The Project Gutenberg eBook of Educação nova: As bases

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Title: Educação nova: As bases

Author: Augusto Joaquim Alves dos Santos

Release date: March 9, 2012 [eBook #39086]

Language: Portuguese

Credits: Produced by Rita Farinha, Alberto Manuel Brandão Simões
and the Online Distributed Proofreading Team at
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(Biblioteca Nacional de Portugal).)

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Nota de editor: Devido à existência de erros tipográficos neste texto, foram tomadas várias decisões quanto à versão final. Em caso de dúvida, a grafia foi mantida de acordo com o original. No final deste livro encontrará a lista de erros corrigidos.

Rita Farinha (Março 2012)


BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL


Dr. ALVES DOS SANTOS


Professor da Universidade de Coimbra


EDUCAÇÃO NOVA

AS BASES


I

O CORPO DA CRIANÇA


(Com 32 figuras, no texto)



Livrarias Aillaud e Bertrand

PARIS—LISBOA

Livraria Chardron | Livraria Francisco Alves
PÔRTO | RIO DE JANEIRO

1919






Educação Nova






DO AUTOR:




1) Estatística (numérica e gráfica) das escolas da 2.ª circunscrição escolar, Lisboa, 1906, ed. oficial, 1 vol.

2) A nossa escola primária (o que tem sido; o que deve ser), Pôrto, 1910, 1 vol.

3) Psicologia e pedologia (uma missão scientífica, no estrangeiro), Coímbra, 1913, 1 fasc.

4) O ensino primário em portugal (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913, 1 vol.

5) O crescimento da criança portuguesa (subsidios para a constituição de uma pedologia nacional), Coímbra, 1915, 1 vol.

6) Elementos de filosofia scientífica, Coímbra, 1915; 2.ª ed., Lisboa, 1918, 1 vol.

7) Educação nova (As bases)—O corpo da criança—Lisboa, 1919, 1 vol.


EM PREPARAÇÃO:



8) Educação nova (As bases)—A mentalidade da criança—1 vol.





BIBLIOTECA DE PEDOLOGIA NACIONAL


Dr. ALVES DOS SANTOS


Professor da Universidade de Coimbra


EDUCAÇÃO NOVA

AS BASES


I

O CORPO DA CRIANÇA


(Com 32 figuras, no texto)



Livrarias Aillaud e Bertrand

PARIS—LISBOA

Livraria Chardron | Livraria Francisco Alves
PÔRTO | RIO DE JANEIRO

1919





Todos os exemplares desta edição teem a rubrica
autógrafa do autor




Educação Nova: As Bases






«Oh! le bruit des petits pieds de l'enfant! ce bruit léger et doux des générations qui arrivent, indécis, incertain comme l'avenir. L'avenir, c'est nous qui le déciderons peut-être, par la manière dont nous aurons élevé les générations nouvelles».

Preface de l'Education et hérédité, I, de
M. Guyau




Nota Preambular






Mero subsídio para a constituìção de uma pedologia nacional, não tem outras pretensões o presente livro que, no pensamento do seu autor, se destina, tam sómente, por agora, a desbravar um terreno, a monte ainda quási, nos domínios da nossa pedagogia.

Os elementos, de que nos servimos, longe de serem respigados em obras estrangeiras, como é de uso corrente, entre nós, derivam de observações e experiências, feitas sobre crianças da nossa terra.

Assim, se irá organizando uma pedologia portuguesa, tam necessária à nossa educação.

Neste primeiro volume, ocupar-nos hemos do corpo da criança, com o fim de investigar as leis do crescimento, em Portugal; no segundo[1], estudaremos a mentalidade da criança, para conhecer as energias psíquicas, que são características do nosso agrupamento étnico.

Importa ponderar que, em o nosso país, sem desprimor para ninguêm, em vez de sciência, tem-se feito literatura pedagógica...

Há excepções, bem o sei; mas, de tal guisa, fica confirmada... a regra.

¿Não terá soado ainda a hora de enveredar pelo caminho das nações cultas?...





Introdução






«On ne connoît point l'enfance:... Commencez donc par mieux étudier vos élèves car très-assurément, vous ne les connoissez point.»

Preface d'Emile, III, de
J. J. Rousseau.






INTRODUÇÃO





I

A criança; sua concepção bio-psíquica e social



1.—Como organismo vivo que é, a criança, do mesmo modo que as plantas e os animais, está sujeita às leis físico-químicas e biológicas, que regulam a actividade de todos os sêres vivos, que existem à superfície da terra.

Mas, alêm da vida vegetativa, que pertence às plantas, e da vida sensitiva, que é própria dos animais superiores, possue ainda a criança a vida intelectual, apenas partilhada com o homem, do qual incessantemente se aproxima, desde o início da sua evolução.

2.—Por virtude da vida vegetativa, a criança «cresce», isto é, aumenta de volume e de densidade, à medida que se afasta do nascimento, de conformidade com as leis específicas, que determinam o ritmo e as outras características dêsse «crescimento».

Sob êste aspecto, a criança não tem outra função senão a de «crescer», isto é, de adquirir um desenvolvimento somático, cujo termo, em circunstâncias normais, só à hereditariedade pertence estabelecer e fixar.

3.—Mercê da vida sensitiva que, no sentido rigoroso do têrmo, é apanágio exclusivo dos sêres dotados dum sistema nervoso, a criança aprende, cada vez com maior eficácia e precisão, a manter com o meio, em que tem de viver, o equilíbrio, de que carece, para a conservação da sua vida, isto é, a adaptar-se.

[12] Seja qual fôr o conceito que se fizer da sensação, como expressão mais simples, e elemento irredutível da consciência; mas, tendo em vista o processo evolutivo da diferenciação e da complexidade orgânica, não padece dúvida que o fenómeno da irritabilidade, que já se encontra no mundo vegetal, de par com os tropismos das plantas, pode ajudar a esclarecer o mistério da sensibilidade geral, que os animais superiores tambêm usufruem, e por cuja virtude a criança se torna capaz de tirar o máximo proveito das suas experiências, em relação ao mundo externo[2].

4.—Finalmente, pela vida do pensamento, que se manifesta sempre em perfeita correlação com o desenvolvimento cerebral, a criança adquire a capacidade de reagir, por um dinamismo progressivo, à acção das influências cosmo-telúricas, subtraíndo-se a essas e a outras influências, ou atenuando-as, em proveito da sua individualidade.

Manifestações desta vida (tambêm chamada de relação), alêm da espontaneidade, que torna possível a resistência ao automatismo dos instintos e dos hábitos orgânicos, são a reflexão, que prepara o advento e a consolidação da personalidade, e a tendência de integração no meio social, como uma das bases essenciais do carácter[3].

5.—Importa, porêm, advertir que, apesar desta tríplice existência funcional, a vida da criança, como a do homem, não se scinde, nem sofre soluções de continuidade, antes constitue uma unidade orgânica, e uma concentração de energias, que não divergem entre si, senão pelo mecanismo, a que dão origem, e pelas tendências e impulsividades, que despertam[4].

[13] 6.—Vê-se, pois, que a criança, na integral complexidade dos elementos que a constituem, e na plenitude das fôrças que a caracterizam, é um organismo, cuja estrutura e actividade dependem, não sómente das energias físico-químicas, a que todo o Universo está sujeito, como tambêm sofrem a influência de tôdas as leis biológicas e psíquicas, que interveem, tanto na formação da consciência reflexa do homem adulto, como na dinamogenia dos instintos, que engendram a vida social[5].



II

Sciências da Criança: Pedologia, Psico-pedagogia
Pedagogia experimental; outros ramos da Pedagogia



1.—A pedagogia moderna, aceitando a proposta do professor Blum, de Lyon[6], emprega a palavra pedologia para designar a sciência natural da criança[7].

Mas a criança pode ser estudada em si mesma, sem outro intuito que não seja o de a conhecermos, do mesmo modo que o botanista estuda as plantas, ou o entomólogo, os costumes dos animais. Neste caso, o estudo da criança será desinteressado; e, para ser profícuo, não poderá deixar de submeter-se às regras do método, que a sciência preconiza para a investigação de não importa que fenómenos da natureza. Teremos, então, a pedologia pura que, sendo o estudo integral da criança, compreende:


1) a biologia infantil (conhecimento da natureza física da criança, em todos os estádios da sua evolução);

2) a psicologia infantil (estudo da mentalidade da criança); e

3) a sociologia infantil (estudo da sociabilidade da criança).

Pelo seu lado, cada um dêstes ramos da pedologia subdivide-se ainda em diferentes capítulos, consoante as necessidades da especialização scientífica.

Assim, a biologia infantil ou fisio-pedologia inclue o [15] estudo da anatomia e da fisiologia do embrião; do recêm-nascido; e da criança, em tôdas as idades do «crescimento»[8].

A psicologia infantil ou psico-pedologia, consoante descreve os processos mentais da criança, ou procura explicar a sua origem e evolução, assim se denomina estrutural ou estática, e funcional ou dinâmica[9].

A psico-pedologia estrutural deve os seus mais assinalados progressos aos trabalhos de Tiedemann, Sigismund, Kussmaul, Preyer, etc.[10]

Quanto à psico-pedologia dinâmica, importa ainda distinguir o estudo dos processos mentais da criança, na sua continuidade vital (genética), ou no seu funcionamento orgânico (cinemática), como fizeram, alêm doutros psicólogos notáveis, John Dewey, de Chicago, e o seu discípulo Irving King[11].

2.—Considerando, porêm, a criança, sob um aspecto utilitário, isto é, estudando-a com determinados intuitos, ou para determinado fim, é da pedologia aplicada que temos de nos socorrer, ou da pedotecnia, como agora se diz.

Esta tambêm sofre divisões, conforme incide sobre a criança doente, que importa curar (pediatria), ou sobre a criança delinqùente, que é necessário regenerar (pedotecnia judiciária), ou ainda sobre a criança, que nos propomos educar (pedagogia experimental).

A pediatria compreende a higiene infantil, a clínica infantil e a psiquiatria infantil; e a pedotecnia judiciária subdivide-se em criminologia infantil, e profiláctica pedológica.

Resta a pedagogia experimental, que se desdobra na [16] psico-pedagogia (psicologia infantil aplicada à pedagogia), na higiene escolar, e na ortofrenia (estudo das crianças mentalmente anormais).

O esquêma que, a seguir, publicamos condensa e mostra as relações que as sciências pedológicas manteem, entre si.

Como se observa, nêsse quadro, pelo lugar que nêle ocupa, a pedagogia experimental é a sciência que aplica ao estudo da criança normal os princípios da pedologia teórica ou pura, no intuito de a educar.

3.—Há, porêm, outros ramos da pedagogia que, embora na aparência independentes, todavia, não derivam doutra fonte que não seja da pedologia: sciência comum e geral da criança. São os seguintes:


1) a pedagogia filosófica, que estuda as questões gerais da pedagogia e da pedologia (conceito e natureza da educação; fins a que tende; leis que a regulam; possibilidade e necessidade da educação; factores da educação; e seus agentes; princípios gerais e fundamentais da pedagogia[12];

2) a pedagogia histórica, que estuda os sistemas de educação, na vida da humanidade, através da história[13];

3) a pedagogia propedêutica, ou arte de educar (aprendizagem da técnica do ensino);

4) a pedagogia escolar, que se ocupa da organização material e pedagógica das escolas[14];

5) e, finalmente, a pedagogia administrativa, que trata da administração e do govêrno do ensino[15].

[17]






anatomia infantil.





Bio-pedologia (Somática)






fisiologia infantil.














estrutural.



Geral ou pura
(Desinteressada)
Psico-pedologia
(Psíquica)


genética.



funcional





cinemática.


Sócio-pedologia.
(Social)









higiene infantil.

pedologia
(Sciência natural da criança).[16]


Pediatria
(a criança doente ou anormal)
clinica infantil.




psiquiatria infantil.












criminologia infantil.


Aplicada ou Pedotecnia (Intencional) Pedotecnia Judiciária
(a criança delinqùente)







profiláctica pedológica.








psico-diagnóstica.





psico-pedagogia





psico-técnica.



Pedagogia experimental
(a criança sã e normal)
higiene escolar.














ortofrenia.





[18]

III

A vida da criança; fases que atravessa durante o «crescimento»,
ou idades da evolução do organismo humano



1.—A vida da criança, tanto sob o ponto de vista somático, como em relação à sua actividade psíquica, varia com a idade e com o sexo; e difere, não só em quantidade, como tambêm e principalmente em qualidade, da vida do adulto[17].

A existência incontestável desta diferenciação estrutural e dinâmica das crianças entre si, e da criança com o adulto, levanta o problema dos factores do desenvolvimento, e o da progressão funcional das energias bio-psíquicas, que nêle interveem.

¿Em que medida é que a hereditariedade e o meio influem na evolução da criança; e porque é que o aparecimento e a acção dos processos psíquicos estão sujeitos à lei do progresso contínuo?

Dum modo mais geral, pode preguntar-se, se existe alguma relação entre o desenvolvimento bio-psíquico da criança e o da espécie humana, através das idades geológicas; ou se, pelo contrário, a doutrina da recapitulação carece de apoio sólido, em que se firme[18].

[19] Nós, remetendo o leitor para os estudos especializados, que se referem à interpretação genética das energias orgânicas do crescimento, e à apreciação das influências mesológicas, que sôbre elas agem[19], passamos à enumeração das fases da vida das crianças, de conformidade com o critério fisiológico da dentição, combinado com o da maturidade sexual[20].

2.—São seis as idades da evolução do organismo humano, desde o início da vida extra-uterina, até à idade adulta:

1) recêm-nascença (até ao fim do primeiro mês, depois do nascimento);

2) infância (desde o fim do primeiro mês, até aos três anos);

3) puerícia (desde os três anos, até aos sete);

4) adolescência (desde os sete, até à idade que oscila, para os rapazes, entre os doze e os catorze anos; para as raparigas, entre os onze e os treze);

5) puberdade (desde o fim da adolescência, até a uma época que, segundo as circunstâncias, tambêm varia, em relação a cada sexo; não indo, porêm, entre nós, em regra, alêm dos dezasseis anos, para os rapazes, e dos quinze para as raparigas);

6) nubilidade (desde os quinze ou dezasseis anos, até aos vinte)[21].

3.—A recêm-nascença inicia-se pela crise, resultante [20] da passagem da vida intra-uterina do feto para a vida extra-uterina; e assinala-se, no recêm-nascido, pela existência de características, que importam o mais absoluto automatismo[22].

À criança que vem de nascer, chamou Virchow «um ser espinhal», para significar, sem dúvida, que é como um anencéfalo, que ela se comporta, em todos os seus movimentos.

Efectivamente, o recêm-nascido é uma pura máquina de reflexas, que a necessidade de adaptação ao meio exclusivamente acciona, sob risco de morte. A espontaneidade só virá com o funcionamento sensorial que, nesta curtíssima idade, só muito imperfeitamente se manifesta[23].

4.—A infância é a época, em que se completa a primeira dentição (os vinte dentes do leite)[24]; e em que, ao ser fisiológico, que era a criança, se ajunta agora um ser intelectual[25].

Compreende duas fases principais, indo a primeira, desde o início do segundo mês, até aos catorze ou dezasseis [21] meses; e a segunda, desde aí, até aos três anos completos.

Infância, quer dizer: idade em que se não fala (de infans, antis); todavia, a partir dos doze ou trêze mêses, a criança principia já a emitir sons articulados; e, desde os dezoito até aos vinte e quatro, mostra-se possuidora da linguagem pròpriamente dita[26].

Alêm desta aquisição, tambêm pertence à segunda fase da infância a auto-locomoção ou a marcha, que entra de ensaiar-se, em regra, nos rapazes, entre os doze e os dezasseis mêses; e, nas raparigas, entre os dez e os quinze[27].

5.—À terceira idade do «crescimento» chamou (e com muita propriedade) o nosso Garrett puerícia (de puer, ĕris). É a segunda infância, dos franceses, que se compreende entre os três anos e os sete (início da segunda dentição, que apenas se completará, aos vinte anos)[28].

Como, em seu lugar, veremos, as tendências dominantes desta idade são os jogos; a imitação activa; a sugestibilidade; e os interesses, que predominam, ligam-se ao desenvolvimento da vida mental.

6.—A fase peri-pubertária costuma designar-se pela palavra adolescência (de adolĕscens, ĕntis).

10 anos 11 anos 12 anos



Alunos do Colégio Moderno

fase pubertária


14 anos 15 anos


[24] Nesta idade, como veremos, «a criança principia a emancipar-se; a sua personalidade desenha-se, esboça-se»[29]; numa palavra, a natureza, neste estádio da evolução, cuida de preparar o individuo para a grande transformação orgânica e psíquica, que vai ser realizada, na idade seguinte.

7.—Essa idade é a puberdade.

Segundo Paul Godin, a fase pubertária é «o momento do desenvolvimento humano, em que o poder germinal orienta tôdas as fôrças do organismo para a função da reprodução»[30].

Outros chamam-lhe a idade crítica; o eixo do crescimento; e todos são concordes em atribuir os desequilibrios biológicos e psíquicos, em que é fertil, à convulsão orgânica, produzida pelo despertar do gérmen vivo, que dormitava na criança, desde o dia do nascimento.

A puberdade, cuja aparição, entre nós, eu tenho estudado[31], alêm dos efeitos pilares do púbis e das axilas, da mudança da voz e, no sexo feminino, do aparecimento do fluxo menstrual, manifesta-se tambêm pelo aumento do tecido conjuntivo, pelo engrossamento dos ossos, pelo robustecimento dos músculos, e pelo máximo de volume e densidade do cérebro[32].

8.—A última fase da evolução é a nubilidade, que muitos identificam já com a idade adulta.

O indivíduo, perdendo as características infantis, diferenciou-se, segundo a lei dos sexos; e tornou-se definitivamente apto para viver sobre si, e para assegurar a persistência da espécie.



IV

Elementos e subsídios, de que podemos dispor,
para a constituição de uma pedologia nacional



1.—De modo análogo ao que sucede em países estrangeiros, tambêm, entre nós, se há procurado obter (embora com fortuna vária) factos em primeira mão, que possam esclarecer os problemas relativos ao «crescimento» da criança portuguesa.

Podem considerar-se como centros de investigação pedológica os seguintes institutos:

1) a Escola-oficina n.º 1, de Lisboa, que é uma escola de ensino integral e de preparação profissional, destinada a adolescentes (dos 7 aos 14 anos)[33];

2) o Instituto médico-pedagógico da Casa Pia, de Lisboa, dirigido pelo ilustre pedagogista, Dr. Costa Ferreira, que é autor de publicações interessantes sobre pedologia;

3) a Tutoria do Pôrto, onde teem sido feitos exames e observações antropométricas e psiquiátricas em menores delinqùentes, pelo distinto antropologista, Dr. Mendes Corrêa;

4) a Tutoria de Lisboa, de que foi juiz presidente o Dr. Pedro de Castro[34];

[26] 5) a Sociedade de estudos pedagógicos[35];

6) a Escola preparatória Rodrigues Sampaio, de que foi director o consideradíssimo professor e eminente pedagogista, Dr. Adolfo Coelho;

7) a Escola Central de Reforma, de Caxias, dirigida pelo P.e António d'Oliveira;

8) o Laboratório de psicologia experimental da Faculdade de Letras da Universidade de Coímbra, que nós fundámos e dirigimos, por deliberação desta Faculdade, que, em 1912, nos mandou à França e à Suíça, a fim de estudarmos a organização dos laboratórios psicológicos, e de adquirirmos os utensílios e aparelhos necessários para o funcionamento de um, em Coímbra[36].

2.—Algumas das investigações, realizadas nestes Institutos, tanto sobre pedometria, como sobre psico-física dos órgãos dos sentidos, e outros processos psicométricos, foram divulgadas pela imprensa; mas o maior número das observações e experiências pedológicas, de que felizmente podemos dispor, tem-se conservado inédito, mercê de várias causas, entre as quais avulta aquela que se refere à carência de recursos pecuniários, para ocorrer às despesas a efectuar com a sua publicação, dada a criminosa indiferença do Estado por esta ordem de serviços, que tem reputado de somenos importância, visto que ainda se não resolveu a votar as verbas necessárias para a sua organização, como base essencial de todo o sistema de ensino público e de tôda a obra de educação nacional.

No laboratório de psicologia da Universidade de Coímbra, desde 1912, que se não cessa de observar e experimentar sobre crianças e adultos, no intuito de esclarecer [28] alguns dos mais importantes problemas da psico-física, da psico-fisiologia e da pedologia, sendo considerável já o dossier dos trabalhos realizados, principalmente na parte que se refere à acuidade sensorial; função mnésica; tempos de reacção; ergografia; sugestibilidade; psico-patologia da atenção, da imaginação, da inteligência; sentido cromático; doenças oculares; psicologia do testemunho; dinamogenia dos sentimentos; etc.; etc.


Universidade de Coímbra:

Laboratório de Psicologia Experimental




Sala de conferências



Sala do laboratório


Os resultados de tôdas estas experiências serão devidamente considerados, no presente trabalho (principalmente, no 2.º volume), de par com as observações e estudos análogos feitos nos outros estabelecimentos que indicamos.



V

Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à psicologia
e à pedologia



1.—Questões gerais de pedagogia e pedologia:

1) Almeida Garrett, Da Educação, 1.ª ed. Londres, 1829;

2) Dr. Adolfo Coelho, Os elementos tradicionais da educação, Pôrto, 1883;

3) Idem, Questões pedagógicas (os exercícios militares na escola), separata do Instituto, Coímbra, 1911;

4) Idem, A pedagogia do povo português, apud Portugalia, V. I, fasc. I;

5) Idem, O estudo da criança, apud "A Tutoria" (revista mensal defensora da infância), n.os correspondentes aos anos de 1912 e 1913, Lisboa;

6) Idem, Educação e Pedagogia, apud Boletim da Direcção Geral de Instrução Pública, Lisboa, 1902, fasc. I-V;

7) Dr. Alves dos Santos, A nossa escola primária, Pôrto, 1910;

8) Idem, O ensino primário em Portugal (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913;

9) Agostinho de Campos, Educação e Ensino, Pôrto, 1911;

10) Idem, Casa de pais, escola de filhos, 3.ª ed., Lisboa, 1917;

11) D. Virgínia de Castro e Almeida, Como devemos criar e educar os nossos filhos, Lisboa, 1908;

12) Idem, Como devo governar a minha casa, Lisboa, 1916;

[30] 13) Carneiro de Moura, A instrução educativa e a organização geral do Estado, Lisboa, 1909;

14) Faria de Vasconcelos, Lições de Pedologia e Pedagogia experimental, Lisboa;

15) Mário Fortes, Manual de educação fisica, Viseu, 1906;

16) F. Palyart Pinto Ferreira, Algumas notas pedagógicas, Lisboa, 1916;

17) António Sérgio, Educação Cívica, Pôrto;

18) Luísa Sérgio, O Método Montessori, Pôrto;

19) Dr. Mendes Corrêa, Crianças delinqùentes, Coímbra, 1915;

20) P.e António d'Oliveira, Criminalidade-Educação, Lisboa, 1918;

21) J. Augusto Coelho, Manual Prático de Pedagogia, Pôrto.


2.—Assuntos especiais, e monografias sobre pedometria e pedotecnia:

1) Dr. Alves dos Santos, Psicologia e Pedologia, Coímbra, 1913;

2) Idem, O Crescimento da criança portuguesa, Coímbra, 1917;

3) J. Freire de Matos, Medida da atenção, por meio dos tempos de reacção, apud Revista da Universidade de Coímbra, vol. IV, n.os 2 e 3;

4) A. C. Barroso da Silveira, Determinação do valor físico do adulto (memento das mensurações mais importantes do corpo humano), Lisboa, 1917;

5) Dr. Costa Ferreira, O pêso do corpo da criança, apud Archivo de Anatomia e anthropologia, Lisboa, 1915, vol. 3.º, n.º 2;

6) Idem, Sobre psicologia e pedagogia do gesto, Lisboa, 1916;

7) Idem, Sobre umas provas de exame da atenção voluntária visual, Coímbra, 1916;

8) Idem, Agudeza visual e auditiva das crianças, Lisboa, 1916;

[31] 9) Idem, A visão das côres, Coímbra, 1916;

10) Idem, Auxanometria Militar, Lisboa, 1917;

11) Idem, Sobre a pigmentação da íris nalguns escolares portugueses, Coímbra, 1918;

12) A. Pires de Lima, Jogos e canções infantis, Pôrto, 1916;

13) António Alfredo Alves, Jogos infantis, apud Revista de Educação (boletim da S. E. P.), Lisboa, 1912, n.º 4;

14) Alberto Pessoa, A prova testemunhal, Coímbra, 1913;

15) Costa Sacadura, A escrita direita e a escrita inclinada (sua influência na função respiratória), Lisboa, 1907;

16) Eugénio de Castro Rodrigues, Méthodes d'enseignement dans les écoles primaires, Lisboa, 1900;

17) Salvador Marques, Algumas palavras em defesa da criança, Lisboa, 1918;

18) Novais e Sousa, Assistência e Maternidade, Coímbra, 1915;

19) Costa Ferreira e José Pontes, Wounded of the war at the Institute of S.ta Isabel, Lisboa, 1918;

20) A. M. de Lima Carvalho, A reeducação da fala dos gagos e tatibitátes (tratado de ortofonia), Coímbra, 1918;

21) Costa Santos, Higiene ocular, Lisboa, 1914;

22) A. Aurélio da Costa Ferreira, Dois sphygmogramas de gagos, Lisboa, 1918.





Pedologia Somática






«La nature a, pour fortifier le corps et le faire croître, des moyens qu'on ne doit jamais contrarier».

