The Project Gutenberg EBook of O Infante Navegador, by Alfredo Campos

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Title: O Infante Navegador

Author: Alfredo Campos

Release Date: June 1, 2010 [EBook #32647]

Language: Portuguese

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ALFREDO CAMPOS


O INFANTE NAVEGADOR

POEMETO

COM UM PREFACIO

DE

JOÃO PENHA

 

 

 

 

PORTO
Livraria Internacional de Ernesto Chardron
Casa editora
M. LUGAN, Successor
1894
Todos os direitos reservados

 

 

 

 

PORTO—TYP. DE A. J. DA SILVA TEIXEIRA

Cancella Velha, 70

 

ALFREDO CAMPOS


O INFANTE NAVEGADOR

POEMETO

COM UM PREFACIO

DE

JOÃO PENHA

 

 

 

 

PORTO
Livraria Internacional de Ernesto Chardron
Casa editora
M. LUGAN, Successor
1894
Todos os direitos reservados

 

 

 

 

AO ILL.MO E EXC.MO SNR.

 

 

Conselheiro Luis Augusto Pimentel Pinto

 

 

RESPEITOSAMENTE OFFERECE

 

O AUCTOR.

 

 

 

 

Ill.mo e Exc.mo Snr.

 

Tomo a liberdade de offerecer a V. Exc.ª este modestissimo trabalho, não porque o tenha como valioso, mas, sim, para significar a V. Exc.ª, por esta maneira, a consideração, estima e gratidão, que tributo a V. Exc.ª, aquellas por sympathia, esta pelas provas de deferencia, benevolencia e bondade que de V. Exc.ª hei recebido, civil e militarmente.

Sei que V. Exc.ª me concederá a mercê, de o acceitar, e penhorado agradeço a graça.

Considere-me V. Exc.ª como quem muito se honra, subscrevendo-se

 

De V. Exc.ª

Ovar, 1 de Janeiro de 1894.

subordinado, attento venerador, obrigado e admirador

Alfredo Campos

Major d'Infantaria.

 

PREFACIO

Em 1865, alguns poetas que se achavam reunidos no cubiculo interior da modesta livraria de um editor de Paris, resolveram, depois de animada discussão, inter pocula, publicar um periodico de versos.

Esses poetas eram: François Coppée, André Lemoyne, Paul Verlaine, Léon Dierx, e José Maria de Heredia; o editor era Lemerre.

Ha um proverbio francez que diz que não ha ninguem que, uma vez na vida, não encontre a occasião de se enriquecer: tudo depende de não a deixar escapar.

Para Lemerre o momento psychologico, de que mysteriosamente dependia a sua fortuna, foi aquelle.

Viu a Occasião, agarrou-a pelos cabellos, e no mez de janeiro do anno seguinte dava á luz o 1.º numero do periodico, que fôra intitulado: Parnasse Contemporain. Era mensal, e d'elle ha publicadas tres séries; a primeira abrange o anno de 1866, a segunda, principiada em 1869, e interrompida pela guerra franco-prussiana, concluiu em 1871; a terceira e ultima sahiu em 1876.

O exito d'esta publicação foi enorme: a edição esgotou-se, e Lemerre, que a encetára pobre, em dia de bons auspicios, ganhou alentos e é actualmente um dos mais faustosos editores da grande cidade.

Do titulo do periodico adveio para os seus numerosos collaboradores a denominação de poetas parnasianos.

Catulle Mendès dá-lhe outra origem, mas a real é a que deixamos indicada: estas coisas vêem-se melhor de longe do que de perto.

Já ha muito publicavamos em Coimbra a Folha, quando Eça de Queiroz, enthusiasmado, nos assignalou o novo periodico, incitando-nos a implantar entre nós a que elle chamava poesia do futuro.

Acostumados á leitura exclusiva dos cinco ou seis poetas que, por aquella épocha, se liam e discutiam em Coimbra, surprehendeu-nos a nova publicação, não tanto pela novidade que poderia notar-se no seu elemento poetico propriamente dito, mas sim, principalmente, pela correcção quasi scientifica da fórma.

Póde affirmar-se que foi ahi que, em França, teve principio a moderna evolução do verso, evolução que nós, que absolutamente desconheciamos aquelle movimento, tambem tinhamos iniciado na Folha.

Este phenomeno poderia explicar-se por uma das leis de Vico.

