The Project Gutenberg EBook of O senhor Dom Miguel I, e a senhora Dona
Maria II, by João Augusto Novaes Vieira

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Title: O senhor Dom Miguel I, e a senhora Dona Maria II
       Comparações, reflexões, desengano

Author: João Augusto Novaes Vieira

Release Date: October 29, 2009 [EBook #30355]

Language: Portuguese

Character set encoding: ISO-8859-15

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O SENHOR DOM MIGUEL I,

E

A SENHORA DOM MARIA II.

COMPARAÇÕES.—REFLEXÕES.—DESENGANO.

 

 

 

 

PORTO:

TYPOGRAPHIA DE SEBASTIÃO JOSÉ PEREIRA,
Praça de Sancta Thereza, n.º 28.
1852.

 

 

 

 

 

Não soffre muito a gente generosa
Andar-lhe os cães os dentes amostrando.

 CAMÕES.—OS LUSIADAS.

{3}

 

 

PRIMEIRA PARTE.

COMPARAÇÕES.

N'um folheto de 16 paginas, impresso na typographia da rua das Hortas, n.º 82 a 84, lêem-se umas comparações entre S. M. a Rainha e seu Augusto Tio.

O folheto tem por titulo «O Snr. Dom Miguel de Bragança e a Snr.ª Dona Maria da Gloria—collecção dos artigos das comparações publicadas no «Portugal.»

A introducção foi escripta pelo doutor Casimiro de Castro Neves, natural de Louzada, e hoje residente em Lisboa.

As comparações diz-se que as escrevera o snr. Francisco Candido de Mendoça e Mello, bacharel da fornada de 1849, natural de Bragança e residente no Porto.

Francisco Pereira d'Azevedo é o editor e recebe os patacos do folheto.

As comparações ei-las ahi:{4}

«O Snr. D. Miguel não póde admittir em sua companhia a Snr.ª D. Maria, porque nada póde haver de commum entre ambos.

«O Snr. D. Miguel perseguiu os ladrões e assassinos; a Snr.ª D. Maria, diz o Ecco, que se bandeou com elles.

«O Snr. D. Miguel não perseguiu os seus amigos; a Snr.ª D. Maria tem perseguido a todos, e com muita especialidade o marechal Saldanha.

«O Snr. D. Miguel sahiu pobre do paiz, porque não roubava nem deixava roubar; a Snr.ª D. Maria, diz o Ecco, que ha-de estar bem rica, e nós tambem o dizemos.

«O Snr. D. Miguel sahiu rico das saudades e bençãos d'um povo que o adorava; a Snr.ª D. Maria, se sahir, não leva poucas maldições e insultos, como póde testemunhar quem tiver ouvidos para ouvir o que por ahi se diz, e olhos para lêr os papeis que no paiz se publicam. Saudades é que realmente, não é só a nós, que não deixa nenhumas!

«O Snr. D. Miguel demittiu magistrados por não serem limpos de mãos; a Snr.ª D. Maria cobriu esses, e outros d'honras e dignidades.

«O Snr. D. Miguel protegia e promovia tudo quanto era portuguez; a Snr.ª D. Maria fazia o mesmo a tudo quanto era estrangeiro.

«O Snr. D. Miguel conquistou Portugal com{5} a sua pessoa ; a Snr.ª D. Maria com os estrangeiros de todos os paizes.

«O Snr. D. Miguel viveu com a maior economia, e foi fiel aos seus contractos; a Snr.ª D. Maria o contrario de tudo isto.

«O Snr. D. Miguel entregou intactas as joias da corôa; a Snr.ª D. Maria consentiu que não só se roubassem as de seu augusto Tio, se não ainda que se lhe apoderassem dos bahus da sua roupa branca, que a Snr.ª Vadre lhe conduzia, e que lhe usurpassem os seus bens proprios.

«O Snr. D. Miguel enviou o brigue de guerra Téjo, commandado pelo 1.º tenente Caminha, ao Rio de Janeiro, levar aos seus parentes brasileiros a herança de seus augustos parentes fallecidos; a Snr.ª D. Maria consentiu que seu augusto Tio fosse defraudado não só da herança de seus augustos paes, senão ainda de todo esbulhado da herança universal de sua augusta irman fallecida em Santarem.

«O Snr. D. Miguel sustentou sempre os criados da casa real, ainda os de opinião contraria; a snr.ª D. Maria pô-los todos na rua, substituindo muitos por estrangeiros, e deixou morrer á fome as criadas da Snr.ª D. Maria 1.ª escapando sómente as netas do famoso João Pinto Ribeiro, que tanto concorreu para elevar a casa de Bragança ao throno; porque os legitimistas tomaram a si o seu parco sustento.{6}

«O Snr. D. Miguel tratou sempre bem as familias dos presos politicos, como póde testemunhar entre outras a filha de Pedro de Mello Breyner; a Snr.ª D. Maria tratou muitas como a esposa do conde de Villa Real, D. Fernando, que regressou do paço moribunda.

«O Snr. D. Miguel não consentiu nunca que nos actos officiaes se insultassem os seus parentes brasileiros; a Snr.ª D. Maria tem consentido que nesses mesmos se insulte constantemente seu augusto Tio.

«O Snr. D. Miguel augmentou o patrimonio real; a Snr.ª D. Maria tem-no dissipado, alienado e destruido.