Livre II, 99, d'Emile, de

J. J. Rousseau




Pedologia Somática


(O Corpo da Criança)






CAPITULO I

Fases da vida dos organismos. «Crescimento»; suas espécies;
e modos de o estudar.

Leis do «crescimento»; e factores que o modificam.



1.—Existem na vida dos sêres organizados (cada vez mais acentuadamente, à medida que da planta se passa ao animal e dêste ao homem) tres fases ou períodos (de desigual extensão) que, por suas características essenciais, se tornam dissemelhantes e irredutíveis uns aos outros:

1) um tempo de crescimento (anabolia), que se efectua, por virtude dum predomínio da assimilação funcional sobre a desassimilação orgânica;

2) uma fase de decadência ou decrescimento (catabolia) determinada, de modo inverso, pela preponderância da desassimilação sobre a assimilação;

3) um período de relativa estabilidade ou equilíbrio biológico (probolia), durante o qual o organismo se reproduz.

Temos, pois, uma época construtiva, de integração orgânica que, depois da fase êmbrio-fetal, se realiza durante um têrço aproximadamente da vida humana (desde a nascença até à nubilidade); um período destrutivo, de desintegração biológica, que prepara e acompanha a velhice e conduz à morte; e, finalmente, uma época intermediária, que subsiste, durante a juventude e a maturidade.

2.—A Pedologia, considerando apenas a primeira fase [36] do metabolismo humano, distingue entre o «crescimento» normal e o «crescimento» anormal; e, em ambos, atende tanto à morfologia (desenvolvimento estrutural), como à fisiologia (desenvolvimento funcional).

Abandonando o estudo do «crescimento» anormal à pediatria e à psiquiatria; e, reenviando o leitor, em matéria de «crescimento» normal, na parte relativa à vida intra-uterina, para os tratadistas da embriologia, restringiremos o nosso trabalho à análise da ontogénese do organismo humano, desde o nascimento até à idade adulta.

Sob o aspecto estrutural, o corpo da criança, através das idades de evolução, varia, em função do tempo:

1) nas dimensões

2) na forma

3) nas proporções

4) nos elementos, de que se compõe.

E, quanto ao desenvolvimento fisiológico, todos sabem que as funções orgânicas divergem com a idade, e que há certos fenómenos, cuja manifestação se verifica apenas em fases já avançadas do «crescimento».

A criança transforma-se, pois; isto é, adquire as características da idade adulta, por uma série de transformações contínuas, cuja sucessão é determinada, e cujo aparecimento e limites são função do tempo[37].

A isto se chama «crescimento» que, como veremos, pode ser absoluto ou relativo, consoante se referir ao ritmo da evolução, ou às proporções do corpo, nas diferentes idades desta.

3.—Para estudar a dinâmica do «crescimento», servem-se as sciências pedológicas da pedolexia (observação da criança) e da pedometria (mensuração da criança).

A análise incide, tanto sobre os órgãos e os sistemas, como sobre as funções; e as medidas somáticas devem ser individuais, periódicas e polimétricas, isto é, devem abranger todos os segmentos do organismo.

[37] É o que se designa pela expressão de método auxanológico.

Reduzindo a esquêma esta processologia, temos:










Estrutural (exame dos órgãos)


Pedolexia (Observação da criança)


Funcional (exame das funções)




Investigação do «crescimento»






craniométrica


toracométrica

Pedometria (Mensuração da criança) braquiométrica



cruriométrica



pelvimétrica


4—Em o nosso país, as observações e mensurações, realizadas no intuito de conhecer as leis do «crescimento», são pouco numerosas; todavia, algumas existem; e, na verdade, em quantidade bastante, pelo que respeita ao «crescimento» absoluto, cujo ritmo, como adiante se verá, reputamos, em relação ao sexo masculino, suficientemente estabelecido e determinado.

Mas, em matéria de leis do «crescimento», importa separar aquelas que, por sua natureza mesma, se tornam extensivas a tôdas as crianças, seja qual fôr o meio em que vivam, e as raízes antropológicas, donde procedam; e aquelas que pertencem exclusivamente às crianças de cada agregado social, e não abrangem senão os indivíduos que participam dum género de vida análogo, e promanam de uma mesma origem étnica.

Enumeraremos, entre as primeiras, como mais importantes:

1) a lei de Buffon (a que chamaremos de contraste), em virtude da qual o feto cresce, cada vez mais, à medida que se aproxima do nascimento, ao passo que a criança cresce, cada vez menos, à medida que se avizinha da puberdade;

2) a lei da periodicidade, que regula a sucessão de esfôrço e repouso (relativo), na dinâmica do crescimento;

3) a lei da alternância, por cuja virtude os membros [38] do corpo (sobretudo, as pernas) crescem principalmente antes e durante a puberdade, e o busto, depois;

4) a lei das compensações, que se revela na aceleração do crescimento de certos órgãos, em relação a outros mais desenvolvidos[38].

À segunda categoria pertence, alêm da lei do ritmo (modalidade ou manifestação da lei da periodicidade), a lei das proporções, que preside a tôda a dinâmica do crescimento relativo.

5.—Estas leis, como resumo e expressão, que são, das relações entre os fenómenos considerados, incluem, tambêm no caso presente, o conceito das causas ou dos factores que agem sôbre o «crescimento».

Indicaremos:

1) entre os determinantes fisiológicos: a raça, a gestação, o sexo, a consanguinidade e a alimentação;

2) dos factores mesológicos: o meio cosmo-telúrico (clima, estações, ar livre, claustração, etc.) e social (vida citadina, e de campo, profissões e ocupações sociais, etc.);

3) dentre os agentes patológicos: as doenças (crónicas, ou agudas), o raquitismo, a insuficiência tiroidiana, os estados neuropáticos, etc.;

4) finalmente, das causas pedagógicas: os exercicios físicos, a gimnástica, os jogos, etc.

Cada um dêstes factores age, a seu modo, sobre o mecanismo do «crescimento», robustecendo ou embaraçando, consoante as circunstâncias, a energia intra-orgânica, que é a causa primordial de tudo, naquele mecanismo[39].



CAPITULO II

«Crescimento» absoluto; sua determinação, em relação
à criança portuguesa; tabelas de médias, e respectivas curvas.
O ritmo do crescimento em Portugal



1.—Como noutro lugar dissemos[40], o «crescimento» absoluto (determinável pelas medidas sintéticas: altura, pêso, perímetro torácico) denuncia o ritmo da evolução, que é diferente, segundo a procedência étnica, e varia com o meio, tanto físico, como social.

Para o estudo dêste «crescimento», entre nós, e organização das respectivas tabelas de médias, dispomos de elementos antropométricos, mais do que suficientes, em quantidade, e óptimos, em qualidade.

Êsses elementos, já por nós seriados[41], são os seguintes:


1) mensurações e pesagens efectuadas, durante um período de seis anos, duas vezes em cada ano (novembro e julho), sobre um total de 1.385 indivíduos, do sexo masculino, de idades compreendidas entre os dez e os dezoito anos, no antigo Colégio Militar, pelo médico João Carlos Mascarenhas de Melo[42];

2) mensurações e pesagens, de Pedro Ferreira, no extinto [40] Colégio de Campolide, durante quatro anos seguidos (1905-1909) sobre 1227 crianças, do sexo masculino, de idades que variam, desde os seis até aos vinte anos[43];

3) mensurações e pesagens do dr. Morais Manchego, realizadas em escolas primárias, do sul do País, sobre 1.829 crianças, do sexo masculino, desde os seis até aos dezanove anos de idade[44];

4) mensurações e pesagens efectuadas, na Maternidade de Lisboa, sob a direcção do falecido professor Alfredo da Costa, desde 1899 a 1904, sobre mais de 2.800 crianças, de ambos os sexos, logo em seguida ao nascimento[45];

5) pesagens de crianças tuteladas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em número de mais de 100.000, de idades compreendidas entre o nascimento e os doze mêses, desde 1907 até 1913[46].

6) mensurações e pesagens do dr. Samuel Maia, realizadas em Lisboa, no ano de 1908, sobre 5.912 crianças, de ambos os sexos, de 0 aos 10 anos de idade;

7) mensurações e pesagens efectuadas, no liceu de Coímbra, durante doze anos (1905-1916), sobre um total de 1.180 alunos, do sexo masculino, de idades variáveis entre os dez e os vinte anos;

8) mensurações e pesagens, realizadas, no Instituto Feminino de Educação e Trabalho, de Odivelas, sob a direcção da médica D. Adelaide Cabete, durante dois anos consecutivos (1914-1916), sobre 157 alunas;

9) mensurações e pesagens, empreendidas, na Escola [41] de Alunos Marinheiros do norte (Leça de Palmeira) desde 1913 a 1916, sobre 241 alunos, do sexo masculino;

10) finalmente, mensurações e pesagens, realizadas, desde 1912, no laboratório psicológico da Faculdade de Letras, de Coímbra, sobre crianças de diferentes idades e procedências, como meio de iniciação dos alunos da Escola Normal Superior na prática da mensuração antropométrica, pelo emprêgo do método auxanológico[47].

2.—De tôdas estas medidas, aproveitando aquelas que, por suas características, se tornam comparáveis, organizamos os seguintes quadros de médias do crescimento absoluto, normal, da criança portuguesa, desde o nascimento até à idade adulta:

3.—O quadro n.º 1 (Alturas) baseia-se num total de vinte e uma mil e seiscentas mensurações, assim distribuídas:


1) Maternidade de Lisboa (ambos os sexos), 2.877;

2) Samuel Maia (ambos os sexos), 8.685;

3) Colégio de Campolide (sexo masculino), 1.221;

4) Colégio Militar (sexo masculino), 1.385;

5) Morais Manchego (sexo masculino), 1.829;

6) Liceu de Coimbra (sexo masculino), 4.731;

7) Instituto, de Odivelas (sexo feminino), 631;

8) Escola de alunos marinheiros, do norte (sexo masculino), 241.



[42]

QUADRO N.º 1


Idades Maternidade
de Lisboa
Samuel
Maia
Pedro
Ferreira
Colégio
Militar
Morais
Manchego
Liceu
de Coímbra
Instituto feminino
de Odivelas
Alunos
Marinheiros
Médias
gerais
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
Recêm-nascido
Nascimento
50,24
49,55













50,24
49,55
0-1


66
63












66
63
Infância
1-2


74
72












74
72
2-3


83
81












83
81
Puerícia
3-4


89
88












89
88
4-5


96
94












96
94
5-6


109
104
113,5



108







110
104
6-7


110
106
119,5



114







114,5
106
7-8


111
110
124



119




117


118
113,5
Adolescência
8-9


116
115
129



124




120,5


123
117,7
9-10


123
122
133

132

127




125


128,7
123,5
10-11




138

135

131

132


129


134
129
11-12




144

139

135

136


134,5


138,5
134,5
12-13




148

143

139

139


141,5


142
141,5
Puberdade
13-14




154,5

150

147

143


148


148,6
148
14-15




160,5

157

149

153


152


154,8
152
15-16




165

162

156

159


152,8


160,5
152,8
16-17




165,5

163

161

164

—-
154
161

162,9
154
Nubilidade
17-18




166

165

163

165


153,7
161,2

164
153,7
18-19




169

169

165

166


151
161,3

166
151
19-20




171





168


154
161,5

166,8
154



[43] O quadro n.º 2 (Pêso) foi elaborado, em presença dos documentos que acusam o elevado número de cento e dezassete mil e dez pesagens, efectuadas nos seguintes Institutos:


1) Maternidade de Lisboa (ambos os sexos), 2.549 pesagens;

2) Misericórdia de Lisboa (ambos os sexos), 100.824;

3) Colégio Militar (sexo masculino), 3.034;

4) Colégio de Campolide (sexo masculino), 1.214;

5) Morais Manchego (sexo masculino), 1.271;

6) Liceu de Coimbra (sexo masculino), 2.370;

7) Samuel Maia (ambos os sexos), 4.878;

8) Instituto Feminino, de Odivelas (sexo feminino), 633;

9) Escola de alunos marinheiros (sexo masculino), 237.


QUADRO N.º 2


Idades
Maternidade
de Lisboa
Misericórdia
de Lisboa
Colégio
Militar
Colégio de
Campolide
Morais
Manchego
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
Nascimento
3.236
3.103








0-1


7.500?







1-2










2-3










3-4










4-5










5-6










6-7






20.400


7-8






23.400



8-9






25.200



9-10






27.500



10-11




29.000

29.600

26.260

11-12




30.500

31.600

28.390

12-13




33.000

35.200

30.880

13-14




36.500

39.000

32.350

14-15




42.000

44.600

35.630

15-16




47.000

50.300

39.580

16-17




51.500

55.200

46.430

17-18




53.000

56.300

50.000

18-19




55.500

59.100

52.910

19-20




58.500

60.500

54.500

20-21






60.500





[44]

QUADRO N.º 2 (Continuação)


Idades
Samuel
Maia
Liceu de
Coímbra
Instituto feminino
de Odivelas
Alunos
Marinheiros
Médias
gerais
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
Nascimento








3.236
3.103
0-1
7.500
7.000






7.500
7.000
1-2
7.000
8.700






7.900
8.700
2-3
11.700
11.250






11.700
11.250
3-4
13.600
14.550






13.600
14.550
4-5
12.900
14.290






12.900
14.260
5-6
13.800
15.700






13.800
15.700
6-7
17.450
16.450






18.900
16.450
7-8
19.500
18.140



21.687


21.450
16.913
8-9
20.700
20.950



23.225


22.950
22.087
9-10
22.900
23.250



24.480


25.200
23.865
10-11


28.000


26.573


28.200
26.573
11-12


30.000


30.170


30.100
30.170
12-13


33.000


36.302


33.000
36.302
13-14


37.000


42.239


36.200
42.239
14-15


42.000


46.510


41.050
46.510
15-16


48.500


49.435


46.300
49.435
16-17


53.000


50.402
52.500

52.000
50.402
17-18


55.000


51.100
53.500

53.500
51.100
18-19


57.500


51.372
54.000

55.125
51.372
19-20


60.000


50.000
55.000

56.675
50.000
20-21


60.500





60.500




[45] Finalmente, para a elaboração do quadro n.º 3 (Perímetro torácico), cujas médias são a expressão sintética de sete mil mensurações, contribuíram os seguintes estabelecimentos:



1) Colégio Militar (sexo masculino), com 1.385;

2) Colégio de Campolide (sexo masculino), com 1.223;

3) Liceu de Coímbra (sexo masculino), com 2.225;

4) Escola de alunos marinheiros (sexo masculino), com 2.167.

QUADRO N.º 3

(Sexo masculino)


Idades
Colégio
Militar
Colégio de
Campolide
Liceu de
Coimbra
Escola de
Alunos
Marinheiros
Médias
gerais
6-7

57,3


57,3
7-8

59,3


59,3
8-9

59,3


59,3
9-10

60,7


60,7
10-11
62,5
61,9
61,4

61,9
11-12
64
63,6
63

63,5
12-13
66
65,5
65,1

65,5
13-14
69
67,8
66,9

67,9
14-15
72
71,2
67,1

70,1
15-16
75,5
74,7
67,8

72,6
16-17
78,5
77,8
79,1
83
79,6
17-18
80
79,3
80,3
85
81,1
18-19
81,5
80,8
81,2
85
82,1
19-20
82,5
81,8
82,7
85
83
20-21

82
82,6

82,3


[46] 4.—As condições em que foram mensuradas tôdas as crianças, a que estes quadros se referem, assim como a técnica adoptada nas mensurações, e ainda os gráficos que exprimem as respectivas médias; tudo isso se pode ver, pormenorizadamente exposto, descrito e apreciado, em a nossa monografia, já citada, sobre o «crescimento» da criança portuguesa.

5.—Mas, alêm dos elementos enumerados, podemos acrescentar outros, que daqueles não divergem sensivelmente, e são provenientes do liceu Pedro Nunes, e do Colégio Moderno, de Coímbra, onde presentemente, com o auxílio dos alunos da Escola Normal Superior, nos entregamos a estudos de pedometria, no intuito de conhecer e determinar, com precisão, as leis do crescimento, em Portugal.

A seguinte tabela inscreve as médias das mensurações realizadas, no referido liceu, no ano lectivo de 1914-1915:


Idades
N.º de alunos
Altura
Pêso
Ampl. torácica
9
12
1m,327
30k,5
51mm
10
50
1m,342
29,k57
63mm
11
89
1m,390
32k,21
73mm
12
99
1m,431
34k,97
70mm
13
97
1m,467
37k,96
71mm
14
133
1m,526
41k46
74mm
15
102
1m,576
43k39
82mm
16
82
1m,629
50k34
77mm
17
46
1m,698
58k19
87mm
18
23
1m,689
55k,17
76mm,5
19
10
1m,671
59k,11
84mm
20
1
1m,599
56k
110mm
21
1
1m,683
47k,6
80mm


No capítulo imediato, a propósito do crescimento relativo, interpretaremos as notações, referentes ao Colégio Moderno, que incidem sobre cento e vinte crianças, de diferentes idades, tôdas do sexo masculino, observadas e mensuradas, segundo as prescrições do método auxanológico.

[47] 6.—A seriação de todos os elementos considerados, assim como o apuramento das respectivas médias, realizado de modo a fazer corresponder, tanto quanto possível, à realidade os resultados do cálculo, tornaram possível o traçado dos seguintes gráficos, que revelam, com suficiente clareza, o ritmo do «crescimento», entre nós.

O primeiro dêstes gráficos (figura n.º 1) inscreve as curvas do crescimento normal, médio, em altura, da criança portuguesa (uma para cada sexo), baseadas, como dissemos, sôbre um total de vinte e uma mil e seiscentas mensurações.

São curvas, estas, denominadas de grandeza, que acusam as variações da altura, em função do tempo[48].

A linha horizontal do diagrama (eixo das abcissas) marca o tempo (série das idades); a vertical (eixo das ordenadas) inscreve o espaço (variações métricas da estatura).

A simples inspecção do gráfico convence imediatamente de que, como nas observações de Quetelet, em relação à Bélgica[49], as crianças portuguesas do sexo masculino excedem, em altura, durante todo o percurso da sua evolução, as do sexo feminino.

É certo que o número de dados antropométricos, em que se baseia a curva do «crescimento» das raparigas, orçando apenas por um sexto daquele que fundamenta a curva dos rapazes, não pode reputar-se suficiente, em ordem a conclusões definitivas; mas as mensurações (aos milhares) do dr. Ferraz de Macedo, para o apuramento da estatura média em Portugal, acusam, em média, na idade adulta, em favor do sexo masculino, um excedente que [49] chega a atingir a quantidade apreciável de dez centímetros[50].



As diferenças sexuais, de resto, assim reveladas na fisionomia geral das curvas, pelo paralelismo que nelas se mantêm, até aos catorze anos, essas diferenças, dizemos, acentuam-se, de modo análogo, em cada estádio particular e concreto da evolução.

Assim, logo à nascença, por exemplo, a estatura dos rapazes ultrapassa, em média, em um centímetro, aproximadamente, a das raparigas; e, a partir dos catorze anos, a disparidade das alturas adquire tais proporções, que nós aconselhamos os estudiosos a que usem de uma prudente reserva, relativamente a estas medidas.

Como elemento de confronto, para elucidação completa do assunto, aqui deixamos consignadas, no presente quadrículo, [50] as notações que se devem aos pedologistas Variot e Chaumet, em relação à criança francesa:


Idades
Alturas em centímetros
Rapazes
Raparigas
1-2
74,2
Difer.
73,6
Difer.
2-3
82,7
8,5
81,8
8,2
3-4
89,1
6,4
88,4
6,6
4-5
96,8
7,6
95,8
7,4
5-6
103,3
6,5
101,9
6,1
6-7
109,9
6,6
108,9
7,0
7-8
114,4
4,5
113,8
4,9
8-9
119,7
5,3
119,5
5,7
9-10
125,0
5,3
124,7
4,8
10-11
130,3
5,3
129,5
5,2
11-12
133,6
3,3
134,4
4,9
12-13
137,6
4,0
141,5
7,1
13-14
148,1
7,5
148,6
7,1
14-15
153,8
8,7
152,9
4,3
15-16
159,6
5,8
154,2
1,3


São nada menos de quatro os máximos que, nas curvas apresentadas, se observam, através das idades de evolução: um, absoluto ou primário, aos dezasseis anos (para o sexo masculino) e aos catorze (para o sexo feminino); e três, relativos ou secundários: o primeiro (para ambos os sexos) ao cabo dos doze meses, depois do nascimento; o segundo (tambêm para ambos os sexos), aos seis anos; e o terceiro, aos dez anos (para o sexo masculino) e aos oito (para o sexo feminino).

Estes máximos denotam ou marcam, como é óbvio, no ritmo do «crescimento», os períodos mais agudos dêste, ou as fases mais intensivas da energia intra-orgânica, que o determina.

Ponderando tudo, vê-se:


1) que a criança portuguesa (d'ambos os sexos) se desenvolve [51] enormemente, durante o primeiro ano de vida extra-uterina;

2) que a marcha, em seguida, do seu «crescimento» (ainda que progressiva) se atenua, desde aí, até aos cinco anos, para, de novo (embora por pouco tempo), se intensificar, a partir desta idade;

3) que se produz, depois, nessa mesma marcha, um relativo afrouxamento (mais pronunciado, no sexo feminino), cujo mínimo se verifica, aos oito anos (para os rapazes) e aos sete (para as raparigas);

4) que o «crescimento» aumenta, em seguida, com moderação, desde esta época, até aos doze anos (nos rapazes) e até aos treze (nas raparigas), para, logo imediatamente depois, cair (sobretudo em relação ao sexo masculino) num abatimento brusco e momentâneo que, em breve, cessará;

5) finalmente, que, em seguida a esta relativa quietude fisiológica, o «crescimento» se acelera, ainda uma vez mais, com forte intensidade, até aos dezasseis anos (para os rapazes) e até aos catorze (para as raparigas), sucedendo-se, depois, uma definitiva acalmia, durante a qual a criança continuará, sem dúvida, a crescer, até ao termo da sua evolução (dos vinte aos vinte e cinco anos), mas insensivelmente, de modo muito lento e gradual.

CURVAS DO CRESCIMENTO NORMAL,
MÉDIO, EM DENSIDADE (PÊSO),
DA CRIANÇA PORTUGUESA
(117.010 PESAGENS)

Para concluirmos a análise de todos os elementos, de que podemos dispor, e cuja síntese se encontra nas curvas, que temos considerado, relativamente à estatura da criança portuguesa, nos diferentes estádios do seu «crescimento», resta ainda (para clara inteligência dos problemas antropométricos, cuja solução nos interessa) referir os factos adquiridos aos seus antecedentes naturais, e procurar interpretá-los, de conformidade com as leis da lógica e os princípios da sciência.

A criança, quando nasce, sofre, pela mudança de meio, a rutura dum equilíbrío orgânico, que lhe põe a vida em risco, pelas perturbações, a que dá origem, no funcionamento de todos os órgãos.

[52] «Il faut, diz Ruyssen, sous peine de mort, que l'enfant s'accommode au milieu»[51].

Esta adaptação a novas condições de existência, agravada, quási sempre, pela crise genital do recêm-nascido (puberdade transitória), gera uma luta, que determina, pela dinâmica da acção, o desenvolvimento bio-psíquico da criança, tanto mais intenso e forte, quanto maior é a impulsão natural para um novo equilíbrio que, em ordem à consolidação das aquisições realizadas, substitua aquele que foi comprometido, pela transição brusca e violenta da vida parasitária para a existência independente.

Não é, por isso, de admirar que, durante a infância (princípio do segundo ano), as energias do crescimento sofram uma depressão, que lhes atenue o poder ascensional, de que são dotadas; e que se estabeleça êsse novo equilíbrio provisório que, por sua vez, ao cabo de quatro anos (então já em plena puerícia), do mesmo modo, será sacrificado, em holocausto àquelas mesmas energias, que exigem, no ser que lhes está subordinado, novas combinações somáticas, e diferentes proporções dos segmentos do seu organismo.

Realizadas, porêm, que sejam essas combinações, e atenuada a crise de expansão, que as provoca, não há dúvida que, consoante se depreende dos factos examinados, mais um equilíbrio (o terceiro, segundo a ordem cronológica) se produzirá, agora com estabilidade menos precária, do que os anteriores, visto que deverá subsistir, até ao fim da adolescência (aos treze anos, para os rapazes; e aos doze, para as raparigas), e só desaparecerá, com a crise pubertária (de tôdas a mais enérgica e fecunda em transformações físicas e mentais), que sobrevirá, por essa ocasião, na vida instável e agitada da criança.

Esta crise durará três anos, e será a última do «crescimento», seguindo-se-lhe o equilíbrio orgânico definitivo, [53] que só a doença poderá comprometer, e a morte logrará destruir.

7.—O segundo dos gráficos indicados [(agora aqui presente) (figura n.º 2)] representa, nas respectivas curvas (uma para cada sexo), a marcha do «crescimento» normal, médio, em densidade (pêso) na criança portuguesa.

Observando estas curvas, reconhece-se, desde logo, que a fisionomia delas é sensivelmente diferente da que oferecem as das estaturas, que temos examinado.

As raparigas (contràriamente ao que sucede, em relação à altura) apenas são inferiores (em pêso) aos rapazes, no primeiro ano; desde os seis aos doze anos; e depois dos dezassete anos. Em tôdas as outras idades, manteem sobre êles uma superioridade, que chega a ser surpreendente, pelos catorze anos.

Mas as inflexões recíprocas das duas curvas, [54] que se cruzam e mutuamente se penetram, não são sem simile, em países estrangeiros.