Dissemos que no Parnaso não havia innovações no elemento poetico, e realmente, a não ser a exclusão de alguns dos velhos assumptos convencionaes, o que se observava era que os novos poetas (não nos referimos á sua idade segundo os repertorios) continuavam como até ali a poetar, de harmonia com os seus temperamentos, segundo a sua propria originalidade. Via-se que os não unia nem communhão de idéas ou de sentimentos e tradições, nem até um mesmo systema ou methodo de execução: não formavam uma escóla: unia-os apenas um principio, que manifestamente haviam adoptado por influencia de Th. Gautier e de Banville, o de que poesia sem arte não é poesia; não tem outro valor senão o dos pensamentos que contém: é prosa.

Para esses parnasianos, portanto, que são os que actualmente constituem a mais gloriosa constellação de poetas do seculo XIX, isto é, para Baudelaire, F. Coppée, Sully-Prudhomme, Soulary, Leconte de Lisle, André Lemoyne, Glatigny, Catulle Mendès, Armand Silvestre, Th. de Banville, Léon Valade, Paul Verlaine, Léon Dierx, José Maria de Heredia, Em. des Essarts, e para muitos outros, não ha arte aonde o verso não é absolutamente correcto.

Mas, a evolução da fórma consistirá só n'isso, parará ahi?

Com certeza que não.

Aquelle principio adoptado pelos parnasianos, não é realmente novo; os grandes poetas latinos sempre o seguiram, e foi na Epistola ad Pisones, que o Tasso, Camões, Ariosto, e outros, o encontraram, adoptando-o.

O conhecimento amplissimo da lingua, tão necessario para quem faz um poema, como o da combinação das côres para quem pinta um quadro, e a sciencia da revelação do pensamento pela fórma mais nitida, mais perfeita e mais adequada a esse pensamento, são as duas bases em que assenta aquelle principio.

O primeiro d'estes elementos de construcção e de composição technica estuda-se nos classicos; o segundo nas obras dos grandes escriptores. Este, porém, deve-o sobretudo estudar o poeta comsigo mesmo; porque um mesmo pensamento não só póde ser apresentado, sem alteração alguma, por palavras diversas, mas tambem pelas mesmas palavras combinadas de maneiras differentes.

Já o Mestre de Philosophia o indicava, na comedia de Molière, ao Burguez Gentilhomem:

Mr. Jourdain sentira-se enamorado de uma dama da sociedade elegante, e queria escrever-lhe qualquer coisa n'um bilhetinho, que lhe deixaria cahir aos pés.

A este respeito abriu-se com o seu Mestre de Philosophia.

—«É em verso que quer escrever-lhe?—perguntou-lhe este.

—Não; nada de verso.

—Então quer tudo em prosa?

—Não; não quero nem prosa nem verso.

—Ha de ser uma ou outra coisa.

—Porque?

—Por uma razão muito simples; porque para nos exprimirmos não ha senão a prosa ou os versos.

—Não ha senão a prosa ou os versos?

—Não. Tudo que não é prosa é verso, e tudo que não é verso é prosa.

—E, quando eu fallo, isso que é?

—É prosa.

—Como! quando eu digo: ó José, traz-me os meus sapatos, e dá-me o meu barrete de dormir, isto é prosa?

—Sim, senhor.

—É boa! Ha quarenta annos que fallo em prosa sem o saber! Muito obrigado pelas suas instrucções. O que eu queria pôr no bilhete era:—Bella marqueza, seus bellos olhos fazem-me morrer d'amor; mas queria que isto fosse posto de uma maneira galante, torneado com elegancia.

—Pôr: que o fogo dos seus olhos lhe reduz o coração a cinzas, que soffre dia e noite as violencias d'um...

—Não, não, não. Não quero nada d'isso. Não quero senão o que lhe disse:—Bella marqueza, seus bellos olhos fazem-me morrer d'amor.

—Comtudo, sempre é necessario estender isso um pouco mais.

—Não, repito. Não quero senão essas unicas palavras no bilhete, mas torneadas á moda, arranjadas como o devem ser. Obsequeia-me, dizendo-me, para eu ver, as diversas maneiras de as pôr.

—Primeiramente podem pôr-se da maneira que me disse: Bella marqueza, seus bellos olhos fazem-me morrer d'amor. Ou então:—D'amor morrer me fazem, bella marqueza, seus bellos olhos. Ou então:—Seus olhos bellos, d'amor me fazem, bella marqueza, morrer. Ou então:—Morrer seus bellos olhos, bella marquesa, d'amor me fazem. Ou então:—Me fazem, seus olhos bellos morrer, bella marqueza, d'amor.

—Mas de todas essas maneiras qual é a melhor?