«O Snr. D. Miguel nunca mandou festejar os dias em que portuguezes derramaram o sangue de portuguezes; a Snr. D. Maria não só consentiu que se festejassem esses dias, senão ainda aquelles em que estrangeiros mataram portuguezes e tomaram navios portuguezes.

«O Snr. D. Miguel escolheu para ministros d'estado homem de inconcussa probidade e limpeza de mãos; a Snr.ª D. Maria escolheu os caracteres mais corrompidos e corruptores que havia no reino, e expoz-se a sete revoluções para sustentar, a despeito da opinião publica nacional e estrangeira, o homem mais detestavel que tem produzido a nossa terra—o homem que roubou descaradamente—o maior dos concussionarios—o{7} valido mais torpe—o homem de Queen's bencho conde de Thomar!

«O Snr. D. Miguel fez respeitar sempre o palacio de nossos reis; a Snr.ª D. Maria fê-lo descer até onde não podia descer mais.

«O Snr. D. Miguel foi compadre de muitos bravos soldados de seu exercito; a Snr.ª D. Maria foi comadre do villão mais cobarde que havemos conhecido.

«O Snr. D. Miguel escolheu para diplomaticos os homens mais conspicuos e probos do paiz; a Snr.ª D. Maria escolheu muitos contrabandistas e ladrões descarados.

«O Snr. D. Miguel não podia pôr pé fóra do paço que não o acompanhassem ondas de portuguezes; a Snr.ª D. Maria tem atravessado Lisboa e as provincias no meio d'um silencio sepulchral.

«O Snr. D. Miguel respeitou sempre os bispos, ainda os que eram indigitados de contrarios á sua opinião; a Snr.ª D. Maria consentiu que os perseguissem todos, e ainda ha alguns no exilio.

«O Snr. D. Miguel queria reformar as ordens religiosas, e de accôrdo com a Sé romana nomeou reformadores; quem governava em nome da Snr.ª D. Maria destruiu-as, e expulsou os seus membros, depois de esbulhados de quanto possuiam.

«O Snr. D. Miguel era escravo da opinião publica;{8} a Snr.ª D. Maria sempre a tem despresado, tornando-se necessaria uma revolução para se mudarem os ministros corruptos e corruptores.

«O Snr. D. Miguel foi chamado ao throno pelas antigas leis da monarchia, applicadas por tribunaes que não creou; a Snr.ª D. Maria foi chamada ao throno por uma carta de lei, feita expressamente para este fim pelo imperador do Brazil, seu pae, e applicada por bayonetas estrangeiras.

«O Snr. D. Miguel estava em Vienna á morte de seu augusto pae, e foi proclamado e sustentado pela maioria da nação com as armas na mão, sendo necessario vir o exercito de Clinton para que lh'as podessem arrancar; a Snr.ª D. Maria só teve por si, na maxima parte, os estrangeiros que cobiçavam as preciosidades das egrejas e dos conventos.

«O Snr. D. Miguel vestiu e calçou os seus soldados com objectos portuguezes; a Snr.ª D. Maria mandou vir para os seus fardamento e calçado da Inglaterra, pesando-lhe por não poder mandar vir de lá tambem a agua para se lavar.

«O Snr. D. Miguel apesar da amizade que o ligava a seu Tio Fernando 7.º, recusou entregar-lhe os refugiados politicos hespanhoes, e pagou-lhes a passagem para sahirem livremente do paiz; a Snr.ª D. Maria consentiu que assassinassem no paiz alguns emigrados carlistas, conservou outros{9} em duros ferros, e entregou alguns para serem garrotados.

«O Snr. D. Miguel empregou muitos constitucionaes, sómente porque tinham merecimento; a Snr.ª D. Maria não só demittiu todos os legitimistas, senão ainda que tem demittido aquelles que por ella se teem sacrificado.

«O Snr. D. Miguel vestia e calçava objectos portuguezes; a Snr.ª D. Maria até manda engommar a roupa a Inglaterra.

«O Snr. D. Miguel, do que produziam as quintas reaes, distribuia gratuitamente aos seus criados, e ao povo; a Snr.ª D. Maria não só destruiu a matta dos buxos de Queluz para ser vendida aos torneiros, senão ainda mandava vender á praça até salsa e hortelan.

«O Snr. D. Miguel folgava de fazer cultivar as terras da corôa, e de ser o primeiro lavrador de Portugal; a Snr.ª D. Maria alienou tudo na maxima parte, e o que não alienou, arrendou ou deu ao seu valido.

«O Snr. D. Miguel tratava com esmero a formosa raça d'Alter; a Snr.ª D. Maria mandou vender tudo, até mesmo os cavallos e muares da casa real, conservando apenas alguns poucos rabões inglezes e hanoverianos.

«O Snr. D. Miguel respeitou o banco, apesar de lá estarem os fundos dos seus contrarios, e de ser administrado pelos seus adversarios politicos;{10} a Snr.ª D. Maria fez-lhe crua guerra.

«O Snr. D. Miguel reconheceu os emprestimos feitos para debellar os principios que o elevaram ao throno; a Snr.ª D. Maria não quiz reconhecer nunca o emprestimo do Snr. D. Miguel contrahido para matar a fome aos empregados publicos.