Veja-se, por exemplo, a seguinte tabela de Variot e Chaumet, relativa à França:


Idades
Pêso em quilogramas
Rapazes
Raparigas
1-2
9,500
Difer.
9,300
Difer.
2-3
11,700
2,2
11,400
2,1
3-4
13,000
1,3
12,500
1,1
4-5
14,300
1,3
13,900
1,4
5-6
15,900
1,6
15,200
1,3
6-7
17,500
1,6
17,400
2,1
7-8
19,100
1,5
19,000
1,6
8-9
21,100
2,1
21,200
2,2
9-10
23,800
2,7
23,900
2,7
10-11
25,500
1,8
26,600
2,7
11-12
27,700
2,1
29,000
2,4
12-13
30,100
2,4
33,800
3,8
13-14
35,700
5,6
38,300
4,5
14-15
41,900
6,2
43,200
4,0
15-16
47,500
5,6
46,00
2,8


Todavia, as assinaladas diferenças sexuais, e outras, que omitimos, não impedem que, dum modo geral, tanto rapazes, como raparigas, obedeçam às mesmas leis, e sofram influências análogas. Há só uma reserva a fazer, e é que, em regra, o «crescimento» das raparigas é menos irregular nos acidentes (comparem-se as duas curvas) e quási sempre mais precoce, do que o dos rapazes.

Foi êste facto, que sugeriu ao Dr. Claparède a idea de comparar a um match de corrida o «crescimento» dos dois sexos: «la croissance comparée des filles et des garçons, diz êle, ressemble à un match de course; garçons et filles partent ensemble, mais celles-ci, un instant devancées, prennent bientôt les devans, puis leurs concurrents les ratrapent et les dépassent, mais elles les dépassent de [55] nouveau jusqu'à ce que, enfin, les garçons l'emportent définitivement»[52].

Examinem-se as nossas curvas, e ver-se há que, com leves e acidentais modificações, é precisamente o que se verifica na dinâmica do «crescimento» português.

Nota-se assim que, nesta dinâmica, são três as principais fases do «crescimento» enérgico, máximo, em densidade:

1) durante o primeiro ano (em ambos os sexos);

2) pelos seis anos (para os rapazes) e pelos oito (para as raparigas);

3) pelos quinze, aproximadamente (nos rapazes), e pelos doze (nas raparigas).

A primeira crise (e talvez a segunda) constituem, na opinião de Camerer, uma «continuação da excessiva energia fetal do «crescimento»; quanto à última, a sua explicação adequada encontra-se no advento e na instalação da Puberdade[53].

8.—Para conclusão desta primeira parte do nosso estudo («crescimento» absoluto da criança portuguesa), resta apresentar o gráfico da curva, relativa ao perímetro torácico, que é o que, a seguir, na página imediata (fig. n.º 3), publicamos.

Esta curva pertence ao sexo masculino; não abrange a série tôda das idades infantis; e apenas se baseia num total de sete mil mensurações; contudo, não deixamos de reputar suficiente êsse número para, sobre êle, estabelecer alguns princípios, e formular determinadas conclusões.


[56]
CURVA DO PERÍMETRO TORÁCICO (7.000 MENSURAÇÕES).




Como geralmente se sabe, o perímetro torácico (medida sintética da espessura e da largura do tórax) é [57] maior ou menor, consoante a criança já entrou na puberdade, ou ainda permanece nas fases inferiores da evolução[54].

Ora, as notações, que constituem a presente curva, não fazem excepção àquela regra; alêm disso, como veremos, em lugar próprio, as outras dimensões somáticas, que lhes correspondem, acham-se na razão inversa das projecções verticais, com que coincidem.

Êste facto e outros análogos, que estabeleceremos, servirão para demonstrar a absoluta veracidade destas palavras de Pierre Mendousse: «Chacun sait qu'entre le corps d'un petit enfant et celui d'un adulte il y a des différences non seulement dans la grandeur totale, mais aussi dans les proportions des diverses parties. Depuis le moment de la naissance, chacune de celles-ci semble croître sinon pour son propre compte, du moins suivant un rythme plus ou moins accéléré, d'où résulte pour chaque âge un canon spécial de la forme humaine, variable d'ailleurs dans une certaine mesure suivant la race, l'état de santé, la nourriture, etc. Dans ce progrès continu, l'avènement de la puberté détermine non seulement un accroissement de vitesse, mais sourtout des variations plus rapides qu'auparavant dans les proportions extérieures et plus encore dans le volume et le poids des organes, dont les uns semblent s'hypertrophier, pendant que les autres se développent moins vite ou s'atrophient, de sorte que l'état cénesthésique de l'adolescent subit de profondes modifications, parfois douloureuses j'usqu'à la défaillance, en particulier lorsque, vers les dix-huit ans, la croissance s'étant ralentie, un nouvel état d'équilibre s'établit entre les systèmes organiques devenus adultes».

Para confronto elucidativo, aqui reproduzimos a tabela [58] de Pagliani[55], com as suas duas séries de medidas, relativas à capacidade vital e à circunferência torácica:


Idades
Capacidade vital
Circunferência torácica
10
1660
61
11
1700
61,2
12
1860
62,8
13
2045
65,2
14
2100
66,4
15
2445
69,5
16
2485
70,3
17
2660
71,6
18
3115
72,6



Observando, agora, a fisionomia geral da evolução torácica, tal como se esboça, em o nosso gráfico, a partir do plano horizontal, existente entre os oito e os nove anos, nota-se, desde logo, uma pronunciada ascensão da curva, que adquire gradual e progressiva intensidade, à medida que a criança se vai aproximando do fim natural, para que tende.

Logo, porêm, que êste movimento ascensional atinge os quinze anos (fase pubertária), a sua aceleração torna-se tam brusca e rápida, que quási se confunde com a vertical o fragmento de curva, que a exprime.

Chega, depois, o máximo (aos dezassete anos); e, conquanto (até à idade adulta) o tórax continue sempre a crescer mais, do que a estatura[56], todavia, daí por diante, nenhuma variação dêsse crescimento igualará jamais aquelas que, até lá, se produziram.



CAPITULO III

Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto para a solução
de todos os problemas antropométricos. «Crescimento»
relativo ou segmentar; sua determinação, tanto sintética,
como analítica, pelo confronto dos respectivos elementos.



1.—A determinação do ritmo do crescimento não basta em Pedologia, porque, como vimos, há outras leis que as medidas sintéticas não revelam.

A estatura, como síntese que é das alturas segmentares do corpo acima do solo, valerá o que valêrem estas; por si só, essa medida apenas significa que tal pessoa é grande ou pequena, o que é de importância mínima, em pedometria; e, às vezes, até de valor negativo, como sucederá, por exemplo, nos casos de gigantismo com infantilismo, em que a estatura cresce, à custa doutras dimensões essenciais (largura, grossura, espessura) do sólido humano[57].

Pelo seu lado, o pêso nem sempre deve ser considerado, como exprimindo um valor activo nos fenómenos do «crescimento», pois pode suceder que, em vez de uma densidade muscular, acuse uma densidade adiposa, a qual, como é óbvio, não passa de uma reserva e, às vezes, até dum obstáculo à seqùência normal daqueles fenómenos.

Não há dúvida que a medida do pêso, em circunstâncias normais e, sobretudo, a da sua evolução, constituem um meio excelente de avaliar da saúde e do estado de nutrição [60] da criança; a verdade, porêm, é que não é êsse o único problema métrico a esclarecer: outros há que o pêso, só por si, não resolve.


Fig. 4
Finalmente, o perímetro torácico (medida de valor apreciável, quando relacionada com outras medidas) presta-se tambêm a interpretações erróneas, por isso mesmo que pode representar, sob a máscara da gordura, um falso volume do organismo.

A conclusão impõe-se, em relação a cada uma das mensurações indicadas, considerada de per si; mas há casos, em que nem tôdas juntas inspirarão maior confiança.

Examine-se, por exemplo, êste retardatário (figura n.º 4), de quinze anos e meio de idade, o qual, a julgar pela altura (quási de adulto), pelo pêso (relativamente enorme), e pelo perímetro torácico (considerável), se deveria reputar em óptimas condições de crescimento; ¡e, todavia, não se trata senão de uma pobre criança que, à hora das suas mensurações, não havia ainda feito a puberdade, nem talvez jamais a chegasse a fazer!...[58].

[61] É um caso típico de infantilismo total, tanto somático, como psíquico.

A investigação scientífica do «crescimento» descobriu que uma das leis mais importantes dêste é a das proporções.

O vigor do organismo humano e o seu desenvolvimento normal, através das idades de evolução (infância, puerícia, adolescência, puberdade, nubilidade) não dependem sòmente do aumento, em altura, grossura, e densidade; mas tambêm e principalmente das dimensões relativas de todos os segmentos, que constituem êsse organismo.

Não é possível elaborar, acertadamente, um quadro de médias, considerando apenas as medidas enumeradas; o que importa é pesquizar a fórmula específica do nosso crescimento, construir o cânon antropométrico da criança portuguesa, em tôdas as idades, e de ambos os sexos.

Achado êsse padrão, por êle será aferido o «crescimento», sendo então fácil definí-lo e julgá-lo, com absoluta segurança.

2.—Os antigos falaram, por vezes, das proporções do corpo humano, nas diferentes fases da sua evolução; a verdade, porêm, é que só a sciência contemporânea logrou resolver o problema[59].

Sem querermos aprofundar agora êste assunto, basta ponderar que, depois dos trabalhos definitivos de Manouvrier[60], não é possível continuar a crêr nas curiosas ficções de Stratz que, havendo adoptado o critério de Vitrúvio, afirmava incluir-se, oito vezes, a cabeça, na estatura do adulto; sete, na do púbere; seis, na do adolescente; cinco, na do infante; e quatro, na do recêm-nascido[61].

Não há de ser um segmento do corpo humano a medida [62] comum das dimensões reaes dêste; mas uma unidade métrica exterior: o milímetro, como se acha estabelecido, em pedometria.

Seguindo na esteira desta orientação, e estabelecendo, desde já, o confronto das medidas sintéticas, de que dispomos, não padece dúvida, que o crescimento relativo da criança portuguesa denuncia, na sua marcha progressiva, uma clara influência da lei da alternância, e não se afasta sensivelmente das normas, a que se atende, em pedologia.

Comparando, por exemplo, a curva da altura com as curvas do pêso (figura n.º 5) e do perímetro torácico (figura n.º 6), reconhece-se, desde logo, que, em relação ao sexo masculino, tanto a densidade, como a grossura do organismo, só ultrapassam a altura, depois dos quinze anos, que é a época, em que as dimensões horizontais entram de contribuir mais, do que as verticais para o crescimento do sólido humano.

Pelo que temos observado, ininterruptamente, a partir de 1903, a puberdade masculina faz-se, em regra, entre nós, desde os catorze até aos dezasseis anos, e a feminina, desde os doze até aos catorze[62].

Normalmente, os primeiros sinais da puberdade (P.1) aparecem, no sexo masculino, pelos treze ou treze anos e meio; no sexo feminino, pelos onze ou onze e meio; e a sua instalação definitiva (P.3 A.1), respectivamente, pelos catorze e doze anos. Alêm disso, importa notar que o encerramento da fase pubertária (P.5 A.3, 4 ou 5) se realiza sempre, ao cabo de dois anos, volvidos sôbre aquela instalação[63].

[63]

Examinando o gráfico da figura 5, vê-se que efectivamente o aumento progressivo do pêso se intensifica, a partir dos catorze anos; e que é precisamente [64] aos dezasseis (P.5 A.5) que a respectiva curva adquire sôbre a da estatura uma ascendência, que jamais cessará[64].

Mas é natural; porque, como se depreende do gráfico n.º 6, a criança, principiando a engrossar, em progressão intensiva, dos quinze para os dezasseis anos (instalação definitiva, ou já encerramento da puberdade), claro está que aumentará de densidade; donde resulta o paralelismo, ou a semelhança fisionómica das duas curvas (pêso e perímetro torácico).

Em contraprova, examine-se ainda o gráfico da figura n.º 7, que inscreve (para confronto) as curvas do pêso e do perímetro torácico.

Depois dos nove ou dez anos, essas curvas caminham quási paralelamente (como não podia deixar de ser); e, só depois dos dezassete anos, em que é atingido o máximo absoluto comum, é que surgem inflexões, cuja natureza importa à pediatria explicar.

Em os nossos exemplares de observação e estudo, há um (do sexo feminino), em que se realizam, com notável precisão, as leis, a que nos temos referido. O crescimento, em altura, como se pode verificar, em face do gráfico da figura n.º 8, acusa, pelos treze anos, um aumento considerável, que teve o seu início, por ocasião do aparecimento e instalação da puberdade; e podemos acrescentar que essa progressão não afrouxou ainda, até a êste momento[65].

Mas não constituem os factos aduzidos todo o material, de que seja possível dispor, para a organização scientífica dos cânones antropométricos das idades evolutivas da criança portuguesa.

[65]

[66]

[67]

[68] Temos medidas segmentares, que podem aproveitar a êsse fim; e vamos apreciá-las, no capítulo imediato.



CAPÍTULO IV

Medidas segmentares
para avaliação do crescimento relativo,
ou das proporções do corpo, nas idades de evolução.
Cânones antropométricos da criança portuguesa.



1.—O estudo das proporções métricas do corpo humano, desde o nascimento, até à idade adulta, exige que se considerem três ordens de segmentos:

1) projecções verticais;

2) diâmetros;

3) perímetros ou circunferências.

Dos elementos da primeira categoria, interessam-nos, de modo especial, em relação ao eixo do corpo, as alturas da cabeça e do tronco; e, em relação aos apêndices, as dimensões (no seu conjunto) do membro torácico e do membro abdominal.

Como, em o nosso país, não existem (que nós saibamos) mensurações das referidas alturas, procuramos, ao presente, obtê-las, em quantidade e qualidade suficiente, sobre alunos do Colégio Moderno[66].

Á segunda categoria pertencem os diâmetros, tanto cranianos, como torácicos, e pélvicos; mas de tôdas estas dimensões horizontais algumas medidas possuímos, em condições de serem utilizadas; podendo dizer-se o mesmo, em relação aos elementos da última classe: perímetros, quer cranianos, quer torácicos, e ainda pélvicos.

[70] As tabelas que, a seguir, publicamos consubstanciam todos êsses elementos:

TABELA N.º 1 (Maternidade de Lisboa)[67]



Número de mensurações
Diâmetros cranianos
Perímetros cranianos
S. M.
S. F.
O F[68]
B P[68]
S O F[68]
1491
1386
11,58
9,35
32,78


Estas mensurações (tabela n.º 1) foram feitas imediatamente depois do nascimento, sobre crianças que satisfaziam às condições seguintes:

1) «d'être nés vivants»;

2) «d'être nés par le sommet»;

3) «d'avoir été dégagés en O P.»;

4) «d'être des enfants à terme».

Quanto ao seu valor antropológico, não são essas medidas cefálicas de natureza a inspirar-nos uma grande confiança, porquanto, como o próprio autor diz: "la prise des mesures céphaliques est encore plus difficile que celle des longueurs. D'abord, il est impossible qu'elles soient, toutes, prises par la même personne, quand on opère sur un grand nombre d'enfants, comme nous le faisons; puis, il faut compter avec la difficulté inhérente à l'opération, quand il s'agit d'un enfant vivant, comme c'est notre cas, la difficulté d'employer un instrument de précision, et encore la difficulté de bien établir, pour tous les cas, les [71] mêmes points de repère, en les marquant toujours d'une manière identique et irréprochable. Aussi, nos mesures ne prétendent guère à la rigueur d'une étude anthropométrique. Nous avons tout simplement cherché à établir quelle serait, à peu près, la grandeur de la tête foetale, tout de suite après la naissance, pour obtenir, autant que possible, une idée de la grandeur des diamètres de l'ovoide céphalique du foetus, à l'occasion de sa descente par la filière génitale»[69].

Nem é para admirar que assim seja, por isso mesmo que a iniciativa das duas mil oitocentas e setenta e sete mensurações, cujas médias a mencionada tabela exprime, não tinha um fim antropológico, mas tam sòmente obstétrico.

Todavia, não são para rejeitar, in limine, tam numerosas observações; antes supomos muito conveniente a sua seriação, como subsídio para a avaliação indirecta da capacidade craniana do recêm-nascido; e, portanto, do volume e pêso do seu cérebro[70].

TABELA N.º 2 (Observações de Costa Sacadura)[71]



Número de mensurações
Diàmetros cranianos
Perímetros cranianos
S. M.
S. F.
O F
B P
S O F
256
273 S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
11,22
10,96
8,92
8,87
32,51
32,33
Médias sem distinção
de sexo
11,09
8,89
32,42


[72] As médias da tabela n.º 2 resultam de cálculos efectuados sobre quinhentas e vinte e nove mensurações de diâmetros e perímetros cranianos de recêm-nascidos, vivos, d'ambos os sexos, na Maternidade de Lisboa, em 1904, pelo chefe de clínica dêsse estabelecimento, dr. Costa Sacadura.

Essas mensurações, de rigor absoluto, quanto ao processo técnico, tambêm foram feitas logo à nascença, como as da tabela n.º 1; e, conquanto se destinassem a servir intuitos exclusivamente clínicos, todavia, nada obsta a que as aproveitemos (pelo menos O F, B P e S O F, para o nosso fim antropológico: determinação do índice cefálico do recêm-nascido português.

É certo que, pela ocasião em que foram tomadas, essas medidas exprimem dimensões de uma cabeça, que pode ter sido deformada pelo trabalho do parto; mas tambêm não padece dúvida, que êsse facto carece de eficácia para invalidar aquela determinação, porquanto, em matéria de cèfalometria do recêm-nascido, não se pode contar com certezas; mas tam sòmente com aproximações[72].

Como se depreende da presente tabela (n.º 3), as médias das respectivas dimensões cefálicas, derivam de 49 observações, realizadas no hospital geral de Santo António, do Pôrto, pelo dr. Manuel Álvares Pereira Carneiro Leal.

[73]

TABELA N.º 3 (Observações de Manuel Carneiro Leal)[73]



Número de mensurações
Diàmetros cranianos
Perímetros cranianos
S. M.
S. F.
O F
B P
S O F
23
25 S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
S. M.
S. F.
11,6
11,2
9,2
9,1
32,9
32,2
Médias sem distinção
de sexo
11,4
9,1
32,5


Dessas mensurações, excluem-se as que se referem a nados-mortos; mas consideram-se as que pertencem a recêm-nascidos de fraca viabilidade[74].

Aproximando agora as médias de tôdas as dimensões, que os três mapas apresentados consubstanciam, podemos organizar o quadro geral (n.º 4) das medidas cefálicas do recêm-nascido português, baseado em três mil quatrocentas e cinqùenta mensurações, absolutamente comparáveis, porquanto, a-pesar-de realizadas por várias pessoas, todavia, nem deixou de ser a mesma a técnica empregada, nem foram diferentes as circunstâncias, em que se operou.

QUADRO N.º 4 (Diâmetro e Perímetro craniano do recêm-nascido português)



Número de observações Nomes dos observadores Diàmetros cranianos
Perímetros cranianos
O F
B P
S O F
2877
Alfredo da Costa
11.58
9,35
32,78
529
Costa Sacadura
11,09
8,89
32,42
48
Carneiro Leal
11,40
9,10
32,50
Médias gerais (centímetros)
11,35
9,11
32,56


[74] O índice cefálico médio dos portugueses, segundo as observações de Ferraz de Macedo[75], Costa Ferreira[76], Álvaro Basto[77], Sant'Ana Marques[78] e Fonseca Cardoso[79], é de 76,4, no vivo, e de 74,5, no crânio.

Mas êste índice (apenas variável entre 78,7 e 75,2, nos 17 distritos) é o do adulto[80].

Que saibamos, não existem, em o nosso país, quaisquer trabalhos sobre o índice cefálico da criança portuguesa, nas diferentes idades da sua evolução, a começar no recêm-nascido; crêmos, todavia, que os elementos, constantes do quadro n.º 4, não poderão deixar de reputar-se suficientes para legitimarem a adopção (ao menos, a título provisório) da expressão 80,2, como valor médio do referido índice, em relação ao recêm-nascido[81].

[75] 2.—Prosseguindo, apresentamos agora a seguinte tabela (n.º 4), que condensa os resultados (absolutamente inéditos) das observações feitas no Liceu de Coímbra, nas circunstâncias que já indicámos, a propósito da estatura.

A média do índice cefálico, correspondente a cada uma das idades consideradas, figura numa coluna desta tabela.

[76]

TABELA N.º 4 (Diâmetros cranianos, de alunos do Liceu de Coimbra)



Idades Antero-posterior máximo
Média Transverso máximo
Média
Índice cefálico
12-15
16-19
20-23
24-27
28-31
12-14
15-17
18-20
21-23
24-26
10-11

60
3


17,6
50
17



13,7
77,8
11-12

120
13


17,8
102
31



13,6
76,2
12-13

163
10


17,7
123
50



13,8
77,9
13-14

144
13


17,8
102
55



14
78,7
14-15

128
20


18
86
58
4


14,3
79,4
15-16

101
39


18,6
52
88



14,8
79
16-17

96
60


19
60
96



14,8
77,8
17-18

80
62
1

19,2
50
93



14,9
77,6
18-19

59
61


19,5
36
84



15
76,9
19-20

31
38


19,5
20
49



15,1
77,5
20-21

20
23


19,6
14
29



15
76,5



[77]
POLÍGONO DE VARIAÇÃO DO INDICE CEFÁLICO,
EM RELAÇÃO À IDADE



Consoante se depreende dos valores expressos na tabela n.º 4, a forma craniana que subsiste nos alunos do liceu de Coímbra, em tôdas as idades da sua evolução, a partir dos dez anos, é a mesaticéfala, segundo a nomenclatura de Topinard[82].

De facto, basta reparar no gráfico da figura n.º 9 para, desde logo, reconhecer que os valores extremos, registados (76,2—79,4), não deixam de pertencer à mesma classe de índices, que ocupa a posição média entre a dolicocefalia e a braquicefalia.

Êste facto, que é fecundo em conseqùências, para o estudo ântropo-sociológico do nosso [78] grupo étnico[83], acha-se plenamente confirmado pelas observações realizadas na Escola de alunos marinheiros do Norte.

Essas observações constam do mapa ou tabela n.º 5 que, a seguir, publicamos:

TABELA N.º 5 (Alunos marinheiros)


Idades Diâmetros cranianos
Índice
cefálico
Anos 1913-1914
Anos 1914-1915
Antero-posterior
Transverso
Antero-posterior
Transverso
16-17
18,3
14,5
19,1
14,7
78
17-18
19,2
14,7
19,2
14,6
76
18-19
19
14,5
19,3
14,5
75,5
19-20


20
15
75


Confrontando os índices cefálicos desta tabela (n.º 5) com aqueles que lhes correspondem, na tabela n.º 4 (liceu de Coímbra), notam-se, sem dúvida, diferenças consideráveis; mas importa ponderar, que essas diferenças não são tamanhas, como à primeira vista poderia parecer, visto que elas não importam nos adolescentes a que se referem, uma mudança de classe, quanto à forma craniana, que se mantêm mesaticéfala.

Com relação a medidas cefálicas, devemos registar ainda o perimetro craniano, medido, na Escola de alunos marinheiros, durante dois anos consecutivos, em mais de cento e cinqùenta rapazes.

A seguinte tabela (n.º 6) condensa as respectivas mensurações.

E, da mesma procedência, podemos ainda mencionar (em matéria de dimensões horizontais) as notações, que se referem ao perímetro e aos diâmetros da bacia dos [79] alunos considerados, as quais se acham sintetizadas nas médias das tabelas (n.os 7 e 8) que, a seguir, publicamos:

TABELA N.º 6 (Alunos marinheiros)


Idades
Perímetro cranino
Médias
Ano 1913-1914
Ano 1914-1915
16-17
55
55,5
55,2
17-18
54,9
55,3
55,1
18-19
54,6
55,7
55,1
19-20
56

56


TABELA N.º 7 (Alunos marinheiros)


Idades
Perímetro pélvico
Ano 1914-1915
16-17
78,5
17-18
79,3
18-19
80,2
19-20
83


TABELA N.º 8 (Alunos marinheiros)


Idades
Diâmetros pélvicos
Índice
pélvico
Anos 1913-1914
Anos 1914-1915
Antero-posterior[84]
Transverso Antero-posterior Transverso
16-17
17,7
25,2
18,8
26,4
70,7
17-18
18,5
25,9
19,3
26,5
72,1
18-19
20,5
26,3
20
26,8
76,2
19-20
20,6
26,6
20,3
27
76,2


[80] 3.—Um dos elementos mais importantes para a avaliação das proporções do corpo humano é aquele que deriva das mensurações diametrais do tronco, isto é, dos diâmetros pélvicos (já considerados), e dos diâmetros torácicos[85].

As tabelas n.os 9, 10 e 11 que, a seguir, publicamos, resumem as mensurações comparáveis dos diâmetros torácicos de crianças, pertencentes ao liceu de Coímbra, ao extinto colégio de Campolide, e à escola de alunos marinheiros do norte[86].

