pagasse a divida.

31 Vendo pois os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passára.

32 Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquella divida, porque me supplicaste:

33 Não devias tu egualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu tambem tive misericordia de ti?

34 E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.

35 Assim vos fará tambem meu Pae celestial, [21] se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas offensas.

[1] Psa. 131.2. Mar. 10.14. Luc. 18.16. I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[2] cap. 20.27 e 23.11.

[3] cap. 10.42. Luc. 9.48.

[4] Mar. 9.41. Luc. 17.1, 2.

[5] Luc. 17.1. I Cor. 11.19.

[6] cap. 26.24.

[7] cap. 5.29, 30. Mar. 9.42, 44.

[8] Psa. 34.7. Zac. 13.7. Heb. 1.14. Est. 1.14. Luc. 1.19.

[9] Luc. 9.56. João 3.17.

[10] Luc. 15.4.

[11] Lev. 19.17. Luc. 17.3.

[12] Thi. 5.20. I Ped. 3.1.

[13] Deu. 17.6. João 8.17. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[14] Rom. 16.17. I Cor. 5.9. II The. 3.6, 14. II João 10.

[15] cap. 16.19. João 20.23. I Cor. 5.4.

[16] cap. 5.24.

[17] I João 3.22 e 5.14.

[18] Luc. 17.4.

[19] cap. 6.14. Mar. 11.25. Col. 3.13.

[20] II Reis 4.1. Neh. 5.8.

[21] Pro. 21.13. cap. 6.12. Mar. 11.26. Thi. 2.13.

Ácerca do divorcio.

Mar. 10.1-12.

19 E aconteceu que, [1] concluindo Jesus estes discursos, saiu da Galilea, e dirigiu-se aos confins da Judéa, dalem do Jordão;

2 E seguiram-o muitas gentes, [2] e curou-as ali.

3 Então chegaram ao pé d’elle os phariseos, tentando-o, e dizendo-lhe: É licito ao homem repudiar sua mulher por qualquer coisa?

4 Elle, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquelle que os fez no principio [3] macho e femea os fez?

5 E disse: Portanto deixará o homem pae e mãe, [4] e se unirá a sua mulher, [5] e serão dois n’uma só carne.

6 Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem.

7 Disseram-lhe elles: Então porque mandou Moysés dar-lhe carta de divorcio, [6] e repudial-a?

8 Disse-lhes elle: Moysés por causa da dureza dos vossos corações vos permittiu repudiar vossas mulheres; mas ao principio não foi assim.

9 Eu vos digo, [7] porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, commette adulterio; e o que casar com a repudiada tambem commette adulterio.

10 Disseram-lhe seus discipulos: [8] Se assim é a condição do homem relativamente á mulher, não convem casar.

11 Elle, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas [9] só aquelles a quem foi concedido.

12 Porque ha eunuchos que assim nasceram do ventre da mãe; [10] e ha eunuchos que foram castrados pelos homens; e ha eunuchos que se castraram a si mesmos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.

Jesus abençoa os meninos.

Mar. 10.13-16. Luc. 18.15-17.

13 Trouxeram-lhe então alguns meninos, para que lhes impozesse as mãos, e orasse; mas os discipulos os reprehendiam.

14 Jesus, porém, disse: Deixae os meninos, e não os estorveis de vir a mim; [11] porque de taes é o reino dos céus.

15 E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu d’ali.

O mancebo rico.

Mar. 10.17-31. Luc. 18.18-30.

16 E eis que, approximando-se d’elle um mancebo, disse-lhe: [12] Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?

17 E elle disse-lhe: Porque me chamas bom? Não ha bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

18 Disse-lhe elle: Quaes? E Jesus disse: [13] Não matarás, não commetterás adulterio, não furtarás, não dirás falso testemunho;

19 Honra teu pae e tua mãe, e [14] amarás o teu proximo como a ti mesmo.

20 Disse-lhe o mancebo: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, [15] vae, vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um thesouro no céu; e vem, e segue-me.

22 E o mancebo, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuia muitas propriedades.

23 Disse então Jesus aos seus discipulos: Em verdade vos digo [16] que difficilmente entrará um rico no reino dos céus.

[861]

24 E outra vez vos digo que é mais facil passar um camelo pelo fundo d’uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

25 Os seus discipulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?

26 E Jesus, olhando para elles, disse-lhes: Aos homens é isso impossivel, [17] mas a Deus tudo é possivel.

27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: [18] Eis que nós deixámos tudo, e te seguimos; qual será então o nosso galardão?

28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no throno da sua [19] gloria, tambem vos assentareis sobre doze thronos, para julgar as doze tribus d’Israel.

29 E todo aquelle que tiver deixado [20] casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pae, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.

30 Porém [21] muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.

[1] João 10.40.

[2] cap. 12.15.

[3] Gen. 1.27 e 5.2. Mal. 2.15.

[4] Gen. 2.24. Mar. 10.5, 9. Eph. 5.31.

[5] I Cor. 6.16 e 7.2.

[6] Deu. 24.1. cap. 5.31.

[7] cap. 5.32. Mar. 10.11. Luc. 16.18. I Cor. 7.10, 11.

[8] Pro. 21.19.

[9] I Cor. 7.2, 7, 9, 17.

[10] I Cor. 7.32, 34 e 9.5, 15.

[11] cap. 18.3.

[12] Luc. 10.25.

[13] Exo. 20.13. Deu. 5.17.

[14] cap. 15.4. Lev. 19.18. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[15] cap. 6.20. Act. 2.45. I Tim. 6.18, 19.

[16] cap. 13.22. Mar. 10.24. I Cor. 1.26. I Tim. 6.9, 10.

[17] Gen. 18.14. Job 42.2. Jer. 32.17. Zac. 8.6. Luc. 1.37 e 18.27.

[18] Mar. 10.28. Luc. 18.28. Deu. 33.9. cap. 4.20. Luc. 5.11.

[19] cap. 20.21. Luc. 22.28, 29, 30. I Cor. 6.2, 3. Apo. 2.26.

[20] Mar. 10.29, 30. Luc. 18.29, 30.

[21] cap. 20.16 e 21.31, 32. Mar. 10.31. Luc. 13.30.

A parabola dos trabalhadores e das diversas horas do trabalho.

20 Porque o reino dos céus é similhante a um homem, pae de familia, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha.

2 E, ajustando com os trabalhadores a um [AFR] dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha.

3 E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça,

4 E disse-lhes: Ide vós tambem para a vinha, e dar-vos-hei o que fôr justo. E elles foram.

5 Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo.

6 E, saindo perto da hora undecima, encontrou outros que estavam ociosos, e diz-lhes: Porque estaes ociosos todo o dia?

7 Dizem-lhe elles: Porque ninguem nos assalariou. Diz-lhes elle: Ide vós tambem para a vinha, e recebereis o que fôr justo.

8 E, approximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando desde os derradeiros até aos primeiros.

9 E, chegando os que tinham ido perto da hora undecima, receberam um dinheiro cada um.

10 Chegando, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; e tambem receberam um dinheiro cada um;

11 E, recebendo-o, murmuravam contra o pae de familia,

12 Dizendo: Estes derradeiros trabalharam uma hora, e tu os egualaste comnosco, que supportámos a fadiga e a calma do dia.

13 Elle, porém, respondendo, disse a um d’elles: Amigo, não te faço aggravo; não ajustaste tu comigo por um dinheiro?

14 Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti.

15 Ou não me é licito fazer o que quizer do que é meu? [1] Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?

16 Assim [2] os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

O pedido dos filhos de Zebedeo.

Mar. 10.32-45. Luc. 18.31-34.

17 E Jesus, subindo a Jerusalem, [3] chamou de parte os seus doze discipulos, e no caminho disse-lhes:

18 Eis que subimos a Jerusalem, [4] e o Filho do homem será entregue aos principes dos sacerdotes, e aos escribas, e condemnal-o-hão á morte.

19 E o entregarão aos gentios [5] para que d’elle escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia resuscitará.

20 Então [6] se approximou d’elle a mãe dos filhos de Zebedeo, com seus filhos, adorando-o, e pedindo-lhe alguma coisa.

21 E elle diz-lhe: Que queres? Diz-lhe ella: [7] Dize que estes meus dois filhos se assentem, um á tua direita e outro á tua esquerda, no teu reino.

22 Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis; [8] podeis vós beber o calix que eu hei de beber, e ser baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado? Dizem-lhe elles: Podemos.

[862]

23 E diz-lhes elle: Na verdade bebereis [9] o meu calix e sereis baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado, mas assentar-se á minha direita ou á minha esquerda não me pertence concedel-o, mas será para aquelles a quem meu Pae o tem preparado.

24 E, [10] quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos.

25 Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que os principes [AFS] dos gentios os dominam, e que os grandes exercem auctoridade sobre elles.

26 Não será assim entre vós; [11] mas todo aquelle que quizer entre vós fazer-se grande seja vosso [AFT] servente;

27 E qualquer que entre vós quizer ser o primeiro [12] seja vosso [AFU] servo;

28 Assim como o Filho do homem não veiu para ser servido, [13] mas a servir, e a dar a sua vida em resgate por muitos.

Os dois cegos de Jericó.

Mar. 10.46-52. Luc. 18.35-43.

29 E, saindo elles de Jericó, seguiu-o grande multidão,

30 E eis que dois cegos, [14] assentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de nós.

31 E a multidão os reprehendia, para que se calassem; elles, porém, cada vez clamavam mais, dizendo: Senhor, Filho de David, tem misericordia de nós.

32 E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça?

33 Disseram-lhe elles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos.

34 Então Jesus, movido de intima compaixão, tocou-lhe nos olhos, e logo viram; e o seguiram.

[1] Rom. 9.21. Deu. 15.9. Pro. 23.6. cap. 6.23.

[2] cap. 19.30 e 22.14.

[3] João 12.12.

[4] cap. 16.21.

[5] cap. 27.2. Mar. 15.1, 16. Luc. 23.1. João 18.28. Act. 3.13.

[6] Mar. 10.35. cap. 4.21.

[7] cap. 19.28.

[8] cap. 26.39. Mar. 14.36. Luc. 22.42. João 18.11.

[9] Act. 12.2. Rom. 8.17. II Cor. 1.7. Apo. 1.9.

[10] Mar. 10.41. Luc. 22.24.

[11] I Ped. 5.3. cap. 23.11. Mar. 9.34 e 10.43.

[12] cap. 18.4.

[13] Luc. 22.27. João 13.14 e 11.51. Isa. 53.10. Dan. 9.24. I Tim. 2.6. Tito 2.14. I Ped. 1.19. Rom. 5.15. Heb. 9.28.

[14] cap. 9.27.

A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem.

Mar. 11.1-10. Luc. 19.29-38.

21 E, quando se approximaram de Jerusalem, e chegaram a Bethphage, ao monte das Oliveiras, [1] enviou então Jesus dois discipulos, dizendo-lhes:

2 Ide á aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ella; desprendei-a, e trazei-m’os.

3 E, se alguem vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os ha de mister: e logo os enviará.

4 Ora tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo propheta, que diz:

5 Dizei á filha de Sião: [2] Eis que o teu Rei ahi te vem, manso, e assentado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho de animal sujeito ao jugo.

6 E, indo os discipulos, [3] e fazendo como Jesus lhes ordenára,

7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, [4] e sobre elles pozeram os seus vestidos, e fizeram-n’o assentar em cima.

8 E muitissima gente estendia os seus vestidos pelo caminho, [5] e outros cortavam ramos d’arvores, e os espalhavam pelo caminho.

9 E a multidão que ia adeante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosanna ao Filho de David; [6] bemdito o que vem em nome do Senhor: Hosanna nas alturas.

10 E, entrando elle em Jerusalem, [7] toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?

11 E a multidão dizia: Este é Jesus, [8] o Propheta de Nazareth da Galilea.

A purificação do templo.

Mar. 11.15-18. Luc. 19.45-48.

12 E entrou Jesus no templo de Deus, [9] e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas:

13 E disse-lhes: Está escripto: [10] A minha casa será chamada casa de oração: mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.

14 E foram ter com elle ao templo cegos e côxos, e curou-os.

15 Vendo então os principaes dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo, Hosanna ao Filho de David; indignaram-se,

16 E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: [11] Pela bocca dos meninos e[863] das creancinhas de peito aperfeiçoaste o louvor?

17 E, deixando-os, saiu da cidade para Bethania, [12] e ali passou a noite.

A figueira secca.

Mar. 11.12-14 e 19-24.

18 E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome;

19 E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ella, e não achou n’ella senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fructo de ti. E a figueira seccou immediatamente.

20 E os discipulos, vendo isto, maravilharam-se, dizendo: [13] Como seccou immediatamente a figueira?

21 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, [14] se tiverdes fé e não duvidardes, [15] não só fareis isto á figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e precipita-te no mar, assim será feito;

22 E tudo o que pedirdes na oração, crendo, [16] o recebereis.

O baptismo de João.

Mar. 11.27-33. Luc. 20.1-8.

23 E, chegando ao templo, acercaram-se d’elle, estando ensinando, os principes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que auctoridade fazes isto? e quem te deu essa auctoridade?

24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu tambem vos perguntarei uma coisa; se m’a disserdes, tambem eu vos direi com que auctoridade faço isto.

25 O baptismo de João d’onde era? Do céu, ou dos homens? E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, elle nos dirá: Então porque não o crestes?

26 E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo, [17] porque todos consideram João como propheta.

27 E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Elle disse-lhes: Nem eu vos digo com que auctoridade faço isto.

A parabola dos dois filhos.

28 Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vae trabalhar hoje na minha vinha.

29 Elle, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi.

30 E, dirigindo-se ao segundo, fallou-lhe de egual modo; e, respondendo elle, disse: Eu vou, senhor; e não foi.

31 Qual dos dois fez a vontade do pae? Disseram-lhe elles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: [18] Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes vos precedem no reino de Deus.

32 Porque João veiu a vós no caminho de justiça, [19] e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram: vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer.

A parabola dos lavradores maus.

Mar. 12.1-12. Luc. 20.9, 18.

33 Ouvi ainda outra parabola: Houve um homem, pae de familia, que plantou uma vinha, [20] e circumdou-a de um vallado, e construiu n’ella um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe:

34 E, chegando o tempo dos fructos, enviou os seus servos aos lavradores, [21] para receberem os seus fructos.

35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, [22] feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro.

36 Depois enviou outros servos, em maior numero do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo;

37 E por ultimo enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho.

38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: [23] Este é o herdeiro; vinde, matemol-o, e apoderemo-nos da sua herança.

39 E, lançando mão d’elle, [24] o arrastaram para fóra da vinha, e o mataram.

40 Quando pois vier o senhor da vinha, que fará áquelles lavradores?

41 Dizem-lhe elles: [25] Dará affrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seus tempos lhe dêem os fructos.

42 Diz-lhes Jesus: [26] Nunca lestes nas Escripturas: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do angulo: pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?

43 Portanto eu vos digo que o reino de[864] Deus vos será tirado, [27] e será dado a gente que dê os seus fructos.

44 E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-ha; [28] e sobre quem ella cair esmagal-o-ha.

45 E os principes dos sacerdotes e os phariseos, ouvindo estas palavras, entenderam que fallava d’elles;

46 E, pretendendo prendel-o, receiaram o povo, [29] porquanto o tinham por propheta.

[1] Zac. 14.4.

[2] Isa. 62.11. Zac. 9.9. João 12.15.

[3] Mar. 11.4.

[4] II Reis 9.13.

[5] Lev. 23.40. João 12.13.

[6] Psa. 118.26. cap. 23.39.

[7] Mar. 11.15. Luc. 19.45. João 2.13, 15.

[8] Luc. 7.16. João 6.14 e 7.40 e 9.17.

[9] João 2.15. Deu. 14.25.

[10] Isa. 56.7. Jer. 7.11. Mar. 11.17. Luc. 19.43.

[11] Psa. 8.2.

[12] Mar. 11.11. João 11.18.

[13] Mar. 11.20.

[14] cap. 17.20. Luc. 17.6.

[15] Thi. 1.6.

[16] Mar. 11.24. Luc. 11.9. Thi. 5.16. I João 3.22.

[17] cap. 14.5. Mar. 6.20. Luc. 20.6.

[18] Luc. 7.29, 50.

[19] cap. 3.1. Luc. 3.12, 13.

[20] Psa. 80.8. Can. 8.11. Isa. 5.1. Jer. 2.21.

[21] Can. 8.11.

[22] II Chr. 24.21. Neh. 9.26. Act. 7.52. I The. 2.15. Heb. 11.36.

[23] Psa. 2.8. Heb. 1.2.

[24] Psa. 2.2. João 11.53. Act. 4.27.

[25] Luc. 20.16 e 21.24. Heb. 2.3. Act. 13.46 e 15.7.

[26] Isa. 28.16. Mar. 12.10. Luc. 20.17. Act. 4.11. Eph. 2.20. I Ped. 2.6, 7.

[27] cap. 8.12.

[28] Isa. 8.14, 15. Zac. 12.3. Luc. 20.13. Rom. 9.33. I Ped. 2.8. Isa. 60.12. Dan. 2.44.

[29] ver. 11.

A parabola das bodas.

Luc. 14.16-24.

22 Então Jesus, tomando a [1] palavra, tornou a fallar-lhes em parabolas, dizendo:

2 O reino dos céus é similhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho;

3 E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e não quizeram vir.

4 Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eisque tenho o meu jantar preparado, [2] os meus bois e cevados mortos, e tudo prompto: vinde ás bodas.

5 Porém elles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu trafico:

6 E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.

7 E o rei, tendo noticia d’isto, encolerisou-se: [3] e, enviando os seus exercitos, destruiu aquelles homicidas, e incendiou a sua cidade.

8 Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, [4] mas os convidados não eram dignos.

9 Ide pois ás saidas dos caminhos, e convidae para as bodas a todos os que encontrardes.

10 E os servos, saindo pelos caminhos, [5] ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e as bodas encheram-se de convidados.

11 E o rei, entrando para vêr os convidados, viu ali um homem [6] que não estava trajado com vestido de bodas,

12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido de bodas? E elle emmudeceu.

13 Disse então o rei aos servos: Amarrae-o de pés e mãos, levae-o, [7] e lançae-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes.

14 Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

A questão do tributo.

Mar. 12.13-17. Luc. 20.20-26.

15 Então, retirando-se os phariseos, consultaram entre si como o surprehenderiam n’alguma palavra;

16 E enviaram-lhe os seus discipulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, e de ninguem se te dá, porque não olhas á apparencia dos homens;

17 Dize-nos, pois, que te parece? É licito pagar o tributo a Cesar, ou não?

18 Jesus, porém, conhecendo a sua malicia, disse: Porque me experimentaes, hypocritas?

19 Mostrae-me a moeda do tributo. E elles lhe apresentaram um dinheiro.

20 E elle diz-lhes: De quem é esta effigie e esta inscripção?

21 Dizem-lhe elles: De Cesar. Então elle lhes diz: [8] Dae pois a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus.

22 E elles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram.

23 No mesmo dia chegaram junto d’elle os sadduceos, [9] que dizem não haver resurreição, e o interrogaram,

24 Dizendo: [10] Mestre, Moysés disse: Se morrer alguem, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher d’elle, e suscitará descendencia a seu irmão:

25 Ora houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu, e, não tendo descendencia, deixou sua mulher a seu irmão.

26 Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao setimo;

27 Por fim, depois de todos, morreu tambem a mulher.

28 Portanto, na resurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuiram?

29 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: [11] Erraes, não conhecendo as Escripturas, nem o poder de Deus;

30 Porque na resurreição nem casam nem se dão em casamento; [12] mas serão como os anjos de Deus no céu.

31 E, ácerca da resurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo:

32 Eu sou o Deus d’Abrahão, [13] o Deus d’Isaac, e o Deus de Jacob? Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos.

[865]

33 E, as turbas, ouvindo isto, [14] ficaram maravilhadas da sua doutrina.

O grande mandamento.

Mar. 12.28-34. Luc. 10.25-27.

34 E os phariseos, ouvindo que fizera emmudecer os sadduceos, reuniram-se no mesmo logar;

35 E um d’elles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

37 E Jesus disse-lhe: [15] Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

38 Este é o primeiro e grande mandamento.

39 E o segundo, similhante a este, é: [16] Amarás o teu proximo como a ti mesmo.

40 D’estes dois mandamentos depende toda a lei e os prophetas.

Christo Filho de David.

Mar. 12.35-37. Luc. 20.41-44.

41 E, [17] estando reunidos os phariseos, interrogou-os Jesus,

42 Dizendo: Que pensaes vós do Christo? De quem é filho? Elles disseram-lhe: De David.

43 Disse-lhes elle: Como é então que David, em espirito, lhe chama Senhor, dizendo:

44 Disse o Senhor ao meu Senhor: [18] Assenta-te á minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

45 Se David pois lhe chama Senhor, como é seu filho?

46 E ninguem podia [19] responder-lhe uma palavra: nem desde aquelle dia ousou mais alguem interrogal-o.

[1] Apo. 19.7, 9.

[2] Pro. 9.2.

[3] Dan. 9.26. Luc. 19.27.

[4] cap. 10.11. Act. 13.46.

[5] cap. 13.38.

[6] II Cor. 5.3. Eph. 4.24. Col. 3.10, 12. Apo. 3.4 e 16.15.

[7] cap. 8.12 e 20.16.

[8] cap. 17.25. Rom. 13.7.

[9] Mar. 12.18. Luc. 20.27. Act. 23.8.

[10] Deu. 25.5.

[11] João 20.

[12] I João 3.2.

[13] Exo. 3.6, 16. Mar. 12.26. Luc. 20.37. Act. 7.32. Heb. 11.16.

[14] cap. 7.28.

[15] Deu. 6.5 e 10.12 e 30.6. Luc. 10.27.

[16] Lev. 19.18. Mar. 12.31. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[17] cap. 7.12. I Tim. 1.5.

[18] Psa. 110.1. Act. 2.34. I Cor. 15.25. Heb. 1.13 e 10.12, 13.

[19] Luc. 14.6 e 20.40. Mar. 12.34.

Jesus censura os escribas e os phariseos.

23 Então fallou Jesus á multidão, e aos seus discipulos,

2 Dizendo: [1] Na cadeira de Moysés estão assentados os escribas e phariseos.

3 Observae, pois, e practicae tudo o que vos disserem; mas não procedaes em conformidade com as suas obras, [2] porque dizem e não praticam:

4 Pois atam fardos pesados e difficeis de supportar, [3] e os põem aos hombros dos homens; elles, porém, nem com o dedo querem movel-os;

5 E fazem todas as obras [4] a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largas phylacterias, e estendem as franjas [5] dos seus vestidos,

6 E amam os primeiros logares nas ceias [6] e as primeiras cadeiras nas synagogas,

7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens—Rabbi, Rabbi.

8 Vós, porém, não queiraes ser chamados Rabbi, [7] porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Christo: e todos vós sois irmãos.

9 E a ninguem na terra chameis vosso pae, [8] porque um só é o vosso Pae, o qual está nos céus.

10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Christo.

11 Porém [9] o maior d’entre vós será vosso servo.

12 E o que a si mesmo se exaltar [10] será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.

13 Mas ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [11] pois que fechaes aos homens o reino dos céus; porque nem vós entraes nem deixaes entrar aos que entram.

14 Ai de vós, escribas e phariseos, [12] hypocritas! pois que devoraes as casas das viuvas, e isto com pretexto de prolongadas orações; por isso soffrereis mais rigoroso juizo.

15 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um proselyto; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.

16 Ai de vós, conductores cegos! [13] pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo isso nada é; mas o que jurar pelo oiro do templo é devedor.

17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o oiro, [14] ou o templo, que sanctifica o oiro?

18 E aquelle que jurar pelo altar isso nada é; mas aquelle que jurar pela offerta que está sobre o altar é devedor.

19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a offerta, [15] ou o altar, que sanctifica a offerta?

[866]

20 Portanto, o que jurar pelo altar jura por elle e por tudo o que sobre elle está:

21 E o que jurar pelo templo jura por elle [16] e por aquelle que n’elle habita:

22 E o que jurar pelo céu jura pelo throno de Deus [17] e por aquelle que está assentado n’elle.

23 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [18] pois que dizimaes a hortelã, o endro e o cominho, e desprezaes o mais importante da lei, o juizo, a misericordia e a fé: deveis, porém, fazer estas coisas, e não omittir aquellas.

24 Conductores cegos! que coaes o mosquito e engulis o camelo.

25 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [19] pois que limpaes o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e iniquidade.

26 Phariseo cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que tambem o exterior fique limpo.

27 Ai de vós, escribas e phariseos, hypocritas! [20] pois que sois similhantes aos sepulchros caiados, que por fóra realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios d’ossos de mortos e de toda a immundicia.

28 Assim tambem vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estaes cheios de hypocrisia e iniquidade.

29 Ai de vós, [21] escribas e phariseos, hypocritas! pois que edificaes os sepulchros dos prophetas e adornaes os monumentos dos justos.

30 E dizeis: Se existissemos no tempo de nossos paes, nunca nos associariamos com elles para derramar o sangue dos prophetas.

31 Assim, [22] vós mesmos testificaes que sois filhos dos que mataram os prophetas.

32 Enchei [23] vós pois a medida de vossos paes.

33 Serpentes, [24] raça de viboras! como escapareis da condemnação do inferno?

34 Portanto, eis que [25] eu vos envio prophetas, sabios e escribas; e a uns d’elles matareis e crucificareis; e a outros d’elles açoitareis nas vossas synagogas e os perseguireis de cidade em cidade;

35 Para que sobre vós caia todo o sangue justo, [26] que foi derramado sobre a terra, desde o sangue d’Abel, o justo, até ao sangue de Zacharias, filho de Baraquias, que matastes entre o templo e o altar.

36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração.

37 Jerusalem, Jerusalem, [27] que matas os prophetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quiz eu ajuntar os teus filhos, como a gallinha ajunta os seus pintos debaixo das azas, e vós não quizestes!

38 Eis que a vossa casa vae ficar-vos deserta;

39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digaes: [28] Bemdito o que vem em nome do Senhor.

[1] Neh. 8.4, 8. Mal. 2.7. Mar. 12.38. Luc. 20.45.

[2] Rom. 2.19, etc.

[3] Luc. 11.46. Act. 15.10. Gal. 6.13.

[4] cap. 6.1, 2, 5, 16.

[5] Num. 15.38. Deu. 6.8 e 22.12. Pro. 3.3.

[6] Mar. 12.38. Luc. 11.43. III João 9.

[7] Thi. 3.1. II Cor. 1.24. I Ped. 5.3.

[8] Mal. 1.6.

[9] cap. 20.26, 27.

[10] Job 22.29. Pro. 15.33. Luc. 14.11. Thi. 4.6. I Ped. 5.5.

[11] Luc. 11.52.

[12] Mar. 12.40. Luc. 20.47. II Tim. 3.6. Tito 1.11.

[13] cap. 15.14 e 5.33, 34. ver. 24.

[14] Exo. 30.29.

[15] Exo. 29.37.

[16] I Reis 8.13. II Chr. 6.2. Psa. 26.8.

[17] Psa. 11.4. cap. 5.34. Act. 7.49.

[18] Luc. 11.42. I Reis 15.22. Ose. 6.6. Miq. 6.8. cap. 9.13.

[19] Mar. 7.4. Luc. 11.39.

[20] Luc. 11.44. Act. 23.3.

[21] Luc. 11.47.

[22] Act. 7.51, 52. I The. 2.15.

[23] Gen. 15.16. I The. 2.16.

[24] cap. 3.7 e 12.34.

[25] cap. 21.34 e 10.17. Luc. 11.49. Act. 5.40 e 7.58 e 22.19. II Cor. 11.24, 25.

[26] Apo. 18.24. Gen. 4.8. I João 3.12. II Chr. 24.20.

[27] Luc. 13.34. II Cor. 24.21. Deu. 32.11. Psa. 17.8 e 91.4.

[28] Psa. 118.26. cap. 21.9.

O sermão prophetico; o principio de dôres.

Mar. 13.1. Luc. 21.5-36.

24 E, quando Jesus ia saindo do templo, approximaram-se d’elle os seus discipulos para lhe mostrarem a estructura do templo.

2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo [1] que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.

3 E, estando assentado no monte das Oliveiras, [2] chegaram-se a elle os seus discipulos em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas, e que signal haverá da tua vinda e do fim do mundo?

4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: [3] Acautelae-vos, que ninguem vos engane;

5 Porque [4] muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Christo; e seduzirão muitos.

6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhae não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.

7 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, [5] e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em varios logares.

8 Mas todas estas coisas são o principio de dôres.

9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, [6] e matar-vos-hão: e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome.

[867]

10 Então muitos serão escandalizados, [7] e trahir-se-hão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão,

11 E surgirão muitos falsos prophetas, [8] e enganarão muitos.

12 E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.

13 Mas aquelle que perseverar até ao fim [9] será salvo.

14 E este evangelho do reino será prégado em todo o mundo, [10] em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.

O sermão continúa. A grande tribulação.

15 Quando pois virdes que a abominação da desolação, [11] de que fallou o propheta Daniel, está no logar sancto; quem lê, attenda;

16 Então, os que estiverem na Judea, fujam para os montes;

17 E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa da sua casa;

18 E quem estiver no campo não volte atraz a buscar os seus vestidos.

19 Mas ai das gravidas [12] e das que amamentarem n’aquelles dias!

20 E orae para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem em sabbado;

21 Porque [13] haverá então grande afflicção, como nunca houve desde o principio do mundo até agora, nem tão pouco ha de haver.

22 E, se aquelles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; [14] mas por causa dos escolhidos serão abreviados aquelles dias.

23 Então, se alguem vos disser: Eis que [15] o Christo está aqui, ou ali, não deis credito;

24 Porque [16] surgirão falsos christos e falsos prophetas, e farão tão grandes signaes e prodigios que, se possivel fôra, enganariam até os escolhidos.

25 Eis que eu vol-o tenho predito.

26 Portanto, se vos disserem: Eis que elle está no deserto, não saiaes; Eis que elle está nas camaras; não acrediteis.

27 Porque, como o relampago [17] sae do oriente e apparece até ao occidente, assim será tambem a vinda do Filho do homem.

28 Pois onde estiver o cadaver, [18] ahi se ajuntarão as aguias.

O sermão continúa: A vinda do Filho do homem.

29 E, logo depois da afflicção d’aquelles dias, [19] o sol escurecerá, e a lua não dará o seu resplendor, e as estrellas cairão do céu, e as potencias dos céus serão abaladas.

30 Então apparecerá no céu [20] o signal do Filho do homem; e todas as tribus da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande gloria.

31 E enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, [21] e ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma á outra extremidade dos céus.

32 Aprendei pois esta parabola da figueira: [22] Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está proximo o verão.

33 Egualmente, quando virdes todas estas coisas, [23] sabei que está proximo ás portas.

34 Em verdade vos digo que não passará esta geração [24] sem que todas estas coisas aconteçam.

35 O céu e a terra passarão, mas [25] as minhas palavras não hão de passar.

O sermão continúa: Exhortação á vigilancia.

36 Porém d’aquelle dia e hora ninguem sabe, [26] nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pae.

37 E, como foi nos dias de Noé, assim será tambem a vinda do Filho do homem.

38 Porque como, [27] nos dias anteriores ao diluvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,

39 E não o conheceram, até que veiu o diluvio, e os levou a todos,—assim será tambem a vinda do Filho do homem.

40 Então, [28] dois estarão no campo; será levado um, e deixado outro.

41 Duas estarão moendo no moinho; será levada uma, e deixada outra.

42 Vigiae, pois, [29] porque não sabeis a que hora ha de vir o vosso Senhor:

[868]

43 Mas considerae isto: [30] se o pae de familia soubesse a que vigilia da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.

44 Por isso, [31] estae vós apercebidos tambem; porque o Filho do homem ha de vir á hora em que não penseis.

O sermão continúa: A parabola dos dois servos.

45 Quem é pois o servo fiel e prudente, [32] que o Senhor constituiu sobre os seus servos, para lhes dar o sustento a seu tempo?

46 Bemaventurado aquelle servo que o Senhor, [33] quando vier, achar fazendo assim.

47 Em verdade vos digo [34] que o porá sobre todos os seus bens.

48 Porém, se aquelle mau servo disser comsigo: O meu senhor tarde virá;

49 E começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os temulentos,

50 Virá o senhor d’aquelle servo n’um dia em que o não espera, e á hora em que elle não sabe,

51 E separal-o-ha, e porá a sua parte com os hypocritas: [35] ali haverá pranto e ranger de dentes.

[1] I Reis 9.7. Jer. 26.18. Miq. 3.12. Luc. 19.44.

[2] Mar. 13.3. I The. 5.1.

[3] Eph. 5.6. Col. 2.8, 18. II The. 2.3. I João 4.1.

[4] Jer. 14.14 e 23.21. João 5.43.

[5] II Chr. 15.6. Isa. 19.2. Agg. 2.23. Zac. 14.13.

[6] cap. 10.17. Mar. 13.9. Luc. 21.21. João 15.20. Act. 4.2. I Ped. 4.16. Apo. 2.10.

[7] cap. 11.6 e 13.57. II Tim. 1.15 e 4.9, 16.

[8] cap. 7.15. Act. 20.29. II Ped. 2.1. I Tim. 4.1.

[9] cap. 10.22. Mar. 13.13. Heb. 3.6, 14. Apo. 2.10.

[10] cap. 4.23 e 9.35. Rom. 10.18. Col. 1.6, 26.

[11] Mar. 13.14. Luc. 21.20. Dan. 9.27 e 12.11.

[12] Luc. 23.29.

[13] Dan. 9.26 e 12.1. Joel 2.2.

[14] Isa. 65.8, 9. Zac. 14.2, 3.

[15] Mar. 13.21. Luc. 17.23 e 21.8.

[16] Deu. 13.1. II The. 2.9. Apo. 13.13. João 6.37. Rom. 8.28. II Tim. 2.19.

[17] Luc. 17.24.

[18] Job 39.30. Luc. 17.37.

[19] Dan. 7.11. Isa. 13.10. Eze. 32.7. Joel 2.10. Amós 5.20. Mar. 13.24. Luc. 21.25. Act. 2.20. Apo. 6.12.

[20] Dan. 7.13. Zac. 12.12. cap. 16.27. Mar. 13.26. Apo. 1.7.

[21] cap. 13.41. I Cor. 15.52. I The. 4.15.

[22] Luc. 21.29.

[23] Thi. 5.9.

[24] cap. 16.28. Mar. 13.30. Luc. 21.32.

[25] Isa. 51.6. Jer. 31.36. Mar. 13.31. Luc. 21.33. Heb. 1.11.

[26] Mar. 13.32. Act. 1.7. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Zac. 14.7.

[27] Gen. 6.3. Luc. 17.26. I Ped. 3.20.

[28] Luc. 17.34, etc.

[29] cap. 25.13. Mar. 13.33. Luc. 21.36.

[30] Luc. 12.39. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[31] cap. 25.13. I The. 5.6.

[32] Luc. 12.42. Act. 20.28. I Cor. 4.2. Heb. 3.5.

[33] Apo. 16.15.

[34] cap. 25.21, 23. Luc. 22.29.

[35] cap. 8.12 e 25.30.

O sermão prophetico continúa: A parabola das dez virgens.

25 Então o reino dos céus será similhante a dez virgens que, tomando as suas [AFV] lampadas, sairam ao encontro do [1] esposo.

2 E cinco d’ellas eram prudentes, [2] e cinco loucas.

3 As loucas, tomando as suas lampadas, não levaram azeite comsigo,

4 Mas as prudentes levaram azeite nos seus vasos, com as suas lampadas.

5 E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, [3] e adormeceram.

6 Mas á meia noite ouviu-se um clamor: [4] Ahi vem o esposo, sahi-lhe ao encontro.

7 Então todas aquellas virgens se levantaram, [5] e prepararam as suas lampadas.

8 E as loucas disseram ás prudentes: Dae-nos do vosso azeite, porque as nossas lampadas se apagam.

9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide antes aos que o vendem, e comprae-o para vós.

10 E, tendo ellas ido compral-o, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com elle para as bodas, [6] e fechou-se a porta.

11 E depois chegaram tambem as outras virgens, dizendo: [7] Senhor, Senhor, abre-nos.

12 E elle, respondendo, disse: Em verdade vos digo [8] que vos não conheço.

13 Vigiae pois, [9] porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem ha de vir.

O sermão continúa: A parabola dos dez talentos.

Luc. 19.11-27.

14 Porque, é tambem como um homem que, partindo para fóra da sua terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens;

15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, [10] e ausentou-se logo para longe.

16 E, tendo elle partido, o que recebera cinco talentos negociou com elles, e grangeou outros cinco talentos.

17 Da mesma sorte, o que recebera dois, grangeou tambem outros dois;

18 Mas o que recebera um foi enterral-o no chão, e escondeu o dinheiro do seu senhor.

19 E muito tempo depois veiu o senhor d’aquelles servos, e fez contas com elles.

20 Então approximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que grangeei com elles.

21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. [11] Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; [12] entra no gozo do teu senhor.

22 E, chegando tambem o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com elles grangeei outros dois talentos.

23 Disse-lhe o seu senhor: [13] Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.

[869]

24 Mas, chegando tambem o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;

25 E, atemorisado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.

26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei;

27 Por isso te cumpria dar o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.

28 Tirae-lhe pois o talento, e dae-o ao que tem os dez talentos.

29 Porque a qualquer que tiver será dado, [14] e terá em abundancia; mas ao que não tiver até o que tem será tirado.

30 Lançae pois o servo inutil nas trevas exteriores: ali haverá pranto e [15] ranger de dentes.

O fim do sermão prophetico: A vida eterna e o castigo eterno.

31 E quando o Filho do homem vier em sua gloria, [16] e todos os sanctos anjos com elle, então se assentará no throno da sua gloria;

32 E todas as nações serão reunidas diante d’elle, e apartará uns dos outros, [17] como o pastor aparta dos bodes as ovelhas,

33 E porá as ovelhas á sua direita, mas os bodes á esquerda.

34 Então dirá o Rei aos que estiverem á sua direita: [18] Vinde, bemditos de meu Pae, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;

35 Porque tive fome, [19] e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;

36 Estava nú, [20] e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.

37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te démos de comer? ou com sede, e te démos de beber?

38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedámos? ou nú, e te vestimos?

39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo [21] que, quando o fizestes a um d’estes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

41 Então dirá tambem aos que estiverem á sua esquerda: [22] Apartae-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;

42 Porque tive fome, e não me destes de comer: tive sede, e não me destes de beber;

43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nú, não me vestistes; enfermo, e na prisão, não me visitastes.

44 Então elles tambem lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nú, ou enfermo, ou na prisão, e te não servimos?

45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando [23] a um d’estes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.

46 E estes irão [24] para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.

[1] Eph. 5.29. Apo. 19.7 e 21.2, 9.

[2] cap. 13.47 e 22.10.

[3] I The. 5.6.

[4] cap. 24.31.

[5] Luc. 12.35.

[6] Luc. 13.25.

[7] cap. 7.21, 22, 23.

[8] Psa. 5.6. Hab. 1.13. João 9.31.

[9] cap. 24.42, 46. Mar. 13.33, 35. Luc. 21.36. I Cor. 16.13. I The. 5.6. I Ped. 5.8. Apo. 16.15.

[10] Rom. 12.6. I Cor. 12.7, 11, 29. Eph. 4.11.

[11] cap. 24.47. ver. 34, 46. Luc. 12.44 e 22.29, 30.

[12] II Tim. 2.12. Heb. 12.2. I Ped. 1.8.

[13] ver. 21.

[14] cap. 13.12. Mar. 4.25. Luc. 8.18 e 19.26. João 15.2.

[15] cap. 8.12 e 24.51.

[16] Zac. 14.5. cap. 16.27. Mar. 8.38. Act. 1.11. I The. 4.16. II The. 1.7. Jud. 14. Apo. 1.7.

[17] Rom. 14.10. II Cor. 5.10. Apo. 20.12. Eze. 20.38 e 34.17. cap. 13.49.

[18] Rom. 8.17. I Ped. 1.4. Apo. 21.7. cap. 20.23. Mar. 10.40. I Cor. 2.9. Heb. 11.16.

[19] Isa. 58.7. Eze. 18.7. Thi. 1.27. Heb. 13.2. III João 5.

[20] Thi. 2. II Tim. 1.16.

[21] Pro. 14.31 e 19.17. cap. 10.42. Mar. 9.40. Heb. 6.10.

[22] Psa. 6.8. cap. 7.23 e 13.40. Luc. 13.27. II Ped. 2.4. Jud. 6.

[23] Pro. 14.31 e 17.5. Zac. 2.8. Act. 9.5.

[24] Dan. 12.2. João 5.29. Rom. 2.7.

A consulta dos sacerdotes e dos escribas.

Mar. 14.1, 2. Luc. 22.1, 2.

26 E aconteceu que, quando Jesus concluiu todos estes discursos, disse aos seus discipulos:

2 Bem sabeis que d’aqui a dois dias é [1] a paschoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.

3 Então os principes dos sacerdotes, e os escribas, [2] e os anciãos do povo reuniram-se na sala do summo sacerdote, o qual se chamava Caiphás,

4 E consultaram-se juntamente para prenderem Jesus com dolo e o matarem.

5 Porém diziam: Não durante a festa, para que não haja alvoroço entre o povo.

O jantar em Bethania.

Mar. 14.3-9. João 11.1-8.

6 E, estando Jesus em Bethania, em casa de Simão, o leproso,

7 Approximou-se d’elle uma mulher com um vaso d’alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lh’o sobre a cabeça, estando elle assentado á mesa.

8 E os seus discipulos, vendo isto, [3] indignaram-se, dizendo: Porque se faz este desperdicio?

9 Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres.

[870]

10 Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Porque affligis esta mulher? pois praticou uma boa acção para comigo.

11 Porquanto [4] sempre tendes comvosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre.

12 Ora, derramando ella este unguento sobre o meu corpo, fel-o preparando-me para o meu enterramento.

13 Em verdade vos digo que, onde quer que este Evangelho fôr prégado, em todo o mundo, tambem será dito o que ella fez, para memoria sua.

O preço da traição.

Mar. 14.10, 11. Luc. 22.3-6.

14 Então um dos doze chamado Judas Iscariotes, foi ter [5] com os principes dos sacerdotes,

15 E disse: [6] Que me quereis dar, e eu vol-o entregarei? E elles lhe arbitraram trinta [AFW] moedas de prata,

16 E desde então buscava opportunidade para o entregar.

A ultima paschoa, a sancta ceia.

Mar. 12.14-26. Luc. 22.7-23. I Cor. 11.23-29.

17 E, no [7] primeiro dia da festa dos pães asmos, chegaram os discipulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que te preparemos o necessario para comer a paschoa?

18 E elle disse: Ide á cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está proximo; em tua casa celebro a paschoa com os meus discipulos.

19 E os discipulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a paschoa.

20 E, chegada a tarde, [8] assentou-se á mesa com os doze.

21 E, comendo elles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me ha de trahir.

22 E elles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor?

23 E elle, respondendo, disse: [9] O que mette a mão no prato comigo, esse me ha de trahir.

24 Em verdade o Filho do homem vae, como ácerca [10] d’elle está escripto, mas ai d’aquelle homem por quem o Filho do homem é trahido! bom seria a esse homem se não houvera nascido.

25 E, respondendo Judas, o que o trahia, disse: Porventura sou eu, Rabbi? Elle disse: Tu o disseste.

26 E, quando comiam, [11] Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discipulos, e disse: Tomae, comei, isto é o meu corpo.

27 E, tomando o calix, e dando graças, deu-lh’o, dizendo: [12] Bebei d’elle todos;

28 Porque isto é o meu sangue, [13] o sangue do [AFX] Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos peccados.

29 E digo-vos que, desde agora, não beberei [14] d’este fructo da vide até áquelle dia em que o beber de novo comvosco no reino de meu Pae.

30 E, tendo cantado [15] o hymno, sairam para o monte das Oliveiras.

Pedro é avisado.

Mar. 14.27-31. Luc. 22.31-34. João 13.36-38.

31 Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; [16] porque está escripto: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.

32 Mas, depois de eu resuscitar, [17] irei adiante de vós para a Galilea.

33 Pedro, porém, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.

34 Disse-lhe Jesus: [18] Em verdade te digo que, n’esta mesma noite, antes que o gallo cante, tres vezes me negarás.

35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer comtigo, não te negarei. E o mesmo todos os discipulos disseram.

Jesus em Gethsemane.

Mar. 14.32-42. Luc. 22.39-46. João 18.1.

36 Então chegou Jesus com elles a um logar chamado Gethsemane, e disse aos discipulos: Assentae-vos aqui, emquanto vou além, a orar.

37 E, levando comsigo Pedro e [19] os dois filhos de Zebedeo, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.

38 Então lhes disse: [20] A minha alma está cheia de tristeza até á morte; ficae aqui, e velae comigo.

[871]

39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando [21] e dizendo: Meu Pae, [22] se é possivel, passe de mim este calix; porém, não como eu quero, mas como tu queres.

40 E voltou para os seus discipulos, e achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora podeste velar comigo?

41 Vigiae e orae, [23] para que não entreis em tentação: na verdade, o espirito está prompto, mas a carne é fraca.

42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pae, se este calix não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam carregados.

44 E, deixando-os, voltou, e orou terceira vez, dizendo as mesmas palavras.

45 Então chegou junto dos seus discipulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousae; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos peccadores.

46 Levantae-vos, partamos; eis que é chegado o que me trahe.

Jesus é preso.

Mar. 14.43-50. Luc. 22.47-53. João 18.2-11.

47 E, estando elle ainda a fallar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com elle uma grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos principes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.

48 E o que o trahia tinha-lhes dado signal, dizendo: O que eu beijar é elle; prendei-o.

49 E logo, approximando-se de Jesus, disse: Eu te saudo Rabbi. E [24] beijou-o.

50 Jesus, porém, lhe disse: [25] Amigo, a que vieste? Então, approximando-se, lançaram mão de Jesus, e prenderam-n’o.

51 E eis que [26] um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do summo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.

52 Então Jesus disse-lhe: Mette no seu logar a tua espada; porque [27] todos os que lançarem mão da espada á espada morrerão.

53 Ou pensas tu que não poderia eu agora orar a meu Pae, e elle não me daria mais de doze legiões [28] d’anjos?

54 Como pois se cumpririam as Escripturas, [29] que dizem que assim convem que aconteça?

55 Então disse Jesus á multidão: Saistes, como a um salteador, com espadas e varapaus para me prender? todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes.

56 Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escripturas dos prophetas. [30] Então todos os discipulos, deixando-o, fugiram.

Jesus perante o synhedrio.

Mar. 14.53-65. Luc. 22.63-71. João 18.12-27.

57 E, os que prenderam a Jesus, o conduziram ao summo sacerdote, Caiphás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.

58 E Pedro o seguiu de longe até ao pateo do summo sacerdote: e, entrando dentro, assentou-se entre os creados, para vêr o fim.

59 E os principes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para o poderem matar,

60 Mas não o achavam, apezar de se apresentarem [31] muitas testemunhas falsas; [32] mas por fim chegaram duas falsas testemunhas,

61 E disseram: Este disse: Eu posso [33] derribar o templo de Deus, e reedifical-o em tres dias.

62 E, levantando-se o [34] summo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?

63 Jesus, porém, [35] guardava silencio. E, insistindo o summo sacerdote, disse-lhe: [36] Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Christo, o Filho de Deus.

64 Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis [37] em breve o Filho do homem assentado á direita da magestade divina, e vindo sobre as nuvens do céu.

65 Então [38] o summo sacerdote rasgou os seus vestidos, dizendo: Blasphemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasphemia.

66 Que vos parece? E elles, respondendo, disseram: [39] E réu de morte.

[872]

67 Então cuspiram-lhe [40] no rosto; e uns lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam,

68 Dizendo: [41] Prophetiza-nos, Christo, quem é o que te bateu?

Pedro nega a Jesus.

Mar. 14.66-72. Luc. 22.54-62. João 18.15-18.

69 E Pedro estava assentado fóra, no pateo, e approximou-se d’elle uma creada, dizendo: Tu tambem estavas com Jesus, o galileo.

70 Mas elle negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.

71 E, saindo para o vestibulo, viu-o outra, e disse aos que ali estavam: Este tambem estava com Jesus, o nazareno.

72 E elle negou outra vez com juramento, dizendo: Não conheço tal homem.

73 E, d’ahi a pouco, approximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente tambem tu és um d’elles, pois a [42] tua falla te denuncia.

74 Então começou elle a [43] imprecar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E immediatamente o gallo cantou.

75 E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: [44] Antes que o gallo cante, tres vezes me negarás. E, saindo d’ali, chorou amargamente.

[1] João 13.1.

[2] Psa. 2.2. João 11.47. Act. 4.25, etc.

[3] João 12.4.

[4] Deu. 15.11. João 12.8 e 13.33 e 14.19. cap. 18.20.

[5] João 13.2, 30. cap. 10.4.

[6] Zac. 11.12. cap. 27.3.

[7] Exo. 12.6, 18.

[8] Mar. 14.17, 21. Luc. 22.14. João 13.21.

[9] Psa. 41.9. Luc. 22.21. João 13.18.

[10] Isa. 53. Dan. 9.26. Mar. 9.12. Luc. 24.46. Act. 17.2. I Cor. 15.3. João 17.12.

[11] Mar. 14.22. Luc. 22.19. I Cor. 11.23, 24, 25 e 10.16.

[12] Mar. 14.23.

[13] Exo. 24.8. Lev. 17.11. Jer. 31.31. cap. 20.28. Rom. 5.15. Heb. 9.22.

[14] Mar. 14.25. Luc. 22.18. Act. 10.41.

[15] Mar. 14.26.

[16] João 16.32. cap. 11.6. Zac. 13.7.

[17] cap. 28.7, 10, 16. Mar. 14.28 e 16.7.

[18] Mar. 14.30. Luc. 22.34. João 13.38.

[19] cap. 4.21.

[20] João 12.27.

[21] Mar. 14.36. Luc. 22.42. Heb. 5.7.

[22] João 12.27 e 5.30 e 6.38. cap. 20.22. Phi. 2.8.

[23] Mar. 13.33 e 14.38. Luc. 22.40, 46. Eph. 6.18.

[24] II Sam. 20.9.

[25] Psa. 41.9 e 54.3.

[26] João 18.10.

[27] Gen. 9.6. Apo. 13.10.

[28] II Reis 6.17. Dan. 7.10.

[29] Isa. 53.7, etc. ver. 24. Luc. 24.25, 44, 46.

[30] Lam. 4.20. ver. 54. João 18.15.

[31] Psa. 27.12 e 35.11. Mar. 14.55. Act. 6.13.

[32] Deu. 19.15.

[33] cap. 27.40. João 2.19.

[34] Mar. 14.60.

[35] Isa. 53.7. cap. 27.22.

[36] Lev. 5.1. I Sam. 14.24.

[37] Dan. 7.13. Luc. 21.27. João 1.51. Rom. 14.10. I The. 4.15. Apo. 1.7. Psa. 110.1. Act. 7.55.

[38] II Reis 18.37 e 19.1.

[39] Lev. 24.16. João 19.7.

[40] Isa. 50.6 e 53.3. cap. 27.30. Luc. 22.63. João 19.3.

[41] Mar. 14.65. Luc. 22.64.

[42] Luc. 22.59.

[43] Mar. 14.71.

[44] ver. 34. Mar. 14.30. Luc. 22.61, 62. João 13.38.

O suicidio de Judas.

Act. 1.16-19.

27 E, chegando a manhã, [1] todos os principes dos sacerdotes, e os anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o matarem;

2 E levaram-n’o maniatado, [2] e entregaram-n’o ao [AFY] presidente Poncio Pilatos.

3 Então Judas, [3] o que o trahira, vendo que fôra condemnado, devolveu, arrependido, as trinta [AFZ] moedas de prata aos principes dos sacerdotes e aos anciãos,

4 Dizendo: Pequei, trahindo o sangue innocente. Elles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é comtigo.

5 E elle, atirando para o templo as moedas de prata, [4] retirou-se, e, indo, enforcou-se.

6 E os principes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é licito mettel-as no cofre das offertas, porque são preço de sangue.

7 E, tendo deliberado juntamente, compraram com ellas o campo do oleiro, para sepultura dos estrangeiros.

8 Por isso foi chamado aquelle campo, [5] até ao dia d’hoje, Campo de sangue.

9 Então se realisou o que vaticinara o propheta Jeremias: [6] Tomaram as trinta moedas de prata, preço do avaliado, que os filhos d’Israel avaliaram,

10 E deram-n’as pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou.

Jesus perante Pilatos.

Mar. 15.1-20. Luc. 23.1-25. João 18.26-28; 19.1-16.

11 E foi Jesus apresentado ao presidente, e o presidente o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos judeos? E disse-lhe [7] Jesus: Tu o dizes.

12 E, sendo accusado pelos principes dos sacerdotes e pelos anciãos, [8] nada respondeu.

13 Disse-lhe então Pilatos: [9] Não ouves quanto testificam contra ti?

14 E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o presidente estava muito maravilhado.

15 Ora, [10] por occasião da festa, costumava o presidente soltar um preso, escolhendo o povo aquelle que quizesse.

16 E tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás.

17 Portanto, reunindo-se elles, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Christo?

18 Porque sabia que por inveja o haviam entregado.

19 E, estando elle assentado no tribunal, mandou sua mulher dizer-lhe: Não entres na questão d’esse justo, porque n’um sonho muito soffri por causa d’elle.

20 Mas os [11] principes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram á multidão que pedisse Barrabás e matasse Jesus.

21 E, respondendo o presidente, disse-lhes: Qual d’esses dois quereis vós que eu solte? E elles disseram: Barrabás.

22 Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Christo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado.

[873]

23 O [AGA] presidente, porém, disse: Pois que mal tem feito? E elles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado.

24 Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto [12] crescia, tomando agua, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou innocente do sangue d’este justo: considerae-o vós.

25 E, respondendo todo o povo, disse: O [13] seu sangue seja sobre nós e sobre nossos filhos.

26 Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo mandado [14] açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.

27 E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus [AGB] á audiencia, reuniram junto d’elle toda a cohorte.

28 E, despindo-o, o cobriram com uma capa de [15] escarlata;

29 E, tecendo uma corôa [16] d’espinhos, pozeram-lh’a na cabeça, e em sua mão direita uma canna; e, ajoelhando diante d’elle, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeos.

30 E, cuspindo [17] n’elle, tiraram-lhe a canna, e batiam-lhe com ella na cabeça.

31 E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe os seus vestidos e o levaram a crucificar.

A crucifixão.

Mar. 15.21-24. Luc. 23.26-49. João 19.17-37.

32 E, quando sahiam, [18] encontraram um homem cyreneo, chamado Simão: a este constrangeram a levar a sua cruz.

33 E, chegando ao [19] logar chamado Golgotha, que se diz: Logar da Caveira,

34 Deram-lhe a beber vinagre misturado [20] com fel; mas, provando-o, não quiz beber.

35 E, havendo-o crucificado, repartiram [21] os seus vestidos, lançando sortes: para que se cumprisse o que foi dito pelo propheta: Repartiram [22] entre si os meus vestidos, e sobre a minha tunica lançaram sortes.

36 E, assentados, o [AGC] guardavam ali.

37 E por cima da sua cabeça pozeram [23] escripta a sua accusação: [24] ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEOS.

38 E foram crucificados [25] com elle dois salteadores, um á direita, e outro á esquerda.

39 E os que passavam [26] blasphemavam d’elle, meneando as cabeças,

40 E dizendo: [27] Tu, que destroes o templo, e em tres dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.

41 E da mesma maneira tambem os principes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e phariseos, escarnecendo, diziam:

42 Salvou a outros, a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei d’Israel, desça agora da cruz, e creremos n’elle;

43 Confiou em Deus; [28] livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.

44 E o mesmo lhe lançaram tambem em rosto os salteadores [29] que estavam crucificados com elle.

45 E desde a hora [30] sexta houve trevas sobre toda a terra, até á hora nona.

46 E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, [31] dizendo: Eli, Eli, lama sabachthani; isto é, [32] Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?

47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias.

48 E logo um d’elles, correndo, tomou uma esponja, [33] e encheu-a de vinagre, e, pondo-a n’uma canna, dava-lhe de beber.

49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livral-o.

50 E Jesus, [34] clamando outra vez com grande voz, rendeu o espirito.

51 E eis que o véu do templo [35] se rasgou em dois, d’alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as [AGD] pedras,

52 E abriram-se os sepulchros, e muitos corpos de sanctos que dormiam foram resuscitados,

53 E, saindo dos sepulchros, depois da resurreição d’elle, entraram na cidade sancta, e appareceram a muitos.

54 E o centurião [36] e os que com elle guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam succedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente[874] este era o Filho de Deus.

55 E estavam ali olhando de longe muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galilea, [37] servindo-o,

56 Entre as quaes estavam Maria Magdalena, [38] e Maria, mãe de Thiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeo.

A sepultura de Jesus.

Mar. 15.42-47. Luc. 23.50-57. João 19.38-42.

57 E, vinda já a tarde, chegou um homem rico de Arimathea, por nome José, que tambem era discipulo de Jesus.

58 Este chegou a Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado.

59 E José, tomando o corpo, envolveu-o n’um fino e limpo lençol,

60 E o poz no seu sepulchro novo, [39] que havia lavrado n’uma rocha, e, revolvendo uma grande pedra para a porta do sepulchro, foi-se.

61 E estavam ali Maria Magdalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulchro.

62 E no dia seguinte, que é depois da preparação, reuniram-se os principes dos sacerdotes e os phariseos em casa de Pilatos,

63 Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquelle enganador, vivendo ainda, disse: [40] Depois de tres dias resuscitarei.

64 Manda pois que o sepulchro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não seja caso que os seus discipulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Resuscitou dos mortos; e assim o ultimo erro será peior do que o primeiro.

65 E disse-lhes Pilatos: [AGE] Tendes a guarda; ide, guardae-o como entenderdes.

66 E, indo elles, seguraram o sepulchro com a guarda, [41] sellando a pedra.

[1] Psa. 2.2. Mar. 15.1. Luc. 22.66 e 23.1. João 18.28.

[2] cap. 20.19. Act. 3.13.

[3] cap. 26.14, 15.

[4] II Sam. 17.23. Act. 1.18.

[5] Act. 1.19.

[6] Zac. 11.12, 13.

[7] João 18.37. I Tim. 6.13.

[8] cap. 26.53. João 19.9.

[9] cap. 26.62. João 19.10.

[10] Mar. 15.6. Luc. 21.17. João 18.39.

[11] Mar. 15.11. Luc. 23.18. João 18.40. Act. 8.14.

[12] Deu. 21.6.

[13] Deu. 19.10. Jos. 2.19. II Sam. 1.16. I Reis 2.32. Act. 5.28.

[14] Isa. 53.5. Mar. 15.15 e 16. Luc. 23.16, 24, 25. João 19.1, 16 e 19.2.

[15] Luc. 23.11. João 19.2.

[16] Psa. 69.20. Isa. 53.3.

[17] Isa. 50.6. cap. 26.67.

[18] Num. 15.35. I Reis 21.13. Act. 7.57. Heb. 13.12.

[19] Mar. 15.22. Luc. 23.33. João 19.17.

[20] Psa. 69.21. ver. 48.

[21] Mar. 15.24. Luc. 23.34. João 19.24.

[22] Psa. 22.18.

[23] ver. 54.

[24] Mar. 15.26. Luc. 23.38. João 19.19.

[25] Isa. 53.12. Mar. 15.27. Luc. 23.32, 33. João 19.18.

[26] Psa. 22.7 e 109.25. Mar. 15.29. Luc. 23.35.

[27] cap. 26.61, 63. João 2.19.

[28] Psa. 22.7, 8.

[29] Mar. 13.32. Luc. 23.39.

[30] Amós 8.9. Mar. 15.33. Luc. 23.44.

[31] Heb. 5.7.

[32] Psa. 22.1.

[33] Psa. 69.21. Mar. 15.36. Luc. 23.36. João 19.29.

[34] Mar. 15.37. Luc. 23.46.

[35] Exo. 26.31. II Chr. 3.14. Mar. 15.38. Luc. 23.45.

[36] ver. 36. Mar. 15.39. Luc. 23.47.

[37] Luc. 8.2, 3.

[38] Mar. 15.40.

[39] Isa. 53.9.

[40] cap. 16.21 e 26.61. Mar. 8.31 e 10.34. Luc. 9.22 e 24.6. João 2.19.

[41] Dan. 6.17.

A resurreição.

Mar. 16.1-8. Luc. 24.1-12. João 20.1-18.

28 E, no fim do sabbado, quando já começava a despontar para o primeiro dia da semana, Maria Magdalena e a outra Maria foram vêr o sepulchro;

2 E eis que houvera um grande terremoto, porque o anjo [1] do Senhor, descendo do céu, chegou, e revolveu a pedra da porta, e estava assentado sobre ella.

3 E o seu [2] aspecto era como um relampago, e o seu vestido branco como neve.

4 E os guardas, com medo d’elle, ficaram muito assombrados, e tornaram-se como mortos.

5 Mas o anjo, fallando, disse ás mulheres: Vós não tenhaes medo; pois eu sei que buscaes a Jesus, que foi crucificado.

6 Não está aqui, porque resuscitou, como havia dito. [3] Vinde, vêde o logar onde o Senhor jazia.

7 E ide immediatamente, e dizei aos seus discipulos que resuscitou dos mortos. E eis que elle vae [4] adiante de vós para a Galilea; ali o vereis. Eis que eu vol-o tenho dito.

8 E, saindo ellas pressurosamente do sepulchro, com temor e grande alegria, correram a annuncial-o aos seus discipulos;

9 E, indo ellas annuncial-o aos seus discipulos, eis que Jesus lhes sae ao encontro, [5] dizendo: Eu vos saúdo. E ellas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.

10 Então Jesus disse-lhes: Não temaes; ide, e annunciae a [6] meus irmãos que vão a Galilea, e lá me verão.

A mentira dos judeos.

11 E, indo ellas, eis que alguns da guarda, chegando á cidade, annunciaram aos principes dos sacerdotes todas as coisas que haviam acontecido.

12 E, congregados elles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados, dizendo:

13 Dizei: Vieram de noite os seus discipulos e, dormindo nós, o furtaram;

14 E, se isto chegar a ser ouvido pelo [AGF] presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.

15 E elles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruidos. E foi divulgado este dito entre os judeos, até ao dia d’hoje.

[875]

Jesus apparece aos seus discipulos em Galilea.

16 E os onze discipulos partiram para Galilea, para o monte, que [7] Jesus lhes tinha destinado.

17 E, quando o viram o adoraram; mas alguns duvidaram.

18 E, chegando-se Jesus, fallou-lhes, dizendo: [8] É-me dado todo o poder no céu e na terra.

19 Portanto ide, [9] [AGG] ensinae todas as nações, baptizando-as em nome do Pae, e do Filho e do Espirito Sancto;

20 Ensinando-as [10] a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou comvosco todos os dias, até á consummação do mundo. Amen.

[1] Mar. 16.5. Luc. 24.4. João 20.12.

[2] Dan. 10.6.

[3] cap. 12.40 e 16.21 e 17.22 e 20.19.

[4] cap. 26.32. Mar. 16.7.

[5] Mar. 16.9. João 20.14.

[6] João 20.17. Rom. 3.29. Heb. 2.11.

[7] cap. 26.32.

[8] Dan. 7.14. cap. 11.27. Luc. 10.22. João 13.3 e 17.2. Act. 2.36. Rom. 14.9. I Cor. 15.27. Eph. 1.10. Phi. 2.9. Heb. 1.2 e 2.8. I Ped. 3.22. Apo. 17.14.

[9] Mar. 16.15. Isa. 52.10. Luc. 24.47. Act. 2.38. Rom. 10.18. Col. 1.23.

[10] Act. 2.42.


O SANCTO EVANGELHO
SEGUNDO S. MARCOS.

João Baptista.

Mat. 3.1-12, etc.

Anno Domini 30

1 Principio do Evangelho de Jesus Christo, Filho [1] de Deus;

2 Como está escripto nos prophetas: [2] Eis-que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti.

3 Voz do que clama no [3] deserto: preparae o caminho do Senhor, endireitae as suas veredas.

4 Estava João baptizando no deserto, [4] e pregando o baptismo do arrependimento, para remissão dos peccados.

5 E toda a provincia da Judea e os de Jerusalem iam ter com elle; [5] e todos eram baptizados por elle no rio Jordão, confessando os seus peccados.

6 E João andava [6] vestido de pellos de camelo, e com um cinto de coiro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.

7 E prégava, dizendo: Após mim vem aquelle que é mais forte do que eu, [7] ao qual não sou digno de, encurvande me, desatar a correia das suas alparcas.

8 Eu, em verdade, tenho-vos [8] baptizado com agua; elle, porém, vos baptizará com o Espirito Sancto.

O baptismo e tentação de Jesus.

Mat. 3.13-17; 4.1-11.

9 E aconteceu [9] n’aquelles dias que Jesus, tendo ido de Nazareth, da Galilea, foi baptizado por João, no Jordão.

10 E, logo que saiu [10] da agua, viu os céus abertos, e o Espirito, que como pomba descia sobre elle.

11 E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu [11] Filho amado em quem me comprazo.

12 E logo [12] o Espirito o impelliu para o deserto,

13 E esteve ali no deserto quarenta dias, tentado por Satanaz. E estava com as féras, [13] e os anjos o serviam.

Vocação dos primeiros apostolos.

Mat. 4.12-25.

14 E, depois que João foi entregue á prisão, veiu Jesus para a Galilea, prégando o Evangelho do reino de Deus,

15 E dizendo: [14] O tempo está cumprido, e o reino de Deus está proximo. Arrependei-vos, [15] e crede no Evangelho.

16 E, andando junto do mar da Galilea, [16] viu Simão, e André, seu irmão,[876] que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.

17 E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejaes pescadores de homens.

18 E, [17] deixando logo as suas redes, o seguiram.

19 E, passando d’ali [18] um pouco mais adiante, viu Thiago, filho de Zebedeo, e João, seu irmão, que estavam no barco concertando as redes,

20 E logo os chamou. E elles, deixando o seu pae Zebedeo no barco com os jornaleiros, foram após elle.

A cura do endemoninhado de Capernaum.

Luc. 4.31-37.

21 E entraram em [19] Capernaum, e, logo no sabbado, entrando na synagoga, ensinava.

22 E maravilharam-se [20] da sua doutrina, porque os ensinava como tendo auctoridade, e não como os escribas.

23 E [21] estava na synagoga d’elles um homem com um espirito immundo, e exclamou, dizendo:

24 Ah! que temos [22] comtigo, Jesus nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Sancto de Deus.

25 E reprehendeu-o Jesus, [23] dizendo: Cala-te, e sae d’elle.

26 Então o espirito immundo, despedaçando-o, [24] e clamando com grande voz, saiu d’elle.

27 E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? que nova doutrina é esta? pois até com auctoridade ordena aos espiritos immundos, e elles lhe obedecem!

28 E logo correu a sua fama por toda a provincia da Galilea.

A cura da sogra de Pedro.

Mat. 8.14-17.

29 E [25] logo, saindo da synagoga, foram a casa de Simão e de André com Thiago e João.

30 E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe fallaram d’ella.

31 Então, chegando-se a ella, tomou-a pela mão, e levantou-a: e logo a febre a deixou, e servia-os.

32 E, tendo chegado a [26] tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados.

33 E toda a cidade se ajuntou á porta.

34 E curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades, [27] e expulsou muitos demonios, porém não deixava fallar os demonios, porque o conheciam.

35 E, levantando-se de manhã muito cedo, [28] fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um logar deserto, e ali orava.

36 E seguiram-n’o Simão e os que com elle estavam.

37 E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam.

38 E elle lhes disse: [29] Vamos ás aldeias visinhas, para que eu ali tambem prégue; porque para [30] isso vim.

39 E prégava nas synagogas d’elles por toda a [31] Galilea, e expulsava os demonios.

A cura d’um leproso.

Mat. 8.1-4, etc.

Anno Domini 31

40 E approximou-se d’elle [32] um leproso, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante d’elle, e dizendo-lhe: Se queres, podes limpar-me.

41 E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero; sê limpo.

42 E, tendo elle dito isto, logo a lepra desappareceu, e ficou limpo.

43 E, ameaçando-o, logo o despediu de si,

44 E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguem; porém vae, mostra-te ao sacerdote, e offerece pela tua purificação o que [33] Moysés determinou, para lhes servir de testemunho.

45 Mas, [34] tendo elle saido, começou a apregoar muitas coisas, e a divulgar o que acontecera; de sorte que Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fóra em logares desertos: [35] e de todas as partes iam ter com elle.

[1] Mat. 14.33. Luc. 1.35. João 1.34.

[2] Mal. 3.1. Mat. 11.10. Luc. 7.27.

[3] Isa. 40.3. Mat. 3.3. Luc. 3.4. João 1.15.

[4] Mat. 3.1. Luc. 3.3. João 3.23.

[5] Mat. 3.5.

[6] Mat. 3.4. Lev. 11.22.

[7] Mat. 3.11. João 1.27. Act. 13.25.

[8] Act. 1.5 e 11.16 e 19.4. Isa. 44.3. Joel 2.28. Act. 2.4 e 10.45. I Cor. 12.13.

[9] Mat. 13.18. Luc. 3.21.

[10] Mat. 3.16. João 1.32.

[11] Psa. 2.7. Mat. 3.17. cap. 9.7.

[12] Mat. 4.1. Luc. 4.1.

[13] Mat. 4.11.

[14] Dan. 9.25. Gal. 4.4. Eph. 1.10.

[15] Mat. 3.2 e 4.17.

[16] Mat. 4.18. Luc. 5.4.

[17] Mat. 19.27. Luc. 5.11.

[18] Mat. 4.21.

[19] Mat. 4.13.

[20] Mat. 7.28.

[21] Luc. 4.33.

[22] Mat. 8.29.

[23] ver. 34.

[24] cap. 9.19.

[25] Luc. 4.38.

[26] Mat. 8.16. Luc. 4.40.

[27] cap. 3.12. Luc. 4.41. Act. 16.17.

[28] Luc. 4.42.

[29] Luc. 4.43.

[30] Isa. 61.1. João 16.28 e 17.4.

[31] Mat. 4.23. Luc. 4.44.

[32] Luc. 5.12.

[33] Lev. 14.3, 4, 10. Luc. 5.14.

[34] Luc. 5.15.

[35] cap. 2.13.

O paralytico de Capernaum.

Mat. 9.1-8, etc.

2 E alguns [1] dias depois entrou outra vez em Capernaum, e ouviu-se que estava em casa.

2 E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos logares junto á porta cabiam; e annunciava-lhes a palavra.

3 Então foram ter com elle uns que conduziam um paralytico, trazido por quatro,

4 E, não podendo approximar-se d’elle, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um[877] buraco, baixaram o leito em que jazia o paralytico.

5 E Jesus, vendo a fé d’elles, disse ao paralytico: Filho, estão perdoados os teus peccados.

6 E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:

7 Porque diz este assim blasphemias? Quem pode perdoar peccados, senão Deus?

8 E Jesus, [2] conhecendo logo em seu espirito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Porque arrazoaes sobre estas coisas em vossos corações?

9 Qual é mais fácil? [3] dizer ao paralytico: [4] Estão perdoados os teus peccados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?

10 Pois para que saibaes que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar peccados (disse ao paralytico),

11 A ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vae para tua casa.

12 E levantou-se, e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos.

A vocação de Levi.

Mat. 9.9-13.

13 E tornou a sair para o mar, e toda a multidão ia ter com elle, e elle os ensinava.

14 E, passando, [5] viu Levi, filho d’Alpheo, assentado na [AGH] alfandega, e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu.

15 E aconteceu [6] que, estando elle sentado á mesa em casa d’elle, tambem estavam assentados á mesa com Jesus e seus discipulos muitos publicanos e peccadores; porque eram muitos, e o tinham seguido.

16 E os escribas e phariseos, vendo-o comer com os publicanos e peccadores, disseram aos seus discipulos: Porque come e bebe elle com os publicanos e peccadores?

17 E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: [7] Os sãos não necessitam de medico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os peccadores, ao arrependimento.

O jejum.

Mat. 9.14-17, etc.

18 Ora os discipulos de [8] João e os dos phariseos jejuavam; e foram e disseram-lhe: Porque jejuam os discipulos de João e os dos phariseos, e não jejuam os teus discipulos?

19 E Jesus disse-lhes: Podem porventura os filhos [AGI] das bodas jejuar emquanto está com elles o esposo? Emquanto teem comsigo o esposo, não podem jejuar;

20 Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão n’aquelles dias.

21 Ninguém deita remendo de panno novo em vestido velho; d’outra sorte o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica maior;

22 E ninguem deita vinho novo em odres velhos; d’outra sorte, o vinho novo rompe os odres, o vinho entorna-se, e os odres estragam-se; porém o vinho novo deve ser deitado em odres novos.

Jesus é Senhor do sabbado.

Mat. 12.1-8.

23 E [9] aconteceu que, passando elle n’um sabbado pelas searas, os seus discipulos, caminhando, [10] começaram a colher espigas.

24 E os phariseos lhe disseram: Vês? porque fazem no sabbado o que não é licito?

25 Mas elle disse-lhes: [11] Nunca lestes o que fez David quando estava em necessidade e teve fome, elle e os que com elle estavam?

26 Como entrou na casa de Deus, no tempo de Abiathar, summo sacerdote, e comeu [12] os pães da proposição, dos quaes não era licito comer, senão aos sacerdotes, e tambem deu aos que com elle estavam?

27 E disse-lhes: O sabbado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sabbado.

28 Assim [13] que o Filho do homem é Senhor até do sabbado.

[1] Luc. 5.13.

[2] Job 14.4. Isa. 42.35.

[3] Mat. 9.4.

[4] Mat. 9.5.

[5] Mat. 9.9. Luc. 5.27.

[6] Mat. 9.10.

[7] Mat. 9.12, 13 e 18.11. Deu. 5.31, 32 e 19.10. I Tim. 1.15.

[8] Luc. 5.33.

[9] Luc. 6.1.

[10] Deu. 23.25.

[11] I Sam. 21.6.

[12] Exo. 29.32, 33. Lev. 24.9. I Sam. 21.6.

[13] Mat. 12.8.

A cura de um que tinha uma das mãos mirrada.

Mat. 12.9-21, etc.

3 E outra vez entrou [1] na synagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada.

2 E estavam observando-o se curaria no sabbado, para o accusarem.

3 E disse ao homem que tinha a mão secca: Levanta-te para o meio.

[878]

4 E disse-lhes: É licito no sabbado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar? E elles calavam-se.

5 E, olhando para elles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E elle a estendeu, e foi-lhe restituida a sua mão, sã como a outra.

6 E, tendo saido [2] os phariseos, tomaram logo conselho com os herodianos contra elle, [3] como o matariam.

7 E retirou-se Jesus com os seus discipulos para o mar, e seguia-o uma grande multidão da Galilea [4] e da Judea,

8 E de Jerusalem, e da Idumea, e d’além do Jordão; e de perto de Tyro e Sidon uma grande multidão, ouvindo quão grandes coisas fazia, veem ter com elle.

9 E disse aos seus discipulos que lhe tivessem sempre prompto um barquinho junto d’elle, por causa da multidão, para que o não opprimisse,

10 Porque tinha curado a muitos, de tal maneira que todos quantos tinham algum [AGJ] mal se arrojavam sobre elle, para o tocarem.

11 E os espiritos [5] immundos, vendo-o, prostravam-se diante d’elle, e clamavam, dizendo: Tu és [6] o Filho de Deus.

12 E elle os ameaçava muito, para que não o manifestassem.

A eleição dos doze.

Mat. 10.1-4, etc.

13 E subiu ao [7] monte, e chamou para si os que elle quiz; e vieram a elle.

14 E ordenou aos doze que estivessem com elle, para que os mandasse a prégar,

15 E para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demonios:

16 A Simão, [8] a quem poz o nome de Pedro,

17 E a Thiago, filho de Zebedeo, e a João, irmão de Thiago, aos quaes poz o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;

18 E a André, e a Philippe, e a Bartholomeo, e a Mattheus, e a Thomé, e a Thiago, filho de Alpheo, e a Thadeo, e a Simão, o cananeo,

19 E a Judas Iscariotes, o que o entregou.

A blasphemia dos escribas.

Luc. 11.14-23, etc.

20 E foram para casa. E ajuntou-se outra vez a multidão, [9] de tal maneira que nem sequer podiam comer pão.

21 E, quando os seus ouviram isto, sairam para o prender; [10] porque diziam: Está fóra de si.

22 E os escribas, que tinham descido de Jerusalem, diziam: [11] Tem Beelzebu, e pelo principe dos demonios expulsa os demonios.

23 E, chamando-os a si, [12] disse-lhes por parabolas: Como pode Satanaz expulsar Satanaz?

24 E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir.

25 E, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir.

26 E, se Satanaz se levantar contra si mesmo, e fôr dividido, não pode subsistir; antes tem fim.

27 Ninguem [13] pode roubar as alfaias do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não manietar o valente; e então roubará a sua casa.

28 Na verdade vos digo [14] que todos os peccados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasphemias, com que blasphemarem;

29 Qualquer, porém, que blasphemar contra o Espirito Sancto, nunca obterá perdão para sempre, [AGK] mas será réu do eterno juizo.

30 (Porque diziam: Tem espirito immundo.)

A familia de Jesus.

Mat. 12.46-50.

31 Chegaram então seus irmãos e sua mãe, [15] e, estando de fóra, enviaram a elle, chamando-o.

32 E a multidão estava assentada ao redor d’elle, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te buscam lá fóra.

33 E elle lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos?

34 E, olhando em redor para os que estavam assentados junto d’elle, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.

35 Porque qualquer que fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.

[1] Luc. 6.6.

[2] Mat. 12.14.

[3] Mat. 22.16.

[4] Luc. 6.17.

[5] cap. 1.23, 24. Luc. 4.41. Mat. 14.33.

[6] Mat. 12.16. cap. 1.25, 34.

[7] Luc. 6.12 e 9.1.

[8] João 1.42.

[9] cap. 6.31.

[10] João 7.5 e 10.20.

[11] Mat. 9.34. Luc. 11.15. João 7.20 e 8.48.

[12] Mat. 12.25.

[13] Isa. 49.24. Mat. 12.29.

[14] Mat. 12.31. Luc. 12.10. I João 5.16.

[15] Luc. 8.19.

[879]

A parabola do semeador.

Mat. 13.1-23.

4 E outra vez começou a [1] ensinar junto do mar, e juntou-se a elle uma grande multidão, de sorte que elle, entrando em um barco, se assentou dentro, no mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar.

2 E ensinava-lhes [2] muitas coisas, e lhes dizia na sua doutrina:

3 Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear;

4 E aconteceu que, semeando elle, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram;

5 E outra caiu sobre pedregaes, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda;

6 Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, seccou-se.

7 E outra caiu entre espinhos, e, crescendo os espinhos, a suffocaram e não deu fructo.

8 E outra caiu em boa [3] terra e deu fructo, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem.

9 E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

10 E, quando [4] se achou só, os que estavam junto d’elle com os doze interrogaram-n’o ácerca da parabola.

11 E elle disse-lhes: A vós é dado saber os mysterios do reino de Deus, mas aos que estão de fóra [5] todas estas coisas se dizem por parabolas,

12 Para que, vendo, [6] vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que se não convertam, e lhes sejam perdoados os seus peccados.

13 E disse-lhes: Não sabeis esta parabola? como pois entendereis todas as parabolas?

14 O que semeia, [7] semeia a palavra;

15 E os que estão junto do caminho são aquelles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a ouvido, vem logo Satanaz e tira a palavra que foi semeada nos seus corações.

16 E da mesma sorte os que recebem a semente sobre pedregaes; os quaes, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem,

17 Mas não teem raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.

18 E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quaes ouvem a palavra,

19 Mas os cuidados d’este mundo, e os enganos das [8] riquezas e as ambições d’outras coisas, entrando, soffocam a palavra, e fica infructifera.

20 E os que recebem a semente em boa terra, são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fructo, um trinta, outro sessenta, outro cem.

A parabola da candeia.

Luc. 8.16-18.

21 E disse-lhes: [9] Vem porventura a candeia para se metter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não vem antes para se collocar no velador?

22 Porque nada ha [10] encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar occulto, mas para ser descoberto.

23 Se alguém tem ouvidos [11] para ouvir, ouça.

24 E disse-lhes: Attendei ao que ides ouvir. [12] Com a medida com que medirdes ser-vos-ha medido, e ser-vos-ha accrescentado.

25 Porque ao que [13] tem, ser-lhe-ha dado; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.

A parabola da semente.

26 E dizia: [14] O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente á terra,

27 E dormisse, e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo elle como.

28 Porque a terra por si mesma fructifica, primeiro a herva, depois a espiga, e por ultimo o grão cheio na espiga.

29 E, quando o fructo se mostra, mette-lhe logo a [15] foice, porque está chegada a ceifa.

A parabola do grão de mostarda.

Mat. 13.31, 32.

30 E dizia: [16] A que assimilharemos o reino de Deus? ou com que parabola o compararemos?

31 É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a mais pequena de todas as sementes que ha na terra;

32 Mas, tendo sido semeado, cresce;[880] e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra.

33 E com muitas parabolas taes lhes fallava a palavra, [17] segundo o que podiam ouvir.

31 E sem parabolas nunca lhes fallava; porém tudo declarava em particular aos seus discipulos.

Jesus apazigua a tempestade.

Mat. 8.23-27, etc.

35 E, n’aquelle dia, [18] sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para a outra banda.

36 E elles, deixando a multidão, o levaram comsigo, assim como estava no barco; e havia tambem com elle outros barquinhos.

37 E levantou-se uma grande tempestade de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia.

38 E elle estava na pôpa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-n’o, e disseram-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos?

39 E elle, despertando, reprehendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança.

40 E disse-lhes: Porque sois tão timidos? Porque não tendes fé?

41 E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?

[1] Luc. 8.4.

[2] cap. 12.38.

[3] João 15.5. Col. 1.6.

[4] Mat. 13.10. Luc. 8.9, etc.

[5] I Cor. 5.12. Col. 4.5. I The. 4.11. I Tim. 3.7.

[6] Isa. 6.9. Mat. 13.14. Luc. 8.10. João 12.40. Act. 28.26. Rom. 11.8.

[7] Mat. 13.19.

[8] I Tim. 6.9, 17.

[9] Mat. 5.15.

[10] Mat. 10.26. Luc. 12.2.

[11] Mat. 11.15. ver. 9.

[12] Mat. 7.2. Luc. 6.38.

[13] Mat. 13.12 e 25.29. Luc. 8.18 e 19.26.

[14] Mat. 13.24.

[15] Apo. 14.15.

[16] Luc. 13.18. Act. 2.41 e 4.4 e 5.14 e 19.20.

[17] Mat. 13.34. João 16.12.

[18] Luc. 8.22.

O endemoninhado gadareno.

Mat. 8.26-34.

5 E chegaram á outra banda do mar, á provincia dos gadarenos.

2 E, saindo elle do barco, lhe saiu ao seu encontro logo, dos sepulchros, um homem com espirito immundo;

3 O qual tinha a sua morada nos sepulchros, e nem ainda com cadeias o podia alguem prender;

4 Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por elle feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguem o podia amansar.

5 E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulchros, e ferindo-se com pedras.

6 E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o.

7 E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu comtigo, Jesus, Filho do Deus Altissimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.

8 (Porque lhe dizia: Sae d’este homem, espirito immundo.)

9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos.

10 E rogava-lhe muito que os não enviasse para fóra d’aquella provincia.

11 E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.

12 E todos aquelles demonios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aquelles porcos, para que entremos n’elles.

13 E Jesus logo lh’o permittiu. E, saindo aquelles espiritos immundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quasi dois mil), e afogaram-se no mar.

14 E os que apascentavam os porcos fugiram, e o annunciaram na cidade e nos campos; e sairam a vêr o que era aquillo que tinha acontecido.

15 E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juizo, e temeram.

16 E os que aquillo tinham visto contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado; e ácerca dos porcos.

17 E começaram [1] a rogar-lhe que se fosse dos seus termos.

18 E, entrando elle no barco, rogara-lhe o que [2] fôra endemoninhado que o deixasse estar com elle.

19 Jesus, porém, não lh’o permittiu, mas disse-lhe: Vae para tua casa, para os teus, e annuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericordia de ti.

20 E foi, e começou a annunciar em Decapolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam.

A filha de Jairo. A mulher que tinha um fluxo de sangue.

Mat. 9.18-26. Luc. 8.40-46.

21 E, passando Jesus outra vez n’um barco para a outra banda, ajuntou-se a elle uma grande multidão; e elle estava junto do mar.

22 E, eis que chegou [3] um dos principaes da synagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés,

23 E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva.

[881]

24 E foi com elle, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.

25 E uma certa mulher, [4] que, havia doze annos tinha um fluxo de sangue,

26 E que havia padecido muito com muitos medicos, e dispendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando, antes indo a peior;

27 Ouvindo fallar de Jesus, veiu por detraz, entre a multidão, e tocou o seu vestido.

28 Porque dizia: Se tão sómente tocar os seus vestidos, sararei.

29 E logo se lhe seccou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar curada d’aquelle [AGL] açoite.

30 E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saira, [5] voltando-se para a multidão, disse: Quem tocou os meus vestidos?

31 E disseram-lhe os seus discipulos: Vês que a multidão te aperta, e dizes: Quem me tocou?

32 E elle olhava em redor, para vêr a que isto fizera.

33 Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, approximou-se, e prostrou-se diante d’elle, e disse-lhe toda a verdade.

34 E elle lhe disse: [6] Filha, a tua fé te salvou; vae em paz, e sê curada d’este teu açoite.

35 Estando elle ainda [7] fallando, chegaram alguns do principal da synagoga, dizendo: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?

36 E Jesus, tendo ouvido esta palavra que se dizia, disse ao principal da synagoga: Não temas, crê sómente.

37 E não permittiu que alguem o seguisse, senão Pedro, e Thiago, e João, irmão de Thiago.

38 E, tendo chegado a casa do principal da synagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam.

39 E, entrando, disse-lhes: Porque vos alvoroçaes e choraes? a menina não está morta, [8] mas dorme.

40 E riam-se d’elle; porém elle, tendo-os posto a todos fóra, [9] tomou comsigo o pae e a mãe da menina, e os que com elle estavam, e entrou aonde a menina estava deitada.

41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talitha cumi: que, traduzido é: Filhinha, a ti te digo, levanta-te.

42 E logo a menina se levantou, e andava, pois tinha doze annos: e assombraram-se com grande espanto.

43 E mandou-lhes [10] expressamente que ninguem o soubesse; e disse que lhe dessem de comer.

[1] Mat. 8.34.

[2] Luc. 8.38.

[3] Mat. 9.18. Luc. 8.41.

[4] Lev. 15.25. Mat. 9.20.

[5] Luc. 6.19 e 8.46.

[6] Mat. 9.22. cap. 10.52. Act. 14.9.

[7] Luc. 8.49.

[8] João 11.11.

[9] Act. 9.40.

[10] Mat. 8.4 e 9.30 e 12.16 e 17.9. Luc. 5.14.

Jesus retira-se para Nazareth.

Mat. 13.53-58, etc.

6 E partiu d’ali, [1] e chegou á sua patria, e os seus discipulos o seguiram.

2 E, chegando o sabbado, começou a ensinar na synagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: [2] D’onde veem a este estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe foi dada? e taes maravilhas, que por suas mãos se fazem?

3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria, [3] e irmão de Thiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui comnosco suas irmãs? [4] E escandalizavam-se n’elle.

4 E Jesus lhes dizia: [5] Não ha propheta sem honra senão na sua patria, entre os seus parentes, e na sua casa.

5 E não [6] podia fazer maravilha alguma; sómente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.

6 E estava maravilhado [7] da incredulidade d’elles. E percorreu as aldeias visinhas, ensinando.

7 Chamou [8] a si os doze, e começou a envial-os a dois e dois, e deu-lhes poder sobre os espiritos immundos;

8 E ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão sómente um bordão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro no cinto;

9 Mas que [9] calçassem alparcas, e que não vestissem duas tunicas.

10 E dizia-lhes: Aonde [10] quer que entrardes n’alguma casa, ficae n’ella até sairdes de ali.

11 E, quando [11] alguns vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo d’ali, sacudi o pó que estiver debaixo dos [12] vossos pés, em testemunho para com elles. Em verdade vos digo que haverá mais tolerancia no dia de juizo para Sodoma e Gomorrah do que para os d’aquella cidade.

12 E, saindo elles, prégavam que se arrependessem.

13 E expulsavam muitos demonios, [13] e ungiam muitos enfermos com azeite, e os curavam.

[882]

A morte de João Baptista.

Mat. 14.1-12, etc.

Anno Domini 32

14 E ouviu isto [14] o rei Herodes (porque o seu nome se tornára notorio), e disse: João, o que baptizava, resuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam n’elle.

15 Outros [15] diziam: É Elias. E diziam outros: É um propheta, ou como um dos prophetas.

16 Herodes, porém, [16] ouvindo isto, disse: Este é João, que mandei degolar, resuscitou dos mortos.

17 Porque o mesmo Herodes mandára prender a João, e encerral-o manietado no carcere, por causa de Herodias, mulher de Philippe, seu irmão, porquanto tinha casado com ella.

18 Porque dizia João a Herodes: Não [17] te é licito possuir a mulher de teu irmão.

19 E Herodias o espiava, e queria matal-o, mas não podia,

20 Porque Herodes temia [18] a João, sabendo que era varão justo e sancto; e [AGM] estimava-o, e fazia muitas coisas, attendendo-o, e de boamente o ouvia.

21 E, chegando um dia opportuno em que Herodes, no dia dos [19] seus annos [20] dava uma ceia aos grandes, e tribunos, e principes da Galilea,

22 E, tendo entrado a filha da mesma Herodias, e dançando, e agradando a Herodes e aos que estavam com elle á mesa, o rei disse á menina: Pede-me o que quizeres, e eu t’o darei.

23 E jurou-lhe, dizendo: Tudo o [21] que me pedires te darei, até metade do meu reino.

24 E, saindo ella, disse a sua mãe: Que pedirei? E ella disse: A cabeça de João Baptista.

25 E, entrando logo apressadamente, pediu ao rei, dizendo: Quero que immediatamente me dês n’um prato a cabeça de João Baptista.

26 E o [22] rei entristeceu-se muito; todavia, por causa do juramento e dos que estavam com elle á mesa, não lh’a quiz negar.

27 E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a cabeça de João. E elle foi, e degolou-o na prisão;

28 E trouxe a cabeça n’um prato, e deu-a á menina, e a menina a deu a sua mãe.

29 E os seus discipulos, tendo ouvido isto, foram, tomaram o seu corpo, e o pozeram n’um sepulchro.

A primeira multiplicação dos pães.

Mat. 14.13-21, etc.

30 E os [23] apostolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado.

31 E elle disse-lhes: [24] Vinde vós, aqui áparte, a um logar deserto, e repousae um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, [25] e não tinham tempo para comer.

32 E foram n’um barco para um logar deserto, em particular.

33 E a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e concorreram lá a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que elles, e approximavam-se d’elle.

34 E Jesus, saindo, [26] viu uma grande multidão, e teve compaixão d’elles, porque eram como ovelhas que não teem pastor; [27] e começou a ensinar-lhes muitas coisas.

35 E, como o dia fosse já muito adiantado, [28] os seus discipulos se approximaram d’elle, e lhe disseram: O logar é deserto, e o dia está já muito adiantado;

36 Despede-os, para que vão aos logares e aldeias circumvisinhas, e comprem pão para si; porque não teem que comer.

37 Elle, porém, respondendo, lhes disse: Dae-lhes vós de comer. E elles disseram-lhe: [29] Iremos nós, e compraremos duzentos dinheiros de pão para lhes darmos de comer?

38 E elle disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide vêr. E, sabendo-o elles, disseram: Cinco [30] e dois peixes.

39 E ordenou-lhes que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a herva verde.

40 E assentaram-ce repartidos de cem em cem, e de cincoenta em cincoenta.

41 E, tomando elle os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, [31] abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discipulos para que os pozessem adiante d’elles. E repartiu os dois peixes por todos;

42 E todos comeram, e ficaram fartos;

43 E levantaram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixes.

[883]

44 E os que comeram os pães eram quasi cinco mil homens.

Jesus anda por cima do mar.

Mat. 14.22-36.

45 E logo [32] obrigou os seus discipulos a subir para o barco, e ir adiante, para a outra banda, defronte de Bethsaida, entretanto que elle despedia a multidão.

46 E, tendo-os despedido, foi ao monte a orar.

47 E, [33] sobrevindo a tarde, estava o barco no meio do mar, e elle sósinho em terra.

48 E viu que se fatigavam remando muito, porque o vento lhes era contrario, e perto da quarta vigilia da noite approximou-se d’elles, andando sobre o mar, [34] e queria passar adiante d’elles.

49 Mas, quando o viram andar sobre o mar, cuidaram que era um phantasma, e deram grandes gritos.

50 Porque todos o viam, e turbaram-se; mas logo fallou com elles, e disse-lhes: Tende bom animo; sou eu, não temaes.

51 E subiu para o barco para estar com elles, e o vento se aquietou; e entre si ficaram muito assombrados e maravilhados;

52 Pois ainda não tinham [35] comprehendido o milagre dos pães; porque o seu coração estava [36] endurecido.

53 E, [37] quando já estavam na outra banda, dirigiram-se á terra de Gennezareth, e ali tomaram porto.

54 E, saindo elles do barco, logo o conheceram;

55 E, correndo toda a terra em redor, começaram a trazer-lhe em leitos, aonde quer que sabiam que estava, os que se achavam enfermos.

56 E, aonde quer que entrava, em cidade, ou aldeias, ou logares, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que ao menos [38] tocassem a orla do seu vestido; e todos os que lhe tocavam saravam.

[1] Luc. 4.16.

[2] João 6.42.

[3] Mat. 12.46. Gal. 1.19.

[4] Mat. 11.6.

[5] Mat. 13.57. João 4.44.

[6] Gen. 19.22 e 32.25. Mat. 13.58. cap. 9.22.

[7] Isa. 59.16. Mat. 9.35. Luc. 13.22.

[8] Mat. 10.1. cap. 3.13, 14. Luc. 9.1.

[9] Act. 12.8.

[10] Mat. 10.11. Luc. 9.4 e 10.7, 8.

[11] Mat. 10.14. Luc. 10.10.

[12] Act. 13.51 e 18.6.

[13] Thi. 5.14.

[14] Luc. 9.7.

[15] Mat. 16.14. cap. 8.28.

[16] Mat. 14.2. Luc. 3.19.

[17] Lev. 18.16 e 20.21.

[18] Mat. 14.5 e 21.26.

[19] Mat. 14.6.

[20] Gen. 40.20.

[21] Est. 5.3, 6 e 7.2.

[22] Mat. 14.9.

[23] Luc. 9.10.

[24] Mat. 14.13. cap. 3.20.

[25] Mat. 14.13.

[26] Mat. 9.33 e 14.14.

[27] Luc. 9.11.

[28] Mat. 14.15. Luc. 9.12.

[29] Num. 11.13, 22. II Reis 4.43.

[30] Mat. 14.17 e 15.34. Luc. 9.13. João 6.9. cap. 8.5.

[31] I Sam. 9.13. Mat. 26.26.

[32] João 6.17.

[33] Mat. 14.23. João 6.16, 17.

[34] Luc. 24.28.

[35] cap. 8.17, 18.

[36] cap. 3.5 e 16.14.

[37] Mat. 14.34.

[38] Mat. 9.20. cap. 5.27, 28. Act. 19.12.

A tradição dos anciãos.

Mat. 15.1-20, etc.

7 E ajuntaram-se a elle os phariseos, e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalem,

2 E, vendo que alguns dos seus discipulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os reprehendiam.

3 Porque os phariseos, e todos os judeos, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes;

4 E, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas ha que se encarregaram de observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas.

5 Depois perguntaram-lhe [1] os phariseos e os escribas: Porque não andam os teus discipulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar?

6 E elle, respondendo, disse-lhes: Bem prophetizou Isaias ácerca de vós, hypocritas, como está escripto: [2] Este povo honra-me com os labios, mas o seu coração está longe de mim;

7 Em vão, porém, [AGN] me honram, ensinando doutrinas, mandamentos de homens.

8 Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas similhantes a estas.

9 E dizia-lhes: Bem invalidaes o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.

10 Porque Moysés disse: Honra [3] a teu pae e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pae ou a mãe, morrerá de morte.

11 Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pae ou á mãe: Aquillo que poderias aproveitar de mim é Corban, [4] isto é, offerta ao Senhor;

12 E nada mais lhe deixaes fazer por seu pae ou por sua mãe,

13 Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis similhantes a estas.

14 E, chamando [5] a si toda a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e comprehendei.

15 Nada ha, fóra do homem, que, entrando n’elle, o possa contaminar; mas o que sae d’elle isso é que contamina o homem.

16 Se alguem [6] tem ouvidos para ouvir, ouça.

17 Depois, [7] quando deixou a multidão, e entrou em casa, os seus discipulos[884] o interrogavam ácerca d’esta parabola.

18 E elle disse-lhes: Assim tambem vós estaes sem entendimento? Não comprehendeis que tudo o que de fóra entra no homem não o pode contaminar;

19 Porque não entra no seu coração, mas no estomago, e vae depois para um logar escuso, purificando todas as comidas?

20 E dizia: O que sae do homem isso contamina o homem.

21 Porque [8] do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adulterios, as fornicações, os homicidios,

22 Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasphemia, a soberba, a loucura.

23 Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem,

A mulher cananea.

Mat. 15.21-28.

24 E, levantando-se d’ali, foi para os termos de Tyro e de Sidon. E, entrando n’uma casa, não queria que alguem o soubesse: mas não pôde esconder-se,

25 Porque uma mulher, cuja filha tinha um espirito immundo, ouvindo fallar d’elle, foi, e lançou-se aos seus pés;

26 E esta mulher era grega, syro-phenicia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demonio.

27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convem tomar o pão dos filhos e lançal-o aos cachorrinhos.

28 Ella, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas tambem os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos.

29 Então elle disse-lhe: Por essa palavra, vae; o demonio saiu de tua filha.

30 E, indo ella para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que o demonio já tinha saido.

Cura d’um surdo e gago de Decapolis.

31 E elle, [9] tornando a sair dos termos de Tyro e de Sidon, foi para o mar da Galilea, pelos confins de Decapolis.

32 E trouxeram-lhe um surdo, que [10] fallava difficilmente; e rogaram-lhe que pozesse a mão sobre elle.

33 E, tirando-o á parte, de entre a multidão, metteu-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, [11] tocou-lhe a lingua.

34 E, levantando os olhos ao céu, [12] suspirou, [13] e disse: Ephphatha; isto é, Abre-te.

35 E logo [14] se abriram os seus ouvidos, e a prisão da lingua se desfez, e fallava perfeitamente.

36 E ordenou-lhes [15] que a ninguem o dissessem; mas, quanto mais lh’o prohibia, tanto mais o divulgavam.

37 E, admirando-se sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os surdos e fallar os mudos.

[1] Mat. 15.1.

[2] Isa. 29.13. Mat. 15.8.

[3] Exo. 20.12 e 21.17. Deu. 5.16. Mat. 15.4. Lev. 20.9. Pro. 20.20.

[4] Mat. 15.5 e 23.18.

[5] Mat. 15.10.

[6] Mat. 11.15.

[7] Mat. 15.15.

[8] Gen. 6.5.

[9] Mat. 15.29.

[10] Mat. 9.32. Luc. 11.14.

[11] cap. 8.23. João 9.6.

[12] cap. 6.41. João 11.41 e 17.1.

[13] João 11.33, 38.

[14] Isa. 35.5, 6. Mat. 11.5.

[15] cap. 5.43.

Segunda multiplicação dos pães.

8 N’aquelles dias, havendo mui grande multidão, [1] e não tendo que comer, Jesus chamou a si os seus discipulos, e disse-lhes:

2 Tenho compaixão da multidão, porque ha já tres dias que estão comigo, e não teem que comer.

3 E, se os deixar ir em jejum para suas casas, desfallecerão no caminho, porque alguns d’elles vieram de longe.

4 E os seus discipulos responderam-lhe: D’onde poderá alguem saciar estes de pão aqui no deserto?

5 E [2] perguntou-lhes: Quantos pães tendes? E disseram-lhe: Sete.

6 E ordenou á multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, e tendo dado graças, partiu-os, e deu-os aos seus discipulos, para que lh’os pozessem adiante, e pozeram-n’os adiante da multidão.

7 Tinham tambem uns poucos de peixinhos; e, tendo dado graças, [3] ordenou que tambem lh’os pozessem adiante.

8 E comeram, e saciaram-se; e dos pedaços que sobejaram levantaram sete alcofas.

9 E os que comeram eram quasi quatro mil; e despediu-os.

O fermento dos phariseos.

Mat. 16.1-12.

10 E, entrando logo no barco com os seus discipulos, foi para as partes de Dalmanutha.

11 E sairam [4] os phariseos, e começaram a disputar com elle, pedindo-lhe, para o tentarem, um signal do céu.

12 E, suspirando profundamente em seu espirito, disse: Porque pede esta geração um signal? Em verdade vos[885] digo que a esta geração não se dará signal.

13 E, deixando-os, tornou a entrar no barco, e foi para a outra banda.

14 E os seus discipulos [5] se esqueceram de tomar pão, e no barco não tinham comsigo senão um pão.

15 E ordenou-lhes, [6] dizendo: Olhae, guardae-vos do fermento dos phariseos e do fermento de Herodes.

16 E arrazoavam entre si, dizendo: É porque não temos [7] pão.

17 E Jesus, conhecendo isto, disse-lhes: Para que arrazoaes, que não tendes pão? não considerastes, nem [8] comprehendestes ainda? tendes ainda o vosso coração endurecido?

18 Tendo olhos, não vêdes? e, tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembraes?

19 Quando parti [9] os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Disseram-lhe: Doze.

20 E, [10] quando parti os sete entre os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? E disseram-lhe: Sete.

21 E elle lhes disse: [11] Como não entendeis ainda?

Cura d’um cego de Bethsaida.

22 E chegou a Bethsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.

23 E, tomando o cego pela mão, levou-o para fóra da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, [12] e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa.

24 E, levantando elle os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como arvores que andam.

25 Depois tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e lh’os fez levantar; e ficou restabelecido, e viu ao longe e distinctamente a todos.

26 E mandou-o para sua casa, dizendo: [13] Não entres na aldeia.

A confissão de Pedro.

Mat. 16.13-23.

27 E saiu Jesus [14] e os seus discipulos para as as aldeias de Cesarea de Philippo; e no caminho perguntou aos seus discipulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?

28 E elles responderam: [15] João Baptista; e outros, Elias; e outros, Um dos prophetas.

29 E elle lhes disse: Porém vós quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: [16] Tu és o Christo.

30 E [17] admoestou-os, que a ninguem dissessem aquillo d’elle.

31 E começou [18] a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e fosse rejeitado pelos anciãos e principes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, e depois de tres dias resuscitasse.

32 E dizia abertamente estas palavras. E Pedro o tomou á parte, e começou a reprehendel-o.

33 Mas elle, virando-se, e olhando para os seus discipulos, reprehendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanaz; porque não comprehendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens.

Cada um deve levar a sua propria cruz.

Mat. 6.24-28 e refs.

34 E, chamando a si a multidão, com os seus discipulos, disse-lhes: [19] Se alguem quizer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.

35 Porque [20] qualquer que quizer salvar a sua [AGO] vida perdel-a-ha, mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho esse a salvará.

36 Pois que aproveitaria ao homem, se ganhasse todo o mundo e perdesse a sua [AGP] alma?

37 Ou que dará o homem pelo resgate da sua alma?

38 Porque qualquer que, entre esta geração adultera e peccadora, se envergonhar [21] de mim e das minhas palavras, tambem o Filho do homem se envergonhará d’elle, quando vier na gloria de seu Pae, com os sanctos anjos.

[1] Mat. 15.32.

[2] Mat. 15.34. cap. 6.38.

[3] Mat. 14.19. cap. 6.41.

[4] Mat. 12.38. João 6.30.

[5] Mat. 16.5.

[6] Mat. 16.6. Luc. 12.1.

[7] Mat. 16.7.

[8] cap. 6.52.

[9] Mat. 14.20. cap. 6.43. Luc. 9.17. João 6.13.

[10] Mat. 15.37. ver. 8.

[11] cap. 6.52. ver. 17.

[12] cap. 7.33.

[13] Mat. 8.4. cap. 5.43.

[14] Luc. 9.18.

[15] Mat. 14.2.

[16] Mat. 16.16. João 6.59 e 11.27.

[17] Mat. 16.20.

[18] Mat. 16.21, 28. Luc. 9.22, 27.

[19] Mat. 10.38 e 16.24. Luc. 9.23 e 14.27.

[20] João 12.25.

[21] Mat. 10.33. Luc. 9.26 e 12.9. Rom. 1.16. II Tim. 1.8 e 2.12.

9 Dizia-lhes tambem: [1] Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns ha que não provarão a morte até que vejam vir [2] o reino de Deus com poder.

A transfiguração.

Mat. 17.1-13 e refs.

2 E seis dias [3] depois Jesus tomou[886] comsigo a Pedro, a Thiago, e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante d’elles;

3 E os seus vestidos tornaram-se resplandecentes, mui brancos como a neve, [4] taes como nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear.

4 E appareceu-lhes Elias com Moysés, e fallavam com Jesus.

5 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos tres cabanas, uma para ti, uma para Moysés, e uma para Elias.

6 Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados.

7 E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a elle ouvi.

8 E, tendo olhado em roda, ninguem mais viram, senão só Jesus com elles.

9 E, [5] descendo elles do monte, ordenou-lhes que a ninguem contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem resuscitasse dos mortos.

10 E elles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquillo: resuscitar dos mortos.

11 E interrogaram-n’o, dizendo: Porque dizem os escribas que é necessario que Elias [6] venha primeiro?

12 E, respondendo elle, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e todas as coisas restaurará: [7] e, como está escripto do Filho do homem, convem que padeça muito e seja aviltado.

13 Digo-vos, porém, [8] que Elias já veiu, e fizeram-lhe tudo o que quizeram, como d’elle está escripto.

O joven lunatico.

Mat. 17.14-21.

14 E, quando se approximou [9] dos discipulos, viu ao redor d’elles grande multidão, e alguns escribas que disputavam com elles.

15 E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para elle, o saudaram.

16 E perguntou aos escribas: Que questionaes com elles?

17 E um da multidão, respondendo, disse: [10] Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espirito mudo;

18 E, onde quer que o apanha, despedaça-o, e elle escuma, e range os dentes, e vae-se seccando; e eu disse aos teus discipulos que o expulsassem, e não poderam.

19 E elle, respondendo-lhes, disse: Ó geração incredula! até quando estarei comvosco? até quando vos soffrerei ainda? Trazei-m’o.

20 E trouxeram-lh’o; e, [11] quando o viu, logo o espirito o agitou com violencia, e, caindo por terra, revolvia-se, escumando.

21 E perguntou ao pae d’elle: Quanto tempo ha que lhe succede isto? E elle disse-lhe: Desde a infancia;

22 E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na agua, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.

23 E Jesus disse-lhe: [12] Se tu podes crêr; tudo é possível ao que crê.

24 E logo o pae do menino, clamando com lagrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade.

25 E Jesus, vendo que a multidão concorria, reprehendeu o espirito immundo, dizendo-lhe: Espirito mudo e surdo, eu te ordeno: Sae d’elle, e não entres mais n’elle.

26 E elle, clamando, e agitando-o com violencia, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto.

27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e elle se levantou.

28 E, quando [13] entrou em casa, os seus discipulos lhe perguntaram á parte: Porque o não podemos nós expulsar?

29 E disse-lhes: Esta casta não pode sair por coisa alguma, senão pela oração e jejum.

O maior no reino dos céus.

Mat. 18.1-14 e refs.

30 E, tendo partido d’ali, caminharam pela Galilea, e não queria que alguem o soubesse;

31 Porque ensinava os seus discipulos, e lhes dizia: [14] O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matal-o-hão; e, morto elle, resuscitará ao terceiro dia.

32 Mas elles não entendiam esta palavra, e temiam interrogal-o.

33 E chegou a Capernaum, e, [15] entrando em casa, perguntou-lhes: Que arrazoaveis entre vós pelo caminho?

34 Mas elles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual d’elles havia de ser o maior.

35 E elle, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: [16] Se alguem quizer[887] ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.

36 E, lançando [17] mão de um menino, pôl-o no meio d’elles, e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes:

37 Qualquer que receber um d’estes meninos em meu nome [18] a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber recebe, não a mim, mas ao que me enviou.

Quem não é contra nós é por nós.

Luc. 9.49, 50.

38 E João lhe respondeu, [19] dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demonios, o qual não nos segue; e nós lh’o prohibimos, porque não nos segue.

39 Jesus, porém, disse: Não lh’o prohibaes; porque ninguem ha [20] que faça milagre em meu nome e possa logo fallar mal de mim.

40 Porque quem não é [21] contra nós é por nós.

41 Porque qualquer que vos der [22] a beber um copo d’agua em meu nome, porque sois discipulos de Christo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão.

Os escandalos.

42 E qualquer que [23] escandalizar um d’estes pequeninos que crêem em mim melhor lhe fôra que lhe pozessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar.

43 E, se a tua mão te [24] escandalizar, corta-a: melhor te é entrar na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga;

44 Onde o seu bicho [25] não morre, e o fogo nunca se apaga.

45 E, se o teu pé te escandalizar, corta-o; melhor te é entrar côxo na vida do que, tendo dois pés, ser lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga;

46 Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.

47 E, se o teu olho te escandalizar, lança-o fóra; melhor te é entrar no reino de Deus com um olho do que, tendo dois olhos, ser lançado no fogo do inferno;

48 Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.

49 Porque cada um será [26] salgado com fogo, e cada sacrificio será salgado com sal.

50 Bom é o sal; [27] mas, se o sal se tornar insulso, com que o adubareis? tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.

[1] Mat. 15.28.

[2] Mat. 24.30 e 25.31. Luc. 22.18.

[3] Luc. 9.28.

[4] Dan. 7.9. Mat. 28.3.

[5] Mat. 17.9.

[6] Mat. 17.10.

[7] Psa. 22.6. Isa. 53.2, etc. Dan. 9.26. Luc. 23.11. Phi. 2.7.

[8] Mat. 11.14 e 17.12. Luc. 1.17.

[9] Luc. 9.37.

[10] Mat. 17.14. Luc. 9.38.

[11] cap. 1.26. Luc. 9.42.

[12] Mat. 17.20. cap. 11.23. Luc. 17.6. João 11.40.

[13] Mat. 17.18.

[14] Mat. 17.19. Luc. 9.44.

[15] Mat. 18.1. Luc. 9.46 e 22.24.

[16] Mat. 20.26, 27. cap. 10.43.

[17] Mat. 18.2. cap. 10.16.

[18] Mat. 10.40. Luc. 9.48.

[19] Num. 11.28.

[20] I Cor. 12.3.

[21] Mat. 12.30.

[22] Mat. 10.42.

[23] Mat. 18.6. Luc. 17.1.

[24] Deu. 13.6. Mat. 5.29 e 18.8.

[25] Isa. 66.24.

[26] Lev. 2.13. Eze. 43.24.

[27] Mat. 5.13. Luc. 14.34. Eph. 4.29. Col. 4.6. II Cor. 13.11. Heb. 12.14.

O divorcio.

Mat. 19.1-12 e refs.

Anno Domini 33

10 E, levantando-se d’ali, foi para [1] os termos da Judea, além do Jordão, e a multidão se reuniu em torno d’elle; e tornou a ensinal-os, como tinha por costume.

2 E, approximando-se d’elle os phariseos, [2] perguntaram-lhe, tentando-o: É licito ao homem repudiar sua mulher?

3 Mas elle, respondendo, disse-lhes: Que vos mandou Moysés?

4 E elles disseram: [3] Moysés permittiu escrever-lhe carta de divorcio, e repudial-a.

5 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos escreveu elle esse mandamento;

6 Porém, desde o principio da creação, Deus os fez [4] macho e femea.

7 Por isso [5] deixará o homem a seu pae e a sua mãe, e unir-se-ha a sua mulher,

8 E serão os dois uma só carne: assim que não serão dois, mas uma só carne.

9 Portanto o que Deus ajuntou não o separe o homem.

10 E em casa tornaram os discipulos a interrogal-o ácerca d’isto mesmo.

11 E elle lhes disse: [6] Qualquer que deixar a sua mulher e casar com outra adultéra contra ella.

12 E, se a mulher deixar a seu marido, e casar com outro, adultéra.

Jesus abençoa os meninos.

Mat. 19.13-15 e refs.

13 E [7] traziam-lhe meninos para que os tocasse, mas os discipulos reprehendiam aos que lh’os traziam.

14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixae vir os meninos a mim, e não os empeçaes; porque dos [8] taes é o reino de Deus.

15 Em verdade vos digo que qualquer que não receber [9] o reino de Deus como menino de maneira nenhuma entrará n’elle.

[888]

16 E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.

O mancebo rico.

Mat. 19.16-30.

17 E, saindo [10] para o caminho, correu para elle um, e, pondo-se de joelhos diante d’elle, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

18 E Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? ninguem ha bom senão um, que é Deus.

19 Tu sabes os mandamentos: Não [11] adulterarás; não matarás; não furtarás; não darás falsos testemunhos; não defraudarás alguem: honra a teu pae e a tua mãe.

20 Elle, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade.

21 E Jesus, olhando para elle, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vae, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, [12] e terás um thesouro no céu; e vem, segue-me.

22 Mas elle, pezaroso d’esta palavra, retirou-se triste; porque possuia muitas propriedades.

23 Então Jesus, [13] olhando em redor, disse aos seus discipulos: Quão difficilmente entrarão no reino de Deus os que teem riquezas!

24 E os discipulos se admiraram d’estas suas palavras; mas Jesus, tornando a fallar, [14] disse-lhes: Filhos, quão difficil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!

25 É mais facil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.

26 E elles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá pois salvar-se?

27 Jesus, porém, olhando para elles, disse: Para os homens é impossivel, mas não para Deus, porque para Deus [15] todas as coisas são possiveis.

28 E Pedro [16] começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixámos, e te seguimos.

29 E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguem ha, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pae, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do Evangelho,

30 Que [17] não receba cem vezes tanto, agora n’este tempo, casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no seculo futuro a vida eterna.

31 Porém [18] muitos primeiros serão derradeiros, e muitos derradeiros serão primeiros.

O pedido dos filhos de Zebedeo.

Mat. 20.17-28.

32 E iam no caminho, [19] subindo a Jerusalem: e Jesus ia adiante d’elles. E elles maravilhavam-se, e seguiam-n’o atemorisados. E, tornando a tomar comsigo os doze, começou [20] a dizer-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir,

33 Dizendo: Eis que nós subimos a Jerusalem, e o Filho do homem será entregue aos principes dos sacerdotes, e aos escribas, e o condemnarão á morte, e o entregarão aos gentios.

34 E o escarnecerão, e açoitarão, e cuspirão n’elle, e o matarão; e ao terceiro dia resuscitará.

35 E approximaram-se [21] d’elle Thiago e João, filhos de Zebedeo, dizendo: Mestre, quizeramos que nos fizesses o que pedirmos.

36 E elle lhes disse: Que quereis que vos faça?

37 E elles lhe disseram: Concede-nos que na tua gloria nos assentemos, um á tua direita, e outro á tua esquerda.

38 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis: podeis vós beber o calix que eu bebo, e ser baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado?

39 E elles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o calix que eu beber, e sereia baptizados com o baptismo com que eu sou baptizado;

40 Mas o assentar-se á minha direita, ou á minha esquerda, não me pertence a mim concedel-o, senão áquelles para quem está preparado.

41 E [22] os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Thiago e João.

42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: [23] Sabeis que os que julgam ser principes das gentes d’ellas se assenhoream, e os seus grandes usam de auctoridade sobre ellas;

43 Mas [24] entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quizer ser grande, será vosso [AGQ] servo;

[889]

44 E qualquer que d’entre vós quizer ser o primeiro será [AGR] servo de todos.

45 Porque o [25] Filho do homem tambem não veiu para ser servido, mas para servir e dar [26] a sua vida em resgate por muitos.

O cego de Jericó.

Mat. 20.29-34.

46 Depois foram para Jericó. E, saindo [27] elle de Jericó com seus discipulos, e uma grande multidão, Bartimeo, o cego, filho de Timeo, estava assentado junto do caminho, mendigando.

47 E, ouvindo que era Jesus de Nazareth, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de David! tem misericordia de mim.

48 E muitos o reprehendiam, para que se calasse; mas elle clamava cada vez mais: Filho de David! tem misericordia de mim.

49 E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom animo; levanta-te, que elle te chama.

50 E elle, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus.

51 E Jesus, fallando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que recupere a vista.

52 E Jesus lhe disse: [28] Vae, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

[1] João 10.40 e 11.7.

[2] Mat. 19.3.

[3] Deu. 24.1. Mat. 5.31 e 19.7.

[4] Gen. 1.27 e 5.2.

[5] Gen. 2.24. I Cor. 6.16. Eph. 5.31.

[6] Mat. 5.32 e 19.9. Luc. 16.18. Rom. 7.3. I Cor. 7.10, 11.

[7] Luc. 18.15.

[8] I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[9] Mat. 18.3.

[10] Luc. 18.18.

[11] Exo. 20.14. Rom. 13.9.

[12] Mat. 6.19, 20 e 19.21. Luc. 12.33 e 16.9.

[13] Mat. 19.23. Luc. 18.24.

[14] Job 31.24. Psa. 52.7 e 62.10. I Tim. 6.17.

[15] Jer. 3.2, 17. Mat. 19.26. Luc. 1.37.

[16] Mat. 19.27. Luc. 18.28.

[17] II Chr. 25.9. Luc. 18.30.

[18] Mat. 19.30 e 20.16. Luc. 13.30.

[19] Luc. 18.31.

[20] cap. 8.31 e 9.31. Luc. 9.22 e 18.31.

[21] Mat. 10.20.

[22] Mat. 20.24.

[23] Luc. 22.25.

[24] Mat. 20.26, 28. cap. 3.35. Luc. 9.48.

[25] João 13.14. Phi. 2.7.

[26] Mat. 20.28. I Tim. 2.6. Tito 2.14.

[27] Luc. 18.35.

[28] Mat. 9.22. cap. 5.34.

A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem.

Mat. 21.1-11.

11 E, logo [1] que se approximaram de Jerusalem, de Bethphagé e de Bethania, junto do monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discipulos,

2 E disse-lhes: Ide á aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes, encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum; soltae-o, e trazei-m’o.

3 E, se alguem vos disser: Porque fazeis isso? dizei-lhe que o Senhor precisa d’elle, e logo o deixará trazer para aqui.

4 E foram, e encontraram o jumentinho preso fóra da porta, entre dois caminhos, e o soltaram.

5 E alguns dos que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o jumentinho?

6 Elles, porém, disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado, e deixaram-n’os ir.

7 E levaram o jumentinho a Jesus, e lançaram sobre elle os seus vestidos, e assentou-se sobre elle:

8 E muitos [2] estendiam os seus vestidos pelo caminho, e outros cortavam ramos das arvores, e os espalhavam pelo caminho.

9 E aquelles que iam adiante, e os que seguiam, clamavam, dizendo: Hosanna, [3] bemdito o que vem em nome do Senhor;

10 Bemdito o reino do nosso pae David, [4] que vem em nome do Senhor; Hosanna nas alturas.

11 E Jesus entrou em [5] Jerusalem, no templo, e, tendo visto tudo em redor, e sendo já tarde, saiu para Bethania com os doze.

A figueira secca: a purificação do templo.

Mat. 21.12-22.

12 E, no dia seguinte, quando sairam de Bethania, teve fome,

13 E, [6] vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi vêr se n’ella acharia alguma coisa: e, chegando a ella, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.

14 E Jesus, fallando, disse á figueira: Nunca mais alguem coma fructo de ti, para sempre. E os seus discípulos ouviram isto.

15 E vieram a Jerusalem; [7] e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derribou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.

16 E não consentia que alguem levasse algum vaso pelo templo.

17 E os ensinava, dizendo: Não está escripto: A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração? [8] Mas vós a tendes feito covil [9] de ladrões.

18 E os escribas [10] e principes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam occasião para o matar; pois elles o temiam, porque [11] toda a multidão estava admirada ácerca da sua doutrina.

19 E, sendo já tarde, saiu fóra da cidade.

20 E elles, passando pela [12] manhã, viram que a figueira se tinha seccado desde as raizes.

[890]

21 E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, seccou-se.

22 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;

23 Porque em verdade vos digo que [13] qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crêr que se fará aquillo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

24 Portanto vos digo que tudo o que pedirdes, [14] orando, crêde que o recebereis, e tel-o-heis;

25 E, quando estiverdes orando, perdoae, se tendes alguma coisa contra alguém, [15] para que vosso Pae, que está nos céus, vos perdôe as vossas offensas;

26 Mas, se vós [16] não perdoardes, tambem vosso Pae, que está nos céus, vos não perdoará as vossas offensas.

Interrogação ácerca do baptismo de João.

27 E tornaram a Jerusalem, e, andando elle pelo [17] templo, os principaes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos se approximaram d’elle,

28 E lhe disseram: Com que auctoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu esta auctoridade para fazer estas coisas?

29 Más Jesus, respondendo, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma coisa, e respondei-me, e vos direi com que auctoridade faço estas coisas:

30 O baptismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me.

31 E elles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu; elle nos dirá: Pois porque o não crêstes?

32 Se, porém, dissermos: Dos homens; tememos o povo. Porque todos sustentavam que [18] João verdadeiramente era propheta.

33 E, respondendo, disseram a Jesus: Não sabemos. E Jesus, respondendo, lhes disse: Tambem eu vos não direi com que auctoridade faço estas coisas.

[1] Luc. 19.29. João 12.14.

[2] Mat. 21.8.

[3] Psa. 118.26.

[4] Psa. 149.1.

[5] Mat. 21.12.

[6] Mat. 21.18.

[7] Mat. 21.19. Luc. 19.46. João 2.14.

[8] Isa. 66.7.

[9] Jer. 7.11.

[10] Mat. 21.45, 46. Luc. 19.47.

[11] Mat. 7.28. cap. 1.22. Luc. 4.32.

[12] Mat. 21.19.

[13] Mat. 17.19 e 21.21. Luc. 17.6.

[14] Mat. 7.7. Luc. 11.9. João 11.13 e 15.7 e 16.24. Thi. 1.5.

[15] Mat. 6.14. Col. 3.13.

[16] Mat. 18.35.

[17] Mat. 21.23. Luc. 20.1.

[18] Mat. 3.6 e 14.5. cap. 6.20.

Parabola dos lavradores malvados.

Mat. 21.33-46.

12 E começou [1] a fallar-lhes por parabolas: Um homem plantou uma vinha, e cercou-a de um vallado, e fundou n’ella um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fóra da terra;

2 E, chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse, dos lavradores, do fructo da vinha.

3 Mas elles, apoderando-se d’elle, o feriram e o mandaram embora vasio.

4 E tornou a enviar-lhes outro servo; e elles, apedrejando-o, o feriram na cabeça, e o mandaram embora, tendo-o affrontado.

5 E tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram, e outros muitos, e feriram uns, e mataram outros.

6 Tendo elle pois ainda um seu filho amado, enviou-o tambem a estes por derradeiro, dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho.

7 Mas aquelles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemol-o, e a herança será nossa.

8 E, pegando d’elle, o mataram, e o lançaram fóra da vinha.

9 Que fará pois o Senhor da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.

10 Ainda não lestes esta Escriptura: [2] A pedra, que os edificadores rejeitaram, esta foi posta por cabeça da esquina:

11 Isto foi feito pelo Senhor, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos?

12 E buscavam [3] prendel-o, mas temiam a multidão, porque entendiam que contra elles dizia esta parabola: e, deixando-o, foram-se.

Interrogação ácerca do tributo.

Mat. 22.15-22.

13 E enviaram-lhe alguns [4] dos phariseos e dos herodianos, para que o apanhassem n’alguma palavra.

14 E, chegando elles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguem se te dá, porque não olhas á apparencia dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus: é licito dar o tributo a Cesar, ou não? Daremos, ou não daremos?

15 Então ele, conhecendo a sua hypocrisia, disse-lhes: Porque me tentaes? trazei-me uma moeda, para que a veja.

16 E elles lh’a trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscripção? E elles lhe disseram: De Cesar.

17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dae pois a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se d’elle.

[891]

Os sadduceos e a resurreição.

Mat. 22.23-33.

18 Então os [5] sadduceos, que dizem que não ha [6] resurreição, approximaram-se d’elle, e perguntaram-lhe, dizendo:

19 Mestre, [7] Moysés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguem, e deixasse mulher e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher d’elle, e suscitasse semente a seu irmão.

20 Ora havia sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem deixar semente;

21 E o segundo tambem a tomou e morreu, e nem este deixou semente; e o terceiro da mesma maneira;

22 E tomaram-n’a todos os sete, sem, comtudo, deixarem semente. Finalmente, depois de todos, morreu tambem a mulher.

23 Na resurreição, pois, quando resuscitarem, de qual d’estes será a mulher? porque os sete a tiveram por mulher.

24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não erraes vós, porque não sabeis as Escripturas nem o poder de Deus?

25 Porquanto, quando resuscitarem dos mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como [8] os anjos que estão nos céus.

26 E, ácerca dos mortos que houverem de resuscitar, não tendes lido no livro de Moysés como Deus lhe fallou na sarça, dizendo: Eu sou [9] o Deus de Abrahão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob?

27 Ora Deus não é dos mortos, mas sim Deus dos vivos. Por isso vós erraes muito.

O primeiro de todos os mandamentos.

Mat. 22.35-40 e refs.

28 E, approximando-se d’elle um dos escribas que os tinha ouvido disputar, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?

29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, [10] Israel, o Senhor nosso Deus é o unico Senhor.

30 Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.

31 E o segundo, similhante a este, é: [11] Amarás o teu proximo como a ti mesmo. Não ha outro mandamento maior do que estes.

32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ha um só [12] Deus, e que não ha outro além d’elle;

33 E que amal-o de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o proximo como a si mesmo, é mais do que todos [13] os holocaustos e sacrificios.

34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguem [14] ousava perguntar-lhe mais nada.

O Christo, Filho de David.

Mat. 22.41-46.

35 E, fallando [15] Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o Christo é filho de David?

36 Porque o mesmo David disse pelo Espirito Sancto: [16] O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te á minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabello dos teus pés.

37 Pois, se David mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho? E a grande multidão o ouvia de boa vontade.

Jesus censura os escribas.

Mat. 23.6, etc.

38 E, ensinando-os, [17] dizia-lhes: Guardae-vos dos escribas, que gostam de andar com vestidos compridos, e das saudações nas praças,

39 E das primeiras cadeiras nas synagogas, e dos primeiros assentos nas ceias;

40 Que devoram [18] as casas das viuvas, e isso com pretexto de largas orações. Estes receberão mais grave condemnação.

A oferta da viuva pobre.

Luc. 21.1-4.

41 E, estando Jesus assentado defronte da [19] arca do thesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do thesouro; e muitos ricos deitavam muito.

[892]

42 E, chegando uma pobre viuva, deitou duas pequenas moedas, que valiam quatro réis.

43 E, chamando os seus discipulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre [20] viuva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do thesouro,

44 Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o [21] que tinha, todo o seu sustento.

[1] Luc. 20.9.

[2] Psa. 118.22.

[3] Mat. 21.45, 46. cap. 11.18. João 7.25, 30, 44.

[4] Luc. 20.20.

[5] Luc. 20.27.

[6] Act. 23.8.

[7] Deu. 25.5.

[8] I Cor. 15.42, 49.52.

[9] Exo. 3.6.

[10] Deu. 6.4. Luc. 10.27.

[11] Lev. 19.18. Mat. 22.39. Rom. 13.9. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[12] Deu. 4.39. Isa. 45.6, 14 e 46.9.

[13] I Sam. 15.22. Ose. 6.6. Miq. 6.6, 7, 8.

[14] Mat. 22.46.

[15] Luc. 20.41.

[16] II Sam. 23.2. Psa. 110.1.

[17] cap. 4.2. Luc. 20.46 e 11.43.

[18] Mat. 23.14.

[19] II Reis 12.9.

[20] II Cor. 8.12.

[21] Deu. 24.6. I João 3.17.

O sermão prophetico: o principio de dôres.

Mat. 24.1-14 e refs.

13 E, saindo elle do [1] templo, disse-lhe um dos seus discipulos: Mestre, olha que pedras, e que edificios!

2 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edificios? Não ficará pedra sobre pedra [2] que não seja derribada.

3 E, assentando-se elle no monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, e Thiago, e João e André lhe perguntaram em particular:

4 Dize-nos, quando serão essas coisas, e que signal haverá quando[3] todas essas coisas se houverem de cumprir.

5 E Jesus, respondendo-lhes, começou a dizer: Olhae que ninguem [4] vos engane;

6 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Christo: e enganarão a muitos.

7 E, quando ouvirdes de guerras e de rumores de guerras, não vos turbeis; porque assim importa fazer-se; mas ainda não será o fim.

8 Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá terremotos em diversos logares, e haverá fomes e alvoroços. Estas coisas serão o principio [5] de dôres.

9 Mas olhae por vós mesmos, [6] porque vos entregarão aos concilios e ás synagogas; sereis açoitados, e sereis apresentados ante presidentes [AGS] e reis, por amor de mim, para lhes servir de testemunho.

10 Mas importa que o [7] evangelho se pregue primeiro entre todas as gentes.

11 Quando pois vos conduzirem para vos entregarem, não [8] estejaes solicitos d’antemão pelo que haveis de dizer; mas, o que vos fôr dado n’aquella hora, isso fallae; porque não sois vós os que fallaes, mas o Espirito Sancto.

12 E o irmão [9] entregará á morte o irmão, e o pae o filho: e levantar-se-hão os filhos contra os paes, e os matarão.

13 E sereis aborrecidos [10] por todos por amor do meu nome; mas quem perseverar até ao fim esse será salvo.

O sermão prophetico contínua: a grande tribulação.

Mat. 24.15-18 e refs.

14 Ora, quando vós virdes [11] a abominação do assolamento, que foi predito, estando onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judea [12] fujam para os montes.

15 E o que estiver sobre o telhado não desça para casa, nem entre a tomar coisa alguma de sua casa;

16 E o que estiver no campo não volte atraz, para tomar o seu vestido.

17 Mas ai das [13] gravidas, e das que criarem n’aquelles dias!

18 Orae pois, para que a vossa fugida não succeda no inverno;

19 Porque n’aquelles dias [14] haverá uma afflicção tal, qual nunca houve desde o principio da creação, que Deus creou, até agora, nem tão pouco haverá.

20 E, se o Senhor não abreviasse aquelles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos que escolheu, abreviou aquelles dias.

21 E então, se alguem vos disser: Eis aqui [15] está o Christo: ou, Eil-o ali está: não o acrediteis.

22 Porque se levantarão falsos christos, e falsos prophetas, e farão signaes e prodigios, para enganarem, se fôr possivel, até os escolhidos.

23 Mas vós vede; [16] eis que d’antemão vos tenho dito tudo.

O sermão prophetico continúa: A vinda do Filho do homem.

Mat. 24.29-45, etc.

24 Ora, [17] n’aquelles dias, depois d’aquella afflicção, o sol se escurecerá, e a lua não dará o seu resplendor,

[893]

25 E as estrellas cairão do céu, e as forças que estão nos céus serão abaladas.

26 E então verão [18] vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e gloria.

27 E então enviará os seus anjos, e ajuntará os seus escolhidos, desde os quatro ventos, da extremidade da terra até á extremidade do céu.

28 Aprendei pois a parabola [19] da figueira: Quando já o seu ramo se torna tenro, e brota folhas, bem sabeis que está proximo o verão.

29 Assim tambem vós, quando virdes succederem estas coisas, sabei que está junto ás portas.

30 Na verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas estas coisas aconteçam.

31 Passará o céu e a terra,[20] mas as minhas palavras não passarão.

O sermão prophetico continúa: a vigilancia.

32 Porém d’aquelle dia e hora ninguem sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pae.

33 Olhae, vigiae [21] e orae; porque não sabeis quando chegará o tempo.

34 Como o homem,[22] que, partindo para fóra da terra, deixou a sua casa, e deu auctoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandou ao porteiro que vigiasse;

35 Vigiae [23] pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se á tarde, se á meia noite, se ao cantar do gallo, se pela manhã,

36 Para que não venha de improviso, e vos ache dormindo.

37 E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiae.

[1] Luc. 21.6.

[2] Luc. 19.14.

[3] Mat. 24.3. Luc. 21.7.

[4] Jer. 29.8. Eph. 5.6. I The. 2.3.

[5] Mat. 24.8.

[6] Mat. 10.17, 18 e 24.9. Apo. 2.10.

[7] Mat. 24.14.

[8] Mat. 10.19. Luc. 12.11 e 21.14. Act. 2.4 e 4.8, 31.

[9] Miq. 7.6. Mat. 10.21 e 24.10. Luc. 21.16.

[10] Mat. 24.9. Luc. 21.17. Dan. 12.12. Mat. 10.22 e 24.13. Apo. 2.10.

[11] Dan. 9.27.

[12] Luc. 21.21.

[13] Luc. 21.23 e 23.29.

[14] Dan. 9.26 e 12.1. Joel 2.2. Mat. 24.21.

[15] Mat. 24.23. Luc. 17.23 e 21.8.

[16] II Ped. 3.17.

[17] Dan. 7.10. Sof. 1.15. Luc. 21.25.

[18] Dan. 7.13, 14. Mat. 16.27 e 24.30. cap. 14.62. Act. 1.11. I The. 4.16. II The. 1.7, 10. Apo. 1.7.

[19] Mat. 24.32. Luc. 21.29, etc.

[20] Isa. 40.8.

[21] Mat. 24.42 e 25.13. Luc. 12.40 e 21.24. Rom. 13.11. I The. 5.6.

[22] Mat. 24.45 e 25.14.

[23] Mat. 24.42, 44.

A consulta dos sacerdotes.

Mat. 26.3-5 e refs.

14 E d’alli a dois [1] dias era a paschoa, e a festa dos pães asmos, e os principaes dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com dolo, e o matariam.

2 Mas elles diziam: Não na festa, para que porventura se não faça alvoroço entre o povo.

O jantar em Bethania.

Mat. 26.6-13 e refs.

3 E, estando elle em [2] Bethania, assentado á mesa, em casa de Simão, o leproso, veiu uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com unguento de nardo puro, de muito preço, e, quebrando o vaso, lh’o derramou sobre a cabeça.

4 E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdicio de unguento?

5 Porque podia isto vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dal-o aos pobres. E bramavam contra ella.

6 Jesus, porém, disse: Deixae-a, para que a molestaes? Ella fez-me uma obra boa.

7 Porque sempre tendes os[3] pobres comvosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quizerdes; porém a mim nem sempre me tendes.

8 Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.

9 Em verdade vos digo que, em todas as partes do mundo onde este evangelho fôr prégado, tambem o que ella fez será contado para sua memoria.

O preço da traição.

Mat. 26.14-16.

10 E [4] Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principaes dos sacerdotes para lh’o entregar.

11 E elles, ouvindo-o, folgaram, e prometteram dar-lhe dinheiro; e buscava como o entregaria a tempo opportuno.

A ultima paschoa: a sancta ceia.

Mat. 26.17-30.

12 E, no primeiro[5] dia dos pães asmos, quando sacrificavam a paschoa, disseram-lhe os discipulos: Aonde queres que vamos preparar-te o necessario para comer a paschoa?

13 E enviou dois dos seus discipulos, e disse-lhes: Ide á cidade, e um homem, que leva um cantaro d’agua, vos encontrará; segui-o;

14 E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a paschoa com os meus discipulos?

15 E elle vos mostrará um grande cenaculo mobilado e preparado; ali a preparae.

16 E, saindo os seus discipulos, foram á cidade, e acharam como lhes tinha dito, e prepararam a paschoa.

17 E, chegada [6] a tarde, foi com os doze,

[894]

18 E, quando estavam assentados á mesa, e comendo, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vos, que comigo come, ha de trahir-me.

19 E elles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe um após outro: Porventura sou eu, Senhor? e outro: Porventura sou eu, Senhor?

20 Porém elle, respondendo, disse-lhes: É um dos doze que mette comigo a mão no prato.

21 Na verdade o Filho [7] do homem vae, como d’elle está escripto, mas ai d’aquelle homem por quem o Filho do homem é trahido! bom seria ao tal homem não haver nascido.

22 E, comendo elles, tomou [8] Jesus pão, e, abençoando-o, o partiu e deu-lh’o, e disse: Tomae, comei, isto é o meu corpo.

23 E, tomando o calix, e dando graças, deu-lh’o; e todos beberam d’elle.

24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que por muitos é derramado.

25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fructo da vide, até áquelle dia em que o beber novo no reino de Deus.

26 E, tendo cantado o [9] hymno, sairam para o monte das Oliveiras.

Pedro é avisado.

Mat. 26.31-35 e refs.

27 E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque escripto [10] está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.

28 Mas, depois que eu [11] houver resuscitado, irei adiante de vós para a Galilea.

29 E disse-lhe [12] Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.

30 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, n’esta noite, antes que o gallo cante duas vezes, tres vezes me negarás.

31 Mas elle dizia cada vez mais: Ainda que me seja necessario morrer comtigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma maneira diziam todos tambem.

Jesus em Gethsemane.

Mat. 26.36-46 e refs.

32 E foram a um logar chamado [13] Gethsemane, e disse aos seus discipulos: Assentae-vos aqui, até que ore.

33 E tomou comsigo a Pedro, e a Thiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.

34 E disse-lhes: [14] A minha alma está profundamente triste até á morte: ficae aqui, e vigiae.

35 E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possivel, passasse d’elle aquella hora.

36 E disse: [15] Abba, Pae, todas as coisas te são possiveis; affasta de mim este calix; porém não o que eu quero, mas o que tu queres.

37 E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora?

38 Vigiae e orae, para que não entreis em tentação; o [16] espirito, na verdade, está prompto, mas a carne é fraca.

39 E, tornando a ir, orou, dizendo as mesmas palavras.

40 E, tornando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam carregados, e não sabiam que responder-lhe.

41 E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descançae. Basta; é chegada a hora. [17] Eis que o Filho do homem vae ser entregue nas mãos dos peccadores.

42 Levantae-vos, [18] vamos; eis que está perto o que me trahe.

Jesus é preso.

Mat. 26.47-56.

43 E logo, [19] fallando elle ainda, veiu Judas, que era um dos doze, da parte dos principaes dos sacerdotes, e dos escribas e dos anciãos, e com elle uma grande multidão com espadas e varapaus.

44 Ora, o que o trahia, tinha-lhes dado um signal, dizendo: Aquelle que eu beijar, esse é; prendei-o, e levae-o com segurança.

45 E, logo que chegou, approximou-se d’elle, e disse-lhe: Rabbi, Rabbi. E beijou-o.

46 E lançaram-lhe as mãos, e o prenderam.

47 E um dos que ali estavam presentes, puxando da espada, feriu o servo do summo sacerdote, e cortou-lhe a orelha.

48 E, respondendo [20] Jesus, disse-lhes: Saistes com espadas e varapaus a prender-me, como a um salteador?

49 Todos os dias estava comvosco ensinando no templo, e não me prendestes;[895] mas assim se faz para [21] que as Escripturas se cumpram.

50 Então, deixando-o, todos [22] fugiram.

51 E um certo mancebo o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nú. E os mancebos o prenderam;

52 E elle, largando o lençol, fugiu nú d’entre elles.

Jesus perante o synhedrio.

Mat. 26.57-68.

53 E levaram Jesus [23] ao summo sacerdote, e ajuntaram-se a elle todos os principaes dos sacerdotes, e os anciãos e os escribas.

54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pateo do summo sacerdote, e estava assentado com os [AGT] servidores, e aquentando-se ao lume.

55 E os principaes [24] dos sacerdotes e todo o concilio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam.

56 Porque muitos testificavam falsamente contra elle, mas os testemunhos não eram conformes.

57 E, levantando-se alguns, testificavam falsamente contra elle, dizendo:

58 Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derribarei [25] este templo, construido pelas mãos, e em tres dias edificarei outro, não feito por mãos.

59 E nem assim o seu testemunho era conforme.

60 E, levantando-se [26] o summo sacerdote no meio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti?

61 Mas elle calou-se, e nada respondeu. [27] O summo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Christo, Filho do Deus Bemdito?

62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis [28] o Filho do homem assentado á direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.

63 E o summo sacerdote, rasgando os seus vestidos, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas?

64 Vós ouvistes a blasphemia; que vos parece? E todos o condemnaram como culpado de morte.

65 E alguns começaram a cuspir n’elle, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, e a dizer-lhe: Prophetiza. E os servidores davam-lhe bofetadas.

Pedro nega a Jesus.

Mat. 26.69-75 e refs.

66 E, estando [29] Pedro em baixo, no atrio, chegou uma das creadas do summo sacerdote;

67 E, vendo a Pedro, que se estava aquentando, olhou para elle, e disse: Tu tambem estavas com Jesus Nazareno.

68 Mas elle negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu fóra ao alpendre, e o gallo cantou.

69 E a creada, vendo-o outra [30] vez, começou a dizer aos que ali estavam: Este é um dos taes.

70 Mas elle o negou outra vez. [31] E pouco depois os que ali estavam disseram outra vez a Pedro: Verdadeiramente tu és um d’elles, porque és tambem galileo, e a tua falla [32] é similhante.

71 E elle começou a imprecar, e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem de quem fallaes,

72 E [33] o gallo cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que o gallo cante duas vezes, tres vezes me negarás tu. E, retirando-se d’ali, chorou.

[1] Luc. 22.1. João 11.55 e 13.1.

[2] João 12.1, 3. Luc. 7.37.

[3] Deu. 15.11.

[4] Luc. 22.3, 4.

[5] Luc. 22.7.

[6] Mat. 26.20, etc.

[7] Mat. 26.24. Luc. 22.22.

[8] Mat. 26.26. Luc. 22.19. I Cor. 11.23.

[9] Mat. 26.30.

[10] Zac. 13.7.

[11] cap. 16.7.

[12] Mat. 26.33, 34. Luc. 22.33, 34. João 13.37, 38.

[13] Luc. 22.39. João 18.1.

[14] João 12.27.

[15] Rom. 8.15. Gal. 4.6. Heb. 5.7. João 5.30 e 6.38.

[16] Rom. 7.19. Gal. 5.17.

[17] João 13.1.

[18] Mat. 26.46. João 18.1, 2.

[19] Luc. 22.17. João 18.3.

[20] Mat. 26.55. Luc. 22.52.

[21] Psa. 22.6. Isa. 63.7, etc. Luc. 22.37 e 24.44.

[22] Psa. 88.8. ver. 27.

[23] Luc. 22.54. João 18.13.

[24] Mat. 26.69.

[25] cap. 15.29. João 2.19.

[26] Mat. 26.62.

[27] Isa. 53.7. Mat. 26.63.

[28] Mat. 24.30 e 26.64. Luc. 22.69.

[29] Luc. 22.65. João 18.16.

[30] Mat. 26.71. Luc. 22.58. João 18.25.

[31] Mat. 26.73. Luc. 22.59. João 18.26.

[32] Act. 2.7.

[33] Mat. 26.75.

Jesus perante Pilatos.

Mat. 27.1, 2; 11-31 e refs.

15 E logo ao [1] amanhecer os principaes dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o concilio, tiveram conselho; e, amarrando a Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos.

2 E Pilatos [2] lhe perguntou: Tu és o Rei dos Judeos? E elle, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.

3 E os principaes dos sacerdotes o accusavam de muitas coisas; porém elle nada respondia.

4 E Pilatos [3] o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam contra ti.

5 Mas Jesus [4] nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava.

6 Ora no dia da festa [5] costumava soltar-lhes um preso qualquer que elles pedissem.

7 E havia um chamado Barabbás, que, preso com outros amotinadores, tinha n’um motim commettido uma morte.

[896]

8 E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes tinha feito.

9 E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos Judeos?

10 Porque elle bem sabia que por inveja os principaes dos sacerdotes o tinham entregado.

11 Mas os principaes dos [6] sacerdotes incitaram a multidão para que lhes soltasse antes Barabbás.

12 E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis pois que faça d’aquelle a quem chamaes Rei dos Judeos?

13 E elles tornaram a clamar: Crucifica-o.

14 Mas Pilatos lhes disse: Pois que mal fez? E elles cada vez clamavam mais: Crucifica-o.

15 Porém [7] Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhes Barabbás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse crucificado.

16 E [8] os soldados o levaram dentro á sala, que é [AGU] a da audiência, e convocaram toda a cohorte;

17 E vestiram-n’o de purpura, e, tecendo uma corôa de espinhos, lh’a pozeram na cabeça.

18 E começaram a saudal-o, dizendo: Salve, Rei dos Judeos!

19 E feriram-n’o na cabeça com uma canna, e cuspiram n’elle, e, postos de joelhos, o adoraram.

20 E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a purpura, e o vestiram com os seus proprios vestidos, e o levaram fóra para o crucificar.

A crucifixão.

Mat. 27.32-56 e refs.

21 E constrangeram um certo [9] Simão Cyreneo, pae de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

22 E levaram-n’o ao [10] logar do Golgotha, que é, traduzido, logar da Caveira.

23 E deram-lhe a [11] beber vinho com myrrha, mas elle não o tomou.

24 E, havendo-o crucificado, repartiram os seus vestidos, [12] lançando sobre elles sortes, para saber o que cada um levaria.

25 E era a hora terceira, [13] e o crucificaram.

26 E por cima d’elle estava [14] escripta a sua accusação: O REI DOS JUDEOS.

27 E crucificaram [15] com elle dois salteadores, um á sua direita, e outro á esquerda.

28 E cumpriu-se [16] a escriptura que diz: E com os malfeitores foi contado.

29 E os que passavam blasphemavam d’elle, [17] meneando as suas cabeças, e dizendo: [18] Ah! tu que derribas o templo, e em tres dias o edificas,

30 Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.

31 E da mesma maneira tambem os principaes dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros, e não pode salvar-se a si mesmo;

32 O Christo, o Rei d’Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Tambem os que com elle estavam crucificados [19] o injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, [20] foram feitas trevas sobre toda a terra até á hora nona.

34 E, á hora nona, Jesus exclamou com grande voz, [21] dizendo: Eloi, Eloi, lama sabachthani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?

35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.

36 E um d’elles correu [22] a encher uma esponja de vinagre, e, pondo-a n’uma canna, deu-lh’o a beber, dizendo: Deixae, vejamos se virá Elias tiral-o.

37 E Jesus, [23] dando um grande brado, expirou.

38 E o véu [24] do templo se rasgou em dois, d’alto a baixo.

39 E o centurião, [25] que estava defronte d’elle, vendo que assim clamando expirára, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.

40 E tambem ali estavam algumas mulheres, [26] olhando de longe, entre as quaes estavam tambem Maria Magdalena, e Maria, mãe de Thiago, o menor, e de José, e Salomé;

41 As quaes tambem o seguiam, [27] e o serviam, quando estava na Galilea; e muitas outras, que tinham subido com elle a Jerusalem.

[897]

A sepultura de Jesus.

Mat. 27.57-66 e refs.

42 E, [28] chegada a tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a vespera do sabbado,

43 Chegou José d’Arimathea, senador honrado, que tambem [29] esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.

44 E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido.

45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José,

46 O qual comprou [30] um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu no lençol, e o depositou n’um sepulchro lavrado n’uma rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulchro.

47 E Maria Magdalena e Maria mãe de José olhavam onde o punham.

[1] Psa. 2.2. Luc. 22.66 e 23.1. João 18.28. Act. 3.13 e 4.26.

[2] Mat. 27.11.

[3] Mat. 27.13.

[4] Isa. 63.7. João 19.9.

[5] Mat. 27.15. Luc. 23.17. João 18.39.

[6] Mat. 27.20. Act. 3.14.

[7] Mat. 27.26. João 19.1, 16.

[8] Mat. 27.27.

[9] Luc. 23.25.

[10] Mat. 27.33. Luc. 23.33. João 19.17.

[11] Mat. 27.34.

[12] Psa. 22.18. Luc. 23.34. João 19.23.

[13] Mat. 27.45. Luc. 23.34. João 19.23.

[14] Mat. 27.37. João 19.19.

[15] Mat. 27.38.

[16] Isa. 53.12. Luc. 22.37.

[17] Psa. 22.7.

[18] cap. 14.58. João 2.19.

[19] Mat. 27.44. Luc. 23.39.

[20] Mat. 27.45. Luc. 23.44.

[21] Psa. 22.1. Mat. 27.46.

[22] Mat. 27.48. João 19.29. Psa. 69.21.

[23] Mat. 27.50. Luc. 23.46. João 19.30.

[24] Mat. 27.51. Luc. 23.45.

[25] Mat. 27.54. Luc. 23.47.

[26] Mat. 27.55. Luc. 23.49. Psa. 38.11.

[27] Luc. 8.2, 3.

[28] Luc. 23.50. João 19.38.

[29] Luc. 2.25, 38. Mat. 27.59, 60.

[30] Luc. 23.53. João 19.40.

A resurreição.

Mat. 28.1-10 e refs.

16 E, passado [1] o sabbado, Maria Magdalena, e Maria, mãe de Thiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungil-o.

2 E, no primeiro dia [2] da semana, foram ao sepulchro, de manhã cedo, ao nascer do sol;

3 E diziam umas ás outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulchro?

4 E, olhando, viram que a pedra estava revolvida; porque era muito grande.

5 E, entrando [3] no sepulchro, viram um mancebo assentado á direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.

6 Porém elle disse-lhes: [4] Não vos assusteis; buscaes a Jesus Nazareno, que foi crucificado; resuscitou, não está aqui; eis aqui o logar onde o pozeram.