«O Snr. D. Miguel tinha captado de tal sorte o amor dos soldados, que apesar de rotos, descalços, famintos, e quebrantados de uma lucta tão prolongada, quebravam as armas que os estrangeiros vinham arrancar-lhes das mãos; a Snr.ª D. Maria tem contrariado de tal modo os sentimentos do paiz, e alienado as affeições dos seus mesmos, que em todas as contendas vê rarear as suas fileiras de soldados que vão engrossar as dos contrarios.

«O Snr. D. Miguel tinha e queria sómente os empregados necessarios; a Snr.ª D. Maria consentiu que se arvorasse ametade do reino em empregados para devorar outra ametade.

«O Snr. D. Miguel fez-se idolatrar a tal ponto do povo, e do exercito, que até os seus mesmos adversarios o reconheciam a ponto de lhe cantarem:

Quanto mais a fome aperta
Mais se canta o rei chegou:

e não tem bastado a longa ausencia de dezesete{11} annos para destruir as affeições e esperanças dos portuguezes; a Snr.ª D. Maria tem-se feito detestar dos seus mesmos, e o que é maior desgraça ainda o seu nome está sendo coberto de improperios.

«O que se tem dito do Snr. D. Miguel, diz-se de todos os monarchas decahidos; porém o que se diz da Snr.ª D. Maria, diz-se de pouquissimas rainhas no throno.

«O Snr. D. Miguel, quando viu que a lucta só concorria para derramar sangue portuguez inutilmente, e acarretar desgraças inevitaveis ao paiz, porque parte da Europa dormia á beira da abysmo, e a outra parte estava colligada contra elle, convencionou em Evora-Monte, estipulando que se respeitasse a vida e propriedade dos seus, e que se lhe désse a elle, que de tudo era privado, uma parca subsistencia; quem governava pela Snr.ª D. Maria, desconheceu logo a convenção que tambem fôra assignada pela leal Inglaterra—condemnou ao ostracismo e á fome o Principe generoso e uma grande parte da nação portugueza—fez derramar ondas de sangue portuguez, e com a nefanda lei das indemnisações esbulhou da propriedade quem a tinha—a Snr.ª D. Maria acceitou a herança de todos estes maleficios, e consentiu que continuassem—applicou-os depois aos seus mesmos, e pretende conservar-se no throno a risco de perder a dynastia.{12}

«O Snr. D. Miguel rejeitou as propostas de Christina Munhoz de fazer entrar o exercito de Rodil em seu auxilio, e de o casar com uma sua irman se mandasse sahir D. Carlos de Portugal; a Snr.ª D. Maria não só tem acceitado todas as propostas para se firmar no throno, se não ainda as tem deprecado, subindo até lá nos braços de Rodil e Parker, e sendo sustentada por Concha e Maitland, executores, do famoso protocollo, e se os estrangeiros se não oppozerem agora á sua sahida, e ella se verificar, como dizem, são os portuguezes quem a poem fóra a contento do clero, nobreza e povo!

«O Snr. D. Miguel não gastava ao thesouro annualmente acima de 20 contos de reis; a Snr.ª D. Maria gasta ao misero e defecado Portugal 365 contos de reis por anno, e ainda 100 contos para seu marido, afóra as dezenas e dezenas de contos para seus filhos.

«O Snr. D. Miguel conservou a Tapada real de Villa Viçosa, na mesma grandeza com que seus augustos predecessores a tiveram; a Snr.ª D. Maria manda vender as lenhas e as estevas, que todos os dias d'ahi sahem em abundancia para Borba e Villa Viçosa, e n'esta ultima terra tem um açougue publico de carne de veado e gamo, que os seus criados todos os dias matam na tapada; negoceia-se com a bolota, com as pelles dos veados, e até com os chifres!»{13}

E então, não fallam bem destravadamente estes ridiculos fanfarrões?.. Elles, os selvagens, que ainda ha poucos annos tinham mêdo d'apparecer no Porto, não estão agora, com as suas roncas, armando aos patacos dos papalvos?... E cuidaes que é um acto de valor pessoal—que é, ao menos, uma temeridade que praticam?... Nada d'isso.—Não será verdade que elles mesmos andam por ahi a dar a explicação do seu arrojo, assoalhando, com espantoso cynismo, os presentes que fazem ao snr. delgado—vangloriando-se dos bellos córtes de panno da Belgica, que lhe remettem, e dos bellos pintos, que elle lhes chucha?...

Diga-o... quem o souber—e no entanto passemos á

SEGUNDA PARTE.

REFLEXÕES.

Quem diz o que quer, ouve o que não quer. Assim reza um adagio, que, pela sua antiguidade, merece, por certo, a approvação dos escribleros do «Portugal{14}

«O Snr. D. Miguel—dizem elles—não póde admittir na sua companhia a Snr.ª D. Maria.» 

E é verdade. Não póde—porque assim o quizeram meia duzia de sanguinarios—meia duzia d'aristocratas estupidos—meia duzia de fradalhões devassos—meia duzia d'ambiciosos e algumas duzias de scelerados, que, entre o Tio e a Sobrinha, cavaram um abysmo insondavel, precipitando n'esse abysmo o infeliz Portugal,—não o ridiculo e o infame «Portugal» de que foi editor um sapateiro demente e estuporado—de que é editor e especulador um negociante de algo-DÃO—mas este Portugal de sete seculos, esta nação que se envergonha de ter no seu seio um bando de selvagens e desavergonhados, um bando de parasytas, um bando de zangões e empalmadores.