[81]

TABELA N.º 9 (Liceu de Coimbra) (Diâmetros torácicos)


Idades
Diâmetro ântero-posterior
Médias Diâmetro transverso
Médias Índice torácico
(sem fracções)
13-15
16-19
20-23
24-27
28-31
12-14
15-17
18-20
21-23
24-26
27-29
30-32
33-35
10-11
133
8
1


13,7


120
22




19,4
141
11-12
141
34



13,9


126
43
6



19,9
143
12-13
100
46



14,7


100
20
26



20,4
138
13-14
65
80
3


15,8

3
3
132
10



22
139
14-15
20
85



16,7


7
72
26



22,5
134
15-16
10
100
90


19,1



15
113
60
12

26
136
16-17
8
80
100
47

20,6


2
9
60
103
61

27,2
136
17-18
5
40
100
30

21




44
124
7
-
27,3
134
18-19

37
98
35

21,4



2
12
130
26

28
130
19-20

5
70
20

22,1




11
70
14

29
131
20-21


60
17
15
22,5


—-

8
50
34

29,8
132


[82]

TABELA N.º 10 (Colégio de Campolide) (Diâmetros torácicos)


Idades
Diâmetro ântero-posterior
(médias)
Diâmetro transverso
(médias)
Índice torácico
(sem fracções)
6-7
14,4
20
138
7-8
15,4
19,5
126
8-9
15,2
19,5
128
9-10
15,7
19,7
125
10-11
15,7
20,5
130
11-12
16
21,1
132
12-13
16,6
21,6
130
13-14
17
22,4
132
14-15
17,6
23,4
132
15-16
18,4
24,7
134
16-17
18,9
25,6
146
17-18
19,4
26
134
18-19
19,4
26,4
136
19-20
20
26,5
132
20-21
18,4
27
146


TABELA N.º 11 (Alunos marinheiros) (Diâmetros torácicos)


Idades
Diâmetro ântero-posterior
Diâmetro transverso
Ant. post.
Transv.
Índices torácicos
(sem fracções)
Anos 1913-1914
Anos 1914-1915
Anos 1913-1914
Anos 1914-1915
Médias
16-17
19,5
19,7
25
25,8
19,6
25,4
129
17-18
20,2
19,7
26,1
26,3
19,9
26,2
131
18-19
19,3
20
26,4
26,6
19,6
26,5
135
19-20
19
20
27
26,5
19,5
26,7
136


De cada uma destas três tabelas (n.os 9, 10 e 11) extraímos as notações, com que organizámos o quadro n.º 5, no intuito de aproximar todos os elementos considerados, e obter médias gerais, não sòmente das respectivas mensurações, como dos índices, a que elas dão origem[87].

[83] A técnica, adoptada nas observações, foi análoga para todos os observadores: compasso de espessura de Broca, com as pontas apoiadas, respectivamente, à altura da extremidade inferior do esterno, e sobre a saliência óssea posterior, do mesmo plano horizontal (diâmetro ântero-posterior); e, no mesmo plano xifo-esternal, sobre as convexidades costais (diâmetro transverso)[88].

QUADRO N.º 5 (Diâmetros e índices torácicos) (médias gerais)


Idades
Diâmetro ântero-posterior
Diâmetro transverso
Índice torácico
Liceu de
Coimbra
Colégio de
Campolide
Alunos
marinheiros
Liceu de
Coimbra
Colégio de
Campolide
Alunos
marinheiros
6-7

14,4


20

138
7-8

15,4


19,5

126
8-9

15,2


19,5

128
9-10

15,7


19,7

125
10-11
13,7
15,7

19,4
20,5

135
11-12
13,9
16

19,9
21,1

137
12-13
14,7
16,6

20,4
21,6

134
13-14
15,8
17

22
22,4

135
14-15
16,7
17,6

22,5
23,4

133
15-16
19,1
18,4

26
24,7

135
16-17
20,6
18,9
19,6
27,2
25,6
25,4
137
17-18
21
19,4
19,9
27,3
26
26,2
133
18-19
21,4
19,4
19,6
28
26,4
26,5
133
19-20
22,1
20
19,5
29
26,5
26,7
133
20-21
22,5
18,4

29,8
27

139


Para boa inteligência dos valores métricos, constantes do quadro n.º 5, e sua legítima interpretação, construímos o presente gráfico (figura n.º 10), pelo qual se vê (se o confrontarmos com os gráficos das figuras n.os 1 e 2), que os 15-16 anos constituem, como que o eixo da evolução [84] somática, por isso mesmo que assinalam uma profunda modificação no sistema ou no ritmo dessa evolução.



De facto, antes dessa idade (coincidente com a instalação da puberdade), o que mais aumenta no organismo são as dimensões verticais (alturas), ao passo que, depois, o que sobretudo concorre para o crescimento são as dimensões horizontais (larguras, espessuras, grossuras).

Fica, assim, mais uma vez demonstrado, pelos factos, que a lei da alternância (como expressão da lei das proporções) é efectivamente o grande princípio regulador de tôda a energética do crescimento[89].

[85] 4.—Com os elementos enumerados e sumàriamente descritos, nas páginas precedentes, podemos agora organizar os cânones antropométricos da criança portuguesa, em tôdas as idades da sua evolução somática: 1) nascença; 2) infância; 3) puerícia; 4) adolescência; 5) puberdade; e 6) nubilidade ou idade adulta.

As percentagens dêstes cânones, assim como os seus valores numéricos absolutos (expressos em centímetros) são sempre calculados sobre as médias das respectivas mensurações.

Na falta destas (infelizmente, freqùente), recorre-se a valores de tabelas estrangeiras, organizadas com elementos colhidos em meios, tanto quanto possível, assimiláveis ao nosso.


[86]

1)

Cânon antropométrico da Idade adulta


A

Projecções verticais (altura dos segmentos)[90]


Partes do corpo
Sexo masculino
Sexo feminino
Percentagem
Valor métrico
absoluto[91]
Percentagem
Valor métrico
absoluto


I. Busto



1) Cabeça[92]
13,3%
22cm,18

53,5%

82cm,39
2) Pescoço[93]

4,2%
7cm,10
3) Tórax[94]


35%

58cm,38
4) Ventre[95]
5) Bacia[96]

II. Membros













Superior (torácico)[97]





1) Espádua

19,5%
32cm,53

—-


69cm
2) Braço
3) Cotovêlo
4) Antebraço

14%
23cm,45
5) Punho
6) Mão

11,5%
19cm,19

Inferior (abdominal)[98]





1) Anca

20%
33cm,36






46,5%






71cm,61
2) Côxa
3) Joelho
4) Perna

23% 38cm,36
5) Tornozêlo
6) Pé

4,5%
7cm,61


[87]
B

Perímetros (grossura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça[99] 56cm 53cm
II. Tronco[100] 83cm 85cm
III. Braço[101] 31cm
IV. Antebraço[102] 27cm
V. Côxa[103] 53cm,5
VI. Perna[104] 39cm


C

Diâmetros (espessura e largura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça


ântero-posterior[105]
19cm,7 18cm,6
transverso[106]
15cm 14cm,7





II. Tronco

ântero-posterior[107]
20cm,4 18cm,5
transverso[108]
28cm,4 24cm,8





III. Bacia


ântero-posterior[109]
20cm,5 20cm
transverso[110]
26cm 27cm


[88]
D

Outras medidas



Sexo masculino
Sexo feminino

Densidade (pêso)


de todo o corpo
66 quil.
52 quil.
do cérebro
1 quil., 360
1 quil., 200
do cérebro, em relação ao corpo
2%


Índice cefálico 76,4 75,7
Índices torácicos


1.º
139
133
2.º
50
55
Índice pélvico[111]
78
74


A presente síntese gráfica (figura n.º 11) representa o corpo humano, na idade adulta, segundo as proporções do antropologista Topinard[112]; e as figuras seguintes (n.os 12, 13, 14 e 15) resumem (de conformidade com os elementos considerados) as proporções do corpo da criança portuguesa, nas diferentes idades da sua evolução.

São expressões gráficas dos cânones antropométricos (em parte, conjecturais) que elaboramos, sob forma numérica[113].

Resta agora, para complemento do nosso estudo, determinar as características mentais e morais de cada uma daquelas idades, em ordem a fazer corresponder aos cânones somáticos que as exprimem, os cânones psíquicos, por que se revelam.

[89] A psicologia do homem português tem sido estudada, com fortuna vária, por nacionais e estrangeiros[114].

Nós, remetendo o leitor para as obras especiais, apenas observaremos que o adulto lusitano é (e sempre foi) o que se pode chamar um tipo equilibrado: inteligente, afável, laborioso, sóbrio; mas, ao mesmo tempo, pouco tenaz nas suas iniciativas, e um tanto supersticioso e fatalista.

CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA IDADE ADULTA


Para explicar a época de Quatrocentos, falou-se do afêrro ao solo do homem do Norte, do mesmo modo que, para interpretar [90] Quinhentos, se invocou o urbanismo, a versatilidade e o espírito de aventura do homem do Sul[115]; a verdade, porêm, é que, nem mesmo em relação ao Passado, essa distinção pode subsistir, porquanto, não só o Brasil é um produto do Norte, como até, na própria emprêsa da Índia, a participação dêste é insofismável.

Sem a superstição das origens, embora com respeito absoluto pela hereditariedade, entendemos que é do Presente que importa curar; e, desde então, ninguêm contestará que a qualidade primacial da gens lusa é a maleabilidade, ou seja êsse admirável poder ou capacidade de adaptação, que torna os portugueses cosmopolitas, e os habilita a assimilar, com proveito e facilidade, os produtos da civilização.


[91]

2)

Cânon antropométrico do Recêm-nascido


(Durante o primeiro mês)


A

Projecções verticais (altura dos segmentos)[116]


Partes do corpo
Sexo masculino
Sexo feminino
Percentagem
Valor métrico
absoluto
Percentagem
Valor métrico
absoluto
I. Busto

1) Cabeça
23%[117]
11cm,5


2) Pescôço

43%[118]
21cm,5

3) Tronco


II. Membros
Superior (torácico)[119]
34%
17cm

Inferior (abdominal)[120]
34%
17cm



B

Perímetros (grossura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça (Perímtro craniano)
32cm,56

II. Tronco (Perímetro torácico)
33cm



[92]
C

Diâmetros (espessura e largura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
Cabeça

ântero-posterior máximo 11cm,35
transverso 9cm,11


D

Outras medidas:



Sexo masculino
Sexo feminino
Densidade (pêso)

de todo o corpo
3quil., 234
3quil., 103
do cérebro
350gr.
290gr.
do cérebro em relação ao corpo
11%

Índice cefálico
80,2

Índices torácicos

1.º[121]
100

2.º[122]
66



Conformação geral do recêm-nascido[123]:

1) Cabeça volumosa. (Na cabeça, o que mais avulta é o crânio; a face é pouco desenvolvida);

2) Tronco cilindrico. (Os diâmetros do tórax são iguais);

3) Pernas curtas.

[93] À criança que vem de nascer, chamou Virchow um ser espinhal; e com razão, porque, embora ela possua um cérebro, já bastante desenvolvido[124], todavia, em tôda a dinâmica da sua vida, não existe acto, que possa furtar-se ao mais completo e perfeito automatismo[125].


CÂNON ANTROPOMÉTRICO DO RECÊM-NASCIDO


Se fôsse lícito falar de uma psicologia do recêm-nascido, seria para lhe reduzir a consciência embrionária à cenestesia (sensações viscerais) e ao instinto de nutrição[126].

De facto, à hora da nascença, a [94] criança (como os anencéfalos) não passa dum reactivo (sem espontaneidade) às excitações do mundo externo; e, por muito tempo ainda, ficará uma perfeita máquina de absorpção, destinada a servir, quási exclusivamente, as necessidades da vida vegetativa[127].

Não se torna, portanto, muito difícil descobrir a fórmula psíquica do recêm-nascido: «une bouche qui vagit et qui absorbe», como escreveu o director do Instituto de psicologia zoológica, de Paris[128].


3)

Cânon antropométrico da Infância


(Pelos três anos)


A

Projecções verticais (altura dos segmentos)[129]


Partes do corpo
Sexo masculino
Sexo feminino
Percentagem
Valor métrico
absoluto
Percentagem
Valor métrico
absoluto
I. Busto

1) Cabeça
20%
16cm,6

16cm,6
2) Pescôço

42%
34cm,8
34cm
3) Tronco

II. Membros
Superior (torácico)
37% 30cm,7 29cm,9
Inferior (abdominal)
38%
31cm,6 30cm,8


[95]
B

Perímetros (grossura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça (Perímtro craniano)
48cm

II. Tronco (Perímetro torácico)
50cm



C

Diâmetros (espessura e largura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
Cabeça

ântero-posterior máximo 16cm,7
transverso 13cm,4


D

Outras medidas:



Sexo masculino
Sexo feminino
Densidade (pêso)

de todo o corpo
11quil., 700
11quil., 250
do cérebro
800gr.
780gr.
do cérebro em relação ao corpo
7%

Índice cefálico
80

Índices torácicos

1.º


2.º
60



J. J. Rousseau expôs, no seu Emílio, tôdas as ideas essenciais à boa organização dum cânon psíquico da infância. Diz êle: «Les premières sensations des enfants sont [96] purement affectives; ils n'aperçoivent que le plaisir et la douleur. Ne pouvant ni marcher ni saisir, ils ont besoin de beaucoup de temps pour se former, peu à peu, les sensations représentatives qui leur montrent les objets hors d'eux-mêmes; mais en attendant que ces objets s'étendent, s'éloignent pour ainsi dire de leurs yeux, et prennent pour eux des dimensions et des figures, le retour des sensations affectives commence à les soumettre à l'empire de l'habitude; on voit leurs yeux se tourner sans cesse vers la lumière...»[130].


CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA INFÂNCIA


A idade infantil (até aos três anos) será tôda preenchida pela aquisição [97] de hábitos, que tornem possível e rápida a faculdade de adaptação.

O infante não é já sòmente uma bôca que absorve; mas tambêm uma actividade que se exerce, no sentido de promover e assegurar o seu equilíbrio com o meio.

São molas reais da dinâmica infantil o prazer e a dôr; e a êstes estimulantes da evolução orgânica, se deve quási tôda a fórmula psíquica da infância, que é análoga à do animal superior[131].

Não será, pois, de admirar que as aquisições mentais das crianças desta idade se subordinem à lei da recorrência, que é o grande princípio regulador de tôda a vida representativa[132].

Em resumo, a psicologia da infância, longe de confinar-se no mecanismo dos instintos, ultrapassa a própria esfera da afectividade, e compreende já as manifestações complexas da percepção e da associação[133].


[98]

4)

Cânon antropométrico da Puerícia


(Pelos sete anos)


A

Projecções verticais (altura dos segmentos)[134]


Partes do corpo
Sexo masculino
Sexo feminino
Percentagem
Valor métrico
absoluto
Percentagem
Valor métrico
absoluto
I. Busto

1) Cabeça
16%
18cm,3

16cm,9
2) Pescôço

40%
45cm,8
42cm,4
3) Tronco

II. Membros
Superior (torácico)
42% 48cm 44cm,5
Inferior (abdominal)
44%
50cm,4 46cm,7


B

Perímetros (grossura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça (Perímtro craniano)
50cm,8

II. Tronco (Perímetro torácico)
50cm,3



[99]
C

Diâmetros (espessura e largura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
Cabeça

ântero-posterior máximo 17cm,6
transverso 14cm

Tronco

ântero-posterior 14cm,4
transverso 20cm


D

Outras medidas:



Sexo masculino
Sexo feminino
Densidade (pêso)

de todo o corpo
18quil., 900
16quil., 450
do cérebro
1quil., 100
950gr.
do cérebro em relação ao corpo
5%

Índice cefálico
79

Índices torácicos

1.º
138

2.º
51



Na progressiva diferenciação funcional da criança, a puerícia ocupa um lugar proeminente, porque é nesta idade que a espontaneidade mental, servida pela experiência, abre novos horizontes à vida representativa; e gera a idea do eu, que vai ser a base da personalidade[135].

[100] O psicólogo Baldwin caracterizou a puerícia, chamando-lhe: «período de percepção dos objectos, e de correspondentes reacções, por sugestão e imitação»[136].


CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA PUERÍCIA


Efectivamente, o que mais domina, nesta época, são os interêsses perceptivos e glóssicos[137]; alêm de que, o desenvolvimento da atenção espontânea e o início da atenção voluntária (condições essenciais do raciocínio) tambêm são suas características.

Sintéticamente, a puerícia representa, na vida evolutiva da criança, a idade média, ou o período de transição (ainda não [101] influenciado pela lei dos sexos) entre a impulsividade dos instintos, temperada já por uma certa autonomia da consciência, e a idade crítica do crescimento, que será aquela, em que se operar a transformação definitiva do corpo da criança no organismo do adulto.


5)

Cânon antropométrico da Puberdade


(Pelos quinze anos)


A

Projecções verticais (altura dos segmentos)[138]


Partes do corpo
Sexo masculino
Sexo feminino
Percentagem
Valor métrico
absoluto
Percentagem
Valor métrico
absoluto
I. Busto

1) Cabeça
14%
21cm,6

21cm,2
2) Pescôço

39%
60cm,4
59cm,3
3) Tronco

II. Membros
Superior (torácico)
44% 69cm,7 68cm,4
Inferior (abdominal)
47%
72cm,8 71cm,5


B

Perímetros (grossura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça
54cm
51cm
II. Tronco
72cm,6
71cm,5
III. Braço
24cm,3

IV. Antebraço
20cm

V. Côxa
44cm

VI. Perna
29cm



[102]
C

Diâmetros (espessura e largura dos segmentos)


Partes do corpo
Valores métricos absolutos
Sexo masculino
Sexo feminino
I. Cabeça

ântero-posterior 18cm,6
transverso 14cm,8

II. Tronco

ântero-posterior 19cm,1
transverso 26cm

III. Bacia

ântero-posterior 16cm,5
transverso 22cm


D

Outras medidas:



Sexo masculino
Sexo feminino
Densidade (pêso)

de todo o corpo
46quil., 300
49quil., 435
do cérebro
1quil., 300
1000gr.
do cérebro, em relação ao corpo
3%

Índice cefálico
79

Índices torácicos

1.º
136

2.º
46

Índice pélvico
75



A adolescência constitue uma época de instabilidade orgânica, que prepara a criança para os desequilíbrios da puberdade.

«Nenhum período da vida, escreve Mendousse, é mais fecundo em surprêsas de todo o género, porque, ao lado das faculdades novas que começam a desenhar-se, persistem os hábitos antigos, que não querem desaparecer»[139].

Daqui, um conflito de energias, que lança o adolescente [103] em perplexidades, cuja eficiência, por vezes, lhe pode ser funesta.


CÂNON ANTROPOMÉTRICO DA PUBERDADE


Stanley Hall redigiu o catálogo dos contrastes e das flutuações mentais e morais da adolescência, pelo qual se vê que, de facto, a criança desta idade possue uma vida inadaptada, que é a fonte dos seus êrros e da maior parte dos seus sofrimentos[140].

Quando a puberdade se aproxima, então, a anarquia e o choque das tendências, ainda é maior.

A criança, solicitada por fôrças estranhas, cujos efeitos desconhece, sofre dum desequilíbrio, que lhe não permite adaptar-se, desde logo, às condições do meio; e passarão alguns anos, antes que se [104] organizem, em direcções definidas, os novos hábitos mentais, que as novas circunstâncias exigem.

A puberdade é o centro do crescimento; a idade crítica, por excelência; aquela, em que se decide a sorte, todo o futuro da criança[141].

Época das grandes transformações do organismo; e, sob a influência da diferenciação, estádio decisivo da constituição específica de cada sexo, a puberdade marca, na marcha da evolução, o momento preciso, em que a Natureza entra de preparar o ser humano para o exercício da função, de que depende a perpetuidade da espécie.

Esta é a sua característica fundamental e diferencial, o eixo sôbre que gira toda a complexa e contraditória psicologia do adolescente.



CAPÍTULO V

Processo bio-químico do «crescimento»: osteogénese



1.—Como fenómeno do metabolismo funcional, o «crescimento» é uma resultante da síntese assimiladora do organismo, operada sob a influência das leis físico-químicas, que a regulam[142].

Essa síntese, porêm, não se realiza, da mesma maneira e nas mesmas condições, em relação a todos os tecidos do organismo; antes cada elemento somático cresce, a seu modo, consoante a estrutura que possue e a função a que se destina.

Ora, sendo provável que à acção osteogénica se subordine o crescimento de todos os tecidos do organismo, tanto em macroplastia (crescimento vertical), como em euriplastia (crescimento horizontal), é do crescimento ósseo que nos devemos ocupar.

2.—Principiando pelo crânio, todos sabem que a sua morfologia se modifica constantemente, desde a vida embrionária, até à velhice.

No início da gestação, o crânio é cartilaginoso e membranoso; depois, no estado fetal, adquire grande número de pontos de ossificação, de textura diversa, que se vão mutuamente soldando, de modo que, à nascença, o seu número é já muito limitado.

Não é, pois, de admirar que a abóbada craniana do [106] recêm-nascido e a do infante se componham, desde logo, de ossos, ligados uns aos outros, por suturas e fontanelas[143], cujas principais, em norma superior, são a obélica e a brègmática (vulgo, a moleirinha, que fecha completamente, pelos quinze meses); e, em norma lateral, a astésica[144].

A ossificação, porêm, dêsses espaços membranosos, faz-se com tamanha rapidez que, pelos meados da infância, não existem já senão suturas, as quais, por sua vez, tambêm vão desaparecendo, pela vida adiante, e de tal sorte que, na extrema velhice, o crânio reduz-se a uma massa óssea, quási tam contínua e homogénea, como o era o crânio membranoso do embrião[145].

3.—Onde, todavia, se revela melhor o mecanismo do «crescimento», é na evolução da coluna vertebral (a princípio, tôda ela cartilaginosa) e, sobretudo, no crescimento dos ossos longos do organismo.

Na extremidade de cada diáfise óssea existe uma espécie de apêndice, chamado epífise, que se liga àquela, por uma cartilagem, de natureza particular, que os antropólogos designam pelo nome de cartilagem de conjugação.

Emquanto dura o período de «crescimento» (entre os vinte e os vinte e cinco anos), as epífises, normalmente, permanecem separadas da massa óssea que lhes corresponde (diáfises), pela respectiva faixa cartilaginosa, cuja estrutura é sede de uma transformação histo-quimica[146]; [107] mas, quando aquele período se encerra, em obediência à lei da hereditariedade, é porque as epífises se soldaram às diáfises, ou a ossificação invadiu, em tôda a sua espessura, as cartilagens de conjugação.



Fig. 16


[108] As duas figuras que, a seguir, publicamos, extraídas da Obra de Launois, já citada, são radiografias da mão e do joelho dum indivíduo de estatura gigantesca, que, pelos trinta anos, continuava a crescer. Nessas radiografias, se observa nìtidamente a persistência daquelas cartilagens, a separar, por exemplo, as diáfises do cúbito e do rádio (figura, n.º 16) e as diáfises do fémur, da tíbia e do peróneo (figura, n.º 17) das epífises, que lhes pertencem.



Fig. 17


Segundo Topinard, são reùnidas ao corpo do respectivo ôsso, pelos quinze anos, as extremidades superiores do rádio e do cúbito (epífeses); pelos dezassete, as dos dedos; pelos dezoito, as do fémur, e as inferiores da tíbia e [109] do peróneo; pelos dezanove, as dos metatársios, e a superior do humerus; finalmente, pelos vinte, as dos mètacárpios, e as das extremidades inferiores do fémur, do rádio, do peróneo e do cúbito[147].



CAPÍTULO VI

Fórmulas antropométricas do «crescimento» normal, nas idades
de evolução. Anomalias do «crescimento»; sua determinação,
pelo processo antropométrico.



1.—Como se depreende dos quadros expostos no capítulo IV, cada idade de evolução possue suas características antropométricas essenciais.

Estas características derivam, não sòmente das assinaladas dimensões verticais e horizontais e doutros elementos do sólido humano, em cada uma daquelas idades, como tambêm e principalmente das formas e cubagens dos respectivos órgãos.

Ora, tanto as formas (que resultam do desenvolvimento relativo das diversas partes dum órgão), como as cubagens (que atestam o seu volume específico), podem exprimir-se, por meio de fórmulas (a que chamam índices), que denunciam sintéticamente as relações ariméticas de determinadas dimensões com outras, que se tomam por unidades[148].

Os índices que, em ordem ao fim que nos propômos, mais importa considerar, são:




(
D. T. C. × 100
)
1) o índice cefálico


D. A. P. C.



(
D. T. T. × 100

P. T. × 100
)
2) os índices torácicos

e


D. A. P. T.

A.

[111]

(
B. × 100
)
3) o índice do tronco


A.


(
Ab. M.
)
4) o índice muscular

; e, finalmente,

P.



(
C.
)
5) o índice cérebro-visceral


V.


O índice cefálico (expressão da relação centesimal do diâmetro ântero-posterior máximo do crânio com o seu diâmetro transverso máximo) é, em Portugal, segundo as notações registadas, de 80, desde a recêm-nascença até à infância; e de 76-79, desde a puerícia, até à puberdade. No adulto, êste índice, desprezando fracções, fixa-se em 76[149].

O primeiro índice torácico (expressão da relação centesimal do diâmetro ântero-posterior máximo do tórax (espessura do peito) com o seu diâmetro transverso máximo (largura do peito), é de 100, na recém-nascença; de 138, na puerícia; de 136, na puberdade; e de 139, na idade adulta[150].

O segundo índice torácico (expressão da relação do perímetro torácico multiplicado por cem, com a altura do corpo) decresce gradualmente, com a idade (66, na recêm-nascença; 60, na infância; 51, na puerícia), até à puberdade, em que baixa a 46. O índice do adulto (s. m.) 50, (s. fem.) 55.

O índice do tronco (fórmula da relação centesimal que existe entre as dimensões verticais do busto e as da estatura) tem servido de critério para agrupar as crianças em três categorias, consoante são braquísquelas (pernas curtas), [112] macrósquelas (pernas longas) ou mesatísquelas (pernas médias).