7 Porém ide, dizei a seus discipulos, e a Pedro, que elle vae adiante de vós para a Galilea; [5] ali o vereis, como elle vos disse.

8 E, saindo ellas apressadamente, fugiram do sepulchro, porque estavam possuidas de temor e assombro; [6] e nada diziam a ninguem, porque temiam.

Apparições de Jesus depois da sua resurreição.

9 E Jesus, tendo resuscitado na manhã do primeiro dia da semana, [7] appareceu primeiramente a Maria Magdalena, da qual tinha expulsado sete demonios.

10 E, [8] partindo ella, annunciou-o áquelles que tinham estado com elle, os quaes estavam tristes, e chorando.

11 E, ouvindo elles [9] que vivia, e que tinha sido visto por ella, não o creram.

12 E depois manifestou-se n’outra fórma [10] a dois d’elles, que iam de caminho para o campo.

13 E, indo estes, annunciaram-n’o aos outros, mas nem ainda estes creram.

14 Finalmente [11] appareceu aos onze, estando elles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já resuscitado.

15 E disse-lhes: [12] Ide por todo o mundo, prégae o evangelho a toda a creatura:

16 Quem [13] crêr e fôr baptizado será salvo; mas quem não crêr será condemnado.

17 E estes signaes seguirão aos que crêrem: [14] Em meu nome expulsarão os demonios; fallarão novas linguas:

18 Pegarão nas [15] serpentes; e, se beberem alguma coisa mortifera, não lhes fará damno algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os sararão.

19 Ora o Senhor, [16] depois de lhes ter fallado, foi recebido acima no céu, e assentou-se á direita de Deus.

20 E elles, tendo partido, prégaram por todas as partes, cooperando com elles o Senhor, [17] e confirmando a palavra com os signaes que se seguiram. Amen.

[1] Luc. 24.1 e 23.56. João 20.1.

[2] Luc. 24.1. João 20.1.

[3] Luc. 24.3. João 20.11, 12.

[4] Mat. 28.5, 6, 7.

[5] Mat. 26.32. cap. 14.28.

[6] Mat. 28.8. Luc. 24.9.

[7] João 20.14. Luc. 8.2.

[8] Luc. 24.10. João 20.18.

[9] Luc. 24.11.

[10] Luc. 24.13.

[11] Luc. 24.36. João 20.19. I Cor. 15.5.

[12] Mat. 28.19. João 15.16. Col. 1.23.

[13] João 3.18 e 12.48. Act. 2.38 e 16.30. Rom. 10.9. I Ped. 3.21.

[14] Luc. 10.17. Act. 5.16 e 8.7 e 16.18 e 19, 12 e 2.4 e 10.46 e 19.6. I Cor. 12.10, 28.

[15] Luc. 10.19. Act. 28.5, 28 e 5.15, 16 e 9.17. Thi. 5.14.

[16] Act. 1.2, 3 e 7.55. Luc. 24.51.

[17] Act. 5.12 e 14.3. I Cor. 2.4, 5. Heb. 2.4.

[898]


O SANCTO EVANGELHO
SEGUNDO S. LUCAS.

Prefacio

6 Annos antes do Anno Domini

1 Tendo pois muitos emprehendido pôr em ordem a narração das coisas que entre nós se cumpriram,

2 Segundo nos transmittiram [1] os mesmos que as viram desde o principio, e foram ministros da palavra,

3 Pareceu-me [2] tambem a mim conveniente escrevel-as a ti, ó excellente Theophilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o principio;

4 Para que conheças [3] a certeza das coisas de que estás informado.

Annuncio do nascimento de João.

5 Existiu, no tempo [4] de Herodes, rei da Judéa, um sacerdote chamado Zacharias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas d’Aarão; e o seu nome era [AGV] Isabel.

6 E eram ambos [5] justos perante Deus, andando sem reprehensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.

7 E não tinham filhos, porquanto Isabel era esteril, e ambos eram avançados em edade.

8 E aconteceu que, exercendo elle o sacerdocio [6] diante de Deus, na ordem da sua turma,

9 Segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor [7] a offerecer o incenso.

10 E toda a multidão do povo estava fóra, orando á hora do incenso,

11 E um anjo do Senhor lhe appareceu, posto em pé, á direita do [8] altar do incenso.

12 E Zacharias, vendo-o, [9] turbou-se, e caiu temor sobre elle.

13 Mas o anjo lhe disse: Zacharias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará á luz um filho, e lhe porás o [10] nome de João;

14 E terás prazer e alegria, [11] e muitos se alegrarão no seu nascimento;

15 Porque será grande diante do Senhor, e não [12] beberá vinho, nem [AGW] bebida forte, e será cheio do Espirito Sancto, até desde o ventre de sua mãe;

16 E converterá muitos [13] dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;

17 E irá adiante d’elle no espirito e virtude d’Elias, para converter os corações dos paes aos filhos, e os rebeldes á prudencia dos justos; para preparar ao Senhor um povo bem disposto.

18 Disse então Zacharias ao anjo: [14] Como conhecerei isto? pois eu sou velho, e minha mulher avançada em edade.

19 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou [15] Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a fallar-te e dar-te estas alegres novas;

20 E eis que ficarás mudo, e não [16] poderás fallar até ao dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não crêste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir.

21 E o povo estava esperando a Zacharias, e maravilhavam-se de que tanto se demorasse no templo.

22 E, saindo elle, não lhes podia fallar; e entenderam que tinha visto alguma visão no templo. E fallava por acenos, e ficou mudo.

[899]

23 E succedeu que, terminados [17] os dias do seu ministerio, voltou para sua casa.

24 E depois d’aquelles dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco mezes se occultou, dizendo:

25 Porque isto me fez o Senhor, nos dias em que attentou em mim, para destruir o meu [18] opprobrio entre os homens.

Annuncio do nascimento de Jesus.

26 E, no sexto mez, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galilea, chamada Nazareth,

27 A uma virgem [19] desposada com um varão, cujo nome era José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria.

28 E, entrando o anjo aonde ella estava, disse: [20] [AGX] Salve, agraciada; o Senhor é comtigo: bemdita tu entre as mulheres.

29 E, vendo-o ella, [21] turbou-se muito das suas palavras, e considerava que saudação seria esta.

30 Disse-lhe então o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus;

31 E eis que em teu ventre conceberás, [22] e darás á luz um filho, e pôr-lhe-has o nome de Jesus.

32 Este será grande, [23] e será chamado filho do Altissimo; e o Senhor Deus lhe dará o throno de David, seu pae;

33 E reinará eternamente na casa de Jacob, e o [24] seu reino não terá fim.

34 E disse Maria ao anjo: Como se fará isto? pois não conheço varão.

35 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espirito Sancto, e a virtude do Altissimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que tambem o Sancto, [25] que de ti ha de nascer, será chamado Filho de Deus.

36 E eis que tambem Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mez para aquella que era chamada esteril;

37 Porque para [26] Deus nada será impossivel.

38 Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se d’ella.

Maria visita Isabel.

39 E n’aquelles dias, levantando-se Maria, foi apressada ás [27] montanhas, a uma cidade de Juda,

40 E entrou em casa de Zacharias, e saudou a Isabel.

41 E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a creancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espirito Sancto,

42 E exclamou com grande voz, e disse: Bemdita [28] tu entre as mulheres, e bemdito o fructo do teu ventre.

43 E d’onde me provém isto a mim, que a mãe do meu Senhor venha a mim?

44 Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a creancinha saltou de alegria no meu ventre;

45 E bemaventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.

O cantico de Maria.

46 Disse então Maria: [29] A minha alma engrandece ao Senhor,

47 E o meu espirito se alegra em Deus meu Salvador;

48 Porque attentou [30] na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bemaventurada:

49 Porque me fez grandes coisas o [31] Poderoso; e sancto é o seu nome.

50 E a sua misericordia [32] é de geração em geração sobre os que o temem.

51 Com o seu braço obrou valorosamente: [33] dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.

52 Depoz dos thronos [34] os poderosos, e elevou os humildes.

53 Encheu de bens [35] os famintos, e despediu vasios os ricos.

54 Auxiliou a Israel seu [36] servo, recordando-se da sua misericordia;

55 Como fallou a nossos paes, a Abrahão [37] e á sua posteridade, para sempre.

56 E Maria ficou com ella quasi tres mezes, e depois voltou para sua casa.

O nascimento de João Baptista.

57 E completou-se para Isabel o tempo de dar á luz, e teve um filho.

[900]

58 E os seus visinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ella de grande misericordia, [38] e alegraram-se com ella.

59 E aconteceu que, ao oitavo [39] dia, vieram circumcidar o menino, e lhe chamavam Zacharias, do nome de seu pae.

60 E, respondendo sua mãe, disse: [40] Não, porém será chamado João.

61 E disseram-lhe: Ninguem ha na tua parentela que se chame por este nome.

62 E perguntaram por acenos ao pae como queria que lhe chamassem.

63 E, pedindo elle uma taboinha de escrever, escreveu, dizendo: [41] O seu nome é João. E todos se maravilharam.

64 E logo a bocca se lhe abriu, [42] e a lingua se lhe soltou; e fallava, louvando a Deus.

65 E veiu temor sobre todos os seus circumvisinhos, e em todas as [43] montanhas da Judea foram divulgadas todas estas coisas.

66 E todos os que as ouviam as conservavam em seus corações, dizendo: [44] Quem será pois este menino? E a mão do Senhor estava com elle.

O cantico de Zacharias.

67 E Zacharias, seu pae, foi cheio do [45] Espirito Sancto, e prophetizou, dizendo:

68 Bemdito [46] o Senhor Deus d’Israel, porque visitou e remiu o seu povo,

69 E nos levantou [AGY] uma salvação poderosa [47] na casa de David seu servo,

70 Como fallou pela bocca dos [48] seus sanctos prophetas, desde o principio do mundo;

71 Que nos livraria dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos aborrecem;

72 Para manifestar [49] misericordia a nossos paes, e lembrar-se do seu sancto concerto,

73 E do juramento [50] que jurou a Abrahão nosso pae,

74 De conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, [51] o serviriamos sem temor,

75 Em [52] sanctidade e justiça perante elle, todos os dias da nossa vida.

76 E tu, ó menino, serás chamado propheta do Altissimo, porque has de ir adiante [53] da face do Senhor, a preparar os seus caminhos;

77 Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, [54] na remissão dos seus peccados;

78 Pelas entranhas da misericordia do nosso Deus, com que o Oriente do alto [55] nos visitou;

79 Para [56] alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de morte; a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

80 E o [57] menino crescia, e se robustecia em espirito. E esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.

[1] Heb. 2.3. I Ped. 5.1. II Ped. 1.16. I João 1.1. Mar. 1.1. João 15.27.

[2] Act. 15.19, 25, 28. I Cor. 7.40. Act. 11.4 e 1.1.

[3] João 20.31.

[4] Mat. 2.1. I Chr. 24.10, 19. Neh. 12.4, 17.

[5] Gen. 7.1 e 17.1. I Reis 9.4. II Reis 20.3. Job 1.1. Act. 23.1 e 24.16. Phi. 3.6.

[6] I Chr. 24.19. II Chr. 8.14 e 31.2.

[7] Exo. 30.7, 8. I Sam. 2.28. I Chr. 23.13. II Chr. 29.11. Lev. 16.17. Apo. 8.3, 4.

[8] Exo. 30.1.

[9] ver. 20. Jui. 6.22 e 13.22. Dan. 10.8. cap. 2.9. Act. 10.4. Apo. 1.17.

[10] ver. 60, 63.

[11] ver. 58.

[12] Num. 6.3. Jui. 13.4. cap. 7.33. Jer. 1.5. Gal. 1.15.

[13] Mal. 4.5, 6 e 4.5. Mat. 11.14. Mar. 9.11.

[14] Gen. 17.17.

[15] Dan. 8.16 e 9.21, 22, 23. Mat. 18.10. Heb. 1.14.

[16] Eze. 3.26 e 24.27.

[17] II Reis 11.5. I Chr. 9.25.

[18] Gen. 30.23. Isa. 4.1 e 54.1, 4.

[19] Mat. 1.18. cap. 2.4, 5.

[20] Dan. 9.23 e 10.19. Jui. 6.12.

[21] ver. 12.

[22] Isa. 7.14. Mat. 1.21.

[23] Mar. 5.7. II Sam. 7.11. Psa. 132.11. Isa. 9.6 e 16.5. Jer. 23.5. Apo. 3.7.

[24] Dan. 2.44 e 7.14, 27. Abd. 21. Miq. 4.7. João 12.34. Heb. 1.8.

[25] Mat. 1.20 e 14.33 e 26.63. Mar. 1.1. João 1.34 e 20.31. Act. 8.37. Rom. 1.4.

[26] Gen. 18.14. Jer. 32.17. Zac. 8.6. Mat. 19.26. Mar. 10.27. cap. 18.27. Rom. 4.21.

[27] Jos. 21.9, 10, 11.

[28] ver. 28. Jui. 5.24.

[29] I Sam. 2.1. Psa. 34.2, 3 e 35.9. Hab. 3.18.

[30] I Sam. 1.11. Psa. 138.6. Mal. 3.12. cap. 11.27.

[31] Psa. 71.19 e 126.2, 3 e 111.9.

[32] Gen. 17.7. Exo. 20.6. Psa. 103.17.

[33] Psa. 98.1 e 118.15 e 33.10. Isa. 40.10 e 51.9 e 52.10. I Ped. 5.5.

[34] I Sam. 2.6. Job 5.11. Psa. 113.6.

[35] I Sam. 2.5. Psa. 34.10.

[36] Psa. 98.3. Jer. 31.3, 20.

[37] Gen. 17.19. Psa. 132.11. Rom. 11.28. Gal. 3.16.

[38] ver. 14.

[39] Gen. 17.12. Lev. 12.3.

[40] ver. 13.

[41] ver. 13.

[42] ver. 20.

[43] ver. 39.

[44] cap. 2.19. Gen. 39.2. Psa. 80.17.

[45] Joel 2.28.

[46] I Reis 1.48. Psa. 41.13 e 111.9. Exo. 3.16.

[47] Psa. 132.17.

[48] Jer. 23.5. Dan. 9.24. Act. 3.21. Rom. 1.2.

[49] Lev. 26.42. Psa. 98.3 e 106.45. Eze. 16.60.

[50] Gen. 12.3 e 17.4. Heb. 6.13, 17.

[51] Rom. 6.18. Heb. 9.14.

[52] Jer. 32.39. Eph. 4.24. II The. 2.13. II Tim. 1.9. Tito 2.12. I Ped. 1.15. II Ped. 1.4.

[53] Isa. 40.3. Mal. 3.1 e 4.5. Mat. 11.10. ver. 17.

[54] Mar. 1.4. cap. 3.3.

[55] Isa. 11.1. Mal. 4.2.

[56] Isa. 9.2 e 42.7 e 49.9. Mat. 4.16. Act. 26.18.

[57] cap. 2.40. Mat. 3.1 e 11.7.

O nascimento de Jesus.

Antes do Anno Domini 5

2 E aconteceu n’aquelles dias que saiu um decreto da parte de Cesar Augusto, para que todo o mundo se alistasse

2 (Este primeiro [1] alistamento foi feito sendo Cyrenio [AGZ] presidente da Syria),

3 E todos iam alistar-se, cada um á sua propria cidade.

4 E subiu tambem José da Galilea, da cidade [2] de Nazareth, á Judea, á cidade de David, chamada Bethlehem (porque era da casa e familia de David),

5 Para alistar-se com Maria, [3] sua mulher, que estava gravida.

6 E aconteceu que, estando elles ali se cumpriram os dias em que havia de dar á luz.

7 E deu á luz a [4] seu filho primogenito, e envolveu-o em pannos, e deitou-o n’uma mangedoura, porque não havia logar para elles na estalagem.

Os pastores de Bethlehem.

8 Ora havia n’aquella mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigilias da noite o seu rebanho.

9 E eis que o anjo do Senhor veiu sobre elles, e a gloria do Senhor os cercou de resplendor, [5] e tiveram grande temor.

10 E o anjo lhes disse: Não temaes, porque eis aqui vos dou novas de[901] grande alegria, [6] que será para todo o povo:

11 Que hoje, na cidade de David, vos [7] nasceu o Salvador, que é Christo, o Senhor.

12 E isto vos será por signal: Achareis o menino envolto em pannos, e deitado n’uma mangedoura.

13 E, no mesmo instante, [8] appareceu com o anjo uma multidão dos exercitos celestiaes, louvando a Deus, e dizendo:

14 Gloria a Deus nas [9] alturas, paz na terra, [10] boa vontade para os homens.

15 E aconteceu que, ausentando-se d’elles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos pois até Bethlehem, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos notificou.

16 E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na mangedoura.

17 E, vendo-o, divulgaram a palavra que ácerca do menino lhes fôra dita;

18 E todos os que os ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam.

19 Mas [11] Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.

20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito.

A circumcisão e apresentação de Jesus.

21 E, quando os oito dias [12] foram cumpridos, para circumcidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fôra posto antes de ser concebido.

22 E, cumprindo-se os dias da purificação, [13] segundo a lei de Moysés, o levaram a Jerusalem, para o apresentarem ao Senhor,

23 Segundo o que está escripto na lei do Senhor: Todo o [14] macho primogenito será consagrado ao Senhor;

24 E para darem a offerta segundo o [15] disposto na lei do Senhor: um par de rolas ou dois pombinhos.

Simeão e Anna.

Antes do Anno Domini 4

25 E eis que havia em Jerusalem um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, e esperava a [16] consolação d’Israel; e o Espirito Sancto estava sobre elle.

26 E fôra-lhe divinamente revelado pelo Espirito Sancto [17] que elle não morreria antes de ter visto o Christo do Senhor.

27 E pelo [18] Espirito foi ao templo, e, quando os paes introduziram o menino Jesus, para com elle procederem segundo o uso da lei,

28 Elle então o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:

29 Agora, Senhor, [19] despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra.

30 Pois os meus [20] olhos viram a tua salvação,

31 A qual tu preparaste perante a face de todos os povos;

32 Luz [21] para alumiar as nações, e para gloria de teu povo Israel.

33 E José, e sua mãe, se maravilharam das coisas que d’elle se diziam,

34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação [22] de muitos em Israel, e para signal que será contradicto;

35 E uma espada [23] traspassará tambem a tua propria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.

36 E estava ali a prophetiza Anna, filha de Fanuel, da tribu de Aser. Esta era avançada em edade, e tinha vivido com o marido sete annos, desde a sua virgindade,

37 E era viuva, de quasi oitenta e quatro annos, e não se affastava do templo, [24] servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia.

38 E esta, sobrevindo na mesma hora, dava graças a Deus, e fallava d’elle a todos os [25] que esperavam a redempção em Jerusalem.

O menino Jesus no meio dos doutores.

39 E, quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram á Galilea, para a sua cidade de Nazareth.

40 E o menino [26] crescia, e se fortalecia em espirito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre elle.

41 Ora, todos os annos iam [27] seus paes a Jerusalem, á festa da paschoa;

[902]

42 E, tendo elle doze annos, subiram a Jerusalem, segundo o costume do dia da festa.

43 E, regressando elles, terminados aquelles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalem, e não o souberam seus paes.

44 Pensando, porém, elles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e buscavam-n’o entre os parentes e conhecidos;

45 E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalem em busca d’elle.

46 E aconteceu que, passados tres dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.

47 E todos [28] os que o ouviam admiravam a sua intelligencia e respostas.

48 E elles, vendo-o, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, porque fizeste assim para comnosco? Eis que teu pae e eu anciosos te buscavamos.

49 E elle lhes disse: Porque é que me buscaveis? Não sabeis que me convem [29] tratar dos negocios de meu Pae?

50 E elles não [30] comprehenderam as palavras que lhes dizia.

51 E desceu com elles, e foi para Nazareth, e era-lhes sujeito. E sua mãe [31] guardava no seu coração todas estas coisas.

52 E crescia Jesus em [32] sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.

[1] Act. 5.37.

[2] I Sam. 16.1, 4. João 7.42. Mat. 1.16. cap. 1.27.

[3] Mat. 1.18. cap. 1.27.

[4] Mat. 1.25.

[5] cap. 1.12.

[6] Gen. 12.3. Mat. 28.19. Mar. 1.15. cap. 24.47. Col. 1.23.

[7] Isa. 9.6. Mat. 1.21 e 2.6 e 16.16. Act. 2.36. Phi. 2.11.

[8] Gen. 28.12. Psa. 103.20. Dan. 7.10. Heb. 1.14. Apo. 5.11.

[9] cap. 19.38. Eph. 1.6 e 2.17. Apo. 5.13. Isa. 57.19. Rom. 5.1. Col. 1.20.

[10] João 3.16. Eph. 2.4, 7. II The. 2.16. I João 4.9.

[11] Gen. 37.11. cap. 1.66. ver. 51.

[12] Gen. 17.12. Lev. 12.3. cap. 1.59 e 1.31. Mat. 1.21, 25.

[13] Lev. 12.2, 3, 4, 6.

[14] Exo. 13.2 e 22.29 e 34.19. Num. 3.13 e 8.17 e 18.15.

[15] Lev. 12.2, 6, 8.

[16] Isa. 40.1. Mar. 15.43. ver. 38.

[17] Psa. 88.48. Heb. 11.5.

[18] Mat. 4.1.

[19] Gen. 46.30. Phi. 1.23.

[20] Isa. 52.10. cap. 3.6.

[21] Isa. 9.2 e 42.6. Mat. 4.16. Act. 13.47 e 28.28.

[22] Isa. 8.14. Ose. 14.9. Mat. 21.41. Rom. 9.32. I Cor. 1.23. II Cor. 2.16. I Chr. 2.7. Act. 28.22.

[23] Psa. 42.10. João 19.25.

[24] Act. 26.7, 8. I Tim. 5.5.

[25] Mar. 15.43. ver. 25. cap. 24.21.

[26] ver. 52. cap. 1.80.

[27] Exo. 23.15 e 34.23. Deu. 16.1, 16.

[28] Mat. 7.28. Mar. 1.22. cap. 4.22, 32. João 7.15, 46.

[29] João 2.16.

[30] cap. 9.45 e 18.34.

[31] ver. 19. Dan. 7.28.

[32] I Sam. 2.26. ver. 40.

A prégação de João Baptista.

Mat. 3.1-12.

Anno Domini 26

3 E no anno quinze do imperio de Tiberio Cesar, sendo Poncio Pilatos presidente da Judea, Herodes tetrarcha da Galilea, e seu irmão Philippe tetrarcha da Iturea e da provincia de Traconites, e Lysaneas tetrarcha da Abylinia,

2 Sendo Annás [1] e Caiphás summos sacerdotes, veiu no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacharias.

3 E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, [2] prégando o baptismo de arrependimento, para o perdão dos peccados;

4 Segundo o que está escripto no livro das palavras [3] do propheta Isaias, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparae o caminho do Senhor; endireitae as suas veredas.

5 Todo o valle se encherá, e todo o monte e outeiro se abaixará; e os caminhos tortos se endireitarão, e os caminhos escabrosos se aplanarão;

6 E toda [4] a carne verá a salvação de Deus.

7 Dizia pois João á multidão que sahia a ser baptizada por elle: [5] Raça de viboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?

8 Dae pois fructos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abrahão por pae; porque eu vos digo que até d’estas pedras pode Deus suscitar filhos a Abrahão.

9 E tambem já está posto o machado á raiz das arvores; [6] toda a arvore, pois, que não dá bom fructo, corta-se e lança-se no fogo.

10 E a multidão o interrogava, dizendo: [7] Que faremos pois?

11 E, respondendo elle, disse-lhes: Quem tiver [8] duas tunicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos faça da mesma maneira.

12 E chegaram tambem [9] uns publicanos, para serem baptizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer?

13 E elle lhes disse: [10] Não peçaes mais do que o que vos está ordenado.

14 E uns soldados o interrogaram tambem, dizendo: E nós que faremos? E elle lhes disse: [11] Não trateis mal, nem defraudeis alguem, e contentae-vos com o vosso soldo.

15 E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Christo,

16 Respondeu João a todos, dizendo: [12] Eu, na verdade, baptizo-vos com agua, mas vem um mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos baptizará com o Espirito Sancto e com fogo.

17 E a sua pá está em sua mão; e limpará a sua eira, [13] e ajuntará o trigo no seu celleiro, porém queimará a palha com fogo que nunca se apaga.

18 E assim, admoestando, muitas outras coisas tambem annunciava ao povo.

19 Sendo, porém, o [14] tetrarcha Herodes reprehendido por elle por causa de Herodias, mulher de seu irmão Philippe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito,

20 Accrescentou a todas as outras[903] ainda esta, de encerrar João n’um carcere.

O baptismo de Jesus.

Mar. 3.13-17. João 1.32.

Anno Domini 27

21 E aconteceu que, como todo o povo fosse baptizado, e sendo baptizado tambem Jesus, e orando, abriu-se o céu,

22 E o Espirito Sancto desceu sobre elle em forma corporea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu filho amado, em ti me tenho comprazido.

Genealogia de Jesus.

23 E o mesmo Jesus começava a ser de quasi trinta [15] annos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,

24 e Heli de Matthat, e Matthat de Levi, e Levi de Melchi, e Melchi de Joanna, e Joanna de José,

25 e José de Mattathias, e Mattathias de Amós, e Amós de Naum, e Naum de Essi, e Essi de Naggai,

26 e Naggai de Maath, e Maath de Mattathias, e Mattathias de Semei, e Semei de José, e José de Juda,

27 e Juda de Johanna, e Johanna de Rhesa, e Rhesa de Zorobabel, e Zorobabel de Salathiel, e Salathiel de Neri,

28 e Neri de Melchi, e Melchi de Addi, e Addi de Cozam, e Cozam de Elmodam, e Elmodam de Er,

29 e Er de José, e José de Eliezer, e Eliezer de Jorim, e Jorim de Matthat, e Matthat de Levi,

30 e Levi de Simeon, e Simeon de Juda, e Juda de José, e José de Jonan, e Jonan de Eliakim,

31 e Eliakim de Melea, e Melea de Mainan, e Mainan de Matthata, e Matthata de Nathan, [16] e Nathan de David,

32 e David de Jesse, e Jesse de Obed, e Obed de Booz, e Booz de Salmon, e Salmon de Naasson,

33 e Naasson de Aminadab, e Aminadab de Arão, e Arão de Esrom, e Esrom de Fares, e Fares de Juda,

34 e Juda de Jacob, e Jacob de Isaac, e Isaac de Abrahão, e Abrahão de Thare, [17] e Thare de Nachor,

35 e Nachor de Saruch, e Saruch de Ragau, e Ragau de Faleg, e Faleg de Heber, e Heber de Sala,

36 e Sala de Cainan, [18] e Cainan de Arfaxad, e Arfaxad de Sem, [19] e Sem de Noé, e Noé de Lamech,

37 e Lamech de Mathusala, e Mathusala de Henoch, e Henoch de Jared, e Jared de Maleleel, e Maleleel de Cainan,

38 e Cainan de Henos, e Henos de Seth, e Seth de Adão, [20] e Adão de Deus.

[1] João 11.49, 51 e 18.13. Act. 4.6.

[2] Mat. 3.1. Mar. 1.4. cap. 1.77.

[3] Isa. 40.3. Mat. 3.3. Mar. 1.3. João 1.23.

[4] Psa. 98.2. Isa. 52.10. cap. 2.11.

[5] Mat. 3.7.

[6] Mat. 7.19.

[7] Act. 2.37.

[8] cap. 11.41. II Cor. 8.14. Thi. 2.15. I João 3.17.

[9] Mat. 21.32. cap. 7.29.

[10] cap. 19.8.

[11] Exo. 23.1. Lev. 19.11.

[12] Mat. 3.11.

[13] Miq. 4.12. Mat. 13.30.

[14] Mat. 14.3. Mar. 6.17.

[15] Num. 4.3, 35, 39, 43, 47.

[16] Zac. 12.12. II Sam. 5.14. I Chr. 3.5. Ruth 4.18, etc. I Chr. 2.10, etc.

[17] Gen. 11.24.

[18] Gen. 11.12.

[19] Gen. 5.6, etc. e 11.10, etc.

[20] Gen. 5.1, 2.

A tentação de Jesus.

Mat. 1.4-11.

Anno Domini 31

4 E Jesus, cheio do Espirito Sancto, voltou do Jordão [1] e foi levado pelo Espirito ao deserto;

2 E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e n’aquelles dias [2] não comeu coisa alguma; e, terminados elles, teve fome.

3 E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.

4 E Jesus lhe respondeu, dizendo: Escripto está [3] que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.

5 E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe n’um momento de tempo todos os reinos do mundo.

6 E disse-lhe o diabo: Dar-te-hei a ti todo este poder, e a sua gloria; porque a mim me foi entregue, [4] e dou-o a quem quero;

7 Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.

8 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vae-te, Satanaz; porque está escripto: [5] Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Elle servirás.

9 Levou-o tambem a Jerusalem, [6] e pôl-o sobre o pinaculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te d’aqui abaixo;

10 Porque está escripto: [7] Mandará aos seus anjos, ácerca de ti, que te guardem,

11 E que te sustenham nas mãos, para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.

12 E, Jesus, respondendo, [8] disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus.

13 E, acabando o [9] diabo toda a tentação, ausentou-se d’elle por algum tempo.

Jesus é expulso de Nazareth.

14 Então, [10] pela virtude do Espirito, voltou Jesus para a Galilea, [11] e a sua fama saiu por todas as terras em derredor.

[904]

15 E ensinava nas suas synagogas, e por todos era louvado.

16 E, chegando a Nazareth, [12] onde fôra criado, n’um dia de sabbado, segundo o seu costume, entrou na synagoga, e levantou-se para lêr.

17 E foi-lhe dado o livro do propheta Isaias; e, quando abriu o livro, achou o logar em que estava escripto:

18 O Espirito [13] do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para evangelizar aos pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,

19 A apregoar [AHA] liberdade aos captivos, e dar vista aos cegos; a pôr em liberdade os opprimidos; a annunciar o anno acceitavel do Senhor.

20 E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na synagoga estavam fitos n’elle.

21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escriptura em vossos ouvidos.

22 E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam [14] das palavras de graça que sahiam da sua bocca: e diziam: Não é este o filho de José?

23 E elle lhes disse: Sem duvida me direis este proverbio: Medico, cura-te a ti mesmo; faze tambem aqui na tua patria todas essas coisas que ouvimos terem [15] sido feitas em Capernaum.

24 E disse: [16] Em verdade vos digo que nenhum propheta é bem recebido na sua patria;

25 Em verdade vos digo [17] que muitas viuvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por tres annos e seis mezes, de sorte que em toda a terra houve grande fome;

26 E a nenhuma d’ellas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidon, a uma mulher viuva.

27 E muitos leprosos havia em [18] Israel no tempo do propheta Eliseu, e nenhum d’elles foi purificado, senão Naaman o syro.

28 E todos, na synagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira.

29 E, levantando-se, o expulsaram da cidade, e o levaram até ao cume do monte em que a cidade d’elles estava edificada, para d’ali o precipitarem.

30 Elle, porém, passando [19] pelo meio d’elles, retirou-se.

31 E desceu [20] a Capernaum, cidade da Galilea, e ali os ensinava nos sabbados.

32 E admiravam a sua doutrina, porque a [21] sua palavra era com auctoridade.

Cura de um endemoninhado.

Mar. 1.23-28.

33 E estava na synagoga um homem que tinha um espirito de um demonio immundo, e exclamou em alta voz,

34 Dizendo: Ah! que temos nós comtigo, Jesus Nazareno? vieste a destruir-nos? [22] Bem sei quem és: o Sancto de Deus.

35 E Jesus o reprehendeu, dizendo: Cala-te, e sae d’elle. E o demonio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu d’elle sem lhe fazer mal algum.

36 E veiu espanto sobre todos, e fallavam entre si uns e outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espiritos immundos manda com auctoridade e poder, e elles saem?

A cura da sogra de Pedro.

Mat. 8.14-17 e refs.

37 E a sua fama divulgava-se por todos os logares, em redor d’aquella comarca.

38 Ora, [23] levantando-se Jesus da synagoga, entrou em casa de Simão; e a sogra de Simão estava enferma com muita febre, e rogaram-lhe por ella.

39 E, inclinando-se para ella, reprehendeu a febre, e esta a deixou. E, levantando-se logo, servia-os.

40 E, ao pôr do sol, [24] todos os que tinham enfermos de varias doenças lh’os traziam; e, pondo as mãos sobre cada um d’elles, os curava.

41 E tambem de muitos sahiam demonios, clamando [25] e dizendo: [26] Tu és o Christo, o Filho de Deus. E elle, reprehendendo-os, não os deixava fallar, porque sabiam que elle era o Christo.

42 E, sendo já dia, [27] saiu, e foi para um logar deserto; e a multidão o buscava, e chegou junto d’elle; e o detinham, para que não se ausentasse d’elles.

43 Porém elle lhes disse: Tambem é necessario que eu annuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso sou enviado.

44 E prégava [28] nas synagogas da Galiléa.

[1] Mat. 4.1. Mar. 1.12. ver. 14. cap. 2.27.

[2] Exo. 34.28. I Reis 19.8.

[3] Deu. 8.3.

[4] João 12.31 e 14.30. Apo. 13.2, 7.

[5] Deu. 6.13 e 10.20.

[6] Mat. 4.5.

[7] Psa. 91.11, 12.

[8] Deu. 6.16.

[9] João 14.30. Heb. 4.15.

[10] Mat. 4.12. João 4.43. ver. 1.

[11] Act. 10.37.

[12] Mat. 2.23 e 13.54. Mar. 6.1. Act. 13.14 e 17.2.

[13] Isa. 61.1.

[14] Psa. 45.2. Mat. 13.54. Mar. 6.2. cap. 2.47. João 6.42.

[15] Mat. 4.13 e 11.23 e 13.54. Mar. 6.1.

[16] Mat. 13.57. Mar. 6.4. João 4.44.

[17] I Reis 17.9 e 18.1. Thi. 5.17.

[18] II Reis 5.14.

[19] João 8.59 e 10.39.

[20] Mat. 4.13. Mar. 1.21.

[21] Mat. 7.28, 29. Tito 2.15.

[22] ver. 41. Psa. 16.10. Dan. 9.24. cap. 1.35.

[23] Mar. 1.29.

[24] Mar. 1.32.

[25] Mar. 1.34 e 3.11.

[26] Mar. 1.25, 34. ver. 34, 35.

[27] Mar. 1.35.

[28] Mar. 1.39.

[905]

A pesca maravilhosa: os primeiros discipulos.

5 E aconteceu [1] que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava elle junto ao lago de Genezareth;

2 E viu estar dois barcos junto á praia do lago; e os pescadores, havendo descido d’elles, estavam lavando as redes.

3 E, entrando n’um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o affastasse um pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidão.

4 E, quando acabou de fallar, disse a Simão: [2] Faze-te ao mar alto, e lançae as vossas redes para pescar.

5 E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhámos; mas, sobre tua palavra, lançarei a rede.

6 E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.

7 E fizeram signal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quasi iam a pique.

8 E Simão Pedro, vendo isto, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, [3] ausenta-te de mim, que sou um homem peccador.

9 Porque o espanto se apoderara d’elle, e de todos os que com elle estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito;

10 E, de egual modo, tambem de Thiago e João, filhos de Zebedeo, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas: [4] de agora em diante serás pescador de homens.

11 E, levando os barcos para terra, deixando tudo, [5] o seguiram.

Cura d’um leproso.

Mat. 8.1-4 e refs.

12 E aconteceu [6] que, estando n’uma das cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quizeres, bem podes limpar-me.

13 E elle, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo a lepra desappareceu d’elle.

14 E ordenou-lhe que a ninguem [7] o dissesse. Porém vae, disse, mostra-te ao sacerdote, e offerece, pela tua purificação, o que Moysés determinou, para que lhes sirva de testemunho.

15 Porém a sua fama se dilatava ainda mais, [8] e ajuntavam-se muitas gentes para o ouvirem e para serem por elle curados das suas enfermidades.

16 Porém elle retirava-se [9] para os desertos, e ali orava.

Cura d’um paralytico.

Mat. 9.1-8 e refs.

17 E aconteceu que, n’um d’aquelles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados phariseos e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galilea, e da Judea, e de Jerusalem, e a virtude do Senhor estava com elle para os curar.

18 E eis que [10] uns homens transportaram n’uma cama um homem que estava paralytico, e procuravam introduzil-o, e pôl-o diante d’elle;

19 E, não achando por onde podessem introduzil-o, por causa da multidão, subiram ao telhado, e pelas telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus.

20 E, vendo elle a fé d’elles, disse-lhe: Homem, os teus peccados te são perdoados.

21 E [11] os escribas e os phariseos começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasphemias? Quem pode perdoar peccados, [12] senão só Deus?

22 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoaes em vossos corações?

23 Qual é mais facil? dizer: Os teus peccados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?

24 Ora, para que saibaes que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar os peccados (disse ao paralytico), A ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vae para tua casa.

25 E, levantando-se logo diante d’elles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.

26 E todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodigios.

A vocação de Levi.

Mat. 9.9-13 e refs.

27 E, depois [13] d’estas coisas, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado[906] na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me.

28 E elle, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.

29 E fez-lhe Levi [14] um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com elles á mesa.

30 E os escribas d’elles, e os phariseos, murmuravam contra os seus discipulos, dizendo: Porque comeis e bebeis com publicanos e peccadores?

31 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de medico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;

32 Eu não vim para chamar [15] os justos, mas, sim, os peccadores ao arrependimento.

Ácerca do jejum.

Mat. 9.14-17 e refs.

33 Disseram-lhe então elles: Porque jejuam os discipulos de João [16] muitas vezes, e fazem orações, como tambem os dos phariseos, porém os teus comem e bebem?

34 Mas elle lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas, emquanto o esposo está com elles?

35 Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então, n’aquelles dias, jejuarão.

36 E disse-lhes tambem uma parabola: [17] Ninguem deita remendo de panno novo em vestido velho; d’outra maneira o novo romperá o velho, e o remendo novo não condiz com o velho.

37 E ninguem deita vinho novo em odres velhos; d’outra maneira o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-ha o vinho, e os odres se estragarão;

38 Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão.

39 E ninguem que beber o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.

[1] Mat. 4.18. Mar. 1.16.

[2] João 21.6.

[3] II Sam. 6.9. I Reis 17.18.

[4] Mat. 4.19. Mar. 1.17.

[5] Mat. 4.20 e 19.27. Mar. 1.18. cap. 18.28.

[6] Mar. 1.40.

[7] Mat. 8.4. Lev. 14.4, 10, 21.

[8] Mat. 4.25. Mar. 3.7. João 6.2.

[9] Mat. 14.23. Mar. 6.46.

[10] Mar. 2.3.

[11] Mat. 9.3. Mar. 2.6.

[12] Psa. 32.5. Isa. 43.25.

[13] Mar. 2.13.

[14] Mat. 9.10. Mar. 2.15. cap. 15.1.

[15] Mat. 9.13. I Tim. 1.15.

[16] Mar. 2.18.

[17] Mat. 9.16, 17. Mar. 2.21.

Jesus é Senhor do sabbado.

Mat. 12.1-8 e refs.

6 E aconteceu [1] que, no sabbado segundo-primeiro, passou pelas searas, e os seus discipulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as mãos, as comiam.

2 E alguns dos phariseos lhes disseram: Porque fazeis [2] o que não é licito fazer nos sabbados?

3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nunca lêstes o que fez [3] David quando teve fome, elle e os que com elle estavam?

4 Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu tambem aos que estavam com elle, [4] os quaes não é licito comer senão só aos sacerdotes?

5 E dizia-lhes: O Filho do homem é Senhor até do sabbado.

Cura d’um homem que tinha uma das mãos mirrada.

Mat. 12.9-14 e refs.

6 E aconteceu [5] tambem n’outro sabbado que entrou na synagoga, e estava ensinando; e estava ali um homem que tinha a mão direita mirrada.

7 E os escribas e phariseos attentavam n’elle, se o curaria no sabbado, para acharem de que o accusar.

8 Mas elle bem conhecia os seus pensamentos; e disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te, e põe-te em pé no meio. E, levantando-se elle, poz-se em pé.

9 Então Jesus lhes disse: Uma coisa vos hei de perguntar: É licito nos sabbados fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?

10 E, olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. E elle assim o fez, e a mão lhe foi restituida sã como a outra.

11 E ficaram cheios de furor, e uns com os outros praticavam sobre o que fariam a Jesus.

Eleição dos doze.

Mat. 10.1-4 e refs.

12 E aconteceu que [6] n’aquelles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite orando a Deus.

13 E, quando era dia, chamou a si os seus discipulos, e escolheu doze d’elles, a quem tambem nomeou apostolos: a saber,

14 Simão, ao qual tambem chamou [7] Pedro, e André, seu irmão; Thiago e João; Philippe e Bartholomeo;

15 E Mattheus e Thomé; Thiago, filho d’Alfeo, e Simão, chamado o zelador;

16 E Judas, irmão de Thiago; [8] e Judas Iscariotes, que foi o traidor.

[907]

O sermão da montanha.

Mat. caps. 5, 6, 7.

17 E, descendo com elles, parou n’um logar plano, e tambem uma grande turba de seus [9] discipulos, e grande multidão de povo de toda a Judea, e de Jerusalem, e da costa maritima de Tyro e de Sidon,

18 Que tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades, como tambem os atormentados dos espiritos immundos: e eram curados.

19 E toda [10] a multidão procurava tocal-o; porque sahia d’elle virtude, e curava a todos.

20 E, levantando elle os olhos para os seus discipulos, dizia: [11] Bemaventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.

21 Bemaventurados vós, que agora tendes fome, [12] porque sereis fartos. Bemaventurados vós, que agora choraes, porque haveis de rir.

22 Bemaventurados sereis [13] quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, e injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.

23 Folgae n’esse dia, [14] exultae; porque, eis que é grande o vosso galardão no céu, porque assim faziam os seus paes aos prophetas.

24 Mas ai de [15] vós, ricos! porque tendes a vossa consolação.

25 Ai [16] de vós, que estaes fartos! porque tereis fome. Ai de vós, que agora rides, porque lamentareis e chorareis.

26 Ai de vós [17] quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus paes aos falsos prophetas.

27 Mas a vós, que ouvis isto, [18] digo: Amae a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem;

28 Bemdizei os que vos [19] maldizem, e orae pelos que vos calumniam.

29 Ao que te ferir n’uma face, [20] offerece-lhe tambem a outra; e, ao que te houver tirado a capa, nem a tunica recuses;

30 E dá a [21] qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que é teu, não lh’o tornes a pedir.

31 E, como vós quereis [22] que os homens vos façam, tambem da mesma maneira lhes fazei vós.

32 E, [23] se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Porque tambem os peccadores amam aos que os amam.

33 E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Porque tambem os peccadores fazem o mesmo.

34 E, se emprestardes [24] áquelles de quem esperaes tornar a receber, que recompensa tereis? Porque tambem os peccadores emprestam aos peccadores, para tornarem a receber outro tanto.

35 Amae pois a vossos inimigos, [25] e fazei bem, e emprestae, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altissimo; porque é benigno até para com os ingratos e máus.

36 Sêde pois misericordiosos, [26] como tambem vosso Pae é misericordioso.

37 Não julgueis, [27] e não sereis julgados: não condemneis, e não sereis condemnados: soltae, e soltar-vos-hão.

38 Dae, [28] e ser-vos-ha dado; boa medida, recalcada, sacudida e trasbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes vos tornarão a medir.

39 E dizia-lhes uma parabola: [29] Pode porventura o cego guiar o cego? não cairão ambos na cova?

40 [30] O discipulo não é sobre o seu mestre, mas todo o que fôr perfeito será como o seu mestre.

41 E porque attentas tu [31] no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu proprio olho?

42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho; não attentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hypocrita, [32] tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

43 Porque não [33] ha boa arvore que dê máu fructo, nem má arvore que dê bom fructo.

44 Porque cada [34] arvore se conhece[908] pelo seu proprio fructo; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos.

45 O homem [35] bom do bom thesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau do mau thesouro do seu coração tira o mal, porque da abundancia do seu coração falla a bocca.

46 E porque me chamaes, Senhor, Senhor, [36] e não fazeis o que eu digo?

47 Qualquer que vem para mim [37] e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é similhante:

48 É similhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e poz os alicerces sobre rocha, e, vindo a enchente, bateu com impeto a corrente n’aquella casa, e não a poude abalar, porque estava fundada sobre rocha.

49 Mas o que ouve e não obra é similhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com impeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a queda d’aquella casa.

[1] Mar. 2.23.

[2] Exo. 20.10.

[3] I Sam. 21.6.

[4] Lev. 24.9.

[5] Mar. 3.1. cap. 13.14 e 14.3. João 9.16.

[6] Mat. 14.23.

[7] João 1.42.

[8] Jud. 1.

[9] Mat. 4.25. Mar. 3.7.

[10] Mat. 14.36. Mar. 5.30. cap. 8.46.

[11] Mat. 5.3 e 11.5. Thi. 2.5.

[12] Isa. 55.1 e 65.13 e 61.3. Mat. 5.6 e 5.4.

[13] Mat. 5.11. I Ped. 2.19 e 3.14. João 16.2.

[14] Mat. 5.12. Act. 5.41. Col. 1.24. Thi. 1.2. Act. 7.51.

[15] Amós 6.1. Thi. 5.1. Mat. 6.2. cap. 16.25.

[16] Isa. 65.13. Pro. 14.13.

[17] João 15.19. I João 4.5.

[18] Exo. 23.4. Pro. 25.21. Mat. 5.44. ver. 35. Rom. 12.20.

[19] cap. 23.34. Act. 7.60.

[20] I Cor. 6.7. Mat. 5.39.

[21] Deu. 15.7, 8, 10. Pro. 21.26. Mat. 5.42.

[22] Mat. 7.12.

[23] Mat. 5.46.

[24] Mat. 5.42.

[25] ver. 27. Psa. 37.26. ver. 30. Mat. 5.45.

[26] Mat. 5.48.

[27] Mat. 7.1.

[28] Pro. 19.17. Psa. 79.12. Mat. 7.2. Mar. 4.24. Thi. 2.13.

[29] Mat. 15.14.

[30] Mat. 10.24.

[31] Mat. 7.3.

[32] Pro. 18.17.

[33] Mat. 7.16, 17.

[34] Mat. 12.33.

[35] Mat. 12.34, 35.

[36] Mal. 1.6. Mat. 7.21 e 25.11. cap. 13.25.

[37] Mat. 7.24.

O centurião de Capernaum.

Mat. 8.5-13 e refs.

7 E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Capernaum.

2 E o servo de um certo centurião, a quem muito estimava, estava doente, e moribundo.

3 E, quando ouviu fallar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeos, rogando-lhe que viesse e curasse o seu servo.

4 E, chegando elles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto,

5 Porque ama a nossa nação, e elle mesmo nos edificou a synagoga.

6 E foi Jesus com elles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incommodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;

7 Pelo que nem ainda me julguei digno de ir ter comtigo; dize, porém, uma palavra, e o meu creado sarará.

8 Porque tambem eu sou homem sujeito á auctoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vae; e elle vae; e a outro: Vem; e elle vem; e ao meu servo: Faze isto; e elle o faz.

9 E Jesus, ouvindo isto, maravilhou-se d’elle, e, voltando-se, disse á multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.

10 E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo.

O filho da viuva de Nain.

11 E aconteceu, no dia seguinte, que Jesus ia a uma cidade chamada Nain, e com elle iam muitos dos seus discipulos, e uma grande multidão;

12 E quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho unigenito de sua mãe, que era viuva; e com ella ia uma grande multidão da cidade.

13 E, vendo-a, o Senhor moveu-se de intima compaixão por ella, e disse-lhe: Não chores.

14 E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Mancebo, a ti te digo: [1] Levanta-te.

15 E o defunto assentou-se, e começou a fallar; e entregou-o a sua mãe.

16 E de todos se apoderou [2] o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande propheta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.

17 E correu d’elle esta fama por toda a Judea e por toda a terra circumvisinha.

João envia dois discipulos seus a Jesus.

Mat. 11.1-19 e refs.

18 E os discipulos de João annunciaram-lhe todas estas coisas.

19 E João, chamando dois dos seus discipulos, enviou-os a Jesus, dizendo: És tu aquelle que havia de vir, ou esperamos outro?

20 E, quando aquelles homens chegaram junto d’elle, disseram: João Baptista enviou-nos a dizer-te: És tu aquelle que havia de vir, ou esperamos outro?

21 E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espiritos máus, e deu vista a muitos cegos.

22 Respondendo então Jesus, [3] disse-lhes: Ide, e annunciae a João as coisas que tendes visto e ouvido: [4] que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos resuscitam e o Evangelho annuncia-se [5] aos pobres,

23 E bemaventurado aquelle que em mim se não escandalizar.

24 E, tendo-se retirado [6] os mensageiros de João, começou a dizer á[909] multidão ácerca de João: Que saistes a ver ao deserto? uma canna abalada pelo vento?

25 Mas que saistes a vêr? um homem trajado de vestidos delicados? Eis que os que andam com preciosos vestidos, e em delicias, estão nos paços reaes.

26 Mas que saistes a vêr? um propheta? sim, vos digo, e muito mais do que propheta.

27 Este é aquelle de quem está escripto: [7] Eis que envio o meu anjo adiante da tua face, o qual preparará diante de ti o teu caminho.

28 Porque eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não ha maior propheta do que João Baptista; mas o menor no reino de Deus é maior do que elle.

29 E todo o povo que o ouviu e os publicanos [8] justificaram a Deus, tendo sido baptizados com o baptismo de João.

30 Mas os phariseos e os doutores da lei rejeitaram [9] o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido baptizados por elle.

31 E disse o Senhor: [10] A quem pois compararei os homens d’esta geração, e a quem são similhantes?

32 São similhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem: Tocámos-vos flauta, e não dançastes; cantámos-vos lamentações, e não chorastes,

33 Porque [11] veiu João Baptista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demonio;

34 Veiu o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis ahi [12] um homem comilão, e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos peccadores.

35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.

A peccadora que ungiu os pés de Jesus.

36 E rogou-lhe [13] um dos phariseos que comesse com elle; e, entrando em casa do phariseo, assentou-se á mesa.

37 E eis que uma mulher da cidade, uma peccadora, sabendo que elle estava á mesa em casa do phariseo, levou um vaso de alabastro com unguento;

38 E, estando detraz, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lagrimas, e enxugava-lh’os com os cabellos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lh’os com o unguento.

39 E, quando isto viu o phariseo que o tinha convidado, fallava comsigo, dizendo: [14] Se este fôra propheta, bem saberia quem e qual é a mulher que o tocou, porque é peccadora.

40 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E elle disse: Dize-a, Mestre.

41 Um certo crédor tinha dois devedores; um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cincoenta.

42 E, não tendo elles com que pagar, perdoou-lhes a ambos a divida. Dize pois qual d’elles o amará mais?

43 E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquelle a quem mais perdoou. E elle lhe disse: Julgaste bem.

44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me déste agua para os pés; mas esta regou-me os pés com lagrimas, e m’os enxugou com os seus cabellos.

45 Não me déste osculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.

46 Não me ungiste [15] a cabeça com oleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento.

47 Por isso te digo [16] que os seus muitos peccados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquelle a quem pouco se perdoa pouco ama.

48 E disse-lhe a ella: [17] Os teus peccados te são perdoados.

49 E os que estavam á mesa começaram [18] a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa peccados?

50 E disse á mulher: [19] A tua fé te salvou: vae-te em paz.

[1] cap. 8.54. João 11.43. Act. 9.40. Rom. 4.17.

[2] cap. 1.65, 68 e 24.19. João 4.19 e 6.14 e 9.17.

[3] Mat. 11.4.

[4] Isa. 35.5.

[5] cap. 4.18.

[6] Mat. 11.7.

[7] Mal. 3.1.

[8] Mat. 3.5. cap. 3.12.

[9] Act. 20.27.

[10] Mat. 11.16.

[11] Mat. 3.4. Mar. 1.6. cap. 1.15.

[12] Mat. 11.19.

[13] Mat. 26.6. Mar. 14.3. João 11.2.

[14] cap. 15.2.

[15] Psa. 23.5.

[16] I Tim. 1.14.

[17] Mat. 9.2. Mar. 2.5.

[18] Mat. 9.3. Mar. 2.7.

[19] Mar. 5.34 e 10.52. cap. 8.48 e 18.42.

As mulheres que serviam a Jesus com os seus bens.

8 E aconteceu, depois d’isto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, prégando e annunciando o evangelho do reino de Deus: e os doze andavam com elle,

2 E [1] tambem algumas mulheres que haviam sido curadas de espiritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Magdalena, [2] da qual sairam sete demonios,

3 E Joanna, mulher de Chuza, procurador d’Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas.

A parabola do semeador.

Mat. 13.1-23 e refs.

4 E, [3] ajuntando-se uma grande multidão,[910] e vindo ter com elle de todas as cidades, disse por parabola:

5 Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu uma parte junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram;

6 E outra parte caiu sobre pedra, e, nascida, seccou-se, porquanto não tinha humidade;

7 E outra parte caiu entre espinhos, e, nascidos com ella os espinhos, a suffocaram;

8 E outra parte caiu em boa terra, e, nascida, produziu fructo, cento por um. Dizendo elle estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

9 E [4] os seus discipulos o interrogaram, dizendo: Que parabola é esta?

10 E elle disse: A vós é dado conhecer os mysterios do reino de Deus, mas aos outros por parabolas, [5] para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não entendam.

11 [6] Esta é pois a parabola: A semente é a palavra de Deus;

12 E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que se não salvem, crendo;

13 E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas estes não teem raiz, pois crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam;

14 E a que caiu entre espinhos, estes são os que ouviram, e, indo por diante, se suffocam com os cuidados, e riquezas e deleites da vida, e não dão fructo com perfeição;

15 E a que caiu em boa terra, estes são os que, ouvindo a palavra, a conservam n’um coração honesto e bom, e dão fructo [AHB] em perseverança.

A parabola da candeia.

Mar. 4.21-25 e refs.

16 E ninguem, [7] accendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; porém põe-n’a no velador, para que os que entram vejam a luz.

17 Porque não ha coisa [8] occulta que não haja de manifestar-se, nem coisa escondida que não haja de saber-se e vir á luz.

18 Vêde pois como ouvis; [9] porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver até o que parece que tem lhe será tirado.

A familia de Jesus.

Mat. 12.46-50 e refs.

19 E foram ter [10] com elle sua mãe e seus irmãos, e não podiam chegar a elle, por causa da multidão.

20 E foi-lhe annunciado por alguns, dizendo: Estão fóra tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te.

21 Porém, respondendo elle, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aquelles que ouvem a palavra de Deus e a executam.

Jesus apazigua a tempestade.

Mat. 8.25-27 e refs.

22 E aconteceu [11] que, n’um d’aquelles dias, entrou n’um barco, e com elle os seus discipulos, e disse-lhes: Passemos para a outra banda do lago. E partiram.

23 E, navegando elles, adormeceu; e sobreveiu uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se d’agua, e perigavam.

24 E, chegando-se a elle, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, perecemos. E elle, levantando-se, reprehendeu o vento e as ondas d’agua; e cessaram, e fez-se bonança.

25 E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E elles, temendo, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e á agua manda, e lhe obedecem?

O endemoninhado gadareno.

Mat. 8.28-34 e refs.

26 E navegaram para [12] a terra dos gadarenos, que está defronte da Galilea.

27 E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo era possesso de demonios, e não andava vestido, e não habitava em casa, mas nos sepulchros.

28 E, vendo a Jesus, prostrou-se diante d’elle, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu comtigo, Jesus, Filho do Deus Altissimo? Peço-te que não me atormentes.

29 Porque mandava ao espirito immundo que saisse d’aquelle homem; porque já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-n’o preso com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impellido pelo demonio para os desertos.

[911]

30 E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E elle disse: Legião; porque tinham entrado n’elle muitos demonios.

31 E rogavam-lhe que os não mandasse ir [13] para o abysmo.

32 E andava ali pastando no monte uma manada de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar n’elles; e concedeu-lh’o.

33 E, tendo saido os demonios do homem, entraram nos porcos, e a manada arrojou-se de um despenhadeiro no lago, e afogaram-se.

34 E aquelles que os guardavam, vendo o que acontecera, fugiram, e foram annuncial-o na cidade e nos campos.

35 E sairam a vêr o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus; e acharam o homem, de quem haviam saido os demonios, vestido, e em seu juizo, assentado aos pés de Jesus: e temeram.

36 E os que tinham visto contaram-lhes tambem como fôra salvo aquelle endemoninhado.

37 E [14] toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor [15] lhe rogou que se retirasse d’elles; porque estavam possuidos de grande temor. E, entrando elle no barco, voltou.

38 E aquelle homem, de quem haviam saido os demonios, [16] rogou-lhe que o deixasse estar com elle; porém Jesus o despediu, dizendo:

39 Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E elle foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito.

A filha de Jairo: a mulher que tinha um fluxo de sangue.

Mar. 5.21-43 e refs.

40 E aconteceu que, voltando Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o estavam esperando.

41 E eis que [17] chegou um varão, cujo nome era Jairo, e era principe da synagoga; e, prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa;

42 Porque tinha uma filha unica, quasi de doze annos, e estava á morte. E, indo elle, apertava-o a multidão.

43 E [18] uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze annos, e gastara com os medicos todos os seus haveres, e por nenhum podéra ser curada,

44 Chegando por detraz d’elle, tocou a orla do seu vestido, e o fluxo do seu sangue logo estancou.

45 E disse Jesus; Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com elle: Mestre, a multidão te aperta e opprime, e dizes: Quem é que me tocou?

46 E disse Jesus: Alguem me tocou, [19] porque bem conheci que de mim saiu virtude.

47 Então a mulher, vendo que não se occultava, approximou-se tremendo, e, prostrando-se ante elle, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que o havia tocado, e como logo sarára.

48 E elle lhe disse: Tem bom animo, filha, a tua fé te salvou: vae em paz.

49 Estando [20] elle ainda fallando, chegou um dos do principe da synagoga, dizendo: A tua filha está morta, não incommodes o Mestre.

50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe, dizendo: Não temas; crê sómente, e será salva.

51 E, entrando em casa, a ninguem deixou entrar, senão a Pedro, e a Thiago, e a João, e ao pae e á mãe da menina.

52 E todos choravam, e a pranteavam; e elle disse: Não choreis; não está morta, [21] mas dorme.

53 E riam-se d’elle, sabendo que estava morta.

54 Porém elle, pondo-os todos fóra, e pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: [22] Levanta-te, menina.

55 E o seu espirito voltou, e ella logo se levantou; e Jesus mandou que lhe déssem de comer.

56 E seus paes ficaram maravilhados; [23] e elle lhes mandou que a ninguem dissessem o que havia succedido.

[1] Mat. 27.55, 56.

[2] Mar. 16.9.

[3] Mar. 4.1.

[4] Mat. 13.10. Mar. 4.10.

[5] Isa. 6.9. Mar. 4.12.

[6] Mat. 13.18. Mar. 4.14.

[7] Mat. 5.15. cap. 11.33.

[8] Mat. 10.26. cap. 12.2.

[9] Mat. 13.12 e 25.29. cap. 19.26.

[10] Mar. 3.31.

[11] Mar. 4.35.

[12] Mar. 5.1.

[13] Apo. 20.3.

[14] Mat. 8.34.

[15] Act. 16.39.

[16] Mar. 5.18.

[17] Mat. 9.1.

[18] Mat. 9.20.

[19] Mar. 5.30. cap. 6.19.

[20] Mar. 5.35.

[21] João 11.11, 13.

[22] cap. 7.14. João 11.43.

[23] Mat. 8.4 e 9.30. Mar. 5.43.

A missão dos doze.

Mat. 10.5, etc.

Anno Domini 32

9 E, convocando os seus doze discipulos, [1] deu-lhes virtude e poder sobre todos os demonios, e para curarem enfermidades;

2 E enviou-os a prégar o reino de [2] Deus, e a curar os enfermos.

3 E disse-lhes: [3] Nada leveis comvosco para o caminho, nem bordões, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhaes dois vestidos.

4 E, em qualquer casa em que entrardes, [4] ficae ali, e de lá sahi.

5 E, se quaesquer vos não receberem, [5] saindo vós d’aquella cidade, sacudi[912] até o pó dos vossos [6] pés, em testemunho contra elles.

6 E, saindo elles, [7] percorreram todas as aldeias, annunciando o evangelho, e curando por toda a parte os enfermos.

Herodes o tetrarcha e João Baptista.

Mat. 14.1, etc.

7 E o tetrarcha Herodes [8] ouvia todas as coisas que Jesus fazia, e estava em duvida, porquanto diziam alguns que João resuscitara dos mortos,

8 E outros que Elias tinha apparecido, e outros que um propheta dos antigos havia resuscitado.

9 E disse Herodes: A João mandei eu degolar: quem é pois este de quem ouço dizer taes coisas? E procurava [9] vêl-o.

A primeira multiplicação dos pães.

Mat. 14.13-21 e refs.

10 E, regressando [10] os apostolos, contaram-lhe todas as coisas que tinham feito. E, tomando-os comsigo, retirou-se para um logar deserto de uma cidade chamada Bethsaida.

11 E, sabendo-o a multidão, o seguiu; e elle os recebeu, e fallava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.

12 E o dia começava a declinar, [11] e, chegando-se a elle os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo aos logares e aldeias em redor, se agasalhem, e achem que comer; porque aqui estamos em logar deserto.

13 Mas elle lhes disse: Dae-lhes vós de comer. E elles disseram: Não temos senão cinco pães e dois peixes: salvo se nós formos comprar comida para todo este povo.

14 Porque estavam ali quasi cinco mil homens. Disse então aos seus discipulos: Fazei-os assentar, aos ranchos de cincoenta em cincoenta.

15 E assim o fizeram, fazendo-os assentar a todos.

16 E, tomando os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discipulos para os porem diante da multidão.

17 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram, do que lhes sobejou, doze cestos de pedaços.

A confissão de Pedro.

Mat. 16.13, etc.

18 E aconteceu que, [12] estando elle só, orando, estavam com elle os discipulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou?

19 E, respondendo elles, disseram: [13] Uns João Baptista, outros Elias, e outros que um dos antigos prophetas resuscitou.

20 E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? [14] E, respondendo Pedro, disse: O Christo de Deus.

21 E, admoestando-os, [15] mandou-lhes que a ninguem o dissessem,

22 Dizendo: [16] É necessario que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e resuscite ao terceiro dia.

Cada um deve levar a sua cruz.

Mat. 16.24-28 e refs.

23 E dizia a todos: [17] Se alguem quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.

24 Porque, qualquer que quizer salvar a sua [AHC] vida, perdel-a-ha; porém qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará.

25 Porque, [18] que aproveita ao homem grangear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?

26 Porque, [19] qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, d’elle se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua gloria, e na do Pae e dos sanctos anjos,

27 E em verdade [20] vos digo que, dos que aqui estão, alguns ha que não gostarão a morte até que vejam o reino de Deus.

A transfiguração.

Mat. 17.1-13 e refs.

28 E aconteceu que, [21] quasi oito dias depois d’estas palavras, tomou comsigo a Pedro, a João e a Thiago, e subiu ao monte a orar.

29 E, estando elle orando, transfigurou-se a apparencia do seu rosto, e o seu vestido ficou branco e mui resplandecente.

30 E eis que estavam fallando com elle dois varões, que eram Moysés e Elias,

31 Os quaes appareceram com gloria, e fallavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalem.

32 E Pedro e os que se achavam com elle estavam [22] carregados de somno,[913] e, quando despertaram, viram a sua gloria e aquelles dois varões que estavam com elle.

33 E aconteceu que, apartando-se elles d’elle, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos tres tendas, uma para ti, uma para Moysés, e uma para Elias; não sabendo o que dizia.

34 E, dizendo elle isto, veiu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando elles na nuvem, temeram.

35 E veiu da nuvem uma voz que dizia: [23] Este é o meu amado Filho: [24] a elle ouvi.

36 E, tendo soado aquella voz, Jesus foi achado só: [25] e elles calaram-se, e por aquelles dias não contaram a ninguem nada do que tinham visto.

Cura d’um joven lunatico.

Mat. 17.14-21 e refs.

37 E aconteceu, no dia seguinte, que, descendo elles do monte, lhes saiu ao encontro uma grande multidão;

38 E eis que um homem da multidão clamou, dizendo: [26] Mestre, peço-te que olhes para o meu filho, porque é o unico que eu tenho,

39 E eis que um espirito o toma, e de repente clama, e o despedaça até escumar; e apenas o larga depois de o ter quebrantado.

40 E roguei aos teus discipulos que o expulsassem, e não poderam.

41 E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incredula e perversa! até quando estarei ainda comvosco e vos soffrerei? Traze-me cá o teu filho.

42 E, quando vinha chegando, o demonio o derribou e o convulsionou; porém Jesus reprehendeu o espirito immundo, e curou o menino, e o entregou a seu pae.

43 E todos pasmavam da magestade de Deus. E, maravilhando-se todos de todas as coisas que Jesus fazia, disse aos seus discipulos:

44 Ponde vós [27] estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens.

45 Mas [28] elles não entendiam esta palavra, e era-lhes encoberta, para que a não comprehendessem; e temiam interrogal-o ácerca d’esta palavra.

O maior no reino dos céus.

Mat. 18.1, etc. e refs.

46 E suscitou-se entre elles uma questão, [29] a saber, qual d’elles seria o maior.

47 Mas, vendo Jesus o pensamento de seus corações, tomou um menino, pôl-o junto a si,

48 E disse-lhes: [30] Qualquer que receber este menino em meu nome, recebe-me a mim; e qualquer que me recebe a mim, recebe o que me enviou; [31] porque aquelle que entre vós todos fôr o menor, esse será grande.

Quem não é contra nós é por nós.

Mar. 9.38-40.

49 E, respondendo João, [32] disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demonios, e lh’o prohibimos, porque não te segue comnosco.

50 E Jesus lhes disse: Não lh’o prohibaes, [33] porque quem não é contra nós é por nós.

Os samaritanos não recebem a Jesus.

51 E aconteceu que, completando-se os dias para a sua [34] assumpção, voltou o seu rosto para ir a Jerusalem.

52 E mandou mensageiros adiante da sua face; e, indo elles, entraram n’uma aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada,

53 Mas não o receberam, [35] porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalem.

54 E os seus discipulos, Thiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu o os [36] consuma, como Elias tambem fez?

55 Voltando-se, porém, elle, reprehendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espirito sois.

56 Porque [37] o Filho do homem não veiu para destruir as almas dos homens, mas para salval-as. E foram para outra aldeia.

Ácerca dos que seguem a Jesus.

Mat. 8.19-22.

57 E aconteceu que, indo elles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-hei para onde quer que fôres.

58 E disse-lhe Jesus: As raposas teem covis, e as aves do céu ninhos, mas o[914] Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

59 E disse a outro: Segue-me. Porém elle disse: Senhor, deixa que primeiro eu vá, e enterre a meu pae.

60 Mas Jesus lhe disse: Deixa aos mortos enterrar os seus mortos: porém tu vae e annuncia o reino de Deus.

61 Disse tambem outro: [38] Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa.

62 E Jesus lhe disse: Ninguem, que lança mão do arado e olha para traz, é apto para o reino de Deus.

[1] Mar. 3.3, 6, 7.

[2] Mat. 10.7, 8. Mar. 6.12. cap. 10.1, 9.

[3] Mat. 10.9. Mar. 6.8. cap. 10.4 e 22.35.

[4] Mat. 10.11. Mar. 6.10.

[5] Mat. 10.14.

[6] Act. 13.5.

[7] Mar. 6.12.

[8] Mar. 6.14.

[9] cap. 23.8.

[10] Mar. 6.30.

[11] Mat. 14.15. Mar. 6.35. João 6.1, 5.

[12] Mar. 8.27.

[13] Mat. 14.2. ver. 7, 8.

[14] Mat. 16.16. João 6.69.

[15] Mat. 16.20.

[16] Mat. 16.21 e 17.22.

[17] Mat. 10.38. Mar. 8.34. cap. 14.27.

[18] Mat. 16.26. Mar. 8.36.

[19] Mat. 10.33. Mar. 8.38. II Tim. 2.12.

[20] Mat. 16.28.

[21] Mar. 9.1.

[22] Dan. 8.18 e 10.9.

[23] Mat. 3.17.

[24] Act. 3.22.

[25] Mat. 17.9.

[26] Mar. 9.14, 17.

[27] Mat. 17.22.

[28] Mar. 9.32. cap. 2.50 e 18.34.

[29] Mar. 9.34.

[30] Mat. 10.40 e 18.6. Mar. 9.37. João 12.44 e 13.20.

[31] Mat. 23.11, 12.

[32] Num. 11.28.

[33] Mat. 12.30. cap. 11.23.

[34] Mar. 16.19. Act. 1.2.

[35] João 4.4, 9.

[36] II Reis 1.10, 12.

[37] João 3.17 e 12.47.

[38] I Reis 19.20.

A missão dos setenta discipulos.

10 E depois d’isto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os [1] adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e logares onde elle havia de ir.

2 E dizia-lhes; [2] Grande é, em verdade, a seára, mas os obreiros são poucos; rogae pois ao Senhor da seára que envie obreiros para a sua seára.

3 Ide: [3] eis que vos mando como cordeiros para o meio de lobos.

4 Não leveis bolsa, [4] nem alforge, nem alparcas; e a ninguem saudeis pelo caminho.

5 E, em qualquer [5] casa aonde entrardes, dizei primeiro: Paz seja n’esta casa.

6 E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre [AHD] elle a vossa paz; e, se não, voltará para vós.

7 E ficae na mesma casa, [6] comendo e bebendo do que elles tiverem, [7] pois digno é o obreiro do seu salario. [8] Não andeis de casa em casa.

8 E, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que vos pozerem adiante.

9 E curae [9] os enfermos que n’ella houver, e dizei-lhes: [10] É chegado a vós o reino de Deus.

10 Mas em qualquer cidade, em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei:

11 Até o pó, [11] que da vossa cidade se nos pegou, sacudimos sobre vós. Sabei, todavia, isto, que o reino de Deus é chegado a vós.

12 E digo-vos [12] que mais tolerancia haverá n’aquelle dia para Sodoma do que para aquella cidade.

13 Ai de ti, Chorazin, [13] ai de ti, Bethsaida! [14] que, se em Tyro e em Sidon se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já ha muito, assentadas em sacco e cinza, se teriam arrependido.

14 Portanto, para Tyro e Sidon será mais toleravel no juizo, do que para vós.

15 E tu, Capernaum, [15] que estás levantada até ao céu, até ao inferno serás abatida.

16 Quem vos ouve a vós, [16] a mim me ouve; e, quem vos rejeita a vós, a mim me rejeita; e, quem a mim me rejeita, rejeita aquelle que me enviou.

17 E [17] voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demonios se nos sujeitam.

18 E disse-lhes: [18] Eu via Satanaz, como raio, cair do céu.

19 Eis que vos [19] dou poder para pizar as serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará damno algum.

20 Mas não vos alegreis por isso, que se vos sujeitem os espiritos; alegrae-vos antes por estarem [20] os vossos nomes escriptos nos céus.

21 N’aquella mesma hora se alegrou Jesus em espirito, [21] e disse: Graças te dou, ó Pae, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sabios e intelligentes, e as revelaste ás creancinhas; assim é, ó Pae, porque assim te aprouve.

22 Todas [22] as coisas me foram entregues por meu Pae; e ninguem conhece quem é o Filho senão o Pae, nem quem é o Pae senão o Filho, e aquelle a quem o Filho o quizer revelar.

23 E, voltando-se para os seus discipulos, disse-lhes em particular: [23] Bemaventurados os olhos que vêem o que vós vêdes;

24 Porque vos digo que muitos prophetas [24] e reis desejaram vêr o que vós vêdes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.

A parabola do bom samaritano.

25 E eis que se levantou um certo[915] doutor da lei, tentando-o, e dizendo: [25] Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

26 E elle lhe disse: Que está escripto na lei? Como lês?

27 E, respondendo elle, [26] disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento; e [27] ao teu proximo como a ti mesmo.

28 E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, [28] e viverás.

29 Elle, porém, [29] querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu proximo?

30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalem para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quaes o despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, por acaso, descia pelo mesmo caminho um certo sacerdote; e, vendo-o, [30] passou de largo.

32 E d’egual modo tambem um levita, chegando-se ao logar, e vendo-o, passou de largo.

33 Porém um [31] certo samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé d’elle, e, vendo-o, moveu-se de intima compaixão;

34 E, approximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhe azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou d’elle;

35 E, partindo ao [32] outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida d’elle; e tudo o que de mais gastares, eu t’o pagarei quando voltar.

36 Qual, pois, d’estes tres te parece que foi o proximo d’aquelle que caiu nas mãos dos salteadores?

37 E elle disse: O que usou de misericordia para com elle. Disse, pois, Jesus: Vae, e faze da mesma maneira.

Martha e Maria.

38 E aconteceu que, indo elles de caminho, entrou n’uma aldeia; e uma certa mulher, por nome [33] Martha, o recebeu em sua casa;

39 E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se tambem aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

40 Porém Martha andava distrahida em muitos serviços, e, chegando, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe pois que me ajude.

41 E, respondendo Jesus, disse-lhe: Martha, Martha, andas cuidadosa e afadigada com muitas coisas,

42 Mas [34] uma só é necessaria; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

[1] Mat. 10.1. Mar. 6.7.

[2] Mat. 9.37, 38. João 4.35. II The. 3.1.

[3] Mat. 10.16.

[4] Mat. 10.9, 10. Mar. 6.8. cap. 9.3. II Reis 4.29.

[5] Mat. 10.12.

[6] Mat. 10.11.

[7] I Cor. 10.27.

[8] Mat. 10.10. I Cor. 9.4, etc. I Tim. 5.18.

[9] cap. 9.2.

[10] Mat. 3.2 e 4.17 e 10.7. ver. 11.

[11] Mat. 10.14. cap. 9.5. Act. 13.51 e 18.6.

[12] Mat. 10.15. Mar. 6.11.

[13] Mat. 11.21.

[14] Eze. 3.6.

[15] Mat. 11.23. Gen. 11.4. Deu. 1.28. Isa. 14.13. Jer. 51.53. Eze. 26.20.

[16] Mat. 10.40. Mar. 9.37. João 13.20 e 5.23. I The. 4.8.

[17] ver. 1.

[18] João 12.31 e 16.11. Apo. 9.1 e 12.8, 9.

[19] Mar. 16.10. Act. 28.5.

[20] Exo. 32.32. Psa. 69.28. Isa. 4.3. Dan. 12.1. Phi. 4.3. Heb. 12.23. Apo. 13.8.

[21] Mat. 11.25.

[22] Mat. 28.18. João 3.35 e 5.27 e 17.2. João 1.18 e 6.44, 46.

[23] Mat. 13.16.

[24] I Ped. 1.10.

[25] Mat. 19.16 e 22.35.

[26] Deu. 6.5.

[27] Lev. 19.18.

[28] Lev. 18.5. Neh. 9.29. Eze. 20.11, 13, 21. Rom. 10.5.

[29] cap. 16.15.

[30] Psa. 38.11.

[31] João 4.9.

[32] João 11.1 e 12.2, 3.

[33] I Cor. 7.32, etc. cap. 8.35. Act. 22.3.

[34] Psa. 27.4.

A oração dominical.

Mat. 6.9-15 e refs.

Anno Domini 33

11 E aconteceu que, estando elle a orar n’um certo logar, quando acabou lhe disse um dos seus discipulos: Senhor, ensina-nos a orar, como tambem João ensinou aos seus discipulos.

2 E elle lhes disse: Quando orardes, dizei: Pae nosso, que estás nos céus, sanctificado seja o teu nome: venha o teu reino: seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;

3 Dá-nos cada dia o nosso pão quotidiano.

4 E perdoa-nos os nossos peccados, pois tambem nós perdoamos a qualquer que nos deve; e não nos mettas em tentação, mas livra-nos do mal.

Parabola do amigo importuno.

5 Disse-lhes tambem: Qual de vós terá um amigo, e, se for procural-o á meia noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me tres pães,

6 Porquanto um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe;

7 Elle, respondendo de dentro, diga: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama: não posso levantar-me para t’os dar?

8 Digo-vos que, ainda que se não levante a dar-lh’os, [1] por ser seu amigo, levantar-se-ha, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.

9 E eu digo-vos, a vós: [2] Pedi, e dar-se-vos-ha: buscae, e achareis: batei, e abrir-se-vos-ha;

10 Porque qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate abrir-se-lhe-ha.

11 E qual o pae [3] d’entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou tambem, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?

12 Ou tambem, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?

[916]

13 Pois se vós, sendo máus, sabeis dar boas dadivas aos vossos filhos, quanto mais dará o nosso Pae celestial o Espirito Sancto áquelles que lh’o pedirem?

A blasphemia dos phariseos.

Mat. 12.22-32 e refs.

14 E estava expulsando um demonio, o qual era mudo. E aconteceu que, saindo o demonio, o mudo fallou; e maravilhou-se a multidão.

15 Porém alguns d’elles diziam: [4] Elle expulsa os demonios por Beelzebú, principe dos demonios.

16 E outros, tentando-o, pediam-lhe [5] um signal do céu.

17 Mas, conhecendo elle os seus pensamentos, [6] disse-lhes: Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá.

18 E, se tambem Satanaz está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demonios por Beelzebú;

19 E, se eu expulso os demonios por Beelzebú, [7] por quem os expulsam os vossos filhos? Elles pois serão os vossos juizes.

20 Mas, se eu expulso os demonios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus.

21 Quando o homem [8] valente guarda armado a sua casa, em segurança está tudo quanto tem.

22 Mas, sobrevindo [9] outro mais valente do que elle, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.

23 Quem não é comigo [10] é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.

24 Quando o espirito [11] immundo tem saido do homem, anda por logares seccos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, d’onde sahi.

25 E, chegando, acha-a varrida e adornada.

26 Então vae, e leva comsigo outros sete espiritos peiores do que elle, e, entrando, habitam ali: e o ultimo estado d’esse homem é [12] peior do que o primeiro.

27 E aconteceu que, dizendo elle estas coisas, uma mulher d’entre a multidão, levantando a voz, lhe disse: [13] Bemaventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste.

28 Mas elle disse: [14] Antes bemaventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.

O signal do propheta Jonas.

Mat. 12.38-42 e refs.

29 E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: Maligna é esta geração: ella pede um signal; e não lhe será dado outro signal, senão o signal do propheta Jonas:

30 Porque, assim como [15] Jonas foi signal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será tambem para esta geração.

31 A rainha do [16] sul se levantará no juizo com os homens d’esta geração, e os condemnará; pois até dos confins da terra veiu ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é maior do que Salomão.

32 Os homens de Ninive se levantarão no juizo com esta geração, e a condemnarão; [17] pois se converteram com a prégação de Jonas, e eis aqui está quem é maior do que Jonas.

A candeia do corpo.

33 E ninguem, [18] accendendo a candeia, a põe em logar occulto, nem debaixo do alqueire; porém no velador, para que os que entrarem vejam a luz.

34 A candeia [19] do corpo é o olho. Sendo pois o teu olho simples, tambem todo o teu corpo será luminoso, mas, se fôr mau, tambem o teu corpo será tenebroso.

35 Vê pois que a tua luz que em ti ha não sejam trevas.

36 Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te allumia com o seu resplendor.

Jesus censura os phariseos e os escribas.

Mat. 23.1, etc. e refs.

37 E, estando elle ainda fallando, rogou-lhe um phariseo que fosse jantar com elle; e, entrando, assentou-se á mesa.

38 Mas o phariseo [20] admirou-se, vendo que se não lavara antes de jantar.

39 E o Senhor lhe disse; [21] Vós, os phariseos, limpaes agora o exterior do copo e do prato; porém o vosso [22] interior está cheio de rapina e maldade.

[917]

40 Loucos! o que fez o exterior, não fez tambem o interior?

41 Antes dae [23] esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo.

42 Mas ai de vós, [24] phariseos, que dizimaes a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezaes o juizo e amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras.

43 Ai de vós, phariseos, [25] que amaes os primeiros assentos nas synagogas, e as saudações nas praças.

44 Ai de vós, [26] escribas e phariseos hypocritas, que sois como as sepulturas que não apparecem, e os homens que sobre ellas andam não o sabem.

45 E, respondendo um dos doutores da lei, disse-lhe: Mestre, quando dizes isto, tambem nos affrontas a nós.

46 Porém elle disse: Ai de vós tambem, doutores da lei, [27] que carregaes os homens com cargas difficeis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocaes nas ditas cargas.

47 Ai de vós [28] que edificaes os sepulchros dos prophetas, e vossos paes os mataram.

48 Bem testificaes, pois, que consentis nas obras de vossos paes; porque elles os mataram, e vós edificaes os seus sepulchros.

49 Portanto diz tambem a sabedoria de Deus: [29] Prophetas e apostolos lhes mandarei; e elles matarão uns, e perseguirão outros;

50 Para que d’esta geração seja requerido o sangue de todos os prophetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado,

51 Desde o sangue [30] de Abel, até ao sangue de Zacharias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido d’esta geração.

52 Ai de vós, doutores [31] da lei, que tirastes a chave da sciencia; vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam.

53 E, dizendo-lhes estas coisas, os escribas e os phariseos começaram a apertal-o fortemente, e a fazel-o fallar ácerca de muitas coisas,

54 Armando-lhe ciladas, a fim [32] de apanharem da sua bocca alguma coisa para o accusarem.

[1] cap. 18.1, etc.

[2] Mat. 7.7 e 21.22. Mar. 11.24. João 15.7. Thi. 1.6. I João 3.22.

[3] Mat. 7.9.

[4] Mat. 9.34 e 12.24.

[5] Mat. 12.38 e 16.1.

[6] Mat. 12.35. Mar. 3.24. João 2.25.

[7] Exo. 8.19.

[8] Mar. 3.27.

[9] Isa. 53.12. Col. 2.15.

[10] Mat. 12.30.

[11] Mat. 12.43.

[12] João 5.14. Heb. 6.4 e 10.26. II Ped. 2.20.

[13] cap. 1.28, 48.

[14] Mat. 7.21. cap. 8.21. Thi. 1.25.

[15] Jon. 2.1, 11.

[16] I Reis 10.1.

[17] Jon. 3.5.

[18] Mat. 5.15. Mar. 4.21. cap. 8.16.

[19] Mat. 6.22.

[20] Mar. 7.3.

[21] Mat. 23.25.

[22] Tito 1.15.

[23] Isa. 58.7. Dan. 4.24. cap. 12.33.

[24] Mat. 23.23.

[25] Mat. 23.6. Mar. 12.38, 39.

[26] Mat. 23.27. Psa. 6.10.

[27] Mat. 23.4.

[28] Mat. 23.29.

[29] Mat. 23.34.

[30] Gen. 4.8. II Chr. 24.20, 21.

[31] Mat. 23.13.

[32] Mar. 12.13.

12 Ajuntando-se [1] entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropellavam uns aos outros, começou a dizer aos seus discipulos: [2] Acautelae-vos primeiramente do fermento dos phariseos, que é a hypocrisia.

2 Mas nada [3] ha encoberto que não haja de ser descoberto; nem occulto, que não haja de ser sabido.

3 Porquanto tudo o que em trevas dissestes á luz será ouvido; e o que fallastes ao ouvido no gabinete sobre os telhados será apregoado.

Não devemos temer os homens.

Mat. 10.28-33 e refs.

4 E digo-vos, [4] amigos meus; Não temaes os que matam o corpo, e depois não teem mais que fazer.

5 Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquelle que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.

6 Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum d’elles está esquecido diante de Deus.

7 E até os cabellos da vossa cabeça estão todos contados. Não temaes pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.

8 E digo-vos [5] que todo aquelle que me confessar diante dos homens, tambem o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.

9 Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.

10 E a todo [6] aquelle que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-ha perdoada, mas ao que blasphemar contra o Espirito Sancto não lhe será perdoado.

11 E, quando [7] vos conduzirem ás synagogas, aos magistrados e potestades, não estejaes solicitos de como ou do que haveis de responder nem do que haveis de fallar.

12 Porque na mesma hora vos ensinará o Espirito Sancto o que vos convenha fallar.

A parabola do rico louco.

13 E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.

14 Mas elle lhe disse: Homem, [8] quem me poz a mim por juiz ou repartidor entre vós?

15 E disse-lhes: [9] Acautelae-vos e[918] guardae-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundancia dos bens que possue.

16 E propoz-lhes uma parabola, dizendo: A herdade d’um homem rico tinha produzido com abundancia;

17 E arrazoava elle entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus fructos.

18 E disse: Farei isto: Derribarei os meus celleiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens;

19 E direi á minha [10] alma: Alma, tens em deposito muitos bens para muitos annos: descança, come, bebe, e folga.

20 Porém Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a [11] tua alma; e o que tens preparado para quem será?

21 Assim é o que para si ajunta thesouros, e não [12] é rico para com Deus.

Solicitude pela nossa vida.

Mat. 6.25-34 e refs.

22 E disse aos seus discipulos: Portanto vos digo: Não estejaes solicitos pela vossa vida, no que comereis, nem pelo corpo, no que vestireis.

23 Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que o vestido.

24 Considerae os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem teem dispensa nem celleiro, e Deus [13] os alimenta: quanto mais valeis vós do que as aves?

25 E qual de vós, sendo solicito, pode accrescentar um covado á sua estatura?

26 Pois, se nem ainda podeis fazer as coisas minimas, porque estaes solicitos pelo mais?

27 Considerae os lirios, como elles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua gloria, se vestiu como um d’elles.

28 E, se Deus assim veste a herva que hoje está no campo, e ámanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?

29 Vós pois não pergunteis que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos.

30 Porque as gentes do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pae sabe que haveis mister d’ellas.

31 Buscae antes [14] o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão accrescentadas.

32 Não temas, [15] ó pequeno rebanho, porque a vosso Pae agradou dar-vos o reino.

33 Vendei o que tendes, e [16] dae esmola. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; thesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não roe.

34 Porque, onde estiver o vosso thesouro, ali estará tambem o vosso coração.

Parabola do servo vigilante.

Mat. 24.45-51.

35 Estejam cingidos os [17] vossos lombos, e accesas as vossas candeias.

36 E sêde vós similhantes aos homens que esperam a seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier, e bater, logo possam abrir-lhe.

37 Bemaventurados aquelles servos, os [18] quaes, quando o Senhor vier, os achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar á mesa, e, chegando-se, os servirá.

38 E, se vier na segunda vigilia, e se vier na terceira vigilia, e os achar assim, bemaventurados são os taes servos.

39 Sabei, porém, isto, [19] que, se o pae de familia soubesse a que hora, havia de vir o ladrão, vigiaria, e não deixaria minar a sua casa.

40 Portanto, estae vós tambem [20] apercebidos; porque virá o Filho do homem a hora que não imaginaes.

41 E disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parabola a nós, ou tambem a todos?

42 E disse o Senhor: [21] Qual é pois o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor poz sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?

43 Bemaventurado aquelle servo, o qual o senhor, [22] quando vier, achar fazendo assim.

44 Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.

45 Mas, se aquelle servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os creados e creadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,

46 Virá o senhor d’aquelle servo no dia em que o não espera, e n’uma hora[919] que elle não sabe, e separal-o-ha, e porá a sua parte com os infieis.

47 E o servo [23] que soube a vontade do seu senhor, e não se apercebeu, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;

48 Mas o [24] que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito fôr dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá.

Jesus traz fogo e dissensão á terra.

49 Vim lançar fogo na terra; [25] e que quero, se já está acceso?

50 Importa, porém, que seja baptizado com um baptismo; [26] e como me angustio até que venha a cumprir-se!

51 Cuidaes [27] vós que vim dar paz á terra? Não, vos digo, mas antes dissensão;

52 Porque d’aqui em [28] diante estarão cinco divididos n’uma casa: tres contra dois, e dois contra tres:

53 O pae estará dividido contra o filho, e o filho contra o pae; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra.

Os signaes dos tempos.

54 E dizia tambem á multidão: [29] Quando vêdes a nuvem que vem do occidente, logo dizeis: Lá vem chuva, e assim succede.

55 E, quando assopra o sul, dizeis: Haverá calma; e assim succede.

56 Hypocritas, sabeis distinguir a face da terra e do céu, e como não distinguis este tempo?

57 E porque não julgaes tambem por vós mesmos o que é justo?

58 Quando [30] pois vaes com o teu adversario ao magistrado, procura livrar-te d’elle no caminho; para que não succeda que te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão.

59 Digo-te que não sairás d’ali emquanto não pagares o derradeiro ceitil.

[1] Mat. 16.6. Mar. 8.15.

[2] Mat. 16.12.

[3] Mat. 10.26. Mar. 4.22. cap. 8.17.

[4] Isa. 51.7, 8, 12, 13. Jer. 1.8. João 15.14, 15.

[5] Mat. 10.32. Mar. 8.38. II Tim. 2.12. I João 2.23.

[6] Mat. 12.31, 32. Mar. 3.28. I João 5.16.

[7] Mat. 10.19. Mar. 13.11. cap. 21.14.

[8] João 18.36.

[9] I Tim. 6.7, etc.

[10] Ecc. 11.9. I Cor. 15.32. Thi. 5.5.

[11] Job 20.22 e 27.8. Psa. 52.5. Thi. 4.14. Psa. 39.6. Jer. 17.11.

[12] Mat. 6.20. ver. 33. I Tim. 6.18, 19. Thi. 2.5.

[13] Job 38.41. Psa. 147.9.

[14] Mat. 6.33.

[15] Mat. 11.25, 26.

[16] Mat. 19.21 e 6.20. Act. 2.45 e 4.34. cap. 16.9. I Tim. 6.19.

[17] Eph. 6.14. I Ped. 1.13. Mat. 25.1, etc.

[18] Mat. 24.46.

[19] Mat. 24.43. I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[20] Mat. 24.44 e 25.13. Mar. 13.33. cap. 21.34, 36. I The. 5.6. II Ped. 3.12.

[21] Mat. 24.45 e 25.21. I Cor. 4.2.

[22] Mat. 24.47, 48.

[23] Num. 15.30. Deu. 25.2. João 9.41 e 15.22. Act. 17.30. Thi. 4.17.

[24] Lev. 5.17. I Tim. 1.13.

[25] ver. 51.

[26] Mat. 20.22. Mar. 10.38.

[27] Mat. 10.34. ver. 49. Miq. 7.6. João 7.43 e 9.16 e 10.19.

[28] Mat. 10.35.

[29] Mat. 16.2.

[30] Pro. 25.8. Mat. 5.25. Psa. 32.6. Isa. 50.6.

A mortandade dos galileos e a queda da torre em Siloé.

13 E n’aquelle mesmo tempo estavam presentes ali alguns que lhe fallavam dos galileos cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrificios.

2 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidaes vós que esses galileos foram mais peccadores do que todos os outros galileos, por terem assim padecido?

3 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de egual modo perecereis.

4 Ou aquelles dezoito, sobre os quaes caiu a torre em Siloé e os matou, cuidaes que foram mais [AHE] culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalem?

5 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de egual modo perecereis.

A parabola da figueira esteril.

6 E dizia esta parabola: Um [1] certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi buscar n’ella algum fructo, e não o achou;

7 E disse ao vinhateiro: Eis que ha tres annos venho buscar fructo a esta figueira, e não o acho; corta-a; porque occupa ainda a terra inutilmente?

8 E, respondendo elle, disse-lhe: Senhor, deixa-a este anno, até que eu a escave e a esterque;

9 E, se der fructo, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar.

Cura d’uma mulher paralytica.

10 E ensinava no sabbado, n’uma das synagogas.

11 E eis que estava ali uma mulher que tinha um espirito de enfermidade, havia já dezoito annos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.

12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade.

13 E poz as mãos sobre ella, [2] e logo se endireitou, e glorificava a Deus.

14 E, tomando a palavra o principe da synagoga, indignado porque Jesus curava no sabbado, disse á multidão: [3] Seis dias ha em que é mister trabalhar: n’estes pois vinde para serdes curados, [4] e não no dia de sabbado.

15 Respondeu-lhe, porém, o Senhor e disse: Hypocrita, [5] no sabbado não desprende da mangedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber?

16 E não convinha soltar d’esta prisão,[920] no dia de sabbado, a esta filha [6] de Abrahão, a qual ha dezoito annos Satanaz tinha presa?

17 E, dizendo elle estas coisas, todos os seus adversarios se confundiam, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por elle.

Parabolas, do grão de mostarda e do fermento.

Mat. 13.31-33 e refs.

18 E dizia: [7] A que é similhante o reino de Deus, e a que o compararei?

19 É similhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu, e fez-se grande arvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.

20 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?

21 É similhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em tres medidas de farinha, até que tudo levedou.

A porta estreita.

22 E percorria as cidades [8] e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalem.

23 E disse-lhe um: Senhor, são poucos os que se salvam? E elle lhe disse:

24 Porfiae por entrar pela porta estreita; [9] porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.

25 Quando o pae de familia se levantar e cerrar a porta, [10] e começardes a estar de fóra, e a bater á porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo elle, vos disser: Não sei d’onde vós sois;

26 Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tens ensinado nas nossas ruas.

27 E elle dirá: [11] Digo-vos que não sei d’onde vós sois; [12] apartae-vos de mim, vós todos os que obraes iniquidade.

28 Ali haverá choro e ranger de dentes, [13] quando virdes Abrahão e Isaac, e Jacob, e todos os prophetas, no reino de Deus, e vós lançados fóra.

29 E virão do oriente, e do occidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-hão á mesa no reino de Deus.

30 E eis que derradeiros ha [14] que serão os primeiros; e primeiros ha que serão os derradeiros.

Jesus é avisado do odio de Herodes.

31 N’aquelle mesmo dia chegaram uns phariseos, dizendo-lhe: Sae, e retira-te d’aqui, porque Herodes quer matar-te.

32 E disse-lhes: Ide, e dizei áquella raposa: Eis que eu expulso demonios, e effectuo curas, hoje e ámanhã, e no terceiro dia sou [15] consummado.

33 Importa, porém, caminhar hoje, ámanhã, e no dia seguinte, para que não succeda que morra um propheta fóra de Jerusalem.

34 Jerusalem, [16] Jerusalem, que matas os prophetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quiz eu ajuntar os teus filhos, como a gallinha os seus pintos debaixo das suas azas, e não quizeste?

35 Eis que a vossa casa se vos deixará [17] deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digaes: Bemdito aquelle que vem em nome do Senhor.

[1] Isa. 5.2. Mat. 21.19.

[2] Mar. 16.18. Act. 9.8.

[3] Exo. 20.9.

[4] Mat. 12.10. Mar. 3.2. cap. 6.7 e 14.3.

[5] cap. 14.5.

[6] cap. 19.9.

[7] Mar. 4.30.

[8] Mat. 9.34. Mar. 6.6.

[9] Mat. 7.13. João 7.34 e 8.21 e 13.33. Rom. 9.31.

[10] Psa. 32.6. Isa. 55.6. Mat. 25.10. cap. 6.46. Mat. 7.23 e 25.12.

[11] Mat. 7.23 e 25.41. ver. 25.

[12] Psa. 6.9. Mat. 25.41.

[13] Mat. 8.12 e 13.42 e 24.51 e 8.11.

[14] Mat. 19.30 e 20.16. Mar. 10.31.

[15] Heb. 2.10.

[16] Mat. 23.37.

[17] Lev. 26.31, 32. Psa. 69.25. Isa. 1.7. Dan. 9.27. Miq. 3.12. Psa. 118.26. Mat. 21.9. Mar. 11.10. cap. 19.38. João 12.13.

Cura d’um hydropico.

14 Aconteceu n’um sabbado que, entrando elle em casa de um dos principaes dos phariseos para comer pão, elles o estavam espiando.

2 E eis que estava ali adiante d’elle um certo homem hydropico.

3 E, Jesus, tomando a palavra, fallou aos doutores da lei, e aos phariseos, dizendo: [1] É licito curar no sabbado?

4 Elles, porém, calaram-se. E, tomando-o, elle o curou e despediu.

5 E, respondendo-lhes, disse: [2] Qual será de vós o que, caindo-lhe n’um poço, em dia de sabbado, o jumento ou o boi, o não tire logo?

6 E nada lhe podiam replicar a estas coisas.

Parabola dos primeiros assentos e dos convidados.

7 E disse aos convidados uma parabola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes:

8 Quando por alguem fôres convidado ás bodas, não te assentes no primeiro logar, não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;

9 E, vindo o que te convidou a ti e a elle, te diga: Dá o logar e este; e[921] então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro logar.

10 Mas, quando fores [3] convidado, vae, e assenta-te no derradeiro logar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem comtigo á mesa.

11 Porque qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, [4] e aquelle que a si mesmo se humilhar será exaltado.

12 E dizia tambem ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem visinhos ricos, para que não succeda que tambem elles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.

13 Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, [5] aleijados, mancos e cegos,

14 E serás bemaventurado; porquanto não teem com que t’o recompensar; porque recompensado te será na resurreição dos justos.

Parabola da grande ceia.

Mat. 22.1-14 e refs.

15 E, ouvindo isto um dos que estavam com elle á mesa, disse-lhe: Bemaventurado [6] aquelle que comer pão no reino de Deus.

16 Porém elle lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.

17 E á hora da ceia [7] mandou o seu servo a dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.

18 E todos á uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vêl-o: rogo-te que me hajas por escusado.

19 E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou a experimental-os: rogo-te que me hajas por escusado.

20 E outro disse: Casei, e portanto não posso ir.

21 E, voltando aquelle servo, annunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pae de familia, indignado, disse ao seu servo: Sae depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.

22 E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda ha logar.

23 E disse o senhor ao servo: Sae pelos caminhos e vallados, e força-os a entrar para que a minha casa se encha.

24 Porque eu vos digo [8] que nenhum d’aquelles varões que foram convidados provará a minha ceia.

Parabola ácerca da providencia.

25 Ora ia com elle uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:

26 Se alguem vier a mim, [9] e não aborrecer a seu pae, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda tambem a sua propria vida, não pode ser meu discipulo.

27 E qualquer que não levar a sua cruz, [10] e não vier após mim, não pode ser meu discipulo.

28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, [11] não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?

29 Para que não aconteça que, depois de haver posto o alicerce, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer d’elle,

30 Dizendo: Este homem começou a edificar e não poude acabar.

31 Ou qual é o rei que, indo á guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra elle com vinte mil?

32 D’outra maneira, estando o outro ainda longe, manda-lhe embaixadores, e pede condições de paz.

33 Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discipulo.

34 Bom é o sal; [12] porém, se o sal degenerar, com que se adubará?

35 Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-n’o fóra. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

[1] Mat. 12.10.

[2] Exo. 23.5. Deu. 22.4. cap. 13.15.

[3] Pro. 25.6, 7.

[4] Job 22.29. Psa. 18.27. Pro. 29.23. Mat. 23.12. cap. 18.14. Thi. 4.6. I Ped. 5.5.

[5] Neh. 8.10, 12.

[6] Apo. 19.9.

[7] Pro. 9.2, 5.

[8] Mat. 21.43 e 22.8. Act. 13.46.

[9] Deu. 13.6 e 33.9. Mat. 10.37. Rom. 9.13. Apo. 12.11.

[10] Mat. 16.24. Mar. 8.34. cap. 9.23. II Tim. 3.12.

[11] Pro. 24.27.

[12] Mat. 5.13. Mar. 9.50.

Parabolas, da ovelha e da drachma perdidas.

15 E chegavam-se a [1] elle todos os publicanos e peccadores para o ouvir.

2 E os phariseos e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe peccadores, [2] e come com elles.

3 E elle lhes propoz esta parabola, dizendo:

4 Que homem d’entre [3] vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma d’ellas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vae após a perdida até que venha a achal-a?

5 E, achando-a, a põe sobre seus hombros, gostoso;

6 E, chegando a casa, convoca os[922] amigos e visinhos, dizendo-lhes: Alegrae-vos comigo, porque achei a minha ovelha [4] perdida.

7 Digo-vos que assim haverá mais alegria no céu sobre um peccador que se arrependa [5] do que sobre noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

8 Ou qual a mulher que, tendo dez drachmas, se perder uma drachma, não accende a candeia, e não varre a casa, e não busca com diligencia até a achar?

9 E, achando-a, convoca as amigas e visinhas, dizendo: Alegrae-vos comigo, porque já achei a drachma perdida.

10 Assim vos digo que ha alegria diante dos anjos de Deus sobre um peccador que se arrepende.

Parabola do filho prodigo.

11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço d’elles disse ao pae: Pae, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E elle lhes repartiu [6] a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra mui longe, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

14 E, havendo elle gastado tudo, houve n’aquella terra uma grande fome, e começou a padecer necessidade.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos d’aquella terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar os porcos.

16 E desejava saciar o seu estomago com as [AHF] bolotas que os porcos comiam, e ninguem lhe dava nada.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pae teem abundancia de pão, e eu pereço de fome!

18 Levantar-me-hei, e irei ter com meu pae, e dir-lhe-hei: Pae, pequei contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

20 E, levantando-se, foi para seu pae; e, quando [7] ainda estava longe, viu-o seu pae, e se moveu de intima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

21 E o filho lhe disse: Pae, pequei contra o céu [8] e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pae disse aos seus servos: Trazei depressa o vestido melhor, e vesti-lh’o, e ponde-lhe um annel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matae-o; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque [9] este meu filho era morto, e reviveu, tinha-se perdido, e é achado. E começaram a alegrar-se.

25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veiu, e chegou perto de casa, ouviu a musica e as danças.

26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquillo.

27 E elle lhe disse: Veiu teu irmão; e teu pae matou o bezerro cevado, porquanto o recuperou são e salvo.

28 Indignou-se, porém, elle, e não queria entrar. E, saindo o pae, o rogava.

29 Mas, respondendo elle, disse ao pae: Eis que te sirvo ha tantos annos, e nunca transgredi o teu mandamento, e nunca me déste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

31 E elle lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;

32 Portanto era justo alegrarmo-nos e folgarmos, [10] porque este teu irmão era morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

[1] Mat. 9.10.

[2] Act. 11.3. Gal. 2.12.

[3] Mat. 18.12.

[4] I Ped. 2.10, 25.

[5] cap. 5.32.

[6] Mar. 12.44.

[7] Act. 2.39. Eph. 2.13, 17.

[8] Psa. 51.4.

[9] ver. 32. Eph. 2.1 e 5.14. Apo. 3.1.

[10] ver. 24.

Parabola do mordomo infiel.

16 E dizia tambem aos seus discipulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi accusado perante elle de dissipar os seus bens.

2 E elle, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás mais ser mordomo.

3 E o mordomo disse comsigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.

4 Eu sei o que hei-de fazer, para que, quando fôr desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.

5 E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?

6 E elle disse: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, assentando-te já, escreve cincoenta.

7 Disse depois a outro: E tu quanto deves? E elle disse: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.

8 E louvou aquelle senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos d’este mundo[923] são mais prudentes na sua geração [1] do que os filhos da luz.

9 E eu vos digo: [2] Grangeae amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando necessitardes, vos recebam nos tabernaculos eternos.

10 Quem [3] é fiel no minimo, tambem é fiel no muito; quem é injusto no minimo, tambem é injusto no muito.

11 Pois, se na riqueza injusta não fostes fieis, quem vos confiará a verdadeira?

12 E, se no alheio não fostes fieis, quem vos dará o que é vosso?

13 Nenhum [4] servo pode servir dois senhores; porque, ou ha de aborrecer um e amar o outro, ou se ha de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a [AHG] Mammon.

A auctoridade da lei.

14 E os phariseos, [5] que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam d’elle.

15 E disse-lhes: Vós sois os que vos [6] justificaes a vós mesmos diante dos homens, [7] mas Deus conhece os vossos corações, porque, [8] o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.

16 A lei [9] e os prophetas duraram até João: desde então é annunciado o reino de Deus, e todo o homem forceja por entrar n’elle.

17 E [10] é mais facil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.

18 Qualquer [11] que deixa sua mulher, e casa com outra, adultéra; e aquelle que casa com a repudiada pelo marido tambem adultéra.

A parabola do rico e Lazaro.

19 Ora, havia um homem rico, e vestia-se de purpura e de linho finissimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.

20 Havia tambem um certo mendigo, chamado Lazaro, que jazia cheio de chagas á porta d’aquelle;

21 E desejava saciar-se com as migalhas que cahiam da mesa do rico; e até vinham os cães, e lambiam-lhe as chagas.

22 E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio d’Abrahão; e morreu tambem o rico, e foi sepultado.

23 E no inferno, erguendo os olhos, estando em tormentos, viu ao longe Abrahão, e Lazaro no seu seio.

24 E elle, clamando, disse: Pae Abrahão, tem misericordia de mim, e manda a Lazaro que molhe na agua a ponta do seu dedo e me [12] refresque a lingua, porque estou [13] atormentado n’esta chamma.

25 Disse, porém, Abrahão: Filho, lembra-te [14] de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lazaro sómente males; e agora este é consolado e tu atormentado;

26 E, além d’isso, está posto um grande abysmo entre nós e vós, de sorte que os que quizessem passar d’aqui para vós não poderiam, nem tão pouco os de lá passar para cá.

27 E disse elle: Rogo-te pois, ó pae, que o mandes a casa de meu pae,

28 Porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, afim de que não venham tambem para este logar de tormento.

29 Disse-lhe Abrahão: [15] Teem Moysés e os prophetas; ouçam-n’os.

30 E disse elle: Não, pae Abrahão; mas, se alguem dos mortos fosse ter com elles, arrepender-se-hiam.

31 Porém Abrahão lhe disse: Se não ouvem a Moysés e aos prophetas, [16] tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos resuscite.

[1] João 12.36. Eph. 5.8. I The. 5.5.

[2] Dan. 4.27. Mat. 6.19 e 19.21. cap. 11.41. I Tim. 6.17, 18, 19.

[3] Mat. 25.21. cap. 19.17.

[4] Mat. 6.24.

[5] Mat. 23.14.

[6] cap. 10.29.

[7] Psa. 7.10.

[8] I Sam. 16.7.

[9] Mat. 4.17 e 11.12, 13. cap. 7.29.

[10] Psa. 102.26, 27. Isa. 40.8 e 51.6. Mat. 5.18. I Ped. 1.25.

[11] Mat. 5.32 e 19.9. Mar. 10.11. I Cor. 7.10, 11.

[12] Zac. 14.12.

[13] Isa. 66.24. Mar. 9.43, etc.

[14] Job 21.13. cap. 6.24.

[15] Isa. 8.20 e 34.16. João 5.39, 45. Act. 15.21 e 17.11.

[16] João 12.10, 11.

Ácerca dos escandalos, do perdão, do poder da fé e dos servos inuteis.

17 E disse aos discipulos: [1] É impossivel que não venham escandalos, mas ai d’aquelle por quem vierem!

2 Melhor lhe fôra que lhe pozessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que escandalizar um d’estes pequenos.

3 Olhae por vós mesmos. [2] E, se teu irmão peccar contra ti, reprehende-o, [3] e, se elle se arrepender, perdoa-lhe.

4 E, se peccar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia tornar a ti, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.

5 Disseram então os apostolos ao Senhor: Accrescenta-nos a fé.

6 E disse o [4] Senhor: Se tivesseis fé como um grão de mostarda, dirieis a esta amoreira: Desarreiga-te d’aqui, e planta-te no mar; e vos obedeceria.

7 E qual de vós terá um servo lavrando[924] ou apascentando, e, voltando elle do campo, lhe diga: Chega-te, e assenta-te á mesa?

8 E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, [5] e serve-me, até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?

9 Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não.

10 Assim tambem vós, quando fizerdes tudo o que vos fôr mandado, dizei: Somos [6] servos inuteis, porque fizemos sómente o que deviamos fazer.

Cura de dez leprosos.

11 E aconteceu [7] que, indo elle a Jerusalem, passou pelo meio da Samaria e da Galilea;

12 E, entrando n’uma certa aldeia, sairam-lhe ao encontro dez homens leprosos, [8] os quaes pararam de longe;

13 E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericordia de nós.

14 E elle, vendo-os, [9] disse-lhes: Ide, e mostrae-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo elles, ficaram limpos.

15 E um d’elles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz;

16 E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças: e este era samaritano.

17 E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?

18 Não houve quem voltasse a dar gloria a Deus senão este estrangeiro?

19 E disse-lhe: [10] Levanta-te, e vae; a tua fé te salvou.

A vinda subita do reino de Deus.

20 E, interrogado pelos phariseos sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com [AHH] apparencia exterior.

21 Nem dirão: [11] Eil-o aqui, ou, Eil-o ali; porque eis que o reino de Deus está [12] entre vós.

22 E disse aos discipulos: [13] Dias virão em que desejareis vêr um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.

23 E dir-vos-hão: [14] Eil-o aqui, ou, Eil-o ali está; não vades, nem os sigaes:

24 Porque, [15] como o relampago, fuzilando de uma parte debaixo do céu, resplandece até á outra debaixo do céu, assim será tambem o Filho do homem no seu dia.

25 Mas [16] primeiro convem que elle padeça muito, e seja reprovado por esta geração.

26 E, [17] como aconteceu nos dias de Noé, assim será tambem nos dias do Filho do homem:

27 Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veiu o diluvio, e os consumiu a todos.

28 Como [18] tambem da mesma maneira aconteceu nos dias de Lot: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam.

29 Mas [19] no dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.

30 Assim será no dia em que o Filho do homem se ha [20] de manifestar.

31 N’aquelle dia, [21] quem estiver no telhado, e as suas alfaias em casa, não desça a tomal-as; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para traz.

32 Lembrae-vos [22] da mulher de Lot.

33 Qualquer [23] que procurar salvar a sua vida perdel-a-ha, e qualquer que a perder salval-a-ha.

34 Digo-vos [24] que n’aquella noite estarão dois n’uma cama; um será tomado, e outro será deixado.

35 Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada.

36 Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado.

37 E, respondendo, [25] disseram-lhe: Onde, Senhor? E elle lhes disse: Onde estiver o corpo, ahi se ajuntarão as aguias.

[1] Mat. 18.6, 7. Mar. 9.42. I Cor. 11.19.

[2] Mat. 18.15, 21.

[3] Lev. 19.17. Pro. 17.10. Thi. 5.19.

[4] Mat. 17.20 e 21.21. Mar. 9.23 e 11.23.

[5] cap. 12.37.

[6] Job 22.3 e 35.7. Mat. 25.30. Rom. 3.12 e 11.35. I Cor. 9.16, 17. Phi. 11.

[7] Luc. 9.51, 52. João 4.4.

[8] Lev. 13.46.

[9] Lev. 13.2 e 14.2. Mat. 8.4. cap. 5.14.

[10] Mat. 9.22. Mar. 5.34 e 10.52. cap. 7.50 e 8.48 e 18.42.

[11] ver. 23.

[12] Rom. 14.17.

[13] Mat. 9.15. João 17.12.

[14] Mat. 24.23. Mar. 13.21. cap. 21.8.

[15] Mat. 24.27.

[16] Mar. 8.31 e 9.34 e 10.33. cap. 9.22.

[17] Gen. 7. Mat. 24.37.

[18] Gen. 19.

[19] Gen. 19.16, 24.

[20] II The. 1.7.

[21] Mat. 24.17. Mar. 13.15.

[22] Gen. 19.26.

[23] Mat. 10.39 e 16.25. Mar. 8.35. cap. 9.24. João 12.25.

[24] Mat. 24.40, 41. I The. 4.17.

[25] Job 39.30. Mat. 24.28.

A parabola do juiz iniquo.

18 E disse-lhes tambem uma parabola ácerca de que importa [1] orar sempre, e nunca desfallecer,

2 Dizendo: Havia n’uma cidade um certo juiz, que nem a Deus temia nem respeitava ao homem.

3 Havia tambem n’aquella mesma cidade uma certa viuva, e ia ter com elle, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversario.

4 E por algum tempo não quiz; mas[925] depois disse entre si: Ainda que não temo a Deus, nem respeito ao homem,

5 Todavia, [2] como esta viuva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que emfim não venha, e me importune muito.

6 E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.

7 E Deus [3] não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a elle de dia e de noite, sendo [AHI] tardio para com elles?

8 Digo-vos [4] que depressa lhes fará justiça. Porém, quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?

A parabola do phariseo e do publicano.

9 E disse tambem esta parabola a uns [5] que confiavam em si mesmos, que eram justos, e desprezavam aos outros:

10 Dois homens subiram ao templo, a orar; um phariseo, e o outro publicano.

11 O phariseo, [6] estando em pé, orava comsigo d’esta maneira. [7] Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adulteros; nem ainda como este publicano.

12 Jejuo duas vezes na semana, e dou os dizimos de tudo quanto possuo.

13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia em seu peito, dizendo: Ó Deus, tem misericordia de mim, peccador!

14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não [8] aquelle; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

Jesus abençoa os meninos.

Mat. 19.13-15 e refs.

15 E traziam-lhe [9] tambem meninos, para que elle os tocasse; e os discipulos, vendo isto, reprehendiam-n’os.

16 Mas Jesus, chamando para si os meninos, disse: Deixae vir a mim os meninos, e não os impeçaes, [10] porque de taes é o reino de Deus:

17 Em [11] verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará n’elle.

O mancebo de qualidade.

Mat. 19.16-30.

18 E [12] perguntou-lhe um certo principe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?

19 Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? Ninguem ha bom, senão um, que é Deus.

20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, [13] não furtarás, não darás falso testemunho, [14] honra a teu pae e tua mãe.

21 E disse elle: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.

22 Porém Jesus, ouvindo isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: [15] vende tudo quanto tens, reparte-o entre os pobres, e terás um thesouro no céu; vem, e segue-me.

23 E elle, ouvindo isto, ficou muito triste, porque era muito rico.

24 E, vendo Jesus que elle ficára muito triste, disse: [16] Quão difficilmente entrarão no reino de Deus os que teem riquezas!

25 Porque é mais facil entrar um camelo pelo fundo d’uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

26 E os que ouviram isto disseram: Logo quem pode salvar-se?

27 E elle disse: [17] As coisas que são impossiveis aos homens são possiveis a Deus.

28 E disse Pedro: [18] Eis que nós deixámos tudo e te seguimos.

29 E elle lhes disse: Na verdade vos digo [19] que ninguem ha, que tenha deixado casa, ou paes, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus,

30 [20] E não haja de receber muito mais n’este tempo, e no seculo vindouro a vida eterna.

Jesus annuncia a sua paixão.

Mat. 20.17-19 e refs.

31 [21] E, tomando comsigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalem, e se cumprirá no Filho do homem tudo o [22] que pelos prophetas está escripto;

32 Porque [23] será entregue ás gentes, e escarnecido, injuriado e cuspido,

[926]

33 E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia resuscitará.

34 E [24] elles nada d’estas coisas entendiam, e esta palavra lhes era encoberta; e não entendiam o que se lhes dizia.

O cego de Jericó.

Mat. 20.29-34 e refs.

35 E aconteceu [25] que, chegando elle perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando:

36 E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquillo:

37 E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava.

38 Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de David, tem misericordia de mim.

39 E os que iam passando reprehendiam-n’o para que se calasse; porém elle clamava ainda mais: Filho de David, tem misericordia de mim.

40 Então Jesus, parando, mandou que lh’o trouxessem; e, chegando elle, perguntou-lhe,

41 Dizendo: Que queres que te faça? E elle disse: Senhor, que eu veja.

42 E Jesus lhe disse: [26] Vê: a tua fé te salvou.

43 E logo viu, e seguia-o, [27] glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.

[1] cap. 11.5 e 21.36. Rom. 12.12. Eph. 6.18. Col. 4.2. I The. 5.17.

[2] cap. 11.8.

[3] Apo. 6.10.

[4] Heb. 10.37. II Ped. 3.8, 9.

[5] cap. 10.29 e 16.15.

[6] Psa. 135.2.

[7] Isa. 1.15 e 58.2. Apo. 3.17.

[8] Job 22.29. Mat. 23.12. cap. 14.11. Thi. 4.6. I Ped. 5.5, 6.

[9] Mar. 10.13.

[10] I Cor. 14.20. I Ped. 2.2.

[11] Mar. 10.15.

[12] Mar. 10.17.

[13] Exo. 20.12, 16. Deu. 5.16, 20. Rom. 13.9.

[14] Eph. 6.2. Col. 3.20.

[15] Mat. 6.19, 20 e 19.21. I Tim. 6.19.

[16] Pro. 11.28. Mat. 19.23. Mar. 10.23.

[17] Jer. 32.17. Zac. 8.6. Mat. 19.26. cap. 1.37.

[18] Mat. 19.27.

[19] Deu. 33.9.

[20] Job 42.10.

[21] Mat. 16.21 e 17.22. Mar. 10.32.

[22] Psa. 21. Isa. 53.

[23] Mat. 27.2. cap. 23.1. João 18.28. Act. 3.13.

[24] Mar. 9.32. cap. 2.50 e 9.45. João 10.6 e 12.16.

[25] Mar. 10.46.

[26] cap. 17.19.

[27] cap. 5.26. Act. 4.21 e 11.18.

Zaqueo o publicano.

19 E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.

2 E eis que havia ali um varão chamado Zaqueo; e este era um dos principaes dos publicanos, e era rico.

3 E procurava vêr quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.

4 E, correndo adiante, subiu [AHJ] a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali.

5 E, quando Jesus chegou áquelle logar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueo, desce depressa, porque hoje me convem pousar em tua casa.

6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o gostoso.

7 E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo [1] que entrara para ser hospede de um homem peccador.

8 E, levantando-se Zaqueo, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se n’alguma coisa [2] tenho defraudado alguem, [3] o restituo quadruplicado.

9 E disse-lhe Jesus: Hoje houve salvação n’esta casa, [4] porquanto tambem este [5] é filho de Abrahão:

10 Porque [6] o Filho do homem veiu buscar e salvar o que se havia perdido.

Parabola dos dez servos e das dez minas.

Mat. 25.14-30.

11 E, ouvindo elles estas coisas, elle proseguiu, e disse uma parabola; porquanto estava perto de Jerusalem, [7] e cuidavam que logo se havia de manifestar o reino de Deus.

12 Disse [8] pois: Um certo homem nobre partiu para uma terra remota, a tomar para si um reino e voltar depois.

13 E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociae até que eu venha.

14 Mas [9] os seus cidadãos aborreciam-n’o, e mandaram após elle embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós.

15 E aconteceu que, voltando elle, havendo tomado o reino, disse que lhe chamassem aquelles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que cada um tinha ganhado, negociando.

16 E veiu o primeiro, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.

17 E elle lhe disse: Bem está, servo bom, porque no minimo foste fiel, [10] sobre dez cidades terás auctoridade.

18 E veiu o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina grangeou cinco minas.

19 E a este disse tambem: Sê tu tambem sobre cinco cidades.

20 E veiu outro, dizendo: Senhor, aqui está a tua mina, que guardei n’um lenço;

21 Porque tive [11] medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não pozeste, e segas o que não semeaste.

22 Porém elle lhe disse: [12] Servo maligno, pela tua bocca te julgarei; sabias [13] que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não puz, e sego o que não semeei;

23 Porque não metteste pois o meu dinheiro no banco, e eu, vindo, o demandaria com os juros?

24 E disse aos que estavam com elle: Tirae-lhe a mina, e dae-a ao que tiver dez minas.

[927]

25 (E disseram-lhe elles: Senhor, tem dez minas).

26 Pois eu vos digo [14] que a qualquer que tiver ser-lhe-ha dado, mas ao que não tiver até o que tem lhe será tirado.

27 Porém trazei aqui aquelles meus inimigos que não quizeram que eu reinasse sobre elles, e matae-os diante de mim.

A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem.

Mat. 21.1-11 e refs.

28 E, dito isto, [15] ia caminhando adiante, subindo para Jerusalem.

29 E aconteceu [16] que, chegando perto de Bethphage, e de Bethania, ao monte chamado das Oliveiras, mandou dois dos seus discipulos,

30 Dizendo: Ide á aldeia que está defronte, e ahi, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que nenhum homem ainda se assentou; soltae-o e trazei-o;

31 E, se alguem vos perguntar: Porque o soltaes? assim lhe direis: Porque o Senhor o ha de mister.

32 E, indo os que haviam sido mandados, acharam como lhes dissera.

33 E, soltando o jumentinho, seus donos lhes disseram: Porque soltaes o jumentinho?

34 E elles disseram: O Senhor o ha de mister.

35 E trouxeram-n’o a Jesus: [17] e, lançando sobre o jumentinho os seus vestidos, pozeram a Jesus em cima.

36 E, indo elle, [18] estendiam no caminho os seus vestidos.

37 E, quando já chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discipulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto,

38 Dizendo: [19] Bemdito o Rei que vem em nome do Senhor; [20] paz no céu, e gloria nas alturas.

39 E disseram-lhe d’entre a multidão alguns dos phariseos: Mestre, reprehende os teus discipulos.

40 E, respondendo elle, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, [21] logo as pedras clamarão.

41 E, quando ia chegando, vendo a cidade, [22] chorou sobre ella,

42 Dizendo: Ah! se tu conhecesses tambem, ao menos n’este teu dia, o que á tua paz pertence! mas agora isto está encoberto aos teus olhos.

43 Porque dias virão sobre ti, [23] em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas;

44 E te [24] derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não [25] deixarão em ti pedra sobre pedra, porquanto [26] não conheceste o tempo da tua visitação.

A purificação do templo.

Mat. 21.12-17 e refs.

45 E, entrando [27] no templo, começou a expulsar todos os que n’elle vendiam e compravam,

46 Dizendo-lhes: [28] Está escripto: A minha casa é casa de oração; mas vós [29] fizestes d’ella covil de salteadores.

47 E todos os dias ensinava no templo, [30] e os principaes dos sacerdotes, e os escribas, e os principaes do povo procuravam matal-o.

48 E não achavam meio de o fazer, porque todo o povo pendia para elle, escutando-o.

[1] Mat. 9.11. cap. 5.30.

[2] cap. 3.14.

[3] Exo. 22.1. I Sam. 12.3. II Sam. 12.6.

[4] Rom. 4.11, 12, 16. Gal. 3.7.

[5] cap. 13.16.

[6] Mat. 18.11 e 10.6 e 15.24.

[7] Act. 1.6.

[8] Mar. 13.34.

[9] João 1.11.

[10] Mat. 25.21. cap. 16.10.

[11] Mat. 25.24.

[12] II Sam. 1.16. Job 15.6. Mat. 12.37.

[13] Mat. 25.26.

[14] Mat. 13.12 e 25.29. Mar. 4.25. cap. 8.18.

[15] Mar. 10.32.

[16] Mar. 11.1.

[17] II Reis 9.13. Mat. 21.7. Mar. 11.7. João 12.14.

[18] Mat. 21.8.

[19] Psa. 118.26. cap. 13.35.

[20] cap. 2.14. Eph. 2.14.

[21] Hab. 2.11.

[22] João 11.35.

[23] Isa. 29.3, 4. Jer. 6.3, 6. cap. 21.20.

[24] I Reis 9.7, 8. Miq. 3.12.

[25] Mat. 24.2. Mar. 13.2. cap. 21.6.

[26] Dan. 9.24. cap. 1.68, 78. I Ped. 2.12.

[27] Mar. 11.11, 15. João 2.14, 15.

[28] Isa. 56.7.

[29] Jer. 7.11.

[30] Mar. 11.18. João 7.19 e 8.37.

O baptismo de João.

Mat. 21.23-27 e refs.

20 E aconteceu n’um d’aquelles dias que, estando elle ensinando o povo no templo, e annunciando o evangelho, sobrevieram os principaes dos sacerdotes e os escribas com os anciãos,

2 E fallaram-lhe, dizendo: Dize-nos, [1] com que auctoridade fazes estas coisas? Ou, quem é que te deu esta auctoridade?

3 E, respondendo elle, disse-lhes: Tambem eu vos farei uma pergunta: dizei-me pois:

4 O baptismo de João era do céu ou dos homens?

5 E elles arrazoavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, elle nos dirá: Então porque o não crestes?

6 E se dissermos: Dos homens; todo o povo nos apedrejará, pois [2] teem por certo que João era propheta.

7 E responderam que não sabiam d’onde era.

8 E Jesus lhes disse: Nem tão pouco eu vos digo com que auctoridade faço estas coisas.

[928]

Parabola dos lavradores maus.

Mat. 21.33-46 e refs.

9 E começou a dizer ao povo esta parabola: Um [3] certo homem plantou uma vinha, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fóra da terra por muito tempo;

10 E a seu tempo mandou um servo aos lavradores, para que lhe déssem dos fructos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-n’o vazio.

11 E tornou ainda a mandar outro servo; mas elles, espancando tambem a este, e affrontando-o, mandaram-n’o vazio.

12 E tornou ainda a mandar terceiro; mas elles, ferindo tambem a este, o expulsaram.

13 E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo-o, o respeitem.

14 Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemol-o, para que a herdade seja nossa.

15 E, lançando-o fóra da vinha, o mataram. Que lhes fará pois o senhor da vinha?

16 Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha. E, ouvindo elles isto, disseram: Assim não seja!

17 Mas elle, olhando para elles, disse: Que é isto pois que está escripto? [4] A pedra, que os edificadores reprovaram, essa foi feita cabeça da esquina.

18 Qualquer que cair sobre aquella pedra será quebrantado, e aquelle [5] sobre quem ella cair será feito em pedaços.

A questão do tributo.

Mat. 22.15-22 e refs.

19 E os principaes dos sacerdotes e os escribas procuravam lançar mão d’elle n’aquella mesma hora; mas temeram o povo; porque entenderam que contra elles dissera esta parabola.

20 E, trazendo-o debaixo de olho, mandaram espias, que se fingissem justos, para o apanhar n’alguma palavra, e entregal-o á jurisdicção e poder do [AHK] presidente.

21 E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, [6] nós sabemos que fallas e ensinas bem e rectamente, e que não attentas para a apparencia da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus:

22 É-nos licito dar tributo a Cesar ou não?

23 E, entendendo elle a sua astucia, disse-lhes: Porque me tentaes?

24 Mostrae-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscripção? E, respondendo elles, disseram: De Cesar.

25 Disse-lhes então: Dae pois a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus.

26 E não poderam apanhal-o em palavra alguma diante do povo; e, maravilhados da sua resposta, calaram-se.

Os sadduceos e a resurreição.

Mat. 22.23-33 e refs.

27 E, chegando-se [7] alguns dos sadduceos, [8] que dizem não haver resurreição, perguntaram-lhe,

28 Dizendo: Mestre, [9] Moysés escreveu-nos que, se o irmão d’algum fallecer, tendo mulher, e não deixar filhos, o irmão d’elle tome a mulher, e suscite posteridade a seu irmão.

29 Houve pois sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem filhos;

30 E o segundo tomou-a, e tambem este morreu sem filhos;

31 E o terceiro tomou-a, e egualmente tambem os sete: e morreram, e não deixaram filhos.

32 E por ultimo, depois de todos, morreu tambem a mulher.

33 Portanto, na resurreição, de qual d’elles será a mulher, pois que os sete a tiveram por mulher?

34 E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos d’este seculo casam-se, e dão-se em casamento;

35 Mas os que forem havidos por dignos de alcançar aquelle seculo, e a resurreição dos mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento;

36 Porque não podem [10] mais morrer; pois são eguaes aos anjos, e são filhos de Deus, [11] visto que são filhos da resurreição.

37 E que os mortos hão de resuscitar [12] tambem o mostrou Moysés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abrahão, e Deus de Isaac, e Deus de Jacob.

38 Ora Deus não é Deus de mortos, porém de vivos; porque para [13] elle vivem todos.

39 E, respondendo alguns dos escribas, disseram: Mestre, disseste bem.

40 E não ousavam perguntar-lhe mais coisa alguma.

[929]

O Christo Filho de David.

Mat. 22.41, etc. e refs.

41 E elle lhes disse: [14] Como dizem que o Christo é filho de David?

42 Dizendo o mesmo David no livro dos Psalmos: [15] Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te á minha direita,

43 Até que eu ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

44 De sorte que David lhe chama Senhor; e como é seu filho?

Jesus censura os escribas.

Mat. 23.1, etc. e refs.

45 E, [16] ouvindo-o todo o povo, disse Jesus aos seus discipulos:

46 Guardae-vos dos escribas, que querem andar com vestidos compridos; e amam as [17] saudações nas praças, e as principaes cadeiras nas synagogas, e os primeiros logares nos banquetes;

47 Que [18] devoram as casas das viuvas, fazendo, como pretexto, largas orações. Estes receberão maior condemnação.

[1] Act. 4.7 e 7.27.

[2] Mat. 14.5 e 21.26. cap. 7.29.

[3] Mar. 12.1.

[4] Psa. 118.22. Mat. 21.42.

[5] Dan. 2.34, 35. Mat. 21.44.

[6] Mat. 22.16. Mar. 12.14.

[7] Mar. 12.18.

[8] Act. 23.6, 8.

[9] Deu. 25.5.

[10] I Cor. 15.42, 49, 52. I João 3.2.

[11] Rom. 8.23.

[12] Exo. 3.6.

[13] Rom. 6.10, 11.

[14] Mat. 22.42. Mar. 12.35.

[15] Psa. 110.1. Act. 2.34.

[16] Mar. 12.38.

[17] cap. 11.43.

[18] Mat. 23.14.

A pequena offerta da viuva pobre.

Mar. 12.41, etc.

21 E, olhando elle, viu os ricos lançarem as suas offertas na arca do thesouro;

2 E viu tambem uma pobre viuva lançar ali duas pequenas moedas;

3 E disse: Em verdade vos [1] digo que lançou mais do que todos esta pobre viuva;

4 Porque todos aquelles deitaram para as offertas de Deus, do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha.

O sermão prophetico: o principio das dôres.

Mat. 24.1-14 e refs.

5 E, dizendo alguns a respeito do templo, que estava ornado de formosas pedras e dadivas, disse:

6 Quanto a estas coisas que vêdes, dias virão em [2] que se não deixará pedra sobre pedra, que não seja derribada.

7 E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, quando serão pois estas coisas? E que signal haverá quando estas coisas estiverem para acontecer?

8 Disse então elle: [3] Vêde não vos enganem, porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Christo, e o tempo está proximo; não vades portanto após elles.

9 E, quando ouvirdes de guerras e sedições, não vos assusteis. Porque é necessario que estas coisas aconteçam primeiro, mas o fim não será logo.

10 Então [4] lhes disse: Levantar-se-ha nação contra nação, e reino contra reino;

11 E haverá em varios logares grandes terremotos, e fomes e pestilencias; haverá tambem coisas espantosas, e grandes signaes do céu.

12 Mas [5] antes de todas estas coisas lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos ás synagogas e [6] ás prisões, [7] e conduzindo-vos á presença de reis e [AHL] presidentes, [8] por amor do meu nome.

13 E sobrevir-vos-ha [9] isto para testemunho.

14 Proponde [10] pois em vossos corações não premeditar como haveis de responder,

15 Porque eu vos darei bocca e sabedoria [11] a que não poderão contradizer nem resistir todos quantos se vos oppozerem.

16 E até pelos paes, e irmãos, e parentes, e amigos sereis [12] entregues; e matarão [13] alguns de vós.

17 E por todos sereis [14] aborrecidos por amor do meu nome.

18 Mas [15] não perecerá nem um cabello da vossa cabeça.

19 Na vossa paciencia possui as vossas almas.

O sermão prophetico continúa: a grande tribulação.

Mat. 24.15-18.

20 Porém, quando virdes Jerusalem cercada d’exercitos, sabei então que é chegada a sua assolação.

21 Então, os que estiverem na Judea, fujam para os montes; e, os que estiverem no meio d’ella, saiam: e, os que nos campos, não entrem n’ella.

22 Porque dias de vingança são estes, para que [16] se cumpram todas as coisas que estão escriptas.

23 Mas ai [17] das gravidas, e das que criarem n’aquelles dias! porque haverá[930] grande aperto na terra, e ira sobre este povo.

24 E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados captivos; e Jerusalem será pisada pelos gentios, até que os tempos dos [18] gentios se completem.

O sermão prophetico continúa: a volta do Filho do homem.

Mat. 24.29-35.

25 E haverá signaes no sol, e na lua e nas estrellas; e na terra aperto das nações em perplexidade, pelo bramido do mar e das ondas;

26 Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo. [19] Porque as virtudes do céu serão abaladas.

27 E então verão vir o Filho do homem [20] n’uma nuvem, com poder e grande gloria.

28 Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhae para cima, e levantae as vossas cabeças, [21] porque a vossa redempção está proxima.

29 E disse-lhes uma parabola: [22] Olhae para a figueira, e para todas as arvores;

30 Quando já teem brotado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão.

31 Assim tambem vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto.

32 Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça.

33 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar.

O sermão prophetico continúa: a vigilancia.

Mat. 24.36-44.

34 E olhae [23] por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glotonaria, embriaguez, e dos cuidados d’esta vida, e venha sobre vós de improviso aquelle dia.

35 Porque [24] virá como um laço sobre todos os que habitam sobre a face de toda a terra.

36 Vigiae [25] pois [26] em todo o tempo, orando, para que sejaes havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em [27] pé diante do Filho do homem.

O pacto da traição.

Mat. 26.1-5, 14-16.

37 E [28] de dia ensinava no templo, [29] e á noite, saindo, ficava no monte chamado das Oliveiras.

38 E todo o povo ia ter com elle ao templo, de manhã cedo, para o ouvir.

[1] II Cor. 8.12.

[2] cap. 19.44.

[3] Mat. 24.4. Mar. 13.5. Eph. 5.6. II The. 2.3.

[4] Mat. 24.7.

[5] Mar. 13.9. Apo. 2.10.

[6] Act. 4.3 e 5.18 e 12.4 e 16.24.

[7] Act. 25.23.

[8] I Ped. 2.13.

[9] Phi. 1.28. II The. 1.5.

[10] Mat. 10.19. Mar. 13.11. cap. 12.11.

[11] Act. 6.10.

[12] Miq. 7.6. Mar. 13.12.

[13] Act. 7.59 e 12.2.

[14] Mat. 10.22.

[15] Mat. 10.30.

[16] Dan. 9.26, 27. Zac. 11.1.

[17] Mat. 24.19.

[18] Dan. 9.27 e 12.7. Rom. 11.25.

[19] Mat. 24.29.

[20] Mat. 24.30. Apo. 1.7 e 14.14.

[21] Rom. 8.19, 23.

[22] Mat. 24.32. Mar. 13.28.

[23] Rom. 13.13. I The. 5.6. I Ped. 4.7.

[24] I The. 5.2. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[25] Mat. 24.42 e 25.13. Mar. 13.33.

[26] cap. 18.1.

[27] Psa. 1.5. Eph. 6.13.

[28] João 8.1, 2.

[29] cap. 22.39.

22 Estava [1] pois perto a festa dos pães asmos, chamada a paschoa.

2 E os [2] principaes dos sacerdotes, e os escribas, procuravam como o matariam; porque temiam o povo.

3 Entrou, [3] porém, Satanaz em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do numero dos doze;

4 E foi, e fallou com os principaes dos sacerdotes, e com os capitães, de como lh’o entregaria,

5 Os quaes se alegraram, [4] e convieram em lhe dar dinheiro.

6 E elle prometteu; e buscava opportunidade para lh’o entregar sem alvoroço.

A ultima paschoa: a sancta ceia.

Mat. 26.17-30 e refs.

7 Chegou, porém, o dia dos pães asmos, em que importava sacrificar a paschoa.

8 E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparae-nos a paschoa, para que a comamos.

9 E elles lhe disseram: Onde queres que a preparemos?

10 E elle lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, vos encontrará um homem, levando um cantaro d’agua: segui-o até á casa em que elle entrar.

11 E direis ao pae de familia da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a paschoa com os meus discipulos?

12 Então elle vos mostrará um grande cenaculo mobilado; ahi fazei preparativos.

13 E, indo elles, acharam como lhes tinha dito; e prepararam a paschoa.

14 E, chegada [5] a hora, poz-se á mesa, e com elle os doze apostolos.

15 E disse-lhes: Desejei muito comer comvosco esta paschoa, antes que padeça;

16 Porque vos digo que não a comerei mais [6] até que ella se cumpra no reino de Deus.

17 E, tomando o calix, e havendo dado[931] graças, disse: Tomae-o, e reparti-o entre vós;

18 Porque [7] vos digo que já não beberei do fructo da vide, até que venha o reino de Deus.

19 E, [8] tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lh’o, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; [9] fazei isto em memoria de mim.

20 Similhantemente tomou o calix, depois da ceia, dizendo: [10] Este calix é o Novo [AHM] Testamento no meu sangue, que é derramado por vós.

21 Porém [11] eis que a mão do que me trahe está comigo á mesa.

22 E, na verdade, [12] o Filho do homem vae [13] segundo o que está determinado; porém ai d’aquelle homem por quem é trahido!

23 E começaram [14] a perguntar entre si qual d’elles seria o que havia de fazer isto.

O maior será como o menor.

Mat. 20.25-28 e refs.

24 E houve [15] tambem entre elles contenda, sobre qual d’elles parecia ser o maior.

25 E [16] elle lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre elles, e os que teem auctoridade sobre elles são chamados bemfeitores.

26 Mas não [17] sereis vós assim; antes o maior entre vós [18] seja como o menor; e quem governa como quem serve.

27 Pois [19] qual é maior: quem está á mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está á mesa? Porém eu [20] entre vós sou como aquelle que serve.

28 E vós sois os que tendes permanecido comigo nas [21] minhas tentações.

29 [22] E eu vos ordeno o reino, como meu Pae m’o ordenou;

30 Para [23] que comaes e bebaes á minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre thronos, julgando as doze tribus d’Israel.

Pedro é avisado.

Mat. 26.33-35 e refs.

31 Disse tambem o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanaz vos pediu [24] para vos [25] cirandar como trigo;

32 Mas [26] eu roguei por ti, para que a tua fé não desfalleça; e tu, quando te converteres, conforta a teus irmãos.

33 E elle lhe disse: Senhor, estou prompto a ir comtigo até á prisão e á morte.

34 Mas [27] elle disse: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o gallo antes que tres vezes negues que me conheces.

As duas espadas.

35 E disse-lhes: Quando [28] vos mandei sem bolsa, sem alforge, e sem alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? E disseram: Nada.

36 Disse-lhes pois: Mas agora, aquelle que tiver bolsa, tome-a, como tambem o alforge; e, o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a;

37 Porque vos digo que importa que em mim se cumpra ainda aquillo que está escripto: [29] E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escripto de mim tem seu cumprimento.

38 E elles disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. E elle lhes disse: Basta.

Jesus em Gethsemane.

Mat. 26.36-46.

39 E, saindo, [30] foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e tambem os seus discipulos o seguiram.

40 E, quando chegou áquelle logar, disse-lhes: [31] Orae, para que não entreis em tentação.

41 E [32] apartou-se d’elles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava,

42 Dizendo: Pae, se queres, passa de mim este calix, [33] porém não se faça a minha vontade, senão a tua.

43 E appareceu-lhe um [34] anjo do céu, que o confortava.

44 E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor fez-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.

45 E, levantando-se da oração, veiu para os seus discipulos, e achou-os dormindo de tristeza.

46 E disse-lhes: Que, estaes dormindo? Levantae-vos, e [35] orae, para que não entreis em tentação.

[932]

Jesus é preso.

Mat. 26.47-56 e refs.

47 E, estando elle ainda a fallar, [36] eis que a multidão, e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante d’elles, e chegou-se a Jesus para o beijar.

48 E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trahes o Filho do homem?

49 E os que estavam com elle, vendo o que ia succeder, disseram-lhe: Senhor, feriremos á espada?

50 E [37] um d’elles feriu o servo do summo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.

51 E, respondendo Jesus, disse: Deixae-os; basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou.

52 [38] E disse Jesus aos principaes dos sacerdotes, e capitães do templo, e anciãos, que tinham ido contra elle: Saistes, como a um salteador, com espadas e varapaus?

53 Tendo estado todos os dias comvosco no templo, não estendestes as mãos contra mim, [39] porém esta é a vossa hora e o poder das trevas.

Pedro nega a Jesus.

Mat. 26.69-75 e refs.

54 Então, prendendo-o, [40] o conduziram, e o metteram em casa do summo sacerdote. E Pedro seguia-o de longe.

55 E, [41] havendo-se accendido fogo no meio da sala, e assentando-se juntos, assentou-se Pedro entre elles.

56 E uma certa creada, vendo-o estar assentado ao fogo, e, postos os olhos n’elle, disse: Este tambem estava com elle.

57 Porém elle negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço.

58 E, [42] um pouco depois, vendo-o outro, disse: Tu és tambem d’elles. Porém Pedro disse: Homem, não sou.

59 E, [43] passada quasi uma hora, um outro affirmava, dizendo: Tambem este verdadeiramente estava com elle, pois tambem é galileo.

60 E Pedro disse: Homem, não sei o que dizes. E logo, estando elle ainda a fallar, cantou o gallo.

61 E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro, [44] e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Antes que o gallo cante hoje, me negarás tres vezes.

62 E, saindo Pedro para fóra, chorou amargamente.

Jesus perante o synhedrio.

Mat. 26.57-68 e refs.

63 E os homens que detinham Jesus zombavam d’elle, ferindo-o.

64 E, cobrindo-o, feriam-n’o no rosto, e perguntavam-lhe, dizendo: Prophetiza quem é o que te feriu?

65 E outras muitas coisas diziam contra elle, blasphemando.

66 E, [45] logo que foi dia, ajuntaram-se os anciãos do povo, e os principaes dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu concilio,

67 Dizendo: [46] És tu o Christo? dize-nol-o. E disse-lhes: Se vol-o disser, não o crereis;

68 E tambem, se vos perguntar, não me respondereis, nem me soltareis.

69 Desde [47] agora o Filho do homem se assentará á direita do poder de Deus.

70 E disseram todos: Logo, és tu o Filho de Deus? E elle lhes disse: [48] Vós dizeis que eu sou.

71 E disseram elles: [49] De que mais testemunho necessitamos? pois nós mesmos o ouvimos da sua bocca.

[1] Mat. 26.2. Mar. 14.1.

[2] Psa. 2.2. João 11.47. Act. 4.27.

[3] Mat. 26.14. Mar. 14.10. João 13.2, 27.

[4] Zac. 11.12.

[5] Mat. 26.20. Mar. 14.17.

[6] cap. 14.15. Act. 10.41. Apo. 19.9.

[7] Mat. 26.29. Mar. 14.25.

[8] Mat. 26.26. Mar. 14.22.

[9] I Cor. 11.24.

[10] I Cor. 10.16.

[11] Psa. 41.9. Mat. 26.21, 23. Mar. 14.18. João 13.21, 26.

[12] Mat. 26.24.

[13] Act. 2.23 e 4.28.

[14] Mat. 26.22. João 13.22, 25.

[15] Mar. 9.34. cap. 9.46.

[16] Mat. 20.25. Mar. 10.42.

[17] Mat. 20.26. I Ped. 5.3.

[18] cap. 9.48.

[19] cap. 12.37.

[20] Mat. 20.28. João 13.13, 14. Phi. 2.7.

[21] Heb. 4.15.

[22] Mat. 24.47. cap. 12.32. II Cor. 1.7. II Tim. 2.12.

[23] Mat. 8.11 e 19.28. cap. 14.15. Apo. 19.9 e 3.21. I Cor. 6.2.

[24] I Ped. 5.8.

[25] Amós 9.9.

[26] João 17.9, 11, 15 e 21.15, 16, 17.

[27] Mat. 26.34. Mar. 14.30. João 13.38.

[28] Mat. 10.9. cap. 9.3 e 10.4.

[29] Isa. 53.12. Mar. 15.28.

[30] Mar. 14.32. cap. 21.37.

[31] Mat. 6.13 e 26.41. Mar. 14.38. ver. 46.

[32] Mat. 26.39. Mar. 14.35.

[33] João 5.30 e 6.38.

[34] Mat. 4.11. João 12.27. Heb. 5.7.

[35] ver. 40.

[36] Mar. 14.43. João 18.3.

[37] Mat. 26.51. Mar. 14.47. João 18.10.

[38] Mat. 26.55. Mar. 14.48.

[39] João 12.27.

[40] Mat. 26.57. João 18.15.

[41] Mar. 14.66. João 18.17, 18.

[42] Mat. 26.71. Mar. 14.69. João 18.25.

[43] Mat. 26.73. Mar. 14.70. João 18.26.

[44] Mat. 26.75 e 26.34. Mar. 14.72. João 13.38.

[45] Mat. 27.1. Act. 4.26 e 22.5.

[46] Mat. 26.63. Mar. 14.61.

[47] Mat. 26.64. Mar. 14.62. Heb. 1.30 e 8.1.

[48] Mat. 26.64. Mar. 14.62.

[49] Mat. 26.65. Mar. 14.63.

Jesus perante Pilatos e perante Herodes.

Mat. 27.1, 2, 11-31 e refs.

23 E, levantando-se [1] toda a multidão d’elles, o levaram a Pilatos.

2 E começaram a accusal-o, dizendo: Havemos achado este, [2] que perverte a nação, e prohibe dar o tributo a Cesar, dizendo que elle mesmo é [AHN] Christo, o rei.

3 E [3] Pilatos perguntou-lhe, dizendo: Tu és o Rei dos Judeos? E elle, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.

4 E disse Pilatos aos principaes dos sacerdotes, e á multidão: [4] Não acho culpa alguma n’este homem.

5 Mas elles insistiam cada vez mais, dizendo: Alvoroça o povo, ensinando por toda a Judea, começando desde Galilea até aqui.

6 Então Pilatos, ouvindo fallar da[933] Galilea, perguntou se aquelle homem era galileo.

7 E, entendendo que era [5] da jurisdicção de Herodes, remetteu-o a Herodes, que tambem n’aquelles dias estava em Jerusalem.

8 E Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque [6] havia muito que desejava vêl-o, por ter ouvido d’elle muitas coisas; e esperava que lhe veria fazer algum signal;

9 E interrogava-o em muitas palavras, porém elle nada lhe respondia.

10 E estavam os principaes dos sacerdotes, e os escribas, accusando-o com grande vehemencia.

11 E Herodes, [7] com os seus soldados, desprezando-o, e escarnecendo d’elle, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a envial-o a Pilatos.

12 E no mesmo [8] dia Pilatos e Herodes entre si se fizeram amigos; porque d’antes andavam em inimizade um com o outro.

13 E, convocando [9] Pilatos os principaes dos sacerdotes, e os magistrados, e o povo, disse-lhes:

14 Haveis-me [10] apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o accusaes, acho n’este homem.

15 Nem mesmo Herodes, porque a elle vos remetti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte.

16 Castigal-o-hei [11] pois, e soltal-o-hei.

17 E [12] era-lhe necessario soltar-lhes um pela festa.

18 Porém [13] toda a multidão clamou á uma, dizendo: Fóra d’aqui com este, e solta-nos Barrabas:

19 O qual fôra lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicidio.

20 Fallou pois outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus.

21 Mas elles clamavam em contrario, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o.

22 Então elle, pela terceira vez, lhes disse: Pois que mal fez este? Não acho n’elle culpa alguma de morte. Castigal-o-hei pois, e soltal-o-hei.

23 Mas elles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos, e os dos principaes dos sacerdotes, redobravam.

24 Então [14] Pilatos julgou que devia fazer o que elles pediam.

25 E soltou-lhes o que fôra lançado na prisão por uma sedição e homicidio, que era o que pediam; porém entregou Jesus á vontade d’elles.

Jesus no caminho do Golgotha.

26 E, quando o iam [15] levando, tomaram um certo Simão, cyreneo, que vinha do campo, e pozeram-lhe a cruz ás costas, para que a levasse após Jesus.

27 E seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quaes batiam nos peitos, e o lamentavam.

28 Porém Jesus, voltando-se para ellas, disse: Filhas de Jerusalem, não choreis por mim, chorae antes por vós mesmas, e por vossos filhos.

29 Porque [16] eis que hão de vir dias em que dirão: Bemaventuradas as estereis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não crearam!

30 Então [17] começarão a dizer aos montes: Cahi sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos.

31 Porque, [18] se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao secco?

32 E [19] tambem conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com elle serem mortos.

A crucifixão.

Mat. 27.33-56 e refs.

33 E, [20] quando chegaram ao logar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um á direita e outro á esquerda.

34 E dizia Jesus: Pae, [21] perdôa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo os seus vestidos, lançaram sortes.

35 E [22] o povo estava olhando; e juntamente com elles tambem os [AHO] principes zombavam d’elle, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Christo, o escolhido de Deus.

36 E tambem os soldados o escarneciam, chegando-se a elle, e apresentando-lhe vinagre,

37 E dizendo: Se tu és o Rei dos Judeos, salva-te a ti mesmo.

38 E [23] tambem por cima d’elle estava um titulo, escripto em lettras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEOS.

[934]

39 E [24] um dos malfeitores que estavam pendurados blasphemava d’elle, dizendo: Se tu és o Christo, salva-te a ti mesmo, e a nós.

40 Respondendo, porém, o outro, reprehendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condemnação?

41 E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.

42 E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.

43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraiso.

44 E [25] era já quasi a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona.

45 E o sol escureceu, e rasgou-se [26] ao meio o véu do templo.

46 E, clamando Jesus com grande voz, disse: [27] Pae, nas tuas mãos entrego o meu espirito. E, havendo dito isto, expirou.

47 E o [28] centurião, vendo o que tinha acontecido, deu gloria a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.

48 E toda a multidão que se ajuntára a este espectaculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos.

A sepultura de Jesus.

Mat. 27.55.

49 E todos [29] os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléa, estavam de longe vendo estas coisas.

50 E [30] eis que um varão por nome José, senador, homem de bem e justo,

51 Que não tinha consentido no seu conselho, nem em seus feitos, de Arimathea, cidade dos judeos, [31] e que tambem esperava o reino de Deus:

52 Este, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus;

53 E, [32] havendo-o tirado, envolveu-o n’um lençol, e pôl-o n’um sepulchro lavrado n’uma [AHP] penha, onde ninguem ainda havia sido posto.