«O Snr. D. Miguel perseguiu os ladrões e assassinos.»

Mentis, senhores da tripeça-gazetal, e mentis como perros.—O Snr. D. Miguel teve desejos de fazer punir os ladroes—mas os ladroes cercavam-no por toda a parte, e como andavam mascarados, era difficil conhecêl-os

«O Snr. D. Miguel não perseguiu os seus amigos—a Snr.ª D. Maria tem perseguido a todos.»

Mentis, e mentis com o damnado fim de amargurar a existencia do infeliz Principe, que{15} chora no exilio os negros crimes de que vós e os vossos o fizeram victima.—O Snr. D. Miguel não queria perseguir os seus amigos mas perseguiu-os o estupido bando de scelerados, a que vós pertenceis.—Lembrai-vos de que escreveis no Porto, senhores do «Portugal» e que no Porto, no tempo em que vós dominaveis, foram cacetados, indistinctamente, liberaes e realistas—ainda mais, no Porto foram cacetadas as proprias auctoridades constituidas em nome do Snr. D. Miguel.—É aqui bem publico e notorio que o corregedor do crime foi cacetado, no largo do Carmo, pelos soldados do 12, e como lhes gritasse «Senhores, eu sou o corregedor!»—«É por isso mesmo!»—lhes tornavam elles—redobrando com nova furia as cacetadas.—É aqui bem sabido que n'esse tempo bastavam tres testemunhas das de quartilho de vinho—para se levar um homem á forca;—bastava alcunhar qualquer realista de malhado, para o vêr martyrisar por essas ruas;—bastava calumniar alguém, chamando-lhe pedreiro-livre, para o vêr gemer n'uma cadêa.—Podiamos aqui escrever um longo capitulo d'historia—que vós fingis ignorar—mas poupamo-nos a esse trabalho, porque fallamos no meio d'uma cidade onde todos sabem quantos realistas gemeram nas cadêas por vinganças particulares—quantos caloteiros se fingiam realistas para perseguir os seus crédores—quantos{16} ladrões se infeitavam com o tope azul e vermelho, para atterrarem aquelles a quem tinham roubado.—Era n'esse tempo que o vosso chefe d'então e vosso chefe d'agora—o scelerado fradalhão Luiz................. levava a tiro de pistola as mulheres que se não dobravam aos seus desenfreados appetites;—era n'esse tempo que elle, o malvado pedréca, arranjava empregos para os paes, a troco da deshonra das filhas;—era, finalmente n'esse tempo, que muitos bandoleiros se acobertavam com o nome d'amigos do Snr. D. Miguel, para o tornarem odioso, e para augmentarem, como augmentaram, o partido liberal.—E ainda hoje continuaes a acobertar os vossos crimes com o nome do infeliz Principe, trazendo-o para a discussão a todo o proposito; e ainda hoje continuaes a perseguição aos seus melhores e mais leaes amigos.—Aqui estamos nós—nós que fomos emballados na affeição mais pura á pessoa do Snr. D. Miguel—nós, que, pensando servil-o, temos constantemente sacrificado o nosso futuro e arriscado a nossa vida,—e que hoje, desenganados, só pedimos a Deus que o Augusto Exilado não caia de novo nas vossas mãos—porque seria um instrumento de perseguição e de morte para metade dos filhos d'esta terra;—nós, em fim, que podemos dar testemunho da vossa ferocidade. E porque nos perseguistes vós?... Porque não{17} pudémos deixar-nos roubar, sem que gritassemos aqui-d'el-rei sobre os ladrões, denunciando-os ao publico, de viva-voz e pela imprensa.

Calai-vos, honrada-gente!... calai-vos, que é esse o maior serviço que podeis fazer ao Snr. D. Miguel de Bragança.

Não nos daremos agora ao infadônho trabalho de reflectir sobre cada uma das vossas comparações—talvez o façamos, se continuardes a provocar-nos; no entanto, sempre vos repetiremos que é damnada a intenção com que comparaes S. M. a Rainha com seu Augusto Tio, attribuindo a este alguns actos, com que pretendeis acobertar os vossos crimes, e áquella alguns erros, de que não póde nem deve ser responsavel—porque reina e não governa, como acontece a todos os Monarchas constitucionaes.—O que vós quereis—não nos cançamos de o dizer—é fazer pesar sobre o Snr. D. Miguel a responsabilidade de todos os assassinios, de todos os roubos, de todas as tropellias, de todas as perseguições, que praticastes em seu nome.

As vossas comparações—se não fôsse bem conhecida a damnada intenção com que são feitas—só serviriam para tornar odioso o nome do Augusto Tio da Soberana.

Se a Senhora Dona Maria II deve ser responsavel—como Rainha constitucional—pelos actos do seu governo, como vós quereis; é assaz{18} logico, é concludentissimo, que o Snr. D. Miguel—como Rei absoluto—é o unico responsavel por todos os erros, por todos os crimes, que em seu nome praticou esse bando de scelerados a que pertence o «Portugal

Não illudaes o povo, honrados homens!... não especuleis com a ignorancia das turbas...