A braquisquelia normal é a forma antropométrica, peculiar da recêm-nascença, da infância e ainda da puerícia. O número médio, que exprime o respectivo quociente, oscila, segundo os nossos cálculos, entre 55 e 80.

A macrosquelia manifesta-se, na adolescência e, sobretudo, no período peri-pubertário. O índice que lhe corresponde varia de 50 a 55.

Finalmente, a mesatisquelia (característica da idade adulta), em circunstâncias normais, por isso mesmo que exprime a forma definitiva do sólido humano, só se esboça, a partir da puberdade.

O quociente respectivo é 52[151].

Resta o índice muscular (relação do perímetro máximo do antebraço com o pulso) para cuja avaliação carecemos de elementos suficientes; e o índice cúbico crânio-visceral (CV), do qual C representa o volume aproximado do cérebro, determinado pelo cálculo da capacidade craniana (dupla multiplicação dos diâmetros ântero-posterior máximo, transverso máximo, e vertical); e V, a capacidade do tronco, onde se acham encerradas as vísceras (tambêm dupla multiplicação dos diâmetros ântero-posterior máximo, e transverso máximo do tórax, e vertical do tronco).

Êste índice (CV) que exprime, portanto, a relação proporcional que existe entre o encéfalo (centro da vida mental) e as vísceras (centro da vida vegetativa), varia enormemente, desde o nascimento até à idade adulta, numa ordem decrescente, que desce de 74 a 20.

2.—Como, noutro lugar dissemos, o «crescimento», [113] cujas fórmulas antropométricas acabamos de sumariar, pode ser retardado ou acelerado, por virtude de múltiplices influências, sem que, por êsse facto, deixe de considerar-se como normal.

Se, porêm, o limite das oscilações do «crescimento» fôr ultrapassado, então, sem dúvida que se tratará de «crescimento anormal», ou de anomalias do «crescimento».

Estas anomalias, consoante as circunstâncias, poderão revestir diferentes formas; mas as principais são redutíveis a três:

1) suspensões; 2) desvios; 3) desequilíbrios do «crescimento».

As suspensões do «crescimento» dão origem ao nanismo, ao raquitismo, ao infantilismo, etc.[152].

Os desvios e os desequilíbrios podem gerar o virilismo, o feminismo, o gigantismo, a acromegalia, o senilismo; e, alêm doutras anomalias, o simples retardamento ou atraso físico[153].

Tôdas estas doenças, por via de regra, derivam de estados orgânicos, a que os médicos chamam distrofias (do grego Δυστροφοϛ); havendo-as do pâncreas, das cápsulas supra-renais, do fígado, das glândulas genitais, do timus, e, sobretudo, do corpo tiroide, glândula de secreção interna, situada na parte externa do canal laringo-traqueal[154].

A insuficiência tiroidiana (hipotiroidia), é a principal causa do maior número das anomalias do «crescimento». Porquê? Laumonier responde: porque essas anomalias [114] andam sempre ligadas (como o efeito à sua causa) à carência das substâncias (que o corpo tiroide, normalmente, segrega) capazes de neutralizar a acção dos venenos produzidos pelo próprio organismo, e de tornar os elementos nervosos refractários a êsses venenos[155].

O mixòedêma, por exemplo, em tôdas as suas formas, deriva de perturbações orgânicas, que teem a sua origem na atrofia ou no desaparecimento do corpo tiroide; mas o gigantismo, a que já nos referimos, resulta precisamente dum vício oposto, a que se poderá chamar hipertiroidia, e que consiste em conservar, aos ossos, por uma superabundância de secreção específica, alêm de todo o limite, o poder osteogénio, ou a capacidade de crescer[156].

Como nota final dêste capítulo, cumpre estabelecer que se torna necessário não confundir as anomalias do crescimento físico com as perturbações do desenvolvimento [115] mental (idiotia, imbecilidade, psicastenias, etc.), cujas causas se devem procurar, antes, em lesões do sistema nervoso, determinadamente do cérebro, do que em afecções somáticas; e que é no confronto das proporções normais do corpo, nas idades de evolução, com as do organismo que se pretende avaliar, que consiste o processo antropométrico da determinação das anomalias físicas.



CAPÍTULO VII

Doenças das crianças, nas idades de evolução. A mortalidade
infantil, em Portugal. Crescimento desequilibrado; suas
conseqùências.



1.—Há certas doenças que parecem específicas das crianças, como a coqueluche, por exemplo, as infecções obstétricas, etc.; e outras que, conquanto extensíveis ao adulto, todavia, atacam, de preferência, as crianças, como a difteria (determinadamente, o garrotilho), por exemplo, a escarlatina, o trasorelho, o sarampo, etc.[157].

São conhecidos vários ensaios de classificação, por idades, das doenças infecciosas das crianças; tendo-se procurado tambêm, entre nós, organizar, em bases sérias, a estatística nosológica infantil[158].

Em face das últimas publicações do Instituto central de higiene[159], verifica-se que, em Portugal, as doenças mais freqùentes da recêm-nascença e da infância são aquelas que derivam da debilidade congénita, dos vícios de conformação, e das infecções do tubo digestivo (gastro-enterite); as da puerícia afectam, com singular pertinácia, [117] o aparelho respiratório; e as da adolescência e puberdade, incidem, determinadamente, sobre os pulmões e sobre o sistema nervoso[160].

2.—Em relação à mortalidade infantil portuguesa, reputamos suficientemente averiguado o cálculo que a eleva à enorme cifra de duzentos, por mil, com menos de dois anos de idade, isto é, a um quinto dos nados-vivos e sobreviventes, até àquele limite[161]. O seguinte gráfico (figura n.º 18) exprime resultado análogo, pelo que respeita à cidade de Coímbra[162].

Só, em Lisboa, Pôrto e Coímbra, morrem, em média, por ano, mais de oito mil crianças, dambos os sexos; e, em todo o país, de tôdas as idades, até aos vinte anos, nada menos do que, em média, um total, verdadeiramente apavorante, de cinqùenta e cinco mil, ou seja a metade da mortalidade geral da população!

3.—Nenhuma, porêm, destas afecções pode ser considerada como doença propriamente do «crescimento», isto é, como processo mórbido, que tenha origem exclusiva nos fenómenos da evolução somática.

Êsses procedem sempre dum crescimento desigual ou desencontrado dos tecidos do organismo.

Sem dúvida que se não trata da desigualdade, que resulta da lei fisiológica da alternância; mas de perturbações ou acidentes do crescimento, que possam afectar o equilíbrio funcional do sólido humano, ou alterar-lhe a constituição anatómica.

Estes acidentes (cuja natureza é irredutível às anomalias, de que falámos no capítulo anterior, por isso mesmo que, como ficou estabelecido, teem a sua etiologia na falta de paralelismo do crescimento) manifestam-se, de preferência, durante a fase peri-pubertária.


[118]
Percentagens da mortalidade das crianças da primeira infância,
na cidade de Coimbra




[119] Por essa ocasião, as crianças sofrem, muitas vezes, de dôres nos ossos, nas articulações, nos músculos; teem cefalalgias, freqùentes; padecem de cloro-anemia, de neurastenia, de perturbações cardiacas; experimentam mutações bruscas de temperamento e de carácter; sentem impulsividades mórbidas; etc., etc.[163].

Ora, tôda esta sintomatologia constitui aquilo a que chamaremos o sindroma do crescimento desigual, cujas causas profundas se devem procurar, concretamente, em factos, de natureza análoga à dos dois que vamos indicar: 1) a coincidência da suspensão ou abrandamento (aliás, normal) do crescimento cutâneo, por ocasião da puberdade, com o aumento, alêm de tôda a medida, dos ossos longos, por virtude dalguma infecção do organismo[164], ou de qualquer outra causa, de ordem bio-química; 2) o crescimento desencontrado do eixo cinzento (medula) e do canal ósseo que lhe serve de baínha (coluna vertebral)[165].



CAPÍTULO VIII

Higiene do «crescimento»; exercícios físicos: jogos e gimnástica



1.—É evidente que para crescer bem, não basta deixar agir a natureza (embora isso seja essencial); mas tambêm é necessário auxiliar o crescimento, isto é, colocar o organismo em condições que sejam favoráveis à sua evolução normal, e impedir ou contrariar a acção dos factores, que possam ser prejudiciais a essa evolução.

Entre as práticas que a higiene aconselha, em ordem ao objectivo designado, ocupam primacial lugar os jogos infantis, e a gimnástica.

Os jogos são agentes naturais e instintivos do crescimento físíco e do desenvolvimento mental, sendo por virtude da sua eficiência que a hipertrofia do organismo se realiza com maior persistência e eficácia[166].

Sem querermos arriscar um conceito definitivo acêrca da natureza intrínseca da actividade lúdica, diremos, entretanto, que nos parece ser o jôgo um efeito natural das leis biológicas, a que todos os organismos se submetem, nas suas relações com o meio, em que carecem de subsistir.

O jôgo é uma forma de adaptação, um prè-exercício [121] (como lhe chamou Karl Groos), um ensaio ou uma preparação para a vida[167].

Os instintos herdados, com a organização e a ela inerentes (instintos fundamentais) e, principalmente, os instintos derivados dêstes (instintos adquiridos) não aproveitariam tam perfeitamente à vida dos organismos, como lhes aproveitam, pela eficiência dos jogos, que não se destinam, senão a desenvolver, radicar e robustecer essas energias latentes, de cuja acção depende aquela vida[168].

Mas, alêm desta função primordial (tornar apto o ser para o fim, a que o destinam as leis da vida), servem ainda os jogos:

1) para desenvolver actividades novamente adquiridas;

2) para estimular o «crescimento»;

3) para reduzir e canalizar tendências nocivas;

4) para criar e manter hábitos sociais;

5), finalmente, para corrigir a fadiga e regenerar as energias, gastas pelo trabalho orgânico.

Os jogos são muitos, e variam, de país para país e, dentro de cada nação, de província para província e até de localidade para localidade, consoante o género de vida, as tendências, as aptidões, os usos e costumes, e as necessidades físicas, morais e sociais das respectivas populações.

Tem-se procurado classificar os jogos; mas, em virtude da multiplicidade dos critérios adoptados, falta unidade de vistas, e não há acôrdo nas classificações[169].

Entre nós, tambêm o problema não tem sido descurado, [122] embora os trabalhos empreendidos sejam raros e incompletos[170].

Nós, reconhecendo que, sob o aspecto pedagógico, os jogos constituem outros tantos meios, admiravelmente eficazes, de auxiliar o «crescimento»; desenvolver a inteligência; aguçar a sensibilidade; robustecer e disciplinar a vontade; e formar o carácter, agrupamos os jogos, nas seguintes categorias:

1) jogos motores (ou somáticos, porque desenvolvem o organismo);

2) jogos sensoriais (porque educam os sentidos e promovem a destreza e precisão dos movimentos);

3) jogos experimentais (porque aperfeiçoam a inteligência, e satisfazem o instinto de curiosidade das crianças);

4) jogos afectivos (ou emocionais, porque fomentam a cultura da sensibilidade);

5) jogos inibitórios (porque despertam a atenção e educam a vontade); e, finalmente,

6) jogos estéticos (ou artísticos, porque estimulam os sentimentos desinteressados da criança).

O seguinte esquema resumirá o nosso ensaio de classificação (segundo o critério adoptado) dos jogos portugueses, mais conhecidos e praticados, em todo o país.

2.—Do mesmo modo que os jogos, também a gimnástica interessa ao «crescimento»; não, porêm, a gimnástica pedagógica (útil apenas à formação do carácter), e muito menos a gimnástica atlética, que perturba e pode comprometer até a marcha e o equilíbrio do «crescimento»[171]; mas a gimnástica higiénica, e desta, a gimnástica respiratória, cuja prática é de manifesta vantagem à saúde do corpo e à dinâmica da sua evolução[172].


[123]








marcha; carreira; salto; dança; luta; natação; patinagem; escorregamento; etc.








gerais






motores










escondidas; cantinhos; barra; eixo; péla; arco; baloiço; papagaio; rodas e rondas infantis; guerras; jôgo dos patos; etc.



especiais

















tiro ao alvo; malha ou fito; jogos de equilíbrio; etc.







gerais




sensoriais










homem; semana; botão; ferrinho; pião; cabra-cega; forquilha; funda; inco, bilharda; das cinco pedrinhas; o recorte; etc.



especiais















damas; gamão; dominó; xadrez; todos os actos de curiosidade; etc.



gerais




exprimentais







paciências; adivinhas; anel; disparates; colecções; etc.


especiais




Jogos









jogos de imitação, e de imaginação; jogos de fantasia; etc.



gerais




afectivos






a boneca; todos os actos de auto-ilusão consciente; etc.


especiais















todos os actos de domínio sôbre si próprio; auto-imposições e auto-repressões; etc.



gerais




inibitórios







fazer de estátua; atitudes de imobilidade, diante do espelho; etc.


especiais















construções em terra, areia, neve, etc.; modelagem; pintura, e desenho de objectos; jogos dramáticos; etc.



gerais




estéticos








combinações de côres; repassagem de desenhos coloridos; etc.



especiais








[124] São os seguintes os efeitos da respiração profunda, que a gimnástica respiratória promove e assegura:

1) activa as trocas gasosas, combinando uma maior quantidade de oxigénio com a hemoglobina do sangue;

2) descongestiona os órgãos internos, sobretudo, o cérebro;

3) regulariza as funções digestivas;

4) desenvolve a musculatura do tórax e do abdómen;

5) permite o arejamento das partes do pulmão, em que o ar não penetra, senão com dificuldade; finalmente,

6) auxiliando a assimilação e a desassimilação, facilita a atenção, roboriza a vontade, assegura a disciplina[173].



CAPÍTULO IX

Evolução geral da mentalidade; fases desta evolução; e leis que a regulam.

Os factores bio-psíquicos do «crescimento»



1.—A vida mental da criança (psiquismo infantil) não pode isolar-se, em nenhuma das fases do seu progressivo desenvolvimento, da evolução do sistema nervoso, cuja trajectória segue, desde o útero.

É absolutamente incontestável que, sem cérebro, não há consciência[174], e que a consciência se afirma sempre, na razão directa da complexidade e da plasticidade do cérebro[175].

Certamente que não ousamos atribuir a causalidade da consciência à pura organização, como fazem os materialistas; mas apenas reconhecemos o facto averiguado da perfeita correlação e da coexistência necessária da actividade psíquica com a energia cerebral[176].

Nos animais vizinhos dos vegetais (infusórios, pólipos, espongiários, etc.), do mesmo modo que (segundo parece) tambêm nos vermes, não existe ainda a consciência, mas tam sòmente irritabilidade e, quando muito, sensibilidade [126] diferencial[177]; à medida, porêm, que se organiza o sistema nervoso, as excitações (causas físico-químicas das reacções) vão-se convertendo em impressões, e estas em sensações que, pela sua diferenciação, acabam por gerar a consciência, e, depois, a auto-consciência, ou a capacidade de conhecer os próprios estados e respectivas modificações[178].

Só a partir dos vertebrados, é que, por intermédio do cérebro, se torna possível a vida consciente e, com ela, a atenção, a memória, a imitação, a associação; numa palavra, as chamadas operações intelectuais[179].

2.—Conquanto, porêm, na criança que vem de nascer, exista já um cérebro completo, dum modo geral, em tôdas as suas partes essenciais, contudo, tanto a estrutura, dessas partes, como a aptidão para o seu funcionamento é que distam ainda muito daquele grau de perfeição, que se torna indispensável para a integralidade da vida mental[180].

Estudos recentes, empreendidos por investigadores eméritos[181], permitem estabelecer que, no encéfalo do recêm-nascido, a substância cinzenta do cérebro é constituída por células ainda imperfeitas; e que carecem de consistência e de fixidez as fibras nervosas que ligam os [127] hemisférios aos gânglios da base do cérebro, às camadas ópticas, e aos corpos estriados, dum modo geral, aos centros sub-corticais[182].

Alêm disso, sabe-se hoje que, sòmente a partir do primeiro mês de vida extra-uterina, é que se acentuam e desenvolvem as circunvoluções, cuja estrutura se vai complicando, à medida que a superfície do cérebro aumenta de extensão e de volume[183]; e, finalmente, tambêm é positivo que a mielinização do encéfalo, conquanto seja iniciada no útero, todavia, só se acaba, pela vida adiante, em fases já relativamente avançadas da evolução[184].

Quer tudo isto dizer que, mesmo sob a relação do pêso e do volume, o cérebro não nasce perfeito e completo; embora, comparado com o resto do corpo, traga, à nascença, um desenvolvimento que, numèricamente, se poderá computar na quarta parte (25%) do seu volume total.

O diagrama que, a seguir, publicamos (fig. n.º 19), representa o crescimento do cérebro, desde o início da vida intra-uterina, até à puberdade, em que atinge o seu máximo desenvolvimento, sob a relação do pêso e volume—absolutos.

Mostra êste gráfico que o pêso absoluto do cérebro aumenta, com a idade, ao passo que o seu pêso relativo diminue.

À medida que o organismo cresce, o cérebro, sem deixar de acompanhar êsse crescimento, até à puberdade, contudo, cada vez, cresce, com menor intensidade (como se verifica pelos aumentos, relativos a cada idade de evolução); e, ao mesmo tempo, acusa uma progressiva diminuição, nas proporções que mantêm com o corpo[185].
[128]


Donde resulta que, sob a relação da quantidade, a evolução cerebral realiza-se e consuma-se antes da evolução somática, embora, sob o ponto de vista qualitativo, o cérebro continue a desenvolver-se.

O seguinte gráfico (figura n.º 20), completa o anterior, por isso mesmo que continua a curva da evolução para alêm da puberdade, no intuito de figurar, quantitativamente, tôda a vida do cérebro, desde que o homem nasce, até que morre.

Para compreensão, todavia, de todos os fenómenos da bio-dinâmica mental, torna-se necessário considerar o elemento [129] qualitativo do crescimento cerebral, isto é, a sua capacidade fisiológica.



Esta capacidade (que tambêm não exclue o elemento quantitativo) compreende ou abrange a eficiência de tôdas [130] as causas que possam concorrer para a organização da vida cerebral. Dentre essas causas (algumas pouco conhecidas, ainda), indicaremos, como mais importantes, as seguintes: 1) a composição química; 2) a quantidade de substância cinzenta; 3) o número e a complexidade das circunvoluções; 4) a morfologia do encéfalo; 5) a relação do cérebro com as outras partes do encéfalo; 6) as relações do mesmo órgão com a altura e, em geral, com a massa activa do corpo; 7) o exercício cerebral; 8) a experiência do indivíduo; 9) o arranjo molecular das células cerebrais; 10) as associações dinâmicas dos elementos nervosos, etc., etc.[186].

Ora, se considerarmos todos êstes factores, desde logo, teremos de reconhecer a existência de uma outra curva: a da aptidão funcional do cérebro, cuja trajectória não coincide com aquela que exprime a sua evolução quantitativa, porque, como se verifica neste diagrama (figura n.º 21) o cérebro continua a crescer, depois da puberdade (15 anos); e até com muito maior intensidade, a partir dos vinte anos; para só se deter, aos cinqùenta, em que estaciona (por tempo de dez anos, em circunstâncias normais), antes de decrescer, como sucede, depois dos sessenta[187].

[131]


Se compararmos, porêm, agora, esta curva da bio-dinâmica cerebral com a curva da consciência (figura n.º 22), notaremos que, desta vez, entre as duas curvas, há um paralelismo perfeito, o que explica e ilustra estas palavras concludentes e profundamente autorizadas de A. Marie: «A sciência demonstra, de uma maneira absolutamente certa, o facto da simultaneidade e da correlação constantes e necessárias da actividade nervosa com a actividade mental, fazendo dessas actividades dois fenómenos [132] inseparáveis, os quais nunca deixam de se manifestar conjuntamente, e nem se pode conceber que um se produza, sem o outro[188].

3.—O estudo (embora rápido) que vamos fazer das fases da mentalidade, confirmará plenamente o nosso conceito da evolução da consciência, pois mostrará que, entre a inconsciência, em que a criança se gera, e a inconsciência, em que o individuo acaba, se escalonam vários graus de consciência, cada qual representativo de seu progresso, e todos ligados a estados orgânicos, até a um limite, cuja transposição importa, sempre e em tôdas as circunstâncias, a decadência e, com ela, a desorganização e a morte.

A consciência crepuscular, que o gráfico (fig. n.º 22) regista, como pertencendo ao período êmbrio-fetal da evolução humana, sem dúvida que não representa qualquer estado psíquico que possa diferenciar-se da pura cenestesia. O feto, conquanto, em verdade, constitua um reactivo mais enérgico até, do que a própria mãe[189], contudo, carece de vida consciente, porque, com um cérebro ainda incipiente e sentidos apenas esboçados, não é susceptível das operações orgânicas, que condicionam aquela vida.

A expressão—psicologia embriológica—(de que, por vezes, usam os autores) nada mais pode significar, do que a espécie de semi-consciência, que se atribue ao nascituro, essa consciência onírica, sui generis, que se manifesta por um «sôno, sem sonhos», e à qual nós chamamos consciência crepuscular[190].

Para que haja verdadeira consciência (embora ainda [133] embrionária ou rudimentar) é necessário que o indivíduo humano deixe a vida parasitária, em que persistiu, durante a gestação; e, pelo nascimento, adquira a vida independente, que usufruirá, até à morte.



Passiva, chamamos nós à consciência do recém-nascido, para significar que ela se reduz às sensações, que as impressões sensoriais determinam no seu cérebro ainda virgem; e aos instintos que deve à hereditariedade.

E será esta, depois do período êmbrio-fetal, a primeira [134] fase da vida psíquica da criança, na sua evolução para a idade adulta.

Durante êste primeiro mês, o recêm-nascido sofrerá a crise grave, que deriva da mudança de meio, a que foi coagido, pelas energias do crescimento, e ensaiará as primeiras adaptações às novas condições de vida[191].

Os progressos, todavia, serão rápidos. Desde o fim do primeiro mês, até aos cinco anos (infância e primeira fase da puerícia), a actividade da consciência não cessará de intensificar-se, adquirindo a criança faculdades e aptidões, que lhe assegurarão (cada vez, com maior persistência e eficácia) o equilíbrio, de que carece, com o novo meio, em que tem de viver.

Por isso, atribuímos consciência activa ao organismo, que se encontra neste estádio da evolução psíquica; isto é, qualidades, energias e possibilidades, que se traduzem por actos neuro-psíquicos, de complexidade crescente, à medida que decorre a infância, e se entra na puerícia, a época inicial da auto-consciência, ou seja das operações superiores da vida mental.

Assim, com a puerícia (época do pensamento espontâneo, ou idade preguntadora, de Sully), alêm do desenvolvimento da linguagem (substituição gradual da palavra concreta, pelo conceito geral ou abstracto)[192], aparece [135] o espírito de curiosidade (tam peculiar às crianças desta idade); radica-se a atenção espontânea, e esboça-se a atenção voluntária; imperam as tendências que se inspiram nos interêsses perceptivos e glóssicos; surgem os primeiros ensaios da personalidade; e afirmam-se já, embora com carácter rudimentar, as leis bio-psiquicas da vontade consciente.

Depois, com a adolescência, e com a puberdade, a curva da dinâmica mental subirá sempre e, cada vez, com maior celeridade, para nunca mais se deter, senão na idade madura, em que, havendo atingido o máximo de intensidade, aí perdurará, até à decadência[193].

O quadro (n.º 6) que, a seguir, publicamos, resume as características das idades de evolução, distribuindo-as, pela ordem cronológica do seu aparecimento, e mantendo a subordinação em que se encontram, umas em relação às outras.

[136]

QUADRO N.º 6


Idades de Evolução

Caracteristicas essenciais

Recêm-nascença (Durante o 1.º mês)
Vida vegetativa, e puro automatismo (a princípio) nas relações do indivíduo com o meio. Reacções mecânicas a excitações exteriores. Necessidade máxima: nutrição. Primeiras adaptações.

Infância
(Desde o segundo mês até aos três anos)

1) Até aos doze meses

Vida afectiva simples: prazer e dôr física. Adaptações sensorio-motoras. Linguagem balbuciada. Interesses perceptivos.

2) Dos doze meses até aos très anos

Vida afectiva complexa: acção emocional. Aquisição de hábitos. Espontaneidade mental. Imitação passiva. Linguagem rudimentar.

Puerícia
(Desde os très aos sete anos)



1) Dos très aos cinco anos

Atenção voluntária. Imaginação incipiente. Desenvolvimento da memória orgânica. Curiosidade. Interesses glóssicos. Puerícia. Sugestibilidade. Imitação activa. Linguagem racional.

2) Dos cinco aos sete anos

Organização da vida mental. Poder de análise. Memória psíquica. Diferenciação das funções psíquicas. Interesses gerais. Linguagem integral. Actividade lúdica intensa.

Adolescência
(Desde os oito aos doze anos)

1) Sexo masculino

Fixação e expansão da personalidade. Egocentrismo. Sociabilidade. Desenvolvimento da vontade. Dinamogenia dos sentimentos. Interesses morais e estéticos.

2) Sexo feminino

Período sentimental. Plasticidade orgânica e psíquica. Exuberância de movimentos. Espírito de iniciativa, e de emulação. Pudor.

Puberdade
(Dos doze aos dezasseis anos)

1) Sexo masculino

Instinto sexual. Instabilidade psíquica. Impulsões do temperamento. Formação definitiva do carácter. Concentração mental; e diferenciação de tòdas as faculdades. Interesses éticos e sociais.

2) Sexo feminino

Exaltação do sentimento. Imaginação viva. Diferenciação sexual. Aquisição dos hábitos característicos da mulher. Perfeita adaptação ao seu fim fisiológico. Coquetismo. Interesses éticos e sociais.