—A sua: Bella marqueza, seus bellos olhos fazem-me morrer d'amor!

—E comtudo não tive estudos, fiz isso logo á primeira! Muitissimo obrigado».

A resposta final do Mestre de Philosophia, se o caso não fosse de puro gracejo, não poderia ser applicada, sem restricções, ao verso, não só porque das diversas formulas de qualquer pensamento deve ser escolhida a que fôr melhor segundo as circumstancias, mas tambem porque, como diz um poeta obscuro:

«Prosa e verso têm balisas».

Tudo isto, porém: conhecimento cabal da lingua, e sciencia technica da construcção, não passa do que é estrictamente rudimental na composição poetica.

A moderna evolução do verso, iniciada, como dissemos, pelos parnasianos, tende, no seu movimento ascensional para a perfeição artistica, a pôr de accordo o pensamento e a fórma, a idéa e o som, a melodia e a harmonia.

A este respeito, transcreveremos aqui as idéas que já n'outra parte expozemos.

«Em toda a composição poetica é indispensavel o elemento musical; sem este elemento, essa composição, embora rithmada e rimada, não transpõe os limites da prosa. Tanto o prosador, como o poeta, trabalham a mesma materia prima: o pensamento; o primeiro, porém, é apenas uma especie de artifice mechanico: extrahe da pedreira cerebral e transporta para o papel as idéas que ahi se lhe formam: executa.

O trabalho do segundo é mais elevado e complexo: o poeta cria.

Assim como nem toda a pedra é adequada e serve para a estatua que um Buonarotti se proponha fazer, assim nem todo o pensamento póde ser objecto de um poema.

O artista, sem o procurar, escolhe, entre os que espontaneamente lhe germinam no intellecto, aquelle que o seu espirito de selecção prefere; expurga-o das impurezas da vulgaridade, que lhe empanem a originalidade nativa, e depois reveste-o, por meio de processos extremamente complicados, da fórma que o torna visivel no mundo exterior.

Esses processos não consistem unicamente na escolha de palavras e locuções, e na regularidade do rithmo e da consonancia; consistem sobretudo na escolha dos sons que essas palavras devem produzir, combinadas umas com as outras, de modo que a composição musical, que d'ahi resulte, deve estar de harmonia com o pensamento que as mesmas palavras contêm, isto é, a tacitura e a notação melodica dos vocabulos, abstrahindo-se das idéas que n'elles estão incluidas, devem revelar, embora vagamente, o conjuncto d'essas mesmas idéas.

Os tres grandes poetas romanos, e sobretudo Horacio, attingiram esta perfeição do verso.

Leia-se uma ode d'aquelle poeta a um individuo que ignore completamente a lingua latina, a um professor d'essa lingua, por exemplo, e elle, só pela harmonia mysteriosa das estrophes, indicará o assumpto de que o poeta se occupou: Meyerbeer, Beethoven e Mozart collaboraram nas obras de Hugo, Musset e Lamartine».

Os fundamentos d'esta nossa theoria, que talvez pareça a uns imaginaria, e a outros inexequivel, assentam em factos absolutamente experimentaes.

Observe-se uma joven doente. As palavras que instinctivamente emprega para exprimir a tristeza da sua alma, e os soffrimentos de que se queixa, são adequadas ao seu estado, não só pelo tom lugubre e pelos pensamentos que encerram, mas tambem pela inflexão lamuriante e chorosa que lhes imprime. Observe-se, pelo contrario, um homem feliz e contente: se falla, se conta as suas aventuras, ha na sua voz a vibração das notas claras, estridentes e sonorosamente agudas: entre os seus pensamentos, e a parte musical que os reveste, ha uma harmonia completa, embora inconsciente.

É, pois, na conjuncção d'estes dois elementos que deverá consistir o arduo e difficultoso trabalho do poeta moderno: se o realisar, a sua obra occupará um logar perduravel entre os monumentos artisticos da sua épocha; se o não conseguir, vêr-se-ha collocado, quando muito, entre a ephemera cohorte dos operarios da prosa, e por mais que diga, por mais que se contorsa, por mais que rechêe a sua obra de assombros de pensamento, de bonitos de phrase, e de floripondios de estylo, como diria sua excellencia o bispo de Bethesaida, ainda em vida a verá sepultada nos abysmos insondaveis d'um eterno esquecimento.

É no sentido que deixamos esboçado que em França os antigos parnasianos, e uma enorme phalange de poetas mais novos, trabalham os seus poemas, sobresahindo entre elles pela sua mais perfeita comprehensão do elemento musical, no La Nature, Maurice Rollinat, o compositor das Nevroses.