O Snr. D. Miguel I foi Rei absoluto, e comtudo não deve ser responsavel por muitos crimes, que se praticaram em seu nome, e que elle ainda hoje ignora.

A Snr.ª D. Maria II é Rainha constitucional, e n'esta qualidade irresponsavel pelos actos do seu governo.

Portanto, as comparações do «Portugal» são filhas da mais refinada hypocrisia e estupidez, e tendentes só a desacreditar o Augusto Exilado.

Estaes ahi a fingir-vos victimas da perseguição dos agentes do governo, e se houvesse um delegado, que soubesse cumprir com o seu dever, como vos attreverieis vós a asseverar pela imprensa, que a Soberana manda vender salsa e hortelã!!! e que negoceia com bolota, com pelles e até com chifres???!!!!...

Senhores do «Portugal» não falleis em chifres, que se ri o povo.... não falleis em salsa e hortelã, que deitaes por terra, por vossas proprias mãos, essas salsadas que escreveis no vosso despresivel papel.{19}

Silencio!... e deixai-nos respirar um pouco, antes de passarmos á

TERCEIRA PARTE.

DESENGANO.

Quem ouvir desprevenido as roncas do «Portugal»—quem lêr as suas lamentações—ha-de julgar que alli ha convicções profundas—um valor a toda a prova—uma resignação para o martyrio.

Pois se ha quem tal pense, está completamente enganado.

O «Portugal» é uma especulação mercantil de Francisco Pereira d'Azevedo—mais vulgarmente conhecido pelas alcunhas de Ignez das Hortas e de Francisco da Velha.

O snr. Francisco é ao mesmo tempo editor, proprietario da imprensa e da gazeta, e negociante de algo-DÃO.

A gazeta intitula-se realista, e não é mais do que farcista. É a mesma gazeta de que foi editor o sapateiro José Ferreira da Silva.

Sabemos que nas provincias ha muita gente que não quer acreditar, que um miseravel sapateiro, estuporado e tonto, fosse o editor da gazeta dos fidalgos velhos, do periodico da aristocracia de sangue azul! Pois, para que se desenganem,{20} aqui lhes vamos dar alguns apontamentos para uma byographia do sapateiro, primeiro editor do «Portugal

José Ferreira da Silva, filho de paes pobrissimos, e natural d'esta cidade, foi, ainda creança, para casa d'um sapateiro, onde começou por engraixar botins, remendar sapatos de gallegos e chinellos velhos, até que, por meio das suas habilidades e com a ajuda d'alguns patacos, que os freguezes do mestre lhe davam de molhadura, quando lhes hia levar as botas, pôde estabelecer-se e casar. Tendo já loja sua, fez-se carola por especulação, e tal era a habilidade e a ligeiresa de mãos de que a natureza o dotára, que, dentro de poucos annos, achava-se possuidor d'alguns contos de reis, arranjados ou empalmados nas confrarias e irmandades, em que se mettia, como piolho por costura. Por occasião da invasão franceza, uniu-se aos anarchistas, cujas proezas são bem sabidas n'esta cidade, e dentro em breve tempo montavam os seus haveres a trinta mil cruzados, chegando a ser capitão dos bandoleiros do chuço. Desde então, começou a trabalhar menos pelo officio, mettendo-se a onzeneiro, e dando dinheiro a juros, com enormissimas usuras; porém, o que n'este mister ganhára, levou-lh'o o diabo para as mãos de um negociante, que, pouco depois, se declarou em estado de fallencia. Estonteado com este revéz,{21} teve o primeiro attaque de estupôr, e começou desde então a andar quotidianamente pelas igrejas. Era tão enthusiasta pelas idéas liberaes, que, no tempo do cêrco, foi denunciar os moveis, pratas e mais objectos de valor pertencentes ao fallecido snr. José Antonio (empregado na policia do Porto), que era seu inquilino, e tinha acompanhado o exercito realista, achando-se, por isso, ausente. Tudo foi sequestrado, e foi tal a raiva do sapateiro, quando o Snr. D. Pedro deu a amnistia, mandando levantar os sequestros, que ficou mais estuporado do que estava. Era tal a sua avareza, que, tendo ainda uma boa fortuna, andava vestido como um mendigo, e seus filhos não morriam de fartos, como é notorio pela visinhança. Estando completamente estuporado e tonto, houve um delegado, que, por empenhos, ou pelo quer que fôsse, o acceitou para editor da infame gazeta, intitulada «Portugal», e com quanto não recebesse por isso dinheiro (por estar tonto de todo) recebia-o por elle um filho, que ainda hoje é caixeiro da tripeça-gazetal da rua das Hortas. Nos ultimos tempos da sua vida, tinha uma loja d'adeleiro na rua Formosa, onde continuava a emprestar dinheiro sobre ouro, prata e roupas, com enormissima usura, levando de juros, de cada cruzado novo, trinta e quarenta reis por mez, o que equivale a cento por cento ao anno!!!... Falleceu{22} d'uma queda no dia 29 d'Outubro de 1851, testando duas moradas de casas, a roupa e moveis da adella e algum dinheiro.

Deus se compadeça da sua alma.

Eis-aqui uns apontamentos para a byographia do miseravel sapateiro, escriptos conscienciosamente, sem odio ou affeição.