[137] 4.—O estudo sintético, que temos feito da evolução mental, revela, nessa evolução, do mesmo modo que no «crescimento» físico, a existência, tanto de leis gerais (relativas à dinâmica psíquica, considerada in totum), como de leis especiais (privativas de cada função).

Entre aquelas, ocupam primacial lugar as duas seguintes:

1) O processo bio-psíquico da evolução mental depende, em grande parte, do crescimento físico, e acompanha sempre o desenvolvimento do sistema nervoso[194];

2) O conteúdo da consciência (quantidade de conhecimentos, e valorização de funções) está na razão directa da complexidade das relações da criança com o meio.

Quanto às leis especiais, indicaremos estas, apenas:

1) a atenção é a condição primária da consciência;

2) a memória depende da plasticidade do cérebro;

3) entre o pensamento e a vida das imagens cerebrais a relação é a mesma que existe entre a conclusão e as premissas dum raciocínio;

4) as formas de expressão derivam de actos reflexos, e passam dos gestos às palavras, e destas aos sinais, que as exprimem.

5.—Para conclusão dêste capítulo, resta enumerar ainda os factores bio-psíquicos do «crescimento»; isto é, tôdas aquelas energias, e todos aqueles meios de acção, que podem influir no processo da evolução (tanto somática, como psíquica). Êsses factores, condensá-los hemos, no seguinte esquêma:


[138]




ancestrais (hereditariedade).




Factores da evolução orgânica

naturais


actividade lúdica (jogos).



pessoais


passiva.



imitação



exercícios físicos.


activa.
artificiais








gimnástica.








Apêndices





APÊNDICES

I

Elementos para a organização de uma caderneta pedológica,
destinada a sistematizar o estudo do «crescimento»



1)

Indicações prévias relativas ao exemplar de estudo:


1) Nome e pronomes













Nome


Pai
Idade


Estatura
2) Filiação






Nome

Mãe
Idade



Estatura





3) Naturalidade









4) Residência











económicas[195]


5) Condições do meio em que vive
morais[196]



sociais[197]







6) Ensino que recebe[198]









7) Antecedentes hereditários[199]









8) Antecedentes pessoais[200]









9) Particularidades[201]









10) Aspecto geral[202]






[138]
2)

Exame fisiológico e clínico:



TRIMESTRE

1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
7.º
8.º
1) Data da observação







2) Pele e couro cabeludo[203]







3) Ossos e articulações[204]







4) Aparelho digestivo[205]







5) Aparelho respiratório[206]







6) Aparelho circulatório[207]







7) Aparelho génito-urinário[208]







8) Aparelho locomotor[209]







9) Sistema nervoso[210]







10) Malformações[211]







11) Deformações[212]







12) Fôrça física[213]







13) Fadigabilidade[214]










[144]

Mensurações do corpo humano



V. Vértex.


C. Canal auditivo.


F. Fúrcula esternal.


A. Acromion.


E. Epicôndilo.


I. Crista ilíaca.


T. Grande trocânter.


P. Púbis.


M. Médio.


J. Joelho.


Mal. Tornozêlo.

Pontos de Referência


[145]
3)

Exame antropométrico[215]:



MEDIDAS
TRIMESTRES



1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
7.º
8.º


1) Data da observação










2) Pêso








Projecções Verticais (10)

3) Vértex (em pé)








4) Vértex (assentado)








5) Canal auditivo








6) Fúrcula esternal








7) Acromion








8) Cotovêlo








9) Médio








10) Grande trocânter








11) Joelho








12) Tornozêlo



















Diâmetros (5)

13) Diâmetro bi-acromial








14) D. ântero-posterior do tórax







15) D. transverso do tórax








16) D. ântero-poster. do crânio








17) D. transverso do crânio



















Circunfer. (4)




18) Perímetro craniano








19) Per. xifo-esternal (repouso)








20) Per. xifo-ester. (inspiração)








21) Antebraço (máx. e mínimo)



















Outr. medidas
22) Compr. e largura do pé








23) Compr. e largura da mão








24) Envergadura










[147]
4)

Exame psicológico:


OBSERVAÇÕES
TRIMESTRES
1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
7.º
8.º
1) Data da observação





















Olhos
côr do íris










2) Órgãos dos sentidos
côr da auréola

ôlho dir.








acuidade visual










ôlho esq.








Sentido cromático









ouvido dire.








Acuidade auditiva










ouvido esqu.







Acuidade olfactiva








Acuidade gustativa








Acuidade táctil








Sentido álgico








Sentido estereognóstico

















3) Atenção

espontânea
















voluntária
















4) Memória

análise qualitativa
















análise quantitativa

















5) Inteligência










Notas: 1) A acuidade visual deve ser medida, com o auxílio da escala optométrica de Monoyer; e o sentido cromático, com as tábuas pseudo-isocromáticas, de Stilling.

2) A acuidade auditiva mede-se, pelo processo do relógio, e pela voz segredada.

3) A acuidade olfactiva avalia-se pelo olfactómetro; e a gustativa, pelo gueusímetro.

4) A acuidade táctil determina-se, pelos estesiómetros; a álgica, pelos algesimetros; e o sentido estereognóstico, pelo processo de reconhecimento das curvaturas.

5) A atenção aprecia-se, pelos tempos de reacção, e por processos didascálicos.

6) A memória mede-se, por diferentes processos, consoante a função que se pretende considerar.

7) A inteligência avalia-se, pela aplicação dos tests de Binet e Simon.



[148]
5)

Exame etológico e psiquiátrico:


OBSERVAÇÕES
TRIMESTRES
1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
7.º
8.º
1) Data da observação
















2) Humor habitual

















3) Temperamento


activo







nervoso








emotivo








apático








voluntarioso








impulsivo








equilibrado

















4) Sugestibilidade

















5) Sensibilidade moral

















6) Capacidade de trabalho
















7) Conduta

















8) Aptidões

















9) Defeitos


Fobias







Timidez








Cólera







Mentira







Preguiça

















10) Síntese—Carácter












[149]
6)

Síntese da evolução—Fórmulas:


NOTAÇÕES
TRIMESTRES
1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
6.º
7.º
8.º









1) Relações e proporções
dos segmentos


E/B[216]








C/V[217]








O/V[218]








S=2E (D+d)[219]

















2) Fórmulas da Puberdade

P1 ou P2[220]








P2+1[221]








P5+A3-5[222]


















cefálico
( D. tr.x100 )[223]









3) Índices
















D. ant. p. m.
















torácico
(
D. transv.×100
)[224]

















D. ant. post.

















pélvico
(
D. s. p. b.×100
)[225]


















Dist. Cr. Ilíacas

















4) Simbolos


H. (humor)








T. (temperamento)








M. (musculatura)








O. (ossatura)

















5) CR.=E-
(P+
Per. T. insp.+exp. )[226]

















2












II

(Sumário da «tese» apresentada, discutida e integralmente adoptada pelo «Congresso Nacional de Educação física», realizado em Lisboa, por iniciativa do «Gimnásio Club Português», nos dias 9-12 de junho de 1916.)



A CRIANÇA PORTUGUESA


Relator: Dr. Alves dos Santos, professor de Filosofia e director do Laboratório de Psicologia Experimental, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; professor de Psicologia Infantil, na Escola Normal Superior; e director da Biblioteca da mesma Universidade; sócio efectivo da Academia das Sciências de Portugal.


INTRODUÇÃO


1) A Criança; sua concepção bio-psíquica e social.

2) Sciências da Criança: Pedologia; Psico-pedagogia; Pedagogia experimental.

3) A vida da Criança; fases que atravessa, durante o «Crescimento», ou idades de evolução do sólido humano: infância, puerícia, adolescência, puberdade, nubilidade.

4) Características de cada uma destas idades, sua importância e influência na marcha do «Crescimento».

5) Divisão dêste estudo em três partes, versando a primeira sobre o Corpo da Criança; a segunda, sobre a Mentalidade [152] da Criança; e a terceira, sobre a Personalidade da Criança.

6) Elementos e subsídios, de que podemos dispor para a constituição de uma Pedologia nacional: observações, mensurações, e experiências realizadas em estabelecimentos de ensino, e noutros meios infantis, assim como no Laboratório de psicologia experimental, de Coimbra. Resumo das aquisições de factos, em primeira mão, que permitem, a nosso ver, desde já, algumas generalizações sobre o modo de crescimento da criança portuguesa.


PRIMEIRA PARTE


O corpo da criança


CAPÍTULO I


Noção do «Crescimento». Fenómenos que o constituem. Causas que o determinam. Leis que o regem. Influências que o modificam.

CAPÍTULO II


Método a empregar no estudo dos fenómenos do «Crescimento».

CAPÍTULO III


Manifestações do «Crescimento» em altura, largura, espessura, grossura e densidade; ou projecções verticais, diâmetros, circunferências, cubagens, e pêso do sólido humano.

CAPÍTULO IV


«Crescimento» absoluto ou global, e «Crescimento» relativo ou segmentar. Ritmo do «Crescimento» absoluto da Criança portuguesa. Fundamentos da Curva que exprime êsse ritmo.
[153]

CAPÍTULO V


Insuficiência das medidas sintéticas (estatura, perímetro torácico, e pêso) para a avaliação rigorosa dos fenómenos do «Crescimento».

CAPÍTULO VI


«Crescimento» relativo, ou proporções métricas do corpo da Criança, desde o nascimento até à idade adulta.


NOTA:

O relator apresentará ao Congresso as fórmulas do «Crescimento» ou os cânones antropométricos das idades de evolução da criança portuguesa; e exporá os fundamentos dessas fórmulas.



SEGUNDA PARTE


A mentalidade da criança


CAPÍTULO I


Origem e evolução da mentalidade infantil. Leis que a regulam; influências que a modificam. Curva desta evolução. Relações do desenvolvimento somático com o desenvolvimento psíquico.

CAPÍTULO II


Os sentidos e a inteligência. Estudo experimental da inteligência. A atenção; a memória, e a imaginação das crianças.

CAPÍTULO III


Comparação do psiquismo animal com a psicologia das primeiras idades da evolução.


NOTA:

O relator apresentará ao Congresso as conclusões dos seus estudos sôbre a medida do trabalho mental, pelo método de Kraeplin, assim como sôbre a análise quantitativa e qualitativa da Memória; e sôbre a psicometria da atenção.



[154]

TERCEIRA PARTE


A personalidade da criança


CAPÍTULO I


Noção da «personalidade». O carácter; seus elementos constitutivos e manifestações. Noção bio-psíquica e moral do carácter. Formação do carácter, princípios em que deve assentar.

CAPÍTULO II


Estados mórbidos da personalidade: a mentira; a preguiça; a timidez; a cólera; as fobias das crianças. Patologia da vontade.

CAPÍTULO III


Os vícios da educação tradicional; necessidade de uma reforma na processologia da educação. Resumo e conclusões.


NOTA:

O relator apresentará ao Congresso os resultados dos seus trabalhos experimentais, realizados no Laboratório de psicologia, sôbre a sugestibilidade das crianças; e o valor do testemunho infantil.



CONCLUSÕES GERAIS

I

Crescimento físico


1) Existem em Portugal, em relação ao sexo masculino, elementos mais do que suficientes para a organização de uma tabela de médias, baseada nas observações e [155] mensurações, que exprimem o «Crescimento» absoluto da Criança portuguesa, isto é, nas medidas sintéticas da altura, do perímetro torácico, e do pêso.

2) Mas o simples conhecimento do ritmo do «Crescimento» é insuficiente para a perfeita inteligência da natureza física da Criança, e das leis do seu desenvolvimento integral.

3) Donde resulta a necessidade de prosseguir activamente, em nossos meios didascálicos e infantis, pela aplicação do método auxanológico, na colheita de elementos (mensurações segmentares do sólido humano), que permitam generalizações seguras sobre as proporções métricas do corpo das crianças, nas idades de evolução.

4) Emquanto, porêm, não existir, entre nós, um número suficiente de observações e mensurações daquela natureza, que justifiquem a adopção definitiva das fórmulas antropométricas do «Crescimento» da Criança Portuguesa, podemos e devemos adoptar provisóriamente cânones antropométricos, cujos fundamentos se encontram, em parte, nas medidas que são comuns ao «Crescimento» absoluto; e, em parte, nas percentagens que resultam das médias de mensurações obtidas em crianças de países estrangeiros, que reúnem maior número de afinidades com as nossas crianças.

II

Desenvolvimento mental


1) Não há diferença de natureza entre o psiquismo dos animais superiores e a mentalidade infantil das primeiras idades.

2) A curva do desenvolvimento mental coincide, em quási tôda a sua extensão, com a curva do «Crescimento» físico; e, em todo o caso, acompanha sempre a trajectória da evolução do cérebro. [156]

III

Formação do carácter


1) Os factores da educação moral devem ser os mesmos da educação física, porque a disciplina em que se baseiam ambas estas educações tem as mesmas origens orgânicas, e produz análogos efeitos psíquicos.

2) Os estados mórbidos da Personalidade são mais eficazmente combatidos pela higiene, do que pela autoridade.



III

Programas de Pedologia e de higiene escolar; prescrições de higiene dentária; e instruções sôbre Pedometria, destinadas às novas escolas normais primárias. (Regulamento e programas para execução da lei n. 233, publicados no «Diário do Govêrno» n.º 24, de 10 de fevereiro de 1916.)



PROGRAMA DE PEDOLOGIA



Pedologia.—Sua definição e importância. Movimento pedológico.

Pedologia e pedotecnia.

Psicologia e pedagogia.

Pedagogia experimental e pedagogia geral. Psicopedologia e psicopedagogia.

Relação da pedologia com a pedagogia.

Pedologia somática e pedologia psíquica.

Métodos da pedologia somática.

Os caracteres descritivos e os caracteres métricos.

Noções elementares de antropometria escolar.—Estudo dos principais caracteres métricos. Relação entre o pêso, a altura e o perímetro torácico.

Coeficientes de robustez.

Mensurações nos alunos segundo a «Ficha individual».

O crescimento durante a idade escolar.—Ideas gerais sôbre os métodos do estudo do crescimento.

Proporções métricas do corpo da criança desde o nascimento à idade adulta.

[158] Influências que actuam no crescimento. Leis do crescimento.

Crescimento visceral.

A criança, o adolescente e o adulto.

Crescimento irregular. Perturbações orgânicas que produz e suas consequências pedagógicas.

A puberdade.—Sua definição.

Características fisiológicas e psicológicas da puberdade.

Duração do período da puberdade.

Pedologia psíquica.—Definição. Métodos.

Desenvolvimento intelectual e psíquico em geral.

Factores dêste desenvolvimento e diferentes estádios.

Desenvolvimento sensorial.—Visão. Audição. Olfacto. Gôsto. Tato. Os sentidos estereognósticos. O sentido cinestésico.

A atenção. A associação. A imaginação. A memória e o hábito. A percepção. O juízo e o raciocínio.

Desenvolvimento dos sentimentos.—Os movimentos. Os sentimentos em geral. As emoções e as tendências. Os instintos. Os interesses infantis; seu papel na educação. A vontade. O carácter.

A linguagem, os gestos, a fisionomia e os costumes das crianças.

Medida do desenvolvimento psíquico nas diferentes idades.

Tests mentais.

Relações entre o crescimento físico e o crescimento psíquico.

Influências psíquicas imediatas da escola.

Herança psicológica e educação.

Crianças visuais, auditivas e motoras.—Os tipos mixtos.

Fadiga intelectual. Generalidades.

Noções gerais dos processos de medição da «fadiga intelectual»:

a) Processos directos. Ditado, leitura, cálculo, cópia, memoriação, etc.

[159] b) Processos indirectos. Estesiometria, algesimetria, dinamometria, ergografia, etc.

Influência de diversos factores sôbre a fatigabilidade.

Influência do trabalho físico sobre a fadiga mental.

Sobernal.

O repouso. O sono.

Dextrismo, sinistrismo e ambidextrismo.

Alunos preguiçosos.

Ideas gerais sôbre as crianças anormais. Sua diagnose e classificação.

As relações do professor com o médico.

Puericultura.—Puericultura intra-uterina. Primeiros cuidados a dispensar aos recêm-nascidos. Alimentação do 0 aos 2 anos. Noções gerais da higiene da primeira infância.


PROGRAMA DE HIGIENE ESCOLAR


História da higiene escolar.—Evolução da higiene escolar em Portugal.

Edifício escolar.—Suas condições higiénicas. Salas de classe e anexos, recreios, etc.

Mobiliário escolar.—Bases fisiológicas do mobiliário racional. Diferentes tipos de mobiliário.

Iluminação das escolas.—Iluminação natural e artificial.

Fotometria escolar.

Aquecimento.

Ventilação das escolas.—Diferentes processos de ventilação.

Higiene da vista.—Higiene da leitura e da escrita. Os livros e os cadernos escolares. Condições higiénicas da sua impressão.

Higiene do ouvido.

Higiene do nariz e da bôca.

Higiene da garganta.—Fisiologia da voz. Afecções de laringe. Profilaxia das perturbações da fonação. Defeitos de pronúncia. Sua profilaxia e correcção.

[160] Atitudes viciosas.—Suas conseqùências.

Doenças escolares não contagiosas.

Doenças contagiosas.—Profilaxia das doenças contagiosas, na escola. Desinfecção. Vacinações e revacinações.

Relações recíprocas entre alunos e professores, sob o duplo ponto de vista das doenças contagiosas e das influências morais.

Educação física.—Bases fiisiológicas desta educação.

Princípios a que deve obedecer a elaboração dum horário.

Repartição das horas do trabalho e do repouso.

Cantinas escolares. Colónias escolares. Escolas e classes ao ar livre. Internatos e externatos. Passeios e excursões escolares.


PROGRAMA DE HIGIENE ESCOLAR


I


Antes te esqueças de lavar a cara do que a bôca e os dentes.

II


Habitua-te, tam cedo quanto possível, à higiene dentária. Aquele que é desleixado em criança, dificilmente se corrige mais tarde.

III


A conservação e o bem-estar dos dentes de leite é tam importante, como o dos dentes permanentes.

IV


Não abuses de doces e de alimentos muito moles. O melhor meio natural de evitar a cária é mastigar com fôrça pão com côdea espêssa.
[161]

V


Nunca te esqueças de lavar a bôca, à noite.

VI


A limpeza mecânica dos dentes, feita com uma escôva e com um palito, constitue a base de tôda a higiene dentária.

VII


As lavagens da bôca com líquidos antisépticos inofensivos e um bom pó ou pasta dentifrícia são muito eficazes para completar a higiene dentária e bocal. Os dentifrícios que são cáusticos para a mucosa, ou que descalcificam os dentes, devem ser rejeitados. O sabão é um bom dentifrício.

VIII


Faze inspeccionar os dentes, uma ou duas vezes por ano, por um dentista, a fim de que êle descubra os focos mórbidos e os faça desaparecer, antes que sejam muito extensos.

IX


O tártaro (pedra) deve ser extraído, de tempos a tempos.

X


Os dentes e as raízes que não possam ser conservados e tratados, devem ser extraídos, sejam dolorosos ou não.


INSTRUÇÕES SOBRE PEDOMETRIA


Condições gerais:—As modificações morfológicas, fisiológicas e psíquicas, produzidas pelos exercícios de educação física (exercícios neuro-musculares e de adaptação [162] aos meios) podem ser medidas ou apreciadas e formarem dois grupos principais: somático e físico-psíquico.

As mensurações constituem o processo mais racional de verificar os efeitos dos exercícios, se nelas se observarem as indicações seguintes:

O observador possuìrá a técnica de medir e conhecerá a razão e o fim de cada medida. Tomará as medidas à mesma hora, de preferência de manhã, antes de qualquer exercício ou refeição e tanto quanto possível nas mesmas condições e em períodos bem determinados, ex.: em Outubro e Junho.

Estas medidas e observações serão apontadas em colunas individuais no livro das mensurações, donde se tirarão tôdas as notas para a organização das médias e dos índices de classificação individual somática e fisiológica.

Os alunos serão medidos e observados de torso nu e descalços e as alunas só com os fatos de gimnástica.

Para se assegurar bem da medida deverá esta repetir-se, acto contínuo, as vezes que forem necessárias.

Nota.—As mensurações obtidas gráficamente por bons instrumentos oferecem mais confiança.


TÉCNICA:

Para medir a altura:—O examinando colocar-se há na craveira na atitude de sentido.

Para medir o pêso:—Torna-se necessário uma balança decimal bem tarada e de fácil manejo. Os alunos serão pesados em ceroulas; as alunas com os seus fatos de gimnástica.

Para medir a capacidade vital:—É necessário utilizar um espirómetro, como o de Charles Verdin, colocá-lo a conveniente altura, usar duas tubuladuras de borracha com as competentes embocaduras de vidro para se poderem substituir a cada exame e desinfectar convenientemente.

[163] Modo de medir:—O examinando, em face do aparelho, toma o tubo de vidro (embocadura) na bôca, depois de ter enchido quanto pode o pulmão, cerra os lábios sôbre o tubo para não perder ar e expira suavemente todo o ar que possa, o que será registado pelo espirómetro.

Para medir a mobilização torácica:—O examinando, de calcanhares juntos, mantêm os braços laterais e horizontais. Fazem-se 3 provas e tira-se a média.

Diâmetros xifoìdianos:—É necessário um compasso de espessura como o grande de Collin.

Modo de medir:

Diâmetro transverso:—Aplicam-se as pontas do compasso nos pontos mais laterais do tórax e no nível do ponto esterno-xifoìdiano; o examinando faz, então, a maior inspiração e logo a seguir a mais completa expiração e toma-se nota dos diâmetros máximo e mínimo.

Diâmetro ântero-posterior:—Aplica-se uma das pontas do compasso no ponto esterno-xifoìdiano e a outra na linha das apófises espinhosas e ao nível daquele ponto; no resto procede-se como no transverso.

Perímetros xifoìdianos:—Na falta dum instrumento que nos dê com precisão e facilidade gráficamente o perímetro torácico é mais prático usar, com o devido cuidado, a fita métrica inextensível.

Modo de medir com a fita:—Aplica-se esta horizontalmente ao nível do ponto esterno-xifoìdiano, o examinando faz a máxima inspiração e logo a seguir a máxima expiração e o observador toma nota dos perímetros máximo e mínimo.

Perímetro umbilical:—Procede-se como no perímetro torácico.

Nota.—Os perímetros tomam-se só aos alunos.

[164] Para medir a fôrça de pressão e de tracção:—Para a de pressão é necessário um dinamómetro como o de Collin; para a de tracção um dinamómetro como o de Andrew.

Modos de medir:—Na pressão toma-se o dinamómetro na concha da mão e cerra-se esta com a máxima fôrça, repete-se duas vezes e toma-se a prova maior; na tracção tomam-se os anéis das cadeias, um em cada mão, tiram-se para os lados, repete-se e toma-se a maior prova.

Para se obter o ritmo respiratório:—Na falta de um adequado pneumógrafo, o número e o ritmo podem obter-se pela palpação; o observador, colocado por detrás do examinando, aplica as mãos sôbre os seus ombros, estendendo os quatro dedos sôbre as clavículas e as primeiras costelas e os polegares estendidos para o dorso, ou em face do examinando, aplica-lhe as mãos nos lados do tórax e em presença de um relógio observa o ritmo e conta as respirações num minuto.

Para tomar o ritmo cardíaco:—Na falta dum esfigmógrafo de uso e de precisão, o professor, tomando o pulso, obterá o número, o ritmo, a forma e apreciará a pressão em repouso e depois dum escolhido exercício, ex.: uma pequena carreira.

Para classificar os desvios ósseos da coluna vertebral:—Na falta dum raquiógrafo conveniente, o professor pode chegar por uma observação inteligente: dos movimentos da coluna, da sua forma na atitude de sentido, das atitudes das espáduas e da cabeça, da forma torácica, etc., a conhecer os desvios.

Do tórax:—Na falta dum toracógrafo o observador pode usar o cirtómetro de chumbo ou ainda, o compasso de espessura tirando os diâmetros necessários para o que o examinando tomará a atitude de sentido com os braços laterais e horizontais.



IV


DECRETO N.º 4:900



Sendo urgente codificar e regulamentar tôdas as disposições legais em vigor, relativas às Escolas Normais Superiores das Universidades de Coimbra e Lisboa;

Atendendo à autorização concedida pelo § único do artigo 42.º do decreto com fôrça de lei n.º 4:649, de 13 de Julho de 1918;

Usando da faculdade que me confere o n.º 3.º do artigo 47.º da Constituição Política da República Portuguesa;

Hei por bem, sob proposta do Secretário de Estado da Instrução Pública, decretar o seguinte:

Artigo 1.º É aprovado e mandado pôr em execução o Regulamento das Escolas Normais Superiores das Universidades de Coimbra e Lisboa, que faz parte integrante dêste decreto, e vai assinado pelo Secretário de Estado da Instrução Pública.

Art. 2.º Ficam, pelo presente regulamento, codificadas tôdas as disposições legais em vigor, relativas às Escolas Normais Superiores, substituídos os decretos regulamentares n.º 2:117, de 27 de Novembro de 1915, n.º 2:509, de 14 de Julho de 1916, n.º 2:646, de 26 de Setembro de 1916, n.º 2:943, de 18 de Janeiro de 1917, n.º 3:012, de 6 de Março de 1917, n.º 3:097, de 18 de Abril de 1917, e n.º 3:330, de 3 de Setembro de 1917, e regulamentados os decretos com fôrça de lei, de 21 de Maio de 1911 e n.º 4:649, de 13 de Julho de 1918.

Art. 3.º Fica revogada a legislação em contrário.