54 E era o dia [33] da preparação, e amanhecia o sabbado.

55 E tambem as mulheres, [34] que tinham saido com elle da Galiléa, o seguiram, e viram o sepulchro, e como foi posto o seu corpo.

56 E, voltando [35] ellas, prepararam especiarias e unguentos; [36] e no sabbado repousaram, conforme o mandamento.

[1] Mar. 15.1. João 18.28.

[2] Act. 17.7. Mat. 17.27 e 22.21. Mar. 12.17. João 19.12.

[3] Mat. 27.11. I Tim. 6.13.

[4] I Ped. 2.22.

[5] cap. 3.1.

[6] cap. 9.9. Mat. 14.1. Mar. 6.14.

[7] Isa. 53.3.

[8] Act. 4.27.

[9] Mat. 27.23. Mar. 15.14. João 18.38 e 19.4.

[10] ver. 1, 2, 4.

[11] Mat. 27.26. João 19.1.

[12] Mat. 27.15. Mar. 15.6. João 18.39.

[13] Act. 3.14.

[14] Mat. 27.26. Mar. 15.15. João 19.16.

[15] Mat. 27.32. Mar. 15.21. João 19.17.

[16] Mat. 24.19. cap. 21.23.

[17] Isa. 2.19. Ose. 10.8. Apo. 6.16 e 9.6.

[18] Pro. 11.31. Jer. 25.29. Eze. 20.47 e 21.3, 4. I Ped. 4.17.

[19] Isa. 53.12. Mat. 27.33.

[20] Mar. 15.22. João 19.17, 18.

[21] Mat. 5.44 e 27.35. Act. 3.17. I Cor. 4.12. Mar. 15.24. João 19.23.

[22] Psa. 22.17. Zac. 12.10. Mat. 27.39. Mar. 15.29.

[23] Mat. 27.37. Mar. 15.26. João 19.19.

[24] Mat. 27.44. Mar. 15.32.

[25] Mat. 27.45. Mar. 15.33.

[26] Mat. 27.51. Mar. 15.38.

[27] Psa. 31.5. I Ped. 2.23. Mat. 27.50. Mar. 15.37. João 19.30.

[28] Mat. 27.54. Mar. 15.39.

[29] Psa. 38.11. Mar. 15.40. João 19.25.

[30] Mat. 27.57. Mar. 15.42. João 19.38.

[31] Mar. 15.43. cap. 2.25, 38.

[32] Mat. 27.59. Mar. 15.46.

[33] Mat. 27.62.

[34] cap. 8.2.

[35] Mar. 16.1.

[36] Exo. 20.10.

A resurreição.

Mat. 28.1-10 e refs.

24 E [1] no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram estas, e algumas outras com ellas, ao sepulchro, [2] levando as especiarias que tinham preparado.

2 E [3] acharam a pedra revolvida do sepulchro.

3 E, entrando, [4] não acharam o corpo do Senhor Jesus.

4 E aconteceu que, estando ellas perplexas [5] por isto, eis que pararam junto d’ellas dois varões, com vestidos resplandecentes.

5 E, estando ellas muito atemorisadas, e abaixando o rosto para o chão, elles lhes disseram: Porque buscaes o vivente entre os mortos?

6 Não está aqui, porém resuscitou. Lembrae-vos [6] como vos fallou, estando ainda na Galilea,

7 Dizendo: Convem que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens peccadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia resuscite.

8 E [7] lembraram-se das suas palavras.

9 E, [8] voltando do sepulchro, annunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.

10 E eram Maria Magdalena, [9] e Joanna, e Maria, mãe de Thiago, e as outras que com ellas estavam, que diziam estas coisas aos apostolos.

11 E [10] as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.

12 Pedro, porém, [11] levantando-se, correu ao sepulchro, e, abaixando-se, viu só os lenços ali postos; e retirou-se, admirando comsigo aquelle caso.

Dois discipulos no caminho de Emmaus.

13 E [12] eis que no mesmo dia iam dois d’elles para uma aldeia, que distava de Jerusalem sessenta estadios, cujo nome era Emmaus;

14 E iam fallando entre si de todas aquellas coisas que haviam succedido.

15 E aconteceu que, indo elles fallando[935] entre si, e perguntando-se um ao outro, o mesmo Jesus se [13] approximou, e ia com elles;

16 Mas [14] os olhos d’elles estavam retidos para que o não conhecessem.

17 E elle lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocaes entre vós, e porque estaes tristes?

18 E, [15] respondendo um, cujo nome era Cleophas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalem, e não sabes as coisas que n’ella teem succedido n’estes dias?

19 E elle lhe disse: Quaes? E elles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que [16] foi varão propheta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo:

20 E [17] como os principaes dos sacerdotes, e os nossos principes o entregaram á condemnação de morte, e o crucificaram:

21 E nós esperavamos [18] que fosse elle o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram:

22 Ainda que tambem [19] algumas mulheres d’entre nós nos maravilharam, as quaes da madrugada foram ao sepulchro;

23 E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que tambem tinham visto uma visão de anjos, que dizem que elle vive:

24 E [20] alguns dos que estão comnosco foram ao sepulchro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém a elle não o viram.

25 E elle lhes disse: O nescios, e tardos de coração para crer tudo o que os prophetas disseram!

26 Porventura [21] não convinha que o Christo padecesse estas coisas e entrasse na sua gloria?

27 E, [22] começando de Moysés, e de todos os [23] prophetas, explicava-lhes em todas as Escripturas o que d’elle estava escripto.

28 E chegaram á aldeia para onde iam, e elle [24] fez como quem ia para mais longe.

29 E [25] elles o constrangeram, dizendo: Fica comnosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com elles.

30 E aconteceu que, estando com elles á mesa, [26] tomando o pão, o abençoou, e partiu-o, e lh’o deu.

31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e elle desappareceu-lhes.

32 E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho nos fallava, e quando nos abria as Escripturas?

33 E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalem, e acharam congregados os onze, e os que estavam com elles,

34 Que diziam: Resuscitou verdadeiramente o Senhor, [27] e appareceu a Simão.

35 E elles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como d’elles foi conhecido no partir do pão.

Apparição de Jesus entre os doze.

João 20.19, etc. e refs.

36 E, [28] fallando elles d’estas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio d’elles, e disse-lhes: Paz seja comvosco.

37 E elles, espantados e atemorisados, pensavam que viam [29] algum espirito.

38 E elle lhes disse: Porque estaes perturbados, e porque sobem taes pensamentos aos vossos corações?

39 Vêde as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo: [30] apalpae-me e vêde; pois um espirito não tem carne nem ossos, como vêdes que eu tenho.

40 E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

41 E, não o crendo elles ainda [31] por causa da alegria, e maravilhados, disse-lhes: [32] Tendes aqui alguma coisa que comer?

42 Então elles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel.

43 O [33] que elle tomou, e comeu diante d’elles.

44 E disse-lhes: [34] São estas as palavras que vos disse estando ainda comvosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escripto na lei de Moysés, e nos prophetas, e nos psalmos.

45 Então [35] abriu-lhes o entendimento para comprehenderem as Escripturas.

46 E disse-lhes: [36] Assim está escripto, e assim convinha que o Christo padecesse,[936] e ao terceiro dia resuscitasse dos mortos;

47 E em seu nome se prégasse o arrependimento [37] e a remissão dos peccados, em todas as nações, começando por Jerusalem.

48 E d’estas coisas [38] sois vós testemunhas.

49 E [39] eis que sobre vós envio a promessa de meu Pae: ficae, porém, vós na cidade de Jerusalem, até que do alto sejaes revestidos de poder.

A ascenção.

Act. 1.9-11.

50 E levou-os fóra, até Bethania; e, levantando as suas mãos, os abençoou.

51 [40] E aconteceu que, abençoando-os elle, se apartou d’elles e foi elevado ao céu.

52 E, [41] adorando-o elles, tornaram com grande jubilo para Jerusalem.

53 E estavam sempre no [42] templo, louvando e bemdizendo a Deus. Amen.

[1] Mar. 16.1. João 20.1.

[2] cap. 23.56.

[3] Mat. 28.2. Mar. 16.4.

[4] ver. 23. Mar. 16.5.

[5] João 20.12. Act. 1.10.

[6] Mat. 16.21 e 17.22. Mar. 8.31 e 9.30. cap. 9.22.

[7] João 2.22.

[8] Mar. 16.10.

[9] cap. 8.3.

[10] Mar. 16.11. ver. 25.

[11] João 20.3, 6.

[12] Mar. 16.12.

[13] Mat. 18.20. ver. 36.

[14] João 20.14 e 21.4.

[15] João 19.25.

[16] Mat. 21.11. cap. 7.16. João 3.2 e 4.19. Act. 2.22 e 7.22.

[17] cap. 23.1. Act. 13.27, 28.

[18] cap. 1.68 e 2.38. Act. 1.6.

[19] Mat. 28.8. Mar. 16.10. ver. 9, 10. João 20.18.

[20] ver. 12.

[21] ver. 46. Act. 17.3. I Ped. 1.11.

[22] ver. 45. Gen. 3.15 e 22.18 e 26.4 e 49.10. Num. 21.9. Deu. 18.15.

[23] Psa. 16.9, 10. Jer. 23.5. Eze. 34.23. Dan. 9.24. Miq. 7.20. Mal. 3.1. João 1.45.

[24] Gen. 32.26 e 42.7. Mar. 6.48.

[25] Gen. 19.3. Act. 16.15.

[26] Mat. 14.19.

[27] I Cor. 15.5.

[28] Mar. 16.14. I Cor. 15.5.

[29] Mar. 6.49.

[30] João 20.20, 27.

[31] Gen. 45.26.

[32] João 21.5.

[33] Act. 10.41.

[34] Mat. 16.21 e 17.22 e 20.18. Mar. 8.31. cap. 9.22 e 18.31. ver. 6.

[35] Act. 16.14.

[36] ver. 26. Psa. 22. Isa. 50.6 e 53.2, etc. Act. 17.3.

[37] Dan. 9.24. Act. 13.38, 46. I João 2.12. Gen. 12.3. Isa. 49.6, 22. Jer. 31.34. Miq. 4.2. Mal. 1.11.

[38] João 15.27. Act. 1.8, 22.

[39] Isa. 44.3. Joel 2.28. João 14.16, 26 e 15.26 e 16.7. Act. 1.4 e 2.1, etc.

[40] II Reis 2.11. Mar. 16.19. João 20.17. Act. 1.9. Eph. 4.8.

[41] Mat. 28.9, 17.

[42] Act. 2.46 e 5.42.


O SANCTO EVANGELHO
SEGUNDO S. JOÃO.

O Verbo se fez carne.

Anno Domini 26

1 No principio [1] era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

2 Elle [2] estava no principio com Deus.

3 Todas [3] as coisas foram feitas por elle, e sem elle nada, do que foi feito, se fez.

4 N’elle [4] estava a vida, e a vida era a luz dos homens;

5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a comprehenderam.

6 Houve [5] um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

7 Este [6] veiu para testemunho, para que testificasse da luz; para que todos cressem por elle.

8 Não era elle a luz; mas para que testificasse da luz.

9 Este [7] era a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo.

10 Estava no mundo, [8] e o mundo foi feito por elle, e o mundo não o conheceu.

11 Veiu [9] para o que era seu, e os seus não o receberam.

12 Mas, [10] a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;

13 [11] Os quaes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.

14 E [12] o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua gloria, como a gloria do unigenito do Pae, cheio de graça e de verdade.

O testemunho de João Baptista.

Mat. 3.1-12 e refs.

Anno Domini 30

15 João [13] testificou d’elle; e clamou, dizendo: Este era aquelle de quem eu dizia: O que vem depois de mim é antes de mim, porque era primeiro do que eu.

16 E todos [14] nós recebemos tambem da sua plenitude, e graça por graça.

17 Porque [15] a lei foi dada por Moysés; a graça e a verdade vieram por Jesus Christo.

18 Deus nunca foi [16] visto por alguem. O Filho unigenito, que está no seio do Pae, elle nol-o declarou.

19 E este é [17] o testemunho de João, quando os judeos mandaram de Jerusalem[937] sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?

20 E [18] confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Christo.

21 E perguntaram-lhe: Pois que? És tu [19] Elias? E disse: Não sou. És tu propheta? E respondeu: Não.

22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta áquelles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?

23 Disse: [20] Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitae o caminho do Senhor, como disse o propheta Isaias.

24 E os que tinham sido enviados eram dos phariseos;

25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Porque baptizas pois, se tu não és o Christo, nem Elias, nem o propheta?

26 João respondeu-lhes, dizendo: [21] Eu baptizo com agua; mas no meio de vós está um a quem vós não conheceis.

27 Este [22] é aquelle que vem após mim, que já foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca.

28 Estas coisas aconteceram [23] em Bethania[AHQ], da outra banda do Jordão, onde João estava baptizando.

29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para elle, e disse: [24] Eis aqui o Cordeiro de Deus, [25] que tira o peccado do mundo.

30 Este é aquelle do qual eu disse: Após mim vem um varão que já foi antes de mim; porque era primeiro do que eu.

31 E eu não o conhecia; mas, [26] para que fosse manifestado a Israel, por isso vim eu baptizando com agua.

32 E [27] João testificou, dizendo: Eu vi o Espirito descer do céu como uma pomba, e repousar sobre elle.

33 E eu não o conhecia, mas o que me mandou a baptizar com agua esse me disse: Sobre aquelle que vires descer o Espirito, e repousar sobre elle, esse [28] é o que baptiza com o Espirito Sancto.

34 E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus.

Os primeiros apostolos de Jesus.

35 No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discipulos;

36 E, vendo por ali andar a Jesus, disse: [29] Eis aqui o Cordeiro de Deus.

37 E os dois discipulos ouviram-n’o dizer isto, e seguiram a Jesus.

38 E Jesus, voltando-se e vendo que elles o seguiam, disse-lhes: Que buscaes? E elles lhe disseram: Rabbi, (que, traduzido, quer dizer, Mestre) onde moras?

39 Elle lhes disse: Vinde, e vêde. Foram, e viram onde morava, e ficaram com elle aquelle dia: e era já quasi a hora decima.

40 Era [30] André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquillo de João, e o haviam seguido.

41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: achámos o Messias (que, traduzido, é o Christo).

42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para elle, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; [31] tu serás chamado Cephas (que quer dizer Pedro).

43 No dia seguinte quiz Jesus ir á Galilea, e achou a Philippe, e disse-lhe: Segue-me.

44 E [32] Philippe era de Bethsaida, cidade de André e de Pedro.

45 Philippe achou [33] Nathanael, e disse-lhe: Havemos achado aquelle de quem [34] Moysés escreveu na lei, e os prophetas, a saber: Jesus [35] de Nazareth, filho de José.

46 Disse-lhe Nathanael: [36] Pode vir alguma coisa boa de Nazareth? Disse-lhe Philippe: Vem, e vê.

47 Jesus viu Nathanael vir ter com elle, e disse d’elle: [37] Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não ha dolo.

48 Disse-lhe Nathanael: D’onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Philippe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira.

49 Nathanael respondeu, e disse-lhe: Rabbi, [38] tu és o Filho de Deus, tu és o Rei d’Israel.

50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás.

51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo [39] que d’aqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem.

[1] Pro. 8.22 e 8.30. Col. 1.17. I João 1.1 e 5.7. Apo. 1.2. cap. 17.5. Phi. 2.6.

[2] Gen. 1.1.

[3] ver. 10. Psa. 33.6. Eph. 3.9. Col. 1.16. Heb. 1.2. Apo. 4.11.

[4] I João 5.11. cap. 8.12 e 9.5 e 12.35, 46.

[5] Mal. 3.1. Mat. 3.1. Luc. 3.2.

[6] Act. 19.4.

[7] Isa. 49.6. I João 2.8.

[8] ver. 3. Heb. 1.2.

[9] Luc. 19.14. Act. 3.26 e 13.46.

[10] Isa. 56.5. Rom. 8.15. Gal. 3.26. II Ped. 1.4. I João 3.1.

[11] Thi. 1.18. I Ped. 1.23.

[12] Mat. 1.16, 20 e 17.2. Luc. 1.31. I Tim. 3.16. Rom. 1.3. Gal. 4.4. Heb. 2.11. cap. 2.11. II Ped. 1.17. Col. 1.19 e 2.3, 9.

[13] cap. 3.32 e 5.33. Mat. 3.11. Mar. 1.7. Luc. 3.16. cap. 3.31 e 8.58. Col. 1.17.

[14] cap. 3.31. Eph. 1.6, 7.

[15] Exo. 20.1, etc. Deu. 4.44. Rom. 3.24 e 5.21 e 6.14. cap. 8.32 e 14.6.

[16] Exo. 33.20. Deu. 4.12. Luc. 10.22. cap. 6.46. I Tim. 1.17. I João 4.12, 20. ver. 14.

[17] cap. 5.33.

[18] Luc. 3.15. cap. 3.28. Act. 13.25.

[19] Mal. 4.5. Mat. 17.10. Deu. 18.15, 18.

[20] Mat. 3.3. Mar. 1.3. Luc. 3.4. cap. 3.28. Isa. 40.3.

[21] Mat. 3.11. Mal. 3.1.

[22] ver. 15, 30. Act. 19.4.

[23] Jui. 7.24. cap. 10.40.

[24] Exo. 12.3. Isa. 53.7. Act. 8.32. I Ped. 1.19. Apo. 5.6, etc.

[25] Isa. 53.11. I Cor. 15.3. Gal. 1.4. Heb. 1.3 e 2.17 e 9.28. I Ped. 2.24 e 3.18. I João 2.2 e 3.5 e 4.10. Apo. 1.5.

[26] Mal. 3.1. Mat. 3.6. Luc. 1.17, 76 e 3.3.

[27] Mat. 3.16. Mar. 1.10. Luc. 3.22. cap. 5.32.

[28] Mat. 3.11. Act. 1.5 e 2.4 e 10.44 e 19.2.

[29] ver. 29.

[30] Mat. 4.18.

[31] Mat. 16.18.

[32] cap. 12.21.

[33] cap. 21.2.

[34] Gen. 3.15 e 49.10. Deu. 18.18. Luc. 24.27. Isa. 4.2 e 7.14 e 9.6. Miq. 5.2. Zac. 6.12.

[35] Mat. 2.23. Luc. 2.4.

[36] cap. 7.41, 42, 52.

[37] Psa. 32.2. cap. 8.39. Rom. 2.28, 29 e 9.6.

[38] Mat. 14.33 e 21.5 e 27.11, 42. cap. 18.37 e 19.3.

[39] Gen. 28.12. Mat. 4.11. Luc. 2.9, 13 e 22.43 e 24.4. Act. 1.10.

[938]

As bodas em Caná: a agua feita vinho.

2 E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em [1] Caná da Galilea: e estava ali a mãe de Jesus.

2 E foi tambem convidado Jesus e os seus discipulos para as bodas.

3 E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não teem vinho.

4 Disse-lhe Jesus: [2] Mulher, [3] que tenho eu comtigo? [4] ainda não é chegada a minha hora.

5 Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto elle vos disser.

6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, [5] para as purificações dos judeos, e em cada uma cabiam dois ou tres almudes.

7 Disse-lhes Jesus: Enchei d’agua essas talhas. E encheram-n’as até cima.

8 E disse-lhes: Tirae agora, e levae ao mestre-sala. E levaram.

9 E, logo que o mestre-sala provou a [6] agua feita vinho (não sabendo d’onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a agua), chamou o mestre-sala ao esposo,

10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom, e, quando teem bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.

11 Jesus principiou assim os seus signaes em Caná da Galilea, [7] e manifestou a sua gloria; e os seus discipulos crêram n’elle.

12 Depois d’isto desceu a Capernaum, elle, e sua mãe, [8] e seus irmãos, e seus discipulos, e ficaram ali não muitos dias.

Jesus purifica o templo.

Mat. 21.12, etc. e refs.

13 [9] E estava proxima a paschoa dos judeos, e Jesus subiu a Jerusalem.

14 E [10] achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.

15 E, feito um açoite de cordeis, lançou todos fóra do templo, tambem os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas;

16 E disse aos que vendiam pombos: Tirae d’aqui estes, e não façaes da casa de [11] meu Pae casa de venda.

17 E os seus discipulos lembraram-se de que está escripto: [12] O zelo da tua casa me comeu.

18 Responderam pois os judeos, e disseram-lhe: [13] Que signal nos mostras para fazeres estas coisas?

19 Jesus respondeu, e disse-lhes: [14] Derribae este templo, e em tres dias o levantarei.

20 Disseram pois os judeos: Em quarenta e seis annos foi edificado este templo, e tu o levantarás em tres dias?

21 Porém elle fallava [15] do templo do seu corpo.

22 Quando, pois, resuscitou dos mortos, [16] os seus discipulos lembraram-se de que lhes havia dito isto e crêram; na Escriptura, e na palavra que Jesus tinha dito.

23 E, estando elle em Jerusalem pela paschoa, no dia da festa, muitos, vendo os signaes que fazia, crêram no seu nome.

24 Mas o mesmo Jesus não confiava n’elles, porque a todos conhecia,

25 E não necessitava de que alguem testificasse do homem, porque [17] elle bem sabia o que havia no homem.

[1] Jos. 19.28.

[2] cap. 19.26.

[3] II Sam. 16.10 e 19.22.

[4] cap. 7.6.

[5] Mar. 7.3.

[6] cap. 4.46.

[7] cap. 1.14.

[8] Mat. 12.46.

[9] Exo. 12.14. Deu. 16.1, 16. ver. 23. cap. 5.1 e 6.4 e 11.55.

[10] Mar. 11.15. Luc. 19.45.

[11] Luc. 2.49.

[12] Psa. 69.9.

[13] Mat. 12.38. cap. 6.30.

[14] Mat. 26.61 e 27.40. Mar. 14.58 e 15.29.

[15] Col. 2.9. Heb. 8.2. I Cor. 3.16 e 6.19. II Cor. 6.16.

[16] Luc. 24.8.

[17] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Mat. 9.4. Mar. 2.8. cap. 6.64 e 16.30. Act. 1.24. Apo. 2.23.

Jesus instrue Nicodemos ácerca do novo nascimento.

3 E havia entre os phariseos um homem, chamado Nicodemos, principe dos judeos.

2 Este [1] foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabbi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus: [2] porque ninguem pode fazer estes signaes que tu fazes, se Deus não fôr com elle.

3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquelle que não nascer de novo, não pode vêr o reino de [3] Deus.

4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade, te digo [4] que aquelle que não nascer da agua e do Espirito não pode entrar no reino de Deus,

6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espirito é espirito.

7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessario vos é nascer de novo.

8 O vento assopra onde quer, [5] e ouves[939] a sua voz; porém não sabes d’onde vem, nem para onde vae; assim é todo aquelle que é nascido do Espirito.

9 Nicodemos respondeu, e disse-lhe: [6] Como se pode fazer isto?

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?

11 Na [7] verdade, na verdade te digo que dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos; e não acceitaes o nosso testemunho.

12 Se vos fallei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos fallar das celestiaes?

13 E [8] ninguem subiu ao céu, senão o que desceu do céu, a saber, o Filho do homem, que está no céu.

14 E, [9] como Moysés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;

15 Para que todo aquelle que n’elle crê não pereça, mas [10] tenha a vida eterna.

16 Porque [11] Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigenito, para que todo aquelle que n’elle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

17 Porque [12] Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condemnasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por elle.

18 Quem [13] crê n’elle não é condemnado; mas quem não crê já está condemnado; porquanto não crê no nome do Unigenito Filho de Deus.

19 E a condemnação é esta: [14] Que a luz veiu ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.

20 Porque [15] todo aquelle que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam arguidas.

21 Mas quem obra a verdade vem para a luz, afim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

Outro testemunho de João Baptista.

22 Depois d’isto foi Jesus com os seus discipulos para a terra da Judea; e estava ali com elles, [16] e baptizava.

23 Ora João baptizava tambem em Enon, [17] junto a Salim, porquanto havia ali muitas aguas; [18] e vinham ali, e eram baptizados.

24 Porque [19] ainda João não tinha sido lançado na prisão.

25 Houve pois uma questão entre os discipulos de João e os judeos, ácerca da purificação.

26 E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabbi, aquelle que estava comtigo além do Jordão, [20] do qual tu déste testemunho, eis que baptiza, e todos vão ter com elle.

27 João respondeu, e disse: [21] O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não fôr dada do céu.

28 Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: [22] Eu não sou o Christo, mas sou enviado adiante d’elle.

29 Aquelle [23] que tem a esposa é o esposo; mas o [AHR] amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim pois este meu gozo está cumprido.

30 A elle convem crescer, porém a mim diminuir.

31 Aquelle [24] que vem de cima é sobre todos: aquelle que vem da terra é da terra e falla da terra. Aquelle que vem do céu é sobre todos.

32 E [25] aquillo que viu e ouviu isso testifica; e ninguem acceita o seu testemunho.

33 Aquelle que acceitou o seu testemunho, esse sellou [26] que Deus é verdadeiro.

34 Porque [27] aquelle que Deus enviou falla as palavras de Deus; porque não lhe dá Deus o Espirito por medida.

35 O [28] Pae ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.

36 Aquelle [29] que crê no Filho tem a vida eterna; porém aquelle que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre elle permanece.

[1] cap. 7.50 e 19.39.

[2] cap. 9.16, 33. Act. 2.22 e 10.38.

[3] cap. 1.13. Gal. 6.15. Tito 3.5. Thi. 1.18. I Ped. 1.23. I João 3.9.

[4] Mar. 16.16. Act. 2.38.

[5] Ecc. 11.5. I Cor. 2.11.

[6] cap. 6.52, 60.

[7] Mat. 11.27. cap. 1.18 e 7.16 e 8.28 e 12.49 e 14.24.

[8] Pro. 30.4. cap. 6.33, 38, 51, 62 e 16.28. Act. 2.34. I Cor. 15.47. Eph. 4.9, 10.

[9] Num. 21.9. cap. 8.28 e 12.32.

[10] ver. 36. cap. 6.47.

[11] Rom. 5.8. I João 4.9.

[12] Luc. 9.56. cap. 5.45 e 8.15 e 12.47. I João 4.14.

[13] cap. 5.24 e 6.40, 47 e 20.31.

[14] cap. 1.4, 9, 10, 11 e 8.12.

[15] Job 24.13, 17. Eph. 5.13.

[16] cap. 4.2.

[17] I Sam. 9.4.

[18] Mat. 3.5, 6.

[19] Mat. 14.3.

[20] cap. 1.7, 15, 27, 34.

[21] I Cor. 4.7. Heb. 5.4. Thi. 1.17.

[22] cap. 1.20, 27. Mal. 3.1. Mar. 1.2. Luc. 1.17.

[23] Mat. 22.2. II Cor. 11.2. Eph. 5.25, 27. Apo. 21.9. Can. 5.1.

[24] cap. 8.23. Mat. 28.18. Rom. 9.5. I Cor. 15.47. Eph. 1.21. Phi. 2.9.

[25] ver. 11. cap. 8.26 e 15.15.

[26] Rom. 3.4. I João 5.10.

[27] cap. 7.16 e 1.16.

[28] Mat. 28.18. Luc. 10.22. cap. 5.20. Heb. 2.8.

[29] Hab. 2.4. cap. 1.12 e 6.47. Rom. 1.17. I João 5.10.

A mulher de Samaria.

4 E quando o Senhor entendeu que os phariseos tinham ouvido que Jesus fazia [1] e baptizava mais discipulos do que João,

[940]

2 (Ainda que Jesus mesmo não baptizava, mas os seus discipulos),

3 Deixou a Judea, e foi outra vez para a Galilea.

4 E era-lhe necessario passar por Samaria.

5 Foi pois a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade [2] que Jacob deu a seu filho José.

6 E estava ali a fonte de Jacob; Jesus, pois, cançado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quasi á hora sexta.

7 Veiu uma mulher de Samaria tirar agua: disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

8 Porque os seus discipulos tinham ido á cidade comprar comida.

9 Disse-lhe pois a mulher samaritana: Como, sendo tu judeo, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os [3] judeos não se communicam com os samaritanos)

10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e elle te daria [4] agua viva.

11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo: onde pois tens a agua viva?

12 És tu maior do que o nosso pae Jacob, que nos deu o poço, e elle mesmo d’elle bebeu, e os seus filhos, e o seu gado?

13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer [5] que beber d’esta agua tornará a ter sêde;

14 Mas aquelle que beber da agua que eu lhe der [6] nunca terá sêde, porque a agua que eu lhe der se fará n’elle uma fonte d’agua que salte para a vida eterna.

15 Disse-lhe [7] a mulher: Senhor, dá-me d’essa agua, para que não mais tenha sêde, e não venha aqui tiral-a.

16 Disse-lhe Jesus: Vae, chama a teu marido, e vem cá.

17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;

18 Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.

19 Disse-lhe a mulher: [8] Senhor, vejo que és propheta.

20 Nossos paes adoraram [9] n’este monte, e vós dizeis que é em Jerusalem o logar onde se deve adorar.

21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a [10] hora vem, quando nem n’este monte nem em Jerusalem adorareis o Pae.

22 Vós [11] adoraes o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos [12] porque a salvação vem dos judeos.

23 Porém a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pae [13] em espirito [14] e em verdade; porque o Pae procura a taes que assim o adorem.

24 Deus é [15] Espirito, e importa que os que o adoram o adorem em espirito e em verdade.

25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Christo) vem; quando elle vier, [16] nos annunciará todas as coisas.

26 Jesus disse-lhe: [17] Eu sou, o que fallo comtigo.

27 E n’isto vieram os seus discipulos, e maravilharam-se de que fallasse com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Que fallas com ella?

28 Deixou pois a mulher o seu cantaro, e foi á cidade, e disse áquelles homens:

29 Vinde, vêde um homem [18] que me disse tudo quanto tenho feito: porventura não é este o Christo?

30 Sairam pois da cidade, e foram ter com elle.

A ceifa e os ceifeiros.

31 E entretanto os seus discipulos lhe rogaram, dizendo: Rabbi, come.

32 Porém elle lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não sabeis.

33 Então os discipulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe porventura alguem de comer?

34 Jesus disse-lhes: [19] A minha comida é fazer a vontade d’aquelle que me enviou, e cumprir a sua obra.

35 Não dizeis vós que ainda ha quatro mezes até que venha a ceifa? eis que eu vos digo: Levantae os vossos olhos, e vêde as terras, [20] que já estão brancas para a ceifa.

36 E [21] o que ceifa recebe galardão, e ajunta fructo para a vida eterna; para que, assim o que semeia, como o que ceifa, ambos se regozijem.

37 Porque n’isto é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa.

38 Eu vos enviei a ceifar onde vós não[941] trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.

39 E muitos dos samaritanos d’aquella cidade crêram n’elle, [22] pela palavra da mulher, que testificou, dizendo: Disse-me tudo quanto tenho feito.

40 Indo pois ter com elle os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com elles; e ficou ali dois dias.

41 E muitos mais creram n’elle, por causa da sua palavra.

42 E diziam á mulher: Já não é pelo teu dito que nós crêmos; [23] porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Christo, o Salvador do mundo.

Cura do filho d’um regulo.

43 E dois dias depois partiu d’ali, e foi para a Galilea.

44 Porque [24] Jesus mesmo testificou que um propheta não tem honra na sua propria patria.

45 Chegando pois á Galilea, os galileos [25] o receberam, vistas todas as coisas que fizera em Jerusalem no dia da festa; [26] porque tambem elles tinham ido á festa.

46 Segunda vez foi Jesus a Caná da Galilea, [27] onde da agua fizera vinho. E havia ali um regulo, cujo filho estava enfermo em Capernaum.

47 Ouvindo este que Jesus vinha da Judea para a Galilea, foi ter com elle, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, porque estava á morte.

48 Então Jesus lhe disse: [28] Se não virdes signaes e milagres, não crereis.

49 Disse-lhe o regulo: Senhor, desce, antes que meu filho morra.

50 Disse-lhe Jesus: Vae, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse, e foi-se.

51 E, descendo elle logo, sairam-lhe ao encontro os seus servos, e lhe annunciaram, dizendo: O teu filho vive.

52 Perguntou-lhes pois a que hora se achara melhor; e disseram-lhe: Hontem ás sete horas a febre o deixou.

53 Entendeu pois o pae que era aquella hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive: e creu elle, e toda a sua casa.

54 Jesus fez este segundo signal, quando ia da Judea para a Galilea.

[1] cap. 3.22, 26.

[2] Gen. 33.19 e 48.22. Jos. 24.32.

[3] II Reis 17.24. Luc. 9.52, 53. Act. 10.28.

[4] Isa. 12.3 e 44.3. Jer. 2.13. Zac. 13.1 e 14.8.

[5] cap. 6.35, 58.

[6] cap. 7.38.

[7] cap. 6.34 e 17.2, 3. Rom. 6.23. I João 5.20.

[8] Luc. 7.16 e 24.19. cap. 6.14 e 7.40.

[9] Jui. 9.7. Deu. 12.5, 11. I Reis 9.3. II Chr. 7.12.

[10] Mal. 1.11. I Tim. 2.8.

[11] II Reis 17.29.

[12] Isa. 2.3. Luc. 24.47. Rom. 9.4, 5.

[13] Phi. 3.3.

[14] cap. 1.17.

[15] II Cor. 3.17.

[16] ver. 29, 39.

[17] Mat. 26.63, 64. Mar. 14.61, 62. cap. 9.37.

[18] ver. 25.

[19] Job 23.12. cap. 6.38 e 17.4 e 19.30.

[20] Mat. 9.37. Luc. 10.2.

[21] Dan. 12.3.

[22] ver. 29.

[23] cap. 17.8. I João 4.14.

[24] Mat. 13.57. Mar. 6.4. Luc. 4.24.

[25] cap. 2.23 e 3.2.

[26] Deu. 16.16.

[27] cap. 2.1, 11.

[28] I Cor. 1.22.

Cura d’um paralytico de Bethesda.

Anno Domini 31

5 Depois [1] d’isto havia uma festa entre os judeos, e Jesus subiu a Jerusalem.

2 Ora em Jerusalem ha, [2] proximo á porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreo Bethesda, o qual tem cinco alpendres.

3 N’este jazia grande multidão de enfermos; cegos, mancos e resicados, esperando o movimento das aguas.

4 Porque um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a agua; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da agua, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.

5 E estava ali um certo homem que, havia trinta e oito annos, se achava enfermo.

6 E Jesus, vendo este deitado, e, sabendo que estava n’este estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?

7 O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a agua é agitada, me metta no tanque; mas, emquanto eu vou, desce outro adiante de mim.

8 Jesus disse-lhe: [3] Levanta-te, toma a tua cama, e anda.

9 Logo aquelle homem ficou são; e tomou a sua cama, e partiu. E [4] aquelle dia era sabbado.

10 Depois os judeos disseram áquelle que tinha sido curado: É sabbado, não [5] te é licito levar a cama.

11 Elle respondeu-lhes: Aquelle que me curou, esse disse: Toma a tua cama, e anda.

12 Perguntaram-lhe pois: Quem é o homem que te disse: Toma a tua cama, e anda?

13 E o que fôra curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, porquanto n’aquelle logar havia grande multidão.

14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; [6] não peques mais, para que te não succeda alguma coisa peior.

15 E aquelle homem foi, e annunciou aos judeos que Jesus era o que o curára.

Jesus declara-se Filho de Deus e egual ao Pae.

16 E por isso os judeos perseguiram a Jesus, e procuravam matal-o; porque fazia estas coisas no sabbado.

17 E Jesus lhes respondeu: [7] Meu Pae obra até agora, e eu obro tambem.

18 Por isso pois [8] os judeos ainda mais procuravam matal-o, porque não só quebrantava o sabbado, mas tambem[942] dizia que Deus era seu proprio Pae, fazendo-se [9] egual a Deus.

19 Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que [10] o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pae; porque tudo quanto elle faz o Filho o faz egualmente.

20 Porque [11] o Pae ama o Filho, e mostra-lhe todas as coisas que faz; e elle lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.

21 Porque, como o Pae resuscita os mortos, e os vivifica, [12] assim tambem o Filho vivifica aquelles que quer.

22 Porque tambem o Pae a ninguem julga, mas [13] deu ao Filho todo o juizo;

23 Para que todos honrem o Filho, como honram o Pae. [14] Quem não honra o Filho, não honra o Pae que o enviou.

24 Na verdade, na verdade vos digo que [15] quem ouve a minha palavra, e crê n’aquelle que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condemnação, mas [16] passou da morte para a vida.

25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que [17] os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.

26 Porque, como o Pae tem a vida em si mesmo, assim deu tambem ao Filho ter a vida em si mesmo.

27 E [18] deu-lhe o poder de exercer o juizo, [19] porque é o Filho do homem.

28 Não vos maravilheis d’isto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulchros ouvirão a sua voz.

29 [20] E os que fizeram o bem sairão para a resurreição da vida; e os que fizeram o mal para a resurreição da condemnação.

30 Eu não [21] posso de mim mesmo fazer coisa alguma: como ouço, assim julgo; e o meu juizo é justo, [22] porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pae que me enviou.

31 Se [23] eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.

32 Ha [24] outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que elle dá de mim é verdadeiro.

33 Vós mandastes a João, [25] e elle deu testemunho da verdade.

34 Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos salveis.

35 Elle era a candeia [26] ardente e resplandecente; e [27] vós quizestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.

36 Mas [28] eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pae me deu que cumprisse, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pae me enviou.

37 E o Pae, que me enviou, [29] elle mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem [30] vistes o seu parecer;

38 E a sua palavra não permanece em vós; porque n’aquelle que elle enviou não crêdes vós.

39 Examinae [31] as Escripturas; porque vós cuidaes ter n’ellas a vida eterna, [32] e são ellas que de mim testificam.

40 E [33] não quereis vir a mim para terdes vida.

41 Eu [34] não recebo a honra dos homens;

42 Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.

43 Eu vim em nome de meu Pae, e não me acceitaes; se outro vier em seu proprio nome, a esse acceitareis.

44 Como [35] podeis vós crêr, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a [36] honra que vem só de Deus?

45 Não cuideis que eu vos hei de accusar para com o Pae. [37] Ha um que vos accusa, Moysés, em quem vós esperaes.

46 Porque, se vós cresseis em Moysés, crerieis em mim; porque [38] de mim escreveu elle.

47 Porém, se não crêdes nos seus escriptos, como crereis nas minhas palavras?

[1] Lev. 23.2. Deu. 16.1. cap. 2.13.

[2] Neh. 3.1 e 12.39.

[3] Mat. 9.6. Mar. 2.11. Luc. 5.24.

[4] cap. 9.14.

[5] Exo. 20.10. Neh. 13.19. Jer. 17.21, etc. Mat. 12.2. Mar. 2.24 e 3.4. Luc. 6.2 e 13.14.

[6] Mat. 12.45. cap. 8.11.

[7] cap. 9.4 e 14.10.

[8] cap. 7.19.

[9] cap. 10.30, 33. Phi. 2.6.

[10] ver. 30. cap. 8.28 e 9.4 e 12.49 e 14.10.

[11] Mat. 3.17. cap. 3.35. II Ped. 1.17.

[12] Luc. 7.14 e 8.54. cap. 11.25, 43.

[13] Mat. 11.27 e 28.18. ver. 27. cap. 3.35 e 17.2. Act. 17.31. I Ped. 4.5.

[14] I João 2.23.

[15] cap. 3.16, 18 e 6.40, 47 e 8.51 e 20.31.

[16] I João 3.14.

[17] ver. 28. Eph. 2.1, 5 e 5.14. Col. 2.13.

[18] ver. 22. Act. 10.42 e 17.31.

[19] Dan. 7.13, 14.

[20] Dan. 12.2. Mat. 25.32, 33, 46. Isa. 26.19. I Cor. 15.52. I The. 4.15.

[21] ver. 19.

[22] Mat. 26.39. cap. 4.34 e 6.38.

[23] cap. 8.14. Apo. 3.14.

[24] Mat. 3.17 e 17.4. cap. 8.18. I João 5.6, 7, 9.

[25] cap. 1.15, 19, 27, 32.

[26] II Ped. 1.19.

[27] Mat. 13.20 e 21.26. Mar. 6.20.

[28] I João 5.9. cap. 3.2 e 10.25 e 15.24.

[29] Mat. 3.17 e 17.5. cap. 6.27 e 8.18.

[30] Deu. 4.12. cap. 1.18. I Tim. 1.17. I João 4.12.

[31] Isa. 8.20 e 34.16. Luc. 16.29. Act. 17.11.

[32] Deu. 18.15, 18. Luc. 24.27. cap. 1.45.

[33] cap. 1.11 e 3.19.

[34] I The. 2.6.

[35] cap. 12.43.

[36] Rom. 2.29.

[37] Rom. 2.12.

[38] Gen. 3.15 e 12.3 e 18.18 e 22.18 e 49.10. Deu. 18.15, 18. cap. 1.45. Act. 26.22.

A multiplicação dos pães.

Mat. 14.15-21 e refs.

Anno Domini 32

6 Depois [1] d’isto Jesus partiu para a outra banda do mar da Galilea, que é o de Tiberiades.

[943]

2 E uma grande multidão o seguia; porque via os signaes que operava sobre os enfermos.

3 E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discipulos.

4 E a paschoa, a festa dos judeos, estava [2] proxima.

5 Então [3] Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com elle, disse a Philippe: D’onde compraremos pão, para estes comerem?

6 Mas dizia isto para o experimentar; porque elle bem sabia o que havia de fazer.

7 Philippe respondeu-lhe: [4] Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um d’elles tome um pouco.

8 E um dos seus discipulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9 Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos: [5] mas que é isto para tantos?

10 E disse Jesus: Fazei assentar os homens. E havia muita herva n’aquelle logar. Assentaram-se pois os homens em numero de quasi cinco mil.

11 E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discipulos, e os discipulos pelos que estavam assentados; e egualmente tambem dos peixes, quanto queriam.

12 E, quando estavam saciados, disse aos seus discipulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.

13 Recolheram-n’os pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.

14 Vendo pois aquelles homens o signal que Jesus tinha feito, diziam: Este [6] é verdadeiramente o propheta que devia vir ao mundo.

15 Sabendo pois Jesus que haviam de vir arrebatal-o, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, elle só, para o monte.

Jesus anda sobre o mar.

Mat. 14.23-34 e refs.

16 E, [7] quando veiu a tarde, os seus discipulos desceram para o mar.

17 E, entrando no barco, passaram da outra banda do mar para Capernaum, e era já escuro, e ainda Jesus não tinha chegado ao pé d’elles.

18 E o mar se levantou, porquanto um grande vento assoprava.

19 E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estadios, viram a Jesus, andando sobre o mar e approximando-se do barco; e temeram.

20 Porém elle lhes disse: Sou eu, não temaes.

21 Então elles de boamente o receberam no barco; e logo o barco chegou á terra para onde iam.

Jesus é o pão da vida para os que crêem.

22 No dia seguinte, a multidão, que estava da outra banda do mar, vendo que não havia ali mais do que um barquinho, e que Jesus não entrara com seus discipulos n’aquelle barquinho, mas que os seus discipulos tinham ido sós.

23 (Comtudo, outros barquinhos vieram de Tiberiades, perto do logar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças):

24 Vendo pois a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discipulos, entraram elles tambem nos barcos, e foram a Capernaum, em busca de Jesus.

25 E, achando-o na outra banda do mar, disseram-lhe: Rabbi, quando chegaste aqui?

26 Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscaes, não pelos signaes que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes.

27 Trabalhao, não pela comida que perece, mas [8] pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; [9] porque a este sellou o Pae, Deus.

28 Disseram-lhe pois: Que faremos, para obrarmos as obras de Deus?

29 Jesus respondeu, e disse-lhes: A [10] obra de Deus é esta: Que creiaes n’aquelle que elle enviou.

30 Disseram-lhe pois: [11] Que signal pois fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que obras tu?

31 Nossos [12] paes comeram o manná no deserto, como está escripto: [13] Deu-lhes a comer o pão do céu.

32 Disse-lhes pois Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moysés não vos deu o pão do céu; mas meu Pae vos dá o verdadeiro pão do céu.

33 Porque o pão de Deus é aquelle que desce do céu, e que dá vida ao mundo.

[944]

34 Disseram-lhe pois: [14] Senhor, dá-nos sempre d’esse pão.

35 E Jesus lhes disse: [15] Eu sou o pão da vida; aquelle que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sêde.

36 Mas [16] vos disse que tambem vós me vistes, e não crêdes.

37 Tudo [17] o que o Pae me dá virá a mim; [18] e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fóra.

38 Porque eu desci do céu, [19] não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’aquelle que me enviou.

39 E a vontade do Pae que me enviou [20] é esta: que de tudo quanto me deu nada perca, mas que o resuscite no ultimo dia.

40 E a vontade d’aquelle que me enviou é esta: [21] que todo aquelle que vê o Filho, e crê n’Elle, tenha a vida eterna; e eu o resuscitarei no ultimo dia.

41 Murmuravam pois d’elle os judeos, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.

42 E diziam: [22] Não é este Jesus, o filho de José, cujo pae e mãe nós conhecemos? Como pois diz elle: Desci do céu?

43 Respondeu pois Jesus, e disse-lhes: Não murmureis entre vós.

44 Ninguem [23] pode vir a mim, se o Pae que me enviou o não trouxer: e eu o resuscitarei no ultimo dia.

45 Está escripto [24] nos prophetas: E serão todos ensinados por Deus. [25] Assim que todo aquelle que do Pae ouviu e aprendeu vem a mim.

46 Não [26] que alguem visse ao Pae, [27] senão aquelle que é de Deus: este tem visto ao Pae.

47 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que crê [28] em mim tem a vida eterna,

48 Eu [29] sou o pão da vida.

49 Vossos [30] paes comeram o manná no deserto, e morreram.

50 Este [31] é o pão que desce do céu, para que o que d’elle comer não morra.

51 Eu sou o pão vivo [32] que desceu do céu; se alguem comer d’este pão, viverá para sempre: e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.

52 Disputavam pois os judeos entre si, dizendo: [33] Como nos pode dar este a sua carne a comer?

53 Jesus pois lhes disse: [34] Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.

54 Quem come a minha [35] carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o resuscitarei no ultimo dia.

55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, [36] e o meu sangue verdadeiramente é bebida;

56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu n’elle.

57 Como o Pae, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pae, [37] assim, quem me come a mim, tambem viverá por mim.

58 Este é o pão que desceu do céu: não como vossos paes, que comeram o manná, e morreram: quem comer este pão viverá para sempre.

59 Elle [38] disse estas coisas na synagoga, ensinando em Capernaum.

Jesus é abandonado por muitos discipulos: a confissão de Pedro.

60 Muitos [39] pois dos seus discipulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?

61 Sabendo pois Jesus em si mesmo que os seus discipulos murmuravam d’isto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos?

62 Que [40] seria, pois, se visseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?

63 O espirito é o que [41] vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espirito e vida.

64 Mas [42] ha alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o principio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.

65 E dizia: [43] Por isso eu vos tenho dito que ninguem pode vir a mim, se por meu Pae lhe não fôr concedido.

66 Desde [44] então muitos dos seus discipulos tornaram para traz, e já não andavam com elle.

67 Então disse Jesus aos doze: Quereis vós tambem retirar-vos?

68 Respondeu-lhe pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu [45] tens as palavras da vida eterna.

[945]

69 E [46] nós temos crido e conhecido que tu és o Christo, o Filho de Deus.

70 Respondeu-lhe Jesus: [47] Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é diabo.

71 E isto dizia elle de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze.

[1] Mar. 6.35. Luc. 9.10, 12.

[2] Lev. 23.5, 7. Deu. 16.1. cap. 2.13 e 5.1.

[3] Mat. 14.14. Mar. 6.35. Luc. 9.12.

[4] Num. 11.21, 22.

[5] II Reis 4.43.

[6] Gen. 49.10. Deu. 18.15, 18. Mat. 11.3. cap. 1.21 e 4.19, 25 e 7.40.

[7] Mar. 6.47.

[8] ver. 54. cap. 4.14.

[9] Mat. 3.17 e 17.5. Mar. 1.11 e 9.7. Luc. 3.22 e 9.35. cap. 1.33 e 5.37 e 8.18. Act. 2.22. II Ped. 1.17.

[10] João 3.23.

[11] Mat. 12.38 e 16.1. Mar. 8.11. I Cor. 1.22.

[12] Exo. 16.15. Num. 11.7. Neh. 9.15. I Cor. 10.3.

[13] Psa. 7.24, 25.

[14] cap. 4.15.

[15] ver. 48, 58. cap. 4.14 e 7.37.

[16] ver. 26, 64.

[17] ver. 45.

[18] Mat. 24.24. cap. 10.28, 29. II Tim. 2.19. I João 2.19.

[19] Mat. 26.39. cap. 5.30 e 4.34.

[20] cap. 10.28 e 17.12 e 18.9.

[21] ver. 27, 47, 54. cap. 3.15, 16 e 4.14.

[22] Mat. 13.55. Mar. 6.3. Luc. 4.22.

[23] Can. 1.4. ver. 65.

[24] Isa. 54.13. Jer. 31.34. Miq. 4.2. Heb. 8.10 e 10.16.

[25] ver. 37.

[26] cap. 1.18 e 5.37.

[27] Mat. 11.27. Luc. 10.22. cap. 7.29 e 8.19.

[28] cap. 3.16, 18, 36. ver. 40.

[29] ver. 33, 35.

[30] ver. 31.

[31] ver. 51, 58.

[32] cap. 3.13.

[33] Heb. 10.5, 10.

[34] cap. 7.43 e 9.16 e 10.19 e 3.9.

[35] Mat. 26.26, 28.

[36] ver. 27, 40, 63. cap. 4.14.

[37] I João 3.24 e 4.15, 16.

[38] ver. 49, 50, 51.

[39] ver. 66. Mat. 11.6.

[40] Mar. 16.19. cap. 3.13. Act. 1.9. Eph. 4.8.

[41] II Cor. 3.6.

[42] ver. 36. cap. 2.24, 25 e 13.11.

[43] ver. 44, 45.

[44] ver. 60.

[45] Act. 5.20.

[46] Mat. 16.16. Mar. 8.29. Luc. 9.20. cap. 1.49 e 11.27.

[47] Luc. 6.13. cap. 13.27.

A incredulidade dos irmãos de Jesus.

7 E depois d’isto Jesus andava pela Galiléa, e não queria andar pela Judéa, [1] porquanto os judeos procuravam matal-o.

2 E estava [2] proxima a festa dos judeos, a dos tabernaculos.

3 Disseram-lhe [3] pois seus irmãos: Sae d’aqui, e vae para a Judéa, para que tambem os teus discipulos vejam as obras que fazes.

4 Porque ninguem, que procura ser conhecido, faz coisa alguma em occulto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.

5 Porque nem [4] ainda seus irmãos criam n’elle.

6 Disse-lhes pois Jesus: [5] Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está prompto.

7 O [6] mundo não vos pode aborrecer, mas elle me aborrece a mim, porquanto d’elle testifico que as suas obras são más.

8 Subi vós a esta festa: eu não subo ainda a esta festa; [7] porque ainda o meu tempo não está cumprido.

9 E, havendo-lhes dito estas coisas, ficou na Galiléa.

Jesus ensina no templo na festa dos tabernaculos. Dissensão entre os judeos ácerca da sua pessoa. Os phariseos mandam prendel-o.

10 Mas, tendo seus irmãos subido á festa, então subiu elle tambem, não manifestamente, mas como em occulto.

11 Ora os judeos [8] buscavam-n’o na festa, e diziam: Onde está elle?

12 E [9] havia grande murmuração entre a multidão a respeito d’elle. Diziam alguns: [10] Elle é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo.

13 Todavia ninguem fallava d’elle abertamente, [11] por medo dos judeos.

14 Porém, no meio da festa, subiu Jesus ao templo, e ensinava.

15 E os judeos [12] maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este lettras, não as tendo aprendido?

16 Jesus lhes respondeu, e disse: [13] A minha doutrina não é minha, mas d’aquelle que me enviou.

17 Se [14] alguem quizer fazer a vontade d’elle, da mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou se eu fallo de mim mesmo.

18 Quem falla [15] de si mesmo busca a sua propria gloria, mas o que busca a gloria d’aquelle que o enviou esse é verdadeiro, e não ha n’elle injustiça.

19 Não [16] vos deu Moysés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Porque procuraes matar-me?

20 A multidão respondeu, e disse: [17] Tens demonio; quem procura matar-te?

21 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma obra, e todos vos maravilhaes.

22 Por isso [18] Moysés vos deu a circumcisão (não que fosse de Moysés, mas dos paes), e no sabbado circumcidaes um homem.

23 Se o homem recebe a circumcisão no sabbado, para que a lei de Moysés não seja quebrantada, indignaes-vos contra mim, [19] porque no sabbado curei de todo um homem?

24 Não [20] julgueis segundo a apparencia, mas julgae segundo a recta justiça.

25 Então alguns dos de Jerusalem diziam: Não é este o que procuram matar?

26 E eil-o ahi está fallando livremente, e nada lhe dizem. [21] Porventura sabem verdadeiramente os principes que este é o Christo?

27 Mas [22] bem sabemos d’onde este é; porém, quando vier o Christo, ninguem saberá d’onde elle é.

28 Clamava pois Jesus no templo, ensinando, e dizendo: [23] Vós conheceis-me, e sabeis d’onde sou, e [24] eu não vim por mim mesmo, mas aquelle que me enviou [25] é verdadeiro, o qual vós não conheceis.

29 Porém [26] eu conheço-o, porque d’elle sou e elle me enviou.

30 Procuravam [27] pois prendel-o, mas ninguem lançou mão d’elle, porque ainda não era chegada a sua hora.

[946]

31 E [28] muitos da multidão creram n’elle, e diziam: Quando o Christo vier, fará ainda mais signaes do que os que este tem feito?

32 Os phariseos ouviram que a multidão murmurava d’elle estas coisas; e os phariseos e os principaes dos sacerdotes mandaram [AHS] servidores a prendel-o.

33 Disse-lhes pois Jesus: [29] Ainda um pouco de tempo estou comvosco, e vou para aquelle que me enviou.

34 Vós [30] me buscareis, e não me achareis; e aonde eu estou vós não podeis vir.

35 Disseram pois os judeos uns para os outros: Para onde irá este, que o não acharemos? [31] Irá porventura para os dispersos entre os gregos, e ensinar os gregos?

36 Que palavra é esta que disse: Buscar-me-heis, e não me achareis; e, Aonde eu estou vós não podeis ir?

37 E [32] no ultimo dia, o grande dia da festa, Jesus poz-se em pé, e clamou, dizendo: [33] Se alguem tem sêde, venha a mim, e beba.

38 Quem [34] crê em mim, como diz a Escriptura, rios d’agua viva manarão do seu ventre.

39 E isto [35] disse elle do Espirito que haviam de receber os que n’elle cressem; porque o Espirito Sancto ainda não fôra dado, [36] porque ainda Jesus não tinha sido glorificado.

40 Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este [37] é o Propheta.

41 Outros diziam: [38] Este é o Christo: mas diziam outros: Vem pois [39] o Christo da Galilea?

42 Não [40] diz a Escriptura que o Christo vem da descendencia de David, e de Bethlehem, [41] da aldeia d’onde era David?

43 Assim [42] entre o povo havia dissensão por causa d’elle.

44 E alguns [43] d’elles queriam prendel-o, mas ninguem lançou mão d’elle.

45 E os servidores foram ter com os principaes dos sacerdotes e phariseos; e elles lhes disseram: Porque o não trouxestes?

46 Responderam os servidores: Nunca [44] homem algum fallou assim como este homem.

47 Responderam-lhes pois os phariseos: Tambem vós fostes enganados?

48 Creu [45] n’elle porventura algum dos principaes ou dos phariseos?

49 Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.

50 Nicodemos (que era um d’elles, [46] o que de noite viera ter com Jesus) disse-lhes:

51 Porventura condemna [47] a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?

52 Responderam elles, e disseram-lhe: Tu és tambem da Galilea? Examina, e verás que da [48] Galilea nenhum propheta surgiu.

53 E cada um foi para sua casa.

[1] cap. 5.16, 18.

[2] Lev. 23.34.

[3] Mat. 12.46. Mar. 3.31. Act. 1.14.

[4] Mar. 3.21.

[5] cap. 2.4 e 8.20. ver. 8, 30.

[6] cap. 15.19 e 3.19.

[7] cap. 8.20. ver. 6.

[8] cap. 11.56.

[9] cap. 9.16 e 10.19.

[10] Mat. 21.46. Luc. 7.16. cap. 6.14. ver. 40.

[11] cap. 9.22 e 12.42 e 19.38.

[12] Mat. 13.54. Mar. 6.2. Luc. 4.22. Act. 2.7.

[13] cap. 3.11 e 8.28 e 12.49 e 14.10, 24.

[14] cap. 8.43.

[15] cap. 5.41 e 8.50.

[16] Exo. 24.3. Deu. 33.4. cap. 1.17 e 5.16, 18 e 10.31, 39 e 11.53. Act. 7.38. Mat. 12.14. Mar. 3.6.

[17] cap. 8.48, 52 e 10.20.

[18] Lev. 12.3. Gen. 17.10.

[19] cap. 5.8, 9, 16.

[20] Deu. 1.16, 17. Pro. 24.23. cap. 8.15. Thi. 2.1.

[21] ver. 48.

[22] Mat. 13.55. Mar. 6.3. Luc. 4.22.

[23] cap. 8.14.

[24] cap. 5.43 e 8.42 e 5.32 e 8.26. Rom. 3.4.

[25] cap. 1.18 e 8.55.

[26] Mat. 11.27. cap. 10.15.

[27] Mar. 11.18. Luc. 19.47 e 20.19. ver. 19. cap. 8.37.

[28] Mat. 12.23. cap. 3.2 e 8.30.

[29] cap. 13.33 e 16.16.

[30] Ose. 5.6. cap. 8.21 e 13.33.

[31] Isa. 11.12. Thi. 1.1. I Ped. 1.1.

[32] Lev. 23.36.

[33] Isa. 55.1. cap. 6.35. Apo. 22.17.

[34] Deu. 18.15. Pro. 18.4. Isa. 12.3 e 44.3. cap. 4.14.

[35] Isa. 44.3. Joel 2.28. cap. 16.7. Act. 2.17, 33, 38.

[36] cap. 12.16 e 16.7.

[37] Deu. 18.15, 18. cap. 1.21 e 6.14.

[38] cap. 4.42 e 6.70.

[39] ver. 52. cap. 1.46.

[40] Psa. 132.11. Jer. 23.5. Miq. 5.2. Mat. 2.5. Luc. 2.4.

[41] I Sam. 16.1, 4.

[42] ver. 12. cap. 9.16 e 10.19.

[43] ver. 30.

[44] Mat. 7.29.

[45] cap. 12.42. Act. 6.7. I Cor. 1.20, 26 e 2.8.

[46] cap. 3.2.

[47] Deu. 1.17 e 17.8, etc. e 19.15.

[48] Isa. 9.1, 2. Mat. 4.15. cap. 1.46. ver. 41.

A mulher adultera.

8 Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras;

2 E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com elle, e, assentando-se, os ensinava.

3 E os escribas e phariseos trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adulterio;

4 E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no proprio acto, adulterando,

5 E [1] na lei nos mandou Moysés que as taes sejam apedrejadas. Tu pois que dizes?

6 Isto diziam elles, tentando-o, para que tivessem de que o accusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.

7 E, como perseverassem perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: [2] Aquelle que d’entre vós está sem peccado seja o primeiro que atire pedra contra ella.

8 E, tornando a inclinar-se, escreveu na terra.

9 Porém, ouvindo [3] elles isto, e accusados pela consciencia, sairam um a um, começando pelos mais velhos até aos ultimos; ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.

10 E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguem mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aquelles teus accusadores? Ninguem te condemnou?

11 E ella disse: Ninguem, Senhor. E disse-lhe Jesus: [4] Nem eu tambem[947] te condemno: vae-te, e não peques mais.

Discurso de Jesus sobre a sua missão.

12 Fallou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: [5] Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

13 Disseram-lhe pois os phariseos: [6] Tu testificas de ti mesmo: o teu testemunho não é verdadeiro.

14 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei d’onde vim, e para onde vou; porém [7] vós não sabeis d’onde venho, nem para onde vou.

15 Vós [8] julgaes segundo a carne, eu a ninguem julgo.

16 E, se eu tambem julgo, o meu juizo é verdadeiro, porque [9] não sou eu só, mas eu e o Pae que me enviou.

17 E tambem na [10] vossa lei está escripto que o testemunho de dois homens é verdadeiro.

18 Eu sou o que testifico de mim mesmo, [11] e de num testifica tambem o Pae que me enviou.

19 Disseram-lhe pois: Onde está teu Pae? Jesus respondeu: [12] Nem me conheceis a mim, nem a meu Pae: se vós me conhecesseis a mim, tambem conhecerieis a meu Pae.

20 Estas palavras disse Jesus no logar do thesouro, ensinando no templo, [13] e ninguem [14] o prendeu, [15] porque ainda não era chegada a sua hora.

21 Disse-lhes pois Jesus outra vez: Eu retiro-me, e [16] buscar-me-heis, e [17] morrereis no vosso peccado. Para onde eu vou não podeis vós vir.

22 Diziam pois os judeos: Porventura ha de matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vós vir?

23 E dizia-lhes: [18] Vós sois debaixo, eu sou de cima; [19] vós sois d’este mundo, eu não sou d’este mundo.

24 Por isso [20] vos disse que morrereis em vossos peccados, [21] porque, se não crerdes o que eu sou, morrereis em vossos peccados.

25 Disseram-lhe pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: O mesmo que tambem já desde o principio vos disse.

26 Muitas coisas tenho que dizer e julgar de vós, mas [22] aquelle que me enviou é verdadeiro, [23] e eu o que d’elle tenho ouvido isso fallo ao mundo.

27 Mas não entenderam que elle lhes fallava do Pae.

28 Disse-lhes pois Jesus: Quando levantardes [24] o Filho do homem, [25] então conhecereis quem eu sou, e [26] que nada faço por mim mesmo; mas [27] fallo assim como o Pae m’o ensinou.

29 E aquelle que [28] me enviou está comigo; [29] o Pae não me tem deixado só, [30] porque eu faço sempre o que lhe agrada.

30 Fallando elle estas coisas, [31] muitos creram n’elle.

31 Jesus dizia pois aos judeos que criam n’elle: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discipulos;

32 E conhecereis a verdade, e [32] a verdade vos libertará.

33 Responderam-lhe: [33] Somos descendencia de Abrahão, e nunca servimos a ninguem; como dizes tu: Sereis livres?

34 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo [34] que todo aquelle que commette peccado é servo do peccado.

35 Ora [35] o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre.

36 Se pois o Filho vos libertar, [36] verdadeiramente sereis livres.

37 Bem sei que sois descendencia de Abrahão; [37] comtudo, procuraes matar-me, porque a minha palavra não cabe em vós.

38 Eu [38] fallo do que vi junto de meu Pae, e vós fazeis o que tambem vistes junto de vosso pae.

39 Responderam, e disseram-lhe: [39] Nosso pae é Abrahão. Jesus disse-lhes: [40] Se fosseis filhos de Abrahão, farieis as obras de Abrahão.

40 Porém [41] agora procuraes matar-me, a mim, um homem que vos tenho fallado a verdade [42] que de Deus tenho ouvido; Abrahão não fez isto.

41 Vós fazeis as obras de vosso pae. Disseram-lhe pois: Nós não somos nascidos [43] da fornicação; temos um Pae, que é Deus.

42 Disse-lhes pois Jesus; [44] Se Deus fosse o vosso Pae, certamente me[948] amarieis, [45] pois que eu sahi, e vim de Deus; [46] porque não vim de mim mesmo, mas elle me enviou.

43 Porque [47] não entendeis a minha linguagem? por não poderdes ouvir a minha palavra.

44 Vós [48] tendes por pae ao diabo, e quereis fazer os desejos de vosso pae: elle foi homicida desde o principio, [49] e não permaneceu na verdade, porque não ha verdade n’elle; quando falla mentira, falla do que lhe é proprio, porque é mentiroso, e pae da mentira.

45 Mas, porque vos digo a verdade, não me crêdes.

46 Quem d’entre vós me convence de peccado? E, se digo a verdade, porque não crêdes?

47 Quem [50] é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutaes, porque não sois de Deus.

48 Responderam pois os judeos, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que [51] tens demonio?

49 Jesus respondeu: Eu não tenho demonio, antes honro a meu Pae, e vós me deshonraes.

50 Eu [52] não busco a minha gloria; ha quem a busque, e julgue.

51 Em verdade, em verdade vos digo que, [53] se alguem guardar a minha palavra, nunca verá a morte.

52 Disseram-lhe pois os judeos: Agora conhecemos que tens demonio. [54] Morreu Abrahão e os prophetas; e tu dizes: Se alguem guardar a minha palavra, nunca provará a morte.

53 És tu maior do que o nosso pae Abrahão, que morreu? e tambem os prophetas morreram: quem te fazes tu ser?

54 Jesus respondeu: [55] Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha gloria [56] é nada; quem me glorifica é o meu Pae, o qual dizeis que é vosso Deus.

55 E [57] vós não o conheceis, mas eu conheço-o: e, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.

56 Abrahão, [58] vosso pae, exultou por ver o meu dia, [59] e viu-o, e alegrou-se.

57 Disseram-lhe pois os judeos: Ainda não tens cincoenta annos, e viste Abrahão?

58 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abrahão fosse feito [60] eu sou.

59 Então [61] pegaram em pedras para lhe atirarem; porém Jesus [62] occultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio d’elles, e assim se retirou.

[1] Lev. 20.10. Deu. 22.22.

[2] Deu. 17.7. Rom. 2.1.

[3] Rom. 2.22.

[4] Luc. 9.56 e 12.14. cap. 3.17 e 5.14.

[5] cap. 1.4, 5, 9 e 3.19 e 9.5 e 12.35, 36, 46.

[6] cap. 5.31.

[7] cap. 7.28 e 9.29.

[8] cap. 7.24 e 3.17 e 12.47 e 18.36.

[9] ver. 29. cap. 16.32.

[10] Deu. 17.6 e 19.15. Mat. 18.16. II Cor. 13.1. Heb. 10.28.

[11] cap. 5.37.

[12] ver. 55. cap. 16.3 e 14.7.

[13] Mar. 12.41.

[14] cap. 7.30.

[15] cap. 7.8.

[16] cap. 7.34 e 13.33.

[17] ver. 24.

[18] cap. 3.31.

[19] cap. 15.19 e 17.16. I João 4.5.

[20] ver. 21.

[21] Mar. 16.16.

[22] cap. 7.28.

[23] cap. 3.32 e 15.15.

[24] cap. 3.14 e 12.32.

[25] Rom. 1.4.

[26] cap. 5.19, 32.

[27] cap. 3.11.

[28] cap. 14.10, 11.

[29] ver. 16.

[30] cap. 4.34.

[31] cap. 7.31 e 10.42 e 11.45.

[32] Rom. 6.14, 18, 22 e 8.2. Thi. 1.25 e 2.12.

[33] Lev. 25.42. Mat. 3.9.

[34] Rom. 6.16, 20. II Ped. 2.19.

[35] Gal. 4.30.

[36] Rom. 8.2. Gal. 5.1.

[37] cap. 7.19. ver. 40.

[38] cap. 3.32 e 5.19, 30 e 14.10, 24.

[39] Mat. 3.9. ver. 33.

[40] Rom. 2.28 e 9.7. Gal. 3.7, 29.

[41] ver. 37.

[42] ver. 26.

[43] Isa. 63.16 e 64.8. Mal. 1.6.

[44] I João 5.1.

[45] cap. 16.27.

[46] cap. 5.43.

[47] cap. 7.17.

[48] Mat. 13.38. I João 3.8.

[49] Jud. 6.

[50] cap. 10.26, 27. I João 4.6.

[51] cap. 7.20 e 10.20. ver. 52.

[52] cap. 5.41 e 7.18.

[53] cap. 5.24 e 11.26.

[54] Zac. 1.5. Heb. 11.13.

[55] cap. 5.31.

[56] cap. 5.41 e 16.14. Act. 3.13.

[57] cap. 7.28, 29.

[58] Luc. 10.24.

[59] Heb. 11.13.

[60] Exo. 3.14. Col. 1.17. Apo. 1.8.

[61] cap. 10.31, 39 e 11.8.

[62] Luc. 4.30.

Cura d’um cego de nascença.

9 E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.

2 E os seus discipulos lhe perguntaram, dizendo: Rabbi, [1] quem peccou, este ou seus paes, para que nascesse cego?

3 Jesus respondeu: Nem elle peccou nem seus paes; mas [2] foi para que se manifestem n’elle as obras de Deus.

4 Convém [3] que eu faça as obras d’aquelle que me enviou, emquanto é dia: a noite vem, quando ninguem pode trabalhar.

5 Emquanto estou no mundo, sou a luz [4] do mundo.

6 Tendo dito isto, [5] cuspiu na terra, e com o cuspo fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.

7 E disse-lhe: Vae, lava-te [6] no tanque de Siloé (que significa o Enviado). [7] Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo.

8 Então os visinhos, e aquelles que d’antes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquelle que estava assentado e mendigava?

9 Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com elle. Elle dizia: Eu sou.

10 Diziam-lhe pois: Como se te abriram os olhos?

11 Elle respondeu, e disse: [8] O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vae ao tanque de Siloé, e lava-te. E fui, e lavei-me, e vi.

12 Disseram-lhe pois: Onde está elle? Elle disse: Não sei.

13 Levaram pois aos phariseos o que d’antes era cego.

14 E era sabbado, quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.

15 Tornaram pois tambem os phariseos a perguntar-lhe como vira, e elle lhes disse: Poz-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.

16 Por isso alguns dos phariseos diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sabbado. Diziam outros: [9] Como pode um homem peccador fazer taes signaes? E [10] havia dissensão entre elles.

17 Tornaram pois a dizer ao cego: Tu que dizes d’aquelle que te abriu os[949] olhos? E elle disse: Que [11] é propheta.

18 Os judeos, porém, não creram que elle tivesse sido cego, e que agora visse, emquanto não chamaram os paes do que agora via.

19 E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como pois vê agora?

20 Seus paes lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é nosso filho, e que nasceu cego;

21 Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos: tem edade, perguntae-lh’o a elle mesmo; e elle fallará por si mesmo.

22 Seus paes [12] disseram isto, porque temiam os judeos. Porquanto já os judeos tinham resolvido que, se alguem confessasse ser elle o Christo, fosse expulso [13] da synagoga.

23 Por isso é que seus paes disseram: Tem edade, perguntae-lh’o a elle mesmo.

24 Chamaram pois segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: [14] Dá gloria a Deus; nós [15] sabemos que esse homem é peccador.

25 Respondeu elle pois, e disse: Se é peccador, não sei: uma coisa sei, que, havendo eu sido cego, agora vejo.

26 E tornaram a dizer-lhe: Que te fez elle? Como te abriu os olhos?

27 Respondeu-lhes: Já vol-o disse, e não ouvistes: para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos tambem seus discipulos?

28 Então o injuriaram, e disseram: Discipulo d’elle sejas tu: nós, porém, somos discipulos de Moysés.

29 Nós bem sabemos que Deus fallou a Moysés, [16] mas este não sabemos d’onde é.

30 O homem respondeu, e disse-lhes: [17] N’isto pois está a maravilha, que vós não saibaes d’onde elle é, e me abrisse os olhos;

31 Ora nós sabemos que [18] Deus não ouve a peccadores; mas, se alguem é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.

32 Desde todos os seculos nunca se ouviu que alguem abrisse os olhos a um que nasceu cego.

33 Se [19] este não fosse de Deus, nada poderia fazer.

34 Responderam elles, e disseram-lhe: Tu [20] és nascido todo em peccados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-n’o.

35 Jesus ouviu que o tinham expulsado, e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no [21] Filho de Deus?

36 Elle respondeu, e disse: Quem é elle, Senhor, para que n’elle creia?

37 E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é [22] aquelle que falla comtigo.

38 Elle disse: Creio, Senhor. E o adorou.

39 E disse-lhe Jesus: [23] Eu vim a este mundo para juizo, [24] a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos.

40 Aquelles dos phariseos, que estavam com elle, [25] ouvindo isto, disseram-lhe: Tambem nós somos cegos?

41 Disse-lhes Jesus: [26] Se fosseis cegos, não terieis peccado; mas agora dizeis: Vemos; por isso o vosso peccado permanece.

[1] ver. 34.

[2] cap. 11.4.

[3] cap. 4.34 e 5.19, 36.

[4] cap. 1.5, 9 e 3.19.

[5] Mar. 7.33 e 8.23.

[6] Neh. 3.15.

[7] II Reis 5.14.

[8] ver. 6, 7.

[9] ver. 33. cap. 3.2.

[10] cap. 7.12, 43 e 10.19.

[11] cap. 4.19 e 6.14.

[12] cap. 7.13. Act. 5.13.

[13] ver. 34. cap. 16.2.

[14] Jos. 7.19. I Sam. 6.5.

[15] ver. 16.

[16] cap. 8.14.

[17] cap. 3.10.

[18] Job 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15. Jer. 11.11.

[19] ver. 16.

[20] ver. 2.

[21] Mat. 14.33. Mar. 1.1. I João 5.15.

[22] cap. 4.26.

[23] cap. 5.22, 27 e 3.17 e 12.47.

[24] Mat. 13.13.

[25] Rom. 2.19.

[26] cap. 15.22, 24.

Jesus, o bom pastor.

10 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que não entra pela porta no [AHT] curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.

2 Mas aquelle que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome ás suas ovelhas, e as traz para fóra.

4 E, quando tira para fóra as suas ovelhas, vae adiante d’ellas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;

5 Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão d’elle, porque não conhecem a voz dos estranhos.

6 Jesus disse-lhes esta parabola; porém elles não entenderam o que era que lhes dizia.

7 Tornou pois Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.

8 Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.

9 Eu [1] sou a porta; se alguem entrar por mim, salvar-se-ha, e entrará, e sairá, e achará pasto.

10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir: eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundancia.

[950]

11 Eu [2] sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

12 Mas o mercenario, e o que não é pastor, de quem não são proprias as ovelhas, vê vir o lobo, [3] e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.

13 Ora o mercenario foge, porque é mercenario, e não tem cuidado das ovelhas.

14 Eu sou o bom Pastor, [4] e conheço as minhas, e das minhas sou conhecido.

15 Assim [5] como o Pae me conhece a mim, tambem eu conheço o Pae, [6] e dou a minha vida pelas ovelhas.

16 Ainda tenho [7] outras ovelhas que não são d’este curral; tambem me convem trazer estas, e ellas ouvirão a minha voz, [8] e haverá um rebanho e um Pastor.

17 Por isso o Pae me ama, [9] porque dou a minha vida para tornar a tomal-a.

18 Ninguem m’a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho [10] poder para a dar, e poder para tornar a tomal-a. [11] Este mandamento recebi de meu Pae.

19 Tornou pois a haver divisão entre os judeos por causa d’estas palavras.

20 E [12] muitos d’elles diziam: Tem [13] demonio, e está fóra de si: porque o ouvis?

21 Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode [14] porventura um demonio abrir [15] os olhos aos cegos?

A festa da dedicação. Jesus, interrogado pelos judeos, declara-se o Messias, Filho de Deus. Desejam apedrejal-o, e elle retira-se para além do Jordão.

22 E em Jerusalem era a festa da dedicação, e era inverno.

23 E Jesus andava passeando no templo, [16] no alpendre de Salomão.

24 Rodearam-n’o pois os judeos, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Christo, dize-nol-o abertamente.

25 Respondeu-lhes Jesus: Já vol-o tenho dito, e não o crêdes. As [17] obras que eu faço, em nome de meu Pae, essas testificam de mim.

26 Mas [18] vós não crêdes, porque não sois das minhas ovelhas, como vol-o tenho dito.

27 As [19] minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e ellas me seguem;

28 E dou-lhes a vida eterna, [20] e nunca perecerão, e ninguem as arrebatará da minha mão.

29 [21] Meu Pae, que m’as deu, é maior do que todos; e ninguem pode arrebatal-as da mão de meu Pae.

30 Eu [22] e o Pae somos um.

31 Os judeos pegaram então [23] outra vez em pedras para o apedrejar.

32 Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas de meu Pae; por qual d’estas obras me apedrejaes?

33 Os judeos responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por obra boa, mas pela blasphemia; porque, sendo tu homem, [24] te fazes Deus a ti mesmo.

34 Respondeu-lhes Jesus: [25] Não está escripto na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?

35 Pois, se a lei chamou deuses áquelles [26] a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escriptura não pode ser annullada),

36 A mim, [27] a quem o Pae sanctificou, e [28] enviou ao mundo, vós dizeis: Blasphemas; [29] porque disse: [30] Sou Filho de Deus?

37 Se [31] não faço as obras de meu Pae, não me acrediteis.

38 Porém, se as faço, e não crêdes em mim, crêde [32] nas obras; para que conheçaes e acrediteis que [33] o Pae está em mim e eu n’elle.

39 Procuravam [34] pois prendel-o outra vez, mas elle escapou-se de suas mãos,

40 E retirou-se outra vez para além do Jordão, para o [35] logar onde João tinha primeiramente baptizado; e ali ficou.

41 E muitos iam ter com elle, e diziam: Na verdade João não fez signal algum, [36] mas tudo quanto João disse d’este [37] era verdade.

42 E muitos ali crêram n’elle.

[1] cap. 14.6. Eph. 2.18.

[2] Isa. 40.11. Exo. 34.12, 23. Heb. 13.20. I Ped. 2.25.

[3] Zac. 11.16, 17.

[4] II Tim. 2.19.

[5] Mat. 11.27.

[6] cap. 15.13.

[7] Isa. 56.8.

[8] Eze. 37.22. I Ped. 2.25.

[9] Isa. 53.7, 8, 12. Heb. 2.9.

[10] cap. 2.19.

[11] cap. 6.38. Act. 2.24, 32.

[12] cap. 7.43 e 9.16.

[13] cap. 7.20 e 8.48, 52.

[14] Exo. 4.11.

[15] cap. 9.6, 7, 32, 33.

[16] Act. 3.11 e 5.12.

[17] ver. 38. cap. 3.2 e 5.36.

[18] cap. 8.47. I João 4.6.

[19] ver. 4, 14.

[20] cap. 6.37 e 17.11, 12.

[21] cap. 14.28 e 17.2, 6, etc.

[22] cap. 17.11, 22.

[23] cap. 8.59.

[24] cap. 5.18.

[25] Psa. 82.6.

[26] Rom. 13.1.

[27] cap. 6.27.

[28] cap. 3.17 e 5.36, 37.

[29] cap. 5.17, 18.

[30] Luc. 1.35, 37.

[31] cap. 15.24.

[32] cap. 5.36.

[33] cap. 14.10, 11.

[34] cap. 7.30, 44 e 8.59.

[35] cap. 1.28.

[36] cap. 3.30.

[37] cap. 8.30 e 11.45.

A resurreição de Lazaro.

Anno Domini 33

11 Estava então enfermo um certo Lazaro, de Bethania, aldeia de [1] Maria e de Martha, sua irmã.

[951]

2 E [2] Maria era a que ungiu o Senhor com unguento, e lhe enxugou os pés com os seus cabellos; cujo irmão Lazaro estava enfermo.

3 Mandaram-lhe pois suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquelle que tu amas.

4 E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, [3] mas para gloria de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ella.

5 Ora Jesus amava a Martha, e a sua irmã e a Lazaro.

6 Ouvindo pois que estava enfermo, [4] ficou ainda dois dias no logar onde estava.

7 Depois d’isto, disse aos seus discipulos: Vamos outra vez para a Judéa.

8 Dizem-lhe os discipulos: Rabbi, ainda agora [5] os judeos procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?

9 Jesus respondeu: Não ha doze horas no dia? [6] Se alguem andar de dia, não tropeça, porque vê a luz d’este mundo;

10 Mas, se alguem [7] andar de noite, tropeça, porque n’elle não ha luz.

11 Isto fallou; e depois disse-lhes: Lazaro, o nosso amigo, [8] dorme, mas vou despertal-o do somno.

12 Disseram pois os seus discipulos: Senhor, se dorme, estará salvo.

13 Mas Jesus dizia isto da sua morte; elles, porém, cuidavam que fallava do repouso do dormir.

14 Então pois Jesus disse-lhes claramente: Lazaro está morto;

15 E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis: porém vamos ter com elle.

16 Disse pois Thomé, chamado Didymo, aos condiscipulos: Vamos nós tambem, para morrermos com elle.

17 Chegando pois Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura

18 (Ora Bethania distava de Jerusalem quasi quinze estadios).

19 E muitos dos judeos tinham ido consolar a Martha e a Maria, ácerca de seu irmão.

20 Ouvindo pois Martha que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro: Maria, porém, ficou assentada em casa.

21 Disse pois Martha a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.

22 Mas tambem agora [9] sei que tudo quanto pedires a Deus Deus t’o dará.

23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão ha de resuscitar.

24 Disse-lhe Martha: [10] Eu sei que ha de resuscitar na resurreição do ultimo dia.

25 Disse-lhe Jesus: Eu sou [11] a resurreição e a [12] vida; [13] quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;

26 E todo aquelle que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?

27 Disse-lhe ella: Sim, [14] Senhor, creio que tu és o Christo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.

28 E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.

29 Ella, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com elle.

30 Porque ainda Jesus não tinha chegado á aldeia, mas estava no logar onde Martha o encontrara.

31 Vendo [15] pois os judeos, que estavam com ella em casa e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saira, seguiram-n’a, dizendo: Vae ao sepulchro para chorar ali.

32 Tendo pois Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos [16] seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.

33 Jesus pois, vendo-a chorar, e os judeos que com ella vinham tambem chorando, moveu-se muito em espirito, e perturbou-se.

34 E disse: Onde o pozestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.

35 Jesus [17] chorou.

36 Disseram pois os judeos: Vêde como o amava.

37 E alguns d’elles disseram: Não podia este, [18] que abriu os olhos ao cego, fazer tambem com que este não morresse?

38 Jesus pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, vem ao sepulchro; e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ella.

39 Disse Jesus: Tirae a pedra. Martha, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é de quatro dias.

40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se crêres, [19] verás a gloria de Deus?

41 Tiraram pois a pedra d’onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pae, graças te dou, por me haveres ouvido.

42 Pois eu bem sei que sempre me ouves, [20] mas eu disse isto por causa da[952] multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.

43 E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lazaro, sae para fóra.

44 E o defunto saiu, tendo as mãos e pés ligados com faxas, [21] e o seu rosto envolto n’um lenço. Disse-lhes Jesus: Desligae-o, e deixae-o ir.

45 Muitos pois d’entre os judeos, que tinham vindo a Maria, [22] e que tinham visto o que Jesus fizera, crêram n’elle.

Os phariseos formam conselho para matarem Jesus.

46 Mas alguns d’elles foram ter com os phariseos, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.

47 Depois [23] os principaes dos sacerdotes e os phariseos formaram conselho, e diziam: [24] Que faremos? porque este homem faz muitos signaes.

48 Se o deixamos assim, todos crerão n’elle, e os romanos virão, e tirar-nos-hão o nosso logar e a nação.

49 E um d’elles, chamado [25] Caiphás, que era summo sacerdote n’aquelle anno, lhes disse: Vós nada sabeis,

50 Nem [26] consideraes que nos convem que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.

51 Ora elle não disse isto de si mesmo, mas, sendo o summo sacerdote n’aquelle anno, prophetizou que Jesus devia morrer pela nação.

52 E [27] não sómente [28] pela nação, mas tambem para ajuntar em um corpo os filhos de Deus, que andavam dispersos.

53 Desde aquelle dia, pois, consultavam-se para o matarem.

54 Jesus, [29] pois, já não andava manifestamente entre os judeos, mas retirou-se d’ali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada [30] Ephraim; e ali andava com os seus discipulos.

55 E [31] estava proxima a paschoa dos judeos, e muitos d’aquella terra subiram a Jerusalem antes da paschoa para se purificarem.

56 Buscavam [32] pois a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá á festa?

57 Ora os principaes dos sacerdotes e os phariseos tinham dado ordem para que, se alguem soubesse onde elle estava, o denunciasse, para o prenderem.

[1] Luc. 10.38, 39.

[2] Mat. 26.7. cap. 12.2.

[3] cap. 9.3. ver. 40.

[4] cap. 10.40.

[5] cap. 10.31.

[6] cap. 9.4.

[7] cap. 12.35.

[8] Deu. 31.16. Dan. 12.2. I Cor. 15.18, 51.

[9] cap. 9.31.

[10] Luc. 14.14. cap. 5.29.

[11] cap. 5.21.

[12] cap. 1.4. Col. 3.4. I João 1.1, 2.

[13] cap. 3.36. I João 5.10, etc.

[14] Mat. 16.16.

[15] ver. 19.

[16] ver. 21.

[17] Luc. 19.41.

[18] cap. 9.6.

[19] ver. 4, 23.

[20] cap. 12.30.

[21] cap. 20.7.

[22] cap. 2.23.

[23] Psa. 2.2.

[24] cap. 12.19.

[25] Luc. 3.2. cap. 18.14. Act. 4.6.

[26] cap. 18.14.

[27] Isa. 49.6. I João 2.2.

[28] Eph. 2.14, 15, 16, 17.

[29] cap. 4.1, 3 e 7.1.

[30] II Chr. 13.19.

[31] cap. 2.13 e 5.1.

[32] cap. 7.11.

Maria unge com unguento os pés de Jesus.

Mat. 26.6, etc. e refs.

12 Foi pois Jesus seis dias antes da paschoa a Bethania, [1] onde estava Lazaro, o que fallecera, e a quem resuscitara dos mortos.

2 Fizeram-lhe [2] pois ali uma ceia, e Martha servia, e Lazaro era um dos que estavam á mesa com elle.

3 Então [3] Maria, tomando um arratel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabellos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.

4 Então um dos seus discipulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de trahil-o, disse:

5 Porque não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?

6 Ora elle disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, [4] e tinha a bolsa, e trazia o que n’ella se lançava.

7 Disse pois Jesus: Deixae-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;

8 Porque [5] os pobres sempre os tendes comvosco; porém a mim nem sempre me tendes.

9 E muita gente dos judeos soube que elle estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas tambem para vêr a Lazaro, a quem [6] resuscitara dos mortos.

10 E [7] os principaes dos sacerdotes consultaram matar tambem a Lazaro;

11 Porque [8] muitos dos judeos, por causa d’elle, iam, e criam em Jesus.

A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem.

Mat. 21.1, etc. e refs.

12 No [9] dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera á festa, que Jesus ia de Jerusalem,

13 Tomaram ramos de palmeiras, e sairam-lhe ao encontro, e clamavam: [10] Hosanna: Bemdito o rei d’Israel que vem em nome do Senhor.

14 E [11] achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre elle, como está escripto:

15 Não [12] temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.

[953]

16 Os [13] seus discipulos, porém, não entenderam isto no principio; [14] mas, quando Jesus foi glorificado, [15] então se lembraram de que isto estava escripto d’elle, e que isto lhe fizeram.

17 A multidão, pois, que estava com elle quando Lazaro foi chamado da sepultura, testificava que elle o resuscitara dos mortos.

18 Pelo [16] que a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que elle fizera este signal.

19 Disseram pois os phariseos entre si: [17] Vêdes que nada aproveitaes? eis que o mundo vae após elle.

Alguns gregos desejam ver a Jesus. Jesus falla da sua glorificação; ouve-se uma voz do céu. Jesus, a luz do mundo.

20 E [18] havia alguns gregos, entre os [19] que tinham subido a adorar no dia da festa.

21 Estes, pois, dirigiram-se a Philippe, [20] que era de Bethsaida na Galilea, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queriamos vêr a Jesus.

22 Philippe foi dizel-o a André, e então André e Philippe o disseram a Jesus.

23 E Jesus lhes respondeu, dizendo: [21] É chegada a hora em que o Filho do homem ha de ser glorificado.

24 Na verdade, na verdade vos digo [22] que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica elle só; porém, se morrer, dá muito [23] fructo.

25 Quem ama a sua vida perdel-a-ha, e quem n’este mundo aborrece a sua vida guardal-a-ha para a vida eterna.

26 Se alguem me serve, siga-me, [24] e, onde eu estiver, ali estará tambem o meu servo. E, se alguem me servir, meu Pae o honrará.

27 Agora [25] a minha alma está turbada; e que direi eu? Pae, salva-me d’esta hora, [26] mas para isto vim a esta hora.

28 Pae, glorifica o teu nome. [27] Então veiu uma voz do céu, que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.

29 Ora a multidão que ali estava, e que a tinha ouvido, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe fallou.

30 Respondeu Jesus, e disse: [28] Não veiu esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.

31 Agora é o juizo d’este mundo: agora será expulso [29] o principe d’este mundo.

32 E eu, [30] quando fôr levantado da terra, [31] todos attrahirei a mim.

33 E dizia isto, [32] significando de que morte havia de morrer.

34 Respondeu-lhe a multidão: [33] Nós temos ouvido da lei, que o Christo permanece para sempre; e como dizes tu que convem que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?

35 Disse-lhes pois Jesus: A luz ainda está comvosco [34] por um pouco de tempo; [35] andae emquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem. E quem [36] anda nas trevas não sabe para onde vae.

36 Emquanto tendes luz, crêde na luz, para que sejaes [37] filhos da luz. Estas coisas disse Jesus; e, retirando-se, [38] escondeu-se d’elles.

37 E, ainda que tinha feito tantos signaes diante d’elles, não criam n’elle;

38 Para que se cumprisse a palavra do propheta Isaias, que diz: [39] Senhor, quem creu na nossa prégação? e a quem foi revelado o braço do Senhor?

39 Por isso não podiam crêr, porquanto Isaias disse outra vez:

40 Cegou-lhes [40] os olhos, e endureceu-lhes o coração, afim de que não vejam com os olhos, e não comprehendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.

41 Isaias disse isto [41] quando viu a sua gloria e fallou d’elle.

42 Comtudo, até muitos dos principaes crêram n’elle; mas [42] não o confessavam por causa dos phariseos, para não serem expulsos da synagoga.

43 Porque [43] amavam mais a gloria dos homens do que a gloria de Deus.

44 E Jesus clamou, e disse: [44] Quem crê em mim, crê, não em mim, mas n’aquelle que me enviou.

45 E quem [45] me vê a mim, vê aquelle que me enviou.

46 Eu [46] sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquelle que crê em mim não permaneça nas trevas.

47 E, se alguem ouvir as minhas palavras, e não crêr, [47] eu não o julgo:[954] porque [48] eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.

48 Quem [49] me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, tem quem o julgue; a [50] palavra que tenho fallado, essa o ha de julgar no ultimo dia.

49 Porque [51] eu não tenho fallado de mim mesmo; porém o Pae, que me enviou, elle me deu mandamento [52] sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de fallar:

50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Assim que, o que eu fallo, fallo-o como o Pae m’o tem dito.

[1] cap. 11.1, 43.

[2] Mar. 14.3.

[3] Luc. 10.38, 39. cap. 11.2.

[4] cap. 13.29.

[5] Mat. 26.11. Mar. 14.7.

[6] cap. 11.43, 44.

[7] Luc. 16.31.

[8] cap. 11.45. ver. 18.

[9] Mar. 11.8.

[10] Psa. 118.25, 26.

[11] Mat. 21.7.

[12] Zac. 9.9.

[13] Luc. 18.34.

[14] cap. 7.39.

[15] cap. 14.26.

[16] ver. 11.

[17] cap. 11.47, 48.

[18] Act. 17.4.

[19] I Reis 8.41, 42. Act. 8.27.

[20] cap. 1.44.

[21] cap. 13.32 e 17.1.

[22] I Cor. 15.36.

[23] Mat. 10.39. Mar. 8.35.

[24] cap. 14.3 e 17.24. I The. 4.17.

[25] Mat. 26.38, 39. Luc. 12.50.

[26] Luc. 22.53.

[27] Mat. 3.17.

[28] cap. 11.42.

[29] Mat. 12.29. Act. 26.18. II Cor. 4.4.

[30] cap. 3.14 e 8.28.

[31] Rom. 5.18. Heb. 2.9.

[32] cap. 18.32.

[33] Isa. 9.7. Dan. 2.44 e 7.14, 27.

[34] cap. 1.9. ver. 46.

[35] Jer. 13.16. Eph. 5.8.

[36] cap. 11.10. I João 2.11.

[37] I The. 5.5. I João 2.9, 10, 11.

[38] cap. 8.59.

[39] Isa. 53.1. Rom. 10.16.

[40] Isa. 6.9, 10. Mat. 13.14.

[41] Isa. 6.1.

[42] cap. 7.13 e 9.22.

[43] cap. 5.44.

[44] Mar. 9.37. I Ped. 1.21.

[45] cap. 14.9.

[46] ver. 35, 36. cap. 3.19.

[47] cap. 5.45.

[48] cap. 3.17.

[49] Luc. 10.16.

[50] Deu. 18.19. Mar. 16.16.

[51] cap. 8.38.

[52] Deu. 18.18.

Jesus lava os pés aos discipulos.

13 Ora, [1] antes da festa da paschoa, sabendo Jesus que era chegada [2] a sua hora de passar d’este mando para o Pae, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

2 E, acabada a ceia, [3] tendo já o diabo insinuado no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o trahisse,

3 Jesus, sabendo [4] que o Pae tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e [5] que havia saido de Deus e ia para Deus,

4 Levantou-se [6] da ceia, tirou os vestidos, e, tomando uma toalha, cingiu-se.

5 Depois deitou agua n’uma bacia, e começou a lavar os pés aos discipulos, e a enxugar-lh’os com a toalha com que estava cingido.

6 Approximou-se pois de Simão Pedro, e elle lhe disse: Senhor, [7] tu lavas-me os pés a mim?

7 Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, [8] mas tu o saberás depois.

8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu [9] te não lavar, não tens parte comigo.

9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas tambem as mãos e a cabeça.

10 Disse-lhe Jesus: Aquelle que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. [10] Ora vós estaes limpos, mas não todos.

11 Porque [11] bem sabia elle quem o havia de trahir; por isso disse: Nem todos estaes limpos.

12 Depois que lhes lavou os pés, e tomou os seus vestidos, tornou-se a assentar á mesa, e disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?

13 Vós [12] me chamaes Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou:

14 Pois se [13] eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, [14] vós deveis tambem lavar os pés uns aos outros.

15 Porque [15] eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façaes vós tambem.

16 Na [16] verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquelle que o enviou.

17 Se [17] sabeis estas coisas, bemaventurados sois se as fizerdes.

18 Não fallo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escriptura, [18] que diz: O que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar.

19 Já [19] agora vol-o digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou.

20 Na [20] verdade, na verdade vos digo que, se alguem receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim recebe aquelle que me enviou.

Jesus prediz que Judas o ha de trahir.

Mat. 26.21. Mar. 14.18.

21 Tendo Jesus dito isto, [21] turbou-se em espirito, e testificou, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que [22] um de vós me ha de trahir.

22 Então os discipulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem elle fallava.

23 Ora [23] um de seus discipulos, aquelle a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus.

24 Então Simão Pedro fez signal a este, para que perguntasse quem era aquelle de quem elle fallava.

25 E, inclinando-se elle sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?

26 Jesus respondeu: É aquelle a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão.

27 E, [24] após o bocado, entrou n’elle Satanás. Disse pois Jesus: O que fazes, fal-o depressa.

28 E nenhum dos que estavam assentados á mesa comprehendeu a que proposito lhe dissera isto;

[955]

29 Porque, como [25] Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessario para a festa; ou que désse alguma coisa aos pobres.

30 E, tendo tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.

As ultimas instrucções de Jesus aos discipulos. A razão da sua saida do mundo. A promessa do Consolador.

31 Tendo elle pois saido, disse Jesus: [26] Agora é glorificado o Filho do homem, [27] e Deus é glorificado n’elle.

32 Se [28] Deus é glorificado n’elle, tambem Deus o glorificará em si mesmo, [29] e logo o ha de glorificar.

33 Filhinhos, ainda por um pouco estou comvosco. Vós me buscareis, [30] e, como tinha dito aos judeos: Para onde eu vou não podeis vós ir: assim vol-o digo eu tambem agora.

34 Um [31] novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei a vós, que tambem vós uns a outros vos ameis.

35 N’isto [32] todos conhecerão que sois meus discipulos, se vós tiverdes amor uns aos outros.

36 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vaes? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes agora seguir-me, [33] porém depois me seguirás.

37 Disse-lhe Pedro: Porque não posso seguir-te agora? [34] Por ti darei a minha vida.

38 Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo: não cantará o gallo emquanto me não tiveres negado tres vezes.

[1] Mat. 26.2.

[2] cap. 12.23.

[3] Luc. 22.3. ver. 27.

[4] Mat. 11.27. I Cor. 15.27.

[5] cap. 8.42.

[6] Luc. 22.27. Phi. 2.7, 8.

[7] Mat. 3.14.

[8] ver. 12.

[9] Eph. 5.26. Tito 3.5. Heb. 10.22.

[10] cap. 15.3.

[11] cap. 6.65.

[12] Mat. 23.8, 10. Luc. 6.46.

[13] Luc. 22.27.

[14] Rom. 12.10. I Ped. 5.5.

[15] Mat. 11.29. I João 2.6.

[16] Mat. 10.24. Luc. 6.40.

[17] Thi. 1.25.

[18] Psa. 41.9. Mat. 26.23. ver. 21.

[19] cap. 14.29 e 16.4.

[20] Mat. 10.40. Luc. 10.16.

[21] cap. 12.27.

[22] Act. 1.17. I João 2.19.

[23] cap. 19.26.

[24] Luc. 22.3. cap. 6.70.

[25] cap. 12.6.

[26] cap. 12.23.

[27] cap. 14.13. I Ped. 4.11.

[28] cap. 17.1, 4, 5, 6.

[29] cap. 12.23.

[30] cap. 7.34 e 8.21.

[31] Lev. 19.18. I Ped. 1.22. I João 2.7, 8.

[32] I João 2.5 e 4.20.

[33] cap. 21.18. II Ped. 1.14.

[34] Mat. 26.33, 34, 35. Luc. 22.33, 34.

14 Não [1] se turbe o vosso coração: crêdes em Deus, crêde tambem em mim.

2 Na casa de meu Pae ha muitas moradas; senão, eu vol-o teria dito; [2] vou preparar-vos logar.

3 E, se eu fôr, e vos preparar logar, [3] virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que [4] onde eu estiver estejaes vós tambem.

4 E sabeis para onde vou, e sabeis o caminho.

5 Disse-lhe Thomé: Senhor, nós não sabemos para onde vaes; e como podemos saber o caminho?

6 Disse-lhe Jesus: Eu sou [5] o caminho, [6] e a verdade e [7] a vida. [8] Ninguem vem ao Pae, senão por mim.

7 Se [9] vós me conhecesseis a mim, tambem conhecerieis a meu Pae; e desde agora o conheceis, e o tendes visto.

8 Disse-lhe Philippe: [10] Senhor, mostra-nos o Pae, e isso nos basta.

9 Disse-lhe Jesus: Estou ha tanto tempo comvosco, e não me tendes conhecido, Philippe? quem me vê a mim vê o Pae: e como dizes tu: Mostra-nos o Pae?

10 Não crês tu que [11] eu estou no Pae, e que o Pae está em mim? As palavras que eu vos digo [12] não as digo de mim mesmo, mas o Pae, que está em mim, é quem faz as obras.

11 Crêde-me que estou no Pae, e que o Pae está em mim: crêde-me, ao menos, por causa das mesmas obras.

12 Na verdade, na verdade vos digo que aquelle que crê [13] em mim tambem fará as obras [14] que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para meu Pae.

13 E [15] tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pae seja glorificado no Filho.

14 Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

15 Se [16] me amaes, guardae os meus mandamentos.

16 E eu rogarei ao Pae, e [17] elle vos dará outro Consolador, para que fique comvosco para sempre:

17 O [18] Espirito de verdade, [19] que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece: mas vós o conheceis, porque habita comvosco, [20] e estará em vós.

18 Não [21] vos deixarei orphãos; [22] voltarei para vós.

19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá [23] mais, porém vós [24] me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.

20 N’aquelle dia conhecereis que [25] estou em meu Pae, e vós em mim, e eu em vós.

21 Aquelle [26] que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquelle que me ama será amado de meu Pae, e eu o amarei, e me manifestarei a elle.

22 Disse-lhe [27] Judas (não o Iscariotes): Senhor, d’onde vem que te has de manifestar a nós, e não ao mundo?

[956]

23 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se [28] alguem me ama, guardará a minha palavra, e meu Pae o amará, [29] e viremos para elle, e faremos n’elle morada.

24 Quem me não ama não guarda as minhas palavras; e [30] a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pae que me enviou.

25 Tenho-vos dito estas coisas, estando ainda comvosco.

26 Mas [31] aquelle [AHU] Consolador, o Espirito Sancto, que o Pae enviará em meu nome, [32] esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

27 Deixo-vos a [33] paz, a minha paz vos dou: não vol-a dou como o mundo a dá. [34] Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

28 Ouvistes que [35] eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amasseis, certamente exultarieis por ter dito: [36] Vou para o Pae; porque meu [37] Pae é maior do que eu.

29 Eu vol-o [38] disse agora antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.

30 Já não fallarei muito comvosco; porque [39] se approxima o principe d’este mundo, e nada tem em mim.

31 Mas para que o mundo saiba que eu amo o Pae, [40] e que faço como o Pae me mandou, levantae-vos, vamo-nos d’aqui.

[1] ver. 27. cap. 16.22, 23.

[2] cap. 13.33, 36.

[3] ver. 18, 28. Act. 1.11.

[4] cap. 12.26. I The. 4.16.

[5] Heb. 9.8.

[6] cap. 1.17.

[7] cap. 1.4.

[8] cap. 10.9.

[9] cap. 8.19.

[10] cap. 12.45. Col. 1.15. Heb. 1.3.

[11] cap. 10.38.

[12] cap. 5.19 e 12.49.

[13] cap. 5.36.

[14] Mat. 21.21. Luc. 10.17.

[15] Mat. 7.7. Mar. 11.24. Luc. 11.9.

[16] ver. 21, 23. I João 5.3.

[17] cap. 15.26. Rom. 8.15, 26.

[18] cap. 15.26. I João 4.6.

[19] I Cor. 2.14.

[20] I João 2.27.

[21] Mat. 28.20.

[22] ver. 3, 28.

[23] cap. 16.16.

[24] I Cor. 15.20.

[25] ver. 10. cap. 10.38.

[26] ver. 15, 23. I João 2.5.

[27] Luc. 6.16.

[28] ver. 15.

[29] I João 2.24. Apo. 3.20.

[30] ver. 10. cap. 5.19, 38.

[31] ver. 16. Luc. 24.49.

[32] cap. 2.22. I João 2.20, 27.

[33] Phi. 4.7. Col. 3.15.

[34] ver. 1.

[35] ver. 3, 18.

[36] ver. 12.

[37] cap. 5.18. Phi. 2.6.

[38] cap. 13.19.

[39] cap. 12.31.

[40] Phi. 2.8. Heb. 5.8.

Continuação das ultimas instrucções aos discipulos. União intima entre Jesus e os crentes.

15 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pae é o lavrador.

2 Toda [1] a vara em mim, que não dá fructo, a tira; e alimpa toda a que dá fructo, para que dê mais fructo.

3 Vós [2] estaes limpos, pela palavra que vos tenho fallado.

4 Estae [3] em mim, e eu em vós: como a vara de si mesma não pode dar fructo, se não estiver na videira, assim nem vós, se não estiverdes em mim.

5 Eu sou a videira, vós as varas: quem está em mim, e eu n’elle, esse dá muito [4] fructo; porque sem mim nada podeis fazer.

6 Se alguem não estiver em mim, será [5] lançado fóra, como a vara, e seccará; e os colhem, e os lançam no fogo, e ardem.

7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, [6] pedireis tudo o que quizerdes, e vos será feito.

8 N’isto é glorificado meu Pae, que [7] deis muito fructo; [8] e assim sereis meus discipulos.

9 Como o Pae me amou, tambem eu vos amei a vós; permanecei n’este meu amor.

10 Se [9] guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pae, e permaneço no seu amor.

11 Tenho-vos dito estas coisas, para que o meu gozo permaneça em vós, [10] e o vosso gozo seja cumprido.

12 O [11] meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

13 Ninguem [12] tem maior amor do que este: de dar alguem a sua vida pelos seus amigos.

14 Vós [13] sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, [14] porque tudo quanto ouvi de meu Pae vos tenho feito conhecer.

16 Não [15] me escolhestes vós a mim, porém eu vos escolhi a vós, e vos [16] constitui, para que vades e deis fructo, e o vosso fructo permaneça; [17] para que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pae elle vol-o conceda.

17 Isto [18] vos mando: que vos ameis uns aos outros.

18 Se [19] o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim.

19 Se [20] vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque [21] não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos aborrece.

20 Lembrae-vos da palavra que vos disse: [22] Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram,[957] tambem vos perseguirão a vós; [23] se guardaram a minha palavra, tambem guardarão a vossa.

21 Mas [24] tudo isto vos farão por causa do meu nome; porque não conhecem aquelle que me enviou.

22 Se [25] eu não viera, nem lhes houvera fallado, não teriam peccado, [26] mas agora não teem desculpa do seu peccado.

23 Aquelle [27] que me aborrece aborrece tambem a meu Pae.

24 Se eu entre elles não fizesse obras, [28] quaes nenhum outro tem feito, não teriam peccado; mas agora, viram-n’as e me aborreceram a mim e a meu Pae.

25 Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escripta na sua lei: [29] Aborreceram-me sem causa.

26 Mas, quando [30] vier o Consolador, que eu da parte do Pae vos hei de enviar, a saber, aquelle Espirito de verdade, que procede do Pae, elle [31] testificará de mim.

27 E [32] vós tambem testificareis, pois estivestes [33] comigo desde o principio.

[1] Mat. 15.13.

[2] Eph. 5.26. I Ped. 1.22.

[3] Col. 1.23. I João 2.6.

[4] Ose. 14.8. Phi. 1.11.

[5] Mat. 3.10 e 7.19.

[6] ver. 16. cap. 14.13, 14.

[7] Mat. 5.16. Phi. 1.11.

[8] cap. 8.31.

[9] cap. 14.15, 21, 23.

[10] cap. 16.24. I João 1.4.

[11] I The. 4.9. I Ped. 4.8. I João 3.11.

[12] I João 3.16.

[13] cap. 14.15, 23. Mat. 12.50.

[14] Gen. 18.17. Act. 20.27.

[15] cap. 6.70. I João 4.10, 19.

[16] Mat. 28.19. Col. 1.6.

[17] ver. 7. cap. 14.13.

[18] ver. 12.

[19] I João 3.1, 13.

[20] I João 4.5.

[21] cap. 17.14.

[22] Mat. 10.24. Luc. 6.40.

[23] Eze. 3.7.

[24] Mat. 10.22 e 24.9.

[25] cap. 9.41.

[26] Rom. 1.20. Thi. 4.17.

[27] I João 2.23.

[28] cap. 3.2 e 7.31.

[29] Psa. 35.19 e 69.4.

[30] Luc. 24.49. Act. 2.33.

[31] I João 5.6.

[32] Luc. 24.48. Act. 1.8, 21, 22.

[33] Luc. 1.2. I João 1.1, 2.

Continuação das ultimas instrucções aos discipulos—Jesus repete a promessa do Consolador e da sua propria volta.

16 Tenho-vos dito estas coisas, para que vos [1] não escandalizeis.

2 Expulsar-vos-hão [2] das synagogas; vem mesmo a hora [3] em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.

3 E [4] estas coisas vos farão, porquanto não conheceram ao Pae nem a mim.

4 Mas [5] tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquella hora, vos lembreis de que vol-o tinha dito; mas eu não [6] vos disse isto desde o principio, porquanto estava comvosco.

5 E [7] agora vou para aquelle que me enviou: e nenhum de vós me pergunta: Para onde vaes?

6 Antes, porque-vos tenho dito estas coisas, [8] o vosso coração se encheu de tristeza.

7 Porém digo-vos a verdade, que vos convem que eu vá: porque, se eu não fôr, [9] o Consolador não virá para vós; mas, [10] se eu fôr, enviar-vol-o-hei.

8 E, quando elle vier, convencerá o mundo do peccado, e da justiça e do juizo.

9 Do [11] peccado, porque não crêem em mim;

10 Da [12] justiça, [13] porque vou para meu Pae, e não me vereis mais;

11 E [14] do juizo, porque [15] o principe d’este mundo está julgado.

12 Ainda tenho muitas coisas que vos dizer, [16] mas vós não as podeis supportar agora,

13 Porém, quando vier aquelle Espirito [17] de verdade, [18] elle vos guiará em toda a verdade; porque não fallará de si mesmo, mas fallará tudo o que tiver ouvido, e vos annunciará as coisas que hão de vir.

14 Elle me glorificará, porque ha de receber do que é meu, e vol-o ha de annunciar.

15 Tudo [19] quanto o Pae tem é meu; por isso vos disse que ha de receber do que é meu e vol-o ha de annunciar.

16 Um [20] pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-heis; porquanto [21] vou para o Pae.

17 Então alguns dos seus discipulos disseram uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-heis; e; porquanto vou para o Pae?

18 Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? não sabemos o que diz.

19 Conheceu pois Jesus que lh’o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagaes entre vós ácerca d’isto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-heis?

20 Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria.

21 A [22] mulher, quando está para dar á luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas depois de ter dado á luz a creança já se não lembra da afflicção, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.

22 Assim [23] tambem vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, [24] e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguem vol-a tirará.

23 E n’aquelle dia nada me perguntareis. [25] Na verdade, na verdade vos[958] digo que tudo quanto pedirdes a meu Pae, em meu nome, elle vol-o ha de dar.

24 Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que [26] o vosso gozo se cumpra.

25 Disse-vos estas coisas por parabolas: chega, porém, a hora em que vos não fallarei mais por parabolas, mas abertamente vos fallarei ácerca do Pae.

26 N’aquelle [27] dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pae,

27 Pois [28] o mesmo Pae vos ama; porque vós me amastes, [29] e crêstes que sahi de Deus.

28 Sahi [30] do Pae, e vim ao mundo: outra vez deixo o mundo, e vou para o Pae.

29 Disseram-lhe os seus discipulos: Eis que agora fallas abertamente, e não dizes parabola alguma.

30 Agora conhecemos que [31] sabes todas as coisas, e não has mister de que alguem te interrogue. Por isso [32] crêmos que saiste de Deus.

31 Respondeu-lhes Jesus: Crêdes agora?

32 Eis [33] que chega a hora, e já se approxima, em que vós sereis dispersos cada [34] um para sua parte, e me deixareis só; [35] mas não estou só, porque o Pae está comigo.

33 Tenho-vos dito estas coisas, para que [36] em mim tenhaes paz; [37] no mundo tereis afflicção, [38] mas tende bom animo, eu [39] venci o mundo.

[1] Mat. 11.6 e 26.31.

[2] cap. 9.22, 34 e 12.42.

[3] Act. 8.1 e 9.1.

[4] cap. 15.21. Rom. 10.2.

[5] cap. 13.19 e 14.29.

[6] Mat. 9.15.

[7] ver. 10, 16. cap. 14.28.

[8] ver. 22. cap. 14.1.

[9] cap. 7.39 e 14.16, 26.

[10] Act. 2.33. Eph. 4.8.

[11] Act. 2.22, 37.

[12] Act. 2.32.

[13] cap. 3.14.

[14] Act. 26.18.

[15] Luc. 10.18. Heb. 2.14.

[16] Mar. 4.33. Heb. 5.12.

[17] cap. 14.17.

[18] cap. 14.26. I João 2.20, 27.

[19] Mat. 11.27. cap. 13.3.

[20] ver. 10. cap. 7.33 e 13.33 e 14.19.

[21] ver. 28. cap. 13.3.

[22] Isa. 26.17.

[23] ver. 6.

[24] Luc. 24.41, 52. I Ped. 1.8.

[25] Mat. 7.7. cap. 14.13.

[26] cap. 15.11.

[27] ver. 23.

[28] cap. 14.21, 23.

[29] cap. 3.13.

[30] cap. 13.3.

[31] cap. 21.17.

[32] ver. 27. cap. 17.8.

[33] Mat. 26.31. Mat. 14.27.

[34] cap. 20.10.

[35] cap. 8.29.

[36] Isa. 9.6. Rom. 5.1.

[37] cap. 15.19, 20, 21. II Tim. 3.12.

[38] cap. 14.1.

[39] Rom. 8.37.

Oração de Jesus pelos seus discipulos.

17 Jesus disse estas coisas, e levantou seus olhos ao céu, e disse: Pae, é [1] chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que tambem o teu Filho te glorifique a ti:

2 Assim [2] como lhe déste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos [3] quantos lhe déste.

3 E [4] a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, [5] por unico Deus verdadeiro, e a Jesus Christo, [6] a quem enviaste.

4 [7] Eu glorifiquei-te na terra, [8] tendo consummado a obra [9] que me dés-te a fazer.

5 E agora glorifica-me tu, ó Pae, junto de ti mesmo, com aquella gloria que [10] tinha comtigo antes que o mundo existisse.

6 Manifestei [11] o teu nome aos homens [12] que do mundo me déste: eram teus, e tu m’os déste, e guardaram a tua palavra.

7 Agora teem conhecido que tudo quanto me déste vem de ti,

8 Porque lhes dei as palavras [13] que tu me déste; e elles as receberam, [14] e teem verdadeiramente conhecido que sahi de ti, e creram que me enviaste.

9 Eu rogo por elles: não [15] rogo pelo mundo, mas por aquelles que me déste, porque são teus.

10 E todas as minhas coisas são tuas, [16] e as tuas coisas são minhas; e n’elles sou glorificado.

11 E [17] eu já não estou mais no mundo; porém elles estão no mundo, e eu vou para ti. Pae sancto, [18] guarda em teu nome aquelles que me déste, [19] para que sejam um, [20] assim como nós.

12 Estando eu com elles no mundo, guardava-os em teu nome. [21] Tenho guardado aquelles que tu me déste, [22] e nenhum d’elles se perdeu, senão o [23] filho da perdição, [24] para que a Escriptura se cumprisse.

13 Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.

14 Dei-lhes [25] a tua palavra, [26] e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, [27] assim como eu não sou do mundo.

15 Não rogo que os tires do mundo, [28] mas que os livres do mal.

16 Não [29] são do mundo, como eu do mundo não sou.

17 Sanctifica-os [30] na tua verdade: [31] a tua palavra é a verdade.

18 Assim [32] como tu me enviaste ao mundo, tambem eu os enviei ao mundo.

19 E por elles [33] me sanctifico a mim mesmo, para que tambem elles sejam sanctificados na verdade.

20 E não rogo sómente por estes, mas tambem por aquelles que pela sua palavra hão de crêr em mim.

[959]

21 Para [34] que todos sejam um [35] como tu, ó Pae, em mim, e eu em ti; que tambem elles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

22 E eu dei-lhes a gloria que a mim me déste, [36] para que sejam um, como nós somos um:

23 Eu n’elles, e tu em mim, [37] para que sejam perfeitos em um, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a elles como me tens amado a mim.

24 Pae, [38] aquelles que me déste quero que, onde eu estiver, tambem elles estejam comigo, para que vejam a minha gloria que me déste: [39] porque tu me has amado antes da fundação do mundo.

25 Pae justo, [40] o mundo não te conheceu; mas [41] eu te conheci, [42] e estes conheceram que tu me enviaste a mim.

26 E eu [43] lhes fiz conhecer o teu nome, e lh’o farei conhecer mais, para que o amor com [44] que me tens amado n’elles esteja, e eu n’elles.

[1] cap. 12.23 e 13.32.

[2] Dan. 7.14. Heb. 2.8.

[3] ver. 6, 9, 24.

[4] Isa. 53.11.

[5] I Cor. 8.4.

[6] cap. 3.34.

[7] cap. 13.31 e 14.13.

[8] cap. 4.34.

[9] cap. 14.31.

[10] cap. 1.1. Phi. 2.6.

[11] ver. 26. Psa. 22.23.

[12] ver. 2, 9, 11.

[13] cap. 8.28.

[14] ver. 25. cap. 16.27, 30.

[15] I João 5.19.

[16] cap. 16.15.

[17] cap. 13.1 e 16.28.

[18] I Ped. 1.5. Jud. 1.

[19] ver. 21, etc.

[20] cap. 10.30.

[21] cap. 6.39. Heb. 2.13.

[22] I João 2.19.

[23] cap. 6.70.

[24] Psa. 109.8. Act. 1.20.

[25] ver. 8.

[26] cap. 15.18, 19. I João 3.13.

[27] cap. 8.23.

[28] Mat. 6.13. II The. 3.3. I João 5.18.

[29] ver. 14.

[30] Act. 15.9. Eph. 5.26. I Ped. 1.22.

[31] II Sam. 7.28. Psa. 119.142, 151.

[32] cap. 20.21.

[33] I Cor. 1.2, 30. I The. 4.7. Heb. 10.10.

[34] ver. 11, 22, 23. Rom. 12.5. Gal. 3.28.

[35] cap. 10.38.

[36] cap. 14.20. I João 1.3.

[37] Col. 3.14.

[38] cap. 12.26 e 14.3. I The. 4.16.

[39] ver. 5.

[40] cap. 15.21 e 16.3.

[41] cap. 7.29.

[42] ver. 8. cap. 16.27.

[43] ver. 6. cap. 15.15.

[44] cap. 15.9.

Jesus preso em Gethsemane.

Mat. 26.36-56 e refs.

18 Tendo Jesus dito estas coisas, [1] saiu com os seus discipulos para [2] além do ribeiro de Cedron, onde havia um horto, no qual elle entrou e seus discipulos.

2 E Judas, que o trahia, tambem conhecia aquelle logar, [3] porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discipulos.

3 Tendo [4] pois Judas tomado uma [AHV] companhia de soldados e alguns creados dos principaes dos sacerdotes e phariseos, veiu para ali com lanternas, e archotes e armas.

4 Sabendo pois Jesus todas as coisas que sobre elle haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscaes?

5 Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o trahia, estava tambem com elles.

6 Quando pois lhes disse: Sou eu, recuaram, e cairam por terra.

7 Tornou-lhes pois a perguntar: A quem buscaes? E elles disseram: A Jesus Nazareno.

8 Jesus respondeu: vos disse que sou eu: se pois me buscaes a mim, deixae ir estes.

9 Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: [5] Dos que me déste nenhum d’elles perdi.

10 Então [6] Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do summo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.

11 Porém Jesus disse a Pedro: Mette a tua espada na bainha; [7] não beberei eu o calix que o Pae me deu?

Jesus perante o synhedrio: Pedro nega-o.

Mat. 26.57-75 e refs.

12 Então a cohorte, e o tribuno, e os servos dos judeos prenderam a Jesus e o manietaram.

13 E conduziram-n’o primeiramente a [8] Annás, por ser sogro de Caiphás, o qual era o summo sacerdote d’aquelle anno.

14 Ora, Caiphás [9] era quem tinha aconselhado aos judeos que convinha que um homem morresse pelo povo.

15 E [10] Simão Pedro e outro discipulo seguiam a Jesus. E este discipulo era conhecido do summo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do summo sacerdote.

16 E [11] Pedro estava fóra, á porta. Saiu então o outro discipulo que era conhecido do summo sacerdote, e fallou á porteira, e levou a Pedro para dentro.

17 Então a porteira disse a Pedro: Não és tu tambem dos discipulos d’este homem? Disse elle: Não sou.

18 Ora estavam ali os servos e os creados, que tinham feito brazas, e se aquentavam, porquanto fazia frio; e com elles estava Pedro, aquentando-se tambem.

19 E o summo sacerdote interrogou Jesus ácerca dos seus discipulos e da sua doutrina.

20 Jesus lhe respondeu: [12] Eu fallei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na synagoga e no templo onde todos os judeos se ajuntam, e nada disse em occulto;

21 Para que me perguntas a mim? pergunta aos que ouviram o que é que lhes tenho fallado: eis que elles sabem o que eu lhes tenho dito.

22 E, tendo elle dito isto, um dos[960] creados que ali estavam deu [13] uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao summo sacerdote?

23 Respondeu-lhe Jesus: Se fallei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, porque me feres?

24 E [14] Annás mandou-o, manietado, ao summo sacerdote Caiphás.

25 E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. [15] Disseram-lhe pois: Não és tambem tu dos seus discipulos? Elle negou, e disse: Não sou.

26 E um dos servos do summo sacerdote, parente d’aquelle a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no horto com elle?

27 E Pedro negou outra vez, e [16] logo o gallo cantou.

Jesus perante Pilatos.

Mat. 27.1, 2, 31 e refs.

28 Depois levaram [17] Jesus da casa de Caiphás para a audiencia. E era pela manhã. [18] E não entraram na audiencia, para não se contaminarem, mas poderem comer a paschoa.

29 Então Pilatos saiu fóra e disse-lhes: Que accusação trazeis contra este homem?

30 Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não t’o entregariamos.

31 Disse-lhes pois Pilatos: Levae-o vós, e julgae-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe pois os judeos: A nós não nos é licito matar alguem.

32 (Para [19] que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer.)

33 Tornou [20] pois a entrar Pilatos na audiencia, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o rei dos judeos?

34 Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-t’o outros de mim?

35 Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeo? a tua nação e os principaes dos sacerdotes entregaram-te a mim: que fizeste?

36 Respondeu [21] Jesus: [22] O meu reino não é d’este mundo: se o meu reino fosse d’este mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeos: porém agora o meu reino não é d’aqui.

37 Disse-lhe pois Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, para dar testemunho á verdade. Todo aquelle que [23] é da verdade ouve a minha voz.

38 Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a sair para os judeos, e disse-lhes: [24] Não acho n’elle crime algum;

39 Mas [25] vós tendes por costume que eu vos solte um pela paschoa. Quereis pois que vos solte o Rei dos Judeos?

40 Então [26] todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabbás. [27] E Barrabbás era um salteador.

[1] Mar. 14.32.

[2] II Sam. 15.23.

[3] Luc. 21.37 e 22.39.

[4] Mat. 26.47. Mar. 14.43. Act. 1.16.

[5] cap. 17.12.

[6] Mat. 26.51. Luc. 22.49, 50.

[7] Mat. 20.22.

[8] Luc. 3.2.

[9] cap. 11.50.

[10] Mat. 26.58. Mar. 14.54. Luc. 22.54.

[11] Mat. 26.69. Mar. 14.66. Luc. 22.54.

[12] Mat. 26.55. Luc. 4.15.

[13] Jer. 20.2. Act. 23.2.

[14] Mat. 26.57.

[15] Mat. 26.69, 71. Mar. 14.69. Luc. 22.58.

[16] Mat. 26.74. Mar. 14.72.

[17] Mar. 15.1. Act. 3.13.

[18] Act. 10.28 e 11.3.

[19] Mat. 20.19. cap. 12.32, 33.

[20] Mat. 27.11.

[21] I Tim. 6.13.

[22] Dan. 2.44 e 7.14. Luc. 12.14.

[23] cap. 8.47. I João 3.19.

[24] Mat. 27.24. Luc. 23.4. cap. 19.4, 6.

[25] Mat. 27.15. Mar. 15.6. Luc. 23.17.

[26] Act. 3.14.

[27] Luc. 23.19.

19 Pilatos [1] pois tomou então a Jesus, e o açoitou:

2 E os soldados, tecendo uma corôa de espinhos, lh’a pozeram sobre a cabeça, e lhe vestiram uma veste de purpura.

3 E diziam: Salve, Rei dos Judeos. E davam-lhe bofetadas.

4 Então Pilatos saiu outra vez fóra, e disse-lhes: Eis aqui vol-o trago fóra, para [2] que saibaes que não acho n’elle crime algum.

5 Saiu pois Jesus fóra, levando a corôa de espinhos e o vestido de purpura. E disse-lhes Pilatos: Eis-aqui o homem.

6 Vendo-o pois [3] os principaes dos sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomae-o vós, e crucificae-o; porque eu nenhum crime acho n’elle.

7 Responderam-lhe os judeos: [4] Nós temos uma lei, e, segundo a nossa [5] lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.

8 E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorisado ficou.

9 E entrou outra vez na audiencia, e disse a Jesus: D’onde és tu? [6] Mas Jesus não lhe deu resposta.

10 Disse-lhe pois Pilatos: Não me fallas a mim? não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?

11 Respondeu Jesus: [7] Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; porém aquelle que me entregou a ti maior peccado tem.

12 Desde então Pilatos procurava soltal-o; mas os judeos clamavam, dizendo: [8] Se soltas este, não és amigo[961] do Cesar: [9] qualquer que se faz rei [AHW] contradiz ao Cesar.

13 Ouvindo pois Pilatos este dito, levou a Jesus para fóra, e assentou-se no tribunal, no logar chamado Lithostrótos, e em hebraico Gabbatha.

14 E [10] era a preparação da paschoa, e quasi á hora sexta; e disse aos judeos: Eis aqui o vosso Rei.

15 Mas elles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principaes dos sacerdotes: [11] Não temos rei, senão o Cesar.

16 Então [12] entregou-lh’o, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram.

A crucifixão.

Mat. 27.31-56 e refs.

17 E, levando [13] elle ás costas a sua cruz, saiu [14] para o logar chamado Caveira, que em hebraico se chama Golgotha,

18 Onde o crucificaram, e com elle outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

19 E Pilatos [15] escreveu tambem um titulo, e pôl-o em cima da cruz; e n’elle estava escripto: JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEOS.

20 E muitos dos judeos leram este titulo; porque o logar onde Jesus estava crucificado era proximo da cidade; e estava escripto em hebraico, grego e latim.

21 Diziam pois os principaes sacerdotes dos judeos a Pilatos: Não escrevas, Rei dos Judeos; mas que elle disse: Sou Rei dos Judeos.

22 Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.

23 Tendo pois [16] os soldados crucificado a Jesus, tomaram os seus vestidos, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e a tunica. Porém a tunica, tecida toda d’alto a baixo, não tinha costura.

24 Disseram pois uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ella, para vêr de quem será. Para que se cumprisse a Escriptura que diz: Dividiram [17] entre si os meus vestidos, e sobre a minha vestidura lançaram sortes. E os soldados, pois, fizeram estas coisas.

25 E [18] junto á cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher [19] de Cleophas, e Maria Magdalena.

26 Ora Jesus, vendo ali a sua mãe, e [20] o discipulo a quem elle amava estando presente, disse a sua mãe: [21] Mulher, eis ahi o teu filho.

27 Depois disse ao discipulo: Eis ahi tua mãe. E desde aquella hora o discipulo a recebeu [22] em sua casa.

28 Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam [23] acabadas, para que a Escriptura se cumprisse, disse: Tenho sêde.

29 Estava pois ali um vaso cheio de vinagre. [24] E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a n’um hyssope, lh’a chegaram á bocca.

30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: [25] Está consummado. E, inclinando a cabeça, entregou o espirito.

31 Os judeos, pois, para [26] que no sabbado não ficassem os corpos na cruz, porque era a preparação [27] (pois era grande o dia de sabbado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.

32 Foram pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com elle fôra crucificado;

33 Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.

34 Porém um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu [28] sangue e agua.

35 E aquelle que isto viu o testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que tambem vós o creiaes.

36 Porque estas coisas aconteceram para que [29] se cumprisse a Escriptura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.

37 E outra vez diz a Escriptura: [30] Verão o que traspassaram.

A sepultura de Jesus.

Mat. 27.57, etc. e refs.

38 Depois d’isto, [31] José de Arimathea (o que era discipulo de Jesus, mas occulto, [32] por medo dos judeos) rogou a Pilatos que lhe permittisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lh’o permittiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.

39 E foi tambem [33] Nicodemos (aquelle[962] que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), [34] levando quasi cem arrateis d’um composto de myrrha e aloes.

40 Tomaram pois o corpo de Jesus e o envolveram em lençoes com as especiarias, como os judeos teem por costume preparar para o sepulchro.

41 E havia um horto n’aquelle logar onde fôra crucificado, e no horto um sepulchro novo, em que ainda ninguem havia sido posto.

42 Ali pois (por causa da preparação [35] dos judeos, e por estar perto aquelle sepulchro), [36] pozeram a Jesus.

[1] Mat. 20.19. Mar. 15.15. Luc. 18.33.

[2] cap. 18.38. ver. 6.

[3] Act. 3.13.

[4] Lev. 24.16.

[5] Mat. 26.65. cap. 5.18.

[6] Isa. 53.7. Mat. 27.12, 14.

[7] Luc. 22.53. cap. 7.30.

[8] Luc. 23.2.

[9] Act. 17.7.

[10] Mat. 27.62.

[11] Gen. 49.10.

[12] Mat. 27.26, 31. Luc. 23.24.

[13] Mar. 15.21, 22.

[14] Num. 15.36. Heb. 13.12.

[15] Mat. 27.37. Luc. 23.38.

[16] Mat. 27.35. Mar. 15.24. Luc. 23.34.

[17] Psa. 22.18.

[18] Mat. 27.55. Mar. 15.40. Luc. 23.49.

[19] Luc. 24.18.

[20] cap. 13.23 e 20.2.

[21] cap. 2.4.

[22] cap. 1.11 e 16.32.

[23] Psa. 69.21.

[24] Mat. 27.48.

[25] cap. 17.4.

[26] ver. 42. Mar. 15.42.

[27] Deu. 21.23.

[28] I João 5.6, 8.

[29] Exo. 12.46. Num. 9.12. Psa. 34.20.

[30] Psa. 22.17, 18. Zac. 12.10. Apo. 1.7.

[31] Mar. 15.42. Luc. 23.50.

[32] cap. 9.22 e 12.42.

[33] cap. 3.1, 2 e 7.50.

[34] Act. 5.6.

[35] ver. 21.

[36] Isa. 53.9.

A resurreição.

Mat. 28.1-10 e refs.

20 E no [1] primeiro dia da semana Maria Magdalena foi ao sepulchro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulchro.

2 Correu pois, e foi a Simão Pedro, e ao [2] outro discipulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulchro, e não sabemos onde o pozeram.

3 Então [3] Pedro saiu com o outro discipulo, e foram ao sepulchro.

4 E estes dois corriam juntos, porém o outro discipulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulchro.

5 E abaixando-se, viu postos os lençoes; todavia não entrou.

6 Chegou pois Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulchro, e viu postos os lençoes,

7 E [4] que o lenço, que tinha sido posto sobre a sua cabeça, não estava com os lençoes, mas enrolado n’um logar á parte.

8 Então entrou tambem o outro discipulo, que chegara primeiro ao sepulchro, e viu, e creu.

9 Porque ainda não sabiam a Escriptura: [5] que era necessario que resuscitasse dos mortos.

10 Tornaram pois os discipulos para casa.

Jesus apparece a Maria Magdalena.

11 E Maria [6] estava chorando fóra, junto ao sepulchro. Estando ella pois chorando, abaixou-se para o sepulchro.

12 E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um á cabeceira e outro aos pés.

13 E disseram-lhe elles: Mulher, porque choras? Ella lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o pozeram.

14 E, tendo [7] dito isto, voltou-se para traz, e viu Jesus em pé, [8] porém não sabia que era Jesus.

15 Disse-lhe Jesus: Mulher, porque choras? Quem buscas? Ella, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o pozeste, e eu o levarei.

16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ella, voltando-se, disse-lhe: Rabboni (que quer dizer, Mestre).

17 Disse-lhe Jesus: Não me toques, porque ainda não subi para meu Pae, mas vae para [9] meus irmãos, e dize-lhes: [10] Subo para meu Pae e vosso Pae, [11] e para meu Deus e vosso Deus.

18 Maria Magdalena foi [12] e annunciou aos discipulos que vira o Senhor, e que elle lhe dissera estas coisas.

Jesus apparece aos onze. A incredulidade de Thomé.

Luc. 24.33-43 e refs.

19 Chegada [13] pois a tarde de aquelle dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discipulos, com medo dos judeos, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e poz-se no meio, e disse-lhes: Paz comvosco.

20 E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. [14] De sorte que os discipulos se alegraram vendo o Senhor.

21 Disse-lhes pois Jesus outra vez: Paz comvosco; [15] assim como o Pae me enviou, tambem eu vos envio a vós.

22 E, havendo dito isto, assoprou sobre elles e disse-lhes: Recebei o Espirito Sancto:

23 Áquelles a quem [16] perdoardes os peccados lhes são perdoados: e áquelles a quem os retiverdes lhes são retidos.

24 Ora Thomé, um dos doze, chamado [17] Didymo, não estava com elles quando Jesus chegou.

25 Disseram-lhe pois os outros discipulos: Vimos o Senhor. Porém elle disse-lhes: Se eu não vir o signal dos cravos em suas mãos e não metter o dedo no logar dos cravos, e não metter a minha mão no seu lado, em maneira nenhuma o crerei.

26 E oito dias depois estavam outra[963] vez os seus discipulos dentro, e com elles Thomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz comvosco.

27 Depois disse a Thomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; [18] e chega a tua mão, e mette-a no meu lado; e não sejas incredulo, mas crente.

28 Thomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!

29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Thomé, creste; [19] bemaventurados os que não viram, e creram.

30 Jesus pois operou tambem em presença de seus discipulos muitos outros [20] signaes, que não estão escriptos n’este livro.

31 Porém [21] estes foram escriptos para que creiaes que Jesus é o Christo, o Filho de Deus, [22] e para que, crendo, tenhaes vida em seu nome.

[1] Mar. 16.1. Luc. 24.1.

[2] cap. 13.23 e 19.26 e 21.7, 20, 24.

[3] Luc. 24.12.

[4] cap. 11.44.

[5] Psa. 16.10. Act. 2.25 e 13.31, 34, 35.

[6] Mar. 16.5.

[7] Mat. 28.9. Mar. 16.9.

[8] Luc. 24.16, 31. cap. 21.4.

[9] Mat. 28.10. Heb. 2.11.

[10] cap. 16.28.

[11] Eph. 1.17.

[12] Mat. 28.10. Luc. 24.10.

[13] Mar. 16.14. I Cor. 15.5.

[14] cap. 16.22.

[15] Mat. 28.18. cap. 17.18, 19. II Tim. 2.2. Heb. 3.1.

[16] Mat. 16.19 e 18.18.

[17] cap. 11.16.

[18] I João 1.1.

[19] II Cor. 5.7. I Ped. 1.8.

[20] cap. 21.25.

[21] Luc. 1.4.

[22] cap. 3.15, 16 e 5.24. I Ped. 1.8, 9.

Jesus apparece a alguns dos discipulos junto do mar de Tiberiades.

21 Depois d’isto manifestou-se Jesus outra vez aos discipulos junto do mar de Tiberiades; e manifestou-se assim:

2 Estavam juntos Simão Pedro, e Thomé, chamado Didymo, [1] e Nathanael, o de Caná da Galilea, [2] os filhos de Zebedeo, e outros dois dos seus discipulos.

3 Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe elles: Tambem nós vamos comtigo. Foram, e subiram logo para o barco, e n’aquella noite nada apanharam.

4 E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, [3] porém os discipulos não conheceram que era Jesus.

5 Disse-lhes [4] pois Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.

6 E elle lhes disse: [5] Lançae a rede para a banda direita do barco, e achareis. Lançaram-n’a pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.

7 Então [6] aquelle discipulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a tunica (porque estava nu) e lançou-se ao mar.

8 E os outros discipulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quasi duzentos covados), levando a rede dos peixes.

9 Logo que desceram para terra, viram ali umas brazas, e um peixe posto em cima, e pão.

10 Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.

11 Simão Pedro subiu, puxou a rede para terra, cheia de cento e cincoenta e tres grandes peixes, e, sendo tantos, não se rompeu a rede.

12 Disse-lhes Jesus: [7] Vinde, jantae. E nenhum dos discipulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.

13 Chegou pois Jesus, e tomou o pão, e deu-lh’o, e, similhantemente o peixe.

14 E já [8] esta era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discipulos, depois de ter resuscitado dos mortos.

15 E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E elle respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.

16 Tornou a dizer-lhe segunda vez. Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. [9] Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

17 Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? e disse-lhe: Senhor, tu [10] sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

18 Na [11] verdade, na verdade, te digo, que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias: mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos; e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.

19 E disse isto, significando com [12] que morte havia elle de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.

20 E Pedro, voltando-se, [13] viu que o seguia aquelle discipulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara tambem ao seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te ha de trahir.

21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e d’este que será?

22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que elle fique [14] até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.

[964]

23 Divulgou-se pois entre os irmãos este dito, que aquelle discipulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que elle fique até que eu venha, que te importa a ti?

24 Este é o discipulo que testifica d’estas coisas, e estas coisas escreveu; e [15] sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

25 Ha, porém, ainda [16] muitas outras coisas que Jesus fez, as quaes, se cada uma de per si fosse escripta, [17] cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amen.

[1] cap. 1.45.

[2] Mat. 4.21.

[3] cap. 20.14.

[4] Luc. 24.41.

[5] Luc. 5.4, 6, 7.

[6] cap. 13.23 e 20.2.

[7] Act. 10.41.

[8] cap. 20.19, 26.

[9] Act. 20.28. Heb. 13.20. I Ped. 2.25 e 5.2, 4.

[10] cap. 2.24, 25 e 16.30.

[11] cap. 13.36. Act. 12.3, 4.

[12] II Ped. 1.14.

[13] cap. 13.23, 25 e 20.2.

[14] Mat. 16.27, 28 e 25.31. I Cor. 4.5 e 11.26. Apo. 2.25 e 3.11 e 22.7, 20.

[15] cap. 19.35. III João 12.

[16] cap. 20.30.

[17] Amós 7.10.


ACTOS DOS APOSTOLOS.

Introducção. A ascenção.

Anno Domini 33

1 Fiz o primeiro tratado, ó [1] Theophilo, ácerca de todas as coisas que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,

2 Até [2] ao dia em que [3] foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espirito Sancto, aos apostolos que escolhera;

3 Aos [4] quaes tambem, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalliveis provas, sendo visto por elles por espaço de quarenta dias, e fallando do que respeita ao reino de Deus.

4 E, [5] ajuntando-os, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalem, mas que esperassem a promessa do Pae que (disse elle) de mim [6] ouvistes.

5 Porque, [7] na verdade, João baptizou com agua, [8] porém vós sereis baptizados com o Espirito Sancto, não muito depois d’estes dias.

6 Aquelles pois que se haviam ajuntado perguntaram-lhe, dizendo: [9] Senhor, [10] restaurarás tu n’este tempo o reino a Israel?

7 E disse-lhes: [11] Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pae poz em seu proprio poder.

8 Mas [12] recebereis a virtude do [13] Espirito Sancto, que ha de vir sobre vós; e ser-me-heis [14] testemunhas, tanto em Jerusalem como em toda a Judea e Samaria, e até aos confins da terra.

9 E, [15] havendo dito estas coisas, vendo-o elles, [16] foi elevado ás alturas, e uma nuvem o recebeu, occultando-o a seus olhos.

10 E, estando elles com os olhos fitos no céu, emquanto elle ia subindo, eis que junto d’elles se pozeram dois varões [17] vestidos de branco,

11 Os quaes então disseram: [18] Varões galileos, porque estaes olhando para o céu? Esse Jesus, que d’entre vós foi recebido acima no céu, [19] ha de vir assim como para o céu o vistes ir.

12 Então [20] voltaram para Jerusalem, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalem, á distancia do caminho de um sabbado.

13 E, entrando, subiram [21] ao cenaculo, onde ficaram [22] Pedro e Thiago, João e André, Philippe e Thomé, Bartholomeo e Matheus, Thiago, filho de Alpheo, [23] Simão, o zelador, e [24] Judas, irmão de Thiago.

14 Todos [25] estes perseveravam unanimemente em orações e supplicas, com [26] as mulheres, e Maria mãe de Jesus, [27] e com seus irmãos.

Mathias é escolhido apostolo em logar de Judas.

15 E n’aquelles dias, levantando-se Pedro no meio dos discipulos, disse (ora [28] a multidão junta era de quasi cento e vinte pessoas):

16 Varões irmãos, convinha que se cumprisse a Escriptura [29] que o[965] Espirito Sancto predisse pela bocca de David, ácerca de Judas, [30] que foi o guia d’aquelles que prenderam a Jesus;

17 Porque foi [31] contado comnosco e alcançou sorte n’este [32] ministerio.

18 Ora este [33] adquiriu um campo com o [34] galardão da iniquidade; e, precipitando-se, arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.

19 E foi notorio a todos os que habitam em Jerusalem; de maneira que na sua propria lingua esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo de sangue:

20 Porque no livro dos Psalmos está escripto: [35] Fique deserta a sua habitação, e não haja quem n’ella habite, [36] e tome outro [AHX] o seu bispado.

21 É necessario pois que, dos varões que conviveram comnosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu d’entre nós,

22 Começando [37] desde o baptismo de João até ao dia [38] em que d’entre nós foi recebido em cima, um d’elles se faça comnosco [39] testemunha da sua resurreição.

23 E apresentaram dois: José, chamado [40] Barsabbás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matthias.

24 E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor [41] dos corações de todos, mostra qual d’estes dois tens escolhido,

25 Para [42] que tome parte n’este ministerio e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu proprio logar.

26 E lançaram-lhes sortes, e caiu a sorte sobre Matthias. E por voto commum foi contado com os onze apostolos.

[1] Luc. 1.3.

[2] Mar. 16.19. Luc. 9.51 e 24.51. ver. 9. I Tim. 3.16.

[3] Mat. 28.19. Mar. 16.15. João 20.21. cap. 10.41, 42.

[4] Mar. 16.14. Luc. 24.36. João 20.19, 26 e 21.1, 14. I Cor. 15.6.

[5] Luc. 24.43, 49.

[6] Luc. 24.49. João 14.16, 26, 27 e 15.26 e 16.7. cap. 2.33.

[7] Mat. 3.11. cap. 11.16 e 19.4.

[8] Joel 3.18. cap. 2.4 e 11.15.

[9] Mat. 24.3.

[10] Isa. 1.26. Dan. 7.27. Amós 9.11.

[11] Mat. 24.36. Mar. 13.32. I The. 5.1.

[12] cap. 2.1, 4.

[13] Luc. 24.49.

[14] Luc. 24.48. João 15.27. ver. 22. cap. 2.32.

[15] Luc. 24.51. João 6.62.

[16] ver. 2.

[17] Mat. 28.3. Mar. 16.5. Luc. 24.4. João 20.12. cap. 10.3, 30.

[18] cap. 2.7 e 13.31.

[19] Dan. 7.13. Mat. 24.30. Mar. 13.26. Luc. 21.27. João 14.3. I The. 1.10 e 4.15. II The. 1.10. Apo. 1.7.

[20] Luc. 24.52.

[21] cap. 9.37, 39 e 20.8.

[22] Mat. 10.2, 3, 4.

[23] Luc. 6.15.

[24] Jud. 1.

[25] cap. 2.1, 46.

[26] Luc. 23.49, 55 e 24.10.

[27] Mat. 13.55.

[28] Apo. 3.4.

[29] Psa. 41.9. João 13.18.

[30] Luc. 22.47. João 18.3.

[31] Mat. 10.4. Luc. 6.16.

[32] ver. 25. cap. 12.25 e 20.24 e 21.19.

[33] Mat. 27.5, 7, 8.

[34] Mat. 26.15. II Ped. 2.15.

[35] Psa. 69.25.

[36] Psa. 109.8.

[37] Mar. 1.1.

[38] ver. 9.

[39] João 15.27. ver. 8. cap. 4.33.

[40] cap. 15.22.

[41] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9 e 29.17. Jer. 11.20 e 17.10. cap. 15.8. Apo. 2.23.

[42] ver. 17.

A descida do Espirito Sancto.

2 E, cumprindo-se [1] o dia de Pentecostes, [2] estavam todos concordemente reunidos.

2 E de repente veiu do céu um som, como de um vento vehemente e impetuoso, [3] e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3 E foram vistas por elles linguas repartidas, como que de fogo, e pousaram sobre cada um d’elles.

4 E todos foram [4] cheios do Espirito Sancto, [5] e começaram a fallar n’outras linguas, conforme o Espirito Sancto lhes concedia que fallassem.

5 E em Jerusalem estavam habitando judeos, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6 E, correndo aquella voz, ajuntou-se a multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia fallar na sua propria lingua.

7 E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! não [6] são galileos todos esses homens que estão fallando?

8 Como pois os ouvimos, cada um, na nossa propria lingua em que somos nascidos?

9 Parthos e medas, elamitas e os que habitam na Mesopotamia, e Judea, e Cappadocia, Ponto e Asia,

10 E Phrygia e Pamphylia, Egypto e partes da Lybia, junto a Cyrene, e forasteiros romanos, tanto judeos como proselytos,

11 Cretenses e arabes, ouvimos todos em nossas proprias linguas fallar das grandezas de Deus.

12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?

13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

O discurso de Pedro no dia de Pentecostes.

14 Porém Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Varões judeos, e todos os que habitaes em Jerusalem, seja-vos isto conhecido, e escutae as minhas palavras;

15 Estes homens não estão embriagados, como vós pensaes, sendo [7] a terceira hora do dia.

16 Mas isto é o que foi dito pelo propheta Joel:

17 E [8] nos ultimos dias acontecerá, diz Deus, [9] que do meu Espirito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos [10] e as vossas filhas prophetizarão, os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;

18 E tambem do meu Espirito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas n’aquelles dias, [11] e prophetizarão;

19 E [12] farei apparecer prodigios nas alturas, no céu; e signaes em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo:

[966]

20 O [13] sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e illustre dia do Senhor;

21 E acontecerá [14] que todo aquelle que invocar o nome do Senhor será salvo.

22 Varões israelitas, escutae estas palavras: A Jesus Nazareno, varão approvado por Deus [15] entre vós com maravilhas, prodigios e signaes, que Deus por elle fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis:

23 A este, [16] sendo entregue pelo determinado conselho e presciencia de Deus, [17] tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos:

24 Ao [18] qual Deus resuscitou, soltas as dôres da morte, pois não era possivel que fosse retido por ella;

25 Porque d’elle disse David: Sempre via diante de mim ao Senhor, porque está á minha direita, para que eu não seja commovido:

26 Por isso se alegrou o meu coração, [19] e a minha lingua exultou; e ainda a minha carne ha de repousar em esperança;

27 Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permittirás que o teu Sancto veja a corrupção:

28 Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; com a tua face me encherás de jubilo.

29 Varões irmãos, seja-me licito dizer-vos livremente [20] ácerca do patriarcha David, que elle morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.

30 Sendo pois elle propheta, [21] e sabendo que Deus lhe havia promettido com juramento que do fructo de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Christo, para o assentar sobre o seu throno,

31 Prevendo isto, fallou da resurreição de Christo, [22] dizendo que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.

32 Deus [23] resuscitou a este Jesus, do [24] que todos nós somos testemunhas.

33 De [25] sorte que, exaltado pela dextra de Deus, [26] e recebendo do Pae a promessa do Espirito Sancto, [27] derramou isto que vós agora vêdes e ouvis.

34 Porque David não subiu aos céus, mas diz: [28] Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te á minha direita,

35 Até que ponha os teus inimigos por escabello de teus pés.

36 Saiba pois com certeza toda a casa d’Israel que a esse Jesus, a quem [29] vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Christo.

As primeiras conversões.

37 E, ouvindo elles estas [30] coisas, compungiram-se em seu coração, e disseram a Pedro e aos demais apostolos: Que faremos, varões irmãos?

38 E disse-lhes Pedro: [31] Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Christo, para perdão dos peccados; e recebereis o dom do Espirito Sancto;

39 Porque a promessa vos pertence, a vós, [32] a vossos filhos, e a [33] todos os que estão longe: a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.

40 E com muitas outras palavras testificava e os exhortava, dizendo: Salvae-vos d’esta geração perversa.

41 De sorte que foram baptizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e n’aquelle dia ajuntaram-se á egreja quasi tres mil almas;

42 E [34] perseveravam na doutrina dos apostolos, e na communhão, e no partir do pão e nas orações.

43 E em toda a alma havia temor, [35] e muitas maravilhas e signaes se faziam pelos apostolos.

44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo [36] em commum.

45 E vendiam suas propriedades e fazendas, [37] e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.

46 E, [38] perseverando unanimes todos os dias [39] no templo, e [40] repartindo o pão de casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,

47 Louvando a Deus, [41] e tendo graça para com todo o povo. E todos os dias accrescentava o Senhor [42] á egreja aquelles que se haviam de salvar.

[1] Lev. 23.15. Deu. 16.9. cap. 20.16.

[2] cap. 1.14.

[3] cap. 4.31.

[4] cap. 1.5.

[5] Mar. 16.17. cap. 10.46 e 19.6. I Cor. 12.10, 28, 30 e 13.1 e 14.2, etc.

[6] cap. 1.11.

[7] I The. 5.7.

[8] Isa. 44.3. Eze. 11.19 e 36.27. Joel 2.28, 29. Zac. 12.10. João 7.38.

[9] cap. 10.45.

[10] cap. 21.9.

[11] cap. 21.4, 9, 10. I Cor. 12.10, 28 e 14.1, etc.

[12] Joel 2.30, 31.

[13] Mat. 24.29. Mar. 13.24. Luc. 21.25.

[14] Rom. 10.13.

[15] João 3.2 e 14.10, 11. cap. 10.38. Heb. 2.4.

[16] Mat. 26.24. Luc. 22.22 e 24.44. cap. 3.18 e 4.28.

[17] cap. 5.30.

[18] ver. 32. cap. 3.15 e 4.10 e 10.40 e 13.30, 34 e 17.31. Rom. 4.24 e 8.11. I Cor. 6.14 e 15.15. II Cor. 4.14. Gal. 1.1. Eph. 1.20. Col. 2.12. I The. 1.10. Heb. 13.20. I Ped. 1.21.

[19] Psa. 16.8, 11.

[20] I Reis 2.10. cap. 13.36.

[21] II Sam. 7.12, 13. Psa. 132.11. Luc. 1.32, 69. Rom. 1.3. II Tim. 2.8.