Agora, se querem desenganar-se da refinada hypocrisia e cynismo da infame gazeta dos farcistas, comparem estes apontamentos com os que se lêem no «Portugal» de 10 de Novembro de 1851:

«O snr. José Ferreira da Silva, natural d'esta cidade, e filho de paes pobres, mas honrados[1], acaba de descer á sepultura, no cemiterio da ordem 3.ª de S. Francisco, com todas as honras funebres e com mais de 80 annos d'edade. Era laborioso e de boas contas[2], e tão amante de seus paes, que os teve em sua companhia até que falleceram. Agenciára elle pelas suas economias o melhor de 25,000 crusados[3] que empregou muito bem em promover a educação{23} de sua familia, e em obras pias[4]. Era tão apaixonado das confrarias[5] que pertenceu a quasi todas as d'esta cidade, sendo provedor da de S. Chrispim[6] definidor da 3.ª de S. Francisco, mesario e protector de diversas outras. Serviu de juiz d'Artes[7], e foi capitão d'ordenanças por occasião da invasão francesa[8]. Era muito estimado e acolhido das principaes familias d'esta cidade[9]. A sua nimia boa fé o fez ser victima d'uma quebra em que se fundiu a maior parte da sua fortuna que tinha em mãos do quebrado[10]. O seu animo religioso não se abateu com a adversidade, e hauriu perennes consolações no bom desempenho dos seus deveres domesticos e no exercicio dos actos religiosos, ouvindo missa quotidianamente, visitando o SS.mo Sacramento, e assistindo ás numerosas funcções religiosas que se celebram n'esta cidade. Era portuguez de velha tempera, e tão decidido legitimista[11], que se offereceu para editor gratuito do Portugal[12], e o foi com a melhor vontade até que Deus o chamou a si[13]. Não o arredou{24} nunca do seu honroso posto a bateria d'insultos com que o mimosearam os nossos adversarios[14] que estranhavam que um honrado popular fosse editor d'um periodico legitimista, como se a legitimidade excluisse classes. No entanto á borda da sepultura todos os collegas adversarios se portaram cavalheirosamente com o nosso editor. Houve apenas uma excepção no Pobres. Nós lhe perdoamos o seu cynismo em nome do fallecido. Pelo que nos toca depositamos aqui um penhor eterno de gratidão e respeito ao veneravel[15] ancião que nos escudou perante a lei, e esperamos que na presença do Eterno advogará a nossa causa que é a da justiça e do direito[16]. O nosso bom amigo falleceu d'uma queda e testou com acerto[17], deixando uma viuva inconsolavel e uma filha e um filho herdeiros de sua honra e virtudes[18]. Deus o tenha á sua vista[19].

E que tal! Assim é que se engoda o povo, para lhe hir pilhando os pataquinhos! É assim que o Portugal-gazeta costuma dizer a verdade!

Que honrada gente! E não lhes coram as faces, quando apparecem em publico!{25}

Comparai estas amabilidades para com um miseravel sapateiro, estuporado e tonto, com o grosseiro procedimento do snr. Francisco Candido para com a «Neta e Sobrinha de Reis» procedimento que escandalisou muitos realistas sensatos, que não comem nem querem comer a custa da illusão dos povos.

D'um lado uma consciencia tão larga, que fez do sapateiro um homem honrado, piedoso, realista, &c. &c. Do outro uma consciencia tão estreita e mesquinha, que se despede da Assemblea, porque a quasi totalidade dos socios resolvêra obsequiar S. M. a Rainha!!!

Parece-nos que não haverá ninguem que não suspeite qual é o fim d'estes fogachos facciosos...

Do direito fazem torto
Estes astutos velhacos;
Chamam gente a um asno morto...
Tal é o poder dos patacos!!!

Uma das duas: ou o snr. Francisco Candido é o unico homem escrupuloso e de convicções profundas, dos que escrevem no Portugal—ou pretende enganar o povo.

Se agarra na primeira ponta do dylemma—deve largar já a redacção do infame Portugal-gazeta, fazendo assim a vontade ao padre Luiz, ao F. da Velha, e ao garoto do pião.... Se{26} agarra na segunda—tambem não podêmos deixar de lhe dizer, que procure um modo de vida mais decente.

Fóra d'ahi, snr. Francisco Candido! Um homem de probidade austéra não póde, nem deve escrever na infame gazeta inaugurada sob a responsabilidade do homem mais despresivel que existia no Porto. Fóra d'ahi! Deixe o logar a esses scelerados que lh'o cobiçam. Fóra d'ahi, que a questão, para elles, é só questão de dinheiro. Fóra d'ahi, se não quer que o publico o tenha na mesma conta em que os tem a elles.

Ignora, snr. Francisco Candido, que ahi se levam moedas pelas correspondencias que, em sua defesa e em defesa do seu partido, mandam lançar os proprios homens, a quem o Portugal-gazeta chama seus correligionarios e amigos!! O snr. Cachapuz que o informe... elle, que aggredido pelo Ecco Popular, como auctoridade realista, teve de dar bons pintos pela defesa que fez inserir na gazeta dos farcistas.—«Um pataco por linha e nada menos.»