O Secretário de Estado da Instrução Pública o faça publicar. Paços do Govêrno da República, 5 de Outubro de 1918.—Sidónio PaisJosé Alfredo Mendes de Magalhães.



V

Índice Analítico do 2.º Volume desta Obra:


(NO PRELO)

PEDOLOGIA PSÍQUICA


(A mentalidade da Criança)

CAPÍTULO I


1) Órgãos dos sentidos: sensibilidade cutânea; sua discriminação. 2) Sensações tácteis, de pressão, térmicas, álgicas. 3) Sentido cinestésico e sentido estereognóstico. 4) A cinestesia. 5) Acuidade do tacto; sua medida. 6) Estesiometria. 7) Educação dos sentidos cutâneos.

CAPÍTULO II


1) A visão; anatomia e fisiologia do bolbo ocular; mecanismo da visão. 2) Emetropia, ametropia e hipermetropia. 3) Medida da acuidade visual. 4) Sentido cromático; suas anomalias. 5) Medida dêste sentido; tábuas pseudo-isocromáticas de Stilling.

CAPÍTULO III


1) A audição; mecanismo das sensações auditivas. 2) Medida da acuidade auditiva. 3) Sentido otolítico.

CAPÍTULO IV


1) Os sentidos químicos: olfacto e gôsto. 2) Morfologia e funcionamento dos respectivos órgãos. 3) Olfactometria e gustometria.

[167]

CAPÍTULO V


1) A atenção; suas espécies. 2) Patologia da atenção. 3) Medida da atenção. 4) Educabilidade da atenção.

CAPÍTULO VI


1) A memória; suas operações fundamentais. 2) Patologia da memória. 3) Análise qualitativa da memória: processos; experiências. 4) Análise quantitativa da memória. 5) Educação da memória.

CAPÍTULO VII


1) A inteligência; sua noção. 2) Nível intelectual e nível escolar. 3) Medida da inteligência: processos; escala métrica da inteligência. 4) Estudo scientífico do trabalho mental. 5) A fadiga física e a fadiga mental: sua medida.

CAPÍTULO VIII


1) Noção da personalidade. 2) O carácter; seus elementos constitutivos e manifestações. 3) Formação do carácter; princípios sobre que deve assentar. 4) Os estados mórbidos da personalidade: a mentira, a preguiça, a timidez, a cólera, as fobias das crianças. 5) Patologia da vontade. 6) Os vícios da educação tradicional. 7) Educação moral e cívica das crianças, segundo os princípios da pedagogia moderna. 8) A moral na escola.



VI

O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno de Coimbra, pela aplicação do método auxanológico



O estudo do «crescimento», pelo método auxanológico, faz-se presentemente, sob a nossa direcção, em alunos internos do Colégio Moderno, de Coimbra.

As primeiras mensurações foram realizadas, durante os meses de maio e junho, do ano de 1918.

Em maio e junho, dêste ano de 1919, ao prefazerem-se doze meses completos, continuou-se êste serviço antropométrico, que não pôde ser executado em novembro e dezembro (fim do 1.º semestre), como convinha, mercê das ocorrências políticas, que perturbaram a vida nacional.

Foram observados e mensurados (e continuá-lo hão a ser) 115 alunos, de idades que se acham compreendidas entre os dez e os dezoito anos.

As medidas são tomadas, sempre, sobre o corpo nu do aluno; o material pedométrico empregado é aquele que indicámos, a página 145 (nota); e a técnica regula-se, pelas instruções do D.r Paulo Godin, publicadas, a página 243 e seguintes, do seu livro: «La Croissance pendant l'âge scolaire», Paris, 1913.

Alêm das medidas segmentares, relativas ao crescimento físico, colhemos, nas observações, todos os elementos necessários para o estudo da puberdade. E nem sómente nos preocupou a pedometria somática, mas tambêm iniciamos trabalhos, que aproveitem à pedometria psíquica, isto é, à medida da acuidade sensorial, e ao exame psíquico, etológico e psiquiátrico dos alunos.

[169] Nesta primeira exposição, limitar-nos hemos a divulgar os resultados antropométricos obtidos, condensando-os, nos seguintes mapas: 1) das projecções verticais; 2) do pêso; 3) da puberdade.

I


Projecções Verticais Sintéticas (médias)
Idades (anos)
Número de indivíduos
Altura (milímetros)
Busto (milímetros)
Bx100
——————[227]
A
10
9
1,273
0,680
53
11
5
1,382
0,716
51
12
7
1,412
0,724
51
13
14
1,474
0,737
50
14
32
1,496
0,765
51
15
25
1,587
0,800
50
16
15
1,614
0,810
50
17
7
1,649
0,850
51
18
1
1,635
0,844
51
Total
115





[170] Verifica-se, pela leitura dêste primeiro mapa, que o «crescimento» dêstes alunos do Colégio Moderno não se afasta sensivelmente dos resultados gerais, a que chegámos, em relação à criança portuguesa.

Assim, a macrosquelia (característica da adolescência e da puberdade) é evidente, do mesmo modo que tambêm é normal o índice do tronco, que, como se vê, oscila entre 50 e 53.

II


Pêso (médias)
Idades (anos)
Número de indivíduos
Quilogramas
10
9
26
11
5
33
12
7
34
13
14
38,5
14
32
40,5
15
25
42
16
15
43
17
7
54,5
18
1
52
Total
115



E, quanto a crises do «crescimento», a conformidade com a curva, que traçámos[228] é absoluta: veja-se como o ritmo, em geral, se mantêm, e como o paralelismo das acelerações e das acalmias (relativas) se acusa, em todo o percurso da escala.

Sobre pêso, apenas há a observar que, de conformidade com as conclusões a que se tem chegado, a marcha do «crescimento» é regular; e que tambêm de harmonia com [171] a curva do gráfico respectivo[229], a fisionomia desta é análoga.

Segue-se o mapa da puberdade, cuja leitura será, de grande interêsse e importância, para todos quantos se interessem pelos estudos de pedologia, entre nós.


Puberdade (sinais físicos)
Idades (anos)
Número de indivíduos
P1, 2, 3 ou 4[230]
P3 A1[231]
P5 A5[232]
10
9
0
0
0
11
5
0
0
0
12
7
1
0
0
13
14
5
1
0
14
32
12
3
2
15
25
5
13
4
16
15
5
4
5
17
7
0
1
6
18
1
0
0
1
Total
115





[172] Verifica-se, em presença dêste mapa que, sem dúvida por influência do internato, a puberdade, entre os alunos do Colégio Moderno, manifesta-se, um pouco tardiamente, em relação a perto de 50% dêstes alunos.

Efectivamente, antes dos catorze anos, em trinta e cinco alunos, apenas sete, de mais de doze anos, apresentam vestígios dos sinais físicos, característicos da puberdade.

Aos catorze anos, de trinta e dois alunos, só dezassete entram na fase pubertária; e torna-se necessário ultrapassar essa idade, para que todos se submetam à eficiência da lei.

Importa, porêm, notar que, dentre aqueles, em quem o «crescimento» se afirma normal, a puberdade aparece, de facto, pelos catorze anos, de conformidade com o que se acha estabelecido, em relação à criança portuguesa; instala-se, aos quinze; e encerra-se, pelos dezassete anos.



ÍNDICE



Páginas

Nota Preambular

7

Introdução


I—A criança; sua concepção bio-psíquica e social
11

II—Sciências da criança: Pedologia, Psico-pedagogia, Pedagogia experimental; outros ramos da Pedagogia
14

III—A vida da criança; fases que atravessa, durante o «crescimento», ou idades da evolução do organismo humano
18

IV—Elementos e subsídios, de que podemos dispor, para a constituição de uma Pedologia nacional
25

V—Bibliografia portuguesa de assuntos relativos à psicologia e à pedologia
29

PEDOLOGIA SOMÁTICA

O CORPO DA CRIANÇA


Capítulo I—Fases da vida dos organismos. «Crescimento»; suas espécies, e modos de o estudar. Leis do «crescimento», e factores que o modificam 35

Capítulo II—«Crescimento» absoluto; sua determinação, em relação à criança portuguesa; tabelas de médias, e respectivas curvas. O ritmo do «crescimento», em Portugal

39

[174]
Capítulo III—Insuficiência do estudo do «crescimento» absoluto, para a solução de todos os problemas antropométricos. «Crescimento» relativo ou segmentar; sua determinação, tanto sintética, como analítica, pelo confronto dos respectivos elementos 59

Capítulo IV—Medidas segmentares, para avaliação do «crescimento» relativo, ou das proporções do corpo, nas idades de evolução. Cânones antropométricos da criança portuguesa

69

Capítulo V—Processo bio-químico do «crescimento»: osteogénese

105

Capítulo VI—Fórmulas antropométricas do «crescimento» normal, nas idades de evolução. Anomalias do «crescimento»; sua determinação, pelo processo antropométrico

110

Capítulo VII—Doenças das crianças, nas idades de evolução. A mortalidade infantil, em Portugal. «Crescimento» desequilibrado; suas consequências

116

Capítulo VIII—Higiene do «crescimento»; exercícios físicos: jogos e gimnástica

120

Capítulo IX—Evolução geral da mentalidade; fases desta evolução e leis que a regulam. Os factores bio-psíquicos do «crescimento»

125



APÊNDICES


I


Elementos para a organização de uma caderneta pedológica, destinada a sistematizar o estudo do «crescimento»

141

II


A criança portuguesa (sumário da tese apresentada, discutida e integralmente adoptada pelo I Congresso nacional de educação física, realizado em Lisboa, em 1916)

151

III


Programas de Pedologia, e de higiene escolar; prescrições de higiene dentária; e instruções sôbre pedometria, constantes do decreto, n.º 2.213, publicado no «Diário do Govêrno» n.º 24 de 10 de Fevereiro de 1916, que aprovou o regulamento e programas para execução da lei n.º 233 de 7 de Julho de 1914 sôbre o ensino normal primário

157

IV


Decreto n.º 4.900, que reformou as escolas normais superiores

165

V


Índice analítico do 2.º volume desta obra

166

VI


O estudo do «crescimento», no Colégio Moderno, de Coimbra, pela aplicação do método auxanológico

168




Livrarias Aillaud e Bertrand


LISBOA—73, Rua Garrett, 75



ANTOLOGIA PORTUGUESA


Cada volume brochado 1$20
Cada volume encadernado 1$60


A série da ANTOLOGIA PORTUGUESA, que virá a constar de uns trinta volumes, pelo menos, não será apresentada ao público com numeração editorial. Cada possuidor a ordenará como entenda, ou cronológicamente, ou por poetas e prosadores, segundo o seu critério e vontade.



Volumes no prélo e prestes a saír:

Manoel Bernardes, 2 volumes.
Alexandre Herculano, 2 volumes.
Frei Luís de Sousa, 2 volumes.
Guerra Junqueiro, 1 volume.


Em preparação:

Camões lírico, Antonio Vieira
Fernão Lopes, Eça de Queiroz, Bocage,
Lucena, Damião de Góis, Castilho,
Antéro de Figueiredo,
Sá de Miranda, João de Barros,
Camilo,
Os Cancioneiros, Fernão Mendes Pinto,
Gil Vicente, Garrett,
Garcia de Rezende, etc., etc.



Notas:

[1] Cf. o índice analítico, no fim dêste livro.

[2] Cf. Ch. Richet, Essai de psychologie générale, Paris, 1912; G. Bohn, La nouvelle psychologie animale, Paris, 1911; P. H. Souplet, De l'animal à l'enfant, Paris, 1913.

[3] Cf. John Dewey, L'école et l'enfant, Paris, 1913.

[4] Cf. Dewey, Interpretation of the savage mind, apud Psychol. Review, 1902, pág. 217 e segs.

[5] Cf. Th. Ruyssen, Essai sur l'évolution psychólogique du jugement, Paris, 1904.

[6] Cf. G. Persigout, Essais de Pédologie générale, Paris, 1909.

[7] E. Claparède, Psychologie de l'enfant et Pédagogie expérimentale, Paris, 1916.

[8] Cf. Preyer, Physiologie de l'embryon, Paris, 1885; Ch. Letourneau, La Biologie (origine et lois de la vie), Paris, 1912; A. Soulié, Précis d'anatomie topographique, Paris, 1911.

[9] Cf. E. Claparède, Psychologie de l'enfant et Pédagogie expérimentale, Paris, 1916.

[10] Cf. Pérez, La psychologie de l'enfant, Paris, 1878; Preyer, L'âme de l'enfant, Paris, 1881.

[11] Cf. The psychology of child development, Chicago, 1903.

[12] Para o estudo de todos êstes problemas, cf. E. Roehrich, Philosophie de l'éducation (essai de pédagogie générale), obra premiada pelo Instituto de França, Paris, 1910; L. Cellerier, Esquisse d'une science pédagogique, Paris, 1910; J. Dubois, Le problème pédagogique, Paris, 1911; L. Dugas, Le problème de l'éducation, Paris, 1911; J. de la Vaissière, Psychol. Pédag., Paris, 1916.

[13] Cf. Paul Barth, Principi di Pedagogia e didattica, trad. ital., Milão, 1917.

[14] Cf. J. Carré et Roger Liquier, Traité de Pédagogie scolaire, Paris, 1905.

[15] Cf. E. Brouard, Inspection des écoles primaires, Paris, 1887.

[16] Cf. E. Claparède, Ob. cit.; G. Persigout, Ob. cit.; E. Blum, La pedologie, apud L'année psychologique, 5.º Vol., Paris, 1899.

[17] A criança pensa e age, segundo leis diferentes, à medida que evoluciona da infância à puerícia e daí à puberdade. Cf. Dr. Alves dos Santos, O Ensino primário em Portugal (nas suas relações com a história geral da Nação), Pôrto, 1913, pág. 201.

[18] Cf. J. M. Baldwin, El desenvolvimiento mental en el niño y en la raza, trad. esp. , Barcelona, 1910; J. Wilbois, Les nouvelles méthodes d'éducation, Paris, 1914; P. Hachet-Souplet, De l'animal à l'enfant, Paris, 1913.

[19] Cf. Th. Ribot, L'hérédité psychologique, Paris, 1910; Davidson, The recapitulation theory and human infancy, New-York, 1914; Jacques Loeb, Fisiologia comparata del cervello e psicologia comparata, trad. ital., Milão, 1908.

[20] Há outros critérios de classificação das idades do crescimento; por exemplo: o critério psico-biológico da aparição dos interesses; o critério psicológico da adaptação sensorial; o critério didascálico; etc.; etc. Cf. E. Claparède, Ob. cit.; G. Stanley Hall, Adolescence its psychology and its relations to physiology, anthropology, sociology, sex, crime, religion and education, New-York, 1911.

[21] Cf. Dr. Alves dos Santos, O crescimento da criança portuguesa, Coimbra, 1917.

[22] Cf. Année psychologique, 1911, pág. 48; Th. Ruyssen, Essai sur l'évolution psychologique du jugement, Paris, 1904, pág. 71 e segs.; Ch. Letourneau, La psychologie ethnique, Paris, pág. 25 e segs.; E. Apert, Les maladies des enfants, Paris, 1914.

[23] Cf. E. Cramaussel, Le premier éveil intellectuel de l'enfant, Paris, 1911.

[24] A evolução dentária é um fenómeno contínuo, que tem a sua origem no segundo mês da vida intra-uterina, embora a erupção dos dentes só principie, pelo sexto mês, depois do nascimento. Os primeiros dentes são os incisivos inferiores medianos; entre os oito e os dez meses, irrompem os incisivos superiores medianos; pelo décimo mês, os incisivos superiores laterais; do décimo até ao décimo segundo mês, os incisivos inferiores laterais. Depois do primeiro ano, aparece todo o grupo dos oito incisivos. Até aos quinze meses, saem os quatro primeiros prè-molares; pelos dois anos, os quatro caninos; pelos dois anos e meio, os quatro últimos prè-molares.

[25] Cf. Th. Ruyssen, Ob. cit.; Ch. Letourneau, La psychologie ethnique, cit.

[26] Cf. B. Perez, Les trois premières années de l'enfant, Paris, 1911, pág. 289 e segs.

[27] Tôda a criança que, aos dezasseis mêses, não andar, deve ter-se por suspeita de raquitismo, ou de afecções crónicas do sistema nervoso. Cf. E. Apert. Les maladies des enfants, cit., pág. 16.

[28] Os vinte dentes do leite começam a caír, pelos sete anos, sendo substituídos, sucessivamente, pela mesma ordem da sua aparição, por dentes definitivos. Os incisivos medianos são substituídos, dos sete para os oito anos; os laterais, dos oito para os nove; os primeiros prè-molares, pelos dez anos; os caninos, pelos onze; os segundos prè-molares, dos doze para os treze anos. Ao mesmo tempo, completa-se o sistema dentário, pela erupção dos grandes molares, nos espaços ainda livres das maxilas: pelos seis anos, os quatro primeiros grandes molares; pelos doze anos, os segundos grandes molares; finalmente, pelos vinte anos, os últimos grandes molares (dentes do siso). Cf. Apert., Ob. cit., pág. 14.

[29] G. Compayré, L'adolescence, Paris, 1909, pág. 187.

[30] La Croissance pendant l'âge scolaire, Paris, 1913, pág. 114.

[31] Cf. Dr. Alves dos Santos, O «crescimento» da criança portuguesa, Coimbra, 1917; e apèndice ao presente livro.

[32] Cf. Dr. Alves dos Santos, Ob. cit., pág. 64, nota 3.ª

[33] Esta escola tem uma aula de educação dos sentidos, e publica, actualmente, um Boletim, que é a continuação da Revista de Pedagogia (Educação), da qual saíram doze números.

[34] Esta Instituição publica estudos e trabalhos sobre as crianças, numa Revista mensal, que tem por título «A Tutoria».

[35] Esta Sociedade tem por órgão um Boletim trimestral (Revista de Educação Geral e Técnica), onde são publicados os resultados das investigações, a que procede, sobre «o desenvolvimento físico e, psíquico da criança».

[36] Cf. Dr. Alves dos Santos, Psicologia e Pedologia (relatório uma missão de estudo, no estrangeiro), Coímbra, 1913.

[37] Cf. V. Houssay, La forme et la vie, Paris, 1900.

[38] Cf. Dr. Alves dos Santos, O «crescimento» da criança portuguesa (subsídios para a constituíção de uma pedologia nacional), Coímbra, 1917, pág. 63 e segs.

[39] Cf. Dr. Alves dos Santos, Ob. cit.; P. Godin, La croissance pendant l'âge scolaire, Paris, 1913; E. Apert, Maladies des enfants, Paris, 1914; J. Comby, Traité du rachitisme, Paris, 1901; J. Philippe, Les anomalies mentales chez les écoliers, Paris, 1905.

[40] Cf. Dr. Alves dos Santos, O «crescimento» da criança portuguesa, cit., pág. 7 e segs.

[41] Cf. Dr. Alves dos Santos, O «crescimento» da criança portuguesa, Ob. cit., pág. 10 e segs.

[42] Anuários do Rial Colégio Militar: anos de 1899-1900; 1900-1901; 1901-1902; 1902-1903; 1903-1904; 1904-1905.

[43] La gymnastique médicale au collège de Campolide, 1910.

[44] Cf. Memória do Terceiro Congresso Pedagógico, promovido pela Liga Nacional de Instrução, Lisboa, 1913, pág. 211 e segs.: Contribuição ao estudo do crescimento da criança portuguesa.

[45] Cf. Alfredo da Costa, Quelques renseignements statistiques sur la maternité provisoire de Lisbonne, Lisboa, 1906.

[46] Cf. Relatórios dos serviços médicos e farmacêuticos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, anos económicos de 1907-1908 a 1912-1913, seis fascículos.

[47] Sobre as medidas pedométricas, a que se referem os n.os 6, 7, 8, 9 e 10, cf. o nosso livro, cit. O crescimento da criança portuguesa.

[48] Cf. E. J. Marey, La méthode graphique dans les sciences expérimentales, Paris, 1885; E. Claparède, Psychologie de l'enfant et pédagogie expérimentale, Genève, 1916.

[49] Cf. Anthropométrie ou mésure des différentes facultés de l'homme, Bruxelles, 1871.

[50]

TAILLE MOYENNE DES PORTUGAIS CONTEMPORAINS, DISTRIBUÉS PAR PROVINCES


Provinces
(Caractères
démonstratifs)
TAILLE
Hommes
Femmes
Moyenne
Millimètres
Basse
Moyenne
Haute
M=Minho
1627.95
Jusqu'à
1520
De
1521mm
jusqu'à
1620
Au
dessus
de
1621mm
TM=Trás-os-Montes
1645.53
D=Douro
1652.64
BA=Beira Alta
1630.15
BB=Beira Baixa
1646.83
E=Estremadura
1634.55
A=Alentejo
1625.34
Alg=Algarve
1633.20
IA=Ile des Açores
1651.45
IM=Ile de Madère

33.33%
54%
12.67%
Moyenne générale
1639

Envergure générale
1673
100.00


[51] Cf. Th. Ruyssen, Essai sur l'évolution psychologique du jugement, Paris, 1904, pág. 72.

[52] Cf. Psychologie de l'enfant et pédagogie expérimentale, cit., pág. 419.

[53] Cf. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreira, O peso do corpo da criança (lição de encerramento do curso de pedologia, na escola normal de Lisboa no ano lectivo de 1914-15) apud Archivo de anatomia e anthropologia, Lisboa, 1915, vol. 3.º, n.º 2.

[54] O perímetro torácico ultrapassa, em média, a metade da altura, no adulto; e fica inferior a essa metade, na criança, cuja idade se ache compreendida entre os sete e os dezasseis anos.

[55] Cit. por Stanley Hall, ob. cit., vol. 1, pág. 99.

[56] Cf. Pierre Mendousse, L'âme de l'adolescent, Paris, 1911; A. Marro, La puberté chez l'homme et chez la femme, Paris, 1901.

[57] Cf. P. Godin, La croissance pendant l'âge scolaire, cit.; E. Apert, Les enfants retardataires, Paris, 1902.

[58] Cf. Dr. E. Apert, Les enfants retardataires, Paris, 1902, páginas 10 e segs., donde se extraíu esta fotogravura.

[59] Cf. Pierre Mendousse, L'âme de l'adolescent, cit., P. Godin, ob. cit., Stanley Hall, ob. cit.

[60] Étude sur les rapports anthropométriques en général et sur les principales proportions du corps (Mém. de la Soc. d'Anthrop. de Paris, 1902, vol. II, 3.ª série, fasc. 3.º).

[61] Cf. Der Körper des Kindes, Stuttgart, 1909.

[62] Segundo Deniker, a puberdade faz a sua aparição, nos países quentes, entre os onze e os catorze anos; nos países frios, entre os quinze e os dezoito; e nos países temperados, entre os treze e os dezasseis; acrescentando, porêm, que é mistér contar com as influências étnicas, género de vida, regime alimentar, etc. Cf. Les races et les peuples de la terre, pág. 132.

[63] P. e A. exprimem a eclosão pilar do púbis e das axilas. A mudança da voz e, no sexo feminino, o fluxo menstrual tambêm são características da puberdade. Os expoentes referem-se à quantidade.

[64] Confrontem-se os dados antropométricos inscritos na figura n.º 12, com as tabelas que exprimem as médias de quatro mil mensurações feitas por Variot e Chaumet, em escolas e creches da cidade de Paris. Cf, págs. 54 e 58 dêste trabalho.

[65] Aida nasceu em 14 de dezembro de 1903. Estatura do pai, 1,474; da mãe, 1,579. Doenças: 1) sarampo (aos 2 12 anos); 2) coqueluche (aos 3 anos); 3) bronquite aguda (aos 3 12 anos); 4) enterites freqùentes (dos 6 até aos 11 anos); 5) variola benigna (aos 8 anos); 6) trasorelho (aos 8 anos); 7) escarlatina (aos 11 12 anos). Duas quedas, aos 5 anos. Como o gráfico indica, o crescimento, em altura, a partir dos seis anos, diminue de intensidade, para não recrudescer, senão, pelo aparecimento da puberdade.

Aos onze anos (dezembro de 1914), desenvolvimento dos seios, e P.1. Em 10 de março de 1915, primeiras regras, e P.2. Em setembro, do mesmo ano, P.3 A.1.

[66] Na organização dos cânones antropométricos, temos de acumular esta lacuna, considerando, provisòriamente, valores estrangeiros, que serão substituídos por valores nacionais, quando os houver apurados.

[67] Cf. Prof. Alfredo da Costa, Quelques renseignements, etc., cit., pág. 96, donde são extraídos os elementos desta tabela.

[68] O F designa o diâmetro occipito-frontal (ântero-posterior máximo, da glabela à parte posterior occipital).

B P significa o diâmetro bi-parietal (a maior distância que separa transversalmente as duas bossas parietais).

S O F representa a circunferência do crânio, à altura das bossas frontais.

[69] Cf. ob. cit., pág. 95.

[70] Cf. Mies, Le poids du cerveau des nouveau-nés, apud Revue d'anthropologie, 1889. Dr. G. Paul-Boncour, Anthropologie anatomique, § 3.º. Volume et capacité du crâne. Indice cubique, pág. 261 e segs.

[71] Cf. Quelques considérations sur les dimensions de la tête du foetus à terme, apud Compte-rendu du Congrès intern. de méd., Lisbonne, pág. 277 e segs.