[22] Psa. 16.10. cap. 13.35.

[23] ver. 24.

[24] cap. 1.8.

[25] cap. 5.31. Phi. 2.9. Heb. 10.12.

[26] João 14.26 e 15.26 e 16.7, 13. cap. 1.4.

[27] cap. 10.45. Eph. 4.8.

[28] Psa. 110.1. Mat. 22.44. Heb. 1.13.

[29] cap. 5.31.

[30] Zac. 12.10. Luc. 3.10. cap. 9.6.

[31] Luc. 24.47. cap. 3.19.

[32] Joel 2.28. cap. 3.25.

[33] cap. 10.45 e 11.15, 18.

[34] ver. 46. cap. 1.14. Rom. 12.12. Eph. 6.18.

[35] Mar. 16.17. cap. 4.33 e 5.12.

[36] cap. 4.32, 34.

[37] Isa. 58.7.

[38] cap. 1.14.

[39] Luc. 24.53.

[40] cap. 20.7.

[41] Luc. 2.52. Rom. 14.18.

[42] cap. 5.14 e 11.24.

[967]

Cura d’um côxo; discurso de Pedro no templo.

3 E Pedro e João subiam [1] juntos ao templo [2] á hora da oração, a nona.

2 E [3] era trazido um varão que desde o ventre de sua mãe era côxo, o qual cada dia punham á porta do templo, chamada Formosa, [4] para pedir esmola aos que entravam no templo.

3 O qual, vendo a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe déssem uma esmola.

4 E Pedro, com João, fitando os olhos n’elle, disse: Olha para nós.

5 E olhou para elles, esperando receber d’elles alguma coisa.

6 E disse Pedro: Não tenho prata nem oiro; mas o que tenho isso te dou. [5] Em nome de Jesus Christo, o Nazareno, levanta-te e anda.

7 E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.

8 E, saltando [6] elle, poz-se em pé, e andou, e entrou com elles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus;

9 E [7] todo o povo o viu andar e louvar a Deus;

10 E conheciam-n’o, que era elle o que [8] se assentava á esmola á porta Formosa do templo, e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.

11 E, apegando-se o côxo, que fôra curado, a Pedro e João, todo o povo correu attonito para junto d’elles, ao alpendre [9] chamado de Salomão.

12 E Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões israelitas, porque vos maravilhaes d’isto? Ou, porque olhaes tanto para nós, como se por nossa propria virtude ou sanctidade o fizessemos andar?

13 O [10] Deus d’Abrahão, e de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos paes, [11] glorificou a seu filho Jesus, a quem vós [12] entregastes e [13] perante a face de Pilatos negastes, julgando elle que devia ser solto.

14 Mas vós negastes [14] o Sancto e [15] o Justo, e pedistes que se vos désse um homem homicida.

15 E matastes o [16] Principe da vida, ao qual Deus resuscitou dos mortos, [17] do que nós somos testemunhas.

16 E [18] pela fé no seu nome o seu nome fortaleceu a este que vêdes e conheceis; e a fé que é por elle deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saude.

17 E agora, irmãos, eu sei que o fizestes [19] por ignorancia, como tambem os vossos [AHY] principes:

18 Mas Deus [20] assim cumpriu o que já d’antes pela bocca de todos os seus prophetas havia [21] annunciado; que o Christo havia de padecer.

19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos peccados, quando vierem os tempos do refrigerio pela presença do Senhor,

20 E elle enviar a Jesus Christo, [22] que d’antes vos foi prégado:

21 O [23] qual convem que o céu contenha até aos tempos da restauração [24] de todas as coisas, [25] das quaes Deus fallou pela bocca de todos os seus sanctos prophetas, desde todo o seculo.

22 Porque Moysés disse aos paes: [26] O Senhor vosso Deus levantará d’entre vossos irmãos um propheta similhante a mim: a elle ouvireis em tudo quanto vos disser.

23 E acontecerá que toda a alma que não escutar esse propheta será exterminada d’entre o povo.

24 E tambem todos os prophetas, desde Samuel, e todos quantos depois teem fallado, já d’antes annunciaram esses dias.

25 Vós [27] sois os filhos dos prophetas, e do concerto que Deus fez com nossos paes, dizendo a Abrahão: [28] Na tua descendencia serão bemditas todas as familias da terra.

26 Resuscitando [29] Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou [30] a vós, para que n’isso vos abençoasse, [31] e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades.

[1] cap. 2.46.

[2] Psa. 55.17.

[3] cap. 14.8.

[4] João 9.8.

[5] cap. 4.10.

[6] Isa. 35.6.

[7] cap. 4.16, 21.

[8] João 9.8.

[9] João 10.23. cap. 5.12.

[10] cap. 5.30.

[11] João 7.39 e 12.16 e 17.1.

[12] Mat. 27.2.

[13] Mat. 27.20. Mar. 15.11. Luc. 23.18, 20, 21. João 18.40 e 19.15. cap. 13.28.

[14] Psa. 16.10. Mar. 1.24. Luc. 1.35. cap. 2.27 e 4.27.

[15] cap. 7.52 e 22.14.

[16] Heb. 2.10 e 5.9. cap. 2.24.

[17] cap. 2.32.

[18] Mat. 9.22. cap. 4.10 e 14.9.

[19] Luc. 23.34. João 16.3. cap. 13.27. I Cor. 2.8. I Tim. 1.13.

[20] Luc. 24.44. cap. 26.22.

[21] Psa. 22. Isa. 50.6 e 53.5, etc. Dan. 9.26. I Ped. 1.10, 11.

[22] cap. 2.38.

[23] cap. 1.11.

[24] Mat. 17.11.

[25] Luc. 1.70.

[26] Deu. 18.15, 18, 19. cap. 7.37.

[27] cap. 2.39. Rom. 9.4, 8 e 15.8. Gal. 3.26.

[28] Gen. 12.3 e 18.18 e 22.18 e 26.4 e 28.14. Gal. 3.8.

[29] Mat. 10.5 e 15.24. Luc. 24.47. cap. 13.32, 33, 46.

[30] ver. 22.

[31] Mat. 1.21.

Pedro e João perante o synhedrio.

4 E, estando elles fallando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os sadduceos,

[968]

2 Doendo-se [1] muito de que ensinassem o povo, e annunciassem em Jesus a resurreição dos mortos.

3 E lançaram mão d’elles, e os encerraram na prisão até ao dia seguinte, pois era já tarde.

4 Muitos, porém, dos que ouviram a palavra crêram, e chegou o numero d’esses homens a quasi cinco mil.

5 E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalem os seus principaes, e anciãos e escribas,

6 E [2] Annás, o summo sacerdote, e Caiphás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do summo sacerdote.

7 E, pondo-os no meio, perguntaram: [3] Com que poder fizestes isto, ou em nome de quem?

8 Então [4] Pedro, cheio do Espirito Sancto, lhes disse: Principaes do povo, e vós, anciãos d’Israel.

9 Visto que hoje somos interrogados ácerca do beneficio feito a um homem enfermo, do modo como foi curado,

10 Seja conhecido a vós todos, e a todo o povo d’Israel, [5] que em nome de Jesus Christo, o nazareno, aquelle a quem vós crucificastes [6] e a quem Deus resuscitou dos mortos, em nome d’esse é que este está são diante de vós.

11 Este [7] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça d’esquina.

12 E [8] em nenhum outro ha salvação, porque tambem debaixo do céu nenhum outro nome ha, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.

13 Então elles, vendo a ousadia de Pedro e João, [9] e informados de que eram homens sem lettras e indoutos, se maravilharam; e conheciam que elles haviam estado com Jesus.

14 Mas, vendo [10] estar com elles o homem que fôra curado, nada tinham que dizer em contrario.

15 E, mandando-os sair fóra do conselho, conferenciaram entre si,

16 Dizendo: [11] Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalem [12] é manifesto que por elles foi feito um signal notorio, e não o podemos negar;

17 Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemol-os para que não fallem mais n’esse nome a homem algum.

18 E, [13] chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não fallassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.

19 Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: [14] Julgae vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus;

20 Porque [15] não podemos deixar de fallar do que temos [16] visto e ouvido.

21 Mas elles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os castigar, [17] deixaram-n’os ir, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus ácerca [18] do que acontecera:

22 Pois tinha mais de quarenta annos o homem em quem se operara aquelle milagre de saude.

23 E, soltos elles, foram [19] para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram os principaes dos sacerdotes e os anciãos.

24 E, ouvindo elles isto, unanimes levantaram a voz a Deus, e disseram: [20] Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e todas as coisas que n’elles ha;

25 Que disseste pela bocca de David, teu servo: [21] Porque bramaram as gentes, e os povos pensaram coisas vãs?

26 Levantaram-se os reis da terra, e os principes se ajuntaram á uma, [22] contra o Senhor e contra o seu Ungido.

27 Porque verdadeiramente contra [23] o teu sancto Filho Jesus, [24] que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Poncio Pilatos, com os gentios e os povos d’Israel;

28 Para [25] fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.

29 Agora pois, ó Senhor, põe os olhos nas suas ameaças, e concede aos teus servos que [26] fallem com toda a ousadia a tua palavra;

30 Estendendo a tua mão para curar, [27] e para que se façam signaes e prodigios [28] pelo nome do [29] teu sancto Filho Jesus.

31 E, tendo orado, [30] moveu-se o logar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espirito Sancto, [31] e fallavam com ousadia a palavra de Deus.

[969]

A communidade de bens entre os primeiros christãos: Ananias e Saphira.

32 E era um [32] o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguem dizia que coisa alguma do que possuia era sua propria, [33] mas todas as coisas lhes eram communs.

33 E os apostolos davam, [34] com grande poder, [35] testemunho da resurreição do Senhor Jesus, [36] e em todos elles havia abundante graça.

34 Não havia pois entre elles [37] necessitado algum; porque todos os que possuiam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do vendido, [38] e o depositavam aos pés dos apostolos.

35 E [39] repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.

36 Então José, cognominado pelos apostolos Barnabé (que, traduzido, é Filho de consolação), levita, natural de Chypre,

37 Possuindo uma [40] herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o apresentou aos pés dos apostolos.

[1] Mat. 22.23. Act. 23.8.

[2] Luc. 3.2. João 11.49 e 18.13.

[3] Exo. 2.14. Mat. 21.23. cap. 7.27.

[4] Luc. 12.11, 12.

[5] cap. 3.6, 16.

[6] cap. 2.4.

[7] Psa. 118.22. Isa. 28.16. Mat. 21.42.

[8] Mat. 1.21. cap. 10.43. I Tim. 2.5, 6.

[9] Mat. 11.25. I Cor. 1.27.

[10] cap. 3.11.

[11] João 11.47.

[12] cap. 3.9.

[13] cap. 5.40.

[14] cap. 5.29.

[15] cap. 1.8 e 2.32.

[16] cap. 22.15. I João 1.1, 3.

[17] Mat. 21.26. Luc. 20.6, 19 e 22.2. cap. 5.26.

[18] cap. 3.7, 8.

[19] cap. 12.12.

[20] II Reis 19.15.

[21] Psa. 2.1.

[22] Mat. 26.3. Luc. 22.2 e 23.1, 8.

[23] Luc. 1.35.

[24] Luc. 4.18. João 10.36.

[25] cap. 2.23 e 3.18.

[26] ver. 13, 31. cap. 9.27 e 13.46 e 14.3 e 19.8 e 26.26 e 28.31. Eph. 6.19.

[27] cap. 2.43 e 5.12.

[28] cap. 35.16.

[29] ver. 27.

[30] cap. 2.2, 4 e 16.26.

[31] ver. 29.

[32] cap. 5.12. Rom. 15.5, 6. II Cor. 13.11. Phi. 1.27 e 2.2. I Ped. 3.8.

[33] cap. 2.44.

[34] cap. 1.8.

[35] cap. 1.22.

[36] cap. 2.47.

[37] cap. 2.45.

[38] ver. 27. cap. 5.2.

[39] cap. 2.45 e 6.1.

[40] ver. 34, 35. cap. 5.1, 2.

5 E um certo varão chamado Ananias, com Saphira, sua mulher, vendeu uma propriedade;

2 E reteve parte do preço, sabendo-o tambem sua mulher; [1] e, trazendo uma parte d’elle, a depositou aos pés dos apostolos.

3 Disse [2] então Pedro: Ananias, porque encheu [3] Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espirito Sancto, e retivestes parte do preço da herdade?

4 Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Porque formaste este designio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.

5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu [4] e expirou. E um grande temor veiu sobre todos os que isto ouviram.

6 E, levantando-se os mancebos, pegaram d’elle, [5] e, transportando-o para fóra, o sepultaram.

7 E, passando um espaço quasi de tres horas, entrou tambem sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.

8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquella herdade? E ella disse: Sim, por tanto.

9 Porém Pedro lhe disse: Porque é que entre vós vos concertastes para [6] tentar o Espirito do Senhor? Eis ahi á porta os pés dos que sepultaram a teu marido, e tambem te levarão a ti.

10 E [7] logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os mancebos, acharam-n’a morta, e a sepultaram junto de seu marido.

11 E [8] veiu um grande temor a toda a egreja, e a todos os que ouviram estas coisas.

12 E [9] muitos signaes e prodigios eram feitos entre o povo [10] pelas mãos dos apostolos. E estavam todos unanimes no alpendre de Salomão.

13 E dos [11] outros ninguem ousava ajuntar-se com elles: mas o povo tinha-os em grande estima.

14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia mais e mais.

15 De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas [12] para que a sombra de Pedro, quando passasse, cobrisse alguns d’elles.

16 E até das cidades circumvisinhas concorria a multidão a Jerusalem, conduzindo [13] enfermos e atormentados de espiritos immundos; os quaes todos eram curados.

Os apostolos são milagrosamente tirados da prisão, e dão testemunho perante o synhedrio. O conselho de Gamaliel.

17 E, [14] levantando-se o summo sacerdote, e todos os que estavam com elle (que era a seita dos sadduceos), encheram-se de inveja,

18 E [15] lançaram mão dos apostolos, e os pozeram na prisão publica.

19 Mas [16] de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para fóra, disse:

20 Ide apresentar-vos no templo, e dizei ao povo [17] todas as palavras d’esta vida.

21 E, ouvindo elles isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. [18] Chegando, porém, o summo sacerdote e os que estavam com elle, convocaram o conselho, e a todos os anciãos dos filhos d’Israel, e enviaram ao carcere, para que de lá os trouxessem.

22 Mas, tendo lá chegado os [AHZ] servidores, não os acharam na prisão, e, voltando, lh’o annunciaram,

[970]

23 Dizendo: Achámos realmente o carcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fóra, diante das portas; mas, quando abrimos, ninguem achámos dentro.

24 Então o capitão do templo e os principaes dos sacerdotes, ouvindo [19] estas palavras, estavam perplexos ácerca do que viria a ser aquillo.

25 E, chegando um, annunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.

26 Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violencia (porque [20] temiam ser apedrejados pelo povo).

27 E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o summo sacerdote os interrogou, dizendo:

28 Não [21] vos admoestámos nós expressamente que não ensinasseis n’esse nome? E eis que enchestes Jerusalem d’essa vossa doutrina, [22] e quereis trazer sobre nós [23] o sangue d’esse homem.

29 Porém, respondendo Pedro e os apostolos, disseram: [24] Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.

30 O [25] Deus de nossos paes resuscitou a Jesus, ao qual vós matastes suspendendo-o no madeiro.

31 Deus com a sua [26] dextra o elevou a [27] Principe e [28] Salvador, para dar a Israel [29] o arrependimento e remissão dos peccados.

32 E [30] nós somos testemunhas ácerca d’estas palavras, e tambem o Espirito Sancto, que [31] Deus deu áquelles que lhe obedecem.

33 E, [32] ouvindo elles isto, se enfureciam, e deliberaram matal-os.

34 Mas, levantando-se no conselho um certo phariseo, chamado [33] Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fóra os apostolos;

35 E disse-lhes: Varões israelitas, acautelae-vos, emquanto ao que haveis de fazer ácerca d’esses homens,

36 Porque antes d’estes dias levantou-se Theudas, dizendo ser alguem: d’este se acercou o numero de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.

37 Depois d’este levantou-se Judas, o galileo, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; e tambem este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.

38 E agora digo-vos: Dae de mão a estes homens, e deixae-os, [34] porque, se esse designio, ou essa obra, é de homens, se desfará,

39 Mas, [35] se é de Deus, não podereis desfazel-a; para que não aconteça serdes [36] tambem achados combatendo contra Deus.

40 E concordaram com elle. [37] E, chamando os apostolos, [38] e tendo-os açoitado, mandaram que não fallassem no nome de Jesus, e os deixaram ir.

41 Retiraram-se pois da presença do conselho, [39] rogozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer affronta pelo nome de Jesus.

42 E todos os dias, [40] no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de annunciar a Jesus Christo.

[1] cap. 4.37.

[2] Num. 30.2. Deu. 23.21. Ecc. 5.4.

[3] Luc. 22.3.

[4] ver. 10, 11.

[5] João 19.40.

[6] ver. 3. Mat. 4.7.

[7] ver. 5.

[8] ver. 5. cap. 2.43 e 19.17.

[9] cap. 2.43 e 14.3. Rom. 15.19. Heb. 2.4.

[10] cap. 3.11.

[11] João 9.22 e 12.42. cap. 2.47 e 4.21.

[12] Mat. 9.21 e 14.36. cap. 19.12.

[13] Mat. 16.17, 18. João 14.12.

[14] cap. 4.1, 2, 6.

[15] cap. 21.12.

[16] cap. 12.7 e 16.26.

[17] João 6.68 e 17.3. I João 5.11.

[18] cap. 4.5, 6.

[19] Luc. 22.4. cap. 4.1.

[20] Mat. 21.26.

[21] cap. 4.18.

[22] cap. 2.23, 36 e 3.15 e 7.52.

[23] Mat. 23.35 e 27.25.

[24] cap. 4.19.

[25] cap. 3.13, 15. cap. 10.39. Gal. 3.13. I Ped. 2.24.

[26] cap. 2.33, 36. Phi. 2.9. Heb. 2.10.

[27] cap. 3.15.

[28] Mat. 1.21.

[29] Luc. 24.47. cap. 3.26 e 13.38. Eph. 1.7. Col. 1.14.

[30] João 15.26, 27.

[31] cap. 2.4 e 10.44.

[32] cap. 2.27 e 7.54.

[33] cap. 22.3.

[34] Pro. 21.30. Isa. 8.10. Mat. 15.13.

[35] Luc. 21.15. I Cor. 1.25.

[36] cap. 7.51 e 9.5 e 23.9.

[37] cap. 4.18.

[38] Mat. 10.17 e 23.34. Mar. 13.9.

[39] Mat. 5.12. Rom. 5.3. II Cor. 12.10. Phi. 1.29. Heb. 10.34. Thi. 1.2. I Ped. 4.13, 16.

[40] cap. 4.20, 29.

A instituição dos diaconos.

6 Ora n’aquelles dias, [1] crescendo o numero dos discipulos, houve uma murmuração dos [2] gregos contra os hebreos, porque as suas viuvas [3] eram desprezadas no ministerio quotidiano.

2 E os doze, convocando a multidão dos discipulos, disseram: [4] Não é razoavel que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos ás mesas.

3 Escolhei pois, irmãos, [5] d’entre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espirito Sancto e de sabedoria, aos quaes constituamos sobre este importante negocio.

4 Porém nós [6] perseveraremos na oração e no ministerio da palavra.

5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estevão, homem cheio de [7] fé e do Espirito Sancto, [8] e Philippe e Prochoro, e Nicanor, e Timon, e Parmenas e Nicolau, [9] proselyto de Antiochia:

6 E os apresentaram ante os apostolos, e estes, [10] orando, lhes impozeram [11] as mãos.

7 E crescia [12] a palavra de Deus, e em[971] Jerusalem se multiplicava muito o numero dos discipulos, e grande multidão [13] dos sacerdotes obedecia á fé.

Estevão, o primeiro martyr.

8 E Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodigios e grandes signaes entre o povo.

9 E levantaram-se alguns que eram da synagoga chamada dos libertinos, e dos cyreneos e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilicia e da Asia, e disputavam com Estevão.

10 E não [14] podiam resistir á sabedoria, e ao espirito com que fallava.

11 Então [15] subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasphemas contra Moysés e contra Deus.

12 E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, arremettendo contra elle, o arrebataram e o levaram ao conselho.

13 E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasphemas contra este sancto logar e contra a lei:

14 Pois nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno ha de destruir este logar e mudar os costumes que Moysés nos deu.

15 Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos n’elle, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

[1] cap. 2.41. ver. 7.

[2] cap. 9.29 e 11.20.

[3] cap. 4.35.

[4] Exo. 18.17.

[5] Deu. 1.13. cap. 1.21 e 16.2. I Tim. 3.7.

[6] cap. 2.42.

[7] cap. 11.24.

[8] cap. 8.5, 26 e 21.8.

[9] Apo. 2.6, 15.

[10] cap. 1.24.

[11] cap. 8.17 e 9.17. I Tim. 4.14 e 5.22.

[12] cap. 12.24 e 19.20. Col. 1.6.

[13] João 12.42.

[14] Luc. 21.15. cap. 5.39. Exo. 4.12. Isa. 54.17.

[15] I Reis 21.10, 13. Mat. 26.59, 60.

7 E disse o summo sacerdote: Porventura é isto assim?

2 E elle disse: [1] Varões, irmãos, e paes, ouvi. O Deus da gloria appareceu a nosso pae Abrahão, estando na Mesopotamia, antes de habitar em Haran,

3 E disse-lhe: [2] Sae da tua terra e d’entre a tua parentela, e dirige-te á terra que eu te mostrarei.

4 Então [3] saiu da terra dos chaldeos, e habitou em Haran. E d’ali, depois que seu pae falleceu, o fez passar para esta terra em que agora habitaes.

5 E não lhe deu n’ella herança, nem ainda o espaço de [4] um pé: mas prometteu que lh’a daria em possessão, e depois d’elle á sua descendencia, não tendo elle ainda filho.

6 E fallou Deus assim: [5] Que a sua descendencia seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam á escravidão, e a maltratariam por [6] quatrocentos annos.

7 E eu julgarei a nação a quem servirem, disse Deus. E depois d’isto sairão, [7] e me servirão n’este logar.

8 E deu-lhe [8] o pacto da circumcisão; [9] e assim gerou a Isaac, e o circumcidou ao oitavo dia: [10] e Isaac gerou a Jacob, e [11] Jacob aos doze patriarchas.

9 E [12] os patriarchas, movidos de inveja, venderam a José para o [13] Egypto; e Deus era com elle,

10 E livrou-o de todas as suas tribulações, [14] e lhe deu graça e sabedoria ante Pharaó, rei do Egypto, que o constituiu governador sobre o Egypto e toda a sua casa.

11 E a [15] todo o paiz do Egypto e de Canaan sobreveiu fome e grande tribulação; e nossos paes não achavam alimentos.

12 Porém [16] Jacob, ouvindo que no Egypto havia trigo, enviou ali nossos paes, a primeira vez.

13 E [17] na segunda foi José conhecido por seus irmãos, e a linhagem de José foi manifesta a Pharaó.

14 E [18] José mandou chamar a seu pae Jacob, [19] e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas.

15 E [20] Jacob desceu ao Egypto, [21] e morreu, elle e nossos paes;

16 E [22] foram transportados para Sichem, e depositados [23] na sepultura que Abrahão comprara por certa somma de dinheiro aos filhos de Hemor, pae de Sichem.

17 Approximando-se, [24] porém, o tempo da promessa que Deus tinha jurado a Abrahão, o povo [25] cresceu e se multiplicou no Egypto;

18 Até que se levantou outro rei, que não conhecia a José.

19 Este, usando de astucia contra a nossa linhagem, maltratou nossos paes, ao ponto de lhes fazer [26] engeitar as suas creanças, para que não se multiplicassem.

20 N’esse tempo nasceu Moysés, e [27] era mui formoso, e [28] foi criado tres mezes em casa de seu pae.

21 E, sendo [29] engeitado, tomou-o a filha do Pharaó, e o criou como seu filho.

[972]

22 E Moysés [30] foi instruido em toda a sciencia dos egypcios; e era poderoso em suas palavras e obras.

23 E, [31] quando completou o tempo de quarenta annos, veiu-lhe ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos d’Israel.

24 E, vendo maltratado um d’elles, o defendeu, e vingou o offendido, matando o egypcio.

25 E elle cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; porém elles não entenderam.

26 E [32] no dia seguinte, pelejando elles, foi por elles visto, e quiz leval-os á paz, dizendo: Varões, sois irmãos; porque vos aggravaes um ao outro?

27 E o que offendia o seu proximo o repelliu, dizendo: [33] Quem te constituiu principe e juiz sobre nós?

28 Queres tu matar-me, como hontem mataste o egypcio?

29 E a esta palavra fugiu [34] Moysés, e esteve como estrangeiro na terra de Madian, onde gerou dois filhos.

30 E, [35] completados quarenta annos, appareceu-lhe o anjo do Senhor, no deserto do monte Sinai, n’uma chamma de fogo de um sarçal.

31 Então Moysés, vendo-o, se maravilhou da visão; e, approximando-se para vêr, foi-lhe dirigida a voz do Senhor,

32 Dizendo: [36] Eu sou o Deus de teus paes, o Deus d’Abrahão, e o Deus d’Isaac e o Deus de Jacob. E Moysés, todo tremulo, não ousava olhar.

33 E disse-lhe [37] o Senhor: Descalça as alparcas dos teus pés, porque o logar em que estás é terra sancta:

34 Tenho [38] visto attentamente a afflicção do meu povo que está no Egypto, e ouvi os seus gemidos, e desci a livral-os. Agora, pois, vem, e enviar-te-hei ao Egypto.

35 A este Moysés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu principe e juiz? a este enviou Deus como principe e [AIA] libertador, [39] pela mão do anjo que lhe apparecera no sarçal.

36 Este [40] os conduziu para fóra, [41] fazendo prodigios e signaes na terra do Egypto, [42] e no Mar Vermelho, [43] e no deserto, por quarenta annos.

37 Este é aquelle Moysés que disse aos filhos d’Israel: [44] O Senhor vosso Deus vos levantará d’entre vossos irmãos um propheta como eu; [45] a elle ouvireis.

38 Este é [46] o que esteve entre a congregação no deserto, com [47] o anjo que lhe fallava no monte Sinai, e com nossos paes, [48] o qual recebeu as palavras de vida [49] para nol-as dar.

39 Ao qual nossos paes não quizeram obedecer, antes o rejeitaram, e de coração se tornaram ao Egypto,

40 Dizendo a Aarão: [50] Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque a esse Moysés, que nos tirou da terra do Egypto, não sabemos o que lhe aconteceu.

41 E [51] n’aquelles dias fizeram o bezerro, e offereceram sacrificios ao idolo, e se alegraram nas obras das suas mãos.

42 E [52] Deus se affastou, e os abandonou a que servissem [53] ao exercito do céu, como está escripto no livro dos prophetas: [54] Porventura me offerecestes victimas e sacrificios no deserto por quarenta annos, ó casa d’Israel?

43 Antes tomastes o tabernaculo de Molech, e a estrella do vosso deus Remphan, figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-hei pois para além de Babylonia.

44 Estava entre nossos paes no deserto o tabernaculo do testemunho, como ordenara aquelle que disse a Moysés [55] que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.

45 O [56] qual nossos paes, recebendo-o tambem, o levaram com Josué quando entraram na possessão das nações [57] que Deus expulsou da face de nossos paes, até aos dias de David:

46 Que [58] achou graça diante de Deus, [59] e pediu para achar tabernaculo para o Deus de Jacob.

47 E [60] Salomão lhe edificou casa;

48 Mas o [61] Altissimo não habita em templos feitos por mãos d’homens, como diz o propheta:

49 O [62] céu é o meu throno, e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me[973] edificareis? diz o Senhor: ou qual é o logar do meu repouso?

50 Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?

51 Duros [63] de cerviz, [64] e incircumcisos de coração e ouvidos: vós sempre resistis ao Espirito Sancto; tambem vós sois como vossos paes.

52 A qual [65] dos prophetas não perseguiram vossos paes? Até mataram os que anteriormente annunciaram a vinda [66] do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas;

53 Vós, que [67] recebestes a lei por disposição dos anjos, e não a guardastes.

54 E, [68] ouvindo estas coisas, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra elle.

55 Mas [69] elle, estando cheio do Espirito Sancto, fixando os olhos no céu, viu a gloria de Deus, e Jesus, que estava á direita de Deus;

56 E disse: Eis que [70] vejo os céus abertos, [71] e o Filho do homem, que está em pé á mão direita de Deus.

57 Elles, [72] porém, clamando com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremetteram unanimes contra elle.

58 E, expulsando-o da cidade, [73] o apedrejavam. [74] E as testemunhas depozeram os seus vestidos aos pés de um mancebo chamado Saulo.

59 E apedrejaram a Estevão, [75] invocando elle ao Senhor, e dizendo: Senhor Jesus, recebe [76] o meu espirito.

60 E, pondo-se [77] de joelhos, clamou com grande voz: [78] Senhor, não lhes imputes este peccado. E, tendo dito isto, [79] adormeceu.

[1] cap. 22.1.

[2] Gen. 12.1.

[3] Gen. 11.31 e 12.4, 5.

[4] Gen. 12.7 e 13.15 e 15.3, 18 e 17.8 e 26.3.

[5] Gen. 15.13, 16.

[6] Exo. 12.46. Gal. 3.17.

[7] Exo. 3.12.

[8] Gen. 17.9, 10, 11.

[9] Gen. 21.2, 3, 4.

[10] Gen. 25.26.

[11] Gen. 35.23.

[12] Gen. 37.4, 11, 28.

[13] Gen. 39.2, 21, 23. Psa. 105.17.

[14] Gen. 41.37 e 42.6.

[15] Gen. 41.54.

[16] Gen. 42.1.

[17] Gen. 45.4, 16.

[18] Gen. 45.9, 27.

[19] Gen. 46.27. Deu. 10.22.

[20] Gen. 46.5.

[21] Gen. 49.32. Exo. 1.6.

[22] Exo. 13.19. Jos. 24.32.

[23] Gen. 23.16 e 33.19.

[24] Gen. 15.13. ver. 6.

[25] Exo. 1.7, 8, 9. Psa. 105.24, 25.

[26] Exo. 1.22.

[27] Exo. 2.2.

[28] Heb. 11.23.

[29] Exo. 2.3, 10.

[30] Luc. 24.19.

[31] Exo. 2.11, 12.

[32] Exo. 2.13.

[33] Luc. 12.14. cap. 4.7.

[34] Exo. 2.15, 22 e 4.20 e 13.3, 4.

[35] Exo. 3.2.

[36] Mat. 22.32. Heb. 11.16.

[37] Exo. 3.5. Jos. 5.15.

[38] Exo. 3.7.

[39] Exo. 14.19. Num. 20.16.

[40] Exo. 12.41 e 33.1.

[41] Exo. caps. 7 até 14. Psa. 105.27.

[42] Exo. 14.21, 27, 28, 29.

[43] Exo. 16.1, 35.

[44] Deu. 18.15. cap. 3.22.

[45] Mat. 17.5.

[46] Exo. 19.3, 17.

[47] Isa. 63.9. Gal. 3.19. Heb. 2.2.

[48] Exo. 21.1. Deu. 5.27, 31 e 33.4. João 1.17.

[49] Rom. 3.2.

[50] Exo. 32.1.

[51] Deu. 9.16. Psa. 106.19.

[52] Psa. 81.12. Rom. 1.25. II The. 2.11.

[53] Deu. 4.19. II Reis 17.16. Jer. 19.13.

[54] Amós 5.25, 26.

[55] Exo. 25.40 e 26.30. Heb. 8.5.

[56] Jos. 3.14.

[57] Neh. 9.24. Psa. 44.2, 3. cap. 13.19.

[58] I Sam. 16.1. II Sam. 7.1. Psa. 19.20.

[59] I Reis 8.17. I Chr. 22.7. Psa. 132.4, 5.

[60] I Reis 6.1 e 8.20. I Chr. 17.12. II Chr. 3.1.

[61] I Reis 8.27. II Chr. 2.6.

[62] Isa. 66.1, 2. Mat. 5.34, 35.

[63] Exo. 32.9 e 33.3. Isa. 48.4.

[64] Lev. 26.41. Deu. 10.16. Jer. 4.4 e 6.10. Eze. 44.9.

[65] II Chr. 36.16. Mat. 21.35. I The. 2.15.

[66] cap. 3.14.

[67] Exo. 20.1. Gal. 3.19. Heb. 2.2.

[68] cap. 5.33.

[69] cap. 6.5.

[70] Eze. 1.1. Mat. 3.16. cap. 10.11.

[71] Dan. 7.13.

[72] I Reis 21.13. Luc. 4.29. Heb. 13.12.

[73] Lev. 24.16.

[74] Deu. 13.9, 10 e 17.7. cap. 22.20.

[75] cap. 9.14.

[76] Psa. 31.5. Luc. 23.46.

[77] cap. 9.40 e 20.36 e 21.5.

[78] Mat. 5.44. Luc. 6.28 e 23.34.

[79] cap. 7.58 e 22.20.

O evangelho em Samaria.

Anno Domini 34

8 E tambem Saulo consentia na morte d’elle. E fez-se n’aquelle dia uma grande perseguição contra a egreja que estava em Jerusalem; [1] e todos foram dispersos pelas terras da Judea e da Samaria, excepto os apostolos.

2 E alguns varões piedosos foram enterrar a Estevão, [2] e fizeram sobre elle grande pranto.

3 E Saulo [3] assolava a egreja, entrando pelas casas: e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.

4 Mas [4] os que andavam dispersos iam por toda a parte, annunciando a palavra.

5 E, [5] descendo Philippe á cidade de Samaria, lhes prégava a Christo.

6 E as multidões estavam attentas unanimemente ás coisas que Philippe dizia, porquanto ouviam e viam os signaes que elle fazia;

7 Pois [6] os espiritos immundos sahiam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralyticos e côxos eram curados.

8 E havia grande alegria n’aquella cidade.

9 E havia um certo varão, chamado Simão, que anteriormente exercera n’aquella cidade a arte magica, [7] e tinha illudido a gente de Samaria, dizendo [8] que era um grande personagem:

10 Ao qual todos attendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.

11 E attendiam-n’o a elle, porque desde muito tempo os havia illudido com artes magicas.

12 Mas, como crêram em Philippe que [9] lhes prégava ácerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Christo, se baptizavam, tanto homens como mulheres.

13 E creu até o mesmo Simão; e, sendo baptizado, ficou de continuo com Philippe; e, vendo os signaes e as grandes maravilhas que se faziam, estava attonito.

14 Os apostolos, pois, que estavam em Jerusalem, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João.

15 Os quaes, tendo descido, oraram por elles [10] para que recebessem o Espirito Sancto.

16 (Porque [11] sobre nenhum d’elles tinha ainda descido; mas sómente eram [12] baptizados em [13] nome do Senhor Jesus.)

17 Então [14] lhes impozeram as mãos, e receberam o Espirito Sancto.

18 E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apostolos se dava o Espirito Sancto, lhes offereceu dinheiro,

19 Dizendo: Dae-me tambem a mim esse poder, para que qualquer sobre quem eu pozer as mãos receba o Espirito Sancto.

20 Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja comtigo para perdição, pois[974] cuidaste [15] que o [16] dom de Deus se alcança por dinheiro.

21 Tu não tens parte nem sorte n’esta palavra, porque o teu coração não é recto diante de Deus;

22 Arrepende-te pois d’essa tua iniquidade, e ora a Deus, [17] para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;

23 Pois vejo que estás [18] em fel de amargura, e em laço de iniquidade.

24 Respondendo, porém, Simão, disse: Orae vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.

25 Tendo elles pois testificado e fallado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalem, e em muitas aldeias dos [19] samaritanos annunciaram o evangelho.

Philippe e o eunucho.

26 E o anjo do Senhor fallou a Philippe, dizendo: Levanta-te, e vae para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalem para Gaza, que é deserta.

27 E levantou-se, e foi; e eis que um [20] homem ethiope, eunucho, mordomo-mór de Candace, rainha dos ethiopes, o qual era superintendente de todos os seus thesouros, e tinha ido a [21] Jerusalem a adorar,

28 Regressava, e, assentado no seu carro, lia o propheta Isaias.

29 E disse o Espirito a Philippe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.

30 E, correndo Philippe, ouviu que lia o propheta Isaias, e disse: Entendes tu o que lês?

31 E elle disse: Como o poderei eu, se alguem me não ensinar? E rogou a Philippe que subisse e com elle se assentasse.

32 E o logar da Escriptura que lia era este: [22] Foi levado como a ovelha para o matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua bocca.

33 Na sua humilhação foi [AIB] tirada a sua sentença; e quem contará a sua geração? porque a sua vida é tirada da terra.

34 E, respondendo o eunucho a Philippe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o propheta? De si mesmo, ou d’algum outro?

35 Então Philippe, abrindo a sua bocca, [23] e começando n’esta Escriptura, lhe annunciou a Jesus.

36 E, indo elles caminhando, chegaram ao pé d’alguma agua, e disse o eunucho: Eis aqui agua; que impede [24] que eu seja baptizado?

37 E disse Philippe: [25] É licito, se crês de todo o coração. E, respondendo elle, disse: [26] Creio que Jesus Christo é o Filho de Deus.

38 E mandou parar o carro, e desceram ambos á agua, tanto Philippe como o eunucho, e o baptizou.

39 E, quando sairam da agua, o Espirito do Senhor arrebatou a Philippe, [27] e não o viu mais o eunucho; e, jubiloso, continuou o seu caminho.

40 Porém Philippe achou-se em Azoto, e, indo passando, annunciou o evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesarea.

[1] cap. 11.19.

[2] Gen. 23.2 e 50.10. II Sam. 3.31.

[3] cap. 7.58 e 9.1, 13, 21. I Cor. 15.9. Gal. 1.13. Phi. 3.6. I Tim. 1.13.

[4] Mat. 10.23. cap. 11.19.

[5] cap. 6.5.

[6] Mar. 16.17.

[7] cap. 13.6.

[8] cap. 5.36.

[9] cap. 1.3.

[10] cap. 2.38.

[11] cap. 19.2.

[12] Mat. 28.19. cap. 2.38.

[13] cap. 10.48 e 19.5.

[14] cap. 8.6 e 19.6. Heb. 6.2.

[15] Mat. 10.8. II Reis 5.16.

[16] cap. 2.38 e 10.45 e 11.17.

[17] II Tim. 2.25.

[18] Heb. 12.15.

[19] Gen. 20.7, 17. Exo. 8.8. Num. 21.7. I Reis 13.6. Job 42.8. Thi. 5.16.

[20] Sof. 3.10.

[21] João 12.20.

[22] Isa. 53.7, 8.

[23] Luc. 24.27. cap. 18.28.

[24] cap. 10.47.

[25] Mat. 28.19. Mar. 16.16.

[26] Mat. 16.16. João 6.69 e 9.35, 38 e 11.27. cap. 9.20. I João 4.15 e 5.5, 13.

[27] I Reis 18.12. II Reis 2.16. Eze. 3.12, 14.

A conversão de Saulo no caminho de Damasco.

Act. 21.1-16; 26.9-18.

Anno Domini 35

9 E Saulo, [1] respirando ainda ameaças e mortes contra os discipulos do Senhor, dirigiu-se ao summo sacerdote,

2 E pediu-lhe cartas para Damasco, para as synagogas, para que, se encontrasse alguns d’aquella seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalem.

3 E, indo [2] no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.

4 E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, [3] Saulo, porque me persegues?

5 E elle disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: [4] Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.

6 E elle, tremendo e attonito, disse: [5] Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e ali te será dito o que te convem fazer.

7 E [6] os varões, que iam com elle, pararam attonitos, ouvindo a voz, mas não vendo ninguem.

8 E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguem.[975] E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.

9 E esteve tres dias sem vêr, e não comeu nem bebeu.

10 E havia em Damasco um certo discipulo [7] chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E elle respondeu: Eis-me aqui, Senhor.

11 E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vae á rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por [8] um chamado Saulo, de Tarso; pois eis que elle ora;

12 E tem visto em visão que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre elle a mão, para que tornasse a vêr.

13 E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi ácerca d’este varão, quantos [9] males tem feito aos teus sanctos em Jerusalem;

14 E aqui tem poder dos principaes dos sacerdotes para prender a todos os que [10] invocam o teu nome.

15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vae, porque [11] este é para mim vaso escolhido, para levar o meu nome diante [12] dos gentios, [13] e dos reis e dos filhos d’Israel.

16 Porque [14] eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.

17 E Ananias [15] foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe [16] as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te appareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a [17] vêr e sejas cheio do Espirito Sancto.

18 E logo lhe cairam dos olhos como que umas escamas, e recebeu logo a vista; e, levantando-se, foi baptizado.

O perseguidor é perseguido.

Anno Domini 37

19 E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo [18] alguns dias com os discipulos que estavam em Damasco.

20 E logo nas synagogas prégava a Jesus, [19] que este era o Filho de Deus.

21 E todos os que o ouviam estavam attonitos, e diziam: [20] Não é este aquelle que em Jerusalem assolava aos que invocavam esse nome, e para isso veiu aqui, para os levar presos aos principaes dos sacerdotes?

22 Porém Saulo [21] se esforçava muito mais, e confundia os judeos que habitavam em Damasco, provando que aquelle era o Christo.

23 E, tendo passado muitos dias, [22] os judeos tomaram conselho entre si para o matar.

24 Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo: e [23] elles guardavam as portas, tanto de dia como de noite, para poderem matal-o.

25 Porém, tomando-o de [24] noite os discipulos, o arriaram, dentro d’um cesto, pelo muro.

26 E, [25] quando Saulo chegou a Jerusalem, procurava ajuntar-se aos discipulos, porém todos se temiam d’elle, não crendo que fosse discipulo.

27 Mas [26] Barnabé, tomando-o comsigo, o trouxe aos apostolos, e lhes contou como no caminho elle vira ao Senhor e lhe fallara, [27] e como em Damasco fallara ousadamente no nome de Jesus.

28 E [28] andava com elles em Jerusalem, entrando e saindo.

29 E fallou ousadamente no nome de Jesus. Fallava e disputava tambem contra os [29] gregos, [30] mas elles procuravam matal-o.

30 Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesarea, e o enviaram a Tarso.

31 Assim [31] pois, as egrejas em toda a Judea, e Galilea e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espirito Sancto.

Cura de Eneas; resurreição de Tabitha.

Anno Domini 38

32 E aconteceu [32] que, passando Pedro por todas as partes, veiu tambem aos sanctos que habitavam em Lydda.

33 E achou ali um certo homem, chamado Eneas, jazendo n’uma cama havia oito annos, o qual era paralytico.

34 E disse-lhe Pedro: [33] Eneas, Jesus Christo te dá saude; levanta-te e faze a tua cama. E logo se levantou.

35 E viram-n’o todos os que habitavam em Lydda e [34] Sarona, os [35] quaes se converteram ao Senhor.

36 E havia em Joppe uma certa discipula chamada Tabitha, que traduzido se diz [AIC] Dorcas. Esta estava cheia [36] de boas obras e esmolas que fazia.

37 E aconteceu n’aquelles dias, que,[976] enfermando ella, morreu; e, tendo-a lavado, a [37] depositaram n’um quarto alto.

38 E, como Lydda era perto de Joppe, ouvindo os discipulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com elles.

39 E, levantando-se Pedro, foi com elles; e quando chegou o levaram ao quarto alto, e todas as viuvas o rodearam, chorando e mostrando as tunicas e vestidos que Dorcas fizera quando estava com ellas.

40 Porém Pedro, [38] fazendo-as sair [39] a todas, poz-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, [40] disse: Tabitha, levanta-te. E ella abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se,

41 E elle dando-lhe a mão a levantou, e, chamando os sanctos e as viuvas, apresentou-lh’a viva.

42 E foi isto notorio por toda a Joppe, [41] e muitos crêram no Senhor.

43 E aconteceu que ficou muitos dias em Joppe, com um [42] certo Simão curtidor.

[1] cap. 8.3. Gal. 1.13. I Tim. 1.13.

[2] cap. 22.6 e 26.12. I Cor. 15.8.

[3] Mat. 25.40, etc.

[4] cap. 5.39.

[5] Luc. 3.10. cap. 2.37 e 16.36.

[6] Dan. 10.7. cap. 22.9 e 26.13.

[7] cap. 22.12.

[8] cap. 21.39 e 22.3.

[9] ver. 1.

[10] ver. 21. cap. 7.59. I Cor. 1.2. II Tim. 2.22.

[11] cap. 13.2 e 22.21. Rom. 1.1. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[12] Rom. 1.5. Gal. 2.7, 8.

[13] cap. 25.22, 23.

[14] cap. 20.23 e 21.11. II Cor. 11.23.

[15] cap. 22.12, 13.

[16] cap. 8.17.

[17] cap. 2.4 e 4.31.

[18] cap. 26.20.

[19] cap. 8.37.

[20] cap. 8.3. ver. 1. Gal. 1.13, 23.

[21] cap. 18.28.

[22] cap. 23.12 e 25.3. II Cor. 11.26.

[23] II Cor. 11.32.

[24] Jos. 2.15. I Sam. 19.12.

[25] cap. 22.17. Gal. 1.17, 18.

[26] cap. 4.36 e 13.2.

[27] ver. 20, 22.

[28] Gal. 1.18.

[29] cap. 6.1 e 11.20.

[30] ver. 23. II Cor. 11.26.

[31] cap. 8.1.

[32] cap. 8.14.

[33] cap. 3.3, 16 e 4.10.

[34] I Chr. 5.16.

[35] cap. 11.21.

[36] I Tim. 2.10. Tito 3.8.

[37] cap. 1.13.

[38] Mat. 9.25.

[39] cap. 7.60.

[40] Mar. 5.41, 42. João 11.43.

[41] João 11.45 e 12.11.

[42] cap. 10.6.

O centurião Cornelio.

Anno Domini 41

10 E havia em Cesarea um certo varão por nome Cornelio, centurião da cohorte chamada italiana,

2 [1] Piedoso e [2] temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de continuo orava a Deus.

3 Este, [3] quasi á hora nona do dia, viu claramente em visão um anjo de Deus, que se dirigia para elle e dizia: Cornelio.

4 E este, fixando os olhos n’elle, e muito atemorisado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas teem subido para memoria diante de Deus;

5 Agora, pois, envia varões a Joppe, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.

6 Este pousa em casa de um [4] certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. [5] Elle te dirá o que deves fazer.

7 E, ido o anjo que lhe fallava, chamou dois dos seus creados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.

8 E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Joppe.

9 E no dia seguinte, indo elles seu caminho, e chegando perto da cidade, subiu [6] Pedro ao terraço para orar, quasi á hora sexta.

10 E, tendo fome, quiz comer; e, emquanto lh’o preparavam, sobreveiu-lhe um arrebatamento de sentidos:

11 E viu [7] o céu aberto, e que para elle descia um certo vaso, como um grande lençol atado pelas quatro pontas, e abaixando-se para a terra.

12 No qual havia de todos os animaes da terra quadrupedes, féras e reptis, e aves do céu.

13 E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.

14 Porém Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, [8] porque nunca comi coisa alguma commum nem immunda.

15 E segunda vez lhe disse a voz: [9] Não faças tu commum ao que Deus purificou.

16 E aconteceu isto por tres vezes; e o vaso tornou a recolher-se para o céu.

17 E, estando Pedro duvidando entre si que seria aquella visão que tinha visto, eis que os varões que foram enviados por Cornelio, pararam á porta, perguntando pela casa de Simão.

18 E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenome Pedro, pousava ali.

19 E, pensando Pedro n’aquella visão, [10] disse-lhe o Espirito: Eis que tres varões te buscam:

20 Levanta-te [11] pois, e desce, e vae com elles, não duvidando; porque eu os enviei.

21 E Pedro, descendo para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornelio, disse: Eis que sou eu a quem procuraes; qual é a causa porque estaes aqui?

22 E elles disseram: [12] Cornelio, o centurião, varão justo e temente a Deus, [13] e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeos, foi avisado por um sancto anjo para que mandasse chamar-te a sua casa, e ouvisse de ti palavras.

23 Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. Porém no dia seguinte foi Pedro com elles, [14] e foram com elle alguns irmãos de Joppe.

24 E no dia immediato chegaram a Cesarea. E Cornelio os estava esperando,[977] tendo convidado a seus parentes e amigos mais intimos.

25 E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornelio a recebel-o, e, prostrando-se a seus pés, o adorou.

26 Porém Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, eu [15] mesmo tambem sou homem.

27 E, fallando com elle, entrou, e achou muitos que ali se haviam ajuntado.

28 E disse-lhes: Vós bem sabeis como não é [16] licito a um varão judeo ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas [17] Deus mostrou-me que a nenhum homem chame commum ou immundo:

29 Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto pois; por que razão mandastes chamar-me?

30 E disse Cornelio: Ha quatro dias estava eu em jejum até esta hora, e orava em minha casa á hora [18] nona.

31 E eis que diante de mim se apresentou um varão [19] com um vestido resplandecente, e disse: [20] Cornelio, a tua oração é ouvida, e as tuas [21] esmolas estão em memoria diante de Deus:

32 Envia pois a Joppe, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome Pedro; este pousa em casa de Simão o curtidor, junto do mar, e elle, vindo, te fallará.

33 Assim que logo mandei a ti; e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado.

34 E Pedro, abrindo a bocca, disse: [22] Reconheço por verdade que Deus não faz accepção de pessoas;

35 Mas [23] que lhe é agradavel aquelle que, em qualquer nação, o teme e obra a justiça.

36 A palavra que elle enviou aos filhos d’Israel, [24] annunciando a paz por Jesus Christo (este [25] é o Senhor de todos),

37 Esta palavra, vós bem sabeis, veiu por toda a Judea, [26] começando desde a Galilea, depois do baptismo que João prégou;

38 Emquanto a Jesus de Nazareth, como [27] Deus o ungiu com o Espirito Sancto e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os opprimidos do diabo, [28] porque Deus era com elle.

39 E [29] nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judea como em Jerusalem: [30] ao qual mataram, pendurando-o n’um madeiro.

40 A [31] este resuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que fosse manifesto,

41 Não a todo o povo, [32] mas ás testemunhas que Deus antes ordenára; a nós, [33] que comemos e bebemos juntamente com elle, depois que resuscitou dos mortos.

42 E [34] mandou-nos prégar ao povo, e testificar que elle [35] é aquelle que por Deus [36] foi constituido juiz dos vivos e dos mortos.

43 A [37] este dão testemunho todos os prophetas, de que [38] todos os que n’elle crêrem receberão o perdão dos peccados pelo seu nome.

44 E, dizendo Pedro ainda estas palavras, [39] caiu o Espirito Sancto sobre todos os que ouviam a palavra.

45 E [40] os fieis que eram da circumcisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, [41] maravilharam-se de que o dom do Espirito Sancto se derramasse tambem sobre os gentios.

46 Porque os ouviam fallar linguas, e magnificar a Deus.

47 Respondeu então Pedro: Pode alguem porventura impedir a agua, para que não sejam baptizados estes, que tambem receberam como nós [42] o Espirito Sancto?

48 [43] E mandou que fossem baptizados em [44] nome do Senhor. Então rogaram-lhe que ficasse com elles por alguns dias.

[1] ver. 22. cap. 8.2 e 22.12.

[2] ver. 35.

[3] ver. 30. cap. 11.13.

[4] cap. 9.43.

[5] cap. 11.14.

[6] cap. 11.5, etc.

[7] cap. 7.56. Apo. 19.11.

[8] Lev. 11.4 e 20.25. Deu. 14.3, 7. Eze. 4.14.

[9] Mat. 15.11. ver. 28. Rom. 14.14, 17, 20. I Cor. 10.25. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[10] cap. 11.12.

[11] cap. 15.7.

[12] ver. 1, 2, etc.

[13] cap. 22.12.

[14] ver. 45. cap. 11.12.

[15] cap. 14.14, 15. Apo. 19.10 e 22.9.

[16] João 4.9 e 18.28. cap. 11.3. Gal. 2.12, 14.

[17] cap. 15.8, 9. Eph. 3.6.

[18] cap. 1.10.

[19] Mat. 28.3. Mar. 16.5. Luc. 24.4.

[20] Dan. 10.12.

[21] Heb. 6.10.

[22] Deu. 10.17. II Chr. 19.7. Rom. 2.11. Eph. 6.9. I Ped. 1.17.

[23] cap. 15.9. Rom. 2.13, 27. I Cor. 12.13. Gal. 3.28. Eph. 2.13, 18.

[24] Isa. 57.19. Eph. 2.14, 16, 17. Col. 1.20.

[25] Mat. 28.18. Rom. 10.12. Eph. 1.20, 22. I Ped. 3.22. Apo. 17.14.

[26] Luc. 4.14.

[27] Luc. 4.18. cap. 2.22 e 4.27. Heb. 1.9.

[28] João 3.2.

[29] cap. 2.32.

[30] cap. 5.30.

[31] cap. 2.24.

[32] João 14.17, 22. cap. 13.31.

[33] Luc. 24.30, 43. João 21.13.

[34] Mat. 28.19, 20. cap. 1.8.

[35] João 5.22, 27.

[36] Rom. 14.9, 10. II Cor. 5.10.

[37] Isa. 53.11. Jer. 31.34. Dan. 9.24. Miq. 7.18. Mal. 4.2.

[38] cap. 15.9. Rom. 10.11. Gal. 3.22.

[39] cap. 4.31.

[40] ver. 23.

[41] cap. 11.18. Gal. 3.14.

[42] cap. 11.17. Rom. 10.12.

[43] I Cor. 1.17.

[44] cap. 2.38.

Pedro justifica-se perante a egreja de haver baptizado Cornelio.

11 E ouviram os apostolos, e os irmãos que estavam na Judea, que tambem os gentios receberam a palavra de Deus.

2 E, subindo Pedro a Jerusalem, disputavam [1] com elle os que eram da circumcisão,

3 Dizendo: [2] Entraste em casa de[978] varões incircumcisos, [3] e comeste com elles.

4 Mas Pedro começou a contar-lhes tudo [4] por ordem, dizendo:

5 Estando [5] eu orando na cidade de Joppe, vi, arrebatado dos sentidos, uma visão, um certo vaso, como um grande lençol que descia do céu e, baixado, vinha até junto de mim.

6 No qual, pondo eu os olhos, considerei, e vi animaes da terra, quadrupedes, e féras, e reptis, e aves do céu.

7 E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro; mata e come.

8 Porém eu disse: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha bocca entrou coisa alguma commum ou immunda.

9 Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu commum ao que Deus purificou.

10 E succedeu isto por tres vezes; e tudo tornou a recolher-se no céu.

11 E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que eu estava tres varões que me foram enviados de Cesarea.

12 E [6] disse-me o Espirito que fosse com elles, não duvidando; e tambem estes [7] seis irmãos foram comigo, e entrámos em casa d’aquelle varão;

13 E [8] contou-nos como vira estar um anjo em sua casa, e lhe dissera: Envia varões a Joppe, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,

14 O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa.

15 E, quando comecei a fallar, caiu sobre elles o Espirito Sancto [9] como tambem sobre nós ao principio.

16 E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João [10] certamente baptizou com agua: [11] mas vós sereis baptizados com o Espirito Sancto.

17 Portanto, [12] se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, que tambem havemos crido no Senhor Jesus Christo, quem [13] era então eu, para que podesse estorvar a Deus?

18 E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: [14] De maneira que até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.

O evangelho é prégado aos gentios em Antiochia.

19 E [15] os que foram dispersos pela perseguição que succedeu por causa d’Estevão caminharam até á Phenicia, Chypre e Antiochia, não annunciando a ninguem a palavra, senão só aos judeos.

20 E havia entre elles alguns varões chyprios e cyrenenses, os quaes, entrando em Antiochia, fallaram [16] aos gregos, annunciando o Senhor Jesus.

21 E a mão [17] do Senhor era com elles; [18] e grande numero creu e se converteu ao Senhor.

22 E chegou a fama d’isto aos ouvidos da egreja que estava em Jerusalem; e enviaram [19] Barnabé á Antiochia.

23 O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, [20] e exhortou a todos a que permanecessem no Senhor com proposito do coração.

24 Porque era homem de bem, [21] e cheio do Espirito Sancto e de fé. E muita gente se [22] uniu ao Senhor.

25 E partiu Barnabé para [23] Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antiochia.

26 E succedeu que todo um anno se congregaram n’aquella egreja, e ensinaram muita gente; e em Antiochia foram os discipulos, pela primeira vez, chamados christãos.

27 E n’aquelles dias [24] desceram prophetas de Jerusalem para Antiochia.

28 E, levantando-se um d’elles, por nome [25] Agabo, dava a entender, pelo Espirito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, a qual aconteceu no tempo de Claudio Cesar.

29 E os discipulos determinaram mandar, cada um conforme o que podesse, [26] soccorro para serviço dos irmãos que habitavam na Judea,

30 O [27] que elles com effeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

[1] cap. 10.45. Gal. 2.12.

[2] cap. 10.28.

[3] Gal. 2.12.

[4] Luc. 1.3.

[5] cap. 10.9, etc.

[6] João 16.13. cap. 10.19 e 15.7.

[7] cap. 10.23.

[8] cap. 10.30.

[9] cap. 2.4.

[10] Mat. 3.11. João 1.26, 33. cap. 1.5 e 19.4.

[11] Isa. 44.3. Joel 2.28 e 3.18.

[12] cap. 15.8, 9.

[13] cap. 10.47.

[14] Rom. 10.12, 13 e 15.9, 16.

[15] cap. 8.1.

[16] cap. 6.1 e 9.29.

[17] Luc. 1.66. cap. 2.47.

[18] cap. 9.35.

[19] cap. 9.27.

[20] cap. 13.43 e 14.22.

[21] cap. 6.5.

[22] ver. 21. cap. 5.14.

[23] cap. 9.30.

[24] cap. 2.17 e 13.1 e 15.32 e 21.9. I Cor. 12.28. Eph. 4.11.

[25] cap. 21.10.

[26] Rom. 15.26. I Cor. 16.1. II Cor. 9.1.

[27] cap. 12.25.

Herodes manda matar Thiago—Pedro é livre da prisão—A morte de Herodes.

Anno Domini 44

12 E por aquelle mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da egreja, para os maltratar;

2 E matou á espada Thiago, [1] irmão de João.

3 E, vendo que isso agradára aos judeos, continuou, mandando prender tambem a Pedro. E [2] eram os dias dos asmos.

[979]

4 E, [3] havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresental-o ao povo depois da paschoa.

5 Pedro, pois, era guardado na prisão; porém a egreja fazia continua oração por elle a Deus.

6 E quando Herodes o havia de tirar, n’aquella mesma noite, estava Pedro dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os guardas diante da porta guardavam a prisão.

7 E eis que [4] sobreveiu o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E cairam-lhe das mãos as cadeias.

8 E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E elle o fez assim. Disse-lhe mais: Lança ás costas a tua capa, e segue-me.

9 E, saindo, o seguia. [5] E não sabia que fosse verdade o que era feito pelo anjo, mas cuidava [6] que via alguma visão.

10 E, quando passaram a primeira e segunda guarda, chegaram á porta de ferro, que dá para a cidade, [7] a qual se lhes abriu por si mesma; e, tendo saido, andaram uma rua, e logo o anjo se apartou d’elle.

11 E Pedro, tornando a si, disse: [8] Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, [9] e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeos esperava.

12 E, considerando elle n’isto, [10] foi a casa de Maria, mãe de [11] João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam juntos e [12] orando.

13 E, batendo Pedro á porta do pateo, uma menina chamada Rhode saiu a escutar;

14 E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta do pateo, mas, correndo para dentro, annunciou que Pedro estava fóra á porta do pateo.

15 E disseram-lhe: Estás fóra de ti. Mas ella affirmava que assim era. E diziam: [13] É o seu anjo.

16 Porém Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-n’o, e se espantaram.

17 E, acenando-lhes [14] elle com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirára da prisão, e disse: Annunciae isto a Thiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro logar.

18 E, sendo já dia, houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o que seria feito de Pedro.

19 E, quando Herodes o buscou e o não achou, feita inquirição aos guardas, mandou-os justiçar. E, partindo da Judea para Cesarea, ficou ali.

20 E Herodes estava irritado com os de Tyro e de Sidon; porém elles, vindo de commum accordo ter com elle, e persuadindo Blasto, que era o camarista do rei, pediam paz: porquanto [15] o seu paiz sustentava-se do paiz do rei.

21 E n’um dia designado, vestindo Herodes as vestes reaes, e assentado no tribunal, lhes fez uma pratica.

22 E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.

23 E no mesmo instante [16] feriu-o o anjo do Senhor, [17] porquanto não deu gloria a Deus, e, comido de bichos, expirou.

24 [18] E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.

25 E Barnabé e Saulo, havendo cumprido aquelle serviço, voltaram de Jerusalem, [19] levando tambem [20] comsigo a João, que tinha por sobrenome Marcos.

[1] Mat. 4.21 e 20.23.

[2] Exo. 13.14, 15 e 23.15.

[3] João 21.18.

[4] cap. 5.19.

[5] Psa. 126.1.

[6] cap. 10.3, 17 e 11.5.

[7] cap. 16.26.

[8] Psa. 34.7. Dan. 3.28 e 6.22. Heb. 1.14.

[9] Job 5.19. Psa. 38.18, 19 e 34.22 e 41.2 e 97.10. II Cor. 1.10. II Ped. 2.9.

[10] cap. 4.23.

[11] cap. 15.37.

[12] ver. 5.

[13] Gen. 48.16. Mat. 18.10.

[14] cap. 13.16 e 19.33 e 21.40.

[15] I Reis 5.9, 11. Eze. 27.17.

[16] I Sam. 25.38. II Sam. 24.17.

[17] Psa. 115.1.

[18] Isa. 55.11. cap. 6.7 e 19.20.

[19] cap. 13.5, 13 e 15.37.

[20] ver. 12.

Barnabé e Saulo são enviados pela egreja de Antiochia, e pregam em Chypre: Elymas o encantador.

Anno Domini 45

13 E na [1] egreja que estava em Antiochia havia alguns prophetas e doutores, a saber: [2] Barnabé e Simeão, chamado Niger, e [3] Lucio cyreneo, e Manahen, que fôra criado com Herodes o tetrarcha, e Saulo.

2 E, servindo elles ao Senhor, e jejuando, disse o Espirito [4] Sancto: Apartae-me a Barnabé e a Saulo para a obra para [5] que os tenho chamado.

3 Então, [6] jejuando e orando, e pondo sobre elles as mãos, os despediram.

4 Estes então, enviados pelo Espirito Sancto, desceram a Seleucia e d’ali navegaram para [7] Chypre.

5 E, chegados a Salamina, [8] annunciavam a palavra de Deus nas synagogas dos judeos; e tinham tambem a João [9] por ministro.

[980]

6 E, havendo atravessado a ilha até Paphos, acharam [10] um certo judeo magico, falso propheta, chamado Bar-jesus,

7 O qual estava com o proconsul Sergio Paulo, varão prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.

8 Mas [11] resistia-lhes Elymas, o encantador (que assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o proconsul.

9 Porém Saulo, que tambem se chama Paulo, [12] cheio do Espirito Sancto, e fixando os olhos n’elle, disse:

10 Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malicia, [13] inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os rectos caminhos do Senhor?

11 Eis-ahi, pois, [14] agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem vêr o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas cairam sobre elle, e, andando em redor, buscava a quem o guiasse pela mão.

12 Então o proconsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor.

O discurso de Paulo na synagoga de Antiochia da Pisidia: a opposição dos judeos.

13 E, partindo de Paphos, Paulo e os que estavam com elle chegaram a Perge, cidade da Pamphylia. [15] Porém João, apartando-se d’elles, voltou para Jerusalem.

14 E elles, saindo de Perge, chegaram a Antiochia, [16] da Pisidia, e, entrando na synagoga, n’um dia de sabbado, assentaram-se;

15 E, depois [17] da lição da lei e dos prophetas, lhes mandaram dizer os principaes da synagoga: Varões irmãos, [18] se vós tendes alguma palavra de consolação para o povo, fallae.

16 E, levantando-se Paulo, [19] e pedindo silencio com a mão, disse: Varões israelitas, e os [20] que temeis a Deus, ouvi:

17 O Deus d’este povo d’Israel escolheu a [21] nossos paes, e exaltou o [22] povo, sendo elles estrangeiros na terra do Egypto; e [23] com braço levantado os tirou d’ella;

18 E [24] supportou os seus costumes no deserto por espaço de quasi quarenta annos.

19 E, [25] destruindo a sete nações na terra de Canaan, [26] lhes repartiu por sorte a terra d’elles.

20 E, depois d’isto, [27] por quasi quatrocentos e cincoenta annos, lhes deu juizes, [28] até ao propheta Samuel.

21 E [29] depois pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta annos, a Saul filho de Kis, varão da tribu de Benjamin.

22 [30] E, tirado este, [31] lhes levantou como rei a David, ao qual tambem deu testemunho, e disse: [32] Achei a David, filho de Jessé, [33] varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.

23 Da [34] descendencia d’este, conforme [35] a promessa, levantou Deus a Jesus [36] para Salvador d’Israel;

24 Tendo primeiramente [37] João, antes da vinda d’elle, prégado a todo o povo d’Israel o baptismo do arrependimento.

25 Mas, como João cumprisse a sua carreira, disse: [38] Quem pensaes vós que eu sou? Eu não sou o Christo; mas eis que após mim vem aquelle a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.

26 Varões irmãos, filhos da geração d’Abrahão, e os que d’entre vós temem a Deus, [39] a vós vos é enviada a palavra d’esta salvação.

27 Porque, [40] não conhecendo a este os que habitavam em Jerusalem, nem os seus principes, condemnando-o, cumpriram assim as vozes dos [41] prophetas que se lêem todos [42] os sabbados.

28 E, [43] não achando nenhuma causa de morte, [44] pediram a Pilatos que fosse morto.

29 E, [45] havendo elles cumprido todas as coisas que d’elle estavam escriptas, tirando-o [46] do madeiro, o pozeram na sepultura;

30 Porém [47] Deus o resuscitou dos [48] mortos.

31 E elle por muitos dias foi visto[981] pelos que subiram com elle [49] da Galilea a Jerusalem, [50] e são suas testemunhas para com o povo.

32 E nós vos annunciamos [51] a promessa que foi feita aos paes, a qual Deus nos cumpriu, a nós, seus filhos, resuscitando a Jesus:

33 Como tambem está escripto no psalmo segundo: Meu filho és [52] tu, hoje te gerei.

34 E que o resuscitaria dos mortos, para nunca mais tornar á corrupção, disse-o assim: [53] [AID] As sanctas e fieis bençãos de David vos darei.

35 Pelo que tambem em outro psalmo diz: [54] Não permittirás que o teu sancto veja corrupção.

36 Porque, na verdade, tendo David no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, [55] dormiu, e foi posto junto de seus paes e viu a corrupção,

37 Mas aquelle a quem Deus resuscitou nenhuma corrupção viu.

38 Seja-vos pois notorio, varões irmãos, [56] que por este se vos annuncia a remissão dos peccados.

39 E de tudo o que, pela lei de Moysés não podestes ser justificados n’este é [57] justificado todo aquelle que crê.

40 Vêde pois que não venha sobre vós o que está dito nos [58] prophetas:

41 Vêde, ó desprezadores, e espantae vos e desapparecei; porque opéro uma obra em vossos dias, obra que não crereis, se alguem vol-a contar.

42 E, saidos os judeos da synagoga, os gentios rogaram que no sabbado seguinte se lhes fallassem as mesmas coisas.

43 E, despedida a synagoga, muitos dos judeos e dos proselytos religiosos seguiram Paulo e Barnabé; os quaes, fallando-lhes, [59] os exhortavam a que permanecessem [60] na graça de Deus.

44 E no sabbado seguinte ajuntou-se quasi toda a cidade a ouvir a palavra de Deus.

45 Porém os judeos, vendo a multidão, encheram-se de inveja: e, blasphemando, [61] contradiziam o que Paulo dizia.

46 Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: [62] Era mister que a vós se vos fallasse primeiro a palavra de Deus; [63] mas, visto que a rejeitaes, e vos não julgaes dignos da vida eterna, eis que [64] nós voltamos para os gentios;

47 Porque o Senhor assim nol-o mandou, dizendo: [65] Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas para salvação até aos confins da terra.

48 E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; [66] e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.

49 E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquella provincia.

50 Mas os judeos incitaram [67] a algumas mulheres religiosas e honestas, e aos principaes da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fóra dos seus termos.

51 Sacudindo, [68] porém, contra elles o pó dos seus pés, partiram para Iconio.

52 E os discipulos estavam [69] cheios d’alegria e do Espirito Sancto.

[1] cap. 11.27 e 14.20 e 15.35.

[2] cap. 11.22, 26.

[3] Rom. 16.21.

[4] Num. 8.14. cap. 9.15 e 22.21. Rom. 1.1. Gal. 1.15 e 2.9.

[5] Mat. 9.38. cap. 14.26. Rom. 10.15. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11. Heb. 5.4.

[6] cap. 6.6.

[7] cap. 4.36.

[8] ver. 46.

[9] cap. 12.25 e 15.37.

[10] cap. 8.9.

[11] Exo. 7.11. II Tim. 3.8.

[12] cap. 4.8.

[13] Mat. 13.38. João 8.44. I João 3.8.

[14] Exo. 9.3. I Sam. 5.6.

[15] cap. 15.38.

[16] cap. 16.13 e 17.2 e 18.4.

[17] Luc. 4.16. ver. 27.

[18] Heb. 13.22.

[19] cap. 12.17.

[20] ver. 26, 42, 43. cap. 10.35.

[21] Deu. 7.6, 7.

[22] Exo. 1.1. Psa. 105.23, 24. cap. 7.17.

[23] Exo. 6.6 e 13.14, 16.

[24] Exo. 16.35. Num. 14.33, 34. cap. 7.36.

[25] Deu. 7.1.

[26] Jos. 14.1, 2. Psa. 78.55.

[27] Jui. 2.16.

[28] I Sam. 3.20.

[29] I Sam. 8.5 e 10.1.

[30] I Sam. 15.23, 26, 28 e 16.1. Ose. 13.11.

[31] I Sam. 16.13. II Sam. 2.4 e 5.3.

[32] Psa. 89.20.

[33] I Sam. 13.14. cap. 7.46.

[34] Isa. 11.1. Luc. 1.32, 69. cap. 2.30. Rom. 1.3.

[35] II Sam. 7.12. Psa. 132.11.

[36] Mat. 1.21. Rom. 11.26.

[37] Mat. 3.1. Luc. 3.3.

[38] Mat. 3.11. Mar. 1.7. Luc. 3.16. João 1.20, 27.

[39] Mat. 10.6. Luc. 24.47. cap. 3.26.

[40] Luc. 23.34. I Cor. 2.8.

[41] ver. 14, 15. cap. 15.11.

[42] Luc. 24.20, 44. cap. 26.22. Mat. 27.22.

[43] Mar. 15.13, 14. João 19.6, 15.

[44] cap. 3.13, 14.

[45] Luc. 18.31.

[46] Mat. 27.59. Mar. 15.46. João 19.38.

[47] Mat. 28.6. cap. 2.24.

[48] Mat. 28.16. cap. 1.3. I Cor. 15.5, 6, 7.

[49] cap. 1.11.

[50] cap. 1.8 e 2.32.

[51] Gen. 3.15 e 12.3 e 22.18. Rom. 4.13. Gal. 3.16.

[52] Psa. 2.7. Heb. 1.5 e 5.5.

[53] Isa. 55.3.

[54] Psa. 16.10. cap. 2.31.

[55] I Reis 2.10. cap. 2.29.

[56] Jer. 31.34. I João 2.12.

[57] Isa. 53.11. Rom. 3.28. Heb. 7.19.

[58] Isa. 29.14. Hab. 1.5.

[59] cap. 11.23 e 14.22.

[60] Tito 2.11. Heb. 12.15. I Ped. 5.12.

[61] cap. 18.6. I Ped. 4.4. Jud. 10.

[62] Mat. 10.6. cap. 3.26. ver. 26. Rom. 1.16.

[63] Exo. 32.10. Deu. 32.21. Isa. 55.5. Mat. 21.43. Rom. 10.19.

[64] cap. 18.6 e 28.28.

[65] Isa. 42.6 e 49.6.

[66] cap. 2.47.

[67] II Tim. 3.11.

[68] Mat. 10.14. Mar. 6.11. Luc. 9.5. cap. 18.6.

[69] Mat. 5.12. João 16.22. cap. 2.46.

O evangelho é prégado em Iconio, Lystra, e Derbe; successo e perseguição; a volta a Antiochia.

Anno Domini 46

14 E aconteceu que em Iconio entraram juntos na synagoga dos judeos, e fallaram de tal modo, que creu uma grande multidão, não só de judeos mas de gregos.

2 Porém os judeos incredulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os animos dos gentios.

3 Detiveram-se pois muito tempo, fallando ousadamente no Senhor, [1] o qual dava testemunho á palavra da sua graça, permittindo que por suas mãos se fizessem signaes e prodigios.

4 E dividiu-se a multidão da cidade; e [2] uns eram pelos judeos, e outros pelos apostolos.

5 E, havendo um motim, tanto dos judeos como dos gentios, com os seus principaes, [3] para os insultarem e apedrejarem,

6 Entendendo-o elles, [4] acolheram-se a Lystra e Derbe, cidades de Lycaonia, e á provincia circumvisinha;

7 E ali prégavam o Evangelho.

8 E estava assentado em [5] Lystra um certo varão leso dos pés, côxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.

9 Este ouviu fallar Paulo, que, fixando[982] n’elle os olhos, [6] e vendo que tinha fé para ser curado,

10 Disse em voz [7] alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E elle saltou e andou.

11 E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em lingua lycaonica: [8] Fizeram-se os deuses similhantes aos homens, e desceram até nós.

12 E chamavam Jupiter a Barnabé, e Mercurio a Paulo; porque este era o que fallava.

13 E o sacerdote de Jupiter, que estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta toiros e grinaldas, [9] queria com a multidão sacrificar-lhes.

14 Ouvindo, porém, isto os apostolos Barnabé e Paulo, [10] rasgaram os seus vestidos, e saltaram entre a multidão, clamando,

15 E dizendo: Varões, [11] porque fazeis essas coisas? [12] Nós tambem somos homens como vós, sujeitos ás mesmas paixões, [13] e vos annunciamos que vos convertaes d’essas vaidades ao [14] Deus vivo, [15] que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto ha n’elles;

16 O qual nos [16] tempos passados deixou andar todas as gentes em seus caminhos.

17 Ainda [17] que, apezar d’isso, nunca se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando lá do céu, [18] dando-nos chuvas e tempos fructiferos, enchendo de mantimento e de alegria os nossos corações.

18 E, dizendo [19] isto, com difficuldade impediram que as multidões [20] lhes sacrificassem.

19 Sobrevieram, porém, alguns judeos de Antiochia e de Iconio, e, persuadindo a multidão, apedrejaram a Paulo, e o arrastaram para fóra da cidade, cuidando que estava morto.

20 Mas, rodeando-o os discipulos, levantou-se, [21] e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe.

21 E, tendo annunciado o evangelho áquella cidade, e feito muitos discipulos, voltaram para Lystra, e Iconio, e Antiochia,

22 Confirmando os animos dos discipulos, [22] exhortando-os a permanecer na fé, e [23] dizendo que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.

23 E, havendo-lhes, [24] por commum consentimento, eleito anciãos em cada egreja, orando com jejuns, os encommendaram ao Senhor em quem haviam crido.

24 Passando depois por Pisidia, dirigiram-se a Pamphylia.

25 E, tendo annunciado a palavra em Perge, desceram a Attalia.

26 E d’ali navegaram para Antiochia, [25] d’onde tinham sido [26] encommendados á graça de Deus para a obra que já haviam cumprido.

27 E, quando chegaram e reuniram a egreja, [27] relataram quão grandes coisas Deus fizera por elles, e [28] como abrira aos gentios a porta da fé.

28 E ficaram ali não pouco tempo com os discipulos.

[1] Mar. 16.20. Heb. 2.4.

[2] cap. 13.3.

[3] II Tim. 3.11.

[4] Mat. 10.23.

[5] cap. 3.2.

[6] Mat. 8.10 e 9.28, 29.

[7] Isa. 35.6.

[8] cap. 8.10 e 28.6.

[9] Dan. 2.46.

[10] Mat. 26.65.

[11] cap. 10.26.

[12] Thi. 5.17.

[13] I Sam. 12.21. I Cor. 8.4.

[14] Jos. 3.10.

[15] Gen. 1.1. Apo. 14.7.

[16] Psa. 81.13. I Ped. 4.3.

[17] cap. 17.27. Rom. 1.20.

[18] Lev. 26.4. Deu. 11.14 e 28.12. Job 5.12. Psa. 65.10 e 68.9, 10 e 147.8. Jer. 14.22. Mat. 5.45.

[19] cap. 13.45.

[20] II Cor. 11.25. II Tim. 3.11.

[21] Mat. 28.19.

[22] cap. 11.23 e 13.43.

[23] Mat. 10.38 e 16.24. Luc. 22.28, 29. Rom. 8.17. II Tim. 2.11, 12 e 3.12.

[24] Tito 1.5.

[25] cap. 13.1, 3.

[26] cap. 15.40.

[27] cap. 15.4, 12 e 21.19.

[28] I Cor. 16.9. II Cor. 2.12. Col. 4.3. Apo. 3.8.

A questão ácerca do rito mosaico; a assembléa de Jerusalem, e sua decisão.

Anno Domini 52

15 Então [1] alguns que tinham descido da Judea ensinavam os irmãos, dizendo: Se vos [2] não circumcidardes, conforme o uso de Moysés, não podeis salvar-vos.

2 Feita pois por Paulo e Barnabé não pequena dissensão e contenda contra elles, resolveu-se que Paulo [3] e Barnabé, e alguns d’entre elles, subissem a Jerusalem, aos apostolos e aos anciãos, sobre aquella questão.

3 De sorte [4] que elles, acompanhados pela egreja, passavam pela Phenicia e por Samaria, [5] contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.

4 E, vindos a Jerusalem, foram recebidos pela egreja e pelos apostolos e anciãos, [6] e lhes annunciavam quão grandes coisas Deus tinha feito com elles.

5 Porém alguns da seita dos phariseos, que tinham crido, se levantaram, dizendo [7] que era mister circumcidal-os e mandar-lhes que guardassem a lei de Moysés.

6 Congregaram-se pois os apostolos e os anciãos para examinar este negocio.

7 E, havendo grande contenda, levantou-se[983] Pedro e disse-lhes: [8] Varões irmãos, bem sabeis que já ha muito tempo Deus me elegeu d’entre nós, para que os gentios ouvissem da minha bocca a palavra do evangelho, e cressem.

8 E Deus, [9] que conhece os corações, deu testemunho d’elles, [10] dando-lhes o Espirito Sancto, assim como tambem a nós;

9 E [11] não fez differença alguma entre elles e nós, [12] purificando os seus corações pela fé.

10 Agora, pois, porque tentaes a Deus, pondo sobre a cerviz dos discipulos um [13] jugo que nem nossos paes nem nós podémos supportar?

11 Antes [14] crêmos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Christo, como elles tambem.

12 Então toda a multidão se calou, e escutava a Barnabé e a Paulo, [15] que contavam quão grandes signaes e prodigios Deus havia [16] feito por meio d’elles entre os gentios.

13 E, havendo-se elles calado, [17] tomou Thiago a palavra, dizendo: Varões irmãos, ouvi-me:

14 Simão [18] relatou como Deus primeiramente visitou os gentios, para tomar d’elles um povo para o seu nome.

15 E com isto concordam as palavras dos prophetas; como está escripto:

16 Depois [19] d’isto voltarei, e reedificarei o tabernaculo de David, que está caido, e reedificarei as suas ruinas, e tornarei a levantal-o.

17 Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quaes o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas.

18 São notorias a Deus desde toda a eternidade as suas obras.

19 Pelo que [20] julgo que não se deve perturbar aquelles, d’entre os gentios, que se [21] convertem a Deus,

20 Mas escrever-lhes que se abstenham [22] das contaminações dos idolos, e da fornicação, [23] e das carnes suffocadas e [24] do sangue.

21 Porque Moysés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem [25] o prégue, e cada sabbado é lido nas synagogas.

22 Então pareceu bem aos apostolos e aos anciãos, com toda a egreja, eleger d’elles alguns varões, e envial-os com Paulo e Barnabé a Antiochia, a saber: Judas, chamado Barsabbás, e [26] Silas, varões distinctos entre os irmãos.

23 E por elles escreveram o seguinte: Os apostolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos d’entre os gentios que estão em Antiochia, e Syria e Cilicia, saude.

24 Porquanto ouvimos que [27] alguns que sairam d’entre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que devieis circumcidar-vos e guardar a lei, aos quaes nada mandámos:

25 Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões, e envial-os com os nossos amados Barnabé e Paulo,

26 Homens [28] que expozeram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Christo.

27 Enviamos pois Judas e Silas, os quaes de bocca vos annunciarão tambem o mesmo.

28 Porque pareceu bem ao Espirito Sancto, e a nós, não vos impôr mais encargo algum, senão estas coisas necessarias:

29 Que [29] vos abstenhaes das coisas sacrificadas aos idolos, [30] e do sangue, e da carne suffocada, e da fornicação: das quaes coisas fazeis bem se vos guardardes. Bem vos vá.

30 Tendo-se elles pois despedido, partiram para Antiochia, e, ajuntando a multidão, entregaram a carta.

31 E, lendo-a, alegraram-se, pela consolação a que lhes causava.

32 Depois Judas e Silas, que tambem eram [31] prophetas, exhortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras.

33 E, detendo-se ali algum tempo, os [32] irmãos os deixaram voltar em paz para os apostolos;

34 Mas pareceu bem a Silas ficar ali.

Separação entre Paulo e Barnabé.

35 E Paulo [33] e Barnabé ficaram em Antiochia, ensinando e prégando, com muitos outros, a palavra do Senhor.

36 E alguns dias depois disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos [34] por cada cidade em que já annunciámos a palavra do Senhor, a vêr como estão.

37 E Barnabé aconselhava que tomassem[984] comsigo a João, chamado Marcos.

38 Mas a Paulo parecia razoavel que não tomassem comsigo [35] aquelle que desde Pamphylia [36] se tinha apartado d’elles, e não tinha ido com elles áquella obra.

39 E tal contenda houve entre elles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando comsigo a Marcos, navegou para Chypre.

Paulo emprehende uma segunda viagem missionaria na companhia de Silas e Timotheo.

40 E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, [37] encommendado pelos irmãos á graça de Deus.

41 E foi passando por Syria e Cilicia, confirmando [38] as egrejas.

[1] Gal. 2.12.

[2] João 7.32. ver. 5. Gal. 5.2. Phi. 3.2. Col. 2.11. Lev. 12.3.

[3] Gal. 2.1.

[4] Rom. 15.24. I Cor. 16.6, 11.

[5] cap. 14.27.

[6] ver. 12. cap. 14.27 e 21.19.

[7] ver. 1.

[8] cap. 10.20 e 11.12.

[9] I Chr. 28.9. cap. 1.24.

[10] cap. 10.44.

[11] Rom. 10.11.

[12] cap. 10.15, 28, 43. I Cor. 1.2. I Ped. 1.22.

[13] Mat. 23.4. Gal. 5.1.

[14] Rom. 3.24. Eph. 2.8. Tito 2.11 e 3.4, 5.

[15] cap. 21.19.

[16] cap. 14.27.

[17] cap. 12.17.

[18] ver. 7.

[19] Amós 9.11, 12.

[20] ver. 28.

[21] I The. 1.9.

[22] Gen. 35.2. Exo. 20.3, 23.

[23] I Cor. 6.9, 18. Gal. 5.19. Eph. 5.3. Col. 3.5. I Ped. 4.3.

[24] Gen. 9.4. Lev. 3.17.

[25] cap. 13.15, 27.

[26] cap. 1.23.

[27] ver. 1. Gal. 2.4 e 5.12. Tito 1.10, 11.

[28] cap. 13.50 e 14.19. I Cor. 15.30. II Cor. 11.23, 26.

[29] ver. 20. cap. 21.25. Apo. 2.14, 20.

[30] Lev. 17.14.

[31] cap. 14.22 e 18.23.

[32] I Cor. 16.11. Heb. 11.31.

[33] cap. 13.1.

[34] cap. 13.4, 13, 14, 51 e 14.1, 6, 24, 25.

[35] cap. 12.12, 25 e 13.5. Col. 4.10. II Tim. 4.11. Phi. 24.

[36] cap. 13.13.

[37] cap. 14.26.

[38] cap. 16.5.

16 E chegou a [1] Derbe e Lystra. E eis que estava ali um certo discipulo por nome [2] Timotheo, [3] filho de uma mulher judia fiel, mas de pae grego:

Anno Domini 53

2 Do qual [4] davam bom testemunho os irmãos que estavam em Lystra e em Iconio.

3 Paulo quiz que este fosse com elle: e [5] tomando-o, o circumcidou, por causa dos judeos que estavam n’aquelles logares; porque todos sabiam que seu pae era grego.

4 E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos [6] que haviam sido estabelecidos pelos apostolos e anciãos em Jerusalem.

5 De sorte [7] que as egrejas eram confirmadas na fé, e cada dia se augmentavam em numero.

6 E, passando pela Phrygia e pela provincia da Galacia, foram impedidos pelo Espirito Sancto de annunciar a palavra na Asia.

7 E, quando chegaram a Mysia, intentavam ir para Bithynia, porém o Espirito não lh’o permittiu.

8 E, passando por Mysia, [8] desceram a Troas.

A visão em Troas. Paulo passa á Macedonia e préga em Philippos. Lydia, a pythonissa. O carcereiro de Philippos.

9 E Paulo viu de noite uma visão, em que se apresentou [9] um varão da Macedonia, e lhe rogou, dizendo: Passa á Macedonia, e ajuda-nos.

10 E, logo que viu a visão, procurámos partir [10] para a Macedonia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes annunciarmos o evangelho.

11 E, navegando de Troas, fomos correndo caminho direito para Samothracia, e no dia seguinte para Napoles;

12 E d’ali para [11] Philippos, que é a primeira cidade d’esta parte da Macedonia, e é uma colonia; e estivemos alguns dias n’aquella cidade.

13 E no dia de sabbado saimos fóra da cidade para o rio, onde se costumava fazer oração; e, assentando-nos, fallámos ás mulheres que ali se ajuntaram.

14 E uma certa mulher, chamada Lydia, vendedora de purpura, da cidade de Thyatira, e que servia a Deus, nos ouvia, [12] e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse attenta ao que Paulo dizia.

15 E, depois que foi baptizada, ella e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrae em minha casa, e ficae [13] ali. E nos constrangeu a isso.

16 E aconteceu que, indo nós á oração, nos saiu ao encontro uma moça [14] que tinha espirito de adivinhação, [15] a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.

17 Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos annunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altissimo.

18 E ella fazia isto por muitos dias. Porém, [16] descontentando isto a Paulo, voltou-se, e disse ao espirito: Em nome de Jesus Christo, te mando que saias d’ella. [17] E na mesma hora saiu.

19 E, [18] vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, pegaram [19] de Paulo e Silas, e os levaram á praça, á presença dos magistrados.

20 E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, [20] sendo judeos, perturbaram a nossa cidade,

21 E prégam ritos que nos não é licito receber nem praticar, visto que somos romanos.

22 E a multidão se levantou juntamente contra elles, [21] e os magistrados,[985] rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoital-os com varas,

23 E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.

24 O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no carcere mais interior, e lhes segurou os pés no tronco.

25 E, perto da meia noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hymnos a Deus, e os outros presos os escutavam.

26 E [22] de repente sobreveiu um tão grande terremoto, que os alicerces do carcere se moveram, e logo [23] se abriram todas as portas e se soltaram as prisões de todos.

27 E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirando da espada, quiz matar-se, cuidando que os presos tinham fugido.

28 Porém Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos.

29 E, pedindo luz, saltou dentro, e, todo tremendo, se prostrou aos pés de Paulo e Silas.

30 E, tirando-os para fóra, disse: Senhores, [24] que me é necessario fazer para me salvar?

31 E elles disseram: [25] Crê no Senhor Jesus Christo, e serás salvo, tu e a tua casa.

32 E lhe fallavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa.

33 E, tomando-os elle comsigo n’aquella mesma hora da noite, lavou-lhes os açoites; e logo foi baptizado, elle e todos os seus.

34 E, levando-os a sua casa, [26] lhes poz a mesa; e, crendo em Deus, alegrou-se com toda a sua casa.

35 E, sendo já dia, os magistrados mandaram quadrilheiros, dizendo: Soltae aquelles homens.

36 E o carcereiro annunciou a Paulo estas palavras, dizendo: Os magistrados mandaram que vos soltasse; agora pois sahi, e ide em paz.

37 Porém Paulo disse-lhes: Açoitaram-nos publicamente e, sem ser sentenciados, [27] sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fóra? Não será assim; mas venham elles mesmos e tirem-nos para fóra.

38 E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras; e elles temeram, ouvindo que eram romanos.

39 E, vindo, [28] lhes rogaram; e, tirando-os para fóra, lhes pediram que saissem da cidade.

40 E, saindo da prisão, [29] entraram em casa de Lydia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e depois partiram.

[1] cap. 14.6.

[2] cap. 19.22. Rom. 16.21. I Cor. 4.17. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim. 1.2. II Tim. 1.2.

[3] II Tim. 1.5.

[4] cap. 6.3.

[5] I Cor. 9.20. Gal. 2.3 e 5.2.

[6] cap. 15.28, 29.

[7] cap. 15.41.

[8] II Cor. 2.12. II Tim. 4.13.

[9] cap. 10.30.

[10] II Cor. 2.13.

[11] Phi. 1.1.

[12] Luc. 24.45.

[13] Gen. 19.3 e 33.11. Jui. 19.21. Luc. 24.29. Heb. 13.2.

[14] I Sam. 28.7.

[15] cap. 19.24.

[16] Mar. 1.25, 34.

[17] Mar. 16.17.

[18] cap. 19.25, 26.

[19] II Cor. 6.5. Mat. 10.18.

[20] I Reis 18.17. cap. 17.6.

[21] II Cor. 6.5 e 11.23, 25. I The. 2.2.

[22] cap. 4.31.

[23] cap. 5.19 e 12.7, 10.

[24] Luc. 3.10. cap. 2.37 e 9.6.

[25] João 3.16, 36 e 6.47. I João 5.10.

[26] Luc. 5.29 e 19.6.

[27] cap. 22.25.

[28] Mat. 8.34.

[29] ver. 14.

Paulo em Thessalonica e em Berea.

Anno Domini 54

17 E, passando por Amphipolis e Apollonia, chegaram a Thessalonica, onde havia uma synagoga de judeos.

2 E Paulo, [1] como tinha por costume, foi ter com elles; e por tres sabbados disputou com elles sobre as Escripturas,

3 Declarando-as, [2] e demonstrando que convinha que o Christo padecesse e resuscitasse dos mortos. E este Jesus, que vos annuncio, dizia elle, é o Christo.

4 E [3] alguns d’elles crêram, e ajuntaram-se com Paulo e [4] Silas uma grande multidão de gregos religiosos, e não poucas mulheres principaes.

5 Porém os judeos desobedientes, movidos d’inveja, tomaram comsigo alguns homens malignos, d’entre os vadios, e, ajuntando o povo, alvoroçaram a cidade, e, accommettendo a casa de Jason, [5] procuravam tiral-os para junto do povo.

6 E, não os achando, trouxeram com violencia a Jason, e alguns irmãos, aos magistrados da cidade, [6] clamando: Estes que teem alvoroçado o mundo, chegaram tambem aqui;

7 Os quaes Jason tem recolhido; e todos estes obram contra os mandados de Cesar, [7] dizendo que ha outro rei, a saber, Jesus.

8 E alvoroçaram a multidão e os principaes da cidade, que ouviram estas coisas.

9 Tendo, porém, recebido satisfação de Jason, e dos demais, os soltaram.

10 E logo [8] os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Berea: os quaes, chegando , foram á synagoga dos judeos.

11 E estes foram mais nobres do que os que estavam em Thessalonica, porque de bom grado receberam a palavra, [9] examinando cada dia nas Escripturas se estas coisas eram assim.

12 De sorte que crêram muitos d’elles, e mulheres gregas honestas, e não poucos varões.

13 Mas, logo que os judeos de Thessalonica souberam que a palavra de Deus tambem era annunciada por Paulo em[986] Berea, foram tambem lá, e commoveram as multidões.

14 Porém [10] no mesmo instante os irmãos mandaram a Paulo que fosse como para o mar, mas Silas e Timotheo ficaram ali.

Paulo em Athenas; o seu discurso no Areopago.

15 E os que acompanhavam Paulo o levaram até Athenas, [11] e, recebendo ordem para que Silas e Timotheo fossem ter com elle o mais depressa possivel, partiram.

16 E, emquanto Paulo os esperava em Athenas, [12] o seu espirito se commovia em si mesmo, vendo a cidade tão dada á idolatria.

17 De sorte que disputava na synagoga com os judeos e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam.

18 E alguns dos philosophos epicureos e estoicos contendiam com elle; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é prégador de deuses estranhos. Porque lhes annunciava a Jesus e a resurreição.

19 E, tomando-o, o levaram ao Areopago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que fallas?

20 Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos: queremos pois saber o que vem a ser isto.

21 (Pois todos os athenienses e hospedes estrangeiros de nenhuma outra coisa se occupavam, senão de dizer e ouvir alguma coisa nova).

22 E, estando Paulo no meio do Areopago, disse: Varões athenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos:

23 Porque, passando eu e vendo os vossos sanctuarios, achei tambem um altar em que estava escripto: AO DEUS DESCONHECIDO. Aquelle pois que vós honraes, não o conhecendo, vos annuncio.

24 O Deus [13] que fez o mundo e todas as coisas que n’elle ha: este, sendo Senhor [14] do céu e da terra, [15] não habita em templos feitos por mãos de homens;

25 Nem tão pouco é servido por mãos de homens, [16] como que necessitando de alguma coisa; pois é [17] elle só quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;

26 E de um sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos [18] d’antes ordenados, e os limites da sua habitação;

27 Para [19] que buscassem ao Senhor, se porventura o podessem apalpar e achar; ainda [20] que não está longe de cada um de nós;

28 Porque [21] n’elle vivemos, e nos movemos, e existimos; [22] como tambem alguns dos vossos poetas disseram: Porque somos tambem sua geração.

29 Sendo pois geração de Deus, [23] não havemos de cuidar que a divindade seja similhante ao oiro, ou á prata, ou á pedra esculpida por artificio e imaginação dos homens.

30 De sorte que Deus, [24] [AIE] dissimulando os tempos da ignorancia, [25] annuncia agora a todos os homens, e em todo o logar, que se arrependam;

31 Porquanto tem determinado um dia [26] em que com justiça ha-de julgar o mundo com justiça por aquelle varão que destinou; dando certeza a todos, [27] resuscitando-o dos mortos.

32 E, como ouviram da resurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Ácerca d’isso te ouviremos outra vez.

33 E assim Paulo saiu do meio d’elles.

34 Porém, chegando alguns varões a elle, creram: entre os quaes foram Dionysio, areopagita, e uma mulher por nome Damaris, e com elles outros.

[1] Luc. 4.16. cap. 9.20 e 13.5, 14 e 14.1 e 16.13 e 19.8.

[2] Luc. 24.26, 46. cap. 18.28. Gal. 3.1.

[3] cap. 28.24.

[4] cap. 15.22, 27, 32, 40.

[5] Rom. 16.21.

[6] cap. 16.20.

[7] Luc. 23.2. João 19.12. I Ped. 2.13.

[8] cap. 9.25. ver. 14.

[9] Isa. 34.16. Luc. 16.29. João 5.39.

[10] Mat. 10.26.

[11] cap. 18.5.

[12] I Ped. 2.8.

[13] cap. 14.15.

[14] Mat. 11.25.

[15] cap. 7.48.

[16] Psa. 50.8.

[17] Gen. 2.7. Num. 16.22. Job 12.10 e 27.3 e 33.4. Isa. 42.5 e 57.16. Zac. 12.1.

[18] Deu. 32.8.

[19] Rom. 1.20.

[20] cap. 14.17.

[21] Col. 1.17. Heb. 1.3.

[22] Tito 1.12.

[23] Isa. 40.18.

[24] cap. 14.16. Rom. 3.25.

[25] Luc. 24.47. Tito 2.11, 12. I Ped. 1.14 e 4.3.

[26] cap. 10.42. Rom. 2.16 e 14.10.

[27] cap. 2.24.

Paulo em Corintho; em Epheso; volta para Jerusalem.

Anno Domini 55

18 E depois d’isto partiu Paulo de Athenas, e chegou a Corintho.

2 E, achando um certo judeo por nome [1] Aquila, natural do Ponto, que havia pouco que tinha vindo da Italia, e Priscilla, sua mulher (porquanto Claudio tinha mandado que todos os judeos saissem de Roma), se ajuntou com elles,

3 E, porque era do mesmo officio, ficou com elles, [2] e trabalhava; pois tinham por officio fazer tendas.

4 E cada sabbado [3] disputava na synagoga, e persuadia a judeos e gregos.

5 E, [4] quando Silas e Timotheo desceram da Macedonia, foi [5] Paulo constrangido pelo Espirito, testificando aos judeos que Jesus era o Christo.

6 Porém, [6] resistindo e [7] blasphemando[987] elles, sacudiu os vestidos, e disse-lhes: O [8] vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; [9] eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios.

7 E, partindo d’ali, entrou em casa de um, por nome Justo, que servia a Deus, cuja casa estava junto da synagoga.

8 E [10] Crispo, principal da synagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos corinthios, ouvindo-o, crêram e foram baptizados.

9 E disse [11] o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas falla, e não te cales;

10 Porque [12] eu estou comtigo, e ninguem lançará mão de ti para te fazer mal, porque tenho muito povo n’esta cidade.

11 E ficou ali um anno e seis mezes, ensinando entre elles a palavra de Deus.

12 Porém, sendo Gallio proconsul da Achaia, levantaram-se os judeos concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal,

13 Dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei.

14 E, querendo Paulo abrir a bocca, disse Gallio aos judeos: [13] Se houvesse, ó judeos, algum aggravo ou crime enorme, com razão vos soffreria,

15 Mas, se a questão é de palavras, e de nomes, e da lei que entre vós ha, vêde-o vós mesmos: porque eu não quero ser juiz d’essas coisas.

16 E lançou-os do tribunal.

17 Porém, tomando todos os gregos a [14] Sosthenes, principal da synagoga, o feriram diante do tribunal; e a Gallio nada d’estas coisas se lhe davam.

18 E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos e d’ali navegou para a Syria, e com elle Priscilla e Aquila, tendo [15] tosquiado a cabeça em Cenchrea, [16] porque tinha voto.

19 E chegou a Epheso, e deixou-os ali; porém elle, entrando na synagoga, disputava com os judeos.

20 E, rogando-lhe elles que ficasse com elles por mais algum tempo, não conveiu n’isso.

21 Antes se despediu d’elles, dizendo: É-me necessario em todo o caso guardar em Jerusalem a festa que se approxima; [17] mas, querendo Deus, outra vez voltarei para vós. E partiu de Epheso.

22 E, chegando a Cesarea, subiu a Jerusalem, e, saudando a egreja, desceu a Antiochia.

23 E, estando ali algum tempo, partiu, passando successivamente pela provincia da [18] Galacia e Phrygia, confirmando [19] a todos os discipulos.

Apollo em Epheso e em Corintho.

24 E chegou [20] a Epheso um certo judeo chamado Apollo, natural d’Alexandria, varão eloquente e poderoso nas Escripturas.

25 Este era instruido no caminho do Senhor, [21] e, fervoroso de espirito, fallava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, [22] conhecendo sómente o baptismo de João.

26 E este começou a fallar ousadamente na synagoga; e, ouvindo-o Priscilla e Aquila, o levaram comsigo, e lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus.

27 E, querendo elle passar á Achaia, exhortando-o os irmãos, escreveram aos discipulos que o recebessem; o qual, tendo chegado, [23] aproveitou muito aos que pela graça criam.

28 Porque com grande vehemencia convencia publicamente os judeos, mostrando pelas Escripturas [24] que Jesus era o Christo.

[1] Rom. 16.3. I Cor. 16.19. II Tim. 4.19.

[2] cap. 20.34. I Cor. 4.12. I The. 2.9. II The. 3.8.

[3] cap. 17.2.

[4] cap. 17.14, 15.

[5] Job 32.18. cap. 17.3. ver. 28.

[6] cap. 13.45. I Ped. 4.4.

[7] Neh. 5.13. Mat. 10.14. cap. 13.51.

[8] Lev. 20.9, 11, 12. II Sam. 1.16. Eze. 18.13 e 33.4.

[9] Eze. 3.18, 19 e 33.9. cap. 20.26 e 13.46 e 28.28.

[10] I Cor. 1.14.

[11] cap. 23.11.

[12] Jer. 1.18, 19. Mat. 28.20.

[13] cap. 23.29 e 25.11, 19.

[14] I Cor. 1.1.

[15] Num. 6.18. cap. 21.24.

[16] Rom. 16.1.

[17] I Cor. 4.19. Heb. 6.3. Thi. 4.15.

[18] Gal. 1.2 e 4.14.

[19] cap. 14.22 e 15.32, 41.

[20] I Cor. 1.12 e 3.5, 6 e 4.6. Tito 3.13.

[21] Rom. 12.11.

[22] cap. 19.3.

[23] I Cor. 3.6.

[24] cap. 9.22 e 17.3. ver. 5.

Terceira viagem missionaria de Paulo. Prega o evangelho em Epheso. Tumulto excitado por Demetrio.

Anno Domini 56

19 E succedeu que, emquanto Apollo estava [1] em Corintho, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Epheso; e, achando ali alguns discipulos,

2 Disse-lhes: Recebestes vós o Espirito Sancto quando crêstes? E elles disseram-lhe: [2] Antes nem ainda ouvimos que haja Espirito Sancto.

3 Disse-lhes então: Em que sois baptizados então? E elles disseram: [3] No baptismo de João.

4 Porém Paulo disse: [4] Certamente João baptizou com o baptismo do arrependimento, dizendo ao povo que crêsse no que após elle havia de vir, isto é, em Jesus Christo.

5 E os que ouviram foram baptizados [5] em nome do Senhor Jesus.

6 E, impondo-lhes Paulo [6] as mãos, veiu sobre elles o Espirito Sancto; [7] e[988] fallavam diversas linguas, e prophetizavam.

7 E estes eram, ao todo, quasi doze varões.

8 E, [8] entrando na synagoga, fallou ousadamente por espaço de tres mezes, disputando e persuadindo [9] ácerca do reino de Deus.

9 Mas, endurecendo-se [10] alguns, e não obedecendo, [11] e fallando mal do caminho do Senhor perante a multidão, retirou-se d’elles, e separou os discipulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tyranno.

10 E durou [12] isto por espaço de dois annos; de tal maneira que todos os que habitavam na Asia, ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeos como gregos.

11 E Deus [13] pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinarias.

12 De tal [14] maneira que até os lenços e aventaes do seu corpo se levavam aos enfermos, e as enfermidades fugiam d’elles, e os espiritos malignos sahiam.

13 E [15] alguns dos exorcistas [16] judeos vagabundos tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espiritos malignos, dizendo: Esconjuramos-vos por Jesus a quem Paulo préga.

14 E os que faziam isto eram sete filhos de Sceva, judeo, principal dos sacerdotes.

15 Respondendo, porém, o espirito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; porém vós quem sois?

16 E, saltando n’elles o homem em que estava o espirito maligno, e assenhoreando-se d’elles, poude mais do que elles; de tal maneira que, nús e feridos, fugiram d’aquella casa.

17 E foi isto notorio a todos os que habitavam em Epheso, [17] tanto judeos como gregos; e caiu temor sobre todos elles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.

18 E muitos dos que criam vinham, confessando [18] e publicando os seus feitos.

19 Tambem muitos dos que seguiam artes curiosas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos, e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cincoenta mil peças de prata.

Anno Domini 59

20 Assim [19] a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.

21 E, [20] cumpridas estas coisas, Paulo [21] propoz-se, em espirito, ir a Jerusalem, passando pela Macedonia e pela Achaia, dizendo: Depois que houver estado ali, [22] importa-me vêr tambem Roma.

22 E, enviando á Macedonia dois d’aquelles que o [23] serviam, Timotheo [24] e Erasto, ficou elle por algum tempo na Asia.

23 Porém, [25] n’aquelle mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço ácerca do caminho do Senhor.

24 Porque um certo ourives da prata, por nome Demetrio, que fazia de prata nichos de Diana, [26] dava não pouco lucro aos artifices,

25 Aos quaes, havendo-os ajuntado com os officiaes de obras similhantes, disse: Varões, vós bem sabeis que d’este officio temos a nossa prosperidade:

26 E bem vêdes e ouvis que não só em Epheso, mas até quasi em toda a Asia, este Paulo tem persuadido e afastado uma grande multidão, [27] dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos.

27 E não sómente ha o perigo de que isto venha a servir-nos de desprezo, mas tambem de que o proprio templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, e de que a sua magestade, a qual toda a Asia e o mundo inteiro veneram, venha a ser destruida.

28 E, ouvindo-o, encheram-se de ira, e clamaram, dizendo: Grande é a Diana dos ephesios.

29 E encheu-se de confusão toda a cidade; e unanimes arremetteram ao theatro, arrebatando comsigo [28] a Gaio e [29] a Aristarcho, macedonios, companheiros de Paulo na viagem.

30 E, querendo Paulo apresentar-se ao povo, não lh’o permittiram os discipulos.

31 E tambem alguns dos principaes da Asia, que eram seus amigos, lhe enviaram, rogando que não se apresentasse no theatro.

32 Uns pois clamavam de uma maneira, outros d’outra, porque o ajuntamento era confuso; e os mais d’elles não sabiam por que causa se tinham ajuntado.

[989]

Anno Domini 60

33 Então tiraram Alexandre d’entre a multidão, impellindo-o os judeos para diante; e Alexandre, [30] acenando com a mão, queria dar razão d’isto ao povo.

34 Porém, conhecendo que era judeo, todos unanimemente levantaram a voz, clamando por espaço de quasi duas horas: Grande é a Diana dos ephesios.

35 Então o escrivão da cidade, tendo apaziguado a multidão, disse: Varões ephesios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos ephesios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que desceu de Jupiter?

36 De sorte que, não podendo isto ser contradito, convém que vos applaqueis, e nada façaes temerariamente;

37 Porque estes homens que aqui trouxestes nem são sacrilegos nem blasphemam da vossa deusa:

38 Porém, se Demetrio e os artifices que estão com elle teem alguma coisa contra alguem, dão-se audiencias e ha proconsules: que se accusem uns aos outros;

39 E, se alguma outra coisa demandaes, averiguar-se-ha em legitimo ajuntamento.

40 Porque corremos perigo de que, por hoje, sejamos accusados de sedição, não havendo causa alguma com que possamos justificar este concurso.

41 E, tendo dito isto, despediu o ajuntamento.

[1] I Cor. 1.12 e 3.5, 6.

[2] cap. 8.16. I Sam. 3.7.

[3] cap. 18.25.

[4] Mat. 3.11. João 1.15, 27, 30. cap. 1.5 e 11.16 e 13.24, 25.

[5] cap. 8.16.

[6] cap. 6.6 e 8.17.

[7] cap. 2.4 e 10.46.

[8] cap. 17.2 e 18.4.

[9] cap. 1.3 e 28.23.

[10] II Tim. 1.15. II Ped. 2.2. Jud. 10.

[11] cap. 9.2 e 22.4 e 24.14. ver. 23.

[12] cap. 20.31.

[13] Mar. 16.20. cap. 14.3.

[14] cap. 5.15. II Reis 4.29.

[15] Mat. 12.27.

[16] Mar. 9.38. Luc. 9.49.

[17] Luc. 1.65 e 7.16. cap. 2.43 e 5.5, 11.

[18] Mat. 3.6.

[19] cap. 6.7 e 12.24.

[20] Rom. 15.25. Gal. 2.1.

[21] cap. 20.22.

[22] cap. 18.21 e 23.11. Rom. 15.24, 28.

[23] cap. 13.5.

[24] Rom. 16.23. II Tim. 4.20.

[25] II Cor. 1.8. cap. 9.2.

[26] cap. 16.16, 19.

[27] Psa. 115.4. Isa. 44.10-20. Jer. 10.3.

[28] Rom. 16.23. I Cor. 1.14.

[29] cap. 20.4 e 27.2. Col. 4.10. Phi. 24.

[30] I Tim. 1.20. II Tim. 4.14. cap. 12.17.

Paulo visita outra vez a Macedonia e a Grecia, e depois volta para a Asia.

20 E, depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou para si os discipulos, e, abraçando-os, [1] saiu para a Macedonia.

2 E, havendo andado por aquellas partes, e exhortando-os com muitas palavras, veiu á Grecia.

3 E, passando ali tres mezes, e sendo-lhe pelos judeos postas ciladas, havendo [2] de navegar para a Syria, determinou voltar pela Macedonia.

4 E acompanhou-o, até á Asia, Sopater, de Berea, e, dos de Thessalonica, Aristarcho, [3] e Segundo, e Gaio de Derbe, e Timotheo, e, dos da Asia, Tychico e Trophimo.

5 Estes, indo adiante, nos esperaram em Troas.

6 E, depois dos dias dos pães [4] asmos, navegámos de Philippos, e em cinco dias fomos ter com elles a Troas, onde estivemos sete dias.

7 E no primeiro dia [5] da semana, ajuntando-se os discipulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, discursava com elles; e alargou a pratica até á meia noite.

8 E havia muitas luzes no [6] cenaculo onde estavam juntos.

9 E, estando um certo mancebo, por nome Eutycho, assentado n’uma janella, caiu, tomado de um somno profundo que lhe sobreveiu durante o extenso discurso de Paulo, desde o terceiro andar; e foi levantado morto.

10 Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre elle, [7] e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, que a sua alma n’elle está.

11 E subindo, e partindo o pão, e comendo, e fallando-lhes largamente até á alvorada, assim partiu.

12 E levaram vivo o mancebo, e ficaram não pouco consolados.

13 Nós, porém, subindo ao navio, navegámos até Asson, onde deviamos receber a Paulo, porque assim o ordenara, indo elle por terra.

14 E, logo que se ajuntou comnosco em Asson, tomámol-o, e fomos a Mitylene:

15 E, navegando d’ali, chegámos no dia seguinte defronte de Chio, e no outro aportámos a Samos, e, ficando em Trogyllio, chegámos no dia seguinte a Mileto.

16 Porque Paulo tinha determinado passar adiante de Epheso, para não gastar tempo na Asia. [8] Apressava-se pois para, se lhe fosse possivel, estar em Jerusalem no dia de pentecostes.

Discurso de Paulo aos anciãos da egreja de Epheso.

17 E de Mileto mandou a Epheso, a chamar os anciãos da egreja.

18 E, logo que chegaram junto d’elle, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Asia, [9] o modo como em todo esse tempo me portei no meio de vós,

19 Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lagrimas e tentações, [10] que pelas ciladas dos judeos me teem sobrevindo.

20 Como nada, [11] que util vos fosse, deixei de vos annunciar, e ensinar publicamente e pelas casas:

[990]

21 Testificando, [12] tanto aos judeos como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Christo.

22 E agora, eis que, ligado eu pelo espirito, [13] vou para Jerusalem, não sabendo o que lá me ha de acontecer.

23 Senão que o Espirito Sancto de cidade em cidade [14] me testifica, dizendo que me esperam prisões e tribulações.

24 Mas de nenhuma coisa faço caso, e [15] nem a minha vida tenho por preciosa, comtanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministerio que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.

25 E agora, eis-que [16] bem sei que todos vós, por quem passei prégando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto.

26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo [17] do sangue de todos.

27 Porque [18] nunca deixei de annunciar-vos todo o conselho de Deus.

28 Olhae pois por vós, [19] e por todo o rebanho sobre que o Espirito Sancto vos constituiu bispos, para apascentardes a egreja de Deus, a qual alcançou com seu proprio sangue.

29 Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão entre vós lobos [20] crueis, que não perdoarão ao rebanho.

30 E que d’entre vós mesmos se levantarão homens [21] que fallarão coisas perversas, para attrahirem os discipulos após si.

31 Portanto, vigiae, lembrando-vos de [22] que, durante tres annos, não cessei, de noite e de dia, de admoestar com lagrimas a cada um de vós.

32 Agora pois, irmãos, encommendo-vos a Deus [23] e á palavra da sua graça; o qual é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os sanctificados.

33 De ninguem cubicei [24] a prata, nem o oiro, nem o vestido.

34 Vós mesmos sabeis que para o que me era necessario a mim, e aos que estão comigo, [25] estas mãos me serviram.

35 Tenho-vos mostrado em [26] tudo que, trabalhando assim, é necessario supportar os enfermos, e lembrar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bemaventurada coisa é dar do que receber.

36 E, havendo dito isto, pondo-se de joelhos, [27] orou com todos elles.

37 E levantou-se um grande pranto entre todos, [28] e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam,

38 Entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. [29] E acompanharam-n’o até ao navio.

[1] I Cor. 16.5. I Tim. 1.3.

[2] cap. 9.23 e 23.12 e 25.3. II Cor. 11.26.

[3] cap. 19.29 e 27.2 e 16.1 e 21.29. Col. 4.10. Eph. 6.21. Col. 4.7. II Tim. 4.12, 20. Tito 3.12.

[4] Exo. 12.14, 15. II Cor. 2.12. II Tim. 4.13.

[5] I Cor. 16.2 e 10.16 e 11.20, etc. Apo. 1.10. cap. 2.42, 46.

[6] cap. 1.13.

[7] I Reis 17.21. II Reis 4.34. Mat. 9.24.

[8] cap. 18.21 e 19.21 e 21.4, 12 e 24.17 e 2.1. I Cor. 16.8.

[9] cap. 18.19 e 19.1, 10.

[10] ver. 3.

[11] ver. 27.

[12] cap. 18.5 e 2.38. Mar. 1.15. Luc. 24.47.

[13] cap. 19.21.

[14] cap. 21.4, 11. I The. 3.3.

[15] cap. 21.13. Rom. 8.35. II Cor. 4.16. II Tim. 4.7. Gal. 1.1. Tito 1.3.

[16] ver. 38. Rom. 15.23. I Sam. 12.3.

[17] cap. 18.6. II Cor. 7.2.

[18] ver. 20. Luc. 7.30. João 15.15.

[19] I Tim. 4.16. I Ped. 5.2 e 1.19. I Cor. 12.28. Eph. 1.7, 14. Heb. 9.12. Apo. 5.9.

[20] Mat. 7.15. II Ped. 2.1.

[21] I Tim. 1.20. I João 2.19.

[22] cap. 19.10. Heb. 13.9.

[23] Eph. 1.18. Col. 1.12. Heb. 9.15. I Ped. 1.4.

[24] I Sam. 12.3. I Cor. 9.12. II Cor. 7.2.

[25] cap. 18.3. I Cor. 4.12. I The. 2.9.

[26] Rom. 15.1. I Cor. 9.12. II Cor. 11.9, 12. I The. 4.9, 11, 12. I The. 4.11. II The. 3.8.

[27] cap. 7.59 e 21.5.

[28] Gen. 45.14 e 46.29.

[29] ver. 25.

Paulo chega a Jerusalem, e é preso no templo.

21 E aconteceu que, separando-nos d’elles, navegámos e fomos correndo caminho direito, e chegámos a Coos, e no dia seguinte a Rhodes, de onde passámos a Patara.

2 E, achando um navio, que passava á Phenicia, embarcámos n’elle, e partimos.

3 E, indo á vista de Chypre, deixando-a á esquerda, navegámos para a Syria, e chegámos a Tyro; porque o navio havia de ser descarregado ali.

4 E, achando discipulos, ficámos nós ali sete dias: os quaes pelo Espirito diziam a [1] Paulo que não subisse a Jerusalem.

5 E, havendo passado ali aquelles dias, saimos, e seguimos nosso caminho, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos, até fóra da cidade; e, postos de joelhos [2] na praia, orámos.

6 E, saudando-nos uns aos outros, subimos ao navio; [3] e elles voltaram para suas casas.

7 E nós, concluida a navegação de Tyro, viemos a Ptolemaida; e, havendo saudado os irmãos, ficámos com elles um dia.

8 E no dia seguinte, partindo d’ali Paulo, e nós que com elle estavamos, chegámos a Cesarea: e, entrando em casa de Philippe, [4] o evangelista, que era um dos sete, ficámos com elle.

9 E tinha este quatro filhas donzellas, [5] que prophetizavam.

10 E, demorando-nos ali por muitos[991] dias, desceu da Judea um propheta, por nome [6] Agabo;

11 E, vindo elle a nós, e tomando a cinta de Paulo, e ligando-se os pés e mãos, disse: Isto diz o Espirito Sancto: Assim ligarão os [7] judeos em Jerusalem o varão cuja é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.

12 E, ouvindo nós isto, rogámos-lhe, tanto nós como os que eram d’aquelle logar, que não subisse a Jerusalem.

13 Porém Paulo respondeu: [8] Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? porque eu estou prompto, não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalem pelo nome do Senhor Jesus.

14 E, como não podiamos persuadil-o, nos aquietámos, dizendo: [9] Faça-se a vontade do Senhor.

15 E depois d’aquelles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalem.

16 E foram tambem comnosco alguns discipulos de Cesarea, levando comsigo um certo Mnason, chyprio, discipulo antigo, com o qual haviamos de pousar.

17 E, logo que chegámos [10] a Jerusalem, os irmãos nos receberam de muito boa vontade.

18 E no dia seguinte, Paulo entrou comnosco em casa de Thiago, [11] e todos os anciãos vieram ali.

19 E, havendo-os saudado, [12] contou-lhes por miudo o que por seu ministerio Deus fizera entre os gentios.

20 E, ouvindo-o elles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeos ha que crêem, [13] e todos são zeladores da lei.

21 E ácerca de ti foram informados que ensinas todos os judeos que estão entre os gentios a apartarem-se de Moysés, dizendo que não devem circumcidar a seus filhos, nem andar segundo o costume da lei.

22 Que faremos pois? em todo o caso é necessario que a multidão se ajunte; porque ouvirão que és vindo.

23 Faze pois isto que te dizemos: Temos quatro varões que fizeram voto.

24 Toma comtigo a estes, e sanctifica-te com elles, e faze por elles os gastos para que rapem a cabeça, [14] e todos saibam que nada ha d’aquillo de que foram informados ácerca de ti, mas que tambem tu mesmo andas guardando a lei.

25 Porém, quanto aos que crêem dos gentios, nós havemos [15] escripto, e achado por bem, que nada d’isto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos idolos, e do sangue, e do suffocado e da fornicação.

26 Então Paulo, tomando comsigo aquelles varões, sanctificado com elles, entrou no dia seguinte [16] no templo, annunciando serem cumpridos os dias da sanctificação, ficando ali até se offerecer por cada um d’elles a offerta.

27 E, indo-se acabando os sete dias, os judeos [17] da Asia, vendo-o no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão d’elle,

28 Clamando: Varões israelitas, acudi: este é o homem [18] que por todas as partes ensina a todos, contra o povo e contra a lei, e contra este logar; e, demais d’isto, introduziu tambem no templo os gregos, e profanou este sancto logar.

29 Porque d’antes tinham visto com elle na cidade a [19] Trophimo d’Epheso, ao qual pensavam que Paulo introduzira no templo.

30 E alvoroçou-se toda a cidade, [20] e fez-se um concurso de povo; e, pegando de Paulo, o arrastaram para fóra do templo, e logo as portas se fecharam.

31 E, procurando elles matal-o, chegou ao tribuno da cohorte a nova de que Jerusalem estava toda em confusão.

32 O qual, tomando logo comsigo soldados [21] e centuriões, correu para elles. E, vendo elles o tribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo.

33 Então, chegando o tribuno, o prendeu e o mandou atar com duas cadeias. [22] e lhe perguntou quem era e o que tinha feito.

34 E na multidão uns clamavam d’uma maneira outros d’outra; porém, como nada podia saber ao certo, por causa do alvoroço, mandou conduzil-o para a fortaleza.

35 E succedeu que, chegando ás escadas, os soldados tiveram de lhe pegar por causa da violencia da multidão.

36 Porque a multidão do povo o seguia, clamando: [23] Mata-o.

37 E, quando iam a introduzir Paulo na fortaleza, disse Paulo ao tribuno: É-me permittido dizer-te alguma coisa? E elle disse: Sabes o grego?

38 Não és tu porventura aquelle egypcio [24] que antes d’estes dias levantou[992] uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?

39 Porém Paulo lhe disse: Na verdade que sou um homem judeo, [25] cidadão de Tarso, cidade não pouco celebre na Cilicia: rogo-te, porém, que me permittas fallar ao povo.

40 E, havendo-lh’o permittido, Paulo, pondo-se em pé nas escadas, fez signal com a mão [26] ao povo; e, feito grande silencio, fallou-lhes em lingua hebraica, dizendo:

[1] ver. 12. cap. 20.23.

[2] cap. 20.36.

[3] João 1.11.

[4] Eph. 4.11. II Tim. 4.5. cap. 6.5 e 8.26, 40.

[5] Joel 2.28. cap. 2.17.

[6] cap. 11.28.

[7] ver. 33. cap. 20.23.

[8] cap. 20.24.

[9] Mat. 6.10 e 26.42. Luc. 11.2 e 22.42.

[10] cap. 15.4.

[11] cap. 15.13. Gal. 1.19 e 2.9.

[12] cap. 15.4, 12 e 1.17 e 20.24. Rom. 15.18, 19.

[13] cap. 22.3. Rom. 10.2. Gal. 1.14.

[14] Num. 6.2, 13, 18. cap. 18.18.

[15] cap. 15.20, 29.

[16] cap. 24.18. Num. 6.13.

[17] cap. 24.18 e 26.21.

[18] cap. 24.5, 6.

[19] cap. 20.4.

[20] cap. 26.21.

[21] cap. 23.27 e 24.7.

[22] ver. 11. cap. 20.23.

[23] Luc. 23.18. João 19.15. cap. 22.22.

[24] cap. 5.36.

[25] cap. 9.11 e 22.3.

[26] cap. 12.17.

Discurso de Paulo em sua defeza.

22 Varões irmãos e paes, [1] ouvi agora a minha defeza perante vós.

2 (E, quando ouviram fallar-lhes em lingua hebraica, maior silencio guardaram.) E disse:

3 Quanto a mim, sou varão [2] judeo, nascido em Tarso de Cilicia, e n’esta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruido conforme a verdade da lei de nossos paes, zelador de Deus, como todos vós hoje sois.

4 Que tenho perseguido este caminho até á morte, [3] prendendo, e mettendo em prisões, assim varões como mulheres.

5 Como tambem o summo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos [4] anciãos: dos quaes ainda, levando cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalem aquelles que ali estivessem, para que fossem castigados.

6 Porém aconteceu [5] que, indo eu de caminho, e chegando perto de Damasco, quasi ao meio dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu.

7 E cahi por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues?

8 E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus nazareno, a quem tu persegues.

9 E os que estavam [6] comigo viram em verdade a luz, e se atemorisaram muito; mas não ouviram a voz d’aquelle que fallava comigo.

10 Então disse eu: Senhor, que farei? E o Senhor disse-me: Levanta-te, e vae a Damasco, e ali se te dirá tudo o que te é ordenado fazer.

11 E, como eu não via, por causa do esplendor d’aquella luz, fui levado pela mão dos que estavam comigo, e cheguei a Damasco.

12 E um certo Ananias, [7] varão pio conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeos que ali moravam,

13 Vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E n’aquella mesma hora o vi.

14 E elle disse: [8] O Deus de nossos paes d’antemão te ordenou para que conheças a sua vontade, e vejas aquelle Justo, e ouças a voz da sua bocca.

15 Porque lhe has de ser [9] testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.

16 E agora [10] porque te detens? Levanta-te, e baptiza-te, e lava os teus peccados, invocando o nome do Senhor.

17 E aconteceu-me, [11] tornando eu para Jerusalem, que, orando eu no templo, fui arrebatado para fóra de mim.

18 E vi o que me dizia: [12] Dá-te pressa, e sae apressadamente de Jerusalem; porque não receberão o teu testemunho ácerca de mim.

19 E eu disse: [13] Senhor, elles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas synagogas os que criam em ti.

20 E quando [14] o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, tambem eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava os vestidos dos que o matavam.

21 E disse-me: [15] Vae, porque hei-de enviar-te aos gentios de longe.

22 E ouviram-n’o até esta palavra, e [16] levantaram a voz, dizendo: Tira da terra um tal homem, porque não convem que viva.

23 E, clamando elles, e lançando de si os vestidos, e deitando pó para o ar,

24 O tribuno mandou que o levassem para a fortaleza, dizendo que o examinassem com açoites, para saber por que causa assim clamavam contra elle.

25 E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: [17] É-vos licito açoitar um homem romano, sem ser condemnado?

26 E, ouvindo isto, o centurião foi, e annunciou ao tribuno, dizendo: Olha o que vaes fazer, porque este homem é romano.

[993]

27 E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E elle disse: Sim.

28 E respondeu o tribuno: Eu com grande somma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu sou-o de nascimento.

29 De sorte que logo d’elle se apartaram os que o haviam de examinar; e até o tribuno teve temor, quando soube que era romano, porque o tinha ligado.

Paulo perante o synhedrio.

30 E no dia seguinte, querendo saber ao certo a causa por que era accusado pelos judeos, soltou-o das prisões, e mandou vir os principaes dos sacerdotes, e todo o seu conselho; e, trazendo Paulo, o apresentou diante d’elles.

[1] cap. 7.2.

[2] cap. 21.39. Phi. 3.5. Deu. 33.3. II Reis 4.38. Gal. 1.14. Rom. 10.2.

[3] cap. 8.3 e 26.9, 10, 11. Phi. 3.6. I Tim. 1.13.

[4] Luc. 22.66. cap. 4.5 e 9.2.

[5] cap. 9.3 e 26.12, 13.

[6] Dan. 10.7. cap. 9.7.

[7] cap. 9.17 e 10.22. I Tim. 3.7.

[8] cap. 3.13 e 5.30 e 9.15 e 26.16 e 3.14 e 7.52. I Cor. 9.1 e 15.8 e 11.23. Gal. 1.12.

[9] cap. 23.11 e 4.20 e 26.16.

[10] cap. 2.38 e 9.14. Heb. 10.22. Rom. 10.13.

[11] cap. 9.26. II Cor. 12.2.

[12] ver. 14. Mat. 10.14.

[13] ver. 4. cap. 8.3. Mat. 10.17.

[14] cap. 7.58 e 8.1. Luc. 11.48. Rom. 1.32.

[15] cap. 9.15 e 13.2, 46, 47 e 18.6 e 26.17. Rom. 1.5 e 11.13 e 15.16. Gal. 1.15, 16 e 2.7, 8. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[16] cap. 21.36 e 25.24.

[17] cap. 16.37.

23 E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: [1] Varões irmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciencia.

2 Porém o summo sacerdote, Ananias, mandou então aos que estavam junto [2] d’elle que o ferissem na bocca.

3 Então Paulo lhe disse: [3] Deus te ferirá, parede branqueada: tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir?

4 E os que ali estavam disseram: Injurias o summo sacerdote de Deus?

5 E Paulo disse: [4] Não sabia, irmãos, que era o summo sacerdote; porque está escripto: Não dirás mal do principe do teu povo.

6 E Paulo, sabendo que uma parte era de sadduceos e outra de phariseos, clamou no conselho: [5] Varões irmãos, eu sou phariseo, filho de phariseo, no tocante á esperança e resurreição dos mortos sou julgado.

7 E, havendo dito isto, houve dissensão entre os phariseos e sadduceos; e a multidão se dividiu.

8 [6] Porque os sadduceos dizem que não ha resurreição, nem anjo, nem espirito; mas os phariseos confessam ambas as coisas.

9 E originou-se um grande clamor; e, levantando-se os escribas da parte dos phariseos, contendiam, [7] dizendo: Nenhum mal achamos n’este homem, e, se algum espirito ou [8] anjo lhe fallou, não resistamos a Deus.

10 E, havendo grande dissensão, o tribuno, temendo que Paulo fosse despedaçado por elles, mandou descer a soldadesca, e arrebatal-o do meio d’elles, e leval-o para a fortaleza.

11 E na noite [9] seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem animo: porque, como de mim testificaste em Jerusalem, assim te importa testificar tambem em Roma.

Conspiração dos judeos contra Paulo; este é mandado para Cesarea.

12 E, vindo o dia, [10] alguns dos judeos fizeram uma conspiração, e se conjuraram, dizendo que não comeriam nem beberiam, emquanto não matassem a Paulo.

13 E eram mais de quarenta os que fizeram esta conjuração.

14 Os quaes foram aos principaes dos sacerdotes e aos anciãos, e disseram: [AIF] Conjurámo-nos, sob pena de maldição, que nada provaremos, até que matemos a Paulo.

15 Agora, pois, vós, com o conselho, fazei saber ao tribuno que vol-o traga ámanhã, como que querendo saber mais alguma coisa de seus negocios, e, antes que chegue, estaremos promptos para o matar.

16 E o filho da irmã de Paulo, ouvindo estas ciladas, foi, e entrou na fortaleza, e o annunciou a Paulo.

17 E Paulo, chamando a si um dos centuriões, disse: Leva este mancebo ao tribuno, porque tem alguma coisa que lhe communicar.

18 Tomando-o elle, pois, o levou ao tribuno, e disse: O preso Paulo, chamando-me a si, me rogou que te trouxesse este mancebo, que tem alguma coisa que dizer-te.

19 E o tribuno, tomando-o pela mão, e pondo-se á parte perguntou-lhe em particular: Que tens que me denunciar?

20 E disse elle: [11] Os judeos se concertaram rogar-te que ámanhã leves Paulo ao conselho, como que tendo a inquirir d’elle mais alguma coisa ao certo:

21 Porém tu não os creias; porque mais de quarenta homens d’entre elles lhe andam armando ciladas: os quaes se obrigaram, sob pena de maldição, a não comerem nem beberem, até que o tenham morto: e já estão apercebidos, esperando a tua promessa.

22 Então o tribuno despediu o mancebo, mandando-lhe que a ninguem dissesse que lhe havia manifestado aquillo.

[994]

23 E, chamando a si dois centuriões, lhes disse: Apromptae para as tres horas da noite duzentos soldados, e setenta de cavallo, e duzentos archeiros para irem até Cesarea;

24 E apparelhae cavalgaduras, para que, pondo n’ellas a Paulo, o levem a salvo ao presidente Felix.

25 Escreveu uma carta, que continha isto:

26 Claudio Lysias, a Felix, potentissimo [AIG] presidente, saude.

27 Esse homem [12] foi preso pelos judeos; e, estando a ponto de ser morto por elles, sobrevim eu com a soldadesca, e lh’o tomei, informado de que era romano.

28 E, querendo saber [13] a causa por que o accusavam, o levei ao seu conselho.

29 E achei que o accusavam de algumas questões [14] da sua lei: mas que nenhum crime havia n’elle digno de morte ou de prisão.

30 E, sendo-me [15] notificado que os judeos haviam de armar ciladas a esse homem, logo t’o enviei, mandando tambem aos accusadores que perante ti digam o que tiverem contra elle. Passa bem.

31 Tomando pois os soldados a Paulo, como lhe fôra mandado, o trouxeram de noite a Antipatris.

32 E no dia seguinte, deixando aos de cavallo irem com elle, tornaram á fortaleza.

33 Os quaes, logo que chegaram a Cesarea, e entregaram a carta ao presidente, lhe apresentaram Paulo.

34 E o presidente, lida a carta, perguntou de que provincia era; e, entendendo [16] que da Cilicia,

35 Ouvir-te-hei, disse, [17] quando tambem aqui vierem os teus accusadores. E mandou que o guardassem [18] no pretorio de Herodes.

[1] cap. 24.16. I Cor. 4.4. II Cor. 1.12 e 4.2. II Tim. 1.3. Heb. 13.18.

[2] I Reis 22.24. Jer. 20.2. João 18.22.

[3] Lev. 19.35. Deu. 25.1, 2. João 7.51.

[4] cap. 24.17. Exo. 22.28. Ecc. 10.20. II Ped. 2.10. Jud. 8.

[5] cap. 26.5 e 24.15, 21 e 26.6 e 28.20. Phi. 3.5.

[6] Mat. 22.23. Mar. 12.18. Luc. 20.27.

[7] cap. 25.25 e 26.31 e 22.7, 17, 18.

[8] cap. 5.39.

[9] cap. 18.9 e 27.23, 24.

[10] ver. 21, 30. cap. 25.3.

[11] ver. 12.

[12] cap. 21.33 e 24.7.

[13] cap. 22.30.

[14] cap. 18.15 e 25.19 e 26.31.

[15] ver. 20. cap. 24.8 e 25.6.

[16] cap. 21.39.

[17] cap. 24.1, 10 e 25.16.

[18] Mat. 27.27.

Paulo perante o tribunal do governador Felix.

24 E cinco dias depois o summo sacerdote [1] Ananias desceu com os anciãos, e um certo Tertullo, orador, os quaes compareceram perante o presidente contra Paulo.

2 E, sendo citado, Tertullo começou a accusal-o, dizendo:

3 Que por ti tenhamos tanta paz e que, por tua prudencia, a este povo se façam muitos e louvaveis serviços, sempre e em todo o logar, ó potentissimo Felix, com todo o agradecimento o reconhecemos.

4 Porém, para que te não detenha muito, rogo-te que brevemente, conforme a tua equidade, nos ouças:

5 Porque temos [2] achado que este homem é uma peste, e levantador de sedições entre todos os judeos, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos;

6 O qual [3] intentou tambem profanar o templo: ao qual tambem prendemos, e conforme a nossa lei o [4] quizemos julgar.

7 Porém, sobrevindo [5] o tribuno Lysias, nol-o tirou d’entre as mãos com grande violencia:

8 Mandando aos seus [6] accusadores que viessem a ti: do qual tu mesmo, examinando-o, poderás entender tudo o de que o accusamos.

9 E tambem os judeos consentiram, dizendo serem estas coisas assim.

10 Porém Paulo, fazendo-lhe o presidente signal que fallasse, respondeu: Porque sei que já vae para muitos annos que d’esta nação és juiz, com tanto melhor animo respondo por mim.

11 Pois bem podes entender que não ha mais de doze dias que subi [7] a Jerusalem a adorar;

12 E não me acharam no templo fallando com alguem, [8] nem amotinando o povo nas synagogas, nem na cidade.

13 Nem tão pouco podem provar as coisas de que agora me accusam.

14 Porém confesso-te isto: que, conforme aquelle caminho que chamam seita, [9] assim sirvo ao Deus de nossos paes, [10] crendo tudo quanto está escripto na lei e nos prophetas.

15 Tendo esperança em Deus, como estes mesmos tambem, esperam, de que ha de haver resurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos.

16 E por isso procuro sempre ter uma [11] consciencia sem offensa, tanto para com Deus como para com os homens.

17 Porém, muitos annos depois, vim trazer á minha nação esmolas [12] e offertas.

18 N’isto me [13] acharam sanctificado no templo, não com gente, nem com alvoroços, [14] uns certos judeos da Asia,

[995]

19 Os quaes convinha que estivessem presentes perante ti, e me accusassem, se alguma coisa contra mim tivessem.

20 Ou digam estes mesmos, se acharam em mim alguma iniquidade, quando compareci perante o conselho.

21 Senão só estas palavras, que estando entre elles, clamei: [15] Hoje sou julgado por vós ácerca da resurreição dos mortos.

22 Então Felix, havendo ouvido estas coisas, lhes poz dilação, dizendo: Havendo-me informado melhor d’este caminho, quando o tribuno [16] Lysias tiver descido, então tomarei inteiro conhecimento dos vossos negocios.

23 E mandou ao centurião que guardassem a Paulo, e estivesse com alguma liberdade, [17] e que a ninguem dos seus prohibisse servil-o ou vir ter com elle.

24 E alguns dias depois, vindo Felix com sua mulher Drusilla, que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o ácerca da fé em Christo.

25 E, tratando elle da justiça, e da temperança, e do juizo vindouro, Felix, espavorido, respondeu: Por agora vae-te, e em tendo opportunidade te chamarei.

26 Esperando tambem juntamente que Paulo lhe désse [18] dinheiro, para que o soltasse; pelo que tambem muitas vezes o mandava chamar, e fallava com elle.

27 Porém, cumpridos dois annos, Felix teve por successor a Porcio Festo; e, querendo Felix comprazer [19] aos judeos, deixou a Paulo preso.

[1] cap. 21.27 e 23.2, 30, 35 e 25.2.

[2] Luc. 23.2. cap. 6.13 e 16.20 e 17.6 e 21.28. I Ped. 2.12, 15.

[3] cap. 21.28.

[4] João 18.31.

[5] cap. 21.33.

[6] cap. 23.30.

[7] ver. 17. cap. 21.26.

[8] cap. 25.8 e 28.17.

[9] Amós 8.14. cap. 9.2 e 26.22 e 28.23. II Tim. 1.3.

[10] cap. 23.6 e 26.6, 7 e 28.20. Dan. 12.2. João 5.28, 29.

[11] cap. 23.1.

[12] cap. 11.29, 30 e 20.16. Rom. 15.25. II Cor. 8.4. Gal. 2.10.

[13] cap. 21.26, 27 e 26.21.

[14] cap. 23.30 e 25.16.

[15] cap. 23.6 e 28.20.

[16] ver. 7.

[17] cap. 27.3 e 28.16.

[18] Exo. 23.8.

[19] Exo. 23.2. cap. 12.3 e 25.9, 4.

Paulo comparece perante Festo e appella para Cesar.

Anno Domini 62

25 Entrando pois Festo na provincia, subiu d’ali a tres dias de Cesarea a Jerusalem.

2 E o summo sacerdote e [1] os principaes dos judeos compareceram perante elle contra Paulo, e lhe rogaram,

3 Pedindo favor contra elle, para que o fizesse vir a Jerusalem, [2] armando-lhe ciladas para o matarem no caminho.

4 Porém Festo respondeu que Paulo estava guardado em Cesarea, e que elle brevemente partiria para lá.

5 Os que pois, disse, d’entre vós podem, desçam juntamente [3] comigo, e, se n’este varão houver algum crime, accusem-n’o.

6 E, não se havendo entre elles detido mais de dez dias, desceu a Cesarea; e no dia seguinte, assentando-se no tribunal, mandou que trouxessem Paulo.

7 E, chegando elle, o rodeiaram os judeos que haviam descido de Jerusalem, [4] trazendo contra Paulo muitas e graves accusações, que não podiam provar.

8 Pelo que, em sua defeza, disse: Eu não pequei em coisa alguma [5] contra a lei dos judeos, nem contra o templo, nem contra Cesar.

9 Porém Festo, [6] querendo comprazer com os judeos, respondendo a Paulo, disse: Queres tu subir a Jerusalem, e ser lá perante mim julgado ácerca d’estas coisas?

10 E Paulo disse: Estou perante o tribunal de Cesar, onde convem que seja julgado; não fiz aggravo algum aos judeos, como tu muito bem sabes;

11 Porque, se fiz [7] algum aggravo, ou commetti alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; porém, se nada ha das coisas de que estes me accusam, ninguem me pode entregar a elles; [8] appello para Cesar.

12 Então Festo, tendo fallado com o conselho, respondeu: Appellaste para Cesar? para Cesar irás.

13 E, passados alguns dias, o rei Agrippa e Berenice vieram a Cesarea, a saudar Festo.

14 E, como ali se detiveram muitos dias, Festo contou ao rei os negocios de Paulo, [9] dizendo: Um certo varão foi deixado por Felix aqui preso,

15 Por cujo [10] respeito os principaes dos sacerdotes e os anciãos dos judeos, estando eu em Jerusalem, compareceram perante mim, pedindo sentença contra elle.

16 Aos quaes respondi [11] não ser costume dos romanos entregar algum homem á morte, sem que o accusado tenha presentes os seus accusadores, e tenha logar de defender-se da accusação.

17 De sorte que, chegando elles aqui juntos, no dia seguinte, sem fazer dilação [12] alguma, assentado no tribunal, mandei trazer o homem.

Paulo perante o rei Agrippa.

18 Ácerca do qual, estando presentes os accusadores, nenhuma coisa apontaram d’aquellas que eu suspeitava.

19 Tinham, porém, contra elle algumas questões [13] ácerca da sua superstição,[996] e de um certo Jesus, defunto, que Paulo affirmava viver.

20 E, estando eu perplexo ácerca da inquirição d’esta causa, disse se queria ir a Jerusalem, e lá ser julgado ácerca d’estas coisas.

21 E, appellando Paulo para ser reservado ao conhecimento de Augusto, mandei que o guardassem até que o enviasse a Cesar.

22 Então [14] Agrippa disse a Festo: Bem quizera eu tambem ouvir esse homem. E elle disse: Ámanhã o ouvirás.

23 De sorte que, no dia seguinte, vindo Agrippa e Berenice, com muito apparato, e entrando no auditorio com os tribunos e varões principaes da cidade, trouxeram a Paulo por mandado de Festo.

24 E Festo disse: Rei Agrippa, e todos os varões que estaes presentes comnosco: aqui vêdes aquelle de quem toda [15] a multidão dos judeos me tem fallado, tanto em Jerusalem como aqui, clamando que não convém que viva mais.

25 Porém, achando eu que nenhuma coisa [16] digna de morte fizera, e appellando elle mesmo tambem para Augusto, tenho determinado enviar-lh’o.

26 Do qual não tenho coisa alguma certa que escreva ao meu senhor, pelo que perante vós o trouxe, e mórmente perante ti, ó rei Agrippa, para que, feita informação, tenha alguma coisa que escrever.

27 Porque me parece contra a razão enviar um preso, e não notificar contra elle as accusações.

[1] cap. 24.1. ver. 15.

[2] cap. 23.12, 15.

[3] cap. 18.14. ver. 18.

[4] Mar. 15.3. Luc. 23.2, 10. cap. 24.5, 13.

[5] cap. 6.13 e 24.12 e 28.17.

[6] cap. 24.27. ver. 20.

[7] ver. 25. cap. 18.14 e 23.29 e 26.31.

[8] cap. 26.32 e 28.19.

[9] cap. 24.27.

[10] ver. 2, 3.

[11] ver. 4, 5.

[12] ver. 6.

[13] cap. 18.15 e 23.29.

[14] cap. 9.15.

[15] ver. 2, 3, 7. cap. 22.22.

[16] cap. 23.9, 29 e 26.31. ver. 11, 12.

26 Depois Agrippa disse a Paulo: Permitte-se-te fallar por ti mesmo. Então Paulo, estendendo a mão em sua defeza, respondeu:

2 Tenho-me por venturoso, ó rei Agrippa, de que perante ti me haja hoje de defender de todas as coisas de que sou accusado pelos judeos;

3 Mórmente sabendo eu que tens noticia de todos os costumes e questões que ha entre os judeos; pelo que te rogo que me ouças com paciencia.

4 A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o principio, em Jerusalem, entre os da minha nação, todos os judeos sabem:

5 Tendo conhecimento de mim desde o principio (se o quizerem testificar), como, conforme a mais [1] severa seita da nossa religião, vivi phariseo.

6 E agora pela esperança [2] da promessa que por Deus foi feita a nossos paes estou aqui e sou julgado.

7 Á qual as nossas doze tribus esperam [3] chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agrippa, eu sou accusado pelos judeos.

8 Pois que? julga-se coisa incrivel entre vós que Deus resuscite os mortos?

9 Bem [4] tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus nazareno devia eu praticar muitos actos:

10 O que tambem fiz em Jerusalem. [5] E, havendo recebido poder dos principaes dos sacerdotes, encerrei muitos dos sanctos nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto.

11 E, castigando-os muitas vezes por todas as synagogas, [6] os forcei a blasphemar. E, enfurecido demasiadamente contra elles, até nas cidades estranhas os persegui.

12 Ao que indo então a Damasco, [7] com poder e commissão dos principaes dos sacerdotes,

13 Ao meio dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, a qual me rodeiou a mim e aos que iam comigo, com sua claridade.

14 E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me fallava, e em lingua hebraica dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.

15 E disse eu: Quem és, Senhor? E elle respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;

16 Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te appareci para isto; para te pôr por ministro [8] e testemunha tanto das coisas que tens visto como d’aquellas pelas quaes te apparecerei:

17 Livrando-te d’este povo, [9] e dos gentios, a quem agora te envio,

18 Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres á luz, [10] e do poder de Satanaz a Deus; para que recebam a remissão dos peccados, e sorte entre os sanctificados pela fé em mim.

19 Pelo que, ó rei Agrippa, não fui desobediente á visão celestial.

20 Antes annunciei [11] primeiramente[997] aos que estão em Damasco e em Jerusalem, e por toda a terra da Judea, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras [12] dignas de arrependimento.

21 Por causa d’isto os judeos lançaram [13] mão de mim no templo, e procuraram matar-me.

22 Porém, alcançando [14] soccorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço, testificando tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os prophetas e Moysés disseram que devia acontecer,

23 Isto é, que o Christo [15] devia padecer, e, sendo o primeiro da resurreição dos mortos, devia annunciar a luz a este povo e aos gentios.

24 E, dizendo elle isto em sua defeza, disse Festo em alta voz: [16] Deliras, Paulo: as muitas lettras te fazem delirar.

25 Porém elle disse: Não deliro ó potentissimo Festo; antes fallo palavras de verdade e de um são juizo.

26 Porque o rei, diante de quem fallo com ousadia, sabe estas coisas, pois não creio que nada d’isto se lhe occulte; porque isto não se fez em qualquer canto.

27 Crês tu nos prophetas, ó rei Agrippa? Bem sei que crês.

28 E disse Agrippa a Paulo: Por pouco não me persuades a que me faça christão.

29 E disse Paulo: [17] Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não sómente tu, mas tambem todos quantos hoje me estão ouvindo, se tornassem taes qual eu sou, excepto estas cadeias.

30 E, dizendo elle isto, se levantou o rei, e o presidente, e Berenice, e os que com elles estavam assentados.

31 E, apartando-se a uma banda, fallavam uns com os outros, dizendo: Este homem nada fez digno [18] de morte ou de prisões.

32 E Agrippa disse a Festo: Bem podia soltar-se [19] este homem, se não houvera appellado para Cesar.

[1] cap. 22.3 e 23.6 e 24.15, 21. Phi. 3.5.

[2] cap. 23.6. Gen. 3.15 e 49.10. Deu. 18.15. Isa. 4.2 e 7.14 e 40.10. Eze. 34.23. Dan. 9.24. Tito 2.13.

[3] Thi. 1.1. Luc. 2.37. I Tim. 5.5. Phi. 3.11.

[4] João 16.2. I Tim. 1.13.

[5] cap. 8.3. Gal. 1.13.

[6] cap. 22.19.

[7] cap. 9.3 e 22.6.

[8] cap. 22.15.

[9] cap. 22.21.

[10] Isa. 35.5 e 42.7. Eph. 1.18. Luc. 1.79. II Cor. 6.14. I The. 5.5. I Ped. 2.9, 25. Col. 1.12.

[11] cap. 9.20, 22, 29 e 11.26.

[12] Mat. 3.8.

[13] cap. 21.30, 31.

[14] Luc. 24.27, 44. cap. 24.14 e 28.23. Rom. 3.21. João 5.46.

[15] Luc. 24.26, 46. I Cor. 15.20. Col. 1.18. Apo. 1.5. Luc. 2.32.

[16] II Reis 9.11. João 10.20. I Cor. 1.23 e 2.13, 14 e 4.10.

[17] I Cor. 7.7.

[18] cap. 23.9, 29 e 25.25.

[19] cap. 25.11.

Paulo é mandado para Italia; o naufragio do navio.

27 E, como se determinou [1] que haviamos de navegar para a Italia, entregaram Paulo, e alguns outros presos, a um centurião por nome Julio, da cohorte augusta.

2 E, embarcando nós em um navio adramytino, partimos navegando pelos logares da Asia, estando comnosco [2] Aristarcho, macedonio, de Thessalonica.

3 E chegámos no dia seguinte a Sidon, e Julio, tratando [3] Paulo humanamente, lhe permittiu ir ver os amigos, para que cuidassem d’elle.

4 E, partindo d’ali, fomos navegando abaixo de Chypre, porquanto os ventos eram contrarios.

5 E, tendo atravessado o mar, ao longo da Cilicia e Pamphylia, chegámos a Myrra, na Lycia.

6 E, achando ali o centurião um navio de Alexandria, que navegava para a Italia, nos fez embarcar n’elle.

7 E, indo por muitos dias navegando vagarosamente, e havendo chegado apenas defronte de Cnido, não nos permittindo o vento ir mais adiante, navegámos abaixo de Creta, junto de Salmone.

8 E, costeando-a difficilmente, chegámos a um certo logar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Lasca.

9 E, passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, porquanto já tambem o jejum tinha passado, [4] Paulo os admoestava,

10 Dizendo-lhes: Varões, vejo que a navegação ha de ser incommoda, e com muito damno, não só para o navio e carga, mas tambem para as nossas vidas.

11 Porém o centurião cria mais no piloto e no mestre, do que no que dizia Paulo.

12 E, não sendo aquelle porto commodo para invernar, os mais d’elles foram de parecer que se partisse d’ali para ver se podiam chegar a Phenix, que é um ponto de Creta que olha para a banda do vento [AIH] da Africa e do Coro, e invernar ali.

13 E, soprando o sul brandamente, lhes pareceu terem já o que desejavam, e, fazendo-se de vela, foram de muito perto costeando Creta.

14 Porém não muito depois deu n’ella um pé de vento, chamado euro-aquilão.

15 E, sendo o navio arrebatado por elle, e não podendo navegar contra o vento, dando de mão a tudo, nos deixámos ir á tôa.