As suas poesias são tão musicaes que podem cantar-se, e elle mesmo, ainda ha pouco, com uma entoação estridente e angustiosa, que produziu uma sensação inexprimivel nos que o ouviam, cantou uma d'ellas, o rondó: Les yeux morts:

«De ses grands yeux, chastes et fous,
Il ne reste pás un vestige.
Ses yeux, qui donnaient le vertige
Sont allés ou nous irons tous.

En vain ils étaient frais et doux
Comme deux bluets sur leur tige:
De ses yeux, chastes et fous,
Il ne reste plus un vestige.

Quelquefois, par les minuits roux,
Pleins de mystères et de prestige
La morte autour de moi voltige...
Mais je ne vois plus que les trous
De ses grands yeux chastes et fous!»

Entre nós, o movimento evolutivo, a que nos temos referido, fôra, como dissemos, iniciado espontaneamente em Coimbra por uma geração de poetas que, com os seus adeptos, formam actualmente uma pleiade de artistas que só tem por egual a pleiade dos poetas francezes.

Eram e são os que o professor do Curso Superior de Lettras, Theophilo Braga, o Linneo da nossa litteratura, classifica, na sua ultima obra, com o desdem olympico de um metrificador de cyclos, da maneira seguinte: poetas que tratam unicamente da fórma.

No emtanto, em que peze ao illustre cathedratico, para elles, excluido um, já ha muito fulgura, no Templo da Arte, o antigo fas vobis limina divuum.

Alfredo Campos não é um d'esses poetas, mas se não é rigorosamente um parnasiano, mostra nas suas poesias, que, como João de Deus, tem musica na alma, e essa musica interior muitas vezes suppre, o que a arte, para os mesmos effeitos, laboriosamente obtem. Muitos dos seus sonetos poderiam ser assignados por Diogo Bernardes, e as bellas estrophes, que vão lêr-se, revelam que o seu talento malleavel não se affrontaria diante de uma obra mais completa, se com ella se propozesse enriquecer a nossa litteratura.

 

11-2-94.

 

João Penha.

O INFANTE NAVEGADOR

I

.... se a natureza lhe negára a Corôa, as virtudes lhe deram justiça para a merecer.

CANDIDO LUSITANOVida do Infante D. Henrique.

1

Espirito sublime e alevantado,
Cheio de crenças, coração formoso,
Olhar d'águia, profundo e dilatado,
Fictando o sol ardente, corajoso,
Sondando o mar, que adora apaixonado,
E em que sonha o seu poema grandioso,
Deixou seu nome vinculado á Gloria,
Escripto em bronze, pela mão da Historia.

2

—Navegador!—Assim o baptisára
A fama das conquistas mais brilhantes;
Já, dominando o mar, na audacia rara,
Para o cortar de estradas rutilantes,
Já, implantando a Fé na gente ignára,
Em paragens ignotas e distantes,
Não, porque da ambição fosse vil presa,
Mas para dar á Fé maior grandeza!

3

Varão de largo estudo e são talento,
Em vez de braço inerte na indolencia,
Nos prazeres da côrte, e luzimento
D'uma banal e inutil existencia;
Em vez dos galanteios de momento,
Que passam, como as nuvens d'uma essencia,
Votou a vida, desde a florea edade,
Ao trabalho, com honra e lealdade.

4

Foi de Sagres, nos sonhos radiosos,
Embalados, do mar, nas harmonias,
Quando o mar, nos anceios carinhosos,
Ia, meigo, beijar-lhe as penedias,
Como para attrahil-o aos gloriosos,
Altos projectos de futuros dias,
Que concebeu os planos de conquista,
Lançando, ao longe, a penetrante vista.

5

Ninguem, como elle, ousára ainda tanto,
Abrir caminho certo a essas paragens,
Onde a noite é mortal, o sol quebranto,
Os habitantes negros e selvagens;
Porque ninguem sentira o doce encanto
De lograr tão esplendidas miragens;
Porque ninguem, como elle, decifrava
Os enigmas, que o mar apresentava.

6

Rodeado d'espiritos valentes,
Promptos á voz, que vinha d'um desejo,
Calando, sempre, em corações ardentes,
Cheios de brio, aspiração e pejo,
Mal dardejava ás ondas relusentes,
Os olhos, no clarão d'algum lampejo,
Ao vento desfraldavam, logo, as vélas,
Arrojadas, veleiras caravellas!