Não acontecia assim com a PATRIA, que nunca levou nem um real por semelhantes correspondencias—porque o redactor da PATRIA[20]{27} não sabia ser gazeteiro, e o snr. Francisco Candido bem conhece aquelles que o roubaram, abusando do seu demasiado cavalheirismo e boa fé.

Veja se gosta d'esta comparação, snr. Francisco Candido, e saiba (se o ignora) o que é uma gazeta na mão d'um negociante.

Agora, ouça mais duas palavras, e ouça-as tambem o povo, para ficar completamente desenganado ácerca do Portugal-gazeta.

Ha cousa d'um anno, appareceram no Ecco Popular uns artigos infames (cuja publicação foi provocada por uma polemica do infame Portugal-gazeta) nos quaes se davam ao Tio da Rainha os nomes mais injuriosos, e entre estes, o de assassino!!—O editor do Ecco póde dar testemunho dos esforços, que eu fiz, invocando a sua generosidade, para que retirasse da discussão o augusto nome do infeliz exilado; mas, apesar d'estes esforços, lá appareceram no infame Portugal-gazeta umas allusões torpes, involvendo a perfida insinuação de que era eu o auctor de semelhantes artigos!—Um dia, ao cahir da noite, encontrei, na rua dos Lavadouros, o snr. Francisco{28} Candido de Mendoça e Mello, e perguntei-lhe se já estava desenganado de que não eram meus os artigos. Respondeu-me «que entre mim e elle (snr. Mendoça) não havia motivo algum d'inimisade; que até algumas vezes havia dito que eu tinha razão de me queixar do que acontecera com a PATRIA; e que elle (snr. Mendoça), avisado do que se passára commigo, era redactor independente do «Portugal» e não recebia ordens de ninguem, nem mesmo quanto á politica do jornal; que já se sabia que não eram meus os artigos em que o Snr. D. Miguel era tão atrozmente calumniado; que as allusões, de que eu me queixava, tinham nascido d'uma errada persuasão, e não de odio ou vindicta.»—Fiquei quasi satisfeito com a declaração do snr. Mendoça; e para o ficar completamente, disse-lhe que era justo rectificar a perfida insinuação que se fizera. Assim o julgou o snr. Mendoça, e assim m'o prometteu; mas, até hoje, estou á espera do cumprimento da sua promessa!—Quereria o snr. Mendoça cumpril-a, e serviriam d'obstaculo os negociantes de politica, que já não é a primeira vez que negoceiam com o meu credito, com o meu suor e com o meu sangue?... Fóra d'ahi, snr. Mendoça! Um homem de probidade austera, não póde conservar essa posição.—Olhe que não escrevo isto para augmentar os seus embaraços. Sei que ha promessas solemnes{29} de lhe apalpar as costas, e se os meus pedidos valessem, eu pediria que ninguem fizesse caso da sua despedida da Assemblea, das suas cartas, e do mais que se tem passado.


Duas palavras ao snr. Antonio Pinto Cardoso da Gama, e peço tambem para ellas a mais séria attenção do publico.

O snr. Gama é delegado do procurador regio na 2.ª vara, e debaixo da sua alçada está a typographia do Portugal-gazeta. A mim não me importa que o snr. Gama deva obrigações a ninguem; o que desejo é vêl-o applicar a lei igualmente a amigos e adversarios.

Snr. Gama: No dia 29 d'Outubro de 1851 falleceu o sapateiro José Ferreira da Silva, que foi editor do Portugal-gazeta. Este infame papel continuou a publicar-se illegalmente, até ao dia 10 de Novembro, debaixo da responsabilidade do fallecido, e o snr. Gama não procedeu, senão depois que eu requeri procedimento! Por fim, o «Portugal» foi absolvido; mas o seu proprio defensor teve a franqueza de me confessar que a sentença estava mal fundamentada—porque a lei é muito clara e a infracção era muito visivel! Eu sei tudo o que se passou com esse decantado processo, e calo-me por ora, mas hei-de fallar, e fallar muito claro, quando fôr tempo para isso.... Agora, snr. Gama, vou mostrar-lhe quanto é nociva a impunidade, e quanto é prejudicial que se não observem as leis.

O snr. Gama já sabe (porque o escripto se vende publicamente, e devia ser-lhe remettido, na conformidade da lei), que na imprensa dos negociantes do Portugal-gazeta se imprimiu um folheto intitulado==Descripção da viagem de SS. MM. desde que sahiram{30} de Lisboa até á sua entrada n'esta cidade.==Este folheto não traz o nome da officina, como a lei manda, e a lei pune severamente esta infracção, e a lei, snr. Gama, diz que qualquer pessoa do povo poderá accusar os delegados, quando estes não cumprirem com o seu dever.—Fico á espera, snr. Gama, e pouco me importa que o infame Portugal-gazeta me chame denunciante. Deus me livre de que elle me chame homem honrado. As cousas tomam-se como da mão de quem veem. Uma injuria na bôcca do immundo papel dos farcistas é o maior elogio que se me póde fazer.—Ao seu dispôr, snr. Gama.