16 E, correndo abaixo de uma pequena ilha chamada Clauda, apenas podémos ganhar o batel,

17 Levado para cima o qual, usaram[998] de todos os remedios, cingindo o navio; e, temendo darem á costa na Syrte, amainadas as vélas, assim foram á tôa.

18 E, andando nós agitados por uma vehemente tempestade, no dia seguinte alliviaram o navio.

19 E ao terceiro dia nós mesmos, com as nossas proprias mãos, [5] lançámos ao mar a armação do navio.

20 E, não apparecendo, havia muitos dias, nem sol nem estrellas, e opprimindo-nos uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos.

21 E, havendo já muito que se não comia, então Paulo, pondo-se em pé no meio d’elles, disse: Fôra na verdade razoavel, ó varões, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e evitar assim este incommodo e esta perdição.

22 Porém agora vos admoesto a que tenhaes bom animo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas sómente o navio.

23 Porque esta mesma noite o anjo de Deus, [6] de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo,

24 Dizendo: Paulo, não temas: importa que sejas apresentado a Cesar, e eis que Deus te deu todos quantos navegam comtigo.

25 Portanto, ó varões, tende bom animo; [7] porque creio em Deus, que ha de acontecer assim como a mim me foi dito.

26 Porém é necessario [8] irmos dar n’uma ilha.

27 E, quando chegou a decima quarta noite, sendo impellidos de uma e outra banda no mar Adriatico, lá pela meia noite suspeitaram os marinheiros de que estavam proximos d’alguma terra.

28 E, lançando o prumo, acharam vinte braças; e, passando um pouco mais adiante, tornando a lançar o prumo, acharam quinze braças.

29 E, temendo ir dar em alguns rochedos, lançaram da pôpa quatro ancoras, desejando que viesse o dia.

30 Procurando, porém, os marinheiros fugir do navio, e deitando o batel ao mar, como que querendo lançar as ancoras pela prôa,

31 Disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos.

32 Então os soldados cortaram os cabos do batel, e o deixaram cair.

33 E entretanto que o dia vinha, Paulo exhortava a todos a que comessem alguma coisa, dizendo: É hoje o decimo quarto dia que esperaes, e permaneceis sem comer, não havendo provado nada.

34 Portanto, exhorto-vos a que comaes alguma coisa, pois importa para a vossa saude; [9] porque nem um cabello da cabeça de qualquer de vós cairá.

35 E, havendo dito isto, tomando o pão, deu graças [10] a Deus na presença de todos; e, partindo-o, começou a comer.

36 E, tendo já todos bom animo, pozeram-se tambem a comer.

37 E eramos por todos no navio duzentas [11] e setenta e seis almas.

38 E, refeitos da comida, alliviaram o navio, lançando o trigo ao mar.

39 E, sendo já dia, não conheceram a terra; porém enxergaram uma enseada que tinha praia, e consultaram-se sobre se deveriam encalhar n’ella o navio.

40 E, levantando as ancoras, deixaram-n’o ir ao mar, largando tambem as amarras do leme; e, alçando a véla maior ao vento, dirigiram-se para a praia.

41 Dando, porém, em logar de dois mares, encalharam ali o navio; [12] e, fixa a prôa, ficou immovel, porém a pôpa abria-se com a força das ondas.

42 Então o conselho dos soldados foi que matassem os presos para que nenhum fugisse, escapando a nado.

43 Porém o centurião, querendo salvar a Paulo, lhes estorvou este intento; e mandou que os que podessem nadar se lançassem primeiro ao mar, e se salvassem em terra;

44 E os demais, uns em taboas e outros em coisas do navio. E assim aconteceu [13] que todos se salvaram em terra.

[1] cap. 25.12.

[2] cap. 19.29.

[3] cap. 24.23 e 28.16.

[4] Lev. 23.27, 29.

[5] Jon. 1.5.

[6] cap. 23.11. Dan. 6.16. Rom. 1.9. II Tim. 1.3.

[7] Luc. 1.45. Rom. 4.20, 21. II Tim. 1.12.

[8] cap. 28.1.

[9] I Reis 1.52. Mat. 10.30. Luc. 12.7 e 21.18.

[10] I Sam. 9.13. Mat. 15.36. Mar. 8.6. João 6.11. I Tim. 4.3, 4.

[11] cap. 2.41 e 7.14. Rom. 13.1. I Ped. 3.20.

[12] II Cor. 11.25.

[13] ver. 22.

Paulo em Melita.

Anno Domini 63

28 E, havendo escapado, então souberam que a ilha se chamava Melita.

2 E os [1] barbaros usaram comnosco de não pouca humanidade; porque, accendendo um grande fogo, nos recolheram a todos por causa da chuva que sobrevinha, e por causa do frio.

3 E, havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides, e pondo-as no fogo, uma vibora, fugindo do calor, lhe accommetteu a mão.

4 E os barbaros, vendo-lhe a bicha pendurada na mão, diziam uns aos outros: Certamente este homem é[999] homicida, a quem, escapando do mar, a Justiça não deixa viver.

5 Porém, sacudindo elle a bicha no fogo, não padeceu [2] nenhum mal.

6 E elles esperavam que viesse a inchar ou a cair morto de repente; porém, tendo esperado muito, e vendo que nenhum incommodo lhe sobrevinha, [3] mudando de parecer, diziam que era um deus.

7 E ali, proximo d’aquelle mesmo logar, havia umas herdades que pertenciam ao principal da ilha, por nome Publio, o qual nos recebeu e hospedou benignamente por tres dias.

8 E aconteceu que o pae de Publio estava de cama enfermo de febres e dysenteria, ao qual Paulo [4] foi ver, e, havendo orado, poz as mãos sobre elle, e o curou.

9 Feito pois isto, vieram tambem ter com elle os demais que na ilha tinham enfermidades, e sararam.

10 Os quaes nos honraram tambem com [5] muitas honras: e, havendo de navegar, nos proveram das coisas necessarias.

Paulo chega a Roma e fica prisioneiro em sua propria casa durante dois annos.

11 E tres mezes depois partimos n’um navio de Alexandria que invernára na ilha, o qual tinha por insignia [AII] Castor e Pollux.

12 E, chegando a Syracusa, ficámos ali tres dias.

13 D’onde, indo costeando, viemos a Rhegio; e um dia depois, soprando um vento do sul, chegámos no segundo dia a Puteolos.

14 Onde, achando alguns irmãos, nos rogaram que por sete dias ficassemos com elles; e assim fomos a Roma.

15 E de lá, ouvindo os irmãos novas de nós, nos sairam ao encontro á praça d’Appio e ás tres Vendas, e Paulo, vendo-os, deu graças a Deus, e tomou animo.

16 E, logo que chegámos a Roma, o centurião entregou os presos ao general dos exercitos; porém [6] a Paulo se lhe permittiu morar sobre si á parte, com o soldado que o guardava.

17 E aconteceu que, tres dias depois, Paulo convocou os que eram principaes dos judeos, e, juntos elles, lhes disse: Varões [7] irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim todavia preso desde Jerusalem, entregue nas mãos dos romanos;

18 Os quaes, havendo-me examinado, [8] queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum de morte.

19 Porém, oppondo-se os judeos, foi-me forçoso [9] appellar para Cesar, não tendo, comtudo, de que accusar a minha nação.

20 Assim que por esta causa vos chamei, para vos ver e fallar; [10] porque pela esperança d’Israel estou com esta cadeia.

21 Porém elles lhe disseram: Nós não recebemos ácerca de ti cartas algumas da Judea, nem, vindo aqui algum dos irmãos, nos annunciou ou fallou de ti mal algum.

22 Porém bem quizeramos ouvir de ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, [11] notorio nos é que em toda a parte se falla contra ella.

23 E, havendo-lhe elles assignalado um dia, muitos foram ter com elle á pousada, aos quaes declarava [12] e testificava o reino de Deus, e procurava persuadil-os á fé de Jesus, tanto pela lei de Moysés como pelos prophetas, desde pela manhã até á tarde.

24 E alguns criam [13] no que se dizia; porém outros não criam.

25 E, como ficaram entre si discordes, se despediram, dizendo Paulo esta palavra: Bem fallou o Espirito Sancto a nossos paes pelo propheta Isaias,

26 Dizendo: Vae a este povo, e dize: [14] De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis.

27 Porque o coração d’este povo está endurecido, e com os ouvidos ouviram pesadamente, e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam, e se convertam e eu os cure.

28 Seja-vos pois notorio que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e [15] elles a ouvirão.

29 E, havendo elle dito isto, partiram os judeos, tendo entre si grande contenda.

30 E Paulo ficou dois annos inteiros na sua propria habitação que alugára, e recebia todos quantos vinham vêl-o;

31 Prégando o reino de Deus, [16] e ensinando com toda a ousadia as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Christo, sem impedimento algum.

[1] cap. 27.26. Rom. 1.14. I Cor. 14.11. Col. 3.11.

[2] Mar. 16.18. Luc. 10.19.

[3] cap. 14.11.

[4] Thi. 5.14, 15. Mar. 16.18. Luc. 4.40. cap. 19.11, 12.

[5] Mat. 15.6. I Tim. 5.17.

[6] cap. 24.25 e 27.3.

[7] cap. 24.12, 13 e 25.8 e 21.33.

[8] cap. 22.24 e 24.10 e 25.8 e 26.31.

[9] cap. 25.11.

[10] cap. 26.6, 7 e 26.29. Eph. 3.1 e 4.1 e 6.20.

[11] Luc. 2.34. cap. 24.5, 14. I Ped. 2.12 e 4.14.

[12] Luc. 24.27. cap. 17.3 e 19.8 e 26.6, 22.

[13] cap. 14.4 e 17.4 e 19.9.

[14] Isa. 6.9. Jer. 5.21. Mat. 13.14, 15. Mar. 4.12. Luc. 8.10. João 12.40. Rom. 11.8.

[15] Mat. 21.41, 43. cap. 13.46, 47 e 18.6 e 22.21 e 26.17, 18. Rom. 11.11.

[16] cap. 4.31. Eph. 6.19.

[1000]


EPISTOLA DE S. PAULO
AOS ROMANOS.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 60

1 Paulo, servo de Jesus Christo, [1] chamado para apostolo, separado para o evangelho [2] de Deus,

2 Que antes havia promettido pelos seus prophetas nas sanctas escripturas,

3 Ácerca de seu Filho, [3] que foi gerado da descendencia de David segundo a carne,

4 Declarado Filho de Deus em poder, segundo [4] o Espirito de sanctificação, pela resurreição dos mortos, Jesus Christo Nosso Senhor,

5 Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a [5] obediencia da fé entre todas as gentes pelo seu nome,

6 Entre os quaes sois tambem vós, os chamados de Jesus Christo.

7 A todos os que estaes em Roma, amados de Deus, [6] chamados sanctos: Graça e paz de Deus nosso pae, e do Senhor Jesus Christo.

A fé dos romanos; Paulo anhela vel-os.

8 Primeiramente dou graças ao meu Deus [7] por Jesus Christo, ácerca de vós todos, porque em todo o mundo é annunciada a vossa fé.

9 Porque Deus, a quem sirvo em meu espirito [8] no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,

10 [9] Rogando sempre em minhas orações que n’algum tempo, pela vontade de Deus, se me offereça boa occasião de ir ter comvosco.

11 Porque desejo ver-vos, [10] para vos communicar algum dom espiritual, afim de que sejaes confortadgos;

12 Isto é: para que juntamente comvosco eu seja consolado pela [11] fé mutua, assim vossa como minha.

13 Porém, irmãos, não quero que ignoreis que muitas [12] vezes propuz ir ter comvosco (mas até agora tenho sido impedido) para tambem ter entre vós algum fructo, como tambem entre os demais gentios.

14 Eu sou devedor, [13] tanto a gregos como a barbaros, tanto a sabios como a ignorantes.

15 Assim que, quanto a mim, estou prompto para tambem vos annunciar o evangelho, a vós que estaes em Roma.

A justiça pela fé; o assumpto da epistola.

16 Porque não me envergonho do evangelho de Christo, [14] pois é o poder de Deus para salvação a todo aquelle que crê; primeiro ao judeo, e tambem ao grego.

17 Porque n’elle se descobre a justiça de Deus de fé em fé, [15] como está escripto: Mas o justo viverá da fé.

A idolatria e depravação dos gentios.

18 Porque do céu se manifesta [16] a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que deteem a verdade em injustiça.

19 Porquanto o que de Deus se pode conhecer [17] n’elles está manifesto; porque Deus lh’o manifestou.

20 Porque as suas coisas invisiveis, desde a creação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão creadas, [18] para que fiquem inexcusaveis;

21 Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, [19] antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.

22 Dizendo-se [20] sabios, tornaram-se loucos.

[1001]

23 E mudaram a gloria do Deus incorruptivel em [21] similhança de imagem de homem corruptivel, e de aves, e de quadrupedes, e de reptis.

24 Pelo que tambem [22] Deus os entregou ás concupiscencias de seus corações, á immundicia, para deshonrarem seus corpos entre si:

25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, [23] e honraram e serviram mais a creatura do que o Creador, que é bemdito eternamente. Amen.

26 Pelo que Deus os abandonou [24] ás paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrario á natureza.

27 E, similhantemente, tambem os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflammaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, commettendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.

28 E, como elles se não importaram de reconhecer a Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, [25] para fazerem coisas que não conveem;

29 Estando cheios de toda a iniquidade, fornicação, malicia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicidio, contenda, engano, malignidade;

30 Murmuradores, detractores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presumpçosos, inventores de males, desobedientes aos pães e ás mães;

31 Nescios, infieis nos contractos, sem affeição natural, irreconciliaveis, sem misericordia;

32 Os quaes, [26] conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que praticam taes coisas), não sómente as fazem, mas tambem consentem aos que as fazem.

[1] Act. 22.21 e 9.15. I Cor. 1.1. Gal. 1.1 e 1.15. I Tim. 1.11.

[2] Act. 26.6. Tito 1.2. cap. 3.21. Gal. 3.8.

[3] Mat. 1.6, 16. Luc. 1.32. Act. 2.30.

[4] Act. 13.33. Heb. 9.14.

[5] cap. 12.3 e 15.15. I Cor. 15.10. Gal. 1.15. Eph. 3.8. Act. 6.7.

[6] cap. 9.24. I Cor. 1.2 e 1.3. I The. 4.7. Gal. 1.3.

[7] I Cor. 1.4. Phi. 1.3. Col. 1.3, 4. I The. 1.2. Phi. 4.

[8] cap. 9.1. II Cor. 1.23. Phi. 1.8. I The. 2.5. Act. 27.23. II Tim. 1.3. João 4.23, 24. Phi. 3.3.

[9] cap. 15.23, 32. I The. 3.10. Thi. 4.15.

[10] cap. 15.29.

[11] Tito 1.4. II Ped. 1.1.

[12] cap. 15.23. Act. 16.7. I The. 2.18. Phi. 4.17.

[13] I Cor. 9.16.

[14] Psa. 40.9, 10. Mar. 8.38. II Tim. 1.8. I Cor. 1.18. Luc. 2.30. Act. 3.26.

[15] cap. 3.21. Hab. 2.4. João 3.36. Gal. 3.11. Heb. 10.38.

[16] Act. 17.30. Eph. 5.6. Col. 3.6.

[17] Act. 14.17. João 1.9.

[18] Psa. 19.1, etc. Act. 14.17 e 17.27.

[19] II Reis 17.15. Jer. 2.5. Eph. 4.17, 18.

[20] Jer. 10.14.

[21] Deu. 4.16, etc. Psa. 106.20. Isa. 40.18, 25. Jer. 2.11. Eze. 8.10. Act. 17.29.

[22] Act. 7.42. Eph. 4.18, 19. II The. 2.11, 12. I Cor. 6.18. I The. 4.4. I Ped. 4.3.

[23] I The. 1.9. I João 5.20. Isa. 44.20. Jer. 10.14. Amós 2.4.

[24] Lev. 18.22, 23. Eph. 5.12. Jud. 10.

[25] Eph. 5.4.

[26] cap. 2.2 e 6.21. Psa. 50.18. Ose. 7.3.

A impenitencia dos judeos; a justiça de Deus.

2 Portanto, és inexcusavel quando julgas, [1] ó homem, quem quer que sejas, porque te condemnas a ti mesmo n’aquillo em que julgas o outro; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas.

2 E bem sabemos que o juizo de Deus é segundo a verdade sobre os que taes coisas fazem.

3 E tu, ó homem, que julgas os que fazem taes coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juizo de Deus?

4 Ou desprezas tu as [2] riquezas da sua benignidade, e paciencia e [3] longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?

5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, [4] enthesouras ira para o dia da ira e da manifestação do juizo de Deus;

6 O qual recompensará [5] cada um segundo as suas obras;

7 A saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram gloria, e honra e incorrupção;

8 Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, e desobedientes á verdade [6] e obedientes á injustiça.

9 Tribulação e angustia sobre toda a alma do homem que obra o mal; primeiramente do judeo [7] e tambem do grego:

10 Gloria, porém, [8] e honra e paz a qualquer que obra o bem; primeiramente ao judeo e tambem ao grego;

11 Porque, para com [9] Deus, não ha accepção de pessoas.

12 Porque todos os que sem lei peccaram sem lei tambem perecerão; e todos os que sob a lei peccaram pela lei serão julgados.

13 Porque os que ouvem a lei não são justos [10] diante de Deus: mas os que praticam a lei hão de ser justificados.

14 Porque, quando os gentios, que não teem lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo estes lei, para si mesmos são lei;

15 Os quaes mostram a obra da lei escripta em seus corações, testificando juntamente a sua consciencia, e seus pensamentos, ora accusando-se, ora defendendo-se;

16 No dia em que Deus [11] ha de julgar os segredos dos homens, por Jesus Christo, segundo o meu evangelho.

Os judeos são inexcusaveis; a verdadeira circumcisão.

17 Eis que tu que tens por [12] sobrenome judeo, e repousas na lei, e te glorias em Deus;

[1002]

18 E sabes a sua vontade [13] e approvas as coisas excellentes, sendo instruido por lei;

19 E confias que és guia dos [14] cegos, luz dos que estão em trevas,

20 Instruidor dos nescios, mestre de creanças, que tens a forma da sciencia [15] e da verdade na lei;

21 Tu, pois, [16] que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que prégas que não se deve furtar, furtas?

22 Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os idolos, [17] commettes sacrilegio?

23 Tu, que te glorias na lei, [18] deshonras a Deus pela transgressão da lei?

24 Porque, como está escripto, o nome de Deus é blasphemado entre os gentios por causa de [19] vós.

25 Porque a circumcisão é, [20] na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; porém, se tu és transgressor da lei, a tua circumcisão se torna em incircumcisão.

26 Pois, se a incircumcisão [21] guarda os preceitos da lei, porventura a sua incircumcisãoh não será reputada como circumcisão?

27 E, a que por natureza é incircumcisão, se cumpre a lei, não te [22] julgará porventura a ti, que pela letra e circumcisão és transgressor da lei?

28 Porque não é judeo [23] o que o é exteriormente, nem é circumcisão a que o é exteriormente na carne.

29 Mas é judeo o que o é no interior, e circumcisão [24] é a do coração, no espirito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.

[1] cap. 1.20. II Sam. 12.5, 6, 7. Mat. 7.1, 2. João 8.9.

[2] cap. 9.23. Eph. 1.7. cap. 3.25.

[3] Exo. 34.6. Isa. 30.18. II Ped. 3.9, 15.

[4] Deu. 32.34. Thi. 5.3.

[5] Job 34.11. Jer. 17.10. Mat. 16.27. I Cor. 3.8. II Cor. 5.10. Apo. 2.23.

[6] Job 24.13. cap. 1.18. II The. 1.8.

[7] Amós 3.2. Luc. 12.47, 48. I Ped. 4.17.

[8] I Ped. 1.7.

[9] II Chr. 19.7. Act. 10.34. Gal. 2.6. Eph. 6.9. Col. 3.25.

[10] Mat. 7.21. Thi. 1.22. I João 3.7.

[11] Mat. 25.31. João 12.48 e 5.22. I Cor. 4.5. Apo. 20.12. Act. 10.42. I Tim. 1.11. II Tim. 4.1, 8 e 2.8. I Ped. 4.5.

[12] Mat. 3.9. João 8.33, 41. II Cor. 11.22. Miq. 3.11. Isa. 45.25.

[13] Deu. 4.8. Phi. 1.10.

[14] Mat. 15.14 e 23.16, 17. João 9.34, 40, 41.

[15] cap. 6.17. II Tim. 1.13 e 3.5.

[16] Psa. 50.15, etc. Mat. 23.3, etc.

[17] Mal. 3.8.

[18] ver. 17.

[19] II Sam. 12.14. Isa. 52.5. Eze. 36.20.

[20] Gal. 5.3.

[21] Act. 10.34, 35.

[22] Mat. 12.41, 42.

[23] Mat. 3.9. João 8.39. Gal. 6.15. Apo. 2.9.

[24] I Ped. 3.4. Phi. 3.3. Col. 2.11. II Cor. 3.6. I The. 2.4.

O privilegio dos judeos; a justiça de Deus.

3 Qual é logo a vantagem do judeo? Ou qual a utilidade da circumcisão?

2 Muita, em toda a maneira, porque, quanto ao primeiro, [1] as palavras de Deus lhe foram confiadas,

3 Pois que? [2] Se alguns foram incredulos, a sua incredulidade aniquilará a fé de Deus?

4 De maneira nenhuma; antes seja Deus verdadeiro, [3] e todo o homem mentiroso; como está escripto: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fôres julgado.

5 E, se a nossa injustiça recommendar a justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? ([4] Fallo como homem)

6 De maneira nenhuma: d’outro modo, como julgará Deus o mundo?

7 Porque, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para gloria sua, porque sou ainda julgado tambem como peccador?

8 E não dizemos (como somos blasphemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos [5] males, para que venham bens: cuja condemnação é justa.

Todos os homens estão debaixo do peccado.

9 Pois que? Somos nós mais excellentes? de maneira nenhuma, pois já d’antes demonstrámos que, tanto judeos como gregos, todos [6] estão debaixo do peccado;

10 Como está escripto: [7] Não ha justo, nem ainda um:

11 Não ha ninguem que entenda; não ha ninguem que busque a Deus:

12 Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inuteis. Não ha quem faça o bem, não ha nem um só:

13 A sua garganta é um [8] sepulchro aberto: com as suas linguas tratam enganosamente: peçonha de aspides está debaixo de seus labios:

14 Cuja bocca está cheia de maldição e amargura:

15 Os seus pés são [9] ligeiros para derramar sangue:

16 Em seus caminhos ha destruição e miseria:

17 E não conheceram o caminho da paz:

18 Não ha temor [10] de Deus diante de seus olhos.

19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei [11] diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a bocca se feche e todo o mundo seja condemnavel diante de Deus.

20 Por isso nenhuma carne será justificada [12] diante d’elle pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do peccado.

[1003]

A justificação pela fé em Jesus Christo.

21 Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, [13] tendo o testemunho da lei e dos prophetas;

22 Isto é, a justiça de Deus pela fé [14] de Jesus Christo para todos e sobre todos os que crêem; porque não ha differença,

23 Porque todos peccaram [15] e destituidos estão da gloria de Deus;

24 Sendo justificados [16] gratuitamente pela sua graça, pela redempção que ha em Christo Jesus:

25 Ao qual Deus propoz para [AIJ] propiciação [17] pela fé no seu sangue, para demonstração da sua justiça, pela remissão dos peccados d’antes commettidos, sob a paciencia de Deus;

26 Para demonstração da sua justiça n’este tempo presente, para que elle seja justo e justificador d’aquelle que tem fé em Jesus.

27 Onde está logo a jactancia? [18] É excluida. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.

28 Concluimos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.

29 Deus é porventura sómente [19] dos judeos? E não o é tambem dos gentios? Tambem dos gentios, certamente.

30 Porque ha um só Deus [20] que justificará pela fé a circumcisão, e pela fé a incircumcisão.

31 Annullamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.

[1] Deu. 4.7, 8. cap. 2.18 e 9.4.

[2] cap. 10.16. Heb. 4.2. Num. 23.19. II Tim. 2.13.

[3] João 3.33. Psa. 62.9 e 116.11 e 51.4.

[4] cap. 6.19. Gal. 3.15. Gen. 18.25.

[5] cap. 5.20 e 6.1, 15.

[6] ver. 23. Gal. 3.22.

[7] Psa. 14.1, 2, 3 e 53.1.

[8] Psa. 5.9. Jer. 5.16. Psa. 140.3.

[9] Pro. 1.16. Isa. 59.7, 8.

[10] Psa. 36.1.

[11] João 10.34. Job 5.16. Eze. 16.63. cap. 1.20 e 2.1, 2.

[12] Psa. 143.2. Act. 13.39. Gal. 2.16. Eph. 2.8, 9. Tito 3.5. cap. 7.7.

[13] Act. 15.11 e 26.22. Phi. 3.9. Heb. 11.4. João 5.46. cap. 1.2. I Ped. 1.10.

[14] cap. 4, etc. Gal. 3.28. Col. 3.11.

[15] cap. 11.32. Gal. 3.22.

[16] cap. 4.16. Eph. 2.8 e 1.7. Tito 3.5, 7. Mat. 20.28. Col. 1.14. I Tim. 2.6. Heb. 9.12. I Ped. 1.18.

[17] Lev. 16.15. I João 2.2 e 4.10. Col. 1.20. I Tim. 1.15. Act. 17.30. Heb. 9.15.

[18] cap. 2.17. I Cor. 1.29, 31. Eph. 2.9.

[19] Act. 13.38, 39. ver. 20, 21, 22. cap. 8.3. Gal. 2.16.

[20] cap. 10.12, 13. Gal. 3.8, 20, 28.

Abrahão foi justificado pela fé.

4 Que diremos pois ter achado Abrahão, [1] nosso pae segundo a carne?

2 Porque, se Abrahão foi justificado pelas obras, [2] tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.

3 Pois, que diz a Escriptura? [3] Creu Abrahão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

4 Ora áquelle que obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, [4] mas segundo a divida.

5 Porém áquelle que não obra, mas crê n’aquelle que justifica o impio, [5] a sua fé lhe é imputada como justiça.

6 Como tambem David declara bemaventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:

7 Bemaventurados aquelles [6] cujas maldades são perdoadas, e cujos peccados são cobertos:

8 Bemaventurado o homem a quem o Senhor não imputa o peccado.

9 Vem pois esta bemaventurança sobre a circumcisão só, ou tambem sobre a incircumcisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abrahão.

10 Como lhe foi pois imputada? Estando na circumcisão ou na incircumcisão? Não na circumcisão, mas na incircumcisão.

11 E recebeu o signal da circumcisão, sello da justiça da fé [7] que teve na incircumcisão, para que fosse pae de todos os que crêem, estando na incircumcisão; a fim de que tambem a justiça lhes seja imputada:

12 E fosse pae da circumcisão, d’aquelles que não sómente são da circumcisão, mas que tambem andam nas pisadas da fé de nosso pae Abrahão, que tivera na incircumcisão.

13 Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não [8] foi feita pela lei a Abrahão, ou á sua posteridade, mas pela justiça da fé.

14 Porque, se os que são da lei são [9] herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada.

15 Porque a lei obra a ira. [10] Porque onde não ha lei tambem não ha transgressão.

16 Portanto é pela fé, para que seja segundo a graça, [11] a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não sómente á que é da lei, mas tambem á que é da fé de Abrahão, o qual é pae de todos nós;

17 (Como está escripto: [12] Por pae de muitas nações te constitui) perante aquelle no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.

18 O qual, em esperança, creu contra a esperança, que seria feito pae de muitas nações, conforme o que lhe fôra dito: Assim será a tua [13] descendencia.

19 E não enfraqueceu na fé, nem attentou[1004] [14] para o seu proprio corpo já amortecido, pois era já de quasi cem annos, nem tão pouco para o amortecimento do ventre de Sarah.

20 E não duvidou da promessa de Deus por desconfiança, mas foi fortificado na fé, dando gloria a Deus;

21 E estando certissimo [15] de que o que elle tinha promettido tambem era poderoso para o fazer.

22 Pelo que isso lhe foi tambem imputado como justiça.

23 Ora não só por elle está [16] escripto, que lhe fosse imputado,

24 Mas tambem por nós, a quem será imputado, os que cremos n’aquelle que dos mortos resuscitou a Jesus [17] nosso Senhor;

25 O qual por nossos peccados [18] foi entregue, e resuscitou para nossa justificação.

[1] Isa. 51.2. Mat. 3.9. João 8.33, 39. II Cor. 11.22.

[2] cap. 3.20, 27, 28.

[3] Gen. 15.6. Gal. 3.6. Thi. 2.23.

[4] cap. 11.6.

[5] Jos. 24.2.

[6] Psa. 32.1, 2.

[7] Gen. 17.10. Luc. 19.9. ver. 12, 16. Gal. 3.7.

[8] Gen. 17.4, etc. Gal. 3.29.

[9] Gal. 3.18.

[10] cap. 3.20 e 5.13, 20 e 7.8, 10, 11. I Cor. 15.56. II Cor. 3.7, 9. Gal. 3.10, 19. I João 3.4.

[11] cap. 3.24. Gal. 3.22. Isa. 51.2. cap. 9.8.

[12] Gen. 17.5. cap. 8.11 e 9.26. Eph. 2.1, 5. I Cor. 1.28. I Ped. 2.10.

[13] Gen. 15.5.

[14] Gen. 17.17 e 18.11. Heb. 11.11, 12.

[15] Psa. 115.3. Luc. 1.37, 45. Heb. 11.19.

[16] cap. 15.4. I Cor. 10.6, 11.

[17] Act. 2.24 e 13.30.

[18] Isa. 53.5, 6. cap. 3.25. II Cor. 5.21. Gal. 1.4. Heb. 9.28. I Ped. 2.24 e 1.21. I Cor. 15.17.

Justificação pela fé e paz com Deus.

5 Sendo pois justificados pela fé, [1] temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Christo;

2 Pelo qual tambem [2] temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da gloria de Deus.

3 E não sómente isto, [3] mas tambem nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciencia,

4 E a paciencia a experiencia, e a [4] experiencia a esperança.

5 E a esperança não confunde, porquanto [5] o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espirito Sancto que nos foi dado.

6 Porque Christo, estando nós ainda fracos, [6] morreu a seu tempo pelos impios.

7 Porque apenas alguem morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguem ouse tambem morrer.

8 Mas Deus recommenda o seu amor para comnosco, [7] em que Christo morreu por nós, sendo nós ainda peccadores.

9 Logo muito mais agora, sendo justificados [8] pelo seu sangue, seremos por elle salvos da ira.

10 Porque se nós, sendo inimigos, [9] fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando reconciliados, seremos salvos pela sua vida.

11 E não sómente isto, [10] mas tambem nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Christo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.

Por um homem vieram o peccado e a morte: por um homem tambem veiu a graça que superabundou ao peccado.

12 Pelo que, como por [11] um homem entrou o peccado no mundo, e pelo peccado a morte, assim tambem a morte passou a todos os homens por isso que todos peccaram.

13 Porque até á lei estava o peccado no mundo, [12] porém o peccado não é imputado, não havendo lei.

14 Mas a morte reinou desde Adão até Moysés, até sobre aquelles que não peccaram á similhança da transgressão de Adão, o qual [13] é a figura d’aquelle que havia de vir.

15 Mas não é assim o dom gratuito como a offensa. Porque, se pela offensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é d’um só homem, [14] Jesus Christo, abundou sobre muitos.

16 E não foi assim o dom como a offensa, por um só que peccou. Porque o juizo veiu de uma só offensa, na verdade, para condemnação, mas o dom gratuito veiu de muitas offensas para justificação.

17 Porque, se pela offensa de um só, a morte reinou por esse um, muito mais os que recebem a abundancia da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, que é Jesus Christo.

18 Pois assim como por uma só offensa veiu o juizo sobre todos os homens para condemnação, assim tambem por um só acto de justiça veiu a graça sobre todos [15] os homens para justificação de vida.

19 Porque, como pela desobediencia de um só homem, muitos foram feitos peccadores, assim pela obediencia de um muitos serão feitos justos.

20 Entrou, porém, [16] a lei para que a offensa abundasse; mas, onde o peccado abundou, superabundou a graça.

[1005]

21 Para que, assim como o peccado reinou para a morte, tambem a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Christo nosso Senhor.

[1] Isa. 32.17. João 16.33. Eph. 2.14. Col. 1.20.

[2] João 10.9. Eph. 2.18. Heb. 10.19. I Cor. 15.1.

[3] Mat. 5.11. Act. 5.41. II Cor. 12.10. Phi. 2.17. Thi. 1.2, 3, 12. I Ped. 3.14.

[4] Thi. 1.12.

[5] Ecc. 1.20. II Cor. 1.22. Gal. 4.6. Eph. 1.13, 14.

[6] Gal. 4.4. cap. 4.25.

[7] João 15.13. I Ped. 3.18. I João 3.16 e 4.9, 10.

[8] cap. 3.25. Eph. 2.13. Heb. 9.14. I João 1.7. I The. 1.10.

[9] cap. 8.32. II Cor. 5.18 e 4.10. Eph. 2.16. Col. 1.20. João 5.26.

[10] cap. 2.17. Gal. 4.9.

[11] Gen. 3.6. I Cor. 15.21.

[12] cap. 4.15. I João 3.4.

[13] I Cor. 15.21, 22, 45.

[14] Isa. 53.11. Mat. 20.28 e 26.28.

[15] João 12.32. Heb. 2.9.

[16] João 15.22. cap. 3.20 e 4.15. Gal. 3.19, 23. Luc. 7.47. I Tim. 1.14.

A graça não nos deixa permanecer no peccado, antes nos livra do poder do peccado.

6 Que diremos pois? Permaneceremos no peccado, [1] para que a graça abunde?

2 De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o peccado, [2] como viveremos ainda n’elle?

3 Ou não sabeis que todos quantos fomos baptizados em Jesus [3] Christo fomos baptizados na sua morte?

4 De sorte que estamos [4] sepultados com elle pelo baptismo na morte; para que, como Christo resuscitou dos mortos, pela gloria do Pae, assim andemos nós tambem em novidade de vida.

5 Porque, se fomos [5] plantados juntamente com elle na similhança da sua morte, tambem o seremos na da sua resurreição:

6 Sabendo isto, que o nosso [6] homem velho foi com elle crucificado, para que o corpo do peccado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao peccado.

7 Porque o que está morto [7] está justificado do peccado.

8 Ora, se morremos [8] com Christo, cremos que tambem com elle viveremos:

9 Sabendo que, havendo Christo [9] resuscitado dos mortos, já não morre: a morte não mais terá dominio sobre elle.

10 Pois, emquanto a morrer, de uma vez morreu [10] para o peccado, mas, emquanto a viver, vive para Deus.

11 Assim tambem vós considerae-vos como [11] mortos para o peccado, mas vivos para Deus em Christo Jesus nosso Senhor.

12 Não reine portanto [12] o peccado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscencias;

13 Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao peccado por instrumentos de iniquidade; [13] mas apresentae-vos a Deus, como vivos d’entre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.

14 Porque o peccado [14] não terá dominio sobre vós, pois não estaes debaixo da lei, mas debaixo da graça.

15 Pois que? Peccaremos [15] porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? de modo nenhum.

16 Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para obedecer [16] sois servos d’aquelle a quem obedeceis, ou do peccado para a morte, ou da obediencia para a justiça?

17 Porém, graças a Deus que vós fostes servos do peccado, mas obedecestes de coração á forma [17] de doutrina a que fostes entregues.

18 E, libertados do [18] peccado, fostes feitos servos da justiça.

19 Fallo como homem, pela fraqueza da vossa carne: pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem á immundicia, e á maldade para maldade, assim apresentae agora os vossos membros para servirem á justiça para sanctificação.

20 Porque, quando ereis [19] servos do peccado, estaveis livres da justiça.

21 Pois que fructo [20] tinheis então das coisas de que agora vos envergonhaes? porque o fim d’ellas é a morte.

22 Mas agora, libertados do [21] peccado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fructo para sanctificação, e por fim a vida eterna.

23 Porque o [22] salario do peccado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Christo Jesus nosso Senhor.

[1] cap. 3.8. ver. 15.

[2] cap. 7.4. Gal. 2.19 e 6.14. Col. 3.3. I Ped. 2.24.

[3] Gal. 3.27. I Cor. 15.29.

[4] Col. 2.12 e 3.10. cap. 8.11. I Cor. 6.14. II Cor. 13.4. João 2.11. Gal. 6.15. Eph. 4.22.

[5] Phi. 3.10.

[6] Gal. 2.20 e 5.24. Eph. 4.22. Col. 3.5, 9 e 2.11.

[7] I Ped. 4.1.

[8] II Tim. 2.11.

[9] Apo. 1.18.

[10] Heb. 9.27, 28. Luc. 20.38.

[11] ver. 2. Gal. 2.19.

[12] Psa. 19.13 e 119.133.

[13] cap. 7.5. Col. 3.5. Thi. 4.1. I Ped. 2.24.

[14] cap. 7.4, 6 e 8.2. Gal. 5.18.

[15] I Cor. 9.21.

[16] Mat. 6.24. João 8.34. II Ped. 2.19.

[17] II Tim. 1.13.

[18] João 8.32. I Cor. 7.22. Gal. 5.1. I Ped. 2.16.

[19] João 8.34.

[20] cap. 7.5 e 1.32.

[21] João 8.32.

[22] Gen. 2.17. cap. 5.12 e 2.7 e 5.17, 21. Thi. 1.15. I Ped. 1.4.

Estando mortos á lei, sirvamos a Deus em novidade de espirito. A lei opera em nós a morte. Lucta da carne com o espirito.

7 Não sabeis vós, irmãos (pois que fallo aos que sabem a lei), que a lei tem dominio sobre o homem por todo o tempo que vive?

2 Porque a [1] mulher que está sujeita ao marido, emquanto elle viver, está-lhe ligada pela lei; porém, morto o marido, está livre da lei do marido.

3 De sorte que, vivendo [2] o marido, será chamada adultera, se fôr d’outro marido; porém, morto o marido, livre está da lei, de maneira que não será adultera, se fôr d’outro marido.

[1006]

4 Assim que, meus irmãos, tambem vós estaes mortos [3] para a lei pelo corpo de Christo, para que sejaes d’outro, d’aquelle que resuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fructo para [4] Deus.

5 Porque, quando estavamos na carne, as paixões dos peccados, que são pela lei, [5] obravam em nossos membros para darem fructo para a morte.

6 Mas agora estamos livres da lei, estando mortos para aquillo em que estavamos retidos; para que sirvamos em [6] novidade d’espirito, e não na velhice da letra.

7 Que diremos pois? É a lei peccado? De modo nenhum: mas eu não conheceria [7] o peccado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscencia, se a lei não dissesse: [8] Não cubiçarás.

8 Mas o peccado, [9] tomando occasião pelo mandamento, obrou em mim toda a concupiscencia, porque sem a lei estava morto o peccado.

9 E eu, n’algum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o peccado, e eu morri;

10 E o [10] mandamento que era para vida esse achei que me era para morte.

11 Porque o peccado, tomando occasião pelo mandamento, me enganou, e por elle me matou.

12 Assim que [11] a lei é sancta, e o mandamento sancto, justo e bom.

13 Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o peccado, para que se mostrasse peccado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o peccado se fizesse excessivamente peccaminoso.

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual: mas eu sou carnal, [12] vendido sob o peccado.

15 Porque o que faço não o approvo; [13] pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o peccado que habita em mim.

18 Porque eu sei que em mim, isto é, [14] na minha carne, não habita bem algum: porque o querer está em mim, mas não consigo effectuar o bem.

19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o peccado que habita em mim.

21 De sorte que acho esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.

22 Porque, [15] segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

23 Mas vejo nos meus membros outra lei, [16] que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do peccado que está nos meus membros.

24 Miseravel homem que eu sou! quem me livrará do corpo d’esta morte?

25 Dou graças [17] a Deus por Jesus Christo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo á lei de Deus, mas com a carne á lei do peccado.

[1] I Cor. 7.39.

[2] Mat. 5.32.

[3] cap. 8.2. Gal. 2.19 e 5.18. Eph. 2.15. Col. 2.14.

[4] Gal. 5.22.

[5] cap. 6.13 e 6.21 e 6.2. Gal. 5.19. Thi. 1.15.

[6] cap. 2.29. II Cor. 3.6.

[7] cap. 3.20.

[8] Exo. 20.17. Deu. 5.21. Act. 20.33. cap. 13.9.

[9] cap. 4.15 e 5.20. I Cor. 15.56.

[10] Lev. 18.5. Eze. 20.11, 13, 21. II Cor. 3.7.

[11] Psa. 19.8 e 119.137. I Tim. 1.8.

[12] I Reis 21.20, 25. II Reis 17.17.

[13] Gal. 5.17.

[14] Gen. 6.5 e 8.21.

[15] Psa. 1.2. II Cor. 4.16. Eph. 3.16. Col. 3.9, 10.

[16] Gal. 5.17. cap. 6.13, 19.

[17] I Cor. 15.57.

A nova vida debaixo da graça, segundo o espirito de sanctidade e adopção.

8 Assim que agora nenhuma condemnação ha para os que estão em Christo Jesus, que não [1] andam segundo a carne, mas segundo o espirito.

2 Porque a [2] lei do espirito de vida, em Christo Jesus, me livrou da lei do peccado e da morte.

3 Porque o que era impossivel á lei, [3] porquanto estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em similhança da carne do peccado, e pelo peccado, condemnou o peccado na carne;

4 Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não [4] andamos segundo a carne, mas segundo o espirito.

5 Porque os que são segundo a carne inclinam-se [5] para as coisas da carne; mas os que são segundo o espirito para as coisas do espirito.

6 Porque a inclinação [6] da carne é morte; mas a inclinação do espirito é vida e paz.

7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra [7] Deus, pois não é sujeita á lei de Deus, nem em verdade, o pode ser.

8 Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus.

9 Porém vós não estaes na carne, mas no espirito, [8] se é que o Espirito de[1007] Deus habita em vós. Mas, se alguem não tem o Espirito de Christo, esse tal não é d’elle.

10 E, se Christo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do peccado, mas o espirito vive por causa da justiça.

11 E, se o Espirito d’aquelle que dos mortos resuscitou a Jesus habita em vós, [9] aquelle que dos mortos resuscitou a Christo tambem vivificará os vossos corpos mortaes, pelo seu Espirito que em vós habita.

12 De maneira que, irmãos, [10] somos devedores, não á carne para viver segundo a carne.

13 Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; [11] mas, se pelo espirito mortificardes as obras do corpo, vivereis.

14 Porque todos [12] quantos são guiados pelo Espirito de Deus esses são filhos de Deus.

15 Porque não [13] recebestes o espirito de escravidão, para outra vez estardes em temor, porém recebestes o espirito de adopção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pae.

16 O mesmo Espirito [14] testifica com o nosso espirito que somos filhos de Deus.

17 E, se nós somos filhos, [15] somos logo herdeiros tambem, herdeiros de Deus e coherdeiros de Christo; se porventura com elle padecemos, para que tambem com elle sejamos glorificados.

As primicias do Espirito: esperança, intercessão, eleição.

18 Porque para mim [16] tenho por certo que as afflicções d’este tempo presente não são para comparar com a gloria que em nós ha de ser revelada.

19 Porque a paciente expectação [17] da creatura espera a manifestação dos filhos de Deus.

20 Porque a creatura [18] está sujeita á vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou,

21 Na esperança de que tambem a mesma creatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da gloria dos filhos de Deus.

22 Porque sabemos que toda [19] a creatura juntamente geme e está com dôres de parto até agora.

23 E não só ella, porém nós mesmos, que temos as primicias do Espirito, tambem gememos em nós mesmos, [20] esperando a adopção, a saber, a redempção do nosso corpo.

24 Porque em esperança somos salvos. Ora [21] a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguem vê como o esperará?

25 Mas, se esperamos o que não vemos, esperamol-o com paciencia.

26 E da mesma maneira tambem o Espirito ajuda as nossas [22] fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convem, mas o mesmo Espirito intercede por nós com gemidos inexprimiveis.

27 E aquelle [23] que examina os corações, sabe qual seja a intenção do Espirito; porquanto elle segundo Deus, intercede pelos sanctos.

28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem d’aquelles que amam a [24] Deus, d’aquelles que são chamados por seu decreto.

29 Porque os que d’antes [25] conheceu tambem os predestinou para serem conformes á imagem de seu Filho; para que seja o primogenito entre muitos irmãos.

30 E aos que predestinou [26] a estes tambem chamou: e aos que chamou a estes tambem justificou; e aos que justificou a estes tambem glorificou.

Cantico de victoria: Deus é por nós.

31 Que diremos pois a estas coisas? Se Deus [27] é por nós, quem será contra nós?

32 Aquelle que nem mesmo a seu proprio Filho [28] poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará tambem com elle todas as coisas?

33 Quem intentará accusação contra os escolhidos de Deus? [29] sendo Deus quem os justifica.

34 Quem os condemnará? [30] sendo Christo quem morreu, ou antes quem resuscitou d’entre os mortos, o qual[1008] está á direita de Deus, e tambem intercede por nós.

35 Quem nos separará do amor de Christo? A tribulação, ou a angustia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

36 Como está escripto: [31] Por amor de ti somos entregues á morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro.

37 Mas em todas [32] estas coisas somos mais do que vencedores, por aquelle que nos amou.

38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, [33] nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,

39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra creatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Christo Jesus nosso Senhor.

[1] ver. 4. Gal. 5.16, 25.

[2] João 8.36. cap. 6.18, 22 e 7.24. Gal. 2.19. I Cor. 15.45. II Cor. 3.6.

[3] Act. 13.39. cap. 3.20. Heb. 7.18 e 10.1. II Cor. 5.21. Gal. 3.13.

[4] ver. 1.

[5] João 3.6. I Cor. 2.14. Gal. 5.22, 25.

[6] cap. 6.21. ver. 13. Gal. 6.8.

[7] Thi. 4.4. I Cor. 2.14.

[8] I Cor. 3.16. João 3.34. Gal. 4.6. Phi. 1.19. I Ped. 1.11.

[9] Act. 2.24. cap. 6.4, 5. I Cor. 6.14. II Cor. 4.14. Eph. 2.5.

[10] cap. 6.7, 14.

[11] ver. 6. Gal. 6.8. Eph. 4.22. Col. 3.5.

[12] Gal. 5.18.

[13] I Cor. 2.12. Heb. 2.15. II Tim. 1.7. I João 4.18. Isa. 56.5. Gal. 4.5, 6. Mar. 14.36.

[14] II Cor. 1.22. Eph. 1.13.

[15] Act. 26.18 e 14.22. Gal. 4.7. Phi. 1.29. II Tim. 2.11.

[16] II Cor. 4.17. I Ped. 1.6.

[17] II Ped. 3.13.

[18] ver. 22. Gen. 3.19.

[19] Mar. 16.15. Col. 1.23. Jer. 12.11.

[20] Eph. 1.14 e 4.30. II Cor. 5.2, 4, 5. Luc. 20.36 e 21.28.

[21] II Cor. 5.7. Heb. 11.1.

[22] Mat. 20.22. Thi. 4.3. Zac. 12.10. Eph. 6.18.

[23] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9. Act. 1.24. I The. 2.4. ver. 34. I João 5.14.

[24] I Cor. 3.21, 22. II Cor. 4.15. Eph. 1.11. II Tim. 1.9.

[25] II Tim. 2.19. I Ped. 1.2. Eph. 1.5, 11. II Cor. 3.18. Phi. 3.21. I João 3.2. Col. 1.15, 18. Heb. 1.6. Apo. 1.5.

[26] cap. 9.24. Gal. 1.6, 15. Eph. 4.4 e 2.6. Heb. 9.15. I Ped. 2.9, 21. I Cor. 6.11. João 17.22.

[27] Num. 14.9. Job 34.29. Psa. 118.6.

[28] cap. 5.6, 10.

[29] Isa. 50.8, 9. Luc. 7.42. Apo. 12.10, 11.

[30] Mar. 16.19. Col. 3.1. I Ped. 3.18, 22. Heb. 7.25. I Tim. 2.5. I João 2.1.

[31] Psa. 44.22. I Cor. 15.30. II Cor. 4.11.

[32] I Cor. 15.57. II Cor. 2.14. I João 4.4 e 5.4. Apo. 12.11.

[33] Eph. 1.21 e 6.12. Col. 1.16 e 2.15. I Ped. 3.22.

Tristeza de Paulo por causa da incredulidade de Israel.

9 Em Christo digo a verdade, [1] não minto (dando-me testemunho juntamente a minha consciencia no Espirito Sancto):

2 Que tenho grande tristeza [2] e continua dôr no meu coração.

3 Porque eu mesmo desejara [3] ser [AIK] separado de Christo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;

4 Que são israelitas, [4] dos quaes é a adopção de filhos, e a gloria, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas:

5 Dos quaes são os paes, [5] e dos quaes é Christo segundo a carne, o qual é Deus sobre todos, bemdito eternamente: Amen.

A liberdade absoluta da graça de Deus.

6 Não, porém, que a [6] palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são d’Israel são israelitas;

7 Nem por serem descendencia de Abrahão [7] são todos filhos; mas: Em Isaac será chamada a tua descendencia.

8 Isto é: não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos [8] da promessa são contados como descendencia.

9 Porque a palavra [9] da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sarah terá um filho.

10 E não sómente esta, mas tambem Rebecca, quando concebeu de um, de Isaac, nosso pae;

11 Porque, não tendo elles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o proposito de Deus, segundo a eleição, [10] ficasse firme, [11] não por causa das obras, mas por aquelle que chamava),

12 Foi-lhe dito a ella: O maior servirá o menor.

13 Como está escripto: [12] Amei Jacob, e aborreci Esaú.

14 Que diremos pois? que ha injustiça da parte de Deus? [13] de maneira nenhuma.

15 Pois diz a Moysés: Compadecer-me-hei de quem me compadecer, e terei misericordia [14] de quem eu tiver misericordia.

16 De sorte que não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.

17 Porque diz a Escriptura [15] a Pharaó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja annunciado em toda a terra.

18 De sorte que se compadece de quem quer, e endurece a quem quer.

19 Dir-me-has então: Porque se queixa elle ainda? Porquanto, [16] quem resiste á sua vontade?

20 Mas antes, ó homem, quem és tu, que contestas contra Deus? Porventura [17] a coisa formada dirá ao que a formou: Porque me fizeste assim?

21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, [18] para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para deshonra?

22 E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, supportou com muita paciencia [19] os vasos da ira, preparados para perdição;

23 Para que tambem désse a conhecer as riquezas [20] da sua gloria nos vasos de misericordia, que para gloria d’antes preparou,

24 Os quaes somos nós, a quem tambem[1009] chamou, [21] não só d’entre os judeos, mas tambem d’entre os gentios?

25 Como tambem diz em Oseas: Chamarei meu povo [22] ao que não era meu povo; e amada á que não era amada.

26 E succederá que [23] no logar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; ahi serão chamados filhos do Deus vivo.

27 Tambem Isaias clamava ácerca d’Israel: Ainda que o [24] numero dos filhos d’Israel seja como a areia do mar, o restante será salvo.

28 Porque o Senhor consummará e abreviará a sua palavra em justiça; pois fará [25] breve a sua palavra sobre a terra.

29 E como antes disse Isaias: Se o Senhor [26] [AIL] dos Exercitos nos não deixára descendencia, foramos feitos como Sodoma, e seriamos similhantes a Gomorrah.

30 Que diremos pois? Que os gentios, [27] que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, porém a justiça que é pela fé.

31 Mas Israel, que buscava [28] a lei da justiça, não chegou á lei da justiça.

32 Porque? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras [29] da lei; porque tropeçaram na pedra de tropeço;

33 Como está escripto: [30] Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escandalo; e todo aquelle que crer n’ella [31] não será confundido.

[1] II Cor. 11.31 e 12.19. Gal. 1.20. I Tim. 2.7.

[2] cap. 10.1.

[3] Exo. 32.32.

[4] Exo. 4.22. Deu. 14.1. Luc. 1.72. Act. 3.25 e 13.32.

[5] cap. 1.3 e 1.25 e 11.28. Deu. 10.15. Mat. 1.16. Jer. 23.6. Heb. 1.8. I João 5.20.

[6] cap. 3.3 e 2.28, 29 e 4.12, 16. João 8.39. Gal. 6.16.

[7] Gal. 4.23. Gen. 21.12. Heb. 11.18.

[8] Gal. 4.28.

[9] Gen. 18.10, 14.

[10] cap. 4.17 e 8.28.

[11] Gen. 25.23.

[12] Deu. 21.15. Pro. 13.24. Mal. 1.2, 3. Mat. 10.37. Luc. 14.26. João 12.25.

[13] Deu. 32.4. II Chr. 19.7. Job 8.3. Psa. 92.15.

[14] Exo. 33.19.

[15] Gal. 3.8, 22. Exo. 9.16.

[16] II Chr. 20.6. Job 9.12. Dan. 4.35.

[17] Isa. 29.16 e 45.9.

[18] Pro. 16.4. Jer. 18.6. II Tim. 2.20.

[19] I The. 5.9. I Ped. 2.8. Jud. 4.

[20] cap. 2.4. Eph. 1.7. Col. 1.27. cap. 8.28, 29, 30.

[21] cap. 3.29.

[22] Ose. 2.23. I Ped. 2.10.

[23] Ose. 1.10.

[24] Isa. 10.22, 23. cap. 11.5.

[25] Isa. 28.22.

[26] Isa. 1.9. Lam. 3.22. Isa. 13.19. Jer. 50.40.

[27] cap. 4.11 e 10.20 e 1.17.

[28] cap. 10.2 e 11.7. Gal. 5.4.

[29] Luc. 2.34. I Cor. 1.23.

[30] Psa. 118.22. Isa. 8.14 e 28.16. Mat. 21.42. I Ped. 2.6, 7, 8.

[31] cap. 10.11.

Os judeos rejeitam a justiça de Deus.

10 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel, é para sua salvação.

2 Porque lhes dou testemunho de que têem zelo [1] de Deus, mas não com entendimento.

3 Porque, [2] não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua propria justiça, não se sujeitaram á justiça de Deus.

4 Porque o fim da lei é [3] Christo para justiça de todo aquelle que crê.

5 Porque Moysés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: [4] O homem que fizer estas coisas viverá por ellas.

6 Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu [5] coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Christo).

7 Ou, quem descerá ao abysmo? (isto é, a tornar a trazer, dos mortos a Christo).

8 Mas que diz? [6] A palavra está junto de ti, na tua bocca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que prégamos,

9 A saber: Se com a tua bocca confessares [7] ao Senhor Jesus, e em teu coração crêres que Deus o resuscitou dos mortos, serás salvo.

10 Porque com o coração se crê para a justiça, e com a bocca se faz confissão para a salvação.

11 Porque a Escriptura diz: [8] Todo aquelle que n’elle crêr não será confundido.

12 Porque não ha differença entre judeo e grego; [9] porque um mesmo é o Senhor de todos os que o invocam.

13 Porque todo aquelle [10] que invocar o nome do Senhor será salvo.

14 Como pois invocarão aquelle em quem não creram? e como crerão n’aquelle de quem não ouviram? e como [11] ouvirão, se não ha quem prégue?

15 E como prégarão, se não forem enviados? como está escripto: Quão formosos [12] são os pés dos que annunciam a paz, dos que annunciam coisas boas!

16 Mas nem todos obedecem ao evangelho; [13] porque Isaias diz: Senhor, quem creu na nossa prégação?

17 De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.

18 Mas digo: Porventura não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a terra saiu o som d’elles, e as suas palavras [14] até aos confins do mundo.

19 Mas digo: Porventura Israel não o conheceu? Primeiramente diz Moysés: Eu [15] vos metterei em ciumes com aquelles que não são povo, com gente insensata vos provocarei á ira.

20 E Isaias se atreve, e diz: Fui achado [16] pelos que me não buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam.

21 Mas contra Israel diz: Todo o dia [17] estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.

[1] Act. 21.20 e 22.3. Gal. 1.14 e 4.17. cap. 9.31.

[2] cap. 1.17 e 9.30. Phi. 3.9.

[3] Mat. 5.17. Gal. 3.24.

[4] Lev. 18.5. Neh. 9.29. Eze. 20.11, 13, 21. Gal. 3.12.

[5] Deu. 30.12, 13.

[6] Deu. 30.14.

[7] Mat. 10.32. Luc. 12.8. Act. 8.37.

[8] Isa. 28.16 e 49.23. Jer. 17.7. cap. 9.33.

[9] Act. 15.9 e 10.36. Gal. 3.28. cap. 3.29. I Tim. 2.5. Eph. 1.7 e 2.4, 7.

[10] Joel 2.32. Act. 2.21 e 9.14.

[11] Tito 1.3.

[12] Isa. 52.7. Nah. 1.15.

[13] cap. 3.3. Heb. 4.2. Isa. 53.1. João 12.38.

[14] Psa. 19.4. Mat. 24.14 e 28.19. Mar. 16.15. Col. 1.6, 23. I Reis 18.10. Mat. 4.8.

[15] Deu. 32.21. cap. 11.11. Tito 3.3.

[16] Isa. 65.1. cap. 9.30.

[17] Isa. 65.2.

[1010]

O futuro de Israel.

11 Digo pois: Porventura [1] rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque tambem eu sou israelita, da descendencia d’Abrahão, da tribu de Benjamin.

2 Deus não rejeitou o seu povo, [2] o qual antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escriptura diz de Elias? Como falla a Deus contra Israel, dizendo:

3 Senhor, mataram os teus prophetas, e derribaram os [3] teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma.

4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei [4] para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.

5 Assim pois [5] tambem agora n’este tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça.

6 E, se é por graça, [6] já não é pelas obras: de outra maneira, a graça já não é graça. E, se é pelas obras, já não é graça: de outra maneira a obra já não é obra.

7 Pois que? O que [7] Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos.

8 Como está escripto: [8] Deus lhes deu espirito de profundo somno; olhos para não vêrem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia d’hoje.

9 E David diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, [9] e em armadilha, e em tropeço e em sua retribuição;

10 Escureçam-se-lhes os olhos [10] para não verem, e encurvem-se-lhes continuamente as costas.

11 Digo pois: Porventura tropeçaram, para que caissem? [11] De modo nenhum, mas pela sua queda veiu a salvação aos gentios, para os incitar á emulação.

12 E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude?

13 Porque comvosco fallo, gentios, que, emquanto fôr apostolo dos [12] gentios, glorificarei o meu ministerio;

14 Para vêr se de alguma maneira posso incitar á emulação os da minha carne, e salvar [13] alguns d’elles.

15 Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida d’entre os mortos?

16 E, se as primicias são [14] sanctas, tambem a massa o é; se a raiz é sancta, tambem os ramos o são.

17 E, se alguns dos ramos foram quebrados, [15] e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em logar d’elles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,

18 Não te glories contra [16] os ramos; e, se contra elles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.

19 Dirás pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.

20 Bem: por incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé [17] pela fé: não te ensoberbeças, mas teme.

21 Porque, se Deus não poupou os ramos naturaes, teme que te não poupe a ti tambem.

22 Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que cairam, severidade; porém para comtigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de [18] outra maneira, tambem tu serás cortado.

23 Porém tambem elles, se não [19] permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.

24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro, e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturaes, serão enxertados na sua propria oliveira?

25 Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo [20] (para que não presumaes de vós mesmos): que o endurecimento veiu em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.

26 E assim todo o Israel será salvo, como está escripto: [21] De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacob as impiedades.

27 E este será o meu concerto [22] com elles, quando eu tirar os seus peccados.

28 Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto á eleição, [23] amados por causa dos paes.

29 Porque os dons e [24] a vocação de Deus são sem arrependimento.

30 Porque assim como vós tambem[1011] antigamente [25] fostes desobedientes a Deus, porém agora alcançastes misericordia pela desobediencia d’elles,

31 Assim tambem estes agora foram desobedientes, para tambem alcançarem misericordia pela vossa misericordia.

32 Porque Deus encerrou [26] a todos debaixo da desobediencia, para com todos usar de misericordia.

Hymno de adoração.

33 Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da sciencia de Deus! Quão insondaveis [27] são os seus juizos, e quão inexcrutaveis os seus caminhos!

34 Porque quem comprehendeu [28] o intento do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?

35 Ou quem lhe deu [29] primeiro a elle, e lhe será recompensado?

36 Porque d’elle [30] e por elle, e para elle, são todas as coisas; gloria pois a elle eternamente. Amen.

[1] I Sam. 12.22. Jer. 31.37. II Cor. 11.22. Phi. 3.5.

[2] cap. 8.29.

[3] I Reis 19.10, 14.

[4] I Reis 19.18.

[5] cap. 9.27.

[6] cap. 4.4, 5. Gal. 5.4. Deu. 9.4, 5.

[7] cap. 9.31 e 10.3.

[8] Isa. 29.10. Deu. 29.4. Isa. 6.9. Jer. 5.21. Eze. 12.2. Mat. 13.14. João 12.40. Act. 28.26.

[9] Psa. 69.22.

[10] Psa. 69.23.

[11] Act. 13.46 e 18.6 e 22.18, 21 e 28.24, 28. cap. 10.19.

[12] Act. 9.15 e 13.2. cap. 15.16. Gal. 1.16 e 2.2, 7, 8. Eph. 3.8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11.

[13] I Cor. 7.16 e 9.22. I Tim. 4.16. Thi. 5.20.

[14] Lev. 23.10. Num. 15.18, 19, 20, 21.

[15] Jer. 11.16. Act. 2.39. Eph. 2.12, 13.

[16] I Cor. 10.12.

[17] cap. 12.16. Pro. 28.14. Isa. 66.2. Phi. 2.12.

[18] I Cor. 15.2. Heb. 3.6, 14. João 15.2.

[19] II Cor. 3.16.

[20] cap. 12.16. ver. 7. II Cor. 3.14. Luc. 21.24. Apo. 7.9.

[21] Isa. 59.20. Psa. 14.7.

[22] Isa. 27.9. Jer. 31.31, etc. Heb. 8.8 e 10.16.

[23] Deu. 7.8 e 9.5 e 10.15.

[24] Num. 23.19.

[25] Eph. 2.2. Col. 3.7.

[26] cap. 3.9. Gal. 3.22.

[27] Psa. 36.6. Job 11.7.

[28] Job 15.8. Isa. 40.13. Jer. 23.18. I Cor. 2.16.

[29] Job 35.7.

[30] I Cor. 8.6. Col. 1.16. I Tim. 1.17. II Tim. 4.18. Heb. 13.21. I Ped. 5.11. Apo. 1.6.

Consagração a Deus; humildade e fidelidade no uso de seus dons.

12 Rogo-vos pois, irmãos, [1] pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrificio vivo, sancto e agradavel a Deus, que é o vosso culto racional.

2 E não vos conformeis [2] com este mundo, mas transformae-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradavel, e perfeita vontade de Deus.

3 Porque pela graça, que me [3] é dada, digo a cada um d’entre vós que não saiba mais do que convem saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

4 Porque assim como em [4] um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros teem a mesma operação,

5 Assim nós, que somos muitos, [5] somos um só corpo em Christo, mas membros uns dos outros.

6 De modo que, tendo differentes dons, segundo a graça que nos é dada, ou seja [6] prophecia, seja ella segundo a medida da fé;

7 Ou seja ministerio, seja em ministrar; ou o que ensina [7] em ensinar;

8 Ou o que exhorta, em exhortar; o que reparte, em simplicidade; o [8] que preside, com cuidado; o que exercita misericordia, com alegria.

O amor, o fervor, a humildade, a beneficencia.

9 O amor seja não fingido. [9] Aborrecei o mal e apegae-vos ao bem.

10 Amae-vos cordealmente uns aos outros com amor fraternal, [10] preferindo-vos em honra uns aos outros.

11 Não sejaes vagarosos no cuidado: sêde fervorosos no espirito, servindo ao Senhor;

12 Alegrae-vos na esperança, [11] sêde pacientes na tribulação, perseverae na oração;

13 Communicae com os sanctos nas suas necessidades, [12] segui a hospitalidade;

14 Abençoae aos que vos [13] perseguem, abençoae, e não amaldiçoeis:

15 Alegrae-vos com [14] os que se alegram; e chorae com os que choram;

16 Sêde unanimes entre vós; [15] não ambicioneis coisas altivas, mas accommodae-vos ás humildes; não sejaes sabios em vós mesmos;

17 A ninguem [16] torneis mal por mal; procurae as coisas honestas, perante todos os homens.

18 Se fôr possivel, quanto estiver em vós, tende paz com [17] todos os homens.

19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, [18] mas dae logar á ira, porque está escripto: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.

20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer: se tiver sêde, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brazas de fogo sobre a sua cabeça.

21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

[1] I Ped. 2.5. Psa. 50.14. cap. 6.13. I Cor. 6.20. Heb. 10.20.

[2] I Ped. 1.14. I João 2.15. Eph. 4.23 e 5.17. Col. 3.10. I The. 4.3.

[3] cap. 1.5. I Cor. 3.10 e 15.10. Gal. 2.9. Eph. 3.2 e 4.7. Pro. 25.27. Ecc. 7.16. cap. 11.20. I Cor. 12.11.

[4] I Cor. 12.12. Eph. 4.16.

[5] I Cor. 10.17 e 12.20, 27. Eph. 1.23 e 4.25.

[6] I Cor. 12.4. I Ped. 4.10, 11. Act. 11.27. I Cor. 12.10, 28 e 14.29, 31.

[7] Act. 13.1. Gal. 6.6. Eph. 4.11. I Tim. 5.17.

[8] Act. 15.32 e 20.28. I Cor. 14.3. I Tim. 5.17. I Ped. 5.2. II Cor. 9.7.

[9] I Tim. 1.5. I Ped. 1.22. Psa. 34.14. Amós 5.15.

[10] Heb. 13.1. I Ped. 1.22 e 5.5. II Ped. 1.7. Phi. 2.3.

[11] Luc. 10.20 e 21.19 e 18.1. cap. 5.2. Phi. 3.1. I The. 5.16. I Ped. 4.13 e 2.19. I Tim. 6.11. Heb. 10.36. Thi. 1.4. Act. 2.42. Eph. 6.18. Col. 4.2.

[12] II Cor. 9.1, 12. Heb. 6.10. I João 3.17. Heb. 13.2. I Ped. 4.9.

[13] Mat. 5.44. Luc. 6.28. Act. 7.60. I Cor. 4.12.

[14] I Cor. 12.26.

[15] I Cor. 1.10. Phi. 2.2 e 3.16. I Ped. 3.8.

[16] Pro. 20.22. Mat. 5.39. I The. 5.15. I Ped. 3.9. II Cor. 8.21.

[17] Mar. 9.50. Heb. 12.14.

[18] Lev. 19.18. Pro. 24.29 e 25.21. Deu. 32.35. Heb. 10.30. Exo. 23.4, 5. Mat. 5.44.

[1012]

Submissão á auctoridade.

13 Toda a alma esteja [1] sujeita ás potestades superiores; porque não ha potestade senão de Deus; e as potestades que ha são ordenadas por Deus.

2 Por isso quem [2] resiste á potestade resiste á ordenação de Deus: e os que resistem trarão sobre si mesmos a condemnação.

3 Porque os magistrados não são para temor das boas obras, senão das más. Queres tu pois não temer a potestade? Faze [3] o bem, e terás louvor d’ella.

4 Porque elle é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, vingador para castigar o que faz o mal.

5 Portanto é necessario [4] estar sujeito, não sómente pelo castigo, mas tambem pela consciencia.

6 Porque por isso tambem pagaes tributos: porque são ministros de Deus, attendendo sempre a isto mesmo.

7 Portanto dae a cada um [5] o que deveis: a quem tributo, tributo: a quem imposto, imposto: a quem temor, temor: a quem honra, honra.

O amor ao proximo, a vigilancia, a pureza.

8 A ninguem devaes coisa alguma, senão o amor com que vos ameis [6] uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.

9 Porque isto: Não [7] adulterarás: Não matarás: Não furtarás: Não darás falso testemunho: Não cubiçarás: e se ha algum outro mandamento, n’esta palavra se resume: Amarás ao teu proximo como a ti mesmo.

10 O amor não faz mal ao proximo. De sorte que o [8] cumprimento da lei é o amor.

11 E isto, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do somno; porque [9] a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando crêmos.

12 A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos [10] pois as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.

13 Andemos honestamente, [11] como de dia: não em glotonerias, nem em bebedeiras, nem em deshonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja.

14 Mas vesti-vos [12] do Senhor Jesus Christo, e não tenhaes cuidado da carne em suas concupiscencias.

[1] Tito 3.1. I Ped. 2.13. Pro. 8.15, 16. Dan. 2.21. João 19.11.

[2] Tito 3.1.

[3] I Ped. 2.14 e 3.13.

[4] Ecc. 8.2. I Ped. 2.19.

[5] Mat. 22.21. Mar. 12.17. Luc. 20.25.

[6] ver. 10. Gal. 5.14. Col. 3.14. I Tim. 1.5. Thi. 2.8.

[7] Exo. 20.13, etc. Deu. 5.17, etc. Mat. 19.18 e 22.39. Lev. 19.18. Gal. 5.14. Thi. 2.8.

[8] Mat. 22.40. ver. 8.

[9] I Cor. 15.34. Eph. 5.14. I The. 5.5.

[10] Eph. 5.11. Col. 3.8. I The. 5.8.

[11] Phi. 4.8. I The. 4.12. Pro. 23.20. Luc. 21.34. I Ped. 4.3. I Cor. 6.9. Eph. 5.5.

[12] Gal. 3.27. Eph. 4.24. Col. 3.10. Gal. 5.16. I Ped. 2.11.

Tolerancia para com os fracos na fé.

14 Ora, quanto ao que está enfermo [1] na fé, recebei-o, não em contendas de disputas.

2 Porque um crê que de tudo se pode comer, [2] e outro, que é enfermo, come legumes.

3 O que come não despreze ao que não come; [3] e o que não come não julgue ao que come; porque Deus o recebeu por seu.

4 Quem és tu, [4] que julgas ao servo alheio? Para seu proprio Senhor está em pé ou cae; porém estará firme; porque poderoso é Deus para o firmar.

5 Um faz differença [5] entre dia e dia, mas outro julga eguaes todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu proprio animo.

6 Aquelle que faz caso do dia, [6] para o Senhor o faz; e o que não faz caso do dia, para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.

7 Porque nenhum [7] de nós vive para si, e nenhum morre para si.

8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos: se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.

9 Porque para isto [8] tambem morreu Christo, e resuscitou, e tornou a viver; para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos.

10 Mas tu, porque julgas a teu irmão? Ou tu, tambem, porque desprezas a teu irmão? Pois todos [9] havemos de comparecer ante o tribunal de Christo.

11 Porque está escripto: [10] Vivo eu, diz o Senhor: que todo o joelho se dobrará diante de mim, e toda a lingua confessará a Deus.

12 De maneira que cada um [11] de nós dará conta de si mesmo a Deus.

[1013]

A liberdade e a caridade.

13 Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; [12] mas antes julgae isto, não pôr tropeço ou escandalo ao irmão.

14 Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesmo immunda [13] senão para aquelle que a tem por immunda, para esse é immunda.

15 Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. [14] Não destruas com a tua comida aquelle por quem Christo morreu.

16 Não seja pois [15] blasphemado o vosso bem;

17 Porque o reino [16] de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espirito Sancto.

18 Porque quem n’isto serve a Christo [17] agradavel é a Deus e acceito aos homens.

19 Sigamos [18] pois as coisas que servem para a paz e para a [19] edificação de uns para com os outros.

20 Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que [20] todas as coisas são limpas, mas é mau para o homem que come com escandalo.

21 Bom é não comer carne, [21] nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.

22 Tens tu fé? Tem-n’a em ti mesmo diante de Deus. Bemaventurado aquelle [22] que não se condemna a si mesmo no que approva.

23 Mas aquelle que duvida, se come está condemnado, porque não come por fé; e tudo [23] que não é de fé é peccado.

[1] I Cor. 8.9, 11 e 9.22.

[2] I Cor. 10.25. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[3] Col. 2.16.

[4] Thi. 4.12.

[5] Gal. 4.10. Col. 2.16.

[6] Gal. 4.10. I Cor. 10.31. I Tim. 4.3.

[7] I Cor. 6.19, 20. Gal. 2.20. I The. 5.10. I Ped. 4.2.

[8] II Cor. 5.15. Act. 10.36.

[9] Mat. 25.31, 32. Act. 10.42 e 17.31. II Cor. 5.10.

[10] Isa. 45.23. Phi. 2.10.

[11] Mat. 12.36. Gal. 6.5. I Ped. 4.5.

[12] I Cor. 8.9, 13 e 10.32.

[13] Act. 10.15. ver. 2, 20. I Cor. 10.25. I Tim. 4.4. Tito 1.15.

[14] I Cor. 8.11.

[15] cap. 12.17.

[16] I Cor. 8.8.

[17] II Cor. 8.21.

[18] Psa. 34.14. cap. 12.18.

[19] cap. 15.2. I Cor. 14.12. I The. 5.11.

[20] Mat. 15.11. Act. 10.15. ver. 14. Tito 1.15. I Cor. 8.9, 10, 11, 12.

[21] I Cor. 8.13.

[22] I João 3.21.

[23] Tito 1.15.

Christo dá-nos o exemplo da abnegação.

15 Mas nós, que somos fortes, devemos [1] supportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.

2 Portanto cada um de nós [2] agrade ao seu proximo no que é bom para edificação.

3 Porque tambem Christo não agradou a si mesmo, [3] mas, como está escripto: Sobre mim cairam as injurias dos que te injuriavam.

4 Porque todas as coisas que d’antes foram [4] escriptas, para nosso ensino foram escriptas, para que pela paciencia e consolação das Escripturas tenhamos esperança.

5 Ora o Deus de paciencia [5] e consolação vos conceda que entre vós sintaes uma mesma coisa, segundo Jesus Christo.

6 Para que concordes, [6] a uma bocca, glorifiqueis ao Deus e Pae de Nosso Senhor Jesus Christo.

7 Portanto recebei uns aos outros, como [7] tambem Christo nos recebeu para gloria de Deus.

8 Digo pois [8] que Jesus Christo foi ministro da circumcisão, por causa da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos paes;

9 E para que os gentios [9] glorifiquem a Deus pela sua misericordia, como está escripto: Portanto eu te confessarei entre os gentios, e cantarei ao teu nome.

10 E outra vez diz: [10] Alegrae-vos, gentios, com o seu povo.

11 E outra vez: Louvae [11] ao Senhor, todos os gentios, e celebrae-o, todos os povos.

12 E outra vez diz Isaias: Uma raiz [12] de Jessé haverá, e n’aquelle que se levantar para reger os gentios esperarão os gentios.

13 Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo [13] e paz na fé, para que abundeis em esperança pela virtude do Espirito Sancto.

O apostolado e propositos de Paulo.

14 Porém, meus irmãos, certo [14] estou, a respeito de vós, que tambem vós mesmos estaes cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, e poderosos para tambem vos admoestardes uns aos outros.

15 Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como trazendo-vos outra vez isto á memoria, pela graça [15] que por Deus me foi dada;

16 Para que seja [16] ministro de Jesus Christo entre os gentios, administrando o evangelho de Deus, para que seja agradavel a offerta dos gentios, sanctificada pelo Espirito Sancto.

17 De sorte que tenho gloria em Jesus Christo nas coisas que pertencem [17] a Deus.

18 Porque não ousaria dizer coisa alguma,[1014] que [18] Christo por mim não tenha feito, para obediencia dos gentios, por palavra e por obras;

19 Pelo poder dos signaes [19] e prodigios, pela virtude do Espirito de Deus: de maneira que desde Jerusalem, e pelos arredores, até ao Illyrico, tenho prégado o evangelho de Jesus Christo.

20 E assim afectuosamente me esforcei em annunciar o evangelho, não onde Christo [20] houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio,

21 Antes, como está escripto: Aquelles a quem não foi [21] annunciado o verão, e os que não ouviram o entenderão.

22 Pelo que tambem muitas vezes [22] tenho sido impedido de ir ter comvosco.

23 Mas agora, que não [23] tenho mais demora n’estas partes, e tendo já ha muitos annos grande desejo de ir ter comvosco,

24 Quando partir para Hespanha irei ter comvosco; pois espero que de passagem vos verei e para lá [24] serei acompanhado de vós, depois de ter gozado em parte da vossa presença.

25 Mas agora vou a Jerusalem para [25] ministrar aos sanctos.

26 Porque pareceu bem á Macedonia [26] e á Achaia fazerem uma collecta para os pobres d’entre os sanctos que estão em Jerusalem.

27 Porque lhes pareceu bem, e são-lhes devedores. Porque, se os gentios [27] foram participantes dos seus bens espirituaes, devem tambem ministrar-lhes os temporaes.

28 Assim que, concluido isto, e havendo-lhes consignado este [28] fructo, de lá, passando por vós, irei a Hespanha.

29 E bem sei que, chegando a vós, chegarei com a plenitude da benção do evangelho de Christo.

30 E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Christo [29] e pelo amor do Espirito, que combataes comigo em orações por mim a Deus;

31 Para que seja livre [30] dos rebeldes que estão na Judéa, e que esta minha administração, que em Jerusalem faço, seja acceite aos sanctos;

32 Para que, pela vontade de Deus, chegue a vós [31] com alegria, e possa recreiar-me comvosco.

33 E o Deus de [32] paz seja com todos vós. Amen.

[1] Gal. 6.1. cap. 14.1.

[2] I Cor. 9.19, 22 e 10.24. Phi. 2.4, 5. cap. 14.19.

[3] Mat. 26.39. João 5.30 e 6.38. Psa. 69.9.

[4] cap. 4.23, 24. I Cor. 9.9. II Tim. 3.16, 17.

[5] cap. 12.16. I Cor. 1.10. Phi. 3.16.

[6] Act. 4.24, 32.

[7] cap. 14.1, 3 e 5.2.

[8] Mat. 15.24. João 1.11. Act. 3.25. II Cor. 1.20.

[9] João 10.16. cap. 9.23. Psa. 18.49.

[10] Deu. 32.43.

[11] Psa. 117.1.

[12] Isa. 11.1, 10. Apo. 5.5 e 22.16.

[13] cap. 12.12 e 14.17.

[14] II Ped. 1.12. I João 2.21. I Cor. 8.1, 7, 10.

[15] cap. 1.5 e 12.3. Gal. 1.15. Eph. 3.7.

[16] cap. 11.13. Gal. 2.7. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11. Isa. 66.20. Phi. 2.17.

[17] Heb. 5.1.

[18] Act. 21.19. Gal. 2.8. cap. 1.5 e 16.26.

[19] Act. 19.11. II Cor. 12.12.

[20] II Cor. 10.13.

[21] Isa. 52.15.

[22] cap. 1.13. I The. 2.17, 18.

[23] Act. 19.21. ver. 32. cap. 1.11.

[24] Act. 15.3.

[25] Act. 19.21 e 20.22 e 24.17.

[26] I Cor. 16.1, 2. II Cor. 8.1 e 9.2, 12.

[27] cap. 11.17. I Cor. 9.11. Gal. 6.6.

[28] Phi. 4.17.

[29] Phi. 2.1. II Cor. 1.11. Col. 4.12.

[30] II The. 3.2. II Cor. 8.4.

[31] Act. 18.21. I Cor. 4.19. Thi. 4.15. I Cor. 16.18. II Cor. 7.13. II Tim. 1.16. Phi. 1.20.

[32] I Cor. 14.33. II Cor. 13.11. Phi. 4.9. I The. 5.23. II The. 3.16. Heb. 13.20.

Recommendações, saudações e votos.

16 Recommendo-vos pois Phebe, nossa irmã, a qual serve na egreja que está em [1] Cenchrea.

2 Para que a recebaes no Senhor, como [2] convem aos sanctos e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado a muitos, como tambem a mim mesmo.

3 Saudae a Priscilla [3] e a Aquila, meus cooperadores em Christo Jesus,

4 Que pela minha vida expozeram [AIM] as suas cabeças; aos quaes não só eu agradeço, mas tambem todas as egrejas dos gentios.

5 Saudae tambem a egreja [4] que está em sua casa. Saudae a Epéneto, meu amado, que é as primicias da Asia em Christo.

6 Saudae a Maria, que trabalhou muito por nós.

7 Saudae a Andronico e a Junia, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quaes se assignalam entre os apostolos [5] e que foram antes de mim em Christo.

8 Saudae a Amplias, meu amado no Senhor.

9 Saudae a Urbano, nosso cooperador em Christo, e a Stachys, meu amado.

10 Saudae a Apelles, approvado em Christo. Saudae aos da familia d’Aristobulo.

11 Saudae a Herodião, meu parente. Saudae aos da familia de Narciso, os que estão no Senhor.

12 Saudae a Tryphena e a Tryphosa, as quaes trabalham no Senhor. Saudae á amada Persida, a qual muito trabalhou no Senhor.

13 Saudae a Rufo, [6] eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.

14 Saudae a Asyncrito, a Phlegonte, a Hermas, a Patrobas, a Hermes, e aos irmãos que estão com elles.

15 Saudae a Philologo e a Julia, a Nereo e a sua irmã, e a Olympia, e a todos os sanctos que com elles estão.

16 Saudae-vos uns aos [7] outros com[1015] sancto osculo. As egrejas de Christo vos saudam.

17 E rogo-vos, irmãos, que vos acauteleis dos que promovem dissensões [8] e escandalos contra a doutrina que aprendestes; desviae-vos d’elles.

18 Porque os taes não servem a nosso Senhor Jesus Christo, mas ao seu [9] ventre: e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simplices.

19 Porque a vossa obediencia [10] é conhecida de todos. Comprazo-me pois em vós; e quero que sejaes sabios no bem, porém simplices no mal.

20 E o Deus de paz [11] esmagará logo a Satanaz debaixo dos vossos pés. A graça de Nosso Senhor Jesus Christo seja comvosco. Amen.

21 Saudam-vos Timotheo, meu cooperador, e Lucio, e Jason, [12] e Sosipater, meus parentes.

22 Eu, Tercio, que esta carta escrevi, vos saudo no Senhor.

23 Sauda-vos Gaio, [13] meu hospedeiro, e de toda a egreja. Sauda-vos Erasto, procurador da cidade, e tambem o irmão Quarto.

24 A graça de nosso [14] Senhor Jesus Christo seja com todos vós. Amen.

25 Ora, áquelle que é [15] poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho, e a prégação de Jesus Christo, conforme a revelação do mysterio que desde tempos eternos foi encoberto,

26 Mas agora se manifestou, e se notificou [16] pelas Escripturas dos prophetas, segundo o mandamento do Deus eterno, para obediencia [17] da fé entre todas as nações,

27 Ao unico Deus, sabio, [18] seja gloria por Jesus Christo para todo o sempre. Amen.

[1] Act. 13.18.

[2] Phi. 2.29. III João 5, 6.

[3] Act. 18.2, 18, 26. II Tim. 4.19.

[4] I Cor. 16.15, 19. Col. 4.15. Phi. 2.

[5] Gal. 1.22.

[6] II João 1.

[7] I Cor. 16.20. I The. 5.26. I Ped. 5.14.

[8] Act. 15.1, 5, 24. I Cor. 5.9, 11. II The. 3.6, 14. II Tim. 3.5. Tito 3.10. II João 10.

[9] Phi. 3.19. I Tim. 6.5. Col. 2.4. II Tim. 3.6. Tito 1.10. II Ped. 2.3.

[10] Mat. 10.16. I Cor. 14.20.

[11] Gen. 3.15. I Cor. 16.23. Phi. 4.23. Apo. 22.21.

[12] Act. 16.1 e 13.1. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim. 1.2. Heb. 13.23.

[13] I Cor. 1.14. Act. 19.22. II Tim. 4.20.

[14] I The. 5.28.

[15] Eph. 3.20 e 1.9. I The. 3.13. II The. 2.17 e 3.3. Jud. 24. Col. 1.26, 27. I Cor. 2.7.

[16] Eph. 1.9. II Tim. 1.10. Tito 1.2, 3. I Ped. 1.20.

[17] Act. 6.7. cap. 1.5.

[18] I Tim. 1.17 e 6.16. Jud. 25.


PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS CORINTHIOS.

Prefacio, saudação e acção de graças.

Anno Domini 59

1 Paulo (chamado [1] apostolo de Jesus Christo, pela vontade de Deus), e o irmão Sosthenes,

2 Á egreja de Deus que está em Corintho, [2] aos sanctificados em Christo Jesus, chamados sanctos, com todos os que em todo o logar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Christo, Senhor d’elles e nosso:

3 Graça [3] e paz de Deus nosso Pae, e do Senhor Jesus Christo.

4 Sempre dou graças ao meu Deus por vós [4] pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Christo.

5 Porque em todas as coisas sois enriquecidos n’elle, [5] em toda a palavra e em todo o conhecimento

6 (Como o testemunho [6] de Christo foi confirmado entre vós).

7 De maneira que nenhum dom vos falte, esperando a manifestação [7] de nosso Senhor Jesus Christo,

8 O qual vos confirmará tambem até ao fim, para serdes irreprehensiveis [8] no dia de nosso Senhor Jesus Christo.

9 Fiel é Deus, [9] pelo qual fostes chamados para a communhão de seu Filho Jesus Christo nosso Senhor.

As dissensões na egreja de Corintho.

10 Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Christo, que digaes todos uma mesma [10] coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejaes unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer.

11 Porque de vós, irmãos meus, me foi notificado pelos da familia de Chloe que ha contendas entre vós.

12 E digo isto, [11] que cada um de[1016] vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apollos, e eu de Cephas, e eu de Christo.

13 Está Christo divídido? [12] foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós baptizados em nome de Paulo?

14 Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós baptizei, senão a [13] Crispo e a Gaio.

15 Para que ninguem diga que eu tenho baptizado em meu nome.

16 E baptizei tambem a [14] familia de Estephanas; além d’estes, não sei se baptizei algum outro.

17 Porque Christo enviou-me, não para baptizar, mas para evangelizar; não em sabedoria [15] de palavras, para que a cruz de Christo se não faça vã.

18 Porque a palavra da cruz é loucura para [16] os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.

19 Porque está escripto: [17] Destruirei a sabedoria dos sabios, e aniquilarei a intelligencia dos intelligentes.

20 Onde está [18] o sabio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor d’este seculo? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria d’este mundo?

21 Porque, como na sabedoria [19] de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da prégação.

22 Porque os judeos pedem [20] signal, e os gregos buscam sabedoria;

23 Mas nós prégamos a Christo crucificado, que é escandalo para [21] os judeos, e loucura para os gregos.

24 Porém para os que são chamados, tanto judeos como gregos, lhes prégamos a Christo, [22] poder de Deus, e sabedoria de Deus.

25 Porque a loucura de Deus é mais sabia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

26 Porque, vêde, irmãos a vossa vocação, que não muitos sabios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres [23] são chamados.

27 Mas Deus escolheu [24] as coisas loucas d’este mundo para confundir as sabias; e Deus escolheu as coisas fracas d’este mundo para confundir as fortes;

28 E Deus escolheu as coisas vis d’este mundo, e as despreziveis, [25] e as que não são, para aniquilar as que são;

29 Para que nenhuma [26] carne se glorie perante elle.

30 Mas vós sois d’elle, em Jesus Christo, o qual nos foi feito por Deus sabedoria, [27] e justiça, e sanctificação, e redempção;

31 Para que, como está escripto: Aquelle que se gloría [28] glorie-se no Senhor.

[1] Rom. 1.1. Eph. 1.1. Act. 18.17.

[2] Jud. 1. João 17.19. Act. 15.9. Rom. 1.7. II Tim. 1.9.

[3] Rom. 1.7. II Cor. 1.2. I Ped. 1.2.

[4] Rom. 1.8.

[5] II Cor. 8.7.

[6] cap. 2.1. II Tim. 1.8. Apo. 1.2.

[7] Phi. 3.20. Tito 2.13. II Ped. 3.12.

[8] I The. 3.13 e 5.23. Col. 1.22.

[9] Isa. 49.7. cap. 10.13. I The. 5.24. II The. 3.3. Heb. 10.23. João 15.4. I João 1.3.

[10] Rom. 12.16. II Cor. 13.11. Phi. 2.2. I Ped. 3.8.

[11] cap. 3.4 e 16.12. Act. 18.24 e 19.1. João 1.42.

[12] II Cor. 11.4. Eph. 4.5.

[13] Act. 18.8. Rom. 16.23.

[14] cap. 16.15, 17.

[15] cap. 2.1, 4, 13. II Ped. 1.16.

[16] II Cor. 2.15. Act. 17.18. cap. 2.14. Rom. 1.16. ver. 24.

[17] Job 5.12. Isa. 29.14. Jer. 8.9.

[18] Isa. 33.18 e 44.25. Job 12.17, 20, 24. Rom. 1.22.

[19] Mat. 11.25. Luc. 10.21. Rom. 1.20, 21, 28.

[20] Mat. 12.38 e 16.1. Mar. 8.11. Luc. 11.16. João 4.48.

[21] Isa. 8.14. Mat. 11.6. Luc. 2.34. João 6.60, 66. Rom. 9.32. Gal. 5.11. I Ped. 2.8.

[22] Rom. 1.4, 16. ver. 18. Col. 2.3.

[23] João 7.48.

[24] Mat. 11.25. Thi. 2.5. Psa. 8.2.

[25] Rom. 4.17. cap. 2.6.

[26] Rom. 3.27. Eph. 2.9.

[27] Jer. 23.5, 6. Rom. 4.25. II Cor. 5.21. Phi. 3.9. João 17.19. Eph. 1.7.

[28] Jer. 9.23, 24. II Cor. 10.17.

O caracter da prégação de Paulo em Corintho.

2 E eu, irmãos, quando fui ter comvosco, annunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com [1] sublimidade de palavras ou de sabedoria.

2 Porque não me propuz saber coisa alguma entre vós, [2] senão a Jesus Christo, e este crucificado.

3 E eu estive comvosco [3] em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.

4 A minha palavra, e a minha prégação, não consistiu em palavras persuasivas [4] de sabedoria humana, mas em demonstração de Espirito e de poder;

5 Para que a vossa fé não fosse em sabedoria dos homens, [5] mas no poder de Deus.

6 Todavia fallamos sabedoria entre os [6] perfeitos; não porém a sabedoria d’este mundo, nem dos principes d’este mundo, que se aniquilam;

7 Mas fallamos a sabedoria de Deus, occulta em mysterio, a qual Deus ordenou [7] antes dos seculos para nossa gloria;

8 A qual nenhum [8] dos principes d’este mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da gloria.

9 Mas, como está escripto: As coisas que o olho não [9] viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.

10 Porém Deus [10] nol-as revelou pelo seu Espirito; porque o Espirito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

[1017]

11 Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, [11] senão o espirito do homem, que n’elle está? assim tambem ninguem sabe as coisas de Deus, senão o Espirito de Deus.

12 Porém nós não recebemos o espirito do mundo, mas o [12] Espirito que provém de Deus; para que saibamos as coisas que nos são dadas por Deus.

13 As quaes tambem [13] fallamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espirito Sancto ensina, comparando as coisas espirituaes com as espirituaes,

14 Mas o homem natural não comprehende as coisas [14] do Espirito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendel-as, porquanto se discernem espiritualmente.

15 Porém o espiritual [15] discerne bem todas as coisas, mas elle de ninguem é discernido.

16 Porque, quem [16] conheceu a mente do Senhor, para que possa instruil-o? Mas nós temos a mente de Christo.

[1] II Cor. 10.10. cap. 1.6.

[2] Gal. 6.14. Phi. 3.8.

[3] Act. 18.1, 6, 12. II Cor. 4.7 e 10.1, 10. Gal. 4.13.

[4] cap. 1.17. II Ped. 1.16. Rom. 15.19. I The. 1.5.

[5] II Cor. 4.7 e 6.7.

[6] cap. 14.20 e 1.20. Eph. 4.13. Phi. 3.15. Heb. 5.14. II Cor. 1.12. Thi. 3.15.

[7] Rom. 16.25, 26. Eph. 3.5, 9. Col. 1.26. II Tim. 1.9.

[8] Mat. 11.25. João 7.48. Act. 13.27. II Cor. 3.14. Luc. 23.34.

[9] Isa. 64.4.

[10] Mat. 13.11. João 14.26. I João 2.27.

[11] Pro. 20.27 e 27.19. Jer. 17.9. Rom. 11.33.

[12] Rom. 8.15.

[13] II Ped. 1.16. cap. 1.17. ver. 4.

[14] Mat. 16.23. cap. 1.18, 23. Rom. 8.5, 7. Jud. 19.

[15] Pro. 28.6. I The. 5.21. I João 4.1.

[16] Job 15.8. Isa. 40.13. Jer. 23.18. Rom. 11.34. João 15.15.

O espirito mundano causa dissensões nas egrejas.

Anno Domini 60

3 E eu, irmãos, não vos pude fallar como a espirituaes, [1] mas como a carnaes, como a meninos em Christo.

2 Com leite vos criei, [2] e não com manjar, porque ainda não podieis, nem tão pouco ainda agora podeis;

3 Porque ainda sois carnaes: pois, havendo entre [3] vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnaes, e não andaes segundo os homens?

4 Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; [4] e outro: Eu de Apollos: porventura não sois carnaes?

5 Pois quem é Paulo, e quem é Apollos, [5] senão ministros pelos quaes crêstes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?

6 Eu plantei; [6] Apollos regou; mas Deus deu o crescimento.

7 Pelo que, nem o que [7] planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.

8 E o que planta e o que rega são um; mas cada [8] um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.

9 Porque nós somos [9] cooperadores de Deus: vós sois lavoura de Deus e edificio de Deus.

10 Segundo a graça de Deus [10] que me foi dada, puz eu, como sabio architecto, o fundamento, e outro edifica sobre elle; mas veja cada um como edifica sobre elle.

11 Porque ninguem pode pôr outro fundamento, além do que está posto, o [11] qual é Jesus Christo.

12 E, se alguem sobre este fundamento edificar oiro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,

13 A obra de [12] cada um se manifestará; porque o dia a declarará, porquanto pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.

14 Se a obra d’alguem, que edificou sobre elle, permanecer, [13] esse receberá galardão.

15 Se a obra d’alguem se queimar, soffrerá detrimento; porém o tal será salvo, todavia como pelo [14] fogo.

16 Não sabeis vós que sois [15] o templo de Deus, e que o Espirito de Deus habita em vós?

17 Se alguem destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é sancto.

18 Ninguem se engane [16] a si mesmo: se alguem d’entre vós se tem por sabio n’este mundo, faça-se louco para ser sabio.

19 Porque a sabedoria [17] d’este mundo é loucura diante de Deus; porque está escripto: Elle apanha os sabios na sua propria astucia.

20 E outra vez: O Senhor [18] conhece os pensamentos dos sabios, que são vãos.

21 Portanto ninguem [19] se glorie nos homens; porque tudo é vosso;

22 Seja Paulo, seja Apollos, seja Cephas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso,

23 E vós de Christo, [20] e Christo de Deus.

[1] cap. 2.14, 15.

[2] Heb. 5.13. I Ped. 2.2. João 16.12.

[3] cap. 1.11. Gal. 5.20, 21. Thi. 3.16.

[4] cap. 1.12.

[5] II Cor. 3.3. Rom. 12.3, 6. I Ped. 4.11.

[6] Act. 18.4, 8, 11 e 18.24. cap. 4.15. II Cor. 10.14, 15 e 11.30. II Cor. 3.5.

[7] II Cor. 12.11. Gal. 6.3.

[8] Psa. 62.12. Rom. 2.6. Gal. 6.4, 5. Apo. 2.23.

[9] Act. 15.4. II Cor. 6.1. Eph. 2.20. Heb. 3.3, 4. I Ped. 2.5.

[10] Rom. 1.5 e 15.20. cap. 4.15. Apo. 21.14. I Ped. 4.11.

[11] Isa. 28.16. Mat. 16.18. II Cor. 11.4. Gal. 1.7. Eph. 2.20.

[12] cap. 4.5. I Ped. 1.7 e 4.12. Luc. 2.35.

[13] cap. 4.5.

[14] Jud. 23.

[15] II Cor. 6.16. Eph. 2.21, 22. Heb. 3.6. I Ped. 2.5.

[16] Pro. 3.7. Isa. 5.21.

[17] cap. 1.20 e 2.6. Job 5.13.

[18] Psa. 94.11.

[19] cap. 1.12 e 4.6. ver. 4, 5, 6. II Cor. 4.5, 15.

[20] Rom. 14.8. cap. 11.3. II Cor. 10.7. Gal. 3.29.

Os ministros e dispenseiros dos mysterios de Deus.

4 Que os homens nos considerem como ministros [1] de Christo, e dispenseiros dos mysterios de Deus.

[1018]

2 Além d’isso requer-se nos dispenseiros que cada um se ache fiel.

3 Porém a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juizo humano; nem eu tão pouco a mim mesmo me julgo.

4 Porque em nada me sinto culpado; mas [2] nem por isso estou justificado; pois quem me julga é o Senhor.

5 De sorte que nada julgueis antes de tempo, [3] até que o Senhor venha, o qual tambem trará á luz as coisas occultas das trevas, e manifestará os designios dos corações; e então [4] cada um receberá de Deus o louvor.

A vangloria dos corinthios. A humildade e auctoridade do apostolo.

6 E eu, irmãos, appliquei estas coisas, [5] por similhança, a mim e a Apollos, por amor de vós; para que em nós aprendaes a não ir além do que está escripto, para que não vos ensoberbeçaes a favor de um contra outro.

7 Porque, quem te differença? [6] E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias, como se não o houveras recebido?

8 Já estaes fartos! [7] já estaes ricos! sem nós reinaes! e oxalá reineis para que tambem nós reinemos comvosco!

9 Porque tenho para mim, que Deus a nós, apostolos, nos designou ultimos, [8] como condemnados á morte; pois somos feitos espectaculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.

10 Nós somos loucos por amor de Christo, [9] e vós sabios em Christo: nós fracos, e vós fortes: vós illustres, e nós vis.

11 Até esta presente hora [10] soffremos fome, e sêde, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa,

12 E trabalhamos [11] obrando com nossas proprias mãos: somos injuriados, e bemdizemos: somos perseguidos, e soffremos:

13 Somos blasphemados, e rogamos: até ao presente temos chegado a [12] ser como o lixo d’este mundo, e como a escoria de todos.

14 Não escrevo estas coisas para vos envergonhar; mas admoesto-vos [13] como meus filhos amados.

15 Porque ainda que tivesseis dez mil [AIN] aios em Christo [14] não terieis comtudo muitos paes; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Christo.

16 Admoesto-vos portanto [15] a que sejaes meus imitadores.

17 Por esta causa vos [16] mandei Timotheo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor: o qual vos lembrará os meus caminhos em Christo, como por todas as partes ensino em cada egreja.

18 Mas alguns andam [17] inchados, como se eu não houvesse de ir ter comvosco.

19 Porém em breve irei ter [18] comvosco, se o Senhor quizer, e então conhecerei, não as palavras dos que andam inchados, mas a virtude.

20 Porque o reino [19] de Deus não consiste em palavras, mas em virtude.

21 Que quereis? Irei ter comvosco com vara [20] ou com amor e espirito de mansidão?

[1] Mat. 24.45. cap. 3.5 e 9.17. II Cor. 6.4. Col. 1.25. Luc. 12.42. Tito 1.7. I Ped. 4.10.

[2] Job 9.2. Psa. 130.3. Pro. 21.2. Rom. 3.20.

[3] Mat. 7.1. Rom. 2.1, 16 e 14.4, 10, 13. Apo. 20.12. cap. 3.13.

[4] Rom. 2.29. II Cor. 5.10.

[5] cap. 1.12 e 3.4 e 3.21 e 5.2, 6. Rom. 12.3.

[6] João 3.27. Thi. 1.17. I Ped. 4.10.

[7] Apo. 3.17.

[8] Psa. 44.22. Rom. 8.36. II Cor. 4.11. Heb. 10.33.

[9] Act. 17.18. II Reis 9.11. II Cor. 13.9.

[10] II Cor. 4.8. Phi. 4.12. Rom. 8.35. Act. 23.2.

[11] Act. 18.3 e 7.60. I The. 2.9. II The. 3.8. I Tim. 4.10. Mat. 5.44. Luc. 6.28. Rom. 12.14. I Ped. 2.23.

[12] Lam. 3.45.

[13] I The. 2.11.

[14] Act. 18.11. Rom. 15.20. Gal. 4.19. Phi. 10. Thi. 1.18.

[15] Phi. 3.17. I The. 1.6. II The. 3.9.

[16] Act. 19.22. Phi. 2.19. I The. 3.2. I Tim. 1.2. II Tim. 1.2. cap. 11.2.

[17] cap. 5.2.

[18] Act. 19.21 e 18.21. II Cor. 1.15. Rom. 15.32. Heb. 6.3. Thi. 4.15.

[19] I The. 1.5.

[20] II Cor. 10.2.

A impureza da egreja de Corintho; reprehensões e exhortações.

5 Geralmente se ouve que ha entre vós fornicação, e fornicação tal, qual nem ainda entre [1] os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pae.

2 E estaes inchados, [2] e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido d’entre vós tirado quem commetteu tal feito.

3 Eu na verdade, [3] ainda que ausente, no corpo, mas presente no espirito, já determinei como se estivesse presente, que o que tal assim commetteu,

4 Em nome de nosso Senhor Jesus Christo, juntos vós e o meu espirito, em virtude [4] de nosso Senhor Jesus Christo,

5 Seja entregue [5] a Satanás para destruição da carne, para que o espirito seja salvo no dia do Senhor Jesus.

[1019]

6 Não é boa [6] a vossa jactancia. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?

7 Limpae pois o fermento velho, para que sejaes uma nova massa, assim como sois sem fermento. Porque Christo, [7] nossa paschoa, foi sacrificado por nós.

8 Pelo que façamos a festa, [8] não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malicia, mas com os pães asmos da sinceridade e da verdade.

9 por carta vos tenho escripto, que não vos associeis [9] com os fornicadores;

10 Mas não [10] absolutamente com os fornicadores d’este mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idolatras; porque então vos seria necessario sair do mundo.

11 Mas agora vos escrevi que não vos associeis, quero dizer, que, se algum, chamando-se irmão, [11] fôr fornicador, ou avarento, ou idolatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador, com o tal nem ainda comaes.

12 Porque, que tenho eu em [12] julgar tambem os que estão fóra? Não julgaes vós os que estão dentro?

13 Mas Deus julga os que estão fóra. [13] Tirae pois d’entre vós a esse iniquo.

[1] Eph. 5.3. Lev. 18.8. Deu. 22.30. II Cor. 7.12.

[2] cap. 4.18. II Cor. 7.7, 10.

[3] Col. 2.5.

[4] Mat. 16.19. João 20.23. II Cor. 2.10.

[5] Job 2.6. Psa. 109.6. I Tim. 1.20. Act. 26.18.

[6] cap. 3.21. Thi. 4.6. Gal. 5.9. II Tim. 2.17.

[7] Isa. 53.7. João 1.29 e 19.14. cap. 15.3. I Ped. 1.19. Apo. 5.6.

[8] Exo. 12.15. Mat. 16.3. Mat. 16.6, 12. Mar. 8.15. Luc. 12.1.

[9] II Cor. 6.14. Eph. 5.11. II The. 3.14.

[10] cap. 1.20. João 17.15. I João 5.19.

[11] Mat. 18.17. Rom. 16.17. II The. 3.6. II João 10. Gal. 2.12.

[12] Mar. 4.11. Col. 4.5. I The. 4.12. I Tim. 3.7. cap. 6.1.

[13] Deu. 13.5 e 17.7 e 21.21 e 22.21.

Paulo censura o litigio entre os irmãos.

6 Ousa algum de vós, tendo algum negocio contra outro, ir a juizo perante os injustos, e não perante os sanctos?

2 Não sabeis vós que os sanctos [1] hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas minimas?

3 Não sabeis vós que havemos de julgar os [2] anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?

4 Assim que, se tiverdes [3] negocios em juizo, pertencentes a esta vida, ponde na cadeira aos que são de menos estima na egreja.

5 Para vos envergonhar o digo: Não ha pois entre vós sabios, nem ainda um, que possa julgar entre seus irmãos?

6 Mas o irmão vae a juizo com o irmão, e isto perante infieis.

7 Assim que é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. [4] Porque não soffreis antes a injustiça? Porque não soffreis antes o damno?

8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o damno; [5] e isto aos irmãos.

9 Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?

10 Não erreis: [6] nem os fornicadores, nem os idolatras, nem os adulteros, nem os effeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bebedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

11 E é o que alguns teem sido, [7] mas haveis sido lavados, mas haveis sido sanctificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espirito do nosso Deus.

Os nossos corpos são membros de Christo.

12 Todas as coisas me são [8] licitas, mas nem todas as coisas conveem: todas as coisas me são licitas; porém eu não me deixarei dominar por nenhuma.

13 Os manjares são para o ventre [9] e o ventre para os manjares; porém Deus aniquilará, tanto um como os outros. Porém o corpo não é para a fornicação, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.

14 Ora Deus, que tambem resuscitou [10] o Senhor, nos resuscitará a nós pelo seu poder.

15 Não sabeis vós que os [11] vossos corpos são membros de Christo? Tomarei pois os membros de Christo, e fal-os-hei membros de uma meretriz? Não, por certo.

16 Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo? Porque serão, [12] disse, dois n’uma carne.

17 Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo [13] espirito.

18 Fugi da fornicação. [14] Todo o peccado que o homem commette é fóra do corpo; mas o que fornica pecca contra o seu proprio corpo.

[1020]

19 Ou não sabeis [15] que o nosso corpo é o templo do Espirito Sancto, que habita em vós, o qual tendes de Deus, e que não sois de vós mesmos?

20 Porque fostes [16] comprados por preço; glorificae pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espirito, os quaes pertencem a Deus.

[1] Psa. 49.14. Dan. 7.22. Mat. 10.28. Luc. 22.30. Apo. 2.26.

[2] II Ped. 2.4. Jud. 6.

[3] cap. 5.12.

[4] Pro. 20.22. Mat. 5.39, 40. Luc. 6.29. Rom. 12.17, 19. I The. 5.15.

[5] I The. 4.6.

[6] Gal. 5.21. Eph. 5.5. I Tim. 1.9. Heb. 12.14. Apo. 22.15.

[7] cap. 12.2. Eph. 2.2. Col. 3.7. Tito 3.3. Heb. 10.22.

[8] cap. 10.23.

[9] Mat. 15.17. Rom. 14.17. Col. 2.22, 23. I The. 4.3, 7. Eph. 5.23.

[10] Rom. 6.5. II Cor. 4.14. Eph. 1.19, 20.

[11] Rom. 12.5. cap. 12.27. Eph. 4.12.

[12] Gen. 2.24. Mat. 19.5. Eph. 5.31.

[13] João 17.21, 22, 23. Eph. 4.4.

[14] Rom. 6.12. Heb. 13.4. Rom. 1.24. I The. 4.4.

[15] cap. 3.16. II Cor. 6.16. Rom. 14.7.

[16] Act. 20.28. Gal. 3.13. Heb. 9.12. I Ped. 1.18. II Ped. 2.1. Apo. 5.9.

Resposta ás perguntas ácerca do casamento.

7 Ora, quanto ás coisas, que me escrevestes, bom seria [1] que o homem não tocasse mulher;

2 Mas, por causa da fornicação, cada um tenha a sua propria mulher, e cada uma tenha o seu proprio marido.

3 O marido pague [2] á mulher a devida benevolencia, e da mesma sorte a mulher ao marido.

4 A mulher não tem poder sobre o seu proprio corpo, mas tem-o o marido; e tambem da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu proprio corpo, mas tem-o a mulher.

5 Não vos defraudeis [3] um ao outro, senão por consentimento de ambos por algum tempo, para vos applicardes á oração: e depois ajuntae-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinencia.

6 Digo, porém, isto por permissão e não por [4] mandamento.

7 Porque quizera que todos os homens [5] fossem como eu mesmo: mas cada um tem de Deus o seu proprio dom, um d’uma maneira e outro d’outra.

8 Digo, porém, aos solteiros e ás viuvas, que lhes é bom [6] se ficarem como eu.

9 Mas, se não podem [7] conter-se, casem-se. Porque é melhor casar-se do que abrazar-se.

10 Porém aos casados, mando, não eu [8] mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido.

11 Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.

12 Mas aos outros digo [9] eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ella consente em habitar com elle, não a deixe.

13 E, se alguma mulher tem marido descrente, e elle consente em habitar com ella, não o deixe.

14 Porque o marido descrente é sanctificado pela mulher: e a mulher descrente é sanctificada pelo marido; d’outra sorte os vossos filhos [10] seriam immundos; porém agora são sanctos.

15 Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque n’este caso o irmão, ou irmã, não está sujeito á servidão; [11] mas Deus chamou-nos para a paz.

16 Porque, d’onde sabes tu ó mulher, se salvarás o [12] marido? ou, d’onde sabes tu, ó marido, se salvarás a mulher?

17 Porém cada um ande assim como Deus lhe repartiu, cada um como o Senhor o chamou. [13] E assim ordeno em todas as egrejas.

18 É alguem chamado estando circumcidado? fique circumcidado. É alguem chamado estando incircumcidado? [14] não se circumcide.

19 A circumcisão é nada [15] e a incircumcisão nada é, mas sim a observancia dos mandamentos de Deus.

20 Cada um fique na vocação em que foi chamado.

21 Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, antes aproveita-te.

22 Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto [16] do Senhor; e da mesma maneira tambem o que é chamado sendo livre, servo é de Christo.

23 Fostes comprados [17] por preço; não vos façaes servos dos homens.

24 Irmãos, cada um fique diante de Deus no [18] estado em que foi chamado.

25 Ora, quanto ás virgens, [19] não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericordia do Senhor para ser fiel.

26 Tenho pois isto por bom, por causa da instante necessidade, que é bom para [20] o homem o estar assim.

27 Estás ligado á mulher? não busques separar-te. Estás livre de mulher? não busques mulher.

28 Mas, se tambem casares, não peccas; e, se a virgem se casar, não pecca. Todavia os taes terão tribulações na carne; porém eu vos poupo.

29 Isto, porém, vos digo, [21] irmãos, que[1021] o tempo se abrevia; o que resta é que tambem os que teem mulheres sejam como se as não tivessem;

30 E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuissem;

31 E os que usam d’este mundo, como se d’elle [22] não abusassem, porque a apparencia d’este mundo passa.

32 E bem quizera eu que estivesseis sem cuidado. O solteiro cuida nas coisas [23] do Senhor, em como ha de agradar ao Senhor:

33 Mas o que é casado cuida nas coisas do mundo, em como ha de agradar á mulher.

34 Ha differença entre a mulher casada e a virgem: [24] a solteira cuida nas coisas do Senhor para ser sancta, assim do corpo como do espirito; porém a casada cuida nas coisas do mundo, em como ha de agradar ao marido.

35 Porém digo isto para proveito vosso, não para vos enlaçar, mas para vos guiar ao que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor sem distracção alguma.

36 Mas, se alguem julga que trata sem decoro a sua filha virgem, se tiver passado a flor da idade, e assim convier que se case, faça o tal o que quizer; não pecca; casem-se.

37 Porém o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas tem poder sobre a sua propria vontade, e isto resolveu no seu coração, guardar a sua virgem, faz bem.

38 De sorte que, [25] o que a dá em casamento, faz bem; mas o que a não dá em casamento faz melhor.

39 A mulher casada está [26] ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se fallecer o seu marido, fica livre para casar com quem quizer, comtanto que seja no Senhor.

40 Porém será mais bemaventurada se ficar assim, [27] segundo o meu parecer, e tambem eu cuido que tenho o Espirito de Deus.

[1] ver. 8, 26.

[2] Exo. 21.10. I Ped. 3.7.

[3] Joel 2.16. Zac. 7.3. Exo. 19.15. I Sam. 21.4. I The. 3.5.

[4] ver. 12, 25. II Cor. 8.8.

[5] Act. 26.29. cap. 9.5 e 12.11. Mat. 19.12.

[6] ver. 1, 26.

[7] I Tim. 5.14.

[8] ver. 12, 25, 40. Mal. 2.14, 16. Mat. 5.32 e 19.6, 9. Mar. 10.11. Luc. 16.18.

[9] ver. 6.

[10] Mal. 2.15.

[11] Rom. 12.18 e 14.19. cap. 14.33. Heb. 12.14.

[12] I Ped. 3.1.

[13] cap. 4.17. II Cor. 11.28.

[14] Act. 15.1, 5. Gal. 5.2.

[15] Gal. 5.6. João 15.14. I João 2.3.

[16] João 8.36. Rom. 6.18. Phi. 16. Gal. 5.13. Eph. 6.6. I Ped. 2.16.

[17] cap. 6.20. I Ped. 1.18, 19. Lev. 25.42.

[18] ver. 20.

[19] ver. 6, 10, 40. II Cor. 8.8, 10. I Tim. 1.16 e 1.12.

[20] ver. 1, 8.

[21] Rom. 13.11. I Ped. 4.7. II Ped. 3.8, 9.

[22] cap. 9.18. Psa. 39.6. Thi. 1.10 e 4.14. I Ped. 1.24. I João 2.17.

[23] I Tim. 5.5.

[24] Luc. 10.40, etc.

[25] Heb. 13.4.

[26] Rom. 7.2. II Cor. 6.14.

[27] ver. 25. I The. 4.8.

Resposta ás perguntas ácerca das carnes sacrificadas aos idolos.

8 Ora, no tocante ás coisas [1] sacrificadas aos idolos, sabemos que todos temos sciencia. A sciencia incha, mas o amor edifica.

2 E, se alguem cuida [2] saber alguma coisa, ainda não sabe como convem saber.

3 Mas, se alguem ama a Deus, [3] esse é conhecido d’elle.

4 Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos idolos, sabemos que o idolo nada [4] é no mundo, e que não ha algum outro Deus, senão um só.

5 Porque, ainda que haja tambem alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como ha [5] muitos deuses e muitos senhores),

6 Todavia para nós [6] ha um só Deus, o Pae, do qual são todas as coisas, e nós para elle; e um só Senhor, Jesus Christo, pelo qual são todas as coisas, e nós por elle.

7 Mas nem em todos ha sciencia; porque alguns até agora comem com [7] consciencia do idolo coisas sacrificadas aos idolos; e a sua consciencia, sendo fraca, fica contaminada.

8 Ora o manjar não nos [8] faz agradaveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais, e, se não comemos, nada nos falta.

9 Mas vêde [9] que esse vosso poder não seja d’alguma maneira escandalo para os fracos.

10 Porque, se alguem te vir a ti, que tens sciencia, assentado á mesa no templo dos idolos, não será a consciencia [10] do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos idolos?

11 E pela tua sciencia [11] perecerá o irmão fraco, pelo qual Christo morreu?

12 Ora, peccando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciencia, peccaes [12] contra Christo.

13 Pelo que, se o manjar escandalizar [13] a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão se não escandalize.

[1] Act. 15.20. cap. 10.19. Rom. 14.14.

[2] cap. 13.8. Gal. 6.3. I Tim. 6.4.

[3] Exo. 33.12, 17. Nah. 1.7. Mat. 7.23. Gal. 4.9. II Tim. 2.19.

[4] Isa. 41.24. Deu. 4.39 e 6.4. Mar. 12.29. Eph. 4.6. I Tim. 2.5.

[5] João 10.34.

[6] Mat. 2.10. Eph. 4.6 e 4.5. Act. 17.28. Rom. 11.36. João 13.13. Act. 2.36. Phi. 2.11. João 1.3. Col. 1.16. Heb. 1.2.

[7] Rom. 14.14, 23.

[8] Rom. 14.17.

[9] Gal. 5.13. Rom. 14.13, 20.

[10] cap. 10.28, 32.

[11] Rom. 14.15, 20.

[12] Mat. 25.40, 45.

[13] Rom. 14.21. II Cor. 11.29.

A liberdade e os direitos dos apostolos.

9 Não sou eu apostolo? [1] Não sou livre? Não vi eu a Jesus Christo Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?

2 Se eu não sou apostolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós[1022] sois o sello do meu [2] apostolado no Senhor.

3 Esta é a minha defeza para com os que me condemnam.

4 Não temos [3] nós poder de comer e de beber?

5 Não temos nós poder de levar comnosco uma mulher irmã, como tambem os demais apostolos, [4] e os irmãos do Senhor, e Cephas?

6 Ou só eu e Barnabé não temos poder de não trabalhar?

7 Quem jámais [5] milita á sua propria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fructo? Ou quem apascenta o gado e não come do leite do gado?

8 Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei tambem o mesmo?

9 Porque na lei de Moysés está escripto: Não atarás a [6] bocca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?

10 Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escripto; porque o que lavra [7] deve lavrar com esperança, e o que trilha deve trilhar com esperança de ser participante.

11 Se nós vos semeamos as coisas espirituaes, será muito que de vós recolhamos [8] as carnaes?

12 Se outros participam d’este poder sobre vós, porque não mais justamente nós? Mas nós não [9] usamos d’este poder; antes supportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Christo.

13 Não sabeis vós que [10] os que administram as coisas sagradas comem do sagrado? E que os que de continuo estão junto ao altar, participam do altar?

14 Assim ordenou [11] tambem o Senhor aos que annunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

O desinteresse e fervor de Paulo; o athleta christão.

15 Porém eu de [12] nenhuma d’estas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fôra morrer, do que alguem fazer vã esta minha gloria,

16 Porque, se annuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa [13] obrigação; e ai de mim, se não annunciar o evangelho!

17 Porque, se o faço de boamente, terei [14] premio; mas, se de má vontade, de uma dispensação estou encarregado.

18 Logo, que premio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça [15] o evangelho de Christo para não abusar do meu poder no evangelho.

19 Porque, sendo livre [16] para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais.

20 E fiz-me como [17] judeo para os judeos, para ganhar os judeos: para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.

21 Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, [18] mas debaixo da lei de Christo), para ganhar os que estão sem lei.

22 Fiz-me como fraco para os fracos, [19] para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.

23 E eu faço isto por causa do evangelho, para ser tambem participante d’elle.

24 Não sabeis vós que os que correm no estadio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o premio? Correi de [20] tal maneira que o alcanceis.

25 E todo aquelle que lucta [21] de tudo se abstem; elles o fazem para alcançar uma corôa corruptivel, nós, porém, uma incorruptivel.

26 Pois eu assim corro, não como a coisa [22] incerta: assim combato, não como batendo no ar.

27 Antes subjugo o meu [23] corpo, e o reduzo á servidão, para que, prégando aos outros, eu mesmo não venha d’alguma maneira a ficar reprovado.

[1] Act. 9.15. II Cor. 12.12. Gal. 2.7, 8. I Tim. 2.7. II Tim. 1.11. cap. 15.8 e 3.6 e 4.15.

[2] II Cor. 3.2 e 12.12.

[3] I The. 2.6. II The. 3.9.

[4] Mat. 13.55 e 8.14. Mar. 6.3. Luc. 6.15. Gal. 1.19.

[5] II Cor. 10.4. I Tim. 1.18. II Tim. 2.3. Deu. 20.6. Pro. 27.18. João 21.15. I Ped. 5.2.

[6] Deu. 25.4. I Tim. 5.18.

[7] II Tim. 2.6.

[8] Rom. 15.27. Gal. 6.6.

[9] Act. 20.33. II Cor. 11.7, 9. I The. 2.6.

[10] Lev. 6.16. Num. 5.9, 10 e 18.8-20. Deu. 10.9 e 18.1.

[11] Mat. 10.10. Luc. 10.7. Gal. 6.6. I Tim. 5.17.

[12] Act. 18.3. cap. 4.12. I The. 2.9. II The. 3.8. II Cor. 11.10.

[13] Rom. 1.14.

[14] cap. 4.1. Gal. 2.7. Phi. 1.17. Col. 1.25.

[15] cap. 10.33 e 7.31. II Cor. 4.5.

[16] Gal. 5.13. Mat. 18.15. I Ped. 3.1.

[17] Act. 16.3 e 18.18 e 21.23, etc.

[18] Gal. 3.2. Rom. 2.12, 14. cap. 7.22.

[19] Rom. 15.1. II Cor. 11.29. Rom. 11.14. cap. 7.16.

[20] Gal. 2.2. II Tim. 4.7. Heb. 12.1.

[21] Eph. 6.12. I Tim. 6.12. II Tim. 2.5. Thi. 1.12. I Ped. 1.4. Apo. 2.10 e 3.11.

[22] II Tim. 2.5.

[23] Rom. 8.13 e 6.18. Col. 3.5. Jer. 6.30. II Cor. 13.5.

Não devemos tentar a Christo, como alguns dos israelitas o tentaram.

10 Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos paes estiveram todos debaixo da [1] nuvem, e todos passaram pelo mar.

[1023]

2 E todos foram baptizados por Moysés na nuvem e no mar,

3 E todos comeram d’um [2] mesmo manjar espiritual,

4 E todos beberam d’uma mesma bebida [3] espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Christo.

5 Mas Deus não se agradou da maior parte d’elles, pelo que foram prostrados [4] no deserto.

6 E estas coisas foram-nos feitas em figuras, para que não cubicemos as coisas más, como elles [5] cubiçaram.

7 Não vos façaes pois idolatras, [6] como alguns d’elles, conforme está escripto: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar.

8 E não forniquemos, [7] como alguns d’elles fornicaram; e cairam mortos n’um dia vinte e tres mil.

9 E não tentemos a Christo, como alguns [8] d’elles tambem tentaram, e pereceram pelas serpentes.

10 E não murmureis, como tambem alguns [9] d’elles murmuraram, e pereceram pelo destruidor.

11 Ora todas estas coisas lhes sobrevieram em figuras, e estão escriptas para aviso nosso, para [10] quem são chegados os fins dos seculos.

12 Aquelle pois que cuida estar [11] em pé, olhe não caia.

13 Não vos tomou tentação, senão humana; [12] porém fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará tambem saida, para que a possaes supportar.

A idolatria e o culto de demonios.

14 Portanto, meus amados, [13] fugi da idolatria.

15 Fallo como a entendidos, [14] julgae vós mesmos o que digo.

16 Porventura o [15] calix de benção, que benzemos, não é a communhão do sangue de Christo? O pão que partimos não é porventura a communhão do corpo de Christo?

17 Porque nós, sendo muitos, [16] somos um só pão e um só corpo: porque todos participamos do mesmo pão.

18 Vêde a Israel segundo a carne: [17] os que comem os sacrificios não são porventura participantes do altar?

19 Mas que digo? Que o idolo é alguma coisa? [18] Ou que o sacrificado ao idolo é alguma coisa?

20 Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as [19] sacrificam aos demonios, e não a Deus. E não quero que sejaes participantes com os demonios.

21 Não podeis beber o calix do Senhor e o calix dos demonios: não podeis ser participantes [20] da mesa do Senhor e da mesa dos demonios.

Liberdade e caridade christãs.

22 Ou irritaremos [21] ao Senhor? Somos nós mais fortes do que elle?

23 Todas as coisas [22] me são licitas, mas nem todas as coisas conveem: todas as coisas me são licitas, mas nem todas as coisas edificam.

24 Ninguem busque [23] o proveito proprio, antes cada um o que é d’outrem.

25 Comei de tudo quanto se [24] vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciencia.

26 Porque a terra é do [25] Senhor, e toda a sua plenitude.

27 E, se algum dos infieis vos convidar, e quizerdes ir, [26] comei de tudo o que se puzer diante de vós, sem perguntar nada por causa da consciencia.

28 Mas, se alguem vos disser: Isto foi sacrificado aos idolos, não comaes, por causa d’aquelle que vos advertiu [27] e por causa da consciencia; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude.

29 Digo, porém, a consciencia, não a tua, mas a do outro. Pois porque ha de a minha liberdade [28] ser julgada pela consciencia d’outrem?

30 E, se eu com graça participo, porque sou blasphemado n’aquillo por que dou [29] graças?

31 De sorte que, quer comaes [30] quer bebaes, ou façaes outra qualquer coisa, fazei tudo para gloria de Deus.

32 Portae-vos de modo que não [31] deis escandalo nem aos judeos, nem aos gregos, nem á egreja de Deus.

33 Como tambem eu em tudo [32] agrado a todos, não buscando o meu proprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar.

[1] Exo. 13.21 e 14.22. Num. 9.18 e 33.8. Deu. 1.33. Neh. 9.12. Psa. 78.13, 14. Jos. 4.23.

[2] Exo. 16.15. Neh. 9.15. Psa. 78.24.

[3] Exo. 17.6. Num. 20.11. Psa. 78.15.

[4] Num. 14.29, 32, 35. Psa. 106.26. Heb. 3.17. Jud. 5.

[5] Num. 11.4. Psa. 106.14.

[6] Exo. 32.6.

[7] cap. 6.18. Apo. 2.14. Num. 25.1, 9. Psa. 106.29.

[8] Exo. 17.2, 7. Num. 21.5. Deu. 6.16.

[9] Exo. 16.2 e 12.23 e 17.2. Num. 14.2. II Sam. 24.16. I Chr. 21.15.

[10] Rom. 15.4. Phi. 4.5. Heb. 10.25, 37. I João 2.18.

[11] Rom. 11.20.

[12] Psa. 125.3. II Ped. 2.9. Jer. 29.11.

[13] II Cor. 6.17. I João 5.21.

[14] cap. 8.1.

[15] Mat. 26.26. Act. 2.42. cap. 11.23.

[16] Rom. 12.5. cap. 12.27.

[17] Rom. 4.12. Gal. 6.16. II Cor. 11.18. Lev. 3.3.

[18] cap. 8.4.

[19] Lev. 17.7. Deu. 32.17. Psa. 106.37. Apo. 9.20.

[20] II Cor. 6.15, 16. Deu. 32.38.

[21] Deu. 32.21. Eze. 22.14.

[22] cap. 6.12.

[23] Rom. 15.1, 2. cap. 13.5. Phi. 2.4, 21.

[24] I Tim. 4.4.

[25] Exo. 19.5. Deu. 10.14. Psa. 24.1.

[26] Luc. 10.7.

[27] cap. 8.10, 12.

[28] Rom. 14.16.

[29] I Tim. 4.3.

[30] Col. 3.17. I Ped. 4.11.

[31] Rom. 14.13. II Cor. 6.3. Act. 20.28. cap. 11.22. I Tim. 3.5.

[32] Rom. 15.2. cap. 9.19, 22. ver. 24.

[1024]

11 Sede meus imitadores, [1] como tambem eu de Christo.

Como as mulheres devem apresentar-se na egreja.

2 E louvo-vos irmãos, porque em tudo vos lembraes [2] de mim, e retendes os preceitos como vol-os entreguei.

3 Mas quero que saibaes que Christo é a cabeça [3] de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Christo.

4 Todo o homem que ora ou prophetiza, [4] tendo a cabeça coberta, deshonra a sua propria cabeça.

5 Mas toda a mulher [5] que ora, ou prophetiza com a cabeça descoberta, deshonra a sua propria cabeça, porque é o mesmo que se estivesse rapada.

6 Portanto, se a mulher não se cobre, tosquie-se tambem. Mas, se para a mulher é coisa indecente [6] tosquiar-se ou rapar-se, cubra-se.

7 O varão pois não deve cobrir a cabeça, porque é [7] a imagem e gloria de Deus, mas a mulher é a gloria do varão.

8 Porque o varão [8] não provém da mulher, mas a mulher do varão.

9 Porque tambem o varão não foi criado [9] por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão.

10 Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça [10] signal de poderio, por causa dos anjos.

11 Todavia, nem o [11] varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor.

12 Porque, como a mulher provém do varão, assim tambem o varão provém da mulher, [12] mas tudo de Deus.

13 Julgae entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?

14 Ou não vos ensina a mesma natureza que é deshonra para o varão ter cabello crescido?

15 Mas ter a mulher cabello crescido lhe é honroso, porque o cabello lhe foi dado em logar de véu.

16 Porém, se alguem quizer [13] ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as egrejas de Deus.

Dissensões nas ceias de irmãos: o modo de celebrar a sancta Ceia do Senhor.

17 N’isto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntaes, não para melhor, senão para peior.

18 Porque primeiramente ouço que, quando vos ajuntaes na egreja, ha entre vós [14] dissensões; e em parte o creio.

19 Porque importa que até haja entre vós [15] heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.

20 De sorte que, quando vos ajuntaes n’um logar, não é para comer a ceia do Senhor.

21 Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua propria ceia, de sorte que um tem fome e [16] outro embriaga-se.

22 Não tendes porventura casas para comer e para beber? Ou desprezaes a [17] egreja de Deus, e envergonhaes os que nada teem? Que vos direi? Louvar-vos-hei? N’isto não vos louvo.

23 Porque eu recebi [18] do Senhor o que tambem vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi trahido, tomou o pão;

24 E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomae, comei: isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memoria de mim.

25 Similhantemente tambem, depois de ceiar, tomou o calix, dizendo: Este calix é o Novo Testamento no meu sangue: fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memoria de mim.

26 Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este calix annunciaes a morte do Senhor, [19] até que venha.

27 Portanto, qualquer [20] que comer este pão, ou beber o calix do Senhor indignamente, será culpado do corpo do sangue do Senhor.

28 Examine-se pois o [21] homem a si mesmo, e assim coma d’este pão e beba d’este calix.

29 Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para si mesmo o juizo, não discernindo o corpo do Senhor.

30 Por causa d’isto ha entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.

31 Porque, se nós nos julgassemos [22] a nós mesmos, não seriamos julgados.

32 Mas, quando somos [23] julgados, somos reprehendidos pelo Senhor, para não sermos condemnados com o mundo.

[1025]

33 Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntaes para comer, esperae uns pelos outros.

34 Porém, se algum tiver [24] fome, coma em casa, para que vos não ajunteis para condemnação. Quanto ás demais coisas, ordenal-as-hei quando fôr.

[1] cap. 4.16. Eph. 5.1. Phi. 3.17. I The. 1.6. II The. 3.9.

[2] cap. 4.17.

[3] Eph. 5.23. Gen. 3.16. I Tim. 2.11. I Ped. 3.1. João 14.28. cap. 3.23. Phi. 2.7.

[4] cap. 12.10, 28 e 14.1, etc.

[5] Act. 21.9. Deu. 21.12.

[6] Num. 5.18. Deu. 22.5.

[7] Gen. 1.26, 27 e 5.1 e 9.6.

[8] Gen. 2.21, 22.

[9] Gen. 2.18, 21, 23.

[10] Gen. 24.65. Ecc. 5.6.

[11] Gal. 3.28.

[12] Rom. 11.36.

[13] I Tim. 6.4. cap. 7.17 e 14.33.

[14] cap. 1.10, 11, 12 e 3.3.

[15] Mat. 18.7. Luc. 17.1. Act. 20.30. I Tim. 4.1. II Ped. 2.1. I João 2.19. Deu. 13.3.

[16] II Ped. 2.13. Jud. 12.

[17] cap. 10.33. Thi. 2.6.

[18] cap. 15.3. Gal. 1.1, 11. Mat. 26.26. Mar. 14.22. Luc. 22.19.

[19] João 14.3. Act. 1.11. cap. 4.5. I The. 4.16. Jud. 14. Apo. 1.7.

[20] Num. 9.10. João 6.51. cap. 10.21.

[21] II Cor. 13.5. Gal. 6.4.

[22] Psa. 32.5. I João 1.9.

[23] Psa. 94.12. Heb. 12.5, 11.

[24] ver. 21, 22. Tito 1.5. cap. 4.19.

Ácerca da diversidade de dons espirituaes.

Anno Domini 59

12 Ácerca dos dons espirituaes, não quero, [1] irmãos, que sejaes ignorantes.

2 Vós bem sabeis que ereis [2] gentios, levados aos idolos mudos, conforme ereis guiados.

3 Portanto vos faço notorio que ninguem que falla pelo [3] Espirito de Deus diz: Jesus é anathema e ninguem pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espirito Sancto.

4 Ora ha diversidade [4] de dons, porém o Espirito é o mesmo.

5 E ha diversidade de [5] ministerios, mas o Senhor é o mesmo.

6 E ha diversidade de [6] operações, porém é o mesmo Deus que obra tudo em todos.

7 Mas a manifestação do Espirito é dada a cada [7] um, para o que fôr util.

8 Porque a um pelo Espirito é dada a palavra [8] da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espirito, a palavra da sciencia;

9 E a outro, [9] pelo mesmo Espirito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espirito, os dons de curar;

10 E a outro a operação de maravilhas; [10] e a outro a prophecia; e a outro o dom de discernir os espiritos; e a outro a variedade de linguas; e a outro a interpretação de linguas.

11 Mas um só e o mesmo Espirito obra todas estas coisas, repartindo [11] particularmente a cada um como quer.

A unidade dos membros do corpo.

12 Porque assim como o [12] corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros sendo muitos, são um corpo, assim é Christo tambem.

13 Porque todos nós fomos tambem baptizados em um [13] Espirito para um corpo, quer judeos, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espirito.

14 Porque tambem o corpo não é um membro, senão muitos.

15 Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?

16 E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo?

17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfacto?

18 Mas agora Deus collocou [14] os membros no corpo, cada um d’elles como quiz.

19 E, se todos fossem um membro, onde estaria o corpo?

20 Agora pois ha muitos membros, porém um corpo.

21 E o olho não póde dizer á mão: Não tenho necessidade de ti: nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós.

22 Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessarios;

23 E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos honrosos damos muito mais honra.

24 Porque os que em nós são mais honestos não teem necessidade d’isso; mas Deus ordenou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta d’ella;

25 Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham egual cuidado uns dos outros.

26 De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com elle; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com elle.

27 Ora vós sois o corpo [15] de Christo, e membros em particular.

28 E a uns poz Deus [16] na egreja, primeiramente apostolos, em segundo logar prophetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, [17] soccorros, [18] governos, variedades de linguas.

29 Porventura são todos apostolos? são todos prophetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?

[1026]

30 Teem todos o dom de curar? fallam todos diversas linguas? interpretam todos?

31 Portanto, procurae [19] com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excellente.

[1] cap. 14.1, 37.

[2] cap. 6.11. Eph. 2.11. I The. 1.9. Tito 3.3. I Ped. 4.3. Psa. 115.5.

[3] Mar. 9.39. I João 4.2. Mat. 16.17. João 15.26. II Cor. 3.5.

[4] Rom. 12.4. Heb. 2.4. Eph. 4.4.

[5] Rom. 12.6. Eph. 4.11.

[6] Eph. 1.23.

[7] cap. 14.26. Eph. 4.7. I Ped. 4.10, 11.

[8] cap. 2.6, 7. II Cor. 8.7.

[9] Mat. 17.18, 19. cap. 13.2. II Cor. 4.13. Mar. 16.18. Thi. 5.14.

[10] Mar. 16.17. Gal. 3.5. Rom. 12.6. I João 4.1. Act. 2.4. cap. 13.1.

[11] Rom. 12.6. II Cor. 10.13. Eph. 4.7. João 3.8. Heb. 2.4.

[12] Rom. 12.4. Eph. 4.4, 16. ver. 27. Gal. 3.16.

[13] Rom. 6.5. Gal. 3.28. Eph. 2.13. Col. 3.11. João 6.63.

[14] ver. 28. Rom. 12.3. cap. 3.5. ver. 11.

[15] Rom. 12.5. Eph. 1.23 e 4.12 e 5.23, 30. Col. 1.24.

[16] Eph. 2.20 e 3.5. Act. 13.1. Rom. 12.6.

[17] Num. 11.17.

[18] Rom. 12.8. I Tim. 5.17. Heb. 13.17.

[19] cap. 14.1, 39.

A suprema excellencia da caridade.

13 Ainda que eu fallasse as linguas dos homens e dos anjos, e não tivesse [AIO] caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2 E ainda que tivesse o dom da prophecia, [1] e conhecesse todos os mysterios e toda a sciencia, e ainda que tivesse toda a fé, [2] de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.

3 E, ainda que distribuisse toda a minha fortuna [3] para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada me aproveitaria.

4 A caridade é soffredora, [4] é benigna: a caridade não é invejosa: a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece,

5 Não trata com indecencia, não busca [5] os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

6 Não folga com a injustiça, [6] porém folga com a verdade;

7 Tudo soffre, [7] tudo crê, tudo espera, tudo supporta.

8 A caridade nunca acaba: porém, ainda que haja prophecias, serão aniquiladas: ainda que haja linguas, cessarão; ainda que haja sciencia, será aniquilada;

9 Porque, em parte, [8] conhecemos, e em parte prophetizamos;

10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

11 Quando eu era menino, fallava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de meninos.

12 Porque agora vemos por espelho em enigma, [9] mas então veremos face a face: agora conheço em parte, mas então conhecerei como tambem sou conhecido.

13 Agora, pois, permanecem estas tres: a fé, a esperança e a caridade; porém a maior d’estas é a caridade.

[1] cap. 12.8. Mat. 7.22.

[2] Mat. 17.20. Mar. 11.23. Luc. 17.6.

[3] Mat. 6.1, 2.

[4] Pro. 10.12. I Ped. 4.8.

[5] cap. 10.24. Phi. 2.4.

[6] Rom. 1.32. II João 4.

[7] Rom. 15.1. Gal. 6.2. II Tim. 2.24.

[8] cap. 8.2.

[9] II Cor. 3.18 e 5.7. Phi. 3.12. Mat. 18.10. I João 3.2.

O dom da prophecia é superior ao das linguas.

14 Segui a caridade, e procurae [1] com zelo os dons espirituaes, mas principalmente o de prophetizar.

2 Porque o que falla lingua estranha [2] não falla aos homens, senão a Deus; porque ninguem o entende, e em espirito falla de mysterios.

3 Mas o que prophetiza falla aos homens para edificação, exhortação e consolação.

4 O que falla lingua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que prophetiza edifica a egreja.

5 E eu quero que todos vós falleis linguas estranhas, mas muito mais que prophetizeis, porque o que prophetiza é maior do que o que falla linguas estranhas, a não ser que tambem interprete, para que a egreja receba edificação.

6 E agora, irmãos, se eu fôr ter comvosco fallando linguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não fallasse ou por meio da revelação, [3] ou da sciencia, ou da prophecia, ou da doutrina?

7 Da mesma sorte, se as coisas inanimadas, que fazem sonido, seja flauta, seja cithara, não formarem sons distinctos, como se saberá o que se toca com a flauta ou com a cithara?

8 Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?

9 Assim tambem vós, se com a lingua não pronunciardes palavras bem intelligiveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que fallando ao ar.

10 Ha, por exemplo, tantos generos de vozes no mundo, e nenhuma d’ellas é sem significação.

11 Porém, se eu ignorar o sentido da voz, serei barbaro para aquelle a quem fallo, e o que falla será barbaro para mim.

12 Assim tambem vós, pois que desejaes dons espirituaes, procurae abundar n’elles, para edificação da egreja.

13 Pelo que, o que falla lingua estranha, ore para que possa interpretar.

14 Porque, se eu orar em lingua estranha, o meu espirito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fructo.

15 Que farei pois? Orarei com o espirito, mas tambem orarei com o entendimento;[1027] [4] cantarei com o espirito, mas tambem cantarei com o entendimento.

16 D’outra maneira, se tu bemdisseres com o espirito, como dirá o que occupa o logar de indouto, o Amen, sobre a [5] tua benção, visto que não sabe o que dizes?

17 Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.

18 Dou graças ao meu Deus, que fallo mais linguas do que vós todos.

19 Porém eu antes quero fallar na egreja cinco palavras na minha intelligencia, para que possa tambem instruir os outros, do que dez mil palavras em lingua estranha.

20 Irmãos, não sejaes meninos [6] no entendimento, mas sêde meninos na malicia, e adultos no entendimento.

21 Está [7] escripto na lei: Por gente d’outras linguas, e por outros labios, fallarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.

22 De sorte que as linguas estranhas são um signal, não para os fieis, mas para os infieis; e a prophecia, não para os infieis, mas para os fieis.

23 Se pois toda a egreja se congregar n’um logar, e todos fallarem linguas estranhas, e entrarem indoutos ou infieis, não dirão porventura que estaes [8] loucos?

24 Mas, se todos prophetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado.

25 E assim os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando [9] que Deus está verdadeiramente entre vós.

A necessidade de ordem no culto.

26 Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntaes, cada um de vós tem psalmo, tem doutrina, [10] tem lingua estranha, tem revelação, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27 E, se alguem fallar lingua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito tres, e por vezes, e um interprete.

28 Mas, se não houver interprete, esteja calado na egreja; porém, falle comsigo mesmo, e com Deus.

29 E fallem dois ou tres prophetas, [11] e os outros julguem.

30 Porém, se a outro, que estiver assentado, fôr revelada alguma coisa, cale-se [12] o primeiro.

31 Porque todos podereis prophetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados.

32 E os espiritos [13] dos prophetas estão sujeitos aos prophetas.

33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as [14] egrejas dos sanctos.

34 As vossas mulheres [15] estejam caladas nas egrejas; porque lhes não é permittido fallar, mas estejam sujeitas, como tambem ordena a lei.

35 E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus proprios maridos; porque é indecente que as mulheres fallem na egreja.

36 Porventura saiu d’entre vós a palavra de Deus? Ou veiu ella sómente para vós?

37 Se alguem cuida [16] ser propheta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.

38 Se alguem, porém, o ignora, ignore.

39 Portanto, irmãos, procurae, com zelo, [17] prophetizar, e não prohibaes fallar linguas.

40 Mas faça-se tudo [18] decentemente e com ordem.

[1] cap. 12.31. Num. 11.25, 29.

[2] Act. 2.4 e 10.46.

[3] ver. 26.

[4] Eph. 5.19. Col. 3.16. Psa. 47.7.

[5] cap. 11.24.

[6] Psa. 131.2. Mat. 11.25. Rom. 16.19. Eph. 4.14. Heb. 5.12, 13.

[7] João 10.34. Isa. 28.11, 12.

[8] Act. 2.13.

[9] Isa. 45.14. Zac. 8.23.

[10] ver. 6. II Cor. 12.19. Eph. 4.12.

[11] cap. 12.10.

[12] I The. 5.19, 20.

[13] I João 4.1.

[14] cap. 11.16.

[15] I Tim. 2.11, 12. Col. 3.18. Tito 2.5.

[16] II Cor. 10.7. I João 4.6.

[17] cap. 12.31. I The. 5.20.

[18] ver. 33.

A resurreição.

15 Tambem vos notifico, irmãos, o evangelho que vos tenho [1] annunciado; o qual tambem recebestes, e no qual tambem permaneceis.

2 Pelo qual tambem sois salvos [2] se o retiverdes tal como vol-o tenho annunciado; se não é que crêstes em vão.

3 Porque primeiramente vos entreguei [3] o que tambem recebi: que Christo morreu por nossos peccados, segundo as Escripturas,

4 E que foi sepultado, e que resuscitou ao terceiro dia, [4] segundo as Escripturas,

5 E que foi visto [5] por Cephas, e depois pelos doze.

6 Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quaes vive ainda a maior parte, e alguns dormem já tambem.

7 Depois foi visto por Thiago, depois por todos os [6] apostolos.

8 E por derradeiro [7] de todos foi visto[1028] tambem por mim, como por um abortivo.

9 Porque eu sou o menor [8] dos apostolos, que não sou digno de ser chamado apostolo, porque persegui a egreja de Deus.

10 Mas pela graça de Deus sou [9] o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos elles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.

11 Assim que seja eu ou sejam elles, assim prégamos e assim haveis crido.

12 Ora, se se préga que Christo resuscitou dos mortos, como dizem alguns d’entre vós que não ha resurreição de mortos?

13 E, se não ha resurreição de mortos, tambem Christo não [10] resuscitou.

14 E, se Christo não resuscitou, logo é vã a nossa prégação, e tambem é vã a vossa fé.

15 E assim somos tambem achados falsas testemunhas de Deus, pois testificamos [11] de Deus, que resuscitou a Christo, ao qual, porém, não resuscitou, se, na verdade, os mortos não resuscitam.

16 Porque, se os mortos não resuscitam, tambem Christo não resuscitou.

17 E, se Christo não resuscitou, é vã a vossa fé, e [12] ainda permaneceis nos vossos peccados.

18 E tambem os que dormiram em Christo estão perdidos.

19 Se esperamos em Christo [13] só n’esta vida, somos os mais miseraveis de todos os homens.

20 Mas agora Christo [14] resuscitou dos mortos, e foi feito as primicias dos que dormem.

21 Porque, assim como a morte veiu por um [15] homem, tambem a resurreição dos mortos veiu por um homem.

22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim tambem todos serão vivificados em Christo.

23 Mas cada um por sua [16] ordem: Christo as primicias, depois os que são de Christo, na sua vinda.

24 Depois virá o fim, quando tiver entregado [17] o reino a Deus, ao Pae, e quando houver aniquilado todo o imperio, e toda a potestade e força.

25 Porque convem que reine até que haja posto a todos os [18] inimigos debaixo de seus pés.

26 Ora o ultimo [19] inimigo que será aniquilado é a morte.

27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Porém, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que exceptua aquelle que lhe [20] sujeitou todas as coisas.

28 E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então tambem o mesmo Filho se sujeitará áquelle que todas as coisas lhe [21] sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

29 D’outra maneira, que farão os que se baptizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não resuscitam? Pois porque se baptizam pelos mortos?

30 Porque estamos nós tambem [22] a toda a hora em perigo?

31 Cada dia morro pela vossa gloria, a [23] qual tenho em Christo Jesus nosso Senhor.

32 Se, como homem, combati [24] em Epheso contra as bestas, que me aproveita, se os mortos não resuscitam? Comamos e bebamos, que ámanhã morreremos.

33 Não vos enganeis: as más conversações [25] corrompem os bons costumes.

34 Vigiae justamente [26] e não pequeis; porque alguns ainda não teem o conhecimento de Deus: digo-o para vergonha vossa.

35 Mas alguem dirá: [27] Como resuscitarão os mortos? E com que corpo virão?

36 Insensato! o que tu semeias [28] não vivificará, se primeiro não morrer.

37 E, quando semeias, não semeias o corpo que ha de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou d’outra qualquer semente.

38 Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu proprio corpo.

39 Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animaes, e outra a dos peixes e outra a das aves.

40 E ha corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a gloria dos celestes e outra a dos terrestres.

41 Uma é a gloria do sol, e outra a gloria da lua, e outra a gloria das estrellas; porque uma estrella differe em gloria d’outra estrella.

42 Assim tambem [29] a resurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; resuscitará em incorrupção.

[1029]

43 Semeia-se em ignominia, [30] resuscitará em gloria. Semeia-se em fraqueza, resuscitará com vigor.

44 Semeia-se corpo animal, resuscitará corpo espiritual. Ha corpo animal, e ha corpo espiritual.

45 Assim está tambem escripto: O primeiro homem, [31] Adão, foi feito em alma vivente: o ultimo Adão em espirito vivificante.

46 Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual.

47 O primeiro homem, da terra, [32] é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu.

48 Qual o terreno, [33] taes são tambem os terrenos; e, qual o celestial, taes tambem os celestiaes.

49 E, assim como trouxemos a imagem do terreno, [34] assim traremos tambem a imagem do celestial.

50 Porém digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem [35] herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção.

51 Eis aqui vos digo um mysterio: Na verdade, nem todos dormiremos, mas [36] todos seremos transformados,

52 N’um momento, n’um abrir e fechar d’olhos, ao som da ultima trombeta; porque a [37] trombeta soará, e os mortos resuscitarão incorruptiveis, e nós seremos transformados.

53 Porque convem que este corpo corruptivel se revista da incorruptibilidade, e que este corpo [38] mortal se revista da immortalidade.

54 E, quando este corpo corruptivel se revestir da incorruptibilidade, e este corpo mortal se revestir da immortalidade, então cumprir-se-ha a palavra que está escripta: Tragada foi a morte na [39] victoria.

55 Onde está, ó morte, [40] o teu aguilhão? Onde está, ó [AIP] inferno, a tua victoria?

56 Ora o aguilhão da morte é o peccado, e a força do [41] peccado é a lei.

57 Mas graças a Deus [42] que nos dá a victoria por nosso Senhor Jesus Christo.

58 Portanto, meus amados [43] irmãos, sêde firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é [44] vão no Senhor.

[1] Gal. 1.11. Rom. 5.2.

[2] Rom. 1.16. cap. 1.21. Gal. 3.4.

[3] cap. 11.2, 23. Gal. 1.12. Psa. 22.15, etc. Isa. 53.5, 6, etc. Act. 3.18. I Ped. 1.11.

[4] Isa. 53.10. Ose. 6.2. Luc. 24.26, 46. Act. 2.25-31.

[5] Luc. 24.34. Mat. 28.17. Mar. 16.14.

[6] Luc. 24.36. Act. 1.3, 4.

[7] Act. 9.4, 17 e 22.14, 18.

[8] Eph. 3.8. Act. 8.3. Gal. 1.13. I Tim. 1.13.

[9] Eph. 3.7, 8. II Cor. 11.23. Mat. 10.20.

[10] I The. 4.14.

[11] Act. 2.24, 32 e 4.10, 33 e 13.30.

[12] Rom. 4.25.

[13] II Tim. 3.12.

[14] I Ped. 1.3. Col. 1.18. Apo. 1.5.

[15] Rom. 5.12, 17 e 6.23. João 11.25.

[16] ver. 20. I The. 4.14, 15, 16.

[17] Dan. 7.14, 27.

[18] Psa. 110.1. Act. 2.34, 35. Eph. 1.22.

[19] II Tim. 1.10. Apo. 20.14.

[20] Psa. 8.6. Mat. 28.18. I Ped. 3.22.

[21] Phi. 3.21. cap. 3.23 e 11.3.

[22] II Cor. 11.26. Gal. 5.11.

[23] I The. 2.19. Rom. 8.36.

[24] II Cor. 1.8. Ecc. 2.24. Isa. 22.13.

[25] cap. 5.6.

[26] Rom. 13.11. I The. 4.5.

[27] Eze. 37.3.

[28] João 12.24.

[29] Dan. 12.3. Mat. 13.43.

[30] Phi. 3.21.

[31] Gen. 2.7. Rom. 5.14. João 5.21.

[32] João 3.13, 31. Gen. 2.7.

[33] Phi. 3.20, 21.

[34] Gen. 5.3. Rom. 8.29. I João 3.2.