7

Não eram ambições de vil riqueza,
De conquistas, que augmentam poderio,
Ou paixão de cubiça, de torpeza,
Para satisfazer um desvario,
Ou um capricho vão de vã fraqueza,
O que o levava á busca do gentio:
—Era mais alto e nobre o pensamento,
Que o punha firme n'esse ousado intento.

8

Na descoberta de regiões ignotas,
Tinha apenas um alvo, que era a Gloria,
D'avançar na sciencia das derrotas,
Para lograr, sobre outros, tal victoria,
Levando a Fé ás tribus mais remotas,
Cuja religião era irrisoria;
Não por prazer de ter móres dominios
Acalentava o Infante estes designios.

9

Tal como o mar, que um dia é bonançoso,
Beijando docemente a costa, a praia,
E no outro dia é já tempestuoso,
Em mortalha mudando a alva cambraia,
Da fina espuma do seu dorso airoso,
Para melhor colher o que desmaia,
Hoje, sereno, amante peregrino,
Mau, amanhã, terrivel e tigrino.

10

Assim o espirito do Infante, ás vezes,
Calmo sorria ao fim d'alguma empreza,
Triumphante de todos os revezes;
Mas enchia a sua alma de tristeza
Quando a sorte feria os portuguezes,
Porque ante a sorte ha força que é fraqueza,
E nem sempre volviam gloriosas,
Essas expedições audaciosas!

II

O mysterio que desde a creação estava suspenso sobre o Atlantico, e occultava ao conhecimento do homem metade da superficie do globo, tinha reservado para o Infante D. Henrique, o navegador, um campo de nobres commettimentos.

RICHARD HENRY MAJORVida do Infante D. Henrique.

1

Como um extenso campo, pelo arado
Fendido em sulcos para a sementeira,
O Atlantico, por elle, foi sulcado,
N'uma larga derrota lisongeira,
Em que, sempre, um caminho era traçado,
De larga via e luminosa esteira,
Levando o Infante ás terras procuradas,
As naus e as galés afortunadas.

2

Os Açores, Madeira e Porto Santo,
Pelo arrojo de Zarco e Tristão Vaz,
Surgem formosas, como por encanto,
Ao que, por descubril-as, tanto faz.
Leva a Ceuta os seus feitos e, no emtanto,
Sempre no seu intento firme e audaz,
Segue lançando o penetrante olhar,
As ondas do attrahente e vasto mar!

3

Diogo Gomes põe as lusas quinas,
Em Cabo Verde—essa africana porta
—Como se as hasteasse nas campinas,
Onde não houve nunca esperança morta.
Rasgam-se as nuvens densas de neblinas,
Ante o fervor, que o heroismo exhorta,
E á bahia d'Arguim o accesso expande
A maritima audacia, e ao Rio Grande!

4

Desvenda-se esse Mar, que Tenebroso,
Toda a coragem transformava em medo,
Como rendido ao susto perigoso,
Quem quer sondar o abysmo d'um segredo;
E esse campo de vagas, mysterioso,
Tão tido por feroz, insano e tredo,
Deixa de ser phantastica voragem,
Para prestar aos lusos vassalagem!

5

Levado na corrente caudalosa,
Que os animos inspira com ardor,
Dobra, n'uma derrota gloriosa,
Gil Eannes, o Cabo Bajador;
E essa tarefa rude e trabalhosa,
Que ao Infante traz mais um esplendor,
Novo florão engasta em seu diadema,
Nova estrophe nos cantos do seu poema!

6

Andavam cavalleiros, moços, pagens,
Entre si, disputando a primasia,
De derrotas incertas, de viagens,
Tidas por mais difficeis, dia a dia,
Buscando, cada qual, novas paragens,
Consoante as pintava a phantasia;
E foi assim, que, com fervor e fé,
Chegaram a Benim, Congo e Guiné!

7

Vencem os seus o Cabo das Tormentas,
Que foi, depois, Cabo da Boa Esperança,
Não sem luctas e luctas violentas,
Em que o trabalho mais renome alcança;
Não sem rudezas grandes e cruentas,
Dessas que a fama em seus laureis entrança,
E coube ao Duque de Vizeu a Gloria,
Dessa arrojada empreza meritoria.

8

Levanta em Sagres a grandiosa Escóla,
Onde a navegação acha elemento,
Para as expedições, que desenrola,
Em busca de qualquer descubrimento,
Quando uma frota sua o mar assola,
Ou uma nau se expõe ao mar e ao vento,
Escóla, que assombrava o mundo inteiro,
E em que, no estudo, o Infante era o primeiro!