[72] O índice cefálico varia, durante a infância e na puerícia: a sua fixidez não se estabelece, senão a partir dos nove anos. «Ordináriamente, ao nascer, diz J. Deniker, as crianças parecem mais dolicocéfalas, do que os adultos da sua raça; mas, a partir do primeiro mês, a cabeça cresce mais de-pressa, em largura, do que em comprimento...». «As nossas investigações pessoais convencem de que a cabeça do infante aumenta, a princípio, em largura, para chegar, em seguida, gradualmente, à forma definitiva, que se estabelece, pelos dez, doze ou quinze anos, segundo as raças». Races et peuples de la terre, Paris, 1900, págs. 88 e 89.

[73] Cf. Contribuição para o estudo da bacia na mulher portuguesa, Pôrto, 1916, pág. 72 e segs.

[74] Cf. Contribuição para o estudo da bacia, etc., cit.

[75] Cf. Elementos elucidativos sôbre a relação dos índices cefálicos e da estatura com a capacidade craniana, apud O Instituto, 1900, mês de setembro.

[76] Cf. Crânios portugueses, Coímbra, 1906.

[77] Índices cefálicos dos portugueses, Coímbra, 1898.

[78] Estudo de antropometria portuguesa, Lisboa, 1898.

[79] Notas sôbre Portugal, Lisboa, 1908, tomo I.

[80] Cf. Fonseca Cardoso, ob. cit., pág. 66. Cf. tambêm sobre êste assunto, Bento Carqueja, O Povo Português, págs. 47 e segs.

[81] Em França, H. Muffang, professor do liceu de Saint-Brieuc, procedeu, em vários estabelecimentos de ensino do seu país, a investigações cefalométricas, no intuito de verificar, se as leis da antropo-sociologia são ou não aplicáveis a determinados grupos de população; e se existe alguma relação entre as aptidões intelectuais das crianças e as suas dimensões cranianas, ou seu índice cefálico. As conclusões que formulou são as seguintes: «Il semble qu'il existe une rélation entre les formes du crâne et certaines tendances, novatrices ou conservatrices, en matière d'enseignement, et une rélation entre les succés scolaires et les dimensions absolues du crâne. Une plus forte longueur cranienne semble coïncider soit avec plus d'énergie, soit avec plus d'aptitude intellectuele». Cf. Études d'anthropo-sociologie, Paris, 1897, págs. 2 e 3.

[82] Cf. L'homme dans la nature, Paris, 1891, pág. 149.

[83] Cf. G. de Lapouge, Les lois de l'anthropo-sociologie, apud Revue Scientifique, fasc. de outubro de 1897.

[84] Êste diâmetro é o sacro-púbico.

[85] Cf. H. Vierordt, Anatomische, physiologische und physikalische Daten und Tabellen, Iena, 1906.

[86] Alêm das mensurações, que temos indicado, existem outras, pertencentes à Escola de alunos marinheiros do Norte, sobre perímetros do braço, do antebraço, da côxa, da perna, do pescôço, da bacia; sobre a distância inter-mamilar, e outras; sobre a capacidade vital; fôrça muscular, etc.

[87] O índice torácico, que calculamos para cada idade, é o que exprime a relação do diâmetro transverso máximo, multiplicado por 100, com o diâmetro ântero-posterior máximo.

[88] Em Campolide, tambêm se empregava esta mesma técnica. No livro das mensurações, a oitava coluna tinha a seguinte rubrica:

«Diâmetros xifoidianos (transversal e ântero-posterior) tomados durante a inspiração, a expiração e o tempo médio.»

[89] Cf. A. Soulié, Précis d'anatomie topographique, Paris, 1911, pág. 8-12; Godin, ob. cit., P. Topinard, L'anthropologie, págs. 311 e segs.

[90] Proporções de Topinard.

[91] Os valores métricos absolutos dos segmentos são referidos à estatura (1m,66, no homem; 1m,54, na mulher).

[92] Do Vértex ao Queixo.

[93] Do Queixo à Fúrcula esternal.

[94] [95] e [96] Da Fúrcula esternal à base da Bacia.

[97] (Espádua, braço e cotovêlo) do acrómion ao cotovêlo; (antebraço, punho e mão) do cotovêlo à apófise estilóide.

[98] (Anca, côxa e joelho) da base da bacia ao centro do joelho; (Perna e tornozêlo) do joelho ao tornozêlo; (Pé) do tornozêlo ao solo.

[99] Circunferência máxima.

[100] Perímetro xifoidiano.

[101] [102] [103] [104] Sobre estas medidas, cf. P. Godin, ob. cit., págs. 252 e 253.

[105] No plano compreendido entre o ponto metópico e a convexidade occipital (a parte mais saliente).

[106] Entre os parietais, ubicumque inveniatur, de modo a obter o máximo afastamento das pontas do compasso.

[107] Ao nível da extremidade inferior do esterno. É o diâmetro esterno-vertebral.

[108] Ao nível da 8.ª costela.

[109] Sacro-púbico.

[110] Biilíaco (distância entre as cristas ilíacas).

[111] Fórmula do índice pélvico:


Diâmetro sacro-púbico da Bacia x 100
Índice =



Distância entre as cristas ilíacas


[112] Cf. L'homme dans la nature, cit., pág. 126.

[113] O desenho destas figuras pertence ao sr. Eduardo Ferraz, que o executou, sob a nossa direcção.

[114] Cf. António Arroio, O povo português, apud Notas sôbre Portugal, t. II, págs. 73 e segs.; Marques Braga, Ensaio sôbre a psicologia do povo português, Coimbra, 1902.

[115] Cf. J. Augusto Coelho, Evolução geral das sociedades ibéricas, Lisboa, 1908, t. II.

[116] As percentagens e os valores métricos são referidos à altura média do recêm-nascido (0m,50).

[117] Quási a quarta parte da altura.

[118] Quási dois terços da altura.

[119] Braço, antebraço, mão.

[120] Côxa, perna, pé. Pouco mais de um têrço da altura.

[121] Êste índice exprime a relação do diâmetro transverso, multiplicado por 100, com o diâmetro ântero-posterior.

[122] Êste 2.º índice exprime a relação do perímetro torácico, multiplicado por 100, com a altura do corpo.

[123] Ambos os sexos.

[124] Cf. Charlton Bastian, Le cerveau organe de la pensée, t. II, cap. 1.º.

[125] Cf. Ch. Letourneau, La psychologie ethniqne, Paris, págs. 25 e segs.

[126] Cf. Bernard Perez, Les trois premières années de l'enfant, Paris, 1911, págs. 10 e segs.

[127] Cf. P. Hachet-Souplet, De l'animal à l'enfant, Paris, 1913, pág. 127 e segs.

[128] Cf. P. Hachet-Souplet, ob. cit., pág. 127.

[129] Altura total do corpo: 83cm (s. m.); 81cm (s. fem.).

[130] J. J. Rousseau, Émile, ou de l'éducation, 4 vols., La Haye, 1762.

[131] Cf. Th. Ruyssen, Essai sur l'évolution psychologique du jugement, cit., págs. 67 e segs.

[132] Cf. P. Hachet-Souplet, ob. cit., págs. 70 e segs.

[133] Cf. Ed. Cramaussel, Le premier éveil intellectuel de l'enfant, Paris, 1911.

[134] Altura total do corpo: 114cm,5 (s. m.); 106cm (s. fem.).

[135] Cf. M.me Necker de Saussure, L'éducation progressive, L. II, cap. IV; Fr. Queyrat, La logique chez l'enfant, Paris, 1907; B. Perez, L'enfant de trois a sept ans, Paris, 1907.

[136] Cf. Le développement mental chez l'enfant et dans la race, trad. fr., págs. 15 e 16.

[137] Cf. E. Claparède, Psychologie de l'enfant et pedagogie expérimentale, Paris, 1916, págs. 515 e segs.

[138] Altura total do corpo: 154cm,8 (s. m.); 152cm (s. fem.)

[139] Cf. L'âme de l'adolescent, cit., pág. 21.

[140] Cf. Adolescence, etc., cit., t. II, págs. 75 e segs.

[141] «L'adolescence est l'âge de la puberté, l'âge où la sexualité s'établit définitivement, où le garçon devient homme, où la fille devient femme. Et personne ne saurait contester que la puberté marque une étape importante et décisive dans le cours de la vie humaine». Cf. G. Compayré, L'adolescence, Paris, 1909, pág. 5.

[142] Cf. J. Laumonier, La physiologie générale cit.

[143] Cf. Paul-Boncour, Anthropologie anatomique, cit., pág. 56 e segs.

[144] Cf. Topinard, L'anthropologie, cit.; Quételet, Anthropométrie, Paris, 1871; Paul-Boncour, Ob. cit., pág. 60.

[145] Cf. J. Deniker, Les races et les peuples de la terre, Paris, 1900.

[146] Lannois depois de explicar essa transformação, pelo estudo das modificações estruturais que a lâmina cartilaginosa sofre, a partir do seu centro para o ôsso diafisiário, desde o tecido hialino típico, até à zona osteóide ou de ossificação, escreve: «assim se forma o tecido ósseo, primitivamente esponjoso, que se juxtapõe e assimila ao do corpo e da extremidade dos ossos. O modo de ossificação indicado é activo e contínuo, prosseguindo, durante a infância, e exagerando-se na adolescência, muitas vezes, por forma brusca, determinando um crescimento mais ou menos rápido; que, todavia, definitivamente se extingue, dos vinte aos vinte e cinco anos. Se, então, examinarmos a região que corresponde à faixa cartilagínea juxta-epifisiária, nenhuns vestígios encontraremos dela: a cartilagem substituíu o ôsso, sendo completa a fusão da epífise com a diáfise». Cf. Études biologiques sur les géants, cit., págs. 333, 334 e 335.

[147] Cf. L'Anthropologie, cit., pág. 143; cf. mais: Papillaut, L'homme moyen à Paris, apud Bull. et Mém. de la Soc. d'Anthrop., 1902; P. E. Launois, Causes et consèquences de la prolongation de l'ossification des cartilages de conjugaison, apud Compt. rendus de l'association des anatomistes, Liège, 1903; Alexis Julien, Loi de l'apparition du premier point épiphysaire des os longs, 1892.

[148] Cf. Dr. G. Paul-Boncour, Anthropologie anatomique, cit, pág. 117 e seg.

[149] Cf. Alves dos Santos, O Crescimento da Criança portuguesa, cit., pág. 78-80 e 90; 71-77.

[150] As notações que apresentamos, representativas aliás de grande número de mensurações, divergem muito do índice torácico de Weisgerber, pelo que respeita ao adulto, pois que o fixa em 118. Cf. P. Topinard, L'homme dans la nature, cit., pág. 260.

[151] Cf. Dr. L. Manouvrier, Étude sur les rapports anthropométriques en général et sur les principales proportions du corps, apud Mém. de la Soc. anthr., Paris, 1902, T. II.

[152] Cf. Dr. E. Apert, Les enfants retardataires, Paris, 1902; J. Comby, Traité du rachitisme, Paris, 1901.

[153] Cf. E. Regis, Précis de psychiatrie, Paris, 1914; Baréty, De l'infantilisme, du sénilisme, du féminisme, du masculisme et du facies scrofuleux, Nice médical, 1876.

[154] Cf. L. Testut, Traité d'anatomie humaine, Paris, 1911, T. III, 6.ª ed., págs. 762 e segs.

[155] Cf. La physiologie générale, cit., págs. 424-426.

J. Héricourt atribue tambêm à insuficiência funcional da glândula tiroide outros acidentes e perturbações, que pertencem ao reumatismo crónico: dôres nervosas e musculares, retracções aponevróticas, cefalalgias, moléstias de pele, etc.

Cf. L'hygiène moderne, Paris, 1907, pág. 12.

[156] O sr. Dr. A. Aurélio da Costa Ferreíra, num artigo publicado na Medicina Moderna (fevereiro de 1917) atribue a gaguez a excessos de secreção da glândula tiroide. Cf. Anuário da Casa-Pia, 1916-1917, pág. 544-546; cf. tambêm do mesmo autor, Dois sphygmogramas de gagos, Lisboa, 1918.

Sobre as relações do corpo tiroide com as perturbações da ossificação, cf. C. Denis, De l'influence de la glande thyròide sur le développement du squelette, Lyon, 1896; Boullenger, De l'action de la glande thyròide sur la croissance, Paris, 1896; Rogowitch, Effets de l'ablation du corps thyròide, apud Arch. de Physiol., nov. de 1888; Gley, Sur les fonctions du corps thyròide, apud Arch. de physiol. norm. et pathol., Paris, 1892; P. E. Launois, Études biologiques sur les géants, cit., págs. 340 e segs.; Iunta para ampliacion de estudios... Anales, T. XVII, memoria 3.ª, Investigaciones acerca de la inervación del páncreas como glándula de secreción interna, por José Maria de Corral, Madrid, 1918.

[157] Cf. E. Apert, Maladies des enfants, cit., M. Springer, Études sur la croissance et son rôle en pathologie, Paris, 1890; J. Comby, Traité des maladies de l'enfance, Paris, 1899; Maladies de croissance, apud Arch. de Médéc., 1890.

[158] Cf. Dr. Álvaro F. de Novais e Sousa, Assistência e Maternidade, Coímbra, 1915; Sobral Cid, Mortalité infantile en Portugal—XV Congrès International de Médicine, Lisboa, 1906.

[159] Cf. Boletim mensal de estatística demográfico-sanitária, Lisboa, Impr. Nacional.

[160] Cf. Anuário estatístico de Portugal (vol.es de 1903 a 1916), Lisboa, Impr. Nac.

[161] Cf. Dr. Novaís e Sousa, ob. cit., págs. 5 e segs.

[162] Êste gráfico foi-nos amavelmente cedido pelo snr. Dr. Novais e Sousa, que o publicou, pela primeira vez, na Assistência e Maternidade, cit.

[163] Cf. Pierre Mendousse, L'âme de l'adolescent, cit.

[164] Cf. Paul Godin, ob. cit., pág. 143 e segs.

[165] Cf. Paul Godin, ob. cit., pág. 152 e segs.

[166] Cf. Dr. E. Claparède, Psychologie de l'enfant, etc., cit., pág. 429 e segs.; Fréd. Queyrat, Les jeux des enfants, Paris, 2.ª ed., 1908; Dr. Alves dos Santos, O ensino primário em Portugal, cit.; Stanley Hall, Adolescence, etc., cit.; Colozza, Psychol. und Pädagogik des Kinderspiels, Altenburg, 1900.

[167] Cf. J. Wilbois, Les nouvelles méthodes de l'éducation, Paris, 1914.

[168] Cf. P. Hachet-Souplet, De l'animal à l'enfant, Paris, 1913; Th. Ribot, L'hérédité psychologique, Paris, 1910.

[169] Cf. para conhecimento dessas classificações, Dr. E. Claparède, ob. cit., págs. 462 e segs.; Queyrat, Les jeux de l'enfant, Paris, 1905.

[170] Cf. António Alfredo Alves, Jogos infantis, apud Revista de educação, Lisboa, julho de 1912; F. Adolfo Coelho, Jogos e rimas infantis, Pòrto; Augusto Pires de Lima, Jogos e canções infantis, Pòrto, 1916.

[171] Pertencem a Mosso estas palavras concludentes: «Até há pouco tempo, os educadores e os fisiologistas limitavam-se a dizer que a gimnástica alemã era inútil e perigosa; começa-se a dizer agora que essa gimnástica é prejudicial. Cf. Éducation physique de la jeunesse, Paris, 1895, pág. 256. E Cellérier acrescenta: «A gimnástica não passa de uma abstracção do jôgo; tiraram-lhe os atractivos dêste para lhe conservarem apenas o esfòrço e a fadiga, que importa». Cf. Esquisse d'une science pédagogique, Paris, 1910, págs. 192 e 193.

[172] O homem nasce, vive e morre, num meio aéreo; por isso, o ciclo da vida compreende-se entre uma inspiração inicial e uma expiração final. A vida é, portanto, uma oxidação, assegurada pelo jôgo elástico dos pulmões e do coração. Donde resulta que tôda a gimnástica (para ser racional) deve facilitar aquele jôgo, isto é, ser respiratória. Cf. Dr. Tissié, Précis de gymnástique rationelle, Paris, 1900.

[173] Cf. Dr. Desfossés, La gymnastique respiratoire chez les enfants, Paris, 1900. Cf. Tambêm P. Barth, Pedagogia e Didatica, trad. ital., Turim, 1917, pág. 453 e segs.

[174] Cf. Dr. E. Toulouse, Le Cerveau, Paris, 1901; Th. Ribot, Les maladies de la mémoire, Paris, 1900; Ch. Richet, Essai de psychologie générale, Paris, 1912.

[175] Cf. Claude Bernard, La science expérimentale, Paris, 1878, págs. 367-403; K. Pearson, La grammaire de la science, trad. franç. do inglês, Paris, 1912, pág. 49 e segs.

[176] Cf. R. Turro, La méthode objective, apud Revue philosophique, n.os 10 e 11, de out. e nov. de 1916.

[177] Cf. G. Bohn, La nouvelle psychologie animale, cit., pág. 17 e segs.

[178] Cf. Jacques Loeb, Die Bedeutung der Tropismen für die Tierpsycholog.; E. Gley, Études de psychologie physiol. et pathol., Paris, 1903.

[179] Cf. Ch. Richet, Dictionnaire de physiol., pal. cerveau; W. James, Principii dí psicologia, trad. ital., Milão, 1909, pág. 10-91.

[180] Cf. James Sully, Études sur l'enfance, trad. franç., Paris, 1898; Ch. Letourneau, La psychologie éthnique, Paris, 1900.

[181] Cf. Traité International de Psychologie Pathologique, Paris, 1911-1912, T. I, cit.; P. Flechsig, Études sur le cerveau, trad. franç., Paris, 1898; J. P. Morat, Traité de physiologie (Fonctions d'innervation), Paris, 1902; W. Bechterew, La psychologie objective, Paris, 1913; Meumann, Experimentelle Pädagogik, 1907; W. James, Principii di psicologia, cit.

[182] Cf. Ch. Letourneau, La psychol. éthn., cit.

[183] Cf. J. Deniker, Les races et les peuples de la terre, cit., pág. 119 e segs.

[184] Traité Intern. de psychol. pathol. T. I, cit., pág. 472.

[185] As notações que o diagrama (fig. n.º 19) exprime, pertencem aos cânones antropométricos, expostos a páginas 85-104.

[186] Cf. J. Deniker, Ob. cit., pág. 123; Traité intern. de psych. pathol., cit. T. I, págs. 297-314; H. Höffding, Esquisse d'une psychologie fondée sur l'expérience, Paris, 1909, págs. 39-94; 118-122; W. James, Ob. cit.; Preyer, L'âme de l'enfant, págs. 298—304.

[187] Os elementos que consideramos para a concepção desta curva, assim como os da curva da consciência (fig. n.º 22) são hauridos dos testemunhos dos psicólogos e dos fisiologistas, dispersos pelos livros de sciência, e tambêm da observação e da experiência pessoal. A forma gráfica dessa concepção é absolutamente original.

[188] Cf. o pref. do T. II do Traité international de psychologie pathologique, cit.

[189] Cf. Ch. Feré, Sensation et mouvement, Paris, 1900, pág. 94 e segs.

[190] Cf. B. Perez, Les trois premières années de l'enfant, Paris, 1911, com pref. de James Sully; págs. 1-9.

[191] Cf. páginas 18 e segs. Cf. Preyer, L'âme de l'enfant, trad. franç. cit; B. Perez, Les trois premières années de l'enfant, Paris, 1911; A criança, quando nasce, exerce duas espécies de actividades (ambas inconscientes): 1) reacções, consecutivas a excitações (reflexas); 2) actos hereditários, necessários à manutenção da vida (instintos). Os centros nervosos dêstes movimentos encontram-se no eixo cinzento (medula) e nos centros sub-corticais.

[192] A linguagem é função do sistema nervoso. Depois dos centros nervosos hereditários, e dos centros corticais sensoriais, o primeiro centro que se organiza é o da linguagem falada; mas esta só existirá verdadeiramente, quando existir uma perfeita imagem cerebral, isto é, uma idea ou um símbolo, de que seja expressão.

Aos sons inarticulados do recêm-nascido (puras reflexas do sistema nervoso), segue-se a linguagem imitativa e balbuciada do infante; depois a palavra rudimentar da criança que atinge o fim do primeiro ano; e só, por último, é que surge a linguagem propriamente dita, isto é, a linguagem, como expressão do pensamento. Cf. Dr. Alves dos Santos, Elementos de Filosofia scientífica, 2.ª ed., Lisboa, 1918, pág. 221 e segs.; Revue Philosophique, Jan. de 1918, fasc. n.º 1.

[193] Pertencem à adolescência e ao período peri-pubertário, como características, que lhes são específicas:

1) espírito combativo e audaz;

2) optimismo; ingenuidade; consciência do próprio valor;

3) coragem; luta contra o mêdo;

4) egotismo ou egocentrismo (expansão da personalidade; amor de si);

5) sociabilidade;

6) instabilidade (mental e moral);

7) superactividade e dinamogenia dos sentimentos; etc., etc. Cf. Pierre Mendousse, L'âme de l'adolescent, Paris, 1911; G. Compayré, L'adolescence, Paris, 1909.

[194] A êste paralelismo chama A. Marie: lei da simultaneidade e da correlação necessária entre a energia nervosa e a actividade mental.

[195] Meios de fortuna ou recursos materiais dos pais ou tutores.

[196] Conduta (normal ou anormal) da família.

[197] Profissão dos progenitores ou tutores.

[198] Oficial, particular ou doméstico.

[199] Fisiológicos e patológicos.

[200] Dentição, marcha, fala (épocas em que se produziram).

[201] Acidentes (doenças, quedas, traumatismos, assimetrias).

[202] Bom, mau, péssimo; grande, pequeno, médio; nutrido, magro, esquelético; esbelto, atarracado.

[203] Estado da pele; sua coloração e dos cabelos.

[204] «Crescimento» (normal ou anormal) do sistema ósseo.

[205] Estado da bôca e dos dentes.

[206] Determinação da capacidade vital (quantidade de ar que podem conter os pulmões dilatados): 3 a 4,m3 no adulto, normal. Freqùência de respiração: a) no adulto, normal, 14 a 18 respirações, por minuto; b) no recêm-nascido, 50; c) nas idades intermediárias, entre 15 e 45, caminhando para êsses extremos, consoante a criança, pela sua idade, se aproxima ou afasta da recêm-nascença. Cada respiração compreende uma inspiração e uma expiração. A capacidade vital mede-se com o espirómetro.

[207] estado da circulação sanguínea pode apreciar-se, por meio do cardiógrafo (que mede ou regista as pulsações do coração), do pneumógrafo (que avalia a amplitude torácica), e do esfigmógrafo (que mede as pulsações da artéria radial (pulso). Segundo Mathias Duval, o número médio de pulsações, por minuto (medidas com o auxílio dum relógio, de segundos), em regra, é: à nascença, 160 a 180; 2) no fim do primeiro ano, 100 a 115; 3) na puerícia (pelos 7 anos), 90 a 100; 4) no período peri-pubertário, de 80 a 90; 5) na idade adulta, 70 a 75.

[208] Desenvolvimento dos órgãos genitais; e sinais da puberdade.

[209] Desenvolvimento da musculatura.

[210] Tonus ou capacidade de reacção.

[211] Defeitos de construção orgânica.

[212] Modificações sobrevindas, durante o «crescimento».

[213] Fôrça muscular (das mãos, dos rins, etc.), medida pelos dinamómetros.

[214] Fadiga física e fadiga mental; sua medida, por processos directos e indirectos.

[215] Observação geral: Tòdas as medidas são tomadas sôbre a criança nua. O material pedométrico é o auxanómetro de Paul Godin: dois compassos de espessura (um, mais pequeno, para medidas cranianas; outro, maior, para os diâmetros torácicos); uma fita métrica inextensível, para as circunferências; e uma balança de precisão, para as pesagens.

O perímetro torácico mede-se à altura da extremidade inferior do esterno, na sua articulação com o apêndice xifóide.

O diâmetro vertical do crânio toma-se, desde o vértex ao anti-tragus.

O diâmetro vertical do tronco mede-se, desde a fúrcula esternal até ao grande-trocânter.

Antebraço (máximo) representa a grossura muscular; (mínimo) representa a grossura óssea (pulso).

[216] E (estatura) B (busto).

[217] C (cérebro) V (vísceras).

[218] O (ossatura).

[219] S (superfície do corpo) E (estatura) D (diâmetro ântero-posterior máximo do crânio) d (diâmetro bi-acromial).

[220] Eclosão pilar do púbis. Primeiros sinais da Puberdade.

[221] Instalação da Puberdade. P (púbis) A (axilas).

[222] Encerramento do período pubertário.

[223] D. tr. (diâmetro transverso do crânio) D. ant. p. m. (diâmetro ântero-posterior máximo do crânio).

[224] D. transv. (diâmetro transverso do tórax) D. ant. post. (diâmetro ântero-posterior do tórax).

[225] D. s. p. b. (diâmetro sacro-púbico da bacia) Dist. cr. ilíacas (distância entre as cristas ilíacas).

[226] É a fórmula de Pignet.—C. R. (coeficiente de robustez física) E (estatura) P (pêso) Per. T. (perímetro torácio) insp. (inspiração) exp. (expiração).

[227] Índice do tronco.

[228] Cf. pág. 48.

[229] Cf. pág. 53.

[230] Aparição da Puberdade.

[231] Instalação da Puberdade.

[232] Encerramento da Puberdade.



Lista de erros corrigidos

Aqui encontram-se listados todos os erros encontrados e corrigidos:


Original Correcção
#pág. 59 semgentares ... segmentares
#pág. 113 «crescimento anormal, ... «crescimento anormal»,


No quadro 5, na linha 13 da última coluna, o número surge sumido na obra original.
Sendo esse número resultado da média de valores apresentados anteriormente, conclui que esse seja "133".