[35] Mat. 16.17. João 3.3, 5.

[36] I The. 4.14, 15, 16.

[37] Zac. 9.14. Mat. 24.31. João 5.25.

[38] II Cor. 5.4.

[39] Isa. 25.8. Heb. 2.14, 15. Apo. 20.14.

[40] Ose. 13.14.

[41] Rom. 4.15 e 5.13.

[42] Rom. 7.25. I João 5.4, 5.

[43] II Ped. 3.14.

[44] cap. 3.8.

As collectas para os crentes de Jerusalem.

16 Ora, quanto á collecta [1] que se faz para os sanctos, fazei vós tambem como ordenei ás egrejas da Galacia.

2 No primeiro dia da semana [2] cada um de vós ponha de parte o que poder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as collectas quando eu chegar.

3 E, quando tiver chegado, enviarei aos que por cartas approvardes [3] para que levem a vossa dadiva a Jerusalem.

4 E, se a coisa fôr digna [4] de que eu tambem vá, irão comigo.

Os projectos de Paulo: diversas recommendações e saudações.

5 Irei, porém, ter comvosco depois de ter passado pela [5] Macedonia (porque tenho de passar pela Macedonia).

6 E bem pode ser que fique comvosco, e passe tambem o inverno, para que me acompanheis [6] aonde quer que eu fôr.

7 Porque não vos quero agora vêr de passagem, mas espero ficar comvosco [7] algum tempo, se o Senhor o permittir.

8 Ficarei, porém, em Epheso até ao Pentecostes;

9 Porque uma porta grande e efficaz se me abriu; [8] e ha muitos adversarios.

10 E, se vier Timotheo, [9] vêde que esteja sem temor comvosco; porque trabalha na obra do Senhor, como eu tambem.

11 Portanto ninguem [10] o despreze, mas acompanhae-o em paz, para que venha ter comigo: porque o espero com os irmãos.

12 E, ácerca do irmão [11] Apollos, roguei-lhe muito que fosse ter comvosco com os irmãos, mas, na verdade, não teve vontade de ir agora; irá, porém, quando se lhe offereça boa occasião.

13 Vigiae, [12] estae firmes na fé: portae-vos varonilmente, e fortalecei-vos.

14 Todas as vossas coisas [13] sejam feitas com caridade.

[1030]

15 Rogo-vos, porém, irmãos, pois sabeis que a [14] familia de Estephanas é as primicias da Achaia, e que se tem dedicado ao ministerio dos sanctos,

16 Que tambem vos sujeiteis [15] aos taes, e a todo aquelle que juntamente obra e trabalha.

17 Folgo, porém, com a vinda de Estephanas, e de Fortunato e de Achaico; porque estes suppriram o que da vossa parte [16] me faltava.

18 Porque [17] recrearam o meu espirito e o vosso. Reconhecei pois aos taes.

19 As egrejas da Asia vos saudam. Saudam-vos affectuosamente no Senhor Aquila e Prisca, com a [18] egreja que está em sua casa.

20 Todos os irmãos vos saudam. Saudae-vos uns aos outros [19] com osculo sancto.

21 Saudação da minha propria [20] mão, de Paulo.

22 Se alguem não [21] ama ao Senhor Jesus Christo, seja [22] anathema, [23] [AIQ] maranatha.

23 A graça do [24] Senhor Jesus Christo seja comvosco.

24 O meu amor seja com todos vós em Christo Jesus. Amen.

[1] Act. 11.29. Rom. 15.26. Gal. 2.10.

[2] Act. 20.7. Apo. 1.10.

[3] II Cor. 8.19.

[4] II Cor. 8.4, 19.

[5] Act. 19.21. II Cor. 1.16.

[6] Act. 15.3. Rom. 15.24.

[7] Act. 18.21. Thi. 4.15.

[8] Act. 14.27 e 19.9. Col. 4.3. Apo. 3.8.

[9] Act. 19.22. Rom. 16.21. I The. 3.2.

[10] I Tim. 4.12. Act. 15.33.

[11] cap. 1.12 e 3.5.

[12] Mat. 24.42. I The. 5.6. I Ped. 5.8. Eph. 6.10. Col. 1.11.

[13] I Ped. 4.8.

[14] cap. 1.16. Rom. 16.5. Heb. 6.10.

[15] Heb. 13.17.

[16] II Cor. 11.9. Phi. 2.30.

[17] Col. 4.8. I The. 5.12.

[18] Rom. 16.5, 15. Phi. 2.

[19] Rom. 16.16.

[20] Col. 4.18. II The. 3.17.

[21] Eph. 6.24.

[22] Gal. 1.8, 9.

[23] Jud. 14, 15.

[24] Rom. 16.20.


SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS CORINTHIOS.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 60

1 Paulo, apostolo [1] de Jesus Christo, pela vontade de Deus, e o irmão Timotheo, á egreja de Deus, que está em Corintho, com todos os sanctos que estão em toda a Achaia:

2 Graça e paz [2] de Deus nosso Pae e do Senhor Jesus Christo.

Acção de graças de Paulo pelas consolações que Deus lhe concedeu.

3 Bemdito seja o [3] Deus e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, o Pae das misericordias e o Deus de toda a consolação;

4 Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que tambem possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.

5 Porque, como as afflicções de Christo [4] abundam em nós, assim tambem a nossa consolação abunda por Christo.

6 Mas, se somos attribulados é para vossa consolação e salvação, ou, se somos consolados, para vossa consolação e salvação é, a qual se opéra na tolerancia [5] das mesmas afflicções que nós tambem padecemos;

7 E a nossa esperança ácerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes [6] das afflicções, assim o sereis tambem da consolação.

8 Porque não queremos, irmãos, [7] que ignoreis a tribulação que nos sobreveiu na Asia, pois que fomos sobremaneira aggravados mais do que podiamos supportar, de modo tal que até da vida estivemos em grande duvida.

9 De modo que em nós mesmos tinhamos a sentença de morte, para que não confiassemos em nós mesmos, [8] mas em Deus, que resuscita os mortos:

10 O qual nos livrou [9] de tão grande morte, e livra ainda, no qual esperamos que ainda tambem nos livrará.

11 Ajudando-nos tambem vós com oração [10] por nós, para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas tambem sejam dadas graças a nosso respeito.

Porque demorou Paulo a sua ida.

12 Porque a nossa gloria é esta: o testemunho da nossa consciencia, de que com simplicidade e sinceridade [11] de Deus, não com sabedoria carnal, mas com graça de Deus, temos vivido no mundo, e maiormente comvosco.

[1031]

13 Porque nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que sabeis ou tambem reconheceis; e espero que tambem até ao fim as reconhecereis.

14 Como tambem em parte nos tendes reconhecido, [12] que somos a vossa gloria, como tambem vós sereis a nossa no dia do Senhor Jesus.

15 E com esta confiança [13] quiz primeiro ir ter comvosco, para que tivesseis uma segunda graça;

16 E por vós passar á Macedonia, e [14] da Macedonia ir outra vez ter comvosco, e ser guiado por vós á Judea.

17 Assim que, deliberando isto, usei porventura de leviandade? Ou o que delibero, o delibero porventura segundo a carne, [15] para que haja em mim sim sim, e não não?

18 Antes Deus é fiel, e sabe que a nossa palavra para comvosco não foi sim e não.

19 Porque o Filho [16] de Deus, Jesus Christo, que por nós foi prégado entre vós, a saber, por mim, e Silvano, e Timotheo, não foi sim e não; [17] mas n’elle houve sim.

20 Porque todas quantas promessas ha [18] de Deus, são n’elle sim, e n’elle Amen, para gloria de Deus por nós.

21 Mas o que nos confirma comvosco em Christo, e o que nos ungiu, é [19] Deus:

22 O qual tambem nos sellou [20] e deu o penhor do Espirito em nossos corações.

23 Porém invoco a Deus [21] por testemunha sobre a minha alma, que para vos poupar não tenho até agora ido a Corintho;

24 Não que tenhamos dominio sobre a vossa fé, [22] mas porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estaes em pé.

[1] I Cor. 1.1. Eph. 1.1. Col. 1.1.

[2] Rom. 1.7. Gal. 1.3. Phi. 1.2.

[3] Eph. 1.3. I Ped. 1.3.

[4] Act. 9.4. cap. 4.10. Col. 1.24.

[5] cap. 4.15.

[6] Rom. 8.17. II Tim. 2.12.

[7] Act. 19.23. I Cor. 15.32.

[8] Jer. 17.5, 7.

[9] II Ped. 2.9.

[10] Rom. 15.30. Phi. 1.19. cap. 4.15.

[11] cap. 2.17. I Cor. 2.4, 13.

[12] Phi. 2.16. I The. 2.19, 20.

[13] I Cor. 4.19. Rom. 1.11.

[14] I Cor. 16.5, 6.

[15] cap. 10.2.

[16] Mar. 1.1. Luc. 1.35. Act. 9.20.

[17] Heb. 13.8.

[18] Rom. 15.8, 9.

[19] I João 2.20, 27.

[20] Eph. 1.13. II Tim. 2.19.

[21] Gal. 1.20. Phi. 1.8. I Cor. 4.21.

[22] I Ped. 5.3. Rom. 11.20.

2 Porém, deliberei isto comigo mesmo: não ir mais ter comvosco em [1] tristeza.

2 Porque, se eu vos entristeço, quem é que me alegrará, senão aquelle que por mim foi contristado?

3 E escrevi-vos isto mesmo, para que, quando fôr, [2] não tenha tristeza da parte dos que deveriam alegrar-me; confiando em vós todos, que a minha alegria é a de todos vós.

4 Porque em muita tribulação e angustia do coração vos escrevi com muitas lagrimas, não para que vos entristecesseis, [3] mas para que conhecesseis o amor que abundantemente vos tenho.

5 Porque, se alguem me [4] contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos.

6 Basta-lhe ao tal esta reprehensão feita por [5] muitos:

7 De maneira que antes pelo contrario [6] deveis perdoar-lhe e consolal-o, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza.

8 Pelo que rogo-vos que confirmeis para com elle o vosso amor.

9 Porque para isso vos escrevi tambem, para por esta prova saber se [7] sois obedientes em tudo.

10 E a quem perdoardes alguma coisa tambem eu; porque, se eu tambem perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Christo; para que não sejamos vencidos por Satanás;

11 Porque não ignoramos os seus ardis.

12 No demais, [8] quando cheguei a Troas para prégar o evangelho de Christo, e abrindo-se-me uma porta no Senhor,

13 Não tive repouso no [9] meu espirito, porque não achei alli meu irmão Tito; mas, despedindo-me d’elles, parti para a Macedonia.

O caracter e os fructos do ministerio de Paulo.

14 E graças a Deus, que sempre nos faz triumphar em Christo, e por nós manifesta em todo o logar o [10] cheiro do seu conhecimento.

15 Porque para Deus somos o bom cheiro de Christo, [11] em os que se salvam e em os que se perdem:

16 Para estes certamente cheiro [12] de morte para morte; mas para aquelles cheiro de vida para vida. E para [13] estas coisas quem é idoneo?

17 Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, [14] antes fallamos de Christo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.

[1] cap. 1.23 e 12.20, 21.

[2] cap. 12.21. Gal. 5.10.

[3] cap. 7.8, 9, 12.

[4] I Cor. 5.1. Gal. 4.12.

[5] I Cor. 5.4, 5. I Tim. 5.20.

[6] Gal. 6.1.

[7] cap. 7.15 e 10.6.

[8] Act. 16.8. I Cor. 16.9.

[9] cap. 7.5, 6.

[10] Can. 1.3.

[11] I Cor. 1.18. cap. 4.3.

[12] João 9.39. I Ped. 2.7, 8.

[13] I Cor. 15.10.

[14] II Ped. 2.3. cap. 1.12.

[1032]

3 Porventura começamos outra [1] vez a louvar-nos a nós mesmos? Ou necessitamos, como alguns, de cartas de recommendação para vós, ou de recommendação de vós?

2 Vós [2] sois a nossa carta, escripta em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

3 Porque é manifesto, que vós sois a carta de Christo, ministrada por nós, [3] e escripta, não com tinta, mas com o Espirito de Deus vivo, não em taboas de pedra, mas nas taboas de carne do coração.

4 E é por Christo que temos tal confiança em Deus:

5 Não que sejamos [4] capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus:

6 O qual nos fez tambem capazes de ser ministros [5] do novo [AIR] testamento, não da lettra, mas do espirito; porque a lettra mata, e o espirito vivifica.

7 E, se o ministerio da morte, gravado [6] com lettras em pedras, foi [7] para gloria, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moysés, por causa da gloria do seu rosto, a qual [AIS] era transitoria,

8 Como não será de maior gloria o ministerio do [8] espirito?

9 Porque, se o ministerio da condemnação foi glorioso, muito mais excederá em gloria [9] o ministerio da justiça.

10 Porque tambem o que foi glorificado n’esta parte não foi glorificado, por causa d’esta excellente gloria.

11 Porque, se o que era transitorio foi para gloria, muito mais é em gloria o que permanece.

12 Tendo, pois, tal esperança, usamos [10] de muita ousadia no fallar.

13 E não somos como Moysés, que punha um véu [11] sobre a sua face, para que os filhos do Israel não fitassem os olhos no fim do que era transitorio.

14 Porém os seus [12] sentidos foram endurecidos: porque até ao dia de hoje o mesmo véu fica por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Christo abolido:

15 Mas até ao dia de hoje, quando é lido Moysés, o véu está posto sobre o coração d’elles.

16 Porém, quando se converterem [13] ao Senhor, então o véu se tirará.

17 Ora o Senhor [14] é o Espirito; e onde está o Espirito do Senhor ahi ha liberdade.

18 Mas todos nós, com cara descoberta, [15] reflectindo como um espelho, a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, como pelo Espirito do Senhor.

[1] cap. 5.12. Act. 18.27.

[2] I Cor. 9.2.

[3] I Cor. 3.5. Exo. 24.12. Jer. 31.33.

[4] João 15.5. Phi. 2.13.

[5] I Cor. 3.5. Eph. 3.7. Col. 1.25, 29.

[6] Rom. 7.10.

[7] Exo. 34.1, 28, 29, 30, 35.

[8] Gal. 3.5.

[9] Rom. 1.17 e 3.21.

[10] cap. 7.4. Eph. 6.19.

[11] Exo. 34.33, 35. Rom. 10.4.

[12] Isa. 6.10. Mat. 13.11, 14. João 12.40.

[13] Rom. 11.23, 26.

[14] ver. 6. I Cor. 15.45.

[15] I Cor. 13.12. I Tim. 1.11.

Jesus Christo é o unico assumpto do ministerio de Paulo.

4 Pelo que, tendo este [1] ministerio, segundo a misericordia que nos foi feita, não desfallecemos,

2 Antes, rejeitámos as coisas que por vergonha se occultam, não andando com astucia [2] nem falsificando a palavra de Deus, mas recommendando-nos á consciencia de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.

3 Porém, se tambem o nosso evangelho está encoberto, [3] para os que se perdem está encoberto:

4 Nos quaes o Deus d’este seculo cegou [4] os entendimentos dos incredulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da gloria de Christo, que é a imagem de Deus.

5 Porque não nos prégamos [5] a nós mesmos, mas a Christo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.

6 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse [6] a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para illuminação do conhecimento da gloria de Deus, na face de Jesus Christo.

7 Temos, porém, este thesouro em vasos de [7] barro, para que a excellencia do poder seja de Deus, e não de nós.

8 Em tudo somos attribulados, porém [8] não angustiados: perplexos, porém não desesperados:

9 Perseguidos, porém não desamparados: abatidos, [9] porém não perdidos:

10 Trazendo sempre por [10] toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste tambem em nossos corpos;

11 Porque nós, que vivemos, estamos sempre entregues [11] á morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste tambem em a nossa carne mortal.

[1033]

12 De maneira que em nós obra a morte, [12] porém em vós a vida.

13 E temos portanto o mesmo espirito [13] de fé, como está escripto: Cri, por isso fallei: nós cremos tambem, por isso tambem fallamos.

14 Sabendo que o que resuscitou [14] o Senhor Jesus, nos resuscitará tambem por Jesus; e nos collocará comvosco.

15 Porque todas estas coisas são por amor [15] de vós, para que a graça, que abunda pela acção de graças de muitos abunde para gloria de Deus.

O designio e effeito das afflicções. As coisas visiveis são contrapostas ás invisiveis.

16 Por isso não desfallecemos: mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, [16] o interior, comtudo, se renova de dia em dia,

17 Porque a nossa leve e momentanea tribulação [17] produz-nos um peso eterno de gloria mui excellente;

18 Não attentando nós [18] nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporaes, e as que se não vêem são eternas.

[1] I Cor. 7.25. I Tim. 1.13.

[2] cap. 6.4, 7 e 7.14.

[3] I Cor. 1.18. II The. 2.10.

[4] João 12.31, 40 e 14.30 e 16.11.

[5] I Cor. 1.13, 23 e 10.33.

[6] Gen. 1.3. II Ped. 1.19.

[7] cap. 5.1. I Cor. 2.5.

[8] cap. 7.5.

[9] Psa. 37.24.

[10] I Cor. 15.31. Rom. 8.17. I Ped. 4.13.

[11] Rom. 8.36. I Cor. 15.31, 49.

[12] cap. 13.9.

[13] Rom. 1.12. II Ped. 1.1.

[14] Rom. 8.11. I Cor. 6.14.

[15] I Cor. 3.21. Col. 1.24. II Tim. 2.10.

[16] Rom. 7.22. Col. 3.10. I Ped. 3.4.

[17] Mat. 5.12. Rom. 8.18. I Ped. 1.6.

[18] Rom. 8.24. Heb. 11.1.

5 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre [1] d’este tabernaculo se desfizer, temos de Deus um edificio, uma casa não feita por mãos, eterna nos céus.

2 E por isso tambem gememos, [2] desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;

3 Se todavia formos [3] achados vestidos, e não nús.

4 Porque tambem nós, os que estamos n’este tabernaculo, gememos carregados: porque não queremos ser despidos, mas revestidos, [4] para que o mortal seja absorvido pela vida.

5 Ora, quem para isto [5] mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu tambem o penhor do Espirito.

6 Pelo que estamos sempre de bom animo, sabendo que, emquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor.

7 (Porque andamos [6] por fé, e não por vista.)

8 Porém temos confiança [AIT] e desejamos muito deixar [7] este corpo, e habitar com o Senhor.

9 Pelo que muito desejamos tambem ser-lhe agradaveis, quer presentes, quer ausentes.

10 Porque todos devemos comparecer [8] ante o tribunal de Christo, para que cada um receba segundo o que tiver feito no corpo, ou bem, ou mal.

O ministerio da reconciliação.

11 Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, [9] persuadimos os homens á fé, e somos manifestos a Deus; mas espero que nas vossas consciencias estejamos tambem manifestos.

12 Porque não nos recommendámos [10] outra vez a vós; mas damo-vos occasião de vos gloriardes de nós, para que tenhaes que responder aos que se gloriam na apparencia, e não no coração.

13 Porque, se enlouquecemos, é para Deus; [11] e, se conservamos o juizo, é para vós.

14 Porque o amor de Christo nos constrange, julgando nós isto: [12] que, se um morreu por todos, logo todos morreram.

15 E elle morreu por todos, para que os que vivem [13] não vivam mais para si, senão para aquelle que por elles morreu e resuscitou.

16 Assim que d’aqui por diante a ninguem conhecemos [14] segundo a carne, e, ainda que tambem tenhamos conhecido Christo segundo a carne, todavia agora já o não conhecemos d’este modo.

17 Assim que, se alguem está em Christo, [15] nova [AIU] creatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo está feito novo.

18 E tudo isto provém de Deus que nos reconciliou [16] comsigo mesmo por Jesus Christo, e nos deu o ministerio da reconciliação.

19 Porque Deus estava em [17] Christo reconciliando comsigo o mundo, não lhes imputando os seus peccados; e poz em nós a palavra da reconciliação.

20 De sorte que somos embaixadores [18] da parte de Christo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos pois da parte de Christo que vos reconcilieis com Deus.

21 Áquelle que não conheceu peccado,[1034] fel-o peccado [19] por nós; para que n’elle fossemos feitos justiça de Deus.

[1] Job 4.19. II Ped. 1.13, 14.

[2] Rom. 8.23.

[3] Apo. 3.18 e 16.15.

[4] I Cor. 15.53, 54.

[5] Isa. 29.23. Eph. 2.10.

[6] Rom. 8.24, 25.

[7] Phi. 1.23.

[8] Mat. 25.31, 32. Rom. 14.10. Apo. 22.12.

[9] Job 31.23. Heb. 10.31. Jud. 23.

[10] cap. 3.1 e 1.14.

[11] cap. 11.1, 16, 17 e 12.6, 11.

[12] Rom. 5.15.

[13] Rom. 6.11, 12. I Cor. 6.19. Gal. 2.20.

[14] Mat. 12.50. João 15.14. Gal. 5.6.

[15] Rom. 8.9 e 16.7. Gal. 6.15.

[16] Rom. 5.10. Col. 1.20. I João 2.2.

[17] Rom. 3.24, 25.

[18] Job 33.23. Mal. 2.7.

[19] Isa. 53.6, 9, 12. Gal. 3.13. I Ped. 2.22, 24.

A abnegação de Paulo em seu ministerio.

6 E nós, cooperando tambem, [1] vos exhortamos a que não recebaes a graça de Deus em vão;

2 (Porque diz: Ouvi-te [2] em tempo acceitavel e soccorri-te no dia da salvação: Eis aqui agora o tempo acceitavel, eis aqui agora o dia da salvação.)

3 Não dando nós [3] escandalo em coisa alguma, para que o ministerio não seja vituperado;

4 Antes, como ministros [4] de Deus, fazendo-nos agradaveis em tudo: na muita soffrença, nas afflicções, nas necessidades, nas angustias,

5 Nos açoites, [5] nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigilias, nos jejuns,

6 Na pureza, na sciencia, na longanimidade, na benignidade, no Espirito Sancto, no amor não fingido,

7 Na palavra da [6] verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, á direita e á esquerda,

8 Por honra e por deshonra, por infamia e por boa fama: como enganadores, e sendo verdadeiros:

9 Como desconhecidos, [7] mas sendo bem conhecidos: como morrendo, e [8] eis que vivemos: como castigados, e não mortos:

10 Como contristados, mas sempre alegres: como pobres, mas enriquecendo a muitos: como nada tendo, e possuindo tudo.

Instante exhortação á sanctidade.

11 Ó corinthios, a nossa bocca aberta está para vós, o nosso [9] coração está dilatado.

12 Não estaes estreitados em nós; mas estaes [10] estreitados nas vossas entranhas.

13 Ora, em recompensa d’isto, (fallo como [11] a filhos) dilatae-vos tambem vós.

14 Não vos prendaes desegualmente ao jugo com [12] os infieis; porque, que participação tem a justiça com a injustiça? E que communicação tem a luz com as trevas?

15 E que concordia ha entre Christo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?

16 E que consentimento tem o templo de Deus com os idolos? Porque vós [13] sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: N’elles habitarei, e entre elles andarei: e eu serei o seu Deus e elles serão o meu povo.

17 Pelo que sahi do meio d’elles, e apartae-vos, [14] diz o Senhor; e não toqueis coisa immunda, e eu vos receberei:

18 E eu serei para vós Pae [15] e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo poderoso.

[1] I Cor. 3.9. cap. 5.20. Heb. 12.15.

[2] Isa. 49.8.

[3] Rom. 14.13. I Cor. 9.12 e 10.32.

[4] I Cor. 4.1.

[5] cap. 11.23, etc.

[6] cap. 4.2. I Cor. 2.4. Eph. 6.11, 13.

[7] cap. 4.2.

[8] I Cor. 4.9. cap. 1.9 e 4.10, 11.

[9] cap. 7.3.

[10] cap. 12.15.

[11] I Cor. 4.14.

[12] Deu. 7.2, 3. I Cor. 5.9 e 7.39. I Sam. 5.2, 3.

[13] I Cor. 3.16. Eph. 2.21, 22. Heb. 3.6.

[14] Isa. 52.11. cap. 7.1. Apo. 18.4.

[15] Jer. 31.1, 9. Apo. 21.7.

7 Ora, amados, pois que temos taes promessas, [1] purifiquemo-nos de toda a immundicia da carne e do espirito, aperfeiçoando a sanctificação no temor de Deus.

A alegria de Paulo por causa da vinda de Tito e o bom effeito da sua primeira epistola.

2 Recebei-nos; a ninguem aggravámos, a ninguem corrompemos, de ninguem [2] buscámos o nosso proveito.

3 Não digo isto para vossa condemnação; pois já d’antes tinha dito que estaes [3] em nossos corações para juntamente morrer e viver.

4 Grande é a ousadia da minha falla para comvosco, [4] e grande a minha jactancia a respeito de vós; estou cheio de consolação: superabundo de gozo em todas as nossas tribulações.

5 Porque, ainda quando chegámos [5] á Macedonia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos attribulados: por fóra combates, temores por dentro.

6 Mas Deus, que consola [6] os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito.

7 E não sómente com a sua vinda, senão tambem pela consolação com que foi consolado de vós, contando-nos as vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de maneira que muito me regozijei.

8 Porque, ainda que vos [7] contristei com a carta, não me arrependo, embora me arrependesse por vêr que aquella carta vos contristou, ainda que por pouco tempo.

9 Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para o arrependimento; porque fostes contristados segundo Deus; de[1035] maneira que por nós não padecestes damno em coisa alguma.

10 Porque a tristeza segundo [8] Deus obra arrependimento para a salvação, da qual ninguem se arrepende; mas a tristeza do mundo obra a morte.

11 Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós, que segundo Deus fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! em tudo mostrastes estar puros n’este negocio.

12 Portanto, ainda que vos escrevi, não foi por causa do que fez o aggravo, nem por causa do que soffreu o aggravo, mas para que a nossa diligencia por vós [9] fosse manifesta diante de Deus.

13 Por isso fomos consolados pela vossa consolação, e muito mais nos alegramos pela alegria de Tito, porque o seu espirito foi [10] recreado por vós todos.

14 Porque, se n’alguma coisa me gloriei de vós para com elle, não fiquei envergonhado; antes, como vos dissemos tudo com verdade, assim tambem a nossa gloria para com Tito se achou verdadeira.

15 E o seu entranhavel affecto para comvosco é mais abundante, lembrando-se da obediencia [11] de vós todos, e de como o recebestes com temor e tremor.

16 Regozijo-me de em tudo poder [12] confiar em vós.

[1] cap. 6.17, 18.

[2] Act. 20.33. cap. 12.17.

[3] cap. 6.11, 12.

[4] cap. 3.12. I Cor. 1.4. Phi. 2.17.

[5] cap. 2.13. Deu. 32.25.

[6] cap. 1.4 e 2.13.

[7] cap. 2.4.

[8] II Sam. 12.13. Mat. 26.75. Pro. 17.22.

[9] cap. 2.4.

[10] Rom. 15.32.

[11] cap. 2.9. Phi. 2.12.

[12] II The. 3.4. Phi. 3.21.

A collecta para os christãos pobres da Judea.

8 Tambem, irmãos, vos fazemos saber a graça de Deus dada ás egrejas da Macedonia:

2 Como em muita prova de tribulação houve abundancia do seu gozo, e como a sua [1] profunda pobreza abundou em riquezas de sua beneficencia.

3 Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico), e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente,

4 Pedindo-nos com muitos rogos a graça e a communicação d’este serviço, [2] que se fazia para com os sanctos.

5 E fizeram não sómente como nós esperavamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus.

6 De maneira que exhortámos [3] a Tito que, assim como d’antes começou, assim tambem acabe esta mercê entre vós.

7 Portanto, assim como em [4] tudo abundaes em fé, e em palavra, e em sciencia, e em toda a diligencia, e em a vossa caridade para comnosco, assim tambem abundeis n’esta graça.

8 Não digo isto como [5] quem manda, senão tambem para provar, pela diligencia dos outros, a sinceridade da vossa caridade.

9 Porque sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Christo, que, sendo rico, por amor de vós [6] se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecesseis.

10 E n’isto dou o meu [7] parecer; pois que isto vos convém a vós, que desde o anno passado começastes não só o praticar, mas tambem o desejar.

11 Agora, porém, completae tambem o já começado, para que, assim como houve a promptidão de vontade, haja tambem o cumprimento, segundo o que tendes.

12 Porque, se primeiro [8] houver promptidão de vontade, será acceite segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem.

13 Porém, não digo isto para que os outros tenham allivio, e vós oppressão,

14 Mas para egualdade; n’este tempo presente, a vossa abundancia suppra a falta dos outros, para que tambem a sua abundancia suppra a vossa falta, para que haja egualdade;

15 Como está escripto: O que muito colheu [9] não teve de mais; e o que pouco não teve de menos.

16 Porém, graças a Deus, que poz a mesma solicitude por vós no coração de Tito;

17 Pois acceitou [10] a exhortação, e muito diligente partiu voluntariamente para vós.

18 E com elle enviámos aquelle [11] irmão que tem louvor no evangelho em todas as egrejas.

19 E não só isto, mas foi tambem escolhido pelas egrejas [12] para companheiro da nossa viagem, n’esta graça, que por nós é ministrada para gloria do mesmo Senhor, e promptidão do vosso animo:

20 Evitando isto, que alguem nos vitupere n’esta abundancia, que por nós e ministrada:

21 Como quem procura [13] o que é honesto, não só diante do Senhor, mas tambem diante dos homens.

[1036]

22 Com elles enviámos tambem outro nosso irmão, o qual muitas vezes, e em muitas coisas já experimentámos que é diligente, e agora muito mais diligente ainda pela muita confiança que em vós tem.

23 Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para comvosco: quanto a nossos irmãos, são embaixadores [14] das egrejas e gloria de Christo.

24 Portanto mostrae para com elles, perante a face das egrejas, a prova da vossa caridade, e da nossa [15] gloria ácerca de vós.

[1] Mar. 12.44.

[2] Act. 11.29. Rom. 15.25, 26. cap. 9.1.

[3] ver. 17. cap. 12.18.

[4] I Cor. 1.5 e 12.13.

[5] I Cor. 7.6.

[6] Mat. 8.20. Luc. 9.58. Phi. 2.6, 7.

[7] I Cor. 7.25. Mat. 10.42. I Tim. 6.18, 19.

[8] Mar. 12.43, 44. Luc. 21.3.

[9] Exo. 16.18.

[10] ver. 6.

[11] cap. 12.13.

[12] I Cor. 16.3, 4. cap. 4.15.

[13] Rom. 12.17. Phi. 4.8. I Ped. 2.12.

[14] Phi. 2.25.

[15] cap. 7.14 e 9.2.

9 Quanto á administração [1] que se faz a favor dos sanctos, não necessito escrever-vos;

2 Porque bem sei a promptidão do vosso animo [2] da qual me glorio de vós para com os macedonios; que a Achaia está prompta desde o anno passado, e o vosso zelo tem estimulado muitos.

3 Porém enviei [3] estes irmãos, para que a nossa gloria, ácerca de vós, não seja vã n’esta parte; para que (como já disse) possaes estar promptos:

4 Para que, se acaso os macedonios vierem comigo, e vos acharem desapercebidos, não nos envergonhemos nós (para não dizermos vós) d’este firme fundamento de gloria.

5 Portanto, tive por coisa necessaria exhortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter comvosco, e preparassem primeiro a vossa benção, d’antes annunciada, para que esteja prompta como benção, e não como avareza.

6 E digo isto: Que o [4] que semeia pouco, pouco tambem ceifará; e o que semeia em abundancia, em abundancia tambem ceifará.

7 Cada um contribua segundo propoz no seu coração; não com [5] tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.

8 E Deus é poderoso para fazer abundar [6] em vós toda a graça, para que tendo sempre, em tudo, toda a sufficiencia, abundeis em toda a boa obra;

9 Conforme está escripto: Espalhou, [7] deu aos pobres: a sua justiça permanece para sempre.

10 Ora, aquelle que dá a semente ao que semeia, [8] tambem dará pão para comer, e multiplicará a vossa sementeira, e augmentará os fructos da vossa justiça;

11 Para que em tudo enriqueçaes para toda a beneficencia, a qual faz que por nós [9] se deem graças a Deus.

12 Porque a administração d’este serviço, não só suppre as necessidades dos sanctos, [10] mas tambem abunda em muitas graças, que se dão a Deus.

13 Portanto, na prova d’esta administração, glorificam a Deus [11] pela submissão que confessaes quanto ao evangelho de Christo, e pela bondade da communicação para [12] com elles, e para com todos;

14 E pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excellente graça de Deus [13] em vós.

15 Graças a Deus pois [14] pelo seu dom ineffavel.

[1] Act. 11.29. Rom. 15.26. I Cor. 16.1. Gal. 2.10.

[2] cap. 8.19.

[3] cap. 8.6, 17, 18, 22.

[4] Pro. 11.24 e 19.17. Gal. 6.7, 9.

[5] Deu. 15.7. Exo. 25.2. Pro. 11.25.

[6] Pro. 11.24, 25 e 28.27. Phi. 4.19.

[7] Psa. 112.9.

[8] Isa. 55.10. Ose. 10.12. Mat. 6.1.

[9] cap. 1.11 e 4.15.

[10] cap. 8.14.

[11] Mat. 5.16.

[12] Heb. 13.16.

[13] cap. 8.1.

[14] Thi. 1.17.

Paulo defende a sua auctoridade apostolica.

10 Além d’isto, eu, Paulo, [1] vos rogo, pela mansidão e benignidade de Christo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, porém, ausente, ousado para comvosco;

2 Rogo-vos pois que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia [2] que se me attribue ter com alguns, que nos julgam, como se andassemos segundo a carne.

3 Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.

4 Porque as armas da [3] nossa milicia não são carnaes, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;

5 Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando captivo todo o entendimento á obediencia de Christo.

6 E estando promptos para vingar toda a [4] desobediencia, quando fôr cumprida a vossa obediencia.

7 Olhaes para as coisas [5] segundo a apparencia? Se alguem confia de si mesmo que é de Christo, pense outra vez isto comsigo, que, assim como elle é de Christo, tambem nós somos de Christo.

8 Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, [6] o qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição, não me envergonharei,

9 Para que não pareça como se quizera intimidar-vos por cartas.

[1037]

10 Porque as cartas, dizem, [7] são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezivel.

11 Pense o tal isto, que, quaes somos na palavra por cartas, estando ausentes, taes seremos tambem por obra, estando presentes.

12 Porque não [8] ousamos juntar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; porém estes que por si mesmos se medem a si mesmos, e se comparam comsigo mesmos, estão sem entendimento.

13 Porém não nos gloriaremos [9] fóra de medida, mas conforme a medida da regra, medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós;

14 Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvessemos de chegar até vós, pois chegámos [10] tambem até vós no evangelho de Christo:

15 Não nos gloriando fóra de medida nos trabalhos [11] alheios; antes tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra;

16 Para annunciar o evangelho nos logares que estão além de vós, e não em campo de outrem, para nos não gloriarmos no que estava já preparado.

17 Porém aquelle que se gloría [12] glorie-se no Senhor.

18 Porque não é approvado quem a si mesmo se louva, [13] mas sim aquelle a quem o Senhor louva.

[1] Rom. 12.1. ver. 10. cap. 12.5, 7, 9.

[2] I Cor. 4.21. cap. 13.2, 10.

[3] Eph. 6.13. I The. 5.8. I Tim. 1.18.

[4] cap. 13.2, 10 e 2.9 e 7.15.

[5] João 7.24. I Cor. 14.37 e 3.23. I João 4.6.

[6] cap. 13.10 e 7.14 e 12.6.

[7] I Cor. 2.3, 4 e 1.17. cap. 11.6.

[8] cap. 3.1 e 5.12.

[9] ver. 15.

[10] I Cor. 3.5, 10 e 4.15.

[11] Rom. 15.20.

[12] Isa. 65.16. I Cor. 1.31.

[13] Pro. 27.2. I Cor. 4.5.

Os falsos apostolos.

11 Oxalá me supportasseis um pouco na minha [1] loucura! Supportae-me, porém, ainda.

2 Porque estou zeloso [2] de vós com zelo de Deus: porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Christo.

3 Mas temo que, assim como a [3] serpente enganou Eva com a sua astucia, assim tambem sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que ha em Christo.

4 Porque, se alguem viesse prégar-vos outro Jesus que nós não temos prégado, ou recebesseis outro espirito que não recebestes, ou [4] outro evangelho que não abraçastes, com razão o soffrerieis.

5 Porque penso que em nada fui inferior [5] aos mais excellentes apostolos.

6 E, se tambem sou [6] rude na palavra, não o sou comtudo na sciencia; mas já em tudo nos temos feito conhecer totalmente entre vós.

7 Pequei porventura, humilhando-me a [7] mim mesmo, para que vós fosseis exaltados, porque de graça vos annunciei o evangelho de Deus?

8 Outras egrejas despojei eu para vos servir, recebendo d’ellas salario; e quando estava presente comvosco, e tinha necessidade, [8] a ninguem fui pesado.

9 Porque os irmãos que vieram da Macedonia suppriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei.

10 A verdade de Christo [9] está em mim; que esta gloria não me será impedida nas regiões da Achaia.

11 Porque? Porque vos não amo? [10] Deus o sabe.

12 Mas eu o faço, e o farei, para cortar occasião [11] aos que buscam occasião, para que, n’aquillo em que se gloriam, sejam achados assim como nós.

13 Porque taes falsos [12] apostolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apostolos de Christo.

14 E não é maravilha, [13] porque o proprio Satanaz se transfigura em anjo de luz.

15 Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros [14] da justiça, o fim dos quaes será conforme as suas obras.

Os soffrimentos de Paulo por amor do evangelho.

16 Outra vez digo: [15] ninguem me julgue insensato, ou então recebei-me como insensato, para que tambem me glorie um pouco.

17 O que digo, [16] não o digo segundo o Senhor, mas como por loucura n’esta confiança de gloria.

18 Pois que muitos se gloriam [17] segundo a carne, eu tambem me gloriarei.

19 Porque, [18] sendo sensatos, de boamente toleraes os insensatos.

20 Pois o toleraes, se alguem [19] vos põe em servidão, se alguem vos devora, se alguem vos apanha, se alguem se exalta, se alguem vos fere no rosto.

[1038]

21 Para affronta [20] o digo, como se nós fossemos fracos, mas no que qualquer tem ousadia (com insensatez fallo) tambem eu tenho ousadia.

22 São hebreos? [21] tambem eu; são israelitas? tambem eu; são descendencia de Abrahão? tambem eu;

23 São ministros de Christo? (fallo como fóra de mim) eu ainda mais; [22] em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que elles; em prisões, muito mais, em perigo de morte muitas vezes.

24 Recebi dos judeos cinco [23] quarentenas de açoites menos um.

25 Tres vezes fui açoitado [24] com varas, uma vez fui apedrejado, tres vezes soffri naufragio, uma noite e um dia passei no abysmo.

26 Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, [25] em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos.

27 Em trabalhos e fadiga, [26] em vigilias muitas vezes, em fome e sêde, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.

28 Além das coisas exteriores, [27] me sobrevem cada dia o cuidado de todas as egrejas.

29 Quem [28] enfraquece, que eu tambem não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abraze?

30 Se convém gloriar-me, [29] gloriar-me-hei das coisas da minha fraqueza.

31 O Deus [30] e Pae de Nosso Senhor Jesus Christo, que é eternamente bemdito, sabe que não minto.

32 Em Damasco, o [31] governador sob o rei Aretas poz guardas ás portas da cidade dos damascenos, para me prenderem.

33 E fui descido n’um cesto por uma janella da muralha; e assim escapei das suas mãos.

[1] ver. 16. cap. 5.13.

[2] Gal. 4.17, 18. Ose. 2.19, 20.

[3] Gen. 3.4. João 8.44. Eph. 6.24.

[4] Gal. 1.7, 8.

[5] I Cor. 15.10. Gal. 2.6.

[6] I Cor. 1.17. Eph. 3.4. cap. 4.2.

[7] Act. 18.3. I Cor. 9.6, 12.

[8] Act. 20.33. I The. 2.9. II The. 3.8, 9.

[9] Rom. 9.1. I Cor. 9.15.

[10] cap. 6.11.

[11] I Cor. 9.12.

[12] Act. 15.24. Rom. 16.18.

[13] Gal. 1.7.

[14] cap. 3.9.

[15] ver. 1. cap. 12.6, 11.

[16] I Cor. 7.6, 12. cap. 9.4.

[17] Phi. 3.3, 4.

[18] I Cor. 4.10.

[19] Gal. 2.4 e 4.9.

[20] cap. 10.10. Phi. 3.4.

[21] Act. 22.3. Rom. 11.1. Phi. 3.5.

[22] I Cor. 15.10, 30, 31, 32. Act. 9.16.

[23] Deu. 25.3.

[24] Act. 16.22 e 14.19.

[25] Act. 9.23 e 13.50 e 14.5.

[26] Act. 20.31. cap. 6.5. I Cor. 4.11.

[27] Act. 20.18, etc. Rom. 1.14.

[28] I Cor. 8.13 e 9.22.

[29] cap. 12.5, 9, 10.

[30] Rom. 1.9 e 9.1. I The. 2.5.

[31] Act. 9.24, 25.

A visão celestial: o espinho na carne.

12 Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei ás visões e revelações do Senhor.

2 Conheço um homem [1] em Christo que ha quatorze annos (se no corpo não sei, se fóra do corpo não sei: Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu.

3 E sei que o tal homem (se no corpo, se fóra do corpo, não sei; Deus o sabe)

4 Foi arrebatado ao [2] paraiso; e ouviu palavras ineffaveis, de que ao homem não é licito fallar.

5 De um tal me gloriarei eu, [3] mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas.

6 Porque, se quizer gloriar-me, [4] não serei nescio, porque direi a verdade; porém deixo isto, para que ninguem cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.

7 E para que me não exaltasse pelas excellencias das revelações, [5] foi-me dado um espinho na carne, a saber, um [AIV] mensageiro de Satanaz para me esbofetéar, para que me não exalte.

8 Á cerca do qual tres vezes orei [6] ao Senhor para que se desviasse de mim.

9 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade pois me gloriarei [7] nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Christo.

10 Pelo que sinto prazer [8] nas fraquezas, nas injurias, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias por amor de Christo. Porque quando estou fraco então sou forte.

O desinteresse de Paulo.

11 Fui nescio em [9] gloriar-me; vós me constrangestes, porque eu devia ser louvado por vós, [10] visto que em nada fui inferior aos mais excellentes apostolos; ainda que nada sou.

12 Os signaes [11] do meu apostolado foram effectuados entre vós com toda a paciencia, por signaes, prodigios e maravilhas.

13 Porque, [12] em que tendes vós sido inferiores ás outras egrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoae-me este aggravo.

14 Eis aqui estou prompto [13] para terceira vez ir ter comvosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós; porque não devem os filhos enthesourar para seus paes, mas os paes para os filhos.

15 E eu de muito boamente gastarei, [14] e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.

16 Porém seja assim; [15] eu não vos fui[1039] pesado, mas, sendo astuto, vos tomei com dolo.

17 Porventura [16] aproveitei-me de vós por algum d’aquelles que vos enviei?

18 Roguei a Tito, [17] e enviei com elle um irmão. Porventura Tito se aproveitou de vós? Não andámos porventura no mesmo espirito, sobre as mesmas pisadas?

Os ultimos avisos aos corinthios: saudações.

19 Cuidaes [18] que ainda nos desculpamos comvosco? Fallamos em Christo perante Deus, [19] e tudo isto, ó amados, para vossa edificação.

20 Porque temo que, quando chegar, vos não ache taes quaes eu quizera, [20] e eu seja achado de vós tal qual vós não quizereis: que de alguma maneira não haja pendencias, invejas, iras, porfias, detracções, mexericos, orgulhos, tumultos,

21 Para que, quando fôr outra vez, [21] o meu Deus me não humilhe para comvosco, e eu não chore por muitos d’aquelles que d’antes peccaram, e não se arrependeram da immundicia, e fornicação, e deshonestidade que commetteram.

[1] Rom. 16.7. Gal. 1.22. Act. 22.17 e 14.6.

[2] Luc. 23.43.

[3] cap. 11.30.

[4] cap. 10.8 e 11.16.

[5] Eze. 28.24. Gal. 4.13, 14.

[6] Deu. 3.23, 27. Mat. 26.44.

[7] cap. 11.30. I Ped. 4.14.

[8] Rom. 5.3. cap. 7.4.

[9] cap. 11.1, 16, 17.

[10] cap. 11.5. Gal. 2.6, 7, 8. I Cor. 3.7.

[11] Rom. 15.18, 19. I Cor. 9.2.

[12] I Cor. 1.7. cap. 11.7, 9.

[13] Act. 20.33. I Cor. 10.33.

[14] Phi. 2.17. I The. 2.8. João 10.11.

[15] cap. 11.9.

[16] cap. 7.2.

[17] cap. 8.6, 16, 18, 22.

[18] cap. 5.12.

[19] Rom. 9.1. I Cor. 10.33.

[20] I Cor. 4.21. cap. 10.2.

[21] cap. 2.1, 4. I Cor. 5.1.

13 É esta a terceira [1] vez que vou ter comvosco. Na bocca de duas ou tres testemunhas será confirmada toda a palavra.

2 Já anteriormente o disse: [2] e segunda vez o digo como se estivesse presente; agora pois, estando ausente, o digo aos que d’antes peccaram e a todos os mais, que, se outra vez fôr, não lhes perdoarei;

3 Visto que buscaes uma prova de Christo que falla em mim, [3] o qual não é fraco para comvosco, antes é poderoso entre vós.

4 Porque, ainda que foi [4] crucificado por fraqueza, todavia vive pelo poder de Deus. Porque nós tambem somos fracos n’elle, porém viveremos com elle pelo poder de Deus em vós.

5 Examinae-vos a vós [5] mesmos, se permaneceis na fé; provae-vos a vós mesmos. Ou não vos conheceis a vós mesmos, que Jesus Christo está em vós? Se não é que já estaes reprovados.

6 Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados.

7 Ora eu rogo a Deus que não façaes mal algum, não para que sejamos achados approvados, mas para que vós façaes o bem, [6] embora nós sejamos como reprovados.

8 Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.

9 Porque nos regozijamos de [7] estar fracos, quando vós estaes fortes; e o que desejamos é a vossa perfeição.

10 Portanto, [8] escrevo estas coisas estando ausente, para que, estando presente, não use de rigor, segundo o poder que o Senhor me deu para edificação, e não para destruição.

11 Quanto ao mais, irmãos, regozijae-vos, sêde perfeitos, sêde consolados, [9] sêde de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus do amor e da paz será comvosco.

12 Saudae-vos uns aos [10] outros com osculo sancto. Todos os sanctos vos saudam.

13 A graça do Senhor Jesus Christo, e o amor de Deus, e a communhão do Espirito Sancto seja com vós todos. Amen.

[1] cap. 12.14. Num. 35.30. Deu. 17.6.

[2] cap. 10.2 e 12.21.

[3] Mat. 10.20. I Cor. 5.4. cap. 2.10.

[4] Phi. 2.7, 8. I Ped. 3.18.

[5] I Cor. 11.28. Rom. 8.10. Gal. 4.19.

[6] cap. 6.9.

[7] I Cor. 4.10. cap. 11.30.

[8] I Cor. 4.21. Tito 1.13. cap. 10.8.

[9] Rom. 12.16, 18. I Cor. 1.10.

[10] Rom. 16.16.


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS GALATAS.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 58

1 Paulo apostolo (não da parte [1] dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Christo, e por Deus Pae, que o resuscitou dos mortos)

2 E todos os irmãos que estão comigo, [2] ás egrejas da Galacia:

3 Graça e paz [3] de Deus Pae e de nosso Senhor Jesus Christo,

4 O qual se deu a si mesmo por nossos peccados, [4] para nos livrar do presente seculo mau, segundo a vontade de Deus nosso Pae.

[1040]

5 Ao qual gloria para todo o sempre. Amen.

A inconstancia dos galatas: Paulo vindica a auctoridade divina do seu apostolado e da sua doutrina.

6 Maravilho-me de que tão depressa passasseis d’aquelle que vos chamou á [5] graça de Christo para outro evangelho.

7 Que não é outro, [6] mas ha alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Christo.

8 Mas, ainda que nós [7] mesmos, ou um anjo do céu vos annuncie outro evangelho, além do que vos tenho annunciado, seja anathema.

9 Assim como já vol-o dissemos, agora de novo tambem vol-o digo. Se algum vos annunciar outro evangelho além do que recebestes, [8] seja anathema.

10 Porque, [9] persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro comprazer a homens? se comprazera ainda aos homens, não seria servo de Christo.

11 Mas faço-vos [10] saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi annunciado não é segundo os homens.

12 Porque não o recebi, [11] nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Christo.

13 Porque ouvistes qual foi antigamente a minha conducta no judaismo, que sobremaneira [12] perseguia a egreja de Deus e a assolava.

14 E como na minha nação excedia em judaismo a muitos da minha edade, [13] sendo extremamente zeloso das tradições de meus paes.

15 Mas, quando approuve a Deus, que desde o [14] ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,

16 Revelar seu Filho [15] em mim, para que o prégasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,

17 Nem tornei a Jerusalem, a ter com os que antes de mim eram apostolos, mas parti para a Arabia, e voltei outra vez a Damasco.

18 Depois, passados tres annos, [16] fui a Jerusalem para ver a Pedro, e fiquei com elle quinze dias.

19 E não vi a nenhum outro [17] dos apostolos, senão a Thiago, irmão do Senhor.

20 Ora, ácerca das coisas que vos escrevo, [18] eis que diante de Deus testifico que não minto.

21 Depois [19] fui para as partes da Syria e da Cilicia.

22 E não era conhecido de vista das egrejas da [20] Judea, que estavam em Christo;

23 Mas sómente tinham ouvido dizer: Aquelle que d’antes nos perseguia annuncia agora a fé que d’antes destruia.

24 E glorificavam a Deus a respeito de mim.

[1] ver. 11, 12. Act. 9.6 e 22.10, 15, 21.

[2] Phi. 2.22 e 4.21. I Cor. 16.1.

[3] Rom. 1.7. I Cor. 1.3.

[4] Mat. 20.28. Rom. 4.25. Tito 2.14.

[5] cap. 5.8.

[6] II Cor. 11.4. Act. 15.1, 24.

[7] I Cor. 16.22.

[8] Deu. 4.2. Apo. 22.18.

[9] I The. 2.4. Thi. 4.4.

[10] I Cor. 15.1.

[11] I Cor. 15.1, 3. ver. 1. Eph. 3.3.

[12] Act. 9.1 e 22.4. I Tim. 1.13.

[13] Act. 22.3. Phi. 3.6. Jer. 9.14.

[14] Isa. 49.1, 5. Jer. 1.5. Act. 9.15.

[15] II Cor. 4.6. Act. 9.15. Rom. 11.13. Eph. 3.8. Mat. 16.17.

[16] Act. 9.26.

[17] I Cor. 9.5. Mat. 13.55. Mar. 6.3.

[18] Rom. 9.1.

[19] Act. 9.30.

[20] I The. 2.14.

2 Depois, passados quatorze annos, [1] subi outra vez a Jerusalem com Barnabé, levando tambem comigo Tito.

2 E subi por uma revelação, [2] e lhes expuz o evangelho, que prégo entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou houvesse corrido [3] em vão.

3 Porém nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circumcidar-se;

4 E isto por causa dos falsos [4] irmãos que se tinham entremettido, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Christo Jesus, para nos pôrem em servidão:

5 Aos quaes nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, [5] para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós,

6 E, quanto áquelles que pareciam ser alguma coisa [6] (quaes tenham sido n’outro tempo, não se me dá; Deus não acceita a apparencia do homem) esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me communicaram;

7 Antes, pelo contrario, quando viram que o evangelho da incircumcisão me estava confiado, [7] como a Pedro o da circumcisão

8 (Porque aquelle que operou efficazmente em Pedro para o apostolado da circumcisão [8] esse operou tambem em mim com efficacia para com os gentios),

9 E conhecendo Thiago, Cephas e João, que eram considerados como as columnas, [9] a graça que se me havia dado, deram as dextras de parceria comigo, e a Barnabé, para que nós fossemos aos gentios, e elles á circumcisão;

10 Recommendando-nos sómente que nos lembrassemos dos pobres: [10] o que tambem procurei fazer com diligencia.

[1041]

11 E, chegando Pedro a [11] Antiochia, lhe resisti na cara, porque era reprehensivel.

12 Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Thiago, [12] comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se retirou, e se apartou d’elles, temendo aos que eram da circumcisão.

13 E os outros judeos consentiam tambem na sua dissimulação, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.

14 Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme [13] a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeo, vives como os gentios, e não como judeo, porque obrigas os gentios a viverem como judeos?

15 Nós somos judeos por [14] natureza e não peccadores d’entre os gentios.

16 Sabendo [15] que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé de Jesus Christo, havemos tambem crido em Jesus Christo, para sermos justificados pela fé de Christo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.

17 Pois, se nós que procuramos ser justificados em Christo, nós mesmos tambem somos achados [16] peccadores, é porventura Christo ministro do peccado? De maneira nenhuma.

18 Porque, se torno a vivificar as coisas que destrui, constituo-me a mim mesmo transgressor.

19 Porque eu pela lei estou [17] morto para a lei, para viver para Deus.

20 estou crucificado [18] com Christo; e vivo, não mais eu, mas Christo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne [19] vivo a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.

21 Não aniquilo a graça de Deus; porque, [20] se a justiça provém da lei, segue-se que Christo morreu debalde.

[1] Act. 15.2.

[2] Act. 15.12.

[3] Phi. 2.16. I The. 3.5.

[4] Act. 15.1, 24. II Cor. 11.20.

[5] ver. 14.

[6] cap. 6.3. Act. 10.34. Rom. 2.11.

[7] Act. 13.46. Rom. 1.5. I Tim. 2.7.

[8] Act. 9.15. I Cor. 15.10. Col. 1.29.

[9] Mat. 16.18. Eph. 2.20. Apo. 21.14.

[10] Act. 11.30. Rom. 15.25.

[11] Act. 15.35.

[12] Act. 10.28 e 11.3.

[13] ver. 5. I Tim. 5.20.

[14] Act. 15.10, 11. Eph. 2.3, 12.

[15] Act. 13.38, 39. Rom. 1.17.

[16] I João 3.8, 9.

[17] Rom. 8.2 e 6.14 e 7.4, 6.

[18] Rom. 6.6. cap. 5.24.

[19] II Cor. 5.15. I The. 5.10. I Ped. 4.2.

[20] cap. 3.21. Heb. 7.11. Rom. 11.6.

A lei é impotente para salvar, mas conduz a Christo e á fé.

3 Ó insensatos galatas! quem vos fascinou [1] para não obedecerdes á verdade,—vós, perante os olhos de quem Jesus Christo foi representado, como crucificado entre vós?

2 Só quizera saber isto de vós: [2] recebestes o Espirito pelas obras da lei ou pela [AIW] prégação da fé?

3 Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo [3] Espirito, acabeis agora pela carne?

4 Será em vão que tenhaes padecido tanto? [4] Se é que tambem foi em vão.

5 Aquelle pois que vos dá o [5] Espirito, e que obra maravilhas entre vós, fal-o pelas obras da lei, ou pela prégação da fé?

6 Assim como [6] Abrahão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.

7 Sabei pois que os que são [7] da fé são filhos de Abrahão.

8 Ora, [8] tendo a Escriptura previsto que Deus havia de justificar pela fé [AIX] os gentios, annunciou primeiro o evangelho a Abrahão, dizendo: Todas as nações serão bemditas em ti.

9 De sorte que os que são da fé são bemditos com o crente Abrahão.

10 Todos aquelles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escripto está: [9] Maldito todo aquelle que não permanecer em todas as coisas que estão escriptas no livro da lei, para fazel-as.

11 E é evidente que pela lei [10] ninguem será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.

12 Ora a lei [11] não é da fé; mas o homem que fizer estas coisas por ellas viverá.

13 Christo nos resgatou [12] da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escripto: Maldito todo aquelle que fôr pendurado no madeiro;

14 Para que a benção de [13] Abrahão chegasse aos gentios por Jesus Christo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espirito.

15 Irmãos, como homem fallo; [14] se o concerto de um homem fôr confirmado, ninguem o annulla nem lhe accrescenta.

16 Ora as promessas foram feitas a Abrahão [15] e á sua posteridade. Não diz: E ás posteridades, como fallando de muitas, mas como de uma só: E á tua posteridade; a qual é Christo.

17 Mas digo isto: Que o concerto,[1042] anteriormente confirmado por Deus em Christo, a lei, que veiu quatrocentos [16] e trinta annos depois, não invalida, de fórma a abolir a promessa.

18 Porque, se a herança [17] provém da lei, logo não provém já da promessa: porém Deus pela promessa a deu gratuitamente a Abrahão.

19 Logo, para que é a lei? [18] Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.

20 Ora o medianeiro não é de um, [19] mas Deus é um.

21 Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, [20] se dada fosse uma lei que podesse vivificar, a justiça, na verdade, seria pela lei.

22 Mas a Escriptura encerrou [21] tudo debaixo do peccado, para que a promessa pela fé em Jesus Christo fosse dada aos crentes.

23 Porém, antes que a fé viesse, estavamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquella fé que se havia de manifestar.

24 De maneira que a lei nos serviu de [AIY] aio, [22] para nos conduzir a Christo, para que pela fé fossemos justificados.

25 Mas, depois que a fé veiu, já não estamos debaixo de aio.

26 Porque todos sois filhos de [23] Deus pela fé em Christo Jesus.

27 Porque todos quantos [24] fostes baptizados em Christo já vos revestistes de Christo.

28 N’isto não ha judeo [25] nem grego; não ha servo nem livre; não ha macho nem femea; porque todos vós sois um em Christo Jesus.

29 E, se sois de Christo, [26] logo sois descendencia de Abrahão, e herdeiros conforme a promessa.

[1] cap. 2.14 e 5.7.

[2] Act. 2.38. Eph. 1.13. Heb. 6.4.

[3] Heb. 7.16 e 9.10.

[4] Heb. 10.35, 36. II João 8.

[5] II Cor. 3.8.

[6] Rom. 4.3, 9, 21, 22.

[7] João 8.39. Rom. 4.11, 12, 16.

[8] Rom. 9.17. Act. 3.25.

[9] Deu. 27.26. Jer. 11.3.

[10] Hab. 2.4. Rom. 1.17. Heb. 10.38.

[11] Rom. 4.4, 5. Lev. 18.5. Neh. 9.29.

[12] Rom. 8.3. II Cor. 5.21. Deu. 21.23.

[13] Rom. 4.9, 16. Isa. 32.15.

[14] Heb. 9.17.

[15] Gen. 12.3, 7. ver. 8. I Cor. 12.13.

[16] Exo. 12.40, 41. Rom. 4.13, 14.

[17] Rom. 8.17 e 4.14.

[18] João 15.22. Rom. 4.15. I Tim. 1.9.

[19] Rom. 3.29, 30.

[20] cap. 2.21.

[21] Rom. 3.9 e 4.11, 12, 16.

[22] Mat. 5.17. Rom. 10.4. Col. 2.17.

[23] Rom. 8.14, 15, 16. I João 3.1, 2.

[24] Rom. 6.3 e 13.14.

[25] Rom. 10.12. I Cor. 12.13.

[26] Gen. 21.10, 12. Rom. 9.7.

O evangelho nos isenta da lei.

4 Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino, em nada differe do servo, ainda que seja senhor de tudo;

2 Mas está debaixo dos tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pae.

3 Assim tambem nós, quando eramos meninos, estavamos reduzidos á servidão [1] debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.

4 Mas, [2] vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,

5 Para remir [3] os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adopção de filhos.

6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espirito de seu Filho, [4] que clama: Abba, Pae.

7 Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, [5] és tambem herdeiro de Deus por Christo.

8 Mas, [6] quando não conhecieis Deus, servieis aos que por natureza não são deuses.

9 Porém agora, conhecendo Deus, ou, antes, [7] sendo conhecidos de Deus, como tornaes outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quaes de novo quereis servir?

10 Guardaes dias, [8] e mezes, e tempos, e annos.

11 Temo por vós, [9] que não haja trabalhado em vão para comvosco.

12 Irmãos, rogo-vos, que sejaes como eu, porque tambem eu sou como vós: [10] nenhum mal me fizestes.

13 E vós sabeis que primeiro vos annunciei o Evangelho [11] com fraqueza da carne;

14 E não rejeitastes, nem desprezastes a tentação que tinha na minha carne, [12] antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Christo mesmo.

15 Qual era logo a vossa bemaventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possivel fôra, arrancarieis os vossos olhos, e m’os darieis.

16 Fiz-me acaso [13] vosso inimigo, dizendo a verdade?

17 Teem zelo por vós, [14] não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhaes zelo por elles.

18 É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não sómente quando estou presente comvosco.

19 Meus filhinhos, [15] por quem de novo sinto as dôres de parto, até que Christo seja formado em vós:

20 Eu bem quizera agora estar presente comvosco, e mudar a minha voz; porque estou em duvida a vosso respeito.

[1043]

Sara e Agar são uma allegoria dos dois concertos.

21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

22 Porque está escripto que Abrahão teve dois filhos, [16] um da escrava, e outro da livre.

23 Mas o que era da escrava [17] nasceu segundo a carne, porém o que era da livre por promessa.

24 O que se entende por allegoria; porque estes são os dois concertos; um, do monte Sinai, [18] gerando para a servidão, que é Agar.

25 Ora Agar é Sinai, um monte da Arabia, e corresponde á Jerusalem que agora existe, que é escrava com seus filhos.

26 Mas a Jerusalem [19] que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.

27 Porque está escripto: [20] Alegra-te, esteril, que não pares: esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitaria são mais do que os da que tem marido.

28 Porém nós, irmãos, [21] somos [22] filhos da promessa como Isaac.

29 Mas, como então, aquelle que era gerado segundo a carne perseguia o que era gerado segundo o Espirito, assim é tambem agora.

30 Mas que diz a Escriptura? [23] Lança fóra a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.

31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, [24] mas da livre.

[1] cap. 2.4. Col. 2.8, 20. Heb. 9.10.

[2] Gen. 49.10 e 3.15. Dan. 9.24. Heb. 2.14.

[3] Mat. 20.28. Tito 2.14. Heb. 9.12.

[4] Rom. 5.5.

[5] Rom. 8.15, 17.

[6] Eph. 2.12. I The. 4.5. Rom. 1.25.

[7] I Cor. 8.3. II Tim. 2.19. Col. 2.20.

[8] Rom. 14.5. Col. 2.16.

[9] cap. 2.2 e 5.2, 4. I The. 3.5.

[10] II Cor. 2.5.

[11] I Cor. 2.3. II Cor. 11.30.

[12] II Sam. 19.27. Mal. 2.7. Zac. 12.8.

[13] cap. 2.5, 14.

[14] Rom. 10.2. II Cor. 11.2.

[15] I Cor. 4.15. Phi. 10. Thi. 1.18.

[16] Gen. 16.15 e 21.2.

[17] Rom. 9.7, 8. Gen. 18.10, 14. Heb. 11.11.

[18] Deu. 33.2.

[19] Isa. 2.2. Heb. 12.22. Apo. 3.12.

[20] Isa. 54.1.

[21] Act. 3.25. Rom. 9.8.

[22] Gen. 21.9. cap. 5.11.

[23] cap. 3.8, 22. Gen. 21.10, 12. João 8.35.

[24] João 8.36.

Exhortação a conservar a liberdade christã.

5 Estae pois firmes na liberdade com que Christo nos libertou, [1] e não torneis a metter-vos debaixo do jugo da servidão.

2 Eis aqui, eu, Paulo, vos digo que, se [2] vos deixardes circumcidar, Christo de nada vos aproveitará.

3 E de novo protesto a todo o homem que se deixa circumcidar que está [3] obrigado a guardar a lei.

4 Separados estaes de [4] Christo, vós os que vos justificaes pela lei: da graça tendes caido.

5 Porque pelo espirito da fé aguardamos a esperança [5] da justiça.

6 Porque a circumcisão e a incircumcisão [6] não teem virtude alguma em Christo Jesus; mas sim a fé que obra por caridade.

7 Corrieis bem; [7] quem vos impediu, para que não obedeçaes á verdade?

8 Esta persuasão não vem d’aquelle que vos [8] chamou.

9 Um pouco de fermento [9] levéda toda a massa.

10 Confio [10] de vós, no Senhor, que nenhuma outra coisa sentireis; mas aquelle que vos inquieta, seja elle quem quer que fôr, soffrerá a condemnação.

11 Eu, porém, irmãos, [11] se prégo ainda a circumcisão, porque serei pois perseguido? logo o escandalo da cruz está anniquilado.

12 Oxalá que aquelles que vos andam inquietando fossem [12] tambem cortados.

13 Porque vós, irmãos, fostes chamados á liberdade. Não useis da liberdade só para dar [13] occasião á carne, porém servi-vos uns aos outros pela caridade.

14 Porque toda a lei se [14] cumpre n’uma palavra, n’esta: Amarás ao teu proximo como a ti mesmo.

15 Se vós, porém, vos mordeis e devoraes uns aos outros, vêde não vos consumaes tambem uns aos outros.

As obras da carne e os fructos do Espirito.

16 Digo, porém: [15] Andae em Espirito, e não cumprireis a concupiscencia da carne.

17 Porque a carne cobiça [16] contra o Espirito, e o Espirito contra a carne; e estes oppõem-se um ao outro: para que não façaes o que quereis.

18 Porém, [17] se sois guiados pelo Espirito, não estaes debaixo da lei.

19 Porque as obras da carne [18] são manifestas, as quaes são: Adulterio, fornicação, immundicia, dissolução,

20 Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21 Invejas, homicidios, bebedices, glotonerias, e coisas similhantes a estas, ácerca das quaes vos declaro, como já d’antes vos disse, [19] que os que commettem taes coisas não herdarão o reino de Deus.

[1044]

22 Mas o fructo do Espirito é [20] [AIZ] caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23 Contra [21] estas coisas não ha lei.

24 Porém os que são de [22] Christo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscencias.

25 Se vivemos em Espirito, [23] andemos tambem em Espirito.

26 Não sejamos cubiçosos de vanglorias, [24] irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

[1] João 8.32. Rom. 6.18. I Ped. 2.16.

[2] Act. 15.1 e 16.3.

[3] cap. 3.10.

[4] Rom. 9.31, 32. cap. 2.21. Heb. 12.15.

[5] Rom. 8.24, 25. II Tim. 4.8.

[6] I Cor. 7.19. Col. 3.11. Thi. 2.18, 20, 22.

[7] I Cor. 9.24. cap. 3.1.

[8] cap. 1.6.

[9] I Cor. 5.6 e 15.33.

[10] II Cor. 2.3 e 10.6.

[11] I Cor. 15.30 e 1.23.

[12] Jos. 7.25. I Cor. 5.13. Act. 15.1, 2, 24.

[13] I Ped. 2.16. II Ped. 2.19. Jud. 4.

[14] Mat. 7.12. Thi. 2.8. Rom. 13.8, 9.

[15] Rom. 6.12 e 8.1, 4, 12. I Ped. 2.11.

[16] Rom. 7.23 e 7.15, 19.

[17] Rom. 6.14 e 8.2.

[18] I Cor. 3.3. Eph. 5.3. Col. 3.5.

[19] Eph. 5.5. Col. 3.6. Apo. 22.15.

[20] João 15.2. Eph. 5.9. Col. 3.12. I Cor. 13.7.

[21] I Tim. 1.9.

[22] Rom. 6.6. cap. 2.20. I Ped. 2.11.

[23] Rom. 8.4, 5.

[24] Phi. 2.3.

As ultimas exhortações e saudações.

6 Irmãos, se algum homem chegar a ser surprehendido [1] n’alguma offensa, vós, que sois espirituaes, encaminhae ao tal com espirito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas tambem tentado.

2 Levae as cargas [2] um dos outros, e assim cumprireis a lei de Christo.

3 Porque, se alguem [3] cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.

4 Mas prove cada um a sua propria obra, [4] e terá gloria só em si mesmo, e não n’outro.

5 Porque cada qual levará a sua propria [5] carga.

6 E o que é instruido [6] na palavra reparta de todos os seus bens com aquelle que o instrue.

7 Não erreis: [7] Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso tambem ceifará.

8 Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia [8] no Espirito, do Espirito ceifará a vida eterna.

9 E não nos cancemos [9] de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfallecido.

10 De sorte que, emquanto [10] temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domesticos da fé.

11 Vêde [AJA] com que grandes lettras vos escrevi por minha mão.

12 Todos os que querem mostrar boa apparencia na carne esses vos obrigam [11] a circumcidar-vos, sómente para não serem perseguidos por causa da cruz de Christo.

13 Porque nem ainda esses mesmos que se circumcidam guardam a lei, mas querem que vos circumcideis, para se gloriarem na vossa carne.

14 Mas longe esteja de [12] mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Christo, [13] por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.

15 Porque em Christo Jesus nem a circumcisão [14] nem a incircumcisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova creatura.

16 E a todos quantos andarem conforme [15] esta regra, paz e misericordia sobre elles e sobre o Israel de Deus.

17 Quanto ao mais, ninguem me seja molesto; [16] porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.

18 A graça [17] de nosso Senhor Jesus Christo seja, irmãos, com o vosso espirito. Amen.

[1] Rom. 14.1. Heb. 12.13. Thi. 5.19.

[2] Rom. 15.1. I The. 5.14. João 13.14, 15, 34.

[3] Rom. 12.3. I Cor. 8.2. II Cor. 3.5.

[4] I Cor. 11.28. II Cor. 13.5.

[5] Rom. 2.6. I Cor. 3.8.

[6] Rom. 15.27. I Cor. 9.11, 14.

[7] I Cor. 6.9. Luc. 16.25. Rom. 2.6.

[8] Job 4.8. Pro. 11.18. Rom. 8.13.

[9] II The. 3.13. Mat. 24.13. Heb. 3.6, 14.

[10] João 9.4. I The. 5.15. I Tim. 6.18.

[11] cap. 2.3, 14. Phi. 3.18.

[12] Phi. 3.3, 7, 8.

[13] Rom. 6.6. cap. 2.20.

[14] I Cor. 7.19. Col. 3.11.

[15] Phi. 3.6, 16. Rom. 2.29. cap. 3.7, 9, 29.

[16] II Cor. 1.5 e 4.10. Col. 1.24.

[17] II Tim. 4.22. Phi. 25.


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS EPHESIOS.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 64

1 Paulo, apostolo de Jesus Christo, [1] pela vontade de Deus, aos sanctos que estão em Epheso, e fieis em Christo Jesus.

2 A vós graça, [2] e paz da parte de Deus nosso Pae e do Senhor Jesus Christo.

As bençãos de Deus em Jesus Christo, auctor da nossa redempção e cabeça da egreja.

3 Bemdito o Deus [3] e Pae de nosso[1045] Senhor Jesus Christo, o qual nos abençoou com todas as bençãos espirituaes nos logares celestiaes em Christo.

4 Como nos elegeu [4] n’elle antes da fundação do mundo, para que fossemos sanctos e irreprehensiveis diante d’elle em [AJB] caridade;

5 E nos predestinou [5] para filhos de adopção por Jesus Christo para si mesmo, segundo o beneplacito de sua vontade,

6 Para louvor da gloria da sua graça, [6] pela qual nos fez agradaveis a si no Amado.

7 Em quem temos a redempção [7] pelo seu sangue, a saber, a remissão das offensas, segundo as riquezas da sua graça.

8 Que elle fez abundar para comnosco em toda a sabedoria e prudencia;

9 Descobrindo-nos o mysterio da sua vontade, [8] segundo o seu beneplacito, que propozera em si mesmo,

10 Para tornar a congregar em Christo todas as coisas, [9] na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra,

11 N’elle, digo, em quem [10] tambem fomos feitos herança, havendo sido predestinados, [11] conforme o proposito d’aquelle que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;

12 Para que fossemos [12] para louvor da sua gloria, nós, os que primeiro esperámos em Christo,

13 Em quem tambem vós estaes, [13] depois que ouvistes a palavra da verdade, a saber, o evangelho da vossa salvação, no qual tambem, havendo crido, [14] fostes sellados com o Espirito Sancto da promessa.

14 O qual é o penhor [15] da nossa herança, para redempção da possessão de Deus, para louvor da sua gloria.

15 Pelo que, [16] ouvindo eu tambem a fé que entre vós ha no Senhor Jesus, e [AJC] a caridade para com todos os sanctos,

16 Não cesso de dar graças [17] a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações;

17 Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Christo, o Pae da gloria, [18] vos dê em seu conhecimento o espirito de sabedoria e de revelação;

18 Illuminados os olhos de vosso entendimento, [19] para que saibaes qual seja a esperança da sua vocação, e quaes as riquezas da gloria da sua herança nos sanctos;

19 E qual seja a sobre-excellente grandeza [20] do seu poder em nós, os que crêmos, segundo a operação da força do seu poder,

20 A qual operou em Christo, [21] resuscitando-o dos mortos, e o collocou á sua direita nos céus,

21 Sobre todo [22] o principado, e poder, e potestade, e dominio e todo o nome que se nomeia, não só n’este seculo, mas tambem no vindouro;

22 E sujeitou todas as coisas a [23] seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu por cabeça da egreja,

23 A qual é o seu corpo, [24] a plenitude d’aquelle que cumpre tudo em todos.

[1] I Cor. 4.17. II Cor. 1.1. Col. 1.2.

[2] Gal. 1.3. Tito 1.4.

[3] II Cor. 1.3. I Ped. 1.3.

[4] Rom. 8.28. II The. 2.13. II Tim. 1.9.

[5] Rom. 8.15, 29. João 1.12. II Cor. 6.18.

[6] Rom. 3.24. Mat. 3.17. João 3.35.

[7] Act. 20.28. Rom. 3.24. Col. 1.14.

[8] Rom. 16.25. Col. 1.26. II Tim. 1.9.

[9] Gal. 4.4. Heb. 1.2 e 9.10. I Ped. 1.20.

[10] Act. 20.32. Rom. 8.17. Col. 1.12.

[11] Isa. 46.10.

[12] II The. 2.13. Thi. 1.18.

[13] João 1.17. II Cor. 6.7.

[14] II Cor. 1.22.

[15] II Cor. 1.22 e 5.5. Luc. 21.28.

[16] Col. 1.4. Phi. 5.

[17] Rom. 1.9. Phi. 1.3, 4. Col. 1.3.

[18] João 20.17. Col. 1.9.

[19] Act. 26.18. cap. 2.12.

[20] cap. 3.7. Col. 1.29 e 2.12.

[21] Act. 2.24, 33 e 7.55. Col. 3.1.

[22] Phi. 2.9, 10.

[23] Mat. 28.18. I Cor. 15.27. Heb. 2.8.

[24] Rom. 12.5. I Cor. 12.12, 27.

A salvação é pela graça.

2 E vos vivificou, [1] estando vós mortos pelas offensas e peccados,

2 Em que [2] d’antes andastes segundo o curso d’este mundo, segundo o principe da potestade do ar, do espirito que agora opera nos filhos da desobediencia.

3 Entre os quaes todos [3] nós tambem d’antes andavamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e eramos por natureza filhos da ira, como os outros tambem.

4 Porque Deus, [4] que é riquissimo em misericordia, pelo seu muito amor com que nos amou,

5 Estando nós ainda [5] mortos em nossas offensas, nos vivificou juntamente com Christo (pela graça sois salvos),

6 E nos resuscitou juntamente, [6] e nos fez assentar juntamente nos céus, em Christo Jesus;

7 Para mostrar nos seculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, [7] pela sua benignidade para comnosco em Christo Jesus.

[1046]

8 Porque pela graça [8] sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.

9 Não vem das obras, [9] para que ninguem se glorie.

10 Porque somos feitura sua, creados em Christo Jesus para [10] as boas obras, as quaes Deus preparou para que andassemos n’ellas.

Os gentios e os judeos são unidos por Deus mediante a cruz de Christo.

11 Portanto, lembrae-vos [11] de que vós d’antes ereis gentios na carne, e chamados incircumcisão pelos que na carne se chamam circumcisão feita pela mão dos homens;

12 Que n’aquelle [12] tempo estaveis sem Christo, [AJD] separados da communidade d’Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.

13 Mas agora em Christo Jesus, [13] vós, que d’antes estaveis longe, pelo sangue de Christo chegastes perto.

14 Porque elle é a [14] nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio,

15 Na sua carne desfez [15] a inimizade, a saber, a lei dos mandamentos, que consistia em tradições, para crear em si mesmo os dois em um novo homem, fazendo a paz,

16 E pela cruz reconciliar [16] com Deus a ambos em um corpo, matando n’ella as inimizades.

17 E, vindo, elle evangelizou [17] a paz, a vós que estaveis longe, e aos que estavam perto;

18 Porque por elle [18] ambos temos accesso em um mesmo Espirito ao Pae.

19 Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, [19] mas concidadãos dos sanctos e domesticos de Deus;

20 Edificados sobre o fundamento [20] dos apostolos e dos prophetas, de que Jesus Christo é a principal pedra da esquina;

21 No qual todo o edificio, [21] bem ajustado, cresce para templo sancto no Senhor.

22 No qual tambem vós juntamente sois [22] edificados para morada de Deus em Espirito.

[1] João 5.24. Col. 2.13. cap. 4.18.

[2] I Cor. 6.11. Col. 1.21. I João 5.19.

[3] Tito 3.3. I Ped. 4.3. Gal. 5.16.

[4] Rom. 10.12.

[5] Rom. 5.6, 8, 10 e 6.4, 5.

[6] cap. 1.20.

[7] Tito 3.4.

[8] Rom. 3.24. II Tim. 1.9.

[9] Rom. 3.20, 27, 28. I Cor. 1.29, 30, 31.

[10] Deu. 32.6. Isa. 19.25. João 3.3, 5.

[11] I Cor. 12.2. Col. 1.21. Rom. 2.28, 29.

[12] Col. 2.11. Eze. 13.9. João 10.16.

[13] Gal. 3.28. Act. 2.39.

[14] Miq. 5.5. João 16.33. Act. 10.36.

[15] Col. 1.20 e 2.14, 20. II Cor. 5.17.

[16] Col. 1.20. Rom. 6.6.

[17] Isa. 57.19. Zac. 9.10. Act. 2.39.

[18] João 10.9. Rom. 5.2.

[19] Phi. 3.20. Heb. 12.22, 23. Gal. 6.10.

[20] I Cor. 3.9, 10. I Ped. 2.4, 5. Mat. 16.18.

[21] cap. 4.15, 16. I Cor. 3.17. II Cor. 6.16.

[22] I Ped. 2.5.

O ministerio da vocação dos gentios, e o apostolado de Paulo.

3 Por esta causa eu, Paulo, [1] sou o prisioneiro de Jesus Christo por vós, os gentios;

2 Se é que tendes ouvido a dispensação [2] da graça de Deus, que para comvosco me foi dada;

3 Como me foi este mysterio manifestado pela revelação [3] (como acima em poucas palavras vos escrevi;

4 Pelo que, lendo, podeis entender a minha sciencia n’este [4] mysterio de Christo),

5 O qual n’outros [5] seculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora é revelado pelo Espirito aos seus sanctos apostolos e prophetas;

6 A saber, que os gentios são [6] coherdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da sua promessa em Christo pelo evangelho;

7 Do qual sou [7] feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.

8 A mim, o minimo [8] de todos os sanctos, me foi dada esta graça de annunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incomprehensiveis de Christo,

9 E mostrar a todos qual seja a communhão do mysterio, que desde todos os seculos esteve [9] occulto em Deus, que por Christo Jesus creou todas as coisas;

10 Para que agora pela egreja a multiforme [10] sabedoria de Deus seja manifestada aos principados e potestades nos céus,

11 Segundo o eterno [11] proposito que fez em Christo Jesus nosso Senhor:

12 No qual temos ousadia [12] e accesso com confiança, pela fé n’elle.

13 Portanto vos peço [13] que não desfalleçaes nas minhas tribulações por vós, que são a vossa gloria.

A oração de Paulo pelos ephesios.

14 Por causa d’isto me ponho de joelhos[1047] perante o Pae de nosso Senhor Jesus Christo,

15 Do qual toda a familia nos céus e na terra [14] toma o nome.

16 Para que, segundo [15] as riquezas da sua gloria, vos conceda que sejaes corroborados com poder pelo seu Espirito no homem interior;

17 Para que Christo [16] habite pela fé nos vossos corações; para que, estando arraigados e fundados em amor,

18 Possaes perfeitamente [17] comprehender, com todos os sanctos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,

19 E conhecer o amor de Christo, que excede todo o entendimento, [18] para que sejaes cheios de toda a plenitude de Deus.

20 Ora, áquelle [19] que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente do que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opéra,

21 A esse gloria [20] na egreja, por Jesus Christo, em todas as geracões, para todo o sempre. Amen.

[1] Act. 21.33. Phi. 1.7, 13, 14, 16. Col. 4.3, 18.

[2] Rom. 1.5. I Cor. 4.1. Col. 1.25.

[3] Act. 22.17. Gal. 1.12. Rom. 16.25.

[4] I Cor. 4.1. cap. 6.19.

[5] Act. 10.28. Rom. 16.25.

[6] Gal. 3.28, 29. cap. 2.14, 16.

[7] Rom. 15.16. Col. 1.23, 25.

[8] I Cor. 15.9. I Tim. 1.13, 15.

[9] Rom. 16.25. I Cor. 2.7. Col. 1.26.

[10] I Ped. 1.12. Rom. 8.38. Col. 1.16.

[11] cap. 1.9.

[12] cap. 2.18. Heb. 4.16.

[13] Act. 14.22. Phi. 1.14. I The. 3.3.

[14] cap. 1.10. Phi. 2.9, 10, 11.

[15] Rom. 9.23. Phi. 4.19.

[16] João 14.23. Col. 1.23.

[17] cap. 1.18. Rom. 10.3, 11, 12.

[18] João 1.16. Col. 2.9, 10.

[19] Rom. 16.25. Jud. 24. I Cor. 2.9.

[20] Rom. 11.36. Heb. 13.21.

A unidade da fé.

4 Rogo-vos, pois, eu, [1] o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que sois chamados,

2 Com toda a humildade [2] e mansidão, com longanimidade, supportando-vos uns aos outros em amor,

3 Procurando guardar a unidade de Espirito pelo vinculo [3] da paz.

4 Ha um só [4] corpo e um só Espirito, como tambem fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;

5 Um só Senhor, [5] uma só fé, um só baptismo;

6 Um só Deus [6] e Pae de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.

7 Porém a graça é dada a cada um [7] de nós segundo a medida do dom de Christo.

8 Pelo que diz: [8] Subindo ao alto, levou captivo o captiveiro, e deu dons aos homem.

9 Ora, isto, que subiu, [9] que é, senão que tambem antes tinha descido ás partes mais baixas da terra?

10 Aquelle que desceu é tambem o mesmo que subiu [10] acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.

11 E elle mesmo deu uns para apostolos, [11] e outros para prophetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,

12 Para aperfeiçoamento [12] dos sanctos, para obra do ministerio, para edificação do corpo de Christo;

13 Até que todos cheguemos á unidade da fé, e ao conhecimento [13] do Filho de Deus, a varão perfeito, á medida da estatura completa de Christo.

14 Para que não sejamos [14] mais meninos, inconstantes, levados em roda de todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astucia enganam fraudulosamente.

15 Antes, seguindo [15] a verdade em caridade, cresçamos em tudo n’aquelle que é a cabeça, Christo.

16 Do qual todo o corpo, [16] bem ajustado, e ligado pelo que todas as juntas lhe subministram, segundo a operação de cada parte na sua medida, tome augmento do corpo, para sua edificação em amor.

A sanctidade christã é opposta aos costumes dos gentios.

17 De sorte que digo isto, e testifico no Senhor, [17] para que não andeis mais como andam tambem os outros gentios, na vaidade do seu sentido,

18 Entenebrecidos no [18] entendimento, separados da vida de Deus pela ignorancia que ha n’elles, pela dureza do seu coração:

19 Os quaes, havendo perdido todo o sentimento, [19] se entregaram á dissolução, para com avidez commetterem toda a impureza.

20 Mas vós não aprendestes assim a Christo,

21 Se é que o [20] tendes ouvido, e n’elle fostes ensinados, como a verdade está, em Jesus;

22 Que, quanto ao trato passado vos despojeis [21] do velho homem, que se corrompe pelas concupiscencias do engano;

23 E vos renoveis [22] no espirito do vosso sentido;

[1048]

24 E vos vistaes do novo homem, [23] que segundo Deus é creado em verdadeira justiça e sanctidade.

25 Pelo que deixae a mentira, [24] e fallae a verdade cada um com o seu proximo; porque somos membros uns dos outros.

26 Irae-vos, [25] e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.

27 Não deis logar ao [26] diabo.

28 Aquelle que furtava, não furte mais; antes trabalhe, obrando [27] com suas mãos o que é bom, para que tenha que repartir com o que tiver necessidade.

29 Não saia da vossa bocca nenhuma palavra [28] torpe, mas só a que fôr boa para utilidade da edificação, para que dê graça aos que a ouvem.

30 E não entristeçaes [29] o Espirito Sancto de Deus, no qual estaes sellados para o dia da redempção.

31 Toda a amargura, [30] e ira, e colera, e gritaria, e blasphemias e toda a malicia seja tirada de entre vós.

32 Antes sêde uns para com os outros [31] benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como tambem Deus vos perdoou em Christo.

[1] cap. 3.1. Phi. 1.9, 27.

[2] Act. 20.19. Gal. 5.22, 23.

[3] Col. 3.14.

[4] Rom. 12.5. I Cor. 12.12, 13.

[5] I Cor. 1.13. II Cor. 11.4. Jud. 3.

[6] Mal. 2.10. I Cor. 8.6. Rom. 11.36.

[7] Rom. 12.3, 6. I Cor. 12.11.

[8] Jui. 5.12. Col. 2.15.

[9] João 3.13.

[10] Act. 1.9, 11 e 2.33. I Tim. 3.16. Heb. 4.14.

[11] I Cor. 12.28. Act. 21.8.

[12] I Cor. 12.7. Col. 1.24.

[13] Col. 2.2. I Cor. 14.20.

[14] Isa. 28.9. I Cor. 14.20. Heb. 13.9.

[15] Zac. 8.16. II Cor. 4.2. I João 3.18. Col. 1.18.

[16] Col. 2.19.

[17] cap. 2.1, 2, 3. Col. 3.7. I Ped. 4.3. Rom. 1.21.

[18] Act. 26.18. Gal. 4.8. I The. 4.5. Rom. 1.21.

[19] I Tim. 4.2. Rom. 1.24, 26.

[20] cap. 1.13.

[21] Col. 2.11. Heb. 12.1. I Ped. 2.1.

[22] Rom. 12.2. Col. 3.10.

[23] Rom. 6.4. II Cor. 5.17. Gal. 6.15.

[24] Zac. 8.16. Col. 3.9. Rom. 12.5.

[25] Psa. 4.4.

[26] II Cor. 2.10, 11. I Ped. 5.9.

[27] Act. 20.35. I The. 4.11.

[28] Mat. 12.36. Col. 3.8 e 4.6 e 3.16.

[29] Isa. 7.13. Eze. 16.43.

[30] Col. 3.8, 19. Tito 3.2. Thi. 4.11.

[31] II Cor. 2.10. Col. 3.12, 13.

5 Sêde pois imitadores [1] de Deus, como filhos amados;

2 E andae [2] em amor, como tambem Christo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em offerta e sacrificio a Deus, em cheiro suave.

3 Mas a fornicação, [3] e toda a immundicia ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a sanctos;

4 Nem torpezas, [4] nem parvoices, nem chocarrices, que não conveem; mas antes acções de graças.

5 Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicario, [5] ou immundo, ou avarento, que é idolatra, tem herança no reino de Christo e de Deus.

6 Ninguem vos engane [6] com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediencia.

7 Portanto não sejaes seus companheiros.

8 Porque d’antes ereis [7] trevas, mas agora sois luz no Senhor: andae como filhos da luz

9 (Porque o fructo [8] do Espirito consiste em toda a bondade, e justiça e verdade);

10 Approvando [9] o que é agradavel ao Senhor.

11 E não communiqueis [10] com as obras infructuosas das trevas, mas antes condemnae-as.

12 Porque o que elles fazem em occulto até dizel-o é [11] coisa torpe.

13 Mas todas estas coisas [12] se manifestam sendo condemnadas pela luz, porque tudo o que se manifesta é luz.

14 Pelo que diz: Desperta, tu que dormes, [13] e levanta-te d’entre os mortos, e Christo te esclarecerá.

15 Portanto, vêde como andaes prudentemente, [14] não como nescios, mas como sabios,

16 Remindo [15] o tempo; porquanto os dias são maus.

17 Pelo que não sejaes [16] insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.

18 E não vos embriagueis [17] com vinho, em que ha dissolução, mas enchei-vos do Espirito;

19 Fallando entre vós em psalmos, e hymnos, e canticos espirituaes: cantando e psalmodiando ao Senhor no vosso coração:

20 Dando sempre graças [18] por todas as coisas a nosso Deus e Pae, em nome de nosso Senhor Jesus Christo:

21 Sujeitando-vos [19] uns aos outros no temor de Deus.

Os deveres domesticos.

22 Vós, mulheres, sujeitae-vos a vossos proprios [20] maridos, como ao Senhor;

23 Porque o marido é [21] a cabeça da mulher, como tambem Christo a cabeça da egreja: e elle é o salvador do corpo.

24 De sorte que, assim como a egreja está sujeita a Christo, [22] assim tambem as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus proprios maridos.

25 Vós, maridos, [23] amae as vossas proprias mulheres, como tambem Christo amou a egreja, e a si mesmo se entregou por ella,

[1049]

26 Para a sanctificar, [24] purificando-a com a lavagem da agua, pela palavra,

27 Para a apresentar [25] a si mesmo egreja gloriosa, que não tivesse macula, nem ruga, nem coisa similhante, mas que fosse sancta e irreprehensivel.

28 Assim devem os maridos amar a suas proprias mulheres, como a seus proprios corpos. Quem ama a sua propria mulher, ama-se a si mesmo.

29 Porque nunca ninguem aborreceu a sua propria carne; antes a alimenta e sustenta, como tambem o Senhor á egreja;

30 Porque somos membros [26] do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos.

31 Por isso [27] deixará o homem seu pae e sua mãe, e se ajuntará com sua mulher; e serão dois n’uma carne.

32 Grande é este mysterio: digo, porém, isto de Christo e da egreja.

33 Assim tambem vós [28] cada um em particular ame a sua propria mulher como a si mesmo, e a mulher reverenceie o marido.

[1] Mat. 5.45. Luc. 6.36.

[2] João 13.24. I João 3.11. Gal. 1.4.

[3] Rom. 6.13. I Cor. 6.18. II Cor. 12.21.

[4] Mat. 12.35. Rom. 1.28.

[5] I Cor. 6.9. Gal. 5.19. Col. 3.5.

[6] Jer. 29.8. Mat. 24.4. Col. 2.4, 8, 18. II The. 2.3.

[7] Isa. 9.2. Act. 26.18. Rom. 1.21.

[8] Gal. 5.22.

[9] Rom. 12.2. Phi. 1.10. I The. 5.21.

[10] I Cor. 5.9, 11. II Cor. 6.14.

[11] Rom. 1.24, 26.

[12] João 3.20, 21. Heb. 4.13.

[13] Isa. 60.1. Rom. 13.11, 12.

[14] Col. 4.5.

[15] Gal. 6.10. Col. 4.5. Rom. 12.2.

[16] Col. 4.5. Rom. 12.2.

[17] Pro. 20.1. Isa. 5.11, 22. Act. 16.25. I Cor. 14.26. Col. 3.16.

[18] Isa. 63.7. Col. 3.17. I The. 5.18.

[19] Phi. 2.3. I Ped. 5.5.

[20] Gen. 3.16. I Cor. 14.34. Col. 3.18.

[21] I Cor. 11.3. cap. 1.22, 23. Col. 1.18.

[22] Col. 3.20, 22. Tito 2.9.

[23] Col. 3.19. I Ped. 3.7. Act. 20.28.

[24] João 3.5. Heb. 10.22. I João 5.6.

[25] II Cor. 11.2. Col. 1.22. Can. 4.7.

[26] Gen. 2.23. Rom. 12.5. I Cor. 6.15.

[27] Gen. 2.24. Mat. 19.5. I Cor. 6.16.

[28] ver. 25. Col. 3.19. I Ped. 3.6.

6 Vós, filhos, sêde obedientes a [1] vossos paes no Senhor, porque isto é justo.

2 Honra a teu pae [2] e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa,

3 Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.

4 E vós, paes, não [3] provoqueis a ira a vossos filhos, mas creae-os na doutrina e admoestação do Senhor.

5 Vós, servos, [4] obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Christo;

6 Não servindo á vista, [5] como agradando a homens, mas como servos de Christo, fazendo de coração a vontade de Deus,

7 Servindo de boa vontade ao Senhor, e não aos homens.

8 Sabendo que cada [6] um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.

9 E vós senhores, [7] fazei o mesmo para com elles, deixando as ameaças, sabendo tambem que o Senhor d’elles e vosso está no céu, e que para com elle não ha accepção de pessoas.

A armadura de Deus.

10 No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na [8] força do seu poder.

11 Revesti-vos de [9] toda a armadura de Deus, para que possaes estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

12 Porque não temos que luctar contra a carne [10] e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os principes das trevas d’este seculo, contra as malicias espirituaes em os ares.

13 Portanto tomae [11] toda a armadura de Deus, para que possaes resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes.

14 Estae pois firmes, [12] tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestidos com a couraça da justiça;

15 E calçados [13] os pés com a preparação do evangelho da paz:

16 Tomando sobretudo [14] o escudo da fé, com o qual possaes apagar todos os dardos inflammados do maligno.

17 Tomae tambem o capacete [15] da salvação, e a espada do Espirito, que é a palavra de Deus:

18 Orando em todo o tempo com toda a [16] oração e supplica em espirito, e vigiando n’isto com toda a perseverança e supplica por todos os sanctos,

19 E por mim; [17] para que me seja dada, no abrir da minha bocca, a palavra com confiança, para fazer notorio o mysterio do evangelho.

20 Pelo qual sou [18] embaixador [AJE] em cadeias; para que possa fallar d’elle livremente, como me convém fallar.

Tychico, o portador d’esta epistola, Saudações finaes.

21 Ora, para que vós tambem possaes saber os meus [19] negocios, e o que eu faço, Tychico, irmão amado, e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo.

22 O qual vos enviei [20] para o mesmo fim, para que saibaes os nossos negocios, e elle console os vossos corações.

23 Paz seja [21] com os irmãos, e caridade com fé da parte de Deus Pae e da do Senhor Jesus Christo.

24 A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Christo em sinceridade. Amen.

[1] Pro. 23.22. Col. 3.20.

[2] Exo. 20.12. Deu. 5.16. Jer. 35.18. Mar. 7.10.

[3] Col. 3.21. Gen. 18.19. Pro. 19.18.

[4] Col. 3.22. I Tim. 6.1. Tito 2.9.

[5] Col. 3.22, 23.

[6] Rom. 2.6. II Cor. 5.10. Col. 3.11.

[7] Col. 4.1. Lev. 25.43. João 13.13.

[8] cap. 1.19. Col. 1.11.

[9] Rom. 13.12. II Cor. 6.7. ver. 13.

[10] Mat. 16.17. I Cor. 15.50. Rom. 8.38.

[11] II Cor. 10.4. cap. 5.16.

[12] Isa. 11.5 e 59.17. I Ped. 1.3.

[13] Isa. 52.7. Rom. 10.15.

[14] I João 5.4.

[15] Isa. 59.17. I The. 5.8. Heb. 4.12.

[16] Luc. 18.1. Rom. 12.12. Col. 4.2.

[17] Act. 4.29. Col. 4.3. II The. 3.1.

[18] II Cor. 5.20. Act. 26.29.

[19] Col. 4.7. Act. 20.4. II Tim. 4.12. Tito 3.12.

[20] Col. 4.8.

[21] I Ped. 5.14.

[1050]


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS PHILIPPENSES.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 64

1 Paulo e Timotheo, servos de Jesus Christo, a todos os sanctos em [1] Christo Jesus, que estão em Philippos, com os bispos e diaconos:

2 Graça [2] a vós, e paz da parte de Deus nosso Pae e da do Senhor Jesus Christo.

O amor de Paulo para com os philippenses pelo motivo da sua fidelidade ao evangelho.

3 Dou [3] graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,

4 Fazendo sempre com gosto oração por vós em todas as minhas orações,

5 Pela vossa communicação [4] no evangelho desde o primeiro dia até agora.

6 Tendo por certo isto mesmo, que aquelle que em vós começou a [5] boa obra, a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Christo;

7 Como tenho por justo sentir isto de vós todos, [6] porquanto retenho em meu coração que todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defeza e confirmação do evangelho.

8 Porque Deus me é [7] testemunha das muitas saudades que de todos vós tenho, em entranhavel affeição de Jesus Christo.

9 E peço isto: [8] que [AJF] a vossa caridade abunde mais e mais em sciencia e em todo o conhecimento,

10 Para que approveis [9] as coisas excellentes, para que sejaes sinceros, e sem escandalo algum até ao dia de Christo;

11 Cheios de fructos de justiça, [10] que são por Jesus Christo, para gloria e louvor de Deus.

A prisão de Paulo contribue para o proveito do evangelho.

12 E quero, irmãos, que saibaes que as coisas que me aconteceram contribuiram para maior proveito do evangelho.

13 De maneira que as minhas prisões em Christo foram manifestas em [AJG] toda [11] a guarda pretoriana, e em todos os demais logares;

14 E muitos dos irmãos no Senhor, tomando animo com as minhas prisões, ousam fallar a palavra mais confiadamente, sem temor.

15 Verdade é que tambem alguns prégam a Christo por [12] inveja e porfia, mas outros tambem de boamente.

16 Uns por amor, sabendo que fui posto para defeza do evangelho.

17 Mas outros, na verdade, annunciam a Christo por contenção, não puramente, [13] cuidando accrescentar afflicção ás minhas prisões.

18 Mas que importa? comtanto que Christo seja annunciado em toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, n’isto me regozijo, e me regozijarei ainda.

19 Porque sei que d’isto me resultará salvação, [14] pela vossa oração e pelo soccorro do Espirito de Jesus Christo,

20 Segundo a minha intensa expectação e esperança, [15] de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Christo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida seja pela morte.

21 Porque para mim o viver é Christo, e o morrer é ganho.

22 Mas, se o viver na carne este é o fructo da minha obra, não sei então o que deva escolher.

23 Porque de [16] ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de ser desatado, e estar com Christo, porque isto é ainda muito melhor,

[1051]

24 Mas julgo mais necessario, por amor de vós, ficar na carne.

25 E confio n’isto, [17] e sei que ficarei, e permanecerei com todos vós, para proveito vosso e gozo da fé.

26 Para que a vossa [18] gloria abunde por mim em Christo Jesus, pela minha nova ida a vós.

Exhortação á perseverança, ao amor fraternal, á humildade e á sanctidade.

27 Sómente vos porteis dignamente [19] conforme o evangelho de Christo, para que, quer vá e vos veja, ou quer esteja ausente, [20] ouça ácerca de vós, que estaes n’um mesmo espirito, combatendo juntamente com o mesmo animo pela fé do evangelho.

28 E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para elles, na verdade, é indicio de perdição, [21] mas para vós de salvação, e isto de Deus.

29 Porque a vós vos foi [22] gratuitamente concedido, em relação a Christo, [23] não sómente crêr n’elle, como tambem padecer por elle,

30 Tendo o mesmo combate, que em mim tendes visto, e agora ouvis de mim.

[1] I Cor. 1.2.

[2] Rom. 1.7. II Cor. 1.2. I Ped. 1.2.

[3] Rom. 1.8, 9. I Cor. 1.4. Eph. 1.15, 16.

[4] Rom. 12.13. II Cor. 8.1.

[5] João 6.29. I The. 1.3. ver. 10.

[6] II Cor. 3.2. Eph. 3.1 e 6.20.

[7] Rom. 1.9 e 9.1. Gal. 1.20.

[8] I The. 3.12. Phi. 6.

[9] Rom. 2.18 e 12.2. Eph. 5.10.

[10] João 15.4, 5. Eph. 2.10. Col. 1.6.

[11] cap. 4.22.

[12] cap. 2.3.

[13] ver. 7.

[14] II Cor. 1.11. Rom. 8.9.

[15] Rom. 8.19 e 5.5.

[16] II Cor. 5.8. II Tim. 4.6.

[17] cap. 2.24.

[18] II Cor. 1.14 e 5.12.

[19] Eph. 4.1. Col. 1.10. I The. 2.12.

[20] cap. 4.1. I Cor. 1.10. Jud. 3.

[21] II The. 1.5. Rom. 8.17.

[22] Act. 5.41. Rom. 5.3. Eph. 2.8.

[23] Col. 2.1. Act. 16.19, etc. I The. 2.2.

2 Portanto, se ha algum conforto em Christo, se alguma consolação de amor, se [1] alguma communicação de Espirito, se alguns entranhaveis affectos e compaixões,

2 Cumpri o meu gozo, [2] para que sintaes o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo animo, sentindo uma mesma coisa.

3 Nada façaes por [3] contenda ou por vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.

4 Não attente cada um [4] para o que é seu, mas cada qual tambem para o que é dos outros.

5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento [5] que houve tambem em Christo Jesus,

6 O qual, [6] sendo em fórma de Deus, não teve por usurpação ser egual a Deus,

7 Mas [AJH] aniquilou-se [7] a si mesmo, tomando a fórma de servo, fazendo-se similhante aos homens;

8 E, achado em fórma como homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até á morte, [8] e morte de cruz.

9 Pelo que tambem Deus o [9] exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;

10 Para que ao nome de [10] Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

11 E toda a lingua [11] confesse que Jesus Christo é o Senhor, para a gloria de Deus Pae.

12 De sorte que, meus amados, [12] assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausencia, assim tambem operae a vossa salvação com temor e tremor,

13 Porque Deus é o [13] que opera em vós tanto o querer como o effectuar, segundo a sua boa vontade.

14 Fazei todas [14] as coisas sem murmurações nem contendas;

15 Para que sejaes irreprehensiveis e sinceros, [15] filhos de Deus, inculpaveis no meio d’uma geração corrompida e perversa, no meio da qual resplandeceis como luminares no mundo.

16 Retendo a palavra da vida, [16] para que no dia de Christo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.

17 E, ainda que seja offerecido por libação sobre o sacrificio [17] e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós.

18 E vós tambem regozijae-vos e alegrae-vos comigo por isto mesmo.

Elogio de Timotheo e Epaphrodito, os mensageiros de Paulo junto dos philippenses.

19 E espero no Senhor Jesus de em breve vos mandar [18] Timotheo, para que tambem eu esteja de bom animo, sabendo os vossos negocios.

20 Porque a ninguem tenho de tão egual animo, [19] que sinceramente cuide dos vossos negocios.

21 Porque todos buscam [20] o que é seu, e não o que é de Christo Jesus.

22 Mas bem sabeis a sua experiencia,[1052] que serviu comigo no evangelho, [21] como filho ao pae.

23 De sorte que espero enviar-vol-o logo que tenha provido a meus negocios.

24 Porém confio [22] no Senhor, que tambem eu mesmo em breve irei ter comvosco.

25 Mas julguei necessario mandar-vos Epaphrodito, [23] meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado, e ministrador nas minhas necessidades.

26 Porquanto tinha muitas saudades de vós [24] todos, e estava muito angustiado de que tivesseis ouvido que elle estivera doente.

27 E de facto esteve doente, e quasi á morte; porém Deus se apiedou d’elle, e não sómente d’elle, mas tambem de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.

28 Por isso vol-o enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.

29 Recebei-o pois no Senhor com todo o gozo, [25] e tende em honra aos taes.

30 Porque pela obra de Christo chegou até bem proximo da morte, não fazendo caso da vida, [26] para supprir para comigo a falta do vosso serviço.

[1] II Cor. 13.14. Col. 3.12.

[2] João 3.29. Rom. 12.16. I Cor. 1.10.

[3] Gal. 5.26. Thi. 3.14. Rom. 12.10. I Ped. 5.5.

[4] I Cor. 10.24, 33.

[5] Mat. 11.29. João 13.15.

[6] João 1.1, 2 e 5.18. Heb. 1.3.

[7] Psa. 22.6. Isa. 63.3. Dan. 9.26. Rom. 15.3. Eze. 34.23, 24.

[8] Mat. 26.39, 42. João 10.18.

[9] João 17.1, 2, 5. Act. 2.33.

[10] Isa. 45.23. Rom. 14.11. Apo. 5.13.

[11] João 13.13. I Cor. 8.6.

[12] cap. 1.5. Eph. 6.5.

[13] II Cor. 3.5. Heb. 13.21.

[14] I Cor. 10.10. I Ped. 4.9. Rom. 14.1.

[15] Mat. 5.14, 15. I Ped. 2.12. Eph. 5.1.

[16] II Cor. 1.14. I The. 2.19 e 3.5. Gal. 2.2.

[17] II Tim. 4.6. Rom. 15.16. II Cor. 7.4. Col. 1.24.

[18] Rom. 16.21. I The. 3.2.

[19] Psa. 55.13.

[20] I Cor. 15.24, 33 e 13.5. II Tim. 4.10, 16.

[21] I Cor. 4.17. I Tim. 1.2. II Tim. 1.2.

[22] cap. 1.25. Phi. 22.

[23] cap. 4.18. Phi. 2. II Cor. 8.23 e 11.9.

[24] cap. 1.8.

[25] I Cor. 16.18. I The. 5.12. I Tim. 5.17.

[26] I Cor. 16.17. cap. 4.10.

Exhortação a guardar-se cada um dos obreiros maus e a cultivar todos os fructos do Espirito.

3 Resta, irmãos meus, [1] que vos regozijeis no Senhor. Não me é molesto escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.

2 Guardae-vos dos cães, [2] guardae-vos dos maus obreiros, guardae-vos da circumcisão;

3 Porque a circumcisão [3] somos nós, que servimos a Deus em espirito, [4] e que nos gloriamos em Jesus Christo, e não confiamos na carne.

4 Ainda que tambem tenho de que confiar na carne; [5] se algum outro cuida que tem de que confiar na carne, ainda mais eu:

5 Circumcidado [6] ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribu de Benjamin, hebreo de hebreos, segundo a lei, phariseo,

6 Segundo o zelo, [7] perseguidor da egreja, segundo a justiça que ha na lei, irreprehensivel.

7 Mas o que [8] para mim era ganho tive-o por perda por amor de Christo.

8 E, na verdade, tenho tambem por perda todas as coisas, [9] pela excellencia do conhecimento de Christo Jesus, meu Senhor, por amor do qual contei por perda todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Christo,

9 E seja achado n’elle, [10] não tendo a minha justiça que vem de lei, mas a que vem da fé em Christo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;

10 Para conhecel-o, e á virtude da sua resurreição, [11] e á communicação de suas afflicções, sendo feito conforme a sua morte;

11 Para ver se de alguma maneira posso chegar á resurreição [12] dos mortos.

12 Não que já [13] a tenha alcançado, ou que seja perfeito, mas prosigo para alcançar aquillo para o que fui tambem [AJI] preso por Christo Jesus.

13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado;

14 Porém uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atraz [14] ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prosigo para o alvo, [15] ao premio da soberana vocação de Deus em Christo Jesus.

15 Pelo que todos quantos somos perfeitos, [16] sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa d’outra maneira, tambem Deus vol-o revelará.

16 Porém, n’aquillo a que já chegámos, [17] andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo.

17 Sêde tambem meus imitadores, [18] irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.

18 Porque muitos andam, dos quaes muitas vezes vos disse, e agora tambem digo, [19] chorando, que são inimigos da cruz de Christo.

19 Cujo fim é a [20] perdição; cujo Deus é o ventre; [21] e cuja gloria é para confusão d’elles, que pensam nas coisas terrenas.

[1053]

20 Mas a nossa cidade [22] está nos céus, d’onde tambem esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Christo.

21 O qual transformará [23] o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu efficaz poder de sujeitar tambem a si todas as coisas.

[1] II Cor. 13.11. cap. 4.4. I The. 5.16.

[2] Isa. 56.10. Gal. 5.15. Rom. 2.28.

[3] Deu. 10.16 e 30.6. Rom. 2.29. João 4.23, 24. Rom. 7.6.

[4] Gal. 6.14.

[5] II Cor. 11.18, 21.

[6] Gen. 17.12. II Cor. 11.22. Rom. 11.1.

[7] Act. 22.3. Gal. 1.13, 14. Rom. 10.5.

[8] Mat. 13.44.

[9] Isa. 63.11. Jer. 9.23, 24. João 17.3.

[10] Rom. 10.3, 5. Gal. 2.16.

[11] Rom. 6.3, 4, 5. II Tim. 2.11, 12. I Ped. 4.13.

[12] Act. 26.7.

[13] I Tim. 6.12. Heb. 12.23.

[14] Psa. 45.10. Luc. 9.62. Heb. 6.1.

[15] II Tim. 4.7, 8. Heb. 12.1.

[16] I Cor. 2.6 e 14.20. Gal. 5.10.

[17] Rom. 12.16. Gal. 6.16.

[18] I Cor. 4.16 e 11.1. I Ped. 5.3.

[19] Gal. 1.7 e 2.21.

[20] II Cor. 11.15. II Ped. 2.1. Rom. 16.18.

[21] Rom. 8.5.

[22] Eph. 2.6, 19. Col. 3.1, 3. Act. 1.11. Tito 2.13.

[23] I Cor. 15.43, 48, 49. I João 3.2. Eph. 1.19.

4 Portanto, meus amados e mui queridos [1] irmãos, minha alegria e corôa, estae assim firmes no Senhor, amados.

2 Rogo a Evodia, e rogo a Syntyche, [2] que sintam o mesmo no Senhor.

3 E peço-te tambem a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam [3] comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.

4 Regozijae-vos sempre no [4] Senhor; outra vez digo, regozijae-vos.

5 Seja a vossa equidade notoria a todos os homens. [5] Perto está o Senhor.

6 De nada estejaes solicitos: [6] antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e supplicas com acção de graças.

7 E a paz de Deus, [7] que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Christo Jesus.

8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amavel, tudo o que é de boa fama, [8] se ha alguma virtude, e se ha algum louvor, n’isso pensae.

9 O que tambem aprendestes, e recebestes, [9] e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será comvosco.

Paulo agradece aos philippenses os dons recebidos. Saudações finaes.

10 Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; visto que vos tendes lembrado, [10] mas não tinheis tido opportunidade.

11 Não o digo como por necessidade, [11] porque aprendi a contentar-me com o que tenho.

12 Sei estar abatido, [12] e sei tambem ter abundancia: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruido, assim a ter fartura como a ter fome, assim a ter abundancia, como a padecer necessidade.

13 Posso todas [13] as coisas n’aquelle que me fortalece.

14 Todavia fizestes bem em tomar parte na minha [14] afflicção.

15 E bem sabeis tambem vós, ó philippenses, que, no principio do evangelho, quando parti da Macedonia, [15] nenhuma egreja communicou comigo em razão de dar e receber, senão vós sómente;

16 Porque tambem uma e outra vez me mandastes o necessario a Thessalonica.

17 Não que procure dadivas, mas [16] procuro o fructo que abunde para a vossa conta.

18 Mas tudo tenho recebido, e tenho abundancia: estou cheio, depois que recebi de Epaphrodito o [17] que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e [18] sacrificio agradavel e aprazivel a Deus.

19 Porém o meu Deus, segundo as suas riquezas, [19] supprirá todas as vossas necessidades em gloria, por Christo Jesus.

20 Ora ao nosso Deus [20] e Pae seja gloria para todo o sempre. Amen.

21 Saudae a todos os sanctos em Christo Jesus. [21] Os irmãos que estão comigo vos saudam.

22 Todos os sanctos vos saudam, mas principalmente os que são da casa [22] de Cesar.

23 A graça [23] de nosso Senhor Jesus Christo seja com vós todos. Amen.

[1] cap. 1.8 e 2.16 e 1.27. II Cor. 1.14.

[2] cap. 2.2 e 3.16.

[3] Rom. 16.3. cap. 1.27. Exo. 32.32. Dan. 12.1. Luc. 10.20.

[4] Rom. 12.12. cap. 3.1. I The. 5.16. I Ped. 4.13.

[5] Heb. 10.25. Thi. 5.8, 9. II The. 2.2.

[6] Pro. 16.3. Mat. 6.25. I Ped. 5.7.

[7] João 14.27. Rom. 5.1. Col. 3.15.

[8] I The. 5.22.

[9] Rom. 15.33 e 16.20. I The. 5.23. Heb. 13.20.

[10] II Cor. 11.9.

[11] I Tim. 6.6, 8.

[12] I Cor. 4.11. II Cor. 6.10.

[13] João 15.5. II Cor. 12.9.

[14] cap. 1.7.

[15] II Cor. 11.8, 9.

[16] Rom. 15.28. Tito 3.14.

[17] cap. 2.25.

[18] Heb. 13.16. II Cor. 9.12.

[19] II Cor. 9.8. Eph. 1.7.

[20] Rom. 16.27. Gal. 1.5.

[21] Gal. 1.2.

[22] cap. 1.13.

[23] Rom. 16.24.

[1054]


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS COLOSSENSES.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 64

1 Paulo, [1] apostolo de Jesus Christo, pela vontade de Deus, e o irmão Timotheo:

2 Aos sanctos e irmãos [2] fieis em Christo, que estão em Colossos. Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pae e da do Senhor Jesus Christo.

A fé e caridade dos colossenses. Oração de Paulo pelo seu progresso espiritual. Jesus Christo o auctor da nossa redempção, a imagem de Deus invisivel, o Creador de todas as coisas e o Cabeça da egreja.

3 Graças damos ao Deus [3] e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, orando sempre por vós:

4 Porquanto ouvimos da vossa fé [4] em Christo Jesus, e [AJJ] da caridade que tendes para com todos os sanctos;

5 Pela esperança que vos está reservada [5] nos céus, da qual d’antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho:

6 O qual chegou a vós, [6] como tambem está em todo o mundo; e já vae fructificando, como tambem entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade;

7 Como tambem o aprendestes de Epaphras, [7] nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Christo.

8 O qual nos declarou tambem [AJK] a vossa caridade [8] no Espirito.

9 Portanto tambem, [9] desde o dia em que o ouvimos, não cessámos de orar por vós, [10] e de pedir que sejaes cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e intelligencia espiritual;

10 Para que possaes [11] andar [AJL] dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, fructificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus;

11 Corroborados [12] em toda a fortaleza, segundo a força da sua gloria, em toda a paciencia, e longanimidade com gozo;

12 Dando graças [13] ao Pae que nos fez idoneos de participar da herança dos sanctos na luz.

13 O qual nos tirou da [14] potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor;

14 No qual temos a redempção [15] pelo seu sangue, a saber, a remissão dos peccados;

15 O qual é imagem do Deus [16] invisivel, o primogenito de toda a creatura.

16 Porque por elle foram [17] creadas todas as coisas que ha nos céus e na terra, visiveis e invisiveis, sejam thronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: todas as coisas foram creadas por elle e para elle.

17 E elle é antes de todas [18] as coisas, e todas as coisas subsistem por elle.

18 E elle é a cabeça [19] do corpo da egreja: é o principio e o primogenito d’entre os mortos, para que entre todos tenha a preeminencia.

19 Porque foi do agrado do Pae que [20] toda a plenitude n’elle habitasse;

20 E que, havendo por elle feito a paz [21] pelo sangue da sua cruz, por elle reconciliasse comsigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.

21 A vós tambem, [22] que d’antes ereis estranhos, e inimigos no entendimento, em obras más, agora todavia vos reconciliou,

[1055]

22 No corpo da sua [23] carne, pela morte, para perante si vos apresentar sanctos, e irreprehensiveis, e inculpaveis,

23 Se, todavia, permanecerdes fundados e firmes [24] na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual é prégado a toda a creatura que ha debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro.

O trabalho e combates de Paulo no seu ministerio.

24 Regozijo-me [25] agora no que padeço por vós, e cumpro na minha carne o resto das afflicções de Christo, pelo seu corpo, que é a egreja;

25 Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, [26] que me foi concedida para comvosco, para cumprir a palavra de Deus;

26 O mysterio [27] que esteve occulto desde todos os seculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus sanctos;

27 Aos quaes Deus quiz fazer conhecer [28] quaes são as riquezas da gloria d’este mysterio entre os gentios, que é Christo em vós, esperança da gloria:

28 O qual annunciámos, [29] admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Christo;

29 No que tambem trabalho, [30] combatendo segundo a sua efficacia, que obra em mim poderosamente.

[1] Eph. 1.1.

[2] I Cor. 4.17. Eph. 6.21. Gal. 1.3.

[3] I Cor. 1.4. Eph. 1.16.

[4] ver. 9. Eph. 1.15. Heb. 6.10.

[5] II Tim. 4.8. I Ped. 1.4.

[6] Mat. 24.14. Mar. 16.15. Rom. 10.18.

[7] cap. 4.12. Phi. 23. I Tim. 4.6.

[8] Rom. 15.30.

[9] Eph. 1.15, 16. ver. 3, 4.

[10] I Cor. 1.5. Rom. 12.2.

[11] Eph. 4.1. Phi. 1.27. I The. 2.12. João 15.16. Heb. 13.21.

[12] Eph. 3.16 e 4.2. Rom. 5.3.

[13] Eph. 5.20 e 1.11. Act. 26.18.

[14] Eph. 6.12. Heb. 2.14.

[15] Eph. 1.7.

[16] II Cor. 4.4. Heb. 1.3. Apo. 3.14.

[17] João 1.3. I Cor. 8.6.

[18] João 1.1, 3. Apo. 1.5.

[19] I Cor. 11.3. Apo. 1.5.

[20] João 1.16 e 3.34.

[21] Eph. 2.14, 15, 16 e 1.10.

[22] Eph. 2.1, 2, 12, 19. Tito 1.15, 16.

[23] Eph. 2.15, 16. Luc. 1.75. Tito 2.14. Jud. 24.

[24] Eph. 3.17.

[25] Rom. 5.3. II Cor. 7.4. Eph. 3.1, 13.

[26] I Cor. 9.17. Gal. 2.7. Eph. 3.2.

[27] Rom. 16.25. I Cor. 2.7. Eph. 3.9.

[28] II Cor. 2.14. Rom. 9.23. Eph. 1.7.

[29] Act. 20.20, 27, 31. II Cor. 11.2.

[30] I Cor. 15.10. Eph. 1.19 e 3.7, 20.

2 Porque quero que saibaes quão grande [1] combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicea, e por quantos não viram o meu rosto em carne;

2 Para que os seus corações sejam consolados, [2] e estejam unidos em [AJM] caridade, e em todas as riquezas da plenitude de intelligencia, para conhecimento do mysterio do Deus e Pae, e do Christo.

3 No qual estão escondidos [3] todos os thesouros da sabedoria e da sciencia.

Advertencia ácerca das falsas doutrinas.

4 E digo isto, [4] para que ninguem vos engane com palavras persuasivas na apparencia.

5 Porque ainda que esteja ausente quanto ao corpo, [5] todavia em espirito estou comvosco, regozijando-me, e vendo a vossa ordem, e a firmeza da vossa fé em Christo.

6 Pois, como recebestes o [6] Senhor Jesus Christo, assim tambem andae n’elle,

7 Arraigados [7] e sobreedificados n’elle, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em acção de graças.

8 Olhae que ninguem vos sobresalte por meio de philosophias e vãs subtilezas, [8] segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Christo:

9 Porque n’elle habita [9] corporalmente toda a plenitude da divindade;

10 E n’elle estaes perfeitos, [10] o qual é a cabeça de todo o principado e potestade:

11 No qual tambem estaes circumcidados [11] com uma circumcisão não feita por mão no despojo do corpo da carne, na circumcisão de Christo:

12 Sepultados com [12] elle no baptismo, no qual tambem resuscitastes com elle pela fé no poder de Deus, que o resuscitou dos mortos.

13 E, quando vós [13] estaveis mortos nos peccados, e na incircumcisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com elle, perdoando-vos todas as offensas,

14 Havendo riscado a cedula que [14] contra nós havia nas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contraria, e a tirou do meio de nós, encravando-a na cruz.

15 E, [15] despojando os principados e potestades, os expoz publicamente á vergonha, e triumphou d’elles por ella.

16 Portanto ninguem vos julgue pelo [16] comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sabbados;

17 Que são sombras [17] das coisas futuras, mas o corpo é de Christo.

18 Ninguem vos [AJN] domine a [18] seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, mettendo-se em coisas que nunca viu; estando debalde inchado no sentido da sua carne;

[1056]

19 [19] E não estando ligado á cabeça, da qual todo o corpo, provido e organisado pelas juntas e ligaduras, vae crescendo em augmento de Deus.

20 Portanto, se estaes mortos [20] com Christo quanto aos rudimentos do mundo, porque vos carregam ainda de ordenanças, como se vivesseis no mundo?

21 Taes como: não toques, [21] não proves, não manuseis:

22 As quaes coisas todas perecem pelo uso, [22] segundo os preceitos e doutrinas dos homens;

23 As quaes [23] teem na verdade alguma apparencia de sabedoria, em devoção voluntaria, humildade, e mau tratamento do corpo, mas não são de valor algum [AJO] para satisfação da carne.

[1] Phi. 1.30. I The. 2.2.

[2] II Cor. 1.6. cap. 3.14. Phi. 3.8.

[3] I Cor. 1.24 e 2.6, 7. Eph. 1.8.

[4] Rom. 16.18. II Cor. 11.13. Eph. 4.14.

[5] I Cor. 5.3. I The. 2.17. I Ped. 5.9.

[6] I The. 4.1. Jud. 3.

[7] Eph. 2.21, 22.

[8] Jer. 29.8. Rom. 16.17. Eph. 5.6.

[9] João 1.14.

[10] João 1.16. Eph. 1.20, 21. I Ped. 3.22.

[11] Deu. 10.16. Jer. 4.4. Rom. 2.29.

[12] Rom. 6.4. cap. 3.1. Eph. 1.19.

[13] Eph. 2.1, 5, 6, 11.

[14] Eph. 2.15, 16.

[15] Gen. 3.15. Isa. 53.12. Mat. 12.29.

[16] I Cor. 8.8. Rom. 14.5. Gal. 4.10.

[17] Heb. 8.5 e 9.9 e 10.1.

[18] ver. 4. Eze. 13.3. I Tim. 1.7.

[19] Eph. 4.15, 16.

[20] Rom. 6.3, 5. Gal. 2.19. Eph. 2.15.

[21] I Tim. 4.3.

[22] Isa. 29.13. Mat. 15.9.

[23] I Tim. 4.8. ver. 18.

Exhortação á sanctidade e ao amor fraternal.

3 Portanto, [1] se resuscitastes com Christo, buscae as coisas que são de cima, onde Christo está assentado á dextra de Deus.

2 Pensae nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;

3 Porque estaes mortos, [2] e a vossa vida está escondida com Christo em Deus.

4 Quando Christo, [3] que é a nossa vida, se manifestar, então tambem vós vos manifestareis com elle em gloria.

5 Mortificae pois [4] os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a immundicia, o appetite desordenado, a vil concupiscencia e a avareza, que é idolatria;

6 Pelas quaes coisas [5] vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediencia:

7 Nas quaes tambem [6] d’antes andastes, quando vivieis n’ellas.

8 Mas agora despojae-vos [7] tambem de todas estas coisas, a saber, da ira, da colera, da malicia, da maledicencia, das palavras torpes da vossa bocca.

9 Não mintaes uns aos [8] outros, pois que vos despistes do velho homem com os seus feitos,

10 E vos vestistes [9] do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem d’aquelle que o creou:

11 Onde não ha grego nem [10] judeo, circumcisão nem incircumcisão, barbaro, scytha, servo, ou livre; [11] mas Christo é tudo em todos.

12 Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, sanctos, e amados, de [12] entranhas de misericordia, da benignidade, humildade, mansidão, longanimidade:

13 Supportando-vos [13] uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como Christo vos perdoou, assim o fazei vós tambem.

14 E, sobre tudo isto, [14] revesti-vos de [AJP] caridade, que é o vinculo da perfeição.

15 E a paz de Deus domine em vossos corações [15] para a qual tambem fostes chamados em um corpo, e sêde agradecidos.

16 A palavra de Christo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, [16] com palavras, hymnos e canticos espirituaes, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.

17 E, quanto fizerdes por palavras [17] ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por elle graças a Deus e ao Pae.

Os deveres domesticos.

18 Vós, mulheres, [18] estae sujeitas a vossos proprios maridos, como convém no Senhor.

19 Vós, maridos, [19] amae a vossas mulheres, e não vos irriteis contra ellas.

20 Vós, filhos, [20] obedecei em tudo a vossos paes; porque isto é agradavel ao Senhor.

21 Vós, paes, [21] não irriteis a vossos filhos, para que não percam o animo.

22 Vós, servos, [22] obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na apparencia, como para agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, temendo a Deus.

23 E, tudo quanto [23] fizerdes, fazei-o do coração, como ao Senhor, e não aos homens:

24 Sabendo que recebereis [24] do Senhor o galardão da herança, porque a Christo, o Senhor, servis.

25 Porém quem fizer aggravo receberá o aggravo que fizer: [25] pois não ha accepção de pessoas.

[1] Rom. 6.5 e 8.34. Eph. 1.20.

[2] Rom. 6.2. Gal. 2.20. II Cor. 5.7.

[3] I João 3.2. João 11.25. I Cor. 15.43. Phi. 3.21.

[4] Rom. 8.13 e 6.13. Gal. 5.24.

[5] Rom. 1.18. Eph. 5.6. Apo. 22.15.

[6] Rom. 6.19, 20. Eph. 2.2. Tito 3.3.

[7] Eph. 4.22. Heb. 12.1. Thi. 1.21.

[8] Lev. 19.11. Eph. 4.22, 24, 25.

[9] Rom. 12.2. Eph. 4.23, 24.

[10] Rom. 10, 12. I Cor. 12.13.

[11] Eph. 1.23.

[12] Eph. 4.24. I The. 1.4. I Ped. 1.2.

[13] Mar. 11.25. Eph. 4.2, 32.

[14] I Ped. 4.8. João 13.34. Rom. 13.8.

[15] Rom. 14.17. Eph. 2.16, 17.

[16] I Cor. 14.26 e 10.31. Eph. 5.19.

[17] Rom. 1.8. Eph. 5.20. I The. 5.18.

[18] Eph. 5.22 e 5.3. I Ped. 3.1.

[19] Eph. 5.25 e 4.31. I Ped. 3.7.

[20] Eph. 6.1 e 5.24. Tito 2.9.

[21] Eph. 6.4.

[22] Eph. 6.5, etc. I Tim. 6.1. I Ped. 2.18.

[23] Eph. 6.6, 7.

[24] Eph. 6.8. I Cor. 7.22.

[25] Rom. 2.11. Eph. 6.9. I Ped. 1.17.

[1057]

4 Vós, [1] senhores, fazei o que fôr de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que tambem tendes um Senhor nos céus.

Exhortação á oração e á sabedoria.

2 Perseverae em oração, [2] velando n’ella com acção de graças:

3 Orando [3] tambem juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, para fallarmos do mysterio de Christo, pelo qual estou tambem preso;

4 Para que o manifeste, como me convém fallar.

5 Andae com sabedoria [4] para com os que estão de fóra, remindo o tempo.

6 A vossa palavra [5] seja sempre agradavel, adubada com sal, para que saibaes como vos convém responder a cada um.

Tychico e Onesimo são enviados aos colossenses; saudações finaes.

7 Tychico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, [6] vos fará saber o meu estado:

8 O qual vos enviei [7] para o mesmo fim, para que saiba do vosso estado e console os vossos corações;

9 Juntamente com Onesimo, [8] amado e fiel irmão, que é dos vossos; elles vos farão saber tudo o que por aqui se passa.

10 Aristarcho, [9] que está preso comigo, vos sauda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, ácerca do qual recebestes mandamentos; se fôr ter comvosco, recebei-o;

11 E, Jesus, chamado Justo: os quaes são da circumcisão: são estes só os meus cooperadores no reino de Deus; e para mim teem sido consolação.

12 Sauda-vos Epaphras, [10] que é dos vossos, servo de Christo, [11] combatendo sempre por vós em orações, para que fiqueis firmes, perfeitos e [AJQ] consumados em toda a vontade de Deus.

13 Pois eu lhe dou testemunho de que tem grande zelo por vós, e pelos que estão em Laodicea, e pelos que estão em Hierapolis.

14 Sauda-vos Lucas, [12] o medico amado, e Damas.

15 Saudae aos irmãos que estão em Laodicea, e a Nympha [13] e á egreja que está em sua casa.

16 E, [14] quando esta epistola tiver sido lida entre vós, fazei que tambem seja lida na egreja dos laodicenses, e a que veiu de Laodicea lede-a vós tambem.

17 E dizei a Archippo: [15] Attenta para o ministerio que recebeste no Senhor; para que o cumpras.

18 Saudação [16] de minha mão, de Paulo. Lembrae-vos das minhas prisões. A graça seja comvosco. Amen.

[1] Eph. 6.9.

[2] Luc. 18.1. Rom. 12.12. I The. 5.17, 18.

[3] II The. 3.1. Eph. 6.19. I Cor. 16.9.

[4] Eph. 5.15, 16. I The. 4.12.

[5] Ecc. 10.12. Mar. 9.50. I Ped. 3.15.

[6] Eph. 6.21.

[7] Eph. 6.22.

[8] Phi. 10.

[9] Act. 19.29 e 15.37. Phi. 24. II Tim. 4.11.

[10] cap. 1.7. Phi. 23.

[11] Rom. 15.30. Mat. 5.48. I Cor. 2.6.

[12] II Tim. 4.10, 11. Phi. 24.

[13] Rom. 16.5. I Cor. 16.19.

[14] I The. 5.27.

[15] Phi. 2. I Tim. 4.6.

[16] I Cor. 16.21. II The. 3.17. Heb. 13.3, 25.


PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS THESSALONICENSES.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 54

1 Paulo, e Silvano, [1] e Timotheo, á egreja dos thessalonicenses em Deus, o Pae, e no Senhor Jesus Christo; Graça e paz tenhaes de Deus nosso Pae e do Senhor Jesus Christo.

O successo do evangelho em Thessalonica e a fidelidade d’aquella egreja.

2 Sempre damos graças [2] a Deus por vós todos, [3] fazendo menção de vós em nossas orações,

3 Lembrando-nos [4] sem cessar da obra da vossa fé, e do trabalho de [AJR] caridade, da paciencia da esperança em Nosso Senhor Jesus Christo, deante de nosso Deus e Pae:

4 Sabendo, amados irmãos, [5] que a vossa eleição é de Deus;

5 Porque o nosso evangelho não [6] foi a vós sómente em palavras, mas tambem[1058] em poder, e no Espirito Sancto, e em muita certeza; como bem sabeis quaes fomos entre vós, por amor de vós.

6 E vós fostes feitos nossos [7] imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, [8] com gozo do Espirito Sancto.

7 De maneira que fostes exemplo para todos os fieis na Macedonia e Achaia.

8 Porque por vós soou [9] a palavra do Senhor, não sómente na Macedonia e Achaia, mas tambem a vossa fé para com Deus se espalhou por todos os logares, de tal maneira que já d’ella não temos necessidade de fallar coisa alguma;

9 Porque elles mesmos annunciam de nós qual [10] a entrada que tivemos para comvosco, e como dos idolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro.

10 E para esperar [11] dos céus a seu Filho, a quem resuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.

[1] II Cor. 1.19. II The. 1.1. I Ped. 5.12.

[2] Eph. 1.2.

[3] Rom. 1.8. Eph. 1.16. Phi. 4.

[4] cap. 2.13. João 6.29. Gal. 5.6.

[5] Col. 3.12. II The. 2.13.

[6] Mar. 16.20. I Cor. 2.4.

[7] I Cor. 4.16. Phi. 3.17. II The. 3.9.

[8] Act. 5.41. Heb. 10.34.

[9] Rom. 10.18 e 1.8. II The. 1.4.

[10] cap. 2.1. I Cor. 12.2. Gal. 4.8.

[11] Rom. 2.7. Tito 2.13. II Ped. 3.12. Act. 2.24.

Como Paulo exerceu o seu ministerio entre os thessalonicenses.

2 Porque vós mesmos, [1] irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para comvosco não foi vã;

2 Antes, havendo primeiro padecido, e sido aggravados em Phillipos, [2] como sabeis, tivemos ousadia em nosso Deus, para vos fallar o evangelho de Deus com grande combate.

3 Porque a nossa exhortação não foi [3] com engano, nem com immundicia, nem com fraudulencia;

4 Mas, como fomos [4] approvados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim fallámos, não como para comprazer aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações.

5 Porque, como bem sabeis, nunca usámos de palavras lisongeiras, [5] nem de pretexto de avareza; Deus é testemunha;

6 Não buscando gloria [6] dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podiamos, como apostolos de Christo, ser-vos pesados;

7 Antes [7] fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos.

8 Assim nós, estando-vos tão affeiçoados, de boa vontade quizeramos communicar-vos, não [8] sómente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas proprias almas; porquanto nos ereis muito queridos.

9 Porque bem vos lembraes, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, [9] trabalhando noite e dia, vos pregámos o evangelho de Deus, para não sermos pesados a nenhum de vós.

10 Vós e Deus sois testemunhas [10] de quão sancta, e justa, e irreprehensivelmente nos houvemos para comvosco, os que crêstes.

11 Assim como bem sabeis que exhortavamos e consolavamos, a cada um de vós, como o pae a seus filhos;

12 E protestavamos conduzir-vos dignamente [11] para com Deus, que vos chama para o seu reino e gloria.

13 Pelo que tambem damos sem cessar [12] graças a Deus, de que, havendo recebido de nós a palavra da prégação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de Deus, a qual tambem opera em vós, os que crêstes.

14 Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores [13] das egrejas de Deus que estilo na Judea, em Jesus Christo; porquanto tambem padecestes de vossos proprios concidadãos as mesmas coisas, como elles tambem dos judeos:

15 Os quaes tambem mataram ao Senhor Jesus [14] e a seus proprios prophetas, e nos teem perseguido; e não agradam a Deus, e são contrarios a todos os homens:

16 E nos impedem de [15] fallar aos gentios para que posaam salvar-se a fim de encherem sempre a medida de seus peccados; porque a ira de Deus caiu sobre elles até ao fim.

O desejo de Paulo de voltar a Thessalonica; seu gozo e seus votos em vida das boas novas que Timotheo lhe trouxe.

17 Nós, porém, irmãos, sendo privados de vós por um momento de tempo, de vista, [16] mas não do coração, tanto mais procurámos com grande desejo vêr o vosso rosto.

18 Pelo que bem quizeramos uma e outra vez ir ter comvosco, pelo menos eu, Paulo, [17] mas Satanaz nol-o impediu.

[1059]

19 Porque, qual é a nossa [18] esperança, ou gozo, ou corôa de gloria? Porventura não o sois vós tambem deante de nosso Senhor Jesus Christo em sua vinda?

20 Porque vós sois a nossa gloria e gozo.

[1] cap. 1.5, 9.

[2] Act. 16.22 e 17.2. Phi. 1.30. Col. 2.1.

[3] II Cor. 7.2. II Ped. 1.16.

[4] I Cor. 7.25 e 9.17. I Tim. 1.11, 12.

[5] Act. 20.33. II Cor. 2.17. Rom. 1.9.

[6] João 5.41, 44 e 12.43. I Tim. 5.17.

[7] I Cor. 2.3. II Cor. 13.4. II Tim. 2.24.

[8] Rom. 1.11. II Cor. 12.15.

[9] Act. 20.34. I Cor. 4.12. II Cor. 11.9.

[10] cap. 1.5. II Cor. 7.2. II The. 3.7.

[11] Eph. 4.1. Phi. 1.27. Col. 1.10.

[12] Mat. 10.40. Gal. 4.14. II Ped. 3.2.

[13] Gal. 1.22. Act. 17.5, 13. Heb. 10.33, 34.

[14] Act. 2.23. Luc. 13.33, 34. Est. 3.8.

[15] Luc. 11.52. Act. 13.50. Mat. 23.32.

[16] I Cor. 6.3. Col. 2.5.

[17] Rom. 1.13 e 15.22.

[18] II Cor. 1.14. Phi. 2.16 e 4.1.

3 Pelo que, [1] não podendo esperar mais, de boamente quizemos deixar-nos ficar sós em Athenas;

2 E enviámos Timotheo [2] nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Christo, para vos confortar e vos exhortar ácerca da vossa fé;

3 Para que ninguem [3] se commova por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados.

4 Pois, [4] estando ainda comvosco, vos prediziamos que haviamos de ser affligidos, como tambem succedeu, e vós o sabeis.

5 Portanto, [5] não podendo eu tambem esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inutil.

6 Vindo, porém, agora Timotheo de vós para [6] nós, e trazendo-nos boas novas ácerca da vossa fé e caridade, e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, [7] como nós tambem a vós;

7 Pelo que, irmãos, nós ficámos consolados ácerca de vós em toda a nossa afflicção [8] e necessidade, pela vossa fé,

8 Porque agora vivemos, [9] se estaes firmes no Senhor.

9 Porque, que acção de graças [10] poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus,

10 Orando abundantemente dia e noite, [11] para que possamos vêr o vosso rosto, e suppramos o que falta á vossa fé?

11 Ora o mesmo nosso Deus e Pae, e nosso Senhor Jesus Christo, [12] encaminhe a nossa viagem para vós.

12 E o Senhor vos augmente, [13] e faça abundar em caridade uns para com os outros, e para com todos, como tambem abundamos para comvosco;

13 Para confortar os vossos [14] corações, para que sejaes irreprehensiveis em sanctificação diante de nosso Deus e Pae, na vinda de nosso Senhor Jesus Christo com todos os seus sanctos.

[1] ver. 5. Act. 17.15.

[2] Rom. 16.21. I Cor. 16.10.

[3] Eph. 3.13. Act. 9.16. I Cor. 4.9.

[4] Act. 20.24.

[5] I Cor. 7.5. II Cor. 11.3. Gal. 2.2 e 4.11.

[6] Act. 18.1, 5.

[7] Phi. 1.8.

[8] II Cor. 1.4 e 7.6, 7, 13.

[9] Phi. 4.1.

[10] cap. 1.2.

[11] Act. 26.7. II Tim. 1.3. Rom. 1.10, 11.

[12] Mar. 1.3.

[13] cap. 4.9 e 5.15. II Ped. 1.7.

[14] I Cor. 1.8. II The. 2.17. I João 3.20, 21.

Exhortação á sanctidade, ao amor fraternal e ao trabalho.

4 Assim que, irmãos, no demais vos rogamos e exhortamos no Senhor Jesus, [1] que, assim como recebestes de nós, como vos convenha andar e agradar a Deus, assim n’isto abundeis cada vez mais.

2 Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.

3 Porque esta é a vontade de Deus [2], a vossa sanctificação: que vos abstenhaes da fornicação;

4 Que cada um [3] de vós saiba possuir o seu vaso em sanctificação e honra;

5 Não em sensualidade de [4] concupiscencia, como os gentios, que não conhecem a Deus.

6 Ninguem opprima nem engane a seu irmão em negocio [5] algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como tambem d’antes vol-o dissemos e testificámos.

7 Porque não nos chamou Deus para a immundicia, [6] senão para a sanctificação.

8 Porque quem despreza [7] isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, o qual nos deu tambem o seu Espirito Sancto.

9 Emquanto, porém, á caridade fraternal, [8] não necessitaes de que vos escreva, porque vós mesmos estaes instruidos por Deus que vos ameis uns aos outros.

10 Porque tambem já assim [9] o fazeis, para com todos os irmãos que estão por toda a Macedonia. Exhortamo-vos, porém, irmãos, [10] a que ainda n’isto abundeis cada vez mais,

11 E procureis viver quietos, [11] e tratar dos vossos proprios negocios, e trabalhar com vossas proprias mãos, como já vol-o temos mandado;

12 Para que andeis [12] honestamente para com os que estão de fóra, e não necessiteis de coisa alguma.

[1060]

Ácerca da resurreição e vinda de Christo.

13 Não quero, porém, irmãos, que sejaes ignorantes ácerca dos que dormem, [13] para que vos não entristeçaes, como tambem os demais, que não teem esperança.

14 Porque, se crêmos [14] que Jesus morreu e resuscitou, assim tambem aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com elle.

15 Dizemo-vos portanto isto pela palavra [15] do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.

16 Porque o mesmo Senhor [16] descerá do céu com alarido, e com voz de archanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Christo resuscitarão primeiro.

17 Depois nós, [17] os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com elles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

18 Portanto, consolae-vos [18] uns aos outros com estas palavras.

[1] Phi. 1.27. Col. 1.10 e 2.6.

[2] Rom. 12.2. Eph. 5.17, 27. I Cor. 6.15, 18. Col. 3.5.

[3] Rom. 6.19. I Cor. 6.15, 18.

[4] Rom. 1.24, 26. Col. 3.5. Eph. 2.12 e 4.17, 18. I Cor. 15.34. Gal. 4.8. II The. 1.8.

[5] Lev. 19.11, 13. I Cor. 6.8. II The. 1.8.

[6] Lev. 11.44 e 19.2. I Cor. 1.2. Heb. 12.14. I Ped. 1.14, 15.

[7] Luc. 10.16. I Cor. 2.10 e 7.40. I João 3.24.

[8] cap. 5.1. Jer. 31.34. João 6.45 e 14.26. Heb. 8.11. I João 2.20, 27 e 3.11, 23 e 4.21. Mat. 22.39. João 13.34 e 15.12. Eph. 5.2. I Ped. 4.8.

[9] cap. 1.7.

[10] cap. 3.12.

[11] II The. 3.11. I Ped. 4.15. Act. 20.35. Eph. 4.28. II The. 3.7, 8, 12.

[12] Rom. 13.13. II Cor. 8.21. Col. 4.5. I Ped. 2.12.

[13] Lev. 19.28. Deu. 14.1, 2. II Sam. 12.20. Eph. 2.12.

[14] I Cor. 15.13, 18, 23. cap. 3.13.

[15] I Reis 13.17, 18 e 20.35. I Cor. 15.51.

[16] Mat. 24.30, 31. Act. 1.11. II The. 1.7. I Cor. 15.23, 52.

[17] I Cor. 15.51. Act. 1.9. Apo. 11.12. João 12.26 e 14.3 e 17.24.

[18] cap. 5.11.

5 Porém, irmãos, [1] ácerca dos tempos e das estações, não necessitaes de que se vos escreva;

2 Porque vós mesmos sabeis muito bem que [2] o dia do Senhor virá como o ladrão de noite;

3 Pois que, quando disserem: Ha paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina [3] destruição, como as dôres de parto áquella que está gravida; e de modo algum escaparão.

4 Mas vós, irmãos, [4] não estaes em trevas, para que aquelle dia vos surprehenda como um ladrão.

5 Todos vós sois filhos [5] da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas.

6 Não durmamos pois, [6] como os demais, mas vigiemos, e sejamos sobrios.

7 Porque os que dormem [7] dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite.

8 Mas nós, que somos do dia, sejamos sobrios, vestindo-nos da couraça da fé [8] e [AJS] da caridade, e tendo por capacete a esperança da salvação.

9 Porque Deus [9] não nos tem designado para a ira, mas para a acquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Christo.

10 O qual morreu por nós, [10] para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com elle.

11 Pelo que exhortae-vos [11] uns aos outros, e edificae-vos uns aos outros, como tambem o fazeis.

Preceitos diversos, votos e saudações.

12 E rogamo-vos, irmãos, [12] que reconheçaes os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam:

13 E tende-os em grande estima e amor, por causa da sua obra. [13] Tende paz entre vós.

14 Rogamo-vos tambem, irmãos, [14] que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco animo, sustenteis os fracos, e sejaes pacientes para com todos.

15 Vêde que ninguem dê [15] a outrem mal por mal, [16] mas segui sempre o bem, assim uns para com os outros, como para com todos.

16 Regozijae-vos [17] sempre.

17 Orae [18] sem cessar.

18 Em tudo dae graças; [19] porque esta é a vontade de Deus em Christo Jesus para comvosco.

19 Não apagueis [20] o Espirito.

20 Não desprezeis [21] as prophecias.

21 Examinae [22] todas as coisas; retende o bem.

22 Abstende-vos [23] de toda a apparencia do mal.

23 E o mesmo Deus de paz [24] vos sanctifique em tudo; e todo o vosso sincero espirito, e alma, e corpo, sejam conservados irreprehensiveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Christo.

[1061]

24 Fiel é o que [25] vos chama, o qual tambem o fará.

25 Irmãos, orae [26] por nós.

26 Saudae a todos os irmãos [27] em osculo sancto.

27 Pelo Senhor vos conjuro que esta epistola se leia [28] a todos os sanctos irmãos.

28 A graça [29] de nosso Senhor Jesus Christo seja comvosco. Amen.

[1] Mat. 24.3, 36. Act. 1.7. cap. 4.9.

[2] Mat. 24.43, 47 e 25.13. Luc. 12.39, 40. II Ped. 3.10. Apo. 3.3 e 16.15.

[3] Isa. 13.6, 9. Luc. 17.27, 28, 29 e 21.34, 35. II The. 1.9. Jer. 13.21. Ose. 13.13.

[4] Rom. 13.12, 13. I João 2.8.

[5] Eph. 5.8.

[6] Mat. 25.5 e 24.42 e 25.13. Rom. 13.11, 12, 13. I Ped. 5.8.

[7] Luc. 21.34, 36. Rom. 13.13. I Cor. 15.34. Eph. 5.14. Act. 2.15.

[8] Isa. 59.17. Eph. 6.14, 16, 17.

[9] Rom. 9.29. cap. 1.10. I Ped. 2.8. Jud. 4. II The. 2.13, 14.

[10] Rom. 14.8, 9. II Cor. 5.15.

[11] cap. 4.18.

[12] I Cor. 16.18. Phi. 2.29. I Tim. 5.17. Heb. 13.7, 17.

[13] Mar. 9.50.

[14] II The. 3.11, 12. Rom. 14.1 e 15.1. Gal. 5.22 e 6.1, 2. Eph. 4.2. Col. 3.12. II Tim. 4.2.

[15] Lev. 19.18. Pro. 20.22 e 24.29. Mat. 5.39, 44. Rom. 12.17. I Cor. 6.7. I Ped. 3.9.

[16] Gal. 6.10. cap. 3.12.

[17] II Cor. 6.10. Phi. 4.4.

[18] Luc. 18.1 e 21.36. Rom. 12.12. Eph. 6.18. Col. 4.2. I Ped. 4.7.

[19] Eph. 5.20. Col. 3.17.

[20] Eph. 4.30. I Tim. 4.14. II Tim. 1.6. I Cor. 14.30.

[21] I Cor. 14.1, 39.

[22] I Cor. 2.11, 15. I João 4.1. Phi. 4.8.

[23] cap. 4.12.

[24] Phi. 4.9. cap. 3.13. I Cor. 1.8.

[25] I Cor. 1.9 e 10.13. II The. 3.3.

[26] Col. 4.3. II The. 3.1.

[27] Rom. 16.16.

[28] Col. 4.16. II The. 3.14.

[29] Rom. 16.20, 24. II The. 3.18.


SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS THESSALONICENSES.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 54

1 Paulo, e Silvano, [1] e Timotheo, á egreja dos thessalonicenses, em Deus nosso Pae e no Senhor Jesus Christo:

2 Graça [2] e paz de Deus nosso Pae, e do Senhor Jesus Christo.

O progresso e constancia dos thessalonicenses na fé e na caridade, a despeito das perseguições.

3 Sempre devemos, [3] irmãos, dar graças a Deus por vós, como é de razão, porquanto a vossa fé cresce muitissimo e [AJT] a caridade de cada um de vós abunda de uns para com os outros:

4 De maneira que nós mesmos nos gloriamos [4] de vós nas egrejas de Deus por causa da vossa paciencia e fé, e em todas as vossas perseguições e afflicções que supportaes;

5 Prova [5] clara do justo juizo de Deus, para que sejaes havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual tambem padeceis;

6 Pois é justo [6] diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,

7 E a vós, que sois atribulados, [7] descanço comnosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder:

8 Como labareda [8] de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Christo:

9 Os quaes por castigo, padecerão eterna [9] perdição, ante a face do Senhor e a gloria do seu poder,

10 Quando vier para ser glorificado [10] nos seus sanctos, e a fazer-se admiravel n’aquelle dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).

11 Pelo que tambem rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos [11] da sua vocação, e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder;

12 Para que o nome de nosso Senhor Jesus Christo [12] seja em vós glorificado, e vós n’elle, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Christo.

[1] II Cor. 1.19. I The. 1.1.

[2] I Cor. 1.3.

[3] I The. 1.2, 3 e 3.6, 9. cap. 2.13.

[4] II Cor. 7.14 e 9.2. I The. 1.3 e 2.14, 19, 20.

[5] Phi. 1.28. I The. 2.14.

[6] Apo. 6.10.

[7] Apo. 14.13. I The. 4.16. Jud. 14.

[8] Heb. 10.27 e 12.29. II Ped. 3.7. Apo. 21.8. Psa. 79.6. I The. 4.5. Rom. 2.8.

[9] Phi. 3.19. II Ped. 3.7. Deu. 33.2. Isa. 2.19. cap. 2.8.

[10] Psa. 68.35 e 89.7.

[11] ver. 5. I The. 1.3.

[12] I Ped. 1.7 e 4.14.

A vinda de Christo será precedida de manifestações do Antichristo.

2 Ora, irmãos, [1] rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Christo, e pela nossa reunião com elle,

2 Que não vos movaes [2] facilmente do vosso entendimento, e não vos perturbeis, nem por espirito, nem por palavra, nem por epistola, como escripta por nós, como se o dia de Christo estivesse já perto.