9

Se pelo mar conquista tanta fama,
E o seu nome circumda glorioso,
Das joias das acções que lá derrama,
Como navegador audacioso,
Tambem como homem d'armas se proclama
Disciplinado, firme e valoroso,
Como se fôra feito para a lucta,
Quem, pela Patria, a Gloria só disputa.

10

Nos mares, onde tantas caravellas,
Rasgaram horisontes dilatados,
Sem receio da furia das procellas,
Nesses longinquos portos ignorados,
Onde as galás molharam suas velas,
Levando a Cruz e a Fé aos seus povoados,
Andam, inda, hoje, vivas, por memoria,
Do grande Heroe, as tradições de Gloria!

III

A fama, a gloria, o nome, e a saudade.
.............................
Oh! ditoso morrer! Sorte ditosa!

CAMÕESSonetos.

1

Póde o tempo esquecer, por largos annos,
Os feitos d'um Heroe, acções d'um povo,
Quando o tempo resolve em seus arcanos,
O consagrar algum Heroe mais novo,
Ou commentar cruezas de tyrannos,
Pois cada tronco tem o seu renovo;
Mas desse olvido ha de surgir, um dia,
O tempo que esses feitos esquecia.

2

Revive, assim, a grandiosa Gloria
Do compendio da vida d'esse Infante,
Que enche de brilho as paginas da Historia,
N'uma lição famosa e fecundante;
E nesse consagrar tanta victoria,
Nesse avivar exemplo tão gigante,
Cumpre um dever o povo que pretende,
Que é pela Historia que se instrue e aprende.

3

Filho de Reis, podia, na grandeza,
Trazer a vida, e em ocios, regalada;
Preferiu, da Sciencia, a realeza,
Porque era d'ella uma alma enamorada,
Levando, em protegel-a, a gentileza
De, em seus Paços, a ver bem hospedada,
Que eram de illustres Sabios, grande gremio,
Sabios, que honrava e a quem dava premio.

4

Pelo seu coração foi mui piedoso,
Varão d'inteira Fé, de firme Crença,
Erguendo muito monumento honroso,
Que a tradição, agora, ainda incensa,
Como para attestar o caloroso,
Real valor d'essa piedade immensa,
De quem tinha, por si, segura a regra,
Que sem religião a vida é negra.

5

Affavel, terno, todo castidade,
Abria o seio ás afflicções dos pobres,
Que consolava ao sol da caridade,
Mudando em oiro a falta dos seus cobres,
Nos extremos do affecto e da bondade,
Taes como os dispensava aos ricos nobres,
Chegando, por impulsos desvelados
A ser chamado até—Pai dos Soldados!

6

Protector dos estudos, contribuia,
Com larga renda e generosa offerta,
Para pôr a instrucção em pleno dia,
Nos proprios Paços seus, fulgindo certa,
Como mãi do Progresso, que antevia,
E fonte de ventura, em jorro aberta;
Pois se do mar, das armas era amante,
Punha nas Lettras um amor constante.

7

Talent de bien faire era o seu lemma:
—De fazer bem, vontade sempre ardente,
E nessa ancia do bem, viva e suprema,
Exemplo sublimado a toda a gente,
Talhou o maior canto do seu poema;
É raro achar brazão mais resplendente,
Como egualmente o é, entre a nobreza,
Mais virtude, mais Gloria, mais grandeza!

8

Foi-lhe a vida sublime uma epopeia!
Heroe, que faz Heroes pelo traslado,
Dos dons com que seus dias encadeia,
Só pelo Patrio amor, sempre inspirado!
Dá flôr e fructo o exemplo que semeia,
Fertil foi sempre o campo que ha lavrado,
E dessa enorme e estranha sementeira,
Inda, hoje, ha grão ao sol da nossa eira!

9

Quando morreu, coberto foi de pranto,
Do povo, que o seu nome idolatrava;
Foi tecido de lagrimas o manto,
A mortalha, que ao tumulo levava!
Diziam todos que morrêra um santo!
Dizia o proprio mar que... orphão ficava!
Chorava, assim, uma nação inteira,
Como que a sua esperança derradeira!

10

Um povo, que acalenta o seu presente,
Ao sol das tradições do seu passado,
Levanta, agora, um monumento ingente,
Ao seu Navegador afortunado,
Na aspiração da Gloria resplendente,
Porque o que é grande é mister ser lembrado.
Aprenda bem o povo a lêr na Historia,
E Deus o inspire para maior Gloria.