Já me vai faltando a paciencia, e creio que—para quem não for muito estupido, muito hypocrita, muito desavergonhado ou muito simplorio—já bastam os factos que deixo apontados para todos se desenganarem de que o Portugal-gazeta é uma tôrpe especulação mercantil; que o editor, redactores e collaboradores só tractam d'illudir o povo, para lhe irem comendo os patacos; e, em fim, que publicam o papel mais infame que tem prostituido a imprensa;

Porque o Portugal-gazeta

«................... pirata inico
Dos trabalhos alheios feito rico»

—insulta a Rainha, e ao mesmo tempo imprime uma incomiastica descripção da viagem ao Porto, com a mira nos pataqinnhos.

Porque se finge victima d'uma perseguição acintosa, e encontra um delegado mais macio do que velludo.

Porque calumnía por gôsto, para especular com a honra, com o credito e com o suor alheio.

Porque se diz realista, e foi chuchando as moedas do snr. Cachapuz, para o defender como auctoridade realista.{31}

Porque anda todos os dias a atirar á praça publica o nome do Tio da Rainha, só pelo gôsto de o vêr desacatado pelas turbas, para depois ganhar patacos com as suas defesas e comparações.

Porque, finalmente, os que no Portugal-gazeta se declaram hoje defensores do Snr. D. Miguel—são os mesmos que hontem o cobriam d'injurias, e lhe chamavam tyranno e usurpador.

Este desengano é para aquelles que ainda acreditavam na boa fé do Portugal-gazeta. Resta-me dar tambem um desengano aos gazeteiros farcistas.

Escusaes de andar com investigações, prohibindo os vossos empregados de fallarem commigo—porque eu sei tudo o que se passa entre vós, e fui avisado, em tempo competente, d'aquella proposta, que se fez em certa reunião......................, de se darem algumas moedas a quem..................... e folguei muito de que alguns cavalheiros se portassem como verdadeiros fidalgos portuguezes, embora illudidos, repellindo uma proposta tão miseravel.

Podeis continuar a perseguir-me, que com isso só conseguis augmentar a aversão que vos tenho.

Este é o desforço que eu tiro das vossas provocações.—Tornai a provocar-me, que eu cá fico a colligir a papellada velha....

Senhores do Portugal-gazeta, procurai bem entre os do vosso bando, a vêr se encontraes os fabricadores de moeda falsa, de que ha pouco vos queixastes... Já estaes calados?!.. Dar-vos-hiam para isso alguma moeda verdadeira?...

Senhores do Portugal-gazeta—silencio!...

 —

Leitores, desculpai a duresa da phrase e a desigualdade do estylo. Este folheto foi escripto ao correr{32} da penna, e resente-se das alternativas da minha vida.—Eu penso com Chateaubriand (sem possuir o seu talento) que é uma loucura atirar com o meu nome ao meio da multidão;—comtudo para que se não julgue que declino a responsabilidade, aqui pônho a minha assignatura.

 

Porto 18 de Maio de 1852.

 

João Augusto Novaes Vieira.

 

[1] Não podêmos deixar de fazer algumas annotações a este ridiculo apontoado d'imposturas.—Acreditariamos piamente que os paes do sapateiro fossem muito probos, apesar de pobrissimos; mas, desde que os farcistas lhes chamam honrados, ficamos com nossas duvidas... Deus nos livre de ser honrado na bocca de semelhante gentinha...

[2] Bastava que fôsse de tão boas contas como os que tomaram á sua conta a empreza da PATRIA... Arreda!

[3] E que tal? Um sapateiro que, em poucos annos, arranja 25 mil cruzados pelas suas economias, devia ser muito honrado...

[4] Ninguem sabe que elle praticasse taes obras, senão os farcistas do «Portugal-gazeta

[5] E como não seria apaixonado, se d'ellas é que economisou o dinheiro que tinha?...

[6] Por ser a confraria dos sapateiros.

[7] E era muito bom juiz, especialmente da arte do padre Antonio Vieira.

[8] Capitão dos bandoleiros do chuço, que assassinavam e roubavam a torto e a direito, dando ás suas victimas o nome de jacobinos.

[9] Pêta refinada.

[10] Por Diós veio, por Diós foi.

[11] Pois não! Todos os que forem ladrões, tractantes, calumniadores e desavergonhados—são decididos legitimistas, na bôcca do Portugal-gazeta.

[12] Refinadissima pêta.

[13] Foi uma occasião chamado á policia, por impostura do delegado, e perguntado se era o editor do «Portugal» respondeu primeiro que não sabia, e depois negativamente. Não obstante, continuou a figurar como editor, contra a expressa determinação da lei.—Quem quizer, que commente.

[14] Se elle estava tonto de todo, que lhe havia de importar?

[15] Miseravel e bem miseravel. O Portugal-gazeta troca os nomes a tudo.

[16] Fóra, farcistas!

[17] Ou alguem testou por elle.... quem sabe?...

[18] Podéra não!

[19] E lhe perdoe. Amen.

[20] Falla-se do verdadeiro fundador e redactor do jornal, e não do doutor Cazimiro de Castro Neves, que ainda tem saudades do tempo em que jogava o seu pião, como elle proprio disse em letra redonda, não obstante as nossas advertencias. Disse tambem que era «uma pessoa physica.» Veja-se, no diccionario de Moraes, a definição de pessoa, e conhecer-se-ha que o tal menino dos olhos azues é um doutorasso.... no jogo do pião, que é jogo de garotos.






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Dona Maria II, by João Augusto Novaes Vieira

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