3 Ninguem de maneira alguma vos engane; [3] porque aquelle dia não virá sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do peccado, o filho da perdição;

4 O qual se oppõe, [4] e se levanta sobre tudo o que se chama Deus, ou se adora; assim que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

5 Não vos lembraes de que estas coisas vos dizia quando ainda estava comvosco?

[1062]

6 E agora vós sabeis o que o detem, para que a seu proprio tempo seja manifestado.

7 Porque já o mysterio [5] da injustiça opera: sómente ha um que agora resiste até que do meio seja tirado;

8 E então será manifestado o iniquo, [6] o qual o Senhor desfará pelo espirito da sua bocca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda:

9 Aquelle cuja vinda é segundo a efficacia de Satanaz, [7] com todo o poder, e signaes e prodigios de mentira,

10 E com todo o engano da injustiça para os que perecem, [8] porquanto não receberam o amor da verdade para se salvarem.

11 E portanto Deus lhes enviará a operação [9] do erro, para que creiam a mentira;

12 Para que sejam condemnados todos os que não crêram a verdade, [10] antes tiveram prazer na iniquidade.

13 Mas devemos sempre [11] dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o principio para a salvação, em sanctificação do Espirito, e fé da verdade;

14 Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, [12] para alcançardes a gloria de nosso Senhor Jesus Christo.

15 Pelo que, irmãos, [13] estae firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epistola nossa.

16 E nosso [14] Senhor Jesus Christo mesmo, o nosso Deus e Pae, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação, e boa esperança,

17 Console os vossos corações, [15] e vos conforte em toda a boa palavra e obra.

[1] I The. 4.15 e 4.16. Mat. 24.31. Mar. 13.27.

[2] Mat. 24.4. Eph. 5.6. I João 4.1.

[3] Mat. 24.4. Eph. 5.6. I Tim. 4.1. Dan. 7.25.

[4] Isa. 14.13. Eze. 28.2, 6, 9. Dan. 7.25.

[5] I João 2.18 e 4.3.

[6] Dan. 7.10, 11. Job 4.9. Isa. 11.4. Ose. 6.5. Apo. 2.16 e 19.15, 20, 21. cap. 1.8, 9. Heb. 10.27.

[7] João 8.41. Eph. 2.2. Apo. 18.23 e 13.13 e 19.20. Deu. 13.1. Mat. 24.24.

[8] II Cor. 2.15 e 4.3.

[9] Rom. 1.24, etc. I Reis 22.22. Eze. 14.9. Mat. 24.5, 11. I Tim. 4.1.

[10] Rom. 1.32.

[11] cap. 1.3. I The. 1.4. Eph. 1.4. Luc. 1.75. I Ped. 1.2.

[12] João 17.22. I The. 2.12. I Ped. 5.10.

[13] Phi. 4.1. I Cor. 11.2.

[14] I João 4.10. Apo. 1.5. I Ped. 1.3.

[15] I Cor. 1.8. I The. 3.13.

Exhortações diversas, e saudações.

3 No demais, irmãos, rogae por nós, [1] para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como tambem entre vós;

2 E para que sejamos livres de homens [2] dissolutos e maus, porque a fé não é de todos.

3 Mas fiel [3] é o Senhor, que vos confortará, e guardará do maligno.

4 E confiamos [4] de vós no Senhor que tambem fazeis e fareis o que vos mandamos.

5 Ora o Senhor encaminhe os vossos [5] corações [AJU] na caridade de Deus, e na paciencia de Christo.

6 Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Christo, que [6] vos aparteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.

7 Porque vós mesmos sabeis como convém [7] imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós:

8 Nem de graça comemos o pão de nenhum, [8] mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.

9 Não porque não tivessemos auctoridade, [9] mas para vos dar em nós mesmo exemplo, para nos imitardes.

10 Porque, quando ainda estavamos comvosco, vos mandámos isto, que, se alguem não quizer trabalhar, não coma [10] tambem.

11 Porque ouvimos que [11] alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs.

12 Aos taes, porém, mandamos, [12] e admoestamos por nosso Senhor Jesus Christo, que, trabalhando com socego, comam o seu proprio pão.

13 E vós, irmãos, [13] não vos canceis de fazer bem.

14 Porém, se alguem não obedecer á nossa palavra escripta n’esta carta, notae o tal, [14] e não vos mistureis com elle, para que se envergonhe.

15 Todavia não [15] o tenhaes como inimigo, mas admoestae-o como irmão.

16 Ora o mesmo [16] Senhor da paz vos dê sempre paz em toda a maneira. O Senhor seja com todos vós.

17 Saudação [17] da minha propria mão, de mim, Paulo, que é o signal em todas as epistolas: assim escrevo.

18 A graça [18] de nosso Senhor Jesus Christo seja com todos vós. Amen.

[1] Eph. 6.19. Col. 4.3. I The. 5.25.

[2] Rom. 15.31. Act. 28.24.

[3] I The. 5.24. João 17.15. II Ped. 2.9.

[4] II Cor. 7.16. Gal. 5.10.

[5] I Chr. 29.18.

[6] Rom. 16.17. I Tim. 6.5. II João 10.

[7] I Cor. 4.16 e 11.1. I The. 1.6, 7.

[8] Act. 18.3. II Cor. 11.9. I The. 2.9.

[9] I Cor. 9.6. I The. 2.6.

[10] Gen. 3.19. I The. 4.11.

[11] I The. 4.11. I Tim. 5.13. I Ped. 4.15.

[12] I The. 4.11. Eph. 4.28.

[13] Gal. 6.9.

[14] Mat. 18.17. I Cor. 5.9, 11.

[15] Lev. 19.17. I The. 5.14. Tito 3.10.

[16] Rom. 15.33. I Cor. 14.33. II Cor. 13.11.

[17] I Cor. 16.21. Col. 4.18.

[18] Rom. 16.24.

[1063]


PRIMEIRA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
A TIMOTHEO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 65

1 Paulo, apostolo de Jesus Christo [1] segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Christo, esperança nossa,

2 A Timotheo [2] meu verdadeiro filho na fé: graça, misericordia e paz da parte de Deus nosso Pae e da de Christo Jesus nosso Senhor.

As falsas doutrinas e o evangelho da graça. O bom combate.

3 Como te roguei, quando parti para a Macedonia, [3] que ficasses em Epheso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina,

4 Nem se dêem a fabulas [4] nem a genealogias interminaveis, que mais produzem questões do que [AJV] edificação de Deus, que consiste na fé.

5 Ora o fim do mandamento [5] é [AJW] a caridade de um coração puro, e de uma boa consciencia, e de uma fé não fingida.

6 Do que, desviando-se alguns, se [6] entregaram a vãs contendas;

7 Querendo ser doutores da lei, [7] e não entendendo nem o que dizem nem o que affirmam.

8 Porém bem sabemos que a lei é boa, [8] se alguem d’ella usa legitimamente:

9 Sabendo isto, [9] que a lei não foi posta para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os impios e peccadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas,

10 Para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, [10] e para alguma outra coisa contraria á sã doutrina,

11 Conforme o evangelho da gloria de Deus [11] bemaventurado, que me foi confiado.

12 E dou graças ao que me tem confortado, a Christo Jesus Senhor nosso, [12] porque me teve por fiel, pondo-me no ministerio;

13 A mim, que d’antes fui blasphemo, [13] e perseguidor, e oppressor; porém foi-me feita misericordia, porquanto o fiz ignorantemente, na incredulidade.

14 Mas a graça [14] de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que ha em Jesus Christo.

15 Esta é uma palavra fiel, [15] e digna de toda a acceitação, que Christo Jesus veiu ao mundo, para salvar os peccadores, dos quaes eu sou o principal.

16 Mas por isso me foi [16] feita misericordia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Christo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crêr n’elle para a vida eterna.

17 Ora ao Rei dos seculos, [17] immortal, invisivel, ao unico Deus seja honra e gloria para todo o sempre. Amen.

18 Este mandamento te dou, [18] meu filho Timotheo, que, segundo as prophecias que d’antes houve ácerca de ti, milites por ellas boa milicia;

19 Retendo a fé, [19] e a boa consciencia, rejeitando a qual alguns fizeram naufragio na fé.

20 D’entre os quaes foram Hymeneo [20] e Alexandre, os quaes entreguei a Satanaz, para que aprendam a não blasphemar.

[1] Act. 9.15. Gal. 1.1, 11. Col. 1.27.

[2] Act. 16.1. I Cor. 4.17. Phi. 2.19. I The. 3.2.

[3] Act. 20.1, 3. Phi. 2.24. Gal. 1.6, 7.

[4] cap. 4.7 e 6.4, 40. II Tim. 2.14, 16, 23.

[5] Rom. 13.8. II Tim. 2.22.

[6] cap. 6.4, 20.

[7] cap. 6.4.

[8] Rom. 7.12.

[9] Gal. 3.19 e 5.23.

[10] cap. 6.3. II Tim. 4.3. Tito 1.9 e 2.1.

[11] I Cor. 9.17. Gal. 2.7. Col. 1.25.

[12] II Cor. 12.9 e 3.5, 6. I Cor. 7.25. Col. 1.25.

[13] I Cor. 15.9. Phi. 3.6. Luc. 23.34.

[14] Rom. 5.20. I Cor. 15.19. II Tim. 1.13.

[15] II Tim. 2.11. Tito 3.8. Mat. 9.13.

[16] II Cor. 4.1. Act. 13.39.

[17] Dan. 7.14. Rom. 1.23. João 1.18.

[18] II Tim. 2.2, 3. cap. 4.14.

[19] cap. 3.9 e 6.9.

[20] II Tim. 4.14. I Cor. 5.5. Act. 13.45.

Devemos fazer orações por todos os homens.

2 Admoesto-te pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e acções de graças por todos os homens;

[1064]

2 Pelos reis, [1] e por todos os que estão em eminencia, para que tenhamos uma vida quieta e socegada, em toda a piedade e honestidade.

3 Porque isto é bom, [2] é agradavel diante de Deus nosso Salvador;

4 O qual quer que todos [3] os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.

5 Porque ha um [4] Deus, e um Mediador entre Deus e os homens, Jesus Christo homem.

6 O qual se deu a si mesmo [5] em preço de redempção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.

7 Para o que (digo a verdade em Christo, não minto) estou constituido prégador, [6] e apostolo, e [AJX] doutor dos gentios na fé e na verdade.

8 Quero pois que os varões [7] orem em todo o logar, levantando mãos sanctas, sem ira nem contenda.

Os deveres das mulheres christãs.

9 Que do mesmo modo as [8] mulheres tambem se ataviem com traje honesto, com pudor e modestia, não com os cabellos encrespados, ou com oiro, ou perolas, ou vestidos preciosos,

10 Mas (como é decente para mulheres que fazem profissão de [9] servir a Deus) com boas obras.

11 A mulher aprenda em silencio, com toda a sujeição.

12 Não permitto, porém, que a mulher ensine, [10] nem use de auctoridade sobre o marido, mas que esteja em silencio.

13 Porque primeiro foi [11] formado Adão, depois Eva.

14 E Adão [12] não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

15 Salvar-se-ha, porém, dando á luz filhos, se permanecer com modestia na fé, [AJY] na caridade e na sanctificação.

[1] Esd. 6.10. Jer. 29.7. Rom. 13.1.

[2] Rom. 12.2. cap. 1.1. II Tim. 1.9.

[3] Eze. 18.23. João 3.16. Tito 2.11.

[4] Rom. 3.29, 30. Gal. 3.20. Heb. 8.6.

[5] Mat. 20.28. Mar. 10.45. Eph. 1.8.

[6] Eph. 3.7, 8. II Tim. 1.1. Rom. 9.1.

[7] Mal. 1.11. João 4.21. Isa. 1.15.

[8] I Ped. 3.3.

[9] I Ped. 3.4.

[10] I Cor. 14.34. Eph. 5.24.

[11] Gen. 1.27. I Cor. 11.8, 9.

[12] Gen. 3.6. II Cor. 11.3.

Os deveres dos bispos e dos diaconos.

3 Esta é uma palavra fiel: [1] Se alguem deseja o episcopado, excellente obra deseja.

2 Convem pois que o bispo [2] seja irreprehensivel, marido de uma mulher, vigilante, sobrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;

3 Não dado ao vinho, [3] não espancador, não cubiçoso de torpe ganancia, mas moderado, não contencioso, não avarento;

4 Que governe bem a sua propria casa, [4] tendo seus filhos em sujeição, com toda a modestia;

5 (Porque, se alguem não sabe governar a sua propria casa, como terá cuidado da egreja de Deus?)

6 Não neophyto, para que, ensoberbecendo-se, [5] não caia na condemnação do diabo.

7 Convem tambem que tenha bom testemunho dos que estão de fóra, [6] para que não caia em affronta, e no laço do diabo.

8 Da mesma sorte os diaconos sejam [7] honestos, não de lingua dobre não dados a muito vinho, não cubiçosos de torpe ganancia;

9 Tendo o mysterio [8] da fé em uma pura consciencia.

10 E tambem estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irreprehensiveis.

11 Da mesma sorte as suas mulheres sejam honestas, [9] não maldizentes, sobrias e fieis em todas as coisas.

12 Os diaconos sejam maridos de uma mulher, e governem bem a seus filhos e a suas proprias casas.

13 Porque os que servirem [10] bem, adquirirão para si um bom grau, e muita confiança na fé que ha em Christo Jesus.

14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir vêr-te bem depressa;

15 Mas, se tardar, para que saibas como convem andar [11] na casa de Deus, que é a egreja de Deus vivo, a columna e firmeza da verdade.

16 E sem duvida alguma grande é o mysterio da piedade: [12] Deus foi manifestado em carne, foi justificado em espirito, visto dos anjos, prégado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na gloria.

[1] Act. 20.28. Eph. 4.12.

[2] Tito 1.6, etc. II Tim. 2.24.

[3] Tito 1.7. II Tim. 2.24. I Ped. 5.2.

[4] Tito 1.6.

[5] Isa. 14.12.

[6] Act. 22.12. I Cor. 5.12. I The. 4.11.

[7] Act. 6.3. Lev. 10.9. Eze. 44.21.

[8] cap. 1.19.

[9] Tito 2.3.

[10] Mat. 25.21.

[11] Eph. 2.21, 22. II Tim. 2.20.

[12] João 1.14, 32, 33. I João 1.2 e 5.6, etc. Mat. 3.16. Rom. 1.4. I Ped. 3.18, 22.

A apostasia nos ultimos tempos.

4 Porém o Espirito [1] expressamente diz que nos ultimos tempos apostatarão[1065] alguns da fé, dando ouvidos a espiritos enganadores, e a doutrinas de demonios;

2 Que em hypocrisia [2] fallarão mentiras, tendo cauterisada a sua propria consciencia;

3 Prohibindo o casarem-se, [3] e mandando que se abstenham dos manjares que Deus creou para os fieis, e para os que conheceram a verdade, para d’elles usarem com acções de graças;

4 Porque toda a creatura [4] de Deus é boa, e não ha nada que rejeitar, tomando-se com acções de graças.

5 Porque pela palavra de Deus e pela oração é sanctificada.

Fidelidade e diligencia no ministerio.

6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Christo, criado com as palavras da fé [5] e da boa doutrina que seguiste.

7 Mas rejeita [6] as fabulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade.

8 Porque o exercicio [7] corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que ha de vir.

9 Esta palavra [8] é fiel e digna de toda a acceitação.

10 Porque tambem para isto trabalhamos [9] e somos injuriados, porquanto esperamos no Deus vivo, que é o salvador de todos os homens, principalmente dos fieis.

11 Manda estas coisas [10] e ensina-as.

12 Ninguem despreze a tua mocidade: [11] mas sê o exemplo dos fieis, na palavra, no trato, na caridade, no espirito, na fé, na pureza.

13 Persiste no lêr, exhortar e ensinar, até que eu vá.

14 Não desprezes o dom que ha em ti, [12] o qual te foi dado por prophecia, com a imposição das mãos do presbyterio.

15 Medita estas coisas; occupa-te n’ellas para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.

16 Tem cuidado de ti [13] mesmo e da doutrina: persevera n’estas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

[1] João 16.13. II The. 2.3 e 3.1, etc.

[2] Mat. 7.15. Rom. 18.18. II Ped. 2.3.

[3] I Cor. 7.28, 36, 38. Col. 2.20, 21. Heb. 13.4.

[4] Rom. 14.14, 20. I Cor. 10.25. Tito 1.15.

[5] II Tim. 3.14, 15.

[6] II Tim. 2.16, 23. Tito 1.14. Heb. 5.14.

[7] I Cor. 8.8. Col. 2.23. Mat. 6.33.

[8] cap. 1.15.

[9] I Cor. 4.11, 12. Psa. 36.7.

[10] cap. 6.2.

[11] I Cor. 16.11. Tito 2.7, 15. I Ped. 5.3.

[12] II Tim. 1.6. cap. 1.18. Act. 6.6.

[13] Act. 20.28. Eze. 33.9. Rom. 11.14.

Acerca dos velhos e viuvas.

5 Não reprehendas asperamente os velhos, [1] mas admoesta-os como a paes: aos mancebos como a irmãos.

2 Ás velhas, como a mães, ás moças, como a irmãs, em toda a pureza.

3 Honra as viuvas [2] que verdadeiramente são viuvas.

4 Mas, se alguma viuva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua propria familia, [3] e a recompensar a seus paes; porque isto é bom e agradavel diante de Deus.

5 Ora a que é [4] verdadeiramente viuva e desamparada espera em Deus, e persevera de noite e de dia em rogos e orações;

6 Mas a que [AJZ] vive [5] em deleites, vivendo está morta.

7 Manda, pois, estas [6] coisas, para que sejam irreprehensiveis.

8 Porém, se alguem não tem cuidado dos seus, [7] e principalmente dos da sua familia, negou a fé, e é peior do que o infiel.

9 Nunca se eleja viuva de menos de sessenta annos, e só a que tenha sido mulher de um [8] marido;

10 Tendo testemunho de boas obras: se criou os filhos, [9] se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos sanctos, se soccorreu os afflictos, se seguiu toda a boa obra.

11 Mas não admittas as viuvas moças, porque, havendo sido lascivas contra Christo, querem casar-se;

12 Tendo já a sua condemnação por haverem aniquilado a primeira fé.

13 E, além d’isto, tambem aprendem a andar ociosas [10] de casa em casa; e não só ociosas, mas tambem paroleiras e curiosas, fallando o que não convem.

14 Quero pois que as que são moças se casem, [11] gerem filhos, governem a casa, e não dêem occasião alguma ao adversario de maldizer.

15 Porque já algumas se desviaram, indo após Satanaz.

16 Se algum crente ou alguma crente tem viuvas, soccorra-as, e não se sobrecarregue a egreja, para que possa sustentar as que deveras são [12] viuvas.

[1066]

Ácerca dos anciãos—Varios conselhos.

17 Os anciãos que governam bem [13] sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.

18 Porque diz a [14] Escriptura: Não ligarás a bocca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salario.

19 Não acceites accusação contra o ancião, [15] senão com duas ou tres testemunhas.

20 Aos que peccarem, [16] reprehende-os na presença de todos, para que tambem os outros tenham temor.

21 Conjuro-te diante de [17] Deus, e do Senhor Jesus Christo, e dos anjos eleitos, que sem prejuizo algum guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade.

22 A ninguem imponhas [18] apressadamente as mãos, nem participes dos peccados alheios: conserva-te a ti mesmo puro.

23 Não bebas mais agua sómente, mas usa tambem de um pouco de vinho; por causa do teu estomago [19] e das tuas frequentes enfermidades.

24 Os peccados de alguns [20] homens são manifestos antes, e se adiantam para a sua condemnação; e em alguns manifestam-se ainda depois.

25 Assim mesmo tambem as suas boas obras são manifestas, e as que são d’outra maneira não podem occultar-se.

[1] Lev. 19.32.

[2] ver. 5, 16.

[3] Gen. 45.10, 11. Mat. 15.4. Eph. 6.1, 2.

[4] I Cor. 7.32. Luc. 2.37. Act. 26.7.

[5] Thi. 5.5.

[6] cap. 1.3 e 4.11 e 6.17.

[7] Isa. 58.7. Gal. 6.10. II Tim. 3.5.

[8] Luc. 2.36. cap. 3.2.

[9] Act. 16.15. Heb. 13.2. I Ped. 4.9. Luc. 7.38, 44.

[10] II The. 3.11.

[11] I Cor. 7.9. cap. 6.1. Tito 2.8.

[12] ver. 3, 5.

[13] Rom. 12.8. I Cor. 9.10, 14. Gal. 6.6.

[14] Deu. 25.4. I Cor. 9.9. Lev. 19.13.

[15] Deu. 19.15.

[16] Gal. 2.11, 14. Tito 1.13. Deu. 13.11.

[17] II Tim. 2.14 e 4.1.

[18] Act. 6.6 e 13.8. II Tim. 1.6. II João 11.

[19] Psa. 104.15.

[20] Gal. 5.19.

Os deveres dos servos.

6 Todos os servos [1] que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasphemados.

2 E os que teem senhores fieis não os desprezem, [2] por serem irmãos; antes os sirvam melhor, porquanto são fieis e amados, como tambem participantes d’este beneficio. Isto ensina e exhorta.

Exhortações e conselhos geraes. Conclusão.

3 Se alguem ensina alguma outra doutrina, [3] e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Christo, e com a doutrina que é conforme a piedade,

4 É soberbo, [4] e nada sabe, mas delira ácerca de questões e contendas de palavras, das quaes nascem invejas, porfias, blasphemias, ruins suspeitas,

5 Perversas contendas de [5] homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja ganho; aparta-te dos taes.

6 Grande ganho é, porém, [6] a piedade com contentamento.

7 Porque nada trouxemos [7] para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar d’elle.

8 Tendo, porém, sustento, [8] e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.

9 Mas os que querem ser [9] ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscencias loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruina,

10 Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; [10] o que apetecendo alguns, se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dôres.

11 Mas tu, [11] ó homem de Deus, foge d’estas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, [AKA] a caridade, a paciencia, a mansidão.

12 Milita a boa milicia da fé, [12] lança mão da vida eterna, para a qual tambem foste chamado, [AKB] tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.

13 Mando-te diante [13] de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Christo Jesus, que diante de Poncio Pilatos testificou boa confissão,

14 Que guardes este mandamento sem macula e reprehensão, [14] até á apparição de nosso Senhor Jesus Christo;

15 O qual a seu tempo mostrará o bemaventurado, e só poderoso Senhor, [15] Rei dos reis e Senhor dos senhores;

16 Aquelle que é só o que tem a [16] immortalidade, e habita na luz inaccessivel; a quem nenhum dos homens viu nem pode vêr: ao qual seja honra e poder sempiterno. Amen.

17 Manda aos ricos d’este mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza [17] das riquezas, mas em Deus vivo, que abundantemente nos dá todas as coisas para d’ellas gozarmos:

18 Que façam bem, [18] enriqueçam em[1067] boas obras, repartam de boamente, e sejam communicaveis;

19 Que enthesourem [19] para si mesmo um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.

20 Ó Timotheo, [20] guarda o deposito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e ás opposições da falsamente chamada sciencia;

21 A qual professando alguns, [21] se desviaram da fé. A graça seja comtigo. Amen.

[1] Eph. 6.5. Col. 3.22. Tito 2.9.

[2] Col. 4.1. cap. 4.11.

[3] cap. 1.3, 10. II Tim. 1.13. Tito 1.1, 9.

[4] I Cor. 8.2. II Tim. 2.23. Tito 3.9.

[5] I Cor. 11.16. II Tim. 3.8. Tito 1.11.

[6] Psa. 37.16. Pro. 15.16. Heb. 13.5.

[7] Job 1.21. Psa. 49.17. Pro. 27.24.

[8] Gen. 28.20. Heb. 13.5.

[9] Pro. 15.27. Mat. 13.22. Thi. 5.1.

[10] Exo. 23.8. Deu. 16.19.

[11] II Tim. 2.22. Deu. 33.1 e 3.17.

[12] I Cor. 9.25, 26. II Tim. 4.7. Phi. 3.12, 14.

[13] Deu. 32.39. I Sam. 2.6. João 5.21. Mat. 27.11.

[14] Phi. 1.6, 10. I The. 3.13.

[15] Apo. 17.14.

[16] Exo. 33.20. João 6.46. Eph. 3.21.

[17] Job 31.24. Mar. 10.24. Luc. 12.21. Pro. 23.5.

[18] Luc. 12.21. Tito 3.8. Rom. 12.13.

[19] Mat. 6.20. Luc. 12.33.

[20] II Tim. 1.14 e 2.14. Tito 1.9.

[21] II Tim. 2.18. Ecc. 5.15.


SEGUNDA EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
A TIMOTHEO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 66

1 Paulo, apostolo [1] de Jesus Christo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Christo Jesus,

2 A Timotheo, [2] meu amado filho: graça, misericordia, e paz da parte de Deus Pae, e da de Christo Jesus Senhor nosso.

A afflicção de Paulo por Timotheo—Exhortação á firmeza e á constancia no ministerio.

3 Dou graças a Deus, [3] a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciencia pura, de que sem cessar faço memoria de ti nas minhas orações noite e dia;

4 Desejando muito vêr-te, [4] lembrando-me de tuas lagrimas, para me encher de gozo:

5 Trazendo á memoria a fé não fingida [5] que em ti ha, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que tambem habita em ti.

6 Por cujo motivo te lembro que despertes [6] o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.

7 Porque Deus não nos deu o [7] espirito de temor, mas de [AKC] fortaleza, e de amor, e de moderação.

8 Portanto não te envergonhes [8] do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das afflicções do evangelho segundo o poder de Deus,

9 O qual nos salvou, [9] e chamou com uma sancta vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu proprio proposito e graça que nos foi dada em Christo Jesus antes dos tempos dos seculos;

10 Mas agora é [10] manifesta pela apparição de nosso Salvador Jesus Christo, o qual aboliu a morte, e trouxe á luz a vida e a incorrupção pelo evangelho;

11 Para o que fui constituido [11] prégador, e apostolo, e [AKD] doutor dos gentios.

12 Por cuja causa padeço [12] tambem estas coisas, porém não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu deposito até áquelle dia.

13 Conserva o [13] exemplar das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e [AKE] na caridade que ha em Christo Jesus.

14 Guarda o bom deposito [14] pelo Espirito Sancto que habita em nós.

15 Bem sabes isto, que os que estão na Asia [15] todos se apartaram de mim; entre os quaes foram Phygelo e Hermogenes.

16 O Senhor faça misericordia [16] á casa de Onesiphoro, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias.

17 Antes, vindo elle a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou.

18 O Senhor lhe conceda que n’aquelle dia ache misericordia [17] diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Epheso, melhor o sabes tu.

[1] II Cor. 1.1. Eph. 3.6. Heb. 9.15.

[2] I Tim. 1.2.

[3] Rom. 1.8, 9. Act. 22.3. Gal. 1.14.

[4] cap. 4.9, 21.

[5] I Tim. 1.5 e 4.6. Act. 16.1.

[6] I The. 5.19. I Tim. 4.14.

[7] Rom. 8.15. Luc. 24.49. Act. 1.8.

[8] Rom. 1.16. I Tim. 2.6. Apo. 1.2.

[9] I Tim. 1.1. Tito 3.4. I The. 4.7.

[10] Rom. 16.26. Eph. 1.9. Col. 1.26.

[11] Act. 9.15. Eph. 3.7, 8. I Tim. 2.7.

[12] Eph. 3.1. I Tim. 6.20.

[13] Tito 1.9. Heb. 10.23. Apo. 2.25.

[14] I Tim. 6.20. Rom. 8.11.

[15] Act. 19.10.

[16] Mat. 5.7. Phi. 7. Act. 25.30. Eph. 6.20.

[17] Mat. 26.34, 40. II The. 1.10.

[1068]

2 Tu, [1] pois, meu filho, fortifica-te na graça que ha em Christo Jesus.

2 E o que de mim, d’entre muitas testemunhas, [2] ouviste, confia-o a homens fieis, que sejam idoneos para tambem ensinarem os outros.

3 Tu, [3] pois, soffre as afflicções como bom soldado de Jesus Christo.

4 Ninguem que milita [4] se embaraça com negocios d’esta vida, para agradar áquelle que o alistou para a guerra.

5 E, [5] se alguem tambem milita, não é coroado se não militar legitimamente.

6 O lavrador [6] que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos fructos.

7 Considera o que digo: o Senhor, porém, te dê entendimento em tudo.

8 Lembra-te de que Jesus Christo, [7] que é da descendencia de David, resuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho;

9 Pelo que soffro trabalhos [8] e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.

10 Portanto tudo soffro [9] por amor dos escolhidos, para que tambem elles alcancem a salvação que está em Christo Jesus com gloria eterna.

11 Palavra fiel é esta: [10] que, se morrermos com elle, tambem com elle viveremos:

12 Se soffrermos, [11] tambem com elle reinaremos: se o negarmos, tambem elle nos negará:

13 Se formos infiéis, [12] elle permanece fiel: não pode negar-se a si mesmo.

Conducta a seguir com aquelles que se affastam da sã doutrina e da pureza christã.

14 Traze estas coisas [13] á memoria, protestando diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam senão para perversão dos ouvintes.

15 Procura apresentar-te a Deus approvado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16 Mas oppõe-te [AKF] aos clamores [14] vãos e profanos, porque produzirão maior impiedade.

17 E a sua palavra roerá como cancro; [15] entre os quaes são Hymeneo e Phileto;

18 Os quaes se desviaram da [16] verdade, dizendo que a resurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.

19 Todavia o fundamento [17] de Deus fica firme, tendo este sello: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que nomeia o nome de Christo aparte-se da iniquidade.

20 Ora n’uma grande casa [18] não sómente ha vasos de oiro e de prata, mas tambem de pau e de barro, e uns para honra, outros, porém, para deshonra.

21 De sorte que, se alguem se [19] purificar d’estas coisas, será vaso para honra, sanctificado e idoneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.

22 Foge tambem dos desejos da mocidade; e segue a justiça, [20] a fé, [AKG] a caridade, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.

23 E rejeita as questões [21] loucas, e sem instrucção, sabendo que produzem contendas.

24 E ao servo do Senhor não convém [22] contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar e supportar os maus;

25 Instruindo com mansidão os que resistem, [23] se porventura Deus lhes der arrependimento para conhecerem a verdade,

26 E tornarem a despertar, [24] e se desprenderem dos laços do diabo, em que á vontade d’elle estão presos.

[1] I Tim. 1.2. Eph. 6.10.

[2] I Tim. 1.18 e 3.2. Tito 1.9.

[3] cap. 1.8 e 4.5.

[4] I Cor. 9.25.

[5] I Cor. 9.25, 26.

[6] I Cor. 9.10.

[7] Act. 2.30. Rom. 1.3, 4. I Cor. 15.1, 4, 20.

[8] Eph. 3.1. Phi. 1.7. Col. 4.3, 18.

[9] Eph. 3.13. Col. 1.24. II Cor. 1.6.

[10] I Tim. 1.15. Rom. 6.5, 8. II Cor. 4.10.

[11] Rom. 8.17. I Ped. 4.13. Mat. 10.33.

[12] Rom. 3.3. Num. 23.19.

[13] I Tim. 1.4 e 5.21. Tito 3.9, 11.

[14] I Tim. 4.7. Tito 1.14.

[15] I Tim. 1.20.

[16] I Tim. 6.21. I Cor. 15.12.

[17] Mat. 24.24. Rom. 8.35. I João 2.19.

[18] I Tim. 3.15. Rom. 9.21.

[19] Isa. 52.11. Tito 3.1.

[20] I Tim. 6.11 e 1.5. I Cor. 1.2.

[21] I Tim. 1.4 e 4.7. Tito 3.9.

[22] Tito 3.2 e 1.9. I Tim. 3.2, 3.

[23] Gal. 6.1. I Tim. 6.11. I Ped. 3.15.

[24] I Tim. 3.7.

Extrema corrupção nos ultimos tempos.

3 Sabe, porém, isto, que nos ultimos dias sobrevirão [1] tempos trabalhosos.

2 Porque haverá homens amantes de si mesmos, [2] avarentos, presumpçosos, soberbos, blasphemos, desobedientes a paes e mães, ingratos, profanos,

3 Sem affecto [3] natural, irreconciliaveis, calumniadores, incontinentes, crueis, sem amor para com os bons,

4 Traidores, [4] temerarios, orgulhosos, mais amantes dos deleites do que amantes de Deus,

5 Tendo [5] apparencia de piedade, mas[1069] negando a efficacia d’ella. D’estes affasta-te.

6 Porque d’este numero [6] são os que entram pelas casas, e levam captivas mulherinhas carregadas de peccados, levadas de varias concupiscencias;

7 Que sempre aprendem, [7] e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.

8 E como Jannes [8] e Jambres resistiram a Moysés, assim tambem estes resistem á verdade, homens corruptos de entendimento e reprobos emquanto á fé.

9 Porém não irão mais avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, [9] como tambem o foi o d’aquelles.

Exhortação a perseverar na sã doutrina e a prégar em todas as occasiões.

10 Tu, porém, tens [10] seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, [AKH] caridade, paciencia,

11 Perseguições, afflicções, taes quaes me aconteceram em Antioquia, [11] em Iconio, e em Lystra: quantas perseguições soffri, e o Senhor de todas me livrou;

12 E tambem todos os que piamente querem viver [12] em Christo Jesus padecerão perseguições.

13 Porém os homens maus [13] e enganadores irão de mal para peior, enganando e sendo enganados.

14 Tu, porém, fica nas coisas que aprendeste, [14] e de que foste [AKI] inteirado, sabendo de quem as tens aprendido;

15 E que desde a tua [15] meninice soubeste as sagradas lettras, as quaes podem fazer-te sabio para a salvação, pela fé que ha em Christo Jesus.

16 Toda a Escriptura [16] divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;

17 Para que o homem de Deus seja perfeito [17] e perfeitamente instruido para toda a boa obra.

[1] I Tim. 4.1. I João 2.18. Jud. 18.

[2] Phi. 2.21. II Ped. 2.3. Jud. 16.

[3] Rom. 1.31. II Ped. 3.3.

[4] II Ped. 2.10, 13. Jud. 4 e 19.

[5] I Tim. 5.8. Tito 1.16. II The. 3.6.

[6] Mat. 23.14. Tito 1.11.

[7] I Tim. 2.4.

[8] Exo. 7.11. I Tim. 6.5. II Cor. 13.5.

[9] Exo. 7.12 e 8.18 e 9.11.

[10] Phi. 2.22. I Tim. 4.6.

[11] Act. 13.45, 50. II Cor. 1.10.

[12] Mat. 16.24. João 17.14. Act. 14.21.

[13] II The. 2.10. I Tim. 4.1.

[14] cap. 1.13 e 2.2.

[15] João 5.39.

[16] II Ped. 1.20, 21. Rom. 15.4.

[17] I Tim. 6.11. cap. 2.21.

4 Conjuro-te [1] pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Christo, que ha de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,

2 Que pregues a palavra, instes a tempo e fóra de tempo, redarguas, reprehendas, exhortes, [2] com toda a longanimidade e doutrina.

3 Porque virá tempo em que não soffrerão a sã [3] doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si [AKJ] doutores conforme as suas proprias concupiscencias;

4 E desviarão os ouvidos da verdade, [4] e se tornarão ás fabulas.

5 Porém [AKK] tu vigia em todas as [5] coisas, soffre as afflicções, faze a obra d’um evangelista, cumpre o teu ministerio.

Paulo prevê a sua morte. Diz a Timotheo que venha ter com elle. Escreve-lhe ácerca de diversas pessoas e manda saudações finaes.

6 Porque [AKL] a mim já agora me offereço [6] por aspersão de sacrificio, e o tempo da minha partida está proximo.

7 Combati o bom combate, [7] acabei a carreira, guardei a fé.

8 Pelo demais, [8] a corôa da justiça está-me guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará n’aquelle dia; e não sómente a mim, mas tambem a todos os que amarem a sua vinda.

9 Procura vir ter [9] comigo depressa,

10 Porque Démas me desamparou, amando o presente seculo, e foi para Thessalonica, Crescente para Galacia, Tito para Dalmacia.

11 Só Lucas está comigo. [10] Toma Marcos, e tral-o comtigo, porque me é muito util para o ministerio.

12 Tambem enviei Tychico [11] a Epheso.

13 Quando vieres traze a capa que deixei em Troade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.

14 Alexandre, [12] o latoeiro, occasionou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras.

15 Tu guarda-te tambem d’elle; porque resistiu muito ás nossas palavras.

16 Ninguem me assistiu na minha primeira defeza, antes todos me desampararam. [13] Oxalá isto lhes não seja imputado.

17 Mas o Senhor assistiu-me e [14] fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a prégação, e todos os gentios[1070] a ouvissem; e fiquei livre da bocca do leão.

18 E o Senhor me livrará de [15] toda a má obra, e guardar-me-ha para o seu reino celestial; a quem seja gloria para todo o sempre. Amen.

19 Sauda a Prisca e Aquila, [16] e á casa de Onesiphoro.

20 Erasto ficou em Corintho, [17] e deixei Trophimo doente em Mileto.

21 Procura [18] vir antes do inverno. Eubulo, e Pudens, e Lino, e Claudia, e todos os irmãos te saudam.

22 O Senhor Jesus Christo seja com o teu espirito. [19] A graça seja comvosco. Amen.

[1] I Tim. 5.21 e 6.13. Act. 10.42.

[2] I Tim. 5.20 e 4.13. Tito 1.13.

[3] cap. 3.1, 6. I Tim. 1.10.

[4] I Tim. 1.4. Tito 1.14.

[5] cap. 1.8. Act. 21.8. Eph. 4.11.

[6] Phi. 1.23. II Ped. 1.14.

[7] I Cor. 9.24, 25. I Tim. 6.12. Heb. 12.1.

[8] I Cor. 9.25. Thi. 1.12. I Ped. 5.4. Col. 4.14.

[9] Phi. 24. I João 2.15.

[10] cap. 1.15. Col. 4.14. Phi. 24.

[11] Act. 20.4. Eph. 6.21. Col. 4.7. Tito 3.12.

[12] Act. 19.33. I Tim. 1.20. II Sam. 3.39.

[13] cap. 1.15. Act. 7.60.

[14] Mat. 10.19. Act. 23.11 e 9.15.

[15] Rom. 11.30. Gal. 1.5. Heb. 13.21.

[16] Act. 18.2. Rom. 16.3.

[17] Act. 19.22 e 20.4. Rom. 16.23.

[18] ver. 9.

[19] Gal. 6.18. Phi. 25.


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
A TITO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 65

1 Paulo, servo de Deus, e apostolo de Jesus Christo, segundo a fé dos eleitos de Deus, [1] e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade,

2 Em esperança da vida eterna, [2] a qual Deus, que não pode mentir, prometteu antes dos tempos dos seculos;

3 Mas a seu tempo manifestou [3] a sua palavra pela prégação que me é confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador;

4 A Tito, verdadeiro filho, [4] segundo a fé commum, graça, misericordia, e paz da parte de Deus Pae, e da do Senhor Jesus Christo, nosso Salvador.

Encargo de organisar a egreja de Creta e reprimir falsos doutores.

5 Por esta causa te deixei em Creta, para que pozesses em boa ordem as coisas que ainda [5] restam, e de cidade em cidade estabelecesses anciãos, como já te mandei:

6 Aquelle que fôr [6] irreprehensivel, marido de uma mulher, que tenha filhos fieis, que não possam ser accusados de dissolução ou desobedientes.

7 Porque convém que o bispo seja irreprehensivel, [7] como dispenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem violento, nem espancador, nem cubiçoso de torpe ganancia;

8 Mas dado á hospitalidade, [8] amante dos bons, moderado, justo, sancto, continente;

9 Retendo firme a fiel [9] palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, assim para admoestar com a sã doutrina, como para convencer aos contradizentes.

10 Porque tambem ha muitos desordenados, falladores de vaidades, e enganadores, principalmente os da circumcisão,

11 Aos quaes convem tapar a bocca; [10] os que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganancia.

12 Um d’elles, [11] seu proprio propheta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, [AKM] ventres preguiçosos.

13 Este testemunho é verdadeiro. [12] Portanto reprehende-os severamente, para que sejam sãos na fé:

14 Não dando ouvidos ás fabulas [13] judaicas, e aos mandamentos de homens que se desviam da verdade.

15 Todas as coisas são [14] puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infieis: antes o seu entendimento e consciencia estão contaminados.

16 Confessam que conhecem a Deus, [15] porém o negam com as obras, sendo abominaveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.

[1] I Tim. 3.16. II Tim. 2.25.

[2] II Tim. 1.1, 9. Rom. 16.25.

[3] II Tim. 1.10. I The. 2.4. I Tim. 1.11.

[4] II Cor. 2.13. Gal. 2.3. I Tim. 1.2.

[5] I Cor. 11.34. Act. 14.22. II Tim. 2.2.

[6] I Tim. 3.2, 4, 12.

[7] Mat. 24.45. I Cor. 4.1, 2. Lev. 10.9.

[8] I Tim. 3.2.

[9] II The. 2.15. II Tim. 1.13. I Tim. 1.15.

[10] Mat. 23.14. I Tim. 6.5. II Tim. 3.6.

[11] Act. 17.28.

[12] II Cor. 13.10. II Tim. 4.2.

[13] I Tim. 1.4. II Tim. 4.4. Isa. 29.13.

[14] Luc. 11.39, 40, 41. Rom. 14.14, 20, 23.

[15] II Tim. 3.5, 8. Jud. 4. Rom. 1.23.

Exhortações aos velhos, ás mulheres, aos mancebos e aos servos. Tito deve ser, elle mesmo, um exemplo em tudo.

2 Tu, porém, falla o que convém [1] á sã doutrina:

2 Aos velhos, que sejam sobrios, graves,[1071] prudentes, [2] sãos na fé, na [AKN] caridade, e na paciencia;

3 Ás velhas, [3] similhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a sanctas, não calumniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem;

4 Para que ensinem as moças a serem prudentes, [4] a amarem seus maridos, a amarem seus filhos,

5 A serem moderadas, castas, boas [AKO] caseiras, [5] sujeitas a seus maridos; para que a palavra de Deus não seja blasphemada.

6 Exhorta similhantemente os mancebos a que sejam moderados.

7 Em tudo te dá por exemplo de boas obras; [6] na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade,

8 Palavra sã [7] e irreprehensivel, para que o adversario se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.

9 Exhorta os servos [8] a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo,

10 Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo adornem a doutrina [9] de Deus, nosso Salvador.

A graça da salvação ha de manifestar-se a todos, e Tito deve fallar d’ella.

11 Porque a graça [10] de Deus se ha manifestado, trazendo salvação a todos os homens,

12 Ensinando-nos que, renunciando á impiedade [11] e ás concupiscencias mundanas, vivamos n’este presente seculo sobria, e justa, e piamente,

13 Aguardando a bemaventurada esperança [12] e o apparecimento da gloria do grande Deus e nosso Senhor Jesus Christo;

14 O qual se deu a si mesmo por nós [13] para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si mesmo um povo particular, zeloso de boas obras.

15 Falla d’isto, [14] e exhorta e reprehende com toda a auctoridade. Ninguem te despreze.

[1] I Tim. 1.10 e 6.3. II Tim. 1.13.

[2] cap. 1.13.

[3] I Tim. 2.9, 10. I Ped. 3.3, 4.

[4] I Tim. 5.14.

[5] I Cor. 14.34. Eph. 5.22. Col. 3.18.

[6] I Tim. 4.12. I Ped. 5.3. Eph. 6.24.

[7] I Tim. 6.3 e 5.14. Neh. 5.9.

[8] Eph. 6.5. Col. 3.22. I Tim. 6.1, 2.

[9] Mat. 5.16. Phi. 2.15.

[10] Rom. 5.15. I Ped. 5.12. Luc. 3.6.

[11] Luc. 1.75. Rom. 6.19. Eph. 1.4.

[12] I Cor. 1.7. Phi. 3.20. II Ped. 3.12.

[13] Gal. 1.4 e 2.20. Eph. 5.2. I Tim. 2.6.

[14] II Tim. 4.2. I Tim. 4.12.

3 Admoesta-os a que se sujeitem aos principados [1] e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra;

2 Que a ninguem infamem, [2] nem sejam contenciosos, porém modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.

3 Porque [3] tambem nós d’antes eramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a varias concupiscencias e deleites, vivendo em malicia e inveja, odiosos e odiando uns aos outros.

4 Mas quando appareceu [4] a benignidade e [AKP] caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens,

5 Não pelas obras [5] de justiça que houvessemos feito, mas segundo a sua misericordia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espirito Sancto;

6 O qual abundantemente [6] derramou sobre nós por Jesus Christo nosso Salvador;

7 Para que, sendo justificados [7] pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.

8 Fiel é a palavra, [8] e isto quero que devéras affirmes, para que os que crêem em Deus procurem applicar-se ás boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens.

9 Mas resiste ás questões [9] loucas, e ás genealogias e contendas, e aos debates ácerca da lei; porque são inuteis e vãos.

10 Ao homem hereje, [10] depois de uma e outra admoestação, rejeita-o:

11 Sabendo que o tal está pervertido, e pecca, [11] estando já em si mesmo condemnado.

Recommendações particulares—saudações.

12 Quando te enviar Arthemas, ou Tychico, [12] procura vir ter comigo a Nicopolis; porque deliberei invernar ali.

13 Acompanha com muito cuidado Zenas, doutor da lei, e Apollo, [13] para que nada lhes falte.

14 E os nossos aprendam tambem a applicar-se ás boas obras, para [14] os usos necessarios, para que não sejam infructuosos.

15 Saudam-te todos os que estão comigo. Sauda tu os que nos amam na fé. A graça seja com vós todos. Amen.

[1] Rom. 13.1. I Ped. 2.13. Col. 1.10.

[2] Eph. 4.31. II Tim. 2.24, 25.

[3] I Cor. 6.11. Eph. 2.1. Col. 1.21.

[4] cap. 2.11. I Tim. 2.3.

[5] Rom. 3.20. Gal. 2.16. Eph. 2.4, 8, 9.

[6] Eze. 36.25. Joel 2.28. João 1.16.

[7] Gal. 2.16. Rom. 8.23, 24.

[8] I Tim. 1.15. cap. 2.14.

[9] I Tim. 1.4. II Tim. 2.14, 23.

[10] II Cor. 13.2. Mat. 18.17. Rom. 16.17.

[11] Act. 13.46.

[12] Act. 20.4. I Tim. 4.12.

[13] Act. 18.24.

[14] ver. 8. Rom. 15.28. Phi. 1.11. II Ped. 1.8.

[1072]


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
A PHILEMON.

Prefacio. Saudação e acção de graças.

Anno Domini 64

1 Paulo, prisioneiro [1] de Jesus Christo, e o irmão Timotheo, ao amado Philemon, nosso cooperador,

2 E á amada Apphia, e a [2] Archippo, companheiro de nossa milicia, e á egreja que está em tua casa:

3 Graça [3] a vós e paz da parte de Deus nosso Pae, e da do Senhor Jesus Christo.

4 Graças dou [4] ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações;

5 Ouvindo [AKQ] a tua caridade [5] e a fé que tens para com o Senhor Jesus Christo, e para com todos os sanctos:

6 Para que a communicação da tua fé seja efficaz no conhecimento [6] de todo o bem que em vós ha por Christo Jesus.

7 Porque tive grande gozo e consolação [AKR] da tua caridade, porque por ti, ó irmão, as entranhas dos sanctos foram [7] recreadas.

Paulo intercede pelo escravo convertido, Onesimo, que tinha fugido a seu senhor.

8 Pelo que, [8] ainda que tenha em Christo grande confiança para te mandar o que te convém,

9 Todavia peço-te antes por [AKS] caridade, sendo eu tal como sou, Paulo o velho, e tambem agora prisioneiro [9] de Jesus Christo.

10 Peço-te por meu filho [10] Onesimo, que gerei nas minhas prisões;

11 O qual d’antes te era inutil, mas agora a ti e a mim muito util; eu t’o tornei a enviar.

12 Tu, porém, torna a recebel-o como ás minhas entranhas.

13 Eu bem o quizera reter comigo, [11] para que por ti me servisse nas prisões do evangelho;

14 Porém nada quiz fazer sem o [12] teu parecer, para que o teu beneficio não fosse como por força, mas voluntario.

15 Porque bem pode ser que elle se tenha por isso apartado [13] de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre:

16 Não já como servo, antes, mais do que servo, [14] como irmão amado, particularmente de mim: e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?

17 Assim pois, se me tens [15] por companheiro, recebe-o como a mim mesmo.

18 E, se te fez algum damno, ou te deve alguma coisa, põe-o á minha conta.

19 Eu, Paulo, de minha propria mão o escrevi; eu o pagarei, por te não dizer que ainda mesmo a ti proprio a mim te deves.

20 Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor: [16] recreia as minhas entranhas no Senhor.

21 Escrevi-te confiado na tua obediencia, [17] sabendo que ainda farás mais do que digo.

Communicações particulares—saudações.

22 E juntamente prepara-me tambem pousada, [18] porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido.

23 Saudam-te Epaphras, [19] meu companheiro de prisão por Christo Jesus,

24 Marcos, [20] Aristarcho, Demas e Lucas, meus cooperadores.

25 A graça [21] de nosso Senhor Jesus Christo seja com o vosso espirito. Amen.

[1] Eph. 3.1. II Tim. 1.8. Phi. 2.25.

[2] Col. 4.17. Phi. 2.25. Rom. 16.5.

[3] Eph. 1.2.

[4] Eph. 1.16. I The. 1.2. II The. 1.3.

[5] Eph. 1.15. Col. 1.4.

[6] Phi. 1.9, 11.

[7] II Cor. 7.13. II Tim. 1.16.

[8] I The. 2.6.

[9] ver. 1.

[10] Col. 4.9. I Cor. 4.15. Gal. 4.19.

[11] I Cor. 16.17. Phi. 2.30.

[12] II Cor. 9.7.

[13] Gen. 45.5, 8.

[14] Mat. 23.8. I Tim. 6.2. Col. 3.22.

[15] II Cor. 8.23.

[16] ver. 7.

[17] II Cor. 7.16.

[18] Phi. 1.25. II Cor. 1.11.

[19] Col. 1.7 e 4.12.

[20] Act. 19.29. Col. 4.10, 14. II Tim. 4.11.

[21] II Tim. 4.22.

[1073]


EPISTOLA DE S. PAULO APOSTOLO
AOS HEBREOS.

Christo, como o Filho de Deus, é superior aos anjos.

Anno Domini 64

1 Havendo Deus antigamente fallado muitas vezes, [1] e em muitas maneiras, aos paes, pelos prophetas, a nós fallou-nos n’estes ultimos dias [2] pelo Filho,

2 A quem constituiu herdeiro de todas as coisas, por quem fez tambem o mundo.

3 O qual, sendo o resplendor [3] da sua gloria, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas, pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos peccados, assentou-se á dextra da magestade nas alturas;

4 Feito tanto mais excellente do que os anjos, [4] quanto herdou mais excellente nome do que elles.

5 Porque, a qual dos anjos disse jámais: Tu és meu Filho, [5] hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pae, e elle me será por Filho?

6 E outra vez, quando introduziu no mundo o primogenito, diz: [6] E todos os anjos de Deus o adorem.

7 E, quanto aos anjos, diz: O que a seus anjos faz espiritos, [7] e a seus ministros labareda de fogo.

8 Mas, quanto ao Filho, diz: Ó Deus, [8] o teu throno subsiste pelos seculos dos seculos: sceptro de equidade é o sceptro do teu reino:

9 Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu [9] com oleo de alegria mais do que a teus companheiros.

10 E: Tu, Senhor, [10] no principio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos:

11 Elles [11] perecerão, porém tu permanecerás; e todos elles, como roupa, se envelhecerão,

12 E como uma manta os enrolarás, e mudar-se-hão, porém tu és o mesmo, e os teus annos não acabarão.

13 E a qual dos anjos disse jámais: [12] Assenta-te á minha dextra até que ponha a teus inimigos por escabello de teus pés?

14 Não são [13] porventura todos elles espiritos ministradores, [14] enviados para servir a favor d’aquelles que hão de herdar a salvação?

[1] Num. 12.6, 8.

[2] Deu. 4.30. Gal. 4.4. Eph. 1.10. João 1.17.

[3] João 1.14. II Cor. 4.4. Col. 1.15.

[4] Eph. 1.21. Phi. 2.9, 10.

[5] Psa. 2.7. II Sam. 7.14. I Chr. 22.10.

[6] Rom. 8.29. Col. 1.18. Apo. 1.5.

[7] Psa. 104.4.

[8] Psa. 45.6, 7.

[9] Isa. 61.1. Act. 4.27 e 10.38.

[10] Psa. 102.25, etc.

[11] Isa. 34.4. Mat. 24.35. II Ped. 3.7, 10. Apo. 21.1.

[12] Mat. 22.44. Mar. 12.36. Luc. 20.42.

[13] Gen. 19.16. Dan. 3.28 e 7.10 e 10.11.

[14] Rom. 8.17. Tito 3.7. Thi. 2.5.

Christo, como o Filho do homem, é superior aos anjos, e é o summo sacerdote idoneo e compassivo.

2 Portanto convem-nos attentar com mais diligencia para as coisas que temos ouvido, para que em tempo algum nos venhamos a esquecer.

2 Porque, se a palavra pronunciada pelos [1] anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediencia recebeu a justa retribuição,

3 Como escaparemos [2] nós, se não attentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser annunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;

4 Testificando tambem [3] Deus com signaes, e milagres, e varias maravilhas e [AKT] distribuições do Espirito Sancto segundo a sua vontade?

5 Porque não sujeitou aos anjos o mundo [4] futuro, de que agora fallamos.

6 Porém em certo logar, testificou alguem, dizendo: [5] Que é o homem, para que d’elle te lembres? ou o filho do homem, para que o visites?

7 Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos; o coroaste de gloria e de honra, e o constituiste sobre as obras de tuas mãos:

[1074]

8 Todas as coisas lhe [6] sujeitaste debaixo dos pés. Porque, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não fosse sujeito. Porém agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas;

9 Porém vemos coroado de gloria e de honra aquelle Jesus que fôra feito um pouco menor [7] do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

10 Porque convinha que aquelle, [8] por cuja causa são todas as coisas, e mediante o qual todas as coisas existem, trazendo muitos filhos á gloria, consagrasse pelas afflicções o principe da salvação d’elles.

11 Porque, [9] assim o que sanctifica, como os que são sanctificados, todos são de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos,

12 Dizendo: [10] Annunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-hei louvores no meio da congregação.

13 E outra vez: Porei n’elle a minha confiança. [11] E outra vez: Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.

14 E, porquanto os filhos participam da carne e do sangue, tambem elle participou do mesmo, [12] para que pela morte aniquilasse o que tinha o imperio da morte, isto é, o diabo:

15 E livrasse todos os que, com medo da morte, [13] estavam por toda a vida sujeitos á servidão,

16 Porque, na verdade, não tomou os anjos, mas tomou a descendencia de Abrahão.

17 Pelo que convinha que em tudo fosse similhante [14] aos irmãos, para ser misericordioso e fiel summo sacerdote nas coisas que são para com Deus, para expiar os peccados do povo.

18 Porque n’aquillo que elle mesmo, sendo tentado, padeceu, pode soccorrer aos que são tentados.

[1] Deu. 33.2. Psa. 68.17. Act. 7.53.

[2] Mat. 4.17. Mar. 1.14. Luc. 1.2.

[3] Mar. 16.20. Act. 14.3. Eph. 1.5, 9.

[4] II Ped. 3.13.

[5] Job 7.17. Psa. 8.5, etc.

[6] Mat. 28.18. I Cor. 15.27. Eph. 1.22.

[7] Phi. 2.7. Act. 2.33. João 3.16.

[8] Luc. 24.46. Rom. 11.36. Act. 3.15.

[9] Mat. 28.10. João 20.17. Rom. 8.29.

[10] Psa. 22.22, 25.

[11] Psa. 18.2. Isa. 8.18. João 10.29.

[12] João 1.14. Rom. 8.3. I Cor. 15.54, 55.

[13] Luc. 1.74. Rom. 8.15. II Tim. 1.7.

[14] Phi. 2.7. cap. 4.15 e 5.1, 2.

Christo é superior a Moysés; o perigo da incredulidade e da desobediencia.

3 Pelo que, irmãos sanctos, participantes da vocação celestial, [1] considerae a Jesus Christo, apostolo e summo sacerdote da nossa confissão,

2 Sendo fiel ao que o constituiu, como tambem Moysés, [2] em toda a sua casa.

3 Porque elle é tido por digno de tanto maior gloria do que Moysés, [3] quanto mais honra do que a casa tem aquelle que a edificou.

4 Porque toda a casa é edificada por alguem, [4] porém o que edificou todas as coisas é Deus.

5 E, na verdade, Moysés [5] foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de dizer;

6 Mas Christo, como Filho sobre a sua propria casa, [6] a qual casa somos nós, se tão sómente retivermos firme a confiança e a gloria da esperança até ao fim.

7 Portanto, [7] como diz o Espirito Sancto, se ouvirdes hoje a sua voz,

8 Não endureçaes os vossos corações, como na [AKU] provocação, no dia da tentação no deserto,

9 Onde vossos paes me tentaram, me provaram, e viram por quarenta annos as minhas obras.

10 Por isso me indignei contra esta geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não conheceram os meus caminhos:

11 Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.

12 Olhae, irmãos, que nunca haja em nenhum de vós um coração mau [AKV] e infiel, para se apartar do Deus vivo.

13 Antes exhortae-vos uns aos outros cada dia, durante o tempo que se nomeia Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do peccado;

14 Porque estamos feitos participantes de Christo, se [8] retivermos firmemente o principio da nossa confiança até ao fim.

15 Entretanto se diz: [9] Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçaes os vossos corações, como na [AKW] provocação.

16 Porque, [10] havendo-a alguns ouvido, o [AKX] provocaram; porém não todos os que sairam por Moysés do Egypto.

17 Mas com quem se indignou por quarenta annos? Não foi porventura com os que peccaram, [11] cujos corpos cairam no deserto?

18 E a quem jurou [12] que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?

19 E vemos que [13] não poderam entrar por causa da sua incredulidade.

[1] Rom. 1.7. I Cor. 1.2. Eph. 4.1.

[2] Num. 12.7. ver. 5.

[3] Zac. 6.12. Mat. 16.18.

[4] Eph. 2.10.

[5] Exo. 14.31. Num. 12.7. Deu. 3.24.

[6] I Cor. 3.16. Eph. 2.21, 22. I Tim. 3.15.

[7] II Sam. 23.2. Act. 1.16.

[8] ver. 6.

[9] ver. 7.

[10] Num. 14.2, 4, 11, 24, 30. Deu. 1.34, 36, 38.

[11] Num. 14.22, 29, etc. e 26.65. Psa. 106.26.

[12] Num. 14.30. Deu. 1.34, 35.

[13] cap. 4.8.

[1075]

4 Temamos pois [1] que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique atraz.

2 Porque tambem a nós nos foi [AKY] evangelizado, como a elles, mas a palavra da prégação de nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé n’aquelles que a ouviram.

3 Porque nós, [2] os que temos crido, entramos no repouso, como disse: Portanto jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso: posto que as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.

4 Porque em certo logar disse assim do dia setimo: [3] E repousou Deus de todas as suas obras no setimo dia.

5 E outra vez n’este logar: Não entrarão no meu repouso.

6 Visto pois, que resta que alguns entrem n’elle, [4] e que aquelles a quem primeiro foi evangelizado, não entraram por causa da desobediencia,

7 Determina outra vez um certo dia, que chama Hoje, dizendo por David, muito tempo depois, como está dito: [5] Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçaes os vossos corações.

8 Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, depois d’isso não fallaria de outro dia.

9 Portanto resta ainda um repouso para o povo de Deus.

10 Porque, aquelle que entrou no seu repouso, tambem elle mesmo repousou de suas obras, como Deus das suas.

11 Procuremos pois entrar n’aquelle repouso, [6] para que ninguem caia no mesmo exemplo de desobediencia.

12 Porque a palavra de Deus é viva e efficaz, [7] e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até á divisão da alma e do espirito, e das junturas e medullas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.

13 E não ha [8] creatura alguma encoberta diante d’elle; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’aquelle com quem tratamos.

Christo é superior aos summos sacerdotes do antigo pacto.

14 Visto que temos um grande summo sacerdote [9] Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.

15 Porque [10] não temos um summo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; mas um que, como nós, em tudo foi tentado, [AKZ] excepto no peccado.

16 Cheguemos pois [11] com confiança ao throno da graça, para que possamos alcançar misericordia e achar graça, para sermos ajudados em tempo opportuno.

[1] cap. 12.15.

[2] cap. 3.14. Psa. 95.11. cap. 3.11, 14.

[3] Gen. 2.2. Exo. 20.11 e 31.17.

[4] cap. 3.19.

[5] Psa. 95.8. cap. 3.7.

[6] cap. 3.12, 18, 19.

[7] Isa. 49.2. Jer. 23.29. II Cor. 10.4, 5.

[8] Psa. 33.13, 14 e 90.8 e 139.11, 12.

[9] cap. 3.1 e 7.26.

[10] Isa. 53.3. Luc. 22.28. II Cor. 5.21.

[11] Eph. 2.18 e 3.12.

5 Porque todo o summo sacerdote, tomado d’entre os homens, [1] é constituido a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que offereça dons e sacrificios pelos peccados;

2 O qual se possa compadecer ternamente dos ignorantes [2] e errados; pois tambem elle mesmo está rodeado de fraqueza.

3 E por esta causa [3] deve elle, tanto pelo povo, como tambem por si mesmo, offerecer pelos peccados.

4 E ninguem toma [4] para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Aarão.

5 Assim tambem Christo [5] se não glorificou a si mesmo, para se fazer summo sacerdote, mas aquelle que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.

6 Como tambem diz n’outro logar: [6] Tu és Sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melchisedec,

7 O qual, nos dias da sua carne, offerecendo, [7] com grande clamor e lagrimas, orações e supplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.

8 Ainda que era Filho, [8] todavia aprendeu a obediencia, pelas coisas que padeceu.

9 E, sendo elle [ALA] consummado, [9] veiu a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem;

10 Chamado por Deus summo sacerdote, [10] segundo a ordem de Melchisedec.

11 Do qual muito [11] temos que dizer, que é difficil de declarar; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.

12 Porque, devendo já ser [ALB] mestres, visto o tempo, ainda necessitaes de que se vos torne a ensinar quaes sejam os primeiros rudimentos [12] das palavras de Deus: e vos haveis feito taes que necessitaes[1076] de leite, e não de solido mantimento.

13 Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, [13] porque é menino.

14 Mas o mantimento solido é para os perfeitos, os quaes, pelo costume, teem os sentidos exercitados para [14] discernir tanto o bem como o mal.

[1] cap. 2.17 e 8.3, 4.

[2] cap. 2.18 e 4.15.

[3] Lev. 4.3 e 9.7.

[4] II Chr. 26.18. João 3.27.

[5] João 8.54. Psa. 2.7. cap. 1.5.

[6] Psa. 110.4. cap. 7.17, 21.

[7] Mat. 26.39, 42, 44. Mar. 14.36, 39. João 17.1.

[8] cap. 3.6. Phi. 2.8.

[9] cap. 2.10 e 11.40.

[10] ver. 6. cap. 6.20.

[11] João 16.12. II Ped. 3.16.

[12] cap. 6.1. I Cor. 3.1, 2, 3.

[13] I Cor. 13.11 e 14.20. Eph. 4.14. I Ped. 2.2.

[14] Isa. 7.15. I Cor. 2.14, 15.

6 Pelo que, deixando [1] os rudimentos da doutrina de Christo, prosigamos até á perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento das obras mortas e da fé em Deus,

2 Da doutrina dos [2] baptismos, e da imposição das mãos, e da resurreição dos mortos, e do juizo eterno.

3 E isto faremos, [3] se Deus o permittir.

4 Porque é impossivel [4] que os que uma vez foram illuminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espirito Sancto,

5 E provaram a boa palavra de Deus, [5] e as virtudes do seculo futuro,

6 E vieram a recair, sejam outra vez renovados para arrependimento; [6] pois assim, quanto a elles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vituperio.

7 Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cae sobre ella, e produz herva proveitosa para aquelles por quem é lavrada, [7] recebe a benção de Deus:

8 Mas a que produz espinhos [8] e abrolhos, é [ALC] reprovada, e perto está da maldição; cujo fim é ser queimada.

9 Porém de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, [ALD] e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim fallamos.

10 Porque Deus não é injusto [9] para se esquecer da vossa obra, e do trabalho [ALE] da caridade que para com o seu nome mostrastes, emquanto ministrastes aos sanctos; e ainda ministraes.

11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado [10] até ao fim, para completa certeza da esperança;

12 Para que vos não façaes negligentes, [11] mas sejaes imitadores dos que pela fé e paciencia herdam as promessas.

13 Porque, quando Deus fez a promessa a Abrahão, como não tinha outro maior por quem jurasse, [12] jurou por si mesmo,

14 Dizendo: Certamente, abençoando-te, abençoarei, e, multiplicando-te, multiplicarei.

15 E assim, esperando com paciencia, alcançou a promessa.

16 Porque os homens certamente juram por alguem superior a elles, [13] e o juramento para confirmação é, para elles, o fim de toda a contenda.

17 Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a immutabilidade de seu conselho aos [14] herdeiros da promessa, se interpoz com juramento;

18 Para que por duas coisas immutaveis, nas quaes é impossivel que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refugio em reter a [15] esperança proposta;

19 A qual temos como uma ancora da alma segura e firme, e [16] que entra até dentro do véu,

20 Onde Jesus, nosso precursor, [17] entrou por nós, feito eternamente summo sacerdote, segundo a ordem de Melchisedec.

[1] Phi. 3.12, 13, 14. cap. 5.12.

[2] Act. 8.14, 15, 16, 17. Rom. 2.16.

[3] Act. 18.21. I Cor. 4.19.

[4] Mat. 12.31, 32. II Ped. 2.20, 21. I João 5.16.

[5] cap. 2.5.

[6] cap. 10.29.

[7] Psa. 65.10.

[8] Isa. 5.6.

[9] Pro. 14.31. Mat. 10.42. João 13.20.

[10] cap. 3.6, 14. Col. 2.2.

[11] cap. 10.36.

[12] Gen. 22.16, 17. Psa. 105.9. Luc. 1.73.

[13] Exo. 22.11.

[14] cap. 11.9. Rom. 11.29.

[15] cap. 12.1.

[16] Lev. 16.15. cap. 9.7.

[17] cap. 3.1 e 4.14.

O sacerdocio de Melchisedec era figura do sacerdocio eterno de Christo.

7 Porque este Melchisedec era rei de [1] Salem, sacerdote do Deus Altissimo, o qual saiu ao encontro de Abrahão, quando elle regressava da matança dos reis, e o abençoou:

2 Ao qual tambem Abrahão deu o dizimo de tudo; e primeiramente interpreta-se rei de justiça, e depois tambem rei de Salem, que é rei de paz.

3 Sem pae, sem mãe, sem genealogia, não tendo principio de dias nem fim de vida, mas sendo feito similhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre:

4 Considerae pois quão grande era este, [2] a quem até o patriarcha Abrahão deu os dizimos dos despojos.

5 E os que d’entre os filhos [3] de Levi recebem o sacerdocio teem preceito, segundo a lei, de tomar o dizimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saido dos lombos de Abrahão.

6 Mas aquelle cuja genealogia não é contada entre elles tomou dizimos de Abrahão, [4] e abençoou o que tinha as promessas.

[1077]

7 Ora, sem contradicção alguma, o menor é abençoado pelo maior.

8 E aqui certamente tomam dizimos homens que morrem: ali, porém, [5] aquelle de quem se testifica que vive.

9 E, para assim dizer, tambem Levi, que toma os dizimos, foi dizimado em Abrahão.

10 Porque ainda elle estava nos lombos do pae quando Melchisedec lhe saiu ao encontro.

11 De sorte que, [6] se a perfeição fosse pelo sacerdocio levitico (porque debaixo d’elle o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melchisedec, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão?

12 Porque, mudando-se o sacerdocio, necessariamente se faz tambem mudança da lei.

13 Porque aquelle de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribu, da qual ninguem serviu ao altar,

14 Visto ser manifesto que [7] nosso Senhor procedeu de Judah, sobre a qual tribu nunca Moysés fallou de sacerdocio.

15 E muito mais manifesto é ainda se á similhança de Melchisedec se levantar outro sacerdote,

16 O qual não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptivel.

17 Porque assim testifica d’elle: Tu és sacerdote eternamente, [8] segundo a ordem de Melchisedec.

18 Porque o precedente mandamento abroga-se por causa da sua fraqueza [9] e inutilidade

19 (Porque a lei [10] nenhuma coisa aperfeiçoou) e a introducção de uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.

20 E porquanto não foi feito sem juramento (porque certamente aquelles sem juramento foram feitos sacerdotes,

21 Mas este com juramento, por aquelle que lhe disse: Jurou o Senhor, [11] e não se arrependerá: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melchisedec),

22 De tanto melhor concerto Jesus [12] foi feito fiador.

23 E, na verdade, aquelles foram feitos sacerdotes em grande numero, porquanto pela morte foram impedidos de permanecer,

24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdocio perpetuo.

25 Portanto, pode tambem salvar perfeitamente aos que por elle se chegam a Deus, [13] vivendo sempre para interceder por elles.

26 Porque nos convinha tal summo sacerdote, sancto, innocente, [14] immaculado, separado dos peccadores, e feito mais sublime do que os céus;

27 Que não necessitasse, como os summos sacerdotes, de offerecer cada dia sacrificios, [15] primeiramente por seus proprios peccados, e depois pelos do povo; porque isto fez elle, uma vez, offerecendo-se a si mesmo.

28 Porque a lei constitue summos sacerdotes a homens fracos, [16] mas a palavra do juramento, que veiu depois da lei, constitue ao Filho, que para sempre foi aperfeiçoado.

[1] Gen. 14.18, etc.

[2] Gen. 14.20.

[3] Num. 18.21, 26.

[4] Gen. 14.19. Rom. 4.13. Gal. 3.16.

[5] cap. 5.6 e 6.20.

[6] Gal. 2.21. ver. 18, 19. cap. 8.7.

[7] Isa. 11.1. Mat. 1.3. Luc. 3.33.

[8] Psa. 110.4. cap. 5.6, 10.

[9] Rom. 8.3. Gal. 4.9.

[10] Act. 13.39. Rom. 3.20, 21, 28.

[11] Psa. 110.4.

[12] cap. 8.6 e 9.15 e 12.24.

[13] Rom. 8.34. I Tim. 2.5. I João 2.1.

[14] Eph. 1.20 e 4.10.

[15] Lev. 9.7 e 16.6, 11, 15. Rom. 6.10.

[16] cap. 2.10 e 5.9.

O antigo pacto era um symbolo transitorio: Christo é mediador d’um pacto melhor e eterno.

8 Ora a summa do que temos dito é que temos um summo sacerdote tal, que está assentado nos céus á dextra do throno [1] da magestade,

2 Ministro do sanctuario, [2] e verdadeiro tabernaculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.

3 Porque todo o summo sacerdote é constituido para [3] offerecer dons e sacrificios; pelo que era necessario que este tambem tivesse alguma coisa que offerecer.

4 Porque, se ainda estivesse na terra, nem tão pouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que offerecessem dons segundo a lei,

5 Os quaes servem de exemplar e sombra das coisas celestiaes, [4] como Moysés divinamente foi avisado, estando para acabar o tabernaculo: porque, Olha, disse, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou.

6 Mas agora alcançou [5] ministerio tanto mais excellente, quanto é mediador d’um melhor concerto, o qual está confirmado em melhores promessas.

7 Porque, se aquelle primeiro fôra [6] irreprehensivel, nunca se teria buscado logar para o segundo.

8 Porque, reprehendendo-os, lhe diz: [7] Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judah estabelecerei um novo concerto,

9 Não segundo o concerto que fiz com[1078] seus paes no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egypto; porque não permaneceram n’aquelle meu concerto, e eu para elles não attentei, diz o Senhor.

10 Porque este é o concerto que depois d’aquelles dias farei [8] com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei: e eu lhes serei por Deus, e elles me serão por povo:

11 E não ensinará cada um ao seu proximo, [9] nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor d’elles até ao maior.

12 Porque serei misericordioso para com suas injustiças, e de seus peccados [10] e de suas prevaricações não me lembrarei mais.

13 Dizendo Novo, [11] envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de se esvaecer.

[1] Eph. 1.20. Col. 3.1. cap. 1.3.

[2] cap. 9.8, 11, 12, 24.

[3] cap. 5.1. Eph. 5.2. cap. 9.14.

[4] Col. 2.17. Num. 8.4. Act. 7.44.

[5] II Cor. 3.6, 8, 9.

[6] cap. 7.11, 18.

[7] Jer. 31.31-34.

[8] cap. 10.16. Zac. 8.8.

[9] Isa. 54.13. João 6.45. I João 2.27.

[10] Rom. 11.27. cap. 10.17.

[11] II Cor. 5.17.

Os sacrificios do sanctuario, por causa de suas imperfeições deviam repetir-se, mas o de Christo é unico, porque é perfeito.

9 Ora tambem o primeiro tinha ordenanças de culto divino, [1] e um sanctuario terrestre.

2 Porque o tabernaculo foi preparado, [2] o primeiro, em que estava o candieiro, e a mesa e os pães da proposição, o que se chama o sanctuario.

3 Mas após o segundo véu [3] estava o tabernaculo, que se chama o sancto dos sanctos,

4 Que tinha o incensario de oiro, e a arca do concerto, [4] coberta de oiro toda em redor: em que estava a talha de oiro, que continha o manná, e a vara de Aarão, que tinha florescido, e as taboas do concerto;

5 E sobre a arca [5] os cherubins da gloria, que faziam sombra no propiciatorio; das quaes coisas não fallaremos agora particularmente.

6 Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernaculo, [6] para cumprir os serviços divinos;

7 Mas no segundo só o summo sacerdote, [7] uma vez no anno, não sem sangue, o qual offerecia por si mesmo e pelas culpas do povo:

8 Dando n’isto a entender o Espirito Sancto [8] que ainda o caminho do sanctuario não estava [ALF] descoberto emquanto se conservava em pé o primeiro tabernaculo:

9 O qual era [ALG] figura para o tempo de então, em que se offereciam presentes e sacrificios, que, quanto á consciencia, [9] não podiam aperfeiçoar aquelle que fazia o serviço.

10 Pois consistiam sómente em manjares, [10] e bebidas, e varias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da [ALH] correcção.

11 Mas, vindo Christo, [11] o summo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernaculo, não feito por mãos, isto é, não d’esta feitura,

12 Nem por sangue de bodes [12] e bezerros, mas por seu proprio sangue, uma vez entrou no sanctuario, havendo effectuado uma eterna redempção.

13 Porque, se o sangue dos toiros e bodes, [13] e a cinza da novilha espargida sobre os immundos, os sanctifica, quanto á purificação da carne,

14 Quanto mais o sangue de [14] Christo, que pelo Espirito eterno se offereceu a si mesmo immaculado a Deus, purificará as vossas consciencias das obras mortas [15] para servirdes ao Deus vivo?

15 E por isso é Mediador do novo [ALI] Testamento, [16] para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.

16 Porque onde ha testamento necessario é que intervenha a morte do testador.

17 Porque o testamento [17] confirma-se nos mortos; porquanto não é valido emquanto vive o testador.

18 Pelo que tambem [18] o primeiro não foi consagrado sem sangue;

19 Porque, havendo Moysés relatado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, [19] tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com agua, lã purpurea e hyssope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo,

20 Dizendo: [20] Este é o sangue do[1079] testamento que Deus vos tem mandado.

21 E similhantemente aspergiu com sangue [21] o tabernaculo e todos os vasos do ministerio.

22 E quasi todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; [22] e sem derramamento de sangue não se faz remissão.

23 De sorte que era bem necessario que as figuras [23] das coisas que estão no céu se purificassem com estas coisas; porém as proprias coisas celestiaes com sacrificios melhores do que estes.

24 Porque [24] Christo não entrou no sanctuario feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus.

25 Nem tambem para a si mesmo se offerecer muitas vezes, [25] como o summo sacerdote cada anno entra no sanctuario com sangue alheio;

26 D’outra maneira, necessario lhe fôra padecer muitas vezes desde a fundação do mundo: [26] mas agora na consummação dos seculos uma vez se manifestou, para aniquilar o peccado pelo sacrificio de si mesmo.

27 E, como aos homens está [27] ordenado morrerem uma vez, vindo depois d’isso o juizo,

28 Assim tambem Christo, [28] offerecendo-se uma vez para tirar os peccados de muitos, apparecerá a segunda vez, sem peccado, aos que o esperam para salvação.

[1] Exo. 25.8.

[2] Exo. 26.1, 35 e 25.23, 30, 31. Lev. 24.5, 6.

[3] Exo. 26.31, 33.

[4] Exo. 16.33, 34 e 25.10 e 26.33.

[5] Exo. 25.18, 22. Lev. 16.2.

[6] Num. 28.3. Dan. 8.11.

[7] Exo. 30.10. cap. 5.3 e 7.27.

[8] cap. 10.19, 20. João 14.6.

[9] Gal. 3.21. cap. 7.18, 19.

[10] Lev. 11.2. Col. 2.16. Num. 19.7, etc.

[11] cap. 3.1 e 8.2.

[12] Act. 20.28. Eph. 1.7. Col. 1.14.

[13] Lev. 16.14, 16. Num. 19.2, 17, etc.

[14] I Ped. 1.19. João 1.7. Apo. 1.5.

[15] Luc. 1.74. Rom. 6.13, 22. I Ped. 4.2.

[16] I Tim. 2.5. Rom. 3.25. I Ped. 3.18.

[17] Gal. 3.15.

[18] Exo. 24.6, etc.

[19] Exo. 24.5, 6, 8. Lev. 14.4, 6, 7, 49, 51.

[20] Exo. 24.8. Mat. 26.28.

[21] Exo. 29.12, 36. Lev. 8.15, 19.

[22] Lev. 17.11.

[23] cap. 8.6.

[24] cap. 6.20. Rom. 8.34. I João 2.1.

[25] ver. 7.

[26] I Ped. 3.18. I Cor. 10.11. Gal. 4.4.

[27] Gen. 3.19. Ecc. 3.20. II Cor. 5.10.

[28] Rom. 6.10. I Ped. 2.24. I João 3.5.

10 Porque, [1] tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exacta das coisas, nunca, pelos mesmos sacrificios que continuamente se offerecem cada anno, pode aperfeiçoar os que a elles se chegam.

2 D’outra maneira, não cessariam de se offerecer, porquanto, purificados uma vez os [ALJ] ministrantes, nunca mais teriam consciencia de peccado.

3 N’elles, [2] porém, cada anno se faz commemoração dos peccados.

4 Porque é impossivel [3] que o sangue dos toiros e dos bodes tire os peccados.

5 Pelo que, entrando no mundo, diz: [4] Sacrificio e offerta não quizeste, mas corpo me preparaste;

6 Holocaustos e oblações pelo peccado não te agradaram.

7 Então disse: Eis aqui venho (no principio do livro está escripto de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade.

8 Dizendo acima: Sacrificio e offerta, e holocaustos e oblações pelo peccado não quizeste, nem te agradaram (os quaes se offerecem segundo a lei).

9 Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.

10 Na qual vontade [5] somos sanctificados pela oblação do corpo de Jesus Christo, feita uma vez.

11 E assim todo o sacerdote apparece cada dia, [6] ministrando e offerecendo muitas vezes os mesmos sacrificios, que nunca podem tirar os peccados.

12 Mas este, [7] havendo offerecido um sacrificio pelos peccados, está assentado para sempre á dextra de Deus;

13 D’aqui em diante esperando até que os seus inimigos [8] sejam postos por escabello de seus pés.

14 Porque com uma oblação [ALK] aperfeiçoou para [9] sempre os que são sanctificados.

15 E tambem o Espirito Sancto nol-o testifica, porque depois de haver antes dito:

16 [10] Este é o concerto que farei com elles depois d’aquelles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos: então diz:

17 E jámais me lembrarei de seus peccados e de suas iniquidades.

18 Ora, onde ha remissão d’estes, não ha mais oblação pelo peccado.

Exhortação a perseverar na fé.

19 Tendo pois, irmãos, ousadia [11] para entrar no sanctuario, pelo sangue de Jesus,

20 Pelo novo e vivo caminho [12] que elle nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,

21 E tendo um grande [13] sacerdote sobre a casa de Deus,

22 Cheguemo-nos com [14] verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciencia, e o corpo lavado com agua limpa.

23 Retenhamos firmes [15] a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometteu.

24 E consideremo-nos uns aos outros,[1080] para nos estimularmos [ALL] á caridade e boas obras:

25 Não deixando a nossa [16] reunião, como é o costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quando virdes que se vae chegando aquelle dia.

26 Porque, se peccarmos voluntariamente, [17] depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrificio pelos peccados,

27 Mas uma certa expectação horrivel de juizo, e ardor de fogo, [18] que ha de devorar os adversarios.

28 Quebrantando algum a lei de Moysés, [19] morre sem misericordia, pela palavra de duas ou tres testemunhas:

29 De quanto maior [20] castigo cuidaes vós será julgado digno aquelle que pisar o Filho de Deus, e tiver por [ALM] profano o sangue do testamento, com que foi sanctificado, e fizer aggravo ao Espirito da graça?

30 Porque bem conhecemos aquelle que disse: [21] Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.

31 Horrenda [22] coisa é cair nas mãos do Deus vivo.

32 Lembrae-vos, [23] porém, dos dias passados, em que, depois de serdes illuminados, supportastes grande combate de afflicções;

33 Em parte fostes feitos [24] espectaculo com vituperios e tribulações, e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados.

34 Porque tambem vos compadecestes das minhas prisões, [25] e com gozo permittistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus [ALN] uma possessão melhor e permanente.

35 Não rejeiteis pois a vossa confiança, [26] que tem grande remuneração de galardão.

36 Porque necessitaes [27] de paciencia, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possaes alcançar a promessa.

37 Porque ainda um poucochinho, [28] e o que ha de vir virá, e não tardará.

38 Mas o justo [29] viverá da fé; e, se alguem se retirar, a minha alma não tem prazer n’elle.

39 Nós, porém, não somos d’aquelles que se retiram para [30] a perdição, mas d’aquelles que crêem para a [ALO] conservação da alma.

[1] Col. 2.17. cap. 8.5.

[2] Lev. 16.21. cap. 9.7.

[3] Miq. 6.6, 7. cap. 9.13.

[4] Psa. 40.6. Jer. 6.20. Amós 5.21, 22.

[5] João 17.19. cap. 9.12 e 13.12.

[6] Num. 28.3. cap. 7.27.

[7] Col. 3.1. cap. 1.3.

[8] Psa. 110.1. Act. 2.35. I Cor. 15.

[9] ver. 1.

[10] Jer. 31.33, 34. cap. 8.10, 12.

[11] Rom. 5.2. Eph. 2.18. cap. 9.8, 12.

[12] João 10.9. cap. 9.3, 8.

[13] I Tim. 3.15.

[14] Eph. 3.12. Thi. 1.6. I João 3.21.

[15] I Cor. 1.9. I The. 5.24. II The. 3.5.

[16] Act. 2.42. Jud. 19. Rom. 13.11.

[17] Num. 15.30. II Ped. 2.20, 21.

[18] Eze. 36.5. Sof. 1.8. II The. 1.8.

[19] Deu. 17.2, 6. Mat. 18.16. João 8.17.

[20] I Cor. 11.29. Mat. 12.31, 32. Eph. 4.30.

[21] Deu. 32.35, 36. Rom. 12.19.

[22] Luc. 12.5.

[23] Gal. 3.4. II João 8. Phi. 1.29, 30.

[24] I Cor. 4.9. Phi. 1.7 e 4.14.

[25] Phi. 1.7. II Tim. 1.16. Mat. 5.12.

[26] Mat. 5.12.

[27] Luc. 21.19. Gal. 6.9. Col. 3.24.

[28] Luc. 18.8. II Ped. 3.9.

[29] Rom. 1.17. Gal. 3.11.

[30] II Ped. 2.20, 21. Act. 16.30, 31.

A natureza da fé, e exemplos da fé tirados do Velho Testamento.

11 Ora, a fé é o firme fundamento [1] das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.

2 Porque por ella os antigos alcançaram [2] testemunho.

3 Pela fé entendemos que [3] os [ALP] seculos pela palavra de Deus foram creados; de maneira que as coisas que se vêem não foram feitas das que se viam.

4 Pela fé Abel [4] offereceu a Deus maior sacrificio do que Caim, pela qual alcançou testemunho de que era justo, porquanto Deus deu testemunho dos seus dons, e, depois de morto, ainda falla por ella.

5 Pela fé Enoch foi [5] trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porquanto Deus o trasladara; porque antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradava a Deus.

6 Ora, sem fé é impossivel agradar a Deus: porque é necessario que aquelle que se approxima de Deus creia que elle existe, e que é galardoador dos que o buscam.

7 Pela fé Noé, [6] divinamente advertido das coisas que ainda se não viam, temeu, e, para salvação da sua familia, [ALQ] fabricou a arca, pela qual condemnou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.

8 Pela fé Abrahão, sendo chamado, [7] obedeceu, para sair ao logar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.

9 Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, [8] morando em cabanas com Isaac e Jacob, herdeiros com elle da mesma promessa.

10 Porque esperava a cidade que tem fundamentos, [9] da qual o artifice e fabricador é Deus.

11 Pela fé tambem a mesma [10] Sarah recebeu a virtude de [ALR] conceber, e deu á[1081] luz já fóra da edade; porquanto teve por fiel aquelle que lh’o tinha promettido.

12 Pelo que tambem de um, e esse já amortecido, [11] nasceram em tão grande multidão como as estrellas do céu, e como a areia innumeravel que está na praia do mar.

13 Todos estes morreram na fé, [12] sem terem recebido as promessas; porém, vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.

14 Porque os que isto dizem [13] claramente mostram que buscam outra patria.

15 E se, na verdade, se lembrassem d’aquella d’onde haviam saido, teriam tempo de tornar para ella.

16 Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que tambem Deus se não envergonha d’elles, [14] de se chamar seu Deus, porque lhes apparelhou uma cidade.

17 Pela fé offereceu Abrahão [15] a Isaac, quando foi provado; e aquelle que recebera as promessas offereceu o seu unigenito,

18 Sendo-lhe dito: [16] Em Isaac será chamada a [ALS] tua descendencia; considerando que Deus era poderoso para até dos mortos o resuscitar.

19 Por onde tambem em similhança o tornou a [17] recobrar.

20 Pela fé Isaac abençoou [18] Jacob e Esaú, no tocante ás coisas futuras.

21 Pela fé Jacob, proximo da morte, [19] abençoou cada um dos filhos de José, e adorou encostado [ALT] á ponta do seu bordão.

22 Pela fé José, [20] proximo da morte, fez menção da saida dos filhos de Israel, e deu ordem ácerca de seus ossos.

23 Pela fé Moysés, [21] já nascido, foi escondido tres mezes por seus paes, porque viram que era um formoso menino; e não temeram o mandamento do rei.

24 Pela fé Moysés, [22] sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Pharaó,

25 Escolhendo antes ser [23] maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do peccado;

26 Tendo por maiores riquezas [24] o vituperio de Christo do que os thesouros do Egypto; porque tinha em vista a recompensa.

27 Pela fé deixou [25] o Egypto, não temendo a ira do rei; porque esteve firme, como vendo o invisivel.

28 Pela fé celebrou [26] a paschoa e o derramamento de sangue, para que o destruidor dos primogenitos os não tocasse.

29 Pela fé passaram [27] o Mar Vermelho, como por terra secca; o que intentando os egypcios, se afogaram.

30 Pela fé cairam os muros [28] de Jericó, sendo sitiados durante sete dias.

31 Pela fé Rahab, [29] a meretriz, não pereceu com os incredulos, acolhendo em paz os espias.

32 E que mais direi? [30] Faltar-me-hia o tempo, contando de Gideon, e de Barac, e de Sansão, e de Jefthe, e de David, e de Samuel e dos prophetas:

33 Os quaes pela fé venceram reinos, exercitaram justiça, alcançaram promessas, [31] fecharam as boccas dos leões,

34 Apagaram a força do [32] fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, pozeram em fugida os exercitos dos estranhos.

35 As mulheres tornaram [33] a receber pela resurreição os seus mortos, e outros foram estirados, não acceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor resurreição.

36 E outros experimentaram escarneos e açoites, e até cadeias [34] e prisões;

37 Foram apedrejados, [35] serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de pelles de ovelhas e de cabras, desamparados, afflictos e maltratados

38 (Dos quaes o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, [36] e covas e cavernas da terra.

39 E todos estes, [37] tendo testemunho pela fé, não alcançaram a promessa:

40 Provendo Deus alguma coisa melhor [38] a nosso respeito, para que sem nós não fossem aperfeiçoados.

[1] Rom. 8.21, 25. II Cor. 4.18.

[2] ver. 39.

[3] Gen. 1.1. João 1.3. II Ped. 3.5.

[4] Gen. 4.4, 10. I João 3.12. Mat. 23.35.

[5] Gen. 3.22, 24.

[6] Gen. 6.13, 22. I Ped. 3.20. Rom. 3.22.

[7] Gen. 12.1, 4. Act. 7.2, 3, 4.

[8] Gen. 12.8 e 13.3, 18. cap. 6.17.

[9] cap. 12.22 e 13.14. Apo. 21.2, 10.

[10] Gen. 17.19 e 18.11, 14. Luc. 1.36.

[11] Rom. 4.19. Gen. 22.17.

[12] João 8.56. Gen. 23.4. I Chr. 29.15. I Ped. 1.17.

[13] cap. 13.14.

[14] Exo. 3.6, 15. Mat. 22.32. Act. 7.32.

[15] Gen. 22.1, 9. Thi. 2.21.

[16] Gen. 21.12. Rom. 9.7.

[17] Rom. 4.17, 19, 21.

[18] Gen. 27.27, 39.

[19] Gen. 48.5, 16, 20 e 47.31.

[20] Gen. 50.24, 25. Exo. 13.19.

[21] Exo. 2.2 e 1.16, 22. Act. 7.20.

[22] Exo. 2.10, 11.

[23] Psa. 84.10.

[24] cap. 10.35 e 13.13.

[25] Exo. 10.28, 29 e 12.37.

[26] Exo. 12.21, etc.

[27] Exo. 14.22, 29.

[28] Jos. 6.20.

[29] Thi. 2.25.

[30] Jui. 4.6 e 6.11.

[31] II Sam. 7.11, etc. Jui. 14.5, 6.

[32] Dan. 3.25. I Sam. 20.1. I Reis 19.3.

[33] I Reis 17.23. II Reis 4.35. Act. 22.25.

[34] Gen. 39.20. Jer. 20.2 e 37.15.

[35] I Reis 21.13. II Chr. 24.21.

[36] I Reis 18.4 e 19.9.

[37] ver. 2, 13.

[38] cap. 12.23. Apo. 6.11.

Perseverança no meio das provações, segundo o exemplo de Christo.

12 Portanto nós tambem, pois que estamos rodeados de uma tão[1082] grande nuvem de testemunhas, deixemos toda a carga, [1] e o peccado que tão commodamente nos rodeia, e corramos com paciencia a carreira que nos está proposta:

2 Olhando para Jesus, [ALU] auctor e consummador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto [2] supportou a cruz, desprezando a affronta, e assentou-se á dextra do throno de Deus.

3 Considerae pois [3] aquelle que contra si mesmo supportou tal contradicção dos peccadores, para que não enfraqueçaes, desfallecendo em vossos animos.

4 Ainda não [4] resististes até ao sangue, combatendo contra o peccado.

5 E já vos esquecestes da exhortação que, como a filhos, discorre comvosco: Filho meu, [5] não desprezes a correcção do Senhor, e não desmaies quando por elle fores reprehendido;

6 Porque o Senhor [6] corrige ao que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.

7 Se supportaes [7] a correcção, Deus vos trata como a filhos; porque, que filho ha a quem o pae não corrija?

8 Mas, se estaes sem disciplina, [8] da qual todos são feitos participantes, logo sois bastardos, e não filhos.

9 Tambem, na verdade, tivemos nossos paes, segundo a carne, para nos corrigir, [9] e os reverenciámos: não nos sujeitaremos muito mais ao Pae dos espiritos, para vivermos?

10 Porque aquelles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; porém este, para nosso proveito, [10] para sermos participantes da sua sanctidade.

11 E, na verdade, toda a correcção, ao presente, não parece ser causa de gozo, senão de tristeza, [11] mas depois produz um fructo pacifico de justiça aos exercitados por ella.

Exhortação á sanctidade: varios preceitos.

12 Portanto tornae a levantar as mãos cançadas, [12] e os joelhos [ALV] desconjuntados,

13 E fazei rectas [13] veredas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente, antes seja sarado.

14 Segui a paz [14] com todos, e a sanctificação, sem a qual ninguem verá o Senhor:

15 Attendendo a que ninguem [15] se prive da graça de Deus, a que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ella muitos se contaminem.

16 Que ninguem seja fornicario, [16] ou profano, como Esaú, que por um manjar vendeu o seu direito de primogenitura.

17 Porque bem sabeis que, [17] querendo ainda depois herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou logar de arrependimento, ainda que com lagrimas o buscou.

18 Porque não chegastes ao monte [18] que se não podia tocar, e ao fogo incendido, e á escuridão, e ás trevas, e á tempestade,

19 E ao sonido da trombeta, e á voz das palavras, [19] a qual os que a ouviram pediram que se lhes não fallasse mais;

20 Porque não podiam supportar o que se lhes mandava: [20] se até uma besta tocar o monte, será apedrejada ou passada com uma frecha.

21 E tão terrivel [21] era [ALW] a visão, que Moysés disse: Estou todo assombrado, e tremendo.

22 Mas chegastes ao monte [22] de Sião, e á cidade do Deus vivo, á Jerusalem celestial, e aos muitos milhares de anjos;

23 Á assembléa geral e egreja dos primogenitos, [23] que estão inscriptos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espiritos dos justos aperfeiçoados;

24 E a Jesus, o Mediador [24] do Novo Testamento, e ao sangue da aspersão, que falla melhores coisas do que o de Abel.

25 Vêde que não rejeiteis ao que falla; [25] porque, se não escaparam aquelles que rejeitaram ao que [ALX] na terra dava respostas divinas, muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos d’aquelle que [ALY] é dos céus:

26 A voz do qual moveu [26] então a terra, porém agora [ALZ] annunciou, dizendo:[1083] Ainda uma vez commoverei, não só a terra, senão tambem o céu.

27 E esta palavra: [27] Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas moveis, como coisas feitas, para que as immoveis permaneçam.

28 Pelo que, recebendo o reino immovel, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverencia e piedade;

29 Porque o nosso Deus [28] é um fogo consumidor.

[1] Gal. 3.8. I Ped. 2.1. I Cor. 9.24.

[2] Luc. 24.26. Phi. 2.8, etc. I Ped. 1.11.

[3] Mat. 10.24, 25. João 15.20. Gal. 6.9.

[4] I Cor. 10.13. cap. 10.32, 33, 34.

[5] Job 5.17. Pro. 3.11.

[6] Pro. 3.12. Thi. 1.12. Apo. 3.19.

[7] Deu. 8.5. II Sam. 7.14. Pro. 13.24.

[8] Psa. 73.15. I Ped. 5.9.

[9] Num. 16.22. Ecc. 12.7. Isa. 42.5.

[10] Lev. 11.44. I Ped. 1.15, 16.

[11] Thi. 3.18.

[12] Job 4.3, 4. Isa. 35.3.

[13] Pro. 4.26, 27. Gal. 6.1.

[14] Rom. 12.18. Mat. 5.8. II Cor. 7.1.

[15] II Cor. 6.1. Gal. 5.4. Deu. 29.18.

[16] Eph. 5.3. Col. 3.5. I The. 4.3.

[17] Gen. 27.34, 36, 38.

[18] Exo. 19.12, 18, 19. Rom. 6.14. II Tim. 1.7.

[19] Exo. 20.19. Deu. 5.5, 25 e 18.16.

[20] Exo. 19.13.

[21] Exo. 19.16.

[22] Gal. 4.26. Apo. 3.12. Phi. 3.20. Jud. 14.

[23] Exo. 4.22. Thi. 1.18. Apo. 14.4.

[24] Exo. 24.8. I Ped. 1.2.

[25] cap. 2.2, 3.

[26] Exo. 19.18. Agg. 2.6.

[27] Mat. 24.35. II Ped. 3.10. Apo. 21.1.

[28] Exo. 24.17. Isa. 66.15.

13 Permaneça [AMA] [1] a caridade fraternal.

2 Não vos esqueçaes [2] [AMB] da hospitalidade, porque por ella alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.

3 Lembrae-vos dos presos, [3] como se juntamente estivesseis presos, e dos maltratados, como o sendo vós mesmos tambem no corpo.

4 Venerado seja entre todos o matrimonio e a cama sem macula; [4] porém aos fornicadores e adulteros Deus os julgará.

5 [AMC] Sejam os vossos costumes sem avareza, [5] contentando-vos com o presente; porque elle disse: Não te deixarei, nem te desampararei.

6 De maneira que com confiança ousemos dizer: [6] O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que o homem me possa fazer.

7 Lembrae-vos dos vossos [7] [AMD] pastores, que vos fallaram a palavra de Deus, a fé dos quaes imitae, attentando para a maneira da vida d’elles.

8 Jesus Christo é o mesmo [8] hontem, e hoje, e eternamente.

9 Não vos deixeis levar ao redor por doutrinas varias [9] e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com manjares, os quaes de nada aproveitaram aos que a elles se entregaram.

10 Temos um altar, [10] do qual não tem poder de comer os que servem ao tabernaculo.

11 Porque os corpos [11] dos animaes, cujo sangue é, pelo peccado, trazido pelo summo sacerdote para o sanctuario, [12] são queimados fóra do arraial.

12 Portanto tambem Jesus, para sanctificar o povo pelo seu proprio sangue, padeceu fóra da porta.

13 Saiamos pois a elle fóra do arraial, [13] levando o seu vituperio.

14 Porque não temos aqui cidade permanente, [14] mas buscamos a futura.

15 Portanto offereçamos [15] sempre por elle a Deus sacrificio de louvor, isto é, o fructo dos labios que confessam o seu nome.

16 E não vos esqueçaes [16] da beneficencia e communicação, porque com taes sacrificios Deus se agrada.

17 Obedecei [17] a vossos pastores, e sujeitae-vos a elles; porque velam por vossas almas, como aquelles que hão de dar conta d’ellas; para que o façam com alegria e não gemendo; porque isso não vos seria util.

18 Rogae por nós, [18] porque confiamos que temos boa consciencia, como aquelles que em tudo querem portar-se honestamente.

19 E rogo-vos com instancia que assim o façaes, [19] para que eu mais depressa vos seja restituido.

Votos e saudações finaes.

20 Ora o Deus de paz, [20] que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Christo, grande pastor das ovelhas,

21 Vos aperfeiçoe [21] em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, obrando em vós o que perante elle é agradavel por Christo Jesus, ao qual seja gloria para todo o sempre. Amen.

22 Rogo-vos, porém, irmãos, que supporteis a palavra d’esta exhortação; [22] porque abreviadamente vos escrevi.

23 Sabei que está solto [23] o irmão Timotheo, com o qual (se vier depressa) vos verei.

24 Saudae a todos os vossos [24] chefes e a todos os sanctos. Os de Italia vos saudam.

25 A graça seja [25] com todos vós. Amen.

[1] Rom. 12.10. I The. 4.9. I Ped. 1.22.

[2] Mat. 25.35. Rom. 12.13. I Tim. 3.2.

[3] Mat. 25.36. Rom. 12.15.

[4] I Cor. 6.9. Gal. 5.19, 21. Apo. 22.15.

[5] Mat. 6.25, 34. Phi. 4.11, 12.

[6] Psa. 27.1 e 56.4, 11 e 119.6.

[7] ver. 17. cap. 6.12.

[8] João 8.58. Apo. 1.4.

[9] Eph. 4.14. Col. 2.4, 8. I João 4.1.

[10] I Cor. 9.13 e 10.18.

[11] Exo. 29.14. Lev. 4.11, 12, 21. Num. 19.3.

[12] João 19.17, 18. Act. 7.58.

[13] I Ped. 4.14.

[14] Miq. 2.10. Phi. 3.20.

[15] Eph. 5.20. I Ped. 2.5. Lev. 7.12.

[16] Rom. 12.13. II Cor. 9.12. Phi. 4.18.

[17] Phi. 2.29. I The. 5.12. I Tim. 5.17.

[18] Rom. 15.30. Eph. 6.19. Col. 4.3.

[19] Phi. 22.

[20] Rom. 15.33. I The. 5.23. Act. 2.24.

[21] II The. 2.16. I Ped. 5.10. Phi. 2.13.

[22] I Ped. 5.12.

[23] I The. 3.2.

[24] ver. 7, 17.

[25] Tito 3.15.

[1084]


EPISTOLA UNIVERSAL DO
APOSTOLO S. THIAGO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 60

1 Thiago, [1] servo de Deus, e do Senhor Jesus Christo, ás doze tribus que andam dispersas, saude.

Ácerca de provas e tentações.

2 Meus irmãos, [2] tende grande gozo quando [AME] cairdes em varias tentações:

3 Sabendo que a prova [3] da vossa fé obra a paciencia:

4 Tenha, porém, a paciencia a obra perfeita, para que sejaes perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.

5 E, se algum de vós tem falta de sabedoria, [4] peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-ha dada.

6 Porém peça-a com fé, [5] não duvidando; porque o que duvida é similhante á onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte.

7 Não pense o tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.

8 O homem de coração dobre [6] é inconstante em todos os seus caminhos.

9 Porém o irmão abatido glorie-se na sua exaltação,

10 E o rico em seu abatimento; [7] porque elle passará como a flôr da herva.

11 Porque sae o sol com ardor, e a herva secca, e a sua flôr cae, e a formosa apparencia do seu aspecto perece: assim se murchará tambem o rico em seus caminhos.

12 Bemaventurado o varão [8] que soffre a tentação; porque, quando fôr provado, receberá a corôa da vida, a qual o Senhor tem promettido aos que o amam.

13 Ninguem, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguem tenta.

14 Porém cada um é tentado, quando attrahido e [AMF] engodado pela sua propria concupiscencia.

15 Depois, havendo a concupiscencia concebido, [9] pare o peccado; e o peccado, sendo consummado, gera a morte.

16 Não erreis, meus amados irmãos.

17 Toda a boa dadiva [10] e todo o dom perfeito é do alto, e desce do Pae das luzes, em quem não ha mudança nem sombra de variação,

18 Segundo a sua vontade, [11] elle nos gerou pela palavra da verdade, para que fossemos como primicias das suas creaturas.

Sobre a pratica da palavra de Deus.

19 Assim que, meus amados irmãos, [12] todo o homem seja prompto para ouvir, tardio para fallar, tardio para se irar.

20 Porque a ira do homem não opéra a justiça de Deus.

21 Pelo que, rejeitando toda a immundicia [13] e superfluidade de malicia, recebei com mansidão a palavra enxertada em vós, a qual pode salvar as vossas almas.

22 E sêde obradores [14] da palavra, e não sómente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.

23 Porque, [15] se alguem é ouvinte da palavra, e não obrador, é similhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural;

24 Porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de que tal era.

25 Porém aquelle que attenta [16] bem para a lei perfeita da liberdade, e n’isso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bemaventurado no seu feito.

26 Se alguem entre vós cuida ser religioso, [17] e não refreia a sua lingua,[1085] antes engana o seu coração, a religião do tal é vã.

27 A religião pura e immaculada para com Deus o Pae é esta: [18] Visitar os orphãos e as viuvas nas suas tribulações, e guardar-se immaculado do mundo.

[1] Act. 12.17. Gal. 1.19. Jud. 1.

[2] Mat. 5.12. Act. 5.41. Heb. 10.34.

[3] Rom. 5.3.

[4] I Reis 3.9, 11, 12. Pro. 2.3.

[5] Mar. 11.24. I Tim. 2.8.

[6] cap. 4.8.

[7] Job 14.2. Psa. 37.2. Isa. 40.6.

[8] Job 5.17. Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5.

[9] Job 15.35. Psa. 7.15. Rom. 6.21, 23.

[10] João 3.27. I Cor. 4.7. Num. 23.19.

[11] João 1.13. I Cor. 4.15. I Ped. 1.23.

[12] Ecc. 5.1, 2. Pro. 10.19.

[13] Col. 3.8. I Ped. 2.1. Act. 13.26.

[14] Mat. 7.21. Luc. 6.46. Rom. 2.13. I João 3.7.

[15] Luc. 6.47. cap. 2.14, etc.

[16] II Cor. 3.18. cap. 2.12. João 13.17.

[17] Psa. 34.14 e 39.1. I Ped. 3.10.

[18] Isa. 1.16, 17 e 58.6, 7. Mat. 25.36.

Condemna-se o fazer accepção de pessoas.

2 Meus irmãos, não tenhaes a fé de nosso [1] Senhor Jesus Christo, Senhor da gloria, em accepção de pessoas.

2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com annel de oiro no dedo, com vestidos preciosos, e entrar tambem algum pobre com vestido sordido,

3 E attentardes para o que traz o vestido precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui n’um logar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ahi em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado;

4 Porventura não fizestes differença dentro de vós mesmos, e não vos fizestes juizes de maus pensamentos?

5 Ouvi, meus amados irmãos: [2] Porventura não escolheu Deus aos pobres d’este mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que promette aos que o amam?

6 Porém vós deshonrastes [3] o pobre. Porventura não vos opprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunaes?

7 Porventura não blasphemam elles o bom nome que sobre vós foi invocado?

8 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escriptura, a lei real: [4] Amarás a teu proximo como a ti mesmo, bem fazeis.

9 Porém, se fazeis accepção [5] de pessoas, commetteis peccado, e sois redarguidos pela lei como transgressores.

10 Porque qualquer que guardar toda a lei, e deslisar em um só ponto, [6] é culpado de todos.

11 Porque aquelle que disse: Não commetterás adulterio, [7] tambem disse: Não matarás. Se tu pois não commetteres adulterio, porém matares, estás feito transgressor da lei.

12 Assim fallae, e assim obrae, como devendo ser julgados pela [8] lei da liberdade.

13 Porque o juizo virá sem misericordia sobre aquelle [9] que não fez misericordia; e a misericordia gloría-se contra o juizo.

A fé sem obras para nada aproveita.

14 Meus irmãos, [10] que aproveita se alguem disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salval-o?

15 E, se o irmão [11] ou a irmã estiverem nús, e tiverem falta de mantimento quotidiano,

16 E algum de [12] vós lhe disser: Ide em paz, aquentae-vos, e fartae-vos; e lhe não derdes as coisas necessarias para o corpo, que proveito virá d’ahi?

17 Assim tambem a fé, se não tiver as obras, está morta em si mesma.

18 Porém dirá alguem: Tu tens a fé, e eu tenho as obras: mostra-me a tua fé [AMG] pelas tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé [13] pelas minhas obras.

19 Tu crês que ha um só Deus: fazes bem; [14] tambem os demonios o crêem, e estremecem.

20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras está morta?

21 Porventura o nosso pae Abrahão não foi justificado pelas obras, [15] quando offereceu sobre o altar o seu filho Isaac?

22 Bem vês que a [16] fé cooperou com as suas obras, e que a fé foi aperfeiçoada pelas obras.

23 E cumpriu-se a Escriptura, que diz: [17] E creu Abrahão em Deus, e foi-lhe isso imputado a justiça, e foi chamado o amigo de Deus.

24 Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não sómente pela fé.

25 E de egual modo Rahab, [18] a meretriz, não foi tambem justificada pelas obras, quando recolheu os emissarios, e os despediu por outro caminho?

26 Porque, assim como o corpo sem o espirito está morto, assim tambem a fé sem as obras está morta.

[1] I Cor. 2.8. Lev. 19.15. Deu. 1.17.

[2] João 7.48. I Cor. 1.26, 28. Luc. 12.21.

[3] I Cor. 11.22. Act. 13.50 e 17.6.

[4] Lev. 19.18. Mat. 22.39. Rom. 13.8, 9.

[5] ver. 1.

[6] Deu. 27.26. Mat. 5.19. Gal. 3.10.

[7] Exo. 20.13, 14.

[8] cap. 1.25.

[9] Job 22.6, etc. Pro. 21.13. Mat. 6.15.

[10] Mat. 7.26. cap. 1.23.

[11] Job 31.19, 20. Luc. 3.11.

[12] I João 3.18.

[13] cap. 3.13.

[14] Mat. 8.29. Mar. 1.24. Luc. 4.34. Act. 16.17.

[15] Gen. 22.9, 12.

[16] Heb. 11.17.

[17] Gen. 15.6. Rom. 4.3. Gal. 3.6.

[18] Jos. 2.1. Heb. 11.31.

Sobre o tropeço na palavra.

3 Meus irmãos, [1] não sejaes mestres, sabendo que receberemos maior juizo.

2 Porque todos tropeçamos em muitas coisas. [2] Se alguem não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito, e poderoso para tambem refrear todo o corpo.

[1086]

3 Eis aqui que nós pomos freio [3] nas boccas aos cavallos, para que nos obedeçam; e governamos todo o seu corpo.

4 Vêde tambem as náos que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer que quizer a vontade d’aquelle que as governa.

5 Assim tambem a lingua [4] é um pequeno membro, e gloría-se de grandes coisas. Vêde quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.

6 A lingua tambem é fogo, mundo de iniquidade; [5] assim a lingua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflamma [AMH] a roda do nosso nascimento, e é inflammada do inferno.

7 Porque toda a natureza, tanto de bestas féras como de aves, tanto de reptis como de animaes do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;

8 Mas nenhum homem pode domar a lingua. É um mal que não se pode refrear, [6] está cheia de peçonha mortal.

9 Com ella bemdizemos a Deus e Pae, e com ella maldizemos os homens, [7] feitos á similhança de Deus.

10 De uma mesma bocca procede benção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.

11 Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial agua doce e agua amargosa?

12 Meus irmãos, pode tambem a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tambem nenhuma fonte pode produzir agua salgada e agua doce.

A sabedoria que vem do alto.

13 Quem d’entre vós [8] é sabio e entendido? Mostre por seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.

14 Porém, se tendes amarga [9] inveja, e contenda em vosso coração, não vos glorieis, nem mintaes contra a verdade;

15 Esta sabedoria não é sabedoria [10] que vem do alto, mas é terrena, animal e diabolica.

16 Porque onde ha inveja [11] e contenda ahi ha perturbação e toda a obra perversa.

17 Mas a sabedoria que [12] do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacifica, moderada, tratavel, cheia de misericordia e de bons fructos, sem parcialidade, e sem hypocrisia.

18 Ora o fructo da [13] justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.

[1] Mat. 23.8, 14. I Ped. 5.3.

[2] I Reis 8.46. II Chr. 6.36. Pro. 20.9.

[3] Psa. 32.9.

[4] Pro. 12.18 e 15.2. Psa. 12.3.

[5] Pro. 16.27. Mat. 15.11, 18, 19, 20.

[6] Psa. 140.3, 4.

[7] Gen. 1.26 e 5.1 e 9.6.

[8] Gal. 6.4. cap. 1.21 e 2.18.

[9] Rom. 2.17, 23 e 13.13.

[10] Phi. 3.19. cap. 1.17.

[11] I Cor. 3.3. Gal. 5.20.

[12] I Cor. 2.6, 7. I João 3.18.

[13] Pro. 11.18. Ose. 10.12. Mat. 5.9.

Devemos resistir ás paixões.

4 D’onde veem as guerras e pelejas entre vós? Porventura não veem de aqui, a saber, dos vossos deleites, [1] que nos vossos membros guerreiam?

2 Cubiçaes, e nada tendes: sois invejosos, e cubiçosos, e não podeis alcançar: combateis e guerreaes, e nada tendes, porque não pedis.

3 Pedis, e não recebeis, [2] porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.

4 Adulteros e adulteras, [3] não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quizer ser amigo do mundo constitue-se inimigo de Deus.

5 Ou cuidaes vós que em vão diz a Escriptura: [4] O espirito que em nós habita tem desejo de inveja?

6 Antes dá maior graça. Portanto diz: [5] Deus resiste aos soberbos, porém dá graça aos humildes.

7 Sujeitae-vos pois a Deus, [6] resisti ao diabo, e elle fugirá de vós.

8 Chegae-vos a Deus, [7] e elle se chegará a vós. Alimpae as mãos, peccadores; e, vós de duplo animo, purificae os corações.

9 Senti as vossas [8] miserias, e lamentae, e chorae: converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza.

10 Humilhae-vos [9] perante o Senhor, e elle vos exaltará.

11 Irmãos, [10] não falleis mal uns dos outros. Quem falla mal de um irmão, e julga a seu irmão, falla mal da lei, e julga a lei: e, se tu julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.

12 Ha só um legislador, que pode salvar e destruir. [11] Porém tu quem és, que julgas a outrem?

A fallibilidade dos projectos humanos.

13 Eia pois agora [12] vós, que dizeis: Hoje, ou ámanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um anno, e contrataremos, e ganharemos;

14 Digo-vos que não sabeis o que acontecerá ámanhã. Porque, que é a[1087] vossa vida? É um vapor [13] que apparece por um pouco, e depois se desvanece.

15 Em logar do que devieis dizer: [14] Se o Senhor quizer, e se vivermos, faremos isto ou aquillo.

16 Mas agora vos gloriaes em vossas presumpções: [15] toda a gloria tal como esta é maligna.

17 Aquelle pois que sabe [16] fazer o bem e o não faz commette peccado.

[1] Rom. 7.23. Gal. 5.17. I Ped. 2.11.

[2] Job 27.9. Pro. 1.28. Isa. 1.15.

[3] I João 2.15, 16. João 15.19. Gal. 1.10.

[4] Gen. 6.5. Num. 11.29. Pro. 21.10.

[5] Job 22.29. Psa. 138.6. Pro. 3.34. I Ped. 5.5.

[6] Eph. 4.27 e 6.11. I Ped. 5.9.

[7] II Chr. 15.2. Isa. 1.16. I Ped. 1.22. I João 3.3.

[8] Mat. 5.4.

[9] Job 22.29. Mat. 23.12. Luc. 14.11.

[10] Eph. 4.31. I Ped. 2.1. Rom. 2.1. I Cor. 4.5.

[11] Mat. 10.28. Rom. 14.4, 13.

[12] Pro. 27.1. Luc. 12.18, etc.

[13] Job 7.7. I Ped. 1.24. I João 2.17.

[14] Act. 18.21. I Cor. 4.19. Heb. 6.3.

[15] I Cor. 5.6.

[16] Luc. 12.47. João 9.41. Rom. 1.20, 21, 32.

Condemnação dos ricos oppressores.

5 Eia pois agora vós, ricos, [1] chorae e pranteae, por vossas miserias, que sobre vós hão de vir.

2 As vossas riquezas estão apodrecidas, [2] e os vossos vestidos estão comidos da traça.

3 O vosso oiro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. [3] Enthesourastes para os ultimos dias.

4 Eis que o jornal dos trabalhadores [4] que ceifaram as vossas terras, e o qual por vós foi diminuido, clama; [5] e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exercitos.

5 Deliciosamente [6] vivestes sobre a terra, e vos deleitastes: cevastes os vossos corações, como n’um dia de matança.

6 Condemnastes e matastes [7] o justo; elle não vos resistiu.

Exhortação á paciencia. Ácerca do juramento, da oração e da conversão de peccadores.

7 Sêde pois, irmãos, pacientes até á vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fructo da terra, aguardando-o com paciencia, [8] até que receba a chuva temporã e serodia.

8 Sêde vós tambem pacientes, fortalecei os vossos corações; porque a vinda do Senhor está proxima.

9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, [9] para que não sejaes condemnados. Eis que o juiz está á porta.

10 Meus irmãos, [10] tomae por exemplo de afflicção e paciencia os prophetas que fallaram em nome do Senhor.

11 Eis que temos por bemaventurados os que soffrem. [11] Ouvistes qual foi a paciencia de Job, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.

12 Porém, sobretudo, meus irmãos, [12] não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façaes qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiaes em condemnação.

13 Está alguem entre vós afflicto? ore. [13] Está alguem contente? psalmodie.

14 Está alguem entre vós doente? chame os anciãos da egreja, e orem sobre elle, [14] ungindo-o com azeite em nome do Senhor;

15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver commettido peccados, [15] ser-lhe-hão perdoados.

16 Confessae as vossas culpas uns aos outros, e orae uns pelos outros para que sareis: [16] a oração efficaz do justo pode muito.

17 Elias era homem sujeito [17] ás mesmas paixões que nós, e, orando, pediu que não chovesse, e, por tres annos e seis mezes, não choveu sobre a terra.

18 E orou outra [18] vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fructo.

19 Irmãos, [19] se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e algum o converter,

20 Saiba que aquelle que fizer converter do erro do seu caminho um peccador salvará da morte [20] uma alma, e cobrirá uma multidão de peccados.

[1] Pro. 11.28. Luc. 6.24. I Tim. 6.9.

[2] Job 13.28. Mat. 6.20. cap. 2.2.

[3] Rom. 2.5.

[4] Lev. 19.13. Job 24.10, 11. Jer. 22.13.

[5] Job 21.13. Amós 6.1, 4. Luc. 16.19, 25.

[6] cap. 2.6.

[7] Deu. 11.14. Jer. 5.24. Ose. 6.3.

[8] Phi. 4.5. Heb. 10.25, 37. I Ped. 4.7.

[9] cap. 4.11. Mat. 24.33. I Cor. 4.5.

[10] Mat. 5.12. Heb. 11.35, etc.

[11] Mat. 5.10, 11 e 10.22. Job 1.21, 22.

[12] Mat. 5.31, etc.

[13] Eph. 5.19. Col. 3.16.

[14] Mar. 6.13 e 16.18.

[15] Isa. 33.24. Mat. 9.2.

[16] Gen. 20.17. Num. 11.2. Deu. 9.18.

[17] Act. 14.14. I Reis 17.1.

[18] I Reis 18.42, 45.

[19] Mat. 18.15.

[20] Rom. 11.14. I Cor. 9.22.

[1088]


PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL DO
APOSTOLO S. PEDRO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 60

1 Pedro, apostolo de Jesus Christo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, [1] Galacia, Cappadocia, Asia e Bithynia;

2 Eleitos segundo a presciencia [2] de Deus Pae, em sanctificação do Espirito, para a obediencia e aspersão do sangue de Jesus Christo: graça e paz vos seja multiplicada.

Acção de graças pela esperança da salvação.

3 Bemdito seja [3] o Deus e Pae de nosso Senhor Jesus Christo, que, segundo a sua grande misericordia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela resurreição de Jesus Christo d’entre os mortos,

4 Para herança incorruptivel, incontaminavel, [4] e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós,

5 Que pela fé estaes guardados [5] na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no ultimo tempo.

6 Em que vós vos alegraes, [6] estando agora (se é que assim importa) por um pouco contristados com varias tentações.

7 Para que a prova da vossa fé, [7] muito mais preciosa do que o oiro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e gloria, na revelação de Jesus Christo:

8 Ao qual, não havendo visto, o amaes; [8] no qual, não o vendo agora, porém crendo, vos alegraes com gozo ineffavel e glorioso;

9 Alcançando o fim da vossa fé, [9] a salvação das almas.

10 Da qual salvação [10] inquiriram e examinaram os prophetas que prophetizaram da graça que vos foi dada:

11 Indagando que tempo ou que maneira de tempo, [11] o Espirito de Christo, que estava n’elles, indicava, anteriormente testificando [AMI] os soffrimentos que a Christo haviam de vir, e a gloria que se lhes havia de seguir.

12 Aos quaes foi revelado [12] que, não para si mesmos, mas para nós, ministravam estas coisas que agora vos foram annunciadas por aquelles que, pelo Espirito Sancto enviado do céu, vos prégaram o evangelho: para as quaes coisas os anjos desejam bem attentar.

Exhortação á sanctidade.

13 Portanto, [13] cingindo os lombos do vosso entendimento, e sobrios, esperae inteiramente na graça que se vos offereceu na revelação de Jesus Christo;

14 Como filhos obedientes, [14] não vos conformando com as concupiscencias que d’antes havia em vossa ignorancia;

15 Mas, como [15] é sancto aquelle que vos chamou, sêde vós tambem sanctos em toda a vossa maneira de viver;

16 Porquanto escripto está: [16] Sêde sanctos, porque eu sou sancto.

17 E, se invocaes por Pae aquelle que, [17] sem accepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andae em temor, durante o tempo da vossa peregrinação:

18 Sabendo que não com coisas corruptiveis, como prata ou oiro, [18] fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos paes,

19 Mas com o precioso [19] sangue de Christo, como de um cordeiro immaculado e incontaminado,

20 O qual, na verdade, [20] já d’antes foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, porém manifestado n’estes ultimos tempos por amor de vós.

[1089]

21 Que por elle crêdes em Deus, o qual o resuscitou dos mortos, e lhe [21] deu gloria, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus;

22 Purificando as vossas almas [22] na obediencia da verdade, pelo Espirito, para [AMJ] caridade fraternal, não fingida; amae-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro;

23 Sendo de novo gerados, [23] não de semente corruptivel, mas da incorruptivel, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.

24 Porque toda a carne [24] é como herva, e toda a gloria do homem como a flôr da herva. Seccou-se a herva, e caiu a sua flôr:

25 Mas a palavra [25] do Senhor permanece para sempre; e esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.

[1] João 7.35. Act. 2.5, 9, 10. Thi. 1.1.

[2] Eph. 1.4. Rom. 8.29 e 11.2. II The. 2.12.

[3] II Cor. 1.3. Tito 3.5.

[4] cap. 5.4. Col. 1.5. II Tim. 4.8.

[5] João 10.28, 29. Jud. 1.

[6] Mat. 5.12. Rom. 12.12. II Cor. 6.10.

[7] Thi. 1.3, 12. Job 23.10. Pro. 17.3.

[8] I João 4.20. João 20.20. II Cor. 5.7.

[9] Rom. 6.22.

[10] Gen. 49.10. Dan. 2.44. Agg. 2.7.

[11] cap. 3.19. II Ped. 1.21. Isa. 53.3, etc.

[12] Dan. 9.24. Heb. 11.13, 39, 40. Act. 2.4.

[13] Luc. 12.35. Eph. 6.14 e 21.34.

[14] Rom. 12.2. Act. 17.30. I The. 4.5.

[15] Luc. 1.74, 75. II Cor. 7.1. I The. 4.3.

[16] Lev. 11.44 e 19.2 e 20.7.

[17] Deu. 10.17. Act. 10.34. Rom. 2.11.

[18] I Cor. 6.20. Eze. 20.18. cap. 4.3.

[19] Act. 20.28. Eph. 1.7. Heb. 9.12, 14.

[20] Rom. 3.25. Eph. 3.9, 11. Col. 1.26.

[21] Act. 2.24, 33. Mat. 28.18.

[22] Act. 15.9. Rom. 12.9, 10. I The. 4.9.

[23] João 1.13 e 3.5. Thi. 1.18. I João 3.9.

[24] Isa. 40.6. Thi. 1.10.

[25] Isa. 40.8. Luc. 16.17. João 1.1, 14.

2 Deixando pois toda [1] a malicia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações,

2 Desejae [2] affectuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por elle vades crescendo;

3 Se já provastes [3] que o Senhor é benigno:

4 E, chegando-vos para elle como para uma pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, [4] mas para com Deus eleita e preciosa,

5 Vós tambem, [5] como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdocio sancto, para offerecer sacrificios espirituaes agradaveis a Deus por Jesus Christo.

6 Pelo que tambem na Escriptura se contém: [6] Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem n’ella crer não será [AMK] confundido.

7 Assim que para vós, os que credes, é preciosa, mas para os rebeldes [7] a pedra que os edificadores reprovaram essa foi feita a cabeça da esquina;

8 E uma pedra de tropeço e rocha de escandalo, para aquelles que tropeçam [8] na palavra, sendo desobedientes; para o que tambem foram destinados.

9 Mas vós sois a geração eleita, o [9] sacerdocio real, a nação sancta, o povo adquirido, para que annuncieis as virtudes d’aquelle que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz:

10 Vós, que d’antes não ereis [10] povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericordia, mas agora alcançastes misericordia.

A boa conducta no meio dos pagãos; submissão ás auctoridades.

11 Amados, admoesto-vos, [11] como peregrinos e forasteiros, a que vos abstenhaes das concupiscencias carnaes que combatem contra a alma;

12 Tendo o vosso viver [12] honesto entre os gentios; para que, n’aquillo em que fallam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós virem.

13 Sujeitae-vos pois [13] a toda a ordenação humana por amor do Senhor: seja ao rei, como ao superior;

14 Seja aos governadores, como aos que por elle são enviados para castigo dos malfeitores, [14] e para louvor dos que fazem o bem.

15 Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, [15] tapeis a bocca á ignorancia dos homens loucos:

16 Como libertos, [16] e não como tendo a liberdade por cobertura da malicia, mas como servos de Deus.

17 Honrae a todos. [17] Amae a fraternidade. Temei a Deus. Honrae o rei.

Os deveres dos servos christãos.

18 Vós, servos, [18] sujeitae-vos com todo o temor aos senhores, não sómente aos bons e humanos, mas tambem aos rigorosos.

19 Porque é coisa agradavel, se alguem, por causa da consciencia para com Deus, [19] soffre aggravos, padecendo injustamente.

20 Porque, que louvor é, [20] se, peccando, sois esbofeteados e soffreis? Mas se, fazendo bem, sois affligidos, e o soffreis, isso é agradavel a Deus.

21 Porque para isto sois [21] chamados; pois tambem Christo padeceu por nós,[1090] deixando-nos o exemplo, para que sigaes as suas pisadas.

22 O qual não commetteu [22] peccado, nem na sua bocca se achou engano.

23 O qual, [23] quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se áquelle que julga justamente:

24 O qual levou elle mesmo em seu corpo [24] os nossos peccados sobre o madeiro, para que, mortos para os peccados, vivamos para a justiça; por cuja ferida sarastes.

25 Porque ereis como [25] ovelhas desgarradas: mas agora estaes convertidos ao Pastor e [AML] Bispo das vossas almas.

[1] Eph. 4.22. Col. 3.8. Heb. 12.1.

[2] Mat. 18.3. Mar. 10.15. Rom. 6.4.

[3] Psa. 34.8. Heb. 6.5.

[4] Mat. 21.42. Act. 4.11.

[5] Eph. 2.21. Heb. 3.6. Isa. 61.6.

[6] Isa. 28.16. Rom. 9.33.

[7] Mat. 21.42. Act. 4.11.

[8] Isa. 8.14. Luc. 2.34. Rom. 9.33.

[9] Deu. 10.15. Exo. 19.5, 6. Apo. 1.6.

[10] Ose. 1.9, 10. Rom. 9.25.

[11] I Chr. 29.15. Heb. 11.13.

[12] Rom. 12.17. II Cor. 8.21. Phi. 2.15.

[13] Mat. 22.21. Rom. 13.1.

[14] Rom. 13.3, 4.

[15] Tito 2.8.

[16] Gal. 5.1, 13. I Cor. 7.22.

[17] Phi. 2.3. Heb. 13.1. Rom. 12.10.

[18] Eph. 6.5. Col. 3.22. I Tim. 6.1.

[19] Mat. 5.10. Rom. 13.5.

[20] cap. 3.14 e 4.14, 15.

[21] Mat. 16.24. Act. 14.22. I The. 3.3.

[22] Isa. 53.4. Luc. 23.41. João 8.46.

[23] Isa. 53.7. Mat. 27.39.

[24] Isa. 53.4, 5. Mat. 8.17. Heb. 9.28.

[25] Isa. 53.6. Eze. 34.6, 23.

Os deveres das mulheres e maridos christãos.

3 Similhantemente vós, mulheres, [1] sêde sujeitas aos vossos proprios maridos; para que tambem, se alguns não obedecem á palavra, pelo trato das mulheres sejam ganhos sem palavra;

2 Considerando [2] o vosso casto trato em temor.

3 O enfeite d’ellas não seja [3] o exterior, no encrespamento dos cabellos, ou atavio de oiro, ou compostura de vestidos;

4 Mas o homem [4] encoberto no coração; no incorruptivel de um espirito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.

5 Porque assim se enfeitavam tambem antigamente as sanctas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus proprios maridos;

6 Como Sara obedecia a Abrahão, chamando-lhe senhor; [5] da qual vós sois feitas filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto.

7 Egualmente vós, [6] maridos, cohabitae com ellas com entendimento, dando honra á mulher, como a vaso mais fraco; como aquelles que juntamente com ellas sois herdeiros da graça da vida; [7] para que não sejam impedidas as vossas orações.

O amor fraternal; a paciencia na afflicção segundo o exemplo de Christo.

8 E, finalmente, sêde todos de [8] um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e affaveis.

9 Não tornando mal por mal, [9] ou injuria por injuria; antes, pelo contrario, bemdizendo: sabendo que para isto sois chamados, para que por herança alcanceis a benção.

10 Porque quem quer amar [10] a vida, e vêr os dias bons, refreie a sua lingua do mal, e os seus labios que não fallem engano.

11 Aparte-se do [11] mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.

12 Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, [12] e os seus ouvidos attentos ás suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males.

13 E qual é aquelle que vos fará mal, [13] se fordes imitadores do bem?

14 Mas tambem, se padecerdes por amor da justiça, [14] sois bemaventurados. E não temaes com medo d’elles, nem vos turbeis;

15 Antes sanctificae o Senhor Deus em vossos corações; [15] e estae sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que ha em vós:

16 Tendo uma boa [16] consciencia, para que, em o que fallam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasphemam do vosso bom trato em Christo.

17 Porque melhor é que padeçaes fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.

18 Porque tambem Christo padeceu uma vez [17] pelos peccados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, porém vivificado pelo Espirito;

19 No qual tambem foi, [18] e prégou aos espiritos em prisão;

20 Os quaes antigamente foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava [19] nos dias de Noé, apparelhando-se a arca; na qual poucas (isto é oito) almas se salvaram pela agua;

21 Que tambem, como uma verdadeira figura, agora nos salva, o [20] baptismo não o do despojamento da immundicia[1091] do corpo, mas o da [AMM] indagação de uma boa consciencia para com Deus, pela resurreição de Jesus Christo;

22 O qual está á dextra [21] de Deus, tendo subido ao céu: havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as auctoridades, e as potencias.

[1] I Cor. 14.34. Eph. 5.22. Col. 3.18.

[2] cap. 2.12.

[3] I Tim. 2.9. Tito 2.3.

[4] Rom. 2.29 e 7.22. II Cor. 4.16.

[5] Gen. 18.12.

[6] I Cor. 7.3. Eph. 5.25. Col. 3.19.

[7] Mat. 5.23, 24 e 18.19.

[8] Rom. 12.16 e 15.5. Phi. 3.16.

[9] Pro. 17.13 e 20.22. Mat. 5.39.

[10] Thi. 1.26. Apo. 14.5.

[11] Isa. 1.16, 17. III João 11. Rom. 12.18.

[12] João 9.31. Thi. 5.16.

[13] Pro. 16.7. Rom. 8.28.

[14] Mat. 5.10. Thi. 1.12. Isa. 8.12, 13.

[15] Act. 4.8. Col. 4.6. II Tim. 2.25.

[16] Heb. 13.18. Tito 2.8.

[17] Rom. 5.6. Heb. 9.26, 28. II Cor. 13.4.

[18] Isa. 42.7 e 49.9 e 61.1.

[19] Gen. 6.3, 5, 13. Heb. 11.7. Gen. 7.7.

[20] Eph. 5.26. Tito 3.5. Rom. 10.10.

[21] Psa. 110.1. Rom. 8.34 e 3.38. Eph. 1.20, 21. Col. 3.1. Heb. 1.3. I Cor. 15.24.

4 Ora pois, que Christo padeceu por nós [1] na carne, armae-vos tambem vós com este pensamento, que aquelle que padeceu na carne cessou do peccado,

2 Para, no tempo que lhe resta na carne, [2] não viver mais segundo as concupiscencias dos homens, mas segundo a vontade de Deus.

3 Porque basta-nos que [3] no tempo passado da vida obrassemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscencias, borrachices, glotonerias, bebedices e abominaveis idolatrias,

4 O que estranham, por não correrdes com elles no mesmo desenfreamento de dissolução, [4] blasphemando de vós.

5 Os quaes hão de dar conta ao que está preparado [5] para julgar os vivos e os mortos.

6 Porque para isso foi prégado o evangelho [6] tambem aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, porém vivessem segundo Deus em espirito;

7 E já está proximo o fim de todas as coisas: [7] portanto sêde sobrios e vigiae em orações.

8 Mas, sobretudo, [8] tende ardente [AMN] caridade uns para com os outros; porque [AMO] a caridade cobrirá a multidão de peccados.

9 Hospedae-vos [9] uns aos outros, sem murmurações.

10 Cada um administre aos [10] outros o dom como o recebeu, como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus.

11 Se alguem fallar, [11] falle segundo as palavras de Deus; se alguem administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Christo, [12] a quem pertence a gloria e poder para todo o sempre. Amen.

12 Amados, [13] não estranheis o ardor que vos sobrevem para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;

13 Mas alegrae-vos [14] de serdes participantes das afflicções de Christo: para que tambem na revelação da sua gloria vos regozijeis e alegreis.

14 Se pelo nome de Christo sois vituperados, [15] bemaventurados sois, porque sobre vós repousa o Espirito da gloria de Deus; o qual, quanto a elles, é blasphemado, mas, quanto a vós, glorificado.

15 Porém nenhum de vós padeça como homicida, [16] ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremette em negocios alheios;

16 Mas, se padece como christão, não se envergonhe, [17] antes glorifique a Deus n’esta parte.

17 Porque já é tempo que comece [18] o juizo pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim d’aquelles que são desobedientes ao evangelho de Deus?

18 E, se o justo apenas se [19] salva, onde apparecerá o impio e o peccador?

19 Portanto tambem os que padecem segundo a vontade de Deus encommendem-lhe [20] as suas almas, como ao fiel Creador, fazendo o bem.

[1] Rom. 6.2, 7. Gal. 5.24. Col. 3.3, 5.

[2] Rom. 14.7. Gal. 2.20. João 1.13.

[3] Eze. 44.6. Act. 17.30. Eph. 2.2.

[4] Act. 13.43 e 18.6.

[5] Act. 10.42. Rom. 14.10.

[6] cap. 3.19.

[7] Mat. 24.13. Rom. 13.12. Phi. 4.5.

[8] Col. 3.14. Heb. 13.1. Pro. 10.12.

[9] Rom. 12.13. Heb. 13.2. II Cor. 9.7.

[10] Rom. 12.6. I Cor. 4.7.

[11] Jer. 23.22. Rom. 12.6. I Cor. 3.10.

[12] I Tim. 6.16. Apo. 1.6.

[13] I Cor. 3.13. cap. 1.7.

[14] Act. 5.41. Thi. 1.2. Rom. 8.17.

[15] Mat. 5.11. II Cor. 12.10. Thi. 1.12.

[16] I The. 4.11. I Tim. 5.13.

[17] Act. 5.41.

[18] Isa. 10.12. Jer. 25.29. Eze. 9.6.

[19] Pro. 11.31. Luc. 23.31.

[20] Luc. 23.46. II Tim. 1.12.

Os deveres dos anciãos e dos mancebos: humildade e vigilancia.

5 Aos anciãos, [1] que estão entre vós, admoesto eu, que sou juntamente como elles ancião, e testemunha das afflicções de Christo, e participante da gloria que se ha de revelar.

2 Apascentae [2] o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado d’elle, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganancia, mas de um animo prompto,

3 Nem como tendo [3] dominio sobre [AMP] a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.

4 E, quando apparecer o [4] Summo Pastor, alcançareis a incorruptivel corôa de gloria.

5 Similhantemente vós, mancebos, sêde sujeitos aos anciãos; [5] e sêde todos sujeitos uns aos outros, e vesti-vos de[1092] humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

6 Humilhae-vos [6] pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte:

7 Lançando sobre elle toda a vossa solicitude, [7] porque elle tem cuidado de vós.

8 Sêde sobrios; [8] vigiae; porque o diabo, vosso adversario, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.

9 Ao qual resisti [9] firmes na fé: sabendo que as mesmas afflicções se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.

Votos e saudações finaes.

10 Ora o Deus de toda a graça, [10] que em Christo Jesus nos chamou á sua eterna gloria, depois de haverdes padecido um pouco, o mesmo vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.

11 A elle seja a gloria [11] e o poderio para todo o sempre. Amen.

12 Por Silvano, [12] vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente, exhortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estaes.

13 Sauda-vos a egreja co-eleita, que está em Babylonia, [13] e meu filho Marcos.

14 Saudae-vos uns aos outros com osculo de caridade. [14] Paz seja com todos vós que estaes em Christo Jesus. Amen.

[1] Phi. 9. Luc. 24.48. Act. 1.8, 22.

[2] João 21.15, 16, 17. Act. 20.28.

[3] Eze. 34.4. Mar. 20.25. I Cor. 3.9.

[4] Heb. 13.20. I Cor. 9.25. II Tim. 4.8.

[5] Rom. 12.10. Eph. 5.21.

[6] Thi. 4.10.

[7] Mat. 6.25. Luc. 12.11. Phi. 4.6.

[8] Luc. 21.34. I The. 5.6. Job 1.7.

[9] Eph. 6.11. Thi. 4.7. Act. 14.22.

[10] I Cor. 4.9. I Tim. 6.12.

[11] cap. 4.11. Apo. 1.6.

[12] II Cor. 1.19. Heb. 13.22.

[13] Act. 12.12, 25.

[14] Rom. 16.16. I Cor. 16.20. II Cor. 13.12. I The. 5.26. Eph. 6.23.


SEGUNDA EPISTOLA UNIVERSAL DO
APOSTOLO S. PEDRO.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 66

1 Simão Pedro, servo e apostolo de Jesus Christo, [1] aos que comnosco alcançaram fé egualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Christo:

2 Graça e paz [2] vos seja multiplicada, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor;

3 Como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito á vida e piedade, [3] pelo conhecimento d’aquelle que nos chamou por sua gloria e virtude;

4 Pelas quaes elle nos [4] tem dado grandissimas e preciosas promessas, para que por ellas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscencia ha no mundo.

5 E vós tambem, [5] pondo n’isto mesmo toda a diligencia, accrescentae á vossa fé a virtude, e á virtude a sciencia,

6 E á sciencia temperança, e á temperança paciencia, e á paciencia piedade,

7 E á piedade [AMQ] amor fraternal; e ao amor fraternal [6] caridade.

8 Porque, se em vós houver, e abundarem estas coisas, [7] não vos deixarão ociosos nem estereis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Christo.

9 Pois aquelle em quem não ha estas coisas é cego, [8] nada vendo ao longe, [9] havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos peccados.

10 Portanto, irmãos, procurae fazer cada vez mais firme a vossa vocação [10] e eleição; porque, fazendo isto, nunca jámais tropeçareis.

11 Porque assim vos será abundantemente dada a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Christo.

12 Pelo que não deixarei [11] de exhortar-vos sempre ácerca d’estas coisas, ainda que bem as saibaes, e estejaes confirmados na presente verdade.

13 E tenho por justo, emquanto estiver n’este tabernaculo, [12] despertar-vos com admoestações.

14 Sabendo que brevemente hei de deixar [13] este meu tabernaculo, como tambem nosso Senhor Jesus Christo m’o tem revelado.

[1093]

15 Mas tambem eu procurarei em toda a occasião que depois da minha [AMR] morte tenhaes lembrança d’estas coisas.

16 Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Christo, [14] seguindo fabulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a sua magestade.

17 Porque recebeu de Deus Pae honra e gloria, quando da magnifica gloria lhe foi enviada uma tal voz: [15] Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.

18 E ouvimos esta voz enviada do céu, [16] estando nós com elle no monte sancto;

19 E temos, mui firme, a palavra dos prophetas, á qual bem fazeis em estar attentos, [17] como a uma luz que allumia em logar escuro, até que o dia esclareça, e a estrella da alva saia em vossos corações.

20 Sabendo primeiramente isto, [18] que nenhuma prophecia da Escriptura é de particular interpretação.

21 Porque a prophecia [19] não foi antigamente produzida por vontade de homem algum, mas os homens sanctos de Deus fallaram inspirados pelo Espirito Sancto.

[1] Rom. 1.12. II Cor. 4.13.

[2] Dan. 4.1. I Ped. 1.2. Jud. 2.

[3] João 17.3. I The. 2.12 e 4.7.

[4] II Cor. 3.18. Eph. 4.24.

[5] cap. 3.18. I Ped. 3.7.

[6] Gal. 6.10. I The. 3.12. I João 4.21.

[7] João 15.2. Tito 3.14.

[8] I João 2.9, 11.

[9] Heb. 9.14. I João 1.7.

[10] I João 3.19. cap. 3.17.

[11] Rom. 15.14. Phi. 3.1.

[12] II Cor. 5.1, 4. cap. 3.1.

[13] Deu. 4.21, 22. II Tim. 4.6.

[14] I Cor. 1.17. II Cor. 2.17. Mat. 17.1, 2.

[15] Mat. 3.17. Mar. 1.11. Luc. 3.22.

[16] Exo. 3.5. Jos. 5.15. Mat. 17.6.

[17] Psa. 119.105. João 5.35. Apo. 2.28.

[18] Rom. 12.6.

[19] II Tim. 1.13, 16. I Ped. 1.11.

Os falsos mestres.

2 E tambem houve entre o [1] povo falsos prophetas, como entre vós haverá tambem falsos [AMS] doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, [2] e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.

2 E muitos seguirão as suas [AMT] perdições, pelos quaes será blasphemado o caminho da verdade.

3 E por avareza farão de vós negocio [3] com palavras fingidas: sobre os quaes já de largo tempo [AMU] não está ociosa a condemnação, e a sua perdição não dormita.

4 Porque, se Deus não perdoou aos [4] anjos que peccaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou ás cadeias da escuridão, ficando reservados para o juizo;

5 E não perdoou ao mundo antigo, [5] mas guardou a Noé, oitavo pregoeiro da justiça, trazendo o diluvio sobre o mundo dos impios;

6 E condemnou á subversão as cidades [6] de Sodoma e Gomorrah, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente;

7 E livrou o justo Lot, [7] enfadado da vida dissoluta dos homens abominaveis

8 (Porque este justo, habitando entre elles, affligia [8] todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo suas obras injustas);

9 Assim, [9] sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia de juizo, para serem castigados;

10 E principalmente aos que segundo a carne andam [10] em concupiscencias de immundicia, e desprezam as dominações; atrevidos, agradando-se a si mesmos, não receiando blasphemar das dignidades;

11 Ao passo que [11] os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra elles juizo blasphemo diante do Senhor.

12 Mas estes, como animaes irracionaes, [12] que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasphemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção,

13 [AMV] Recebendo o galardão da injustiça, [13] tendo por prazer as delicias quotidianas, sendo nodoas e maculas, deleitando-se seus enganos, em ainda que se banqueteiem comvosco;

14 Tendo os olhos cheios de adulterio, e não cessando de peccar, engodando as almas inconstantes, [14] tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição,

15 Os quaes, deixando o caminho direito, [15] erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Bosor, que amou o galardão da injustiça;

16 Porém teve a reprehensão da sua transgressão; o mudo animal do jugo, fallando com voz humana, impediu a loucura do propheta.

17 Estes são fontes [16] sem agua, nuvens levadas pelo redemoinho do vento; para os quaes a escuridão das trevas eternamente se reserva.

18 Porque, fallando coisas mui arrogantes[1094] de vaidades, [17] engodam com as concupiscencias da carne, e com dissoluções, aos que se estavam affastando d’aquelles que andam em erro:

19 Promettendo-lhes liberdade, [18] sendo elles mesmos [AMW] servos da corrupção. Porque de quem alguem é vencido, do tal faz-se tambem servo.

20 Porque se, [19] depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Christo, forem outra vez envolvidos n’ellas e vencidos, tornou-se-lhes o ultimo estado peior do que o primeiro.

21 Porque melhor [20] lhes fôra não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do sancto mandamento que lhes fôra dado;

22 Porém sobreveiu-lhes o que por um verdadeiro proverbio se diz: [21] O cão voltou ao seu proprio vomito, e a porca lavada ao espojadouro da lama.

[1] Deu. 13.1. Jud. 18.

[2] I Cor. 6.20. Gal. 3.13. Eph. 1.7.

[3] Rom. 16.18. II Cor. 2.17. Deu. 32.35.

[4] Job 4.18. Jud. 6. João 8.44.

[5] Gen. 7.1, 23. Heb. 11.7. I Ped. 3.19.

[6] Gen. 19.24. Deu. 29.23.

[7] Gen. 19.16.

[8] Psa. 119.139, 158. Exo. 9.4.

[9] Psa. 34.17, 18, 19, 20. I Cor. 10.13.

[10] Jud. 4, 7, 8, 10, 16.

[11] Jud. 9.

[12] Jer. 12.3. Jud. 10.

[13] Phi. 3.19. Rom. 13.12. Jud. 12.

[14] Jud. 11.

[15] Num. 22.5, 7, 21, 23, 28. Jud. 11.

[16] Jud. 12, 13.

[17] Jud. 16. Act. 2.40.

[18] Gal. 5.13. I Ped. 2.16.

[19] Mat. 12.45. Luc. 11.26.

[20] Luc. 12.47, 48. João 9.41 e 15.22.

[21] Pro. 26.11.

A vinda do Senhor.

3 Amados, escrevo-vos agora esta segunda carta, [1] em ambas as quaes desperto com exhortação o vosso animo sincero;

2 Para que vos lembreis das palavras que d’antes foram ditas pelos sanctos prophetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, [2] mediante vossos apostolos.

3 Sabendo primeiro isto: [3] que nos ultimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas proprias concupiscencias,

4 E dizendo: [4] Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os paes dormiram todas as coisas permanecem como desde o principio da creação.

5 Porque voluntariamente ignoram isto, [5] que pela palavra de Deus já desde a antiguidade foram os céus, e a terra, que foi tirada da agua e no meio da agua subsiste.

6 Pelas quaes coisas [6] pereceu o mundo de então, coberto com as aguas do diluvio.

7 Mas os céus e a terra que agora são pela mesma palavra [AMX] se reservam como thesouro e se guardam [7] para o fogo, até o dia do juizo, e da perdição dos homens impios.

8 Porém, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para com o Senhor é como mil annos, [8] e mil annos como um dia.

9 O Senhor não retarda [9] a sua promessa, como alguns a teem por tardia; mas é longanimo para comnosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

10 Mas o [10] dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que n’ella ha, se queimarão.

11 Havendo pois de perecer todas estas coisas, [11] quaes vos convém a vós ser em sancto trato, e piedade,

12 Aguardando, [12] e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, incendidos, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?

13 Porém, [13] segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.

14 Pelo que, amados, aguardando estas coisas, [14] procurae que d’elle sejaes achados immaculados e irreprehensiveis em paz.

15 E tende por [15] salvação a longanimidade de nosso Senhor; como tambem o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada;

16 Como tambem em todas as suas epistolas, fallando n’ellas d’estas coisas, [16] entre as quaes ha algumas difficeis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como tambem as outras Escripturas, para sua propria perdição.

17 Vós, portanto, amados, sabendo isto d’antes, [17] guardae-vos de que, pelo engano dos homens abominaveis, sejaes juntamente arrebatados, e descaiaes da vossa firmeza;

18 Antes crescei na graça [18] e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Christo. A elle seja a gloria, assim agora, como no dia da eternidade. Amen.

[1] cap. 1.13.

[2] Jud. 17.

[3] I Tim. 4.1. II Tim. 3.1. Jud. 18.

[4] Isa. 5.19. Jer. 17.15. Eze. 12.22, 27.

[5] Gen. 1.6, 9. Psa. 33.6. Heb. 11.3.

[6] Gen. 7.11, 21, 22, 23.

[7] Mat. 25.41. II The. 1.8.

[8] Psa. 90.4.

[9] Hab. 2.3. Heb. 10.37.

[10] Mat. 24.43. Luc. 12.39. I The. 5.2.

[11] I Ped. 1.15.

[12] I Cor. 1.7. Tito 2.13.

[13] Isa. 65.17. Apo. 21.1, 27.

[14] I Cor. 1.8. Phi. 1.10.

[15] Rom. 2.4. I Ped. 3.20.

[16] Rom. 8.19. I Cor. 15.24. I The. 4.15.

[17] Mar. 13.23. Eph. 4.14.

[18] Eph. 4.15. I Ped. 2.2.

[1095]


PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL DO
APOSTOLO S. JOÃO.

A Palavra da vida foi manifesta na carne.

Depois de 90 Anno Domini

1 O que era desde o principio, [1] o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida

2 (Porque a [2] vida foi manifesta, e nós a vimos, e testificámos, e vos annunciámos a vida eterna, que estava com o Pae, e nos foi manifestada);

3 O que vimos [3] e ouvimos, isso vos annunciamos, para que tambem tenhaes communhão comnosco; e a nossa communhão está com o Pae, e com seu Filho Jesus Christo.

4 Estas coisas vos escrevemos, [4] para que o vosso gozo se cumpra.

Deus é luz aquelles que não andam na luz não teem communhão com elle.

5 E esta é [5] a annunciação que d’elle ouvimos, e vos annunciamos: que Deus é luz, e não ha n’elle trevas nenhumas.

6 Se dissermos que temos [6] communhão com elle, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.

7 Porém, se andarmos na luz, como elle na luz está, temos communhão uns com os outros, [7] e o sangue de Jesus Christo, seu Filho, nos purifica de todo o peccado.

A confissão dos peccados e o perdão por Christo.

8 Se dissermos que não temos [8] peccado, enganamo-nos a nós mesmos, e não ha verdade em nos.

9 Se [9] confessarmos os nossos peccados, elle é fiel e justo, para nos perdoar os peccados, e purificar-nos de toda a injustiça.