 

FIM

 

 

 

 

LIVRARIA CHARDRON—M. LUGAN, EDITOR


CENTENARIO DO INFANTE D. HENRIQUE


ALBERTO PIMENTEL

UM CONTEMPORANEO DO INFANTE D. HENRIQUE

Carta a Mr. Lugan

Um vol...................................... 300 reis

Edição em papel de linho........ 500 reis


CAMILLO CASTELLO BRANCO

A LENDA DE MACHIN

Reflexões á VIDA DO INFARTE D. HENRIQUE
por Mr. Richard H. Major
Vertida do Inglez por J. A. Ferreira Brandão

Esta lenda acha-se no romance: EUSEBIO MACARIO

Um volume....................... 800 reis


MANUEL DUARTE D'ALMEIDA

ESTANCIAS AO INFANTE D. HENRIQUE

Recitadas pelo auctor

Edição de luxo................ 300 reis.


OLIVEIRA MARTINS

OS FILHOS DE D. JOÃO I

Edição de luxo, illustrada, papel de linho, tipo elzevir

Um grosso volume............. 2$000 reis


Porto—Typ. de A. J. da Silva Teixeira, Cancella Velha, 70






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If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project
Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the
terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or
entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8.

1.B.  "Project Gutenberg" is a registered trademark.  It may only be
used on or associated in any way with an electronic work by people who
agree to be bound by the terms of this agreement.  There are a few
things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works
even without complying with the full terms of this agreement.  See
paragraph 1.C below.  There are a lot of things you can do with Project
Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement
and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic
works.  See paragraph 1.E below.

1.C.  The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation"
or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project
Gutenberg-tm electronic works.  Nearly all the individual works in the
collection are in the public domain in the United States.  If an
individual work is in the public domain in the United States and you are
located in the United States, we do not claim a right to prevent you from
copying, distributing, performing, displaying or creating derivative
works based on the work as long as all references to Project Gutenberg
are removed.  Of course, we hope that you will support the Project
Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by
freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of
this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with
the work.  You can easily comply with the terms of this agreement by
keeping this work in the same format with its attached full Project
Gutenberg-tm License when you share it without charge with others.

1.D.  The copyright laws of the place where you are located also govern
what you can do with this work.  Copyright laws in most countries are in
a constant state of change.  If you are outside the United States, check
the laws of your country in addition to the terms of this agreement
before downloading, copying, displaying, performing, distributing or
creating derivative works based on this work or any other Project
Gutenberg-tm work.  The Foundation makes no representations concerning
the copyright status of any work in any country outside the United
States.

1.E.  Unless you have removed all references to Project Gutenberg:

1.E.1.  The following sentence, with active links to, or other immediate
access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently
whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the
phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project
Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed,
copied or distributed:

This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
almost no restrictions whatsoever.  You may copy it, give it away or
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
with this eBook or online at www.gutenberg.org

1.E.2.  If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived
from the public domain (does not contain a notice indicating that it is
posted with permission of the copyright holder), the work can be copied
and distributed to anyone in the United States without paying any fees
or charges.  If you are redistributing or providing access to a work
with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the
work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1
through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the
Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or
1.E.9.

1.E.3.  If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted
with the permission of the copyright holder, your use and distribution
must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional
terms imposed by the copyright holder.  Additional terms will be linked
to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the
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1.E.4.  Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm
License terms from this work, or any files containing a part of this
work or any other work associated with Project Gutenberg-tm.

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electronic work, or any part of this electronic work, without
prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with
active links or immediate access to the full terms of the Project
Gutenberg-tm License.

1.E.6.  You may convert to and distribute this work in any binary,
compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any
word processing or hypertext form.  However, if you provide access to or
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request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other
form.  Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm
License as specified in paragraph 1.E.1.

1.E.7.  Do not charge a fee for access to, viewing, displaying,
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that

- You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from
     the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method
     you already use to calculate your applicable taxes.  The fee is
     owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he
     has agreed to donate royalties under this paragraph to the
     Project Gutenberg Literary Archive Foundation.  Royalty payments
     must be paid within 60 days following each date on which you
     prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax
     returns.  Royalty payments should be clearly marked as such and
     sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the
     address specified in Section 4, "Information about donations to
     the Project Gutenberg Literary Archive Foundation."

- You provide a full refund of any money paid by a user who notifies
     you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he
     does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm
     License.  You must require such a user to return or
     destroy all copies of the works possessed in a physical medium
     and discontinue all use of and all access to other copies of
     Project Gutenberg-tm works.