10 Se dissermos que não peccamos, fazemol-o mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

[1] João 1.1, 14. II Ped. 1.16.

[2] João 1.4 e 11.25. Rom. 16.26.

[3] Act. 4.20. João 17.21. I Cor. 1.9.

[4] João 15.11. II João 12.

[5] João 1.9 e 8.12 e 9.5.

[6] II Cor. 6.14.

[7] I Cor. 6.11. Eph. 1.7. Heb. 9.14.

[8] I Reis 8.46. II Chr. 6.36.

[9] Psa. 32.5. Pro. 28.13.

2 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguem peccar, temos um [AMY] Advogado [1] para com o Pae, Jesus Christo, o justo.

2 E elle é a propiciação [2] pelos nossos peccados, e não sómente pelos nossos, mas tambem pelos de todo o mundo.

A observação dos mandamentos. O amor fraternal. A separação do mundo.

3 E n’isto sabemos que o temos conhecido, se guardarmos os seus mandamentos.

4 Aquelle que diz: Eu conheço-o, [3] e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e n’elle não está a verdade.

5 Mas qualquer que guarda [4] a sua palavra, o amor de Deus está n’elle verdadeiramente aperfeiçoado: n’isto conhecemos que estamos n’elle.

6 Aquelle que diz que [5] está n’elle tambem deve andar como elle andou.

7 Irmãos, [6] não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o principio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o principio ouvistes.

8 Outra vez vos escrevo um mandamento [7] novo, que é verdadeiro n’elle e em vós; porque são passadas as trevas, e já a verdadeira luz allumia.

9 Aquelle que diz que está na luz, [8] e aborrece a seu irmão, até agora está em trevas.

10 Aquelle que ama a seu irmão [9] está na luz, e n’elle não ha escandalo.

11 Mas aquelle que aborrece a seu irmão [10] está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde vá; porque as trevas lhe cegaram os olhos.

12 Filhinhos, escrevo-vos, [11] porque pelo seu nome vos são perdoados os peccados.

13 Paes, escrevo-vos, porque conhecestes aquelle que é desde [12] o principio.[1096] Mancebos, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Filhos, escrevi-vos, porque conhecestes o Pae.

14 Paes, escrevi-vos, porque conhecestes aquelle que é desde o principio. Mancebos, escrevi-vos, porque sois fortes, [13] e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno.

15 Não ameis o mundo, [14] nem as coisas que ha no mundo. Se alguem ama o mundo, o amor do Pae não está n’elle.

16 Porque tudo o que ha no mundo, a concupiscencia da carne, a concupiscencia dos olhos [15] e a soberba da vida, não é do Pae, mas é do mundo.

17 E o mundo passa, [16] e a sua concupiscencia; mas aquelle que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Os anti-christos.

18 Filhinhos, [17] é já a ultima hora: e, como ouvistes que vem o anti-christo, tambem já agora muitos se teem feito anti-christos; por onde conhecemos que é já a ultima hora.

19 Sairam de nós, [18] porém não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam comnosco: mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.

20 Mas vós tendes [19] a uncção do Sancto, e sabeis todas as coisas.

21 Não vos escrevi porque não soubesseis a verdade, mas porquanto a sabeis, e porque nenhuma mentira é da verdade.

22 Quem é o mentiroso, [20] senão aquelle que nega que Jesus é o Christo? Esse é o anti-christo, que nega o Pae e o Filho.

23 Qualquer que [21] nega o Filho, tambem não tem o Pae; e aquelle que confessa o Filho, tem tambem o Pae.

24 Portanto o que desde o principio ouvistes [22] permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o principio ouvistes, tambem permanecereis no Filho e no Pae.

25 E esta é a promessa [23] que elle nos prometteu: a vida eterna.

26 Estas coisas vos escrevi ácerca [24] dos que vos enganam.

27 E a uncção que vós [25] recebestes d’elle fica em vós, e não tendes necessidade de que alguem vos ensine; mas, como a mesma uncção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, e como ella vos ensinou, assim n’elle ficareis.

28 E agora, filhinhos, permanecei n’elle; [26] para que, quando se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por elle na sua vinda.

29 Se sabeis que elle é justo, [27] sabeis que todo aquelle que obra a justiça é nascido d’elle.

[1] João 14, 16 e 26. Rom. 8.34. I Tim. 2.5. Heb. 7.25.

[2] Rom. 3.25. II Cor. 5.18.

[3] cap. 1.6, 8 e 4.20.

[4] João 14.21, 23. cap. 4.12, 13.

[5] João 15.4, 5. Mat. 11.29.

[6] II João 5.

[7] João 13.31. Rom. 13.12. Eph. 5.8.

[8] I Cor. 13.2. II Ped. 1.9.

[9] cap. 3.14. II Ped. 1.10.

[10] João 12.35.

[11] Luc. 24.47. Act. 4.12.

[12] cap. 1.1.

[13] Eph. 6.10.

[14] Rom. 12.2. Mat. 6.24. Gal. 1.10.

[15] Ecc. 5.11.

[16] I Cor. 7.31. Thi. 1.10. I Ped. 1.24.

[17] João 21.5. Heb. 1.2. II The. 2.3, etc. II Ped. 2.1.

[18] Deu. 13.13. Act. 20.30. Mat. 24.24.

[19] II Cor. 1.21. Heb. 1.9. Mar. 1.24.

[20] cap. 4.3. II João 7.

[21] João 15.23. II João 9.

[22] II João 6. João 14.23.

[23] João 17.3. cap. 1.2 e 5.11.

[24] cap. 3.7. II João 7.

[25] Jer. 31.33, 34. Heb. 8.10, 11.

[26] cap. 3.2 e 4.17.

[27] Act. 22.14. cap. 3.7, 10.

Os filhos de Deus.

3 Vêde quão grande [AMZ] caridade nos tem dado o Pae, [1] que fossemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo nos não conhece; porque o não conhece a elle.

2 Amados, [2] agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Porém sabemos que, quando se manifestar, seremos similhantes a elle; porque assim como é o veremos.

3 E qualquer que n’elle tem [3] esta esperança, purifica-se a si mesmo, como tambem elle é puro.

4 Qualquer que commette peccado, tambem commette iniquidade; [4] porque o peccado é iniquidade.

5 E bem sabeis que elle se [5] manifestou, para tirar os nossos peccados; e n’elle não ha peccado.

6 Qualquer que permanece n’elle não pecca: [6] qualquer que pecca não o viu nem o conheceu.

7 Filhinhos, ninguem vos [7] engane. Quem obra justiça é justo, assim como elle é justo.

8 Quem commette o peccado [8] é do diabo; porque o diabo pecca desde o principio. Para isto o Filho de Deus se manifestou, para desfazer as obras do diabo.

9 Qualquer que é nascido [9] de Deus não commette peccado; porque a sua semente permanece n’elle; e não pode peccar, porque é nascido de Deus.

10 N’isto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. [10] Qualquer que não obra justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.

[1097]

11 Porque esta é a annunciação [11] que ouvistes desde o principio: que nos amemos uns aos outros.

12 Não como Caim, [12] que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.

13 Meus irmãos, não vos maravilheis, [13] se o mundo vos aborrece.

14 Nós sabemos [14] que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.

15 Qualquer que aborrece a seu [15] irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo n’elle.

16 Conhecemos [ANA] [16] a caridade n’isto, que elle deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.

17 Quem pois tiver bens [17] do mundo, e vir o seu irmão necessitado e lhe cerrar as suas entranhas, como estará n’elle a caridade de Deus?

18 Meus filhinhos, não amemos de palavra, [18] nem de lingua, senão de obra e de verdade.

19 E n’isto conhecemos que somos da [19] verdade, e diante d’elle asseguraremos nossos corações;

20 Que, se o nosso [20] coração nos condemna, maior é Deus do que os nossos corações, e conhece todas as coisas.

21 Amados, [21] se o nosso coração nos não condemna, temos confiança para com Deus;

22 E qualquer coisa que lhe [22] pedirmos, d’elle a receberemos; porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos as coisas agradaveis perante elle.

23 E o seu [23] mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Christo, e nos amemos uns aos outros, como nos deu mandamento.

24 E aquelle que guarda [24] os seus mandamentos n’elle está, e elle n’elle. E n’isto conhecemos que elle está em nós, pelo Espirito que nos tem dado.

[1] João 1.12 e 15.18, 19.

[2] Isa. 56.5. Rom. 8.15. Gal. 3.26.

[3] cap. 4.17.

[4] Rom. 4.15. cap. 5.17 e 1.2.

[5] Isa. 53.5, 6, 11. I Tim. 1.15. Heb. 1.3.

[6] cap. 2.4 e 4.8. III João 11.

[7] Eze. 18.5, 9. Rom. 2.13.

[8] Mat. 13.38. João 8.44. Gen. 3.15.

[9] I Ped. 1.23.

[10] cap. 2.29 e 4.8.

[11] cap. 1.5 e 2.7. João 13.34.

[12] Gen. 4.4, 8. Heb. 11.4. Jud. 11.

[13] João 15.18, 19. II Tim. 3.12.

[14] cap. 2.9, 11.

[15] Mat. 5.21, 22. Gal. 5.21. Apo. 21.8.

[16] João 3.16. Rom. 5.8, 9. Eph. 5.2, 25.

[17] Deu. 15.7. Luc. 3.11. cap. 4.20.

[18] Eze. 33.31. Rom. 12.9. Eph. 4.15.

[19] João 18.37. cap. 1.8.

[20] I Cor. 4.4. Job 22.26.

[21] Heb. 10.22.

[22] Pro. 15.29. Jer. 29.12. Mat. 7.8.

[23] João 6.29 e 17.3. Mat. 22.39.

[24] João 14.23. Rom. 8.9.

Os falsos prophetas.

4 Amados, [1] não creiaes a todo o espirito, mas provae se os espiritos são de Deus; porque muitos falsos prophetas se teem levantado no mundo.

2 N’isto conhecereis o Espirito de Deus: [2] Todo o espirito que confessa que Jesus Christo veiu em carne é de Deus;

3 E todo o espirito [3] que não confessa que Jesus Christo veiu em carne não é de Deus; e tal é o espirito do anti-christo, do qual ouvistes que ha de vir, e já agora está no mundo.

4 Filhinhos, [4] sois de Deus, e o tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.

5 Do mundo são, [5] por isso fallam do mundo, e o mundo os ouve.

6 Nós somos de Deus; [6] aquelle que conhece a Deus ouve-nos; aquelle que não é de Deus não nos ouve. [7] N’isto conhecemos nós o espirito da verdade e o espirito do erro.

Deus é amor. Devemos amar a Deus e aos nossos irmãos.

7 Amados, [8] amemo-nos uns aos outros; porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

8 Aquelle que não ama não [9] tem conhecido a Deus; porque Deus é caridade.

9 N’isto se manifestou a caridade de Deus [10] para comnosco: que Deus enviou seu Filho unigenito ao mundo, para que por elle vivamos.

10 N’isto está a caridade, não que nós tenhamos amado a Deus, [11] mas que elle nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos peccados.

11 Amados, [12] se Deus assim nos amou, tambem nos devemos amar uns aos outros.

12 Ninguem jámais viu [13] a Deus; e, se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é [ANB] perfeita a sua caridade.

13 N’isto conhecemos [14] que estamos n’elle, e elle em nós, porquanto nos deu do seu Espirito,

14 E vimos, [15] e testificamos que o Pae enviou seu Filho para Salvador do mundo.

[1098]

15 Qualquer [16] que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está n’elle, e elle em Deus.

16 E nós conhecemos, e cremos o amor que Deus nos tem. [17] Deus é [ANC] caridade; e quem está em caridade está em Deus, e Deus n’elle.

17 N’isto é [AND] perfeita a caridade para comnosco, [18] para que no dia do juizo tenhamos confiança, porque qual elle é somos nós tambem n’este mundo.

18 [ANE] Na caridade não ha temor, antes [ANF] a perfeita caridade lança fóra o temor; porque o temor tem a pena, [19] e o que teme não está perfeito em caridade.

19 Nós o amamos a elle porque elle nos amou primeiro.

20 Se alguem diz: [20] Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?

21 E d’elle temos este [21] mandamento: que quem ama a Deus ame tambem a seu irmão.

[1] Jer. 29.8. Mat. 24.4. I Cor. 14.29.

[2] I Cor. 12.3. cap. 5.1.

[3] II João 7. II The. 2.7.

[4] João 12.31. I Cor. 2.12. Eph. 2.3.

[5] João 3.31 e 15.19.

[6] João 8.47. I Cor. 14.37. II Cor. 10.7.

[7] Isa. 8.20. João 14.17.

[8] cap. 3.10, 11, 23.

[9] cap. 2.4 e 3.6. ver. 16.

[10] João 3.16. Rom. 5.8, 9.

[11] João 15.16. Rom. 5.8, 10.

[12] Mat. 18.33. João 15.12, 13.

[13] João 1.18. I Tim. 6.16.

[14] João 14.20. cap. 3.24.

[15] João 1.14 e 3.17.

[16] Rom. 10.9. cap. 5.1, 5.

[17] ver. 8, 12. cap. 3.24.

[18] Thi. 2.13. cap. 2.28 e 3.19, 21.

[19] ver. 12.

[20] cap. 2.4 e 3.17. ver. 12.

[21] Mat. 22.37, 39. João 13.34 e 15.12.

A fé em Jesus e as suas consequencias.

5 Todo aquelle que crê [1] que Jesus é o Christo é nascido de Deus; e todo aquelle que ama ao que o gerou tambem ama ao que d’elle é nascido.

2 N’isto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.

3 Porque esta é [ANG] a caridade [2] de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.

4 Porque todo o que é [3] nascido de Deus vence o mundo; e esta é a victoria que vence o mundo, a nossa fé.

5 Quem é aquelle que vence o mundo, [4] senão aquelle que crê que Jesus é o Filho de Deus?

6 Este é aquelle que veiu por [5] agua e sangue, Jesus, o Christo: não só por agua, mas por agua e por sangue. E o Espirito é o que testifica, porque o Espirito é a verdade.

7 Porque tres são os que testificam no céu: o Pae, a Palavra, [6] e o Espirito Sancto; e estes tres são um.

8 E tres são os que testificam na terra: o Espirito, e a agua, e o sangue; e estes tres concordam n’um.

9 Se recebemos o testemunho dos homens, [7] o testemunho de Deus é maior; porque é este o testemunho de Deus, que de seu Filho testificou.

10 Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo [8] tem o testemunho: quem a Deus não crê mentiroso o fez: porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu.

11 E o testemunho é este: [9] que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.

12 Quem tem o Filho [10] tem a vida: quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

13 Estas coisas vos escrevi, a vós [11] que crêdes no nome do Filho de Deus, para que saibaes que tendes a vida eterna, e para que creiaes no nome do Filho de Deus.

A efficacia da oração.

14 E esta é a confiança que temos para com elle, que, [12] se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, elle nos ouve.

15 E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que [ANH] alcançamos as petições que lhe pedimos.

16 Se alguem vir peccar seu irmão peccado que não é para morte, orará, [13] e Deus dará a vida áquelles que não peccarem para morte. Ha peccado para morte, pelo qual não digo que ore.

17 Toda a iniquidade [14] é peccado: e ha peccado que não é para morte.

18 Sabemos que todo aquelle [15] que é nascido de Deus não pecca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.

19 Sabemos que somos de Deus, [16] e que todo o mundo jaz no maligno.

20 Porém sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos [17] deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, em seu Filho Jesus Christo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.

21 Filhinhos, [18] guardae-vos dos idolos. Amen.

[1] João 1.12, 13. cap. 2.22, 23 e 4.2, 15.

[2] João 14.15, 21, 23. II João 6. Miq. 6.8.

[3] João 16.33. cap. 3.9 e 4.4.

[4] I Cor. 15.57. cap. 4.15.

[5] João 19.34 e 14.17. I Tim. 3.16.

[6] João 1.1 e 10.30. Apo. 19.13.

[7] João 8.17, 18. Mat. 3.16, 17.

[8] Rom. 8.16. Gal. 4.6.

[9] cap. 2.25. João 1.4.

[10] João 3.36 e 5.24.

[11] João 20.31. cap. 1.1, 2.

[12] cap. 3.22.

[13] Job 42.8. Thi. 5.14, 15. Mat. 12.31, 32.

[14] cap. 3.4.

[15] I Ped. 1.23. cap. 3.9. Thi. 1.27.

[16] Gal. 1.4.

[17] Luc. 24.45. João 17.3 e 20.28. Isa. 9.6 e 44.6 e 54.5. Act. 20.28. Rom. 9.5. I Tim. 3.16. Tito 2.13. Heb. 1.8. ver. 11, 12, 13.

[18] I Cor. 10.14.

[1099]


SEGUNDA EPISTOLA DO
APOSTOLO S. JOÃO.

Prefacio e saudação.

Depois de 90 Anno Domini

1 O ancião á senhora eleita, e a seus filhos, [1] aos quaes amo na verdade, e não sómente eu, mas tambem todos os que teem conhecido a verdade,

2 Por amor da verdade que está em nós e para sempre estará comnosco:

3 Graça, [2] misericordia, paz, da parte de Deus Pae e da do Senhor Jesus Christo, o Filho do Pae, seja comvosco na verdade e [ANI] caridade.

Amor fraternal: falsos doutores.

4 Muito me alegrarei por achar que alguns de teus filhos andam [3] na verdade, assim como recebemos o mandamento do Pae.

5 E agora, senhora, [4] rogo-te, não como escrevendo-te um novo mandamento, mas aquelle que desde o principio tivemos, [5] que nos amemos uns aos outros.

6 E [ANJ] a caridade é esta: [6] que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como desde o principio ouvistes, que n’elle andeis.

7 Porque muitos [7] enganadores entraram no mundo, os quaes não confessam que Jesus Christo veiu em carne. Este tal é o enganador e o anti-christo.

8 Olhae por vós mesmos, [8] para que não percamos o que trabalhámos, antes recebamos o inteiro galardão.

9 Todo aquelle que prevarica, [9] e não persevera na doutrina de Christo, não tem a Deus: quem persevera na doutrina de Christo, esse tem assim ao Pae como ao Filho.

10 Se alguem vem ter comvosco, e não traz esta doutrina, não o recebaes em casa, [10] nem tampouco o saudeis.

11 Porque quem o sauda tem parte nas suas más obras.

12 Muitas coisas tenho [11] que escrever-vos, porém não quiz com papel e tinta; mas espero ir ter comvosco e fallar de bocca a bocca, [12] para que o nosso gozo seja cumprido.

13 Saudam-te [13] os filhos de tua irmã, a eleita. Amen.

[1] ver. 3. I João 3.18. III João 1. João 8.32.

[2] I Tim. 1.2. ver. 4.

[3] III João 3.

[4] I João 2.7, 8 e 3.11.

[5] João 13.34. I Ped. 4.8. I João 3.23.

[6] João 14.15, 21. I João 2.5.

[7] I João 4.1, 2, 3 e 2.22.

[8] Mar. 13.9. Gal. 3.4. Heb. 10.32, 35.

[9] I João 2.23.

[10] Rom. 16.17. I Cor. 5.11. Gal. 1.8, 9.

[11] III João 13.

[12] João 17.13. I João 1.4.

[13] I Ped. 5.13.


TERCEIRA EPISTOLA DO
APOSTOLO S. JOÃO.

Prefacio e saudação. O elogio de Gaio.

Depois de 90 Anno Domini

1 O ancião ao amado Gaio, [1] a quem em verdade eu amo.

2 Amado, antes de tudo desejo que te vá bem, e que tenhas saude, assim como bem vae á tua alma.

3 Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram de tua verdade, [2] como tu andas na verdade.

4 Não tenho maior gozo do que n’isto, de ouvir [3] que os meus filhos andam na verdade.

5 Amado, obras fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos,

6 Que em presença da egreja testificaram [ANK] da tua caridade: aos quaes, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás:

[1100]

7 Porque pelo seu nome sairam, nada [4] tomando dos gentios.

8 Portanto aos taes devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade.

Queixa contra Diotrephes. Elogio de Demetrio. Saudações.

9 Tenho escripto á egreja; porém Diotrephes, que procura ter entre elles o primado, não nos recebe.

10 Pelo que, se eu fôr, trarei á memoria as obras que faz, palrando contra nós com palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebel-os, e os lança fóra da egreja.

11 Amado, [5] não sigas o mal, mas o bem. Quem faz bem é de Deus; mas quem faz mal não tem visto a Deus.

12 Todos dão testemunho de Demetrio, [6] até a mesma verdade; e tambem nós testemunhamos; [7] e vós bem sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro.

13 Tinha muito que [8] escrever, porém não quero escrever-te com tinta e penna.

14 Mas espero vêr-te brevemente, e fallaremos de bocca a bocca.

15 Paz seja comtigo. Os amigos te saudam. Sauda os amigos por nome.

[1] II João 1.

[2] II João 4.

[3] I Cor. 4.15. Phi. 10.

[4] I Cor. 9.12, 15.

[5] Isa. 1.16, 17. I Ped. 3.11. I João 2.29.

[6] I Tim. 3.7.

[7] João 21.24.

[8] II João 12.


EPISTOLA UNIVERSAL DO
APOSTOLO S. JUDAS.

Prefacio e saudação.

Anno Domini 66

1 Judas, servo de Jesus Christo, [1] e irmão de Thiago, aos chamados, sanctificados pelo Deus Pae, e conservados por Jesus Christo:

2 Misericordia, e paz, e [ANL] caridade vos sejam [2] multiplicadas.

Contra os impios e falsos mestres.

3 Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligencia ácerca da salvação commum, [3] tive por necessidade escrever-vos, [4] e exhortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos sanctos.

4 Porque se introduziram alguns, que já d’antes estavam escriptos para este mesmo juizo, [5] homens impios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, unico dominador e Senhor nosso, Jesus Christo.

5 Porém quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, [6] que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egypto, destruiu depois os que não creram;

6 E aos anjos [7] que não guardaram a sua origem, mas deixaram a sua propria habitação, reservou debaixo da escuridão, e em prisões eternas até ao juizo d’aquelle grande dia;

7 Como Sodoma [8] e Gomorrah, e as cidades circumvisinhas, que, havendo fornicado como aquelles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, soffrendo a pena do fogo eterno.

8 E comtudo [9] tambem estes, similhantemente adormecidos, contaminam a carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as dignidades.

9 Porém o archanjo [10] Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moysés, não ousou pronunciar juizo de maldição contra elle; porém disse: O Senhor te reprehenda.

10 Porém estes dizem mal [11] do que não sabem; e o que naturalmente conhecem, como animaes irracionaes, n’isso se corrompem.

11 Ai d’elles! porque entraram pelo caminho de Caim, [12] e foram levados pelo engano do galardão de Balaão, e pereceram pela contradicção de Coré.

[1101]

12 Estes são [ANM] manchas [13] em vossas festas de [ANN] caridade, banqueteando comvosco, [ANO] e apascentando-se a si mesmos sem temor: [14] são nuvens sem agua, levadas dos ventos de uma a outra parte: são como arvores murchas, infructiferas, duas vezes mortas, desarreigadas;

13 Ondas impetuosas do mar, [15] que escumam as suas mesmas abominações; estrellas errantes, para os quaes está eternamente reservada a escuridão das trevas.

14 E d’estes prophetizou tambem Enoch, o setimo depois de Adão, [16] dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus sanctos;

15 Para fazer juizo contra todos e castigar d’entre elles todos os impios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente commetteram, [17] e por todas as duras palavras que os impios peccadores disseram contra elle.

16 Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscencias, [18] e cuja bocca falla coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do proveito.

17 Mas vós, amados, [19] lembrae-vos das palavras que vos foram preditas pelos apostolos de nosso Senhor Jesus Christo:

18 Como vos diziam que no ultimo tempo haveria escarnecedores [20] que andariam segundo as suas impias concupiscencias.

19 Estes são os que se separam [21] a si mesmos, sensuaes, que não teem o Espirito.

Exhortação e doxologia final.

20 Mas vós, amados, [22] edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa sanctissima fé, orando no Espirito Sancto,

21 Conservae-vos a vós mesmos [ANP] na caridade de Deus, [23] esperando a misericordia de nosso Senhor Jesus Christo para a vida eterna.

22 E apiedae-vos de alguns que estão duvidosos;

23 Mas salvae os outros por temor, [24] e arrebatae-os do fogo, aborrecendo até a roupa manchada da carne.

24 Ora, áquelle que é poderoso [25] para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irreprehensiveis, [26] com alegria, perante a sua gloria,

25 Ao unico Deus, Salvador [27] nosso, por Jesus Christo, nosso Senhor, seja gloria e magestade, dominio e poder, antes de todos os seculos, agora, e para todo o sempre. Amen.

[1] Luc. 6.16. Act. 1.13. João 17.11, 12, 15.

[2] I Ped. 1.2. II Ped. 1.2.

[3] Tito 1.4.

[4] Phi. 1.27. I Tim. 1.18.

[5] Gal. 2.4. II Ped. 2.1. Rom. 9.21, 22.

[6] I Cor. 10.9. Num. 14.29, 37.

[7] João 8.44. II Ped. 2.4. Apo. 20.10.

[8] Gen. 19.24. Deu. 29.23. II Ped. 2.6.

[9] II Ped. 2.10. Exo. 22.28.

[10] Dan. 10.13 e 12.1. Apo. 12.7. II Ped. 2.11. Zac. 3.2.

[11] II Ped. 2.12.

[12] Gen. 4.5. I João 3.12. Num. 22.7, 21. II Ped. 2.15. Num. 18.1, etc.

[13] II Ped. 2.13. I Cor. 11.21.

[14] Pro. 25.14. II Ped. 2.17. Eph. 4.14. Mat. 15.13.

[15] Isa. 57.20. Phi. 3.19. II Ped. 2.17.

[16] Gen. 5.18. Deu. 32.2. Dan. 7.10. Zac. 14.5. Mat. 25.31. II The. 1.7. Apo. 1.7.

[17] I Sam. 2.3. Psa. 31.18 e 94.4. Mal. 3.13.

[18] II Ped. 2.18. Pro. 28.21. Thi. 2.1, 9.

[19] II Ped. 3.2.

[20] I Tim. 4.1. II Tim. 3.1 e 4.3. II Ped. 2.1 e 3.3.

[21] Pro. 18.1. Eze. 14.7. Ose. 4.14 e 9.10. Heb. 10.25. I Cor. 2.14. Thi. 3.15.

[22] Col. 2.7. I Tim. 1.4. Rom. 8.26. Eph. 6.18.

[23] Tito 2.13. II Ped. 3.12.

[24] Rom. 11.14. I Tim. 4.16. Amós 4.11. Zac. 3.2. I Cor. 3.15. Zac. 3.4, 5. Apo. 3.4.

[25] Rom. 16.25. Eph. 3.20.

[26] Col. 1.22.

[27] Rom. 16.27. I Tim. 1.17 e 2.3.


APOCALYPSE DO
APOSTOLO S. JOÃO.

O titulo e assumpto do livro.

Anno Domini 96

1 Revelação de Jesus Christo, a qual Deus lhe deu, [1] para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo;

2 O qual testificou da palavra [2] de Deus, e do testemunho de Jesus Christo, e de tudo o que tem visto.

3 Bemaventurado [3] aquelle que lê, e os que ouvem as palavras d’esta prophecia, e guardam as coisas que n’ella estão escriptas; porque o tempo está proximo.

Dedicação ás sete egrejas da Asia.

4 João, ás sete egrejas que estão na Asia: [4] Graça e paz seja comvosco da parte d’aquelle que é, e que era, e que ha de vir, e da dos sete espiritos que estão diante do seu throno;

5 E da parte de Jesus Christo, [5] que é a fiel testemunha, o primogenito dos mortos[1102] e o principe dos reis da terra. Aquelle que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos peccados,

6 E nos fez [6] reis e sacerdotes para Deus e seu Pae: a elle gloria e poder para todo o sempre. Amen.

7 Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, [7] até os mesmos que o traspassaram, e todas as tribus da terra se lamentarão sobre elle. Sim. Amen.

8 Eu sou [8] o Alpha e o Omega, o principio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que ha de vir, o Todo-poderoso.

Jesus apparece a João na ilha de Patmos. Ordena-lhe que escreva o que viu e o participe ás sete egrejas da Asia.

9 Eu, João, que tambem sou vosso irmão, e companheiro na afflicção, e no reino, [9] e paciencia de Jesus Christo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Christo.

10 Eu fui arrebatado [10] em espirito no dia do Senhor, e ouvi detraz de mim uma grande voz, como de trombeta,

11 Que dizia: O que vês, escreve-o n’um livro, e envia-o ás sete egrejas que estão na Asia: a Epheso, e a Smyrna, e a Pergamo, e a Thyatira, e a Sardo, e a Philadelphia, e a Laodicéa.

12 E virei-me para vêr quem fallara comigo. E, virando-me, [11] vi sete castiçaes de oiro;

13 E no meio dos sete [12] castiçaes um similhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto de oiro.

14 E a sua cabeça e [13] cabellos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chamma de fogo;

15 E os seus pés, [14] similhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados n’uma fornalha, e a sua voz como a voz de muitas aguas.

16 E tinha na sua [15] dextra sete estrellas; e da sua bocca sahia uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.

17 E eu, quando o vi, [16] cahi a seus pés como morto; e elle poz sobre mim a sua dextra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o derradeiro;

18 E o que vivo [17] e fui morto; e eis aqui vivo para todo o sempre. Amen: e tenho as chaves da morte e do [ANQ] inferno.

19 Escreve as coisas [18] que tens visto e as que são, e as que depois d’estas hão de acontecer:

20 O mysterio das sete [19] estrellas, que viste na minha dextra, e dos sete castiçaes de oiro. As sete estrellas são os anjos das sete egrejas, e os sete castiçaes, que viste, são as sete egrejas.

[1] João 3.32 e 8.26 e 12.49. cap. 4.1 e 22.16.

[2] I Cor. 1.6. cap. 6.9 e 12.17. I João 1.1.

[3] Luc. 11.28. Rom. 13.11. Thi. 5.8. I Ped. 4.7. cap. 22.10.

[4] Exo. 3.14. João 1.1. Zac. 3.9 e 4.10.

[5] João 8.14. I Tim. 6.13. I Cor. 15.20. Col. 1.18. Eph. 1.20. João 13.34 e 15.9. Gal. 2.20. Heb. 9.14. I João 1.7.

[6] I Ped. 2.5, 9. I Tim. 6.16. Heb. 13.21. I Ped. 4.11 e 5.11.

[7] Dan. 7.13. Mat. 24.30 e 26.64. Act. 1.11. Zac. 12.10. João 19.37.

[8] Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12. cap. 2.8 e 21.6 e 22.13.

[9] Phi. 1.7 e 4.14. II Tim. 1.8. Rom. 8.17. II Tim. 2.12.

[10] Act. 10.10. II Cor. 12.2. cap. 4.2 e 17.3 e 21.10. João 20.26. Act. 20.7. I Cor. 16.2. cap. 4.1 e 10.8.

[11] ver. 20. Exo. 25.37. Zac. 4.2.

[12] cap. 2.1 e 14.14 e 10.16. Eze. 1.26. Dan. 7.13 e 10.16.

[13] Dan. 7.9 e 10.6. cap. 2.18 e 19.12.

[14] Eze. 1.7. Dan. 10.6. cap. 2.18 e 14.2 e 19.6. Eze. 43.2.

[15] ver. 20. cap. 2.1, 12, 16 e 3.1 e 19.15. Isa. 49.2. Eph. 6.17. Heb. 4.12. Act. 26.13.

[16] Eze. 1.28. Dan. 8.18 e 10.10. Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12.

[17] Rom. 6.9. cap. 4.9 e 5.14. Psa. 68.20.

[18] ver. 12, etc. cap. 2.1 e 4.1, etc. ver. 16.

[19] Mal. 2.7. cap. 2.1, etc. Zac. 4.2. Mat. 5.15. Phi. 2.15.

Cartas ás sete egrejas da Asia. Primeira carta, á egreja em Epheso.

2 Escreve ao anjo da egreja que está em Epheso: [1] Isto diz aquelle que tem na sua dextra as sete estrellas, que anda no meio dos sete castiçaes de oiro.

2 Eu sei as tuas obras, [2] e o teu trabalho, e a tua paciencia, e que não pódes soffrer os maus; e provaste os que dizem ser apostolos [3] e o não são; e tu os achaste mentirosos.

3 E soffreste, e tens paciencia; e trabalhaste pelo meu nome, [4] e não te cançaste.

4 Porém tenho contra ti que deixaste [ANR] a tua primeira caridade.

5 Lembra-te pois d’onde decaiste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e, [5] senão, brevemente a ti virei, e tirarei do seu logar o teu castiçal, se te não arrependeres.

6 Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaitas, [6] as quaes eu tambem aborreço.

7 Quem tem ouvidos, [7] ouça o que o Espirito diz ás egrejas: Ao que vencer, [8] dar-lhe-hei a comer da arvore da vida, que está no meio do paraiso de Deus.

Segunda carta, á egreja em Smyrna.

8 E ao anjo da egreja que está em Smyrna, escreve: Isto diz o primeiro e o derradeiro, que foi morto, e reviveu:

9 Eu sei as tuas obras, e tribulação, e[1103] pobreza ([9] porém tu és rico), e a blasphemia dos que se dizem judeos, e o não são, mas são a synagoga de Satanás.

10 Nada temas [10] das coisas que has de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejaes tentados; e tereis tribulação de dez dias. [11] Sê fiel até á morte, e dar-te-hei a corôa da vida.

11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas: [12] O que vencer não receberá damno da segunda morte.

Terceira carta, á egreja em Pergamo.

12 E ao anjo da egreja que está em Pergamo escreve: [13] Isto diz aquelle que tem a espada aguda de dois fios:

13 Eu sei as tuas obras, e onde habitas, [14] que é onde está o throno de Satanás; e retens o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

14 Porém umas poucas de coisas tenho contra ti: que tens lá os que reteem a doutrina de Balaão, [15] o qual ensinava Balac a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrificios da idolatria e fornicassem.

15 Assim tens tambem os que reteem a doutrina dos nicolaitas: o que eu aborreço.

16 Arrepende-te, e, senão, em breve virei a ti, [16] e contra elles batalharei com a espada da minha bocca.

17 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas: Ao que vencer darei eu a comer do manná escondido, e dar-lhe-hei um seixo branco, [17] e um novo nome escripto no seixo, o qual ninguem conhece senão aquelle que o recebe.

Quarta carta, á egreja em Thyatira.

18 E ao anjo da egreja em Thyatira, escreve: Isto diz o Filho de Deus, [18] que tem seus olhos como chamma de fogo, e os pés similhantes ao latão reluzente:

19 Eu conheço as tuas obras, e [ANS] caridade, e serviço, e fé, e a tua paciencia, e as tuas ultimas obras, e que as derradeiras são mais do que as primeiras.

20 Porém umas poucas de coisas tenho contra ti: que deixas a Jezabel, [19] mulher que se diz prophetiza, ensinar e enganar os meus servos, para que forniquem e comam dos sacrificios da idolatria.

21 E dei-lhe tempo [20] para que se arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu.

22 Eis que a deito na cama, e aos que adulteram com ella, em grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras.

23 E matarei de [ANT] morte a seus filhos, [21] e todas as egrejas saberão que eu sou aquelle que penetra os rins e os corações. [22] E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.

24 Mas eu vos digo a vós, e aos demais que estão em Thyatira, a todos quantos não teem esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, [23] que outra carga vos não porei.

25 Porém o que tendes [24] retende-o até que eu venha.

26 E ao que vencer, [25] e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações,

27 E com vara de ferro [26] as regerá: serão quebradas como vasos de oleiro, como tambem recebi de meu Pae.

28 E dar-lhe-hei a estrella da manhã.

29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

[1] cap. 1.13, 16, 20.

[2] Psa. 1.6. ver. 9, 13, 19. cap. 3.1, 8, 15. João 4.1.

[3] II Cor. 11.13. II Ped. 2.1.

[4] Gal. 6.9. Heb. 12.3, 5.

[5] Mat. 21.41, 43.

[6] ver. 15.

[7] Mat. 11.15 e 13.9, 43. cap. 3.6, 13, 22 e 13.9 e 22.2, 14.

[8] Gen. 2.9.

[9] Luc. 12.21. I Tim. 6.18. Thi. 2.5. Rom. 2.17, 28, 29 e 9.6. cap. 3.9.

[10] Mat. 10.22.

[11] Mat. 24.13. Thi. 1.12. cap. 3.11 e 13.9.

[12] cap. 20.14 e 21.8.

[13] cap. 1.16. ver. 2.

[14] ver. 9.

[15] Num. 24.14 e 25.1 e 31.16. II Ped. 2.15. Jud. 11. Act. 15.29. I Cor. 8.9, 10 e 10.19, 29. I Cor. 6.13.

[16] Isa. 11.4. II The. 2.8. cap. 1.16 e 19.15, 21. ver. 14.

[17] cap. 3.12 e 19.12.

[18] cap. 1.14, 15. ver. 2.

[19] I Reis 16.31 e 21.25. II Reis 9.7. Exo. 34.15. Act. 15.20, 29. I Cor. 10.19, 20.

[20] Rom. 2.4. cap. 9.20.

[21] I Sam. 16.7. I Chr. 28.9 e 29.17. II Chr. 6.30. Psa. 7.8. Jer. 11.20 e 17.10. João 2.24, 25. Act. 1.24. Rom. 8.27.

[22] Psa. 62.12. Mat. 16.27. Rom. 2.6. II Cor. 5.10. Gal. 6.5. cap. 20.12.

[23] Act. 15.28.

[24] cap. 3.11.

[25] João 6.29. I João 3.23. Mat. 19.28. Luc. 22.29, 30. I Cor. 6.3. cap. 3.21 e 20.4.

[26] Psa. 2.8, 9 e 49.14. Dan. 7.22. cap. 12.5.

Quinta carta, á egreja em Sardo.

3 E ao anjo da egreja que está em Sardo escreve: Isto diz o que tem os sete Espiritos [1] de Deus, e as sete estrellas: Eu sei as tuas obras, [2] que tens nome de que vives, e estás morto.

2 Sê vigilante, e confirma o resto que estava para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.

3 Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. [3] E, se não velares, virei sobre ti como o ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.

4 Mas tambem [4] tens em Sardo [ANU] algumas pessoas que não contaminaram[1104] seus vestidos, [5] e comigo andarão em vestidos brancos; porquanto são dignos d’isso.

5 O que vencer [6] será vestido de vestidos brancos, e em maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pae e diante dos seus anjos.

6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

Sexta carta, á egreja em Philadelphia.

7 E ao anjo da egreja que está em Philadelphia escreve: Isto diz o que é sancto, [7] o que é verdadeiro o que tem a chave de David; o que abre, e ninguem cerra; e cerra, e ninguem abre:

8 Eu sei as tuas obras: eis que diante de ti puz uma porta aberta, [8] e ninguem a pode cerrar: porque tens pouca força, e guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.

9 Eis aqui dou, [9] da synagoga de Satanás, dos que se dizem judeos, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo.

10 Porque guardaste a palavra da minha paciencia, [10] tambem eu te guardarei da hora da tentação que ha de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.

11 Eis que venho logo; [11] guarda o que tens, para que ninguem tome a tua corôa.

12 A quem vencer, [12] eu o farei columna no templo do meu Deus, e d’elle nunca sairá; e escreverei sobre elle o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, o da nova Jerusalem, que desce do céu do meu Deus, e o meu novo nome.

13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

Setima carta, á egreja em Laodicea.

14 E ao anjo da egreja que está em Laodicea escreve: [13] Isto diz o Amen, a testemunha fiel e verdadeira, o principio da creação de Deus:

15 Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá fôras frio ou quente!

16 Assim, pois que és morno, e nem és frio nem quente, vomitar-te-hei da minha bocca.

17 Porque dizes: [14] Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miseravel, e pobre, e cego, e nú.

18 Aconselho-te [15] a que de mim compres oiro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não appareça a vergonha da tua nudez; e unge os teus olhos com collyrio, para que vejas;

19 Eu reprehendo e castigo a todos quantos amo: [16] sê pois zeloso, e arrepende-te.

20 Eis que estou á porta, [17] e bato: se alguem ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com elle cearei, e elle comigo.

21 Ao que vencer [18] lhe concederei que se assente comigo no meu throno; assim como eu venci, e me assentei com meu Pae no seu throno.

22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espirito diz ás egrejas.

[1] II Ped. 1.19. cap. 22.16.

[2] cap. 1.4, 16 e 4.5 e 5.6. cap. 2.2. Eph. 2.1, 5. I Tim. 5.6.

[3] I Tim. 6.20. II Tim. 1.13. ver. 11, 19. Mat. 24.42, 43 e 25.13. Mar. 13.33. Luc. 12.39, 40. I The. 5.2, 6. II Ped. 3.10. cap. 16.15.

[4] Act. 1.15. Jud. 23.

[5] cap. 4.4 e 6.11.

[6] cap. 19.8. Exo. 32.32. Psa. 69.28. Phi. 4.3. cap. 13.8 e 17.8. Mat. 10.32. Luc. 12.8.

[7] Act. 3.14. I João 5.20. ver. 14. cap. 1.5, 18 e 19.11. Isa. 22.22. Luc. 1.32. Mat. 16.19. Job 12.14.

[8] I Cor. 16.9. II Cor. 2.12.

[9] cap. 2.9. Isa. 49.23 e 60.14.

[10] II Ped. 2.9. Luc. 2.1. Isa. 24.17.

[11] Phi. 4.5. cap. 1.3 e 2.10, 25 e 22.7, 12, 20.

[12] I Reis 7.21. Gal. 2.9. cap. 2.17 e 14.1. Gal. 4.26. Heb. 12.22. cap. 21.2, 10 e 22.4.

[13] Isa. 65.16. cap. 1.5 e 19.11 e 22.6. Col. 1.15.

[14] Ose. 12.8. I Cor. 4.8.

[15] Isa. 55.1. Mat. 13.44 e 25.9. II Cor. 5.3. cap. 7.13 e 16.15 e 19.8.

[16] Job 5.17. Pro. 3.11, 12. Heb. 12.5, 6. Thi. 1.12.

[17] Can. 5.2. Luc. 12.37. João 14.23.

[18] Mat. 19.28. Luc. 22.30. I Cor. 6.2. II Tim. 2.12. cap. 2.26, 27.

A visão do throno da magestade divina; os vinte e quatro anciãos e os quatro animaes.

4 Depois d’estas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu: [1] e a primeira voz, que como de uma trombeta ouvira fallar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-hei as coisas que depois d’estas devem acontecer.

2 E logo fui arrebatado em [2] espirito, e eis que um throno estava posto no céu, e um assentado sobre o throno.

3 E o que estava assentado era, ao parecer, similhante á pedra jaspe e sardonica; [3] e o arco celeste estava ao redor do throno, no parecer similhante á esmeralda.

4 E ao redor [4] do throno havia vinte e quatro thronos; e vi assentados sobre os thronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestidos brancos; e tinham sobre suas cabeças corôas de oiro.

5 E do throno sahiam relampagos, e trovões, [5] e vozes; e diante do throno ardiam sete lampadas de fogo, as quaes são os sete Espiritos de Deus.

[1105]

6 E havia diante do throno um mar de vidro, [6] similhante ao crystal. E no meio do throno, e ao redor do throno, quatro [ANV] animaes cheios de olhos, por diante e por detraz.

7 E o primeiro animal era similhante a um leão, [7] e o segundo animal similhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era similhante a uma aguia voando.

8 E os quatro animaes tinham [8] cada um de per si seis azas ao redor, e por dentro estavam cheios de olhos; e não descançam nem de dia nem de noite, dizendo: Sancto, Sancto, Sancto é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que ha de vir.

9 E, quando os animaes davam gloria, e honra, e acções de graças ao que estava assentado sobre o throno, [9] ao que vive para todo o sempre,

10 Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o throno, [10] e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas corôas diante do throno, dizendo:

11 Digno és, [11] Senhor, de receber gloria, e honra, e poder; porque tu creaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram creadas.

[1] cap. 1.10, 19 e 11.12 e 22.6.

[2] cap. 1.10 e 17.3 e 21.10. Isa. 6.1. Jer. 17.12. Eze. 1.26 e 10.1. Dan. 7.9.

[3] Eze. 1.28.

[4] cap. 3.4, 5 e 6.11 e 7.9 e 19.14.

[5] cap. 8.5 e 16.18. Exo. 37.23. II Chr. 4.20. Eze. 1.13. Zac. 4.2. cap. 1.4 e 3.1 e 5.6.

[6] Exo. 38.8. cap. 15.2. Eze. 1.5. ver. 8.

[7] Num. 2.2, etc. Eze. 1.10 e 10.14.

[8] Isa. 6.2. ver. 6. Isa. 6.3. cap. 1.8. cap. 1.4.

[9] cap. 1.18 e 5.14 e 15.7. cap. 5.8, 14.

[10] ver. 9. ver. 4.

[11] cap. 5.12. Gen. 1.1. Act. 17.24. Eph. 3.9. Col. 1.16. cap. 10.6.

O livro sellado com sete sellos. Sómente o Cordeiro é digno de abril-o.

5 E vi na dextra do que estava assentado sobre o throno um livro escripto [1] por dentro e por fóra, sellado com sete sellos.

2 E vi um anjo forte, apregoando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus sellos?

3 E ninguem [2] no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para elle.

4 E eu chorava muito, porque ninguem fôra achado digno de abrir o livro, nem de o lêr, nem de olhar para elle.

5 E disse-me um dos anciãos: Não chores: [3] eis aqui, o Leão da tribu de Judah, a raiz de David, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete sellos.

6 E olhei, e eis que no meio dos anciãos estava um [4] Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete cornos, e sete olhos, que são os sete Espiritos de Deus enviados a toda a terra.

7 E veiu, e tomou o livro da [5] dextra do que estava assentado no throno.

8 E, havendo tomado o livro, os quatro animaes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos elles harpas [6] e [ANW] salvas de oiro cheias de incenso, que são as orações dos sanctos.

9 E cantavam um novo cantico, dizendo: [7] Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus sellos; porque foste morto, [8] e com o teu sangue para Deus nos compraste, de toda a tribu, [9] e lingua, e povo, e nação;

10 E para [10] o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra.

11 E olhei, [11] e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do throno, e dos animaes, e dos anciãos; e era o numero d’elles milhões de milhões, e milhares de milhares,

12 Que com grande voz [12] diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e gloria, e acções de graças.

13 E ouvi a toda a creatura [13] que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que n’elles ha, dizendo: Ao que está assentado sobre o throno, e ao Cordeiro, sejam dadas acções de graças, [14] e honra, e gloria, e poder para todo o sempre.

14 E os quatro animaes diziam: Amen. [15] E os vinte e quatro anciãos prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre.

[1] Eze. 2.9, 10. Isa. 29.11. Dan. 12.4.

[2] ver. 13.

[3] Gen. 49.9, 10. Heb. 7.14. Isa. 11.1, 10. Rom. 15.12. cap. 6.1.

[4] Isa. 53.7. João 1.29, 36. I Ped. 1.19. ver. 9, 12. Zac. 3.9 e 4.10. cap. 4.5.

[5] cap. 4.2.

[6] cap. 14.2 e 15.2. Psa. 141.2. cap. 8.3.

[7] Psa. 40.3. cap. 4.11 e 14.3.

[8] Act. 20.28. Rom. 3.24. I Cor. 6.20 e 7.23. Eph. 1.7. Col. 1.14. Heb. 9.12. I Ped. 1.18, 19. II Ped. 2.1. I João 1.7. cap. 14.4.

[9] Dan. 4.1 e 6.25. cap. 7.9 e 11.9 e 14.6.

[10] Exo. 19.6. I Ped. 2.5, 9. cap. 1.6 e 20.6 e 22.5.

[11] cap. 4.4, 6. Psa. 68.17. Dan. 7.10. Heb. 12.22.

[12] cap. 4.11.

[13] Phi. 2.10. ver. 3.

[14] I Chr. 29.11. Rom. 9.5 e 16.27. I Tim. 6.16. I Ped. 4.11 e 5.11. cap. 6.16 e 7.10.

[15] cap. 4.9 e 19.4.

A abertura dos primeiros seis sellos.

6 E, havendo o Cordeiro [1] aberto um dos sellos, olhei, e ouvi um dos quatro animaes, que dizia como com voz de trovão: Vem, e vê.

2 E olhei, e eis um cavallo branco: [2] e o que estava assentado sobre elle[1106] tinha um arco; e foi-lhe dada uma corôa, e saiu victorioso, para que vencesse.

3 E, havendo aberto o [3] segundo sello, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê.

4 E saiu outro cavallo, [4] vermelho; e ao que estava assentado sobre elle foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

5 E, havendo aberto o terceiro sello, [5] ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavallo preto: [6] e o que sobre elle estava assentado tinha uma balança na sua mão.

6 E ouvi uma voz no meio dos quatro animaes, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e tres medidas de cevada por um dinheiro; e não damnifiques o azeite e o vinho.

7 E, havendo aberto o quarto sello, [7] ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem e vê.

8 E olhei, [8] e eis um cavallo amarello, e o que estava assentado sobre elle tinha por nome Morte; e [ANX] o inferno o seguiu; [9] e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com mortandade, e com as feras da terra.

9 E, havendo aberto o quinto sello, [10] vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.

10 E clamavam com grande voz, dizendo: [11] Até quando, ó Dominador, e sancto verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?

11 E deram-se-lhes a cada um vestidos [12] brancos compridos, e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que tambem se completasse o numero de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como elles.

12 E, havendo aberto o sexto sello, [13] olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como sacco de cilicio, e a lua tornou-se como sangue.

13 E as estrellas [14] do céu cairam sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte.

14 E o céu retirou-se [15] como um [ANY] livro que se enrola; e todos os montes e ilhas se moveram dos seus logares.

15 E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas [16] e nas rochas das montanhas;

16 E diziam [17] aos montes e aos rochedos: Cahi sobre nós, e escondei-nos do rosto d’aquelle que está assentado sobre o throno, e da ira do Cordeiro;

17 Porque é vindo [18] o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?

[1] cap. 5.5 e 4.7.

[2] Zac. 6.3. cap. 19.11. Psa. 45.4, 5. Zac. 6.11. cap. 14.14.

[3] cap. 4.7.

[4] Zac. 6.2.

[5] cap. 4.7.

[6] Zac. 6.2.

[7] cap. 4.7.

[8] Zac. 6.3.

[9] Eze. 14.21. Lev. 26.22.

[10] cap. 8.3 e 9.13 e 14.18 e 24.4. II Tim. 1.8. cap. 12.17.

[11] Zac. 1.12. cap. 3.7 e 11.18 e 19.2.

[12] cap. 3.4, 5 e 7.9, 14. Heb. 11.40. cap. 14.13.

[13] cap. 16.18. Joel 2.10, 31 e 3.15. Mat. 24.29. Act. 2.20.

[14] cap. 8.10 e 9.1.

[15] Psa. 102.27. Isa. 34.4. Heb. 1.12, 13. Jer. 3.23 e 4.24.

[16] Isa. 2.19.

[17] Ose. 10.8. Luc. 23.30. cap. 9.6.

[18] Isa. 13.6, etc. Sof. 1.14, etc. cap. 16.14. Psa. 76.7, 8.

Os israelitas fieis são salvos de perigos imminentes.

7 E depois d’estas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, [1] que retinham os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra arvore alguma.

2 E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o sello do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos a quem fôra dado o poder de damnificar a terra e o mar,

3 Dizendo: [2] Não damnifiques a terra, nem o mar, nem as arvores, até que hajamos assignalado nas suas testas os servos do nosso Deus.

4 E ouvi o numero [3] dos assignalados, e foram cento e quarenta e quatro mil assignalados, de todas as tribus dos filhos de Israel.

5 Da tribu de Judah, doze mil assignalados: da tribu de Ruben, doze mil assignalados: da tribu de Gad, doze mil assignalados:

6 Da tribu de Aser, doze mil assignalados: da tribu de Naphtali, doze mil assignalados: da tribu de Manassés, doze mil assignalados:

7 Da tribu de Simeão, doze mil assignalados: da tribu de Levi, doze mil assignalados: da tribu de Issacar, doze mil assignalados:

8 Da tribu de Zabulon, doze mil assignalados: da tribu de José, doze mil assignalados: da tribu de Benjamin, doze mil assignalados.

Visão dos martyres na gloria.

9 Depois d’estas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, [4] a qual ninguem podia contar, de todas as nações, e[1107] tribus, e povos, e linguas, que estavam diante do throno, e perante o Cordeiro, [5] trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos:

10 E clamavam com grande voz, dizendo: [6] Salvação ao nosso Deus, que está assentado no throno, e ao Cordeiro.

11 E todos os anjos estavam ao redor [7] do throno, e dos anciãos, e dos quatro animaes; e prostraram-se diante do throno sobre seus rostos, e adoraram a Deus,

12 Dizendo: [8] Amen. Louvor, e gloria, e sabedoria, e acção de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amen.

13 E um dos anciãos respondeu, dizendo-me: Estes que estão vestidos de vestidos brancos, quem são, e d’onde vieram?

14 E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E elle disse-me: [9] Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro;

15 Por isso estão diante do throno de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e [10] aquelle que está assentado sobre o throno os cobrirá com a sua sombra.

16 Não mais terão fome, [11] nem mais terão sêde; nem sol nem calma alguma cairá sobre elles.

17 Porque o Cordeiro que está no meio do throno [12] os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das aguas; e Deus alimpará de seus olhos toda a lagrima.

[1] Dan. 7.2. cap. 9.4.

[2] cap. 6.6 e 9.4. Eze. 9.4. cap. 14.1 e 22.4.

[3] cap. 9.16 e 14.1.

[4] Rom. 11.25. cap. 5.9.

[5] cap. 3.5, 18 e 4.4 e 6.11. ver. 14.

[6] Psa. 3.8. Isa. 43.11. Jer. 3.23. Ose. 13.4.

[7] cap. 4.6.

[8] cap. 5.13, 14.

[9] cap. 6.9 e 17.6. Isa. 1.18. Heb. 9.14. I João 1.7. cap. 1.5. Zac. 3.3, 4, 5.

[10] Isa. 4.5, 6. cap. 21.3.

[11] Isa. 49.10. Psa. 121.6. cap. 21.4.

[12] Psa. 23.1 e 36.8. João 10.11, 14. Isa. 25.8. cap. 21.4.

A abertura do setimo sello. Os sete anjos com as sete trombetas; os primeiros quatro tocam-n’as.

8 E, havendo aberto [1] o setimo sello, fez-se silencio no céu quasi por meia hora.

2 E vi os sete [2] anjos, que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas.

3 E veiu outro anjo, e poz-se junto ao altar, tendo um incensario de oiro; [3] e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os sanctos sobre o altar de oiro, que está diante do throno.

4 E o fumo [4] do incenso subiu com as orações dos sanctos desde a mão do anjo até diante de Deus.

5 E o anjo tomou o incensario, e encheu-o de fogo do altar, e lançou-o sobre a terra; e fizeram-se vozes, e trovões, [5] e relampagos e terremotos.

6 E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocal-as.

7 E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, [6] e houve saraiva, e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra; e queimou-se a terça parte das arvores, e toda a herva verde foi queimada.

8 E o segundo anjo tocou a trombeta; [7] e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar.

9 E morreu a terça parte [8] das creaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das náos.

10 E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, [9] e caiu do céu uma grande estrella, ardendo como uma tocha, e caiu na terça parte dos rios, e nas fontes das aguas.

11 E o nome da estrella [10] era Absyntho, e a terça parte das aguas tornou-se em absyntho, e muitos homens morreram das aguas, porque se tornaram amargas.

12 E o quarto anjo [11] tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrellas; para que a terça parte d’elles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e similhantemente a da noite.

13 E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: [12] Ai! ai! dos que habitam sobre a terra! por causa das outras vozes das trombetas dos tres anjos que hão de ainda tocar.

[1] cap. 6.1.

[2] Mat. 18.10. Luc. 1.19. II Chr. 29.25, 28.

[3] cap. 5.8. Exo. 30.1. cap. 6.9.

[4] Psa. 141.2. Luc. 1.10.

[5] cap. 16.18. II Sam. 22.8. I Reis 19.11. Act. 4.31.

[6] Eze. 38.22. cap. 16.2. Isa. 2.13. cap. 9.4.

[7] Jer. 51.25. Amós 7.4. cap. 16.3. Eze. 14.19.

[8] cap. 16.3.

[9] Isa. 14.12. cap. 9.1 e 16.4.

[10] Ruth 1.20. Exo. 15.23. Jer. 9.15 e 23.15.

[11] Isa. 13.10. Amós 8.9.

[12] cap. 14.6 e 19.17. cap. 9.12 e 11.14.

A quinta trombeta.

9 E o quinto anjo tocou a sua trombeta, [1] e vi uma estrella que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abysmo.

2 E abriu o poço do abysmo, [2] e subiu fumo do poço, como o fumo de uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceram-se o sol e o ar.

[1108]

3 E do fumo [3] sairam gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que teem os escorpiões da terra.

4 E foi-lhes dito que não fizessem damno [4] á herva da terra, nem a verdura alguma, nem a arvore alguma, senão sómente aos homens que não teem nas suas testas o signal de Deus.

5 E foi-lhes dado, não que os matassem, [5] mas que por cinco mezes os atormentassem; e o seu tormento era similhante ao tormento do escorpião, quando fere ao homem.

6 E n’aquelles dias os homens buscarão [6] a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá d’elles.

7 E o parecer dos gafanhotos era [7] similhante ao de cavallos apparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia como corôas similhantes ao oiro; e os seus rostos eram como os rostos de homens.

8 E tinham cabellos como cabellos de mulheres, [8] e os seus dentes eram como de leões.

9 E tinham couraças como couraças de ferro; [9] e o ruido das suas azas era como o ruido de carros, quando muitos cavallos correm ao combate.

10 E tinham caudas similhantes ás dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu [10] poder era de damnificarem os homens por cinco mezes.

11 E tinham sobre si um rei, [11] o anjo do abysmo; em hebreo era o seu nome [ANZ] Abaddon, e em grego tinha por nome Apollyon.

12 Passado [12] é já um ai; eis que depois d’isso veem ainda dois ais.

A sexta trombeta.

13 E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz dos quatro cornos do altar de oiro, que estava diante de Deus,

14 A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: [13] Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Euphrates.

15 E foram soltos os quatro anjos, que estavam prestes para a hora, e dia, e mez, e anno, para matarem a terça parte dos homens.

16 E o numero dos [14] exercitos dos cavalleiros era de duzentos milhões; e ouvi o numero d’elles.

17 E vi assim os cavallos n’esta visão; e os que sobre elles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacintho, e de enxofre; [15] e as cabeças dos cavallos eram como cabeças de leões; e de suas boccas sahia fogo e fumo e enxofre.

18 Por estes tres foi morta a terça parte dos homens, pelo fogo, pelo fumo, e pelo enxofre, que sahia das suas boccas.

19 Porque o seu poder está na sua bocca e nas suas caudas. [16] Porque as suas caudas são similhantes a serpentes, e teem cabeças, e com ellas damnificam.

20 E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, [17] não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demonios, e os idolos d’oiro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar.

21 E não se arrependeram de seus homicidios, [18] nem de suas feiticerias, nem de sua fornicação, nem de suas ladroices.

[1] Luc. 10.18. cap. 8.10 e 17.8 e 20.1. Luc. 8.31. ver. 2, 11.

[2] Joel 2.2, 10.

[3] Exo. 10.4. Jui. 7.12. ver. 10.

[4] cap. 6.6, 7 e 8.7. Exo. 12.23. Eze. 9.4.

[5] ver. 10. cap. 11.7.

[6] Job 3.21. Isa. 2.19. Jer. 8.3. cap. 6.16.

[7] Joel 2.4. Nah. 3.17. Dan. 7.8.

[8] Joel 1.6.

[9] Joel 2.5, 6, 7.

[10] ver. 5.

[11] Eph. 2.2. ver. 1.

[12] cap. 8.13.

[13] cap. 16.12.

[14] Psa. 68.17. Dan. 7.10. Eze. 38.4. cap. 7.4.

[15] I Chr. 12.8. Isa. 5.28, 29.

[16] Isa. 9.15.

[17] Deu. 31.29. Lev. 17.7. Deu. 32.17. Psa. 106.36 e 115.4 e 135.15. I Cor. 10.20. Dan. 5.23.

[18] cap. 22.15.

É comido por João um livrinho trazido do céu.

10 E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, [1] e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como columnas de fogo;

2 E tinha na sua mão um livrinho aberto, [2] e poz o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra;

3 E clamou com grande voz, como quando brame o leão; e, havendo clamado, [3] os sete trovões deram as suas vozes.

4 E, havendo os sete trovões dado as suas vozes, eu ia escrevel-as, e ouvi uma voz do céu, que me dizia: [4] Sella as coisas que os sete trovões fallaram, e não as escrevas.

5 E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão [5] ao céu,

6 E jurou por Aquelle que vive para todo o sempre, [6] o qual creou o céu e as coisas que n’elle ha, e a terra e as coisas que n’ella ha, e o mar[1109] e as coisas que n’elle ha, [7] que não haveria mais tempo;

7 Porém nos dias [8] da voz do setimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o [AOA] segredo de Deus, como annunciou aos prophetas, seus servos.

8 E a voz que eu do céu tinha ouvido [9] tornou a fallar comigo, e disse: Vae, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está sobre o mar e sobre a terra.

9 E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E elle disse-me: [10] Toma-o, e come-o, e fará amargo o teu ventre, porém na tua bocca será doce como mel.

10 E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; [11] e na minha bocca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.

11 E elle disse-me: Importa-te prophetizar outra vez a muitos povos, e nações, e linguas e reis.

[1] Eze. 1.28. Mat. 17.2. cap. 1.15, 16.

[2] Mat. 28.18.

[3] cap. 8.5.

[4] Dan. 8.26 e 12.4, 9.

[5] Exo. 6.8. Dan. 12.7.

[6] Neh. 9.6. cap. 4.11 e 14.7.

[7] Dan. 12.7. cap. 16.17.

[8] cap. 11.15.

[9] ver. 4.

[10] Jer. 15.16. Eze. 2.8 e 3.1, 2, 3.

[11] Eze. 3.3 e 2.10.

As duas testemunhas.

11 E foi-me dada uma cana similhante a uma vara: [1] e chegou o anjo, e disse: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e os que n’elle adoram.

2 Porém deixa [2] de fóra o atrio que está fóra do templo, e não o meças; porque foi dado ás nações, e pisarão a sancta cidade por quarenta e dois mezes.

3 E darei poder ás minhas duas testemunhas, [3] e prophetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de sacco.

4 Estas são as duas oliveiras [4] e os dois castiçaes que estão diante do Deus da terra.

5 E, se alguem os quizer empecer, [5] fogo sairá da sua bocca, e devorará os seus inimigos: e, se alguem quizer empecel-os, importa que assim seja morto.

6 Estes teem poder para fechar [6] o céu, para que não chova, nos dias da sua prophecia; e teem poder sobre as aguas para convertel-as em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de praga, todas quantas vezes quizerem.

7 E, quando acabarem o seu testemunho, [7] a besta que sobe do abysmo lhes fará [8] guerra, e os vencerá, e os matará.

8 E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande [9] cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egypto, onde nosso Senhor tambem foi crucificado.

9 E homens [10] de varios povos, e tribus, e linguas, e nações verão seus corpos mortos por tres dias e meio, e não permittirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulchros.

10 E os que habitam na terra se regozijarão sobre elles, [11] e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois prophetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra.

11 E depois d’aquelles tres dias [12] e meio o espirito da vida, vindo de Deus, entrou n’elles; e pozeram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram.

12 E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi cá. [13] E subiram ao céu em uma nuvem: e os seus inimigos os viram.

13 E n’aquella mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a decima parte da cidade, [14] e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorisados, e deram gloria ao Deus do céu.

14 É passado o segundo ai; [15] eis que o terceiro ai vem presto.

A setima trombeta.

15 E tocou o setimo [16] anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo tornaram-se no reino de nosso Senhor e do seu Christo, e elle reinará para todo o sempre.

16 E os vinte e quatro [17] anciãos, que estão assentados em seus thronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos, e adoraram a Deus,

17 Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, [18] e que has de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste.

[1110]

18 E iraram-se as nações, [19] e veiu a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e para dares o galardão aos prophetas, teus servos, e aos sanctos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e para destruir os que destroem a terra.

19 E abriu-se no céu o templo de Deus, [20] e a arca do seu concerto foi vista no seu templo; e houve relampagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva.

[1] Eze. 40.3, etc. Zac. 2.1. cap. 21.15. Num. 23.18.

[2] Eze. 40.17, 20. Psa. 79.1. Luc. 21.24. Dan. 8.10. cap. 13.5.

[3] cap. 20.4 e 19.10 e 12.6.

[4] Jer. 11.16. Zac. 4.3, 11, 14.

[5] II Reis 1.10, 12. Jer. 1.10 e 5.14. Eze. 43.3. Ose. 6.5. Num. 16.29.

[6] I Reis 17.1. Thi. 5.16, 17. Exo. 7.19.

[7] Luc. 13.32. cap. 13.1, 11 e 17.8.

[8] Dan. 7.21. Zac. 14.2.

[9] cap. 14.8 e 17.1 e 18.10. Heb. 13.12. cap. 18.24.

[10] cap. 17.15. Psa. 79.2, 3.

[11] cap. 12.12 e 13.8 e 16.10. Est. 9.19, 22.

[12] ver. 9. Eze. 37.5, 9, 10, 14.

[13] Isa. 14.13 e 60.8. Act. 1.9. II Reis 2.1, 5, 7.

[14] cap. 6.12 e 16.19. Jos. 7.19. cap. 14.7 e 15.4.

[15] cap. 8.13 e 9.12 e 15.1.

[16] cap. 10.7 e 16.17 e 19.6 e 12.10. Isa. 27.13. Dan. 2.44 e 7.14.

[17] cap. 4.4 e 5.8 e 19.4.

[18] cap. 1.4, 8 e 4.8 e 19.6.

[19] ver. 2, 9. Deu. 7.9, 10. cap. 6.10 e 19.5 e 13.10.

[20] cap. 15.5, 8 e 8.5 e 16.18, 21.

A mulher e o dragão.

12 E viu-se um grande signal no céu: uma mulher vestida de sol, e a lua debaixo dos seus pés, e uma corôa de doze estrellas sobre a sua cabeça.

2 E estava gravida, e com dôres de parto, [1] e gritava com ancias de dar á luz.

3 E viu-se outro signal no céu; [2] e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre as suas cabeças sete diademas.

4 E a sua cauda [3] levava após si a terça parte das estrellas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar á luz, para que, dando ella á luz, lhe tragasse o filho.

5 E deu á luz um filho, um varão [4] que havia de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu throno.

6 E a mulher fugiu [5] para o deserto, onde tinha logar preparado por Deus, para que lá a mantivessem mil duzentos e sessenta dias.

7 E houve batalha no céu: [6] Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos;

8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu logar se achou nos céus.

9 E foi lançado o [7] grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; elle foi lançado na terra, e os seus anjos foram lançados com elle.

10 E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, [8] e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Christo; porque já o accusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os accusava de dia e de noite.

11 E elles o venceram [9] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até á morte.

12 Pelo que alegrae-vos, [10] ó céus, e os que n’elles habitaes. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que tem pouco tempo.

13 E, quando o dragão viu que fôra lançado na terra, [11] perseguiu a mulher que dera á luz o varão.

14 E [12] foram dadas á mulher duas azas de grande aguia, para que voasse ao deserto, ao seu logar, onde é sustentada por tempo, e tempos, e metade de tempo, fóra da vista da serpente.

15 E a serpente lançou [13] da sua bocca, atraz da mulher, agua como um rio, para que pelo rio a fizesse arrebatar.

16 E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua bocca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua bocca.

17 E o dragão irou-se contra a mulher, [14] e foi fazer guerra contra os demais da sua semente, que guardam os mandamentos de Deus, e teem o testemunho de Jesus Christo.

[1] Isa. 66.7. Gal. 4.19.

[2] cap. 17.3, 9, 10 e 13.1.

[3] cap. 9.10, 19 e 17.18. Dan. 8.10. Exo. 1.16.

[4] Psa. 2.9. cap. 2.27 e 19.15.

[5] ver. 4. cap. 11.3.

[6] Dan. 10.13, 21 e 12.1. ver. 3. cap. 20.2.

[7] Luc. 10.18. João 12.31. Gen. 3.1, 4. cap. 9.1 e 20.3.

[8] cap. 11.15 e 19.1. Job 1.9 e 2.5. Zac. 3.1.

[9] Rom. 8.33, 34, 37 e 16.20. Luc. 14.26.

[10] Psa. 96.11. Isa. 49.13. cap. 18.20 e 8.13 e 11.10 e 10.6.

[11] ver. 5.

[12] Exo. 19.4. ver. 6. cap. 17.3. Dan. 7.25 e 12.7.

[13] Isa. 59.19.

[14] Gen. 3.15. cap. 11.7 e 13.7 e 14.12. I Cor. 2.1. I João 5.10. cap. 1.2, 9 e 6.9 e 20.4.

A besta que subiu do mar.

13 E eu puz-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma [1] besta que tinha sete cabeças e dez cornos, e sobre os seus cornos dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasphemia.

2 E a besta [2] que vi era similhante ao leopardo, e os seus pés como de urso, e a sua bocca como de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu throno, e grande poderio.

3 E vi uma de suas cabeças como ferida [3] de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta.

4 E adoraram o dragão que deu á besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: [4] Quem é similhante á besta? quem poderá batalhar contra ella?

5 E deu-se-lhe bocca para fallar grandes coisas [5] e blasphemias; e deu-se-lhe poder para assim o fazer quarenta e dois mezes.

[1111]

6 E abriu a sua bocca em blasphemias contra Deus, para blasphemar do seu nome, e do seu tabernaculo, [6] e dos que habitam no céu.

7 E deu-se-lhe poder para fazer guerra aos sanctos, e vencel-os; [7] e deu-se-lhe poder sobre toda a tribu, e lingua, e nação.

8 E adoraram-n’a todos os que habitam sobre a terra, [8] cujos nomes não estão escriptos no livro da vida do Cordeiro morto desde a fundação do mundo.

9 Se alguem tem ouvidos, [9] ouça.

10 Se alguem leva em captiveiro, [10] em captiveiro irá: se alguem matar á espada, necessario é que á espada seja morto. Aqui está a paciencia e a fé dos sanctos.

A besta que subiu da terra.

11 E vi subir da terra outra besta, [11] e tinha dois cornos similhantes aos do Cordeiro; e fallava como o dragão.

12 E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que n’ella habitam adorem a primeira besta, [12] cuja chaga mortal fôra curada.

13 E faz grandes signaes, [13] de maneira que até fogo faz descer do céu á terra, diante dos homens.

14 E engana aos que habitam [14] na terra com signaes que se lhe permittiram que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem á besta que recebera a ferida da espada e vivia.

15 E foi-lhe concedido que désse espirito á imagem da besta, para que tambem a imagem da besta fallasse, [15] e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.

16 E faz que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, [16] ponham um signal na sua mão direita, ou nas suas testas;

17 E que ninguem possa comprar ou vender, senão aquelle que tiver o signal, [17] ou o nome da besta, ou o numero do seu nome.

18 Aqui está a sabedoria. [18] Aquelle que tem entendimento, conte o numero da besta; porque é o numero de um homem, e o seu numero é seiscentos e sessenta e seis.

[1] Dan. 7.2, 7. cap. 12.3 e 17.3, 9, 12.

[2] Dan. 7.6 e 7.5 e 7.4. cap. 13.4, 9 e 16.10.

[3] ver. 12, 14. cap. 17.3.

[4] cap. 18.18.

[5] Dan. 7.8, 11, 25, 36. cap. 11.2 e 12.6.

[6] João 1.14. Col. 2.9.

[7] Dan. 7.21. cap. 11.7, 18 e 12.17 e 17.5.

[8] Exo. 32.8. Dan. 12.1. Phi. 4.3. cap. 3.5 e 17.8.

[9] cap. 2.7.

[10] Isa. 33.1. Gen. 9.6. Mat. 26.52. cap. 14.12.

[11] cap. 11.7.

[12] ver. 3.

[13] Deu. 13.1, 2, 3. Mat. 24.24. II The. 2.9. cap. 16.14. I Reis 18.38. II Reis 1.10, 12.

[14] cap. 12.9 e 19.20. II The. 2.9, 10. II Reis 20.7.

[15] cap. 16.2 e 19.20 e 20.4.

[16] cap. 14.9 e 19.20 e 20.4.

[17] cap. 14.11 e 15.2.

[18] cap. 17.9 e 15.2 e 21.17.

O Cordeiro e os seus remidos no monte de Sião.

14 E olhei, [1] e eis que estava o Cordeiro sobre o monte de Sião, e com elle cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escripto o nome de seu Pae.

2 E ouvi uma voz do céu, [2] como a voz de muitas aguas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas.

3 E cantavam um como cantico [3] novo diante do throno, e diante dos quatro animaes e dos anciãos: e ninguem podia aprender aquelle cantico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.

4 Estes são os que não estão contaminados com mulheres: porque são virgens. [4] Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vae. Estes são os que d’entre os homens foram comprados por primicias para Deus e para o Cordeiro.

5 E na sua bocca [5] não se achou engano; porque são irreprehensiveis diante do throno de Deus.

Tres anjos proclamam os juizos de Deus.

6 E vi outro anjo voar pelo meio do céu, [6] e tinha o evangelho eterno, para proclamal-o aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribu, e lingua, e povo.

7 Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dae-lhe gloria; [7] porque vinda é a hora do seu juizo. E adorae aquelle que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das aguas.

8 E outro anjo seguiu, dizendo: É caída, é caída Babylonia, [8] aquella grande cidade, porque a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua fornicação.

9 E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguem adorar a besta, [9] e a sua imagem, e receber o signal na sua testa, ou na sua mão,

10 Tambem o tal beberá [10] do vinho[1112] da ira de Deus, que se deitou puro no calix da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos sanctos anjos e diante do Cordeiro.

11 E o fumo do [11] seu tormento sobe para todo o sempre; e não teem repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquelle que receber o signal do seu nome.

12 Aqui está a [12] paciencia dos sanctos: aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.

13 E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: [13] Bemaventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espirito; para que descancem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam.

A ceifa e a vindima.

14 E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um similhante ao Filho do homem, [14] que tinha sobre a sua cabeça uma corôa de oiro, e na sua mão uma foice aguda.

15 E outro anjo saiu [15] do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; pois é vinda a hora de segar, porquanto já a seara da terra está madura.

16 E aquelle que estava assentado sobre a nuvem lançou a sua foice á terra, e a terra foi segada.

17 E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual tambem tinha uma foice aguda.

18 E saiu do altar outro anjo, [16] que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque as suas uvas estão maduras.

19 E o anjo lançou a sua foice á terra e vindimou as uvas da vinha da terra, [17] e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.

20 E o lagar foi pisado fóra da cidade, [18] e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavallos, por mil e seiscentos estadios.

[1] cap. 5.6 e 7.3, 4 e 13.16.

[2] cap. 1.15 e 19.6 e 5.3.

[3] cap. 5.9 e 15.3. ver. 1.

[4] II Cor. 11.2. cap. 3.4 e 7.15, 17. cap. 5.9. Thi. 1.18.

[5] Psa. 32.2. Sof. 3.13. Eph. 5.27. Jud. 24.

[6] cap. 8.13. Eph. 3.9, 10, 11. Tito 1.2. cap. 13.7.

[7] cap. 11.18 e 15.4. Neh. 9.6. Psa. 33.6 e 124.8 e 146.6. Act. 14.15 e 17.24.

[8] Isa. 21.9. Jer. 51.7, 8. cap. 11.8 e 16.19 e 17.2, 5 e 18.2, 3 e 19.2.

[9] cap. 13.14, 15, 16.

[10] Psa. 75.8. Isa. 51.17. Jer. 25.15. cap. 16.19 e 18.6 e 19.20 e 20.10.

[11] Isa. 34.10. cap. 19.3.

[12] cap. 13.10 e 12.17.

[13] Ecc. 4.1, 2. cap. 20.6. I Cor. 15.18. I The. 4.15. II The. 1.7. Heb. 4.9, 10.

[14] Eze. 1.26. Dan. 7.13. cap. 1.13 e 6.2.

[15] cap. 16.17. Joel 3.13. Mat. 13.39. Jer. 51.33. cap. 13.12.

[16] cap. 16.8. Joel 3.13.

[17] cap. 19.15.

[18] Isa. 63.3. Lam. 1.15. Heb. 13.12. cap. 11.8 e 19.14.

Os sete anjos com as sete taças cheias das ultimas pragas.

15 E vi outro grande e admiravel signal [1] no céu: sete anjos, que tinham as sete ultimas pragas; porque n’ellas é consummada a ira de Deus.

2 E vi como um mar de vidro [2] misturado com fogo; e os que sairam victoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu signal, e do numero do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus.

3 E cantavam o cantico de Moysés, [3] o servo de Deus, e o cantico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-poderoso! justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos sanctos.

4 Quem te não temerá, [4] ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és sancto; por isso todas as nações virão, e adorarão diante de ti, porque os teus juizos são manifestos.

5 E depois d’isto olhei, e eis que o templo [5] do tabernaculo do testemunho se abriu no céu.

6 E os sete anjos que tinham as sete pragas sairam do templo, [6] vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos com cintos de oiro ao redor de seus peitos.

7 E um dos quatro animaes deu aos sete anjos sete [AOB] salvas [7] de oiro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre.

8 E o templo encheu-se com [8] o fumo da gloria de Deus e do seu poder; e ninguem podia entrar no templo, até que se consummassem as sete pragas dos sete anjos.

[1] cap. 12.1, 3 e 16.1 e 21.9 e 14.10.

[2] cap. 4.6 e 21.18. Mat. 3.11. cap. 13.15, 17 e 5.8 e 14.2.

[3] Exo. 15.1. cap. 14.3. Deu. 32.4. Psa. 111.1. Psa. 145.17. Ose. 14.9. cap. 16.7.

[4] Exo. 15.14, 15, 16. Jer. 10.7. Isa. 66.23.

[5] cap. 11.19. Num. 1.50.

[6] Exo. 28.6, 8. Eze. 44.17, 18. cap. 1.13.

[7] cap. 4.6. I The. 1.9. cap. 4.9 e 10.6.

[8] Exo. 40.34. I Reis 8.10. II Cor. 5.14. Isa. 6.4. II The. 1.9.

16 E ouvi do templo uma grande voz, [1] que dizia aos sete anjos: Ide, e derramae sobre a terra as sete salvas da ira de Deus.

2 E foi o primeiro, e derramou a sua salva sobre a terra, [2] e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o signal da besta e que adoravam a sua imagem.

3 E o segundo anjo derramou a sua salva no mar, [3] e tornou-se em sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente.

[1113]

4 E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios [4] e nas fontes das aguas, e tornaram-se em sangue.

5 E ouvi o anjo das aguas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e que serás sancto, [5] porque julgaste estas coisas.

6 Porque derramaram o sangue dos sanctos [6] e dos prophetas, tambem tu lhes déste o sangue a beber; porque d’isto são dignos.

7 E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus [7] Todo-poderoso, verdadeiros e justos são os teus juizos.

8 E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, [8] e foi-lhe dado que abrazasse os homens com fogo.

9 E os homens foram abrazados com grandes calores, e blasphemaram do nome de Deus, [9] que tem o poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem gloria.

10 E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o throno da besta, [10] e o seu reino se fez tenebroso; e mordiam as suas linguas de dôr.

11 E por causa das suas dôres, e por causa das suas chagas, [11] blasphemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras.

12 E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande [12] rio Euphrates; e a sua agua seccou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente.

13 E da bocca do dragão, e da bocca da besta, e da bocca do falso propheta, [13] vi sair tres espiritos immundos, similhantes a rãs.

14 Porque são [14] espiritos de demonios, que fazem signaes; os quaes vão aos reis de todo o mundo, para os congregar para a batalha, n’aquelle grande dia de Deus Todo-poderoso.

15 Eis que venho como [15] ladrão. Bemaventurado aquelle que vigia, e guarda os seus vestidos, para que não ande nú, e não se vejam as suas vergonhas.

16 E congregaram-n’os [16] no logar que em hebreo se chama Armageddon.

17 E o setimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu uma grande voz do templo do céu, do throno, [17] dizendo: Está feito.

18 E houve vozes, [18] e trovões, e relampagos, e um grande terremoto, qual nunca houve desde que ha homens sobre a terra: tal foi este tão grande terremoto.

19 E a grande cidade fendeu-se em tres partes, [19] e as cidades das nações cairam; e a grande Babylonia veiu em memoria diante de Deus, para elle lhe dar o calix do vinho da indignação da sua ira.

20 E toda a ilha fugiu; [20] e os montes não se acharam.

21 E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, [21] como do peso de um talento; e os homens blasphemaram de Deus por causa da praga da saraiva: porque a sua praga era mui grande.

[1] cap. 15.1. cap. 14.10 e 15.7.

[2] Exo. 9.9, 10, 11. cap. 8.7 e 13.16.

[3] cap. 8.8, 9. Exo. 7.17, 20.

[4] cap. 8.10. Exo. 7.20.

[5] cap. 1.4, 8 e 4.8 e 11.17.

[6] Mat. 23.34, 35. cap. 11.18. Isa. 49.26.

[7] cap. 15.3 e 13.10 e 14.10 e 19.2.

[8] cap. 8.12 e 9.17 e 14.18.

[9] ver. 11, 21. Dan. 5.22, 23. cap. 9.20.

[10] cap. 13.2 e 9.2 e 11.10.

[11] ver. 9, 21.

[12] cap. 9.14. Jer. 50.38 e 51.36. Isa. 41.2, 25.

[13] I João 4.1, 2, 3. cap. 12.3, 9 e 19.20 e 20.10.

[14] I Tim. 4.1. Thi. 3.15. II The. 2.9. cap. 13.13 e 13.20. Luc. 2.1. cap. 17.14 e 19.19 e 20.8.

[15] Mat. 24.43. I The. 5.2. II Ped. 3.10. cap. 3.9 e 4.18. II Cor. 5.3.

[16] cap. 19.19.

[17] cap. 21.6.

[18] cap. 4.5 e 8.5 e 11.13, 19. Dan. 12.1.

[19] cap. 14.8 e 17.18. Isa. 51.17, 22. Jer. 25.15, 16. cap. 14.10.

[20] cap. 6.14.

[21] cap. 11.19. ver. 9, 11. Exo. 9.23, 24, 25.

A queda de Babylonia. A visão da grande prostituta assentada sobre a besta.

17 E veiu um dos sete anjos [1] que tinham as sete taças, e fallou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-hei a condemnação da grande prostituta que está assentada sobre muitas aguas;

2 Com a qual fornicaram os reis da terra; [2] e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua fornicação.

3 E levou-me em espirito a um deserto, [3] e vi uma mulher assentada sobre uma besta de côr de escarlata, que estava cheia de nomes de blasphemia, e tinha sete cabeças e dez cornos.

4 E a mulher estava vestida de purpura e de escarlata, [4] e adornada com oiro, e pedras preciosas e perolas; e tinha na sua mão um calix de oiro cheio das abominações e da immundicia da sua fornicação;

5 E na sua testa escripto o nome: Mysterio: [5] A grande Babylonia, a mãe das fornicações e abominações da terra.

6 E vi que a mulher [6] estava embriagada do sangue dos sanctos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.

[1114]

7 E o anjo me disse: Porque te admiras? Eu te direi o mysterio da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez cornos.

8 A besta que viste foi e não é, e ha de subir do abysmo, [7] e ir-se á perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escriptos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão vendo a besta que era e não é, ainda que é.

9 Aqui ha sentido, que tem sabedoria. [8] As sete cabeças são sete montes, sobre os quaes a mulher está assentada.

10 E são tambem sete reis; os cinco são caidos; e um já é, outro ainda não é vindo; e, quando vier, convem que dure um pouco de tempo.

11 E a besta que era e não é, esta é tambem o oitavo, e é dos sete, [9] e vae-se á perdição.

12 E os dez cornos [10] que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, porém receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta.

13 Estes teem um mesmo intento, e entregarão o seu poder e auctoridade á besta.

14 Estes combaterão [11] contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá (porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis), e os que estão com elle são os chamados, e eleitos, e fieis.

15 E disse-me: [12] As aguas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e linguas.

16 E os dez cornos que viste na besta [13] são os que aborrecerão a prostituta, e a farão assolada e núa, e comerão a sua carne, e a queimarão com fogo.

17 Porque Deus deu-lhes em seus corações [14] que cumpram o seu intento, e que tenham um mesmo intento, e que deem á besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus.

18 E a mulher que viste é a grande cidade [15] que reina sobre os reis da terra.

[1] cap. 21.9 e 16.19 e 18.16, 19. Nah. 3.4. Jer. 51.13. cap. 14.8 e 18.3.

[2] Jer. 51.7.

[3] cap. 12.6, 14 e 12.3 e 13.1. ver. 9, 12.

[4] cap. 18.12, 16 e 14.8. Dan. 11.38. Jer. 51.7.

[5] II The. 2.7. cap. 11.8 e 14.8 e 16.19 e 18.2, 10, 21 e 19.2.

[6] cap. 18.24 e 13.15 e 16.6 e 6.9, 10 e 12.11.

[7] cap. 11.7 e 13.1, 3, 8, 10.

[8] cap. 13.1, 18.

[9] ver. 8.

[10] Dan. 7.20. Zac. 1.18, 19, 21. cap. 13.1.

[11] cap. 16.14 e 19.16, 19. Deu. 10.17. I Tim. 6.15. Jer. 50.44, 45. cap. 14.4.

[12] ver. 1. Isa. 8.7. cap. 13.7.

[13] Jer. 50.41, 42. cap. 16.12 e 18.8, 16. Eze. 16.37, 44.

[14] II The. 2.11. cap. 10.7.

[15] cap. 16.19 e 12.4.

A queda de Babylonia. Lamentações sobre a terra.

18 E depois d’estas [1] coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi illuminada da sua gloria.

2 E clamou fortemente com grande voz, dizendo: É caida, é caida a grande Babylonia, [2] e é feita morada de demonios, e coito de todo o espirito immundo, e coito de toda a ave immunda e aborrecivel.

3 Porque todas as nações [3] beberam do vinho da ira da sua fornicação, e os reis da terra fornicaram com ella; e os mercadores da terra se enriqueceram da abundancia de suas delicias.

4 E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sae d’ella, [4] povo meu, para que não sejas participante dos seus peccados, e para que não recebas das suas pragas.

5 Porque os seus peccados se accumularam até ao céu, [5] e Deus se lembrou das iniquidades d’ella.

6 Tornae-lhe como ella vos tem dado, [6] e duplicae-lhe em dobro conforme as suas obras: no calix em que vos deu de beber dae-lhe a ella em dobro.

7 Quanto ella se glorificou, [7] e em delicias esteve, tanto lhe dae de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viuva, e não verei o pranto.

8 Portanto n’um dia virão as suas pragas; [8] a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada com fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.

9 E os reis da terra, [9] que fornicaram com ella, e viveram em delicias, a chorarão, e sobre ella prantearão, quando virem o fumo do seu incendio;

10 Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! [10] ai d’aquella grande Babylonia, aquella forte cidade! pois n’uma hora veiu o teu juizo.

11 E sobre ella choram e lamentam os mercadores [11] da terra; porque ninguem mais compra as suas mercadorias:

12 Mercadorias de oiro, [12] e de prata, e de pedras preciosas, e de perolas, e de linho fino, e de purpura, e de seda, e de escarlata; e toda a madeira odorifera, e todo o vaso de marfim, e todo o vaso de madeira preciosissima, de bronze e de ferro, e de marmore;

13 E canella, e especiaria, e perfume,[1115] e unguento odorifero, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e cavalgaduras, e ovelhas; e mercadorias de cavallos, e de carros, e de corpos [13] e de almas de homens.

14 E o fructo do desejo da tua alma foi-se de ti; e todas as coisas gostosas e excellentes se foram de ti, e não mais as acharás.

15 Os mercadores [14] d’estas coisas, que por ellas se enriqueceram, estarão de longe, pelo temor do seu tormento, chorando, e lamentando,

16 E dizendo: Ai, ai d’aquella grande cidade! [15] que estava vestida de linho fino, e purpura, e escarlata; e adornada com oiro e pedras preciosas e perolas! [16] Porque n’uma hora foram assoladas tantas riquezas.

17 E todo o piloto, e todo o que navega em náos, e todo o marinheiro, e todos os que traficam por mar se pozeram de longe:

18 E, vendo o fumo do seu incendio, clamaram, [17] dizendo: Que cidade é similhante a esta grande cidade?

19 E lançaram pó sobre as suas cabeças, [18] e clamaram, chorando, e lamentando, e dizendo: Ai, ai d’aquella grande cidade! na qual todos os que tinham náos no mar se enriqueceram da sua opulencia; porque n’uma hora foi assolada.

20 Alegra-te sobre [19] ella, ó céu, e vós, sanctos apostolos e prophetas; porque Deus julgou a vossa causa quanto a ella.

21 E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: [20] Com egual impeto será lançada Babylonia, aquella grande cidade, e não será jámais achada.

22 E em ti não se ouvirá mais [21] a voz de harpistas, e de musicos, e de frauteiros, e de trombeteiros, e nenhum artifice de arte alguma se achará mais em ti; e ruido de mó em ti mais se não ouvirá;

23 E luz de candeia não mais alumiará em ti, [22] e voz de esposo e de esposa mais em ti se não ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feiticerias.

24 E n’ella se achou [23] o sangue dos prophetas, e dos sanctos, e de todos os que foram mortos na terra.

[1] cap. 17.1. Eze. 43.2.

[2] Isa. 13.19. Jer. 51.8. cap. 14.8. Isa. 13.21 e 21.8 e 34.14. Jer. 50.39 e 51.37. Isa. 14.23 e 34.11. Mar. 5.2, 3.

[3] cap. 14.8 e 17.2. ver. 11, 15. Isa. 47.15.

[4] Isa. 48.20 e 52.11. Jer. 50.8 e 51.6, 45. II Cor. 6.17.

[5] Gen. 18.20, 21. Jer. 51.9. Jon. 1.2. cap. 16.19.

[6] Psa. 137.8. Jer. 50.15, 29 e 51.24, 49. II Tim. 4.14. cap. 13.10 e 14.10 e 16.19.

[7] Eze. 28.2, etc. Isa. 47.7, 8. Sof. 2.15.

[8] Isa. 47.9. cap. 17.16. Jer. 50.34. cap. 11.17.

[9] Eze. 26.16, 17. cap. 17.2. Jer. 50.46. ver. 18. cap. 19.3.

[10] Isa. 21.9. cap. 14.8. ver. 17, 19.

[11] Eze. 27.27, 36. ver. 3.

[12] cap. 17.4.

[13] Eze. 27.13.

[14] ver. 3, 11.

[15] cap. 17.4.

[16] ver. 10. Isa. 23.14. Eze. 27.29.

[17] Eze. 27.30, 31. cap. 13.4.

[18] Jos. 7.6. I Sam. 4.12. Job 2.12. Eze. 27.30. ver. 8.

[19] Isa. 44.23 e 49.13. Jer. 51.48. Luc. 11.49, 50. cap. 19.2.

[20] Jer. 51.64. cap. 12.8 e 16.20.

[21] Isa. 24.8. Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10. Eze. 26.13.

[22] Jer. 7.34 e 16.9 e 25.10 e 33.11. Isa. 23.8. II Reis 9.22. Nah. 3.4. cap. 17.2, 5.

[23] cap. 17.6. Jer. 51.49.

A queda de Babylonia. Alegria e triumpho nos céus.

19 E, depois d’estas coisas, ouvi como que uma grande voz de uma grande multidão no céu, que dizia: Alleluia: [1] Salvação, e gloria, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus:

2 Porque verdadeiros e justos são os seus juizos, [2] pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua fornicação, e da sua mão vingou o sangue dos seus servos.

3 E outra vez disseram: Alleluia. [3] E o seu fumo sobe para todo o sempre.

4 E os vinte e quatro [4] anciãos, e os quatro [AOC] animaes, prostraram-se e adoraram a Deus, assentado no throno, dizendo: Amen, Alleluia.

5 E saiu uma voz do throno, que dizia: [5] Louvae o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.

6 E ouvi como que [6] a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas aguas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Alleluia: pois o Senhor Deus Todo-poderoso reina.

7 Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe gloria; [7] porque vindas são as bodas do Cordeiro, e a sua esposa se apromptou.

8 E foi-lhe dado [8] que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos sanctos.

9 E disse-me: Escreve: [9] Bemaventurados aquelles que são chamados á ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.

10 E eu lancei-me a seus pés para o adorar; [10] porém elle disse-me: Olha não faças tal: sou teu conservo, e de teus irmãos, que teem o testemunho de Jesus: adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espirito de prophecia.

Victorias de Christo sobre a besta e sobre o falso propheta.

11 E vi o céu aberto, [11] e eis um cavallo branco: e o que estava assentado sobre[1116] elle chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja em justiça.

12 E os seus olhos eram [12] como chamma de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escripto, que ninguem sabia senão elle mesmo.

13 E estava vestido de uma [13] veste salpicada de sangue; e o seu nome chama-se a Palavra de Deus.

14 E seguiam-n’o os exercitos no céu em cavallos brancos, [14] e vestidos de linho fino, branco e puro.

15 E da sua bocca sahia uma aguda espada, [15] para ferir com ella as nações; e elle as [AOD] regerá com vara de ferro; e elle mesmo pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso.

16 E no vestido [16] e na sua coxa tem escripto este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.

17 E vi um anjo, que estava no sol, e clamou com grande voz, [17] dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntae-vos á ceia do grande Deus;

18 Para que comaes [18] a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavallos e dos que sobre elles se assentam; e a carne de todos os livres e servos, e pequenos e grandes.

19 E vi a besta, [19] e os reis da terra, e os seus exercitos ajuntados, para fazerem guerra áquelle que estava assentado sobre o cavallo, e ao seu exercito.

20 E a besta foi presa, [20] e com ella o falso propheta, que diante d’ella fizera os signaes, com que enganou os que receberam o signal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago do fogo e do enxofre.

21 E os demais foram mortos [21] com a espada que sahia da bocca do que estava assentado sobre o cavallo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.

[1] cap. 11.15 e 4.11 e 7.10, 12 e 12.10.

[2] cap. 15.3 e 6.10 e 18.20. Deu. 32.43.

[3] Isa. 34.10. cap. 14.11 e 18.9, 18.

[4] cap. 4.4, 6 e 5.14. I Chr. 16.36. Neh. 5.13 e 8.6.

[5] Psa. 134.1 e 135.1. cap. 11.18 e 20.12.

[6] Eze. 1.24 e 43.2. cap. 14.2 e 11.15 e 12.10 e 21.22.

[7] Mat. 22.2 e 25.10. II Cor. 11.2. Eph. 5.32. cap. 21.2, 9.

[8] Psa. 45.14, 15. Eze. 16.10. cap. 3.18. Psa. 132.9.

[9] Mat. 22.2, 3. Luc. 14.15, 16. cap. 21.5 e 22.6.

[10] Act. 10.26 e 14.14, 15. cap. 22.8, 9 e 12.17. I João 5.10.

[11] cap. 15.5 e 6.2 e 3.14 e 11.4.

[12] cap. 1.14 e 6.2 e 2.17.

[13] Isa. 63.2, 3. João 1.1. I João 5.7.

[14] cap. 14.20. Mat. 28.3. cap. 4.4. Isa. 11.4.

[15] II The. 2.8. cap. 1.16 e 2.27 e 12.5. ver. 21. Psa. 2.9. Isa. 63.3. cap. 14.19, 20.

[16] ver. 12. Dan. 2.47. I Tim. 6.15. cap. 17.14.

[17] ver. 21. Eze. 39.17.

[18] Eze. 39.18, 20.

[19] cap. 16.16 e 17.13, 14.

[20] cap. 16.13, 14 e 13.12, 15 e 20.10 e 14.10. Dan. 7.11.

[21] ver. 15, 17, 18. cap. 17.16.

Satanaz é amarrado por mil annos. Os fieis reinam com Christo.

20 E vi descer do céu um anjo, [1] que tinha a chave do abysmo, e uma grande cadeia na sua mão.

2 E prendeu o dragão, [2] a antiga serpente, que é o Diabo e Satanaz, e amarrou-o por mil annos.

3 E lançou-o no abysmo, [3] e ali o encerrou, e poz sello sobre elle, para que mais não engane as nações, até que os mil annos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.

4 E vi thronos; e assentaram-se sobre elles, [4] e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas d’aquelles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o signal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, [5] e reinaram com Christo, durante mil annos.

5 Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil annos se acabaram. Esta é a primeira resurreição.

6 Bemaventurado e sancto aquelle que tem parte na primeira resurreição: sobre estes não tem poder a segunda morte; [6] porém serão sacerdotes de Deus e de Christo, e reinarão com elle mil annos.

Satanaz é solto, e depois vencido para sempre.

7 E, [7] acabando-se os mil annos, Satanaz será solto da sua prisão,

8 E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gog e Magog, [8] para os ajuntar em batalha, cujo numero é como a areia do mar.

9 E subiram sobre [9] a largura da terra, e cercaram o arraial dos sanctos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo do céu, e os devorou.

10 E o diabo, [10] que os enganava, foi lançado no lago do fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso propheta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.

O juizo final.

11 E vi um grande throno branco, e o que estava assentado sobre elle, [11] de cujo rosto fugiu a terra e o céu; e não se achou logar para elles.

12 E vi os mortos, [12] grandes e pequenos, que estavam diante de Deus; e[1117] abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escriptas nos livros, segundo as suas obras.

13 E o mar deu os mortos que n’elle havia; [13] e a morte e o [AOE] inferno deram os mortos que n’elles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.

14 E a morte e o inferno [14] foram lançados no lago de fogo: esta é a segunda morte.

15 E aquelle que não foi achado inscripto no livro da vida foi lançado no [15] lago do fogo.

[1] cap. 1.18 e 9.1.

[2] cap. 12.9. II Ped. 2.4. Jud. 6.

[3] Dan. 6.17. cap. 16.14, 16. ver. 8.

[4] Dan. 7.9, 22, 27. Mat. 19.28. Luc. 22.30. I Cor. 6.2, 3. cap. 6.9 e 13.12, 13, 15, 16.

[5] Rom. 8.17. II Tim. 2.12. cap. 5.10.

[6] cap. 2.11 e 1.6 e 5.10. Isa. 61.6. I Ped. 2.9.

[7] ver. 2, 3, 10.

[8] Eze. 38.2 e 39.1. cap. 16.14.

[9] Isa. 8.8. Eze. 38.9, 16.

[10] cap. 19.20 e 14.10, 11.

[11] II Ped. 3.7, 10, 11. cap. 21.1. Dan. 2.35.

[12] cap. 19.5. Dan. 7.10. Psa. 69.28. Dan. 12.1. Phi. 4.3. cap. 3.5 e 13.8 e 21.27. Jer. 17.10 e 32.19. Mat. 16.27. Rom. 2.6. ver. 13.

[13] cap. 6.8. ver. 12.

[14] I Cor. 15.26, 54, 55. ver. 6. cap. 21.8.

[15] cap. 19.20.

Os novos céus e a nova terra.

21 E vi um novo céu, [1] e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e já não havia mar.

2 E eu, João, vi a sancta cidade, [2] a nova Jerusalem, que de Deus descia do céu, adereçada como a esposa ataviada para o seu marido.

3 E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: [3] Eis aqui o tabernaculo de Deus com os homens, e com elles habitará, e elles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com elles, e será o seu Deus.

4 E Deus alimpará de seus olhos toda a [4] lagrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dôr; porque as primeiras coisas são passadas.

5 E o que estava assentado sobre o throno disse: [5] Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve: porque estas palavras são verdadeiras e fieis.

6 E disse-me: Está cumprido: [6] Eu sou o Alpha e o Omega, o principio e o fim. A quem quer que tiver sêde, de graça lhe darei da fonte da agua da vida.

7 Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, [7] e elle será meu filho,

8 Mas quanto aos timidos, [8] e aos incredulos, e aos abominaveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idolatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.

A nova Jerusalem.

9 E veiu a mim um dos sete anjos [9] que tinham as sete taças cheias das ultimas sete pragas, e fallou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-hei a esposa, a mulher do Cordeiro.

10 E levou-me em espirito [10] a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a sancta Jerusalem, que de Deus descia do céu.

11 E tinha [11] a gloria de Deus; e a sua luz era similhante a uma pedra preciosissima, como a pedra de jaspe, como o crystal resplandecente.

12 E tinha um grande e alto muro com doze portas, [12] e nas portas doze anjos, e nomes escriptos sobre ellas, que são os nomes das doze tribus de Israel.

13 Da banda do levante tinha tres portas, [13] da banda do norte tres portas, da banda do sul tres portas, da banda do poente tres portas.

14 E o muro da cidade tinha doze fundamentos, [14] e n’elles os nomes dos doze apostolos do Cordeiro.

15 E aquelle que fallava comigo tinha uma canna de oiro, [15] para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro.

16 E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto quanto a sua largura. E mediu a cidade com a canna até doze mil estadios: e o seu comprimento, largura e altura eram eguaes.

17 E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro covados, medida de homem, que era a do anjo.

18 E a fabrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de oiro puro, similhante a vidro puro.

19 E os fundamentos [16] do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, saphira; o terceiro, chalcedonia; o quarto, esmeralda;

20 O quinto, sardonica; o sexto, sardio; o setimo, crisolito; o oitavo, beryllo; o nono, topazio; o decimo, crysopraso;[1118] o undecimo, jacintho; o duodecimo, amethysta.

21 E as doze portas eram doze perolas: [17] cada uma das portas era uma perola, e a praça da cidade de oiro puro, como vidro transparente.

22 E n’ella não vi templo, [18] porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro.

23 E a cidade não necessita de [19] sol nem de lua, para que n’ella resplandeçam, porque a gloria de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lampada.

24 E as nações [20] que se salvarem andarão á sua luz; e os reis da terra trarão para ella a sua gloria e honra.

25 E as suas portas [21] não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite.

26 E a ella trarão a [22] gloria e honra das nações.

27 E não entrará n’ella coisa [23] alguma que contamine, e commetta abominação e mentira, mas só os que estão inscriptos no livro da vida do Cordeiro.

[1] Isa. 65.17 e 66.22. II Ped. 3.13. cap. 20.11.

[2] Isa. 52.1. Gal. 4.26. Heb. 11.10 e 12.22 e 13.14. cap. 3.12. ver. 10. Isa. 54.5 e 61.10. II Cor. 11.2.

[3] Lev. 26.11, 12. Eze. 43.7. II Cor. 6.16. cap. 7.15.

[4] Isa. 25.8. I Cor. 15.26, 54. cap. 20.14. Isa. 35.10 e 61.3 e 65.19.

[5] cap. 4.2, 9 e 5.1 e 20.11. Isa. 43.19. II Cor. 5.17. cap. 19.9.

[6] cap. 16.17 e 1.8 e 22.13. Isa. 12.3 e 55.1. João 4.10, 14 e 7.37.

[7] Zac. 8.8. Heb. 8.10.

[8] I Cor. 6.9, 10. Gal. 5.19, 20, 21. Eph. 5.5. I Tim. 1.9. Heb. 12.14. cap. 22.15 e 20.14.

[9] cap. 15.1, 6, 7 e 19.7. ver. 2.

[10] cap. 1.10. Eze. 48.2.

[11] ver. 23. cap. 22.5.

[12] Eze. 48.31, 34.

[13] Eze. 48.31, 34.

[14] Mat. 16.18. Gal. 2.9. Eph. 2.20.

[15] Eze. 40.3. Zac. 2.1. cap. 11.1.

[16] Isa. 54.11.

[17] cap. 22.2.

[18] João 4.23.

[19] ver. 11. Isa. 24.23 e 60.19, 20. cap. 22.5.

[20] Isa. 60.3, 5, 11 e 66.12.

[21] Isa. 60.11, 20. Zac. 14.7. cap. 22.5.

[22] ver. 24.

[23] Isa. 35.8 e 52.1 e 60.21. Joel 3.17. cap. 22.14, 15 e 3.5 e 13.8 e 20.12. Phi. 4.3.

22 E mostrou-me o [1] rio puro da agua da vida, claro como crystal, que procedia do throno de Deus e do Cordeiro.

2 No meio da sua praça, [2] e de uma e outra banda do rio, estava a arvore da vida, que produz doze fructos, dando seu fructo de mez em mez; e as folhas da arvore são para a saude das nações.

3 E ali nunca mais haverá maldição contra alguem; [3] e n’ella estará o throno de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.

4 E verão o seu rosto, [4] e nas suas testas estará o seu nome.

5 E ali não haverá mais noite, [5] e não necessitarão de lampada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; [6] e reinarão para todo o sempre.

Admoestações e promessas finaes. Conclusão.

6 E disse-me: [7] Estas palavras são fieis e verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos sanctos prophetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer.

7 Eis aqui venho presto: [8] Bemaventurado aquelle que guarda as palavras da prophecia d’este livro.

8 E eu, João, sou aquelle que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, [9] prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava estas coisas, para o adorar.

9 E disse-me: [10] Olha não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os prophetas, e dos que guardam as palavras d’este livro. Adora a Deus.

10 E disse-me: [11] Não selles as palavras d’este livro; porque perto está o tempo.

11 Quem [12] é injusto, faça injustiça ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, faça justiça [AOF] ainda; e quem é sancto, seja sanctificado ainda.

12 E, eis que, presto venho, [13] e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.

13 Eu sou o Alpha [14] e o Omega, o principio e o fim, o primeiro e o derradeiro.

14 Bemaventurados aquelles [AOG] que [15] lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito á arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.

15 Porém estarão de fóra os cães [16] e os feiticeiros, e os fornicadores, e os homicidas, e os idolatras, e qualquer que ama e commette a mentira.

16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo, [17] para vos testificar estas coisas nas egrejas: eu sou a raiz e a geração de David, a resplandecente estrella da manhã.

17 E o Espirito e a esposa dizem: Vem. [18] E quem o ouve, diga: Vem. E quem tem sêde, venha; e quem quizer, tome de graça da agua da vida.

18 Porque eu testifico a todo aquelle que ouvir as palavras da prophecia d’este livro que, [19] se alguem lhes accrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre elle as pragas que estão escriptas n’este livro;

[1119]

19 E, se alguem tirar das palavras do livro d’esta prophecia, [20] Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade sancta, e das coisas que estão escriptas n’este livro.

20 Aquelle que testifica estas coisas diz: Certamente presto venho. [21] Amen: ora vem, Senhor Jesus.

21 A graça de nosso [22] Senhor Jesus Christo seja com todos vós. Amen.

[1] Eze. 47.1. Zac. 14.8.

[2] Eze. 47.12. cap. 21.21. Gen. 2.9. cap. 2.7 e 21.24.

[3] Zac. 14.11. Eze. 48.35.

[4] Mat. 5.8. I Cor. 13.12. I João 3.2. cap. 3.12 e 14.1.

[5] cap. 21.23, 25. Psa. 36.19.

[6] Dan. 7.27. Rom. 5.17. II Tim. 2.12. cap. 3.21.

[7] cap. 19.9 e 21.5 e 1.1.

[8] cap. 3.11. ver. 10, 12, 20. cap. 1.3.

[9] cap. 19.10.

[10] cap. 19.10.

[11] Dan. 8.26 e 12.4, 9. cap. 10.4 e 1.3.

[12] Eze. 3.27. Dan. 12.10. II Tim. 3.13.

[13] Isa. 40.10 e 62.11. Rom. 2.6 e 14.12. cap. 20.12.

[14] Isa. 41.4 e 44.6 e 48.12. cap. 1.8, 11 e 21.6.

[15] I João 3.24. cap. 2.7 e 21.27.

[16] I Cor. 6.9, 10. Gal. 5.19, 21. Col. 3.6. cap. 9.20, 21 e 21.28. Phi. 3.2.

[17] cap. 1.1 e 5.5. Num. 24.17. Zac. 6.12. II Ped. 1.19. cap. 2.28.

[18] cap. 21.2, 9. Isa. 55.1. João 7.37. cap. 21.6.

[19] Deu. 4.2 e 12.32. Pro. 30.6.

[20] Exo. 32.33. Psa. 69.28. cap. 3.5 e 13.8 e 21.2.

[21] ver. 12. João 21.25. II Tim. 4.8.

[22] Rom. 16.20, 24. II The. 3.18.


NOTAS

[A] ou, estações.

[B] ou, a creatura vivente, que se move.

[C] ou, os monstros dos mares.

[D] roja.

[E] gerações.

[F] Heb. Jehovah.

[G] ou, conhecimento.

[H] Onyx, ou beryllo.

[I] ou, Ethiopia.

[J] ou, Tigris.

[K] ou, que lhe assista.

[L] Heb. edificou.

[M] ou, cintas.

[N] Heb. Elle.

[O] Vida; ou, mãe da vida.

[P] acquisição.

[Q] vaidade.

[R] ou, remissão.

[S] supportar.

[T] ou, vingado.

[U] compensação, ou, renovo.

[V] Heb. Noah, repouso.

[W] ou, permanecerá.

[X] ou, divisões.

[Y] ou, toda a sorte de azas.

[Z] Heb. indo e tornando.

[AA] ou, almas.

[AB] ou, a creatura.

[AC] divisão.

[AD] confusão.

[AE] ou, nações.

[AF] contou-lha.

[AG] serei d’ella edificada.

[AH] Deus (está) ouvindo.

[AI] Heb. E elle será como um jumento bravo.

[AJ] ou, Tu és um Deus que me vês.

[AK] de aquelle que vive e me vê.

[AL] Pae da altura.

[AM] Pae d’uma multidão.

[AN] Princeza.

[AO] Riso.

[AP] ou, no maior calor do dia.

[AQ] pequena.

[AR] riso.

[AS] Beer-sheba.

[AT] ou, capitão-mór.

[AU] Heb. Beer-sheba, poço do juramento.

[AV] Heb. Jehovah-jireh.

[AW] que é: Syria dos dois rios.

[AX] joias.

[AY] ou, meditar.

[AZ] acampamentos.

[BA] nações.

[BB] Assyria.

[BC] ou, syro.

[BD] cabelludo.

[BE] supplantador.

[BF] desfallecido.

[BG] vermelho.

[BH] o centuplo.

[BI] contenda.

[BJ] inimisade.

[BK] alargamento.

[BL] ou, capitão-mor.

[BM] juramento.

[BN] poço do juramento. Heb. Beersheba.

[BO] ou, vestidos preciosos.

[BP] ou, syro.

[BQ] casa de Deus.

[BR] ou, enfermos.

[BS] Eis! um filho.

[BT] ouvindo.

[BU] junto.

[BV] louvor.

[BW] ou, tenha filhos.

[BX] juiz.

[BY] Luctando.

[BZ] Heb. vem, uma fortuna.

[CA] Fortuna.

[CB] Heb. Sou feliz.

[CC] Feliz.

[CD] Galardão.

[CE] Morada.

[CF] Julgada.

[CG] Augmentador.

[CH] Heb. tenho adivinhado.

[CI] ou, riqueza.

[CJ] Heb. teraphin. Jui. 17.5. I Sam. 19.13. Ose. 3.4.

[CK] ou, syro.

[CL] que é, em arameano, o montão do testemunho.

[CM] em hebraico, o montão do testemunho.

[CN] torre de vigia.

[CO] dois exercitos ou bandos.

[CP] aquelle que lucta com Deus.

[CQ] a face de Deus.

[CR] cabanas.

[CS] em paz.

[CT] Heb. fallou ao coração da moça.

[CU] o Deus de Bethel.

[CV] o carvalho de pranto.

[CW] filho de minha dôr.

[CX] filho da dextra.

[CY] a torre de Eder.

[CZ] as caldas.

[DA] Heb. o seu sangue.

[DB] ou, official.

[DC] na porta de Enaim.

[DD] cordão.

[DE] cordões.

[DF] ou, official.

[DG] cestos de pão branco.

[DH] salvador do mundo.

[DI] que faz esquecer.

[DJ] duplamente fructifero.

[DK] nozes da pistaceira.

[DL] devolvido.

[DM] Heb. adivinha.

[DN] sabe adivinhar.

[DO] ou, governador.

[DP] occupação.

[DQ] aptos.

[DR] remiu.

[DS] Heb. plenitude.

[DT] ou, obedecerão.

[DU] pousado entre os curraes.

[DV] perseguiram.

[DW] eira de Atad.

[DX] tarefas.

[DY] espertas.

[DZ] tirando.

[EA] ou, principe.

[EB] um estranho ali.

[EC] Eu Sou o que Eu Sou.

[ED] Eu Sou.

[EE] joias.

[EF] Jehovah.

[EG] pesado.

[EH] Heb. Gloria-te sobre mim.

[EI] ou, um signal de livramento.

[EJ] joias.

[EK] Heb. entre as duas tardes.

[EL] joias.

[EM] Heb. davam-lhes o que lhes pediam.

[EN] ou, cabrito.

[EO] Heb. e o louvarei.

[EP] Heb. o meu desejo.

[EQ] poderoso.

[ER] amarga.

[ES] Heb. Man hu.

[ET] Heb. tentação.

[EU] Heb. contenda.

[EV] Heb. Jehovahnissi.

[EW] Heb. o corno do carneiro.

[EX] ou, vingado.

[EY] ou, os seus pilares.

[EZ] ou, aborte.

[FA] Isto é, Euphrates.

[FB] ou, pilares.

[FC] acacia.

[FD] ou, com que se hão derramar os licores.

[FE] de artifice.

[FF] entre o logar sancto e o sanctissimo.

[FG] ou, a gravura.

[FH] as luzes e as perfeições.

[FI] Heb. Sancto ao Senhor.

[FJ] ou, propiciação.

[FK] Ou, e a tenda será sanctificada pela minha gloria.

[FL] ou, um deus.

[FM] ou, Isto é o teu deus.

[FN] Heb. duro de cerviz.

[FO] ou, rocha.

[FP] ou, cabrito.

[FQ] Heb. as dez palavras.

[FR] tigellas, com que se haviam de derramar.

[FS] Heb. tenazes.

[FT] espivitadores.

[FU] de obra de artifice.

[FV] a abertura.

[FW] ou, corôa sancta.

[FX] ou, Sancto ao Senhor.

[FY] ou, oblação.

[FZ] para sua acceitação.

[GA] sacrificio de paz, ou, das graças.

[GB] um preceito perpetuo.

[GC] de obra de artifice.

[GD] ou, corôa sancta.

[GE] ou, creatura vivente.

[GF] Heb. na sua calva ou meia calva.

[GG] ou, vida.

[GH] para que sejaes acceitos o sacrificareis.

[GI] entreis no gozo da sua novidade.

[GJ] Heb. tanto do sanctissimo como do sancto comerá.

[GK] o meu sancto nome.

[GL] Para que seja acceito offerecerá.

[GM] Heb. tomareis o fructo de formosas arvores.

[GN] Heb. pilar ou obelisco.

[GO] coisa sancta.

[GP] Heb. as colheres e as tigellas e as taças, com que se haviam de derramar.

[GQ] Heb. as suas tenazes e os seus espivitadores.

[GR] ás coisas sanctissimas.

[GS] colher.

[GT] colheres.

[GU] ou, do serviço.

[GV] Isto é, os sepulchros da concupiscencia.

[GW] isto é, do cacho.

[GX] Heb. olho ao olho.

[GY] Heb. a palavra.

[GZ] ou, do tumulto.

[HA] ou, juizo.

[HB] ou, joias.

[HC] ou, porém estae certos de que o vosso peccado vos descobrirá.

[HD] ou, alma.

[HE] Heb. as dez palavras.

[HF] ou, os seus pilares, ou obeliscos.

[HG] ou, da pederneira.

[HH] ou, os seus pilares ou obeliscos.

[HI] ou, a gazella.

[HJ] ou, vil pensamento.

[HK] ou, pilar, ou obelisco.

[HL] ou, um molho.

[HM] Heb. a sanctidade de minha casa.

[HN] ou, as crias das tuas ovelhas.

[HO] Heb. façaes acertadamente tudo, etc.

[HP] Josué.

[HQ] Heb. os seus cornos são cornos de boi bravo, ou antilope.

[HR] Heb. Arabah.

[HS] pederneira.

[HT] que é, circulo, ou roda.

[HU] ou, capitão.

[HV] ou, consagrada; vidé Lev. 27.28. Deu. 20.17.

[HW] anathema.

[HX] ou, anathematizaram.

[HY] consagrado Lev. 27.28. Deu. 20.17.

[HZ] que é, as pedreiras.

[IA] vidé cap. 6.17.

[IB] Heb. lingua.

[IC] Heb. Jasher.

[ID] ou, valle.

[IE] Heb. pela mão.

[IF] que é, cidade de Arba.

[IG] Heb. lingua.

[IH] ou, um presente.

[II] ou, Joppa.

[IJ] Heb. sanctificaram.

[IK] ou, um altar grande, para que o avistassem.

[IL] Heb. á coisa consagrada.

[IM] que é, testemunho.

[IN] ou, um presente.

[IO] que é, anathema.

[IP] que é, choradores.

[IQ] Heb. Aram.

[IR] ou, pedreiras.

[IS] ou, das nações.

[IT] ou, a minha offerta.

[IU] ou, crescentes.

[IV] Heb. ouvidor.

[IW] ou, Aquelle.

[IX] ou, celebrar.

[IY] que é, o alto da queixada.

[IZ] que é, queixada.

[JA] ou, peças.

[JB] ou, Naomi, que é agradavel.

[JC] que é, agradavel.

[JD] que é, amargosa.

[JE] ou, os molhos.

[JF] Heb. Isai.

[JG] que é, ouvido por Deus.

[JH] Heb. corno.

[JI] Heb. o corno.

[JJ] que é, onde é a gloria.

[JK] que é, a pedra de ajuda.

[JL] ou, officiaes.

[JM] ou, anathema.

[JN] Heb. corno.

[JO] ou, Isai.

[JP] ou, homem valoroso.

[JQ] Heb. um teraphim.

[JR] que é, a rocha de divisões ou da fuga.

[JS] Heb. ao que ourine á parede.

[JT] que é, tolo.

[JU] que é, o campo das facas aguçadas.

[JV] ou, são-me muito incommodos.

[JW] que é, a roturo de Uza.

[JX] ou, a lei do homem.

[JY] que é, o freio da cidade mãe.

[JZ] ou, sacerdotes.

[KA] ou, sacerdote.

[KB] Heb. o corno.

[KC] Heb. corno.

[KD] ou, as colheres.

[KE] que é, Terra de areia ou, secca.

[KF] Heb. o que ourina á parede.

[KG] ou, pilares, ou, obeliscos.

[KH] ou, fortificou o monte.

[KI] ou, armas.

[KJ] pilar, ou, obelisco.

[KK] ou, siclos.

[KL] que é, casa de tosquia.

[KM] ou, os pilares: ou, obeliscos.

[KN] ou, brechas, ou, ruinas.

[KO] ou, caixa.

[KP] ou, pisando-os.

[KQ] que é, pedaço de cobre.

[KR] ou, Sennacherib.

[KS] ou, anathematizando-as.

[KT] ou, ruinas, ou, brechas.

[KU] ou, colheres.

[KV] Zabdi.

[KW] Achan.

[KX] ou, Bath-sheba.

[KY] ou, Joel.

[KZ] ou, moveis.

[LA] ou, homens, quaes leões, de Moab.

[LB] ou, levar a arca.

[LC] Que é, do gigante.

[LD] Que é, do gigante.

[LE] ao gigante.

[LF] ou, um adversario.

[LG] Que é, paz.

[LH] ou, tamanho.

[LI] ou, principe.

[LJ] Heb. buscavam.

[LK] ou, sycomoros.

[LL] os mercadores do rei os recebiam em manadas e cada uma pelo seu preço.

[LM] arvores.

[LN] ou, Hurão, meu pae.

[LO] casa sanctissima.

[LP] de obra de imagem.

[LQ] Heb. elle estabelecerá.

[LR] tenazes.

[LS] espivitadores.

[LT] colheres.

[LU] casa sanctissima.

[LV] o termo da festa.

[LW] Heb. não havia mais espirito n’ella.

[LX] os sycomoros.

[LY] os pilares ou obeliscos.

[LZ] tendas.

[MA] ou, official.

[MB] que é, benção, ou louvor.

[MC] Heb. golpe.

[MD] colheres.

[ME] Heb. os seus pilares, ou obeliscos.

[MF] Heb. debaixo da sua mão.

[MG] ou, nos seus cargos.

[MH] ou, prodigio.

[MI] ou, o templo.

[MJ] ou palacio.

[MK] tempo.

[ML] ou, o governador.

[MM] Heb. darics.

[MN] ou, pedreiros.

[MO] Heb. darics.

[MP] ou, o palacio.

[MQ] Heb. darics.

[MR] ou, o governador.

[MS] ou, governador.

[MT] Suppõe-se que Moysés escreveu este livro quando se achava entre os midianitas, cerca de 1520 A. C.

[MU] ou, renunciaram, ou, blasphemaram.

[MV] ou, de tumores malignos.

[MW] Heb. estes ossos.

[MX] Heb. Sheol.

[MY] ou, alma.

[MZ] Heb. no Sheol.

[NA] Heb. as possessões.

[NB] Heb. palavra ou, materia.

[NC] ou, a amizade.

[ND] ou, nobreza.

[NE] ou chacaes.

[NF] ou, anjo.

[NG] ou, do seu relampago.

[NH] ou, no campo livre.

[NI] ou, conductor.

[NJ] Heb. abestruzes.

[NK] ou, nos musculos.

[NL] ou, Deus Heb. Elohim.

[NM] ou, as nações.

[NN] ou, sortes.

[NO] ou, amado.

[NP] ou, violento.

[NQ] Heb. despojam.

[NR] ou, e fitam seus olhos para nos lançarem na terra.

[NS] Heb. o corno.

[NT] ou, as gotas.

[NU] ou, ponha em alto.

[NV] ou, victoria.

[NW] Heb. unica.

[NX] ou, de descanço.

[NY] ou, no sancto adorno, ou, no glorioso sanctuario.

[NZ] Heb. do Sheol.

[OA] ou, sua sancta memoria.

[OB] ou, contra o justo insolentemente.

[OC] ou, no meu espanto.

[OD] ou, armazens.

[OE] ou, condemnados.

[OF] ou, condemnado.

[OG] ou, da hacha de armas contra os que, etc.

[OH] ou, dilaceravam-me.

[OI] Heb. unica.

[OJ] ou, palavras enganosas contra os quietos.

[OK] ou, os que são rectos no caminho.

[OL] ou, sombra.

[OM] Heb. um assopro.

[ON] ou, d’uma cova de destruição.

[OO] Heb. furaste.

[OP] ou, anhela.

[OQ] Heb. o monte Mizar.

[OR] Heb. Como com espada, ou, esmagamento.

[OS] ou, a saude.

[OT] ou, nação.

[OU] Heb. a alegria da minha alegria.

[OV] ou, os lançaste fóra.

[OW] ou, victorias.

[OX] ou, deshonra.

[OY] chacaes.

[OZ] ou, E em tua magestade cavalga.

[PA] ou, Os povos cairam debaixo de ti; ellas estão no coração, etc.

[PB] ou, sobre o seu sancto throno.

[PC] Heb. elevação.

[PD] Heb. Sheol.

[PE] Heb. para que não haja morada para ella.

[PF] ou, louco.

[PG] Heb. Devora-os.

[PH] Heb. Sheol.

[PI] ou, contra mim.

[PJ] ou, peregrinações.

[PK] ou, todas as nações.

[PL] ou, a salvação.

[PM] Heb. está calada para com Deus.

[PN] Heb. sê calada para com Deus.

[PO] Heb. Ha silencio perante ti e louvor, ó Deus, etc.

[PP] ou, dispersos.

[PQ] Heb. apriscos.

[PR] ou, olhaes com inveja.

[PS] ou, quando estiverem em paz, torne-se ella em uma armadilha.

[PT] ou, acampamento.

[PU] ou, por Salomão.

[PV] ou, estão em repouso perpetuo.

[PW] Heb. rocha.

[PX] ou, da tribu.

[PY] ou, monstros das aguas.

[PZ] Heb. violencia.

[QA] ou, da voz.

[QB] Heb. serrarei todos os cornos.

[QC] Heb. fortes.

[QD] ou, pericia.

[QE] ou, as nações.

[QF] Heb. em grande medida.

[QG] ou, dos cestos.

[QH] ou, rocha.

[QI] ou, de Deus.

[QJ] ou, montanhas.

[QK] Heb. de Baca, que é, arvores de balsamo.

[QL] Heb. de Cush.

[QM] Heb. corno.

[QN] ou, fará éxacções.

[QO] ou, o seu resplendor.

[QP] Heb. de sheol.

[QQ] ou, a nossa morada.

[QR] ou, a serpente.

[QS] Heb. corno.

[QT] ou, triumpharão.

[QU] Heb. em Meribah.

[QV] Heb. de Massah.

[QW] ou, cova.

[QX] Heb. Alleluia.

[QY] ou, Gilead.

[QZ] ou, contra os nossos inimigos.

[RA] ou, offertas voluntarias.

[RB] ou, nas bellezas.

[RC] ou, muitos paizes.

[RD] ou, defenderá a sua causa em juizo.

[RE] ou, Emquanto aos juizos, elles continuam até hoje.

[RF] ou, confirmei.

[RG] ou, tido em nenhuma conta.

[RH] ou, Cantico gradual.

[RI] Heb. tornou o captiveiro de Sião.

[RJ] ou, louvores.

[RK] ou, cresça.

[RL] como uma creança desmamada para com sua mãe; como uma creança desmamada, assim é para comigo a minha alma.

[RM] Heb. o corno.

[RN] ou, força.

[RO] ou, manterá.

[RP] ou, abrisse e sulcasse a terra.

[RQ] Heb. corno.

[RR] ou, dança.

[RS] ou, victoria.

[RT] ou, Elle é a honra de todos os seus sanctos.

[RU] ou, dança.

[RV] Heb. a Jah.

[RW] ou, substancia preciosa.

[RX] ou, almas.

[RY] ou, vida.

[RZ] a discrição.

[SA] Heb. Sheol.

[SB] ou, das tuas riquezas.

[SC] ou, a gazella.

[SD] ou, juiz.

[SE] ou, iniquidade.

[SF] ou, se quebrantará.

[SG] ou, ganha o salario de falsidade.

[SH] ou, discrição.

[SI] ou, Um guia é o justo ao seu proximo.

[SJ] ou, alcança favor.

[SK] Heb. será quebrantado.

[SL] ou, traz comsigo a sua loucura.

[SM] ou, refugio.

[SN] Heb. Sheol e Abaddon.

[SO] ou, as pedras.

[SP] ou, questão.

[SQ] ou, placido.

[SR] Heb. Sheol.

[SS] ou, obra de filigrana.

[ST] ou, soda.

[SU] ou, profusos.

[SV] Heb. Sheol e Abaddon.

[SW] ou, nação.

[SX] ou, o oraculo ou, o peso.

[SY] ou, lagartixa.

[SZ] ou, o cão de caça.

[TA] Heb. se apressaria a gozar.

[TB] ou, e vinham á sepultura; e os que obraram bem, e que sahiam do logar sancto, foram esquecidos na cidade.

[TC] Heb. feder e corromper.

[TD] ou, a submissão aquieta grandes peccados.

[TE] ou, A cobra, não estando encantada, certamente morderá, e o paroleiro não é melhor do que ella.

[TF] ou, enfraquecem as vigas.

[TG] ou, duravel morada.

[TH] Heb. muitos livros.

[TI] ou, os teus cabritos.

[TJ] ou, canteiro de flores de alfena.

[TK] Heb. casa do vinho.

[TL] ou, gazellas.

[TM] ou, palanquim.

[TN] ou, embutido.

[TO] ou, atraz do teu véu.

[TP] ou, bebei abundantemente do amor.

[TQ] ou, balsamo.

[TR] ou, outeiros aromaticos.

[TS] ou, corpo.

[TT] Heb. paladar.

[TU] ou, atraz do seu véu.

[TV] ou, como para a dança de dois bandos?

[TW] ou, captivo pelas tranças.

[TX] ou, juizes.

[TY] ou, como pelo sabão.

[TZ] Heb. quebramento.

[UA] Heb. A palavra.

[UB] ou, instrucção.

[UC] ou, dos costumes do Oriente.

[UD] ou, dão a mão aos filhos, etc.

[UE] ou, atalaias.

[UF] Heb. bordão de pão.

[UG] ou, tinindo.

[UH] ou, tinhosa a cabeça.

[UI] ou, cheio de belleza e gloria.

[UJ] ou, derramamento de sangue.

[UK] que é quasi dois almudes.

[UL] ou, pederneira.

[UM] ou, vestes.

[UN] que é, Deus comnosco.

[UO] Heb. Maher-Shalal-hash-baz.

[UP] ou, não haverá manhã para elles.

[UQ] ou, e a alegria lhe augmentaste.

[UR] ou, oppressor.

[US] ou, perversidade.

[UT] ou, os seus thesouros.

[UU] ou, aos que se assentaram sobre thronos.

[UV] ou, tanto a alma como o corpo.

[UW] ou, da uncção.

[UX] ou, será prompto no entendimento.

[UY] ou, seccará.

[UZ] ou, revista.

[VA] ou, farão deitar os seus rebanhos.

[VB] ou, chacaes.

[VC] ou, exactora.

[VD] Heb. Sheol.

[VE] ou, dos porcos espinhos.

[VF] ou, nobres.

[VG] ou, as suas ufanias são vãs.

[VH] ou, os logares desamparados nos bosques, e nos cumes dos montes.

[VI] ou, do roçar das azas.

[VJ] Heb. De Cush.

[VK] ou, medida e atropellada.

[VL] ou, dividem.

[VM] Heb. devorarei.

[VN] ou, os canaes do Egypto.

[VO] ou, Os prados.

[VP] ou, os que trabalham por paga ficarão com tristeza na alma.

[VQ] ou, expiada.

[VR] ou, veloz; ou, fugaz.

[VS] ou, cambaleam.

[VT] Heb. Sheol.

[VU] ou, consummação.

[VV] ou, succedam-se as festas.

[VW] Heb. estranhos.

[VX] ou, temiveis.

[VY] ou, que aprendeu de cór.

[VZ] ou, terrivel.

[WA] ou, desviam o justo por uma coisa insignificante.

[WB] ou, instrucção.

[WC] ou, instruidores.

[WD] ou, destruição.

[WE] ou, que pesa o tributo.

[WF] ou, consumirá.

[WG] ou, as feras do deserto.

[WH] ou, as creaturas que uivam.

[WI] ou, satyro.

[WJ] ou, chacaes.

[WK] ou, quando estiver com aquelles que cessaram de existir.

[WL] ou, A voz d’um que clama.

[WM] ou, belleza.

[WN] ou, chacaes.

[WO] ou, embaixadores.

[WP] ou, cozinha.

[WQ] Heb. levantam o lenho das suas imagens.

[WR] ou, força.

[WS] Heb. o meu chamado.

[WT] ou, os justamente presos escapariam?

[WU] ou, é o meu adversario?

[WV] ou, tristeza.

[WW] ou, abolida.

[WX] ou, do cambaleio.

[WY] ou, do cambaleio.

[WZ] ou, espargirá.

[XA] ou, formosura nem belleza.

[XB] ou, rejeitado pelos homens.

[XC] ou, quebrantado.

[XD] ou, Pela angustia e pelo juizo elle foi tirado.

[XE] ou, quebrantal-o.

[XF] ou, o quinhão dos grandes.

[XG] ou, se removerão.

[XH] ou, serão abalados.

[XI] ou, removerá de ti.

[XJ] ou, não será abalado.

[XK] ou, discipulos do Senhor.

[XL] Heb. sheol.

[XM] ou, desfalleceria.

[XN] ou, arrojam lama e lodo.

[XO] ou, a ordenança.

[XP] ou, opprimidos.

[XQ] ou, brechas.

[XR] ou, o mal.

[XS] ou, no crepusculo.

[XT] ou, transgredir, e negar o Senhor.

[XU] ou, fallar do coração palavras de falsidade.

[XV] ou, grinalda.

[XW] ou, a coisa roubada.

[XX] Heb. Hephzibah.

[XY] Heb. Beulah.

[XZ] ou, escarlates.

[YA] ou, glorioso em sua vestidura, marchando na abundancia da sua força?

[YB] ou, o seu sangue.

[YC] ou, obras poderosas?

[YD] ou, accende o matto.

[YE] ou, consomes.

[YF] ou, para fortuna. Heb. Gad. Gen. 30.11.

[YG] ou, destino.

[YH] ou, destinarei para a espada.

[YI] ou, pela vexação.

[YJ] Heb. de Amen.

[YK] ou, calamidade.

[YL] ou, desillusões.

[YM] ou, para que vejamos a vossa alegria; mas elles serão envergonhados.

[YN] ou, a abundancia.

[YO] Euphrates?

[YP] ou, quem a deteria no seu mez?

[YQ] ou, Estamos desligados; nunca mais viremos a ti.

[YR] ou, mas sobre todo o carvalho.

[YS] ou, leviandade.

[YT] Heb. vergonha.

[YU] ou, uma grande destruição.

[YV] ou, Um vento forte de mais para tal virá.

[YW] Heb. nas paredes do meu coração.

[YX] ou, Destruição sobre destruição.

[YY] ou, obtusos.

[YZ] ou, mattas.

[ZA] ou, instrucção.

[ZB] ou, os seus ramos.

[ZC] ou, levados.

[ZD] ou, Oh! que se eu podesse consola-me na minha tristeza!

[ZE] ou, chacaes.

[ZF] ou, na sua incircumcisão.

[ZG] ou, teem o cabello cortado em redondo.

[ZH] ou, chacaes.

[ZI] ou, pastagem.

[ZJ] ou, elle pozer os teus amigos sobre ti por cabeça?

[ZK] ou, se assim é.

[ZL] ou, chacaes.

[ZM] ou, que não conheciam.

[ZN] ou, filhos que não chocam.

[ZO] que é, terror em todos os lados.

[ZP] ou, prosperamente.

[ZQ] ou, sem filhos.

[ZR] ou, confins.

[ZS] ou, maioraes.

[ZT] ou, de gloria.

[ZU] que é, o seu rei.

[ZV] ou, as suas filhas serão queimadas a fogo.

[ZW] que é, o seu rei.

[ZX] ou, Aguçae.

[ZY] ou, preparae.

[ZZ] ou, as colheres.

[AAA] Heb. todo o corno.

[AAB] Heb. o corno.

[AAC] ou, fez tortuosas.

[AAD] ou, assim que os homens não podem tocar as extremidades das suas roupas.

[AAE] ou, creaturas viventes.

[AAF] ou, fachos.

[AAG] ou Tarsis.

[AAH] ou, pinas.

[AAI] ou, gelo.

[AAJ] ou, impudentes.

[AAK] Heb. bordão de pão.

[AAL] ou, sois mais turbulentos do que as nações, etc.

[AAM] Heb. furiosos.

[AAN] ou, quebrantei eu o seu coração fornicario.

[AAO] ou, Vem a tua ruina.

[AAP] ou, gritos de alegria.

[AAQ] ou, ruina.

[AAR] ou, crimes sanguinarios.

[AAS] ou, os logares sanctificados.

[AAT] que era, um idolo do paganismo.

[AAU] ou, Tarsis.

[AAV] que é, revolvente.

[AAW] ou, tua redempção.

[AAX] ou, serei consultado por elles?

[AAY] Heb. bordão de pão.

[AAZ] ou, para tua purificação.

[ABA] ou, um reino.

[ABB] ou, uma casa de prostituição.

[ABC] ou, casa de prostituição.

[ABD] ou, Canaan.

[ABE] ou, egual.

[ABF] ou, deseguaes.

[ABG] ou, as suas viuvas.

[ABH] ou, jaula.

[ABI] ou, á tua similhança Heb. no teu sangue.

[ABJ] que é, logar alto.

[ABK] Heb. torna-te uma só.

[ABL] ou, os teus calafates.

[ABM] consideras.

[ABN] ou, desprezam.

[ABO] ou, crocodilo.

[ABP] ou, tremer.

[ABQ] ou, Lybia.

[ABR] ou, as procure.

[ABS] ou, procuram as minhas ovelhas.

[ABT] ou, pondo-se cada um na sua juntura.

[ABU] Heb. Hamon-gog.

[ABV] Heb. Hamon-gog.

[ABW] que é, multidão.

[ABX] ou, pavimento.

[ABY] ou, a espira.

[ABZ] ou, a sua base.

[ACA] ou, logar que pertence ao povo.

[ACB] ou, a parte inferior.

[ACC] ou, estas são as costas do altar.

[ACD] ou, da parte inferior.

[ACE] que é, altar superior.

[ACF] que é, a lareira do altar.

[ACG] ou, a parte inferior.

[ACH] ou, assim o consagrarão.

[ACI] ou, vos acceitarei.

[ACJ] ou, pondera.

[ACK] ou, a par.

[ACL] ou, misturar com a flor de farinha.

[ACM] ou, do jubileo. Vede, Lev. 25.10.

[ACN] Heb. de Meriboth-kadesh.

[ACO] Heb. de Meribath-kadesh.

[ACP] ou, Jehovah-shammah.

[ACQ] Heb. ham-malzar.

[ACR] ou, O sonho.

[ACS] ou, o sonho.

[ACT] ou, gaita de folles.

[ACU] ou, mudaram.

[ACV] ou, herva.

[ACW] ou, negocio.

[ACX] Heb. cornos, aqui e nos versos que se seguem.

[ACY] ou, em tempo de segurança.

[ACZ] ou, braços haverá por seu lado.

[ADA] ou, fizer terminar.

[ADB] ou, ensinada.

[ADC] Heb. de Aram.

[ADD] ou, recebe-nos benignamente.

[ADE] ou, exacções de trigo.

[ADF] ou, peita.

[ADG] ou, e as vossas assembléas solemnes.

[ADH] ou, por causa da afflicção de José.

[ADI] ou, brechas.

[ADJ] ou, e cultivador de sycomoros.

[ADK] ou, engulis os necessitados.

[ADL] Heb. Beer-sheba.

[ADM] ou, as suas camaras.

[ADN] ou, a sua abobada.

[ADO] Heb. sheol.

[ADP] ou, para que não haja prophecia.

[ADQ] ou, para que não haja adivinhação.

[ADR] Heb. ó torre de Eder.

[ADS] Heb. o teu corno.

[ADT] ou, os teus pillares, ou obeliscos.

[ADU] ou, tecem.

[ADV] ou, ferozes.

[ADW] ou, sê como o incircumciso.

[ADX] ou, em afflicção.

[ADY] ou, dos seus guerreiros.

[ADZ] Heb. de Maktesh.

[AEA] ou, vergonha.

[AEB] ou, de um accordo.

[AEC] Heb. o vosso captiveiro.

[AED] ou, mensageiro.

[AEE] ou, mensagem.

[AEF] ou, no logar sombrio.

[AEG] Heb. cornos.

[AEH] Heb. corno.

[AEI] Heb. filhos.

[AEJ] Heb. Quando elles de Bethel enviaram Saresar, etc.

[AEK] ou, prospera.

[AEL] ou, aluguer.

[AEM] ou, festas alegres.

[AEN] ou, Porque encurvei Judah para mim.

[AEO] ou, que pizam os seus inimigos na lama das ruas na peleja.

[AEP] ou, Belleza.

[AEQ] ou, Ataduras.

[AER] ou, familia.

[AES] ou, castigo.

[AET] ou, chacaes.

[AEU] ou, ainda que tenha o resto do espirito.

[AEV] ou, foram asperas.

[AEW] ou, saltareis.

[AEX] Quasi cinco annos antes do anno Domini.

[AEY] Quatro annos antes do Anno Domini.

[AEZ] ou, principes.

[AFA] ou, Governador.

[AFB] vida.

[AFC] ou, calçado.

[AFD] ou, sujeito ao juizo.

[AFE] ou, sujeito ao conselho.

[AFF] ou, meirinho.

[AFG] ou, as riquezas.

[AFH] boas dadivas.

[AFI] Gr. os filhos da camara nupcial.

[AFJ] ou, governador.

[AFK] asse.

[AFL] ou, alma.

[AFM] ás nações.

[AFN] Gr. Petros.

[AFO] ou, alma.

[AFP] ou, vida.

[AFQ] denarios.

[AFR] denario.

[AFS] ou, das nações.

[AFT] ou, creado.

[AFU] ou, escravo.

[AFV] ou, os seus fachos.

[AFW] ou, peças.

[AFX] ou, novo concerto.

[AFY] ou, governador.

[AFZ] ou, peças.

[AGA] ou, governador.

[AGB] ou, ao pretorio.

[AGC] ou, vigiavam.

[AGD] ou, rochas.

[AGE] ou, levae a guarda.

[AGF] ou, governador.

[AGG] ou, fazei discipulos.

[AGH] ou, recebedoria.

[AGI] Gr. da camara nupcial.

[AGJ] flagello.

[AGK] Gr. mas é réu d’um eterno peccado.

[AGL] flagello Mar. 3.10. Luc. 7.21.

[AGM] ou, guardava-o.

[AGN] me adoram.

[AGO] ou, alma.

[AGP] ou, vida.

[AGQ] creado.

[AGR] escravo.

[AGS] ou, governadores.

[AGT] ou, officiaes.

[AGU] o pretorio.

[AGV] Heb. Elizabeth.

[AGW] Gr. sikera.

[AGX] Eu te saudo, muito favorecida.

[AGY] Gr. um corno da salvação.

[AGZ] ou, governador.

[AHA] Gr. remissão.

[AHB] Gr. com paciencia.

[AHC] ou, alma.

[AHD] ou, ella.

[AHE] ou, devedores.

[AHF] ou, alfarrobas.

[AHG] ou, riqueza.

[AHH] ou, observação.

[AHI] ou, longanimo.

[AHJ] ou, a um sycomoro.

[AHK] ou, governador.

[AHL] ou, governadores.

[AHM] ou, pacto.

[AHN] ou, um rei ungido.

[AHO] ou, magistrados.

[AHP] ou, rocha.

[AHQ] ou, Bethabara.

[AHR] Gr. filho.

[AHS] ou, meirinhos.

[AHT] aprisco.

[AHU] ou, Advogado, ou, Amparador; Gr. Paracleto.

[AHV] Gr. cohorte e officiaes dos principaes, etc.

[AHW] ou, oppõe-se.

[AHX] ou, a sua superintendencia.

[AHY] ou, magistrados.

[AHZ] Gr. meirinhos.

[AIA] Gr. redemptor.

[AIB] ou, tirado o seu julgamento.

[AIC] que é, gazella.

[AID] Gr. As coisas fieis e sanctas.

[AIE] velando.

[AIF] Gr. Anathematizámo-nos com anathema.

[AIG] ou, governador.

[AIH] Gr. sudoeste e noroeste.

[AII] ou, os gemeos.

[AIJ] ou, propiciatorio.

[AIK] ou, anathema.

[AIL] ou, de Sabaoth.

[AIM] Gr. o seu pescoço.

[AIN] ou, pedagogos.

[AIO] ou, amor.

[AIP] ou, morte.

[AIQ] que é, o Senhor vem.

[AIR] ou, concerto.

[AIS] Gr. estava sendo abolida.

[AIT] ou, queremos antes ausentar-nos do corpo e estarmos presentes ao Senhor.

[AIU] Gr. creação.

[AIV] ou, anjo.

[AIW] ou, mensagem.

[AIX] ou, as nações.

[AIY] ou, pedagogo.

[AIZ] ou, amor.

[AJA] Gr. com que grandes lettras vos escrevi, etc.

[AJB] ou, amor.

[AJC] ou, o amor.

[AJD] ou, separados da communhão.

[AJE] Gr. n’uma cadeia.

[AJF] ou, o vosso amor.

[AJG] Gr. todo o pretorio.

[AJH] ou, despojou-se.

[AJI] ou, alcançado.

[AJJ] ou, do amor.

[AJK] ou, o vosso amor.

[AJL] ou, como dignos do Senhor.

[AJM] ou, amor.

[AJN] ou, prive da vossa recompensa.

[AJO] ou, contra a satisfação da carne.

[AJP] ou, amor.

[AJQ] ou, completos.

[AJR] ou, amor.

[AJS] ou, do amor.

[AJT] ou, o amor.

[AJU] ou, no amor.

[AJV] ou, uma dispensação.

[AJW] ou, o amor.

[AJX] ou, instruidor.

[AJY] ou, no amor.

[AJZ] ou, vive em delicias.

[AKA] ou, o amor.

[AKB] Gr. e já confessaste a boa confissão.

[AKC] ou, poder.

[AKD] ou, instruidor.

[AKE] ou, no amor.

[AKF] ou, ás palrices vãs e profanas.

[AKG] ou, o amor.

[AKH] ou, amor.

[AKI] ou, assegurado.

[AKJ] ou, instruidores.

[AKK] ou, sê sobrio em todas as coisas.

[AKL] Gr. já estou derramado como libação.

[AKM] ou, glotões.

[AKN] ou, no amor.

[AKO] ou, donas de casa.

[AKP] ou, amor.

[AKQ] ou, o teu amor.

[AKR] ou, do teu amor.

[AKS] ou, amor.

[AKT] ou, dons.

[AKU] ou, provocação.

[AKV] Gr. de incredulidade.

[AKW] ou, provocação.

[AKX] ou, provocaram.

[AKY] ou, annunciado.

[AKZ] ou, ainda que sem peccado.

[ALA] ou, aperfeiçoado.

[ALB] ou, instruidores.

[ALC] ou, rejeitada.

[ALD] ou, e coisas que pertencem á salvação.

[ALE] ou, do amor.

[ALF] ou, manifestado.

[ALG] Gr. parabola.

[ALH] ou, reforma.

[ALI] ou, Pacto.

[ALJ] ou, adoradores.

[ALK] ou, aperfeiçoou.

[ALL] ou, ao amor.

[ALM] ou, commum.

[ALN] ou, uma possessão.

[ALO] ou, ganho.

[ALP] ou, mundos.

[ALQ] ou, apparelhou.

[ALR] Gr. conceber semente.

[ALS] Gr. semente.

[ALT] ou, na summidade.

[ALU] ou, o capitão e perfector.

[ALV] ou, paralysados.

[ALW] ou, o que se via.

[ALX] ou, os avisou na terra.

[ALY] ou, os avisou dos céus.

[ALZ] ou, prometteu.

[AMA] ou, o amor.

[AMB] ou, de mostrar amor aos estrangeiros.

[AMC] ou, Sêde livres do amor do dinheiro.

[AMD] ou, conductores, ou, superiores.

[AME] ou, vos forem enviadas varias provas.

[AMF] ou, seduzido.

[AMG] ou, fóra das tuas obras.

[AMH] ou, o curso.

[AMI] ou, as paixões.

[AMJ] ou, amor.

[AMK] ou, envergonhado.

[AML] ou, superintendente.

[AMM] Gr. interrogação.

[AMN] ou, amor.

[AMO] ou, o amor.

[AMP] Gr. o cargo.

[AMQ] ou, fraternidade; e á fraternidade amor.

[AMR] ou, saida.

[AMS] ou, instructores.

[AMT] ou, praticas lascivas.

[AMU] ou, o juizo não tarda.

[AMV] ou, Os que reputam por prazer o viver diariamente em delicias.

[AMW] ou, escravos.

[AMX] ou, foram enthesourados com fogo, sendo conservados até ao dia do juizo.

[AMY] ou, Consolador. Gr. Pareclete.

[AMZ] ou, amor.

[ANA] ou, o amor.

[ANB] ou, perfeito o seu amor.

[ANC] ou, amor.

[AND] ou, perfeito o amor.

[ANE] ou, no amor.

[ANF] ou, o perfeito amor.

[ANG] ou, o amor.

[ANH] Gr. temos.

[ANI] ou, amor.

[ANJ] ou, o amor.

[ANK] ou, do teu amor.

[ANL] ou, amor.

[ANM] ou, rochas occultas.

[ANN] ou, amor.

[ANO] ou, são pastores que a si mesmos, etc.

[ANP] ou, no amor.

[ANQ] Gr. Hades.

[ANR] ou, o teu primeiro amor.

[ANS] amor.

[ANT] ou, pestilencia.

[ANU] Gr. uns poucos de nomes.

[ANV] Gr. creaturas viventes.

[ANW] ou, taças.

[ANX] Gr. Hades o seguiu.

[ANY] ou, rolo.

[ANZ] que é, destruidor.

[AOA] Gr. mysterio.

[AOB] ou, taças.

[AOC] ou, creaturas viventes.

[AOD] Gr. apascentará.

[AOE] Gr. Hades.

[AOF] ou, ainda mais.

[AOG] ou, que guardam os seus mandamentos, para que tenham poder na arvore da vida.






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including legal fees, that arise directly or indirectly from any of
the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this
or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or
additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any
Defect you cause.

Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of
computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It
exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations
from people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come. In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future
generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see
Sections 3 and 4 and the Foundation information page at
www.gutenberg.org Section 3. Information about the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541. Contributions to the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by
U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is in Fairbanks, Alaska, with the
mailing address: PO Box 750175, Fairbanks, AK 99775, but its
volunteers and employees are scattered throughout numerous
locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt
Lake City, UT 84116, (801) 596-1887. Email contact links and up to
date contact information can be found at the Foundation's web site and
official page at www.gutenberg.org/contact

For additional contact information:

    Dr. Gregory B. Newby
    Chief Executive and Director
    gbnewby@pglaf.org

Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment. Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States. Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements. We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance. To SEND
DONATIONS or determine the status of compliance for any particular
state visit www.gutenberg.org/donate

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses. Donations are accepted in a number of other
ways including checks, online payments and credit card donations. To
donate, please visit: www.gutenberg.org/donate

Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works.

Professor Michael S. Hart was the originator of the Project
Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be
freely shared with anyone. For forty years, he produced and
distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of
volunteer support.

Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as not protected by copyright in
the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not
necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper
edition.

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facility: www.gutenberg.org

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including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
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