- You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any
     money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the
     electronic work is discovered and reported to you within 90 days
     of receipt of the work.

- You comply with all other terms of this agreement for free
     distribution of Project Gutenberg-tm works.

1.E.9.  If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm
electronic work or group of works on different terms than are set
forth in this agreement, you must obtain permission in writing from
both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael
Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark.  Contact the
Foundation as set forth in Section 3 below.

1.F.

1.F.1.  Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable
effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread
public domain works in creating the Project Gutenberg-tm
collection.  Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic
works, and the medium on which they may be stored, may contain
"Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or
corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual
property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a
computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by
your equipment.

1.F.2.  LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right
of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project
Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project
Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all
liability to you for damages, costs and expenses, including legal
fees.  YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT
LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE
PROVIDED IN PARAGRAPH F3.  YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE
TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE
LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR
INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH
DAMAGE.

1.F.3.  LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a
defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can
receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a
written explanation to the person you received the work from.  If you
received the work on a physical medium, you must return the medium with
your written explanation.  The person or entity that provided you with
the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a
refund.  If you received the work electronically, the person or entity
providing it to you may choose to give you a second opportunity to
receive the work electronically in lieu of a refund.  If the second copy
is also defective, you may demand a refund in writing without further
opportunities to fix the problem.

1.F.4.  Except for the limited right of replacement or refund set forth
in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER
WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO
WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE.

1.F.5.  Some states do not allow disclaimers of certain implied
warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages.
If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the
law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be
interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by
the applicable state law.  The invalidity or unenforceability of any
provision of this agreement shall not void the remaining provisions.

1.F.6.  INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the
trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone
providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance
with this agreement, and any volunteers associated with the production,
promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works,
harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees,
that arise directly or indirectly from any of the following which you do
or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm
work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any
Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause.


Section  2.  Information about the Mission of Project Gutenberg-tm

Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of
electronic works in formats readable by the widest variety of computers
including obsolete, old, middle-aged and new computers.  It exists
because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from
people in all walks of life.

Volunteers and financial support to provide volunteers with the
assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's
goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will
remain freely available for generations to come.  In 2001, the Project
Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure
and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations.
To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation
and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4
and the Foundation web page at https://www.pglaf.org.


Section 3.  Information about the Project Gutenberg Literary Archive
Foundation

The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit
501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the
state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal
Revenue Service.  The Foundation's EIN or federal tax identification
number is 64-6221541.  Its 501(c)(3) letter is posted at
https://pglaf.org/fundraising.  Contributions to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent
permitted by U.S. federal laws and your state's laws.

The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S.
Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered
throughout numerous locations.  Its business office is located at
809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email
business@pglaf.org.  Email contact links and up to date contact
information can be found at the Foundation's web site and official
page at https://pglaf.org

For additional contact information:
     Dr. Gregory B. Newby
     Chief Executive and Director
     gbnewby@pglaf.org


Section 4.  Information about Donations to the Project Gutenberg
Literary Archive Foundation

Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide
spread public support and donations to carry out its mission of
increasing the number of public domain and licensed works that can be
freely distributed in machine readable form accessible by the widest
array of equipment including outdated equipment.  Many small donations
($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt
status with the IRS.

The Foundation is committed to complying with the laws regulating
charities and charitable donations in all 50 states of the United
States.  Compliance requirements are not uniform and it takes a
considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up
with these requirements.  We do not solicit donations in locations
where we have not received written confirmation of compliance.  To
SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any
particular state visit https://pglaf.org

While we cannot and do not solicit contributions from states where we
have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition
against accepting unsolicited donations from donors in such states who
approach us with offers to donate.

International donations are gratefully accepted, but we cannot make
any statements concerning tax treatment of donations received from
outside the United States.  U.S. laws alone swamp our small staff.

Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation
methods and addresses.  Donations are accepted in a number of other
ways including including checks, online payments and credit card
donations.  To donate, please visit: https://pglaf.org/donate


Section 5.  General Information About Project Gutenberg-tm electronic
works.

Professor Michael S. Hart was the originator of the Project Gutenberg-tm
concept of a library of electronic works that could be freely shared
with anyone.  For thirty years, he produced and distributed Project
Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support.


Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed
editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S.
unless a copyright notice is included.  Thus, we do not necessarily
keep eBooks in compliance with any particular paper edition.


Most people start at our Web site which has the main PG search facility:

     https://www.gutenberg.org

This Web site includes information about Project Gutenberg-tm,
including how to make donations to the Project Gutenberg Literary
Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to
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